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VALOR ECONÔMICO Sem verba, hospitais de escolas padecem Um dos alicerces do ensino de medicina no país, algumas universidades federais têm tido vida atribulada nos últimos tempos. O hospital Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apelidado de Fundão, está praticamente caindo aos pedaços. Ele já foi considerado um dos melhores do país, mas agora há andares fechados, uma parte foi implodida e faltam funcionários. "Sequer terminaram a implosão", afirma o diretor Eduardo Côrtes. Dos 500 leitos, hoje somente 280 estão ativos. De acordo com ele, seriam necessários cerca de R$ 150 milhões para concluir a construção do hospital - nunca propriamente terminada -, equipá-lo e aumentar o número de leitos de 280 para 800. "É menos do que seria preciso para construir um hospital novo com 520 leitos", afirma. A emergência também está fechada. "É inadmissível, no século XXI, uma coisa dessas." Com 195 alunos de medicina por ano, a capacidade de atendimento do hospital está muito aquém do necessário, principalmente considerando-se que, além dos médicos, é preciso treinar também fisioterapeutas, enfermeiros, fonoaudiólogos e nutricionistas, entre outros. O ideal, diz Côrtes, seria ter quatro leitos para cada aluno. "Um Av. Visconde de Albuquerque, 603 - Madalena - Recife - PE CEP: 50610- 090 Fone: (81) 3227-1699 | www.berconsultoria.com.br

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VALOR ECONÔMICO

 

Sem verba, hospitais de escolas padecem

 

Um dos alicerces do ensino de medicina no país, algumas universidades

federais têm tido vida atribulada nos últimos tempos. O hospital Clementino

Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apelidado de

Fundão, está praticamente caindo aos pedaços. Ele já foi considerado um dos

melhores do país, mas agora há andares fechados, uma parte foi implodida e

faltam funcionários. "Sequer terminaram a implosão", afirma o diretor Eduardo

Côrtes.

 

Dos 500 leitos, hoje somente 280 estão ativos. De acordo com ele, seriam

necessários cerca de R$ 150 milhões para concluir a construção do hospital -

nunca propriamente terminada -, equipá-lo e aumentar o número de leitos de

280 para 800. "É menos do que seria preciso para construir um hospital novo

com 520 leitos", afirma. A emergência também está fechada. "É inadmissível,

no século XXI, uma coisa dessas."

 

Com 195 alunos de medicina por ano, a capacidade de atendimento do hospital

está muito aquém do necessário, principalmente considerando-se que, além

dos médicos, é preciso treinar também fisioterapeutas, enfermeiros,

fonoaudiólogos e nutricionistas, entre outros. O ideal, diz Côrtes, seria ter

quatro leitos para cada aluno. "Um profissional bem treinado gasta menos",

afirma. "Investir em um bom profissional é vital."

 

No início de 2010, o governo federal criou o Programa Nacional de

Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf) e vem

repassando recursos a eles. Em setembro, o Ministério da Saúde alocou R$

150,4 milhões. Esse dinheiro deve ser usado para reformas ou aquisição de

equipamento e não para pagamento de salários.

 

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O problema, diz o diretor do hospital da UFRJ, é que muitas vezes os

administradores não sabem quando os recursos ficarão disponíveis e assim

acabam perdendo a chance de utilizá-los. Segundo ele, o hospital não

conseguiu usar mais de R$ 10 milhões em 2013, R$ 17 milhões no ano anterior

e mais de R$ 40 milhões em 2011. O dinheiro deste ano foi recebido, mas está

muito abaixo do que seria necessário para terminar as obras.

 

Já Flávio Tomasich, diretor geral e professor do hospital universitário da

Universidade Federal do Paraná (UFPR), acha que os recursos repassados

são suficientes para projetos específicos. Para aproveitar o dinheiro, é preciso

ter agilidade administrativa, diz ele, manter projetos na manga para quando

ficar disponível.

 

O problema, ali, como em outros locais, está realmente no orçamento da

instituição e na falta de funcionários. Para contornar a escassez de recursos

humanos, no final de agosto o hospital de Curitiba decidiu aderir à Empresa

Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), criada pelo governo para

administrar os hospitais universitários federais. Agora tem autorização para

abrir concursos seletivos. "Minha estrutura está boa, o problema são os

recursos humanos", afirma Tomasich.

 

O objetivo é preencher 2 mil vagas. Uma UTI com 20 leitos, totalmente

equipada, não pode operar por falta de funcionários. "Não me reporto mais ao

Ministério da Educação", diz. "Mas a questão da gestão será normalizada." A

universidade do Rio de Janeiro não aceitou ser gerida pela EBSERH.

 

O Hospital das Clínicas, da Universidade Federal da Bahia, tem 215 leitos em

funcionamento, atendidos por 2 mil profissionais. Para receber os repasses do

governo federal, a instituição apresenta planos de trabalho aos ministérios da

Educação e da Saúde. Eles atendem, segundo a diretora adjunta de finanças

Mônica Cesar Gonzaga, "as demandas mais urgentes de aquisição de material

de consumo, equipamentos e obras de reforma." No repasse de setembro, o

hospital recebeu R$ 3,5 milhões.

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