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7/25/2019 Roberto Teixeira Costa - Desafios Da Poltica Externa
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Desafios da poltica externa
Roberto Teixeira da CostaMembro do Conselho Curador do Centro Brasileiro de Relaes Internacionais
(CEBRI), do Conselho Empresarial da Amrica Latina (Ceal) e do Gacint.
2014
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Desafios da poltica externa
Roberto Teixeira da CostaMembro do Conselho Curador do Centro Brasileiro de Relaes Internacionais
(CEBRI), do Conselho Empresarial da Amrica Latina (Ceal) e do Gacint.
2014
O autor responsvel pelas opinies expressas neste documento e elas no refletem as
opinies do CEBRI.
Texto publicado no jornal O Estado de So Paulo no dia 30 de setembro de 2014.
Mais publicaes em cebri.org
7/25/2019 Roberto Teixeira Costa - Desafios Da Poltica Externa
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Em julho de 2008 alinhei dez pontos que
seriam determinantes para a atuao de
nossa poltica externa no decnio
2008-2018. No creio que os temas ento
levantados tenham perdido atualidade.
O Mercosul certamente um dos mais
relevantes. As dificuldades por que a Argentina
passa tm interferido diretamente em nossas
relaes bilaterais e na prpria relao de seus
pases-membros, quer no campo poltico,
econmico ou institucional. Um possvel acordode livre-comrcio com a Unio Europeia,
discutido h mais de dez anos, tem encontrado
em nossos vizinhos do sul enormes obstculos.
Debate-se no setor privado se no seria mais
producente reverter o Mercosul a um acordo de
livre-comrcio, abrindo mo, assim, da unio
aduaneira, hoje cheia de excees. Resta saber
como esse processo seria conduzido,
considerando o interesse de todas as empresas
que a ele se associaram, dentro da lgica da
unio aduaneira.
Ainda acredito nos mritos do Mercosul,
apesar de seus problemas. No campo
interno, creio que deveramos dedicar-lhemaior ateno e no atribuir responsabilidades
que so nossas. Quanto consolidao de
nossa posio na Amrica do Sul,
convivemos com pases associados que
rezam por outra cartilha e veem no
bolivarismo a melhor forma de associao
para os pases da regio. Cria-se um
convvio difcil, pois regimes de mercado,
valores e liberdade da imprensa no
coexistem onde essa situao, se no
proibida, bastante afetada.
Fato novo neste cenrio da regio a
criao da Aliana do Pacfico (AP), que
agregou Colmbia, Chile, Mxico e Peru
num projeto de integrao bem mais
ambicioso e harmonioso do que o Mercosul.
Este, contudo, vem demonstrando interesseem alguns tipos de aproximao com a AP
que possam favorecer-nos com maior
presena no comrcio mundial via Pacfico.
Mais recentemente, Equador e Chile
assinaram acordo bilateral como parte de um
plano para criar um Sistema de Integrao
Eltrica nos Andes, que tambm incluiria
Bolvia, Colmbia e Peru, a funcionar em
2020. O acordo implicaria a acelerao da
infraestrutura e mecanismos regulatrios que
facilitem a integrao eltrica. Assim, de uma
forma ou outra, associaes esto ocorrendo
sem nossa presena.
A Amaznia ainda preocupa analistas
polticos internacionais, com o desmatamento e
outras questes ambientais. A questo da
gua fator de grande relevncia em vista
da crescente conscincia de que ser
cada vez mais um bem escasso.
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Nas relaes com os EUA houve sensvel
esfriamento aps divulgao do acesso a
conversas privadas de autoridades brasileiras
e de empresa estratgica por rgos de
inteligncia americanos, espionagem que oBrasil e outros pases repudiaram com
firmeza e levou ao cancelamento de visita de
nossa presidente quele pas. Nas relaes
comerciais Brasil-EUA, mantemos boa
presena, muito embora a China em alguns
momentos tenha superado os norte-
americanos. So o segundo maior destinodas exportaes brasileiras, com US$ 17,7
bilhes, ultrapassando a Argentina, com US$
9,8 bilhes. As vendas aos EUA poderiam ser
maiores, mas tem havido um desvio de
comrcio devido a acordos comerciais com
pases vizinhos.
G r a d a t i v a m e n t e o s c h i n e s e s ,
independentemente de sua presena no
comrcio exterior, tambm marcam
posio como investidores estrangeiros. De
2007 a 2013 os investimentos chineses
anunciados no Brasil foram estimados em
US$ 56,5 bilhes. So 73 projetos: 23
anunciados e 50 confirmados. Os principaissetores so o automotivo, de equipamento
e maquinrio e petrleo/gs. A China tem
uma poltica de governo muito clara de
ocupar espaos onde eles apaream. A
rentabilidade em curto prazo no fator
relevante, e sim a posio estratgica.
O protagonismo internacional, que marcou
administraes passadas, diminuiu
sensivelmente neste governo. Dilma
Rousse! no tem marcado presena no
cenrio mundial e, consequentemente, seconstata que o Itamaraty perdeu
relevncia no campo externo. Nem mesmo
em nossa regio essa presena tem tido
destaque, e quando aparecemos mais
em apoio a iniciativas de outros pases,
sem tomar liderana do processo.
Continuo dando grande nfase relevncia
da diplomacia empresarial. Creio que
alguns temas deveriam contar com a
participao ativa de empresrios no
processo decisrio, no s os relativos a
seus interesses diretos, como tambm aos
coletivos do Pas. Foros adequados
poderiam ser reativados. Devemos tomar
iniciativas, e no ficar espera do governo!
E o que dizer das multinacionais
brasileiras? Arrefeceram seu arrojo aps a
crise financeira de 2008, mas gradualmente
voltaram a marcar maior presena no
exterior. Dois fatos importantes merecemser lembrados: a taxa de cmbio favorecendo
investimentos no exterior e o baixo
crescimento da economia interna, que
serve de estmulo na busca diversificada
em mercados externos que apontam
cenrios mais positivos de crescimento. O
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governo recuou na tributao de lucros no
exterior, que antes beneficiava alguns
setores privilegiados.
Quanto ao tema ambiental, quero crer queas questes climticas estejam acendendo
uma luz vermelha nas preocupaes dos
grandes lderes mundiais. A experincia que
vivemos no Brasil, e em outros pases da
regio, com a falta de chuvas bem
exemplificativa. A questo s debatida em
momento de crise e esquecemos que otratamento que lhe deve ser dispensado no
deveria ser uma poltica de governo, mas de
Estado, tal como a questo da educao.
Por fim, em 2008 falei da necessidade de
maior engajamento de nossa sociedade
em temas internacionais. Nessa rea
muito pouco, ou quase nada, tenho a
acrescentar. Nosso Congresso seguemergulhado em temas internos e
paroquiais, refletindo talvez a posio
presidencial de distanciamento do cenrio
internacional. Agora mesmo, na campanha
presidencial, o tema da insero do Pas
no cenrio internacional passa ao largo, e
deveria ocupar espao relevante para aprxima Presidncia.
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