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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS – GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O PAPEL DO PROFESSOR NA ORIENTAÇÃO
SEXUAL DA EDUCAÇÃO INFANTIL
Por: Eloisa Santos de Miranda
Orientador
Profª Mary Sue Pereira
NITERÓI 2005
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS – GRADUAÇÂO “LATO SENSU”
PROJETOA VEZ DO MESTRE
O PAPEL DO PROFESSOR NA ORIENTAÇÃO
SEXUAL DA EDUCAÇÃO INFANTIL
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como condição prévia para a
Conclusão do Curso de Pós-graduação “Lato Sensu”
em Psicopedagogia.
Por: Eloisa Santos de Miranda
3
AGRADECIMENTOS
À Deus e à meus amados pais pela
dádiva da vida.
À meus mestres, pelo incentivo.
À minha querida irmã, Sulamita, pelo
companheirismo, o amor e o apoio.
À Mary Sue pela dedicação.
4
DEDICATÓRIA
Às crianças pela inspiração.
“Somos culpados de muitos erros e muitas
faltas,
mas nosso maior crime é abandonar as
crianças, é ser indiferente à fonte da vida.
Muitas coisas de que precisamos podem
esperar.
A criança não pode esperar. Neste momento
Mesmo seus ossos estão se formando, seu
Sangue está se compondo,
Seus sentidos se desenvolvendo.
A ela não podemos responder amanhã.
Seu nome é hoje.”
Gabriela Mistral
5
RESUMO
A presente monografia procura esclarecer algumas questões acerca da
sexualidade infantil, entre elas o fato de considerarmos a curiosidade das crianças
como legítima, pois elas têm o direito de terem suas dúvidas esclarecidas por pais
e educadores.
Muitos educadores ainda demonstram dificuldades para conversar com os
alunos sobre esta temática, por imaturidade, inexperiência ou por medo de
estarem estimulando precocemente as crianças.
Ressaltamos o papel da escola, que assim como a família é de vital
importância nesta questão, pois pode contribuir para que a sexualidade do aluno
seja exercida com prazer, sem culpas e com responsabilidades sem ignorar os
valores que os pais transmitem à seus filhos.
6
METODOLOGIA
No decorrer da vida profissional os professores são abordados, quase que
diariamente, com questões sobre a sexualidade. Essas questões nos levaram ao
problema proposto neste trabalho, ou seja, o papel do professor na orientação
sexual.
Iniciamos a construção desse trabalho com base em nossas experiências
como professora de educação infantil, as condutas, perguntas, dúvidas e
comentários que ouvimos e identificamos nas crianças diariamente foram os
pontos de partida para que buscássemos na literatura resposta para o
questionamento a respeito do papel do professor como orientador sexual.
A partir daí, seguimos com a pesquisa bibliográfica e a consulta a livros,
revistas e jornais, resultando no presente trabalho.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I
A SEXUALIDADE INFANTIL 11
1.1 Fases do desenvolvimento psicossexual 13
CAPÍTULO II
ORIENTAÇÃO SEXUAL 16
2.1 Orientação sexual na educação infantil 20
CAPÍTULO III
O PAPEL DOS PAIS E DA FAMÍLIA NO DESENVOLVIMENTO SEXUAL
DA CRIANÇA 24
CAPÍTULO IV A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NA ORIENTAÇÃO SEXUAL INFANTIL 26 CAPÍTULO V O PAPEL DO PROFESSOR NA ORIENTAÇÃO SEXUAL INFANTIL 29
8
CONCLUSÃO 34
BIBLIOGRAFIA 36
ÍNDICE 38
FOLHA DE AVALIAÇÃO 40
9
INTRODUÇÃO
O desenvolvimento tecnológico trouxe para o mundo moderno novas mídias
que tornaram a comunicação mais rápida e fácil, disseminando informações em
uma velocidade jamais imaginada pelo homem.
Diante dessa integração tecnológica e da facilidade de comunicação os
homens se aproximaram mais, as sociedades se organizaram em grupos maiores
– os chamados blocos – para se fortalecerem economicamente e se tornarem
mais competitivos no mercado consumidor que agora passou a ser global.
A propagação das informações com tanta rapidez e facilidade, basta um
“click” no mouse para nos conectarmos com o mundo, levantou questões que até
então eram vistas como tabu. Com a era digital as informações referentes à
sexualidade tornaram-se disponíveis para nossas crianças, que passaram a ter
contato cada vez mais cedo com as questões sexuais.
Tais informações muitas vezes causam dúvidas nas crianças e essas
dúvidas, na maioria das vezes, são levadas para a escola, mais especificamente
para o professor, que passa a ter a função de “orientador sexual”, diante desse
contexto pergunta-se: como o profissional da educação vai coordenar essas
questões no seu dia-a-dia?
É a essa pergunta que o presente trabalho se propõe a analisar. Fazendo
uma abordagem entre a mídia, a globalização, a criança, a escola e buscando
estabelecer a posição do educador nesse contexto.
10
Essa análise será realizada com base em nossas experiências de trabalho
diário como professora, no posicionamento bibliográfico e em questões sobre a
sexualidade infantil , considerando , como educadores, o fato de ser a curiosidade
das crianças legítima, e assim sendo, dar a elas as respostas as suas questões.
Ainda temos dificuldades em conversarmos sobre este tema, por
imaturidade ou receio de estarmos estimulando as crianças precocemente. Porém,
as crianças, pela influência da mídia, que mostra constantes informações sobre a
sexualidade, criam suas próprias hipóteses o que torna indispensável o
esclarecimento das dúvidas das crianças.
A escola possui um papel de vital importância nesta temática e pode
contribuir para que a sexualidade seja exercida com prazer e com
responsabilidade, sem ignorar os seus valores, já que a sexualidade está presente
em nossas vidas desde nosso nascimento.
As crianças naturalmente imitam o comportamento do adulto quando por
exemplo, as meninas usam maquiagem, vestem e calçam roupas e sapatos da
mamãe, ou, quando os meninos passam no rosto a espuma de barbear do papai
e dizem que estão fazendo a barba.
Diante dessa curiosidade o educador nem sempre sabe como agir, ainda
tem dúvidas sobre se deve ou não responder aos questionamentos e como fazê-lo
de forma que as crianças possam compreender que a sexualidade não é uma
coisa errada e que podem se desenvolver conhecendo o seu corpo de forma
natural e sadia.
O educador em muitos casos passou a atuar como o “orientador sexual”,
muitas das vezes “escolhido” indiretamente pela família, que na maioria dos casos
se omite e não aborda esse assunto, e em outros momentos por preferência da
própria criança, que vê no educador a pessoa mais apta para solucionar suas
dúvidas.
11
CAPÍTULO I
A SEXUALIDADE INFANTIL
A sexualidade humana começa a desenvolver-se desde o nascimento,
quando o bebê tem o contato físico com adultos. Esse contato transmite
segurança, sendo uma troca de afeto importante para a formação do ser
humano.À medida que vai crescendo, a criança inicia a descoberta do corpo,
começa a se tocar, se olhar, e olhar o outro.
Essa curiosidade pelas diferenças anatômicas é comum e normalmente se
manifesta nas brincadeiras de casinha, de médico ou no banheiro. Depois que as
crianças percebem as diferenças existentes entre si, a curiosidade se amplia, e
então começam a espiar pela fechadura, ou vão ao banheiro com os pais, pois
elas querem saber se existem diferenças anatômicas entre os adultos e quais são.
Ideal seria que os pais atendessem essas curiosidades das crianças, mas
muitos se sentem envergonhados e despreparados diante de tais situações.
Temem que ao falar sobre sexo, estejam estimulando as crianças precocemente
ou permitindo que isso as levem à pratica. Recorrem então as explicações
mágicas, fantasiando o pensamento infantil.
Devemos considerar que a criança elabora suas teorias a respeito do sexo
e da sexualidade, e que o melhor é conversar de forma objetiva, mas muitos
adultos não tiveram essa educação e então não conseguem estabelecer um
diálogo sobre o assunto, acabam então repreendendo a criança que dessa forma
inicia uma idéia negativa sobre sexualidade, não tendo suas dúvidas respondidas.
12
Esse fato ocorre porque os seres humanos possuem corpos e práticas
sexuais que seguem as normas, as permissões, os valores, e as regras que são
estabelecidas cultural e historicamente, funcionando como controladoras da
sexualidade, reprimindo-a, assim o ser humano internaliza a repressão sem
perceber.
Usualmente nos reportamos ao termo sexual, para o que está mais ligado a
práticas sexuais genitais, a psicanálise, porém, refere-se a qualquer região do
corpo capaz de propiciar prazer sexual , as chamadas zonas erógenas e também
aos prazeres infantis como sugar e excretar. A sexualidade da criança existe
desde o nascimento e manifesta-se de diversas formas em cada momento da
infância, faz-se necessário assim uma vivência saudável, visto que a sexualidade
é um dos aspectos essenciais do desenvolvimento humano e é construída
gradativamente.
O bebê desde seu nascimento está em contato contínuo com o corpo da
mãe, com seu carinho, seu aconchego, com a amamentação, com massagens e
banhos, e, sente-se acolhido e querido. Sendo assim, todos os sentimentos do
bebê passam pela pele, ele já nasce enxergando e reconhece a voz e o cheiro da
mãe, sendo a boca a parte vital, pois por meio dela além de alimentar-se também
sente prazer. No decorrer do primeiro ano de vida a função da boca se amplia,
servindo para conhecer objetos, sentir consistência e sabor aliados a outros
sentimentos proporcionando prazer ao bebê.
A psicanálise afirma que a sexualidade não se relaciona apenas com as
atividades e o prazer no funcionamento do aparelho genital, mas implica também
uma série de excitações e de atividades presentes desde a infância que
proporcionam prazer à satisfação de uma necessidade fisiológica fundamental
como respiração, excreção e outros. De acordo com essa afirmação, a
sexualidade se manifesta através de excitações e atividades, tendo a ver com
prazer ou satisfação. Junto com a satisfação da necessidade básica há um prazer
sexual dessa necessidade, ou seja, ao mamar o bebê satisfaz a fome e sente
prazer. Segundo Freud, a afetividade do adulto reflete o que ele viveu em suas
13
etapas ou fases do desenvolvimento psicossexual, estas fases foram divididas em
fase oral, fase anal, fase fálica, período de latência e fase genital.
Nesse sentido, Marilandes Ribeiro Braga em seu artigo Conhecendo a
sexualidade infantil, nos ensina que:
“As descobertas de Freud sobre a sexualidade infantil
provocaram grande espanto na sociedade conservadora do
final do século XIX, visto que até esta época a criança era
vista como um símbolo de pureza, um ser assexuado.Ao
longo dos tempos, a sociedade vem, pouco a pouco, se
familiarizando e compreendendo as diferentes formas de
expressão da sexualidade infantil. Sexualidade esta que
evolui, segundo Freud, de acordo com etapas de
desenvolvimento que ele denominou de fase oral, anal,
fálica, latência e genital”.(BRAGA, 2003, p.1)
No próximo tópico passaremos ao estudo das fases acima indicadas.
1.1 Fases do desenvolvimento psicossexual
De acordo com a doutrina de Freud, as etapas do desenvolvimento
psicossexual são: fase oral, fase anal, fase fálica, período de latência e fase
genital. Passaremos a explicar cada uma delas:
· Fase Oral
Ocorre quando a criança tem entre 0 a 1 ano aproximadamente. O ponto de
prazer para a criança é a boca.
14
Essa é a fase em que os pais ficam absolutamente paranóicos, pois a
criança leva tudo e qualquer coisa para a boca, pois é assim que ela entra em
contato com o mundo;
· Fase Anal
Essa fase atinge as crianças na faixa etária de 1 a 3 anos
aproximadamente, quando estas estão iniciando o aprendizado da higiene pessoal
e desenvolvendo o controle de suas necessidades fisiológicas, o que lhe traz
satisfação na região do anus;
· Fase Fálica
Ocorre com as crianças de 3 a 6 anos quando estas despertam para o seu
órgão sexual.
“Inicialmente a criança imagina que tanto os meninos quanto
as meninas possuem um pênis. Ao serem defrontadas com
as diferenças anatômicas entre os sexos, as crianças criam
as chamadas "teorias sexuais infantis", imaginando que as
meninas não tem pênis porque este órgão lhe foi arrancado
(complexo de castração). É neste momento que a menina
tem medo de perder o seu pênis.
Neste período surge também o complexo de Édipo, no qual o
menino passa a apresentar uma atração pela mãe e se
rivalizar com o pai, e na menina ocorre o inverso.” (BRAGA,
2003, p.2)
· Período de Latência
Nessa fase as crianças estão com 6 a 9 anos. È nesse período que a
criança passa a desenvolver mais suas atividades sociais e escolares o que a
força a se distanciar da fase da libido.
15
· Fase Genital
Nessa fase, que se inicia a partir de 10 anos, a libido novamente se
destaca fazendo com que a criança passe a buscar um objeto de amor. Começam
as mudanças corporais, biológicas, afetivas e sociais.
Como verificamos desde muito pequenas as crianças desenvolvem sua
sexualidade e o conhecimento dessas fases é relevante para que possamos
conhecer o universo da criança e atuar de forma mais correta na orientação
escolar.
16
CAPÍTULO II
ORIENTAÇÃO SEXUAL
A orientação sexual está prevista nos Parâmetros Curriculares Nacionais,
que estabelece os objetivos de sua aplicação:
“A orientação sexual na escola deve ser entendida como um
processo de intervenção pedagógica que tem como objetivo
transmitir informações e problematizar questões relacionadas
à sexualidade, incluindo posturas, crenças, tabus e valores a
ela associados. Tal intervenção ocorre em âmbito coletivo,
diferenciando-se de um trabalho individual, de cunho
psicoterapêutico e enfocando as dimensões sociológica,
psicológica e fisiológica da sexualidade, sem a imposição de
determinados valores sobre outros.
O trabalho de Orientação Sexual visa propiciar aos jovens a
possibilidade do exercício de sua sexualidade de forma
responsável e prazerosa. Seu desenvolvimento deve
oferecer critérios para o discernimento de comportamento
ligados à sexualidade que demandam privacidade e
intimidade, assim como reconhecimento das manifestações
de sexualidade passíveis de serem expressas na escola.
Propõem-se três eixos fundamentais para nortear a
intervenção do professor: Corpo Humano, Relações de
17
Gênero e Prevenção às Doenças Sexualmente
Transmissíveis/ AIDS.
A abordagem do corpo como matriz da sexualidade tem
como objetivo propiciar aos alunos conhecimento e respeito
ao próprio corpo e noções sobre os cuidados que necessitam
dos serviços de saúde. A discussão sobre o gênero propicia
o questionamento de papéis rigidamente estabelecidos a
homens e mulheres na sociedade, a valorização de cada um
e a flexibilização desses papéis. O trabalho de prevenção às
doenças sexualmente transmissíveis/ AIDS possibilita
oferecer informações científicas e atualizadas sobre as
formas de prevenção das doenças. Deve também combater
a discriminação que atinge portadores de HIV e doentes de
AIDS de forma a contribuir para a adoção de condutas
preventivas por parte dos jovens”.(PCN, volume 8, 1997,
p.34-35).
Essa intervenção do PCN vem seguindo a nova abordagem educacional
estabelecida, que visa integrar ao aluno à sociedade.
A proposta do PCN faz com que as crianças deixem de serem vistas como
seres individuais para serem parte de uma coletividade, um ser social, ativo e
dinâmico dentro desse contexto de globalização atuante em nosso sitema.
A abordagem da sexualidade deixa de ser enfocada apenas quanto ao
conhecimento do corpo para ser analisada em seus aspectos psicológicos, sociais
e até terapêuticos.
Ao abordar o tema da orientação sexual os Parâmetros Curriculares
Nacionais determinam de qual forma devemos considerar a sexualidade:
18
“Ao tratar do tema Orientação Sexual, busca-se considerar a
sexualidade como algo inerente à vida e à saúde, que se
expressa desde cedo no ser humano. Engloba o papel social
do homem e da mulher, o respeito por si e pelo outro, as
discriminações e os estereótipos atribuídos e vivenciados em
sues relacionamentos, o avanço da AIDS e da gravidez
indesejada na adolescência, entre outros, que são problemas
atuais e preocupantes”( PCN, volume.10, 1997, p. 107.)
Essa abordagem holística trazida pelos PCNs é absolutamente pertinente
diante da atual interdisciplinaridade da sociedade em que em que vivemos.
Podemos verificar que o intuito da norma é a formação integral do indivíduo,
para que este tenha respeito pela dicotomia da condição humana e possa viver
harmoniosamente em sociedade entendo a sexualidade como algo natural.
No entanto, muitas famílias ainda não conseguem visualizar a abordagem
da sexualidade na escola, principalmente quando tais ensinamentos seriam
apresentados a crianças da educação infantil, como bem nos lembram Meyer e
Soares citando Tomaz Tadeu da Silva:
“A maioria das famílias vêem a infância como um período de
inocência e pureza, pois nessa fase da vida, acreditam que
as crianças devem ser “protegidas”e “preservadas” de
determinados tipos de conhecimentos como, por exemplo,
aqueles que, de certa maneira, se vinculam à sexualidade.
Parecem ignorar que a educação não se dá apenas no
âmbito da escola,mas está e se faz em toda parte: através
das TVs, jornais, revistas, rádios, outdoors, entre tantos
outros que poderiam aqui ser mencionados, especialmente
em tempos de grande acesso de informação disponível
19
também às crianças. Essas instâncias culturais também são
pedagógicas, na medida em que sempre ensinam alguma
coisa”.(MEYER; SOARES, 2004, p. 37-38).
De acordo com os PCNs a terminologia a ser adotada para trabalhar a
sexualidade é a orientação sexual, mas em nosso meio ainda verificamos a
utilização da expressão educação sexual, o que leva a perguntar se são conceitos
distintos ou complementares.
Suplicy et al., nos esclarece que há diferença entre os conceitos de
educação sexual e orientação sexual:
“Tudo isso - o contato cotidiano da criança com os pais, o
processo de socialização que se segue, a influência da mídia
e dos grupos sociais - faz parte da educação sexual. A
educação sexual, portanto, é um processo de vida, que
permite ao indivíduo se modificar, se reciclar ou não, e só
termina com a morte”.
“A orientação sexual por sua vez é um processo formal e
sistematizado que se propõe a preencher as lacunas de
informação, erradicar tabus e preconceitos e abrir a
discussão sobre as emoções e valores que impedem o uso
dos conhecimentos. À orientação sexual cabe também
propiciar uma visão mais ampla, profunda e diversificada
acerca da sexualidade. Esse trabalho pode ocorrer em
ambientes tais como centros de saúde, comunidades de
base, de bairro, clubes, igrejas, meios de
comunicação”.(SUPLICY et al. , 2000, p. 8).
20
2.1. Orientação sexual na educação infantil
Quando pensamos em orientação sexual nos defrontamos com algumas
perguntas, a saber:
A escola é o lugar ideal para falar em sexualidade?
Entendemos que sim, pois agiria como um campo neutro, facilitando a
expressão das dúvidas, aproximando as questões que são de interesse comum de
uma determinada faixa etária.
As crianças se sentem protegidas na escola, que traz um ambiente
acolhedor, confiam no professor e se identificam com as dúvidas dos colegas,
como nos esclarece Suplicy et al:
“Um espaço privilegiado é certamente a escola, já que a
orientação sexual é uma intervenção pedagógica que
favorece a reflexão mediante a problematização de temas
polêmicos e permite a ampla liberdade de expressão, num
ambiente acolhedor e num clima de respeito. Vínculos
significativos entre alunos e professores podem originar, para
além da aquisição de informações, efeitos psicológicos tais
como uma maior consciência de sua autonomia pessoal e,
ao longo do processo pedagógico, uma melhor compreensão
dos movimentos políticos e culturais envolvendo a
sexualidade.”(SUPLICY et al., 2000, p. 9).
Há realmente necessidade de abordar o tema da sexualidade nas séries
iniciais do ensino fundamental?
De acordo com o PCN são objetivos gerais do ensino fundamental que os
alunos sejam capazes de:
21
“(...)
desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o
sentimento de confiança em suas capacidades afetiva, física,
cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e de
inserção social, para agir com perseverança na busca de
conhecimento e no exercício da cidadania;
conhecer e cuidar do próprio corpo, valorizando e adotando
hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da
qualidade de vida e agindo com responsabilidade em relação
à sua saúde e à saúde coletiva...” (PCN, volume 10, 1997, p.
34-35).
Sendo assim, a orientação sexual deverá ser abordada no ensino
fundamental, pois busca-se a integração dos alunos com o seu meio e o seu
desenvolvimento individual.
Ainda sobre essa questão, os parâmetros curriculares nos apresentam o
seguinte entendimento: “O tratamento da sexualidade nas séries iniciais visa
permitir ao aluno encontrar na escola um espaço de informação e de formação, no
que diz respeito às questões referentes ao seu momento de desenvolvimento e às
questões que o ambiente coloca”.(PCN, volume 10, 1997, p. 107).
Quais seriam as questões que o ambiente nos apresenta?
Atualmente o corpo está constantemente em foco, seja na mídia com belas
atrizes ou com apresentações que cultuam o corpo, a sensualidade; na dança
onde os ritmos mais populares são cada vez mais sensuais; no mundo da moda
onde belos corpos são fotografados em posições sugestivas.
Essa influência é diária na vida dessas crianças. Assistir televisão, ouvir
música, ler revistas são atividades do cotidiano infantil, que começam a
demonstrar essa influência ao usarem a roupa, o sapato, o corte de cabelo, o
22
modo de falar que está na “moda”, mas não podemos esquecer que essa “moda”
é inspirada em adultos que já trabalharam sua sexualidade.
Dagmar Meyer e Rosângela Soares, em seu livro Corpo, Gênero e
Sexualidade já enfocavam o que elas chamaram de corpo em evidência e podem
nos apresentar mais algumas áreas em que o corpo tem sido objeto de discussão:
“Vivemos um tempo em que o corpo é exaustivamente
falado, invadido, investigado e ressignificado: medicina,
engenharia genética, tecnobiomedicina, psicologia,
enfermagem, nutrição, direito, biologia, educação física,
pedagogia, história, antropologia e sociologia são apenas
algumas das áreas que, imbricadas ou sobrepostas, têm
interferido e redefinido as formas pelas quais vemos,
conhecemos, falamos e nos relacionamos com aquilo que
chamamos de “nosso corpo”. A mídia, a indústria do
vestuário e da moda, as indústrias cosmética, farmacológica,
nutricional e esportiva, a medicina estética, para ficar nos
exemplos mais óbvios.”(MEYER; SOARES, 2004, p.6).
Sintetizando, podemos dizer que nos tornamos a sociedade do corpo. Se o
corpo é tão importante para nós, adultos, quão não seria para as crianças que
ainda estão em fase de formação? É por esta razão que a orientação sexual se
torna cada vez mais importante, devendo a família, a escola, a mídia e a
sociedade em geral ficarem atentas para que esse processo ocorra da forma mais
natural possível, sem que haja a preocupação de estarmos agindo precocemente.
Uma vez que, a mídia tem nos influenciado tanto devemos inverter o jogo e
tirar proveito dessas discussões abordadas na mídia. Podemos trabalhar esses
aspectos por meio de atividades dentro da sala de aula (redação, teatro, mesa
23
redonda etc.), pois mídia e educação são meios capazes de produzir
conhecimento, estilo de vida, formas de ver o mundo e de transformá-lo.
É necessário destacar que no presente trabalho de pesquisa o enfoque
será o profissional da educação infantil que deve reconhecer a busca do prazer e
as curiosidades manifestadas acerca da sexualidade, pois isto faz parte do
processo de desenvolvimento da criança. Respondendo aos questionamentos dos
alunos de forma clara, como também informar aos pais que o tema sexualidade
será trabalhado para que os alunos possam esclarecer suas dúvidas.
Nas séries iniciais, os temas podem ser abordados, com naturalidade,
quando, por exemplo, estiver sendo enfocado o estudo do corpo humano. A
observação do funcionamento corporal, das diferenças entre meninos e meninas
ou, ainda, a discussão a respeito de como os bebês nascem podem servir como
ponto de partida. Estar atento ao nível de maturidade da turma é importante; ele
indicará ao professor até que ponto poderá ir no aprofundamento dos temas.
Assim existe a necessidade de melhorar e investir na formação do
educador, para que este possa realizar seu trabalho de maneira crítica e
consciente.
24
CAPÍTULO III
O PAPEL DOS PAIS E DA FAMÍLIA NO
DESENVOLVIMENTO SEXUAL DA CRIANÇA.
A educação sexual, como já tratamos acima, é uma reunião de todas as
nossas vivências, é algo que nos é inerente.
Seguindo essa idéia, verificamos que os pais são o primeiro contato entre
as crianças e a sexualidade.
A maneira que estes se relacionam intimamente, a forma carinhosa, ou não,
com a qual se tratam as deficiências, os preconceitos que, mesmo
involuntariamente, apresentam para a criança são por ela adquiridos, constituindo
a sua própria visão sobre a sexualidade.
Não adianta mais os pais falarem para seus filhos que eles nasceram de
uma florzinha, ou que foram trazidos pela cegonha, hoje as crianças são espertas,
recebem informações num volume extraordinário e já são capazes de identificar
quando os pais não estão falando a verdade.
As crianças pequenas demonstram bastante curiosidade sobre as
diferenças entre os sexos e sobre o nascimento como o bebê vai parar dentro da
barriga da mamãe.
Ignorar, fugir, mentir não são formas de contribuição efetiva para o
desenvolvimento das crianças, mas são as que atualmente tem ocorrido, o que
tem contribuído para que os alunos vejam na escola, cada vez mais, a
25
oportunidade para retirarem suas dúvidas, conhecerem mais sobre o tema e
principalmente se conhecerem para que possam desenvolver suas sexualidade.
Nesse sentido, Suplicy et a. nos esclarece que:
“Através da relação com os pais, o ser humano adquire a
capacidade amorosa e erótica que amadurecerá no decorrer
da vida. Essa experiência é insubstituível. Uma mãe capaz
de proximidade física, com seu bebê, possibilitará para ele o
desenvolvimento da capacidade de ter prazer físico e
intimidade afetiva com outro ser humano”.(SUPLICY et al.,
2000, p.7).
A educação sexual é um dos assuntos mais sérios que estão sendo
abordados atualmente, causando muita polêmica entre os familiares e a escola. O
que muitas vezes acontece é a família transferir a responsabilidade de educar
sexualmente as crianças para a escola, e esta por sua vez pensa que é a família
que deve educar, assim, ninguém assume o papel de educador. Mas, na verdade
a responsabilidade é de todos.
O trabalho de orientação sexual na escola não deve substituir a função da
família, mas deve servir para completar, levantando questionamentos,
problematizando e ampliando o conhecimento dos alunos. É também necessário o
trabalho com o corpo, visando o autoconhecimento, o respeito e os cuidados com
o próprio corpo e com o corpo do outro.
26
CAPÍTULO IV
A INFLUÊNCIA DA MÌDIA NA ORIENTAÇÃO SEXUAL
INFANTIL
A mídia é um instrumento poderoso de comunicação, informação,
compreensão de acontecimentos mundiais, ela rompe as fronteiras, as culturas, os
idiomas, as religiões, os regimes políticos, as desigualdades sócio-econômicas, as
diferenças raciais e sexuais.
Os meios de comunicação têm a possibilidade de atingir milhões de
pessoas, ouvintes, leitores, internautas e telespectadores simultaneamente e num
curto período de tempo.A própria televisão é um dos meios de comunicação de
massa mais eficazes, porque ela se faz presente em todas as classes sociais, e
muitas vezes acaba transmitindo apelos sexuais para atrair a atenção dos
telespectadores.
A criança vive em sociedade e sofre as influências do meio em que vive,
através dos jornais, da Internet, das músicas, dos livros e das revistas eróticas que
estão expostas em bancas de jornal. A televisão também veicula filmes,
propagandas e novelas erotizadas e vendo isso a criança pode construir conceitos
errôneos sobre a sexualidade.
Os meios de comunicação e seus produtos são presenças constantes na
vida das crianças desta forma, os ensinamentos transmitidos por estes meios se
fazem persistentes e atuais também no espaço escolar, dividindo com a escola o
27
poder de legitimar os conhecimentos entendidos pela mídia e pela escola como
mais verdadeiros.
Mídia e educação fazem parte da cultura, produzindo modelos de vida,
modos de ser, de viver, de ver o mundo, produzindo, reforçando e veiculando uma
gama de ensinamentos às pessoas.
Os meios de comunicação, que nos bombardeiam com programas de baixa
qualidade, músicas erotizantes e danças de igual valor, são hoje um grande
impasse na educação das nossas crianças, mas então como nós podemos evitar
que as crianças sejam vítimas dessa exposição exagerada do sexo e que assim
não se ajam precocemente no que diz respeito à sexualidade?
O mais importante é que tenhamos claro que tipo de orientação
desejamos, e que possamos lhes oferecer outras opções de entretenimento.
Assistindo a programas interessantes que estejam de acordo com cada faixa
etária ou ouvindo discos infantis que estejam de acordo com sua idade, são
algumas das medidas que, se não evitam de todo, uma vez que a criança vive
entre outras, ajudam a formar uma educação sexual mais adequada, garantindo
uma maior proteção para elas.
É preciso ainda estarmos atentos às mensagens contraditórias, não
estimular excessivamente as crianças no sentido do amadurecimento precoce,
pulando etapas, pois elas podem perder o interesse por brincadeiras infantis,
passando a imitar comportamentos mais adequados aos adultos, o que inclui
invariavelmente seus aspectos sexuais.
A mídia sendo um meio de transformação social pode atuar no sentido
positivo ou negativo, mas isso vai depender também dos telespectadores e dos
produtores dos programas que são exibidos, e nós devemos estar atentos, pois a
televisão possui uma linguagem própria, que encanta não só as crianças, mas
também os adultos.
Não podemos esquecer que essa mesma mídia também informa
corretamente, promovendo ótimas campanhas publicitárias contra abusos e
prostituição infantil, sinalizando meios de prevenção de uma futura gravidez
28
indesejável na adolescência e contaminações por doenças sexualmente
transmissíveis, como a sífilis e a AIDS, entre outras.
A escola também tem um papel importante na educação sexual, podendo
realizar um trabalho refletido e planejado com os alunos, para analisar e avaliar,
de forma crítica, o que é veiculado pela mídia.
29
CAPÍTULO V
O PAPEL DO PROFESSOR NA ORIENTAÇÃO
SEXUAL INFANTIL
Ao abordar o tema da orientação sexual precisamos refletir sobre qual seria
o perfil do orientador sexual na escola? Deveria ser um especialista? Um grande
conhecedor da literatura sobre sexualidade? Um profissional da saúde? Ou um
professor? Suplicy et al. responde a esses questionamentos entendendo que:
“As experiências existentes mostram que não há uma
exigência profissional específica para alguém exercer a
função de orientador sexual; no entanto, a escolha mais
adequada tem sido o próprio professor, ou professora.
Percebe-se que os laços que já existem entre professores e
alunos fornecem uma base para um trabalho de orientação
sexual na escola”. (SUPLICY, EGYPTO, BRANCO et al.,
2000, p. 15).
Compartilhamos desse entendimento, pois a convivência diária, a
proximidade, e a confiança que as crianças têm em relação ao educador
contribuem de forma efetiva para que as eventuais dúvidas sejam sanadas.
30
O professor acompanha seus alunos diariamente na educação infantil,
portanto, conhece a história e a forma como vivem em grupo. Constrói vínculos
com seus alunos, sabe como conduzir as conversas durante as aulas.
O sexo até bem pouco tempo era um tabu, pouco abordado nas famílias,
impossível na escola. No entanto, as mudanças tecnológicas ocorridas no século
XIX, combinadas com a abordagem erotizada da sexualidade difundida pela mídia,
e o próprio desenvolvimento da sociedade trouxeram uma nova forma de tratar o
tema.
As crianças estão entrando no universo da sexualidade cada vez mais
precocemente. O tratamento das famílias mudou, algumas conversam
abertamente esclarecendo as dúvidas das crianças.
A legislação educacional já estabeleceu a orientação sexual nas escolas,
que por sua vez já estão adotando novos métodos para atender as necessidades
dos alunos.
Dentro desse contexto está o professor, mas será que ele está apto para
orientar a criança que traz suas dificuldades quanto à sexualidade?
Para muitos professores abordar o tema da sexualidade é muito difícil, pois
tiveram uma criação rígida, conservadora, na qual era proibido falar sobre sexo e
isso traz dificuldades, gerando desconforto para que esse profissional atue junto
aos alunos.
É difícil para alguns professores não transmitirem o que aprenderam ao
longo de sua educação sexual, o que é muito ruim, pois se o professor tem algum
tipo de “complexo”, ou tem uma visão rígida sobre o tema, a forma de explicar aos
seus alunos sofrerá essa influência, o que pode acarretar em uma má orientação
sexual, ou seja, aquele professor que foi criado com o conceito de sexo é pecado,
por exemplo, pode transmitir essa noção para o aluno, mesmo que não perceba,
pois é um fato inerente à sua vida, assim como aquele professor que desenvolveu
uma educação sexual mais abrangente poderá encarar as questões com maior
naturalidade, mostrando uma outra maneira de pensar.
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Ainda há que se ressaltar o despreparo técnico-científico dos professores.
Muitas vezes nos perguntamos: Como tratarei esse assunto? ; Será que posso
falar de forma direta ou tenho que usar uma historinha para abordar o assunto?
Nesse sentido Suplicy et al ressalta a deficiência na formação técnica dos
professores:
“A formação do professor raramente incorpora temas de
sexualidade em seu currículo. Falta uma abordagem com
enfoque bio-psico-social; falta uma reflexão mais
aprofundada sobre as relações interpessoais. Por isso,
muitas escolas, ao trabalhar, com orientação sexual,
abordam apenas a reprodução, aparelho genital, prevenção
de doenças sexualmente transmissíveis e inclui alertas sobre
gravidez na adolescência. São deixados de lado os aspectos
emocionais, éticos e culturais”. (SUPLICY, EGYPTO,
BRANCO et al., 2000, p. 16).
Por isso, o professor deve buscar a capacitação profissional, por meio de
cursos, palestras e leitura sobre o assunto. Pode ser criado na própria escola um
grupo de professores para debaterem o assunto; tratarem das perguntas que são
feitas pelos alunos; buscar atividades que possam colaborar para as respostas às
dúvidas. A própria escola deve promover cursos, convidar profissionais para
palestras com os professores para que estes possam se aprofundar no tema e
sentirem-se mais seguros. Ressaltamos que os profissionais devem ajudar os
professores e estes sim deverão tratar do tema com os alunos, pois o tema exige
confiança.
Sendo assim, qual seria o perfil desse professor orientador? O que ele
deveria estudar? Como deveria proceder para auxiliar seus alunos no
entendimento da sexualidade?
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Segundo Suplicy et al. alguns pontos devem ser observados:
“É preciso que, além de interesse pelo estudo da
sexualidade, ele tenha abertura e receptividade para o grupo.
(...) É fundamental que o orientador tenha uma atitude
positiva frente à própria sexualidade, que seja capaz de tratar
com naturalidade as questões levantadas. Conduzir bem os
debates, criar oportunidades de expressão, ajudar a refletir,
questionar os próprios problemas e incentivar a troca de
opiniões são desafios permanentes no dia a dia da sala de
aula “. (SUPLICY et al., 2000, p. 16).
O professor deverá adotar alguns métodos para que melhor possa orientar
seus alunos, principalmente os profissionais que atuarão junto à educação infantil,
quais sejam:
Naturalidade - é imprescindível que o orientador aja com naturalidade ao
ser interpelado pelas crianças, para que estas não se sintam recriminadas;
Segurança – as respostas deverão ser dadas de forma segura, para que a
criança possa continuar a confiar no seu orientador;
Veracidade – o respeito à criança está em produzir a verdade. Ao sermos
questionados não devemos inventar respostas, mas sim falar a verdade utilizando
a linguagem mais adequada a cada faixa etária.
Não devemos ter medo de não saber responder, lembremos do item
naturalidade, é melhor respondermos que iremos estudar (e aí será um bom
momento para trabalhar com a turma e propor uma atividade de pesquisa, algum
jogo para que todos descubram conjuntamente) do que faltarmos com a verdade.
Receptividade – devemos demonstrar que estamos abertos para todas as
perguntas, pois temos que entender que nessa fase as crianças são “pura”
curiosidade, mas devemos nos ater ao que for perguntado para não anteciparmos
o processo de descoberta das crianças, devemos lembrar que o nosso papel é de
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orientar, ser guia, mostrar o caminho para que os alunos cheguem a solução do
problema;
Mediação – o professor deverá atuar como mediador das discussões, ou
seja, deverá complementar as opiniões dos alunos e não impor seu modo de
pensar e não expor fatos da sua própria sexualidade;
Recreador – o professor pode se utilizar dos jogos e das brincadeiras para
tornar o ambiente mais favorável à propositura de questões sobre o tema, o que
contribuiria para a melhor integração do grupo e o compartilhamento de vivências;
Acima de tudo devemos ter em mente que o caráter pedagógico da
orientação sexual deve ser baseado no compromisso do professor, da instituição
de ensino, da família e todos aqueles que participam direta ou indiretamente
desse processo em relação à criança, contribuindo para que a sexualidade infantil
possa ser vista de forma natural, tornando o desenvolvimento sexual da criança
um processo sadio e agradável.
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CONCLUSÃO
Procuramos colocar alguns pontos relevantes sobre a sexualidade infantil,
baseados em nossa prática como profissional atuante nesta área e nos
questionamentos de alunos, pais e professores sobre o tema.
Com a inclusão da orientação sexual nas escolas, os professores estão
percebendo que as antigas técnicas para se eximirem das perguntas de seus
alunos não funcionam mais, pois esses alunos sofrem a influência da mídia, dos
amigos, da família e recebem na maioria das vezes informações não adequadas e
até prejudiciais.
Por isso, os professores precisam manter um canal de comunicação aberto
com os alunos, realizando intervenções entendendo que a curiosidade das
crianças com relação a sexualidade é algo natural aos seres humanos, e que essa
é uma função como as outras, temos o hábito de orientarmos nossos alunos em
vários aspectos da sua formação como ler, cantar, brincar..., mas quando se trata
da sexualidade, somos ainda um tanto quanto displicentes, deixamos passar
despercebidas as perguntas de nossos alunos, que ficam então com a sensação
de que falta um pedacinho do seu corpo, falamos sobre a boquinha, os olhinhos,
as mãozinhas, as perninhas, dentre outras, mas não falamos com eles sobre seus
órgãos sexuais.
Os professores da educação infantil com freqüência demonstram dúvidas
sobre o que, como e até onde podem responder às perguntas dos alunos.
Devemos ter em mente que a orientação sexual se inicia na educação infantil, mas
que ela segue durante a vida dos alunos e que eles terão as informações
adequadas a sua idade, o importante é sempre estarmos melhorando a qualidade
das informações que vamos oferecer, dependendo da nossa atitude as crianças
aprendem se sexo é bom ou ruim, certo ou errado etc.
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Consideremos o tema como natural, sendo assim o que é natural não é feio
ou ruim, falando a verdade, introduzindo as nomenclaturas corretas, mostrando
que o assunto é sério, vamos assim dissipando as dúvidas.
As respostas devem ser simples e claras, não temos necessidade de
extrapolarmos sobre o que foi perguntado, mas não devemos dar respostas
evasivas, é importante que fique claro o que a criança quer saber, para que a
resposta seja orientada na medida certa, pois sabemos que as crianças que são
bem esclarecidas tornam-se mais responsáveis e conscientes.
Abrir espaço para conversar mos com nossos alunos sobre a sexualidade
desde as primeiras dúvidas é abrir também o caminho para que possamos
conversar sobre os mais variados assuntos, orientando-os corretamente, sem
fantasias ou medos.
Não é necessário ser um especialista no assunto para orientarmos nossos
alunos, estamos no caminho certo, porque se eles perguntam é porque confiam no
que iremos responder. Deixemos de lado a noção ultrapassada de meninas de um
lado e meninos de outro, não incentivemos os estereótipos entre os papéis,
negando a igualdade de direitos entre os sexos, mas tenhamos em mente que a
cada momento do desenvolvimento infantil novas questões vão se apresentando e
que devemos aceitar que a sexualidade faz parte da vida.
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BIBLIOGRAFIA
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práticas. 2. ed. São Paulo: Summus, 1997.
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Editora Guanabara, 1981.
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BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares
Nacionais: pluralidade cultural, orientação sexual. Vol.8, Brasília, D.F.: MEC/SEF,
1997.
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nacionais, volume 10: apresentação dos temas transversais e ética. Brasília,
D.F.,1997.
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por Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Imago,1989. Vol. VII.
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responder ? Belo Horizonte : A Autêntica, 2001. Coleção Relações Humanas na
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MEYER, Dagmar ; SOARES, Rosângela (org.). Corpo, gênero e sexualidade.
Porto Alegre : Mediação, 2004.
37
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e propostas práticas para uma abordagem da sexualidade para além da
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PEREIRA, Mary Sue. A descoberta da criança: introdução à educação infantil. Rio
de Janeiro : WAK, 2002.
RIBEIRO, Marcos. Mamãe, como eu nasci? 10. ed. Rio de Janeiro :
Salamandra,1997.
________(Org.) Educação sexual: novas idéias, novas conquistas. Ed. Rosa dos
Tempos: Rio de Janeiro, 1993.
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Cultura Acadêmica, 2002.
SUPLICY, Marta et al. Sexo se aprende na escola. São Paulo : Olho D’água,
2000.
VALLADARES, Kátia Krepsky. Orientação sexual na escola. 2., ed. Rio de aneiro:
Quarted, 2001.
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I
A SEXUALIDADE INFANTIL 11
1.1 Fases do desenvolvimento psicossexual 13
CAPÍTULO II
ORIENTAÇÃO SEXUAL 16
2.1 Orientação sexual na educação infantil 20
CAPÍTULO III
O PAPEL DOS PAIS E DA FAMÍLIA NO DESENVOLVIMENTO SEXUAL
DA CRIANÇA 24
CAPÍTULO IV A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NA ORIENTAÇÃO SEXUAL INFANTIL 26
39
CAPÍTULO V O PAPEL DO PROFESSOR NA ORIENTAÇÃO SEXUAL INFANTIL 29 CONCLUSÃO 34
BIBLIOGRAFIA 36
ÍNDICE 38
FOLHA DE AVALIAÇÃO 40
40
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Pós-Graduação “Lato Sensu”
Título: O Papel do Professor na Orientação Sexual da Educação Infantil
Data da Entrega:_____________________________________________
Avaliação:
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Avaliado por:_________________________________________________.
_____________.____de__________de_______
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