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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU
MESTRADO EM CIÊNCIAS DO ENVELHECIMENTO
ANDRIELI BIANCA RODRIGUES CAMILO
HABILIDADES SOCIAIS, QUALIDADE DE VIDA E SOBRECARGA EM
IDOSOS CUIDADORES INFORMAIS
SÃO PAULO
2015
UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU
MESTRADO EM CIÊNCIAS DO ENVELHECIMENTO
ANDRIELI BIANCA RODRIGUES CAMILO
HABILIDADES SOCIAIS, QUALIDADE DE VIDA E SOBRECARGA EM
IDOSOS CUIDADORES INFORMAIS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação Stricto Sensu em Ciências do
Envelhecimento da Universidade São Judas Tadeu
(USJT), para banca examinadora como requisito
para obtenção do título de Mestre.
Área de Concentração: Saúde, Educação
e Qualidade de Vida.
Orientadora: Profa. Dra. Carla Witter
SÃO PAULO
2015
Camilo, Andrieli Bianca Rodrigues
C183h Habilidades sociais, qualidade de vida e sobrecarga em idosos
cuidadores informais / Andrieli Bianca Rodrigues Camilo. - São Paulo,
2015.
78 f.; 30 cm.
Orientadora: Carla Witter.
Dissertação (mestrado) – Universidade São Judas Tadeu, São
Paulo, 2015.
1. Bem estar. 2. Cuidadores. 3. Envelhecimento. I. Witter, Carla. II.
Universidade São Judas Tadeu, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu
em Ciências do Envelhecimento. III. Título
CDD 22 – 155.67
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da
Universidade São Judas Tadeu Bibliotecária: Daiane Silva de Oliveira - CRB 8/8702
Sua Majestade A Bengala
O grande Presidente Getúlio Vargas
Bengala ele usava
Um tanto era charme
Outro tanto precisava
Quem escreve estes versos
Bengala está usando
Não tem nada de charme
Mas muito está precisando
Com o peso dos anos
Tudo vai mudando
A Bengala é o apoio
Quando se vai andando
Sou grato a minha Rosa
Que muito está me ajudando
Ela é bengala viva
E felizes vamos caminhando
As rugas e cabelo branco
São marcas que vão ficando
E com o passar dos dias
Noto que vão aumentando
Obrigado bengala amiga
Pela utilidade
De coração agradeço
Sua grande Majestade
(Angelo Bermamim)
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ser minha força e amparo, meus pais que
me ensinaram tudo o que sei e transmitiram com perfeição os valores essenciais para
minha formação como ser humano e a quem devo tudo o que sou. Minhas irmãs,
Andreza pela amizade e apoio e Roberta pelo companheirismo nos trabalhos e
disciplinas cursadas em conjunto e as longas conversas sobre nosso futuro.
À minha avó Lídia que me fez perceber o quanto é necessário a presença de um
cuidador no processo de envelhecimento.
Ao meu companheiro, esposo e amigo Rodrigo pelo amor, dedicação, paciência,
força, carinho, compreensão e incentivo nos momentos de indecisão e fraqueza, ao meu
anjinho Ian que mesmo sem saber é minha energia e motivação para continuar
caminhando.
À minha querida e saudosa Profa. Geraldina Porto Witter, que foi minha
professora, orientadora profissional, amiga, companheira e que me mostrou o
verdadeiro significado da palavra humildade, a quem devo o incentivo pelo ingresso no
mestrado.
Aos meus queridos amigos Professores Gilberto Luiz Moraes Selber e Ana
Maria de Mattos Rettl pelo incentivo e compreensão nos momentos de ausência no
trabalho para dedicação ao curso e ao Professor Valdevino Soares de Oliveira pela
leitura do trabalho e ótimas conversas sobre o tema envelhecimento.
À minha orientadora Professora Dra. Carla Witter, por estar sempre à disposição
para esclarecer e direcionar minhas ideias, dando-me forças nos momentos mais
difíceis, sendo meu impulso para continuar essa caminhada, obrigada pelo carinho e
amizade!
Às professoras Dra. Anita Liberalesso Neri e Dra. Cláudia Gil por aceitarem o
convite para participar da minha banca.
Aos idosos cuidadores que aceitaram participar e contribuir com essa pesquisa.
Aos docentes do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências do
Envelhecimento que complementaram com muita competência minha formação e aos
amigos que contribuíram com palavras de carinho e apoio em todos os momentos.
A todos que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste
trabalho, o meu muito obrigado!
RESUMO
Camilo ABR. Habilidades Sociais, Qualidade de vida e sobrecarga em idosos
cuidadores informais. Dissertação de Mestrado apresentada e defendida no programa
de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências do Envelhecimento. São Paulo:
Universidade São Judas Tadeu, 2014.
Introdução: Com o aumento da expectativa de vida da população idosa, as doenças
crônicas degenerativas se tornam cada vez mais evidentes e o ser humano se torna mais
vulnerável, necessitando da presença de um cuidador. O cuidador pode ser considerado
como formal quando é um profissional que recebe formação específica e remuneração e
informal quando não recebe capacitação e preparo para exercer a atividade, geralmente
sendo um membro da família. Objetivo: verificar e analisar as habilidades sociais, a
qualidade de vida e a sobrecarga de idosos cuidadores informais de pessoas na velhice.
Método: estudo do tipo transversal, descritivo com a participação de 30 idosos
cuidadores de ambos os gêneros, que foram contatados para responder a quatro
instrumentos de avaliação: (1) Instrumento para caracterização da amostra, (2) Escala
Zarit Burden Interview, (3) Instrumento de Avaliação da Qualidade de Vida –
WHOQOL–Old e (4) Inventário de Habilidades Sociais para Idosos. O projeto foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Judas Tadeu
(CEP/USJT) sob parecer nº 489.039 emitido no dia 11/12/2013 e CAEE nº
16308513.7.0000.0089. Aos idosos que aceitaram participar da presente pesquisa, foi
solicitada a assinatura no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Posteriormente, foram aplicados os quatro instrumentos na sequência apresentada com
duração, aproximada, de sessenta minutos. Resultados: A amostra foi composta por 30
idosos cuidadores informais, o gênero feminino representou 93,3%, os instrumentos
apresentaram correlação entre Qualidade de Vida e Habilidades Sociais quando avaliado
a autoafirmação na expressão de sentimentos e o funcionamento dos sentidos,
autonomia, atividades passadas, presentes e futuras e participação social, constatando
que os idosos pesquisados veem de forma positiva o processo do envelhecimento e
participam de atividades sociais, quando avaliado a Qualidade de Vida com a
Sobrecarga. Observou-se, também, que há relação entre Autonomia e o fator Relação
Interpessoal demonstrando que quanto maior a autonomia mais disposto a
relacionamentos interpessoais o idoso cuidador se encontra e por fim a sobrecarga
correlacionou-se negativamente com as Habilidades Sociais, demonstrando que quanto
maior a percepção de sua auto eficácia no desempenho das atividades, menor é o
controle da agressividade, indicando que o cuidador por dominar as tarefas que
envolvem o cuidado, pode se sobrecarregar, não solicitando auxílio de demais pessoas,
ficando vulnerável a perda de controle da agressividade. CONCLUSÃO: Foi possível
verificar que o grupo de idosos cuidadores de pessoas na velhice, embora enfrentem as
dificuldades relacionadas as atividades de cuidar, juntamente com o acúmulo de funções
domésticas, encaram positivamente o processo de envelhecimento e buscam uma
melhora em sua qualidade de vida, mesmo estando sobrecarregados o que pode gerar
uma vulnerabilidade à agressão. Espera-se com esse trabalho, contribuir para
diagnosticar o perfil dos idosos cuidadores de pessoas na velhice, possibilitando futuros
trabalhos que envolvam cuidadores no ambiente familiar e que não frequentam
atividades grupais devido a demanda domiciliar, desenvolvendo assim políticas de
apoio e assistência a esses idosos.
Palavras-chave: Envelhecimento; cuidar; bem estar.
ABSTRACT
Camilo ABR. Social skills, quality of life and overload on elderly informal
caregivers. Master's dissertation presented and advocated in the Stricto Sensu Post-
Graduate in Aging Sciences program. São Paulo: São Judas Tadeu University, 2014.
Introduction: With the increase in life expectancy of the elderly population,
degenerative chronic diseases are becoming more evident and the human being becomes
more vulnerable, requiring the presence of a caregiver. The caregiver can be considered
as formal when the person is a professional who receive specific training and
compensation, and informal when this person do not receive training and preparation to
perform the activity, usually a family member. Objective: To check and analyze the
social skills, the quality of life and the overload of elderly informal caregivers of people
in old age. Method: Transversal and descriptive study, involving 30 elderly caregivers
of both genders who were contacted to answer four assessment instruments: (1)
Instrument to characterize the sample, (2) Scale Zarit Burden Interview, (3) Assessment
Instrument of Quality of Life - WHOQOL-Old and (4) Social Skills Inventory for
Elderly. The project was approved by the Ethics Committee of the São Judas Tadeu
University (CEP / USJT) under position No. 489 039 issued on 12/11/2013 and CAEE
No.16308513.7.0000.0089. The elderly who agreed to participate in this research, the
signature was requested in the Informed Consent (IC). Subsequently, the four
instruments were applied in this sequence shown with the duration, approximated, sixty
minutes. Results: The sample consisted of 30 elderly informal caregivers, females
represented 93.3%, the instruments showed correlation between quality of life and
social skills when assessed self-assertion in the expression of feelings and the
functioning of the senses, autonomy, past, present and future activities, and social
participation, noting that elderly people surveyed see positively the aging process and
attend social activities, as assessed the Quality of Life with the overload. It was
observed also that there is a relation between Autonomy and the Interpersonal
Relationship factor demonstrating that how much greater autonomy more willing to
interpersonal relationships the elderly caregiver is, and finally the overload was
negatively correlated with the Social Skills, demonstrating that how much greater the
perception of their self-effectiveness in performing activities lower is the aggression
control, indicating that the caregiver, by mastering tasks involving care, can overload
themselves, not requesting assistance from others, becoming vulnerable to lose control
of aggressiveness. CONCLUSION: It was verified that the group of elderly caregivers
of people in old age, though they face the difficulties related activities of caring coupled
with the accumulation of domestic functions, they positively perceive the aging process
and seek an improvement in their quality of life, even being overloaded which can
create a vulnerability to aggression. It is hoped that this work could contribute to
diagnose the profile of elderly caregivers of people in old age, enabling future work
involving caregivers in the home environment, who can not attend group activities due
to household demand, thus developing policies to support and assist those elderly.
Keywords: Aging; care; well-being.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1........................................................................................................33
Tabela 2........................................................................................................36
Tabela 3........................................................................................................38
Tabela 4........................................................................................................39
Tabela 5........................................................................................................41
Tabela 6........................................................................................................42
Tabela 7........................................................................................................43
Tabela 8........................................................................................................44
Tabela 9........................................................................................................46
Tabela 10......................................................................................................47
Tabela 11......................................................................................................49
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO....................................................................................................12
Cuidador Familiar: Papéis e Funções........................................................14
Sobrecarga.................................................................................................18
Qualidade de Vida......................................................................................21
Habilidades Sociais....................................................................................23
OBJETIVOS..........................................................................................................27
MÉTODO..............................................................................................................28
Delineamento.............................................................................................28
Participantes...............................................................................................28
Critérios de Inclusão..................................................................................28
Critérios de Exclusão.................................................................................28
Materiais.....................................................................................................29
Procedimento..............................................................................................32
Análise Estatística......................................................................................32
RESULTADO E DISCUSSÃO..............................................................................33
Perfil dos cuidadores..................................................................................33
Sobrecarga..................................................................................................36
Qualidade de Vida......................................................................................39
Habilidades Sociais....................................................................................42
Análise dos três instrumentos....................................................................45
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................51
REFERÊNCIAS....................................................................................................53
APÊNDICES.........................................................................................................66
ANEXOS...............................................................................................................70
12
INTRODUÇÃO
O envelhecimento está associado a alterações socioeconômicas, assim como a
mudanças no perfil epidemiológico e nos serviços de saúde (Paz, Santos & Eidt, 2006 e
Areosa, Henz, Lawisch & R.C.Areosa, 2014). Nos dias atuais, muito tem se pensado em
quem cuidará da população crescente de idosos e como serão vividos os anos com o
aumento da expectativa de vida. Além das doenças crônicas degenerativas, os idosos
longevos, com mais de 80 anos, são uma população mais vulnerável, que necessita de
cuidadores para garantir seu bem estar. Para Baltes (2000, citado por Teixeira e Neri,
2008) o envelhecimento bem sucedido segue uma sequência de seleção, otimização e
compensação, conhecido pela sigla SOC, sendo a seleção direcionada para o
desenvolvimento, envolvendo a escolha das estruturas para a obtenção de metas
satisfatórias, que são redefinidas de acordo com as perdas individuais e sociais, a
otimização potencializa os meios selecionados, utilizando recursos internos e externos
para eficiência do resultado e a compensação, a aquisição ou ativação de novos meios
para compensar o declínio. Baltes e Smith (2003) destacam que o foco é a contínua
busca por uma forma de lidar com as perdas utilizando estratégias psicológicas e
direcionando recursos internos.
Os trabalhos de Pavarini, Mendiondo, Barham, Varoto e Filizola (2005) e Neri
(2013) revelam que a maioria da população idosa apresenta alguma doença crônica
degenerativa, característica do processo de envelhecimento que requer a ajuda de um
cuidador. Em um estudo desenvolvido por Varoto, Truzzi e Pavarini (2004) com idosos
participantes de um grupo de terceira idade, constatou-se que de 225 pessoas
pertencentes ao grupo, 42 desistiram por motivos de doença, como a osteoporose,
hipertensão e diabetes. No contexto brasileiro, os sistemas de seguridade social e saúde
pública não são suficientemente preparados para dar suporte aos idosos, com isso, o
suporte familiar tende a desempenhar um papel decisivo nos cuidados dos idosos.
Neri (2013) em uma pesquisa destinada a identificar entre outros aspectos, as
condições de fragilidade em idosos urbanos comunitários nas localidades de Campinas
(SP), Belém (PA), Parnaíba (PI) Campina Grande (PB), Poços de Caldas (MG), Ivoti
13
(RS) e distrito de Ermelino Matarazzo em São Paulo (SP) denominado Fragilidade em
Idosos Brasileiros – FIBRA, verificou que cerca de 90% dos idosos que não
apresentavam déficits cognitivos de demência, relataram ter pelo menos uma doença
crônica e entre as mais comuns foram elencadas: hipertensão arterial (62,3%), artrite e
artrose (43,5%) e osteoporose (27,4%). O termo fragilidade, muito utilizado pela
Gerontologia e a Geriatria, caracteriza-se como condição de alto risco para quedas,
hospitalização, incapacidade, institucionalização e morte de idosos. (Fried, Tangen,
Walston, Newman, Hirsch, Gottdiener, Seeman, Tracy, Kop, Burke, McBurnie, 2001).
Alguns autores consideram que se trata de uma síndrome clínica, ao contrário do que se
pensava como sinônimo de comorbidade ou deficiência. Neri (2013) também destaca
que essa fragilidade não se trata de doença e nem de consequência obrigatória do
envelhecimento em encontro às doenças crônicas e à incapacidade, porém quanto maior
o nível de fragilidade maior se torna a dependência de outras pessoas que possam cuidar
desses idosos fragilizados.
A pesquisa realizada por Medina, Shirassu e Goldfeder (1998) revelou que 40%
dos indivíduos com 65 anos ou mais necessitam de algum tipo de ajuda para realizar
suas tarefas como, por exemplo, ir ao supermercado, ao banco, preparar refeições,
limpar e organizar a casa, sendo que uma parcela menor que 10% requer auxílio em
tarefas básicas, como tomar banho, vestir-se, ir ao banheiro, alimentar-se, locomover-se,
entre outras atividades, tornando a presença do cuidador essencial. Menéndez, Guevara,
Arcia, Díaz, Marín, & Alfonso (2005), em pesquisa sobre doenças crônicas e limitações
funcionais em idosos em sete cidades da América Latina e Caribe, observaram que
19,4% dos idosos apresentavam dificuldades na realização de atividades diárias,
consideradas básicas, e ainda, 28,6% da amostra necessitavam de ajuda para a
realização de pelo menos uma atividade instrumental, consideradas mais complexas,
como ir ao banco, cuidar das finanças, fazer compras, como já exemplificado.
Rodriguez e Bertoni (2010) lembram que o cuidado existe desde o começo da
vida, e os seres humanos, como todos os demais animais, têm a necessidade de ser
cuidado, pois é um ato que permite a continuidade da espécie e destacam ainda que as
pessoas necessitam de atenção desde que nascem até a sua morte, sendo o cuidado
fundamental para a vida e para o grupo social. A tarefa de cuidar não se caracteriza
14
apenas por uma pessoa realizar atividades no lugar da outra, mas como destaca o
Ministério da Saúde (2008) consiste em estimular a pessoa cuidada a conquistar sua
autonomia, mesmo que em pequenas tarefas, o que requer paciência e tempo. Portanto,
o cuidador deve apresentar características específicas para executar a tarefa (Witter &
Camilo, 2011).
Com as mudanças na estruturação das famílias, por exemplo, a expressiva
inserção da mulher no mercado de trabalho e a diminuição do número de filhos,
observa-se que famílias que antes eram amplas, cada vez mais se tornam nucleares, com
novos arranjos. E é cada vez mais comum, um membro da família que é idoso cuidando
de outro idoso. Como demonstra o estudo de Inouye, Pedrazzani e Pavarini (2008)
realizado com 25 octogenários e seus cuidadores na cidade de São Paulo, observou-se
que a faixa etária média do grupo de cuidadores era de 60,32 anos, observado também
por Areosa et al (2014), em estudo sobre cuidadores no Rio Grande do Sul, no qual 42%
da amostra tinha entre 60 a 75 anos, indicando aumento no número de cuidadores
idosos.
Cuidador Familiar: Papéis e Funções
Karsch (2003) destaca que, com o aumento do número de idosos no Brasil,
ocorreu também, um aumento nos casos de dependência de uma ou mais pessoas para
suprir suas necessidades na realização das atividades de vida diária, sendo a
dependência relacionada à impossibilidade de autocuidar-se. O autor enfatiza que
devido à dificuldade financeira de obter uma assistência hospitalar e institucional de
idosos nessas condições em países em desenvolvimento, como o Brasil, a
responsabilidade de cuidar acaba sendo transferida para a família. Lemos e Medeiros
(2002) e Neri e Sommerhalder (2002) classificam os cuidadores em três categorias:
cuidador primário ou principal que se encarrega da maior parte das tarefas, incluindo as
atividades básicas e instrumentais de vida diária dos idosos durante a maior parte do dia,
cuidadores secundários que colaboram com tarefas mais específicas e de menor
responsabilidade, correspondendo a outros familiares, voluntários ou profissionais que
desempenham tarefas complementares e cuidadores terciários que realizam tarefas
15
esporádicas, sem a responsabilidade de cuidar diretamente do idoso, não necessitam de
contato direto.
A família acaba se tornando a maior prestadora de atenção à saúde do idoso. É
uma das mais antigas e fortes instituições sociais, um sistema cuja socialização e
interação mútua afetam de maneira mais ou menos intensa cada um de seus membros,
na qual um membro assume a função de cuidador principal no caso de incapacidade ou
limitação de algum familiar. (Rodriguez & Bertoni, 2010).
Nesse sentido Camarano, Pasinato e Lemos (2007) em uma pesquisa realizada
na cidade de São Paulo revelou que 95% dos cuidadores eram membros de família,
sendo 92% do gênero feminino, das quais 44% eram esposas e 31,3% filhas. A mesma
tendência aparece na pesquisa de Gonçalves, Leite, Hildebrandt, Bisogno, Biasuz,
Falcade (2013) desenvolvida em Florianópolis-SC; Jequié – BA, Belém-PA,
Palmeira das Missões – RS e Porto-Portugal, a qual revelou que 89% dos cuidadores
eram do gênero feminino, sendo 50% filhas e 19% esposas. No contexto geral, um
membro da família assume a responsabilidade de cuidar do idoso como se fosse natural
e esperada essa atitude do familiar, por vezes, declinando da sua vida pessoal e
profissional, principalmente, no caso dos parentes descendentes do gênero feminino.
Neri (1993) ressalta que devido a fatores predominantemente culturais, a mulher
é vista como a cuidadora, sendo ainda uma atribuição esperada pela sociedade. Em
concordância, Santos (2008) reforça que predominantemente o sexo feminino exerce a
função de cuidar, justificado por ser a mulher que detém o papel de cuidadora, embora o
homem também esteja se destacando nessa tarefa.
Gonçalves, Alvarez, Sena, Santana e Vicente (2006) destacam os motivos para
um parente se tornar cuidador, dentre eles a obrigação moral fundamentada em aspectos
culturais e religiosos, a condição matrimonial, a ausência de pessoas para exercer a
função de cuidados e, também as dificuldades financeiras que obrigam um membro da
família a se dedicar a esta função. Nesse caso, a principal figura cuidadora se torna o
cônjuge, que muitas vezes também é idosa, não havendo tempo para trabalhar
dificuldades físicas e psicológicas, pois a doença acomete o parente inesperadamente.
Andrade (2012) lembra que quando a família recebe um membro com algum tipo de
enfermidade incapacitante, sofre mudanças em sua dinâmica e funcionamento,
16
provocando muitas vezes alterações emocionais e cognitivas que agravam a situação do
idoso, aumentando a tensão entre os membros da família e dificultando a tarefa de
cuidar daqueles que assumem a função principal.
Oliveira e Limongi (2011) ressaltam que embora as consequências de possuir
um membro dependente na família reflita em todos os familiares, o cuidador principal
assume a responsabilidade de dar apoio físico, emocional, medicamentoso e,
frequentemente apoio financeiro, que nesse caso complementa a aposentadoria recebida
pelo idoso. Na maioria das vezes, as tarefas do cuidador principal são assumidas sem a
devida orientação e treinamento de profissionais, e principalmente, sem o apoio de uma
rede social o que pode interferir negativamente na vida pessoal, familiar e social,
impactando diretamente na qualidade de vida. (Seidl & Zannon, 2004; Oliveira &
Limongi, 2011; Loureiro, Fernandes, Marques, Nóbrega, Rodrigues, 2013). A pesquisa
de Camargos et al (2012) realizada em Brasília – DF, revela que os cuidadores de idosos
com demência apresentaram distúrbios do sono, além de altos níveis de hormônios
relacionados ao estresse, impactando diretamente na qualidade de vida dos mesmos.
As principais atividades que englobam a atividade de cuidar envolvem desde
ouvir e dispor atenção na alimentação, higienização e medicação, o que requer do
cuidador paciência e técnica (Witter & Camilo, 2011, Suzuki, 2013, Magalhães & Silva,
2014). Além disso, o cuidador é diariamente exposto a diversos fatores estressantes,
como por exemplo: quantidade de tarefas a serem desempenhadas; doenças
consequentes das exigências do trabalho e de suas próprias características pessoais,
agravadas muitas vezes, por não ter preparo específico e não dispor de informação
necessária para lidar com as diversas situações; falta de apoio físico, psicológico e
financeiro (Martins, Ribeiro e Garrett, 2003).
Andrade (2012) destaca que o estresse no cuidador repercute na qualidade do
cuidado que o idoso recebe e pode interferir no problema de saúde e em sua melhora,
repercutindo na saúde do cuidador com o aparecimento de problemas cardiovasculares,
físicos, transtornos emocionais como depressão e ansiedade, assim como alteração nas
suas relações de trabalho e sociais, entre outros agravos. A autora ainda enfatiza que o
sentimento do cuidador é de que sua vida mudou desfavoravelmente com a presença do
idoso, sendo visto como um fardo a ser carregado, influenciando na interação dos
17
mesmos.
Rodrigues (2011) destaca que o cuidador se sente muitas vezes, confrontado
com as alterações no estado de saúde do seu familiar e incapaz de evitar a evolução da
doença da pessoa com quem conviveu durante muito tempo. É necessário voltar a
atenção à saúde do cuidador do idoso, pois a atividade de cuidar de um adulto
dependente torna-se muito desgastante e implica sérios riscos à sua saúde, sendo
consequente a necessidade de prevenir perdas e agravos à saúde também do cuidador,
que além de colocar em risco a qualidade de atendimento e manutenção do próprio bem-
estar, pode até mesmo colocar em risco a vida do assistido. (Leal, 2000, Shaffer, Dooley
& Williamson, 2007). Como destacam Areosa et al (2014), nosso sistema de saúde é
frágil e não dispõe de dados suficientes sobre idosos dependentes, e isso prejudica a
criação de políticas que auxiliem o cuidador de idosos, e quando o mesmo é idoso, há a
preocupação também com a responsabilidade de cuidar de seu companheiro, administrar
suas limitações físicas e psicológicas e enfrentar a problemática que envolve o próprio
envelhecer.
Como revelam Ferreira et al (2010) com a presença de um doente na família, há
a necessidade de reorganização da dinâmica familiar com redefinição de papéis e tarefas
para atender a esta nova realidade. Diogo, Ceolim e Cintra (2005) mostram que a esposa
frequentemente se torna a cuidadora primária de idosos, que também possui idade
avançada, portanto pessoas que vivenciam o envelhecimento ou que se encontram já na
velhice assumem a tarefa de cuidar mesmo apresentando alguma alteração na
capacidade funcional e na saúde.
Hilgeman, Allen, De Caster e Bugio (2007) realizaram uma pesquisa na cidade
de Filadélfia, no estado da Pensilvânia-EUA, sobre o acompanhamento de cuidadores
de idosos portadores de Alzheimer e constataram que quando o tempo de dedicação é
menor, há mais satisfação na prestação dos serviços. Os autores destacam que
dependendo do grau de autonomia que o idoso apresenta, pode necessitar de maior
dedicação do cuidador, ainda mais quando este é um membro da família e desempenha
sozinho a função, o que pode gerar situações negativas, como por exemplo, a
sobrecarga. Neste sentido, é necessário a presença de profissionais que possam orientá-
lo em como proceder na realização das tarefas, caracterizando uma supervisão ou
18
capacitação, evitando que o cuidador fique exposto a doenças, que sofra prejuízos
negativos em seu estado emocional e perda do convívio social, pois o idoso cuidado
também pode sofrer as consequências como ficar vulnerável a cuidados inadequados e
insuficientes, podendo acarretar até mesmo o abandono e maus tratos. (Areosa et al,
2014).
A partir de dados um projeto da Universidade de São Paulo, que monitora o
envelhecimento populacional no Brasil, publicados no Jornal Folha de São Paulo em 11
de maio de 2014, Colucci (2014) destaca que o número de idosos que cuidam de outros
idosos teve um crescimento importante, o que pode ocasionar um prejuízo no
atendimento disponibilizado ao idoso doente, visto que não há um preparo ou orientação
para exercer a função. Nakatani, Souto, Paulette, Melo e Souza (2003) destacam que o
papel de cuidar é cansativo e soma-se a problemas vividos no processo de
envelhecimento normal como desgaste fisiológico e problemas crônico-degenerativos.
Para Py e Oliveira (2011) além da dificuldade enfrentada diariamente no
atendimento ao idoso, o cuidador tem que administrar sentimentos como o medo da
perda do familiar. Nesse sentido, as autoras enfatizam que existe uma necessidade de
capacitação dos cuidadores com o objetivo de minimizar tensões, favorecendo um
preparo para a prática de cuidados. Pinquart e Sorensen (2007) revelam que os danos à
saúde do cuidador pode estar relacionado aos seguintes aspectos: (a) ao esforço físico na
atividade desempenhada, que pode desencadear tensão muscular, lesão na coluna,
agravamento de doenças crônicas pré existentes, (b) diminuição em atividades que
mantem o bem estar físico como prática de exercícios e realização de dietas, (c) efeitos
fisiológicos do estresse como depressão que pode favorecer a uma exposição a
infecções e (d) alterações cardiovasculares que aumentam o risco de hipertensão e
doenças cardiovasculares.
Sobrecarga
Os cuidados dispensados a um paciente com doença crônica podem levar o
cuidador a desenvolver diversos transtornos, devido ao desempenho do papel, que pode
ocasionar mudanças e principalmente sobrecarga, interferindo diretamente na vida do
19
cuidador. (Stone, 1991, Ocampo et al, 2007, Magalhães & Silva, 2014). Fernandes e
Garcia (2010) destacam que a sobrecarga do cuidador é um termo utilizado
internacionalmente na literatura gerontológica para descrever aspectos negativos da
relação de cuidado. Santos, Sousa, Brasil & Dourado (2011) descrevem a sobrecarga
como um conjunto de problemas físicos, psicológicos, emocionais, sociais e até
financeiros decorrentes do cuidado a alguém. Assim como destacam Vitaliano, Zhang,
Scanlan (2003) o desempenhar dessa tarefa pode ser excessiva e estressante,
desencadeando sintomas psiquiátricos como a depressão
Fernandes (2009) enfatiza que o processo de conviver e cuidar de um familiar
caracteriza-se como uma tarefa difícil, podendo em alguns casos gerar uma crise
familiar, ocasionando ao cuidador principal uma sobrecarga que pode ter como
consequência a ruptura do equilíbrio familiar. Schulz e Beach (1999) também ressaltam
que a vulnerabilidade biológica, o excesso na realização da tarefa de cuidar e a
exposição frequente a eventos estressores pode prejudicar o funcionamento fisiológico e
aumentar o risco de problemas de saúde e mortalidade entre os cuidadores. Luzardo e
Waldman (2004) enfatizam que os cuidadores ao assumir as tarefas sozinho no
domicílio, manifestam desconforto e sentimentos de solidão, principalmente quando não
sentem apoio de outros membros da família.
A exaustão causada pela execução das tarefas pode ocasionar também uma
substituição de valores, sendo o idoso o foco principal, como destacam Gratão et al
(2013) por a tarefa ser muito complexa, muitas vezes o cuidador esquece de si para
atender a necessidade da pessoa cuidada, tendo com isso sentimentos positivos e
negativos. Os autores constataram em uma pesquisa que grande parte dos cuidadores
moravam com os idosos, que os idosos avaliaram essa situação como fator positivo,
pois recebem atendimentos às suas necessidades prontamente, porém para os cuidadores
é visto de forma inversa devido à exposição diária aos efeitos do processo de cuidar.
Ferreira et al (2010) e Bandeira, Calzavara e Castro (2008) concordam que a
sobrecarga é caracterizada como inquietação resultante do convívio com a dependência
física e incapacidade mental do indivíduo cuidado. Destacam que, muitas vezes, os
20
familiares embora se sintam sobrecarregados no papel de cuidadores também sentem
satisfação por exercer a função.
Portanto, a sobrecarga do cuidador familiar informal é um fato que merece ser
estudado, uma vez que pode alterar a dinâmica familiar e prejudicar tanto o cuidador
como o idoso cuidado. A sobrecarga pode ser definida de duas formas, a primeira como
objetiva que engloba sintomas e comportamentos dentro dos ambientes sociais e suas
consequências, relacionada ao desempenho das tarefas, envolvendo os transtornos e
impactos que ocorrem diretamente na vida social e ocupacional dos familiares,
inclusive, considerando impacto financeiro e a segunda, subjetiva que está relacionada a
processos psicológicos, percepção e sentimentos de familiares, como um incômodo ao
exercer as funções de cuidador. (Bandeira, Calzavara e Castro, 2008). O cuidador
familiar, por estar diretamente ligado ao idoso cuidado, com carga horária de dedicação
alta pode apresentar a sobrecarga objetiva e/ou subjetiva interferindo diretamente em
sua qualidade de vida. (Bocchi, 2004)
A sobrecarga de tarefas, o desgaste físico e emocional para o cuidador,
principalmente quando a dedicação ocorre por longo tempo e por uma única pessoa,
desencadeia limitações na vida diária do cuidador e interfere na sua qualidade de vida.
(Nardi & Oliveira, 2008, Nardi, 2012). Essa dedicação exigida no cuidado de um idoso
dependente demanda recursos econômicos, planejamento, organização familiar e
pessoal que necessita de uma rede de apoio social, que como ressaltam Berkman e
Syme (1999) diminui os aspectos negativos provocados pela execução da tarefa,
contribui para a melhoria da saúde do cuidador e para uma melhora na qualidade dos
cuidados prestados. Observa-se que a sobrecarga é mais evidente em familiares com
situação socioeconômica inferior, como verificou o estudo de Camargos, Lacerda,
Viana, Pinto e Fonseca (2009) com 56 cuidadores com a utilização da Escala Zarit
Burden Interview.
Uma pesquisa realizada por Loureiro (2011) em João Pessoa na Paraíba avaliou
a sobrecarga de 52 cuidadores e observou que 84,6% apresentavam sobrecarga e destes
72,7% sobrecarga moderada e leve e 27,3% moderada e grave. Resultados semelhantes
foram observados, também, no estudo de Silva (2011) em Minas Gerais que encontrou
21
um grau de sobrecarga leve a moderada em 51,7% dos 58 cuidadores familiares
pesquisados, evidenciando a existência da sobrecarga na execução da atividade de
cuidar. Portanto, há a necessidade de se voltar atenção ao cuidador, quer ele seja um
familiar (informal) ou um profissional (formal) que de acordo com Ferreira et al (2010)
deve ser considerado um parceiro na prestação de cuidados ao doente, além de ser
também alvo de cuidados, principalmente o cuidador familiar informal. Como destacam
Breinbauer, Vásquez, Mayanz, Guerra e Teresa (2009) esses cuidadores,
principalmente, os familiares não buscam ajuda de um profissional de saúde para
verificar seus sintomas, postergando a busca de ajuda e priorizando os problemas que
envolvem sua família, esquecendo de cuidar-se em detrimento de cuidar do idoso.
Qualidade de Vida
Para Sousa, Galante e Figueiredo (2003) o envelhecimento bem sucedido, está
acompanhado de qualidade de vida e bem estar e deve ser promovido ao longo do
desenvolvimento, sendo importante diferenciar os efeitos ocasionados pela idade e de
uma doença crônica degenerativa, pois algumas pessoas demonstram declínio no estado
de saúde física e cognitiva precoce, enquanto outras vivem de maneira saudável. Fleck
et al (2000) enfatizam que a definição do Grupo de Qualidade de Vida da Organização
Mundial de Saúde (The WHOQOL Group, 1995) aborda a qualidade de vida como a
percepção do indivíduo com relação a sua posição social na vida, no contexto da cultura
e sistemas de valores nos quais está inserido em relação aos seus objetivos,
expectativas, padrões e preocupações.
Para Neri (1993) avaliar a qualidade de vida na velhice implica a adoção de
vários critérios de natureza biológica, psicológica e sócio estrutural, tendo elementos
determinantes ou indicadores de bem estar na velhice como longevidade, saúde
biológica, saúde mental, satisfação, controle cognitivo, competência social, renda,
continuidade de papéis familiares e ocupacionais e continuidade de relações informais
com grupos primários como a família. Seidl e Zannon (2004) afirmam que saúde e
doença são um processo contínuo e estão diretamente ligados a aspectos econômicos,
socioculturais e estilos de vida que são determinantes para a qualidade de vida dos
idosos.
22
Minayo, Hartz e Buss (2000) definem a qualidade de vida como um
conhecimento humano e ao grau de satisfação na vida familiar, amorosa, social e
ambiental, sendo o termo abrangente em vários significados, refletindo conhecimentos,
experiências e valores do indivíduo e da coletividade, portanto, uma construção social
com a marca da relatividade cultural. Vecchia, Ruiz, Bocchi, e Corrente (2005)
ressaltam que o conceito de qualidade de vida é subjetivo e depende do nível
sociocultural, faixa etária e motivações pessoais do indivíduo.
Para Yokoyama, Carvalho e Vizzotto (2006) e Witter e Buriti (2011) o conceito
de qualidade de vida não pode ser único, pois irá variar de acordo com os aspectos que
estão sendo considerados. Portanto, o que pode ser avaliado como qualidade de vida
para o idoso ou seu cuidador pode variar e ser diferente conforme a percepção subjetiva
das pessoas sobre a própria vida influenciada pelos aspectos filogenéticos,
ontogenéticos e culturais.
Neri (2006) destaca que as perdas cognitivas e as alterações comportamentais,
emocionais, envolvendo até mesmo a personalidade do idoso exigem uma grande
capacidade de adaptação do cuidador para o bom convívio. Portanto, compreender o
envelhecimento como um processo sociovital multifacetado e um processo irreversível é
extremamente importante para que todos os envolvidos como os profissionais da saúde,
governo, sociedade e os próprios idosos, percebam a velhice como um momento no
ciclo da vida que exije cuidados específicos.
Witter e Camilo (2011) destacam que o cuidador de idoso deve ter algumas
características para garantir um atendimento que assegure sua qualidade de vida e do
atendido, tais como: ser paciente, manter autocontrole, conhecer e respeitar o idoso
cuidado, respeitar os próprios limites, ouvir e respeitar opiniões de outros profissionais,
tomar decisões conjuntas com profissionais, membros da família e com a própria
pessoa. Deve ainda, ser companhia adequada, paciente, com autocontrole, sendo
necessário conhecer o outro e respeitá-lo em suas características individuais, respeitar
seus próprios limites, dividir com os demais envolvidos suas preocupações, ouvir e
respeitar a opinião de profissionais envolvidos e tomar decisões conjuntas com os
demais membros da família e, sobretudo, com a própria pessoa cuidada. Neste contexto,
23
Vecchia et al (2005) destacam que ações que busquem melhorar a qualidade de vida do
idoso, devem considerar as dimensões e diferenças sobre o que valorizam na busca de
seu bem estar.
A qualidade de vida do idoso cuidador, pode ser diretamente influenciada, como
revela a pesquisa de Pinto et al (2009) com cuidadores de idosos com doença de
Alzheimer, na qual concluiu que quanto maior o comprometimento funcional do idoso,
maior a alteração na qualidade de vida do cuidador. Ferreira, Alexandre e Lemos (2011)
também constataram que cuidadores de idosos com mais de 60 anos, do sexo feminino,
filhas ou cônjuges do idoso cuidado, com maior tempo de dedicação aos cuidados do
idoso e que sofreram grandes mudanças em sua rotina, foram as que tiveram pior
percepção de sua qualidade de vida. Argiman, Limon e Cabezas (2005), verificaram que
quando os cuidadores informais foram indagados sobre o que influenciava a qualidade
de vida, associaram ao bem estar psicológico, serenidade, bem estar geral, estabilidade
financeira, liberdade e tranquilidade; e com relação ao idoso relacionaram boa saúde e
maior independência e, também, o apoio de outra pessoa na prestação de auxílio no
cuidado.
Habilidades Sociais
O suporte social do idoso com doença crônica é fundamental, pois o idoso
apresenta incertezas, desgastes físicos e emocionais, dependência e mudança no estilo
de vida. Por isso, uma comunicação empática e compreensiva facilita a interação do
cuidador, do idoso cuidado e de todos os envolvidos nessa interação. (Herrera, Florez,
Romero & Montalvo, 2012). Como o cuidador principal tende a dedicar todo o seu
tempo ao cuidado, suas relações sociais acabam sendo prejudicadas. E conforme os
autores enfatizam, Carneiro, Falcone, Clark, Del Prette e Del Prette (2007), as relações
sociais podem promover condições favoráveis à saúde e promover o bem estar e manter
a qualidade de vida.
Carneiro e Falcone (2004) lembram que o desenvolvimento social do indivíduo
inicia-se no nascimento, sendo na infância que o repertório de habilidades sociais se
torna mais elaborado, passando a ser mais exigido na adolescência quando a família e a
24
escola cobram comportamentos sociais mais complexos. Na vida adulta, novas
habilidades sociais são exigidas como a realização de tarefas em grupo, desempenho de
liderança, habilidades sexuais e independência. Na velhice, onde há a diminuição das
capacidades sensoriais, algumas habilidades se tornam importantes como o contato
social com outras pessoas e até mesmo a administração de comportamentos sociais
decorrentes de preconceitos contra a velhice.
Caballo (1986) define que:
“O comportamento socialmente habilidoso é esse conjunto de
comportamentos emitidos por um indivíduo em um contexto
interpessoal que expressa os sentimentos, atitudes, desejos,
opiniões ou direitos desse indivíduo, de um modo adequado à
situação, respeitando esses comportamentos nos demais, e que
geralmente resolve os problemas imediatos da situação enquanto
minimiza a probabilidade de futuros problemas.”
Del Prette e Del Prette (1999) enfatizam que um comportamento socialmente
habilidoso pode ser aprendido e abrange dimensões pessoais, situacionais e culturais.
Embora as habilidades sociais sejam aprendidas ao longo da vida, quando as condições
não favorecem essa aquisição, o processo pode ser recuperado por meio de treinamento.
(Caballo,1996).
De acordo com Linehan (1984, citado por Caballo 1996), podem ser
identificados três tipos básicos de consequências do comportamento: (a) a eficácia para
melhorar os objetivos da resposta; (b) a eficácia para manter ou melhorar a relação com
a outra pessoa e (c) a eficácia para manter a auto-estima da pessoa socialmente
habilidosa. Para Caballo (1996) as habilidades sociais são condutas necessárias para
interagir e relacionar-se com outras pessoas de forma efetiva e satisfatória. Del Prette e
Del Prette (2001) destacam que as habilidades necessárias para as relações interpessoais
satisfatórias requerem habilidades como comunicação assertiva, empatia, civilidade
entre outras, sendo divididos por classes de maior e menor abrangência, destacando-se:
(a) Habilidades de comunicação – realizar e responder perguntas, solicitar e dar
feedback, elogiar, começar, manter e finalizar conversas; (b) Habilidades de civilidade –
25
utilizar palavras como “por favor”,” obrigada”, apresentar-se, cumprimentar e (c)
Habilidades assertivas de enfrentamento ou defesa dos direitos e cidadania – expressar a
própria opinião, discordar de algo, fazer pedidos, recusar-se a realizar algo, interagir
com outros níveis de profissionais ou autoridades, lidar com críticas, com a raiva
expressa por outra pessoa, solicitar mudança de comportamento entre outras.
Falcone (1999, 2001) enfatiza a importância das habilidades de empatia e de sua
vinculação com as habilidades assertivas para que as interações sociais sejam bem
sucedidas, sendo a empatia a capacidade de compreender e expressar compreensão
sobre a perspectiva e sentimentos de outra pessoa, favorecendo a compaixão e interesse
pelo bem-estar. O comportamento socialmente adequado deve considerar a capacidade
que o indivíduo tem de obter satisfação pessoal e, também, motivação para compreender
e atender às necessidades de outra pessoa. (Falcone & Ramos, 2005).
Piovesan e Batistoni (2012) relatam que a maioria das pessoas que assumem a
atividade de cuidadores de indivíduos portadores de doenças crônicas apresentavam
falta de habilidade e conhecimentos para desempenhar o papel de cuidador, gerando
baixo senso de auto-eficácia e despreparo. Os autores ainda destacam que as habilidades
eficazes na resolução de problemas estão diretamente associadas ao bem estar do
cuidador e em contrapartida, cuidadores que não respondem adequadamente estão mais
vulneráveis a depressão, ansiedade e outros problemas de saúde. A falta e/ou deficiência
em demonstrar empatia e assertividade pode originar padrões de comportamento
socialmente inadequados, como a esquiva ou a agressividade, que acabam prejudicando
a qualidade da interação e contribuindo para conflitos sociais. (Carneiro et al, 2007).
Pearlin e Skaff (1996) destacam que o estresse no cuidador ocorre quando ele
tem dificuldade em lidar com as demandas das tarefas e do papel. A resposta ao estresse
pode ser mediada pelo suporte social e pelos recursos de enfrentamento que tem
disponíveis. Carneiro et al (2007) lembram que a ausência ou a deficiência na
manifestação da empatia e assertividade pode ter como consequência padrões de
comportamento sociais inadequados, como a esquiva ou a agressividade, favorecendo a
ocorrência de conflitos sociais. Destacam ainda, que as deficiências em habilidades
sociais contribuem para a queda na qualidade de vida. Braz (2010), também, ressalta
26
que para os idosos, a promoção das habilidades sociais assertivas, possibilita a
expressão e o exercício de seus direitos. Neste sentido, Carneiro e Falcone (2004)
enfatizam que a capacidade de interagir socialmente é importante para que o idoso
possa adquirir e manter redes de apoio social e garantir sua qualidade de vida. Portanto,
o desenvolvimento das habilidades sociais é importante na relação interpessoal
estabelecida entre o cuidador, o idoso e demais membros da família.
27
OBJETIVOS
Objetivo Geral
O objetivo geral do trabalho foi caracterizar o perfil de um grupo de
cuidadores familiares idosos, analisar as variáveis: senso de sobrecarga, percepção de
qualidade de vida e habilidades sociais, assim como investigar associações entre essas
condições no mesmo grupo.
28
MÉTODO
Delineamento
O presente estudo é de tipo transversal, descritivo, com delineamento
correlacional, que possibilita investigar as possíveis correlações entre as seguintes
variáveis: habilidades sociais, qualidade de vida e sobrecarga em cuidadores informais
de idosos.
Participantes
Participaram da pesquisa, 30 idosos de 60 a 75 anos de ambos os gêneros, que
realizam a atividade de cuidadores informais de idosos, selecionados por conveniência,
conforme indicação de outros idosos e de pessoas que conviviam ou conheciam idosos
que cuidam de idosos. Também, foram recrutados cuidadores que acompanhavam os
idosos em atividades de duas instituições de ensino superior particular na cidade de São
Paulo, sendo que uma presta atendimento à pacientes com problemas no equilíbrio
corporal e outra com atendimento fisioterápico.
Critérios de Inclusão
Os critérios de elegibilidade definidos foram: ser idoso (60 a 75 anos); ser
cuidador de idoso pelo menos há um ano; morar junto com o idoso ou permanecer, no
mínimo, oito horas do dia na função de cuidador e ser o cuidador principal do idoso.
Critérios de Exclusão
Os critérios de exclusão estabelecidos foram: os idosos não alfabetizados e/ou
que não conseguiam compreender os instrumentos de coleta de dados; idosos com
algum comprometimento cognitivo segundo critério do pesquisador e cuidadores
formais, que recebam qualquer tipo de remuneração para a realização dos cuidados ao
idoso.
29
Materiais
1. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE, conforme as
normas estabelecidas pela Resolução 466/12, do Conselho Nacional de Saúde para as
pesquisas envolvendo Seres Humanos, o termo apresentou e esclareceu os objetivos e
procedimentos para a coleta de dados em linguagem acessível ao idoso para que, como
participante, pudesse aceitar participar voluntariamente da pesquisa (Apêndice 1);
2. Instrumento de Caracterização dos Cuidadores Idosos – elaborado
pela pesquisadora, teve como objetivo coletar informações sociodemográficas dos
participantes. (Apêndice 2).
3. Escala de Sobrecarga Zarit Burden Interview (ZBI – Anexo 1) - trata-
se de escala desenvolvida por Zarit em 1987 e validada no Brasil por Sequeira (2010) e
Scazufca (2002), composta por 22 questões que possibilitam avaliar a sobrecarga do
cuidador informal, a escala avalia quatro fatores:
I. Impacto na prestação de cuidados: encontram-se os itens relativos ao impacto
dos cuidados no contexto do cuidador, como falta de tempo, desgaste físico e
mental, alteração nas relações familiares, envolvem os itens 1, 2, 3, 6, 9, 10, 11,
12, 13, 17 e 22.
II. Relação interpessoal: grupo de questões que investiga informações sobre o
relacionamento entre o cuidador e o dependente, itens 4, 5, 16, 18 e 19.
III. Expectativas face ao cuidar: questões que investigam os medos, receios e
disponibilidade em relação aos cuidados prestados pelo cuidador, itens 7, 8, 14 e
15.
IV. Percepção de auto eficácia: questões que investigam a percepção que o cuidador
possui em relação ao seu desempenho ao praticar os cuidados, sendo os itens 20
e 21.
Os itens são do tipo Likert, sendo: (0) nunca; (1) quase nunca; (2) às vezes; (3)
muitas vezes; (4) quase sempre, sendo a última questão (22), indagando se está se
sentindo sobrecarregado no papel de cuidador e as possíveis respostas são: (0) nem um
30
pouco, (1) um pouco, (2) moderadamente, (3) muito e (4) extremamente.
O escore total da escala é obtido somando todos os itens e podem variar de 0 a
88, e quanto maior o escore maior a sobrecarga.
4. Instrumento de Avaliação da Qualidade de Vida - WHOQOL – OLD
(Fleck, Chachamovich & Trentini, 2000, Chachamovich & et al, 2008 - Anexo 2),
contém 24 questões divididas em seis facetas, incorporando questões relacionadas ao
envelhecimento, sendo:
I. Funcionamento dos sentidos: consequências da perda do funcionamento dos
sentidos na qualidade de vida do indivíduo, envolvem os itens 01, 02, 10 e 20,
sendo que os itens 01, 02 e 10 tiveram seus valores invertidos, devido a
pontuação ser negativa;
II. Autonomia: independência do idoso para a ser autônomo e tomar decisões, itens
03, 04, 05 e 11;
III. Atividades passadas: presentes e futuras: relacionadas com realizações na vida e
objetivos, itens 12, 14, 15 e 19;
IV. Participação social: participação em atividades da vida diária e em comunidade,
itens 13, 16, 17, 18;
V. Morte e morrer: situações acerca da morte e morrer, itens 06, 07, 08 e 09. Os
itens tiveram seu valor invertido, devido a pontuação ser negativa.
VI. Intimidade: capacidade de ter relacionamentos íntimos e pessoais, itens 21, 22,
23 e 24.
5. Inventário de Habilidades Sociais para Idosos – IHSI, criado por Del
Prette & Del Prette (em fase de normatização) destinado a pessoas acima de 60 anos,
tem por objetivo avaliar as habilidades sociais de idosos. O inventário é composto por
38 questões que correspondem a uma ação ou sentimento diante de uma dada situação.
Seguindo uma escala do tipo Likert com 5 pontos, variando de 0 – nunca/raramente ou
0 a 2 vezes, 1 – regular pouca frequência ou 3 a 4 vezes, 2 – regular frequência ou 5 a 6
31
vezes, 3 – muita frequência ou 7 a 8 vezes, 4 – sempre/quase sempre ou 9 a 10 vezes.
(Braz, 2010). Os itens avaliam cinco fatores:
I. Fator 1 – Enfrentamento e autoafirmação (itens 1, 2, 5, 7, 9, 11, 12, 14, 15, 16,
20 e 21) que avaliam a assertividade, as questões 2 e 9 tiveram suas questões
invertidas, por representarem a pontuação negativa;
II. Fator 2 – Autoafirmação na expressão de sentimentos positivo (3,6,8,10,28,30 e
35) são avaliadas demandas interpessoais de afeto positivo e auto-estima, a
questão 8 teve seu valor invertido por apresentar pontuação negativa;
III. Fator 3 – Conversação e desenvoltura social (13, 17, 19, 11, 24, 36 e 37) avalia o
conhecimento de normas de relacionamento cotidiano por meio da apresentação
de situações sociais neutras de aproximação demandando na conversação, as
questões 13, 17, 19, 24, 36 e 37 tiveram seus valores invertidos, por
apresentarem pontuação negativa;
IV. Fator 4 – Autoexposição a desconhecidos e situações novas (itens 9, 14, 23 e 26)
avaliando o desempenho em situações que envolvem a abordagem de pessoas
desconhecidas, as questões 9, 23 e 26 tiveram seus valores invertidos, por
apresentarem pontuação negativa;
V. Fator 5 – Autocontrole da agressividade (itens 18, 31 e 38) na qual se avalia a
reação a estimulações aversivas do interlocutor, demandando controle de raiva e
agressividade, a questão 18 teve seu valor invertido, devido a pontuação ser
negativa.
O referido inventário foi disponibilizado para utilização por meio de uma
autorização especial dos autores à pesquisadora, a qual assinou um termo de
comprometimento de uso, exclusivo, para pesquisa em conjunto com a sua orientadora.
Os dados da presente pesquisa servirão para contribuir com a normatização do
instrumento. Por solicitação dos autores do Inventário, foi solicitado que não houvesse
nenhum tipo de divulgação do material, por esse motivo o material não se encontra em
anexo. Foi anexado o termo assinado pela pesquisadora e orientadora (Apêndice 3).
32
Procedimento
O projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos da
Universidade São Judas Tadeu – USJT e aprovado pelo parecer consubstanciado cujo
protocolo de 11/12/2013 tem o número 470.034 e o número de CAAE:
16308513.7.0000.0089. Os participantes foram contatados e convidados a participarem
da pesquisa. Aos que aceitaram, foi aplicado o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido - TCLE e em seguida a aplicação dos instrumentos de coleta de dados. As
aplicações foram individuais, em local reservado e de melhor conveniência para o
participante, sendo a aplicação do TCLE e de todos os instrumentos de,
aproximadamente, 60 minutos.
Análise Estatística
Os dados da pesquisa foram organizados no software Statistical Package for the
Social Science - SPSS versão 22. Os cálculos dos escores gerais e fatoriais dos
instrumentos foram realizados de acordo com as recomendações de seus manuais. Para
os dados obtidos foram realizadas análises estatísticas descritivas e inferenciais,
adotando o nível de significância de 0,05 (p<0,05). Foi utilizado o teste t para comparar
a pontuação dos instrumentos com as variáveis sociodemográficas quando os
pressupostos foram atingidos.
33
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Perfil dos cuidadores
A amostra foi composta por 30 idosos cuidadores informais (Tabela 1), sendo
em sua maioria do gênero feminino (93,3%) como verificado também na pesquisa de
Abreu, Sena, Oliveira, Lopes e Sardinha (2013), na qual 95% da amostra de 40
cuidadores correspondiam ao referido gênero. Pode-se afirmar que os resultados
corroboram com a literatura da área (Simonetti e Ferreira, 2008, Pimenta, Costa,
Gonçalves e Alvarez, 2009, Paula, Roque e Araújo, 2008) que revela a feminização
desta etapa da vida, fato que se estende aos cuidadores de idosos que estão na velhice.
Portanto, é notória a importância da mulher no cuidado dos idosos e da família.
Tabela 1
Caracterização dos idosos cuidadores informais
Variável f % Média Desvio Padrão
Gênero
Feminino 28 93,3
Masculino 2 6,7
Nível Educacional
Ensino Fundamental 11 36,7
Ensino Médio 19 63,3
Idade do Cuidador - - 67,83 4,602
Parentesco
Cônjuge 18 60,0
Filho 12 40,0
Doença do Cuidador
Física 27 90,0
Mental 3 10,0
Doença do Idoso Cuidado
Física 21 70,0
Mental 9 30,0
Idade do Idoso Cuidado - - 78,77 9,547
Atividades Domiciliares
Domésticas 25 83,3
Administrativas 5 16,7
Com relação ao nível educacional, observou-se que 63,3% possuíam o Ensino
Médio, fato observado também por Vieira e Fialho (2010) em pesquisa realizada com
cuidadores familiares de idosos com Acidente Vascular Cerebral Isquêmico, na qual
34
46,2% possuíam o Ensino Médio Completo. O nível educacional do idoso cuidador
pode impactar nas suas competências e habilidades para desempenhar o papel e as
funções do cuidador e, inclusive, facilitar a compreensão da necessidade de ajuda e dos
cuidados específicos que os idosos necessitam para o seu bem estar, os quais muitas
vezes são informados por profissionais da saúde e por membros da própria família.
A média de idade dos cuidadores foi de 67,83 (±4,602) e a média de idade dos
idosos cuidados foi de 78,77 (±9,547). Estudos como o de Rodrigues, Watanabe e
Derntl (2006) identificaram que a idade dos cuidadores de idosos variavam entre 68 a
81 anos, assim como a pesquisa de Inouye, Pedrazzani e Pavarini (2008) realizado com
25 octogenários e seus cuidadores no interior do Estado de São Paulo, constatou que a
faixa etária média do grupo de cuidadores era de 60,32 anos. No estudo de Areosa et al,
2014, também foi observado que 42% da amostra de cuidadores tinha entre 60 a 75 anos
de idade. A idade do cuidador é uma variável que merece atenção, pois quanto mais
avançada maior será a dificuldade em atender o idoso cuidado, devido a própria
fragilidade do cuidador decorrente da própria idade.
Com relação ao parentesco com o idoso cuidado, observou-se que 60% da
amostra era cônjuge do idoso, fato que, também, foi observado por Camarano, Pasinato
e Lemos (2007) em uma pesquisa realizada com cuidadores na cidade de São Paulo, na
qual 92% eram do gênero feminino, sendo 44% esposas e 31,3% filhas dos idosos
cuidados. Vale ressaltar que esse resultado reforça a necessidade de pesquisas que
avaliem não somente o gênero feminino, mas também, o seu papel e significado na
dinâmica familiar nesta etapa da vida.
Os dados mostram que as principais doenças que afetam o idoso cuidado são as
físicas (70,0%), tais como: acidente vascular encefálico, hipertensão, cardiopatias,
artrose, bronquite crônica, pneumonia, osteoartrose, diabetes, lombalgia, entre outros.
Os resultados se assemelham ao estudo de Torres, Reis, Reis e Fernandes (2009), no
qual os problemas de saúde em idosos dependentes do interior do Nordeste, foram
93,16% da amostra, sendo as patologias principais hipertensão arterial, acidente
vascular encefálico e artrose em joelhos. A realização de estudos com cuidadores idosas
e as principais doenças crônicas do idoso como variável seriam importantes para
verificar se o tipo de doença que influencia no estresse e sobrecarga do idoso, assim
como no seu relacionamento com o próprio idoso e a família para a condução de
35
intervenções e estratégias que facilitem essa dinâmica.
A dedicação ao idoso cuidado é em média de 11,5 horas diárias (±5,191) do seu
tempo, em um trabalho de dedicação de 13,67 anos (±4,037). Nota-se que, praticamente,
metade das horas do dia são dedicadas ao cuidado com o idoso, em uma tarefa diária
desempenhada a mais de 13 anos que dependendo da forma como é exercida e o apoio
da rede social que recebe, podem acarretar em uma sobrecarga do cuidador,
principalmente, quando ele, também, é idoso. A pesquisa realizada por Ferreira,
Alexandre e Lemos (2011), encontrou que o tempo de dedicação foi 9 meses a 52 anos e
as horas de dedicação em 67,5% da amostra foi integral, correspondendo de 18 a 24
horas por dia. Por isso, Fernandes e Garcia (2009) destacam que a carga empenhada no
cuidado de idosos dependentes torna o cuidador merecedor de atenção tanto quanto o
idoso cuidado, pois a execução dessa atividade tem impacto em sua saúde, bem-estar e
qualidade de vida. No caso de cuidadores idosos, essa atenção deve ser redobrada e
mais pesquisas devem ser realizadas para a compreensão do fenômeno em virtude da
longevidade da população.
Os cuidadores também informaram possuir doenças físicas, principalmente com
90% dos resultados para: diabetes, hipertensão, artrite, artrose, lombalgia e 10%
referiram a depressão, ansiedade, problemas de memória como doença mental. A
maioria dos idosos apresentava uma ou duas doenças crônicas, fato relacionado ao
processo de envelhecimento e cujo agravamento pode estar ligado à tarefa de cuidar,
pois como ressalta Karsch (2003) o ato de cuidar de um indivíduo idoso e incapacitado
durante longo período, sem intervalo de descanso, não é uma tarefa que deva ser
desempenhada por uma mulher sozinha, acima de 50 anos, sem algum tipo de apoio ou
serviços que atendam sua necessidade.
Nos resultados referentes às atividades desenvolvidas no domicílio, verificou-se
que 83,3% relacionaram a atividade doméstica, assim como, os dados encontrados por
Ferreira, Alexandre e Lemos (2011) onde 52,5% cuidavam da casa além de exercer a
função de cuidados ao idoso. Esses resultados revelam que além da responsabilidade
dos cuidados ao idoso, o cuidador familiar também é responsável pelas atividades
domésticas, tais como: cozinhar, lavar a louça e arrumar a cozinha; fazer às camas e
limpar a casa; cuidar das roupas entre outras atividades. A realização das atividades
domésticas e dos cuidados com o idoso, sem a existência de uma rede social ativa e
36
mesmo com a colaboração familiar, podem sobrecarregar o cuidador idoso.
Sobrecarga
Como a sobrecarga representa um desgaste para o cuidador, fez-se necessário
avaliar quais variáveis correlacionavam, conforme os dados apresentados na Tabela 2.
A idade do cuidador apresentou relação linear negativa com o fator Relação
Interpessoal, que estuda questões nas quais envolvem o relacionamento entre o
cuidador e o dependente, indicando que quanto maior a idade menor o desempenho
nesse item. Lavinsky e Vieira (2004) revelam que a situação de despreparo pode
acarretar sobrecarga pessoal no cuidador, pois ele não consegue administrar o cuidado
de si, na medida que cuidam do outro. Os autores constataram na sua pesquisa, sobre o
sentimento de cuidadores familiares de idosos com acidente vascular encefálico, um
misto de sentimentos envolvendo principalmente retribuição, amor, satisfação, medo,
pena, nervosismo e impaciência na prestação de cuidados.
Tabela 2
Correlação de Pearson entre os fatores da Escala de Sobrecarga Zarit - ZBI e as
variáveis idade do cuidador, horas de dedicação e tempo de atuação (valores de r)
*p≤0,05
Gratão et al (2013) verificaram em estudo sobre a Sobrecarga e o Desconforto
Emocional, haver correlação estatisticamente significativa entre a idade do cuidador e a
sobrecarga. Pode-se levantar a hipótese que quanto maior for a idade do cuidador idoso
pior será a relação interpessoal, pois maiores são as dificuldades e o cansaço para
realizar todas as tarefas que o cuidar exige.
Fatores ZBI Idade do
cuidador
Tempo de
atuação
Horas de
dedicação
1 – Impacto na prestação de
cuidados -0,09 -0,06 0,07
2 – Relação interpessoal -0,35* -0,15 0,04
3 – Expectativas face ao cuidar -0,30 -0,27 -0,13
4 – Percepção de auto eficácia -0,04 0,30 0,25
37
Também foram analisadas as variáveis relacionadas a dedicação do cuidador:
tempo de atuação e horas de dedicação, porém não apresentou correlação entre as
variáveis, ou seja, a dedicação do idoso cuidador não teve relação com os fatores da
escala de sobrecarga. Esses resultados revelam que cuidadoras idosas que são cônjuges
não percebem as atividades de cuidar do idoso, seu marido, como uma sobrecarga, pois
para essa geração é responsabilidade inerente e condizente com as suas expectativas de
vida e o seu papel social de esposa. Além disso, já era uma tarefa desempenhada pela
idosa durante todo o matrimônio, no sentido de cuidar da casa, da alimentação, das
roupas do marido e demais afazeres domésticos. Provavelmente, a idosa cuidadora só
percebe que aumentou os cuidados em relação ao marido devido a perda de sua
autonomia e maior fragilidade.
Ao contrário do verificado por Gonçalvez et al (2006), quando o cuidado é
desempenhado por mulheres, que acumulam papéis como de mãe, esposa entre outros, a
sobrecarga compromete o autocuidado, como foi observado na sua pesquisa que 22,5%
da amostra relataram não ter tempo para cuidar de si próprios, 43,1% tiveram que
reduzir seu tempo de lazer, 33,6% apresentavam cansaço e 22,4% percebiam uma queda
na qualidade da sua saúde. Oliveira et al (2006), também, destacam que a exposição do
idoso a tal situação o coloca ao risco de fadiga, estresse, isolamento social, depressão
entre outras consequências, confirmado em 17,6% da amostra de cuidadores de idosos
de Londrina.
Na Tabela 3, observa-se o resultado do Teste U, no qual foi verificado a
diferença estatística no fator Impacto na prestação de cuidados e as atividades
domiciliares realizadas pelos cuidadores, sendo a média maior nas atividades
domésticas, devido ao número de mulheres que representarem 93,3% do total dos
participantes. As atividades domésticas realizadas envolvem inúmeras tarefas, incluindo
limpeza da casa, cozinha, lavagem e organização de roupas, preparação de alimentos,
entre outras atividades que repercutem no atendimento ao idoso, como por exemplo, a
administração de medicação, o cansaço para auxiliar a locomover-se ou banhar-se, não
interferindo diretamente nos demais itens . No estudo de Coelho et al (2013), também,
foi verificado sobre o Perfil Sociodemográfico e necessidades de educação de
38
cuidadores de idosos em Ilhéus - Bahia, que as atividades desempenhadas pela mulher
como segunda jornada de trabalho, contribuem para que a sobrecarga se torne excessiva.
Tabela 3
Média, desvio padrão e Teste U da pontuação nos fatores da Escala de Sobrecarga
Zarit – ZBI com atividades domiciliares (Domésticas n= 25 e Financeiras n= 5).
Fatores ZBI Atividades
Domiciliares Média
Desvio
padrão U P
1 – Impacto na
prestação de cuidados
Domésticas 15,0 3,0 -2,097 0,036*
Financeiras 10,0 3,3
2 – Relação interpessoal Domésticas 9,0 2,2 -1,128 0,259
Financeiras 7,0 1,4
3 – Expectativas face ao
cuidar Domésticas
13,3 3,0 -0,980 0,327
Financeiras 14,2 4,4
4 – Percepção de auto
eficácia Domésticas 15,20 2,3 -1,314 0,189
Financeiras 13,0 2,0
*p≤0,05
Conforme o score estabelecido por Zarit (1987 apud Ferreira et al 2010), neste
estudo, 13 cuidadores (56,52%) apresentaram sobrecarga moderada, oito (34,78%)
sobrecarga moderada a severa e dois (8,70%) sobrecarga severa, demonstrando a
presença da sobrecarga neste grupo de cuidadores, que se divide entre as atividades
domiciliares, cuidados ao idoso e o próprio processo de envelhecimento. Nota-se a
necessidade de desenvolvimento de estudos voltados para essa população que, na
maioria das vezes, inclusive acompanha o idoso em consultas ou tratamentos e
poderiam receber algum tipo de auxílio nesse momento.
Neste mesmo sentido, o estudo de Wachholz, Santos e Wolf (2013) sobre a
sobrecarga e qualidade de vida de cuidadores de idosos frágeis, detectou 20 (44,44%)
cuidadores com sobrecarga moderada, 14 (31,11%) e três (6,67%) severa. O estudo de
Oliveira et al (2011) também corrobora os resultados, pois identificou 60 (68,2%) dos
39
cuidadores com sobrecarga moderada, 34 (38,6%) moderada a severa e 02 (2,27%),
evidenciando que a sobrecarga está relacionada a atividade de cuidar.
Qualidade de Vida
Ao analisar as variáveis sociodemográficas como a idade, tempo de dedicação e
atuação que poderiam interferir nas facetas do Instrumento Whoqol Old (Tabela 4),
como o funcionamento dos sentidos, entre outros, contrariando as expectativas da
presente pesquisa, verificou-se não haver correlação entre as variáveis. Já o estudo de
Lezak, Howieson e Loring (2004) constatou que na velhice há uma diminuição nos
recursos cognitivos (atenção, memória operacional e velocidade de processamento) ,
podendo ocasionar dificuldades nas estratégias cognitivas para codificar e recuperar a
informação, prejudicando assim sua qualidade de vida.
Tabela 4
Correlação de Pearson entre as facetas do Whoqol - Old e as variáveis idade, horas de
dedicação e tempo de atuação (valores de r).
p≤0,05; p≤0,01
Possivelmente, as 30 participantes da pesquisa, na maioria mulheres percebe que
a sua qualidade de vida independe do fato de ter que cuidar do idoso, pois não houve
alteração substancial na rotina de sua vida. De certa forma, o cuidar do idoso já fazia
Facetas Whoqol – Old Idade do
cuidador
Horas de
dedicação
diária
Tempo de
atuação
1 – Funcionamento dos sentidos 0,05 -0,15 0,10
2 – Autonomia -0,08 -0,16 -0,09
3 – Atividades Passadas, Presentes
e Futuras -0,03 -0,11 0,31
4 – Participação Social -0,07 -0,18 0,25
5 – Morte e Morrer -0,04 0,18 -0,10
6 – Intimidade 0,10 -0,01 0,23
40
parte das suas tarefas cotidianas, assim como o convívio diário, não sendo percebido
pela cuidadora idosa que o tempo de dedicação com os cuidados dos idosos
aumentaram.
Ao analisar o tipo de doença do idoso cuidado e as facetas do Whoqol-Old
(Tabela 5), observou-se somente diferença estatisticamente significante na faceta 6
relacionada à Intimidade (p=0,008), que avalia a capacidade de estabelecer
relacionamentos íntimos e pessoais, sendo a média maior em doenças mentais,
indicando que a dedicação do cuidador a idosos com problemas mentais acaba afetando
seus relacionamentos. As doenças como a demência atingem grande parte dos idosos e
exigem uma dedicação maior do cuidador, como verificou o trabalho de Noveli et al
(2010), sobre cuidadores de idosos com demência, 38,0% sentiam cansaço acima de
sete em uma escala de avaliação de zero a dez, interferindo no tempo e dedicação a
relacionamentos pessoais. Paula, Roque e Araújo (2008) verificaram que cuidadores de
idosos com demência relatavam mais cansaço, desgaste, revolta, depressão entre outros
problemas de saúde em nível maior do que familiares de idosos com outras patologias.
41
Tabela 5
Média, desvio padrão e Teste t da pontuação nas facetas do Whoqol - Old com as
doenças do cuidado (Doença Física n=18 e Doença Mental n=12)
Facetas Whoqol Old Doença do
cuidado Média
Desvio
padrão t p
1 – Funcionamento dos
sentidos
Física 66,2 10,9 -0,71 0,48
Mental 69,5 13,5
2 – Autonomia Física 51,0 16,0 -0,55 0,60
Mental 55,0 23,1
3 – Atividades Passadas Física 53,0 14,2 -1,24 0,22
Mental 59,0 8,3
4 – Participação Social Física 44,2 18,0 -1,72 0,96
Mental 56,0 15,3
5 – Morte e Morrer Física 51,5 17,3 -0,62 0,54
Mental 56,0 15,1
6 – Intimidade Física 59,0 13,3 -0,30 0,008**
Mental 75,0 16,0
**p≤0,01
Serbim e Fiqueiredo (2011) em trabalho sobre a Qualidade de vida de idosos de
um grupo de convivência constataram que a faceta intimidade foi afetada ao verificar
que 53,3% da amostra eram viúvos, outros 26,7% eram divorciados e 20% viviam
sozinhos. Pinto et al (2009), enfatizam que cuidadores de pacientes com doenças
mentais, como a demência, possuem maiores chances de ter sintomas psiquiátricos,
problemas de saúde, maior frequência de conflitos familiares entre outros problemas se
comparados a pessoas da mesma idade que não exercem esse papel.
42
Habilidades Sociais
Assim como foi realizada a correlação entre a Qualidade de Vida e Sobrecarga
com as variáveis idade, tempo de atuação e horas de dedicação do cuidador, realizou-se
também a correlação com Habilidades Sociais, constatando não haver relação linear
entre os fatores do inventário IHSI (Tabela 6), ou seja, essas variáveis não interferem no
repertório de habilidades sociais desse grupo de cuidadores. Em contraponto com o
estudo de Carneiro e Falcone (2004) que constataram que a maioria dos idosos que
frequentam a Universidade da Terceira Idade precisava desenvolver a habilidade
assertiva para lidar com situações como fazer pedidos, solicitar mudança de
comportamento, recusar pedidos, responder críticas entre outras.
Tabela 6
Correlação de Pearson entre os fatores do Inventário de Habilidades Sociais - IHSI
para Idosos e as variáveis idade do cuidador, horas de dedicação e tempo de atuação
(valores de r).
*p≤0,05; **p≤0,01
Para verificar se havia diferença significante entre o nível educacional dos
cuidadores e os fatores do Inventário de Habilidades Sociais para Idosos, foi utilizado o
Fatores IHSI Idade do
cuidador
Horas de
dedicação
Tempo de
atuação
1 – Enfrentamento e autoafirmação -0,032 -0,062 0,218
2 – Autoafirmação na expressão de
sentimentos positivos -0,159 -0,274 0,013
3 – Conversação e desenvoltura
social 0,256 -0,103 -0,129
4 – Autoexposição a
desconhecidos e situações novas -0,004 -0,045 0,077
5 – Autocontrole da agressividade 0,004 -0,037 -0,048
43
Teste t que constatou diferença somente no item Autoexposição a desconhecidos e
situações novas, indicando a média maior no Ensino Médio (Tabela 7), mostrando que
quanto maior a formação educacional melhor o repertório de habilidades sociais, além
disso, como os idosos foram contatados em ambiente de atividades grupais com
atividades muitas vezes frequentada por pessoas diferentes, esse resultado era esperado.
Como destaca o estudo de Resende, Bones, Souza e Guimarães (2006) as relações
sociais possuem valores diferentes de acordo com o período de vida das pessoas,
gênero, estado civil, tipo de arranjo domiciliar, questões culturais, educacionais e
políticas e do contexto que estão inseridos.
Tabela 7
Média, desvio padrão e Teste t da pontuação nos fatores do Inventário de Habilidades
Sociais para Idosos - IHSI com o Nível Educacional (Fundamental n=11 e Médio
n=19)
*p≤0,05
Fatores Nível
Educacional Média
Desvio
padrão t P
1- Enfrentamento e
autoafirmação
Fundamental 23,0 7,0 -0,90 0,37
Médio 25,0 6,2
2- Autoafirmação na
expressão de sentimentos
positivos
Fundamental 15,4 4,3 -0,50 0,62
Médio 16,3 4,7
3- Conversação e
desenvoltura social
Fundamental 15,0 4,0 1,17 0,25
Médio 13,3 3,2
4- Autoexposição a
desconhecidos e
situações novas
Fundamental 4,4 1,9 -2,36 0,02*
Médio 7,0 3,4
5- Autocontrole da
agressividade
Médio 7,3 3,0
-1,36 0,18 Fundamental 9,0 2,5
44
Com a utilização do Teste U foi possível verificar uma diferença
estatisticamente significante na doença do cuidador (Tabela 8), sendo a média maior em
doenças físicas, indicando que o tempo de dedicação influencia na autoexposição a
desconhecidos e a situações novas, podendo estar relacionado às necessidades que o
idoso cuidado apresenta, como a doença física exige maior dedicação do cuidador em
atividades como alimentação, troca de roupas, banho entre outras, dificulta o idoso a se
expor mais. No trabalho de Bueno, Oliveira e Oliveira (2001) a autoexposiçao a
desconhecidos ou a situações novas, correlacionou-se positivamente com a extroversão
e equilíbrio emocional, indicando que pessoas que relataram enfrentar situações de risco
de reação indesejável, se descreveram como mais extrovertidas e abertas a novas
experiências
Tabela 8
Média, desvio padrão e Teste U da pontuação nos fatores do Inventário de Habilidades
Sociais para Idosos - IHSI com a Doença do Cuidador (Fundamental n=27 e Médio
n=03)
Facetas Doença do
Cuidador Média
Desvio
padrão U p
1 – Enfrentamento e
autoafirmação
Física 24,0 6,4 -0,31 0,75
Mental 25,6 6,5
2 – Autoafirmação na
expressão de
sentimentos positivos
Física 16,1 4,5
-0,72 0,46 Mental 14,3 5,1
3 – Conversação e
desenvoltura social
Física 14,0 3,4 -0,83 0,40
Mental 12,0 2,6
4 – Autoexposição a
desconhecidos e
situações novas
Física 6,4 3,1
-2,19 0,28 Mental 2,6 0,5
5 – Autocontrole da
agressividade
Física 8,0 2,5 -0,03 0,97
Mental 8,3 3,2
p≤0,05; p≤0,01
45
Análise dos três instrumentos
Ao correlacionar o instrumento de Qualidade de Vida para Idosos – Whoqol Old
e o Inventário de Habilidades Sociais - IHSI (Tabela 9), verificou-se correlação positiva
no fator Autoafirmação na expressão de sentimentos positivos, com as facetas
Funcionamento dos Sentidos, Autonomia, Atividades Passadas, Presentes e Futuras e
Participação Social indicando que os cuidadores embora enfrentem as dificuldades do
processo de envelhecimento, encaram positivamente o planejamento de ações futuras e
participam de atividades sociais. Esse fato foi esperado também pelo local onde
ocorreram as seleções, sendo grupos de idosos que se encontram semanalmente e
compartilham vivências e planejamento de novas atividades. Assim como a presente
pesquisa, o trabalho de Carneiro, Falcone, Clark, Del Prete e Del Prete (2007) sobre
Qualidade de Vida, Apoio Social e Depressão em Idosos, constatou que a maioria dos
participantes da amostra apresentava um repertório mais elaborado de habilidades
sociais em situações que envolviam autoafirmação na expressão de sentimentos
positivos.
A correlação positiva entre as quatro facetas do Whooqol-Old e o Inventário de
Habilidades Sociais, também, podem indicar que as idosas tem maior facilidade de
expressar os sentimentos positivos para demostrar que estão bem de saúde, com
autonomia preservada e com o funcionamento dos sentidos suficiente para a velhice.
Além disso, também, expressam os seus sentimentos em relação ao passado, presente e
futuro, provavelmente, pelo fato de muitos idosos fazerem um balanço da vida nesta
fase de seu desenvolvimento. De qualquer forma, é mais facil para essa geração de
idosos demonstram suas emoções sobre essas quatro facetas, o que já não ocorre com as
duas últimas, justamente por abordarem o tema da Morte e Morrer e da Intimidade que,
ainda, são vistos como tabu não só pelos idosos, mas pela sociedade.
46
Tabela 9
Correlação entre as facetas do Whoqol Old e os fatores do Inventário de Habilidades
Sociais para Idosos-IHSI
Whoqol - Old
IHSI
1-
Enfrentamento e
autoafirmação
2-
Autoafirmação
na expressão de
sentimentos
positivos
3-
Conversação e
Desenvoltura
social
4-
Autoexposição a
desconhecidos e
situações novas
5-
Autocontrole
da
agressividade
1-Funcionamento
dos Sentidos
0,112 0,419* 0,011 0,258 0,050
2-Autonomia 0,070 0,442* 0,212 0,146 0,434*
3-Atividades
Passadas,
Presentes e
Futuras
0,304 0,587** -0,025 0,186 0,220
4-Participação
Social
0,304 0,474** 0,065t 0,063 0,199
5-Morte e Morrer 0,086 -0,074 -0,260 -0,030 0,215
6-Intimidade 0,137 0,314 0,199 0,081 0,258
*p≤0,05; **p≤0,01
O fator Autocontrole da agressividade teve relação linear com a faceta
Autonomia, indicando que o idoso cuidador primário por dominar o cuidado,
geralmente sozinho, percebe-se com maior controle de sua agressividade. Já a pesquisa
de Oliveira e Caldana (2012) verificou-se que fatores como: a sobrecarga de cuidar
sozinho e por tempo prolongado, as limitações e erros do cuidador, o acúmulo de
fatores estressantes e a agressividade do próprio idoso cuidado podem ocasionar a perda
da paciência que se faz presente no cotidiano. As autoras verificaram nos discursos dos
cuidadores o sentimento de raiva ou até a vontade de agredir fisicamente.
Possivelmente, o cuidador não percebe sua agressividade, pois como trata-se de um
ambiente de interação entre ele e a pessoa cuidada, não identifica seus comportamentos
47
como agressivo, principalmente, se esta relação era marcada por conflitos entre o casal
ou entre pais e filha.
A correlação entre Qualidade de Vida – Whoqol Old e a Sobrecarga – ZBI
(Tabela 10), verificou relação linear entre os fatores Autonomia e Relação Interpessoal,
sugerindo que quanto maior a autonomia mais disposto a relacionamentos interpessoais
o idoso cuidador se encontra. Observou-se no discurso dos idosos participantes, que
indicaram realizar outras atividades paralelas ao cuidado, como ida a encontros de
amigos, atividades voltadas a grupos de idosos, como a Faculdade da Terceira Idade,
entre outros.
Tabela 10
Correlação entre as facetas do Whoqol Old e os fatores da Escala de Sobrecarga Zarit
Burden Interview - ZBI
Whoqol - Old
ZBI
1-Impacto na
prestação de
cuidados
2-Relação
Interpessoal
3-Expectativas
face ao cuidar
4-Percepção de
auto eficácia
1-Funcionamento
dos Sentidos
-0,321 -0,001 -0,277 -0,259
2-Autonomia -0,143 0,405* 0,143 -0,252
3-Atividades
Passadas
-0,034 0,316 0,051 -0,223
4-Participação
Social
-0,019 0,247 0,144 -0,167
5-Morte e Morrer -0,016 0,119 -0,042 -0,248
6-Intimidade -0,196 0,174 -0,323 -0,379*
*p≤0,05
Flores, Borges, Budó e Mattioni (2010) constataram em um estudo sobre o
cuidado intergeracional com o idoso na cidade de Porto Alegre, que a autonomia é um
fator fundamental para a qualidade de vida e preservação da dignidade, que quando
sentem sua perda, geralmente a relacionam com desrespeito às decisões e também à
48
dependência econômica. Essa pesquisa ainda revelou que os idosos que se sentiam
autônomos, percebiam ser respeitados por outras gerações. Portanto, pode-se supor que
a questão da autonomia é um fator central e determinante para a qualidade de vida de
qualquer idoso, seja o cuidador ou mesmo quem está sendo cuidado.
A correlação mostrou haver relação linear entre os instrumentos de Habilidades
Sociais para Idosos e a Sobrecarga de Zarit (Tabela 11), indicando que quanto maior a
percepção da autoeficácia menor o autocontrole da agressividade, podendo indicar que o
cuidador ao perceber o domínio sobre o idoso cuidado , pode demonstrar agressividade
ou a intenção de realizá-la na interação com a pessoa cuidada e as demais pessoas
envolvidas nesse processo. Observado também por Pinto e Barham (2014) em trabalho
sobre habilidades sociais e estratégias de enfrentamento do estresse de cuidadores de
idosos com alta dependência, quanto maior a percepção de autocontrole pelo cuidador,
menor é o impacto percebido por ele no relacionamento com outras pessoas.
49
Tabela 11
Correlação entre os fatores do Inventário de Habilidades Sociais para Idosos - IHSI e
Escala de Sobrecarga Zarit Burden Interview- ZBI.
*p≤0,05;
Os resultados da Tabela 11 tiveram 12 correlações negativas, embora só uma
tenha sido significante, o que demonstra uma tendência em sentido de direção inverso
entre as variáveis correlacionadas, ou seja, de modo geral quanto maior for a sobrecarga
menor será a habilidade social do idoso e a recíproca, também, é válida na medida que
quanto maior for a habilidade social menor será a sobrecarga do idoso. Possivelmente, o
idoso que tem mais habilidade e competência social consegue expressar os seus
sentimentos para os familiares e, consequentemente, consegue uma rede de apoio mais
efetiva e eficaz para auxílio ao idoso que necessita de cuidados, logo, fica menos
sobrecarregado. Inclusive todos os itens de relação interpessoal do ZBI apresentou
correlação positiva com o Inventário de Habilidades Sociais, o que reforça a tendência
IHSI
ZBI
1-Impacto na
prestação de
cuidados
2-Relação
Interpessoal
3-Expectativas
face ao cuidar
4-Percepção de
autoeficácia
1-Enfrentamento
e autoafirmação
-0,189 0,304 0,168 -0,011
2-Autoafirmação
na expressão de
sentimentos
positivos
-0,319 0,073 -0,091 -0,188
3-Conversação e
desenvoltura
social
-0,057 0,153 -0,051 -0,196
4-Autoexposição
a desconhecidos e
situações novas
-0,185 0,204 -0.354 0,011
5-Autocontrole da
Agressividade
-0,073 0,200 0,162 -0,379*
50
de quanto melhor ou maior as relações sociais, melhor será o desempenho social do
idoso, embora os dados encontrados não sejam significantes.
51
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com o objetivo proposto, este trabalho permitiu caracterizar o perfil
de um grupo de cuidadores familiares idosos, que são em sua maioria mulheres,
cônjuges, que exercem a função de cuidar juntamente com atividades domiciliares,
possuem nível educacional de fundamental a médio, sendo constatado que a
escolaridade influenciou na avaliação do repertório de Habilidades Sociais indicando
que quanto maior a formação, mais o cuidador se dispõe a participar de novas atividades
e se relacionar com outras pessoas. A doença do cuidador apresentou grande destaque
na categoria física, indo ao encontro com as funções desempenhadas em atividades
paralelas ao cuidar, impactando nos índices de sobrecarga, sendo que dois cuidadores
apresentaram sobrecarga severa.
Na análise dos três instrumentos foi possível verificar que a Qualidade de Vida e
as Habilidades Sociais apresentaram maior correlação, sendo o destaque para o fator
Autoafirmação na expressão de sentimentos com as facetas Funcionamento dos
Sentidos, Autonomia, Atividades Passadas, Presentes e Futuras e Participação Social,
constatando que os idosos pesquisados veem de forma positiva o processo do
envelhecimento e participam de atividades sociais, fato que pode estar relacionado ao
local de coleta dos dados, realizada em grupos que desenvolvem atividades semanais
com idosos.
A Qualidade de Vida também apresentou correlação com a Sobrecarga na faceta
Autonomia com o fator Relação Interpessoal, demonstrando que quanto maior a
autonomia mais disposto a relacionamentos interpessoais o idoso cuidador se encontra.
A Sobrecarga correlacionou-se negativamente com as Habilidades Sociais,
sugerindo que quanto maior a auto eficácia no desempenho de suas atividades, menor é
o controle da agressividade, o cuidador por dominar as tarefas que envolvem o cuidado,
pode se sobrecarregar, não solicitando auxílio de demais pessoas, ficando vulnerável a
perda de controle da agressividade.
Foi possível verificar que o grupo de idosos cuidadores de pessoas na velhice,
embora enfrentem as dificuldades relacionadas às atividades de cuidar, juntamente com
o acúmulo de funções domésticas, encaram positivamente o processo de
52
envelhecimento e buscam uma melhora em sua qualidade de vida, mesmo estando
sobrecarregado, o que pode gerar uma vulnerabilidade à agressão.
Espera-se com esse trabalho, contribuir para avaliar o perfil dos idosos
cuidadores de pessoas na velhice, é fundamental que sejam realizadas outras pesquisas
sobre cuidadores idosos que estão no ambiente familiar e que não frequentam atividades
grupais devido a demanda domiciliar, desenvolvendo assim políticas de apoio e
assistência a esses idosos.
53
REFERÊNCIAS
Abreu, T.G.T. , Sena, L.B., Oliveira, A.S.de , Lopes, M.L.H. , Sardinha, A.H.de L. (2013).
Cuidadores familiares de idosos portadores de condição crônica. Rev Pesq Saúde, 14(3),
145-149. Disponível
http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/revistahuufma/article/view/2788/8
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66
APÊNDICES
APÊNDICE 1 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
(TCLE)
Eu, _________________________________________________________, R.G.
______________, voluntário(a) e conscientemente, concordo em participar da pesquisa
intitulada “Habilidades Sociais, Qualidade de Vida e Sobrecarga em Idosos
Cuidadores Informais”.
Assinando este termo de consentimento, estou ciente de que:
1) O objetivo do estudo é avaliar qualidade de vida, sobrecarga e as habilidades sociais
de trinta idosos cuidadores de idosos;
2) Participarei como voluntário do projeto de pesquisa supracitado, sob
responsabilidade da pesquisadora Andrieli Bianca Rodrigues Camilo, sob orientação da
Profa. Dra. Carla Witter.
3) Estou ciente que durante a pesquisa responderei a quatro instrumentos, com duração
de 60 minutos:
1. Caracterização dos participantes,
2. Inventário de Habilidades Sociais para Idosos,
3. Escala de Sobrecarga e
4. Instrumento de Avaliação da Qualidade de Vida.
4) Estou ciente que os riscos de participar na pesquisa são mínimos, mas que poderei
sentir algum constrangimento ao responder aos instrumentos de avaliação, porém fui
orientado que poderei parar de responder ou de participar da pesquisa se assim desejar.
Também, fui informado que os dados serão coletados pela pesquisadora que tem
formação em psicologia, a qual me ajudará e se for preciso me encaminhará para o
Centro de Psicologia Aplicada da Universidade São Judas Tadeu.
5) Estou ciente que os benefícios da minha participação estão relacionados a
oportunidade de ter maior conhecimento sobre as minhas habilidades sociais, sobre o
meu papel como cuidador de idoso e sobre a minha qualidade de vida. Fui informado
que poderei solicitar uma apresentação e análise crítica dos meus resultados.
67
6) Meus dados pessoais serão mantidos em sigilo, a fim de manter a minha integridade
moral, e os resultados obtidos serão utilizados apenas para alcançar os objetivos do
trabalho, expostos acima, incluída sua publicação na literatura científica especializada;
7) Fui informado que, se necessário, poderei entrar em contato com as pesquisadoras
responsáveis Andrieli Bianca Rodrigues Camilo (973566640) e Profa. Dra. Carla Witter
(999717753) ou com o Comitê de Ética em Pesquisa da USJT (2799-1999 ramal 1665,
ou e-mail: cep@usjt.br).
8) Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre a
minha participação no referido estudo;
9) Este Termo de Consentimento é feito em duas vias, rubricadas e assinadas, sendo que
uma permanecerá em meu poder e outra com o pesquisador responsável.
São Paulo, ____ de ________________ de ___________.
____________________________________________________
Participante e/ou Representante Legal
Pesquisadoras Responsáveis:
_________________________________
Andrieli Bianca Rodrigues Camilo
andrielicamilo@gmail.com
__________________________________
Profa. Dra. Carla Witter
prof.carlawitter@usjt.br
68
APÊNCIDE 2 - INSTRUMENTO DE CARACTERIZAÇÃO DE CUIDADORES
DE IDOSOS
A) CARACTERIZAÇÃO
a) Nome (Iniciais): _______________________________________________
b) Idade:_________ Sexo:_______
c) Nível Educacional: ___________________
d) Filhos: _____ Quantas pessoas moram na residência: ____
e) Parentesco com o idoso que é cuidado:______________________
f) Doença acometida: ____________________________ Idade:_________
g) Há quanto tempo atua como cuidador (a): ___________________________
h) Diariamente quanto tempo dedica aos cuidados?_____________________
i) É cuidador primário ( ) Sim ( ) Não
j) Teve algum preparo para esta tarefa? ( ) Sim ( ) Não
k) Tem apoio de algum profissional? Sim ( ) Não ( )
l) De qual especialidade: __________________________________________
m) Tem apoio de algum parente? Sim ( ) Não ( )De que forma: ( ) Ajuda
Financeira ( ) Nos cuidados ( ) Apoio Emocional
( ) Outra, qual: __________________________________________
n) Realiza outras atividades dentro da casa, além de cuidador (a)? Sim ( )
Não ( ). Quais:
_________________________________________________________
o) Pratica alguma atividade fora do contexto familiar (ex: grupos de atividade física):
______________________________________________________
p) Você tem alguma doença crônica (diabetes, hipertensão, reumatismo, etc)
( ) sim ( ) não. Quais___________________________________________
Marque abaixo o grau de instrução do chefe da família
( ) Analfabeto/Primário incompleto
( ) Primário Completo/Ginasial incompleto
( ) Ginasial Completo/Colegial Incompleto
( ) Colegial Completo/Superior incompleto
69
PÊNDICE 3 - Termo de Compromisso para utilização do Inventário de
Habilidades Sociais para Idosos
70
ANEXOS
ANEXO 1: Escala de Sobrecarga do Cuidador de Zarit
INSTRUÇÕES: A seguir, encontra-se uma lista de afirmativas que reflete como as
pessoas algumas vezes sentem-se quando cuidam de outra pessoa. Depois de cada
afirmativa, indique com que frequência o Sr./Sra. se sente daquela maneira: nunca,
raramente, algumas vezes, frequentemente, ou sempre. Não existem respostas certas ou
erradas.
0 1 2 3 4
NUNCA RARAMENTE ALGUMAS
VEZES
FREQUENTEMENTE SEMPRE
1.O Sr./Sra. sente que a pessoa cuidada pede mais ajuda do que ele realmente necessita?
0 1 2 3 4
NUNCA RARAMENTE ALGUMAS
VEZES
FREQUENTEMENTE SEMPRE
2. O Sr./Sra. sente que por causa do tempo que gasta com a pessoa cuidada, não tem
tempo suficiente para si mesmo?
0 1 2 3 4
NUNCA RARAMENTE ALGUMAS
VEZES
FREQUENTEMENTE SEMPRE
3. O Sr./Sra. se sente estressado (a) entre cuidar de a pessoa cuidada e suas outras
responsabilidades com a família e trabalho?
0 1 2 3 4
NUNCA RARAMENTE ALGUMAS
VEZES
FREQUENTEMENTE SEMPRE
4. O Sr./Sra. se sente envergonhado (a) com o comportamento da pessoa cuidada?
0 1 2 3 4
NUNCA RARAMENTE ALGUMAS
VEZES
FREQUENTEMENTE SEMPRE
5. O Sr./Sra. se sente irritado (a) quando a pessoa cuidada está por perto?
71
0 1 2 3 4
NUNCA RARAMENTE ALGUMAS
VEZES
FREQUENTEMENTE SEMPRE
6. O Sr./Sra. sente que a pessoa cuidada afeta negativamente seus relacionamentos com
outros membros da família ou amigos?
0 1 2 3 4
NUNCA RARAMENTE ALGUMAS
VEZES
FREQUENTEMENTE SEMPRE
7. O Sr./Sra. sente receio pelo futuro de a pessoa cuidada?
0 1 2 3 4
NUNCA RARAMENTE ALGUMAS
VEZES
FREQUENTEMENTE SEMPRE
8. O Sr./Sra. sente que a pessoa cuidada depende do Sr./Sra.?
0 1 2 3 4
NUNCA RARAMENTE ALGUMAS
VEZES
FREQUENTEMENTE SEMPRE
9. O Sr./Sra. se sente tenso (a) quando a pessoa cuidada está por perto?
0 1 2 3 4
NUNCA RARAMENTE ALGUMAS
VEZES
FREQUENTEMENTE SEMPRE
10. O Sr./Sra. sente que a sua saúde foi afetada por causa de seu envolvimento com a
pessoa cuidada?
0 1 2 3 4
NUNCA RARAMENTE ALGUMAS
VEZES
FREQUENTEMENTE SEMPRE
11. O Sr./Sra. sente que não tem tanta privacidade como gostaria, por causa da pessoa
cuidada?
72
0 1 2 3 4
NUNCA RARAMENTE ALGUMAS
VEZES
FREQUENTEMENTE SEMPRE
12. O Sr./Sra. sente que a sua vida social tem sido prejudicada porque está cuidando da
pessoa cuidada?
0 1 2 3 4
NUNCA RARAMENTE ALGUMAS
VEZES
FREQUENTEMENTE SEMPRE
13. O Sr./Sra. não se sente à vontade de receber visitas em casa, por causa da pessoa
cuidada?
0 1 2 3 4
NUNCA RARAMENTE ALGUMAS
VEZES
FREQUENTEMENTE SEMPRE
14. O Sr./Sra. sente que a pessoa cuidada espera que cuide dela/dele, como se fosse o a
única pessoa de quem ele/ela pode depender?
0 1 2 3 4
NUNCA RARAMENTE ALGUMAS
VEZES
FREQUENTEMENTE SEMPRE
15. O Sr./Sra. sente que não tem dinheiro suficiente para cuidar da pessoa cuidada,
somando-se as suas outras despesas?
0 1 2 3 4
NUNCA RARAMENTE ALGUMAS
VEZES
FREQUENTEMENTE SEMPRE
16. O Sr./Sra. sente que será incapaz de cuidar da pessoa cuidada por muito mais
tempo?
0 1 2 3 4
NUNCA RARAMENTE ALGUMAS
VEZES
FREQUENTEMENTE SEMPRE
17. O Sr./Sra. sente que perdeu o controle da sua vida desde a doença da pessoa
cuidada?
73
0 1 2 3 4
NUNCA RARAMENTE ALGUMAS
VEZES
FREQUENTEMENTE SEMPRE
18. O Sr./Sra. gostaria simplesmente de deixar que outra pessoa realizasse os cuidados?
0 1 2 3 4
NUNCA RARAMENTE ALGUMAS
VEZES
FREQUENTEMENTE SEMPRE
19. O Sr./ Sra. se sente em dúvida sobre o que fazer pela pessoa cuidada?
0 1 2 3 4
NUNCA RARAMENTE ALGUMAS
VEZES
FREQUENTEMENTE SEMPRE
20. O Sr./Sra. sente que deveria fazer mais pela pessoa cuidada ?
0 1 2 3 4
NUNCA RARAMENTE ALGUMAS
VEZES
FREQUENTEMENTE SEMPRE
21. O Sr./Sra. sente que poderia cuidar melhor da pessoa cuidada?
0 1 2 3 4
NUNCA RARAMENTE ALGUMAS
VEZES
FREQUENTEMENTE SEMPRE
22. De uma maneira geral, quanto o Sr. /Sra. se sente sobrecarregado (a) por cuidar da
pessoa cuidada?
1 2 3 4 5
NEM UM
POUCO
UM
POUCO
MODERADAMENTE MUITO EXTREMAMENTE
74
Anexo 2: WHOQOL - OLD
As seguintes questões perguntam sobre o quanto você tem tido certos sentimentos nas
últimas duas semanas.
75
old_01 Até que ponto as perdas nos seus sentidos (por exemplo, audição, visão,
paladar, olfato, tato), afetam a sua vida diária?
Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante
Extremamente
1 2 3 4 5
old_02 Até que ponto a perda de, por exemplo, audição, visão, paladar, olfato, tato,
afeta a sua capacidade de participar em atividades?
old_03 Quanta liberdade você tem de tomar as suas próprias decisões?
old_04 Até que ponto você sente que controla o seu futuro?
old_05 O quanto você sente que as pessoas ao seu redor respeitam a sua liberdade?
old_06 Quão preocupado você está com a maneira pela qual irá morrer?
old_07 O quanto você tem medo de não poder controlar a sua morte?
old_08 O quanto você tem medo de morrer?
old_09 O quanto você teme sofrer dor antes de morrer?
76
As seguintes questões perguntam sobre quão completamente você fez ou se
sentiu apto
fazer algumas coisas nas duas últimas semanas.
old_10 Até que ponto o funcionamento dos seus sentidos (por exemplo, audição, visão,
paladar, olfato, tato) afeta a sua capacidade de interagir com outras pessoas?
old_11 Até que ponto você consegue fazer as coisas que gostaria de fazer?
old_12 Até que ponto você está satisfeito com as suas oportunidades para continuar
alcançando outras realizações na sua vida?
old_13 O quanto você sente que recebeu o reconhecimento que merece na sua vida?
old_14 Até que ponto você sente que tem o suficiente para fazer em cada dia?
As seguintes questões pedem a você que diga o quanto você se sentiu satisfeito, feliz ou
bem sobre vários aspectos de sua vida nas duas últimas semanas.
old_15 Quão satisfeito você está com aquilo que alcançou na sua vida?
old_16 Quão satisfeito você está com a maneira com a qual você usa o seu tempo?
77
old_17 Quão satisfeito você está com o seu nível de atividade?
old_18 Quão satisfeito você está com as oportunidades que você tem para
participar de
atividades da comunidade?
old_19 Quão feliz você está com as coisas que você pode esperar daqui para frente?
old_20 Como você avaliaria o funcionamento dos seus sentidos (por exemplo,
audição, visão, paladar, olfato, tato)?
As seguintes questões se referem a qualquer relacionamento íntimo que você
possa ter. Por favor, considere estas questões em relação a um companheiro ou uma
pessoa próxima com a qual você pode compartilhar (dividir) sua intimidade mais do
que com qualquer outra pessoa em sua vida.
old_21 Até que ponto você tem um sentimento de companheirismo em sua vida?
old_22 Até que ponto você sente amor em sua vida?
old_23 Até que ponto você tem oportunidades para amar?
old_24 Até que ponto você tem oportunidades para ser amado?
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