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Universidade Federal do Rio de Janeiro
MÉTODOS CONSTRUTIVOS
ALTERNATIVOS PARA A
OTIMIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO DE
HABITAÇÕES POPULARES
Jorge Fernando dos Reis
2018
i
MÉTODOS CONSTRUTIVOS
ALTERNATIVOS PARA A
OTIMIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO DE
HABITAÇÕES POPULARES
Jorge Fernando dos Reis
Projeto de Graduação apresentado ao curso
de Engenharia Civil da Escola Politécnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro,
como parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de Engenheiro.
Orientador: Jorge dos Santos
Rio de Janeiro
Fevereiro de 2018
ii
MÉTODOS CONSTRUTIVOS ALTERNATIVOS PARA A OTIMIZIÇÃO DA
CONSTRUÇÃO DE HABITAÇÕES POPULARES
Jorge Fernando dos Reis
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE
ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.
Examinado por:
___________________________________________________
Prof. Jorge, dos Santos, D.Sc., Orientador
___________________________________________________
Profª. Ana Catarina Jorge Evangelista, D. Sc.
___________________________________________________
Profª. Alessandra Conde de Freitas, D. Sc.
___________________________________________________
Profª. Sandra Oda, D. Sc.
___________________________________________________
Prof. Wilson Wanderley da Silva
iii
RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL
Reis, Jorge Fernando
Métodos Construtivos Alternativos para Otimizar a Construção de
Habitações Populares / Jorge Fernando dos Reis. – Rio de Janeiro:
UFRJ/Escola Politécnica, 2018.
X-, -- p. 101 : il. ; 29,7 cm.
Orientador: Jorge dos Santos
Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica /
Curso de Engenharia Civil, 2018.
Referências Bibliográficas: p. 93-101
1. Introdução 2. Habitações Populares: contextualização
3. Legislação e normas técnicas aplicadas a habitações
populares 4. Projetos de Habitações Populares 5. Sistemas
construtivos utilizados na execução de habitações populares 6.
Sistemas construtivos alternativos 7. Análise comparativa:
sistemas construtivos tradicionais x sistemas construtivos
alternativos 8. Conclusões
I. dos Santos, Jorge; II. Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III.
Título
iv
AGRADECIMENTOS
Ao meu pai Hernane, minha mãe Aparecida, minhas irmãs Camila e Cláudia por
todo o enorme incentivo durante os bons anos em que eu estive longe de casa, na
universidade.
Ao meu orientador Jorge dos Santos por toda a paciência, atenção e apoio durante
o árduo desenvolvimento deste trabalho.
Aos demais professores que compõem o curso de engenharia civil da Escola
Politécnica, pelos ensinamentos e por compartilharem suas experiências. Também a
Escola Politécnica e a Universidade Federal do Rio de Janeiro pela minha formação como
Engenheiro.
À Priscila por me motivar, apoiar e acolher em todos os momentos dessa trajetória
árdua ao longo da minha graduação.
Aos meus amigos da universidade que compartilharam aulas, tempo diversão
comigo e até mesmo estresse.
v
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica - UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil
MÉTODOS CONSTRUTIVOS ALTERNATIVOS PARA A OTIMIZAÇÃO DA
CONSTRUÇÃO DE HABITAÇÕES POPULARES
Jorge Fernando dos Reis
Outubro de 2017
Orientador: Jorge dos Santos
Curso: Engenharia Civil
As grandes cidades do país contam com um vultoso déficit habitacional, que se
intensificou com os processos migratórios e o crescimento da população urbana nas
metrópoles brasileiras. Devido a tal demanda por grandes quantidades de unidades, a
baixo custo e por diversos problemas de desempenho apresentados, surge a possibilidade
do emprego de técnicas construtivas que possam atender satisfatoriamente a construção
desse tipo de habitação. O estudo teve como objetivo compreender as características de
habitações populares e analisar os métodos construtivos Light Steel Framing, Light Wood
Framing e Parede de Concreto, com o intuito de otimizar a construção de
empreendimentos desse tipo. Através da descrição de cada método e da análise
comparativa destes como os métodos convencionais é avaliada a possibilidade de sua
aplicação no âmbito de uma melhoria construtiva de moradias populares.
Palavras-chave: habitações populares, métodos construtivos, light steel framing, light wood
framing, parede de concreto
vi
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Engineer.
ALTERNATIVE CONSTRUCTIVE METHODS TO OPTIMIZE THE
CONSTRUCTION OF POPULAR DWELLINGS.
Jorge Fernando dos Reis
Fevereiro de 2018
Orientador: Jorge dos Santos
Curso: Engenharia Civil
The great cities of the country count on a large housing shortage, which has intensified
with migratory processes and the growth of the urban population in the Brazilian
metropolis. Due to this demand for large quantities of units, at low cost and for several
performance problems presented, the possibility arises of the use of constructive
techniques that can satisfactorily fulfill the construction of this type of housing. The aim
of the study is to understand the characteristics of popular housing and to analyze the
methods of construction Light Steel Framing, Light Wood Framing and Concrete Wall,
with the purpose of optimizing the construction of such enterprises. Through the
description of each method and the comparative analysis of these as the conventional
methods is evaluated the possibility of its application within the framework of a
constructive improvement of popular housing.
Keywords: light steel framing, light wood framing, concrete wall
vii
Lista de Figuras
Figura 1: As populações urbanas e rurais do mundo, 1950-2050. .................................. 6
Figura 2: Variação da distribuição da população urbana e rural no Brasil, 1940-2010. . 7
Figura 3: Déficit habitacional urbano por faixas de renda média familiar mensal (em
salários mínimos) - Brasil - 2013-2014. ......................................................................... 16
Figura 4: Atividade Construtiva de Incorporação de 2010-2017. ................................. 18
Figura 5: Matriz da Norma de Desempenho. ................................................................ 25
Figura 6: Exemplo para empreendimento com máximo de unidades permitidas. ........ 30
Figura 7: Tipologia típica de casa térrea popular. ......................................................... 31
Figura 8: Tipologia típica de apartamento e pavimento tipo popular. .......................... 32
Figura 9: Divisão esquemática dos sistemas de fôrmas. ............................................... 37
Figura 10: Fluxograma esquemático das etapas de concretagem de elemento estrutural.
........................................................................................................................................ 38
Figura 11: Amarração de blocos de alvenaria de vedação. ........................................... 39
Figura 12: Camadas de revestimento em alvenaria. ...................................................... 40
Figura 13: Tipos de blocos para alvenaria estrutural..................................................... 43
Figura 14: Desenho esquemático de uma residência Light Steel Framing. .................. 50
Figura 15: Painel do pavimento térreo de casa residencial. .......................................... 51
Figura 16: Estrutura do piso com vigas em perfis galvanizados e contrapiso em osb. . 52
Figura 17: Estrutura do telhado em Steel Framing. ...................................................... 53
Figura 18: Corte Esquemático de uma laje radier. ........................................................ 54
Figura 19: Corte detalhado de sapata corrida. ............................................................... 55
Figura 20: Esquema de painéis mostrando a transferência de cargas verticais. ............ 56
Figura 21: Esquema de painel típico com montantes e guias. ....................................... 57
Figura 22: Distribuição dos esforços através da verga para ombreiras. ........................ 58
Figura 23: Ancoragem do contraventamento nos painéis. ............................................ 59
Figura 24: Contravento em relação a aberturas. ............................................................ 60
Figura 25: Sistema estrutural de piso em Light Steel Framing. .................................... 61
Figura 26: Corte esquemático de laje executada perfis galvanizados e painéis OSB. .. 62
Figura 27: Treliças para coberturas planas em steel framing. ....................................... 64
Figura 28: Esquema de telhado executado com telhas shingles. ................................... 65
Figura 29: Perspectiva dos subsistemas que compõem a edificação construída em light
wood framing. ................................................................................................................. 67
Figura 30: Travamento entre painéis e parede. ............................................................. 69
Figura 31: Quadro estrutural com aberturas de esquadrias. .......................................... 70
Figura 32: Estrutura de entrepiso, apoiada sobre os painéis do pavimento inferior. ..... 71
Figura 33: Estrutura wood frame com treliça pré-fabricada. ......................................... 72
Figura 35: Exemplo de parede de concreto e seus componentes. Fonte: ABCP, 2008. 74
Figura 36: Esquema de Fundação radier para parede de concreto. ............................... 75
Figura 37: Armaduras de parede de concreto com painéis externos. ............................ 76
viii
Lista de Tabelas
Tabela 1: Concessões de benefícios pelo Minha Casa Minha Vida por faixa de renda. . 8
Tabela 2: Valores máximos de venda de unidades do MCMV Faixa 1. ....................... 13
Tabela 3: Unidades Contratadas do MCMV de 2009 a 2015. ....................................... 17
Tabela 4: Número máximo de unidades por empreendimento. ..................................... 30
Tabela 5: Comparativo de prazo de execução entre sistemas tradicionais e alternativos.
........................................................................................................................................ 82
Tabela 6: Comparativo de custo entre os sistemas tradicionais e os sistemas
alternativos...................................................................................................................... 85
ix
Lista de Abreviaturas
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABCP – Associação Brasileira de Cimento Portland
ABDI – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial
ABRAINC - Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias
ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica
BNH – Banco Nacional da Habitação
CAU - Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil
CBIC - Câmara Brasileira da Indústria da Construção
CEF – Caixa Econômica Federal
COHAB - Companhia Metropolitana de Habitação
CUB – Custo Unitário Básico
DESA - Divisão das Nações Unidas para a População do Departamento dos Assuntos
Econômicos e Sociais
ELU – Estado Limite Último
ELS – Estado Limite de Serviço
FDS - Fundo de Desenvolvimento Social
FGP – Fundação João Pinheiro
FGTS - Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
IAPs – Institutos de Aposentadoria e Pensões
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
FAR – Fundo de Arrendamento Residencial
FCP – Fundação Casa Popular
MCMV – Minha Casa Minha Vida
LSF – Light Steel Framing
PAR - Programa de Arrendamento Residencial
PMCMV – Programa Minha Casa Minha Vida
PNH - Política Nacional de Habitação
PNHU - Programa Nacional de Habitação Urbana
RDD - Relatório de Diagnóstico da Demanda por Equipamentos e Serviços Públicos e
Urbanos
RMs – Regiões Metropolitanas
SFH - Sistema Financeiro de Habitação
x
SINAT - Sistema Nacional de Avaliações Técnicas
UH – Unidade Habitacional
VUP - Vida Útil de Projeto
xi
SUMÁRIO
Lista de Figuras ........................................................................................................................... vii
Lista de Tabelas ......................................................................................................................... viii
Lista de Abreviaturas ................................................................................................................... ix
SUMÁRIO .................................................................................................................................... xi
1. Introdução ............................................................................................................................1
1.1. A Importância do Tema ................................................................................................1
1.2. Objetivos ......................................................................................................................1
1.3. Justificativa da escolha do tema ...................................................................................2
1.4. Metodologia .................................................................................................................3
1.5. Estrutura da monografia ..............................................................................................3
2. Habitações populares: contextualização ..............................................................................5
2.1. Aspectos Gerais ............................................................................................................5
2.2. Conceituação de habitação popular .............................................................................7
2.3. Aspectos históricos e evolução no Brasil ......................................................................8
2.4. Peculiaridades e particularidades das habitações populares que as diferenciam das
demais 12
2.5. Técnicas construtivas mais utilizadas .........................................................................14
2.6. Habitações populares x Déficit habitacional nos grandes centros urbanos ................15
2.7. Participação das Obras de Habitações Populares no Mercado da Construção Civil ...16
2.8. Aspectos da qualidade, desempenho e durabilidade e das edificações populares ....18
3. Legislação e Normas Técnicas Aplicadas a Habitações Populares ......................................21
3.1. Legislação Federal ..........................................................................................................21
3.2. Normas e Diretrizes ........................................................................................................22
3.3. NBR 15575 – Norma de Desempenho ........................................................................23
4. Projetos de habitações populares ......................................................................................29
4.1. Aspectos Gerais ..........................................................................................................29
4.2. Tipologias de Projetos de Habitações Populares ........................................................29
4.3. Projetos que fazem parte ...........................................................................................33
5. Sistemas construtivos utilizados na execução de habitações populares ............................34
5.1. Sistema construtivo convencional ..............................................................................34
5.1.1. Fundações...........................................................................................................35
5.1.2. Estrutura: pilares, vigas e lajes ...........................................................................35
5.1.3. Alvenaria de Vedação .........................................................................................38
5.1.4. Vantagens e Desvantagens .................................................................................40
xii
5.2. Alvenaria Estrutural ....................................................................................................41
5.2.1. Fundações...........................................................................................................41
5.2.2. Blocos .................................................................................................................42
5.2.3. Argamassa ..........................................................................................................44
5.2.4. Graute.................................................................................................................45
5.2.5. Armadura............................................................................................................45
5.2.6. Vantagens e Desvantagens .................................................................................45
6. Sistemas Construtivos Alternativos ....................................................................................47
6.1. Aspectos Gerais ..........................................................................................................47
6.2. Light Steel Framing .....................................................................................................48
6.2.1. Componentes do Sistema Light Steel Framing ...................................................49
6.2.2. Passo a passo ......................................................................................................53
6.2.1.1. Painéis estruturais e autoportantes ............................................................55
6.2.1.2. Lajes ............................................................................................................61
6.2.1.3. Cobertura....................................................................................................63
6.2.3. Vantagens e Desvantagens .................................................................................65
6.3. Light Wood Framing ...................................................................................................66
6.3.1. Fundação ............................................................................................................67
6.3.2. Painel Estrutural .................................................................................................68
6.3.3. Lajes ....................................................................................................................70
6.3.4. Cobertura ...........................................................................................................72
6.3.5. Vantagens e Desvantagens .................................................................................72
6.4. Parede de concreto moldada in loco ..........................................................................73
6.4.1. Fundações...........................................................................................................74
6.4.2. Fôrmas ................................................................................................................75
6.4.3. Armaduras ..........................................................................................................76
6.4.4. Concreto .............................................................................................................77
6.4.5. Vantagens e Desvantagens .................................................................................77
7. Análise comparativa: sistema construtivos tradicionais x sistemas construtivos
alternativos ................................................................................................................................79
7.1. Prazo...........................................................................................................................79
7.2. Custo ..........................................................................................................................82
7.3. Durabilidade ...............................................................................................................85
7.4. Qualidade ...................................................................................................................86
7.5. Dados Gerais ..............................................................................................................88
8. Considerações Finais ..........................................................................................................90
xiii
BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................................93
1
1. Introdução
1.1. A Importância do Tema
Segundo Lorenzetti (2001), a moradia pode ser considerada uma necessidade
básica, como a alimentação e a vestimenta, que tem a peculiaridade de necessitar da terra
como suporte. Além da necessidade da terra como suporte dita por Lorenzetti (2001),
uma habitação está associada a várias outras características inerentes, com o intuito de
atender sua função plena ao ser humano.
O déficit habitacional é um problema enfrentado a décadas pelo Brasil, agravado
pelo êxodo rural, processos migratórios e grande crescimento demográfico nas
metrópoles brasileiras. Segundo Sobreira (2002), a história da habitação social no Brasil
está diretamente relacionada às evoluções e involuções, planos e rupturas, que marcam o
desenvolvimento político, econômico e social da sociedade brasileira, em especial ao
longo do século XX, período marcado pelo intenso processo de urbanização e formação
das metrópoles e a cristalização das desigualdades sociais.
Em 2014 o país contava com um déficit habitacional de 6,068 milhões de
unidades, o que representa a quantidade de famílias que não tem suas necessidades
associadas a moradia plenamente atendidas. A maior parte desse déficit (87,6%)
concentra-se em áreas urbanas, dessa parcela 31,9% nas Regiões Metropolitanas (RMs).
Quando se olha para a regiões, a região sudeste concentra a maior quantidade, que
corresponde a 40% do déficit no país, seguido pela região nordeste com 31,3% (Fundação
João Pinheiro, 2016).
1.2. Objetivos
O presente trabalho tem como objetivo identificar, estudar e recomendar sistemas
construtivos com diretrizes do Sistema Nacional de Avaliações Técnicas (SINAT) que
possam ser utilizados de maneira vantajosa na construção de habitações populares como
alternativa aos métodos tradicionais, aplicados na maior parte dos empreendimentos
2
construídos e em construção no país. Os sistemas construtivos que foram avaliados são
Light Steel Frame, Light Wood Frame e Paredes de concreto armado pré-moldadas.
Para atingir o objetivo geral, alguns objetivos específicos serão considerados:
a) Identificar se os sistemas construtivos analisados se adequam satisfatoriamente a
função de construção de baixo custo;
b) Analisar a viabilidade técnica dos sistemas construtivos em atender as
características de habitações populares e requisitos de desempenho;
c) Analisar a relação dos sistemas com o conceito de sustentabilidade;
1.3. Justificativa da escolha do tema
A questão do déficit habitacional no país é um problema antigo que se mantém
preocupante nos dias de hoje. A importância se eleva devido a grande quantidade de
unidades em déficit e a importância que a moradia representa na vida das pessoas. Sendo
que a maior demanda está nas cidades médias e regiões metropolitanas e se concentram
em famílias com faixa de renda mais baixa.
Além disso, os projetos executados com essa finalidade adotam em sua maioria
métodos construtivos tradicionais, que muitas vezes tem seu uso questionado, tendo em
vista suas características construtivas pouco sustentáveis e de baixa produtividade.
Santiago (2008) diz em sua pesquisa no que se refere a sistemas construtivos, que o
mercado da construção civil no Brasil apresentou mudanças pouco significativas e uma
evolução muito lenta das tecnologias, dos processos construtivos e gestão da organização
nos últimos anos. E conforme Vivan, Paliari e Novaes (2010), a construção civil ainda
assimila o uso de sistemas construtivos tradicionais e materiais rústicos que permitem a
variabilidade da matéria-prima. Como consequência podendo haver o surgimento de
diversas manifestações patológicas, improdutividade e desperdícios, o que não pode ser
admitido para bens produzidos em larga escala.
3
1.4. Metodologia
A metodologia adotada foi com base em uma pesquisa bibliográfica a respeito dos
sistemas construtivos analisados (Light Steel Framing, Light Wood Framing e Parede de
Concreto);
Onde foi feita análise comparativa entre os sistemas tradicionalmente utilizados
na construção de unidades habitacionais populares e os sistemas alternativos pesquisados,
aplicados ao conceito de construção de habitações populares.
1.5. Estrutura da monografia
No capítulo 1 é apresentado a importância do tema, os objetivos, a justificativa
para a escolha do tema, a metodologia e a estrutura do trabalho.
No capítulo 2 é elaborado um levantamento bibliográfico com a contextualização
de habitações populares. É conceituado o que são habitações populares, aspectos
históricos, peculiaridades e particularidades que as diferenciam das demais, métodos
construtivos predominantemente utilizados e dificuldades executivas, a importância da
habitação popular e o déficit habitacional no país, a participação desses projetos no
mercado da construção civil e, por fim, aspectos relacionados a qualidade, durabilidade,
custo, prazo, desempenho e manutenção.
No capítulo 3 é feito um levantamento de normas técnicas aplicadas a construção
de habitações populares, considerando normas técnicas aplicadas e evolução da legislação
e exigências.
No capítulo 4 é elaborado um levantamento bibliográfico fazendo uma
contextualização de projetos de habitações populares. É apresentado uma conceituação
sobre projetos de habitações populares, como são e qual sua tipologia, detalhes de uma
habitação popular típica, projetos que fazem parte, quais são as peculiaridades e
particularidades dos projetos de habitações populares que as diferenciam das demais.
O capítulo 5 trata dos sistemas construtivos utilizados na execução de habitações
populares, disserta sobre as técnicas construtivas normalmente utilizadas para
empreendimentos de habitações populares, faz uma descrição do passo a passo, abordada
as dificuldades executivas, prazos, produtividade, perdas, custos, qualidade etc. e, por
fim, as vantagens e desvantagens.
4
No capítulo 6 é realizado um levantamento bibliográfico acerca de sistemas
construtivos alternativos para a construção de moradias populares disponíveis no
mercado, descrevendo o passo a passo, peculiaridades, aspectos positivos e negativos.
O capítulo 7 faz uma análise comparativa entre os sistemas construtivos
tradicionais e os sistemas construtivos alternativos estudados (parede de concreto, light
steel framing e light wood framing), avaliando dados qualitativos e quantitativos e
avaliando vantagens e desvantagens em termos otimização da construção de habitações
populares.
No capítulo 8 são apresentados a conclusão e as considerações finais sobre o
trabalho realizado, assim como sugestões para estudos futuros.
5
2. Habitações populares: contextualização
2.1. Aspectos Gerais
Desde épocas pré-históricas o ser humano procura por abrigo para se proteger de
intempéries, perigos e desconfortos da natureza. Inicialmente se abrigando em cavernas,
posteriormente passando a utilizar materiais encontrados facilmente na natureza para
construir habitações rústicas. E com o passar do tempo novos materiais são descobertos
e melhor combinados até chegar aos conceitos atuais de edificações.
De acordo com Allen e Iano (2013):
“Nós construímos porque a maioria das atividades humanas não pode ser
desenvolvida em áreas abertas. Necessitamos de abrigo contra o sol, o vento,
a chuva e a neve. Precisamos de plataformas secas e niveladas para nossas
atividades. Com frequência precisamos empilhar tais plataformas de maneira
a multiplicar o espaço disponível. Nessas plataformas, e dentro de nossos
abrigos, precisamos de ar, por vezes mais quente ou mais frio, mais ou menos
úmido que o do ambiente externo. Menos luz é necessário durante o dia, e
mais durante a noite, em relação a que nos é oferecida pelo ambiente natural.
Precisamos de serviços que forneçam energia, comunicações, água e
deposição de resíduos. Portanto, reunimos materiais e os associamos de
maneira formar construções às quais chamamos edifícios, em uma tentativa
de satisfazer tais necessidades. ”
Ao longo das últimas décadas a população mundial vem crescendo em ritmo
acelerado, impulsionado pelo advento da revolução industrial e como consequência o
aumento da urbanização. De acordo com a edição de 2014 do relatório “Perspectivas da
Urbanização Mundial” (World Urbanization Prospects) produzida pela Divisão das
Nações Unidas para a População do Departamento dos Assuntos Econômicos e Sociais
(DESA), o processo de urbanização avançou rapidamente nas últimas seis décadas. Em
1950, mais de dois terços (aproximadamente 70 por cento) da população mundial viviam
em assentamentos rurais e menos de um terço (30 por cento) em áreas urbanas. Já em
2014, 54% da população mundial passou a ser urbana.
6
Ainda de acordo com a Divisão das Nações Unidas para a População do
Departamento dos Assuntos Econômicos e Sociais, em 2007, pela primeira vez na
história, a população mundial urbana excedeu a população mundial rural, e a população
global passou a ser predominantemente urbana a partir de então, conforme Figura 1.
Figura 1: As populações urbanas e rurais do mundo, 1950-2050.
Fonte: Divisão das Nações Unidas para a População do Departamento dos Assuntos
Econômicos e Sociais (DESA) 2015.
Com todo o deslanche da população no mundo e altas taxas de urbanização, a
demanda por habitações aumentou e continua a aumentar drasticamente, principalmente
nas grandes e médias cidades, gerando grandes déficits habitacionais em várias partes do
mundo.
No Brasil, o processo de crescimento populacional e urbanização (Figura 2)
seguiu a tendência da maior parte do mundo e culminou na necessidade de ampliação das
cidades. Surgiram demandas pela construção de novas edificações (habitacionais,
comerciais e industriais), vias e pavimentação, infraestrutura de abastecimento de água,
energia e coleta de esgoto, serviços de saúde e educação. Da grande demanda por
7
habitação, boa parte de famílias de baixa renda sem condições ou dificuldade de adquirir
moradia, o que caracteriza o déficit por habitações populares.
Figura 2: Variação da distribuição da população urbana e rural no Brasil, 1940-2010.
Fonte: IBGE, 2010.
2.2. Conceituação de habitação popular
O conceito de habitação popular está diretamente ligado a moradias de baixo valor
de aquisição e voltado para famílias de baixa renda. E o provimento de unidades
habitacionais desse caráter se caracteriza com fundamental participação do estado, em
todas as esferas de governança, por meio de subsídios, incentivos, financiamento e
legislação, associado a iniciativa privada com a concepção de projetos, execução de
empreendimentos e comercialização das unidades. Pereira (2007) reforça a definição de
habitação popular afirmando que o termo “habitação popular” é utilizado para se referir
à habitação destinada à população de baixa renda.
Em sua dissertação, Pereira (2007) também alega que a habitação popular
enquanto política pública para promoção da inclusão social difere da visão simplista que
considera apenas o número de unidades a serem construídas, mas engloba a relação
31% 36%45%
56%66%
74%81% 84%
69% 64%55%
44%34%
26%19% 16%
1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010
Evolução População Urbana no Brasil
População Urbana População Rural
8
existente entre a unidade habitacional, as redes de infraestrutura, os serviços urbanos
coletivos e todo o suporte que permita ao usuário o acesso à “cidade legal”, incluindo os
aspectos socais e culturais da vida humana.
Atualmente o programa articulador como política pública de habitação do país é
o Minha Casa Minha Vida (MCMV) ligado ao Ministério das Cidades e por meio de
financiamento da Caixa Econômica Federal (CEF).
De acordo com diretrizes do Minha Casa Minha Vida 3ª fase (2016), são
contempladas 3 fases de faixas de renda (Tabela 1) e mais uma intermediária (faixa 1,5)
criada recentemente, que se enquadram na categoria de facilitação de acesso à habitação
popular. Cada faixa tem suas características associadas, como a parcela subsidiada pelo
governo, taxa de juros, quantidade de parcelas e valor máximo da unidade.
Tabela 1: Concessões de benefícios pelo Minha Casa Minha Vida por faixa de renda.
Fonte: Ministério das Cidades, 2016.
2.3. Aspectos históricos e evolução no Brasil
O Brasil contou ao longo das últimas décadas com diferentes variáveis maneiras
de lidar com a questão do déficit habitacional de habitação popular. Conforme a
publicação Sustentabilidade e Inovação na Habitação Popular do Governo do Estado de
São Paulo, Alves (2010) afirma que a intervenção na área de habitação data do início da
República (1890), com a construção de vilas operárias pelas indústrias e de vilas para
aluguel. Na década de 30, foram criados os Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs),
9
que sucedem às carteiras imobiliárias das Caixas de Aposentadoria e Pensões, voltados à
produção de moradia própria para seus associados.
Boduki (2004) afirma que os investimentos em habitação surgem como
instrumentos de capitalização e sem o aspecto social. Entre 1933 e 1938 foram criados
seis IAPs que eram regulamentados por leis específicas de cada IAP. Essa disparidade foi
obstáculo para unificação e racionalização, dificultando a implantação de uma política
habitacional consistente a partir dos fundos previdenciários. Em 1937, as IAPs passaram
a atuar no campo habitacional, podendo investir até 50% de suas reservas para o
financiamento de habitações.
O IAPI buscou aplicar os princípios formulados pelo CIAM (Congresso
Internacional de Arquitetura Moderna) na década de 1920, baseados na seriação,
estandardização e racionalização, objetivando compatibilizar qualidade e adequada
inserção urbana com economia. Criaram-se critérios para definir os tipos e a densidade a
serem utilizados nos seus conjuntos. Nos grandes centros urbanos deveriam ser
construídos, preferencialmente, blocos multifamiliares sem pilotis, solução que
predominou no então Distrito Federal (Rio de Janeiro), onde foram edificadas cerca de
40% das unidades produzidas (BODUKI, 2004).
Nas cidades médias, sobretudo do interior de São Paulo e Minas Gerais, optou-se
por sobrados em fileiras, enquanto as casas geminadas e isoladas foram utilizadas nas
pequenas cidades. Nos grandes conjuntos, com mais de mil unidades, como Realengo
(Rio de Janeiro), Vila Guiomar (Santo André) e Passo d’Areia (Porto Alegre), foram
utilizadas soluções mistas, com blocos e casas. (BODUKI, 2004).
Ainda de acordo com Boduki (2004), a maioria das unidades habitacionais é de
pequena dimensão, com dois ou três quartos e cozinha mínima. Em compensação, foi
prevista uma ampla gama de equipamentos coletivos, nem sempre implantados. No
entanto, o IAPI também produziu empreendimentos para a camada mais privilegiada dos
industriários, com unidades de grande dimensão e padrão sofisticado, como os edifícios
Anchieta (São Paulo) e Inconfidência (Recife).
10
Os IAPS podem ser considerados bons exemplos, pois foram incorporados com
ideais modernistas, onde estavam presentes nos conjuntos habitacionais, além das
residências, espaços comunitários, de lazer e serviços. Ainda, esses conjuntos se destacam
pela sua implantação em áreas consolidadas e não na periferia urbana (RUBIN E BOLFE,
2014).
No mesmo período, em 1946, foi criado a Fundação da Casa Popular (FCP), que
segundo Vilhaça (1986),
“A Fundação Casa Popular foi o primeiro órgão em escala nacional com
finalidade de oferecer habitação popular ao povo em geral. Propunha se a
financiar não apenas casas, mas também infraestrutura urbana, produção de
materiais de construção, estudos e pesquisas, etc. Tais finalidades parecem
indicar que houve avanços na compreensão que o problema da habitação não
se limita ao edifício casa, mas que houve pouco progresso na faceta econômica
e financeira da questão. ”
O Sistema Financeiro de Habitação - SFH foi criado em 1964 (Lei 4.380), e tem
como órgão central o Banco Nacional da Habitação - BNH. Este Sistema apresentou,
como inovações para a produção oficial de habitação, fontes de recursos próprias (Fundo
de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, Caderneta de Poupança) e instituição da
correção monetária. Como na Fundação da Casa Popular, o BNH criou programas de
financiamento que atendiam ao desenvolvimento urbano, extrapolando a produção
habitacional, e programas de fomento ao desenvolvimento de tecnologias voltadas ao
barateamento da construção habitacional. O BNH foi extinto em novembro de 1986, e
financiou, no período, cerca de 4,4 milhões de unidades habitacionais, que
corresponderam a 27% do incremento de domicílios no período (ALVES, 2010).
Para Boduki (2004), entre as décadas de 1960 e 1980, período de implementação
da política habitacional gerenciado belo BNH, a característica predominante da produção
habitacional era a busca da eficácia voltada para a produção em série e em grande escala,
tentando solucionar o déficit habitacional mesmo sem atender as necessidades dos
usuários.
11
Quando o BNH iniciou suas atividades no setor habitacional, o problema da
moradia já estava bastante agravado no país e, assim, as principais críticas à sua atuação
são de conjuntos habitacionais construídos sem qualidade urbanística e/ou arquitetônica,
apenas para resolver o problema habitacional em números e não em eficiência e qualidade
(RUBIN E BOLFE, 2014).
Segundo OLIVEIRA (2002), no início de sua atuação o BNH adotou uma política
de desestimulo ao pré-fabricado no setor da habitação, na expectativa de incentivar o
emprego maciço de mão de obra não qualificada no canteiro. Segundo a ABCI (1980),
isso poderia ter atrasado ainda mais o processo de industrialização, caso alguns
empresários, não tivessem vislumbrado as amplas possibilidades do pré-fabricado e
outros sistemas no futuro.
Porém, segundo Serra, Ferreira e Pigozzo (2005), na segunda metade da década
de 70, o banco BNH adotou novas diretrizes para o setor, reorientando sua atuação para
o atendimento das camadas de menor poder aquisitivo passando a estimular, ainda que
timidamente, a introdução de novas tecnologias, como a construção com elementos pré-
fabricados de concreto.
Conforme OLIVEIRA (2002), em busca de alternativas tecnológicas para a
construção habitacional, o BNH e seus agentes patrocinaram a pesquisa e o
desenvolvimento de alguns processos construtivos a base de componentes pré-fabricados
e organizaram a instalação de canteiros experimentais, como o Narandiba, na Bahia, em
1978; o Carapicuíba VII, em São Paulo, em 1980; e o de Jardim São Paulo, em São Paulo,
em 1981. Contudo, a construção destes edifícios apresentou muitas patologias e de ordem
funcional, acrescendo, em muito o custo da sua manutenção e, por isso, alguns tiveram
até que ser demolidos.
Após o encerramento do BNH, o país teve um aumento do déficit de moradia
popular e uma grande baixa na produção de habitações populares, culminando em uma
grande quantidade de pessoas nas ruas das cidades.
Segundo Rubin e Bolfe (2014), em 1990 a crise habitacional se agravou mais
ainda e, os programas de habitação, como o Plano de Ação Imediata para a Habitação
12
(PAIH), voltaram a ser direcionados ao capital imobiliário privado. Então a partir de
1995, ocorreu a retomada dos financiamentos de habitação e saneamento com base nos
recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Novos referenciais como
flexibilidade, descentralização e diversidade foram adotados, rejeitando programas
convencionais que tinham como base a construção de grandes conjuntos habitacionais
(RUBIN, G. R., BOLFE, S. A., 2014).
Em 2004, é criada a Política Nacional de Habitação (PNH), que propõe a criação
do Sistema Nacional de Habitação (SNH), que segundo Rubin e Bolfe (2014) tem o
planejamento habitacional como um dos componentes mais importantes. Ainda conforme
Rubin e Bolfe (2014), percebe-se a partir de 2005 um aumento no investimento para
financiamento habitacional, com foco direcionado para a população de baixa renda.
Segundo Alves (2010) em seu texto, na publicação Sustentabilidade e Inovação
na Habitação Popular do Governo de São Paulo, em março de 2009, o governo criou o
Programa Minha Casa, Minha Vida - PMCMV como ação para enfrentar a crise
econômica mundial anunciada em fins de 2008, inovando ao alocar recursos do
Orçamento Geral da União em proporção ainda não vivenciada no País, ao incentivar a
iniciativa privada a ampliar a produção de unidades habitacionais de interesse social, ao
abrigar no Programa ações voltadas à redução de tributos, de custas cartorárias e dos
seguros prestamistas, além de medidas para a regularização fundiária (Alves, 2010).
2.4. Peculiaridades e particularidades das habitações populares que
as diferenciam das demais
Como já citado anteriormente, o principal conceito de habitação de popular é a
característica de baixo valor de aquisição, que inclusive é uma especificação do MCMV,
e que diferencia das demais habitações e influencia em outras peculiaridades e
particularidades. O valor máximo da unidade varia conforme o local, já que em
metrópoles e cidades maiores o custo de terrenos e mão de obra é mais elevado do que
em cidades um pouco menores, como pode ser visto na Tabela 2. Para o caso do MCMV
há também a variação de limite para o valor de aquisição da unidade conforme a faixa em
13
que se enquadra a unidade, sendo para a faixa 1 os valores mais baixos e para a faixa 3
valores mais altos.
Tabela 2: Valores máximos de venda de unidades do MCMV Faixa 1.
Fonte: Ministério das Cidades
Outra característica inerente de habitações populares são as dimensões da unidade,
que justamente para atingir valores de venda menores tem dimensões reduzidas, se
comparado as demais habitações. As dimensões são consideradas as mínimas necessárias
para a alocação de mobiliário e utilização do espaço pelos moradores.
Também associado a questão econômica, tem-se os materiais utilizados e do
acabamento. Ao contrário da maior parte das demais habitações que tem no uso dos
materiais de acabamento a valorização comercial, nas habitações populares são adotados
materiais e acabamentos mais simples, com o intuito de atender a funcionalidade e
desempenho mínimos e assim reduzir o custo da unidade.
Ainda que a legislação determine vários critérios a serem atendidos na construção
de habitações populares, praticamente todo o foco fica sobre a questão de reduzir o custo
da construção e no número de unidades à serem produzidas, afim de minimizar o déficit
habitacional no país. Sendo assim, atender as necessidades básicas e os anseios das
famílias acabam ficando em segundo plano.
14
2.5. Técnicas construtivas mais utilizadas
As técnicas construtivas mais utilizadas na construção de unidades habitacionais
populares são o método tradicional, alvenaria estrutural e recentemente parede de
concreto armado moldadas no local. O sistema tradicional consiste em vigas e pilares de
concreto armado moldadas in loco e alvenaria de vedação de blocos cerâmicos ou
concreto. A alvenaria estrutural é composta por blocos cerâmicos ou de concreto que
atendem a função estrutural e de vedação. O sistema de paredes de concreto tem função
estrutural e de vedação e é concretado juntamente com as lajes e com as instalações
hidrossanitárias embutidas.
Muitas das características construtivas mais utilizadas são exatamente as mínimas
especificadas pela legislação do MCMV no anexo II da portaria 269, como pode ser citado
as coberturas executadas sobre laje de concreto com estrutura de madeira ou metálica e
telhas de cerâmicas, fibrocimento ou concreto; paredes de alvenaria de tijolo cerâmico ou
bloco de concreto ou parede de concreto; revestimento em concreto regularizado ou
chapisco e massa única ou emboço e reboco.
Do ponto de vista das fundações, o tipo preferencial é o radier quando possível,
por ser mais simples e não ter a necessidade de muita escavação, quando não cabe o
radier, o tipo de fundação mais comum é viga baldrame por ser o sistema mais compatível
com a distribuição de carga da estrutura de parede de concreto armado e alvenaria
estrutural, que são os sistemas mais utilizados. Sapata convencional são utilizadas quando
a estrutura é de concreto armado e alvenaria de vedação. Geralmente a tipologia das
construções habitacionais são casas ou edificações de no máximo 5 pavimentos, assim
não é comum o uso de fundações profundas.
15
2.6. Habitações populares x Déficit habitacional nos grandes centros
urbanos
A questão das habitações populares está diretamente relacionada ao déficit
habitacional no país, já que a maior parte do déficit se concentra na faixa de famílias de
baixa renda, caracterizando a necessidade de moradia de baixo valor de aquisição.
O conceito de déficit habitacional está ligado diretamente às deficiências do
estoque de moradias. Engloba aquelas sem condições de serem habitadas em razão da
precariedade das construções ou do desgaste da estrutura física e que por isso devem ser
repostas. Inclui ainda a necessidade de incremento do estoque, em função da coabitação
familiar forçada (famílias que pretendem constituir um domicilio unifamiliar), dos
moradores de baixa renda com dificuldades de pagar aluguel e dos que vivem em casas e
apartamentos alugados com grande densidade. Inclui-se ainda nessa rubrica a moradia em
imóveis e locais com fins não residenciais. O déficit habitacional pode ser entendido,
portanto, como déficit por reposição de estoque e déficit por incremento de estoque
(Fundação João Pinheiro, 2016).
O déficit por habitação se concentra principalmente em áreas urbanas,
representando 87,6% do total em 2014, e ainda 28,3% do quantitativo total de carência
de unidades no país concentra-se em 9 regiões metropolitanas (Fundação João Pinheiro,
2016), o que evidencia a maior necessidade de habitações nas capitais e grandes cidades
do país.
O déficit habitacional no Brasil está mais concentrado na faixa de renda familiar
de até três salários-mínimos (Figura 3), o que caracteriza a principal faixa foco de
investimento em habitação popular, por meio de financiamento através de programas do
governo.
16
Figura 3: Déficit habitacional urbano por faixas de renda média familiar mensal (em
salários mínimos) - Brasil - 2013-2014.
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), 2016.
2.7. Participação das Obras de Habitações Populares no Mercado da
Construção Civil
Devido ao alto déficit habitacional do país já citado nessa pesquisa e aos investimentos
do Governo Federal, o segmento de construção de habitações populares tem participação
substancial no mercado da construção civil. Destacando-se mais ainda no setor de
construção de edifícios.
Com base na publicação Perenidade dos Programas Habitacionais (2016) da
Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) foram contratadas a construção de
4.157.273 unidades populares distribuídas entre as faixas 1 a 3 (Tabela 3) no período
entre 2009 quando foi lançado o PMCMV até o final do ano de 2015, resultado do
investimento da ordem de R$ 287,8 bilhões.
17
Tabela 3: Unidades Contratadas do MCMV de 2009 a 2015. Fonte: CEF. Elaboração:
FGV, 2016.
Ainda de acordo com o estudo, o volume investido em contratações para a
construção de unidades habitacionais de R$ 287,8 bilhões (de 2009 a dez de 2015)
corresponde a uma geração potencial de R$ 143,8 bilhões em termos de valor agregado,
o que corresponde a 2,4% do PIB total brasileiro no ano de 2015. Considerando a geração
indireta, ou seja, de cadeias produtivas movimentadas pela construção civil, esse valor
potencial (das obras e ao longo da cadeia) passa a ser da ordem 264 bilhões de reais, o
que representa 4,4% do PIB do ano de 2015.
Como comparação no mercado de imobiliário, o estudo Cadeia de Valor e
Importância Socioeconômica da Incorporação Imobiliária no Brasil (2017) elaborado
pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) estima que
tenham sido lançados entre 2008 e 2017 6,3 milhões de unidades, que englobam unidades
do MCMV, residenciais de médio e alto padrão e unidades comerciais. Desse montante,
cerca de 77,8% é a fatia de unidades do MCMV, que representa o quantitativo de
habitação popular. Em termos de atividade construtiva, ou seja, a quantidade de metro
quadrado construído, o estudo estimou que o segmento de incorporação imobiliária foi
responsável pela construção de 286,9 milhões de m² entre 2010 e 2017, e desse total
18
77,4% (Figura 4) é parcela representada pela construção de unidades do programa
MCMV.
Figura 4: Atividade Construtiva de Incorporação de 2010-2017.
Fonte: ABRAINC, 2017.
Os dois estudos demonstram o quanto a construção de habitações populares tem
peso no mercado da construção civil, representando nos últimos anos a maior parte da
construção de edifícios, que representa uma parcela grande do setor da construção civil.
2.8. Aspectos da qualidade, desempenho e durabilidade e das
edificações populares
Fiess et al. (2004) afirmam que os empreendimentos populares são construídos
baseados em dois fatores, a construção em grande escala e o menor preço possível. Por
isso tais construções têm exigido alto número de ações de manutenção em razão das
manifestações patológicas frequentemente encontradas.
Também pode-se somar a esses dois fatores, o menor prazo de construção
possível, independente das técnicas construtivas adotadas, da tipologia do terreno ou do
grau de complexidade do projeto. A implantação de empreendimentos para a baixa renda
19
está sempre vinculada a urgência na construção e entrega do empreendimento, seja para
minimizar o déficit de habitações seja para atender emergências em decorrência de
calamidades públicas que geram centenas e milhares de desabrigados que ficam por conta
das ações sociais dos órgãos governamentais.
Alavancado pelo menor preço possível surge também, consequentemente, o
menor custo possível para a empresa que está empreendendo. As soluções normalmente
encontradas para minimizar os custos neste segmento estão associadas a materiais de
construção de baixa qualidade e durabilidade ou a aplicação de forma inadequada das
técnicas construtivas selecionadas para a construção do empreendimento, seja por baixa
qualificação da mão de obra, ausência ou controle da qualidade inadequado ou ainda por
negligência mesmo dos intervenientes na obra.
Todos esses fatores materializam empreendimentos habitacionais de baixa
qualidade com patologias que muitas das vezes impedem a utilização total ou parcial das
unidades habitacionais. Da mesma forma há reduzida durabilidade do empreendimento
requerendo custos permanentes de manutenção para manter as condições mínimas de
habitabilidade da edificação. Desempenho aquém daquele esperado ou especificado,
completamente distanciado dos requisitos da norma de desempenho (ABNT, 2013) que
passou a ser obrigatória nas obras de habitações populares do programa MCMV, o intuito
é que o desempenho, qualidade e durabilidade das edificações melhorem.
No que se refere a manutenção, Paulino (2013) afirma que o uso de uma edificação
inclui sua operação e as atividades de manutenção realizadas durante sua vida útil. Pelo
fato das atividades de manutenção em sua maioria serem repetitivas, é importante a
implantação de um programa de manutenção, visando otimizar a utilização de recursos e
manter o desempenho de projeto.
Porém, o problema é que na maioria dos casos as ações de manutenção não são
providenciadas pelos usuários das edificações, tanto pelo fator cultural quanto pelo fator
custo. De forma geral, os usuários das edificações de baixa renda não se preocupam com
a realização da manutenção preventiva, somente tomando ações nesse sentido quando é
requerida a manutenção corretiva em decorrência de problemas ocorridos na edificação.
20
Já na questão do custo, a manutenção preventiva deixa de ser realizada em decorrência
de não ser a prioridade nas despesas deste usuário.
Em seu levantamento, Fiess et al. (2004) mostram que em alguns casos,
especialmente aqueles que lidam com as construções de conjuntos habitacionais voltados
para população de baixo poder aquisitivo, o projeto ainda continua sendo uma das causas
significativas. Os problemas normalmente estão localizados na falta ou nas especificações
incompletas e detalhamentos que permitam a execução da obra sem adaptações e
mudanças significativas no momento da construção. Problemas associados a falta de
coordenação e compatibilização dos projetos das várias disciplinas de projeto envolvidas,
fazendo com que adequações tenham que ser feitas na obra na maioria dos casos sem a
participação do projetista.
A falta da qualidade não fica condicionada somente ao projeto, ela é decorrente
também de anomalias na execução. Apesar das unidades serem normalmente iguais
requerendo serviços repetitivos, a grande escala dos empreendimentos para a baixa renda
obriga ao construtor abrir várias frentes de trabalho simultâneas utilizando equipes
diferentes ou vários empreiteiros ao mesmo tempo. A programação e controle operacional
da construção fica extremamente dificultada. Essa dinâmica além de dificultar a
coordenação e a produção dificulta também o controle da qualidade dos serviços.
A construção em grande escala tem grande repercussão também no fator prazo
que via de regra é estabelecido em função da data de entrega pretendida e não estabelecido
em função do planejamento das atividades necessárias. Assim tem-se a busca permanente
pelo atendimento a um prazo fictício quase sempre distante daquele efetivamente
requerido para a construção. Para a obtenção de êxito em relação ao prazo as construtoras
precisam buscar processos construtivos e mão de obra que apresentem grande
produtividade. Considerando as limitações de custos desses empreendimentos via de
regra os processos construtivos não podem ser modificados e a mão de obra não é
contratada por sua qualificação e sim pelo menor custo, dessa forma muitas vezes a
qualidade dos serviços fica comprometida, comprometendo consequentemente a
qualidade do empreendimento.
21
3. Legislação e Normas Técnicas Aplicadas a Habitações Populares
A questão da habitação popular tem grande relevância social e envolve altos
investimentos públicos e privados. O que contribui para que se tenha uma legislação que
se aplica ao assunto bastante específica, que estabelece condições de financiamento,
diretrizes sobre projeto, construção e desempenho.
Como o governo federal é o maior articulador no que diz respeito a questão da
moradia popular, o mesmo é também responsável pela edição da maior parte da legislação
a respeito, e também devido a hierarquia de poderes se aplica e sobrepõe a todo o território
brasileiro. Estados e municípios legislam mais sobre o ponto de vista do uso e ocupação
do solo, urbanização e leis edilícias que também se aplicam a habitações populares,
contudo estados e munícipios também podem ter legislação específica para a questão da
construção de habitações de interesse social.
Sendo assim, todas as normas e legislação que se aplicam a construção das demais
habitações, também se aplicam as habitações populares e por esse motivo não serão
citadas neste trabalho, por não ser de o foco e o intuito desta pesquisa.
3.1. Legislação Federal
Nesse tópico é citado leis, portarias, decretos, etc. no âmbito federal que se
aplicam diretamente a questão de habitações populares ou que se aplicam e sejam
consideradas relevantes para o objeto de estudo desde trabalho:
a. Lei nº 10.188, Cria o Programa de Arrendamento Residencial (PAR) e institui o
arrendamento residencial como opção de compra e outras providências, para
atendimento da necessidade de moradia da população de baixa renda, sob a forma
de arrendamento residencial com opção de compra;
b. Lei nº 11.977, Dispõe sobre o Programa Minha Casa Minha Vida e a regularização
fundiária de assentamentos localizados em áreas urbanas e outras providências,
com a finalidade criar mecanismos de incentivo à produção e aquisição de novas
unidades habitacionais ou requalificação de imóveis urbanos e produção ou
reforma de habitações rurais, para famílias de baixa renda;
22
c. Lei nº 12.722, Lei mais recente que altera a Lei nº 11.977 que dispõe sobre o
Programa Minha Casa Minha Vida, o apoio financeiro da União aos Municípios
e ao Distrito Federal para ampliação da oferta da educação infantil;
d. Resolução Normativa ANEEL nº 404, Orienta os agentes participantes do
PMCMV e as concessionárias e permissionárias de distribuição de energia elétrica
(distribuidoras) sobre os prazos e procedimentos que devem ser observados para
a implantação da infraestrutura das redes de distribuição de energia elétrica nos
empreendimentos habitacionais de interesse social, localizado em área urbana,
produzidos com recursos orçamentários da União;
e. Resolução CCFGTS 702, Estabelece diretrizes para elaboração das propostas
orçamentárias e aplicações dos recursos do Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço (FGTS);
f. Portaria MCidades nº 267, Dispões sobre as condições gerais para aquisição de
imóveis com recursos advindos da regularização de cotas no FAR (Fundo de
Arrendamento Residencial), no âmbito do Programa Nacional de Habitação
Urbana (PNHU), integrante do PMCMV;
g. Portaria MCidades nº 269, Dispõe sobre as diretrizes para a elaboração de projetos
e aprova as especificações mínimas da unidade habitacional e as especificações
urbanísticas dos empreendimentos destinados à aquisição e alienação com
recursos advindos da integralização de cotas no FAR, e contratação de operações
com recursos transferidos ao Fundo de Desenvolvimento Social - FDS, no âmbito
do PMCMV;
3.2. Normas e Diretrizes
Não há normas específicas para habitações populares, porém assim como para o
caso da legislação, todas as normas que se aplicam a habitações, edificações, projetos,
materiais de construção e qualquer instrumento em que a construção de habitações
populares possa ser associada também se aplica. Ainda assim existem normas e diretrizes
que se aplicam de forma bastante relevante, e até devem ser obrigatoriamente seguidas
de acordo com a legislação do PMCMV, assim estas normas e diretrizes consideradas de
grande relevância para o trabalho são citadas nesse tópico.
23
Do ponto de vista de normas técnicas, aquelas que são oficialmente reconhecidas
como normalização no Brasil, elaboradas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), cita-se:
a. ABNT NBR 15575 Edificações Habitacionais – Desempenho, determina
requisitos mínimos de desempenho de sistemas que compõem edifícios
habitacionais.
b. ABNT NBR 16055 Parede de concreto moldada no local para a construção de
edificações – Requisitos e Procedimentos, estabelece os requisitos básicos para as
paredes de concreto moldadas in loco, com formas removíveis.
Também são citadas diretrizes relevantes para este trabalho estabelecidas pelo
Sistema Nacional de Avalição Técnica de Sistemas Inovadores e Convencionais
(SINAT), que tem como objetivo a harmonização de procedimentos de novos produtos
para a construção, quando não existem normas técnicas prescritivas específicas aplicáveis
ao produto, e de interesse desse trabalho cita-se:
a) Diretriz SINAT nº 001 - Diretriz para Avaliação Técnica de sistemas construtivos
em paredes de concreto armado moldadas no local.
b) Diretriz SINAT nº 003 - Sistemas construtivos estruturados em perfis leves de aço
conformados a frio, com fechamentos em chapas delgadas (Sistemas leves tipo
“Light Steel Framing”).
c) Diretriz SINAT nº 005 Sistemas construtivos estruturados em peças leves de
madeira maciça serrada, com fechamentos em chapas (Sistemas leves tipo "Light
Wood Framing").
Ressalta-se que a portaria 269 de 2017 do Ministério das Cidades que dispõe as
diretrizes para elaboração de projetos e aprova as especificações mínimas da unidade
habitacional determina que a NBR 15575 seja atendida e para o caso onde se aplicam, as
diretrizes do SINAT também devem ser seguidas.
3.3. NBR 15575 – Norma de Desempenho
A NBR 15575/2013 – Edificações Habitacionais – Desempenho tem grande
relevância para a construção residencial, e em especial para a construção de habitações
24
populares, que ao longo de anos é acometida por críticas em relação a problemas de
desempenho. A norma estabelece parâmetros técnicos para vários requisitos de um
edifício residencial, como desempenho acústico, desempenho térmico, segurança,
durabilidade, garantia e vida útil. A norma ainda tem foco nas necessidades e direitos do
consumidor ao adquirir o produto (residência) e divide a responsabilidade entre todos os
envolvidos, projetistas, construtores, fabricantes e usuários.
Segundo Santos, Sposto e Melo (2014), a NBR 15575 (ABNT, 2013) ou norma
de desempenho, como é denominada, visa atender às exigências dos usuários de
edificações habitacionais, independentemente dos seus subsistemas e materiais
constituintes. A norma é aplicável nestes subsistemas projetados, construídos, operados
e submetidos a intervenções de manutenção que atendam às instruções específicas do
manual de operação, uso e manutenção.
Bueno e Anauate (2013), gerentes nacional e executivo da Caixa Econômica
Federal dizem sobre a norma NBR 15575 que:
“A CAIXA, assim como o mercado, o meio técnico e as associações de
profissionais, esperam que a aplicação desta norma implique numa melhoria
da qualidade das construções, representando um novo marco, definindo, no
momento, o limite mínimo esperado para a produção habitacional brasileira,
tendendo a evoluir para condições de qualidade intermediária e superior,
conforme o decorrer do tempo e a autorregulação do mercado que passará a
adotar a evolução da melhoria da qualidade como um diferencial, expurgando
os maus fornecedores, diminuindo a ilegalidade, além de beneficiar toda a
população.”
A NBR 15575 ou norma de desempenho é composta por 6 partes, sendo cada parte
específica a um tipo de elemento da edificação, de acordo com a publicação “Guia para
arquitetos na aplicação da norma de desempenho” do Conselho de Arquitetura e
Urbanismo do Brasil (CAU) (2015) essa organização leva em consideração as condições
de implantação e as exigências dos usuários, definindo em cada parte da norma os
requisitos (características qualitativas) aos quais se pretende atender, estabelecendo
critérios (grandezas quantitativas) para esse atendimento e sua forma de avaliação.
25
Sendo assim, a estrutura da norma fica dividida nas seguintes partes:
a) Parte 1: Requisitos gerais;
b) Parte 2: Requisitos para os sistemas estruturais;
c) Parte 3: Requisitos para os sistemas de piso;
d) Parte 4: Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas;
e) Parte 5: Requisitos para os sistemas de coberturas;
f) Parte 6: Requisitos para os sistemas hidrossanitários;
E ainda em cada parte da norma NBR 15575 (NBR 2013) constituída por cada
elemento de construção segue uma sequência de exigências relativas à segurança
(segurança estrutural, segurança contra incêndio e segurança de uso e operação),
habitabilidade (desempenho acústico, desempenho térmico, desempenho lumínico,
estanqueidade, saúde, higiene e qualidade do ar, acessibilidade e conforto
antropodinâmico e tátil) e sustentabilidade (durabilidade, manutenibilidade e adequação
ambiental), essa organização pode ser melhor entendida na Figura 5:
Figura 5: Matriz da Norma de Desempenho.
Fonte: CAU, 2015.
26
A parte 1 da NBR 15575 (NBR 2013), trata das interfaces entre os diferentes
elementos da construção e do seu desempenho global, como por exemplo no caso do
desempenho térmico, onde influem diretamente fachadas, cobertura, etc. Estabelece
diretrizes para implantação das edificações habitacionais e indicações gerais sobre
estabilidade, durabilidade, segurança no uso e na ocupação, desempenho lumínico, etc.
(CBIC, 2013).
Nakamura (2013) em publicação na revista téchne diz que o que há de mais
inovador nessa parte do texto (Parte 1) é o conceito de desempenho. Até então, era
utilizado apenas o conceito de prescrição. As normas estabeleciam uma maneira de se
fazer as coisas, o que acabava restringindo a inovação. Para a norma de desempenho não
importa de que forma o prédio será construído, desde que o desempenho mínimo seja
atendido. Isso favorece o uso de novos sistemas e materiais, desde que eles garantam o
desempenho exigido.
A parte 1 da norma ainda traz um conceito muito importante, o conceito de Vida
Útil de Projeto (VUP), que define o período de tempo em que determinado sistema deverá
manter o desempenho esperado, feitas todas as manutenções e garantidas as condições de
uso (NAKAMURA, 2013).
As demais partes da norma abordam cada elemento da edificação e os requisitos
que se aplicam ao mesmo, sendo assim será brevemente descrito sobre esses requisitos,
que são muito relevantes para as habitações populares.
Do ponto de vista da segurança estrutural, são considerados na NBR 15575 os
estados limites último - ELU (paralisação do uso da construção por ruína, deformação
plástica excessiva, instabilização ou transformação da estrutura, no todo ou em parte, em
sistema hipostático) e os estados limites de utilização – ELS. Estes implicam no
prejuízo/comprometimento da utilização da obra por fissuração ou deformações
excessivas, comprometimento da durabilidade da estrutura ou ocorrência de falhas
localizadas que possam prejudicar os níveis de desempenho previstos para a estrutura e
os demais elementos e componentes da edificação, incluindo as instalações
hidrossanitárias e demais sistemas prediais (CBIC, 2013).
27
A segurança contra incêndio baseia-se em fundamentos de projetos (implantação
adequada para que o incêndio não se propague para outras edificações,
compartimentação, rotas de fuga, acesso para os bombeiros etc), propriedades dos
materiais e dos elementos da construção (ignitibilidade, resistência ao fogo etc),
dispositivos de detecção e combate ao fogo, principalmente na sua fase inicial (CBIC,
2013).
Nesta parte de segurança no uso e na operação são introduzidos requisitos e
critérios visando minimizar a possibilidade de ferimentos nos usuários da habitação,
choques elétricos, tropeções, quedas e queimaduras. Procura-se quantificar o coeficiente
de atrito de pisos, a resistência mecânica de guardacorpos, os cuidados na manutenção de
telhados e outros (CBIC, 2013).
Pela funcionalidade e acessibilidade é necessário que a habitação apresente
compartimentação adequada e espaços suficientes para a disposição de camas, armários,
poltronas e os diversos utensílios domésticos. Além dos espaços e pé direito mínimos,
são estabelecidos critérios regulando a possibilidade de ampliação de unidades térreas e
o funcionamento de instalações hidráulicas, reportando-se sempre que necessário a outras
normas técnicas (CBIC, 2013).
O adequado desempenho térmico repercute no conforto das pessoas e em
condições adequadas para o sono e atividades normais em uma habitação, contribuindo
ainda para a economia de energia. A avaliação de desempenho pode ser feita de forma
simplificada, com base em propriedades térmicas das fachadas e das coberturas, ou por
simulação computacional, onde são cotejados simultaneamente todos os elementos e
todos os fenômenos intervenientes (CBIC, 2013).
Em relação ao desempenho acústico faz-se necessária a adequada isolação
acústica por parte de fachadas, coberturas, entrepisos e paredes de geminação. Além de
critérios de isolação ao som aéreo, a norma inclui disposições para a isolação ao ruído
transmitido por impactos, fator extremamente importante para os entrepisos e coberturas
acessíveis (CBIC, 2013).
28
No que diz respeito ao desempenho lumínico, a norma de desempenho estipula
níveis de iluminação natural e artificial nas habitações, requeridos para a realização
satisfatória das atividades na habitação (CBIC, 2013).
Durabilidade está associada ao período de tempo em que a habitação manterá
características aceitáveis de desempenho, esse prazo é o denominado na norma e já citado
anteriormente como Vida Útil de Projeto (VUP). Dessa forma, há necessidade de
manutenção constante e correta previsão nos projetos e na construção, indicando-se na
NBR 15575 a Vida Útil de Projeto para diversos elementos e componentes (CBIC, 2013).
A norma estabelece que todos os componentes, elementos e sistemas devem
manter a capacidade funcional durante a vida útil de projeto. Em função disso, a
manutenibilidade que estabelece que é necessário que sejam procedidas intervenções
periódicas de manutenção especificadas pelos respectivos fornecedores. Devem ser
realizadas manutenções preventivas e, sempre que necessário, manutenções corretivas,
realizadas assim que algum problema se manifestar, afim de impedir que pequenas falhas
progridam às vezes rapidamente para extensas patologias.
29
4. Projetos de habitações populares
4.1. Aspectos Gerais
Este capítulo apresenta um levantamento bibliográfico à cerca das características
específicas de projetos de habitações populares.
As unidades de um programa habitacional são, em geral, padronizadas, para
reduzir os custos e agilizar as obras e como em qualquer outra construção residencial,
existem determinações específicas para uma moradia popular (SINATURA, 2009).
Em concordância com a afirmação de Sinatura (2009), além das determinações
comuns que moldam um projeto de habitação e também se aplicam aos projetos de
habitações populares, há ainda determinações específicas que são estipuladas pela
legislação.
4.2. Tipologias de Projetos de Habitações Populares
Uma característica notável dos projetos de habitações populares é a quantidade de
unidades por empreendimento, ao contrário das demais habitações em que a maioria dos
projetos resulta em apenas uma edificação a ser construída, os empreendimentos de
habitação popular geralmente são compostos por grandes quantidades de unidades. Isso
acontece pelo próprio intuito dos programas do governo, que visam diminuir o grande
déficit habitacional do país, quanto de interesse das empresas afim de garantir ou
aumentar a rentabilidade de um empreendimento.
A portaria 267 do Ministério das Cidades (2017) específica o número máximo de
unidades habitacionais que um empreendimento pode conter isoladamente ou por
grupamento de empreendimentos (máximo 4). A quantidade máxima de unidades
também é limitada de acordo com o porte da cidade, conforme pode ser visto na
Tabela 4. A Figura 6 exemplifica uma disposição com o máximo de unidades permitidas.
30
Tabela 4: Número máximo de unidades por empreendimento.
Fonte: Ministério das Cidades, 2017.
Figura 6: Exemplo para empreendimento com máximo de unidades permitidas.
Fonte: Cartilha MCMV, 2017.
Apesar dos empreendimentos comumente contarem com muitas unidades
habitacionais, geralmente são compostos por tipologias de casas térreas ou pequenos
edifícios multifamiliares de no máximo 5 pavimentos. Isso confere a característica de
baixa ou nenhuma verticalização, essa característica está associada a questão de reduzir
custo, já que edificações mais altas requerem equipamentos mais elaborados e caros,
como a presença de elevadores por exemplo. Além do ponto de vista dos equipamentos,
edifícios mais altos também requerem mais refinamento das técnicas construtivas ou
ainda a impossibilidade de utilização soluções mais econômicas, como por exemplo o
tipo de fundação adotada, já que a tendência é a utilização de fundações mais econômicas
como radier.
31
A própria legislação do programa MCMV estipula especificações mínimas dos
projetos de habitações populares e sugere tipologias, que são quase sempre adotadas e
repetidas pelas construtoras com poucas ou nenhuma adaptação. A portaria sugere duas
tipologias, uma de casa térrea (Tipologia 1 - Figura 7) e uma de apartamento (Tipologia
2 - Figura 8).
Figura 7: Tipologia típica de casa térrea popular.
Fonte: Cartilha MCMV, 2009.
32
Figura 8: Tipologia típica de apartamento e pavimento tipo popular.
Fonte: Cartilha MCMV, 2009.
Segundo a portaria 269 (anexo II), o projeto das unidades deve ser composto com
sala, 1 dormitório para casal e 1 dormitório para duas pessoas, cozinha, área de serviço e
banheiro. Também é determinado pé direito mínimo de 2,50m ou de 2,30m no banheiro,
área mínima de 36m² para a casa térrea e de 39m² para apartamento. ´
Diversos outros requisitos mínimos são estipulados pelas portarias do Ministério
das Cidades, porém parte destes requisitos não são citados por não representar
necessidade ao intuito desta pesquisa ou são citados em pontos mais oportunos.
33
4.3. Projetos que fazem parte
Assim como qualquer outro projeto de habitação, todos os projetos convencionais
são requeridos para a construção de habitações populares, como projeto de arquitetura,
projeto estrutural, de instalações e executivo.
Porém de forma extra, devido as características dos projetos de habitações
populares e por ser requisito da legislação, alguns projetos extras compõem a listagem de
projetos para a construção de um empreendimento popular.
A portaria 269 determina que o projeto deve ser acompanhado de no mínimo os
seguintes elementos:
a) concepção urbanística, subsidiada por:
a.1) Mapa do município ou da região do município, com indicação de escala gráfica e
norte, apresentando: localização do empreendimento; malha urbana; sistema viário
principal; principais centralidades de comércios e serviços; e polos geradores de emprego;
a.2) Mapa de localização do empreendimento e do entorno imediato, com indicação de
escala gráfica e norte, apresentando: vias de acesso ao empreendimento; comércios e
serviços relevantes; equipamentos de saúde e educação existentes; outros
empreendimentos contratados, ou em contratação, no âmbito do PMCMV; e traçado das
rotas de pedestre, do centro geométrico do empreendimento, aos equipamentos de
educação e saúde e às paradas de transporte público, com as distâncias percorridas; mapa
do entorno do empreendimento;
a.3) Implantação do empreendimento, com indicação da escala gráfica, norte e curvas de
nível, apresentando: hierarquia viária, indicando largura das vias e calçadas; distribuição
e dimensionamento das áreas institucionais, comerciais e espaços livres previstos;
b) Relatório de Diagnóstico da Demanda por Equipamentos e Serviços Públicos e
Urbanos (RDD), bem como proposta para atendimento da demanda gerada pelo
empreendimento.
c) Tipologia(s) a ser(em) adotada(s) com descrição de área e especificação.
34
5. Sistemas construtivos utilizados na execução de habitações populares
No presente capítulo é feita uma abordagem dos sistemas construtivos
tradicionalmente utilizados na construção de habitações populares. Nesse trabalho os
sistemas construtivos tradicionalmente utilizados são considerados alvenaria estrutural e
estrutura em concreto armado e vedação em blocos cerâmicos ou de concreto. O método
construtivo parede de concreto moldada no local nos últimos anos passou a ser largamente
utilizado na construção de habitações populares, mas este é considerado como um sistema
construtivo industrializado e inovador e é abordado neste trabalho como tal no próximo
capítulo.
5.1. Sistema construtivo convencional
A estrutura em concreto armado e alvenaria de vedação de blocos de cerâmica ou
concreto é de longe o sistema construtivo mais utilizado no Brasil de maneira geral. Para
o caso da construção de habitações populares, atualmente não é o sistema mais utilizado,
mas ainda assim é muito empregado, devido a ser altamente disseminado no país e não
ter a necessidade de mão de obra muito especializada ou conhecimento técnico específico,
a o conhecimento da técnica é quase básico a qualquer profissional.
Segundo Vasques e Pizzo (2014), o sistema convencional é formado por pilares,
vigas e lajes de concreto armado, sendo que os vãos são preenchidos com tijolos
cerâmicos para vedação. O peso da construção, neste caso, é distribuído nos pilares, vigas,
lajes e fundações e, por isso, as paredes são conhecidas como não-portantes. Na
construção de elementos como pilares e vigas são usados aço estrutural e formas de
madeira.
Ainda de acordo com Vasques e Pizzo (2014), na construção de elementos como
pilares e vigas são usados aço estrutural e formas de madeira. Após a construção das
paredes é preciso rasgá-las para embutir as instalações hidráulicas e elétricas.
35
5.1.1. Fundações
O tipo de fundação é definido em função das características do solo onde a
edificação será construída, das cargas a serem transmitidas para o solo e da maneira como
as cargas são distribuídas.
As construções em estrutura de concreto armado, associado a alvenarias de blocos
cerâmicos ou de concreto podem variar desde edificações térreas até vários pavimentos.
Sendo que no caso de projetos de habitações populares não costumam passar de 5
pavimentos, o que geralmente permite o uso de fundações diretas. O sistema ainda é
considerado um sistema pesado, devido ao alto peso específico e o alto do consumo desses
materiais, exigindo mais das fundações. As cargas verticais são transmitidas para a
fundação por meio dos pilares.
As fundações superficiais são elementos em que a carga é transmitida ao terreno
pelas pressões distribuídas sob a base da fundação, e em que a profundidade de
assentamento em relação ao terreno adjacente é inferior a duas vezes a menor dimensão
da fundação. Incluem-se neste tipo de fundação as sapatas, os blocos, os radier, as sapatas
associadas, as vigas de fundação e as sapatas corridas (SANTOS et al., 2016).
5.1.2. Estrutura: pilares, vigas e lajes
A estrutura em concreto armado consiste na transferência de cargas entre
elementos estruturais até a fundação, as lajes absorvem as cargas de uso e peso próprio,
transferem para as vigas, que por sua vez transferem aos pilares que acumulam as cargas
das vigas e de pavimentos superiores até a sua base, onde transferem para as fundações.
Os elementos estruturais são moldados no local com o uso de fôrmas, geralmente
de madeira. Então é montada a armação nas formas e em seguida é feita a concretagem
dos elementos.
As principais funções do sistema de fôrmas segundo BARROS e MELHADO
(2006) são:
36
a) Dar forma ao concreto;
b) Fazer a contenção do concreto fresco e sustentá-lo até que atinja resistência
suficiente para se auto-sustentar;
c) Proporcionar à superfície do concreto a rugosidade requerida;
d) Servir de suporte para o posicionamento da armação;
e) Servir de suporte para o posicionamento de elementos das instalações e outros
itens embutidos;
f) Servir de estrutura provisória para as atividades de armação e concretagem.
Devendo resistir às cargas provenientes do seu peso próprio, além das cargas de
serviço como pessoas trabalhando e equipamentos;
g) Proteger o concreto novo contra choques mecânicos.
O sistema de fôrmas é bastante complexo, moldam elementos com características,
formas e localização espacial diferentes, além de muitos fornecedores diferentes. Sendo
assim, o sistema de fôrmas pode ser classificado.
FREIRE (2001) classifica o sistema de fôrmas segundo dois critérios (Figura 9),
por grupo de elementos estruturais e por modulação. No primeiro caso, as formas são
divididas em:
a) Elementos verticais, abrangendo pilares e paredes;
b) Elementos horizontais, como vigas, lajes e escadas (estas últimas, apesar de não
serem horizontais, possuem características de execução e solicitações que a
encaixam nesse grupo).
Quanto ao segundo critério, as fôrmas podem ser dividas em:
a) Sistemas modulares: associados a painéis estruturados fabricados em metal ou
plástico, com pouco cimbramento e altamente industrializado. Para sua utilização
é importante considerar este sistema na concepção do projeto, evitando
adaptações no canteiro de obras.
b) Sistemas tramados: que possuem uma quantidade maior de peças associadas ao
vigamento e travamento, sendo associados a painéis sem padronização
dimensional, confeccionados especialmente para uma determinada utilização.
Também é chamado de convencional ou tradicional devido a sua grande
utilização.
37
Figura 9: Divisão esquemática dos sistemas de fôrmas. Fonte: Freire, 2001.
No que diz respeito a armação, Freire (2001) define como o conjunto de atividades
relativas à preparação e posicionamento do aço dentro da estrutura.
Gonçalves (2009) diz que o aço pode ser fornecido de duas maneiras, já cortado e
dobrado de acordo com o projeto ou em barras, nesse caso o processo de corte e dobra
acontece na obra. Ainda de acordo com o autor, quando esse processo acontece na obra,
a armação pode ser dividida nas seguintes etapas:
a) Corte das barras longitudinais e transversais;
b) Dobra das barras longitudinais e transversais;
c) Pré-montagem da armadura;
d) Montagem final e conferência da armação.
E como última etapa da concepção dos elementos de concreto armado tem-se a
concretagem, que para FREIRE (2001), o serviço de concretagem consiste em receber ou
produzir o concreto, transportá-lo até o local de aplicação, lançá-lo nas fôrmas, espalhá-
lo, adensá-lo, nivelá-lo e dar-lhe o acabamento necessário, para depois curá-lo. A Figura
10 esquematiza o processo de concretagem de um elemento de concreto armado.
38
Figura 10: Fluxograma esquemático das etapas de concretagem de elemento estrutural.
Fonte: Freire, 2001.
5.1.3. Alvenaria de Vedação
Segundo Barros (2009), são denominadas alvenarias de vedação as montagens de
elementos destinados às separações de ambientes, sendo consideradas apenas de vedação
por trabalhar no fechamento de áreas sob estruturas, havendo a necessidade de cuidados
básicos para o seu dimensionamento e estabilidade.
Os blocos utilizados na execução de alvenaria possuem classificações, sendo a
maioria de cerâmica, de acordo com Barros (2009), são classificados como:
a) Tijolo comum ou maciço, normalmente aplicado na construção de paredes,
pilares, muros em geral, etc.
b) Tijolo furado, é laminado ou extrudado, apresentado na parte externa uma série
de rachaduras e, no seu interior, pequenos furos, que diminuem o peso do tijolo,
sendo recomendado para alvenaria de vedação de paredes internas.
c) Bloco de concreto, são blocos vazados, no sentido da altura, assentados
normalmente com argamassa de cimento e areia.
De acordo com Soares (2015), dentre as formas de construção com tijolo de
cerâmica, são executadas as alvenarias de meia vez, mais utilizadas em paredes de
39
vedação, onde os tijolos são assentados de maneira a espessura da parede coincidir com
a dimensão intermediária do tijolo, e a alvenaria de 1 vez, mais utilizadas em fundações,
onde os tijolos são assentados de maneira a espessura da parede coincidir com a maior
dimensão do tijolo.
Os tijolos de cerâmica ou blocos de concreto são assentados com juntas verticais
desencontradas como pode ser visto na Figura 11. O assentamento é executado com
argamassa moldada in loco ou industrializadas.
Figura 11: Amarração de blocos de alvenaria de vedação. Fonte: Barros, 2009.
Como etapa integrada ao levantamento da alvenaria tem-se os revestimentos que,
segundo Vasques e Pizzo (2014), podem proporcionar desde um acabamento adequado à
alvenaria, como também garantir resistência mecânica, além de proteger da umidade e dos
agentes agressivos, além de serem responsáveis por proporcionar maior conforto térmico-
acústico; sendo, portanto, fatores que determinam a escolha dos itens que compõem o
revestimento de uma obra.
Para o caso de alvenaria, o revestimento é um processo em etapas e artesanal. Segundo
Vasques e Pizzo (2014), os tipos e a espessura dos revestimentos variam também de acordo
com o método construtivo empregado. Porém, de maneira completa, o revestimento é
composto por três camadas, chapisco, emboço e reboco (Figura 12).
40
Figura 12: Camadas de revestimento em alvenaria.
Fonte: site Namakura, 2013.
5.1.4. Vantagens e Desvantagens
Segundo Vasques e Pizzo (2014), algumas vantagens do sistema convencional
são:
a) Durabilidade superior a qualquer outro material; b) Ótima aceitação pelo usuário e sociedade
c) Excelente resistência mecânica;
d) Facilidade de produção por montagem ou conformação;
Os autores supracitados também listam algumas desvantagens pertinentes associadas ao
sistema construtivo:
a) Baixa produtividade na execução;
b) “Desconstrução” para instalação de rede hidrosanitária e elétrica, o que gera
desperdício.
c) Domínio técnico centrado na mão de obra executora.
41
5.2. Alvenaria Estrutural
Soares (2011) define alvenaria estrutural como um sistema construtivo que utiliza
peças industrializadas de dimensões e peso que as fazem manuseáveis, ligadas por
argamassa, tornando o conjunto monolítico.
Segundo Tauil e Nese (2010), em alvenaria estrutural não se utilizam pilares e
vigas, pois as paredes chamadas de portantes compõem a estrutura da edificação e
distribuem as cargas uniformemente ao longo das fundações.
Segundo os autores Tauil e Nese (2010), a alvenaria estrutural pode ser
classificada em 3 tipos:
a) Tipo de alvenaria que não recebe graute, mas os reforços de aço (barras, fios e
telas) apenas por razões construtivas - vergas de portas, vergas e contravergas de
janelas e outros reforços construtivos para aberturas - e para evitar patologias
futuras: trincas e fissuras provenientes da acomodação da estrutura,
movimentação por efeitos térmicos, de vento e concentração de tensões.
b) Tipo de alvenaria que recebe reforços em algumas regiões, devido a exigências
estruturais. São utilizadas armaduras passivas de fios, barras e telas de aço dentro
dos vazios dos blocos e posteriormente grauteados, além do preenchimento de
todas as juntas verticais.
c) Tipo de alvenaria reforçada por uma armadura ativa (pré-tensionada) que submete
a alvenaria a esforços de compressão. Esse tipo de alvenaria é pouco utilizado,
pois os materiais, dispositivos e mão de obra para a protensão têm custo muito
alto para o nosso padrão de construção.
5.2.1. Fundações
Assim como no sistema convencional (estruturas de concreto armado e alvenaria
de vedação) e outros sistemas construtivos, a definição da fundação leva em consideração
as características do solo e as escolhas do projeto. Porém, algumas características do
sistema construtivo influenciam diretamente na definição do tipo de fundação. A
alvenaria estrutural, assim como a construção em concreto armado gera construções
pesadas, que solicitam mais as fundações, a diferença é que as estruturas de concreto
42
armado transferem as cargas pontualmente através dos pilares e a alvenaria estrutural
transfere linearmente pelas paredes.
Soares (2011) diz que como na alvenaria estrutural as paredes são os elementos
portantes, as cargas chegam às fundações de forma parabólica ao longo do comprimento
das mesmas, favorecendo o emprego de fundações contínuas. Normalmente empregam-
se sapatas contínuas, mas isso vai depender do tipo de solo onde se localiza a edificação.
Uma alternativa para solos com baixa capacidade portante seria o uso de estacas alinhadas
espaçadas entre si no máximo 3 m, onde sobre elas é executada uma viga baldrame para
a distribuição das cargas.
5.2.2. Blocos
Os tijolos ou blocos que compõem a alvenaria estrutural mais utilizados e
normalizados são de concreto e cerâmica.
Segundo Camacho (2006), as unidades (blocos e tijolos - Figura 13) são os
componentes mais importantes que compõe a alvenaria estrutural, uma vez que são eles
que comandam a resistência à compressão e determinam os procedimentos para aplicação
da técnica da coordenação modular nos projetos.
43
Figura 13: Tipos de blocos para alvenaria estrutural. Fonte: Camacho, 2006.
De acordo com Soares (2011), independente do material utilizado, as propriedades
desejáveis são:
a) Ter resistência à compressão adequada;
b) Ter capacidade de aderir à argamassa tornando homogênea a parede;
c) Possuir durabilidade frente aos agentes agressivos (umidade, variação de
temperatura e ataque por agentes químicos);
d) Possuir dimensões uniformes;
e) Resistir ao fogo.
44
5.2.3. Argamassa
Camacho (2006) define a argamassa para alvenaria estrutural como o componente
utilizado na ligação entre os blocos, evitando pontos de concentração de tensões, sendo
composto de cimento, agregado miúdo, água e cal, sendo que algumas argamassas podem
apresentar adições para melhorar determinadas propriedades.
Soares (2011) apresenta as seguintes funções da argamassa no sistema de
alvenaria estrutural:
a) Solidarizar as unidades transferindo as tensões de maneira uniforme entre as
unidades;
b) Distribuir uniformemente as cargas atuantes na parede;
c) Absorver pequenas deformações que a alvenaria está sujeita;
d) Compensar as irregularidades dimensionais das unidades de alvenaria;
e) Selar as juntas contra a entrada de água e vento nas edificações;
As funções da argamassa listadas demonstram a sua importância na construção
em alvenaria estrutural. Devido a característica portante das paredes, as propriedades da
argamassa na alvenaria estrutural devem ser analisadas mais rigorosamente do que na
alvenaria convencional de vedação.
A escolha da argamassa depende da função que a parede vai exercer, do tipo de
bloco e das condições da parede, Soares (2011) diz que as alvenarias podem ser dos
seguintes tipos:
a) Argamassas mistas, são aquelas compostas por cimento, cal hidratada e areia. As
normas americanas especificam quatro tipos de argamassas mistas, designadas
pelas letras M, S, N e O, que variam o traço de areia e cal em função das
propriedades esperadas pela argamassa.
b) Argamassas semi-prontas, são argamassas usinadas com cal e areia, quando na
obra para uso adiciona-se cimento à mistura.
c) Argamassas industrializadas, podem ser classificadas em dois grupos, argamassas
prontas e argamassas em que é necessário o acréscimo de água a sua composição
final. As argamassas prontas são pouco utilizadas no Brasil, já as que necessitam
apenas da adição de água são mais utilizadas.
45
5.2.4. Graute
O graute consiste em um concreto fino (micro-concreto), formado de cimento,
água, agregado miúdo e agregados graúdos de pequena dimensão (até 9,5mm), devendo
apresentar como característica alta fluidez de modo a preencher adequadamente os vazios
dos blocos onde serão lançados (Camacho, 2006).
Segundo Soares (2011), o graute possui duas funções, a primeira é proporcionar a
integração da armadura com a alvenaria, no caso de alvenaria estrutural armada ou em
armaduras apenas de caráter construtivo. A segunda função é de aumentar a resistência
da parede sem a necessidade de aumentar a resistência da unidade.
5.2.5. Armadura
Soares (2011) diz que as armaduras da alvenaria estrutural armada são previstas
para resistirem aos esforços de tração atuantes como no concreto armado convencional.
São embutidas verticalmente nos furos dos blocos e envolvidas por graute que tem a
função de proteção da armadura e de possibilitar a aderência entre o concreto e o bloco.
Camacho (2006) afirma que as armaduras utilizadas na alvenaria estrutural são as
mesmas utilizadas em estruturas de concreto armado e estão sempre presentes na forma
de armadura construtiva ou de cálculo. Ainda segundo o autor, tem as seguintes funções:
a) Absorver esforços de tração e/ou compressão;
b) Cobrir necessidades construtivas.
5.2.6. Vantagens e Desvantagens
Camacho (2006) apresenta algumas vantagens da alvenaria estrutural, dentre elas,
cita-se redução da mão-de-obra especializada, já que necessita de mão-de-obra
especializada apenas para a construção da alvenaria, enquanto no sistema construtivo
convencional requer equipes de alvenaria, fôrmas, armação, etc. Outra vantagem citada é
a menor diversidade de materiais empregados.
46
Já Soares (2011) cita como vantagens a facilidade de treinar mão-de-obra, alta
resistência ao fogo e boas propriedades acústicas. E como desvantagens, a autora cita o
fato de que as paredes portantes não podem ser removidas sem substituição por outro
elemento de equivalente função e vãos livres limitados.
Camacho (2006) levanta como principais desvantagens a limitação do projeto
arquitetônico, não permitindo a concepção de obras arrojadas e a impossibilidade de
adaptação da arquitetura para um novo uso.
47
6. Sistemas Construtivos Alternativos
6.1. Aspectos Gerais
Nesse capítulo é feito um levantamento bibliográfico sobre três sistemas
construtivos alternativos objetos dessa pesquisa, o sistema de parede de concreto moldado
in loco, light steel framing e light wood framing. Os três sistemas foram escolhidos por
possuírem diretrizes no SINAT, sendo pré-requisito um sistema construtivo inovador
possuir diretriz no SINAT para ser adotado em obras de habitações populares.
Especificamente, o sistema de parede concreto moldada in loco foi escolhido por ter uma
boa aceitação e uso nesse tipo de construção e adotar o concreto, que é amplamente
utilizado no país. O sistema light steel framing e light wood framing foram escolhidos por
se tratarem de sistemas leves, de alta produtividade e por serem amplamente utilizados
em outros países.
Como já citado no item 1.3, a construção civil ainda adota predominantemente o
uso de sistemas construtivos tradicionais, considerados artesanais que são associados a
vários pontos negativos, sendo assim surge a discussão à cerca do uso de sistemas
construtivos alternativos, e conceitos como sistemas inovadores e sistemas construtivos
industrializados.
O SINAT define sistemas inovadores como sistemas e produtos inovadores, os
que não possuem norma técnica brasileira para a análise de desempenho e não tenham
tradição de uso no território nacional.
Conforme Baptista (2005) apud Gomes et al.(2013), a industrialização da
construção é possível com emprego de forma racional e mecanizada de materiais, meios
de transporte e técnicas construtivas para conseguir uma maior produtividade.
Facco (2014) diz em seu trabalho que dentre os sistemas industrializados mais
empregados na construção civil estão os sistemas que o utilizam o material mais
tradicional do setor, o concreto, seja empregado no uso de peças pré-moldadas ou
moldadas in loco. Ainda segundo a autora, outros sistemas surgem no mercado para
alavancar a processo de construção, oferecendo maior facilidade de execução, menores
48
prazos e menos desperdício. Dentre eles estão o Light Steel Frame, com material principal
o aço, Wood Light Frame, com madeira, e sistemas que usam o plástico como material
base.
As definições servem bem para o intuito deste trabalho, assim como para os
métodos construtivos objetos de estudo deste trabalho. Do ponto de vista do sistema de
paredes de concreto moldadas in loco, recentemente é um sistema bastante utilizado na
construção de habitações populares, porém se encaixa satisfatoriamente na condição de
sistema industrializado e alternativo, e como passou a ser utilizado mais recente, não há
ainda tradição no seu uso e o próprio SINAT o reconhece como um sistema inovador.
6.2. Light Steel Framing
O Manual da construção industrializada da Agência Brasileira de
Desenvolvimento Industrial (ABDI, 2015) define que o light steel framing é um sistema
construtivo estruturado em perfis de aço galvanizado formados a frio, projetados para
suportar as cargas da edificação ou trabalhar em conjunto com outros subsistemas
industrializados, para garantir os requisitos de funcionamento da edificação.
De acordo com a publicação Construção Industrializada da empresa Saint-Gobain
(2014), o Light Steel Framing (LSF), assim conhecido mundialmente, é um sistema
construtivo de concepção racional, que tem como principal característica uma estrutura
constituída por perfis de aço galvanizado formados a frio que são utilizados para a
composição de painéis estruturais e não estruturais, vigas secundárias, vigas de piso,
tesouras de telhado e demais componentes.
As duas definições ressaltam a característica de sistema industrializado do LSF,
sendo um sistema que usa como material base o aço, composto por elementos leves para
compor edificações leves.
Apesar de no Brasil ser considerado um sistema novo, de acordo com Agência
Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI, 2015), remota ao início do século XIX,
com origem nos Estados Unidos (EUA), que historicamente iniciou a construção de
49
habitações em madeira durante a expansão pelos colonizadores, sendo necessário a
construção rápida e produtiva de habitações, tornando-se o tipo de construção mais
comum no país. Porém foi aproximadamente um século mais tarde, em 1933, com o
grande desenvolvimento da indústria do aço nos Estados Unidos, foi lançado na Feira
Mundial de Chicago o protótipo de uma residência em light steel framing que utilizava
perfis de aço para substituir a estrutura de madeira. O crescimento da economia norte-
americana e a abundância na produção de aço no período pós-Segunda Guerra
possibilitaram a evolução nos processos de fabricação de perfis formados a frio, e o uso
dos perfis de aço substituindo os de madeira passou a ser vantajoso, devido à maior
resistência e eficiência estrutural do aço e à capacidade da estrutura de resistir a
catástrofes naturais como terremotos e furacões.
6.2.1. Componentes do Sistema Light Steel Framing
O light steel framing – LSF – é indicado para uso em residências unifamiliares
térreas ou sobrados, edifícios de até 8 pavimentos, hotéis, edifícios da área de saúde,
clínicas, hospitais, comércio em geral, creches, edifícios para educação e ensino, fachadas
de edifícios em geral incluindo os de grande altura, retrofit e ampliações de edifícios
existentes (ABDI, 2015).
Segundo Crasto (2005), a estrutura em LSF é constituído basicamente de paredes,
pisos e coberturas. Reunidos, eles possibilitam a integridade estrutural da edificação,
resistindo aos esforços que solicitam a estrutura. A Figura 14 mostra esquematicamente
a estrutura e os subsistemas de uma casa em light steel framing.
50
Figura 14: Desenho esquemático de uma residência Light Steel Framing.
Fonte: Crasto, 2005.
As paredes que constituem a estrutura são denominadas de painéis estruturais
(Figura 15) ou autoportantes e são compostos por grande quantidade de perfis
galvanizados muito leves denominados montantes, que são separados entre si 400 ou 600
mm. Esta dimensão é definida de acordo com o cálculo estrutural, e determina a
modulação do projeto. A modulação otimiza custos e mão de obra na medida que se
padronizam os componentes estruturais, os de fechamento e de revestimento. Os painéis
têm a função de distribuir uniformemente as cargas e encaminhá-las até o solo. O
fechamento desses painéis pode ser feito por vários materiais, mas, normalmente,
utilizam-se placas cimentícias ou placas de OSB (oriented strand board) externamente, e
chapas de gesso acartonado internamente (Crasto, 2005).
51
Figura 15: Painel do pavimento térreo de casa residencial.
Fonte: Crasto, 2005.
Os pisos, partindo do mesmo princípio dos painéis, utilizam perfis galvanizados,
dispostos na horizontal e obedecem à mesma modulação dos montantes. Esses perfis
compõem as vigas de piso, servindo de estrutura de apoio aos materiais que formam a
superfície do contrapiso. As vigas de piso estão apoiadas nos montantes de forma a
permitir que suas almas estejam em coincidência com as almas dos montantes, dando
origem ao conceito de estrutura alinhada ou “in-line framing”. Essa disposição permite
garantir que predomine esforços axiais nos elementos da estrutura (Figura 16) (Crasto,
2005).
52
Figura 16: Estrutura do piso com vigas em perfis galvanizados e contrapiso em osb.
Fonte: Crasto, 2005.
Com a pluralidade de manifestações arquitetônicas, o arquiteto dispõe de várias
soluções para coberturas de seus edifícios. Muitas vezes, a escolha do telhado pode
remeter a um estilo ou uma tendência de época. Independente da tipologia adotada, desde
da coberta plana até telhados mais elaborados, a versatilidade do Steel Framing possibilita
ao arquiteto liberdade de expressão. Quando se trata de coberturas inclinadas, a solução
se assemelha muito à da construção convencional com o uso de tesouras, porém
substituindo o madeiramento por perfis galvanizados (Figura 17). As telhas utilizadas
para a cobertura podem ser cerâmicas, metálicas, de cimento reforçado por fios sintéticos
ou de concreto. Também é comum o uso de telhas “shingles”, que são compostas de
material asfáltico (Crasto, 2005).
53
Figura 17: Estrutura do telhado em Steel Framing.
Fonte: Crasto, 2005.
6.2.2. Passo a passo
Nesse tópico é descrito as características de cada etapa da construção utilizando o
sistema light steel framing.
Como a estrutura de steel framing e os componentes de fechamento são leves,
exige-se bem menos das fundações do que outras construções executadas com outros
sistemas construtivos mais pesados.
Segundo Crasto (2005), como a estrutura de LSF distribui a carga uniformemente
ao longo dos painéis, a fundação deve ser contínua suportando os painéis em toda a sua
extensão. Ainda segundo a autora, a escolha do tipo de fundação vai depender além da
topografia, do tipo de solo, do nível do lençol freático e da profundidade de solo firme.
Essas informações são obtidas através da sondagem do terreno.
Sendo assim, os tipos de fundações mais usuais para o sistema light steel framing
são o radier e a sapata corrida ou viga baldrame. As execuções dessas fundações não
54
diferem por serem usadas junto a estrutura do LST, devendo seguir os mesmos
procedimentos e cuidados.
Crasto (2005) diz que o radier é um tipo de fundação rasa que funciona como uma
laje e transmite as cargas da estrutura para o terreno. Os componentes estruturais
fundamentais do radier são a laje contínua de concreto e as vigas no perímetro da laje e
sob as paredes estruturais ou colunas e onde mais for necessário para fornecer rigidez no
plano da fundação (Figura 18). Sempre que o tipo de terreno permite, a laje radier é a
fundação mais comumente utilizada para construções em Steel Framing.
Figura 18: Corte Esquemático de uma laje radier.
Fonte: Crasto, 2005.
A sapata corrida é um tipo de fundação indicada para construções com paredes
portantes, onde a distribuição da carga é contínua ao longo das paredes. Constitui-se de
vigas que podem ser de concreto armado, de blocos de concreto ou alvenaria que são
locados sob os painéis estruturais. O contrapiso desse tipo de fundação é obtido por meio
de perfis galvanizados que apoiados sobre a fundação constituem uma estrutura de
suporte aos materiais que formam a superfície do contrapiso, conforme a Figura 19
(Crasto, 2005).
55
Figura 19: Corte detalhado de sapata corrida.
Fonte: Crasto, 2005.
6.2.1.1. Painéis estruturais e autoportantes
De acordo com Crasto (2005), os painéis no sistema LSF exercem basicamente a
finalidade de componentes do sistema estrutural da edificação, e associados a elementos
de fechamento, desempenham a função de vedação vertical da mesma.
Os painéis estruturais estão sujeitos a cargas horizontais de vento ou de abalos
sísmicos, assim como a cargas verticais praticadas por pisos, telhados e outros painéis.
Essas cargas verticais são originadas do peso próprio da estrutura e de componentes
construtivos e da sobrecarga devido à utilização (pessoas, móveis, máquinas, águas
pluviais, etc). Portanto, a função dos painéis é absorver esses esforços e transmiti-los à
fundação (Crasto, 2005).
56
Segundo Crasto (2005), os painéis são compostos por elementos verticais de seção
transversal tipo U denominados montantes, e elementos horizontais também de seção
transversal U denominados guias. Ainda de acordo com a autora, os montantes transferem
as cargas verticais por contato direto através do contato direto de suas almas (Figura 20),
estando suas seções em coincidência de um nível ao outro, o que dá origem ao conceito
de estrutura alinhada. Vigas de piso, tesouras de telhado ou treliças também devem estar
alinhadas aos montantes. Quando não é possível conseguir este alinhamento, deverá ser
colocada sob o painel, uma viga capaz de distribuir uniformemente as cargas excêntricas.
Figura 20: Esquema de painéis mostrando a transferência de cargas verticais.
Fonte: Crasto, 2005.
A distância entre os montantes ou modulação, geralmente de 400 ou 600 mm, é
determinada pelas solicitações que cada perfil será submetido. Quanto maior a separação
entre os montantes, menor a quantidade dos mesmos e como consequência, maior será a
carga que cada um deles deverá absorver (Crasto, 2005).
Os montantes são unidos em seus extremos inferiores e superiores pelas guias,
perfil de seção transversal U simples. Sua função é fixar os montantes a fim de constituir
um quadro estrutural. O comprimento das guias define a largura do painel e o
comprimento dos montantes, sua altura (Figura 21) (Crasto, 2005).
57
Figura 21: Esquema de painel típico com montantes e guias.
Fonte: (Crasto, 2005)
As aberturas para portas e janelas em um painel portante necessitam de elementos
estruturais como vergas a fim de redistribuir o carregamento dos montantes interrompidos
aos montantes que delimitam lateralmente o vão, denominados de ombreiras. Na Figura
22 ilustra-se estes elementos bem como a distribuição do carregamento no painel (Crasto,
2005).
58
Figura 22: Distribuição dos esforços através da verga para ombreiras.
Fonte: Crasto, 2005.
Segundo Crasto (2005), as cargas horizontais que solicitam a edificação como as
provocadas pelo vento podem ocasionar perda de estabilidade da estrutura causando
deslocamentos e até mesmo leva-la ao colapso. Para que isso seja evitado deve se prover
a estrutura de ligações rígidas ou de elementos capazes de transferir esses esforços para
as fundações. Assim, as combinações mais comuns para resistir aos esforços horizontais
nas estruturas em Steel Framing são:
a) Uso de contraventamentos nos painéis, combinado ao diafragma rígido no plano
de piso que proporciona a transferência dos esforços aos painéis contraventados.
b) Fechamento da estrutura com placas que funcionem como diafragmas rígidos no
plano vertical (painéis).
A fixação da diagonal ao painel é feita por uma placa de aço galvanizado, que é
aparafusada em montantes duplos, e, em coincidência com estes deverá estar a ancoragem
do painel a fim de absorver os esforços transmitidos pelo contraventamento (Crasto,
2005).
Nos painéis superiores a ancoragem também é feita nos montantes que recebem a
diagonal e os esforços são transmitidos para o painel imediatamente abaixo que também
59
deve estar devidamente ancorado e contraventado (Crasto, 2005). A Figura 23
exemplifica ancoragens do sistema de contraventamento nos painéis.
Figura 23: Ancoragem do contraventamento nos painéis.
Fonte: Crasto, 2005.
O uso do contraventamento pode interferir na colocação de abertura de portas ou
janelas nas fachadas. Às vezes, é necessário se adotar um ângulo de inclinação grande da
diagonal a fim de permitir a colocação de uma abertura no painel (Figura 24). No entanto,
é preferível que no projeto sejam previstos painéis cegos para a colocação dos
contraventamentos. Apesar do uso da estrutura de piso funcionando como diafragma
rígido, possibilitar que os contraventamentos sejam necessários em apenas alguns painéis,
a interação entre os projetos de arquitetura e engenharia é imprescindível, para que o
calculista possa orientar sobre a melhor distribuição dos painéis contraventados (Crasto,
2005).
60
Figura 24: Contravento em relação a aberturas.
Fonte: Crasto, 2005.
Segundo Brockenbrough & Associates (1998) apud Crasto (2005) é possível
utilizar os materiais de fechamento externo dos painéis estruturais como parede diafragma
(ou parede de cisalhamento). Esses materiais são placas estruturais capazes de fornecer
um aumento da resistência do painel, uma vez que absorvem as cargas laterais que
solicitam a estrutura, que podem ser de vento ou até mesmo de abalos sísmicos.
É fundamental distinguir entre placas para fechamento externo e placas estruturais que
funcionam como diafragma rígido, pois ambas não cumprem necessariamente as mesmas
funções. Em geral, as placas estruturais podem funcionar como fechamento dos painéis e
são utilizados em sua face externa. Porém, nem todas as placas de fechamento externo
podem funcionar como diafragma rígido por não apresentar características estruturais
necessárias para resistir à ação de cargas horizontais. Portanto, nos casos em que são
utilizados painéis de fechamento que não sejam estruturais, é necessário o uso do
contraventamento em “X” com fitas metálicas (Crasto, 2005).
61
6.2.1.2. Lajes
O conceito estrutural do sistema light steel framing, dividindo as cargas entre os perfis,
também é utilizado para os elementos que suportam as lajes e coberturas. Seus elementos
trabalham biapoiados e deverão, sempre que possível, transferir as cargas continuamente,
ou seja, em elementos de transição até as fundações (ABDI, 2015).
A estrutura de piso em Steel Framing (Figura 25) emprega o mesmo princípio
dos painéis, ou seja, perfis galvanizados cuja separação equidistante dos elementos
estruturais ou modulação é determinada pelas cargas a que cada perfil está submetido.
Essa modulação, na maioria dos casos, é a mesma para toda a estrutura: painéis, lajes e
telhados (Crasto, 2005).
Figura 25: Sistema estrutural de piso em Light Steel Framing.
Fonte: Crasto, 2005.
Os perfis devem ser suficientemente resistentes e enrijecidos para suportar as
cargas e evitar deslocamentos acima dos exigidos por norma. Portanto, nunca deve se
62
cortar a mesa de um perfil que atua como viga. Perfurações executadas nas almas das
vigas para passagem de tubulações, quando excederem as dimensões dos furos já
existentes nos perfis (conhecidos por punch), devem ser previstos pelo projeto estrutural
(Crasto, 2005).
Para o sistema, existem dois tipos distintos de laje, denominados de laje “seca” ou
“úmida”. As lajes “secas” podem ser compostas por painéis de madeira (OSB ou outros)
ou placas cimentícias, apoiadas sobre perfis metálicos estruturais (vigas de entrepiso)
como pode ser visto na Figura 26. Já as “úmidas” são compostas por formas de aço
(telhas galvanizadas) preenchidas com concreto e tela de reforço estrutural (ABDI, 2015).
Figura 26: Corte esquemático de laje executada perfis galvanizados e painéis OSB.
Fonte: Campos, 2014.
No caso de laje seca, que é a solução mais adotada para o sistema LSF, Campos
(2014) diz que após a colocação dos perfis de aço galvanizado que compõem a estrutura
da laje, utiliza-se um adesivo a base de poliuretano, com a função de eliminar o
desconforto acústico, que gera ruídos, entre os perfis e as placas de OSB que servem como
elemento horizontal da estrutura da laje. Esse adesivo pode ainda ser substituído por uma
manta asfáltica ou banda acústica.
63
6.2.1.3. Cobertura
A cobertura ou telhado é a parte da construção destinada a proteger o edifício da
ação das intempéries, podendo também desempenhar uma função estética. Telhados
podem variar desde simples coberturas planas até projetos mais complexos com grande
intersecção de águas ou planos inclinados (Crasto, 2005).
A cobertura pode ser calculada para suportar qualquer tipo de telha. Assim como
os demais painéis, deve ser contraventada e bloqueada para suportar as cargas de vento.
Havendo possibilidade, projeta-se a cobertura de forma que suas cargas sigam
diretamente até a fundação, através de montantes (ABDI, 2015).
De acordo com Campos (2014), para o cálculo estrutural da cobertura é necessário
considerar cargas permanentes e acidentais, como forros, materiais de revestimento,
carregamentos causados pelo vento, e mesmo no Brasil, em alguns locais o peso da neve.
A autora também ressalta que as cargas acidentais devido a manutenção também devem
ser previstas.
O LSF aceita diversos tipos de soluções de coberturas, que dependem das
dimensões dos vãos a serem cobertos, soluções estéticas e arquitetônicas, âmbito
econômico, desempenho, etc. A cobertura pode ainda ser do tipo plana ou inclinada.
Apesar de serem menos comuns, as coberturas planas em LSF são, na maioria dos
casos, resolvidas como uma laje úmida onde a inclinação para o caimento da água é obtida
variando a espessura do contrapiso de concreto. (Consul Steel, 2002 apud Crasto, 2005).
Segundo Crasto (2005), em casos de vãos maiores sem apoios intermediários, é
possível o uso de treliças planas confeccionadas com perfis U galvanizados (Figura 27).
As treliças planas também podem ser utilizadas para estrutura de pisos que demandam
grandes cargas e vãos.
64
Figura 27: Treliças para coberturas planas em steel framing.
Fonte: Crasto, 2005.
Pode-se usar diversos tipos de telhas para o telhado, desde as cerâmicas que são
as mais utilizadas em habitações até telhas metálicas e asfálticas.
Segundo Campos (2014), o telhado shingle (Figura 28) é o mais indicado em
função do seu baixo peso, em torno de quatro vezes menor que os das telhas cerâmicas e
são conhecidas comercialmente como telhas shingle. O telhado é constituído de uma
manta em fibra de vidro com grânulos cerâmicos e asfalto ou outros agregados minerais.
65
Figura 28: Esquema de telhado executado com telhas shingles.
Fonte: Site Espaço Smart
Também de acordo com a autora, a leveza das telhas shingles permite uma
estrutura de telhado mais esbelta. Porém é necessária uma subestrutura que sirva como
apoio para as telhas. Após a estrutura principal formada por perfis e treliças, colocam-se
perfis cartola para suporte de painéis OSB estrutural ou painel de madeira naval, que
compõe a base de fixação da telha (Campos, 2014).
6.2.3. Vantagens e Desvantagens
Para Pedroso et al. (2014), a velocidade de execução de uma unidade habitacional
ou comercial pode ser consideravelmente reduzida, podendo chegar a 1/3 do tempo se
comparado aos métodos tradicionais de execução. Outra vantagem, de acordo com
autores, é o baixo custo da manutenção que se dá com a facilidade de intervir nos sistemas,
propiciando agilidade e baixo custo na execução dos serviços, não gerando sujeira e
barulho. Estes são motivos responsáveis por adiamentos de reformas de casas
convencionais.
O Manual da Construção industrializada da ABDI (2015) aponta uma vantagem
pertinente, diz que os produtos que constituem o sistema, em particular o aço, vedações
66
e isolantes são padronizados, de tecnologia avançada e produzidos industrialmente, sendo
que a matéria-prima utilizada, os processos de fabricação, suas características técnicas e
acabamento passam por rigorosos controles de qualidade.
No mérito das desvantagens, Campos (2014) diz que uma das dificuldades é a
questão da quantidade limitada de fornecedores e da escassez de mão de obra
especializada, incluindo a utilizada para manutenção em uso da edificação.
Já Pedroso et al. (2014) ressalta como desvantagem a questão de leveza da
estrutura, que culmina em dois pontos negativos. Pela obra ser leve, o número de
pavimentos é limitado, não podendo ultrapassar cinco e outro ponto associado é que o
material usado como estrutura e revestimento interno geralmente é mais frágil, o que
propicia a parede ou estrutura ser danificada. Do ponto de vista de habitações populares,
a limitação do número de pavimentos não é um fator relevante, visto que esse tipo de
construção tem característica de edifícios de poucos pavimentos ou ainda casas térreas.
Já a questão da fragilidade do revestimento e vedação é um problema relevante, já que a
manutenção não é recorrente em habitações populares.
6.3. Light Wood Framing
Silva (2010) define o light wood framing (LWF) como sistema construtivo
constituído de estrutura de perfis leves de madeira maciça de pínus spp, contraventados
com chapas estruturais de madeira transformada tipo OSB (Oriented Strand Board). As
chapas de OSB são constituídas de tiras de madeira reflorestada, orientadas em três
camadas cruzadas, perpendiculares entre si. Essas tiras de madeira são unidas com resinas
e prensadas.
O sistema wood frame é um método muito parecido com o sistema steel frame,
segue as mesmas etapas construtivas, e tem como diferencial, o uso de paredes de
madeiras de reflorestamento, com perfis estruturais no levantamento da casa e placas em
OSB para o fechamento das paredes (Balen et al. 2016). A Figura 29 exemplifica os
subsistemas que compõem o light wood framing.
67
Figura 29: Perspectiva dos subsistemas que compõem a edificação construída em light
wood framing.
Fonte: Velloso, 2010.
A história principal dos sistemas construtivos leves de Wood Frame, tem seu
início no desenvolvimento do oeste norte-americano, devido ao processo de construção
desse sistema ser ágil e utilizavam da coletividade (SACCO e STAMATO, 2008).
6.3.1. Fundação
Assim como já citado a respeito do sistema steel framing, o sistema wood framing
compõe uma construção leve, o que representa em uma baixa solicitação do solo e a
necessidade de fundações mais simples. Contudo, assim como qualquer estrutura, a
fundação utilizada leva em consideração as características do solo.
A fundação do sistema wood frame é convencionalmente executada em sistema
radier de concreto, sendo simplificada devido ao baixo peso dos componentes do sistema.
(ABDI, 2015).
Sacco e Stamato (2008) confirmam o radier como uma boa solução de fundação
para sistema light wood framing. Os autores também afirmam que como a estrutura é
bastante leve e com cargas distribuídas ao longo das paredes, também pode-se utilizar
com vantagens a sapata corrida.
68
As fundações radier e sapata corrida já foram mencionas anteriormente no tópico
5.2.1 do sistema light steel framing e por esse motivo não serão descritas neste tópico.
6.3.2. Painel Estrutural
Os perfis de madeira e as chapas de madeira estruturais, de contraventamento,
formam o conjunto estrutural, sujeito às cargas verticais permanentes e acidentais, cargas
de ventos e cargas eventuais devidas a sismos. As chapas estruturais de contraventamento
auxiliam na estabilidade da edificação, reduzindo o comprimento de flambagem dos
montantes (SILVA, 2010).
No sistema plataforma, os painéis são compostos pela ossatura, que tem como
elementos principais os montantes e travessas; chapas de contraventamento geralmente
realizado em OSB e os revestimentos interno e externo. Os painéis são responsáveis por
suportar a carga vertical, gerada pela cobertura e possíveis pisos e transmitir para
fundação, assim como suportar as cargas horizontais causadas pelo vento e possíveis
terremotos, sendo necessário o contraventamento dos painéis utilizando uma transversal
na ossatura, ou chapas de madeira (VELLOSO, 2010)
Do ponto de vista da construção, Sacco e Stamato (2008) dizem que os painéis de
paredes são compostos por montantes verticais de madeira com seção típica de 2" x 4"
que, após aparelhados, têm seção 38 mm x 90 mm. Esses montantes estão dispostos com
espaçamentos entre si que podem ser de 40 cm ou 60 cm, modulação essa em consonância
com os tamanhos das placas de drywall e de OSB. Cada painel é fechado com duas guias
de madeira de mesma seção, uma superior e outra inferior. Após a disposição dos painéis,
sobre a fundação ou sobre a plataforma, conformando a planta do pavimento, uma
segunda guia de madeira é pregada sobre a guia superior, só que essa sobrepõe os
encontros de painel, solidarizando-os (Figura 30).
69
Figura 30: Travamento entre painéis e parede.
Fonte: Facco e Stamato, 2008.
De acordo com a diretriz n° 005 do Sistema Nacional de Avaliações Técnicas
(2017), o sistema de fixação pode ser composto com cavilha, parafuso, prego anelado ou
ardox, grampo, gancho de ancoragem, chumbador, conector, pino, chapa com dentes
estampados e/ou cola.
Contudo, segundo Facco e Stamato (2008), o prego é um ótimo sistema de fixação,
especialmente quando pregado de forma não-perpendicular à superfície, tornando a
ligação mais resistente quanto ao arrancamento. No sistema de wood frame são utilizados
pregos tipo ardox ou tipo anelado que também dificultam o arrancamento, especialmente
em madeiras macias como o pínus.
Nas aberturas de portas e janelas dos painéis também se deve alterar a disposição
regular dos montantes, incluindo elementos especiais como vergas, umbrais e
contravergas (DIAS, 2005). Estes elementos estão representados na Figura 31.
70
Figura 31: Quadro estrutural com aberturas de esquadrias.
Fonte: Dias, 2005.
Segundo Velloso (2010), as vergas devem estar apoiadas sobre umbrais, peças
com a mesma seção transversal dos montantes, e que devem ser fixados aos mesmos,
posicionados em cada extremidade da verga. Deste modo, os umbrais servem de apoio
para a verga, que funciona como uma viga biapoiada, recebendo as cargas transversais
advindas dos pavimentos superiores e da cobertura.
6.3.3. Lajes
Segundo Silva (2010), as lajes do sistema light wood frame podem ser laje secas
ou laje mista. Ainda de acordo com o autor, considera-se como laje seca a laje na qual as
chapas de OSB têm a função de contrapiso. Sobre as chapas de OSB são aplicados os
revestimentos, como: carpete de tecido ou de madeira, parquete, laminados,
revestimentos cerâmicos, porcelanatos, placas vinílicas etc.
Ainda de acordo com Silva (2010), laje mista é a laje de OSB sobre a qual aplica-
se uma lâmina plástica (filme de polietileno) e sobre essa uma camada de pelo menos 5
cm de concreto armado com malha metálica (tela eletrossoldada). Nesse caso pode-se
aplicar qualquer tipo de revestimento ou acabamento final.
71
Dias (2005) descreve o subsistema piso como uma trama estrutural formada por
vigotas dispostas paralelamente, apoiadas e fixadas à fundação - no caso de pavimento
ou piso térreo - ou às paredes portantes do pavimento inferior - no caso de um entrepiso,
conforme a Figura 32. Ao longo de muito tempo foram utilizadas vigotas maciças, de
seção retangular, mas hoje as vigas de perfil I, formadas por mesas de madeira maciça e
alma de OSB, ganham cada vez mais espaço no mercado de componentes industrializados
para a construção de edificações em madeira por serem leves, resistentes, e apresentarem
melhor relação resistência/peso próprio.
Figura 32: Estrutura de entrepiso, apoiada sobre os painéis do pavimento inferior.
Fonte: AF&PA, 2001.
Sacco e Stamato (2008) dizem que sobre os painéis estruturais (podem haver
painéis não-estruturais que não são considerados para o apoio dos barrotes e que podem
ser removidos em uma reforma, por exemplo) são distribuídos barrotes de madeira com
seções que podem variar de 40 mm x 185 mm a até 60 cm x 250 cm. E como opção para
vãos maiores com até 8 m de comprimento pode-se utilizar as vigas I de madeira. Ainda
de acordo com os autores, a disposição dos barrotes deve coincidir com o posicionamento
dos montantes do painel de parede que dá suporte a esse piso, logo se presume que onde
há mais de um piso.
72
6.3.4. Cobertura
Silva (2010) diz que, por ser flexível, o wood frame adapta-se a qualquer projeto
arquitetônico, sendo possível executar telhados com diversas inclinações, telhados planos
e curvos. Podem ser utilizadas telhas cerâmicas, metálicas, de fibrocimento, concreto ou
shingles.
A grande maioria das edificações construídas em wood framing emprega treliças
pré-fabricadas (Figura 33) na composição dos telhados, o que possibilita vencer vãos
livres maiores. O sistema estrutural do telhado neste sistema construtivo também pode
ser composto por caibros, principalmente quando o projeto da cobertura é complexo,
possuindo muitas águas e diferentes inclinações (VELLOSO, 2010).
Figura 33: Estrutura wood frame com treliça pré-fabricada.
Fonte: Sacco e Stamato, 2008.
No caso de telhas tipo shingle, que demandam um deck de OSB para servir de
base sobre as treliças, o próprio deck funciona como contraventamento vertical. No caso
de telhas cerâmicas ou de concreto, são utilizadas apenas as ripas diretamente sobre as
treliças, tomando-se o cuidado de aplicar a manta de subcobertura antes do ripamento.
Nesse caso o contraventamento é feito com sarrafos em forma de X entre os pontaletes
das treliças (SACCO e STAMATO, 2008).
6.3.5. Vantagens e Desvantagens
Segundo Vasques e Pizzo (2014), uma das vantagens do wood frame é a pré-
construção em ambiente industrializado, reduzindo o tempo da obra. Aspecto de grande
73
relevância na construção de habitações populares, que geralmente são construídas em
grandes quantidades e há a necessidade de obras mais rápidas. Os autores também citam
a flexibilidade do projeto, que é uma característica muito criticada dos projetos de
habitações populares e que outros sistemas construtivos não proporcionam.
Outra vantagem é que o wood frame é considerado um sistema construtivo seco,
com baixo consumo de recursos hídricos e um ótimo desempenho térmico da habitação
associado ao baixo consumo de energia no processo produtivo e construtivo, bem como
após a ocupação do imóvel (ABDI, 2015).
O wood frame também conta com vantagem associada ao meio ambiente, pois
segundo Vasques e Pizzo (2014), utiliza madeira de reflorestamento, única matéria prima
renovável na construção civil.
Dentre as desvantagens, Vasques e Pizzo (2014) citam a baixa oferta de mão de obra
especializada e a baixa oferta de equipamentos de ferramentas específicas. Os autores
também salientam a resistência do mercado à mudança.
O fato de utilizar madeira tratada resulta na necessidade de galvanizar a quente
todos os conectores metálicos, como pregos e parafusos. Isso provoca, contudo, certo
prejuízo ecológico em relação ao wood frame construído em outros países, já que a
madeira tratada em autoclave é considerada resíduo industrial que, por isso, não pode ser
reutilizada (Nakamura, 2009).
6.4. Parede de concreto moldada in loco
Ao contrário dos sistemas light wood framing e light steel framing que possuem
concepções bastante semelhantes, com característica de serem sistemas leves e de
montagem, o sistema de parede de concreto armado, é moldado no local e apresenta peso
mais elevado.
Silva (2011) define paredes de concreto como um sistema que consiste na
moldagem de paredes e lajes maciças de concreto armado com telas metálicas
74
centralizadas. A estrutura é dimensionada para cada projeto específico de arquitetura do
edifício.
Segundo Misurelli e Massuda (2009), no sistema construtivo de paredes de
concreto, a vedação e a estrutura são compostas por esse único elemento. As paredes são
moldadas in loco, tendo embutidas as instalações elétricas, hidráulicas e as esquadrias. A
Figura 35 mostra um esquema de uma parede de concreto e seus componentes.
Figura 34: Exemplo de parede de concreto e seus componentes. Fonte: ABCP, 2008.
6.4.1. Fundações
Misurelli e Massuda (2009) dizem que a escolha do tipo de fundação depende do
local do empreendimento, de acordo com o clima, solo e geografia. A seleção deve
considerar segurança, estabilidade e durabilidade, além do alinhamento necessário para a
produção das paredes.
Ainda de acordo com os autores, o tipo de fundação mais utilizado em casas é o
radier, que deve ser construído com espaço excedente em relação à espessura dos painéis
externos das fôrmas, permitindo o apoio e facilitando a sua montagem.
75
A ABCP (2008), recomenda a execução de uma laje/piso na cota do terreno (Figura 36),
a fim de constituir um apoio nivelado para as fôrmas a fim de minimizar os desaprumos
e evitando o contato direto das fôrmas com o solo.
Figura 35: Esquema de Fundação radier para parede de concreto.
Fonte: ABCP, 2008.
6.4.2. Fôrmas
Segundo a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP – 2008), as fôrmas
tem por função a moldagem do concreto, e devem resistir às pressões do concreto até a
obtenção de resistência mínima para a desforma. São estruturas provisórias, mas
fundamentais para assegurar a qualidade das paredes de concreto. As fôrmas devem ser
estanques e devem definir a geometria das peças.
Do ponto de vista dos tipos de fôrmas, a NBR 16055 (ABNT, 2012) lista os
seguintes tipos de materiais utilizados no Brasil:
a) Metálicas (quadros e chapas em alumínio ou aço);
b) Metálicas e compensado (quadros em alumínio ou aço e chapas de madeira
compensada ou material sintético);
c) Plásticas (quadros e chapas de plástico reciclável contraventadas por estruturas
metálicas).
Segundo Misurelli e Massuda (2009), a escolha da tipologia adequada e o
desenvolvimento e detalhamento do projeto de fôrmas são extremamente importantes
76
para a viabilidade do sistema de paredes de concreto e para a qualidade da entrega. O
projeto de fôrma deve abordar o detalhamento dos seguintes itens:
a) Posicionamento dos painéis;
b) Equipamentos auxiliares;
c) Peças de travamento e prumo;
d) Escoramento;
e) Sequência de montagem e desmontagem;
6.4.3. Armaduras
No sistema parede de concreto as armaduras têm três requisitos básicos, resistir a
esforços de flexo-torção nas paredes, controlar a retração do concreto e estruturar e fixar
as tubulações de elétrica, hidráulica e gás. (ABCP, 2008).
Misurelli e Massuda (2009) afirmam que a armação adotada no sistema paredes
de concreto é a tela soldada posicionada no eixo vertical da parede (Figura 37). Bordas,
vãos de portas e janelas recebem reforços de telas ou barras de armadura convencional.
Em edifícios mais altos, as paredes devem receber duas camadas de telas soldadas,
posicionadas verticalmente, e reforços verticais nas extremidades das paredes.
Figura 36: Armaduras de parede de concreto com painéis externos.
Fonte: Misurelli e Massuda, 2009.
77
Geralmente, utilizam-se telas soldadas posicionadas no eixo das paredes ou nas
duas faces, dependendo do dimensionamento do projetista, além de barras em pontos
específicos, tais como cinta superior nas paredes, vergas, contra-vergas etc (ABCP,
2008).
6.4.4. Concreto
De acordo com a ABCP (2008), o concreto e toda a etapa de concretagem são de
fundamental importância para que a estrutura corresponda ao projeto estrutural,
garantindo durabilidade e qualidade. Ainda de acordo com a publicação o concreto
utilizado para as paredes de concreto deve ser especificado em projeto com resistência
característica aos 28 dias e resistência de desforma – em geral 14 horas.
Segundo Missureli e Massuda (2009), no Brasil, quatro tipos de concreto são
recomendados para o sistema:
a) Concreto celular;
b) Concreto com elevado teor de ar incorporado - até 9%;
c) Concreto com agregados leves ou com baixa massa específica;
d) Concreto convencional ou concreto autoadensável.
De acordo com a Associação Brasileira de Cimento Portland (2010) o concreto
autoadensável, quando economicamente viável, é a melhor opção técnica para paredes de
concreto, pois as espessuras de paredes e lajes nesse sistema são muito pequenas,
dificultando o lançamento e a vibração do material nas fôrmas. Este concreto possui dois
atributos relevantes: a sua aplicação é muito rápida, feita por bombeamento, e a mistura
é extremamente plástica, dispensando o uso de vibradores.
6.4.5. Vantagens e Desvantagens
O sistema construtivo parede de concreto moldada no local apresenta como
vantagens, de acordo com a ABCP (2008), velocidade de execução, industrialização do
processo e maior controle de qualidade frente a outros sistemas mais artesanais.
Outra vantagem que pode ser citada é que por ser de concreto, um material muito
utilizado, tem uma boa aceitação pelo mercado e pela sociedade.
78
Como desvantagens tem-se principalmente à rigidez arquitetônica, exigindo
grande quantidade de repetições pelo uso das formas que são feitas sob medida para uma
concepção arquitetônica e a dificuldade de reformas e manutenção, já que as paredes são
estruturais.
79
7. Análise comparativa: sistema construtivos tradicionais x sistemas
construtivos alternativos
Para a efetividade de uma análise comparativa é necessário que hajam índices
numéricos calculados com base em indicadores mensuráveis detalhadamente
estabelecidos e aplicados nas tecnologias a serem avaliadas.
Outro aspecto importante diz respeito homogeneidade de fatores e parâmetros
utilizados para efetuar a comparação. Naturalmente, tendo em vista as peculiaridades
executivas de cada tecnologia construtiva há de se considerar um grau de incerteza em
decorrência da diversidade dos métodos. A comparação não pode ser linear, entretanto
não era objeto deste trabalho realizar estudos comparativos de campo em função da
dificuldade de viabilizar empreendimentos similares que utilizassem as quatro
tecnologias estudadas neste trabalho.
Para a elaboração deste capítulo buscou-se identificar na bibliografia inerente,
estudos comparativos e dados que permitissem evidenciar aspectos comparativos entre os
métodos construtivos analisados neste trabalho.
São abordados na análise comparativa 4 indicadores associados ao intuito desta
pesquisa que é a otimização da construção de habitações populares. Os indicadores
analisados são o prazo, custo, durabilidade e qualidade.
7.1. Prazo
A primeira análise feita é sobre o prazo de execução dos sistemas construtivos
alternativos em relação aos tradicionais. Para isso são extraídos parâmetros de referências
bibliográficas e então faz-se a análise comparativa, chamando atenção para
particularidades das informações comparadas.
Do ponto de vista do sistema light steel framing, de acordo com Loureçon (2011),
normalmente, uma casa de alvenaria convencional leva o dobro do tempo para ser
construída do que uma em steel frame, com a mesma área construída.
80
Já Pedroso et al. (2014) afirma que a velocidade de execução de uma unidade
habitacional ou comercial, pode ser consideravelmente reduzida, podendo chegar a 1/3
do tempo se comparado aos métodos tradicionais de execução, tendo como parâmetro,
uma construção de 100m².
Farias (2013) realiza em seu trabalho um estudo de caso de dois empreendimentos,
sendo um composto por duas casas populares geminadas com uma área edificada de 116,20
m² em steel framing e outro composto por duas casas não geminadas populares com uma área
total edificada de 109 m². O autor prevê para o LST um prazo de execução de 2 meses,
enquanto para o sistema convencional é previsto um prazo de execução de 4 meses, o que
indica que o empreendimento em LST será concluído na metade do tempo que o
empreendimento executado com sistema convencional.
Sobre o wood frame, de acordo com publicação da Câmara Brasileira da Indústria
da Construção (CBIC, 2016), ao contrário do sistema convencional em que os materiais
de construção ficam expostos aos dias de chuva nos canteiros, a fabricação das paredes
com estrutura de madeira, é feita em um ambiente totalmente controlado, com absoluto
domínio do sistema construtivo. Por isso, e com profissionais altamente qualificados, é
possível executar a obra em um terço do tempo de uma convencional.
O sistema construtivo de alvenaria convencional para construir uma casa térrea de
33m², com uma equipe de 5 pessoas, leva em torno de 4 a 6 meses sem considerar
imprevistos. E para a construção de uma casa nos mesmos padrões, pelo sistema Light
Wood Frame, com uma equipe de 5 pessoas, demora 30 dias para ficar pronta, sem
considerar imprevistos (Silva et al., 2016). Com base nos dados dos autores, chega-se a
uma relação de 1/4 a 1/6 do prazo de construção do sistema wood frame em relação ao
sistema convencional.
Já de acordo com o manual da construção industrializada (ABDI, 2015), uma
fábrica de wood frame instalada em 2012 no município de Pelotas (RS) pela empresa
Homag-Weinmann em parceria com a construtora Roberto Ferreira, planejada para a
produção do Residencial Haragano (270 sobrados de 47 m² e 10 casas térreas com
previsão de acessibilidade e preparadas para receber deficientes visuais), a produção das
81
casas foi realizada em um prazo até seis vezes menor em relação à construção
convencional.
De acordo com Góes (2013) em seu estudo de caso em empreendimento de
habitação popular da construtora Odebrecht, realizado em São João de Meriti, RJ, com
48 torres, 20 unidades habitacionais (UH) por torre, totalizando 960 UH. Para 40 UH o
tempo de execução em parede de concreto é de aproximadamente 1,2 meses, contra 1,8
meses para a mesma construção em alvenaria estrutural, ou seja, a obra executada em
parede de concreto seria executada em 2/3 do tempo que em alvenaria estrutural.
Segundo Ferreira (2013), com o intuito de reduzir a dependência de mão de obra,
a construtora Passos após fazer um levantamento de custo, decidiu trocar o sistema
convencional de alvenaria estrutural e laje treliçada pelo sistema de paredes de concreto
de seu empreendimento do MCMV na cidade de Betim (MG), isso porque segundo
levantamento da empresa, a obra em parede de concreto seria concluída em 15 meses, em
comparação com os 19 meses que seriam gastos para a obra em alvenaria estrutural.
Ressalta-se que a relação de prazo de 15/19 é definida com base na equipe e quantidade
de formas adotada pela empresa que não foram informadas, portanto a relação fica sob
uma imprecisão maior.
Já no caso da construtora Bairro Novo, braço da Odebrecht Realizações
Imobiliárias, de acordo com publicação da revista PINI (2010), em obra residencial em
Fortaleza de 2.846 unidades enquadradas no programa MCMV composta por casas
térreas e prédios de até 4 pavimentos, foi estimado que para uma equipe de 20 homens
levaria 4 dias para construir um módulo composto por duas casas de 3 quartos utilizando
alvenaria convencional de cerâmica, enquanto que uma equipe também de 20 homens
levaria 1 dia para construir um mesmo módulo, porém um segundo dia utilizado para
estucagem (correção de falhas e emendas no concreto).
Com base nas informações e ponderações à cerca das relações de prazo entre os
sistemas construtivos tradicionais e sistemas construtivos alternativos, construiu-se a
Tabela 5. O sistema tradicional sempre recebe o valor referencial 100% para o prazo de
execução, sendo assim a célula comparada do sistema alternativo recebe a cor verde
82
quando menor que 100%, indicando que o sistema tem um prazo de execução menor e
vermelho caso quando maior que 100%, indicando que o sistema alternativo tem prazo
de execução maior que o tradicional. Nas fontes bibliográficas onde é citado “alvenaria
convencional” considerou-se como sendo o sistema construtivo convencional de estrutura
de concreto armado e alvenaria de vedação.
Tabela 5: Comparativo de prazo de execução entre sistemas tradicionais e alternativos.
Fonte: O Autor.
7.2. Custo
Farias (2013), estima em seu orçamento para os dois empreendimentos (descrição
no item 7.1) de seu estudo de caso, que o custo total de construção das casas em LSF é
40% maior que o das casas em construção convencional. Pode-se ter, então, os valores
comparativos de: R$702,00/m² para construção em LSF, e R$533,00/m² para a construção
pelo método convencional. Isto representa uma diferença de aproximadamente 30% no
preço do metro quadrado.
O steel frame tem a fama de ser um sistema caro. O preço do metro quadrado deste
tipo de construção varia de 1 mil a 5 mil reais (projetos de casas de luxo), enquanto o
valor médio do metro quadrado construído em alvenaria, segundo o Custo Unitário
Básico da Construção Civil (CUB) de julho de 2011 é de 951,83 reais. Mas, para os
especialistas, o steel frame oferece melhor custo-benefício (LOUREÇON, 2011). Em
termos de porcentagem o LSF varia de 5% a 425% mais caro que o sistema convencional,
porém vale ressaltar que a autora cita que o extremo se trata mais de projetos de casa de
83
luxo, sendo assim, esse valor deveria ser comparado com o CUB de alto padrão, porém o
foco da pesquisa não é alto padrão.
Alves (2015), realizou um estudo de caso na cidade Uberlândia (MG), construído
utilizando o sistema convencional de alvenaria de vedação e estrutura de concreto armado
moldada in loco. O empreendimento é um condomínio fechado composto por 86
residências, a autora escolheu para análise uma habitação de 79,88m². O sistema wood
frame foi estimado com um custo 7,44% mais barato que o sistema de alvenaria, enquanto
o sistema steel framing obteve um custo 1,8% menos do que o construído em alvenaria.
Segundo Euclesio Finatti, vice-presidente de Área Técnica do Sinduscon-PR e
coordenador da Comissão de Estudos de Sistemas Construtivos Wood Frame da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) em declaração à publicação da CBIC
(2016), o custo da construção é igual ou menor que o método tradicional, mas a previsão
é de que no futuro seja ainda menor, porque numa fábrica há mais controle sobre o
processo.
Silva et al. (2016), realizaram um estudo utilizando os sistemas light wood frame
e alvenaria utilizando uma planta padrão da COHAB (Companhia Metropolitana de
Habitação) do Paraná, onde a casa possui: 2 (dois) quartos, 1 (uma) sala, 1 (um) banheiro,
1 (uma) cozinha, 1 (uma) área de serviço, perfazendo um total de 33 m². O sistema
construtivo Light Wood Frame apresentou o menor valor em relação ao sistema construtivo
tradicional de alvenaria, com uma diferença de R$ 41, 89 por metro quadrado, o equivalente
mais barato, o que corresponde a uma taxa de aproximadamente 5% mais barato do que o
sistema de alvenaria.
Em publicação da CBIC (2012) sobre o empreendimento residencial Haragano em
Pelotas (RS) composto por 270 sobrados de 47 m² e 10 casas térreas, no contexto da
viabilidade econômica e financeira, os resultados foram extremamente positivos,
observou-se uma redução do custo da unidade habitacional de 15,3% em comparação a
tecnologia de alvenaria estrutural.
De acordo com Goés (2013), em seu estudo de caso citado no item 7.1, quando se
avalia o custo por unidade habitacional (UH) levando em conta a construção de 40 UH,
84
o sistema de parede de concreto tem um custo maior que a UH construída em alvenaria
estrutural, porém quando se faz uma estimativa para todas as 960 UH do empreendimento
o custo da construção em parede de concreto moldada in loco passa a ser 30% menor que
o custo de todo o empreendimento em alvenaria estrutural. Isso acontece pela reutilização
das formas de alumínio utilizadas no sistema de parede de concreto.
Ferreira (2013) afirma que na construção do empreendimento citado no item 7.1,
com as paredes de concreto, a empresa gastará quase R$ 18 mil para construir cada
apartamento. Ao todo, são 34 blocos com quatro andares cada, sendo quatro unidades por
pavimento, totalizando 544 imóveis. Esse sistema ficou aproximadamente R$ 2 mil mais
caro em relação à alvenaria, pois a construtora optou pela aquisição das fôrmas de
alumínio em vez da locação. Porém, a construtora alega que as formas compradas seriam
utilizadas novamente em outras obras, o que justifica um valor maior para o caso dessa
obra, sendo assim o custo do sistema de parede de concreto é 12,5% maior do que o
sistema de alvenaria estrutural.
Oliveira e Costa (2011) realizaram estudo de caso do empreendimento residencial
Portal das Rosas em Osasco (SP), que faz parte do programa MCMV e conta com sete
torres com cinco pavimentos, cada pavimento com 4 unidades, totalizando 140 unidades,
com áreas que variam entre 40 e 94 m². O autor estimou um custo da construção das
paredes e lajes do sistema de alvenaria estrutural 10% mais baixo que o sistema de parede
de concreto. Ressalta-se que o custo total de aquisição das formas foi aplicado nesta obra,
para uma utilização em maior escala das formas, o custo tenderia a cair.
Utilizando as amostras do levantamento bibliográfico foi elaborada a Tabela 6
que relaciona o custo dos sistemas tradicionais com os custos dos sistemas construtivos
alternativos. O referencial foi adotado como padrão o sistema tradicional, e para as
variações de custo dos sistemas alternativos utilizou-se a cor verde quando o custo é
menor e vermelho quando o custo é maior do que o custo do sistema tradicional.
85
Tabela 6: Comparativo de custo entre os sistemas tradicionais e os sistemas alternativos.
Fonte: O Autor
7.3. Durabilidade
Vasques e Pizzo (2014) afirmam que o sistema convencional de alvenaria possui
durabilidade superior a qualquer outro material. Entende-se a durabilidade superior pode-
se aplicar tanto ao sistema convencional de alvenaria de vedação, quanto ao sistema de
alvenaria estrutural.
Segundo a CBIC (2012), o sistema light steel framing conta com uma alta
durabilidade e longevidade da estrutura, que é proporcionada pelo processo de
galvanização das chapas dos perfis, assim como dos elementos de vedação e isolação,
produzidos para atender às mais severas normas internacionais e nacionais, largamente
testados e amplamente disponíveis e difundidos no mercado brasileiro.
A durabilidade do steel frame depende da correta especificação dos materiais,
como tintas, massas de acabamento, de assentamento e rejuntes, que devem ser flexíveis
para evitar a formação de fissuras decorrentes dos diferentes coeficientes de dilatação dos
componentes do sistema e das micromovimentações da estrutura (LOUREÇON, 2011).
São necessários cuidados básicos na construção com o sistema wood frame,
realizando uma intervenção após 5 anos para verificação de possíveis danos, além de itens
comuns como lavagem, pintura, reparo de eventuais fissuras; manutenção com as
instalações de água e esgoto, para que não tenham futuros vazamentos ou muito
constantes sem reparos, pois pode ocorrer a deterioração da madeira e até mesmo
aparecimentos de fungos, danificando a chapa (BALEN et al., 2016).
86
Corrêa e Zehnder (2017) afirmam que se não aplicados os devidos cuidados, a
madeira se torna suscetível a ataques de agentes biológicos, e para que a sua durabilidade
aumente deve-se aplicar o devido tratamento, além de evitar a sua exposição excessiva
aos raios solares e a umidade.
Segundo Silva (2009), no sistema parede de concreto as questões relativas à
manutenção para cada empreendimento deve constar no manual de uso e manutenção. Os
usuários devem ser informados sobre a necessidade de manutenções periódicas. Ao longo
da vida útil de projeto pode ser realizada manutenção na estrutura de concreto armado,
principalmente quanto à proteção contra corrosão de armaduras.
Não foram encontrados estudos do ciclo de vida das tecnologias que permitissem
demonstrar indicadores comparativos mensuráveis. Contudo, analisando as informações,
estima-se que os sistemas tradicionais possuem a maior durabilidade, em intermediário
ficam os sistemas light steel framing e parede de concreto e com a menor durabilidade ou
que requer mais cuidados com a manutenção o sistema light wood frame.
7.4. Qualidade
Crasto (2005) afirma sobre o sistema steel framing, que o aço é um material de
comprovada resistência e o alto controle de qualidade tanto na produção da matéria-prima
quanto de seus produtos, permite maior precisão dimensional e melhor desempenho da
estrutura.
Crasto (2005) também diz que é fundamental que o projeto seja pensado em
conformidade com todos os seus condicionantes, pois sistemas industrializados são
incompatíveis com improvisações no canteiro de obras, e a reparação dos erros pode
acarretar em prejuízos tanto financeiros como de qualidade do produto final.
A geração de resíduos em obras de steel frame é mínima, sendo que as sobras,
normalmente restos de perfis, parafusos e gesso acartonado, podem ser reciclados. Além
disso, o cimento empregado na obra é unicamente destinado para a concretagem do radier.
87
"O light steel frame é uma construção inteligente, limpa e eficaz. Usa uma tecnologia
totalmente industrializada e o controle de qualidade é feito na fábrica, e não no canteiro
de obras, o que garante elevado desempenho", defende o arquiteto Siegbert Zanettini
(Lourençon, 2011).
Namakura (2009) afirma que o light wood frame é uma alternativa para a
construção industrializada que tem buscado romper com o desconhecimento e mostrar
que é possível erguer edificações de qualidade, de forma veloz e sem desperdício.
Segundo Souza (2012), o sistema light wood framing trata-se de uma construção
de casas de madeira de alta tecnologia, qualidade, velocidade, flexibilidade, conforto
térmico e acústico e com preço competitivo.
Cichinelli (2014) afirma referindo-se ao sistema de parede de concreto, que além
da qualidade do concreto, a existência de um projeto de fôrmas bem detalhado também é
chave para viabilizar o sistema de paredes de concreto e sua qualidade de entrega. O autor
afirma ainda que dentre as patologias mais comuns envolvendo o sistema estão a
ocorrência de pequenas fissuras devido à retração. Por isso, além do cuidado na
composição do traço, a cura química nas paredes e lajes deve ser feita de forma rigorosa.
Massuda e Misurelli (2009) afirmam que a escolha da tipologia adequada e o
desenvolvimento e detalhamento do projeto de fôrmas são extremamente importantes
para a viabilidade do sistema de paredes de concreto e para a qualidade da entrega.
Não foram encontrados estudos com indicadores quantitativos a respeito da
qualidade dos sistemas construtivos, contudo conclui-se que o steel framing e o wood
framing são sistemas industrializados com baixos índices de desperdício e com alto
controle de qualidade dos materiais e a baixa necessidade de atividade artesanal, o que
garante aos sistemas uma construção com bom nível de qualidade. Do ponto de vista do
sistema de parede de concreto, apesar do sistema ser um sistema de caráter
industrializado, a qualidade está associada ao controle do concreto e ao projeto de fôrmas,
já que a concretagem é e montagem das fôrmas é realizada na obra. Porém o sistema tende
a apresentar uma qualidade construtiva maior que o sistema convencional que tem caráter
bem mais artesanal, maior nível de retrabalho e desperdício.
88
7.5. Dados Gerais
Com as informações obtidas elaborou-se a Tabela 7, composta pelos 4
indicadores que foram comparados entre os sistemas tradicionais e os sistemas
construtivos alternativos.
A tabela foi elaborada classificando os parâmetros em 3 faixas (1 a 3), sendo 3 o
valor mais positivo para o parâmetro comparado, 2 o intermediário e 1 o mais
desfavorável. Ressalta-se que a classificação foi feita com base nas informações do
levantamento bibliográfico deste trabalho e possui limitações, já que os dados não são
homogêneos e de diferentes fontes. Os parâmetros analisados podem variar muito
dependendo de cada caso, como por exemplo, o porte e a complexidade do
empreendimento, localização, experiência com o sistema construtivo, etc.
O prazo pode variar bastante conforme as ações adotadas em cada
empreendimento, como por exemplo o uso de equipamentos ou a experiência da mão de
obra. A escala da obra também pode interferir no prazo de um sistema em relação ao
outro.
Ressalta-se alguns pontos pertinentes considerados, no caso do custo atribuiu-se
o valor intermediário 2 para todos os sistemas construtivos, exceto o steel framing que foi
apresentado como substancialmente mais caro. Os outros sistemas apresentam custo
bastante variáveis dependendo das características do empreendimento, como por exemplo
no caso de parede de concreto que a escala e a aquisição das formas faz uma enorme
diferença. Ressalta-se também a questão dos custos indiretos que não foram considerados,
que por exemplo com um prazo de execução menor possa compensar um custo direto
maior.
Do ponto de vista dos indicadores de durabilidade e qualidade não foram
encontrados dados quantitativos e foram classificados com base nas informações
levantada. No caso da durabilidade, todos os sistemas podem ter sua durabilidade
aumentada conforme nível de manutenção, porém os sistemas de alvenaria apresentam
elevada durabilidade com baixa necessidade de manutenção, por exemplo, ao contrário
do sistema wood framing que requer mais atenção com a manutenção.
89
No que diz respeito a qualidade, os sistemas tradicionais tiveram uma avaliação
menor por apresentarem caráter artesanal, com possibilidade alta variabilidade e níveis
de desperdício e retrabalho maior, o sistema de parede de concreto foi considerado
intermediário por apresentar a moldagem no local e por requerer atenção com as formas
e a concretagem e os sistemas steel framing e wood framing receberam a maior
classificação por serem sistemas mais industrializados, com caráter de montagem e baixos
índices de perdas e retrabalho.
Tabela 7: Comparativo geral dos indicadores para otimizar a construção de habitações
entre os sistemas construtivos tradicionais e alternativos. Fonte: O Autor.
90
8. Considerações Finais
O presente trabalho analisou características de habitações populares e sistemas
construtivos alternativos com o intuito de concluir quais destes sistemas podem ser usados
para otimizar a construção de habitações populares.
Pode-se observar de acordo com o banco de dados que ambos os sistemas
construtivos analisados apresentaram prazo de construção abaixo dos sistemas
tradicionais, sendo o que o wood framing apresentou o menor prazo, seguido pelo steel
framing e depois parede de concreto moldada in loco. Mas ressalta-se que o método
construtivo wood framing é muito semelhante ao steel framing, a diferença de prazo
atribui-se as singularidades e estimativas de cada referência bibliográfica.
No que se refere ao custo, o sistema com menor custo comparativo se deu pelo
light wood framing, o que é um resultado plausível, já que o material madeira é mais
barato que o aço, e acredita-se ser o determinante já que o processo construtivo e a mão
de obra são similares.
O light steel framing apresentou uma referência pouco abaixo do custo do sistema
convencional e outras duas mais caras, inclusive com uma grande faixa de variação, esse
resultado tende a convergir para o esperado e inclusive citado em referência que o sistema
seria um pouco mais caro que o convencional.
Para o caso do sistema parede de concreto houve redução no custo de uma amostra
e um custo maior em outras duas, porém o resultado é esperado, já que nessas duas
amostras eram exemplos de obras com menor uma quantidade de unidades habitacionais
e tiveram o custo total de aquisição das formas inseridos na conta.
Em termos de durabilidade, sem grandes necessidades de tratamento, os sistemas
tradicionais em alvenaria possuem uma durabilidade maior com uma menor necessidade
de manutenção. O sistema light wood framing é o que demonstra maior fragilidade nesse
aspecto, já que a madeira tem uma deterioração maior que os outros materiais e requer
mais tratamento contra fatores agressivos que possam comprometer o seu desempenho.
91
Por fim, pode-se observar que ambos os três sistemas construtivos têm potencial
para a otimização frente aos sistemas construtivos tradicionais, porém com ressalvas. Os
sistemas tradicionais contam boas propriedades de desempenho sem necessidade de
muito tratamento e manutenção, o que é um fator relevante se considerado sob o aspecto
de habitações populares. Também são sistemas que tem normalização e utilização bem
trabalhada no país. Porém são de caráter artesanal, com baixa produtividade, alto
consumo de mão de obra e índices de perdas de materiais mais elevados.
A favor dos sistemas alternativos, a parede de concreto que já é amplamente
utilizada nesse tipo de obra, em condições de escala tem uma boa vantagem de
produtividade e redução de custo, além de atender bem o aspecto da durabilidade se bem
executado. Os maiores contra são a necessidade de grande escala pra ser viável e a
inflexibilidade dos projetos, sendo necessário uma alta taxa de repetição.
O sistema light steel framing é durável, tem uma ótima produtividade, é um
sistema industrializado e racionalizado, com poucas perdas de material, porém ainda tem
um custo mais elevado e requer certo nível de manutenção. Também não é um sistema
muito disseminado no país e não conta com muita experiência de utilização e
normalização no país.
O wood framing tem potencial de ser competitivo em termos de custos diretos,
além de assim como o light steel framing ter grande competitividade no que diz respeito
a execução industrializada e com poucas perdas, porém é um sistema mais frágil que
requer uma manutenção mais cuidadosa, o que não é tão compatível com o a questão das
habitações populares.
Por fim, ressalta-se que a utilização de cada sistema construtivo depende de cada
caso, levando-se em consideração suas vantagens e desvantagens estudadas e as
características e necessidades dos projetos. Sendo assim de forma geral, recomenda-se a
realização de estudo de viabilidade comparativo entre as tecnologias disponíveis e os
objetivos do empreendimento, considerando os aspectos de qualidade, custo, prazo e
durabilidade.
92
Recomenda-se para trabalhos futuros:
a) Aprofundamento individualizado de cada sistema construtivo como habitação
popular, fazendo um estudo de campo analisando a aceitação dos usuários e o
atendimento as suas necessidades.
b) Estudo das patologias, falhas e necessidade de manutenção em habitações
populares com sistemas alternativos.
c) Compatibilização dos projetos de habitações populares com as necessidades e
perfis das famílias.
93
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