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Revista Tela Viva 130 - agosto 2003
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ano12nº130agosto2003
Mercado................... 22os.novos.rumos.do.projeto.
FilmBrazil.após.Cannes
IncentIvos............... 28Reforma.tributária..
pode.comer.até.R$.170..
milhões.da.cultura
audIovIsual........ 32MinC.lança.primeiros.editais.
para.produções.nacionais
case.................................. 34Em.Porto.alegre,.turma.da.
Casa.só.quer.fazer.cinema
sempre na tela
Editorial................................................4
News.................................................... 6
Scanner................................................8
Upgrade............................................12
Figuras...............................................14
Making.of.........................................26
Agenda..............................................38
acompanhe.as.notícias..mais.recentes.do.mercadowww.telaviva.com.br
O peso dos impostosO peso dos impostos
Tributação sobre importações de equipamentos estrangula o parque de produção no Brasil . pág..16
Não.disponivel
Não.disponivel
editorialEstá.sendo.organizado.neste.mês.de.agosto.um.importante.encontro.que.delin-
eará.a.ação.pela.redução.da.carga.tributária.sobre.a.importação.de.equipamentos.
de.produção.audiovisual..Em.uma.iniciativa.de.TELA VIVA,.reúnem-se.emissoras.
de.TV,.fornecedores.de.equipamentos,..
produtoras.independentes.de.TV,.publicidade.e.cinema.e.prestadores..
de.serviço.em.torno.de.um.objetivo.comum.
O.momento.é.crítico..Há.por.um.lado.o.estrangulamento.dos.investimentos,.
causado.pelo.alto.endividamento,.no.caso.das.empresas.de.radiodifusão,.e.pela.
queda.de.receitas.com.publicidade,.que.também.ameaça.as.produtoras.indepen-
dentes.e.por.conseqüência.toda.a.cadeia.de.fornecedores...
Por.outro.lado,.a.pressão.pela.renovação.e.expansão.do.parque.de.equipamentos,.
com.a.necessidade.crescente.da.digitalização.
Surge,.portanto,.a.necessidade.de.uma.ação.conjunta.que,.longe.de..
visar.prejuízos.à.arrecadação.estatal,.busca.sim.viabilizar.tanto.os..
investimentos.já.feitos.quanto.a.própria.continuidade.da.atividade.da..
produção.de.conteúdo.nacional.e.também.internacional.no.Brasil.
A.matéria.de.capa.desta.edição.ilustra.bem.o.problema,.talvez.um.dos.únicos.
consensos.entre.todos.os.diferentes.segmentos.da.indústria,.e.mostra.também.
como.uma.eventual.renúncia.fiscal.acabaria.por.redundar.em.vantagens.não.ape-
nas.para.a.sociedade,.mas.também.para.os.próprios.governos.estaduais.e.federal,.
cujos.ganhos.em.médio.prazo.seriam.ainda.maiores.que.uma.perda.de.receita.
atual..Além.disso,.há.benefícios.como.a.geração.de.empregos.e.a.manutenção.de.
uma.indústria.central.para.a.cultura.e.a.integração.nacionais.
E.para.reforçar.a.argumentação,.trazemos.ainda.uma.matéria.que.mostra..
como.as.produtoras.comerciais.pretendem.trabalhar.para.aumentar..
as.exportações.dos.serviços.brasileiros.
Em.resumo,.a.produção.audiovisual.é.hoje.uma.indústria.globalizada,.e.se.o.Brasil.
não.der.condições.à.sua.indústria.para.que.se.desenvolva.de.forma.saudável,.
talvez.acabe.pagando.um.preço.alto.em.perda.de.receitas,.inclusive.em.moeda.
forte,.de.empregos.e.de.conteúdo.local..É.hora.de.se.organizar.
Central de Assinaturas 0800.145022.das.8.às.19.horas.de.segunda.a.sexta-feira.|.Internet.www.telaviva.com.br.|.E-mail.subscribe@telaviva.com.brRedação. (11). 3123-2600. . E-mail. telaviva@telaviva.com.br. |. Publicidade. (11). 3214-3747. E-mail. comercial@telaviva.com.br. |. Tela Viva. é. uma. publicação. mensal. da..Editora Glasberg.-.Rua.sergipe,.401,.Conj..605,.CEP.01243-001..telefone:.(11).3123-2600.e.Fax:.(11).3257-5910..são.Paulo,.sP..|.Sucursal.sCn.-.Quadra.02,.sala.424.-.Bloco.B.-.Centro.Empresarial.Encol.CEP.70710-500..Fone/Fax:.(61).327-3755.Brasília,.DF.|.Jornalista Responsável.Rubens.glasberg.(Mt.8.965).|.Impressão.Ipsis.gráfica.e.Editora.s.a..|.não.é.permitida.a.reprodução.total.ou.parcial.das.matérias.publicadas.nesta.revista,.sem.autorização.da.glasberg.a.C.R..s/a
Diretor e Editor.Rubens.glasbergDiretor Editorial andré.MermelsteinDiretor Editorial.samuel.PossebonDiretor Comercial Manoel.FernandezDiretor Financeiro.otavio.JardanovskiGerente de Marketing e Circulação gislaine.gasparAdministração.Vilma.Pereira.(gerente),..gilberto.taques.(assistente.Financeiro)
Editora de Projetos Especiais sandra.Regina.da.silvaRedação.Lizandra.de.almeida,..Mônica.teixeira.e.Paulo.Boccato.(Colaboradores)Sucursal Brasília Carlos.Eduardo.Zanatta..(Chefe.da.sucursal),..Raquel.Ramos.(Repórter)
Editor Fernando.LauterjungWebmaster Marcelo.Pressi.Webdesign Claudia.g.I.P.
Arte .Claudia.g.I.P..(Edição.de.arte.e.Projeto.gráfico),..Douglas.turri.(assistente),.Rubens.Jardim.(Produção.gráfica),.geraldo.José.nogueira.(Editoração..eletrônica)..Ricardo.Bardal.(ilustração.de.capa).Depar.ta.men.to Comercial almir.Lopes.(gerente),.alexandre.gerdelmann.e.Cristiane.Perondi.(Contatos),..Ivaneti.Longo.(assistente)
rubensglasbergglasberg@telaviva.com.br
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w w w . t e l a v i v a . c o m . b r
debate público [07/07]
O.Ministério.das.Comunicações.decidiu.dei-xar.aberta,.por.tempo.indeterminado,.a.con-sulta.pública.sobre.o.decreto.que.cria.o.gru-po.executivo.do.projeto.de.TV digital.(GET),.com.as.diretrizes.que.orientarão.as.pesquisas.para.um.padrão.brasileiro.e.a.exposição.dos.motivos..Na.verdade,.o.Minicom.não.chama.mais. de. consulta. pública,. mas. de. debate.público,.o.que.transfere.à.discussão.um.cará-ter.mais.informal.Outra.novidade. importante.é.que.o.assunto.passou.a.ser.tratado.pela.Secretaria.de.Comu-nicação.Eletrônica,.sob.a.batuta.de.Eugênio.Fraga,.e.deixou.de.ser.atribuição.de.Marcos.Dantas,. sub-secretário. de. Planejamento. do.Ministério.das.Comunicações.
Get [08/07]
A.SET (Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão) entregou.ao.Ministé-rio.das.Comunicações.as.suas.contribuições.à.discussão.pública.sobre.a.minuta.de.decre-to. que. cria. o. GET.. O. que. a. SET. quer. é. ter.participação.ativa.no.grupo.O.Minicom.também.já.recebeu.os.comentá-rios.da.UneTV,.entidade.que.representa.o.SBT.e.a.Record,.e.que.também.pede.participação.como.entidade.representativa.no.GET.Entre. radiodifusores,. existe. o. sentimento.de. que. o. Minicom. quer. evitar. iniciar. neste.momento.a.discussão.sobre.TV.digital..Cha-ma. a. atenção. o. fato. de. a. consulta. pública.não.estar.seguindo.o.rito.formal..A.impressão.corrente. entre. radiodifusores. ouvidos. por.Tela.Viva.é.que.a.questão.da.TV.digital.não.é.para.sair.agora,.ou.é.para.sair.como.o.gover-no.quer,.sem.as.sugestões.públicas.
Get II [17/07]
O. Fórum. Nacional. para. a. Democratização.das. Comunicações. (FNDC). encaminhou. ao.Minicom. um. estudo. de. quase. 50. páginas.
embasando. seus. comentários. à. minuta. do.decreto.de.criação.do.GET..Entre.as.colocaçõ-es.do.Fórum,.algumas.se.destacam..Coloca-se.no.documento.que.o.Minicom.está.dando.pouca.atenção.à.importância.cultural.que.a.mudança. da. TV. para. uma. realidade. digital.trará..Também.quer.que.a.política de TV digital.dê.mais.ênfase.na.questão.da.produ-ção.independente.e.no.fomento.ao.audiovi-sual.nacional..Outros. pontos. enfatizados. pelo. Fórum. são.a. necessidade. de. um. melhor. tratamento. à.indústria.nacional.de.software,.que.não.es-taria.recebendo.a.atenção.devida.nas.propos-tas.do.Minicom..A.chance.de.aproveitar.a.TV.digital.para.a.criação.de.mais.competição.no.mercado.de.TV.é.vista.pelo.Fórum.como.uma.grande. oportunidade. não. aproveitada. pela.política.do.ministério.O.documento. enfatiza. ainda. a.necessidade.de. ver. a. TV.digital. de.maneira. abrangente,.incluindo.outras. tecnologias.de.distribuição.(cabo,.DTH.e.MMDS).e.a.necessidade.de.se.buscar.outras.formas.mais.eficientes.de.criar.interatividade.Mais.uma.vez,.o.FNDC.chama.a.atenção.para.a.necessidade.de.se.analisar.o.padrão.de.TV.desenvolvido.na.China.e.pede.maior.preocu-pação.com.outras.alternativas.que.envolvam.definições. diferentes. da. polarização. entre.definição. padrão. e. alta. definição. proposta.pelo.Minicom.Por.fim,.o.Fórum.pede.para.ser.parte.do.grupo.de.estudos.(GET).a.diferenciação.entre.o.que.serão.os.serviços.básicos.e.os.serviços.avança-dos.da.TV.digital.e.que.haja.um.debate.mais.amplo.e.aberto.da.questão.com.a.sociedade.
a ameaça do IcMs [15/07]
O.deputado.Severino.Cavalcanti.(PP/PE),.com..outros.deputados,.apresentou.uma.emenda.ao.projeto.da.reforma.tributária.isentando.do.pagamento.de.ICMS.as.empresas.de.radiodifusão..Atualmente.o.imposto.não.é.pago,.mas.alguns.estados.reivindicam.a.cobrança.e.há.pressões.dentro.do.Confaz.para.que.ela.aconteça..O.deputado.lembra.que.na.Cons-
tituição.está.claro.que.a.prestação.onerosa.de.serviço.de.comunicação,.esta.sim.sujei-ta. ao. pagamento. de. ICMS,. e. o. serviço. de.radiodifusão.são.conceitos.distintos.e.exclu-dentes..O.deputado.também.argumenta.que.do.ponto.de.vista.econômico.a.cobrança.do.imposto. seria. prejudicial. às. empresas. de.radiodifusão..Além.disso,. lembra.o.deputa-do,.as.empresas.se.encontram.em.momento.de.transição.tecnológica,.o.que.exige.plane-jamento.de.seus.investimentos..
relatório preliminar [24/07]
Em.relatório.preliminar.sobre.o.texto.da.refor-ma.tributária,.o.deputado-relator.da.matéria.Virgílio. Guimarães. (PT/MG). resolveu. não acatar. a. emenda. do. deputado. Severino.Cavalcanti. (PP/PE),. que. explicitava. que. o.setor. de. radiodifusão. não. deveria. pagar.o. ICMS.. Do. modo. com. que. foi. apresenta-do. o. relatório,. a. radiodifusão. não. aparece.nem.como.um.setor.sobre.o.qual.incidirá.o.imposto,.nem.como.setor. isento,. como.é.a.legislação.atual..Vale.lembrar.que.este.é.um.relatório. preliminar,. que. ainda. pode. sofrer.alterações.Serviços.de.comunicação.de.um.modo.geral,.inclusive.os.de.valor.adicionado.(como.Inter-net).estão.contemplados.no.texto.da.refor-ma.como.passíveis.de.cobrança.do.ICMS.
tv nos editais [10/07]
A.ABPI-TV.(associação.das.produtoras.inde-pendentes.de.TV). teve.uma. reunião. formal.com.a.Ancine.e.representantes.da.associa-ção.de.São.Paulo.e.do.Rio..Segundo.partici-pante.do.encontro,.o.objetivo.foi.melhorar.o.entendimento. de. ambas. as. partes. sobre. o.funcionamento.dos.mecanismos.de.cobran-ça.e.incentivo.da.agência.no.que.se.refere.à.produção.de.TV.Um.dos.temas.foi.a.ausência.da.produção.para. TV.nos. recentes. editais. para. fomento.de. projetos. submetidos. à. consulta. pública.pela.agência,.que.contemplam.apenas.proje-tos.para.cinema.
Acompanhe aqui as notícias que foram destaque no último mês no noticiário online Tela Viva News.
�tela vivaagosto.de.2003
Em.essência,. os.produtores.procuram.mos-trar.que.muitas.das.normas.da.agência.têm.como.referência.a.produção.para.cinema,.e.que. a. produção. independente. de. TV. teria.que.ser.melhor.contemplada.
ancine no Minc [22/07]
O. ministro-chefe. da. Casa. Civil,. José. Dirceu,.encontrou-se. com. uma. comitiva. de. realiza-dores. cinematográficos.. Segundo. o. cineasta.Alain.Fresnot,.que.esteve.na.reunião,.Dirceu.prometeu. resolver. rapidamente. o. destino. da.Ancine,.num.prazo.de.duas.semanas..O.ministro.deu.a.impressão.a.seus.interlocutores.de.que.a.agência.deve.ficar.sob.o.guarda-chuva.do.Ministério da Cultura.A. reunião. tinha. como. objetivo. entregar. ao.ministro.uma.carta.pedindo.a. volta.dos.R$.16..milhões. ao. orçamento. da. Ancine.. Mas,. em.uma.pré-reunião,.os.12.cineastas.que.partici-param. da. comitiva. resolveram. não. entregar.a. carta. e. aproveitar. a. situação. para. discutir.questões. . “menos. pontuais”.. De. qualquer.forma,. Dirceu. se. comprometeu. com. o. grupo.em. marcar. uma. reunião. com. o. ministro. da.
Fazenda,.Antonio.Palocci,.para.discutir.o.tema. Minc negocia criação da ancinav [24/07]Segundo. fonte. do. governo,. já. há. o. sinal.verde.da.Casa.Civil.para.que.a.Ancine.seja.transformada.em.uma.Agência.Nacional.do.Audiovisual. (Ancinav),. e. quem. está. nego-ciando.esta.mudança.é.o.Ministério.da.Cul-tura..Será.uma.agência.que.manterá.as.fun-ções.atuais.da.Ancine.e.que.também.terá.a.função.de.regular.e.fiscalizar.o.setor.audiovisual.como.um.todo,.inclusive.a.TV.A. solução. encontrada. pelo. governo. para.não.enfrentar.a.resistência.das.redes.aber-tas. é. não. mexer. com. a. relação. entre. as.empresas. privadas. que. prestam. o. serviço.de. radiodifusão.. Será. uma. agência. voltada.sobretudo.ao.fomento.e.preservação.do.con-teúdo.nacional.A.decisão.final.do.governo.sobre.a.vincula-ção.da.Ancine.deve.sair.dentro.de.15.dias,.segundo.a.mesma. fonte..Enquanto. isso,.o.Ministério.da.Cultura.tem.como.incumbên-cia.ouvir.os.diferentes.setores.da.socieda-de,. inclusive. as. redes. de. televisão,. para.discutir. as. condições. de. criação. da. Anci-
nav..As.reuniões.começaram.e.pelo.menos.a.Rede.Globo. já. foi.ouvida,.mas.as.outras.emissoras.também.o.serão.
contra o ecad.[10/07]
É. complicada. a. situação.dos. exibidores.de.cinema.nacionais.por.conta.da.taxa.paga.ao.ECAD.a.título.de.direitos.autorais..Represen-tantes. da. FNEEC. (Federação. Nacional. das.Empresas.Exibidoras.de.Cinema).e.da.Abraci-ne.(Associação.Brasileira.de.Cinemas).estive-ram.com.Gustavo.Dahl,.da.Ancine,.relatando.o. problema.. Os. exibidores. nacionais. foram.surpreendidos.por.uma.decisão.do.STJ.que.os.obriga.a.pagar.2,5% da receita bruta.de.cada.filme.O.problema.é.que.algumas.salas.exibidoras.ligadas.a.grupos.internacionais.(comenta-se.que.apenas.o.Cinemark).ficaram.isentas.do.pagamento.do.ECAD,.o.que.criou.uma.situa-ção. de. desequilíbrio.. Tradicionalmente,. os.exibidores.nacionais.pagavam.0,5%.da.recei-ta.para.o.ECAD..Ao.que.tudo.indica,.a.Anci-ne.está.disposta.a.entrar.na.discussão.pelos.direitos.autorais.
Fotos:.Divulgação
No satélite
A STV - Rede SescSenac de Televisão.abriu.em.julho.seu.sinal.no.satélite.Brasilsat.B3..Antes.o.sinal.era.codi-ficado,.com.acesso.permitido.apenas.para.operadoras.de.TV.paga..Com.a.mudança,.o.acesso.ao.sinal.da.STV.passa.a.ser.livre.em.todo.o.Brasil.tanto.para.operadoras.quanto.às.cerca.de.350.mil.parabólicas.com.receptores.digitais..Até.então.o.canal.estava.disponível.aos.assinantes.da.Net.São.Paulo,.Brasília.e.Rio.de.Janeiro.e.das.operadoras.de.DTH.Sky,.DirecTV.e.Tecsat.
Fusão
As. produtoras. Jodaf e Radar. criaram. a. Mixer.. As.empresas.ligadas.às.duas.produtoras.(que.incluem.ainda.a.Pizza.Filmes,.a.R..Digital.e.a.TNN).funcionarão.como.mar-cas.dentro.do.guarda-chuva.da.Mixer..João.Daniel.Tikho-miroff,.da.Jodaf,.assumirá.o.cargo.de.presidente.da.nova.empresa,. que. terá. inicialmente. 72. funcionários..Além.de.João.Daniel,.os.outros.sócios.são.Gil.Ribeiro.(diretor-execu-tivo),.Fábio.Ribeiro.(diretor.de.operações).e.Michel.Tikhomi-roff.(diretor.artístico)..Um.dos.projetos.desenvolvidos.pela.nova.empresa.é.o.TNN.(Travel.News.Network),.um.novo.canal.internacional.de.turismo.para.TV.por.assinatura.
Música e animação
O.clipe.“Segredos”,.pro-duzido. pelo. Estúdio Conseqüência,. do. Rio.de.Janeiro,.para.o.can-tor. Frejat,. vem. acumu-
lando.prêmios.desde.o.seu.lançamento,.em.2002..Eleito..melhor.clipe.pop.no.Video.Music.Brasil.do.ano.passado,.agora.foi.indicado.ao.Grammy.Latino.como.melhor.vídeo.musical.. Assinam. a. direção. Maurício. Vidal,. Renan. de..Moraes.e.Leo.Santos..
�tela vivaagosto.de.2003
Bob Esponja
Misturando. cenas. reais.com. animação,. está. no.ar. a. campanha. do. pico-lé.Bob.Esponja,.inspirado.no. famoso. personagem.de. desenho. animado.. O.filme,.feito.para.a.Kibon,.foi.criado.pela. McCann-Erick-son e.produzido.pela.O2 Filmes,.com.direção.de.Fabrizia.Pinto..A.animação.ficou.a.cargo.da.Lobo Filmes..
A.AD Videotech e a Line Com,.duas. empresas. tradicionais. na. área.de. projetos. e. implantação. de. siste-mas. e. equipamentos. de. produção.audiovisual,. anunciaram. sua. fusão.em.uma.nova.empresa,.a.AD Line..A. nova. empresa. funciona. desde. o.dia.4.de.agosto.no.escritório.atual.da.AD.Videotech,.em.São.Paulo.O.ponto.de.partida.para.a.fusão, da. qual. cada. empresa. é. sócia. em.50%,.foi.a.complementaridade.entre.as.duas.companhias,.tanto.nos.ser-viços. prestados. quanto. na. visão.comercial.e.de.recursos.humanos,.explica.Carla.Vicente,.gerente.de.desenvolvimento.estratégico.da.nova.empresa..
A.AD.é.mais.focada.no.mercado.cha-mado.“pro”,.formado.principalmente.por.produtoras,.universidades.e.mer-cado. corporativo,. enquanto. a. Line-Com. tem. seu. forte. no. atendimento.ao.broadcast.As. duas. empresas. já. eram. dealers.autorizados.Sony,.mas.a.AD.também.representa. marcas. como. Pinnacle,.Apple. e. Avid,. enquanto. a. LineCom.oferece.equipamentos.Leitch.e.Tektro-nix,.mais.voltados.ao.broadcast..Com.a.fusão,.a.AD.Line.terá.condições.de.atender.tanto.a.área.de.câmeras,.swit-chers,. processadores. etc.. quanto. as.
necessidades.em.edição.não-linear,.efeitos.etc.
AD Line
A nova empresa fica sob a direção de Daniela H. Souza Machado, Nilson T. Fujisawa e Carla Vicente.
RetificaçãoA.tabela.“As.novas.regras.de.propriedade.nos.EUA”.saiu.incompleta.na.página.16.da.edição.de.julho/2003..Veja.a.tabela.completa.no.site.www.telaviva.com.br.
Personagem virtual
Nos. dois. novos. filmes. de. Chamyto,. o. leite. fermentado. da.Nestlé,.o.Gênio,.personagem.da.marca.feito.em.animação,.interage.com.os.atores..Com.a.assinatura.“Faz.bem.gostar.de.Chamyto”,.os.comerciais. foram.criados.pela.Lowe.com.produção. da Iô-Iô Filmes,. direção. de. Alex. Gabassi e.computação.gráfica.da.Vetor Zero.No. filme. “Bicicross”,. de. 30”,. a. idéia. de. proteção. que. o. novo.ingrediente.do.produto.(lactobacilos.vivos.fortis).oferece.é.res-
saltada.pela.introdução.da.persona-gem.“protetora”.Dona.Eugênia,.que.aparece.para.dar.conselhos.ao.filho,.o.Gênio..Já.o.filme.“Transformação”,.de.15”,.anuncia.o.novo.sabor.exclu-sivo.Tangerina.do. leite. fermentado.da. Nestlé.. No. comercial,. o. Gênio.sai.de.um.pote.de.Chamyto.e.espre-me.uma.tangerina,.transformando.o.sabor.do.produto.
Interpretações musicais
Acabaram. as. filmagens. do. curta-metragem. “Cirandar”,. produzido.pela.Havana Filmes.e.dirigido.por.Sérgio.Glasberg..O.curta,.com.lan-çamento. previsto. para. setembro,.foi.captado.em.apenas.uma.diária..Com.fotografia.de.Alberto.Gracia-no,. o. filme. será. finalizado. digital-mente,.em.HD,.e.depois.transferi-do.para.película.novamente.O. curta. não. tem. diálogos,. apenas.a. trilha. sonora.. “São. imagens. de.suspense,.mas.o.que.vai.dar.o.tom.do.filme.é.a.trilha”,.explica.Glasberg..A.pós-produção.musical.está.a.cargo.da.produtora.de.áudio. Friends,.que.fará.três.trilhas.musicais.distintas.para.o.filme,.compostas.pelos.maestros.PC.Bernardes,.Armando.Ferrante.e.Gustavo.Franco..“O.diretor.passou.o.filme.para.nós.sem.briefing,.para.que.pudéssemos.dar.nossa.própria.interpretação”,.conta.Bernardes..“Como.não.existe.diálogo,.carregar.na.cor.é.por.nossa.conta”,.completa.o.maestro.Após. a. composição. das. músicas,. será. escolhida. uma. das. interpretações,.
ou. até.mesmo.uma.mistura.das. três..O.acabamento. técnico.do.áudio. está.a.cargo.de.Marco.de.Cunto.Além.do.curta.“Cirandar”,.o.diretor.Sér-gio.Glasberg.tem.outro.trabalho.ligado.à.música..Trata-se.do.clipe.“Judas”,.do.rapper.Ferréz,.indicado.para.melhor clipe de rap.no.Video.Music.Brasil.2003,.da.MTV.
“Judas”
“Cirandar”
Nova marca
A.Alias|Wavefront.comemorou.20.anos.de.existência.anunciando.mudanças.na.marca..A.empresa.agora.passa.a.chamar-se.Alias..Além.do.nome,.a.desenvolvedora.do.software.de.anima-ção.3D.Maya.ganhou.um.novo.logoti-po.e.mudou.seu.site.para.o.endereço.www.alias.com.
Sede carioca
A.Academia de Filmes.terá.uma.nova.sede.no.Rio.de.Janeiro..A.casa,.com.mil. m2,. fica. no. bairro. de. Botafogo. e.está.recebendo.um.estúdio.e.salas.de.finalização.e.edição..Para.a.direção.de.cena,.foram.contratados.Tiago.Vianna.e.Rudá.Morcillo..A.dupla.já.produziu.filmes,. entre. outros,. para. Petrobrás,.MAM,.Pró-Matre.e.Portinare..Recen-temente,. a. unidade. carioca. também.contratou.Vera.Oliveira,.que.responde.pelo.atendimento.da.Academia.
Superprodução
A.cantora.Kelly.Key.prepara.seu.pri-meiro.DVD,.a.partir.das.gravações.feitas. no. show. que. aconteceu. em.final. de. julho. no. Canecão,. no. Rio.de. Janeiro.. A. direção. é. de. Karina.Ades,. que. coordenou. a. equipe. de.30.pessoas..As.imagens.foram.grava-das.por. quatro. câmeras. e. editadas.simultaneamente. em.uma.unidade.móvel.
Ao vivo
Allan.Sieber,.o.diretor.de.sucessos.de.animação. como. “Deus. é. Pai”. e. “Os.Idiotas.Mesmo”,.estréia.na.direção.de.um. curta-metragem. filmado. ao. vivo. “Jonas”.foi.filmado.no.Rio.de.Janei-ro.em.dois.dias,.e.conta.a.história.do.menino. homônimo,. que. é. obcecado.por.uma.foto.antiga.da.avó..
Campanha internacional
A. Prodigo Films é. a. responsável. pela. produção. dos. oito. comerciais. da.nova.campanha.da.rede.de.hipermercados.Feira.Nova,.do.grupo.português.Jerô-nimo.Martins..Os. filmes,.com.criação.da.agência.Upgrade,. serão.exibidos.até.o.final.do.ano.nas.TVs.portuguesas..A.direção.dos.filmes.ficou.por.conta.de.Caito.Ortiz..A.produtora.rodou.também.um.banco.de.imagens.de.produtos.para.o.cliente,.divididos.em.34.categorias,.que.serão.utilizados.nos.blocos.de.oferta,.e.a.assinatura.em.computação.gráfica.da.rede.de.hipermercados.Além.disso,.a.produtora.acaba.de.investir.R$.700.mil.na.reforma.de.suas.insta-lações.e.na.aquisição.de.equipamentos.para.a.legendagem.de.fitas..Com.o.equipamento.Screen.Subtitling,.é.possí-vel.criar.legendas.em.até.seis.idiomas.na.mesma.fita.beta.digital..Os.investimentos.são.fruto.do.estreitamento.das.relações.entre.a.produtora.e.o.canal.por.assinatu-ra.Eurochannel..A.Prodigo.é.responsável.pela.legendagem.e.transcodificação.dos.programas. exibidos. pelo. Eurochannel.em.toda.a.América.Latina.
Nova associação
Durante.a.edição.2003.do.Festival.Anima.Mundi.de.animação,.foi.fundada.a.Associação Brasileira de Cinema de Animação.(ABCA)..A.iniciativa.partiu. do. animador. Marcelo. Marão,. vencedor.do.prêmio.de.melhor. filme.brasileiro.na. versão.carioca.do. festival,.com.a.produção.“Engolervi-lha”..A.intenção.é.organizar.a.categoria.que.vem.crescendo. bastante. nos. últimos. anos,. concen-trando-se.em.cinco.focos:.produção,.distribuição,.exibição,.formação.e.história.Todos.os.profissionais.ligados.à.área.de.anima-ção. podem. se. associar,. entrando. em. contato.pelo.e-mail.mmarao@terra.com.br. Laboratório
em Manaus
A.Philips,.a.Universidade.do.Estado.do.Amazonas. (UEA). e. a. Escola. Politéc-nica. da. Universidade. de. São. Paulo.(Poli-USP).criaram.o.Laboratório Philips da Amazônia.-.Instituto.de.Pesquisa.e.Desenvolvimento,.com.investimento. inicial. de. R$. 5. milhões..Segundo. o. diretor. do. laboratório,.Walter.Duran,.“certamente.o.laborató-rio. terá.participação.significativa.nos.estudos.nacionais”.O. laboratório. realizará. estudos. e.desenvolvimento.de.ferramentas.para.TV digital. interativa. baseadas. na.plataforma. DVB-MHP,. e. pesquisas.para. o. projeto. Cismundus,. que.visa.criar.um.ambiente.de.comunica-ção,.integrando.tecnologia.de.celula-res. GSM. e. TV. digital.. As. pesquisas.deste.segundo.núcleo.serão.feitas.em.parceria.com.a.TV.Cultura..
Cinema de rua
.Estreou. no. início. do. mês. o.Kinoplex. Itaim,. primeiro.empreendimento. dos. Cine-mas. Severiano. Ribeiro. na.capital. paulista.. Serão. seis.salas.de.projeção,.com.tecno-logia.digital,.e.uma.novidade:.as.salas.são.equipadas.com.o. sistema. de. som.THX,. criado. pelo. cineasta. americano. George.Lucas..O.Kinoplex.Itaim.será.equipado.com.projeção.digital.(segun-do.complexo.de.São.Paulo.com.a.tecnologia.implementada.pela.TeleImage),.sistema.de.som.Dolby.Digital.EX.e.o.THX.
Não.disponivel
12tela vivaagosto.de.2003
3ds max 6: Com o “virtual stuntman”, é possível simular movimentos humanos
baseados na ação da cena.
Novo 3D
A Discreet anunciou a sexta versão do software de animação 3D 3ds max. Segundo a empresa, as novas funções e ferramentas do software foram desenvolvidas após conversas com as empresas de criação de jogos, efeitos visuais e produção de animação gráfica. Entre as novidades estão a visualização esquemática avançada, que permite um melhor gerenciamento de cenas complexas; renderizador mental ray; ferramenta de colorização vertex; ferramentas de visualização e suporte às ferramentas de CAD da Autodesk. Outra novidade incluída na nova versão é o sistema de fluência de partículas, para criação de água, serração, neve, gotas, explosões a outros efeitos.
O 3ds max tem lançamento previsto para o último trimestre do ano. O preço sugerido nos EUA é de US$ 3.495 e upgrade por US$ 795.www.discreet.com.br
Áudio na Adobe
A Adobe anunciou o lançamento do software Adobe Audition, para edição de áudio multitrack. Conhecido antes como Cool Edit Pro, o produto foi comprado pela Adobe, da Syntrillium Software, em maio de 2003. O software roda em plataforma Windows, faz mixagem de áudio, edição, masterização e processamento de efeitos, pode importar mais de 45 efeitos DSP e mixar até 128 faixas de som. O Audition é voltado para músicos, videomakers, radialistas e conta com multitrack integrado e capacidade de acompanhamento da edição, efeitos em tempo real, suporte para looping, ferramentas de análise, recursos de restauração e suporte para vídeo. Além disso, trabalha com áudio AVI e também suporta os formatos WAV, AIFF, MP3, MP3PRO e WMA.O produto deve ser distribuído a partir do final deste mês de agosto para Windows 98, 2000 e XP com preço estimado de US$ 299 (nos EUA).www.adobe.com.br
Renderização por hardware
A ATI Technologies ampliou sua linha de placas gráficas baseadas na arquitetura FireGL com o lançamento dos modelos X2256 e T2128. O primeiro traz 256 Mb de memória, processador 9800 VPU (Visual Processing Unit) e oito canais paralelos de renderização, além de duas saídas DVII, podendo ser usada com dois monitores. Graças ao suporte à renderização via hardware, a placa permite aos criadores de animação 3D renderizar personagens, cenários e cenas em tempo real. A placa tem preço sugerido nos EUA de US$ 999.Já a T2128, modelo mais em conta voltado para criadores iniciantes de con
teúdo digital, conta com 128 Mb de memória e suporte para dois monitores, com saídas DVII e VGA. Baseado no processador 9600 VPU, o equipamento conta com quatro canais paralelos de renderização. O modelo tem preço sugerido nos EUA de US$ 379.www.ati.com
FireGL T2-128
FireGL X2-256
2M/E KayakDD: versão expandida do modelo 1M/E conta com mais entradas, mais keyers e mais efeitos digitais incluídos.
Substituição de modelos
A Grass Valley anunciou as novas câmeras LDK 300 e LDK 500, que substituirão os modelos LDK 100 e LDK 200. A arquitetura de processamento de vídeo da LDK 300 inclui dois processadores de sinal digital (DSP) e suporta adaptadores triax, o novo Grass Valley Digital Wireless Trax Camera System (para transmissão do vídeo sem cabos) e o formato de vídeo DVCPRO 50. Além disso, os novos CCDs trabalham a partir de 2000 lux a F14, o que permite gravar em situações de pouca luz até alto contraste. Outra novidade é que os CCDs podem trabalhar tanto em formato 4:3 quanto em 16:9. A câmera ainda é compatível com todos os acessórios desenvolvidos para os modelos anteriores LDK.Já a LDK 500 conta com o primeiro circuito conversor de analógico para digital de 14 bits e é compatível com o novo sistema de controle C2IP, apresentado na última NAB, que permite controlar as câmeras remotamente através de redes IP. A câmera também permite congelar um frame, o que facilita a configuração de tons de pele
e ainda a sincronização de várias câmeras. Uma novidade interessante é que a câmera suporta a instalação de softwares plugins, como,
por exemplo, um corretor de cores multimatriz, permitindo ao usuário ajustar uma única cor sem alterar as outras. A
LDK 500 tem a mesma sensibilidade do modelo 300 e também suporta controles C2IP.www.thomsongrassvalley.com
LDK 500
Switcher
A Grass Valley apresentará, pela primeira vez, na próxima IBC, que acontece em Amsterdã entre os dias 11 e 16 de setembro, o novo equipamento da linha de switchers Kayak. O produto, intitulado 2M/E KayakDD, é uma versão expandida do modelo 1M/E, apresentado na última NAB. O 2M/E conta com mais entradas, mais keyers e mais efeitos digitais incluídos em relação ao modelo anterior. Além disso, conta com um sistema programável de alimentação de conteúdo para produções feitas por várias estações. O equipamento trabalha tanto em NTSC quanto em PAL e foi desenhado para produção em estações móveis, inclusive ao vivo, e para produtoras de pequeno e médio porte.O número de entradas do 2M/E é expansível, com um mínimo de 24 entradas, conta ainda com dez saídas M/E e monitor touchscreen. Como opcionais estão ainda features como a capacidade de trabalhar com chromakey, correção de cores RGB e um RAMRecorder.www.thomsongrassvalley.com
A produtora de casting Nazaré di Ma-ria se define como uma cigana. Já via-jou o mundo inteiro, morou em muitos lugares do Brasil, mas encontrou seu verdadeiro lar em São Paulo. Por mais que viaje, é aqui que a cigana montou acampamento.
Fotos:.gerson.gargalaka.(nazaré.di.Maria).e.Divulgação
Cercada.por.centenas.de.atores,.atrizes,.modelos.e.diletantes.em.busca.de.seus.cinco.minutos.de.fama,.Nazaré.dá.atenção.para. todos. e. conseguiu. segurar. a. onda. de. um. teste. de. VT.que. exigia. todos. os. tipos. possíveis. e. imagináveis. ao. mesmo.tempo.em.que.concedia.esta.entrevista..Deve.estar.para.nascer..alguém.mais.apaixonada.pelo.que.faz..Ser produtora de casting é tudo o que eu sempre quis fazer. Trabalho há 15 anos com isso e não faria outra coisa: nunca trabalharia com figurino, nem com produção de objetos. Faço exatamente o que gostaria de fazer na vida.Nascida.no.Maranhão,.ainda.garota.Nazaré.se.mudou.para.Minas,. onde. foi. viver. com. um. tio.. Não. gostou. muito. do.lugar,.e.de. lá. foi.para.o.Rio,. também.para.a.casa.de.uma.tia.. Mas. o. excesso. de. zelo. a. incomodava. Não gosto de ninguém tomando conta da minha vida. Tinha. 17. anos. e.decidiu.que.queria.viver.em.São.Paulo..A.tia.encrencou:.se.
quiser. ir.embora,. vai. voltar.para.casa..Lá.se. foi.Nazaré.de.volta.para.Caxias,.a.380.km.de.São.Luiz..Na.primeira.oportunidade,.pegou.uma.carona.para.o.Sul.Em. São. Paulo,. conheceu. pessoas. que. trabalhavam. em.teatro.e.se.empregou.com.o.diretor.e.professor.de.teatro.Emílio.Fontana..Em.pouco.tempo,.já.estava.administran-do.o.Teatro.Paiol.e.acompanhando.as.filmagens.de.um.longa.de.Fontana..Mas.não.agüentou.muito.tempo:.resol-veu. ampliar. ainda. mais. seus. horizontes.. Mudou. para.Nova. York,. onde. ficou. seis. anos. fazendo. de. tudo:. foi.babá,.faxineira.de.hotel.e.o.que.mais.pintou.Quando. voltou. a. São. Paulo,. uma. das. primeiras. pessoas.com.quem.se.encontrou.foi.o.diretor.de.teatro.José.Possi.Neto,. que. já. conhecia. da. época. em. que. trabalhou. com.Emílio. Fontana. Eu acho que tenho sorte. Você vê, assim que voltei já encontrei o Possi, que me apresentou para o Wellington Amaral, da 5.6. Fui então trabalhar com ele como secretária.Sua.opção.pelo.casting.aconteceu.quando.ainda.trabalha-va.com.teatro..Viu.a.produtora.em.ação.e.perguntou.o.que.era.preciso.para.fazer.aquilo..Foi.orientada.a.aprender.na.prática,.fazendo.estágios.e.observando..Assim.que.chegou.à. 5.6,. sabia. que. era. o. que. queria. fazer,. mas. não. havia.vaga. Acei tei ser secretária, mas na primeira oportunidade consegui um estágio no casting e coloquei uma amiga no meu lugar..Alguns.anos.depois,.decidiu.trabalhar.como.free-lancer.e.desde. então. vem. ampliando. sua. atuação,. especialmente.na.área.de.comerciais..Já.fez.muitos.curtas.e.sonha.com.a.oportunidade.de.fazer.um.longa..Sei que existem diferen-ças, mas estou louca por essa chance. Para trabalhar nessa área, é preciso ter muito jogo de cintura. E muito fôlego. Qualquer um pode aprender observando, mas tem que gostar de falar com as pessoas, passar confiança. Apesar
de que hoje em dia todo mundo quer aparecer. É só você chegar e dizer que as pessoas acreditam. E. atualmente,. a. maioria. das. agências. está. procurando.“rostos. comuns”.. Quan do o filme pede modelão é fácil, é só ligar para a agência. Mas agora estamos cada vez mais tendo que procurar pessoas na rua, no boca-a-boca. É muito legal quando descobrimos talentos, per-cebemos que a pessoa pode se dar bem. Mas é bem mais trabalhoso...De.suas.viagens.—.a.passeio.ou.a.trabalho.—.vai.colecio-nando. amigos. e. histórias.. De. uma. série. de. comerciais.de. cerveja,. fez. amigos. no. Nordeste. todo.. De. um. filme.para.o.exterior,.ainda.hoje.recebe.telefonemas.dos.índios.com.quem.trabalhou..Para se manter nessa área, é preciso ter uma boa relação, mas ser dura. Na brincadeira, acabo conseguindo manter a disciplina e controlar todo mundo. Uma vez eu quase me dei mal, com a Adriane Galisteu. Ela namorava o Senna e nós combinamos um ponto de encontro, porque íamos todos viajar para as Bahamas. Ela ia almoçar com ele, então me pediu para ir direto para o aeroporto. Chegamos lá e ela, nada. Todo mundo fez o check-in, entrou no avião, e eu, desesperada, ouvindo um monte do diretor. Aí resolvemos anunciar no aeroporto e logo depois eu vejo uma loira enorme, correndo, com um baixinho do lado e uma multidão atrás. Comecei a dar uma bronca, e ele quis defendê-la, falou que a culpa era dele. Eu estava tão louca da vida que coloquei o dedo na cara dele e disse: “olha aqui, agora você vai embora e leva sua multidão com você”. Ele quis revidar, mas todo mundo ficou me olhando, porque eu tinha falado daquele jeito com o Senna. Depois, fiquei conhecida como a mulher que tinha colocado o dedo na cara do Senna. Mas nunca mais fui mole com ninguém...
nazarédi Maria
. Daniel Soro (1).e.Chalabi.(2).são. os. mais. novos. diretores.
de. cena. na. equipe. da. Tambor.Filmes..Ambos. vieram.da.Dina-mo.Filmes.e.estrearam.na.Tam-bor. com. o. filme. “Hulk”,. para. a.rede.de.fast-food.Habib’s.
. Joyce Moraes de Avelino (3).é.o.novo.reforço.da.equi-pe.da.JX.Plural..Ela.deixa.a.Academia. de. Filmes. para.assumir. a. assessoria. de.comunicação.da.JX.
.A.Dínamo.Filmes.contratou.qua-tro. novos. profissionais. para. o.
atendimento..Entram.para.a.equipe.da.produtora.Moema Porro (ex-Cons-piração),.Leo Alves.(ex-Cia.Ilustrada),.Dimitria Cardoso. (ex-Moreau). e.Carolina Longo.(ex-Duetz).
.A.Sentimental.Filme.está.com.dois.novos.diretores:.o.fotógrafo.Bob Wolfenson e.o.publicitário.e.cineasta.
Heitor Dhalia..Wolfenson.foi.convidado.após.uma.parce-ria.na.campanha.publicitária.da.Fórum..Dhalia. formava.uma.das.duplas.criativas.da.DM9.nos.idos.de.1995.com.outro.diretor.da.produtora,.Luciano.Zuffo..Dhalia.dirigiu.o.longa-metragem.“Nina”,.que.deve.estrear.em.janeiro.de.2004.e.teve.sua.montagem.encerrada.no.mês.passado.
.Clovis Marchetti acaba.de.assu-mir. uma. vaga. como. diretor. de.arte. na. Loducca.. Marchetti. vem.da.MPM,.mas. já. tem.passagens.pela.Fischer.América,.DM9DDB.e..outras..Ele.fará.dupla.com.o.reda-tor. gaúcho. Guga. Ketzer,. há. três.anos.na.agência.
14tela vivaagosto.de.2003
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. O.marketing.da.Traffic.passou.por.uma.reestrutu-ração,.dividindo-se.agora.em.atendimento,.plane-jamento,. criação. e. comunicação.. O. responsável.pela. reestruturação. é. Luiz Eduardo Borges (9),.(ex-BandSports). que. dirige. o. departamento. de.novos. negócios.. Estão. na. equipe. Pedro Fraga (11). (ex-Sportv). e. Celso Matsuda (4). (ex-Full.Jazz),. que. assumem. o. atendimento. e. o. plane-jamento,. respectivamente.. Também. na. área. de.planejamento. está.Gabriel Faria (5).. Na. criação..entram.o.diretor.de.arte.Pedro Hashimoto (6) (ex-
RedeTV),.o.designer.Emiliano Miranda.(8).(ex-Officina.8).e.a.redatora.Patricia Pahl (7).(ex-RedeTV)..Rodolfo Rodrigues (12).deixa.área.internacional.da.empresa.para.controlar.o.núcleo.de.informação.e.comunicação..Luciana Menna Barreto (10) (ex-Eurochannel).assume.a.área.de.comunicação.
quiser. ir.embora,. vai. voltar.para.casa..Lá.se. foi.Nazaré.de.volta.para.Caxias,.a.380.km.de.São.Luiz..Na.primeira.oportunidade,.pegou.uma.carona.para.o.Sul.Em. São. Paulo,. conheceu. pessoas. que. trabalhavam. em.teatro.e.se.empregou.com.o.diretor.e.professor.de.teatro.Emílio.Fontana..Em.pouco.tempo,.já.estava.administran-do.o.Teatro.Paiol.e.acompanhando.as.filmagens.de.um.longa.de.Fontana..Mas.não.agüentou.muito.tempo:.resol-veu. ampliar. ainda. mais. seus. horizontes.. Mudou. para.Nova. York,. onde. ficou. seis. anos. fazendo. de. tudo:. foi.babá,.faxineira.de.hotel.e.o.que.mais.pintou.Quando. voltou. a. São. Paulo,. uma. das. primeiras. pessoas.com.quem.se.encontrou.foi.o.diretor.de.teatro.José.Possi.Neto,. que. já. conhecia. da. época. em. que. trabalhou. com.Emílio. Fontana. Eu acho que tenho sorte. Você vê, assim que voltei já encontrei o Possi, que me apresentou para o Wellington Amaral, da 5.6. Fui então trabalhar com ele como secretária.Sua.opção.pelo.casting.aconteceu.quando.ainda.trabalha-va.com.teatro..Viu.a.produtora.em.ação.e.perguntou.o.que.era.preciso.para.fazer.aquilo..Foi.orientada.a.aprender.na.prática,.fazendo.estágios.e.observando..Assim.que.chegou.à. 5.6,. sabia. que. era. o. que. queria. fazer,. mas. não. havia.vaga. Acei tei ser secretária, mas na primeira oportunidade consegui um estágio no casting e coloquei uma amiga no meu lugar..Alguns.anos.depois,.decidiu.trabalhar.como.free-lancer.e.desde. então. vem. ampliando. sua. atuação,. especialmente.na.área.de.comerciais..Já.fez.muitos.curtas.e.sonha.com.a.oportunidade.de.fazer.um.longa..Sei que existem diferen-ças, mas estou louca por essa chance. Para trabalhar nessa área, é preciso ter muito jogo de cintura. E muito fôlego. Qualquer um pode aprender observando, mas tem que gostar de falar com as pessoas, passar confiança. Apesar
de que hoje em dia todo mundo quer aparecer. É só você chegar e dizer que as pessoas acreditam. E. atualmente,. a. maioria. das. agências. está. procurando.“rostos. comuns”.. Quan do o filme pede modelão é fácil, é só ligar para a agência. Mas agora estamos cada vez mais tendo que procurar pessoas na rua, no boca-a-boca. É muito legal quando descobrimos talentos, per-cebemos que a pessoa pode se dar bem. Mas é bem mais trabalhoso...De.suas.viagens.—.a.passeio.ou.a.trabalho.—.vai.colecio-nando. amigos. e. histórias.. De. uma. série. de. comerciais.de. cerveja,. fez. amigos. no. Nordeste. todo.. De. um. filme.para.o.exterior,.ainda.hoje.recebe.telefonemas.dos.índios.com.quem.trabalhou..Para se manter nessa área, é preciso ter uma boa relação, mas ser dura. Na brincadeira, acabo conseguindo manter a disciplina e controlar todo mundo. Uma vez eu quase me dei mal, com a Adriane Galisteu. Ela namorava o Senna e nós combinamos um ponto de encontro, porque íamos todos viajar para as Bahamas. Ela ia almoçar com ele, então me pediu para ir direto para o aeroporto. Chegamos lá e ela, nada. Todo mundo fez o check-in, entrou no avião, e eu, desesperada, ouvindo um monte do diretor. Aí resolvemos anunciar no aeroporto e logo depois eu vejo uma loira enorme, correndo, com um baixinho do lado e uma multidão atrás. Comecei a dar uma bronca, e ele quis defendê-la, falou que a culpa era dele. Eu estava tão louca da vida que coloquei o dedo na cara dele e disse: “olha aqui, agora você vai embora e leva sua multidão com você”. Ele quis revidar, mas todo mundo ficou me olhando, porque eu tinha falado daquele jeito com o Senna. Depois, fiquei conhecida como a mulher que tinha colocado o dedo na cara do Senna. Mas nunca mais fui mole com ninguém...
. A.Academia.de.Filmes.contratou.Heloise Calandra,.que.vem.da.Zohar.Cine-
ma,. para. responder. pelo. atendimento. da.unidade.internacional.da.produtora..Heloise.já.trabalhou.na.França.e.no.Brasil.foi.do.staff.da.Conspiração.Filmes..A.produtora.também.contratou.Juliana Karam.para.assessorar.as.áreas.de.marketing.e.imprensa.
. A.SFilmes.trouxe.Maya Menezes Montenegro,.que.atuava.na.Vertical.Filmes,.para.trabalhar.ao.lado.de.Cacá.Orozco.
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1�tela vivaagosto.de.2003
O
Impostos de importação de equipamtosinibem crescimento da indústria e só favorecem o contrabando.
O setor de produção audiovisual é visto como estratégico em vários aspectos. Tem enorme importância cultural, colabora na integração nacional, gera empregos de forma intensiva e tem capacidade de exportar produtos de altíssimo valor agregado. Em resumo, vai ao encontro de todo o discurso desenvolvimentista e exportador do governo Lula.
Seria de se esperar, portanto, que houvesse um grande estímulo à implantação de um parque de produção moderno e bem equipado no País. Mas não é o que acontece, ao menos por enquanto.
Os equipamentos de produção, tanto bens de capital como câmeras, VTs, switchers etc. quanto insumos essenciais como fitas e negativos, sofrem a incidência de impostos em cascata, que podem aumentar em 70% ou até mais o valor de um bem (veja Tabela 1).
O resultado: quem pode, e está disposto a correr riscos, apela para o contrabando, e fica “sem pai nem mãe”, ou seja, sem garantia, assistência, suporte. E quem não pode ou não quer importar “por fora” acaba restringindo ou mesmo cortando todos os investimentos em crescimento e modernização.
É por isso que o setor começa a se articular para reduzir a carga tri
butária na importação de equipamentos, em um movimento que une emissoras de TV, produtoras independentes de TV e publicidade, produtoras de cinema, locadoras, revendedores e fabricantes de equipamentos.
ConvênioNo caso das emissoras de televisão, a situação já foi mais favorável. Desde o início da década de 90 as empresas eram isentas de ICMS na importação de equipamentos (sempre que voltados à produção de conteúdo e sem similar nacional). Outros segmen
tos da produção, aliás, como o cinema e as produtoras independentes, sempre pleitearam isonomia nessas condições. A isonomia veio, mas pelo lado oposto ao imaginado. O convênio 58, firmado com o Confaz (conselho que reúne os secretários de Fazenda dos estados), firmado em 2000, extinguiu gradativamente o benefício, que chegou a 60% de isenção ao final de 2002 e expirou no início deste ano.
Hoje o setor de radiodifusão vê uma redução da carga tributária de importação de equipamentos como essencial no caminho à digitalização do conteúdo.
“Mesmo antes de se definir um padrão de TV digital, que afetará apenas a transmissão, há a necessidade de se digitali
“Sem um incentivo, prejudica-se a competividade da TV brasileira”, diz Nilvan, da Abert.
Fotos:.arquivo
Pé no breque
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zar todo o resto das operações, ou seja, montar estúdios digitais, com câmeras, switchers, VTs, e todo o resto, como arquivo etc.”, argumenta José Nilvan de Oliveira, assessor tributário da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV).
“Hoje, com a retração do mercado publicitário e o alto endividamento das empresas de mídia, a capacidade de investimento está restrita. Sem um incentivo, prejudicase a competitividade da radiodifusão brasileira com outros meios, como a Internet, e com o conteúdo estrangeiro”, completa Nilvan. A associação promoverá um estudo para selecionar os itens fundamentais que deveriam ser beneficiados com isenção de II (Imposto de Importação) e IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para a implantação da digitalização completa da televisão no Brasil.
Benefícios
Os argumentos a favor da isenção ou redução de impostos são muitos, e fortes. Um deles é que o setor representa muito pouco na balança comercial brasileira. É difícil chegar a um número exato, até porque na classificação adotada pelo governo para a importação e exportação de bens, muitas vezes é difícil separar o que é equipamento profissional do que é para consumo. Um exemplo: na classificação “Negativos de 35 mm” entram tanto as películas para cinema quanto os filmes para máquinas fotográficas comuns.
De qualquer forma, estimase no mercado que em um ano considerado muito bom, as importações com equipamentos de broadcast (incluindo câmeras, transmissores, switchers etc) chegariam a no máximo US$ 200 milhões. Considerandose o total de importações do País em 2002, de US$ 47,22 bilhões, temos um peso irrisório de 0,04%.
Quando se fala na digitalização
andrémermelstein*andre@telaviva.com.br
Pé no breque
Além. de. altas,. as. alíquotas. incidem. em. cascata,. ou.seja,.cobra-se.imposto.sobre.um.valor.já.tributado..Em.resumo,.uma.operação.segue.a.seguinte.fórmula:
FOB + Frete + Seguro = CIF
Onde:FOB.(Free.On.Board,.na.sigla.em.inglês).é.o.valor.do.bem.na.origem.eCIF.(Cost,.Insurance.and.Freight,.na.sigla.em.inglês).é.o.valor.na.chegada.ao.Brasil.Em.cima.deste.valor.incidem.o.II,.o.IPI e.o.ICMS.
Em.um.exemplo.hipotético,.um.equipamento.de.vídeo.que.custasse.US$.100.na.origem.(valor.FOB),.chegaria.ao.Brasil.por.cerca.de.US$.110..(estimativa.de.valor.CIF.com.frete.aéreo)...Aí.começa.a.chuva.de.impostos:
US$.110.+ II.(13,9%).=.US$.125,30US$.125,30.+.IPI (14%).=.US$.142,80US$.142,80.+.ICMS.(19%).=.US$.169,90
Arredondando,.o.equipamento.chega.ao.País..custando.70%.a.mais.que.na.origem.
Tabela 1 Como é CalCulado o imposto
chegariam a no máximo US$ 200 milhões. Considerandose o total de importações do País em 2002, de US$ 47,22 bilhões, temos um peso irrisório de 0,04%.
Quando se fala na digitalização da TV, a conta ganha números mais vultosos. Qualquer previsão de investimentos ainda é prematura, mas no mercado trabalhase com a cifra de US$ 1,7 bilhão em dez anos (em sistemas de transmissão e retransmissão). Nem tudo, é bom ressaltar, em equipamento importado. “E a geração de conteúdo digital é o que impulsionará a venda de receptores digitais, que deve somar, ao longo do período de transição, cerca de US$ 30 bilhões.
Ou seja, uma eventual renúncia fiscal acabará gerando um benefício muito maior”, diz Nilvan, da Abert.
Além disso, há uma tendência crescente de exportação tanto do produto audiovisual brasileiro pronto (filmes, programas de TV) como de serviços de produção para empresas do exterior (veja matéria na pág. 22).
Os benefícios de uma isenção maior não seriam apenas nos preços dos equipamentos. “A isenção diminuiria a buro
cracia, e poderíamos manter estoques no País, fazer leasing, financiamentos, pronta entrega”, conta Luis Padilha, diretor da divisão broadcast e profissional da Sony do Brasil.
Hoje há isenção de II para alguns equipamentos, embora aí também haja distorções. Por exemplo, um VT Rec/Edit é isento, mas um VT Player, que lá fora sai mais barato, não conta com o benefício, apesar de nenhum dos dois equipamentos ter similar nacional. Resultado: acaba valendo a pena comprar o equipamento mais caro, que chega ao Brasil custando menos que o outro. O que o setor quer é ampliar as isenções de II e estender o benefício para outros tributos, como o IPI. “No mundo não existem tarifas
desse nível. Nos EUA a média é de 3%”, diz Padilha (veja as alíquotas brasileiras na Tabela 2).
Neste ponto, cabe uma observação importante: os equipamentos para os quais se pleiteia a isenção são aqueles que não têm similar nacional. Também, é claro, falase apenas em equipamentos profissionais, e não da linha “consumer”.
Contrapartida“Quando há uma vontade política de que uma indústria aconteça, tem que haver um benefício”, diz Édina Fujii, diretora da locadora Quanta. Ela lembra que já houve,
1� capa. . agosto.de.2003
Padilha, da Sony: “Com a isenção podería-mos manter estoques no País, fazer leas-ing e financiamentos”.
Confira.as.alíquotas.médias.de.Imposto.de.Importação.e.Imposto.sobre.Produtos.Industrializados..para.equipamentos.de.produção.(valores.aproximados).Equipamento de áudio. II. 1�,3%. IPI. 15,�%
Equipamento de iluminação. II. 1�,3%. IPI. 11,3%
Equipamento de vídeo. II. 13,9%. IPI. 14%
Tabela 2 as alíquotas dE ii E ipi
x
no tempo da Embrafilme, isenções por exemplo sobre lâmpadas para refletores, um produto que não é fabricado aqui. Hoje, ela diz que não tem como repassar ao mercado os impostos que paga na importação do insumo, o que inviabilizaria a locação. O mesmo vale para os equipamentos mais pesados, como refletores etc. Só que aí o que acaba prejudicado é o próprio crescimento do setor. “Hoje há filmes esperando para serem produzidos e as locadoras não conseguem atender a demanda, porque nos últimos anos não deu para fazer investimentos, para crescer.”
Édina vem lutando há pelo menos 15 anos pela isenção tributária, com uma proposta simples e original. Como muitas vezes as prestadoras de serviços, como locadoras, laboratórios, estúdios de som etc., acabam coproduzindo os filmes de que participam, cobrindo por exemplo uma parte das diárias, a idéia é que esse valor, hoje investido a fundo perdido, possa ser revertido em cupons de isenção fiscal no mesmo valor. “Uma medida simples como essa melhoraria o parque de produção nacional e reduziria os custos de produção”, defende.
Os altos valores pagos em impostos de importação foram temas das
palestras de Abrahão Sochaczewski e Paulo Ribeiro, ambos da Abele (Associação Brasileira das Empresas Locadoras de Equipamento), durante o II Fórum de Produção Publicitária, que aconteceu no dia 25 de julho em São Paulo, organizado pela Apro (associação das produtoras comerciais).
Segundo Sochaczewski, 90% das produções publicitárias usam equipamentos alugados, sendo que as câmeras e os equipamentos de movimento de câmera são todos importados, assim como 75% dos equipamentos de luz. Para ele, a desvalorização da moeda e os altos impostos podem levar a indústria nacional ao sucateamento. “As locadoras não têm verba para reinvestir em mais equipamentos”, disse Sochaczewski. “Se o número de longasmetragens crescer e houver uma retomada do crescimento no mercado publicitário, vai faltar equipamento. E importar mais leva alguns meses”, completou.
Já Paulo Ribeiro afirmou que as locadoras pagam cerca de 70% de custo de importação, mas alugam 40% mais barato do que as locadoras internacionais.
Ainda durante o evento, Ricardo Rozzino, gerente da unidade de São Paulo dos EstudiosMega, contou que o pay back previsto para os investimentos é de 25 anos. “Além disso, os equipamentos usados nas finalizadoras têm que ser atualizados quase que anualmente”. Segundo Rozzino, além de pagar pelos equipamentos praticamente o dobro do valor pago pelas finalizadoras internacionais, as empresas brasileiras, por uma questão de mercado, cobram cerca de metade do preço cobrado pelas internacionais. Outro ponto destacado por ele é a questão do financiamento: “Além de pagar caro, no Brasil não temos nenhum tipo de leasing razoável para comprar os equipamentos. Acabamos comprando tudo à vista, enquanto as finalizadoras internacionais financiam a compra em cinco anos”.
*.Colaborou.fernandolau.ter.jung
“Não dá para repassar ao mercado o custo dos impostos de importação”, diz Édina, da Quanta.
Não.disponivel
Não.disponivel
MMuito positiva. Esta foi a avaliação da maior parte das produtoras que participaram da primeira apresentação do projeto FilmBrazil durante o festival de publicidade de Cannes em junho último.
Segundo o coordenador geral do evento, Eitan Rosenthal, a percepção é de que a participação brasileira no festival, onde foi montado um barco no qual as produtoras recebiam tanto representantes de agências de publicidade quanto de produtoras internacionais, foi muito boa. “A maioria dos produtores brasileiros não tinha experiência internacional. Comparado com onde estávamos, foi uma grande evolução”, conta. Ele calcula que o barco foi visitado por cerca de 400 pessoas durante o evento, um público que ia desde produtores já com roteiro na mão até profissionais de agência e curiosos.
O projeto agora ruma para outras águas. “O FilmBrazil deve se tornar uma associação independente”, conta Rosenthal. Ou seja, de um projeto vinculado inicialmente à Apro, associação das produtoras comerciais, o FilmBrazil se tornará um órgão de fomento da produção brasileira para o mercado internacional. “Queremos institucionalizar o projeto e envolver outras áreas da produção, como o casting”, conta Paulo Schmidt, presidente da Apro.
Inicialmente será criada uma entidade única, nacional, dirigida por um conselho de representantes e uma comissão executiva. Mas o modelo final ainda será discutido, podendo ser criadas, por exemplo, diversas entidades estaduais. Um modelo “ideal”, segundo diversos produtores ouvidos por
TELA VIVA, seria o de uma film commission, nos moldes norteamericanos, com participação inclusive dos governos federal e estaduais.
Além da promoção do Brasil no estrangeiro, o FilmBrazil tem outras pautas. Foi elaborada uma lista de itens que na visão dos produtores prejudicam o desempenho brasileiro na competição internacional, e que está sendo encaminhada às diversas esferas do governo para apreciação. Resumidamente, os itens são os seguintes:
l Importação de equipamentos: a questão vai além dos impostos. A associação diz que a burocracia alfandegária prejudica a agilidade necessária numa concorrência internacional, e pede a criação de um regime especial para a indústria cinematográfica. Do ponto de vista tributário, o problema, além dos altos impostos para a importação de
equipamentos e montagem de um parque nacional modernizado (veja matéria de capa), está também no regime de admissão temporária. Uma sugestão é a adoção do “carnet”, uma espécie de passaporte de um determinado equipamento, aceito em diversos países, que permite sua admissão no país sem burocracia.
l Legislação trabalhista: a entidade reclama da contribuição sindical de 10% que incide até sobre hospedagens, passagens aéreas e alimentação de profissionais, “um tributo que onera os orçamentos e em nada beneficia a atividade”. Também levanta a questão
22tela vivaagosto.de.2003
mercado
E la nave va...DEPoiS DE CAnnES, FiLMBRAziL quER
SE inSTiTuCionALizAR. PRoJETo inCLui
REiVinDiCAçõES PARA MELHoRAR
A CoMPETiTiViDADE nACionAL.
Barco das produtoras brasileiras recebeu cerca de 400 visitantes durante o festival.
Fotos:.Divulgação
A
da burocracia para a emissão de vistos temporários de trabalho para diretores, atores e técnicos, que pode levar até duas semanas, muitas vezes comprometendo o prazo de um trabalho. O FilmBrazil ainda se coloca contra a obrigatoriedade do diretor brasileiro para caracterizar uma obra como nacional.
l Pagamentos e recebi-mentos: a entidade contesta os altos tributos pagos nas remessas de recursos quando da contratação de serviços no exterior, que segundo a FilmBrazil às vezes até inviabiliza projetos que no final trariam recursos para o Brasil.
Resultado concretoOs resultados da primeira empreitada foram além do mero otimismo. Pouco depois do festival, a Trattoria, de Rosenthal, já orçava um filme para uma produtora francesa, e notou um considerável aumento nas consultas internacionais.
Outras produtoras até mesmo fecharam negócios e já entregaram os filmes. É o caso da Academia de Filmes, que pro
duziu um comercial para a rede portuguesa de supermercados Sonae. O interessante é que o que atraiu os europeus não foram as paisagens exuberantes ou as curvas das mulatas brasileiras, mas a qualidade e o preço de se produzir no País. Afinal o filme, criado para promover um festival de cervejas da rede varejista, foi rodado em locação dentro de um supermerca
do em São Paulo, adaptado para se parecer com uma loja portuguesa. Segundo Paulo Schmidt, da Academia, já foram orçados também filmes para países como Itália e Bósnia, só para se ter uma idéia da diversidade do público que “navegou” com os brasileiros.
Para João Roni, da produtora catarinense Ocean Films, só a iniciativa de reunir as produtoras em um projeto comum já foi produtiva. A Ocean é uma das produto
ras que mais tem experiência internacional anterior. Só este ano já produziu um documentário sobre o surf na Pororoca para uma TV alemã, um clipe do cantor Ricky Martin em Salvador e um comercial de sorvete para a Itália, filmado em Pernambuco, para ficar em alguns exemplos. Do festival, Roni diz que saiu com cerca de dez orçamentos para fazer.
Do alto dessa experiência, Roni conta que o conhecimento sobre o Brasil, sua capacidade e preço de produção, já é bastante bom no mundo. “As agências e pro
dutoras querem produzir no País. Tem muita gente fazendo ‘testes’, querendo acreditar em nós.” Ele ressalta que esse novo posicionamento das produtoras brasileiras é essencial para fazer frente a países como a África do Sul, com características similares às nossas, mas que já se abriu para fora a mais tempo, ou a Argentina, outra boa opção para o mercado internacional por causa da queda do dólar.
andré mermelstein
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A Apro e a Abap (Associação Brasileira das Produtoras Audiovisuais e Associação Brasileira de Agências de Publicidade, respectivamente) organizaram em julho o II Fórum da Produção Publicitária. O evento, que também contou com o apoio e a participação de várias outras associações e entidades representativas, como ABA, Abele, Abrafarma, Abrafoto, Aprosom, Caras do Reclame, Sapesp, Sicesp e Sindcine, vinha sendo planeja
do há mais de cinco anos e teve como intuito aumentar o profissionalismo no mercado da produção publicitária.
Ao mesmo tempo em que fazia uma autocrítica, o mercado apresentou vários problemas enfrentados e debateu algumas soluções. Entre os problemas estavam a falta de profissionalismo de algumas empresas e até mesmo dos profissionais, a queda dos investimentos em publicidade e os efeitos sentidos em
várias etapas da cadeia, o aumento do custo de produção pela desvalorização da moeda e pelos altos encargos pagos na importação de equipamentos.
A Apro apresentou uma nova tabela
mercado autocríticoFóRuM DAS PRoDuToRAS
BuSCA MAiS PRoFiSSionALiSMo
E APRESEnTA PADRonizAção
DoS ConTRAToS.
Rosenthal: entidade, agora independente,
luta pela desburo- cratização.
“A imagem da produção brasileira no exterior é muito boa”, afirma Roni, da Ocean.
referencial de preços, definida em conjunto com a Abap, além de uma série de padrões de organização, ética e práticas de mercado, definidos para facilitar e profissionalizar a relação entre agências e produtoras. A idéia da associação é acabar com os pedidos de trabalhos e serviços feitos por telefone, sem nenhum tipo de documento. Segundo Andréa Barata Ribeiro, sócia da O2 Filmes e expresidente da Apro, muitas vezes o cliente pede um número de cópias por telefone. Se, por culpa de “um malentendido”, a produtora faz mais cópias, é ela quem tem que arcar com o prejuízo.
O documento apresentado pela entidade conta com um novo modelo de contratopadrão e uma série de recomendações, como exigir da agência briefing, roteiro e storyboard antes de apresentar um orçamento. “É quase impossível fazer um orçamento justo a partir de um roteiro de três linhas”, disse o presidente da Apro, Paulo Schmidt.
Quanto ao modelo de contrato, Andréa Barata Ribeiro recomendou “estar nos computadores de todas as agências e produtoras”. Além disso, a Apro apresentou um selo, que deverá estar
2. Pedido.
de.orçamento
2.Orçamento
2.Orçamento.estimado.detalhado
2.Orçamento.resumido
2.Operacionalização.
2.Faturamento
2.Responsabilidades
2.Guarda.do.material.
2.Condições.específicas
2.Contrato.de.produção
2.Autorização.de.faturamento
2.Pedido.de.cópias
2.Tabela.referencial.de.preços.Abap/Apro
2..Procedimentos.para.emissão.do.CPB.(Certificado.de.Produto..
Brasileiro),.exigido.pela.Ancine
2..Resumos.dos.contratos.de.produção.para.a.Ancine
2.Modelo.de.claquete
2.Legislação
2.Código.de.ética.da.Apro
O que consta do documento
APRO
».Espelho.do.contrato.de.produção».Modelo.padrão.de.contrato.de.produção».Pedido.padrão.de.orçamento».Storyboard/roteiro».Carta-orçamento».Cronograma».Relatório.das.reuniões».Lista.referencial.de.mídias.e.mercados
24 mercado. . agosto.de.2003
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presente nos contratos, claquetes e outros tipos de material dos afiliados à entidade.
O presidente da associação das produtoras de áudio Aprosom, Tula Minassian, afirmou durante o fórum que a associação esteve “parada” nos últimos anos, mas que está retomando suas atividades. A Aprosom apresentou no evento um manual de normas que deverão ser seguidas pelos associados. Além disso, Minassian disse estar distribuindo contratos de responsabilidades aos associados. “Qualquer recémformado com uma mesa de som em casa é um concorrente. Precisamos definir padrões e códigos para que as produtoras com vários anos no mercado possam competir”, explicou o presidente da associação. Além disso, a Aprosom também está preparando uma nova tabela referencial de preços.
CríticasA busca por profissionalismo se mostrou fundamental no evento. Publicitários e anunciantes não pouparam críticas ao mercado de produção. Sergio Szmoisz, responsável pelo marketing da Volkswagen brasileira, elogiou a iniciativa das
entidades que organizaram o evento, mas disse que, enquanto o mercado não aprender a tratarse como indústria, não conquistará a confiança e o respeito do anunciante.
Szmoisz afirmou ainda que os pools de produtoras que alguns anunciantes estão montando são “amostras de que estamos buscando profissionalismo”, em resposta à crítica feita por Raul Dória, representando a Apro, ao modelo de negócios adotado por algumas empresas anun
ciantes. Para Dória, quem deve escolher a produtora são os RTVs das agências de publicidade.
Já Miguel Patrício, da Ambev, disse que o número de mídias está crescendo (citando Internet, TV paga, painéis eletrônicos etc.) e a verba para publicidade não. “As produtoras precisam saber produzir para várias mídias simultaneamente”, cobrou.
O publicitário Fábio Fernandes, da F/Nazca, fez críticas à produção publicitária nacional, dizendo que o Brasil tem grandes atores e ótimos profissionais de produção, “mas a média é muito baixa”. Segundo ele, o casting brasileiro é péssimo, formado por “modelos bonitinhos incapazes de dizer três palavras com naturalidade”.
O publicitário culpou a falta de escolas especializadas voltadas ao setor e propôs que o próprio mercado de produção incentive a criação de cursos para atores, locutores etc.
fernando lauterjung
“Novo modelo de contrato deve estar nos micros das agências e produtoras”, diz Andrea, da O2.
makingof
2�tela vivamaio.de.2004
2�tela viva
outubro.de.2003
2�tela viva
setembro.de.2003
L o u C u R A S P o R D o G u i T o S
Os filmes misturam o animal real com uma animação em 3D. Em algumas cenas, aparece só o cachorro real. Em outras, só a animação: não houve aplicação do cachorro real no fundo filmado.Em função da necessidade de se construir um modelo 3D, com a aplicação de texturas para reprodução da pelagem, sabiase que o trabalho seria facilitado por um cachorro de pêlo curto e liso. A diretora Flavia Moraes, então, sugeriu o Jack Russell em questão — mesma raça do cãozinho do filme “O Máskara”, com quem ela já havia trabalhado em um longametragem. Mesmo com a grande evolução dos softwares, trabalhar com figuras orgânicas, especialmente pele e pelos, ainda é bastante complicado.Para criar o sósia virtual do cachorrinho, a equipe da Casablanca, comandada por Bibinho, fotografou o animal real em todas as posições possíveis. “Estudamos todos os movimentos e usamos as fotos para reproduzir a textura, os pelos e o focinho, aplicando essas imagens sobre o modelo construído em 3D”, explica Bibinho.
Doguitos é o primeiro “snack” feito para cachorros no Brasil. Por inaugurar um segmento, o produto não estava sujeito a polices internacionais e nem a alinhamentos de comunicação. Com mais liberdade, a equipe de criação pôde se concentrar em uma campanha bem brasileira. Para isso, o criativo Marcos Teixeira pensou em seus próprios cachorros. “Esse produto é dado para os cachorros como forma de recompensa. E percebi que os meus ficavam realmente loucos quando ganhavam. Foi daí que surgiu o slogan da campanha ‘seu cachorro faz loucuras por Doguitos’.”
A princípio, a criação pensou num cachorro fazendo as maiores loucuras, o que incluía até uma performance a la Michael Jackson. Mas aos poucos os roteiros foram se desenhando e optouse por assumir um maior realismo nos movimentos e expressões do bichinho.Mas nem por isso o personagem canino deixa de fazer as tais loucuras. Nos dois filmes, o cachorrinho — um Jack Russell muito bem treinado — deixa o dono de boca aberta com suas peripécias. Assim que vê ou ouve falar do produto, o cachorrinho começa a pular, dançar e até falar.
fichatécnicaCliente Nestlé do Brasil / Nestlé Purina •Produto Doguitos •Agência McCannErickson •Direção de Criação Milton Mastrocessario •Criação Marcos César Teixeira e Milton Mastrocessario •Produtora Film Planet •Direção Flavia Moraes •Fotografia Lucio Kodato •Treinamento de animais Luiz (Alternativas Dog Show) •Montagem Equipe Film Planet •Trilha VU Studio •Efeitos Especiais Casablanca •Finalização Casablanca
2�tela vivaagosto.de.2003
Sósia em 3D
lizandradealmeidalizandra@telaviva.com.br
Um show realO cachorrinho deu seu próprio show em várias cenas — sem a necessidade de receber uma mãozinha da equipe de computação gráfica. As cenas em 3D são aquelas em que ele rebola, fala e estende a patinha para receber o produto. Mas as cambalhotas e outras peripécias, como saltos, são resultado de muito treinamento.“Quando estamos criando, a imaginação vai longe, mas depois vemos que algumas situações não só seriam impossíveis como não têm a ver com a própria anatomia do cachorro. Como queríamos trabalhar a computação gráfica em cenas hiperrealistas, vimos que algumas idéias se tornariam muito falsas. Um exemplo é a cena em que ele vira a patinha para receber o produto. Esse é um movimento impossível para um cachorro real, por isso sempre parecia que, na hora em que virava, estava quebrando a patinha. Então tivemos que estudar uma forma totalmente diferente, que tivesse a ver com a anatomia do cachorro”, explica o criativo Marcos Teixeira.
DesafioO problema da integração entre a luz filmada na locação e o modelo construído virtualmente é sempre uma das maiores preocupações das equipes de computação gráfica. Aqui não foi diferente. “Filmamos bolas de isopor em todas as cenas, com a iluminação do cenário, para servir como orientação na hora de compor as imagens”, explica Bibinho.Ele acredita que o resultado do segundo filme da série, que tem iluminação noturna, superou o primeiro. “A luz mais flat compromete mais, dificultando a composição. A luz noturna, mais lateral, produz mais elementos em quadro, mais sombras, e essa maior quantidade de informação facilita nosso trabalho de composição. Quando a luz vem de cima sem um ponto fixo, fica mais difícil de integrar com o modelo”, analisa.
UUm dos grandes eixos da mudança institucional proposta pelo governo Lula, a reforma tributária, tem colocado a área cultural em estado de alerta e pode gerar uma transformação radical no modelo de financiamento público para o setor consagrado nos últimos 15 anos, a chamada Era dos Incentivos Fiscais.
O texto original da reforma, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 41/2003, prevê, em seu Artigo 155 e nos Artigos 90 a 92 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, a extinção de quaisquer mecanismos de incentivo via ICMS, base das leis de incentivo que vigoram em 16 estados brasileiros, movimentando cerca de R$ 170 milhões por ano em favor de projetos de vários segmentos da cultura. A medida tem por objetivo extinguir a chamada “guerra fiscal”. Nos últimos dois meses, representantes da produção cultural em todo o País começaram a se mobilizar por mudanças na proposta, ressaltando o caráter de excepcionalidade da cultura — Rio Grande do Sul e Minas Gerais, dois dos estados que movimentam recursos mais expressivos através de suas leis de incentivo, lideram o coro dos descontentes. Para se ter uma dimensão do rombo à vista, basta comparar os valores movimentados pelas leis estaduais ao orçamento do Ministério da Cultura (MinC), de cerca de R$ 130 milhões.
As duas últimas semanas de julho foram repletas de reviravoltas em relação ao tema. As novidades ao mesmo tempo lançaram uma sombra maior de incerteza sobre o futuro das leis e abriram novos caminhos para a negociação de uma saída para a crise. Em 23 de julho, o relator da reforma, deputado Virgílio Guimarães (PT/MG), divulgou o primeiro dos relatórios preliminares com propostas de mudança no texto inicial da PEC. Nos itens relacionados ao incentivo cultural, esse relatório não trazia boas novas.
Uma das opções colocadas, no Artigo 90 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, permitia a manutenção dos incentivos fiscais à cultura — bem como ao fomento industrial, agropecuário e aqueles vinculados à estrutura portuária, esporte e programas sociais —, mas com prazo de fruição limitado ao
estabelecido no ato concessório e não podendo ultrapassar 12 anos, nem ser prorrogado. Na prática, essa redação significa que a cultura não teria caráter de excepcionalidade e que os incentivos existentes seriam extintos assim que terminasse o prazo determinado em cada lei vigente.
A segunda opção desse primeiro relatório transferia o debate para lei complementar, na qual seriam definidos os regimes de transição para um novo formato, incluindo a possibilidade de criação de fundos, mas vedando a concessão de novos incentivos ou a prorrogação dos já existentes. Em seu Artigo 92, esta opção concede uma certa excepcionalidade para o setor cultural, mas apenas até 2004 e até que uma lei complementar disponha em contrário.
Uma semana depois, em 29 de julho, o relator da reforma divulgou novo relatório, no qual ficou aberta a possibilidade de os estados vincularem a concessão de incentivos culturais à criação de fundos estaduais de fomento, através da inclusão de um novo parágrafo no Artigo 216 da Constituição, que dispõe sobre o patrimônio cultural brasileiro. No mesmo dia, o deputado mineiro declarou, em entrevista coletiva, que não vê problemas em dar um caráter excepcional aos incentivos culturais, uma vez que, por seu valor relativamente pequeno, estes não comprometem o equilí
brio fiscal. Segundo a assessoria do deputado, a questão da excepcionalidade da cultura deverá ser tratada no relatório final da Comissão.
Cultura não é guerraO grande objetivo dos setores mobilizados
contra a extinção das leis de incentivo é convencer governo e Câmara dos Deputados de que a cultura não se enquadra na “guerra fiscal”, um dos fatores combatidos pela atual reforma tributária. Na proposta apresentada ao presidente da República pelos ministros Antônio Palocci (Fazenda) e José Dirceu (Casa Civil), em abril, fica claro que uma de suas metas é uniformizar as diversas legislações estaduais referentes à cobrança do ICMS, agravada “pela grande diversidade de alíquotas e de benefícios fiscais” — cir
2�tela vivaagosto.de.2003
incentivos
Fim de uma era?DEBATE SoBRE REFoRMA TRiBuTáRiA PoDE
TRAnSFoRMAR A PoLíTiCA CuLTuRAL Do PAíS.
Último relatório de Guimarães abre espaço para fundos, mas nada está definido ainda.
Fotos:.adriano.Machado/ag..Bg.Press.(Walter.Feldman),.Carlos.Humberto/Bg.Press.(Virgílio.guimarães).e.Divulgação.(Henrique.de.Freitas.Lima)
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cunstâncias que “trazem prejuízos ao cumprimento das obrigações tributárias pelos contribuintes, dificultam a administração, a arrecadação e a fiscalização do imposto e remetem, ainda, a graves problemas econômicos, pois os diferentes tratamentos estabelecidos provocam, muitas vezes, desequilíbrios concorrenciais e insegurança na definição de investimentos”. O texto conclui que, alinhada às diretrizes de uniformização e simplificação, está a “proposta de vedação de concessão de benefícios e incentivos fiscais ou financeiros, que propiciará, especialmente, o fim da competição predatória entre os estados e a melhoria da eficiência arrecadatória do ICMS”.
O combate do Poder Executivo à guerra fiscal acaba, portanto, prejudicando a defesa de um caráter excepcional para a cultura, pois os deputados da bancada governista mais próximos ao processo temem que isso possa levar a brechas para a manutenção de incentivos em outras áreas. Ao mesmo tempo, a divulgação dos relatórios pelo deputado Virgílio Guimarães, numa semana em que o chamado G5 — grupo de governadores criado para negociar a reforma junto à Presidência da República, que inclui Germano Rigotto (RS) e Aécio Neves (MG) — pressionava o governo sobre outras questões ligadas ao processo, atrasando o andamento da reforma, dá a sensação de que o Poder Legislativo pretende marcar seu território na questão, clamando por maior autonomia para discutir seus itens. Essa abertura pode ser boa para o setor cultural, desde que este tenha fôlego para mobilizar os congressistas em favor de suas propostas.
Propostas de exceçãoAtualmente, tramitam na Câmara dos Deputados três emendas ao projeto que satisfazem algumas demandas do setor de produção cultural, de autoria dos deputa
dos Walter Feldman (PSDB/SP), Jutahy Jr. (PSDB/BA) e Luiz Carreira (PFL/BA). Os dois primeiros defendem a excepcionalidade da cultura, enquanto o último também abre exceção para os setores de esporte e educação. “Quando entrei na política, por minha formação em medicina, achava que o grande problema do Brasil era a saúde. Quando entrei no PSDB, passei a achar que era a educação. Hoje, vejo
que, enquanto não resolvermos o problema da cultura, nenhum outro estará resolvido. Por isso minha defesa da excepcionalidade nesse caso”, declara Feldman. Para o deputado paulista, “o ideal seria que os orçamentos cumprissem a função de desenvolver a cultura brasileira. Mas vemos que essa é uma hipótese muito complicada hoje. Então, não vejo porque não lutar pela manutenção dos incentivos culturais, que além de tudo propiciam uma aproximação com a iniciativa privada. Achamos que a cultura deve ser a única exceção dentro do projeto da reforma tributária”.
Feldman acredita que a bancada governista vê vendo apenas o lado tributário da questão, sem se dar conta de sua importância para o setor cultural. “Mas acho que há uma tendência do Virgílio (Guimarães) em entender o pleito que fazemos pela exceção”, completa. Entre os integrantes da Comissão, apenas o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB/PR) é publicamente contrário a qualquer tipo de exceção. Seu argumento é que qualquer verba para a cultura deve vir diretamente dos orçamentos — situação bastante complexa se pensarmos que, em estados como a Bahia (que conta com sua lei estadual de incentivo à cultura), 90% do orçamento são consumidos com despesas nas áreas de saúde, educação e folha de pagamento.
Do lado do MinC, a posição é de espera. Embora o secretário executivo, Juca Ferreira, tenha declarado, durante palestras do
Seminário Cultura para Todos (palestras organizadas pelo órgão em várias cidades do País para rediscutir o modelo de política cultural), que o MinC deve lutar para manter as leis, há uma tendência de que se defenda um “modelo híbrido”, com a manutenção dos incentivos pelos próximos três anos e a gradual substituição por um modelo de fundos de fomento, com destinação opcional pelos estados — inclusive aqueles que não contam com leis próprias — de 0,5% do ICMS para a produção cultural. Esse patamar é superior à renúncia de grande parte dos estados — Minas Gerais, por exemplo, que movimenta cerca de R$ 22 milhões por ano através de sua lei de incentivo, tem renúncia de 0,3% do ICMS.
Modelo híbrido“Existe uma agenda da maioria dos secretários estaduais da Fazenda e da Cultura, em consenso com o MinC e o Ministério da Fazenda, que conduz para esse modelo híbrido”, diz o assessor parlamentar do MinC, Carlos Eduardo Valadares Araújo. “Com isso, nossa expectativa é que, pelo menos, seja duplicado o valor atualmente investido via leis de incentivo, superando a casa dos R$ 300 milhões. E ainda haveria uma blindagem, impedindo que os recursos do fundo fossem utilizados para pagamento de pessoal e custeio da estrutura própria dos estados”, explica Araújo. Essa posição combina com a própria vontade manifestada pelo MinC de reformar a Lei Federal de Incentivo à Cultura, propondo a criação de um fundo de funcionamento semelhante. O assessor vê como única possibilidade de uma proposta como essa passar que ela seja incluída no relatório do deputado Virgílio Guimarães. “Não existia uma percepção clara sobre o que a reforma tributária acarretaria para o setor cultural. Quando nos demos conta, já era tarde para propor a apresentação de emendas”, declara. Araújo deixa ainda claro que, passando a proposta dos fundos, estes seriam autonomamente administrados pelos estados.
Para o produtor e cineasta gaúcho
pauloboccatopaulo@telaviva.com.br
Feldman: “Cultura deve ser a única
exceção dentro da
reforma tributária”.
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Henrique de Freitas Lima, presidente da Associação dos Produtores Culturais do Estado do Rio Grande do Sul (APCERGS), uma das associações com maior mobilização pela manutenção das leis, “não existe o consenso defendido pelo MinC em relação ao sistema misto. Na verdade, aqui no Rio Grande do Sul, nós defendemos a existência de fundos, mas simultâneos à lei de incentivo. Existe até mesmo um fundo já criado em nosso estado, que não está operacional ainda por falta de recursos orçamentários — problema que estávamos caminhando para resolver até que surgiu essa situação gerada pela reforma e que nos obrigou a parar no meio do caminho”, afirma. A lei gaúcha é a mais ativa do País, movimentando cerca de R$ 29 milhões por ano e captando 100% da renúncia, apesar dos investidores serem obrigados a uma contrapartida de 25% de dinheiro “bom”.
RegionalizaçãoFreitas Lima conta que o movimento local tem o apoio de Germano Rigotto em defesa das leis, embora o governador gaúcho não tenha levantado a pauta na reunião do G5 com a Presidência no dia 23 de julho. “Vemos dois cenários possíveis daqui para frente: ou a exceção para a cultura aparece no relatório final do deputado Virgílio Guimarães ou teremos que brigar pela aprovação das emendas existentes”, diz.
Em Minas Gerais, a movimentação
é parecida. O secretário de Cultura do Estado, Luiz Roberto Nascimento e Silva, é um dos mais ferrenhos defensores do modelo — tendo participado, inclusive, de sua consolidação, ao ocupar brevemente a cadeira de ministro da Cultura no governo Itamar Franco. Mas o governador Aécio Neves ainda não assumiu publicamente a defesa do mecanismo. A atriz Magdalena Rodrigues, presidente do Sindicato dos Atores e Técnicos de Espetáculos de Diversão mineiro (SatedMG) e uma das coordenadoras do Fórum Mineiro de Cultura, acredita que seu estado entrará com força na briga. “A lei estadual mineira é muito boa. Mesmo com contrapartida de 20%, sempre conseguimos captar o teto da renúncia. Além disso, aqui temos muita dificuldade em captar pelas leis federais, concentradas no eixo RioSão Paulo. Sem a lei estadual, não haverá trabalho para nossa categoria”, diz.
“É importante que o Ministério da Cultura nos ajude nessa luta, até porque a manutenção das leis é uma garantia de regionalização da produção cultural, tema tão caro a este governo”, completa a atriz mineira. Magdalena inclusive defende a existência do sistema híbrido, propondo que, do 0,5% do ICMS
destinado ao fomento à cultura, metade seja para os fundos e o restante para captação direta.
Da parte do setor audiovisual, tem havido um rígido acompanhamento do processo, segundo a presidente do Congresso Brasileiro de Cinema, Assunção Hernandes. “Estamos com nossas antenas ligadas, com o auxílio do Júlio Linhares, secretário da Subcomissão de Cinema do Senado, e com o acompanhamento das ações das assessorias parlamentares do MinC e da Ancine”, conta. Assunção também declara estar atenta às movimentações nos estados, especialmente Rio
Grande do Sul, Minas Gerais e, nas últimas semanas, Ceará.
Para ela, “a proposta de um sistema misto, com fundo e incentivos via captação, é a mais interessante. Só precisamos garantir que os recursos dos fundos sejam realmente aplicados na cultura de cada estado. Um risco que sempre se corre com esse tipo de mecanismo é que as verbas fiquem contingenciadas e acabem indo para outras áreas. A vantagem da lei de incentivo é que se garante que os recursos cheguem nas mãos dos produtores culturais”. Assunção afirma que o setor cinematográfico paulista também se mobiliza para envolver a secretária de Cultura do Estado, Cláudia Costin, e o governador Geraldo Alckmin na discussão. “É uma bela oportunidade para que São Paulo tenha, finalmente, recursos do ICMS aplicados em sua produção cultural”, aposta.
Para Lima, da APCERGS, o ideal é a coexistência dos fundos com as leis de incentivo.
30 incentivos. . agosto.de.2003
xNão.disponivel
AA falta de público e espaço na mídia para os filmes nacionais são os alvos prioritários da Secretaria do Audiovisual (SeAv) do Ministério da Cultura (MinC), capitaneada por Orlando Senna. Espalhar a produção cinematográfica brasileira por todos os cantos do País é um dos principais objetivos do ministério, que quer contar com a ajuda das TVs públicas brasileiras e da Ancine, como parceiros importantes. Depois de sete meses de trabalho, a Secretaria do Audiovisual organizou uma lista extensa de projetos que deverão ser implantados ainda neste ano. Em meados deste mês de agosto serão lançados vários editais para realização de filmes, documentários, telefilmes etc.
Para Orlando Senna, o projeto estratégico da SeAv pode ser dividido em duas vertentes. A primeira delas é conseguir que os filmes brasileiros sejam assistidos pelo maior número de pessoas possível. “O brasileiro gosta de seu cinema, mas não tem acesso a ele. Primeiro porque o ingresso é muito caro, segundo porque os lançamentos dos filmes nacionais são muito discretos e, finalmente, porque ficam muito pouco tempo em cartaz.” Para Senna, não resta dúvida de que há grande receptividade para os filmes brasileiros. E uma das estratégias para espalhar a produção cinematográfica será por meio de parcerias com as TVs públicas, que deverão funcionar como difusoras deste conteúdo.
Além disso, o MinC quer contar com outros processos, como utilização de caminhões mambembes, salas públicas de projeção, salas do Sesc, universidades etc. para projetar o cinema nacional. Também está em fase de gestação uma parceria com o Ministério da Educação (MEC) para que sejam criados os “cinefóruns”. Nestes eventos, os alunos assistirão os filmes e depois farão um debate sobre a obra. Para que este projeto saia do papel foi formado um grupo de trabalho conjunto entre MinC e MEC.
A segunda vertente para estímulo da produção audiovisual, segundo Senna, é desenvolver o mercado cinematográfico. E isto ficará a cargo da Ancine, que deverá regular, fiscalizar e controlar o desenvolvimento do mercado consumidor de filmes. Mas a Ancine não deve ficar apenas como agência reguladora do cinema. Em meados de julho, numa reunião com cineastas brasileiros, o ministrochefe da Casa Civil, José Dirceu, indicou que a Ancine ficará sob gestão do MinC e terá seu escopo de atuação ampliado. A intenção é que a agência retome o papel inicialmente idealizado para ela e regule também o setor audiovisual, o que inclui as televisões. “Quando foi criada, a Ancine deveria regular todo o setor audiovisual. Mas, na hora de sair do papel, o governo FHC optou por restringir sua atuação
ao cinema”, explica Orlando Senna, que desde sua posse na secretaria defende a ampliação da atuação da agência do cinema.
Parceria com TVEm maio deste ano, durante o IV Fórum Brasileiro de Programação e Produção, promovido por TELA VIVA, Senna já demonstrava sua vontade de realizar um trabalho mais estreito com as TVs públicas e educativas brasileiras. Na ocasião, sugeria que se criasse uma rede de TVs públicas, com faixas de programação única. A proposta não foi adiante, mas as conversas entre o MinC e as TVs públicas continuaram e se espera para os próximos anos uma ligação mais íntima entre eles. Para a presidente da TVE, Beth Carmona, a relação entre o MinC e as TVs públicas tem sido muito boa 32
tela vivaagosto.de.2003
audiovisual
MinC começa a mostrar serviço
SECRETARiA Do AuDioViSuAL LAnçA
EDiTAiS PARA PRoDuçõES nACionAiS
E PREPARA PRoJETo CoM TVS PúBLiCAS.
Orlando Senna: “O brasileiro gosta de seu cinema, mas não tem acesso a ele”.
Foto:.arquivo
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e as conversas caminham para que se forme uma parceria para escoar e ajudar na produção audiovisual. Beth disse que está à disposição para ajudar no que for possível.
ProjetosAinda neste semestre, o Ministério da Cultura lançará um edital para a realização de telefilmes de ficção infantojuvenil, cujo orçamento está previsto em R$ 2 milhões. O projeto será realizado em parceria com a TVE.
Ainda de olho na parceria com a televisão, a SeAv prepara um edital para a realização de 26 documentários, que serão realizados em parceria com as emissoras públicas brasileiras, representadas pela Abepec (Associação Brasileira das Emissoras Públicas Educativas e Culturais) e com a ABD (Associação Brasileira de Documentaristas). A idéia é criar um efeito multiplicador, já que
cada uma das emissoras envolvidas no projeto receberá recursos para produzir um documentário, mas poderá exibir os outros 25 trabalhos produzidos pelas outras emissoras. Para a realização destes documentários, o MinC entrará com R$ 70 mil e as emissoras com R$ 20 mil, totalizando R$ 90 mil para cada documentário. Os projetos deverão ser realizados em formato para TV, com 52 minutos de duração.
O MinC também quer apoiar o surgimento de novos talentos e para isso lança neste mês um edital para estreantes realizarem filmes de ficção, com baixo orçamento. Os valores disponíveis ainda estão sendo definidos.
Mas estes não são os únicos projetos do ministério para o setor audiovisual. Também neste mês, a SeAv coloca na rua outros quatro editais. Um deles irá financiar a realização de 40 filmes em curtametragem. A importância deste tipo de pro
grama para a Secretaria de Audiovisual é que o curta revela autores, diretores, escritores etc., o que dá novo impulso à indústria cinematográfica. Outro edital é para concursos em mídias digitais. O concurso será realizado em pequenos municípios e serão feitos 40 títulos. Em parceria com a Petrobrás, o MinC lança um edital para a realização de um concurso de telefilmes em curta, média e longametragem. Serão realizados dez telefilmes. Por fim, haverá outro edital para desenvolvimento de roteiro. Nestes casos, até o fechamento desta edição, os orçamentos para os programas ainda não haviam sido definidos pelo ministério.Como se pode perceber, o Ministério da Cultura tem uma longa agenda para os próximos três anos e meio de trabalho. E o setor audiovisual pode esperar mudanças e muita movimentação no mercado daqui para frente, se o ministério tiver fôlego para tirar as idéias do papel.
raquelramos.raquel@paytv.com.br
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mônicateixeiratelaviva@telaviva.com.br
Nenhum sinal indica que o sobrado do bairro Bonfim, antigo ponto da boemia em Porto Alegre, seja o endereço do cinema gaúcho. A ausência de placas não é artimanha de cineasta para evitar o assédio. É simplesmente medida de segurança, prevenção tomada por quem já foi assaltado três vezes.
Para ladrões seduzidos pela idéia de bilheterias milionárias do cinema norteamericano, deve ser uma decepção se deparar com pilhas de material de divulgação e prateleiras abarrotadas com latas de filmes. Nada que tenha valor no mercado negro. O valor da Casa de Cinema se mede assim: 23 curtas, quatro longas e mais de 150 prêmios.
O embriãoTudo começou nos anos 80, com a primeira tentativa de união de 12 cineastas através de uma cooperativa. Todos já haviam feito trabalhos, a maioria em Super8. “A gente precisava de um endereço para as pessoas nos acharem. Aí, alugamos uma casa e juntamos todos os filmes que já tínhamos feito para facilitar a distribuição”, conta Luciana Tomasi, produtora executiva.
O primeiro projeto em comum foi o curtametragem “Ilha das Flores”, de Jorge Furtado, lançado em 1989, o mais premiado trabalho da Casa de Cinema até hoje. O filme percorreu o mundo inteiro, inclusive Japão e Hong Kong, e continua sendo vendido para o exterior. Um feito incrível para um filme produzido com muita vontade e praticamente nenhum recurso.
“Não tínhamos dinheiro nenhum e decidimos fazer um filme em 35 mm. Gastamos US$ 5 mil e o resto ganhamos: filme, som e o laboratório.” Em 1991, a Casa de Cinema se tornou uma produtora independente com seis sócios: as produtoras executivas Luciana Tomasi e Nora Goulart, o roteirista e montador Giba Assis Brasil, os roteiristas e diretores Jorge Furtado, Carlos Gerbase e Ana Luiza Azevedo. Desde então o grupo permanece o mesmo. Mas, para fazer cinema juntos é preciso disciplina e organização. A função de cada um na Casa é bem clara: Luciana e Nora participam de todos os projetos, atuando desde a captação de recursos até a distri
buição. Assis Brasil é o montador, Ana Luiza escreve e dirige curtasmetragens. Gerbase e Furtado, agora, se dedicam aos longas.
Até o espaço de cada um dentro da casa é bem definido. As mulheres têm salas individuais. Já os homens preferem dividir o mesmo cômodo. O único dia da semana em que todos podem ser encontrados juntos na Casa de Cinema é segundafeira. Dia de reunião. Durante duas horas, os seis sócios discutem os projetos, fazem as cobranças e trocam idéias sobre os roteiros. “Todo mundo dá palpite”, diz Luciana.
Esta abertura dos roteiristas talvez explique as inúmeras transformações pelas quais passa um roteiro até chegar à forma final. As primeiras anotações de “O Homem que Copiava” foram feitas em outubro de 1996. A última, em setembro de 2001, seis dias antes da filmagem. No meio tempo, Furtado ainda escreveu e filmou outra história, a produção de baixo orçamento “Houve uma Vez Dois Verões”. O longa “Tolerância”, de Gerbase, teve 12 ver
34tela vivaagosto.de.2003
case
Uma casa de cineastas
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PuBLiCiTáRio, PRoDuToRA DE PoRTo
ALEGRE MoSTRA CoMo SoBREViVER DE
CinEMA MESMo FoRA Do EiXo RioSão PAuLo.
Os sócios: Gerbase, Assis Brasil e Furtado (da esquerda para a direita, em pé); Ana Luisa, Nora e Luciana (sen-tadas).
Fotos:.Divulgação
Não.disponivel
x 3� case. . agosto.de.2003
oes. “Sempre tem reparos, até quando estamos filmando ou montando.”Gerbase agora se dedica ao próximo filme, “Roteiros Encontrados num Computador”, atualmente na quinta versão. A história de um cineasta que morre sem realizar todos os filmes que desejaria e as confusões criadas quando pessoas começam a ler seus projetos começou a ser escrita em 2001. O roteiro concorreu com outros 130 trabalhos do mundo inteiro e foi um dos dez selecionados para as oficinas do Festival de Sundance. O cineasta passou uma semana no Rio de Janeiro discutindo o roteiro com consultores internacionais.
Fuga da publicidadeAlém de cinema, a Casa também faz produções para televisão e programas eleitorais. “Só para partidos de esquerda”, ressalta Luciana. Mas, ao contrário da maioria das grandes produtoras do País, não faz publicidade. “A Casa foi criada para ser uma fuga da publicidade, porque ela te suga muito. É muito difícil juntar as duas coisas e a gente queria concentrar a atenção no cinema.” Assim, o grupo passou a atuar em todas as frentes da área cinematográfica. E eles organizam mostras, cursos, vendem filmes virgens.
A persistência e o talento sempre ajudaram nos momentos de crise. No governo Collor, quando o cinema brasileiro foi praticamente extinto, realizaram vários filmes através de bolsas, entre elas, a da Fundação Rockefeller e a do Channel 4 da BBC.
Os prêmios também tornaram possível a realização de “Houve uma Vez Dois Verões”, projeto de baixo orçamento feito em DV e 35 mm, e “O Homem que Copiava”. O primeiro recebeu R$ 350 mil do prêmio Ministério da Cultura e o segundo foi um dos três projetos vencedores do PrêmioRGE — Governo do Estado do Rio Grande do Sul em 2001, no valor de R$ 1,3 milhão, a maior premiação para cinema do País. O filme
custou, no final, R$ 4 milhões. Depois de um mês em cartaz, 400 mil pessoas já tinham visto a história do operador de fotocopiadora que fazia dinheiro falso em todo o País.
ParceriasA Columbia, distribuidora do longametragem “Tolerância”, lançado em 2000, agora é parceira. “A Columbia viu o projeto e nos convidou para distribuir”, conta Luciana. Em “Houve uma Vez Dois Verões”, foi também coprodutora, assim como em “O Homem que Copiava”, que teve ainda outra forte aliada na produção, a Globo.
A relação com a TV Globo começou no início dos anos 90. Eventualmente, os profissionais da Casa participavam da produção dos programas “Dóris para Maiores” e “Brasil Legal”, de Regina Casé. Jorge Furtado e Carlos Gerbase escreveram roteiros de minisséries, entre elas “Memorial de Maria Moura”, “Engraçadinha” e “Agosto”. A produtora também realizou vários episódios da série de contos adaptados para a televisão “Brava Gente”.
Agora, um contrato oficializou a parceria com a Globo. A Casa de Cinema vai produzir, ainda para este ano, um produto que mescla ficção e documentário com o nome de “Cena Aberta”. O projeto está sendo desenvolvido em conjunto com o núcleo de Guel Arraes, mas os detalhes ainda são mantidos em segredo.
Muito trabalho pela frenteE projetos não faltam. Luciana agora está
atrás de recursos para o longa de Gerbase. “O prazo normal é de dois anos para captação. Cinco até concluir o projeto de um longametragem”. “Roteiros Encontrados num Computador” tem custo estimado de R$ 1,5 milhão.
O planejamento e a responsabilidade também garantem o sucesso das produções da Casa de Cinema. “A gente nunca começa a filmar sem ter todo o dinheiro.” Luciana reconhece que uma das dificuldades de fazer cinema no Rio Grande do Sul é a distância dos grandes centros, onde se concentra o dinheiro de empresas federais. E como não
há laboratórios em Porto Alegre, transportar os negativos para serem revelados em São Paulo também é outra dificuldade. “Isto encarece o projeto, além de nos deixar preocupados, porque o risco de acontecer alguma coisa com o seu negativo é maior”.
O patrimônio da Casa de Cinema são as pessoas e as idéias. Os equipamentos se resumem a duas câmeras de vídeo digital Sony DSR300 e uma ilha de Final Cut Pro, da Apple. Todos os três longasmetragens feitos pela Casa foram montados na pequena sala no segundo andar do sobrado. Os demais equipamentos são alugados e os técnicos, contratados por empreitada. A maioria é de gaúchos, pois como diz Luciana, “artistas não faltam por aqui”. Apesar de o elenco de “O Homem que Copiava” ser basicamente de cariocas e paulistas, além do baiano Lázaro Ramos — exigência das coprodutoras Globo e Columbia — os talentos locais também brilharam, no segundo escalão.
A ausência de gaúchos nos papéis principais não tirou o sotaque do filme. “Nós tentamos um sotaque o mais gaúcho possível. A gente quer que o filme seja visto como é falado no Rio Grande do Sul”, explica Luciana. E antes que alguém acuse os diretores de bairristas, é bom explicar que não se trata disso. “Seria uma burrice fazer cinema bairrista. A gente não puxa o sotaque. Só quer que o sotaque natural apareça”, argumenta Gerbase. “Quanto mais universais forem os filmes, melhor.”
“O Homem que Copiava” custou R$ 4 milhões e con-quistou 400 mil espectadores em apenas um mês em cartaz.
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