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Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes
Departamento de Psicologia
Programa de Pós-Graduação em Psicologia
SONO E PERCEPÇÃO VISUOESPACIAL EM TRABALHADORES DE UMA
EMPRESA PETROQUÍMICA SUBMETIDOS A ESQUEMAS DE TRABALHO EM
TURNOS ALTERNANTES
Cibele Siebra Soares Matias
NATAL
2013
ii
Cibele Siebra Soares Matias
SONO E PERCEPÇÃO VISUOESPACIAL EM TRABALHADORES DE UMA
EMPRESA PETROQUÍMICA SUBMETIDOS A ESQUEMAS DE TRABALHO EM
TURNOS ALTERNANTES
Dissertação elaborada sob orientação da Profa.
Dra. Katie Moraes de Almondes e apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Psicologia da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
como requisito parcial para a obtenção do título
de Mestre em Psicologia.
NATAL
2013
Catalogação da Publicação na Fonte. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA).
Matias, Cibele Siebra Soares.
Sono e percepção visuoespacial em trabalhadores de uma empresa
petroquímica submetidos a esquemas de trabalho em turnos alternantes /
Cibele Siebra Soares Matias. – 2013.
133 f. -
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Programa de Pós-Graduação
em Psicologia, Natal, 2013.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Katie Moraes de Almondes.
1. Sono. 2. Atenção. 3. Trabalhadores da indústria química. 4. Sistema de
turnos de trabalhos. I. Almondes, Katie Moraes de. II. Universidade Federal
do Rio Grande do Norte. III. Título.
RN/BSE-CCHLA CDU 159.936.2
iii
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes
Departamento de Psicologia
Programa de Pós-Graduação em Psicologia
A dissertação “SONO E PERCEPÇÃO VISUOESPACIAL EM TRABALHADORES DE
UMA EMPRESA PETROQUÍMICA SUBMETIDOS A ESQUEMAS DE TRABALHO EM
TURNOS ALTERNANTES”, elaborada por Cibele Siebra Soares Matias, foi considerada
aprovada por todos os membros da Banca Examinadora e aceita pelo Programa de Pós-
Graduação em Psicologia, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Psicologia.
Natal, RN, 10 de junho de 2013.
BANCA EXAMINADORA
Profa Dra. Katie Moraes de Almondes (presidente da banca)
Profa Dra. Carolina Virginia Macedo de Azevedo (examinadora interna)
Prof. Dr. Nelson Torro Alves (examinador externo)
iv
Aos meus pais e ao meu marido, pelo apoio e incentivo.
v
AGRADECIMENTOS
À minha orientadora Katie, pelo exemplo de competência e dedicação com a vida
acadêmica, por sempre exigir o melhor do meu trabalho e pela paciência e generosidade
ao ensinar.
Aos trabalhadores da Petrobras, por aceitarem colaborar com esta pesquisa,
mesmo estando tão ocupados com as atividades exigidas por sua função.
Aos colegas da base de pesquisa, pelas contribuições para o desenvolvimento da
pesquisa, especialmente a Danilo, pelas inúmeras ajudas com a estatística.
À minha sempre “psicoturma” (Isabelle, Diogo, Hermes, Juliana, Thallynne,
Rosália, Olívia e Celestino), por compartilhar comigo uma das melhores épocas da minha
vida e por tornar o fardo dos estudos e obrigações da vida adulta tão mais leve e divertido.
À Rosália e à Olivia, por terem sido amigas fieis desde o início da minha vida
acadêmica, por compartilharem sonhos e conquistas e me ajudarem nos momentos de
dificuldade.
A Vicente, meu marido e melhor amigo, pelo amor, cuidado, apoio em todas as
minhas decisões e pela paciência nos meus momentos de desespero, mostrando-me que
nada é tão complicado quanto eu imagino.
Aos meus pais, pelo amor incondicional, pelo investimento na minha educação,
por todo o suporte emocional que me deram na minha vida longe de casa e por terem
acreditado em mim. Esta conquista é para vocês!
vi
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS....................................................................................................viii
LISTA DE FIGURAS................................................................................................... ....ix
RESUMO...........................................................................................................................x
ABSTRACT.....................................................................................................................xi
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................12
1.1 Organização temporal do sono...................................................................................13
1.2 Influência do trabalho em turnos no padrão do ciclo sono e vigília..........................16
1.2.1 Influência do trabalho em turnos na atenção................................................21
1.3 Sono e percepção visuoespacial em trabalhadores em turnos.....................................25
2 OBJETIVOS.................................................................................................................35
2.1 Objetivo geral............................................................................................................ .35
2.2 Objetivos específicos.................................................................................................35
3 MÉTODO.....................................................................................................................35
3.1 Participantes...............................................................................................................35
3.2 Protocolos e instrumentos utilizados..........................................................................37
3.3 Procedimento.............................................................................................................40
3.4 Análise dos dados.......................................................................................................42
4 RESULTADOS............................................................................................................42
4.1 Dados sociodemográficos dos trabalhadores em esquemas de turnos alternantes de
uma empresa petroquímica..............................................................................................42
4.2 Padrão do ciclo sono e vigília dos trabalhadores em esquemas de turnos alternantes
de uma empresa petroquímica..........................................................................................44
vii
4.2.1 Hábitos de sono...........................................................................................44
4.2.2 Qualidade do sono.......................................................................................50
4.2.3 Padrão do sono e vigília..............................................................................52
4.2.4 Cronotipo....................................................................................................55
4.3 Visuoespacialidade....................................................................................................58
4.4 Atenção......................................................................................................................59
4.4.1 Tempo de reação.........................................................................................59
4.4.2 Lapsos.........................................................................................................61
4.5 Correlações................................................................................................................62
4.5.1 Dados sociodemográficos e suas correlações com as variáveis do sono,
visuoespacialidade e atenção...............................................................................62
4.5.2 Variáveis do sono........................................................................................68
4.5.3 Sono e visuoespacialidade..........................................................................73
4.5.4 Sono e atenção............................................................................................74
4.5.5 Visuoespacialidade e atenção.....................................................................77
5 DISCUSSÃO................................................................................................................80
6 CONCLUSÕES............................................................................................................97
7 ANEXOS......................................................................................................................99
8 REFERÊNCIAS......................................................................................................... .123
viii
LISTA DE TABELAS
1 Dados sociodemográficos - amostra geral, turno diurno e noturno................................43
2 Hábitos de sono - amostra geral, turno diurno e noturno................................................49
3 Qualidade do sono – amostra geral, turno diurno e noturno...........................................50
4 Visuoespacialidade - amostra geral, turno diurno e noturno..........................................59
5 Correlações entre dados sociodemográficos e sono - amostra geral...............................63
6 Correlações entre dados sociodemográficos e sono – turno diurno e noturno................64
7 Correlações entre dados sociodemográficos e visuoespacialidade - amostra geral, turno
diurno e noturno...............................................................................................................66
8 Correlações entre dados sociodemográficos e atenção - turno diurno e noturno............67
9 Correlações entre as variáveis do sono – amostra geral.................................................68
10 Correlações entre as variáveis do sono – turno diurno.................................................70
11 Correlações entre as variáveis do sono – turno noturno...............................................72
12 Correlações entre sono e visuoespacialidade - amostra geral, turno diurno e
noturno.............................................................................................................................73
13 Correlações entre sono e atenção - turno diurno ..........................................................75
14 Correlações entre sono e atenção - turno noturno........................................................76
15 Correlações entre visuoespacialidade e atenção – turno diurno...................................78
16 Correlações entre visuoespacialidade e atenção – turno noturno.................................79
ix
LISTA DE FIGURAS
1 Modelo do aparelho palm top.......................................................................................39
2 Horários do sono - turno diurno.....................................................................................53
3 Horários do sono - turno noturno...................................................................................54
4 Comparação da duração do sono entre o turno diurno e noturno....................................55
5 Cronotipo - amostra geral..............................................................................................56
6 Cronotipo - turno diurno...............................................................................................57
7 Cronotipo - turno noturno.............................................................................................58
8 Tempo de reação - turno diurno e noturno.....................................................................60
9 Lapsos - turno diurno e noturno.....................................................................................61
x
RESUMO
O trabalho em turnos consiste em um arranjo de horas de trabalho não usuais, como a
noite e nos finais de semana, e com carga horária cada vez maior, com o intuito de
atender à produção ininterrupta, que acarreta alterações na qualidade, duração e
regularidade do sono. Pesquisas indicam que alterações do sono fazem com que os
processos cognitivos se tornem mais lentos, instáveis e propensos a erros, levando a
prejuízos no desempenho cognitivo de funções como a percepção visuoespacial. Neste
sentido, esta pesquisa teve como objetivo avaliar a qualidade do sono e sua relação com
a percepção visuoespacial de trabalhadores em turnos alternantes. Participaram da
pesquisa 21 operadores paineleiros de uma empresa petroquímica, do sexo masculino,
na faixa etária de 19 a 53 anos. Todos os participantes estavam submetidos a esquemas
de turnos alternantes (diurno e noturno) de 12 horas ininterruptas e os dados foram
coletados em 10 trabalhadores que estavam alocados no turno diurno e 11 trabalhadores
alocados no turno noturno. Para a avaliação do sono foram utilizados o Diário de Sono,
o Questionário de Hábitos de Sono, o Questionário de Identificação de Cronotipo e o
Índice da Qualidade do Sono de Pittsburgh (IQSP). A visuoespacialidade foi avaliada
por meio do Teste de Figuras Complexas de Rey e a atenção foi avaliada através de uma
versão portátil do Teste de Vigilância Psicomotora (PVT). Os resultados demonstraram
que a amostra geral dos trabalhadores obteve qualidade do sono ruim nos dias de
trabalho e qualidade do sono boa na folga. Houve duração do sono encurtada na semana
de trabalho e duração adequada no período da folga. Não foram encontrados prejuízos
nas habilidades visuoespaciais dos trabalhadores, mas a qualidade do sono boa, no
período da folga, foi correlacionada ao desempenho visuoespacial adequado para os
trabalhadores do turno diurno. O desempenho da atenção sofreu oscilação no decorrer
das horas trabalhadas, principalmente no turno noturno. Conclui-se que o esquema de
trabalho em turnos alternantes pode ser prejudicial para a qualidade do sono dos
trabalhadores e que uma boa qualidade de sono pode contribuir para um melhor
desempenho visuoespacial.
Palavras-chave: sono; visuoespacialidade; trabalhadores em turno; atenção; qualidade
de sono.
xi
ABSTRACT
Shift work consists of an array of unusual work hours, such as evenings and weekends,
and increasing workload, in order to meet the uninterrupted production, which leads to
changes in the quality, duration and regularity of sleep. Research indicates that sleep
alteration cause cognitive processes to become slower, unstable and prone to errors,
leading to loss of cognitive functions such as visuospatial perception. In this sense, this
research aimed to evaluate sleep quality and its relation to visuospatial perception in
workers in alternating shifts. Participants were 21 panel operators in a petrochemical
company, male, aged 19-53 years. All participants were subjected to schedules of
alternating shifts (day and night) of 12 nonstop hours and data were collected from 10
workers who were assigned to the day shift and 11 workers assigned to the night shift.
For the sleep evaluation were used the Sleep Diary, the Sleep Habits Questionnaire, the
Chronotype Identification Questionnaire and the Pittsburgh Sleep Quality Index (PSQI).
The visuospatial skills were assessed using the Rey Complex Figure Test and attention
was assessed using a portable version of the Psychomotor Vigilance Task (PVT). The
results showed that the general sample of workers obtained poor sleep quality on
working days and good sleep quality during the work break. There was shortened sleep
duration in the work week and appropriate duration in the work break. No losses were
found in the workers’ visuospatiality, but the good quality of sleep during the work
break was correlated to adequate visuospatial performance, for the day shift workers.
The attention performance oscillated throughout the work hours, especially on the night
shift. It is concluded that the alternating shifts work scheme can be detrimental to the
sleep quality workers and a good sleep quality can contribute to a better visuospatial
performance.
Keywords: sleep; visuospaciality; shift workers; attention, sleep quality.
12
1. INTRODUÇÃO
O trabalho em turnos e noturno é uma prática antiga, presente na sociedade desde
a Época Romana. No entanto, esta modalidade de trabalho, como é conhecida hoje,
começou a ser sistematizada somente a partir da Revolução Industrial (século XVIII). Em
função do surgimento das fábricas e das máquinas industriais, neste período, foi
necessária a organização de um esquema de trabalho que fosse ininterrupto, alternando
entre vários trabalhadores para a realização de uma mesma atividade, ao longo das 24
horas, de modo que a produção fosse contínua e os lucros cada vez maiores (Pati,
Chandrawanshi & Reinberg, 2001).
Neste sentido, seja por motivos econômicos, tecnológicos ou da sociedade, a qual
também passou a exigir a disponibilidade de serviços durante as 24 horas (Moreno,
Fischer & Rotenberg, 2008), passou-se a ter uma quantidade cada vez maior de
trabalhadores migrando para horários de trabalho não usuais, como a noite e finais de
semana, e com carga horária cada vez maior, com o intuito de atender a todas essas
demandas (Dula, Dula, Hamrick & Wood, 2001; Pati et al., 2001).
As extensas horas de trabalho (por vezes iniciando muito cedo), o deslocamento
das atividades do dia para a noite, momento que deveria ser de descanso, e as constantes
variações no horário de trabalho trouxeram inúmeras consequências para a saúde dos
trabalhadores, tendo como as principais queixas, os problemas relacionados às alterações
do sono, como o sono irregular, curto e de má qualidade (Akerstedt, 2003; Waage,
Pallesen, Moen & Bjorvatn, 2013).
A literatura indica que o sono alterado pelo trabalho em turno pode causar
prejuízos para o desempenho cognitivo dos trabalhadores em processos como a memória,
funcionamento executivo, atenção, percepção visual e visuoespacial (Bastien et al., 2003;
13
Orzel-Gryglewska, 2010). Os prejuízos, na percepção visuoespacial, ocasionados por
irregularidades do sono ou privação de sono, tais como a incapacidade para discriminar
ou detectar o material visual ou, ainda, a percepção errônea de uma cena visual, podem
ter um impacto mais notório para as profissões em turno que dependem das atividades
predominantemente visuais, dificultando o desempenho (Russo et al., 2005).
Neste contexto, este estudo tem como objetivo avaliar a qualidade do sono e sua
relação com a percepção visuoespacial de trabalhadores em turnos alternantes, já que
estudos com esta população ainda são escassos e necessitam ser mais explorados, levando
em consideração os prejuízos que este esquema de turnos pode acarretar na percepção
visuoespacial dos trabalhadores.
1.1. Organização temporal do sono
O sono é uma manifestação fisiológica do organismo, que se repete em intervalos
periódicos. Estas características o definem como um ritmo biológico, que corresponde,
por sua vez, a eventos não apenas fisiológicos, mas também bioquímicos e
comportamentais que variam regularmente, no intervalo de dias, semanas ou meses.
Como o sono apresenta periodicidade que varia, ao longo das 24 horas, ele é considerado
um ritmo circadiano. A estrutura responsável por gerar e controlar os eventos de sono é
o núcleo supraquiasmático (NSQ), localizado no hipotálamo, o qual é considerado o
principal oscilador dos mamíferos (Benedito-Silva, 2008; Menna-Barreto, 2004).
O sono é regulado por dois processos: o processo homeostático S e o processo
circadiano C. O processo S refere-se à regulação do sono dependente da quantidade de
sono e de vigília. Ou seja, há uma maior tendência ao sono quando a vigília é alongada e
há uma redução na propensão ao sono em resposta ao excesso do mesmo. Já o processo
C refere-se ao controle fisiológico do início e o término do sono, por meio de um
marcapasso circadiano endógeno localizado no NSQ, sendo, portanto, independente da
14
quantidade do sono e da vigília (Kryger, Roth & Dement, 2000). Estes dois sistemas, em
equilíbrio, controlam os momentos de adormecer e despertar (Van Dongen & Dinges,
2000).
O sono possui outra regulação que é ultradiana (com periodicidade em intervalos
menores do que 20 horas), alternando o sono em dois ciclos: o sono REM e o sono NREM.
O sono NREM é caracterizado pela ausência de movimentos rápidos dos olhos, pela
diminuição da frequência respiratória e cardíaca, manutenção do tônus muscular e
relaxamento progressivo da musculatura. É subdividido em quatro estágios (1, 2, 3 e 4),
de modo que os dois últimos estágios correspondem ao sono profundo, comumente
referido como sono de ondas lentas. A atividade do sono de ondas lentas sofre influência
de fatores homeostáticos, pois pesquisas demonstram que após uma noite de privação de
sono há um aumento no sono de ondas lentas na noite de recuperação (Kryger et al., 2000;
Nunes, 2002). Por outro lado, o sono REM (também chamado de sono paradoxal),
apresenta padrão eletroencefalográfico semelhante ao estado de vigília, rápidos
movimentos dos olhos, ausência do tônus muscular e presença de sonhos. Assim, os dois
ciclos de sono se alternam de maneira que as duas primeiras horas de sono correspondem
ao sono NREM, ocorrendo logo após o primeiro estágio do sono REM de curta duração
(Andersen & Bittencourt, 2008; Fernandes, 2006).
O mecanismo circadiano possibilita ao sono manter uma relação temporal com
outros ritmos biológicos no próprio organismo, como as variações de temperatura
corporal interna e a secreção dos hormônios cortisol e melatonina. Esta relação de fase
(referente ao momento em que o ritmo se encontra, por exemplo, fase de vigília, para o
ciclo sono-vigília) entre os ritmos endógenos é chamada de organização temporal interna,
a qual assegura que as oscilações rítmicas dentro do organismo funcionem de forma
sincronizada (Benedito-Silva, 2008; Pires et al., 2008).
15
A sincronização interna (manutenção de uma relação de fase estável entre os
ritmos) pode ser observada por meio de uma cadeia de eventos internos que preparam o
corpo, antecipadamente, para o início e término do sono: no período da noite, a
melatonina começa a ser liberada em maior quantidade e há uma diminuição da
temperatura corporal interna, a qual favorece o aumento da sonolência, deixando o
indivíduo propenso ao sono. Já, no final da madrugada, há um aumento da liberação do
cortisol na corrente sanguínea. Isto tende a elevar a temperatura interna, favorecendo o
despertar (Louzada & Menna-Barreto, 2004; Menna-Barreto, 2004).
O sono apresenta também uma organização temporal externa, a qual é
compreendida como o conjunto de relações entre o sono e os eventos ambientais aos quais
está exposto, como o ciclo claro-escuro e os ciclos de atividade social (compromissos
familiares e a jornada de trabalho). Estas pistas temporais do ambiente são chamadas de
sincronizadores, pois adaptam o sono e outros ritmos às mudanças do dia a dia. Por
exemplo, sob a influência da luz do dia, a produção de melatonina é suprimida pela
glândula pineal. Já na ausência da luz (durante o período da noite), a melatonina é liberada
na corrente sanguínea, preparando o corpo para o sono (Louzada & Menna-Barreto, 2004;
Rotenberg, Marques & Menna-Barreto, 1999).
Neste sentido, a organização temporal interna e externa possibilita ao indivíduo
manter um sono com duração regular e em sincronização com o ambiente, por meio da
manutenção de fase estável entre os ritmos e entre estes e o ambiente (Rotenberg et al.,
1999). Variações nessa regularidade podem ocorrer em determinadas situações como nos
finais de semana, férias, após voos transmeridianos ou, ainda, em condições crônicas,
como o trabalho em turnos. Nestas circunstâncias, há uma modificação do horário e
duração de sono habitual, bem como da sua sincronização com as pistas ambientais, o
que provoca alterações na organização temporal interna e externa, comprometendo o sono
16
saudável dos indivíduos e trazendo repercussões negativas para a saúde biopsicossocial
(Costa, 2004; Martinez, Lenz & Menna-Barreto, 2008).
1.2. Influência do trabalho em turnos no padrão do ciclo sono e vigília
O trabalho em turnos pode ser definido como todo arranjo de horas de trabalho,
que utiliza duas ou mais equipes (turnos) de trabalhadores, com o intuito de estender o
horário de funcionamento das atividades para além do horário convencional, o qual é
caracterizado como tendo início de 6h às 8h da manhã e término de16h às 18h, com tempo
de trabalho diário de 8 horas, de segunda feira a sexta feira (Pati et al., 2001).
Assim, o trabalho em turnos possibilita manter a continuidade da produção, por
meio de equipes que se revezam entre os diferentes turnos de trabalho, mesmo com a
quebra na continuidade da atividade realizada por um mesmo profissional. Os turnos de
trabalho podem ser fixos, em que os indivíduos trabalham em horário preestabelecido,
quer seja durante o dia ou da noite, e em horários alternantes, no qual equipes se revezam
entre horários de trabalho diurno e noturno, durante o período de dias, semanas ou meses
(Moreno et al., 2008; OIT, 2009).
Os turnos de trabalho são organizados, levando em consideração também a
velocidade e direção de rotação. Turnos de rotação rápida são aqueles em que os horários
de trabalho de cada equipe se modificam a cada dois ou quatro dias. Os de rotação lenta,
por sua vez, têm o horário de trabalho modificado a cada semana, quinzena ou mês. A
direção pode ser no sentido horário ou anti-horário. A direção horária segue a sequência
do trabalho no turno matutino, vespertino, noturno e folga. Já a direção anti-horária tem
a sequência invertida: turno matutino, noturno, vespertino e folga (Fisher, 2004).
O esquema de trabalho em turnos leva a alterações no sono, pois os profissionais,
para atender as demandas de trabalho, precisam alternar constantemente o horário de
trabalho, cumprir jornadas de trabalho extensas (mais do que oito horas diárias) e deslocar
17
a atividade para horários que seriam de repouso e o repouso para horários que seriam de
atividade. As alterações vão desde irregularidades nos horários de dormir, diminuição da
qualidade e da duração do sono, ocasionando distúrbios do sono (Waage et al., 2013).
Neste sentido, a condição de turno gera um conflito entre o sono e os demais
ritmos biológicos e entre o sono e as pistas temporais do ambiente, ou seja, gera
dessincronizações internas e externas (Pires et al., 2008). No trabalho em turno noturno,
por exemplo, os indivíduos deslocam a atividade para a noite e o repouso para o dia.
Assim, as dessincronizações internas ocorrem porque a fase do sono no período diurno
estará dessincronizado com a manifestação de fase de outros ritmos biológicos, como a
temperatura e o cortisol. O sono se ajusta rapidamente à mudança de horário, no entanto,
os ritmos de temperatura e cortisol demoram mais a se ajustar. A diferença de fase
estabelecida entre os ritmos favorece ainda mais a dessincronização. O sono durante o dia
estará em conflito também com os sincronizadores ambientais, como a luz do dia, os
ruídos diversos produzidos pelos familiares e pelo ambiente ao redor e as obrigações
sociais, ocasionando as dessincronizações externas (Benedito-Silva, 2008; Marques et al.,
1999).
Já, no esquema de trabalho em turno diurno (com início entre 6h e 7h), as
dessincronizações internas ocorrem porque o despertar muito cedo (entre 4h e 5h)
coincide com os valores mínimos de temperatura interna, favorecendo a resistência ao
despertar neste horário e o aumento da sonolência pela manhã (Akerstedt, 2003; Costa,
2004). Como também, a pouca luminosidade externa que há no horário em que os
trabalhadores acordam, o silêncio do ambiente e a ausência de atividades de outras
pessoas, ao redor, podem dificultar ainda mais o despertar precoce, resultando em
dessincronizações externas (Akerstedt, 2003). As dessincronizações temporais internas e
18
externas produzidas pelos horários irregulares de trabalho podem causar, além de
perturbações no sono, sintomas de mal-estar, fadiga, complicações gastrointestinais e
cardiovasculares e distúrbios de humor (Costa, 2004; Ferguson, Kennaway, Baker,
Lamond & Dawson, 2012; Marques, Golombek & Moreno, 1999; Pires et al., 2008).
Dados na literatura têm indicado que o trabalho em turno noturno pode trazer mais
prejuízos para o sono dos trabalhadores do que o turno diurno, causando uma diminuição
de cerca de 25% a 33% da quantidade de sono (Dula et al., 2001). Estudos, através de
EEG, demonstraram que o sono durante o dia não possui a mesma arquitetura que o sono
noturno. Há uma diminuição significativa do sono REM e da fase 4 do sono de ondas
lentas. Esta redução nos estágios do sono e a alteração na proporção desses estágios entre
si caracterizam um sono curto, fragmentado e de menor qualidade, resultando em estados
de privação do sono (Gaspar, Moreno & Menna-Barreto, 1998; Martino, 2009; Pati et al.,
2008).
Fischer, Teixeira, Borges, Gonçalves e Ferreira (2002) verificaram a percepção da
duração e qualidade do sono, bem como os níveis de alerta em enfermeiros e auxiliares
de enfermagem, durante turnos fixos (diurnos e noturnos) de 12 horas de trabalho. Os
dados foram obtidos através de diários do sono e escalas analógicas, contendo questões
sobre a percepção da qualidade do sono e estado de alerta. A duração dos episódios de
sono foi significativamente inferior para os trabalhadores do turno noturno (que dormiam
durante o dia), em comparação aos trabalhadores do turno diurno. A qualidade dos
episódios de sono diurno após as noites de trabalho foi percebida como pior do que a
qualidade dos episódios de sono noturno. De forma semelhante, foram encontrados níveis
de alerta inferiores, no trabalho noturno, em relação ao diurno. Estes níveis tornaram-se
piores com o aumento nas horas de trabalho, servindo de indicativo para o fato de que a
19
sonolência no trabalho noturno se faz presente e pode prejudicar seriamente o trabalho
dos profissionais e de outros sujeitos envolvidos.
A redução das horas de sono e de sua qualidade em trabalhadores em turnos
noturnos só não é maior do que em trabalhadores em turnos alternantes. A pesquisa de
Ohayon, Lemoine, Arnaud-Briant e Dreyfus (2002) avaliou três horários distintos de
trabalho em funcionários de um hospital psiquiátrico: o horário diurno fixo, o horário em
turno alternante diurno (manhã e tarde) e o noturno. Através de entrevista sobre o padrão
de sono e condições de trabalho, o estudo obteve resultados, mostrando que os
trabalhadores em turno diurno rotativo tinham mais dificuldade em iniciar e manter o
sono do que os que trabalhavam em horário fixo diurno. A duração do sono dos
trabalhadores em turno rotativo e noturno foi menor do que a dos profissionais em turno
diurno fixo, demonstrando o quanto o esquema de trabalho em turnos alternantes pode
ser prejudicial.
Pesquisas relatam que trabalhadores em turnos alternantes, quando comparados
com trabalhadores diurnos fixos, têm maior probabilidade em apresentar sonolência no
trabalho, o que contribui para a maior chance de sofrer acidentes de trabalho (Hart et al.,
2006). Queixas de sonolência são mais frequentemente relatadas no turno da noite,
atingindo um pico durante a segunda metade do turno e no início da manhã (Dula et al.,
2001; Farbos, Bougrine, Cabon, Mollard & Coblentz, 2000).
A sonolência refere-se a um impulso ou tendência para dormir. Do ponto de vista
subjetivo, ela se manifesta com a dificuldade do indivíduo em manter os olhos abertos e
manter a concentração. Comportamentalmente, a sonolência pode estar relacionada com
pálpebras semifechadas ou fechadas, cochilos, lapsos no desempenho e diminuição do
estado de alerta (Akerstedt, 1988). Em termos fisiológicos, a sonolência está relacionada
aos fatores homeostáticos e circadianos (Akerstedt, 1988; Rouch, Wild, Ansiau &
20
Marquié, 2005). Ou seja, os indivíduos apresentam, organicamente, picos de sonolência
que se repetem diariamente, no período entre 13h e 16h da tarde e à noite (Rouch et al.,
2005). Estas oscilações dos níveis de sonolência estão relacionadas também às variações
do desempenho cognitivo ao longo das 24 horas (Garbarino et al, 2002), pois a literatura
relata que picos de sonolência favorecem o declínio do desempenho cognitivo (Rouch et
al., 2005).
É importante salientar, contudo, que ao se estudar a relação entre a organização
do trabalho em turnos e os problemas relacionados ao sono e a vigília, deve-se levar em
consideração as características particulares dos indivíduos, quanto à tendência biológica
relacionada à preferência de dormir e de realizar o trabalho ou atividade social em
determinadas horas do dia, ou seja, o cronotipo (Fernandes et al., no prelo; Fischer, 2004).
O cronotipo pode ser classificado entre matutino, vespertino e intermediário.
Indivíduos matutinos têm hábitos e preferências em realizar atividades pela manhã,
acordam cedo e dormem cedo. Já os indivíduos vespertinos estão mais em estado de alerta
e possuem melhor desempenho no período da tarde ou à noite, têm preferência de dormir
tarde e acordar tarde. Os intermediários se adaptam tanto a horários matutinos, quanto
vespertinos. Assim, sugere-se que pessoas vespertinas podem apresentar maior facilidade
em se adaptar ao ritmo de trabalho noturno do que aquelas que são matutinas
(Kantermann, Juda & Roenneberg, 2010; Marques et al., 1999).
Outro fator individual a ser considerado na avaliação dos problemas de sono, por
conta do trabalho em turno, é a idade. Estudos demonstram que a adaptação circadiana
para o trabalho em turnos torna-se lenta com o aumento da idade, ou seja, o relógio
biológico torna-se menos flexível para as mudanças e adaptações do ambiente. A partir
dos 20 anos de trabalho, no regime de turnos, os trabalhadores sofrem com as
manifestações de distúrbios sérios, tais como os problemas de sono e as doenças
21
gastrointestinais, circulatórias e nervosas. Com o passar da idade ocorre também a
diminuição da duração e da qualidade do sono, influenciando a migração dos
trabalhadores mais velhos para os horários diurnos, fazendo com que muitos adquiram
aposentadoria precoce (Fischer, 2004).
Neste sentido, as alterações no sono ocasionadas pelo trabalho em turno podem
acarretar uma série de consequências negativas para os trabalhadores, as quais se refletem
na saúde, no convívio social e no desempenho cognitivo, afetando a capacidade em
realizar suas atividades do dia a dia e do trabalho com eficiência.
1. 2.1. Influência do trabalho em turnos na atenção
Estudos de neuroimagem funcional têm mostrado que alterações na regularidade,
na duração e na qualidade do sono podem afetar o funcionamento de algumas regiões
cerebrais correlacionadas com o desempenho cognitivo, como o córtex pré-frontal. A
região do córtex pré-frontal está envolvida com as habilidades cognitivas humanas mais
complexas, como o planejamento de ações sequenciais, resolução de problemas,
julgamento, memória, a habilidade de priorizar e selecionar as tarefas e manter a atenção
em uma tarefa selecionada, dentre outras (Orzel-Gryglewska, 2010).
Neste sentido, as alterações do sono sugerem que trabalhadores em turno podem
ter o seu funcionamento cognitivo afetado (Bastien et al., 2003; Boscolo, Sacoo, Antunes,
Mello & Tufik, 2008; Gaspar et al., 1998), fazendo com que os processos cognitivos
tornem-se mais lentos, instáveis e propensos a erros (Nielson, Deegan, Hung & Nunes,
2010; Ratcliff & Van Dongen, 2009). Estes efeitos dificultam a qualidade de execução de
muitas tarefas e, em situações extremas, o sono insuficiente pode ser responsável por
graves acidentes de trabalho (W. D. Killgore, Kahn-Greene, Grugle, S. B. Killgore &
Bailkin, 2009).
22
Ansiau, Wild, Niezborala, Rouch e Marquié (2008) procuraram avaliar as
consequências de um dia de trabalho em horários não usuais, tais como, no período da
noite, sobre o desempenho cognitivo no dia seguinte. Para a avaliação do desempenho
cognitivo, foi utilizado um teste de memória adaptado do teste de aprendizagem verbal
de Rey, os subtestes Procurar Símbolos e Dígitos da Escala de Inteligência Wechsler para
Adultos (WAIS-III) e um teste de atenção seletiva. Os resultados mostraram que o
trabalho antes das seis da manhã ou depois das 22 horas foi significativamente associado
com o pior desempenho cognitivo, especialmente para a memória verbal e a atenção
seletiva.
Alguns estudos sugerem que o declínio da atenção pode representar o ponto de
partida para o prejuízo nos componentes cognitivos mais complexos. Isto porque, déficits
nesse processo comprometem a capacidade dos indivíduos para responder a estímulos do
ambiente em um tempo hábil, sendo manifesto através de lapsos, lentificação de respostas
ou micros episódios de sono (Alhola & Polo-Kantola, 2007; Ansiau et al., 2008). A
atenção também sofre influência de oscilações ultradianas, apresentando valores de
máximo e de mínimo desempenho a cada 90 minutos, durante as 24 horas (Louzada &
Menna-Barreto, 2004).
A atenção pode ser definida como a capacidade do indivíduo em focar um aspecto
limitado do ambiente, ou seja, ela funciona como um filtro, por meio do qual retemos as
informações mais relevantes. De acordo com os autores Lim e Dinges (2008), a atenção
não pode ser considerada como um processo unitário, envolvendo diferentes
componentes como a atenção seletiva, dividida e sustentada. A atenção seletiva
corresponde à capacidade de inibição da resposta na presença de estímulos relevantes; a
atenção dividida inclui a habilidade de alternar o foco da atenção entre vários estímulos,
de forma voluntária; a atenção sustentada, por sua vez, se refere à capacidade de manter
23
uma resposta estável durante uma tarefa repetitiva e contínua, por um determinado
período de tempo, também chamada de vigilância (Fuentes et al., 2008). Essa capacidade
de sustentar a atenção por um período maior de tempo pode aumentar ou diminuir ao
longo de segundos, minutos ou horas. Neste sentido, os componentes da atenção
sustentada são aqueles que são sensíveis às variações homeostáticas e circadianas,
podendo variar o desempenho ao longo do dia e em tarefas simples e monótonas (Lim &
Dinges, 2008; Santh, Horowitz, Duffy & Czeisler, 2007).
A atenção pode ser medida por meio de diversas ferramentas, mas nas pesquisas
de sono o instrumento comumente utilizado é o Teste de Vigilância Psicomotora
(Psychomotor Vigilance Task - PVT), que consiste na avaliação do tempo de reação, ou
seja, mede o tempo de resposta de um indivíduo frente à apresentação de um estímulo
(Jewett, Dijk, Kronauer & Dinges, 1999; Owens, 2007). O PVT tem sido largamente
utilizado na população de trabalhadores em turno, pois além de ser uma medida sensível
aos efeitos da sonolência e da restrição de sono, permite avaliar as variações do
desempenho, em função dos fatores homeostáticos e circadianos do sono, através da
medição em intervalos curtos (de duas ou três horas), já que a aplicação repetida não sofre
influências da aprendizagem (Van Dongen & Dinges, 2005; Drummond et al., 2005).
Estudos com o PVT têm mostrado que a privação de sono provoca um aumento
total dos tempos de reação, erros maiores de comissão (atestar a presença de um estímulo,
quando este não está presente) e um aumento no número de lapsos. Pesquisas
demonstram, também, que o declínio do desempenho, ao longo do tempo no PVT, não é
uniforme, pois, geralmente, os trabalhadores em turno demonstram um melhor resultado
no teste no período da manhã, quando comparado à noite, e apresentam quedas no
desempenho com a vigília prolongada (Drummond et al., 2005; Lim & Dinges, 2008).
24
Levando em consideração estas propriedades do PVT, pesquisas o tem utilizado
para avaliar o impacto de diferentes hábitos e condições de trabalho no desempenho dos
trabalhadores. O estudo de Ferguson et al. (2012), feito com operadores de mineração,
teve como objetivo avaliar uma possível adaptação dos trabalhadores aos turnos diurnos
e noturnos de sete dias corridos. A pesquisa foi feita através da coleta diária de melatonina
pela saliva e o PVT, aplicado duas vezes (no início e no fim do turno de trabalho, durante
os sete dias). Os resultados não mostraram adaptação circadiana, com relação à secreção
da melatonina. Ou seja, a melatonina continuou a ser secretada no mesmo horário do
início ao fim da semana de trabalho, não havendo adiantamento nem atraso de fase, em
função dos esquemas de turno. Ademais, houve uma diminuição na velocidade dos
tempos de reação ao longo dos sete dias, tanto no turno diurno, quanto no noturno,
indicando a deterioração do desempenho da atenção ao longo da semana de trabalho e,
portanto, falta de adaptação aos dias de trabalho em turno.
Já a pesquisa de Santhi, Aeschbach, Horowitz e Czeisler (2008) utilizou o PVT
durante três dias para avaliar se trabalhadores noturnos poderiam produzir menos falhas
de atenção durante o trabalho se dormissem das 14h às 22h, ou seja, antes do início do
turno noturno, do que dormindo somente após a noite de trabalho (de 08h às 16h). Os
autores sugeriram que esta opção reduziria a pressão homeostática ao sono, devido à
vigília alongada antes do turno, reduzindo os erros no trabalho. Os resultados mostraram
que os profissionais que dormiram até a noite, antes de iniciar os turnos, apresentaram
37% menos episódios de deficiência de atenção e respostas mais rápidas do que aqueles
que dormiram pela manhã. A recuperação, na velocidade das respostas, atingiu níveis
próximos àqueles apresentados durante o dia, enquanto os profissionais que dormiram
pela manhã continuaram tendo níveis lentos e deficitários, quando comparado ao
desempenho no período diurno (Santh et al., 2007).
25
Signal, Gander, Anderson e Brash (2008) também verificaram que um cochilo de
40 minutos durante o turno noturno poderia melhorar o desempenho cognitivo em
controladores aéreos. Os controladores foram submetidos ao PVT no início e no fim do
turno e após o cochilo. O grupo que não cochilou foi avaliado nos mesmos horários,
obtendo um resultado inferior no PVT, em comparação aos trabalhadores que cochilaram.
Czeisler et al. (2005) utilizaram o PVT com o intuito de verificar se o uso da
substância modafinil (fármaco que atua no Sistema Nervoso Central, inibindo o sono)
poderia ser eficaz na melhora da sonolência e distúrbios do sono em trabalhadores em
turno. Durante três meses, foram manipuladas doses de modafinil antes do início dos
turnos noturnos no grupo experimental. O PVT e a Escala de Sonolência de Karolinska
foram aplicados a cada duas horas, no grupo controle e no grupo experimental. Os
resultados mostraram uma melhora na frequência dos lapsos de atenção avaliados pelo
PVT no grupo experimental, mas não de forma significativa ao ponto de não haver
prejuízos, comparando-se com o grupo controle.
Neste sentido, os problemas relacionados ao sono em trabalhadores em turno são
frutos de grande preocupação, em decorrência dos prejuízos diretos para o desempenho
cognitivo de habilidades ligadas à manutenção da atenção, colocando em risco a
segurança dos trabalhadores.
1.3. Sono e percepção visuoespacial em trabalhadores em turno
É notório, em grande parte das investigações sobre sono e processos cognitivos, o
destaque aos efeitos danosos da perda de sono na atenção e vigilância ou, ainda, sobre
processos cognitivos complexos de ordem superior, como as funções executivas (Alhola
& Polo-Kantola, 2007; Orzel-Gryglewska, 2010). No entanto, de acordo com os autores
Killgore, Kendall, Richards e McBride (2007), menos explorado é a extensão em que o
comprometimento nas habilidades cognitivas mais complexas e nos processos atencionais
26
pode ser ocasionado por falhas que ocorrem na fase inicial de processamento sensorial ou
perceptual dos estímulos. Ou seja, é possível que alguns erros atribuídos a falhas, na
atenção ou julgamento, sejam produzidos pela má interpretação inicial da informação
como, por exemplo, no processamento visuoespacial (Rogé & Gabaude, 2009).
Assim, além do declínio da atenção e vigilância, alguns autores sugerem ser
possível identificar déficits em outras funções cognitivas que contribuam para o
comprometimento mais severo no processamento cognitivo, tais como a percepção
visuoespacial. No entanto, não está claro e nem bem explorado como a perda de sono
pode afetar essa modalidade de percepção em trabalhadores em turno (Kerkhof & Van
Dongen, 2010; Killgore et al., 2007).
A percepção é a capacidade do ser humano de interpretar a realidade a sua volta
e, assim, formar conceitos sobre si próprio e sobre o mundo (Goldstein, 2001). Logo, a
consciência sobre os eventos e experiências vivenciadas acontece por meio da integração
das informações provenientes dos nossos sentidos à memória e à cognição (Lent, 2004).
A percepção se diferencia do processamento sensorial, pois este se refere à detecção e
codificação dos estímulos do ambiente pelos órgãos sensoriais. Ou seja, ele corresponde
aos processamentos mais básicos e automáticos que não interagem com a cognição
(Kandel, Schwartz & Jessel, 2003). Já a percepção é resultado de processos psicológicos,
envolvendo organização, interpretação e atribuição de sentido ao que os órgãos sensoriais
processam inicialmente (Schiffman, 2005).
A percepção visual pode ser definida como a extração de informações do
ambiente, através do sistema visual, o que inclui a identificação dos objetos com base em
seus tamanhos, formas, cores, contraste e profundidade (Kandel et al., 2003). A percepção
visuoespacial, mais especificamente, pode ser compreendida como a capacidade de um
indivíduo em perceber sua localização e a dos objetos no espaço, bem como a percepção
27
da relação de localização entre os objetos e o próprio indivíduo. (Manning, 2005).
Portanto, a percepção visuoespacial está envolvida na orientação adequada do movimento
em um ambiente, na capacidade de atingir com precisão os objetos no campo visual e na
habilidade de mudar o olhar para diferentes pontos no espaço. Ela é tipicamente aferida
por tarefas que envolvem a percepção e transformação de figuras bi ou tridimensionais,
de formas e imagens visuais, bem como por tarefas que envolvem manter a orientação
espacial relativa a objetos que se movem no espaço (Gomes & Borges, 2009).
O processamento visual começa na retina com a fototransdução, que converte o
estímulo luminoso em impulso nervoso. Este processo é realizado por duas classes de
fotorreceptores presentes na retina: os cones e os bastonetes. Os cones são responsáveis
pela visão diurna, possibilitam boa acuidade visual, já que se concentram principalmente
na fóvea, e medeiam a visão de cores. Os bastonetes têm um desempenho melhor na visão
noturna e são mais sensíveis ao movimento e a luz (Kandel et al., 2003).
Da retina, as informações são enviadas em direção ao córtex por meio de uma
cadeia de conexões neurais, de modo que os fotorreceptores enviam a mensagem nervosa
às células bipolares, que se ligam as células ganglionares. Os axônios das células
ganglionares compõem o nervo óptico que se projeta prioritariamente para o núcleo
geniculado lateral (NGL). Do NGL, as informações são enviadas ao córtex visual, onde
serão analisadas e interpretadas, ganhando significado (Gattass, 1993).
As células ganglionares são compostas por dois tipos de células que se conectam
a camadas diferentes do NGL, as células M e as células P. Nesse sentido, as células M se
projetam para camadas magnocelulares do NGL e as células P para camadas
parvocelulares. O caminho percorrido pelo impulso nervoso da retina ao NGL chega ao
córtex, através de pelo menos duas vias paralelas e relativamente independentes: a via
Magnocelular (M) e a via Parvocelular (P). As células da via M medeiam a detecção de
28
movimento e respondem melhor para estímulos a baixo contraste. Já a via P é
especializada em detectar a cor e forma dos objetos (Gazzaniga, Ivry & Mangun, 2006).
Esta segregação continua ao longo do córtex visual, através da via dorsal e da via
ventral. A via dorsal é importante para a localização de objetos, por isso é conhecida
também como “via onde” e recebe informações predominantemente das células M. A via
ventral, também conhecida como “via o que”, tem propriedades relacionadas com a
identificação dos objetos e mantém conexão principalmente com as células P (Schwartz,
2004).
Dessa forma, as informações chegam primeiramente ao córtex visual primário,
também denominado de V1 ou córtex estriado. Em V1 ocorre um nível de processamento
mais básico, no qual as características iniciais dos estímulos, como borda e orientação são
registradas. Através da via dorsal, as mensagens neurais são encaminhadas de V1 para as
áreas V2, V3 e V5 (MT) e, finalmente, ao lobo parietal, relacionado, portanto, com a
localização e movimento dos objetos e pelo desenvolvimento de complexas relações
visuoespaciais (Gazzaniga et al., 2006). Já pela via ventral, as informações trafegam de
V1, passando pelas áreas V2 e V4 e terminam na área do córtex ínfero temporal – IT,
região envolvida com a percepção e reconhecimento dos objetos (Kandel et al., 2003).
Estas demais áreas contêm características anatômicas e funcionais distintas umas
das outras e formam o córtex extra-estriado (Bear, Connors & Paradiso, 2002). Elas são
responsáveis pelo processamento de características visuais específicas, como cor, forma
e informação de movimento (Baldo & Haddad, 2003).
Estudos de neuroimagem funcional indicam que algumas áreas cerebrais,
envolvidas na percepção visual e na percepção visuoespacial sofrem alterações durante a
privação de sono. Entre elas, podem-se destacar o córtex parietal, a área V1 e a região do
córtex ínfero temporal (Kandel et al., 2003; Schwartz, 2004; Schiffman, 2005).
29
Consequentemente, essas alterações podem levar a erros funcionais de percepção,
incluindo a incapacidade para discriminar ou detectar o material visual ou, ainda, a
percepção errônea de uma cena visual (Endsley, 1995).
Dados da literatura indicam que apenas uma única noite de privação de sono já
pode ser suficiente para reduzir a sensibilidade da percepção visuoespacial (Rogé &
Gabaude, 2009). Outros estudos apontam que indivíduos privados de sono podem
apresentar formação de imagens irreais sobre a retina, como visões turvas e duplas,
ocasionando falhas perceptivas. Estes erros e alucinações visuais tendem a aumentar com
a duração da vigília. Outras investigações sobre a deterioração da função perceptiva, em
condições de fadiga ou vigília prolongada, relatam uma diminuição na vigilância visual,
acuidade visual e detecção visual em indivíduos privados de sono (Lieberman, Coffey &
Kobrick, 1998; Russo et al., 2005).
Outros trabalhos, relacionando a privação de sono com o sistema ocular indicam
que, nessas condições, os indivíduos podem apresentar flutuação no tamanho pupilar,
alterações na fixação oculomotora e no diâmetro pupilar (De Gennaro, Ferrara, Curcio &
Bertini, 2001; McLaren, Hauri, Lin, & Harris, 2002). Mudanças do tamanho da pupila
parecem refletir no reconhecimento e processamento cognitivo. Logo, alterações nessas
variáveis podem indicar maior risco de falhas perceptivas, diminuindo o desempenho
(Tsai, Viirre, Strychacz, Chase & Jung, 2007).
O estudo de De Gennaro et al. (2005) demonstrou os efeitos negativos da privação
de sono no desempenho de movimentos sacádicos (movimentos que direcionam os olhos
às áreas a serem fixadas) e na busca oculomotora. O estudo consistiu na análise dos
movimentos sacádicos e do movimento ocular em indivíduos privados de sono há 40
horas. Os resultados mostraram um declínio significativo da velocidade dos movimentos
sacádicos após a privação de sono. Estes resultados mostram uma relevância operacional
30
significativa, pois há evidências que alterações na velocidade dos movimentos sacádicos
podem estar negativamente correlacionadas com taxas de colisão de veículos em tarefas
de simulação.
Neste sentido, as investigações sugerem que o sono deficitário pode afetar
diretamente a capacidade de processar adequadamente e integrar no espaço uma grande
variedade de estímulos ao mesmo tempo, além de aumentar a chance da ocorrência de
reduções na percepção da situação como um todo. No trabalho, em turno, em que o sono
se encontra deficiente, estas alterações são bastante preocupantes, já que podem impedir
o desempenho de tarefas com segurança, principalmente em determinadas profissões em
turno, relacionadas a atividades visuais (como controladores de tráfego aéreo, motoristas
e aviadores), devido à incapacidade do cérebro para processar e integrar informações
visuais de diferentes fontes em um todo significativo e relevante (Russo et al., 2005;
Shorrock, 2006).
O estudo de Shorrock (2006) com controladores de tráfego aéreo, sob o esquema
de trabalho em turnos, teve como objetivo investigar os principais erros perceptivos
cometidos por esses profissionais, relacionados com as irregularidades do sono presentes
neste esquema de trabalho. A pesquisa foi feita através de uma revisão de 48 acidentes
aéreos ocorridos no Reino Unido, devido a falhas de controladores de voo ao longo de
três anos e por meio do relato dos controladores. Em um total de 150 erros catalogados,
45 eram de natureza perceptiva. Os principais erros perceptivos encontrados foram: erros
de identificação da informação visual no painel (falta de identificação ou identificação
tardia), erros de detecção (sem detecção ou detecção tardia), confusão espacial e
perceptual, efeito de visão de túnel e falha na discriminação entre estímulos. Estes erros
foram relacionados a falhas e leitura errada de informações da faixa do progresso de voo,
ou má interpretação do plano do voo. Os erros na leitura das informações dos planos de
31
voo tenderam a ocorrer, quando as informações eram parecidas, como indicativos
similares (confusão perceptual), ou quando as informações estavam muito próximas
(confusão espacial). De acordo com o autor, como a percepção acurada e oportuna da
informação visual é fundamental para a realização das tarefas, a ocorrência de erros
perceptivos relacionados com o sono deficitário pode levar a maior ocorrência de erros
no ambiente de trabalho.
Russo et al. (2005) também encontraram déficits de negligência visual (referente
à incapacidade em reconhecer ou admitir alguma informação visual, apesar de um sistema
visual estruturalmente intacto) em pilotos da força aérea americana, privados de sono por
26 horas, em laboratório. O estudo foi realizado, através de um simulador de voo, em que
a tarefa dos pilotos seria identificar, verbalmente, estímulos aleatórios que surgiriam no
painel da cabine durante a atividade de simulação. Os déficits no reconhecimento dos
estímulos começaram a ocorrer após 19 horas de privação de sono.
Embora estudos tenham demonstrado anormalidades visuais, na privação de sono,
investigações sobre a relação entre sono e processos visuoespaciais ainda mostram
resultados conflitantes. Estudos indicam o domínio do hemisfério direito (campo visual
esquerdo) sobre o hemisfério esquerdo (campo visual direito) na visuoespacialidade.
Seguindo esta linha de raciocínio, algumas pesquisas, relacionando sono e lateralidade
cerebral, têm sugerido que o hemisfério direito pode ser mais afetado pela perda de sono
do que o hemisfério esquerdo em tarefas visuoespaciais. Entretanto, resultados
encontrados na literatura não são unânimes quanto a essa afirmação (Kerkhof & Van
Dongen, 2010).
Os estudos de Kendall, Kautz, Russo e Killgore (2006), por exemplo, que
analisaram a percepção visuoespacial, através da apresentação de pequenos flashes de luz
rápidos, demonstraram um declínio global de omissões aos estímulos em todo campo
32
visual por conta da privação de sono, ao invés de um déficit específico na percepção do
campo visual esquerdo. Já outros estudos, sob condições de visualização de estímulos
livres e sem restrições de tempo, não conseguiram encontrar nenhum indício de
lateralidade por conta da privação de sono. De acordo com Kerkhof e Van Dongen (2010),
esta discrepância nos resultados sugere que o efeito da privação do sono no
processamento visuoespacial é sutil, não sendo aparente em medidas de avaliação menos
sensíveis, que desconsiderem o tempo e velocidade de resposta.
Outra divergência é em relação à existência de prejuízos em áreas cerebrais
especificas, relacionadas à visuoespacialidade na privação de sono. Por exemplo, Killgore
et al. (2007) investigaram, em indivíduos saudáveis, se prejuízos na percepção
visuoespacial, por conta da privação de sono, poderia ser devido a déficits específicos em
áreas cerebrais relacionadas com o processamento visual ou se a privação de sono afetaria
as capacidades cognitivas de uma forma global, através da degradação da atenção e
vigilância. A partir da observação da atividade cerebral durante um teste de avaliação da
percepção visuoespacial (teste de julgamento e orientação de linhas), o estudo não
encontrou alterações significativas, nas áreas cerebrais relacionadas à percepção
visuoespacial durante a atividade, apesar de ter havido um déficit significativo no teste
de vigilância psicomotora (PVT). Sugeriu-se, portanto, que déficits no desempenho
associados com a perda de sono poderiam estar relacionados ao declínio da atenção e
alerta.
Com objetivo semelhante, Chee et al. (2008) investigaram, em motoristas
submetidos a esquemas de trabalho, em turno noturno, privados de sono em laboratório,
se erros perceptivos ocorridos durante uma tarefa de atenção visual seletiva (na qual era
solicitado que identificassem, apertando um botão, entre letras grandes e pequenas)
estariam relacionados com uma menor ativação nas áreas cerebrais relacionadas ao
33
processamento visual e atenção visual. Ao contrário de Killgore et al. (2007), os
resultados desta pesquisa mostraram que respostas erradas e mais lentas estavam
associadas a quedas drásticas na atividade do córtex visual, como também na redução da
capacidade das regiões de controle frontal e parietal para aumentar a ativação em resposta
a lapsos. Os autores sugeriram que os déficits encontrados poderiam ser atribuídos a
alterações específicas nas áreas visuais e que os lapsos visuais podem ser bastante
perigosos para trabalhadores em turnos, aumentando o risco de acidentes com veículos.
Há evidências, ainda, de que a perda de sono pode causar o efeito conhecido como
visão de túnel. No entanto, as investigações nessa área também apontam resultados
contraditórios (Mills, Spruill, Kanne, Parkman & Zhang, 2001). A visão de túnel pode
ser definida como uma limitação do campo visual útil, o qual corresponde às áreas em
que a informação visual pode ser rapidamente encontrada e extraída durante uma tarefa
visual (Rogé, Kielbasa & Muzet, 2002). Em outras palavras, a visão de túnel ocorre
quando o campo visual útil é reduzido por conta da dificuldade na detecção de
informações visuais localizadas na periferia do campo visual (região periférica da retina),
se restringindo ao centro do campo visual (fóvea), que corresponde à região central da
retina e de maior acuidade visual (Jackson et al., 2008).
Um estudo de Rogé, Pébayle, El Hannachi e Muzet (2003) demonstrou o efeito
da visão de túnel em motoristas privados de sono. O experimento consistiu na realização
de uma tarefa monótona de simulação, na qual os motoristas deveriam seguir um veículo
por uma hora. A tarefa dos motoristas consistia em identificar estímulos que apareceriam
brevemente na estrada de simulação, tanto na região central, quanto na região periférica
do campo visual. Os resultados mostraram uma redução na capacidade de processar sinais
periféricos, na medida em que as horas passavam e os voluntários foram ficando
sonolentos.
34
Já o trabalho de Jackson et al. (2008) avaliou o processamento diferencial de
estímulos apresentados à fóvea versus campo visual periférico e, ainda, sobre as respostas
das vias P e M em motoristas profissionais, privados de sono por 27 horas, em laboratório.
Para a avaliação da visão de túnel, os voluntários deveriam fixar o olhar no centro da tela
de um computador enquanto estímulos visuais eram apresentados à fóvea e ao campo
visual periférico. A tarefa durou 3,5 minutos no total. Já para a avaliação da resposta da
via P versus via M, foram apresentados estímulos visuais em preto e branco (para a via
M) e coloridos (para a via P), que deveriam ser identificados também na tela de um
computador.
Os resultados não mostraram diferenças, no processamento visual nas regiões
centrais e periféricas da retina. No entanto, pode-se observar um processamento mais
lento na via parvocelular, em comparação com a via magnocelular. Assim, a pesquisa
sugeriu que déficits no desempenho de tarefas visuais durante a privação de sono podem
ser devido a processos cognitivos superiores, ao invés de processamento visual inicial,
indicando que a privação de sono pode impedir, diferencialmente, o processamento de
informações visuais mais detalhadas (Jackson et al., 2008).
As discrepâncias nos resultados podem ser devido às diferenças da natureza das
tarefas perceptivas empregadas, já que estudos demonstram que a capacidade de
processar estímulos periféricos tende a degradar em tarefas monótonas e longas, que
envolvem a visão central e periférica (Rogé et al., 2002; Gillberg & Akerstedt, 1998).
Dessa forma, embora grande parte dos estudos aponte para a deterioração
na capacidade de perceber e integrar as informações visuais do meio devido a prejuízos
no sono, estudos com a população de trabalhadores em turnos alternantes ainda são
escassos na literatura, sobretudo em condições reais de trabalho. Além do mais, grande
parte destas pesquisas tem abordado esta relação, levando em consideração apenas
35
medidas neurofisiológicas, deixando de lado outras formas de avaliação do desempenho
visuoespacial dos indivíduos, como tarefas neuropsicológicas.
Considerando as habilidades visuoespaciais fundamentais para compreender,
representar, organizar e se situar em relação às informações do ambiente (Spence & Feng,
2010), é de fundamental importância compreender de uma forma mais ampla a relação
entre sono e visuoespacialidade, levando em consideração as consequências negativas dos
esquemas de trabalho em turno no sono dos trabalhadores.
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo geral
Avaliar a qualidade do sono e sua relação com a percepção visuoespacial em
trabalhadores em turnos alternantes de uma empresa petroquímica.
2.2. Objetivos específicos
Avaliar o padrão de sono e vigília de trabalhadores em turnos alternantes;
Verificar a percepção visuoespacial em trabalhadores em turnos alternantes;
Analisar a atenção em trabalhadores em turnos alternantes;
Avaliar a relação entre sono e atenção em trabalhadores em turnos alternantes;
Verificar a relação entre visuoespacialidade e atenção em trabalhadores em turnos
alternantes.
3. MÉTODO
3.1. Participantes
A amostra de conveniência foi composta por 21 participantes, na faixa etária de
36
19 a 53 anos (M = 38, DP = 10,3), cuja profissão era a de operadores paineleiros da
Petrobras (Petróleo Brasileiro S.A.) no município de Guamaré – RN. As atividades dos
operadores paineleiros envolvem o controle e monitoramento das variáveis de processo
(temperatura, pressão, vazão, volume, etc.) referentes aos equipamentos instalados na
área industrial, por meio de acompanhamento visual de telas de computador.
A equipe de controladores era composta unicamente por trabalhadores do sexo
masculino, os quais ficavam em alojamentos dentro da própria empresa, próximos ao
local da realização da tarefa, durante todo o período do turno de trabalho. Os alojamentos
eram compostos por duas camas, banheiro, televisão e ar condicionado. Os participantes
também realizavam todas as refeições de café da manhã, almoço e jantar em um
restaurante dentro da empresa.
Todos os trabalhadores estavam submetidos a esquemas de turnos alternantes
(diurno e noturno) de 12 horas ininterruptas, durante sete dias corridos, em que os sete
dias de trabalho diurno eram sucedidos de sete dias de folga e os sete dias de trabalho
com alocação noturna eram sucedidos de 14 dias de folga. Os turnos diurnos tiveram
início às 07h e término às 19h e os turnos noturnos iniciaram-se às 19h, encerrando-se às
07h. Os participantes foram divididos em dois grupos: os que estavam, no momento da
realização da pesquisa, alocados no turno diurno (n = 10) e os que estavam sob esquema
de turno noturno (n = 11).
A participação de todos os voluntários foi feita mediante a assinatura do termo de
consentimento livre e esclarecido (Anexo 1).
Critérios de inclusão da amostra:
Possuir acuidade visual normal ou corrigida, avaliada por meio da cartela de
optotipos “E” de Raskin (formada por caracteres que diminuem de tamanho
progressivamente, os quais devem ser identificados pelos participantes);
37
Ser livre de doenças oculares identificáveis (informações concedidas através
avaliações da própria empresa);
Estar submetido aos esquemas de turnos alternantes;
Voluntários que aceitaram participar do estudo, através da assinatura do termo de
consentimento livre e esclarecido.
Critérios de exclusão da amostra:
Foi excluído da amostra o participante que apresentou qualquer transtorno
neuropsiquiátrico ou patológico (depressão, distúrbios do humor, diabetes,
hipertensão, problema cardiovascular, etc.). Estas informações foram obtidas
através de avaliações feitas periodicamente pela própria empresa;
Participantes que, independente do motivo, desistiram de participar em qualquer
etapa da pesquisa.
3.2. Protocolos e instrumentos utilizados
A pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN (protocolo nº
322/2011(Anexo 2) utilizou, para o alcance dos seus objetivos, os seguintes protocolos e
instrumentos:
Para a avaliação do sono, foram utilizados os seguintes protocolos:
1- Diário do sono: Consiste em um registro diário feito pelos trabalhadores a respeito de
informações sobre o horário de dormir e acordar, cochilos ao longo do dia e despertares
noturnos. Para a presente pesquisa, foram elaborados dois diários de sono: um para
quando os trabalhadores estivessem sob o esquema diurno de trabalho e outro adaptado
para quando estivessem alocados no turno noturno. O questionário foi preenchido durante
14 dias consecutivos (Anexo 3).
2 - Questionário de hábitos de sono (Andrade, 1997): Este questionário contém questões
que visam obter informações sobre as condições de moradia dos sujeitos, saúde, uso de
38
substância psicoestimulantes e sono (horários de dormir e acordar, cochilos e presença de
despertares noturnos). A partir deste questionário, é possível analisar os hábitos de sono
e estilo de vida que podem prejudicar a higiene do sono (Andrade, 1997). Como os
trabalhadores da presente pesquisa apresentaram períodos de trabalho e de folga
alternados durante o mês, o questionário de hábitos de sono foi adaptado de modo a
compreender questões que avaliavam duplamente os trabalhadores, tanto em relação aos
dias de trabalho, quanto aos dias de folga (Ver Anexo 4).
3 - Questionário de identificação de cronotipo de Horne-Ostberg: Este questionário,
adaptado para a população brasileira (Benedito-Silva, Menna-Barreto, Marques &
Tenreiro, 1990), permite identificar os indivíduos quanto ao seu cronotipo. O cronotipo
caracteriza os indivíduos quanto à sua preferência dos horários de dormir em matutino,
vespertino ou intermediário (Horne & Ostberg, 1976). Quanto maior a pontuação no teste,
maior a tendência à matutinidade e quanto menor a pontuação, maior tendência à
vespertinidade. Pontuações intermediárias indicam o caráter intermediário. Este teste
também é útil para avaliar a adaptação do trabalhador ao trabalho em turno (Anexo 5).
4 - Índice da Qualidade do Sono de Pittsburgh (IQSP): Utilizado para quantificar a
qualidade do sono dos indivíduos, é formado por 10 questões relacionadas com hábitos
normais de sono, referentes ao mês anterior em que o indivíduo está. As respostas devem
indicar o mais corretamente possível o que aconteceu na maioria das noites do mês
anterior e se refere ao tempo levado para adormecer, horários de deitar e acordar, duração
do sono, qualidade do sono, cochilos, problemas para adormecer, entre outros. A
pontuação do IQSP varia de 0 a 20, em que pontuações de 0-4 indicam boa qualidade do
sono, de 5-10 indicam qualidade ruim e acima de 10 indicam distúrbios do sono. O
presente instrumento foi adaptado para avaliar os participantes em duas condições: no
trabalho e na folga (Anexo 6).
39
Foi utilizado para avaliação da atenção:
5 - Teste de Vigilância Psicomotora (PVT): Avalia o tempo de resposta de um indivíduo
ao ser apresentado a um estímulo que aparece na tela de um computador de mão. O PVT
detecta a capacidade de sustentar a atenção e a eficiência cognitiva, que tendem a diminuir
na privação de sono. Neste estudo, o teste foi realizado em um palm top do modelo Zire
22 (Owens, 2007) (Ver Figura 1). As variáveis fornecidas pelo PVT utilizadas para
análise na presente pesquisa foram:
Tempo médio de reação (RT), o qual consiste na média do tempo de resposta do
indivíduo para cada estímulo visual;
Número de lapsos (LP), que são as respostas com tempo de reação superiores a
500 milissegundos (ms).
Figura 1. Modelo do
aparelho palm top Zire 22.
Para a avaliação da percepção visuoespacial foram utilizados:
6 - Teste de Figuras Complexas de Rey: Utilizado para avaliar as habilidades
visuoespaciais e a memória imediata. Consiste em um cartão com o desenho de uma
figura complexa no qual são avaliados 18 itens, sendo que o máximo de pontos em cada
item são dois, um para precisão e um para localização. A pontuação máxima é de 36
pontos. A aplicação é constituída por dois momentos: no primeiro deles pede-se ao sujeito
40
que copie a figura com o maior número de detalhes possíveis. Posteriormente, após cerca
de 2 minutos, pede-se ao sujeito que desenhe a mesma figura sem o estímulo, isto é, as
partes que consegue lembrar do que realizou anteriormente (Fuentes, D’Alcante &
Savage, 2010). No presente estudo, foram utilizados para as análises apenas os resultados
da cópia da figura, que envolve as habilidades visuoespaciais.
7 - Subteste Cubos do WAIS-III: A Escala de Inteligência Wechsler para Adultos (WAIS-
III) se refere a um instrumento clínico, de aplicação individual, que avalia a capacidade
intelectual de indivíduos na faixa etária de 16 a 89 anos. É composto de 14 subtestes que,
quando agrupados de forma específica, oferecem as escalas de QI e Índices Fatoriais que
estimam diferentes constructos subjacentes ao teste. O subteste Cubos tem como objetivo
avaliar a capacidade de conceituação visuoespacial, capacidade de organização e
processamento visuoespacial, capacidade de análise e síntese e estratégias de solução de
problemas. Neste subteste, são apresentados aos indivíduos cubos iguais, em cor e
tamanho, através dos quais se devem reproduzir determinados desenhos solicitados pelo
avaliador (Nascimento & Figueiredo, 2003).
3.3. Procedimentos
Antes de iniciar a coleta de dados, foram realizadas reuniões com a gerência da
empresa onde a pesquisa foi desenvolvida, com o objetivo de elaborar estratégias de
implantação do projeto, no intuito de não afetar ou trazer prejuízos às atividades durante
o trabalho dos profissionais envolvidos. Logo após, foi feito o contato com os
trabalhadores para comunicá-los a respeito dos objetivos da pesquisa e apresentar o termo
de consentimento livre e esclarecido, o qual foi assinado por todos os voluntários que
manifestaram o desejo em participar da pesquisa. Eles foram informados sobre os
objetivos do estudo, fornecendo instruções sobre as tarefas que deveriam executar. Os
participantes que aceitaram participar da pesquisa preencheram, ainda, uma ficha de
41
identificação (Anexo 7), contendo questões sobre dados sociodemográficos, sobre o
esquema de trabalho e condições de saúde.
Após esta primeira etapa, os participantes do turno diurno e noturno foram
avaliados quanto aos seus hábitos, cronotipo e qualidade do sono (IQSP). Os protocolos
foram lidos em conjunto com os trabalhadores e eles os preencheram após este
esclarecimento. O diário de sono foi respondido pelos participantes durante 14 dias
consecutivos, de modo a englobar uma semana de trabalho e uma semana de folga, para
ambos os turnos. Ou seja, mesmo os trabalhadores noturnos, tendo 14 dias de folga, o
diário de sono foi preenchido apenas durante a sua primeira semana de folga. Os
questionários foram recolhidos após os trabalhadores retornarem da sua folga.
O PVT foi aplicado durante três dias consecutivos com medidas às 11h, 14h e 17h
(turno diurno) e 23h, 02h e 05h (turno noturno). Estes horários foram escolhidos, levando
em consideração dados da literatura que indicam oscilações do desempenho cognitivo ao
longo do dia, em função dos fatores homeostáticos e circadianos, sendo possível, assim,
monitorar estas oscilações. Os trabalhadores tiveram acompanhamento da responsável
pela pesquisa durante o primeiro dia de avaliação do PVT, em todos os horários em que
ele foi executado, com o intuito de auxiliá-los no manuseio do equipamento e esclarecer
possíveis dúvidas. Nos dois dias subsequentes da avaliação, já treinados, os trabalhadores
realizaram sozinhos a atividade do PVT, tendo os equipamentos recolhidos ao final do
terceiro dia.
O teste de Figuras Complexas de Rey foi aplicado, no primeiro dia de turno, após
o segundo horário de aplicação do PVT, tanto nos participantes diurnos, quanto noturnos.
O Subteste Cubos do WAIS-III foi aplicado logo após o teste de Figuras Complexas de
Rey, no entanto, optou-se por retirar das análises os resultados deste subteste, pois não
foi possível realizar a aplicação completa em alguns participantes, que precisaram
42
interromper a avaliação em decorrência das atividades no trabalho, diminuindo
significativamente o tamanho da amostra.
3.4. Análise dos dados
No presente estudo, utilizou-se o SPSS - Statistic, Statistical Package for the
Social Sciences (versão 17.0) para a análise estatística dos dados obtidos. Foram
realizadas análises descritivas (frequências, médias e desvio-padrão) e inferenciais.
Devido ao pequeno tamanho da amostra, optou-se por submeter os dados a análises
estatísticas não paramétricas.
O teste Qui-Quadrado de associação foi utilizado para avaliar associações
significativas entre o turno diurno e noturno, com relação aos dados sociodemográficos e
os hábitos do sono. O Teste de Wilcoxon foi utilizado para a comparação das médias das
variáveis de sono (qualidade, horários e duração do sono) entre os dias de trabalho e de
folga, em amostras pareadas. Empregou-se o Teste U de Mann-Whitney para analisar as
diferenças entre as médias do IQSP, diário de sono e para analisar as diferenças entre as
médias do PVT dos dois grupos em estudo (turno diurno e turno noturno). As médias das
variáveis do PVT (tempo de reação e número de lapsos), para os três horários, foram
comparadas por meio do Teste de Friedman. O Teste de Correlação de Spearman foi
utilizado para verificar a ocorrência de correlações entre os dados sociodemográficos
(idade e tempo de trabalho em turno alternante), as variáveis de sono (cronotipo,
qualidade, duração, irregularidade e hábitos do sono) e os resultados do Teste de Figuras
Complexas de Rey, bem como entre as variáveis do PVT.
4. RESULTADOS
4.1. Dados sociodemográficos dos trabalhadores em esquemas de turnos alternantes de
43
uma empresa petroquímica
Os dados sociodemográficos dos 21 participantes (Ver Tabela 1) demonstraram
uma média de idade de 38 anos (DP = 10,3). A maioria da amostra geral de participantes
era casada (72,2%) e estava trabalhando há mais de seis anos sob o esquema de turno
alternante (89,4%). O teste Qui-Quadrado de associação e o teste de Mann-Whitney
foram utilizados com o objetivo de verificar a presença de associações e diferenças
significativas, respectivamente, entre os dados sociodemográficos e o turno de trabalho
diurno ou noturno. Os participantes do turno diurno e noturno foram semelhantes com
relação a todos os dados sociodemográficos relatados: idade (U = 36,5, p = 0,19), estado
civil (χ² = 2,95, p = 0,22), número de filhos (χ² = 3,24, p = 0,35), local de moradia (χ² =
2,70, p = 0,25), atividade extratrabalho (χ² = 0,04, p = 0,83) e tempo de trabalho em
esquema de turno alternante (χ² = 3,24, p = 0,19).
Tabela 1. Dados sociodemográficos dos trabalhadores submetidos a esquemas de turnos
alternantes de uma empresa petroquímica.
Variáveis Amostra Geral
(N = 21)
n %
Turno Diurno
(n = 10)
n %
Turno Noturno
(n = 11)
n %
Estado Civil
Casado
Solteiro
Divorciado
16 76,2%
4 19%
1 4,8%
6 60%
3 30%
1 10%
10 90,9%
1 9,1%
0 0
Filhos
Moradia
Natal
Parnamirim
Outro Estado
13 62%
13 62%
6 28,5%
2 9,5%
6 60%
6 60%
4 40%
0 0
7 63,6%
7 63,6%
2 18,2%
2 18,2%
Atividade Extratrabalho
Estudo
Trabalho
9 42,8%
1 4,76%
5 50%
0 0
4 36,3%
1 9%
44
4.2. Padrão do ciclo sono e vigília dos trabalhadores em esquemas de turnos alternantes
de uma empresa petroquímica
Os dados do padrão do ciclo sono e vigília, apresentados a seguir, são referentes
às avaliações dos hábitos do sono, da qualidade do sono, do padrão do sono e vigília e do
cronotipo dos trabalhadores.
4.2.1. Hábitos de sono
Os dados relativos aos hábitos de sono dos trabalhadores, apresentados na Tabela
2, foram obtidos por meio do Questionário de Hábitos de Sono e são referentes aos dias
de trabalho e de folga. Separaram-se os participantes em amostra geral, turno diurno e
turno noturno e aplicou-se o teste Qui-Quadrado de associação, com o intuito de verificar
a presença de associações entre os hábitos de sono e o turno de trabalho, bem como entre
os hábitos de sono no ambiente de trabalho e em casa.
De acordo com a Tabela 2, identificou-se que a grande maioria dos participantes
do turno diurno e noturno consumia álcool com frequência (90% e 90,9%,
respectivamente). Já o café foi relatado como um consumo diário por 30% dos
trabalhadores do turno diurno e por 45,5% dos trabalhadores alocados no turno noturno.
Não foram encontradas associações estatisticamente significativas no consumo de álcool
Tempo de Trabalho em
Esquema de Turno
0 – 5 anos
6 – 10 anos
20 – 30 anos
2 9,5%
12 57,1%
7 33,3%
2 20%
6 60%
2 20%
0 0
6 54,5%
5 45,5%
Tempo de Trabalho no
Esquema de Turno Atual
0 – 5 anos
6 – 10 anos
20 – 30 anos
2 9,5%
12 57,1%
7 33,3%
2 20%
6 60%
2 20%
0 0
6 54,5%
5 45,5%
45
e café entre os turnos de trabalho avaliados (χ² = 0,005, p = 0,94, χ² = 5,96, p = 0,11,
respectivamente), sugerindo que os trabalhadores dos dois turnos foram semelhantes, com
relação ao consumo das duas substâncias.
Com relação aos horários habituais de sono, observou-se que os trabalhadores do
turno diurno iam dormir às 21h48min (DP = 0:42) e acordavam às 05h30min (DP = 0:16),
nos dias de trabalho. Durante a folga, estes trabalhadores tinham o hábito de dormir às
23h36min (DP = 0:84) e acordar às 07h15min (DP = 0:93). Os trabalhares do turno
noturno relataram uma média de início do sono às 08h21min (DP = 0:40) e término às
14h54min (DP = 0:97), para os dias de trabalho e, para os dias de folga, foi relatado uma
média de início do sono às 22h57min (DP = 0:54) e término às 7h19min (DP = 0:76). O
teste de Wilcoxon foi utilizado para comparar as médias de início e término do sono, entre
os dias de trabalho e de folga, para os trabalhadores do turno diurno. As análises
demonstraram que os trabalhadores diurnos tinham o hábito de dormir significativamente
mais cedo no período de trabalho, do que nos dias de folga (Z = -2,66, p < 0,05). Eles
também acordavam significativamente mais cedo nos dias de trabalho, do que nos dias
de folga (Z = -2,49, p < 0,05). A comparação dos horários de início e término do sono,
entre os dias de trabalho e de folga, para os trabalhadores noturnos, não puderam ser
realizadas, já que estes participantes dormiam no período do dia, na semana de trabalho,
e à noite na folga.
Com relação à duração do sono, o turno diurno apresentou uma média de 7,45
horas (DP = 0:33) de sono para os dias de trabalho e 7,40 horas (DP = 0:66) para os dias
de folga. Já o turno noturno apresentou duração do sono, para os dias de trabalho, de 6,30
horas (DP = 0:63) e 7,20 horas (DP = 0:84) para os dias de folga. O teste de Wilcoxon foi
utilizado para verificar a presença de diferenças significativas na duração do sono, entre
os dias de trabalho e de folga, para o turno diurno e noturno. Não foram encontradas
46
diferenças estatisticamente significativas na duração do sono, entre a semana de trabalho
e de folga, tanto para o turno diurno (Z = -0,07, p = 0,94) quanto noturno (Z = -1,38, p =
0,16). Portanto, a duração do sono não foi significativamente maior nos dias de trabalho,
do que nos dias de folga para os dois turnos.
Utilizou-se o teste de Mann-Whitney para comparar as médias de duração do sono
entre os turnos diurno e noturno, mas não foram encontradas diferenças estatisticamente
significativas, quanto à duração do sono durante a semana de trabalho (U = 32, p = 0,11)
e nos dias de folga (U = 48, p = 0,61). Os resultados sugerem que os participantes do
turno diurno não dormiram mais durante os dias de trabalho e de folga, do que os
participantes do turno noturno, respectivamente.
A maioria dos participantes do turno diurno e noturno (80% e 73,6%,
respectivamente) relatou o hábito de cochilar na folga, de vez em quando, sendo o período
do dia o horário preferencial para o cochilo por 80% e 72,7% dos participantes do turno
diurno e noturno, respectivamente. O teste Qui-Quadrado de associação não demonstrou
associação estatisticamente significativa, quanto ao hábito de cochilar e o horário de
preferência para o cochilo entre os trabalhadores do turno diurno e noturno (χ² = 0,68, p
= 0,70, χ² = 0,28, p = 0,86, respectivamente), sugerindo que os trabalhadores diurnos não
cochilaram com maior frequência e nem costumavam cochilar mais durante o dia do que
os trabalhadores noturnos.
Quanto à caracterização do ambiente de dormir, todos os participantes do estudo
relataram dormir sozinhos no alojamento do trabalho. Em casa, 50% dos participantes do
turno diurno e 90,9% dos trabalhadores do turno noturno relataram dormir com outra
pessoa no quarto. Houve associação estatisticamente significativa entre os turnos de
trabalho, quanto à quantidade de pessoas que dormiam no quarto dos trabalhadores,
quando estes estavam em casa (χ² = 4,29, p < 0,05). Os resultados indicam que os
47
participantes diurnos dormiam mais sozinhos quando estavam em casa, do que os
trabalhadores do turno noturno.
Com relação aos problemas do sono, 50% dos trabalhadores do turno diurno
relataram ter problemas em iniciar o sono, de vez em quando, no trabalho e 60% em casa.
Já no turno noturno, 18,2% dos trabalhadores relataram sempre ter problemas em iniciar
o sono no trabalho 9,1% em casa. Não houve diferença estatisticamente significativa
quanto aos problemas relatados em iniciar o sono entre o turno diurno e noturno no
trabalho (χ² = 2,54, p = 0,28) e em casa (χ² = 0,95, p = 0,62), sugerindo que estes
trabalhadores eram semelhantes em relação às queixas em iniciar o sono. Os
trabalhadores do turno diurno não apresentaram diferenças com relação às queixas em
iniciar o sono entre o ambiente de trabalho e casa (χ² = 1,66, p = 0,19). Já os trabalhadores
noturnos apresentaram associação estatisticamente significativa entre as queixas em
iniciar o sono no trabalho e em casa (χ² = 11,76, p < 0,05), sugerindo que os trabalhadores
do turno noturno se queixaram mais de ter sempre problemas em iniciar o sono quando
estavam no trabalho, do que em casa.
Todos os participantes do turno diurno e 72,7% dos participantes do turno noturno
relataram queixas de sonolência excessiva, de vez em quando. Não houve associação
entre o turno de trabalho e o relato de sonolência excessiva (χ² = 3,18, p = 0,07), sugerindo
que os participantes diurnos não se queixaram mais de sonolência excessiva de vez em
quando do que os trabalhadores noturnos. Os participantes diurnos também relataram
queixas de sono fragmentado, de vez em quando, no trabalho (60%) e em casa (60%). Por
sua vez, 54,5% dos trabalhadores do turno noturno relataram sempre ter problemas de
sono fragmentado quando estavam no trabalho, contra 9,1%, quando estavam em casa.
Houve associação estatisticamente significativa entre o turno de trabalho e as queixas de
sono fragmentado no ambiente de trabalho (χ² = 7,63, p < 0,05), mas não em casa (χ² =
48
1,17, p = 0,55). A partir dos resultados, sugere-se que os trabalhadores do turno noturno
relataram mais queixas relacionadas ao sono fragmentado, quando estavam no trabalho,
do que os participantes diurnos. Para o turno diurno, não houve associação
estatisticamente significativa com relação às queixas de sono fragmentado entre o
trabalho e casa (χ² = 8,03, p = 0,09). Já para o turno noturno, o teste Qui-Quadrado de
associação verificou associação estatisticamente significativa com relação às queixas de
sono fragmentado entre o trabalho e casa (χ² = 10, p < 0,001). Portanto, o turno diurno foi
semelhante com relação às queixas de sono fragmentado no trabalho e em casa, mas o
turno noturno apresentou mais queixas relativas ao sono fragmentado no trabalho, do que
em casa.
Analisou-se, ainda, a presença de associação entre o consumo de álcool e café e
os problemas do sono relatados pelos trabalhadores. Para o turno diurno, não foi
encontrada associação estatisticamente significativa entre o consumo de álcool e café e
os problemas de sonolência excessiva (χ² = 0,36, p = 0,54, χ² = 0,07 p = 0,96,
respectivamente), sono fragmentado no trabalho (χ² = 1,01, p = 0,60, χ² = 3,05, p = 0,21,
respectivamente), sono fragmentado em casa (χ² = 1,01, p = 0,60, χ² = 3,05, p = 0,21,
respectivamente), cochilos (χ² = 0,88, p = 0,64, χ² = 4,06 p = 0,39, respectivamente),
dificuldade em iniciar o sono no trabalho (χ² = 1,11, p = 0,29, χ² = 4,33, p = 0,11,
respectivamente) e em casa (χ² = 1,66, p = 0,19, χ² = 1,31, p = 0,51, respectivamente),
nem tão pouco para os trabalhadores do turno noturno, com relação à associação entre o
consumo de álcool e café e a sonolência excessiva (χ² = 0,41, p = 0,52, χ² = 0,91, p = 0,63,
respectivamente), sono fragmentado no trabalho (χ² = 2,93, p = 0,23, χ² = 5,86, p = 0,20,
respectivamente), sono fragmentado em casa (χ² = 0,62, p = 0,73, χ² = 5,65, p = 0,22,
respectivamente), cochilos (χ² = 0,75, p = 0,59, χ² = 5,02, p = 0,28, respectivamente),
49
dificuldade em iniciar o sono no trabalho (χ² = 0,92, p = 0, 63, χ² = 5,13, p = 0,27,
respectivamente) e em casa (χ² = 0,65, p = 0,77, χ² = 8,43, p = 0,07, respectivamente).
Tabela 2. Dados dos hábitos de sono dos trabalhadores submetidos a esquemas de turno
alternantes de uma empresa petroquímica.
Variáveis Amostra Geral
(N = 21)
n %
Turno Diurno
(n = 10)
n %
Turno Noturno
(n = 11)
n %
Fumo 2 9,5% 1 10% 1 9,1%
Álcool 19 90,5% 9 90% 10 90,9%
Bebidas Cafeinadas
Café
Todo dia
Às vezes
Refrigerante
Todo dia
Às vezes
Horário habitual de
sono
Início do sono
Final do sono
Duração do sono
8 38,1%
8 38,1%
0 0
9 42,9%
Média dp
22:00 0:54 (tr)
23:15 0:69 (ca)
05:28 0:19 (tr)
07:17 0:83 (ca)
7,05 0:87 (tr)
7,30 0:92 (ca)
3 30%
3 30%
0 0
7 70%
Média dp
21:48 0:42 (tr)
23:36 0:84 (ca)
05:30 0:16 (tr)
07:15 0:93 (ca)
7,45 0:33 (tr)
7,40 0:66 (ca)
5 45,5%
5 45,5%
0 0
2 18,2%
Média dp
08:21 0:40 (tr)
22:57 0:54 (ca)
14:54 0:97 (tr)
7:19 0:76 (ca)
6,30 0:63 (tr)
7,20 0:84 (ca)
Cochilo
Sempre
De vez em quando
Dia
Noite
n %
3 14,3%
15 71,4%
16 76,2%
2 9,5%
n %
1 10%
8 80%
8 80%
1 10%
n %
2 18,2%
7 63,6%
8 72,72%
1 9%
Ambiente de Dormir
Quantidade de
pessoas que dormem
no mesmo quarto
Uma
Duas
Barulho
Muito
Pouco
21 100% (tr)
6 28,6% (ca)
0 0 (tr)
15 71,4% (ca)
2 9,5% (tr)
12 57,1% (tr)
11 52,4% (ca)
10 100% (tr)
5 50% (ca)
0 0 (tr)
5 50% (ca)
0 0
5 50% (tr)
3 30% (ca)
5 50% (tr)
11 100% (tr)
1 9,1% (ca)
0 0 (tr)
10 90,9% (ca)
2 18,2% (tr)
7 63,6% (tr)
8 72,7% (ca)
2 18,2% (tr)
50
Nenhum 7 33,3% (tr)
10 47,6% (ca)
7 70% (ca) 3 17,3% (ca)
Problemas de Sono
Sim
Não
Dificuldade em
Iniciar o Sono
Sempre
De vez em quando
Nunca
Sonolência Excessiva
- Dia ou Noite
Sempre
De vez em quando
Sono Fragmentado
Sempre
De vez em quando
Nunca
7 33,3%
14 66,7%
2 9,5% (tr)
1 4,7% (ca)
11 52,3% (tr)
12 57,1% (ca)
8 38,1% (tr)
8 38,1% (ca)
3 14,3%
18 85,7%
6 28,6% (tr)
1 4,8% (ca)
9 42,9% (tr)
13 61,9% (ca)
6 28,6% (tr)
7 33,3% (ca)
1 10%
9 90%
0 0 (tr)
0 0 (ca)
5 50% (tr)
6 60% (ca)
5 50% (tr)
4 40% (ca)
0 0
10 100%
0 0 (tr)
0 0 (ca)
6 60% (tr)
6 60% (ca)
4 40% (tr)
4 40% (ca)
6 54,5%
5 45,5%
2 18,2% (tr)
1 9,1% (ca)
6 54,5% (tr)
6 54,5% (ca)
3 27,3% (tr)
4 36,4% (ca)
3 27,3%
8 72,7%
6 54,5% (tr)
1 9,1% (ca)
3 27,3% (tr)
7 63,6% (ca)
2 18,2% (tr)
3 27,3% (ca)
Nota: TR = trabalhadores no trabalho; CA = trabalhadores em casa.
4.2.2. Qualidade do sono
Os dados apresentados a seguir (Tabela 3) são referentes aos resultados obtidos
por meio do IQSP, o qual avaliou a qualidade do sono dos trabalhadores subdivididos em
amostra geral, turno diurno e noturno.
Tabela 3. Dados da qualidade do sono dos trabalhadores submetidos a esquemas de turno
alternantes de uma empresa petroquímica.
IQSP Amostra Geral
(N = 21)
Média dp
Turno Diurno
(n = 10)
Média dp
Turno Noturno
(n = 11)
Média dp
Trabalho
5,95 2,6
4,1 2,07
7,63 1,77
Folga 4,57 1,91 3,8 1,53 5,27 1,95
51
Os trabalhadores da amostra geral apresentaram qualidade do sono ruim para os
dias de trabalho, com uma média de 5,95 (DP = 2,6), e uma boa qualidade do sono para
os dias de folga, com uma média de 4,57 (DP = 1,91). Empregou-se o teste de Wilcoxon
para verificar a existência de diferenças significativas para a qualidade do sono entre os
dias de trabalho e os dias de folga, o que mostrou que houve diferenças estatisticamente
significativas entre as médias dos dois momentos (Z = -2,39, p < 0,05), sugerindo que os
trabalhadores apresentaram piores resultados para a qualidade do sono nos dias de
trabalho, quando comparados aos dias de folga.
Separou-se a amostra geral em trabalhadores do turno diurno e noturno, com
intuito de verificar diferenças na qualidade do sono. Para os trabalhadores do turno
diurno, a média obtida por meio do IQSP para os dias de trabalho foi de 4,1 (DP = 2,07),
o que sugere qualidade do sono boa para os trabalhadores. Em relação aos dias de folga,
a média do IQSP para os trabalhadores diurnos foi de 3,8 (DP = 1,53), indicando também
qualidade do sono boa. O teste de Wilcoxon não demonstrou diferenças estatisticamente
significativas entre as médias do IQSP dos dias de trabalho e de folga (Z = -0,42, p =
0,67). Sugere-se, a partir dos dados, que para o turno diurno, em condição de trabalho ou
folga, há boa qualidade do sono.
Os participantes do turno noturno apresentaram média no IQSP de 7,63 (DP =
1,77), referente aos dias de trabalho, e 5,27 (DP = 1,95), correspondendo aos dias de
folga, sugerindo qualidade do sono ruim em ambas as condições. Por meio do teste de
Wilcoxon, verificaram-se diferenças estatisticamente significativas entre as médias do
IQSP para os dias de trabalho e de folga (Z = -2,70, p < 0,05), sugerindo haver pior
qualidade do sono nos dias de trabalho, quando comparado aos dias de folga, mesmo
estando com qualidade do sono ruim em ambas as condições.
52
O teste de Mann-Whitney foi utilizado para avaliar diferenças estatisticamente
significativas entre o turno diurno e noturno, em relação à qualidade do sono, para os dias
de trabalho e de folga. Nos dias de trabalho, a qualidade do sono para os trabalhadores do
turno noturno foi significativamente pior, quando comparados ao turno diurno (U = 12,5,
p < 0,05). No entanto, em relação aos dias de folga, não foram encontradas diferenças
estatisticamente significativas entre o turno diurno e noturno na qualidade do sono (U =
35, p = 0,15), corroborando a qualidade do sono boa que foi encontrada na condição de
folga.
4.2.3. Padrão do sono e vigília
Neste tópico serão apresentados os dados, obtidos por meio do Diário de Sono, do
horário de dormir, da regularidade e da duração do sono para os participantes da amostra
geral, do turno diurno e do turno noturno.
Na amostra geral, as médias da duração do sono foram menores nos dias de
trabalho (6,50 0:72), em relação aos dias de folga (7,20 0:47) - (Z = -2,36, p < 0,001).
Portanto, os participantes não dormiram uma quantidade de horas suficientes na semana
de trabalho, mas tiveram duração adequada na folga.
A Figura 2 apresenta os valores de início, regularidade e duração do sono para os
trabalhadores do turno diurno, referente aos dias de trabalho e de folga. Verificou-se que
os trabalhadores do turno diurno iniciaram o sono às 22h02min (DP = 0:59), na semana
de trabalho, e às 23h05min (DP = 0:67) na semana de folga. Os pequenos valores dos
desvios-padrão das médias dos horários de dormir sugerem regularidade quanto aos
horários de início do sono para os trabalhadores do turno diurno, nos dias de trabalho e
de folga.
Os participantes foram deitar mais tarde nos dias de folga, quando comparado aos
dias de trabalho (Z = -2,37, p < 0,05). No entanto, não tiveram regularidade nos horários
53
de dormir diferentes entre a semana de trabalho e de folga (Z = -1,01, p = 0,30).
Figura 2. Médias dos horários do sono em trabalhadores do turno diurno (n = 10) de uma
empresa petroquímica, avaliados durante 14 dias consecutivos. As barras brancas representam
as médias das variáveis do sono para os dias de trabalho e as barras pretas representam as médias
das variáveis do sono para os dias de folga. IS = início do sono; DS = duração do sono; IR =
irregularidade do sono.
Com relação à duração do sono, verificou-se por meio da Figura 2, que os
trabalhadores do turno diurno apresentaram duração do sono adequada para os dias de
trabalho (7,20 0:48), mas nos dias de folga dormiram um pouco menos (6,50 0:33).
No entanto, por meio do teste de Wilcoxon, observou-se que a duração do sono nos dias
de folga não foi significativamente maior do que nos dias de trabalho (Z = -1,01, p =
0,30).
A Figura 3 apresenta os dados os trabalhadores do turno noturno. Observou-se que
os participantes apresentaram uma média no horário de deitar para os sete dias de trabalho
de 9h25min (DP = 0:60) e de 23h50min (DP = 0:83) para os sete dias de folga. Os valores
dos desvios-padrão das médias do horário de dormir, para os dias de trabalho e de folga,
indicam regularidade nos horários de início do sono dos trabalhadores noturnos. Por meio
do teste de Wilcoxon, observou-se que os participantes não tiveram regularidade nos
horários de dormir diferente entre a semana de trabalho e de folga (Z = -0,84, p = 0,39).
Não foi possível comparar as médias de início do sono entre os dias de trabalho e de folga,
13:12 14:52 16:33 18:14 19:55 21:36 23:16 0:57 2:38 4:19 6:00
Dados médios dos horários do sono para o turno diurno
Trabalho
Folga
Trabalho
IS: 22:02 (DP=0:59)
DS: 7,20 (DP=0:48)
IR: 59
Folga
IS: 23:05 (DP=0:67)
DS: 6,50 (DP=0:33)IR: 67
54
já que, nos dias de trabalho, os participantes do turno noturno iam dormir no período
diurno e, na semana de folga, estes trabalhadores iniciavam o sono à noite.
Os dados da duração do sono para os trabalhadores do turno noturno (Ver Figura
3) indicaram que estes participantes não dormiram uma quantidade de horas suficientes
na semana de trabalho (6,25 0:82), mas tiveram uma duração adequada na semana da
folga (7,50 0:37). Portanto, por meio do teste de Wilcoxon, verificou-se que estes
trabalhadores dormiram significativamente mais durante a sua folga, do que nos dias de
trabalho (Z= -2,19, p < 0,05).
Figura 3. Médias dos horários do sono em trabalhadores do turno noturno (n = 11) de uma
empresa petroquímica, avaliados durante 14 dias consecutivos. As barras brancas representam
as médias das variáveis do sono para os dias de trabalho e as barras pretas representam as médias
das variáveis do sono para os dias de folga. IS = início do sono; DS = duração do sono; IR =
irregularidade do sono.
Foram comparados os valores de regularidade do sono entre os trabalhadores do
turno diurno e noturno, para os dias de trabalho e de folga. O teste de Mann-Whitney
indicou que os trabalhadores diurnos e noturnos não diferiram significativamente na
regularidade dos horários de deitar, na semana de trabalho (U = 22, p = 0,74) e de folga
0:00 4:48 9:36 14:24 19:12 0:00 4:48 9:36 14:24
Dados médios dos horários do sono para o turno noturno
Trabalho
IS: 09:25 (DP = 0:60)
DS: 6,25 (DP= 0:82)
IR: 60
Folga
IS: 23:50 (DP=0:83)
DS: 7,50 (DP=0:37)
IR: 83
Trabalho
Folga
55
(U = 20, p = 56).
A Figura 4 apresenta a comparação das médias da duração do sono entre o turno
diurno e noturno, considerando os dias de trabalho e os dias de folga. De acordo com o
teste de Mann-Whitney, os indivíduos do turno diurno não dormiram significativamente
mais nos dias de trabalho, do que os participantes do turno noturno (U = 24, p = 1). Já
para os dias de folga, observou-se que os trabalhadores do turno noturno apresentaram
uma duração do sono significativamente maior durante a folga, quando comparados aos
trabalhadores do turno diurno (U = 4,5, p < 0,001).
Figura 4. Comparação entre as médias de duração do sono dos trabalhadores do turno diurno (n
= 10) e noturno (n = 11) de uma empresa petroquímica, para os dias de trabalho e de folga. O
eixo das ordenadas representa os valores da duração do sono e o eixo das abscissas representa a
semana de trabalho avaliada (trabalho e folga). As barras azuis representam a média de duração
do sono dos participantes do turno diurno e as barras vermelhas representam a média de duração
do sono dos participantes do turno noturno. * Diferença estatisticamente significativa (p <
0,001).
4.2.4. Cronotipo
A Figura 5 indica os valores do cronotipo da amostra geral dos trabalhadores. De
acordo com o Questionário de identificação de cronotipo de Horne-Ostberg, pode-se
verificar que 43% da amostra geral foi classificada como matutina moderada, enquanto
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Trabalho Folga
Dura
ção d
o S
ono
Dias de trabalho e de folga
Comparação da duração do sono entre o turno diurno e
noturno
Diurno
Noturno
*
56
19% dos trabalhadores foram classificados como vespertinos moderados e 38% foram
classificados como intermediários.
Figura 5. Histograma da distribuição dos valores do cronotipo em
trabalhadores da amostra geral de uma empresa petroquímica (N = 21).
O eixo das ordenadas corresponde às frequências dos tipos de cronotipo
e o eixo das abscissas representa os valores dos escores do cronotipo.
Quando se separou a amostra geral, nos turnos diurnos e noturnos, verificou-se
que a maioria dos trabalhadores do turno diurno foi avaliada como matutina moderada
(50%), 20% como vespertina moderada e 30% como intermediário (Figura 6).
57
Figura 6. Histograma da distribuição dos valores do cronotipo em
trabalhadores do turno diurno de uma empresa petroquímica (n =
10). O eixo das ordenadas corresponde às frequências dos tipos de
cronotipo e o eixo das abscissas representa os valores dos escores
do cronotipo.
Para os trabalhadores do turno noturno, a Figura 7 indica que 36,4% dos
trabalhadores eram matutinos moderados, 18,2% eram vespertinos moderados,
tendo a maioria dos trabalhadores sendo classificada com o cronotipo intermediário
(45,5%).
58
Figura 7. Histograma da distribuição dos valores do cronotipo em
trabalhadores do turno noturno de uma empresa petroquímica (n = 11).
O eixo das ordenadas corresponde às frequências dos tipos de cronotipo
e o eixo das abscissas representa os valores dos escores do cronotipo.
4.3. Visuoespacialidade
A visuoespacialidade foi avaliada por meio do Teste de Cópia de Figuras
Complexas de Rey, já que os resultados do subteste Cubos do WAIS III não puderam ser
computados, devido ao baixo número de participantes que conseguiram finalizar a tarefa.
A Tabela 4 apresenta os resultados obtidos pelos participantes, os quais foram agrupados
em amostra geral, turno diurno e turno noturno. Verificou-se que a maioria dos
participantes da amostra geral apresentou resultado dentro ou superior à média (85,6%),
o que sugere desempenho satisfatório nas habilidades visuoespaciais. Apenas 14,3% da
amostra geral de participantes obtiveram resultado médio inferior, sugerindo um declínio
na capacidade visuoespacial.
Para os participantes do turno diurno, verificou-se que 90% dos trabalhadores
apresentaram resultado adequado para o Teste de Cópia de Figuras Complexas de Rey, o
que indica boa capacidade visuoespacial. Os trabalhadores noturnos também obtiveram
59
bom desempenho visuoespacial, avaliado por meio do Teste de Cópia de Figuras
Complexas de Rey, em que 81,9% dos participantes foram classificados dentro ou
superior à média, o que indica não haver prejuízos nas habilidades visuoespaciais, tanto
para o turno diurno, quanto para o noturno.
Tabela 4. Resultados do Teste de Cópia de Figuras Complexas de Rey dos trabalhadores
submetidos a esquemas de turno alternantes de uma empresa petroquímica.
Resultado Amostra Geral
(N = 21)
n %
Turno Diurno
(n = 10)
n %
Turno Noturno
(n = 11)
n %
Médio Inferior 3 14,4% 1 10% 2 18,2%
Dentro da Média 7 33,3% 5 50% 2 18,2%
Médio Superior 7 33,3% 2 20% 5 45,5%
Superior à Média 4 19% 2 20% 2 18,2%
4.4. Atenção
A avaliação da atenção levou em consideração os dados referentes ao tempo de
reação (média do tempo de resposta aos estímulos) e ao número de lapsos (respostas com
tempo de reação superiores a 500 ms), obtidos por meio do Teste de Vigilância
Psicomotora (PVT). Os trabalhadores do turno diurno foram avaliados às 11h, 14h e 17h.
Para os trabalhadores noturnos, o PVT foi aplicado às 23h, 02h e 05h.
4.4.1. Tempo de Reação
No turno diurno, verificou-se uma diminuição nos tempos de reação no decorrer
do turno de trabalho (Ver figura 8). Por meio do Teste de Friedman, observou-se que o
tempo de reação obtido pelos participantes do turno diurno foi maior às 11h, quando
comparado ao horário das 14h (χ² = 3,6, p < 0,05) e 17h (χ² = 6,4, p < 0,05).
60
Figura 8. Média do tempo de reação em trabalhadores do turno diurno (n = 10) e
noturno (n = 11) de uma empresa petroquimica para o primeiro horário de aplicação
(11h e 23h), para o segundo horário de aplicação (14h e 02h) e terceiro horário (17h e
05h). O eixo das ordenadas corresponde aos valores do tempo de reação e o eixo das
abscissas corresponde aos horários em que o PVT foi aplicado. A linha azul corresponde
ao tempo de reação dos participantes do turno diurno e a linha vermelha ao tempo de
reação do turno noturno. RT1 = tempo de reação do primeiro horário de aplicação; RT2
= tempo de reação do segundo horário de aplicação; RT3 = tempo de reação do terceiro
horário de aplicação.
Por meio da Figura 8, é possível verificar, para o turno noturno, que o tempo de
reação obtido foi maior no horário de 23h, do que às 02h (χ² = 7,36, p < 0,001) e foi maior
às 05h, do que às 02h (χ² = 4,45, p < 0,05).
Comparou-se a média do tempo de reação entre o turno diurno e noturno para o
primeiro horário de aplicação do PVT (11h e 23h), segundo (14h e 02h) e terceiro horário
(17h e 05h) por meio do teste de Mann-Whitney, com o objetivo de verificar se existiam
diferenças entre as médias obtidas pelos trabalhadores dos dois turnos, em seus
respectivos horários (Ver Figura 8). Não houveram diferenças estatisticamente
signifivativas nas comparações entre os horários: de 11h00min e 23h00min (U = 33, p =
0,12), 14h00min e 02h00min (U = 38,5, p= 0,24) e 17h00min e 05h00min (U = 31,5, p
=0,09), sugerindo que os participantes do turno noturno não apresentaram maior tempo
61
de reação, no primeiro e último horário de avaliação do PVT do que os participantes
diurnos, nem os trabalhadores diurnos foram mais lentos do que os trabalhadores noturnos
no segundo horário em que o PVT foi aplicado.
4.4.2. Lapsos
Semelhante ao tempo de reação, observou-se uma diminuição nos lapsos
cometidos pelos participantes do turno diurno no decorrer do turno de trabalho (Ver
Figura 9). Por meio do Teste de Friedman, observou-se que estes participantes cometeram
mais lapsos às 11h, quando comparados aos horários das 14h (χ² = 3,6, p < 0,05) e 17h
(χ² = 5,44, p < 0,05), e cometeram mais lapsos às 14h, do que às 17h (χ² = 3,6, p < 0,05).
Figura 9. Média do número de lapsos em trabalhadores do turno diurno (n =10)
e noturno (n = 11) de uma empresa petroquimica para o primeiro horário de
aplicação (11h e 23h), para o segundo horário de aplicação (14h e 02h) e
terceiro horário (17h e 05h). O eixo das ordenadas corresponde aos valores do
número de lapsos e o eixo das abscissas corresponde aos horários em que o
PVT foi aplicado. A linha azul representa os lapsos cometidos pelos
participante do turno diurno e a linha vermelha do turno noturno. LP1 =
número de lapsos do primeiro horário de aplicação; LP2 = número de lapsos
do horário momento de aplicação; LP3 = número de lapsos do terceiro horário
de aplicação.
Com relação ao turno noturno, na Figura 9, é possível verificar que o número de
lapsos cometidos pelos participantes no horário de 23h foi significativamente maior do
62
que os lapsos cometidos às 02h (χ² = 9, p < 0,001). De forma similar, houve um aumento
estatisticamente significativo nas médias dos lapsos cometidos às 05h, quando comparado
aos lapsos às 02h (χ² = 3,6, p < 0,05).
Comparou-se a média dos lapsos cometidos entre o turno diurno e noturno para o
primeiro horário de aplicação do PVT (11h e 23h), segundo (14h e 02h) e terceiro horário
(17h e 05h) por meio do teste de Mann-Whitney, com o objetivo de verificar se houve
diferenças estatisticamente significativas entre as médias dos dois turnos, em seus
respectivos horários (Ver Figura 9).
Embora o número de lapsos cometidos pelos trabalhadores do turno noturno tenha
sido maior no primeiro (23h) e terceiro (05h) horário de avaliação do PVT do que o
número de lapsos do turno diurno, em seus horários correspondentes (11h e 17h), o teste
de Mann-Whitney demonstrou não haver um aumento significativo no número de lapsos
cometidos pelo turno noturno, em comparação ao turno diurno para os três horários de
aplicação: de 11h00min e 23h00min (U = 44, p = 0,44), 14h e 02h (U = 39, p= 0,25) e
17h e 05h (U = 33,5, p =0,12).
4.5. Correlações
4.5.1. Dados sociodemográficos e suas correlações com as variáveis do sono,
visuoespacialidade e atenção.
Foi investigada a existência de correlações entre os dados sociodemográficos
idade, atividade extratrabalho e o tempo de trabalho em esquemas de turnos alternantes
dos trabalhadores com as variáveis do sono (qualidade do sono, duração do sono,
regularidade do sono e cronotipo) e hábitos do sono (consumo de café, cochilo,
dificuldade em iniciar o sono, sonolência excessiva e sono fragmentado), com as variáveis
da visuoespacialidade e do PVT (tempo de reação e lapsos), por meio do Teste de
Correlação de Spearman. As variáveis dos dados sociodemográficas e dos hábitos de sono
63
presentes nas análises foram selecionadas, levando em consideração a relevância com que
foram relatadas e o impacto para o sono dos trabalhadores.
Os dados apresentados, a seguir, são referentes aos valores das correlações entre
os dados sociodemográficos e as variáveis do sono para a amostra geral (Tabela 5) e para
o turno diurno e noturno (Tabela 6). Conforme demonstra a Tabela 5, o Teste de
Correlação de Spearman verificou correlação positiva estatisticamente significativa entre
a sonolência excessiva e o tempo de trabalho em esquema de turno alternante para a
amostra geral (rho = 0,65, p < 0,05), indicando que, quanto maior o tempo sob o esquema
de turno alternante, maior o nível de sonolência apresentado por esses trabalhadores.
Tabela 5. Correlações entre os dados sociodemográficos e as variáveis do sono em
trabalhadores da amostra geral submetidos a esquemas de trabalho em turnos alternantes de
uma empresa petroquímica.
Variáveis Amostra Geral
(N = 21)
Idade Atividade extratrabalho Tempo em esquema de
turno
rho p rho p rho p
Qualidade do sono
trabalho
0,22 0,32 0,12 0,63 -0,05 0,82
Qualidade do sono folga
-0,09 0,68 0,54 0,09 0,02 0,93
Duração do sono trabalho
0,37 0,19 0,33 0,23 0,19 0,49
Duração do sono folga
0,05 0,86 -0,30 0,29 0,23 0,42
Regularidade do sono
trabalho
0,08 0,78 0,17 0,54 0,09 0,74
Regularidade do sono
folga
0,12 0,67 -0,30 0,19 0,33 0,24
Cronotipo 0,47 0,08 0,05 0,82 0,36 0,10
Café -0,54 0,09 -0,42 0,06 -0,33 0,14
64
Cochilo 0,34 0,12 -0,17 0,43 0,04 0,85
Dificuldade em Iniciar o
Sono Trabalho
0,26 0,24 0,14 0,54 0,17 0,45
Dificuldade em Iniciar o
Sono Casa
-0,02 0,92 -0,09 0,69 0,10 0,64
Sonolência Excessiva 0,40 0,06 -0,15 0,50 0,65 0,01*
Sono Fragmentado
Trabalho
0,31 0,15 -0,31 0,16 0,30 0,17
Sono Fragmentado Casa 0,37 0,09 -0,12 0,58 0,22 0,31
* Correlações estatisticamente significativas (p < 0,05).
Houve correlação positiva estatisticamente significativa entre a dificuldade em
iniciar o sono nos dias de trabalho e a idade para os participantes do turno diurno (rho =
0,84, p < 0,001), sugerindo que, quanto maior a idade, maior a dificuldade em iniciar o
sono nos dia de trabalho (Ver Tabela 6).
Tabela 6. Correlações entre os dados sociodemográficos e as variáveis do sono em trabalhadores
do turno diurno e noturno submetidos a esquemas de trabalho em turnos alternantes de uma
empresa petroquímica.
Variáveis Turno Diurno
(n = 10)
Turno Noturno
(n = 11)
Idade Atividade
extratrabalho
Tempo em
esquema de
turno
Idade Atividade
extratrabalho
Tempo em
esquema de
turno
rho p rho p rho p rho p rho p rho p
Qualidade
do sono
trabalho
0,34 0,33 0,03 0,92 -0,25 0,48 -0,32 0,32 -0,14 0,66 -0,20 0,54
Qualidade
do sono
folga
-0,16 0,64 -0,53 0,11 0,11 0,75 -0,38 0,27 0,62 0,06 -0,27 0,41
Duração
do sono
trabalho
0,25 0,58 0,14 0,75 -0,06 0,88 -0,85 0,01* 0,07 0,94 -0,86 0,01*
Duração
do sono
0,50 0,24 0,57 0,17 0,12 0,79 -0,35 0,43 0,47 0,28 -0,28 0,53
65
folga
Regularida
de do sono
trabalho
0,43 0,20 0,51 0,24 0,42 0,34 -0,65 0,11 0,39 0,37 -0,65 0,11
Regularida
de do sono
folga
-0,34 0,45 -0,14 0,75 -0,65 0,10 0,14 0,76 0,04 0,96 0,07 0,87
Cronotipo 0,67 0,06 -0,22 0,52 0,27 0,44 0,46 0,15 0,11 0,73 0,59 0,07
Café -0,45 0,12 -0,59 0,07 -0,20 0,57 -0,13 0,70 -0,31 0,33 -0,31 0,33
Cochilo 0,43 0,21 0,13 0,72 -0,35 0,31 0,31 0,35 -0,30 0,36 0,30 0,36
Dificuldad
e em
Iniciar o
Sono
Trabalho
0,84 0,001** 0,20 0,58 0,31 0,37 -0,50 0,11 0,12 0,70 -0,16 0,63
Dificuldad
e em
Iniciar o
Sono Casa
0,14 0,69 0,52 0,11 0,32 0,36 -0,34 0,30 -0,16 0,63 -0,16 0,63
Sonolência
Excessiva
-0,10 0,76 0,43 0,20 0,32 0,36 0,58 0,06 -0,26 0,43 0,67 0,02*
Sono
Fragmenta
do
Trabalho
0,60 0,06 0,09 0,87 0,32 0,36 -0,14 0,66 -0,22 0,50 0,06 0,85
Sono
Fragmenta
do Casa
0,60 0,06 0,25 0,58 0,32 0,36 -0,04 0,88 -0,57 0,07 0,46 0,14
* Correlações estatisticamente significativas (p < 0,05); **Correlações estatisticamente significativas (p < 0,001).
Particularmente para os trabalhadores do turno noturno, verificou-se que houve
correlações negativas estatisticamente significativas entre a duração do sono nos dias de
trabalho e a idade (rho = -0,85, p < 0,05) e entre a duração do sono no trabalho e o tempo
de trabalho em esquema de turnos (rho = -0,86, p < 0,05). Portanto, sugere-se que a menor
duração do sono, nos dias de trabalho, foi correlacionada com a maior idade e o maior
tempo em esquemas de trabalho em turno.
Houve, ainda, correlação positiva estatisticamente significativa entre a sonolência
66
excessiva e o tempo em esquema de turno alternante para o turno noturno (rho = 0,67, p
< 0,05). Portanto, quanto maior o tempo sob o esquema de turno alternante, maior o nível
de sonolência apresentado pelos trabalhadores noturnos.
Em relação à correlação entre os dados sociodemográficos e o desempenho
visuoespacial, pode-se observar que houve correlação negativa estatisticamente
significativa (rho = -0,66, p < 0,05) entre a idade e a visuoespacialidade para os
trabalhadores do turno noturno. Portanto, os trabalhadores mais velhos do turno noturno
apresentaram desempenho visuoespacial mais baixo (Ver Tabela 7).
Tabela 7. Correlações entre os dados sociodemográficos e o desempenho visuoespacial
em trabalhadores submetidos a esquemas de trabalho em turnos alternantes de uma
empresa petroquímica.
Variáveis Amostra Geral
(N = 21)
Visuoespacialidade
Turno Diurno
(n = 10)
Visuoespacialidade
Turno Noturno
(n = 11)
Visuoespacialidade
rho p rho P rho p
Idade -0,20 0,36 0,15 0,67 -0,66 0,02*
Atividade
extratrabalho
-0,12 0,57 -0,32 0,35 0,03 0,92
Tempo em esquema de
turno
-0,10 0,66 0,27 0,44 -0,56 0,07
* Correlações estatisticamente significativas (p < 0,05).
Em relação aos dados sociodemográficos e as medidas do PVT (tempo de reação
e lapsos, para os três horários de avaliação) – (Ver Tabela 8), verificaram-se correlações
positivas estatisticamente significativas (rho = 0,66, p < 0,05) entre o tempo em esquema
de turno e a média dos tempos de reação do segundo horário e terceiro horário (rho =
0,71, p < 0,02), para os participantes do turno diurno. Portanto, quanto menor os anos de
trabalho em esquema de turno, menor os tempos de reação obtidos para os participantes
67
do turno diurno nos horários das 14h e 17h. Já para os trabalhadores do turno noturno,
foram identificadas correlações positivas estatisticamente significativas entre a idade e a
média dos tempos de reação obtidos às 23h (rho = 0,62, p < 0,05) e às 05h (rho = 0,64, p
< 0,03), entre o tempo de trabalho em esquema de turno e a média dos tempos de reação
avaliados às 23h (rho = 0,75, p < 0,001) e às 05h (rho = 0,75, p < 0,001), entre a idade e
o número de lapsos cometidos às 23h (rho = 0,84, p < 0,001) e entre o tempo de trabalho
em esquemas de turno e o número de lapsos cometidos às 23h (rho = 0,86, p < 0,001).
Neste sentido, quanto maior a idade, maior a média dos tempos de reação e maior o
número de lapsos cometidos pelos participantes do turno noturno. De forma semelhante,
quanto maior o tempo de trabalho em esquema de turno, maior o tempo de reação e lapsos
cometidos pelos trabalhadores noturnos.
Tabela 8. Correlações entre os dados sociodemográficos e o desempenho no PVT (tempo de
reação e lapsos) em trabalhadores submetidos a esquemas de trabalho em turnos alternantes de
uma empresa petroquímica. RT1, RT2 e RT3 = tempo de reação do primeiro (11h e 23h),
segundo (14h e 02h) e terceiro momento de aplicação (17h e 23h), respectivamente; LP1, LP2 e
LP3 = número de lapsos do primeiro (11h e 23h), segundo (14h e 02h) e terceiro momento de
aplicação (17h e 05h), respectivamente.
Variáveis Turno Diurno
(n = 10)
Turno Noturno
(n = 11)
Idade Atividade
extratrabalho
Tempo em
esquema de
turno
Idade Atividade
extratrabalho
Tempo em
esquema de
turno
rho p rho p rho p rho p rho p rho p
RT1 0,08 0,80 -0,23 0,30 0,05 0,88 0,62 0,03* 0,11 0,73 0,75 0,001**
RT2 0,12 0,72 -0,18 0,41 0,66 0,03* 0,31 0,35 -0,31 0,34 0,18 0,57
RT3 0,47 0,17 -0,06 0,78 0,71 0,02* 0,64 0,03* 0,17 0,61 0,75 0,001**
LP1 0,40 0,25 -0,22 0,31 0,38 0,26 0,84 0,001** 0,14 0,67 0,86 0,001**
LP2 0,06 0,86 -0,30 0,18 0,39 0,26 0,33 0,30 0,14 0,66 0,23 0,48
68
LP3 0,27 0,44 0,13 0,56 -0,19 0,58 0,44 0,17 0,29 0,38 0,43 0,18
* Correlações estatisticamente significativas (p < 0,05); **Correlações estatisticamente significativas (p < 0,001).
4.5.2. Variáveis do sono
Utilizou-se o Teste de Correlação de Spearman para verificar a existência de
correlações entre a qualidade do sono, a duração do sono, cronotipo, regularidade do sono
e hábitos de sono.
Os resultados da Tabela 9 indicam os valores de correlação das variáveis do sono
para a amostra geral de participantes.
Tabela 9. Correlações das variáveis do sono em trabalhadores da amostra geral submetidos a esquemas de turno
alternantes de uma empresa petroquímica (N = 21).
Variáveis Amostra Geral
(N = 21)
Qualidade do sono
trabalho
Qualidade do sono
folga Duração do
sono
trabalho
Duração do
sono folga
Cronotipo Regularidade
do sono
trabalho
Regularidade
do sono folga
rho P rho p rho p rho p rho p rho p rho p
Duração
do sono
trabalho
-0,57 0,03* -0,76 0,001** _ _ _ _ 0,38 0,18 -0,25 0,38 -0,17 0,55
Duração
do sono
folga
0,29 0,31 0,29 0,30 _ _ _ _ -0,04 0,87 -0,09 0,75 0,19 0,50
Cronotipo -0,03 0,88 -0,34 0,12 _ _ _ _ _ _ -0,31 0,27 -0,14 0,61
Regularida
de do sono
trabalho
0,30 0,28 0,09 0,74 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Regularida
de do sono
folga
0,33 0,24 0,27 0,33 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Café -0,13 0,57 0,17 0,52 -0,44 0,11 -0,07 0,80 0,40 0,20 -0,11 0,70 0,25 0,37
Cochilo 0,42 0,06 0,07 0,74 0,22 0,44 0,29 0,29 0,40 0,06 -0,40 0,14 -0,15 0,59
Dificuldad
e em
Iniciar o
0,64 0,002* 0,14 0,53 -0,25 0,38 0,48 0,07 0,14 0,52 0,39 0,16 0,20 0,48
69
Sono
Trabalho
Dificuldad
e em
Iniciar o
Sono Casa
0,40 0,06 0,44 0,09 -0,50 0,06 0,34 0,22 -0,17 0,44 0,60 0,02* 0,08 0,87
Sonolência
Excessiva
0,09 0,69 0,08 0,73 0,10 0,71 0,28 0,33 0,32 0,14 -0,43 0,12 0,10 0,71
Sono
Fragmenta
do
Trabalho
0,65 0,001** 0,38 0,10 -0,39 0,16 0,40 0,13 0,13 0,57 0,16 0,58 0,17 0,55
Sono
Fragmenta
do Casa
0,43 0,07 0,39 0,08 -0,16 0,57 0,49 0,07 0,22 0,33 0,40 0,15 0,29 0,30
*Correlação estatisticamente significativa (p < 0,05); **Correlação estatisticamente significativa (p < 0,001).
Verificaram-se correlações negativas estatisticamente significativas (rho = -0,57,
p < 0,05) entre a duração do sono no trabalho e qualidade do sono nos dias de trabalho e
entre a duração do sono no trabalho e a qualidade do sono nos dias de folga (rho = -0,76,
p < 0,001). Portanto, quanto menos os trabalhadores dormiram na semana de trabalho,
pior foi a qualidade do sono nos dias de trabalho e de folga. Por outro lado, foram
encontradas correlações positivas estatisticamente significativas entre a qualidade do
sono no trabalho, e o sono fragmentado e a dificuldade em iniciá-lo no trabalho (rho =
0,65, p < 0,001; rho = 0,64, p < 0,05, respectivamente). Assim, a qualidade do sono ruim
nos dias de trabalho foi correlacionada com uma maior dificuldade em iniciar o sono e
com uma maior frequência de fragmentação do sono, nos dias de trabalho. Por fim, foi
encontrada correlação positiva estatisticamente significativa (rho = 0,60, p < 0,05) entre
a dificuldade em iniciar o sono no trabalho e a regularidade do sono no trabalho,
sugerindo que a maior dificuldade em iniciar o sono nos dias de trabalho foi relacionada
à maior irregularidade do sono nos dias de trabalho.
70
Já para os participantes do turno diurno (Tabela 10), o teste de correlação de
Spearman não verificou nenhuma correlação estatisticamente significativa entre as
variáveis do sono. Portanto, não houve relação entre a qualidade do sono, duração do
sono, cronotipo, regularidade do sono, consumo de café, dificuldades em iniciar o sono,
sonolência excessiva e sono fragmentado para os trabalhadores do turno diurno, tanto
para os dias de trabalho, quanto de folga.
Tabela 10. Correlações das variáveis do sono em trabalhadores do turno diurno de uma empresa petroquímica
(n = 10).
Variáveis Turno Diurno
(n = 10)
Qualidade do
sono trabalho
Qualidade do
sono folga Duração do
sono
trabalho
Duração do
sono folga
Cronotipo Irregularidade
do sono
trabalho
Irregularidade
do sono folga
rho P rho p Rho p rho p rho p Rho p rho p
Duração do
sono
trabalho
0,46 0,29 0,32 0,22 _ _ _ _ 0,07 0,87 0,16 0,72 -0,10 0,81
Duração do
sono folga
0,21 0,65 0,03 0,92 _ _ _ _ 0,35 0,43 0,18 0,69 0,21 0,64
Cronotipo 0,01 0,96 -0,25 0,47 _ _ _ _ _ _ 0,21 0,68 -0,10 0,81
Regularida
de do sono
trabalho
0,16 0,72 -0,56 0,16 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Regularida
de do sono
folga
0,07 0,87 0,22 0,62 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Café -0,20 0,57 0,59 0,07 -0,33 0,45 -0,21 0,63 -0,58 0,07 0,08 0,76 0,19 0,66
Cochilo 0,47 0,16 -0,23 0,50 0,13 0,77 -0,13 0,77 0,62 0,06 0,47 0,28 0,26 0,56
71
Dificuldad
e em
Iniciar o
Sono
Trabalho
0,57 0,12 0,25 0,48 0,43 0,33 0,43 0,33 0,45 0,18 0,51 0,24 -0,14 0,75
Dificuldad
e em
Iniciar o
Sono Casa
0,28 0,41 0,58 0,07 0,57 0,17 0,14 0,75 -0,42 0,21 -0,43 0,32 -0,43 0,33
Sonolência
Excessiva
-0,33 0,34 0,20 0,54 -0,19 0,68 0,22 0,63 -0,36 0,30 -0,7 0,87 0,38 0,40
Sono
Fragmenta
do
Trabalho
0,61 0,06 0,35 0,31 0,29 0,52 -0,04 0,52 0,42 0,22 0,63 0,12 0,23 0,60
Sono
Fragmenta
do Casa
0,61 0,06 0,35 0,31 0,29 0,52 -0,04 0,52 0,42 0,22 0,63 0,12 0,23 0,60
Já a Tabela 11 indica os valores de correlação das variáveis do sono, obtida pelo
Teste de Correlação de Spearman, para os trabalhadores do turno noturno. Verificaram-
se correlações negativas estatisticamente significativas entre a duração e a qualidade do
sono no trabalho (rho = -0,81, p < 0,05). Desta forma, à medida que a duração do sono na
semana de trabalho diminuiu, os valores das médias do IQSP aumentaram, sugerindo
qualidade do sono ruim. Observou-se, também, uma correlação positiva estatisticamente
significativa (rho = -0,71, p < 0,05) entre o consumo de café e a qualidade do sono na
folga, sugerindo que o maior consumo de café foi correlacionado à qualidade do sono
ruim nos dias de folga. Houve correlação positiva estatisticamente significativa, ainda,
entre a qualidade do sono no trabalho e a dificuldade em iniciar o sono (rho = -0,67, p <
0,05) e o sono fragmentado (rho = -0,63, p < 0,05), ambos nos dias de trabalho. Logo,
quanto maior a dificuldade em iniciar o sono e maior presença de sono fragmentado nos
dias de trabalho, pior a qualidade de sono nos dias de trabalho.
72
Tabela 11. Correlações das variáveis do sono em trabalhadores do turno noturno de uma empresa petroquímica
(n = 11).
Variávei
s
Turno Noturno
(n = 11)
Qualidade do
sono trabalho
Qualidade do
sono folga Duração do
sono trabalho
Duração do
sono folga
Cronotipo Irregularidade
do sono
trabalho
Irregularidade
do sono folga
rho P rho p Rho p rho p rho p rho p rho p
Duração do
sono
trabalho
-0,81 0,02* -0,56 0,19 _ _ _ _ 0,71 0,09 0,24 0,42 -0,14 0,76
Duração do
sono folga
-0,30 0,73 -0,28 0,54 _ _ _ _ -0,14 0,76 0,12 0,78 0,14 0,76
Cronotipo -0,19 0,55 -0,41 0,20 _ _ _ _ _ _ -0,27 0,55 -0,64 0,11
Regularidad
e do sono
trabalho
0,63 0,09 0,01 0,96 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Regularidad
e do sono
folga
0,14 0,75 0,07 0,87 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Café 0,33 0,32 0,71 0,01* -0,31 0,49 0,17 0,73 -0,59 0,06 0,14 0,78 0,63 0,12
Cochilo 0,48 0,13 0,42 0,19 0,47 0,28 0,15 0,73 0,19 0,57 -0,39 0,37 0,15 0,73
Dificuldade
em Iniciar o
Sono
Trabalho
0,67
0,02*
-0,02 0,93 -0,29 0,51 0,65 0,10 -0,02 0,95 0,50 0,25 0,10 0,83
Dificuldade
em Iniciar o
Sono Casa
0,56 0,07 0,35 0,28 -0,53 0,21 0,66 0,10 0,04 0,90 0,53 0,21 -0,26 0,56
Sonolência
Excessiva
0,09 0,77 -0,03 0,92
0,12 0,87 -0,28 0,53 0,51 0,10 -0,65 0,11 0,07 0,87
Sono
Fragmentado
Trabalho
0,63 0,03* 0,47 0,14 -0,47 0,28 0,43 0,32 0,09 0,78 0,47 0,27 -0,15 0,73
Sono
Fragmentado
Casa
0,45 0,16 0,49 0,12 -0,40 0,36 -0,20 0,66 0,11 0,73 0,61 0,13 0,12 0,68
*Correlação estatisticamente significativa (p < 0,05).
73
4.5.3. Sono e visuoespacialidade
O Teste de Correlação de Spearman foi utilizado para verificar a existência de
correlações entre as variáveis do sono qualidade, duração, regularidade, cronotipo e
hábitos de sono e visuoespacialidade, avaliada por meio da Cópia do Teste de Figuras
Complexas de Rey (Ver Tabela 12).
Foi encontrada correlação positiva estatisticamente significativa entre a qualidade
do sono nos dias de folga e o desempenho visuoespacial (rho = 0,66, p < 0,05) e entre a
duração do sono na folga e o desempenho visuoespacial (rho = 0,78, p < 0,05) para os
trabalhadores do turno diurno. Os resultados sugerem que a qualidade do sono boa e o
sono de duração adequada nos dias de folga foi correlacionada com o desempenho
visuoespacial adequado para os participantes do turno diurno.
Tabela 12. Correlações entre o desempenho na Cópia do Teste de Figuras Complexas
de Rey e as variáveis do sono em trabalhadores de uma empresa petroquímica da
amostra geral (N = 21), turno diurno (n = 10) e noturno (n = 11).
Variáveis Amostra Geral
(N = 21)
Turno Diurno
(n = 10)
Turno Noturno
(n = 11)
Visuoespacialidade Visuoespacialidade Visuoespacialidade
Rho p rho p rho p
Qualidade do sono trabalho 0,27 0,22 0,07 0,84 0,27 0,43
Qualidade do sono folga 0,35 0,11 0,66 0,03* -0,02 0,94
Duração do sono trabalho 0,64 0,12 -0,07 0,86 0,27 0,43
Duração do sono folga 0,08 0,78 0,78 0,03* 0,11 0,81
Regularidade do sono
trabalho
0,37 0,19 -0,27 0,54 0,67 0,09
Regularidade do sono folga 0,32 0,25 0,25 0,57 0,25 0,57
Cronotipo -0,15 0,49 0,30 0,39 -0,49 0,11
Café 0,02 0,92 0,35 0,31 -0,22 0,50
Cochilo -0,37 0,09 -0,08 0,81 -0,56 0,07
74
Dificuldade em Iniciar o
Sono Trabalho
0,39 0,08 0,26 0,46 0,43 0,17
Dificuldade em Iniciar o
Sono Casa
0,34 0,12 0,22 0,52 0,31 0,34
Sonolência Excessiva -0,31 0,16 0,03 0,91 -0,53 0,07
Sono Fragmentado
Trabalho
0,17 0,44 0,15 0,67 0,12 0,71
Sono Fragmentado Casa 0,23 0,29 0,15 0,67 0,20 0,55
*Correlação estatisticamente significativa (p < 0,05).
4.5.4. Sono e atenção
O Teste de Correlação de Spearman foi utilizado também para avaliar a existência
de correlações entre as variáveis do sono (qualidade, duração, regularidade, cronotipo e
hábitos de sono: consumo de café, cochilo, dificuldade em iniciar o sono, sonolência
excessiva e sono fragmentado) e o desempenho dos participantes no PVT (tempo de
reação e lapsos) para os participantes do turno diurno e noturno.
A Tabela 13 indica os valores das correlações entre as variáveis do sono e o PVT
para os participantes do turno diurno. Houve correlação positiva estatisticamente
significativa entre o sono fragmentado nos dias de trabalho e de folga e o número de
lapsos cometidos às 11h (rho = 0,82, p < 0,05; rho = 0,82, p < 0,05, respectivamente).
Portanto, há uma relação entre sono fragmentado e lapsos na metade do turno,
precisamente no horário das 11h.
75
Tabela 13. Correlações entre o desempenho no PVT (tempo de reação e lapsos) e as variáveis do sono
em trabalhadores de uma empresa petroquímica do turno diurno (n = 10). RT1, RT2 e RT3 = tempo de
reação do primeiro (11h), segundo (14h) e terceiro momento de aplicação (17h), respectivamente; LP1,
LP2 e LP3 = número de lapsos do primeiro (11h), segundo (14h) e terceiro momento de aplicação (17h),
respectivamente.
Variáveis Turno Diurno
(n = 10)
Tempo de Reação Lapsos
RT1 RT2 RT3 LP1 LP2 LP3
Rho P rho p rho p rho p rho p rho p
Qualidade do
sono trabalho
-0,49 0,17 0,03 0,93 -0,03 0,93 0,52 0,11 0,32 0,36 0,19 0,58
Qualidade do
sono folga
-0,25 0,47 0,44 0,20 0,06 0,85 0,35 0,32 0,12 0,72 0,36 0,29
Duração do
sono trabalho
0,28 0,56 0,46 0,29 0,03 0,93 -0,25 0,58 -0,55 0,19 -0,43 0,32
Duração do
sono folga
-0,25 0,58 -0,32 0,48 0,03 0,93 0,10 0,81 -0,30 0,50 0,72 0,06
Irregularidade
do sono
trabalho
0,61 0,14 0,25 0,58 0,38 0,26 0,45 0,31 0,08 0,84 -0,22 0,63
Irregularidade
do sono folga
-0,17 0,70 -0,71 0,07 -0,21 0,64 0,07 0,87 -0,45 0,31 0,34 0,44
Cronotipo 0,17 0,62 0,35 0,43 0,57 0,09 0,43 0,21 0,19 0,58 -0,04 0,90
Café -0,19 0,58 0,27 0,45 -0,28 0,41 -0,09 0,79 0,13 0,71 0,33 0,35
Cochilo 0,31 0,38 -0,23 0,51 0,23 0,51 0,35 0,31 0,11 0,74 -0,07 0,82
Dificuldade
em Iniciar o
Sono
Trabalho
0,10 0,77 0,17 0,63 0,38 0,27 0,56 0,09 0,14 0,69 0,10 0,77
Dificuldade
em Iniciar o
Sono Casa
-0,28 0,42 0,35 0,31 -0,14 0,69 -0,07 0,84 -0,18 0,61 -0,07 0,84
Sonolência
Excessiva
-0,39 0,26 0,07 0,84 0,16 0,64 0,13 0,75 0,07 0,84 0,18 0,61
Sono
Fragmentado
Trabalho
0,32 0,36 0,28 0,42 0,49 0,14 0,82 0,004* 0,32 0,36 0,18 0,61
76
*Correlação estatisticamente significativa (p < 0,05).
A Tabela 14 apresenta os valores das correlações entre as variáveis do sono e as
variáveis do PVT (tempo de reação e lapsos) para os trabalhadores do turno noturno.
Verificaram-se correlações negativas estatisticamente significativas entre a duração do
sono, nos dias de trabalho, e o tempo médio de reação obtido às 23h (rho = -0,78, p <
0,05) e entre a duração do sono, nos dias de trabalho, e os lapsos cometidos pelos
participantes às 23h (rho = -0,95, p < 0,001), sugerindo que, quanto menor a duração do
sono durante a semana de trabalho, maiores os tempos de reação e maiores números de
lapsos obtidos às 23h. Foram encontradas, ainda, correlações positivas estatisticamente
significativas entre a sonolência excessiva e o tempo de reação e número de lapsos obtidos
às 23h (rho = 0,71, p < 0,05; rho = 0,64, p < 0,05, respectivamente). Neste sentido, quanto
maior a sonolência, maior o tempo de reação e maior o número de lapsos apresentados
pelos trabalhadores noturnos às 23h.
Tabela 14. Correlações entre o desempenho no PVT (tempo de reação e lapsos) e as variáveis do sono
em trabalhadores de uma empresa petroquímica do turno noturno (n = 11). RT1, RT2 e RT3 = tempo de
reação do primeiro (23h), segundo (02h) e terceiro momento de aplicação (23h), respectivamente; LP1,
LP2 e LP3 = número de lapsos do primeiro (23h), segundo (02h) e terceiro momento de aplicação (05h),
respectivamente.
Sono
Fragmentado
Casa
0,32 0,36 0,28 0,42 0,49 0,14 0,82 0,004* 0,32 0,36 0,18 0,61
Variáveis Turno Noturno
(n = 11)
Tempo de Reação Lapsos
RT1 RT2 RT3 LP1 LP2 LP3
rho p rho P rho p rho p rho p rho p
Qualidade
do sono
trabalho
-0,37 0,25 -0,30 0,36 -0,20 0,54 -0,19 0,55 0,09 0,78 -0,28 0,39
77
*Correlação estatisticamente significativa (p < 0,05); **Correlação estatisticamente significativa (p < 0,001).
4.5.5. Visuoespacialidade e atenção
Analisou-se, ainda, por meio do Teste de Correlação de Spearman, a ocorrência
de correlações entre visuoespacialidade e atenção para os trabalhadores do turno diurno
e noturno. Conforme demonstrado na Tabela 15, o Teste de Correlação de Spearman não
Qualidade
do sono
folga
-0,25 0,44 -0,3 0,91 -0,27 0,40 -0,33 0,31 -0,28 0,4 -0,32 0,32
Duração do
sono
trabalho
-0,78 0,03* 0,57 0,18 0,57 0,018 -0,95 0,001** 0,25 0,57 0,52 0,22
Duração do
sono folga
-0,14 0,76 0,25 0,58 -0,53 0,21 -0,09 0,80 0,14 0,73 -0,37 0,40
Irregularida
de do sono
trabalho
-0,36 0,42 -0,50 0,24 0,07 0,84 -0,61 0,13 0,13 0,78 0,08 0,86
Irregularida
de do sono
folga
0,21 0,64 0,64 0,11 0,31 0,35 0,09 0,84 -0,11 0,81 -0,09 0,84
Cronotipo 0,44 0,17 -0,23 0,48 0,58 0,06 0,58 0,06 0,40 0,21 0,50 0,11
Café 0,03 0,93 0,29 0,37 -0,25 0,45 -0,17 0,60 -0,35 0,28 -0,05 0,87
Cochilo 0,28 0,39 0,21 0,52 0,09 0,78 0,28 0,39 0,14 0,66 0,19 0,57
Dificuldade
em Iniciar o
Sono
Trabalho
-0,14 0,68 0,18 0,59 -0,27 0,41 -0,25 0,44 -0,11 0,72 -0,44 0,17
Dificuldade
em Iniciar o
Sono Casa
-0,24 0,46 -0,09 0,78 0,22 0,50 -0,24 0,47 0,03 0,92 -0,45 0,16
Sonolência
Excessiva
0,71 0,01* 0,45 0,16 0,45 0,16 0,64 0,03* 0,03 0,92 0,35 0,28
Sono
Fragmentad
o Trabalho
0,12 0,72 -0,13 0,70 0,14 0,68 -0,04 0,90 -0,19
0,55 -0,17 0,61
Sono
Fragmentad
o Casa
0,10 0,75 0,16 0,63 0,14 0,66 0,10 0,81 -0,01 0,97 -014 0,67
78
encontrou correlações estatisticamente significativas entre o resultado obtido no Teste de
Figuras Complexas de Rey e o desempenho no PVT para os participantes do turno diurno.
Portanto, sugere-se que não há relações entre visuoespacialidade e atenção para os
participantes do turno diurno.
Tabela 15. Correlações entre o desempenho na Cópia do Teste de Figuras Complexas de Rey e as variáveis
referentes ao PVT: tempo de reação e lapsos em trabalhadores de uma empresa petroquímica do turno
diurno (n = 10). RT1, RT2 e RT3 = tempo de reação do primeiro (11h), segundo (14h) e terceiro momento
de aplicação (17h), respectivamente; LP1, LP2 e LP3 = número de lapsos do primeiro (11h), segundo
(14h) e terceiro momento de aplicação (17h), respectivamente.
De acordo com a Tabela 16, é possível verificar que houve correlações negativas
estatisticamente significativas entre o desempenho visuoespacial e o número de lapsos
cometidos nos horários de 23h (rho = -0,67, p < 0,05) e 05h (rho = -0,64, p < 0,05) para
os participantes do turno noturno. Desta forma, um menor desempenho visuoespacial foi
correlacionado com o maior número de lapsos cometidos pelos participantes do turno
noturno, às 23h e às 05h.
Variáveis Turno Diurno
(n = 10)
Tempo de Reação Lapsos
RT1 RT2 RT3 LP1 LP2 LP3
rho p Rho p rho p rho P rho p rho p
Visuoespaciali
dade
-0,35 0,31 0,31 0,38 0,25 0,48 0,29 0,41 0,09 0,78 0,57 0,08
79
Tabela 16. Correlações entre o desempenho na Cópia do Teste de Figuras Complexas de Rey e as
variáveis referentes ao PVT: tempo de reação e lapsos em trabalhadores de uma empresa
petroquímica do turno noturno (n =11). RT1, RT2 e RT3 = tempo de reação do primeiro (23h),
segundo (02h) e terceiro momento de aplicação (23h), respectivamente; LP1, LP2 e LP3 = número
de lapsos do primeiro (23h), segundo (02h) e terceiro momento de aplicação (05h),
respectivamente.
Variáveis Turno Noturno
(n = 11)
Tempo de Reação Lapsos
RT1 RT2 RT3 LP1 LP2 LP3
rho p rho P rho p rho p rho p rho p
Visuoespacialidade -0,35 0,31 0,31 0,38 0,25 0,48 -0,67 0,02* -0,16 0,63 -0,64 0,03*
*Correlação estatisticamente significativa (p < 0,05).
80
5. DISCUSSÃO
A presente pesquisa teve como objetivo avaliar a qualidade do sono e sua relação
com a percepção visuoespacial em trabalhadores em turnos alternantes. Os resultados dos
testes foram analisados, levando em consideração o turno de trabalho que os participantes
estavam alocados, se diurno ou noturno, bem como se eles estavam trabalhando ou de
folga, com o intuito de verificar possíveis interferências do horário de aplicação dos testes
(dia ou noite), do ambiente no qual se encontravam (trabalho ou casa) e do tempo da folga
(de sete ou 15 dias) na qualidade do sono e no desempenho cognitivo dos participantes.
A partir dos resultados, sugere-se que ambos os turnos tinham o costume frequente
de ingerir bebida alcoólica, acompanhado de um consumo menos habitual de café. A
literatura indica que o consumo destas substâncias é relativamente comum em
trabalhadores em turno e pode alterar o sono destes indivíduos (Sharwood et al., 2013).
O café, por ser uma bebida estimulante do Sistema Nervoso Central (SNC), pode inibir
ou atrasar o início do sono e, por esse motivo, muitos trabalhadores o consomem para se
manterem despertos durante o turno de trabalho. No entanto, sua ingestão em grande
quantidade ou perto do horário de dormir pode ocasionar dificuldades para adormecer e
a posterior sonolência no dia seguinte (Daniello, Fievisohn & Gregory, 2012; Sharwood
et al., 2013). O álcool também possui um efeito estimulante inicial, atuando,
posteriormente, como um depressor do SNC. Ou seja, ele ajuda a diminuir a latência do
sono, favorecendo o adormecer mais rápido. Mas, o sono induzido pelo álcool apresenta
diminuição da fase de sono REM, fragmentação do sono e deficiência do sono profundo
(Popovici & French, no prelo).
Neste sentido, estes hábitos poderiam, em algum grau, ter contribuído para os
problemas do sono relatados pelos trabalhadores dos turnos diurno e noturno, como sono
fragmentado e dificuldade em iniciar o sono ou, ainda, a presença de cochilo,
81
principalmente durante o dia, cuja necessidade pode ser um indício de que os
trabalhadores não estavam dormindo bem ou em quantidade suficiente. No entanto, o
hábito de cochilar e os problemas do sono relatos pelos trabalhadores não foram
associados estatisticamente ao consumo de café e álcool, mas podem ser justificados pelas
consequências oriundas do trabalho em turnos alternantes, já que neste esquema de
trabalho os indivíduos precisam variar constantemente os horários de trabalho (e
consequentemente de dormir), cumprir extensas jornadas de trabalho e deslocar a
atividade para horários que seriam de repouso e o repouso para horários que seriam de
atividade, do ponto de vista circadiano, como à noite (Postnova et al., 2013; Rouch et al.,
2005).
Estes fatores acarretam conflitos entre o sono e outros ritmos circadianos do
organismo e entre o sono e os eventos ambientais, ou seja, as dessincronizações internas
e externas (Pires et al., 2008). Estas dessincronizações trazem como consequência para
os trabalhadores alterações na estrutura do sono, maior latência do sono, sono encurtado
e fragmentado, diminuindo a qualidade do sono (Bostock & Steptoe, 2012; Dula et al.,
2001; Mauss et al., 2013).
Neste sentido, os resultados desta pesquisa corroboram os dados presentes na
literatura, já que os trabalhadores da amostra geral apresentaram qualidade do sono ruim
para os dias de trabalho, a qual foi correlacionada às queixas do sono fragmentado e
dificuldade em iniciar o sono, ambas no trabalho. O sono fragmentado e a demora em
iniciar o sono promovem um sono não reparador, diminuindo a sua eficiência e,
consequentemente, a sua qualidade, justificando essas correlações (Ansiau et al., 2008).
Os trabalhadores da amostra geral desta pesquisa dormiram significativamente
mais na semana da folga, quando comparados à semana de trabalho. Estes resultados
demonstram o padrão conhecido como restrição-extensão do sono, ou seja, restrição do
82
sono durante o período de trabalho e a extensão do mesmo durante a folga. Como a
qualidade do sono ruim, nos dias de trabalho, foi correlacionada ao sono de curta duração,
na semana de trabalho, é provável que a combinação da qualidade do sono ruim e do
padrão restrição-extensão do sono esteja relacionada à privação parcial do sono na
amostra geral. A privação parcial do sono diferencia-se da privação total do sono, já que
nesta os indivíduos permanecem acordados de forma contínua, geralmente de 24 a 72
horas. Na privação parcial, os sujeitos têm duração de sono restrita durante várias noites
consecutivas, o que, no caso dos trabalhadores em turno, pode-se falar em privação
parcial do sono crônica, já que esta situação se perpetua por todo o tempo de trabalho em
turno alternante (Alhola & Polo-Kantola, 2007). De acordo com Orzel-Gryglewska
(2010), a redução crônica das horas de sono pode ter consequências comparáveis às da
privação do sono total, principalmente em relação ao desempenho cognitivo dos
trabalhadores.
Neste sentido, estes resultados estão de acordo com as pesquisas documentadas
na literatura, as quais encontraram que o tempo total de sono tende a ser
significativamente mais curto, no local de trabalho, para os turnos diurnos ou noturnos,
do que em casa (Ferguson et al., 2012). De acordo com Waage et al. (2013), os turnos de
trabalho com carga maior que 50 horas semanais, como os turnos da presente pesquisa,
têm sido comumente associados ao sono de duração reduzida nos dias de trabalho.
A qualidade do sono boa nos dia de folga, encontrada para a amostra geral, pode
estar associada ao fato destes trabalhadores terem dormido significativamente mais na
semana de folga, do que na semana de trabalho, o que diminuiu os prejuízos do trabalho
em turno na qualidade do sono. Este sono de recuperação na folga, conhecido também
como rebote do sono, costuma ter o tempo de duração maior do que o habitual e é
composto de mais episódios dos estágios de sono profundo (3 e 4) NREM e sono REM.
83
Já a fase 2 do sono NREM pode ser encurtada e o estágio 1 NREM pode estar ausente
(Killgore et al., 2009).
Mas, ao avaliar apenas os trabalhadores do turno diurno, encontrou-se qualidade
do sono boa tanto nos dias de trabalho, quanto na folga. Enquanto os trabalhadores do
turno noturno apresentaram qualidade do sono ruim em ambas às condições. A literatura
indica que o trabalho em turnos alternantes (diurno e noturno), esquema no qual os
trabalhadores desta pesquisa estavam alocados, altera a qualidade do sono, mais do que o
turno diurno fixo ou apenas o noturno (Flo et al., 2013; Milia, Waage, Pallesen &
Bjorvatn, 2013; Ohayon et al., 2002).
O estudo de Ftouni et al. (2013), por exemplo, avaliou a sonolência em
enfermeiros de turnos noturno e de turno rotativo, por meio da Escala de Sonolência de
Johns e verificou que os participantes do turno rotativo relataram níveis de sonolência
mais altos do que os participantes do turno noturno permanente. Já a pesquisa de Waage
et al. (2013) avaliou a qualidade do sono (por meio do IQSP) em trabalhadores de uma
empresa petroquímica da Noruega, submetidos a esquemas de turno alternante de 12
horas de duração, semelhante ao horário desta pesquisa. Os pesquisadores encontraram
qualidade do sono ruim tanto para os trabalhadores que estavam alocados no turno diurno,
quanto para aqueles que estavam alocados no turno noturno, concluindo que os turnos de
12 horas contínuas podem conduzir uma degradação no sono. Neste sentido, levando em
consideração os dados presentes na literatura, esperava-se que os trabalhadores que
estavam alocados no turno diurno também apresentassem qualidade do sono ruim, pois
estão expostos, de igual modo, aos problemas do sono relacionados ao turno alternante.
No entanto, vale ressaltar que a presente pesquisa utilizou um instrumento
subjetivo para a avaliação da qualidade do sono, o IQSP. Neste sentido, é provável que
os resultados na qualidade do sono para o turno diurno possam ter sido influenciados pela
84
percepção do trabalhador de estar mais descansado por estar trabalhando durante o dia,
respeitando a característica diurna da espécie humana. É importante levar em
consideração, ainda, o fato de que o IQSP foi aplicado no primeiro dia de turno, ou seja,
estes trabalhadores vinham de 14 dias de folga, já que estavam alternando com um turno
noturno trabalhado anteriormente. Por conta disso, é possível que as duas semanas que
tiveram de descanso tenham sido suficientes para se recuperarem da semana de trabalho
noturna e influenciado no resultado do teste, minimizando os efeitos das
dessincronizações crônicas, ocasionadas pelo trabalho em turnos alternantes. Por outro
lado, os participantes do turno noturno tiveram apenas uma semana de folga antes de
iniciar novamente o trabalho e, portanto, menos tempo para o descanso. Estes dados
sugerem que turnos de rotação lenta (Fisher, 2004), com o intervalo de 14 dias entre um
turno de trabalho e outro seja adequado e ajude a reduzir os danos causados pelo trabalho
em turnos na qualidade do sono.
A qualidade do sono ruim nos dias de trabalho para os participantes do turno
noturno, a qual foi significativamente pior do que a qualidade do sono do turno diurno,
está de acordo com uma vasta literatura que aponta prejuízos no sono ocasionados pelo
trabalho no turno da noite (Milia, Rogers & Akerstedt, 2013). Nesta circunstância, o sono
é deslocado para o dia, causando um desalinhamento circadiano com outros ritmos
internos (ex. melatonina e temperatura corporal), levando ao sono fragmentado, irregular
e de reduzida duração, tendo como resultado mais queixas de sonolência excessiva
durante o trabalho e dificuldades para dormir durante o dia (Czeisler et al., 2005; Farbos
et al., 2000; Mauss et al., 2013). Por exemplo, o trabalho de Milia et al. (2013), entrevistou
649 motoristas, após um turno diurno e noturno de trabalho, e encontrou que os
trabalhadores noturnos apresentaram maior nível de sonolência (avaliada pela Escala de
Sonolência de Karolinska e pela Escala de Sonolência de Epworth) e menor duração do
85
sono ao fim do trabalho noturno, quando comparado ao trabalho diurno, corroborando os
resultados da nossa pesquisa.
Os dados da literatura citados acima também explicam os resultados encontrados
no presente estudo, com relação aos hábitos de sono dos trabalhadores do turno noturno.
Eles queixaram-se mais de problemas em iniciar o sono e de sono fragmentado, quando
estavam no trabalho, do que quando estavam em casa, já que em casa eles dormiam no à
noite, respeitando a fase circadiana dos ritmos biológicos propícia para o sono. Eles
também tiveram maior problema com o sono fragmentado, no ambiente de trabalho, do
que os participantes do turno diurno e a qualidade de sono ruim, no trabalho, foi
correlacionada com a maior fragmentação e dificuldade em iniciar o sono, ambas no
ambiente de trabalho.
A qualidade do sono ruim, nos dias de folga, para os trabalhadores noturnos desta
pesquisa, além dos outros fatores citados, pode estar relacionada aos hábitos de sono
relatados por esses participantes. Por exemplo, o maior consumo do café foi relacionado
à qualidade do sono ruim durante a folga. Isto pode ter acontecido porque o café, tomado
em grande quantidade ou próximo ao horário de dormir, tende a inibir o sono, causando
a insônia (Sharwood et al., 2013). Como também, os cochilos, que os participantes
relataram praticar durante o dia, podem interferir no sono principal dos trabalhadores,
dificultando o início do sono e afetando a sua qualidade.
Para os trabalhadores do turno diurno, não houve diferenças em relação à duração
do sono entre a semana de trabalho e a semana de folga, até porque a mudança nos
horários de dormir na folga, com relação aos dia de trabalho, não é tão acentuada quanto
no turno noturno. Por outro lado, os participantes diurnos dormiram mais tarde nos dias
de folga do que nos dias de trabalho. Estes resultados podem ter relação com o fato de
que 50% destes trabalhadores praticavam algum outro tipo de atividade durante a folga,
86
atrasando o horário de início do sono, embora não tenha havido diferença entre o turno
diurno e noturno, quanto à prática de atividades extratrabalho, nem correlações entre as
variáveis do sono e a prática de atividades extratrabalho.
Semelhante ao padrão encontrado para a amostra geral, os trabalhadores noturnos
tiveram um sono de curta duração, na semana de trabalho, a qual foi menor do que a
duração nos dias de folga, e a menor duração do sono nos dias de trabalho foi
correlacionada ao sono de pior qualidade. De acordo com Dula et al. (2001), a jornada de
trabalho noturna causa em média de 25% a 33% menos sono que a jornada de trabalho
diurna. Já, segundo Akerstedt (2003), o trabalho noturno tende a diminuir em média 1
hora de sono, quando comparado ao trabalho diurno.
As comparações entre o turno diurno e noturno, quanto à duração do sono nos dias
de trabalho, não mostraram diferenças significativas. A ausência de diferenças pode estar
relacionada à uniformidade nas condições de trabalho para os dois turnos, como mesmo
ambiente de dormir, localizado na própria empresa e próximo ao local de realização das
tarefas, e mesma carga horária de trabalho. Em compensação, os participantes noturnos
dormiram mais, durante a folga do que os diurnos, como uma tentativa de compensar o
sono perdido na semana de trabalho (Flo et al., 2013).
A avaliação do cronotipo demonstrou que a grande maioria da amostra geral era
matutina, seguindo por intermediários e, em menor número, vespertina. Os trabalhadores
do turno diurno seguiram essa mesma tendência. Apenas os participantes do turno
noturno tiveram trabalhadores em sua maioria intermediários, seguido por matutino e em
menor frequência vespertino. Estes resultados são semelhantes aos encontrados por
Fernandes et al. (no prelo), que avaliaram 91 maquinistas de uma empresa de transporte
brasileira, submetidos a esquemas de turno alternante, e encontraram que 45% da amostra
era matutina, 48,4% intermediário e apenas 6,6% vespertina.
87
Pesquisas demonstram também que o cronotipo pode influenciar na adaptação ao
trabalho em turno, em que trabalhadores classificados como matutinos teriam mais
facilidade em se adaptar ao trabalho em turno diurno, por terem preferências para dormir
e acordar cedo, e os vespertinos se adaptariam melhor ao turno noturno, pelo fato de
obterem seu melhor estado de alerta à tarde ou à noite e por terem preferências de dormir
e acordar mais tarde (Fernandes et al., no prelo; Fischer, 2004; Kantermann et al., 2010).
Por outro lado, é possível que o turno de trabalho e a adaptação a ele influenciem o
cronotipo dos trabalhadores. Ou seja, indivíduos poderiam ser caracterizados como
vespertinos, mas devido aos horários do trabalho em turno e a privação do sono possam
estar, no momento atual, matutinos.
Os dados desta pesquisa não demonstraram qualquer correlação entre o cronotipo
dos trabalhadores e a qualidade, duração, regularidade e hábitos do sono. A ausência de
correlações pode ter se dado devido ao pequeno tamanho da amostra estudada, que
dificultou análises mais robustas.
Com relação à influência dos fatores sociodemográficos da idade e do tempo de
trabalho sob o esquema de turno nas variáveis do sono (qualidade, duração, regularidade,
cronotipo e hábitos do sono), sugere-se que, para o turno diurno, quanto maior os anos de
trabalho sob o esquema de turno alternante, maior a dificuldade em iniciar o sono nos
dias de trabalho. Para o turno noturno, foi encontrado que, quanto mais velhos os
trabalhadores, menor a duração do sono nos dias de trabalho. De forma semelhante,
dormir menos nos dias de trabalho foi relacionado com o maior tempo de trabalho sob o
esquema de turno e quanto maior o tempo sob o esquema de turno alternante, maior o
nível de sonolência apresentado pelos trabalhadores do turno noturno. Estes resultados
são consistentes com as evidências encontradas na literatura, as quais têm mostrado que
várias características do sono, como duração e estrutura sofrem alterações com o aumento
88
da idade (Dula et al., 2001; Orzel-Gryglewska, 2010). A idade avançada, em
trabalhadores em turno, tem sido comumente associada ao sono fragmentado, à maior
dificuldade de voltar a dormir e ao sono encurtado, principalmente, a partir dos 40 anos
(Ansiau et al., 2008; Rouch et al., 2005). Como consequência, a qualidade do sono
também tende a se deteriorar com o avanço dos anos de trabalho em turnos (Rouch et al.,
2005).
De acordo com Fischer et al. (2004), a partir de 20 anos sob o esquema de trabalho
em turnos, os trabalhadores podem sofrer de distúrbios do sono crônicos. Os prejuízos no
sono decorrentes da idade e dos anos de trabalho em turnos ocorrem pela perda da
plasticidade. Ou seja, os trabalhadores, com o passar da idade e do tempo de trabalho em
esquemas de turno, tornam-se menos capazes de se adaptar aos efeitos fisiológicos da
perda do sono e as constantes mudanças nos horários de dormir, devido ao esquema de
turno alternante (Waage et al., 2013).
Quanto à avaliação da percepção visuoespacial, a grande maioria dos
trabalhadores do turno diurno e noturno desta pesquisa apresentou um desempenho
satisfatório nas habilidades visuoespaciais. Como, também, o sono de má qualidade não
teve relação com o desempenho visuoespacial. Estes resultados não eram os esperados
para esta pesquisa, pois há dados na literatura que sugerem um comprometimento na
percepção visuoespacial em função do sono deficitário (Kerkhof & Van Dongen, 2010;
Kong, Soon & Chee, 2011; Rogé & Gabaude, 2009), o qual pode prejudicar a capacidade
dos indivíduos de processar adequadamente os estímulos visuais do ambiente e integrá-
los, espacialmente, de forma apropriada, podendo produzir erros (De Gennaro et al., 2005,
Lieberman et al.,1998). Shorrock (2006), por exemplo, encontrou uma série de erros de
ordem visuoperceptiva cometidas por controladores de tráfego aéreo no seu ambiente de
trabalho. Russo et al. (2005) também demonstrou, por meio de uma tarefa de vôo
89
simulada, o efeito de negligência visual após 19 h de vigília contínua em pilotos da força
aérea americana.
Contudo, se por um lado uma parcela de estudos anteriores demonstrou uma
relação entre o sono deficitário e o declínio do desempenho visuoespacial, como nas
pesquisas de Kendell et al. (2006), Chee et al. (2008), Rogé et al. (2003) e Jackson et al.
(2008), os resultados desta pesquisa são consistentes com diversos trabalhos que não
encontraram esta correlação, os quais sugerem que as alterações na percepção
visuoespacial podem ser sutis (Kerkhof & Van Dongen, 2010), não sendo sensíveis de
serem detectadas por medidas de avaliação subjetivas, como o teste neuropsicológico de
Cópia de Figuras Complexas de Rey empregado neste estudo, o qual pode ser mais
sensível para detectar prejuízos visuoespaciais em indivíduos com lesão cerebral. Como
também, por tarefas de curta duração, suficientemente interessantes ou motivadoras,
como a cópia da figura que, por ser um estímulo novo, causou o interesse dos participantes
(Gillberg & Akerstedt, 1998; Killgore et al., 2007; Rogé et al., 2002).
Houve correlação entre a qualidade do sono boa, durante a folga, obtida pelos
trabalhadores diurnos e o desempenho visuoespacial adequado. Ou seja, mesmo sendo de
turno alternante, quando os participantes estavam trabalhando durante o dia, a sua
qualidade do sono era melhor e repercutia no desempenho visuoespacial. Estes resultados
são consistentes com pesquisas que mostram que o sono adequado em qualidade e
duração está relacionado com a melhora do desempenho visuoespacial (Killgore et al.,
2009; Santhi et al., 2008; Zerouali, Jemel & Godbout, 2009).
Na presente pesquisa, a avaliação do PVT para o turno diurno demonstrou uma
diminuição na média dos tempos de reação e nos lapsos cometidos ao longo do turno de
trabalho. Houve um maior tempo de reação e maior número de lapsos às 11h, quando
comparados aos horários de 14h e 17h. Estes resultados não eram necessariamente
90
esperados, pois pesquisas que utilizam o PVT demonstraram resultados contrários aos do
presente estudo, ou seja, que o tempo de reação e o número de lapsos tendem a aumentar
com a vigília prolongada, e não diminuir. Este aumento pode acontecer em função dos
fatores homeostáticos e circadianos, que influenciam na variação do desempenho, ao
longo das 24 horas. Ou seja, com o passar do tempo e das horas acordados, a pressão
homeostática para o sono faz com que os indivíduos tornem-se mais sonolentos,
deixando-os com os reflexos para as respostas mais lentos e desatentos. O fator circadiano
influencia nas oscilações orgânicas dos níveis de atenção no decorrer do dia (Jung, Ronda,
Czeisler & Wright, 2011; Santhi et al., 2008).
Um dos fatores que podem justificar o tempo de reação e os lapsos terem sido tão
maiores, no primeiro horário de avaliação do PVT, é o fato deste momento da manhã ser
o de maior atividade para os participantes em seu ambiente de trabalho, dificultado a sua
concentração exclusiva na execução do teste, pelo fato dos trabalhadores precisarem estar
atentos também ao painel de controle, aos telefonemas de trabalho e outros distratores
presentes na sala de controle. Isso se constitui em uma das limitações do estudo, pois não
foi possível que os trabalhadores se ausentassem da sala de controle para realizar o teste
em um ambiente silencioso e livre de influências externas, já que a atividade
desempenhada por eles exigia um monitoramento constante.
Outro fator a ser levado em consideração é que esses trabalhadores iniciavam o
turno de trabalho às 07h e precisavam acordar algum tempo antes. Por conta disso, pode
ter havido antecipação do horário de acordar e a consequente duração do sono encurtada,
o que pode ter levado à sonolência diurna e contribuído para o maior número de erros
(Dorrian, Rogers & Dinges, 2005). A presença de fragmentação do sono no ambiente de
trabalho e em casa, relatada pelos trabalhadores diurnos, também pode ter contribuído
com o pior desempenho obtido às 11h, já que este problema do sono foi correlacionado
91
ao maior número de lapsos cometido neste horário pelo turno diurno. Episódios de sono
fragmentado levam a uma menor eficiência do sono e sonolência diurna, que podem
deixar os trabalhadores mais propensos a cometerem erros (Van Dongen & Dinges,
2005).
Por outro lado, os lapsos cometidos às 14h, pelos trabalhadores diurnos foram
significativamente maiores do que às 17h. Estes resultados são consistentes com dados
na literatura que mostram que, entre 13h e 16h, há, organicamente, um aumento da
sonolência, o qual favorece o declínio do desempenho cognitivo, como da atenção, nesta
mesma fase. Portanto, às 14h, os participantes poderiam estar em um pico de desatenção,
coincidindo com o horário pós-almoço, que também favorece o aumento da sonolência,
obtendo pior resultado (Van Dongen & Dinges, 2000; Wright, Lowry & Le Bourgeois,
2012).
Os trabalhadores noturnos também obtiveram maior tempo de reação e maior
número de lapsos, no primeiro horário de avaliação do PVT. Estes resultados foram
correlacionados com a menor duração do sono nos dias de trabalho e com o maior nível
de sonolência. Os dados são consistentes com os estudos que mostram que o PVT é
sensível à presença de sonolência e que o sono encurtado pode prejudicar o desempenho
na atenção, produzindo mais falhas (Van Dongen & Dinges, 2000). Os valores mais altos
das medidas do PVT, no primeiro horário, também podem ter sido influenciados pelos
resultados do primeiro dia de avaliação (e primeiro dia de trabalho noturno), em que os
participantes vinham de um longo período de vigília, já que muitos acordaram de manhã,
para só iniciar o trabalho à noite.
A diminuição nas médias do tempo de reação e lapsos às 02h pode ter ocorrido
porque os trabalhadores foram ficando mais alertos, seja pelo efeito do consumo do café
ou pela própria motivação em realizar o teste, já que muitos trabalhadores viam esse
92
momento como uma competição com os outros colegas, incentivando o bom
desempenho. O aumento do tempo de reação e do número de lapsos cometido às 05h,
quando comparadas ao horário das 02h é justificado, pois este último horário em que o
teste ocorreu é o momento em que o ritmo circadiano de alerta está se aproximando dos
seus valores mais baixos (Postnova, Robinson & Postnov, 2013). Estes resultados são
semelhantes aos encontrados na pesquisa de Anderson et al. (2012), realizada com 34
médicos residentes sob o esquema de turno alternante. O estudo utilizou o PVT, no início,
meio e fim dos turnos e encontrou que o tempo de reação e o número de lapsos se
deterioraram nas últimas horas do turno de trabalho.
Esperava-se que houvesse diferenças significativas na média dos tempos de reação
e no número de lapsos entre os turnos diurno e noturno, pois é bem estabelecido na
literatura que o turno da noite apresenta os piores resultados no PVT, quando comparado
ao turno do dia, já que o trabalho noturno obriga o indivíduo a trabalhar no ponto mais
baixo de desempenho, em função do padrão circadiano (Akerstedt, 2003; Postnova et al.,
2013). A ausência de diferenças pode ter sido ocasionada pelo número reduzido de
participantes no estudo, que dificultou a obtenção de comparações com maior nível de
significância.
Houve correlação entre a idade e o tempo de trabalho sob o esquema de turnos e
o desempenho na atenção dos trabalhadores. Foi verificado, para os trabalhadores
diurnos, que quanto mais recente o tempo de trabalho em esquema de turno, menor o
tempo de reação obtido às 14h e 17h. Para os trabalhadores noturnos, foi encontrado que,
quanto maior a idade, maior a média dos tempos de reação às 23h e 05h e maior o número
de lapsos cometidos às 23h. De forma semelhante, quanto maior o tempo de trabalho em
esquema de turno, maior o tempo de reação nos horários de 23h e 05h e maior o número
de lapsos cometidos às 23h pelos trabalhadores noturnos. Estes resultados estão de acordo
93
com a literatura, que tem sugerido que indivíduos mais velhos tendem a ter respostas mais
lentas aos estímulos e produzir mais lapsos (Van Dongen & Dinges, 2000). Isto acontece
porque os trabalhadores em turno, com o passar dos anos, tendem a tornarem-se mais
rígidos biologicamente e a ter menos tolerância às variações nos horários de dormir, ao
sono encurtado e irregular, devido ao esquema de trabalho em turnos e, por isso, tornam-
se mais vulneráveis aos impactos que estes problemas acarretam ao desempenho
cognitivo (Rouch et al., 2005).
Com relação à percepção visuoespacial, para os participantes do turno noturno, a
idade mais avançada foi correlacionada com o menor desempenho visuoespacial. Estes
dados são consistentes com pesquisas na literatura que demonstraram que o desempenho
visuoespacial tende a declinar em função da idade (Rogé et al., 2003). A pesquisa de Rogé
e Gabaude (2009) avaliou se a percepção visuoespacial (medida por meio de uma tarefa
de monitoramento de estímulos visuais que apareciam na tela do computador) teria
alteração em função da idade em duas condições: com os indivíduos descansados e após
uma noite de privação de sono. Os pesquisadores encontraram que a sensibilidade
perceptiva foi menor em indivíduos mais velhos, tanto na condição descansados, quanto
após a privação de sono. Um dos fatores que também podem justificar a queda do
desempenho visuoespacial em função da idade, além dos fatores já citados, ocasionados
pelo trabalho em turnos, é o próprio amadurecimento do sistema visual com o passar dos
anos. Indivíduos mais velhos tendem a perder, naturalmente, a capacidade de perceber
com maior habilidade estímulos visuais do ambiente, o que pode ter influenciado nos
resultados do teste (Schiffman, 2005; Schwartz, 2004).
Salienta-se, ainda, uma importante discussão referente ao comprometimento do
desempenho cognitivo devido ao sono deficiente. Alguns autores sugerem que ele
acontece por conta de uma redução global nos níveis de atenção e vigilância, (Bocca &
94
Denise, 2006; Lim & Dinges, 2008), em que os prejuízos cognitivos seriam manifestados
através de lapsos, lentificação de respostas ou micros episódios de sono. Assim, o
desempenho cognitivo, alterado pelo sono deficiente, se deterioraria em tarefas simples e
monótonas, que dependessem de velocidade de reação e vigilância contínua, como
acontece com a tarefa do PVT (Alhola & Polo-Kantola, 2007; Dorrian et al., 2005). Já
outras investigações têm defendido que a perda de sono tem um efeito seletivo sobre
determinadas estruturas cerebrais e, portanto, comprometendo o desempenho de funções
cognitivas específicas (Alhola & Polo-Kantola, 2007). De acordo com Babkoff,
Zukerman, Fostick e Ben-Artzi (2005), esta perspectiva é também chamada de “sono
baseado na perspectiva neuropsicológica”.
As pesquisas que apoiam esta segunda teoria defendem a hipótese da
vulnerabilidade pré-frontal, sugerindo que a perda de sono atinge predominantemente as
regiões do córtex pré-frontal (Babkoff et al., 2005; Killgore et al., 2007), comprometendo
as funções cognitivas que delas dependem, como a atenção, linguagem e funcionamento
executivo (Bocca & Denise, 2006). Contudo, algumas pesquisas têm tentado mostrar que
não apenas as funções cognitivas ligadas à região pré-frontal podem ser atingidas pelo
sono insuficiente, encontrando alterações em outras áreas, como o córtex parietal e ínfero
temporal, áreas relacionadas com as funções visuais e visuoespaciais (Orzel-Gryglewska,
2010).
Como o objetivo de investigar esta questão, a pesquisa de Killgore et al. (2007)
avaliou a percepção visuoespacial e a atenção em 54 indivíduos saudáveis antes e depois
de uma noite de privação de sono. A visuoespacialidade foi avaliada pelo teste de
julgamento de orientação de linha (tarefa por meio da qual é possível identificar déficits
nas áreas do córtex parietal) e a atenção pelo PVT. Os pesquisadores não encontraram
decréscimos significativos na percepção visuoespacial após a noite de privação de sono,
95
mas os tempos de reação, avaliados pelo PVT, diminuíram significativamente. Os autores
sugeriram que, para esta tarefa, as habilidades visuoespaciais foram mais resistentes a
uma noite de privação de sono do que a atenção e que os déficits no desempenho
associados com a perda de sono poderiam estar relacionados ao declínio da atenção e
alerta.
Tratando-se das correlações existentes entre a percepção visuoespacial e a
atenção, na presente pesquisa, foi encontrado que o maior número de lapsos cometidos
pelos trabalhadores noturnos às 23h e às 05h foi correlacionado com o menor desempenho
visuoespacial. De acordo com Alhola e Polo-Kantola (2007), os lapsos são considerados
por alguns autores o principal motivo para o declínio do desempenho cognitivo, em
decorrência do sono insuficiente. Logo, o aumento do número de lapsos, influenciado
pelos fatores homeostáticos e circadianos, pode estar relacionado com o declínio da
percepção visuoespacial, mas também de outras funções cognitivas. Outra explicação
para esta correlação seria a de que vários estudos de neuroimagem funcional mostraram
que, além do córtex pré-frontal, a atenção tem um componente de orientação ligado ao
funcionamento do córtex parietal, responsável, por sua vez, por complexas relações
visuoespaciais (Tomasi et al., 2009).
Um dos fatores que podem ter contribuído para não ter sido encontrada alteração
na percepção visuoespacial e ter havido na atenção, nesta pesquisa, é que as tarefas
utilizadas para avaliar as duas funções cognitivas têm exigências diferentes. A tarefa do
PVT necessita de atenção sustentada e contínua a estímulos que aparecem em intervalos
irregulares, por isso o motivo de ser sensível às oscilações da atenção em função de
fatores homeostáticos e circadianos (Killgore et al., 2007), como os dados desta pesquisa
demonstraram. Já a tarefa da Cópia do Teste de Figuras Complexas de Rey requer apenas
um episódio momentâneo de atenção enquanto se realiza a tarefa da cópia, não sendo uma
96
atividade monótona, na qual fosse preciso que os trabalhadores se mantivessem sempre
vigilantes para executá-la satisfatoriamente. Portanto, com a vigília prolongada, era
esperado que fosse mais difícil tentar manter a atenção por vários minutos, durante a
execução do PVT, do que por um momento breve para realizar a tarefa visuoespacial,
proposta para os trabalhadores desta pesquisa.
Como dito anteriormente, outra medida de avaliação da percepção visuoespacial,
que possibilitasse a aplicação várias vezes durante o turno, com o intuito de detectar as
oscilações do desempenho influenciadas pelos fatores homeostáticos e circadianos,
poderia ser mais eficaz para avaliar a percepção visuoespacial dos trabalhadores em
turnos. Portanto, uma das limitações do estudo é que o Teste de Figuras Complexas de
Rey sofre influência da aprendizagem e não é adequado para ser aplicado várias vezes em
um dia, como o PVT. Seria interessante para futuras pesquisas utilizar outras medidas de
avaliação neuropsicológica, em que o efeito da aprendizagem fosse minimizado com a
aplicação repetida.
Outra limitação do estudo, já colocada, é o fato da avaliação dos trabalhadores não
poder ter sido feita em um ambiente livre de barulho ou de outras variáveis que pudessem
interferir nos resultados do teste, já que os trabalhadores não puderam se ausentar na sala
de operação. Por outro lado, essa condição é válida no sentido de que possibilitou
investigar o desempenho dos participantes em situações concretas de trabalho,
diferenciando-se da maioria dos estudos desta natureza, que são realizados em laboratório
e podem não representar de forma completa a realidade dos trabalhadores.
Os dados desta pesquisa são limitados a uma amostra relativamente pequena de
participantes, o que pode limitar as comparações e generalizações para a população geral
de trabalhadores em turnos. Portanto, seria interessante que pesquisas futuras incluíssem
97
um maior número de trabalhadores para que as generalizações dos resultados fossem mais
amplas.
6. CONCLUSÕES
A amostra geral de trabalhadores desta pesquisa apresentou qualidade do sono
ruim para os dias de trabalho e qualidade do sono boa para os dias de folga.
Quando se dividiu a amostra por turno de trabalho, os participantes do turno
diurno apresentaram qualidade do sono boa, tanto nos dias de trabalho, quanto na
folga. O oposto ocorreu com os participantes noturnos, que obtiveram qualidade
do sono ruim na semana de trabalho e na semana de folga. Sugere-se que o
trabalho, em turnos alternantes, pode ser prejudicial para a qualidade do sono dos
trabalhadores, mas que o turno de trabalho diurno pode ajudar a minimizar os
efeitos das dessincronizações oriundas deste esquema de trabalho, melhorando a
qualidade do sono.
Não foram encontrados déficits na percepção visuoespacial dos trabalhadores dos
turnos diurno e noturno. Este resultado pode ter sido justificado pela natureza do
teste escolhido para a avaliação, o qual pode não ter sido sensível para detectar
possíveis comprometimentos visuoespaciais, que podem atingir o desempenho de
forma sutil. Ou, ainda, pelo fato do teste não permitir a avaliação das oscilações
temporais do desempenho visuoespacial, ao longo do turno, já que sofre influência
da aprendizagem, não podendo ser aplicada de forma repetida, em um curto
intervalo de tempo.
98
A qualidade do sono boa foi correlacionada com o desempenho visuoespacial
adequado para os participantes do turno diurno, sugerindo que o sono de qualidade
satisfatória influencia no melhor desempenho da percepção visuoespacial.
O desempenho na atenção sofreu alteração, no decorrer dos turnos, em que os
trabalhadores diurnos tiveram pior desempenho às 14h (horário que,
organicamente, favorece o declínio da atenção), em comparação ao horário de 17h
e os participantes noturnos às 05h (quando comparado ao desempenho obtido às
14h), momento em que o desempenho cognitivo encontra seus valores mais
baixos.
Por fim, é necessário que novas pesquisas sejam realizadas, utilizando outras
medidas de avaliação da visuoespacialidade, com o intuito de verificar se os
prejuízos no sono podem afetar a percepção visuoespacial de forma independente
da degradação da atenção, já que as habilidades visuoespaciais se mostram
importantíssimas para a percepção adequada das informações visuais no ambiente
de trabalho.
99
7. ANEXOS
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes
Departamento de Psicologia
Programa de Pós-Graduação em Psicologia
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
ANEXO 1
Este é um convite para você participar da pesquisa “Sono e percepção
visuoespacial em profissionais submetidos a esquemas de trabalho em turnos” que é
coordenada por Cibele Siebra Soares, mestranda em Psicologia pela UFRN e pela Profa.
Dra. Katie Moraes de Almondes, professora do curso de Psicologia da UFRN. Esta
pesquisa leva em consideração que os horários irregulares do trabalho em turno podem
ocasionar prejuízos na qualidade do sono, podendo afetar o desempenho cognitivo.
Portanto, a pesquisa tem como objetivo avaliar a qualidade do sono e sua relação com a
percepção visuoespacial em profissionais submetidos a esquemas de trabalho em turnos.
Para isso, será avaliado o seu padrão de sono nos esquemas de trabalho diurno e noturno
e a relação entre trabalho em turno e percepção visuoespacial.
A sua participação na pesquisa é voluntária, o que significa que você poderá
desistir, retirando seu consentimento, em qualquer momento ou etapa da pesquisa, sem
que isto lhe traga qualquer prejuízo ou penalidade. Caso aceite participar, você preencherá
uma ficha de identificação, um Diário de Sono, um Questionário de Hábitos de Sono, um
Questionário de identificação de Cronotipo e um Questionário de Qualidade do sono.
100
Você responderá também ao Teste de Vigilância Psicomotora (PVT), ao Teste de Figuras
Complexas de Rey e ao Subteste Cubos do WAIS III.
A participação nesta pesquisa não traz complicações, riscos ou desconforto, nem
acarretará gastos financeiros. Todas as informações obtidas serão sigilosas e seu nome
não será identificado em nenhum momento. Os dados serão guardados em local seguro e
a divulgação dos resultados será feita de forma a não identificar os voluntários.
Você ficará com uma cópia deste Termo e sempre que tiver alguma dúvida a respeito
desta pesquisa poderá perguntar para a pesquisadora pelo telefone (84) 96508004 ou pelo
endereço de e-mail cibelesiebrass@gmail.com.
Diante do conteúdo acima apresentado, concordo em participar voluntariamente da
pesquisa.
__________________________________________________________________
Nome
__________________________________________________________________
Cibele Siebra Soares
Coordenadora do projeto
101
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes
Departamento de Psicologia
Programa de Pós-Graduação em Psicologia
CARTA DE ACEITE – CEP
ANEXO 2
102
103
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes
Departamento de Psicologia
Programa de Pós-Graduação em Psicologia
DIÁRIO DE SONO
ANEXO 3
Nome:_______________________________________________________________
Data da folga (início) ________________ (fim) _______________
Turno Diurno Tomei
comprimid
o para
dormir
Hora de deitar Hora de
levantar
Durante o
período
acordado sentiu-
se
Data Sim Não
20/03 Exemplo X 21H45min 05H20min ()Repousado
(x)Cansado
()Muito cansado
Noite1 ____H____min ____H____min ()Repousado
()Cansado
()Muito cansado
Noite 2 ____H____min ____H____min ()Repousado
()Cansado
()Muito cansado
Noite3 ____H____min ____H____min ()Repousado
()Cansado
()Muito cansado
Noite 4 ____H____min ____H____min ()Repousado
()Cansado
()Muito cansado
Noite 5 ____H____min ____H____min ()Repousado
()Cansado
()Muito cansado
Noite 6 ____H____min ____H____min ()Repousado
()Cansado
()Muito cansado
Noite7 ____H____min ____H____min ()Repousado
()Cansado
()Muito cansado
Noite 8 ____H____min ____H____min ()Repousado
()Cansado
()Muito cansado
Noite 9 ____H____min ____H____min ()Repousado
()Cansado
()Muito cansado
Noite 10 ____H____min ____H____min ()Repousado
()Cansado
()Muito cansado
104
Noite 11 ____H____min ____H____min ()Repousado
()Cansado ()Muito cansado
Noite 12 ____H____min ____H____min ()Repousado
()Cansado
()Muito cansado
Noite13 ____H____min ____H____min ()Repousado
()Cansado
()Muito cansado
Noite 14 ____H____min ____H____min ()Repousado
()Cansado
()Muito cansado
Marque com um X as horas em que permaneceu
dormindo
Anotações dos horários
de cochilos
Noite 20h 21h 22h 00h 01h 02h 03h 04h 05h 06h 07h
Exemplo X X X X X X X
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
105
Turno Noturno Tomei
comprimid
o para
dormir
Hora de deitar Hora de
levantar
Durante o
período
acordado sentiu-
se
Data Sim Não
27/03 Exemplo X 08H23min 16H15min ()Repousado
(x)Cansado
()Muito cansado
Dia 1 ____H____min ____H____min ()Repousado
()Cansado
()Muito cansado
Dia 2 ____H____min ____H____min ()Repousado
()Cansado
()Muito cansado
Dia 3 ____H____min ____H____min ()Repousado
()Cansado ()Muito cansado
Dia 4 ____H____min ____H____min ()Repousado
()Cansado
()Muito cansado
Dia 5 ____H____min ____H____min ()Repousado
()Cansado
()Muito cansado
Dia 6 ____H____min ____H____min ()Repousado
()Cansado
()Muito cansado
Dia 7 ____H____min ____H____min ()Repousado
()Cansado
()Muito cansado
Noite 8 ____H____min ____H____min ()Repousado
()Cansado
()Muito cansado
Noite 9 ____H____min ____H____min ()Repousado ()Cansado
()Muito cansado
Noite 10 ____H____min ____H____min ()Repousado
()Cansado
()Muito cansado
Noite 11 ____H____min ____H____min ()Repousado
()Cansado
()Muito cansado
Noite 12 ____H____min ____H____min ()Repousado
()Cansado
()Muito cansado
Noite13 ____H____min ____H____min ()Repousado
()Cansado
()Muito cansado
Noite 14 ____H____min ____H____min ()Repousado
()Cansado ()Muito cansado
106
Marque com um X as horas em que permaneceu
dormindo
Anotações dos horários
de cochilos
Dia 08h
09h
10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h
Exemplo X X X X X X X X
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
107
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes
Departamento de Psicologia
Programa de Pós-Graduação em Psicologia
QUESTIONÁRIODE HÁBITOS DE SONO
ANEXO 4
Nome: ________________________________________________________________
Data em que respondeu: ____/____/____
Data do trabalho: Início ____/____/____ Fim ____/____/____
Data da folga: Início ____/____/____Fim ____/____/____
SEU TRABALHO, SUA CASA E SUA FAMÍLIA
1.Quantas pessoas moram na sua casa? _________________
2. Quantas pessoas dormem no seu quarto: em casa? ______________ no
trabalho?____________
3. O quarto que você dorme em casa, tem:
( ) Muito barulho ( ) Pouco barulho ( ) Nenhum barulho
No trabalho:
( ) Muito barulho ( ) Pouco barulho ( ) Nenhum barulho
4. Você dorme com:
Em casa: No trabalho:
( ) Luz apagada e porta fechada ( ) Luz apagada e porta fechada
( ) Luz apagada e porta aberta ( ) Luz apagada e porta aberta
( ) Luz acesa e porta aberta ( ) Luz acesa e porta aberta
( ) Luz acesa e porta fechada ( ) Luz acesa e porta fechada
5. Existe alguma coisa no seu quarto que lhe incomoda enquanto você está dormindo?
108
Em casa: ( ) Não ( ) Sim Qual?
____________________________________________
No trabalho: ( ) Não ( ) Sim Qual?
____________________________________________
6. Você mudou de casa ou de quarto de dormir recentemente?
( ) Não
( ) Sim Há quanto tempo? _____________________
7. Houve alguma mudança no número de pessoas que moram na sua casa recentemente?
( ) Não
( ) Sim Há quanto tempo? _____________________
EM RELAÇÃO À SUA SAÚDE:
8. Você fuma?
( ) Não
( ) Sim Quantos cigarros por dia? _____________
9. Você costuma tomar bebidas alcoólicas?
( ) Não
( ) Sim Com que frequência? __________________
Há quanto tempo? ____________________
10. Você costuma beber café, chá (mate ou preto) ou refrigerante? Se beber, responda
abaixo o quanto você bebe:
a) Café Todo dia ( ) Às vezes ( ) Raramente ( ) Nunca ( )
b) Chá Todo dia ( ) Às vezes ( ) Raramente ( ) Nunca ( )
c) Refrigerante Todo dia ( ) Às vezes ( ) Raramente ( ) Nunca ( )
11. Você costuma comer chocolate? Se você comer, responda abaixo o quanto come:
( ) Todos os dias ( ) De vez em quando ( ) Raramente ( ) Nunca come chocolate
QUANTO AO SEU SONO:
12. Você acha que tem algum problema de sono?
( ) Não
109
( ) Sim Qual? ________________________________________________________
13. Você sente dificuldades para pegar no sono?
Em casa: ( ) Nunca ( ) Às vezes ( ) Sempre
Há quanto tempo? _______________________________________________
No trabalho ( ) Nunca ( ) Às vezes ( ) Sempre
Há quanto tempo? _______________________________________________
14. Você sente muito sono durante o dia ou à noite (dependendo do horário em que você
está muito tempo acordado)?
( ) Nunca ( ) Às vezes ( ) Sempre
15. Você acorda no meio do seu sono e tem dificuldade para voltar a dormir?
Em casa: ( ) Nunca ( ) Às vezes ( ) Sempre
No trabalho: ( ) Nunca ( ) Às vezes ( ) Sempre
16. Você costuma ter pesadelo durante o sono?
Em casa: ( ) Nunca ( ) Às vezes ( ) Sempre
No trabalho: ( ) Nunca ( ) Às vezes ( ) Sempre
17. Você costuma acordar com a sensação de estar sufocado?
Em casa: ( ) Nunca ( ) Às vezes ( ) Sempre
No trabalho: ( ) Nunca ( ) Às vezes ( ) Sempre
18. Marque com um x se você costuma fazer uma dessas coisas durante o sono:
( ) Ranger os dentes
( ) Mexer-se muito
( ) Falar dormindo
( ) Roncar
( ) Andar dormindo
( ) Bater a cabeça
( ) Chutar as perna
( ) Gritar dormindo
110
19. A que horas você vai dormir normalmente nos dias de trabalho?
Diurno ________________________
Noturno _______________________
20. A que horas você acorda normalmente nos dias de trabalho?
Diurno ________________________
Noturno _______________________
21. De que forma você acorda nos dias de trabalho?
( ) Com o despertador ( ) Alguém lhe chama ( ) Você acorda sozinho
22. É difícil você acordar nos dias de trabalho?
( ) Muito difícil ( ) Um pouco difícil ( ) Fácil
Por que?
23. A que horas você vai dormir normalmente nos dias de folga? __________________
24. A que horas você acorda normalmente nos dias de folga? ___________________
25. De que forma você acorda nos dias de folga?
( ) Com o despertador ( ) Alguém lhe chama ( ) Você acorda sozinho
26. É difícil você acordar nos dias de folga?
( ) Muito difícil ( ) Um pouco difícil ( ) Fácil
Por que? _______________________________________________________________
27. Você costuma dormir ou cochilar?
( ) Nunca ( ) De vez em quando ( ) Sempre
28. Quando você costuma cochilar?
( ) Durante o dia ( ) Durante a noite
29. Onde você costuma cochilar? ___________________________________________
30. A que horas você costuma cochilar? ______________________________________
QUANTO ÀS SUAS ATIVIDADES DIÁRIAS
31. Que meio de transporte você usa para ir ao trabalho? _________________________
111
32. Quanto tempo você leva para ir de casa para o trabalho? ______________________
33. A que horas você acorda para ir trabalhar? _________________________________
34. Você faz atividades físicas habitualmente?
( ) Não ( ) Sim
Qual? ____________________________________Há quanto tempo? ___________
112
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes
Departamento de Psicologia
Programa de Pós-Graduação em Psicologia
QUESTIONÁRIO PARA IDENTIFICAÇÃO DE CRONOTIPO
ANEXO 5
Instruções:
1. Leia com atenção cada questão antes de responder.
2. Responda todas as questões.
3. Responda as questões na ordem numérica.
4. Cada questão deve ser respondida independentemente das outras, não volte atrás e nem
corrija suas respostas anteriores.
5. Para cada questão coloque apenas uma resposta (uma cruz no local correspondente);
algumas questões têm uma escala, nestes casos coloque a cruz no ponto apropriado da
escala.
6. Responda a cada questão com toda honestidade possível. Suas respostas e os resultados
são confidenciais.
7. Se você quiser escrever algum comentário, faça-o em página separada.
8. Não esqueça de preencher os dados pessoais (última folha).
1) Considerando apenas seu bem-estar pessoal e com liberdade total de planejar seu dia,
a que horas você levantaria?
05__/__06__/__07__/__08__/__09__/__10__/__11__/__12__/__
2) Considerando apenas seu bem-estar pessoal e com liberdade total de planejar seu dia,
a que horas você se deitaria?
20__/__21__/__22__/__23__/__24__/__01__/__02__/__03__/__
3) Até que ponto você depende do despertador para acordar de manhã?
113
a) ( ) Nada dependente b) ( ) Não muito dependente
c ( ) Razoavelmente dependente d) ( ) Muito dependente
4) Você acha fácil acordar de manhã?
a) ( ) Nada fácil b) ( ) Não muito fácil
C) ( ) Razoavelmente fácil d) ( ) Muito fácil
5) Você se sente alerta durante a primeira meia hora depois de acordar?
a) ( ) Nada alerta b) ( ) Não muito alerta
c) ( )Razoavelmente alerta d) ( ) Muito alerta
6) Como é seu apetite durante a primeira meia hora depois de acordar?
a) ( ) Muito ruim b) ( ) não muito ruim c) () Razoavelmente bom d) ( ) muito bom
7) Durante a primeira meia hora depois de acordar você se sente cansado?
a) ( ) Muito cansado b) ( ) Não muito cansado
c) ( ) Razoavelmente em forma d) ( ) Em plena forma
8) Se você não tem compromisso no dia seguinte e comparando com hora habitual, a que
horas você gostaria de ir deitar?
a) ( ) Nunca mais tarde b) () Menos de uma hora mais tarde
c)( ) Entre uma e duas horas mais tarde d) ( ) Mais do que duas horas mais tarde
09) Você decidiu fazer exercícios físicos. Um amigo sugeriu o horário das 07:00 as 08:00
horas da manhã, duas vezes por semana, considerando apenas o seu bem-estar pessoal, o
que você acha de fazer exercícios nesse horário?
a) ( ) Estaria em boa forma b) ( ) Estaria razoavelmente em forma
c) ( ) Acharia isso difícil d) ( ) Acharia isso muito difícil
10) A que horas de noite você sente cansado e com vontade de dormir?
114
20__/__21__/__22__/__23__/__24__/__01__/__02__/__03__/__
11) Você quer estar no máximo de sua forma física para fazer um teste que dura duas
horas e que você sabe que é mentalmente cansativo. Considerando apenas seu bem-estar
pessoal, qual desses horários você escolheria para fazer esse teste?
a) ( ) Das 08:00 as 10:00 horas b) ( ) Das 11:00 as 13:00 horas
c) ( ) Das 15:00 as 17:00 horas d) ( ) Das 19: as 21:00 horas
12) Se você fosse se deitar as 23:00 horas, em que nível de cansaço você se sentiria?
a) ( ) nada cansado b) ( ) Um pouco cansado
c) ( )Razoavelmente cansado d) ( ) Muito cansado
13) Por alguma razão você foi dormir várias horas mais tarde do que seu costume. Se no
dia seguinte você não tiver hora certa para acordar, o que aconteceria com você?
a) ( ) Acordaria na hora normal, sem sono
b) ( ) Acordaria na hora normal, com sono
c) ( ) Acordaria na hora normal e dormiria novamente
d) ( ) Acordaria mais tarde do que seu costume
14) Se você tiver que ficar acordado das 04:00 as 06:00 horas para realizar uma tarefa e
não tiver compromissos no dia seguinte, o que você faria?
a) ( ) Só dormiria depois de fazer a tarefa
b) ( ) Tiraria um soneca antes da tarefa e dormiria depois
c) ( ) dormiria bastante antes e tiraria uma soneca depois
d) ( ) Só dormiria antes de fazer a tarefa
115
15) Se você tiver que fazer duas horas de exercício físico pesado e considerando apenas
seu bem-estar pessoal, qual destes horários você escolheria?
a) ( ) Das 08:00 as 10:00 horas b) ( ) Das 11:00 as 13:00 horas
c) ( ) Das 15:00 as 17:00 horas d) ( ) Das 19: as 21:00 horas
16) Você decidiu fazer exercícios físicos. Um amigo sugeriu o horário das 22:00 as 23:00
horas da manhã, duas vezes por semana, considerando apenas o seu bem-estar pessoal, o
que você acha de fazer exercícios nesse horário?
a) ( ) Estaria em boa forma b)( ) Estaria razoavelmente em forma
c) ( ) Acharia isso difícil d) ( ) Acharia isso muito difícil
17) Suponha que você possa escolher o seu próprio horário de trabalho e que você deva
trabalhar cinco horas seguidas por dia. Imagine que seja um serviço interessante e que
você ganhe por produção. Qual horário você escolheria?
00__/__01__/__02__/__03__/__04__05__/__06__/__07__/__08__/__09__/__10__/__1
1__/__12__/__13__/__14__/__15__/__16__/__17__/__18__/__19__/__20__/__21__/_
_22__/__23__/__24__/__
18) A que horas você atinge seu melhor momento de bem-estar?
00__/__01__/__02__/__03__/__04__05__/__06__/__07__/__08__/__09__/__10__/__1
1__/__12__/__13__/__14__/__15__/__16__/__17__/__18__/__19__/__20__/__21__/_
_22__/__23__/__24__/__
19) Fala-se em pessoas matutinas e vespertinas ( as primeiras gostam de acordar cedo e
dormir cedo, as segundas de acordar tarde e dormir tarde). Com qual tipo você se
identifica?
a) ( ) Tipo matutino b) ( ) Mais matutino que vespertino
c) ( ) Mais vespertino que matutino d) ( ) Tipo vespertino
116
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes
Departamento de Psicologia
Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Base de Neurociências Cognitiva e Comportamental
ÍNDICE DE QUALIDADE DO SONO DE PITTSBURGH (IQSP)
ANEXO 6
Nome: ____________________________________________________________Data:
____/_____/____
Data do trabalho: Início ____/____/____ Fim ____/____/____
Data da folga: Início ____/____/____Fim ____/____/____
Instruções:
As questões a seguir são referentes aos hábitos de sono apenas durante o mês passado.
Suas respostas devem indicar o mais corretamente possível o que aconteceu na maioria
dos dias e noites do mês passado. Por favor, responda a todas as questões.
1. Durante o mês passado, a que horas você foi deitar na maioria das vezes?
Horário de deitar nos dias de trabalho: ______________
Horário de deitar nos dias de folga: _________________
2. Durante o mês passado, quanto tempo (em minutos) você demorou para pegar no
sono, na maioria das vezes?
Quantos minutos demorou para pegar no sono nos dias de trabalho: ______________
Quantos minutos demorou para pegar no sono nos dias de folga: ______________
<15 minutos
16-30 minutos
31-60 minutos
> 60 minutos
3. Durante o mês passado, a que horas você acordou, na maioria das vezes?
Horário de acordar trabalho: ______________ Horário de acordar
folga____________
117
4. Durante o mês passado, quantas horas de sono você dormiu? (pode ser diferente do
número de horas que você ficou na cama).
Horas de sono nos dias de trabalho: ______________
Horas de sono nos dias de folga: ______________
> 7 horas
6-7 horas
5-6 horas
< 5 horas
Para cada uma das questões seguinte escolha uma única resposta que você ache mais
correta. Por favor, responda a todas as questões.
5. Durante o mês passado, quantas vezes você teve problemas para dormir por causa de:
a) Demorar mais de 30 minutos para pegar no sono nos dias de trabalho:
( ) nenhuma vez ( ) menos de uma vez por semana
( ) uma ou duas vezes por semana ( ) três vezes por semana ou mais
Demorar mais de 30 minutos para pegar no sono nos dias de folga:
( ) nenhuma vez ( ) menos de uma vez por semana
( ) uma ou duas vezes por semana ( ) três vezes por semana ou mais
b) Acordar no meio da noite ou de manhã muito cedo nos dias de trabalho
( ) nenhuma vez ( ) menos de uma vez por semana
( ) uma ou duas vezes por semana ( ) três vezes por semana ou mais
Acordar no meio da noite ou de manhã muito cedo nos dias de folga
( ) nenhuma vez ( ) menos de uma vez por semana
( ) uma ou duas vezes por semana ( ) três vezes por semana ou mais
c) Levantar-se para ir ao banheiro nos dias de trabalho
( ) nenhuma vez ( ) menos de uma vez por semana
( ) uma ou duas vezes por semana ( ) três vezes por semana ou mais
Levantar-se para ir ao banheiro nos dias de folga
( ) nenhuma vez ( ) menos de uma vez por semana
( ) uma ou duas vezes por semana ( ) três vezes por semana ou mais
d) Ter dificuldade de respirar nos dias de trabalho
( ) nenhuma vez ( ) menos de uma vez por semana
( ) uma ou duas vezes por semana ( ) três vezes por semana ou mais
118
Ter dificuldade de respirar nos dias de folga
( ) nenhuma vez ( ) menos de uma vez por semana
( ) uma ou duas vezes por semana ( ) três vezes por semana ou mais
e) Tossir ou roncar muito alto nos dias de trabalho
( ) nenhuma vez ( ) menos de uma vez por semana
( ) uma ou duas vezes por semana ( ) três vezes por semana ou mais
Tossir ou roncar muito alto nos dias de folga
( ) nenhuma vez ( ) menos de uma vez por semana
( ) uma ou duas vezes por semana ( ) três vezes por semana ou mais
f) Sentir muito frio nos dias de trabalho
( ) nenhuma vez ( ) menos de uma vez por semana
( ) uma ou duas vezes por semana ( ) três vezes por semana ou mais
Sentir muito frio nos dias de folga
( ) nenhuma vez ( ) menos de uma vez por semana
( ) uma ou duas vezes por semana ( ) três vezes por semana ou mais
g) Sentir muito calor nos dias de trabalho
( ) nenhuma vez ( ) menos de uma vez por semana
( ) uma ou duas vezes por semana ( ) três vezes por semana ou mais
Sentir muito calor nos dias de folga
( ) nenhuma vez ( ) menos de uma vez por semana
( ) uma ou duas vezes por semana ( ) três vezes por semana ou mais
h) Ter sonhos ruins ou pesadelos nos dias de trabalho
( ) nenhuma vez ( ) menos de uma vez por semana
( ) uma ou duas vezes por semana ( ) três vezes por semana ou mais
Ter sonhos ruins ou pesadelos nos dias de folga
( ) nenhuma vez ( ) menos de uma vez por semana
( ) uma ou duas vezes por semana ( ) três vezes por semana ou mais
i) Sentir dores nos dias de trabalho
( ) nenhuma vez ( ) menos de uma vez por semana
119
( ) uma ou duas vezes por semana ( ) três vezes por semana ou mais
Sentir dores nos dias de folga
( ) nenhuma vez ( ) menos de uma vez por semana
( ) uma ou duas vezes por semana ( ) três vezes por semana ou mais
j) Outra razão, por favor, descreva: ________________________________________
Quantas vezes você teve problemas para dormir por esta razão durante o mês passado
nos dias de trabalho?
( ) nenhuma vez ( ) menos de uma vez por semana
( ) uma ou duas vezes por semana ( ) três vezes por semana ou mais
Quantas vezes você teve problemas para dormir por esta razão durante o mês passado
nos dias de folga?
( ) nenhuma vez ( ) menos de uma vez por semana
( ) uma ou duas vezes por semana ( ) três vezes por semana ou mais
Nenhuma vez
< 1 vez/semana
1-2 vezes/semana
> 3 vezes/semana
6. Durante o mês passado, como você classificaria a qualidade do seu sono nos dias de
trabalho?
( ) Muito boa ( ) Boa ( ) Ruim ( ) Muito ruim
Nos dias de folga?
( ) Muito boa ( ) Boa ( ) Ruim ( ) Muito ruim
7. Durante o mês passado, você tomou algum remédio para dormir, receitado pelo
médico ou indicado por outra pessoa (farmacêutico, amigo, familiar) ou mesmo por sua
conta?
( ) nenhuma vez ( ) menos de uma vez por semana
( ) uma ou duas vezes por semana ( ) três vezes por semana ou mais
Qual
(is)?___________________________________________________________________
_
Nenhuma vez
< 1 vez/semana
1-2 vezes/semana
> 3 vezes/semana
120
8. Durante o mês passado, se você teve problemas para ficar acordado enquanto estava
dirigindo, fazendo suas refeições ou participando de qualquer outra atividade social,
quantas vezes isso aconteceu nos dias de trabalho?
( ) nenhuma vez ( ) menos de uma vez por semana
( ) uma ou duas vezes por semana ( ) três vezes por semana ou mais
Nos dias de folga?
( ) nenhuma vez ( ) menos de uma vez por semana
( ) uma ou duas vezes por semana ( ) três vezes por semana ou mais
Nenhuma vez
< 1 vez/semana
1-2 vezes/semana
> 3 vezes/semana
9. Durante o mês passado, você sentiu indisposição ou falta de entusiasmo para realizar
suas atividades diárias nos dias de trabalho?
( ) Nenhuma indisposição nem falta de entusiasmo
( ) Indisposição e falta de entusiasmo pequenas
( ) Indisposição e falta de entusiasmo moderadas
( ) Muita indisposição e falta de entusiasmo
Nos dias de folga?
( ) Nenhuma indisposição nem falta de entusiasmo
( ) Indisposição e falta de entusiasmo pequenas
( ) Indisposição e falta de entusiasmo moderadas
( ) Muita indisposição e falta de entusiasmo
Comentários do entrevistado (se
houver)________________________________________
10. Você cochila no período dos sete dias de trabalho? ( ) Não ( ) Sim
Comentários do entrevistado (se
houver)________________________________________
E no período de folga? ( ) Não ( ) Sim
Comentários do entrevistado (se
houver)________________________________________
Caso sim – você cochila intencionalmente, ou seja, por que quer?
Período de trabalho ( ) Não ( ) Sim Período de folga ( ) Não ( ) Sim
Comentários do entrevistado (se
houver)________________________________________
Para você, cochilar é:
121
( ) Um prazer ( ) Uma necessidade ( ) Outro – qual?
Comentários do entrevistado (se houver)
________________________________________
122
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
BASE DE NEUROCIÊNCIAS COGNITIVA E COMPORTAMENTAL
FICHA DE IDENTIFICAÇÃO
ANEXO 7
Nome: ______________________________________________
Tel:_______________ Data de nascimento: ___/___/___ Sexo:F M
Ocupação na Empresa _____________________________________
Estado Civil _______________________Tem filhos? (Quantos?) ________________
Local de Trabalho (setor/cidade): ___________________________________________
Local de Moradia (cidade): ________________________________________________
Horário de Trabalho: ____________________________________________________
Esquema de Trabalho: ____________________________________________________
Sentido da Mudança (se houver): ___________________________________________
Há quantos anos está no Esquema de Trabalho atual? ___________________________
Há quantos anos está no Esquema de Trabalho em Turnos? _______________________
Realiza alguma atividade extra trabalho? Em caso afirmativo, qual? Qual o horário?
______________________________________________________________________
Tem algum problema de saúde? Qual? _______________________________________
Está tomando alguma medicação? ___________________________________________
Obs:___________________________________________________________________
______________________________________________________________________
____________________________________________
123
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