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Humanização de hospitais utilizando a iluminação. julho de 2013 ISSN 2179-5568 Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 5ª Edição nº 005 Vol.01/2013 julho/2013 Humanização de hospitais utilizando a iluminação. Marineide Weber [email protected] Iluminação e Design de Interiores Instituto de Pós-Graduação IPOG Cuiabá/2012 Resumo Diante das constantes transformações que ocorrem nas edificações hospitalares identificamos a necessidade de ter projetos que atendam as reais condições de seus usuários.Observa-se que, quanto mais complexo o edifício hospitalar, maior a influência do processo de projeto, demonstrando a possibilidade de utilizar o projeto como estratégia para garantir o sucesso da edificação. O objetivo deste trabalho é apresentar recomendações de projeto voltadas para melhorar as condições dos ambientes hospitalares, utilizando a iluminação para proporcionar ambientes mais humanizados, de forma a disponibilizar ambientes que atendam às necessidades dos usuários. Portanto, primeiramente, realizou-se uma revisão de literatura que possibilitou o entendimento da evolução do edifício hospitalar, assim como a conceituação e as necessidades específicas para os projetos de hospitais transformando ambientes com o uso da iluminação, bem como as discusões realizadas em sala no decorrer do curso, que foram de grande valia e que ajudaram muito para o entendimento da importância da iluminação e dos benefícios que pode proporcionar. Onde se esclarece que a iluminação pode contribuir para o tratamento dos pacientes, visando sempre o bem estar dos mesmos que ali serão atendidos, possibilitando a construção de uma edificação adequada e humanizada e conseqüentemente redução da permanência dos pacientes nestes locais. Palavras-chave: Hospital; Humanização; Iluminação. 1. Introdução Hospitais de pequeno, médio ou grande porte necessitam de constantes adaptações devido aos avanços médicos e técnicos.Deste modo são edifícios que precisam estar sempre prontos a acomodarem novas funções, e a crescerem, ou seja, necessitam serem edifícios flexíveis que permitem mudanças e expansões e que garantam a organicidade original sem estrangulamentos e interrupções de funcionamento. No Século XX, através de uma visão mais crítica tanto do hospital quanto da medicina, percebe-se uma evolução constante, no final do século, outro momento marcado por um crescimento de iniciativas voltadas para humanização e integração profissional. Assim, atualmente devem ser consideradas, de forma integral, todas as precisões do ser humano. A intenção deste trabalho é ressaltar a importância dessa preocupação que o projeto de ambientes hospitalares necessita, buscando a elaboração de projetos que tenham em vista o conforto, humanização e a qualidade, através de sua arquitetura, seja ela, construtiva ou decorativa. Muitas são as condicionantes que envolvem um projeto de arquitetura hospitalar como flexibilidade planta, segurança, higiene entre outros. Dentro destas condicionantes podemos considerar que a iluminação, seja ela natural ou artificial, é muito importante, pois através da iluminação podemos transformar ambientes, integrá-los com a natureza e torná-los mais agradáveis para os pacientes que ali estão internados.

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ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 5ª Edição nº 005 Vol.01/2013 – julho/2013

Humanização de hospitais utilizando a iluminação.

Marineide Weber – [email protected]

Iluminação e Design de Interiores

Instituto de Pós-Graduação – IPOG

Cuiabá/2012

Resumo

Diante das constantes transformações que ocorrem nas edificações hospitalares identificamos a

necessidade de ter projetos que atendam as reais condições de seus usuários.Observa-se que,

quanto mais complexo o edifício hospitalar, maior a influência do processo de projeto,

demonstrando a possibilidade de utilizar o projeto como estratégia para garantir o sucesso da

edificação. O objetivo deste trabalho é apresentar recomendações de projeto voltadas para

melhorar as condições dos ambientes hospitalares, utilizando a iluminação para proporcionar

ambientes mais humanizados, de forma a disponibilizar ambientes que atendam às necessidades

dos usuários. Portanto, primeiramente, realizou-se uma revisão de literatura que possibilitou o

entendimento da evolução do edifício hospitalar, assim como a conceituação e as necessidades

específicas para os projetos de hospitais transformando ambientes com o uso da iluminação, bem

como as discusões realizadas em sala no decorrer do curso, que foram de grande valia e que

ajudaram muito para o entendimento da importância da iluminação e dos benefícios que pode

proporcionar. Onde se esclarece que a iluminação pode contribuir para o tratamento dos

pacientes, visando sempre o bem estar dos mesmos que ali serão atendidos, possibilitando a

construção de uma edificação adequada e humanizada e conseqüentemente redução da

permanência dos pacientes nestes locais.

Palavras-chave: Hospital; Humanização; Iluminação.

1. Introdução

Hospitais de pequeno, médio ou grande porte necessitam de constantes adaptações devido aos

avanços médicos e técnicos.Deste modo são edifícios que precisam estar sempre prontos a

acomodarem novas funções, e a crescerem, ou seja, necessitam serem edifícios flexíveis que

permitem mudanças e expansões e que garantam a organicidade original sem estrangulamentos e

interrupções de funcionamento.

No Século XX, através de uma visão mais crítica tanto do hospital quanto da medicina, percebe-se

uma evolução constante, no final do século, outro momento marcado por um crescimento de

iniciativas voltadas para humanização e integração profissional. Assim, atualmente devem ser

consideradas, de forma integral, todas as precisões do ser humano.

A intenção deste trabalho é ressaltar a importância dessa preocupação que o projeto de ambientes

hospitalares necessita, buscando a elaboração de projetos que tenham em vista o conforto,

humanização e a qualidade, através de sua arquitetura, seja ela, construtiva ou decorativa.

Muitas são as condicionantes que envolvem um projeto de arquitetura hospitalar como flexibilidade

planta, segurança, higiene entre outros. Dentro destas condicionantes podemos considerar que a

iluminação, seja ela natural ou artificial, é muito importante, pois através da iluminação podemos

transformar ambientes, integrá-los com a natureza e torná-los mais agradáveis para os pacientes que

ali estão internados.

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Infelismente ainda projetos de iluminação para hospitais apenas satisfazem as iluminâncias

mínimas, sendo deixado de certa forma a influência positiva que um projeto bem elaborado de

iluminação pode causar nos pacientes.

O desejo de compreender essa alta complexidade dos espaços projetados para ambientes de saúde,

tornando esses espaços mais humanos com a ajuda valiosa da iluminação para proporcionar que

esses ambientes se tornem mais humanizados.

Na maiorria dos casos essa linha de pensamento fica de lado devido a pouca disponibilidade de

bibliografia que trate a respeito do tema e as restrições econômicas, a que se encontra trata de locais

muito distintos com condições climáticas e econômicas muito diferentes.

O objetivo do trabalho é apresentar informações que mostratam que é possível transformar o

ambiente hospitalar em um ambiente mais humano, utilizando-se da iluminação natural e artificial,

esclarecendo que através disso podemos contribuir para a melhora no quadro de saúde dos

pacientes.

2. Desenvolvimento

A origem da palavra hospital vem do latim hospitiu, que significa local onde se hospedam pessoas,

em referência a estabelecimentos fundados a partir do século IV d.C, cuja função era oferecer

cuidados a pessoas doentes e oferecer abrigo a viajantes (MOZACHI et al, 2005).

Conforme Ministério da Saúde, hospital é:

“Parte integrante de uma organização médica e social, cuja função básica consiste em

proporcionar à população assistência médica integral, preventiva e curativa sob qualquer

regime de atendimento, inclusive domiciliar, constituindo-se também em centro de

educação, capacitação de recursos humanos e de pesquisa em saúde, bem como

encaminhamento de pacientes. Cabendo-lhe supervisionar e orientar os estabelecimentos de

saúde a ele vinculados tecnicamente (GÓES, 2004).”

A partir de 1860, com as descobertas de Pasteur, que propôs a teoria dos germes, as de Lister, que

defendia a utilização de procedimentos anti-sépticos e as de Roentgen e Marie Curie que

publicaram alguns trabalhos sobre os raios X e o rádio passando esses ocupar um lugar definido no

espaço físico de um hospital, as transformações do edifício hospitalar ocorreram de forma marcante

(SAMPAIO, 2005).

Nesta época o modelo mais comum que eram encontrados os hospitais era a forma pavilhonar, onde

a enfermaria era mais ampla o que mais tarde ficou conhecida como enfermaria Nightingale.

Florence Nightingale foi uma enfermeira inglesa que publicou em 1859 as Notes on hospitals, obra

em que estabelece padrões mínimos para um bom edifício hospitalar. Enfermarias dispostas em

forma de salões longos e estreitos, com leitos dispostos perpendicularmente, com janelas altas de

ambos os lados para garantir a ventilação cruzada e iluminação natural com postos de enfermagem

nos centros dos salões. Nos Estados Unidos, um dos hospitais nesta configuração que ficou mais

conhecido, foi o Johns Hopkins Hospital, inaugurado em 1890 e considerado até final de 1920

modelo. Era composto por uma série de pavilhões tipo enfermaria Nightingale ligada aos serviços,

apoio e administração (SAMPAIO, 2005).

O modelo pavilhonar passou a ser o modelo mais utilizado e indicado após a experiência inglesa.

Os riscos de infecções nos hospitais e os estudos de Pasteur, ligados à proliferação das infecções

aos microorganismos, foram episódios que reafirmaram o arranjo dos hospitais em pavilhões

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isolados.Para se conseguir um isolamento maior, os pavilhões passaram a ter mais autonomia.

Passando assim a serem integrados por um pátio central e a ter pavimentos no subsolo, onde se

encontravam os serviços técnicos e de apoio.

A partir de 1930 começam as análises a configuração pavilhonar e o aparecimento de alternativas

verticais (SAMPAIO, 2005).

Com a tipologia pavilhonar horizontal começam a aparecer problemas dotipo: a distância entre os

pavilhões; a ocupação de uma área de terreno muito grande para a sua implantação; a perda de

tempo da equipe médica e de enfermagem em percorrer grandes espaços; os preços elevados dos

terrenos; as inovações tecnológicas. Todos esses são pontos negativos apontados para a tipologia

pavilhonar horizontal, que resultaram numa solução densa e verticalizada para os hospitais,

conseqüência do progresso da arquitetura e da engenharia, e a descoberta de novos materiais e

métodos construtivos (SAMPAIO, 2005).

Questionou-se também a eficiência energética relacionada a essa tipologia pavilhonar, onde em

países com clima frio, aumentava as perdas de calos por serem grandes superfícies causando assim

um aumento no custo da construção.

A tipologia arquitetônica pavilhonar foi usada pelos arquitetos brasileiros, segundo Toledo (2003), e

a passagem desse modelo para o monobloco vertical pode ser verificada na obra do eng. Luiz

Moraes Junior, primeiro especialista em edifícios laboratoriais e hospitalares. Construiu a Fundação

Oswaldo Cruz (Figura 01), em Manguinhos, no Rio de Janeiro.

Figura 01 – Fundação Oswaldo Cruz

Fonte: http://www.flickr.com

Conforme Miquelin (1992), a nova concepção terapêutica dos hospitais acabou diminuindo a

permanência média de internação, reduzindo assim as exigências em relação à qualidade ambiental

dos espaços.

Para o modelo monobloco vertical que era, na verdade, um empilhamento de enfermarias

Nightingaleinterligadas por um elevador. Neste modelo as funções hospitalares ficavam

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organizadas em quatro setores básicos: serviços de apoio, consultórios médicos e raios X,

laboratórios e serviços administrativos e internação (SAMPAIO, 2005).

Com as novas descobertas,as características do hospital passam a ser modificadas passando esse a

ser considerado em centro de pesquisa de enfermidades, diagnósticos e tratamentos.

Para Sampaio (2005), os novos avanços da engenharia permitiram maiores áreas de tratamento nos

hospitais. A criação d hospitais do tipo arranha-céu foi possível, pela introdução do elevador e da

estrutura de aço. As novas descobertas na medicina e tecnologia médica foram definindo os novos

espaços internos. A necessidade de se ter áreas isoladas passou a ser questionada pela descoberta

das formas de transmissão das doenças e a nova maneira de evitá-las.

Tomando como base estudos de como as enfermeiras se deslocavam, os arquitetos começaram

então a projetarenfermarias e Unidades de Terapia Intensiva (UTI) circulares, onde os centros eram

destinados aos postos de enfermagem. Esta nova forma permitia uma visão melhor e acesso rápido a

todos os leitos, porém, esta forma, circular, é mais complicada de se integrar na configuração do

hospital e o espaço entre os leitos e sanitários ficava prejudicado,gerando problemas ergonômicos,

sendo esse o motivo que as enfermarias circulares foram deixadas (SAMPAIO, 2005).

A forma circular também foi utilizada nos centros cirúrgicos, devido aos cantos arredondados para

melhor assepsia, mas sem muito sucesso, os médicos alegavam que se perdia a noção de referência

do local.

Critérios como partir do layout básico de funcionamento, considerar dimensões e características dos

equipamentos, procedimentos e atendimentos ambulatoriais e diminuição de internações, têm

imposto uma nova metodologia nos projetos de hospitais.

Após o século XVIII, a arquitetura nas suas várias tipologias, voltou-se para os aspectos racionais,

viabilizando o edifício atender a um programa previamente determinado. O espaço passou a ser

algo legível, pois podia ser quantificado, isto é, foi se estruturando através de conhecimentos

objetivos (JUNQUEIRA, 2006).

As construções pode-se dizer, tornaram-se complexas, especializadas e funcionais, entretanto se

desumanizaram. “A arquitetura dividida entre o sentimento e a técnica, entre a função e a estética,

foi se afastando de um de seus fundamentos básicos, que é exatamente promover o sentido humano

do habitar”. (RIBEIRO, 2003 apud JUNQUEIRA, 2006).

A produção arquitetônica não é somente o resultado dos elementos construtivos que se aplica para

formar um espaço, mas, sim, o próprio espaço que exibe uma característica elementar: mediador das

relações humanas. Como um lugar de relações sociais, muitas vezes vitais.

Verificamos que os melhores edifícios foram construídos quando o arquiteto foi inspirado

por aspecto do problema que tem a resolver, cuja solução dará ao edifício um cunho

distinto. Tais edifícios são criados num espírito especial e transmitem esse espírito a outros.

(RASMUSSEN, 1998 apud JUNQUEIRA, 2006).

A obra arquitetônica é responsável pela concepção dos ambientes e a ligação desses com o ser

humano, uma obra arquitetônica pode atrair reprimir ou repelir os seus usuários. Através da

ambientação tem a capacidade de ser agradável, na medida em que inclui o usuário e suas

necessidades (socialização, segurança, privacidade, conforto), reproduzindo espaços de trabalho, de

lazer e de aprendizado. Pode ser desagradável, quando não articula sujeito e contexto

(JUNQUEIRA, 2006).

O ser humano, ao observar o espaço à sua volta, percebe e responde aos estímulos emitidos por ele,

ao identificar os percursos e reconhecer o espaço como lugar construído, pode-se sentir tanto

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segurança, conforto e aconchego, quanto vazio e indiferença, como identificamos no que diz Zevi

(1996).

O espaço age sobre nós e pode dominar o nosso espírito; uma grande parte do prazer que

recebemos da arquitetura – prazer que parece não podermos receber ou que não nos damos

o trabalho de notar – surge, na realidade, do espaço (ZEVI, p.186, 1996).

A partir do século XIX, os espaços hospitalares foram sendo arquitetados para promover a

vigilância, o controle e a ordem. Onde o controle social não tenha uma definição negativa, com

certeza ele existe e seus efeitos são sentidos (JUNQUEIRA, 2006).

Com o passar dos tempos os espaços hospitalares também foram influenciados por novos

conhecimentos e descobertas, o saber médico interferiu nos espaços e conseqüentemente na

terapêutica dos pacientes. Percebe-se que os hospitais do século passado foram sendo suprimidos.

Conforme Junqueira (2006), o hospital é um local complexo, é composto de espaços diversificados

e recebem usuários distintos, sobretudo os públicos. A entrada, a espera, a permanência dos

pacientes, acompanhantes, prestadores de serviços, ou seja, de todos que ali estão, representam

tempo de observação, percepção e a imaginação. Através dos sentidos o indivíduo interage com o

espaço e capta as impressões ali contidas. A cor, a iluminação, o silêncio, o cheiro, os movimentos,

a temperatura, a impessoalidade e outras informaçõespodem torná-los tanto suaves, quanto

agressivos e pode proporcionar tanto a tranqüilidade, prazer e alegria, quanto dor, insegurança e

medo.

Para Cavalcanti (2002) a permanência em um hospital é por si só causa de stress para muitas

pessoas. O fato de se estar distante dos familiares e amigos, a doença e o processo de tratamento, a

perda da independência e da privacidade são algumas das razões que acentuam o estado psicológico

fragilizado do paciente.

As características do ambiente também podem provocar incômodo ao indivíduo, denominado stress

ambiental.

Especialistas sugerem que a arquitetura hospitalar não deve apenas evitar o stress ambiental mas

sim proporcionar um ambiente que contribua para a recuperação dos pacientes. Passou-se a

entender o hospital como um ambiente de suporte total ao tratamento do paciente, isto é, como um

instrumento terapêutico em si. A humanização de saúde, por sua vez, é característica indispensável

para que o mesmo se constitua em um espaço terapêutico (CAVALCANTI, 2002).

É muito importante não generalizar a humanização dos ambientes hospitalares, pois cada paciente

tem as suas necessidades e características diferentes decorrentes do tratamento e idade (INNECCO,

2006).

A idéia de que o ambiente hospitalar poderia influenciar positiva ou negativamente na capacidade

do organismo de se curar era uma idéia revolucionária. Já atualmente, ambientes hospitalares

preocupados com a humanização do espaço são desenhados para a cura e estão integrados com o

projeto desses ambientes (INNECCO, 2006).

O conceito de humanização hospitalar no Brasil é recente, mas está crescendo cada vez mais. Em

2001 o governo federal instituiu o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar

(PNHAH). Com este programa uma série de medidas vem sendo praticadas nos hospitais da rede

pública e privado. O objetivo é proporcionar melhores condições de atendimento, não importando o

tipo de doença ou a condição de quem está hospitalizado.

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Embora o PNHAH não faça referência à arquitetura como um dos fatores importantes na

humanização hospitalar, pesquisas têm revelado a contribuição da arquitetura na humanização

destes espaços, com grandes resultados (INNECCO, 2006).

Toledo (2005) nos coloca que a humanização do edifício hospitalar seja resultante e umprocesso

projetual que não se limite apenas a estética do traço, ao respeito à funcionalidade ou aodomínio

dos aspectos construtivos, mas que,juntamente com esses aspectos a criação de espaços, que além

de favorecerem a recuperação da saúde e garantam o bem-estar físico e psicológicoaos usuários do

edifício hospitalar (Figura 02), sejam eles pacientes, acompanhantes ou funcionários,possam

estimular a incorporação de novos procedimentos às práticas médicas.

Figura 02 – Paredes humanizadas com desenhos

Fonte: ARS Algarve I.P, 2008.

Para Horevicz (2007) soa como um paradoxo falar em humanização de hospitais como se sua

vocação não fosse essencialmente humana. Ocorre, porém, que o hospital, a semelhança de outras

instituições públicas,é deixado de lado facilmente a finalidade pela qual foi elaborado. A

necessidade de tratar o ambiente hospitalar com qualidade, e não apenas no aspecto institucional

que sempre predominou neste tipo de edificação vêm sofrendo transformações consideráveis, seja

quanto ao avanço tecnológico e científico, seja quanto ao espaço físico e sua importância para a

população usuária.

De alguns anos para cá, estamos presenciando a um trabalho de total renovação e transformação no

campo da arquitetura hospitalar no sentido de responder às necessidades do homem atual. Os

administradores da saúde cada vez mais têm se conscientizado da importância de tratar o paciente

como o centro das atenções, deixando para trás aquela imagem clássica de hospital onde era

considerado como um ambiente frio por ambientes humanizados e agradáveis para os pacientes e

seus familiares.

Para a elaboração de um projeto de iluminação hospitalar para Abdalla(2010) é um processo que

exige uma busca criteriosa no que diz respeito as compatibilidades físico-funcionais. Elaborando

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assim soluções projetuais para atender a demanda das atividades que serão desenvolvidas no local,

relacionando a realização assistencial com o arquitetônico.

Abdalla (2010) ainda nos esclarece que o desenho do espaço juntamente com outros elementos

como a iluminação natural e artificial, cores, conforto ambiental como podemos perceber na figura

03, assumem um papel muito importante no resultado da atividade desenvolvida em cada ambiente

dentro de um hospital. Este tipo de abordagem ganha força quando começamos a observar a

importância da humanização dentro dos ambientes de atendimento à saúde.

Figura 03 – Quarto internação infantil.

Fonte: ABDALLA, 2012.

Bitencourt (2010) Juntamente com as grandes inovações tecnológicas a arquitetura também teve

significantes transformações que acorreram principalmente a partir do século XIX, relacionando-se

assim com o a invenção da energia elétrica. Após esse processo evolutivo, surge em conjunto com a

necessidade de que cada ambiente seja projetado especificamente, para atender as características

das diversas especialidades médicas, que cada ambiente exige a sua adequação, que as unidades de

terapia intensiva e as demais áreas críticas do ambiente hospitalar tenham uma atenção maior na sua

implantação e compatibilização tecnológica, sendo assim ambiente que estarão sempre sofrendo

alterações, surge também a necessidade de se promover conforto ao ambiente de trabalho.

Assim como os organismos naturais, o ser humano se desenvolve a partir do contato e dependência

da iluminação natural.

A avaliação da enfermeira norte-americana Alice Lerman apresentada por Bitencourt (2010) os

ambientes hospitalares devem ser projetados com as devidas atenções sobre o controle do uso da luz

e sua intensidade. Pois o conforto visual do ambiente pode “encorajar a ativa consciência na

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participação da ação terapêutica”. Por isso, o projeto do ambiente deve considerar o fato de que as

demandas luminotécnicas são processos técnicos que devem respeitar a essencialidade das

condições naturais.

Um bom projeto de iluminação hospitalar é aquele que prevê o equilíbrio entre a iluminação natural

e a artificial. Onde a iluminação artificial é essencial principalmente em ambientes de longa

permanência, a iluminação natural para reduzir custos e trazer para o ambiente uma percepção do

entorno.

Essa mistura de iluminação natural e artificial podemos perceber claramente nos hospitais da Rede

Sarah elaborados pelo Arquiteto João Filgueiras Lima mais conhecido como Lelé. A arquitetura

hospitalar de Lelé, adequada ao entorno, ao clima local, com soluções como a renovação constante

de ar, a iluminação natural, o controle da insolação, pode ser elucidada como arquitetura que

prioriza o conforto ambiental, onde há preocupação com a qualidade e o bem estar de todos os

usuários de seus ambientes projetados (SAMPAIO, 2005).Isto nos fica claro em esquemas que Lelé

realiza na construção dos elementos de ventilação e iluminação dos seus projetos (figura 04).

Figura 04- Estudos elaborados por Lelé

Fonte: SAMPAIO, 2005.

Os hospitais da Rede Sarah, a partir da idéia de propiciar locais agradáveis e humanizados, atingem

também índices de eficiência energética, com a utilização da ventilação e iluminação natural.Uma

cacterística constante nos hospitais projetados por Lelé são os amplos corredores com espera,

contornados por belos jardins nos quais a incidência solar é cuidadosamente calculada (figura 05).

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Figura 05 – Corredor Hospital Rede Sarah.

Fonte: Rede Sarah, 2012.

Cada unidade hospitalar da Rede Sarah se origina em projeto único, como um grande jogo de

montar, que emprega os diversos componentes construtivos modulados, levando em conta os

condicionantes de terreno, insolação e ventilação. Os hospitais tomam forma, empregando

fechamentos, esquadrias (Figura 06), revestimentos e até mesmo mobiliário produzido no Centro de

Tecnologia Rede Sarah (CTRS) (WESTPHAL, 2007).

Figura 06 - Hospital Rede Sarah de Fortaleza

Fonte: Rde Sarah, 2012.

A integração entre arquitetura e medicina é especialmente potencializada nesse tipo de obra, que

permite criar espaços alternativos de terapia e cura.

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Sua principal qualidade é aliar a construção de prédios à formalização do elemento que

compõe o próprio edifício. Ele pensa, desde a maca que será utilizada pelo paciente no

hospital até na espessura da viga que sustenta o prédio. E ainda produz os materiais

envolvidos nos dois processos (BOTIN, 2008).

A inserção de elementos que possibilitem a visão da paisagem externa deve sempre estar presente

nas soluções projetuais de edifícios hospitalares. Esse tipo de proposta tem mais destaque no estudo

apresentado por Janet Carpman, publicado no The Journalof Architecturaland Planning Research ,

que Bitencourt (2010) nos apresenta, mostrando que os pesquisadores encontraram uma

significativa relação entre o bem-estar dos pacientes, a iluminação artificial e a contribuição

proveniente do contato com a visão da paisagem externa. Também os pacientes se manifestavam

insatisfeitos quando não possuíam controle sobre a utilização dos controles da iluminação, da

abertura das cortinas, persianas e das próprias janelas. Este estudo citado por Bitencourt (2010) foi

realizado em seis hospitais de Chicago, nos Estados Unidos, pelos profissionais de Medicina Física

e Reabilitação (PM & R),da Universidade de Michigan.

Para locais de internação, que são ambientes onde o paciente permanece por um longo período, a

iluminação artificial juntamente com a percepção do ambiente externo podem trazer mais conforto,

além da percepção ou orientação do tempo (dia e noite).

Fica evidenciada essa importância da iluminação natural quando Costi (2002) nos coloca que

A luz natural é fundamental para a recuperação do paciente. É comprovado que existe

redução no tempo de internação quando o paciente tem noções de temporalidade, quando

pode observar a variação da luz durante o dia e tiver visão para o exterior.

Por isso, Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) também vêm sendo projetadas comluz natural,

em quartos com janelas que possibilitem o controle da iluminação solar.

A importância dessa integração entre externo e interno possibilita ao paciente uma noção melhor do

entorno facilitando na sua recuperação (Figura 07).

O organismo humano funciona com características específicas e compatibilizadas com um

“relógio” biológico, que define as atividades internas conforme as oscilações das 24 horas

do dia. Essas oscilações representam e acompanham o funcionamento fisiológico em um

processo denominado ritmo circadiano, decorrente do ciclo circadiano (BITENCOURT,

2010).

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Figura 07 – Quarto de internação humanizado.

Fonte: Arcoweb, 2008

No Brasil as principais normas que regem os projetos hospitalares são do Ministério da Saúde e da

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) em âmbito federal, bem como Planos Diretores

e Código de Edificações em âmbito municipal.

A normatização mais utilizada para projetos de iluminação hospitalar é a NBR 5413 de Abril de

1992, que trata sobre Iluminação de Interiores. No item 5.3.28 fala dos níveis de iluminância para

hospitais, subdividindo em ambientes como sala de médicos, laboratórios, quartos de internação

entre outros ambientes.

O Ministério da Saúde disponibiliza a RDC 50 que é um Regulamento técnico para planejamento,

programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de Estabelecimentos Assistenciais de

Saúde, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Por esta portaria a ANVISA

passa a ser a responsável pela cooperação técnica e orientação às secretarias estaduais e municipais

de saúde para o cumprimento do regulamento técnico.

Até recentemente um projeto de iluminação visava apenas à função visual, como nos explica

Horevicz(2007), onde a quantidade e a qualidade da luz eram fundamentais. Mas essa idéia vem

mudando onde arquitetos e designers já estão cientes dos benefícios que a luz traz à saúde.

Cor e luz são elementos do ambiente que estão intimamente ligados, tanto que a intensidade da luz

afeta substancialmente o resultado da cor (Figura08).

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Figura 08 – Utilização da iluminação para destacar cores

Fonte: http://www.archdaily.com/220749/phoenix-childrens-hospital-hks-architects, 2012

As cores tem o poder de exercer grande influência no ambiente, podendo assim o modificar,

animando-o ou transformando-o, e assim, podem alterar a comunicação, as atitudes e a aparência

das pessoas presentes já que todos nós temos reações às cores. A utilização das cores para fins de

cura é um processo não agressivo sobre o organismo, não faz mal, não causa efeitos colaterais e não

atua como agente de pressão sobre o corpo. A cromoterapia, por exemplo, atua diretamente na base

da doença, procurando reparar o equilíbrio entre as energias vibratórias do corpo. A todo instante

estamos em contato com as cores, elas fazem parte da vida e, sem elas, o mundo seria diferente

(BOCCANERA, BOCCANERA, BARBOSA, 2005).

Mas podemos perceber que a escolha da cor a ser utilizada em um ambiente hospitalar, e

especialmente nas Unidades de Terapia Intensiva, não se baseia na preferência daqueles que se

inter-relacionam neste meio. Deste modo, considera-se oportuno investigar quais são as cores

consideradas agradáveis e desagradáveis por parte de profissionais e clientes, verificando, inclusive,

se estas coincidem ou não com aquelas presentes nos ambientes de UTI. A preocupação com a

utilização adequada das cores para os ambientes, inclusive na Unidade de Terapia Intensiva, deveria

existir já no processo de construção dos hospitais. Para os pacientes internados e profissionais que

ali trabalham a UTI é um espaço restrito, único, pequeno e tenso, o que interfere no estado

emocional do indivíduo, levando ao desgaste geral do organismo e conseqüentemente, provocando

estresse. Isto vendo o fato de permanecer durante horas em uma área de muito sofrimento e pouco

atrativa em termos de decoração (BOCCANERA, BOCCANERA, BARBOSA, 2005).

Para Martins (2004) a luz determina a cor, isto é, qualquer luz natural ou artificial que cai sobre

uma superfície colorida afeta sua aparência, já que esta cor não existe por si própria, mas como

resultado da excitação do olho. Assim, como o sabor e o cheiro são sensações, a cor também é

resultado de uma sensação individual.

A sensação térmica que é provocada pela cor pode ser utilizada para melhorar as condições

higrotérmicas de um ambiente. Para um ambiente seco, cores de conotação úmida – como os verdes

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mais escuros – são recomendadas, enquanto uma atmosfera úmida será menos desagradável com

cores ditas secas – como o vermelho e o alaranjado.

Os tetos brancos nos hospitais deveriam ser evitados, principalmente nos ambientes de circulação

de macas, porque criam a sensação de afastamento, de vazio, já que é a visão predominante do

doente deitado. Já o verde e o azul claros serão mais tranqüilizadores.

Dessa forma, conclui-se lembrando que o efeito das cores sobre as pessoas depende da idade,

cultura, sexo e outros fatores. Nos hospitais, é fundamental a análise das necessidades dos possíveis

usuários de cada setor para elaborar o estudo cromático mais adequado.

De acordo com Horevicz (2007) os efeitos que as cores causam são tão significativos que em um

Hospital na Suécia os pacientes são direcionados para os quartos com cores adequadas à natureza de

sua doença, conforme o processo de cura avança, eles são transferidos gradualmente para quartos

com cores que possuem maior nível de estimulação.

A utilização das cores também serve para que possamos amenizar a sensação de frieza que existe

nos ambientes hospitalares, ocorrem casos em que pessoas sentem mais frio em ambientes onde

possuem cores de tonalidade fria e vice versa, mesmo que a temperatura ambiente seja a mesma.

O papel dos hospitais como instrumento da melhoria da qualidade de vida tem sofrido grandes

mudanças nos últimos 100 anos, e gradativamente, o vínculo da imagem do hospital com a melhoria

das condições de saúde passou a ser mais e mais comum. Questões como a ventilação e a

iluminação foram sendo priorizadas devido à preocupação com a higiene nos espaços de saúde. Os

hospitais passam a ser vistos como locais onde a vida pode não somente ser salva, mas ter sua

qualidade melhorada (MIQUELIN, 1992).

SegundoLukiantchuki (2012) é importante destacar que ainda hoje, devido a sua grande

complexidade e o crescente desenvolvimento tecnológico, a questão ambiental muitas vezes é

desconsiderada na concepção de projetos de edifícios hospitalares. As soluções de iluminação e

ventilação naturais deram lugar aos sistemas mecanizados trazendo como principal conseqüência à

desconsideração com a humanização dos ambientes hospitalares e o aumento do consumo de

energia elétrica.

O resultado desta concientização sobre arquitetura hospitalar é visível principalmente a partir da

décadade 80. Nesta época surge um novo direcionamento de projeto buscando a humanização do

espaço hospitalar. Assim, se para o hospital antigo a iluminação e a ventilação natural eram

dispensáveis, poiseram consideradas contaminantes, para o hospital humanizado elas são

fundamentais, uma vez que oconceito de saúde passa a ter relação com os aspectos sociais, culturais

e psicológicos (LUKIANTCHUKI, 2012).

Com a percepção da importância psicológica dos fatores climáticos retornou-se a concepção do

hospital como um local arejado e iluminado naturalmente. O hospital se torna uma verdadeira

máquina de curar com a função de prevenir a doença, restaurar a saúde, exercer funções educativas

e promover a pesquisa.

Para Cavalcanti (2002) a satisfação das iluminâncias mínimas juntamente com a redução dos custos

iniciais, são em geral, os principais fatores considerados na concepção de um projeto de iluminação

hospitalar, este fato de certa forma é resultado da pouca importância que os projetistas dão a

influência que a iluminação causa.

A proposta de iluminação não deve ficar apenas nos requisitos funcionais, dando caracteristicas

para os ambientes de locais institucionais, deixando de lado toda a intenção de humanizar estes

espaços para proporcionar melhor conforto para os pacientes que ali se encontram (CAVALCANTI,

2002).

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Atualmente essa idéia de humanizar o ambiente hospitalar através da iluminação já está sendo mais

aplicada. Podemos ver isso claramente no Phoenix Children’s Hospital, considerado um dos

maiores centros pediátricos dos Estado Unidos, fica localizado no Arizona projetado pelo escritório

de arquitetura HKS Architects. Este projeto chama a atenção por sua arquitetura (Figura 09)

diferenciada assim como pela utilização de cores e iluminação natural e artificial proporcionando

uma sensação, de que, não se está em um ambiente hospitalar e sim em um hotel deixando bem

evidente a preocupação com a humanização do local.

Figura 09 – Fachada pincipal e recepção do hospital

Fonte: http://www.archdaily.com/220749/phoenix-childrens-hospital-hks-architects, 2012

Como podemos visualizar na figura 10 os corredores são bem iluminados e coloridos usando led

para dar todoas essas cores e fascinar as crianças com um ambiente bem mais agradável e atraente

aliviando a sensação de medo.

Figura 10 – Corredores do hospital

Fonte: http://www.archdaily.com/220749/phoenix-childrens-hospital-hks-architects, 2012.

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Outro forma disponibilizada para a humanização de ambientes de internação é a utilização da fibra

ótica na iluminação, proporcionando cenários que distraem as crianças (Figura 11). Esse tipo de

iluminação ainda é pouco utilizado devido ao custo para instalação desses projetos, mas que é uma

tendência para a humanização desses ambientes.

Figura 11 – Quarto de internação neonatal.

Fonte: ABDALLA, 2012.

.

3. Considerações finais

Percebe-se que o ato da construção de um ambiente de saúde envolve um grande número de

serviços em alto grau de inter-relacionamento e com grandes custos e riscos envolvidos.

Os edifícios hospitalares no Brasil com o passar do tempo evoluíram de forma considerável, porém

as mudanças atuais, que passam por adaptação aos novos conceitos de flexibilização,

funcionalidade e humanização, está apenas no início.Seja para a construção de novas edificações

hospitalares ou para adequação de espaços para o uso hospitalar, os conceitos relacionados ao

ambiente construído evoluíram, incorporando novos requisitos de desempenho e acompanhando a

evolução da sociedade e impondo o desenvolvimento de novos materiais, tecnologias construtivas e

serviços.Devido à complexidade desse tipo de construção, os profissionais da área devem seguir

muitas normas e leis para a aprovação dos projetos.

Observa-se que, de todas as fases de qualquer empreendimento, o projeto é a que possibilita as

maiores influências sobre o desempenho da edificação. No caso das edificações hospitalares, o

projeto se mostra ainda mais importante que nos empreendimentos convencionais, devido a sua

maior complexidade, a maior quantidade de informações a serem tratadas, bem como o maior

número de pessoas envolvidas no desenvolvimento dos projetos.

A concientização de que o ambiente físico hospitalar pode ser um fator na recuperação dos

pacientes contribui para que se desenvolvam projetos mais humanizados projetando ambientes que

tragam benefício físicos e piscicológicos para os pacientes.

Com o desenvolvimento de projetos bem elaborados de iluminação podemos disponibilizar

ambientes mais humanizados com conforto ambiental respeitando a satisfação do paciente e

também da equipe médica.

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