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Miguel Esteves Cardoso entrevista Jose Mourinho.
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11 Internet
14 Editorial
18 Cúmplices
20 Capa Miguel Esteves Cardoso entrevista José Mourinho
28 Astronomia Quando o Sol tem ponteiros
34 Tradição Cultivar a história
38 Iniciativa No Amazonas... rumo ao futuro
40 Extremo Mike Horn
42 Pioneiro Encontro de Titãs
44 Lendas O Duelo
46 Qualidade O Selo do prestígio
48 Inovação As alquimias do diamante
José Mourinho fotografado Kenton Thatcher.www.kentonthatcher.com
80 Crónica Rui Cardoso Martins
82 Montra
92 Intermezzo Diogo Infante
94 Acessórios Sugestões para homem
96 Gadjets
100 Crónica Miguel Esteves Cardoso
102 Moda África minha Pontos fortes Uma casa na pradaria Mean machine
142 Embaixador O tempo de Lewis Hamilton
148 Marte Ataca
152 Formula 1 O desafio dos limites
158 Entrevista Albert Bensoussin
160 Crónica Fernando Campos Ferreira
50 Celebração Quatro mosqueteiros
56 Iniciativa Muitas gotas num enorme oceano
60 Fotografia Fotógrafos revelam-se
62 Crónica Fernando Correia de Oliveira
Em foco 64 TAG Heuer
Hi.Tech
66 F.P. Journe Invenit et Fécit Octa Automatic Réserve
68 Chopard Mille Miglia Chrono Limited Edition 2009
70 Porsche Design PAC Portugal
72 Jaeger-LeCoultre Master Compressor Extreme W-Alarm
74 A. Lange & Söhne Lange 31
76 Graham Grand Silverstone Luffield Night Racer
78 Rolex Milgauss
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No dia 14 de Maio de 2009, a notícia surpreendeu todo o sector relojoeiro:
Norbert Platt, CEO desde 2004 do todo-poderoso grupo Richemont (Jaeger-LeCoultre, Vacheron Constantin, Lange & Sohne,
Cartier...) deixará as suas funções no final deste ano “por motivos de saúde”.
Numa entrevista dada em Janeiro ao jornal gaulês La Tribune, Norbert Platt defendia, com força, a necessária independência de
cada marca, “o que cria uma emulação dentro do grupo”. E continuava “a Richemont não é um banco, cada CEO deve gerir a sua
tesouraria. As maisons relojoeiras existirão depois de nós, o que nos obriga a uma gestão a longo prazo.”
Esta saída precoce irá alterar a estratégia do grupo? Será que a Richemont pondera a venda de alguns dos seus activos menos
rentáveis (como parece ser o caso com Montegrappa, empresa italiana especializada em instrumentos de escrita)? Será que vai
procurar emagrecer, ganhando a flexibilidade e a reactividade que caracterizam as suas concorrentes com capital social familiar?
O certo é que por motivos de force majeure, parece hoje consensual, tanto nos grandes grupos com nas maisons independentes,
que a relojoaria Suíça terá que reduzir a sua produção anual. Num misto de bom senso proverbial e de instinto de sobrevivência, o
sector já entendeu que manter a procura pelas suas peças de sonho implica hoje, como no passado, raridade na oferta.
O que nos deixa particularmente expectantes em relação ao futuro próximo: haverá, sem sombra de dúvida, uma maior preocu-
pação em procurar encontrar a equação perfeita entre inovação, design, qualidade e preço. O relógio, a “única Jóia do homem”
parece ter um grande futuro.
E é antecipando este futuro brilhante que a Espiral do Tempo decidiu investir numa renovação completa: papel, grafismo, con-
teúdo. É lugar-comum afirmar que as Crises são terreno fértil para oportunidades. Para toda a equipa que participa neste projecto
há perto de uma década, isso é hoje uma realidade. Depois do sucesso impressionante dos nossos sites www.espiraldotempo.com
e www.espiral.tv, acreditamos que esta renovação sai na altura certa e na forma certa.
Por isto, queria acabar agradecendo a todos os colaboradores internos e externos desta formidável revista que tanto nos orgulha.
Tenho a certeza que o seu fundador, onde ele estiver neste momento, estará a deliciar-se com esta (r)evolução. Os meus mais
sinceros agradecimentos à Cesarina Sousa, Elsa Filipe, Fernando Campos Ferreira, Fernando Correia de Oliveria, Kenton Thatcher,
Marie Vieira, Miguel Esteves Cardoso, Miguel Seabra, Nuno Correia, Nuno Santana, Patrícia Simas, Paulo Costa Dias, Paulo Pires,
Ricardo Preto e Rui Cardoso Martins.
Boa leitura e os nossos agradecimentos pela vossa fidelidade.
Hubert de Haro
Director
* Quando penso em crise e nas maneiras de reagir perante a adversidade, lembrou-me sempre da “Ordem da Jarreteira”.
Durante um baile oferecido em 1344 pelo rei inglês Eduardo III à sua assumida amante, a condessa de Salisbury, esta deixou cair
a sua jarretière (liga com que se ata a meia). Perante os sorrisos da assembleia, o rei terá pronunciado em francês (língua oficial da
corte desde a invasão do país pelos Normandos, em 1066): “Messieurs, honni soit qui mal y pense! Ceux qui rient en ce moment
seront un jour très honorés d’en porter une semblable, car ce ruban sera mis en tel honneur que les railleurs eux-mêmes le recher-
cheront avex empressement.” (Maldito seja quem pense mal disto! Os que riem nesta hora ficarão um dia honradissimos por usar
uma igual, porque esta liga será posta em tal destaque que mesmo os trocistas a procurarão com avidez). Instituirá a “Ordem da
Jarreteira”, constituída por 25 membros, e que continua hoje considerada como uma das mais prestigiadas no mundo! Que melhor
exemplo de criatividade perante um evento inesperado! Para quando a “Ordem da Espiral do Tempo”?
“Num misto de bom senso proverbial e de instinto de sobrevivência, o sector já entendeu que manter a procura pelas suas peças de sonho implica hoje, como no passado, raridade na oferta.”
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Honni soit qui mal y pense*
DirectorHubert de Haro - hubert.deharo@mac.com
EditorPaulo Costa Dias - costa.dias@espiraldotempo.com
Editor técnicoMiguel Seabra - cronopress@hotmail.com
Design gráficoPaulo Pires - paulo.pires@@espiraldotempo.com
RedacçãoCesarina Sousa - cesarina.sousa@@espiraldotempo.com
FotografiaKenton Thatcher • Nuno Correia
Colaboraram nesta ediçãoFernando Campos Ferreira • Fernando Correia de Oliveira • Miguel Esteves Cardoso • Ricardo Preto • Rui Cardoso Martins
TraduçõesMaria Vieira - marie.vieira@gmail.com
ContabilidadeElsa Filipe - elsa.filipe@espiraldotempo.com
Coordenação de publicidade e assinaturas Patrícia Simas: patricia.simas@espiraldotempo.com
RevisãoLetrário - Serviços de Consultoria e Revisão de Textos
ContactosCorrespondência: Espiral do Tempo, Av. Almirante Reis, 39 -1169-039 Lisboa • Fax: 21 811 08 92 • espiraldotempo@torresdistrib.com
PropriedadeTodos os artigos, desenhos e fotografias estão sobre a protecção do código de direitos de autor e não podem ser total
ou parcialmente reproduzidos sem a permissão prévia por escrito da empresa editora da revista: Company One, Lda sito na Av. Almirante Reis, 39 – 1169-039 Lisboa.
A revista não assume, necessariamente, as opiniões expressas pelos colabo radores.
Distribuição: VASP • Impressão: Soctip Periodicidade: quadrimestral • Tiragem: 20.000 exemplares Registo pessoa colectiva: 502964332 • Registo no ICS: 123890 • Depósito legal Nº 167784/01
Fundador: Pedro Torres
ParceirosAir France • Belas Clube de Campo • Beloura Golfe • Casa da Calçada • Casa Velha do Palheiro • Clube de Golf Pinta/Gramacho
Clube de Golfe Miramar • Clube VII • Clube de Golfe de Vilamoura • Estalagem Melo Alvim • Golfe Aroeira • Golfe Montebelo
Golfe Paço do Lumiar • Golfe Ponte de Lima • Golfe Quinta da Barca • Hotel Convento de São Paulo • Hotel Fortaleza do Guincho
Hotel Golfe Quinta da Marinha • Hotéis Heritage Lisboa • Hotel Melia – Gaia • Hotel Méridien Lisboa • Hotel Méridien Porto
Hotel Palácio Estoril • Hotel Quinta das Lágrimas • Hotéis Tivoli • Lisbon Sports Club • Morgado do Reguengo Golfe
Museu do Relógio de Serpa • Palácio Belmonte • Penha Longa Golf Club • Pestana Hotels & Resorts • Portugália Airlines
Quinta do Brinçal, Clube de Golfe • TAP Portugal • Tróia Golf • Vidago Palace Hotel, Conference & Golf Resort
Vila Monte Resort Vintage House • Westin Campo Real
FICHA TéCNICA
CÚMPLICES
Miguel Esteves Cardoso
Fernando Correia de Oliveira
Ricardo PretoCom formação em diversas áreas da moda, a sua criatividade exprime-se também das mais variadas formas. Como criador, desenhou colecções de roupa, malas, chapéus e acessórios. A par da criação de colecções, tem trabalhado na área de produção de moda para prestigiadas revistas. Nesta edição da Espiral do Tempo Ricardo Preto aceitou o convite para uma abordagem única à volta dos mais belos instrumentos do tempo.
Nuno CorreiaNuno Correia é um dos membros de longa data da Espiral do Tempo enquanto fotógrafo. Agora, a sua participação inicia uma nova fase ao colaborar com o produtor de moda Ricardo Preto em editoriais de moda/still live/relógios, que trarão um novo rosto à nossa revista.
Granjeou a fama de ‘enfant térrible’ da comunicação social portuguesa com as suas críticas mordazes sobre os costumes nacionais. Jornalista e escritor, autor de teatro também, foi co-fundador do jornal ‘O Independente’ e colaborou em diversas publicações e programas de televisão. Como cronista, colabora com a Espiral do Tempo desde 2002. Fazer uma entrevista era, no entanto, coisa de outros Tempos. Mas o de-safio de entrevistar o ‘Special One’ foi uma proposta irrecusável de que todos beneficiamos.
Há 15 anos que Fernando Correia de Oliveira desen-volve a actividade de produção e edição de títulos na área da Relojoaria e do Luxo para os principais órgãos de comunicação social em Portugal, Espanha e México, sendo assim um dos “gurus” na rede inter-nacional de jornalistas dedicados à temática relojoeira. Da sua actividade de investigação, tem produzido regularmente obras como História do Tempo em Por-tugal (2003), Cronologia do Tempo em Portugal (2004), Manuscrito Anónimo de Relojoaria (2005), Relógios e Relojoeiros (2006), Relógios de Sol (2007), Dicionário de Relojoaria (2007), Tempo e Poder em Lisboa (2008).
18
É rara a personagem que não se faz contrária à imagem pública quando
é entrevistada. Cultiva-se muito o modelo imortalizado por Robert Louis
Stevenson, do Dr.Jekyll e do Mr.Hyde. Em público parece um ferrabrás?
Em privado há-de ser um cordeirinho. Os media fomentam esta dicotomia
simplória porque é fácil e resulta sempre: é o lado secreto ou humano ou
sentimental de Mourinho ou seja quem fôr; é o outro lado; não é o que
parece; é o Mourinho na intimidade; é, fatalmente, o Mourinho desconhecido
do grande público, blá blá blá porque, presumivelmente, só o pequeno é que
o conhece.
Mourinho não colabora nesses teatrinhos: nem é o Mr. Hyde nem o Dr.
Jekyll. É o Mr. What You See Is What You Get. Se as perguntas forem repeti-
tivas, ele aborrece-se e vinga-se sendo repetitivo também. Como todas as
pessoas muito inteligentes, tem um baixíssimo limiar de tédio e, ao mesmo
tempo, uma grande capacidade de concentração.
Falar com ele foi como jogar futebol durante hora e meia. De repente.
Depois de décadas de sedentarismo radical. Acho que emagreci três quilos.
E saí de lá mais leve.
Mourinho ama o futebol. O resto, quando muito, tolera. Só quando está
a falar de futebol é que se empolga; se concentra; se pôe a pensar em voz
alto; criativo; entusiasmado; curioso.
Eu de futebol nada sei ou percebo. Ou não sabia. Porque – bem sei
que é difícil de acreditar – Mourinho teve a gentileza e a paciência de me
explicar alguma coisa. Imagino que seja assim que ele começa a preparar
um jogador recém-chegado da Costa do Marfim ou de Trás-os-Montes. É
um mestre generoso. Não diz “leia este livro” ou “vá ver à Internet”. Explica.
Com cuidado e imaginação, adequando a aula ao aluno.
Que me desculpem os meus amigos. Mas, até hoje, a única pessoa capaz
de me fazer interessar pelo futebol, de tornar o futebol intelectualmente
interessante, foi o sacana do José Mourinho.
Fui a Milão ter com ele. Na véspera e na antevéspera tinha sido a grande
festa do Inter. Estava tudo maluco à volta dele mas ele conseguiu alhear-se
num instante, concentrando-se na conversa como se mais nada existisse
para fazer. É formidável. Que alívio falar com uma pessoa tão despachada!
Mourinho é capaz de saltar de tema para tema e dedicar-se a fundo àqueles
que o estimulam, sem hesitações ou esquemas ou defesas ou exercícios de
aquecimento.
Não é arrogante: é convencido. Com toda a razão e sem qualquer exage-
ro. Mas quais são os fracassos da carreira dele que podiam desconvencê-lo?
Quando se ganha tantas vezes, em culturas tão diversas, ser convencido é
ser realista. Mourinho guarda todo o cepticismo que pode. Mas ser humilde,
no caso dele, é ser capaz de reconhecer que está no bom caminho e não
ceder à tentação condescendente de bajular a concorrência, dando tiros no
pé, para que as derrotas deles sejam mais doces. Não são. Nem podem ser.
Mais vale ele ser honesto e não mentir. O fio condutor de José Mourinho não
são as vitórias: é a honestidade. Sim, é melhor do que os outros treinadores.
E depois? Porque é que há-de fingir que é o único que não sabe?
Gostei muito dele. É dado; está aberto; respeita os interlocutores. Não
perde tempo com ninharias. Pedem-lhe para mudar de roupa e ele muda.
Obedece aos colaboradores, que gostam de trabalhar com ele. Encontrou
sempre o sentido das minhas perguntas e esforçou-se para lhes dar respos-
tas boas e completas, mesmo quando eu me atrapalhava. É um especialista;
aprecia as outras especialidades. Não é um ditador – nem podia ser. É a
cabeça de uma equipa. Mas desde quando é que a cabeça funciona sem o
coração e as pernas e o resto (muito complexo) do corpo?
O maior elogio que lhe posso fazer é este: é um homem que sabe jogar
com os outros. Sabe jogar no lugar dele e sabe pôr os outros a jogar.
Mourinho é igual ao próprio futebol: lida mal com a derrota. Ainda não apren-
deu a perder. Nem tem pressa nenhuma. Faz bem. E lucram todos os que
têm a sorte de trabalhar com ele. Mesmo eu, no meu breve encontro, saí de
lá bem disposto e com coragem para emagrecer.
Parece prosaico mas é a mais pura das verdades; aquela que mais vezes
falta numa entrevista: foi um prazer conhecê-lo e falar com ele.
O homem que sabe jogar com os outrosEntrevista por Miguel Esteves Cardoso Fotos Kenton Thatcher, Milão - ItáliaEntrevista na íntegra em www.espiraldotempo.com
José Mourinho tem a grande qualidade de ser exactamente como se imagina. Não engana ninguém. Não tem paciência para fingimentos. Tem pressa. é rápido. é pensativo. Fala bem. Tem jeito.
20
CAPA
22
Quando foste para o Chelsea, entraste para o meio dos ingleses. Já gostavas de ingleses desde miúdo?Gostava do futebol inglês.
Gostavas das séries inglesas ou de literatura inglesa?Eu era completamente vidrado era no futebol inglês. E
confesso que foi o futebol inglês que me puxou naquela
direcção.
Assinavas revistas inglesas?Assinava. Claro.
Não era comum nos miúdos portugueses dessa altura.Pois não. Lembro-me perfeitamente de um dos meus
aniversários, quando fiz 8 ou 9 ou 10 anos. Obviamente não
tinha Internet nem acesso ao tipo de informação que agora
qualquer criança tem. Era uma aflição. E eu lembro-me per-
feitamente que a prenda que eu quis foi a assinatura de duas
revistas: a inglesa World Soccer e a francesa Onze Mondial.
E nessa altura as assinaturas eram caras… As assinaturas eram caras e não era o mesmo processo de
hoje. Hoje queres fazer uma assinatura, chegas à internet e
está feito. Naquela altura, lembro-me perfeitamente, tive que
ir com o meu pai ao banco; no banco o meu pai teve que
pagar à Bertrand e depois ainda tive que trazer um pape-
linho do banco para mandar para lá... Uma grande trabalhei-
ra! Não me recordo quanto é que uma revista daquelas
poderia custar: uns contos, uns contitos anuais. Mas tam-
bém o processo para se atingir aquilo era importante para
mim. E depois, sim, eram revistas que me faziam comer o
futebol internacional.
E da excitação de quando chegava uma revista, lembras-te? Eram as duas revistas mensais. E eram boas revistas.
Depois, tinham uma coisa que me começava a abrir um
grande apetite: eram revistas que tinham sempre cupões
de publicidade a centros de treino, de férias de Inverno, de
férias de Verão. Imagina, um tipo com 12, 14, 15 anos a ler
anúncios de centros de formação para novos treinadores,
em Paris, em não sei quê, em Inglaterra…
Já tinhas muito trabalho por esses anos… Já tinha. Depois havia também uma coisa que eu fazia…
Não era só ler os artigos. Eu estudava a revista. Ainda agora
fui entrevistado por um canal francês de televisão e quem
me veio entrevistar foi o Daniel Bravo, que foi um bom joga-
dor dos anos 70. E o tipo veio-me entrevistar mas vinha as-
sim um bocado...(faz cara de snob e entediado) porque Dan-
iel Bravo foi um bom jogador, mas não foi aquele jogador de
que as pessoas hoje se lembram, como se lembram de um
Platini. Foi assim um bom jogador que se transformou num
bom jornalista. E vira-se para mim, naquela de ser o Daniel
Bravo a entrevistar o Sr. José Mourinho e eu disse ao gajo:
“Eh pá, tu desculpa lá, pá; tu mete-te ao mesmo nível do
que eu porque eu sei tudo de ti”. E ele: “Mas tu sabes tudo
de mim o quê? Quando eu jogava na selecção francesa?”
“Não”, respondi eu, “eu sei tudo de ti quando tu jogavas no
Nice, contra o Metz, com 18 anos; eu sei tudo de ti”.
As revistas eram a única maneira de saber essas coisas. Eram a única maneira. Depois, uma outra coisa: em Portugal
não havia traduções. Pelo menos ao nível do futebol,
não havia traduções. Os livros que se publicavam eram
livros que apareciam quando o professor não sei quê da
universidade de não sei quê, do INEF, resolvia fazer um
livrito; quando o rei fazia anos. E nós íamos muitas vezes a
Espanha só à procura de livros.
De traduções... Fundamentalmente de traduções, porque os espanhóis
traduziam muito. Nós chegávamos a Espanha e encontráva-
mos traduções de autores franceses, de autores ingleses e
de autores alemães, principalmente da Alemanha de Leste,
de onde vinha muita informação desportiva, sobretudo ao
nível do treino físico desportivo...
Quando é que começaste a ler os jornais desportivos estrangeiros? Os jornais desportivos estrangeiros só comecei a ler já
quando era autónomo. Por exemplo, na Faculdade eu
lembro-me claramente de passar tempo na biblioteca
– ainda não uma biblioteca computorizada, obviamente – à
procura de artigos.
Para os teus estudos ou para ti próprio?Para mim próprio, mas sem estar restrito à necessidade da
Universidade. Eu fazia a minha pesquisa fora do âmbito.
Eu por exemplo, acho que poderia ter sido um aluno de
faculdade com muito melhores notas do que aquilo que fui.
Eu digo-te muito honestamente, para mim, um aluno de
faculdade, principalmente numa área como a nossa, não é a
nota que o faz melhor ou que o faz pior.
Estavas já a escolher o que te interessava?Desde o primeiro dia. Antes de entrar eu já sabia o que é
que queria.
A ti interessa-te muita coisa, não é? A mim interessa-me muita coisa mas, na Faculdade, há
um tronco comum de três anos. Havia muita coisa que não
me interessava nada. Tanto eu, que queria ser treinador de
futebol, como um colega, que queria trabalhar no ensino
especial com deficientes, tínhamos um tronco comum de
três anos de estudo. Com duas pessoas, com duas cabeças
completamente diferentes nos seus interesses.
E tu seleccionavas.Eu sim, mas havia outros que focalizavam muito mais na
sua nota. E nós, no outro dia, quando falámos lá no ISEF,
chegámos à conclusão que aprendemos muito mais entre
nós e nos intervalos entre as aulas.
Sabias o que tinha a biblioteca toda? Era boa?Digamos que a biblioteca era rica no sentido de dar
resposta às necessidades que o estudante tinha como estu-
dante daquela universidade. Se eu quisesse estudar para o
exame de Anatomia, a biblioteca estava cheia daquilo que
eu precisaria, caso estivesse para aí virado.
Mas tu estavas mais dirigido para... Eu estava dirigido para ser muito mais do que um pes-
quisador de informação. A verdade é que estava muito
limitado. Na Faculdade nós tivemos que estudar o grande
metodólogo de Metodologia de Treino da altura. Era um livro
grande e tivemos que o estudar da frente para trás e de trás
para a frente. Mas eu desde o princípio vi que era um treino
desportivo generalizado. O que me interessava era treino
de futebol, que é uma coisa muito mais específica e cruel,
mesmo ao nível físico. Não é o mesmo treinar uma equipa
de futebol ou treinar um atleta individual ou um nadador ou
um jogador de basquetebol...E eu não aceitei aquele senhor.
E como reagiam os professores?Acho que o ISEF até tinha um tipo de professores se calhar
um bocadinho “adiantado” no tempo porque davam-nos
muito espaço para a dúvida, para a questão, para a inter-
rogação e ...
E tinhas a humildade de perguntar?Eu tinha o à-vontade para duvidar e também o à-vontade
para duvidar da abertura dos professores para aceitarem a
dúvida.
Consideras que aproveitaste bem esses anos? Eu aproveitei muito bem esses anos. Para mim os anos de
faculdade foram anos óptimos.
Se fosses um miúdo agora, com todos os meios à tua disposição, achas que conseguirias seleccionar o que era essencial?Sim, eu penso que sim. Eu penso que era capaz de escolher.
Com 18 anos o que é que farias? Com 18 anos o que é que faria? A faculdade fazia sempre.
Mas onde? Se não quiseres responder não faz mal.Não, eu acho que as duas faculdades fundamentais de
desporto em Portugal são ricas de capacidade e são ricas
de ideias mas são pobres efectivamente...
De meios... De meios, sim. Por exemplo, a Portugal Telecom é um dos
meus sponsors e eu agora com o meu ISEF fiz um “desvio”
de fundos em que a PT vai fazer um investimento na facul-
dade ao nível dos laboratórios, ao nível das instalações,
laboratórios de investigação, de bio-mecânica, de fisiologia.
A PT vai fazer isto porque a PT é aberta a este tipo de coisa
e, como é meu patrocinador, terá prazer em que eu faça
uma coisa que me dá prazer a mim e à minha faculdade.
Então para que país é que ias estudar, se tivesses 18 anos agora? Por exemplo, eu com as minhas equipas vou fazer os treinos
de pré-época para os Estados Unidos. Porquê? Porque, ao
nível das global facilities, como eles dizem, aquilo é paradí-
siaco. Quer dizer, o tipo de laboratório, onde nós treinamos;
as condições de treino; as condições de investigação; a
investigação do corpo, neste caso do corpo do grande
profissional. Mas um estudante teria de ver as condições de
investigação numa outra perspectiva. De qualquer forma, as
condições são incomparáveis.
Conheces bem? Conheço bem, vou para lá todos os anos. Este ano vou para
lá outra vez.
Falas directamente lá com os gajos, com os investiga-dores? Falo e é giro porque um tipo cá pensa que o nosso futebol
não é lá muito forte; nós pensamos que lá eles são basebol,
são futebol americano, são NBA. Mas eles são muito, muito,
muito o nosso Soccer também! Conhecem-nos; admiram-
nos; querem colaborar e depois, obviamente, querem
demonstrar a sua força nas áreas onde podem demonstrar a
sua força; ou seja exactamente nestas áreas de investiga-
ção que apontei; nas áreas médicas.
Mas tu sentes que esse isolamento futebolístico dos EUA vai acabar?Não sei. É um bocado difícil porque eu penso que o futebol
é um bocadinho inadaptado, na sua essência como jogo, ao
americano. Um intervalo, 45 minutos de jogo, um inter-
valo, mais 45 minutos de jogo... quando é que vão comer
hamburgueres? Quando é que metem publicidade? Quando
é que as famílias se levantam para irem à shop e virem car-
regados de produtos de merchandising? É uma construção
completamente diferente.
Mas porque é que é preciso ir aos Estados Unidos treinar? Eu gosto, por exemplo, de trabalhar com as minhas equipas
médicas - que obviamente têm um médico chefe - mas
que permite que eu continue a ter, como manager da minha
equipa, essa situação sob controlo. É o que acontece nos
Estados Unidos. Eu gosto que os meus departamentos
médicos sejam abertos e não estanques. Quando um joga-
dor meu tem um problema no joelho quero que este joelho
seja visto. De todas as maneiras.
Como é que essa maneira de trabalhar se coaduna com as várias culturas? Por exemplo, em Portugal. Ou com
os ingleses e com os italianos? Culturalmente, quais são os mais difíceis? Culturalmente, o Porto foi fácil para mim. O Porto foi fácil
porque no Porto trabalha-se com grande paixão. As pes-
soas são apaixonadas, as pessoas de base...
Foi fácil para ti. Fácil no sentido em que as pessoas que trabalham, aquelas
pessoas que são “fixas”, os médicos, o departamento
médico, são apaixonadas não só pelo seu trabalho como
pelo clube.
Mas no Porto…Mas o Porto, o meu Porto foi muito fácil de estruturar. Era
um clube que estava num momento que se pode dizer,
nestes últimos 20 anos, de maior dificuldade. Se calhar,
aquela queda foi o início de uma ascensão porque estavam
sequiosos. Sequiosos de uma linha condutora que já tinham
ao nível administrativo (com o Presidente era o mesmo)
mas agora ao nível do treino, da organização específica do
trabalho diário. Era disso que estavam sequiosos.
E isso ajuda muito, não é? Pessoas como o Dr. Nelson Pulga, o Dr. Esteves, pes-
soas que estavam de braços abertos à espera que alguém
chegasse. Eles estavam era desesperados de viverem na
situação em que estavam a viver. E depois chegou lá uma
pessoa que disse “Ok vamos nesta direcção” e eles vão
nesta direcção, e foi muito fácil.
A imprensa inglesa, que é sempre muito céptica, gos-tava de ti. E tu gostavas muito deles também? Gostava, gostava.
Aqui em Itália é muito mais difícil não é? é muito parcial. A imprensa aqui é uma imprensa futebolística. É uma imp-
rensa que eu, se calhar, qualifiquei de um modo demasiado
forte. Mas qualifiquei numa altura onde o campeonato
estava em fogo e senti necessidade de atiçar um bocadinho
mais o fogo. Qualifiquei como “prostituição intelectual”.
É uma imprensa onde o dono do principal jornal desporti-
vo é o dono do Milan. Uma das duas televisões mais im-
portantes, que é a mais forte ao nível do futebol, que tem
os comentadores importantes, os comentadores mais
credíveis, que tem os nomes mais importantes e que,
por isso, têm mais força do que todas, o dono dessa tele-
visão é o dono do Milan. Depois Milão é uma cidade que
é metade Inter e metade Milan – mas só o Milan tem
esse nível mediático. É uma imprensa que não é fácil.
É uma imprensa que, por muito independente que queira
ser, acaba sempre por não ser independente. E isso cria
uma dificuldade acrescida a um clube como o meu,
não é?
O que distingue os futebolistas ingleses? Têm uma emotividade incrível para com o jogo; uma paixão
incrível para com o jogo de futebol. No entanto, ao nível da
metodologia, ao nível do seu jogo, são muito directos.
O que é que isso quer dizer?(Mourinho explica com um diagrama. Há um ponto A e
um ponto B. Os ingleses pensam que tanto faz ir de A
para B como de A para C e de C para D e de D para E e
só então de E para B. Não apreciam a complexidade dos
ziguezagues.)
É a sua cultura; são diversos meios para se atingir. Por
exemplo, em Inglaterra, uma bola chutada daqui para aqui,
para os ingleses, tem o mesmo significado que isto; isto
aqui tu fazes, se tiveres força para fazer tu fazes, “kikas”
a bola e metes a bola aqui, agora teres a capacidade para
fazer isto, isto e isto, passar para aqui e passar para ali,
movimentar aqui e chegar aqui e chegar ali, tu não tens ca-
pacidade para isto. Isto é muito mais difícil, mas para eles, o
objectivo é que a bola chega aqui. É um pensamento muito
mais rectílineo.
é demasiado simples... E porque é demasiado simples não é suficiente para eles
atingirem determinado objectivo.
Mas safam-se. Fazem-no no momento da emotividade. Mas neste
momento, o futebol pensa. Desde a primeira “invasão de
estrangeiros” que é assim.
é da cultura? É da cultura. A maneira como eles se estruturam, o grande
boom do futebol inglês foi no momento em que aparecem
o treinador do Chelsea, um português, treinador do Arsenal,
um francês, treinador do Liverpool, um espanhol...
é mais uma importação. Aqueles dois ou três anitos foram muito importantes e o
Alex Ferguson disse uma coisa que me ficou; que foi “O
sucesso do Manchester na era pós-Mourinho foi graças a
Mourinho”. Deve-se a nós, porque fomos nós que pusemos
a fasquia mais alta. Ele nunca teve dois anos sem ganhar
nada. Teve dois anos sem ganhar nada e ele disse “Este
Manchester não é suficiente e, como não é suficiente, temos
que fazer mais.”
Em termos culturais futebolísticos, qual é o contrário dos ingleses?É o espanhol. É um táctico por natureza; a sua equipa
parece xadrez, é táctico; para mim demasiado táctico.
O que é que acontece às pessoas demasiado tácticas? Uma pessoa demasiado táctica é aquela para quem tudo
isto está predeterminado.
Aconteça o que acontecer... (usa novamente o diagrama) O jogador tem a bola aqui e
se esta situação não pode acontecer, ele já não sabe o que
há-de fazer. É uma diferença fundamental. Eu sou um tác-
tico, mas eu quero que os meus jogadores saibam pensar,
saibam decidir. Porque eu, dentro de campo, não posso
decidir...
E deixas decidir.. Deixo decidir porque a maneira como nós trabalhamos, eu
chamo-lhe ‘descoberta guiada’, que foi uma terminologia
que eu encontrei, para quando nós estamos a trabalhar
tacticamente. No meio desse trabalho existe espaço para a
comunicação, existe espaço para os jogadores terem dúvi-
das, existe espaço para eles perguntarem, existe espaço
para eles descobrirem.
Tu conseguiste, todos dizem, só que tu consegues aquela lealdade a longo prazo, mesmo jogadores do Chelsea, que eu acompanho, em que passados muitos meses, continuam... Estamos a falar exactamente no dia depois de eu ter sido
Campeão de Itália, que é a minha equipa, que ao nível do
jogo, da qualidade do jogo, é de todas as minhas equipas a
que eu gosto muito. É de todas as equipas a que eu gosto
muito. É a equipa que eu gosto mais do ponto de vista
humano, é a equipa que tem acumulada melhor gente, que
tem acumulada gente que joga nos seus limites, que não
tem mais nada, mas mais nada para dar, para desenvolver,
mas é uma equipa em fim de ciclo. As minhas equipas
antes eram sempre equipas em início de ciclo, em início de
um ciclo.
é mais difícil este período? É muito mais difícil. Uma média de idades superior a 32
anos. São 8 jogadores acima dos 34 anos, são jogadores já
no limite do seu potencial.
E que já ganharam. Eu não vou por aí, porque humanamente é tão bom que eles
querem continuar. Agora o espaço de evolução do jogo da
equipa é que não. Eu cheguei em Novembro, e eu disse que
“se eu continuar a ir à procura do espaço de evolução da
equipa, eu não ganho o campeonato”.
Tens que abdicar de certas coisas... Exactamente. Eu tenho que abdicar de alguma coisa.
Eu cheguei a um momento em que disse “o espaço de
evolução acabou e eu tenho que me agarrar à defensiva da
equipa, a 3 ou 4 princípios de jogo que eram fundamentais”.
Por exemplo, ainda ontem li qualquer coisa na Gazzetta
dello Sport, o jornal do Milan, em que faziam uma análise
ao trabalho dos campeões e uma análise ao meu trabalho,
dizendo que eu não trouxe nada de especial. Não perce-
beram que o que eu trouxe de especial foi a maneira como o
grupo foi gerido. Acho um grande erro de um treinador não
ser capazes de abdicar de certos objectivos. Há treinadores
que dizem “ este é o meu modo de jogar preferido, este é
o meu sistema táctico preferido, e vou com este sistema e
com esta filosofia até à morte.” Eu acho que é completa-
mente errado. Eu acho que é legítimo dizer “esta é a minha
filosofia de jogo preferida, este é o meu modelo de jogo
preferido, este é o meu sistema táctico”. Isso é legítimo
dizer. Agora dizer “eu vou com isto até à morte”…aí é que tu
morres mesmo.
Nunca tiveste a vontade de dizer: “Eu vou precisar de mais um ano?” Eu não gosto de dizer isso porque gosto de meter um tipo
sob pressão.
é uma conversa que tens contigo próprio, não é? Eu tenho um amigo que é o Rui Faria e depois de uma der-
rota qualquer, que tivemos 3 no Campeonato... eu queria
reunir com eles e queria esmiuçar o jogo, e queria saber
porque é que perdemos e porque é o que é que correu mal
e no meio da reunião ele diz assim “ Foda-se, nós estamos
mesmo mal habituados, pá! Tu não sabes mesmo perder
pá”. Ele, numa boa, dizia isso mesmo: nós não sabemos.
Há ou não há uma conversa contigo próprio? Sim, eu preciso desse espaço.
Não te estás a enterrar?Não, eu preciso daquilo. Preciso.
Para tu ficares aflito. Preciso. Preciso de motivação.
E não sofres? Há pessoas que pensam que no banco se sofre muito mas
eu não tenho tempo para sofrer. É aquilo que eu costumo
dizer. Há cabelos brancos...
Mas depois, quando vês que há coisas no campo que não correspondem, não há coisas que te frustram? Frustam.
Mas esse facto é reincidente ou varia? Há situações onde tu dizes “o jogo correu mal porque a
equi pa não esteve bem”. E quando se trata da equipa, a
mim, como um treinador, eu prefiro que seja assim. Prefiro
que seja difícil identificar. Prefiro, mas há diversas situa-
ções, há diversos momentos em que as situações estavam
de tal maneira bem estruturadas, bem organizadas, bem
mecanizadas, onde a equipa funcionou bem, mas há a
in di vidualidade que falhou e a individualidade é de fácil
identificação. A mim dói-me mais.
A equipa é quem? Não são os jogadores... São os jogadores.
Mas jogadores não 1, 2 ou 3; é a equipa. Jogadores na globalidade, mas há situações muito espe-
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cíficas em que é muito claro “identificar” o culpado. Há
diversas situações...
Os outros não podem saber quem é que tu culpas?Sabem, sabem.
Como é que é o processo contigo mesmo? A única coisa que eu faço comigo mesmo é exactamente
aquilo que te disse que fiz com o meu staff técnico e que às
vezes faço sozinho que é dar resposta a perguntas difíceis
de responder. Que às vezes é difícil responder...
Mas tens noção de que nunca tens medo do abismo e estás preparado para isso? Estou. Quando o mal me acontecer, acontece e eu vou estar
preparado para ele e para dar respostas.
Achas que aprendeste alguma coisa, a esse respeito, com os ingleses? Não sei muito bem. Por exemplo, falando do Ferguson, que
além de treinador é amigo, dá-me prazer falar dele e de falar
com ele, aqueles dois anos em que foram os dois únicos
anos em que ele não ganhou nada, ele de certeza que não
gozou aqueles dois anos. Agora, teve dois anos a comer
derrotas e enquanto comeu a derrota, em vez de chorar, an-
dou a pensar como é que poderia comer a vitória outra vez.
Ele é o melhor treinador britânico ou é também um estilo?.. Para mim ele tem um estilo britânico de liderança e a
maneira como ele lidera o seu clube parece-me ser o típico
manager britânico. Mas depois acho que tem características
de personalidade que são únicas.
Achas que o britânico existe ou há ingleses, escoceses, irlandeses... Eu acho que há escoceses, ingleses e irlandeses, mais do
que o britânico. Conheço irlandeses, trabalhei com irlande-
ses, conheço escoceses, estudei na Escócia.
Quais são os mais fáceis de trabalhar como treinador? Eu acho que nisto existe uma coisa comum. Eu costumo
dizer que o sítio mais fácil para ser treinador é a Inglaterra.
Porquê? Porque a figura do treinador é aceite pelo respeito
institucional. Um jogador, seja ele o John Terry ou o Frank
Lampard olha para o treinador como o ‘boss’. Não está
sempre a dizer ao treinador “eu não estou de acordo”; “eu
não gosto de como tu trabalhas”, “tu não és...”; ninguém diz
coisa nenhuma. A aceitação é quase uma obediência.
Mas os outros estrangeiros não. Não - é muito mais difícil.
E como é que tu lidas com esta questão multicultural? Continentes diferentes, culturas diferentes nas equipas. Como é que tu lidas com isto na mesma equipa? É das coisas que eu digo sempre quando chego a um clube,
quando treinadores falam comigo, quando aprendizes de
treinador falam comigo, e me perguntam sempre como é
que é possível lidar com um gajo que ganha 5 milhões de
euros, como é que tu podes disciplinar um gajo que é mul-
timilionário; mas eu digo sempre, “só há uma maneira que é
seres honesto”. Não há outra maneira. Depois eles aceitam
a tua honestidade, não aceitam... Em Itália eles utilizam uma
palavra que é o permaloso. Um permaloso é um pessoa de-
masiado susceptível, muito permeável, fácil de ofender. Por
exemplo, quando eu te digo “Miguel, tu estás muito gordo”
e tu me dizes que ficas todo fodido. Não estou a conseguir
explicar.
Estás sim. Um jogador de futebol na sua globalidade é permaloso. Um
jogador de futebol não gosta, na sua essência, seja de que
cultura for, que tu lhe digas “tu és rasca, tu não prestas”,
não gosta que tu lhe digas “ontem à noite houve um gajo
que te viu às 4 da manhã na rua”, é uma granda merda, não
gosta que tu lhe digas “tu estás velho”. São permalosos.
É uma palavra muito gira que eu não sei como é que se diz
em português, que é permaloso. Um jogador de futebol é
permaloso. A única maneira para mim de combater a per-
malosidade é ser sempre honesto.
Quais são os mais difíceis de todos?Eu acho que o brasileiro é o mais difícil. Para mim, o brasi-
leiro é difícil porque para mim o brasileiro jogador de futebol
tradicional é o jogador que vive com a “indisciplina” com
que vive a sua própria vida.
Como é que fazem? Vive a sua profissão com o talento que Deus lhe deu, e que
é enorme, e com a indisciplina com que vive a sua própria
vida. Por exemplo, há um jogador brasileiro a quem tu dizes
“tens que estar aqui às 10 horas, temos reunião às 10.
E se tu chegares às 10:05, notas na reunião que, na sua
globalidade, está-se a “cagar” que tu na o deixes entrar na
reunião ou não. Se tu não o deixares entrar na reunião ele
pega no carro e vai todo contente dormir mais um bocado.
Ou se acordar às 10:02 e souber que tu não o deixas entrar,
se calhar continua a dormir mais um bocado, “Ok, ele vai-se
chatear comigo mas eu durmo mais 20 minutinhos”.
E os ingleses?O inglês chega às 5 para as 10; o italiano ou chega às
10 ou se chegar às 10 e 1 minuto chega a correr e chateado
porque chegou às 10 e 1 minuto; o português chega às 10
ou 1 minuto antes das 10...
Ai o português é o que chega mais perto da hora mar-cada?É. 1 minuto antes das 10...
E os franceses?Franceses é difícil. Para mim, o francês chega às 10, mas
chega a pensar que não há razão nenhuma para chegar
às 10.
Que engraçado, está muito bem visto.Chega às 10, mas chega a pensar assim: “porque é que
este treinador me obriga a chegar às 10 porque é que não
poderia ser às 10 e 5”. O francês tem sempre razão, sempre
razão. Mas sempre.
Os russos... Os russos se tu dizes para chegarem à 10, chegam à 10. É
impossível chegar às 9 e 59 ou às 10 e 1 segundo. Eu penso
que sim. Eu só tive um jogador, não tive 2. Um no Chelsea e
um no Porto, e o jogador russo acho que precisa que tu lhe
digas tudo aquilo que... Acho que precisa de ser dirigido.
Se calhar é um bocadinho burro. Não estou a dizer que é um bocadinho burro, estou a dizer
que se calhar cresceu a ser dirigido, a ser teleguiado. Pre-
cisa de ser teleguiado.
Numa estrutura autoritária. Se tu lhe dás espaço de mais, para pensar, sente-se um bo-
cadinho desorientado. Acho que precisam de rigor. Não tive
muitos, mas os que tive eram homens de equipa, homem de
equipa e não individuais. Não são homens para resolverem
sozinhos os problemas da equipa mas para serem pessoas
importantes num contexto de equipa.
E clubes especiais? Há?Há. O Inter. Ou dou-te outro exemplo, o Chelsea... como
hei-de explicar melhor? Ou por ironia do destino ou porque
tinha que ser assim, não sei porquê, mas eu estive sempre
num clube especial por qualquer razão. Ou seja, o Porto é,
sem dúvida, um clube especial. O Porto é um clube onde,
se tu crias uma empatia com um povo – porque aquilo é um
povo - aquele povo está atrás de ti; está contigo e cria-se
26
quase um movimento de bola de neve… Do primeiro dia
em que eu entrei até ao último dia em que saí, senti sempre
esse peso atrás de mim. No Chelsea era a mesma coisa e
aqui a mesma coisa. Isso para mim é fundamental.
E saudades de Portugal?Não tenho saudades de Portugal.
Da comida e do mar... Não tenho.
De Setúbal, não tens saudades do mar? Não tens sau-dades disso? Não sou uma pessoa saudosista.
és um apaixonado por relógios...Sou apaixonado pelos relógios, sou. Mas sou forreta. Não
sou pessoa de gastar dinheiro, de gastar muito dinheiro com
relógios, não sou aquele coleccionador que não olha ao
preço. As pessoas que me conhecem e que gostam de me
oferecer coisas sabem que um relógio é a peça que mais
me agrada. E depois, tenho que construir com os relógios
a minha carreira. Ou seja, tenho um relógio com que ganhei
pela primeira vez; tenho um relógio com que ganhei a
Champions League...
Gostava que me falasses dos blocos de tempo que há dentro dos minutos que dura um jogo de futebol. Nos teus jogos, nota-se que durante um período concen-trado de 4/5 minutos, estás a viver o tempo independen-temente do que se passa no campo. Até a minha própria intervenção no jogo é feita de blocos de
tempo.
Como é que tu divides um jogo em blocos de tempo?Os primeiros 5 minutos de jogo para mim são 5 minutos de
jogo de intervenção imediata sobre o jogo.
São 5 minutos. Eu tenho uma intervenção imediata sobre o jogo. Os meus
jogadores devem receber de mim, naqueles primeiros 5
minutos, um feed-back imediato da fotografia que eu estou
a ver e que eles não estão. Os primeiros 5 minutos são
fundamentalmente isso porque nós podemos estar prepara-
dos para uma determinada estrutura de jogo e quando o
jogo inicia é necessário uma intervenção imediata. Existem
jogadores que pelo seu posicionamento em campo têm de
ser avisados.
O primeiro bloco é um bocado aflitivo. Gosto - até porque é o período de tempo onde eu entro
imediatamente no jogo. Eu tenho um momento de grande
introspecção antes do jogo começar, em que gosto de estar
sozinho, gosto de pensar, gosto de estar fora do jogo e nos
primeiros 5 minutos eu entro imediatamente no jogo.
E quando há alguma coisa nova ou há uma surpresa? Há uma injecção de adrenalina que entra ali de súbito, estou
no jogo ...
Pode haver um momento de surpresa. Pode haver um momento de surpresa, pode e depois há
uma coisa que entra ali no bloco de tempo que eu gosto
que é o momento só de observação e de análise.
Quanto mais ou menos? 25 minutos. 20, 25 minutos.
E aí estás mesmo atento ao jogo. E depois os últimos 10, 15 minutos da primeira parte é
o período dos 90 minutos onde eu vejo menos o jogo. É
o momento em que eu preparo a minha intervenção ao
intervalo. Se eu quisesse sair do banco e, em vez de estar
no banco, ficar fechado no balneário já, eu podia estar. Já li;
já observei.
Então esse período antes do intervalo não é tão crítico como as pessoas pensam. Não, não. É crítico para os jogadores; não é crítico para mim.
É crítico para eles porque é um período de tempo importante.
Faltam 10 minutos e ele deve estar preocupadíssimo e não, estás pensar... Estou a estruturar a minha intervenção. As minhas inter-
venções são sempre intervenções muito estruturadas. A
intervenção de um trabalho é a mais difícil de estruturar e é
consequência de uma coisa que acabou agora e o intervalo
começa agora.
Mas se acontece alguma coisa antes do jogo, 10 minu-tos antes?Adapto. Obviamente, adapto.
Mas é raro acontecer. Pode acontecer no jogo. É diferente chegar ao intervalo a
ganhar 1-0 ou a ganhar 2-0 ou empatado 1-1 se sofremos
um golo. Mas a estrutura da análise do jogo, porque a aná-
lise da estrutura do jogo, daqueles 30 minutos, 25 mais os
outros 5, não depende do resultado...
é um erro que as pessoas fazem. Exactamente. Até os próprios jornalistas. Costumo dizer
às vezes aos próprios jornalistas, a brincar, que estão já a
escrever a peça e escrevem a peça durante o jogo, mas que
se houver um golo nos últimos 5 minutos, os gajos têm que...
Não, não. Deixam em aberto... Para se despacharem e irem mais cedo e irem embora.
O treinador também pode. Depois, a segunda parte, os
primeiros 10, 15 minutos voltam a ser minutos onde tu
analisas o feed-back dos jogadores em relação àquilo que
tu disseste.
é a análise e observação, aquilo que eles absorveram do que disseste e de como e que eles... Exactamente. E depois entro imediatamente porque é muito
difícil fazer uma substituição naquela parte, nos primeiros
10, 15 minutos da segunda parte.
é uma fase interventiva tua. É uma fase interventiva minha.
Quanto tempo? 5 minutos. São 5 minutos de intervenção passiva.
é muito comum os jornalista dizer “ele está muito agita-do”, mas estás a fazer qualquer coisa que não agitar-te. É um momento de comunicação. E depois entro naquele
momento que é o momento em que eu penso que tenho 3
substituições para fazer e como é que eu vou ajudar...
Isso é o mais difícil, não é?É um momento muito giro porque é o momento em que
tu sente também que podes ser fundamental. Que é dizer
assim “ eu tenho 3 substituições para fazer, posso ajudar
ou não posso ajudar”. Sentes-te interventivo e às vezes tu
até sentes que os jogadores estão à espera que tu ajudes. E
estão à espera que tu ajudes. Que tu faças qualquer coisa.
Também é muito giro. Se a gente for dividir o jogo de 90
minutos nos diferentes modos de o treinador intervir...
Há algum bloco no fim? Às vezes no fim, quando o jogo já está ganho ou já está
perdido, já se está é a pensar é no outro. Às vezes, estou
nos últimos 5 minutos de jogo e estou a fazer equipa para o
jogo seguinte.
CAPA
José Mourinho usa a prova de autor da edição limi-tada a 41 relógios, Franck Muller ‘Special One’. O mestre relojoeiro de Genthod quis homenagear o treinador português eternizando nesta série exclusiva a sua idade aquando da vitória na Liga dos Campeões em 2004 ao serviço do Futebol Clube do Porto.
Peça exclusiva em ouro maciço de 18 quilates revela no seu mostrador a pesonalização do algarismo ‘1’. No verso da caixa cintrée curvex 9080 está gravada a assinatura do ‘Special One’.
Mais informações em www.espiraldotempo.com
Por Cesarina Sousa e Miguel Seabra, fotos Nuno Correia, video 6’09’’ em www.espiral.tv
Quando o Sol tem ponteiros
A Equação do Tempo inspira a concepção de verdadeiros prodígios da micromecânica. Mas, afinal, o que é a Equação do Tempo? Os astróno mos Pedro Russo e Rui Jorge Agostinho e os relojoeiros da Audemars Piguet e da Jaeger-LeCoultre ajudam a perceber melhor um fenómeno astrofísico de que poucos se apercebem e que consegue ser deliciosamente explanado em relógios de vocação cósmica.
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O cidadão confia diariamente a vida às horas que o relógio lhe dá. A divisão do globo em
fusos horários e a sua aceitação mundial está na base do quotidiano da era moderna e
poucos são os que param para pensar no modo como a hora é estabelecida. Muitos acertam
os seus relógios através dos relógios públicos, outros esperam pela hora certa da telefonia e
da televisão ou guiam-se pelo monitor do portátil, o telemóvel tornou-se omnipresente… mas
ainda há quem se aventure a calcular o tempo com base na posição do Sol!
E porquê ter ainda como referência o astro-rei, que durante milénios serviu como guia
do passar do tempo? Porque a hora legal, que orienta a vida do planeta civilizado, não cor-
responde com exactidão à hora verdadeira – ou seja, a hora calculada a partir da efectiva
posição do Sol. Em suma, existem variações diárias entre a hora solar média e a hora solar
verdadeira; o cálculo dessas variações designa-se, em astronomia, por Equação do Tempo.
Hora solar, hora solar médiaFoi no Planetário Calouste Gulbenkian de Lisboa que Pedro Russo, coordenador do Ano In-
ternacional da Astronomia*, se dispôs a explicar melhor o fenómeno da Equação do Tempo.
«O dia solar médio descreve a média do que seria o comportamento do Sol se o nosso
sistema Sol/Terra fosse um sistema perfeito – ou seja, se a órbita da Terra em torno do Sol
fosse circular e se a própria Terra não estivesse inclinada face ao seu eixo de rotação. Como
a órbita da terra em torno do Sol é uma elipse e a própria Terra está inclinada relativamente a
essa órbita, foi necessário definir um Sol médio».
Entre outros factores, a órbita elíptica faz com que a Terra viaje mais rapidamente quando
está mais próxima do Sol (em Janeiro) do que quando está mais afastada (em Julho),
resultando numa variação do seu percurso aparente na esfera celeste (ver caixa). Quando
os ponteiros do relógio marcam o meio-dia, não significa que o Sol esteja na posição que
efectivamente corresponde a essa hora: pode estar mais desviado para Oeste ou para Este;
tudo depende da altura do ano. O dia solar médio e o dia solar verdadeiro apenas coincidem
quatro vezes ao longo do ano: 15 de Abril, 14 de Junho, 1 de Setembro e 24 de Dezembro;
depois a diferença pode variar entre menos 16 minutos e 23 segundos em 4 de Novembro
até mais 14 minutos e 22 segundos a 11 de Fevereiro. Essa diferença é a chamada Equação
do Tempo, um fenómeno que foi particularmente analisado pelo astrónomo alemão Johannes
Kepler (que viveu entre 1571 e 1630). Pedro Russo refere-se ao livro ‘Astronomia Nova’,
publicado em 1609, no qual Kepler, a partir das observações do seu mestre Tycho Brahe
(1546-1601), apresenta pela primeira vez duas das suas três leis (ver caixa) relacionadas com
o movimento dos planetas: «Até então, a mecânica do sistema solar era vista de forma sim-
plista e Kepler veio revolucionar essa visão», sublinha o astrónomo português actualmente
radicado na Alemanha. «Hoje em dia, as regras que ele proferiu há 400 anos atrás são as que
ainda usamos» e são elas que explicam a existência da Equação do Tempo.
A hora do relógioO dia solar verdadeiro difere do dia solar médio, que está na base da hora legal vigente em
todo o mundo. Para o astrofísico e professor Rui Jorge Agostinho** «tudo precisa do Sol
e o natural foi estabelecer o dia através do Sol». Numa fase inicial, o dia e o ano eram as
unidades de referência; com o desenvolvimento das relações sociais, sentiu-se a necessi-
dade de procurar unidades de tempo inferiores ao dia – e a divisão do dia solar em 24 partes
iguais (12 horas para a noite e 12 horas para o dia) foi a solução encontrada.
ASTRONOMIA
Quando foi estabelecido, o sistema de horas era um
sistema local, cada terra designava a sua hora. O cenário
altera-se com o advento das trocas comerciais em grande
escala. «Quando se começa a viajar e a estabelecer prazos
começa-se a ter consciência da necessidade de uma
uniformização da hora» esclarece o professor. Se «tudo
precisa de Sol», a «a sociedade precisa da hora legal». Em
1820 estabelece-se um padrão de segundos –1 segundo
equivalia a 1/86.400 do dia solar – e com a «Conferência de
Washington foram definidos os fusos horários; as horas pas-
saram a ser as mesmas em qualquer lugar do mundo» com
a diferença de fuso para fuso, conclui Rui Agostinho.
Segundo o professor, a hora legal compreende a
medição/manutenção e a distribuição. Em traços gerais, as
pessoas têm que ter acesso às horas certas. Com o sinal
de telégrafo, a hora era enviada para estações semafóricas.
Durante muito tempo, em Lisboa, a hora era garantida pelos
relógios públicos; nos portos marítimos dos finais do século
XIX era comum haver um balão num local que fosse visível
e o tiro de canhão também era uilizado. Mas, acrescenta
o astrofísico, «a astronomia está sempre por detrás disto»
porque «os astrónomos medem com rigor a hora certa
e mantêm a hora, porque medir a posição das estrelas é
medir a hora (a designada hora sideral)». Com os relógios
a sociedade tinha acesso à hora, mas era necessária uma
referência absoluta: «Alguém tem que dizer que o relógio
está certo». E os observatórios foram instituídos como
responsáveis por medir e manter a hora legal.
A Revolução tecnológica do Séc XX«A revolução tecnológica do século XX veio suplantar o
pêndulo» e os observatórios continuaram a dar as horas,
como ainda hoje o fazem. Segundo Rui Agostinho, «a
electrónica mudou a manutenção do tempo, só que estudar
a diferença entre a hora do relógio e a hora que o Sol dá é
um problema da astronomia porque as estrelas continuam
lá». As alterações naturais da Terra e uma série de outros
factores a que está sujeita fazem com que se diagnostiquem
alterações também na sua rotação. A Geofísica tornou-se
essencial neste processo. Perante «as manias da rotação da
Terra», nas palavras do professor, o sinal GPS e a Inter-
net vieram revolucionar por completo todo o sistema de
distribuição da hora legal. Hoje, são os relógios atómicos
de césio e rudésio, de altíssima precisão, que «estabelecem
um batimento perfeito do tempo, com uma cadência certa:
é um processo de laboratório. O relógio atómico dá a hora
atómica que é próxima da hora solar média», só que «a hora
solar média foi imposta aos relógios atómicos de acordo
com o padrão de segundo estabelecido em 1820». Os
tempos estão a mudar e o professor chama a atenção para
o facto de a duração do segundo do relógio atómico neste
momento ser curta demais para a rotação do planeta. Já o
ano de 2008 se despediu com mais um segundo devido ao
abrandamento do ritmo da rotação da Terra!
Em Portugal, o Observatório Astronómico de Lisboa é
a entidade responsável pela manutenção e distribuição da
Hora Legal, com base nos mais avançados meios tecnológi-
co-científicos, de acordo com normas nacionais e interna-
cionais. Para além disso, dirige a Comissão Permanente
da Hora e presta esclarecimentos de diversa ordem. Com
recurso à Internet, foi desenvolvida uma moderna plata-
forma de distribuição da hora: sempre que quisermos ter a
certeza de que a hora está certa, basta aceder ao site oficial
do Observatório Astronómico. A hora que surge do lado
direito da página é calculada através do rigoroso batimento
dos relógios atómicos, o que não significa que seja a hora
que os ponteiros do Sol marcam...
Calcular a diferença solarA Equação do Tempo é, então, calculada em astronomia
através da relação entre duas componentes: «O Sol médio e
o Sol verdadeiro; essa diferença ao longo do ano descreve
a equação». Pedro Russo acrescenta ainda: «Se nós con-
seguíssemos ter uma representação gráfica que mostrasse
a variação do Sol médio e do Sol verdadeiro veríamos que
iria descrever uma curva bastante conhecida porque dá
imagens fantásticas – a famosa curva do analema». Através
da técnica ancestral do gnômon, os amadores podem, com
efeito, obter um analema. Para isso, basta fixar uma estaca
na terra, num lugar onde se tenha a certeza de que o Sol
incide todo o ano, e assinala-se a sua posição sempre no
primeiro dia de cada mês e à mesma hora. Após um ano,
as marcas assinaladas compreendem a forma de um 8, ou
seja, o analema.
A hora solar e o complexo de ÍcaroOs protagonistas do céu sempre intrigaram o homem –
desde os primórdios da humanidade até aos dias de hoje.
O Sol, a Lua, os planetas, as estrelas, os cometas e os mais
variados fenómenos celestes exerceram desde sempre um
fascínio que também aguçou o engenho das mentes mais
iluminadas e os génios relojoeiros não são excepção, tendo
passado os últimos séculos a apresentar instrumentos do
tempo que, por via da micromecânica e graças a intrinca-
dos cálculos, conseguem replicar em mostradores toda a
fabulosa dança cósmica.
A complicação astronómica mais simples consiste na
apresentação das fases da Lua, embora haja sistemas muito
mais precisos do que outros; normalmente, as marcas com
maior tradição apresentam melhores soluções, aperfeiçoan-
do a indicação das fases da Lua paralelamente ao desen-
volvimento de mecanismos com calendários triplos, anuais
ou perpétuos – que são os de maior complexidade, já que
calculam os meses de duração variável juntamente com
o ciclo dos anos bissextos. Mas há uma especialidade relo-
joeira de índole astronómica ainda mais rara: a da Equação
do Tempo, complicação capaz de determinar a diferença
entre a hora solar e a hora legal.
Sendo o Vale de Joux um dos berços da alta relojoaria, é
possível encontrar exemplares que contemplam o fenómeno
da Equação do Tempo nos catálogos das suas duas
manufacturas mais prestigiadas. Tanto a Audemars Piguet
como a Jaeger-LeCoultre fizeram melhor do que Ícaro e
conseguiram agarrar o Sol na sua hora exacta; a manufac-
tura de Le Brassus apresenta mesmo um modelo específico
que é expressamente dedicado à Equação do Tempo,
enquanto a manufactura de Le Sentier inclui a Equação do
Tempo como complemento de luxo em dois modelos ultra-
complicados.
Jules Audemars Equation du TempsA Audemars Piguet tem na sua colecção uma obra-prima de
pulso que representa uma inovação sem paralelo no univer-
so relojoeiro e que é reminiscente de três históricos relógios
de bolso da marca – um do final do século XIX, os outros
de 1925 e 1928. O Jules Audemars Equação do Tempo é
um modelo de pulso automático dotado de um ponteiro de
Equação do Tempo que assinala a diferença entre o tempo
oficial e tempo solar real, contém dois submostradores para
as horas do nascer e do pôr-do-sol, e ostenta um calendário
30
Na sequência da anotação diária das diferenças entre o dia solar verdadeiro e o dia solar médio, che-ga-se ao analema da Equação do Tempo; esse analema é transposto para uma came de raio variável entre 2,86 e 0,926 milímetros que diariamente incide sobre as rodagens do mecanismo que permitem ao relógio indicar a diferença entre a hora solar e a hora legal. Com a sua luneta personalizada para uma determinada localização do globo, o Jules Audemars Equação do Tempo da Audemars Piguet é o único relógio a calcular a Equação do Tempo num ponto exacto da longitude e não no espaço geográfico inteiro de um fuso horário.
perpétuo acompanhado da indicação das fases da Lua;
para além disso, apresenta o aliciante suplementar de poder
ser devidamente personalizado para qualquer localidade (de
Portugal ou qualquer outro país).
Disponível em versões de ouro ou platina e com mostra-
dor branco, preto ou esqueletizado, o Jules Audemars
Equação do Tempo assume-se como um verdadeiro astro
da alta relojoaria e o inédito mecanismo que lhe dá vida
é elaborado num atelier especializado nas instalações da
marca em Le Brassus. Sob a batuta do mestre Sergio Leone
(um nome com pedigree cinematográfico!), as 423 peças
do Calibre 2120/2808 são montadas em 28 milímetros de
diâmetro e 5,35 de espessura.
«O segredo da indicação da Equação do Tempo reside
numa única peça. Foram anotadas diariamente as dife-
renças entre o dia solar verdadeiro e o dia solar médio e
obteve-se aquilo que chamamos de analema da Equação
do Tempo; esse analema foi transposto para uma came de
raio variável entre 2,86 e 0,926 milímetros que a cada dia vai
incidir sobre as rodagens do mecanismo que permitem ao
relógio indicar as diferenças entre os dois valores», revela
Sérgio Leone. A came tem de ser construída com grande
precisão e a tal diferença de 1,934 milímetros determina um
trajecto de 31,26 minutos no ponteiro da equação (62 milési-
mos de milímetro por minuto, menos doq eu o diâmetro de
um cabelo), mas existe outro tipo de desafio: «O mais difícil
na concepção de um mecanismo com Equação do Tempo é
conseguir um equilíbrio de forças ideal, porque trabalhamos
com um módulo sobre um mecanismo de base AP 2120
que é ultra-plano – o mais plano do mundo – e é preciso
racionalizar a energia: a grande dificuldade consiste em
evitar que uma das funções do relógio afecte o rendimento
de outra função, daí a tal distribuição de forças que é tão
difícil de concretizar de modo a que o conjunto mantenha
uma elevada precisão».
Entre as 423 peças do mecanismo, a tal came tem a
devida repercussão noutra peça do mostrador – que pode
ser feita à vontade do freguês. É que o relógio deve ser
encomendado com uma luneta que permita o cálculo da
Equação do Tempo na cidade escolhida; os mestres do
atelier de complicações da Audemars Piguet farão os cál-
culos e a calibragem da came, para depois hábeis artesãos
gravarem o nome do local solicitado e a indicação do tempo
solar médio desse sítio numa luneta personalizada…
A Equação do Tempo é a indicação da diferença entre o
tempo convencional estipulado e o tempo solar real. Essa
diferença entre a hora legal e a hora solar pode mesmo ser
de mais de 30 segundos de um dia para o outro, devido à
forma elíptica da órbita terrestre em torno do sol – enquanto
os relógios ‘normais’ não calculam essas flutuações e
dividem matematicamente o tempo em horas, minutos e
segundos. No Jules Audemars Equação do Tempo, esses
cálculos são todos levados em conta com o recurso a rodas
dentadas que trabalham harmoniosamente entre si para
oferecerem um grau de precisão absoluta que até pode
durar para sempre: é que o relógio está também dotado de
um calendário perpétuo com um indicador de fases da Lua
tão preciso graças aos seus 135 dentes que não precisa de
qualquer correcção manual antes de 2130. As indicações
referentes ao calendário perpétuo estão presentes em dois
submostradores: o das 12 horas inclui um ponteiro para o
mês e uma janela para as fases da Lua, tendo ao seu lado
direito uma pequena e discreta seta que anuncia o ciclo
quaternário dos anos bissextos; o das 6 horas tem a apre-
sentação, também analógica, da data e do dia da semana.
Os restantes dois submostradores (às 9 e às 3 horas) dão
conta do momento exacto em que o Sol se levanta e se
põe. Já o ponteiro ao centro dotado de um Sol é o indicador
da Equação do Tempo que revela a variação que terá de ser
adicionada ou subtraída ao tempo oficial, com a ajuda da
graduação na luneta.
Para além da elevada precisão e do alto grau de com-
plexidade, o Calibre 2120/2808 é minuciosamente decorado
com anglage, perlage, polimento e gravação no rotor
esqueletizado!
Gyrotourbillon I e Reverso à TryptiqueA Jaeger-LeCoultre não tem nenhum relógio exclusivamente
dedicado à Euação do Tmpo – optando por incluir o pon-
teiro da hora solar verdadeira em dois fabulosos modelos de
características e formatos diferentes.
No Gyrotourbillon I, primeiro relógio de grande complica-
ção da manufactura de Le Sentier no século XXI, a principal
atracção visual transmitida pelo Calibre 177 de 679 peças
é o turbilhão esférico assente em duas gaiolas que giram
sobre dois eixos numa sedutora valsa. Mas está comple-
mentado com um calendário perpétuo assente em quatro
ponteiros retrógrados (dois para a data, um para o mês
e outro, no verso do relógio, para os anos bissextos) e o
ponteiro com o Sl na ponta que, a partir do mesmo eixo dos
ponteiros das horas e dos minutos, mostra o desfasamento
(em minutos) da hora solar relativamente à hora legal.
O Reverso à Tryptique vai ainda mais longe – e é mesmo
o primeiro relógio a oferecer três dimensões do tempo,
apresentadas em três diferentes planos, graças ao Calibre
175 de 642 peças.
O primeiro mostrador mostra o tempo civil da maneira
mais simples: horas, minutos e pequenos segundos, se bem
que acompanhados de um turbilhão com um escape revo-
lucionário e a indicação de 24 horas e reserva de corda do
calendário. O segundo mostrador, no reverso, é dominado
pelas indicações astronómicas: ponteiro da Equação do
Tempo com o Sol na ponta, submostradores para o nascer
e pôr-do-sol, calendário do zodíaco, hora sideral, hora civil
em 24 horas. O suporte integra um calendário perpétuo
instantâneo com data retrógrada, dia, mês, ano e fases
da Lua.
A dança dos astros tem servido inspiração a todas as
culturas – e como os relojoeiros tradicionais também são
uma espécie de poetas, os mais inspirados conseguem
materializá-la em mostradores e fazer com que seja bem
mais fácil olhar para o Sol que brilha num relógio do que
olhar directamente para ele…
Um mostrador prestigiadoNuma análise pragmática, torna-se evidente constatar que
a Equação do Tempo não faz propriamente parte das preo-
cupações diárias da sociedade. Pedro Russo, coordenador
do Ano Internacional da Astronomia, considera mesmo que
«não há, hoje em dia, uma consciência de que a hora solar
varia ao longo do ano e que foi estabelecida uma definição
do Sol médio; não existe essa necessidade».
No entanto, Pedro Russo salienta que «é fascinante ver
como é que algo que é simples, porque a equação não é
demasiado complicada, levou a uma peça de engenharia
tão interessante». Perante os complexos modelos relojoeiros
capazes de calcular mecanicamente a Equação do Tempo,
o astrofísico conclui: «A forma inteligente como são conce-
bidos fazem deles um hino à relojoaria e de certeza que irão
deliciar os seus donos».
32
Referência: 26003OR.OO.D002CR.01
Movimento: Mecânico de corda automática calibre AP 2120/2808.
Funções: Horas, minutos, hora de nascer e pôr do Sol, equação do tempo,
calendário perpétuo e fases da Lua.
Caixa Ø 43mm: Ouro rosa 18k, vidro e fundo em safira, estanque até 20 metros.
Bracelete: Pele de jacaré com fecho de báscula em ouro rosa 18k.
Preço: € 75.390
Referência: Q6006420
Movimento: Movimento mecânico de corda manual, calibre JLC 177.
Funções: Horas, minutos, segundos, reserva de corda, hora solar (equação
do tempo), indicação da data perpétua com dois ponteiros retrogrados, indi-
cação perpétua dos meses retrograda, indicação do ano bissexto retrograda
nas costas do relógio, turbilhão esférico.
Caixa Ø 43mm: Platina 950, fundo em safira.
Bracelete: Pele de jacaré.
Preço € 290.000
Gyrotourbillon I
Jules Audemars Equação do Tempo
TRADIçãO
A reputação de uma marca relojoeira não está relacionada
apenas com a intrínseca qualidade dos seus instrumentos
do tempo – tem sobretudo a ver com a capacidade de as-
segurar, de maneira rápida e competente, o melhor serviço
pós-venda possível. Normalmente, cada marca dispõe
de um departamento habilitado para resolver problemas
mecânicos e substituir peças; no que diz respeito às marcas
de alta-relojoaria, a situação coloca-se a um nível muito su-
perior, uma vez que é necessário reparar, substituir e reparar
mecanismos de enorme complexidade que até podem ter
muitas décadas ou mesmo séculos de vida.
No caso dos relógios mais antigos, a solução mais
habitual encontrada por muitas firmas relojoeiras é o out-
sourcing – o recurso a mestres relojoeiros com talento para
a restauração, ou a ateliers especificamente vocacionados
para o género que dispõem da capacidade de reconstruir
peças semelhantes às originais. Alguns dos melhores
relojoeiros da actualidade foram restauradores e ganharam
bagagem técnica refazendo complexas criações relojoeiras
do antigamente, como François-Paul Journe. Mas a Aude-
mars Piguet vai mais longe – noblesse oblige!
Desde 1875 que, na sequência da associação entre
Jules Audemars e Fréderic Piguet, a Audemars Piguet lança
a partir da Vallée de Joux algumas das mais excepcio-
nais criações relojoeiras – autênticas preciosidades que
é necessário acarinhar ao longo da sua vida, sobretudo
porque algumas criações ganham um valor incalculável com
o passar dos tempos. Daí que, num edifício ao lado do seu
próprio museu em Le Brassus, a Audemars Piguet tenha
reunido um importante acervo histórico de peças, meca-
nismos e utensílios que, manuseados por uma equipa de
génios relojoeiros, possibilita a recuperação de algumas das
mais complexas obras-primas da manufactura… e não só.
Em ‘portunhol’!O responsável pelo departamento de restauração de
relógios antigos e reparação de relógios complicados da
Audemars Piguet trabalha na manufactura há 29 anos e
exprime-se num português quase perfeito – é um galego
jovial e dinâmico, que tem passado todo o seu entusiasmo
aos jovens relojoeiros que têm partilhado a sua paixão.
«Fui aprendendo com oito grandes relojoeiros da Audemars
Piguet e agora é a minha vez de passar tudo o que sei aos
relojoeiros que trabalham comigo. A experiência de cada um
é o tesouro de todos – e, neste atelier, temos a felicidade de
efectuar um trabalho que poucos podem fazer no mundo
inteiro», regozija-se Francisco Pasandín. «Tive a sorte de,
há cinco anos, a direcção me ter dado a sua confiança para
criar este atelier – actualmente, não há outra manufactura
que tenha um conceito do género. Quando as pessoas
compram um relógio Audemars Piguet, estão a fazer um
investimento. E ninguém quer deixar um bom investimento
nas mãos de desconhecidos».
O atelier de Francisco Pasandín é um local perdido no
tempo: ainda se vê um computador ou outro, mas o cenário
dominante inclui instrumentos, ferramentas, caixas, peças
e manuscritos antigos. Hoje em dia, mesmo as históricas
manufacturas, como a própria Audemars Piguet, apresen-
tam um visual e uma decoração mais ‘modernas’ nas suas
oficinas ‘normais’; o atelier de restauro da Audemars Piguet
parece directamente saído dos finais do século XIX. «Aqui
trabalhamos a relojoaria como se fazia há 100 anos», explica
o auto-denominado galaico-duriense.
Mas, afinal, como é possível que relojoeiros contempo-
râneos consigam essa restauração original tão próxima
da perfeição? «A formação específica é muito importante.
Começamos com relojoeiros com uma experiência de cinco
ou seis anos em relógios mais simples; se um determinado
relojoeiro demonstra interesse e vocação pelo restauro e
pelos modelos históricos, convido-o a juntar-se a nós. Na
formação, começamos pelos relógios mais simples, depois
pelos de repetição minutos, passamos às grandes com-
plicações, e chegamos à restauração de modelos antigos
cada vez mais complicados – essa é a formação de base».
E sublinha: «É fácil perder-se o savoir-faire ancestral – e por
isso tivemos de aprender por nós mesmos, com os manuais
históricos à disposição e fazendo as nossas experiên-
cias em relógios complicados. Por exemplo, no plano da
decoração: em alguns casos tivemos de fazer nós próprios
algumas decorações, uma vez que não tínhamos dados
relativos aos padrões originalmente utilizados. E para não se
perder mais o tal savoir-faire, registo todos os trabalhos que
aqui se fazem; fiz uns manuais acerca dos diversos tipos de
restauro, com as explicações de todas as peças necessárias
e dos diversos tipos de decoração, para poder transmitir
os conhecimentos por escrito e com ilustrações que dão a
explicação das peças, das referências, dos acabamentos
e dos mecanismos».
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Por Miguel Seabra, fotos Nuno Correia, Le Brassus, Suíça. Vídeo em www.espiral.tv.
Cultivar a história
A tradição de excelência preconizada pela Audemars Piguet passa pela manutenção a todos os exemplares jamais criados pelos artesãos da célebre manufactura – mesmo os mais antigos. Nesse aspecto o seu atelier de restauração e reparação afigura-se como um caso à parte no mundo da alta relojoaria.
Precioso acervo históricoUma das mais-valias do atelier é o precioso espólio de
mecanismos e peças sobresselentes que constitui herança
da marca desde os seus primórdios. «Temos um valioso
património da Audemars Piguet, com todo o tipo de peças
que foi sendo acumulado desde o início da marca. É um te-
souro de valor incalculável – muitas outras marcas deitaram
fora máquinas e mecanismos durante a crise do quartzo e
perderam o seu savoir-faire. Por exemplo, agora temos no
atelier um relógio de 1913 que precisa de várias peças origi-
nais – e ou as temos connosco ou temos a possibilidade de
criar exactamente iguais, peças novas que muitas das vezes
são feitas com ferramentas antigas – e muitas vezes temos
de fazer esses utensílios, que eram utilizados há mais de
100 anos».
A disparidade histórica e a capacidade de estabelecer
a ponte entre eras distintas é um motivo de regozijo para
Francisco Pasandín. «É um orgulho trabalhar com relógios
que foram feitos com tanta minúcia por antigos mestres.
Fazemos o mesmo trabalho que antigamente os relojoeiros
faziam aqui na Vallée de Joux», confessa entusiasticamente.
Mas também reconhece que muitos dos problemas que
enfrenta foram provocados por relojoeiros menos hábeis
ou pouco habilitados – na maior parte dos casos, soluções
baratas encontradas fora do âmbito do serviço oficial de
pós-venda. «Em quase 80 por cento dos casos, temos de
reparar estragos que outros relojoeiros fizeram…».
Um atelier internacionalA competência do atelier de Francisco Pasandín é tanta que
por vezes é contratado para recuperar modelos históricos
de relojoeiros individuais ou de outras marcas. «O relógio
mais antigo que tivemos de restaurar foi um relógio erótico
de 1700 – não era Audemars Piguet, mas também fazemos
restauração de marcas que desapareceram. A janela com o
casal a ter relações era muito interessante…». No caso das
complicações acústicas, como nos modelos de sonnerie
e repetição de minutos, as competências vão mais além:
«Quase que temos de ser músicos, para conseguirmos a
afinação ideal dos timbres».
O maior desafio é proporcionado por peças ultra-
complicadas: «O trabalho que nos deu mais orgulho foi a
recuperação de um modelo extremamente complexo que
incluía grande e pequena sonnerie, calendário perpétuo e
cronógrafo com rattrapante. Precisou de mais de 300 horas
de trabalho e foi necessário fazer muitas peças à mão…
mas foi extremamente gratificante». Outro aspecto deter-
minante no trabalho de recuperação é a parte decorativa
do acabamento: «Num relógio de qualidade, é preciso dar
muita atenção aos acabamentos e à decoração – porque
um relógio Audemars Piguet é também uma obra de arte».
O departamento de restauro e reparação da Audemars
Piguet apresenta um elenco verdadeiramente internacional:
«Eu sou galego, o meu adjunto é italiano, e temos connosco
dois franceses, um canadiano, um suíço e um alemão».
Francisco Pasandín é particularmente humilde, tendo em
conta as suas elevadas habilitações: «É muito frequente
atribuir-se o título de mestre-relojoeiro no nosso meio. Eu
considero-me apenas um aprendiz – continuo a aprender
com o tempo, com o que os antigos relojoeiros fizeram.
Tento ensinar aos rapazes que trabalham connosco tudo o
que sei e ao mesmo tempo também vou aprendendo com
eles: até que morra, serei sempre um relojoeiro aprendiz».
Agentes oficiaisO atelier de restauro e reparação da Audemars Piguet
está vocacionado para os relógios mais antigos e para os
modelos mais complicados. Na maior parte dos casos,
os problemas podem ser resolvidos pelos serviços de
pós-venda na própria sede em Le Brassus ou pelos seus
distribuidores oficiais em cada país. Por exemplo, a Torres
Distribuição, responsável pela marca em Portugal, fundou
uma ‘clínica do tempo’ denominada Auto-Quartzo – em
cujo elenco existe um relojoeiro formado e especializado na
revisão e reparação de relógios Audemars Piguet. Porque
os modelos mais complexos e com mais de meio século de
vida têm mesmo de ir até à Suíça para o selo de garantia
proporcionado pela casa-mãe e qualquer solução alternativa
que pareça mais barata pode sair bem cara: «No que diz
respeito às reparações, 80 por cento dos estragos são feitos
por relojoeiros de manutenção fora do âmbito das marcas
e a quem as pessoas recorrem porque pensam que é mais
barato», confessa Francisco Pasandín.
Há relógios que são mais simples e há instrumentos do
tempo ultra-complicados, mas é necessário um conheci-
mento técnico profundo até mesmo para os check-ups mais
simples. Desde a sua criação até ao momento em que uma
peça é adquirida pelo consumidor, a assistência deverá ser
sempre garantida através de equipas especializadas; o facto
de todo o trabalho de pós-venda ser efectuado por relojo-
eiros devidamente certificados e especializados justifica o
preço, sem esquecer que cada revisão simples implica a
desmontagem e montagem de todas as peças do relógio.
No caso do atelier de restauro e reparação da Audemars
Piguet, o nível de especialização é superlativo e se houver
toda a parte de reconstrução para ser feita, o preço pode
parecer assaz elevado – mas Francisco Pasandín refuta essa
ideia: «É mais caro levar o carro a arranjar na oficina!».
Reportagem fotográfica em www.espiraldotempo.com
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“Eu considero-me apenas um aprendiz – continuo a aprender com o tempo, com o que os antigos relojoeiros fizeram. Tento ensinar aos rapazes que trabalham connosco tudo o que sei e ao mesmo tempo também vou aprendendo com eles: até que morra, serei sempre um relojoeiro aprendiz”.
No Amazonas... rumo ao futuroUma nova embarcação atravessa a região peruana do Amazonas: financiado pela Fundação Audemars Piguet, o Selva Viva dedica-se a apoiar as populações índias que habitam as margens do rio e que são referenciadas como os melhores guardiães da floresta Amazónica.
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ELAS GOSTAM é DE JÓIAS
A principal missão do Selva Viva é educacional. Enquanto protectores naturais da floresta, será mais fácil para
os índios resistir às tentações das cidades se tiverem formação adequada nas suas próprias aldeias. Além
disso, se adquirirem conhecimentos, os índios poderão vir a beneficiar com os rendimentos da venda de plan-
tas medicinais que são muito procuradas nas cidades. Nesta zona da Amazónia, onde não há estradas, alguns
habitantes viajam uma vez por ano para venderem as suas colheitas, andando à deriva ao longo de várias
semanas antes de regressarem com recurso a um serviço de barco-táxi que se revela extremamente caro.
Com quatro cabinas com capacidade para duas pessoas cada, cozinha, sala de refeições, casas de banho,
laboratório e sala de estudo, o barco vai permitir a shamans treinados ajudar os moradores a aperfeiçoar o
seu conhecimento e as suas práticas de medicina tradicional e a salvaguardar a biodiversidade das plantas
medicinais amazónicas.
Para além do apoio às populações autóctones, o Selva Viva será ainda uma plataforma de investigação
que vai permitir fazer um inventário da flora amazónica e apoiar projectos de conservação. Por outro lado, irá
ainda potenciar a troca de conhecimentos e experiências entre as diversas populações, que, devido às longas
distâncias que as separam, têm dificuldades em contactar umas com as outras.
Criada pela manufactura Audemars Piguet em 1992, na comemoração do vigésimo aniversário da colecção
de relógios Royal Oak, a Fundação Audemars Piguet tem como objectivo contribuir para a preservação
florestal em todo o mundo. É presidida por Jasmine Audemars, bisneta de Louis Audemars, co-fundador da
manufactura em 1875. Entre os mais de 30 projectos financiados pela fundação, encontra-se a reflorestação
da Tapada de Mafra.
Mais informações em www.audemarspiguet.com
INICIATIVA
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EXTREMO
O sul-africano é um aventureiro destemido que já cruzou mares e oceanos, que já enfrentou
os maiores desafios sempre com o grande objectivo de “promover o respeito pelo ambiente,
proteger e participar activamente na preservação dos recursos naturais do planeta”. Mike
Horn tem a força e determinação necessárias para conseguir ir sempre mais longe.
A sua primeira aventura ocorreu em 1997 ao atravessar o rio Amazonas sem nenhum
suporte técnico. Em 1999, numa expedição a que deu o nome de Latitude Zero, Mike Horn
deu a volta ao mundo, seguindo o Equador, apenas com recurso a transportes não motori-
zados. Em 2004, fez a circum-navegação do Círculo Polar Artico. Em 2006, aventurou-se a
cruzar o Pólo Norte em pleno Inverno...
Agora, Mike Horn anda, novamente, a navegar pelo mundo. Com o apoio de diversos pa-
trocinadores, entre os quais se encontra a Officine Panerai, o explorador construiu, ao longo
de 2007, no Brasil, um veleiro que está na base de um projecto cujo principal objectivo passa
por sensibilizar as gerações mais novas para formas possíveis de lutar pela conservação
do nosso planeta. O veleiro, baptizado de Pangaea, apresenta-se como uma plataforma de
educação ambiental que convida jovens dos 13 e 20 anos de todos os continentes a partici-
par em diferentes etapas e a apresentarem diferentes soluções para os diferentes problemas
ambientais que se evidenciam no mundo. Em curso desde 2008, a expedição apoia-se em
três pilares base: explorar, aprender, actuar. Estão previstos cerca de 100.000 quilómetros de
navegação em quatro anos.
Uma das suas mais audaciosas proezas de Mike Horn será a utilização de um aparelho de
respiração autónoma com o qual pretende caminhar submerso da Austrália até à Indonésia.
Um mês debaixo de água, apenas com direito a dormir a bordo.
Desde a sua partida do Brasil, o Pangaea já passou pelo Mónaco, por Londres, por
Hamburgo, por Barcelona, pela Gronelândia, por Nova Iorque, pela Antártica e a 8 de Maio
Mike Horn e sua tripulação atingiram finalmente a Nova Zelândia, após uma longa viagem
desde a Cidade do Cabo. O explorador fez questão de demonstrar o seu entusiasmo perante
esta etapa. Este país foi o ponto de encontro com um novo grupo de jovens que durante três
semanas pôde desfrutar das maravilhas da Natureza a bordo do Pangaea:«É fantástico estar
na Nova Zelândia. A viagem foi longa e um pouco stressante devido às diversas tempestades
e numerosos icebergs que encontrámos ao longo da nossa rota. Do que vimos até agora, a
Nova Zelândia não nos irá desapontar. Este país apresenta a natureza no seu melhor, com
uma grande abundância de plantas nativas e de vida selvagem – é o lugar perfeito para apre-
sentar o Pangaea ao segundo grupo de Novos Exploradores.»
Website: www.mikehorn.com
Para Mike Horn o natural é lutar pela preservação da natureza: viver para o nosso planeta e não contra ele.
Mike Horn
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A Graham foi nomeada cronometrista oficial e marca de relógios oficial do Torneio das Seis Nações. A histórica marca inglesa,
que renasceu em plena Suíça em 1995 para recuperar o seu lugar na relojoaria, é responsável por equipar os grupos de
arbitragem com cronógrafos Graham e por providenciar assistência sempre que necessário. No site oficial do Torneio das Seis
Nações está também disponível um relógio que efectua a contagem decrescente para os vários jogos do torneio. Para além
disto, a Graham disponibiliza uma linha oficial dos momentos-chave de cada jogo, – nomeadamente, ensaios, substituições,
cartões atribuídos, penaltis, conversas...
Para celebrar a parceria, a Graham lançou, na linha Chronofighter Oversized, o Titanium Tackler, uma edição limitada a 200
exemplares. Eric Loth, CEO da Graham, refere que «estamos muito entusiasmados com o potencial desta oportunidade e
esperamos vir a desenvolver uma longa parceria de sucesso entre a Graham e o RBS 6 Nations. Ambas as organizações têm
uma história digna de orgulho e uma rica herança – Graham foi o inventor do primeiro cronógrafo – e ansiamos levar a nossa
perícia a este campeonato fantástico».
O Torneio das Seis Nações é uma competição realizada anualmente entre as seis maiores potências europeias do râguebi:
Inglaterra, França, Irlanda, Itália, Escócia e País de Gales. Enquanto cronometrista oficial, a Graham deu um passo em frente
no interesse da indústria relojoeira ‘Swiss made’ por uma modalidade que tem vindo a ter cada vez mais adeptos.
Mais informações em www.graham-london.com
Encontro de Titãs
PIONEIRO
44
O DueloSoa a improvável ou até mesmo a impossível: Steve McQueen e Lewis Hamilton disputam o
primeiro lugar numa inesperada corrida de automóveis. Ambos se encaram com seriedade.
Os rostos graves deixam adivinhar que ninguém quer ceder... Falta o suor no rosto, mas
isso não passa de um mero pormenor. McQueen vai pilotar um Porsche Gulf 917, o mesmo
modelo que pilotou no clássico Le Mans de 1970; Hamilton irá confiar no McLaren, com o
qual ganhou o campeonato de F1 em 2008. Os dois pilotos estão à altura do desafio, os dois
pilotos têm tudo para ganhar. A sorte está lançada...
Este confronto inédito é um dos pontos altos da celebração do 40.º aniversário do Mona-
co, o cronógrafo de caixa quadrada e mostrador azul que se tornou um mito no pulso de
Steve McQueen. O breve filme, realizado por Max Casanova, utiliza os efeitos especiais mais
avançados para reunir o passado e o presente no lendário traçado de Le Mans. Durante a
corrida, Steve McQueen usa um Monaco original; Hamilton usa o arrojado Monaco LS Calibre
12. Dois rostos marcantes que representam as diferentes etapas de um dos relógios mais
ousados de sempre.
O realizador explica que foram seleccionados momentos do filme «onde seria possível tro-
car as personagens originais que falam com Steve McQueen por Lewis Hamilton. Filmámos
Lewis Hamilton a partir dos mesmos ângulos e com o mesmo género de iluminação, mas
com um ecrã verde à frente, de forma a podermos integrá-lo no contexto original. A mesma
técnica foi utilizada nas cenas de pilotagem». O confronto improvável tornou-se, desta forma,
possível.
Mas quem será o vencedor desta prova?
Aí está a pergunta para a qual todos queremos uma resposta e aí está lançada a base do
passatempo que a TAG Heuer promove no seu sítio oficial. O prémio para quem tiver espírito
de adivinho e acertar no vencedor da corrida é a edição limitada do Monaco Gulf Edition.
Respostas só teremos a 24 de Junho, mas até lá podemos apreciar várias vezes o prome-
tedor desempenho de Lewis Hamilton. Utilizando as palavras do piloto: «Quem sabe se o
meu encontro virtual com Steve possa vir a alterar o modo como Hollywood me encara?»
Vídeo 2’29’’ em www.espiral.tv
Steve McQueen vs Lewis Hamilton, o “maestro” vs o “virtuoso”. Eis o mote para um confronto que nos remete para os velhos westerns em que heróis e vilões, de olhos nos olhos, tantas vezes proferiram as mesmas palavras: esta cidade é pequena demais para os dois.
LENDAS
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QUALIDADE
Distinção, perfeição, exclusividade, independência: eis al-
guns dos pilares que elevam a Patek Philippe a um estatuto
único de respeito no panorama da relojoaria. Fundada em
1839, a manufactura mantém, desde sempre, um percurso
evolutivo que se traduz em peças de excepção. A Patek
Philippe é de tal forma reconhecida que as suas criações
atingem, de um modo geral, os valores mais elevados nas
mais prestigiadas leiloeiras.
Agora, a casa centenária anuncia que todos os movimen-
tos mecânicos que produzir a partir da Primavera de 2009
serão marcados com um Selo exclusivo Patek Philippe. O
Selo é um compromisso de qualidade e aplica-se a todos os
movimentos, independentemente da respectiva complexi-
dade. No entanto, as componentes, bem como os aspectos
estéticos e funcionais, estão englobados neste símbolo de
excelência. E não esquecendo o facto de que acima de tudo
estão em causa relógios, o Selo certifica toda a precisão
de movimentos rigorosamente testados nas diversas fases
do processo de concepção. A introdução do Selo Patek
Phillippe é reforçada por uma nova campanha institucional
bem ao estilo da marca. Fotografados por John Swannell,
o presidente e o vice-presidente surgem como os protago-
nistas. A campanha celebra a ideia de que «o Selo Patek
Philippe encarna os valores e as normas da empresa».
www.patekphilippe.com
O Selo do prestígio
INOVAçãO
Por Cesarina Sousa
As alquimias do diamante
A aplicação de revestimentos DLC surgiu recentemente como uma inovadora aposta no imenso leque de soluções para relojoaria. As principais razões? As suas excepcionais propriedades físicas, mecânicas e estéticas.
«O carbono é o sexto elemento mais comum do nosso planeta e existe
em 94 % de todas as substâncias conhecidas»*. As suas propriedades
justificam as mais diversas aplicações. Na natureza, o carbono pode originar
materiais macios e frágeis, como a grafite, e materiais de extrema robustez e
resistência, como o diamante. A composição química de ambos é a mesma,
a distinção reside na forma como os átomos se ligam entre si (ver caixa).
Em conclusão, no topo da hierarquia das substâncias naturais mais duras
encontra-se o diamante, cuja raridade e beleza se tornaram um desafio para
a ciência e uma tentação da joalharia.
Do diamante ao DLCTem qualquer coisa de reminiscente da alquimia, mas não é alquimia. A
produção de diamante sintético foi um caminho que começou a ser des-
bravado ainda no século XIX, contudo, só a partir de 1950 é que se criaram
os primeiros diamantes em laboratório. Paralelamente, desenvolveram-se
tecnologias de produção de substâncias à base de carbono semelhantes
ao diamante e ideais para serem aplicadas como revestimento. Designados
Diamond Coating, estes revestimentos apresentam-se nas mais variadas
formas, entre as quais o DLC (Diamond Like Carbon) é apenas um exemplo.
Em traços gerais, o DLC pode ser produzido através de sistemas de vácuo
PVD (Physical Vapor Deposition) ou CVD (Chemical Vapor Deposition).
O ‘truque’ passa por, numa câmara de vácuo, criar as condições de tempe-
ratura, atmosfera e tempo adequadas à deposição de uma (ou diversas) finas
camadas sobre objectos que se pretende revestir. São as condições criadas
Ensaio de nanodureza (picada com uma ponta ultrafina) num DLC (a) e num reves-timento de outro tipo (b). A ‘picada’ (designada tecnicamente por “indentação”) no DLC é muito mais pequena devido à sua maior dureza (imagem de microscopia de força atómica cedida pelo Departamento de Engenharia de Materiais do Instituto Superior Técnico).
Estrutura cristalina do diamante (Fig. 2) em contraste com o carbono amorfo (Fig. 1): No diamante cada átomo de carbono (representado pela bola azul) liga-se a outros quatro átomos de carbono vizinhos com uma ligação química forte, designada por ligação covalente (representada a amarelo). São estas ligações e a estrutura crista-lina “compacta” do diamante que são responsáveis pelas propriedades que todos conhecemos. Em particular pela sua excepcional dureza.
Fig. 1 Fig. 2
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que justificam a existência de diferentes tipos de DLC. É claro que, depois,
cada indústria guarda para si os segredos da produção. É uma questão de
lógica e de marketing.
DLC: propriedadesNa natureza, o diamante é fruto de reacções que acontecem a pressões
e temperaturas muito elevadas e que ocorrem durante um longo período
de tempo. A sua estrutura molecular é cristalinamente quase perfeita. Pelo
contrário, os revestimentos DLC são sintetizados em condições artificiais
pelo que «possuem uma estrutura peculiar, constituída por uma rede amorfa
de átomos de carbono em estados diferentes de hibridização»**. Resultado:
apesar de não ser viável a produção de DLC em larga escala, este material
mimetiza algumas das propriedades únicas dos diamantes, nomeadamente
o elevado grau de dureza (ver caixa) e a resistência ao desgaste. Além
disto, as finas camadas de DLC, com uma espessura que varia entre 1 e 10
mícrones (ver caixa), conferem um aspecto escurecido, tendem a alisar a
superfície revestida e a torná-la particularmente brilhante.
Vantagens e aplicaçõesFoi em 1953 que Shmellenmeier terá produzido os primeiros filmes de DLC.
No entanto, Eisenberg e Chabot são considerados os pioneiros no desen-
volvimento desta tecnologia nos anos 70. Se até aos anos 90 foram poucas
as indústrias que tiraram vantagem das suas propriedades, desde então,
«estes revestimentos começaram a ser aplicados em áreas muito distintas,
como a medicina ou a mecânica»***. Há alguns anos, a Gillette e a Wilkinson
apresentaram modelos de giletes com lâminas revestidas a DLC, alegando
que lhes conferia um melhor desempenho; a sua utilização no campo da
indústria automóvel (nos pistões, nas bombas de escape ou nas engrena-
gens) é cada vez mais explorada. Alguns estudos comprovam que o alto
nível de dureza, o baixo coeficiente de atrito, a forte resistência ao desgaste
e o grande potencial para actuar como camadas autolubrificantes tornam
os revestimentos DLC ideais para serem utilizados em componentes de
engenharia e resultam num benefício para o ambiente. Por outras palavras,
podemos afirmar que o DLC aumenta a esperança de vida dos materiais
revestidos. Não é, então, de estranhar que a relojoaria se tenha aventurado
pelos vantajosos caminhos desta tecnologia.
DLC e relojoaria lado a ladoNos últimos tempos, os revestimentos DLC parecem estar a tornar-se uma
tendência da relojoaria. São múltiplos os exemplos. Em 2008, a Porsche
Design apresentou uma nova interpretação da linha Dashboard: o P’6612
PTC utiliza a tecnologia DLC na caixa e na pulseira. A marca salienta que a
«cobertura protege o relógio da abrasão e corrosão», mas valoriza ainda a
cor negra dela resultante.
O DLC é a resposta certa para a identidade Porsche Design que privilegia
a relação entre forma e função. Entretanto, modelos como o Automatic
Sport Chronograph, da Montblanc, ou o Panerai Luminor 1950 Regatta
Rattrapante 44 mm também se destacam pela utilização de DLC como
protecção da caixa; do HLS2 da Hautlence sobressaem as lunetas com a
mesma tecnologia de revestimento. Porém, a Jaeger-LeCoultre surpreendeu
na edição de 2009 do prestigiado Salão Internacional de Alta-Relojoaria
com uma diferente aplicação. Lançou o Master Grande Tradition Tourbillon
à Quantième Perpétuel, com um movimento que tira partido da forte adesão
do Diamond Coating ao silício (SI) e das suas propriedades tribológicas. O
Calibre JLC 947R resulta 15 % mais eficiente devido, precisamente, à roda
de escape e à âncora em silício com Diamond Coating, um revestimento da
classe dos DLC.
A busca por novas tecnologias e as excepcionais propriedades dos reves-
timentos DLC estão na base da aplicação deste material no sector relojoeiro.
Neste ponto, tal informação já não é novidade. No entanto, importa não es-
quecer de que falamos de filmes de carbono de ínfima espessura. Se fosse
viável a sua produção em larga dimensão, que milagres poderiam acontecer
na relojoaria?
Agradecemos todo o apoio e colaboração do professor Rogério Colaço do Departa-
mento de Engenharia dos Materiais do Instituto Superior Técnico
*A. Erdemir e C. Donnet (2006): «Tribology of Diamond-like carbon films: recent progress
and future prospects». Journal of Physics D: Applied Physics.
** C.W. Moura e Silva, J.R.T. Branco, A. Cavaleiro (2006): «Influência do hidrogénio nas
propriedades dos filmes de DLC com Tunstênio incorporado». 17.º CBECIMat.
*** S.V.Hainsworth e N.J.Uhure (2007): «Diamond-Llike Carbon coatings for tribology:
production techniques, characterisation methods and applications». Institute of Materials,
Minerals and Mining and ASM International
A noção de tempo ocidental está directamente associada à herança judaico-cristã – tal como
a história de uma das mais celebradas manufacturas relojoeiras está intimamente ligada à
religião: o primeiro membro da família LeCoultre era calvinista e assentou arraiais no Vale de
Joux no século XVI, fugindo das perseguições católicas em França. O facto de a intolerância
religiosa ter fomentado o estabelecimento na Suíça de um dos mais lídimos representantes
da relojoaria suíça contribuiu ainda mais para a fascinante lenda da Jaeger-LeCoultre.
Como personificar 175 anos de uma saga que ainda terá muitos mais capítulos? Charles An-
toine LeCoultre fundou um estabelecimento com o seu nome em 1833; a partir da associação
dos seus herdeiros com o parisiense Edmond Jaeger, em 1925, nasceu a parceria que rapi-
damente se tornaria numa marca indelével na história da medição do tempo. Seguramente
que o ano de 2025 assistirá a uma devida comemoração dessa efeméride; antes disso, 2008
marcou o 175.º aniversário da fundação do atelier original em Le Sentier que ainda serve de
sede à Jaeger-LeCoultre – embora agora ladeado por uma infra-estrutura crescente que faz
da denominada ‘Grande Maison’ a maior entidade empregadora do Vale de Joux e uma das
maiores da indústria relojoeira mundial.
Mas o número e o tamanho não representam tudo. Mais relevante é o facto de a Jaeger-
-LeCoultre ser uma das poucas manufacturas relojoeiras na verdadeira acepção da palavra
– ou seja, integra na sua fábrica praticamente todas as fases de produção de um relógio – e
granjeia a unanimidade na indústria do sector tanto pela alargada competência técnica como
pela transbordante criatividade patente num catálogo extremamente abrangente.
A inovadora interpretação de princípios relojoeiros seculares está bem patente na mini-
colecção em edição limitada que celebra os 175 anos da manufactura – com uma pequena
súmula de várias complicações mecânicas exaltadas pela Jaeger-LeCoultre criteriosamente
distribuídas em quatro soberbas peças, que dispõem de personalidade própria mas que
51
CELEBRAçãO
Por Miguel Seabra - Le Sentier - Suíça
Quatro mosqueteiros
Para celebrar os seus 175 anos, a Jaeger-LeCoultre criou quatro emblemáticos
modelos em edição limitada que simbolizam o percurso e competência da
manufactura de Le Sentier na complexa arte da alta-relojoaria – desde a
estética do essencial à fascinante esqueletização, da precisão de um turbilhão
de vanguarda até à encantadora acústica de um gongo de cristal, os quatro
relógios Master Control/1833 podem ser adquiridos em quarteto ou a solo.
também se completam entre si numa perspectiva histórica
entre o passado e o futuro. A Colecção 1833 é um legado
que exalta o domínio da micromecânica enquanto ilustra os
progressos na arte da medição do tempo.
Ponte sobre o tempoA manufactura Jaeger-LeCoultre é um local intemporal
onde aparentes contradições convivem alegremente no
mais puro anacronismo: velhos mestres sagazes interagem
com fogosos jovens aprendizes, utensílios de trabalho
manual concretizam sofisticados programas de desenho por
computador, esboços feitos à mão em papel são validados
por sistemas de controlo electrónico. O resultado dessas
sinergias é explanado num catálogo que inclui modelos
elegantes e desportivos, clássicos e futuristas, simples
e complexos. Na procura de inspiração para a colecção
comemorativa dos 175 anos, a Jaeger-LeCoultre optou por
deixar de lado o seu emblemático relógio rectangular de
pulso (Reverso) e o famoso relógio de mesa que se alimenta
do ar (Atmos), ambos lançados na década de 30; a escolha
recaiu sobre o formato redondo que desde sempre, e na
Jaeger-LeCoultre desde 1833, simboliza a circularidade do
tempo e o mito do eterno retorno.
A linha redonda da Jaeger-LeCoultre é denominada Mas-
ter Control e foi na sua vertente mais clássica que a manu-
factura colheu os quatro modelos que serviriam de base à
edição comemorativa: o Master Ultra-Thin, o Master Grand
Tourbillon, o Master Eight Days Perpetual SQ e o Master
Minute Repeater – mas devidamente diferenciados do mo-
delo da colecção regular de modo a proporcionar a mais-va-
lia esperada de uma edição limitada com a responsabilidade
de retratar a herança da marca. Todos eles são declinados
em caixas de ouro rosa e mostradores acastanhados ou
acinzentados, acompanhados de uma correia de pele de
crocodilo pespontada em tons de chocolate e fivela/fecho
de báscula igualmente em ouro rosa.
O Master Ultra-Thin é o paradigma do discreto charme da
Jaeger-LeCoultre e representa a filosofia do essencial, com
os seus dois ponteiros; no entanto, essa aparente simplici-
dade esconde a apurada mestria necessária para construir
um mecanismo de corda manual ultra-plano com 123 peças
distribuídas por somente 1,85 milímetros de espessura e
dentro de uma caixa com 38 milímetros de diâmetro. Foi
editado em 575 exemplares.
O Master Grand Tourbillon celebra, numa caixa de 43
milímetros, a importância do turbilhão como uma das espe-
cialidades da Jaeger-LeCoultre – tratando-se, no entanto,
de um turbilhão prático e robusto que se pode utilizar no
dia-a-dia, com a sua corda automática alimentada por um
rotor assente em rolamentos de esferas de cerâmica e um
segundo fuso horário especialmente útil nos tempos moder-
nos. O sistema analógico da data apresenta o delicioso
pormenor de o ponteiro dar um grande salto do dia 15 até
ao 16 para não tapar o fascinante universo do turbilhão.
Foi editado em 575 exemplares.
O Master Eight Days Perpetual SQ de corda manual
conjuga várias complicações típicas da Jaeger-LeCoultre
num diâmetro de 41,5 milímetros: o calendário perpétuo,
a reserva de marcha de oito dias, a esqueletização… mas
todas elas apresentadas num estilo técnico muito contem-
porâneo graças ao mostrador transparente e aos compo-
nentes acinzentados em ruténio que contrastam com os
diversos tipos de decoração tradicional (anglage, polissage,
soleillage). Foi editado em 175 exemplares.
O Master Minute Repeater de corda manual assenta
numa caixa de 44 milímetros de diâmetro e associa a
micromecânica à metalurgia – indicando o tempo não só
através dos tradicionais ponteiros… mas também do som
melodioso proporcionado por um timbre estrategicamente
colado ao vidro. O espírito moderno da Jaeger-LeCoultre
surge patente num mostrador transparente que desvela a
estrutura do mecanismo em ruténio e que contém indica-
dores de reserva de marcha (15 dias!) e da tensão da corda.
Foi editado em 175 exemplares.
Caixa do tesouroOs quatro diferentes modelos podem ser adquiridos em
conjunto ou separadamente. Os belos estojos com os qua-
tro relógios comemorativos foram muito cobiçados em todo
o mundo – e Portugal, através do representante da marca,
logrou garantir a vinda de três (para a Torres Joalheiros,
a Relojoaria Faria e a Ouriversaria Camanga). Separada-
mente, também têm tido significativa procura devido ao seu
estatuto histórico; se tanto o modelo ultra-plano como a
versão com turbilhão automático são aliciantes, o calendário
perpétuo esqueletizado e o repetição minutos passam
por ser os modelos com maior pedigree do quarteto… e
o visual tecnicista proporcionado pelos seus mostradores
estruturados estabelece a ponte entre passado e futuro que
caracteriza a busca da Jaeger-LeCoultre pela perfeição.
Veja o vídeo em www.espiral.tv
A manufactura Jaeger-LeCoultre é um local intemporal onde aparentes contradições convivem alegremente no mais puro ana-cronismo: velhos mestres sagazes interagem com fogosos jovens aprendizes, utensílios de trabalho manual concretizam sofisticados programas de desenho por computador, esboços feitos à mão em papel são validados por sistemas de controlo electrónico
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CELEBRAçãO
O Master Minute Repeater é uma criação fabulosa declinada
com modernismo na edição limitada 1833 – e Christian Lau-
rent, responsável pelo atelier de especialidades da Jaeger-
LeCoultre, explica as razões por trás da sua concepção:
«É um relógio que faz soar as horas, os quartos de hora e
os minutos, e é um embaixador lógico da manufactura, que
historicamente sempre foi especializada na concepção de
relógios com timbre e modelos com despertador; no caso
do Master Minute Repeater, trabalhámos de modo a que
tivesse um som particular e suficientemente límpido para
que o utilizador o pudesse escutar na perfeição». E revelou:
«Durante os trabalhos de preparação, analisámos tudo o
que se fazia dentro do género no mercado e quisemos ir
mais longe; a nossa pesquisa indicou-nos que o impacte do
timbre deveria atingir os 60 decibéis sempre que o utilizador
fizesse soar as horas, os quartos de hora e os minutos. Uma
vez que o relógio tinha de ser resistente à água, a estrutura
estanque da caixa tinha tendência para asfixiar o som, mas
a nossa pesquisa permitiu-nos chegar a uma solução: fixar
o timbre ao vidro! Soldámos o timbre e a ressonância do
vidro permitiu-nos alcançar um som acima dos 60 decibéis».
Mas há um segredo por revelar: «Tivemos de trabalhar nos
aspectos acústicos do timbre, de modo a conseguir um
timbre que ressoasse bem e que tivesse um som claro e
magnífico de se ouvir. E para isso utilizámos uma mistura de
matérias muito original e que deve permanecer secreta!».
O sigilo só aumenta o valor intrínseco do relógio…
Série Limitada a 175 exemplares comemorativa dos 175 anos da Manufactura.Referência: Q1642450
Movimento: Mecânico de corda manual JLC 947.
Funções: Horas, minutos, segundos, reserva de corda de 15 dias e repetição de minutos.
Caixa Ø 44mm: Ouro rosa 18k, vidro em safira, estanque até 50 metros.
Bracelete: Pele de jacaré com fecho de báscula em ouro rosa 18k.
Preço: € 148.000
Master Minute Repeater 175 Anos
54
CELEBRAçãO
O Master Eight Days Perpetual na sua versão ‘1833’
apresenta a mais-valia de mostrar todas as suas funções
num mostrador transparente e de ser dotado de um fundo
artisticamente esqueletizado à mão. Janek Deleskiewicz,
designer-chefe da Jaeger-LeCoultre e responsável pela es-
tética do quarteto, explica o visual particular de um modelo
de vocação universalista: «No caso do modelo de calendário
perpétuo, a grande dificuldade consistia em manter as
diversas funções – data, dia, mês, ano, fases da lua, horas,
minutos e indicadores dia/noite e de reserva de corda de
oito dias – sem afectar a legibilidade num belo mostrador
que se decidiu fazer em esqueleto com a estrutura de uma
esfera armilar, que era um pouco o símbolo da Manufactura
e também um símbolo relojoeiro do antigamente», esclarece.
«Conseguimos esqueletizar completamente o mecanismo,
mantendo todas as funções de calendário perpétuo.
A representação do relógio em ouro rosa com o mecanismo
em ruténio, escurecido, dá um ar muito contemporâneo
a um modelo que é feito à maneira tradicional da relojoaria
e manufacturado pelos nossos mestres relojoeiros».
Para além de microcosmos técnico, a específica decoração
esqueletizada do planisfério exige dois meses de meticuloso
trabalho manual.
Série Limitada a 175 exemplares comemorativa dos 175 anos da Manufactura.Referência: Q16124SQ
Movimento: Mecânico de corda manual JLC 876SQ.
Funções: Horas, minutos, segundos, reserva de corda de 8 dias, calendário perpétuo,
grande data, dia da semana, mês e ano, fases da lua, indicação dia/noite.
Caixa Ø 41,5mm: Ouro rosa 18k, vidro em safira, estanque até 50 metros.
Bracelete: Pele de jacaré com fecho de báscula em ouro rosa 18k.
Preço: € 69.000
Master 8 Days Perpetual SQ 175 Anos
Ainda existem pessoas que acreditam que podem mudar
o planeta. No entanto, nem sempre a boa vontade chega
para concretizar ideias que podem fazer a diferença. Desde
a falta de verbas até à falta de alguém que acredite num
projecto, há imensas razões que levam a que iniciativas pro-
metedoras fiquem pelo caminho, mesmo sem nunca terem
começado. A pensar em homens e mulheres de todo mundo
cujas ideias têm tudo para dar certo, André J.Heiniger criou,
em 1976, os Prémios Rolex para Espíritos Empreendedores,
uma iniciativa que tem como primeiro objectivo apoiar pro-
jectos inovadores que possam contribuir para uma efectiva
melhoria da vida no nosso planeta. De dois em dois anos, a
Rolex disponibiliza fundos monetários e oferece um relógio
da marca a indivíduos que se atrevem a lutar pelas suas
ideias em áreas tão distintas como ambiente, património
cultural, ciência e medicina, tecnologia e inovação, ex-
ploração e descoberta.
Os laureados de 2008 surpreenderam com os seus
projectos e serão certamente um exemplo a seguir por
todos os jovens visionários que agora também se vão poder
candidatar a um programa semelhante. Acreditando que o
futuro está nas mãos da próxima geração, a Rolex lançou os
Prémios Rolex para Espíritos Empreendedores dedicados a
jovens dos 18 aos 30 anos. Os distinguidos terão a oportu-
nidade de avançar com as suas ideias originais em prol de
um mundo melhor, através do apoio financeiro da Rolex. O
programa recompensará a criatividade nas seguintes áreas:
ciência e saúde, tecnologia aplicada, exploração, ambiente
e preservação cultural.
Na página oficial dos Rolex Awards estão disponíveis as
condições de participação e informação detalhada sobre os
projectos laureados.
www.rolexawards.com
Para quem acredita que o oceano se forma gota a gota, os Prémios Rolex para Espíritos Empreendedores são a iniciativa certa que pode ajudar a tornar o nosso planeta um lugar bem melhor. Desde 1976 que, de dois em dois anos, diversas pessoas viram os seus inovadores projectos serem financiados pela Rolex. Agora, os prémios serão complementados por uma variante destinada aos mais jovens.
Por Cesarina Sousa
Muitas gotas num enorme oceano
INICIATIVA
Talal AkashehJordâniaConservar Petra da devastação provocada pelo tempo e pelo turismo.
“Eu não conseguia contemplar tanta beleza sem dizer: Talvez eu possa ajudar. Talvez não muito, mas, pelo menos um pouco, eu posso ajudar.”
Tim BauerEstados UnidosReduzir a poluição dos triciclos motorizados das cidades Asiáticas.
“No final do dia, podemos melhorar as suas vidas com a cabeça de um cilindro, com alguns travões e, claro, com duro trabalho. Esta é a nossa recompensa.”
Andrew McGonigleReino UnidoPrever erupções vulcânicas com recurso a um helicóptero de controlo-remoto.
“Eu queria compreender como funcionava o universo... a minha verdadeira paixão é conseguir compreender através de simples e elegantes soluções...”
Andrew MuirÁfrica do SulProvidenciar formação e trabalho aos jovens órfãos da SIDA.
“... a vulnerabilidade destes órfãos ocorre por volta dos 18 anos e será necessário algo intensamente bonito e abrangente para transformá-la!”
Elsa ZaldívarParaguaiCombinar luffa e desperdícios de plástico para construir casas a baixo-custo.
“Queremos encontrar alternativas sustentáveis de habi-tação para os pobres, enquanto descobrimos novos mercados para os seus produtos agro-culturais.”
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Na Ásia os níveis de poluição chegam a atingir níveis impressionantes e Tim Bauer sabe
que os incontáveis triciclos motorizados são a maior causa da poluição do ar naquela
região. Nas Filipinas, o engenheiro mecânico e a sua equipa desenvolveram uma forma
de reconfigurar os motores e reduzir drasticamente as nocivas emissões.
Andrew Muir acredita que a herança dos que ficaram órfãos devido à SIDA vai muito além
da ausência dos pais. A sua vulnerabilidade pode ser crucial na hora de decidir um futuro.
Assim, ao disponibilizar a jovens motivados formação e trabalho na indústria do ecoturismo
para jovens motivados, o sul-africano oferece-lhes a oportunidade de terem uma vida melhor
e de conhecerem sem medos o património natural do seu país.
Elsa Zaldívar aproveita restos de pedaços de esponjas vegetais e mistura-os com partes de
outros vegetais e com plástico reciclado para conceber robustos painéis que se podem unir
em simples estruturas, tais como casas. Este projecto é uma alternativa de habitação para
pessoas mais pobres e ajuda a salvaguardar as florestas do Paraguai.
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Nascido em 1970, Carlo Gianferro tem um interesse especial pelo tema dos trabalhadores
exilados e das comunidades ciganas. As fotografias documentam as vidas destas pessoas
e apresentam-nas em ambientes criteriosamente seleccionados. Para o prémio, o fotógrafo
apostou num original grupo de fotografias que retrata indivíduos das comunidades da Europa
de Leste. As cores vivas, o espaço e as pessoas surgem lado a lado com a mesma evidência,
sem reflexo de qualquer tipo de improviso. O título, ‘Gipsy Interior’, sugere precisamente
este aspecto. Não se trata apenas de um elemento, trata-se de elementos diferentes que
compõem um contexto, um quadro.
O Prémio Internacional de Fotografia integra o programa de apoio às artes da Raymond
Weil. Lançado em 2006, permite a participação de todos os amantes de bela relojoaria e de
cultura que tenham um especial interesse em captar momentos únicos através da fotografia.
Todos os anos, diversos jovens fotógrafos, amadores e profissionais, têm a possibilidade
de exprimir a sua criatividade inspirados por um tema proposto. Este ano, o prémio contou
com a participação mais diversificada e internacional de sempre. Os trabalhos apresentados
basearam-se no tema independência, que se inscreve na filosofia da casa relojoeira: «Inde-
pendence is a state of mind».
Do júri da terceira edição fizeram parte Pierre Keller, fotógrafo e director da Escola de Artes
do Distrito de Lausanne, Yves Aupetitallot, director do Centro Nacional de Arte Contem-
porânea de Grenoble, Bruno Delavallade, galerista em Berlim e Paris, e Elie Bernheim, direc-
tor de marketing da Raymond Weil.
Com esta distinção, Carlo Gianferro vê a sua carreira fotográfica ser apoiada de diversas
formas. Por um lado, recebeu uma bolsa de formação no valor de 15 000 dólares; por outro
lado, esteve patente uma exposição com os seus trabalhos na prestigiada feira de relojoaria e
joalharia da Basileia. Além disto, os trabalhos da sua autoria serão expostos numa galeria de
renome, numa capital do mundo das artes. Exposições itinerantes integradas em eventos da
Raymond Weil e uma página dedicada ao fotógrafo e ao seu trabalho no site oficial da marca
estão também incluídos no prémio atribuído.
Tal como sucedeu nos anos anteriores, o júri optou ainda por distinguir alguns partici-
pantes com menções honrosas. Jasmine Bakalarz foi reconhecida pelos seus trabalhos
que retratam crianças bailarinas. A segunda menção destacou Elise Guillod por fotografias
que evocam momentos mais complicados das vidas dos casais. Por fim, as fotografias de
salas de espectáculos numa perspectiva perfeitamente simétrica da autoria de Adrian Fish
e as reconstituições de ambientes exóticos retratadas por Jonas Marquet foram igualmente
destacadas.
Em Setembro, será lançada a próxima edição deste prémio internacional. Ficamos, então,
na expectativa...
www.raymondweil.com
Fotógrafos revelam-seO italiano Carlo Gianferro foi o grande vencedor da 3ª edição do Prémio Internacional de Fotografia, promovido pelo Clube Raymond Weil.
FOTOGRAFIA
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Utopia mecânica
De Gutenberg a Le CorbusierA profissão de relojoeiro tem sido, ao longo da História, viveiro de mentes criativas e base técnica para outros voos, nas mais variadas actividades. Como temos vindo a demons trar nesta série de artigos ‘Utopia Mecânica’, as comunidades relojoei ras têm sido, elas próprias, fonte de inspiração de movimentos filosóficos, sociais e políticos, dada a especificidade deste universo que sempre se rodeou de saber, precisão e solidariedade.
Façamos, pois, um ‘vol d’oiseau’ sobre mais algumas personalidades que tiveram relação directa com a
relojoaria. Para começar, Johann Gutenberg (1400-1468), nascido na Alemanha, no seio de uma família que se
dedicava à transformação de metais. O inventor da tipografia pertenceu à guilda dos ourives de Mainz, sua ter-
ra natal, e a sua experiência no fabrico de peças de relojoaria, que tinham de obedecer a critérios de qualidade
e homologação, ajudou-o na execução da ideia dos tipos móveis que eram, neste caso, em madeira e que,
depois de alinhados, imprimiam os textos na folha de papel. Isto através de prensas de rosca, já anteriormente
usadas na prensagem de uvas ou de azeitonas.
Já Henry Ford (1863-1947) revolucionou a maneira como se fabricavam automóveis, criando a linha de
produção – operários especializados passaram a montar peças num chassis, por determinada ordem e num
ritmo predeterminado, poupando tempo. Isto só foi possível porque as peças estavam estandardizadas e eram
intercambiáveis. E onde foi Ford buscar estas ideias? À relojoaria.
O futuro fundador da primeira grande fábrica de produção em massa de automóveis foi relojoeiro, na juven-
tude. Segundo reza a lenda, era mesmo um relojoeiro de eleição, capaz de montar e desmontar, de olhos
vendados, um relógio de bolso. Terá mesmo chegado a inventar um relógio de bolso que iria vender a um
dólar, mas nunca chegou a produzi-lo, porque pensou que as pessoas não acreditariam que se tratava de algo
de qualidade, sendo o preço tão baixo.
O interesse de Henry Ford pela relojoaria não se esbateria com o sucesso que fez dele um dos grandes
capitães da indústria do século XX norte-americano. Ford mandou construir, em 1935, o Swiss Chalet, em
Greenfield Village, Dearborn, no Michigan, uma vivenda inspirada na arquitectura suíça do Jura, e onde eram
feitos e reparados relógios. Pierre Cartier, seu amigo, dono da casa Cartier, ajudou-o nesse projecto. A casa
ainda existe, faz parte do complexo do Museu Henry Ford e alberga cerca de 100 peças de relojoaria.
Ainda no ramo automóvel, há Louis Chevrolet, que poucos sabem ser suíço. Nascido em 1878, faleceu em
1941, nos Estados Unidos. Filho de um relojoeiro, Chevrolet era natural de La Chaux-de-Fonds, cidade bem
no coração da indústria relojoeira helvética. Durante a juventude, foi também relojoeiro, ajudando na oficina do
pai, passando, depois, a construir, reparar e correr em bicicletas. Isto até descobrir o mundo dos automóveis.
Emigrou em 1900 para o Canadá e, depois, para os Estados Unidos, onde aliava a profissão de mecânico à de
piloto de competição. Correu com carros da General Motors, até que o fundador da GM, W. C. Durant, se des-
ligou da companhia e criou uma nova. Nasceu a Chevrolet Motor Car Company, em honra ao seu engenheiro-
chefe, pessoa que encarregou de fazer «o carro dos seus sonhos». Chevrolet viria a abandonar a companhia
em 1913, por não querer fazer carros baratos, mas apenas automóveis de eleição, porém a marca ficou, até
hoje, lembrando o seu nome.
Por falar de La Chaux-de-Fonds, um conterrâneo de Chevrolet teve também as suas raízes na relojoaria, mas
alcançou a fama na arquitectura. Charles-Edouard Jeanneret, que escolheu para si a alcunha ‘Le Corbusier’.
«Aquele que se parece com um corvo» nasceu na cidade relojoeira encravada no Jura, e era filho de um
relojoeiro local e de uma professora de piano. Graduado pela escola de artes aplicadas local, nela aprendeu o
ofício de gravador de caixas de relógios, tendo ganho prémios internacionais nessa actividade. Le Corbusier
prossegue, ali, estudos em arquitectura, decoração monumental e decoração de interiores. Data de 1905 a
construção da sua primeira vivenda em La Chaux-de-Fonds. A cidade orgulha-se de um património arqui-
tectónico vasto, fruto da actividade de Le Corbusier na região.
CRÓNICA FERNANDO CORREIA DE OLIVEIRA
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E se de repente lhe perguntassem as horas e a sua reacção imediata fosse baixar a cabeça, olhar para o bolso do seu casaco ou da sua camisa e responder sem hesitar? Esta é uma das várias possibilidades que a celebração dos 25 anos da TAG Heuer em Portugal lhe oferece.
TAG Heuer Hi.Tech
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EM FOCO
No bolso, no tablier do seu automóvel, sem mãos: de inspiração relojoeira,
o telemóvel da TAG Heuer MERIDIIST representa uma nova dimensão na
leitura das funções. No pulso, o Grand Carrera Caliper 36 RS reflecte todo
o espírito de vanguarda de uma marca que dispensa apresentações. Um
estojo que reune nada mais nada menos do que dois expoentes máximos
da aliança entre técnica, inovação e tradição. Vencedor do Grande Prémio
de Alta Relojoaria 2008, na categoria de Melhor Design, e do Red Dot
Design Award 2009, o Grand Carrera Caliper 36 RS surge como o primeiro
cronógrafo automático com escala rotativa (RS) de 1/10 de segundo. Por
detrás de um design vanguardista de tirar a respiração, um movimento de
roda de coluna certificado pela C.O.S.C. opera com a máxima precisão TAG
Heuer. Já o MERIDIIST é um acontecimento. O primeiro telemóvel de luxo
concebido pela marca apresenta linhas sofisticadas e elegan tes e recursos
técnicos de alto nível. Só para aguçar o apetite, um sistema duplo de leitura
das funções com design paten teado; um botão multi-funções personalizado
com o logotipo TAG Heuer; uma excepcional autonomia até 28 dias em
standby. O estojo integra as duas peças numa edição limitada a 25 exem-
plares exclusiva para Portugal.
François-Paul Journe é um dos mais celebrados mestres relojoeiros da actualidade e as suas criações de elevada pureza estética e enorme com-petência técnica não deixam ninguém indiferente. Ostentando a assinatura Invenit et Fecit, a colecção do mestre marselhês inclui modelos com complicações excepcionais, mas é também composta por relógios mais depurados, com as funções ditas essenciais e alguns acrescentos, como o Octa Automatique Reserve: ponteiros das horas, minutos e segundos acompanhados de data grande e o sempre útil indicador de reserva de corda. é uma das mais recentes adições a uma gama criada em 2001 por François-Paul Journe, assente num calibre automático de construção compacta e com os seus elementos estilísticos tradicionais bem patentes na caixa e num mostrador descentrado. O Octa Automatique Reserve pertence a uma segunda geração da colecção que tem os ponteiros principais ao centro e um novo calibre automático extremamente sensível, que consegue um elevado rendimento mesmo com utilizadores pouco dinâmicos.
Classe pura
EM FOCO
«Esta versão do Octa Automatique Reserve vem
provar que nem todas as mudanças afastam as
obras-primas da sua identidade. Aparentemente, a
opção por ponteiros ao centro poderia descaracterizar
o modelo, mas não foi isso que aconteceu. A verdade
é que o novo rosto confere a esta peça um carácter
distinto e inovador que garante maior eficiência
na leitura do tempo e que não deixa margem para
dúvidas face à sua linhagem, afinal, quando falamos
das criações de François- Paul Journe falamos de um
perfil inconfundível e de uma visão de génio.»
Paulo Santos Manuel dos Santos Jóias
Virtude ao meioConhecido pelos seus modelos iniciais com submostradores de-
scentrados, François-Paul Journe dotou a sua colecção de mode-
los com melhor legibilidade para satisfazer parte dos seus admi-
radores que desejavam um modelo tradicional com os ponteiros
principais ao centro – para além de provar que o código genético
da sua relojoaria vai para além da colocação das indicações do
tempo. Os elementos estéticos mantêm-se: algarismos estiliza-
dos, ponteiros azulados, mostrador decorado em guilloché, coroa
emblemática.
Proporções perfeitasA caixa do Octa Automatique Réserve apresenta um classicismo
assente em proporções perfeitas e dimensões elegantes que fogem
à sofre guidão contemporânea dos relógios sobredimensionados.
Está disponível em versões de 38 ou 40 milímetros, em ouro rosa ou
platina, com correia de pele ou bracelete condizente com a caixa.
Mecanismo em ouroO fundo transparente desvela uma técnica sofisticada e embe-
lezada, não só pelos detalhes decorativos como também pela bela
arquitectura do mecanismo – que, como todos os modelos de
François-Paul Journe concebidos a partir de 2004, é construído
maioritariamente com peças de ouro maciço para se atingir o
máximo da exclusividade. Para conseguir este prestigiado toque de
Midas, foi mesmo necessário para François-Paul Journe investir em
novas máquinas e formar artesãos! O calibre Octa 1300-3 é com-
posto por 250 peças, incluindo 37 rubis, balanço de inércia variável
com quatro masselottes e espiral plana com um metro de compri-
mento. Reserva de marcha: cerca de 160 horas.
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Esquemas do funcionamento do rotor unidireccional do novo calibre Octa 1300-3.
F. P. Journe Invenit et Fécit Octa Automatic RéserveReferência: FPJ.OAR40.OV.B
Movimento: Mecânico de corda automática FPJ 1300-3 em ouro 18k com 120h de reserva de corda.Funções: Horas, minutos, segundos, data panorâmica e reserva de corda.Caixa: Ouro rosa 18k, mostrador em ouro branco 18k, vidro e fundo em safira, estanque até 50 metros.Bracelete: Pele de jacaré com fivela em ouro rosa 18k.Preço: € 25.200
Ficha técnica
Nunca um relógio esteve tão intrinsecamente associado a um evento. Criada em 1988, na sequência da parceria estabelecida entre a Chopard e o rali nostálgico que reedita a lendária corrida transalpina de mil milhas (Brescia-Roma-Brescia), a colecção Mille Miglia não tem parado de crescer e o seu último modelo representa um regresso às origens, mas com um tamanho actualizado. A marca genebrina começou por editar anualmente um instrumento do tempo comemorativo com a assinatura Mille Miglia, que sempre gerou enorme entusiasmo entre os saudosistas das viaturas clássicas e os aficionados da bela relojoaria tradicional; afinal de contas, relógios e automóveis provocam paixões semelhantes nos adeptos da bela mecânica, sobretudo quando existe uma associação histórica de contornos míticos! O sucesso foi tal que a Chopard passou a conceber mais do que um modelo por ano e, mais recentemente, adoptou um novo formato de caixa sobredimensionada (nas edições Gran Turismo XL). O Mille Miglia Chrono Limited Edition, limitado a 2009 exemplares, adopta as linhas anteriores, mas passou dos 40 para os 42 milímetros de diâmetro.
Regresso às origens
EM FOCO
Chopard Mille Miglia Chrono Limited Edition 2009Série limitada: 2009 exemplares em aço
Referência: 168511-3002
Movimento: Cronógrafo mecânico de corda automática.
Funções: Horas, minutos, segundos, cronógrafo e data.
Caixa ø 42mm: Aço polido, vidro e fundo em safira, estanque até 50 metros
Correia: Cauchu (1960s Dunlop Racing tyre-tread motif) com fivela em aço.
Preço: € 3.290
Ficha técnica
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«O Chopard Mille Miglia é um peça de sucesso que
todos os anos surge com algumas surpresas. A
edição de 2009 aposta na elegância e sobriedade das
formas clássicas, ao inspirar-se no primeiro modelo
da linha a exibir a emblemática correia criada a partir
dos pneus Dunlop Racing dos anos 60. No entanto,
a opção por uma caixa de 42 milímetros, a excelente
leitura e o mecanismo do cronógrafo com certificado
de cronómetro COSC são as respostas certas às
exigências actuais.»
Pedro Rosas David Rosas
Uma questão de tamanhoA caixa do Mille Miglia Chrono de 2009 recupera as linhas e as proporções dos cobiçados
modelos da década passada, mas com um diâmetro canónico e elegante de 42 milímetros. Já
as caixas das mais recentes edições Mille Miglia – da linha Gran Turismo XL – são maiores e
consideradas demasiado grandes por alguns: apresentam um diâmetro de 44 milímetros, com
protecções laterais da coroa e uma lupa sobre a data no vidro de safira anti-reflexo. Uma escala
taquimétrica interior e anéis contrastantes nos submostradores reforçam a tridimensionalidade
num belo mostrador em ruténio, que inclui algarismos estilizados em Superluminova.
Cauchu ou couroA colecção Mille Miglia é simbolizada pelo padrão da emblemática bracelete reminiscente dos
pneus Dunlop Racing dos anos 60 e as típicas ranhuras em cauchu podem ser actualmente
encontradas em acessórios como canetas, botões de punho ou carteiras em pele. Mas, em
alternativa à bracelete em borracha vulcanizada, pode optar-se por uma correia de pele Barenia,
também evocativa do universo automobilístico.
Uma bela máquina A mais recente edição da colecção Mille Miglia alberga um mecanismo cronográfico dotado de
certificado de precisão atribuído pelo Controlo Oficial Suíço dos Cronómetros; de características
modulares, o calibre automático inclui 37 rubis, bate a 28.800 alternâncias por hora para uma
reserva de corda de 42 horas e apresenta uma janela para a data entre as 4 e as 5 horas.
Corsa più bella del mondoO ‘selo’ Mille Miglia está bem patente no mostrador, através do inconfundível logótipo vermelho
em forma de flecha. Evoca a lendária corrida transalpina dos primórdios do automobilismo que,
de 1927 a 1957, atraiu os melhores pilotos do mundo e juntou centenas de milhares de espe-
ctadores ao longo das estradas do centro e norte de Itália. A presença entusiástica dos tifosi
originou várias tragédias que determinaram a suspensão da prova até à sua reabilitação, duas
décadas mais tarde, sob um carácter mais lúdico e social.
Em cima - Carlo Pintacuda e Paricle Mambelli. no seu Alfa Romeu 2900A na edição de 1937.
Em baixo -O Mille Miglia já faz parte da Casa Chopard como um evento que desperta paixões e emoções ligadas a outros tempos.
No início da década de 60, o Porsche 911 deu a conhecer ao mundo um novo objecto de culto: um automóvel desportivo de linhas tão aerodinâmi-cas que o seu perfil podia ser traçado com um único gesto da mão. O emblemático design do Porsche 911 original perdurou no tempo e transfor-mou-se num clássico – mas também evoluiu de modo a alargar o seu conceito a uma bem sucedida linha relojoeira, onde a função e a forma se casam de maneira ideal. Essa afinidade pode ser constatada através do conjunto em edição limitada Porsche Design PAC Portugal, que reúne num luxuoso estojo uma miniatura do mítico bólide e um instrumento do tempo condizente. Numa iniciativa particularmente feliz e restrita ao mercado nacional, a réplica amarela do Porsche 911 tem o seu equivalente nos tons de amarelo presentes no mostrador do cronógrafo. Afinal de contas, não é costume dizer-se que os automóveis e os relógios são os brinquedos do homem?
Porsche português
EM FOCO
«Uma edição limitada a 100 exemplares, exclusiva
para Portugal, que celebra a relação entre o mundo
automóvel e o mundo da relojoaria, representada em
pleno pela marca Porsche Design. Do elegante estojo
sobressaem duas emblemáticas peças: um cronó-
grafo de corda automática da linha Dashboard P 6612
e uma miniatura do mítico Porsche 911. O parentesco
entre ambos é realçado pelo dominante contraste en-
tre o amarelo e o negro. Para os apreciadores de por-
menores, destaque para o rotor inspirado nas jantes
desportivas, que, como não podia deixar de ser, surge
a condizer com todo o conjunto: em amarelo.»
António Machado Machado Joalheiros
Materiais de pontaO PAC (sigla para Porsche aluminium chronograph) apresenta uma estrutura ultra-leve assente
em dois materiais de propriedades notáveis e acabamentos de superfície contrastantes, que se
associam de maneira a produzir um peculiar efeito estético: a luneta em titânio assenta numa
estrutura em alumínio revestido a preto. Com 42 milímetros de diâmetro e 14,8 de espessura, a
carrosseria do cronógrafo é complementada por um vidro de safira anti-reflexo sobre o mostra-
dor e no fundo transparente que desvela a mecânica relojoeira. É complementada por uma
bracelete de cauchu, com o relevo de um pneu de competição e fecho de báscula em titânio.
MotorizaçãoO cronógrafo PAC Portugal alberga o fiável calibre ETA 2894-2 – um mecanismo automático de
construção modular com 42 horas de reserva de corda, função cronográfica e indicação da data
numa janela entre as 4 e as 5 horas. O fundo é transparente, graças à utilização de um vidro de
safira que permite revelar o mecanismo cronográfico por baixo de uma peça que se tornou em-
blemática no seio da colecção: um rotor de rendimento superior estilizado em forma de jante e
que, no PAC Portugal, recebe uma pintura amarela condizente com as inscrições no mostrador
e a miniatura do conjunto.
Edição exclusivaO PAC Portugal não se encontra em mais nenhum lado a não ser em… Portugal, uma vez que
se trata de uma edição idealizada exclusivamente para o mercado nacional. Está limitado a 100
estojos e encarna de maneira perfeita o espírito Porsche e a escola estética do atelier Porsche
Design. A exclusividade do conjunto torna-o mais valioso e, consequentemente, mais apetecível
para coleccionadores e apreciadores de artigos originais.
Ferdinand Alexander Porsche Fundador da Porsche DesignO professor F.A. Porsche fundou o atelier Porsche Design em 1972. A sua filosofia assenta em
quatro bases: a redução dos objectos à sua função essencial; a obtenção de linhas puras e
fluídas; a selecção judiciosa dos materiais mais apropriados; e uma execução que combina
métodos artesanais e tecnologias modernas.
Porsche Design PAC PortugalSérie limitada: 100 exemplaresReferência: 6612.1400.139Movimento: Cronógrafo mecânico de corda automáticaFunções: Horas, minutos, segundos, data e cronógrafoCaixa: Titânio e alumínio de 42 mm, escala taquimétrica, vidro em safira estanque a 100 metrosBracelete: Cauchu com fecho de báscula em titânioPreço: € 4.100
Ficha técnica
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O famoso rotor Porsche Design é também personalizado em amarelo para esta edição limitada, podendo ser observado através do fundo transparente.
Concebida para assumir a enorme responsabilidade de se tornar na principal gama de vocação desportiva da Jaeger-LeCoultre, a linha Master Compressor tem conhecido várias extensões – sendo a mais celebrada delas a variante World Extreme, que representa um cocktail de inovadoras patentes relojoeiras que permitem a sua utilização em situações absolutamente radicais. Primeiro surgiu o World Extreme Chronograph, um colos-sal cronógrafo dotado de indicação instantânea dos 24 fusos horários que se tornou no maior instrumento de pulso jamais saído dos ateliers da manufactura de Le Sentier; mais recentemente foi lançado o World Extreme Alarm, que alia a sempre útil função do alarme mecânico à explanação instantânea de todas as zonas horárias do planeta. Com um diâmetro de 46,3 mm, ambas as versões World Extreme são elegantes bestas injecta-das com o melhor da tecnologia contemporânea e o seu tamanho nem está directamente relacionado com a tendência dos relógios sobredimen-sionados: a caixa dupla alberga um sistema de amortecedores que o protege de qualquer brutalidade!
A voz do extremo
EM FOCO
«Uma linha desportiva Jaeger-LeCoultre de grande
porte criada para enfrentar as mais duras condições
e que une um respeitável leque de funções. Uma
peça que vem dar resposta aos mais avenureiros.
Para além da sua fiabilidade, o Master Compressor
Extreme W-Alarm impressiona em todos os sentidos.
Em destaque a combinação das duas mais úteis
funções para os viajantes: alarme e indicação dos
24 fusos horários. O alarme integra nada mais nada
menos do que três funções originais, sendo que duas
delas são patenteadas.»
José Teixeira Ourivesaria Camanga
Arquitectura portentosaA estrutura dupla da carrosseria do relógio, composta por uma caixa de titânio dentro do suporte
em aço (existem versões em só em titânio e em ouro rosa/titânio da linha Valentino Rossi), inclui
uma revolucionária câmara de ar que absorve a energia das vibrações e dos choques até 2.800
G – para além de ter sido preparada para fazer ressoar acusticamente o alarme. A coroa em
alumínio que controla o disco das cidades situa-se às 10 horas e tem uma alavanca que liga e
desliga o alarme; as outras duas coroas (para a função do alarme e acerto de data, às 2 horas; de
corda e acerto das horas, às 4 horas) dispõem da emblemática válvula de compressão que é ca-
racterística da linha Master Compressor e que garante uma estanquicidade até aos 100 metros.
Sofisticação mecânicaO calibre 912 proporciona as funções de horas universais (24 fusos) e alarme mecânico (horas
e minutos), juntamente com as tradicionais horas, minutos, segundos e data. Manufacturado e
decorado à mão, inclui 315 peças e 28 rubis, bate a 28.800 alternâncias/hora e tem 45 horas
de reserva de corda. O balanço é de inércia variável e a soldadura da mola espiral ao pitão e à
virola é feita a laser. O rotor está assente num rolamento de esferas de cerâmica que dispensa
lubrificação e manutenção.
Grafismo exclusivoPor baixo do vidro de safira, os algarismos, índices e ponteiros luminescentes são caracterís-
ticos da linha Master Compressor – inspirada no grafismo do Memovox Polaris de 1965. No
perímetro circulam um disco de 24 horas e um disco com 24 cidades representativas de 24
fusos; o mostrador tem abertura para a data às 3 horas e para o tempo do alarme (em duplo
disco de horas e minutos) das 7 às 10.
Mudança de braceleteÉ um sonho para quem gosta de pormenores: um botão longitudinal no fundo da caixa permite
um rápido intercâmbio entre a bracelete de borracha vulcanizada de aparência mais radical e a
correia em pele de pesponto duplo. Está também disponível uma bracelete em aço.
Jaeger-LeCoultre Master Compressor Extreme W-AlarmReferência: Q1778470
Movimento: Mecânico de corda automática JLC 912.
Funções: Horas, minutos, segundos, data, horas universais e alarme com horas e minutos.
Caixa Ø 46,3mm: Interior em titânio e exterior em aço, vidro em safira, estanque até 100 metros.
Bracelete: Pele de jacaré com fecho de báscula em aço (cada modelo vem com outra em cauchu com fivela em aço).
Preço: € 10.300
Ficha técnica
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Uma caixa dentro de uma caixa. Seguindo a tradição do Master Compressor Extreme World Chronograph, também o Extreme Alarm é uma autêntica fortaleza preparado para as condições de uso mais severas.
Estanquicidade total, precisão no funcionamento são essas as vantagens do sistema de chave de compressão patenteado pela Jaeger-LeCoultre e usado também neste modelo.
Lançado há cerca de três anos, o Lange 31 surge agora declinado numa versão em ouro rosa para acompanhar a original de platina. Mas a sua preciosidade vai muito para além do metal: o toque de Midas é proporcionado por um mecanismo que faz com que não exista actualmente um instrumento de pulso com tão grande reserva de marcha – só necessita de receber corda uma vez por mês para funcionar ao longo de 31 dias, sem sofrer qualquer quebra de intensidade que comprometa a precisão. Ou seja, 744 horas de funcionamento contínuo, bastando fornecer corda ao relógio 12 vezes por ano! Uma tal autonomia nunca poderia funcionar com uma corda normal ou manter a precisão exigida durante tantos dias con-secutivos sem apresentar disposições técnicas suplementares. A solução: uma arquitectura que integra dois enormes tambores sobrepostos com 25 milímetros de espaço interior (ocupam três quartos da superfície do mecanismo!) e molas principais de 1,85 metros, para além de um complexo dispositivo de força constante entre o tambor duplo e o escape, independentemente do estado de tensão da mola da corda.
Uma vez por mês
EM FOCO
A. Lange & Söhne Lange 31Referência: 130.032 F
Caixa Ø 46mm: Ouro rosa 18K, vidro e fundo em safira, estanque até 50 metros
Movimento: Mecânico de corda manual, Calibre L034.1 com 31 dias (744 horas) de reserva de corda, movimento decorado à mão.
Funções: Horas, minutos, pequenos segundos com paragem, data panorâmica e indicador de reserva de corda
Bracelete: Pele de crocodilo cosida à mão com fivela personalizada em ouro rosa 18K.
Preço: € 88.000
Ficha técnica
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«O Lange 31 é o primeiro relógio de pulso mecânico
do mundo com uma reserva de marcha para 31 dias.
A energia atribuída ao mecanismo é constante asse-
gurando a força necessária para manter o relógio
a funcionar durante um mês sem perder precisão.
A A. Lange & Sohne, para este artefacto de corda
manual, reintroduziu o mecanismo de enrolamento
por chave. Declinada agora também em ouro rosa, é
sem dúvida um acréscimo de requinte de uma peça
destinada ao sucesso.»
Paulo Torres Torres Joalheiros
Motor ExcepcionalO poderoso calibre L034.1 bate à frequência de 21.600 alternâncias por hora, é formado por 406
peças, 61 rubis, 4 chatôns em ouro, escape de âncora, balanço com parafusos anti-choque em
glucydur, espiral Nivarox, raqueta patenteada, galo do balanço gravado à mão, platina e pontes
trabalhadas em maillechort. O segredo da elevada autonomia está em dois grandes tambores
cujas dimensões permitem albergar molas de 1,85 metros – comprimento que é de cinco a dez
vezes o das molas dos relógios de pulso existentes. A energia armazenada é suficiente para
elevar uma tablette de chocolate suíço com 100 gramas a 3,30 metros de altura!
Chave do SucessoDevido à potência das molas, tornar-se-ia extremamente difícil fornecer corda ao relógio através
de um sistema de coroa habitual – a Lange optou por uma chave como as utilizadas para dar
corda aos antigos relógios de bolso: de ponta quadrada, é inserida numa abertura no fundo em
vidro; uma roda libre integrada na chave permite uma rotação fluída e um sistema protector evita
qualquer tensão suplementar sobre as engrenagens no acto de dar corda.
Caixa MonumentalPara poder albergar tanta tecnologia, a caixa em ouro rosa do Lange 31 apresenta um diâmetro
de 46 milímetros e uma espessura de 15,9 milímetros. Tal como o vidro, também o fundo trans-
parente é de safira – com uma abertura para inserção da chave que fornece corda ao mecanis-
mo. A coroa permite acertar as horas e o botão à esquerda faz avançar a data.
Mostrador PuroTal como em todos os relógios Lange, o mostrador argenté é de uma pureza extrema. Em prata
maciça rodiada, apresenta um grande indicador de reserva de corda quase circular às 3 horas,
pequenos segundos à seis horas (stop seconds, para acerto mais preciso) e a emblemática data
grande em janela dupla às 10 horas. Os ponteiros são em ouro branco rhodié.
A espiral do Lange 31 responsável pela extraordinária autonomia de corda de 31 dias e, em baixo, a chave que permite dar corda ao relógio através de uma abertura situada no fundo da caixa, através do vidro de safira.
Mais um cronógrafo de grande personalidade com a chancela da Graham que associa a mestria contemporânea da relojoaria helvética à inspira-ção histórica do mestre relojoeiro inglês George Graham (inventor do cronógrafo, em 1695). Numa colecção baseada em versões cronográficas originais que tem no Chronofighter e no Swordfish as suas linhas mais conhecidas, a Graham dedica a gama Silverstone ao universo motorizado tão caro ao imaginário britânico – como se depreende através do seu próprio nome, já que o circuito de Silverstone é um bastião do desporto automóvel e o seu traçado inclui uma zona denominada precisamente Luffield. O Grand Silverstone Luffield Black Racer é um relógio desportivo de excelentes prestações, que inclui cronógrafo de retorno instantâneo (flyback), data grande e segundo fuso horário, num conjunto caracterizado por deliciosos elementos de estilo, que fazem dele um instrumento especial de corrida!
Curvas em velocidade
EM FOCO
«A imponente caixa de 44 milímetros, os elementos
inspirados no universo automobilístico e a função
de cronógrafo fly-back fazem do Grand Silverstone
Luffield Night Racer um relógio desportivo por
excelência, já o segundo fuso horário, com escala
de 24 horas na luneta e com um original ponteiro ao
centro, acrescenta-lhe ainda a vocação de viajante.
O mostrador em fibra de carbono e com as linhas
inconfundíveis da colecção Grand Silverstone garante
uma leitura óptima de todas as funções. Um tributo
ao desporto automóvel e o companheiro ideal em
todos os circuitos do mundo.
João Lobato Vanvaco
Exclusividade muito racingComo os vários modelos da linha Grand Silverstone, o Luffield Night Racer é apresentado numa
edição limitada a 250 exemplares e é caracterizado pelo seu espírito racing: escala de 24 horas
inserida numa luneta em fibra de carbono, mostrador em fibra de carbono evocativa dos painéis
de instrumentos, pinceladas de vermelho e amarelo a contrastarem com o negro, botões do
cronógrafo em forma de pedal com superfície picotada para especial ade rência, e bracelete em
borracha vulcanizada ao estilo de pneus de corrida.
Carrosseria e motorO Luffield Night Racer está montado numa pujante caixa em aço com 44 milímetros de diâmetro,
que é estanque até 100 metros e que tem por rosto um belo mostrador negro em padrão de fibra
de carbono, sob um vidro de safira com tratamento anti-reflexo. No seu interior, o calibre G1721
de corda automática bate a 28.800 alternâncias/hora com 42 horas de reserva de marcha e está
decorado com côtes de Genève, perlage e parafusos azulados.
Flyback como extraA função de retorno instantâneo (flyback; retour em vol) torna o cronógrafo mais eficaz e foi
inventada para facilitar o manuseamento por parte dos pilotos de aviação que, com um único
carregar de botão, faziam regressar o ponteiro cronográfico dos segundos ao zero e retomar
instantaneamente uma nova contagem. Em vez da tradicional paragem com o botão de cima,
retorno ao zero com o botão de baixo e recomeço com o botão de cima, basta carregar no
botão de baixo e o ponteiro dos segundos retorna ao zero para retomar uma nova contagem.
Outras complicaçõesPara além do cronógrafo flyback, o Grand Silverstone Luffield Night Racer está dotado de um
segundo fuso horário (ponteiro ao centro que remete para a escala de 24 horas na luneta) e de
um sistema de data grande particularmente visível (assente em discos separados que mostram
o dia através de uma janela dupla às 6 horas).
Graham Grand Silverstone Luffield Night RacerSérie limitada: 250 exemplares.
Referência: 2GSIUS.B08A.K07B
Movimento: Cronógrafo mecânico de corda automática calibre G1721.
Funções: Horas, minutos, segundos, data panorâmica, segundo fuso horário e cronógrafo.
Caixa Ø 44mm: Aço, luneta com fibra de carbono, vidro em safira e estanque até 100 metros.
Bracelete: Cauchu com fivela em aço.
Preço: € 6.350,00
Ficha técnica
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A luneta desta nova versão apresenta as horas do segundo fuso horário. De salientar a utilização do carbono com o seu peculiar efeito óptico.
Detalhe da textura dos botões do Silverstone especialmente concebida para um maior atrito.
O segredo da força da Rolex consiste em mudar sem parecer que muda, introduzindo gradual e discretamente melhorias substanciais nos seus relógios para os levar à perfeição absoluta. Outra política que tem sido seguida nos últimos tempos é a da recuperação de modelos históricos, suavemente reeditados segundo padrões contemporâneos. é o caso do Oyster Perpetual Milgauss, que tem tudo para ser a nova coqueluche da colecção devido a uma estética rolexiana particularmente atraente e a um preço menos elevado do que o de outros recentes lançamentos da casa genebrina. A reedição é mesmo melhor do que o original, concebido nos anos 50 sob o signo do progresso tecnológico e dedicado a todos os profissionais que trabalhavam em ambientes submetidos a fortes campos magnéticos – apresentava uma protecção magnética que lhe permitia manter a precisão absoluta nessas circunstâncias. O Milgauss do século XXI é ainda mais fiável do que o seu antecessor, graças a aperfeiçoamen-tos mecânicos no calibre automático e estruturais na concepção da caixa.
Nova coqueluche
EM FOCO
Rolex MilgaussCaracterística exclusiva: Resistente a uma densidade de fluxo magnético de mil gauss.
Referência: 116400GV
Movimento: Mecânico de corda automática.
Funções: Horas, minutos e segundos.
Caixa Ø 40mm: Aço, luneta em aço polido, mostrador preto, vidro em safira verde e estanque até 100 metros.
Bracelete: Oyster equipada com Oysterclasp e Easylink.
Preço: € 5.065
Ficha técnica
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«O rolex Milgauss foi introduzido em 1954. Foi criado
para profissionais que trabalhavam em ambientes
com fortes campos magnéticos como por exemplo
laboratórios de investigação ou fábricas de energia
eléctrica. O novo Milgauss acrescenta um mostrador
elegante, movimento de primeira classe, o ponteiro
dos segundos exclusivo e o vidro de safira esverdea-
do. Sem dúvida uma excelente aposta para qualquer
coleccionador.»
Rita Torres Torres Joalheiros
Três versõesO Milgauss está disponível em dois mostradores, mas em três versões. Uma das versões inclui
um original vidro de safira ‘verde Rolex’ no modelo de aniversário sobre mostrador preto; as
outras duas apresentam um vidro de safira incolor sobre o mesmo mostrador preto com indica-
dores laranja e brancos ou sobre um mostrador branco com indicadores laranja.
Nova CarrosseriaA caixa em aço, que passa a ser a maior da linha regular Oyster (exceptuando os modelos
Professional), ostenta 41 milímetros de diâmetro e uma coroa maior do que o habitual para
manter o equilíbrio da proporção. Além disso, inclui as melhorias anteriormente evidenciadas
nos modelos em ouro ou ouro/aço: asas alargadas e arestas arredondadas.
Protecção suplementarO mecanismo do Milgauss é protegido contra os campos magnéticos por um écrã especial,
construído em ligas ferromagnéticas seleccionadas pela Rolex e composto por duas partes
aparafusadas ao interior da tradicional caixa Oyster. Além das características paramagnéticas, a
robustez do conjunto permite uma estanquicidade até 100 metros de profundidade.
Bracelete mais robustaA bracelete Oyster de três elos (que alternam acabamentos polidos e escovados) do Milgauss
é da nova geração, composta por peças maciças em aço (os elos anteriormente eram ocos). O
fecho Oysterlock oferece grande segurança e o sistema Easylink é ideal para pequenos ajustes,
sobretudo quando o pulso incha um pouco com as temperaturas mais elevadas no Verão.
Motor perpétuoA nova geração do Milgauss está equipada com um calibre automático dotado de uma espiral
Parachrom desenvolvida e fabricada pela Rolex; o sistema de escape integra uma roda de
âncora concebida num novo material paramagnético. A precisão do mecanismo vale ao relógio
a certificação de cronómetro pelo Controlo Oficial Suíço dos Cronómetros (COSC).
O modelo com mostrador branco, de onde sobressaem os índices todos em laranja, é mais um dos rostos do Milgauss.
Fim-de-semana de romancePensa que escrever um romance é um trabalho duro em que o tempo é fundamental, e tem
razão. E que a gestação dum livro são semanas, meses, anos, às vezes uma vida, dentro da
cabeça, do coração, até começar a sair com dores insuportáveis e poucas alegrias, olhando
o relógio a envelhecer connosco (apesar de ao escrever o seu tempo parar), e continua a ter
razão. Mas chega de angústias: há formas muito mais razoáveis e curtas de fazer a coisa!
O Dinis Machado, o mestre que morreu no ano passado, contou-me uma vez uma história
que vivera com Roussado Pinto, o editor e jornalista que, entre outros marcos, inventou o
‘Jornal do Incrível’, do qual recordo, com saudade, a prova da existência de extra-terrestres
na Casa Branca e a foto de um homem que tinha os testículos tão grandes que não pre-
cisava de cadeira para se sentar. O Dinis, que também escrevia policiais negros (Dennis
McShade), demorou, disse-me, um ano inteiro a escrever ‘O Que Diz Molero’, e muito mais
a pensá-lo. Mas com que alegria recordava a conversa com Roussado Pinto, que publi-
cava novelas negras e populares, e de ficção científica, sob o pseudónimo Ross Pyn. Dinis
perguntou-lhe, no fim de um dia de trabalho nas revistas:
– Vemo-nos amanhã?
– Amanhã não, que este fim-de-semana tenho de escrever um romance.
O mestre incontestado da velocidade romanceada, tendo em conta que este campeonato
se joga na média final — o número de romances publicados a dividir por anos de vida —, é
o belga Georges Simenon. Aos 17 anos de idade, Simenon escreveu o primeiro romance,
‘Au Pont des Arches’, em apenas dez dias e encontrou o seu método. Com os livros que
ele considerava comerciais, cometeu prodígios como inventar e escrever uma novela em
25 horas. Escreveu dezenas com o mesmo herói, o Comissário Maigret, num total de 150
romances com o seu próprio nome e 350 sob vários pseudónimos.
Tenho uma entrevista maravilhosa que a ‘Paris Review’ lhe fez nos anos 70, onde explicava,
de maneira directa, os prós e os contras de trabalhar daquela forma. Por exemplo, tudo o
que Simenon escrevera a correr era uma forma de se preparar para livros ‘sérios’, como
‘Os Irmãos Rico’, mas nem por isso o livro, no qual tinha um verdadeiro orgulho artístico,
seria escrito mais devagar: dois dias de criação de personagens e enredo, logo seguidos
de 11 dias de escrita (um dia por capítulo) e três dias de revisão e cortes, muitos cortes.
Até parece fácil, mas como o próprio dizia: «Considera-se que escrever é uma profissão,
mas não acho que seja uma profissão. Acho que qualquer pessoa que não tem necessidade
de ser escritora, que pensa que pode fazer alguma outra coisa, deve fazer outra coisa.
Escrever não é uma profissão, mas uma vocação de infelicidade. Não penso que um artista
possa jamais ser feliz.»
Antes de começar um romance chamava o médico, que lhe media a tensão arterial para ver
ser estava em condições (chegava a emagrecer vários quilos no final do dia de trabalho), e
regressava 11 dias mais tarde, confirmando que a tensão estava baixa. Simenon conta-nos
a última conversa com o médico:
– O senhor está bem, mas quantos romances pretende fazer antes de sair de férias, no Verão?
– Dois.
– Está bem.
Portanto, se quer ser um infeliz e acha que não pode fazer outra coisa, tem tempo para
escrever as suas obras-primas literárias e emagrecer, antes das férias.
CRÓNICA RUI CARDOSO MARTINS
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A Hermès é, de um modo geral, uma marca conotada com uma grande diversidade de acessórios. Quais são, de facto, as linhas de produtos mais procuradas?
As linhas de produtos mais procuradas dentro dos métiers
Hermès são couro, seda, perfumes... enfim todas.
O site oficial da Hermès apresenta-se com uma imagem jovial, dinâmica que joga com o inesperado. é assim que se pode definir o mundo Hermès? O Mundo Hermès é dinâmico, jovial mas joga com a tradição, um
luxo intemporal, e os nossos produtos para quem os conheça e
perceba bem são o máximo do que pode ser esperado....
Como tem evoluído a relação dos portugueses com a Hermès? Tem crescido de uma forma muito positiva, penso que já nos
podemos considerar uma loja referência no Chiado!
Mónica GuimarãesGerente da loja Hermès, Chiado
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Do asteróide B612 chegou ao deserto, sem ninguém estar à espera, um menino loiro muito
entendido em assuntos que fazem pensar e em jibóias que quando comem elefantes pare-
cem chapéus; do jovial e inesperado mundo Hermès chegam dois divertidos e elegantes
chapéus – que fique bem entendido que são mesmo chapéus - para usar e abusar do Verão
com muita cor. Um chapéu acaba por ser essencial para a descontração de um fantástico
dia de Sol. A qualquer hora e em qualquer lugar (até no deserto), um toque de atrevimento e
de boa disposição.
Chapéu Sierra de palha multicolor/preto € 820Chapéu Sierra de palha natural/multicolor € 600
Uma jibóia comeu um elefante...
Na campanha Primavera-Verão 2009 da Louis Vuitton, pro-
tagonizada por Madonna, salta à vista uma mala em pele
pensada para apimentar o visual atarefado da vida quotidi-
ana, fruto da lufada de ar fresco que a criatividade de Marc
Jacobs tem trazido à outrora clássica marca. O monograma
‘Epices’ embutido na pele, a aba sobredimensionada com
fecho ajustável, os detalhes de cores em azul, amarelo e
laranja, os bolsos interiores e uma alça que permite um
transporte confortável em mãos são apenas alguns dos
pormenores que fazem desta mala o complemento certo
para um guarda-roupa único. Kalahari é o nome que
a distingue e está disponível em duas cores.
Mala Louis Vuitton Kalahari € 3.000
Louis, Marc e Madonna
MONTRA
Muitas combinações de cores, elegância e irreverência. O Verão quer-se assim,
cheio de vida, cheio de tudo aquilo que nem sempre faz parte das horas dos nossos
dias. Não há espaço para vergonhas, nem para o nervoso de se mostrar e um look
que marca é aquele que confia em peças sensuais e ousadas que só por si deixam
qualquer um sem palavras. É claro que os sapatos têm sempre algo a dizer... São eles
que saltam à vista; que fazem a diferença. De dia, de tarde, de noite, todo o tempo do
mundo conta para mostrar que sabe bem aquilo que quer. De saltos bem altos, claro!
Hermès Sandálias Sunlight € 650 (em cima)
Louis Vouitton Spicy Sandal 1 € 2.250 (à direita)
O tempo a seus pés
MONTRA
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Há muitas razões pelas quais a Chopard pisa todos os
anos a passadeira do Festival de Cinema de Cannes, mas
uma delas passa por cima de todas as outras: o efeito de
encantamento que cada peça de alta-joalharia transmite.
Caroline Gruosi-Sheufele desenhou em 2007 e 2008 duas
fascinantes colecções para o prestigiado festival. Em 2009
a magia acontece outra vez. São 62 jóias que chegaram
para deslumbrar no mundo do cinema... e não são ficção.
Nascem do esboço, de momentos inspirados e pensados
apenas para o universo feminino. Da combinação de sa-
firas, rubis e diamantes nasceu um romântico colar...
um desenho que é uma obra-de arte; um desenho que
dá origem a uma obra-de arte... o mundo encantado
da Chopard.
Chopard Haute Joaillerie Collection € 555,777
Um mundo encantado
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MONTRA
A colecção Lady Royal Oak Offshore da Audemars Piguet
continua a explorar os extremos: um tamanho distinto,
prova como dois elementos tão diferentes como a borracha
(cauchu) e os diamantes podem combinar na perfeição.
Numa série limitada a 150 relógios, o Royal Oak Offshore
Ladycat foi criado em homenagem à equipa de vela do
catamarã Ladycat Decision 35 Ladycat (SUI10). Man-
tendo os elementos clássicos da linha em que se insere, o
cronógrafo alia a ousadia do fuchsia ao fascínio do negro.
Do mostrador, decorado com o habitual padrão quadri-
culado Grande Tapisserie, sobressaem os totalizadores,
pequenos segundos e data em prateado, bem como os
números e ponteiros em fuchsia, num retoque suplementar.
Enquanto membro da família Royal Oak Offshore, o Ladycat
não esconde as suas origens desportivas e é na elegância
dos pormenores e contraste de cores que reside o seu
carácter profundamente feminino.
Audemars Piguet Royal Oak Offshore Ladycat € 21.340
Diamantes no desporto
Desde o seu lançamento, em 1993, a linha Happy Sport da Chopard tem-se revelado um
verdadeiro sucesso. Destinado ao público feminino, os diamantes que passeiam pelo
mostrador conferem a toda a peça um dinamismo fora do comum. O Happy White é um dos
modelos que surge para dar um novo rosto à colecção. Três diamantes móveis brilham num
relógio branco em cerâmica, com uma luneta de alumínio e fundo da caixa em titânio. Com
uma bracelete em borracha e fecho em aço, o Happy White é apenas uma das faces de um
conjunto muito original: está disponível também um modelo que se destaca pela intensidade
do negro.
Chopard Happy White € 2.520
O outro lado do espelho
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MONTRA
Nem sempre é fácil saber qual é a jóia certa para uma noite
perfeita. Os espelhos podem ajudar, as opiniões de amigos
próximos também, mas a indecisão pode só terminar após
longos momentos de contemplação. «Coisas de mulheres»,
comentário de alguns... e coisas de homens, afinal oferecer
a jóia certa também pode querer dizer muita coisa. Algumas
propostas: Depois do fascinante mundo Happy Diamonds,
a Chopard deslumbra agora com a colecção de joalharia
Happy Darling. Peças glamorosas em que pequenos discos
e diamantes móveis se unem através de uma delicada
corrente de ouro rosa. A colecção Meandros é um tributo a
uma das imagens de marca da Versace. O novo e refinado
tratamento do motivo Greca alterna com outros elementos
decorativos recorren tes. No colar, em ouro amarelo, do
pen dente em forma de disco sobressai parte do emblemá-
tico friso, cravejado de diamantes.
Chopard Happy Darling long chain V2 € 3.270
Versace colar Meandros € 14.890
A noite perfeita
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MONTRA
A linha Eon simboliza o contraste entre sensualidade e elegância femininas e é na combinação
dos detalhes que reside a sua força. Uma elegante caixa em aço inoxidável banhada a ouro rosa
é composta por dois ou três anéis, consoante os modelos, que giram e revelam diferentes faces:
de um lado uma face com decoração Clous de Paris, do outro o logotipo Versace ou ainda o friso
Greca característico da marca. Em alguns modelos, os anéis surgem cravejados de diamantes.
O mostrador em madrepérola transparece pureza e simplicidade; apenas dois pequenos pon-
teiros, o logótipo da marca destacado a negro e quatro índices aplicados, de onde saltam à vista
delicados diamantes, têm o seu lugar bem definido. A graciosa bracelete é suportada por duas
esferas que se encontram anexadas ao anel exterior. Os relógios Eon não são apenas relógios;
são peças requintadas, verdadeiras jóias de assinatura Versace.
Versace Eon em aço com plaquet de ouro rosa € 1.310
Versace em aço € 2.140
Versace Eon
Em que Tempo e lugar gostaria de ter sido actor?Gosto do tempo actual. A multiplicidade de opções, a lógica da contemporaneidade, a dinâmica de um mercado competitivo,
o impacto que o nosso trabalho potencialmente pode ter e o reconhecimento genérico do público da importância da nossa
profissão e do nosso papel social são bons motivos para querer ser actor no século XXI.
Há uns anos atrás sonhava com Inglaterra e os Estados Unidos como lugares de eleição para ser actor, hoje sinto-me muito
reconhecido por ter tido a oportunidade de me afirmar como actor no meu próprio país.
Em que difere o Tempo para um actor e para um gestor?Um gestor pensa o tempo numa lógica de rentabilização dos recursos e numa perspectiva de retorno.
Um actor gere o tempo em função de uma necessidade de consumar a verdade da personagem que interpreta. Esse processo
nem sempre obedece a regras fixas, mas o actor deve controlar o seu tempo, porque tem gente à espera, espera o outro actor
pela deixa, espera o contra-regra pelo momento de entrar um efeito ou um adereço e espera o público pela fala, pela pausa,
pela suspensão daquela respiração, daquela intenção, que nos revela todo o drama num segundo e que nos comove e nos faz
sentir vivos.
Os minutos passam da mesma forma, antes e depois de entrar em palco?Nunca mais chega a hora! Diriam os mais ansiosos como eu, desejosos do confronto, que é também uma libertação e uma
catarse. Em palco sente-se o deleite da comunicação numa forma pura e intuitiva que nos preenche e completa, quando tudo
corre bem, claro! Quando corre mal, o tempo é comodista e deixa-nos a suportar os maus tratos da indiferença e da ausência
de diálogo com o público que de repente não está lá, porque simplesmente não o conseguimos agarrar.
Em palco, sente-se o Tempo passar?O tempo tem de facto medidas voláteis e caprichosas, mas também mágicas. O tempo em palco tem o seu próprio tempo.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades?Suponho que sim. Algumas vontades acompanham os tempos e adaptam-se. Por vezes surgem novas vontades mas há
outras que persistem e resistem às mudanças do tempo, porque são intrínsecas à condição humana, porque fazem parte da
nossa natureza.
Uma hora aos 20 anos dura o mesmo Tempo que aos 40 anos?Depende como se gasta essa hora. Aos 40 tornamo-nos mais poupados e fazemos render essa hora saboreando-a melhor,
mas falta-nos o atrevimento e o despudor de quem tem 20 anos e ainda tem muitas horas pela frente.
O que é intemporal?Estou tentado a dizer nada. Mas creio que o amor, sentimento que nos confere identidade, dignidade e consciência da nossa
finitude, pode e deve ser intemporal, pelo menos enquanto durar.
A velocidade é a forma mais rápida de chegar?A fabula da lebre e da tartaruga diz-nos que não.
Mas se estivermos sentados num Porsche Carrera, ajuda!
Diogo InfantePerguntas de Paulo Costa Dias, fotografia Nuno Correia
INTERMEZZO
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Forma. Função. Linhas puras, não adulteradas. Tons
escurecidos e metálicos. O fundamental. Para todas as
suas criações, a Porsche Design segue os passos de uma
filosofia única: a funcionalidade. Cada objecto é concebido
para cumprir com rigor a sua missão e até os acessórios
não são apenas decorativos; são funcionalmente perfeitos,
rigorosos, ergonómicos. O homem actual, que se preocupa
com a sua imagem e o assume, sem constrangimentos,
tem assim ao seu dispôr um leque alargado de acessórios
que complementam qualquer visual: pulseiras, fios, anéis,
porta-chaves, botões de punho... sempre com linhas puras
e um design urbano, contemporâneo.
Pulseira € 195
Anéis €140
Fio com pendente €195
Pureza de linhas
ACESSÓRIOS
A linha de joalharia Audemars Piguet Royal Oak inclui pendentes, anéis e
braceletes, com a assinatura da colecção. O anel e o pendente inspiram-se na
indissociável forma octogonal, requintada com parafusos hexagonais; as pulseiras
revelam-se como um prolongamento do exclusivo motivo “Méga Tapisserie” do
mostrador dos cronógrafos Royal Oak Offshore. Na relação entre o cauchu e o
aço sobressai o estilo moderno e desportivo da pulseira. O pendente e o anel
apresentam-se em diversas versões: ou com um perfil completo e parafusos em
aço polido ou com oito diamantes que destacam a forma circular.
Pendente € 1.860
Pulseira € 695
Espírito desportivo
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GADGETS
Os componentes de alta-qualidade e o design moderno são algumas das características que traduzem os mode los de topo da linha de bicicletas da Mercedez-
Benz. Com um sofisticado quadro de alumínio e uma suspensão traseira de alta-performance, a bicicleta de montanha Moutain Comfort destaca-se também por
incluir modelos distintos de adaptação ergonómica aos públicos feminino e masculino.
Preço aproximado € 3.000Website: www.mercedes-benz.com
Mercedes-Benz Mountain Confort
O Porsche Design P’9522 é um telemóvel concebido a partir de um bloco único de alumínio e de uma única lâmina de
vidro anti-riscos. Com um touchscreen que permite uma navegação intuitiva, o P’9522 alia a mais recente tecnologia da
comunicação ao som e imagens de excelente qualidade. As suas linhas puras combinadas com o icónico negro traduzem
na perfeição a autêntica e intemporal filosofia da marca.
Preço sob consulta
Porsche Design mobile
Bang & Olufsen BeoSoundReconhecidamenente original, a Bang & Olufsen poderia dever a sua fama apenas ao design dos produ-
tos que apresenta. Só que a performance dos equipamentos que vão sendo lançados acaba por elevar a
marca a um patamar alcançável por muito poucos. Não é por acaso que a Bang & Olufsen foi a responsável
pelo desenvolvimento do BeoSound DBS, um sistema de som exclusivo para o Aston Martin DBS que
combina, de forma engenhosa, com o carro tanto na estética como na acústica. Agora uma das últimas
novidades parece ter chegado directamente de um futuro distante. O novo BeoSound 5 representa uma
forma diferente de interacção com a música. O leitor apresenta num écran as selecções musicais e capas
dos CD que as incluem num círculo virtual regulável por uma roda de alumínio e um ponteiro lateral. Mas a
Bang & Olufsen tende a exceder as nossas expectativas e a Tecnologia MOS (More of the Same) selecciona
ainda faixas do mesmo estilo de música que estamos a ouvir. Como? Através da análise da sincopação, da
tonalidade e das harmonias vocais.
Preço € 4.853Website: www.bang-olufsen.com
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A Leica apresenta a edição especial da Leica D – Lux 4 – Titanium, com acabamento em titânio
cetim. Limitada a 10.000 exemplares, a câmara destaca-se pelo tom-cinza prata que a torna
numa elegante peça de coleccionador particularmente luxuosa. As especificações técnicas
são idênticas ao modelo de série e a gama de acessórios é totalmente compatível com esta
edição. Está disponível com um estojo exclusivo em pele cor de titânio.
Preço € 990Website: www.leica.com
Leica D-Lux 4 Limited Edition
GADGETS
O tempo da UrsaA vontade que eu tinha, já não a quero. Já nem sei dizer o que era.
Cada idade tem os seus desejos – isso já toda a gente sabe. Por muito sonhadores que sejamos, queremos sempre o que
quase podíamos ter. O coxo quer andar e não correr e o andarilho quer correr e não voar num avião invisível num céu que
fosse só dele, como querem as crianças.
Mas as vontades não só têm um tempo como visam um tempo. Cada idade tem um querer mas cada querer tem uma época.
Quando se é muito novo, quer-se que seja já amanhã. Tudo menos hoje. Amanhã, quando eu for mais velho e a minha mãe
deixar-me ter um canivete. O mais amanhã possível, se fizerem favor.
Está-se sempre à espera; as coisas nunca mais acontecem; as promessas não são cumpridas; a chuva não pára; o Verão
não acaba.
Quando se é uma criança, amanhã é que é. Vêem-se os miúdos mais velhos e eles têm tudo o que uma pessoa podia pedir
na vida. São felizes e toda a gente os respeita, apesar de só terem onze anos.
O futuro é o tempo infantil. Mas a partir desses primeiros anos, começa a regredir. E tempo que se deseja vai-se aproxi-
mando do presente.
Lembro-me, quando tinha para aí 23 anos, de já não querer saber mais do futuro. Queria era que o presente se prolongasse
para sempre. Julgava que tinha tudo de que precisava para ser sábio e feliz. A palavra mais bonita que eu conhecia era
agora.
Gostava da música que era do agora de então; dos livros de agora; das raparigas de agora; da maneira como funcionam as
universidades e as festas neste momento. Naquele.
O amor pelo presente é um sofrimento: um constante temor de perder. Pôem-se as mãos em cima das coisas que estão na
secretária – as canetas; as cartas; o jornal daquele dia – como se estivéssemos a protegê-las. Como se conseguíssemos.
Como galinhas.
CRÓNICA MIGUEL ESTEVES CARDOSO
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Foi um incêndio, ocorrido muito mais tarde, que me ensinou isto. Só um bocadinho antes do que aconteceria naturalmente.
Diz-se que as pessoas aprendem a perder o apego às coisas que sabem que vão perder. Ou que deveriam aprender. Mas
eu acho que não se aprende nada. Apenas se deixa de querer aquele tempo – o agora ou o amanhã, não interessa – para se
passar a querer outro.
Há uma maneira comezinha de verificar este movimento: as paisagens. Quando se é criança, desejam-se paisagens descon-
hecidas; impossíveis de conceber; mas que têm de lá estar, à nossa espera.
Como é que se quer o que ainda não se conhece? Como se sente nostalgia se só viveram cinco anos? Como se pode ter
saudades se a memória ainda não é o que há-de ser? E a idade, também – com 5 ou 6 anos há sempre muito para fazer –
não se presta a isso.
Em criança, é o futuro. Quando somos jovens adultos, é o presente. Mas, quando chega a meia-idade, arranca o passado.
Imagine-se o arco desta viagem: a direcção é sempre a mesma, para cada vez mais longe do futuro e cada vez mais perto
de um passado cada vez mais longínquo.
O primeiro passado que se deseja surge quando se tem 35 anos e costuma corresponder à década em que se nasceu. No
meu caso, foram os anos 50 que me fascinaram quando eu tinha essa idade.
Como não temos memória que preste dos nossos primeiros cinco anos de vida, nostalgia pela década do nosso nascimento
não é bem uma saudade: é mais uma aventura da curiosidade. É uma viagem narcissista em que vamos descobrir as coisas
que aconteciam enquanto nós ainda não tínhamos noção de estar a acontecer.
É a primeira rejeição do presente; a primeira vez em que se chora que está tudo muito mudado; a primeira vez que nos en-
ganamos a nós próprios, incapazes de ver que é a nossa juventude perdida que estamos a chorar e não o desaparecimento
daquela música; daquela roupa e daqueles fins de tarde na praia que nunca mais foram os mesmos.
Dez anos depois, lá para os 45-50, este passado desejado muda mais uma vez. Fartamo-nos da nossa década de nasci-
mento; compreendemos que não era assim tão diferente das outras. É acessível de mais. Há toda uma vasta indústria “retro”
para alimentar esse impulso. Longe de parecer distante, aquela nossa década até parece estar da moda. Toda a gente lhe
acha graça e, se há coisa que não tem graça nenhuma, é isso.
Muda-se para um passado anterior ao nosso nascimento. Podem ser os anos 20. Ou o Século XVIII. Ou a 1ª Dinastia. É
muito frequente ser uma época pré-Industrial. Procuram-se tradições antigas – de arte; de cozinha; de artesanato; de comu-
nidade – que parecem mais sólidas, mais bonitas e mais autênticas do que as versões modernas.
No entanto, este penúltimo passado tem uma componente humana – nem que sejam gravuras rupestres. As paisagens
de v1ª Dinastia – que ainda se encontram Portugal fora – têm sempre uma cancela; um fio de fumo; talvez um arado. É um
passado rural, de simplicidades eternas, em que tudo tem o seu lugar e toda a gente se conhece.
Mas mesmo este passado está condenado pela passagem do tempo sobre o nosso coração.
Tive um pequeno prenúncio, quando estava a descer à Praia da Ursa, perto do Cabo da Roca. É preciso ir para perceber o
que é. (Aproveito para recomendar a caminhada que foi brilhantemente descrita e indicada por José Manuel Fernandes no
suplemento “Fugas” do “Público” de 23 de Maio).
Acredito que é este o último passado que se deseja antes de morrer: o mais difícil mas o que mais sentido faz naquela idade
mais sábia e difícil de contentar.
É o passado antes do Homem; antes dos seres humanos virem pisar tudo. É a natureza bruta, sem intervenção ou vestígio
da nossa espécie. É a beleza selvagem da acção de um tempo muito mais comprido e lento do que o nosso.
São as paisagens que são impossíveis de datar. Só um geólogo seria capaz de fazer uma estimativa; mais dez mil anos;
menos dez mil anos. Mesmo com a maior precisão, jamais poderia determinar a idade de uma rocha em unidades de
90 anos, que é uma vida humana inteira.
É isso que impressiona – lá está – as pessoas mais velhas. São as paisagens, como as duas rochas da Ursa com o mar a
bater à volta, que parecem ser de Antes do Tempo.
Sabemos que aquelas rochas foram líquidos e que os líquidos vieram do centro da Terra – que já foram muito novas; que
já foram recém-nascidas – mas são tão mais velhas do que nós, e tão mais graciosas, que parecem eternas e imortais.
O contrário de nós.
Assim vamos trocando de vontades e de idades e de passados. Se calhar, é triste que seja assim. Mas não podia ser de
outra maneira. E é assim, afinal de contas, que é bonito.
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Cabelos: Paulo Viera
Manequim: Adiza@Central
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Franck Muller Long Island Color DreamsReferência: 1200SCCOL/ACBRVMovimento: Mecânico de corda automática.Funções: Horas, minutos e segundos.Caixa: Aço, vidro em safira, estanque até 30 metros.Bracelete: Pele de crocodilo.Preço: € 11.100
Franck Muller Cintrée Curvex Color DreamsReferência: 5850SCCOL/ACBRVMovimento: Mecânico de corda automática.Funções: Horas, minutos e segundos.Caixa: Aço, vidro em safira, estanque até 30 metros.Bracelete: Pele de crocodilo.Preço: € 7.650
Em cimaFranck Muller Long Island Color DreamsReferência: 1200SCCOL/ACBRVMovimento: Mecânico de corda automática.Funções: Horas, minutos e segundos.Caixa: Aço, vidro em safira, estanque até 30 metros.Bracelete: Pele de Pele de crocodilo.Preço: € 11.100
À esquerdaFranck Muller Master Square King Color DreamsReferência: 6000KSCDTCOL/ACBRVMovimento: Mecânico de corda automática.Funções: Horas, minutos, segundos e data.Caixa: Aço, vidro em safira, estanque até 30 metros.Bracelete: Pele de crocodilo.Preço: € 11.100
Franck Muller Cintrée Curvex AutomaticReferência: 8880SCDT/OVCAVMovimento: Mecânico de corda automática com rotor em platina 950.Funções: Horas, minutos, segundos e data.Caixa: Ouro vermelho 18k, vidro em safira, estanque até 30 metros.Bracelete: Pele de crocodilo Preço: € 17.100
Franck Muller Casablanca ChronographReferência: 8885CCCDT/ACPVRMovimento: Cronógrafo mecânico de corda automática.Funções: Horas, minutos, segundos, data e cronógrafo.Caixa: Aço, vidro em safira, estanque até 30 metros.Bracelete: Cauchu. Preço: € 13.350
Franck Muller Cintrée Curvex Split SecondReferência: 8883CCRCDF/OVPRVMovimento: Mecânico de corda automática.Funções: Horas, minutos, segundos, dupla face com indicação do taquímetro, do telêmetro e pulsómetro.Caixa: Ouro vermelho 18K, mostrador chocolate, vidro em safira, estanque a 30 metros.Bracelete: Pele de crocodilo.Preço: € 49.900
Fotografia Nuno Correia, Realização Ricardo Preto
Agradecimentos: Spa Ritz Four Seasons Lisboa
Modelo: Myrella, Central Models
Massagista: Renato Marcelino
Vídeo do making off em www.espiral.tv
Pontos fortes
Audemars Piguet Royal Oak Calendário PerpétuoReferência: 26252OR.OO.D092CR.02Movimento: Mecânico de corda automática calibre AP 2120/2802.Funções: Horas, minutos e calendário perpétuo.Caixa: Ouro rosa 18K, vidro e fundo em safira e estanque até 20 metros.Bracelete: Pele de jacaré com fecho de báscula em ouro rosa 18k. Preço: € 52.450
Audemars Piguet Royal Oak AutomaticReferência: 15300OR.OO.DO88CR.02Movimento: Mecânico de corda automática, calibre AP 3120.Funções: Horas, minutos, segundos e data.Caixa: Ouro rosa 18k, vidro e fundo em safira com tratamento anti-reflexos e estanque até 50 metros.Bracelete: Pele de jacaré com fecho de báscula em ouro rosa 18k.Preço: € 19.420
Audemars Piguet Anel Royal OAK OffshoreReferência: BG0724.OKU.56.G029Descrição: Ouro rosa 18K com cauchu e diamantes Preço: € 4.990
Audemars Piguet Royal Oak DualtimeReferência: 26120ST.OO.1220ST.01Movimento: Mecânico de corda automática, calibre AP 2329/2846.Funções: Horas, minutos, data, reserva de corda, 2.º fuso horário e indicação 24 horas.Caixa: Aço, vidro em safira com tratamento anti-reflexos e estanque até 50 metros.Bracelete: Aço com fecho duplo de segurança. Preço: € 13.990
Audemars Piguet Millenary AutomaticReferência: 15320OR/093/01Movimento: Mecânico de corda automática calibre AP 3120.Funções: Horas, minutos, segundos e data.Caixa: Ouro rosa 18k, vidro e fundo em safira estanque até 20 metros.Bracelete: Pele de jacaré com fecho de báscula em ouro rosa 18k.Preço: € 18.280
Audemars Piguet Royal Oak ChronographReferência: 26022BC.028CR.01Movimento: Cronógrafo mecânico de corda automática calibre AP 2385.Funções: Horas, minutos, segundos, data e cronógrafo.Caixa: Ouro branco 18K, mostrador azul, vidro em safira e estanque até 50 metros.Bracelete: Pele de jacaré com fecho de báscula em ouro branco 18k.Preço: € 30.190
Franck Muller Pride of PortugalReferência: 8880CCAT/POP/ACEdição limitada: 40 exemplares.Movimento: Cronógrafo mecânico de corda automática.Funções: Horas, minutos, segundos, cronógrafo e data.Caixa: Aço polido, vidro em safira, estanque até 30 metros, coroa personalizada e fundo com gravação da esfera armilar.Bracelete: Cauchu com fecho de báscula em aço. Preço: € 17.900
Produção Ricardo Preto Fotografia Nuno Correia
Uma casa na pradaria
TAG Heuer Carrera Chronograph Day-Date Referência: CV2A11.FC6235 Movimento: Mecânico de corda automática calibre 16. Funções: Horas, minutos, segundos, cronógrafo, data e dia da semana.Caixa Ø 43mm: Aço com vidro e fundo em safira, estanque até 100 metros. Bracelete: Pele de jacaré com fecho de báscula em aço. Preço: € 3.550
Raymond Weil Nabucco Automatic Referência: 3900-SCF-05207 Movimento: Mecânico de corda automática. Funções: Horas, minutos, segundos e data. Caixa: Aço, vidro e fundo em safira, estanque até 200 metros. Bracelete: Aço e fibra de carbono com fecho de báscula. Preço: € 2.930
Graham Chronofighter Oversize Diver/Date Deep Seal Referência: 2OVEZ.B02B.K10BMovimento: Cronógrafo mecânico de corda automática calibre G1734.Funções: Horas, minutos, segundos, data e cronógrafo.Caixa Ø 47mm: Aço com tratamento PVD preto, luneta unidireccional, vidro em safira e estanque até 300 metros.Bracelete: Cauchu com fivela em aço com tratamento PVD preto. Preço: € 7.390
Porsche Design WorldtimerReferência: 6750.6944.180Movimento: Mecânico de corda automática.Funções: Horas, minutos, segundos e segundo fuso horário à escolha mediante ajuste exclusivo Porsche Design. Caixa Ø 45mm: Ouro rosa 18 ct. vidro em safira estanque até 100 metros.Bracelete: Cauchu com fecho de báscula em ouro rosa.Preço: € 18.500
Audemars Piguet Royal Oak ChronographReferência: 26300ST.OO.1110ST.07Movimento: Cronógrafo mecânico de corda automática calibre AP 2385.Funções: Horas, minutos, segundos, data e cronógrafo.Caixa: Aço, vidro em safira e estanque até 50 metros.Bracelete: Aço com fecho duplo de segurança.Preço: € 14.750
Fotografia Nuno Correia, Realização Ricardo Preto
AgradecimentosNuno Costa, Porsche Ibérica
Pedro Marreiros, Prime Promotions
Vídeo do making off em www.espiral.tv
Mean machine
Porsche Design Worldtimer. Referência: 6750.1344.180. Movimento: Mecânico de corda automática. Funções: Horas, minutos, segundos e segundo fuso horário à escolha mediante ajuste exclusivo Porsche Design. Caixa Ø 45mm: Titânio com tratamento PVD preto, vidro em safira estanque até 100 metros. Bracelete: Cauchu com fecho de báscula. Preço: € 9.500
Porsche Design Worldtimer. Referência: 6750.6944.180. Movimento: Mecânico de corda automática. Funções: Horas, minutos, segundos e segundo fuso horário à escolha mediante ajuste exclusivo Porsche Design. Caixa Ø 45mm: Ouro rosa 18 ct. vidro em safira estanque até 100 metros. Bracelete: Cauchu com fecho de báscula em ouro rosa. Preço: € 18.500
Porsche Design Dashboard P’6612 PGC. Referência: 6612.6944.190. Movimento: Cronógrafo mecânico de corda automática. Funções: Horas, minutos, segundos, data e cronógrafo.Caixa Ø 42mm: Ouro rosa 18 ct., vidro e fundo em safira estanque a 100 metros. Bracelete: Cautchu com fecho de báscula em titânio e ouro rosa 18k. Preço: € 11.500
Porsche Design Dashboard P’6612 PTC. Referência: 6612.1184.190. Movimento: Cronógrafo mecânico de corda automática. Funções: Horas, minutos, segundos, data e cronógrafo.Caixa Ø 42mm: Titânio, vidro e fundo em safira estanque a 100 metros. Bracelete: Cauchu com fecho de báscula. Preço: € 4.100
Porsche Design Dashboard P’6612 PAC. Referência: 6612.1744.190. Movimento: Cronógrafo mecânico de corda automática. Funções: Horas, minutos, segundos, data e cronógrafo.Caixa: Alumínio com luneta e botões em titânio revestido, vidro e fundo em safira estanque a 100 metros. Bracelete: Cauchu com fecho de báscula. Preço: € 4.100
Porsche Design PAC Portugal Edição limitada: 100 exemplares com estojo especial. Referência: 6612.1400.139. Movimento: Cronógrafo mecânico de corda automática. Funções: Horas, minutos, segundos, data e cronógrafo. Caixa Ø 42mm: Titânio e alumínio de 42 mm, vidro em safira em ambos os lados, estanque a 100 metros. Bracelete: Cauchu com fecho de báscula em titânio.Preço: € 4.100
Qual a sensação de ser fotografado não apenas na qualidade de piloto, mas também na de sex symbol?Acho muito estranho ouvir as pessoas usarem palavras como ‘sex symbol’ ou ‘estrela’ ao referirem-se a mim, porque, acima
de tudo, não me considero isso. Eu sou extremamente afortunado por ter realizado os meus sonhos, ao tornar-me piloto de
Fórmula 1. Se isto não tivesse acontecido, não estariam a fotografar-me.
Tom Munro fotografou celebridades de prestígio, como Quentin Tarantino, Dustin Hoffman, Leonardo DiCaprio, Tom Cruise, Johnny Depp, Jude Law, Keanu Reeves e muito outros. Ele é considerado, actualmente, o fotógrafo de topo da moda e das celebridades da sua geração. Quais as expectativas em relação a esta sessão fotográfica da TAG Heuer?É sempre realmente interessante ser fotografado por alguém que está claramente no topo da respectiva área. Um fotógrafo de
topo é dedicado ao seu trabalho, como eu sou às corridas, e podemos dizer isto em relação a Tom Munro.
Vê-se como um tipo porreiro ou um ‘bad guy’?Vejo-me como um tipo cheio de sorte. Sim, tive de trabalhar muito para chegar ao lugar que hoje ocupo na Fórmula 1, com a
Vodafone McLaren Mercedes, mas tenho sorte por estar aqui. Voltando à sua pergunta, sempre tentei ser um tipo porreiro. Ao
longo do meu crescimento, a minha família incutiu-me o sentido de respeito, de boas maneiras, entre outras coisas, e sempre
tentei viver de acordo com isso. Não custa nada ser educado.
Qual é a sua relação com o tempo?Tudo na minha vida tem a ver com o tempo, quer esteja em terreno de corrida, quer não. Na pista, estamos constantemente
a esforçar-nos para alcançar aquele centésimo de segundo por volta, que, num maior período de tempo, pode significar a
diferença entre perder e ganhar. Exige um enorme esforço, este processo. Fora das corridas, há uma série de actividades
de engenharia, de promoções, de treino, e são todas agendadas. Por esta razão, faço questão de garantir ao máximo que,
quando tenho tempo livre, estou com a minha família e os meus amigos.
Como recarrega baterias entre as corridas?Há um grande trabalho de preparação entre as corridas. Depois de cortarmos a meta ao domingo, no final de um Grande
Prémio, não ficamos sem fazer nada até às sessões de qualificação para as corridas seguintes. Tenho de trabalhar com
a minha equipa em programas de engenharia, tenho o meu treino para manter o ritmo, há actividades promocionais para
a equipa e para os nossos parceiros. Também tento arranjar algum tempo para relaxar, junto da minha família e dos meus
amigos. Ir ao cinema, jantar fora, corridas de carros telecomandados com o meu irmão… Apenas coisas normais que
todos fazemos.
Sente que teve de lutar para chegar onde chegou?Eu não tive de lutar. Tive apenas de trabalhar, de me dedicar totalmente e comprometer-me, para tornar os meus sonhos
realidade. Não o fiz sozinho, o apoio que recebi da minha família, em especial do meu pai, e da equipa, nos últimos dez anos,
foi fundamental. É o mesmo para toda a gente, independentemente de querermos ser piloto de Fórmula 1, médico, professor,
seja o que for. Se não fizermos por isso, nada acontece.
Qual é a sua própria linha de chegada?Eu só tenho 24 anos, nunca pensei tão à frente, para ser honesto. Como piloto, a linha de chegada marca o início e o fim da
corrida. Não iniciei a época de 2009 a pensar que sou um campeão mundial e que tudo será fácil. É o início da época seguinte
e começa tudo de novo.
Qual foi o seu maior desafio? E como conseguiu ultrapassá-lo?Nas corridas de motociclismo, há, em cada ano, um novo desafio: corridas para vencer, campeonatos por que lutar. A Fórmula
1 é o ponto alto dos desportos motorizados; por isso, vencer o campeonato do mundo de pilotos de Fórmula 1 foi, natural-
mente, o grande desafio. Mas, enquanto fui passando pelas diversas séries, havia outros desafios que eram igualmente
grandes, na altura.
Qual é o seu próximo desafio?Trabalhar com a Vodafone McLaren Mercedes para vencer o campeonato do mundo de pilotos e de construtores em 2009.
Lewis Hamilton fotografado por Tom Munro usando um Carrera Tachymeter Racing Edição Limitada Lewis Hamilton.
O tempo de Lewis Hamilton
145
EMBAIXADOR
Quais as qualidades a que dá mais valor no ser humano?O respeito e a honestidade.
O que mais aprecia nos seus amigos?O respeito, a honestidade e a dedicação.
A sua maior falta.Algumas pessoas podem pensar que sou demasiado dedicado ao meu desporto. Talvez tenha falhado em
algumas coisas, mas estou a viver o meu sonho.
A sua ocupação favorita.Piloto de Fórmula 1 pela Vodafone McLaren Mercedes.
A sua ideia de felicidade.A próxima corrida.
Os seus heróis favoritos na vida real.Não lhes chamaria heróis, mas há um enorme número de pessoas que respeito intensamente pelo que conquis-
taram nas suas vidas, como Ayrton Senna, Mohammed Ali, Nelson Mandela, Michael Schumacher.
Os seus heróis na história mundial.Nelson Mandela.
A sua comida e bebida favoritas.Comida: fajitas de galinha; bebida: sumo de groselha-preta.
O talento natural com o qual gostaria de ter sido abençoado.Ser capaz de tocar mais instrumentos musicais.
A sua divisa favorita.Não tenho uma divisa que me conduza. Só temos de acreditar em nós mesmos e trabalhar muito para atingir-
mos os nossos objectivos.
O seu filme preferido de todos os tempos.Eu vi uma série de filmes e o meu favorito tende a ser o último que vi. O meu filme favorito de todos os tempos
é o Cool Runnings. Eu gosto realmente de comédias leves, como Wedding Crashers, onde não se pára de rir
durante 90 minutos. Também há filmes que exploram de forma fascinante o mundo da condução, como o Le
Mans, com Steve McQueen, e o Bullet. Devem ter sido espectaculares de filmar.
O seu actor favorito.Não tenho um actor favorito. Há muitos que são incríveis, é difícil estar a nomear apenas um. Novamente, de-
pende do que tenha visto recentemente no ecrã. No outro dia, vi O Estranho Caso de Benjamin Button e o Brad
Pitt estava incrível. Recuando uns anos, o Steve McQueen foi sempre bonito e porreiro, não foi? Também teve
de filmar alguns dos melhores filmes de carros e perseguições de carros de todos os tempos.
Cantor que mantém na top list do MP3?Bob Marley.
O que vestiria para……ir às compras?Calças de ganga Boss, t-shirt, casaco, calças de fato-de-treino, muito desportivo, e o meu TAG Heuer Formula
1 Chronograph, a condizer.
…voar?O mesmo.
…ir a uma festa de um amigo?Depende da festa, mas, de tempos a tempos, gosto de usar um fato Boss Dark, com camisa, sem gravata, e o
meu TAG Heuer Link Calibre 36 com diamantes.
…ir a um evento com passadeira vermelha?Fato Boss e o meu Grand Carrera Calibre 17 em ouro rosa… Funcionam perfeitamente juntos.
…estar em casa?Calças de ganga Boss, t-shirt, casaco, calças de fato-de-treino, muito casual e o meu TAG Heuer Carrera
Tachymeter Racing.
Lewis Hamilton fotografado por Tom Munro usando um Grand Carrera Calibre 17 RS2 Chronograph.
147
EMBAIXADOR
– Eles andam aí.
Sim, já me tinham avisado e, no entanto, fui fazendo orelhas moucas. Tinha
consciência de que não estávamos sozinhos mas usando a técnica da aves-
truz preferi esconder a cabeça na areia a investigar a fundo a séria ameaça
que aquele aviso continha.
– Eles?
– Sim, eles! Tem cuidado, são muitos e preparam-se para uma invasão.
Ninguém sabe o que lhes vai na cabeça e têm máquinas aterradoras, intimi-
dadoras. Naves e canhões galácticos de plasma temporal.
– Isso é alarmismo! Já vi de tudo e não serão certamente uns marcianos de
trazer por casa que me vão tirar o sono.
Admito agora, escondido neste planeta hostil, que deveria ter sido mais
prudente. Vim meter-me na boca do lobo. Vi coisas que nunca imaginei e
que dificilmente me sairão da cabeça até ao fim dos meus dias.
Esta é a primeira parte das minhas memórias. Espero que estes meus regis-
tos me sobrevivam. Que sirvam de alerta para todos vocês.
Vi com os meus olhos as mais aterradoras experiências da micro-mecânica,
combinações impossíveis de rodas dentadas e engrenagens rotativas.
Cons tatei a sua precisão e temível poder estético.
Vi como a sua estranheza e invulgaridade se torna sedutora. Vi tantos outros
que, como eu, deslumbrados por este encantamento mecânico, se perde-
ram na contemplação destas máquinas, destes objectos, destas criações
marcianas, para nunca mais voltarem à razão. Também eu estive hipnotiza-
do mas graças ao meu intenso treino nestas lides da espionagem escapei
para contar ao mundo a ameaça que aí vem.
Trouxe registos e são eles a prova de que não perdi a razão, que tudo isto
não é apenas fruto da minha imaginação. É uma invasão real que cresce de
dia para dia. Lenta mas firmemente conquistando seguidores, admiradores
enfeitiçados pelas criações destes marcianos.
Como dizem os ingleses “fear not”! Eu estou aqui, na linha da frente,
Colocando a minha vida em risco para desmascarar e contar ao mundo os
planos infames desta eminente invasão marciana.
Marte, 26 de Maio de 3016.
Por Mr. Spock
Não era tarefa fácil. A julgar pelos planos técnicos, que
todos me queriam fazer crer serem de possíveis peças
relojoeiras, percebi que a trama era mais complexa do
que parecia à primeira vista.
Estas máquinas, nascidas do espírito de outros tempos, são parte da nossa herança.
Pesquisar mais profundamente, criar algo novo e melhorar sempre a cada passo são os
lemas desta “sinistra” organização com o “sinistro” nome Urwerk.
Os chefes, Felix Baumgartner e Martin Frei, estão à frente de um conjunto de seguidores fiéis
e dispostos a tudo para concretizarem as mais intimidadoras e bizarras criações dos seus
mentores. Segundo ouvi, parece que no caso de Felix Baumgartner, esta tendência para as
máquinas mecânicas já vem de família, pai e avô foram a sua inspiração. Para se ter uma
ideia do ponto a que chega a motivação destes marcianos posso dizer que vi com os meus
próprios olhos o cuidado e a dedicação que colocam em cada uma das suas criações.
Fazem-nas à mão e até usam materiais preciosos como o ouro para melhor as disfarçarem.
Os seus nomes são tão assustadores como ‘UR103WG’, códigos certamente, segredos
ainda guardados.
Max Büsser rodeou-se de amigos e, pensando que iríamos cair na esparrela, chamou às
suas invenções marcianas ‘HM2’ e ‘HM3’. Como se baptizando as suas naves de guerra
intergalácticas com aqueles nomes inofensivos nos apanharia com a nossa guarda em baixo.
Não a mim. Já sou demasiado experiente nestas andanças de invasões marcianas. Fui, no
entanto, apanhado de surpresa ao ver a evolução dos seus exércitos. Motivados, são cada
vez mais e cada vez mais arrojados. Orgulham-se da sua independência e de não presta-
rem contas a ninguém. São artesãos dedicados e sabem o que fazem o que, para mim, é
bastante assustador. O seu poder cresce, as suas naves já aterraram na Terra conquistando
admiradores dispostos a tudo para participarem nos seus loucos planos de invasão. Max
Büsser and Friends, ou MB&F, é um sedutor, mas nem a sedução do suposto disfarce de um
clássico Maximilian me consegue enganar. Prepara a tua invasão Max, traz os teus amigos,
eu estarei na linha da frente da resistência!
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Por Cesarina Sousa
O desafio dos limites
Ao fazer da cronometragem uma paixão, a TAG Heuer ajudou a transformar a Fórmula 1 na disciplina máxima do desporto motorizado. História de uma associação contabilizada ao milésimo de segundo.
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Formula 1 Chronograph. Referência: CAH1010.BT0717. Movimento: Cronógrafo de quartzo. Caixa Ø 44mm: Aço, vidro em cristal de safira anti-riscos e estanque até 200 metros. Funções: Horas, minutos, pequenos segundos nas 3h do relógio; contador 1/10seg. nas 6h e contador de minutos ‘twin hand’ do cronógrafo nas 9h; grande data. Bracelete: Cauchu com fivela em aço. Preço: € 1.180
Formula 1 Watch Alarm. Referência: WAH111A.BT0714. Movimento: Quartzo. Funções: Horas, minutos, segundos, data e alarme. Caixa Ø 41mm: Aço, luneta em cauch, vidro em cristal de safira anti-riscos e estanque até 200 metros. Bracelete: Cauchu com fecho duplo de segurança. Preço: € 875
A TAG Heuer ocupa a pole position no circuito da cronometragem desporti-
va. O CEO da marca, Jean-Christophe Babin, não esconde o segredo: «é
tudo uma questão de DNA». A TAG Heuer «transporta consigo os genes
visionários dos seus fundadores». Em causa estão desafios como inova-
ção, performance, prestígio e uma constante demanda da precisão. Como
objectivo de vida, a marca procura «conceber os relógios e cronógrafos de
desporto mais prestigiados, precisos e vanguardistas do mundo». Para su-
perar o objectivo é necessário um laboratório de experimentação com altos
níveis de exigência. O mundo da Formula 1 (F1) é o parceiro ideal.
Da precisão à Formula 1: Uma evolução naturalO envolvimento da TAG Heuer com a F1 surge como evolução natural da
relação simbiótica que a marca suíça estabelece com o desporto automóvel
desde 1911. A história fala por si: se, por um lado, o mundo da competição
baseia a sua existência na contagem de períodos de tempo, a TAG Heuer
aceita o desafio de conceber cronógrafos de extrema precisão. Ambos são
participantes activos e ambos beneficiam desta relação. Quando diversas
equipas de Campeonato do Mundo de F1 de 1950 seleccionaram instrumen-
tos Heuer como contadores, a marca dava as primeiras voltas na pista dos
nomes de referência para a cronometragem de eventos da modalidade. Anos
mais tarde, é um piloto que estimula a participação activa da Heuer na F1.
Jack Heuer recorda o episódio: «quando estava à procura de uma maneira
de publicitar um novo cronógrafo automático, havia um piloto suíço – Jo
Siffert – com quem falámos e fizemos um acordo em que ele usaria um
logótipo no fato de corrida e o relógio no pulso. Foi assim que entrámos na
F1, em 1969, numa altura em que não havia patrocinadores fora do mundo
automóvel: fomos os primeiros. O Jo Siffert apresentou-me ao Clay Regaz-
zoni, o Clay Regazonni apresentou-me à Ferrari e entrámos definitivamente
na F1».
Da Ferrari à McLarenDepois de reconhecidos sucessos, em 1971, a Heuer é seleccionada para
Cronometrista Oficial da escuderia Ferrari. Da parceria nasceu o heróico
Centigraph, que permitia a cronometragem simultânea de 20 carros. Ao lon-
go da década de 70, a marca continuou a desenvolver sistemas inovadores
e adaptou-se às evoluções de outras áreas tecnológicas para aperfeiçoa-
mento próprio; já os anos 80 representaram momentos de intensa mudança:
a Heuer associou-se à TAG (Techniques-D’Avant-Garde) e a ligação à F1
foi reforçada.
Em 1986 dá-se início à mais longa parceria entre uma empresa e uma
equipa de automóveis. Os protagonistas são a McLaren e a TAG Heuer; o
resultado foi um sucesso. Ainda hoje a mítica associação dá os seus frutos,
não tivesse Lewis Hamilton (piloto McLaren Mercedes Vodafone e embaixa-
dor da TAG Heuer) conquistado, em 2008, o título de Campeão do Mundo
de Formula 1. Nas palavras do jovem piloto, «nas corridas esforçamo-nos
constantemente para ir ao encontro daquele centésimo de segundo por volta
que, num maior período de tempo, pode significar a diferença entre ganhar e
perder». É este que continua a ser o terreno de acção da TAG Heuer.
A precisão de Jean CampicheQuando folheamos a história da precisão TAG Heuer, Jean Campiche é um
nome que se destaca. Ex-piloto de motociclismo, engenheiro electrotécnico
e cronometrista reconhecido desde os tempos Heuer, foi a aposta para a
criação de um departamento especializado em cronometria, em meados dos
anos 80. Em 1992, a TAG Heuer foi seleccionada para Cronometrista Oficial
do Campeonato do Mundo de Formula 1, um lugar que ocupou durante
quase uma década.
Terminada a parceria e estabelecidos novos desafios, a marca lançou-se na
demanda da cronometragem ao 1/10000º de segundo. Para isso, escolheu
como campo de experimentação as corridas norte-americanas do Indy
Racing League (IRL) e as 500 Milhas de Indianópolis (Indy 500). Enquanto
parceira da F1, a TAG Heuer contribuiu de forma decisiva para uma nova
consciência das noções de tempo e de precisão. A título de exemplo, foram
os sistemas de cronometragem TAG Heuer, desenvolvidos nos anos 80 e 90,
que vieram possibilitar o acompanhamento em directo e pela televisão de
todos os pormenores das competições automóveis. Hoje a marca orgulha-se
de ser a única marca relojoeira de luxo apta a fabricar cronógrafos precisos
ao 1/10º, 1/100º, 1/1000º e 1/10’000º de segundo.
Das pistas aos relógios Formula 1O envolvimento da TAG Heuer com o desporto automóvel influenciou activa-
mente a criação relojoeira. Alguns dos modelos concebidos, como o Monza,
o Carrera e o Monaco, assumem um lugar incontestável no pódio das lendas
TAG Heuer, outros são sinónimo de desporto motorizado e não só. Lançada
nos anos 80, a linha F1 veio celebrar a presença da marca nas pistas da mo-
dalidade que a intitula e representou um verdadeiro êxito: os relógios aliavam
de forma genial o look desportivo a soluções funcionais de excepção. Por
isso mesmo, os modelos foram conhecendo diferentes versões adaptadas
às exigências dos novos tempos.
Jean-Christophe Babin classifica a linha F1 como a mais popular entre os
jovens e aquela que permite o acesso ao mundo TAG Heuer. Não é por
acaso, que nomes como Lewis Hamilton, Kimi Räikkönen e Fernando Alonso
são os pilotos directamente associados aos relógios e cronógrafos F1 e não
é por acaso que os dois últimos conheceram modelos exclusivos em sua
homenagem. A série F1 não é apenas a celebração de uma das parcerias
mais construtivas no âmbito tecnológico; é, acima de tudo, um elenco de
modelos de forte carácter que definem toda a vertente racing do código
genético TAG Heuer. Ao surgirem com potentes caixas de 44 milímetros e
amadurecidos com novas funções, os últimos modelos provam que o prestí-
gio da marca reside na sua capacidade de evoluir, no constante esforço de
auto-superação e no espírito de dinamismo que é crucial para desafiar os
limites da precisão.
155
FORMULA 1
Enquanto parceira do mundo automóvel e, em particular da Formula 1, a TAG Heuer procurou
sempre associar-se aos melhores pilotos do mundo como embaixadores e muitos intervieram no
desenvolvimento de produtos através de sugestões e de testes de protótipos. Desta forma, a TAG
Heuer foi apresentando diversos modelos de homenagem aos pilotos que a representam. Nas diver-
sas modalidades, nomes como Jo Siffert, Ayrton Senna, Juan Manuel Fangio, Niki Lauda, Alain Prost,
Jacques Villeneuve, Michael Schumacher, Mika Häkkinen, David Coulthard, Sébastien Bourdais e
Sarah Fischer exibiram relógios TAG Heuer em momentos altos da sua carreira. Actualmente, os
jovens Kimi Räikkönen, Sebastien Vettel, Fernando Alonso e Lewis Hamilton encarnam, na perfeição,
o espírito da marca.
Embaixadores de prestígio
Quando, no final dos anos 90, a Louis Vuitton decidiu avançar para os relógios, o que é que o investidor tinha em mente? Quando começámos
a nossa actividade na área da relojoaria tomámos desde logo uma série de
decisões muito claras. A primeira foi quanto à forma: os nossos relógios tinham
que ser imediatamente identificáveis como um produto Louis Vuitton. E assim
surgiu o modelo Tambour, em 2002. A segunda decisão era que os nossos
relógios tinham que ter autenticidade em termos técnicos, e assim equipámos
desde o início as nossas peças com calibres de alta qualidade. Mas também
autenticidade em termos formais, algo que não fosse uma cópia do que já
existia. A ideia não era fazer ‘relógios de moda’ mas antes verdadeiros relógios.
Os nossos cronógrafos, por exemplo, estão equipados com um calibre Zenith,
o célebre El Primero. Mas, a curto prazo, vamos apresentar o nosso próprio
calibre. E isso prende-se com a terceira decisão: iríamos ter desde o começo
a nossa própria fábrica. O facto de pertencermos ao grupo LVMH facilitou-nos
muito a vida. Se os movimentos vêm da Zenith, podemos pedir a pessoas
da TAG Heuer que se encarreguem da assistência pós-venda ou do desen-
volvimento do novo calibre, pois eles são peritos nisso. Foram essas sinergias
dentro do grupo que nos permitiram arrancar tão depressa. A quarta decisão
foi, a partir do arranque, integrar a pouco e pouco o know-how relojoeiro na
nossa fábrica, em La Chaux-de-Fonds. E, assim, conseguimos ter hoje na
colecção um turbilhão ou um ‘misterioso’, que aparecerá este ano, já com um
calibre de manufactura LV.
Qual o ADN de uma peça Louis Vuitton? Os nossos relógios – e isso viu-se
desde logo na colecção Tambour, têm funções ligadas à tradição Louis Vuiton
– são feitos para viajantes elegantes, sobretudo homens, a quem faz falta
medir tempos, de ler um segundo fuso horário. E, depois, há toda uma tradição
da marca em relação ao mar, pelo que juntámos a função regata, por exemplo,
ou concebemos relógios de mergulho. Afinal, somos há 25 anos os patrocina-
dores da Louis Vuitton Cup em Vela! E, assim, nestes três segmentos – cronó-
grafos, viagens, náuticos – temos introduzido uma série de inovações técnicas
em termos de caixas, como o revestimento em aço negro, que se consegue
com um bombardeamento atómico e dá o efeito do PVD, mas é muito mais
duro e resistente do que ele. É um processo patenteado e de nosso uso
exclusivo. Isto quanto à linha masculina. Para senhora, e embora tenhamos
modelos com calibres mecânicos e automáticos, decidimos na base dos dois
critérios principais que levam uma mulher a eleger um relógio: simplicidade nas
funções (com movimentos de quartzo) e qualidade no design. Materiais, forma,
cor, são aqui a prioridade. Mas sem demasiadas declinações, pois não esta-
mos no ‘campeonato’ dos relógios de moda, queremos criar valores seguros
e perenes. Isso não quer dizer que os nossos relógios não sejam facilmente
reconhecidos, pois procuramos que tenham a ‘assinatura’ Louis Vuitton – nas
cores castanho e amarelo, nos mostradores e ponteiros; no tipo de pesponto
nas pulseiras, o mesmo usado nos sacos, etc.
Quando se lançaram no mundo dos relógios, há sete anos, a imagem que projectavam era a de uma marca internacional do mundo do luxo e da moda. Em termos relojoeiros, já se sentem com maior legitimidade? Há
duas maneiras de responder à sua pergunta. Dentro do grupo, sentimo-nos
confortáveis. Não temos nada a esconder, pois trabalhamos com os melhores
do mercado, seja em termos de caixas, de mostradores, de calibres. Visto do
exterior, para ser honesto, penso que ainda não atingimos o tipo de reconheci-
mento que devíamos ter. Mas há uma razão por detrás disso: vendemos ape-
nas na nossa rede de boutiques, não somos tão visíveis como outras marcas
de Alta Relojoaria, que estão na rede de retalho mundial. Não que pensemos
que não haja retalhistas com qualidade, mas apenas porque a nossa estratégia
sempre passou por cativar um cliente que quer comprar Louis Vuitton, sejam
malas, sapatos, adereços... ou relógios, e sabe onde vai encontrar o nosso
mundo – nas boutiques Louis Vuitton, onde nunca há saldos, e onde os preços
são sempre os que estão anunciados... Achamos que a ida a uma boutique
nossa é uma experiência completa e que o serviço que oferecemos é único.
O valor de um produto só está completo quando termina a sua apresentação,
dentro de uma das nossas boutiques. No sector relojoeiro, mesmo entre outros
fabricantes, somos pouco conhecidos – os meus colegas não sabem quantos
relógios produzimos, que fazemos mensalmente um turbilhão, desde há 60
meses, que tivemos a capacidade de desenvolver o nosso próprio movimento.
Preferimos proteger e valorizar o serviço aos nossos clientes em vez de estar
presentes no circuito retalhista normal, onde nos apresentaríamos de formas
muito diferentes. Preferimos seguir este caminho, que não é tão fácil em
termos de visibilidade, mas achamos que, a pouco e pouco, vamos tendo esse
reconhecimento exterior. Dou-lhe um exemplo – os nossos turbilhões não são
peças fáceis de comprar, custam 165 mil euros, sem descontos. E as pessoas
que os compram não brincam com esta quantidade elevada de dinheiro, são
coleccionadores, que sabem o valor da peça em causa. Pode ter sido uma de-
cisão emocional, e geralmente é, mas sabem que adquiriram algo que não vai
perder valor com o tempo, antes valorizar. Esse tipo de pessoas não compra
uma coisa só por ser muito cara, sabendo que ela terá o seu valor diminuído
passado um mês, mas porque sabem que o turbilhão Louis Vuitton valerá mais
dentro de um ano, de cinco, de 20. Também é uma decisão racional. Acima
de tudo, queremos que quem entre nas nossas boutiques se sinta confortável,
quer venha ou não a comprar. Não fazemos descontos, não há saldos de
fim do ano ou de fim de estação, os nossos colaboradores não trabalham à
comissão, pelo que não há pressão para que compre já hoje.
Pela primeira vez, a Louis Vuitton colocou em 2008 os seus relógios a concurso no Ponteiro de Ouro, no Grande Prémio de Genebra. Isso insere-se na busca de legitimidade e visibilidade relojoeira? Certamente.
A princípio, não queríamos mostrar-nos demasiado, mas decidimos concor-
rer ao fim de dez anos no sector, porque achámos que já era altura de sermos
apreciados pelos nossos pares. Entre os mais de 500 modelos que se apresen-
taram ao Grande Prémio de Genebra, estivemos na selecção dos 40 melhores
modelos de relógios do ano, o que foi muito bom, para uma primeira vez, e
especialmente com uma marca que apenas vende nas suas boutiques, algo
único entre todas as marcas. A Patek Philippe, com uma das mais selectivas
redes no sector, tem 650 pontos de venda em retalhistas em todo o mundo,
nós temos apenas 200, na nossa rede de boutiques, o que lhe dá a ideia do
nosso grau de exclusividade. Não estou a dizer com isto que sejamos melho-
res, apenas que este é o nosso modelo de negócio.
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ENTREVISTA
A Louis Vuitton apresentará este ano o seu primeiro calibre de manufactura. Albert Bensoussin, um quadro ligado à relojoaria desde há mais de 30 anos, está desde o início à frente do sector relojoeiro da grande marca de luxo mundial. Falámos com ele em Madrid. Legitimidade relojoeira e exclusividade são os pilares de uma aventura que começou em 2002.
Entrevista a Albert Bensoussin, responsável dos relógios Louis Vuitton, por Fernando Correia de Oliveira
Só se vende nas boutiques...
PetrussiO relógio parou, subitamente, de forma tranquila e definitiva.
O que se julgava ser pouco mais do que uma intervenção rotineira – como o próprio, naquele seu jeito muito peculiar, tinha feito constar, de modo restrito e reservado, como sempre fazia questão de tratar o assunto – veio, infelizmente, a revelar-se o grão de areia que emperra o melhor dos mecanismos do relógio da vida.
Choro o privilégio perdido do Amigo cuja presença, intensa e permanente, agora é um vazio de dimensão que antes não podia suspeitar.
Fazes-me – fazes-nos – falta, Petrussi.
A relojoaria em Portugal deve muito, quase tudo, ao Pedro Torres. A ele e à sua equipa se ficam a dever inúmeras iniciativas, tão engenhosas quanto atrevidas, de promoção de marcas e modelos no nosso país. As séries dos pintores portugueses; da Tapada de Mafra; do Carlos do Carmo; do Pride of Portugal; e tantas outras que colocaram Portugal na vanguarda do coleccionismo relojoeiro e mostraram às helvéticas manufacturas que havia cá quem melhor pensasse e realizasse.
Quem o conheceu sabe que era um fazedor de sonhos.
Quem mais, se não ele, se lembraria de organizar as festas do 40.º e 50.º aniversários do Franck Muller, que, para o efeito, veio expressamente a Portugal?!... ouvir cantar o fado na penumbra do pátio interior da Torre de Belém, com as paredes exteriores cobertas com o colorido dos números árabes de um mostrador Crazy Hours.
Felizmente, o espírito sobrevive na equipa que ele formou. Equipa ganhadora, portanto.
Por seu intermédio, tive o privilégio de privar algumas vezes com Franck Muller e com François--Paul Journe – expoentes cimeiros da relojoaria moderna, Breguets hodiernos e pude constatar a admiração e amizade que tinham pelo Pedro Torres. Por isso, fizeram questão de vir a Portu-gal, no dia do seu funeral, quase anónimos entre as centenas de pessoas presentes.
Há dias, sonhei com o meu Amigo Pedro Torres. Estava com aquele seu ar esfusiante, inigua-lável, como dantes. Falava de um Mundi, caixa ‘batajola’, dizia que era preciso vê-lo quando chegasse, produto extraordinário da nova relojoaria. Estava sentado, numa mesa, a falar com um sósia sentado à sua frente, comigo ao lado, a assistir. Acordei tristonho, mas depois sorri. Afinal, o meu Amigo Pedro Torres continua por aí.
“P.S.: Este escrito deveria ter sido publicado há algum tempo, mas porque no meu espírito ele se mantém actual, pareceu-me que deveria ser publicado agora, no contexto de uma nova fase da Espiral, com conteúdos remodelados em consequência da profusão e riqueza daqueles que se encontram no site da Torres. O meu Amigo teria seguramente aprovado essa remodelação e estaria empenhado no seu sucesso, com toda a sua energia, que era muita!”
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CRÓNICA FERNANDO CAMPOS FERREIRA
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