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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS
O SUPERVISOR ESCOLAR E SUA VERDADEIRA FUNÇÃO
Por:
Vanda de Assis Torres Barreto
Trabalho monográfico apresentado
como requisito parcial para
obtenção do Grau de Especialista
em Supervisão Escolar.
Rio de Janeiro, RJ, novembro / 2002.
2
Agradeço a Deus, aos meus filhos e
esposo e a todos que contribuíram para a
realização desta pesquisa.
3
Dedico este trabalho de pesquisa a todos
que estiveram envolvidos e deram sua
contribuição para a realização deste
trabalho.
4
" A vida é um contínuo investir contra
dúvidas - dúvidas de nós, dos outros, do
mundo, que precisam ser aclaradas à luz
da razão. O vértice, no entanto, desse
investir contra dúvidas deve estar na
confiança em nós mesmos.
E só se consegue esta confiança
procurando, investigando, discutindo... -
em uma palavra: lutando!"
Imídeo G. Nerice
5
SUMÁRIO
RESUMO..............................................................................................7
INTRODUÇÃO......................................................................................8
CAPÍTULO I
A Supervisão Escolar e sua evolução..................................................10
CAPÍTULO II
Características, tipos e funções da supervisão.....................................13
2.1 - Características...................................................................13
2.2 - Tipos de Supervisão...........................................................16
2.3 - Funções da Supervisão Escolar..........................................18
CAPÍTULO III
A supervisão em Ação.........................................................................22
3.1 - O Papel do Supervisor.......................................................22
3.2 - Atuação do Supervisor.......................................................24
3.2.1 - Atuação do supervisor e suas etapas.....................25
3.2.2 - Modalidades de atuação do supervisor...................26
3.3 - Problemas que ocorrem na atuação do supervisor e limites
da supervisão............................................................................27
CAPÍTULO IV
A supervisão em São Gonçalo.............................................................29
4.1 - Como é feita a supervisão em São Gonçalo........................31
4.2 - Entrevistas com supervisores.............................................33
CONCLUSÃO......................................................................................36
6
BIBLIOGRAFIA...................................................................................38
ANEXOS.............................................................................................40
7
RESUMO
Procurou-se através desta pesquisa investigar o trabalho do
Supervisor Educacional sua ação, atuação e sua importância. Buscou-se
também conhecer a supervisão no município de São Gonçalo e chegou-
se a conclusão que esse trabalho é desenvolvido dentro de limites
impostos pela Secretaria Municipal de Educação do município
gonçalense. Este estudo foi iniciado com a supervisão e sua evolução no
decorrer dos anos, os tipo de supervisão, o papel do supervisor e suas
mudanças no tempo até chegar no seu papel atual, que se constatou ser
de grande importância numa escola para a viabilização do projeto
ensino-aprendizagem. Foram visto também as funções do supervisor e
verificou-se que são inúmeras e que cada autor tem a sua classificação
mas apesar dessas classificações não se chegou ainda a um consenso,
entretanto sua importância não foi diminuída. Foi constato também que a
atuação do supervisor não deve se restringir apenas a parte burocrática
da escola como acontece em algumas escolas e sim atuar sempre ligado
ao professor, fazendo com que ele desenvolva um bom trabalho e que
se aperfeiçoe cada vez mais como profissional. Pretende-se a partir
destas constatações valorizar cada vez mais o trabalho do supervisor e
fazer com que outros também o conheçam, o valorizem e contribuam
com o seu crescimento. A metodologia usada nesta pesquisa foi o
método indutivo através de uma pesquisa qualitativa e abordagem
descritiva. O levantamento de dados foi através de dados bibliográficos
e testemunhal. Ao final desse trabalho espera-se de algum modo ter
contribuído para revelar cada vez mais o trabalho de um profissional da
educação que é tão importante quanto os outros profissionais do sistema
educacional.
8
INTRODUÇÃO
Aborda-se a respeito do supervisor escolar. Questiona-se o que
ele faz em uma escola, se seu trabalho é necessário e como ele é
realizado.
Na busca de compreender o papel deste supervisor, suas funções
e suas relações com a realidade escolar é que este trabalho será
desenvolvido.
O objetivo deste estudo é caracterizar e compreender a atuação
do supervisor. Constatar seu real papel, que se acredita ser o
dinamizador do processo educativo, propondo métodos, técnicas e
eficácia na ação em promover mudanças de comportamento do
professor. Pretende-se também verificar o trabalho do supervisor escolar
em São Gonçalo. Se ele é um mero executor da política da SEMED
(Secretaria Municipal de Educação) ou parceiro político pedagógico do
professor.
A pesquisa será realizada em uma escola da periferia de São
Gonçalo localizada no bairro de Luiz Caçador.
Através da leitura de diversos livros que abordam o assunto em
pauta, através de visitas, de observações e entrevistas é que este
estudo será desenvolvido.
Este trabalho abordará os seguintes capítulos: A Supervisão
Escolar e sua evolução; características, tipos e função da supervisão; A
Supervisão em ação: o papel do supervisor, atuação do supervisor e
problemas que ocorrem na atuação do supervisor; A supervisão em São
Gonçalo.
9
Com este estudo acredita-se está contribuindo para a atuação de
uma área da pedagogia que pode ser de suma importância para o
processo dinamizador educativo.
10
CAPÍTULO I
A Supervisão Escolar e a sua evolução
A idéia de supervisão nasceu na indústria e o seu surgimento foi
devido a necessidade de controlar a qualidade e a quantidade do que
estava sendo produzido.
A supervisão fica marcada como garantia de boa qualidade e da
constante melhoria de serviço. Com esta idéia, ela foi introduzida na
educação com o intuito de obter também um melhor desempenho da
escola na sua ação educativa.
"Supervisão Escolar deve ser entendida como
Orientação profissional e assistência dada por
pessoas competentes em matéria de educação,
quando e ondem forem necessárias, visando o
aperfeiçoamento da situação total ensino-
aprendizagem." Hicks, In Nérice, 1976- p. 28.
De acordo com Nérice a supervisão foi introduzida na escola aqui
no Brasil a partir de 1900 e passou durante o seu desenvolvimento por
fases distintas. Para ele a supervisão passou por três fases que são:
fiscalizadora, construtiva e criadora.
Na primeira fase a supervisão foi identificada com a inspeção ou
fiscalização. Nesse período ela preocupou-se mais com o aspecto
administrativo como condições de prédio escolar, situação dos
professores, provas, matrículas, transferências, freqüência dos alunos e
dos professores, etc. Foi uma fase, onde a supervisão foi muito rígida,
inflexível e era exercida em todas as partes do país, da mesma maneira,
sem se preocupar com as diferenças individuais e necessidades locais.
11
Com o decorrer do tempo foi ocorrendo mudanças que exigiram
modificações e com isso o conceito de supervisão também evoluiu. A
supervisão tornou-se mais construtiva e orientadora; isso foi decorrente
do aumento da população do número de matrículas e do número de
professores, surgindo a necessidade de orientar esses novos mestres e
os antigos também, para que tornassem mais eficientes no exercício de
sua profissão. Começaram a promover cursos de aperfeiçoamento e
atualização. No entanto esses cursos além de serem obrigatórios, não
atendiam as necessidades dos professores e a idéia de imposição ficou
mais forte nas pessoas, como sinônimo de supervisão.
Outra fase surgiu, a fase criadora onde a supervisão se separa da
inspeção, da orientação imposta e procura aperfeiçoar todo o processo
educativo, buscando envolver todas as pessoas implicadas nesse
processo, ajudando-os e orientando-os de acordo com as suas
necessidades. Antes só pensavam nos professores e nos seus erros.
A promulgação da Lei 5692/71 marcou o início de outra fase na
evolução do conceito de supervisão que foi conceituada como controle e
orientação. Nessa nova fase a inspeção perde a conotação negativa de
fiscalização de falhas de natureza administrativa e passa a preocupar-se
e ter um controle da situação inclusive dos aspectos psicopedagógicos
de onde sairão os dados que serão coletados com o subsídio para as
decisões relacionadas com o planejamento, execução e aperfeiçoamento
do processo educativo. Nessa fase a supervisão inspeção torna-se tão
necessária e importante quanto a supervisão orientação.
No decorrer de sua evolução a supervisão manteve sempre como
prioridade o aprimoramento do processo ensino-aprendizagem,
buscando o melhor desenvolvimento do educando, através de caminhos
diversos e adotando ponto de vista diversificados para atingir a
realização desse processo.
12
"Com a implantação dos Parâmetros Curriculares
Nacionais (Brasil, MEC - 1997) A supervisão
Educacional poderá ser uma grande aliada do
professor na aplicação associada a avaliação crítica,
desses parâmetros. Mas, para que se possa alcançar
esse objetivo, é necessário que essa supervisão seja
vista de uma perspectiva baseada na participação, na
cooperação, na integração e na flexibilidade. Nesse
sentido (e para finalizar) reconhece-se a necessidade
cada vez maior, de que o supervisor e o professor
sejam parceiros com posições e interlocuções
definidas e garantidas na escola" Lima, In Rangel,
2000.
13
CAPÍTULO II
Características, tipos e funções da supervisão
2.1 - Características
A supervisão é vista por alguns autores como portadora de várias
características, segundo a visão deles.
Em seu estudo Neagley e Evans in Nérici; 1976, pg. 34, apontam
as principais características da supervisão escolar.
" 1- A supervisão presta atenção aos fundamentos da educação e
orienta a aprendizagem e a sua melhoria dentro da meta geral da
educação.
2 - O fim da supervisão é a melhoria do processo total de ensino-
aprendizagem, o marco total da aprendizagem, antes da meta estreita e
limitada de melhorar os professores em atividade.
3 - O objetivo é a aprendizagem, considerando todas as pessoas
que estejam envolvidas no processo e não só os professores.
4 - Afastar o professor da sua embaraçosa posição de centro das
atenções do processo educativo, para levá-lo a assumir sua legítima
posição, como membro cooperativo de todo um grupo de pessoas
preocupado com a melhoria da aprendizagem"
Para Pires, 1977, pg. 13 as principais características da
supervisão escolar são;
" 1 - A supervisão moderna só pode ser justificada em termos de
sua relação com a situação ensino-aprendizagem. Ela não tem um fim
14
em si mesma e só será positiva enquanto seus efeitos sobre o ensino e
a aprendizagem forem positivos, enquanto estiver conseguido melhoria
nesses aspectos.
2 - A supervisão moderna é planejada. Com as inúmeras
responsabilidades diárias de supervisão, hoje em dia, o planejamento
torna-se essencial para uma atuação eficiente.
3 - A supervisão moderna implica bom relacionamento humano,
comunicação e liderança, para que haja interação mútua e contínua.
4 - A supervisão moderna dirige a atenção para os fundamentos
da educação. O supervisor deve procurar ter consciência clara dos
conceitos e crenças que determinam sua maneira de agir, dos fins que
pretende atingir e dos meios a utilizar".
Para Nérici, 1976, pg. 35, "as principais características da
supervisão escolar, para que funcione positivamente, precisam ser, em
complementação ao que foi visto:
1 - Cooperativa - Todos os implicados no processo educativo
devem oferecer sugestões e prestar serviços úteis a supervisão. O
supervisor, os professores, o pessoal administrativo, os pais e demais
envolvidos no processo, precisam convencer-se de que são elementos
úteis e indispensáveis para o desenvolvimento da ação educativa da
escola e que, isoladamente poucos resultados poderão obter.
2 - Integrada - todos os planos da escola devem seguir uma
orientação unificada por uma mesma filosofia de educação, perseguindo,
assim os mesmos objetivos.
3 - Científica - a supervisão deve ser estruturada reflexivamente e
com base em controle do funcionamento do processo ensino-
aprendizagem, para que os resultados ofereçam sugestões de
15
reajustamento constante do mesmo a fim de torná-lo mais ajustado e
eficiente.
4 - A supervisão escolar não deve ser rígida e querer levar adiante
planejamentos que na prática não se revelem consequentes. A
supervisão escolar deve estar aberta as mudanças, a fim de ir-se
adaptando a novas exigências quanto a educandos e sociedade.
5 - Permanente - A ação da supervisão deve ser permanente e
não intermitente. Deve ser permanente, também, no sentido de estimular
todos os compromissados com o processo de ensino-aprendizagem a
um esforço de constante atualização teórica e prática".
Para funcionar bem, a supervisão escolar precisa ter as
características acima citadas; talvez seja difícil reunir num trabalho
todas essas características, mas algumas são imprescindíveis para um
bom trabalho. Por exemplo, o trabalho do supervisor não pode ser
isolado ao contrário deve ser um trabalho cooperativo onde todas as
pessoas envolvidas no processo educativo participem e que haja um
bom relacionamento entre todos. O trabalho do supervisor deve ser um
trabalho bem planejado, bem estruturado e baseado nos fundamentos da
educação. A linha de trabalho do supervisor não pode desvincular do
objetivo primordial que é a aprendizagem e a melhoria dessa
aprendizagem. Para que esse objetivo seja atingido é necessário que o
trabalho seja flexível sempre aberto ao diálogo, as mudanças e as novas
exigências que surgem. É necessário também que a supervisão seja um
trabalho permanente, constante onde as pessoas envolvidas nesse
trabalho seja sempre incentivadas e levadas a desenvolverem sua
criatividade e iniciativa para que elas encontrem formas de atuação
didática e melhorem o processo ensino-aprendizagem.
16
2.2 - Tipos de Supervisão
"As grandes responsabilidades atribuídas a
supervisão fazem com que ela assuma forma ou
tipos diversificados, tais sejam as oportunidades
e também os recursos naturalmente indicados"
Abu - Merhy - 1969, p. 24.
Para o autor acima mencionado, no início a supervisão começou
por ser corretiva onde procurava evitar os erros do processo
educacional. Esse tipo de supervisão preocupava-se muito com a rotina
da escola, fiscalizava a freqüência dos professores e dos alunos,
conferia listas de pontos, fiscalizava as datas, as realizações das
provas, etc. Essa supervisão apesar de preocupar-se apenas com os
aspectos externos da aprendizagem, cumpria o papel que lhe foi
incumbido, tinha o seu valor pois contribuía de uma certa maneira para a
eficiência do trabalho escolar impedindo que ocorresse abusos e
distorções nas escolas oficiais e particulares.
Ainda hoje é praticada esse tipo de supervisão, embora se tenha
conhecimento que a supervisão não pode ser apenas corretiva, exige-se
mais dela. Reclama-se agora, mais orientação, mais direção, mais
colaboração técnica para que o processo educativo se torne mais
eficiente.
Outro tipo de supervisão é a preventiva, é aquela que deve
organizar-se de tal modo que impeça a ocorrência de certos erros, ela
deve prevenir e não remediar. Mas para que exista essa supervisão é
necessário que o supervisor esteja integrado com todo o processo
educativo. Ele terá de participar desde o planejamento das atividades, a
escolha do corpo docente, a execução dos trabalhos e escolha de
recursos que possam melhorar esse trabalho e participar da escolha dos
critérios de avaliação. Isso quer dizer que a influência do supervisor
17
deve ser antes, durante e depois dos atos de aprendizagem, pois só
desse modo ele poderá por em prática esse tipo de supervisão.
Orientação é o tipo de supervisão que se tem conhecimento.
Nesse tipo, o supervisor orienta na definição de rumos e passos que
serão seguidos.
O supervisor poderá trabalhar com esses tipos de supervisão
conjuntamente. Mesmo o supervisor participando e orientando o
planejamento dos trabalhos durante a sua execução, sempre haverá
necessidade de aperfeiçoar alguma coisa, será necessário portanto a
correção. Essa correção não deverá ter caráter policial ao contrário terá
caráter preventivo onde será oferecido meios e modos de corrigir as
distorções sem autoritarismo e sim levando os professores a reflexão e
autocrítica da parte de cada um.
O Imídeo (1976, pg. 30) já pensa que "a supervisão pode ser
exercida de duas formas que dão origem a dois tipos de supervisão : a
autocrática e a democrática."
A supervisão autocrática é a que dá destaque a autoridade do
supervisor que tudo prevê e providencia para o funcionamento da
escola. Esse tipo de supervisão funciona como se o supervisor fosse
capaz de encontrar soluções para todos os problemas ou dificuldades
como "repositório da sabedoria didático-pedagógico". O supervisor
impõe-se pela autoridade e, ou intimidação, sem buscar cooperação,
confiança entre ele e os professores. Sacrifica o espírito criador do
professor, pois não leva em conta suas diferenças individuais, nem as
diversas situações com relação ao ensino-aprendizagem.
A supervisão democrática, ao contrário, modifica o panorama
antes demonstrado, porque cria um ambiente de liberdade,
compreensão, criatividade, cooperação e facilita o trabalho da
supervisão.
18
Essa supervisão utiliza procedimentos científicos quando faz
análise das situações surgidas com relação ao processo ensino-
aprendizagem. Aplica as normas da relação humana para trabalhar com
professores e demais elementos envolvidos no processo educativo.
Incentiva o diálogo e a discussão em bases democráticas, de maneira
que todos se sintam confiantes e procurem colaborar espontanemente.
Estimula a criatividade e a iniciativa de todos para que encontrem
formas de atuação didática para que possam melhorar o processo
educativo, estimulando os professores a encontrarem, sempre que
possível por si as soluções para seus problemas e estimulam o espírito
de grupo compromissado com o processo, sentindo-se responsáveis
quanto ao andamento do mesmo.
A supervisão autocrática já foi muito praticada embora se tenha
conhecimento que ela é ainda não foi totalmente posta em desuso.
Com a evolução da supervisão que conduz mais com o momento
atual é a supervisão democrática, pois ela dá condições do supervisor
de realizar um trabalho onde a liberdade, compreensão, criatividade,
cooperação e respeito as diferenças estão sempre juntos
proporcionando a todas as pessoas envolvidas no processo educativo
condições de fazer um bom trabalho e alcançar as metas previstas.
2.3 - Funções da Supervisão Escolar
São inúmeras as tarefas que um supervisor tem de executar. Dizer
quais são as suas funções não é nada fácil, pois elas podem ser vistas
por ângulos diferentes e sofrem a influência de muitos fatores. Cada
autor de acordo com a sua visão tem uma classificação diferente.
"Hann Hicks in: Peres, 1977, pg. 20. Enumera
as funções do supervisor em: diagnosticar (ter
19
conhecimento da situação), avaliar essa
situação e aperfeiçoar (modificar as condições
que afetam a aprendizagem"
"Miguel Angel en Nérici, 1976, pg. 45. Apresenta
as funções agrupadas em três núcleos, que são:
funções técnicas, funções administrativas e
funções sociais."
A função técnica visa orientar e coordenar o trabalho dos mestres,
com relação a interpretação e aplicação de programas, uso de métodos
e materiais de ensino e avaliação de trabalho escolar. Promover o
aperfeiçoamento sistemático dos mestres em serviço por meio de
cursos, boletins e outras técnicas adequadas.
A função administrativa - sua finalidade é a organização da escola,
das aulas e dos serviços auxiliares, do calendário escolar, dos utensílios
escolares e registros estatísticos.
A função social procura promover boas relações humanas com
mestres, alunos, vizinhos e demais pessoas.
As funções do supervisor de acordo com a classificação feita por
Nérici - 1976, pg. 55 podem ser explicadas: função preventiva,
construtiva e criativa.
As denominações das funções são diferentes mas no final o
desempenho são quase semelhantes.
A função preventiva consiste em procurar, constatar ou
diagnosticar possíveis falhas no funcionamento pedagógico da escola, a
fim de preveni-los, antes que venham a produzir resultados negativos,
verificar, diagnosticar ou prevenir são funções técnicas também.
20
A função construtiva tem a finalidade de ajudar o professor a
superar suas dificuldades ou deficiências mas de um modo positivo sem
críticas. Procura levar o professor a ter confiança em si. Para, que o
professor tenha conhecimento de suas dificuldades é necessário que
haja uma avaliação da situação e das suas potencialidades, para depois
ocorrer as mudanças necessárias. Quando o supervisor auxiliar o
professor nas suas atividades, na organização das aulas procurando
ajudá-lo em qualquer que seja sua necessidade, isto também é uma
função administrativa, além de organizar a escola, organizar e distribuir
calendários escolares, etc.
A função criativa - visa estimular a iniciativa do professor, assim
como a melhoria de sua atuação, procurando orientar o professor a
buscar novos caminhos, novos recursos de ensino visando a melhoria do
seu desempenho. Essa é uma função além de criativa também busca o
aperfeiçoamento da situação ensino-aprendizagem. É também uma
função social quando leva o professor a melhorar seu desempenho ou
quando leva o professor a ter boas relações humanas com seus colegas,
com os alunos e demais pessoas.
Para Saviane, 1970 a pg. 106 "a função do
supervisor é uma função precipuamente política
e não principalmente técnica" isto ocorre mesmo
quando a função do supervisor se apresenta sob
roupagem de técnica ela está cumprindo, um
papel político. "A função supervisora
acompanha implicitamente, a ação educativa
desde sua origem. Na medida em que essa
função vai sendo explicitada, abre-se o caminho
para se calar a ação supervisora como
profissão, uma especialidade que implica
qualificação que exigem uma função específica".
21
Apesar dessas classificações a supervisão ainda não encontrou
um consenso quanto as suas funções e sua política de ação. Assim é
que em algumas cidades ou estados a função do supervisor é encarada
como interna a unidade escolar, assumindo o caráter de coordenador
pedagógico, em outros lugares a supervisão é ligada ao sistema central
das Sedretarias de Educação, mantendo basicamente a função de
controle, requicio da antiga inspeção escolar.
Para que as funções do supervisor possam ser exercidas com
eficiência, é necessário que haja um ambiente favorável de trabalho, é
preciso que o supervisor seja bem aceito pelo grupo e que tenha o apoio
de todos que fazem parte desse grupo de trabalho.
Diz Cuberley In Abu-Merhy - 1969, pg. 30, "a função
do supervisor é diagnosticar a necessidade, oferecer
sugestões e ajuda e não observar com espírito crítico
o que o professor faz ou deixa de fazer". "Não é de
crítica que o professor precisa, mas de orientação e
auxílio, pois a simples crítica produz efeito negativo".
22
CAPÍTULO III
A Supervisão em Ação
3.1 - O Papel do Supervisor
O papel do supervisor como elemento atuante no processo
educacional, voltado para as realizações das tarefas escolares é de um
líder que exerce sua liderança sem autoritarismo, proporcionando uma
comunicação com professores, alunos e demais elementos da escola e
da comunidade.
No entanto o que se observa é que às vezes a liderança exercida
pelos supervisores se reflete mais na preocupação com métodos,
técnicas, conteúdos, ao invés de direcionar essa liderança no
acompanhamento e atualização do professor no cotidiano da escola.
De acordo com Andrade -1979. O papel do supervisor no início era
de controlador. Ele controlava as ações dos docentes, a parte
administrativa da escola, as atividades escolares, para saber se o plano
governamental estava sendo executo conforme o planejado.
Depois o papel do supervisor foi ganhando uma nova dimensão,
de assistência e coordenação pedagógica, Luck 2001.
Atualmente o papel do supervisor segundo Saviane é de apoio,
assistência e participação ativa no planejamento e condução dos
diferentes processos escolares, estimulando a responsabilidade e
criatividade da equipe escolar cooperando para seu bem estar.
"O papel do supervisor escolar se constitui em última
análise, na somatória de esforços e ações
desencadeados com o sentido de promover a melhoria
23
do processo ensino-aprendizagem. Esse esforço
voltou-se constantemente ao professor, num processo
de assistência aos mesmos e coordenação de sua
ação". Luck, 2001, pg. 20.
No processo de assistência ao professor não estava incluindo a
preocupação com o desempenho do professor e sim com a melhoria
desse processo ou a preocupação era com alguns dos aspectos desse
processo e se não estava bem o processo ou alguns dos seus aspectos
era então analisado, reformado e entregue novamente ao professor.
Recentemente houve mudanças. A supervisão ganhou uma nova
dimensão. Além da preocupação com o processo educativo e seus
aspectos passou a preocupar-se com a melhoria do desempenho do
professor, incluindo o desenvolvimento de seus conhecimentos, suas
habilidades e atitudes e de novas perspectivas.
Como a supervisão alargou suas dimensões tornando-se mais
abrangente, pretende-se que o papel do supervisor também tenha
tomado uma dimensão maior. Espera-se que o supervisor não se prenda
ao papel de inspetor e executor de planos governamentais e sim que
seu papel relevante seja de um elemento atuante na escola onde se
responsabilize por diagnosticar, oferecer sugestões e ajuda aos
supervisores e avaliar o trabalho realizado, verificando se ela está sendo
executado conforme o planejado.
"... confirmam-se, então, a idéia e o princípio de que o
supervisor não é um "técnico" encarregado da
eficiência do trabalho e, muito menos, um
"controlador" de produção, sua função e seu papel
assumem uma posição social e politicamente maior,
de líder, de coordenador, que estimula o grupo a
compreensão - contextualizada e crítica de suas
24
ações e, também de seus direitos". Rangel, 1997, pg.
151, In Silva.
"O trabalho dos profissionais da educação em
especial da supervisão educacional é traduzir o novo
processo pedagógico em curso na sociedade mundial,
elucidar a quem ele serve, explicitar suas contradições
e, com base nas condições concretas dadas,
promover necessárias articulações para conseguir
alternativas que ponham a educação a serviço do
desenvolvimento de relações verdadeiramente
democráticas". Silva, 2000, pg. 8.
3.2 - Atuação do supervisor
A educação visa o desenvolvimento integral do aluno e a sua
integração ao seu meio. A supervisão procura dar condições para que
estes propósitos sejam alcançados.
A atuação do supervisor deve ser diretamente com o professor,
coordenando as atividades pedagógicas, dando suporte para que o
professor cumpra sua tarefa pois imagina-se que quanto melhor o
desempenho do professor, melhor será o resultado do processo
educativo. Para que o desempenho do professor melhore é necessário
que o supervisor procure incentivá-lo e ajudá-lo para que ele esteja
sempre atualizando-se para que cada vez mais o professor aperfeiçoe-
se, o ensino fique mais renovado e o trabalho com os alunos fique cada
vez melhor.
Para que o supervisor tenha uma boa atuação é necessário que
ele seja uma pessoa bem preparada tecnicamente e psicologicamente.
Que ele seja um líder e que seja capaz de conseguir a cooperação e o
25
desejo de todos os profissionais de educação nos momentos de
decisões importantes para o êxito do processo ensino-aprendizagem.
O sucesso do trabalho do supervisor vai depender realmente de
suas habilidades e das suas relações com a equipe escolar, pois não se
pode pensar num supervisor atuando isoladamente ou de maneira
autoritária e sem entrosamento com os membros da escola; porque o
trabalho do supervisor tem que ser cooperativo e integrado.
O supervisor tem sua atuação colocada em prática nas visitas as
escolas. É visitando a escola ou estando na escola que o supervisor
observa, indaga e orienta o professor oportunizando ao supervisor o
conhecimento da situação da classe e possibilitando ao professor, ajuda
específica na solução dos problemas, provocando consequentemente o
crescimento técnico-docente do professor.
Para alguns supervisores a visita é o único instrumento de
precisão para aferir os resultados de sua atuação: as reuniões, os
estudos, reciclagens, deixam de ter valor se não são sentidos seus
reflexos na situação da classe. É na sala de aula portanto que tudo deve
acontecer, é nela que as idéias de inovações propostas, devem ser
traduzidas em ação pois se isto não ocorrer, o propósito da educação
não será alcançado.
3.2.1 - Atuação do Supervisor e suas etapas
Para que o trabalho do supervisor e sua atuação alcance os
objetivos propostos é necessário que se faça uma previsão de todo o
trabalho a ser desenvolvido, esquematizando-o através de etapas,
segundo Nérici - 1976.
A primeira etapa é o planejamento - onde é feito um roteiro de
todo o trabalho que será realizado, durante um período semestral ou
anual. Esse planejamento deve ser flexível para poder adaptar-se as
26
novas necessidades que surjam e que seja também possível de ser
cumprido.
A segunda etapa é o acompanhamento, para seguir o desenrolar
das atividades, preocupa-se em fazer com que todo o planejamento seja
executado de maneira uniforme e contínua, providenciando
replanejamento quando for necessário.
O controle é a terceira fase do trabalho do supervisor e ele age
sobre os resultados dos trabalhos realizados, buscando previnir desvios,
efetuando correções e alterações que melhorem o processo ensino-
aprendizagem.
3.2.2 - Modalidades de atuação do supervisor
Para Saviane a atuação do supervisor pode ser desenvolvida em
dois níveis: de escola e de sistema.
O nível de escola a atuação se desenvolve em uma unidade
escolar, através de um ou mais supervisores fixos que assistem a todo o
trabalho pedagógico da mesma.
Assim, o supervisor quando atua em nível de escola, empresta sua
cooperação a todas as atividades, áreas ou disciplinas da escola, de
maneira constante, visando a maior eficiência das mesmas.
A nível de sistema a atuação do supervisor se efetivou através da
atenção a todos ou a um grupo de escolas. Normalmente conduzida por
uma equipe com especialistas em determinada atividade da escola, num
trabalho cooperativo com os supervisores das diversas escolas do
sistema ou zona administrativa, fazendo-o por meio de encontros,
reuniões, entrevistas, discussões, comunicações, cursos, etc.
27
3.3 - Problemas que ocorrem na atuação do supervisor e limites da
supervisão
Geralmente a figura do supervisor não é vista com bons olhos em
qualquer tipo de trabalho. Confunde-se o supervisor com controlado ou
fiscalizador por isso a pessoa que exerce essa função não é aceitar com
agrado na maioria das vezes.
Na escola o supervisor também sofre os mesmos problemas . Sua
função não é compreendida e seu trabalho não tem uma boa aceitação.
Em nossas escolas, tempos atrás, os professores foram objetos de
inspeção e de uma inspeção rigorosa. Segundo Pires, 1977. Passados
os anos é sentida nas pessoas esse medo da figura do supervisor. Tinha
professores que tremiam nas salas de aula quando da visita do
supervisor, esta sua vivência foi transmitida aos mais jovens e estes por
ouvir contar também ficaram impressionados negativamente em relação
a supervisão.
Outro fator que contribui para não aceitação do supervisor é o
desconhecimento da sua real função. Como essas funções não são do
conhecimento de todos, o supervisor não é bem aceito nem
compreendido.
Corre-se ainda o risco de retardar o processo de aceitação do
supervisor por parte dos professores pela ineficiência dos próprios
supervisores, que embora conscientes de suas novas responsabilidades,
por deficiência deformação, não convencem na prática.
O trabalho do supervisor e a maneira como ele será executado,
sofre influências de muitos fatores, destacando-se o difícil acesso as
escolas, a escassez de recursos da grande maioria das escolas, a
deficiência formação dos professores, a relação professor-supervisor,
entre outros.
28
Para que a atuação do superior seja bem sucedido é preciso que o
seu desempenho transcorra dentro de certas normas, mediante certo
tato pedagógico que rigorosamente determina os limites dessa função.
Quando isso não ocorre, o trabalho do supervisor pode se tornar ou
constituir motivo de perturbação do trabalho docente.
A atuação do supervisor não deve limitar a autoriedade do diretor
ou do mestre. A orientação e o auxílio que constituem o objetivo
fundamental da supervisão não devem resisti-se, do caráter de
imposição pois isso acarretaria o aniquilamento da personalidade do
educador ou provocaria choque e conflitos das mais descartáveis para o
ensino. Ao contrário o trabalho do supervisor deve ser desenvolvido
dentro de um clima de entendimento, compreensão, confiança e
cordialidade, dando oportunidade de expansão das qualidades pessoais
do educador sem tentar sufocá-las, substituí-las pelas qualidades do
supervisor. É necessário que o professor não sinta a sua autoridade
moral ou profissional comprometida pela interferência do supervisor. É
indispensável que a atitude do supervisor não apareça perante o
educador como uma atitude de quem supre deficiências ou corrige
incapacidades, mas seja interpretada como uma conduta de quem
estimula talentos e procura orientar melhor capacidades e energias.
29
CAPÍTULO IV
A Supervisão em São Gonçalo
Visando conhecer um pouco mais o trabalho do supervisor em
especial numa escola municipal de São Gonçalo é que este trabalho foi
desenvolvido.
Foi observada e pesquisada o trabalho do supervisor numa Escola
Municipal situada no bairro São Luiz Caçador e foram realizadas
também entrevistas com outros dois supervisores que atuam em outras
escolas da rede, uma localizada no bairro de Alcântara e outra no centro
da cidade.
A supervisão exercida nessas escolas pesquisadas é uma
supervisão ligada a Secretaria Municipal de Educação (SEMED) e o
trabalho desses supervisores é direcionado por essa secretaria.
Foi constatado que a supervisão exercida nessas escolas é do tipo
corretiva pois preocupa-se muito com os aspectos externos da
aprendizagem (examina documentação de alunos e professores e suas
freqüências, verifica diários, fichas avaliativas, etc.); é do tipo
autocrática onde dá destaque a autoridade do supervisor que tudo prevê
e providencia para o bom funcionamento da escola, ele funciona como
um elemento capaz de encontrar soluções para os problemas que
surgem na escola. É também do tipo orientação quando o supervisor
orienta os passos e os rumos que o trabalho será desenvolvido.
O papel do supervisor nessas escolas gonçalense pesquisada é
diversificado. Primeiramente ele é controlador pois nas suas visitas as
escolas, ele controla a parte burocrática da escola, as ações do corpo
docente e as atividades escolares para averiguar se os trabalho estão
sendo executados conforme o planejado. O papel desse supervisor é de
30
acompanhar o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem,
avaliando esse processo através dos resultados obtidos pelos alunos se
esses resultados não forem satisfatório, sugestões são dadas para
mudanças com o intuito de conseguir melhores resultados.
A função do supervisor gonçalense nessas escolas, é de
diagnosticar e isto ele faz quando da sua visita à escola e toma
conhecimento da situação; é de avaliar quando faz uma avaliação do
trabalho que está sendo executado e exerce sua função de aperfeiçoar
quando dependendo do resultado da avaliação, busca modificações para
melhorar o trabalho e os resultados que estão sendo obtidos. Sua
função é também política pois essa avaliação e aperfeiçoamento são
realizados de acordo com a linha de trabalho elaborado pela SEMED e
ele está ali para verificar se tudo está transcorrendo de acordo com os
princípios pré-estabelecidos pela secretaria (Essas normas e princípios
vide em anexos).
A supervisão Educacional em São Gonçalo é realizada a nível de
sistema pois é desenvolvida na unidade escolar por um supervisor fixo
que dá assistência semanal a uma ou mais escola mas seu vínculo não
é com a escola e sim com a SEMED por isso ele não cria um vínculo
maior com o corpo e sua presença nem sempre é bem recebida porque
ele é vista como um fiscal da SEMED.
A atuação do supervisor gonçalense se olharmos para as suas
atribuições, delegadas pela secretaria e coerente pois ele não passa de
um executor da sua política. No entanto está longe de ser o parceiro
político pedagógico, aquele que segundo Luck é um elemento atuante na
escola e que se preocupa com o processo educativo e seus aspectos,
como também preocupa-se com a melhoria do desempenho do professor
dando a ele todo o apoio, suporte que ele necessita para o
desenvolvimento de seus conhecimentos, habilidades e atitudes.
31
Foi constatado que existe nas escolas pesquisadas um elemento
denominado Orientador Pedagógico (O.P.) que realiza seu trabalho
dentro da escola, junto com os professores e alunos, seu trabalho
consiste em elaborar projetos juntamente com os professores, planejar
as atividades, avaliar seu desenvolvimento, dando, assistência e apoio
aos professores sempre que for necessário. Ele procura manter a equipe
sempre integrada. Seu desempenho é acompanhado é avaliado pelo
Supervisor Educacional.
Verificou-se que o supervisor Educacional atuante em umas
escolas do município não é um parceiro político pedagógico do professor
apesar da fala de alguns supervisores, ele é sim um meio executor da
política do SEMED.
Percebeu-se também que o papel de parceiro político pedagógico
está sendo desempenhado na escola pelo O.P. que não é visto como um
supervisor, mas sua atuação se assemelha as funções desempenhadas
pelo supervisor escolar.
4.1 - Como é feita a supervisão em São Gonçalo
São Gonçalo tem aproximadamente setenta escolas com trinta e
oito supervisores atuando. A distribuição de escolas por supervisores é
feita de acordo com o porte da escola. Quando ela é pequena, menos de
mil alunos, fica a cargo de um supervisor três a quatro escolas.
Entretanto há supervisores que atuam em apenas uma escola, quando
está possui mais de três mil alunos.
A carga horária do supervisor é de dezesseis horas semanais, das
quais, doze são cumpridas nas escolas e quatro horas na SEMED toda
segunda-feira onde todos os supervisores se encontram. A pauta desses
encontros é dividido, uma semana é para tratar de assuntos pertinentes
às escolas, a outra, é para fazer estudo de casos. Esses casos que são
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colocados para estudo são oriundos das escolas e são distribuídos entre
os supervisores em grupos distintos, onde cada grupo faz o estudo de
um caso e no final do semestre são apresentados as conclusões dos
estudos feitos.
O supervisores visitam as escolas semanalmente e nessas visitas
procuram acompanhar o funcionamento delas, visando manter as
escolas sempre atualizadas quanto a legislação educacional, quanto as
normas e diretrizes da SEMED, procurando adaptar essas normas a
realidade da escola.
O tempo gasto pelos supervisores nas escolas é dedicado mais as
secretarias, onde examinam documentação dos alunos e funcionários,
verificam diários, preenchimento de fichas avaliativas dos alunos e carga
horária. Eles vêem também as condições do prédio escolar, o serviço de
limpeza, a existência ou não de carência de material ou elemento
humano.
O supervisor também auxilia e dá suporte ao orientador
pedagógico e aos professores quando solicitado.
Tudo o que o supervisor faz na escola durante a visita, é
registrado em um livro de "tema de visita" da escola e uma cópia é
levada para a secretaria de Educação.
É de competência do supervisor dar autorização para as duplas
regências das escolas por ele supervisionadas. Dupla regência é uma
autorização concedida a um professor que já trabalha na rede em um
horário, para que possa trabalhar em outro horário, conforme a
necessidade da escola.
Outra incumbência do supervisor do município é auxiliar o
Conselho Municipal de Educação no trabalho de fiscalização e
legalização de novas escolas, principalmente de Educação Infantil da
33
rede particular. Para o desempenho desse trabalho é realizado um
rodízio entre os supervisores.
4.2 - Entrevistas com supervisores
Entrevistados dois supervisores da rede municipal, um deles de
uma escola localizada no bairro de Alcântara (entrevista A) e outro de
uma escola localizada no centro da Cidade (entrevista B). Esses
supervisores responderam a um questionário que lhes foi entregue,
discorreram sobre o que é ser supervisor, seu papel, suas atribuições,
dificuldades e obstáculos por eles encontrados no exercício de sua
função.
Entrevista A. De acordo com este entrevistado o supervisor é o
agente facilitador do desenvolvimento de projetos coletivos na escola,
principalmente o projeto político pedagógico. É responsável por articular
uma prática democrática, envolvendo não só professores e alunos mas
toda equipe escolar.
O papel do supervisor é de articulador, integrador, que vem
desenvolvendo uma prática fundamentada numa visão democrática e
democratizante da escola. Outro papel do supervisor é o de verificar o
andamento da escola. Nesse papel ele é visto como um vilão.
Em São Gonçalo o supervisor busca desenvolver na escola um
projeto coletivo, isto é, procurando concretizar os objetivos educacionais
através de um trabalho conjunto e compartilhado, estabelecendo a
integração com a equipe técnica-pedagógica, corpo docente e discente e
funcionários da unidade de ensino. Ele auxilia nas soluções das
dificuldades administrativas e pedagógicas, é o agente que auxilia na
resolução de situações e problemas na comunidade escolar.
34
O supervisor é recebido com ansiedade pela escola quando há
necessidade de auxílio para esclarecimento e dúvidas administrativas e
pedagógicas, ele é o amigo e conselheiro. No entanto é recebido como
vilão quando comparece para fiscalizar, nesse caso ele não é amigo.
Para o supervisor os obstáculos surgem quando ele é visto como
"vilão" da Educação ou melhor da escola. Quando pensam que seu
trabalho é de "fiscalizador", de "espião" ou de "entregador" as
coordenações competentes, de competências e atribuições que não
puderam ser realizadas .
Entrevista B, na visão deste entrevistado "o supervisor escolar é o
indivíduo, que dentro do sistema escolar, irá somar esforços junto aos
demais membros da equipe pedagógica (orientador pedagógico,
orientador educacional, direção, professores, etc.), a fim de promover a
melhoria do processo ensino-aprendizagem, dando assistência aos
mesmos, para que dinamizem suas ações, além de contribuírem para a
organização e funcionamento da escola, no que diz respeito a parte de
documentação.
Um dos obstáculos que o supervisor enfrenta é o trabalho de
forma integrada pois nem todos estão habilitados a trabalharem desse
modo e colocam objeções.
A supervisão escolar no município gonçalense, funciona de forma
burocrática. Limita-se a fiscalização de documentos escolares, repasse
de informações da secretaria de Educação e fiscalização dos
estabelecimentos de ensino privados, que não são regulamentados.
O papel do supervisor é de cooperar para o bom andamento da
obra educativa de maneira integrada com a equipe escolar, procurando
manter sempre essa equipe informada sobre leis e decretos relativos a
educação.
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O supervisor é recebido nas escola com receio pois eles são
vistos como os fiscalizados da secretaria de Educação, com poderes
para advertir funcionários e registrar em ata qualquer irregularidade na
escola, possibilitando com isto a abertura de inquérito administrativo".
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CONCLUSÃO
Este trabalho foi realizado com o objetivo de caracterizar a função
supervisora e compreender a atuação desse profissional no universo
educativo. Partindo de abordagens feitas por vários autores, chegou-se
à conclusão que a supervisão é portadora de várias características e
que suas funções são múltiplas.
Verificou-se também que apesar dos diversos papéis
desempenhado pelo supervisor o seu principal é o de parceiro constante
do professor na busca da melhoria do processo ensino-aprendizagem.
Nem sempre este papel é desempenhado por todos, pois têm
supervisores que exercem o papel que é determinado pelo órgão do qual
fazem parte.
Foi constatado que a pluralidade de funções exercidas pelo
supervisor coopera para que seu campo de atuação seja diversificado,
contribuindo para que seu desempenho não seja mais específico. O
supervisor ainda precisa defini sua função primordial, sua identidade,
pois conseguindo isto, seus esforços serão concentrados nessa função
específica e seu campo de atuação, será mais restrito e com certeza seu
trabalho será mais direcionado e consequentemente conseguirá com
mais facilidade atingir seus propósitos. Quando isto ocorrer,
provavelmente a visão que ainda hoje se tem do supervisor, que é de
controlador e fiscal, desaparecerá e provavelmente ele será visto com
outra ótica e seu trabalho e sua presença numa unidade escolar será
mais compreendida e aceita. Entretanto, isto não invalida o trabalho que
o supervisor tem realizado até hoje, pois não importa a função ou papel
do supervisor, qualquer que seja é importante numa escola, pois
contribui para o bom andamento dos trabalhos docentes e mantém a
escola sempre organizada.
Quanto a supervisão em São Gonçalo, concluiu-se que ela é
coerente com as determinações da SEMED, a qual ela é subordinada e
37
isto a torna uma supervisão limitador. Porém, nem por isto perde seu
valor, pois mesmo com os limites impostos, os supervisores procuram
desempenhar da melhor forma possível seu papel, dando sua
contribuição para o processo educativo do qual são parte integrante.
Com esta pesquisa se pode conhecer um pouco do trabalho e
obstáculos encontrados pelos supervisores. E com isto pretende-se que
cada vez mais o trabalho do supervisor seja compreendido e valorizado.
Deste modo espera-se que tenha contribuído para mostrar o trabalho
deste profissional que está inserido no contexto educacional brasileiro.
38
BIBLIOGRAFIA
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ANDRADE, Narcisa Veloso. Supervisão em Educação. Rio de Janeiro.
Livros Técnicos e Científicos, 1979.
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NOGUEIRA, Marta Guanaes. Supervisão Educacional: A Questão
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PERES, Janise Pinto. Administração e Supervisão em Educação. Ed.
Atlas S.A., Recife - Pe, 1977.
SILVA, Naura Syria Ferreira Correa da. Supervisão Educacional. Uma
reflexão crítica. Editora Vozes, 10ª ed. Petrópolis, 2000.
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Editora Papirus, 1ª ed., s.d.
39
SPERB, Dalila C. Administração e Supervisão Escolar. Editora globo,
1976.
40
Universidade Candido Mendes
Pró-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento
Diretoria de Projetos Especiais
Curso de Pós Graduação "Lato-Sensu"
Especialização: Supervisão Escolar
Questionário de Pesquisa:
Este questionário é um instrumento que será usado para
fundamentar pesquisa com o Tema: "O que faz um Supervisor dentro
do Universo escolar" do Curso de Especialização em Supervisão
Escolar.
Sua colaboração é importante:
1 - Quando você se formou? Após a formatura fez algum curso de
atualização?
2 - Para você o que é ser supervisor?
3 - Quais os obstáculos que o supervisor encontra no desempenho da
sua função?
4 - Como é feita a supervisão Escolar em São Gonçalo?
5 - Quais as atribuições vigentes ao supervisor segundo o regimento do
município?
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6 - Como o supervisor é recebido nas escolas em São Gonçalo? Ele
encontra algum obstáculo? Quais?
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS
O SUPERVISOR ESCOLAR E SUA VERDADEIRA FUNÇÃO
Por:
Vanda de Assis Torres Barreto
Orientador:
Prof. Antonio Fernando Vieira Ney
Rio de Janeiro, RJ, novembro / 2002.
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