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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA
MESTRADO EM SAÚDE COLETIVA
Qualidade de vida de funcionários de uma empresa estatal brasileira inscritos em um programa de promoção de saúde
Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
do IESC/UFRJ
MESTRANDA: Patrícia dos Santos Vigário
ORIENTADORES: Prof°. Antonio José Leal Costa
Profa. Fátima Palha de Oliveira
2
Patrícia dos Santos Vigário
Orientadores: Prof°. Antonio José leal Costa
Profa. Fátima Palha de Oliveira
Rio de Janeiro
2007
Qualidade de vida de funcionários de uma empresa estatal brasileira inscritos em um programa de promoção de saúde
Dissertação de Mestrado apresentada ao programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva (Epidemiologia e Bioestatística)
3
FOLHA DE APROVAÇÃO
Patrícia dos Santos Vigário
Aprovada em 10 de maio de 2007.
______________________________________________
(Antonio José Leal Costa, Doutor, IESC/UFRJ)
______________________________________________
(Fátima Palha de Oliveira, Doutor, EEFD/UFRJ)
______________________________________________
(Guilherme Loureiro Werneck, Doutor, IESC/UFRJ)
______________________________________________
(Marcos Fortes, Doutor, IPCFEx)
____________________________________________
(Maurício Tostes, Doutor, HUCFF/ UFRJ)
Qualidade de vida de funcionários de uma empresa estatal brasileira inscritos em um programa de promoção de saúde
Dissertação de Mestrado apresentada ao programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva (Epidemiologia e Bioestatística)
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AGRADECIMENTOS Ao professor Antonio José Leal Costa, o “Zeca”, por ter acreditado no meu potencial antes mesmo de eu ter me tornado uma mestranda. Agradeço também pelo respeito, carinho, dedicação, paciência e, principalmente, por ter contribuído para o meu crescimento profissional. À professora Fátima Palha de Oliveira. Faltam-me palavras para descrever tamanha gratidão, carinho e amor. Obrigada por tudo. Tudo mesmo. Aos professores do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (IESC/UFRJ) por tudo o que aprendi sobre saúde coletiva, sendo professora de educação física. Aos meus colegas de turma, os “Guerreiros”, com os quais dividi momentos de muita angústia e, ao mesmo tempo, inesquecíveis. Em especial, ao meu amigo Mário que com toda a paciência do mundo, tirava (ou pelo menos tentava...) todas as minhas dúvidas de estatísticas, além dos seus conselhos divertidíssimos “sobre a vida”. À Ivete, do xerox, mesmo não aceitando as minhas propostas de ler aqueles intermináveis textos para as aulas, nos finais de semana, e depois me contar a história. Ao “ma frem” Bruno Jotta, que me acompanhou durante todo o mestrado (até mesmo antes), sempre me incentivando, dizendo palavras positivas (como o nosso famoso jargão: “no final, tudo dá certo”) e sempre me consolando quando eu teimava em chorar. À minha amigãããã Camila que foi um espetáculo! Trocou de função no CPS, aprendeu a fazer avaliação funcional, me ensinou musculação, digitou os meus trabalhos feitos à mão e mostrou-se sempre “solidária” comigo. Estes gestos ficarão para sempre na minha memória. Obrigada pelo seu companheirismo e pelos momentos maravilhosos que compartilhamos juntas. À minha amiga Flávia Hossell, por também ter me ensinado musculação, pelo incentivo e por sempre me mostrar que eu era capaz (mesmo que de uma maneira muito “delicada”: brigando...). À minha amiga “Tia Mônica”, pelas trocas de horários, pelo apoio e por me ouvir pacientemente quando eu ficava angustiada. Ao Bruno Terra, que nos 45 minutos do segundo tempo se mostrou muitíssimo solidário e me ajudou de uma maneira valiosa. À toda a equipe do CPS pelo carinho e pela amizade. Aos consultores do CPS - Alexandre Mello, Rhodes Albernaz e Álvaro Barreto e ao Coordenador Ricardo Portella, que viabilizaram a flexibilidade dos meus horários de trabalho para cursar as disciplinas do curso. À todos os alunos que prontamente aceitaram em participar deste estudo: peças essenciais para a concretização deste trabalho.
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Ao meu “marido” Mauro, por ter vivenciado comigo a realização deste trabalho, pelo companheirismo, pela compreensão, por acreditar no meu potencial, por melhorar a minha auto-estima nos momentos de “desespero” dizendo sempre que tudo iria dar certo e que eu era capaz e pelos finais de semana e feriados que deixamos de viajar em função dos meus estudos (isso talvez não tenha sido tão fácil...). À minha “sogra” e amiga Lourdes pelas correções e traduções dos meus trabalhos, pelo apoio e pelos presentinhos nas minhas situações de sucesso (que eu adoro...). À todos que de alguma forma, mesmo distante, torceram por mim nesses dois anos.
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Tudo o que puder fazer, ou sonhar que pode, comece a fazer. A ousadia traz em si espírito, poder e magia.
Goethe.
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RESUMO
VIGÁRIO, Patrícia dos Santos. Qualidade de vida de funcionários de uma empresa estatal brasileira inscritos em um programa de Promoção de Saúde. Rio de Janeiro, 2007. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) – Instituto de Estudos de Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Introdução: O bem estar, a saúde e uma boa qualidade de vida (QV) são elementos essenciais para garantir melhor produtividade no ambiente de trabalho. Por isso, torna-se crescente o número de empresas que implantam programas de promoção de saúde cujo alvo principal é tornar os trabalhadores mais saudáveis física e psicologicamente. Objetivo: Investigar a satisfação com a QV de funcionários da Petrobras que participam do Centro de Promoção de Saúde (CPS). Materiais e Métodos: Desenho de Estudo: Seccional. População de Estudo: 246 funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006. Instrumentos: Avaliação da QV (variável dependente): Questionário de auto-aplicação WHOQOL-Bref. Este questionário é composto por 26 questões divididas em 4 domínios de QV: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente, além de 2 questões gerais de QV. Em cada domínio e no somatório das duas questões gerais de QV pontua-se, no máximo, 20 pontos, sendo o maior escore representativo de melhor percepção de QV. Avaliação do estresse no ambiente de trabalho (variável independente): Questionário de auto-aplicação Job Stress Scale. Este questionário é composto por 17 questões divididas em 3 dimensões: demanda, controle e apoio social, as quais determinam quatro situações específicas de trabalho: ativo, passivo, baixo desgaste e alto desgaste. Outras variáveis consideradas (variáveis independentes): Variáveis demográficas: gênero e faixa etária; variáveis relativas à composição corporal: Índice de Massa Corporal; Razão Cintura-Quadril; morbidades: presença de doenças crônicas e alterações no perfil lipídico e comportamentos relacionados à saúde: prática de atividade física no CPS e histórico de tabagismo. Processamento e análise dos dados: Procedimentos de análise exploratória de dados (medidas de tendência central e de dispersão). Comparação dos grupos após a estratificação pelas variáveis consideradas: testes Kruskal-Wallis e Mann-Whitney. Nível de significância adotado: 5%. Software SPSS for Windows 13.0. Resultados: Os resultados mostraram que os participantes do estudo apesar de possuírem como característica comum serem funcionários de uma grande empresa estatal, formam um grupo heterogêneo no que diz respeito à QV. Contudo, apesar das diferenças observadas de acordo com as variáveis independentes consideradas, o grupo, de uma maneira geral, apresenta-se satisfeito com a QV considerando o espectro de variação dos escores dos domínios avaliados pelo WHOQOL-Bref. As maiores desigualdades observadas foram àquelas relacionadas ao gênero, onde os homens apresentaram maiores níveis de satisfação nos domínios de QV avaliados, àquelas relacionadas à composição corporal, onde foi observada uma relação inversa entre o acúmulo de gordura e os domínios de QV e àquelas relacionadas ao apoio social recebido no ambiente de trabalho o qual parece exercer um papel mais importante na determinação da QV, do que propriamente as situações específicas de trabalho.Conclusão: Os nossos resultados apontam para a necessidade de realização de novas pesquisas sobre o tema não somente no Brasil, sobretudo de natureza longitudinal e a formulação de novas hipóteses para melhor compreender a relação entre a QV e seus determinantes e a efetividade de programas de promoção de saúde na melhoria do bem-estar, da produtividade e da QV dos indivíduos. Palavras – Chaves: Qualidade de Vida, Promoção de Saúde e Atividade Física.
9
ABSTRACT
VIGÁRIO, Patrícia dos Santos. Quality of life of employees of a Brazilian company enrolled in a health promotion center. Rio de Janeiro, 2007. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) – Instituto de Estudos de Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Introduction: The wellness, health and a good quality of life (QL) are fundamental elements to garantee a better productivity in the work environment. So, nowadays, it is vey commom to observe the amout of companies that introduce health promotion programs whose principal goal is to enhance mental and physical health of their employees. Objective: To evaluate QL of Petrobras’ workers that are enrolled in Health Promotion Center (HPC). Methods: Study design: a cross seccional analysis. Participants: 246 Petrobras’workers enrolled in HPC and evaluated in may and june, 2006. Instruments: QL evaluation (dependent variables): WHOQOL-Bref questionnaire (self-administrated). This instrument is composed of 26 questions divided into four domais: physical, psychological, social relationship and environment, besides two general questions of QL. In each domain the maximum score permited is 20 points what represent the better perception of QL. Job stress evaluation (independent variable): Job Stress Scale questionnaire (self-administrated). This instrument is composed of 17 questions divided into three dimensions: demand, control and social support and their combination may determine four specific work situations: low strain, active, passive and high strain work. Other independent variables: demographic variables: gender and age ; body composition variable: Body Mass Index and waist-to-hip ratio; morbity; chronic diseases; lipidic changings and behaviours related to health: physical activity in HCP and smoking. Analysis: Descriptive statistics (mean, standard-deviation maximun and minimum values). The Kruskal-Wallis and Mann-Whitney tests were utilized for the comparison among the subgroups, according to considered variables. Level of significance adopted was 0,05. The statistical analysis was carried out in the software SPSS 13.0. Results and Conclusions: Although participants may have the common characteristic of being workers of a great company, they form a heterogeneous group as for QL perception. Despite the differences between them observed according to independent variables considered, the group in general is satisfied with its QL, considering the variation of the WHOQOL-Bref domains scores. The greatest inequalities observed were those related to gender, when men presented higher levels of satisfaction in all QL domains evaluated, those related to body composition, when it was observed a positive association of obesity and poor QL perception and those related to social support at work environment, that seems to exerts a key position in determining QL, more than the four specific work situations proposed by Karasek. Our results point to the necessity of new researchs about this subject, above all through a longitudinal nature and the formulation of new hypothesis to better comprehend the relationship between QL and its determinants and the effectiveness of health promotion programs for enhancing wellness, productivity and QL. Key – Words: Quality of Life, Health Promotion and Physical Activity
10
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Modelo Demanda – Controle 29 FIGURA 2 – Populações consideradas no estudo 35
11
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Classificação de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares através da Razão Cintura Quadril, segundo faixa etária e gênero 39
TABELA 2 – Classificação Internacional de baixo peso, sobrepeso e obesidade em adultos de
acordo com o Índice de Massa Corporal (IMC), segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) 40
TABELA 3 – Distribuição de características demográficas, dislipidemia, presença de doenças
crônicas, comportamentos relacionados à saúde e composição corporal dos funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006 - População de Estudo 47
TABELA 4 – Distribuição de características demográficas, dislipidemia, presença de doenças
crônicas, comportamentos relacionados à saúde e composição corporal dos funcionários da Petrobras inscritos no CPS entre março de 2004 e junho de 2006 - População Alvo 48
TABELA 5 – Média, desvio padrão e valores mínimo e máximo de características gerais dos
funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006 - População de Estudo 49
TABELA 6 – Média, desvio padrão e valores mínimo e máximo de características gerais dos
funcionários da Petrobras inscritos no CPS entre março de 2004 e junho de 2006 - População Alvo 49
TABELA 7 – Distribuição do tipo de trabalho e do apoio recebido no ambiente de trabalho
segundo o Modelo Demanda – Controle dos funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006 - População de Estudo 50
TABELA 8 – Coeficientes Alfa de Cronbach por domínios de QV do questionário WHOQOL-
Bref aplicado junto aos funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006 - População de Estudo 51
TABELA 9 – Coeficientes Alfa de Cronbach por dimensões do questionário JSS aplicado junto
aos funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006 - População de Estudo 51
TABELA 10 – Escores médios (± desvio-padrão) do WHOQOL-Bref segundo características
demográficas dos funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006 - População de Estudo 54
12
TABELA 11 – Escores médios (± desvio-padrão) do WHOQOL-Bref segundo presença de morbidades e hábitos relacionados à saúde dos funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006 - População de Estudo 57
TABELA 12 – Escores médios (± desvio-padrão) do WHOQOL-Bref segundo composição
corporal dos funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006 - População de Estudo 58
TABELA 13 – Escores médios (± desvio-padrão) do WHOQOL-Bref segundo tipo de trabalho
dos funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006 - População de Estudo 60
TABELA 14 – Escores médios (± desvio-padrão) do WHOQOL-Bref segundo apoio social
recebido no ambiente de trabalho dos funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006 - População de Estudo 62
TABELA 15 – Coeficientes Alfa de Cronbach pela retirada de cada questão do questionário
WHOQOL-Bref dos funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006 - População de Estudo 95
TABELA 16 – Coeficientes Alfa de Cronbach pela retirada de cada questão questionário JSS
dos funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006 - População de Estudo 96
13
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 – Escores médios (± desvio-padrão) dos domínios do WHOQOL-Bref dos
funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006 - População de Estudo 53
GRÁFICO 2 – Distribuição dos escores do domínio físico, segundo gênero, dos funcionários
da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006 - População de Estudo 54
GRÁFICO 3 – Distribuição dos escores do domínio psicológico, segundo gênero, dos
funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006 - População de Estudo 54
GRÁFICO 4 – Distribuição dos escores do domínio relações sociais, segundo gênero, dos
funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006 - População de Estudo 55
GRÁFICO 5 – Distribuição dos escores do domínio meio ambiente, segundo gênero, dos
funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006 - População de Estudo 55
GRÁFICO 6 – Distribuição dos escores das questões gerais de QV, segundo gênero, dos
funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006 - População de Estudo 55
GRÁFICO 7 – Distribuição dos escores do domínio físico, segundo IMC, dos funcionários da
Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006 - População de Estudo 58
GRÁFICO 8 – Distribuição dos escores do domínio psicológico, segundo IMC, dos
funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006 - População de Estudo 58
GRÁFICO 9 – Distribuição dos escores do domínio relações sociais, segundo IMC, dos
funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006 - População de Estudo 59
GRÁFICO 10 – Distribuição dos escores do domínio meio ambiente, segundo IMC, dos
funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006 - População de Estudo 59
GRÁFICO 11 – Distribuição dos escores das questões gerais de QV, segundo IMC, dos
funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006 - População de Estudo 59
14
GRÁFICO 12 – Distribuição dos escores do domínio físico, segundo tipo de trabalho, dos funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006 - População de Estudo 61
GRÁFICO 13 – Distribuição dos escores do domínio psicológico, segundo tipo de trabalho,
dos funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006 - População de Estudo 61
GRÁFICO 14 – Distribuição dos escores do domínio psicológico, segundo tipo de trabalho,
dos funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006 - População de Estudo 61
GRÁFICO 15 – Distribuição dos escores do domínio meio ambiente, segundo tipo de trabalho,
dos funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006 - População de Estudo 61
GRÁFICO 16 – Distribuição dos escores das questões gerais de QV, segundo tipo de trabalho,
dos funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006 - População de Estudo 62
16
LISTA DE SIGLAS
CPS – Centro de Promoção de Saúde
IMC – Índice de Massa Corporal
JSS – Job Stress Scale
OMS – Organização Mundial de Saúde
QV – Qualidade de Vida
QVRS – Qualidade de Vida Relacionada à Saúde
RCQ – Razão Cintura – Quadril
WHOQOL-Bref – World Health Organization Quality of Life Questionnaire (Short Form-26)
WHOQOL-100 – World Health Organization Quality of Life Questionnaire (100-item)
17
SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 18
1.1 Qualidade de Vida 18 1.2 Avaliação da Qualidade de Vida 20
1.3 Determinantes da Qualidade de Vida 24 1.4 Promoção de Saúde no Ambiente de Trabalho 25 1.5 O Estresse no Ambiente de Trabalho 27 1.6 O Centro de Promoção de Saúde da Petrobras 30 1.7 Justificativa 31
2 OBJETIVOS 33
2.1 Objetivo Geral 33 2.2 Objetivos Específicos 33
3 MATERIAIS E MÉTODOS 34
3.1 Populações e Delineamento do Estudo 34 3.2 Variáveis consideradas no estudo 36 3.2.1 Variável de Desfecho (Variável Dependente): Qualidade de Vida 36 3.2.2 Variáveis Explicativas (Variáveis Independentes) 37
a) Variáveis Demográficas 37 b) Variáveis Relativas à Composição Corporal 38 c) Morbidades 39 d) Comportamentos Relacionados à Saúde 41 e) Estresse no Ambiente de Trabalho 42
3.3 Processamento e Análise dos Dados 43 3.4 Aspectos Éticos 45 4 RESULTADOS 46
5 DISCUSSÃO 63
6 CONCLUSÃO 77
REFERÊNCIAS 79
ANEXOS 87
Anexo 1 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 87 Anexo 2 - Questionário WHOQOL-Bref 88 Anexo 3 - Questionário Job Stress Scale (JSS) 91 Anexo 4 - Pontuação dos domínios avaliados pelo WHOQOL-Bref 93 Anexo 5 - Coeficiente Alfa de Cronbach por questões do WHOQOL-Bref 94 Anexo 6 - Coeficiente Alfa de Cronbach por questões do JSS 95 Anexo 7 - Produções Científicas 96
18
1 INTRODUÇÃO
1.1 Qualidade de Vida
A Organização Mundial da Saúde (OMS), na sua constituição de 1948, definiu saúde
como sendo um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente a ausência de
doença ou enfermidade (NUTBEAM, 1998b). Entretanto, apesar desse conceito trazer a noção de
qualidade de vida (QV) e de ser amplamente divulgado na literatura, os estudos na área da saúde
se concentraram, durante muitos anos, na investigação das doenças através da utilização de
medidas de morbidade e mortalidade (ORLEY; SAXENA; HERRMAN, 1998). Dessa forma,
evidencia-se um certo distanciamento entre os estudos da área da saúde e o conceito de saúde.
Nas últimas décadas, no entanto, observou-se uma maior motivação entre profissionais
das diferentes áreas relacionadas à saúde em investigar domínios e relações até então pouco
explorados, que pudessem interferir no cotidiano, no bem-estar e nas percepções de saúde e de
qualidade de vida dos indivíduos.
Diante disso, a expressão “Qualidade de Vida” começou a se tornar cada vez mais
freqüente na área da saúde, fato este confirmado pelo grande volume de estudos sobre o tema.
Em uma consulta ao sistema de artigos científicos da área biomédica (MEDLINE/ PUBMED),
utilizando como critério de busca a presença, no título, do termo “Quality of Life” , foram
encontrados 916 estudos na década de 80, 5.509 estudos na década de 90 e, do início do ano 2000
até o dia 31 de dezembro de 2006, já haviam sido publicados 11.562 estudos.
A valorização da avaliação da QV deu-se em diversas áreas de conhecimento da saúde.
Em ensaios clínicos randomizados, por exemplo, foi inserida no conjunto de fatores a serem
avaliados, além da eficácia, segurança, eficiência e relação custo-efetividade (SEIDL; ZANNON,
19
2004). Na oncologia, a avaliação da QV se fez necessária a fim de se avaliar as condições de vida
dos pacientes que tinham a sobrevida aumentada em função dos tratamentos propostos (FLECK
et al., 1999). No campo da Saúde Coletiva, tornou-se importante para o fornecimento de
subsídios para a tomada de decisões acerca de práticas assistenciais e políticas públicas,
sobretudo quando dirigidas à promoção da saúde e à prevenção de doenças (SEIDL; ZANNON,
2004).
A avaliação da QV permite atribuir um aspecto mais humanista e subjetivo às avaliações
de saúde, tais como novos tratamentos, tecnologias e intervenções médicas, considerando a
opinião do principal envolvido: o paciente. Reforça-se, então, a idéia de que acrescentar “anos à
vida” é tão importante quanto acrescentar “vida aos anos” (FLECK et al., 1999).
Cabe ressaltar que embora a QV venha se consolidando na área da saúde, este é um
conceito complexo, abstrato, dinâmico e indiretamente mensurável. Assim, por esses e outros
motivos, admite definições distintas, de acordo com a área de conhecimento na qual está sendo
empregado (MINAYO; HARTZ; BUSS, 2000).
O crescente interesse pelo constructo QV impulsionou a OMS a estruturar um grupo para
investigar e discutir questões específicas relativas ao tema. O WHOQOL Group (World Health
Organization Quality of Life Group), como assim é denominado, sob a coordenação de John
Orley, definiu qualidade de vida como sendo a percepção do indivíduo sobre sua posição na vida,
no contexto da cultura e dos sistemas de valores nos quais ele vive, e em relação a seus objetivos,
expectativas, padrões e preocupações. É um conceito amplo, que envolve aspectos físicos,
psicológicos, nível de independência, relações sociais, espiritualidade e relações com o meio
ambiente (WHOQOL, 1995).
Esta conceituação tem norteado a elaboração e realização de todos os estudos do
WHOQOL Group e ressalta três aspectos relevantes do conceito QV: subjetividade – através de
20
escalas de medidas, o indivíduo julga o quão boa ou o quão satisfeito está com a sua qualidade de
vida; multidimensionalidade – é necessária a avaliação de vários domínios (por exemplo, físico,
psicológico e relações sociais) para compreender a percepção de qualidade de vida do indivíduo,
e presença de dimensões positivas e negativas – como, mobilidade e dor, respectivamente
(SAXENA; ORLEY, 1997).
Por último, cumpre ressaltar que o termo “Qualidade de Vida Relacionada à Saúde”
(QVRS) também tem sido freqüentemente utilizado na literatura e, muitas vezes, com objetivos
semelhantes à conceituação mais geral de QV. Contudo, de acordo com Patrick e Erickson (apud
EBRAHIM, 1995, p. 1384) a QVRS refere-se ao valor atribuído à duração da vida, modificado
pelo estado funcional, prejuízos e oportunidades sociais que são influenciados por doenças,
danos, tratamentos ou políticas de saúde. Dessa forma, diferentemente da conceituação de QV,
torna-se evidente que o termo QVRS está associado ao impacto na QV de aspectos relacionados à
saúde como enfermidades, intervenções e políticas de saúde.(EBRAHIM, 1995)
1.2 Avaliação da Qualidade de Vida
A avaliação da QV pode ser feita através de métodos diversos, sendo o mais comum, a
aplicação de questionários classificados como genéricos ou específicos.
Os questionários genéricos compreendem aspectos abrangentes de QV, tais como,
domínios físico, social e psicológico. Como vantagem, permitem a comparação entre diferentes
grupos de doentes e destes com indivíduos saudáveis. Todavia, como desvantagem, estes
instrumentos podem não ser sensíveis a problemas específicos de doenças particulares. Sendo
assim, é comum a incorporação de questões específicas a questionários genéricos. O Medical
Outcomes Study Short Form-36 Health Survey (JORNGARDEN; WETTERGEN; VON ESSEN,
21
2006) e EuroQol (KONIG; BERNERT; ANGERMEYER, 2005) são exemplos de questionários
genéricos comumente observados na literatura.
Os questionários específicos, por sua vez, são sensíveis para a avaliação da QV em
estudos de doenças específicas, como por exemplo, a AIDS. Estes instrumentos, contudo, são de
difícil interpretação em indivíduos portadores de mais de uma doença e, ainda, não permitem
comparações entre portadores de diferentes problemas de saúde.
A avaliação da QV tem sido uma tarefa complexa, pois não há um consenso entre os
estudiosos da área sobre o seu conceito. Este fato deve-se principalmente à sua natureza
subjetiva, onde valores culturais, religiosos e éticos irão determinar julgamentos distintos entre
indivíduos e grupos de indivíduos. Além disso, a existência de vários instrumentos em diferentes
culturas e idiomas (a maioria na língua inglesa) e a utilização inadequada desses instrumentos,
sem se observar os cuidados necessários a uma boa tradução e validação transcultural, tornam
ainda mais difícil a comparação de estudos. Cabe salientar que alguns aspectos da QV podem
variar de importância de acordo com as características específicas dos grupos estudados (CHEN;
LI; KOCHEN, 2005).
Tendo em vista esta problemática, o WHOQOL Group concentrou esforços para a
elaboração de um único instrumento de avaliação de QV que pudesse ser utilizado em diferentes
idiomas e culturas e, dessa forma, assegurar a comparabilidade de resultados numa perspectiva
transcultural.
Para isso, contou com a participação de 15 centros de estudos de países de todos os
continentes, de diferentes níveis de industrialização e de organização dos serviços de saúde, entre
outros.
O primeiro instrumento a ser desenvolvido foi denominado WHOQOL-100, cujo objetivo
principal é avaliar os aspectos genéricos de QV, não se propondo a avaliar sintomas ou
22
conseqüências de doenças específicas ou efeitos adversos de algum tratamento. Este instrumento
é composto por 100 questões divididas em 24 facetas que, por sua vez, são agrupadas em 6
domínios: físico, psicológico, nível de independência, relações sociais, meio ambiente e aspectos
espirituais/ religião/ crenças pessoais. Cada faceta é representada por quatro questões e, além
disso, o questionário possui ainda quatro questões sobre o estado geral de saúde e QV.
Atualmente, o WHOQOL-100 se encontra traduzido em 20 idiomas (WHOQOL, 1998).
No Brasil, a tradução foi realizada pelo Centro de Pesquisas WHOQOL para o Brasil, sob
coordenação do Dr. Marcelo Pio de Almeida Fleck, de acordo com a metodologia proposta pela
OMS (FLECK et al., 1999).
Em determinados estudos epidemiológicos, entretanto, torna-se inviável a aplicação de
questionários extensos como o WHOQOL-100. Portanto, mediante a necessidade de um
instrumento que demandasse um menor período de tempo para o seu preenchimento, porém que
mantivesse a qualidade das características psicométricas do WHOQOL -100, o WHOQOL Group
desenvolveu o WHOQOL – Bref: uma versão reduzida do instrumento (FLECK et al., 2000).
O WHOQOL – Bref é composto de 26 questões - sendo duas gerais sobre QV, e aborda
quatro domínios: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente. Os domínios
independência e aspectos espirituais, contemplados no WHOQOL-100, foram incorporados,
respectivamente, aos domínios físico e psicológico. O WHOQOL – Bref está traduzido em 20
idiomas, inclusive em português. Os domínios e facetas do WHOQOL – Bref estão apresentados
no Quadro 1 (FLECK et al., 2000).
23
Domínios Facetas
Dor e desconforto
Energia e fadiga
Sono e repouso
Mobilidade
Atividades da vida cotidiana
Dependência de medicação ou de tratamentos
Domínio Físico
Capacidade de trabalho
Sentimentos positivos
Pensar, aprender, memória e concentração
Auto-estima
Imagem corporal e aparência
Sentimentos negativos
Domínio Psicológico
Espiritualidade/ religião/ crenças pessoais
Relações pessoais
Suporte (apoio) social Relações Sociais
Atividade sexual
Segurança física e proteção
Ambiente no lar
Recursos financeiros
Cuidados de saúde e sociais: disponibilidade e qualidade
Oportunidades de adquirir novas informações e
habilidades
Participação em, e oportunidades de recreação/ lazer
Ambiente físico: (poluição/ ruído/ trânsito/ clima)
Meio Ambiente
Transporte
Quadro 1 – Domínios e facetas do WHOQOL-Bref Fonte: FLECK, et al., 2000. (FLECK et al., 2000).
24
1.3 Determinantes da Qualidade de Vida
Diversos estudos têm sido realizados, sobretudo na área médica, visando investigar
fatores de natureza distintas que possam se associar a variações de percepção da QV.
Em um estudo sobre obesidade, Tsai et al. (2004) observaram que o aumento do índice de
massa corporal (IMC) estava associado à elevação do risco de desenvolvimento de doenças como
hipertensão arterial, osteoartrite e hipercolesterolemia. No que diz respeito à QV foi observada
uma associação inversa: quanto maior o IMC, piores os escores referentes à QV, sobretudo em
relação ao domínio físico, com ênfase na realização das atividades diárias. Hassan et al. (2003),
também observaram piores escores de QV em indivíduos obesos. Entretanto, quando
comparados em relação à prática regular de atividade física, os indivíduos obesos, porém ativos,
apresentaram escores superiores quando comparados aos indivíduos obesos e sedentários.
Ainda sobre este tema, Fine et al. (1999) ao acompanharem uma coorte de 40.098
mulheres durante quatro anos, concluíram que o aumento do peso, independentemente da
condição no início do estudo (IMC normal, sobrepeso ou obesidade), estava associado ao
decréscimo da capacidade física e da vitalidade e, da mesma forma, a redução ponderal estava
associada à melhora dessas variáveis, em todas as faixas etárias. (FINE et al., 1999; HASSAN et al., 2003; TSAI et al., 2004)
No tocante à presença de doenças crônicas, Wee et al. (2005) em um estudo de base
populacional, concluíram que indivíduos com diabetes mellitus tipo I ou II apresentaram menores
escores de QV quando comparados aos não-doentes, sendo essa diferença ainda maior na co-
existência de outras doenças crônicas. (WEE et al., 2005) (LI et al., 2005) (VUILLEMIN et al., 2005) (RACHIOTIS et al., 2006)
Li et al. (2005) investigaram a relação entre hipertensão arterial e QV em um grupo de
4.510 indivíduos. Os autores observaram escores inferiores entre os pacientes quando
comparados a um grupo de indivíduos saudáveis. Contudo, os pacientes que faziam
25
adequadamente o controle da doença possuíam melhores escores em relação ao grupo de
pacientes que não o fazia.
Em um estudo sobre a relação entre atividade física e QV, Vuillemin et al. (2005)
observaram que os indivíduos que se exercitavam diariamente pelo menos 30 minutos
apresentavam melhores escores de QV, principalmente no domínio físico.
O tabagismo também parece ser um forte preditor de variações de percepção de QV.
Rachiotis et al. (2006), ao investigarem esta associação em um grupo de trabalhadores
industriais, constataram que os indivíduos tabagistas apresentaram piores escores em todos os
domínios de QV quando comparados aos não tabagistas. Mody e Smith (2006) encontraram
resultados semelhantes ao analisarem 209.031 indivíduos que participaram de pesquisa sobre a
presença de comportamentos de risco nos Estados Unidos. (MODY; SMITH, 2006)
Os estudos na área da saúde ocupacional têm apontado o estresse no ambiente de trabalho
como uma variável também importante na determinação da QV. Além de estar associado ao
desenvolvimento de uma série de doenças, dentre as quais estão incluídas a hipertensão arterial, a
depressão e as doenças cardiovasculares, estudos têm demonstrado que os trabalhadores expostos
a um alto desgaste no ambiente ocupacional apresentam piores perfis de QV (SPECTOR; JEX,
1998).
1.4 Promoção de Saúde no Ambiente de Trabalho
O grande volume de pesquisas na área médica, marcadamente nas últimas duas décadas,
tem contribuído substancialmente para o conhecimento dos fatores determinantes da saúde em
diferentes populações. Estes achados são de extrema relevância para a promoção de saúde na
26
medida em que permitem a elaboração e aplicação de ações e estratégias que visem aprimorar o
estado de saúde dos indivíduos (NUTBEAM, 1998a)
De acordo com o relatório da OMS publicado em 1988 sobre a promoção de saúde no
ambiente de trabalho, para alcançar o melhor estado de saúde, é necessário que os indivíduos
estejam bem fisica e psicologicamente, sejam capazes de se adaptar a novas situações no trabalho
e na vida e, ainda, alcancem novos níveis de realizações pessoais.
Diante disso, nos últimos anos, pequenas e grandes empresas e corporações têm adotado
algum tipo de programa de promoção de saúde motivadas por razões diversas. Dentre elas, tornar
os trabalhadores mais saudáveis, satisfeitos e produtivos (ALDANA et al., 2005), melhorar seu
bem-estar e QV, reduzir o estresse, os custos despendidos com assistência médica, a ausência no
trabalho e prevenir doenças a ele relacionadas como hipertensão arterial, lombalgias e doenças
cardiovasculares.
As ações de promoção de saúde no ambiente de trabalho comumente observadas e
descritas na literatura são programas anti-tabagismo e anti-estresse e, principalmente, ações
voltadas para o estímulo à prática de atividade física e à adoção de hábitos alimentares saudáveis
(SHAIN; KRAMER, 2004).
As ações de estímulo à prática de atividade física e de adoção de hábitos alimentares
saudáveis se justificam, pois nos dias de hoje, a manutenção do balanço energético, ou seja, o
equilíbrio entre a quantidade de energia ingerida através da alimentação e a quantidade de energia
gasta através da realização de atividade física é um grande desafio entre os trabalhadores. Esse
fato deve-se principalmente ao tipo de trabalho (aqueles nos quais os indivíduos passam grande
parte do tempo na posição sentada), horários inflexíveis e refeições desbalanceadas ricas em
gorduras e açúcares (ENGBERS et al., 2005).
27
O sedentarismo associado a uma má alimentação resulta em um desequilíbrio energético
positivo, o qual possui papel fundamental na determinação do sobrepeso e da obesidade e,
conseqüentemente, nas doenças a eles relacionadas (ENGBERS et al., 2005).
As ações anti-estresse no ambiente de trabalho (por exemplo, técnicas de relaxamento)
são igualmente importantes, na medida em que este tem sido um grande problema enfrentado
pelos trabalhadores inseridos no mercado de trabalho cada vez mais competitivo.
1.5 O Estresse no Ambiente de Trabalho
Os primeiros estudos sobre a relação entre as condições de trabalho e suas repercussões
negativas à saúde remontam à década de 60 (THEORELL; KARASEK, 1996). Estes estudos
tinham como principal objetivo investigar a associação entre doenças cardiovasculares, o número
de horas trabalhadas e as demandas no trabalho. Anos mais tarde, contudo, Robert Karasek, um
dos pioneiros e mais importantes pesquisadores da área, observou que os efeitos do trabalho tanto
na saúde quanto no comportamento dos indivíduos pareciam ser resultantes da combinação de
demandas psicológicas e características estruturais do trabalho (relacionadas à possibilidade de
tomada de decisões e à utilização de criatividade e habilidades específicas) (THEORELL;
KARASEK, 1996).
Por isso, na década de 70, Karasek propôs o modelo bi-dimensional denominado
“Demanda-Controle” para tentar melhor explicar essas relações (KARASEK; THEORELL,
1990). As demandas compreendem aspectos de natureza psicológica e o controle diz respeito à
autoridade que o trabalhador possui frente às demandas que lhe são impostas, bem como a
possibilidade de utilizar os seus conhecimentos específicos no seu trabalho. A combinação de
baixa demanda com baixo controle caracteriza o trabalho denominado “Passivo”, baixa demanda
28
com alto controle caracteriza o trabalho “Baixo Desgaste”, alta demanda com baixo controle
caracteriza o trabalho “Alto desgaste” e alta demanda com alto controle caracteriza o trabalho
“Ativo” (THEORELL; KARASEK, 1996).
O apoio social no ambiente de trabalho, que reflete o nível de interação social com os
colegas e chefes, possui um papel fundamental na interação entre a demanda e o controle e, por
isso, foi adicionado ao modelo no final dos anos 80 (THEORELL, 2000).
As situações menos favoráveis são o trabalho “Alto Desgaste”, associado a efeitos
nocivos à saúde e o trabalho “Passivo”, associado à perda das habilidades específicas e de
interesse. No trabalho “Ativo”, ainda que o trabalhador seja submetido à altas demandas, este
pode escolher como resolvê-las, na medida em que possui um alto controle. Por último, o
trabalho de “Baixo desgaste” configuraria a situação “ótima” de trabalho pois o trabalhador é
submetido a baixas demandas e possui um alto controle (KARASEK et al., 1998). Na Figura 1
estão apresentadas as quatro situações específicas de trabalho.
Para a avaliação desses aspectos relacionados à organização do trabalho e suas
repercussões sobre a saúde, Karasek elaborou um instrumento denominado Job Content
Questionnaire (JCQ) (KARASEK et al., 1998). Este questionário é composto de 49 perguntas, as
quais compreendem três dimensões: demanda, controle e apoio social. Anos mais tarde, Theorell
(apud ALVES et al., 2004, p. 165) elaborou uma versão reduzida, o Job Stress Scale (JSS),
composto por 17 perguntas: cinco para a avaliação da demanda, seis para a avaliação do controle
e seis para a avaliação do apoio social no ambiente de trabalho. No Brasil, a tradução e validação
desse instrumento para o português foram feitas por Alves e colaboradores, em 2004 (ALVES et
al., 2004).
As implicações do estresse na saúde incluem: depressão (TENNANT, 2001), aumento do
risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares (KANG et al., 2005) e insônia (NAKATA
29
et al., 2004). Além disso, também são observados: redução da produtividade, desmotivação e
aumento no índice de absenteísmo.
Os estudos de avaliação da efetividade dos programas de promoção de saúde no ambiente
de trabalho têm apontado resultados positivos. Muto et al. (2006), ao avaliarem o impacto de seis
meses de um programa de promoção de saúde composto por atividade física, educação
nutricional e palestras sobre fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares
entre representantes comerciais, observaram uma redução significativa na taxa de colesterol total
nos indivíduos que aderiram ao programa. (MUTO et al., 2006)
Figura 1 – Modelo Demanda – Controle Fonte: ALVES et al., 2004.
Brand et al. (2006) em um estudo de avaliação do impacto de um programa de 13
semanas de atividade física na QV de funcionários de três empresas de negócios que trabalhavam
em escritórios ou exerciam trabalhos manuais, observaram melhora em todos os domínios de QV,
avaliado através do questionário WHOQOL-Bref, daqueles que aderiram ao programa em relação
ao grupo controle. Ainda, os indivíduos que continuaram ativos, por conta própria, mantiveram
elevados os escores do domínio psicológico. (BRAND et al., 2006) (MUTO et al., 2006)
30
1.6 O Centro de Promoção de Saúde da Petrobras
No Brasil, a Petrobras pertence a um grupo de grandes empresas que adotou programas de
promoção da saúde que visam o incentivo ao estilo de vida saudável. Em diversos núcleos da
empresa estão sendo implantados programas de promoção da saúde que estimulam, entre outros,
a prática de atividade física. Em 2004 foi criado em seu edifício sede (EDISE) no Rio de Janeiro,
o Centro de Promoção de Saúde (CPS) em convênio com a Escola de Educação Física e
Desportos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EEFD/UFRJ).
O CPS oferece ações de prevenção primária, secundária e terciária aos funcionários que
apresentem fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e problemas
osteomusculoarticulares.
A seleção para a participação no CPS é feita pelo Serviço Médico da empresa, a partir da
identificação dos seguintes fatores de risco: hipertensão arterial, obesidade, diabetes mellitus,
dislipidemia e alterações ergonômicas (problemas osteomioarticulares). Além disso, também são
selecionados funcionários que fazem parte da equipe de emergência, segurança interna e
monitores de andar - o denominado “grupo funcional”.
Para dar início à rotina de treinamento no CPS, todos os funcionários são
obrigatoriamente submetidos a uma avaliação funcional realizada por professores de Educação
Física treinados e qualificados.
A avaliação funcional é composta pelas seguintes etapas: 1) anamnese, a qual compreende
questões referentes ao histórico de atividade física, tabagismo, presença de lesões e algias e
fatores de risco pessoal e familiar; 2) avaliação da composição corporal, efetuada utilizando o
método antropométrico; 3) avaliação postural, realizada utilizando o método de inspeção visual;
4) avaliação da flexibilidade, através do teste sentar e alcançar e 5) avaliação cardiorespiratória,
31
realizada através do teste ergoespirométrico, em esteira rolante, com o protocolo de rampa,
sintoma limitante. Esta avaliação é realizada a cada seis meses a partir do início das atividades.
Além da avaliação funcional, os funcionários também são submetidos a uma avaliação
nutricional, realizada no CPS.
Após a avaliação funcional os funcionários são encaminhados à sala de musculação onde
são elaborados os planos de treinamento aeróbico e de resistência. A cada três meses esses planos
de treinamento são reavaliados e, quando necessário, reajustados às condições do cliente. Aulas
coletivas de bike indoor, ginástica e alongamento também são oferecidas aos funcionários que
desejarem.
O estudo a ser realizado permitirá caracterizar, no nível individual e coletivo, os perfis de
percepção de QV e do nível de estresse no ambiente de trabalho dos grupos estudados e, além
disso, descrever as relações entre essas variáveis e as variáveis demográficas e morfológicas.
No Brasil, são poucos os estudos voltados para a avaliação da QV no ambiente de
trabalho utilizando o questionário WHOQOL-Bref e estudos voltados para a avaliação do estresse
no ambiente de trabalho utilizando o questionário JSS, por se tratarem de instrumentos que foram
recentemente traduzidos e validados para o português. Dessa forma, até a presente data, não
foram encontrados na literatura nacional estudos que avaliassem a relação entre QV e estresse no
ambiente de trabalho por meio da utilização desses instrumentos.
1.7 Justificativa
A realização do presente estudo é bastante motivadora e espera-se acrescentar alguma
colaboração nesta área de conhecimento.
32
No tocante à Petrobras, a expectativa é de que os resultados aqui apresentados sirvam de
retorno à empresa no que diz respeito ao nível de satisfação de seus funcionários com a QV e
possam também estimular a implantação de novos Centros de Promoção de Saúde nas demais
sedes da empresa, além de outras práticas que contribuam para redução do estresse no ambiente
de trabalho e a melhoria da QV de seus funcionários.
33
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Avaliar a qualidade de vida de funcionários de uma empresa estatal brasileira inscritos em
um programa de promoção de saúde.
2.2 Objetivos Específicos
a) Descrever as características sócio-demográficas e morfológicas da população estudada;
b) Investigar a associação entre variáveis demográficas, variáveis relativas à composição
corporal, presença de morbidades, comportamentos relacionados à saúde e estresse no
ambiente de trabalho e variações de percepção de QV;
c) Investigar o nível de estresse no ambiente de trabalho da população estudada.
34
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Populações e Delineamento do Estudo
Esta investigação possui caráter seccional e trata-se da primeira fase (estudo piloto) de um
estudo longitudinal a ser desenvolvido no Centro de Promoção de Saúde (CPS), na Petrobras,
cujo objetivo é acompanhar uma coorte de funcionários que participam do programa.
Para a composição da população alvo, foram considerados os funcionários inscritos no
CPS entre março de 2004 e junho de 2006 (total de 2.692 indivíduos, sendo 1.879 homens). Para
tal, foi utilizado o software Wellness Trainer 4.0 (TechnoGym System, Itália), onde entre outras
informações, é armazenada a data de inscrição no CPS.
A coleta de dados foi conduzida durante os meses de maio e junho de 2006. Neste
período, um total de 1.232 indivíduos (dentre os quais 828 homens) participava efetivamente do
programa, sendo, portanto, elegíveis para a participação no estudo. Os dias e os horários da
aplicação dos questionários foram determinados de modo a contemplar todos os dias da semana
(segunda-feira à sexta-feira) e horários de funcionamento do CPS (6:00 h às 22:00 h).
Os funcionários foram convidados a participar da pesquisa no momento em que chegavam
ao CPS para realizar atividade física. Caso concordassem em participar como voluntários eram
direcionados à Sala de Convivência do CPS (local com instalações adequadas para o
preenchimento dos questionários).
Após o esclarecimento dos objetivos da pesquisa e dos procedimentos a serem adotados,
os participantes receberam um envelope que continha três documentos: 1) Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo 1); 2) Questionário WHOQOL-Bref (Anexo 2) e 3)
Questionário Job Stress Scale (Anexo 3).
35
Os três documentos foram numericamente identificados de acordo com o número do
envelope. Esta estratégia foi adotada a fim de garantir o anonimato dos participantes e assim,
minimizar a possível ocorrência de viés de informação.
O preenchimento do questionário foi supervisionado pela autora principal do estudo.
No mesmo período da aplicação dos questionários, foram realizadas consultas nos bancos
de dados do CPS onde são armazenadas as informações demográficas, morfológicas (composição
corporal) e presença de fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares de
todos os indivíduos inscritos. Para tal, foi utilizado o software Galileu (versão 3.0; Micromed;
Brasil), onde se teve acesso às informações supracitadas de todos os participantes do estudo.
Ao final do período de coleta de dados, 246 funcionários aceitaram participar do estudo,
sendo 190 homens e 56 mulheres.
A Figura 2 ilustra as populações consideradas no estudo.
Figura 2 – Populações consideradas no estudo
População Alvo: 2.692 indivíduos: 1879 homens
813 mulheres
População Real: 1.232 indivíduos: 828 homens 404 mulheres
População de Estudo: 246 indivíduos: 190 homens (10,1%) 56 mulheres (6,9%)
36
3.2 Variáveis consideradas no estudo
3.2.1 Variável de Desfecho (Variável Dependente): Qualidade de Vida
A QV foi avaliada através do auto-preenchimento do questionário WHOQOL – Bref, na
sua versão em português. A escolha pela utilização do WHOQOL – Bref em detrimento do
WHOQOL – 100 justifica-se pelo fato de apresentar características satisfatórias de fidedignidade
teste-reteste, validade concorrente, validade de critério e de consistência interna (FLECK et al.,
2000), além de ser um instrumento de fácil e rápida aplicabilidade.
O WHOQOL – Bref é constituído por 26 questões divididas em quatro domínios: domínio
1: Físico, domínio 2: Psicológico, domínio 3: Relações Sociais e domínio 4: Meio Ambiente,
além de duas questões gerais de QV (“Como você avaliaria a sua QV?” e “Quão satisfeito (a)
você está com a sua saúde?”).
A cada resposta são atribuídos valores de 1 a 5 (escala do tipo Likert), no sentido de
menos para mais positivo, à exceção das perguntas 3, 4 e 26 que possuem direção reversa. Assim,
na pergunta 3, por exemplo, (“Em que medida você acha que a sua dor (física) impede você de
fazer o que você precisa?”), cinco opções de respostas são oferecidas: “Nada” (a qual recebe o
escore = 1), “Muito pouco” (a qual recebe o escore =2), “Mais ou menos” (a qual recebe o escore
= 3), “Bastante” (a qual recebe o escore = 4) e “Extremamente” (a qual recebe o escore = 5). No
momento da análise, à resposta “Nada”, são computados 5 pontos, na medida em que a pergunta
sugere que quanto menos a dor física impede a realização de alguma de tarefa, melhor é a QV.
A pontuação de cada domínio e das questões gerais de QV foi realizada de acordo com o
algoritmo construído e padronizado pelo WHOQOL Group, disponível no endereço eletrônico
http://www. ufrgs.br/psiq (Anexo 4). Para tal, foi utilizado o software SPSS for windows 13.0.
37
Foram gerados escores independentes para os quatro domínios e para as questões gerais de QV,
variando entre quatro e 20 pontos, os quais representam, respectivamente, o pior e o melhor nível
de satisfação.
Até a presente data, não existem dados normativos populacionais no Brasil dos escores do
WHOQOL-Bref.
3.2.2 Variáveis Explicativas (Variáveis Independentes)
As informações referentes às variáveis demográficas, variáveis relativas à composição
corporal, morbidades e histórico de tabagismo foram obtidas a partir do acesso ao banco de dados
gerado pelo setor de avaliação funcional do CPS, armazenado no software Galileu (versão 3.0;
Micromed; Brasil).
Caso o participante apresentasse mais de um registro de avaliação funcional, foi
considerado o que mais se aproximasse da data do preenchimento dos questionários.
a) Variáveis Demográficas
As variáveis demográficas consideradas no presente estudo foram:
- Idade (anos) – Os participantes do estudo foram classificados em quatro grupos
de acordo com a idade: I) ≤ 29 anos; II) 30 a ≤39 anos; III) 40 a ≤ 49 anos e IV) ≥ 50
anos;
- Gênero – masculino e feminino.
38
b) Variáveis Relativas à Composição Corporal
Como rotina do CPS, a composição corporal é estimada através da utilização do método
antropométrico, aplicado segundo a padronização da Sociedade Internacional para o Progresso da
Cineantropometria - ISAK (NORTON; OLDS, 2005).
As seguintes variáveis foram consideradas no presente estudo:
- Massa Corporal Total (kg) – Medida realizada com o indivíduo descalço –
FILIZOLA ® - 100 g;
- Estatura (cm) – Medida realizada com o indivíduo descalço, na posição ereta,
ao final de uma inspiração máxima – FILIZOLA ® - 1 cm;
- Perímetros Corporais (cm) – Foram medidos os seguintes perímetros corporais:
cintura e quadril – Sanny Medical ® - 1 mm;
- Razão Cintura Quadril (RCQ) – Este índice foi calculado dividindo-se o
perímetro da cintura, em centímetros, pelo perímetro do quadril, também em
centímetros. Os participantes foram classificados conforme a Tabela 1, segundo
Bray e Gray (1988); (BRAY; GRAY, 1988)
- Índice de Massa Corporal (IMC; kg/m2) – Este índice foi obtido dividindo-se a
massa corporal total, em quilogramas, pela estatura, em metros, elevada ao
39
quadrado. Os participantes foram classificados conforme a Tabela 2, segundo a
OMS (WHO, 2004).
c) Morbidades
• Presença de Doenças Crônicas
Para a composição desta variável foram consideradas as informações acerca dos
indivíduos que apresentassem uma ou mais das seguintes condições: diabetes mellitus,
hipertensão arterial e cardiopatia, diagnosticados pelo setor médico da empresa e relatados na
avaliação funcional.
Todos os indivíduos hipertensos relataram utilizar algum tipo de medicamento para o
controle da hipertensão arterial.
Tabela 1 – Classificação de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares através da
Razão Cintura Quadril, segundo faixa etária e gênero
Homens Idade (anos) Baixo Moderado Alto Muito Alto
20 a 29 < 0,83 0,83 a 0,88 0,89 a 0,94 > 0,94 30 a 39 < 0,84 0,84 a 0,91 0,92 a 0,96 > 0,96 40 a 49 < 0,88 0,88 a 0,95 0,96 a 1,00 > 1,00 50 a 59 < 0,90 0,90 a 0,96 0,97 a 1,02 > 1,02 60 a 69 < 0,91 0,91 a 0,98 0,99 a 1,03 > 1,03
Mulheres 20 a 29 < 0,71 0,71 a 0,75 0,76 a 0,83 > 0,83 30 a 39 < 0,72 0,72 a 0,78 0,79 a 0,84 > 0,84 40 a 49 < 0,73 0,73 a 0,79 0,80 a 0,87 > 0,87 50 a 59 < 0,74 0,74 a 0,81 0,82 a 0,88 > 0,88 60 a 69 < 0,76 0,76 a 0,83 0,84 a 0,90 > 0,90
Fonte: BRAY; GRAY, 1988. (BRAY; GRAY, 1988).
40
• Alterações no Perfil Lipídico
Para a composição desta variável foram consideradas as informações sobre os indivíduos
que apresentassem as seguintes condições, relatadas na avaliação funcional:
- Taxa de Colesterol Sérico Total ≥ 200 mg/dL;
- Taxa de Colesterol Sérico LDL-C ≥130 mg/dL;
- Taxa de Colesterol Sérico HDL-C ≤ 40 mg/dL;
- Taxa de Triglicerídeos ≥ 150 mg/dL. Tabela 2 – Classificação Internacional de baixo peso, sobrepeso e obesidade em adultos de
acordo com o Índice de Massa Corporal (IMC), segundo a Organização Mundial de Saúde
(OMS)
IMC (kg/m 2) Classificação Ponto de Corte
Abaixo do Peso < 18,50 Magreza Severa <16,00 Magreza Moderada 16,00 – 16,99 Magreza leve 17,00 – 18,49 Faixa Normal 18,50 – 24,99 Sobrepeso ≥≥≥≥ 25,00 Pré-Obesidade 25,00 – 29,99 Obesidade ≥≥≥≥ 30,00 Obesidade Classe I 30,00 – 34,99 Obesidade Classe II 35,00 – 39,99 Obesidade Classe III ≥ 40,00 Fonte: WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO), 2004.
41
d) Comportamentos Relacionados à Saúde
• Prática de atividade física no CPS (Taxa Semanal de Treinamento)
A prática de atividade física no CPS foi aferida através da variável proxy Taxa Semanal
de Treinamento (TST).
A criação desta variável se justifica, pois o banco de dados gerado pelo software Wellness
Trainer 4.0 (TechnoGym System; Itália), utilizado para o armazenamento de informações
referentes ao histórico de atividade física no CPS (por exemplo, data de introdução no programa
e dias de ausência), fornece informações referentes ao número de sessões de treinamento
realizadas em um período de tempo determinado pelo usuário. No entanto, o número de sessões
de treinamento não corresponde, necessariamente, ao número de dias no qual o indivíduo foi
ativo. Um indivíduo pode, em um único dia, realizar três atividades físicas (musculação,
treinamento aeróbico e alongamento), as quais serão computadas como três sessões de
treinamento.
A TST foi calculada dividindo-se o número de sessões de treinamento, a partir do
ingresso no CPS, efetuadas no intervalo de um a três meses antes do preenchimento dos
questionários, pelo número de semanas do mesmo período.
Após o cálculo da variável, os indivíduos foram classificados em cinco grupos:
- Grupo 1: TST ≤ 1x/sem;
- Grupo 2: TST > 1 a ≤ 2x/sem;
- Grupo 3: TST > 2 a ≤ 3x/sem;
- Grupo 4: TST > 3 a ≤ 4x/sem;
42
- Grupo 5: TST > 4x/sem.
• Histórico de Tabagismo
As informações relativas ao histórico de tabagismo foram obtidas através da pergunta:
“Atualmente você fuma?”, realizada durante a avaliação funcional. A partir das respostas “sim”,
“não” ou “não, porém já fumei no passado”, os indivíduos foram classificados como:
- Fumante;
- Não fumante;
- Ex-fumante.
e) Estresse no Ambiente de Trabalho
Para a avaliação do estresse no trabalho, foi utilizada a versão em português do
questionário Job Stress Scale (JSS), de auto-preenchimento. Semelhantemente à avaliação da
QV, a escolha pela utilização do JSS se justifica por ser um instrumento de fácil e rápida
aplicabilidade, além de apresentar características psicométricas satisfatórias (Alves et al., 2004).
O escore da dimensão Demanda foi obtido através do somatório dos pontos atribuídos às
cinco questões correspondentes (questões 1 a 5). A cada questão são atribuídos valores de 1 a 4
(escala do tipo Likert) e, assim, os escores mínimo e máximo permitidos são 5 e 20. A pergunta
“Você tem tempo suficiente para cumprir todas as tarefas de seu trabalho?” possui direção
reversa, na medida em que indica que quanto menor o tempo para a realização das tarefas, maior
43
a demanda. Logo, à reposta “Freqüentemente” é atribuído um ponto, “Às vezes” dois pontos,
“Raramente” três pontos e “Nunca ou quase nunca” quatro pontos.
O escore da dimensão Controle foi obtido através do somatório dos pontos atribuídos às
seis questões correspondentes (questões 6 a 11). A cada questão são atribuídos valores de 1 a 4
(escala do tipo Likert) e, assim, os escores mínimo e máximo permitidos são 6 e 24. A pergunta:
“No seu trabalho você tem que repetir muitas vezes as mesmas tarefas?” também possui direção
reversa.
O escore da dimensão Apoio Social foi obtido através do somatório dos pontos atribuídos
às seis perguntas correspondentes. A cada pergunta são atribuídos valores de 1 a 4 (escala do tipo
Likert) e, assim, os escores mínimo e máximo permitidos são 6 e 24. As respostas variam entre
“concordo totalmente” e “discordo totalmente”.
Os quadrantes de exposição ao estresse no trabalho (Figura 1) foram definidos
combinando as dimensões Demanda e Controle, a partir do cálculo das respectivas medianas.
Dessa forma, o grupo classificado como baixa demanda foi aquele que apresentou escore menor
ou igual a 14; alta demanda escore maior do que 14; baixo controle, escore menor ou igual a 17 e
alto controle, escore maior do que 17.
3.3 Processamento e Análise dos Dados
O armazenamento dos dados coletados foi realizado através de dupla digitação, pela
autora principal do estudo, quando para tal foi utilizado o software SPSS for Windows 13.0.
Foram elaborados bancos de dados independentes, numericamente identificados e
relacionados entre si. A sua utilização foi restrita somente para o desenvolvimento do estudo.
44
Os escores dos domínios do WHOQOL – Bref e do JSS foram calculados de acordo com
os protocolos pré-estabelecidos (FLECK et al., 2000; ALVES et al., 2004).
O Coeficiente Alfa de Cronbach (PEREIRA, 2001) foi calculado a fim de que se pudesse
verificar se as questões referentes ao WHOQOL– Bref e ao JSS eram efetivamente consistentes
para as suas medidas.
Os dados foram analisados por meio do cálculo de medidas de tendência central (média e
mediana) e medidas de dispersão (desvio-padrão e valores mínimo e máximo), utilizando-se
procedimentos de análise exploratória de dados. Os resultados foram apresentados através de
tabelas e gráficos do tipo box-plot e de barras (PINHEIRO; TORRES, 2004).
Definidos os subgrupos de estudo, através de procedimentos de análise estratificada, os
escores dos domínios do WHOQOL – Bref foram comparados por meio de testes estatísticos
utilizados na comparação de médias.
Para comparação dos escores de cada domínio do WHOQOL-Bref de acordo com as
variáveis independentes, foram utilizados testes não-paramétricos. Para variáveis com três ou
mais categorias, foi utilizado o teste Kruskal-Wallis e para variáveis com duas categorias foi
utilizado o teste Mann-Whitney. O nível de significância estatística adotado foi de 5% (p ≤ 0,05)
(LUIZ, 2004).
A possibilidade de introdução de viés de seleção foi avaliada comparando-se as
distribuições das variáveis demográficas, variáveis relativas à composição corporal e freqüência
semanal de treinamento verificadas na população de estudo com as observadas na população
alvo.
45
3.4 Aspectos Éticos
O estudo proposto foi desenvolvido de acordo com os princípios éticos de respeito pela
pessoa, beneficência e justiça, seguindo as diretrizes e normas regulamentares da resolução Nº
196/96 do Ministério da Saúde.
O mesmo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de
Estudos em Saúde Coletiva, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A sua realização foi
autorizada pela empresa.
A participação na pesquisa foi voluntária, esclarecendo-se aos funcionários que nenhum
tipo de recompensa seria oferecida aos interessados, da mesma maneira que nenhuma penalidade
seria aplicada caso não concordassem em participar.
Após todos os esclarecimentos sobre a pesquisa, foi solicitada a assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido para participação em pesquisa (Anexo 1).
Foi ainda garantido o anonimato e o sigilo dos dados, os quais impossibilitaram a
identificação dos indivíduos, que só se fez necessária para o relacionamento das bases de dados.
Apenas a investigadora principal teve acesso aos dados que permitiam identificar os
participantes.
46
4 RESULTADOS
Os indivíduos do sexo masculino compuseram a maior parte da população de estudo
(Tabela 3), correspondendo a 77,2% do total. Foi observada uma proporção semelhante de
homens na população alvo (Tabela 4) e este fato pode ser justificado pela maior
representatividade deste grupo no rol de funcionários da empresa.
Cerca de 69% dos participantes apresentavam mais de 40 anos de idade, o que caracteriza
uma população composta por indivíduos adultos mais velhos (Tabela 3). A média de idade do
grupo foi 42,6 ± 9,0 anos, sendo semelhante à média observada no grupo de funcionários
inscritos no CPS entre março de 2004 e junho de 2006 (Tabelas 5 e 6).
No que diz respeito à presença de morbidades, um total de 48% da população de estudo
apresentava dislipidemia e 15,4% doenças crônicas na avaliação funcional que precedeu o
preenchimento dos questionários (Tabela 3).
A prevalência de tabagismo foi de cerca de 6%, sendo o grupo de não tabagistas o de
maior representatividade no estudo. Prevalências semelhantes foram observadas na população
alvo, conforme assinalado na Tabela 4.
Quanto à prática de atividade física no CPS, analisada sob forma da variável TST (Tabela
3), um total de 52% da população de estudo apresentou freqüência semanal média igual ou
inferior a 2 vezes por semana, sendo a média do grupo de 2,5 ± 1,9 (Tabela 5). A média
observada na população alvo foi de 2,1 ± 1,3 (Tabela 6) e esses dados podem retratar, entre
outras interpretações, a dificuldade de parte dos funcionários em manter uma regularidade
semanal de freqüência ideal (3 vezes por semana) no CPS, em função de motivos relacionados ao
trabalho, como viagens e reuniões.
47
Tabela 3 – Distribuição de características demográficas, dislipidemia, presença de doenças
crônicas, comportamentos relacionados à saúde e composição corporal dos funcionários da
Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006 - População de Estudo
Variáveis n % Gênero Masculino 190 77,2 Feminino 56 22,8 Idade ≤ 29 anos 27 11,0 30 a ≤ 39 anos 50 20,3 40 a ≤ 49 anos 103 41,9 ≥ 50 anos 66 26,8 Dislipidemia
Não 128 52,0 Sim 118 48,0 Presença de Doenças Crônicas
Não 208 84,6 Sim 38 15,4 Tabagismo
Não fumante 176 71,5 Ex-fumante 55 22,4 Fumante 15 6,1 Atividade Física
≤ 1 x/sem 46 18,7 >1 a ≤ 2x/sem 82 33,3 > 2 a ≤ 3x/sem 51 20,7 >3 a ≤ 4x/sem 29 11,8 > 4x/sem 38 15,5
IMC Abaixo do Peso 0 0 Normal 98 39,8 Sobrepeso 106 43,1 Obesidade 42 17,1
RCQ
Baixo 64 26 Moderado 136 55,3 Alto 36 14,6 Muito Alto 10 4,1
48
Tabela 4 – Distribuição de características demográficas, dislipidemia, presença de doenças
crônicas, comportamentos relacionados à saúde e composição corporal dos funcionários da
Petrobras inscritos no CPS entre março de 2004 e junho de 2006 - População Alvo
Variáveis n % Gênero Masculino 1.879 69,8 Feminino 813 30,2 Idade ≤ 29 anos 262 9,7 30 a ≤ 39 anos 438 16,3 40 a ≤ 49 anos 1.315 48,9 ≥ 50 anos 677 25,1 Dislipidemia Não 1.327 49,3 Sim 1.365 50,7 Presença de Doenças Crônicas Não 2.159 80,2 Sim 533 19,8 Tabagismo Não fumante 1.820 67,6 Ex-fumante 602 22,4 Fumante 257 9,5 Missing 13 0,5 Atividade Física ≤ 1 x/sem 466 17,3 >1 a ≤ 2x/sem 958 35,6 > 2 a ≤ 3x/sem 533 19,8 >3 a ≤ 4x/sem 331 12,3 > 4x/sem 404 15,0 IMC Abaixo do Peso 13 0,5 Normal 889 33,0 Sobrepeso 1.247 46,3 Obesidade 535 19,9 Missing 8 0,3 RCQ Baixo 686 25,5 Moderado 1513 56,2 Alto 406 15,1 Muito Alto 87 3,2
49
Na população de estudo, nenhum indivíduo teve o IMC classificado como abaixo do peso.
A maior proporção de indivíduos (cerca de 43%) apresentou o IMC classificado como sobrepeso
e a média do grupo foi 26,5 ± 3,8 kg/m2 (Tabela 5). Na população alvo, 13 indivíduos (0,5%)
tiveram o IMC classificado como abaixo do peso e a categoria sobrepeso foi aquela que
concentrou o maior número de indivíduos, totalizando 46,3% (Tabela 4).
Ainda em relação à composição corporal, a maior parte dos participantes (55,3%)
apresentou a RCQ classificada como risco moderado para o desenvolvimento de doenças
cardiovasculares e um total de 4,1% classificada como risco muito alto (Tabela 3).
Tabela 5 – Média, desvio padrão e valores mínimo e máximo de características gerais dos
funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006 - População de
Estudo
Variável Média Desvio-padrão Valor Mínimo
Valor Máximo
Idade (anos) 42,6 9,0 22,0 61,0 MCT (kg) 78,4 14,0 49,0 122,9 Estatura (cm) 171,8 8,4 146,0 191,5 IMC (kg/m2) 26,5 3,8 19,5 41,0 TST 2,5 1,9 0,2 11,7 MCT = Massa Corporal Total; IMC = Índice de Massa Corporal; TST = Taxa Semanal de Treinamento.
Tabela 6 – Média, desvio padrão e valores mínimo e máximo de características gerais dos
funcionários da Petrobras inscritos no CPS entre março de 2004 e junho de 2006 - População
Alvo
Variável Média Desvio-padrão Valor Mínino
Valor Máximo
Idade (anos) 43,5 8,7 20,0 75,0 MCT (kg) 78,9 15,3 42,4 148,0 Estatura (cm) 170,6 9,1 146,0 204,0 IMC (kg/m2) 27,3 4,8 15,9 42,1 TST 2,1 1,3 0,1 12,8 MCT = Massa Corporal Total; IMC = Índice de Massa Corporal; TST = Taxa Semanal de Treinamento.
50
No que diz respeito ao tipo de trabalho, de acordo com os quadrantes propostos por
Karasek, foi observada maior prevalência de indivíduos classificados dentro nas situações menos
favoráveis de trabalho: 36,2% foi classificado como trabalho passivo e cerca de 28% foi
classificado como trabalho de alto desgaste (27,6%). A maior proporção da população de estudo
(60,2%) foi classificada como tendo baixo apoio social no ambiente de trabalho (Tabela 7).
Tabela 7 – Distribuição do tipo de trabalho e do apoio recebido no ambiente de trabalho segundo
o Modelo Demanda – Controle dos funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em
maio e junho de 2006 - População de Estudo
Variáveis n % Tipo de Trabalho Alto desgaste 68 27,6 Passivo 89 36,2 Ativo 44 17,9 Baixo desgaste 45 18,3 Apoio no Ambiente de Trabalho Baixo Apoio 148 60,2 Alto Apoio 98 39,8
A consistência interna dos instrumentos utilizados no estudo, avaliada pelo coeficiente
Alfa de Cronbach, observou-se resultados satisfatórios tanto para o WHOQOL-Bref quanto para
o JSS.
Para o conjunto dos 26 itens do WHOQOL-Bref, o coeficiente Alfa de Cronbach foi de
0,87. Os coeficientes Alfa de Cronbach de cada domínio e das questões gerais de QV estão
descritos na Tabela 8 e na Tabela 15 (Anexo 5) constam os coeficientes referentes às 26 questões
compreendidas no questionário.
51
Tabela 8 – Coeficientes Alfa de Cronbach por domínios de QV do questionário WHOQOL-Bref
aplicado junto aos funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de
2006 - População de Estudo
Domínio Coeficiente Alfa de Cronbach Número de itens Físico 0,71 7 Psicológico 0,69 6 Relações Sociais 0,72 3 Meio Ambiente 0,69 8 Questões Gerais de QV 0,57 2
Estes resultados sugerem que o WHOQOL-Bref, na maioria de seus domínios, bem como
em cada uma das 26 questões, alcançou medidas satisfatórias de consistência interna. O valor
mais baixo do coeficiente Alfa de Cronbach observado nas questões gerais de QV, quando
comparado às demais dimensões, pode ser explicado, em parte, pelo reduzido número de itens
comportados nesta categoria.
Em relação ao JSS, o coeficiente Alfa de Cronbach para o conjunto dos 17 itens foi 0,68.
Os coeficientes Alfa de Cronbach das dimensões do instrumento estão descritos na Tabela 9 e na
Tabela 16 (Anexo 6) constam os coeficientes referentes às 17 questões compreendidas no
questionário.
Tabela 9 – Coeficientes Alfa de Cronbach por dimensões do questionário JSS aplicado junto aos
funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006 - População de
Estudo
Dimensão Coeficiente Alfa de Cronbach Número de itens Demanda 0,80 5 Controle 0,65 6 Apoio Social 0,84 6
Estes resultados sugerem que as dimensões do JSS, assim como suas 17 questões, também
alcançaram medidas satisfatórias de consistência interna.
52
Todos os participantes preencheram os questionários como solicitado. Os respondentes
levantaram dúvidas quanto à clareza da formulação de algumas questões durante o
preenchimento do WHOQOL-Bref. Destacaram-se as seguintes: questão 3: “Em que medida você
acha que a sua dor (física) impede você de fazer o que você precisa?” – esta pergunta pressupõe
que o respondente apresente algum tipo de dor física. Dessa forma, os que não a apresentavam,
questionaram sobre qual resposta seria marcada; questão 9: “Quão saudável é o seu ambiente
físico (clima, barulho, poluição, atrativos)?” – como a aplicação dos questionários se procedeu no
ambiente de trabalho, houve a dúvida se o ambiente físico em questão era o local de trabalho ou o
local de moradia; questão 15: “Quão bem você é capaz de se locomover?” – alguns respondentes
questionaram se a locomoção era em relação à disponibilidade de meios de transporte e, por fim,
questão 24: “Quão satisfeito você está com o seu acesso aos serviços de saúde?” – houve o
questionamento se a pergunta se referia ao nível de satisfação com o plano de saúde oferecido
pela empresa.
No Gráfico 1 são apresentados os escores médios dos quatro domínios e das questões
gerais de QV do WHOQOL-Bref. A maior distância observada foi entre os domínios físico, que
alcançou maior pontuação média e meio ambiente que, em contrapartida, alcançou menor
pontuação média. Estes resultados apontam para condições mais favoráveis no que diz respeito a
questões relativas à dor e desconforto, energia e fadiga, sono e repouso, mobilidade, atividades da
vida cotidiana, dependência de medicação ou tratamentos e capacidade para o trabalho. Por outro
lado, questões referentes à segurança física e proteção, ambiente no lar, recursos financeiros,
transporte, oportunidades de lazer e ambiente físico mostram-se menos favoráveis na população
do estudo. Cumpre ressaltar que ainda que o domínio meio ambiente tenha sido o menos
pontuado, a população de estudo mostra ser composta por indivíduos com uma percepção
53
positiva de QV na medida em que todos os domínios apresentaram pontuações médias
equivalentes, a pelo menos, cerca de 69% do escore máximo permitido.
Dom 1 = Físico; Dom 2 = Psicológico; Dom 3 = Relações Sociais; Dom 4 = Meio Ambiente; QV = Questões gerais de QV
Gráfico 1 – Escores médios (± desvio-padrão) dos domínios do WHOQOL-Bref dos
funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006
No que diz respeito ao gênero foi observado que os homens alcançaram maiores
pontuações médias em todos os domínios de QV, sendo essa diferença significativa nos domínios
físico, psicológico e meio ambiente (p < 0,05). Na tabela 10 e nos gráficos 2, 3, 4, 5 e 6 estão
apresentadas as distribuições dos escores de cada domínio do WHOQOL-Bref segundo gênero.
Em relação à variável idade, os indivíduos mais velhos, com idade igual ou superior a 50
anos apresentaram escores médios mais elevados em todos os domínios, com exceção do domínio
relações sociais. Observou-se diferença estatisticamente significativa no domínio físico, mais
especificamente entre a faixa ≥ 50 anos e as faixas ≤ 29 anos e 30 a ≤ 39 anos (Tabela 10).
A presença de dislipidemia, na avaliação que precedeu o preenchimento dos
questionários, mostrou-se associada às diferenças entre os grupos em todos os domínios avaliados
pelo WHOQOL-Bref, onde os indivíduos classificados como não dislipidêmicos apresentaram
16,0 ±2,0
15,7 ±1,8 15,5 ±2,8
15,0 ±1,8
15,5 ±2,5
14,0
14,5
15,0
15,5
16,0
16,5
Dom 1 Dom 2 Dom 3 Dom 4 QV
54
escores mais favoráveis (Tabela 11). Esta diferença foi estatisticamente significativa nas questões
gerais de QV (p<0,05).
Tabela 10 – Escores médios (± desvio-padrão) do WHOQOL-Bref segundo características
demográficas dos funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de
2006 - População de Estudo
n Físico Psicológico Relações
Sociais Meio
Ambiente Geral
Gênero Masculino 190 16,2 ±2,0 15,8 ±1,8 15,5 ±2,7 15,1 ±1,8 15,7 ±2,4 Feminino 56 15,4 ±2,0 15,3 ±1,7 15,3 ±2,9 14,6 ±2,0 15,2 ±2,8 p-valor (Mann-Whitney)
0,01 0,02 0,80 0,04 0,20
Idade I) ≤ 29 anos 27 15,5 ±1,6 15,2 ±1,6 15,9 ±2,8 14,6 ±1,6 15,2 ±2,3 II) 30 a ≤ 39 anos 50 15,1 ±1,9 15,7 ±1,9 15,4 ±3,0 15,0 ±1,6 15,8 ±2,3 III) 40 a ≤ 49 anos 103 15,9 ±2,1 15,7 ±1,8 15,2 ±2,9 14,9 ±1,8 15,3 ±2,8 IV) ≥ 50 anos 66 16,2 ±2,1 16,0 ±1,7 15,8 ±2,4 15,3 ±2,0 16,0 ±2,4 p-valor (Kruskal-Wallis)
0,05* 0,31 0,51 0,33 0,14
* I ≠ IV; II ≠ IV
Gráfico 2 – Distribuição dos escores do
domínio físico, segundo gênero, dos
funcionários da Petrobras inscritos no CPS e
avaliados em maio e junho de 2006
Gráfico 3 – Distribuição dos escores do
domínio psicológico, segundo gênero, dos
funcionários da Petrobras inscritos no CPS e
avaliados em maio e junho de 2006
55
Gráfico 4 – Distribuição dos escores do
domínio relações sociais, segundo gênero,
dos funcionários da Petrobras inscritos no
CPS e avaliados em maio e junho de 2006
Gráfico 5 – Distribuição dos escores do
domínio meio ambiente, segundo gênero,
dos funcionários da Petrobras inscritos no
CPS e avaliados em maio e junho de 2006
Gráfico 6 – Distribuição dos escores das questões gerais de QV, segundo gênero, dos
funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006
56
Os indivíduos classificados como portadores de doenças crônicas apresentaram escores
menos favoráveis nos domínios físico (significância limítrofe; p = 0,07), psicológico, meio
ambiente e nas questões gerais de QV (p = 0,03), conforme apresentado na Tabela 11.
Observou-se que em todos os domínios os escores médios de ex-fumantes e não fumantes
eram superiores aos escores dos fumantes (Tabela 11). Com exceção dos domínios psicológico e
meio ambiente, observou-se um gradiente dos escores entre as categorias de tabagismo, com o
grupo de ex-fumantes ocupando posições intermediárias. É possível que a ausência de
significância estatística entre fumantes e não fumantes seja explicada pela discrepância entre o
número de indivíduos nas categorias, sobretudo pelo reduzido número de fumantes.
No que se refere à TST, não foram evidenciadas tendências de escores mais ou menos
favoráveis de acordo com o número de dias os quais os indivíduos participam do CPS. Notou-se,
no entanto, que as categorias > 2 a ≤ 3x/sem e > 3 a ≤ 4x/sem apresentaram escores superiores
em relação às demais (Tabela 11).
No que diz respeito à composição corporal, os indivíduos classificados com o IMC
normal apresentaram escores mais favoráveis quando comparados aos indivíduos que
apresentaram o IMC classificado como sobrepeso ou obesidade. Os indivíduos classificados
como obesos apresentaram escores menos favoráveis em todos os domínios do WHOQOL-Bref.
Essas diferenças foram mais evidentes nos domínios físico, psicológico, meio ambiente e nas
questões gerais de QV (p < 0,05). A distribuição dos escores dos domínios do WHOQOL-Bref
estão apresentados na Tabela 12 e nos gráficos 7, 8, 9, 10 e 11.
Tendência similar à observada em relação ao IMC foi percebida em relação à RCQ; ou
seja, quanto mais elevado o risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares em função
do acúmulo de gordura corporal, menos favoráveis os escores em todos os domínios avaliados
57
pelo WHOQOL-Bref (Tabela 12). Com exceção do domínio relações sociais e nas questões
gerais de QV, observou-se uma tendência de redução dos escores conforme o aumento do risco
do desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
Tabela 11 – Escores médios (± desvio-padrão) do WHOQOL-Bref segundo presença de
morbidades e hábitos relacionados à saúde dos funcionários da Petrobras inscritos no CPS e
avaliados em maio e junho de 2006 - População de Estudo
n Físico Psicológico Relações
Sociais Meio
Ambiente Geral
Dislipidemia Não 128 16,1 ±2,0 15,8 ±1,8 15,6 ±2,8 15,1 ±1,7 15,9 ±2,3 Sim 118 15,9 ±2,0 15,6 ±1,8 15,4 ±2,8 14,9 ± 1,9 15,2 ±2,7 p-valor (Mann-Whitney)
0,33 0,56 0,43 0,68 0,01
Presença de Doenças Crônicas Não 208 16,1 ±2,0 15,7 ±1,8 15,4 ±2,7 15,1 ±1,8 15,7 ±2,5 Sim 38 15,5 ±2,2 15,6 ±1,8 16,0 ±2,9 14,6 ±1,7 14,7 ±2,4 p-valor (Mann-Whitney) 0,07 0,60 0,19 0,13 0,03
Tabagismo I) Não fumante 176 16,1 ±2,0 15,8 ±2,8 15,6 ±2,6 15,0 ±1,8 15,7 ±2,4 II) Ex-fumante 55 15,9 ±1,9 15,8 ±2,1 15,3 ±3,2 15,1 ±1,7 15,3 ±2,7 III) Fumante 15 15,1 ±2,1 14,9 ±1,9 15,0 ±3,2 14,6 ±1,8 14,8 ±3,1 p-valor (Kruskal-Wallis)
0,28 0,29 0,78 0,72 0,56
Atividade Física I) ≤ 1 x/sem 46 15,8 ±2,0 15,4 ±1,7 15,4 ±2,7 15,1 ±2,5 15,1 ±2,5 II) >1 a ≤ 2x/sem 82 16,0 ±1,8 15,7 ±1,8 15,6 ±3,0 15,4 ±2,5 15,4 ±2,5 III) > 2 a ≤ 3x/sem 51 16,2 ±1,9 16,0 ±1,6 15,3 ±2,7 16,2 ±2,3 16,2 ±2,3 IV) >3 a ≤ 4x/sem 29 16,3 ±2,3 16,3 ±1,8 16,1 ±2,4 15,6 ±3,0 15,6 ±3,0 V) > 4x/sem 38 15,8 ±2,2 15,2 ±2,1 15,0 ± 2,8 15,4 ±2,4 15,4 ±2,4 p-valor (Kruskal-Wallis)
0,76 0,20 0,47 0,21 0,21
58
Tabela 12 – Escores médios (± desvio-padrão) do WHOQOL-Bref segundo composição corporal
dos funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006 - População
de Estudo
∗ I ≠ III; II ≠ III θ I ≠ III; II ≠ III ♣ I ≠ IV; II ≠ III; II ≠ IV ∗∗ I ≠ III; II ≠ III ♣ III ≠ IV; II ≠ IV; I ≠ IV; II ≠ III; I ≠ III; I ≠ II ψ I ≠ IV; I ≠ III; II ≠ IV ♠ I ≠ III; II ≠ III ∝ II ≠ IV; I ≠ IV; II ≠ III; I ≠ III ♦ I ≠ III; I ≠ IV; II ≠ III; II ≠ IV
Gráfico 7 – Distribuição dos escores do
domínio físico, segundo IMC, dos
funcionários da Petrobras inscritos no CPS e
avaliados em maio e junho de 2006
Gráfico 8 – Distribuição dos escores do
domínio psicológico, segundo IMC, dos
funcionários da Petrobras inscritos no CPS e
avaliados em maio e junho de 2006
n Físico Psicológico Relações
Sociais Meio
Ambiente Geral
IMC I) Normal 98 16,1 ±2,0 15,9 ±1,8 15,4 ±2,8 15,2 ±1,8 15,8 ±2,4 II) Sobrepeso 106 16,0 ±2,0 15,8 ±1,6 15,8 ±2,6 15,1 ±1,7 15,7 ±2,4 III) Obesidade 42 15,4 ±2,0 15,0 ±2,2 14,9 ±3,1 14,3 ±2,0 14,5 ±2,9 p-valor (Kruskal-Wallis) 0,04* 0,02** 0,23 < 0,01♠♠♠♠ < 0,01θθθθ
RCQ I) Baixo 64 16,6 ±1,9 16,1 ±1,8 15,2 ±2,9 15,5 ±1,6 15,8 ±2,7 II) Moderado 136 16,0 ±1,9 15,8 ±1,7 16,0 ±2,6 15,0 ±1,8 16,0 ±2,0 III) Alto 36 15,3 ±2,0 15,0 ±2,0 14,7 ±2,7 14,3 ±2,0 13,9 ±3,2 IV) Muito Alto 10 14,2 ±1,6 14,7 ±2,0 13,0 ±3,1 13,7 ±1,9 14,0 ±2,8 p-valor (Kruskal-Wallis) < 0,01♣♣♣♣ 0,01∝∝∝∝ < 0,01♣♣♣♣ < 0,01ψψψψ < 0,01♦♦♦♦
59
Gráfico 9 – Distribuição dos escores do
domínio relações sociais, segundo IMC, dos
funcionários da Petrobras inscritos no CPS e
avaliados em maio e junho de 2006
Gráfico 10 – Distribuição dos escores do
domínio meio ambiente, segundo IMC, dos
funcionários da Petrobras inscritos no CPS e
avaliados em maio e junho de 2006
Gráfico 11 – Distribuição dos escores das questões gerais de QV, segundo IMC, dos
funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006
Ao considerarmos o estresse no ambiente de trabalho, foram percebidas diferenças entre
os grupos somente em relação às questões gerais de QV onde, apesar dos trabalhos de alto
60
desgaste e passivo serem considerados os menos favoráveis, os indivíduos destes grupos
apresentaram maiores escores em relação aos demais grupos (p<0,05) (Tabela 13). A categoria
trabalho ativo apresentou sistematicamente os menores escores médios, exceto no domínio meio
ambiente, no qual as diferenças foram praticamente inexistentes.
Ao realizarmos esta análise, porém considerando o tipo de apoio social recebido no
trabalho, observou-se uma tendência de maiores escores nos grupos que recebem maior apoio,
independente do tipo de trabalho, conforme apresentado na Tabela 14. No estrato alto apoio no
ambiente de trabalho, os indivíduos classificados como trabalho de baixo desgaste e ativo
apresentaram escores menos favoráveis nas questões gerais de QV quando comparados aos
classificados como trabalho de alto desgaste e passivo (p <0,05). Ainda, notou-se que no estrato
de alto apoio, a categoria trabalho ativo apresentou sistematicamente menores escores em todos
os domínios do WHOQOL-Bref, fato este que não foi verificado na categoria baixo apoio.
Tabela 13 – Escores médios (± desvio-padrão) do WHOQOL-Bref segundo tipo de trabalho dos
funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006 - População de
Estudo
n Físico Psicológico Relações
Sociais Meio
Ambiente Geral
Tipo de Trabalho I) Alto desgaste 68 15,9 ±2,2 15,9 ±1,9 15,4 ±2,9 15,1 ±1,9 15,9 ±2,5 II) Passivo 89 16,1 ±2,0 15,8 ±1,8 15,6 ±2,6 14,9 ±1,9 16,0 ±2,2 III) Ativo 44 15,7 ±1,8 15,5 ±1,7 15,1 ±2,6 15,0 ±1,7 14,8 ±3,0 IV) Baixo desgaste 45 16,3 ±1,8 15,5 ±1,8 15,7 ±3,0 15,0 ±1,7 14,9 ±2,5 p-valor (Kruskal-Wallis)
0,66 0,70 0,72 0,87 0,02*
* I ≠ III; I ≠ IV; II ≠ III; II ≠ IV
61
Gráfico 12 – Distribuição dos escores do
domínio físico, segundo tipo de trabalho,
dos funcionários da Petrobras inscritos no
CPS e avaliados em maio e junho de 2006
Gráfico 13 – Distribuição dos escores do
domínio psicológico, segundo tipo de trabalho,
dos funcionários da Petrobras inscritos no CPS
e avaliados em maio e junho de 2006
Gráfico 14 – Distribuição dos escores do
domínio psicológico, segundo tipo de
trabalho, dos funcionários da Petrobras
inscritos no CPS e avaliados em maio e
junho de 2006
Gráfico 15 – Distribuição dos escores do
domínio meio ambiente, segundo tipo de
trabalho, dos funcionários da Petrobras
inscritos no CPS e avaliados em maio e junho
de 2006
62
Gráfico 16 – Distribuição dos escores das questões gerais de QV, segundo tipo de trabalho, dos
funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006
Tabela 14 – Escores médios (± desvio-padrão) do WHOQOL-Bref segundo apoio social
recebido no ambiente de trabalho dos funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em
maio e junho de 2006 - População de Estudo
n Físico Psicológico Relações
Sociais Meio
Ambiente Geral
Baixo Apoio I) Alto desgaste 41 15,4 ±2,1 15,5 ±2,1 15,0 ±3,2 14,6 ±1,9 15,5 ±2,6 II) Passivo 46 15,8 ±2,0 15,3 ±1,8 14,6 ±2,9 14,6 ±1,8 15,1 ±2,3 III) Ativo 29 15,8 ±2,0 15,5 ±1,7 15,1 ±2,6 14,9 ±1,5 14,9 ±3,2 IV) Baixo desgaste 32 16,0 ±1,8 15,3 ±1,5 15,5 ±2,7 14,6 ±1,7 14,8 ±2,4 p-valor (Kruskal-Wallis)
0,58 0,81 0,52 0,83 0,46
Alto Apoio I) Alto desgaste 47 16,6 ±2,1 16,4 ±1,3 16,1 ±2,4 15,9 ±1,6 16,7 ±2,0 II) Passivo 43 16,4 ±2,0 16,3 ±1,6 16,5 ±2,1 15,2 ±1,9 16,7 ±1,9 III) Ativo 15 15,7 ±1,4 15,5 ±1,8 15,6 ±2,8 15,0 ±2,0 14,8 ±2,2 IV) Baixo desgaste 13 16,9 ±1,9 16,2 ±2,2 16,4 ±3,6 15,8 ±1,4 15,2 ±2,9 p-valor (Kruskal-Wallis)
0,31 0,56 0,72 0,26 0,02*
* I ≠ III; II ≠ III
63
5 DISCUSSÃO
Pelo fato de possuir um caráter multidimensional, a QV é influenciada, por exemplo, por
aspectos físicos, sociais, ocupacionais e culturais, que irão determinar diferentes perfis entre
indivíduos e grupos de indivíduos.
É importante destacar que o WHOQOL-Bref é um questionário voltado para a avaliação
de domínios de QV, não se destinando a encontrar uma medida resumo para este constructo.
Dessa forma, as variáveis independentes podem se associar negativamente com um domínio e
positivamente com outro.
A comparação das proporções e das médias das variáveis independentes observadas na
população de estudo e na população alvo sugere que não houve mecanismos viciados de seleção
na composição do grupo. Esse fato é bastante positivo, pois reduz o possível comprometimento
da validade do estudo.
O fato do WHOQOL-Bref ter suscitado dúvidas durante o seu preenchimento, caso este
também relatado por Moreno et al. (2006) ao aplicarem o WHOQOL-Bref em uma coorte de
funcionários técnico-administrativos de uma universidade do Estado do Rio de Janeiro, alerta
para a necessidade de se discutir e revisar a sua formulação semântica, de forma a propor uma
possível adequação que possa melhorar a inteligibilidade das questões (validade de constructo).
Assim, além de torná-lo de mais fácil interpretação, minimiza-se a possível ocorrência de viés de
informação e conseqüentemente, o comprometimento da validade do estudo. Apesar do
levantamento dessas dúvidas, contudo, o WHOQOL-Bref apresentou boa consistência interna
nesta população de estudo, retratada pelos valores do coeficiente Alfa de Cronbach. (MORENO et al., 2006)
No presente estudo, a variável gênero favoreceu escores mais positivos para os homens.
Desigualdades na QV expressadas na comparação por gênero têm sido apontadas na literatura em
64
indivíduos saudáveis ou portadores de agravos à saúde. Rustoen et al. (2004) perceberam que
homens com dor crônica apresentavam menores escores em relação às mulheres. Emery et al.
(2004), entretanto, ao investigarem a QV de pacientes cardiopatas a cada três meses, durante um
ano, observaram menores escores entre as mulheres. Em indivíduos saudáveis, Moreno et al.
(2006) perceberam maiores escores de QV entre homens e Tessier et al. (2006) em uma
investigação de avaliação do impacto do incremento de atividade física na QV, observaram
menores escores entre as mulheres, em todos os domínios, no início do estudo. Indo de encontro a
estes resultados, no entanto, Santos (2006) não identificou relação entre QV e gênero em
pacientes que realizavam hemodiálise. (EMERY et al., 2004; SANTOS, 2006; TESSIER et al., 2006) (RUSTOEN et al., 2004)
Alguns autores apontam para fatores que devem ser considerados na investigação do
impacto da variável gênero na QV. Segundo Tountas et al. (2003), dependendo do país de origem
do estudo, as diferenças entre gêneros podem refletir a posição social desvantajosa das mulheres,
sobretudo em sociedades cujas estruturas são compostas predominantemente por homens. A
“dupla jornada”, caracterizada pela inserção da mulher no mercado de trabalho associada às
atividades familiares, inclusive a maternidade, também pode interferir negativamente na saúde e
na QV (DOYAL, 2002).
De acordo com os dados disponíveis na literatura e diante da complexidade do tema frente
aos inúmeros fatores que podem influenciar na percepção da QV de homens e mulheres, além da
subjetividade, ainda não há um consenso sobre o impacto da variável gênero neste sentido.
Dibble et al (1998), destacam que os domínios de QV podem possuir relevâncias distintas entre
homens e mulheres e, para melhor compreensão do impacto do gênero sobre esta variável, é
necessária a adição de questões e domínios que possam ser específicos do gênero e por ele
influenciados.(DIBBLE et al., 1998) (TOUNTAS et al., 2003)
65
A variável idade favoreceu melhores escores nos participantes com idade superior a 50
anos, sobretudo em relação ao domínio físico (p<0,05), indicando que esses indivíduos possuem
uma postura mais positiva em relação à QV do que os mais jovens. Resultados semelhantes
foram observados por Tountas et al. (2003), ao avaliarem um grupo de indivíduos também
inseridos no mercado de trabalho.
Com relação à população de estudo especificamente, pode-se especular que a diferença
mais expressiva observada no domínio físico seja em função das intervenções oferecidas pelo
CPS, ainda que não se tenha controlado a TST, o volume e a intensidade do treinamento.
Contudo, a natureza seccional do estudo que impede o estabelecimento de uma associação causal,
além do possível viés de seleção. Segundo Oliveira e Favre (2006), a literatura aponta para uma
relação inversa entre potência muscular (sarcopenia) e o aumento da idade, decorrente do
processo natural de envelhecimento. Semelhantemente à potência muscular, outras capacidades
físicas são alteradas com o processo de envelhecimento e, quando essa diminuição da condição
física está associada à uma vida sedentária, o processo de perda é acentuado (HARDMAN;
STENSEL, 2006). Assim, as intervenções realizadas nesta faixa etária podem promover
adaptações que se tornam mais evidentes na percepção física dos grupos com idades mais
avançadas. Stewart et al. (2003) observaram que a prática regular de atividade física propiciou
escores mais favoráveis no domínio físico de QV principalmente em indivíduos mais velhos,
saudáveis ou portadores de agravos à saúde. (STEWA RT et al., 2003 ; OLIVEIRA; FAV RE, 200 6)
É importante ressaltar, no entanto, que embora alguns estudos apontem um efeito positivo
do envelhecimento na QV, os resultados encontrados ainda mostram-se heterogêneos frente aos
inúmeros fatores que podem influenciar o perfil de QV nas populações estudadas. Diferentemente
do que foi observado no presente estudo, por exemplo, Kazlauskaite e Reklaitiene (2005)
66
observaram uma associação negativa entre o envelhecimento e QV, em uma amostra aleatória de
homens e mulheres.(KAZLAU SKAITE; REKLAITIENE, 200 5)
O conhecimento de fatores que possam influenciar diretamente ou indiretamente a QV
durante o ciclo da vida, entre eles o meio ambiente, valores culturais, genética e hábitos
relacionados à saúde é de extrema importância, sobretudo em função do impacto que estes fatores
podem acarretar durante a velhice. Assim, estudos de natureza longitudinal são necessários para
melhor compreender a relação entre a QV e seus determinantes e para que estratégias sejam
adotadas a fim de aumentar o nível de satisfação entre os indivíduos.
A presença de dislipidemia não foi uma variável que determinou diferenças na percepção
de QV entre grupos estudados, indo ao encontro do que se é observado na literatura. Van Maarle
et al. (2003) investigaram o efeito da hipercolesterolemia na QV de homens e mulheres em
quatro momentos distintos: antes do diagnóstico, três dias, sete meses e dezoito meses após o
diagnóstico. Os autores constataram que os indivíduos com hipercolesterolemia apresentaram os
mesmos escores do grupo sem o diagnóstico e, ainda, os escores pouco se alteraram (sem
relevância clínica), durante o seguimento. Resultados similares foram observados por Hollman et
al. (2002) onde pacientes com hipercolesterolemia apresentavam o mesmo nível de satisfação
com a QV dos controles. Ainda, Seed e Weir (1999) verificaram que o tipo de tratamento para
hipercolesterolemia não determina diferentes perfis de QV. Os autores compararam, em um
estudo randomizado, a QV de pacientes tratados com sinvastatina ou com provastatina e
verificaram que 75% dos pacientes de ambos os grupos não relataram melhora na qualidade de
vida em 12 semanas de estudo. . (SEED; WEIR, 1999; HO LLMAN et a l., 2002; VAN MAARLE ; STOUTHARD ; BON SEL, 2 003)
O impacto da presença de doenças crônicas na QV também tem sido bastante explorado
na literatura e os estudos apontam, em sua grande maioria, uma associação negativa entre essas
variáveis. Wee et al. (2005) observaram que indivíduos diabéticos apresentavam menores escores
67
de QV quando comparados aos controles, porém estes escores eram maiores do que aqueles
apresentados por indivíduos que além de diabetes mellitus possuíam outras doenças crônicas.
Alguns estudos evidenciam que o conhecimento do diagnóstico de alguma doença, por
parte dos pacientes, pode trazer-lhes conseqüências negativas em relação ao seu bem-estar, à
saúde mental, às relações sociais e à percepção de QV. (BARDAG E; ISACSON, 2001 ; BI RKENHAGE R, 2003 ; BANEGA S et al., 20 06).
Banegas et al. (2006) observaram que mulheres hipertensas que relatavam não sentir
medo em relação à doença apresentavam melhores escores de QV quando comparadas às
mulheres também hipertensas, porém que relatavam sentir medo. De maneira semelhante, Mena-
Martin et al. (2003) concluíram que pacientes cientes do diagnóstico de hipertensão arterial
apresentavam piores percepções de QV, fato este que não foi observado no grupo de pacientes
também hipertensos, porém sem o diagnóstico da doença. Os autores citados acima hipotetizam
que a deterioração da percepção subjetiva de QV nesses indivíduos seja decorrente do “rótulo” da
doença e/ou do tratamento, e não da doença propriamente dita.(MENA-MA RTIN et al., 2003) (BAN EGAS et al., 2006)
Os resultados observados no presente estudo quanto à presença de dislipidemia e presença
de doenças crônicas podem ser sustentados pela hipótese formulada por Banegas et al. (2006) e
Martin et al. (2003). Nas duas situações, foram observados menores escores nas questões gerais
de QV no grupo de indivíduos portadores de doenças crônicas e no grupo de indivíduos com
dislipidemia. Considerando-se que uma das questões reflete o nível de satisfação com a saúde,
pode-se prever que, na medida em que estes indivíduos possuem um ou mais fatores de risco para
o possível desenvolvimento de doenças cardiovasculares, o nível de insatisfação seja maior entre
eles, ainda que sejam indivíduos envolvidos no mercado de trabalho, exercendo suas carreiras e
praticantes de algum tipo de atividade física.
68
A prática de atividade física é hoje reconhecida como sendo mais uma importante
estratégia na prevenção de alguns tipos de cânceres, doenças cardiovasculares e obesidade. No
que diz respeito à QV, no entanto, estudos envolvendo indivíduos saudáveis e pacientes mostram
resultados divergentes.
Halbert et al. (2000) não observaram variações na percepção de QV de indivíduos
saudáveis que praticaram atividade física durante nove meses. O mesmo resultado foi percebido
por Thorsen et al. (2005) em pacientes que realizavam quimioterapia e que foram submetidos a
programas de treinamento aeróbio ou de força, pelo menos duas vezes por semana, durante 14
semanas.(HALBERT et al., 2000; THORSEN et al., 2005)
Diferentemente dos resultados apontados acima, Bowen et al. (2006) perceberam que
mulheres na pós-menopausa que foram aleatoriamente alocadas no grupo que realizava atividade
aeróbia combinada com treinamento de força apresentaram melhores escores relacionados à
saúde mental, estado geral de saúde e capacidade física, em relação ao grupo controle, após três
meses de treinamento. O grupo controle, por sua vez, que no mesmo período realizou somente
sessões de alongamento, apresentou melhoras nos sintomas de depressão. (BOWEN et al., 2006)
Acree et al. (2006) observaram melhores escores em todos os domínios de QV em
indivíduos entre 60 e 89 anos de idade que praticavam maior volume de atividade física por
semana, ou seja, atividades de intensidade moderada com mais de uma hora de duração, em
comparação aos menos ativos. Este resultado ainda se manteve após o ajuste por gênero e
presença de hipertensão arterial.(STIGGELBOUT et al., 2004; ACREE et al., 2006)
A freqüência semanal de realização de atividade física também parece ser uma variável
importante na determinação de variações de percepção de QV. Stiggelbout et al. (2004)
verificaram que os indivíduos que realizaram somente uma vez por semana o programa de
atividade física proposto, não demonstraram melhoras na QV e na capacidade funcional.
69
Na presente análise, por se tratarem de indivíduos que, na sua maioria eram sedentários
até ingressarem no CPS, a realização de atividade física, ainda que com freqüências semanais
distintas, pode estar contribuindo substancialmente para o bem-estar físico e mental e QV desses
indivíduos de modo a não encontrar diferenças entre os grupos. No entanto, esta conclusão torna-
se limitada por diversas razões, entre elas: diferença de histórico de atividade física dos
participantes do estudo. Ainda que a maior proporção dos indivíduos fosse sedentária antes do
ingresso no CPS, é possível que alguns indivíduos já possuíssem um histórico positivo de
atividade física, ao qual não se teve acesso. Assim, mesmo que os participantes do estudo
possuam em comum a TST, dentro de cada estrato considerado, o histórico de atividade física
pode ser diferente, o qual pode determinar diferenças na percepção de QV.
Adicionalmente, a falta de acesso às informações referentes à prática de atividade física
extra CPS é um fator limitante para esta conclusão na medida em que em indivíduos engajados
em outros tipos de atividade física que não as do CPS, como por exemplo, natação, dança e tênis,
a TST subestima o número de dias que estes são fisicamente ativos.
Por fim, as outras limitações se concentram na natureza seccional do estudo e no fato de
não haver um grupo controle (funcionários que não aderiram ao programa) de modo a permitir a
comparação dos resultados. Os escores do WHOQOL-Bref, de acordo com a TST mostraram-se
semelhantes entre os grupos, porém, não é possível avaliar se estes são superiores ou inferiores
aos dos funcionários que não praticam atividade física ou que não aderiram ao CPS.
Os efeitos adversos do tabagismo são bastante discutidos na literatura. Inúmeros estudos
têm examinado a associação entre o tabagismo e o desenvolvimento de doenças específicas, a não
adesão à atividade física (T. V. COOPER et al., 2007) e a QV, na população em geral e em
indivíduos portadores de agravos à saúde. De acordo com Wilson et al. (1999), a associação
70
negativa entre tabagismo e QV pode ser um importante estímulo para os fumantes reduzirem ou
pararem completamente de fumar.(WILSON; PARSONS; WAKEFIELD, 1999)
Mitra et al. (2004) acompanharam uma coorte de indivíduos durante quatro anos e
perceberam que os fumantes e os indivíduos que se tornaram fumantes durante o período do
estudo reportaram menores escores de QV. Durante o follow up, as mudanças no status de
tabagismo também foram associadas a mudanças na QV. Em relação aos fumantes, os que
pararam de fumar apresentaram melhores escores. (MITRA et al., 2004)
Em indivíduos saudáveis, Wilson et al. (1999) avaliaram o impacto do tabagismo na QV
de fumantes, de acordo com o número de cigarros utilizados por dia. Os indivíduos classificados
como crônicos apresentaram menores escores em relação aos fumantes classificados como
moderados e leves e não fumantes. Esses resultados sugerem que não somente o status de
tabagismo, mas também o volume de cigarros utilizado por dia são determinantes de variações na
percepção de QV.
Leino-Arjas et al. (2004), em um estudo que investigou uma coorte de trabalhadores de
uma indústria metalúrgica, durante 28 anos, observaram que os indivíduos tabagistas
apresentaram piores escores para o domínio físico avaliado através do questionário de QV SF-36.
Da mesma maneira, La Rosa et al. (2004), observaram associação entre tabagismo e problemas
psicológicos, sobretudo no que diz respeito à ansiedade e mau-humor. (LA ROSA et al., 2004; LEINO-ARJAS et al., 2004)
Os resultados observados no presente estudo vão ao encontro dos estudos disponíveis na
literatura, indicando que o tabagismo seja ele presente ou histórico, é uma variável que pode
influenciar negativamente a percepção de QV. Também é possível supor que manifestações
negativas no humor, no comportamento ou mesmo na QV, mesmo que incipientes, podem induzir
ao hábito de fumar nos indivíduos.
71
Os efeitos adversos da obesidade sobre a QV têm sido reportados na literatura, sobretudo
em relação ao estado geral de saúde e aos domínios físico e psicológico.
Han et al. (1998) investigaram os efeitos da obesidade pela análise do IMC e da
distribuição de gordura, avaliada por meio do perímetro de cintura em homens e mulheres. Como
resultado, os autores perceberam que estas variáveis associaram-se inversamente com a QV,
afetando, sobretudo a realização de tarefas do dia-a-dia, como caminhar, subir escadas e carregar
objetos. (HAN et al., 1998)
Fine et al. (1999) ao acompanharem uma coorte de mulheres durante quatro anos,
perceberam que o aumento do peso estava associado com declínios na vitalidade e na capacidade
física. Inversamente, a perda de peso estava associada com melhorias nos escores desses
domínios nas mulheres com IMC igual ou acima de 30 kg/m2. Estas associações foram
observadas em todas as faixas etárias.
A relação inversa entre IMC e QV também é observada em homens, como constataram
Yancy et al. (2002). Os autores avaliaram 1.168 indivíduos do sexo masculino e observaram que
aqueles que possuíam IMC igual ou acima de 30 kg/m2 apresentaram menores escores em todos
os domínios avaliados, sugerindo que o gênero não é uma variável de confundimento na relação
entre QV e obesidade. (YANCY et al., 2002)
As associações descritas acima também foram observadas no presente estudo, seja através
da análise do IMC ou da relação cintura/ quadril, as quais realçam o impacto negativo da
obesidade na QV. Evidenciou-se uma tendência de menores pontuações em todos os domínios de
acordo com o aumento do risco de doenças cardiovasculares segundo essas variáveis. Dessa
forma, o emagrecimento entre indivíduos com excesso de peso é desejável e recomendável de
modo a favorecer melhores escores de QV. Espera-se que através das intervenções oferecidas
pelo CPS este objetivo seja alcançado e os indivíduos tornem-se mais saudáveis física e
72
psicologicamente e, conseqüentemente, aprimorem a QV. Estudos de natureza longitudinais são
necessários para investigar esta hipótese.
O modelo demanda-controle preconiza que situações de trabalho caracterizadas por altas
demandas e baixo controle estão associadas a declínios na saúde e no bem estar (Karasek et al.,
1998).
Diferentemente das informações disponíveis na literatura, o tipo de trabalho por si só, não
determinou diferentes perfis de QV no presente estudo. Lerner et al. (1994) em um estudo com
uma amostra de trabalhadores que exerciam diferentes profissões e ocupações observaram que os
indivíduos que possuíam o trabalho classificado como de alto desgaste apresentaram menores
escores em todos os domínios de QV. Por outro lado, os classificados como trabalho ativo ou de
baixo desgaste alternavam-se sendo os mais saudáveis. (LERNER et al., 1994)
Algumas limitações devem ser consideradas na interpretação dos resultados encontrados.
A primeira diz respeito ao modo como as variáveis dependente e independentes foram obtidas. A
utilização de questionários, ainda que numericamente identificados e com garantia de anonimato
dos dados, podem levar a distorções nas estimativas em função de falsas respostas em perguntas
“embaraçosas” (viés de informação, comprometimento da validade de constructo). No JSS, por
exemplo, a dimensão apoio social envolve questões referentes à interação social com
companheiros e chefes, tal como “No meu trabalho, me relaciono bem com os meus chefes” e
“Eu gosto de trabalhar com os meus colegas”. Como o CPS proporciona a convivência de
funcionários e seus hierárquicos em um ambiente comum, pode-se supor que alguns participantes
hesitaram em expor sua opinião em função de possíveis repercussões que os resultados do estudo
poderiam acarretar na sua vida profissional dentro da empresa, ainda que tivesse sido garantido o
anonimato das informações. Na literatura, observa-se que grande parte dos estudos sobre estresse
no ambiente de trabalho, independente do desfecho, o preenchimento dos questionários ocorre
73
em outro local que não o ambiente de trabalho. Cabe salientar que durante a aplicação dos
questionários, alguns participantes questionaram e reafirmaram o anonimato dos dados coletados.
A segunda hipótese que pode justificar os resultados encontrados é o caráter seccional do
estudo, onde são considerados os casos prevalentes, que pode ter levado à presença de um viés de
seleção. Os indivíduos classificados com o trabalho do tipo alto desgaste possuem como
característica a presença de grandes demandas e pouco controle, os quais podem resultar em mais
horas de trabalho, mais cansaço físico e mental e maior desmotivação para a realização de
atividade física. De acordo com Hellerstedt e Jeffrey (1997), o alto nível de estresse pode atenuar
a disposição ou desestimular o engajamento dos funcionários em qualquer tipo de atividade
física. (HELLERSTEDT; JEFFREY, 1997)
Dessa forma, considerando a colocação acima, pode-se supor que o índice de abandono ou
de não adesão ao CPS no grupo de funcionários classificados como alto desgaste pode ser
superior em relação aos demais e possivelmente daqueles trabalhadores, nesta categoria, que
apresentavam piores escores de QV (perda seletiva). Assim, este grupo pode estar
subrepresentado no presente estudo, o qual pode não ser representativo da base populacional. A
não participação desses indivíduos pode ter resultado em uma associação subestimada entre o
tipo de trabalho e QV.
Também é importante ressaltar que esta análise foi realizada desconsiderando as
características das diferentes profissões, o setor de trabalho e hierarquia. Há de se considerar que
em uma empresa de grande porte e que abrange diferentes áreas, profissionais que exerçam a
mesma profissão podem possuir níveis de demandas e controle distintos, dependendo da área de
atuação, que irão determinar diferentes tipos de trabalho, de acordo com o modelo demanda-
controle. Da mesma maneira, o status ocupacional, ou seja, diferentes posições na hierarquia
profissional, também pode influenciar na determinação do tipo de trabalho. Light et al. (1992), ao
74
investigarem um grupo de trabalhadores homens e mulheres encontraram que entre as mulheres
os trabalhos de alto desgaste estavam associados com o menor status ocupacional. Essas questões
são relevantes e farão parte da linha de investigação sobre o tema, na continuação do estudo no
CPS. (LIGHT; TURNER; HINDERLITER, 1992)
Por fim, outro aspecto bastante relevante que também deve ser ressaltado é o fato de não
terem sido encontrados na literatura, estudos que investigassem a associação entre a QV e o
estresse no ambiente de trabalho por meio dos questionários WHOQOL-100 ou WHOQOL-Bref,
possivelmente por se tratarem de instrumentos relativamente de origens mais recentes quando
comparados aos demais. Os estudos até então encontrados utilizaram o questionário SF-36 e as
associações observadas nestes estudos podem não ser observadas em estudos utilizando o
WHOQOL-Bref, por exemplo, ainda que sejam dois instrumentos genéricos de avaliação de QV.
Estudos subseqüentes, de avaliação de concordância desses questionários, são necessários.
Ao considerarmos o apoio social no ambiente de trabalho, entretanto, observou-se
maiores escores de QV nos grupos classificados como alto apoio, independente do tipo de
trabalho. De acordo com Cooper et al. (2001), o apoio social pode exercer o papel fundamental
de atenuação dos efeitos negativos das experiências estressantes sobre a saúde e bem estar.
Muhonen et al. (2003) ao investigarem os efeitos do estresse no ambiente de trabalho na saúde de
homens e mulheres que exerciam as mesmas ocupações profissionais, observaram uma
correlação positiva entre demanda e declínios na saúde e uma correlação negativa entre controle e
apoio social e declínios na saúde, independente do gênero. (MUHONEN ; TO RKELSON, 2003) (C. L. COOPER; DEWE ; O'DRISCOLL, 20 01)
É importante destacar que o baixo apoio foi mais comum entre as categorias de trabalho
mais favoráveis (ativo e baixo desgaste) quando comparadas ao alto apoio. Isso reforça a hipótese
antes mencionada, de possíveis perdas seletivas na presente investigação.
75
Em relação à QV, o número de investigações voltadas para a avaliação do impacto do
apoio social no ambiente de trabalho sobre esta variável é reduzido, porém os resultados
mostram-se consistentes e semelhantes aos observados no presente estudo (ESCRIBA-AGUIR;
TENIAS-BURILLO, 2004; GALLICCHIO; HOFFMAN; HELZLSOUER, 2007). Dessa forma,
apesar da natureza seccional desses estudos limitar a verificação de associações causais, estes
resultados são indícios de que o apoio social pode ser uma variável importante na determinação
de diferentes perfis de QV.
Limitações do Estudo
O WHOQOL-Bref é um questionário que teve a sua tradução relativamente recente para o
português e, dessa forma, o número de investigações utilizando este instrumento é reduzido
quando comparado a outros instrumentos de QV, como por exemplo, o SF-36. Este fato torna
difícil a comparação dos resultados por ora apresentados com os de outros estudos.
Devido ao caráter seccional do estudo, além dos dados baseados em auto-relato, a
validade desses achados pode ser restrita. Embora esta análise tenha sido realizada guiada por
hipóteses respaldadas na literatura e a população de estudo parecer ser representativa da
população alvo, o problema de identificação de associações espúrias e/ ou de não identificação
de associações existentes na população alvo não pode deixar de ser considerado.
Ainda, no presente estudo optou-se por uma abordagem mais descritiva, baseada
essencialmente em análises bivariadas e, por isso, variáveis não controladas (potencialmente
confundidoras) podem estar contribuindo para os resultados aqui observados.
76
Por último, é importante destacar que o WHOQOL-Bref é um questionário voltado para a
avaliação subjetiva da QV e por isso, a generalização para outras populações dos achados do
presente estudo não é pertinente.
77
6 CONCLUSÃO
O elevado e crescente número de estudos voltados para a avaliação da QV e seus
determinantes retrata uma preocupação entre os profissionais da área da saúde de investigar além
de novas intervenções e tecnologias, fatores que possam estar influenciando diretamente ou
indiretamente, o bem estar e a saúde dos indivíduos.
Esta análise tratou-se de uma primeira etapa de mensuração de QV de uma coorte de
funcionários da Petrobras que participam do Centro de Promoção de Saúde. Por isso, o caráter
seccional desta análise não permitiu estabelecer relações causais entre as variáveis do estudo e o
desfecho em questão, bem como mudanças do perfil de QV em função das intervenções
oferecidas pelo CPS. No entanto, esta análise primeira análise foi de bastante útil, pois permitiu,
em um primeiro momento, identificar variáveis que estivessem associadas com variações de
percepção de QV no grupo estudado.
Os resultados mostraram que os participantes do estudo apesar de possuírem como
característica comum serem funcionários de uma grande empresa estatal, formam um grupo
heterogêneo no que diz respeito à QV. As maiores desigualdades observadas foram àquelas
relacionadas ao gênero, onde os homens apresentaram maiores níveis de satisfação nos domínios
de QV avaliados, àquelas relacionadas à composição corporal, onde foi observada uma relação
inversa entre o acúmulo de gordura e os domínios de QV e àquelas relacionadas ao apoio social
recebido no ambiente de trabalho o qual parece exercer um papel mais importante na
determinação da QV, do que propriamente as situações específicas de trabalho propostas por
Karasek (KARASEK; THEORELL, 1990).
Contudo, apesar das diferenças observadas de acordo com as variáveis independentes
consideradas, o grupo, de uma maneira geral, apresenta-se satisfeito com a QV considerando o
78
espectro de variação dos escores dos domínios avaliados pelo WHOQOL-Bref (mínimo = 4;
máximo = 20; mediana = 12). O domínio menos pontuado, ou seja, meio ambiente, reflete um
nível médio de satisfação de 68,75% e, no outro extremo, o domínio físico sendo o mais
pontuado corresponde a um nível médio de satisfação de 75%.
Diversos são os fatores que podem tentar explicar o nível elevado de satisfação com a QV
da população de estudo. O primeiro diz respeito ao nível sócio-econômico - esses indivíduos
necessitam de uma qualificação mínima para se tornarem funcionários da empresa (processo de
seleção público). O segundo refere-se ao vínculo empregatício estável, considerando o contexto
externo de precarização do emprego. Por fim, esses funcionários possuem um plano privado de
assistência médica oferecido pela empresa, que é estendido para seus familiares, considerando as
deficiências atuais do sistema de saúde pública.
Os nossos resultados apontam para a necessidade de realização de novas pesquisas sobre
o tema não somente no Brasil, sobretudo de natureza longitudinal e a formulação de novas
hipóteses para melhor compreender a relação entre a QV e seus determinantes e a efetividade de
programas de promoção de saúde na melhoria do bem-estar, da produtividade e da QV dos
indivíduos.
79
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87
ANEXOS
Anexo 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Este estudo faz parte do projeto de pesquisa “Qualidade de vida de funcionários da Petrobras incluídos no Centro de Promoção de Saúde – CPS”, realizado pelo Núcleo de Estudos de Saúde Coletiva (NESC) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o qual resultará na elaboração de uma dissertação de mestrado do programa de pós-graduação em Saúde Coletiva. O objetivo principal deste estudo consiste em avaliar a qualidade de vida de funcionários da Petrobras selecionados para a participação do Centro de Promoção de Saúde (CPS). Caso você tenha sido convidado a participar do CPS, porém não aderiu ao programa, e concorde em participar deste estudo, você preencherá dois questionários: um referente à sua percepção de qualidade de vida e outro referente ao estresse no seu ambiente de trabalho. Além disso, serão utilizados os dados referentes ao seu perfil bioquímico - glicose e perfil lipídico (colesterol total, colesterol LDL, colesterol HDL e triglicérides), armazenados no banco de dados da empresa e obtidos na realização do exame periódico. Caso freqüente regularmente o CPS e concorde em participar deste estudo, você também preencherá os questionários citados acima e, adicionalmente também à utilização dos dados referentes ao perfil bioquímico, serão utilizadas as medidas de percentual de gordura, relação cintura /quadril, flexibilidade, ventilação minuto, limiar anaeróbico e consumo de pico de oxigênio – todas obtidas durante a realização da avaliação funcional, no CPS. Durante o preenchimento dos questionários e a realização da avaliação funcional, você não sentirá qualquer desconforto físico ou mal estar e não será exposto a qualquer tipo de risco para a sua saúde. Você poderá desistir de participar do estudo, a qualquer momento, sem que isso interfira na sua participação ou retorno ao CPS. Basta, somente, informar ao pesquisador. Todas as informações pessoais obtidas durante a realização do estudo serão estritamente confidenciais e utilizadas apenas com fins científicos pelos responsáveis pelo projeto – Prof. Dr. Antonio José Leal Costa (Prof. Adjunto – NESC e Faculdade de Medicina/ UFRJ), Prof. Dr. Fátima Palha de Oliveira (Prof. Adjunto – Escola de Educação Física e Desportos - EEFD/ UFRJ; Consultora – CPS/ Petrobras) e Patrícia dos Santos Vigário (Mestranda em Saúde Coletiva – NESC/ UFRJ). A sua identidade permanecerá em sigilo. Guarde este termo de consentimento e, caso haja algum problema ou dúvidas em relação a este estudo, por favor, entre em contato com os responsáveis pelo projeto – Patrícia dos Santos Vigário (tel.: 9813-1707 / ramal CPS: 4-5485 / chave: CRSI), Prof. Dr. Antonio José Leal Costa (tel.: 2598-9294 – NESC) ou Prof. Dr. Fátima Palha de Oliveira (tel.: 2562-6803 – EEFD). A participação no estudo é voluntária e nenhum tipo de compensação ou remuneração será oferecida aos participantes pela instituição responsável. Declaro que estou ciente da natureza da pesquisa, seus objetivos e métodos. Por isso, ao assinar este termo de consentimento, autorizo a minha participação. Seu nome: _________________________________________________________ Sua assinatura: _____________________________________________________ Nome do pesquisador (a): ____________________________________________ Assinatura do pesquisador (a): _________________________________________
Rio de Janeiro, ____ de ____________________de 2006.
88
Anexo 2 – Questionário WHOQOL-Bref
Este questionário é sobre como você se sente a respeito de sua qualidade de
vida, saúde e outras áreas de sua vida. POR FAVOR, RESPONDA A TODAS AS
QUESTÕES. Se você não tem certeza sobre que resposta dar em uma questão, por
favor, escolha entre as alternativas a que lhe parece mais apropriada. Esta, muitas
vezes, poderá ser sua primeira escolha.
Por favor, tenha em mente seus valores, aspirações, prazeres e preocupações.
Nós estamos perguntando o que você acha de sua vida, tomando como referência as
DUAS ÚLTIMAS SEMANAS.
IDENTIFICAÇÃO:
SEXO:
( ) Masculino
( ) Feminino
DATA DE NASCIMENTO: ____/____/____.
91
Anexo 3 – Questionário Job Stress Scale (JSS)
1) Com que freqüência você tem que fazer suas tarefas de trabalho com muita rapidez?
2) Com que freqüência você tem que trabalhar intensamente (isto é, produzir muito em pouco
tempo)?
3) Seu trabalho exige demais de você?
4) Você tem tempo suficiente para cumprir todas as tarefas de seu trabalho?
5) O seu trabalho costuma apresentar exigências contraditórias ou discordantes?
6) Você tem possibilidade de aprender coisas novas em seu trabalho?
7) Seu trabalho exige muita habilidade ou conhecimentos especializados?
8) Seu trabalho exige que você tome iniciativas?
9) No seu trabalho, você tem que repetir muitas vezes as mesmas tarefas?
( 1 ) Freqüentemente ( 2 ) Às vezes
( 3 ) Raramente ( 4 ) Nunca ou quase nunca
( 1 ) Freqüentemente ( 2 ) Às vezes
( 3 ) Raramente ( 4 ) Nunca ou quase nunca
( 1 ) Freqüentemente ( 2 ) Às vezes
( 3 ) Raramente ( 4 ) Nunca ou quase nunca
( 1 ) Freqüentemente ( 2 ) Às vezes
( 3 ) Raramente ( 4 ) Nunca ou quase nunca
( 1 ) Freqüentemente ( 2 ) Às vezes
( 3 ) Raramente ( 4 ) Nunca ou quase nunca
( 1 ) Freqüentemente ( 2 ) Às vezes
( 3 ) Raramente ( 4 ) Nunca ou quase nunca
( 1 ) Freqüentemente ( 2 ) Às vezes
( 3 ) Raramente ( 4 ) Nunca ou quase nunca
( 1 ) Freqüentemente ( 2 ) Às vezes
( 3 ) Raramente ( 4 ) Nunca ou quase nunca
( 1 ) Freqüentemente ( 2 ) Às vezes
( 3 ) Raramente ( 4 ) Nunca ou quase nunca
92
10) Você pode escolher COMO fazer o seu trabalho?
11) Você pode escolher O QUE fazer no seu trabalho?
12) Existe um ambiente calmo e agradável onde trabalho.
13) No trabalho, nos relacionamos bem uns com os outros.
14) Eu posso contar com o apoio dos meus colegas de trabalho.
15) Se eu não estiver num bom dia, meus colegas compreendem.
16) No trabalho, eu me relaciono bem com meus chefes.
17) Eu gosto de trabalhar com meus colegas.
( 1 ) Freqüentemente ( 2 ) Às vezes
( 3 ) Raramente ( 4 ) Nunca ou quase nunca
( 1 ) Freqüentemente ( 2 ) Às vezes
( 3 ) Raramente ( 4 ) Nunca ou quase nunca
( 1 ) Concordo totalmente ( 2 ) Concordo mais que discordo
( 3 ) Discordo mais que concordo ( 4 ) Discordo
( 1 ) Concordo totalmente ( 2 ) Concordo mais que discordo
( 3 ) Discordo mais que concordo ( 4 ) Discordo
( 1 ) Concordo totalmente ( 2 ) Concordo mais que discordo
( 3 ) Discordo mais que concordo ( 4 ) Discordo
( 1 ) Concordo totalmente ( 2 ) Concordo mais que discordo
( 3 ) Discordo mais que concordo ( 4 ) Discordo
( 1 ) Concordo totalmente ( 2 ) Concordo mais que discordo
( 3 ) Discordo mais que concordo ( 4 ) Discordo
( 1 ) Concordo totalmente ( 2 ) Concordo mais que discordo
( 3 ) Discordo mais que concordo ( 4 ) Discordo
93
Anexo 4 - Pontuação dos domínios avaliados pelo WHOQOL-Bref
Algoritmo criado pela Organização Mundial de Saúde – WHOQOL Group (disponível em
http://www. ufrgs.br/psiq)
Recode q3 q4 q26 (1=5) (2=4) (3=3) (4=2) (5=1). (scores based on a 4-20 scale) compute dom 1= (mean.6 (q3, q4, q10, q15, q16, q17, q18)) * 4. compute dom 2= (mean.5 (q5, q6, q7, q11, q19, q26)) * 4 compute dom 3= (mean.2 (q20,q21,q22)) * 4 compute dom 4= (mean.6 (q8, q9, q12, q13, q14, q23, q24, q25)) * 4 compute overall= (mean.2 (q1, q2)) * 4 (scores transformed to a 0-100 scale) compute dom1b= (dom1 - 4) * (100/16). compute dom2b= (dom2 - 4) * (100/16). compute dom3b= (dom3 - 4) * (100/16). compute dom4b= (dom4 - 4) * (100/16). compute q1b= (q1 - 1) * (100/16). compute q2b= (q2 - 1) * (100/16).
94
Anexo 5 – Coeficiente Alfa de Cronbach por questões do WHOQOL-Bref
Tabela 15 - Coeficientes Alfa de Cronbach pela retirada de cada questão do questionário
WHOQOL-Bref dos funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de
2006 - População de Estudo
Questão Coeficiente Alfa de Cronbach 1 0,86 2 0,86 3 0,87 4 0,87 5 0,86 6 0,86 7 0,86 8 0,86 9 0,86 10 0,86 11 0,86 12 0,87 13 0,86 14 0,86 15 0,86 16 0,86 17 0,86 18 0,86 19 0,86 20 0,86 21 0,86 22 0,86 23 0,86 24 0,86 25 0,87 26 0,86
95
Anexo 6 – Coeficiente Alfa de Cronbach por questões do JSS
Tabela 16 - Coeficientes Alfa de Cronbach pela retirada de cada questão do questionário JSS dos
funcionários da Petrobras inscritos no CPS e avaliados em maio e junho de 2006 - População de
Estudo
Questão Coeficiente Alfa de Cronbach 1 0,66 2 0,66 3 0,67 4 0,67 5 0,70 6 0,66 7 0,67 8 0,68 9 0,70 10 0,67 11 0,67 12 0,68 13 0,66 14 0,66 15 0,67 16 0,67 17 0,66
96
Anexo 7 – Produções Científicas
VIGÁRIO, P. S.; COSTA, A. J. L.; OLIVEIRA, F. P. Qualidade de vida de funcionários envolvidos em um programa de promoção de saúde de uma empresa de grande porte. In: 10 Simpósio Internacional de Atividades Físicas do Rio de Janeiro, 2006, Rio de Janeiro. Revista de Educação Física, 2006. v. 135. p. 77-77.
VIGÁRIO, P. S.; COSTA, A. J. L.; OLIVEIRA, F. P. Qualidade de Vida, Obesidade e Fitness Corporativo. In: 22 Congresso Internacional de Educação Física - FIEP 2007, IV Congresso Científico Latino-Americano da FIEP e IV Congresso Brasileiro Científico da FIEP, 2007, Foz do Iguaçu. Journal of the International Federation of Physical Education. Foz do Iguaçu, 2007. v. 77. p. 246-249.
VIGÁRIO, P. S.; COSTA, A. J. L.; OLIVEIRA, F. P . Obesidade e Qualidade de Vida. Resumo submetido à aprovação do VII Congresso Brasileiro de Transtornos Alimentares e Obesidade. Novas Perspectivas: Comorbidades e Tratamentos. Evento a ser realizado em junho de 2007.
VIGÁRIO, P. S.; COSTA, A. J. L.; OLIVEIRA, F. P. Quality of life and body fat in a program of corporative fitness. Resumo submetido à aprovação do 12º Annual Congress of the European College of Sport Science. Evento a ser realizado em julho de 2007.
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