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Implementação da norma técnica ISO/TS 16949 no setor automotivo.
Herlon de Faveri Linemburg
Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC
herlonlinemburg@hotmail.com
Resumo – Tendo em vista a proposta de estudar a implementação da especificação técnica ISO/TS
16949 no setor automotivo, visa-se com este trabalho analisar aspectos tanto técnicos como
históricos desta especificação, assim como quais são as instituições possíveis de se certificar e as
vantagens para as empresas certificadas. Contribuindo assim com o entendimento desta
especificação técnica de vital importância para a área automotiva.
1- INTRODUÇÃO
Cada vez mais empresas fabricantes de automóveis tendem a buscar máxima qualidade de
seus produtos a um preço acessível, pois isso, em conjunto com outros fatores, contribui para o
sucesso da empresa. Para estas empresas a escolha dos fornecedores de matéria prima, peças pré-
processadas ou de reposição necessita de muito estudo e cautela, isso para se certificar de que os
itens que a empresa está adquirindo sejam de qualidade adequada ao nível de excelência requerido
para produto final. Devido à expansão deste mercado no cenário global, as normas que
regulamentavam esta negociação entre fornecedor e fabricante eram diferentes entre as diversas
regiões do globo, dificultando tanto a consolidação de parcerias, como o melhoramento da qualidade
dos produtos deste setor.
2- DESENVOLVIMENTO
2.1 – O QUE É?
Na década de noventa haviam muitos problemas relacionados à certificação de fornecedores
do setor automotivo, pois uma grande variedade de países possuía cada um, sua norma específica
para gerenciamento do sistema de qualidade. Para amenizar este problema e evitar múltiplas
auditorias de certificação com uma abordagem mais comum, no ano de 1999 o grupo IATF
(International Automotive Task Force – Força Tarefa Internacional Automotiva) juntamente com a
ISO desenvolveu a especificação técnica ISO/TS 16949 (primeira publicação), a qual alinhava e
substituía as normas existentes de gerenciamento dos sistemas de qualidade americano (QS-9000),
alemão (VDA 6.1), francês(EAQF), italiano (AVSQ) e ISO 9001. E em sua mais recente publicação
(revisão em 2002), baseou-se também em requisitos da norma ISO 9001:2000. Já são mais de 25 mil
certificados em 80 países.
A ISO/TS 16949 é uma especificação técnica para gerir os sistemas de qualidade, ela
especifica requisitos deste sistema para projeto/desenvolvimento, produção, instalação e assistência
técnica de produtos relacionados à indústria automotiva. Ela defende a filosofia da melhora contínua,
enfatizando a prevenção de defeitos e a redução da variação e desperdício na cadeia de fornecimento
deste setor.
A indústria automotiva global requer níveis de classe mundial para a qualidade de produtos,
para atingir esta meta fabricantes de veículos requerem que seus fornecedores adotem rígidas
especificações técnicas e a ISO/TS 16949 abrange a maioria destes requisitos. Com isso, as empresas
certificadas asseguram que seu processo produtivo é confiável e está organizado do acordo com as
exigências de seus clientes.
2.2 – A QUEM SE APLICA
A especificação técnica ISO/TS 16949 pode ser implementada em todos os tipos de
companhias fornecedoras da indústria automotiva, tanto pequenos fabricantes como grandes
organizações. Porém é aplicável apenas em instalações onde existe a produção ou serviço de peças.
A empresa que se enquadrar nestes requisitos e tenha a intenção de melhorar seus procedimentos
internos, tornar-se competitiva com produtos, processos e serviços de alta qualidade deve buscar a
implementação para se certificar de acordo com esta especificação.
Com a certificação em mãos a empresa garante estar trabalhando dentro de um sistema de
gestão que atende aos requisitos internacionalmente reconhecidos para projeto e desenvolvimento,
produção, instalação e serviço relacionados ao setor automotivo.
2.3 – BENEFÍCIOS E VANTAGENS DA CERTIFICAÇÃO
Uma empresa que possui a certificação do sistema de gestão da qualidade na ISO/TS 16949
prova que se importa com a qualidade dos produtos e obediência aos requisitos específicos do
cliente. A ISO/TS 16949 desenvolve um processo de melhoria contínua que auxilia as empresas a
encontrar as áreas de seus setores onde é possível a implementação de uma melhoria, com o objetivo
de tonar seu sistema de gestão o mais eficiente possível.
Quando um fornecedor automotivo é certificado na ISO/TS 16949 ele automaticamente é
inserido em um banco de dados mundial de fornecedores do setor. Quem possui acesso a esse banco
de dados são os OEM (Original Equipment Manufacturers – Fabricantes de Equipamentos
Originais), assim eles possuem o controle sobre o status do certificado e potencial de seus
fornecedores. Geralmente a certificação na ISO/TS 16949 é mandatória na firmação de uma parceria
entre clientes e fornecedores do setor automotivo.
Dentre outros pontos positivos na adoção do sistema ISO/TS 16949 destaca-se:
Melhoria na qualidade dos processos, produtos e serviços;
Necessidade de apenas uma auditoria para fornecer às grandes empresas;
Aumento da confiança para contratos globais (valorização da marca);
Redução das variações de produção;
Melhoria na eficiência de fabricação;
Economia de tempo e custos (em longo prazo);
Transparência dos processos internos;
Prevenção de falhas ao invés de suas correções;
Satisfação de clientes e funcionários;
Realização de objetivos e metas da empresa;
2.4 – PRINCIPAIS DIFERENÇAS E REQUISITOS ADICIONAIS EM RELAÇÃO À ISO 9001
Devido ao fato de a especificação técnica ISO/TS 16949 ter sido em grande parte embasada
na norma ISO 9001, estas possuem grande semelhança. Enquanto a ISO 9001 é focada em padrões
internacionais a ISO/TS 16949 se volta mais para requisitos setoriais. E como a ISO/TS 16949 é
focada na área automotiva, foram acrescentados alguns requisitos a mais para um melhor
enquadramento no setor.
Dentre as principais diferenças de gerenciamento entre a ISO/TS 16949 e ISO 9001 pode-se
destacar:
Obrigatoriedade de um sistema de manutenção preventiva e preditiva;
Obrigatoriedade de um sistema de controle de rastreabilidade;
Obrigatoriedade de certificação para laboratórios internos ou externos pela ISO
17025;
Maior ênfase na inspeção de entrada, inspeção final, inspeção da aparência e uso de
ferramentas estatísticas;
Maior ênfase no controle de projeto de produtos;
Maior ênfase no controle de processos (programas de prototipagem, técnicas à prova
de erro, uso do FMEA e de planos de controle);
A alta direção deve indicar um Representante dos Clientes (RC) além de um
Representante da Direção (RD);
Estas diferenças são provenientes dos requisitos adicionais presentes na ISO/TS 16949 e
dentre estes requisitos pode-se citar alguns mais relevantes, como por exemplo:
5.1.1 – EFICIÊNCIA DO PROCESSO
“A Alta Direção deve analisar criticamente os processos de realização do produto e os
processos de suporte para assegurar sua eficácia e eficiência.”
5.4.1.1 – OBJETIVOS DA QUALIDADE – SUPLEMENTO
“A Alta Direção deve definir objetivos da qualidade e indicadores que devem ser
incluídos no plano de negócios e utilizados para desdobrar a política da qualidade.”
NOTA : Convém que os objetivos da qualidade abordem as expectativas do cliente. E
sejam atingíveis dentro de um período de tempo definido.
5.5.2.1 – REPRESENTANTE DO CLIENTE
“A Alta Direção deve designar pessoal com responsabilidade e autoridade para assegurar que
os requisitos do cliente são abordados. Isso inclui a seleção de características especiais,
estabelecimento de objetivos da qualidade, e treinamentos relacionados, ações corretivas e
preventivas, projeto e desenvolvimento do produto.”
5.6.2.1 – ENTRADAS PARA ANÁLISE CRÍTICA – SUPLEMENTO
“Entradas para a análise crítica pela direção devem incluir uma análise de falhas de campo
reais e potenciais e seu impacto na qualidade, segurança ou meio ambiente.”
6.2.2.3 – TREINAMENTO NO POSTO DE TRABALHO
“A organização deve fornecer treinamento nos postos de trabalho para o pessoal em qualquer
função nova ou modificada que afeta a qualidade do produto, incluindo o pessoal contratado ou
temporário. O pessoal cujo trabalho pode afetar a qualidade deve ser informado sobre as
consequências para o cliente de não-conformidades aos requisitos da qualidade.”
6.2.2.4 – MOTIVAÇÃO E ATRIBUIÇÃO DE PODER AO FUNCIONÁRIO
“A organização deve ter um processo para motivar os funcionários a atingir os objetivos da
qualidade, a realizar melhorias contínuas e a criar um ambiente para promover inovação. O processo
deve incluir a promoção da conscientização da qualidade e da tecnologia por toda a organização.”
“A organização deve ter um processo para medir a extensão na qual seu pessoal é consciente
quanto à relevância e importância de suas atividades e como elas contribuem para o atendimento dos
objetivos da qualidade.”
7.1.1 – PLANEJAMENTO DA REALIZAÇÃO DO PRODUTO - SUPLEMENTO
“Os requisitos do cliente e as referências às suas especificações técnicas devem ser incluídos
no planejamento de realização do produto como um componente do plano da qualidade.”
7.1.2 – CRITÉRIOS DE ACEITAÇÃO
“Critérios de aceitação devem ser definidos pela organização e, onde requerido, aprovados
pelo cliente. Para amostragem com dados do tipo atributos, o nível de aceitação deve ser zero
defeito.”
7.1.3 – CONFIDENCIALIDADE
“A organização deve assegurar a confidencialidade dos produtos e projetos em
desenvolvimento contratados pelo cliente, e as informações relacionadas ao produto.”
2.5 – DIFICULDADES NA IMPLEMENTAÇÃO
Ao adotar o sistema ISO/TS 16949 uma empresa se submete a enfrentar dificuldades, tanto
burocráticas durante a certificação como dificuldades de adaptação ao novo modo de gerir seu
sistema de qualidade. Investimento de capital e saber lidar com as mudanças impostas na empresa
são ações necessárias para superar as dificuldades provenientes da implantação da especificação
técnica ISO/TS 16949.
Dentre as várias dificuldades que uma empresa enfrentará durante a implantação desta
especificação técnica, pode-se citar:
Manter e melhorar o nível de qualidade de acordo com o que é exigido pelo cliente;
Difusão e entendimento da norma em todos os setores da organização;
Lidar com as mudanças culturais;
Implantar uma estrutura efetiva de um sistema de gestão;
Excesso de responsabilidade por parte dos colaboradores;
Recursos limitados, tanto financeiros como de infraestrutura;
Gasto de tempo para implantação;
3 – BIBLIOGRAFIA
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