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Tel. 26-218650, Tel/Fax. 26-218649, Email: inia-pan@teledata.mz
RELATÓRIO ANUAL DE ACTIVIDADES, 2007/2008
Compilado e editado por:
F. M. Chitio
Director do Centro Zonal Nordeste Sector de Protecção de Plantas
Centro Zonal Nordeste, Nampula
V. Salegua Sector de Estudos Sócio-Económicos
Posto Agronómico de Nampula Centro Zonal Nordeste, Nampula
A. M. Muitia Sector de Leguminosas
Posto Agronómico de Nampula Centro Zonal Nordeste, Nampula
Outubro de 2009
CENTRO ZONAL NORDESTE
ii
NOTA DE ABERTURA
O Centro Zonal Nordeste está apostado na constante melhoria da qualidade tanto nos
trabalhos reportados anualmente nos nossos relatórios como na qualidade do próprio
relatório. Para que isso aconteça, o Centro Zonal Nordeste contará com as críticas e
sugestões dos nossos parceiros e os demais utilizadores da nossa informação existente
neste relatório e das nossas valiosas tecnologias disponíveis. Desde já, todos estão
convidados a contribuírem criticando ou sugerindo qualquer assunto para a melhoria do
nosso trabalho não só deste relatório anual, mas também do nosso trabalho diário. Para o
efeito, contacte a Direcção do Centro Nordeste.
Fernando Mureva Chitio
Director do Centro Zonal Nordeste
iii
AGRADECIMENTOS
O grupo de editores endereça profudos agradecimentos à Direcção do CZnd pela
confiança depositada para a elaboração do relatório do Centro Zonal.
O corpo de editores deste relatório não esquece e nunca esquecerá a todos os
profissionais e instituições que contribuíram nas suas áreas específicas e que prontamente
prestaram as informações e auxílio solicitados durante a compilação e edição deste
relatório, endereçando um agradecimento especial.
Uma grande apreciação vai para às várias unidades experimentais e sectores que
compoõem o Centro Zonal Nordeste pelo apoio prestado na preparação e revisão das
várias versões deste relatório.
Agradecimentos vão também para os nossos parceiros que com vontade incomparável
trabalharam arduamente com o CZnd durante a campanha finda. Não vai ser fácil listar
todos os nossos parceiros numa única página. Para todos, mantenham o mesmo espírito
de vontade de colaboração.
Por fim, é de reconhecer a estimada dedicação e colaboração de todos os funcionários da
instituição que participaram directa ou indirectamente nas actividades descritas neste
relatório. Sem estes, este relatório que está a ser elaborado hoje não existiria. Continuem
com a mesma dedicação para o desenvolvimento da nossa instituição.
iv
INDICE GERAL
NOTA DE ABERTURA ............................................................................................. ii
AGRADECIMENTOS ............................................................................................ iii
Indice geral ............................................................................................................... iv
I. INTRODUÇÃO GERAL ................................................................................ 1
II. ACTIVIDADES DE INVESTIGAÇÃO REALIZADAS DURANTE A CAMPANHA 2007/2008 ................................................................................. 3
2.1 POSTO AGRONÓNICO DE NAMPULA ................................................. 3
2.2 LABORATÓRIO PROVINCIAL DE VETERINÁRIA ............................... 151
2.3 CENTRO DE INVESTIGAÇÃO E MULTIPLICAÇÃO ............................ 152
DE SEMENTES DE ALGODÃO DE NAMIALO ............................................ 152
2.4 CENTRO DE INVESTIGAÇÃO AGRÁRIA DE MAPUPULO ............. 173
1
I. INTRODUÇÃO GERAL
F. C. Mureva e A. Muitia
O Centro Zonal Nordeste, representante do IIAM na região nordeste de
Moçambique, tem por missão realizar as acções de investigação,
experimentação e demonstração necessárias ao reforço das fileiras produtivas
agrícolas, incluindo as conducentes ao melhoramento da produção e defesa do
património genético vegetal e animal de Moçambique em geral e da região
nordeste de Moçambique em particluar. Para alcançar os seus objectivos, o
CZnd é constituido pelas seguintes unidades experimentais:Posto Agronómico
de Nampula-Sede; Centro de Investigação e Multiplicação de Algodão de
Namialo-Nampula; Laboratório Regional de Veterinária-Nampula; Centro de
Investigação de Cajú-Nampula; Posto Agrário de Namitil-Nampula; Posto Agrário
de Namapa-Nampula; Centro de formação agrária de Namialo-Nampula; Centro
de Investigação Agrária de Mapupulo-Cabo Delgado e Centro de Investigação
Agrária de Nacaca- Cabo Delgado.
Para além das unidades experimentais, o CZnd é composto pelos seguintes
sectores de actividades e de apoio: Algodão, Cajú, Cereais, Centro de estudos
sócio-económicos, Ciências animais, Fertilidade de solos, Florestas,
Leguminosas de grão e oleaginosas, Protecção de plantas, Raízes e tubérculos
e Administração e vários sectores de apoio.
No decurso dos trabalhos do CZnd conta com a colaboração de inúmeras
entidades nacionais e estrangeiras que contribuem para a implementação de
certas actividades de investigação em algumas zonas do CZnd onde sem apoio
destas instituições o CZnd não conseguiria alcaçar. O sucesso deste trabalho,
reflecte-se na actual dinâmica de crescimento do sector agrário na região,
incluindo a agricultura familiar e empresarial.
Os esforços da investigação agrária nesta parcela do país tem como metas o
aumento sustentável da produção e produtividade das principais culturas
alimentares e de rendimento praticadas na região, o enriquecimento do banco
2
de germoplasma das diversas culturas, melhoramento de culturas, a melhoria do
conhecimento dos métodos tradicionais de combate a pragas e doenças, o
conhecimento profundo dos sistemas de produção agrícola do sector familiar, e
a necessidade de produzir informação para uma melhor gestão dos recursos
naturais no país. Neste processo, a participação das comunidades camponesas
como forma de incorporar as experiências e práticas agrícolas adquiridas ao
longo de várias gerações constituiu a base de trabalho dos investigadores
afectos ao Centro Zonal Nordeste.
Ao longo da campanha agrícola em causa, foram instalados e conduzidos
diferentes ensaios quer na rede experimental que o CZnd possui, quer nas
machambas dos camponeses, para testar e quantificar o efeito de determinadas
práticas agronómicas no rendimento das culturas. Estes ensaios incidiram
fundamentalmente sobre práticas de adubação orgânica e mineral, rotações e
pousios, cultivo consociado, conservação de água no solo, avaliação de novas
variedades de várias culturas, densidades de plantação, épocas e métodos de
plantação, e estudos sobre o controlo de pragas e doenças.
Não se conseguiu contudo, devido a limitações financeiras, responder às
necessidades institucionais de aumentar o quadro técnico-cientifico. Por esta
razão, se continua com algumas áreas chaves ainda inoperativas.
Outros constrangimentos que influenciaram e continuam a influenciar o não
cumprimento das metas estabelecidas pelo Centro Zonal incluem: muitos
quadros sem enquadramento no Aparelho do Estado, número limitado de
quadros especializados, insuficiência de moradias e escritórios, desembolso
tardio de fundos, exiguidade de fundos e falta de incentivos para os
investigadores especialmente o não enquadramento dos técnicos nas novas
carreiras do investigador.
3
II. ACTIVIDADES DE INVESTIGAÇÃO REALIZADAS DURANTE A CAMPANHA 2007/2008
O presente relatório apresenta basicamente os resultados das actividades
realizadas durante a campanha 2007/2008 no CZnd. Por questões de
organização, as actividades serão apresentadas por unidade experimental e
dentro de cada unidade experimental os sectores respectivos se assim o
justificar.
2.1 POSTO AGRONÓNICO DE NAMPULA
Ivete Maluleque
O Posto Agronómico de Nampula (PAN) é uma das unidades experimentais do
Centro Zonal Nordeste. O PAN tem como missão identificar, desenvolver e
disseminar tecnologias agrárias que contribuam para o fortalecimento do sector
familiar e comercial na região agro-ecológica R7,8 e 9. Os seus objectivos
resumem-se em:
• Identificar as limitantes da produção agrícola e florestal,
• Investigar tecnologias apropriadas,
• Efectuar estudos de adopção de tecnologias disponíveis e avaliar a sua contribuição no alívio da pobreza e segurança alimentar.
O PAN tem realizado ensaios na estação e fora da estação junto de produtores
em colaboração com os seus parceiros. A sua área experimental é de 360 ha,
onde anualmente se exploram cerca de 15% da área para ensaios e
multiplicação de sementes. As principais culturas estudadas e multiplicadas pelo
PAN dentro da área experimental são a mandioca, batata-doce, milho, arroz,
mapira, feijão nhemba, amendoim, gergelim, feijão jugo, banana e diversas
espécies agroflorestais.
Na campanha 2007/2008, foi ocupada pelo PAN uma área de 40 ha, sendo 4,6
ha em ensaios e 35,4 ha para multiplicação. As lavouras e gradagens iniciaram
4
em Outubro e as primeiras sementeiras tiveram lugar em Dezembro. Devido à
sementeira tardia e irregularidade das chuvas os resultados do campo estiveram
abaixo das expectativas. A exiguidade de fundos tem contribuído para a não
aquisição de insumos básicos para as pesquisas e multiplicação de sementes
em moldes desejados.
O IITA é um dos parceiros do IIAM que também tem efectuado ensaios e
multiplicação de sementes dentro da área experimental do PAN, trabalhando
basicamente com as culturas de mandioca, soja e feijão nhemba.
SECTOR DE DE LEGUMINOSAS DE GRÃO E OLEAGINOSAS
I. C. Napita, S. Naharipo, M. Donça e A. Muitia
Introdução O sector de leguminosas de grão e oleaginosas do Centro Zonal Nordeste
trabalha com várias culturas incluindo, amendoim, feijão nhemba, feijão boer,
feijão jugo, soja, feijão holoco e gergelim. Algumas dessas culturas, como é o
caso de amendoim, nos útimos anos, já passaram de culturas alimentares para
culturas de rendimento visto que existem mercados garantidos com preços
aliciantes o que fez com que os produtores da região apostassem no seu cultivo.
A demanda do amendoim vermelho e de tamanho grande e da cultura de
gergelim obriga ao sector em redrobar esforços para alimentar as necessidades
do mercado destas duas culturas. Neste momento, a grande aposta do sector é
estabelecer um programa de melhoramento das diversas culturas,
principalmente para as culturas de amendoim, feijão nhemba e gergelim.
Objectivos gerais do sector
• Recolher e manter germoplasmas das diversas culturas tanto localmente como de outras instituições de investigação estrangeiras
• Encontrar variedades com altos rendimentos e estáveis nas condições agro-ecológicas da região e economicamente desejáveis
5
• Determinar as melhores práticas culturais para as diversas culturas segundo o sistema de produção da região com a finalidade de aumentar a produção e a produtividade do sistema
• Produzir semente (pré) básica das variedades recomendadas para a região das diversas culturas
• Divulgar e difundir as novas tecnologias resultantes da investigação.
Actividades realizadas
As actividades realizadas durante a campanha 2007/2008 incluíram:
• Na cultura de amendoim:
• Na cultura de feijão nhemba:
o Multiplicação de semente de várias variedades.
• Na cultura de feijão boer:
o Ensaio de caracterização de germoplasma;
o Multiplicação de semente.
A seguir estão descritos alguns dos ensaios desenvolvidos dentro do sector de
leguminosas durante a campanha.
6
SECTOR DE PROTECÇÃO DE PLANTAS
Investigação e Produção de Gergelim em Nampula e Ca bo Delgado
Fernando M. Chitio, Marques B. Donca, Momade Ibraimo, Henriques Coleal, Venancio
Salegua, Talibo Perar, Armando Geremias, and Antonio Sulaha
ABSTRACT
According to what was proposed in the project one of the activities was basic seed
production on-station. For this activity, the result was the production of 1.000 kg of
NICARAGUA Variety, and 10 kg of LINDI and ZIADA, new varieties from Tanzania.
It was also proposed in the project two trials to be set up with farmers in 18 farmers’
associations in 6 districts in two Provinces (Nampula and Cabo Delgado).
The two trials were on Genetic resistance against flea beetles and the effect of 2
chemicals (Acephate and Deltametrin) on flea beetle control. Results of the first trial
“Genetic resistance against Flea beetle” showed no significant differences among
varieties in genetic resistance against Flea beetle in two times of observation made in all
districts.
The results of second trial “ The effect of 2 chemicals in Flea beetle control” showed no
significant differences among varieties in the level of severity attack by Flea beetle and
in two chemicals in all three times of observations. However, significant differences were
shown in different locations were trials were set up. Fuine and Natere sites of Angoche
district showed more Flea beetle incidence than Itoculo and Nacaroa. It’s conflicting
result because usually Itoculo and Nacaroa are major sesame growing areas and it’s
supposed to have more Flea beetle incidence. In term of yield, Lindi showed more yield
than other varieties.
The last activity that was proposed in the project was guaranteed seed production in on-
farm with farmer associations. For this activity the result was the production of 1.200 kg
of sesame of around 10.8 tones projected. The shortage of rain was the major
constraints of seed production in farmer’s fields. So, the total of 2.300 kgs of seeds was
produced with help of the project in farmer associations in two Provinces.
7
In all these activities, the IIAM staff was working with partners such as IKURU, CLUSA,
and CARE. With IKURU, 1 technician is involved in trial and seed multiplication set up.
With other partners we were working with their farmer associations, and there are
collaborations.
I. Introdução
Gergelim, Sesamum indicum L. Pedaliaceae , é uma cultura oleaginosa cultivada a
vários anos em várias partes do mundo, e que se acredita ser originária do continente
Africano (Ram et al., 1990). A planta de gergelim tem um crescimento erecto e pode
atingir entre 1 a 2 metros de altura, com folhas com uma pubescência suave, flores cor
de rosa clara ou branca e frutos em forma de cápsulas, dos quais se obtêm as
sementes.
A cultura tem elevado valor comercial e nutricional, devido a constituição da sua
semente. Da semente extrai-se o vulgarmente conhecido óleo de sesame (50 a 60% da
da composição da semente) que possuí os seguintes antioxidantes naturais: oleína,
esternina, palmitina, miristina, linoleina, sesamina e sesamolina (Brar e Ahuja, 1979). A
importância do óleo de gergelim reside no facto deste possuir um baixo teor de
colesterol, e uma elevada proporção de ácidos gordos não saturados, sendo portanto
usado para o fabrico de margarinas, óleos para saladas, e óleo de cozinha.
Para além do uso do óleo extraído, sementes do gergelim são usadas como condimento
em pastelarias e confeitarias. Gergelim tem também aplicação medicinal e agrícola. Na
medicina o óleo é usado como um solvente farmacêutico, e na agricultura como
sinergista de insecticidas a base de piretrum. Resíduos do estrato do óleos são usados
como aditivo para enriquecimento da ração animal (Simon at al., 1984, Morris, sd).
O gergelim é considerado planta tropical e subtropical; vem sendo cultivado em quase
todos os países de clima quente e em zonas temperadas (mais ou menos, até 16ºC). O
gergelim distribuiu-se, no mundo, entre as latitudes de 25 º N e 25 º S.
A altitude não deve ultrapassar 1.250m. (para a maioria das variedades), a temperatura
média do ar deve estar entre 25ºC e 27ºC (principalmente para germinação,
crescimento/desenvolvimento da planta e para manter altos teores de sesamina e
8
sesamolina). A planta requer 2.700 unidades de calor (graus térmicos) por 3-4 meses,
chuvas leves de 400 a 650mm./ano bem distribuídas.
O gergelim é considerada planta tolerante à seca; Weis 1971, idealizou a distribuição
das chuvas para o gergelim da seguinte forma: 35% do total de chuvas da germinação
ao aparecimento do primeiro botão floral, 45% durante o período da floração e 20% no
início da maturação.
O gergelim prefere solos profundos - 0,6m acima - com textura franca, bem drenados e
de boa fertilidade natural (macro e micronutrientes) e nunca solos salinos. A planta pode
crescer/desenvolver-se em tipos diversos de solos sem atingir a plenitude observada
nos solos preferenciais. Os solos devem apresentar reação neutra - pH próximo a 7 -
não tolerando, a planta, aqueles com pH abaixo de 5,5 ou acima de 8, é extremamente
sensível à salinidade e alcalinidade (por sódio trocável). O Gergelim é considerada
esgotante do solo sendo sensível ao encharcamento e a saturação hídrica do solo.
Na regiao Norte de Moçambique semeia-se como cultura de 2ª epoca (Fevereiro-Março)
e no Sul (Outubro-Novembro). Deve-se semear em período tal que o
amadurecimento/colheita das plantas ocorra em período seco (sem incidência de
chuvas sobre as capsulas abertas). As chuvas na altura da colheita podem depreciar a
qualidade do gergelim.
A sementeira pode ser realizada em sulcos ou locais planos bem preparados, à mão ou
mediante o emprego de semeadoras adaptadas. Há semeadora manual bastante
simples e de fácil construção; consta de uma garafa de agua de 1 litro, com 2-3 furos na
tampa e acoplada (amarrada) a uma haste de bambu própria para o plantio em covas.
Ela abre a cova (ponta da bambu) e semeia (6-10 sementes) simultaneamente. Não
utilizar covachos com profundidade acima de 3cm.; segundo o espaçamento adotado
gasta-se 2 a 5 quilos de sementes para semear um hectare. O compasso, 60-70 cm
entre linhas e 10-15 Cm entre plantas.
9
O gergelim é considerado planta esgotante de solos; de uma maneira geral, para fins de
adubação, recomenda-se retirar amostras de solo, na profundidade de 0-20cm em
áreas uniformes do terreno a semearr e enviá-las a laboratório para análise. Caso
análise indique fósforo disponível acima de 10 ppm dispensar o uso de adubação
fosfatada; se o teor de matéria orgânica for superior a 2,6% não se recomenda o uso de
fertilizantes nitrogenados. Em geral, a planta precisa de 50 – 14 – 60 kg/ha de N-P2O5–
K2O para produzir 1.000 kg de sementes.
Para garantir as densidades recomendadas e o rendimento é necessário proceder-se a
remoção ou desbaste no campo de plantas a mais deixando as plantas mais vigorosas;
este pode ser feito em duas etapas e deve ser realizado com solo húmido:
Para o controle de ervas daninhas podem também ser usados herbicidas pré-
emergentes em solo húmido; para uso desses químicos deve-se levar em conta a
textura do solo e o teor de matéria orgânica. Caso a população de ervas for mista -
folhas largas + folhas estreitas usar mistura de herbicidas.
A rotação de culturas, além dos benefícios na produtividade, é uma prática que
promove a redução de pragas, tanto no gergelim como nas demais culturas que entram
no esquema de rotação, auxilia no controle de ervas daninhas, reduz a erosão e
mantém a matéria orgânica no solo. As culturas que normalmente são usadas em
rotação com o gergelim são: Algodão, milho, feijão, soja, amendoim e mapira.
Figura 1: Mecanismo usado para a sementeira
10
Exemplos de rotação: feijão nhemba-gergelim, milho-gergelim e amendoim-gergelim.
No caso de rotação com uma leguminosa (soja ou amendoim), permite a economia de
alguns quilos de fertilizantes nitrogenados por hectare.
O sistema de cultivo consociado é amplamente usado por pequenos agricultores, uma
vez que estes aproveitam ao máximo os já limitados recursos que possuem, diminuem
o insucesso da lavoura, dispõem de maiores opções de alimentos e possibilita maior
eficiência do uso da terra e conservação do solo.
As principais pragas e doenças que ocorrem na cultura de gergelim sao: besouro da
folha, Alocypha bimaculata (Flea beetle) - mais comum na zona norte do país. Pode ser
controlada, tratando a semente com Gaucho e mais uma ou duas aplicaçoes usando
Karate ou Cipermetrina, lavouras profundas, uso de variedades resistentes, rotaçao de
culturas etc.
Lagarta enroladora das folhas- severa com escassez de chuva e temperaturas
amenas. Pode-se reduzir o grau de infestaçao usando sementeiras uniformes,
pulvezizar com folhas de Margosa e uso de quimicos.
As principais doenças do gergelim são as manchas foliares causadas por fungos, as
quais podem causar sérios prejuízos à cultura quando as condições são favoráveis a
seu desenvolvimento (LIMA et al., 2001).
Mancha angular ( Cylindrosporium sesami ) – Essa doença geralmente afecta as
folhas, produzindo manchas angulares e irregulares de cor pardo-escura limitadas em
um ou mais lados pelas nervuras, sendo que na parte inferior da folha a lesão é mais
clara. É encontrada com maior intensidade no terço inferior da planta. O fungo é
transmitido pelas sementes (que são a fonte do inóculo). A propagação da doença em
área plantada ocorre por meio do vento que transporta os esporos das plantas
infectadas para plantas sadias. O meio mais eficiente de controle dessa doença é o uso
de cultivares resistentes. Recomenda-se, ainda, o tratamento das sementes e rotação
de culturas.
Murcha de fusarium ( Fusarium oxysporium ) – Os sintomas desta doença
caracterizam-se por flacidez e murcha da planta que, posteriormente, seca e morre.
Fazendo-se um corte transversal no caule, pode-se observar o enegrecimento dos
tecidos do sistema vascular. Esse fungo sobrevive no solo na forma de esporos,
11
vivendo saprofiticamente em restos de cultura. Sua disseminação é feita por partículas
do solo e gotas de água (da chuva e de irrigação). Sementes sas, rotação de culturas,
eliminação de restos de culturas e cultivares resistentes devem ser usados como
medidas de controle.
A colheita é uma das etapas mais importantes para o rendimento do gergelim, pois
perdas de sementes de 50%, ou mais, podem ocorrer em decorrência da abertura dos
frutos depois da maturação completa. Além disso, a qualidade das sementes também
pode ser afectada caso haja chuvas no periodo de maturaçao e com frutos abertos.
A operação de colheita deve ser feita assim que as hastes, folhas e frutos atinjam o
amarelecimento completo e antes que os frutos estejam totalmente abertos. Em
Variedades deiscentes, os frutos da base abrem-se mais cedo, o que indica o momento
exato para se iniciar a colheita.
Normalmente, a colheita do gergelim é feita de forma manual, com rendimento de 0,2 a
0,3 ha/hora/homem. As plantas devem ser cortadas na base, a uma distância de 20 cm
do solo e secar
II. Materiais e métodos
O material usado neste trabalho para facilitar aos agricultores e aos gestores do
projecto a atingirem os objectivos previamente traçados incluiu produtos químicos
(Acephate e Deltametrina), 30 sacos de ureia de 50 kg cada, pulverizadores, mascaras
e luvas.
Para a Província de Nampula, os Distritos seleccionados para a montagem dos ensaios
e campos de multiplicação de sementes foram Angoche, Monapo e Nacaroa. Para a
efectivação dos trabalhos, a equipa da investigação agrária acompanhada com a equipa
dos parceiros, CLUSA, IKURU e CARE, deslocova-se para os distritos seleccionados.
Esses parceiros já trabalhavam nestes distritos abrangidos com grupos de produtores
na forma de associações.
Para o Distrito de Angoche, foram contactados 24 camponeses em 3 associações,
sendo 8 camponeses por cada associação. Em cada associação, foram montados 2
ensaios e 2 campos de multiplicação de sementes, sendo 3 camponeses com o mesmo
12
tipo de ensaio e 2 camponeses com 0.5 ha cada de multiplicação de sementes. No total,
nas 3 associações do distrito de Angoche, foram montados 18 ensaios e 3 hectares de
multiplicação de sementes. Para os distritos de Nacaroa e Monapo, também foram
contactados camponeses no nύmero igual a do Angoche em cada distrito. Depois os
camponeses foram distribuidos a semente do gergelim, para multiplicação. Os ensaios
foram montados pela equipa do IIAM, com a participação dos camponeses em todos os
distritos e todas as associações.
Para a Província de Cabo Delgado os Distritos seleccionados para a montagem dos
ensaios e campos de multiplicação de sementes foram Mueda, Namuno e Montepuez.
A equipa da investigação agrária deslocava-se para os distritos visados acompanhada
com a equipa da Extensão Rural Pύblica afecta aos distritos agrangidos.
Para o Distrito de Mueda, foi selecionado o Posto administrativo sede-Aldeia de
Mandimba e associação José Pacheco. Foram seleccionados 6 camponeses nesta
associação para a montagem dos ensaios. Outro Posto administrativo seleccionado no
distrito de Mueda foi Litembo, na aldeia Litembo sede e associação Eduardo Mondlane.
Neste Posto administrativo, foram contactados 7 camponeses. No total, 2 associações
foram seleccionadas no distrito de Mueda, 13 camponeses foram contactados para a
montagem dos ensaios e 3 camponeses para multiplicar 1.5 ha de sementes.
Para o distrito de Montepuez foram contactados para o trabalho de projecto, 9
camponeses, onde 5 iriam montar ensaios e 4 multiplicação de sementes, nos Postos
administrativos de Namanhumbir, aldeia de Nanhupo e Namahaca, e Posto
administrativo de Mapupulo e aldeia de Mapupulo sede.
Para o distrito de Namuno, foram contactados 24 camponeses para montagem dos
ensaios e 5 camponeses para a multiplicação de sementes. No distrito de Namuno,
foram seleccionados, o Posto administrativo sede-aldeia M’phuho- Associações Faitha,
Visão do futuro. Também foi seleccionada aldeia Nakihi e associação Stock alimentar.
Por fim foi seleccionada, a aldeia Kororini e associação Kororini. Neste processo de
selecção de camponeses, a equipa da investigação agrária sempre estava
acompanhada de Extensionistas. Depois deste processo os camponeses foram
distribuidos a semente do gergelim, para multiplicação. Os ensaios foram montados
pela equipa do IIAM, com a participação dos camponeses em todos os distritos e todas
as associações.
13
III. Resultados e discussão
3.1 On-Station- Nampula
Foi montado também no Posto Agronómico de Nampula, o ensaio de resistência
genética das variedades. As análizes de variância mostraram diferenças significativas
entre as variedades no concernente a rendimentos (P=0.0125; F=3.69; a 5% de
significancia)
Variedade Rendimento (kg/ha)
ZIADA 591.3 a
ICEASE 00010 453.8 ab
ICEASE 00020 426.4 ab
LINDI 414.8 ab
ICTAR 198 302.0 abc
ICEASE 0004 294.6 abc
ICEASE 00013 264.9 bc
LOCAL 60.5 c
ICEASE 00018 52.2 c
Médias com as mesmas letras não são significativamente diferentes ao nível de 5%.
CV = 9.05; DMS = 317.8
A variedade ZIADA foi que teve em média um rendimento maior e significativo, com
cerca de 591.3 kg/ha quando comparada com as variedades ICEASE 00013, LOCAL e
ICEASE 00018 que tiveram em média um rendimento que variou de 264.9 kg/ha à 52.2
kg/ha. Observou-se também diferenças significativas entre as variedades ICEASE
00010, ICEASE 00020, LINDI que tiveram um rendimento que variou de 453.8 kg/ha à
414.8 kg/ha e as variedades LOCAL e ICEASE 00018 que tiveram um rendimento de
60.5 kg/ha e 52.2 kg/ha, respectivamente.
Tabela 1: Média de rendimentos
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Avaliacao da densidade de Flea beetle durante a fas e da sementeira à emergência
das plantas
Segundo a ANOVA feita, verificou-se que na primeira fase houve diferenças
significativas entre os tratamentos (P=0.0026; F=5.16). Isto sugere que a densidade de
praga não foi a mesma entre os tratamentos durante esta fase (Tabela 2).
.
Variedades Médias de densidade de praga
(Indivíduos/planta)
ICEASE 00013 0.7 a
ICEASE 00020 0.5 a b
LOCAL 0.3 b c
ICEASE 0004 0.3 b c
ICEASE 00010 0.2 b c
LINDI 0.2 b c
ICTAR 198 0.2 c
ICEASE 00018 0.1 c
ZIADA 0.06 c
Médias com as mesmas letras não são significativamente diferentes ao nível de 5%.
CV= 9.00; DMS = 0.31
3.1.1 Multiplicação de sementes
Na estação tambem foram montados campos de multiplicação de sementes de gergelim
de variedades LINDI e ZIADA no Posto Agronómico de Nampula. Pela chuva ter parado
muito cedo, os resultados desses campos nao foram satisfatórios. Pequena area foi
colhida dos mais de 4 hectares plantados. Produziu-se em on-sataion apenas 10 kgs de
sememnte basica nas duas variedades.
No Posto Agrario de Mutuali, fez-se a multiplicação de 1/4 ha de variedade
NICARAGUA e a produçço foi de 100 kg de sementes
Tabela 2: Densidade de pragas durante a primeira fase
15
3.2.1 On-Station- Cabo Delgado
O Centro de Investigacao Agraria de Mapupulo, nao realizou ensaios on-station. Na
estacao foi montado o campo de multiplicação de sementes de variedade NICARAGUA.
A produção foi de 1.000 kgs de sementes neste Centro.
3.3. On-Farm
3.3.1 Provincia de Nampula
Para a Província de Nampula e no distrito de Angoche foram montados 18 ensaios e
colhidos 11 nas 3 associações. Os ensaios foram montados no Posto Administrativo de
Namitória, nas associações de antigos Milicianos na localidade de Fuini, Produtores de
Nacu, na localidade de Nacu e Grupo de produtores de Natere na localidade de Natere,
sendo 2 ensaios repetidos 3 vezes por cada associação.
Para o Distrito de Nacaroa, foram montados 8 e colhidos 4 ensaios dos 18 previstos.
Foram montados 6 ensaios de uso de 2 produtos químicos para o controle do gorgulho
(Flea beetle) e colhidos 2 nas associações de Terrene Ponte e Neival. Também foram
montados 2 ensaios de resistência genética de 9 variedades e colhidos 2.
Para o Distrito de Monapo, foram montados 10 ensaios dos 18 previstos. Os 6 ensaios,
sao de uso de 2 produtos químicos no controle de gorgulho de gergelim (Flea beetle) e
foram montados nas associações de Nacololo, Cazerna e Ituculo. Foram também,
montados 4 ensaios de resistência genética de 9 variedades de gergelim no ataque do
Flea beetles.
Portanto, para a Província de Nampula foram montados 36 ensaios e colhidos 25
ensaios dos 54 previstos.
A seguir são apresentados os resultados dos 2 ensaios principais testados ao nível do
pequeno agricultor:
16
3.3.3.1 Estudo do efeito 2 produtos químicos, no co ntrole do gorgulho ( Flea Beetle ),
nas condições agro-climaticas da Zona Nordeste (Nam pula e Cabo Delgado).
Níveis de ataque Para a 1a, 2ª e 3ª observação de danos causados por Flea Beetle (gorgulho do
gergelim), os resultados de análise de variância mostraram que o factor local mostrou
evidências de existerem diferenças significativas (F3, 0.05= 61.66 e P<0.0001 e F3, 005
=30.65, P<0.0005 F3, 005 =4.22, P<0.0002 respectivamente). Os resultados de ANOVA
mostraram também que tanto o factor variedade como o factor produto químico e a
interação não houve evidências de mostrarem diferenças significativas.
De facto observou-se que a variedade Lindi, registou menor dano causado pelo
gorgulho do gergelim. Entretanto os danos por esta praga foram diminuindo ao longo do
período de crescimento do gergelim.
VARIEDADES
Medias 15 dde 30 dde 45 dde
ZIADA 1.6708 1.29679 1.27083 ICEASE 00020 1.5080 1.19936 1.18750 NICARAGUA 1.3792 1.25128 1.21667 LINDI 1.3583 1.30777 1.33750 dde= dias depois de emergencia das plantas
De acordo com a tabela, a variedade Ziada, mostrou maiores níveis de ataque por flea
Beetle 15 dias depois da emergência, do que outras variedades como a Nicaragua que
teve menos índice de ataque.
Os resultados nao mostraram diferenças no rendimento entre parcelas tratadas ou não
tratadas e na redução dos níveis de ataque. Também observou-se que na 1ª fase todos
os produtos químicos nao mostraram a diferenças entre estes no ataque do Flea beetle.
Tabela 3: Médias de n'veis de ataque do gorgulho de gergeli m entre as variedades
17
QUIMICOS
Nivel de dano 15 dde 30 dde 45 dde
ACEPHATE 1.4998 1.29423 1.30000 SEM 1.4875 1.26279 1.26250 DELTAMETRINA 1.4500 1.23438 1.19688
Pode notar-se que nas 2 últimas observações (30 e 45 dias depois da emergência), os
níveis de ataque sao menores comparativamente aos níveis de ataque registadas 15
dias depois da emergência. A praga tem maior incidência logo apois o inicio das
chuvas. Assim, semear tarde tem sido um meio de control da praga, pois a sua
incidencia reduz-se com o tempo, de Janeiro a Maio.
De acordo com o teste feito, notou-se que Fuine foi o local que apresentou
significativamente maior índice de ataque por Flea Beetle em todas observações
realizadas, quando comparadas com Natere, Itoculo e Nacaroa 15 dias e 45 dias depois
da emergência. Contudo, não houveram diferenças significativas nas observações
realizadas 30 dias depois da emergência, entre Fuine e Natere. Diferenças foram
observadas entre estes 2 locais com níveis de ataque de 1.4 e 1.6, significativamente
maiores que Itoculo e Nacaroa com níveis de ataque de 1.0125 (ver tabela 5)
LOCAL
Medias 15 dde 30 dde 45 dde
FUINE 2.2622 a 1.59687 a 1.55000 a NATERE 1.6333 b 1.43333 a 1.38333 b ITOCULO 1.0167c 1.01250 b 1.06250 c NACAROA 1.0042 c 1.01250 b 1.01667 c Os resultados mostraram também existerem diferenças significativas nos níveis de
danos entre Natere com media 1,63 de nível de dano, significativamente maior que
Itoculo e Nacaroa com níveis de ataque de 1.004 a 1.016 aos 15 dias após a
emergência (tabela 5). Os resultados mostram ainda que Natere com um nível de
ataque de 1.38 foi significativamente maior que os níveis de ataque em Itoculo e
Nacaroa que tiveram um nível de ataque que variou de 1.01 a 1.06. Entre os dois
últimos locais não foram registadas diferenças significativas.
Tabela 4: Médias de níves de ataque usando produtos químico s
Tabela 5: Médias de níveis de ataque por flea beetle
18
Rendimento
Para o rendimento, os resultados de análise de variância mostraram que os factores
variedade mostraram diferenças significativas (F3, 0.05= 3.19 e P<0.0487). O factor local,
produto quimico, bem como as interecções não foram significativas.
Isto pressupoe que ha diferenças entre as variedades no rendimento medio. De facto, a
variedade Lindi, obteve 119.4 Kg/ha de rendimento, significativamente maior do que a
variedade Nicaragua, que obteve 55.61 Kg/ha.
Variedades Medias (Kg/ha) LINDI 119.40 a ICEASE 00020 84.65 ab ZIADA 80.16 ab NICARAGUA 55.61 b Pode Notar-se ainda que entre as variedades ICEASE 00020, Ziada e Nicaragua, com
médias que variam de 55.6 a 84.65 Kg/ha não foram observadas diferenças
significativas. Igualmente não foram observadas diferenças significativas entre Lindi e
ICEASE 00020 e Ziada (tabela 6).
Entre os locais notou-se que o maior rendimento foi obtido em Natere (Distrito de
Angoche) e Nacaroa e os menores rendimentos foram observados em Itoculo (Monapo)
e Fuine (Angoche).
LOCAL MEDIAS (Kg/ha) NATERE 107.66 NACAROA 101.38 ITOCULO 75.24 FUINE 55.53
O fraco rendimento observado pode ter sido derivado da falta de precipitação registada
na Província nos meses de Março ate ao fim do ciclo da cultura, influenciando no
desenvolvimento normal da cultura.
Um outro factor que pode ter influenciado, e a aplicação tardia dos químicos apos a
germinação da cultura, provavelmente algumas plantas tenham sido danificadas por
Tabela 6: Rendimento médio das variedades
Tabela 7: Rendimento médio nosdiferentes locais
19
Flea Beetle durante os primeiros estágios do seu desenvolvimento, facto que também
deve ter contribuido para o número de plantas estabelecidas.
3.3.3.2 Estudo de resistência genética das variedad es
Niveis de ataque
Para a 1a observação de danos causados por Flea Beetle (gorgulho do gergelim), os
resultados de análise de variância mostraram que os factores produtores e o local
tiveram diferenças significativas (F5, 0.05= 15.90 e P<0.0001 e F3, 005 =31.96, P<0.0001 ).
Os resultados de ANOVA mostraram também que para a 2a observação o factor
produtores e local mostraram igualmente ser significativo (F5, 0.05 < 18.59, P < 0.0001 e
F3, 0.05 = 45.30 P<0.0001 respectivamente). Nao foram observadas diferenças
significativas entre o factor variedades, bem como nenhuma interacção em todas as
observações (Anexos-ANOVA)
Isto sugere que a ocorrência do Flea Beetle foi diferente entre os locais de condução
dos ensaios e que foram igualmente notadas também diferencas entre os produtores
nos danos ou niveis de ataque desta praga. Sugere tambem que as variedades
comportaram-se da mesma maneira, nao existindo evidências de alguma ser mais ou
menos resistente do que outras em termos estatísticos.
Variedades
Medias Nivel de ataque 15 dde Nivel de ataque 30 dde
LINDI 2.0331 1.9135 ZIADA 2.0003 1.9338 ICTAR 198 1.9764 1.9789 ICEASE 00020 1.9580 1.8968 ICEASE 0001 1.9491 1.8978 ICEASE 00010 1.8878 1.8871 dde- Dias depois da emergencia
Pode-se notar (tabela 8) que o nível de ataque foi maior 15 dias depois de emergência
das plantas e que todas as variedades tiveram um ataque que não foi diferente
estatisticamente.
Tabela 8: Médias de ataque entre as variedades
20
Figura 2: Plantas mostrando murchidão pelas raízes terem si do atacadas pelo flea beetle
De facto, durante a 1ª observaçao, observou-se que o nível de ataque foi
significativamente maior em Natere quando comparado com os níveis de ataque
observados em Fuine e Monapo . Diferencas significativas foram igualmente
observadas entre os niveis de ataque do Flea Beetle que foram significativamente
maiores em Nacu quando comparado com Monapo. Os resultados indicaram também
que os níveis de ataque foram significativamente maiores em Fuine quando
comparados com os níveis de ataque em Monapo.
Campo de multiplicação de sementes atacada pela Larva de Flea beetle no sistema
radicular. A figura mostra a murchidão das plantas por ter sido atacado o sistema
radicular pela praga.
3.4 Multiplicação de sementes
3.4.1 Província de Nampula
No distrito de Angoche foram montados 2 hectares de campos de multiplicação de
sementes. Neste processo, as associações de NACU, NATERE e FUINI produziram 1
ha, 0.6 ha, e 0.4 ha respectivamente. Na multiplicação de semente, os produtores de
21
Nacu ja colheram o campo de multiplicação e produziram de 300 kgs de semente e os
produtores de Natere produziram 200 kg. Os produtores de Fuini, não produziram quase
nada por terem solos pouco arenosos e problemas de chuvas.
No distrito de NACAROA foi motado 1 ha de campo de multiplicação de sementes dos 3
previstos. Para o campo de multiplicação de sementes foi produzido produzido 100 kgs
de sementes.
Para o distrito de Monapo foram montados 2 ha de campo de multiplicação de
sementes dos 3 previstos. O districto produziu 300 kgs de sementes.
Portanto para a Provincia de Nampula, no total foram montados e colhidos 5 hectares
de multiplicação de sementes dos 9 previstos. A produção de sementes em todas as
associações na Província foi de 900 kgs
3.4.2 Província de Cabo Delgado
No total, nas 2 associações do distrito de Mueda, foram montados 1.5 ha de campos de
multiplicação de sementes. Para o distrito de Mueda os campos de multiplicação de
sementes produziram apenas 200 kg de sementes por causa de escassez de chuvas.
O distrito de Montepuez também produziu apenas 100 kg de sementes por causa da
falta de chuvas que parou muito cedo.
Portanto para a Provincia de Cabo Delgado, foram montados 28 repetições mas os
ensaios ficaram perdidos por causa da seca.
Para as duas Províncias o projecto ajudou a producao de sementes para este ano na
ordem dos 2.300 kgs, sendo 1.100 kgs em On-Station e 1.200 kgs em On-farm.
22
IV. Conclusão
A escassez da humidade no solo pela chuva ter parado muito cedo do previsto, criou
muitos problemas na gestão dos ensaios montados e campos de multiplicação de
sementes. Os resultados dos ensaios mostraram não haver diferenças significativas
entre as variedades na resistência genética contra o flea beetle. Também os resultados
dos ensaios mostraram não haver diferenças significativas entre os dois produtos
químicos testados contra a praga.
Na multiplicação de sementes, houve problemas de estabelecimento e desenvolvimento
das plantas por causa da falta de água. Assim, o que foi planificado em termos de
produção de sementes não foi atingido. Para próxima campanha sugere-se que o
gergelim seja semeado mais cedo, apartir de Janeiro mas deve-se obrigatoriamente
tratar a semente com Gaucho ou Courage com a dosage de 10 gr do producto/kg de
semente. Em regiões com maior incidência da praga deve-se também fazer uma ou
duas aplicações com um insecticida (um piretroid) para continuar a controlar a praga.
Por ter havido escassez de humidade muito adubo comprado para ser aplicado nos
campos de multiplicação de sementes, não chegou a ser usado. Espera-se que o
mesmo adubo seja usado para o próximo ano. Em termos de ensaios, todos são
considerados como perdidos.
Figura 3: Campo de multiplicação d e sementes em Mapupulo, Montepuez, Cabo Delgado
23
V. Recomendação
Como recomendação, a equipa da investigação sugere o tratamento da semente com
Gaucho ou Courage antes de semear. Para evitar escassez de humidade no final do
ciclo de crescimento da cultura, recomenda-se que se semeie um pouco cedo. Para
além disso, semear cedo também produz maiores resultados em termos de
rendimentos. A maior desvantagem de semear cedo é o maior ataque do gorgulho de
gergelim (Flea beetles). Por isso, recomenda-se tratar a semente antes de semear e
fazer uma ou duas aplicações de insecticidas durante o desenvolvimento da cultura. A
equipa do IIAM, também recomenda que para o próximo ano sejam montados apenas
repetições dos ensaios e não ensaio completo com os camponeses. Isto, facilitaria a
compreensão do ensaio pelos camponeses e facilitaria também aos técnicos que vão
montar os campos. Contudo, as repetições dos ensaios devem ser em nύmero
suficiente para facilitar a análise estatística e ter a menor margem de erro estatístico
SECTOR DE FLORESTAS
I. F. Maluleque, M. B. Nchumali e A. M. Jamal
Introdução
A floresta moçambicana é predominantemente do tipo savana arbórea de baixa produtividade e crescimento lento e as técnicas de repovoamento florestal são pouco conhecidas consequentemente a sua utilização deve ser sustentável. A sustentabilidade da floresta nativa está ameaçada pelas queimadas, agricultura itinerante, corte de lenha e carvão e exploração desordenada de madeira em toros de floresta nativa. A floresta plantada ainda esta aquém do potencial de reflorestamento do país. Neste âmbito, o sector de investigação florestal no geral tem como principais objectivos e desafios:
• Avaliar os factores socio-económicos e ecológicos que afectam o crescimento e regeneração de ecossistemas e espécies naturais e artificiais,
• Identificar o grau de degradação de floresta e o seu efeito ecológico como também as suas conseqüências no bem-estar dos pequenos agricultores;
• Melhorar o uso de produtos madeireiros desenvolvendo e introduzindo tecnologias apropriadas
24
• Introdução de alternativas tecnológicas mais apropriadas e ambientalmente aceitáveis à exploração actual da floresta,
• Diminuir a pressão na exploração de espécies valiosas e preciosas e de espécies ameaçadas incrementando o uso das espécies menos conhecidas; e manter a sustentabilidade dos sistemas florestais,
• Identificar e classificar os tipos diferentes de madeira existentes em Moçambique de acordo com as preferências de mercado,
• Desenvolver e disseminar métodos de propagação e técnicas de estabelecimento de árvores de forma a melhorar e sustentar os sistemas agro-silvo-pastoris,
• Explorar o potencial alimentar e medicinal das espécies arbóreas naturais visto contribuirem para a segurança alimentar e bem-estar das populações,
• Desenvolver técnicas agroflorestais integradas e apropriadas aos sistemas agro-silvo-pastoris,
• Aumentar a produtividade de espécies arbórias específicas,
• Melhorar e facilitar a gestão dos recursos naturais pelas comunidades locais.
No âmbito da integração da componente de investigação florestal no Centro Zonal Zonal Nordeste, foi colocada no Posto Agronómico de Nampula uma engra florestal desde Julho de 2005. O presente relatório apresenta de forma resumida as actividades planificadas para a campanha de 2007/2008, os resultados alcançados, os resultados não alcançados e as razões que levaram à não realização, e perspectivas para o ano 2008.
2. Actividades planificadas
O sector de florestas teve como plano de actividades para a campanha 2007/2008 o seguinte:
• Produzir pacotes tecnológicos na área de florestas;
• Zonear, mapear áreas florestais para diferentes fins;
• Garantir/disponibilizar sementes florestais e/ou material vegetativo de qualidade genética melhorada;
• Caracterizar, avaliar, rejuvenescer e multiplicar o germoplasma das principais espécies nativas e exóticas;
• Melhorar espécies florestais para diferentes fins.
As actividades acima são apresentadas de forma generalizada mas nelas estão contidas nas sub-actividades que se apresentam de forma mais específica a seguir.
25
3. Resultados alcançados
3.1. Produzir pacotes tecnológicos na área de flore stas
31.1. Estudo de sistemas agroflorestais
Foram monitorados dois ensaios agroflorestais de adubação verde usando espécies
agroflorestais para a cultura do milho (no PAN) e para a cultura do algodão (em
Namialo) comportando cada um uma área de 3600 m2. Os ensaios têm como objectivo
geral de valiar a influência da adubação verde com espécies agroflorestais e
fertilizantes inorgânicos no rendimento do milho e do algodão. Os objectivos específicos
deste ensaio foram de comparar o rendimento do milho e do algodão quando
consociado com plantas agroflorestais e quando sujeito a aplicação de adubos
inorgânicos.
O ensaio com o milho comporta os seguintes tratamentos:
T1 Control
T2 milho Gliricidia sepium
T3 milho + Acacia angustissima
T4 milho + Prosopis juliflora
T5 milho + Leucaena leucocephala
T6 milho + NPK+Ureia
T7 milho + Sesbania sesban
T8 milho + Crotalaria juncea
T9 milho + Tephrosia vogelli
T10 milho + Ureia
O ensaio com o algodão comporta os seguintes tratamentos:
T1 Control
T2 Algodão Gliricidia sepium
T3 Algodão + Acacia angustissima
T4 Algodão + Prosopis juliflora
T5 Algodão + Leucaena leucocephala
T6 Algodão + NPK+Ureia
26
T7 Algodão + Sesbania sesban
T8 Algodão + Crotalaria juncea
T9 Algodão + Tephrosia vogelli
T10 Algodão + Ureia
Estes ensaios terão a duração de 5 anos e foram estabelecidos em Janeiro/07 usando a
variedade Tsangano para o milho e a variedade ISA-205 para o algodão.
Metodologia
Os ensaios foram estabelecidos utilizando o delineamento de blocos completos
casualizados, com um total de três (03) repetições ou blocos e dez (10) tratamentos
incluindo o controle. Cada parcela teve dezasseis (16) plantas agroflorestais ( 4x4) e
entre as linhas de plantas agroflorestais tendo sido semeadas 4 linhas de plantas de
milho (no PAN) ou 3 linhas de algodão (em Namialo). Será feita a ANOVA no pacote
estatístico SAS para avaliar o efeito dos tratamentos no rendimento do milho ou do
algodão.
Na presente campanha foram efectuadas, sachas, podas às plantas agroflorestais e
medição da produção de milho e algodão nos respectivos ensaios.
3.1.2. Ensaios de métodos de quebra de dormência de sementes de espécies
florestais
Foi realizado em estufa um ensaio de diferentes métodos de quebra de dormência da
semente de Ziziphus mauritiana (maçanica), uma fruteira nativa local. A semente com o
lote 001/06 do PAN, foi colhida no distrito de Mossuril (Província de Nampula) no ano
2006 e foi conservada à temperatura ambiente até a data da realização dos testes. O
ensaio teve como objectivo comparar os diferentes métodos de quebra de dormência da
semente a fim de apurar os melhores métodos. Foram ensaiados 4 métodos a saber:
testemunha (sem nenhum tratamento), imersão em água à temperatura ambiente por 6
horas, imersão em água à temperatura ambiente por 12 horas e imersão em água à
temperatura ambiente por 24 horas. Os resultados preliminares indicam que o melhor
27
método para a quebra de dormência da semente desta espécie é imersão em água à
temperatura ambiente por 24 horas.
3.2. Zonear, mapear áreas florestais para diferent es fins
Para esta actividade foi realizado um inventário florestal nos distritos de Moma (Zona de
Topuito) e Angoche (Zona de Potone) na Província de Nampula, em parceria com os
técnicos da WWF- Moçambique, SPFFB-Nampula e Unidade de Inventário Florestal do
MINAG. O Inventário teve como objectivo avaliar a contribuição das reservas florestais
de Potone e Topuito na rede de áreas protegidas em Moçambique para a conservação
da diversidade de plantas. Estas áreas são de importância sócio-cultural, com grande
potencial para serem declaradas reservas, daí a razão de se realizarem diversos
estudos no local. O relatório técnico será produzido pelos técnicos da Unidade de
Inventário Florestal do MINAG.
3.3. Caracterizar, avaliar, rejuvenescer e multipli car o germoplasma das principais
espécies nativas e exóticas
3.3.1. Multiplicação de germoplasma
Foram produzidas e plantadas ao redor do PAN 3652 mudas de espécies das seguintes
espécies (Tabela 1). Destas plantas foram vendidas 60 de eucaliptos, 8 de Casuarina e
200 de Tephrosia vogellii ao preço simbólico de 5 MT/planta.
28
Tabela 1: Mudas de espécies agroflorestais produzidas no PAN
Espécie Quantidade Destino Obs.
Eucalyptus camaldulensis 739 Plantio ao redor do PAN Parte foi vendida
Eucalyptus citriodora 822
Plantio ao redor do PAN
Eucalyptus grandis 160 Plantio ao redor do PAN
Eucaliptos da NCT* 520 Ensaio no PAN
Casuarina equisetifolia 320 Plantio ao redor do PAN
Khaya anthotheca 350 Plantio ao redor do PAN
Tephrosia vogellii 563 Plantio na ACS Parte foi vendida
Delonix regia** 300 Plantio ao redor do PAN
Total 3652 *Diversas espécies de eucaliptos recebidas do projecto NCT da África do Sul ** Delonix regia (acácia vermelha) recebidas dos SPFFB - Nampula 3.3.2. Estabelecimento e manutenção de banco de ger moplasma
Foram realizadas actividades de manutenção de rotina nas áreas de colheita de
sementes estabelecidas nos anos anteriores com as seguintes espécies: Jatropha
curca, Gliricidia sepium, Sesbania sesban, Tephrosia vogelli, Vangueria infausta.
3.4. Garantir e disponibilizar sementes florestais e/ou material vegetativo de qualidade genética melhorada,
Em coordenação com os técnicos dos SPFFB-Nampula foram realizadas colheitas de
germoplasma de espécies florestais em diferentes locais da província de Nampula,
conforme a tabela 2. Com este germoplasma pretende-se nos próximos anos realizar
estudos de germinação e avaliar o comportamento das mesmas espécies em áreas
plantadas e manejadas.
29
Tabela 2: Relação de germoplasma de espécies florestais colhido Espécie Local de
Colheita Quantidade de semente colhida (gr)
Pterocarpus angolensis (Umbila) Mecubúri 650 Dalbergia melanoxylon(Pau preto) Mecubúri 4000 * Swartzia madagascariensis (Pau ferro) Mecubúri 415 Afzelia quanzensis (Chanfuta) Mecubúri 2700 Bambusa spp (Bambu) Lalaua 200 Tephrosia vogelli (Tephrosia) PAN 1365 Leucaena leucocephala(Leucaena) PAN/Namialo 6570 Acacia angustissima PAN/Namialo 105 Sesbabia sesban PAN 230
TOTAL 16.235 * Semente não processada devido a sua natureza 3.5. Melhorar espécies florestais para diferentes f ins Foram estabelecidos no PAN em Fevereiro de 2008, dois ensaios com diferentes espécies de Eucalyptus spp sendo um sob responsabilidade do PAN e outro sob responsabilidade da NCT (Empresa/Cooperativa Florestal sul africana). 3.5.1. Ensaio de adaptabilidade de diferentes espéc ies de Eucalyptus sp O ensaio sob a responsabilidade da NCT tem como objectivo testar a adaptabilidade das espécies às condições agro-ecológicas de Nampula. Uma vez apuradas as melhores espécies, pretende-se estabelecer plantações para produção de postes e polpa para papel. O ensaio da NCT foi estabelecido com o delineamento de 5x2 Alpha Lattice, 4 replicações, 10 tratamentos, 5 blocos e parcelas de 5x5 plantas com espaçamento de 3x2 m. O ensaio comporta no total 1000 plantas ocupando uma área total de 6000 m. Este ensaio é composto por 4 espécies de Eucalyptus Sub tropicais e 6 híbridos totalizando 10 tratamentos. 3.5.2. Ensaio de capacidade de rebrotação de Eucaly ptus sp Este ensaio tem o objectivo de avaliar a capacidade de rebrotação de cepos úteis para produção de combustível lenhoso e estacas para construção. O ensaio comporta 10 tratamentos (Espécies de Eucalyptus), num delineamento de blocos completos casualizados com 3 repetições. Foi estabelecido numa área total de 1080m2, com 180 plantas (6 por parcela) num compasso de 3x2 m 4. Constrangimentos Diversas actividades foram planificadas, conforme o apresentado no ponto 2 mas não foi possível o cumprimento da meta de realizações devido a vários factores. Entre os factores constrangedores destacam-se a insuficiência de fundos, insuficiência de
30
pessoal e equipamento/infra-estruturas (viveiro - estufa) para levar a cabo as actividades planificadas. 5. Perspectivas para a próxima campanha - Dar continuidade aos estudos já iniciados - Uma vez desembolsados os fundos, iniciar a execução do projecto de investigação de plantas medicinais em Nampula - Iniciar a produção de fruteiras para venda
CENTRO DE ESTUDOS SOCIO ECONÓMICO
V. Salegua e A. Manuel Introdução O Centro de Estudos Sócio Económico (CESE), tem a missão de integração dos aspectos
sócio-económicos na investigação agrária ao nível do Centro Zonal de forma a permitir o
acompanhamento das tecnologias agrárias libertadas. Neste contexto, o CESE tem
estado envolvido em actividades tais como: Avaliação de impacto de adopção das
tecnologias agrárias, realização de diagnósticos participativos rurais para diversos,
estudos de mercados para diversas culturas, determinação dos orçamentos parciais das
tecnologias, determinação de prioridades de investimento e de investigação, análise de
sazonalidade e sensibilidades dos produtos agrários, determinação de atitude de risco
das tecnologias e dos grupos alvos.
Estudos Realizados
Estudo de adopção da variedade Nikwaha
1. Introdução
Na região Nordeste são inseridas as regiões agroecologias R7, R8 e R9 (inclui as
províncias de Nampula e Cabo Delgado e, fazem parte as províncias de Niassa,
Zambézia e Tete), que são as mais populosas do País. Estas regiões, têm cerca de
45% da área total cultivada pelos agregados familiares rurais. Em 2002, a região
31
contribuiu com cerca de 42% do valor total de produção agrícola e tem alto potencial
para a redução de pobreza (Walker et al, 2006).
Nesta região, a cultura de mandioca é a principal fonte de alimentação para a maioria
das familias rurais. No entanto, desde 1990 a incidência da podridão radicular da
mandioca alcançou proporções alarmantes ao longo da costa do norte de Moçambique
(MsSwenn et al., 2006).
Nos estudos recentes, a análise de sensibilidade destes sugere que a taxa projectada
de adopção da variedade Nikwaha ao longo do litoral de Moçambique seja precoce e
forte, e a taxa de retorno de investimento é relactivamente barato e mais certo.
Contudo, mais estudos são pertinentes para determinar a cobertura exacta da
variedade Nikwaha (MsSweenn et al, 2006).
No entanto, é sabido que nenhuma adopção de uma tecnologia poderá corresponder
não impacto, neste contexto, para o conhecimentos do impacto de adopção das
tecnologias é pertinente que sejam levados ao cabo estudos deste género.
Estudos de avaliação de impacto de adopção de tecnologias permite o conhecimento
real da situação das comunidades alvo de modo a permitir que a investigação trabalhe
em tecnologias que reflitam os problemas e prioridades das comunidades e preveja o
sucesso de adopção das tecnologias a serem libertadas.
O investimento feito na investigação, desenvolvimento e a transferência das variedades
só podem ser julgados como sendo sucedido se as variedades estiverem a contribuir
para melhoramento do bem-estar das comunidades na região Nordeste. Esta avaliação
é feita através dos indicadores de retorno ao investimento e a pobreza. Os indicadores
intermediários são os de adopção e difusão que ainda não foram estimados. Este
estudo pretende providenciar alguma informação sobre o grau de adopção e difusão da
variedade Nikwaha e as características que influenciam a decisão para a adopção.
Consumo e produção da cultura em estudo e sua impor tância economica para a
provincia (TIAs)
De acordo como o trabalho do inquérito agrícola (TIA), em 2002 na província de
Nampula tinha cerca de 579.918 agregados familiares praticavam a cultura de
mandioca, Estes alcançaram a produção de 1.190.000 toneladas, destas foram
32
vendidadas 4.660 tonelas corespondente a volor de produção de e valores de venda de
4.056.552, 00MT.
Tabela 1: Produção e consumo da cultura de Mandioca na Província de Nampula, 2002.
Cultura Praticou Nº Praticou
Produção (Kg)
Preço p/AF vendeu
Quantidade vendidas (Kg)
Quantidade que pretende vender (Kg)
Valor das vendas (MT)
Mandioca 0.86 579.917 1.190.000.000 0.37 0.02 4.659.765 1.579.844 4.056.552
Produção de estacas da variedade Nikwaha em Nampula (PAN, DDAE, ONGs, etc)
A variedade Nikwaha é o material vegetativo mais multiplicado, este material é fornecido
aos necessitados num âmbito de emergência. No entanto, a procura do material
vegetativo é descrita como maior porque constata-se que o material vegetativo
produzido não consegue responder a procura dos grupos alvos.
Um dos problemas constatados em algumas zonas da região nordeste, o produtor não
consegue conservar o material vegetativo, isto porque o periódo da colheita não
coincide com o periódo de plantio. Como consequência ocorre muitas vezes o
desperdício do material. No caso de mandioca, a conservação do material vegetativo é
aconselhável 1 mês como máximo, mas o produtor deixa material no campo 2 à 3
meses, e consequentemente ocorrem as perdas.
Existe também em multiplicação variedades Baadge, Chigoma Mafia, Likonde e
Nachinyaia. A variedade Likonde além de tolerar a podridão radicular, apresenta um
rendimento acima da variedade Nikwaha, a única desvantagem é o facto da variedade
Likonde ser semi-amarga. A variedade Baadge só tem altos rendimentos em solos
férteis, sendo assim a principal desvantagem desta quando comparada com as outras.
Nas comunidades do litoral de Nampula, onde se encontram as variedades Nikwaha e
Nachinyaia, esta última é a mais preferida pelo facto desta apresentar altos rendimentos
em solos pobres, além de ser tolerante a podridão radicular e condições de seca.
33
Na província de Nampula, as actividades de multiplicação da variedade Nikwaha tem
lugar na zona litoral e intermédia, onde existe a maior incidência da doença da podridão
radicular da mandioca.
1.1 Objectivos
Geral
� Pretende-se com o presente trabalho realizar o estudo de adopção e difusão da
cultura de Mandioca, variedade Nikwaha, nos distritos de Mogincula, Mossuril,
Memba e Nacala-a-velha na Província de Nampula.
Específicos
• Descrever as caracteristicas que influenciam as decisões de adopção das
variedades;
• Estimar os níveis de adopção e difusão das variedades;
• Identificar as principais fontes de estacas da variedade Nikwaha; e
• Estimar os benefícios líquidos da produção das culturas.
3. Metodologia
3.1 Métodos de análise
Para estima os níveis de adopção, usou-se equação seguinte:
]1[ )( btat e
KY +−+
=
Onde:
Yt= difusão no período t
K= o limite superior de difusão a longo prazo
a=a difusão inicial
b= a taxa de difusão
Orçamental parcial usou-se para estimar os benefícios líquidos acrescentados pela
variedade Nikwaha. A comparação fez-se usando a variedade introduzida e a variedade
local mais comum.
Estatística descritiva usou-se para descrever as características que influenciam a
adopção da variedade.
34
3.2 O desenho do inquérito
O tamanho de amostra para cada distrito foi de 70 a 80 inquéritos. Seleccionou-se dois
Postos Administrativos por distrito. Em cada Posto Administrativo fez-se a lista das
comunidades que beneficiaram da variedade Nikwaha e seleccionou-se aleatoriamente
uma comunidade considera mãe ou centro em cada Posto Administrativo. Comunidades
localizadas num raio de 5-10 km das que beneficiaram da variedade Nikwaha foram
identificadas e da lista uma comunidade foi escolhida aleatoriamente. O processo foi
repetido para as comunidades localizadas num raio de 15-20km. A escolha das
comunidades nos dois casos foi feita de modo que uma comunidade seja localizada
próxima da estrada e outra no interior. Para cada comunidade seleccionada fez-se a
listagem dos agregados familiares e a distribuição da amostra entre as comunidade foi
proporcional ao seu tamanho.
Isto é:
N
Nxn i
i 200=
Onde ni= o tamanho da amostra para comunidade i
Ni = O número total de agregados familiares na comunidade i
N=∑=
6
1iiN N= o número total de agregados familiares para o número de
comunidades escolhidas.
Em cada comunidade, seleccionou-se aleatoriamente os agegados familiares.
3.2.1 Recolha da amostra
O estudo realizou-se nos distritos de Mogincual, Mossuril, Memba e Ncala-a-velha. No
estudo colheu-se uma amostra de 236 inquéritos aos agregados familiares e 23
inquéritos comunitários, em cada Posto Administrativo, escolheu-se um comunidade
considerada mãe ou centro1 e duas comunidades consideradas filhas, sendo uma num
de 5-10 Km e outra num raio de 15-20 Km.
1 Comunidade mãe ou centro, refere-se a comunidade onde teve lugar nos anos anteriores o processo da distribuição das variedades Nikwaha pelas ONGs, Direcções Distritais da Agricultura, etc.
35
Em cada distrito, colheu-se uma amostra de cerca de 70 a 80 inqueritos, o número de
amostra de cada distrito, posto admistrativo e da comunidade, foi estimado com base na
densidade populacional, e em cada Posto administrativo colheu-se uma amostra de
cerca de 35 a 40 inquéritos, sendo 23 a 26 da comunidade mãe ou centro, e 6 a 7 para
cada comunidade que se localizava num raio de 5-10 Km e 15-20 Km respectivamente
Na realização das entrevistas, em cada comunidade fez-se a listagem dos agregados
familiares e seleccionou-se de forma aleatória a proporção de Nikwaha e sem Nikwaha
na razão de 2:1, ou seja, em cada dois agregados familiares com Nikwaha
entrevistados, entrevistava-se pelo menos um agregado familiar sem Nikwaha.
4. Resultados e Discussão
4.1 Demografia e Características Sócio-económicas
As dimensões demográficas e a estrutura da família desempenham um papel
fundamental na determinação, acesso e uso dos recursos. A estrutura da família
compreendido entre a idade, o tamanho da família que pode indicar a disponibilidade de
mão-de-obra, a idade e o sexo do chefe do agregado familiar tem implicações na
determinação de oportunidades e capacidade produtiva. Estes e outros aspectos são
apresentados de forma descritiva nas sub-secções que se seguem.
4.1.1 Educação, género e associativismo
Neste estudo, dos 236 agregados familiares entrevistados constatatou-se que cerca de
52.4 % são Chefiadas mulheres, não havendo uma diferença notável com o número de
homens como se ilustra na tabela a baixo.
Tabela 2: Composição do sexo do chefe do agregado familiar.
Sexo Sexo do Chefe do agregado familiar (%) Masculino 47.60 Feminino 52.40 Total 100
No que refere a educação e a participação na actividade associativa, cerca de 36% dos
membros dos agregados familiares sabem ler e escrever e somente cerca de 10% dos
membros fazem parte das associções, como ilustrado na tabela abaixo.
36
Tabela 3: Nível da escolaridades dos Membros e membros das associações do agregado familiar
Item Educação (%) Membr o da associação (%)
Total
Sim 35.67 9.57 100 Não 64.22 90.43 100
4.1.2 Tamanho e Estado Cívil
Na tabela a baixo, pode-se notar que o maior número da composição dos agregados
familiares são os filhos, com cerca de 40%, seguido do próprio chefe do agregado
familiar e Cônjuge com cerca de 25% e 22%, respectivamente. No entanto, sabe-se
uma pessoa adicional numa família significa que são necessários dispesas adicionais,
sobretudo se a pessoa adicional não tiver a capacidade de contribuir para a renda do
agregado familiar. Contudo, se a familia tiver mais membros sem capacidade produtiva,
maior será a insidência da pobreza.
Tabela 4: Relação com o chefe do agregado familiar do Membro do agregado familiar
Relação com o Chefe Composição do agregado familiar (%) Próprio 24.58 Cônjuge 21.46 Filho(a) 40.42 Irmão(a) 1.56 Sobrinho(a) 3.13 Neto(a) 4.27 Outro parente 4.17 Sem Relação 0.42 Total 100
Na tabela 5, pode-se notar que cerca de 47% dos membros do agregado familiar são
solteiros, este factor pode estar associado o facto da maior parte da composição do
agregados familiares ser filhos com a idade escolar e sem a possibilidade de se
encontrar na situação de outros estados cívis.
Tabela 5: Estado Cívil do agregado familiar
Estado Civil Composição do agregado familiar (%) Solteiro(a) 44.47 Casado(a) 5.84 União marital 46.51 Polígamo 0.13 Divorciado(a) 0.25 Separado(a) 1.52 Viúvo(a) 1.27 Total 100
37
Na área em estudo, cerca de 55% dos membros do agregado familiar não tem nenhuma
formação formal, e os restantes, a formação formal vária da 1ª a 7ª classes (Tabela 6).
Tabela 6: Nível de escolaridade dos agregados familiares
Nivel de escolaridade Composição do agregado famil iar (%) Sem escola 55.19 Primeira classe 4.1 Segunda classe 7.94 Terceira classe 9.48 Quarta classe 6.66 Quinta classe 6.53 Sexta classe 4.74 Sétima classe 3.71 Oitava classe 0.64 Nona classe 0.26 Decima classe 0.51 Decima segunda classe 0.26 Total 100
No que refere a prática da actividade agropecuária, pode-se observar na tabela a baixo
que cerca de 58% dos agregados familiares praticam a actividade agropecuária como
actividade principal.
Tabela 7: Prática da actividade agropecuária
Prática da actividade agropecuária Composição do ag regado familiar (%) Principal 58.34 Secundária 22.55 Não Pratica 19.11 Total 100
4.2 Características que influenciam na adopção das variedades
Na realidade, existe vários factores que influência na adopção das variedades pelo
agregados familiares. No entanto, além dos aspectos económicos, os aspectos Sócio-
Culturais tem alta influência na decisão dos agregados familiares para adopção ou não
das variedades.
38
4.2.1 Razões de adopção da variedade Nikwaha
Na tabela a baixo, quanto as razões de adopção da variedade Nikwaha os agregados
familiares estão dividos e apontam como razões de adopção por ordem de importância
a tolerência a seca (22%), o facto de se comer a variedade sem processar (18%), sabor
(16%), rendimento (14%), tolerância a CBSD (12%). Para Wichmann (1996), os
produtores tomam decisões de adoção de tecnologias, se esta tiver alguma utilidade
adicional porque o produtor faz a comparação da nova tecnologia com a tradicional, e
se adopta a nova tecnologia porque esta excede a utilidade da tecnologia tradicional.
Neste estudo, se a variedade Nikwaha esta adoptada e difundida é porque esta
contribui para a melhoria do bem-estar das comunidades.
Tabela 8. Razões de adopção da variedade Nikwaha
Razões Razões de adopção da variedade Nikwaha (%) Tolerância a seca 22.38 Come-se sem processar 18.25 Sabor 16.42 Rendimento 13.75 Tolerância a CBSD 11.07 Tempo de cozedura 8.64 Tempo de secagem 5.23 Boa farinha 2.55 Uso das folhas 1.09 Mercado 0.61 Total 100
4.2.2 Razões comparativa na adopção da variedade Ni kwaha
No processo comparativo, com base na tabela a baixo, pode-se notar que a mioria parte
dos agregados familiares, cerca de 35% acham que a variedade Nikwaha é igual a
outras variedades, e cerca de 34% acham que é melhor e 14% não sabe nada das
qualidades da variedade.
Tabela 9. Relação comparativa da variedade Nikwaha em relacção a outras variedades locais Comparação Comparação da variedade Nikwaha em relacção a outra s variedades (%) Melhor 34.81 Pior 5.36 Igual 45.63 Não sabe 14.2 Total 100
39
4.2.3 Estimativa da adopção da variedade Nikwaha
Estudo de adopção e difisão são de extrema importância, porque permite observar o
nível do sucesso e insucesso das variedades libertadas, isto orienta as estruturas de
direito a ter uma visão do pulsar da situação ao nível do meio rural. Em caso de
sucesso da adopção, mostra a possibilidade de replicação da variedades na mesma
área ou em outras áreas com necessidade similares. Em caso de insucesso pode-se
evidar os esforços de modo a corrigir os erros cometidos.
Na tabela 10, pode-se observar que o nível de adopção da variedade Nikwaha é
crescente nas 4 campanhas estudadas, a variedade Nikwaha na campanha 2003/2004
tinha cerca de 50% praticantes, e o número dos praticantes da variedade subiu para
cerca de 82% na campanha 2006/2007.
Tabela 10: % de camponeses que praticam da cultura de mandioca, var. Nikwaha nas últimas 4 campanhas.
Campanha Praticantes das Variedade Nikwaha (%) 2003/2004 50.29 2004/2005 52.63 2005/2006 64.91 2006/2007 81.87
4.2.4 Difusão da variedade Nikwaha
Neste estudo a insidência da variedade Nikwaha esta-se a mantiver de forma
significativa em função do raio em estudo partindo da comunidade mãe ou centro, isto
significa que existe uma cobertura efictiva da variedade ao nível das comunidades
(Tabela 11), se a situação fosse inversa, diria-se que a cobertura da variedade não é
efectiva. Neste estudo a incidência da variedade Nikwaha é similar de dados
projectados por MsSwenn et all (2006), nos estudos recentes de avaliação de impacto
da variedade Nikwaha.
Tabela 11: Difusão da variedade Nikwaha em função da distância da comunidade
considerada centro ou mãe de distribuição da variedade Nikwaha
Familias em (%) Distância do Centro de distribuição 0km 5-10 Km 10-20 Km Total
Nunca praticou Nikwaha 34.2 38.7 30.4 33.9 Não praticou em 2006/07, mas praticou nas campanhas anteriores 7.4 3.2 5.4 6.4 Praticou pela 1ª vez na campanha 2006/07 18.8 19.4 17.9 18.6 Praticou na campanha 2006/7 e campanhas anteriores 39.6 38.7 46.4 41.1 Total 100 100 100 100
40
4.3 Principais fontes das estacas da variedade Nikw aha
Na tabela abaixo, pode-se observar que as principais fontes de estacas para a
variedade
Nikwaha nas 4 campanhas são a própria reserva, vizinho ou familiar e a recepção
atravéz
das ONGs.
Tabela 12. Principais fontes de estacas de mandioca, variedade Nikwaha usada nas últimas 4 campanhas.
Fontes de estacas (%) Principais fontes de estacas nas últimas 4 campanha s
2006/7 2006/5 2005/4 2003/4 Associação-recebeu 7.9 10.8 14.4 12.8 Associação-comprou 0.7 2.7 1.1 1.7 NGO-recebeu 13.6 18.0 26.7 10.5 Própria reserva 47.1 49.6 33.3 3.5 Mercado 0.7 0.9 2.2 1.2 Vizinho ou familia 29.3 18.0 22.2 70.9 Outro, esp. 0.7 0 0 0 Total 100 100 100 100
4.3.1 Estimativas de não adopção da variedade Nikwa ha
O número de produtores que não praticam a variedade Nikwaha esta a diminuir na área
em estudo. Nesta variedade, o número de não praticantes reduziu de 50% na
campanha de 2003/2004 para 18% na campanha de 2006/2007 (Tabela 13).
Tabela 13. % de camponeses que nunca praticaram a var. Nikwaha e as suas razões nas ultimas 4 campanhas.
Campanha Não Praticantes da variedade Nikwaha (%)
2003/2004 49.71
2004/2005 47.37
2005/2006 35.09
2006/2007 18.13
41
Na tabela 14, as principais razões de não pratica da variedade Nikwahal são a falta de
acesso a estacas e falta de estacas. No entanto,este facto ilustra que o problema de
falta e de acesso a estacas aos agregados familiares é um dos principais
aspectos responsáveis pela baixa produção e produtividade.
Tabela 14. Razões pelas quais nunca praticaram a variedade Nikwaha.
Razões Razões de não prática da variedade Nikwaha
Nunca 2006/2007 Não conhecia a variedade 8.11 0 Falta de acesso às estacas 56.76 13.33 Falta de estacas 35.14 46.67 Outra, esp 0 40 Total 100 100
4.4 Estratégias utilizadas pelos agregados familiar es
Na tabela 15, pode-se notar que duma forma geral, os agregados familiares, como
estratégias, aumentaram as áreas para plantar a variedade Nikwaha (cerca de 51%),
alguns reduziram a área que custumava plantar esta variedade (cerca de 24%) e os
restantes mantiveram a área de produção da variedade em estudo.
Tabela 15. Estratégias usadas para a produção da var. Nikwaha na campanha anterior
Variação da área Variação das áreas dos agregados familiares (%) Aumentou 50.52 Diminiu 23.71 Manteve 25.77 Total 100
4.5 Problema da Podridão Radicular da variedade Nik waha
Os produtores da área em estudos estão devidos quanto a opinião da variedade
Nikwaha
em relacção ao problema da podridão. Cerca de 51% dos produtores acham que a
variedade Nikwaha começou a entrar em colapso e cerca de 49% acreditam que a
variedade continua ainda tolerante (Tabela16).
42
Tabela 16: % dos Produtores com o problema da podridão radicular da variedade
Nikwaha
Problemas de Podridão Radicular Produtores com problemas de Prodridão Radicular (%)
Sim 50.52
Não 49.48
Total 100
Em relação ao período em que ocorreu a podridão da variedade Nikwaha pela 1ª vez,
55% dos produtores revelam que tiveram o problema pela 1ª vez na campamha
2006/07. O nível da podridão radicular tem vindo a ser crescente desde a campanha
2004/05 (Tabela 17).
Tabela 17: % de produtores tiveram o problema da podridão radicular pela primeira
vez
Período de Ocorrência Produtores (%) 2006/07 55.1 2005/06 14.29 2004/05 16.33 2003/04 2.04 Não indicou 12.24 Total 100
Nesta variedade, a podridão radicular da mandioca é apontado como um dos factores
principais responsáveis pelas perdas, cerca de 37% dos agregados entrevistados
chegam a afimar que a variedade chega a alcançar o índice de severidade mais alto de
grau 5 (tabela 18). Os resultados do problema da podridão radicular da variedade
Nikwaha neste estudo, sustentam o estudo de MsSwenn et al (2006), este considera a
podridão radicular a principal fonte de insegurança alimentar no litoral de Nampula por
reduzir a parte consumível da raíz da mandioca.
No entanto, se calhar as novas clones (muito melhores em todos aspectos)
seleccionadas de forma participativa nos ensaios On-farm e outras variedades
tolerantes a podridão em multiplicação podem servir de solução se a variedade Nikwaha
entrar em colapso.
43
Tabela 18: Nível da severidade da podridão radicular da variedade Nikwaha
Nível de Severidade Nível de severidade (%) 2 8.57 3 40 4 14.29 5 37.14
Total 100
Na tabela a baixo, cerca de 67% dos agregados familiares afirmam que a variedade
Nikwaha é a melhor variedade que já praticaram em termo de características tais como:
tolerância a seca, comer sem processar, sabor, boa farinha, uso das folhas, tolerância a
podridão radicular. No entanto, as variedades Campinche e Kokoro parece que
continuam
ainda a ser apreciadas pelos agregados familiares com 8% e 4% respectivamente.
Tabela 19: % de agregados familiares que destacaram a var. Nikwaha como a melhor
praticada
Variedades Agregados familiares (%) Calamidade 0.96 Campinche(doce) 8.25 Carita 0.72 Cherenje(doce) 1.08 Chicoma mafia 0.24 Cocoro/kokoro 4.43 Guerra(doce) 0.24 Mlapa/Nlapa 1.67 Mpacua 0.96 Mphovatakwa 3.59 Nagema 0.12 Nassuruma 0.12 Nikwaha 67.23 Nivalapua 0.6 Tomo 2.51 Outra 7.3 Total 100
4.6 Área média cultivada e ocupada pela cultura de Mandioca
Na tabela 20, pode-se observar que cerca de 42% dos agregados familiares cultivam a
área de 1 hectar, e cerca de 35% cultivam a área de 0.5 hectares. No entanto, as áreas
cultivadas pelos agregados familiares continuam ainda menor, isto mostra claramente
que
a produção destes destina-se exclusivamente para o autosustento e não esta orientada
para o mercado. Neste contexto, um incentivo na criação de condições de mercado
44
para as diversas culturas poderá de certa maneira impulsionar o aumento das áreas de
produção das diversas culturas.
Tabela 20: Área cultivada pelos agregados familiares
Área cultiv ada (ha) Área cultivada pelos agregados familiares (%) 0.2 0.31 0.25 4.72 0.3 0.31 0.35 0.31 0.4 0.31 0.5 34.91 0.6 0.94 0.65 0.31 0.7 0.31 0.75 5.35 0.8 0.31 1 41.51
1.5 6.29 2 3.14 3 0.63 4 0.31
Total 100
Na tabela 21, pode-se observar que a cultura de mandioca ocupa cerca de 25% do
espaço relativo em relação as outras culturas praticados pelos agregados familiares na
área em estudo, seguido da cultura de milho, feijão nhemba e amendoim. Este facto
ilustra que, os agregados familiares na área em estudo têm como primeira prioridade a
cultura de mandioca, seguido das culturas de milho, feijão nhemba e amendoim.
Tabela 21: Proporção da área ocupada pela cultura de mandioca em relação a outras
culturas
Cultura Àrea ocupada pela cultura ( %) Milho 15.25 Arroz 0.4 Mapira 7.32 Mexoeira 0.2 Amendoim 12.84 F. Nhemba 14.84 F. Jugo 11.43 F. Boer 1.6 Mandioca 26.48 F. Holoco 1.2 Tabaco 0.1 Gergelim 0.7 Gengibre 0.4
45
Nicaragua 1 Abobora 2.11 Melancia 0.1 Pepino 0.5 Quiabo 0.2 Tomate 0.1 Outra 3.21 Total 100
Em relação as outras variedades locais de Mandioca, a variedade Nikwaha é a mais
preferida pelos agregados familiares, esta variedade ocupa cerca de 26% dos espaço
relactivo, a variedade Campinche(doce) segue com 14% e Kokoro com cerca de 8%
(tabela 22). No entanto, a pesar do problema da perda de tolerância da variedade
Nikwaha (acima referido), os agregados familiares continuam ainda a ter como a
primeira preferência.
Para Just et all (1985), as medidas de adopção podem ser indicadas pelas escolhas
discretas (usou ou não uso a tecnologia) ou variável continuas indicando o grau de
utilização da tecnologia pelo produtor como por exemplo percentagem da área sob
uma certa cultura e alocada a variedade melhorada. Neste estudo, a percentagem da
área alocada a variedade Nikwaha em relacção as outras variedades de cultura da
mandioca esta de acordo com os resultados aqui citados, cerca de 26% da área
ocupada pela variedade Nikwaha (tabela 22), sugere que a variedade foi adoptada e
difundida, e consequentemente tem impacto porque de acordo com MsSwenn et all
(2006), nenhuma adopção de uma tecnologia poderá corresponder não impacto.
Tabela 22: Proporção da área ocupada pela variedade Nikwaha em relação a outras
variedades
Cultur a área ocupada por variedade (%) Nikwaha 26.28 Calamidade 2.47 Campinche 14.11 Carita 1.41 Cherenja 2.47 Chigoma mafia 0.35 Cocoro 7.58 Guerra 1.23 M´pacua 3.17 Nlapa 4.59 Mphovatakwa 6.17 Mulaleya 0.35 Murulaoahawa 0.88
46
Nakwali 0.53 Namacarolina 7.05 Nassuruma 0.88 Nagema 0.35 Nivalapua 0.88 Tomo 6 Outros 13.23 Total 100 5. Conclusões
Os agregados familiares apontam como razões de adopção da variedade Nikwaha por
ordem de importância a tolerência a seca, o facto de se comer a variedade sem
processar, sabor, rendimento e tolerância a CBSD.
O nível de adopção da variedade está a aumentar nas 4 campanhas em estudo
(2003/04 a 2006/08), o número dos adoptantes aumentou de 50% da campanaha de
2003/04 para cerca de 82% da campanha 2006/07. No estudo, a incidência da
variedade Nikwaha esta-se mantiver em função do raio em estudo partindo da
comunidade mãe ou centro, isto mostra que a difusão da variedade é efectiva.
Não obstante, os restantes dos agregados familiares ainda não adoptaram a variedade
Nikwaha. No entanto, a falta de acesso a estacas e a falta de estacas são apontados
como razões de não adopção da variedade Nikwaha.
No que refere as fontes de estacas da variedade Nikwaha, a própria reserva seguida de
vizinho ou família e a recepção através das ONG´s são apontadas como as principais
fontes de estacas da variedade.
6. Recomendações
O processo de multiplicação das variedades tolerantes a podridão radicular deve
continuar enquanto não for identificadas variedades resistentes, como forma de prevenir
dos eventuais problemas de perda de tolerância da variedade Nikwaha.
47
Estudo de adopção e difusão da cultura de feijão nh emba, variedade IT 18, no
distrito de Mogovolas
1. Introdução
Moçambique é um dos países que tem baixos investimentos no seu sistema nacional de
sementes. Estudos indicam que o país perde a possibilidade de aumentar pelo menos
US$260 milhões por ano em renda agrícola. Esta é uma medida simples do nível
reduzido de produtividade resultando da falha de disseminar variedades das culturas
principais que foram desenvolvidas ou testadas pelo serviço nacional de investigação, e
que provaram serem mais produtivas (Howard et. al, 2001).
A semente melhorada é um dos meios mais fáceis e seguros de aumentar a renda
agrícola
nacional. As variedades melhoradas contribuem directamente no melhoramento de
produtividade agrícola. Isto inclui ganhos em rendimentos agronómicos, e muitas vezes
na estabilidade da produção agrária em caso de ocorrência de secas. As variedades
melhoradas respondem melhor a insumos agrícolas, aumentando os retornos para
investimentos complementares na gestão numa maneira multiplicadora (Howard et. al,
2001).
Segundo Heemskerk (1985), a cultura do feijão nhemba é também produzida em
Moçambique principalmente na região Nordeste destacando-se a província de Nampula
como a maior produtora do país, sendo depois do amendoim a leguminosa mais
importante em Moçambique.
Na região Nordeste são inseridas as regiões agro-ecológicas R7, R8 e R9 (inclui as
províncias de Nampula e Cabo Delgado e, fazem parte as províncias de Niassa,
Zambézia e Tete), que são as mais populosas do País. Estas regiões, têm cerca de
45% da área total cultivada pelos agregados familiares rurais. Em 2002, a região
contribuiu com cerca de 42% do valor total de produção agrícola e tem alto potencial
para a redução de pobreza (Walker et. al, 2006).
48
O presente trabalho pretende fazer um estudo de adopção e difusão da cultura de feijão
nhemba, variedade IT 18, como forma de avaliar o sucesso ou insucesso da introdução
desta variedade desenvolvida pelo Instituto de Investigação Agrária de Moçambique
(IIAM).
No entanto, é sabido que toda a adopção de uma tecnologia poderá corresponder no
impacto esperado, neste contexto, para o conhecimento do impacto da adopção das
tecnologias é pertinente que sejam levados a cabo estudos deste género (Walker et. al,
2006).
Estudos de avaliação de impacto de adopção de tecnologias permitem o conhecimento
real da situação das comunidades alvo de modo a permitir que a investigação trabalhe
em tecnologias que reflictam os problemas e prioridades das comunidades e preveja o
sucesso de adopção das tecnologias a serem libertadas (Walker et. al, 2006).
O investimento feito na investigação, desenvolvimento e a transferência das variedades
só podem ser julgados como sendo sucesso se as variedades estiverem a contribuir
para o melhoramento do bem-estar das comunidades na região. Esta avaliação é feita
através dos indicadores de retorno ao investimento e a pobreza (taxa interna de retorno
e valor actual líquido). Os indicadores intermediários são os de adopção e difusão que
ainda não foram estimados. Este estudo pretende providenciar alguma informação
sobre o grau de adopção e difusão da cultura de feijão nhemba, variedade IT 18 e as
características que influenciam a decisão para a adopção (Walker et. al, 2006).
Segundo Walker et al (2006), baseando-se em dados do trabalho do inquérito agrícola
(TIA), em 2002 na província de Nampula cerca de 400.000 agregados familiares
praticavam a cultura de feijão nhemba, Estes alcançaram a produção de 21.500.000
toneladas, e somente 6% da produção foi vendida e alcançaram valores de venda de
3.135.307, 00MT (Tabela 1).
49
Tabela 1: Produção e consumo da cultura de feijão nhemba na Província de Nampula
em 2002.
Fonte: Walker et all, 2006
1.1. Problema e Justificativa
Em Moçambique, o feijão nhemba constitui, uma das leguminosas de grão mais
importantes sendo cultivada principalmente pelo sector familiar em todo o país
(Heemskerk, 1985). Na província de Nampula, nos distritos de Nampula-Rapale,
Monapo, Angoche, Moma, Mecuburi e Mogovolas foram introduzidas diversas
variedades de feijão nhemba, tais como INIA 36, INIA 73, INIA 19 e IT 18.
É do domínio público que a cultura de feijão nhemba é a principal fonte de proteína para
a maioria dos agregados familiares rurais. Para assegurar o acesso a proteína no meio
rural, o IIAM tem disseminado variedades de feijão nhemba há vários anos, mas até na
campanha 2007/08, não se conhece os níveis de adopção e difusão das novas
variedades ao nível dos produtores.
No entanto, sendo a variedade IT 18 uma das mais distribuídas e que teve procura
aceitável ao nível dos produtores, daí urge a necessidade de saber qual foi o nível de
adopção e difusão desta avriedade, e para isso foi seleccionado o distrito de Mogovolas
pelo facto deste ter-se beneficiado da variedade. O estudo irá permitir verificar o
sucesso ou o insucesso da introdução desta variedade, e o conhecimento do nível de
adopção e difusão na área em estudo, além disso, os estudos de adopção e difusão são
importantes porque permitem a possibilidade de replicação da tecnologia em outras
áreas em caso de sucesso e a correcção dos erros em caso de insucesso.
1.2. Objectivos
1.2.1. Geral:
� Avaliar o nível de adopção e difusão da cultura de feijão nhemba, variedade IT
18, no Posto administrativo de Nametil-sede, distrito de Mogovolas na província
de Nampula.
Cultura Praticou Nº Praticou
Produção (Kg)
Preço p/AF Vendeu
Quantidade vendida (Kg)
Valor de venda (MT)
Feijão nhemba 0.59 399.258 21.500.000 2.5 0.06 1.191.089 3.135.307
50
1.2.2. Específicos:
� Descrever as características que influenciam as decisões na adopção da
variedade;
� Estimar os níveis de adopção e difusão da variedade;
� Identificar as principais fontes de distribuição da variedade; e
� Estimar os benefícios líquidos da produção da variedade.
3. Metodologia
3.1. Caracterização da área de estudo
O distrito de Mogovolas localiza-se entre 15º 45' Sul, 37º 30' Este. Na região a
precipitação média anual varia de 1000-1200 mm com uma humidade relativa média
anual que varia de 55 - 75%. O solo da região é argiloso e apresenta o pH médio de
6,5. No entanto, a vulnerabilidade ao risco de calamidades naturais (seca, cheias e
ciclones) do distrito é considerada moderada (INGC, 2004).
O distrito de Mogovolas localiza-se na parte sul da província de Nampula. No Norte faz
a fronteira com o distrito de Meconta e Nampula, no Sul com os distritos de Angoche e
Moma, a Este com o distrito de Mogincual e no Oeste limita-se com os distritos de
Murrupula e Gilé, este último da província da Zambézia. Neste distrito, os solos
permitem uma boa produção de Feijão Nhemba, para além do Amendoim (variedade
Nametil) e Gergelim (variedade Nicarágua) (INGC, 2004).
3.2. Métodos de recolha dos dados
Para a realização do trabalho elaborou-se um inquérito (anexo 1). A participação no
inquérito foi de carácter voluntário (informação consentida). Quanto as perguntas estas
foram do tipo mista (abertas e fechadas). Recolheu-se dados secundários, conversas
com informantes chaves (lideres comunitários, secretários dos bairros e pessoas
influentes ao nível da comunidade), observações no terreno, entrevistas e conversas
informais.
51
O trabalho de pesquisa consistiu na recolha de dados no campo, no caso o distrito de
Mogovolas, seguido de uma análise dos mesmos o que culminou com a elaboração do
relatório final.
O trabalho foi realizado em (6) seis comunidades do distrito, nomeadamente
Comunidades mãe de Mulapane e Rieque-sede, e Comunidades filhas de Tonhia,
Murequel, Muherequene e Napila. Neste processo, foram identificadas de forma
aleatória 2 (duas) comunidades mães ou centro2 e 4 (quatro) comunidades
consideradas filhas, sendo as primeiras num raio de 5-10 Km e as últimas num raio de
15-20 Km. Este procedimento permitiu ao mesmo tempo conhecer os níveis de adopção
e difusão da variedade.
3.3. Tamanho da Amostra
Na realização do trabalho foi considerada uma amostra de 60 agregados familiares. A
amostra foi colhida aleatoriamente a partir da identificação da comunidade mãe, onde
foram recolhidas as comunidades filhas. Em cada comunidade mãe foram feitos 16
inquéritos e nas comunidades filhas foram feitos 7 inquéritos, isto tendo em conta o
número de agregados produtores ou beneficiados do feijão nhemba da variedade IT 18,
em cada comunidade os agregados familiares foram seleccionados aleatoriamente.
3.4. Análise dos dados
Após a recolha dos dados, estes foram inseridos no programa Microsoft Excel e
analisados no pacote estatístico STATA, versão 9. Para estimar o nível de difusão,
usou-se a equação seguinte:
]1[ )( btat e
KY +−+
= Fonte: Walker et al, 2006
Onde:
Yt= difusão no período t
K= o limite superior de difusão a longo prazo
a= difusão inicial
bt = taxa de difusão
2 Comunidade mãe ou centro, refere-se a comunidade onde teve lugar nos anos anteriores o processo da distribuição das variedade IT 18 palas ONG’s ou Direcções Distritais da Agricultura.
52
4. Resultados e Discussão
4.1. Demografia e características socio-económicas
De acordo com Walker et al (2006), as dimensões demográficas e a estrutura da família
desempenham um papel fundamental na determinação de acesso e uso dos recursos.
A estrutura, a idade, e o tamanho da família podem indicar a disponibilidade de mão-de-
obra, e também a idade e o sexo do chefe do agregado familiar tem implicações na
determinação de oportunidades e capacidade produtiva. Estes e outros aspectos são
apresentados de forma descritiva nas subsecções que se seguem.
4.1.1 Género
Neste estudo, dos 60 agregados familiares entrevistados constatou-se que cerca de
51% eram chefiados por mulheres e cerca de 49% chefiados por homens. Contudo, o
gráfico 1 ilustra a variação da constituição dos agregados familiares do Posto
Administrativo de Nametil – Sede, em que 49% dos agregados entrevistados, eram do
sexo masculino e 51% do sexo feminino.
Género
49 51
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Masculino Femenino
Com
posição (%)
Gráfico 1: Composição por sexo do chefe do agregado familiar.
4.1.2 Tamanho do agregado familiar
De acordo com o gráfico 2, pode-se notar que o maior número da composição dos
agregados familiares foram os filhos, com cerca de 38%, seguido do próprio chefe do
agregado e cônjuge com cerca de 29% e 24%, respectivamente. No entanto, sabe-se
que uma pessoa adicional numa família significa que são necessárias despesas
adicionais, sobretudo se a pessoa adicional não tiver a capacidade de contribuir para a
53
renda do agregado familiar. Contudo, se a família tiver mais membros sem capacidade
produtiva, maior será a incidência da pobreza.
Relação com o chefe do AF
2924
38
1 2 3 3
0102030405060708090
100
Próprio
Cônjuge
Filho(a)
Irmão
(a)
Sobrinho(a)
Neto(a)
Outro parente
Membro do AF
Com
posiçã
o (%
)
Gráfico 2: Relação com o chefe do agregado familiar
O gráfico 3 mostra que cerca de 41% dos membros do agregado familiar eram solteiros,
e 39% em estado de união marital este factor pode estar associado ao facto da maior
parte da composição do agregado serem filhos com a idade escolar e sem a
possibilidade de se encontrarem na situação de outros estados civis.
Estado civil do agregado familiar
41
14
39
1 2 1 20
20
40
60
80
100
Solte
iro(a)
Casa
do(a)
União marita
l
Políg
amo
Divo
rciado
(a)
Sepa
rado
(a)
Viúv
o(a)
Estado civil
Com
posiçã
o (%
)
Gráfico 3: Estado civil do agregado familiar
4.1.3 Educação
No que diz respeito a educação dos membros, o gráfico 4 mostra que 61% dos
agregados familiares, não sabe ler e escrever e somente 39% sabem ler e escrever, isto
revela que a menor parte é que tem acesso a escola, provando que o analfabetismo no
meio rural é ainda um grande problema.
54
Sabe ler e escrever
39
61
0
10
20
30
40
50
60
70
Sim Não
Com
posição (%
)
Gráfico 4: Educação dos membros do agregado familiar
No gráfico 5, observa-se que a maior percentagem 47% dos membros do agregado
familiar não tem nenhuma formação formal, e os restantes, a formação formal vária de
de 1ª a 5 ª classes.
Nivel de escolaridade
47,4
7,5 9,9 10,1 9,1 7,3 4,8 1,9 0,8 0,2 0,6 0,2 0,2 0,20
20
40
60
80
100
Sem edu
caçã
o
Primeira
Segun
da
Terc
eira
Qua
rta
Quint
a
Sexta
Setim
a
Oitava
Nona
Decim
a
Decim
a pr
imeira
Decim
a se
gund
a
Outra
Classe
Com
posi
ção
(%)
Gráfico 5: Nível de escolaridade dos membros do agregado familiar
4.1.4 Prática de trabalho remunerado e na machamba
O gráfico 6 ilustra que a maior parte dos agregados, cerca de 93% não fez trabalho
remunerado, em comparação com 7% que fez concluindo que os agregados dedicam-
se mais a agricultura como principal fonte de rendimento.
55
Pratica do trabalho remunerado
7
93
010
2030
405060
7080
90100
Sim Não
Com
posiçã
o (%
)
Gráfico 6: Trabalho remunerado
O trabalho por conta própria no meio rural é visto como um trabalho difícil visto que este
acarreta muitos custos. O gráfico 7, mostra que a maior parte dos agregados familiares,
cerca de 79%, não fez trabalho por conta própria comparando com a minoria de 21%
que diz ter feito, notando assim uma grande diferença entre quem fez e quem não fez o
trabalho trabalho por conta própria.
Pratica do trabalho por conta própria
21
79
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Sim Não
Com
posição (%
)
Gráfico 7: Trabalho por conta própria
Contudo, trabalhar por conta própria exige disciplina e organização pois não se deve
misturar trabalho com vida pessoal e não só, porque quase sempre a pessoa tem de se
dedicar mais do que se estivesse a trabalhar para os outros.
Sabe-se que a actividade agropecuária no meio rural é fonte de rendimento principal
para os agregados familiares. No gráfico 8, observa-se que cerca de 61% dos
agregados familiares praticam a agropecuária como actividade principal, pelo contrário
uma minoria de 23% não pratica, mais entre estes existe um grupo que pratica a
agropecuária como actividade secundária constituída por 16%, havendo uma grande
diferença entre a actividade em relação a ser principal e secundária .
56
Pratica de actividade agro-pecuária
61
1623
0
10
20
30
40
50
60
70
Principal Secundária Não Pratica
Com
posiçã
o (%
)
Gráfico 8: Prática da actividade Agro-Pecuária
De acordo com (Turra. et al, 2002) o associativismo é uma prática que esta sendo
promovida com muita intensidade como forma de facilitar a intervenção de várias
instituições no desenvolvimento da agricultura familiar melhorando desta forma a
condição de vida das comunidades rurais e principalmente garantindo a segurança
alimentar das populações que vivem a base deste meio. No que se refere aos membros
da associação agro-pecuária, notou-se que 92% nesse caso a maioria não faz parte de
nenhuma associação, o que por vezes pode dificultar o acesso de certos insumos
agrícolas para a produção em relação a 8% que faz parte de uma associação, os
resultados deste trabalho estão de acordo com os frizados pelo Turra et al (2002).
Membros da associação agro-pecuária
8
92
010
2030
405060
7080
90100
Sim Não
Com
posiçã
o (%
)
Gráfico 9: Membros da Associação Agro-Pecuária
57
4.2 Características que influenciam na adopção das variedades
Walker et al (2006), considera que existem vários factores que influenciam na adopção
das variedades pelos agregados familiares, além dos aspectos económicos, os
aspectos sócio-culturais tem alta influência na decisão dos agregados familiares para
adopção ou não da tecnologia, no entanto, neste trabalho discute-se também o aspecto
referenciado.
4.2.1 Razões de adopção da variedade IT 18
O gráfico 10 mostra que, as razões de adopção da variedade IT 18 pelos agregados
familiares estão divididos e apontam como razões de adopção por ordem de
importância o mercado (31.3%) e ciclo da cultuta (22.49%). Wichmann, (1996) assegura
que os produtores tomam decisões de adopção de tecnologias, se esta tiver alguma
utilidade adicional porque o produtor faz a comparação da nova tecnologia com a
tradicional, e se adopta a nova tecnologia é porque esta excede a utilidade da
tecnologia tradicional.
Razões de adopção da variedade IT 18
3122
12 12 11 8 4
0102030405060708090
100
Merca
do
Ciclo
Rendimen
to
Sabor
Óleo
Tempo
de co
zedu
ra
Outra
Com
posiçã
o (%
)
Gráfico 10: Razões de adopção da variedade IT 18
Neste estudo, acredita-se que, se a variedade IT 18 está adoptada e difundida é porque
esta contribui para a melhoria do bem-estar das comunidades. O mercado e o ciclo da
cultura foram apontadas como características que influenciaram a adopção, isto porque
uma variedade com ciclo curto rapidamente é levada ao mercado logo, após a sua
colheita trazendo assim benefícios económicos aos agregados familiares.
58
4.2.2 Razões comparativas na adopção da variedade I T 18
No processo comparativo, com base no gráfico 11 observou-se que a maior parte dos
agregados familiares (35%) disseram que a variedade IT 18 é igual a outras variedades
de feijão nhemba, isto porque quando se fez a introdução da variedade esta, ter sido
recebida e tratada como a variedade tradicional e cerca de 31% disse que a variedade
era melhor em relação as outras variedade e igualmente 32% não sabe nada das
qualidades da variedade.
IT 18 em relação a outras variedades
31
2
35 32
010
2030
405060
7080
90100
Melhor Pior Igual Não sabe
Com
posiçã
o (%
)
Gráfico 11: IT 18 em relação as outras variedades
4.2.3 Estimativa de adopção da variedade IT 18
De acordo com Just et. al, (1985), estudos de adopção e difusão são de extrema
importância, porque permitem observar o nível do sucesso e insucesso das variedades
libertadas, isto orienta as estruturas de direito a ter uma visão do pulsar da situação ao
nível do meio rural. Em caso de sucesso da adopção, mostra a possibilidade de
replicação da variedade na mesma área ou em outras áreas com necessidades
similares. Em caso de insucesso pode-se envidar os esforços de modo a corrigir os
erros cometidos, este facto é ilustrado no gráfico abaixo.
59
Praticantes da variedade IT 18
1723
36
50
0
20
40
60
80
100
2003/2004 2004/2005 2005/2006 2006/2007
Campanha
Com
posiçã
o (%
)
Gráfico 12: Percentagem de camponeses que praticam a cultura de Feijão Nhemba
(variedade IT 18) nasúltimas 4 campanhas
O gráfico 12, ilustra que o nível de adopção da variedade IT 18 foi crescente nas 4
campanhas estudadas, na campanha 2003/2004 teve 17 % de praticantes da
variedade, e o número dos praticantes da variedade foi subindo gradualmente o que na
campanha 2006/2007 chegou a 50% sendo esta a percentagem máxima de adopção.
Comparando a campanha inicial e a final pode-se dizer que houve uma subida muito
significativa no que diz respeito ao número de praticantes de 33%. Isto prova que a
variedade IT 18, foi bem adoptada pelos produtores e que o nível de adopção esperado
foi positivo. No entanto, segundo Just et. al, (1985), esta tecnologia pode ser replicada
em áreas onde não esteja disponível.
4.2.4 Difusão da variedade IT 18
Segundo MsSwenn et. al (2006), se a incidência da variedade melhorada se mantiver
de forma significativa em função do raio em estudo partindo da comunidade mãe ou
centro, isto significa que existe uma cobertura efectiva da variedade ao nível das
comunidades, o inverso significa que a cobertura da variedade não é efectiva. Este
estudo está de acordo com os resultados do MsSwenn et al (2006), a incidência da
variedade IT 18 se manteve em função do raio de distribuição que vária de 5-10 Km e
10-20 Km, o que significa que a variedade foi difundida nas comunidades em estudo.
60
Tabela 2: Difusão da variedade IT 18 em função da distância da comunidade considerada centro ou mãe de distribuição da variedade
Item
Distância do Centro de distribuição (%)
0km
5-10 Km
10-20 Km Total
Nunca praticou IT 18 38.2 42.7 44.4 41.8
Não praticou em 2006/07, mas praticou nas campanhas anteriores 9.4 8.2 8.4 8.7
Praticou pela 1ª vez na campanha 2006/07 16.8
14.4 14.8 15.3
Praticou na campanha 2006/7 e campanhas anteriores
35.6
34.7 32.4 34.2
Total 100 100 100 100
A difusão é um factor importante quando se trata de adopção de qualquer tecnologia
nova isto, porque não tem muito interesse em se adoptar uma tecnologia e não se saber
qual foi o raio de adopção dentro de uma comunidade ou mesmo distrito.
Os raios de difusão em estudo na tabela 2, mostra que existiu uma cobertura efectiva
da variedade ao nível das comunidades, isto partindo da comunidade mãe para as
comunidades filhas seleccionadas não havendo diferenças significativas entre os raios
5-10 Km e 10-20 Km e observou-se que na comunidade mãe a adopção foi positiva e
houve diferenças significativas para quem não praticou em 2006/07 mas praticou nas
campanhas anteriores com 9.4%, seguido de quem praticou pela primeira vez na
campanha 2006/07 com 16.8% e por fim quem praticou na campanha 2006/07 e
campanhas anteriores com 35.6%.
4.3. Principais fontes de semente da variedade IT 1 8
No que se refere as principais fontes de semente da variedade, a tabela 17 mostra que
as principais fontes de sementes para a variedade IT 18 nas 4 campanhas foram a
própria reserva, seguido de vizinho ou familiar e por fim o mercado (Tabela 3). No
entanto, este facto mostra claramente que o agregado familiar continua a ainda a usar o
grão da campanha anterior como semente para a campanha seguinte, este facto
ocasiona baixos rendimento por hectar, sobretudo se a variedade for melhorada, visto
que, estas variedade devem ser substituídas periodicamente para evitar a degeneração.
61
Tabela: 3 Principais fontes de semente de Feijão Nhemba (variedade IT 18) usada nas últimas 4 campanhas
Fonte da Semente
Principais fon tes de semente nas últimas 4 campanhas (%)
2006/7 2006/5 2005/4 2004/3 Associação-recebeu 4.32 2.26 1.87 2.53 Associação-comprou 3.09 3.01 0.93 0 Própria reserva 29.63 49.62 55.14 51.9 Loja 9.26 9.02 12.15 16.46 Mercado 18.52 16.54 12.15 12.66 Vizinho ou familia 33.33 17.29 16.82 15.19 Outro 1.85 2.25 0.93 1.27 Total 100 100 100 100
4.3.1 Estimativas de não adopção das variedades
No que diz respeito a não adopção das variedades, o gráfico abaixo mostra que o
número de produtores que não praticou a variedades IT 18 diminui gradualmente entre
as campanhas na área em estudo, contudo reduziu de 83% na campanha 2003/4 para
50% na campanha 2006/7. Isto prova que no inicio da campanha havia ainda receio de
adopção da nova variedade por parte dos agregados, o que foi mudando com o passar
do tempo. (gráfico 13).
Não praticantes da variedade IT 18
8377
64
50
0
20
40
60
80
100
2003/2004 2004/2005 2005/2006 2006/2007
Campanha
Com
posiçã
o (%
)
Gráfico 13: Percentagem de camponeses que nunca praticaram a variedades IT 18
No que se refere, as razões de não praticar a variedade IT 18 são apontadas como
principais a falta de semente com 49% e falta de acesso a semente com 22%. No
entanto, este facto ilustra que o problema de falta de acesso a semente aos agregados
62
familiares é um dos principais aspectos responsáveis pela baixa produção e
produtividade (Tabela 4).
Quanto ao facto da falta de semente, pode-se explicar pelo simples motivo de que os
produtores após a colheita vendem todo o produto e não deixam o excedente para a
campanha seguinte o que culmina com a falta de semente e a falta de acesso a
semente, esta por vezes é distribuída pelas ONG’s para as associações com quem elas
trabalham acabando assim recebendo semente apenas quem for membro da
associação e o resto dos produtores que quiserem se beneficiar devem comprar na
associação ou loja na comunidade beneficiada.
Tabela 4: Razões porque nunca praticou a variedade IT 18
Razões Razões da não prática da variedade IT 18 (%) Não conheço a cultura 6.12 Falta de acesso a semente 22.45 Falta de semente 48.98 Não gostou de praticar a cultura 4.08 Não me interessou 8.16 Outra 10.2 Total 100
4.4 Estratégias utilizadas pelos agregados familiar es
As estratégias que os camponeses usam podem ser várias, mais no caso apenas
abordamos a preparação de uma nova área para a sementeira e a redução da área
que costumava semear.
No que diz respeito a preparação de uma nova área para semear a variedade IT 18, o
gráfico 14 mostra que apenas 46% dos agregados familiares preparam uma nova área,
no que houve uma ligeira diferença entre os que disseram não com 55%. Sabe-se que a
abertura de uma nova área implica mão-de-obra adicional e insumo, factores esses que
nem sempre o produtor possui.
63
Preparação de uma nova área para IT 18
46
55
40
42
44
46
48
50
52
54
56
Sim Não
Com
posição (%
)
Gráfico 14: Preparação de uma nova área para semear a variedade IT 18
No que diz respeito as estratégias utilizadas, pelos agregados familiares nota-se que
cerca de 87% dos agregados não abriu uma nova área (gráfico 15), mais sim uma
pequena parte (13%) é que reduziu a área que costumava semear para plantar a
variedade IT 18. Acredita-se que houve receio por parte dos agregados na adopção da
nova variedade.
Redução da área cultivada
13
87
010
2030
405060
7080
90100
Sim Não
Com
posiçã
o (%
)
Gráfico 15: Redução da área que costumava semear
4.5 Espaço relativo de feijão nhemba em relação as outras culturas
Just et. al (1985), considera que as medidas de adopção podem ser indicadas pelas
escolhas discretas (usou ou não uso a tecnologia) ou variável contínua indicando o
grau de utilização da tecnologia pelo produtor como por exemplo percentagem da área
sob uma certa cultura e alocada a variedade melhorada.
64
Espaço relativo da cultura de feijão nhemba
140 2
12 194 2
25
0 1 2 118
10
20
40
60
80
100
Milh
oArro
z
Map
ira
Amen
doim
Feijã
o Nhe
mba
Feijã
o Ju
go
Feijã
o Boe
r
Man
dioc
a
Feijã
o Ver
de
Feijã
o Oloco
Algod
ão
Cana de
açu
car
Ger
gelim
Abobo
ra
Cultura
Com
posi
ção
(%)
Gráfico 16: Espaço relativo da cultura de feijão nhemba IT 18 em relação a outras
culturas
Neste estudo, a percentagem da área alocada a variedade IT 18 em relação as outras
variedades de culturas esta de acordo com o autor aqui referenciado, 19% da área
ocupada pela variedade IT 18 (gráfico 16), sugere que a variedade foi adoptada e
difundida, e consequentemente tem impacto porque de acordo com MsSwenn et. al,
(2006), toda adopção de uma tecnologia corresponde num impacto.
4.6. Benefícios económicos da produção das variedad es
No estudo foi provado que os benefícios económicos para a produção de feijão nhemba
da variedade IT 18 foi rentável comparando a quantidade produzida que foi de
1111099Kg e o valor de vendas que foi de 3531835 MT (Tabela 5).
Tabela 5 : Valores de produção e de vendas de feijão nhemba IT 18
Variedade Quantidade produzida (Kg) Preço (MT) Valor de Produção
Valor de
Venda
IT 18 1111099 10.34 1482478 3531835
Outras 105381.8 8.82 293556 17480
Total 1216480 10.18 1776034 3549315
65
No que se refere a locais de maiores vendas e maiores compradores, os comerciantes
ambulantes são os maiores compradores e vendedores com 59%, seguido de lojas com
35% havendo entre estes dois destinos uma diferença notável em termos de
percentagem, sendo estes os destinos das produções de feijão nhemba (variedade IT
18). Nota-se que o comercio ambulante é o destino favorito isto porque eles acabam
comprando praticamente toda a produção que depois esta mesma é revendida (Tabela
6).
Tabela 6: Locais de maiores vendas e o maior comprador da produção
Local de maiores vendas e maiores compradores Vendas de feijão nhemba, varie dade IT 18 (%) Associação/cooperativa/ONG´s 1,2 Comerciante ambulante 59,04 Loja 34,94 Vizinho 2,41 Outro, esp 2,41 Total 100
A cultura de feijão nhemba é muito atacada por pragas. Estas constituem um dos
principais factores para depreciação da qualidade do produto e redução do rendimento.
Perdas da variedade IT 18
68
32
010
2030
405060
7080
90100
Sim Não
Com
posiçã
o (%
)
Gráfico 17: Percentagem de camponeses que registaram perdas
Na variedade IT 18 as perdas por pragas chegam a alcançar cerca de 48%, seguido de
animais com cerca de 23% (gráfico 17). Observou-se ainda que cerca de 68% dos
agregados familiares tiveram perdas da variedade IT 18 e 32% disseram que não
teveram perdas durante a colheita. Isto, deveu-se ao facto de ataque de pragas, visto
que os agregados não usam produtos químicos para o combate de pragas, e animais
que destroem as culturas.
66
No gráfico abaixo são apontados como factores principais responsáveis pelas perdas
as pragas e animais, chegando as pragas a 48% em relação aos animais com 23%, já
comparando a falta de chuva com 5% e as pragas notou-se que houve uma grande
diferença o que dita que a falta de chuva, a colheita tardia com 5% e as queimadas com
1% não foram um grande problema.
Principais razões das perdas da variedade IT 18
5 9
48
231 8 5 1
020406080
100
Fal
ta d
e ch
uvas
Exc
esso
de
chuv
as
Pra
gas
Ani
mai
s
Que
imad
as
Doe
nças
/Apo
dre
cim
ento
Col
heita
tar
dia
Out
ra,
resp
Razão principal de perdas
Com
posi
ção
(%)
Gráfico 18: Razões de perda da cultura
5. Conclusões
• Segundo o estudo feito a esta variedade, observou-se que os agregados
familiares apontam como razões de adopção da variedade IT 18 por ordem de
importância, mercado garantido e ciclo curto.
• O nível de adopção da variedade aumentou nas 4 campanhas em estudo
(2003/04 a 2006/07), o número dos adoptantes aumentou de 17% da campanha
de 2003/04 para cerca de 50% da campanha 2006/07. No estudo, a incidência
da variedade IT 18 manteve-se em função do raio em estudo partindo da
comunidade mãe ou centro, isto mostra que a difusão da variedade foi efectiva.
• A falta de semente e falta de acesso a semente são apontados como razões de
não adopção da variedade IT 18.
67
• No que se refere as fontes de sementes da variedade IT 18, a própria reserva
seguida de vizinho ou família e mercado são apontadas como as principais
fontes de sementes da variedade.
• Os benefícios económicos foram significativos, tendo em conta que somente
uma parte da produção foi vendida.
6. Recomendações
• Necessidade de fortalecimento do mercado de semente e serviços de créditos a insumos, isto porque ao nível das comunidades em estudo, a falta e acesso da semente ainda é um problema chave para os agregados familiares.
• Deve-se incentivar muito o combate a praga e animais, uma vez que são apontados como principais factores responsáveis pelas perdas da variedade, e tendo em conta que os camponeses de pequena escala nem sempre tem em conta dos danos que as pragas podem causar.
• Criação de programas de adopção e difusão de novas tecnologias para o bem dos agricultores, visto que o processo de adopção a nível dos produtores ainda é muito difícil.
• Que sejam feitos estudos desta natureza, sempre que for libertada uma nova tecnologia no caso uma nova variedade para saber o grau da sua adopção e difusão.
68
Avaliação do impacto Sócio-económico da produção do algodão (Gossipium hirsutum) no sector familiar em Monapo, província de Nampula
Sofia Camilo e Venâncio Salegua
1. Introdução O algodão (Gossypium hirsutum L,) é a fibra de origem vegetal, mais utilisada pelo
homem. As primeiras referências da sua cultura em Moçambique datam do ano 1770.
Mas foi a partir de 1929, ano em que o Estado Português, começou a limitar o poder
arbitrário das grandes companhias, centralizando a política de colonização, que o
cultivo do algodão se começou a expandir em maior escala. Nessa altura, incrementam-
se grandes plantações de produtos destinadas à exportação, tais como o Algodão,
Moçambique Açúcar, Castanha de Caju, Copra, Chá e Sisal (Pitoro et al, 2001).
A cultura do algodão foi imposta como obrigatória a uma boa parte da população local,
o que fez disparar a produção. Em 1931-1935 a produção média anual foi de 4.000
toneladas. Entre 1936 e 1940 foi de 19.000 toneladas. A partir de 1940 ultrapassava as
50.000 toneladas, atingindo em 1960 as 130.000 toneladas (Pitoro et al, 2001).
O algodão tem grande interesse para moçambique, pois além de ser uma cultura de
rendimento para o agricultor, a exportação da fibra representa uma importante fonte de
divisas para o País.
Na região Nordeste são inseridas as regiões agroecológicas R7e R8 (inclui as
províncias de Nampula e Cabo Delgado e, fazem parte as províncias de Niassa,
Zambézia e Tete), que são as mais populosas do País. Em 2002, na região a cultura de
algodão contribuiu com cerca de 72% do valor total de produção agrária e tem alto
potencial para a redução de pobreza (Walker et al, 2006).
A fibra é o principal produto do algodão. Com ela fabricam-se fios e tecidos dos mais
variados tipos, que se usam para confecções de roupas, toalhas, lonas, gabardines,
estofos, cobertores, tapetes, etc. (IAM,1995)
Além da fibra, seu principal produto, o algodoeiro produz diversos subprodutos, que
apresentam também importância econômica, destacando-se o linter, o óleo bruto, o
69
bagaço. O linter (corresponde a cerca de 10% da semente do algodão), usado no
fabrico de papel para a antiga máquina de escrever, filmes para fotografias e raios x,
tintas celulósicas, pólvoras sem fumo, dinamite, enchimento de colchões e estofos de
assentos de carros e mobílias, o óleo bruto (média de 15,5% da semente), podendo ser
utilizado na cuzinha e no fabrico de sabão, o bagaço (que é quase a metade da
semente) usado para alimentação do gado, além da casca e do resíduo (4,9% do total).
(IAM,1995).
Como cultura industrial, o algodão tem, na sua cadeia produtiva, diversos sectores, que
empregam e/ou fornecem ocupação, desde o campo até a indústria de
descaroçamento, é uma cultura extremamente exigente em mão-de-obra, também com
grande agressão ambiental, devido ao demasiado uso de pesticidas.
Dada a importância da agricultura na economia Moçambicana, os factores que
contribuem para o aumento da produtividade carecem de especial atenção nesta
realidade em que a segurança alimentar é frequentemente ameaçada. Entre os factores
mais discutidos recentemente, figuram os programas de fomento de culturas (Pitoro et
al, 2001).
A falta de uma assistência técnica abrangente, falta de informação atempada a cerca
dos preços de algodão caroço, falta de instrumentos agrícolas, atrasos no fornecimento
de pestecidas levam ao baixo rendimento agronómico.
Com o aumento do preço de algodão caroço, uso de sementes tratadas e aplicação de
outras tecnologias no sentido de obter melhores rendimentos no sub-sector de algodão,
esperava-se que o sector familiar tivesse a sua situação sócio-económica melhorada,
mas não é o que acontece. Será que é devido a redução progressiva dos níveis de
produção do algodão-caroço?
Espera-se que tendo informação específica relacionada ao papel (impacto) do algodão
na vida dos camponeses de Monapo, ter-se-á uma visão que permita orientar as
organizações governamentais e não governamentais a uma boa intervenção, tendo em
conta a prioridade das questões a resolver para melhorar a condição sócio-económica
dos produtores e do rendimento do algodão nesta região.
70
1.1- Problema e Justificação
No distrito de Monapo, as empresas fomentadoras de algodão operam à vários anos,
apesar da importância económica da cultura em Moçambique, e em Monapo em
particular, constata-se que o nível de vida dos agregados familiares não melhora como
resultados das actividades agrícolas associadas a cultura. Os rendimentos obtidos por
hectar estão a decrescer gradualmente e os preços praticados são cada vez mais
menos compensativos. No entanto, este estudo pretende perceber quais são os
factores que fazem com que o nível de vida dos agregados familiares não melhora
como resultado da acção das grandes fomentadoras do ouro branco no distrito. Esta
estudo poderá ajudar as instituições envolvidas no fomento da cultura e na tomada de
decisões a reverter o actual cenário de baixos rendimentos, preços não compensativos
e contractos precários, aspectos estes que não contribuem para a melhoria de vida dos
produtores de algodão.
1.2- Objectivos
Geral
� Pretende-se com o presente trabalho, avaliar o impacto sócio-económico da
produção do algodão no sector familiar no distrito de Monapo.
Específicos
� Avaliar o nível de vida dos camponeses e o papel do algodão na renda dos
produtores;
� Identificar os problemas no cultivo algodão;
� Identificar os problemas na comercialização do algodão; e
� Estudar de que forma os rendimentos provenientes da cultura de algodão
permite a melhoria do nível de vida dos agregados familiares, isto é, a
contribuição em bens de consumo e de serviços.
1.3- Hipóteses
� O cultivo de algodão, aumenta o poder de compra dos produtores e
estimula a acumulação de capital para re-investir na agricultura.
� A expansão do cultivo de algodão no sector familiar alcança objectivos
macroeconómicos sem providenciar nenhum benefício substancial na
renda familiar.
71
� O aumento de áreas de produção de algodão pelos produtores, sem
prejudicar sa culturas alimentares (ex: mandioca e milho).
� A produção de algodão não está a proporcionar o bem estar do sector
familiar.
1.4- Terminologias usadas no sub-sector
1.4.1- Conceitos chave
Antes de começarmos a falar das principais actividades e operações realizadas no sub-
sector, é necessário, esclarecer alguns conceitos frequentemente utilizados. Assim,
segundo o Regulamento de Algodão (Diploma Ministerial n◦ 91/94), os elementos chave
da terminologia usada pelo sector são:
Algodão caroço: Produto colhido antes da operação de descaroçamento.
Algodão em rama: Fibra após a operação de descaroçamento e/ou prensagem.
Áreas sob concessão: Áreas definidas em contratos de concessão assinados entre o
Estado e os concessionários, contrato este que não é aplicável aos concessionários o
regime definitivo na legislação em vigor sobre terras, mas apenas o desposto nos
contratos e no Regulamento do Algodão.
Operadores económicos: Agentes económicos em nome individual ou em sociedade
cujas actividades se relacionem com a produção, comercialização e descaroçamento do
algodão, classificados nos termos de Regulamento do Algodão.
Redes de fomento: Serviços de assistência técnica e aprovisionamento agrícola.
1.4.2- Classificação dos operadores económicos
O Regulamento do Algodão considera as seguintes classes de operadores económicos:
Classe I – Sector familiar: Compõe-se de operadores que, sendo membros de um
agregado familiar, cultivem algodão, dentro ou fora das áreas de concessão, inscritos
em rede de fomento sob responsabilidade dos concessionários, do Instituto de Algodão
de Moçambique (I.A.M.) ou de outra entidade autorizada para tal.
Classe II – Agricultores não autónomos: Compõe-se de operadores que, por quaisquer
insuficiências de carácter técnico ou financeiro, cultivem o algodão, dentro ou fora das
áreas sob concessão, com apoio dos concessionários, do I.A.M. ou de outra entidade
autorizada.
72
Classe III – Agricultores autónomos: Compõe-se de operadores que, por serem auto-
suficientes em recursos, cultivem algodão sem assumirem compromissos ou contratos
que vinculem a sua produção de algodão a um outro operador ou ao I.A.M. por este
motivo têm a possibilidade de negociar o preço e vender o algodão caroço da sua
produção, ou a rama dela resultante a qualquer operador da sua escolha, desde que tal
transacção seja autorizada pelo I.A.M. A área mínima de cultivo para operadores desta
classe é de 20 ha de algodão.
Classe IV – Concessionários: Compõe-se de operadores que, sendo possuidores de
uma ou mais fábrica de descaroçamento e prensagem do algodão tenham assinado um
contrato de fomento com o Estado, que os autoriza a constituir rede de fomento para
apoio a outros produtores de algodão em áres sob concessão e a comprarem o
algodão-caroço assim produzido, bem como a comercializar a respectiva fibra.
Classe V – Industriais: Compõe-se de operadores que, sendo possuidores de uma ou
mais fábricas de descaroçamento e prensagem do algodão, não tenham assinado um
contrato de fomento com o Estado.
Classe VI – Comerciantes da fibra: Compõe-se de operadores que, não sendo
produtores de algodão se encontrem autorizados pelo I.A.M. a fazerem transacções da
fibra de algodão, obrigando-se a pagar-lhe as devidas taxas de transacção.
1.4.3- Outros elementos da terminologia usada no pr esente trabalho
Produtores privados: são classificados como sendo deste grupo, agricultores auto-
suficientes em recursos, assim como com insuficiência de recurso, desde que a área
mínima de cultivo para os operadores deste grupo seja de 5 ha de algodão (Sanam,
2006).
Produtores associados: conjunto de produtores que pertencem a associações, a
mesma classe não está mencionada no “Regulamento” de 1991 pois na altura não
existiam associações, mas enquadra-se na classe II.
Receita (Rendimento económico): Quantidade de algodão-caroço produzido por
unidade de área multiplicada pelo preço do algodão por quilograma (kg).
Receita bruta: valor da produção por unidade de área antes da subtração (desconto)
dos custos variáveis(crédito em insumos de produção).
Margem bruta: valor da produção por unidade de área, depois de se terem subtraído
todos os custos variáveis.
Rendimento: Quantidade de algodão-caroço produzido por unidade de área.
73
Sanam: Sociedade Algodoeira de Namialo. Actualmente possui duas fábricas de
descaroçamento e prensagem de algodão. Faz fomento de algodão em áreas
anteriormente pertencentes a SAMO, SODAM, portando é de notar que lidera o algodão
em Monapo.
3. Metodologia
3.1 Características edafo-climáticas e divisão admi nistrativa
O distrito de Monapo localiza-se entre: 15º 16' Sul, 40º 36' Este, e 393 m de altitude. Na
região a precipitação média anual varia de 1000-1200 mm com uma humidade relativa
média anual que varia de 55 - 75%. O solo da região é argiloso e apresenta o pH médio
de 6,5. No entanto, a vulnerabilidade ao risco de calamidades naturais (Seca, cheias e
ciclone) do distrito é considerada baixa (INGC, 2004).
O distrito de Monapo localiza-se na zona intermediária da província de Nampula. No
norte faz a fronteira com o distrito de Nacaroa, no sul com o distrito de Mogincual, no
este com os distritos de Muecate e Meconta e no oeste limita-se com os distritos de Ilha
de Moçambique e Mossuril. Neste distrito, os solos permitem uma boa produção da
cultura de algodão. No distrito a produção por hectar da cultura de algodão chega a
alcançar cerca de 800 Kg por hectar (IIAM, 2005).
O distrito tem três postos administrativos, a saber: Itoculo, Netia e Monapo-sede, a
capital do distrito, com um total de cinco localidades. As estruturas governamentais
representadas incluem as direcções distritais da saúde, da educação e cultura, da
agricultura, da indústria e energia, do comércio e turismo, da coordenação e de acção
social, da juventude e desportos, registo civíl e notariado, tribunal judicial distrital,
Procuradoria, Polícia da República de Moçambique, Cadeia Civíl Distrital e
Administração do Distrito. Existem ainda empresas públicas e outras instituições de
serviços como as telecomunicações, os correios, electricidade de Moçambique,
administração do parque imobiliário do estado.
3.2. Desenho da amostra
Os estudos sociais abrangem um grande número de elementos, o que torna impossível
estudá-los em sua totalidade, daí a necessidade de se trabalhar com uma amostra ou
74
seja uma pequena parte dos elementos, esperando-se que ela seja representativa
dessa população que se pretende estudar.
No presente estudo, usou-se a amostragem estratificada proporcional em produtores
não associados, associados e pequenos privados. Em cada grupo, o processo de
selecção dos participantes foi aleatório. O propósito desta estratificação das áreas de
estudo e produtores do sector familiar, pequenos privados e os associados, foi de
garantir suficientes observações em cada estrato para poder estabelecer as diferenças
existentes em termos de benefícios entre estas três classes de produtores. Foi
escolhido este tipo de amostragem porque tem como vantagem o facto de assegurar
representatividade em relação a população e subgrupos principais (Gil, 1999).
Neste trabalho entrevistou-se 171 produtores de algodão, sendo 106 produtores do
sector familiar não associados, 47 associados e 18 pequenos privados, todos
entrevistados trabalham com a Sociedade Algodoeira de Nampula (Sanam), empresa
concessionária que opera na região, depois de substituir a Sociedade algodoeira de
Monapo (SAMO), apois o tribunal ter decretado falência desta. O processo de selecção
dos agregados familiares foi aleatório de forma a permitir a representatividade da
amostra. Netia é o posto administativo com maior concentração de produtores do sector
familiar, em relação aos outros postos administratios.
No relatório final os camponeses foram separados em três grupos, os não associados (
sector familiar), os camponeses associados e os pequenos privados facilitando assim a
sua comparação e interpretação.
3.3. Recolha de dados
O presente trabalho consistiu no levantamento de dados no campo, relativos a produção
do algodão nomeadamente, práticas agronómicas, preços de insecticidas, semente,
custos de mão-de-obra, preços de compra do algodão caroço, bem como informação
relativa ao processo de comercialização. Paralelamente foram recolhidos dados sobre
assistência técnica em dois sentidos, sendo aos produtores e aos técnicos das
empresas fomentadoras.
O processo de recolha de dados consistiu em visitas aos agregados familiares
produtores de algodão nas aldeias. Onde se fez um levantamento de informação sobre
75
a produção de culturas alimentares, culturas de rendimento praticadas na região e
comercialização de algodão (em aspectos como preços, problemas nos mercados),
assistência técnica incluindo acesso a insumos, rendimentos de algodão e do gergelim,
assim como rendimentos de culturas alimentares com destaque o milho e sendo a base
de alimentação da população da região. Foram também recolhidos dados sobre a
questão do género, criação de animais na componente pesca e pecuária, segurança
alimentar e indicadores de bem estar.
Para o estudo foram usadas entrevistas estruturadas. Este tipo de entrevista tem a
vantagem de obter um grande grupo de entrevistados e uma grande quantidade de
dados. Um questionário com perguntas fechadas é fácil de preencher e leva pouco
tempo para o preenchimento em relação a entrevista semi-estruturada. Este método
tem as desvantagens de se ter as perguntas e respostas já determinadas no
questionário, o que faz com que se perca uma determinada profundidade na
informação.
Existem duas formas como avaliar o impacto de um projecto de desenvolvimento rural,
uma das formas é avaliar a situação antes e depois da implentação do projecto, este
método permite avaliar até que ponto o nível de vida dos agregados familiares pode
melhorar como resultado das actividades do projecto. O segundo método de avaliação
de impacto do projecto, consiste em comparar os produtores envolvidos no projecto e
os não envolvidos.
No entanto, tendo em conta que ao nível do distrito de Monapo as empresas
algodoeiras operam à vários anos e dai que seja dificil recordar a situação dos
produtores antes da implentação da cultura de algodão, optou-se pelo segundo método.
O uso deste método foi asegurado atrávez da selecção aleatória dos agregados
familiares a participar no inquérito.
3.4. Análise de dados
Na análise dos dados usou-se o pacote estatístico SPSS, em seguida fez-se a
descrição e interpretação dos dados quantitativos e qualitativos.
4- Resultados e Discussão
4.1- Demografia e características sócio-económicas
76
As dimensões demográficas e a estrutura da família desempenham um papel
fundamental na determinação, acesso e uso dos recursos. A estrutura da família
compreendida entre a idade, o tamanho da família que pode indicar a disponibilidade de
mão-de-obra, a idade e o sexo do chefe do agregado familiar tem implicações na
determinação de oportunidades e capacidade produtiva. Estes e outros aspectos são
apresentados de forma descritiva nas sub-secções que se seguem.
4.1.1- Tamanho do agregado familiar
Pode-se observar na tabela 1 que, os agregados familiares entrevistados, a média é de
seis (6) membros por família, onde uma parte que corresponde a metade é de sexo
masculino e a outra parte do sexo oposto.
Tabela 1: Tamanho médio de membros por família
Classe de
produtores
Nº de membros por agragado famíliar Total
Sexo masculino Sexo femenino
Sector familiar 3 3 6
P. privados 3 4 7
Associados 3 3 6
4.1.2. Grupos etários dos produtores de algodão
Segundo dados obtidos pelo inquérito do presente estudo, a idade de produtores de
algodão em Monapo variam d 20 a 50 anos. Na tabela 2, estão representados
diferentes grupos etários e paralelamente o número de produtores referentes a cada
grupo por classes.
Tabela 2: Grupos etários dos produtores de algodão entrevistados
Item
≤ 20 21 - 30 31 – 40 41 -50 > 50
N° % N° % N° % N° % N° %
Sector familiar 4 3,7 21 19,7 30 28,2 9 8,4 22 20,5
P. privados 0 0 2 11,1 6 33,6 4 22,4 5 27,9
Associados 0 0 12 25,6 10 21,2 9 19,2 8 17
Portanto, nota-se que maior número de produtores do sector familiar encontram-se no
grupo etário de 31-40 anos, seguindo-se o grupo de maior que 50 anos de idade.
77
No entanto, acredita-se que o baixo índice de produtores de algodão no grupo de menor
ou igual a 20 anos, explica-se pelo facto de estes não possuírem terra para o cultivo de
algodão, uma vez que por serem do sector familiar não se beneficiam dos blocos da
concessão (concessão da Sanam) como acontece com os associados, ou até mesmo
por falta de insentivos para a produção do algodão, razão pela qual optam por vender
mão-de-obra nas machambas dos privados ou de outros autónomos, ainda que seja em
troca de alimentos, para a sua sobrevivência.
4.2- Culturas de rendimento
De realçar que a região onde foi realizado o estudo ou que foi objecto do mesmo,
encontra-se dentro da região 8 das zonas agro-ecológias, com elevado potêncial para a
produção de algodão (INIA,1996). Isto implica que existem pelo menos condições
edafo-climáticas adequadas para a produção do algodão, sendo assim este não será
um factor limitante no seu rendimento.
Tabela 3: Famílias e as respectivas áreas de produção de algodão na última campanha
(2005/006)
Item
< 2
Freq. ( %)
2 - 4
Freq. ( %)
5 – 7
Freq. ( %)
8 - 10
Freq. ( %)
>10
Freq. ( %)
S. familiar 47 (44,3) 18 (17) 0 0 0
P. privados 0 7 (39) 3 (16,7) 1 (5,6) 1 (5,6)
Associados 15 (31,9) 17 (36,1) 2 (4,2) 1 (2,1) 1 (2,1)
Com base na Tabela 3, cerca de 44% de produtores do sector familiar afirmaram que
cultivaram na presente campanha uma área menor que 2 ha. Isto têm uma clara ligação
com o problema de mão-de-obra dentro das famílias camponesas, que geralmente é
escassa, apenas 17 % dos inquiridos cultiva entre 2 à 4 ha de área. Segundo Walker et
al (2006), área alocada a cultura em relação as outras é indicador da importancia da
cultura. Este trabalho vem assegurar ainda que a cultura de algodão é extremamente
importante para os agregados familiares.
78
A nível do sector privado, cerca de 39%, afirmaram ter produzido em áreas de 2 à 4ha
(Tabela 3). Pensa-se que devido a diversos factores tais como a baixa fertilidade dos
solos, chuvas irregulares, perca de confiança do próprio produtor quanto a rentabilidade
do algodão caroço, entre outros, o produtor privado já não consegue produzir em toda
sua área, disponível para a produção do algodão. Isto porque, se por um lado o
produtor privado consegue obter semente suficiente para cobrir suas grandes áreas, por
outro lado as chuvas não são suficientes, senão escassas, influênciando assim,
negativamente na percentagem de germinação.
Na tabela 3, pode-se observar ainda que cerca de 36% cultivaram áreas de 2- 4ha,
pois, estes pelo facto de maior capacidade de mão-de-obra, apresentam uma área
próxima dos privados.
4.3- Principais problemas na produção de algodão
Na generalidade, existe entre os produtores, uma grande percepção de que, ao longo
do seu processo produtivo, nos últimos anos, há problemas que impedem uma boa
produção (tanto em quantidade como em qualidade) do algodão caroço, originando os
baixos rendimentos assim como a baixa qualidade do mesmo, comparativamente as
produções obtidas anteriormente. Como base nas respostas dadas pelos produtores
destacam-se como problemas da produção de algodão os factores abaixo citados:
Pragas, falta de chuvas, baixa fertilidade dos solos e infestantes.
No decorrer das entrevistas, apontavam-se sinais e sintomas principalmente nas
plantas jovens, que indicavam tratar-se de uma doença, mas que eles não sabiam do
que se tratava. No entanto, os produtores tem algum conhecimento a cerca da
principais doenças que afectam o normal desenvolvimento da cultura do algodão.
Na tabela 4, pode observa-se claramente que cerca de 87% dos agregados familiares
têm como fonte de informação os extensionistas da Sanam, estes extensionistas que
desempenham também um papel importante ao nível dos privados (com cerca de 61%).
Para os associados, os representantes da associção são a principal fonte de informação
com cerca de 92%.
Tabela 4: Fontes de informação dos produtores
S. Familiar P. privados Associados
79
Fonte de informação Nº % Nº % Nº %
Extensionistas da
Sanam
92 86,9 11 61,1 3 6,4
Represent. da
associação
0 0 0 0 43 91,5
Rádio 4 3,6 2 11,2 0 0
Vizinho 3 2,8 0 0 0 0
Sem resposta 7 6,6 5 27,8 1 2,1
Total 106 100 18 100 47 100
4.3.1- Trabalhos de manutenção das machambas e/ou p ulverizações
Nas últimas 4 campanhas incluindo a de 2005/06 obteve-se a seguinte relação de
produtores cujas machambas de algodão receberam algum tratamento e/ou trabalho de
manutensão.
Tabela 5: Pulverizações nas machambas do algodão
Classe de produtores Sim Não Totais
Freq. % Freq % Freq. %
S. Familiar 103 97,2 3 2,8 106 100
P. privados 18 100 0 0 18 100
Associados 47 100 0 0 47 100
Como se pode ver na tabela acima, a grande maioria dos entrevistados recebeu
tratamento (pulverizações) nos últimos anos incluindo a presente campanha
(2005/2006).
Tabela 6: Opinião dos produtores a cerca dos efeitos das pulverizações na
produtividade
Item S. Familiar Privados Associados
Freq. % Freq. % Freq. %
Com as pulverizações a
produtividade melhorou?
53 50,0 12 66,7 34 72,3
Com as pulverizações a
produtividade esteve na mesma?
44 41,5 4 22,2 9 19,1
Com as pulverizações a
produtividade piorou (reduzio)?
9 8,5 2 11,1 4 8,5
80
Totais 106 100 18 100 47 100
O aumento da produtividade, devido as pulverizações regulares realizadas, seria
aceitável. No entanto, não é aceitável que a produtividade se mantenha na mesma ou
esteja a reduzir cada vez mais. Se calhar por causa da falta de complemento de outros
meios de manutensão tais como, adubações, a má selecção do insecticida apropriado,
do período optimo para aplicação e a dosagem exacta a aplicar, factores esses que
contribuem muito na eficácia do tratamento e que, não são garantidos, uma vez que é o
próprio produtor a fazer a aplicação do produto (insecticida), sem nenhuma instrução
prévia, ainda que seja uma simples explicação de como usar o produto.
Estudos realizados Duncan et al (2006), apontam a ineficiência dos químicos utilizados
por algumas empresas a operarem na província de Nampula, a contribuirem
negativamente no aumento dos rendimentos, pelo factos destes, se encontrarem fora
do prazo da utilidade, o mesmo facto não se observa na província de Cabo-Delgado.
No processo de aplicação de químicos, os produtores não usam nenhum equipamento
de protecção, ainda que fosse uma simples máscara ou luva, estando suposto a uma
entoxicação por inalação de substâncias tóxicas que o próprio produto contém.
No que refere a comercialização do algodão-caroço, a margem bruta é bastante
reduzida e, numa situação em que o produtor diz estar a “sofrer muitos descontos”,
devido ao elevado valor cobrado pelos insecticidas (associado pelo facto de se
encontrar fora do prazo de validade) e considerando a baixa receita bruta obtida pelo
produtor, entenda-se, por isso, como se, a situação de vida economicamente tenha
piorado.
4.4- Situação da produção do algodão e do gergelim
Na tabela 7, pode-se notar que existem tendências dos produtores optarem também
pelo cultivo de gergelim, além do algodão nas últimas três (3) campanhas em estudo
(2003 a 2006), isto porque a cultura de gergelim é mais rentável em relação o algodão,
para além de ser menos exigente em mão-de-obra, requerer menos sachas que o
algodão, tolera a escasseis de água e acima de tudo o preço de compra do mesmo
produto no mercado é melhor em relação ao do algodão-caroço.
81
Portanto o produtor de algodão inquirido, comentava que “o algodão dá-nos muito
trabalho, toma-nos quase todo tempo e no fim não rende nada”.
Tabela 7: Camponeses que produziram a cultura de Algodão e gergelim nas três últimas
campanhas
Item
2003/2004 2004/2005 2005/2006
Algodão(%) Gergelim
(%)
Algodão
(%)
Gergelim(%) Algodão(%) Gergelim
(%)
S. familiar 92.5 33,0 90,6 57,5 96,2 75,5
P.privados 100 27,8 83,3 33,3 66,7 83,3
Associados 95,7 51,1 89,4 55,3 97,9 76,6
Como pode-se verificar na tabela 7, existe uma tendência de crescimento de produtores
de algodão que optam também pelo cultivo de gergelim, e paralelamente nota-se uma
desistência do cultivo do algodão, ao longo destas três ultimas campanhas (2003 a
2006).
4.4.1- Rendimentos do algodão campanha na 2005/200 6
Os valores das receitas (margem bruta) correspondentes à campanha de 2005/06 foram
baixos. Há predominância de produtores que obtiveram de entre 2000-5000 MT, como
se pode verificar na tabela abaixo.
Tabela 8: Rendimento da venda do algodão na campanha 2005/06 (%)
< 200
(MT)
200-
500
(MT)
500-
1000
(MT)
1000-
2000
(MT)
2000-
5000
(MT)
5000-
10000
(MT)
10000-
20000
(MT)
>
20000
(MT)
S.F 1,9 7,5 12,3 25,5 37,7 9,4 00,0 00,0
82
P.P 00,0 00,0 00,0 00,0 27,8 11,1 5,6 16,7
Assoc 00,0 00,0 4,3 10,6 40,4 23,4 14,9 4,3
Tabela 9: Rentabilidade da produção de algodão ao Sector familiar
Classe de
produtor
Rendimento
médio
(kg/ha)
Preço
médio
(MT/ha)
Receita
bruta
(MT/ha)
Custos ¹
variáveis
(MT/ha)
Margem
bruta
(MT/ha)
S. Familiar 594 5500 3267 300 2967
4.4.2- Comercialização do algodão-caroço
No mercado primário a comercialização do algodão se efectua em caroço e no mercado
central se negoceia o fardo de algodão (fibra). O mercado primário ocorre entre o
próprio produtor e operadores económicos, assim como entre o produtor e as empresas
concessionárias. A principal característica deste mercado é que o produto é vendido
ainda em forma bruta, isto é, algodão-caroço e efectua-se na altura da comercialização
do produto. Enquanto que o mercado central da-se entre as empresas concessionárias
ou operadores económicos e outros operadores macro-económicos, o algodão é
negociado ja processado e inclui as exportações e/ou importações.
Nesta zona estudada, a cultura do algodão representa a principal fonte de receita,
sendo que, na comercialização do algodão o sector produtivo também enfrenta algumas
dificuldades.
Com base nos resultados do inquérito constatou-se que a comercialização do algodão-
caroço, é afectado com problemas como: Preços de venda muito baixos; Problemas na
pesagem do produto (algodão-caroço); e preços elevados dos insumos (insecticidas)
creditados.
Geralmente, todos os membros da família participam nas actividades agrícolas dentro
das machambas, em alguns casos é usada a mão-de-obra contratada, principalmente
nos produtores considerados pequenos privados, onde a mão-de-obra contratada é
paga em dinheiro e muitas outras vezes em espécies.
4.4.3- Medidas para melhorar o sector do algodão
83
Com vista a percepção as medidas que os produtores de algodão gostariam que
fossem emplementadas e que acham mais adequadas ou apropriadas para o
melhoramento do sub-sector de algodão, em resposta os entrevistados sugeriram o
seguinte: Aumento de preço da venda do algodão; trabalhar em grupos (Associações)
para juntos discutir os problemas e encontrar soluções; visitas constantes de
extensionistas; e subsídio financeiro e/ou em alimentação. Negociação de
contractos(inclui fertilizantes, termos de trocas e outros insumos), preços de venda do
algodão figuram com solução para a crise de baixa rentablidade de algodão.
4.5- Culturas alimentares
Os produtores para além de praticarem a cultura de algodão, também desenvolvem
actividades agrícolas relacionadas com as culturas alimentares. Mas, por causa das
chuvas irregulares, falta de insumos entre outros factores, não há sucessos na
produção dessas culturas alimentares, ameaçando-se assim a segurança alimentar.
Na generalidade as machambas destinadas a culturas alimentares, são geridas e
orientadas pelas mulheres, que também cuidam das actividades domésticas, enquanto
que as culturas de rendimento assim como as fruteiras são geridas pelos homens
(chefes de família). Isto ocorre devido ao fraco poder de contratação de mão-de-obra e
implica menos mão-de-obra familiar na machamba do algodão.
Em termos de prioridades, destaca-se como culturas alimentares prioritária a mandioca,
milho e feijões. Esta lista de prioridade, esta de acordo com estudos realizados pelo
Walker et al (2006).
Tabela 10: Culturas anuais praticadas na campanha 2005/06
Item
Milho
Mand.
Feijão
N´hem.
Arroz
Amen.
Mapira
Mexoe.
B.doce
Hortic.
S.F. 84,9 90,6 20,8 3,8 10,4 74,5 0,9 15,1 82,1
P.P. 94,4 94,4 61,1 22,2 50,0 72,2 5,6 44,4 94,4
Assoc. 93,6 97,9 10,6 4,3 36,2 40,4 00,0 6,4 87,2
Feijão n´hem. Mand.- Mandioca - Feijão n´hemba, , Amen.- Amendoim, Mexoe.-
Mexoeira, B.doce- batata-doceHortic. Hortículas
84
Comparando as áreas cultivadas e as quantidades dos produtos colhidos, chega-se a
conclusão de que os rendimentos agrícolas das culturas alimentares obtidos estão a
níveis muito baixos, podendo estar na causa da situação, a prática da agricultura de
sequeiro, a insuficiência de sementes que por sua vez, foi muito reportada pelos
produtores na altura das entrevistas, assim como, as técnicas de cultivo rudimentares.
Na última campanha agrícola (2005/2006) constatou-se que a maioria dos camponeses
não tinham produtos agrícolas das culturas alimentares suficiente para vender ou trocar,
porque a produtividade foi muito baixa, e a escassa produção obtida das colheitas foi
aproveitada para sua subsistência. E, mesmo assim de acordo com as informações
colhidas no terreno, na maioria dos casos, nem para garantia da segurança alimentar
foi suficiente.
De entre poucos produtores (Pequenos privados) que conseguiram obter das suas
colheitas produtos alimentares suficientes para comercializar, tiveram rendimentos (
receita bruta) provenientes da comercialização dos mesmos produtos baixos. Entre os
produtos comercializados destacam-se o milho e feijão n`hemba.
Portanto, ao nível do sector familiar, a produção de culturas alimentares não resultou
em excedentes para a comercialização, de modo a constituír mais uma fonte de receitas
familiares, complementando as provenientes de culturas de rendimento (algodão, cajú,
gergelim).
4.6- Segurança alimentar
Em muitas famílias inquiridas, não existem stocks (reserva) de alimentos suficiente para
garantir o auto-sustento do agregado familiar até as próximas colheitas. No momento
em que a equipa do inquérito visitou a zona, ainda não se apontava o problema da
fome, isto porque, conscidiu com a altura da comercialização do algodão-caroço,
momento em que os chefes das famílias ja têm a receita proveniente da venda do
algodão, podendo usar para comprar alimento básico (mandioca e milho), no caso dos
que não tiveram sucesso na produção, e também ainda têm os poucos produtos
alimentares colhidos, mas não poderão garantir a segurança alimentar até as próximas
colheitas.
85
4.6.1- Situação do armazenamento de produtos ou dos stocks
Tabela 11: produtores com Stocks de alimentos
Item Sector
familiar (%)
Pequeno
privado (%)
Associados
(%)
Tem armazenado comida
suficiente, não tem que comprar
30,2 44,4 17,0
Não tem armazenado cumida
suficiente, mas tem dinheiro pra
comprar
8,5 11,1 2,1
Não tem armazenado comida
suficiente e falta dinheiro para
comprar
54,7 38,9 76,6
Na tabela 11, observa-se que cerca de 55% dos produtores inquiridos são do sector
familiar e 76,6% dos associados afirmaram não ter armazenada comida suficiente, e ter
falta de dinheiro para comprar. Isto deve-se a fraca produção de culturas alimentares,
referido anteriormente, originada pelas chuvas irregulares, prática de técnicas de
produção rudimentares e principalmente a falta de sementes de culturas alimentares, no
caso de hortículas, de modo a variar a sua dieta alimentar, garantindo não só a
alimentação como também a boa nutrição, ao menos para aquisição de energia (força)
para trabalhar.
Dos alimentos armazenados para o consumo, destacam-se o milho, feijão n´hemba
(cute e namurrua) e mapira, que já se encontravam em mau estado de conservação.
Tabela 12: Tempo de garantia do stock para a alimentação
Período Sector familiar (%) Pequeno privado
(%)
Associados (%)
Menos de 1mês 7,5 00,0 6,4
Entre 1 e 2 meses 39,6 38,9 29,8
De 3 e 6 meses 27,4 27,8 46,8
Até próxima
86
colheita (mais de 6
meses)
10,4 33,3 14,9
Nota-se que a maioria tem comida armazenada, mas em pequenas quantidades que
não poderá garantir a alimentação por longo período de tempo.
4.7- Criação de animais
No estudo, nota-se que cerca de 78% dos agregados famíliares têm criação de animais
domésticos, principalmente galinhas. Normalmente estes animais são criados para o
consumo, especialmente por ocasiões das festas, quando se recebe algum hóspede de
respeito ou para alguma cerimónia de espíritos.
Na área de estudo, não existe a criação de animais de grande porte como gado bovino,
mas existem alguns casos raros de criação de caprinos em números muito reduzidos
para cada família. Salientar que a venda destes animais acontece quando existe uma
crise de fome na zona e perante uma falta de dinheiro na família. Contudo, a
comparticipação da criação de animais no rendimento familiar das zonas rurais visitadas
é baixa, senão quase nula e, por isso, não tem expressão.
4.8- Trabalho fora da machamba e por conta própria
Na tabela 13, nota-se que cerca de 78% dos privados trabalham somente por conta
própria. Observa-se que os produtores do sector familiar (com cerca de 29%) e os
associados (com cerca de 36%), também trabalham por conta própria. Como é do
conhecimento, que estes dois últimos dedicam-se mais as actividades da machamba
dai que a maior partes destes não trabalha por conta própria.
Tabela 13 : Famílias com actividades por conta próprias
Item Famílias com Actividades por Conta
Própria (%)
Sector familiar 29,2
Pequenos privados 77,8
Associados 36,2
No estudo, as principais actividades económicas não agrícolas indicadas são as
seguintes: Fabrico e venda de bebidas; comércio informal, compra e venda de qualquer
produto; artesanato; medicina tradicional; e construção de casas (palhotas).
87
4.9. Bens e outros indicadores de bem estar
No estudo, a lista de bens e equipamentos que os agregados famílias possuem:
Enxadas, catanas, machados, rádios, biscicletas, relógios de pulço, candeeiro à
petróleo, mesa e camas.
Quanto a propriedade dos bens e equipamentos, constatou-se que, na generalidade, os
instrumentos de trabalho pertencem aos homens, bem como bens como biscicleta,
rádio, relógio. À mulher normalmente, pertencem os utensílios da cozinha (panelas,
pratos, etc.).
No que diz respeito a outros indicadores de bem estar da família, realizando uma
análise das habitações dos produtores de algodão inquiridos, verifica-se que, cerca de
95,3% das casas possuem paredes construídas com blocos de barro (matope) e
maticadas, 73,1% têm cobertura vegetal (capim/palha, folhas de palmeiras, etc.) e
91,2% usufrui de chão de terra batida.
Em relação a principal fonte de iluminação, cerca de 97,1% das famílias usam o
petróleo como principal fonte de iluminação, e o restante faz uso da energia eléctrica
como principal fonte de iluminação porque se encontram em melhor situação económica
e se situam em zonas onde ja foram abrangidas pela rede eléctrica (instalação
eléctrica).
Quanto ao combustível utilizado com maior frequência para cozinhar, verifica-se que
92,4% das famílias entrevistadas utilizam a lenha na preparação dos alimentos. Esta
situação pode contribuir em grande medida para a degradação do ambiente.
No concernente a principal fonte de água para o abastecimento da família, os
resultados indicam que 69,0% utilizam água dos poços comunitários, 19,9% têm como
principal fonte de água os rios, lagos e cerca de 6,4% usam água das fontenárias.
Somente 1,8% é que utiliza a água do poço do seu próprio quintal, como principal fonte
de água.
4.10- Análise comparativa das diferentes classes de produtores em estudos
88
Existem pequenas diferenças de fundo de carácter económico, social e cultural, entre
os produtores do sector familiar e associados, tendo em conta que se encontram nas
mesmas condições de cultivo, em que as associações ja não gosam de certos
benefícios como por exemplo, a atribuição de um preço especial da venda do seu
algodão, preço esse que estava acima do estipulado para os produtores do sector
familiar.
Em qualquer dos casos, podem-se apontar como aspectos limitantes a falta de
macanização agrícola, a grande dependência à agricultura de sequeiro assim como, a
de subsistênsia, a falta de estima pelo auto-emprego, entre outros pontos fracos.
Em todas as aldeias visitadas é notória a degradação avançada das estradas, em
destaque as secundárias e terceárias, o que de certo modo dificulta o escoamento e
comercialização não so do algodão como também de todos os outros excedentes
agrícolas dos camponeses.
Em relação as duas principais culturas de rendimento praticadas na região, nota-se a
redução das áreas do cultivo do algodão por causa do incremento do gergelim, visto
que nas últimas três campanhas o número de produtores a dedicarem-se ao cultivo do
gergelim cresceu e segundo os comentários feitos pelos produtores durante as
entrevistas, a tendência é de crescer ainda cada vez mais.
Na rede de extensão depara-se com a falta de pessoal técnico formado. Esta rede de
extensão é proveniente da fomentadora que actualmente lidera a zona, portanto, não há
intervensão de extensionistas de outras instituições não governamentais ou ate mesmo
de instituições governamentais ligadas ao subsector de algodão.
No entanto, as actividades económicas sobretudo agricultura e pecuária são, de tipo
subsistência principalmente quando se trata de produtores do sector familiar e
associados. Por isso, as populações procuram outros recursos alternativos para
complementar os baixos rendimentos obtidos na agricultura (principalmente na
produção do algodão) que é a actividade principal.
5- Conclusões
89
O nível de vida dos produtores de algodão no distrito de Monapo continua ainda baixo,
apesar das empresas concessionárias estarem a operar na área à vários anos. No
entanto, acredita-se que a ausência de serviços, de crédito de fertilizantes que
podessem associar ao crédito de semente ja disponível, má selecção do insecticida
apropriado, do período optimo para aplicação e a dosagem exacta a aplicar (factores
que influência na eficiência do produto), podem ser responsáveis pelo baixo rendimento.
O baixo nível de vida dos agregados familiares é fecundado pelas casas com parede
maticadas com matope, cobertura com capim ou palha, chão de terra batida.
Na área de estudo, destacam-se como problemas as pragas, chuvas irregulares, baixa
fertilidade dos solos e infestantes (este factor está associado a competição de mão-de-
obra com culturas alimentares).
No que refere a baixos rendimentos, acredita-se que a ineficiência de químicos
utilizados por algumas empresas a operar na província de Nampula, contribuem
negativamente no aumento dos rendimentos, pelo facto destes se encontrarem fora do
prazo de utilidade.
Na comercialização, os problemas identificados estão entre os baixos preços do
algodão caroço, problemas na pesagem do produto (“mal regulados”), elevado preço
dos insumos creditados e contratos precários (contratos sem boa negociação). Nota-se
uma insatisfação nos produtores de algodão, pelos preços do algodão-caroço, pelo
facto destes preços não estarem a compensar os custos de produção.
Na área de estudo, existe uma tendência crescente dos produtores de algodão optarem
também pelo cultivo de gergelim, no entanto, nota-se uma desistência do cultivo do
algodão, ao longo destas três (3) últimas campanhas ( 2003 a 2006).
6- Recomendações
Que seja assegurado os serviços de créditos de outros insumos, incluindo fertilizantes
de forma a associar ao crédito de químico já existente, e outros insumos necessários no
processo produtivo.
90
Os produtores devem estar organizados em associações de forma a associar os
resultantes de cada campanha e a negociarem os contratos de prestação de serviços
juntos das empresas concessionárias, incluindo o preço de algodão-caroço.
Necessidade de programas de treinamento no sector familiar na gestão e diversificação
de culturas, de modo a garantir a segurança alimentar.
Existe a necessidade do governo promover uma eventual liberalização deste sector,
harmonização e retirada gradual de concessões por etapas.
SECTOR DE RAÍZES E TUBÉRCULOS
C. Cuambe, F. Ragú, J. Amisse, M. Avijala, A. Galinha e R. Majonda
1. INTRODUÇÃO O Programa Nacional de Raízes e Tubérculos é parte integrante do Departamento de
Agricultura e Recursos Naturais (DARN), esta baseado no Centro Zonal Nordeste –
Nampula, e subdivide-se nos seguintes sub-programas: Mandioca, Batata-doce,
Batata-reno, Yam e Cocoyam. Em Moçambique, a mandioca é a cultura mais
importante de raízes e tubérculos, seguido da Batata-doce e batata-reno. As
actividades de investigação do programa compreendem as áreas de melhoramento
genético convencional e Biotecnologia, Agronomia, Multiplicação e Pós-colheita (Agro-
processamento), principalmente de mandioca e batata-doce. As actividades de
investigação do sub-programa de Batata-reno são desenvolvidas pelo Centro Zonal
Noroeste. Trabalhamos com várias ONG’s nacionais e internacionais na transferência
de tecnologias aos produtores, tais como: CARE, Visão Mundial, Save The Children,
ADAP-SF, AENA, OKHALIHERA. Temos fortes parceiras com algumas Instituições do
grupo CGIAR, tais como: IITA e CIAT na área de melhoramento e capacitação técnica.
Os principais financiadores do programa são o Governo, The Rockefeller Foundation,
AGRA, e USAID através do IITA.
Os objectivos do Programa são:
− Introduzir, manter e renovar recursos fito-genéticos de culturas de mandioca,
batata-doce, batata-reno, yam e cocoyam.
91
− Melhorar geneticamente de culturas de raízes e tubérculos, com maior enfoque
no desenvolvimento de variedades para resistência ao Listrado Castanho da
Mandioca (CBSD), Mosaico da Mandioca (CMD), rendimento e matéria seca da
raiz, e alta proteína.
− Avaliar genotipos de culturas de raízes e tubérculos para adaptação geral e
especifica a ambientes diversos.
− Avaliar diferentes praticas agronómicas de culturas de raízes e tubérculos.
− Multiplicar e maneio de semente vegetativa de culturas de raízes e tubérculos.
− Promover técnicas melhoradas de processamento da mandioca e batata-doce.
− Avaliar molecular de populações de mandioca e batata-doce.
− Monitorar de pragas e doenças de culturas de raízes e tubérculos, com enfoque
no CBSD e CMD.
1.1. Actividades realizadas na campanha de 2007/08
O Programa Nacional de Raízes e Tubérculos — Centro Zonal Nordeste (CZnd) —
Nampula, apresenta o relatório de actividades desenvolvidas na campanha de 2007/08,
realizadas nas províncias de Nampula e Zambézia. As actividades compreendem as
áreas de melhoramento genético, Agronomia, e multiplicação de mandioca e
actividades com a cultura de batata-doce. Na área de melhoramento da mandioca foram
efectuados cruzamentos entre variedades diferentes para a obtenção de populações
segregantes (S1, S2, F1 e F2) e conduziram-se vários ensaios, desde os “on-station”
onde novos clones de mandioca foram avaliados nas diferentes etapas de
melhoramento da cultura, aos “on-farm” com a participação de produtores, visando
principalmente a selecção de genótipos com resistência/tolerância ao listrado castanho
da mandioca (CBSD) e ao mosaico da mandioca. Outras características como tipo de
planta, rendimento de raízes, conteúdo de matéria seca, índice de colheita e qualidade
da raiz, também foram tomas em conta. Os ensaios agronómicos visaram
principalmente avaliar a (s) melhor (es) época (s) de colheita de “clones elite” e de
variedades locais promissoras. A multiplicação de material vegetativo de mandioca foi
realizada com o objectivo de aumentar a disponibilidade de material vegetativo básico
de variedades tolerantes ao CBSD. Na tabela1 pode-se visualizar o resumo das
principais actividades realizadas pelo Centro Zonal Nordeste na campanha 2007/08.
Tipo de ensaio Local Genótipos (No. plantas)
No. de repetições
Observação
Tabela 9. Ensaios agronómicos e de melhoramento da mandioca conduzidos no Centro Zonal Nordeste na campanha 2007 – 2008.
92
Banco de germoplasma PAN 85 (10) 1 Bloco de cruzamento (CBSD e Propósito geral) PAN 29 (20) 3 Bloco de cruzamento (alta material seca) PAN 10 (60) 2 F1 (CBSD e Propósito geral) PAN 7320 3 F1 (CBSD e Propósito geral) Mogincual 8950 3 F2 (OP) Mogincual 8372 3 S1 (inbreeding lines) PAN 167 1 S2 (inbreeding lines) PAN 232 1 Avaliação clonal Mogincual 142 (5) 2 Avançado de rendimento Mogincual 18 (20) 3 Avançado de rendimento PAN 12 (25) 3 Uniforme de rendimento PAN 12 (20) Multilocal Mogincual 12 (20) 3 Multilocal Murrupula 12 (20) 3 Multilocal Mocuba 12 (20) 3 Épocas de colheita (5 épocas) PAN 9 (10) 3
On-farm
Nampula Memba
6 (48)
3
Mogincual Nacala-à-velha
Zambézia Mocuba
3 Namacurra Pebane
2. MELHORAMENTO DA MANDIOCA 2.1 INTRODUÇÃO DE GERMOPLASMA Na campanha 2007/08, foram introduzidas 75 novas variedades "locais" provenientes
de diferentes regiões das províncias de Nampula, Cabo Delgado, Zambézia e Niassa.
2.2 BANCO DE GERMOPLASMA As 75 novas variedades (locais) colectadas permitiram aumentar o número de acessos
no banco de germoplasma para um total de 125 acessos (Anexo ). A colecta de
germoplasma de mandioca foi feita em 22 distritos das províncias de Nampula,
Zambézia, Cabo Delgado e Niassa. As variedades colectadas foram repartidas em dois
grupos, uma parte estabelecida no banco de germoplasma no Posto Agronómico e
outra estabelecida no campo experimental para efeitos de avaliação e caracterização.
Numero do
acesso Província Distrito
Posto Administrativo
Origem do material Nome local
Língua Nome do produtor
1 C Delgado Chiúre Chiúre Velho Chiúre Velho Timbuka Samira Sumana 2 C Delgado Chiúre Chiúre Velho Chiúre Velho Leheya Macua Samira Sumana 3 C Delgado Chiúre Chiúre Velho Chiúre Velho Ekwali Macua Samira Sumana 4 C Delgado Chiúre Chiúre Velho Chiúre Velho Desconhecido ? ? 5 C Delgado Chiúre Chiúre Velho Nacala Munamkupo Macua ? 6 C Delgado Chiúre Chiúre Velho Nacala Turula ? Rosalina Acacia 7 C Delgado Chiúre Chiúre Distrito Mazeze-local Sinkoma ? Rosalina Acácio 8 C Delgado Namuno Namuno Eráti Nassuruma Macua Xavier Nikhukhu 9 C Delgado Namuno Namuno Namuno Nanlyamuala Macua Maria Luísa Lino
Tabela 10. Acessos de mandioca colectados na campanha agrícola 2007 – 2008 e respectivos locais de proveniência.
93
10 C Delgado Namuno Namuno-sede Zambézia M'bwane=bwana Macua Tome Guilherme 11 C Delgado Namuno Namuno-sede ? Nanlyi wa Namuettawe Macua Maria Helena Martinho 12 C Delgado Namuno Nkhumbe Chiúre ? ? Luísa John 13 C Delgado Namuno Nkumpe ? N´cirinkano Macua Luísa John 14 C Delgado Montepuez Mapupulo Chiúre N´xalamalithi Macua Dinis Mendes 15 C Delgado Montepuez Mapupulo Montepuez Nihimbuka Macua Dinis Mendes 16 C Delgado Montepuez Mapupulo ? Nlassi Macua Zé Camussa 17 C Delgado Montepuez Mapupulo Montepuez Nrettetja Macua ? 18 Nampula Eráti Alua Alua Nassuruma Macua Ivete Luís 19 Nampula Eráti Alua Local Nacamula Macua Josefa Alte 20 Nampula Eráti Alua Local Mpwana viraka Macua Josefa Alte 21 Nampula Eráti Alua Local Nlamu pulukho Macua Josefa Alte 22 Nampula Eráti Alua ? ? ? Josefa Alte 23 Nampula Eráti Alua Local N'nani Macua Valentim Corneta 24 Nampula Eráti Alua ? Nivalapua Macua Valentim Corneta 25 Nampula Memba sul Miache Monapo Namuixe Macua Bonga Assane 26 Nampula Memba sul Miache ? Namuno Macua Bonga Assane 27 Nampula Memba Itoculo Itoculo Amwali Kampiche Macua 28 Nampula Nacala velha Muanona Monapo Nama Karolina Macua Fátima Cebola 29 Nampula Nacala velha Nacala velha Itoculo-Monapo Mulapa Macua Ancha Jaira 30 Nampula Nacala velha Nacala velha Itoculo-Monapo Nikwaha Macua Ancha Jaira 31 Nampula Nacala velha Nacala velha Itoculo-Monapo Nachinyaya Macua Ancha Jaira 32 Nampula Nacala velha Barragem Visão Mundial Likonde ? Eliano Silva Mussa 33 Nampula Nacala velha Barragem Matibane Nassuruma Macua Eliano Silva Mussa 34 Nampula Monapo Carapira ? Murula ohawa Macua Malita Querexeni 35 Nampula Monapo Carapira ? Nivalapua Macua Malita Querexeni 36 Zambézia Nicoadala sede Nowangene Mocuba Mulaleia Chuabo Chico Augusto 37 Zambézia Nicoadala sede Nowangene Maganja da Costa Betto Chuabo Ana armando 38 Zambézia Nicoadala sede Nicoadala sede Maganja da C Cadre ? Ana armando 39 Zambézia Mocuba Munhiba ? Ribeiro/Mirowa? ? Isac Cândido 40 Zambézia Mocuba Namanjavira Namanjavira Khululu Lomué Isac Cândido 41 Zambézia Mocuba Namanjavira Local Agua ao lado Português Zeca Carlos 42 Zambézia Maganja da Costa Maganja da C Murremba Cadre ? Cândida Gastão 43 Zambézia Maganja da Costa Maganja da C Missia Nvarukwe Chuabo Raquera Madvari 44 Zambézia Maganja da Costa Maganja da C Bajone Fernando boa/Nikwaha? ? Dinis Mário 45 Zambézia Maganja da Costa Mutjewa Murete Galele Chuabo Rui Victor 46 Zambézia Maganja da Costa Mocubela Murete Nbwessia Kolé Chuabo Mário Muqueriwa 47 Zambézia Maganja da Costa Mocubela ? Glaziov (Mphira) ? Conceição trigo 48 Zambézia Ile Ile sede Mocuba Mukudo Moyeviha Lomué Baptista Mahaia 49 Zambézia Ile Ile sede Local Fernando boa Português Baptista Mahaia 50 Zambézia Namacurra Malei Namacurra sede Marieta 51 Zambézia Mocuba Nadala Mocuba sede Muripa 52 Zambézia Mocuba Mugeba Namarepo Kuala Kuala 53 Zambézia Mocuba Muakhiwa Guinhave Suncuresse 54 Zambézia Mocuba Muakhiwa Mugeba Ferrage 55 Zambézia Pebane Naburi Naburi Muroro Campo de Associação 56 Niassa Majune Malila Malila Manhoncola Jaua ? 57.1 Niassa Majune Malila Malila Mwaya Jaua ? 57.2 Niassa Lago Massiamba Massiamba Muya Jaua Assumane Chaibo 57.3 Niassa Lichinga Lulumile Lumbe Mwaya Jaua Margarida João 58.1 Niassa Sanga Nsauca Chilapitangongo Chilapitangongo Jaua Imed Ludovic 58.2 Niassa Sanga Nsauca Chilapitangongo Chilapitangongo Jaua Imed Ludovic 59 Niassa ? ? ? Gomani 60 Niassa Sanga Nsauca Chilapitangongo Mwaya Thembea Jaua ? 61 Niassa Sanga Nsauca Chilapitangongo Bitrice Jaua ? 62 Niassa Sanga Nsauca Chilapitangongo Mapondanhumba Jaua ? 63 Nampula Angoche Nametória Nametória Muirazai Macua Dino Basílio 64 Nampula Angoche Nametória Nametória Franca Luís António 65 Nampula Mogovolas Iuluti Muthucua Muachepele Macua António Fernando 66 Nampula Mogovolas Iuluti Muthucua Jaime António Fernando 67 Nampula Mogovolas Iuluti Muthucua Fernando Khunia António Fernando 68 Nampula Malema Mutuali Nacata Ntchirikhano /Nikwaha Macua Guilhermina Kassika 69 Nampula Malema Mutuali Nacata Nan-lachi Macua Guilhermina Kassika 70 Nampula Malema Mutuali Nacata Desconhecido Guilhermina Kassika 71 Nampula Malema Nataleia Muhissa Ntchiricano Macua Manuel Vacara 72 Nampula Malema Nataleia Muhissa Mucuaracua Macua Manuel Vacara 73 Nampula Ribaué Iapala Limite ribaué/malema Napirithi/Nikwaha Macua Paulino 74 Nampula Mecuburi Namina Regulo Mukwilo Murula ohawa Macua Paulo Nssuonakela
94
75 Nampula Mecuburi Namina Regulo Mukwilo Buana/Nikwaha Macua Paulo Nssuonakela
2.3 AVALIAÇÃO SEEDLING DE MANDIOCA
2.3.1 Avaliação de população segregantes F1 de mand ioca para resistência ao
CBSD e CMD
Cerca de 6500 indivíduos F1 provenientes de 78 famílias foram avaliados na fase
Seedling (ensaio de sementes) no PAN (local de media incidência de CBSD). Os
indivíduos foram avaliados para tolerância a CMD e CBSD (folha e raiz). Outra
característica não menos importante tomada em consideração para selecção foi o tipo
de planta. A tabela 3 mostra os resultados das famílias cujos desempenhos observados
foram significativos para os parâmetros avaliados, e que apresentaram uma taxa de
selecção superior a 20%. São adicionalmente indicadas as estatísticas consideradas
relevantes quer para as famílias seleccionadas quer para todas as famílias avaliadas no
geral. A colheita deste ensaio foi feita em Janeiro de 2009.
Família Stand inicial Stand final
CMD CBSDf CBSDr Indivíduos
Seleccionados Taxa de selecção
(%) MzMg04/1856 184 108 5 7 4 24 22 1856 111 64 3 6 1 18 28 Mul x TMS30001 - 37 11 30 T17(Mz x Mul) - 39 8 21 1856 17 14 1 1 7 50 MzMg04/1814 4 22 2 7 32 Mistura 54 14 5 6 43 Mistura 18 25 1 2 1 5 20 Nxinongole 18 18 3 5 28 Baadge 13 11 3 4 36 Macia1 31 18 1 4 22 Mz89001 x Kigoma-Máfia - 8 3 38 1937 21 7 1 2 29 Glaziove 10 8 2 25 IMM x Mz89001 - 9 2 22 Macia1 x TMS30001 - 7 2 29 Macia1 x Mz89001 - 7 2 29 Kigoma-Máfia 2 1 1 100 Mz89001 x Macia1 - 2 1 50 T27(Macia1 x Mz89001) - 1 1 100 T28 (IMM x Kigoma-Máfia) - 2 1 50
Parâmetros das 21 famílias seleccionadas
Tabela 11. Resultados relevantes obtidos do ensaio Seedling de mandioca F1 estabelecido na campanha agrícola 2007 –
2008 em Mogincual.
95
Máximo 184 108 5 7 4 24 100 Mínimo 2 1 1 1 1 1 20 Média 40.3 20.1 3.0 3.1 1.8 5.5 38.3 Desvio padrão 54.2 25.3 2.0 2.2 1.5 5.9 22.6
Parâmetros das 78 famílias avaliadas
Máximo 1524 169 16 16 7 24 100 Mínimo 2 1 1 0 0 1 2 Média 121.7 44.4 3.5 4.7 2.4 5.6 18.5 Desvio padrão 228.8 39.8 4.6 4.1 2.0 5.6 18.1
2.3.2 Avaliação de população segregantes S1 e S2 de mandioca
Um total de 152 indivíduos S1 constituíram as populações avaliadas no ensaio de viveiro de
sementes estabelecido no PAN provenientes de 5 famílias, dispostas em 1 bloco sem repetição
por família. Os indivíduos foram avaliados para tolerância ao CBSD (na folha e raiz). Outras
características tomadas em consideração para selecção foram tipo de planta e matéria seca
(escala 1 a 5) e tolerância ao CMD. A tabela 4 mostra os resultados relevantes das familias em
estudo, e pode-se constatar que dum total de 152 indivíduos avaliados das cinco famílias foram
seleccionados 67 indivíduos. A a familia mulaleia x mulaleia foi a que apresentou muitos
indivíduos seleccionados que descartados enquanto que a familia Mz89001 x Mz89001
apresentou menos indivíduos selecionados. Importa realçar que a familia Mz89186 x Mz89186 o
número dos indíviduos seleccionados foi igual a dos descartados (Tabela 4). A colheita deste
ensaio foi feita em Janeiro de 2009.
Familia Indivíduos descartados No de Indivíduos estabelecidos
Indivíduos seleccionados
TP CMD Mulaleia X Mulaleia 24 - 60 36 Mz89001 x Mz89001 33 - 38 5 Macia 1 x Macia 1 3 - 5 2 Mz89186 x Mz89186 21 - 42 21 N`xino ngole x N`xino ngole 4 - 7 3 Total 152 67 Cerca de 196 indivíduos S2 provenientes de 5 famílias foram avaliados na fase seedling (ensaio
de sementes) no PAN (local de media incidência de CBSD). Os indivíduos foram avaliados para
tolerância a CMD e CBSD (folha e raiz). Outra característica não menos importante tomada em
consideração para selecção foi o tipo de planta. A Tabela 5 mostra os resultados das famílias
Tabela 5. Avaliacao de populacao da segregantes S1 da mandioca conduzidos no Centro Zonal Nordeste na campanha 2007/08.
96
cujos desempenhos observados e com base nas caracteristicas tidas como importantes para
selecçao, dos 196 indivíduos estabelecidos foram seleccionados um total de 67 indivíduos sendo
a familia mulaleia x mulaleia a que apresentou muitos indivíduos seleccionados que descartados
seguida da familia Mz89001 x Mz89001. Importa realçar que as familias Macia 1 x Macia 1 e
IMM3025 x IMM3025 foram as que apresentaram menos indíviduos seleccionados (Tabela 5). A
colheita deste ensaio foi feita em Janeiro de 2009.
Familia Indivíduos descartados No de Indivíduos estabelecidos
Indivíduos seleccionados
TP CMD Mz89001 x Mz89001 32 3 66 31 Mulaleia X Mulaleia 44 - 90 46 Macia 1 x Macia 1 15 - 18 3 Kigoma mafia x Kigoma mafia 0 - 1 1 IMM 3025 x IMM3025 13 - 21 8 Total 196 89
2.4 ENSAIO CLONAL – MOGINCUAL
Cerca de 124 clones foram estabelecidos na fase de avaliação clonal em Mogincual, com objectivo de
avaliar a tolerância/resistência a CMD e CBSD. Estes clones foram seleccionados da avaliação seedling de
genótipos resultantes de hibridações F1 (half e full-sib) com parentes locais e melhorados do IIAM e IITA. O
ensaio seguiu o delineamento de blocos completos casualizados com 2 repetições, num compasso de
1x1m. As variáveis de interesse avaliadas na colheita que teve lugar em Janeiro de 2009, foram, incidência
de CMD e CBSD nas folhas, severidade de CBSD na raiz (escala1 a 5) e sabor (doce, semi-amargo, e
amargo) da mandioca fresca.
A Tabela 4 mostra resultados relevantes do ensaio clonal. Neste ensaio, foram seleccionados 33 clones
que mostraram melhores desempenhos para as variáveis avaliadas. Os 33 clones seleccionados passaram
para a avaliação preliminar de rendimento na campanha 2008/09, cujo ensaio foi estabelecido no mesmo
local.
Família Clone Stand inicial Stand final Incidência CMD (%)
Incidência CBSDf (%)
CBSDr
MzMg 04/1524 MzMg 08/036 10 - - - -
Tabela 5. Avaliacao de populacao da segregantes S2 da mandioca conduzidos no Centro Zonal Nordeste na campanha 2007/08.
Tabela 12. Resultados relevantes obtidos do ensaio clonal de mandioca estabelecido em Mogincual na campanha agrícola 2007 – 2008.
97
MzMg 04/1524 MzMg 08/039 10 6 0.0 37.5 - MzMg 04/1524 MzMg 08/040 10 8 0.0 26.7 - MzMg 04/1524 MzMg 08/042 10 - - - - T22 MzMg 08/139 10 - - - - Munamwahula MzMg 08/190 10 8 0.0 26.7 - Munamwahula MzMg 08/198 10 8 0.0 26.7 - MzMg 04/1872 MzMg 08/220 10 5 0.0 41.7 - MzMg 04/1872 MzMg 08/240 10 7 0.0 35.0 - MzMg 04/1872 MzMg 08/248 10 7 0.0 35.0 - MzMg 04/2025 MzMg 08/285 10 - - - - IMM 30025 MzMg 08/380 10 - - - - T16 MzMg 08/412 10 5 0.0 20.0 - T16 MzMg 08/415 10 - - - - T16 MzMg 08/420 10 7 0.0 29.2 - T16 MzMg 08/422 10 9 0.0 22.5 - T14 MzMg 08/503 10 4 0.0 25.0 - T14 MzMg 08/532 10 - - - - T14 MzMg 08/540 10 6 0.0 37.5 - MzMg 04/2024 MzMg 08/601 10 3 0.0 33.3 - MzMg 04/2024 MzMg 08/606 10 7 0.0 35.0 - MzMg 04/2024 MzMg 08/630 10 8 0.0 26.7 - MzMg 04/2024 MzMg 08/643 10 - - - - MzMg 04/2024 MzMg 08/655 10 10 0.0 50.0 - MzMg 04/2024 MzMg 08/677 10 - - - - MzMg 04/2024 MzMg 08/703 10 6 0.0 60.0 - MzMg 04/2024 MzMg 08/731 10 4 0.0 50.0 - MzMg 04/2024 MzMg 08/756 10 - - - - MzMg 04/2024 MzMg 08/758 10 - - - - MzMg 04/2024 MzMg 08/895 10 - - - - IMM 30025 MzMg 08/1139 10 8 0.0 26.7 - Bulk MzMg 08/1153 10 - - - - Mz 89001 x Macia1 MzMg 08/1183 10 4 0.0 25.0 -
Parâmetros dos 33 clones seleccionados Máximo - - 10.0 0.0 60.0 - Mínimo - - 3.0 0.0 20.0 - Média - - 6.5 0.0 33.5 - Desvio padrão - - 1.88 0.0 10.39 - 2.5 ENSAIO AVANÇADO DE RENDIMENTO – PAN
No PAN, foram avaliados 12 clones na fase avançada de rendimento para testar os seus desempenhos em
termos de rendimento, tolerância a CMD e conteúdo de matéria-seca. O ensaio foi conduzindo seguindo o
delineamento experimental em blocos completos casualizados com 3 repetições. As plantas foram
dispostas num compasso de 1x1m. As variáveis de interesse avaliadas na colheita foram, incidência de
CMD e CBSD nas folhas (escala1 a 5), rendimento de raízes, folhas e matéria-seca (ton/ha), conteúdo de
98
matéria-seca em % (obtido pelo método gravitacional) e índice de colheita (0 –1). A selecção dos clones foi
feita com base no índice de selecção (IS) de acordo com a seguinte formula:
IS=(Rend*10)+(MS*8)+(HI*5)-(CBSD*3)-(CMD*3),
Onde: Rend – Rendimento raiz (ton/ha); MS – Materia seca (%); HI – Índice de colheita; CBSD –
listrado castanho da mandioca; e CMD – mosaico africano da mandioca.
Clone Incidência CMD (%)
Rendimento Índice de colheita (0 -1)
Matéria seca (%)
Índice de selecção ( - )
Raíz (ton/ha)
Folha (ton/ha)
Matéria-seca (ton./ha)
IMM30025 7.5 6.0 4.3 2.1 0.62 36.5 8.63 Macia-1 32.0 4.6 7.3 1.5 0.41 33.9 -22.53 Mulaleia 9.3 8.1 6.2 2.6 0.60 31.2 11.79 Mz89186 31.9 7.7 4.7 2.6 0.75 31.6 10.18 MzNp05/026 13.0 6.7 4.7 2.2 0.64 33.6 7.30 MzNp05/075 28.0 7.4 5.7 2.2 0.64 30.1 1.29 MzNp05/170 5.5 5.4 14.3 1.9 0.39 33.9 -10.42 MzNp05/216 8.3 7.6 7.3 2.1 0.60 28.3 2.83 MzNp05/248 26.8 7.6 7.0 3.0 0.60 40.3 21.22 MzS05/013 7.9 4.4 7.3 1.3 0.40 28.1 -29.10 MzS05/033 6.5 8.5 8.3 2.4 0.53 25.6 1.32 MzS05/035 25.4 5.4 4.8 1.9 0.62 35.5 -2.52 LSD (0.05) 39.7 5.1 4.7 1.9 0.20 8.3 -
Testemunha local Mulaleia 9.3 8.1 6.2 2.6 0.60 31.2 11.79
Parâmetros dos12 clones avaliados Máximo 80.0 16.67 17.00 5.88 1.00 42.37 21.22 Mínimo 5.0 0.00 0.00 0.00 0.27 17.95 -29.10 Média 17.0 6.61 6.83 2.16 0.57 32.38 0.00 Desvio padrão 22.0 3.17 3.67 1.14 0.14 5.63 14.47 Todos os clones melhorados avaliados neste experimento, foram seleccionados para a fase de avaliação
uniforme de rendimento na campanha 2008/09, cujo ensaio foi estabelecido no PAN. Como mostram os
Tabela 13. Resultados obtidos do Ensaio Avançado de Rendimento de mandioca estabelecido no PAN na campanha agrícola 2007 – 2008.
99
resultados da Tabela 5, a razão da selecção de todos clones melhorados deveu-se ao facto de no geral,
não terem sido observadas diferenças significativas entre si, no conjunto das variáveis avaliadas, indicando
que os clones apresentaram um comportamento relativamente uniforme, sem qualquer evidencia de
superioridade genética dentro do grupo. Embora clones como MzNp05/170, Mz89186 e MzNp05/248
tenham apresentado desempenhos significativamente altos de rendimento foliar, índice de colheita e
conteúdo de matéria-seca respectivamente.
2.6 ENSAIO AVANÇADO DE RENDIMENTO – MOGINCUAL
Cerca de 18 clones foram estabelecidos na estação experimental de Mogincual para avaliar os seus
desempenhos em termos de rendimento e tolerância a CMD e CBSD. O ensaio foi conduzindo seguindo o
delineamento em blocos completos casualizados com 3 repetições, com as plantas dispostas num
compasso de 1x1m. As variáveis de interesse avaliadas na colheita foram, incidência de CMD e CBSD nas
folhas, severidade de CBSD na raiz (escala1 a 5), rendimento de raízes e folhas (ton/ha), matéria seca em
% (obtido pelo método gravitacional) e índice de colheita (0 –1). A selecção dos clones foi feita com base
no índice de selecção (IS), de acordo com a seguinte formula:
IS=(Rend*10)+(MS*8)+(HI*5)-(CBSD*8)-(CMD*3),
Onde: Rend – Rendimento raiz (ton/ha); MS – Materia seca (%); HI – Índice de colheita; CBSD –
listrado castanho da mandioca; e CMD – mosaico africano da mandioca.
A Tabela 6 mostra os principais resultados do ensaio. Pode observar-se que no geral, todos os clones
melhorados superaram a variedade local (Tomo) para todas as variáveis avaliadas. Este facto pode ser
confirmado a partir do índice de selecção, que é usado aqui como um indicador de superioridade genética
da variedade.
Clone Incidência CMD (%)
Incidência CBSD (%)
Rendimento Índice de colheita (0 -1)
CBSD raiz (1 - 5)
Índice de selecção ( - ) Raiz
(ton/ha) Folha (ton/ha)
MzMg05/170 0.00 0.00 8.89 12.78 0.41 2.00 -15.03a
MzMg 05/274 0.00 0.00 10.56 5.74 0.65 4.33 -13.54 MzMg 05/615 0.00 0.00 12.04 5.19 0.69 3.33 4.15 MzMg 05/627 0.00 0.00 12.04 5.37 0.69 2.00 15.78a
MzMg 06/578 0.00 0.00 10.19 5.56 0.65 2.33 2.32a
MzMg 07/005 1.96 0.00 12.22 7.78 0.61 2.33 8.25 MzMg 07/006 0.00 0.00 8.63 5.74 0.59 2.00 -5.30 MzMg 07/007 0.00 0.00 13.15 6.11 0.68 3.67 5.47 MzMg 07/008 0.00 0.00 9.07 7.59 0.55 1.33 0.08a
MzMg 07/018 0.00 0.00 7.78 4.44 0.63 1.33 -0.77a
Tabela 14. Resultados do Ensaio Avançado de Rendimento de mandioca estabelecido em Mogincual na campanha agrícola 2007 – 2008.
100
MzMg 07/041 0.00 0.00 13.70 6.30 0.68 2.00 22.49a
MzMg 07/100 0.00 0.00 13.15 6.48 0.63 3.33 5.42 LIKONDE 41.7 1.67 9.63 9.63 0.52 3.00 -26.61 MzNp04/070 0.00 3.70 14.26 5.00 0.73 3.00 19.24a
MzNp04/126 0.00 0.00 10.56 3.89 0.73 1.67 14.56a
MzNp05/248 0.00 21.6 10.37 6.11 0.63 3.67 -9.81 MzNpS05/013 0.00 3.92 13.70 9.44 0.59 2.67 11.19
LSD (0.05) 0.19 0.16 4.85 2.45 0.09 1.68 -
Testemunha local TOMO 0.00 63.7 6.30 5.93 0.51 4.00 -37.89
Parâmetros dos 9 clones seleccionados
Máximo 5.88 11.76 23.89 14.44 0.79 4.00 22.49 Mínimo 0.00 0.00 6.11 3.33 0.37 1.00 -15.03 Média 0.22 0.85 12.41 7.02 0.64 2.52 Desvio padrão 1.13 3.05 3.83 2.86 0.11 1.01
Parâmetros dos18 clones avaliados Máximo 95.0 100.0 23.89 14.44 0.79 5.00 22.5 Mínimo 0.00 0.00 3.89 2.78 0.37 1.00 -37.9 Média 2.42 5.26 10.90 6.62 0.62 2.67 0.0 Desvio padrão 13.49 17.12 3.47 2.58 0.09 1.21 15.9 a – clones seleccionados
Os clones seleccionados nesta fase passaram para a fase de avaliação multilocal, tendo sido estabelecidos
dois ensaios com produtores do distrito de Namacurra (zona de alta incidência de CBSD) na Zambézia, nos
postos administrativos de Forquia e Malei, respectivamente. Na fase de avaliação multilocal na campanha
2008/09, os clones serão avaliados em relação a sua tolerância a CBSD e CMD, conteúdo de matéria-
seca, e sua adaptação a novos ambientes.
2.7 ENSAIO UNIFORME DE RENDIMENTO – PAN
Neste ensaio, foram testados 12 clones na fase de avaliação uniforme de rendimento, entre melhorados (9)
e variedades (3), para avaliar os seus desempenhos em termos de rendimento e tolerância a CMD e
CBSD. O ensaio foi conduzindo seguindo o delineamento em blocos completos casualizados com 3
repetições. Foram usadas as variedades Likonde e M'mirowa como testemunhas. As variáveis de interesse
avaliadas foram, incidência de CMD e CBSD nas folhas (escala1 a 5), rendimento de raízes e folhas
(ton/ha), conteúdo de matéria-seca (%) e índice de colheita (0 –1). Os clones foram seleccionados com
base no índice de selecção (IS) de acordo com a seguinte formula:
IS=(Rend*10)+(MS*8)+(HI*5)-(CBSD*3)-(CMD*3),
Onde: Rend – Rendimento raiz (ton/ha); MS – Materia seca (%); HI – Índice de colheita; CBSD –
listrado castanho da mandioca; e CMD – mosaico africano da mandioca.
101
A Tabela 7 mostra os principais resultados do ensaio. Pode observar-se que no geral, não foram
observadas diferenças significativas entre as variedades, entre os clones (melhorados), e entre as
variedades e os clones. Contudo, alguns clones (melhorados) mostram-se mais susceptíveis a CMD em
relação as variedades. Em termos de rendimento de raízes e conteúdo de matéria-seca os clones
(melhorados) mostraram-se superiores às variedades. Os valores de índice selecção mostra que os clones
melhorados apresentam-se geneticamente superior que os progenitores e testemunhas locais.
Clone Incidência CMD (%)
Rendimento Índice de colheita (0 –1)
Matéria seca (%)
Índice de selecção ( - ) Raíz (ton/ha) Folha (ton/ha) Matéria-seca (ton/ha)
MzNp04/052 5.3 7.3 7.2 2.3 0.46 31.0 20.57a
MzNp04/070 5.9 6.3 7.1 1.6 0.44 26.2 -2.33a
MzNp04/074 21.6 6.7 5.7 1.8 0.51 27.0 3.76 MzNp04/078 5.4 8.0 9.3 2.1 0.44 26.1 9.77 MzNp04/126 6.0 6.7 4.8 1.8 0.56 27.6 12.01a
MzNp04/139 5.3 6.5 10.1 2.2 0.38 33.0 15.90a
MzNp04/185 45.2 9.0 11.8 2.3 0.40 26.9 8.22 TMS30001 22.3 6.8 7.7 2.1 0.43 29.8 7.82 Likonde 5.3 4.7 17.1 1.2 0.23 24.0 -33.09 M'mirowa 5.5 4.9 8.0 1.2 0.36 24.4 -22.60 Mulaleia 33.3 5.2 7.0 1.5 0.40 29.5 -8.87 Mz89186 5.0 4.4 7.0 1.3 0.37 29.2 -11.16 LSD (0.05) 34.3 4.1 8.0 1.3 0.16 6.3 -
Testemunhas locais Likonde 5.3 4.7 17.1 1.2 0.23 24.0 -33.09 M'mirowa 5.5 4.9 8.0 1.2 0.36 24.4 -22.60
Parâmetros dos 12 clones avaliados Máximo 90.0 12.22 32.00 3.62 0.59 38.3 20.57 Mínimo 5.0 2.78 3.50 0.50 0.16 17.9 -33.09 Média 13.8 6.36 8.57 1.79 0.42 27.9 0.00 Desvio padrão 21.7 2.38 5.05 0.77 0.11 4.3 16.16 a – clones seleccionados
Tabela 15. Resultados obtidos do Ensaio Uniforme de Rendimento de mandioca estabelecido no PAN na campanha agrícola 2007 – 2008.
102
Entre os clones melhorados, destacaram-se MzNp04/052, MzNp04/078 e MzNp04/139 com melhores
desempenhos em todas variáveis. O clone MzNp04/185 e a variedade Mulaleia apresentaram
desempenhos mais baixos. As variedades usadas como testemunhas apresentaram no geral
comportamento idêntico para todas as variáveis avaliadas. Estes factos podem ser confirmados a partir do
índice de selecção determinado. Para os ensaios on-farm da campanha 2008/09 foram eleitos os 3
melhores clones melhorados e as 2 variedades testemunhas.
2.8 ENSAIO MULTILOCAL CLONES PRE-LIBERTADOS
Foram testados 10 clones melhorados e uma variedade local promissora (Likonde), em Mogincual 2007,
Mogincual 2008 e Namajavira 2008 na fase de avaliação multilocal para verificação da uniformidade de
características e adaptação geral e especifica. Os ensaios foram conduzindo seguindo o delineamento em
blocos completos casualizados com 3 repetições. Foram usadas as variedades Tomo em Mogincual e var.
Mulaleia em Namajavira como testemunhas. As variáveis de interesse avaliadas foram, incidência de CMD
e CBSD nas folhas (%), severidade de CBSD na raiz (escala de 1 a 5), rendimento de raízes, folhas e
matéria seca (Ton/ha), conteúdo de matéria-seca (%), índice de colheita (0 –1) e nível de linamarina
(cianetos) na raiz fresca (ppm). Os clones foram submetidos a avaliação e selecção pelos produtores no
momento da colheita (11 meses), tomando como variáveis: qualidade de folhas para consumo, sabor e
textura da mandioca cozida, consistência e sabor da massa (farinha cozida).
Avaliação de rendimento, matéria seca e índice de colheita dos clones pré-libertados
Na Tabela 8, são apresentados resultados sobre rendimento (raiz, folhas e Matéria-seca), matéria seca
(%), índice de colheita (HI) dos clones avaliados. A analise combinada de ANOVA mostrou existir
diferenças significativas entre clones/variedades no rendimento de raiz, de folhagem e de matéria seca,
igualmente para índice de colheita e matéria-seca em (%), não tendo observado diferenças significativas na
interacção clones x locais para todas variáveis excepto rendimento de folhagem. Em Mogincual 2007, os
clones observaram melhor resposta quanto ao rendimento de raiz, folhagem e matéria-seca comparado
com Mogincual e Namanjavira 2008.
A maior parte dos clones melhorados apresentaram valores acima da media de rendimento de raiz e
folhagem, igualmente para matéria-seca e índice de colheita. Os clones MZMG04/540, MZMG04/433,
MZMG04/1642 e MZMG04/1977 apresentaram maior rendimento de raiz (15 a 18 Ton/ha), incluindo a
variedade Likonde, o contrario foi encontrado nos clones MZMG04/2044 e MZMG04/1925 (Tabela 8). A
produção de folhagem evidenciou-se mais na variedade Likonde (23.8 Ton/ha) e clones MZMG04/540 (19.1
Ton/ha), comparado com os restantes, incluindo as variedades locais. A maioria dos clones avaliados
103
apresentaram em media 25 a 30% de conteúdo de matéria seca, embora não sejam o real potencial dos
clones, devido a época de colheita. O rendimento de matéria seca variou de 4 a 5 Ton/ha em quase todos
clones melhorados, excepto os clones MZMG04/721, MZMG04/2044 e MZMG04/1925.
Avaliação de mosaico e Listrado castanho da mandioca
Na Tabela 9, são apresentados resultados sobre incidência do CMD e CBSD dos clones avaliados. A
analise combinada de ANOVA mostrou existir diferenças significativas entre clones/variedades na
incidência do CMD e CBSD, não tendo observado diferenças significativas na interacção clones x locais.
As variedades locais Mulaleia e Tomo apresentaram significativamente maior incidência de CBSD nas
folhas comparados com os clones melhorados. De igual forma, os clones melhorados mostraram-se
tolerantes ao CSBD na raiz, com valores de severidade abaixo da escala 2, com maior evidência para o
clone MZMG04/433 que não mostrou nenhum sintomas nas folhas e raízes desta doença nos ambientes
avaliados. Contudo, a variedade Likonde e clone MZMG04/1642 mostraram ser mais susceptíveis ao
mosaico da mandioca, enquanto que os clones MZMG04/1977, MZMG04/433 e MZMG04/2044 não
observaram nenhum sintoma desta doença.
104
Clone
Mogincual - 2008 Mogincual - 2007 Namajavira - 2008 Combinado Rendimento (Ton/ha)
MS (%) HI
(0 – 1) Rendimento (Ton/ha)
MS(%) HI
(0 – 1) Rendimento (Ton/ha)
MS(%) HI
(0 – 1) Rendimento (Ton/ha)
MS(%) HI
(0 – 1) Raiz Folha MS Raiz Folha MS Raiz Folha MS Raiz Folha MS
MZMG04/1642 12,1 7,0 3,1 25,7 0,6 20,4 23,6 6,3 30,6 0,5 14,9 8,5 - - 0,6 15,8 13,0 4,7 28,1 0,6 MZMG04/1855 9,8 6,5 2,6 23,9 0,5 21,8 19,8 6,6 30,3 0,5 8,4 5,4 - - 0,6 13,4 10,6 4,6 27,1 0,6 MZMG04/1925 7,3 5,8 2,0 25,1 0,5 11,1 8,0 3,0 27,4 0,6 7,1 4,2 - - 0,6 8,5 6,0 2,5 26,3 0,6 MZMG04/1977 13,8 5,8 3,9 28,6 0,7 21,0 13,2 6,1 30,1 0,6 11,2 4,0 - - 0,7 15,3 7,7 5,0 29,3 0,7 MZMG04/2000 10,2 4,5 3,3 27,6 0,7 20,3 8,8 6,1 30,0 0,7 11,3 4,0 - - 0,7 14,0 5,8 4,7 28,8 0,7 MZMG04/2044 11,3 6,8 2,7 23,7 0,6 9,2 9,6 2,5 28,2 0,5 13,9 6,6 - - 0,7 11,5 7,7 2,6 25,9 0,6 MZMG04/433 10,9 7,3 2,3 20,8 0,6 24,8 25,6 7,4 30,1 0,5 14,8 7,5 - - 0,7 16,8 13,5 4,8 25,4 0,6 MZMG04/540 12,9 12,9 3,4 26,2 0,5 22,7 33,3 6,9 30,3 0,4 18,9 11,0 - - 0,6 18,2 19,1 5,1 28,3 0,5 MZMG04/721 12,5 8,1 2,5 19,7 0,6 13,3 10,6 3,4 25,4 0,6 14,6 9,5 - - 0,6 13,5 9,4 2,9 22,5 0,6 MZMG04/763 13,5 8,0 3,8 27,6 0,6 15,6 14,8 4,5 28,6 0,5 8,7 5,0 - - 0,6 12,6 9,3 4,1 28,1 0,6 Likonde 13,5 13,3 3,7 27,3 0,5 21,0 35,1 5,6 26,6 0,4 14,8 11,7 - - 0,6 16,4 20,0 4,6 27,0 0,5 Tomo 8,0 5,8 1,6 18,3 0,6 12,2 13,2 2,7 21,4 - - - - - 0,6 10,8 9,5 2,2 19,8 0,5 Mulaleia - - - - - - - - - 0,5 12,3 9,5 - - - - - - - - LSD (5%) 6,6 2,9 1,15 5,56 0,12 8,14 10,24 2,54 5,09 0,09 5,22 3,65 - - 0,05 4,20 4,27 1,60 3,63 0,06 Media 11,3 7,7 2,9 24,5 0,6 17,8 18,0 5,1 28,2 0,5 12,6 7,3 - - 0,6 13,9 11,0 4,0 26,4 0,6 Mínimo 7,3 4,5 1,6 18,3 0,5 9,2 8,0 2,5 21,4 0,4 7,1 4,0 - - 0,6 8,5 5,8 2,2 19,8 0,5 Máximo 13,8 13,3 3,9 28,6 0,7 24,8 35,1 7,4 30,6 0,7 18,9 11,7 - - 0,7 18,2 20,0 5,1 29,3 0,7 Desvio 2,2 2,8 0,7 3,4 0,1 5,2 9,5 1,8 2,8 0,1 3,4 2,8 - - 0,1 2,8 4,7 1,1 2,8 0,1
Tabela 16. Resultados sobre rendimento, matéria seca e índice de colheita do Ensaio multilocal de mandioca estabelecido em Mogincual (2007 e 2008) e Namajavira 2008.
105
Clone
Mogincual - 2008 Mogincual - 2007 Namajavira - 2008 Combinado Doenças
Sabor (1 – 3)
Doenças Sabor (1-3)
Doenças Sabor (1 -3)
Doenças Sabor (1 – 3)
Incidência (%) CBSD Raiz (1 – 5)
Incidência (%) CBSD Raiz (1 – 5)
Incidência (%) CBSD Raiz (1 – 5)
Incidência (%) CBSD Raiz (1 – 5) CBSD CMD CBSD CMD CBSD CMD CBSD CMD
MZMG04/1642 0,0 49,1 2,3 2,0 0,0 0,0 1,0 2,7 52,2 13,0 1,0 2,0 17,4 20,7 1,4 2,2 MZMG04/1855 0,0 0,0 1,3 1,7 0,0 0,0 1,0 1,0 38,3 33,3 2,0 1,0 12,8 11,1 1,4 1,2 MZMG04/1925 0,0 0,0 1,3 2,0 0,0 0,0 1,7 2,7 33,3 33,3 1,0 2,0 11,1 11,1 1,3 2,2 MZMG04/1977 0,0 0,0 1,7 1,3 0,0 0,0 1,0 1,7 33,3 0,0 1,0 2,0 11,1 0,0 1,2 1,7 MZMG04/2000 0,0 1,9 1,0 2,0 0,0 0,0 1,3 2,3 33,3 33,3 1,0 2,0 11,1 11,7 1,1 2,1 MZMG04/2044 0,0 0,0 1,7 1,3 0,0 0,0 1,0 3,0 16,6 0,0 1,0 2,0 5,5 0,0 1,2 2,1 MZMG04/433 0,0 0,0 1,0 1,7 0,0 0,0 1,0 2,3 0,0 0,0 1,0 2,0 0,0 0,0 1,0 2,0 MZMG04/540 0,0 0,0 1,0 1,7 0,0 0,0 1,0 1,0 33,3 33,3 1,7 2,0 11,1 11,1 1,2 1,6 MZMG04/721 0,0 0,0 1,3 2,0 0,0 0,0 1,3 3,0 46,7 33,3 1,3 2,0 15,6 11,1 1,3 2,3 MZMG04/763 8,6 0,0 2,0 1,3 0,0 0,0 1,0 2,3 31,7 31,7 1,0 1,0 13,4 10,6 1,3 1,6 Likonde 0,0 47,2 1,0 1,3 3,3 24,4 1,8 2,0 71,8 12,1 1,0 2,0 25,1 27,9 1,3 1,8 Tomo 100,0 0,0 3,0 2,0 50,0 0,0 4,3 3,0 - - - - 83,3 0,0 3,1 2,3 Mulaleia - - - - - - - - 100,0 0,0 2,0 2,0 - - - - LSD (5%) 4,62 20,50 37,45 25,09 48,64 48,07 21,63 19,68 Media 9,1 8,2 1,6 1,7 4,4 2,0 1,5 2,3 40,9 18,6 1,3 1,8 18,1 9,6 1,4 1,9 Mínimo 0,0 0,0 1,0 1,3 0,0 0,0 1,0 1,0 0,0 0,0 1,0 1,0 0,0 0,0 1,0 1,2 Máximo 100,0 49,1 3,0 2,0 50,0 24,4 4,3 3,0 100,0 33,3 2,0 2,0 83,3 27,9 3,1 2,3 Desvio 28,7 18,7 0,6 0,3 14,4 7,1 1,0 0,7 25,6 15,7 0,4 0,4 21,4 8,7 0,5 0,4
Tabela 9. Resultados sobre incidência do CMD e CBSD, severidade de CBSD e sabor na raiz dos clones no Ensaio multilocal de mandioca estabelecido em Mogincual (2007 e 2008) e Namajavira 2008.
106
Avaliação dos clones pelos produtores
A maioria dos clones pré-libertados tem sabor amargo, excepto o clone MZMG04/1855. Os clones
MZMG04/1977, MZMG04/2044, MZMG04/433, MZMG04/763 mostraram variações de sabor nos
locais avaliados. Os clones depois de cozidos apresentaram na maioria boa textura, tendo-se
observado presença de fibra nos clones MZMG04/1855, MZMG04/433 e MZMG04/763. A
consistência da massa ou farinha cozida varia de mole a dura, sendo preferencial a dura. De
referir que, todas as variedade com consistência dura e com sabor agradável a muito agradável da
farinha cozida foram as variedades mais preferidas pelos produtores, excepto o clone
MZMG04/1642 (Tabela 10).
Clone Mandioca cozida Massa (Farinha cozida)
HCN (ppm) Sabor Textura cozida Consistência Sabor
MZMG04/1642 Amarga a M. Amarga Boa Dura M. Agradável 50,8 MZMG04/1855 Doce Boa/Fibrosa Mole a Dura Pouco Agradável 9,5 MZMG04/1925 Amarga Boa Dura a M. Dura M. Agradável 24,4a
MZMG04/1977 Doce a M. Amarga Má Dura Agradável 21,0a
MZMG04/2000 Amarga Boa Mole a Dura Agradável 18,7a
MZMG04/2044 Doce a Amargo Boa Dura Agradável 9,7a
MZMG04/433 Doce a Amargo Boa/Fibrosa Mole Desagradável 14,7 MZMG04/540 Amarga Boa Mole Desagradável 8,8 MZMG04/721 Intermédia a Amarga Boa Dura Agradável 20,9a
MZMG04/763 Doce a Intermedia Média/Fibrosa Dura Agradável 10,2a
Likonde Doce a Intermedia Boa Dura Agradável 18,3a
Mulaleia Amarga Má Dura e quebradiça Pouco Agradável Tomo Amarga Boa Mole Desagradável a – clones/variedades mais preferidos pelos produtores.
2.9 ENSAIO AVANCADO DE RENDIMENTO (POLPA BRANCA) – NAMANJAVIRA
Neste ensaio estabelecido em Namanjavira (distrito de Mocuba), zona de media incidência de CBSD, na
província da Zambézia, 13 clones de mandioca na fase de avaliação avançada de rendimento foram
testados com objectivo de avaliar os seus desempenhos em termos de rendimento e tolerância à CBSD e
CMD. O ensaio seguiu o delineamento experimental em DBCC com 4 repetições. As plantas foram
dispostas num compasso de 1x1m. As variáveis medidas na colheita foram, incidência de CMD e CBSD
nas folhas (escala de 1 a 5), rendimento de raízes, biomassa (parte aérea), e índice de colheita (0 – 1). A
selecção dos clones foi feita com base no índice de selecção (IS) já discutido anteriormente.
Tabela 10. Resultados da avaliação dos clones pré-libertados pelos produtores no Ensaio multilocal de mandioca estabelecido em Mogincual e Namajavira 2008.
107
De forma geral os clones mostraram tolerância a CBSD na raiz e ao mosaico. Todavia, sintomas ligeiros de
mosaico foram observados nos clones MZ00457-15, MZ00422-02, MZ00457-17 e Guenguele. Os
rendimentos de raízes e de biomassa variaram de 7.8 a 30.0 t/ha e de 4.0 a 16.1 t/ha respectivamente. Os
índices de colheita foram moderados a moderadamente altos, variando de 0.53 a 0.70 (tabela 1). Os clones
92/0168HS-03, W94/0006HS-31, I88/0002HS-09 e 90853HS-08 foram eleitos como os melhores, facto que
pode ser comprovado pelos elevados índices de selecção associados.
Clone Incidência de CMD (%)
Severidade CBSDr ( - )
Rendimento Índice de Colheita (0 –1)
Índice de Selecção ( - ) Raíz (ton/ha) Biomassa (ton/ha)
89/00911HS-05 0.00 1.00 23.7 16.1 0.60 6.74
90853HS-08 0.00 1.00 20.5 8.8 0.70 10.96
92/0168HS-03 0.00 1.00 30.0 10.9 0.73 25.56
95/0902HS-02 0.00 1.00 15.6 9.9 0.63 -1.09
Guenguele 1.25 1.00 15.6 10.3 0.60 -3.95
I88/0002HS-09 0.00 1.00 25.5 11.4 0.69 16.50
Mulaleia 0.00 1.00 17.1 12.9 0.57 -4.16
MZ00418-07 0.00 1.00 9.0 4.0 0.69 -4.52
MZ00419-08 0.00 1.00 7.5 5.5 0.58 -15.57
MZ00422-02 6.25 1.00 8.3 7.2 0.54 -19.69
MZ00457-15 37.41 1.00 9.8 5.5 0.63 -19.38
MZ00457-17 3.17 1.00 10.3 6.8 0.60 -11.26
W94/0006HS-31 0.00 1.00 27.5 11.6 0.70 19.88
Parâmetros das Testemunhas local
Guenguele 1.25 1.00 15.6 10.3 0.60 -3.95
Mulaleia 0.00 1.00 17.1 12.9 0.57 -4.16 Parâmetros dos 13 clones avaliados
Máximo 37.4 1.00 30.0 16.1 0.73 25.56
Mínimo 0.0 1.00 7.5 4.0 0.54 -19.69
Média 3.7 1.00 17.0 9.3 0.64 0.00 Desvio padrão 10.3 0.00 7.8 3.4 0.06 14.92 Para confirmar e validar o potencial dos clones em termos de tolerância à CBSD, os mesmos estão
sendo actualmente avaliados em Mogincual, zona de alta incidência de CBSD na província de
Nampula.
2.10 ENSAIO AVANCADO DE RENDIMENTO (POLPA AMARELA) – NAMANJAVIRA
Com o propósito de avaliar o desempenho no rendimento e tolerância a CBSD e CMD, 9 clones de
mandioca de polpa amarela na fase de avaliação avançada de rendimento foram testados em Namanjavira.
O ensaio seguiu o delineamento experimental em DBCC com 4 repetições. As plantas foram dispostas num
Tabela . Performance de 13 clones de mandioca de polpa branca avaliados em Namanjavira durante a campanha 2007 – 2008.
108
compasso de 1x1m. As variáveis medidas na colheita foram, incidência de CMD e CBSD nas folhas (escala
de 1 a 5), rendimento de raízes, biomassa (parte aérea), e índice de colheita (0 – 1). Identicamente como
no ensaio de clones de polpa branca, foi usado índice de selecção (IS) para seleccionar os melhores
clones.
No geral, os clones apresentaram boa performance para as variáveis avaliadas (tabela 2). Não houve
grandes variações em termos de incidência do mosaico (desv.pad=0.8%) e de severidade de CBSD nas
raízes (desv.pad=0.08), o que confere algum grau de tolerância dos clones a CBSD e CMD. Foram
observados sintomas de CMD no clone MZ00418-13 e de CBSD no clone MZ00456-02, porém de grau
muito baixo. Os rendimentos de raízes e de biomassa variaram de 15.8 a 37.9 t/ha e de 11.9 a 22.6 t/ha
respectivamente. Os índices de colheita foram moderados como resultado do equilíbrio entre a produção
de raízes e da parte aérea (biomassa), variando de 0.56 a 0.66. O índice de selecção permitiu identificar o
clone MZ00451-01 como o melhor, seguido dos clones MZ00454-05 e MZ00418-18.
Clone Incidência de
CMD (%)
Severidade de CBSDr ( - )
Rendimento (ton/ha) Índice de colheita (0 –1)
Índice de selecção ( - ) Raízes Biomassa
MZ00418-13 2.5 1.00 26.3 16.2 0.62 -4.12
MZ00418-18 0.0 1.00 25.9 16.3 0.61 2.64
MZ00419-01 0.0 1.00 22.9 15.0 0.61 -2.13
MZ00419-02 0.0 1.00 15.8 11.9 0.58 -18.25
MZ00451-01 0.0 1.00 37.9 18.3 0.66 29.77
MZ00454-05 0.0 1.00 31.8 22.6 0.58 7.21
MZ00456-02 0.0 1.25 26.3 15.1 0.64 -0.91
MZ00456-05 0.0 1.00 22.5 14.6 0.61 -2.77
MZ00458-03 0.0 1.00 22.1 17.3 0.56 -11.44
Parâmetros dos 9 clones avaliados
Máximo 2.50 1.25 37.9 22.6 0.66 29.77 Mínimo 0.00 1.00 15.8 11.9 0.56 -18.25 Média 0.28 1.03 25.7 16.3 0.61 0.00 Desvio padrão 0.83 0.08 6.3 2.9 0.03 13.41
Para garantir o critério de tolerância a CBSD no acto de recomendação dos clones, na presente campanha
os mesmos foram submetidos a alta pressão de CBSD em Mogincual para confirmar o seu potencial.
Tabela 17. Resultados de 9 clones de mandioca de polpa amarela na fase avançada de rendimento avaliados em Namanjavira na campanha 2007/08.
109
2.11 ENSAIO UNIFORME DE RENDIMENTO (POLPA AMARELA) – NAMANJAVIRA
Com o propósito de avaliar a uniformidade do rendimento em 7 clones de mandioca de polpa amarela
seleccionados da avaliação avançada na campanha 2006/07 em Namanjavira, foi estabelecido um ensaio
em DBCC com 4 repetições na campanha 2007/08. Na colheita foram avaliadas as seguintes variáveis:
incidência de CMD e CBSD nas folhas (escala de 1 a 5), rendimento de raízes, biomassa (parte aérea), e
índice de colheita (0 – 1). Aqui, também foi usado o índice de selecção (IS) no processo de identificação de
clones superiores.
Contrariamente aos ensaios anteriores, nesta fase, os clones mostraram alguma susceptibilidade ao
Mosaico e CBSD. Severidade de ataque de CBSD média/alta foi notória nos clones M82/00049 (sev=2.25)
e I89/0079HS-03 (sev=3) e 18.1% de incidência de CMD foi observada no clone M82/00049. Foi observada
boa performance dos clones em termos de rendimento de raízes e de biomassa (tabela 3). O rendimento
de raízes variou de 22.5 a 36.7t/ha, com o clone 61036HS-01 a destacar-se como o mais produtivo com
36.7t/ha, seguido dos clones 96/1432HS-01 e 96/0867HS-01 com 28.8 e 28.0t/ha respectivamente. Os
índices de colheita foram moderados a moderadamente altos (0.51 a 0.72) com considerável estabilidade
(desv.pad=0.08). Com base no índice de selecção foram seleccionados os clones 61036HS-01, MZ0050-08
e 96/0867HS-01 como as melhores apostas. Como nos outros ensaios, os clones seleccionados deste lote
encontram-se actualmente em avaliação em Mogincual para testar a estabilidade da sua tolerância a
CBSD.
Clone Incidência de
CMD (%)
Severidade de CBSDr ( - )
Rendimento (ton/ha) Índice de colheita (0 –1)
Índice de selecção ( - ) Raízes Biomassa
61036HS-01 1.25 1.75 36.7 16.3 0.69 26.20 96/0867HS-01 0.00 1.25 28.0 16.6 0.59 2.85 96/1432HS-01 0.00 1.50 28.8 25.0 0.51 -2.08 I89/0079HS-03 0.00 3.00 27.1 20.0 0.65 -3.37 M82/00049 18.1 2.25 22.5 13.8 0.56 -24.55 MZ0050-08 0.00 1.75 26.6 18.9 0.72 5.76 MZ0060-13 1.56 1.25 24.6 21.9 0.60 -4.81
Parâmetros dos 7 clones avaliados
Máximo 18.1 3.00 36.7 25.0 0.72 26.20 Mínimo 0.00 1.25 22.5 13.8 0.51 -24.55 Média 2.99 1.82 27.8 18.9 0.62 0.00 Desvio padrão 6.69 0.62 4.5 3.8 0.08 15.11
Tabela 18. Resultados obtidos do Ensaio Uniforme de Rendimento de mandioca estabelecido em Namanjavira na campanha 2007 – 2008.
110
2.12 ENSAIO DE ÉPOCAS DE COLHEITA DE MANDIOCA
Neste ensaio, foram testados 11 clones, sendo 9 melhorados e 2 variedades locais como testemunhas,
para determinar a maturação óptima de colheita, com enfoque nos seus desempenhos em termos de
rendimento de raízes (ton/ha), conteúdo de matéria-seca (%) e índice de colheita (0 –1). O ensaio foi
conduzindo seguindo o delineamento em blocos completos casualizados em esquema factorial com 3
repetições. Os factores testados foram, variedades e épocas de colheita. Como testemunhas, foram
usadas as variedades Likonde e Kigoma-Máfia. Outras variáveis avaliadas incluíram, incidência de CMD
nas folhas (escala1 a 5) e CBSD nas folhas (escala1 a 2) e raízes (escala1 a 5), e rendimento de biomassa
(ton/ha).
Clone
Rendimento de raízes (t/ha) Índice de colheita (0 –1) Matéria secab Épocas de colheita Épocas de colheita
6 MDP 9 MDP 12 MDP
15 MDP 18 MDP 6 MDP 9 MDP 12 MDP 15 MDP 18 MDP (%)
PAN 01/045 6.0 2.6 5.5 12.7 4.0 0.49 0.40 0.56 0.32 0.33 26.9 PAN 01/075 7.0 6.2 4.3 14.5 17.3 0.39 0.34 0.53 0.39 0.48 30.5 PAN 01/078 5.5 5.4 7.0 19.8 23.5 0.49 0.36 0.54 0.45 0.47 28.8 PAN 01/087 4.8 5.2 3.5 0.3 2.2 0.70 0.78 0.70 0.10 0.27 31.8 PAN 01/091 8.3 8.5 9.7 18.7 23.8 0.41 0.81 0.48 0.34 0.38 28.4 PAN 01/115 8.2 11.2 11.3 14.3 38.2 0.60 0.52 0.57 0.43 0.52 32.3 PAN 01/117 10.8 4.6 9.3 27.2 18.8 0.52 0.38 0.53 0.33 0.24 23.2 PAN 01/124 11.5 14.9 14.5 38.0 32.0 0.62 0.71 0.58 0.43 0.43 32.4 PAN 01/141 1.9 2.2 1.8 7.7 2.0 0.52 0.24 0.42 0.40 0.26 23.4
Testemunhas locais
Kigoma-Máfia 8.2 9.8 7.8 3.7 9.2 0.43 0.69 0.42 0.15 0.36 33.6 Likonde 10.2 7.6 7.3 20.8 23.5 0.43 0.37 0.40 0.37 0.42 31.9
Parâmetros dos11 clones avaliados
Máximo 17.0 20.0 20.5 52.0 59.0 0.77 1.00 0.75 0.56 0.61 38.0 Mínimo 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 16.0 Média 7.5 7.1 7.5 16.2 17.7 0.51 0.51 0.52 0.33 0.38 27.3 Desvio padrão 4.35 5.69 5.27 14.65 16.18 0.16 0.29 0.17 0.17 0.18 5.5 b – valores indicativos de matéria-seca.
A Tabela 11 apresenta os resultados mais importantes obtidos no ensaio. De forma geral, pode observar-se
que não foram observadas diferenças significativas entre as variedades testemunhas, entre os clones
melhorados, e entre variedades e clones. Todavia, o clone PAN 01/124 obteve maior desempenho em
termos de rendimento de raízes, evidenciando-se como o mais produtivo em comparação com os
restantes, seguindo-se os clones PAN 01/115 e PAN 01/117.
Tabela 11. Resultados obtidos do Ensaio de Épocas de Colheita de Clones de mandioca estabelecido no PAN na campanha 2007 – 2008.
111
Em relação ao índice de colheita, o clone PAN 01/087 superou os demais, seguindo-se os clones PAN
01/124 e PAN 01/115. O clone PAN 01/141 mostrou pior desempenho, quer para o rendimento de raízes
como para o índice de colheita nas 5 épocas de colheitas. Entre as variedades, a variedade Likonde
superou a Kigoma-Máfia em termos de rendimento de raízes, principalmente nas duas ultimas épocas de
colheita. De forma geral, o rendimento de raízes e o índice de colheita apresentaram um comportamento
contrastante ao longo das épocas de colheita. Isto é, enquanto o rendimento de raízes mostrou uma
tendência geral crescente, o índice de colheita mostrou-se tendencialmente decrescente. Rendimentos de
raízes significativamente elevados foram observados quando a colheita foi feita aos 15 e 18 meses depois
de plantio. Estes resultados permitiram inferir que para a obtenção de altos rendimentos de raízes, a
colheita deverá ser feita aos 15 e 18 meses depois de plantio, respectivamente.
2.13 ENSAIOS ON-FARM
Foram conduzidos ensaios on-farm em 6 distritos das províncias de Nampula (Memba, Mogincual e
Nacala-à-velha) e Zambézia (Mocuba, Namacurra e Pebane). Foram usadas nos ensaios, as 6 melhores
variedades locais (tabela 8) seleccionadas com base nos seus desempenhos em termos de rendimento e
tolerância a CBSD. Os distritos foram seleccionados com base na magnitude da pressão de CBSD a eles
associados. Com excepção do distrito de Mocuba cuja pressão é considerada intermédia, os restantes 5
distritos apresentam alta pressão da doença. Em cada distrito foram identificadas 3 localidades (tabela 8)
onde seriam estabelecidos os ensaios. As variedades testadas foram seleccionadas do ensaio avançado
de rendimento da campanha 2005/06. Foi usado o delineamento experimental em blocos simples, com 3
repetições. Cada distrito constituiu um bloco, e as localidades constituíram as diferentes repetições em
cada bloco. Foi usado o compasso de1x1m. Em cada repetição foi plantada além das variedades em
avaliação, uma variedade local susceptível (tabela 8) a CBSD como testemunha para efeitos de
comparação e como fonte de inoculo da doença. As variáveis avaliadas foram incidência de CMD e CBSD
nas folhas, severidade de CBSD na raiz, rendimento de raízes e biomassa.
As seis variedades, nomeadamente, Baadge, Kigoma-máfia, Likonde, Mulaleia, Nachinyaya e Nikwaha,
foram avaliadas pelos produtores em termos agronómicos e fitossanitários desde a fase de plantio, durante
o crescimento vegetativo e na colheita. Depois da colheita foi avaliada a preferência dos produtores em
relação a raiz fresca cozida e a xima produzida a partir da farinha de mandioca, segundo os atributos
indicados na tabela9. Porque a mandioca é consumida principalmente como farinha pelos produtores alvo,
são aqui apresentados os resultados da analise de preferência da xima das seis variedades por distrito e
112
da preferência geral das ximas, bem como os resultados da aceitabilidade geral dos clones combinando as
duas formas de consumo avaliadas (raiz cozida e xima).
2.13.1 Avaliação da preferência da xima de mandioca na província de Nampula
Em relação a avaliação da preferência da xima de mandioca, os resultados mostram que no geral os
produtores da província de Nampula afirmaram que as variedades Likonde, Nachinyaya e Nikwaha foram
melhores que os restantes (Fig.1). Entre as razões da escolha destes clones salientam-se: sabor agradável
e boa consistência da xima. As variedades Likonde e Nachinyaya apresentaram maior probabilidade de
aceitação pelos produtores como as duas primeiras cultivares a serem incluídas nos seus sistemas de
produção.
0.0
20.0
40.0
60.0
80.0
100.0
1 2 3 4 5 6 7
Ordem de preferencia
Pro
babi
lidad
e A
cum
ulad
a (%
)
Baadge Kigomamafia Likonde Mulaleia Nachinyaya Nikw aha
Figura 4. Probabilidade de aceitação geral de variedades de mandioca pelos produtores de Memba, Mogincual e Nacala-à-velha (Nampula).
113
2.13.2 Avaliação da aceitação geral das variedades de mandioca na província de Nampula
Em relação a apreciação geral das variedades de mandioca, os resultados mostram que no geral os
produtores na província de Nampula elegeram as variedades Likonde, Mulaleia e Nachinyaya como as
melhores (Fig.2). Um dado contrastante com a preferência dos produtores em relação a xima, é a opção
pela variedade Mulaleia que superou a variedade Nikwaha. Entre as razões para a escolha destes clones
salientam-se: alta percentagem de estabelecimento, bom rendimento, maior quantidade de material de
plantio, boa qualidade de folhas.
0.0
20.0
40.0
60.0
80.0
100.0
1 2 3 4 5 6 7
Ordem de preferencia
Pro
babi
lidad
e A
cum
ulad
a (%
)
Baadge Kigomamafia Likonde Mulaleia Nachinyaya Nikw aha
Em relação ao sabor da raiz fresca e cozida, os agricultores da Zambézia elegeram as variedades Baadge
e Nachinyaya como as melhores e mais doces. Aqui, como em Nampula, a variedade Baadge apresentou
dificuldades de cozedura, e os produtores também mantiveram a mesma justificação da época de colheita
(Dezembro) em relação a qualidade de cozedura.
Figura 5. Probabilidade de aceitação geral de variedades de mandioca pelos produtores de Memba, Mogincual e Nacala-à-velha (Nampula)
114
Estes resultados permitem concluir que de forma global, a preferência dos produtores caiu sobre as
variedades Likonde, Nachinyaya, Nikwaha e Mulaleia, com maiores probabilidades de serem incluídas nos
seus sistemas de produção. A variedade Baadge foi eleita como favorita para consumo fresco, como
alternativa para minorar alguns focos de fome ao longo do ano. Porém, com um cultivo em pequena escala,
principalmente junto as suas casas.
2.13.3 Avaliação da preferência da xima de mandioca na província da Zambézia
Em relação a avaliação da preferência da xima de mandioca, os resultados mostram que no geral os
produtores da província da Zambézia afirmaram que as variedades Nachinyaya, Nikwaha, Kigoma-máfia e
Mulaleia foram melhores que os restantes (Fig.3). Entre as razões da escolha destes clones salientam-se:
sabor agradável e boa consistência da xima.
A figura 3 mostra que as variedades Mulaleia, Nikwaha e Kigoma-máfia apresentam maior probabilidade de
aceitação pelos produtores como as três primeiras cultivares com maior potencial de adopção e de
puderem vir a ser incluídas futuramente nos seus sistemas de produção. Estes resultados contrastam
significativamente com os resultados da preferência de xima pelos produtores da província de Nampula,
indicando que os produtores têm critérios e preferências próprias para a eleição de uma determinada
variedade.
115
0.0
20.0
40.0
60.0
80.0
100.0
1 2 3 4 5 6 7
Ordem de preferencia
Pro
babi
lidad
e A
cum
ulad
a (%
)
Baadge Kigomamafia Likonde Mulaleia Nachinyaya Nikw aha
2.13.4 Avaliação da aceitação geral das variedades de mandioca na província da Zambézia
Em relação a apreciação geral das variedades de mandioca, os resultados mostram que no geral os
produtores na província da Zambézia elegeram as variedades Baadge, Kigoma-máfia e Nikwaha como as
melhores (Fig.4). Entretanto, a figura 4, mostra ainda, que a variedade Likonde apresenta maior
probabilidade de aceitação como uma das três melhores variedades quando comparada com as variedades
Kigoma-máfia e Nikwaha.
Um dado contrastante com a preferência dos produtores em relação a xima, é a opção pela variedade
Baadge em substituição das variedades Nachinyaya e Mulaleia. Entre as razões para a escolha destes
clones salientam-se: bom rendimento, maior quantidade de material de plantio, boa qualidade de folhas.
Figura 6. Probabilidade de aceitação das ximas de variedades de mandioca pelos produtores de Mocuba, Namacurra e Pebane (Zambézia).
116
0.0
20.0
40.0
60.0
80.0
100.0
1 2 3 4 5 6 7
Ordem de preferencia
Pro
babi
lidad
e A
cum
ulad
a (%
)
Baadge Kigomamafia Likonde Mulaleia Nachinyaya Nikw aha
Em relação ao sabor da raiz fresca e cozida, os agricultores da Zambézia elegeram as variedades Baadge
e Nachinyaya como as melhores. Aqui, como em Nampula, a variedade Baadge apresentou dificuldades de
cozedura, e os produtores também mantiveram a mesma justificação da época de colheita (Dezembro) em
relação a qualidade de cozedura. No geral, a preferência dos produtores recaiu sobre as variedades
Baadge, Nikwaha, Kigoma-máfia e Likonde, com maiores probabilidades de aceitação. A variedade Baadge
foi eleita novamente como favorita para consumo fresco, como alternativa para minorar focos de fome ao
longo do ano.
Variedade/Clone Critérios de selecção Ordem
Preferência 1 2 3 4 5 6 Baadge Nachinyaya Kigoma-máfia Mulaleia Likonde Nikwaha Local
Figura 7. Probabilidade de aceitação geral de variedades de mandioca pelos produtores de Mocuba, Namacurra e Pebane (Zambézia).
Tabela 12. Critérios usados na selecção de variedades de mandioca nos ensaio on-farm estabelecidos em Nampula e Zambézia.
117
Critérios de selecção usados na avaliação geral das variedades
1. Tolerância a doenças 2. Bom rendimento 3. Boa arquitectura da planta, 4. Maior número de hastes por planta, 5. Boa qualidade de folhas para o consumo 6. Boa matéria seca Critérios de selecção usados na avaliação da raíz fresca cozida
1. Sabor 2. Consistência 3. Cozedura 4. Textura 5. Teor de fibra 6. Teor de farinha Critérios de selecção usados na avaliação da xima
1. Sabor 2. Consistência 3. Cozedura 4. Textura 3. ACTIVIDADES PLANIFICADAS PARA A CAMPANHA 2008/09
As actividades planificadas para serem realizadas na campanha 2008/09 em diferentes locais, desde
a colecção de novo germoplasma, estabelecimento de blocos de cruzamento, ensaios de
melhoramento, ensaios agronómicos ate a multiplicação de material vegetativo de variedades elite,
estão sumarizadas na Tabela 13.
Tipo de ensaio Local Genótipos (#plantas)
Repetições Observação
Banco de Germoplasma PAN 139 (10) 1 Banco de Germoplasma PAN 14 (10) 1
Tabela 13. Ensaios de mandioca conduzidos no Centro Zonal Nordeste estabelecidos na campanha 2008 – 2009.
118
Bloco de cruzamentos (CBSD e propósito geral)
PAN 42 (20) 1
F1 (CBSD e propósito geral) PAN 83 1 F1 full-sib (CBSD e propósito geral) Mogincual 3821 3 60 Famílias F1 half-sib (CBSD e propósito geral) Mogincual 18102 3 23 Famílias Avaliação Clonal Mogincual 387 (5) 2 Avaliação Clonal Mocuba 83 (5) 2 S2 (inbreeding lines) PAN S3 (inbreeding lines) PAN Avaliação Clonal S1 PAN 60 2 Avaliação Clonal S2 PAN 94 3 Preliminar de Rendimento Mogincual 33 2 Uniforme de Rendimento Mogincual 10 3 Uniforme de Rendimento PAN 10 3 Uniforme de Rendimento (Material do IITA) Mogincual 6 (25) 3 Uniforme de Rendimento (Material do IITA) Mogincual 17 (25) 3
Multilocal Mogincual Mocuba
10 3
Épocas de colheita – novos clones PAN 1 (10) 3 Épocas de plantação (5 épocas) Mogincual 10 (10) 3
On-farm – variedades locais Mogincual Mocuba
5 (25) 3
On-farm – novos clones
Mogincual (19)
Nacala-à-velha Malei Forquia
10 22
On-farm – novos clones (subestação) Mogincual 5 (40) 2 Foram estabelecidos campos de multiplicação em parceria com IITA em PAN, Murrupula, Namapa, Nacala-
à-velha, Nacala-porto com um total de 56 hectares de variedades locais promissoras (Tabela 14). Em
Mogincual e PAN foi estabelecida uma área de 0.5 ha de multiplicação convencional dos melhores 10
clones tolerantes a CBSD. Adicionalmente, foram montados viveiros de multiplicação rápida no PAN dos
mesmos clones, para aumentar a disponibilidade de material vegetativo elite.
Designação Local Genótipos (#plantas)
Área (ha)
Beneficiários (estimativa)
Parcelas de Multiplicação – Novos clones Mocuba 10
Parcelas de Multiplicação – Novos clones PAN 10 1/4
Parcelas de Multiplicação – Novos clones Mogincual 10 1/4
Campos Multiplicação – Variedade tolerante ao CBSD (Baadge, Kigoma-Máfia, Likonde, Nachinyaya, Nikwaha)
Mocuba 1 9
9,000 – 10,000 a
PAN 5 18 Eráti 5 9
Ribaué 1 6 Murrupula 5 5 Nacala-à- 1 3
Tabela 194. Campos de multiplicação convencional de mandioca estabelecidos nas estações e subestações (2007 – 2008)
119
velha Rapale 1 3 Mecuburi 1 3
a – por extrapolação das recentes distribuições. A área plantada com material local incrementou em 16 hectares.
Parceiros Cultivar #hastes recebidas
# campos (tamanho)
# beneficiários (Mulher; Homem)
Distrito
World Vision
Chigoma mafia 17,850 6 (7.0ha) 318 (121; 197)
Memba Likonde 24,220 8 (9.7ha) 509 (193; 316)
Nachinyaya 7,700 4 (3.1ha) 163 (46; 117)
Nikwaha 16,000 2 (7.5ha) 286 (70; 216)
Likonde 20,000 5 (8.0ha) 400 (121; 279) Nacala-à-velha
Nikwaha 10,200 3 (5.1ha) 204 (58; 146)
Sub-total 95,970 28 (40.0ha) 1,880 (609; 1,271) -
Olima-Wo-Suca3
Chigoma Mafia 14,000 2 (2.0ha) 28 (14; 14) Mogovolas
Nikwaha 4,000 1 (1.0ha) 16 (3; 13)
Likonde 7,000 4 (2.5ha) 4 (0; 4) Monapo
Chigoma Mafia 4,000 3 (1.0ha) 15 (7; 8) Nampula
Sub-total 29,000 10 (6.5ha) 65 (25; 40) -
FAO Mulaleia
5,100 17 (1.7ha) 747 (na; na) Pebane
6,900 23 (2.3ha) 1,150 (na ; na) Maganja da Costa
6,000 20 (2.0ha) 2,200 (na ; na) Gilé
7,500 25 (2.5ha) 1,625 (na ; na) Ile
2,700 9 (0.9ha) 212 (na ; na) Mocuba
Sub-total 28,200 94 (9.4ha) 5,934 (na; na) -
Total - 153,170 132 (55.9ha) 7,879 (na; na) - Legenda: na – não disponível. 4. ACTIVIDADES COM A CULTURA DE BATATA-DOCE
Na campanha 2007/08 foram mantidos no PAN um total de 40 acessos de germoplasma de batata-doce de
polpa branca e alaranjada, recebidos do CIP (Tabela 16). Do lote, os “clones elite” foram multiplicados com
base na metodologia de multiplicação rápida com o propósito de aumentar a disponibilidade de material
vegetativo necessário para o estabelecimento de ensaios agronómicos e de adaptação específica.
Código Código dos acessos
Nome vulgar Procedência Forma de obtenção
Local Ano de colecção
Cor da polpa BgBD 1 Canassumana Branca BgBD 2 Coleccao-07 Branca
3 Olima Wusuka é uma ONG nacional sub-contratada pela CARE.
Tabela 15. Detalhes dos campos de multiplicação terciária de mandioca, estabelecidos na campanha 2008 – 2009
Tabela 16. Relação dos acessos de batata-doce no banco activo de germoplasma estabelecido no PAN na campanha 2007 – 2008.
120
BgBD 3 Coleccao-34 1999 Laranja? BgBD 4 TIS 2532 IITA-INIA Cultura de tecido Nigéria 1992 Branca BgBD 5 Coleccao-07? Branca BgBD 6 Coleccao-34? Laranja? BgBD 7 Red Jewel 1999 Branca BgBD 8 Tacna Branca BgBD 9 440443 Branca BgBD 10 199024.2 Branca? BgBD 11 Batata Angoche Colecta-PAN Nametória 2003 Branca BgBD 12 440031 Branca? BgBD 13 Coleccao-10 Branca BgBD 14 Coleccao-05 Branca BgBD 15 Coleccao-02 Branca BgBD 16 199005.11 Laranja BgBD 17 Gaba-gaba Laranja BgBD 18 TIB4 Laranja BgBD 19 M’malawi Malema Colecta-PAN Malema-
Mutuali 2005 Branca
BgBD 20 199062.1 Laranja BgBD 21 W119 Laranja BgBD 22 Coleccao-03 Branca BgBD 23 Kandee Laranja BgBD 24 Coleccao-04 Branca BgBD 25 Coleccao-20 Laranja BgBD 26 Coleccao-06 Branca BgBD 27 Caromex Laranja BgBD 28 Jonathan Laranja BgBD 29 199024.1 Branca? BgBD 30 Ilha Mogincual(Ilha) Colecta-PAN Mogincual 2002 Branca BgBD 31 Coleccao-23 Branca BgBD 32 CN1448-49 2001 Laranja BgBD 33 Tainung-64 1999 Laranja BgBD 34 Resisto 1999 Laranja BgBD 35 Coleccao-12 Branca BgBD 36 Coleccao-09 Branca BgBD 37 199026.1 Branca? BgBD 38 SPK004 Laranja BgBD 39 MgCl01 Laranja BgBD 40 Cordner Laranja
5. ESTUDOS CONDUZIDOS
Na campanha 2007/08 o sector de raízes e tubérculos recebeu um total de 10 estudantes estagiários
provenientes dos institutos médios e básicos agrários de Chimoio e Ribaué, e da Universidade Mussa Bin
Bique (Nampula) com objectivo de treinar e adequar os futuros profissionais, de capacidades técnicas e
metodologias de investigação necessárias para o exercício da actividade como técnicos agrários.
Neste âmbito, alem da capacitação dos estagiários em matérias gerais e especificas das actividades
desenvolvidas pelo sector dentro do programa de melhoramento e agronomia da mandioca e batata-doce,
o sector seleccionou alguns temas relevantes na área que constituíram as “teses” ou trabalhos de fim de
121
curso para cada um dos estudantes envolvidos. A Tabela 14 mostra o número de estudantes estagiários
afectos ao sector de raízes e tubérculos, sua proveniência e os temas de pesquisa desenvolvidos durante o
período de estágio dentro de cada área de concentração específica. Por outro lado, o Governo Provincial
de Nampula solicitou um estudo sobre misturas de farinha de mandioca com Trigo para produção do pão,
no qual foi feita experiência junto com a Padaria Sipal e outros padeiros da praça, cujo o estudo também
apresenta-se abaixo.
Nome Instituição Área de concentração: Temas:
1. Helena Instituto Agrário de Chimoio Agronomia da Mandioca 1. Teste do poder germinativo de semente botânica de
mandioca usando diferentes substratos
2. Vasco Gribate Instituto Agrário de Chimoio Agronomia da Mandioca 2. Analise de níveis de deterioração fisiológica pós-
colheita de mandioca
3. ? ADPP Melhoramento da Mandioca 3. ?
4. Emerciana Muacha Universidade Mussa Bin
Bique Agronomia da Batata-doce
4. Avaliação de linamarina em farinhas de mandioca
vendidas nos principais mercados da cidade de
Nampula
5. Abdul Chakur de Araújo Universidade Mussa Bin
Bique
Agro-processamento da
mandioca
5. Avaliação de linamarina em farinhas de mandioca
vendidas nos principais mercados do distrito de
Mogincual
6. Floriana Joaquim Mastre Universidade Mussa Bin
Bique
Agro-processamento da
mandioca
6. Avaliação sensorial e bioquímica de farinhas
resultante de misturas de farinha de mandioca e milho
em diferentes proporções
7. Boaventura Isac Muacha Universidade Mussa Bin
Bique Agronomia da Mandioca
7. Avaliação de rendimento, matéria-seca e linamarina
em cinco clones de mandioca nos distritos de
Mogincual, Murrupula e Nacala-porto
8. Albertina P. Majacunene Universidade Mussa Bin
Bique Agronomia da Batata-doce
8. Avaliação do efeito do corte (desfoliação) no
rendimento e acumulação de matéria-seca de
variedades de batata-doce
9. Juliana Eugénio Universidade Mussa Bin
Bique Agronomia da Batata-doce
9. Avaliação da relação entre a área foliar e �cumulo da
matéria-seca em variedades de batata-doce
10. Abdul Rassul Instituto Agrário de Ribaué Agronomia da Batata-doce
10. Avaliação do conteúdo de matéria-seca em
variedades de batata-doce em diferentes épocas de
colheita
11. IIAM Governo Provincial,
Panificadores, DPIC, DRCT Agroprocessamento
11. Ensaio demonstrativo da produção de pão de
mistura com mandioca
Tabela 20. Temas de investigação desenvolvidos no sector de raízes e tubérculos.
122
Tema 2: Analise de níveis de deterioração fisiológica pós-colheita de mandioca
A mandioca (Manihot esculenta Crantz) é uma cultura perene de originaria da América tropical,
actualmente com uma ampla difusão mundial, pertencente a família das Euforbiaceas, que compreende
mais de 7200 espécies, como a Jatropha (Jatropha curca) e o rícino (Ricinus communis), entre outras. Em
todo o mundo, a mandioca é maioritariamente cultivada por pequenos agricultores mediante colheita
progressiva e escalonada, segundo a demanda do mercado e necessidades do auto-consumo, para reduzir
os riscos de deterioração fisiológica, e perdas pós-colheita. Depois de colhida, a mandioca é susceptível a
deterioração microbiana e fisiológica, sendo a fisiológica a primeira a ocorrer. A degradação fisiológica pós-
colheita acontece nas primeiras 24 à 48 horas, com os tecidos das raízes a tomarem tons azul-escuro, e é
causada por uma acumulação progressiva de compostos fenólicos, que se polimerizam e formam os
pigmentos azul-escuro, diminuindo drasticamente a sua palatabilidade (WHEATLEY & FERNANDEZ 1983).
Uma das principais limitantes para o aumento do consumo humano da mandioca é a dificuldade da sua
conservação, pois as raízes facilmente se deterioram depois da colheita, tornando-se inseguras para o
consumo, provocando inúmeras perdas do produto colhido (WHEATLEY & FERNANDEZ, 1983). Por esta
razão, este trabalho objectivou avaliar o nível de deterioração fisiológica pós-colheita em 8 variedades de
mandioca com a finalidade de conhecer a susceptibilidade de cada variedade a deterioração e
posteriormente recomendar aos produtores, consumidores e panificadores a optarem por variedades de
deterioração tardia que apresentam menor taxa de perdas pós-colheita. Neste estudo foram utilizados as
seguintes variedades de mandioca: Likonde, MZMG04/540, Macia-1, MZMG04/700, MZMG04/275,
TMS30001, MZMG04/416 e Nikwaha.
De cada variedade, 42 raízes comerciais com diâmetro superior ou igual a 18cm, sem danos mecânicos e
nem sinais de apodrecimento foram seleccionadas. Para o estudo foi usada a porção central da raiz (15cm
de comprimento). As extremidades terminal (1.5cm) e próxima do pedúnculo (1.5cm) foram descartadas
por a primeira apresentar maior quantidade de água e menor conteúdo de matéria seca, e segunda por ser
mais lenhosa. Cobriu-se o lado terminal de cada raiz com uma película de contacto para manter a
humidade relativamente alta evitando assim a dissecação, induzindo o inicio da deterioração fisiológica
pelo extremo oposto. Nestas condições (adequadas para o armazenamento), as raízes foram colocadas
sobre o tampo da mesa, sobre sacos no chão, e sobre um estrado, protegido do sol intenso e térmites,
evitando-se deste modo a contaminação microbiana. A evolução da deterioração fisiológica pós-colheita foi
acompanhada diariamente até aos 7 dias de armazenamento. A avaliação iniciou-se cortando
transversalmente cada raiz a partir do extremo proximal em secções contínuas de 2cm (2, 4, 6, 8, 10, 12 e
14cm), respectivamente. Cada corte se evolui pela superfície proximal assinando valores numéricos de
123
acordo a escala de 0-10, segundo a percentagem da superfície periférica deteriorada que significou, a
superfície com 0% de deterioração não apresenta sinais, 1 a superfície com 10%, 10 que corresponde a
100% de deterioração da superfície. Somente se considerou a área periférica dos cortes já que o centro da
raiz raramente se deteriora.
Os resultados encontrados mostraram que a deterioração fisiológica aumentou com o tempo de
armazenamento. Em media, a variação do índice de deterioração foi de 3.4% no primeiro dia a 42.8% no
sétimo dia. Do terceiro ao quinto dia a deterioração foi mais branda apresentando uma variação pouco
significativa. Em relação as variedades, de forma geral a tendência da deterioração fisiológica foi crescente.
Contudo, as variedades TMS30001 e Likonde apresentaram uma evolução lenta na deterioração fisiológica
das raízes durante o período de armazenamento. Todavia, elas apresentaram deterioração microbiana
muito precoce, resultante do elevado conteúdo de humidade na raiz. As restantes variedades apresentaram
níveis de deterioração fisiológica tendencialmente moderada a rápida. Sendo que as variedades MzMg540,
MzMg275 e Nikwaha mostraram uma tendência de deterioração progressivamente mais rápida. Em termos
de tolerância a deterioração, os resultados permitiram eleger as variedades TMS30001 e Likonde. De
forma geral os resultados encontrados permitiram mostrar que o tempo de armazenamento tolerável com
as menores perdas por deterioração fisiológica pós-colheita é de até 5 dias após a colheita.
Tema 5: Avaliação da concentração de Linamarina, bolores e leveduras na farinha de mandioca
preparada para consumo doméstico nos distritos de Angoche, Memba, Mogincual e Nampula
A mandioca (Manihot esculenta Crantz) é uma importante fonte de carbohidratos na zona norte de
Moçambique. Geralmente é consumida em forma de farinha. O processamento é bastante tradicional e
feito de forma inadequada. Este trabalho teve como objectivo avaliar a concentração de linamarina e de
bolores e leveduras na farinha de mandioca preparada para consumo doméstico em quatro distritos e três
localidades/distrito da província de Nampula, nomeadamente: Aúbe, Namaponda e Nametória (distrito de
Angoche); Nacacana, Liúpo e Naminane (distrito de Mogincual); Miaja, Memba-sede e Tropene (distrito de
Memba) e Namaíta, Rapale e Marere (distrito de Nampula). Para cada distrito as três localidades foram
seleccionadas aleatoriamente. As amostras foram colectadas em 6 casas por localidade e realizados
inquéritos para complementar informação. Foi usado o método de Bradbury (1999) para análise de
124
linamarina ou glicosídio cianogénico, e usou-se meios de cultura para contagem de unidades de formação
de colónias (UFC) para determinar a concentração de bolores e leveduras.
MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi realizado pelo IIAM, PAN – CZnd e contou com a colaboração do Laboratório de Higiene de
Água e de Alimentos - Nampula. Amostras de farinha de mandioca foram colectadas em 72 casas
diferentes nos 4 distritos em estudo (Angoche, Memba, Mogincual e Nampula). Em cada distrito foram
colectadas 18 amostras, sendo uma amostra uma casa escolhida aleatoriamente. A colecta de amostra foi
distribuida por três localidades dentro de cada distrito, sendo: Aúbe, Namaponda e Nametória (Angoche);
Nacacana, Liúpo e Namonane (Mogincual); Miaja, Memba-sede e Tropeneno (Memba) e Namaíta, Rapale
e Marere (Nampula), e colectaram-se 6 amostras por localidade. A recolha de amostra foi complementada
por um inquérito/questionário para abter informação adicional. A análise das amostras baseou-se no
método detalhado no Protocolo B2 descrito por Bradbury (1999). Usou-se meios de cultura e contagem de
unidades de formação de colónias (UFC) para determinar a concentração de bolores e leveduras. Foi feita
ANOVA para testar o efeito da linamarina, bolores e leveduras na farinha de mandioca entre e dentro dos
distritos. Foi usado o teste de Diferença Mínima Significativa (DMS) para comparar as concentrações de
linamarina, bolores e leveduras entre distritos. Usou-se também o diagrama de caixa para verificar a
variação das variáveis em estudo dentro das localidades. A maior parte dos agregados familiares produz a
farinha com a mandioca amarga.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.3. Análise de variância da concentração de linamarina na farinha
Em relação a concentração de linamarina, os resultados da análise de variância (Tabela 4) não mostraram
diferenças estatisticamente significativas (Prob.> 0.05) para os distritos em estudo o que significa que as
famílias dos distritos tendem a processar a mandioca da mesma forma. A mesma análise mostrou
diferenças estatísticamente significativas (Prob.<0.05) entre as localidades quanto a concentração de
linamarina na farinha de mandioca processada para consumo doméstico o que significa que nas
localidades as famílias tendem a apresentar diferentes hábitos culturais de processamento da mandioca.
Quando considerada a concentração de linamarina nas amostras unitárias, ou seja, nas casas dentro das
localidades que fizeram parte de estudo, pode se observar que não houveram diferenças estatisticamente
125
significativas (Prob. > 0.05), mostrando que as famílias rurais vivendo próximas tendem a apresentar
mesmos hábitos culturais de processamento e produção de farinha.
Tabela 6. Resultados da análise de variância da concentração de linamarina Fonte de variação Gl QM Prob.
Distrito 3 49.6 ns 0.1681 Distrito (Localidade) 8 71.6 * 0.0208 Amostra 5 20.9 ns 0.5996 Erro 55 1562.9 Total 71 2388.8 CV (%) = 46.8 * - Indica a existência de diferenças significativas a probalidade < 5%; ns – não significativo a probabilidade > 5% NB: Nesta análise considerou-se apenas farinha de mandioca processada para consumo doméstico em 72 agregados familiares rurais dos distritos em estudo.
4.3.1. Variação de linamarina dentro das localidades
Na Figura 6, apresenta-se um diagrama de caixa que mostra de forma diferencial uma grande variação
observada na concentração de linamarina na farinha de mandioca processada dentro das localidades, com
maior destaque para as localidades de Liúpo, Namaponda e Naminane, o que mostra que nestes locais as
famílias tem processado a mandioca de forma inadequada.
Por exemplo, na localidade de Liúpo, que a presentou uma maior variação de linamarina, a concentração
variou de 7.1 a 35.6 ppm e na localidade de Namaponda a variação foi de 0 a 21 ppm enquanto na
localidade de Aúbe a variação foi mínima (0 a 4.8 ppm) seguida da localidade de Namaíta com uma
concentração de linamarina que variou de 2 a 7.9 ppm.
Por outro lado, pode-se constatar que dentro das localidades de Liúpo, Namaponda, Naminane, Nacacana
e Nametória observaram-se valores máximos de concentração de linamarina acima do recomendado para
o consumo humano, facto que se pode observar claramente na Figura 6 abaixo.
126
Figura 6. Diagrama de caixa representando a variação da concentração de linamarina (ppm) dentro das diferentes localidades em
estudo.
4.4. Análise de variância da concentração de bolores e leveduras na farinha
Os resultados da análise de variância (Tabela 5) mostraram diferenças estatisticamente significativas
(Prob. < 0.05) entre os distritos quanto a concentração de bolores e leveduras na farinha de mandioca
produzida para consumo pelas famílias rurais, o que significa que as famílias nos distritos tebdem a
apresentar diferentes hábitos culturais de conservação da farinha. Ainda em relação aos de bolores e
leverduras, esta análise não mostrou diferenças estatisticamente significativas (Prob. > 0.05) entre as
localidades, na farinha de mandioca analisada.
De igual forma, quando se consideram as amostras unitárias, ou seja, das casas dentro das localidades,
pode-se observar que não houveram diferenças estatisticamente significativas (Prob. > 0.05), mostrando
que as familias rurais vivendo próximas tendem a apresentar mesmos hábitos culturais de armazenamento
da farinha de mandioca produzida (Tabela 5).
Tabela 7. Resultados da análise de variância da concentração de bolores e leveduras Fonte de variação Gl QM Prob.
Distrito 3 143.91* 0.0252 Distrito (Localidade) 8 18.75 ns 0.8934 Amostra 5 38.17 ns 0.4940 Erro 55 42.87 Total 71 CV (%) = 32.88 * - Indica a existência de diferenças significativas a probalidade < 5%; ns – não significativo a probabilidade > 5% NB: Nesta análise considerou-se apenas farinha de mandioca processada para consumo doméstico em 72 agregados familiares rurais dos distritos em estudo.
127
4.4.1. Variação de bolores e leveduras dentro das localidades
Como se pode observar na Figura 7 a concentação de bolores e leveduras também teve grande variação
dentro das localidades, com especial destaque para as localidades de Memba-sede (150 a 1500 UFC/g),
Nacacana (100 a 1050 UFC/g), Namitória (200 a 1100 UFC/g) e Rapale (100 a 1000 UFC/g) que
apresentaram uma maior variação da variável de estudo.
Observou-se menor variação na localidade de Marere (de 100 a 400 UFC/g) e Liúpo sede (450 a 800
UFC/g), o que leva-nos a crer que as famílias nestas duas últimas localidades consomem farinha com
menos contaminação de bolores e leveduras, embora em termos de contaminação microbiológica a farinha
de todas as localidades se enquadre dentro do parâmetro decomendado para o consumo humano.
Figura 7. Diagrama de caixa descrevendo a variação da concentração de bolores e leveduras (UFC/g) dentro das diferentes
localidades de estudo.
4.5. Comparação da concentração de linamarina nos distritos de estudo
Os resultados do teste de DMS (Tabela 8), indicaram que, em relação a concentração de linamarina, as
diferenças não são estatisticamente significativas ao comparar-se a farinha processada nos distritos de
Mogincual, Angoche e Nampula. O mesmo acontece ao comparar-se a farinha dos distritos de Angoche,
Nampula e Memba.
128
Porém, nota-se que existe uma diferença em termos da concentração de linamarina encontrada na farinha
de mandioca processada pelas famílias rurais nos distritos de Mogincual e Memba.
Tabela 8: Comparação da concentração de linamarina na farinha de mandioca colhida dos distritos
Distrito Média (ppm)
Mogincual 7.0 a
Angoche 4.7 ab
Nampula 3.9 ab
Memba 3.2 b
DMS 3.6
CV 46.8 Valores na tabela, seguidos duma mesma letra miníscula não são estatisticamente diferentes pelo teste de DMS à 5%.
O distrito de Memba caracterizou-se com uma baixa concentração de linamarina na farinha de mandioca
processada pelas comunidades rurais quando comparado com os restantes distritos.
Observou-se maior concentração de linamarina no distrito de Mogincual seguido de Angoche. Esta
constatação vai de acordo com Ernesto et al., (2002) e Mirione et al., (2005) que em estudos anteriores
constataram que o distrito de Mogincual caracterizava-se pela prevalência do Konzo (Neuropatia tropical),
doença ocasionada pelo consumo de mandioca e seus derivados com elevada concentração de glicosídios
cianogênicos.
Contudo, os resultados permitiram constatar que as famílias residentes nas áreas rurais dos distritos de
estudo produzem farinha de mandioca contendo certa quantidade de linamarina. Todavia, como ja era de
se esperar, estes distritos apresentam um comportamento diferente um do outro em relação a
concentração constatada na farinha colectada e analisada.
4.6. Comparação da concentração de bolores e leveduras nos distritos
Dos resultados obtidos do teste de DMS (Tabela 9), tal como o estudo previa, constatou-se que existem
diferenças estatisticamente significativas entre os distritos de Nampula e Angoche em relação a
concentração de bolores e leveduras na farinha produzidada para consumo doméstico pelas famílias rurais.
O mesmo acontece ao comparar-se a farinha de mandioca dos distritos de Nampula e Mogincual.
Por outro lado, ainda em termos de concentração bolores e leveduras, os distritos de Angoche, Mogincual e
Memba não se mostraram estatísticamente diferentes ao serem comparados entre si. O mesmo se
constatou para os distritos de Memba e Nampula.
129
Tabela 9: Comparação de bolores e leveduras na farinha de mandioca colhida nos diferentes distritos Distrito Média
Angoche 530.56 a
Mogincual 508.33 a
Memba 419.44 ab
Nampula 300.00 b
DMS 190.14
CV 32.88
Valores na tabela, seguidos duma mesma letra miníscula não são estatisticamente diferentes pelo teste de DMS à 5%.
Os distritos de Angoche e Mogincual caracterizaram-se por apresentar maior concentração de bolores
leveduras, enquanto nos distritos de Memba e Nampula as contagens mantiveram-se baixas.
Portanto, em relação a contaminação por bolores e leveduras a farinha processada pelas famílias responde
as normas recomendadas pelo LHAA, entre 102 – 104 UFC/g. Contudo, estes níveis ainda não são
totalmente seguros, pois que, com o passar do tempo e dependendo das condições ambientais em que a
farinha é submetida ao armazenamento, tais como higiene e temperatura inadequada, entre outros, a
concentração de bolores e leveduras pode aumentar (Sant’Anna e Miranda, 2004).
4.7. Situação de bolores e leveduras e de linamarina nos distritos
Os resultados deste estudo indicam que a contagem média de linamarina assim como de bolores e
leveduras nos distritos revelou-se dentro das normas vigentes da FAO/WHO e do Laboratório Nacional de
Higiene de Águas e de Alimentos, respectivamente (<10 ppm de linamarina e 102-104 UCF/g de bolores e
leveduras).
Os distritos de Angoche (4.7 ppm e 530.6 UFC/g) e Mogincual (7 ppm e 508.3 UFC/g) apresentaram maior
concentração de linamarina assim como de bolores e leveduras na farinha de mandioca colectada e
analisada. Desta forma, estes podem ser considerados os distritos mais problemáticos dentre os 4 distritos
submetidos ao estudo em termos de concentração de linamarina, bolores e leveduras na farinha produzida
e consumida pelas comunidades rurais.
Observou-se menor concentração de linamarina assim como de bolores e leveduras na farinha de
mandioca colectada nos distritos de Memba e Nampula, com cerca de 3.2 ppm e 3.9 ppm, e de 300 UFC/g
e 419.4 UFC/g, respectivamente, tal como se pode observar na Figura 8.
130
Figura 8. Avaliação da situação da concentração de bolores e leveduras e de linamarina nos diferentes distritos de estudo.
Portanto, tal como o estudo previa, existe uma variação da concentração de linamarina assim como de
bolores e leveduras constatada em análises feitas na farinha de mandioca colectada no sector familiar dos
distritos alvo de estudo, resultante do processamento doméstico da mandioca.
4.8. Situação de bolores e leveduras e de linamarina nas localidades
Na Figura 9 abaixo, apresentam-se as frequências de concentração de linamarina e de bolores e leveduras
em farinha de mandioca processada para consumo doméstico pelas famílias nas diferentes localidades dos
distritos submetidos ao estudo.
Portanto, pode-se observar que existe uma variação em termos de concentração de linamarina assim como
das UFC de bolores e leveduras na farinha de mandioca processada nas diferentes localidades parte do
estudo (Figura 9).
131
Figura 9. Gráfico de avaliação da situação de bolores e leveduras e de linamarina nas localidades submetidas ao estudo
Concentração de linamarina nas diferentes localidades
Na Figura 9 acima, pode-se observar claramente que a localidade de Liúpo (14.3 ppm), isolando-se das
restantes localidades, apresentou uma concentração média de linamarina acima do recomendado para o
consumo humano na farinha analisada. De recordar que esta localidade pertence ao distrito de Mogincual
que em media registou maior concentração de linamarina.
Portanto, este facto, constitui perigo para saúde dos habitantes desta região, podendo concorrer para
registo de casos de Konzo ja anteriormente reportados por Ernesto et al. (2002) e Mirione et al. (2005). Por
outro lado, a persistência do problema particular requer imediata atenção por parte das entidades
competentes no sentido a reverte-se este cenário indesejado.
As localidades menos problemáticas em termos concentração de linamarina constatada na farinha de
mandioca preparada para o consumo foram: Aúbe (1.5 ppm), Memba-sede (2.6 ppm) e Nacacana (2.8
ppm).
Concentração de bolores e leveduras nas diferentes localidades
Em relação aos bolores e leveduras, os resultados deste estudo (Figura 9) agrupam as localidades em 3
categorias, sendo uma caracterizada por localidades com menores contagens (Marere, Namaíta e
Tropene), outra por localidades com valores intermédios (Rapale, Naminane e Miaja) e a terceira por
localidades com maiores contagens de bolores e leveduras na farinha de mandioca produzida pelas
famílias rurais (Nacacana, Namaponda, Nametória, Memba-sede, Aúbe e Liupo).
132
Foi registada maior concentração microbiologica nas localidades de Nacacana (575 UFC/g), Namaponda
(541,7 UFC/g) e Liúpo (541,7 UFC/g), estando estas localidades a concorrer para o perigo de
contaminação. Observouse menor concentração nas localidades de Marere (216,7 UFC/g), Namaíta (291,7
UFC/g) e Tropene (333.3 UFC/g), facto que se pode observar na Figura 11.
Portanto, os resultados deste estudo indicam a existência de baixa contagem de bolores e leveduras em
toda a farinha de mandioca analisada. Embora isso, estas contagem não se podem considerar totalmente
seguras, pois, podem subir gradualmente e concorrer para o perigo em casos de conservação de
conservação da farinha em condições precárias.
Segundo Brandão (2007), a baixa actividade microbiológica pode ser atribuída a dois factores: a baixa
contaminação das amostras durante o processamento, manipulação e armazenamento e as condições
pouco favoráveis das amostras para o desenvolvimento dos microorganismos em questão.
5. Conclusao
A maior parte das familias consomem farinha com baixa concentração de linamarina, bolores e leveduras.
Foi observada variação significativa entre os distritos e dentro das localidades quanto a concentração de
linamarina, bolores e leveduras na farinha de mandioca processada. Os distritos de Angoche e Mogincual
apresentaram resultados criticos de concentração de linamarina, bolores e leveduras na farinha de
mandioca consumida pela familias rurais na area de estudo.
Tema 6: Avaliação sensorial e bioquímica de farinhas resultante de misturas de farinha de mandioca
e milho em diferentes proporções (Em curso)
Actualmente, em muitos países, principalmente em via de desenvolvimento tem aumentado
consideravelmente a preocupação com alimentação balanceada, facto que tem levado pesquisadores a
aumentar interesse por alimentos enriquecidos, que proporcionam maior valor nutritivo (Oliveira et al.,
2001). Na região norte de Moçambique a farinha de mandioca é a base da dieta alimentar, comercializada
e armazenada maioritariamente em forma de makaka pelos pequenos produtores e comerciantes. Em
algumas regioes do interior do país, por exemplo, Ribaue, Malema, Alto-Molocue, Angonia, etc., a farinha
de mandioca é consumida misturada a farinha de milho em proporçoes desconhecida. O uso de farinhas
compostas para alimentacao visa reforçar a dieta alimentar sobretudo da criança. Portanto, com a adicao
de farinha de milho na de mandioca, pode-se proporcionar melhoria em proteínas, conteudo de fósforo,
cálcio, vitaminas D e E, requeridos pelo organismo no processo de desenvolvimento e crescimento humano
133
(de Araújo 2005). A maior parte de estudos realizados com farinhas compostas estão relacionados à
panificação, razão pela qual, existe muita informações sobre misturas de farinhas de trigo e mandioca.
(FAO, 2009), embora tambem encontram-se estudos com farinhas compostas de milho e soja (Ascheri,
2005). Com esse propósito, está em curso uma pesquisa de mistura de farinhas de mandioca e de milho
com objectivo de determinar uma proporção óptima da mistura e testar a qualidade alimentar e nutricional
do produto final, através de testes de aceitabilidade e de preferência em diferentes regiões da província de
Nampula (Ribaué – no interior, Meconta – zona intermédia, Nampula-Rapale e Mossuril – no litoral).
Pretende-se com a pesquisa, propor experimentalmente um novo produto que seja alternativo e de
qualidade aceitável para consumo, e também contribuir na promoção de iniciativas de agro-processamento
e novas formas de uso e consumo da mandioca.
A pesquisa esta em curso com objectivo de avaliar sensorial e nutricionalmente diferentes
proporcoes de farinha composta de mandioca e milho, com finalidade de testar a preferência e
aceitabilidade de 11 amostras de farinha composta de mandioca e milho, em associacoes de produtores
dos distritos de Ribaue, Meconta e Nampula, comparar o valor nutricional das diferentes proporcoes de
farinha composta através de análises bioquímicas, e identificar vantagens económicas do uso das
diferentes proporcoes de farinha composta. Prevê-se que as diferentes proporções de mistura de
farinhas apresentem uma boa qualidade nutricional para o consumo humano, espera-se que pelo menos
três amostras do universo das diferentes proporções de mistura de farinha sejam aceites pelos
consumidores, e que hajam vantagens económicas em termos de custos de aquisição do produto trazendo
benefícios aos consumidores.
Metodologia
A pesquisa está em curso nos 4 distritos indicados anteriormente, distritos estes que constituem as
repetições do experimento. Para permitir que os resultados sejam abrangentes os distritos foram
subdivididos em 2 sub-locais onde em cada um deles foi definido um numero de 15 provadores, totalizando
30 em cada distrito. Assim tem-se em Ribaué a associação de produtores de Chicá e Namigonha, em
Meconta, em Mossuril a associação de produtores de Munda e Sanhote e em Nampula-Rapale a
associação de produtores de Mutivase e Kalima. A base para a selecção destes distritos para testar o
produto em termos de aceitabilidade e preferência foi o predomínio do consumo de cereais (farinha de
milho e mapira) no interior e na zona intermédia em relação a farinha de mandioca que é maioritariamente
consumida no litoral (TIA, 2006), de modo a obter uma resposta mais coerente para uma melhor
formulação da recomendação segundo os hábitos alimentares de cada região.
134
A farinha de mandioca foi obtida da raspa de mandioca produzida segundo a metodologia de
processamento manual da mandioca, que iniciou com a lavagem das raízes em água potável, seguida do
descasque manual com ajuda de uma faca, e passando pela raspagem com ajuda de um raspador manual.
A raspa obtida foi seca primeiro ao sol para diminuir a humidade e depois em estufa a uma temperatura
entre 45 a 50°C durante 25 horas para a secagem total. O processamento foi feito imediatamente após a
colheita das raízes, para evitar o processo de degradação fisiológica da raíz e consequentemente perda de
qualidade da farinha. Completada a quantidade necessária seguiu-se a moagem da raspa numa moageira
localizada nos arredores da cidade de Nampula.
A formulação da mistura das farinhas de milho e de mandioca foi feita em diferentes proporções, sendo 0,
10, 20, 30, 40, 50, 60, 70, 80, 90, e 100%, estas proporções constituíram os tratamentos a testar durante a
pesquisa. Cada amostra foi codificada de 001 a 011 com peso igual a 1 kg, e metade dessa amostra é
usada em cada sub-local. A formulação foi feita no PAN no sector de raízes e tubérculos. Cada uma das 11
amostras foi submetida a análises bioquímicas para avaliar o conteúdo nutricional em termos de proteínas,
vitaminas, carbohidratos, teor de amido, fibras alimentares, ácido fólico, cinzas e minerais essenciais (como
ferro, selénio, potássio, fósforo, cálcio e zinco). As análises foram realizadas no hospital central de Maputo,
no laboratório de higiene e alimentos.
Para a análise sensorial serão seleccionados, aleatoriamente, 30 provadores não treinados, por local. Os
provadores receberam as 11 amostras da massa em pratos plásticos codificados aleatoriamente, um copo
de água, caneta e ficha de avaliação para o registo das observações. Estes serão instruídos a
preencherem a ficha, avaliando os produtos nos atributos de sabor, aroma, plasticidade, consistência da
massa e aceitação global, de acordo com a escala hedônica estruturada de 5 e 3 pontos. O processo de
preparação da massa para a avaliação sensorial será em fases, onde cada amostra poderá ser provada de
15 em 15 minutos para permitir que os provadores tenham tempo suficiente para preencher a ficha com
segurança de modo a reduzir o erro de se puder confundir/misturar a palatibilidade e confundir as
características de cada amostra, enquanto se preparam para provar a amostra a seguir.
A ordem de preferência será avaliada classificando cada amostra com uma nota (de 0 a 10 valores), sendo
a amostra que obter nota máxima considerada como a melhor e a que tiver nota mínima será considerada
a pior e menos preferida. Para a aceitabilidade será usado o atributo de aceitação global. Consoante a
significância destes dois parâmetros, eles serão usados para recomendar ou não o uso das amostras
segundo os hábitos alimentares de cada local. Para o atributo intenção de compra, será aplicada a escala
estruturada de 6 pontos na qual a nota 6 representará a nota máxima “certamente compraria” e 1 a nota
mínima “certamente não compraria”.
135
Tema 9: Avaliação da relação entre a área foliar e acúmulo da matéria-seca em variedades de batata-
doce
A batata-doce (Ipomoea batatas L.), espécie nativa da América Central, é considerada uma das culturas
alimentícias de maior valor nos trópicos e sub trópicos, por ser fonte de calorias e apresentar alto conteúdo
em vitaminas e minerais. É utilizada na alimentação humana por meio do consumo de suas raízes, sendo a
décima cultura mais consumida em Moçambique. É considerada uma cultura rústica por ser de fácil
manutenção, apresentar boa resistência a seca, ampla adaptação, pouca resposta à aplicação de
fertilizantes, custo de produção relativamente baixo, com investimentos mínimos e retorno elevado, e com
capacidade de crescer em solos pobres e degradados (VASCONCELOS, 1998). A cultura de batata-doce
possui a maior eficiência na captação da energia solar entre as culturas utilizadas na alimentação,
principalmente por causa de sua grande capacidade de produzir matéria seca por um longo período de
tempo (Hahn,1977). A matéria seca total, geralmente, pode ser aplicada para definir a produção. Os
principais factores responsáveis pela produção de matéria seca são a área foliar (L), a taxa assimilatória
líquida (Ea) e a radiação solar incidente (MONTEITH, 1969). A taxa de produção de matéria seca de uma
cultura pode ser expressa pelo produto da área foliar pela taxa assimilatória líquida. Dos factores, a área
foliar é, em geral, o mais importante, porque a variação na produção de matéria seca está associada,
principalmente, com a variação na área foliar. À medida que aumenta o índice de área foliar, a absorção de
luz e a taxa de produção de matéria seca também aumentam, embora o índice de área foliar óptimo varie
de acordo com a espécie, cultivar e estação do ano (LOOMIS & WILLIAMS, 1963). As raízes tuberosas
compreendem uma alta proporção do total de massa seca, o aumento na matéria seca total tem uma
relação directa com o rendimento das raízes tuberosas. Portanto, a produtividade das raízes tuberosas é,
principalmente, uma função do acúmulo da matéria seca (HAHN, 1977). Por essa razão, está em curso
uma pesquisa experimental com objectivo de avaliar a relação entre a área foliar e acumulo da matéria
seca em variedades de Batata-doce em três épocas de colheita, nas condições do Posto Agronómico de
Nampula.
O experimento foi estabelecido em Janeiro de 2009 no posto agronómico de Nampula, seguindo o
delineamento experimental de blocos completos casualizados em esquema factorial, constituído por seis
variedades, três épocas de colheita, aos 90, 120 e 150 dias depois da plantação, e três repetições. As
ramas foram plantadas com espaçamento de 0,90 cm entre linhas e 0,25 cm entre plantas na linha. Em
cada parcela de 5.4m2 representando uma época de colheita, cada variedade foi disposta em uma linha
única de 6 m composta de 24 plantas, sendo 22 de interesse e 2 de bordadura, totalizando 144 plantas por
parcela, protegidas por 2 linhas de bordadura. Para o experimento foram usadas as variedades Resisto,
Gaba-gaba, Batata, Tainung-64, Jonathan e uma variedade local maioritariamente cultiva por pequenos
136
produtores da periferia da estacão. Durante cinco meses serão feitas colectas mensais da área foliar em
três plantas por variedade aleatoriamente seleccionadas.
Em cada época de colheita, será registado o numero e peso de raízes, previamente classificadas em
comerciais e não-comerciais, e o peso da massa foliar (rama) por variedade. A matéria seca será
determinada por meio de secagem do material em estufa a 70°C, até atingir massa constante. O índice de
colheita será determinado como a razão entre a parte económica útil e a parte biológica total (biomassa).
Os dados do conteúdo de matéria seca, tamanho das folhas (área foliar), rendimento comercial e total de
raízes, peso médio de raízes, e índice de colheita, serão submetidos a analise de variância (ANOVA), e
teste de duncan a 5% de probabilidade para comparação das médias com recurso do pacote estatístico
SAS V.9.1. Será feita também a análise de regressão para identificar a época ideal que proporciona
elevado conteúdo de matéria-seca.
6. TREINAMENTOS E CURSOS BENEFICIADOS
Durante a campanha 2007/08, os técnicos do sector de raízes e tubérculos beneficiaram de
treinamentos/cursos de curta duração em diferentes áreas de pesquisa e em diferentes países de África e
Europa. Na tabela 15 estão indicados os técnicos treinados, as áreas de pesquisa e os objectivos dos
respectivos cursos/treinamentos.
Nome Local / País Período / Duração Áreas de concentração: Objectivos
Jamisse Amisse
Tanzânia Março –
— Maneio Integrado de Pragas e
Doenças;
— Maneio e monitoria de campos
de multiplicação.
— Harmonização de metodologias para
levantamento de pragas e doenças e
monitoria de campos de multiplicação
de mandioca;
— Consertação da produção de
manuais de maneio integrado de
pragas da mandioca.
Quénia Agosto – Setembro — Análise de dados moleculares ?
Constantino Cuambe Tanzânia Março –
— Maneio Integrado de Pragas e
Doenças;
— Maneio e monitoria de campos
— Harmonização de metodologias para
levantamento de pragas e doenças e
monitoria de campos de multiplicação
Tabela 21. Cursos e treinamentos beneficiados pelos técnicos do sector de raízes e tubérculos durante a campanha 2007 – 2008.
137
de multiplicação. de mandioca;
— Consertação da produção de
manuais de maneio integrado de
pragas da mandioca.
Matoso Avijala Suécia ? – Agosto — Recursos Fitogenéticos. — Gestão de recursos fitogenéticos.
Rita Valentim Majonda África do Sul ? ? ?
SEMENTE F1 Ordem Mãe Pai Nº de sementes Origem
1 TMS30001 Mz89186 2 PAN 2 TMS30001 Mulaleia 6 PAN 4 Mz89001 TMS30001 40 PAN 5 Mz89001 Mz89186 73 PAN 6 Mz89186 K.Máfia 6 PAN 7 Mz89186 Mulaleia 50 PAN 8 Mz89186 Mz89001 18 PAN 9 Mz89186 Macia1 63 PAN 10 Mz89186 TMS30001 188 PAN 12 Macia1 TMS30001 35 PAN 13 Macia1 Mz89001 31 PAN 14 Macia1 Mulaleia 28 PAN 17 MzMu 03/407 TMS30001 44 PAN 18 Nachinyaya TMS30001 25 PAN 19 Nachinyaya Macia1 13 PAN 20 Nikwaha TMS30001 15 PAN 21 Mulaleia Macia1 56 PAN 22 Mulaleia Mz89001 28 PAN 24 Mulaleia Kigoma-Máfia 14 PAN
Anexo 1: Semente F1, S1, S2 e F2 (half-sib) de mandioca produzida na campanha 2007/2008 no bloco de cruzamentos (PAN).
138
25 Mulaleia TMS30001 122 PAN 26 IMM 30025 PAN78 62 PAN 27 PAN78 TMS30001 15 PAN 28 Munhaça Mz89186 11 PAN
Sub total 945 SEMENTE F1
Ordem Família Nº de sementes PAN MZ89186 851 PAN 2 MZMG03/407 87 PAN 3 Baadge 23 PAN 4 Glaziove 31 PAN 5 PAN78 1800 PAN 6 T14(1808) 25 PAN 7 MZ89001 539 PAN 8 Nxinongole 997 PAN 9 LML/2000/2024 83 PAN 10 Macia1 1281 PAN 11 IMM30025 1410 PAN 12 Mulaleia 7366 PAN 13 Nachinyaya 144 PAN 14 Munhaça 37 PAN 15 TMS30001 2082 PAN 16 Mocuba 83 PAN 17 Likonde 4294 PAN 18 Kigoma-Máfia 31 PAN 19 Nikwaha 266 PAN
SubTotal 21430
SEMENTE S1 Ordem Mãe Pai Nº de sementes PAN
3 Mz89001 Mz89001 62 PAN 11 Mz89186 Mz89186 53 PAN 15 Macia1 Macia1 14 PAN 16 Nxinongole Nxinongole 17 PAN 23 Mulaleia Mulaleia 135 PAN
Sub Total 281 SEMENTE S1
Ordem Família Nº de sementes PAN 1 T6 = (Kigoma-Máfia x Kigoma-Máfia) 397 PAN 2 T24 = (IMM30025 x IMM30025) 119 PAN 3 T121954 = (Mulaleia x Mulaleia) 993 PAN 4 T181808 = (Mz89001 x Mz89001) 343 PAN 5 T18 = (Mz89001 x Mz89001) 2356 PAN 6 T61803 = (Kigoma-Máfia x Kigoma-Máfia) 262 PAN 7 T301831 = (Macia1 x Macia1) 721 PAN 8 T301832 = (Macia1 x Macia1) 875 PAN
139
9 T121600 =((Mulaleia x Mulaleia) 2095 PAN 10 T181821 = (Mz89001 x Mz89001) 294 PAN 11 T181809 = (Mz89001 x Mz89001) 119 PAN 12 T181816 = (Mz89001 x Mz89001) 184 PAN
Sub total 8758 Ordem SEMENTE S2 Nº de sementes PAN
1 T301832 = (Macia1 x Macia1) T301831 = (Macia1 x Macia1) 174 PAN 2 T301831= (Macia1 x Macia1) T301832 = (Macia1 x Macia1) 8 PAN 3 T121600 = (Mulaleia x Mulaleia) T121600 =((Mulaleia x Mulaleia) 153 PAN 4 T121954 = (Mulaleia x Mulaeia) T121954 = (Mulaleia x Mulaeia) 131 PAN 5 T61802 = (Kigoma-Máfia x Kigoma-Máfia) T61802 = (Kigoma-Máfia x Kigoma-Máfia) 8 PAN 6 T61802 = (Kigoma-Máfia x Kigoma-Máfia) T61802 = (Kigoma-Máfia x Kigoma-Máfia) 31 PAN 7 T24 = (IMM30025 xIMM30025) T24 = (IMM30025 xIMM30025) 30 PAN T18=(Mz89001x Mz89001) T18=(Mz89001x Mz89001) 338 Sub total 873 PAN
Ordem SEMENTE F2 (half sib)
Família Nº de sementes Mogincual 1 MzMg 04/1728 249 Mogincual 2 MzMg 04/1840 140 Mogincual 3 MzMg 04/1756 96 Mogincual 4 MzMg 04/1896 31 Mogincual 5 MzMg 04/1856 3303 Mogincual 6 MzMg 04/1524 885 Mogincual 7 MzMg 04/1891 425 Mogincual 8 MzMg 04/1177 114 Mogincual 9 MzMg 04/1627 152 Mogincual 10 MzMg 04/1750 39 Mogincual 11 MzMg 04/1937 409 Mogincual 12 MzMg 04/1833 62 Mogincual 13 MzMg 04/1612 87 Mogincual 14 MzMg 04/1754 218 Mogincual 15 Mz94003-4(IITA) 1457 Mogincual 16 Mulaleia x Mulaleia 17 Mogincual 17 T17 =(Mz89001 x Mulaleia) 299 PAN 18 T41833 197 PAN 19 T23 = (IMM30025 xMz89001) 40 PAN 20 T26 = (Macia1 xMz89001) 27 PAN 21 T27 = (Macia1 x Mulaleia) 27 PAN 22 T141808 = (Mulaleia x IMM30025) 25 PAN 23 T271879 = (Macia1 x Mulaleia) 73 PAN 17 Sub total 8372 TOTAL 40.668
140
SECTOR DE CEREAIS
Eng. Fagema, O. Taxi, J. Curumula e T. Helena
O sector de cereais na campanha agricola em alusäo era constituido por dois engenheiros agronomos, um tecnico medio, um tecnico basico e uma tecnica elementar. Duma forma geral, as actividades do sector decorreram sem grandes sobressaltos doravante a escassez de recursos financeiros para alem do desembolso tardio. As actividades compreenderam ensaios on-farm e on-station. Os ensaios de milho foram conduzidos em coordenação com CIMMYT e o Programa nacional do milho do IIAM. Do Departamento de sementes da Direcção Nacional da Agricultura o sector conduziu um ensaio de variedades de milho ( VCU) propostas para libertação cujos resultados nao estão em nosso poder. Resultados dos ensaios do CIMMYT Ensaio de População de milho de maturação precoce Composto de 48 variedades introduzidas e uma testemunha, o ensaio tinha como objectivo avaliar o performance de variedades precoces nas condições do Posto Agronomico de Nampula em ambiente de stress hidrico, baixo nivel de nitrogeneo e baixo pH. O tratamento WP0713 ( T29 ) apresentou o maior rendimento de cerca de 4,60 t/ha contra uma media do ensaio de 3,31t/ha.
141
Trial: EPOP08 Site: 16 Location: Nampula Country: Mozambique MegaEnv: Management:
Planting: 28 Dec 2007 Season: Main PlotSize: 8.4 Harvest: 5/20/2008 Collaborator: Fagema e Taxi BreedingProgram: IIAM
Entry Name Pedigree t/ha t/ha Rank d d
mGrainYieldTons_GrainWt mGrainYieldTons_FieldWt mAnthesisDate mASI
1 ZM525 02SADVE-#-# 3.96 3.67 8 55.4 1.6
2 ZM523 ZM523-# 3.00 3.08 34 57.8 0.9
3 ZM423 ZM423-# 3.06 3.45 31 56.6 1.4
4 ZM421-IR [ZM421/BULK (AMSECA/465/ZEW(A)-SRF2-B)/ZIM421-#](BC1)F1-# 2.36 2.25 48 60.6 1.2
5 Strigoff-209 ECA-STRIGOFF-VE-209 2.46 2.84 47 57.6 1.6
6 Strigoff-210 ECA-STRIGOFF-VE-210 2.16 2.17 49 55.6 1.8
7 Strigoff-214 ECA-STRIGOFF-VE-214 3.06 3.02 30 56.2 1.6
8 Strigoff-216 ECA-STRIGOFF-VE-216 2.63 2.62 45 58.7 0.8
9 ZEWASR-IR ZEWASR-IR 2.81 2.88 41 54.2 2.3
10 ZM309 VP047 2.80 2.73 42 54.1 0.8
11 VP05181 [ZEWBc1F2/99SADVEA-F2]F2-# 3.74 3.68 12 57.9 1.1
12 VP05120 [P401,P402,ZEWAc1F2L/ZEWBc1F2//P401,P402,ZEWBc1F2L/ZEWAc1F2] 2.67 2.72 44 55.3 1.7
13 VP041 VP041-# 3.28 3.28 23 54.1 2.1
14 VP05119 [P401,P402,ZEWBc1F2L/ZEWAc1F2P]-# 3.43 3.33 17 56.6 1.5
15 VP05118 P401,P402,ZEWAc1F2L/ZEWBc1F2P 2.90 2.95 39 54.4 2.1
16 VP05113 [ZEWAc1F2L/ZEWBc1F2P]-# 2.96 2.82 35 54.9 4.6
17 ZM401 Syn01E2 3.41 3.20 18 58.1 1.1
18 VP0610 [Syn04111H#-# 3.10 3.25 28 57.4 2.4
19 VP0611 [Syn0412]H#-# 3.26 3.28 24 56.2 1.2
20 VP05191 Syn051 3.20 3.24 27 54.1 0.9
21 VP075 (VP041/G16NSeqC4)F2 2.94 2.78 36 57.6 2.1
22 VP076 (VP046/G16BNSeqC4)F2 3.62 3.55 14 54.4 1.1
23 VP077 (VP047/G16BNSeqC4)F2 3.21 3.08 26 53.2 0.2
24 VP078 (Syn01E2/G16BNSeqC4)F2 3.74 3.45 13 56.2 0.8
25 VP079 (VP041/DTPWC9)F2 3.89 3.87 10 52.6 0.9
142
26 VP0710 (VP046/DTPWC9)F2 4.43 4.28 2 57.9 1.4
27 VP0711 (VP047/DTPWC9)F2 3.22 3.25 25 57.1 2.0
28 VP0712 (Syn01E2/DTPWC9)F2 3.32 3.25 21 55.0 1.4
29 VP0713 (VP041/LaPostaSeqC8)F2 4.60 4.43 1 52.9 2.2
30 VP0714 (VP046/LaPostaSeqC8)F2 3.97 3.86 7 56.2 1.2
31 VP0715 (VP047/LaPostaSeqC8)F2 2.93 3.09 38 56.0 1.4
32 VP0716 (Syn01E2/LaPostaSeqC8)F2 3.54 3.45 15 56.9 0.9
33 VP0717 (Syn01E2/VP047)F2 3.03 3.14 32 57.0 1.7
34 VP0718 (VP041/03SADVI)F2 4.41 4.34 3 56.5 1.4
35 VP0719 (VP046/03SADVI)F2 2.80 2.92 43 58.0 1.7
36 VP0720 (VP047/03SADVI)F2 4.19 4.09 5 56.9 -0.1
37 VP0721 Syn01E2/03SADV1)F2 3.50 3.48 16 51.8 2.7
38 VP0722 (V032/03SADVI)F2 3.10 3.09 29 55.9 0.7
39 VP0728 VHTB06AcSyn 4.22 3.91 4 54.4 1.1
40 VP0729 VHTA06AcSyn 3.92 3.84 9 58.1 1.3
41 VP0730 VHTA06DTSyn 3.88 3.91 11 56.3 0.9
42 VP0731 VHTB06DTSyn 3.40 3.21 19 56.3 0.1
43 VP0735 VHTC06AcSyn 3.29 3.22 22 58.9 1.2
44 VP0737 ([Obatanpa/ZEADIPLOSYNW-1/ZEADIPLOSYNW-1]/S99TLWQAB)F2 2.61 2.58 46 56.7 1.0
45 VP0740 ([Obatanpa/ZEADIPLOSYNW-1/ZEADIPLOSYNW-1]/S99TLWQB)F2 3.03 3.12 33 58.9 1.3
46 VP0736 ([Obatanpa/TZLCOMP1SYNW-1/TZLCOMPISYNW-1]/S99TLWQAB)F2 4.15 4.15 6 55.3 2.1
47 VP0738 ([Obatanpa/IWDC2SYNF2/IWDC2SYNF2]/S99TLWQAB)F2 3.38 3.40 20 58.2 1.4
48 07SADVE 07SADV1A/07SADV1B-# 2.82 2.82 40 55.0 1.0
49 Matuba Matuba 2.93 2.94 37 59.8 31.1
Mean 3.31 3.28 25 56.2 2.0
LSD (0.05) 1.02 0.92 14 5.3 11.9
MSe 1.08 1.06 15.3 51.8
CV 31.40 31.41 7.0 357.9
p 0.000 0.000 0.442 0.412
143
p *** *** ns ns
Min 2.16 2.17 1 51.8 -0.1
Max 4.60 4.43 49 60.6 31.1
NumSignificantSites 1 1 0 0
Error df 96 96 96 96
NumReps 3 3 3 3
Correlation(AugmentedDesign)
TrialMeanExcludingChecks MeanOfChecks StandardError 0.51 0.46 2.7 5.9
Lower Limit 0.00 0.00 50.0 -5.0
Upper Limit 15.00 15.00 110.0 30.0
SitesUsedForComputingMean
144
Ensaio de Hibridos de maturaçäo intermedia a tardia ( ILHYB 08) Composto por 42 variedades o ensaio pretendia avaliar material proveniente do Zimbabwe, da Africa de Sul, da Zambia, do Kenia nas condiçöes supra citadas do Posto Agronomico de Nampula. O tratamento 34, proveniente do Zimbabwe ( cgiar ) apresentou o rendimento maximo (7,18t/ha) com uma media do ensaio de 5,53 toneladas por ha e um minimo de 2.17 ton/ha.
145
Trial: ILHYB08 Site: 10 Location: Nampula Country: Mozambique MegaEnv: Management: Rainfail Planting: 2 Jan 2008 Season: Main PlotSize: 8.4 Harvest: 6/9/2008 Collaborator: E. Fagema e Taxi BreedingProgram: IIAM Entry Name Pedigree t/ha t/ha Rank d d
mGrainYieldTons_GrainWt mGrainYieldTons_FieldWt mAnthesisDate mASI
1 PRESTINE EV1 PRESTINE EV1 6.30 6.12 8 57.7 3.0
2 PRESTINE EV2 PRESTINE EV2 5.20 5.13 28 57.7 3.3
3 PAN 8M-91 PAN 8M-91 5.34 5.35 25 62.7 3.0
4 ZMS 602 ZMS 602 5.23 5.21 27 59.7 4.0
5 ZMS 623 ZMS 623 5.20 5.33 28 62.0 3.3
6 ZMS 638 ZMS 638 5.78 5.89 18 58.0 3.3
7 ZMS 652 ZMS 652 6.29 5.95 9 59.3 3.0
8 ZMS 720 ZMS 720 4.89 4.70 35 63.0 2.3
9 WH 302 WH 302 5.08 5.20 33 60.3 4.0
10 WH 504 WH 504 5.93 5.95 16 59.7 4.7
11 WH 505 WH 505 6.45 5.91 6 101.3 -36.0
12 30V53 30V53 5.34 5.57 26 61.0 2.0
13 30G19 30G19 5.64 5.64 21 59.0 3.3
14 SC635 SC635 5.65 5.31 20 58.0 5.3
15 SC637 SC637 5.19 5.42 30 62.0 3.0
16 SC 719 SC 719 7.10 7.09 2 61.0 3.3
17 SC721 SC721 4.42 4.27 39 61.7 3.7
18 CZH0623 CML444/CZL00003//CZL03014 6.05 5.94 14 57.7 4.7
19 CZH054 CML312/CML443//CZL052 6.51 6.53 3 56.7 3.3
20 CZH0631 CML444/CML395//CZL0619 4.49 4.59 38 59.0 3.7
21 CZH04007 CML489/CML444//CZL04006 5.12 5.00 32 58.0 4.7
22 CZH059 CML442/CML445//CZL052 4.96 4.89 34 57.3 3.0
23 CZH0511 CML444/CML445//CZL054 6.27 6.41 11 57.3 4.0
24 CZH04008 CML444/CML395//CZL04007 6.48 6.31 5 62.7 2.7
25 CZH0625 CML395/CML444//CZL0617 6.49 6.51 4 60.7 5.0
26 CZH055 CML312/CML444//CZL04006 5.16 5.13 31 59.7 2.0
27 CZH056 CML312/CML444//CML489 5.57 5.37 22 59.0 2.7
146
28 CZH052 CML312/CML444//CZL03007 4.59 4.57 37 61.7 4.0
29 CZH073 CZL071/CZL072//CZL073 4.65 4.57 36 68.7 -6.3
30 CZH074 CML488/CML395//CZL0617 6.40 6.47 7 57.7 3.0
31 CZH075 CML444/CZL00003//CZL0617 6.07 6.13 13 58.7 3.7
32 CZH076 CML444/CZL00003//CZL074 6.23 6.23 12 60.0 3.0
33 CZH078 CML202/CML395//CZL076 6.28 6.47 10 60.3 2.3
34 CZH079 CML488/CML395//CZL076 7.18 6.99 1 61.0 2.7
35 CZH0711 CML488/CML395//CZL04006 5.43 5.29 23 58.7 4.0
36 CZH0713 CML489/CML444//CZL0617 5.35 5.45 24 59.3 3.0
37 CZH0714 CML489/CML444/CZL077 5.70 5.58 19 57.3 4.7
38 CZH0715 CML488/CML444//CZL078 4.14 4.10 41 60.0 2.7
39 CZH0625 CML444/CML395//CZL0617 5.98 6.03 15 58.0 3.7
40 CZH078 CML202/CML395//CZL076 5.79 5.95 17 60.3 4.7
41 CZH0716 CZL0613/CZL0616//CML159 2.17 2.62 42 53.7 12.3
42 Matuba Matuba 4.32 4.41 40 67.0 -7.0
Mean 5.53 5.51 21 60.8 2.3
LSD (0.05) 1.62 1.39 12 19.6 19.1
MSe 0.96 0.71 141.7 134.7
CV 17.74 15.32 19.6 514.9
p 0.000 0.000 0.473 0.518
p *** *** ns ns
Min 2.17 2.62 1 53.7 -36.0
Max 7.18 7.09 42 101.3 12.3
NumSignificantSites 1 1 0 0 Error df 82 82 82 82
147
Ensaio de Populaçöes do IIAM ( IIAM POP 08 ) Trial: IIAMPOP08 Site: 8 Location: Nampula Country: Mozambique MegaEnv: Management: Planting: 26 Dec 2007 Season: Main PlotSize: 8.4 Harvest: 5/15/2008 Collaborator: O. Taxi BreedingProgram: IIAM-Nampula Entry Name Pedigree t/ha t/ha Rank d d
mGrainYieldTons_GrainWt mGrainYieldTons_FieldWt mAnthesisDate mASI
1 PCHSYNQ107 PCHSYNQ107 1.57 1.50 18 58.4 3.8
2 SYNSYNS4FS SYNSYNS4FS 2.03 2.06 9 56.3 2.9
3 LSRDMR/EV8430SR LSRDMR/EV8430SR 1.99 1.84 10 60.3 1.9
4 UMBELUZISYNS4HS UMBELUZISYNS4HS 1.41 1.90 24 60.7 1.2
5 BLKX5T3H5U BLKX5T3H5U 0.47 0.44 32 59.3 2.8
6 COMP5/2Q COMP5/2Q 1.63 1.68 16 60.2 2.5
7 PCH62107 PCH62107 1.57 1.41 19 61.9 -1.5
8 BC ORANGE BC ORANGE 0.66 0.63 29 60.6 2.7
9 67/LBS 67/LBS 0.60 0.48 30 60.3 2.8
10 ZM421S4FSC1 ZM421S4FSC1 2.06 2.06 5 58.5 3.3
11 TSEGRIMS4FS TSEGRIMS4FS 1.86 1.63 13 59.5 2.3
12 DEXP/C17 SELFS DEXP/C17 SELFS 0.75 0.86 28 60.0 3.3
13 ZM521S4FSC1 ZM521S4FSC1 2.05 1.91 6 62.9 1.8
14 PCHVL1107 PCHVL1107 2.30 2.16 3 58.0 3.1
15 PCHCOMPQ107 PCHCOMPQ107 1.56 1.45 21 61.0 2.8
16 SAPXC17/DEXP SAPXC17/DEXP 0.48 0.57 31 58.4 2.8
17 POP62QSR POP62QSR 1.76 1.72 15 61.5 1.6
18 COMP4/1Q COMP4/1Q 1.41 1.46 26 58.3 3.0
19 KAGOLO KAGOLO 0.96 1.02 27 57.4 3.9
20 WEEVILA/B WEEVILA/B 2.30 2.14 2 58.4 2.8
21 DTSYN 1 W DTSYN 1 W 1.50 1.66 22 61.9 2.2
22 AGR 95 TZEC3F3 AGR 95 TZEC3F3 2.04 1.74 7 61.8 3.6
23 ZM 523 ZM 523 2.51 2.38 1 62.6 3.1
24 ZM423 ZM423 2.03 1.86 8 59.8 2.5
25 00SADVEFS 00SADVEFS 1.41 1.31 25 59.8 2.4
148
26 PCHINTB07 PCHINTB07 2.28 1.98 4 58.1 3.5
27 ECAVILFS ECAVILFS 1.90 1.96 11 60.9 3.7
28 PCHMATSG07 PCHMATSG07 1.59 1.51 17 60.3 4.2
29 SUWAN SYN 1 SR SUWAN SYN 1 SR 1.85 1.97 14 59.6 2.3
30 EV8430 SR EV8430 SR 1.48 1.73 23 61.0 3.2
31 TESTEMUNHA 1 TESTEMUNHA 1 1.57 1.64 20 61.6 2.8
32 TESTEMUNHA 2 TESTEMUNHA 2 1.87 2.05 12 59.2 3.6
Mean 1.61 1.58 17 60.0 2.7
LSD (0.05) 0.79 0.64 9 5.1 2.1
MSe 0.52 0.38 14.0 2.9
CV 44.67 38.78 6.2 63.2
p 0.000 0.000 0.645 0.008
p *** *** ns **
Min 0.47 0.44 1 56.3 -1.5
Max 2.51 2.38 32 62.9 4.2
NumSignificantSites 1 1 0 1
Error df 61 62 62 62
NumReps 3 3 3 3
O rendimento maximo deste ensaio de Populaçöes do IIAM foi de 2,51 toneladas por hectar ( ZM 523) contra um rendimento minimo de 0,47 ton/ha pertencente à variedade Umbeluzi syn
149
.Ensaio de populacöes de maturaçäo intermedia a tardia ( ILPOP 08) Trial: ILPOP08 Site: 13 Location: Nampula Country: Mozambique MegaEnv: Management: Rainfail Planting: 28 Dec 2007 Season: Main PlotSize: 8.4 Harvest: 05/23/2008 Collaborator: Fagema & Taxi BreedingProgram: IIAM
t/ha t/ha Rank d d
mGrainYieldTons_GrainWt mGrainYieldTons_FieldWt mAnthesisDate mASI
1 Stringoff 133 ECA-STRIGOFF-VL133 3.10 3.05 14 59.8 3.1
2 05SADVI 05SADVI 3.61 3.25 10 61.0 3.1
3 ZM725 04SADVL 3.99 3.71 6 61.8 2.6
4 ZM721 ZM721-# 4.90 4.53 1 60.1 2.7
5 ZM625 ZM625-# 3.91 3.79 7 58.0 4.5
6 ZM627 03SADVI-#-#(Brd)-# 3.63 3.62 9 57.8 3.3
7 Stringoff 125 ECA-STRIGOFF-VL125 2.51 2.39 20 62.9 3.4
8 Stringoff 126 ECA-STRIGOFF-VL126 3.99 4.17 5 60.9 3.6
9 Stringoff128 ECA-STRIGOFF-VL128 2.70 2.53 19 62.9 3.4
10 Stringoff 129 ECA-STRIGOFF-VL129 3.58 3.51 11 63.2 2.6
11 Stringoff 140 ECA-STRIGOFF-VL140 3.20 2.81 13 62.1 4.0
12 UG1 UG1 4.26 4.46 3 57.8 4.2
13 CHITEDZE 6 CHITEDZE 6 3.82 3.69 8 59.0 2.2
14 VPO5199 QSyn051 2.21 2.24 21 61.9 3.3
15 VP073 QSyn073 2.70 2.69 18 60.1 3.1
16 VPO74 QSyn074 2.76 2.68 17 62.8 3.1
17 VP072 QSyn072 2.84 2.91 16 60.8 4.3
18 07 SADVI 07 SADVLA/07SADVLB-# 4.71 4.44 2 58.7 4.1
19 07WEEVIL 07WEEVILA/07WEEVILB-# 4.06 3.85 4 57.0 3.5
20 Afric1 Afric1 3.50 3.57 12 62.4 3.4
21 Check1 Check1 3.06 3.12 15 57.6 3.1
Mean 3.48 3.38 11 60.4 3.4
LSD (0.05) 1.20 0.90 6 1.8
MSe 1.63 1.66 8.8 1.1
CV 36.72 38.11 4.9 31.9
p 0.000 0.000 0.524
150
Cultura de arroz Durante a campanha agricola 2007/2008, näo houve ensaios nesta cultura. O Sector de Cereais dedicou-se à manutençäo do material existente e à sua purificaçäo.
.
151
2.2 LABORATÓRIO PROVINCIAL DE VETERINÁRIA
A seguir estão descritas as principais actividades realizadas no ano de 2007.
Introdução
O presente relatório, reflecte actividades realizadas durante o período de 2 Janeiro a 20 de
Dezembro de 2007.......
152
2.3 CENTRO DE INVESTIGAÇÃO E MULTIPLICAÇÃO DE SEMENTES DE ALGODÃO DE NAMIALO
A. Chamuene, D. Jocene, J. Omar, J. Abudo e F. Ramos
1. Introdução
O presente relatório apresenta as actividades realizadas em 2008 e 2009,
principais resultados alcancados, constrangimentos e Perspectivas para 2010. Nesse
período algumas actividades planificadas nao foram realizadas e outras tiveram uma fraca
assistência técnica devido a alocação tardia de fundos. As actividades em referencia
incluem ensaios de campo de culturas diversas, participação em seminários com
parceiros, formação de produtores e visitas de troca de experiencia. Para de actividades
de campo houve melhoria no equipamento e infrastrutura do CIMSAN, pois foi
construida uma fabriqueta para descarocamento de algodão e linha de tratamento de
semente tanto para algodão como para outras culturas. Contudo, hove melhoria na
condicao de ensaios on-station em relacao aos ensaios on-farm pelo motivo referido
anteriormente. Em geral, os resultados alcançados foram satisfatórios, pois as actividades
planificadas foram realizadas em mais de 60%.
1.1 CIMSAN
O CIMSAN, Centro de Investigação e Multiplicação de Sementes de Algodão de
Namialo, é parte integrante do Centro Zonal Nordeste, Instituto de Investigação Agraria
de Moçambique (IIAM). O Centro tem uma área de cerca de 347 ha, dos quais cerca de
100 ha são anualmente cultivados para ensaios e multiplicações de sementes. Localiza-se
a 14.58° Sul e 39.51° Este, numa altitude de 230m do nivel do mar. A sua textura é frnco-
arenosa com pH entre 55-59 em Kcl e 6.2-7.0 em água. A precipitação média anual é de
1000mm, as chuvas caem de Novembro a Maio. O período óptimo para as sementeiras é
de 15 de Novembro a 15 de Dezembro. A temperatura máxima média anual é de 31°C e a
mínima média é de 21°.
153
O CIMSAN é uma Instituiçâo do Estado, responsável pela investigação do algodão
em Moçambique, mas actualmente o programa de pesquísa inclui para além do algodão,
outras culturas, tais como milho, mapira, feijões e gergelim.
1.1.1 Objectivos
• Identificar, desenvolver e testar vareidades de algodão com bom rendimento de
campo e alta percentagem de fibra;
• Desenvolver práticas agronónicas apropriadas para diferentes regiões
agroecológicas;
• Desenvolver um programa de control de pragas que minimize os danos causados
pelos insectos;
• Colaborar com a extensão publica e ONG´s na divulgação e utilização dos
resultados da Investigação agrária.
1.1.2 Missão
Identificar, desenvolver, testar e recomendar as técnicas de produção da cultura de
algodão e de culturas alimentares para o aumento da produção e productividade por
hectere, que contribuam para a segurança alimentar e para o aumento da renda das
familias rurais através da venda de produtos agrícolas contribuindo desta maneira para
redução da pobreza absoluta no País.
1.1.3 Quadro do Pessoal
O quadro do pessoal do CIMSAN contempla técnicos superiores, médios, básicos,
auxilares técnicos e trabalhadores agrícolas manuais, conforme o resumo da Tabela 1:
154
Tabela1: O quadro do Pessoal do CIMSAN
Nº de
Ordem
Nome completo Categória Sector de Trabalho
Situação
actual
1 António Chamuene Téc. Superior (MSc)
P. plantas Em serviço
2 Manuel P. Maleia Téc. Superior (BSc) Melhoramento de planas
Pós-graduação no Brasil
3 Leonel Moiana Téc. Superior (BSc) Melhoramento de planas
Pós-graduação no Brasil
4 N’sira A.T. Sylla Superior (BSc) Sistemas de Produção
Em serviço
5 Domingos F. Jocene
Superior (BSc Leguminosas Em serviço
5 António Sulaha Técnico Profissional
Fertilidade de solos Em serviço
6 Afonso Raimundo Técnico Profissional
Melhoramento de plantas
UCM/ Cusro de Licenciatura
7 Abacar E. Cheia Técnico Profissional
DAF Em serviço
8 Catia M. J. Jamal Técnico Médio Secretária Em serviço
9 Daniel Vasco Técnico Básico Rec. Humanos Em serviço
10 Francisco Ramos Técnico Básico Produção de sementes
Em serviço
11 3 Auxilares Técnico Elementar 1 em cada sector Em serviço
12 3 motoristas e 2
tractoristas
Básico/Elementar Oficinas/Transpotes Elementar
13 45 Trabalhadores
agrícolas manuais
/pessoal de apoio
Elementar Campo e em vários
sectores
Elementar
155
No total são 64 trabalhadores distribuidos em vários sectortes. Os trabalhadores
agrícolas manuais são todos os trabalhadores sazonais em regime permanete,enquanto
que o pessoal de apoio considera-se todos os serventes, continuo, guardas e pessoal
que trabalha na fabriqueta de descaroçamento de algodão. Tomando em consideração
que existe um crescimento substâncial do volume de actividades em todos sectores, o
número de técnicos superiores não é suficiente, além disso, o actual quadro é novo e
precisa de ser preparado para os desfios da investigação.
2. Descrição das Actividades Realizadas
2.1 Cultura de Algodão
2.1.1 Sector de melhoramento de plantas
Neste Sector foi realizado ensaios de manutenção e desenvolvimento do material
genético através do stabelecidos ensaios on-station no campo experimental do CIMSAN
e no campo experimental do CIAM, respectivamente em Namialo e Mapupulo:
CR/AL/ 01. Avaliação de variedades/linhas para obtenção de genótipos com bom
rendimento de campo e de fibra, resistentes a sugadores (jassideos e afideos); O ensaio
foi conduzido no CIMSAN, com objectivo de introduzir a pubescência para a resistência
de sugadores, tendo iniciado na campanha 2002/03. Neste ensaio fez-se a selecção e
autofecundação de progenes, obtidos nos anos anteriores cruzando as variedades CA22,
CA324, CA151, IRMA12-43, ISA-205 e OR-27 (pouco pubescentes) com a variedade A
637-24 (pubescente). Nos anos subsequentes eram realizadas retrocruzamentos
sucessivos com as variedades originais. Na presente campanha 2009 o material
selecionado esta sendo avaliado no rendimento de campo e de fibra e na resistência a
sugadores.
156
CR/AL/02. Cruzamento de 6 variedades com ALBAR FQ 902 para obter genótipos
resistentes a sugadores com rendimento de campo e de fibra. Neste ensaio fez-se a
selecção e autofecundação de progenes, obtidos dos cruzamentos anteriores de CA22,
CA324, CA151, IRMA12-43, ISA-205 e OR-27 com. Este ensaio foi conduzido tal
como o anterior, contudo, a variedade A 637-24 (pubescente) foi substituida pela
variedade ALBAR FQ 902 (pubescente com alta % descaroçamento em relação a outra.
CR/AL/03. Manutenção e caracterização do germoplasma do algodão. Foi estabelecido
um campo para manutenção e caracterização de 19 acessos. Registou-se observações de
densidade de plantas, floração, altura das plantas, altura do primeiro ramo frutífero,
número de cápsulas, hábito de crescimento, pubescência, peso de cem sementes, número
de dentes das bráteas, cor do caule, cor da corola, forma da cápsula, número de lóculos,
peso total de algodão caroço, peso total da fibra, peso total da semente, cumprimento da
fibra e cálculo da percentagem de fibra.
CR/AL/ 04. Ensaio multilocal de avaliação de 21 variedades de algodão. O ensaio foi
montado em delineamento experimental de blocos completamentos casualizados, com 4
repetições com o objectivo de avaliar a adaptabilidade das variedades em diferentes
condições agroecológicas. Este ensaio foi montado em 4 campos experimentais: no
CIMSAN em Namilao, no PAN em Namapa, no CIAM em Mapupulo e em Lipembe em
Morrumbala.
Resultados preliminares deste ensaio indicam não que não honve diferenças significativas
entre as médias de rendimento de campo das variedades (p>0,8383). Para o rendimento
de fibra observou-se efeitos significativos em diferentes locais (p<0.0227). Por outro
lado, a interação Local*Varieadade não é significativa (p>0,9974 e p>0,05)tanto para o
rendimento de campo como para o rendimento de fibra, respectivamente (Tabela 2).
157
Tabela 2: Anova de Rendimento de campo (ton/ha) e de Fibra (%)
Em termos de rendimento de fibra em Namialo destacaram-se as variedades IRMA 12-
43, TAM-94WE-37s e TAM-98D-99ne com 42.7, 42.2 e 42.0 % de algodão fibra,
respectivamente. No caso de Namapa as variedades Albar BC 853, CA-324 e TAM-49j-
3 tiveram % de descaroçamento mais alto, respectivamente com 43.73, 43.63 e 43.23 %.
Em Montepuez evidencias na % de fibra foi observado nas variedades Albar FQ 902,
TAM-94WE-37s e TAM-96WD-69s com 44.8, 43.9 e 41.6 % de algodaão fibra,
respectivamente.
Na base destes resultados, pode afirmar que essas variedades expressam oseu melhor
rendimento industrial (%) nesses locais. Porém a variedade TAM-94WE-37s poder ser
cultivada em Namialo e Montepuez.
CR/AL/05. Produção de semente de algodão de várias categorias.
A semente garantida de ISA-205 foi produzida no Posto Agronomico de, enquanto que
no CIMSAN produziu-se Albar SZ 93-14 da mesma categoria. O resto de semente foi
produzida no CIMSAN (Tabela 3).
ns0,9974nsLocal*Variedade
* Altamente significativo a 1% de probabilidade
* * Significativo a 5% de probabilidadens Não significado a 5%;
5,227,5CV
0,0227 * * 0,8383nsVariedade
0,3529ns0,001*Local
Descaroçamento (%)Rendimento (kg/ha)Fonte
ns0,9974nsLocal*Variedade
* Altamente significativo a 1% de probabilidade
* * Significativo a 5% de probabilidadens Não significado a 5%;
5,227,5CV
0,0227 * * 0,8383nsVariedade
0,3529ns0,001*Local
Descaroçamento (%)Rendimento (kg/ha)Fonte
158
Tabela 3: Produçãoo de semente de algodão de categorias diversas
Variedade Categoria Quantidade de Semente ( kg)
Produzida Fornecida Beneficiário/ Finalidade
ALBAR SZ 93-14 Pré-básica 0,7 - Multiplicação Básica 11,5 - Multiplicação Garantida 5.700 - Produção
STAM-42 Pré-básica 0,5 - Multiplicação Básica - - - Garantida - - -
CA-324 Pré-básica 0,3 - Multiplicação Básica - - - Garantida - -
ISA-205 Pré-básica 0,5 Multiplicação Básica - - Garantida 5.350 2.600 Sanam/Óleo
IRMA 12-43 Pré-básica 0,4 Multiplicação Básica - Garantida 7.350 6.900 Sanam/Óleo
TOTAL Pré-básica 2,4 Multiplicação Básica 11,5 Multiplicação Garantida 18.400 9.500 Sanam/Óleo
2.1.1 Sector de Proteção de Plantas
CR/AL/06. Ensaio de avaliação de insecticidas sintéticos
Foi avaliado vários insecticidas sintéticos no controlo de pragas para estudar a sua
eficácia e doses. Foi aplicado ´Emametin Benzoate 1,9%EC´ em várias concentações em
combinação com Acetamiprid 22,2% SL, Zakanaka 6 e 10% EC, Karate 5% EC e Cyper
Pro 72% EC, num total de 5 tratamentos.
Na condução do ensaio foi usado o delineamento de blocos complectos casualizados
com 4 repetições. Foi feito scouting, avaliando semanalmente as densidades das
populações de insectos (pragas e inimigos naturais) presentes em todos tratamentos.
Além disso, foi registado o rendimento da parcela e de número de plantas colhidas.
159
Pragas. Os resultados da análise de variancia mostram diferenças significativas entre as
médias de densidades de Lagarta vervelha e de Lagarta americana (p<0,05). As restantes
pragas tem médias de densidades populacionais não sofreram o efeito dos tratamentos
(p>0,05). De maneira geral, o tratamento2 tem densidades populacionais mais baixas da
lagarta vermelha e americana comparado com outros tratamentos (Tabela4).
Tabela 4: Médias de densidade populacional de pragas (10 plantas observadas em 13 semanas)
Lagarta Lagarta Lagarta Lagarta Mosca Manchador Lagarta PsyllaTratamento vermella americana espinhosa Afideo Jasside das folhas branca de fibra rosada
ovo lagarta ovo lagarta1 3,3 a 1,5 ab 2,0 b 1,8 a 1,5 a 20,4 a 41,0 a 16,5 a 6,5 a 3,3 a 0 0
2 1,8 ab 0,5 b 2,3 b 0,5 b 1,3 a 22,1 a 28,8 a 3,8 a 5,8 a 6,0 a 0 0
3 1,3 b 0,8 b 5,8 a 1,8 a 1,8 a 20,8 a 26,8 a 6,0 a 4,0 a 9,3 a 0 0
4 1,5 b 2,3 a 3,5 ab 1,8 a 1,5 a 23,4 a 38,0 a 1,0 a 6,3 a 17,0 a 0 0
LSD 1,6 1,4 2,8 1,2 2,6 3,2 16,5 19,6 4,7 17,7 - -CV 37,8 17,6 21,6 28,6 16,7 9,2 25,7 27,8 25,4 36,4 - -
† Médias com a mesma letra não são significativas ao nivel de &= 5% Inimigos Naturais. As médias de aranha é que apresentam diferenças significativas e as
resytantes não ( Tabela 5)
Tabela 5: Médias de densidade populacional de predadores (10 plantas observadas em 13
semanas)
Tratamento Crisopa Sirfideos Joaninha Aranha
1 11,0 a 2,0 a 5,8 a 2,8 a 2 12,5 a 0,8 a 3,3 a 0,5 b
3 10,8 a 1,5 a 2,8 a 2,8 a 4 9,5 a 1,3 a 1,3 a 0,8 b
LSD 10,5 2,5 4,8 1,3
CV 16,5 13,1 22,0 12,6 † Médias com a mesma letra não são significativas ao nivel de &= 5%
Os indicadores de produção e de rendimento de algodão-caroço apresenta médias
estatisticamente diferentes (p<,05) execpto a altura das plantas (p>0,05). O rendimento
mais alto foi observado no tratamento3 (Tabela 6).
160
Tabela 6: Médias de indicadores de produção e Rendimento de algodão-caroço.
† Médias com a mesma letra não são significativas ao nivel de &= 5%
No tratamento3, embora a densidade de lagartas fosse maior, os inimigos naturais
conseguiram minimizar os danos. Esses predadores alimentam-se de pequenas lagartas e
de ovos de Lepidopteros. Pelo contrário, o tratamento2, com densidade populacional
relativamente baixa em relação ao tratamento3, teve rendimento também relativamente
baixo. Esse facto deveu-se pelo facto dos insecticidas aplicados teve afectado
negativamente população de inimigos, que são agentes de controlo biológico naturas das
pragas. Dessa forma, o tratamento3 (semente tratada com Courage 70%WS + 1 aplicação
de Emametin Benzoato 1,9%EC +1 de Zakanaka K 6 %EC +1 de Zakanaka Pro
64,8%EC +1 de Zakanaka K 6 %EC +1 de Emametin Benzoato 1,9%EC, também num
total de 5 pulverizações com de 2 semanas de intervalo a partir da 8ª semana depois de
emergência) foi o melhor em termos de conservação de ecossistema agrícola e de
rendimento de campo.
Correlações. A correlação de Pearson entre a lagarta americana com inimigos naturais;
entre a lagarta americana, jassides e afideos com o rendimento; entre a altura e a
densidade das plantas com o rendimento por ha.
Segundo a Correlação de Pearson, a relação existente entre a lagarta americana e os
inimigos naturais não é significativa a 5% de probabilidade (p>0,05) embora essa relação
seja positiva (r>0). Isto significa que os inimigos naturais não controlaram
significativamente a densidade da lagarta americana. Isto pode ser devido a acção de
Tratamento Altura, Densidade plantas Rendimento,
cm por 27 m2 Kg/ha
1 125 a 79,5 b 1410 d
2 121 a 79,5 b 1585 b 3 142 a 83,3 a 1732 a
4 119 a 81,0 a 1585 c
LSD 30,8 3,4 7,3
CV 15,2 2,6 5,3
161
aplicação de insecticidas. Nos caso de pragas (lagarta americana, jassides e afideos) com
o rendimento por ha observa-se uma correlação negativa (r<0) e não significativa
(p>0,05). Significa que o rendimento por ha aumenta com a redução de densidade de
pragas e, consequentemente, redução de seus danos causados na cultura. Por outro lado, a
altura das plantas com rendimento/ha existe uma correlação positiva (r>0) e significativa
(p<0,0071), sendo assim, as plantas maior altura favoreceram significativamente no
aumento do rendimento de campo. Pelo contrário, a correlação entre a densidade de
plantas com o rendimento por ha, apesar de ser positiva ( r>0), não é significativa a 5%
de probabilidade pela correlação de Pearson. Deste modo, densidade de plantas não
afectou significativamente (p>0,0994) o rendimento de campo (Tabela 7).
Tabela 7: Correlações de Pearson entre a lagarta americana com inimigos naturais; entre
pragas com o rendimento; entre a altura e a densidade das plantas com o rendimento por
ha.
*Significativo a 1% de probabilidade **Significativo a 10% de probabilidade
As correlações de Pearson apresentadas na tabela acima indicam que:
a) As densidades populacionais de inimigos naturais aumentam com o aumenta da
de lagarta americana. Isto significa a disponibilidade de alimentos (pequenas
lagartas de Lepidoptera) contribuiu para o aumento de taxa natalidade dos seus
predadores (Sirfifeo, Joaninha, Sirfifeo e Aranha).
Variável Correlação (r) Significância
Lagarta americana com Crisopa 0,3494 0,0923**
com Sirfifeo 0,0746 0,3918
com Joaninha 0,0450 0,4342
com Aranha 0,2996 0,1298
Lagarta americana com rendimento/ha -0,0136 0,4801
Jassides com rendimento/ha -0,6969 0,0746**
Afideos com rendimento/ha -0,3957 0,0879**
Altura das plantas, cm com rendimento/ha 0,6842 0,0071*
Densidade de plantas/27 m2 com rendimento/ha 0,3990 0,0994**
162
b) O rendimento por hectare do algodão-caroço diminui com o aumento das
densidades populacionais das pragas (Lagarta americana, Jassides e Afideos).
Estes herbívoros alimentam-se de botões florais, flores e cápsulas de algodoeiro, o
que reduz a quantidade de cápsulas, e consequentemente a produção e o
rendimento de algodão-caroço.
c) O rendimento por hectare do algodão-caroço também aumenta com o aumento da
altura e da densidade de plantas/27 m2. Significa que neste caso as plantas tem
maior número de cápsulas de plantas, o que contribui para aumento da produção
por planta e por unidade de área.
CR/AL/07. Comparação do uso de herbicidas e de sacha manual e no controlo de
infestantes do algodoeiro
Este ensaio foi concebido com o objectivo de comparar a viabilidade económica do
uso de herbicidas e da prática de sacha manual no cultivo de algodão.
O ensaio foi conduzido usando o delineamento de blocos completos casualizados
com 4 repetições. O ensaio teve 4 tratamentos, sendo a aplicação 3 tipos de herbicidas e
de sacha manual (controlo) no controlo de infestantes. O controlo, sacha manual sem
aplicação de herbicida foi sachado 5 vezes. Nos outros tratamentos foi aplicado
herbicidas pré-emergente Codal Gold, Acetochlor e Pendimentalina mais 2 sachas. Essas
foram realizadas em datas diferentes conforme a infestação de cada parcela/tratamento.
Assim, na parcela onde foi aplicado o Codal Gold (3 litros/ha) sachou-se aos 48 e 83 dias,
Acetochlor (1 litro/ha) e Pendimentalina (1 litro/ha) foram sachados ambos aos 34 e 69
dias depois de emergência da cultura. Para o tratamento controlo (sem aplicação de
herbicida), as sachas fora feitas aos 19, 34, 45, 58, 73 e 89 dias depois de emergência do
algodoeiro.
163
Resultados. O rendimento de campo não foi afectado significativamente pelo efeito
dos tratamentos, pois tanto a aplicação de herbicidas como a sacha manual não tiveram
efeitos significativos no rendimento de campo do algodão-caroço (p>0,9616). Em campo
o tratamento aplicado o Codal Gold apresentou maior eficiência no controlo de todas
infestantes de varias espécies em ralação aos outros tratamentos, embora não haja
diferenças no rendimento de campo.
Os custos dos herbicidas considerados nos cálculos forma 350,00 meticais por litro
para o Codal Gold, 210,00 meticais por litro para e 210,00 meticais por litro para
Pendimentalina. O custo por cada sacha foi de 750,00 meticais por hectare determinados
na base de custos variáveis sobre o controlo de infestantes.
O benefício líquido é a diferença entre o valor da produção e o custo de controlo de
infestantes. A taxa de retorno foi determinada calculando a diferença entre os benefícios
de liquido da aplicação de herbicidas e o controlo (sacha manual) em meticais e em
percentagem por hectare (Tabela 8).
Tabela 8. Comparação do custo de herbicidas e de sacha manual e no controlo de
infestantes na cultura de algodoeiro
Métodos de Controlo de Infestantes
Rendimento
(kg/ha)
Valores em Meticais (MT)
Valor de Produção
Custos de Controlo de Infestantes
Beneficio Liquido (relativo)
Taxa de Retorno (relativo)
Sacha manual (5x)
Codal Gold (+ 2x sachas)
Acetochlor (+ 2x sachas)
Pendimentalina (+ 2x sachas)
1326 a
1368 a
1281 a
1247 a
8.221
8.482
7.942
7.731
3.750 (750*5)
2.550
(1050+1500)
1.710 (210+1500)
1.710 210+1500)
4.471
5.932
6.232
6.021
-
1.461 (33%)
1.761 (39%)
1.550 (35%)
164
A tabela mostra que existe ganho de cerca de 1,500,00 meticais quando se aplica
herbicida para controlar infestantes em relacao a sacha manual. Se os produtores
adoptarem este método podem obter ganhos e poupar o seu tempo para outras actividades
económicas.
CR/AL/08. Maneio de Pragas de Algodão Usando Sistemas de Cultivo em Faixas
Uma alternativa para minimizar os prejuízos causados pelo uso indiscriminado dos
produtos químicos é o uso e incremento do controle biológico. Vários insectos, aranhas e
patógenos podem alimentar-se, parasitar ou infectar muitas pragas do algodão. Assim,
consociação de culturas em faixas, sendo um sistema de cultivo diversificado, tem sido
usado na conservação e utilização de inimigos naturais no maneio integrado de pragas
(IPM). O IPM é o controlo mais eficiente, do que o sistema calendário, por reduzir o
número de pulverizações, reduzindo, dessa maneira, o impacto de pesticidas sobre os
inimigos naturais. Assim, o sistema de cultivo diversificado, associado ao MIP, joga um
papel importante na redução de perda de rendimento de culturas e na conservação de
inimigos naturais, contribuindo dessa forma para uma produção sustentável.
Foi estabelecido um ensaio de campo, usando o esquema de talhões subdivididos, sendo
alocado nos talhões principais o maneio da lagarta americana (pulverização com base no
limiar económico e sem pulverização) e nos subtalhões as faixas (Mapira, Milho e
Crotalaria), em Delineamento de Blocos Completos Casualizados (DBCC), com quatro
repetições. Depois da emergência do algodão todos os tratamentos foram monitorados
semanalmente, fazendo contagens da população da lagarta americana, outras pragas e dos
inimigos naturais.
Resultados de Pragas. O sistema de cultivo afectou significativamente as
densidades populacionais das pragas (p<0,05). A aplicação de insecticida também teve
efeitos significativos na densidade dessas pragas (p<0,05). A interacção entre o sistema
de cultivo e a aplicação de insecticida não foi significativa (p>0,05). Maiores densidades
165
populacionais de pragas foram observados no sistema de cultivo puro, do que em todos
os outros sistemas de cultivo de algodão consociado com culturas em faixa.
Resultados de inimigos naturais (predadores das pragas). Em relação aos
inimigos naturais, o sistema de cultivo teve efeitos significativos nas densidades
populacionais (p<0,05). Igualmente, a aplicação de insecticida também teve efeitos
significativos. Em relação à interacção, esta não foi significativa (p>0,05). Os inimigos
naturais foram mais abundantes no cultivo consociado, do que no algodão puro,
particularmente nas parcelas pulverizadas com insecticidas.
Resultados de rendimento campo. Os resultados mostram que o sistema de cultivo e o
maneio (aplicação de insecticidas) tiveram, isoladamente, efeitos significativos (p<0,000
e p<0,0013, respectivamente) no rendimento por planta, mas sua inteiração não foi
significativa (p>0,05). No caso de os resultados mostram que o sistema de cultivo não
afectou significativamente (p>0,3529) as médias de rendimento o algodão caroço por
hectare, pelo contrário, o maneio (aplicação de insecticida) afectou significativamente
(p<0,0000) essas médias. A interacção entre o sistema de cultivo e aplicação de
insecticida não foi significativa (p>0,05), de acordo a Tabela 9.
Tabela 9. ANOVA de Rendimento de algodão-caroço por Planta e por Hectare
Maneio 0,0013** 0,0000***
** Significativo a 5% de probabilidade; *** Altamente significativo a 1% de probabilidade
ns Não significado
14,726,5CV
nsnsManeio*Faixa
0,3529ns0,0000****Faixas
Rendimento/haRendimento/plantaFonte
Maneio 0,0013** 0,0000***
** Significativo a 5% de probabilidade; *** Altamente significativo a 1% de probabilidade
ns Não significado
14,726,5CV
nsnsManeio*Faixa
0,3529ns0,0000****Faixas
Rendimento/haRendimento/plantaFonte
166
Rendimento por planta. Entre todos sistemas de cultivo em faixas essas médias não foram
estatisticamente diferentes, sendo 85, 79 e 76 g/planta, respectivamente, algodão com as
faixas de Crotalaria, Mapira e Milho. O rendimento mais baixo foi observado no algodão
em cultivo puro com 47 g/planta. Em relação ao maneio, as plantas pulverizadas com
insecticidas apresentaram uma produção/planta maior do que não pulverizadas,
respectivamente, 83 e 62 g/planta (Figura 1).
Figura 1: Rendimento de algodão por planta (g/planta): efeito de faixas de culturas
(esquerdo)
Rendimento por hectare (kg/ha). O algodão consociado em faixas com as culturas de
Mapira, Milho, Crotalaria e o algodão em cultivo puro apresentaram médias de
rendimento do algodão caroço sem diferenças significativas com 847, 804, 780 e 727
kg/ha, respectivamente (Figura 2). Quanto ao maneio, as médias de rendimento de
algodão-caroço foram maiores nas parcelas tratadas com insecticidas (953 kg/ha) do que
nas sem tratamento (656 kg/ha). Apesar de uma redução de 20% da área do algodão
consociado com faixas de culturas o rendimento por hectare foi similar ao algodão
cultura puro (Figura 2)
0
20
40
60
80
100
120
Pulverizado Nãopulverizado
Efeito do Maneio (Insecticida)
Re
ndim
ento
, g/p
lant
a
b
a
0
20
40
60
80
100
120
Algodão/Crotalaria
Algodão/Mapira
Algodão/Feijão bóer
Algodão puro
Efeito de Sistema de cultivo (Faixas)
Re
ndim
ent
o, g
/pla
nta
a
b
aa
0
20
40
60
80
100
120
Algodão/Crotalaria
Algodão/Mapira
Algodão/Feijão bóer
Algodão puro
Efeito de Sistema de cultivo (Faixas)
Re
ndim
ent
o, g
/pla
nta
a
b
aa
167
Desta forma, o uso de sistema de cultivo de algodão consociado com culturas em faixas,
particularmente pelos pequenos e médios produtores pode desempenhar um papel
importante na produção, pois essa prática é importante para a gestão de mão-de-obra,
melhor aproveitamento da terra e maior rendimento económico. No maneio de pragas, as
aplicações de insecticidas devem ser feitas na base de limiar económico para evitar
aplicações de insecticidas em momentos em que as pragas não estão presentes e
minimizar os seus danos na cultura. Mas para tal, é preciso continuar fazer este estudo
aos nível dos produtores (on-farm).
2.2 Ensaios de outras culturas
O CIMSAN conduziu ensaios de culturas alimentares e outros programas e fez campos
de produção de sementes de culturas diversas.
2.2.1. O CIMSAN conduziu o ensaio de outros programas de pesquisa nas de
leguminosas de grão e de cereais conforme a Tabela 10:
0
20
40
60
80
100
120
Algodão/Crotalaria
Algodão/Mapira
Algodão/Feijão bóer
Algodão puro
Efeito de Sistema de cultivo (Faixas)
Ren
dim
ent
o, g
/pla
nta
a
b
aa
0
20
40
60
80
100
120
Algodão/Crotalaria
Algodão/Mapira
Algodão/Feijão bóer
Algodão puro
Efeito de Sistema de cultivo (Faixas)
Ren
dim
ent
o, g
/pla
nta
a
b
aa
0
20
40
60
80
100
120
Pulverizado Nãopulverizado
Efeito do Maneio (Insecticida)
Re
ndi
men
to,
g/p
lant
a
b
a
168
Tabela 10: Ensaios do sector de leguminosas de grão e de cereais conduzidos no campo
experimental do CIMSAN.
# Sector Nome do ensaio/actividade 1
Lego
min
osas
Ensaio de avaliação de 10 variedades de soja
2 Ensaio de avaliação de níveis adubação com leguminosas em diferentes culturas
3 Ensaio de estudo de pragas de gergelim em 3 variedades 4 Ensaio de avaliação e caracterização de 10 variedades de feijão bóer 5 Ensaio de avaliação de 9 variedades de soja 6 Ensaio de avaliação de 9 variedades de feijão nhemba 7 Ensaio de avaliação de 9 variedades de soja 8 Ensaio de avaliação de 24 variedades da amendoim 9 Ensaio de avaliação da desfoliação de feijão nhemba
10 Ensaio de avaliação da densidade e sementeira de feijão holoco 11 Ensaio de avaliação de 25 variedades de mapira doce-IIAM 1
Map
ira/M
exoe
ira
Ensaio de avaliação de 25 variedades de mapira doce-ICRISAT 2 Ensaio de avaliação de 17 variedades de mapira 3 Ensaio de avaliação de 12 variedades de mapira-Zambia
4 Manutenção e caracterização do banco de germoplasma de 35 variedades de mapira(Kénia)
5 Manutenção e caracterização do banco de germoplasma de 25 variedades de mapira (Gorongoza)
6 Manutenção e caracterização do banco de germoplasma de 5 variedades de mexoeira
7 Selecção de 70 variedades de Mapira-E.U.A
2.2.2 Produção de semente básica
A produção de semente básica foi feita em colaboração com o Posto Agronómico de
Nampula e de Namapa (Tabela 11).
Tabela 11: A produção de semente básica
Culturas Variedade Categoria Semente produzida
(Kg) Milho Matuba Básica 75 Milho Tsangano Básica 100 Mapira Macia Básica 150 Mapira Sima Básica 25 Feijao Nhemba IT-18 Certificada1 150 Feijao Nhemba INIA-36 Certificada1 30 Feijao Nhemba Inia-19 Certificada1 10
169
Este material já foi colhido e debulhado. Falta a selecção e tratamento da semente previa
para breve.
3. Principais Constrangimentos
• Alocação tardia de fundos do Proagri compromete a assistência técnica das
actividades do campo;
3. Perspectivas
• Conclusão de analise de outros ensaios de campo;
• Descaroçamento de algodão e tratamento de semente;
• Corte e queima do algodoeiro
• Elaboração de plano de treinamento de extensiomnistas em “Farmer Field
School" na produção de algodão e de outras culturas.
Relatorio preliminar dos resultados de Ensaios Mult i-locais de Algodão
campanha 2008
Por: Joaquim Mutaliano Sumario A cultura de algodão na região Norte é considerada como sendo de rendimento familiar, mais de 85 % dos camponeses do sector familiar praticam o cultivo do algodoeiro no Norte, sendo esta região o potencial produtor desde a provincia de Cabo Delgado até a região do vale do Zambe no Centro do País. As variedades locais são pouco produtivas mais resistentes a factores bioticos principalmente sugadores e lagartas (conhecidos como mastigadores). Com a introdução de novas variedades mais produtivas nos anos 63 a cultura de algodão conheceu nova dinamica e interesse dos fumentadores dai que a introdução de novas variedades passou a ser testada no País pa sua adaptabilidade e estabilidade nos Postos Agronomico de Napula, Namapa, Mutali e Nametil nos Distritos do Sul e Norte de Moçambique actuais Provincias de Moçambique. As variedades A-637 e Remu-40 foram as mais usadas durante decadas e devido a cruzamentos naturais essas perderam o seu potencial genetico produtivo.
170
Assim, depeis dos anos 80 introduções exoticas e ensaios multilocais tiveram lugar em colaboração com as intituições internacionais de pesquisa da cultura algodoeira. Objectivos e Metodologia : O objectivo deste ensaio vem como resposta da demanda de procura e restauração de genotipos mais produtivivos adaptados e estaveis a distintos ambientes ao nível do País onde a cultura é praticada com maior destaque nas Províncias do Norte e Centro do País; procurando explorar a produditividade por unidade de area e rendimento industrial da fibra e a sua qualidade. O ensaio comportou 21 variedades semeados em blocos completos casualisados, cada um com três repetições, com quatro linhas de 5 metros com uma area útil a colher de duas linhas, cujo espassamento entre linha foi de 0.80 cm e dentro linha de 0.20 cm. A analise simples de cada ambiente foi conduzida usando SAS software precedida de analise combinada dos três ambientes. No ambiente de Morrumbala não foi analisada devido a inconsistencia de genotipos a avaliar devido a decisão unilateral dos colaboradores na condução do ensaio. Principal compenente analise (PCA) será conduzida para descriminar as variedades em função de cada ambiente, de forma a seleccionar as melhores variedades adaptadas para cada especifico ambiente usando a destancia eucladiana do desempenho de cada genotipo em cada ambiente. Resultados e Discussão : Namialo Da analise estatistica efectuada, ao nível de significancia de &=5%; os resultados indicam que não existe diferenças significativas entre as variedades testadas, mas as variedades introduzidas do texas TAMCOT Pyramid e TAM-98D-99ne demonstraram médias de rendimento com 2,0 toneladas por hectar seguida de CA324 introduzida do CIRAD- França com 1,920 toneladas por hectar. As variedades Stam-42 e ISA-205 foram as que apresentaram médias de rendimento de campo mais baixos com 1,318 e 1,311 toneladas por hectar respectivamente. Em relação ao rendimento industrial também não detedada diferenças estatisticamente significativas; mas a variedade IRMA-12-43, TAM-94WE-37s e TAM-98D-99ne demonstraram redindimento industrial mais elevados em comparação com a variedade tradicional de Moçambique REMU-40 conhecido pela sua resistencia a sugadores devido a sua pubescencia (tabela 1.) Namapa No ambiente de namapa os genotipos mostraram difereças significativas entre elas ao nível de significancia de &=5%. A variedades mais produtivas foram ALB.SZ 9314, TAMCOT Luxor e TAM-96W-18, com 2,400; 2,2117 e 2,167 toneladas por hectar respectivamente e o rendimento mais baixo foi observado para a variedade IRMA12-43 com 1,143 toneladas por hectar. Neste ambiente os genotipos em estudo demonstraram um redimento industrial muito promissor com 43% de percentagem de descaroçamento tabela 1. De salientar que
171
durante o ciclo de crescimento sa variedades tiveram pouca pressão de lagartas facto que melhorou as sua taxa de descaroçamento. O testemunha Remu-40 mostrou um rendimento industrial neste ambiente em relação a Namialo e Montepuez. Montepuez A analise estatistica efectuda demonstrou que existe diferenças significativas entre as variedades ao nível de significancia de &=5%. As variedades TAMCOT- 22 e TAMCOT Pyramid introduzidas dos Estados Unidos mostraram o maior desempenho produtivo com rendimentos médios 2,550 e 2,400 toneladas por hectar, facto que sugere que as variedades exoticas poderão a maior resposta produtiva em relação as variedades tradicionalmente produzidas no País reforçando a divesidade genetica. Os genotipos menos produtivos foram o TAM-94WE-37s e TAM-98D-99ne com 1,567 e 1,583 toneladas por hectar. De salientar que os mesmos tiveram um bom rendimento industrial. Este facto sugere que o factor descaroçamento depende da capacidades de retenção da fibra na semente. Analise Combinada Da analise combina efectuada mostrou que os três ambientes em estudo são completamente diferente ao nível de significancia de &=5% em termos de micro-climas, solos, padrão de chuvas e fertilidade. Embora, os ambientes de Namapa e Namialo apresentam produtividades relativamente baixos algumas variedades podem ser promissoras bem como em Momtepuez. Conclusões e recomendações As variedades testadas mostram ser adaptadas, mais não estaveis em diferentes ambientes. O ensaio deverá ser continuado nos diferenres ambientes em três épocas de produção para confirmar a adaptabilidade e estabilidade varietal em diferenres locais e ou ao longo dos ambientes. As melhores variedades deverão ser seleccionadas para ambientes especificos em função do seu desempenho e resposta a factores bioticos e abioticos.
172
Table1. Cotton Multi-location trial for Yield and g inning performance analysis across Three Environments - 2007/08 Sites Namialo Namapa Montepuez Variety Name Yield
(ton/ha) % Genning
Yield (ton/ha)
% Genning Yield
Yield (ton/ha)
% Genning Yield
1- ALB.SZ 9314 1.628 41.5 2.400 37.53 1.933 38.3 2- ALB.FQ 902 1.379 39.8 1.867 37.27 1.716 44.8 3- ALB.BC 853 1.622 40.1 1.513 43.73 1.733 40.6 4- STAM-42 1.318 41.9 1.900 40.90 1.833 33.1 5- CA- 222 1.664 40.9 1.930 37.53 2.116 36.7 6- CA-324 1.920 39.9 1.337 43.63 2.116 38.2 7- IRMA-12-24 1.627 42.7 1.143 40.07 1.650 37.4 8- ISA- 205 1.311 38.5 1.643 41.87 1.750 37.4 9- REMU- 40 1.718 37.9 1.485 43.07 2.050 38.2 10- TAMCOT- 22 1.796 39.6 1.933 35.00 2.550 32.9 11- TAM-96WD-69s 1.686 40.2 1.697 39.20 2.400 41.6 12- TAMCOT Pyramid
2.036 40.5 1.600 41.23 2.033 39.5
13- TAM-98D-102 1.822 40.6 1.917 39.13 1.817 39.7 14- TAM-96W-18 1.568 39.3 2.167 36.43 1.950 40.7 15- TAM-94J-3 1.842 40.4 1.823 43.23 2.333 35.8 16- TAM-98G-104 1.824 41.0 1.450 42.23 1.817 39.6 17- TAMCOT Sphinix
1.710 38.5 1.517 39.63 2.083 37.6
18- TAM-98D-99ne 2.000 42.0 1.863 40.17 1.583 41.4 19- TAM-94WE-37s 1.556 42.3 1.867 38.23 1.567 43.9 20- TAM-94L- 25 1.894 41.1 1.583 38.80 1.633 42.2 21- TAMCOT Luxor 1.898 39.6 2.217 39.57 1.233 38.7 Mean 1.706 40.4 1.755 39.9 1.905 38.9 Cv (5%) 17.4 8.0 24.8 14.2 23.2 12.6 Lsd (5%) 0.491
ns 5.352 ns 0.720 9.369 0.701 8.134
ns= none significant at &=5%
173
2.4 CENTRO DE INVESTIGAÇÃO AGRÁRIA DE MAPUPULO
Introdução
O Centro de Investigação Agraria de Mapupulo e umas das unidades locais de execução do Centro
Zonal nordeste e que se encontra localizada na região sul da província de Cabo Delgado a 18 Km da
cidade do distrito de Montepuez.
Esta unidade experimental e composta por quatro sectores de actividades a citar: sector de cereais,
leguminosas de grão, raízes e tubérculos e horti-fruticultura. Desenvolvendo as suas actividades nas
regiões agro ecológicas R7 e 9.
Objectivos da multiplicação de semente:
� Multiplicar semente para alocar ao sector familiar e produtor organizados em
associações;
� Apoio e fornecimento de semente aos Bancos Distritais de Semente,
� Disponibilizar de semente as ONG
Centro de Investigação Agraria de Mapupulo
O Centro de Investigação Agraria de Mapupulo tem desenvolvido actividades de investigação adaptativa e multiplicação de semente. Portanto tem um desafio pela frente em introduzir actividades de tipo investigação aplicada.
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