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Relações Internacionais e GlobalizaçãoDAESHR014- 13SB
(4-0-4) Professor Dr. Demétrio G. C. de Toledo – BRI
demetrio.toledo@ufabc.edu.br
UFABC – 2018.I
(Ano 3 do Golpe)
Aula 5
3ª-feira, 6 de março
Blog da disciplina:
https://rigufabc.wordpress.com/
No blog você encontrará todos os materiais do curso:
• Programa
• Textos obrigatórios e complementares
• ppt das aulas
• Links para sites, blogs, vídeos, podcasts, artigos e outros materiais de interesse
Horários de atendimento extra-classe:
• São Bernardo, sala D-322, Bloco Delta, 3as-feiras e5as-feiras, das 13-14h (é só chegar)
• Atendimentos fora desses horários, combinar poremail com o professor:demetrio.toledo@ufabc.edu.br
Módulo I: Origens de nosso tempo presente
Aula 5 (3ª-feira, 6 de março): Colapso da URSS.
Texto base:
HOBSBAWM, Eric. (1994) “Fim do socialismo”, p. 447-482,
Texto complementar:
MEDEIROS, Carlos Aguiar de (2011) “A economia política datransição na Rússia”, in: ALVES, A. G. M. P. (2011), p. 13-34.
ALEKSIÉVITCH, Svetlana (2016) Vozes de Tchernóbil: ahistória oral do desastre nucelar.
ALEKSIÉVITCH, Svetlana (2016) O fim do homem soviético.
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Rússia: formação histórica
• Situada entre duas macroestruturas civilizacionais –Europa ou Ásia –, a Rússia tem sido objeto de constantefascínio e inquirição.
• Definir o “caráter” russo, ou a “alma russa”, como diriaDostoievsky – se europeia ou asiática – tem sido ao longodos séculos uma das grandes perguntas que russos eoutros têm se colocado.
• Qual o traço histórico-cultural-civilizacional quepredomina no processo de formação histórica da Rússia?
• Rússia: civilização eurasiática por excelência.
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Rússia: formação histórica
• Historicamente, a Europa Ocidental/Latina terminava nasfronteiras do Império Bizantino.
• Rússia: para lá do Império Bizantino!
• Eslavos: maior grupo linguístico indo-europeu na Europa.
• Principado de Rus Kiev: séculos IX a XIII (cf. AlexanderNevsky, de Sergey Eisenstein, 1938).
• Principado de Moscu: séculos XIII-XVI.
• Rússia Tzarista: 1547-1721, fundada por Ivan Grozny, maisconhecido como Ivan, o Terrível (cf. Ivan, o Terrível, deSergey Eisenstein, 1944, 187 minutos de filme, muito bompara ver entre um bloquinho e outro no carnaval).
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Rússia: formação histórica
• Rússia Imperial: 1721-fevereiro de 1917, fundada por Pedro,o Grande, introdutor da autocracia (1672–1725).
• Catarina, a Grande, princesa alemã, tzarina da RússiaImperial (762–1796) seguiu e aprofundou o processo de“modernização” e “europeização” iniciado por Pedro, oGrande.
• Alexandre II (1818-1881), aboliu a servidão em 1861;assassinado pelo Narodnaya Volya em 1881.
• Narodniks (povo, como em folk ou volks), populismo russo.Lema: “ir ao povo”. Radicais, precursores do bolchevismo,atuantes entre 1860-1870, suas influências persistindo até1917.
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Rússia: “antesovieticum”
• No século XIX a efervescência do pensamento social epolítico russo e as sucessivas ondas “modernizadoras” pelasquais passou o país colocaram a Rússia no centro dasdiscussões sobre a possibilidade de uma revolução socialistaem um país atrasado recentemente saído da servidão.
• Marx travou longa troca epistolar com radicais russos sobrea viabilidade de uma formação social transitar da servidãopara o socialismo sem passar pelo capitalismo. Ainda quedifícil, Marx não descartava essa possibilidade.
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Rússia: “antesovieticum”
• Apesar das dificuldades sociais e políticas internas, noséculo XIX a Rússia é inequivocamente uma das grandespotências europeias (e/ou asiáticas). Na Ásia Central, aRússia disputa o Grande Jogo com a Grã-Bretanha, à épocaa potência hegemônica do capitalismo histórico.
• A Rússia experimenta a partir da segunda metade do séculoXIX uma aceleração do seu desenvolvimento econômico,sobretudo após a abolição da servidão (1861).
• No começo do século XX, no entanto, o vigor dodesenvolvimento das potências
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Rússia: antesovieticun
• No começo do século XX, no entanto, o vigor dodesenvolvimento econômico, industrial e tecnológico daspotências ascendentes, sobretudo EUA, Alemanha, França eJapão, atualiza as questões relativas ao desenvolvimentorusso e sua condição de potência europeia (e/ou asiática).
• A Guerra Russo-Japonesa (1904-1905), que termina com aderrota russa, mergulha o país em sérias dificuldades ecoloca em dúvida sua condição de potência.
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Rússia: antesovieticun
• Desde então, a Rússia mergulharia em um longo períodorevolucionário que culminaria com a revolução de outubrode 1917 (precedida pela revolução de 1905 e pela revoluçãode fevereiro de 1917).
• Sobre esta última, ver O encouraçado Potemkin, de SergueiEisenstein (1925).
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Rússia: período soviético
• A Revolução Russa de Outubro de 1917 extinguiu o tsarismona Rússia e implantou um sistema de poder baseado nossovietes, assembleias de trabalhadores.
• À Revolução Russa segue-se a guerra civil russa,contrapondo brancos e vermelhos.
• Em 1922 os vermelhos (bolsheviques) vencem a guerra civile assumem o poder na Rússia sob liderança de VladimirIlyich Ulyanov, mais conhecido como Lênin.
• Lênin morre em 1924, aos 53 anos. Segue-se uma disputapela liderança da URSS, vencida por Joseph VissarionovichStálin, que lideraria a URSS de 1924 até o ano de sua morte,1953.
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Rússia: formação da URSS
• União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) começa ase constituir ao final da guerra civil russa, no ano de 1922,composta por Rússia, Ucrânia, Bielorússia, Geórgia,Azerbaijão e Armênia (em 1922), Uzbequistão eTurcomenistão (em 1924), Tadjiquistão (em 1929),Kazaquistão e Kirguistão (em 1936), Lituânia, Letônia,Estônia e Moldávia (em 1940), num total de 15 repúblicas.
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URSS: principais eventos
• 1917: Revolução Bolchevique (outubro)
• 1922: fim da guerra civil entre brancos e vermelhos, comvitória destes últimos.
• 1924: morte de Lênin; Stálin assume o poder.
• 1936-1938: Expurgo stalinista.
• 1939: Pacto Molotov-Ribbentrop.
• 1941: invasão nazista da URSS; início da Grande GuerraPatriótica, resultando na morte de mais de 20 milhões desoviéticos (militares e civis).
• 1945: soviéticos chegam a Berlin em 8 de maio (9 de maioem Moscou, data em que se celebra o Dia da Vitória).
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URSS: principais eventos
• 1953: morte de Stálin.
• 1953-1964: Nikita Serguêievitch Khrushchov sucede Stálinno comando da URSS. Em 1956, no XX Congresso do PartidoComunista da URSS, Krushchov faz o “Discurso Secreto”,denunciando as técnicas de poder de Stálin.
• 1960: Rompimento entre URSS e China (RPC).
• 1964-1982: Leonid Ilitch Brejnev assume a liderança daURSS. Acirramento da Guerra Fria seguido de deténte(1969).
• Fim dos anos 1979-1985: novo acirramento da Guerra Fria.
• 1982-1984: Iúri Vladimirovitch Andropov.
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URSS: principais eventos
• 1984-1985: Konstantin Ustinovich Chernenko.
• 1985-1991: Mikhail Sergueievitch Gorbachev. Perestroika(reestrutração econômica e política) e glasnost (liberdadede informação e de expressão) são as palavras de ordemque irão orientar o reformismo de Gorbachev, que esperavapoder reformar o socialismo em direção a uma economiasocialista de mercado (mercado com preços formados poroferta e demanda) sem abrir mão dos avanços sociais dosocialismo.
• 1986: Desastre Nuclear de Tchernóbil.
• 1989: Queda do Muro de Berlim; queda dos regimessocialistas nos satélites da União Soviética.
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URSS: principais eventos
• 1991: Tentativa de golpe de Estado contra Gorbachevfracassa. Boris Nicoláievitch Iéltsin, presidente da URSS de1990-1991, assume a liderança contra o golpe. Proibição doPCUS. Dissolução da União das Repúblicas SocialistasSoviéticas. Independência das 12 repúblicas quepermaneciam na URSS (os Estados bálticos – Lituânia,Letônia e Estônia - haviam se tornado independentes em1989). Iéltsin se torna o primeiro presidente da FederaçãoRussa (1991-1999).1
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URSS: causas da queda
• “(...) À medida que a década de 1970 passava para a de1980, foi ficando cada vez mais claro que havia algumacoisa de seriamente errada em todos os sistemassocialistas (...). A diminuição do ritmo da economiasoviética era palpável: a taxa de crescimento de quase tudoque nela contava, e podia ser contado, caiu constantementede um período de cinco anos para outro após 1970 (...). Senão estava de fato em regressão, a economia avançava nopasso de um boi cada vez mais cansado. Além disso, muitolonge de se tornar um gigante do comércio mundial, aURSS parecia estar regredindo internacionalmente”.(Hobsbawn 1994: 456)
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URSS: causas da queda
• “[A URSS] tornara-se algo assim como uma colôniaexportadora de energia para economias industriais maisavançadas”. (Hobsbawn 1994: 457)
• “Na verdade, na década de 1970 era claro que não só ocrescimento econômico estava ficando para trás masmesmo os indicadores sociais básicos, como o damortalidade, estavam deixando de melhorar. Isso minou aconfiança no socialismo mais do que qualquer outra coisa,pois sua capacidade de melhorar a vida da gente comumatravés da maior justiça social não dependia basicamentede sua capacidade de gerar maior riqueza”. (Hobsbawn1994: 457)
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URSS: causas da queda
• “O problema do ‘socialismo realmente existente’ na Europaera que, ao contrário da URSS do entreguerras,praticamente fora da economia mundial e portanto imune àGrande Depressão, agora o socialismo estava cada vez maisenvolvido nela, e portanto não imune aos choques dadécada de 1970 (...) O ‘socialismo real’, porém, agoraenfrentava não apenas seus próprios problemas sistêmicosinsolúveis, mas também os de uma economia mundialmutante e problemática, na qual se achava cada vez maisintegrado”. (Hobsbawn 1994: 458)
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URSS: causas da queda
• “Neste ponto, devemos retornar da economia para apolítica do ‘socialismo realmente existente’, pois a política,tanto a alta quanto a baixa, é que iria provocar o colapsoeuro-soviético de 1989-1991”. (Hobsbawn 1994: 460)
• “Em 1985, um reformador apaixonado, Mikhail Gorbachev,chegou ao poder como secretário-geral do partido”(Hobsbawn 1994: 461)
• “A ‘era de estagnação’ (zastoi) que Gorbachev denuncioufora na verdade uma era de aguda fermentação política ecultural entre a elite soviética” (Hobsbawn 1994: 461)
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URSS: causas da queda
• “(...) As camadas educadas e tecnicamente competentesque mantinham de fato a economia soviética funcionandotinham aguda consciência de que sem uma mudançadrástica, na verdade fundamental, ela iria inevitavelmenteafundar mais cedo ou mais tarde, não apenas por causa dainata ineficiência e inflexibilidade do sistema, mas porque afraqueza era agravada pelas demandas de status desuperpotência militar, que não podia ser sustentada poruma economia em declínio. A tensão militar sobre aeconomia na verdade aumentara perigosamente desde1980 [guerra do Afeganistão]”. (Hobsbawn 1994: 461-462)
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URSS: causas da queda
• “Mas que podia fazer o novo líder soviético para mudar asituação da URSS, além de pôr fim, o mais cedo possível aoconfronto da Segunda Guerra Fria com os EUA, que estavadessangrando a economia? Esse, claro, era o objetivoimediato de Gorbachev, e foi seu maior êxito, pois, numperíodo surpreendentemente curto, ele convenceu mesmoos governos ocidentais céticos de que essa era de fato aintenção soviética”. (Hobsbawn 1994: 464)
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URSS: causas da queda
• “As linhas segundo as quais [a URSS] ia rachar-se já estavamtraçadas: de um lado, o sistema de autonomia de poderterritorial em grande parte corporificado na estruturafederativa do Estado, de outro os complexos econômicosautônomos”. (Hobsbawn 1994: 469)
• “Os últimos anos da União Soviética foram uma catástrofeem câmera lenta. A queda dos satélites europeus em 1989 ea relutante aceitação por Moscou da reunificação alemãdemonstraram o colapso da União Soviética como potênciainternacional, mais ainda como superpotência. (...) Apesardisso, manteve as Forças Armadas e o complexo industrial-militar da ex-superpotência (...).” (Hobsbawn 1994: 476)
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URSS: causas da queda
• “Assim, a destruição da URSS conseguiu a reversão de quasequatrocentos anos de história russa, e a volta do país à erade antes de Pedro, o Grande (1672-1725). Como Rússia, sobum czar, ou como URSS, fora uma grande potência desdemeados do século XVIII, e sua desintegração deixou umvazio entre Trieste e Vladivostok que não existira antes nahistória moderna, exceto por pouco tempo durante aGuerra Civil de 1918-1920: uma vasta zona de desordem,conflito e catástrofe potencial. Essa era a agenda para osdiplomatas e militares do mundo no fim do milênio”.(Hobsbawn 1994: 479)
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