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“ANDRÉ”,
Um exemplo de fé.
“Quero trazer à memória o que pode me dar esperança; E a esperança é que:
Todo aquele que invocar o Nome do Senhor será salvo.”
Em memória de:
André Bianchi Machado
09/01/1998
01/10/2006
Por João Braz Machado, Pastor da Igreja Metodista Wesleyana.
Disse Jesus:
“Eu sou a ressurreição e a vida, quem crê em mim, ainda que morra, viverá;
e todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente”. João 11:25,26.
“A PALAVRA MOVE,
MAS O EXEMPLO ARRASTA.”
Agradecimentos:
Ao meu Deus, Eterno e Soberano Senhor de toda criação, por ter sido Ele meu
principal Sustentador nos momentos mais tenebrosos de nossas vidas, por ter sido Ele
também que me possibilitou escrever este testemunho e mesmo em meio a muitas
lágrimas motivou-me a continuar colocando em meu coração a certeza de que o mesmo
produziria muitos frutos para o teu Reino e que eu deveria prosseguir;
“SOMENTE Á ELE TODA GLÓRIA ETERNAMENTE!”.
Á minha esposa Débora, pela dedicação especial para com a minha vida,
entendendo minhas muitas fragilidades, mas companheira fiel, amável e carinhosa,
sempre me incentivando continuar, mesmo derramando lágrimas juntamente comigo.
Aos meus filhos, Fillipe, Suellen e Mateus (Este último filho genro) pela garra, pela
bravura, pelo companheirismo, pela demonstração de carinho e amizade vividos em família
em momentos tão desafiadores e principalmente pelo amor, carinho e cuidados dedicados
ao Andrezinho em todo o tempo.
Também a minha filha Naiara (Filha nora, esposa do Fillipe) que embora tenha entrado para a
família após todos estes acontecimentos, tem compreendido bem de perto a nossa dor.
Vocês são muito especiais para mim, compreendo que tiveram que amadurecer e se
tornarem adultos forçadamente, talvez até mesmo antes do tempo, em meio a
circunstâncias da vida.
Aos parentes e amigos que também deram todo incentivo, entendendo que pra
mim era demasiadamente difícil relembrar fatos tão doídos, situações difíceis e
angustiantes, mas que em muito edificaria vidas, por isso, foram muitas as vezes que
ouvia alguém dizer: “A história do seu filho tem que ter um livro”, e nestas palavras
encontrei motivação para dar início à escrita deste testemunho, com o desejo de que ele
seja edificante e auxilie pessoas nos desafios da vida.
Aos irmãos das mais diversas Igrejas e amigos da cidade de Urupá (RO), onde meu filho
viveu seus últimos dias, obrigado a todos pelo carinho a nós dedicado, pelas ajudas concedidas,
vocês tem um espaço todo especial em meu coração, certamente que serão inesquecíveis em
nossa vida, pois, deram provas concretas de que o amor de Cristo habita em vós. OBRIGADO!
Ao meu irmão Joel e minha cunhada Eneidir, obrigado pelo acolhimento dentro da casa
de vocês, pelas lágrimas derramadas juntos com a gente, pelas orações, foi dentro da casa de
vocês que meu filho produziu muitos frutos para o Reino de Deus.
Um “muito obrigado” especial aos amigos da saúde do Hospital das Clínicas em Belo
Horizonte, pela dedicação e esforço observados em prol de todos os pacientes, vocês foram
muito mais do que profissionais durante todo o período que aí estivemos vocês serão
eternamente lembrados por mim e toda família, vocês não deram ao meu filho apenas
medicamentos ou ofereceram um tratamento formal da medicina, vocês ofereceram também
carinho, atenção, amor e amizade, demonstraram que não são apenas profissionais com um
curso universitário, mas são, acima de tudo, gente como a gente que muitas vezes, embora com
um conhecimento maior, sentem-se limitados diante de desafios tão grandes, solidarizando-se
conosco e compartilhando, além dos conhecimentos acadêmicos, a dor da perda, vocês não
são apenas agentes da saúde, mas acima de tudo também grandes agentes de amor, que
o Eterno e Poderoso Deus os abençoe sempre!
Com eterna gratidão,
João Braz Machado
Prefácio:
Um dos valores mais importantes agregados à vida de alguém é a família que porventura
ele tenha conseguido constituir, e de um modo muito especial, os filhos que gerou – os
filhos que Deus lhe deu.
Como é belo e venturoso a um pai poder acompanhar o desenvolvimento de seu filho,
um ser tão frágil e dependente durante suas primeiras semanas de vida.
Fragilidade que, pela ordem natural das coisas, se estende e atenua na medida em que
ele vai se desenvolvendo.
Muitas preocupações e sustos assaltam o coração dos pais durante esse período em
especial; mas a verdade é que tais medos e sensações concernentes aos filhos,
geralmente acompanham os pais ao longo de toda a sua vida.
Estou tendo a honra, o privilégio de prefaciar uma obra que, longe de ser um
trabalho formal de cunho biográfico ou pedagógico, consegue transpirar em cada uma
de suas páginas saudade, amor e sentimento de profunda gratidão a Deus; e tudo isso
como um memorial, devido a uma frágil vida que, durante o curto tempo de sua
existência, conseguiu um feito que poucos têm conseguido ao longo de uma vida inteira:
“Transmitir um testemunho brilhante em meio à dor, uma fé concreta e realista em meio
às incertezas que circundavam o seu mundo limitado, devido à evolução de uma cruel
enfermidade que resistia a todas as tentativas feitas por especialistas habilidosos, no
sentido de debelá-la do seu corpinho enfraquecido pelo agravamento intermitente do
seu quadro de saúde.”
Não tive convivência pessoal com André, nem mesmo participei com ele de seus
derradeiros dias. Todavia, mediante tudo o que li sobre sua jornada de dor nesta obra e
o que ouvi dos lábios de seu pai sobre sua vida e morte, me convenceram que André
Bianchi Machado foi uma criança cheia de vida, enriquecida por uma fé bíblica
extraordinária, com uma incrível capacidade de fazer feliz qualquer que se interpusesse
em seu caminho.
Era o orgulho de seus pais – João Braz e Débora, seus irmãos – Fillipe, Suellen e
Mateus, seu cunhado, e seus familiares; além de todos os que o conheciam de perto.
Sua vida revelava traços de inteligência acima da média e uma habilidade especial para
se comunicar e impressionar aqueles que conversavam com ele.
Poderia ser alguém com uma longa e próspera carreira pela frente.
No entanto, seus dias estavam contados.
Na ampulheta da vida, os grãos de areia que determinavam o seu tempo de existência
entre nós já não eram muitos.
Teria sido André um pequeno profeta, de curta existência, mas capaz de deixar
marcas indeléveis produzidas por seu brilhante testemunho? Ou um dedicado
evangelista sendo impedido de cumprir plenamente sua missão devido à morte precoce?
Não sei ao certo. Todavia, de uma coisa tenho plena certeza: era um menino que amava
a Deus e que por Deus era amado. Isso ficou claramente demonstrado nas frases soltas
que produzia, ao terminar a quimioterapia:
“Já, mãe? Que beleza! Ir pra casa é bom demais! Mas, melhor ainda é ir pro
Céu!”.
Nas orações que proferia e no modo como encarava a sua própria dor, parecia
entender o “por que” de tamanho sofrimento.
A iniciativa do seu dedicado pai, João Braz, pastor da Igreja Metodista Wesleyana
em Divinópolis-MG, em publicar esta obra, não é apenas um tributo à memória do seu
querido filho, mas também um legado aos que necessitam aspirar o perfume exalado
pelo testemunho de “André um exemplo de fé” – uma contribuição valiosíssima a todos
os que passam por drama semelhante.
Belo Horizonte, 31 de janeiro de 2009.
Bispo Calegari
Superintendente da 2ª e 4ª Região Eclesiástica
Igreja Metodista Wesleyana
Introdução:
Deus é soberano, quanto a isso não existe controvérsia!
Mas o que levaria Deus, a permitir situações muitas vezes traumáticas na vida de seus
Servos?
Como uma criança tão pequena e de tanta fé, com toda certeza de que Deus o havia
curado de sua enfermidade vem a falecer totalmente cega e pedindo a Deus que
restaurasse a sua visão? Como tantas pessoas que não tem Jesus podem ser edificadas e
obterem desejo de segui-lo uma vez que contemplam tanto sofrimento em meio aqueles
que depositam Nele total confiança? Estas e muitas outras perguntas às vezes pairam na
minha mente, são indagações que em momento algum refletem inconformidade com o
que Deus faz, mas sem dúvida deixam-nos a refletir. Pobre homem que sou! Quanta
limitação para indagar coisas às vezes inexplicáveis que somente a eternidade nos
revelará, se assim for a vontade do soberano Deus.
Pensando nestas coisas tomei a iniciativa de escrever este testemunho ocorrido com
meu filho André que não precisou de muitos anos para marcar a sua história, apenas oito
aninhos foram o suficiente para deixar recordações inesquecíveis.
Dizem que lembrar o passado é sofrer duas vezes, em algumas situações posso até
concordar com essa expressão, mas no que diz respeito ao Andrezinho, lembrar-se do
passado é adquirir lições de vida que nos deixam mais próximos de Deus, lembrar-se de
uma criança totalmente cega com tumores espalhados pelo seu lindo rostinho e,
contudo isso permanecer louvando a Deus pelo que Deus É, e não somente pelo que Ele
faz é com certeza uma característica nata de um verdadeiro “Obreiro Aprovado”.
Estas coisas fazem com que enxerguemos que às vezes somos ingratos com Deus,
quando pensamos em desistir diante de problemas tão insignificantes em relação aos
que ele enfrentou, temos a certeza de que essa graduação de “Obreiro Aprovado” ele
não perdeu, levou consigo para a sepultura esta medalha.
A saudade é muita, a dor é intensa e sem remédio, mas também não poderia ser
diferente, pois “SAUDADE É O AMOR QUE FICA”.
Lembrar-se de tudo que passamos dói muito, contudo não posso de maneira
alguma me calar diante de um grande testemunho de fé, que será sem dúvida edificante
para sua vida, reconheço perfeitamente que o maior testemunho para conduzir as
pessoas á Cristo, é a sua própria morte no calvário, se isso não for o suficiente nada mais
o será, no entanto insisto em compartilhar com você o que Deus fez e tem feito em
nossa vida, espero poder ajudá-lo para a glória de DEUS PAI.
Agradeço a Deus pela oportunidade que Ele me concede de escrever um pouco da
história de meu filho querido e amado, que mesmo tendo uma morte prematura nos
ensinou o que é ser um verdadeiro servo do Senhor, sua morte deixou claro uma coisa:
“O amor verdadeiro, nem a morte pode destruir, a prova disso é que ele não esta mais
no nosso meio, mas será eterno em nossos corações” (Frase de Fillipe Bianchi irmão do
Andrezinho).
Relutei muito para não escrever este livro, tentei por algumas vezes esquecer todo
passado, na verdade não estava disposto a relatar coisas que mexem com nossas
emoções, causam saudades e nos fazem chorar, mas o desejo de ser útil a alguém, e
acima de tudo engrandecer e exaltar o nome de Deus venceu-me, e fez com que eu
anulasse minha própria vontade. Portanto se este livro puder ajudá-lo em sua
caminhada, serei profundamente grato a Deus e compreenderei então que conseguimos
êxito em extrair alguma benção do sofrimento, das lágrimas e da morte de meu tão
amado filho André, estou certo de que a enfermidade, e a vida do Andrezinho tornaram
este livro possível, e a sua morte o tornou necessário, imagino que relatando essa
história de fé e heroísmo de uma criança, e acima de tudo o cuidado de Deus para com
ela, estarei de alguma forma contribuindo para conduzir as pessoas a uma Viva
Esperança, a um caminho de fé, coragem, confiança e determinação, este foi o caminho
que o Andrezinho percorreu confiantemente em toda sua jornada, uma criança de
apenas 5 aninhos que com determinação, coragem, confiança e fé ensinava a todos que
estavam ao seu lado a ver sempre o lado bom em tudo e extrair coisas positivas em
momentos aparentemente tão negativos, conforme dizia a sua médica: “Ele arrancava
gargalhadas em momentos que só pediam lágrimas.” (Dra. Raquel Baumgratz - HC - BH).
Este livro não pretende explicar Deus, suas ações e seus propósitos, e mesmo que
fosse esta a pretensão certamente jamais conseguiria, ele também não pretende
fornecer princípios de autoajuda para transpor problemas, acerca desta matéria já
existem prateleiras e mais prateleiras lotadas em bibliotecas e livrarias de nossas cidades
e, no entanto a humanidade continua prosseguindo sem vida, sem esperanças e sem
soluções, o objetivo deste livro, então, talvez venha fugir de tudo aquilo que quem sabe
você gostaria de ler, não é um livro de “autoajuda”, mas um livro que aponta para a
“AJUDA DO ALTO” é do alto que vem o socorro no momento da dor, angústia e
sofrimento. Relato uma história real que nos trouxe muitas lágrimas, dores e sofrimento;
apesar disto não é de meu interesse narrar uma desgraça de uma família e de uma
criança, pois entendo perfeitamente de que escrever um livro que contaria as pessoas o
quanto sofremos não faria bem a ninguém, entendo, portanto de que este livro tem que
ser uma afirmação de VIDA E ESPERANÇA. Ele tem de dizer que ninguém nunca nos
prometeu uma vida livre de dor e desapontamentos, no entanto temos uma promessa
fiel de nosso Senhor Jesus de que não estaríamos sós em nossa dor e que poderíamos
obter ajuda sobrenatural do Senhor Todo Poderoso, dando-nos a força e a coragem que
necessitamos para sobreviver às tragédias e às iniquidades da vida, e ainda fazendo-nos
crescer em meio a estes momentos tão indesejáveis por todos nós, portanto relato nesse
livro um testemunho real da ação poderosa de Deus em momentos tão difíceis, hoje sou
uma pessoa mais sensível, um Pastor mais amoroso, um Conselheiro mais compreensível
um Analista mais eficiente por causa da vida, enfermidade e morte do meu André,
entretanto confesso que eu renunciaria a todos esses ganhos em um segundo se
pudesse ter o meu filho de volta, e continuar sendo pai de um garoto brilhante e feliz,
porém não posso escolher o que Deus fez em sua infinita bondade e sabedoria está feito,
não nos cabe lastimar e permitir que sejamos dominados pela dor da perda e da
saudade, só nos resta nos colocarmos a disposição do Senhor para que no final de tudo
seja farta a colheita de almas para o Reino de Deus, contudo o que passamos e temos
passado resta dizer: DEUS SEJA LOUVADO! DEUS É BOM EM TODO TEMPO, E EM TODO
TEMPO DEUS É BOM.
Por que escrevi este livro:
Este livro é a história de uma criança que mantinha uma VIVA ESPERANÇA EM
JESUS, acima de qualquer situação, em certo sentido o escrevi ao longo de três anos e
três meses desde o dia em que ouvi a palavra “Leucemia” e que aprendi o seu
significado, eu sabia que acabaria tendo de enfrentar o declínio e a morte do André caso
Deus não tivesse propósito em curá-lo, e sabia que, depois que ele morresse, eu sentiria
a necessidade de escrever um livro para partilhar com outras pessoas de como
conseguimos continuar acreditando em Deus e depositando fé incondicional após tão
profundos ferimentos, embora também mantivesse a esperança de podê-lo escrever
narrando uma cura Divina com meu filho ao meu lado, que aos nossos olhos seria
incomparavelmente melhor.
Mas este livro tem uma finalidade específica e certeira que é de conduzir você a um caminho
de uma Viva Esperança, conscientizá-lo de que em meio a dores, lágrimas e frustrações Deus
trabalha em função de sua própria vida, o apóstolo Paulo escrevendo aos Romanos diz que, a
tribulação produz perseverança, e a perseverança experiência e a experiência esperança.
”E não somente isso, mas também gloriemo-nos nas tribulações; sabendo que a
tribulação produz a perseverança, e a perseverança a experiência, e a experiência a
esperança; e a esperança não desaponta, porquanto o amor de Deus está derramado em
nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”. Rm 5:3-5. Como você pode ver
existe uma sequência de aprendizado que nos é oferecido em meio às tribulações, é
necessário, portanto que aprendamos as lições que a vida oferece-nos a oportunidade
para aprender. Também em Tiago 1: 2, 3 e 4, temos a seguinte recomendação:
“Irmãos tende por grande alegria ao passardes por várias provações, sabendo que a prova da
vossa fé desenvolve perseverança, ora a perseverança deve terminar a sua obra para que sejais
maduros e completos não tendo falta de coisa alguma''.
Nada acontece somente por uma fatalidade, em todas as coisas Deus tem o controle, Ele é o
Todo Poderoso e sempre quer nos ensinar, há um ano e meio aproximadamente, eu
pensava estar terminando este livro, já fazia as divisões de capítulos quando de repente
de forma involuntária, é claro, talvez devido ao excessivo cansaço de várias madrugadas
em claro, apaguei tudo sem condições de recuperação, tive meu trabalho totalmente
perdido depois de seis intensos meses de dedicação, horas e horas perdidas de sono pela
madrugada, lágrimas e lágrimas de dor e saudades rolando pela face, pensava eu estar
terminando todo trabalho escrito em meio às muitas lágrimas de sofrimento, saudade e
emoções.
Como em tudo Deus tem um propósito, na noite anterior eu havia pregado na igreja um
sermão exortativo, enfatizando que deveríamos sempre estar dispostos a recomeçar
nosso projeto de vida, sem desistir facilmente de nossos propósitos, recomeçando
sempre, quantas vezes fossem necessárias, entendi então que Deus estava agindo
naquele momento, e que o trabalho perdido era uma oportunidade que Ele estava me
dando de aperfeiçoá-lo, entendi que talvez Deus não estivesse preocupado com a escrita
de um livro grande, com muitas páginas, mas tão somente de um grande livro que
pudesse transmitir de forma clara, simples e objetiva, uma mensagem que edificaria
vidas para sempre em pouco tempo de leitura, para assim cumprir o verdadeiro
propósito de sua escrita, foi aí então que decidi recomeçar e agora, depois de uma longa
trajetória de recordações tristes e dolorosas, você tem nas mãos um grande testemunho
de fé.
Relato toda a história de uma criança que com apenas 5 aninhos iniciou corajosamente
uma luta contra a leucemia, sempre de cabeça erguida, nos dando de forma
sobrenatural um grande exemplo, através de gestos, palavras e com a sua própria vida, e
mesmo sentindo na pele infortúnios de uma terrível enfermidade demonstrou que é
perfeitamente possível louvar e engrandecer o nome de Deus em qualquer situação.
A história do pequeno-gigante André (pequeno em estatura e gigante na fé) que com a
convicção de que Deus é sempre fiel, lutou contra a leucemia durante 3 anos e 3 meses,
sem nunca negar a sua fé, passou por um doloroso e terrível transplante de medula
óssea, e sempre dizia: “Pai, mãe, vamos ter paciência que um dia tudo isso vai passar,
porque nada é eterno, Eterno é só Jesus, tudo passa só Jesus é que não passa, Ele é
eterno”. Em todo esse tempo, foi um exemplo de vida em obediência e temor a Deus,
por onde passou deixou marcas e lições extremamente profundas em seus
relacionamentos, ele não precisou de oitenta anos para nos ensinar grandes coisas, 8
aninhos foram suficientes para marcar as nossas vidas, registrar a sua história, cumprir
fielmente a sua missão e deixar saudades eternas. Meu guerreiro, vencedor e campeão,
amigo em todo tempo dedicado filho, brilhante criança cheia de humor e desejo de viver
foi transportado para a Nova Jerusalém no dia 1 de outubro de 2006 e como era o seu
maior desejo escrever um livro dando o seu próprio testemunho, Deus nos possibilitou
fazê-lo mesmo na sua ausência, o que não esta sendo fácil, mas cremos que veremos os
frutos deste penoso trabalho florescer, e então para a glória de Deus poderemos dizer
em alto e bom som: “Missão Cumprida, valeu o sofrimento as lágrimas e a morte do meu
filho, suas lágrimas, suas dores, suas angústias, seu sofrimento e a sua própria morte
produziram frutos para o Reino de Deus, aleluia, grande é o Senhor”.
A minha oração é que este testemunho seja edificante para a sua vida, se isso não
acontecer me sentirei frustrado no cumprimento de minha missão, e toda esta narrativa
não terá sentido, certamente que não terá valido a pena relembrar momentos e
recordações tão doídas que nos trouxeram tantas angústias, portanto desarme-se agora
de todo preconceito e, em nome de Jesus, deixe que o Espírito Santo de Deus fale ao seu
coração, se você passa por um momento difícil como eu e minha família passamos e
temos passado com a ausência do Andrezinho, o meu sincero desejo é que você também
possa experimentar o que nós temos experimentado: “O consolo que excede todo
entendimento”. Consolo esse que só vem da parte do Senhor, que nos dá força para
prosseguir para que também possamos consolar, veja o que diz a Bíblia em II Co. 1:3 e 4.
“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de misericórdias e Deus de
toda consolação, é ele que nos conforta em toda nossa tribulação, para podermos
consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos
somos contemplados por Deus”.
No encerramento do testemunho, nas últimas páginas você encontrará alguns
depoimentos de pessoas que conviveram com o André, alguns escritos antes de seu
falecimento, portanto estão na íntegra, não fiz absolutamente nenhuma alteração para
que você possa fazer a sua própria avaliação do testemunho que ele dava para as
pessoas ao seu redor durante sua enfermidade, você verá que ele consolava quando
precisava ser consolado.
Devo ainda lhe dizer que é totalmente permitido reproduzir, xerocar, copiar enfim
usar qualquer meio que facilite a divulgação deste livro gratuitamente, pois o meu
grande lucro é ver vidas sendo edificadas e almas rendendo aos pés de Jesus, para a
glória de Deus Pai, lembrando ainda de que este livro esta disponibilizado no meu blog:
www.gratidaodeadorador.blogspot.com – Peço que compartilhe, por favor, e juntos
cooperaremos com a edificação de muitas vidas para que Deus seja engrandecido,
exaltado, glorificado, louvado e honrado por sua fidelidade.
Com muita honra e orgulho de ter tido um filho tão valente com relação os
desafios deste mundo e ao mesmo instante extremamente temente ao DEUS ALTÍSSIMO,
carinhosamente te desejo uma boa leitura e que Deus te abençoe. O Autor
João Braz Machado
“CAMPEÃO NÃO É SOMENTE AQUELE
QUE SEMPRE VENCE, MAS TAMBÉM
AQUELE QUE NUNCA DESISTE DE LUTAR”.
Valeu filhão, tenho orgulho de ti!
Capítulo 1 - Como tudo começou Era mês de julho de 2003 quando fomos surpreendidos com uma terrível enfermidade
na vida de meu filho André, na época com apenas cinco aninhos, era um lindo menino,
muito inteligente como todos os meus demais filhos, porém tinha características
diferentes, teve o privilégio de ter lindos olhos azuis, e cabelos loiros, éramos uma
família de cinco, eu, Débora minha esposa, Suellen, Fillipe e André, meus filhos queridos,
o bem mais precioso que Deus tem me dado, tudo ia muito bem dentro das
normalidades de qualquer família, quando de repente o que a princípio parecia ser algo
muito simples, tornou-se um grande pesadelo e mudou completamente a nossa vida,
para nós era apenas um inchaço facial devido à alguma intoxicação alimentar e que o uso
de um medicamento antialérgico resolveria o problema, mas não era tão simples assim e
naquele dia 1º de julho de 2003, pude entender literalmente a força da expressão: “O
mundo desabou sobre a minha cabeça e o chão se abriu”, frase frequentemente usada
em momentos de desespero e grandes desafios, após alguns exames no hospital
concluiu-se que o inchaço facial era devido a um tumor alojado entre o coração, pulmão
e veia aorta, com isso a circulação sanguínea do meu filho estava toda comprometida, as
veias estavam comprimidas pelo tumor impossibilitando assim a normalidade de toda
circulação, e como se tudo isso não bastasse, outro exame também indicava que 95%
das células da medula que foram pesquisadas estavam doentes, ou seja, apenas 5%
estavam sadias, o que nos parecia ser apenas uma intoxicação alimentar era
verdadeiramente um câncer no sangue, ou seja, a temível e terrível Leucemia, no
momento em que recebi a notícia parecia que o mundo havia desabado sobre mim,
como poderia o meu filho estar com um diagnóstico tão comprometedor? Eu que tinha
horror a hospital e nunca consegui ficar muito tempo dentro de um, ás vezes, fazia
visitas rápidas a alguém que precisasse, mas só o cheiro de hospital, as cenas ali vistas e
os gemidos dos pacientes sofrendo representavam para mim um quadro totalmente
insuportável, tudo isso teve que mudar, conceitos caíram por terra e de repente estava
diante de uma realidade nunca vivida por mim, totalmente imprevisível, um mundo de
sofrimento, mas também de grandes experiências com Deus haviam atingido totalmente
o nosso lar e toda família. A primeira maneira de querer me esquivar do quadro
assustador que estava diante de mim, foi não acreditar na veracidade dos exames,
acreditei piamente que os exames haviam sido trocados pelos de outro paciente, ou até
mesmo o aparelho responsável pela liberação dos resultados estava com defeito,
descartei definitivamente todas as possibilidades do meu filho estar doente, mas mesmo
diante destas possíveis hipóteses, saí da sala do médico com uma certeza: “Deus é
fiel”, e como uma flechada, meu coração foi invadido pelas palavras do salmista
narradas no salmo 108: “Firme esta o meu coração, ó Deus! Cantarei e entoarei louvores
de toda a minha alma”. E é bem verdade que as palavras deste salmo tem sido fonte de
consolo para mim e toda família, que, embora vivendo com a dor da saudade,
continuamos com nossos corações firmes, cantando e entoando louvores ao Deus que
tudo pode e que tudo faz segundo a sua boa, perfeita, agradável e soberana vontade.
Reconhecidos e fortalecidos na mais plena convicção de que Ele fez o melhor na vida do
Andrezinho, não nos competindo discutir a maneira que Ele usou para fazê-lo,
prosseguimos para o alvo amando a Deus sobre todas as coisas e entregando nossas
vidas inteiramente aos cuidados do Mestre e Senhor, temos tomado como exemplo para
vivermos hoje o que o Andrezinho sempre viveu, pois nos momentos difíceis de seu
tratamento ele sempre nos dizia cheio de fé: “Não se preocupem com resultados dos
meus exames, eu estou nas mãos de Deus, e Deus não depende de exames para cuidar
de mim, quem depende de exames são os médicos, mas eu não estou nas mãos
deles”. Meu filho foi verdadeiramente um exemplo de fé, mostrou com sua própria vida
e não com uma cartilha de ensino, que é possível honrar a Deus durante as tempestades
da vida, viveu na própria pele infortúnios de uma enfermidade traiçoeira e de um
tratamento angustiante, sempre de cabeça erguida, arrancando gargalhadas em
momentos que só pediam lágrimas, fazendo com que lembrássemos continuamente das
palavras do apóstolo Paulo: “... porque aprendi a viver contente em toda e qualquer
situação”. (Fl.4:11b). E com ele, então, aprendemos que viver contente é uma questão
de aprendizado, o Andrezinho provou que podemos ter uma vida melhor
independentemente das circunstancias, basta reconhecer que Deus está no controle e
valorizar seus cuidados sobre nós, quantas vezes nos esquecemos do zelo de Deus para
conosco, temos a incrível mania de nos apegar em tão pequenas coisas e nos
esquecemos de tão grandes feitos do Senhor em nossa vida.
Quando tudo isso começou a acontecer, nos apegamos com mais firmeza ao Senhor,
lembro-me bem que quando cheguei em casa e compartilhei o diagnóstico do
Andrezinho com os familiares muitas lágrimas rolaram em cada face, porém foi em meio
a tantas lágrimas que DEUS deu uma linda canção ao meu cunhado Dalton que dizia:
“Não há nada que me faça afastar de ti,
Nem as lutas ou temores podem apagar
O desejo que eu tenho é de me esconder
Em teus braços, tão seguro, posso confiar.
Aos meus olhos os problemas não têm solução
Cada passo que eu dou parece ser em vão.
Quando penso em teu poder firmado esta minha fé
Em um DEUS que até os mortos pode levantar
Eu posso abrir meu coração e te adorar
Mesmo depois de a noite escura contemplar
O sol se abrir ao amanhecer
Na minha vida se renovaram as
misericórdias do Senhor.”
Esta canção que serviu de tanto conforto, esta gravada no 2º cd de meu cunhado
Josimar Bianchi intitulado “Quero te ver”.
Já éramos uma família evangélica, não imaginávamos ainda o caminho que
percorreríamos, não fazíamos nem idéia de como Deus manifestaria as suas grandezas
em todo aquele processo que estava só começando.
Não pensávamos que dentro do nosso lar, Deus enviaria alguém com uma missão tão
especial para exaltar e glorificar o seu Nome. “A Deus e somente a Ele toda glória”.
Mas antes de prosseguir entrando em mais detalhes, quero compartilhar um sonho que
minha esposa teve antes de todos estes acontecimentos, e mais ou menos uns 30 a 40
dias depois deste sonho, nosso lar foi bombardeado com a enfermidade do Andrezinho.
O SONHO DA DÉBORA:
Sonhou a minha esposa que: “Eu, ela e o André havíamos sido enviados a um local
para realizar uma missão que na verdade ela não teve definições claras durante o sonho,
o grande detalhe é que temos mais dois filhos, Suellen e Fillipe, mas no sonho minha
esposa só via o André junto conosco. Quando chegamos ao local a que fomos enviados,
minha esposa disse que encontramos pessoas entristecidas, revoltadas e sofrendo muito,
e no próprio sonho ela chegou a me dizer que era pra gente voltar pra casa, pois pensava
ela que as pessoas não gostavam de nós, tamanha era a tristeza estampada no rosto de
cada um, era um local com muitas árvores, uma grande avenida movimentada e um
parque de diversões bem próximo. Houve um dia que o André sumiu, procurávamos por
toda parte e não o encontrávamos, após muita busca sem sucesso retornamos para casa
e ao chegarmos ao portão contemplamos uma grande tragédia, pois a casa que
morávamos havia desmoronado, havia móveis despedaçados, cacos de vidros por todo
lado, toda a laje havia caído, mas as paredes permaneciam em pé, ficamos desesperados
tentando imaginar o que poderia ter acontecido, em meio a muito entulho começamos a
procurar o André imaginando que possivelmente estivesse ele soterrado pelo
desmoronamento e depois de alguns instantes de procura ela o encontrou dormindo
debaixo do entulho, porém totalmente ileso sem nenhum arranhão, ainda no sonho ela o
abraçou e disse: Glória a Deus que protegeu o meu filho”. Ao dizer isto acordou, e pela
manhã ela compartilhou comigo esse sonho, e eu disse que iríamos orar, porque não
tinha a mínima idéia do que pudesse ser, embora no fundo imaginasse sim que seria algo
não muito bom, hoje não tenho dúvidas que era tão somente uma comunicação Divina,
do que estaria por vir, de certa forma isso nos fortalece porque entendemos que já havia
uma permissão e um propósito de Deus em todas as coisas que estariam por acontecer
na vida de meu filho. Quando internamos o André esse sonho me veio à tona numa
madrugada lá no hospital, comecei então a entender de forma mais precisa o seu
significado, o local do sonho era com muitas árvores, avenida movimentada e um parque
de diversões próximo, para quem conhece o hospital das Clínicas em Belo Horizonte sabe
perfeitamente que toda descrição do sonho é característico da região, o local ali é
totalmente arborizado, a Avenida Alfredo Balena é extremamente movimentada e é bem
próxima ao Parque Municipal. E as pessoas entristecidas e revoltadas que apareciam no
sonho? Você já parou para pensar que em um hospital tristeza e revolta são
características notáveis na vida dos que ali estão? Também outro detalhe do sonho não
passou despercebido, o fato de que as paredes estavam em pé, demonstrando de que as
estruturas não foram abaladas, deu-nos a entender de que eu e a Débora estávamos
firmes em meio à catástrofe ocorrida, e foi exatamente desta forma, com certeza, que
Deus pela sua infinita misericórdia, nos manteve firmes durante todo o tratamento do
nosso filho. Não há dúvidas de que Deus ainda nos fala por meio de sonhos, porém
temos que ter cuidado, pois nem todo sonho é de Deus, nem todo sonho vem de Dele,
tem muito sonho de barriga cheia e de fruto de sua imaginação, contudo Deus é real, e
nem por isso ele deixa de falar. Ao tomar consciência da tarefa que estava sobre nossos
ombros não hesitamos, pois entendemos de que a obra de Deus a ser realizada era ali, e
urgente, sei que frutos foram produzidos pela misericórdia de Deus, através da minha
vida e da vida de minha esposa Débora e do meu filho André, e mesmo em meio às lutas
contra aquela enfermidade, não medíamos esforços para glorificar a Deus e falar do seu
poder e amor em qualquer situação, foram várias as vezes que o deixei no quarto
sozinho e ia orar por outras crianças que estavam na mesma situação que ele.
Algumas vezes, quando voltava o encontrava dormindo, ele nunca reclamou disso, muito
pelo contrário, sempre facilitava.
Muitas vezes eu é que ficava receoso de ir para não deixá-lo sozinho, mas ele dizia: “Vai
pai, pode ir que as pessoas estão precisando de oração”. Não consigo me lembrar destas
coisas sem ser tomado de emoções, meu filho sempre foi um guerreiro incansável, entendia
a obra que Deus havia nos confiado, e sabia convictamente que ele era imprescindível
integrante desta comissão, e porque não dizer, talvez o principal integrante, considerando de
que na verdade ele é quem sofria na pele as consequências da terrível, traiçoeira e drástica
enfermidade.
Todos nós sabemos que consolar não é fácil, pois consolar é levar vida, esperança e paz
em meio às situações mais difíceis, é apresentar uma saída quando parece estar tudo
perdido, o Andrezinho sabia fazer isso muito bem, com palavras, ações, gestos e com a
sua própria vida, ele é quem consolava quando precisava de consolo, ninguém pode
entender isso se Deus assim não o revelar, meu filho sempre foi extremamente usado
por Deus, portanto a Deus toda glória eternamente, foram dias de terríveis sofrimentos
para todos nós, mas ainda assim posso dizer que não vai valer a pena e sim VALEU A
PENA.
Capítulo 2 - No Hospital
Com muita educação, profissionalismo, carinho e respeito, uma equipe médica
nos instruiu acerca de quais recursos teriam disponíveis para o tratamento, lembro-me
com clareza quando indaguei de uma médica acerca de quanto tempo de vida, segundo
a medicina, meu filho teria com aquele diagnóstico, ela me olhou com firmeza e disse
que gostaria de ter resposta melhor para me dar, mas infelizmente não tinha, e que
somente Deus poderia me responder, disse-me ainda que o caso do Andrezinho era
muito grave e seria bom que estivéssemos preparados, pois nem mesmo eles sabiam
como ele ainda respirava sem ajuda do oxigênio, devido ao tumor alojado entre o
coração, pulmão e veia aorta, entendi então que nas entrelinhas talvez ela estivesse me
dizendo: “Na verdade pai, nem sabemos como o seu filho ainda esta vivo”. Pensei
comigo mesmo, se eles não entendem como o Andrezinho ainda esta respirando sem
ajuda do oxigênio, então é porque o milagre já foi feito glória a Deus, em seguida eles
nos informaram da agressividade da quimioterapia que se iniciaria e a possibilidade do
Andrezinho não resistir nem mesmo as primeiras sessões, contudo Deus o fez forte e
além de não haver grandes efeitos colaterais conforme previsto, o tumor desapareceu
quase todo em apenas uma sessão de quimioterapia, constataram isso porque após a
primeira seção o Andrezinho teve febre alta e foi necessário fazer um Raio-X do pulmão
para prevenirem contra um possível agravamento do quadro clínico, considerando de
que febre alta em pacientes após quimioterapia é um grande risco, pois, pode
representar um início de uma infecção grave e incontrolável.
Com o resultado do Raio-X, puderam então detectar uma considerável regressão do
tumor não esperada, uma vez que segundo os próprios médicos não era possível que
com apenas uma seção quimioterápica o tumor diminuísse tanto, e com 40 dias ele
desapareceu totalmente, em tudo víamos a boa mão do Senhor operando
maravilhosamente, Deus seja louvado! Ele é fiel! No entanto, mesmo sendo Deus fiel,
não nos poupou de alguns momentos terríveis naquele hospital, mesmo com todos seus
cuidados dispensados sobre o André com toda a certeza Ele estava tão somente
desejoso de nos proporcionar crescimento, conforme nos diz as sagradas
escrituras: “Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor de todas o livra”. Sl.: 34, 19.
Nunca vou me esquecer dos primeiros contatos com os médicos, as primeiras
informações, primeiros exames, primeiros resultados, são coisas muito marcantes em
minha vida.
Conforme disse anteriormente, pensávamos ser uma intoxicação alimentar e, ainda em
casa, antes mesmo de levá-lo ao hospital, minha esposa tirou todos os alimentos de alta
caloria da alimentação do Andrezinho, o Toddy também entrou na lista é claro, ele
amava Toddy e quando já no hospital após resultados dos exames falamos pra ele que
não era intoxicação, ele abriu um lindo sorriso e disse: ”Eba, então eu posso continuar
tomando Toddy, ainda bem que é outra coisa, tá vendo, vocês me deixaram com
vontade a tôa”. Quanta pureza, quanta simplicidade, quanto ensino. Lembro-me sem
muito esforço dos primeiros dias de meu filho ali naquele hospital, foram dias que
marcaram a minha vida, a dele, e com certeza a de tantos outros que também ali
estavam, com apenas cinco aninhos já entrou ali evangelizando através da música, o dia
inteiro tocava um violãozinho de madeira que eu havia lhe dado e cantava uma canção
de um grupo musical evangélico chamado Metal Nobre que dizia:
“Quando os problemas invadem o teu ser,
e a solução já não consegue ver. Amigos já não há que possam te ajudar
cansou de procurar sem encontrar
Já em teus olhos lágrimas não há e os teus sonhos fogem da tuas mãos
sozinho a seguir sem uma direção cansou de procurar sem encontrar
Louvai por sua vida,
louvai mesmo sem saída. Louvai em qualquer situação,
Não, não vai entregar sua vida, Deus tem sempre uma saída.
Seja qual for a situação”
Médicos e enfermeiras costumavam pedir para ele repetir algumas frases da
música porque não havia entendido bem, ele então repetia, com toda certeza Deus
aplicou sua mensagem.
Logo que ele foi internado, observou que as crianças eram carecas (efeito das
quimioterapias) e passou a não querer mais tomar banho, e ele sempre foi uma criança
extremamente higiênica e logo não querendo tomar banho, sua mãe indagou dele qual
seria a razão foi quando ele disse: “Eu já observei mamãe que todas as crianças aqui
são carecas, deve ser a água do chuveiro desse hospital, e eu não quero ficar
careca.” Ele era apaixonado com seu cabelinho loiro usava sempre o melhor shampoo e
sempre cheiroso.
Quanta inocência, e quantos ensinamentos obtiveram ali através da vida de meu filho
todos quantos estavam em seu redor, quanta fé, força e vontade de viver, quanto
testemunho do que é ser servo de verdade, mesmo em meio a uma série de exames
dolorosos ele sempre dizia: “Papai, não quero ver o senhor chorando, Jesus vai me
curar, dói muito mais ver o senhor chorando, dói mais que a própria dor do exame que
foi feito em mim”. Quantas saudades do meu filho! Ele me ensinou grandes coisas com
pequenos gestos e até mesmo sem gesto algum, apenas com seu olhar sincero e singelo
expressando sua total confiança em Deus, e sua simplicidade em servir ao Senhor.
Durante todo tempo do tratamento que teve, o Andrezinho pronunciava coisas
que muitas vezes nos deixavam apreensivos e ao mesmo tempo consolados,
compartilhava sonhos e às vezes ele próprio avaliava seu quadro clínico e em muitos
resultados preocupantes de exames ele sempre dizia: “Não se preocupem com esses
resultados, isso é apenas um exame, o importante é o que eu estou sentido, e Deus
está cuidando de mim”. Muitas foram às vezes em que Deus o usou para colocar paz no
meu coração, houve um dia no hospital que eu estava muito aflito, a situação dele não
era muito boa e ele começou a insistir comigo para providenciar uma luva descartável
para ele, aquelas luvas elásticas que médicos e enfermeiros usam, eu relutei um pouco
alegando que as luvas eram para o trabalho dos enfermeiros, mas pelo cansaço ele
acabou me convencendo, isso era bem comum entre nós e eu acabei providenciando a
luva, então ele pediu para que eu a enchesse de água e amarrasse, e eu enchi de água e
amarrei conforme o seu pedido e ficou aquela mão muito grande, eu não esperava tão
grande lição que aprenderia naquele momento, foi ai então que ele deitou, pegou a luva
da minha mão, colocou em seu peito, olhou para mim e disse: “Sabe o que é isso papai?
É a mão de Deus que esta sobre a minha vida”. Por estas e outras razões eu não posso
deixar de acreditar na fidelidade de Deus para conosco, algumas vezes ele me pegava de
surpresa com algumas indagações, e não adiantava dar qualquer resposta, tinha que ser
resposta lógica.
Houve um dia no hospital em que ele me perguntou onde se encontrava ouro, eu lhe
respondi, e por si próprio ele concluiu que ouro era difícil de conseguir, eu concordei
com ele dizendo que era difícil sim, então ele olhou para mim com certa admiração e
disse: “Ouro é difícil pai, mas todo mundo quer porque tem valor, e por ter valor às
pessoas não medem esforços para consegui-lo, assim são as coisas que fazemos para
Deus, pode ser difícil, mas temos que ir até o fim porque as coisas para Deus são mais
valiosas do que o ouro, então não podemos desistir delas”. Na verdade ele não sabia, e
eu não havia comentado com ninguém ainda, mas naqueles dias eu estava ponderando
tirar uma licença e me afastar temporariamente do exercício pastoral considerando de
que estava difícil conciliar os cuidados sobre a Igreja e o tratamento do Andrezinho que
tomava todo nosso tempo, muitas vezes eu saia do hospital e ia direto para a Igreja por
isso estava difícil. Não posso nunca, em momento algum deixar de dar á Deus toda glória
devida ao teu nome por essas palavras ungidas e exortativas que saíram da boca de meu
filho, incentivando a minha caminhada e mostrando que ele era um menino valente, e de
certa forma alertando-me de que a recompensa de Deus viria, era só uma questão de
tempo, mas era necessário permanecer sem desistir. Lembro-me com muita facilidade
também de um sonho que ele compartilhou comigo em uma de suas internações.
Disse ele que estava brincando com seus dois primos, Caio e Israel quando de repente
ele caiu em um buraco muito fundo e escuro, vieram então dois anjos, cada um de um
lado e seguraram em seus braços e o conduziu para um lugar muito bonito, ele me
contou o sonho e me perguntou o que significava, eu disse que iríamos orar e depois
falaria com ele, mas na verdade nunca tive coragem de dizer-lhe o que eu havia
entendido do sonho, pois perguntei a ele imediatamente se os anjos haviam retornado
com ele depois para continuar brincando com os primos e a resposta foi negativa, a
partir daquele dia Deus começou a trabalhar comigo a possibilidade de ter de encarar a
partida do Andrezinho para as Mansões Celestiais.
Muitas vezes, ao sair do hospital, ele todo feliz com a alta recebida ainda no
elevador dizia: “Ta vendo pai, pra tudo tem que ter paciência, o dia que eu cheguei aqui
eu chorei pra não ficar, agora já passou, tô indo embora, tem que saber esperar não é
mesmo, tem que ter paciência”.
Só mesmo uma criança com uma missão tão especial poderia compreender estas coisas,
por mais que eu escreva ainda vou me esquecer de muitas coisas edificantes que ele
dizia, pois na verdade não esperava escrever este testemunho em um momento tão
difícil com tantas saudades e só o faço porque sei que todo o tratamento do meu filho foi
para a glória de Deus, e assim a morte do meu filho também é e será sempre para a
glória de Deus, estou plenamente certo de que meu filho cumpriu sua missão com toda
fidelidade ao Senhor, e agora que aprouve ao Senhor recolhê-lo à Jerusalém Celestial,
tudo que ele passou tem que continuar com o objetivo fundamental de glorificar e
exaltar a Deus, se houvesse um meio de ele comunicar conosco eu sei que certamente
ele me pediria que eu continuasse firme com Deus e sem nunca desistir de anunciar as
suas maravilhas. Para ele não posso fazer mais nada, já não me pertence mais, nunca
mais ele poderá vir até a mim, mas eu irei até ele, estou certo disso em nome de Jesus, é
claro que o desejo que devemos ter de ir para o céu, não pode ser apenas o de encontrar
um ente querido lá, até porque essa questão de reconhecimento no céu é um assunto do
qual não se pode fechar questão, vamos nos ater apenas ao que Deus nos revela, mas
encontrar um ente querido pode ser uma complementação, no entanto a motivação
primordial de desejar o céu tem que ser o desejo de estar com Jesus, e apesar de não
poder fazer mais nada pelo Andrezinho, eu penso que posso fazer para Deus, sabendo
que através deste testemunho posso contribuir para edificação de vidas aos pés de
Jesus, pois não existe absolutamente nada neste mundo que seja tão gratificante do que
trabalhar em prol do Reino de Deus, por esta razão insisto em escrevê-lo mesmo em
meio à dor da saudade, Deus há de me recompensar, estou certo disso, serão
recompensas em nível muito mais elevado do que se possa imaginar, não recompensas
terrenas apenas, pois nos ensina o apóstolo Paulo de que não devemos esperar somente
nesta vida, nenhuma recompensa aqui é tão valiosa quanto a que Deus tem para nos
oferecer de maneira graciosa e fiel, minha recompensa está muito além desta terra, “Se
a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de
todos os homens.” 2º Coríntios 15:19.
Desta vida quero apenas o consolo de Deus pela perda de meu filho e trabalhar
incansavelmente para Jesus, autor e consumador da nossa fé, pois é preciso entender
que a morte de Jesus na cruz, não foi somente para nos salvar, claro foi esse o objetivo
principal, contudo Ele morreu também para que você não viva de uma forma egoística só
para você, veja o que diz o apóstolo Paulo: “E Ele morreu por todos, para que os que
vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e
ressuscitou.” (ll Co. 5:15). Tudo que Deus reservou de melhor para nós esta muito, além
disto, aqui, “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração
humano, o que DEUS tem preparado para aqueles que o amam.” (l Coríntios 2;9). Esta
palavra fiel e verdadeira é a fonte de conforto para todos nós, sabemos que a salvação
do Andrezinho está garantida e ele já está seguro, onde almejamos chegar com a graça e
as misericórdias de Deus, temos muitas saudades, mas quem ama quer o melhor e o
melhor para o Andrezinho seria estar com Deus, e não em nossa campainha, por isso a
Deus toda Glória para sempre. A grande recompensa é o que Deus tem preparado,
portanto, fiquemos firmes, sem vacilar, pois Deus é fiel para cumprir todas as suas
promessas, como nos diz as Santas Escrituras:
“Deus não é homem, para que minta; Nem filho do homem para que se arrependa.
Porventura, tendo ele prometido, não o fará? Ou, tendo falado, não o
cumprirá?”. (Nm23:19.
Capítulo 3 - Consultas Ambulatoriais
Quando o Andrezinho não estava internado tínhamos constantes consultas no
ambulatório, quem faz esse tratamento ou acompanha alguém que faz conhece bem de
perto essa rotina. Lembro-me de certa vez que a consulta estava demorando muito e eu,
impaciente, não aguentava mais e comecei a questionar sobre a demora, porém,
entendendo perfeitamente que a demanda é bem maior do que os recursos disponíveis
aos profissionais da saúde para a execução do trabalho, aliás, eles fazem mais do que
podem, são mais do que profissionais da saúde, são agentes de carinho e compreensão.
Contudo devido a alguns comentários que fiz, sua mãe me disse que era para dar glória a
Deus, porque a consulta estava demorando, mas o Andrezinho estava bem,
imediatamente ao ouvir o que sua mãe disse olhou pra ela e retrucou dizendo:
“É assim mãe, dar glória a Deus porque eu estou bem? Fica sabendo que se eu não
estivesse bem tinha que dar glória a Deus também”.
Esse era o Andrezinho, a sua expressão não foi absolutamente nada além da palavra de
Deus que diz: “Em tudo dai graças!” (I Ts. 5:18). E hoje, mesmo na sua ausência, temos
aprendido a dar graças a Deus porque ele nos ensinou isso, verdadeiramente um servo em
qualquer situação, procurava ver sempre o lado bom das coisas e se apegava no positivo.
Às vezes chorava quando tinha que internar, é claro que isso é natural, afinal ele era apenas
uma criança e tinha suas limitações, mas quando passava o momento de tristeza ele dizia:
“Pai, ficar internado é ruim e é bom ao mesmo tempo. É ruim porque a gente só fica preso
dentro de um quarto e não pode brincar a vontade, mas também é bom porque aqui eu estou
sendo tratado para viver mais.”
Ele sabia da gravidade de sua enfermidade, nunca escondemos isso dele, mas sabia
também de que a sua enfermidade era nada aos olhos do Senhor, que poderia curá-lo.
Certo dia, após um exame chamado punção lombar, quando é feita a retirada de um
liquido na coluna e ao mesmo instante é aplicado o medicamento para evitar
comprometimento da enfermidade no cérebro, o que na verdade é também uma
quimioterapia, após então esta aplicação o Andrezinho foi conduzido à outra sala para uma
quimioterapia endovenosa, chegando lá ainda soluçando com dores do exame anterior, ele
estendeu os dois braços e disse a enfermeira: “Pode pegar qualquer veia, em qualquer braço,
porque meu sangue é bom, meu sangue é de primeira”.
Imediatamente eu olhei para a enfermeira que estava mais próximo de mim e falei bem baixo
para ele não ouvir: “Somente uma criança pode agir assim, passando por um momento tão
difícil sorrindo e bem humorado”. Mesmo usando um tom de voz mais baixo ele ouviu o que eu
dissera e mais que depressa me respondeu assim: “Sabe por que, que eu estou sempre
sorrindo e bem humorado pai? É que eu sou feliz, eu sou muito feliz”. O Silêncio permaneceu
alguns segundos dentro daquela sala, onde muitos estavam fazendo quimioterapia, os
pacientes e enfermeiros olharam entre si e alguém quebrou o silêncio dizendo: “Que menino é
esse? Isso não existe!”.
Naquele mesmo dia ele saiu com outra antes de ir embora, quando sua mãe lhe
disse que já havia terminado a quimioterapia ele se levantou e disse bem alto: “Já mãe? Que
beleza! ir pra casa é bom demais, mas melhor ainda é ir para o Céu”.
Sem dúvida isto alegra o meu coração porque com toda a certeza a felicidade do Andrezinho
não estava vinculada as circunstâncias que o cercavam, mas acima de tudo na união que ele
tinha com Cristo Jesus, ele não dependia de momentos favoráveis para ser alegre, ele tinha
alegria constante por ter o fruto do Espírito, ele sabia da presença contínua de Jesus com ele,
e por esta razão vivia na dimensão da fé e apropriava-se continuamente das conquistas de
Cristo na cruz do calvário em nosso favor, entendia literalmente e guardava as palavras do
apóstolo João: “Pois todo que é nascido de Deus vence o mundo. Esta é a vitória que vence o
mundo a nossa fé.” (1ª João 5:3).
Lembro-me de certa vez que regressávamos do hospital, após uma bateria de
exames, passamos o dia inteiro no hospital e já era noite quando retornávamos, ele
estava no banco traseiro do carro de uma forma pensativa, percebi o seu silêncio e logo
imaginei que alguma coisa muito especial e com certeza criativa se passava naquela fértil
mente, pois o conhecia muito bem e aqueles lindos olhinhos brilhantes não me deixavam
dúvidas de naquela cabecinha alguma coisa estava sendo maquinada, não hesitei e
perguntei a ele o que estava pensando, sem muitas palavras ele olhou para mim e disse:
“Tô pensando aqui pai, que ainda bem que o Fillipe e a Suellen (seus irmãos) não tem
essa doença, porque esse tratamento é osso”.
Fiquei deslumbrado com a bondade de meu filho em relação aos seus irmãos, ele sabia
que ninguém merecia sofrer tanto, mesmo tendo mais ou menos 6 pra 7 anos nesta
época, tão pequeno sempre deixava claro que jamais desejaria que alguém passasse o
que ele estava passando, foi sempre um guerreiro vencedor, encarando de cabeça
erguida a realidade da vida de fato será sempre um eterno campeão.
“E sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus,
daqueles que são chamados segundo o seu propósito”. Rm. 8:28 -
Este versículo sempre foi uma grande realidade em nossas vidas durante todo processo
de tratamento do Andrezinho, muitas foram as vezes que Deus cuidou do meu filhinho
de forma tão especial, era muito comum a falta de medicamentos quimioterápicos e
também a falta de resultados de exames na data prevista, embora isto trazia graves
comprometimentos no tratamento e muitas foram as vezes em que a Débora ficava
tensa porque não tinha medicamentos necessários e também resultados não estavam
sendo entregues a tantos pacientes, as pessoas saiam nervosas e revoltadas criando um
clima muito ruim, enquanto isso eu e Débora orávamos e quando chegava a vez do
atendimento do Andrezinho sempre ouvíamos a seguinte expressão dos atendentes:
“Nossa como o Andrezinho é de sorte, os exames dele foram os únicos que saíram e
também os medicamentos deles foram os únicos que vieram”. Em tudo isto nós
compreendíamos que era tão somente a mão de Deus trabalhando em nosso favor, pois
para o André nunca faltou o que rotineiramente faltava aos demais pacientes inclusive
crianças, vale muito a pena servir ao Senhor, creio que a graça de Deus nos capacita a
entender estes cuidados especiais.
Capítulo 4 - O Transplante
Foi um ano e meio de tratamento intensivo, quimioterapias, consultas, exames, internações
programadas outras imprevisíveis, em meio a tanta turbulência crescemos muito na graça e
no conhecimento de Deus, grandes experiências o Senhor nos concedeu durante todo esse
tempo, hoje podemos dizer talvez como disse Jó: “Bem sei que tudo podes, e nenhum dos
teus planos pode ser frustrado. Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te
veem”. (Jó 42: 2 e 5.) Aliás, acerca desta história de Jó vale à pena tecer um breve
comentário para que você não se torture talvez por estar passando por um momento difícil.
A Bíblia diz no capítulo 1, logo no início do livro, no versículo 1, diz que Jó era homem íntegro
e reto, temente a Deus e que se desviava do mal, mas mesmo com grandes virtudes não foi
poupado de uma situação conflitante, foi provado, não por ser injusto, mas por ser justo, não
por ser infiel, mas por ser fiel, foi um homem digno de ser provado por Deus e tentado por
satanás por uma única razão: “Fidelidade para com o Senhor ”.
Portanto eu gostaria que você pensasse em tudo que tem passado, pare de arrancar pecados
do fundo do baú, achando que são eles os causadores desta situação, pare também de
revoltar-se com Deus, isso só vai piorar as coisas, entenda que Deus não é seu adversário
neste momento e sim seu grande aliado.
Após todo esse período de um ano e meio, com tudo correndo bem, havia
grandes possibilidades de em breve, encerrar o tratamento, a sua médica sempre dizia
que ele estava surpreendendo por sua resposta ao tratamento, mas como em todas as
coisas a vontade de Deus se revela, foi durante então um simples exame de rotina que
constatou mais uma vez que a enfermidade estava se manifestando de forma muito
agressiva, com exceção do tumor que já havia desaparecido com apenas 40 dias de
tratamento, agora um novo exame apontava que das células da medula que foram
pesquisadas, mais uma vez, 84% estavam comprometidas, o mundo outra vez pareceu
desabar sobre nós, tínhamos que iniciar do zero, tudo de novo.
Foi ai então que a equipe médica chegou à conclusão que somente o transplante de
medula óssea poderia dar mais chance de vida para meu filho, sinceramente ficamos
transtornados, teríamos que começar tudo de novo depois de um ano e meio, contudo
mais uma vez o Senhor renovou as nossas forças e, certos da fidelidade de Deus,
prosseguimos em busca da solução.
Começou-se então o procedimento para encontrar um possível doador e, com a
graça de Deus encontramos o mesmo dentro da nossa própria casa, meu filho Fillipe,
com 14 anos na época, ele era 100% compatível. Glória a Deus! Quero aproveitar este
momento para dizer o quanto sou grato a Deus pela vida do Fillipe, que também não
mediu esforços na tentativa de salvar a vida e proporcionar dias melhores para o seu
maninho, não se importando com possíveis consequências posteriores e de cabeça
erguida teve honra e orgulho de poder doar a medula para seu irmãozinho
demonstrando desta forma muita coragem, bravura e acima de tudo um grande amor e
desejo real de ver de perto o restabelecimento da saúde e a tão esperada cura do
Andrezinho, graças a Deus o Fillipe esta conosco, mas o Andrezinho levou consigo um
pedacinho dele e de todos nós, valeu Fillipe você é um grande campeão, amo muito você
meu filho! Obrigado por acreditar que com a sua ajuda seu irmão poderia viver muito
mais e continuar conosco por mais tempo, obrigado meu filho por ter feito sua parte
com muito amor e dedicação, você nos proporcionou esperança naqueles dias,
estávamos certos de que a cura do seu maninho estava mais perto do que pensávamos,
mas Deus fez de outra maneira e só nos resta agradecer a Ele por sua bondade.
Após ter resolvido a questão do doador, fui então chamado para uma reunião com a
equipe de transplante, onde eles me orientaram acerca dos benefícios e também das
possíveis complicações que poderiam ocorrer durante e pós-transplante, mas confiante
no Senhor eu disse aos médicos que com toda certeza eles contemplariam o agir de Deus
na vida do André através daquele transplante, confesso que tive vontade de desistir, de
deixar que meu filho fosse submetido ao transplante, mas eu não podia fazer isso,
assinei então todos os papeis autorizando, não desejo que ninguém viva o que eu vivi,
era como se a vida do meu filho estivesse em minhas mãos, só assinei porque confiei
plenamente no Senhor, cheguei a dizer aos médicos de que meu filho faria o transplante
porque eu confiava em Deus, se eu não confiasse depois de tudo que ouvi deles eu
desistiria, quando cheguei ao quarto onde minha esposa e o Andrezinho estavam,
segundo a minha esposa eu estava até pálido, pois, a conversa que tive com a equipe
médica foi muita franca e aberta, quem já passou por isso sabe exatamente do que estou
falando, eu disse á minha esposa que devíamos estar preparados para o agir de Deus na
vida do nosso filho, falei que eu havia dito aos médicos que eles veriam a ação de Deus
na vida dele através do transplante, e alertei a ela que talvez os médicos só entenderiam
esta ação se a situação fugisse do controle deles, caso contrário a minha fala não teria
sentido, e por esta razão Deus poderia permitir algo muito grave para a sua Glória e
deveríamos estar preparados, eu entendia muito bem que somente com uma situação
incontrolável que fugisse aos recursos da medicina seria possível promover a glória de
Deus, porque numa situação normal a medicina tem seus recursos, sua competência,
seus louváveis métodos, os profissionais da saúde têm sido instrumentos nas mãos de
Deus. Aleluia.
Porém mesmo consciente de que uma situação agravante poderia ocorrer para Deus
manifestar o teu poder e assim promover a sua glória, eu não imaginava que seria tanta
prova. Meu Deus!
Eu sabia que poderia ser algo muito difícil, mas não com tanta intensidade, foram dias de
muita amargura, apreensão, medo expectativas, e ás vezes até mesmo incertezas de vida
para o meu filho devido ao seu quadro de saúde cada vez mais agravante, mas Deus
esteve conosco a cada segundo, confortando-nos e fazendo nos entender de que todo
passo de fé é acompanhado por uma prova de fogo, portanto conosco não seria
diferente, porém de uma coisa tenho certeza, a Glória de Deus predominou naqueles
dias, Deus seja louvado a Ele toda glória! O Andrezinho foi transplantado no dia 13 de
Abril de 2005 as 18:00 hs, lembro-me bem quando cheguei ao quarto dele, após ter
ficado com o Fillipe seu irmão doador, durante todo o processo da retirada da medula
que demorou 6 horas e 10 minutos em outro local, e ele sabia que o Fillipe estava
fazendo esse procedimento, assim que entrei em seu quarto ele olhou para mim e disse
euforicamente: “E ai pai, trouxe a medula do Filipe pra pôr em mim? Eu tô
esperando!”. Ao perguntar-me se eu havia trago a medula, fiquei imaginando a
simplicidade de uma criança ao aguardar um transplante de medula óssea como se
estivesse esperando um chocolate.
Em meio a muita tensão o Senhor Eterno nos honrou de muitas maneiras
naqueles dias vitoriosos e exaustivos que ali passamos, pelo fato de termos presenciado
a ação de Deus naqueles dias é que estou insistindo para escrever este testemunho com
muita luta objetivando tão somente glorificar o nome de Deus, foram dias de muito
sofrimento que não gostaria de lembrar, mas você precisa saber que Deus é real e Fiel,
Ele agiu na vida de meu filho com muito poder e graça embora o tenha transportado
para Nova Jerusalém um ano e meio após o transplante, mesmo assim Ele nunca deixou
de agir, dando alívio imediato de tantas dores e sofrimentos terríveis para o meu filho.
Querido leitor ou leitora, quero que você entenda que se Ele agiu na vida do Andrezinho,
pode perfeitamente agir na sua ou de algum ente querido que esteja necessitando, basta
tão somente render-se inteiramente sem reservas aos pés do Senhor, Deus sempre tem
socorro para quem precisa ser socorrido, pode acreditar.
Embora meu filho tivesse tido um doador 100% compatível ele não escapou da temerosa
rejeição pós-transplante, foi uma rejeição intestinal nível três que era extremamente
grave, entramos em campanha de oração intensa nas igrejas, todo o povo de Deus na
região em que morávamos conhecia a história do Andrezinho, e depois de muita oração
quando pensávamos que as coisas estavam melhorando, o quadro teve uma alteração, a
rejeição que já era nível três agora passara para o nível quatro, complicando muito mais
a sua recuperação, é assim que nosso Soberano Deus faz, ele às vezes nos coloca a prova
para que possamos crescer mais. Foram dias angustiantes e traumáticos para todos nós,
somente lágrimas derramavam de nossos olhos, como estas que escorrem por meu rosto
neste exato momento, só de lembrar nos faz reviver intensamente o nosso sofrimento, a
dor, a angústia, e a tristeza de contemplar o sofrimento do Andrezinho sem poder fazer
nada por ele, tudo que ocorreu naquele hospital nos dias após o transplante fez com que
enxergássemos com muito mais clareza, o quanto somos limitados, ver alguém que
amamos profundamente sofrendo e sem poder ajudar, isso faz com que batemos de
frente com a nossa limitação e tudo isso então fez com que ficássemos cada dia mais
perto de Deus. Em crise, muitas vezes com dor intensa ele vomitava evacuava, suava,
gritava e pedia pra morrer. Quanto sofrimento! Mesmo após tantas crises, assim que
melhorava, ele continuava com o mesmo humor de sempre, como se nada tivesse
acontecido, suas crises eram inexplicáveis, a equipe de estudo da dor passou dias
avaliando o caso dele por entender que realmente a dor era fora do normal, nada,
absolutamente nada, fazia parar aquela maldita dor, já estava sob o efeito de
medicamentos pesados como morfina e tudo mais, mas estes eram como água em suas
veias. Em meio a todas estas coisas contemplamos maravilhosamente o cuidado de Deus
e sua Soberania cumprindo assim a palavra que eu havia dito aos médicos de que eles
iriam ver a glória de Deus se revelando através do transplante do meu filho, devido a
esta terrível dor fez se necessário a realização de uma endoscopia, segundo o médico
seria natural que todo o tecido intestinal do meu filho estivesse todo ferido e cheio de
muitas lesões, pois pelo processo do transplante seria impossível não estar assim todo
machucado, seria um procedimento dentro da normalidade do tratamento e uma reação
totalmente natural pós transplante, mas que a endoscopia era preciso para ver o
tamanho das feridas, não era para ver se tinha, pois a existência delas eram certeiras, no
entanto após a endoscopia o médico me chamou meio que assustado e, foi logo dizendo:
“Não sabemos o que houve, mas o fato é que o intestino de seu filho está normal, sem
nenhuma ferida o tecido intestinal dele parece ser de um recém nascido, com esta
endoscopia a conclusão que se chega é que seu filho nunca foi transplantado, pois isto
que estou vendo é impossível de acontecer, é impossível existir alguém transplantado
com um intestino perfeito como o do seu filho, admito de que seu filho entrou para o
livro de record neste hospital com o resultado desta endoscopia e demais
acontecimentos que não se explicam ocorridos com ele”. Poderia até colocar aqui o
nome do médico que me falou isso, mas vou preservar em respeito ao seu
profissionalismo. Creio piamente que Deus deu um intestino novo para o meu filho, e
alguém talvez pergunte, mas então porque Deus o levou e procuro responder esta
indagação da seguinte forma: “Porque para Deus a morte também é uma forma de
cura”. Deus curou meu filho definitivamente, não tenho dúvidas deste seu cuidado com
ele. Lembro-me que certa vez Deus nos deu uma experiência em uma de suas crises, ele
estava sentindo uma dor muito forte, estava evacuando em suas roupas, suando muito e
perdendo a respiração gritava: “Eu sei que estou morrendo papai, não tem mais jeito
pra mim, essa dor esta mais forte do que eu prefiro morrer.” O médico havia me
chamado na porta do quarto dizendo que não tinha mais o que fazer, eu voltei correndo
para dentro do quarto ajoelhei-me e clamei pela misericórdia de Deus sobre a vida do
meu filho, eu disse a Deus com muita sinceridade que eu não queria negá-lo em toda a
minha vida, mas se visse o meu filho morrer daquela maneira eu não saberia o que seria
da minha fé, neste momento, tive uma experiência nova com Deus, e até mesmo
duvidosa para muitos cristãos, mas eu estou falando de um testemunho vivo em minha
vida, eu não ouvi essa história, eu á vivi, eu jamais inventaria uma história em meio a
tanto sofrimento do meu filho, mas o fato é que Deus orientou-me a repreender aquela
dor e expulsá-la do corpo do meu filho e assim eu o fiz, sem me importar com quem
estava no quarto, afinal era meu filho que estava sofrendo, poderiam me questionar da
maneira que quisessem, eu não me importaria, alguns enfermeiros que ali estavam
fazendo os procedimentos contemplaram algo inexplicável, pois assim que orei a dor
cessou imediatamente, então fazendo uso de uma autoridade espiritual que o Senhor
me conferiu naquele momento, eu disse a eles que se quisessem e se os médicos
autorizassem poderiam tirar a morfina do Andrezinho porque ele não precisaria mais
dela, pois, nunca mais ele sentiria aquela dor que o incomodava há mais de trinta dias, e
para a glória de Deus a partir daquele dia nunca mais a dor voltou, ela simplesmente
desapareceu. Deus seja louvado, a Ele toda glória eternamente! Nunca me esquecerei da
bondade de Deus naquele dia. Depois de angustiantes dias ali, Deus entrou com a
provisão da alta hospitalar para o André, só de lembrar o que meu filho passou ali me faz
chorar. Quantas vezes ele olhava da janela do hospital e dizia: “Ô papai, será que eu
nasci pra sofrer? Olha quanta gente lá fora e eu aqui só tomando agulhadas e ainda
sentindo dores”. Mas, graças a Deus, enfim chegou o dia 15 de junho de 2005, esse foi o
dia de sua alta, ele foi internado no dia 30 de março de 2005 com a previsão de ficar no
máximo 30 dias, após então os terríveis 75 dias de sua internação fomos para casa com
muitas expectativas, pois na verdade a alta foi um pouco forçada pelos médicos, eu
acredito que eles pensavam que o André não teria grandes chances mesmo, então assim
que ele deu uma melhorada eles liberaram, talvez pensando que estariam dando a ele
ao menos a chance de ter um pouco mais de alegria na sua própria casa, esse é um
raciocínio meu, eles nunca me disseram nada a respeito. Dois meses depois o
Andrezinho teve que ser novamente hospitalizado para combater dois tipos de bactéria
que havia contraído, nesta nova internação fui questionado por um enfermeiro que
estava no quarto naquele dia em que orei a Deus pedindo socorro para o alívio da dor do
meu filho, ele me disse que nunca tinha visto nada parecido, e que já havia tentado
encontrar a resposta para aquele acontecimento em meio aos seus familiares, na equipe
de transplante, na faculdade e até mesmo em sua religião, mas ninguém conseguiu
respondê-lo a contento, segundo ele, naquele mesmo dia ao término do seu plantão
relatou o acontecido e deixou anotado na ficha do Andrezinho que era para os próximos
plantonistas observarem se a dor retornaria, uma vez que ela já o incomodava há mais
de trinta dias, porém, para o espanto de todos a dor não voltou nem naquele dia e nem
nos seguintes, houve até uma enfermeira que comentou que a dor do André da mesma
forma que apareceu, desapareceu, misteriosamente. Tive então a oportunidade de falar
para aquele enfermeiro do poder, do amor e da fidelidade de Deus, tenho ainda em
mente o seu nome e ainda oro por ele, mas vou preservar sua identidade por uma
questão de ética, embora nunca mais o tenha visto, a semente do evangelho ficou
plantada naquele coração e com certeza quando ele estiver lendo este livro poderá tirar
suas próprias conclusões, para a glória de Deus Pai. O caso estava tão grave que
chegamos a obter autorização especial para que os primos do Andrezinho, que tinham a
mesma idade dele pudessem visitá-lo, médicos e responsáveis pela ala de transplante
facilitaram o máximo para proporcionar a ele dias melhores, louvado seja Deus também
pela vida daqueles profissionais da saúde, que a bem da verdade foram muito além de
profissionais, eu não tenho palavras para agradecê-los pelo quanto fizeram pelo meu
filho, que, aliás, fazem para todos que lá se encontram, sei que alguns leitores conhecem
bem de perto esta história, mas quero mais uma vez dizer “Muito obrigado! Vocês foram
muito especiais na vida de nosso filho e na nossa também.” Agradeço profundamente a
Deus pela vida de vocês. O Hospital das Clínicas (BH-MG) está de parabéns por sua
equipe de funcionários, em todos os momentos fomos sempre bem atendidos, com
atenção e carinho sem distinção, por parte dos médicos, enfermeiros, assistentes,
seguranças, pessoal da limpeza, laboratório, ambulatório, todos enfim foram bênçãos na
nossa vida durante os três anos que por ali passamos. Algumas vezes ouvi dos médicos
que não tinha mais o que fazer que infelizmente a enfermidade do Andrezinho já havia
fugido do controle, e que agora era só uma questão de tempo, contudo continuávamos
crendo piamente na cura, conscientes de que o nosso Deus é o Deus do impossível, em
momento algum duvidamos das palavras dos médicos, mas aguardávamos ansiosamente
por um milagre sabíamos que o quadro descrito por eles era real, mas pensávamos que
Deus o mudaria. Todavia os planos de Deus não são nossos planos e os Seus
pensamentos não são os nossos pensamentos: “Porque os meus pensamentos não são os
vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor, porque,
assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais
altos que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos
pensamentos”. Is.55:8,9. Entendo perfeitamente que Deus sabia que nosso louvor a Ele e
a nossa gratidão não se resumia na cura do Andrezinho. Certamente continuaríamos fiéis
a Ele independente do resultado, pois um dia aprendemos que temos que adorar ao
Senhor pelo que ELE É, e não somente pelo que Ele faz, fazendo ou não fazendo o
milagre, ele continua sendo Deus, Ele é o Todo Poderoso, Ele não tem nada mais a fazer,
Ele já fez, pois, enviou seu filho ao mundo e nos garante uma morada eterna no céu,
onde não haverá lágrimas, dores, tristezas, angústias, morte, somente vida eterna.
Capítulo 5 - A Recidiva (O retorno da doença)
Depois de quase três meses no hospital recuperando do transplante, a equipe
médica deu alta conforme relatei anteriormente, apenas seis meses depois de sua alta
quando pensávamos estarmos começando a ter dias melhores apareceu um tumor bem
na sua testa centímetros acima de seu nariz, infelizmente, acredito que o tumor foi
causado por um forte medicamento que foi usado para combater a rejeição do
transplante, digo isso porque antes de aplicarem o medicamento fui informado deste
risco pelos médicos e tive que assinar um termo autorizando a aplicação, mas eu não
tinha alternativa a não ser autorizar, meu filho estava morrendo e os médicos me
disseram que era uma tentativa que poderia dar certo, mas se não desse poderia ser
comprometedor e causar outros danos, inclusive tumores pelo corpo, ninguém pode
imaginar o que passei tendo que autorizar algo que poderia matar o meu filho, confesso
que estou em lágrimas. Eu só queria o melhor pra ele!
Aquele lindo rostinho de olhos azuis começava a se deformar devido à impiedade da
doença mais uma vez, iniciamos então um novo tratamento com menos chance de ser
bem sucedido, considerando que sua medula tinha apenas seis meses de vida, mas o
Deus das causas impossíveis estava á nossa frente e de forma surpreendente Deus
renovou as forças do André e mais uma vez ele superou com a graça de Deus e quando
todos pensavam que poderia ser o fim devido a medula ter sido implantada
recentemente, mas o que aconteceu foi que em um espaço de 20 dias o tumor
desapareceu totalmente, sem deixar vestígios, ao contemplar estes feitos do Senhor,
cada vez mais a nossa fé era fortalecida e tínhamos plena convicção de que nosso filho
seria curado, e em muitas ocasiões de incertezas como esta ele firmemente dizia: “Pai
essa doença é terrível, mas ela não é mais forte do que eu, eu sim sou mais forte do
que ela”. Por esta e outras razões eu o chamava de “Meu grande campeão, o menino
valente” eu dizia sempre a ele que tinha maior orgulho de ser o seu pai, ele era uma
honra pra mim, nada absolutamente nada o fazia desistir, sua fé era surpreendente.
Infelizmente a nossa alegria durou muito pouco e nove meses depois, novamente,
outro tumor apareceu na mesma região, tudo começou com uma simples consulta de rotina,
inicialmente eram apenas os exames que estavam comprometendo, mas isso era tão
comum, exames alterados eram costumeiros sem maiores complicações, no entanto desta
vez foi diferente, fomos então orientados pela sua médica que novamente nos informou que
estávamos diante de uma situação não desejável, e totalmente irreversível, não havia mais
chances segundo a medicina para o meu filho viver, eram grandes as possibilidades de um
retorno imediato da enfermidade, e desta vez sem nenhuma chance de cura para o André,
segundo ela deveríamos estar preparados para o pior.
Devido ao fato dos exames estarem extremamente comprometidos havia já uma
internação programada para a próxima semana, e que segundo a médica ele não mais
retornaria para casa, não quero nunca que ninguém passe pelo que eu passei, a
internação estava programada para outra semana se caso não aparecesse nada de novo,
porque qualquer anormalidade não permitiria esperar a próxima semana, seria
necessário levá-lo imediatamente ao hospital.
A médica por sinal muito competente e atenciosa nos explicou que a medula funciona
como uma terra que esta sendo adubada para produzir, mas que naquele momento ela
não conseguia produzir e nem se defender mais, a medula do Andrezinho havia se
cansado. Ao sair do consultório naquele dia, o Andrezinho como de costume pediu um
chocolate, enquanto sua mãe segurava a sua mãozinha e atravessava a rua para
comprar, fiquei observando o meu filho tão feliz chutando as tampinhas ao atravessar a
rua. Fiquei imaginando que talvez pudesse ser o seu último chocolate. Entrei no carro e
comecei a chorar, tentei encontrar uma explicação para tudo àquilo que estava
acontecendo com meu filho, estava decidido a não voltar nunca mais naquele hospital.
Não ia expor o meu filho a tudo de novo, quando a Débora e ele entraram no carro, sem
ela saber o que eu havia pensado ela me disse que estava com vontade de não voltar
mais ali, no momento não comentei nada mais com ela, fomos para casa arrasados, com
a sensação de nadar, nadar e morrer na praia, não conseguíamos conter o choro, os
sinais fechados pareciam durar uma eternidade, as pessoas dos carros ao lado não
entendiam porque aquele casal com um menino tão bonito naquele carro chorava tanto,
e alguns até pareciam querer nos dizer alguma coisa, o caminho até nossa casa parecia
que havia multiplicado a sua distância muitas vezes mais. Mesmo com toda confiança em
Deus, sabíamos que poderia mesmo estar muito perto de perder o nosso filho. Oramos e
pedimos ao Senhor a direção do que fazer, ficamos transtornados e isso fez com que
optássemos para dar vida com qualidade ao Andrezinho, para nós não interessava mais
quanto tempo ele iria viver, mas como ele iria viver, era sua qualidade de vida que estava
em jogo, e não a quantidade de anos ou dias que ele teria pela frente, foi ai então que
em família tomamos uma decisão muito difícil e até hoje às vezes incompreendida por
muitos, decidimos ouvir o Andrezinho e fazer com ele a viagem de seus sonhos, era um
pedido antigo sempre na expectativa de realiza-lo quando terminasse o tratamento, mas
infelizmente vimos à impossibilidade de isto acontecer, e por nossa conta, sem nenhuma
orientação médica e sem a intenção de faltar com respeito aos profissionais da saúde,
optamos por fazer a última vontade dele, lembro-me bem que naquele mesmo dia
sentei-me com ele e toda a família para decidirmos o que fazer.
Queria tomar essa decisão em família para que ninguém fosse responsabilizado, caso
acontecesse algo indesejável como aconteceu, perguntei a ele se queria fazer a viagem
de seus sonhos, ele deu um pulo no sofá e disse: “Oba, vamos hoje?”. Indaguei dele
acerca do tratamento como iríamos fazer, ele olhou e disse com toda segurança: “Pai,
deixa esse tratamento pra lá, o Deus que cuida de mim aqui é o mesmo que vai cuidar
onde eu estiver, e além do mais se é Deus que cuida de mim, eu não preciso ficar em
hospital tomando agulhadas”. Claro que não foi fácil tomar esta iniciativa, pois sempre
respeitamos criteriosamente as orientações médicas, nunca fomos irresponsáveis com
todas as orientações que nos eram fornecidas, nunca espiritualizamos as coisas a ponto
de ignorar os conhecimentos da medicina através de seus profissionais, acreditávamos
sim, que Deus poderia curar o nossa filho, mas a situação era extremamente grave
conforme os médicos nunca esconderam de nós, e ainda como se não bastasse um dia
após a conversa com a médica, quando o Andrezinho acordou notamos uma elevação na
sua testa, no mesmo local do tumor anterior, infelizmente era o início de outro tumor no
mesmo local, repensamos a decisão da viagem, mas era tudo que ele queria como
poderíamos voltar atrás? Também não poderíamos levá-lo ao hospital porque com
certeza seria internado e não sairia mais de lá, sei que não suportaria ver meu filho
morrer dentro de um hospital, cheio de sonhos, isso eu jamais suportaria mesmo,
acreditei piamente que talvez Deus o curasse pela sua própria fé, ainda que a nossa fé
estivesse totalmente abalada, ele estava cheio dela e Deus o honraria, estávamos
conscientes de que nosso passo de fé poderia resultar em uma prova de fogo, mesmo
assim não hesitamos em fazer o que ele queria, começamos então a providenciar as
coisas necessárias para uma viagem longa e cada passo dado para fazer a tão esperada
viagem era um aperto em nossos corações.
Será mesmo que deveríamos ir?
Quem sabe desta vez vai dar mais certo?
Estas e outras perguntas eram feitas continuamente por nós mesmos, mas o Andrezinho
não abria mão de seu sonho, ele queria viajar a qualquer custo.
Quem teve que abrir mão foram seus irmãos, a Suellen abriu mão do emprego e de seu
noivo, tiveram que manter apenas contatos telefônicos, e o Fillipe abriu mão dos
estudos, todos enfim em função do André , ele merecia muito mais que isso, nosso
grande e eterno guerreiro campeão.
Capítulo 6 – A Viagem Diante de tudo que o André passou até aqui tomamos a decisão deixá-lo viver longe de
hospital que era tudo que ele queria, sei que para muitos, isso é incompreensível, mas
depois de três anos dentro de um hospital vendo o final de muitos que por ali passavam
com o mesmo diagnóstico dele, decidimos que não iríamos vê-lo morrer sem deixá-lo
viver, e mesmo sem o consentimento dos médicos proporcionamos a ele a viagem que
ele mais almejava ir ao estado de Rondônia, onde seu avô paterno mora.
Quero deixar muito claro que o fato de ter ido sem autorização médica não significa falta
de respeito com a medicina, muito pelo contrário, são profissionais que merecem toda
atenção e confiança, sabem perfeitamente o que fazem e o que dizem, infelizmente com
raras exceções. Definitivamente não aconselho ninguém a fazer o que fiz, cada caso é
único, e de maneira alguma pode servir de exemplo para outro.
Com relação à viagem, o Andrezinho queria fazê-la de carro, seriam três dias na estrada,
mas ele queria aproveitar os mínimos detalhes, pedimos a Deus o seu amparo e cheios
de fé e coragem, conscientes da seriedade do que fazíamos partimos. Para nós era
apenas uma viagem, no entanto para o meu filho estava reservada uma grande missão
que até nós desconhecíamos, ele foi aproveitando o máximo, cantava o tempo inteiro,
demonstrava estar vivendo intensamente os dias mais felizes de sua vida, nas mínimas
coisas ele se ligava e tecia comentário, em seu rosto, além do tumor que crescia dia a
dia, estampava se também a alegria de estar realizando um grande sonho com todos
juntos, papai, mamãe e os irmãos Fillipe e Suellen, esta era uma grande virtude dele,
amava estar reunido em família e valorizava todos os momentos, ás vezes, quando
estava internado, falava que quando voltasse para casa queria um almoço ou um jantar
com todos juntos, avós, tias, tios e primos. Graças a Deus que sempre realizamos os seus
pedidos e isso nos deixa mais feliz hoje, sem nenhuma culpa ou frustração. Muitos eram
os comentários do Andrezinho a todo o tempo, mas alguns nos chamavam mais a
atenção, em certo momento da viagem ele disse: “Papai estamos indo pra Rondônia, e
é lá que eu vou ficar. Eu não volto nunca mais”.
Sua mãe o interrompeu dizendo: ”Meu filho você esta indo tão empolgado e se chegar lá
você não gostar?” Imediatamente ele respondeu: “Não importa mãe, gostando ou não
gostando, é lá que vou ficar, porque a única coisa que importa nessa vida é obedecer a
Deus”. Diálogos como esse hoje nos traz paz ao coração, sabemos que nosso filho tinha
plena consciência de sua tarefa como servo do Deus Altíssimo, entendia perfeitamente,
talvez mais do que nós, os planos de Deus na sua vida, e com disposição total para
realizá-los, não importando com o preço a ser pago, ele queria era ser útil para Deus, e
acredito que foi, até bem mais do que ele próprio imaginava.
Como disse no capítulo anterior na testa do Andrezinho estava iniciando outro
tumor que durante a viagem ele crescia assustadoramente, na primeira noite dormimos
na cidade de Uberlândia, pra ele foi uma festa porque nos hospedamos em uma pousada
chamada “Pousada da Tia Zilane”, e ele amava sua tia Josilane que era chamada de
Zilane, então ele ficou todo feliz e dizia que estava na pousada da tia dele, na verdade
conquistou a dona da pousada com seu carinho e seu humor.
Na segunda noite nos hospedamos em um hotel na cidade de Várzea Grande em MT, o
tumor em sua testa que havia iniciado a 2 dias antes da viagem já estava com uma
elevação bem mais intensa chamando assim a atenção dos hóspedes daquele hotel e um
deles chegou a me perguntar se ele havia caído e machucado a testa, eu disse que não,
mas que aquilo era um tumor, meio sem jeito ele me pediu desculpas e perguntou para
onde estávamos indo disse a ele que estávamos indo para Rondônia, e bastante
admirado com a tranquilidade com a qual eu havia lhe respondido, foi quando de
maneira muita assustada ele me perguntou o que eu estava indo fazer em Rondônia, um
lugar totalmente sem recurso com meu filho daquele jeito, respondi a ele que era uma
decisão do meu próprio filho e que eu estava realizando talvez o seu último desejo, disse
a ele que já a 3 anos estávamos tratando do meu filho sem muito êxito e que decidimos
deixar com que ele tivesse um pouco mais de qualidade de vida, e que eu não me
perdoaria nunca se meu filho morresse dentro de um hospital como vi muitos
coleguinhas dele morrer, não sei se ele entendeu minhas colocações, mas a grande
verdade era que pra mim isso pouco importava.
Dormimos ali, e no outro dia pela manhã quando tomávamos café para seguirmos
viagem, novamente aquele hóspede nos abordou interessado em saber mais do André, e
nesta oportunidade lhe falei da provisão de Deus em nossa vida, e que mesmo estando
meu filho naquele estado agravante eu louvava a Deus por sua bondade, considerando
os cuidados de Deus sobre ele, contei-lhe então de alguns testemunhos ocorridos no
hospital durante o tratamento, falei das muitas intervenções de Deus, e logo em seguida
nos despedimos e seguimos viagem, não me lembro para onde ele estava indo, só sei
que foi levando consigo um carinho extraordinário pelo Andrezinho, que conquistou seu
coração.
SAUDADES ETERNAS,
TE AMAREMOS POR TODA VIDA!
Capítulo 7 – Os dias em Urupá- Ro
Quanta felicidade quando ali chegamos, a alegria do reencontro com muitos
entes queridos se misturava com a incerteza de um final feliz devido ao
comprometimento da enfermidade, mas Deus nos deu graça para vivermos
estabelecendo prioridades e qualidade de vida pra ele, e sabíamos que ali o Andrezinho
teria, não medimos esforços para proporcionar a ele tudo o que queria inclusive no que
diz respeito à diversão, foram dias de tamanha alegria que ele jamais havia
experimentado até então. Banhos de cachoeiras, lagoas, futebol passeios em matas,
tudo que ele nunca havia desfrutado, em meio a momentos tão felizes dizia ele: “Adeus
Belo Horizonte, pra lá eu não volto nunca mais Papai é aqui que vou ficar, é aqui que
estou vivendo, acabou meu tratamento, pode escrever um livro”. Por mais que o tempo
passe palavras como estas ficarão eternamente gravadas em meu coração, tenho ainda a
sua última mensagem enviada a mim em meu celular no dia 14 de agosto de 2006, às
13:26:49: “Papai quero dizer que te amo”. Durante 15 dias, meu filho viveu
intensamente naquele lugar, mesmo com o tumor crescendo dia após dia e deformando
seu lindo rostinho, ele não dava espaço para tristeza, usufruiu de tudo que merecia, mas
após esse período a enfermidade não deu mais trégua, mesmo sendo uma criança de
apenas oito anos, tão alegre, feliz, inocente, puro, sem nenhuma maldade, ainda assim,
com todas essas virtudes o meu pequeno Andrezinho, cheio de carinho, não foi poupado
pela maldade da traiçoeira enfermidade, o maldito câncer não teve compaixão do meu
filhinho e sem nenhuma piedade aquele tumor alastrou-se de forma agressiva em sua
face, deixando o seu rostinho todo deformado e seus lindos olhos azuis sem nenhuma
luz, ele ficou totalmente cego, aqueles lindos olhos azuis não puderam mais ver a luz do
sol, as belezas da natureza e as pessoas tão amadas ao seu redor, suas forças foram
exauridas e ele ficou totalmente debilitado, mas mesmo diante deste quadro nunca se
entregou e jamais negou a sua fé em Deus dizia para nós que Jesus era lindo e cheio de
amor e que ele jamais iria desistir Dele, poderia acontecer qualquer coisa que ele não ia
desistir de sua cura e muito menos de sua fé em Deus, pois, ele tinha plena convicção de
que ao terminar a sua vida aqui nesta terra, iria começar a desfrutar das belezas do Céu.
Às vezes ficamos impressionados com tamanha inocência de uma criança, o
Andrezinho sabia que não poderia de forma alguma contrair infecções sabia que seu
organismo não tinha as defesas necessárias para combatê-las. Certo dia, quando já
estava cego, ouviu alguém dizer que eu estava com conjuntivite (aquela infecção no
olho). Ele então me chamou e disse:
“Papai, se o senhor estiver mesmo com conjuntivite, por favor, eu gosto muito do
senhor, mas não fica perto de mim, se não vai passar infecção para mim e quando Deus
me fizer enxergar de novo meus olhos vão ficar infeccionados.”
Quanta inocência, com um tumor maligno alojado na testa comprometendo toda a sua
visão e seu lindo rosto e ele com medo de contrair conjuntivite.
Para mim esta sendo muito difícil escrever tudo isso, mas sei que vidas serão edificadas,
por isto, como servo do Deus Altíssimo, sinto o dever de prosseguir, que o Eterno Pai me
dê forças, para concluir este testemunho de fé.
O grande André que de Andrezinho só tinha o apelido carinhoso que lhe demos, era um
verdadeiro servo de Deus e um gigante na fé, ele se foi e deixou-nos grandes lições de
vida.
Quando estava deprimido e muito triste por não poder enxergar, pedia ao Fillipe para
pegar o violão, chamava a todos para cantar ao seu lado, e louvava junto conosco,
soltava sua voz e do fundo do coração adorava a Deus, ainda que em meio a lágrimas,
fazia valer na sua vida as palavras do salmista: “Bendirei ao Senhor em todo o tempo, o
seu louvor estará sempre nos meus lábios.” Salmos 34: versículo 1.
Quando tinha alguma dor começava a orar dizendo:
“Deus, o Senhor sabe que estou sem forças até para conversar, mas me dê forças para
falar com o Senhor, pois é a única coisa que traz alegria ao meu coração”.
Desta forma uma criança de apenas 8 anos iniciava a sua oração que se estendia
por 30 a 40 minutos, enquanto ele orava às vezes algumas pessoas chegavam para nos
visitar, aliás, graças a Deus, a casa estava sempre cheia, e quando as pessoas o viam
orando começavam a chorar, me abraçavam e diziam que iam embora pois estavam
envergonhados diante de Deus em contemplar tanta fé, algumas diziam que jamais
saberiam orar como o Andrezinho pois diante de problemas bem mais insignificantes,
muitas vezes negavam sua fé em Deus e agora contemplavam esse quadro. Uma criança
de apenas 8 anos, passando por uma provação tão difícil, e continuava exercendo com
total confiança sua fé pura em Deus, uma fé incondicional, demonstrando a todos que
ele sabia perfeitamente quem era o seu Deus, “O Deus do impossível”.
Eu glorifico a Deus por ele ter sustentado o meu filho, e não ter permitido que ele
negasse sua fé, pois estou certo de que essa força vem do Senhor, não temos nenhum
mérito nisso, é Deus quem nos sustenta e que nos faz permanecer fiéis diante dos
embates da vida, entendemos perfeitamente que a própria perseverança vem do
Senhor, meu filho foi fonte de consolo para muitos, mesmo em momentos que
acreditávamos que ele precisava ser consolado. Com sua força aprendemos muito, ele
arrancava forças da fraqueza, aliás, fraqueza era uma palavra que não existia em seu
vocabulário. Ah! Que saudade do meu campeão como dói!
Houve uma época em que o Fillipe teve a idéia de passarmos a noite inteira
orando ao lado da cama do Andrezinho para que ele pudesse dormir melhor, então
resolvemos fazer um revezamento no período das 23 hs até as 6 hs, todos participavam
orando, cada um durante 1 hora ou mais, e desta forma ele estaria coberto de oração
por toda noite. Deste rodízio de oração participávamos, eu e Débora, é claro, Joelma sua
prima, Fillipe e Suellen seus irmãos, e seus tios Joel e Eneidir, eram madrugadas que
buscávamos a Deus intensamente pela cura do meu filho, mas aprouve ao Senhor
mesmo assim, recolhê-lo para a Glória, e confesso a vocês que apesar de toda dor da
saudade ainda que pudesse não traria de volta o meu filho a esse mundo, sim, não seria
tão injusto com ele a ponto de trazê-lo de volta, uma vez que deste mundo ele já ficou
livre para sempre, eu jamais poderia desejar a ele tamanha maldade.
Deus seja louvado! Tenho orgulho de ter sido o seu Pai e estou convicto de que ele
poderia dizer, sem sombras de dúvidas: “Combati o bom combate, acabei a carreira e
guardei a minha fé”. De fato a vida para ele não foi uma zona de conforto, não teve
facilidades, foi de fato um grande combate, mas Deus esteve ao seu lado. Ao Bom,
Eterno e Poderoso Deus seja toda glória!
Às vezes vivemos anos na igreja realizando apenas uma vida religiosa sem ensinar
nada a ninguém, o Andrezinho em tão pouco tempo nos ensinou muitas coisas, mas seu
principal ensinamento foi a fidelidade ao Senhor que ele demonstrou mesmo em meio a
lutas e provações.
A seguir compartilho algumas frases de suas orações que em momentos
angustiantes ele dizia, anotei todas elas porque eu sabia que mais cedo ou mais tarde eu
estaria escrevendo este testemunho, só esperava escrevê-lo com outro final, com meu
filho ao meu lado, no entanto, aprouve ao Senhor Deus da minha vida que eu escrevesse
sozinho tendo somente o auxílio e a renovação das minhas forças através do Espírito
Santo, que sem dúvida alguma é bem mais expressiva do que a própria presença dele
aqui fortificando muito mais a fidelidade deste Deus todo poderoso em minha vida.
Quero que você esteja analisando o teor destas orações que meu filho fazia, veja só
quanta confiança em Deus meu filho mantinha em momentos que só pediam lágrimas.
Quanta intimidade com o Senhor!
“Jesus, filho de Davi tem misericórdia de mim, eu sou apenas uma criança de 8 anos
não tenho forças eternas, eu quero ver”.
“Deus, eu sei que o Senhor é bom, pois se o
Senhor não fosse bom eu estaria sofrendo,
e eu não estou sofrendo. Obrigado Jesus! “.
“Deus eu sei que o Senhor pode me curar,
essa enfermidade não é nada para ti, mas se for o teu propósito me deixar cego e
doente para a glória do teu nome, pode deixar eu cego e doente, porque o que mais
importa nessa vida é a glória do nome do Senhor”.
“Deus, o Senhor fez o mundo em seis dias, o Senhor fez tanta coisa bonita só que
agora Deus, eu não posso ver mais nada do que o Senhor fez então Deus, tem
misericórdia de mim, e restaura a minha visão.”
“Deus esse mundo é tão grande e o Senhor fez ele em tão pouco tempo, porque o
Senhor é Eterno, então Deus tira essa enfermidade de mim é menos que um minuto,
me cura Deus.”
“DEUS, durante três anos de tratamento eu nunca desisti da minha cura, e agora estou
cego quero dizer uma coisa. Vendo ou não vendo eu jamais desistirei, porque sei que o
Senhor é Fiel.”
“Deus, o senhor é um Deus eterno, mas mesmo assim teve que descansar no sétimo dia
quando fez o mundo, e eu Deus sou uma criança de apenas oito anos, não tenho forças
eternas como o Senhor, então Deus tem misericórdia de mim, e me cura Deus”.
Sem dúvida alguma, nós precisamos aprender a orar assim, ás vezes quando estava com
muita dor ele pedia o óleo de fazer unção o que sempre tínhamos em casa e derramava
todo na sua cabeça e dizia: “Mamãe, agora é com Jesus não precisa se preocupar mais,
estou ungido”. De maneira alguma é minha intenção causar drama ou demonstrar show
de espiritualidade através destas declarações, até porque se trata de meu filho e eu
jamais faria uso dele para isso, mas o que pretendo é mostrar a você que é
perfeitamente possível servir a Deus e manter o nosso firme relacionamento com Ele e a
nossa fé em evidência mesmo nos momentos de turbulência da nossa vida, momentos
assim produzem com toda certeza efeitos positivos na nossa vida, a dor é produtiva,
através dela você poderá colher benefícios eternos ou consequências eternas para a sua
vida, tudo depende da maneira pela qual você passará por estes momentos e das
atitudes tomadas, tenha certeza que passar por esses momentos entendendo a
soberania de Deus é muito melhor, e produzirá grandes benefícios por toda sua vida.
Precisamos entender que Deus não tem nenhum prazer no sofrimento de seus filhos,
mas tem grande prazer na maneira pela qual seus filhos reagem diante do sofrimento,
isto faz toda diferença, portanto, não blasfeme, não murmure, não desista, honre a
Deus, haja o que houver creia somente, Deus é Fiel.
Eu nunca imaginei que uma criança de oito anos poderia ser tão direcionada por Deus
em tantas coisas, era de impressionar, ele chamou toda a família para um grande
conserto de vida com Deus antes de falecer, não se intimidava e falava cheio de
convicção e autoridade, chamou meus irmãos e outros membros da família que ele
achava que tinham algo a consertar com Deus e fez apelo para que mudassem de vida.
Telefonou para quem não poderia estar pessoalmente, devido à distância e também fez
um pedido para mudança de vida, e com todos usava sempre a mesma expressão para
destacar algo que talvez julgasse estar errado: “Isso não é de Deus”.
O André sempre nos surpreendeu mesmo no decorrer do tratamento ele sempre tinha
uma palavra de incentivo para todos, ainda que a situação não estivesse nada bem ele
não se prostrava, era um guerreiro e estará sempre nos nossos corações, na semana em
que ele faleceu disse a sua mãe:
”Mãe, eu sei que Deus pode me curar, mas eu tava pensando uma coisa, se Ele
me curar eu ainda vou continuar nesse mundo e esse mundo é tão cheio de problemas,
tristezas, outros tipos de sofrimentos, tanta coisa ruim, e aí Ele me cura da leucemia,
mas eu vou continuar tendo outros problemas, então eu acho que eu prefiro que Ele me
leve mesmo, se Ele me levar o meu sofrimento e o de vocês acaba, eu não vou sofrer
nunca mais e estarei sempre livre dos problemas, a única coisa ruim é que tenho medo
de sentir saudades de vocês”.
Diante da certeza de seu encontro com Deus que o Andrezinho tinha só me resta
dizer “Maranata, ora vem Senhor Jesus!”, não é fácil glorificar a Deus nestes momentos
de luto, mas é necessário, saudável e consolador para todos nós que sofremos com a dor
da perda. Um dia antes de falecer, no sábado dia 30 de setembro de 2006, ele estava
sozinho no quarto sua mãe entrou e ele estava cantando esta canção:
“Jesus que doce nome que transforma em alegria o meu triste coração, Jesus só
o teu nome é capaz de dar ao homem salvação”.
Esta foi sua última canção, estou certo de que agora ele integra um grande coral, agora
ele já faz parte de “Um dos Tais”, conforme diz um hino da harpa.
Você já viu alguém cantar estando triste? Hoje entendo que o Andrezinho estava já em
um gozo tremendo momentos antes de sua morte, com a certeza de que Deus limpará
toda lágrima de meus olhos e de toda minha família prosseguimos fiéis ao Senhor,
convictos de que o nosso Deus é o Deus que sabe o que faz, ainda que não entendamos
isso no momento devido a nossa mente limitada, devemos e precisamos continuar
acreditando que nosso Deus é aquele que elabora planos e os executa muito bem
segundo a sua vontade que é sempre boa perfeita e agradável, não consigo encontrar
palavras que venham expressar a minha eterna gratidão a este Deus Todo Poderoso que
conforta de maneira tão sobrenatural o meu coração, a dor é aliviada de maneira
poderosa com a doce presença do teu Santo Espírito. Obrigado Senhor!
Existem grandes detalhes que mostram como Deus sempre cuidou do André, no
sábado pela manhã seu último sábado conosco ele me fez um pedido especial ele queria
um culto só de louvor, é claro prometi a ele que realizaríamos o culto, mas havia uma
programação especial na igreja e ninguém poderia ir ao nosso culto, a não ser que ele
fosse bem mais tarde, no entanto mais tarde com certeza ele estaria dormindo, diante
do pedido e sabendo que este poderia ser o último disse á Débora, minha esposa, que
ainda que fosse só a gente, cantaríamos para ele. Mas nosso Deus, provedor de todas as
coisas entreviu poderosamente e de uma maneira inesperada sem nenhum contato
anterior por volta das 19:00 hs chegou em minha casa um grupo de 15 crianças da idade
do André, juntamente com dois adultos e me pediram se podiam cantar com ele, fiquei
sem palavras diante dos notórios cuidados de Deus para com meu filho, eles entraram
um por um, e se apresentaram ao André, ele não os via, mas reconheceu o carinho de
cada um, depois eles cantaram alguns cânticos de adoração ele os acompanhava
cantando também, fizeram solos e oraram, em seguida o adulto olhou para mim e disse:
“Já vamos embora, é só isso que Deus mandou fazer” Respondi: “Isso é tudo, Deus os
abençoe!”. Na verdade nunca soube quem eram aqueles dois homens e aquele grupo de
crianças, mas tinha apenas uma certeza que de fato eram enviados do Senhor, o
Andrezinho faleceu no outro dia e após a sua morte tentei identificar aquele grupo de
crianças para agradecer, e como a cidade era muito pequena os procurei por toda cidade
e nunca mais os encontrei em nenhuma Igreja.
Houve outro episódio marcante em nossas vidas antes de Deus recolher o
Andrezinho para as Mansões Celestiais, um grupo de irmãos que não conhecíamos
chegou para visitá-lo, e quando um dos irmãos o viu ficou como paralisado, e de repente
impulsionado foi até ele começou orar em línguas estranhas, não se conteve e começou
chorar, depois pegou em minhas mãos e me disse algumas coisas como se estivesse me
entregando uma profecia, até ai tudo bem, para mim nada de novo, pois sempre fui
acostumado com este renovo pentecostal e glória á Deus por isso, só que no outro dia
ficamos sabendo de uma coisa que chamou bastante a nossa atenção, é que o referido
irmão há poucos meses tinha sido responsável pela divisão de uma igreja tradicional
após uma implacável perseguição a alguns irmãos até excluí-los da comunhão, por
acreditarem nas manifestações dos dons espirituais e exercerem tal prática. Um ano
mais tarde voltamos à cidade onde o Andrezinho ficou sepultado e então tive a
oportunidade de ouvir da boca do próprio irmão de que a vida dele nunca mais foi a
mesma depois daquela visita ao meu filho, relatou-me que naquele dia o que aconteceu
com ele mudou a sua vida, foi algo poderoso que ele nunca tinha experimentado antes, é
assim que Deus faz, coloca o perseguidor na mira daquilo que ele persegue para mudar a
sua vida quando tem um plano a executar, foi assim na vida deste homem, como
também foi assim na vida do apóstolo Paulo no caminho de Damasco, quando furioso
perseguia a Igreja do Senhor Jesus (Atos 9), foi assim na vida de muitos outros e de igual
modo também poderá ser assim na sua vida, quem sabe devido a tantas decepções que
já te causaram, você tenha ficado um pouco cético, talvez por ter esperado no homem e
não em Deus você tenha tido grandes frustrações, mas Deus quer que você retome a sua
caminhada em segurança e por isso lhe dá a oportunidade de estar lendo esse
testemunho, tenha certeza que você já foi e continua sendo o alvo das minhas orações,
pois este livro foi escrito em oração e antes mesmo de ser publicado eu já orava pela
transformação das vidas que o teriam em mãos, o seu momento pode ser hoje e agora,
acredite, não é por acaso que este livro chegou as tuas mãos e sim pela providência de
Deus, isso me faz entender que Deus se importa com você, continue de coração aberto
sensível não apenas ao testemunho do Andrezinho, mas acima de tudo sensível ao que
Deus tem falado com você, compreenda que você faz parte do plano de Deus, Ele quer te
salvar, á Ele toda glória.
No sábado que antecedeu o falecimento do Andrezinho, Deus me falou de uma
forma muito especial por volta de 21:00 hs, quando recebi um telefonema de Belo
Horizonte de uma irmã que estava distante de nós há quase 3 mil quilômetros, Rita é o
seu nome, um pouco aflita ela me passava uma visão que seu genro, Maurício havia tido
com o meu filho há poucos instantes, segundo ela, ele quase não estava conseguindo
falar por isso pediu que ela me relatasse o que com dificuldades ele conseguiu passar pra
ela, depois fiquei sabendo que ele ficou acamado por três dias após ter tido a seguinte
visão: “Ele estava na sala de sua casa em Belo Horizonte orando pelo Andrezinho, quando
de repente um anjo o pegou pelos braços e começou a subir com ele dizendo que o
levaria onde o Andrezinho estava, do alto ele contemplava um caminho o qual ele nunca
havia percorrido, depois o anjo parou com ele e mostrou uma casa dizendo que ali estava
o Andrezinho. Então ele via milhares e milhares de anjos ao redor de toda casa, tanto no
espaço aéreo como no chão, o anjo que o levava estendeu os braços em direção a casa e
o telhado se abriu, desta forma ele pôde ver o Andrezinho deitado e ao seu lado quatro
anjos fazendo uma cirurgia arrancando um caroço de sua testa. Então ele via que eu
tentava me aproximar dele, mas outro anjo me impedia dizendo que ele estava sendo
preparado para entrar na presença de Deus, porque para onde ele ia não entrava
enfermidade e que a partir daquele momento eu não tinha mais acesso a ele, eu insistia
dizendo ser o seu pai, mas o anjo não permitia que eu chegasse perto do Andrezinho, de
repente o Maurício pôde observar que não havia mais nada na testa do Andrezinho, ele
estava com o rostinho lindo como sempre foi então o anjo que lhe conduzia disse que era
daquela maneira, totalmente curado que o Andrezinho estava, porém nós não o víamos
assim, mas ele já estava nos vendo antes de partir”. Assim que desliguei o telefone
sentei-me com a Débora, Suellen e o Fillipe e compartilhei a visão e disse a eles que era
muito claro o que Deus estava querendo dizer e que deveríamos nos preparar para
perder o Andrezinho, pois Deus iria levá-lo. Claro que houve um pouco de resistência
pelos seus irmãos, mas como servos do Senhor entenderam que Deus tem sempre o
melhor e menos de 24 horas após ter recebido essa ligação, o Andrezinho partiu para os
braços de Jesus, eu louvo a Deus pela fidelidade Dele para conosco, verdadeiramente ele
nunca nos desampara, essa visão serviu de um pré-anúncio da morte do Andrezinho,
primeiro devo dizer que o irmão Maurício descreveu em detalhes o lugar onde
estávamos sem nunca ter ido lá, como era a casa, o quintal, as ruas, as árvores, o
gramado que tinha na casa, enfim todo o local foi descrito minuciosamente, vejo que
Deus tem mil maneiras de nos confortar quando vai realizar uma grande colheita, ele
sabe da nossa limitação.
Outro fato que alegrou extremamente o meu coração foi que o Andrezinho pedia a Deus
todos os dias que não queria morrer sem nos ver novamente, ele queria ver a mim, sua
mãe, e os seus irmãos Fillipe e Suellen, claro que o irmão Maurício não sabia deste
desejo dele, somente eu, a Débora, Suellen e o Fillipe sabíamos deste seu desejo, e na
visão o anjo afirmou que ele estava nos vendo embora nós não tenhamos sabido disso
pelo meu filho, acredito piamente na veracidade deste acontecimento, acredito mesmo
que ele nos viu antes de falecer, até porque estávamos nós quatro pertinho dele, no
mesmo quarto quando ele partiu, vejo então de que sem dúvida até mesmo isto foi uma
providência de Deus, e agora eu entendo o porquê de então alguns instantes antes de
ele falecer, eu fui e busquei a Suellen que estava sozinha em outro quarto chorando
muito, eu disse a ela que aquele era um momento de ficarmos todos juntos. Depois de
muito tempo tive a oportunidade de ouvir do próprio irmão Maurício, outros detalhes da
visão que não me foram passados pelo telefone, e mais uma vez pude comprovar que
Deus queria mesmo nos avisar que iria recolher o nosso filho.
Capítulo 8 – A Partida para a Eternidade
Na manhã de domingo do dia 1º de Outubro de 2006, dia de eleições Municipais,
prefeitos e vereadores seriam eleitos em todo país, o que parecia ser um dia normal fora
às eleições que ocorreriam para nós foi bem diferente e ficou marcado em nossas vidas,
não foi apenas mais um dia de expectativas e ansiedades, como tantos outros e sim um
dia de muito mais lágrimas, dor e sofrimento, jamais poderíamos imaginar que naquele
domingo experimentaríamos a dor da separação e que seria um dia de luto, quando
perderíamos alguém tão especial, naquele dia lembrei-me de um amigo meu que havia
perdido um filho há muito tempo, e me lembro de que na época disse a ele que essa dor
eu jamais suportaria, eu era solteiro ainda, nem pensava em casar e nem sabia o que era
ser pai, mas imaginava qual grande era aquela terrível dor, sinceramente não desejo este
momento nunca, nem mesmo para algum inimigo, apesar de ter muita certeza de que
não tenho inimigos e sempre prezei em ter boas amizades.
Pela manhã logo cedo o Andrezinho fez mais um pedido: “Quero ir à Igreja à
noite e quero que vocês me coloquem lá na frente”. Eu disse a ele que poderíamos fazer
o culto em casa mesmo, porque devido a sua debilidade era incômoda a sua locomoção,
ele estava muito mal naquele dia, mas com a certeza do que queria, mais uma vez ele
afirmou: “Não importa se estou doente Pai, eu quero ir à Igreja hoje”. Disse também á
sua mãe: “Mãe, eu sei que Deus não vai me curar, ele vai me levar para o Céu, só tenho
medo de sentir saudades de vocês”.
Novamente ele falou sobre a saudade que tinha medo de sentir da gente, ele já havia
falado sobre isso anteriormente, nesse momento eu o abracei e disse que se Deus o
levasse ele estaria para sempre com Jesus e que era muito melhor do que estar com o
papai e a mamãe, perguntei a ele se tinha certeza de sua salvação e se Jesus realmente
estava no coração dele, e imediatamente ele disse: “Claro que tá pai, eu tenho certeza
da minha salvação”. Eu disse a ele que era necessário aceitar Jesus e confessar que Ele
era o seu Salvador, aproveitei esta oportunidade e perguntei se ele queria fazer isso,
embora já soubesse que ele era um menino de Deus, ele disse que sim, então pedi a ele
que orasse comigo e fiz uma oração de entrega, confissão e arrependimento, ele repetiu
as palavras comigo aceitando Jesus e confessando como Único Senhor de sua vida, não
foi fácil orar com meu filho entendendo que estava o preparando para ir morar com
Deus, e desta forma senti que preparei o meu filho para o momento mais importante de
nossas vidas, até mais importante que nosso nascimento porque quando nascemos,
nascemos para uma vida que cedo ou tarde vai passar é exatamente isto que
aprendemos com as Escrituras Sagradas:
''O homem nascido de mulher vive breve tempo cheio de inquietação, nasce como a flor e
murcha; foge como a sombra e não permanece, visto que os seus dias estão contados,
contigo (Deus) esta o número de seus meses; Tu ao homem puseste limites além dos
quais não passará.” Jó 14:1,2,5.
Porém quando morremos partimos para uma vida eterna que jamais terá fim, podemos
vivê-la com Deus em gozo e alegria eterna, ou sem Deus em tristeza e tormento eterno.
“Ao homem está ordenado, morrer uma só vez, vindo, depois disto o Juízo”. Hebreus
9:27.
Aquele domingo foi um dia diferente em tudo, na parte da manhã tudo foi muito
tranquilo, mas após o almoço o Andrezinho começou a entrar numa espécie de transe,
passou por um momento um pouco aflito e ficou um pouco inquieto como se estivesse
contemplando algo jamais visto, parecia estar conversando com alguém, mas não
entendíamos o que ele falava, tentávamos conversar com ele, mas ele não nos dava
atenção, confesso que estava ficando aflito ao contemplar aquele quadro angustiante
com meu filho, então orei ao Senhor pedindo que se Ele não tivesse o propósito de curar
o meu filho que, por favor, o levasse naquele dia, e que não permitisse mais nenhuma
agonia com ele, Deus ouviu o nosso clamor e 2 horas e 20 minutos após a minha oração o
Todo Poderoso recolheu o meu filho para as Mansões Celestiais, porém antes de ser
recolhido ele se acalmou, saiu daquele momento angustiante e disse pra mim que ao lado dele
na cabeceira da cama tinha 2 pessoas muito bonitas, ele insistia dizendo que não era pra
mim deixá-las ir embora e que na porta do quarto havia uma outra pessoa muito feia e que eu
deveria expulsá-la dali, na hora não entendia muito bem mas depois percebi que meu filho já
estava contemplando o mundo espiritual, as 2 pessoas bonitas com certeza eram os anjos do
Senhor que desceram do céu para recolher aquele precioso guerreiro, a pessoa feia era algum
intruso demônio que estava a espreita para ver qual seria a nossa reação, Deus nos honrou
até o fim levou o meu filho sem nenhuma aflição, sem agonia, sem dor sem
desespero, apenas lhe mostrou com toda certeza o Paraíso Celestial, como
guerreiro que era não podia ser diferente, antes de morrer confortou o nosso
coração deixando palavras que marcarão eternamente a sua história e a nossa
vida, mostrou sua convicção da fé em Deus e a certeza de que partiria para uma
vida melhor, sem nenhum sofrimento, sem ansiedade, sem nenhuma aflição e de
forma muito tranquila, o grande André despediu-se de todos nós dizendo de maneira
maravilhosa estas palavras: “Deus to indo, to indo Deus, to indo rapidásso, to indo
rapidásso”.
Estas palavras ele pronunciou alguns momentos antes de sua partida, depois não disse
mais nada se aquietou e partiu ao encontro de Jesus na glória eterna, quando Deus
acabou de levá-lo o próprio Deus teve misericórdia de nós renovou as nossas forças e eu,
Débora, Suellen e Fillipe nos ajoelhamos e entre lágrimas louvamos e agradecemos a
Deus pelos oito anos de vida que ele permitiu que o Andrezinho permanecesse conosco,
as nossas muito amadas irmãs em Cristo as quais devemos tanta gratidão pelo carinho
conosco, estavam exatamente no momento de sua partida, minha cunhada Eneidir
(Esposa do meu irmão Joel) a quem devo muitos favores; irmã Maurina, a qual ele amava
loucamente e irmã Neguinha (Esposa do Pr. Natanael).
Sou eternamente grato a Deus porque as pessoas que meu campeão mais gostava
estavam do ladinho dele quando se despediu desse mundo, ele, André Bianchi, venceu o
câncer, venceu a leucemia, venceu a morte e herdou a Vida Eterna.
Glória a Deus eternamente por essa vitória! O corpo do Andrezinho está sepultado lá
mesmo na cidade de Urupá-Ro, a três mil km daqui de Belo Horizonte, lugar que ele
amou ter conhecido e onde era seu desejo permanecer, lá estão apenas seus restos
mortais, porque ele mesmo esta bem vivo na Cidade Santa, a Jerusalém Celestial, onde
não há dor, nem tristezas, nem quimioterapias, nem morfina, nem agulhadas e nem mais
a morte, lá ela já foi vencida, outro dia um amigo me perguntou se eu não me sentia
triste de saber que meu filho foi sepultado tão longe, esse amigo disse-me que ele jamais
teria coragem de sair de qualquer lugar deixando um filho sepultado para traz, segundo
ele, moraria lá eternamente, eu lhe respondi da seguinte maneira, Rondônia e Belo
Horizonte estão exatamente à mesma distância do Céu, e é no Céu que o meu
Andrezinho está, sinto saudades, choro, abraço as memórias, beijo meu filho no coração
todos os dias, mas sei que ele esta num lugar só de vencedores em CRISTO JESUS, não
tenho razões para lamentar e nutrir tristezas em meu coração. Deus sempre sabe o que
faz!
Alguns, por desconhecerem certos fatos que antecederam a morte do Andrezinho,
pensam que Deus não nos honrou, pelo fato de ter levado o meu filho e nessa
oportunidade quero enfatizar mais uma vez, Deus nos honrou até o fim, A Ele toda glória
eternamente. Obrigado Senhor!
Quando retornei á Belo Horizonte após a morte do Andrezinho, estive no Hospital das
Clínicas para relatar aos médicos os dias finais do André, e ouvi de um médico
conceituado a seguinte afirmação: “Se a morte de seu filho foi dessa forma que o senhor
nos relatou, posso lhe assegurar que André Bianchi morreu ensinando coisa nova para
todos nós, trazendo algo novo que a medicina desconhece”. Foi com muita dor, mas
também com muito alívio, que contemplei os últimos minutos de vida do meu filho, com
grande convicção eu sabia que meu filho estava, naquele momento sendo escoltado por
uma Comitiva Celestial que o conduziu ao céu, à presença do Deus Altíssimo, afinal
sabemos que os crentes em Cristo não morrem, apenas passam por este mundo,
marcam a história e são transportados para a Nova Jerusalém, o Andrezinho marcou a
sua história e foi transportado para a Nova Jerusalém, cidade Celestial.
É claro que com isso não pretendo de maneira alguma colocar uma auréola na cabeça de
meu filho, sei que tudo que ele era, é porque Deus o fez assim, portanto toda glória,
todo louvor, toda adoração, pertencem ao Criador e não a criatura, á Deus toda glória.
Não foi fácil contemplar o seu último momento entre nós, ao perceber que meu filho
estava verdadeiramente partindo para a Cidade Celestial tive um sentimento de alegria e
tristeza ao mesmo tempo, de alegria ao imaginar a glória que com certeza ele já estava
contemplando ficando definitivamente livre de todo sofrimento de um tratamento que
duraram três anos e três meses, durante todo esse período vivemos em meio muitas
lágrimas, ansiedade, insegurança, medo e expectativas, e que agora em questão de
segundos estava finalizado, isso me trazia tranquilidade, mas por outro lado já imaginava
como poderia eu viver sem o meu filho, meu grande campeão, meu amigo de todas as
horas e que sempre me dizia: “Pai, o senhor é o melhor pai do mundo, aconteça o que
acontecer o senhor será sempre o meu pai”. Então eu já imaginava a saudade que
sofreríamos posteriormente, mas como o nosso Deus é Fiel, me deu o privilégio de ouvir
suas últimas palavras para meu conforto enquanto o Senhor me conservar com vida,
palavras que deixaram a certeza para nós do local onde ele estava sendo recebido. “Deus
tô indo...” Glória a Deus! Deus seja louvado! Á Deus toda glória! Eternamente. Deus é
Fiel! O que quero lhe chamar a atenção é que nem sempre um testemunho se encerra da
forma que queremos, claro que o que almejávamos era a cura do Andrezinho, no
entanto Deus resolveu levá-lo e dar a ele o que é infinitamente melhor do que tudo que
poderíamos lhe proporcionar. Eu, na qualidade de pai, quis mostrar ao André as belezas
naturais do estado de Rondônia, rios, cachoeiras, matas e tudo que na minha concepção
é lindo, mas o Senhor do Céu e da terra, quis dar algo incomparavelmente melhor,
descortinou para ele a Cidade Santa, a nova Jerusalém Celestial, é preciso entender que
ser cristão não significa viver sem dores e tristezas, ser cristão é passar também por
momentos de lágrimas, mas na certeza da presença de Deus conosco, quando servimos
ao Senhor jamais vamos passar sem a doce presença dele em um momento de
tribulação, você nunca passa sozinho, porque Deus está contigo. No capítulo 11 do
evangelho de João, encontramos o relato da história de Lázaro, diz a Palavra de Deus que
aquela família era amada por Jesus, mas o fato de ser amada por Jesus não foi suficiente
para impedir que a enfermidade chegasse naquele lar, e era algo tão grave que acabou o
levando a morte, entendo que a morte também é cura, nem sempre Deus nos livra da
dor, mas passa conosco por ela nos dando sustentação, veja a promessa em Isaias 43: 2,
3b.
“Quando passares pelas águas, Eu serei contigo; quando, pelos rios, eles não te
submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás; nem a chama arderá em ti.
Porque Eu sou o Senhor, teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador.”
Como você pode ver o Senhor não promete que não passarás por momentos difíceis,
mas promete sua presença a todo o momento conosco, ser cristão não é ser cadastrado
em programa de isenção de problemas, e nem mesmo obter um passaporte para vida
fácil, Igreja não é colônia de férias, nem parque de diversões, vivemos num mundo físico
cheio de tribulação e nem sempre as coisas acontecerão segundo aquilo que você determina,
conforme pregam alguns desconhecedores do verdadeiro evangelho, que na tentativa de
manter suas igrejas cheias para garantir, quem sabe seus altos salários depositados no
“gasofilácio”, pregam o que lhes é conveniente, pregam muitas vezes mais uma “massagem
de ego” do que “uma MENSAGEM da cruz”, sem nenhum compromisso com o genuíno
evangelho, o Evangelho de JESUS CRISTO, na maioria das vezes estes irresponsáveis
pregadores estão sempre apresentando um “deus” nosso capacho para exigirmos e
determinarmos o que queremos, cabendo a ele realizar, é preciso também entender que
a preocupação de Deus, é nos conduzir ao céu e para isso precisamos ser trabalhados,
Deus está certamente muito mais preocupado com a nossa santidade do que nossa
comodidade, porque a santidade nos leva ao Céu, mas a comodidade pode nos levar ao
inferno, em meio a dores, angústias, tristezas, tribulações e a nossa fraqueza o poder de
Deus esta sendo aperfeiçoado, quero lhes garantir uma coisa: dores, angústias, tristezas,
tribulações, angústias e aflições é sem dúvida o caminho mais curto para se chegar à
presença de Deus, é por esta razão que na carta escrita aos hebreus no capítulo 11,
encontramos a galeria dos heróis da fé, alguns em nome da fé foram bem sucedidos tiveram a
vida cheia de conquistas, outros, no entanto, não tiveram a mesma sorte e pela mesma fé,
foram cerrados ao meio, mortos a fio de espada, injuriados, caluniados, presos, chicoteados,
espancados e mortos, homens dos quais o mundo não era digno pelos seus bons testemunhos,
morreram sem obter a concretização da promessa, creio que os irresponsáveis pregadores
desta nojenta, não sei o que (porque não posso dizer teologia) desconhecem estes
ensinamentos das sagradas escrituras, e fundamentam suas pregações em livros e mais
livros escritos por alguém, ou textos bíblicos totalmente isolados e desta forma então
fazem do texto um pretexto, sem olhar o seu contexto em busca de seus próprios
interesses, e sem nenhum respeito com o verdadeiro evangelho, fazem do púlpito um
balcão de negócios, da fé um produto e de você um consumidor, cuidado com esses
mercenários.
De uma coisa estou certo, lutas não podem nos afastar de Deus, ao contrário elas têm que nos
aproximar Dele, pois é Ele quem converte nosso desespero em esperança, Ele é a sabedoria no
meio da confusão, a coragem no meio da fraqueza, Ele é a fonte de água abundante, Jesus sacia
a nossa sede pela graça e o amor de Deus, quando tragédias batem em nossa porta, quando
estamos tropeçando na escuridão e desespero, Jesus nos estende a sua mão, somente
Nele existe renovação, transformação, novas possibilidades e grandes expectativas.
Enfim, Jesus é a luz que brilha no meio da escuridão, Ele é a nossa saída quando as
portas se fecham, o Andrezinho se foi e ninguém pode explicar essa paz que excede todo
entendimento inundar o nosso coração mesmo lidando com a ausência de alguém tão especial
e que nos proporcionou tantas alegrias.
Como pode alguém explicar a certeza que temos de que iremos nos encontrar um dia em um
lugar incomparavelmente melhor do que o mundo em que vivemos? Isso também é
testemunho, para muitos o testemunho se resume apenas nas ações curativas de Deus, mas
para mim, se Deus faz o milagre como desejamos, Ele é Deus, se não faz continua sendo Deus.
Muito embora Deus não tenha realizado na vida do Andrezinho o milagre que tanto
esperávamos para que ele pudesse permanecer conosco, mesmo assim entendemos que
ele fez algo de maneira muito especial nas nossas vidas, pois jamais imaginávamos que
conseguiríamos passar este momento de luto da forma que estamos passando, isto
também é poder de Deus, é só pela graça Dele que nos alcançou que proclamamos a sua
fidelidade. Acreditamos que a experiência que Deus nos proporcionou com nosso filho
foi um seminário que fizemos para conhecermos detalhes acerca do verdadeiro
evangelho e do seu grande amor para conosco.
Glória a Deus! A Ele toda glória “Estou plenamente certo de que Aquele que começou
boa obra em vós, há de completá-la até ao dia de cristo Jesus”. Fl. 1:6.
Capítulo 9 – Entendendo o propósito de Deus
Confesso que estou tomado de emoções neste dia, talvez nem devesse escrever hoje,
mas sinto que preciso terminar o mais rápido possível, esta é uma mensagem que tem
urgência de ser transmitida, é uma missão que preciso terminar, sei que tem muita gente
vivendo o que minha família viveu e precisa obter uma viva esperança, minhas emoções
hoje estão mais abaladas porque nessa noite (11 de Março de 2007) sonhei com o
grande campeão, o guerreiro firme e determinado, o grande Andrezinho, no sonho
estava lindo como sempre foi, e me dizia que era muito bonito o lugar onde ele estava,
neste sonho ele me contava que lá onde estava ele fazia tudo de bom e que ele nem se
cansava porque lá ele nem andava só ficava deslizando, euforicamente ele me dizia que
não era necessário nenhum esforço para se deslocar de um local para outro, ele era
transportado como se estivesse deslizando, dei nele um forte abraço e perguntei se ele
já tinha visto Jesus, ele respondeu que sim, e que Jesus era muito lindo, perguntei ainda
a quem mais ele havia visto, e quem mais estava lá e ele me disse: “Lá estão todos os
salvos em Cristo papai, tá todo mundo junto”. Que conforto que maravilha, que bom
poder dizer: ”Eu tenho um filho no Céu”. Claro, eu sei, ele não é mais o meu filho, é
apenas força de expressão agora é cidadão do Céu e integra a grande família dos
Remidos do Senhor.
Hoje entendemos perfeitamente que tudo que passamos contribuiu para nossa
edificação, foi em meio a estes momentos desafiadores que vivemos desde o tratamento
do Andrezinho que encontrei tempo ainda no hospital para fazer o curso de Capelão,
pois pude perceber de perto e por que não dizer na própria pele a necessidade de uma
assistência espiritual mais frequente aos internados e aos seus acompanhantes, com isso
então tive o privilégio de ser integrado em uma das primeiras turmas de capelânia pela
UCEBRÁS (União de Capelães Evangélicos do Brasil), tendo a minha formatura ocorrida
no ano de 2003, talvez não tivesse me atentado para este chamado se não tivesse vivido
tal situação, em meio a muitas lágrimas Deus nos conferiu experiências marcantes,
permitiu passarmos por momentos difíceis e vales tenebrosos visando tão somente nos
moldar, nos fortalecer, nos aperfeiçoar, nos fazer depender mais Dele e acima de tudo
nos fazer cidadãos do Céu, pode até não parecer pois quando vivemos situações
dramáticas não temos nenhuma facilidade de compreender isto, mas na verdade tudo
gira em torno do nosso próprio benefício, este mesmo Senhor que ás vezes permite
momentos de dor em nossa vida também nos fortalece, renova as nossas forças e nos dá
muitas razões para prosseguir tributando louvor, glória e honra ao teu nome.
Às vezes fico pensando como Deus fala com as crianças e muitas vezes não damos
a elas a devida atenção, lembro-me muito bem quando uma vez o Andrezinho chegou à
janela do apartamento onde morávamos, olhou para o Céu e disse a sua mãe: “Mamãe
olha lá, Jesus ta me chamando, Ele está nas nuvens de braços abertos para
mim”. Quando cheguei em casa minha esposa compartilhou isso comigo, levei um
grande susto e confesso que fiquei muito pensativo, na época ele tinha apenas 4 anos e
meio mais ou menos, isso foi em torno de 1 ano antes de ele adoecer, esta foi até uma
situação engraçada porque naqueles dias ele havia ganhado um velotrol, então ele
perguntou a sua mãe se Jesus levasse ele para o Céu se ele podia levar o velotrol, sua
mãe respondeu que não, explicou a ele que no Céu não precisava destas coisas, então
ele disse: “Ah, não mãe! Então não quero ir para o Céu agora não, quero brincar com
meu velotrol primeiro”. Coincidência ou não um ano após quando seu velotrol estava
quase destruído, ele já tinha usufruído de todas as maneiras de seu brinquedo, então ele
adoeceu não podendo mais utilizar seu tão querido brinquedo, até neste pequeno
detalhe entendo que Deus cuidou do meu filho. Também vi outro cuidado de Deus na
vida do meu filho quando sofri um acidente automobilístico, o André gostava muito de
doce de leite pastoso, uma vez em uma viagem com alguns amigos em uma determinada
parada todos nós compramos um delicioso doce de leite, mas a embalagem do que eu
havia comprado para o André era a única da cor diferente, eram eu e mais 4 amigos no
carro e no percurso sofremos um acidente, o veículo desceu em uma ribanceira perto da
cidade de Timóteo em Minas Gerais, o veículo deu perda total e ficou no ferro velho
daquela cidade, houve alguns ferimentos e quebra de costela e braço com os outros
irmãos, eu particularmente não tive nada, nem um arranhão, mas o que me chamou a
atenção é que quando o veículo desceu capotando ribanceira abaixo, o porta malas abriu
e perdemos toda bagagem os doces que compramos estouraram os potes e se
perderam, quando o carro parou de rolar ficou com os 4 pneus para cima, com
dificuldade consegui ver dentro do porta malas um único pote de doce, justamente o da
embalagem do André, totalmente intacta, não havia nada mais dentro do porta malas,
somente o doce do André, sei que para muitos isto pode parecer tolice e exagero, mas
para mim que vivi a situação, não é tolice é cuidado de Deus com meu filho nas mínimas
coisas.
Meu filho Andrezinho tinha facilidades impressionantes de entender e transmitir as coisas
de Deus houve um dia que ele me disse referindo-se ao seu primo Israel que tinha a
mesma idade que ele: “Pai o senhor acredita que o Israel falou que tem medo de
morrer? Será pai que ele não sabe que a única maneira para encontrar com Jesus é
morrendo neste mundo? Se o que eu mais quero é me encontrar com Jesus, pra que vou
ter medo de morrer? Por isso eu não tenho medo de morrer pai!”. Todas essas coisas
me dão muita força para continuar, a cada dia fico convencido de que meu filho não era
mesmo deste mundo, assim como eu, minha família e todos quantos servem ao Senhor
também não são, estamos aqui somente de passagem, estagiando para estabelecermos
morada na Jerusalém Celestial, glória a Deus que Ele nos colocou para fazer este estágio
e como todo estagiário passa por provas, também não estamos livres delas. Deus seja
louvado! A Ele toda glória. Existem situações na nossa vida que nós, por mais que
tentemos, jamais conseguiremos mudar, por exemplo, uma parte do corpo que fora
dizimada por uma doença incurável, a dor da saudade do filho que se foi (que é o meu
caso) e muitas outras situações, para esses casos devemos orar pedindo a Deus forças
para suportar aquilo que não temos condições de mudar.
É perfeitamente possível e humano questionar Deus em momentos assim, é até
mesmo fácil pensar o que não se deve acerca de Deus quando você vê seu filho dando
seu último suspiro e partindo para eternidade, mesmo sabendo que aquela criança
sempre acreditou e pediu a sua cura, neste momento, mais do que nunca, você precisa
entender que Deus não é o seu adversário e sim seu grande e poderoso aliado, a
enfermidade, a dor, as mágoas e tristezas não são atos de Deus, muito embora ele tenha
o controle sobre todas essas coisas e talvez agora você possa estar se perguntando, mas
se Ele tem o controle e continua permitindo, por que devo continuar acreditando Nele?
A resposta é simples, porque querendo ou não acreditar, é somente Dele que vem a
força para superarmos as provações deste mundo, Deus é a fonte de todo poder, é Ele
quem nos condiciona a suportar, é Ele quem nos dá capacidade de superar e também é
Ele quem nos possibilita continuar, neste momento algumas perguntas que fazemos não
levam a nada “Por que eu?”, ”Pra que isso?” “Como pode?”. Na verdade a grande e sábia
pergunta é: “O que fazer agora?”, e a grande resposta seria: “Confiar plenamente no
Senhor e na força do seu poder”. Ainda que você pense não ser esse o melhor caminho,
eu lhe digo que não há outro, já há algum tempo aprendi duas coisas fundamentais para
passarmos melhor por um momento difícil, primeiro, temos que ter fé para
contemplarmos o milagre que almejamos, segundo, temos que ter confiança para
passarmos por uma tragédia, caso o milagre não ocorra, em qualquer das circunstâncias,
seja qual for a sua escolha, fé e confiança vêm de Deus, é somente Nele que devemos
esperar.
Sei que não é fácil agir desta maneira, mas garanto que é compensador, é
exatamente em momentos difíceis que temos a oportunidade de demonstrar a nossa
confiança em Deus, o nosso testemunho tem que ser dado aqui enquanto vivemos, as
pessoas precisam enxergar Deus em nossa vida aqui neste mundo, no céu não precisa de
testemunho de fé, porque quando lá estivermos tudo já passou. São em momentos
dolorosos que testemunhamos a fidelidade de Deus em nossas vidas, são nestes
momentos que Ele nos dá a sustentação necessária para superar, em circunstâncias
delicadas nos transformamos com a graça de Deus em verdadeiros cooperadores do
evangelho quando nos deixamos ser transformados é desta forma que não pregamos
apenas com as páginas da bíblia, mas com nossa própria vida, esteja certo de que Deus
não está alheio a nossa dor e muito menos a nossa dedicação a Ele, tudo está sendo
minuciosamente anotado e não esqueça de que Deus não deve nada pra ninguém, o seu
pagamento virá no tempo Dele, esteja certo disto, pode acreditar com toda certeza
porque Ele é fiel, sei que é normal ser despertado em nós uma série de emoções desde o
sentimento de culpa pelo que fizemos ou deixamos de fazer, até mesmo a uma revolta
contra Deus quando uma crise se abate repentinamente sobre nós ou sobre quem
amamos mesmo com tudo isso não podemos perder o equilíbrio e é fundamental que
estejamos sensíveis a voz de Deus nestes momentos, não é fácil lembrar-se do meu filho,
do seu carinho, do seu humor, de suas palavras dizendo que eu era o melhor pai do
mundo e em seguida vinha um afetuoso beijo e abraço, não é fácil lembrar de quando
ele me dizia que queria ser igualzinho a mim quando crescesse, só não queria ter o
mesmo rosto que eu (não sei o que ele tinha contra o meu rosto).Também não é fácil
lembrar quando ele dizia que queria ser do corpo de bombeiros e eu dizia amém meu
filho, você vai ser um alto oficial lá e imediatamente ele me retrucava dizendo: “Sai fora
pai, não quero ser quem fica mandando não. Quero ser soldado que entra na água e no
fogo para salvar vidas”. Tudo isso parece me consumir aos poucos, ele não teve a
oportunidade de ser do corpo de bombeiros como queria, seu grande sonho foi
interrompido com apenas 8 aninhos, por uma terrível e cruel enfermidade, mas
certamente que seu testemunho há de salvar muitas vidas como ele queria.
Todos os familiares estão sofrendo muito, de forma específica eu, Débora, Suellen e
Fillipe, nós convivíamos 24 horas com o grande Campeão André, mas é o momento para
todos nós de falarmos, não com palavras e sim com nossas vidas que sabemos em
“Quem temos crido”, e Deus sabe que temos procurado fazer isso, mesmo diante de
grandes limitações na qualidade de humanos que somos e com certeza, imperfeitos, mas
temos buscado do Senhor o alívio de nossa temporária dor da saudade.
Eu não conheço as dificuldades da sua vida, talvez você também esteja passando por
momentos difíceis, mas posso lhe assegurar que Deus tem todo controle desta situação,
tudo está na palma de suas mãos, por maior que seja o seu problema, é como nada aos
olhos do Senhor. Esteja certo de que essa situação vai passar e depois você vai olhar para
traz e ver como Deus foi fiel com você, sustentando-o de maneira sobrenatural e desta
maneira você vai ver que estava enganado quando dizia que não ia conseguir superar,
diante de algumas situações que lhe traziam sofrimento o André sempre
dizia: “Preocupa não gente, isso pra Deus não é nada, eu não tô nem vermelho pra
esses exames”.
É esse tipo de fé que Deus requer de cada um de nós, independentemente da situação
devemos contemplar além do visível, fé não é um sentimento, ela não pode ser
exercitada mediante as circunstâncias que estão ao nosso redor, não depende em
momento algum do tipo de situação que estamos vivendo (se é boa ou ruim). Fé não
pode estar baseada naquilo que apenas vemos, mas, sobretudo naquilo que esperamos
ou aguardamos por parte do Senhor. Fé é convicção. É a capacidade de crer e confiar
seguramente na certeza de que para Deus nada, absolutamente nada, é impossível. Fé
também não é ignorar a realidade da situação e fechar os olhos como se nada estivesse
acontecendo, mas é crer que por pior que seja a situação, Deus pode mudá-la. Acredite.
Ainda dentro deste capítulo não poso deixar de compartilhar também o testemunho de
uma funcionária que também vou preservar o seu nome, mas que após a morte do
André compartilhou comigo em um dia que voltei ao hospital para fazer visitas, ela me
disse que quando nos conheceu ali, havia 19 anos que ela estava afastada dos caminhos
do Senhor e que desde que começou relacionar com o Andrezinho voltou pra Jesus, e
afirmou que o Andrezinho é que mostrou pra ela que valia a pena servir a Jesus e lhe
apontou de volta o caminho da cruz de Cristo. Também um senhor que havia conversado
com ele em um dia e no outro dia a esposa dele faleceu, ele me chamou e disse que se
não fosse a conversa sobre Deus que tivemos no dia anterior ele teria pulado do 9º
andar após a morte da esposa, mas a conversa que tivemos no dia anterior havia lhe
dado uma nova visão acerca de Deus e seus propósitos.
Estas e outras situações nos fazem entender que valeu a pena.
Capítulo 10 - Conclusão
Hoje entendo perfeitamente que durante três anos andamos por fé, embora
todas as determinações médicas tenham sido rigorosamente obedecidas a nossa fé
sempre esteve em Deus, acima de qualquer coisa, exercitar a fé não é negar a existência
de um quadro real, isso é tolice, exercitar a fé é saber que quando não podemos fazer
nada, devemos esperar em Deus, pois somente com Ele podemos contar, foi isso que
fizemos durante 3 anos, contamos sempre com Deus, e mesmo diante de situações
terríveis depositamos toda nossa confiança Nele, é para isso que chamo a sua atenção,
depositar total confiança em Deus, a fé genuína é aquela que liga uma pessoa àquela na
qual se deposita toda confiança, é muito mais do que acreditar no que Ele faz, é ligar a
sua vida intimamente a Deus, é a condição de crer e confiar, pois muitos creem mas
poucos depositam total confiança no Senhor. Qual a diferença? “Havia um famoso
equilibrista que iria apresentar um número de suas façanhas passando em um cabo de
aço com uma moto de um lado para outro para o terraço de dois grandes edifícios, entre
a plateia que aguardava ansiosamente a exibição estava um senhor que apostava tudo
que o grande equilibrista ia conseguir, pois já havia presenciado muitas outras
apresentações bem mais difíceis realizadas pelo artista em destaque, mas quando o
repórter perguntou a ele se teria coragem de ir à garupa da moto, imediatamente disse:
Não, de maneira alguma.” Percebeu a diferença? Fé é a condição de crer e confiar, quem
confia está disposto a obedecer, entendendo acima de tudo os propósitos da soberania
de Deus, e ainda que não os entenda, aceita o que Ele faz, com a convicção de que Ele
tem sempre o melhor para os seus, é desta maneira que procuro entender a razão do
recolhimento do Andrezinho, sabendo de que o melhor foi feito na vida de meu filho na
realidade durante três anos ele foi mantido com vida, mas viveu mesmo foi nos seus
últimos dias em Rondônia, ser mantido com vida é uma coisa, viver é outra. Meu filho
viveu verdadeiramente 15 dias fazendo tudo que tinha vontade posso afirmar que
durante os três anos que ele esteve em tratamento foram vividos apenas 15 dias lá em
Rondônia, mas estou consciente de que o importante não é a quantidade de anos que se
vive, e sim a maneira como são vividos, na verdade meu filho não teve quantidade de
anos de vida, mas teve qualidade nos seus últimos dias. Louvo a Deus que nos
proporcionou a felicidade de realizar um grande sonho de meu campeão, fazer a viagem
que ele mais queria isso pra mim será eternamente um grande motivo de agradecer a
Deus, agradeço a Deus pelas vidas que tem mantido contato conosco através de parte do
seu testemunho que já foi lido na internet, pois temos compartilhado esta experiência
de muitas maneiras para que vidas sejam edificadas, inclusive este livro está
disponibilizado na internet, objetivando tão somente conduzir pessoas á Cristo Senhor e
Rei de nossa vida, quero convidar você a nos auxiliar nesta nobre missão, e se de alguma
maneira este livro chegou até você compartilhe e seja conosco um anunciador da
mensagem que salva, cura e liberta. Temos recebido muitos testemunhos em forma de
depoimentos de pessoas que leram a história e tiveram suas vidas mudadas por Jesus
através deste testemunho disponibilizado na internet, continuamente chegam até nós
depoimentos que, sinceramente, tem nos ajudado a entender o propósito de Deus em todos
esses acontecimentos.
Quero encerrar este testemunho deixando as palavras do apóstolo Pedro registrado
em sua 1ª carta, para que você entenda que tudo que você tem passado não é porque você é
um pecador miserável, e Deus esta lhe castigando, conforme alguns dizem, não é esse Deus
carrasco que eu sirvo, o Deus que lhe apresento através deste testemunho, é um Deus que te
ama incondicionalmente, e se Ele tem permitido a você viver uma situação difícil é porque Ele
quer através desta experiência moldar a sua vida objetivando tão somente a salvação de sua
alma para que você tenha vida eternamente e não apenas uma cura temporária.
Deus tem vida eterna pra você isto é mais valioso do que qualquer outra coisa, Deus
quer te dar segurança, proteção, nova vida em Cristo, isto é SALVAÇÃO TOTAL, Deus não
quer apenas resolver seus problemas materiais e deixar que você continue caminhando
muitas vezes sem direção, veja o que diz o texto ao qual fiz menção anteriormente: ''Bendito
o Deus e Pai do nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou
para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma
herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para vós outros, que sois
guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no
último tempo.
Nisto exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por
várias provações, para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que
o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de
Jesus Cristo; a quem, não havendo visto amais; no qual não vendo agora, mas crendo, exultais
com alegria indizível e cheia de glória, obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa alma. '' 1ª
Pedro 1:3 a 9.
Como você pode perceber esta é uma palavra instrutiva e exortativa e que tem
endereço certo, ou seja, é destinada a quem ama ao Senhor Jesus, crê no Senhor Jesus, tem
alegria em servir a Jesus e entregou sua vida totalmente a Ele, demonstrando assim que mesmo
tendo uma viva esperança, uma herança incorruptível, uma garantia eterna de salvação,
devemos nos exultar, ou seja, nos alegrar nestas coisas, contudo, porém, apesar de tudo isso,
ainda podemos ter várias provações objetivando confirmar o valor da nossa fé para que venha
redundar em louvor, glória e honra para Deus, quem sabe você esteja pensando se estas
promessas são destinadas àqueles que já entregaram suas vidas a Jesus esse não é o
meu caso, porque ainda não me decide por isso, então pergunto eu, o que lhe impede de
fazer isso agora? Da maneira que você está, e onde você está Deus está pronto para
realizar uma grande mudança na sua vida, só depende de você, quem sabe esse é o
momento de você tomar a decisão mais acertada em sua vida, dentre tantas outras
decisões que já foram tomadas talvez não tão acertadas assim e que acabaram não lhe
levando a lugar nenhum, creio ser esse o momento que Deus preparou para você não
jogue fora esta grande oportunidade.
Conforme já disse este livro foi escrito especialmente para você, com um objetivo muito
especial para sua vida. Sabe que objetivo especial é esse que eu me refiro? “Conduzi-lo
ao caminho de uma Viva Esperança”. Se você sente que o Espírito Santo de Deus esta
falando ao seu coração e você precisa lhe dar uma resposta daquilo que Ele tem falado,
eu quero que você ore comigo a oração abaixo, e esteja certo de que se você a fizer com
inteireza de coração, desejoso de viver uma vida verdadeiramente nova, o Senhor Deus o
acolherá, mudará o seu coração e te receberá no céu, para que você viva eternamente,
quando esta vida aqui findar, e quanto a mim, serei profundamente grato ao Deus da
minha vida, em ter feito uso das lágrimas, dores, sofrimento e morte do Andrezinho para
proporcionar a você um verdadeiro encontro com Jesus, que Deus te abençoe hoje e
sempre, ore comigo assim:
“Senhor Jesus, entendo que o Senhor quer me salvar, e mais do que nunca, mais
do que tudo, eu preciso do teu perdão e preciso da tua salvação, compreendo a minha
dependência de ti, portanto, entrego a minha vida ao Senhor, confessando que estou
arrependido de todos os meus pecados, transforme o meu coração e escreve o meu nome
no livro da vida, eu renuncio todo o meu passado e tudo que fiz em sã consciência, ou
mesmo inconsciente e que não se afina com o teu caráter Santo eu peço que, através da
tua misericórdia, seja anulado da minha vida. Portanto eu te recebo no meu coração e
confesso ser somente o Senhor o Salvador e Senhor da minha vida, é em teu nome que
oro. Amém!”.
Se você fez esta oração, com sinceridade de coração quero lhe cumprimentar com a Paz do
Senhor, considere-se um herdeiro do céu, pois foi o próprio Senhor Jesus a quem você orou
agora que disse, e você pode conferir nas Escrituras Sagradas:
“Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o
lançarei fora.” João 6:37.
Quero desafiar você a procurar uma Igreja Evangélica mais próxima de sua casa, procure o
Pastor, e diga a ele de sua decisão por Cristo Jesus, ele vai lhe orientar nesta sua nova
caminhada, Deus lhe deu de presente para Jesus hoje, e Jesus lhe deu o mais valioso
presente que um ser humano pode ter a salvação eterna, esse é o nosso bem maior.
Deus te abençoe!
Receba um grande abraço e até no Céu com Jesus.
Quero agradecer pelo seu tempo dedicado, e seu carinho com a leitura deste livro,
que O DEUS ETERNO tenha falado ao seu coração. Deus te abençoe, graça e paz!
João Braz (O Autor)
Nestas últimas páginas conforme já informado na seção “Por que escrevi este
livro”, você vai encontrar vários depoimentos de pessoas que conviveram com o
Andrezinho, e participaram de todo processo de tratamento, e outros foram escritos
após o seu falecimento, quero convidar você a ler todos eles, e veja como meu filho era
capaz de transmitir uma mensagem de esperança a todos quantos estivessem ao seu
redor.
POEMA PARA O ANDREZINHO – WILSON
Assim me disponho:
a aprender a compaixão, a ajudar os caídos a se levantarem,
a ser um amigo diante da inimizade, a preencher com amor vidas vazias.
As agressões que pratico hoje talvez nunca mais possam ser corrigidas,
e os amigos que deixo de ganhar talvez eu nunca mais ganhe.
Poderei não receber outra chance
de ajoelhar e agradecer este momento presente.
Por isso me curvo diante de Deus e a Ele agradeço de todo o coração
o dia de hoje, e a vida do AnDrÉzInHo!!! Amigo de Urupá-RO
Talvez amanhã eu não mais esteja aqui, nada me garante que estarei e tudo o que houve ontem
agora está no passado.
Não posso prever o futuro
Não posso mudar o que passou Só tenho o momento presente.
Devo usá-lo como se fosse o último, vivê-lo com Sabedoria porque logo ele passará e estará perdido para
sempre lá num canto do passado.
Depoimentos: Paz do Senhor, João Braz.
Tudo bem?
É com prazer que lhe escrevo este breve depoimento:
Por ser um livro com um testemunho inédito e de uma relevância imensa, quero ser
sucinto e objetivo em minhas palavras.
Quando conheci você e sua família não poderia imaginar o que iria passar juntamente
com a Débora e seus filhos. Mas todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam
Deus e que são chamados para Seu propósito definido.
O André, acima de qualquer dúvida, foi um exemplo, foi uma certeza de que Deus
existe e é galardoador daqueles que o buscam.
O tempo que ele (André) viveu entre nós nos mostrou que não é a dor ou as aflições
deste mundo que tiram o sorriso e a felicidade do nosso rosto, pois nos momentos mais terríveis
de sua enfermidade o sorriso e a confiança em Deus nunca deixaram de estar estampados no
seu rosto lindo.
Sei que o que leitor encontrará nas páginas deste livro lhe dará condições de
entender o porquê da vinda e da partida rápida do André a este mundo, e compreenderá
que os caminhos e os pensamentos de Deus não são os nossos caminhos e pensamentos.
Isaías: 55, 8-13
Com muito amor
Pr. Nonato e família
Meu Lindo
Pra eu falar sobre o André “O Meu Lindo” como eu o chamava, dói muito, mas vou
tentar. Ele foi um presente especial de Deus pra nossa família, foi o primeiro, de três
netos que nasceram na mesma época. Eu percebi que Deus tinha algo que não sabíamos
o que, e disse que um dia iríamos entender.
Hoje eu penso e sinto o amor e a misericórdia do nosso Deus. Como é grande o seu
cuidado por nós! Ele levou o Andrezinho, mas temos o Israel e o Cáio que são da mesma
idade e tem sido um consolo pra nossa família. Não substitui o André, mas tem nos dado
mais razão para estarmos de pé.
Sua enfermidade trouxe pra mim momentos de muita dor, angústia, tristezas,
lágrimas, muito sofrimento mesmo, mas também possibilitou momentos em que
experimentei a poderosa graça do nosso Deus como nunca havia experimentado.
Aprendi muito com ele tamanha a sua fé, confiança e dependência de Deus.
Nunca disse nada que desagradasse ao nosso Deus, pelo contrário, nos dava conforto e
esperança.
Uma criança alegre, determinada de personalidade marcante, contagiava a todos que o
conheciam. Lindo aos nossos olhos e tenho plena certeza que mais lindo aos olhos do Pai
Celestial, pois foi usado por Ele para nos ensinar muitas coisas, minha vida e a vida de
minha família nunca mais será a mesma depois do André.
Ao nosso Amado e Eterno Deus, todo louvor, toda honra e toda glória.
Ele já enxugou dos olhinhos do André toda a lágrima, não sofrerá mais as tribulações,
angústias, tristezas e dores deste mundo.
Um dia eu o encontrarei na Pátria Celestial que me é garantida por Jesus Cristo o meu
Salvador e Senhor que deu a sua vida na cruz do calvário por mim.
Eu sei que muitas pessoas irão ler estas palavras, sei que muitas conheceram o André e o
Jesus do André, e irá encontrar-se com ele.
Mas infelizmente têm aqueles que não o conheceram o e nem conhecem a Jesus.
Se você esta enquadrado no grupo dos que não conhecem a Jesus, pense nisto.
Creia e aceite o sacrifício de Cristo como único meio de garantia de uma eternidade onde
o Andrezinho esta.
Vale à pena, Deus enxugará de seus olhos toda lágrima.
Que sua vida seja abençoada e mudada com este testemunho em nome de Jesus para a
glória do nosso Deus.
Vó Edna
DEUS SABE O QUE FAZ
Apesar de Deus ter preferido o levar, ele sempre será o nosso,
“SUPER HERÓI”. Francis Mara (Urupá-Ro)
AMIGO PARA SEMPRE
Você é a motivação que torna mais forte a nossa fé em crer no Deus fiel! Para André,
nosso Herói! Amamos-te,
Ada e Sandra!
GRANDE VENCEDOR
Grande guerreiro, vencedor em todas as etapas.
Ensinou-nos a amar e acreditar, ter esperança porque vale á pena viver.
Somente um grande vencedor, como você, é considerado um autêntico, e valoroso
guerreiro.
Saudades sim, tristeza, jamais.
Pois o seu sorriso e garra nos dão ousadia para viver, e acreditar na grande fidelidade de
Deus, pois ele é fiel.
Hoje você está nos braços do pai, e sempre presente em nossos corações.
Ada e família.
AZULÃO
Meu Azulão, meu herói, campeão do pai, guerreiro, vencedor.
Com apenas, oito anos deixou um legado para um grande número de pessoas;
Um legado de fé e coragem,
Um legado de luta e persistência.
Venceu a leucemia, venceu a morte e herdou a vida eterna.
Herdou a vida plena com Jesus, que foi seu amigo, seu herói e seu socorro em todos os
momentos.
Recebeu a vida plena, o paraíso, a vida eterna com Jesus.
Te amo, e te amarei sempre.
Titia Sueli.
INESQUECÍVEL
O André se foi e está com o Senhor Jesus, porém é impossível esquecer sua passagem
entre nós.
Suas brincadeiras e piadas (Catico, vem aqui Catico; o jeito com que seus avós
tratavam os cavalos; etc...) vão ficar marcados em nossa memória.
E a saudade, essa sim não teremos como fugir dela.
Fica a certeza de que Deus cuidou do nosso amigo de maneira perfeita e supriu
todas as suas necessidades.
Louvemos ao Senhor por isso.
RÓGER (Primo) GRATIDÃO DE UM PAI
Emociono-me profundamente em poder agradecer a todos vocês que integram a
comunidade de meu filho. Talvez algum pai que já passou pela dor da perda possa me
compreender melhor nesse momento.
O meu peito arrebenta de dor, uma dor que não tem nome, mas que massacra de forma
que não se explica.
O Andrezinho partiu para os braços de Jesus no dia 1º de outubro de 2006, mas estará
eternamente em nossos corações.
A certeza de que um dia nos encontraremos renova as nossas forças e nos incentiva a
caminhar em direção a Jesus.
Na convicção de que Deus é fiel e o céu é real aguardamos o nosso reencontro e de acordo
com as palavras do próprio Andrezinho que sempre dizia:
“o Céu tem uma porta e a morte é a chave para abrí-la”.
Ele então já obteve esta chave e já adentrou à Jerusalém Celestial.
Por esta razão á Deus toda Glória. Que Deus abençoe a todos.
E somente ao Bom, Eterno e Poderoso Deus de nossas vidas seja dada sempre todo
louvor, glória e exaltação pelos séculos dos séculos eternamente. AMÉM!
(Postagem feita pelo pai em uma de suas comunidades após seu falecimento).
Graça e Paz! Vale à pena recordar...
Eu posso com certeza dizer que tenho orgulho, sem exagero, pretensão, e claro, sem
desmerecer a amizade dos outros, que eu fui o tio preferido do Andrezinho!
Pena que o tempo passa tão rápido!... Rápido para nós que estamos bem e não sabemos
valorizar o mesmo...
O Andrezinho, com certeza, foi um exemplo de vida, força, confiança e gratidão a Deus.
Aprendi muito com ele.
Aprendi novamente a orar, mesmo em meio aos problemas...
“Deus, obrigado, porque o Senhor não ta me deixando sofrer...”
“Posso perder os olhos, os ouvidos, não me deixe perder a voz, pois a melhor hora é
quando estou falando com o Senhor...” (Frases usadas em suas orações!)
Fez-me enxergar além do que os olhos podem ver.
O importante é o que Deus está vendo em mim, não o que tento ver em Deus. Deus É!
Posso ouvir a voz, sentir o peso, a força e o carinho do abraço, que deixa no peito uma
marca que jamais vai se apagar!
“Bença ti! Ô ti, vão jogá uma partida de futebol? Mas tem que ser de 15 minutos cada tempo!
Nó ti cê é ruim dimais! Núúú que golasso!!! Ô ti narra aí!... (jogando play station). Não posso
deixar de registrar um momento marcante e incomum entre nós...
No sábado, dia 30 de setembro de 2006, entrei para o quarto, comecei a cantar e de
repente comecei a compor uma música que diz: “Dá vontade de cantar, Dá vontade de expressar, Minha gratidão a ti Senhor, Mesmo em meio à aflição Angústia e tentação, Posso crer no teu agir em mim Quero ser um instrumento em tuas mãos! Faça em mim o teu querer! Usa-me em qualquer situação! Esta é a minha oração.
Minha mãe havia saído, foi telefonar para Rondônia, para saber, notícias do Andrezinho.
Quando ela voltou eu a chamei e mostrei essa música. Enquanto eu cantava, ela chorava.
Perguntei a ela o motivo do seu choro, e ela disse:
“O Andrezinho disse as mesmas palavras!
Ele pediu um culto só cantado ao seu pai...”.
Podemos testificar a presença de Deus em nós! Obrigado Senhor, pela vida do
Andrezinho!
Josimar Bianchi, “Ô ti”
OBS: O Andrezinho faleceu um dia após a composição desta música pelo seu tio.
Meu sobrinho lindo
Não me esqueço de quando o Andrezinho ganhou o seu primeiro celular: ‘‘Aposto que a
tia Zi’’ (como ele me chamava)
Vai colocar na agenda dela ‘‘Meu sobrinho lindo”.
Só que alguém me avisou antes e eu realmente coloquei.
Quando cheguei á sua casa não me esqueço da cena.
Ele, sentadinho no sofá com as pernas dobradas e mexendo no celular.
Mostrei pra ele o que tinha colocado no meu celular e ele super sério e convencido disse:
''Eu já sabia!''.
Realmente ele era meu sobrinho lindo, sinto falta das vontades que eu fazia pra agradá-
lo, era como se eu tivesse dois filhos, pois tudo que eu comprava para o Israel, também
comprava pra ele e ele já esperava isso! E o mais interessante é que o Israel não tinha
ciúmes, por quê? Porque a graça e a misericórdia do nosso Deus já fazem tudo certinho,
deu ao Israel uma personalidade passiva para compreender todos os acontecimentos.
Enfim é muito fácil e ao mesmo tempo difícil falar sobre ele, pois ele foi único e o será
eternamente.
Nunca presenciei uma criança com tanta fé, temor e amor ao nosso Senhor Jesus. Foi
uma experiência dolorosa, mas muito edificante em minha vida e de minha família. Sinto
saudade, muita dor! Mas o Senhor nos tem sustentado. Com a certeza que vou encontrá-
lo novamente sigo minha vida na presença do Senhor e na espera desse grande
dia.
Tia Josilane
Ele realmente foi um presente de Deus pra nós.
Com apenas oito aninhos foi exemplo de fé e coragem.
A vida do André nos provou que Deus é fiel sempre.
Saudades, amo muito você.
Prima Sara (BH-MG)
ELE MARCOU A MINHA VIDA
O André foi e é uma pessoa especial para mim, porque ele me ensinou a dar valor à
vida...
Mesmo com tantas dificuldades, ele sempre estava sorrindo e em cada gesto do seu
rosto resplandecia o Espírito Santo de Deus...
Obrigado priminho, por ser tão especial para mim...
Prima Ozeane (Cacoal-RO)
QUE EXEMPLO!
Uma criança que não precisou de oitenta anos pra fazer sua história, mas apenas de oito!
Eu aprendi que é possível sonhar mesmo diante dos problemas... Que é possível cantar,
brincar e se alegrar em meio à dor! É possível viver!...Que exemplo!
Tio Dalton
HERÓI...
Bom, com apenas pouco tempo de convívio aprendi muitas coisas com o André,
que realmente é um campeão um vencedor. Com sua grande fé mostrava seu valor...
Desde a primeira vez que o vi o amei. Uma linda criança que me fez sorrir, admirar, e
aprender que viver é agora e que o nosso amanhã realmente pertence a Deus... Saudades
de você Andrezinho!!! Herói.
Anônimo
ANDRÉ
Uma vida extraordinária que conquistou o coração de todos que o conheceram.
Uma criança que com pouco tempo aqui na terra nos mostrou que louvar a Deus mesmo em
meio às tribulações é possível.
Tudo que Deus coloca em nossa vida tem um propósito. Aprendi muito com seu grande exemplo
de vida, que também marcou e mudou a vida de muitas pessoas.
André te amo!
Você se foi, mas sua presença é viva e sempre vai estar marcada em nossos corações.
Lucas Bianchi (Primo BH - MG)
ANDREZINHO,
Será que algum dia haverá palavras para descrevê-lo?
Fico muito emocionada todas as vezes que vejo as suas fotos ou quando estamos
conversando sobre ele, um verdadeiro guerreiro que mediante a tanta dor e sofrimento
não se deixou abater, permaneceu fielmente na presença do Senhor e transformava
momentos de angústia em alegria.
Transformou a nossa maneira de ver e enfrentar as tribulações diárias.
André, você deixou muita saudade e marcou a vida daqueles que nem se quer chegaram
a te conhecer.
Naiara Torres Bianchi
(Filha nora, esposa do Fillipe, irmão doador da medula)
MEU NETINHO VALENTE
Eu não sei o que falar do meu netinho, ele tinha tantas qualidades que é
impossível falar de uma a uma e além de tudo a dor é muito grande e não dá tempo pra
gente pensar, mas posso resumir o que ele sempre foi dizendo que ele nos consolava
quando precisávamos ser consolados.
Sempre bem humorado, mesmo com o corpinho marcado com tantas agulhadas.
Saudades eternas deste menino guerreiro.
Sabemos que ele esta com Jesus, e isto alivia um pouco mais a nossa dor.
Vó Jacira
AGRADECIMENTO
Oi! Sou irmã do Andrezinho e gostaria de agradecer de coração a todos vocês que
oraram e torceram por ele.
O meu desejo é que todos tivessem o privilegio de conhecê-lo, afinal o Andrezinho
foi e sempre será uma criança mais que especial! Mas aprouve ao Senhor levá-lo,
portanto, glorificado seja o nome Dele.
Bom pessoal é isso aí... Valeu mesmo!
Deus abençoe todos vocês
Suellen
AMOR VERDADEIRO
“O amor verdadeiro nem mesmo a morte pode destruir.”
Será isso apenas uma frase??? Não!!!
Pra mim é a mais pura verdade!!!
E está aí uma prova disso...
Ele não se encontra mais em nosso meio, mas será ETERNO em nossos corações.
Fillipe Bianchi
(Irmão, doador da medula)
O CÉU EM FESTA:
O Céu esta em festa, os Anjos cantam glórias ao Senhor Deus pela chegada de mais um autêntico e valoroso guerreiro, ANDRÉ BIANCHI, servo fiel até seus últimos momentos de vida. Que o Eterno Deus conforte vocês, grande abraço. Mateus (Filho genro) (Mensagem recebida pelo seu pai no celular, 30
minutos após sua morte)
FALTAM PALAVRAS PARA FALAR DO MEU FILHO
Sinceramente me fogem as palavras para falar do Andrezinho.
Ele foi um ser muito especial em nossas vidas.
Como ele nos ensinou! Era uma criança de personalidade tão forte, que às vezes até o
confundíamos com um adulto.
E ao mesmo tempo era doce, amável... sempre pronto a dar ou receber um carinho.
O que mais me impressionava nele era como ele absorvia o lado bom de toda e qualquer
situação.
Era muito temente ao Senhor, sensível ao Espírito Santo, e jamais saíram de sua boca palavras
de desonra ao nosso Deus.
Era um menino que irradiava a luz de Cristo. Seu último mês de vida foi algo terrível e
tremendo ao mesmo tempo.
Aquele rostinho lindo já havia sido totalmente desfigurado pela enfermidade. Suas forças físicas
já haviam se esvaído.
Mas mesmo assim ele sorria e cantava louvores ao nosso Deus. “Como o poder de Deus se
aperfeiçoa na fraqueza!” Eu como mãe, também pude contemplar isto em minha vida. Foram
dias em que vivi completamente no sobrenatural de Deus. É uma paz, que somente quem tem
Jesus, pode entender e experimentar.
“Sinto-me honrada por ter gerado e cuidado de alguém tão amado pelo Senhor.”
Tudo que Deus faz, tenho plena convicção de que é bom e perfeito. Por isso louvo ao
Senhor por tudo. Se passamos por momentos tenebrosos é porque certamente são
necessários para nossas vidas. Deus seja louvado!
Débora Bianchi
(Seu último aniversário conosco, 8 meses após ele faleceu)
ANDRÉ
O médico torna-se frio, endurecido frente ao sofrimento alheio; de tanto presenciá-lo,
não sente mais?
O médico se acostuma com a morte?
São perguntas frequentes.
Vez ou outra as ouvimos e sempre nos fazem parar para pensar...
A resposta é sempre a mesma: não.
Falamos por nós...
não nos acostumamos, nem nos conformamos.
O motivo não sabemos explicar exatamente, mas tem a ver com o fato de que
cada paciente é único, é especial.
Alguns nos dão à exata dimensão disso, porque entram pela porta do consultório
e, sem que nos demos conta, entram direto no nosso coração (de lá nunca mais saem) e
deixam a sua marca na nossa história, para sempre.
André chegou com olhos azuis desafiadores, instigantes... Disposto a tudo e
contrário a qualquer sentimento de pena ou desânimo, muitas vezes fez com que
desconfiássemos da sua idade: quem disse que a sabedoria chega com a idade?
Sim, pode haver maturidade na infância...
André subverteu as regras que pensamos dominar.
Com a sua alegria de criança, o humor ácido do mais crítico adulto e a serenidade
de um ancião, debochou da dor e do tempo, driblou as tristezas e ousou determinar o
curso da própria história.
Não aceitou derrotas, nem prêmios de consolação. Sempre com uma ironia, uma “tirada”
inesperada, arrancou sorrisos e até gargalhadas em momentos que só pediam lágrimas.
Revolucionou os nossos sentimentos, confundiu os nossos papéis (quem estava tomando
conta de quem?).
Modificou a nossa percepção da vida, deu o tom e tomou as rédeas do seu tratamento e
do seu destino.
Enquanto corajosamente buscava a cura, presenteou a todos nós, à sua volta,
com o seu amor, a sua alegria, a sua inteligência e a sua luz.
A mesma luz que continua nos inspirando hoje e que não nos deixa desanimar.
As médicas Raquel e Benigna
SHOW DE BOLA ESSE GAROTO!
Creio que a decisão do João foi acertada ao atender ao pedido dele de VIVER fora do hospital... E, meu
amiguinho sabe das coisas; se Deus vai curá-lo ele não precisa ficar no hospital.
Show de bola esse garoto!!!!!!!
Débora e João não se esqueçam: estou aqui... se precisarem, sabem como me encontrar...amo
vcs....fala pro André que estou mandando um beijo e que quando ele voltar nós dois vamos molhar o chato
do Dalton! Talvez também possamos colocar o Josimar no barco pirata e deixá-lo no rio Arrudas, que tal?
Ele é feio mesmo!!!!!!!!
Quero saber dos rios que ele tomou banho por aí... nossa... temos muito papo para colocar em dia...
Um abraço carinhoso para vocês. Lourdes Boldrini
(Depoimento dado por uma amiga, 35 dias antes de seu falecimento).
Conheço esse garoto!
É impressionante a energia, coragem e determinação que
ele tem passado para todas as pessoas que participam de
sua longa jornada.
André é um camarada gente boa... Muito meu
amigo! Bem humorado; um exemplo de vida! Gostaria
muito de estar ao lado dele nesse momento de sua vida.
Mas, estou distante fisicamente... Mesmo assim, meu
coração e meu pensamento estão nele.
Agradeço a Deus ter me permitido ser sua amiga
e continuo orando para que o melhor aconteça a ele! Só
não queria que ele sofresse mais... Seu corpinho já passou
por tanta coisa... E ele foi tão valente até agora.
A HISTÓRIA DO ANDRÉ
André tem oito anos, e faz tratamento contra leucemia há três. Após um ano e meio de
intensas e agressivas seções de quimioterapia, houve outra manifestação da
enfermidade.
Diante disso a equipe Médica do Hospital das Clínicas de BH conclui que seria necessário
um transplante de medula óssea para que ele tivesse uma chance de cura.
No dia 13 de Abril de 2005 foi feito o transplante que durou 6 horas e 10 minutos
tendo como doador seu irmão Fillipe Bianchi Machado, que passou também pelo
processo de retirada da medula óssea em um procedimento que durou 3 horas e 40
minutos.
Após o transplante houve uma terrível rejeição nível três e posteriormente subindo
para nível quatro. Segundo os médicos isso seria fatal, mas Deus o livrou da morte.
Seis meses após o transplante, um tumor se alojou na região frontal de sua cabeça
(testa), as chances de suportar mais quimioterapia eram mínimas, uma vez que sua
medula só tinha seis meses de vida.
Mas Deus o fez forte e em com poucas seções o tumor já tinha desaparecido. Mas após
nove meses, ainda em tratamento, outro tumor aparece na mesma região.
Hoje Andrezinho está vivendo a mesma situação anterior, mas com uma
diferença, ele não faz mais tratamento médico.
Não foi fácil tomar esta decisão, mas resolvemos ouvir o seu pedido que era viver sem
hospital, pois o mesmo Deus que cuidaria dele no hospital poderia cuidar dele em
qualquer lugar segundo sua própria concepção.
Ele crê confiantemente em sua cura, por isso o nosso pedido de oração é "que
Deus honre a fé do Andrezinho", mas, sobretudo que prevaleça a vontade soberana do
Eterno Deus. Porque sabemos que independente do que acontecer ele não deixará de ser
Deus e nós não deixaremos de confiar Nele.
A vida do André já é um milagre!
Por isso, a Deus todo louvor, glória e domínio pelos séculos dos séculos, amém!!!
João Braz
(Depoimento dado pelo seu Pai dois meses antes de seu falecimento) “Querido João, querida Débora; O André é do SENHOR JESUS, o André tem seu nome no livro da vida. Este menino é um Príncipe de DEUS, não temas, DEUS proverá". Pr. Julio Sellos 07/11/2005
7ª Igreja Presbiteriana (BH)
AMOR E FÉ = ANDRÉ
Conheci o André quando ele era um bebezinho, em um passeio que a família dele fez aqui
em Rondônia.
Depois, nunca mais o vi. No ano passado eles resolveram voltar aqui em Rondônia. Ai eu
pude ver o André novamente, ele continuava lindo. Um dia eu o convidei juntamente com
seus pais para almoçarem em minha casa, porque eu amo muito esta família. Neste
almoço eu queria fazer o prato que ele mais gostava.
Eu perguntei o que ele queria comer, mas ele disse: Qualquer coisa tia Maurina.
No tempo em que durou o almoço ele sorria muito e sempre contando umas
piadas, quanto mais ele falava mais agente se apaixonava por ele, porque era um
menino muito feliz.
E a cada dia que se passava eu ia me apegando a ele como se ele fosse meu filho,
também sempre me colocava no lugar dos pais dele e sofria junto. Um dia eu estava na
farmácia trabalhando quando chegou a notícia que ele estava perdendo a visão, eu
nunca vou esquecer a dor que senti, já não bastava o sofrimento pelo qual ele já vinha
passando e agora também ele não veria mais a luz do dia.
Que terrível foi pra mim chegar e ver ele sem enxergar.
Eu sempre ia vê-lo e o amor, o carinho crescia a cada dia.
O André para mim já não era só um menino que estava doente, era como um filho
muito amado, que precisava urgente de uma resposta de Deus.
Um dia em uma das minhas visitas ele falou: Tia Maurina Jesus é tão bom! Eu
perguntei por que ele achava isso? E ele disse: Porque eu estou passando por tudo isso, e
não estou sofrendo! Eu pensei, se ele não esta sofrendo quem sofre então? Mas foi uma
grande lição, porque me lembrei de Jesus, de tudo que ele passou sem reclamar.
Neste dia antes de sair ele falou para mim que sentia que Jesus estava vindo
buscá-lo. Disse que o senhor estava vindo depressa que ele estava correndo para os
braços Dele.
Com o meu coração em pedaços eu percebi que Deus tinha mostrado para ele que
ele ia morrer. Ele falava: - Ele está vindo tia Maurina, Ele está vindo. Fiquei muda porque
as palavras sumiram da minha mente. Sai chorando, sem dizer nada.
Um dia fui vê-lo e quando cheguei percebi que ia acontecer algo muito ruim. Eu
achei que eles não iriam resistir àquela situação. Já não dava para sentir o pulso do
Andrezinho, mas olhei rápido para barriguinha dele e constatei os últimos movimentos
vitais, porém de forma muito lenta. O pai dele chegou com uma coragem que nunca vou
esquecer e o virou de barriga para cima como que para constatar que ele havia partido.
Então o Pr. João fez algo que nunca vou esquecer. Pediu que todos se aquietassem e fez
uma oração linda, entregando ele para Deus e agradecendo pela vida dele e por tudo que
ele foi para eles. Nunca vou me esquecer desta coragem.
Eu sei que o André foi e será uma grande lição de vida para mim e para todos que
tiveram o privilegio de conhecê-lo.
Com ele aprendi a agradecer, mesmo que eu pense que tenho todos os motivos para me
revoltar.
Com ele aprendi que a morte não me assusta, ela é somente uma passagem que
terei que comprar para ver o Pai.
Eu nunca vou esquecer deste menino de oito anos de idade que conhecia e tinha
intimidade com Deus, como muitos crentes velhos não têm.
Eu continuo a aprender com o meu querido Andrezinho.
Lembro-me dele todos os dias e todos os dias penso em algo que ele viveu e Deus
fala comigo.
Hoje estou feliz com Deus porque sei que, como ele tinha um propósito na morte
de Jesus ele também teve um propósito em ter deixado o André vir aqui e viver e morrer
desta forma.
Dou graças a meu Deus, pois ele tem tudo sob seu total controle.
Toda honra e toda Gloria seja dada ao único digno de receber toda adoração e
louvor.
Maurina (Urupá-RO)
VERDADEIRO CAMPEÃO
Bem, o Andrezinho foi uma pessoa que marcou muito...
Sinto saudades de quando íamos todos os dias fazer massagem em seus pés.
Saudades daqueles dedinhos e unhas lindas que todos os dias eu pegava! Saudades do seu
sorriso que contagiava.
Tinha dias que ele não estava pra conversa, mas mesmo assim não deixava de conversar
comigo. Ele me contava como tinha sido a sua vida até ali e tudo o que já tinha passado. Fazia
brincadeiras e me fazia sorrir.
Falava tudo o que vinha na cabeça e não deixava pra falar depois. Teve uma vez que está-vamos
conversando e ele disse que tinha um joguinho muito difícil que nem ele tinha conseguido passar
de fase e que daria todo seu dinheiro pra mim se eu conseguisse! Ai eu disse olha lá em! Vai que
eu consigo... Ai ele falou pra mim:
“Cê tá achando que isso é igual brincar de Barbie é!” Nossa eu me acabei de rir... Lembro-me
também das pegadinhas... Enfim ele foi é e sempre vai ser especial!
Com apenas oito anos nos ensinou muito, nos mostrou o que é ser capaz. Ensinou-nos o
que é ser vencedor herói, campeão de verdade, Andrezinho um verdadeiro campeão...
Saudades... Mas sei que iremos nos reencontrar.
Dâmaris (Urupá-RO)
VEJO SUA FORÇA
Acompanhar a vida do André nos dá força... pois esse menino tem uma fibra que
muitos seres humanos não tem.
Olhar pra ele é ver como somos fracos... sua luta, sua fé... sua vitória, um
exemplo.
Não tenho palavras para falar sobre esse menino de Deus... Mas vejo que sua vida
ensina muito... Olhar para seu problema faz a gente ver os nossos como coisas
insignificantes...
Olha, você que faz parte dessa comunidade (André Deus honrou a minha fé – no
orkut), deve ver a vida com olhos de alegria e lutar para ser um vencedor como ele...
ponha sua vida em caminhos mais aplainados, pois ela vai passar e você pode perder tudo de
bom que poderia ter sido.. Olha André, você é nossa fonte de crescimento... valeu ter você perto
de nós...
Anônimo
ESTAR SALVO, O BEM MAIOR.
Agradeço a DEUS pelo privilégio de ter tido um filho tão especial. Aliás, Suellen e
Fillipe também são muito especiais, mas me refiro ao fato de através do Andrezinho eu
ter tido tanta experiência, contemplar de forma viva a manifestação poderosa do amor
de Deus.
Hoje sentimos muito sua falta. Com certeza ele será eternamente lembrado em
nosso meio. Contudo, acredito que Campeão não é somente aquele que sempre vence e
sim aquele que nunca desiste de lutar, meu filho foi esse Campeão que nunca desistiu, ele
está na benção, está salvo.
Para o servo de Deus, é isso que conta.
João Braz (Papai)
ANDRÉ
Faltam palavras para falar do André, para dizer dessa criança que ainda está
marcada em minha mente e vida.
Ao tentar dizer algo que possa descrevê-lo faltam palavras e sobram lágrimas,
pois muito mais que se possa dizer com meras explicações ou indagações, ele é tudo na
essência, na alegria, no afeto no amor, na garra.
Ele nos ensinou que a vida vai além de meras palavras e atos. Transpõe a fé, a
compreensão, o raciocínio, o amor, as dores, as lutas, a fugacidade de viver.
Com ele aprendemos que o sentido da vida tem outras conotações, outras esferas
e novos rumos.
Com ele aprendi que não basta lutar, tem de acreditar. Mesmo que o impossível
diga não, você luta. O vi lutar por fios de esperanças, consolar quando ele precisava de
consolo, ejetar fé quando o mesmo tinha de ter fé. Isso nem o tempo que vai apagar.
Mudanças não vão tirar esses marcos.
Nada pode mudar o que foi dito por ele, visto ou sentido por aqueles que o
cercaram.
Nossa, foi um aprendizado enorme ver a essência do amor ali. A garra e a força
em um ser tão pequeno, tão inocente, tão frágil e ao mesmo tempo tão grande tão forte,
tão seguro de suas convicções. Como disse, não existem palavras para expressar nem
para demonstrar o valor dessa criança.
O André trouxe uma visão diferente da vida cristã a mim. Deu-me um novo rumo
de servir a Deus. Esclareceu coisas que ainda não tinham sido conhecidas por mim.
Pude, através dele, ver uma presença sobrenatural do criador. Ali sim havia uma
presença que não tinha como se explicar. Havia uma unção que somente quem estava do
lado dele podia perceber. Foi uma coisa que até hoje falar me emociona e faz chorar.
Engasga-me e me deixa sem palavras.
Ver ali aquele ser carente de atenção e proteção e ao mesmo tempo ver que tinha
uma proteção sobrenatural que o envolvia de uma forma indescritível, a unção divina
estava ali em todo o momento.
Em cada segundo víamos que a dependência de Deus era algo tremendo.
Como foi bom viver aqueles momentos, que apesar de terríveis e angustiantes,
nos arrasava e ao mesmo tempo nos fortificava.
De André poderei ficar dias falando, mas sempre chegarei ao mesmo lugar, pois
ele era demais. Questionei muito com Deus sobre o porquê de levar alguém tão especial,
mas depois entendi que Deus gosta de coisas especiais também.
Papai do céu sempre sabe o porquê das suas escolhas e quando as faz isso nos
entristece, mas lembrar de André não nos traz coisas ruins e sim sempre coisas muito
boas.
Mais palavras ficariam sempre no mesmo lugar, pois nada mais posso eu dizer de
uma vida tão curta e tão linda. Ele foi uma criança cheia de vida. E sua vida foi
emocionante, vibrante, impulsionante, contagiante, e ao mesmo tempo tudo na essência
da vida é esse pequeno ser chamado André... Agora, somente o que posso dizer a mais é
“ai que saudades.”.
Pr.Natanael (Urupá-RO)
Quero agradecer pelo seu tempo dedicado, e seu carinho com a leitura deste livro, que O
DEUS ETERNO tenha falado ao seu coração. Deus te abençoe, graça e paz!
João Braz (O Autor)
Deus me fez forte e tem me mantido de pé, Ele tem me dado a certeza de que meu filho foi tão somente um instrumento em suas mãos para edificação de muitas vidas e conversão de muitas almas, isto justifica o sofrimento pelo qual passamos e nos permite dizer então que alcançamos êxito em extrair bênçãos das lágrimas, sofrimento e morte do André. Durante os longos três anos e três meses de tratamento contra a leucemia o Andrezinho nos ensinou o que é ser Servo de verdade. Meu desejo não é apenas que você leia esta história, mas medite nela, veja como este garotinho de apenas oito anos nos ensina com atitudes, palavras e com a sua própria vida, que para ser feliz não dependemos das circunstâncias. Ser feliz é uma questão de decisão. Meu filho decidiu que era feliz e enquanto viveu ninguém arrancou a felicidade dele. Decidiu também ser Servo fiel a Deus, obreiro aprovado e determinou em seu coração louvar e engrandecer a Deus independente de receber a sua tão esperada cura. Quanto a nós, às vezes ainda ficamos em busca de explicações, mas nos contentamos com as palavras do Mestre Jesus:
“O que eu faço não o sabes agora; compreendê-lo-ás depois.” João 13:7 Estou certo de que este livro vai ajudar você em sua caminhada. Um grande abraço e que Deus te abençoe hoje e sempre!
“Sinto saudades... Choro...
Abraço as memórias... Beijo meu filho no meu coração todos os dias, mas não o traria de volta ainda que
pudesse fazer. Sim, jamais desejaria a ele tal maldade de tê-lo de volta a esse mundo, uma vez
que dele meu filho esteja livre para sempre.”
O AUTOR: João Braz Machado é pastor da Igreja Metodista Wesleyana; Bacharel em Teologia; Capelão Evangélico; Terapeuta Familiar; Conselheiro Conjugal e Psicanalista clínico.
E-mail: joaobrazm@hotmail.com BLOG:
www.gratidaodeadorador.blogspot.com.br
Página no Facebook: Expressando Gratidão
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