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Tomando uma visão Anti-Essencialista sobre Tecnologia na Educação Matemática: uma nova
perspectiva
Abigail Fregni Lins (Bibi Lins)bibilins2000@yahoo.co.uk
Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática
UNICSUL
Seminário PUC - SP Março 2005
Tomando uma visão Anti-Essencialista sobre Tecnologia
como isso aconteceu ...
curso UNESP Rio Claro (Cabri) – 1995 projeto inicial - 1996 artigo de Romulo Lins (BSRLM – 1996) congresso - Steve Woolgar - 1998
Tomando uma visão Anti-Essencialista sobre Tecnologia
visão essencialista `a anti-essencialista sobre tecnologia
diferentes abordagens: determinismo tecnológicotoma uma visão essencialista radical sobre
tecnologia por tratar tecnologia como um desenvolvimento autônomo, o qual determina organizações e relações sociais e econômicas
primeiros sinais de resposta e resistência para tal abordagem
Tomando uma visão Anti-Essencialista sobre Tecnologia
abordagem social shapingsugere que a capacidade da tecnologia está ligada
às circunstâncias políticas de sua produção; argumenta que análises sociais devem levar em conta a própria tecnologia
apesar desta abordagem não tratar tecnologia como dada e não problemática, apenas os processos de desenvolvimento e implementação são tratados, não levando em conta possíveis interpretações da tecnologia por usuários
Tomando uma visão Anti-Essencialista sobre Tecnologia
abordagem actor-networktenta explicar o desenvolvimento e a estabilização
sobre formas diferentes da tecnologia tratando-a como texto cultural
apesar desta abordagem tentar transcender a distinção sobre o social e o técnico, não parece estar claro como sucede em transcender o “tecnicismo”
“pelo menos tem a virtude de pontuar a possibilidade de um entendimento sobre a máquina, a qual não depende da presença de um deus dentro dela”
Tomando uma visão Anti-Essencialista sobre Tecnologia
Um movimento anti-essencialista abordagem de Orlikowski - social shaping
notou como a própria definição sobre tecnologia gerou problemas e também a luta sobre o dualismo entre “tecnologia” e “o social”
atribuiu a tecnologia uma natureza dual: “ações humanas são possíveis e delimitadas por estruturas, mas estas estruturas são o resultado de ações prévias”
dois problemas vistos em sua abordagem:
Tomando uma visão Anti-Essencialista sobre Tecnologia
Orlikowski apenas refere “mediação” à interação com a tecnologia ao invés de processos mais gerais sobre interpretações da tecnologia
Orlikowski argumenta por uma divisão entre diferentes modos de interação humana com a tecnologia: a “design mode” e “use mode”, afirmando que “designers tem uma capacidade maior de atribuir significados à tecnologia do que usuários”
não foi dado a mesma significância (importância) para designers e usuários em sua abordagem
Tomando uma visão Anti-Essencialista sobre Tecnologia
Orlikowski conclui que a tecnologia tem um natureza dual: como realidade subjetiva e como construção social
Tecnologia como TextoWoolgar e Grint argumentam que “o que conta
como realidade subjetiva e´ela mesma uma construção social”; argumentam que “realidade subjetiva e construção social não são dois aspectos de um mesmo artefato - se fossem implicaria podermos separa-los - eles são diferentes maneiras de se dizer a mesma coisa”
Tomando uma visão Anti-Essencialista sobre Tecnologia
Woolgar e Grint alcançaram dois pontos para uma visão anti-essencialista sobre tecnologia:
tratando tecnologia como texto (e não como essência), designers como escritores e usuários como leitores deste texto
dando o mesmo status ou significância para designers e usuários
“o que uma maquina é, o que ela fará, o que seus efeitos serão, é o resultado de leituras específicas do texto ao invés de endereçar a partir da essência de uma tecnologia não mediada e auto-explicadora”
Tomando uma visão Anti-Essencialista sobre Tecnologia na
Educação Matemática
enfoque da pesquisaExcel e Cabri como textosprofessores como leitoresautor <--- texto <--- leitor
estudos de pesquisa na Ed. Mat. uma primeira leitura ... segunda leitura ...
Tomando uma visão Anti-Essencialista sobre Tecnologia na Educação Matemática: o caso do Cabri e do Excel
objetivos da pesquisa: elucidar que Cabri e Excel estavam sendo
constituídos pelos professores de matemática, isto é, os elementos de seus textos e os significados sendo produzidos pelos professores para tais elementos
investigar a que ponto um Cabri e um Excel constituído pelos professores estaria
ligado ao modo pelo qual o Cabri e Excel estavam sendo usados dentro e fora da sala de aula, isto é, o modo que os professores usavam e ensinavam com eles.
sujeitos da pesquisa
4 professores ingleses Year 9/10 - 6a. e 7a. séries trabalhando com
Cabri e Excel há mais de três anos;
Simon e Karine com relação ao Excel
Camilla e Anthony com relação ao Cabri
metodologia:estudo de caso – process tracing
entrevista 1entrevista estruturada com 8 perguntas centrais
com o objetivo de prover um perfil do professor: uso de computadores na infância, escola, universidade, trabalho, e sua visão sobre o uso de computadores na educação matemática
esta entrevista não só proveu o perfil do professor como também serviu de background para as outras entrevistas
entrevista 2
entrevista não estruturada com o objetivo de elucidar o texto do professor e investigar a que ponto o modo pela qual uma atividade desenvolvida pelo professor estaria ligado ao seu texto
entrevista conduzida em frente ao computador, feita em dois momentos: primeiro foi pedido ao professor que mostrasse, falasse e explicasse seu Cabri e Excel, e depois que mostrasse e explicasse uma atividade desenvolvida por ele/ela
sempre pedindo que o professor justificasse suas afirmações
entrevista 3
entrevista não estrutura para investigar a que ponto o modo pelo qual o professor atacou um problema dado estaria ligado ao seu texto
entrevista conduzida em frente ao computador
entrevista 4
entrevista não estruturada para investigar a que ponto as atividades disponíveis na escola a serem trabalhadas com o Cabri e Excel, sendo usadas ao não pelo professor, estariam ligadas ao Cabri e Excel do professor
longe do computador, os professores mostraram e explicaram cada atividade, justificando o porque usavam algumas e não outras
observação em sala de aula
observação não participante para investigar a que ponto coisas sendo ditas pelo professor para seus alunos sobre Cabri e Excel, o modo pelo qual o Excel e o Cabri estavam sendo apresentados aos alunos e a abordagem em sala de aula estariam ligados ao Cabri e ao Excel do professor
análise dos estudos de caso:triangulação
A = interview 1
CaseStudy
C = classroomobservation
interviews:2, 3 and 4 = B
4 níveis de análise
Primeira fase = Categoriais
Segunda fase = Comentários
Terceira fase = Discussão
estrutura dos estudos de caso:
Case Study X
1. The Profile of X
1.1 Computers in X childhood
1.2 Computers in X university life
1.3 Computers in X workplace
i. The School
ii. The Mathematics Department
iii. The role of X in the Department
1.4 The use of computers in …
Comments2. The Excel/Cabri of X
2.1 In front of a computer: describing Excel/Cabri
i. a menu bar
ii. b menu bar
iii. c menu bar
iv. …
v. …
2.2 In front of a computer: using Excel/Cabri
i. …
ii. …
Comments
3. The Excel/Cabri of X in the classroom3.1 a worksheet: lesson observed
3.2 b worksheet: lesson observed
Comments
Discussion
Firststageofanalysisis
Secondstageofanalysis
Thirdstageofanalysis
dois estudos de caso - Excel
Simon28 anosusou computador aos 8graduou em Matemática
e Computação5 anos usando Excel na
sala de aulatem um papel ativo no
dept. de Matemática
Karine33 anosusou computador aos 17graduou em Matemática
Pura e Aplicada7 anos usando Excel na
sala de aulatrabalha de modo
individual no dept.
atividades disponíveis na escola do Simon
Ordering Clothes - bom para trabalhar tentativa e erro
Setting up disco cost spreadsheet - bom para abordar o uso do fill down
Making a Difference - bom para a introdução do uso de fórmulas
Pig Sty - bom para trabalhar tentativa e erro
Shona´s Party - manipulação algébrica e´necessária
Find the Missing x - prefere trabalha-la em sala de aula pois envolve usar equações
A Rich Aunt - boa mas envolve “pulos” para ser feita
atividades disponíveis na escola da Karine
Excel-pocket guide e Instructions for working with Excel - nunca usou; baseado em instruções
Numbers patterns using Spreadsheet - sem objetivo
Cheese Snacks - questões sobre área e volume; adaptou para as idéias serem usadas em sala de aula e aí no Excel
Max box investigation - bom para trabalhar fórmulas no Excel
A Rich Aunt - rica pensando em termos de álgebra e formulas; para analise de gráficos; para relacionar gráficos com dados
atividade desenvolvida pelo Simon
Pig Sty - com o objetivo de usar tentativa e erro; uso de números decimais (formato) e uso de fórmulas
“a idéia é o processo de tentativa e erro que eles podem estar usando...eles podem parar numa casa decimal...5.4 é muito baixo e 5.5 é muito alto mas normalmente os alunos tentam mais e podem tentar 5.45...sabendo que 5.45 esta´entre 5.4 e 5.5..então eles tem tentativa e erro para começar a descobrir como fazer por eles mesmos” (ex1.2a, 055)
atividades desenvolvidas pela Karine
What difference does it make? - com o objetivo de trabalhar tabuada no Excel; relacionar gráficos com tabelas; entender por que um gráfico é como é
Match the Excel to the Algebra - com o objetivo de relacionar uma expressão algébrica (em termos de variáveis: x, y, z, ...) com uma expressão do Excel (em termos de células: A2, B4, C8, ...); para entender a noção de uma variável como x com uma célula como A2 e vice versa
abordagem do Simon na sala de aula
A Rich Aunt: 2 aulas observadas mostrar para seus alunos, no telão, como: selecionar
e inserir colunas; escolher o gráfico xy; construir um gráfico; mudar escalas
objetivo: construir gráficosSoup Cans: 3 aulas observadas mostrar para seus alunos, no telão, como: inserir
colunas; números como formulas; uso do fill down; fazer um gráfico
objetivo: construir gráficosproblema: o uso de parênteses na fórmula de
volume
abordagem da Karine na sala de aula
What difference does it make?: 1 aula observada
tornar claro aos seus alunos a relação entre um gráfico e seus dados; que os alunos sejam capazes de ler um gráfico
Match the Excel to the Algebra: 1 aula observada
relacionar uma expressão no Excel (A2, B4, C7, ...) com uma expressão algébrica (x, y, z, ...) e vice versa
maneira do Simon de atacar o problema
A Rich Aunta fim de resolver o problema, foi importante para o
Simon: colocar as informações apropriadamente no
Excel formatar células em pounds e casa decimal adicionar labels e mudar escalas ao construir
um gráfico pensou em usar tentativa e erro ao construir o
gráfico arrumar os gráficos antes de analisa-los a fim de
dar uma resposta ao problema
maneira da Karine de atacar o problema
A Rich Aunta fim de resolver o problema, foi importante para a
Karine: pensar sobre o problema em termos de fórmulas
e seqüências de números (PA/PG) antes de entrar com os dados
entender e analisar cada esquema em termos de dinheiro e tempo
Karine construiria os gráficos se estivesse dando aula sobre isso, mas para ela bastou analisar os esquemas e escolher a melhor opção
Excel do Simon - um Excel
Elementos de seu Excel, que são para:formatação: linhas, colunas e célulasgráficos: construir gráficos, checar e imprimirformulas: fórmulas a serem copiadasorganização: dados a serem selecionados, acessadosimpressão: gráficos e folhas a serem impressas
Não elementos de seu Excel, mas úteis para outros, que são para:
trabalhar noções de álgebraproduzir relatórios
Não elementos de seu Excel, que são para:renomear/ esconder folhasser usado em e para negócios
Excel da Karine - um Excel
Elementos de seu Excel, que são para:organização: dados a serem selecionadosformulação: células e uso de célula de referencia; células
como variáveisgráficos: construir gráficos relacionando aos dadosedição: cortar e copiar coisasimpressão: trabalhos dos alunos no que é importante
Não elementos de seu Excel, mas úteis para outros propósitos, que são para:
passando dados entre Word, Excel e Internetformatando algo de maneira particular
Não elementos de seu Excel, que são para:imprimir uma folha toda; uso das opções Ferramenta e Ajuda
comentários finais
Os dois estudos de caso com relação ao Excel mostraram dois Excels diferentes, textos, onde um deles não está relacionado ao Excel discutido por alguns educadores matemáticos e pesquisadores. Por exemplo, o dito uso do Excel para o ensino e aprendizagem de noções de álgebra e o fazer analogias entre um expressão do Excel com uma expressão algébrica, é algo não relacionado ao Excel do Simon.
Embora o Simon saiba e reconheça que o Excel possa ser usado como tal (ele tem material sobre isso na escola), não é este o uso para seu Excel. Isto explica o porque do Simon não usar atividades no ambiente Excel que envolva “ser bom em equações”; ele prefere usa-las em sala de aula.
O Simon não tomou como um questão de ensino a dificuldade que alguns de seus alunos tiveram com a fórmula de volume
comentários finais
Os alunos tiveram dificuldades no uso de parênteses na fórmula. Simon disse individualmente quantos parênteses deveriam ser colocados ou retirados. Isto explica porque A Rich Aunt é uma atividade difícil para o Simon a ser usada no ambiente Excel pois envolve o uso de células de referência e fórmulas. Simon reconhece que o Excel pode ser usado para o ensino da álgebra mas não o usa como tal. Isto explica o porque dele selecionar as atividades disponíveis na escola por níveis de acordo com as dificuldades enfrentadas pelos alunos na álgebra, mas de modo a evita-las. O Excel do Simon tem a ver com apresentar coisas de maneira apresentável; e de fazer coisas de maneira mais rápida e eficiente, como gráficos. Por isso ele desenvolveu a sua atividade Pig Sty da maneira como fez, assim como Ordering Clothes. A questão de ensino para o Simon no
comentários finais
uso do Excel é mostrar o quão rápido e preciso coisas podem ser feitas e o quão apresentável elas podem ser.
O Excel da Karine é um relacionado ao Excel discutido por alguns educadores matemáticos e pesquisadores. Os elementos que eles argumentam estarem lá, no Excel, são elementos do Excel da Karine. O uso do Excel para o ensino e aprendizagem da álgebra e o fazer analogias entre uma expressão do Excel com uma expressão algébrica é algo relacionado ao Excel da Karine. O Excel da Karine tem a ver com relacionar uma expressão Excel a uma expressão algébrica; relacionar um gráfico a seus dados; e promover um pensamento algébrico e discussão analítica quando trabalhando num ambiente Excel.
Isto explica o porque da Karine desenvolver suas atividades
comentários finais
What difference does it make? e Match the Excel to the Algebra de tal maneira e usa a Rich Aunt freqüentemente nas suas aulas. Todas estas atividades são ricas para a Karine pois os alunos podem trabalhar noções de álgebra e fazer analogias com as expressões. Além disso, fazer com que os alunos sejam capazes de ler um gráfico, analisa-lo. Estas são as questões de ensino para a Karine no uso do Excel.
estes dois casos mostram o quanto o texto do professor está ligado a maneira pela qual é usado e ensinado:
o que ele diz é o que ele faz o professor não está faltando - é tudo coerente com a
leitura que ele faz do texto, significados sendo produzidos
comentários finais
produção de significados como processo, não algo estático, fixo
saber onde o professor está - seu textoapresentar um diferente texto com diferentes significados sendo produzidos para os mesmos elementos
como educadores matemáticos, eu argumento que é fundamental tornar explícito que Excel estamos falando assim como estarmos conscientes que Excel está sendo constituído pelo professor
como professor de matemática, é fundamental tornar explícito que Excel estamos falando assim como estarmos conscientes que Excel está sendo constituído pelo aluno
comentários finais
Acredito que tomando a perspectiva de tratar Excel e Cabri como textos e professores como leitores de tais textos de um ponto de vista anti-essencialista, este estudo deu espaço para entender como e porque professores estão usando Excel e Cabri como tal por elucidar qual Excel e Cabri estão sendo constituídos por eles.
A questão é a importância da consciência (awareness) do Cabri/Excel do professor a fim de entender como e porque Excel e Cabri estão sendo tomados e usados na sala de aula como tal. Por saber onde os professores estão torna-se possível para educadores matemáticos interagir com e trabalhar sobre os significados sendo produzidos pelos professores para um particular software.
comentários finais
Esta pesquisa mostra que o uso de um software para o ensino da matemática não está apenas ligado ao currículo escolar e material disponível na escola a ser usado, mas sim fortemente ligado ao que o professor vê em tal software. E isto parece ser, ao meu ver, uma consciência (awareness) importante quando se pensa em termos de Formação Inicial e Continuada de Professores.
Obrigada
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