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FRANK SINATRAO biógrafo Anthony Summers revela a verdadeira história de seu rompimento com a orquestra de Tommy Dorsey.
LINDY HOPConheça o estilo de dança, os lugares onde é praticado e academias no Brasil.
JAZZEntrevista: Eduardo Santana, o Band Leader da Nova Lapa Jazz, a febre das noites de quarta no Rio de Janeiro.
ANO 1 - EDIÇÃO N °1MARÇO 2012
ARTEGary Kelley, o ilustrador americano de temáticasjazzísticas.
JOAO DONATOA história do músico e compositor que em 2012 faz 60 anos de carreira.
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SUMÁRIO
60 anos da fantástica carreira deJoão Donato.
pag 42
Capa: Nova biografia deFrank Sinatra
pag 20
10 EDITORIAL12 COLUNA DE RODRIGO MANHÃES18 ENTREVISTA: Dudu Santana fala sobre Nova Lapa Jazz e o sucesso na noite carioca.20 CAPA: The Blue Eyes, nova biografia por Anthony Summers e Robbyn Swan revelam a a ligação de Frank Sinatra com a Máfia.34 LINDY HOP: O estilo de dança que engloba do Charleston ao Rock n’ Roll.39 ARTE: Gary Kelley, o ilustrador Art Déco.42 60 ANOS DE JOÃO DONATO A vida e a obra deste grande artista.47 MODA: Pinups contemporâneas.50 JAZZ RIO52 ESPAÇO DO LEITOR
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POLÊMICABIOGRAFIADE SINATRA
Por Antonio Gonçalves Filho
CAPA
Sete centenas de páginas não dão conta da di-mensão gigantesca do mais popular cantor norte-americano de todos os tempos, Francis Albert Sinatra (1915-1998), mas bem que os biógrafos Anthony Summers e Robbyn Swan tentaram. Em Sinatra - A Vida (Editora Nova Século), eles resumem - muito - sua carreira, ampliam os inúmeros casos amorosos e, principalmente, dedicam atenção anormal ao en-volvimento do cantor com a Máfia. Rivalizando com a ficha de Sinatra no FBI - 2.403 páginas reveladas ao público no ano da morte do cantor-, a biografia deixa o intérprete de lado e segue o homem, cheio de con-tradições, ressentimentos, mas também capaz de ges-tos de extrema generosidade e lealdade aos amigos. Os mafiosos Lucky Luciano, Carlo Gambino e Sam Giancana são alguns chefões do crime organizado que surgem associados ao nome de Sinatra no livro, cujos autores parecem particularmente interessados em descobrir qual o papel que os bandidos tiveram na ascensão do cantor.
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A voz e a inteligência natural de Sinatra foram capazes de imortalizar canções medíocres e fazer delas suas marcas registradas (de My Way, que abominava, a Strangers in the Night, que classificou de "bosta"). Mas esse talento fica em segundo plano numa biografia criminal que começa com o jo-vem Frank levando um gato para uma sessão de cinema e matando o bichano com um tiro de pistola. É chocante, mas ele fez coisas piores, segundo os biógra-fos, que enumeram algumas agressões de Sinatra - desde seu primeiro soco em coleguinhas de Hoboken, New Jersey, onde cresceu, até ameaças ao escritor Mario Puzo, que teria se inspirado nele para criar o cantor protegido por mafi-osos de O Poderoso Chefão.
Tanta truculência só se explica como uma reação tardia ao desejo de Dolly, a mãe de Sinatra, de ter uma menina e vestir o pequeno Frank com roupinhas de bebê cor-de-rosa para contrastar com os olhos azuis do ga-roto. Ele, asseguram os biógrafos, era "um pouco efeminado e brincava com bonecas". Dolly, que foi parteira (espe-cialista em abortos) e depois taverneira (comprando bebida ilegal dos mafiosos durante a Lei Seca), ainda costumava dar banhos de água gelada no garoto, imitando a avó de Frank, que salvou o recém-nascido - tirado a fórceps - segurando-o debaixo de uma torneira quase congelada (o cantor nasceu no inverno de 1915).
Juventude transviada.
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Frank Sinestro - assim registrado por engano do tabelião - lembraria com ressentimento do trauma de nascimento. "Estavam pensando apenas em minha mãe", teria dito a uma amante. "Eles ap-enas me arrancaram e me jogaram de lado." Criado entre mafiosos, o garoto se vingou praticando pequenos furtos. Não demorou para ser expulso da escola. Era o típico rebelde sem causa e, segundo o próprio, levou mais pancadas na vida do que para-choque em estacionamen-to. Apenas com o ensino fundamental, ele mentiria mais tarde, dizendo que começou a trabalhar como cronista es-portivo do Jersey Observer. Na verdade, era office-boy no jornal. Errando aqui e ali e ouvindo Nat King Cole no Hickory House, um clube da Rua 52, em Nova York, aprendeu o idioma musical do jazz. Com a ajuda da mãe e dos mafiosos, se-gundo as más línguas, arrumou emprego como cantor no Rustic Cabin, clube de "encontros fortuitos de homens casados".
Dois outros mafiosos além do mencionado Lucky Luciano - Willie Moretti e Frank Costello - estariam as-sociados ao começo da carreira musical de Sinatra, sugerem os biógrafos, apoia-dos, segundo eles, num documento do FBI. Não é preciso ver filmes sobre o período para saber que a Máfia, de fato, controlava tudo naquela época. Sinatra, já famoso, admitiu ter Moretti arruma-do "algumas apresentações" para ele nos anos 1930. Até mais ou menos a metade da biografia, a carreira de cantor ainda parece interessar à dupla de autores. Na segunda metade, ganham mais destaque sua vida amorosa, as longas noites de bebedeira, o limbo artístico nos últimos anos da década de 1940 e sua militância política. Os biógrafos de Sinatra asso-ciam o renascimento do cantor nos anos 1950 novamente à intervenção da Máfia, que não apenas assegurou a ele um dos principais papéis no filme A Um Passo da Eternidade (1953) como teria gar-antido o fim das obrigações contratuais com a orquestra de Tommy Dorsey. Esse episódio, aliás, teria inspirado Mario Puzo a criar, no capítulo de abertura de O Poderoso Chefão, o cantor protegido da Máfia (Johnny Fontane), que pede ajuda a Corleone para se livrar do con-trato com o bandleader Halley. O "pa-drinho" manda seus homens atrás do maestro Halley (leia-se Dorsey, segundo recomendam os biógrafos) e tudo se re-solve com uma ameaça de morte.
Uma ofertairrecusável.
Johnny Fontane (Al Martino) e Vito Corleone (Marlon Brando) em “O Poderoso Chefão”.
Surpreende, portanto, que um homem as-sim tão ligado a contraventores tenha se unido à cruzada de Martin Luther King, nos anos 1960, cantando e levantando dinheiro para a causa dos direitos civis dos negros. Ou que, militando na frente popular da esquerda americana nos anos 1930 e perseguido pelo poderoso Hoover (o chefão do FBI), tenha dado uma guinada à direita e apoi-
ado depois presidentes des-onestos como Nixon. A biografia relata pelo menos uma orgia da qual par-ticipou ao lado do ex-presi-dente John Kennedy e o caso extraconjugal que manteve com a amante do mesmo, a atriz Marilyn Monroe, para quem o cantor deu um brace-lete de diamantes. Marilyn teria ainda passado pelos braços do mafioso Sam Gian-cana no ano do suposto suicí-dio da atriz, 1962. Sinatra se-
ria o testa de ferro de Giancana no resort Cal-Neva, frequentado por John Kennedy. Além de um cas-sino, lá funcionava, ainda de acordo com os biógra-
fos, uma "operação de prosti-tuição" no balcão de entrada. O próprio Sinatra fo-tografou o casal no resort quando ela, rejeitada pelos irmãos Kennedy, buscou a companhia do mafioso. Fazer amor ao som de Sinatra, já escreveu Gay Talese, é, afinal, para ricos e pobres, honestos e desonestos. Ele, porém, teve de se esforçar para não sair da moda nos anos 1960, depois do sucesso dos Beatles. Gra-vando as canções do grupo inglês, Sinatra ressuscitou, segundo os biógrafos, que dedicam apenas uma linha ao trabalho mais sério do can-tor registrado no período, o encontro com Antonio Carlos Jobim. Chocante, mas com-preensível. Música, afinal, não é o negócio de Anthony Summers, que costuma co-brar para dar entrevistas.
A biografia deixa ointérpretede ladoe segueo homem.
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Sinatra - A VidaEditora Novo Século768 páginasR$79,90
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