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10 1. INTRODUÇÃO A família Araceae possui 117 gêneros e 3.789 espécies A família Araceae tem 117 gêneros e 3.789 espécies descritas (Em: <www.cate-araceae.org∕taxon∕0996e6f0-6797- 11dd-ad8b-0800200c9a66∕relationstothistaxon.html>. acesso em 17 de setembro de 2012). conhecidas principalmente pela propriedade ornamental de suas folhas, na alimentação (Coelho, 2009), artesanato e na medicina popular (Mayo, 1997). Possui distribuição cosmopolita , porém com maior predominância em regiões de florestas tropicais úmidas (Mayo et al. 1997), tendo como um dos centros de diversidade a Mata Atlântica (Mayo 1990). As Araceae estão incluídas na ordem Alismatales, junto à mais treze famílias (APGIII 2009) e segundo Cabrera et. al. (2008) conta com oito subfamílias: Gymnostachydoideae, Pothoideae, Monsteroideae, Calloideae, Lasioideae, , Aroideae, Orontioideae Lemnoideae . Araceae é constituída por espécies herbáceas, terrestres, epífitas, hemiepífitas e aquáticas. Algumas possuem adaptações para regiões frias e secas, podendo ser tuberosas e dormentes, de acordo com a estação do ano, protegendo- se das temperaturas baixas ou as estações secas, com a perda das partes aéreas durante vários meses do ano (Mayo 1997). Os ramos são simpodiais ou raramente monopodiais, as folhas grandes e frequentemente coriáceas são alternas, espiraladas ou dísticas, pinatissectas ou palmatissectas, com acúmulo de oxalato de cálcio nos tecidos de algumas espécies. A inflorescência é do tipo espádice associada a uma bráctea, a espata, flores pequenas, actinomorfas, sem bractéolas, gineceu gamocarpelar, fruto baga (Temponi 2005). A Serra da Jiboia apresenta uma grande diversidade de tipos vegetacionais, como caatinga, afloramento rochoso, campo rupestre e floresta estacional semidecidual. No entanto, trabalhos sobre estas vegetações são raros, dificultando a formulação de estratégias que visem seu manejo e conservação, além disso, os registros de estudos sobre a flora de aráceas na Bahia são escassos (Gonçalves & Jardim 2009, High et. al 2001,Bezerra 1999) Além disso, não existem levantamentos neste fragmento de mata, maximizando o desconhecimento do grupo no Estado. O presente estudo teve como objetivos o levantamento da diversidade de espécies da família Araceae na vegetação da Serra da Jibóia, buscar com o mesmo fornecer subsídios para ações de conservação, comparar os resultados obtidos com outras regiões e por fim contribuir para a lista da flora de Aráceas do Brasil.

Araceae Serra Jibóia

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1. INTRODUÇÃO

A família Araceae possui 117 gêneros e 3.789 espécies A família Araceae tem

117 gêneros e 3.789 espécies descritas (Em: <www.cate-araceae.org∕taxon∕0996e6f0-6797-

11dd-ad8b-0800200c9a66∕relationstothistaxon.html>. acesso em 17 de setembro de 2012).

conhecidas principalmente pela propriedade ornamental de suas folhas, na

alimentação (Coelho, 2009), artesanato e na medicina popular (Mayo, 1997). Possui

distribuição cosmopolita , porém com maior predominância em regiões de florestas

tropicais úmidas (Mayo et al. 1997), tendo como um dos centros de diversidade a

Mata Atlântica (Mayo 1990). As Araceae estão incluídas na ordem Alismatales, junto

à mais treze famílias (APGIII 2009) e segundo Cabrera et. al. (2008) conta com oito

subfamílias: Gymnostachydoideae, Pothoideae, Monsteroideae, Calloideae,

Lasioideae, , Aroideae, Orontioideae Lemnoideae .

Araceae é constituída por espécies herbáceas, terrestres, epífitas,

hemiepífitas e aquáticas. Algumas possuem adaptações para regiões frias e secas,

podendo ser tuberosas e dormentes, de acordo com a estação do ano, protegendo-

se das temperaturas baixas ou as estações secas, com a perda das partes aéreas

durante vários meses do ano (Mayo 1997). Os ramos são simpodiais ou raramente

monopodiais, as folhas grandes e frequentemente coriáceas são alternas,

espiraladas ou dísticas, pinatissectas ou palmatissectas, com acúmulo de oxalato de

cálcio nos tecidos de algumas espécies. A inflorescência é do tipo espádice

associada a uma bráctea, a espata, flores pequenas, actinomorfas, sem bractéolas,

gineceu gamocarpelar, fruto baga (Temponi 2005).

A Serra da Jiboia apresenta uma grande diversidade de tipos vegetacionais,

como caatinga, afloramento rochoso, campo rupestre e floresta estacional

semidecidual. No entanto, trabalhos sobre estas vegetações são raros, dificultando a

formulação de estratégias que visem seu manejo e conservação, além disso, os

registros de estudos sobre a flora de aráceas na Bahia são escassos (Gonçalves &

Jardim 2009, High et. al 2001,Bezerra 1999) Além disso, não existem levantamentos

neste fragmento de mata, maximizando o desconhecimento do grupo no Estado. O

presente estudo teve como objetivos o levantamento da diversidade de espécies da

família Araceae na vegetação da Serra da Jibóia, buscar com o mesmo fornecer

subsídios para ações de conservação, comparar os resultados obtidos com outras

regiões e por fim contribuir para a lista da flora de Aráceas do Brasil.

11

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Área de estudo A Serra da Jiboia está localizada na região do Recôncavo Sul da Bahia

estendendo-se pelos municípios de Santa Teresinha, Castro Alves, Elísio Medrado,

Varzedo, e uma pequena área no território de São Miguel das Matas, a uma latitude

de 12º51’S e longitude de 39º28’W. Constitui-se em um pequeno maciço de morros

e apresenta diversas formações vegetacionais com campos rupestres nos topos,

caatinga na base e mata higrófila nas encostas (QUEIROZ et al., 1996). Está situada

a oeste da Baía de Todos os Santos, próximo ao vale do Rio Paraguaçu, na

microrregião geográfica de Feira de Santana (SEI, 2004).

manejo e conservação.

2.2 Coleta e Análise do Material

2.2.1Florística Foram realizadas caminhadas aleatórias por trilhas pré-existentes para coleta

de material botânico fértil. As coletas foram realizadas mensalmente, por um período

de 18 meses, sendo todo o material coletado processado conforme os

procedimentos usuais (Mori et al., 1989).

A coleta do material incluiu observações em campo de características como

coloração das partes vegetativas e reprodutivas, liberação de exsudado e

levantamento fotográfico. As espécies encontradas estéreis foram mantidas sob

cultivo em casa de vegetação para o acompanhamento do desenvolvimento floral. A

identificação foi realizada seguindo bibliografia específica (Temponi 2005, 2006,

Coelho, 2000, Almeida 2005) e comparação com o material da família depositado

nos herbários ALCB e HUEFS.

12

2.2.2 Taxonomia

A nomenclatura botânica foi realizada segundo INPI (International Plant

Names Index). Os termos morfológicos das partes vegetativas e reprodutivas foram

baseados no trabalho de Mayo (1997), . A distribuição geográfica das espécies no

Brasil foram obtidas, através da lista da flora do Brasil (Coelho, 2012, Andrade,

2012, Sakuragui, 2012, Temponi, 2012). Foram elaboradas chaves de identificação

para as espécies depositadas no Herbário do Recôncavo da Bahia (HERB) na

Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.

3. RESULTADOS

3.1 Revisão de literatura

.

3.2 Espécies encontradas

As espécies de Araceae encontradas na Serra da Jiboia e seus respectivos

hábitos estão listados na tabela 1. Das nove subfamílias descritas por Bogner &

Nicolson (1991) Pothoideae, Aroideae, Philodendroideae e Monsteroideae foram

encontradas no fragmento estudado, sendo as três primeiras mais representativas

em número de espécies. Foram encontrados cinco gêneros e 13 espécies, sendo

que 11 delas foram identificadas em nível específico e duas no nível de gênero.

Algumas espécies não foram encontradas em estádio reprodutivo, portanto

espera-se que o número de espécies de Araceae ocorrentes nesse fragmento seja

maior do que o verificado.

As espécies ocorrentes na Serra da Jiboia são encontradas em ambientes

úmidos, sombreados, próximos a cursos de água e em pequenas populações, fato

que também é observado nos estudos de Almeida (2005). Essa distribuição pode

estar relacionada à ação antrópica nessas populações ou à adaptações das

mesmas ao habitat. O hábito mais comum é o hemiepífito (46,15%), seguido do

terrestre (30,75%) e epífito (23,1%). Os gêneros com maior representação são

13

Anthurium com cinco espécies, seguido de Philodendron (3), Rhodospatha e

Caladium (2). Dentre as espécies encontradas uma pode tratar-se de espécie nova,

porém pesquisas mais aprofundadas serão necessárias para afirmar esta hipótese.

Monstera adansonii Schott e Caladium bicolor Vent possuem ampla

distribuição. Anthurium bellum Schott, Anthurium gladiifolium Schott e apresentam

distribuição restrita à região nordeste e sudeste do Brasil (Coelho 2010). Esse

padrão incrementa a importância de estudos sobre a família, na medida em que

podem contribuir para a formulação de estratégias para o comércio e o manejo

sustentável, reduzindo as coletas predatórias e favorecendo a preservação de

espécies ameaçadas de extinção.

38%

23%

15%

15%

8%

Anthurium Philodendron CaladiumRhodospatha Monstera

Figura 4: Gráfico de riqueza de gêneros encontrados na Serra da Jiboia.

Tabela 1: Espécies da família Araceae encontradas na Serra da Jiboia, Santa

Terezinha, Bahia, Brasil.

Nº de coleta Espécie Hábito

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G05 Anthurium bellum Schott. Terrestre

G04 Anthurium sp. Nova Terrestre

G06 Anthurium aff. intermedium Kunth Terrestre

G13 Anthurium pentaphyllum var. pentaphylllum (Aubl.)

G. Don

Hemiepifita

G14 Anthurium gladiifolium Schott Epífita

G02 Caladium bicolor Vent. Terrestre

G03 Caladium sp. Terrestre

G01 Monstera andansoni Schott Hemiepifita

G07 Philodendron pedatum Kunth Hemiepifita

G10 Philodendron fragrantissimum Kunth Epífita

G11 Philodendron rudgeanum Schott Hemiepifita

G08 Rhodospatha latifolia Poepp & Endl. Hemiepifita

G09 Rhodospatha oblongata Poepp & Endl. Hemiepifita

3.3 Taxonomia

3.3.1 Chave para identificação das espécies de Araceae ocorrentes na Serra da Jibóia, Santa Terezinha, Bahia.

1.Limbo fenestrado irregularmente................................ Monstera adansonii Schott

(8)

1’.Limbo não fenestrado

2.Plantas bulbosas

3. Folhas sagitadas, manchas brancas no limbo, rosadas na região da

nervura .........................................................................Calladium bicolor Vent. (6)

3’. Folhas sagitadas com manchas brancas e rosadas no limbo e verde na

região das nervuras.................................................................... Calladium sp. (7)

2’ Plantas não bulbosas

4. Folhas membranáceas

5. Inflorescência rosada, liberação de muco adesivo durante a antese, estames

até a base da espádice....................... Rhodospatha latifolia Poepp. & Endl. (12)

15

5’. Inflorescência de cor bege, flores bissexuadas, com estames ausentes na

base da espádice.............................Rhodospatha oblongata Poepp & Endl. (13)

4’. Folhas não membranáceas

6. Espata constricta, envolvendo parcialmente a espádice

7. Espádice branca

8. Espata esverdeada na porção inicial com margem rosada, 1-5

inflorescências por axila foliar......................Philodendron pedatum Kunth (10)

8’.Espata vermelha na base, esverdeada no ápice, com apenas uma

inflorescência por axila foliar..............Philodendron fragrantissimum Kunth(9)

7’. Espádice marrom, espata verde..........Philodendron rudgeanum Schott (11)

6’.Espata não constrita, espádice livre

9. Plantas terrestres

10. Lâmina foliar oblonga, comprimento menor que o pecíolo, espádice de

cor marrom, rizoma roxo.......................................Anthurium bellum Scott. (1)

10’. Lâmina foliar lanceolada, comprimento maior que o pecíolo, espádice

de cor vinácea, rizoma bege........................................Anthurium sp. nova (5)

9. Plantas epífitas

11. Lâmina foliar inteira

12. Lâmina foliar ereta, nervuras primárias laterais fortemente impressas,

fundidas próximo a margem e ápice, formando saliências na

folha..........................................................Anthurium gladiifolium Scott. (2)

12’. Lâmina foliar pendente, nervuras discretas..........................................

.........................................................Anthurium aff. intermedium Kunth.( 3)

11’. Lâmina foliar palmatipartida.....................................................................

........................Anthurium pentaphyllum var. pentaphylllum(Aubl.) G. Don (4)

3.3.2 Descrição das espécies

1. Anthurium Schott en. Zeitschr. f. Kunst iii: 828. (1829).

Hábito: Epífitas, hemiepífitas e menos frequentemente terrestres. Pecíolo: Geniculado no ápice. Folha: Simples ou compostas, lâmina inteira ou palmatipartida,

com nervuras laterais primárias pinadas, formando nervura coletora submarginal.

16

Espata: Persistente, não constricta. Espádice: Terminal, estipitada, densiflora,

flores bissexuadas.

Distribuição Geográfica: As espécies estão distribuídas do Norte do México e

Antilhas ao Sul do Brasil e Norte da Argentina e Uruguai, com maior diversidade no

Panamá, Colômbia e Equador (Mayo et al. 1997). No Brasil há cerca de 110

espécies (Temponi 2007).

1. Anthurium bellum Schott . Oesterr. Bot. Z. 9: 100. 1859 (Fig. 5 (A-B) e 9)

Hábito: Terrestre. Rizoma: Crescimento perpendicular ao solo, liberação de

exsudado roxo escuro, catafilos escamiformes presentes. Pecíolo: 21,0-34,0 cm,

com ranhuras, geniculado, comprimento igual aos das folhas. Folha: Simples,

oblonga 22,0-28,0 x 11,0-16,0 cm, ápice atenuado, base cuneada, margem inteira,

cartácea a subcoriácea, peninérveas, verde escuro na face adaxial, verde claro na

face abaxial; nervuras laterais primárias mais visíveis em face abaxial. Pedúnculo: Ereto, 23,0-32,0 cm, verde a levemente roxeado. Espata: persistente, esverdeada,

margem roxa, 6,0-9,0 x 1,0-1,5 cm. Espádice: longa, curvada, 9,0-12,0 x 0,5-1,0 cm,

marrom amarelada, estípite curto 1,3-2,0 cm. Flores brancas, quatro estames, filete

achatados, gineceu amarelado, com estigma marrom. Fruto: Baga, arredondado,

cor avermelhada.

Distribuição Geográfica: Espécie brasileira, com distribuição restrita à

remanescentes de Mata Atlântica dos estados do Ceará, Bahia, Alagoas, Sergipe e

Minas gerais (Coelho 2010).

Comentários: Espécie com potencial ornamental, com folhas exuberantes. Na Serra

da Jiboia é encontrada na maioria das trilhas percorridas sempre em locais próximos

a cursos de água.

Material Examinado: BRASIL: Bahia, Castro Alves, Serra da Jiboia, Tucaia, V,

2009, G.P.Oliveira G05 (HERB 1715).

2. Anthurium gladiifolium Schott. J. Bot. 1: 5. 1863 (Fig. 6. (G-F) e 10)

17

Hábito: Epífita. Rizoma: ereto, catafilos flageliformes presentes. Pecíolo: Esverdeado, com ranhuras, 18,0-33,0 cm, secção triangular, geniculado. Folha: simples, lâmina lanceolada cartácea, margem inteira, com base cuneada e ápice

acuminado, pendente, 46-58 x 8,0-12 cm, verde musgo na face adaxial e verde

amarelado na face abaxial, ápice da folha atenuado, base decorrente, nervuras

inconspícuas na face adaxial e levemente impressas em face abaxial. Pedúnculo: Pendente, 31,0-69,0 cm, esverdeado. Espata: Persistente, verde na região central e

margem roxa, 9,0-14,0 x 0,5-1,0 cm. Espádice: curvada, marrom, estípite curta 0,5-

1,5 cm; estames 4, estigma retangular, fendido no centro, persistente. Fruto: esverdeado, levemente arredondado.

Distribuição Geográfica: Espécie brasileira ocorrendo nos estados da Bahia, Minas

Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Rio de Janeiro (Coelho, 2010). Na Serra da

Jiboia ocorre na trilha da Tucaia, vivendo sob árvores próximas a curso de água.

Material Examinado: BRASIL: Bahia, Castro Alves, Serra da Jiboia, Trilha do

Gambá, XII 2009, G.P.Oliveira G14 (HERB 2089).

3. Anthurium aff. intermedium Kunth. (Fig. 12)

Hábito: Terrestre Rizoma: ereto. Pecíolo: ereto, cor verde. Folha: Cartácea

lanceolada 45,0-49,0 cm, ereta, base e ápice atenuado, margem inteira,

peninérveas, nervuras fortemente impressas em face adaxial, formando saliências,

nervuras laterais fundidas próximo a margem formando uma nervura coletora de

ambos os lados e unidas no ápice. Pedúnculo: Longo, ereto, 24,0-30,0 cm, verde.

Espata reduzida, 4,5-5,0 cm, persistente, verde, estípite curta, 0,2-0,3 cm. Espádice bissexuada, longa, encurvada, 10,0-11,0 cm, marrom, flores não visualizadas. Fruto ausente.

Comentários: Na Serra da jibóia foi encontrada na trilha do Gambá próximo ao Rio

do Caranguejo, vivendo em substrato raso, em aberturas nas rochas.

Material Examinado: BRASIL: Bahia, Castro Alves, Serra da Jiboia, Trilha do

Gambá, XII, 2009, G.P.Oliveira G06 (HERB 1717).

18

4. Anthurium pentaphyllum var. pentaphylllum (Aubl.) G. Don. Sweet 1839.

Hort..Brit.. ed.3 : 633. (Fig. 5 (C-E) e 15)

Hábito: Hemiepífita. Rizoma: Cinza na base e bege no ápice, espiralado,

base rente ao solo oca na região central, catafilos presentes envolvendo a região

apical. Pecíolo: 28,0-49,0 cm, côncavo, geniculado na base. Folha: Palmaticomposta, coriácea, 5-7 subunidades 16,0-30,0 x 4,0-8,0 cm cada uma,

fundidas na base; nervuras aparentes na face abaxial,verde oliva na face adaxial e

verde claro na face abaxial; Pedúnculo curto 3,0cm. Espata: Persistente, de

tamanho inferior o espádice. Infrutescência: levemente torcida, marrom, alongada,

curvada no ápice e torcida em relação ao caule 12,0 cm. Fruto: Baga, vermelho na

base e vinho escuro no ápice.

Distribuição Geográfica: Espécie com ampla distribuição, ocorrendo nas regiões:

Norte (Amazonas, Acre), Nordeste (Paraíba, Pernambuco, Bahia), Sul (Paraná,

Santa Catarina), Sudeste (Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro)

e Centro-Oeste (Mato Grosso) (Coelho, 2010), Peru, Colômbia, Venezuela, Guianas

e Trindad (CATE-Araceae, 2009). Na Serra da Jiboia foram encontradas na trilha da

pioneira, em local bastante sombreado e úmido.

Comentários: Anthurium Pentaphylum var. pentaphyllum é facilmente distinguível

das outras espécies do gênero encontradas, devido à morfologia palmada de suas

folhas. No material coletado foram encontradas larvas e formigas habitando na

região central do rizoma próximo ao solo. Os indivíduos encontrados estavam em

fase de frutificação, impossibilitando a visualização da inflorescência.

Material Examinado: BRASIL: Bahia, Castro Alves, Serra da Jiboia, Pioneira, XII,

2009, G.P.Oliveira G13 (HERB 1733).

5. Anthurium sp. nova (Fig. 5 (H-J) e 11)

Hábito: Terrestre. Rizoma: ereto. Catáfilos 9,21-11,4 cm. Pecíolo: Esverdeado de secção triangular, face adaxial levemente sulcado 22,1-34,5cm,

19

genículo intumescido, mais claro que o pecíolo 1,0-1,3x1,0-1,2cm. Folha: Simples,

cartácea, lanceolada esverdeada a levemente discolor, pruinosa, ápice agudo, base

estreitada, 79-91cm x 5,7-9,0cm; nervura primária arredondada adaxial e quilhada

abaxialmente, nervuras secundárias mais aparentes na face abaxial. Pedúnculo torcido, canaliculado na porção mediana ereto, esverdeado a levemente vináceo,

32,4-49,8cm. Espata: Comprimento semelhante à espádice, navicular, esverdeada,

margem vinácea, ereta, 14,4-14,8cm x 2,4-2,7cm. Espádice: Subcônica vinácea

estipado, 14,0-16,2cm, estipe 1,8-1,8cm. Tépalas acastanhadas, estames opostos.

Fruto: Baga esverdeadas.

Comentários: A espécie parece se tratar de um novo táxon para a flora do Brasil.

Apesar de suas folhas se assemelharem com o Anthurium gladiifolium dificultando a

identificação, a inflorescência subcônica, o hábito terrestre e disposição das folhas

de Anthurium sp, distinguem de A. gladiifolium, que apresentam inflorescênicia,

hábito e folhas importantes para a distinção dessas espécies.

Material Examinado: BRASIL: Bahia, Castro Alves, Serra da Jiboia, Trilha da

Tucaia, V, 2009, G.P.Oliveira G04 (HERB 1719).

2. Caladium Vent. Mag. Encycl. 4: 463. 1801

Hábito: terrestres, tuberosas, a maioria geófitos. Folha: geralmente peltadas,

lâmina variegada, cordadas ou sagitadas, nervuras coletoras submarginais

presentes. Espata fortemente constricta, envolvendo parcialmente a espádice,

persistente. Espádice unissexuada, perigônio ausente. Flores estéreis entre as

zonas masculinas e femininas.

Distribuição Geográfica: Gênero com ampla distribuição ocorrendo nos países da

America tropical, Argentina, Bolívia, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guiana

Francesa, Guiana, Antilhas Panamá, Peru, Porto Rico, Suriname, e Venezuela

(Mayo 1997). No Brasil ocorre nas regiões: Norte (Roraima, Amapá, Pará,

Amazonas, Acre, Rondônia), Nordeste (Maranhão, Ceará, Pernambuco, Bahia,

Alagoas), Sul (Paraná, Santa Catarina), Centro-Oeste (Mato Grosso) e Sudeste

(Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro) e (Coelho 2010).

20

6. Caladium bicolor Vent. Descr. Pl. Nov.. t. 30. 1801 (Fig. 6 (L-M) e 14)

Hábito: Terrestre, geófita, bulbosa, de coloração branca, entouceirada.

Pecíolo 26,0-34,0 cm, cilíndrico. Folha: Simples, margem inteira, lâmina 14,0-30,0

cm deltóide, base sagitada, ápice atenuado, membranácea, limbo verde com

manchas brancas e regiões das nervuras rosa escuro, palmatínerveas, com

nervuras aparentes em ambas as faces. Pedúnculo: 8,0-12,0 cm, ereto roxo.

Espata 7,0-9,0 cm, persistente, constrita. Espádice: 5,0-7,0 cm, ocre claro. Flores

unissexuadas, região feminina com flores mais arredondadas e masculinas em

forma de losango.

Distribuição Geográfica: Espécie amplamente distribuída. Ocorrem nos biomas,

Caatinga, Cerrado, Amazônia e Mata Atlântica, nas regiões: Norte (Roraima, Amapá,

Pará, Amazonas, Acre, Rondônia), Nordeste (Ceará, Pernambuco, Bahia, Alagoas),

Sul (Paraná, Santa Catarina), Sudeste (Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro) e

Centro-Oeste (Mato Grosso) (Coelho, 2010). Na área de estudo foi encontrada na

Trilha da Pioneira em local desmatado com clareiras.

Comentários: Calladium bicolor Vent. diferencia-se das demais espécies

encontradas na área por ter folhas membranáceas, variegadas e de cores vivas.

Nãoa foram visualizados frutos nos indivíduos coletados. É muito utilizada como

ornamental, em projetos paisagísticos de jardins, devido à exuberância das cores de

suas folhas (Souza & Lorenzi,2009).

Material Examinado: BRASIL: Bahia, Castro Alves, Serra da Jiboia, Pioneira, IV,

2009, G.P.Oliveira G02 (HERB 1713).

7. Caladium sp. (Fig .11)

Hábito: Terrestre, bulbosa, de coloração branca, entouceirada. Pecíolo: 24,0-

35,0 cm, cilíndrico. Folha: Simples, margem inteira, lâmina 13,0-28,0 cm deltóide,

base sagitada, ápice atenuado, membranácea, limbo verdes com manchas brancas

e vermelhas, regiões das nervuras sem manchas, palmatinérveas, com nervuras

21

aparentes em ambas as faces. Pedúnculo: 8,0-11,0 cm, ereto, roxo. Espata: 7,0-

9,0 cm, persistente, constrita. Espádice 5,0-7,0 cm, marrom claro, flores

unissexuadas, região feminina com flores mais arredondadas e masculinas em

forma de losango.

Comentários: Indivíduos encontrados em período de antese impossibilitando

visualização de frutos. Devido a grande plasticidade fenotípica do grupo e as más

condições do material após herborização, não foi possível identificar Caladium sp.

em nível de espécie. Ocorre na Serra da Jiboia em locais úmidos com presença de

clareiras,

Material Examinado: BAHIA: Castro Alves, Serra da Jiboia, Pioneira, IV, 2009,

G.P.Oliveira G02 (HERB).

3. Monstera Adans. Pl. (Adanson) 2: 470. 1763.

Hábito: Hemiepífitas, escaladas. Pecíolo geniculado no ápice, bainha longa,

persistente ou decídua. Folhas dísticas, lâminas foliares com os dois lados

geralmente desiguais, muitas vezes fenestradas. Espata decídua após a floração.

Flores bissexuadas, perigônio ausente. Sementes: globosas a oblongas (Mayo

1997).

Este gênero distribui-se pela America Tropical, Belize, Bolívia, Colômbia,

Costa Rica, Equador, El Salvador, Guiana Francesa, Guatemala, Guiana, Honduras,

Antilhas, México, Nicarágua, Panamá, Peru, Porto Rico, Suriname, Trinidad, Tobago

e Venezuela (Mayo 1997). No Brasil ocorre em todas as regiões nos domínios

fitogeográficos de Caatinga, Mata atlântica, Cerrado e Amazônia.

8. Monstera Adansonii Schott Wiener Z. Kunst 1830(4): 1028. (Fig. 6 (N-P) e

16).

Hábito: hemiepífita, robusta, com crescimento simpodial. Pecíolo: 22-35 cm,

genículado, com canais longitudinais. Folha: Simples, lâmina 33,0-47,0 cm elíptica,

fenestrada irregularmente, pinatinérvea, verde escuro na face adaxial e levemente

mais claro na abaxial, cartácea, com recorte na margem de algumas folhas.

22

Pedunculo: curto. Espata decídua de cor rosada, sem constrição. Espádice:

Branca, organizada em simpódio, saindo da axila foliar, flores bissexuadas, 4

estames por flor livres entre si, com filetes achatados. Fruto: Tipo baga, vermelho,

arredondado.

Distribuição Geográfica: Monstera adansonii Schott não é uma espécie brasileira,

ocorrendo na porção norte da América do Sul e parte da América central (CATE-

Araceae, 2009). No Brasil possui ampla distribuição ocorrendo em todas as regiões

brasileiras em domínios de Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica e Amazônia (Coelho

2010).

Comentários: Na Serra da Jiboia foi encontrada em várias trilhas, sempre em locais

úmidos. Possui valor ornamental e suas folhas são muito utilizadas para decoração.

Material Examinado: Brasil: Bahia, Castro Alves, Serra da Jiboia, Trilha da Pioneira,

IV, 2009, G.P.Oliveira G01 (HERB 1712).

4. Philodendron Schott. Wiener Z. Kunst 1829 (3): 780.

Hábito: Pequenas ou gigantescas, principalmente hemiepífitas escaladas ou

epífitas, às vezes arborescentes terrestres ou rizomatosas. Folha: Limbo variável de

linear a pinatífida. Presença ou, não de veia submarginal coletora. Nervação

peniparalelinérveas ou pinadas. Flores unissexuadas, perigônio ausente.

Distribuição Geográfica: Philodendron não é um gênero brasileiro, ocorrendo em

florestas úmidas das Americas Tropical e Subtropical, Argentina, Belize, Bolívia,

Colômbia, Costa Rica, Cuba, Republica Dominicana, Equador, El Salvador, Guiana

Francesa, Guatemala, Guiana, Haiti Honduras, Jamaica, Antilhas, México,

Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Porto Rico, Suriname, Trinidad, Tobago,

Uruguai e Venezuela (Mayo 1997). No Brasil ocorre em todas as regiões nos

domínios fitogeográficos de caatinga, mata atlântica, cerrado e Amazônia.

9. Philodendron fragrantissimum Kunth Enum. Pl. [Kunth] iii. 49. (Fig 6. (Q-R)

e 17)

23

Hábito: Epífita. Rizoma: Branco com liberação de exsudato avermelhado,

ligeiramente inclinado. Pecíolo: 27,0-37-0 cm, canaliculado, genículado. Folha:

Simples, lâmina 24,0-28,0 cm, sagitiforme, herbácea, palmatinérveas, nervuras

laterais primárias mais aparentes em face adaxial, limbo discolor, verde oliva na face

adaxial e verde amarelado na face abaxial. Pedúnculo: Curto, ereto. Espata:

Decídua, cor vermelho escuro na base, branca no ápice, constricto, envolvendo

parcialmente a espádice durante a antese. Espádice séssil, heterogêneo, com

região de flores masculinas mais estreita que a feminina, estas de formato

arredondado, região masculina em formato de mosaico.

Distribuição Geográfica: Espécie brasileira, ocorrendo em estados da região Norte,

Nordeste e Sudeste (Coelho, 2010).

Comentários: Apresenta potencial ornamental, por possui espata vistosa e folhas

exuberantes. Na Serra da Jiboia ocorre nas Trilhas do Sururu e Pioneira, em locais

próximos de cursos de água, vivendo sob rochas ou tronco de árvores.

Material Examinado: BAHIA: Castro Alves, Serra da Jiboia, Pioneira, VII, 2009,

G.P.Oliveira G10 (HERB 1720).

10. Philodendron pedatum kunth. Enum. Pl. [Kunth] iii. 49. (Fig. 7 (C-F) e 18)

Hábito: Epífita. Rizoma: esverdeado com catáfilos presentes. Pecíolo: 47,0-53,0

cm, cilíndrico, genículado na base. Folha: Simples, pinatinérveas, limbo verde

escuro na face adaxial e verde mais claro na face abaxial, cartácea. Pedúnculo 7,0-

14,0 cm, esverdeado. Espata: Bicolor, sendo a base de cor verde e o ápice rosado,

constricta, persistente envolvendo maior parte da espádice. Espádice: 2-várias

saindo da axila foliar, branca, flores unissexuadas, sendo as flores femininas

arredondadas e as masculinas dispostas em mosaico.

Distribuição Geográfica: Philodendron pedatum Kunth é uma espécie brasileira,

ocorrendo nos biomas de Mata Atlântica, Caatinga, Cerrado e Amazônia, nas

regiões: Norte (Roraima, Amapá, Pará, Amazonas, Acre, Rondônia), Nordeste

24

(Maranhão, Pernambuco, Bahia, Alagoas), Sudeste (Espírito Santo, Rio de Janeiro)

e Centro-Oeste (Distrito Federal) (Coelho, 2009).

Comentários: Possui folhas exuberantes e robustas com um grande potencial

ornamental. Na Serra da Jiboia foi encontrada na Trilha da Pioneira, próximo a

nascente de água, vivendo sob árvores de grande porte.

Material Examinado: BRASIL: Bahia, Castro Alves, Serra da Jiboia, Tucaia, IV,

2009, G.P.Oliveira G07(HERB 1711).

11. Philodendron rudgeanum Schott. Syn. Aroid. 78. 1856 (Fig. 7 (K) e 19)

Hábito: Hemiepífita, escandente. Pecíolo: 5,0-6,0 cm, alado, geniculado.

Folha: Simples, lâmina oblanceolada à obovada, 11,0-14,0 x 4,0-5,0 cm, ápice,

acuminado, base cuneada, margem inteira, pinada, cartácea, verde escuro na face

adaxial e verde claro na face abaxial, nervura central e secundárias mais aparentes

em face abaxial. Pedúnculo: Reduzido, levemente curvado, esverdeado. Espata:

8,0-10,0 cm, verde, envolvendo parcialmente a espádice. Espádice: Marron 7-10

cm.

Distribuição Geográfica: Espécie brasileira ocorrendo em florestas de Mata

Atlântica e Amazônia nos estados do Amapá, Pará, Maranhão, Bahia e Espírito

Santo (Coelho, 2010).

Comentários: Philodendron rudgeanum Schott se diferencia das outras espécies de

Araceae encontradas na Serra da Jiboia, devido à forma elíptica de suas folhas e

pecíolo alado. Na serra da Jiboia ocorre na trilha do gambá entrelaçada sobre

árvores em regiões imidas.

Material Examinado: BRASIL: Bahia, Castro Alves, Serra da Jiboia, Gambá, XII,

2009, G.P.Oliveira G11(HERB 1714).

5. Rhodospatha Poepp. Nov. Gen. Sp. Pl. (Poeppig & Endlicher) 3: 91. 1845

25

Hábito: Hemiepífitas escaladas. Folha: Lâminas com venação inteira,

oblongo-elípticas, pinatinérvea. Espata: decídua após a floração. Flores bissexuais,

perigônio ausente. Sementes achatadas, arredondadas-reniforme.

Distribuição Geográfica: O gênero ocorre em florestas úmidas das Americas

tropicais e méxico. No Brasil possui distribuição restrita as regiões: Norte (Amapá,

Amazonas, Acre), Nordeste (Pernambuco, Bahia) e Sudeste (Minas Gerais, Espírito

Santo, Rio de Janeiro)

12. Rhodospatha latifolia Poepp & Endl. Nov. Gen. Sp. Pl. (Poeppig &

Endlicher) iii. 91. t. 300. (Fig. 9 (A-F) e 19)

Hábito: Hemiepífita. Pecíolo: 22-31,0 cm, cilíndrico, canaliculado, geniculado,

envolvendo parcialmente o pedunculo. Folha: Simples, 34-47 x 12-15 cm, eliptica à

lanceolada, margem inteira, cartacea, ápice agudo, base cuneada, nervuras laterais

primárias inconspícuas na face adaxial e levemente impressas na face adaxial.

Pedúnculo: Verde à marron, cilíndrico, medindo 21-30 cm, ereto. Espata: Decídua

após a antese. Espádice: 12-14,0 cm, bege, alongada, estipitado 2,5-3,0cm, flores

bisexuadas, estames numerosos, achatados de cor pálida, estigma fendido ao

centro marrom. Fruto: Tipo baga arredondados, marrom.

Distribuição Geográfica: Rhodospatha latifolia Poepp. & Endl. É uma espécie

brasileira, com domínios fitogeográficos em Mata atlântica, Caatinga, Cerrado e

Amazônia, ocorrendo nas regiões: Norte (Acre), Nordeste (Pernambuco e Bahia) e

Sudeste (Minas Gerais, Espirito Santo e Rio de Janeiro) (Coelho 2010).

Comentários: A espécie se difere da Rhodospatha oblongata por apresentar flores

estaminadas até a base. Durante a antese ocorre liberação de muco adesivo do

estigma da flor, com provavel papel de atração de polinizadores.

Material Examinado: BRASIL: Bahia, Castro Alves, Serra da Jiboia, Gambá, IX,

2009, G.P.Oliveira G08(HERB 1718).

26

13. Rhodospatha oblongata Poepp. & Endl. Nov. Gen. Sp. Pl. (Poeppig &

Endlicher) iii. 91. (Fig 9 (F-H) e 21)

Hábito: Hemiepífita. Rizoma: Bege, ereto. Pecíolo: 22,0-31,0 cm cilíndrico,

canaliculado, geniculado. Folha: Simples 34,0-47,0 x 12,0-15,0 cm, margens

inteiras, herbáceas, elípticas, com nervuras centrais e primárias mais aparentes na

face abaxial do que na adaxial, ápice agudo, base cuneada, verde intenso em face

adaxial e mais claro na adaxial. Pedúnculo: 21,0-30,0 cm, saindo da base da axila

foliar, verde, cilíndrico, ereto. Espata: Decídua após a antese. Espádice: 12,0-14,0

cm, estipitado 2,5-3,0cm, bege, alongado, formato arredondado; flores bissexuadas

com estames numerosos amarelados, não presentes na base da espádice, filete

chatado, estigma de formato quadrangular fendido ao centro.

Distribuição Geográfica: Espécie brasileira, com domínios fitogeográficos nos

biomas Caatinga, Amazônia e Mata Atlântica, ocorrendo nas regiões: Norte (Amapá,

Amazonas, Acre), Nordeste (Pernambuco, Bahia) e Sudeste (Minas Gerais, Espírito

Santo, Rio de Janeiro) (Coelho 2010).

Comentários: Ao contrário de R. latifolia, R. oblongata, apesar de ser bissexuada,

não apresenta estames na parte basal da espádice, a cor e a espessura da

inflorescência também são características que contribuem para sua distinção. Na

Serra da Jiboia ocorre nas trilhas do Gambá e Pedra do Melão, dominado regiões a

beira de cursos de água, habitando rochas e troncos de árvores.

Material Examinado: BRASIL: Bahia, Castro Alves, Serra da Jiboia, Gambá, XI,

2009, G.P.Oliveira G09(HERB 1716).

4. DISCUSSÃO

O número de espécies de Araceae identificadas para a Serra da Jiboia é

significativo se comparado a outras áreas de estudo (Fig. 4). Garcia Campos et al.

(2008) citam nove espécies para a Reserva Ecológica do Paraíso. Temponi (2006)

27

registrou 13 espécies para o Parque Estadual do Rio Doce, MG, enquanto Almeida

(2005) apresenta 18 espécies para a Represa do Grama Descoberto. Anthurium

penthaphyllum é comum aos quatro levantamentos enquanto que Philodendron

fragrantissimum, P. pedatum e Anthurium gladiifolium não presentes nos outros

levantamentos citados.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

REP

SJ PERD

RGD

Figura 5: Riqueza de espécies de Araceae encontradas em diversas áreas de

Mata Atlântica brasileiras: REP – Reserva Estadual do Paraíso, (Campos et al.

2008); SJ – Serra da Jiboia; PRD – Parque Estadual do Rio Doce, (Temponi 2005);

RGD – Represa do Grama Descoberto (Almeida, 2005).

Um estudo feito na Reserva Ecológica do Paraíso, no Rio de Janeiro por

Campos et al. (2008) encontrou gêneros semelhantes aos do presente estudo com

excessão de Heteropsis Kunth, não registrado para a Serra da Jiboia, ao contrário

de Caladium, ausente naquela reserva. Em outros estudos em áreas de Mata

Atlântica Semidecídua de Minas Gerais Temponi (2005) e Almeida et. al (2005)

obtiveram maior riqueza de outros gêneros como Asterotigma Fisch. & Mey,

Heteropsis Kunth, Xanthossoma Schott, Syngonium Schott. Essas diferenças podem

ser justificadas por diferenças ambientais, tais como altitude, tipos de solo,

temperatura e pluviosidade. Também podem influenciar o padrão de distribuição dos

gêneros e o grau de preservação dos ambientes.

28

5. CONCLUSÃO

-A Serra da Jiboia possui uma grande riqueza de espécies da família Araceae

se comparado a outros fragmentos florestais brasileiros.

-A fase de floração representou um grande empecilho para a identificação das

espécies de Araceae da região.

-O número de espécies deve aumentar com a continuidade das coletas, uma

vez que parte das espécies não foi encontrada em estádio reprodutivo.

-Os resultados deste estudo demonstram a importância do conhecimento da

flora da Serra da Jiboia, devido à ocorrência de espécies provavelmente novas para

a ciência e/ou restritas.

29

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33

ANEXOS

Figura 6: Espécies de Araceae da Serra da Jiboia-BA. A-B. Anthurium bellum

Schott. (A) Hábito. (B) Inflorescência. C-E. Anthurium pentaphyllum var.

pentaphylllum (Aubl.) G. Don. (C) folha. (D) Rizoma. (E) Inflorescência. G-F

Anthurium gladiifolium Schott. (G). Hábito (F) folha. H-J. Anthurium sp. (H)Flores. (I)

Inflorescência. (J) Hábito e folhas.

34

Figura 7: Philodendron rudgeanum Schott. K. Visão geral do ramo. L-M. Caladium

bicolor Vent. (L). Folha. (M). Inflorescência e Flores. N-P. Monstera. adansonii

Schott. (N) Visão geral da folha e inflorescência. (O) Hábito. (P) Flores. Q-R.

Philodendron fragrantissimum Kunth. (Q) Visão geral da Inflorescência. (R). Folha.

35

Figura 8: C’-F’. Philodendron pedatum Kunth. C’. folha. D’. Flores masculinas. E’.

Flores femininas. F’. Inflorescência e Hábito.

36

Figura 8: S-W. Rhodospatha oblongata Poepp. S. Inflorescência. T. visão geral da

folh. U. Hábito. V. Ovário. W. Estame. Y. Flores. X-B’. Rhodospatha latifolia Poepp.

X. Espádice. Z. Folha. A’. Flores. B’. Hábito.