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UNIRONDON-Centro Universitário Curso Superior Ger. Recursos Humanos
Profa Silvina Maria dos Anjos
“A melhor maneira de predizer o futuro é criá-lo”. Peter Drucker
Cuiabá- 2011
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1 RESPONSABILIDADE SOCIAL
A responsabilidade social surge com uma força maior no Brasil na década
de 90, através das entidades não governamentais, institutos de pesquisa e
empresas que sensibilizaram por essa questão. Essa visão da pratica social
contribui para o desenvolvimento da sociedade sem agredir seu ambiente e sua
cultura proporcionando qualidade de vida e um futuro melhor às pessoas, assim
também se defini responsabilidade social.
Nos últimos anos há uma crescente de empresas preocupadas em
compreender e aderir à responsabilidade social, muitas se mobiliza e estrutura-se
em projetos voltados para essa gestão, investindo nos públicos em que se relaciona
e na relação de ética, transparente e de qualidade.
Segundo o instituto Ethos, responsabilidade social empresarial é forma de
“gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os
públicos com as quais se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais
compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando
recursos ambientais e culturais para geração futura, respeitando a diversidade e
promovendo a redução de desigualdades sociais.”
A responsabilidade social pode ser definida como compromisso que uma
organização deve ter para com a sociedade, expresso por meio de atos e atitudes
que a afetem positivamente a comunidade e agindo proativamente e coerentemente
no que tange o seu papel específico na sociedade e a sua prestação de contas para
com ela.
Assim, como uma visão expandida, responsabilidade social é toda e
qualquer ação que possa contribuir para a melhoria da qualidade de vida da
sociedade.
Para Abbagnano (1970, p. 822 apud JARAMILLO e ÁNGEL, 1996, p.60):
A responsabilidade social pode ser também o compromisso que a empresa tem com o desenvolvimento, bem estar e melhoramento da qualidade de vida dos empregados, suas famílias e comunidades em geral.
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Segundo o Dicionário de Ciências Sociais define responsabilidade social
como: “Responsabilidade daquele que é chamado a responder pelos seus atos face
à sociedade ou a opinião pública... na medida em que tais atos assumam dimensões
ou conseqüências sociais.” (BIROUI, 1976, p.361)
A responsabilidade social resulta vários questionamentos e críticas impostas
às empresas, pois hoje o consumidor exige que a empresa haja com ética e que
pensem na sustentabilidade.
A responsabilidade social engloba um conjunto de vetores que direcionam o
processo de gestão empresarial para o fortalecimento da comunidade onde atua,
como, preservação do meio ambiente; investimento no bem estar dos funcionários e
seus dependentes; comunicação transparente; retorno aos acionistas; sinergia entre
os parceiros e satisfação entre os consumidores, isso segundo Melo Neto e Froes,
1999.
Responsável é aquele que responde por seus atos”, isto é, a pessoa
conscientemente livre assume a autoria do seu ato, reconhecendo-o
como seu e respondendo pelas conseqüências dele. (ARANHA,
2003, p. 304)
1.1 Histórico
Há muito tempo cientistas, estadistas, filósofos, pensadores, sociólogos,
governantes e outras lideranças políticas, religiosas e intelectuais vêm
demonstrando sua preocupação com o a evolução do desequilíbrio econômico,
social e ambiental e refere-se às obrigações dos homens de negócios para seguir
linhas de ações desejáveis em termos de objetivos e valores da sociedade.
Segundo dados do Projeto Millennium (2004) indicam que o abismo social
está aumentando, mesmo em países ricos. O mesmo diz que em 2050 a população
mundial alcançará a marca de nove bilhões de habitantes, sendo que 98% deste
crescimento se apresentarão em países pobres. Atualmente, cerca de três bilhões
de pessoas estão vivendo com menos de dois dólares por dia; mais de um bilhão de
pessoas não têm água potável para beber e as doenças infecciosas estão causando
30% das mortes; quinhentas mil crianças morrem de fome a cada ano no mundo
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todo e, neste mesmo período, quinhentas mil pessoas morrem de obesidade nos
Estados Unidos.
O Estado readequando o seu papel acabou contribuindo agravamento desta
situação. O empenho na questão social foi drasticamente diminuído. As empresas
públicas foram privatizadas e os seus serviços terceirizados. Tudo isso foi feito como
forma de adequação à globalização, abandonando-se a noção de um Estado
intervencionista e paternalista.
A busca pelo desenvolvimento econômico baseado na livre concorrência
partiu-se da premissa de que quanto mais a economia de um país cresce, mais
aumenta o nível de educação, a renda, a participação no consumo. Melhorando,
assim, a qualidade de vida da população.
O crescimento econômico impulsionado pela globalização aprofundou ainda
mais a desigualdade social, pois, a renda continuou a ser concentrada na mão de
poucos. Dentre estes ganharam destaque os grandes empresários, donos de
corporações de lucros astronômicos que pagam baixos salários a seus funcionários
e contribuem com o aumento da desigualdade social. E, partindo-se da premissa de
que eles foram responsáveis por parte do processo de concentração da renda, é
natural que agora lhes seja atribuída parte da responsabilidade de contribuir com um
desenvolvimento mais equilibrado.
Na história da evolutiva da responsabilidade social incorporada pelos
indivíduos e pelas organizações foram elaboradas várias ações com o intuito de se
promover mudanças de comportamento, dos mesmos e assim favorecendo a
sustentabilidade. Algumas destas ações se tornaram padrões evolutivos e
contribuíram para a constituição do conceito de responsabilidade social. Dentre
estas ações que fizeram marcos na história do desenvolvimento social merecem
destaques no quadro a seguir:
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Periodo Histórico
1972
Realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente
Humano, conhecida como Conferência de Estocolmo, onde foi redigida a
Declaração de Estocolmo;
1977
Criada na França a Lei n° 77.769/77, que determina a publicação anual do
balanço social para as empresas com mais de setecentos e cinqüenta
funcionários;
1985 Criada em Portugal a Lei n° 141/85 que torna obrigatória a publicação de
balanço social para as empresas com mais de cem empregados;
1986-94 Elaboração do Principles for Business – através de debates promovidos por
lideranças econômicas da Europa, Japão e Estados Unidos;
início dos anos 90 Criação do The Natural Step – TSN, organização de consultoria e pesquisa
internacional, que trabalha com os maiores usuários de recursos do planeta;
1992 Criação da Agenda 21, na Rio-92 - Conferência das Nações Unidas sobre o
Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro;
1996 O Institute of Social and Ethical Accountability (ISEA) cria a Norma AA1000 –
ferramenta de gestão da responsabilidade social empresarial;
1997
Criação do Global Reporting Initiative (GRI) – movimento internacional pela
adoção e uniformização das relações socio-ambientais publicados pelas
empresas;
1997 Criação da SA8000 – Norma de Certificação voltada para as condições de
trabalho;
1997
Publicação do Protocolo de Kyoto, na Convenção Marco das Nações Unidas
sobre mudanças climáticas realizada no Japão, mas, que só entrou em vigor em
16 de fevereiro de 2005;
1999 Surge o Dow Jones Sustainability Index – índice que define a sustentabilidade
das empresas de acordo com critérios econômicos, sociais e ambientais;
1999
Instituição do Pacto Global - conjunto de dez princípios formulados pela
Organização das Nações Unidas (ONU), que servem como um instrumento
regulador da cidadania empresarial. São eles:
2002
Realização de Cúpula Mundial sobre o desenvolvimento sustentável, conhecida
como Rio + 10. Neste mesmo ano se deu a aprovação, pelas Nações Unidas,
da Carta da Terra, movimento que pretende ser o código de ética planetário que
norteará as pessoas, as organizações e o Estado.
Quadro 1 – Período e História do desenvolvimento da responsabilidade social. Fonte: Adaptado de Dziedzic (2006 p. 18)
Este contexto histórico, aliado a acontecimentos tais como a Grande
Depressão e a Segunda Guerra Mundial, dentre outros, modificou a visão da
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população mundial com relação ao papel que a empresa deve desempenhar dentro
da sociedade.
Há dois litígios, ambos ocorridos nos Estados Unidos. O primeiro, ocorrido
em 1919, refere-se ao julgamento do caso Dodge versus Ford, que tratou da
competência de Henry Ford, presidente e acionista majoritário da Empresa, para
tomar decisões que contrariavam interesses do acionista John e Horace
Dodge.Segundo Ashley (2002, p.18)
Em 1916, Henry Ford, alegando objetivos sociais, decidiu não distribuir parte
dos dividendos esperados, revertendo-os para investimentos na capacidade de
produção, aumento de salários e fundo de reserva para a redução esperada de
receitas em função do corte nos preços dos carros.
A Suprema Corte de Michigan foi favorável aos Dodges, justificando que a
corporação existe para o benefício de seus acionistas e que diretores corporativos
têm livre-arbítrio apenas quanto aos meios para alcançar tal fim, não podendo usar
os lucros para outros objetivos.
Segundo Ashley (2002, p. 19), “A filantropia corporativa e o investimento na
imagem da corporação para atrair consumidores poderiam ser realizados na medida
em que favorecessem os lucros dos acionistas”.
Em outro litígio, ocorrido em 1953, no caso A. P. Smith Manufacturing
Company versus Barlow, retomou-se o debate sobre a responsabilidade social
empresarial. Analisando as responsabilidades da corporação, a Suprema Corte de
Nova Jersey foi favorável à doação de recursos para a Universidade de Princeton,
ação esta que contrariava os interesses de um grupo de acionistas.
Determinaram que uma corporação poderia buscar o desenvolvimento
social, estabelecendo em lei a filantropia corporativa. Isso deu abertura para que
aqueles que defendiam a responsabilidade social empresarial argumentassem ser
esta uma ação legítima da corporação.
Drucker (1975, p. 345), também faz um relato de situações em que as
empresas sentiram-se pressionadas e acabaram assumindo a responsabilidades
sociais.
John Lindsay, Prefeito de Nova York que destacou-se em 1960, que pediu
às grandes companhias da região que aderissem um gueto negro e que fizessem
com que seus habitantes tivessem condições de satisfazer as necessidades básicas
de vida e conseguissem educação e emprego.
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1.2 Visões clássicas versus visão sócioeconômica
As visões sobre responsabilidade social foram identificada em duas formas:
A visão clássica e a socioeconômica assim detalharemos as suas diferenças e quais
os benefícios quando adotá-las:
Os debates em torno da responsabilidade social empresarial deram origem a duas visões opostas: a Visão Clássica, que parte do princípio de que a única responsabilidade social da empresa é a maximização do lucro; e a Visão Socioeconômica, que inclui entre as responsabilidades da empresa a melhoria do bem-estar da sociedade (ASHLEY, 2002 p. 20).
A Visão Clássica, também conhecida como Teoria do Acionista, do inglês
Stockholder Theory, tem como defensor mais célebre o economista Milton Friedman,
Prêmio Nobel de Economia em 1976. Em seu relato, a principal função dos
administradores é maximizar o retorno do investimento financeiro dos investidores
fazendo com que a empresa, obedecendo todas as obrigações legais, tenha o maior
lucro possível.
A teoria Friedman alega que a maioria dos gerentes de hoje não são donos
das empresas que dirigem e, portanto, devem atender aos interesses dos acionistas,
que se resume única e exclusivamente no retorno financeiro.
Se os gerentes chamarem para si a tarefa de gastar recursos da empresa
visando o bem social, eles destroem o mecanismo de mercado e alguém terá que
pagar pela redistribuição dos ativos. Se as ações socialmente responsáveis
minimizarem os lucros e dividendos, os acionistas serão os perdedores.
Se os salários e os benefícios tiverem que ser reduzidos para pagar a ação
social, os funcionários perderão. Se os preços mais altos forem rejeitados pelo
mercado e as vendas caírem, pode ser que o negócio não sobreviva – no caso, toda
a organização perderá.
Os defensores da Visão Clássica sustentam que a empresa que consegue
obter lucros beneficia a sociedade pela geração de novos empregos, pelo
pagamento de altos salários e, também, pelo pagamento do imposto de renda
empresarial. Ao possibilitar que as empresas concentrem seus recursos em
atividades efetivamente empresariais e não em responsabilidade social, esses
recursos são utilizados com a maior eficiência e eficácia, e as empresas conseguem
competir com sucesso no mercado mundial.
8
Desviar os recursos empresariais para obrigações sociais seria assegurar
ineficiência e talvez impuser obstáculos fatais à empresa. O que não é contrário à
prática da filantropia, desde que esta seja realizada com recursos de pessoas
físicas, através de doações voluntárias e não com os recursos das empresas.
Em oposição à Visão Clássica, destaca-se outro economista, Keith Davis, da
Universidade de Estado do Arizona/USA. Davis afirma que a empresa acarreta para
a sociedade alguns custos decorrentes de suas atividades e, por isso, tem
responsabilidade direta e condições de abordar muitos problemas que atingem a
sociedade. A responsabilidade social caminha de mãos dadas com o poder social e,
uma vez que a empresa é a força mais poderosa na vida contemporânea, ela tem a
obrigação de assumir a responsabilidade social correspondente. Ser socialmente
responsável, contudo, tem um preço, sendo necessário repassar tais custos aos
consumidores na forma de aumento de preços (MONTANA & CHARNOV, 2003).
A Teoria do Acionista está ultrapassada, pois se fundamenta no conceito de
propriedade vigente à época do liberalismo, no qual o direito do proprietário era
absoluto e este podia fazer o que bem entendesse com seu bem, inclusive deixá-lo
improdutivo. Assim afirma Flávio Farah (2005).
A crescente intervenção do Estado na ordem econômica e social fez com
que as noções do liberalismo clássico fossem superadas. Atualmente, a propriedade
privada deve exercer uma função social. Percebe-se isto claramente no texto da
Constituição Federal, artigo 170:
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social.
Diante do cenário atual, ignorar as pressões sociais e se isentar de qualquer
responsabilidade social seriam um risco para as empresas. Por outro lado, fazer
uma atuação de forma totalmente desvinculada do negócio da empresa, desviando
recursos para atividades secundárias, pode se mostrar uma atitude inviável. Para
resolver este dilema, os especialistas recomendam que as empresas integrem suas
práticas de responsabilidade social à estratégia da empresa e façam da atuação
responsável um diferencial competitivo.
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1.3 A Responsabilidade Social na Empresa
A responsabilidade empresarial incorpora uma gestão socialmente
responsável na empresa através de quatro modalidades.
Para Lourenço & Schröder, de acordo com o modelo piramidal, a
responsabilidade social de a empresa poder ser subdividida em quatro tipos:
economia, legal, ético e discricionário (ou filantrópico). (ETHOS, apud DAFT, 2003:
p. 87)
A responsabilidade é classificada da base para o topo em função de sua
amplitude relativa e da freqüência dentro da qual os gerentes lidam com cada
aspecto.
Figura 1: Os quatros tipos de responsabilidade social:
Fonte: Lourenço & Schröder, Ethos (2003; p. 87).
De acordo com a pirâmide, na figura 1, cada etapa na pirâmide possui sua
característica e sua importância. Vejamos cada uma:
Responsabilidade econômica: Na base da pirâmide localiza-se, o principal
tipo de responsabilidade social deparada nas empresas, representa a razão pela
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qual a empresa existe, em função da maximização da receita, que é seu objetivo
maior.
Optar pela responsabilidade econômica significa produzir bens e serviços de
que a sociedade precisa e almeja, a um preço que possa garantir a conservação das
atividades da empresa, de forma a atender suas obrigações com investidores e
maximizar os lucros para seus proprietários e acionistas.
Essa abordagem significa que o ganho econômico é a única
responsabilidade social de uma empresa em sua primeira fase uma entidade
lucrativa.
Responsabilidade legal: vêm, a definir o que a sociedade considera
importante acerca do comportamento de uma empresa, ou seja, presume-se que as
empresas atendam as metas econômicas dentro da estrutura legal e das exigências
legais, impostas pelos conselhos locais das cidades, assembléias legislativas
estaduais e agências de regulamentação do governo federal.
Responsabilidade ética: inclui comportamento ou atividades que a sociedade
espera das empresas, mas que não são necessariamente codificados na lei e
podem não servir aos interesses econômicos diretos da empresa. Para serem éticos,
os tomadores de decisão das empresas devem agir com eqüidade, justiça e
imparcialidade, além de respeitar os direitos individuais e coletivos da sociedade
como um todo.
Responsabilidade discricionária ou filantrópica: é puramente voluntário, o
desejo da empresa em fazer uma contribuição social, cabendo a se o desejo de doar
ou não, não é necessariamente imposta pela economia, pela lei ou pela ética, sendo
assim a atividade discricionária inclui, fazer doações a obras beneficentes, contribuir
financeiramente para projetos comunitários ou para instituições de caridade que não
oferecem retornos financeiros para a empresa, mas que por outro lado lhes dar um
retorno maior, a credibilidade perante a sociedade e seus acionistas. (LOURENÇO
& SCHRODER, ETHOS apud Daft, 2003, p. 88).
Com isso, fica entendido que as empresas têm diferentes maneiras de
contribuir com o social, sem se preocuparem com prejuízo ou com lucro do seu
capital investido, só lhe trazendo benefícios como entidade puramente responsável
pelos seus atos perante a sociedade. Ou seja, fica o seu critério a decisão a quem
doar e como será feita a doação, neste caso a atividade filantrópica é um
investimento social com retorno á longo prazo.
11
Segundo, Lourenço & Schröder, apud Ethos (2003: p. 88), nas últimas
décadas as empresas passaram a se preocupar com suas obrigações sociais.
Proposição de que as empresas deveriam destinar parte de seus recursos
econômicos, a ações que venha a beneficia a sociedade, nem sempre foram bem
recebidas. O ato deste efeito de propor, quaisquer recursos das empresas para
ações sociais, a ponta muita divergências na literatura existente sobre o tem.
Diante disto, Lourenço & Schröder, apud Ethos (2003: p. 89), afirma que a
idéia de responsabilidade social, supõe-se, que a corporação tenha não apenas
obrigações legais e econômicas, mas também certa responsabilidade para com a
sociedade, as quais se estendem além dessas obrigações, a adoção de uma
postura socialmente responsável mais ampla, além da exigida por lei. Ele destaca
três níveis de abordagem a serem adotados como ação das empresas em relação
as suas demandas sociais, conforme está representado na ilustração abaixo:
Figura 2: As três abordagens da responsabilidade social
Fonte: Lourenço & Schröder, Ethos (2003: p. 89).
Como representado na figura das abordagens da RS, no círculo menor da
figura, situa-se a obrigação social; ou seja, o comportamento de negócio que reflete
a responsabilidade econômica e legal da empresa. Em quanto o circulo do meio,
representa a reação social; representando o comportamento exigido por grupos que
têm uma participação direta nas ações da organização. Ficando no circulo maior, a
responsabilidade social que representa o comportamento antecipador, pró-ativo e
preventivo, ou seja, na prática, uma empresa pode escolher qualquer posição dentro
dos limites da figura.
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Neste caso, fica percebido que a empresa poder escolher qualquer posição
deste que esteja dentro dos limites éticos, legais, de uma companhia para ser
socialmente responsável, como mostra os três níveis seguintes:
Obrigação social: é quando uma empresa tem o comportamento socialmente
responsável, procurando o lucro dentro das restrições legais impostas pela
sociedade. Um gestor pode afirmar, segundo esse ponto de vista, que cumpriu suas
obrigações para com a sociedade ao criar bens e serviços em troca de lucros, dentro
dos limites da lei. Afirma que uma empresa lucrativa beneficia a sociedade ao criar
novos empregos, pagar salários justos que contribua para a melhoria de vida de
seus funcionários e melhora as condições de trabalho dos funcionários, além de
contribuir para o bem-estar público com os pagamentos dos impostos.
Reação social: é a abordagem que considera as empresas como reativas.
Pressionadas por certos grupos (associações comerciais, sindicatos, ativistas
sociais, consumidores e tantos outros), as empresas reagem, voluntária ou
involuntariamente, para satisfazer essas pressões. As empresas que adotam essa
linha procuram atender a responsabilidade econômica, legais e éticas. Se as forças
externas exercerem pressão, os gerentes concordarão em reduzir atividades
eticamente questionáveis. O fator que leva muitas empresas a adotarem essa
posição é o reconhecimento de que elas dependem da aceitação por parte da
sociedade á qual pertencem, e de que ignorar os problemas sociais pode ser
destrutivo á longo prazo.
Sensibilidade social ou pró-atividade social: Caracterizam-se por
comportamentos socialmente responsáveis mais antecipadores e preventivos do que
reativos e reparadores. A expressão sensibilidade social tornou-se amplamente
utilizada para referir as ações que vão além da mera obrigação social e da reação
social. Uma empresa socialmente sensível busca formas de resolver seus problemas
sociais, ou seja, a empresa fortemente se compromete a ter uma abordagem pró-
ativa da responsabilidade social.
Os Problemas futuros são antevistos, e atos são adotados para evitar o
aparecimento do problema ou minimizar seus reflexos.
Para Montana & Charnov, (apud ETHOS, 2003, p. 90),
A perspectiva da responsabilidade social é a do significado, mas alto de uma responsabilidade social, é colocar os gestores e suas organizações numa posição de responsabilidade bem longe da tradicional perspectiva da mera preocupação com meios e fins
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econômicos, abordando uma ética empresarial mais além desta já existente.
Assim, a empresa poderá optar por um posicionamento social em qualquer
um dos pontos, apontados, deste que esteja dentro dos seus limites éticos legais,
para que a empresa possa assumir a sua responsabilidade. Apresentamos os
conceitos para o entendimento dos significados e das implicações da
responsabilidade social nas empresas.
2 PROCESSOS DE IMPLANTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL NA
EMPRESA
Independente do porte da empresa, a responsabilidade social é considerada
cada vez mais como uma das principais estratégias para alavancar seu crescimento.
Para entender as possíveis orientações estratégicas das empresas quanto à
responsabilidade social nos negócios, consideramos que o foco fundamental de
relação da empresa com cada grupo de seu Stakeholders.
Essas orientações estratégicas estão relacionadas à cultura da empresa,
dos públicos que efetivamente exercem poder sobre a direção dela, e esse perfil se
reflete na orientação quanto a sua responsabilidade social.
A aplicação da responsabilidade social sobre a cultura organizacional tem
sido objeto de trabalho de várias organizações e há vários modelos, que visam a
integrar e viabilizar essa aplicação a tornando um prática de sucesso.
Nessas abordagens a cultura aparece ora como um subsistema que liga a
estrutura, à estratégia, aos sistemas técnicos e políticos, e ora como uma super
estrutura que determina todos os demais componentes, englobando-os e os
sistematizando-os.
O Planejamento estratégico é designado para mostrar as probabilidades de
acertos e os riscos que o projeto em desenvolvimento vai gerar para a empresa.
Com essa prática em que é designada inclui o estabelecimento das metas,
formulação das estratégias e o desenho organizacional necessário para o
desenvolvimento desse sistema.
Ainda que bem elaborado e planejado a mudança da cultura organizacional
não é um processo simples, e surte alguns efeitos como traumas nos
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procedimentos, nos sistemas de recompensas, na estrutura e na estratégia, pois a
mudança cultural dá outro rumo, ou melhor, uma nova maneira de fazer o processo,
alicerçada a novos valores.
Para que essa mudança de comportamento produza uma transformação
cultural é necessário que as justificativas do comportamento também sejam
mudadas, para que as pessoas não continuem apegadas aos padrões de valores e
crenças anteriores.
O modelo para gestão da responsabilidade social deve levar em
consideração os aspectos sociais, políticos, econômicos, ambientais e legais
presentes nas relações com os stakeholders da empresa, pois é necessário para
posicionar a orientação estratégica quanto à responsabilidade social na empresa.
Orientação Objetivo Visão
Acionistas Maximização dos Lucros Econômica
Estado/Governo Cumprimento das obrigações legais Jurídica
Empregados
Reter e atrair funcionários
qualificados. Da área de Recursos Humanos
Comunidade
Relacionamento socialmente
responsável com a comunidade na
qual se insere. Assistencialista
Fornecedores, Compradores
e promoção da Marca. Relações éticas Cadeia de produção e consumo
Publicação de relatórios e
promoção da Marca. Balanço social Marketing social
Ambiente Natural Desenvolvimento Sustentável Ambiental
Quadro 2 - Orientação de Stakeholders
Fonte:
Freeman (ano, p.), afirma que existem muitas outras partes da sociedade
devem ser levadas em consideração na tomada de decisão da empresa: organismos
governamentais, grupos políticos, organizações não-governamentais, as
associações de empresas, os sindicatos de trabalhadores, associações de
consumidores, os potenciais empregados, os potenciais clientes, as comunidades
em que elas existem ou das quais obtém recursos e, na verdade, a sociedade como
um todo. Mesmo as empresas competidoras podem ser consideradas como
stakeholders, na hora da tomada de decisão.
15
Esse elemento de modelo de empresa socialmente responsável propõe uma
estratégia de somar visão econômica dos recursos à visão econômica de mercado
ao mesmo tempo em que incorpora uma visão sociológica e política da sociedade, o
sistema maior em que a empresa está situada, para as tomadas de decisão.
Figura 3: Stakeholders das empresas
Fonte: Aligleri, Ethos (2003: p. 128).
A figura 3 mostra as atuais exigências para a conservação da
competitividade das empresas, que vêm trazendo para a gestão implicações de
cunho mais amplo e sistemático, transformando-as em oportunidades de negócios
oferecidas pelas atuais condições econômicas, de forma a suscitar uma forte
demanda a um novo contrato social global.
Propõe-se um modelo para a visualização dessas relações como ponto de
partida. A empresa deve diagnosticar as expectativas que tem sobre essas relações
e realizar um levantamento das expectativas que tem seus stakeholders as
responsabilidades da empresa e o respectivo grau de desempenho da empresa
quanto a essas responsabilidades.
O comprometimento da empresa com o comportamento ético e o
desenvolvimento econômico, que melhore a qualidade de vida dos colaboradores da
comunidade onde atua e da sociedade como um todo, fundamentando-se em
políticas e diretrizes para os mais diversos stakeholders o compromisso de toda a
organização, envolvendo todos os níveis hierárquicos da mais alta administração ao
nível mais baixo de sua operacionalização, afetando toda a estrutura organizacional
16
conforme se observa na figura, uma vez que pressupõe novos conceitos, valores e
técnicas gerenciais.
A responsabilidade social empresarial neste contexto associa-se a um
conjunto de políticas, práticas, rotinas e programas gerenciais, que perpassa por
todos os níveis e operações do negocio, facilitam e estimulam o dialogo e a
participação permanente com os Stakeholder, de modo a corresponder às
expectativas dos mesmos.
Figura 4: Posicionamento Missão, Visão e Valores:
Fonte: Ashley, Patrícia (2002: p. 40).
O importante a destacar desse modelo é que a raiz que consolida a imagem a
ser realizada por essa empresa que está em seu posicionamento estratégico em
termos de seus valores, missão e visão em longo prazo, os quais irão embasar as
decisões e operações de seus negócios.
2.1 Elaboração dos Planos, programas e projetos
Os conceitos de projetos, planos e programas estão associados a um
conjunto de ações a serem implementadas. O que diferencia esses conceitos é o
nível de abrangência dessas ações.
Os projetos passam por critérios de utilização, relevância e amplitude
do problema. É importante que o projeto esteja direcionado a um alvo estratégico,
claramente definido. De posse dessas informações, define-se o objetivo e são
estabelecidas as metas para o projeto.
17
2.1.1 Implementação das Ações
Definidos e elaborados o projeto devem ser implementados com base nos
recursos disponíveis, num sistema de gerenciamento eficiente e eficaz e nos prazos
previstos.
Será apresentado empresa o seguinte planejamento da política de
responsabilidade social para a implantação de a acordo com as amostras.
2.1.2 A avaliação
A avaliação é a etapa final do ciclo de gerenciamento. Consiste na
comparação do resultado previsto com os objetivos e metas alcançadas após a
realização do projeto.
Os gestores da empresa e sua equipe é responsável pela avaliação das
ações implementada sob a forma do projeto.
18
3 BENEFÍCIOS GERADOS COM A IMPLANTAÇÃO DA RESPONSABILIDADE
SOCIAL
A implantação da responsabilidade social na empresa deve ter a
conscientização dos empreendedores e dos acionistas majoritários, para que as
idéias e os projetos sugeridos sejam correspondentes as práticas diárias e que a
empresa consiga melhorar as comunidades em que ela está sendo inserida.
Melhorando o ambiente da comunidade, acaba gerando benefícios a empresa.
Há vários tipos de benefícios gerados pela implantação desse projeto, como:
a) A melhora da imagem de relação pública da empresa;
b) Demonstrar sensibilidade social ajuda evitar intervenções
governamentais;
c) Se efetivada dentro de modelo econômico sustentável, podem ser
lucrativo para a empresa;
d) Leva a empresa a ser vista pelos analistas financeiros como menos
expostos as críticas sociais e produzirão um aumento no preço das
ações;
e) Maior chance de conquistas de certificados de responsabilidade social;
f) Acesso ao crédito direcionado a projetos de impacto social e ambiental
(cabe ressaltar que o BNDES utiliza critérios de responsabilidade social e
desenvolvimento sustentável na avaliação de projetos).
Além desses benefícios, ainda poderiam ser citados outros, alguns de ordem
geral e outros específicos para cada atividade. A entidade que consegue engajar os
seus parceiros, mediante o comprometimento das metas, visando à melhoria na
qualidade de vida, à satisfação de seus acionistas e empregados, certamente
19
alcançará resultados superiores no exercício social, em comparação com outras
empresas que não as colocam em prática.
Com uma gestão socialmente responsável a empresa gera um
relacionamento mais duradouro com os seus clientes e fornecedores, por mostrar
confiabilidade no negócio e uma política
As práticas de responsabilidade social devem ter como fundamento o
desenvolvimento da sociedade em que a empresa atua para agregar valor tanto
para a empresa como um todo quanto às comunidades beneficiadas pelas ações
implantadas.
4 CERTIFICAÇÕES
No intuito de estimular a responsabilidade social empresarial, uma série de
instrumentos de certificação foi criada nos últimos anos. O apelo relacionado a
esses selos ou certificados é de fácil compreensão. Num mundo cada vez mais
competitivo, empresas vêem vantagens comparativas em adquirir certificações que
atestem sua boa prática empresarial. A pressão por produtos e serviços socialmente
corretos faz com que empresas adotem processos de reformulação interna para se
adequarem às normas impostas pelas entidades certificadoras.
Entre algumas das certificações mais cobiçadas atualmente enumeramos as
seguintes:
1. Selo Empresa Amiga da Criança. Este selo foi criado pela Fundação
Abrinq para empresas que não praticam o uso de mão-de-obra infantil e
contribuem para a melhoria das condições de vida de crianças e
adolescentes.
2. A “Social Accountability 8000” é uma das normas internacionais mais
conhecidas. Criada em 1997 pelo Council on Economic Priorities
Accreditation Agency (CEPAA), o SA8000 enfoca, primordialmente,
relações trabalhistas e visa assegurar que não existam ações anti-sociais
ao longo da cadeia produtiva, como trabalho infantil, trabalho escravo ou
discriminação.
3. O AA1000 foi criada em 1996 pelo Institute of Social and Ethical
Accountability. Esta certificação de cunho social enfoca principalmente a
relação da empresa com seus diversos parceiros, ou “stakeholders”. Uma
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de suas principais características é o caráter evolutivo já que é uma
avaliação regular (anual).
5 AS POLÍTICAS SOBRE RESPONSABILIDADE SOCIAL
A Responsabilidade Social está fundamentada em princípios éticos e
transparentes que devem estar claramente presentes, na forma como a empresa se
relaciona com seus diversos públicos. Além disso, a empresa defende e difundi
valores como o respeito e a solidariedade, a eqüidade e a democracia, a igualdade e
a cooperação entre as pessoas.
Para estabelecer com as próximas gerações, um sincero compromisso de
preservação dos recursos culturais e ambientais, de melhoria da qualidade de vida
das pessoas e de busca incessante pelo desenvolvimento sustentável.
A Política de Responsabilidade Social tem como objetivo principal
estabelecer as diretrizes de atuação, mediante a adoção de normas e
procedimentos que buscam difundir valores, garantir a aplicabilidade da
responsabilidade social e estabelecer critérios de para alocação de recursos e
análise dos projetos em investimentos sociais.
A empresa deve assumir o compromisso de atender aos requisitos da norma
internacional SA 8000, das leis e normas nacionais e das convenções aplicáveis da
Organização das Nações Unidas (ONU) e Organização Internacional do Trabalho
(OIT).
As políticas de responsabilidade social apresentada para a empresa são:
a) Não utilização de trabalho infantil, trabalho forçado ou práticas
disciplinares abusivas;
b) Assegurar um ambiente de trabalho seguro e saudável a todos os seus
funcionários;
c) Respeito aos direitos de associação sindical e negociação coletiva de
seus funcionários;
d) Eliminar a existência de qualquer tipo de discriminação, em todos os
níveis hierárquicos
e) Respeitar e remunerar adequadamente a jornada de trabalho;
f) Melhorar continuamente a eficácia de seu Sistema de Gestão da
Responsabilidade Social.
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REFERENCIAS
Parte da Monografia de Juliane da Costa Dolense - Curso de Administração UNIRONDON – 2011.
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