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Pg 1 TÍTULO: ALTERNATIVAS PARA O GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS ORGÂNICOS EM SERVIÇOS DE ALIMENTAÇÃO Aline Agosti e-mail: [email protected] Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS Av. Unisinos, 950 Cristo Rei Cx. P. 275 93022-000 São Leopoldo - RS Amanda Gonçalves Kieling e-mail: [email protected] Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS Feliciane Andrade Brehm e-mail: [email protected] Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS Iara Janaína Fernandese-mail: [email protected] Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS Resumo: Muitos produtos que são considerados resíduos, como cascas de frutas, ainda possuem substâncias de alto valor comercial que deixam de ser exploradas. Tendo em vista as oportunidades de aproveitamento e a minimização das problemáticas causadas pelo mau gerenciamento dos resíduos, no ano de 2010 sancionou-se a política nacional de resíduos sólidos. Entre outros propósitos, a referida política defende a utilização dos resíduos até o esgotamento de todas as potencialidades existentes nos mesmos. O sistema integrado de produção de alimentos, incluindo os serviços de alimentação, é considerado um dos maiores responsáveis pela produção de resíduos orgânicos. Neste contexto, tem-se como proposta principal para o presente trabalho apresentar um modelo de gerenciamento para os resíduos gerados durante o preparo das refeições no Restaurante universitário da UNISINOS na obtenção de coprodutos. Considerando a quantidade gerada e tendo em vista a potencialidade de aplicação, tem-se como destaque o resíduo casca de laranja, provindo da produção de sucos. Os resultados obtidos possibilitaram a configuração de duas propostas de gerenciamento para a valorização do resíduo casca de laranja, favorecendo a implantação de um gerenciamento mais adequado para ao mesmo. Palavras-chave: Casca de laranja, Coproduto, Gerenciamento de resíduo ALTERNATIVES FOR WASTE MANAGEMENT IN ORGANIC FOOD SERVICES Abstract: Many waste as fruit peels, which are discarded, still have high commercial value of substances that are no longer exploited. Given these opportunities and also to minimize the problems caused by poor waste management, enacted in 2010 to national policy on solid waste. Among other purposes, the policy advocates the use of waste to the exhaustion of the existing potential in them. The integrated system of food production, including food services, is considered one of the most responsible for the production of organic waste. In this context, has as main purpose for this paper to present a management model for the waste generated during preparation of meals in the university

ALTERNATIVAS PARA O GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS ORGÂNICOS EM SERVIÇOS DE ALIMENTAÇÃO ALTERNATIVES FOR WASTE MANAGEMENT IN ORGANIC FOOD SERVICES

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TÍTULO: ALTERNATIVAS PARA O GERENCIAMENTO DE

RESÍDUOS ORGÂNICOS EM SERVIÇOS DE ALIMENTAÇÃO

Aline Agosti – e-mail: [email protected]

Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS

Av. Unisinos, 950 – Cristo Rei – Cx. P. 275

93022-000 São Leopoldo - RS

Amanda Gonçalves Kieling – e-mail: [email protected]

Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS

Feliciane Andrade Brehm – e-mail: [email protected]

Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS

Iara Janaína Fernandes– e-mail: [email protected]

Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS

Resumo: Muitos produtos que são considerados resíduos, como cascas de frutas, ainda possuem

substâncias de alto valor comercial que deixam de ser exploradas. Tendo em vista as oportunidades

de aproveitamento e a minimização das problemáticas causadas pelo mau gerenciamento dos

resíduos, no ano de 2010 sancionou-se a política nacional de resíduos sólidos. Entre outros

propósitos, a referida política defende a utilização dos resíduos até o esgotamento de todas as

potencialidades existentes nos mesmos. O sistema integrado de produção de alimentos, incluindo os

serviços de alimentação, é considerado um dos maiores responsáveis pela produção de resíduos

orgânicos. Neste contexto, tem-se como proposta principal para o presente trabalho apresentar um

modelo de gerenciamento para os resíduos gerados durante o preparo das refeições no Restaurante universitário da UNISINOS na obtenção de coprodutos. Considerando a quantidade gerada e tendo

em vista a potencialidade de aplicação, tem-se como destaque o resíduo casca de laranja, provindo

da produção de sucos. Os resultados obtidos possibilitaram a configuração de duas propostas de

gerenciamento para a valorização do resíduo casca de laranja, favorecendo a implantação de um

gerenciamento mais adequado para ao mesmo.

Palavras-chave: Casca de laranja, Coproduto, Gerenciamento de resíduo

ALTERNATIVES FOR WASTE MANAGEMENT IN ORGANIC

FOOD SERVICES

Abstract: Many waste as fruit peels, which are discarded, still have high commercial value of

substances that are no longer exploited. Given these opportunities and also to minimize the problems

caused by poor waste management, enacted in 2010 to national policy on solid waste. Among other

purposes, the policy advocates the use of waste to the exhaustion of the existing potential in them. The

integrated system of food production, including food services, is considered one of the most

responsible for the production of organic waste. In this context, has as main purpose for this paper to

present a management model for the waste generated during preparation of meals in the university

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restaurant Unisinos in obtaining co-products. Considering the amount generated and in view of

potential application, has been featured as the waste orange peel, coming from the production of

juices. These results enabled the configuration of two management proposals for the upgrading of the

waste orange peel, favoring the establishment of a management right for the residue.

Keywords: Orange peel, Co-product, Waste management

1. INTRODUÇÃO

Muitos fatores, decorridos da intensificação da atividade humana, dentre eles, a mudança

ou a criação de novos hábitos para a melhora no nível de vida, contribuíram para o aumento da

geração de resíduos sólidos e orgânicos. Porém, os investimentos ou políticas adequadas de

gerenciamento não acompanharam esse desenvolvimento na mesma proporção. O resultado desta

incompatibilidade é notório e possível de se observar em qualquer ponto das grandes e pequenas

cidades, as quais acumulam lixo nas ruas causando problemas sociais, econômicos e ambientais. Tal

situação fez com que os governantes e órgãos competentes criassem normas, que estabelecem

subsídios para o gerenciamento de resíduos, a fim de amenizar as problemáticas oriundas do mesmo.

A Lei nº. 12.305, sancionada em 2010, é o marco regulatório para um novo conceito de

resíduo. Prevê o dispositivo legal, que os resíduos deixem de ser definidos como matéria sem valor, ou

seja, geradores de problemas, e passem a ter um novo papel na sociedade.

A norma vigente define o resíduo como matéria-prima para obtenção de novos produtos.

Portanto, devem-se esgotar todas as possibilidades de aproveitamento dos resíduos, antes do mesmo

ser considerado rejeito, com práticas como: reciclar, reutilizar, compostagem e afins. Ainda na Lei

Federal nº. 12.305, encontra-se a divisão e definição dos variados tipos de resíduos gerados pela

sociedade conforme sua origem. Na norma ABNT NBR 10004 (2004), é apresentada a classificação

desses resíduos quanto aos seus potenciais riscos à saúde pública e ao meio ambiente.

Contudo, é importante salientar que as regulamentações elaboradas não estabelecem uma

segregação ideal para os diferentes tipos de resíduos orgânicos, somente classificam os mesmos

quanto à espécie, subdividindo-os em orgânicos ou não.

Rosa et al. (2011) definem que resíduo de origem vegetal (frutas, oleaginosas, fibrosas,

madeiras entre outros) e o resíduo, de origem animal (laticínios, avicultura de corte, aquicultura e

outros), possuem diferentes composições. No entanto, abrem muitas oportunidades de agregação de

valor com o uso de processos tecnológicos. Sales (2009) afirma que o correto tratamento dado aos

resíduos tem influência direta nas condições de saúde pública da população, já que diversas

enfermidades são decorrentes da forma de acondicionamento e destinação dos resíduos, estando

relacionadas a vetores e microorganismos. Além das problemáticas, o autor também alerta para o

desperdício de alimentos que está presente em toda cadeia de produção, desde a colheita até o

consumo final. O sistema integrado de industrialização de alimentos destaca-se como gerador de resíduos

orgânicos. Estima-se que em torno de 30% da produção de grãos, de frutas e de hortaliças colhidas no

Brasil sejam desperdiçadas no caminho entre o campo e o consumidor final (Rosa et al., 2011). Ainda,

dentro do sistema integrado de industrialização de alimentos, tem-se o setor de serviços de

alimentação, como restaurantes e cozinhas industriais que também são consideráveis geradores de

resíduos orgânicos.

Segundo Sales (2009), do processo de produção de refeições em larga escala obtêm-se

resíduos orgânicos que são classificados como comercial, caracterizando os restaurantes como

responsáveis por produzirem um volume médio superior a 120 litros de resíduo por dia. A coleta deste

material é tarifada e, portanto, constitui-se em fonte de receita adicional para o sistema de limpeza

urbana. Em reportagem publicada na versão online do Jornal do Brasil (2011), e apresentada no site

oficial da Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (ABIA), o consumo de food service, a

comida fora de casa ou já preparada, tem sido um das maiores contribuidoras financeira do ramo

alimentício no Brasil, somente em 2010, o setor apresentou um faturamento de R$ 75,1bilhões.

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O Restaurante universitário, localizado no campus da Unisinos, é um exemplo de serviço

de alimentação. O mesmo se encontra, estrategicamente, estruturado na parte central do campus, e

gera aproximadamente 900 refeições diariamente, atende a toda comunidade acadêmica, docentes e

alunos, assim como funcionários e visitantes. Sua política de gerenciamento de resíduos segue os

procedimentos implantados pelo Sistema de Gestão Ambiental (SGA) da UNISINOS, que aborda

somente a segregação dos resíduos orgânicos dos demais. Não se aplicando nenhuma outra separação

que distinga os tipos de resíduos orgânicos gerados pelo mesmo 1.

Portanto, o presente trabalho foi elaborado com o objetivo de propor um gerenciamento

viável aos resíduos orgânicos gerados durante o preparo das refeições pelo Restaurante universitário

da UNISINOS, tendo em vista a transformação dos mesmos em coprodutos de interesse comercial.

2. METODOLOGIA UTILIZADA

Primeiramente, foi elaborado e aplicado um questionário ao responsável pelo Restaurante

universitário da UNISINOS, para que fosse possível obter informação sobre a geração dos resíduos

além de como o mesmo executa o gerenciamento dos mesmos.

Após, foi realizada a avaliação dos resíduos orgânicos vegetais gerados durante o preparo

das refeições pelo Restaurante universitário da UNISINOS. Para tanto foram feitas 3 amostragens em

diferentes períodos, onde os resíduos foram selecionados em grupos conforme semelhança visual,

pesados em balança e analisados conforme sua disponibilidade e quantidade.

Por fim, com base em referencial teórico foi proposto modelos de gerenciamento ao

resíduo de maior destaque na análise feita.

As Figuras 1, 2 e 3 representam, respectivamente, as atividades de: amostragem, seleção e

pesagem desenvolvidas.

Figura 1 – Amostragem dos resíduos orgânicos.

1 Informação coletada por meio de questionário verbalmente através de dados fornecidos pela funcionária

responsável pelo Restaurante Universitário (RU) da Unisinos, realizado em São Leopoldo, no dia 20 de outubro

de 2011.

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Figura 2 – Seleção dos resíduos orgânicos.

Figura 3 – Pesagem das cascas de laranja.

3. RESULTADOS OBTIDOS

Na Tabela 1, a seguir são apresentadas as respostas obtidas da aplicação do questionário.

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Tabela 1 – Respostas do questionário de avaliação.

Perguntas Respostas

Como é feito o manejo dos resíduos orgânicos

durante o preparo dos alimentos? Há alguma

segregação entre os resíduos do pré e pós preparo

das refeições?

Não há uma segregação entre os resíduos do, pré

e pós preparo das refeições. Os mesmos são

depositados todos em um único recipiente. O

Restaurante universitário segue o gerenciamento

de resíduos propostos pelo Sistema de Gestão

Ambiental (SGA) da UNISINOS.

Qual é o resíduo de maior volume, gerado

diariamente durante o preparo das refeições?

A casca de laranja, proveniente da obtenção do

suco de laranja.

Como e qual é a destinação final dos resíduos

orgânicos gerados pelo restaurante?

Os resíduos segregados são depositados em

lixeiras especiais e após são recolhidos para o

destino final, pela empresa terceirizada de

limpeza, conforme os procedimentos

determinados pelo Sistema de Gestão Ambiental

(SGA) da UNISINOS.

Observa-se que o Restaurante universitário somente segrega os resíduos orgânicos dos

demais resíduos, sem nenhuma segregação especial aos mesmos. Seguindo esse modelo de

segregação, o Restaurante universitário, a exemplo dos demais serviços de alimentação, deixa de gerar oportunidades através do esgotamento dos recursos que seus resíduos podem fornecer. Como

consequência, não contribui com a amenização das problemáticas geradas pelo descarte dos mesmos.

Fato este que está em desacordo com os propósitos dispostos pela legislação vigente, que traz como

proposta de gerenciamento ideal, o manejo total dos recursos disponíveis no resíduo antes do seu

rejeito. Contudo, cabe ressaltar a carência de estudos e financiamentos direcionados a apresentar

soluções viáveis que proponham o esgotamento total de tais resíduos. Hoje, a modelo do trabalho

proposto, tem-se observado um aumento significativo em pesquisa que objetivam a valorização de

resíduos, alavancados pelas mudanças legais, originando novas oportunidades e contribuindo com a

amenização das problemáticas geradas pelos resíduos orgânicos.

A Tabela 2, na sequencia mostra os resultados encontrados nas amostragens, classificação

e quantificação dos resíduos gerados durante o preparo das refeições pelo Restaurante universitário da

UNISINOS.

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Tabela 2 – Resultados obtidos nas amostragens, classificação e quantificação dos resíduos.

Classificação dos

Resíduos

Orgânicos

Quantidade

(kg)

19/05/2011

Quantidade

(kg)

07/06/2011

Quantidade

(kg)

15/09/2011

Total

(kg)

Casca de Laranja 18,500 20,500 19,000 58,000

Casca de Ovos 0,166 0,517 0,387 1,070

Cenoura 5,367 0,134 1,066 6,567

Alface 1,306 0,000 0,000 1,306

Casca de Mamão 0,000 1,203 0,752 1,955

Couve 0,561 0,000 0,294 0,855

Casca de Melão 0,543 1,544 0,642 2,729

Beterraba 0,207 1,746 0,000 1,953

O total de casca de laranja coletado durante as três amostragem foi de 58 kg, sendo

observada uma média de 19,33 kg ao dia. Assim, pode-se definir que o Restaurante universitário da

UNISINOS, gera em torno de 96,65 kg por semana e 386,60 kg por mês do resíduo, casca de laranja,

durante o preparo das refeições no período letivo.

Em análise aos resultados obtidos, pode-se verificar que, além do destaque ao resíduo

casca de laranja, têm-se outros resíduos como cenoura e cascas de ovos, que merecem uma atenção

mais detalhada. Estes resíduos, reportando-se ao exemplo das cascas de laranja, possuem substâncias

de valor agregado que poderiam estar sendo exploradas, uma vez observado neste trabalho, o caráter

não sazonal de tais resíduos.

Na Tabela 3, a seguir, têm-se uma relação de potencialidades e aplicações atribuídas aos

resíduos orgânicos mais significativos encontrados no estudo.

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Tabela 3 – Relação de oportunidades encontradas em alguns resíduos orgânicos.

Resíduo Orgânico Potencialidades Aplicações

Casca de ovos

Constituída em maior

quantidade por carbonato de

cálcio e membrana

glicoprotéica (OLIVEIRA et.

al., 2009).

Na indústria de cosméticos,

suplementos alimentares, bases

biocerâmicas, fertilizantes,

implantes ósseos e dentários,

agente antitártaro em cremes

dentais e obtenção e

aminoácidos e concentrados

protéicos (OLIVEIRA et al.,

2009).

Cenoura

Principal fornecedor de α e

β-carotenos (LIMA et.al.,

2004).

Na indústria farmacêutica e

alimentos como corantes para

diferenciados produtos (LIMA

et al., 2004).

Casca de Laranja

Formada de duas grandes

partes o flavedo, parte

externa da casca, onde está

presente os óleos essenciais,

d-limoneno (BARBOSA,

2010). O óleo essencial

corresponde 1,79% da

composição da casca. Sendo

o rendimento do processo de

extração do mesmo em torno

de 40% (REZZADORI et

al., 2009) E o albedo, parte

interna da casca, rica em

fibras solúveis como as

pectinas (LEONEL et al.,

2010).

Na indústria alimentícia, de

cosméticos, farmacêutica,

química. Para produção de

antiinflamatórios, antibióticos,

inseticidas entre outras

(BARBOSA, 2010).

Casca de Mamão

Constituída de papaína,

pectinas e óleos (SOLER,

2007).

Na indústria alimentícia,

farmacêutica e produtos

odontológicos (SOLER, 2007).

Assim, partindo dos números encontrados e da pesquisa bibliográfica referenciada, pode-

se dizer que o Restaurante universitário da UNISINOS, deixa de gerar aproximadamente 2,768L de

óleo essencial por mês. Além, dos demais coprodutos como fibras entre ela a pectina, que também

podem ser extraídos do resíduo casca de laranja.

Neste contexto, apresentam-se duas propostas de gerenciamento ao resíduo casca de

laranja, conforme seguem nos fluxogramas a seguir:

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Fluxograma 1 – Fluxograma da proposta 1.

RESÍDUO CASCA

DE LARANJA

EXTRAÇÃO DO

ÓLEO ESSENCIAL

RESÍDUO

SÓLIDO

RESÍDUO

LÍQUIDO

FILTRAÇÃO E

SECAGEM

D~LIMONENO

EXTRAÇÃO DE

PECTINAS

TRITURAÇÃO DO

RESÍDUO

INTEIRO

EXTRAÇÃO DA

FRAÇÃO DE

ÓLEO

HIDROLATOS

RESÍDUO

SÓLIDO

PRODUÇÃO DO

SUCO

COMPOSTAGEM

SUBSTRATO

PARA

FERMENTAÇÃO

Fluxograma 2 – Fluxograma da proposta 2

RESÍDUO CASCA

DE LARANJA

TRITURAÇÃO DO

FLAVEDO

SEGERGADO

EXTRAÇÃO DO

ÓLEO ESSENCIAL

RESÍDUO

SÓLIDO

RESÍDUO

LÍQUIDO

D~LIMONENO

SEGREGAÇÃO

EXTRAÇÃO DA

FRAÇÃO DE

ÓLEO

HIDROLATOS

PRODUÇÃO DO

SUCO

COMPOSTAGEM

SUBSTRATO

PARA

FERMENTAÇÃO

FLAVEDOALBEDO

MOAGEM;

FILTRAÇÃO E

SECAGEM

EXTRAÇÃO DE

PECTINAS

RESÍDUO

SÓLIDO

Em comparação as propostas apresentadas, observa-se como vantagem na implantação da

proposta 1 o menor custo de obtenção do coproduto óleo essencial. Sendo que nesta proposta, não será

necessária a segregação do flavedo das demais partes que compõem a casca da laranja. Fato que pode

gerar custos significativos ao processo de extração do óleo essencial.

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Outro fator que pode ser avaliado como vantagem à proposta 1, é a possibilidade de

obtenção das fibras solúveis dos resíduos gerados. O que é possível também para a proposta 2. Porém

com a desvantagem da aplicação da etapa de moagem do albedo, agregando custos à mesma.

Em comum, as duas propostas apresentam a possibilidade de obtenção de hidrolatos

devido ao caráter ácido do resíduo líquido.

Apesar das desvantagens apuradas à proposta 2, a mesma possui como vantagem um

rendimento de extração de óleo essencial superior em relação ao rendimento com a extração da

proposta 1.

Portanto, em análise à pesquisa literária apresentada e aos resultados encontrados, as duas

propostas relatadas são recomendáveis como alternativas de valorização do resíduo casca de laranja,

geradas da produção de suco do Restaurante universitário. Porém, para determinação da instalação de

uma ou outra, sugere-se avaliar os objetivos pretendidos com a implantação das mesmas, considerando

as vantagens e desvantagens de cada proposta.

Ainda, sugere-se uma avaliação das variáveis: geração de resíduos, rendimento da

extração do óleo, entre outras, apresentadas nas propostas 1 e 2.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados obtidos culminaram com os objetivos abordados pelo trabalho, pois

permitiram a análise do gerenciamento adotado pelo Restaurante universitário da UNISINOS.

Observou-se que o modelo de gestão de resíduos orgânicos seguido pelo mesmo não o favorece, uma

vez que muitos dos resíduos que são rejeitados sem segregação ainda possuem substâncias com valor

comercial. Ainda, avalia-se que o mesmo está em desacordo com os propósitos da política de resíduos

sólidos.

Analisando os resíduos gerados pelo Restaurante universitário, obteve-se como destaque

o resíduo casca de laranja, provindo da elaboração do suco. Deste resíduo é possível extrair

coprodutos como óleos essenciais e fibras com alta aplicabilidade em diferentes indústrias.

Em suma ao estudo apresentado, define-se que o resíduo casca de laranja, gerado da

produção de suco no Restaurante universitário da UNISINOS, é viável tecnologicamente para a

obtenção de coproduto.

Agradecimentos

A equipe de pesquisa agradece a UNISINOS e ao Restaurante universitário pelo apoio e

credibilidade que possibilitaram a realização do presente trabalho.

REFERÊNCIAS

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Graduação em Biologia Geral e Aplicada. Universidade Estadual Paulista Botucatu, SP, 2010.

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REZZADORI, K.; Benedetti, S. Proposições para valorização de resíduos do processamento do suco

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2009, São Paulo.

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populares do município do rio de janeiro: contribuição para minimização de desperdícios. 2009.

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SOLER, Márcia P. Processamento de outros produtos obtidos do mamão. Instituto de Tecnologia de

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