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Instituto Politécnico da Guarda
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto
Relatório de Estágio
Discente: Lúcia Renata Fabião Costa Ferreira
Data: Janeiro 2014
Um Mundo Mágico
Ficha Técnica
Estagiário: Lúcia Renata Fabião Costa Ferreira
Número de aluno: 5007146
Estabelecimento de Ensino: Instituto Politécnico da Guarda, Escola Superior de
Educação, Comunicação e Desporto
Obtenção de Licenciatura: Animação Sociocultural
Docente Orientador: Professora Ana Lopes
Organização: Colónia de Férias da Torreira
Morada: Avenida Eng.º. Duarte Pacheco, 3870-322 Torreira
Tutor de Estágio: Animador André Almeida
Início de Estágio: 01 de Julho de 2013
Termo do Estágio: 24 de Setembro de 2013
Duração: Três meses
Um Mundo Mágico
Agradecimentos
Em primeiro lugar quero agradecer ao Instituto Politécnico da Guarda, em
particular à Escola Superior de Educação Comunicação e Desporto e, aos professores
que nela trabalham por tudo aquilo que me ensinaram nestes três anos.
Em segundo à professora Ana Lopes pela disponibilidade, pelo profissionalismo
e pela grande ajuda despendida ao longo da orientação do estágio, um grandíssimo
obrigado.
Acima de tudo quero agradecer à Colónia de Ferias da Torreira e ao meu
Orientador André Almeida, pelo imenso apoio e disponibilidade para me ajudar sempre
que precisei, agradecendo também a todos os Animadores internos e externos, aos
monitores e monitoras, e a todas as pessoas que fazem parte desta família, pelo carinho
com que me receberam e apoiaram em todos os meus passos e pelos amigos
incondicionais que de lá surgiram.
Ao meu pai e ao meu avô por acreditarem sempre em mim, por me
acompanharem neste percurso e fazerem de mim o que sou hoje, por me darem forças
em todos os momentos difíceis que passei nestes três anos, por me apoiarem em todas
as minha decisões e pelo enorme esforço feito para que eu conseguisse realizar este meu
sonho e nunca desistisse dele.
Aos meus amigos de sempre, Telma, Susana, Ana, Sílvia, Gonçalo, Lígia pela
amizade sincera ao longo destes anos, por serem o meu porto de abrigo em tantas
situações de angústia, e, porque me conhecendo tao bem sempre acreditaram em mim e
neste meu grande sonho.
Às amizades construídas na cidade da Guarda principalmente aos do meu curso,
pela paciência, pelos jantares, pelas noites passadas a estudar, pelas saídas, férias,
alegrias e momentos inesquecíveis que resultaram de uma enorme união a que hoje
posso chamar de amizade, por me apoiarem e sempre acreditarem em mim.
Por último e não menos importante à minha companheira de estágio e grande
amiga Ângela, pois que sem ela nada disto teria sido possível, que me apoiou nestes
últimos anos de uma maneira incondicional, que me soube dar valor e lutar por mim
fazendo-me aperceber que eu era capaz de acabar este percurso, estando sempre ao meu
lado para que nunca me sentisse desamparada e, devido ao seu apoio todo este percurso
se tornou mais fácil e divertido, um enorme obrigado por caminhares ao meu lado neste
meu grande objetivo
Um Mundo Mágico
Resumo
A Animação Sociocultural, a Animação Socioeducativa e a Educação Permanente
constituem na atualidade uma tríade que funciona num sistema interativo ininterrupto
(Ventosa, 1999).
Atualmente a educação não formal ganhou uma importância acrescida no processo
de formação dos indivíduos como complemento à educação formal. Um dos seus
principais objetivos corresponde à capacitação individual de cada um inserido no seu
coletivo.
A autonomia, a responsabilidade, o trabalho de equipa, a criatividade, a imaginação e
o respeito pelo próximo são principais conceitos e valores que fundamentam a ação e a
planificação das estratégias e atividades que corporizam os campos de férias.
Neste sentido, o estágio desenvolvido na Colónia de Férias da Torreira prendeu-se
com a dinamização de um conjunto de atividades de cariz não formal vocacionadas para
a promoção de valores tais como: a solidariedade, a interajuda, a amizade o carinho e o
companheirismo.
Com o culminar de todas as experiências e aprendizagens vividas constatei que todo
o trabalho desenvolvido, juntamente com todos os conhecimentos adquiridos são
importantes para a evolução e progresso dos destinatários.
Palavras-chave: Animação Sociocultural, Animação Socioeducativa, Participação;
Colónia de Férias.
Um Mundo Mágico
Índice
Introdução ......................................................................................................................... 8
Capítulo I - Fundação Bissaya Barreto – Colónia de Férias da Torreira
1– Fundação Bissaya Barreto ......................................................................................... 11
2 – Colónia de Férias da Torreira ................................................................................... 12
2.1 – Estrutura da Instituição .................................................................... 12
3 – Funcionamento dos Turnos ...................................................................................... 14
Capítulo II - Enquadramento Teórico
1 – A Animação Sociocultural........................................................................................ 16
2 – A Animação Socioeducativa .................................................................................... 18
3 – Animação Sociocultural na Infância......................................................................... 19
4 – Animação Sociocultural na Terceira Idade .............................................................. 20
5 – As colónias de férias ................................................................................................. 23
5.1 – Expressão físico motora em campos de férias ................................. 24
Capítulo III – Estágio Curricular
1 – Enquadramento do estágio........................................................................................ 28
2 – Plano de Estágio ....................................................................................................... 28
2.1 – Infantis ............................................................................................................ 29
2.2 – Seniores .......................................................................................................... 30
3 – Animador na Colónia de Férias da Torreira ............................................................. 31
4 – Descrição do Funcionamento do Estágio ................................................................. 33
4.1 - Infantis ............................................................................................................ 34
a) Atividades desportivas ...................................................................... 35
b) Atividades aquáticas .......................................................................... 38
c) Atividades de Expressão Plástica ...................................................... 40
d) Atividades de Perícia cognitiva ......................................................... 41
e) Atividades Teatrais e Musicais ......................................................... 43
4.2 – Turno de Jerónimo Martins ............................................................................ 48
4.3 - Seniores ........................................................................................................... 51
Passeios ao Exterior .................................................................................. 52
Atividades Religiosas ............................................................................... 54
Atividades Desportivas ............................................................................. 55
Um Mundo Mágico
Atividades Musicais e Teatrais ................................................................. 55
Palestra sobre saúde .................................................................................. 59
Reflexões Finais ............................................................................................................. 60
Bibliografia ..................................................................................................................... 62
WebGrafia ...................................................................................................................... 63
Anexos ............................................................................................................................ 64
Índice de Figuras e Quadros
Figura 1 e 2 – Cheerleaders e Pestinha……………………………………………........36
Figura 3 e 4 - Cartaz Festival e Ramané……………………………………………….37
Figura 5 e 6 - Aula do GPS Náná………………………………………………………37
Figura 7 - Sousa ……………………………………………………………………..…38
Figura 8 e 9 - Amiguska e Marianoska……………………………………….....……...38
Figura 10 e 11 - Atividades Piscina ……………………………………………………39
Figura 12, 13 e 14 - Atividades na Praia ………………..…………………………..…40
Figura 15 e 16 - Arco-íris e Wendy……….………………..…………………………..41
Figura 17, 18 e 19 - Mapas e Folha das fórmulas…..…………………………………..42
Figura 20 e 21 - Crianças à espera dos Pigmentos e Chegada dos Pigmentos ………...43
Figura 22, 23 e 24 - Dinâmica doa Karaokes ………………………………………….45
Figura 25 e 26 - Festa Branca e Crianças na Discoteca ………………………..….…..45
Figura 27, 28 e 29 - Dimensão T ……….……………………..………………….……47
Figura 30 e 31 - Fitas para coreografia e Arco-íris ………………..…………….……..48
Figura 32 e 33 - Abraço final às crianças e Abraço de Equipa ………………….…….48
Figura 34, 35 e 36 - Dinâmica do Karaoke em Jerónimo Martins …………….………50
Figura 37 e 38 - Cabeleireiras e Equipa Pedagógica no CFT Alive ..……………….…50
Figura 39 e 40 - Passeio à Praia ……………………………………………………..…52
Figura 41 e 42 - Passeio à Ria…..……………………………………………………...53
Figura 43 e 44 - Passeio à Torreira …………………………………..………………...53
Figura 45 e 46 - Passeio ao Furadouro …………………….…………………………..53
Figura 47 e 48 - Igreja São Francisco de Assis ………………………………………..54
Figura 49 e 50 - Passeio no elétrico e foto de grupo ……….……………………….…54
Figura 51, 52, 53, e 54 - Dinamização da aula ………………………………………55
Figura 55 e 56- Karaoke e atuação de um grupo ……….…………………….………..56
Um Mundo Mágico
Figura 57 - Bingo ……………………………………………………………………....56
Figura 58, 59 e 60 - Bailarico ………….……………………………………………....57
Figura 61 e 62 - Senhor Medo e Equipa Pedagógica.…………………….…………....58
Figura 63, 64 e 65 - Júlia Pinheiro e Cláudio Ramos e atuação de um grupo ………....59
Quadro 1 – Descrição das Funções …………………………………………….....……31
Lista de Siglas
ASC – Animação Sociocultural
ASE – Animação Socioeducativa
CFT – Colónia de Férias da Torreira
EP – Equipa Pedagógica
JM – Jerónimo Martins
IPG – Instituto Politécnico da Guarda
Um Mundo Mágico
8
Introdução
O presente relatório de estágio segue no âmbito da Licenciatura de Animação
Sociocultural, da Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto do Instituto
Politécnico da Guarda.
O estágio curricular está integrado no 3º ano da Licenciatura de Animação
Sociocultural teve a duração de três meses com início a 1 de Julho de 2013 e o final a 24
de Setembro de 2013 e, o local escolhido para a realização do mesmo foi a Colónia de
Férias da Torreira.
A Animação é uma atividade muito complexa pois atua com diferentes tipos de
pessoas, diferentes hábitos e diferentes comunidades. Ela valoriza a pessoa pelo que é
na realidade aceitando-a incondicionalmente. Cabe ao animador centrar-se
principalmente em quem tem que animar de acordo com as suas características pessoais,
culturais, etárias, sociais, físicas e económicas.
Durante este período trabalhei com uma grande variedade de crianças, sendo elas
institucionalizadas, ou de famílias disfuncionais ou crianças oriundas de famílias
convencionais. Trabalhei também com pessoas idosas no último turno. Devido a esta
variedade de utentes tive que seguir um plano de atividades já realizado anteriormente
pela Equipa Pedagógica da instituição, ao qual tive que me adaptar de uma forma
rápida.
A Colónia de Férias da Torreira é uma instituição que pretende contribuir
ativamente para o bem-estar dos seus utentes de acordo com as suas especificidades.
Como futura Animadora Sociocultural, tenho plena consciência da importância
destas instituições para a ocupação dos tempos livres, tendo como um dos principais
objetivos dar respostas às necessidades e aspirações de cada um, atividades que
promovam o social, cultural e educativo.
Dividi este relatório em três partes onde irei retratar a minha experiência como
Animadora em contexto de trabalho. A primeira parte aborda a origem da Instituição e o
seu funcionamento. No segundo capítulo faço um breve enquadramento da Animação
Sociocultural e os seus âmbitos como é o caso da Animação Socioeducativa e da
Animação na Terceira Idade, pois foi nestas áreas que trabalhei. Numa terceira parte
faço a descrição do meu estágio curricular que contém o plano de estágio, as atividades
Um Mundo Mágico
9
e tarefas realizadas ao longo de sete turnos, assim como todas as minhas aprendizagens
e dificuldades sentidas.
Para terminar elaborei uma reflexão crítica sobre as atividades desenvolvidas
nestes três meses, fazendo assim uma apreciação global do estágio.
Um Mundo Mágico
Capítulo I - Fundação Bissaya
Barreto – Colónia de Férias
da Torreira
Um Mundo Mágico
11
1– Fundação Bissaya Barreto
Bissaya Barreto nasceu em Castanheira de Pera em 1886 e, foi professor de medicina
na Universidade de Coimbra. Com uma reconhecida sede de conhecimento e uma
enorme vontade de ajudar os outros era um homem de ação e a prova disso foi a enorme
obra que legou, sempre com o intuito de ajudar os mais desfavorecidos.
Em 26 de Novembro de 1958 foi reconhecida por Despacho do Ministério da Saúde
a Fundação Bissaya Barreto.
É uma instituição particular de solidariedade social e utilidade pública, com sede em
Bencanta (Coimbra), que prossegue desde a sua criação o objetivo de dar continuidade à
Obra social criada e legada pelo patrono, ilustre médico e professor universitário que na
região centro edificou uma enorme rede de organismos assistenciais, educacionais,
formativos e culturais com uma visão de empreendedorismo social.
Tem como objetivo contribuir para a promoção da população e desenvolvimento da
região centro, dando expressão organizada ao dever de solidariedade e de justiça social
e propõem apoiar, promover e realizar atividades nos seguintes âmbitos: Educação,
Saúde, Segurança Social, Formação Profissional e Cultura. Em seguimento deste
objetivos a Fundação possui diversos estabelecimentos relacionados com várias áreas:
educação; segurança social; cultura; formação profissional, bem como um auditório e
instalações desportivas.1
1 Adaptado dos sites www.fbb.pt e www.oseculo.pt
Um Mundo Mágico
12
2 – Colónia de Férias da Torreira
Como foi mencionado, a Colónia de Férias da Torreira (CFT), gerida pela Fundação
Bissaya Barreto, desde 1997, desenvolve serviços de ação social, no âmbito da família e
da comunidade.
Este “Mundo Mágico” procura conciliar o divertimento com atividades de caracter
educativo, cultural e desportivo, promovendo o contato com o verde da natureza, com o
azul do mar e da ria e o amarelo do sol e da praia, e cujas atividades se desenrolam
numa atmosfera criativa e enriquecedora que representa uma nova alternativa à rotina
dos nossos dias.
2.1 – Estrutura da Instituição
Situada num espaço privilegiado com um enorme pinhal, entre o Oceano Atlântico e
a Ria de Aveiro, a CFT dispõe de um edifício central e dois blocos de alojamento
integrados numa vasta área circundante, vedada e ajardinada, com acesso privativo à
praia da Torreira. Tem a capacidade máxima de 377 pessoas (312 utentes + 52
monitores) e 13 colaboradores permanentes.
Dirige-se a todas as faixas etárias da população especialmente a pessoas e grupos
sociais mais desfavorecidos.
Consoante as faixas etárias, classificam-se em:
Maternais (4 a 5 anos) – 3 turnos de 24 de Maio a 24 de Junho;
Infantis (6 a 12 anos) – inclui crianças com necessidades especiais e dificuldades
de aprendizagem – 4 turnos, de 2 de Julho a 6 de Setembro;
Juvenis (adolescentes e jovens – 13 a 17 anos) – 3 turnos, de 20 a 27 de Março e
de 16 a 21 de Dezembro;
Seniores (a partir dos 65 anos) – 4 turnos, de 30 de Abril a 20 de Maio e de 17
de Setembro a 8 de Outubro;
Acolhimentos (pessoas portadoras de deficiências graves) – a turnos, de 3 a 23
de Abril e de 15 de Outubro a 5 de Novembro.
A Fundação Bissaya Barreto concede ainda o direito de utilização da Colónia de
Férias da Torreira a grupos organizados por Escolas, Autarquias, Instituições,
Associações e Particulares.
Um Mundo Mágico
13
O alojamento dispõe de camaratas com casa de banho privativa, serviço diário de
limpeza e refeições
A CFT tem como objetivos aprender a viver em comunidade; resolver problemas;
fazer ajustamentos sociais a novas e diferentes pessoas; assumir responsabilidades;
adquirir novas competências e autonomias que aumentam a autoestima.
Para as crianças a CFT é um complemento à experiência formal da escola,
constituindo uma experiência informal de aprendizagem, considerando que a educação
cívica e as atividades extracurriculares são tanto e, por vezes, mais importantes do que a
educação curricular.
Para os idosos é uma experiência única de convívio, capaz de fazer renascer a alegria
interior de cada um e o reviver de momentos carregados de recordações, dias que
aquecem o coração dos mais solitários.
A equipa da Colónia é composta por técnicos de diversas áreas de competência:
animação, educação, expressão físico-motora, ambiente, saúde, e no fundo, e mais
importante, uma equipa com uma grande vontade de fazer deste tempo conjunto um
tempo de alegria, de dádiva, de comunicação, responsabilidade, união e imensa energia.
A programação das atividades corresponde aos interesses e potencialidades dos
grupos a que se destinam, privilegiando sempre as atividades ao ar livre (anexo 3).
Em cada turno os monitores são distribuídos de uma forma organizada para que o
mesmo corra da melhor maneira:
Maternais/Infantis – Para cada grupo de 6 crianças é selecionado um monitor, que
as acompanha permanentemente em todas as atividades;
Juvenis/ Seniores – Um monitor para cada grupo de oito;
Acolhimentos – Um monitor para cada utente (Decreto de Lei 32/2011, artigo 16,
pp. 1307)
Ao monitor é exigida uma enorme atenção e respeito pelo ritmo e diferenças de cada
utente. Estes devem fazer uma boa gestão emocional do seu grupo, minorando as
saudades de casa e inventando novas estratégias para modificar alguns maus hábitos e
comportamentos devendo ser um exemplo para o grupo que está sob a sua
responsabilidade.
As comparticipações são determinadas de forma proporcional ao rendimento do
agregado familiar dos utentes de acordo com os princípios estabelecidos nas normas em
vigor para as respostas sociais implantadas pela Segurança Social.
Um Mundo Mágico
14
Este ano o valor individual relativo ao alojamento, alimentação, programa de atividades,
tratamento de roupa e eventual apoio e despesas médicas/enfermagem durante os 8 dias
do turno varia entre o escalão 1 (8,80€) e o escalão 9 (212,50€). Como já foi dito, é
objetivo da Colónia de Férias da Torreira a promoção do bem-estar dos seus utentes -
para tal, desenvolve um conjunto diversificado de atividades distribuídas pelos diversos
âmbitos da Animação Sociocultural.
3 – Funcionamento dos Turnos
O funcionamento das atividades da Colónia de Férias da Torreira está estruturado
segundo um calendário anual que se divide em 18 turnos de 8 dias cada um e onde se
encontram cinco valências (Juvenis, Acolhimentos, Seniores, Maternais e Infantis).
Neste mesmo calendário estão inseridos dois turnos particulares de Infantis para o grupo
Jerónimo Martins. Esta dinâmica e rotina invulgar permitem compreender a organização
clara de cada turno e a sua intensidade e, neste sentido o Animador exerce um papel
fundamental na essência desta “organização” pois é ele que, planifica e dinamiza todas
as atividades, mas acima de tudo é ele quem promove diretamente a relação entre a
Instituição e os Utentes, pois a animação é o coração da CFT.
Esta dinâmica só é possível, na perspetiva do Animador, tendo em conta cinco
palavras-chave que deverão ser interiorizadas e aplicadas como base na sua
postura/atitude diária como a Alegria, a Disponibilidade, a Cordialidade, o Carinho e
o Profissionalismo2.
2 Adaptado do Regulamento Interno da Colónia de Férias da Torreira 2013
Um Mundo Mágico
Capítulo II -
Enquadramento Teórico
Um Mundo Mágico
16
1 – A Animação Sociocultural
“ A Animação Sociocultural pode ser definida como uma tecnologia social que,
baseada numa pedagogia participativa, tem por finalidade atuar em diferentes sentidos
da qualidade de vida, mediante a participação das pessoas no seu próprio
desenvolvimento sociocultural” (Ander-Egg, 1992).
O aparecimento da animação sociocultural relaciona-se diretamente com a
Revolução Industrial e com as transformações que daí resultaram. A rapidez com que se
deram todas as mudanças dificultou a adaptação da sociedade às novas exigências,
realidades e problemas, pelo que se criaram as condições necessárias para o
aparecimento e afirmação da animação sociocultural. Esta envolve diferentes públicos-
alvo, está presente em áreas de atividades muito diversas e conta com um conjunto de
instituições especializadas com técnicos em acelerado processo de profissionalização.
Não existe uma, mas sim várias definições de animação sociocultural, pelo que se torna
compreensível o carácter fluído deste campo.
A Animação Sociocultural deriva da génese etimológica do anima: sentido, alento,
vida, e do animus: movimento e transformação, assume uma perspetiva bidirecional
(Ventosa, 2002) que projeta um perfil de Animador no anima e uma linha de
intervenção para a Animação Sociocultural no animus, sendo para a UNESCO “um
conjunto de práticas sociais que têm como finalidade estimular a iniciativa, bem como a
participação das comunidades no processo do seu próprio desenvolvimento e na
dinâmica global da vida sociopolítica em que estão integrados” (José Maria Quintana,
1997).
Marcelino de Sousa Lopes (2010) opta por definir a Animação Sociocultural como
uma metodologia de intervenção ao serviço do desenvolvimento no sentido de tornar as
pessoas vivas, autónomas e protagonistas do seu próprio desenvolvimento. Enquanto
campo científico defende a Animação como uma eficaz metodologia no seio da
educação ou como um conjunto de estratégias com vista ao desenho, desenvolvimento e
avaliação de projetos, potenciadoras de relação, da comunicação e da interação dos
indivíduos, na sua expressão humana, em todos os âmbitos etários, transversal enquanto
resposta social integrada, de interesse social, educativo, cultural, político, económico e
comunitário.
Um Mundo Mágico
17
Como referi anteriormente a ASC está presente em várias áreas de atividades, ou seja
em três grandes dimensões que são: a cultural, a social e a educativa.
A área social surgiu para ajudar os indivíduos a adaptarem-se à nova comunidade e
prevenir fenómenos de inadaptação excessiva, trabalhando sempre com o objetivo de
desenvolver a comunidade a partir da sua participação ativa.
Já quanto à área social é pertinente olhar para este processo educativo a três níveis:
formal, não formal e informal.
A educação formal trata-se de uma atividade organizada e sistemática que ocorre
frequentemente em instituições educativas formais como as escolas e as universidades
(Marcelino, 2010).
A educação não formal refere-se às atividades organizadas, sistemáticas mas que
ocorrem fora do sistema formal (Trilla, 1997).
A educação informal corresponde a um processo educativo não organizado que
decorre ao longo da vida dos indivíduos (Trilla, 1993).
Segundo Canário (2000) a animação sociocultural situa-se a um nível informal. No
entanto, Bernet (2004) situa normalmente a animação no nível não formal. De facto, a
animação pode englobar contextos potencialmente educativos e criar momentos
educativos não intencionais, mas o trabalho dos animadores é geralmente organizado e
intencional, sobretudo nos projetos de intervenção.
Fortalecemos assim a ideia de Ander-Egg (2000) que afirma que o objetivo principal
da Animação é o de gerar processos de participação à volta das pessoas, reforçando que
a sua metodologia deve ser orientada por princípios que fortalecem estes propósitos,
nunca esquecendo que os métodos e técnicas próprias e específicas se devem apoiar
numa pedagogia participativa, pois não há ASC nem Animação Socioeducativa, sem
participação e, no mesmo espaço educativo temos que ter em conta:
- A superação da conceção bancária de educação; a procura de auto-organização e
autodesenvolvimento e ir ao encontro da comunicação total.
Esta perspetiva leva-nos a considerar a Animação Socioeducativa como âmbito da
ASC assente num conjunto de técnicas sociais, culturais e educativas cujos propósitos
são:
O privilegiar da comunicação e da participação envoltas na dimensão social,
cultural e educativa;
A procura, a intervenção junto dos grupos e comunidades e procurar superar os
constrangimentos;
Um Mundo Mágico
18
A procura de soluções para suprimir as carências e necessidades de uma
determinada comunidade a partir de dinâmicas mobilizadoras onde todos são
protagonistas;
A promoção de métodos ativos, criativos e dinâmicos valorizando as pessoas, os
seus ritmos e os seus saberes.
2 – A Animação Socioeducativa
“ Entendo a Animação Socioeducativa como uma das áreas da Animação
Sociocultural que se dedica ao trabalho com as crianças e pré-adolescentes fora do
contexto escolar (institucional) contribuindo para o seu desenvolvimento
biopsicossocial através da prática de atividades em que seja feito um apelo à
criatividade, afirmação pessoal e inserção na realidade próxima…” (Morais, 1975).
Como foi referido no ponto anterior a Animação Socioeducativa é um dos âmbitos da
Animação Sociocultural com mais importância histórica, e segundo Morais (1975) esta
atua junto da população infantil e adolescente. Surge no fim dos anos sessenta num
contexto de educação não formal e entende-se talvez a uma educação global e
permanente de carater lúdico, criativo e participativo. Aparece como sequência de uma
herança da tradição da educação popular, que atualmente está em desuso e a ser
absorvida pela Animação Sociocultural.
Com o passar do tempo a nossa sociedade viu-se obrigada a responder a novas
necessidades especialmente na educação da população, daí alternar o sentido cultural
com o sentido educativo, não descuidando que tanto uma como a outra têm de assentar a
sua intervenção no social, no cultural e no educativo. A ASE não se pode focar apenas
no social + educativo esquecendo o cultural, pode sim dar mais ênfase à sua linha de
atuação na vertente educativa. Esta manifesta a intencionalidade de realizar ações que
emergem da interação humana assentes em projetos centrados numa pedagogia da
vivência e da convivência, como podemos observar nos novos projetos das cidades
educadoras, a animação em museus, a animação escolar, a animação hospitalar, a
animação comunitária, a animação do tempo livre e do tempo de ócio.
O que é mais importante percebermos é que não existe uma divisão entre Animação
Sociocultural e Animação Socioeducativa ambas têm que estar presente a tríade do
Um Mundo Mágico
19
Social, do Cultural e do Educativo e não reduzir a intervenção apenas aos elementos do
socioeducativo.
A Animação Socioeducativa surge ligada a um modelo de Animação francesa,
apresenta-se como uma ação assente em colónias de férias, campos de férias,
acampamentos e outras atividades ao ar livre destinados essencialmente à infância e
adolescência. Normalmente apresenta-se com atividades complementares à escola, ou
com ações mais prolongadas e executadas nas férias escolares. Procura prestar um
serviço à comunidade através da Animação do tempo livre dos mais jovens. Viché
caracteriza-a da seguinte maneira:
“ (...) este âmbito é o mais intimamente ligado à educação popular e à educação
no tempo livre. Dentro deste âmbito vamos considerar as práticas dos movimentos
educativos: movimento de colónias e centros de férias, a educação ecoterritorial, a
educação de adultos e as universidades populares” (Viché, 1999).
Com o evoluir dos tempos aparecem novos rumos, novos espaços e novas
hipóteses para a Animação Socioeducativa, que demonstram a sua ligação com a nova
tecnologia educativa que cruza e partilha saberes referentes aos diversos espaços
educativos - formal, não formal e informal, a partir da utilização de várias técnicas
como o teatro, a expressão dramática, a expressão musical, a expressão plástica e os
jogos pois só assim é que ela poderá contribuir para aumentar o sucesso da educação
formal.
3 – Animação Sociocultural na Infância
“ A animação sociocultural na infância mantém na sua forma de fazer os princípios
próprios que a animação sociocultural defende e somente nos seus programas de
intervenção, nas suas atividades e metodologias, encontraremos processos específicos e
diferenciais, fruto, por um lado, do ajuste às características e necessidades dos grupos
destinatários da sua acção, e por outro da sua estreita relação com a pedagogia do ócio”
(Calvo, 1997).
A Animação Infantil apareceu com a básica necessidade estabelecida pelo regime
demográfico em Portugal e ganhou expressão como forma de Animação
Socioeducativa. O seu objetivo central foi complementar as funções tradicionalmente
realizadas pelas escolas pela via da educação não formal. As transformações sociais e de
Um Mundo Mágico
20
estrutura familiar apresentadas nos últimos anos (inclusão da mulher no mundo do
trabalho) levaram a que a necessidade da educação nos tempos livres assumisse algumas
das tarefas que antes eram realizadas pela própria instituição familiar.
A ação da Animação na infância foi traduzida pela implementação de programas
lúdicos e formativos que tiveram lugar em colónias de férias, em passeios e visitas de
estudo que permitiam às crianças visitarem e conhecerem lugares fora da sua residência
habitual. Estas atividades baseavam-se em processos de aprendizagem dinâmicos,
resultando da partilha e da interação das crianças entre si e destas com os seus
monitores, ou seja, atividades em que estava sempre presente uma dimensão
intergeracional.
Podemos então afirmar que um programa de Animação Sociocultural na infância é
um conjunto de atividades de caráter lúdico, destinadas a crianças entre os 8 e os 18
anos, ondes elas se podem desenvolver independentemente ou em articulação com a
educação formal (Trilla, 1997/98). Estas atividades podem ser de expressão dramática,
expressão lúdica e física, expressão musical, expressão plástica, etc., mas se estiverem
articuladas com a educação formal podem atuar como tecnologias educativas ao serviço
das áreas formais de ensino.
Quaisquer atividades que possam ser levadas a cabo no âmbito da animação infantil
devem obedecer a princípios onde sejam empregues a criatividade, a componente
lúdica, a atividade, a socialização, a liberdade e a participação.
4 – Animação Sociocultural na Terceira Idade
“Quem não sabe o que é a velhice, tenha paciência até lá chegar, que antes não o poderá
saber.”
Miguel Ângelo
Um dos aspetos sociais mais importantes dos últimos tempos em termos
civilizacionais é o envelhecimento da população devido à queda da fecundidade e ao
aumento da esperança de vida. A diminuição da fecundidade e da mortalidade seguida
do aumento da longevidade, observado essencialmente nos países desenvolvidos,
conduziu a uma mudança na composição etária caracterizada pelo aumento do número
de idosos com idades acima dos 60 anos (Imaginário, 2004).
Um Mundo Mágico
21
O envelhecimento é um processo natural e universal inerente a todos os seres vivos.
Vários autores dividiram este processo em três componentes que são o envelhecimento
biológico, o envelhecimento social e o envelhecimento psicológico e, ao longo deste
processo as capacidades de adaptação do ser humano vão diminuindo, tornando-o cada
vez mais sensível ao meio ambiente o que, consoante as limitações implícitas ao
funcionamento do idoso, pode ser um elemento facilitador ou um obstáculo para o seu
dia-a-dia.
Com o declínio progressivo das suas capacidades, principalmente a nível físico e
também devido ao próprio fator psicobiológico do envelhecimento, o idoso vai
alterando os seus hábitos e rotinas diárias, substituindo-as por ocupações e atividades
que exijam um menor grau de atividade. Esta diminuição da atividade, ou mesmo
inatividade pode acarretar sérias consequências, tais como redução da capacidade de
concentração, coordenação e reação, que por sua vez levam ao surgimento de auto
desvalorização, diminuição da autoestima, apatia, desmotivação, solidão, isolamento
social e depressão. (Socialgest, 2007)
Tornou-se assim necessário programarem-se ações relacionadas com a Animação
Sociocultural para a terceira idade, pois esta é uma mais-valia uma vez que é o terminar
de um ciclo de vida profissional e o início de outro ciclo de vida, em que do ponto de
vista social as pessoas procuram melhorar a sua capacidade de vida, quer a nível físico,
educativo ou social. As pessoas na 3ª idade não podem ser vistas como seres em descida
na linha da vida, mas sim encaradas como indivíduos com uma experiência de vida e
sabedoria, capazes de transmitir os saberes e vivências pessoais e sociais, com
capacidades de aprendizagem educativas, culturais, físicas e sociais, tendo como
principal característica a motivação para a aprendizagem e pela melhoria da qualidade
de vida, a nível social, afetivo, educativo e físico-motor.
Luís Jacob (2007) define então a Animação de Idosos como a maneira de atuar em
todos os campos de desenvolvimento da qualidade de vida dos mais velhos, sendo um
estímulo permanente na vida mental física e afetiva da pessoa idosa. A animação
representa um conjunto de passos com vista a facilitar o acesso a uma vida mais ativa e
mais criadora, à melhoria nas relações e comunicação com os outros, para uma melhor
participação na vida da comunidade de que se faz parte, desenvolvendo a personalidade
do individuo e a sua autonomia.
Hervy (2001) afirma que “ A importância da animação social das pessoas mais
velhas é facilitar a sua inserção na sociedade, a sua participação na vida social
Um Mundo Mágico
22
sobretudo, permitir-lhes desempenhar um papel, inclusive reativar papéis sociais.”
Jacob (2007) define “a animação de idosos como a maneira de atuar em todos os
campos do desenvolvimento da qualidade de vida dos mais velhos, que vivem sem um
estímulo permanente da vida mental, física e afetiva da pessoa idosa.”
Tendo em conta os aspetos referidos anteriormente podemos defender que uma boa
animação deve dar resposta a diversos objetivos, particularmente:
- Promover a inovação e novas descobertas; valorizar a formação ao longo da vida;
proporcionar uma vida mais harmoniosa, atrativa e dinâmica com a participação e
envolvimento do idoso; incrementar a ocupação adequada do tempo livre para evitar
que o tempo de ócio seja alienante, passivo e despersonalizador; rentabilizar os serviços
e recursos comunitários para melhorar a qualidade de vida do idoso; valorizar as
capacidades, competências, saberes e cultura do idoso, aumentando a sua autoestima e
autoconfiança; promover a melhoria da qualidade de vida a nível físico, educativo e
social e garantir os direitos dos idosos.
Mais uma vez a Animação é referida como a ocupação do tempo livre e deve servir
para uma valorização pessoal, tendo como vocação central a autoestima e a participação
comprometida com um bem-estar individual e coletivo. Neste seguimento Elízasu
(2011) defende esta animação como:
“A aparição da Animação Sociocultural no campo da terceira idade surge em
resposta a uma ausência ou diminuição da sua actividade e das suas relações sociais.
Para preencher esse vazio, o Animador Sociocultural trata de favorecer a emergência de
uma vida centrada à volta do indivíduo ou do grupo. A Animação Sociocultural concebe
a ideia de progresso das pessoas idosas através da sua integração e participação
voluntária em tarefas coletivas nas quais a cultura joga um papel estimulante…”.
Em termos conclusivos podemos afirmar que a Animação é demasiado importante
quer no aspeto social, quer no humano, ao nível da atenção, disponibilidades e carinho,
sendo fundamental uma enorme afinidade e cumplicidade entre o grupo e o Animador.
O Animador constitui um recurso importante para impulsionar um trabalho sustentável
ao nível quantitativo e qualitativo, proporcionando o desenvolvimento para uma
Animação adequada a todos os níveis: social, cultural, desportivo e educativo.
Neste sentido, podemos dividir a animação para idosos em sete componentes:
Animação físico motora,
Animação cognitiva,
Animação através da expressão plástica,
Um Mundo Mágico
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Animação através da comunicação,
Animação associada ao desenvolvimento social e pessoal,
Animação comunitária,
Animação lúdica.
5 – As colónias de férias
Não podemos falar de colónia de férias sem falarmos da FNAT (Fundação Nacional
para a Alegria no Trabalho) que nasceu no período dos regimes políticos opressivos
como o fascismo, aparecendo também em Itália e Alemanha, e a analogia entre alegria e
trabalho surge assim como um surto.
“A FNAT que ocupando-se de desportos e de tempos livres, de colónias de férias e
de atividades culturais nacionalistas, terá assumido funções análogas às do Dopolavoro
Italiano” (Valente, 1999).
Como podemos assim ver estas estruturas têm como objetivo associar as ideias de
alegria e trabalho que foram o suporte dos regimes de Hitler, Mussolini, Franco e
Salazar. A história das colónias de férias está totalmente ligada ao desenvolvimento
industrial e às lutas trabalhistas em busca de melhores condições de vida, sobretudo a
partir da década de 30, em que surgiram na Europa lideranças sindicais lutando por
melhores salários e condições de trabalho, mas também para atender a outras
necessidades do trabalhador. Assim, o direito às férias passa a ser tratado como uma
necessidade para o trabalhador e para a sua família e, as colónias surgem como a
possibilidade de cooperação na obtenção da redução de custos, podendo ser considerado
o uso delas dentro da modalidade de turismo social (Marcelino, 2006).
Para a FNAT, as colónias de férias eram sobretudo colónias balneares destinadas aos
trabalhadores e aos seus filhos, pois estas são lugares fantásticos para a ocupação do
tempo livre das crianças, jovens e adultos. Através da realização de atividades
propostas, promovem-se novas vivências em grupo, troca de experiências e transmissão
de valores socioculturais.
A autonomia, a responsabilidade, o trabalho de equipa, a criatividade, a imaginação e
o respeito pelo próximo são os principais conceitos e valores que fundamentam a ação e
a planificação das estratégias e atividades que corporizam os campos de férias.
Um Mundo Mágico
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5.1 – Expressão físico motora em campos de férias
O Utente é movido, acima de tudo, pela emoção e pelo prazer do jogo ou brincadeira
e, assim sendo fica muito mais fácil assimilar algo a partir daquilo que a faz sorrir. É
por essa essência que a Educação Física Infanto-Juvenil-Sénior deve ser repleta de
atividades lúdicas e criativas, praticadas de maneira espontânea, sem obrigatoriedade,
onde a participação procura ser prazerosa, sem tensões ou preocupações e com muitos
sorrisos.
Durante a realização de atividade física, o utente ao efetuar diferentes experiências
utilizando o seu corpo reage aos diversos estímulos do meio envolvente, recebendo
assim através dos sentidos toda a informação útil (táctil, visual e auditiva), sobre a qual
irá construir as imagens mentais que lhe permitirão a formação de conceitos.
“Os alunos não são só pessoas do pescoço para cima.”
Catalina Pestana
Todos conhecemos o papel fundamental que a Educação Física desempenha no
desenvolvimento global e harmonioso das pessoas. Deste pressuposto advém desta,
ações preventivas de saúde, aquisição de estilos de vida saudáveis, e abordagem a
matérias onde o esforço físico, o raciocínio, a cooperação, a superação e a resolução de
problemas são aprendizagens estruturantes. Nessa filosofia de ação, a Educação Física é
enquadrada nos Campos de Férias com um papel de destaque sendo mesmo a base para
a um grande número de atividades.
As aulas de grupo surgem nos Campos de Férias como o melhor exemplo da
aplicação dos conteúdos da Educação Física. Existem várias razões para que isso
aconteça, mas uma é óbvia, o facto de assumir o nome de Aula de Educação Física ou
Aula de Expressão Físico-Motora, e com isso acarretar toda a responsabilidade de
cativar os intervenientes para a sua prática.
5.1.1 - Aula de jogos e exercícios
Na comunicação humana existe a transmissão de ideias, intenções e objetivos. O
“professor” utiliza uma combinação de signos e símbolos para expressar a sua intenção
comunicativa, mas a criança ou grupo que a recebe e descodifica, constitui o elo mais
importante do processo, pois se a mensagem não atingir o recetor, de nada serviu enviá-
la. As aulas de grupo surgem como um momento de destaque para a transmissão de
Um Mundo Mágico
25
mensagens e pensamentos aos grupos de utentes. Tirando partido do domínio do grupo,
e do cansaço dos intervenientes, é possível conseguir ótimos níveis de concentração,
fazendo com que a informação chegue com grande facilidade e que tenha um impacto
forte e eficaz.
As finalidades dão sentido e orientação à prática da atividade, neste caso, à atividade
física e desportiva.
Nesta perspetiva são finalidades da atividade física e desportiva:
Desenvolver o nível funcional das capacidades motoras das crianças; melhorar a
realização das habilidades motoras, conjugando as suas iniciativas com a ação
dos colegas e aplicando corretamente as regras; fomentar a aquisição de hábitos
e comportamentos de estilos de vida saudáveis que se mantenham na idade
adulta e fomentar o respeito pelas regras das atividades e por todos os
intervenientes.
As aulas com uma abordagem às atividades rítmicas expressivas, aproximam-se mais ao
estilo de aulas de grupo que frequentemente encontramos em ginásios. Nestas aulas
pretende-se que sejam articulados deslocamentos, movimentos não locomotores e
equilíbrios adequados à estrutura rítmica e melodia de composições musicais.
Em situação de exploração individual do movimento, deslocar-se em toda a área,
percorrendo todas as direções, sentidos e zonas, combinando o andar, o correr, o saltitar,
o deslizar, o saltar, o cair, o rolar, o rastejar, o rodopiar, etc.. O conhecimento do mapa
do corpo envolve uma consciência do próprio corpo e o dos outros. Desenvolve a
concentração e a noção das potencialidades corporais. Por sua vez este modelo, no
contexto de Campos de Férias, acaba por ser um formato de aplicação mais prática,
eliminando algumas das desvantagens do modelo anterior e trazendo a componente
música como fator atrativo. Os modelos podem ainda ser combinados ou ajustados com
outros estilos de aula. Porque tal como foi mencionado, as mesmas não têm que
obedecer a uma estrutura rigorosa.
Nada é errado, depende apenas se é adequado ou não!
A personagem é qualquer ser vivo de uma história ou obra, que pode ser humano,
animal, ser fictício, objeto ou qualquer outra coisa que o autor inventar. Criado com ou
sem nome, pode ainda ter qualquer tipo de personalidade.
A criação de um personagem para condução da aula, aparece como uma das
“ferramentas” de grande potencial para as aulas de Educação Física, retirando-lhes o seu
registo mais formal, e aproximando-as do âmbito da Recreação. Tornando a atividade
Um Mundo Mágico
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muito mais lúdica, prazerosa, e ainda assim não abdicando dos seus princípios base. No
entanto, esta ferramenta surge com grande importância porque na perspetiva da criança,
a personagem promove a ativação de emoções que despertam nela sentimentos de
atracão, simpatia, e proximidade, condicionando diretamente a sua capacidade de
receber a informação. Assim, a função de comando das personagens apoia-se no
processo de identificação, através do qual a criança procurará, de forma espontânea,
parecer-se com a personagem herói e corresponder a todas as instruções que ela possa
dar.
Apesar da atividade física, só por si, ser atrativa e permitir à pessoa efetuar diferentes
experiências utilizando o seu corpo e, reagindo aos diversos estímulos. A utilização de
um enredo para a condução da aula tem um papel muito importante a desempenhar. A
narrativa é fundamental para motivar principalmente as crianças no decorrer da aula,
sendo o enredo que os ajuda a estar concentrados nas tomadas de decisão. Um bom
enredo desperta as emoções na criança, envolve-a na ação, podendo ser um catalisador
para que ela continue concentrada na tarefa e em tudo o que poderá acontecer a seguir.
A opção de tornar as crianças uma parte ativa na história da aula é uma forma de as
obrigar a pensar no significado das suas ações. E à semelhança do personagem,
enriquece a aula, tornando-a atrativa, mais agradável e divertida, funcionando como
uma forma curiosa de justificar as tarefas e ações a realizar.
Um Mundo Mágico
Capítulo III – Estágio Curricular
Um Mundo Mágico
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1 – Enquadramento do estágio
A Colónia de Férias da Torreira situa-se na vila da Torreira e a gestão da própria é da
responsabilidade da Fundação Bissaya Barreto, como já foi referido anteriormente,
reconhecida Instituição Particular da Solidariedade Social de utilidade pública, ao
abrigo do Acordo de Gestão celebrado com o Centro Distrital de Aveiro do Instituto de
Segurança Social, que foi homologado em 27/05/1996.
Decidi escolher esta instituição, primeiramente porque sempre desejei estagiar numa
colónia de férias, pois o público-alvo com o qual me identifico mais são as crianças.
Quando soube da existência desta colónia fiquei ainda mais interessada devido às várias
valências que abrange, pois enquanto futura Técnica Superior de Animação
Sociocultural, estar em contacto com crianças e idosos iria aprofundar os meus
conhecimentos e aprender diferentes metodologias de intervenção.
Durante esta experiência surgiram muitas dúvidas e receios, que considero normais
tendo em conta a inexperiência neste contexto real de trabalho e devido às diferentes
características do público-alvo. O método de trabalho neste estágio foi complexo pois
tinha que seguir um programa de atividades de carater recreativo, pedagógico,
desportivo, cultural, de expressão plástica, de exploração do meio e educação ambiental,
concebido e desenvolvido pela equipa técnica de animadores da CFT desde o início do
ano, mas que em cada turno em que passasse, as atividades desenvolvidas teriam que ir
mudando.
2 – Plano de Estágio
Desenvolvi o meu estágio centrado em duas valências (Infantis – crianças dos 6 aos
12, que contêm dois turnos do Grupo Jerónimo Martins – 6 aos 16 e Seniores – maiores
de 65 anos) num período diferenciado – 6 turnos de oito dias em Infantis e 1 turno de
Seniores (anexo 3).
Os objetivos de estágio propostos por mim estipulavam:
Observar a realidade da instituição;
Entender o conceito de Equipa de Animação no contexto de Colónias de Férias;
Aprender métodos de conceção de atividades e técnicas de dinamização para
públicos específicos;
Um Mundo Mágico
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Participar ativamente nas atividades desenvolvidas;
Aplicar conhecimentos adquiridos ao longo da licenciatura;
Desenvolver competências de comunicação com os diferentes públicos;
Colaborar com a Equipa Pedagógica no acompanhamento do trabalho dos
Monitores e na aplicação das regras da instituição junto dos mesmos.
Associadas a estes objetivos estão as estratégias utilizadas para o desenvolvimento
das atividades e inclusão na instituição, e que têm como base a educação não formal, a
dinâmica e jogos diretamente ligados à formação, regras e conhecimento que queria
transmitir ao público-alvo, dando assim a possibilidade de existir uma forte ligação
entre Animadores e utentes.
2.1 – Infantis
Normalmente estes turnos de infantis organizam-se com 312 Utentes – entre os 6 e
os 12 anos que frequentam o Ensino Básico e têm como objetivo proporcionar oito dias
de entretenimento aos Utentes. Existe também a admissão de crianças com deficiência
ligeira (dos 6 aos 15 anos).
Na Colónia existem 52 Camaratas com capacidade máxima de 6 crianças, com casa
de banho privativa; serviço diário de limpeza, lavandaria e arrumação de quartos;
ementa única (possibilidade de dieta) composta por quatro refeições diárias; cuidados
médicos e de enfermagem; bar com esplanada; atendimento e serviço telefónico das
09h30 às 19h00; cabine telefónica de moedas; seguro de Responsabilidade Civil/
Acidentes Pessoais; oferta de fotografia de grupo, no final de turno.
Para que consigamos transmitir alegria aos utentes existe um programa de atividades
(anexo 4) com componente lúdica, pedagógica e social onde se realizam jogos de
orientação, jogos de pista, circuitos de bicicleta, jogos temáticos, entretenimento
noturno, noites temáticas, praia, piscina, expressão plástica, discoteca, cinema e até
karaoke.
Durante um turno é muito importante que o Animador assuma uma postura de
cordialidade para com todos, mostrando-se sempre disponível para prestar qualquer
auxílio; que esteja atento ao comportamento dos monitores dentro e fora das camaratas
prevenindo situações de agressão ou punição e dinamize as atividades de forma
pedagógica, motivando Monitores e Utente.
Um Mundo Mágico
30
Em cada turno, um dos elementos da EP que ingressou no presente ano na CFT vai
rotativamente integrar o grupo de monitores, tendo a seu cargo uma camarata de
crianças; com isto pretende-se testar a programação e estar mais próximos das
dificuldades sentidas pelos Monitores sendo assim os animadores estão distribuídos
pelos 2 pavilhões e, a equipa conta com a ajuda de 2 Animadores Externos: Monitores
que, pela sua competência são convidados a integrarem a EP pelo período exclusivo do
turno.
2.2 – Séniores
Cada turno tem a capacidade para 64 Utentes – pessoas autónomas,
institucionalizadas ou não, maiores de 65 anos e tem como objetivo principal
proporcionar oito dias de entretenimento aos Utentes, dando-lhes todo o carinho e apoio
que necessitam.
Existem para estes turnos 22 Camaratas com capacidade máxima de 4 utentes, com
casa de banho privativa; serviço diário de limpeza, lavandaria e arrumação de quartos;
ementa única (possibilidade de dieta) composta por quatro refeições diárias e ceia;
cuidados médicos e de enfermagem; bar com esplanada; atendimento e serviço
telefónico das 09h30 às 19h00; receção e encaminhamento de visitas, no período de
fim-de-semana, em horário pré-estabelecido; seguro de Responsabilidade Civil/
Acidentes Pessoais e Oferta de fotografia de grupo, no final de turno.
Para que estes dias sejam passados da melhor maneira existe um programa de
atividades (anexo 5) com componente pedagógica, lúdica e social que contem festas
temáticas, serões recreativos, ginástica geriátrica, festas populares, celebração da
eucaristia, espaço de recolhimento espiritual, jogos tradicionais, passeios de comboio no
interior da CFT, praia, piscina, piqueniques e passeios ao exterior e visitas culturais.
Assim o Animador deve planificar um leque de atividades diversificado adequado à
população idosa (deve ter em conta que pode ser um grupo heterogéneo e que o grau de
dependência dos Utentes pode ser variável).
Cada grupo de 8 clientes deverá fazer-se acompanhar por um(a) Acompanhante, a
quem se proporciona alojamento, alimentação e uma compensação monetária pelo
serviço prestado.
Para que tudo corra na normalidade os Animadores têm que seguir certas normas
logo não se deitam na praia, longe dos Utentes, a conviver uns com os outros, o
Um Mundo Mágico
31
convívio é feito com os Utentes e a EP está sempre perto dos mesmos; não jogam uns
com os outros na presença dos Utentes se estes não estiverem a participar e o mais
importante é que têm que privilegiar o diálogo com os Utentes, Sempre!
Durante o turno estes devem assumir uma postura de cordialidade para com todos,
mostrando-se sempre disponíveis para prestar qualquer tipo de auxílio; ouvir os Utentes,
fazendo com que se sintam acarinhados; estar sempre no meio dos Utentes, jogando ou
conversando com eles e ter sempre presente que a nossa alegria os contagia e faz com
que se esqueçam (pelo menos temporariamente) dos seus problemas.
3 – Animador na Colónia de Férias da Torreira
Para se ser um Animador desta instituição é necessário empenho, dedicação, alegria,
uma boa estabilidade física e psíquica para conseguir suportar situações difíceis com os
Utentes; ter espirito de interajuda, diálogo permanente e principalmente sentir a equipa
particular (EP) e global (outros setores da CFT) como um espaço de partilha e
comunicação interpessoal, inseparável do bom ambiente de trabalho e potenciador de
um funcionamento eficaz, assim deve assumir valores éticos, de solidariedade, de
responsabilidade e respeito por superiores e colegas, contribuindo com ideias e críticas
construtivas e favorecendo a criação e o desenvolvimento de relações de respeito
mútuo.
As funções são um conjunto de parâmetros de que um animador tem que estar ciente
para que o seu trabalho na CFT corra da melhor maneira, sendo elas:
Planificar, organizar e desenvolver projetos de intervenção
Sociocultural/pedagógica adequada a cada uma das valências, de acordo com a
orientação do Coordenador da Equipa Pedagógica;
Proporcionar o desenvolvimento das capacidades de expressão dos diferentes
grupos, utilizando para tal técnicas e métodos de animação;
Dinamizar todas as atividades de forma ativa e pedagógica, utilizando um
conjunto de práticas culturais, sociais, educativas, lúdicas e desportivas
promovendo e fomentando nos utentes o espirito de entreajuda, cooperação,
solidariedade e desportivismo;
Procurar o bem-estar dos utentes, acarinhando-os e dando-lhes sempre a atenção
devida;
Um Mundo Mágico
32
Contribuir para a formação e realização integral dos indivíduos, promovendo o
desenvolvimento das suas capacidades e estimulando a sua autonomia e
criatividade;
Receber e encaminhar as visitas dos utentes de forma cordial e prestável nos
turnos de Acolhimentos e Seniores;
Ser responsável pela ordem e disciplina dos utentes e colaboradores externos
(monitores, acompanhantes e animadores externos), nunca pondo em prática
sanções de cariz não pedagógico;
Reconhecer e respeitar as diferenças socioculturais de todos os colaboradores e
utentes, combatendo processos de exclusão e discriminação.
Depreende-se por funções diárias, ações fixas e inseridas numa determinada rotina
decorrente de cada turno para o bom funcionamento geral (Quadro 1).
Função Descrição
Vassoura
Abre a porta principal á hora estabelecida, apaga as luzes ao deitar, é a
ultima pessoa a abandonar o pavilhão para verificar se ninguém ficou
para trás, faz as refeições à hora dos utentes, faz o atendimento dos
telefones à hora do banho e à hora do jantar fecha a porta principal e
acende as luzes de presença.
Serviço Noturno
Fica visível durante à hora de deitar, certifica-se que o serviço noturno
dos monitores está conforme o mapa, na hora de recolher é o último
fechando assim todas as portas e janelas e apaga as luzes às 24h e
certifica-se que se alguém ficar acordado não perturba o descanso dos
outros.
Refeitório
Observa se os monitores agem corretamente com as crianças na hora das
refeições, auxilia os monitores ajudando as crianças a comerem, ajuda o
monitor a levantar a mesa e canta os parabéns e dinamiza o momento de
uma maneira criativa.
Praia
Vigia os monitores e crianças para que tudo corra conforme as regras,
acompanha as crianças e monitores à água, procede à desinfeção das
feridas, administra xaropes sempre que requerido pela Enfermeira e
contacta com o coordenador sempre que ocorram situações graves.
Quadro 1 – Descrição das funções Fonte: CFT
Um Mundo Mágico
33
Existem responsabilidades individuais inerentes ao funcionamento de cada turno que
cada animador tem que seguir e estas estão diretamente ligadas aos procedimentos para
a cedência de material (Expressão Plástica e Camarim) e com a estruturação da Festa
Final (seniores, maternais e juvenis) ou CFT Alive (infantis e acolhimentos).
Na Expressão Plástica o Animador fornece, de forma coerente, o material requisitado
pelos Monitores; as caixas de material a cada grupo funcional; regista o material
consumível fornecido (cartolinas, papel crepe, tintas) no livro de requisições; o material
não consumível fornecido (triplas, extensões, caixas de material) no livro de
requisições; no final do turno, procede ao abatimento desse material nas respetivas
folhas (fichas de abatimento de material consumível) e confere todo o material não
consumível fornecido (triplas, extensões e caixas de material) repondo posteriormente o
material em falta.
No camarim acompanha e fornece roupa e adereços para Utentes e Monitores; regista
nas fichas respetivas o material requisitado; no final do turno, recolhe as roupas,
conferindo com o registo que fez previamente; entrega-as na lavandaria a fim de serem
lavadas, ficando com o registo do que foi para lavar; no início do turno seguinte,
confere toda a roupa que chegou da lavandaria e arruma-a nos devidos locais.
No início do turno, o Animador afixa a programação e afins nos placares; incentiva
todos os Monitores a trabalhar para a festa final com os seus grupos; regista o que cada
grupo vai fazer, aconselhando-os sempre que necessário; certifica-se de que cada
atuação terá uma duração máxima de 15 min (dependendo da valência) e que assentará
numa base pedagógica; recolhe os pedidos musicais de cada grupo gravando cds,
arranjando músicas solicitadas e fornecendo rádios sempre que necessário; prepara a
seleção musical da festa tendo em conta as musicas que vão ser utilizadas nas atuações
dos grupos; estrutura e apresenta a festa; recolhe todos os cds e rádios que forneceu e no
último dia, recolhe dos placares toda a informação relativa ao turno e deixa-a na sala da
equipa pedagógica.
4 – Descrição do Funcionamento do Estágio
O meu estágio iniciou-se no dia 1 de Julho de 2013 na Colónia de Férias da Torreira
e terminou a 24 de Setembro do ano corrente. Nestes três meses tive a oportunidade de
Um Mundo Mágico
34
fazer parte da Equipa Pedagógica e de participar em todas as atividades já planeadas.
Este período foi dividido em duas valências (infantis e seniores) em que nos infantis
existiram os turnos Jerónimo Martins e, para cada turno (6 realizados) existia um plano
de atividades e a distribuição diária para cada Animador (anexo 6).
Só tive a possibilidade de dinamizar atividades sozinha a partir do 3º turno de
infantis, dar uma aula de expressão físico-motora de um Animador no último turno e de
planear e executar (com a colega de estágio) uma aula também de expressão físico-
motora no turno de seniores.
Irei dividir este relato diário em 3 partes para que se possa tornar compreensível o
objetivo de cada atividade realizada, pois para quem não conhece e não entrou no
“Mundo Mágico” é difícil de compreender. Não irei descrever detalhadamente cada dia
pois tornar-se-ia algo monótono, irei simplesmente referir em que consistia cada
atividade e as personagens que interpretei.
4.1 - Infantis
O início do estágio coincidiu com o primeiro turno de infantis e foi o mais
assustador, pois tratou-se da adaptação à instituição, a assimilação de um conjunto de
informação nova, bem como técnicas a que tinha que me adaptar e seguir para que nada
saísse fora do contexto da colónia.
Em todos os turnos realizados, o primeiro dia era para a apresentação da EP aos
Monitores, e para nos conhecermos uns aos outros. Os Animadores tinham sempre uma
reunião onde falavam das atividades realizadas em conjunto, relembravam as regras que
tinham que ser cumpridas e viam a distribuição diária de cada um para sabermos
antecipadamente qual a nossa responsabilidade em cada dia do turno.
Posso dizer que o primeiro turno e o último são os mais complicados e exaustivos. O
primeiro é aquele em que ainda faltam ultimar os pormenores e em que as atividades
realizadas estão em constante avaliação para percebermos se vão ao encontro daquilo
que se idealizou e se são exequíveis. O último é aquele em que estamos mais
despreocupados e o empenho pode não ser o mesmo, logo temos que estar atentos uns
aos outros para não deixarmos que nenhum colega (Animador) desmotive e, é também
onde temos que desmontar tudo para a próxima valência.
O segundo dia corresponde à chegada das crianças momento em que tínhamos de
distribuir cada criança por cada monitor e cada monitor por cada camarata. Esta
Um Mundo Mágico
35
distribuição era previamente elaborada. A nossa função era encaminhar cada um dos
grupos e orientá-los em caso de necessidade. As crianças eram sempre divididas por
sexo. Existiam 5 grupos de rapazes e 5 de raparigas, cada grupo tinha um número e uma
cor (posteriormente o grupo arranjava um nome para ser mais fácil de ser identificado e
em conjunto com as crianças arranjavam um grito e uma música) e eram constituídos
por 4 a 5 monitores (dependia do número de crianças). Cada monitor poderia ter de 5 a
7 crianças, tinha um número de camarata pelo que era identificado e um número de
mesa para que o grupo funcional (assim chamado) pudesse estar sempre junto. O grupo
funcional nunca se separa, além do refeitório e da camarata, anda sempre junto e unido
e realiza todas as atividades em conjunto e, no plano de atividades que tanto os
Animadores como os Monitores possuem estão os dias, as horas e as atividades que
cada grupo irá realizar.
A média de idades é entre os 6 e os 12 anos e a média de cada turno corresponde
sensivelmente a 220 crianças.
Atividades desportivas
Dependendo do plano de atividades e da distribuição diária das tarefas, cabia a cada
animador uma certa atividade e, cada uma delas é dividida por dois momentos. Nos
primeiros turnos simplesmente acompanhei os Animadores para conseguir perceber em
que consistia cada uma delas e a sua dinâmica, mas no terceiro já realizei algumas
sozinha.
Bicicletas
As bicicletas era uma atividade desportiva que consistia em levar as crianças a dar
um passeio de bicicleta pela colónia, ou tentar ensinar aquelas as crianças que não
sabem, a andar. O percurso realizado ia desde a entrada da colónia até à praia e a
duração da atividade era de 45 minutos. Existiam várias regras que tinham de ser
cumpridas, e nós Animadores tínhamos que as transmitir englobando-as na dinâmica
criada.
As regras eram: - Tem que existir um monitor sempre à frente da fila, um no meio e
outro no fim para poderem tomar conta das crianças e para ver se elas cumprem todas as
regras; todos têm que ir em fila única sem haver ultrapassagens; ninguém pode tirar os
pés dos pedais, andar com o rabo levantado, fazer travagens bruscas e brincar com a
bicicleta e o uso do capacete é obrigatório.
Um Mundo Mágico
36
Enquanto as crianças que sabem andar fazem o percurso, as que não conseguem
ficam num pequeno espaço próprio onde fica sempre um monitor e os animadores, com
o objetivo de as ajudar a aprender. No final do percurso todos têm que arrumar as
bicicletas no sítio e entregar os capacetes aos Animadores.
Nesta atividade interpretei várias personagens como por exemplo 2 irmãs mecânicas
que andavam a arranjar as bicicletas. A personagem que mais gostei foi a de cheerleaders
(Figura 2) pois existia um tour pela CFT e nós estávamos a apoiá-los e à procura de
novos ciclistas, tínhamos uma música inventada por nós e sempre que eles passassem por
nós tinham que cantar a música:
“ Com a Violante e com Rodinhas,
É sempre a curtir e a pedalar,
Cantam, cantam, cantam, até se cansarem,
Pega na bicicleta e toca a andar.”
Um outro que também gostei muito, foi aquele em que era uma criança hiperativa
(Figura 3). Tinha perdido a minha monitora e como estava a decorrer a atividade das
bicicletas e eu gostava muito, fui lá ter com os meninos para não andar sozinha e não me
perder, mas quem estava a dinamizar a atividade era outro Animador que interpretava um
guia técnico de um museu e explicava às crianças a história de cada uma bicicleta e eu ia
intrometer-me e “destabilizar” a sessão.
Figura 1 e 2 – Cheerleaders e Pestinha Fonte: Própria
Jogos Livres
É uma atividade em que os Animadores praticamente não participam, pois é somente
dinamizada pelos monitores. Nós só temos que lhes fornecer o material existente: um
saco que contém, bolas, pinos e arcos para as crianças poderem jogar livremente.
Um Mundo Mágico
37
Aulas de Expressão Físico-Motora
A expressão físico-motora é fundamental para o desenvolvimento global da criança
em particular na aquisição de destrezas motoras, hábitos e atitudes indispensáveis para
uma vida ativa e participativa. Ao brincar, jogar, imitar, criar ritmos e movimentos, as
crianças adquirem de forma harmoniosa o conhecimento do seu corpo e do seu
movimento.
Durante os seis turnos foram vários os Animadores que deram aulas em que eu
participei, e cada um deles tinha o seu método, o seu enredo e as suas atividades. Em
todas elas dei apoio aos Animadores onde ajudava na realização do enredo e participei
ativamente em todas as atividades motivando as crianças a realizarem os exercícios.
Estas aulas eram dadas por Animadores específicos com formação em Educação
Física, nas quais cada um deles tinha uma personagem específica que transmitia uma
mensagem única e particular, relativamente à sua personagem. Para além, da
componente físico-motora era objetivo da aula a transmissão de valores às crianças tais
como: a amizade, a lealdade, o companheirismo entre outros.
Durante os turnos interpretei quatro personagens, a Ramona (personagem Ramanés,
Figura 3 e 4), o GPS Toma Toma (personagem GPS Náná, Figura 5 e 6), o servente
Sousa (personagem Sousa, Figura 7) e Amiguska (personagem Marianoska, Figura 8 e
9) conforme os Animadores presentes (planeamento das atividades em anexo 4 e 6).
Figura 3 e 4 – Cartaz Festival e Ramánés Figura 5 e 6– Aula do GPS Náná
Fonte: Própria e CFT
Um Mundo Mágico
38
Figura 7 – Sousa Figura 8 e 9 – Amiguska e Marianoska
Atividades aquáticas
Estas atividades são todas as que estão ligadas à água e foram as que realizei mais
vezes sozinha.
Piscina
Esta atividade é daquelas que as crianças mais gostam pois podem andar livremente
(sobre o olhar dos monitores) a brincar na água. Estas têm que ser sempre dinamizadas
de uma maneira alegre e movimentada pois pode estar um pouco de vento e as crianças
vão automaticamente dizer que têm frio ou que não querem ir para a água, mas como é
uma experiência única nós animadores temos que as motivar a participar, sendo também
importante para podermos dizer que as regras básicas de segurança que são:
- Uso obrigatório de chinelos e touca; não correr nem saltar; não andar pela parte azul
para não escorregar; entrar sempre para a piscina de costas só por umas escadas onde se
encontra sempre uma Monitora ou Animadora para auxiliar; não se empoleirar na borda
da piscina; passar pelo chuveiro sempre que é para entrar na água e para sair; só podem
saltar com a nossa autorização; uso obrigatório de touca; com o frio sair imediatamente
da água; não podem comer dentro do espaço reservado à piscina e as crianças pequenas
ou que têm medo da água, utilizar sempre braçadeiras.
Neste momento existem vários jogos que o Animador tem que realizar para
dinamizar a piscina (Figura 10), um dos mais utilizados é o jogo das toalhas onde
incentivávamos o espirito de equipa das crianças, no qual elas tinham 30 segundos para
apanhar as bolas que estavam espalhadas pela piscina e coloca-las no cesto e, tal não
conseguissem a toalha de uma monitora ia à água. Este jogo tem várias vertentes que
são: apanhar todos os pés e mãos também em 40 segundos, ligar os chouriços uns aos
outros de uma ponta à outra da piscina ou então conseguir meter 5 crianças às cavalitas
Um Mundo Mágico
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de outras 5 e, se alguma das provas não fosse concretizada as toalhas ou até a monitora
ia à água, o que proporcionava muitos momentos de alegria e diversão.
Representei várias personagens como uma irmã de um canalizador, uma tratadora de
foca, uma viajante, nadadora salvadora, uma pirata, mas os que mais marcaram as
crianças foi a pirata Wendy (Figura 11), retirado dos Piratas da Terra do Nunca e as
havaianas, que dinamizei com a Animadora Externa, onde eramos a Aqua e a Show,
introduzindo uma aula de hidroginástica com movimentos básicos improvisados na
hora, em que cada movimento serviria para uma coisa, por exemplo: os movimentos de
braços era para termos os braços fortes para abraçar os meninos (nos meninos o
contrário), as pernas para os enxotarmos se eles se portassem mal, sido algo que
resultou muito bem tanto com as raparigas como com os rapazes. Aprendi uma
ferramenta necessária para ter a atenção das crianças quando elas estão excitadas e
concentradas nas brincadeiras delas, e assim arranjámos um grito em que sempre que
uma de nós dissesse “AQUA” as crianças paravam e gritavam “SHOW” e desta maneira
conseguíamos a atenção e púnhamo-las a executar as atividades que queríamos.
Figura 10 e 11 – Atividades na Piscina Fonte: Própria
Praia
Na praia os Animadores não participam ativamente, pois não intervêm diretamente
com as crianças, apenas os acompanham e observam para ver se nada corre mal, sendo
neste momento que nós avaliamos os Monitores, conseguimos perceber se eles são
dinâmicos com as crianças, se têm boa capacidade de liderança, se conseguem controlar
a camarata ou se estão ali apenas para passar o tempo.
Nós simplesmente tínhamos que ir ter com os grupos destinados para a praia, e
acompanhávamo-los e orientávamo-los para ver se nenhuma criança se perdia ou
magoava. Na praia simplesmente ficávamos de vigia e acompanhávamos as crianças e
Um Mundo Mágico
40
Monitores à água para lhes dar algum auxílio e, tirávamos as fotografias do grupo
(Figura 12 e 13). No regresso à colónia da parte da manhã a viagem era feita de
comboio (Figura 14) e só iam dois grupos de cada vez (rapaz e rapariga), tendo os
outros que esperar, e nós tínhamos que controlar para ver se todas as crianças calçavam
os chinelos mal saíam da areia e se nenhuma fica para trás.
Figura 12, 13 e 14 – Atividades na Praia
Fonte: Própria
Atividades de Expressão Plástica
Arco-Íris
Esta é uma atividade simples de expressão plástica onde as crianças dão azo à sua
imaginação. Consiste em construir um arco-íris (Figura 15), o grupo todo vai junto para
a atividade mas cada camarata faz um. Cada monitor recorta um molde de um arco-íris
em cartão e depois em conjunto com as suas crianças vão colorir o mesmo, mas o
objetivo é faze-lo de uma maneira original, não basta chegar e pintar, têm que utilizar
materiais como areia, papel, folhas, tecidos, conchas, e as crianças têm que se sentir
livres e autónomas para preencher a cor à sua maneira.
Esta era uma das minhas atividades preferidas pois sempre gostei de artes e
identificava-me muito com ela, e como no 3º turno houve um erro na distribuição diária,
eu não me importei de a dinamizar sozinha pois sentia-me muito à vontade. Interpretei
várias personagens, como uma filha de um construtor, uma professora de artes que
estava a tirar o doutoramento, uma pintora, mas a mais marcante para as crianças foi
quando me caracterizei de Wendy (Figura 16), a amiga principal do Bob Construtor. Ele
tinha ficado doente e tinham-lhe feito um pedido de 400 arco-íris, e eu como estava
sozinha não ia conseguir, logo precisava da ajuda das crianças para o fazer. Era uma
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41
atividade de enorme divertimento, pois havia música para dançarmos e até pinturas no
corpo, pois a tinta utilizada não prejudicava a pele e, havia apenas algumas regras que
eles tinham que respeitar:
- Não utilizar tesoura e x-ato sozinhos sem a presença do Monitor; não mexer nas tintas
sem autorização; não se levantarem todos ao mesmo tempo e para buscar os materiais
tinham que ter a autorização do monitor.
Esta atividade é muito importante pois é fundamental para a festa final de turno e a
que vai simbolizar o grupo e a experiência CFT e tinham sempre dois momentos
durante a semana para poderem fazer a sua obra-de-arte sem pressa.
Figura 15 – Arco-íris Figura 16 – Wendy Fonte: Própria
Atividades de Perícia cognitiva
Fazem parte destas atividades todas aquelas que requerem um pouco mais de
agilidade intelectual, por assim dizer, ou então destreza e agilidade no raciocínio e na
procura de objetos.
Ciência da Cor
Esta é uma atividade cujo objetivo é o estímulo cognitivo das crianças promovendo o
raciocínio, a destreza e a orientação. As crianças eram divididas por camaratas e a
atividade consistia num cientista (White) que tinha inventado 7 engenhos e cada um
deles continha 7 fórmulas e, essas sete fórmulas eram as cores do arco-íris (vermelho,
laranja, amarelo, verde, azul, roxo e lilás) que estavam dentro de tubos de ensaio. Estes
engenhos estavam escondidos pela colónia e as crianças tinham que os procurar. Cada
cor, ou cada engenho, tinha um cartão (Figura 17, 18 e 19) onde estava o mapa da
colónia e a localização do mesmo e como funciona o engenho para as crianças
encontrarem a tal fórmula, essa fórmula tinha que ser anotada numa folha com a
Um Mundo Mágico
42
respetiva cor e tinham de voltar a levar ao cientista para ele confirmar se estava correta.
No final da atividade o grupo reunia-se na sala e era dito às crianças que elas
conseguiram as fórmulas, não por camarata, mas por grupo funcional. Seguidamente
eram dadas umas tiras de cartão com as respetivas cores do arco-íris bem como o branco
e preto, tendo que as guardar, para posteriormente as entregar aos pigmentos.
E quem são os pigmentos? São os ajudantes do Doutor que pintam todos os dias a
colónia, para quando as crianças acordarem verem um dia cheio de cor e alegria.
Nesta atividade os animadores também podiam dar asas à imaginação mas tinham
que ter em conta sempre a história do cientista e dos engenhos e das fórmulas.
Interpretei várias personagens como a Dr, Pink (ajudante do Dr.), a menina Black
(filha),a assistente Green, mas a que mais marcou as crianças foi a Dr. Blue que era
colega do Dr. White e, como ele era meio esquecido e estava sempre com a mania de
que o iriam roubar, tinha escondido as fórmulas na colónia e, como ela precisava delas
pois as cores estavam a acabar, então as crianças tinham que as encontrar o mais
rapidamente possível. Sempre que as crianças iam ao laboratório para ela confirmar se a
fórmula correspondia com a cor levavam um beijinho vermelho como forma de
recompensa.
Figura 17 e 18 – Mapas Figura 19 – Folha das Fórmulas
Fonte: própria
Os pigmentos
Esta atividade noturna é o seguimento da anterior, se por um lado as crianças já
tinham descoberto as fórmulas e recebido as tiras de cores, agora tinham que as entregar
aos pigmentos. Eles eram seres completamente brancos com uma pequena chapa de
uma das cores do arco-íris e andavam espalhados pela colónia. As crianças eram
Um Mundo Mágico
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reunidas na parte da frente da colónia (Figura 20) e era-lhes explicado o enredo da
atividade. Os pigmentos apresentavam-se sem mostrar a cor e depois saíam a correr e
espalhavam-se pela colónia e as crianças tinham que os procurar. Mas a parte difícil é
que cada camarata tinha um papel com as cores por uma ordem e era por essa ordem
que tinham que procurar os pigmentos, cada um assinava na sua cor sem nenhum ser
passado à frente.
No final entregavam a folha ao Dr. para ele confirmar se foram entregues todas as
tiras e esperavam pelos outros grupos no mesmo sítio, ganhando quem chegasse
primeiro e, no final apareciam os pigmentos todos juntos e despediam-se das crianças
(Figura 21).
Figura 20 e 21 – Crianças à espera dos Pigmentos e Chegada dos Pigmentos
Fonte: Própria
Atividades Teatrais e Musicais
Este grupo de atividades aconteciam à noite e subdividem-se em dois grupos:
atividades teatrais e atividades musicais e tinham um contexto mais livre, pois as
crianças não eram obrigadas a cumprirem certas regras e a fazer algo com um objetivo
mas, eram atividades lúdicas que transmitiam uma mensagem.
Karaoke
O karaoke é uma atividade onde só participam quatro grupos de crianças de cada vez,
dois de rapazes e dois de raparigas.
Para esta atividade ser realizada, primeiramente os Animadores tinham que distribuir
por grupos uma folha que continha todas as músicas que podiam ser cantadas e um
papel onde cada grupo escolhe a sua música e coloca o nome de grupo para que nós
chamássemos pelo nome desse grupo quando estivéssemos a dinamizar a atividade (ex:
1º grupo panamá).
Um Mundo Mágico
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O karaoke requer um trabalho de dinamização acrescido por parte da equipa de
animação. Aprendi mecanismos para convidar, motivar e mobilizar as crianças.
Para o silêncio existe uma já muito utilizada pela colónia e que muitas crianças que a
frequentam já sabem que é: “OHHHHHHHHHHHHH, CFT” e as crianças gritam a
última parte e já sabem que ficam todas caladas e, se essa não resultar imitamos os
foguetes para as motivar a cantar ou ensinar para quem não sabe as músicas que estão
agora na moda mas mudando sempre a letra para CFT. No primeiro turno a dinamização
a meu cargo e de mais dois animadores e o tema era “A Universidade da Felicidade”.
Existia o Dr. Sorriso e o Dr. Gracinha e eu era a caloira e, a atividade consistia em
dinamizar durante 1 hora aquelas crianças (Figura 22, 23 e 24), pois não bastava chamá-
las para cantar, foi preciso motiva-las e incentiva-las a colaborarem e a se divertirem. A
dinâmica era eles serem os veteranos e eu a caloira, houve a apresentação dos
integrantes da Universidade e depois inventámos ferramentas para brincar com as
crianças em que sempre que um dos veteranos dizia a palavra caloira as crianças
gritavam: “zumba na caloira”, sempre que diziam Dr. Sorriso as crianças tinham que
dar uma gargalhada e sempre que se dissesse Dr. Gracinha elas tinham que dizer: “Ai
que gracinha!”
Os grupos são chamados por ordem e cada um canta a sua música já escolhida pelos
seus Monitores e ensaiada posteriormente em momentos mortos para que a sua
prestação corra melhor. Nos intervalos das atuações dos grupos acontecia sempre a
nossa intervenção onde eu tinha que fazer uma dança para as crianças me imitarem e,
assim, pus também os Monitores a dançarem comigo.
No 2º, 3º e 4º turnos a dinamização foi diferente, utilizamos o tema “ A Guerra dos
Sexos”, em que atuava um grupo de raparigas e outro de rapazes, existindo uma
votação, e entrava-se com um jogo para desempatar. Os jogos que aplicámos foi, a
bandeira - onde as crianças tinham que passar a bandeira perfeitinha para trás e para a
frente, as bolas - onde as crianças tinham que passar as bolas de trás para a frente e
encher o caixote o mais rapidamente possível e, por últimos, os balões – onde os
Monitores trocavam de lugar, eram lançados balões para dentro do quadrado e as
crianças tinham que os tentar aguentar no meio o máximo tempo possível, a tarefa dos
monitores era rebentá-los e, ganhava quem acabasse primeiro. Passámos a utilizar esta
dinâmica pois vimos que resultava muito melhor e que existia uma maior adesão por
parte das crianças e elas entusiasmavam-se mais, pois nestes casos algumas delas
adormeciam por ser uma atividade que às vezes se prolongava um pouco mais.
Um Mundo Mágico
45
A nossa tarefa como Animadores, para além de dinamizar esta atividade e ter uma
grande capacidade de improvisação, consiste num trabalho prévio, pois durante a tarde
tivemos que encher os balões, cozer as fitas umas às outras para conseguir a bandeira e
separar todas as bolas que iriam ser necessárias.
Figura 22, 23 e 24 – Dinâmica dos Karaokes
Fonte: Própria
Discoteca
Esta era uma atividade livre e, o único trabalho como Animador era montar o cenário
antes de jantar e deixar as crianças andarem e dançarem livremente. Uma vez que
frequentei aulas de Zumba no IPG adquiri conhecimento de coreografias de músicas
recentes e do interesse das crianças, conseguindo a sua mobilização e participação nas
respetivas coreografias.
Nos últimos turnos considerámos a necessidade desta atividade ter um tema, visto
que muitos grupos se dirigiam ao camarim para solicitar roupa para se caracterizarem.
Para que houvesse um tema aglutinador decidimos que o tem seria “Branco Fashion”
(Figura 25) e, tanto crianças como Monitores tinham que se vestir a rigor. Promovemos
também alguns jogos entre os monitores para que servissem de estímulo às crianças
(Figura 26).
.
Figura 25 – Festa Branca Figura 26– Crianças na Discoteca
Fonte: Própria
v
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Cinema ao ar livre
Esta atividades é realizada ao ar livre e para tal existia uma grande logística de
transporte e montagem do material necessário, para o campo de jogos. Além do material
de projeção também é necessário transportar cobertores para tapar as crianças, que
ficam sentadas nas bancadas do campo, e as pipocas.
A situação mais complexa que aconteceu nesta atividade foi começar a chover,
chamámos todos os animadores de grupo, desmontámos tudo e transportámos para um
salão dentro dos pavilhões. Os Monitores levavam as crianças de forma organizada e o
cinema decorreu na maior perfeição como todas as outras vezes.
O filme escolhido para este ano foi - “A Origem dos Guardiões”. A história
relaciona-se com os guardiões que estão na terra para proteger as crianças de todo o
mundo, (Pai Natal, Fada do Dente, Coelho da Páscoa e Sandman (Sonhos). São eles que
garantem a inocência e as lendas infantis. Mas um espírito maligno, o Breu (Bicho
Papão), pretende transformar todos os sonhos em pesadelo, despertando medo em todas
as crianças. Para combater este adversário poderoso, a Lua designa um novo guardião
para ajudar o grupo: Jack Frost, um garotinho invisível que controla o inverno. Sem
conhecer a sua própria vocação de guardião, ele embarca numa aventura na qual vai
descobrir tanto sobre as crianças quanto sobre seu próprio passado.
Os filmes escolhidos pela CFT têm sempre uma mensagem e, este ensina às crianças
algumas regras sociais básicas, dando razões para serem simpáticas e obedientes –
afinal, estas figuras aparecem como privilégios, e não direitos (as crianças só as vêm se
tiverem um bom coração). Isso ocorre até elas crescerem um pouco e perceberem que
não precisam mais destas lendas, porque existem outros códigos que as forçam a ter um
bom comportamento (as leis, a religião, a moral). Assim, abandonar o Pai Natal é tão
importante quanto esquecer um amigo imaginário ou testemunhar a morte de um bicho
de estimação: são lutos simbólicos que permitem a entrada na vida social.
Teatro: “Dimensão T”
Esta atividade acontece em todos os turnos de todas as valências e pretende
transmitir sempre uma mensagem muito especial. Este ano no turno de infantis o tema
foi a deficiência, tanto a nível visual, motora, sensorial e mental (Anexo 2).
Durante os vários turnos de infantis a peça foi a mesma e o papel era rotativo para
cada animadora externa (Figura 27, 28 e 29). Só tive a possibilidade de a representar no
último turno, e foi das coisas que mais gostei de fazer, pois no campo da Animação o
Um Mundo Mágico
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que realmente gosto e onde me sinto livre e à vontade é a fazer teatro, por isso não tive
grande dificuldade.
“Somos diferentes, somos iguais, somos CFT, somos felizes aqui.”
André Almeida, fim da peça
Figura 27, 28 e 29 – Dimensão T
Fonte: Própria
CFT Alive
O CFT Alive é a festa final do turno, e todas as atividades de uma maneira geral
levam a esta festa, ou melhor dizendo à fase final do turno e, o objetivo da construção
do arco-íris culmina aqui.
Esta festa, simula um festival de verão mas aqui adaptado para as crianças, onde
existem cabeleireiras, pinturas faciais, o mural CFT onde as crianças escrevem uma
mensagem. Em todos os turnos existentes eu fiquei na parte das cabeleireiras, os
monitores e monitoras fazem uma pequena atuação musical sob o tema do turno.
Em todas as aulas de expressão físico-motora que as crianças participaram elas
ensaiam uma coreografia para utilizar nesta festa foram distribuídas várias fitas pelos
grupos e cada fita que contém uma cor do arco-íris é dada a cada criança, agarram nas
fitas e fazem uma coreografia à volta do Monitor/a (Figura 30 e 31). Esta coreografia
materializa oito dias de vivência na CFT onde o monitor é a pessoa que mais contribui,
pela proximidade, para a união do grupo e a transmissão de valores.
É uma festa muito emotiva, onde os sentimentos estão à flor da pele, todos nós da
equipa de animação deixamos uma mensagem de coragem, de incentivo, de despedida,
que represente para nós tudo aquilo que vivemos em 8 dias mágicos passados na CFT
(Figura 32 e 33).
“Aprendi que aqui todos nós devemos lutar pelos nosso sonhos, o meu sonho trouxe-
me aqui, a partilhar estes dias com vocês, e o que ele me trás de melhor, aquilo que
realmente me faz feliz é conseguir meter-vos um sorriso na cara todos os dias, e o
meu maior prémio é o carinho que recebo de vocês todos os dias, é aquele beijo logo
Um Mundo Mágico
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de manhã, aquele abraço depois do almoço, é ouvir o meu nome sempre que passo
por vocês.
Foram 8 dias fantásticos onde nos conseguimos aperceber que são as simples coisas
da vida que realmente importam, por isso acreditem em vocês próprios e lutem,
lutem para conseguirem ser verdadeiramente felizes.
Nunca se esqueçam do que viveram neste mundo mágico e de tudo aquilo que todos
nós vos ensinámos pois já é uma ajuda para serem felizes, mas o mais importante
levem no coração a CFT.”
Renata, Palavras finais no CFT Alive
No final das despedidas e de todos os animadores terem falado, todos juntos
dançamos a música do Balão Mágico, que é a música que carateriza a colónia e é
dançada no final de algumas atividades
Figura 30 – Fitas para a coreografia Figura 31 – Arco-íris
Figura 32 – Abraço final às crianças Figura 33 – Abraço de equipa
Fonte: Própria e CFT
4.2 – Turno de Jerónimo Martins
Este turno está dentro dos turnos de infantis mas é só para filhos dos trabalhadores da
empresa Jerónimo Martins e por isso tem algumas particularidades, sendo por isso
diferente dos restantes. São menos dias pois é a empresa que compra o pacote do turno e
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só compra para 7 dias (anexo 7), por isso os Animadores têm que planear as atividades
de uma maneira diferente.
Uma das particularidades deste turno é que a empresa envia t-shirts e bonés, das
quais temos que separar 2 laranjas para cada criança e 1 branca para cada Monitor, logo
tem que ser uma tarefa bem organizada pelos Animadores por causa dos tamanhos.
As atividades são as mesmas realizadas nos turnos de infantis e a sua dinamização é
igual, só que como é um dia a menos não existe a discoteca e o karaoke é feito em
conjunto. A outra particularidade é o CFT Alive que em vez de ser feito no exterior é no
pavilhão. Irei explicar simplesmente estas duas atividades pois são as únicas que
mudam, de resto é tudo igual aos infantis.
A média de idades é entre os 6 e os 14 anos e a média de cada turno corresponde
sensivelmente a 272 crianças
Karaoke
Esta atividade é igual à que se desenvolveu no turno de infantis mas com uma
dinâmica diferente pois os grupos estavam todos juntos e, isso fez com que todos os
Animadores estivessem presentes a dinamizá-la (Figura 34). Por serem muitas crianças
decidiu-se fazer uma “Guerra de Sexos” juntamente com “Jogos sem Fronteiras”. Cada
grupo de rapaz/rapariga cantava uma música, era dado um ponto a algum deles e, no
intervalo de cada duas atuações fazíamos um jogo, realizando assim 4 jogos que eram:
A Bandeira
Eram distribuídas duas bandeiras, um para o grupo das raparigas e outro para o
grupo dos rapazes, o objetivo era que a bandeira fosse do princípio do grupo até ao
fim e direita, o mais importante não é a rapidez com que ela chega ao fim mas a
perfeição que ela vai desde o início ao fim (Figura 35).
As Bolas
Este jogo era o segundo e consistia em encher um caixote de bolas o mais
rapidamente possível, os monitores estavam lá atras e passavam as bolas pelas
crianças, e elas tinham que passar à da frente até chegar à última pessoa da frente
que a dava a outro monitor para meter no caixote, mas havia uma regra muito
simples, não se podia mandar as bolas, quem o fizesse era desqualificado.
Os Balões
Este jogo consistia em não deixar que os monitores da equipa contrária rebentassem
os balões todos. Os monitores iam para o grupo das raparigas e as monitoras para o
dos rapazes, cada monitor/a mandava um balão para dentro do quadrado e as
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crianças tinham que dar toques neles sem deixarem que os monitores os
arrebentasse, ganhava quem arrebentava primeiro todos os balões (Figura 36).
Dueto
O dueto era a última atividade que realizávamos com elas para decidir quem
ganhava a Guerra dos Sexos, e então escolhemos uma música da Shakira e do Alejandro
Sans – A Tortura, onde as raparigas cantavam a parte dela (Shakira) e os rapazes a parte
dele (Alejandro), sendo que os pontos iam para quem cantasse melhor.
No final das atuações e dos jogos quem tivesse mais pontos ganhava. Depressa
concluímos que a competição por vezes era levada a extremos e decidimos que não
havia vencedor, dizíamos que todos eram vencedores pois no mundo mágico não existia
competição mas sim união.
Figura 34, 35 e 36 – Dinâmica do karaoke em Jerónimo Martins
Fonte: CFT
CFT Alive
O CFT Alive é exatamente igual ao de infantis, com exceção do espaço, em vez de
ser no exterior é dentro de um pavilhão. Existem todas as atividades como o cabeleireiro
(Figura 37), a pinturas faciais e o mural CFT, as atuações tanto das crianças como dos
monitores (Figura 38).
Figura 37 e 38 – Cabeleireiras e Equipa Pedagógica no CFT Alive
Fonte: Própria
Um Mundo Mágico
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4.3 - Séniores
Depois de uma semana de férias após terem terminado os turnos de infantis, realiza-
se um turno de seniores. Após ter adquirido um grande à vontade e uma maior liberdade
de atuar com as pessoas, este turno assustava-me devido ao facto de nunca ter
trabalhado com idosos e de não saber como devia agir e falar com eles.
É um turno de oito dias com várias atividades planeadas (anexo 6) com antecedência
em que nós Animadores simplesmente temos que as seguir e, nesta valência foi-nos
pedido pelo nosso Coordenador que eu e a minha colega déssemos uma aula à nossa
escolha, depois de conversarmos e vermos em que campo nos sentíamos melhor
decidimos dar uma aula de Expressão Físico-Motora com o tema “As Feirantes”.
A dinâmica deste turno varia relativamente à dos infantis, pois a autonomia dos
utentes é completamente diferente fazendo com que não tenhamos que estar presentes
em todas as atividades desenvolvidas.
No primeiro dia como em todos os outros turnos chegam os utentes à instituição mas,
desta vez somos nós que temos que os distribuir pelas camaratas dependendo da relação
nominal entregue a cada um, que já contem a camarata em que cada um vai ficar. Esta
distribuição tem em atenção os casais que querem ficar juntos; utentes das mesmas
instituições, entre outras particularidades.
Depois durante a tarde a Equipa Pedagógica e o serviço de saúde são apresentados
aos utentes e é realizado um jogo de apresentação.
Jogo de apresentação
Este jogo tem como nome “Bisca” por que é um jogo em que se utiliza as cartas, e
cada naipe tem uma consequência ou uma pergunta para os utentes responderem.
Durante a tarde a Equipa Pedagógica elabora umas pulseiras com cores diferente, e
durante o lanche distribui-as pelos utentes. O objetivo é cada grupo ter várias cores.
Quando chegam à sala cada mesa tem um cartão com a cor da respetiva pulseira, e as
pessoas têm que se sentar nessa mesa, misturando os utentes para que eles se conheçam
uns aos outros.
Depois de todos sentados um Animador circula pelas mesas conversando com os
idosos de modo a criar um maior à vontade entre o grupo.
Um Mundo Mágico
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Passeios ao Exterior
Esta era uma grande diferença dos turnos de infantis, pois nesses nunca podíamos
sair da colónia e nestes era o que mais acontecia, para os idosos não se sentirem
“presos” lá dentro. Existiam quatro passeios fora da colónia e diariamente um passeio à
praia.
Passeio à Praia
Estes passeios à praia realizavam-se praticamente todos os dias, ou de manha, ou de
tarde. Servia para eles espairecerem um pouco e verem o mar, pois muito deles nunca o
tinham visto. Aproveitavam e davam um passeio de comboio e se estivesse bom tempo
podiam ir até ao mar (Figura 39 e 40). Muitos deles, se fosse da parte da tarde,
aproveitavam para dormir uma sesta e outras para meter a cantoria em dia. Nós como
animadores íamos apenas fazer companhia e auxiliar em alguma circunstância,
tínhamos também que transportar as cadeiras, os cobertores e os chapéus-de-sol para a
praia e ajudar na descida e subida para o comboio.
Figura 39 e 40 – Passeio à Praia
Fonte: Própria
Passeio à Ria
Este passeio era feito à Ria em frente à colónia (Figura 41 e 42), onde nós
animadores tínhamos que carregar cadeiras de plástico e cobertores para quem se
quisesse sentar ou deitar. Durante este momento só tínhamos que vigiar para que tudo
corresse bem e fomentar o diálogo entre os idosos. Era considerado um momento de
convívio e descanso.
Um Mundo Mágico
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Figura 41 e 42 – Passeio à Ria
Fonte Própria
Passeio à Torreira
Este passeio realiza-se em todos os turnos de seniores, é um passeio que se faz à Vila da
Torreira, onde os utentes podem passear livremente pela Vila (Figura 43 e 44). Os grupos são
distribuídos por carrinhas que os levam até lá.
Figura 43 e 44 – Passeio à Torreira
Fonte: Própria
Passeio ao Furadouro
Este passeio também se realiza em todos os turnos de seniores, é um passeio à praia
do Furadouro situada no concelho de Ovar, onde os utentes podem passear livremente
para conhecerem a praia, muitos aproveitam para irem às comprar lembranças (Figura
45 e 46). Neste passeio vai-se de autocarro e vão Animadores e o Serviço de Saúde para
acompanhar os grupos. Cada pessoa da EP fica responsável por um determinado grupo e
acompanha-o e auxilia-o em tudo o que for necessário. Este passeio realiza-se da parte
da manhã no dia do passeio ao Porto.
Figura 45 e 46 – Passeio ao Furadouro
Fonte: Própria
Um Mundo Mágico
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Passeio ao Porto
Este é mais um dos passeios que se realiza neste turno, mas em que o percurso muda
consoante o ano. Este ano fomos visitar a cidade do Porto, mais propriamente a Igreja
de São Francisco de Assis (Figura 47 e 48) situada no centro histórico do Porto. É das
igrejas mais bonitas, pois toda ela é revestida por uma talha dourada barroca do seculo
XVIII.
Figura 47 e 48 – Igreja de São Francisco de Assis
Fonte: Própria
Depois da visita à igreja apanhámos o elétrico (Figura 49) e fomos à zona ribeirinha
do Porto até um jardim onde lanchámos e tirámos as fotos de grupo (Figura 50), no final
apanhámos o autocarro de volta para a colónia.
Figura 49 e 50– Passeio no Elétrico e Foto de grupo no jardim Fonte: Própria
Atividades Religiosas
Terço
Esta era uma atividade diária realizada pelos utentes às 18h30 em que todos em
conjunto rezavam o terço, a nossa função como animadores era simplesmente ligar o
rádio.
Missa
Esta atividade era realizada ao domingo de manhã na Torreira, onde nós Animadores
acompanhávamos os utentes no Autocarro até à igreja onde eles poderiam assistir à
missa, no final tínhamos que confirmar se estavam todos e acompanhá-los até à colónia.
Um Mundo Mágico
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Atividades Desportivas
Com o aumento da idade ocorrem alterações fisiológicas que acompanham o
envelhecimento, nomeadamente ao nível do sistema cardiovascular, sistema respiratório
e sistema locomotor. Atualmente é praticamente consensual entre os profissionais da
área da saúde e afins que a atividade física é um fator determinante na redução dos
efeitos do envelhecimento (Matsudo, 2001) citado por Ronconi, Â (2011), por isso é tão
importante que os idosos pratiquem exercício físico regularmente. Muitas das vezes a
atividade física recreativa é a mais utilizada por animadores pois conseguem que o
idoso pratique exercício físico ao mesmo tempo que se diverte e, principalmente de uma
forma fácil.
No âmbito das aulas de expressão físico-motora desenvolvemos um enredo que
denominámos como: “As Feirantes” (Figura 51, 52, 53 e 54), (Anexo 1).
Figura 51, 52, 53 e 54 – Dinamização da aula
Fonte: Própria
Atividades Musicais e Teatrais
Karaoke
Esta atividade é a representação de um karaoke em que era dada uma folha com as
músicas existente e os grupos tinham que escolher qual a música que queriam cantar.
Havia sempre uma apresentação e uma interação nossa com os idosos mas nada de
muito complexo. Cada grupo era chamado ao palco para interpretar a música e nós só
tínhamos que os ajudar com a letra, em algumas transições dançávamos um bocado para
os animar (Figura 55 e 56). Nesta altura aproveitava-se para tirar fotografias do grupo,
para depois serem expostas e adquiridas por 0,80€ pelos idosos, normalmente esta tarefa
de tirar fotografias, em muitas das atividades, cabia-me a mim.
Um Mundo Mágico
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Figura 54 e 55 – Karaoke e atuação de um grupo
Fonte: Própria
Concerto
Esta atividade era realizada da parte da tarde e é praticamente o mesmo que o cinema
em infantis, só que realizado num dos pavilhões e em vez de ser um filme é um concerto
de um grupo, mas só um de nós tem que estar presente caso precisem da nossa ajuda
para alguma coisa ou alguém se sinta mal, os restantes animadores, neste tempo morto,
montam a atividade da noite, que é a “A tua cara não me é estranha”
“A tua cara não me é estranha”
Esta é uma atividade noturna e é a imitação do programa da TVI “A tua cara não me
é estranha”, em que várias personagens vão imitar cantores famosos, ficando o mais
parecido possível com eles. A nossa função foi montar o cenário e durante a atuação
estar presente para auxiliar os idosos caso algo aconteça.
Bingo
Esta atividade é o tão conhecido jogo do Bingo, onde se distribuíam fichas de jogo e
feijões para marcar, os números iam saindo e os idosos iam marcando com os feijões
(Figura 57), quem fizesse linha gritava linha e ganhava rebuçado, quem fizessem bingo
ganhava uma t-shirt.
.
Figura 57 – Bingo Fonte: Própria
Um Mundo Mágico
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Grupo Polifónico de Aveiro
Esta atividade serve para animar os idosos, pois é convidado um grupo de fora, para
se deslocar à colónia e atuar para este público, este ano foi a vez do Grupo Polifónico de
Aveiro, que trouxe músicas calmas e conhecidas.
Bailarico
Esta atividade era das mais animadas pois é a recriação de um bailarico, onde nós
animadores dançamos com os utentes para os animar e fazer mexer (Figura 58, 59 e 60).
É muito bom para eles pois fá-los lembrar do tempo em que eram jovens e a animação é
garantida, a nossa maior dificuldade é se o grupo contem muitos idosos dependentes,
tendo que ajudá-los a dançar e ter uma maior perceção das suas dificuldades, pois
muitos deles não se querem levantar o que leva a uma propagação da inércia.
Figura 58, 59 e 60 Bailarico Fonte: CFT
Teatro “Eu queria ser astronauta!”
Este é um teatro em que a história gira em volta de um menino que quer ser
astronauta. Este menino chama-se Neil e é uma criança que mora numa instituição, tem
o sonho de ser astronauta. Sonhador vê o seu quarto o seu refúgio, o seu mundo, no urso
de peluche o seu melhor amigo e na sua cama a sua nave e portal mágico para as suas
viagens. No início da história aparece como velhinho dizendo que devemos lutar pelos
nossos sonhos pois só assim conseguiremos ser felizes. Depois a peça começa com ele
quando era pequeno sonhando ser astronauta mas desenrola-se em dois planos de ação,
a realidade em que vive e quando ele adormece e sonha, existem assim duas
personagens feitas sempre pelo mesmo ator, um da realidade e outro do mundo dos
sonhos. Nesta peça eu fiz o papel de Senhor Medo (Figura 61 e 62), sem dificuldade
Um Mundo Mágico
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nenhuma pois as vozes da peça já estão gravadas e, é só preciso saber quando entrar e o
que a nossa personagem irá dizer.
Figura 61 – Senhor Medo Figura 62 – Equipa Pedagógica
Fonte: Própria
Festa Final
Também existe uma festa final no turno de seniores, mas nada tem a ver com a dos
infantis. Esta festa consiste em os idosos apresentarem uns para os outros algo seu, um
poema, uma música, um teatro, algo que represente o sítio de onde vêm. Como
Animadores temos que criar um enredo para que não seja chegar lá e apresentar os
grupos por ordem e já está. Na festa em que participei eu e o outro Animador decidimos
recriar o programa Querida Júlia, com o tema “Quem será o pai da criança”. A história
era uma freira que tinha engravidado e que não sabia quem era o pai da criança, então
apareciam possíveis pais, sujeitos a perguntas e à máquina da verdade. Em cada um
deste personagem nos teríamos que inserir uma anedota para gozar com a situação,
existia o Padre Amílcar, o bêbado Quim e o gay Maria Albertina. Quem apresentava o
programa era a Júlia Pinheiro e o Cláudio Ramos, no final do programa descobria-se
que afinal a freira não estava gravida e que eram só gazes por ela comer muitos feijões.
Foi uma tarefa um pouco difícil tanto para mim como para o outro Animador pois em
cada mudança de cena tínhamos que nos descaracterizar e desmontar o palco para os
grupos poderem atuar. Eu fiz de Júlia Pinheiro (Figura 63) e de freira (Figura 64), o
conteúdo foi todo elaborado por nós mas era à base da improvisação, tínhamos
simplesmente umas linhas condutoras para cada personagem como por exemplo as
anedotas que iríamos contar ou as perguntas que iríamos fazer na máquina da verdade,
como acontece no programa da TV e, no intervalo de cada convidado os grupos
apresentavam as suas prestações (Figura 65).
Um Mundo Mágico
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Figura 63, 64 e 65 – Júlia Pinheiro e Claudo Ramos e atuação de um grupo
Fonte: Própria
Palestra sobre saúde
Esta era uma das atividades que nós Animadores não estávamos presentes, pois era
realizada pela equipa de saúde. O objetivo é esclarecer os idosos acerca de possíveis
dúvidas que possam ter acerca da sua saúde.
Um Mundo Mágico
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Reflexões Finais
Inicialmente senti-me receosa, embora já tivesse trabalhado com crianças mas, aqui o
contexto era completamente diferente, pois iria trabalhar com muito mais pessoas,
simultaneamente a expectativa era enorme já que lidar com crianças é aquilo que eu mais
quero fazer e, ainda mais inserida num programa de realização de atividades lúdicas.
Relativamente às atividades, logo de início não senti muitas dificuldades porque elas já
estavam planeadas e, como tínhamos liberdade para atuar, foi simplesmente dar asas à
imaginação e deixarmo-nos levar pelos nossos sentidos e pelo nosso coração.
Desde o primeiro dia que fui bem recebida por toda a gente que trabalha na colónia e
principalmente pelo meu orientador de estágio e pelos colegas de animação que iriam ser o
meu apoio, e que seriam eles quem trabalharia diretamente comigo e me poderiam ajudar em
qualquer dificuldade. Com os utentes e animadores ficou uma enorme amizade e um grande
carinho e, posso afirmar que houveram utentes que me marcaram muito e dos quais ainda
hoje recordo com muita saudade.
Consegui aperceber-me que o trabalho de um Animador não é somente estar no palco e
transmitir alegria ou animar os outros, pois existe um enorme processo de construção e
elaboração e, portanto, muito trabalho por trás de toda esta “alegria”. Senti que evoluí
bastante desde o início do estágio e que aprendi várias ferramentas importantes para a
dinamização das atividades.
Houveram atividades em que me senti muito mais à vontade devido aos meus
conhecimentos, outras de que não gostava tanto ou então pela repetição das mesmas durante
sete turnos, e por isso se torna-se difícil termos a mesma motivação no último. Sei que ainda
me faltam mais algumas ferramentas para desenvolver uma comunicação mais focada com o
público, mas tentei dar o meu melhor.
Esta experiência revelou-se única e muito gratificante, não só por todos os conhecimentos
que adquiri ou pela dedicação a todas aquelas pessoas, mas também porque aquele espaço é
realmente um mundo mágico e, por muito que se tente explicar é difícil a quem está por fora
perceber, pois são demasiados sentimentos, demasiadas pessoas, e demasiadas situações que
apelam ao nosso melhor “Eu”, que nos tocam e que nos fazem deixar cair lágrimas pela cara
só de pensar que tudo aquilo vai acabar. A frase que caracteriza a colónia é – “Fui ali ser
feliz”, e não pode haver melhor frase para caracterizar estes três meses ali passados, pois saí
uma pessoa melhor e muito mais adulta, feliz por transmitir valores a todas aquelas crianças,
Um Mundo Mágico
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por conseguir tocar no seu coração, por ver um idoso ou até uma criança sorrir, por ouvir de
algumas bocas “Fizeste com que estes dias fossem os melhores da minha vida” e, não há
melhor sensação que esta.
Consegui aperceber-me que enquanto profissional de Animação, a eficácia de cada um
não depende exclusivamente das suas características inatas, nem da capacidade técnica. O
que distingue um bom Animador são fatores de ordem emocional e comportamental,
competindo-lhes gerir os domínios da comunicação, o espaço relacional, os conflitos, a
motivação e o stress para alcançar os objetivos impostos por qualquer entidade laboral e
ultrapassando os objetivos pessoais.
O papel da CFT e da Equipa Pedagógica foi muito importante no desenvolvimento das
minhas potencialidades e competências já que tive a sorte de poder experimentar o que é
Animação em contexto não formal e soube aproveitá-la, desenvolvi novas ferramentas,
compreendi a realidade social, desinibi-me e senti que os Animadores Sociais (tal como há
os soldados da paz) são os soldados da alma. O caminho ainda é longo, mas com esforço,
dedicação e exigência poderei atingir níveis profissionais bastante competitivos, nunca
esquecendo que a Animação são pessoas, e as pessoas conquistam-se.
O bom trabalho realizado na Colónia culminou com a prestação de um serviço (1 turno de
Seniores) como Animadora externa fora do contexto de estágio e em ambiente totalmente
profissional.
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Bibliografia
BARRETO, B. (1986), Revista Fundação Bissaya Barreto, (Vol. 1., Nº 1), (SL), (pp.
1-88);
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Universidade do Porto, Dissertação/relatório/Projeto/IPP;
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SocialGest Nº 4, (SL);
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LOPES, M; GALINHA, S. e LOUREIRO, M. (2010), “Animação e Bem-estar
Psicológico, Metedologias de Intervenção Sociocultural e Educativa” (1ª ed.), (pp.
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LOPES, M; PEREIRA, J. e RODRIGUES, T. (2013), “Animação Sociocultural,
Gerontologia e Geriatria: A Intervenção Social, Cultural e Educativa na Terceira
Idade” (1ª ed), ( pp. 63-85), Chaves: Intervenção;
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Desenvolvimento Social;
RONCONI, Â. M. (2011), “Conteúdos e Estruturas das baterias de testes que
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Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de Educação Física;
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TRINDADE, B. (2010), “Animação Cultural e a sua intervenção na 3º Idade”,
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Um Mundo Mágico
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(09 de 11 de 2013). Fundação Bissaya Barreto, Obtido de www.facebook.com
10 de 11 de 2013). Colónia de Férias da Torreira, Obtido de www.fbb.pt/cftorreira
(23 de 11 de 2013). Obtido de Instituto Bissaya Barreto: www.fbb.pt
Outras Fontes
Circular nº 3 – Turno de Seniores 2013, Colónia de Férias da Torreira
Circular nº 5 – Turno de Infantis 2013, Colónia de Férias da Torreira
Diário da República, 1.ª série — N.º 46 — 7 de Março de 2011, Decreto de Lei
32/2011
Regulamento Interno da Colónia de Férias da Torreira 2013
Anexos
Lista de anexos
Anexo 1 – Planeamento das aulas de Expressão Físico Motora
Anexo 2 – Atividades Teatrais
Anexo 3 – Calendário dos Turnos de 2013
Anexo 4 – Plano de Atividades de Infantis
Anexo 5 – Plano de atividades de Seniores
Anexo 6 – Distribuição Diária
Anexo 7 – Plano de Atividades Grupo Jerónimo Martins
Anexo 1 - Aulas de Expressão Fisico Motora (Infantis)
Estas são as aulas eram dadas por Animadores específicos com formação em
Educação Física, nas quais cada um deles tinha uma personagem específica que
transmitia uma mensagem única e particular, relativamente à sua personagem. Para
além, da componente físico-motora era objetivo da aula a transmissão de valores às
crianças tais como: a amizade, a lealdade, o companheirismo entre outros.
Foram vários os Animadores que deram aulas em que eu participei, e cada um deles
tinha o seu método e o seu enredo. Embora os objetivos fossem sempre os mesmos, irei
dividir as atividades realizadas por personagens para serem melhor entendidas.
Personagem Rámanés
Esta aula era uma viagem a um festival de rock, onde as crianças tinham que ir a
vários palcos e, onde cada um transmitia um valor. As personagens utilizadas nesta
atividade era o roqueiro Rámanés e a sua companheira Rámona, eles tinham sido
convidados pelo chefe da Colónia para irem dar uma aula de educação física. A única
coisa que sabiam fazer era tocar guitarra e incentivar as crianças a divertirem-se, logo
elas tinham que estar predispostas a segui-los e a fazerem o mesmo que eles.
Os materiais utilizados nesta aula eram os cabos de vassoura (em esponja) para os
rapazes que representavam as guitarras e, para as raparigas eram umas baquetas em
esponja com várias fitas penduradas que representavam as baterias. Existem sete palcos,
cada um com uma música diferente, representados por formas e cores do arco-íris, à
medida que as crianças vão passando pelos respetivos palcos o animador cola o palco a
que corresponde num cartaz que representa o mapa do festival.
No primeiro palco era realizado o aquecimento (braços e pernas) e, onde era
ensinado o grito da aula, em que sempre que o Rámanés dizia:
“Ó Porque eu sou, Ó porque eu sou”, as crianças respondiam: “ Porque eu sou feliz
aqui!”.
Cada palco correspondia também a um tipo de exercícios específico, ou braços, ou
pernas, ou abdominais, no fim era passada uma mensagem que dizia que muitas vezes a
solução para os nossos problemas está diante dos nossos olhos e nós não a vemos,
muitas vezes porque pensamos demasiado nos nossos problemas, mas existe sempre
uma solução e essa solução muitas vezes é virar a nossa vida de pernas para o ar para
conseguirmos alcançar a felicidade. Neste momento o animador virava o cartaz onde ao
longo da aula foi colando os palcos e aparece a palavra, “Feliz”, demonstrando que esta
esteve sempre lá, mas como estávamos concentrados em outras coisas não nos
apercebemos, tendo sido preciso parar, pensar e virar ao contrário para ela surgir.
Na parte do relaxamento é ensaiada a coreografia que será utilizada na festa final.
Personagem GPS Náná
Esta foi uma das aulas em que mais participei e como desafio imposto pelo
Animador que a dava, eu substituí-o numa destas aulas. Foi um pouco difícil a sua
substituição, tratava-se de um animador com formação específica em Educação Física e
já com largos anos de experiencia em Colónia de Férias.
Esta aula tem a duração de 45 minutos, e tem o objetivo de fomentar através da
ludicidade, a prática de atividade física, motora e psíquica. Era uma viagem pelo arco-
íris em que ele era o GPS Náná e eu a GPS Toma-Toma, que tinha ficado sem pilhas,
então as crianças e os monitores para me acordarem tinham que dizer: “Toma-Toma,
Toma-Toma, Toma-Toma” e aos poucos ia acordando. Juntos íamos viajar pelo arco-íris
e assim realizando vários exercícios. Em cada um deles conquistava-se uma cor e,
conquistada a cor era dada ao animador de grupo que a colava no arco-íris, sendo o
objetivo conquistar todas as cores para o colorir e assim encontrar o tesouro CFT.
A primeira cor do arco-íris é o vermelho, que é o caminho da energia, e aqui é a
apresentação da música do GPS:
“Para aqui ou para aculá, Boooooooom, GPS Náná”
A estratégia de transição utilizada nesta cor é: “GPPPPPPPPPPPPPPS” (mão nas
setas de direção – rabo)
Os objetivos é dar a conhecer a personagem, promover a interação animador/criança,
bem como as regras inerentes à aula de forma lúdica e dinâmica.
A segunda cor era o laranja em que é feito o aquecimento numa ativação orgânica
geral de vai, vem, vai, vem, no qual tinham que percorrer um circuito cíclico no qual
eram modificados ao longo do tempo, o modo de deslocamento e a intensidade. Tem
como objetivo promover a familiarização com o espaço de aula e adaptação gradual do
organismo do utente (aumento da temperatura corporal). O sucesso na tarefa permitia
ultrapassar o caminho rumo ao tesouro CFT.
O caminho amarelo é o jogo das palitadas, em que existem vários obstáculos na vida
mas aqui os monitores são o suporte. Cada monitor tem um cone com um buraco, e as
crianças têm que apanhar os palitos do chão e um de cada vez têm que colocar no cone
mas sem deixar cair os palitos pelo buraco, mas os GPS têm vírus e vão empurrar os
monitores e eles vão deixar cair todos os palitos. Existem várias variantes para este
exercício onde as crianças e monitores têm que andar de pé juntos e tesoura, etc.
O caminho azul é o jogo da corda bamba, consiste em construir uma escada em que
os monitores são o pilar. Com as molas espalhadas no chão as crianças têm que as
apanhar e colocar numa corda que 2 monitores seguram, mas estes têm que dificultar
estas colocações e para piorar os GPS apanharam de novo vírus e vão andar atrás deles e
tirar as molas da corda. A variante deste jogo é fazê-lo ao pé-coxinho, com o calcanhar
no rabo, rabo no chão e rastejar.
O caminho verde é o jogo do post it, e é onde as crianças conseguem o certificado da
alegria. Formavam grupos de dois onde só um deles tem o certificado colado no peito, e
o objetivo é a outra criança proteger o mesmo ou tentar tirar um dos outros e, quando
tiram ao parceiro têm que devolver. A variante é correr de costas e correr de lado.
O caminho roxo é o jogo do acertar em cheio, e a mensagem transmitida é que
devemos preservar o material assim como preservamos os amigos e as pessoas. Cada
criança tem um copo e deve 68oloca-lo na cabeça equilibrando-o, enquanto os
monitores e os GPS tinham que soprar para os derrubar. Existem várias variantes deste
jogo como pôr o copo na mão direita e com ela esticada conseguir colocá-lo, passando
para a mão esquerda. Entram as bolas e o conceito é o mesmo, atirar a bola ao ar sem a
deixar cair quando o monitor ou o GPS soprar nela e a variante desta á fazer primeiro
com a mão direita e depois com a esquerda e atira a um colega e em seguida apanha a
bola, atira ao monitor e depois ao GPS. Os objetivos destas quatro cores é a promoção
de um desgaste físico inicial de forma a poder controlar os ímpetos comportamentais
das crianças e desenvolver as diferentes capacidades como a força, o equilíbrio, a
coordenação, a flexibilidade, etc.
O caminho lilás é um percurso de exercícios localizados onde exercitam a
inspiração/expiração e no qual é trabalhada a postura, o equilíbrio, a flexibilidade, a
força abdominal, a força dos membros superiores e inferiores.
O relaxamento é a parte final deste caminho, que significa que encontraram o tesouro
CFT, usando a imaginação e uma simples moeda que representa esse mesmo tesouro,
assim os alunos desfrutam da obtenção do mesmo, promovendo o relaxamento de todos
os segmentos corporais solicitados na aula. Começa de joelhos onde relaxamos os
braços, depois sentamo-nos e relaxamos as pernas e depois deitam, fecham os olhos e
ouvem a mensagem. O objetivo é retornar à calma e a readaptação cardiovascular,
muscular e articular.
Personagem Servente Sousa
Esta aula era dada por um animador externo e eu só a realizei uma vez e, tinha como
objetivos:
- Desenvolver o nível funcional das capacidades motoras das crianças; desenvolver
as diferentes capacidades como a força, o equilíbrio, a coordenação, a flexibilidade;
fomentar o respeito pelas regras das atividades e por todos os intervenientes; promover
o gosto pela atividade física e desenvolver as capacidades motoras, cognitivas e sociais.
O enredo desta atividade girava em volta do Servente Sousa e o seu ajudante Pochas
que era a personagem que eu interpretava, nós tínhamos vindo de França onde
contruímos várias coisas na colónia, mas desta vez os Animadores pediram-nos para
construirmos arco-íris e, nós com baldes de massa e cimento não estávamos a conseguir,
logo os meninos tinham que nos ajudar, pois só eles realizando vários jogos
conquistariam o arco-íris.
A música que identifica o Servente Sousa era:
“Pá, pá, pá
Pé, pé, pé,
Com o Sousa, eu vou curtir bué!”
Para o Pochas era:
“Éeeeeeeeeeh, Pochas, Pochas”
O primeiro exercício é o aquecimento onde andámos em roda a correr e a cantar,
depois em salto tesoura, a saltar, a rastejar, a correr de costas, a fazer alongamentos de
braços, etc.
O segundo exercício era o “jogo do caça gelo”, chamado caminho da amizade, onde
os monitores tinham bolas que atiravam aos meninos e eles congelavam de pernas
abertas, em que só eram salvos quando algum companheiro lhes passasse por baixo das
pernas, onde descongelavam e podiam voltar ao jogo.
O terceiro exercício era o “jogo das molas”, onde existiam molas espalhadas pelo
chão e as crianças organizadas em grupo de dois, às cavalitas ou em posição de carrinho
de mão tinham que apanhar uma mola de cada vez e colocar na camisola do parceiro. A
variante deste jogo era os grupos adversários tentarem tirar as molas e o grupo coloca-
las.
O quarto jogo é o caminho dos sonhos, em que eles eram derrubados mas as crianças
tinham que ter força para apanhá-los. Eram formadas 3 filas e existiam vários pinos
espalhados em fila, onde cada monitor ficava atras deles e sempre que os pinos eram
derrubados os monitores levantavam-nos e, tudo isto simboliza os sonhos. Para alcançar
os sonhos eram precisas ideias (bolas) mas como elas estavam todas baralhadas e
espalhadas, as crianças tinham que as apanhar e coloca-las nos respetivos caixotes.
O quinto jogo era o da confiança, onde era preciso confiarem uns nos outros, e
dando-se bolas a cada grupo de dois e elas tinham que fazer um percurso equilibrando-
as na cabeça, ombros e costas com costas.
A sexta etapa é a coreografia final usada no CFT Alive em que todos os grupos que
passam nesta aula e do Rámanés a ensaiam e, no final da aula é o retorno à calma onde
se fez um pequeno aquecimento e era passado uma mensagem final baseada na união
em que a frase mais marcante é:
“Não vale a pena ter sonhos, se não temos ninguém para os partilhar”
Servente Sousa
Personagem Marianoska
Esta personagem foi realizada por uma animadora externa e o enredo era que ela
tinha perdido o seu centro e as crianças deviam ajudá-la a encontrar. Eu participei na
aula dela com rapazes e com raparigas.
Nas meninas a aula era praticamente com coreografias e tinha como objetivos
desenvolver capacidades motoras condicionais e coordenativas, estimular o gosto pela
música e pelo movimento corporal. Na primeira fase os utentes encontravam-se
distribuídos pelo espaço e ao som da música realizaram uma coreografia por imitação
da personagem que coordena o exercício sendo a fase principal – “Na vida é preciso ter
energia”. Na segunda parte a frase é –“Na vida também é preciso ter cor” e as crianças
recorrem aos movimentos corporais relacionando-os com a música, encontram-se
distribuídos pelo espaço e direcionados para o palco. Ao som de um mix relacionado
com o tema, realizam uma coreografia por imitação da personagem que coordena o
exercício, com balões coloridos nas mãos.
A fase seguinte era – “É preciso sorrir” e os utentes encontravam-se distribuídos pelo
espaço e direcionados para o palco, mais uma vez imitavam uma coreografia. A
próxima fase era – “Juntando um toque de magia”, em que com um lenço branco na
mão imitavam uma coreografia e, a seguinte era –“Assim poderás encontrar o teu
centro”, em que mais uma vez com um balão na mão imitavam uma coreografia. Na
parte final que é o retorno à calma o tema era –“ O nosso centro é o meu coração” e na
1ª parte, os utentes espalhavam-se pelo chão sentados e direcionados para a personagem
e executavam exercícios de alongamentos conforme o solicitado, em silêncio escutando
a música e, na 2ª parte no mesmo sítio, os utentes deitavam-se de decúbito ventral,
fechavam os olhos e relaxavam ao som de uma música de fundo ouvindo as palavras da
personagem que dizia que o mais importante está realmente no nosso coração e é a ele
que nós temos que ouvir.
Nos rapazes os objetivos são os mesmos, os temas os mesmos, só que a dinâmica é
um pouco diferente.
Aulas de Expressão Físico Motora (Seniores)
“As Feirantes”
Esta atividade consistia em duas feirantes que foram para a colónia de férias porque
na festa que se realizou na Torreira (S. Paio), o negócio não correu muito bem, então no
regresso a casa decidiram passar pela colónia para ver se conseguiam fazer um dinheiro
extra. Para que o negócio seja realizado, pedem permissão à diretora que lhes diz que só
podem vender os seus artigos se, em simultâneo fizerem algum exercício físico com os
idosos. Aceitaram na hora, conheceram os seus clientes e ajudaram-nos a fazer um
bocadinho de exercício e, em vender é que não tiveram tanta sorte, pois acabaram por
perceber que não tinham vocação para o comércio.
Realizaram vários exercícios em que o primeiro era o aquecimento que consistia em
exercitar diferentes partes do corpo como a cabeça, ombros, membros superiores,
inferiores e o tronco com uma música bastante conhecida que se chamava “é o Bicho, é
o Bicho” do Iran Costa.
O seguinte exercício era realizado com bolas e consistia em vários exercícios de
motricidade fina, depois seguia-se o bailarico que era uma coreografia da música “Baile
de Verão” do Emanuel. Por último e não menos importante foi o alongamento, onde se
promoveu o relaxamento de todos os músculos trabalhados na aula ao som da música
“Caçador de Sois” da Ala dos Namorados. O relaxamento apareceu interligado com os
alongamentos mas permitia uma reflexão interior, ao som de uma música relaxante.
Os objetivos desta aula eram desenvolver diferentes capacidades motoras:
coordenação e equilibro; promover a autonomia; combater o sedentarismo; estimular
capacidades motoras e sociais e dar a conhecer os benefícios do exercício físico na
idade avançada.
Anexo 2 – Atividades Teatrais
Teatro de Infantis - “Dimensão T”
A história gira à volta de um menino chamado Tino com deficiência mental que
andava numa escola para pessoas especiais e, os amigos dele eram todos crianças com
deficiência, o Lucas tinha deficiência auditiva, o Rafa deficiência motora, e o Carlos
com deficiência visual. O Tino tinha um grande inimigo que era o Senhor Preconceito,
este andava sempre atrás dele e a dizer-lhe que ele não era capaz, que ele não era como
os outros meninos e que nunca conseguiria vencer na vida. Existe também a fada Ina
que é a narradora do texto, que é uma personagem fictícia amiga do Tino, ele acha que
ela existe e que é muito sua amiga e, então ela vai apresentando as personagens ao
público.
Quando o Tino adormece ele vai para uma dimensão cheia de luz, cor e movimento
que se chama Dimensão T, lá ele é forte e corajoso, mas precisa da ajuda dos seus
amigos. O Carlos aparece como “T Sonoro”, o Lucas aparece como “T Luminoso” e o
Rafa como “T do movimento” e, todos juntos irão vencer o Senhor Preconceito e
mostrar que ele ali não tem lugar pois podem não ser como as crianças normais mas são
bons com outros sentidos, fazendo com que sejam iguais a todas as outras crianças.
“O sonho de que um dia (…) todos seremos tratados como iguais e que vamos
acabar com toda a maldade e fazer deste mundo, um verdadeiro Mundo de Sonhos.”
Tino
Teatro de Seniores – “Eu queria ser astronauta”
A história gira à volta de um menino chamado Neil , uma criança que vive numa
instituição e que tem o sonho de ser astronauta mas acha que não é capaz devido aos
seus medos.
Nesta peça vemos duas realidades, a que acontece no dia a dia do Neil e o seu mundo
de sonhos onde ele é capaz de enfrentar os seus receios. Cada personagem interpretada
aparece nestas duas realidades, ou seja, cada animador representou dois papeis.
As pesonagens que fazem parte desta peça são:
Senhor Medo
Significa as dúvidas, os receios de falhar e as objeções que o impedem de alcançar o
sonho;
Professora Cristina/ Fada Tina
Significa a proteção e a educação, a sábia concelheira, forte pilar do futuro do Neil;
Urso Bernardo (peluche) / Urso
Significa a amizade e imaginação, fiel companheiro que ganha vida no sonho.
Representa a proteção contra o medo. Não o poderá acompanhar na viagem deixando o
nosso herói por sua conta para enfrentar o seu maior desafio;
Jorge Nuno – Colega do Neil/ Dragão
Significa as más influências, as forças que podem levar a más opções na vida, os
maus exemplos;
Senhor Manuel do Quiosque/ Mágico
Significa as pessoas boas, que estão dispostas a ajudar-nos a troco de nada! Que vão
alimentando a “magia” do nosso dia-a-dia. Senhor simpático com quem o Neil se cruza
todos os dias para a escola e que muito simpaticamente lhe oferecia sempre um
caramelo, simulando um truque de magia;
Irmão do Neil/ Gigante Guardião
Significa os bons conselhos e bons exemplos, influência positiva. Pessoa que tem um
papel protetor sobre o Neil, tentando dentro da dificuldade dar bons conselhos.
Os amigos vão ajuda-lo de várias maneiras a enfrentar o senhor medo e mostrar-lhe o
caminho para conseguir realizar o que mais deseja.
A mensagem aqui transmitida é que ninguém deve parar de sonhar nem de acreditar
nele próprio, pois todos nós temos sonhos dependendo da idade que temos e devemos
sempre acreditar neles. No final da peça aparece um vídeo dele a pisar a lua (foi o
primeiro homem a pisar a lua), o que mostra que nada é impossível.
Anexo 3 – Calendário dos Turnos de 2013
Anexo 4 – Plano de Atividades de Infantis
Anexo 5 – Plano de atividades de Séniores
Anexo 6 – Distribuição Diária
Distribuição diária das Estagiárias
Terça – 02 Julho
Pavilhão I
Pavilhão II
Estag.
João
Renato
Tânia
Mané
Luís
Aluai
An
Lu
Autocarro – Aveiro X
“Vassoura” X X
Refeitório Inferior X X X X X
Refeitório Superior X X X
Apoio ao Telefone
(18h00 – 19h00) X X
Serviço Nocturno André X
Anexo 7 – Plano de Atividades Grupo Jerónimo Martins
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