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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – NPGA
PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL AVANÇADA – CPA
CÉLIA JESUS PEREIRA
ELISIO SANTA CRUZ GUEDES
NISSILENE FERREIRA OLIVEIRA DE JESUS
GESTÃO SOCIAL EM COOPERATIVAS POPULARES
SALVADOR
2005
CÉLIA JESUS PEREIRA
ELISIO SANTA CRUZ GUEDES
NISSILENE FERREIRA OLIVEIRA DE JESUS
GESTÃO SOCIAL EM COOPERATIVAS POPULARES
Atividade de pesquisa de campo apresentado ao curso de especialização em administração, promovido pela Escola de Administração/UFBA, como pré-requisito para elaboração da monografia final, sob orientação metodológica do Prfº Dr. Robinson Tenório Moreira Tenório.
SALVADOR
2005
“Para os operários o capital representa
a força de trabalho produtiva social, para
o capital o trabalho produtivo representa
apenas o trabalho de operários isolados”
(KARL MARX)
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.................................................................... 4
CAPÍTULO 1 GESTÃO SOCIAL............................................................... 5
Gestão Social Diante da Crise do Trabalho....................... 6
Gestão Social: Um conceito à desconstruir........................ 9
Gestão Social como Modalidade Específica de Gestão..... 10
CAPÍTULO 2 COOPERATIVISMO.......................................................... 14
Cooperativismo Popular: Um conceito em formação....... 16
Experiências Em Cooperativas........................................... 18
Cooperativas de Trabalho................................................... 19
CAPÍTULO 3 ECONOMIA SOLIDÁRIA...................... ........................... 20
Hibridação de Economias 22
Organizações Sem Fins Lucrativos.................................... 25
REFERÊNCIAS................................................................... 29
Considerações Finais 31
APÊNDICES 32
MODELOS DOS QUESTIONÁRIOS DE PESQUISA
TABULAÇÃO DO QUESTIONÁRIO DE PESQUISA
APLICADO
ANÁLISE DOS AUTORES E CRÍTICA DA EQUIPE
CÓPIA DO MODELO DE PESQUISA SEMI-
ESTRUTURADA
RELATÓRIO DE ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA
4
INTRODUÇÃO
O objetivo deste estudo monográfico é caracterizar e analisar o modelo de gestão
sobre o ponto de vista da pratica solidária desenvolvida pela Cooperariva de Mulheres do
Parque São Bartolomeu.Procurando investigar dados históricos, analises de visões sobre
gestão Social,experiências reais e interpretações sobre o cooperativismo no Brasil e no mundo
com maior ênfase no cooperativismo popular,e seus efeitos no resgate da cidadania com
repercussão na sociedade.
Inicialmente nosso trabalho de pesquisa tinha como tema economia solidária, sendo a
problemática: Como caracterizar o modelo de organização e gestão pela Fundação terra
Mirim. Porém, depois da conclusão do anteprojeto de pesquisa, tivemos mais uma reunião
com alguns membros da Fundação terra Mirim, que nos informaram a inviabilidade da
continuidade da pesquisa, em virtude de um processo de reorganização interna.
Pela relevância do tema, decidimos continuar a mesma linha de pesquisa
acrescentando a gestão social, e para isso, sob sugestão do Bansol e orientação do Profº. Dr.
Robinson Tenório, vamos dar continuidade a nosso projeto de pesquisa na Cooperativa de
Mulheres do parque São Bartolomeu.
A gestão social em cooperativas populares pode dar uma grande contribuição na
construção de um novo modelo de organização, de gestão das demandas e necessidades
sociais. A gestão social apresenta, para além do estado, a gestão das demandas e necessidades
sociais pode ser dar via a própria sociedade, através das suas, mais diversas formas e
mecanismos de auto-organização, especificamente o fenômeno associativo.
A mobilização dos recursos públicos e privados pelas cooperativas deve Ter total
transparência, democratização das ações, desenvolvimento das organizações com geração de
emprego e renda, na busca de uma melhor qualidade de vida, resgate da cidadania, e o
exercício pleno e ativo dos direitos e responsabilidades do cidadão.
As cooperativas de base solidária exige o respeito e a cooperação dos
empreendimentos e organização dos trabalhadores sem a tutela de estado e longe das práticas
burocratizadas que suprime a participação direta dos cidadãos trabalhadores.
5
Gestão Social como Alternativa
A gestão social é uma temática que vem sendo discutida na visão de diferentes
teóricos, para identificar as mais variadas práticas sociais não apenas na área governamental,
como em organizações não governamentais (ONGs), associações, até mesmo no setor
privado, sendo ainda um conceito em construção. A gestão social abrange uma grande
variedade de atividades que intervêm em áreas da vida social em que à ação individual auto-
interessada não basta para garantir a satisfação das necessidades essenciais da população.
Estas áreas são bastante diferenciadas, indo desde o abandono de crianças e de idosos por
parte dos familiares, a falta de abrigo para indigentes e enfermos físicos ou mentais, até a
exclusão temporária ou definitivas da produção social de pessoas aptas ao trabalho e
necessidades de renda.
Na visão de Singer (1999, p.55), as atividades voltadas para estas áreas são, na maioria
das democracias capitalistas, de responsabilidade pública, embora igrejas e grupos leigos
ecumênicos também se engajem nelas. Elas constituem elaborada rede de instituições
seguradoras ou previdenciárias, suplementadas, por iniciativas cidadãs, que formam o Estado
de Bem-Estar social. Grande parte da controvérsia atual sobre o referido Estado é suscitada
pela onda neoliberal que procura desonerar o Estado de tais responsabilidades, ou seja, no
mínimo transferir o máximo delas a empresas privadas, sujeitas às leis da concorrência,
mesmo quando não visam lucro.
A crítica neoliberal se dirige a um Estado de Bem-Estar Social que é, em grande
medida, resultado de conquistas de um movimento operário animado por idéias socialistas e
pela ética anti-invidualista, enaltecedora da solidariedade e desconfiada da competição. A
crítica se volta contra a tutela e o desincentivo que às ações assistencialistas ocasionariam, na
medida em que tornam os beneficiários dependentes de auxílios transferidos sem
contrapartidas e na medida, também, que a continuidade do auxílio depende da permanência,
da carência ou do desamparo.
Os governos neoliberais procuram reestruturar o Estado de Bem-Estar Social através
de transferência de atividades de órgãos públicos estatais a empresas privadas, organizações
sociais de caráter público não estatal (Ongs contratada pelo Estado) ou a parceria entre
autarquias governamentais e entidades privadas. Há naturalmente forte resistência a esta
reestruturação, por uma variedade de motivos, sendo o mais óbvio deles que a variante
6
neoliberal de gestão social deixa de atender grande parte dos necessitados para estimulá-los a
se auto-ajudar.
Gestão social diante da crise do trabalho
A maioria dos países capitalistas, estão mergulhados em uma crise do trabalho social
que se manifesta sob a forma de taxas elevadas de desemprego, de aumento do desemprego de
longa duração, que em muitos casos se transforma em patologia social e em exclusão social.
A crise se manifesta por conseqüência do empobrecimento de milhões de famílias que haviam
usufruído no mínimo um padrão satisfatório de vida, o que agrava sabidamente outras
carências: de saúde, de habitação, de escola, de alimentação (Singer, 1999, p.56).
Os neoliberais atribuem à crise dos impactos da revolução microeletrônicas sobre a
produtividade do trabalho, ao aumento da competição internacional causado pela abertura das
fronteiras ao intercâmbio de mercadorias e a inflexibilidade da legislação do trabalho, que
impede o ajustamento de preços do trabalho às novas condições de oferta e demanda da força
de trabalho. De acordo com esta interpretação, grande parte do desemprego poderia ser
reduzida se o salário mínimo, indenização por demissão, encargos sobre a folha de pagamento
etc, fossem eliminados da legislação e se o nível escolar da força de trabalho fosse
rapidamente elevado, para atender os reclamos das novas tecnologias da informática.
Na análise de (Singer, 1999, p.57), os adversários do neoliberalismo - marxistas e
keneysianos de diversas orientações, que chamamos daqui em diante de “estruturalista” -
atribuem a crise do trabalho principalmente ao lento crescimento das economias nacionais,
resultado de uma expansão da demanda efetiva (global) inferior à da produtividade do
trabalho. O crescimento insuficiente para oferecer oportunidades de trabalho e renda a todos
que as necessitam seria o resultados de políticas monetárias restritivas, de juros reais altos e
créditos escassos, aplicadas por governos que priorizam o combate a inflação (ou o que
poderia vir a ser uma ameaça de inflação), e entendem que a taxa “natural” de desemprego é
produzida pelo funcionamento do mercado de trabalho.
O crescimento tem se desacelerado desde a década de 70, tendo perdido o ritmo de
década em década desde então. A vaga neo-liberal reduziu acentuadamente em muitos paises
(inclusive no Brasil) a dimensão do setor público mediante privatização ou fechamento de
empresas estatais. Este fato diminui a possibilidade de políticas pública de inversão que
7
“puxassem” o crescimento do resto da economia, como ocorria nos anos 50 e 60. Essas
políticas monetárias têm se pautado cada vez mais pela doutrina monetarista, que as submete
ao objetivo único de preservar o valor da moeda (equivalente à estabilidade dos preços). É
importante não esquecer que esta é a política monetária favorecida pelos que controlam os
fluxos internacionais de capital privado, de que quase todos os países que se abriram a eles,
hoje dependem simplesmente para fechar suas contas externas.
A controvérsia sobre as causas da crise do trabalho leva, como seria de se esperar, a
proposta de política macroeconômica opostas. No caso do Brasil, o neoliberalismo propugna
pelo crescimento por meio da integração da economia nos mercados mundiais e do
recebimento de volumosos investimentos diretos do exterior. A manutenção da confiança dos
investidores externos - ou a sua reconquista, quando perdida - é vital para que o país possa
prosseguir na rota do endividamento crescente no exterior. A expectativa é que no longo
prazo a economia alcançará as economias mais adiantadas em termos de produtividades e
competitividade e então as contas externas tornam-se superavitárias, possibilitando servir as
dívidas, financiar abundantes remessas de rendimentos ao exterior e eventualmente amortizar
nossos débitos.
Na compreensão de (Singer, 1999, p.58), a proposta “estruturalista” a prioridade de
uma luta contra a recessão e o desemprego mediante a retomada imediata do crescimento
econômico. Como isso exige forte redução da taxa de juros e desvalorização da moeda
nacional, a proposta fere os interesse imediatos dos investidores externos (o endividamento
apenas sustentável, com entrada de capital, cada vez maior, apresentando uma probabilidade
de perdas ainda maior). Por isso, os estruturalistas propõem o controle de fluxos de capitais
sobre nossas fronteiras, tanto para brecar a sua fuga como reduzir a vulnerabilidade e
dependência financeira do exterior.
A gestão social diante da crise apresentada se divide em duas visões que se
contrapõem na maioria dos países. Embora muitos governos não se alinhem inteiramente a
uma destas visões e combinem, pragmaticamente, elementos de ambas para formular seu
programa, para facilitar o entendimento, manteremos o pressuposto de que as posições
neoliberais e estruturalistas não se misturam.
(Singer, 1999, p.58), coloca que a gestão social neoliberal enfatiza a expansão das
matrículas escolares como, luta preventiva contra o desemprego futuro (quando as crianças de
hoje entrarem no mercado de trabalho). Além disso, prioriza cursos de reciclagem
8
profissional, sobretudo para desempregado de baixa escolaridade. E em vez de transferir à
renda a necessitados, sob a forma de seguro-desemprego ou renda mínima ou ainda renda
cidadã, os neoliberais preferem facilitar o crédito a pessoas sem trabalho que pretendem abrir
um negócio por conta própria. Outra proposta neoliberal é transformar direitos trabalhistas,
como 13º salário, horas extras pagas a mais, férias subvencionadas por 1/3 do salário, etc., em
itens contratuais, de modo que nas empresas em má situação os trabalhadores possam
renunciar, em parte ou inteiramente, a eles em troca de manutenção de seus empregos. Além
disso, propõe-se flexibilizar as relações de trabalho mediante a legalização de formas
precárias de emprego, como o trabalho temporário ou a demissão temporária, para incentivar
as empresas a empregar mais ou desempregar menos.
A onda neoliberal dos anos 80 e 90 fazia crer nas vantagens de um mercado livre e
sem controles. A idéia de estado mínimo e a primazia do mercado se impunham como receita
mágica para enfrentar a crise. Em decorrência, implementaram-se a descentralização das
ações governamentais; a privatização das atividades econômicas e mesmo as sociais exercidas
pelo Estado; e se tentou consolidar a substituição de um welfare state por um welfare
dualizado, ou seja, um sistema de bem estar social no qual o mercado cuida daqueles com o
poder de compra e deixa os grupos mais vulneráveis sob responsabilidade das instituições
locais (municipalidades ou solidariedade privada); o primeiro mais generoso, regido pelos
princípios do mercado, e o outro, local, predominantemente público, voltado para atender
precariamente os marginalizados (Abrahamson, 1992:7), em diálogo com (Brant de
Carvalho,1999, p.22).
O projeto neoliberal neste período não vem conseguindo dar respostas as grandes
necessidades dos excluídos, pois o que vem ocorrendo é o aumento da concentração de renda,
aprofundamento das desigualdades sociais e descaracterização do Estado-Nação. Nesse
sentido é necessário resgatar o papel do estado como indutor do processo econômico,
impulsionador das grandes respostas econômicas e sociais às reivindicações populares.
A gestão social estruturalista enfatiza a criação direta de oportunidades de trabalho a
trabalhadores se possível organizados. Em países como o Brasil uma modalidade importante
desta forma de gestão social é a reforma agrária. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra (MST) recruta pessoas desejosas de fixar no campo, mas que não dispõe de recursos, e
as concentra em acampamentos à beira de estradas. Quando à ocasião se oferece, O MST
promove a ocupação de propriedades em que a terra é subutilizada e que por isso estão sujeita
9
a expropriação para fins de reforma agrária. Em numerosos casos os ocupantes são despejados
por ordens judiciais e evacuados pela polícia. O conflito fundiário assume muitas vezes
formas violentas com perdas de vidas humanas. Mas, apesar de tudo, cerca de 200.000
famílias conseguiram terras mediante a reforma agrária no Brasil, das quais cerca da metade
pertence ao MST. Outra forma é a defesa da pequena propriedade, mediante isenção fiscal
crédito subsidiado e compra da produção (quando agrícola) por preços mínimos rentáveis para
o produtor. Os estruturalistas também se empenham contra a repressão no trabalho de agentes
informais, como vendedores ambulantes, transportadores não licenciados e semelhantes.
Almejam regularizar a atividade destes agentes porque entendem que são formas legítimas de
sobrevivência, além de oferecerem à população de baixa renda mercadorias e serviços a
preços mais acessíveis.
Gestão Social: um conceito á desconstruir
Numa perspectiva de aprofundamento da idéia de gestão social, se este termo pode
definir pelo seu fim (ou melhor, sua finalidade), não menos importante significa pensá-lo
enquanto meio, isto é, enquanto processo. Aliás, este modo habitual de se conceber a gestão
dentro da tradição administrativa. Lembremos que a definição clássica sugerida na literatura
em administração, e ainda vigorosa nos dias (com a preeminência do princípio mercantil) em
relação as demais esferas da vida (cultural, política, social, ecológica...). O econômico (ou a
esfera econômica) desempenha efetivamente um papel determinante, pois ele passa a
constituir o lócus principal de constituição das entidades individuais e coletivas - que passam
pelo trabalho. A sociedade moderna é antes de tudo uma sociedade do trabalho. Nessa
representação, o social viria identificar um dos espaços do não trabalho.
Na análise de (Brant de Carvalho, 1998, p.19), A gestão social é a gestão das
demandas e necessidades dos cidadãos. [...]. Elas adentram a agenda do estado, quando se
constituem em demanda fortemente focalizada por grupos e movimentos da sociedade, que
adensam forças e pressões introduzindo-as na arena política.
Na discussão apresentada por (França Filho, 2003), o termo gestão social acaba
confundindo com a própria idéia de gestão pública, pois a gestão das demandas e
necessidades do social sempre fora atribuição típica do estado na modernidade, através das
chamadas políticas públicas, especialmente as políticas sociais. Entretanto se a gestão das
10
demandas e necessidades do social sempre fora uma atribuição típica dos poderes públicos na
modernidade, isto nunca significou exclusividade. O termo gestão social vem sugerir assim
que, para além do Estado, a gestão das demandas e necessidades do social pode se dar via
própria sociedade, através das suas mais diversas formas e mecanismos de auto-organização,
especialmente o fenômeno associativo.
Gestão Social como uma modalidade específica de gestão
(França Filho, 2003), dar uma grande contribuição à dimensão da noção de gestão
social, supõe um plano macro de abrangência no enfoque da gestão (a sociedade ou
comunidades territoriais), esta segunda sugere um enfoque mais micro ou meso (a
organização). É assim que segundo nosso entendimento, a gestão social pode ser pensada
também como modo de orientação por uma ação organizacional. Ela diz respeito, portanto a
uma forma de gestão organizacional que do ponto de vista da sua racionalidade pretende
subornar as lógicas instrumentais a outras lógicas mais sociais, políticas, culturais, ou
ecológicas. Isto, posto em função da finalidade mesmo da organização que define o escopo da
gestão (França Filho, 2003).
(França Filho, 2003), apresenta uma contribuição ao debate. Enquanto forma de gestão
organizacional, a gestão social distingue-se pelo menos duas outras formas: a gestão
estratégica ou privada e a gestão pública. Com isso sugerimos uma relação entre formas de
gestão e espaços de sociedade que são também enclaves organizacionais.
a) a gestão privada
Corresponde aquela praticada pelas organizações atuando no espaço do chamado
mercado. Nesse modo de gestão, a finalidade econômica-mercantil da ação
organizacional condiciona sua racionalidade intrínseca, baseada num cálculo utilitário
de conseqüências. Nesta lógica, todos os meios necessários devem ser arregimentados
para a consecução dos fins econômicos definidos numa base técnica e funcional
segundo os parâmetros clássicos de uma relação custo-beneficio. Em um tal modo de
gestão importa menos a qualidade intrínseca das ações (seu sentido e significados –
11
remetendo ao plano ético da conduta), e mais a sua capacidade (da ação) em contribuir
para a consecução dos fins proposto, sempre definidos em termos meramente
econômicos. É primazia da chamada racionalidade instrumental, funcional ou técnica,
que torna o social o político, o cultural, o ecológico, o estético..., subordinados ou
reféns do econômico compreendido em termos estritamente mercantis. A gestão
privada conta com o aparato técnico- metodológico, extremamente privilegiado, pois
quase cem anos de conhecimento formal produzido no âmbito da disciplina
administrativa que esteve sempre predominantemente voltada para o campo da
empresa. A própria noção de gerência identifica-se corretamente a idéia de gestão
privada. Isto provoca algumas conseqüências práticas que são capitais, como fato
desse modo de gestão servir de referência e modelo para os demais. Na importação de
modelos ou metodologias administrativas, transfere-se também sua lógica especifica e
os demais modos de gestão passam a ser concebida a luz destes, num processo que
poderíamos qualificar de etnocentrismo gestionário privado. Evidentemente que a
gestão privada não representa um bloco monolítico de idéias. As formulações se
diversificam ao longo do tempo fruto de contingências culturais, políticas,
tecnológicas etc... Se na prática existem hoje concepções bastante variadas acerca de
como proceder a gestão da empresa, com uma série de implicações relevantes,
inclusive com reflexos sobre a visão da natureza no trabalho que permanece comum a
essa modalidade de gestão é o imperativo econômico conformando um padrão de
racionalidade que lhe é subjacente.
b) Gestão Pública
Diz respeito aquele modo de gestão praticado no seio das instituições públicas do
Estado nas suas mais variadas instâncias. Tal modo de gestão distingue radicalmente
do primeiro quanto a natureza dos objetivos pesquisados, entretanto aproxima-se dele
em relação ao modo de operacionalizar a gestão, que assenta-se numa lógica
burocrática e de poder segundo os parâmetros de uma racionalidade instrumental e
técnica. Evidentemente a postura da gestão pública também varia em função da
composição dom poder político governamental, podendo afirma-se lógicas mais
12
democráticas, tecnoburocráticas ou clientelistas etc... Ela, gestão pública, fica assim
condicionada pela cultura política reinante.
c) Gestão Social
Corresponde então ao modo de gestão próprio as organizações atuando num
circuito que não é originariamente aquele do mercado e do Estado, muito embora estas
organizações entretenham, em grande parte dos casos, relações com instituições privadas e
públicas, através de variadas formas de parcerias para consecução de projetos. Este é o
espaço próprio da chamada sociedade civil, portanto uma esfera pública de ação que não é
estatal. As organizações atuando neste âmbito, que são sobretudo associações, não
perseguem objetivos econômicos. O econômico aparece apenas como um meio para a
realização dos fins sociais, que podem definir-se também em termos culturais (de
promoção, resgate ou afirmação identitária etc), políticos (no plano de uma luta por
direitos etc.) ou ecológicos (em termos de preservação e educação ambiental etc.), a
depender do campo de atuação da organização. É exatamente esta inversão de prioridade
em relação a lógica da empresa privada que condiciona a especificidade da gestão social.
Na prática, entretanto, o exercício de uma gestão social não ocorre sem dificuldade e
muitos são os desafios que se impõem.
Um primeiro desafio importante à gestão social refere-se a sua própria
operacionalização. Este tema nunca havia despertado grande interesse no âmbito acadêmico
das escolas de gestão até recentemente e a literatura administrativa a respeito parece muito
incipiente, sobretudo em se tratando de trabalhos que lidam com um conhecimento mais
aplicado do assunto. Praticamente inexistem enfoques prescritivos do tema e as metodologias
de gestão social encontram-se exatamente num momento de elaboração, fruto da ação dos
grupos que empreendem uma verdadeiras práxis neste âmbito, ou seja, refletem e discutem
permanentemente sua ação e promovem encontros e seminários para compartilhamentos das
experiências. (França Filho, 2003).
A gestão social do ponto de vista metodológico refere-se ainda a um conceito em
construção, algumas preocupações e princípios muito comuns na ação da maioria dos grupos,
como a postura ética da conduta, a valorização da transparência na gestão dos recursos e a
ênfase sobre a democratização das decisões e das relações na organização, sinalizam na
13
direção de uma nova cultura política que se disseminam através dessas práticas e dessa noção.
E isso representa uma mudança de peso significativa, pois o mundo das organizações que
atuam no chamado campo social ainda permanece marcado, em larga medida, por práticas de
poder despóticas fruto de uma cultura clientelista e personalísta. Este aspecto se constitui mais
um desafio expressivo que se coloca à gestão social.
14
Origem do Cooperativismo
O cooperativismo foi idealizado por vários percusores e aconteceu de fato em 1844,
quando 28 tecelões do bairro Rochdale, em Manchester, na Inglaterra criaram a cooperativa.
(Paul Singer, 2002, p.39) [...] A famosa cooperativa dos pioneiros Equitativos de
Rochadale, considerada a mãe de todas as cooperativas, surgiu em Rochadale, um importante
centro têxtil no norte da Inglaterra, em 1844, fundada por 28 operários qualificados de
diversos ofícios.
O cooperativismo do campo popular nasce no processo do contexto de exploração do
trabalho em plena revolução industrial, sendo que essa primeira experiência se deu em uma
cooperativa de consumo, posteriormente o cooperativismo se espalhou primeiro na Europa e
depois pelo mundo.
O cooperativismo europeu surge, pois, como uma reação proletária ao liberalismo do
capitalismo competitivo, como parte de uma estratégia de sobrevivência, constituindo também
um projeto político. Não se pretende superar apenas os males do capitalismo: pretende-se
eliminar o próprio regime econômico que os provoca. Em função deste projeto alternativo,
distingue-se no cooperativismo inglês duas perspectivas de integração setorial: classifico a
primeira perspectiva de ascendente; a outra, de descendente. Chamo de ascendentes as
experiências que, partindo de uma comunidade agrícola e passando pelo beneficiamento da
produção, pretendiam atingir o setor de serviços, educação inclusive. Nesta categoria
identifico o pensamento socialista utópico Robert Owen, o qual além de ter lutado pela
multiplicação de cooperativas operárias de produção e de consumo militou também a favor de
um movimento sindical único. Com a perspectiva descendente o roteiro é inverso: partir do
consumo para se chegar ao setor agrícola. Nessa corrente ressalta a figura de Dr. William
King que, entre 1827 e 1830, chegou a fundar cerca de 300 cooperativas de consumo.
(Gilvando Sá Leitão Rios, 1989, p.21-22).
No Brasil o cooperativismo surge como uma promoção das elites (econômicas e
políticas) numa economia predominantemente agro-exportadora. Não se trata, pois, de um
movimento vindo de baixo, mas imposto de cima. Não é o caso, pois de um movimento social
de conquista, mas de uma política de controle social e de intervenção estatal. Não ocorreu a
criação de uma fórmula associativa, mas apenas sua importação e adequação aos interesses
das elites políticas e agrárias. Por outro lado às idéias socialistas justificam as práticas
15
cooperativistas de origem operária. No Brasil são idéias coorporativas fascistas que inspiram
por vezes a prática e a legislação[...]. (Gilvando Sá Leitão Rios, 1989, p.24).
O cooperativismo europeu é um movimento de expressão predominantemente urbano
(cooperativa de consumo na Inglaterra e de produção industrial na França). No Brasil o
cooperativismo como movimento de elite, conservador, vai se localizar sobretudo no meio
rural. O aparente caráter reformista do movimento se esgota nas pretensões de modernização
agrícola. Não troca, entretanto, no problema da propriedade da terra, dos trabalhadores rurais,
questões que entrariam em conflito com os interesses das classes dominantes agrárias. É por
isso que o cooperativismo agrícola brasileiro, é uma cooperativa de serviços, e não
propriamente um cooperativismo de produção. A cooperativa presta serviços aos associados
em função de seus estabelecimentos individuais, de maneira isolada. Trata-se de um modelo
bem adequado a concentração da propriedade fundiária.
Um traço característico do cooperativismo na América Latina é que o seu
desenvolvimento tem um caráter cíclico. A história do cooperativismo na América Latina
confunde-se então com suas crises econômicas e políticas, reflexo de uma economia e de
diplomacia dependentes. Assim, de maneira geral, as principais campanhas de fomento ao
cooperativismo se dão entre 1927 e 1936 (crise econômica mundial), na época problemática
do pós-guerra e de seus ajustes econômicos (decênio de 1940), ou ainda para fazer frente à
chamada “ameaça do comunismo” e ao impacto da revolução cubana (década de 1960). Na
Colômbia a um grande estímulo ao cooperativismo entre 1948 e 1957. Ora, justamente nesse
período conhece uma fase de aguda e anárquica violência rural. Trata-se, portanto, de um
modelo não apenas importado pelas elites, mas também de um instrumento de um controle
social e político. Ao menos em termos de legislação e da prática dominante no Brasil.
(Gilvando Sá Leitão Rios, 1989, p.25-26).
Na discussão apresentada por (Singer, 2002, p.122), O cooperativismo chegou ao
Brasil no começo do século XX, trazido pelos emigrantes europeus. Tomou principalmente a
forma de cooperativas de consumo nas cidades e de cooperativas agrícolas no campo. As
coopertaivas de consumo eram em geral por empresa que serviam para proteger os
trabalhadores dos rigores da carestia. Nas décadas mais recente, as grandes redes de
hipermercados conquistaram os mercados e provocaram fechamento da maioria das
cooperativas de consumo. As cooperativas agrícolas se expandiram e algumas se
transformaram em grandes empreendimentos agroindustriais e comerciais. Mas nenhuma
16
destas cooperativas era ou é autogestionária. Sua direção e as pessoas que as operam são
assalariadas tanto nas cooperativas de consumo como nas de compras e vendas agrícolas. Por
isso não se pode considerá-las parte da economia solidária. (Singer, 2002, p.122).
Cooperativismo Popular: um conceito em formação.
Este tema traz consigo uma importância muito grande para o debate sobre
cooperativismo, uma vez que pode levar a reflexões milhões de pessoas a debater elementos
de conteúdo social que interessa ao conjunto da sociedade, principalmente analisando do
ponto de vista das classes populares.
Apresenta -se um outro cooperativismo que não está nas estatísticas da OCB ou
qualquer outro órgão, usualmente conhecido como cooperativismo popular. As cooperativas
populares, muitas vezes informais, na sua grande maioria não fazem parte do sistema de
cooperativismo no país.
Segundo (Cançado, 2004, p.42), o mesmo apresenta observações de Pereira et al.
(2002), em pesquisa realizada na zona da mata de Minas Gerais entre 2001 e 2002, para cada
cooperativa registrada no sistema de representação do cooperativismo, formado pela OCB e
pelas OCE’s (Organizações das Cooperativas dos Estados), havia pelo menos uma que não se
registrou. Este estudo considerou apenas as cooperativas formalizadas, ou seja, as
cooperativas constituídas formalmente. Os números deste cooperativismo tendem a ser
maiores na medida em que considera que esta formalização requer aporte de recursos e
burocracia junto ao órgão competente que é a junta comercial de cada Estado.
Na lei do cooperativismo (5.764/71), não há menção de cooperativas populares, ou
seja, legalmente existem apenas cooperativas. Porém observamos que, antes, aprofundaremos
o tema - Cooperativa Popular.
Diálogo de (Cançado, 2004), na visão de Justino (2002), a diferença entre uma
cooperativa tradicional e uma cooperativa popular estaria na própria autogestão. Para Oliveira
(2003), o cooperativismo popular pode ser caracterizado em termos econômicos (prática dos
princípios da cooperação), administrativos (autogestão) e políticos (práticas coletivas
democráticas para lutas de emancipação e transformação social e cultural).
Para Singer (2003), existem 2 tipos de cooperativa: a autêntica que é socialista,
igualitária, solidária e democrática, onde a igualdade faz sentido e, de outro lado, cooperativas
17
de visão essencialmente capitalista, como as agrícolas onde os grandes fazendeiros exploram
pequenos proprietários.
Na análise de Valadares (2003), podem ser identificados 4 correntes teóricas
cooperativistas: a social-cooperativa, a cooperativa solidária, a cooperativa germânica, e a
econômica ou norte americana. A corrente social-cooperativa segue preceitos da cooperativa
de Rochdale e entende o cooperativismo como a terceira via entre o socialismo e o
capitalismo; nesta corrente, o movimento cooperativo tem um caráter social-reformista. A
corrente cooperativa solidária prega a aplicação da solidariedade cristã como prática
econômica e política. A corrente cooperativista germânica, também conhecida como a teoria
de Münster, entende o cooperativismo como um complexo fenômeno social com variáveis
sociais, psicológicas, ideológicas e econômicas, voltado para a racionalidade econômica e
com caráter empresarial. A corrente econômica ou norte-americana é uma reação às demais
correntes, estando, porém, mais próxima da cooperativa germânica, esta corrente preconiza
que a cooperativa é uma extensão da propriedade do cooperado e das novas formas de
organização do empresarial cooperativa, conhecida como ‘cooperativa de geração’
(Valadares, 2003). Sendo esses dados levantados da dissertação de (Cançado, 2004, p.43).
Segundo a ITCP-UFRJ, (2004) em uma cooperativa popular, pode haver divisão de
tarefas, mas não pode haver divisão entre o trabalho manual e o intelectual, ou seja, em
cooperativas populares, o modo de organização do trabalho é a autogestão. Essa visão é
compartilhada pela ITCP-USP (2004), acrescenta ainda a importância de educação continuada
para a gestão democrática, (Cançado, 2004).
Frente às apresentações acima, analisamos que existem várias visões a cerca do
cooperativismo. Na nossa opinião enriquece o debate a cerca da questão do cooperativismo,
mostrando a diversidade de opiniões, e suas várias vertentes, onde ao mesmo tempo rompe
com uma visão do bem e do mal, e avança para uma compreensão mais ampla para buscar
compreender, os rumos que devemos dar as organizações populares.
A cooperativa popular é uma forma de expressão da economia solidária. Traz a idéia
de classes populares, ou seja, das classes menos favorecidas, excluídas, como reação a
situação desemprego e exclusão social.
A propriedade coletiva dos meios de produção se faz presente nas cooperativas
populares. Um outro elemento do cooperativismo popular é a possibilidade da dimensão
política no empreendimento. A partir de uma autogestão pode desencadear um processo de
18
emancipação, onde através da cooperação dos indivíduos, o homem pode ser sujeito da
história e ultrapassar as fronteiras da dimensão econômica e social, que são características das
cooperativas “tradicionais”.
Experiências em Cooperativas
1. KIBUTZIM
È uma palavra em hebraico que significa estabelecimento coletivo. È uma comunidade
rural singular, uma sociedade baseada em auxílio mútuo e justiça social, um sistema
sócio-econômico, no qual os indivíduos o trabalho e a propriedade, a realização do
princípio “cada um de acordo com sua capacidade e cada um de acordo com sua
necessidade”, um lar para aqueles que o escolheram. sionistas, em sua maioria oriundos da
Europa oriental, cerca de 40 anos antes do estabelecimento do estado de Israel. Eles
vieram não só reivindicar o solo de seu antigo lar nacional, como também criar uma nova
forma de vida.
Muitos pioneiros largaram suas profissões e se tornaram trabalhadores braçais,
ganhando somente para sua subsistência. Para esses fundadores, o cultivo do solo e
conseqüentemente a transformação de habitantes da cidade em agricultores era uma
questão de ideologia, “e não apenas um ganha pão”(Denise Gromide, 2003, p.147).
O Kibutz pode ser definido como “[...]uma sociedade voluntária, baseada na
comunhão integral, que abrange a produção, o consumo e a educação” (BULGARELLI,
1996, P.21). Na realidade, quando comparado com o cooperativismo rochdeliano, o
movimento kibutziano teria, de certa forma, ultrapassado a idéia cooperativista, podendo
ser classificado como uma “cooperativa integral”. De fato, nos Kibutz, tudo é
compartilhado por todos, seguindo a orientação original: cada um segundo suas
necessidades, de cada um segundo suas possibilidades.(BULGARELLI, 1996; SINGER,
2000, 2001). Os princípios que regem os Kibutzim são: trabalho próprio, produção
coletiva, distribuição comunal do fruto do trabalho, abolição da propriedade privada,
gestão democrática e responsabilidade mútua. Vale salientar que esta pare da elaboração
foi retirado da dissertação de mestrado de (CANÇADO, 2004, p.53).
19
O Kibutz funciona como uma democracia direta. A assembléia geral de todos
os membros formula a política, elege os diretores, autoriza o orçamento e apóia os novos
membros. Esta assembléia funciona não só como organismo deliberativo, mas também
como fórum onde os membros podem expressar suas idéias e opiniões. Os assuntos
diários dos Kibutz são conduzidos por comissões eleitas, que cuidam de diferentes
aspectos, como educação, habitação, finanças, saúde, produção, planejamento e cultura.
Porém, nos anos 80, a economia de Israel entrou em crise e padrão de vida caiu
no Kibutz, entrando em cena o individualismo. Alguns Kibutzim se mantiveram fiéis aos
princípios originais, cerca de 1/3, e são os que estão melhor hoje. Os que se
transformaram em “assentamentos capitalistas” foram advertidos pelo curador das
cooperativas de Israel e chamados a devolver as terras que haviam sido doadas para
produção coletiva, não para práticas capitalistas. (SINGER, 2003).
Cooperativas de trabalho
Entre as cooperativas de trabalho se destacam aqui as cooperativas populares – termo
difundido pelas incubadoras universitárias, aquelas que atuam em nichos de produção e
mercado marginais, mais precários e com menor capacitação, reunindo pessoas excluídas do
sistema econômico formal. É assim que classificamos os grupos de mulheres da periferia do
município de São Paulo, e entre esses os de costura, muito freqüentes, assim como as
dificuldades que encontram para competir no mercado e gerar renda para seus associados.
As universidades brasileiras, sendo a pioneira nesse modelo a UFRJ com a
Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Coppe no Rio de Janeiro, e em São
Paulo a USP, implementaram experiências inovadoras, procurando adaptar a teoria, a história,
os princípios e a filosofia do cooperativismo no momento atual de desemprego, ao movimento
de cooperativismo de trabalho, tentando criar experiências desenvolver modelos justos e
eficazes frente ao atual paradigma das relações de produção, para combater a perpetuação da
pobreza e da precarização da força de trabalho. Esses projetos universitários colocam à
disposição da sociedade do conhecimento multidisciplinar tecnológico, uma reflexão teórica e
uma postura política correta que objetiva retribuir minimamente a verba com que a população
contribui por meio da arrecadação do Estado, e que patrocina o sistema gratuito de educação,
que não chega à maioria.
20
Economia Solidária
O termo Economia Solidária vem sendo analisado por vários atores, de forma diferenciada,
mas não antagônicas. Atualmente esta temática vem sendo muito discutida por diversos
pesquisadores como Paul Singer, França Filho, Gaiger, Laville, etc.
Na análise do professor (França,2004, p.109) o termo economia solidária elabora-se,
no início dos anos noventa na França, fruto sobretudo das pesquisas desenvolvidas no Criada
em Paris (Centre de recher-che et d’Information sur la Démocratie et l” Autonomie), sob a
coordenação a coordenação de Jean Louis Laville, visando exatamente dar conta da
emergência e do desenvolvimento do fenômeno de proliferação de iniciativas e práticas
socioeconômicas diversas, as chamadas iniciativas locais na Europa. Elas assumem na
maioria dos casos a forma associativa e buscam responder a certas problemáticas locais
específicas. Esta expressão, economia solidária, vem, assim, no primeiro momento indicar,
por um lado a associação de duas noções historicamente dissociadas, isto é, iniciativa e
solidariedade; e por outro sugerir a inscrição da solidariedade no centro mesmo da elaboração
coletiva de atividades econômicas.
(França Filho, 2004) enfatiza que, busca-se, portanto, por meio desta noção de
economia solidária uma tentativa de problematização destas novas práticas organizativas a
partir de um quadro de referências bem preciso: ou seja, aquele de uma reflexão sobre as
relações entre democracia e economia, que se inspira amplamente nos trabalhos de Karl
Pollany e em especial, na sua principal obra A grande transformação, um texto notável do
início dos anos 50. Pollany sustenta que a grande transformação que conhecem as economias
ocidentais nos anos 30 reside na reimbridação da economia com o social, pela via da
regulação da produção e da circulação de riquezas operada pelo Estado-providência, hoje em
crise. A “ grande transformação” introduzida pela modernidade reside muito mais no processo
de autonomização do mercado em relação aos demais princípios do comportamento
econômico, como “ domesticidade”, a “redistribuição” e a “ reciprocidade”. Esta ruptura
produzida pela modernidade é acompanhada de um “desencanto do mundo”, de uma
objetificação das relações, ou ainda, de uma despersonalização das relações econômicas, que
21
o fenômeno da economia solidária visa justamente a tornar mais humana. Consideramos
assim que, com esta noção de economia solidária abre-se uma perspectiva descritiva e
compreensivista de pesquisa, baseada na análise de realizações existente que em diferente
partes do mundo, representam hoje milhares de experiência e dezenas de milhares de
assalariados e de voluntários implicados.
(Paul Singer, 2003) considera a esonomia solidária como outro modo de produção,
cujos princípios básicos são a propriedade coletiva ou associada do capitla e o direito à
liberdade individual.
A economia solidária é menos inconsistente do que a economia capitalista. Porque ela
coloca aberta diretamente, a solidariedade como princípio organizador da economia social em
lugar da competição.A ideologia da economia solidária é coletivista e onde o mesmo não
inventou o termo. O conceito existe a 200 anos, começa com Robert Owen, com Fourier, e
passa por muita gente interessante que pensou a respeito disso, caso de Marx e Engls. As
pessoas se ajudam, são solidárias umas com as outras, se unem e com isto ficam mais forte. N
a economia solidária a competição é basicamente negativa embora, em certas circunstância,
seja inevitável.(Paul Singer, 2000, p.68)
A contribuição do autor traz a luz uma discussão mostrando que esta questão da
economia solidária contribui para o processo de resgatar a solidariedade como uma das
questões centrais, e buscar um novo olhar sobre o processo econômico, social, político e
cultural.
A realidade de uma economia solidária e sua problemática vêm, assim, posicionar-se
no contexto de falência nos mecanismos de regulação econômico político da sociedade. Estes
foram fundados historicamente em torno de duas esferas principais de organização das
relações política-econômica-socias o Estado e o mercado, encontrando no trabalho, no sentido
moderno do termo, ou seja, na relação assalarida, sua estrutura fundamental. Nesse sentido,
torna-se coerente propor a leitura do contexto atual de uma economia solidária em termos de
crise do trabalho, ou melhor, em termos dos limites da chamada sociedade salarial, para
retomar o diagnóstico sociológico de R. Castel (1995). Na leitura de muitos economistas, tal
situação define-se em terrmos de crise do chamado equilíbrio fordista. O fenômeno da
economia solidária se apresenta segundo esse entendimento, numa perspectiva de busca de
novas formas de regulação da sociedade, sob a forma de auto-organização social em torno de
ações, ao mesmo tempo, econômicas e políticas. (França Filho e Laville, 2004).
22
A economia em diferentes contextos societários parece indicar a emergência atual de
novas formas de solidariedade, fazem alusão a iniciativa cidadã em oposição, ao mesmo
tempo, as formas abstratas de solidariedade praticadas historicamente pelo estado, de um lado,
e as formas tradicionais de solidariedade marcadas pelo caráter exclusivamente
comunitário.Embora devamos reconhecer a especificidades dos diferentes contextos
societários (FRANÇA,2002), importa salientar um certo grau de universalidade na
manifestação deste fenômeno. Isto é, nas formas de solidariedade dizem respeito a uma série
de iniciativas de organizações de caráter social que ganha força nesse contexto de crise dos
mecanismos de regulação da sociedade, em especial na crise do Estado-Providência.
(FRANÇA, 2002, p.249)
Hibridação entre Economias
Hibridação desafio ou mudança
As estruturas de economia solidária não se contentam de empreender uma
construção conjunta de oferta e demanda nos espaços público de proximidade. Elas
consolidam-se através de combinações entre recursos monetários e não monetários.
Na analise de França Filho e Laville, (2004), conforme os mesmos abordou
anteriormente, os limites dos serviços mobilizando unicamente recursos monetários,
mercantis ou não mercantis, são manifestos. Quanto aos recursos não monetários se eles
ajudam na sobrevivência das estruturas implantadas, contudo estão longe de serem
suficientes para assegurar sua perenidade. Os serviços que se baseiam fortemente no
trabalho voluntário, tem tendência a constituir realizações pontuais possibilitadas por
circunstancias favoráveis. É por tais razões que a hibridação constitui uma estratégia de
consolidação para os serviços, cuja identidade fora previamente afirmada: são as
combinações equhlibradas entre recursos monetários e não monetários que podem garantir
tão bem a autonomia dos serviços (uma garantia sobre sua multidependência), quanto sua
viabilidade econômica. Trata–se de combinações que, além disso, implicam um
reinvestimento dos resultado na atividade e uma propriedade duravelmente coletiva desses
23
resultados para os excedentes gerados pela atividade não possa ser objeto de uma
apropriação privada.
Na visão de Rosa Luxemburg (2000), as cooperativas de produção, são instituição
de natureza híbrida no seio da economia capitalista: constituem uma produção socializante
em miniatura que é acompanhada por uma troca capitalista. Mas na economia capitalistas a
troca domina a produção; em virtude da concorrência, para que a empresa possa viver, ela
exige uma exploração implacavel da força de trabalho, quer dizer, o completo domínio do
processo de produção pelos interesses dos capitalistas. Na pratica isso traduz na
necessidade de intensificar o trabalho, de lhes encurtar ou prolongar a duração conforme a
conjuntura, de contratar ou despedir a força de trabalho conforme as necessidades do
mercado, numa palavra, em praticar todos os métodos bem conhecidos que permitem a
uma empresa capitalista refrear a concorrência de outra empresa.
França Filho e Laville (2004, p.106), observa que a economia solidária reencontra
alguns traços presente há muito tempo no movimento associativo, ela se manifesta contudo
uma dupla originalidade. Em primeiro lugar, ela toma seu lugar num momento inédito de
terceirização da economia que complexifica a composição das associação: em torno dos
serviços solidários, formam–se agrupamentos nos quais participam diferentes categorias de
atores(usuários, profissionais, voluntários), enquanto o associacionismo do século IXX
exprimiu-se mais apartir de agrupamentos em torno de uma categoria homogênea
(operários, consumidores, ou camponeses). Em segundo lugar, ela entretém relações com
os poderes públicos necessariamente diferentes daquelas que caracterizaram o período de
difusão dois meios do Estado Providencia. A noção de hibridação não designa apenas a
relação a três tipos de recursos que as associações mobilizam a muito tempo, ela evoca
ainda um equilíbrio entre esses recursos, enquanto que, no período precedente, as missões
de utilidade social podiam ser financiadas pela distribuição a titulo principal.
A economia solidária não constitui todavia uma nova forma de economia que viria
acrescentar-se às formas dominantes de economia, mercantil e não mercantil. Pela sua
existência, ela constitui muito mais uma tentativa de articulação inédita entre economias
mercantil, e não mercantil e não monetária numa conjuntura que se presta a tal, haja vista o
23
papel conferido aos serviços aos serviços de pela terceirização das atividades econômicas.
O desafio é de acumular as vantagens da economia monetária, fonte de liberdade
individual pelo mercado e fator de igualdade pela redistribuição, com aquela economia não
monetária que contextualiza as trocas, retirando-as do anonimato.
As regras que regem a troca articulam–se aqui com aquelas que governam a
produção através do recurso de a forma plurais de trabalho, em que se destaca o benevolato
ou voluntário. Seja ela uma emanação de usuário, de militantes, de profissionais, ou de
notáveis, o trabalho voluntário não substitui o trabalho assalariado. Ele pode, ao contrario,
multiplicar as as oportunidades de emprego reduzindo o preço da revenda dos serviços,
facilitando a manutenção de um vinculo estreito e durável com os usuários e os demais
parceiros locais. O a serviços solidários mostram concretamente que a natureza das tarefas
não é determinada nos serviços com forte dimensão relacional e, sim amplamente ligada às
formas institucionais da atividade. A inserção num sistema profissional organizado e a
configuração da relação ao usuário revelam-se dimensões essenciais para retirar o emprego
da esfera domestica e valorizar as tarefas efetuadas pelo assalariados.
A contribuição teórica de França Filho e Laville (2004, pp.112-113), revigora o
debate no campo popular colocando dois traços característico, resumem a especificidade
dos serviços de proximidade (ou solidário) e posicionam a hipótese da economia solidária
enquanto forma de regulação baseada na auto-organização social:
a) hibridação de economias ou de recursos – afim de permitir a perenidade
de projetos criados, pois articulam – se aqui distintas fontes de recursos.
Estas são de natureza:
- não mercantil: através de subvenções ou outros financiadores à atividade
oriundos do poder público (qualquer que seja a instancia de governo) ou
outras instituições pública não governamentais – recursos ao Estado ou
instituições pública da sociedade civil;
- mercantil: através de venda ou prestação de serviço a particulares
(pessoa fisica ou jurídica ) – recurso ao mercado;
24
não monetária através da participação voluntária de certos membros, ou seja, doação sob a
forma material ou humana (doação de tempoetc.) – recurso a uma lógica reciprocitária ou
uma lógica de dádiva;
b) construção conjunta da oferta e demanda – Isto é, os serviços são
concedidos e proposto em função de necessidades sociais reais
exprimidas localmente.
Esta construção conjunta de oferta e demanda é possível em razão da
interação entre os diferentes participantes da iniciativas e os seus
estatutos particulares, que podem ser múltiplos (ou difusos, isto é ao
mesmo tempo usuários assalariados ou usuários e voluntários. É o caso,
por exemplo de uma dinâmica associativa em que a atividade da
organização beneficia os próprios moradores de um bairro, que
participam também como membro de uma associação, essas experiências
são francesas. Essa idéia de construção conjunta da oferta e demanda
permite-nos pensar em termos de espaço público de proximidade como
modo de concepção destes serviços, pois o debate – se com problemas
concretos enfrentados no quotidiano da realidade, favorecendo o real
exercício de uma dimensão política nestas experiências.
O debate sobre a hibridação da economia trás contribuições
significativas, uma vez que o leitor pode através de uma reflexão critica
pensar a economia de forma mais ampla e enxergar a economia real. O
mais interessante é que essa hibridação de economia se da nos marco do
atual sistema capitalista. As organizações populares desenvolvendo esse
nível de compreensão e não se deixando iludir pelo atual sistema
capitalista, pode contribuir para elevar o nível de consciência política de
uma parcela significativa da sociedade. Más também devemos ter uma
compreensão no campo da economia popular para a mesma não seja
complementar ao sistema capitalista e sim apresentar uma dimensão que
ultrapasse o econômico e o social, e que o político contribua não só no
sentido de alterar as condições de vida das pessoas, mais também
25
impulsionar o processo organizativo, elevar o nível de consciência
política e de classe, articular as diversas formas de solidariedade
econômica e política a nível estadual, nacional e internacional do campo
popular. Só assim a maioria da sociedade excluída poderá colher os
frutos do esforço coletivo.
Organizações Sem Fins Lucrativos
Planos e Fundos
A discussão sobre as organizações sem fins lucrativos trás consigo uma grande
contribuição de Peter Druker, onde aborda questões como; missão dessas instituições,
objetivos, valores, desempenho, levantamentos de recursos, fundos de desempenho. Elevando
com isso o processo de investigação da temática.
Há muito tempo atrás, varias organizações sem fins lucrativos eram financeiramente
auto-sustentadas, elas somente precisavam de dinheiro extras para projetos extras.
No entanto entendemos que essas instituições precisam construir uma base de massas
para contribuir financeiramente. As organizações precisam construir um conselho de pessoas
dispostas a ajudar a desenvolver essa base de massas através do exemplo de liderança. No
entanto sempre é necessária necessidade emergencial de dinheiro, e apelo para doações
especifica.
No desenvolvimento de fundos você apela para o coração, más também precisa apelar
para a cabeça e tentar construir um esforço permanente. O gerente de instituições sem fins
lucrativos precisa saber definir os resultados de um esforço e relatá-los aos doadores, para
lhes mostrar o que eles estão realizando. Você precisa também educar os doadores para que
eles possam reconhecer e acertar os resultados. Isso nos leva a formação de um público de
longo prazo, (DRUKER, 1992)
Boas intenções não movem montanhas, Missões e Planos são boas intenções, más
precisam de estratégias, onde elas transformam aquilo que você quer fazer em realizações.
Como fazer melhor aquilo que estamos fazendo. Sempre é importante fixar metas, digo ter
objetivo. O aperfeiçoamento constante da organização é fundamental. Más uma organização
26
sem fins lucrativos que se torna prisioneira do levantamento de dinheiro esta com problemas
sérios e também com uma serie crise de identidade.
A finalidade de uma estratégia de levantamento de recursos é precisamente de
possibilitar que a instituição realmente realize sua missão sem se subordiná-la a esse
levantamento. Pôr isso que seu pessoal mudou o termo de “levantamento de fundos” para
desenvolvimento de fundos. Necessita de um equilíbrio entre o programa e os recursos da
instituição. Necessita de um conselho que assuma a liderança ativa no levantamento do
dinheiro. Não pode Ter pessoas negativas nessa posição essa administra para doadores.
As instituições sem fins lucrativos levantam doações com quem quer participar da
causa, más, não são beneficiários. Em quanto um governo levanta recursos com impostos, as
empresa com vendas aos seus clientes.
Druker (1992) afirma que a coisa mais importante é que o desenvolvimento de fundos
é o desenvolvimento de pessoas, tanto de doadores como de voluntários. Você esta
construindo um eleitorado, esta construindo compreensão, suporte, no processo, satisfação
humana. Uma instituição eficaz, precisa de estratégias para melhorar e inovar sem parar.
As organização sem fins lucrativo são baseada em confiança. Confiança é saber o que
esperar das pessoas. Confiança compreensão mutua. Nas instituições sem fins lucrativo mais
que uma empresa, é mais importante, insistir na clareza dos compromissos e relacionamentos,
na responsabilidade de cada um para se fazer entender e para educar os colegas.
Todos acreditam em delegação. Mas ela precisa de regras claras para tornar produtiva.
E preciso que as tarefas delegadas seja claramente definida, e que haja Metas e Prazos
mutuamente aceitos, tanto para relatórios em andamentos, como para o termino das tarefas.
Acima de tudo é preciso haver uma clara compreensão do que a pessoa delega e aquela que
recebe a atribuição; espera ser compreendido para executar o compromisso. A delegação
também exige que a pessoa que delegou faça um acompanhamento, mas isso raramente
acontece. Portanto o acompanhamento é fundamental para o bom desempenho das tarefas.
27
Decisão eficaz
Segundo Druker (1992), executivos que estejam em uma organização sem fins
lucrativos ou em uma empresa, dedicam pouco tempo à tomada de decisão. Muito mais tempo
é gasto em reunião com pessoas ou em tentativas de obtenção de um pouco de informação
porém, é na decisão que tudo se junta. Ela define o sucesso ou fracasso de uma organização.
A maior parte das tarefas que são feitas pelos executivos, poderia ser feitas por outras pessoas,
mas somente eles podem tomar decisões. E se eles não tomarem decisões de forma eficaz,
eles se tornarão ineficazes (DRUKER, 1992 P.89).
Druker (1992) afirma que a tomada de decisão, em compromisso de recursos presentes
com incertezas futuras. Isso significa de acordo com a matemática, elementos de
probabilidades que as decisões costumam ser mas, erradas, do que certa, no mínimo terão que
ser ajustadas. A decisão sempre tem que ser protegida. Isso requer duas coisas, em primeiro
lugar que você determine antecipadamente alternativa para voltar atrás, quando as coisas
derem erradas. Em segundo, que você embuta na decisão a responsabilidade pelo recuo, ao
invés de ficar discutindo a respeito de quem cometeu erro.
Uma fraqueza das instituições sem fins lucrativos é que elas acreditam que tem que ser
infalíveis – muito mais que as empresas. Estas sabem que vale alguma forma, estão sendo
cometidos de erro. Nas instituições sem fins lucrativos os erros não são permitidos, inicia – se
uma corte marcial. De quem é a culpa, em vez disso, devemos direcionar o programa
(DRUKER, 1995, P.92).
Para Druker (1992), O desempenho é o teste definitivo e o teste de qualquer
organização sem fins lucrativos, existe em função do desempenho; em mudar as pessoas e a
sociedade. Porem, o desempenho também é uma das áreas realmente difícil para o executivo
da instituição sem fins lucrativos.
Uma instituição sem fins lucrativos só pode fixar meta depois de definir suas áreas
chave de desempenho. Determinar essas áreas chave de desempenho para sua organização –
não para qualquer organização – e focaliza – se cada uma dela. O resultado e atingido pela
concentração e não pela dispersão.
Druker (1992, p.103) fala do exercito de salvação que concentra em quatro ou cinco
programas.Boas intenções, boas políticas, boas decisões precisam se transformar em ações
efetivas. Precisamos transformar, este é o prazo de execução, e o trabalho pelo qual somos
28
responsáveis.As organizações eficazes sabem que o trabalho não se faz com um bom plano,
nem com uma linda declaração política. O trabalho só e feito quando esta feito. Feito por
pessoas, com um prazo. Por pessoas treinadas, monitoradas e avaliadas. Por pessoas que se
responsabilizam por resultados.
O trabalho por uma causa o que conta é o desempenho, e não o cargo o sucesso ou
fracasso de qualquer organização sem fins lucrativo, e a capacidade de atrair e manter pessoas
comprometidas. E se ela perde essa capacidade, começa a decair, e esta tendência é muito
difícil de reverter.
(Druker, 1992, p.108), posiciona-se afirmando, que, as pessoas determinam a
capacidade de desempenho de uma organização. Nenhuma organização pode ir melhor que as
pessoas que tem. A qualidade dessas decisões humana determina em grande parte se a
organização esta sendo dirigida com seriedade, e sua missão, seus valores e objetivos são
reais e tem sentido para as pessoas.
No nosso entendimento o autor levantou questões polemicas no decorrer da discussão,
principalmente sobre a questão dos fundos e desempenho. Medir o desempenho de uma
organização sem fins lucrativos não e nada fácil, porque vai depender muito da compreensão
da direção e dos associados, e o projeto que cada organização quer para o futuro. Mas de
qualquer maneira medir os índices de desempenho, vai depender também da causa que a
organização defende. Apesar da contribuição do autor, o mesmo coloca as entidades sociais
sem fins lucrativos no mesmo patamar dentro de uma visão universal. Compreendemos que as
organizações sociais sem fins lucrativos na América Latina tem diferenças profundas da
Européia e Americana, uma vez que a formação econômica e histórica, dessas regiões tem
muitas diferenças, inclusive política. Druker nem toca nas organizações populares, uma vez
que essas organizações são marginalizadas, e necessitam de contribuições não assistencialista,
más apoio mutuo, no sentido de reerguer um projeto contemporâneo, auto-sustentável, que vá
alem do social e econômico e contribua de forma ativa para a transformação profunda da
sociedade brasileira.
29
6. REFERÊNCIAS
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SINGER, Paul. Introdução à Economia Solidária. São Paulo. Editora Fundação Perseu Abramo. 1ª edição. abril 2002. SOUZA, André Ricardo.; CUNHA, G.C; DAKIZAKIS, R.Y; Uma Outra Economia é Possivel. São Paulo. Editora Contexto.1ªEdição, 2003. www.sei.ba.gov.br www.ecosol.org.br
31
APÊNDICES
A . MODELO DO QUESTIONÁRIO DE PESQUISA
B . TABULAÇÃO DO QUESTIONÁRIO DE PESQUISA APLICADO
C. ANÁLISE DOS AUTORES E CRÍTICA DA EQUIPE
D. CÓPIA DO MODELO DE PESQUISA SEMI-ESTRUTURADO
E. RELATÓRIO DE ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA.
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – NPGA
PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL AVANÇADA – CPA
QUESTIONÁRIO DE PESQUISA
1) Qual o tipo e grau de dependência da Cooperativa de Mulheres, em relação a outras
instituições? Política: Econômica Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não ( ) Grau: Grau: a)0% ( ) b)50% ( ) c)75% ( ) d)100% ( ) a)0% ( ) b)50% ( ) c)75% ( )
d)100% ( ) e) Não Sabe ( )
2) Quais os níveis de solidariedade desenvolvido pela Cooperativa de Mulheres ?
a)Ajuda mútua ( ) b)Mutirão ( ) c)Integração ( ) d)Controle ( ) e)Doações ( )
3) As práticas organizacionais são:
a)Centralizada ( ) b)Descentralizada ( )
4) As cooperadas participam das decisões?
a)Sim ( ) Não ( )
5) Qual o grau de satisfação das cooperadas em relação ao trabalho de confecção de roupas e acessórios? Justifique? a) baixo ( ) b) médio ( ) c) regular ( ) d) ótimo ( )
6) Qual o grau de escolaridade das Cooperadas?
a) analfabeto ( ) b) 1º grau incompleto ( ) c) 1º grau completo ( ) d) 2º grau incompleto ( ) e) 2º completo ( ) f) superior incompleto ( ) g) superior completo ( )
7) Você faz parte da diretoria da Cooperativa?
a) sim ( ) b) não ( )
8) Na sua opinião quem decide a organização do trabalho na Cooperativa? (Marque mais
de uma resposta se for necessário)
a) Alguém do Pangea ( ) c) Diretoria da Cooperativa b) Cooperados ( ) d) outros ( ) Quem_______
9) Como ocorre a distribuição de renda na Cooperativa?
a) igualitária ( ) b) assalariada ( ) c) por produção ( ) d) outros ( ) Qual? ________________
10) Você conhece bem o Estatuto e o Regimento Interno da Cooperativa? a) Conheço ( ) b) Mais ou menos, conheço mas não conheço tudo ( ) c) ainda não, mas vou conhecer ( ) d) Ainda não tive oportunidade ( ) e) Ainda não precisei usar ( ) f) Não conheço ( ) g) Não sei responder ( )
11) Como funciona o processo de informação na Cooperativa?
a) As pessoas não me avisam de nada ( ) b) As informações ficam só com a diretoria ( ) c) Às vezes falto a alguma reunião e ninguém me avisa o que foi discutido ( ) d) Quando falto a alguma reunião fico sabendo o que aconteceu ( ) e) Procuro ficar sabendo de tudo, mas acho que o processo de informação na
Cooperativa deve melhorar ( )
RELATÓRIO DO QUESTIONÁRIO APLICADO NA COOPERATIVA D E
MULHERES DO PARQUE SÃO BARTOLOMEU
O questionário de pesquisa aplicado na cooperativa de mulheres do Parque São Bartolomeu, representa 62,5% de um total de 24 cooperados, englobando pessoal de base e diretoria.
1)Tipo e Grau de dependência política e econômica
GRÁFICO 1 GRÁFICO 2
GRÁFICO 3 GRÁFICO 4
Tipo de dependência da Cooperativa de Mulheres, em relação a outras
instituições? Política
13%
74%
13%Sim
Não
Não Respondeu
Grau de dependêcia da Cooperativa de Mulheres, em relação a outras
intituições?Política
61%
0%
13%
0%
13%
13%
0%
50%
75%
100%
Não sabe
Não respondeu
Tipo de dependência da Cooperativa de Mulheres, em relação a outras
instituições Econômica
100%
0%
Sim
Não
Grau de dependência da Cooperativa de Mulheres, em relação a outras
instituições?Econômica0%
0%
20%
13%
13%
54%
0%
50%
75%
100%
Nesta pergunta, aproximadamente 74% disseram que não há dependência política, 13%
dos entrevistados não responderam e 13% disseram que há dependência. Quanto ao grau de
dependência política 61% dos entrevistados disseram que o grau de dependência é 0%, 13%
não responderam, 13% não sabem, 13% disseram que o grau de dependência é de 75% e
ninguém respondeu que o grau de dependência chegaria a 100%. Quanto a Dependência
econômica 100% dos entrevistados disseram que sim, mas quanto ao grau de dependência
econômica 54% dos entrevistados disseram que não sabem o grau, 13% acham que a
dependência econômica é de 100%, 13% dos entrevistados disseram ser de 75% e 20%
disseram que a dependência é 50%.
A maioria dos cooperados, pesquisados, apresentam uma posição importante mostrando
que a cooperativa não tem dependência política, isso sinaliza para nós refletirmos: Porque
13% não sabem? Porque 13% afirmam que a cooperativa tem dependência política?. Isso
mostra a pluralidade de opiniões frente aos destinos da cooperativa.
Quanto à dependência econômica 100% dos associados afirmaram que a cooperativa é
dependente financeiramente. A opinião dos cooperados pesquisados nos leva a analisar que os
mesmos percebem o risco da cooperativa na questão de ordem econômica. Esse dado crítico
pode ser aproveitado pela cooperativa com sua diretoria para desenvolver um trabalho de
conscientização e um plano duradouro, para que a cooperativa venha ser auto-sustentável.
No entanto 54% dos entrevistados não sabem o grau de dependência econômica da
cooperativa. Um trabalho de conscientização permanente abordando gestão social, economia
solidária, finanças, contabilidade, política, economia, os movimentos sociais, as diferenças de
cooperativas podem contribuir para uma maior compreensão dos cooperados para atender
melhor a sociedade e transformá-la.
2)Níveis desenvolvido de solidariedade
GRÁFICO 5
Aproximadamente 46% dos entrevistados disseram que praticam ajuda mútua e mutirão,
20% disseram que só há ajuda mútua, 7% não responderam, 13% disseram que existe ajuda
mútua, mutirão, integração, controle e doações, 7% disseram que existe mutirão e controle e
7% disseram que são exercidos somente mutirão.
Na análise de Singer (p.09,2002), A solidariedade na economia só pode se realizar se ela
for organizada igualitariamente pelos que se associam para produzir, comerciar, consumir ou
poupar. A chave dessa proposta é a associação entre iguais em vez de um contrato entre
desiguais.
De acordo com a Organização das Cooperativas Brasileiras (CBO), as cooperativas
baseiam-se em valores de ajuda mútua e responsabilidade, democracia, igualdade, equidade e
solidariedade. Na tradução dos seus fundadores, os membros das cooperativas acreditam nos
valores éticos da honestidade, transparência, responsabilidade social e preocupação pelo seu
semelhante.
Na cooperativa de Mulheres, observamos que as cooperadas praticam ajuda mútua e
mutirão, uma vez que o mutirão como uma forma de solidariedade está dentro da ajuda
mútua. Falta uma visão crítica aprofundada das cooperadas frente ao processo histórico da
ajuda mútua e as diversas formas de solidariedade.
níveis de solidariedade
46%
20%
7%
7%
13%
7%
Ajuda mútua eMutirão
Ajuda mútua
Mutirão
Ajuda mútua econtrole
Tudo
Não respondeu
3)Práticas organizacionais GRÁFICO 6
As práticas organizacionais tiveram aproximadamente 64% de descentralização e 36%
disseram que as práticas eram centralizadas.
O conceito sugerido distingue a gestão social na visão de França Filho (2002), em relação a
outras formas de gestão e enfatiza sua singularidade que reside na sua natureza complexa, isto
é, aquela de uma noção que compreende uma dupla dimensão de abordagem organizacional e
societária (...)
Segundo Singer (p.16, 2002), O objetivo máximo dos sócios da empresa solidária é
promover a economia solidária tanto para dar trabalho e renda a quem precisa como para
difundir no país (ou no mundo) um modo democrático e igualitário de organizar atividades
econômicas.
Ao analisarmos a resposta supracitada, observamos que o percentual de 64% de
descentralização, os associados trabalham de forma horizontal na cooperativa, interagindo de
forma igualitária e organizando a produção. O comando da cooperativa se dá através de
conselho da administração, onde os mesmos dirige os destinos da cooperativa.
4)Participação dos cooperados nas decisões GRÁFICO 7
As práticas organizacionais são:
36%
64%
Centralizada
Descentralização
Participação nas decisões
100%
0%
Sim
Não
100% dos entrevistados disseram que participam das decisões.
Segundo Gilvando Sá Leitão Rios (p.16,1987) O associado da cooperativa não é
somente um co-usuário da empresa, é um co-participante na tomada de decisões e um fiscal
na aplicação das mesmas.
Segundo Singer,(pp.16,2002) A principal diferença entre economia capitalista e
solidária seja o modo que as empresas são administradas. A primeira aplica a heterogestão.
Ou seja, a administração hierárquica, formada por níveis sucessivos de autoridade, entre os
quais, as informações e consultas fluem de baixo para cima e as ordens e instruções de cima
para baixo. Já a empresa solidária se administra democraticamente, ou seja, pratica a
autogestão, e para que a autogestão se realize, é preciso que todos os sócios se informem do
que ocorre na empresa e das alternativas disponíveis para a resolução de cada problema.
Analisando s informações dadas pela cooperadas, podemos observar que há
participação das mesmas em assembléias gerais e reuniões, onde elas opinam e decidem sobre
os problemas enfrentados e buscam soluções para a cooperativa. As decisões tomadas nessas
reuniões gerais devem ser respeitadas e cumpridas pela diretoria e demais associados, que
estejam ou não presentes nas assembléias e reuniões.
5)Satisfação dos cooperados GRÁFICO 8
Grau de sastifação das cooperandas em relação ao trabalho de confecção de
roupas e acessórios
0%
40%
20%
40%Baixo
Médio
Regular
Ótimo
Aproximadamente 40% dos entrevistados disseram que o grau de satisfação é ótimo, 40%
disseram que o grau de satisfação é médio e 20% disseram que o grau de satisfação é regular.
Para Guilherme Cortizo (p. 185,1987), As cooperativas se apresentam como entidades de
inspiração democrática, em que o capital não se constitui o determinante da participação
associativa, mas instrumento para a realização dos seus objetivos. Os princípios
cooperativistas exprimem o alto sentido social do sistema cooperativo.
Para Peter Drucker (p.94,1992) Numa fraqueza das instituições sem fins lucrativos é que
ela acreditam que tem que ser infalíveis __ muito mais que as empresas. Estas sabem que de
alguma forma estão sendo cometidos erros. Nas instituições seus fins lucrativos os erros não
são permitidos (...)
Analisando os dados acima constatamos que os índices de satisfação apresentado pela
maioria é regular. No entanto esses índices de satisfação estão relacionado com os ganhos
econômicos em virtude da necessidade da renda para sobrevivência individual e de seus
familiares, não percebendo outras dimensões da necessidade humana em termos sociais,
político, econômico e cultural.
6)Escolaridade dos cooperados
GRÁFICO 9
Grau de escolaridade da Cooperanda
0%20%
7%
40%
33%
0%0%Analfabeto
1° grau incompleto
1° grau completo
2° grau imcompleto
2° completo
Superior Incompleto
Superior Completo
Aproximadamente 40% dos entrevistados possuem 2º grau incompleto, 33% possuem
2º completo, 20,1% possuem 1º incompleto e 7% possuem 1º grau completo.
O grau de escolaridade apresentado na pesquisa, é considerado baixo, pois no mundo
moderno, a exigência de um grau maior de escolaridade influencia em uma qualificação
melhor de mão-de-obra, crescimento profissional, conhecimentos de seus direitos, consciência
e clareza na tomada de decisões.
7)Participação na diretoria
GRÁFICO 10
Aproximadamente 87% dos entrevistados não fazem parte da diretoria e 13% fazem parte.
Conforme a lei 5.764/71, para o exercício de cargos de diretoria e conselho fiscal, as
eleições se processarão por escrutínio secreto permitida a reeleição para mais um mai um
mandato consecutivo.
Na análise de Cansado (p.34,2004), O cooperativismo desde Rochdale, possui um
modelo teórico a ser seguido, fundamentado nos princípios cooperativistas. Estes
princípios, determinados primeiramente pelos fundadores da cooperativa de Rochdale,
passaram posteriormente a ser discutidos e contratados pela ACI (SCHNEIDER, 1999). No
fazem parte da diretoria da Cooperativa
87%
13%sim
não
10º congresso da ACI, realizado na Basiléia, em 1921, foi aprovado que as cooperativas
seriam recomendadas a se orientar pelos princípios de Rochdale, tornando-se inclusive, um
critério para afiliação (...)
De acordo com a resposta acima observamos que para administrar a cooperativa os
associados elegem a diretoria e um conselho fiscal. È importante que os dirigentes sejam
escolhidos por apresentarem real expressão de liderança, capacidade de luta, conhecimento
dos princípios do cooperativismo. Deve conhecer a legislação vigente e se empenhar mo
exercício de planejamento, organização, direção e controle da cooperativa e saber
diferenciar as cooperativas populares das cooperativas tradicionais.
8)Decisão da organização do trabalho
GRÁFICO 11
Aproximadamente 13,% dos entrevistados disseram que as decisões da cooperativa são
tomadas pelos cooperados, 33,% disseram que as decisões são tomadas pelos cooperados e
pela diretoria e 54% disseram que as decisões são tomadas somente pela diretoria.
Na análise de Singer (p.11,2003) O capitalismo é um modo de produção em que os meios
de produção e distribuição, assim como o trabalho se tornam mercadorias apropriadas
Quem decide a organização do trabalho na Cooperativa
0%
0%
33%
13%
54%
Alguém doPangea
Cooperados
Diretoria daCooperativa
Outros
Cooperados eDiretoria daCooperativa
privadamente. Os meios de produção e a distribuição tornam-se capital a medida que se
concentra nas mãos de uma minoria, enquanto a maioria se limita a posse de sua capacidade
individual de trabalho (...)
Segundo Guilherme Cortizo (p.186,1987) Os membros do conselho de administração ou
diretoria não tem poder de mando sobre os associados, mas tão somente organizam e
gerenciam a sociedade, com vistas ao objetivos comum.
De acordo com a resposta supracitada 54% das decisões são tomadas pela diretoria , onde
observamos que através da realidade vivida pela cooperativa, essas decisões materializa a
viabilidade da organização do trabalho na cooperativa, na busca de soluções. Quando a
cooperativa tem dificuldades no processo organizativo, busca apoio do Pangea (ONG), como
assessoria técnica, projeto para compras de máquinas, capacitação, etc. A cooperativa ainda
não adquiriu autonomia frente à organização do trabalho e da produção, o que implica
necessidades constantes de apoio técnico, financeiro, etc.
9)Distribuição da renda
GRÁFICO 12 100% dos cooperados disseram que a distribuição ocorre por produção.
Segundo Marx (pp.29,1987) “As cooperativas de produção trazem a prova de que o
capitalismo tornou-se tão supérfluo como agente da produção quanto é o grande
proprietário aos olhos do capitalista evoluído”. Marx encara o cooperativismo dentro de
uma perspectivas de mudança global da sociedade.
Distribuição de renda na Cooperativa
0%
0%
100%
0%
Igualidade
Assalariada
Por produção
Outros
Segundo Diva Benevides Pinho (p.190,1961) “As cooperativas de produção podem ser
entendidas, em sentido amplo, como associações que se destinam a eliminar o patrão,
suprimir o assalariado e dar ao trabalhador agrícola ou industrial e o direito de disposição
integral do produto de seu trabalho.
A ccoperativa de Mulheres do Parque São Bartolomeu trabalham baseado na
produção de roupas e acessórios, onde 80% do trabalho produzido é recebido em forma de
renda para sobrevivência indiviadual e de seus familiares, como uma forma saída da
exclusão social. Enquanto que 20% do trabalho produzido vai para o funcionamento da
cooperativa, como uma forma de contribuição coletiva.
A renda adquirida pelas cooperativas tem um papel fundamental no processo
de resgatar a dignidade, seu bem estar social, retirada da marginalização e inclui-los no
contexto sócio-econômico.
10) Estatuto e Regimento
GRÁFICO 13
Aproximadamente 57% conhecem, mas não tudo e 43% conhecem o estatuto.
Você conhece bem o Estatuto e o Regimento Interno d a Cooperativa?
43%
57%
0%0%0%0%0%
Conheço
Mais ou menos
Ainda não, masvou conhecerAinda não tiveoportunidadeAinda nãoprecisei usarNão conheço
Não seiresponder
c
Conforme a lei 5764/71, “O ingresso nas cooperativas é livre a todos que desejarem utilizar os
serviços prestados pela sociedade, desde que aderam aos propósitos sociais e preencham as
condições estabelecidas no Estatuto.
Cansado (p.42,2004) Existe um cooperativismo que não está nas estatísticas da OCB
(Organização das Cooperativas Brasileiras) ou de qualquer outro órgão, usualmente
conhecido como cooperativa popular. As cooperativas populares, muitas vezes, informais, na
sua grande maioria não fazem parte do sistema de representação do cooperativismo no país.
Cansado (p.42,2004) Enfatiza Justino (2002) diferença entre uma cooperativa
“tradicional” e uma cooperativa popular estaria na própria autogestão. Para Oliveira (2003), o
cooperativismo popular pode ser caracterizado em termos econômicos (prática dos princípios
da cooperação administrativos (autogestão) e políticos práticas coletivas democráticas para
lutas e emancipação e transformação social e cultural).
Analisando a resposta acima podemos perceber que o estatuto deve expressar os interesses
e necessidades da sociedade, incluindo as regras de funcionamento, podendo ser alterado
quando a maioria julgar necessário. É a lei orgânica de uma cooperativa é necessário que os
associados conheçam o estatuto.
11)Processo de informação
GRÁFICO 14
Como funciona o processo de informação na Cooperativa?
0%
47%53%
Não há umaviso
As informaçõessó ficam nadiretoria
Não hádiscusão sobrea reunião
Há discusãosobre a reunião
Precisamelhorar
c
Aproximadamente 47% dos entrevistados disseram que ficavam sabendo de tudo
quando faltavam a alguma reunião e 53% disseram que procuram ficar sabendo de tudo. Mas
acha que o processo de informação precisa melhorar.
Com o desenvolvimento das forças produtivas e a velocidade do sistema de
informação, as organizações na sociedade atual necessitam modernizar seus sistemas de
informação, aperfeiçoar a forma de comunicação com os associados e a sociedade de modo
geral. Aprofundar a democratização da informação e da comunicação é vital para o
desenvolvimento das cooperativas e sua relação com a sociedade.
Roteiro para Entrevista Semi-estruturada
Questões:
1) Como foi o processo de formação da Cooperativa? 2) Como se dá a relação da Cooperativa com a comunidade local?
3) Quais os objetivos da Cooperativa? E qual a estratégia para alcançar êxito?
4) Como se dá o processo de trabalho e renda na Cooperativa?
5) Como se dá às parcerias com outras organizações?
6) Quais os principais problemas enfrentados pela Cooperativa na atualidade?
7) Quais as formas de cooperação desenvolvidas pela cooperativa? E com que freqüência
isto ocorre?
8) Quais as formas de sustentabilidade econômica desenvolvido pela cooperativa? E quais suas perspectivas para o futuro?
RELATÓRIO DA ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA APLICADA N A
COOPERATIVA DE MULHERES DO PARQUE SÃO BARTOLOMEU
Este relatório é baseado em um universo de 24 pessoas, das quais 40% foram
entrevistadas, englobando pessoal de base e diretoria.
Questão 1: Como foi o processo de formação da cooperativa?
Detectamos que: Aproximadamente 90% dos entrevistados informaram que o processo
de formação iniciou-se com reuniões de costureiras e não costureiras que encontravam-se
desempregadas, e destes encontros criaram a Cooperativa de Mulheres do Parque São
Bartolomeu, com o apoio do Pangea ( Centro de Estudos Sócio-ambiental), com patrocínio da
Fundação Telefônica e do Instituto Vivo. E 10% das cooperadas não sabem como ocorreu o
processo de formação da cooperativa.
Questão 2: Como se dá à relação da cooperativa com a comunidade local?
Segundo aproximadamente 60% dos entrevistados afirmaram que ocorre uma relação
próxima à comunidade local, onde anualmente a Cooperativa com seus filiados participam da
defesa ambiental do Parque São Bartolomeu, mas que não existe um trabalho permanente com
a comunidade. 20% dos entrevistados não souberam responder. Para 10% disseram que a
cooperativa precisa ser conhecida como a comunidade do Parque São Bartolomeu. Outros
10% disseram que a cooperativa é o orgulho da comunidade.
Questão 3: Quais são os objetivos da cooperativa? E qual é a estratégia para alcançar
êxito?
Aproximadamente 60% dos entrevistados informaram que as trabalhadoras costureiras
precisam se unir, organizar as cooperandas, melhorar a renda, conquistar dignidade e lutar por
seus direitos, e a estratégia para alcançar êxito seria trabalhar bastante, ter responsabilidade
com a produção e disciplina no trabalho. 10% disseram que os objetivos da cooperativa são:
gerar trabalho e renda. E a estratégia para obter êxito é manter e conquistar novos clientes.
10% das pessoas informaram que o objetivo é conseguir estabilidade para todas as
cooperandas e para obter êxito é trabalhar com produtos próprios, assim teriam um preço
melhor. Outros 10% disseram que o objetivo seria gerar renda, organizar as costureiras, dar
oportunidade a quem não tem experiência e inclusão de pessoas que já tem idade avançada,
porque o mercado de trabalho recusa idosos, e a estratégia seria trabalhar bastante. Outros
10% informaram que o objetivo principal era crescer, dar capacitação para pessoas da
comunidade e a estratégia era capacitação através de cursos das parcerias.
Questão 4: Como se dá o processo de trabalho e renda na cooperativa?
Aproximadamente 90% dos entrevistados afirmaram que o processo de trabalho se dá
por produção, utilizando as máquinas da cooperativa e que cada um ganha pelo que produz,
80% do que é produzido individualmente é do cooperando e 20% restante fica para a
cooperativa. 10 % disseram que o trabalho é feito por produção com produtos terceirizados
que são vendidos na loja do Center Lapa, feira e desfiles.
Questão 5: Como se dá às parcerias com outras organizações?
Aproximadamente 90% dos entrevistados informaram que o principal parceiro é o
Pangea, além do Instituto Vivo e da Fundação Telefônica e o apoio Center Lapa com a
concessão do espaço de uma loja no Shopping. 10% disseram que a parceria se dá pelo
Conder – Ribeira Azul, Governo do Estado, AVIS, Sebrae, Senai, BNDES, PATS, Banco
Mundial.
Questão 6: Quais os principais problemas enfrentados pela cooperativa na atualidade?
Aproximadamente 70% do entrevistados disseram que a cooperativa não possui
sustentabilidade financeira e falta de qualificação de mão-de-obra. 10% acreditam que o
maior problema é a falta de entendimento entre as cooperandas, que pode ser resolvido com a
utilização do Estatuto, o qual ainda não foi utilizado. Outros 10% afirmaram que é preciso
capacitação em outras áreas da costura (design), maior escoamento da produção e criação de
uma marca própria para atingir o mercado positivamente.
Questão 7: Quais as formas de cooperação desenvolvida pela cooperativa? E com que
freqüência isto ocorre?
Aproximadamente 70% dos entrevistados disseram que as formas de cooperação
desenvolvidas são: mutirão e ajuda mútua, ocorrendo com certa freqüência, principalmente
quando precisam entregar um pedido no prazo. Aproximadamente 10% informaram que a
ocorre com a ajuda mútua, uns ajudando os outros, ocorrendo sempre. Outros 10%
informaram que a cooperação se dá através de reuniões, discussões, cursos de cooperativismo,
interação entre o grupo, ou seja, ajuda mútua, não informaram a freqüência . Outros 10%
aproximadamente disseram que a cooperação ocorre em forma de mutirão entre as cooperadas
e geralmente ocorre a cada 02 meses.
Questão 8: Quais as formas de sustentabilidade econômica desenvolvida pela
cooperativa e suas perspectivas para o futuro?
Aproximadamente 60% dos entrevistados disseram que a sustentabilidade da
cooperativa ocorre através dos 20% recolhidos em cima da produção individual, e as
perspectivas é a implantação de uma loja no bairro acreditando que atingiriam a
sustentabilidade em período de 05 anos. 20% acredita que a sustentabilidade ocorre através
dos 20% recolhidos individualmente em cima da produção e as perspectivas seria continuar
crescendo, absorver pessoas da comunidade para trabalhar na cooperativa, trabalhar por conta
própria, de forma independente, não necessitando de outros parceiros. 10% disseram que a
sustentabilidade ocorre nas vendas de fabricação própria da loja São Bartolomeu, confecção
de produtos terceirizados e a perspectiva é se tornar pronta entrega dos produtos SÃO
BARTOLOMEU. Outros 10% acreditam que a sustentabilidade atualmente ocorre com a
terceirização dos produtos, pois a loja não obteve retorno financeiro satisfatório, estando
aberta apenas por questão de marketing e a perspectiva é ter uma produção independente, mas
não deixando de produzir produtos terceirizados, e ainda criar uma escola para capacitar
homens e mulheres da comunidade para trabalhar na cooperativa, tendo produção própria
interna e externa.
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