16
A MOSCA QUE ACABOU COM A GUERRA A mosca que acabou com a guerra, da escritora islandesa Bryndís Björgvinsdór, é uma parábola animal inovadora na qual os leitores acompanham as aventuras de um grupo de moscas e veem o mundo do ponto de vista delas — ou seja, em que os leitores humanos veem a si mesmo a parr do olhar das moscas. Trata-se de uma história sobre o horror da guerra. As moscas resolvem não ficar de braços cruzados e conseguem acabar com a terrível guerra de forma surpreendente, mas também com sacricios. A autora descreve as consequências das ações das persona- gens para os leitores jovens de uma forma delicada. Trata-se de uma narrava bem escrita e interessante, com um final sur- preendente e bem resolvido. (justificativa da comissão julgadora do prêmio anual de lit- eratura concedido pela Biblioteca Regional de Akureyri ao livro Flugan sem stöðvaði stríðið em 2011 na categoria in- fanto-juvenil)

Bryndís Björgvinsdóttir: A mosca que acabou com a guerra (Flugan sem stöðvaði stríðið) — amostra de tradução do islandês

  • Upload
    hi

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

a mosca que acabou com a guerra

A mosca que acabou com a guerra, da escritora islandesa Bryndís Björgvinsdóttir, é uma parábola animal inovadora na qual os leitores acompanham as aventuras de um grupo de moscas e veem o mundo do ponto de vista delas — ou seja, em que os leitores humanos veem a si mesmo a partir do olhar das moscas.

Trata-se de uma história sobre o horror da guerra. As moscas resolvem não ficar de braços cruzados e conseguem acabar com a terrível guerra de forma surpreendente, mas também com sacrifícios.

A autora descreve as consequências das ações das persona-gens para os leitores jovens de uma forma delicada. Trata-se de uma narrativa bem escrita e interessante, com um final sur-preendente e bem resolvido.

(justificativa da comissão julgadora do prêmio anual de lit-eratura concedido pela Biblioteca Regional de Akureyri ao livro Flugan sem stöðvaði stríðið em 2011 na categoria in-fanto-juvenil)

bryndís björgvinsdóttir

a mosca queacabou com a guerra

Uma história edificante sobre as moscas domésticase sobre a guerra para seres humanos de todas as idades

prêmio islandês de literatura

infantojuvenil em 2011

Tradução do islandêsl u c i a n o d u t r a

mm.xiiflorianópolis (antiga desterro), ilha de santa catarina

Título original: Flugan sem stöðvaði stríðið© bryndís björgvinsdóttir — 2011

Original publicado em 2011 pela editora vaka helgafell em Reiquiavique, Islândia.

Tradução experimental do primeiro capítulo feita a partir da primeira edição.

Versão em formato pdf exclusivamente para fins de divulgação.O tradutor reserva-se os direitos morais referentes a esta tradução.Para informações sobre os direitos autorais da tradução, entrar emcontato com o tradutor pelo correio eletrônico [email protected].

Para informações sobre direitos autorais desta e de outras obras debryndís björgvinsdóttir, entrar diretamente em contato com as agentes lite-rárias Hólmfríður Matthíasdóttir ([email protected]) ou Valgerður Benediktsdóttir([email protected]).

[Amostra traduzida em Reykjavík e Estocolmo no inverno de 2011]

5

certa manhã nevou tanto no lugar onde esta história começa até que por fim a cidade inteira desapareceu debaixo do manto de neve de um branco brilhante. Por um instante, a cidade lembrava mais uma enorme página em branco do que um lugar habitado, até que os moradores começaram a circular. Eles arrastavam a neve de um lado para o outro e gritavam uns com os outros. Alguns deles escorregavam e despencavam ao tentar avançar na neve. Os cães pulavam entre os montes de neve e latiam para as pessoas que caiam. Tentavam abocanhar os flocos de neve que caiam do céu, agitando o rabo verticalmente como limpadores de parabrisas na nevasca. Algumas galinhas levantaram a cabeça na neve para es-preitar à sua volta com curiosidade. Elas soltavam no ar cacarejos assustados, pois não sabiam mais o que estava certo ou o que estava de cabeça para baixo na cidade, agora que ela se tornada de repente tão branca e imaculada quanto elas próprias. Mesmo em meio a isso tudo – pessoas, cães e galinhas completamente perdidas – via-seainda um grupo de moradores da cidade que se movia: quatro mos-cas domésticas pretas insinuavam-se com agilidade entre os flocos de neve, dobrando na esquina seguinte em fila indiana. Elas se diri-giam para a rua principal da cidade, onde o jornaleiro acabara de se instalar no interior da banca de jornal caindo aos pedaços.

— Leiam tudo sobre o que aconteceu esta noite! – gritou contra a nevasca apenas umas poucas vezes, pois já havia muitas pessoas chegando até lá. Todos queriam ler e folhear os jornais mais recentes.

As moscas voaram por cima do jornaleiro e foram até o fundo da banca de jornal. Lá chegando, pousaram sobre um dos jornais e exa-minaram a primeira página, enquanto cada vez mais pessoas chegam esbaforidas na banca de jornais e pediam ao jornaleiro este e aquele jornal por sobre o balcão da banca. O jornaleiro se espichava em to-das as direções como uma estrela-do-mar para pegar cada vez mais jornais que as pessoas lá fora liam e mostravam aos uns aos outros.

6

— Cuidado para não deixar os jornais novos molharem na neve! — berrou o jornaleiro quando as pessoas do lado de fora co-meçaram a passar os jornais de mão em mão.

Os jornais escorriam da banca de jornal como um riacho rua abaixo, onde terminavam empapados de água ou se desfaziam em pedaços:

— Por favor! Não vão embora sem pagar os jornais! — gritou o jornaleiro desesperado.

Não adiantou nada. Naquela manhã, todos pareciam em transe ao ler os jornais, não importando o quanto o jornaleiro gritasse ou resmungasse.

A primeira página do jornal no qual as moscas haviam pou-sado estava cheia de letras de todos os tipos e tamanhos. No centro da página, havia uma fotografia enorme. As moscas continuaram olhando para baixo, fitando aquela fotografia enorme e incomum na primeira página. E quando elas voltaram a olhar para cima, viram que aquela mesma foto estava estampada nas primeiras pá-ginas de todos os outros jornais naquela banca. Todos os jornais co-briam o mesmo assunto: a guerra que acabara na noite anterior, contra todas as expectativas. A notícia vinha logo depois daquela única fotografia na primeira página — a fotografia enorme de uma pequena mosca doméstica não muito diferente delas mesmas.

As moscas olhavam um pouco para a mosca na primeira pági-na e à balbúrdia das pessoas na neve lá fora. Todas elas estavam pensando a mesma coisa. Talvez elas não soubessem de muita coisa, porém, disso elas sabiam: ninguém mais neste mundo conseguiria explicar os acontecimentos daquela noite melhor do que elas mes-mas. Nem mesmo os jornais. Pois elas conheciam aquela mosca na primeira página. E tinham testemunhado a todos os acontecimen-tos mais importantes daquela noite com seus próprios olhos, aqueles olhos complexos e penetrantes de moscas domésticas. Por isso, acha-vam serem as únicas capazes de revelar toda a verdade àquelas pes-soas. Por isso, elas iriam tentar contar o que acontecera, o que fez aquela guerra acabar e colocou uma pequena mosca doméstica na capa de todos os principais jornais do planeta.

o início

Algumas semanas antes,numa cidade totalmente diferente,

num país totalmente diferente.

9

moscona, biscoito e hermano azúcar

o quarto era um mar de bruxuleios brancos só. A luz da televisão tingia as paredes brancas de amarelo, cor-de-rosa ou azul. Não ha-via nenhum humano sentado no sofá em frente à televisão, mas não era possível dizer que ninguém estava assistindo à programação da tevê. No mapa mundi pendurado logo acima do sofá vazio havia duas moscas domésticas – Moscona e Biscoito. Esta última tinha os olhos grudados na tela da televisão. Moscona, por sua vez, pulava de lá para cá sobre o mapa mundi, admirando os países que as suas patas tocavam indistintamente. E continuava avançando rapidamente e os países mu-davam a cada avanço dela, superando fronteiras, florestas e cordilhei-ras. Então, Moscona pisou num lago azul claro. Estava analisando as letras que flutuavam sobre o lago como barcos grotescos quando ouviu Biscoito chamar.

— Moscona! Olha só! — exclamou Biscoito, apontando as patas da frente, como se fossem um controle remoto, na direção da televisão.

Moscona olhou para cima, enxergando primeiro as patas de mosca finas e peludas de Biscoito e em seguida a tela. Estava passando um anúncio do Mercado na Tevê, o mesmo anúncio que Biscoito vira ou-tro dia, quando ela e os humanos que moravam na casa tinham recém acabado de assistir a uma novela australiana. O anúncio começa de for-ma inocente, oferecendo luvas de jardinagem cor-de-rosa, sacolas de plástico biodegradável e comida para passarinho rica em proteína, mas terminava com uma oferta de verão de um mata-moscas elétrico de alta tecnologia que, segundo o locutor, “incinera todas as espécies de moscas instantaneamente com uma pequena descarga elétrica”. Os humanos da cada se encantaram com aquela ferramenta assassina e barata, tiraram o

10

telefone do gancho e ligaram para o Mercado na Tevê para encomen-dar uma peça via Sedex, o que deixou Biscoito completamente chocada.

— Aí está! — gritou Biscoito quando o anúncio mostrou o mata mosca sendo agitado no ar para encurtar a vida de uma pobre mosca doméstica. O mata-moscas parecia uma pequena raquete de tênis — Aí está a ferramenta nefasta que os humanos encomendaram!

Moscona desviou o olhar e voltou a observar o mapa mundi, de-solada com o fato de os humanos com os quais viviam há tanto tempo tenham, “de forma unânime” — como biscoito descreveu outro dia — “comprar aquele aparelho assassino e assustador para o verão”. E ela que tanto tinha desejado a chegada do calor e da claridade.

— Os humanos não estão em casa e o correio ainda não entregou o envelope – ouviram alguém dizer da soleira da porta.

Era Hermano Azúcar, a terceira e a mais velha das moscas domés-ticas da casa. Ele estava de plantão na porta da frente, para o caso de o mata-moscas ser enfiado na caixa de correio. Voou até onde suas amigas se encontravam e discursou, preocupada com o futuro imediato delas:

— Agora está passando um anúncio de sabão em pó na tevê — disse então Biscoito para quebrar o silêncio das amigas, que pareciam cada qual em seu próprio mundo.

Biscoito era um caso perdido de fanatismo por televisão, devido ao seu interesse permanente pelos humanos e por tudo que lhes dizia res-peito.

— Os humanos inventaram um novo sabão em pó que deixa as rou-pas deles tão brancas e brilhantes quanto uma folha em branco — con-tinuou ela sem desgrudar os olhos da televisão. Uma maravilha de in-venção! — ela acrescentou, enquanto Hermano continuava indiferente. Por sua vez, Moscona observava a caixa de sabão em pó que aparecia na tela, em frente a uma pilha de roupa limpa e dobrada que lhe lembrava uma resma de papel.

— Se eu fosse um humano, preferia ter uma resma de papel do que uma pilha de roupa lima — disse Hermano, depois de refletir um ins-tante – eu escreveria nelas informações interessantes sobre as moscas domésticas. Talvez escrevesse um livro inteiro!

— Boa ideia! — respondeu Biscoito na hora — Já estava na hora de alguém escrever sobre as moscas. Assim, os humanos podem ler a nosso respeito e quem sabe passar a entender a gente um pouco melhor.

11

— Isso! Às vezes me surpreende como eles sabem pouco sobre a gente – completou Moscona — Dividimos a casa com eles, mas o fato é que mesmo assim eles jamais prestam atenção na gente.

— É mesmo. Mas o mais estranho — Biscoito prosseguiu — é que os humanos nunca se dão ao trabalho de nos dar nomes decentes! Eu, por exemplo, passei a minha vida inteira em frente à tevê com os huma-nos que moram nesta casa, mas eles continuam me chamando simples-mente de mosca!

— Mas isso não é tão ruim assim — retrucou Moscona, que bem sabia que a maioria das moscas gosta de ser chamadas por seus nomes verdadeiros.

Sim, todas as moscas tem um nome, exatamente como os humanos. Al-gumas moscas domésticas têm nomes de mosca tradicionais como Mus-ca, Fígaro ou Cucurucu. Outras têm nomes mais modernosos ou mais raros como Bingo, Baileys ou Dadinho. Algumas moscas também rece-bem sobrenomes: a mãe de Hermano, por exemplo, se chamava Cacau do Armário Flutuante da Cozinha; já o avô de Biscoito era o musical e sonoro Rangido do Moinho de Pimenta. Os nomes de mosca são assim mesmo: não são nada simples nem sem importância.

Ao falar neste assunto de nomes de mosca, as moscas domésticas não conseguiam não lembrar do dia em que Moscona chegou na casa delas. Ela entrou se arrastando por uma janela aberta, atraída pelo calor e pela claridade lá de dentro. Ela pulava e se agitava no […]

13

roteiro de fuga e de viagem

inicialmente, as moscas não se atreveram a tocar naquele pacote. Deram algumas voltas em torno dele, observando-o bem por todos os lados. Ao voar sobre o embrulho, viram que trazia uma etiqueta na qual se lia em letras pesadas e maçantes: “Mercado na Televisão”. Foi só de-pois que Hermano Azúcar encostou sem querer uma das patas traseiras no pacote, e não levou nenhum choque, que elas se atreveram a mexer nele. Elas sabiam que agora era só uma questão de tempo os humanos voltarem e encontrarem o pacote com a espada. As moscas suavam frio só de imaginar o sufoco iriam passar então com aquela nova brincadeira de pega-pega. Porém, elas não pensavam em morrer sem fazer nada, pois tinham certeza de que queriam não apenas viver mais tempo, mas também ir até o Nepal conhecer aqueles monges bondosos.

Quando Hermano e Moscona disseram que achavam que o Ne-pal ficava demasiado longe, Biscoito mencionou que vários meios de transporte iram até lá todos os dias. Hermano bateu as patas traseiras e sugeriu que as moscas organizassem um plano de fuga e viagem espe-cífico com a finalidade de conseguir refúgio seguro no interior daquele mosteiro no Nepal. Assim, as moscas se reuniram em cima daquele pa-cote de plástico preto para traçar o que denominarem Plano de Fuga e Viagem para Chegar ao Lugar Mais Seguro do Mundo neste Mo-mento. O plano não era complexo. Consistia em voar o quanto antes até a cozinha, pousar no caixilho da janela, escapar pela janela aberta e se dirigir até o aeroporto mais próximo. Para chegar até lá, as moscas deviam seguir as avenidas mais importantes, lendo as instruções nas pla-cas de trânsito.

— No aeroporto, com certeza conseguimos encontrar alguma coisa para fazer uma boquinha — concluiu Hermano, a mais esganada delas.

— E depois pegamos uma avião diretamente até o refúgio dos mon-

14

ges no Nepal! — acrescentou Biscoito, empolgada e otimista.Então, as moscas começaram a colocar o plano imediatamente em

prática, voando até a cozinha cor-de-pêssego e escapando pela janela. Podia-se ver no céu daquele anoitecer aviões que se preparavam para pousar ou para decolar, arranhando o céu como se ele fosse feito de algum material sensível. As moscas se guiaram por aqueles arranhões no céu para fazer seu caminho. Percorriam caminhos cada vez mais lar-gos e obedeceram cuidadosamente os sinais de transito nas margens das avenidas que indicavam o caminho até o aeroporto, até que ele surgiu à frente delas, com o formato de uma enorme luminária de discoteca. As moscas jamais tinham visto algo igual. O terminal de passageiros era construído em vidro e aço e tinha luzes dentro dele brilhavam tanto que saíam do terminal e se esparramavam como açúcar de confeiteiro no asfalto, no mato e no escuro ao redor.

As moscas seguram um grupo de humanos que estava entrando no terminal e tentaram imitar o que eles faziam. Entraram em filas, pas-saram pela área de verificação de segurança e seguiram pelas esteiras rolantes. Passaram pela imigração e pelos banheiros até chegar […]

15

Demais capítulos, já traduzidose disponíveis mediante solicitação

exambaida

restaurante churrascão

o passageiro que falava mansamente

no mosteiro dos monges bondosos

a boa ideia

o retorno das moscas

a maldição

o esconderijo

as ordens de rel

a grande lição

fim da história

A autora

bryndís björgvinsdóttir nasceu em 24 de março de 1982 em Reykja-vík mas se criou em Hafnarfjörður, na região metropolitana da capital da Islândia. É bacharel em história (2006) pela Universidade da Islândia mestre em etnologia (2009) pela Universidade da Islândia e Universida-de da Califórnia — Campus de Berkeley).

Escreveu seu primeiro livro infantil, Orðabelgur Ormars ofurmennis (“O dicionário de Ormar, o Supra-Homem”) em 1997, em colaboração com a amiga Auður Magndís Auðardóttir, quando ambas tinham apenas quinze anos. Foi editora do jornal do centro acadêmico da Universidade da Islândia. Bryndís recebeu o prêmio islandês de literatura infantojuve-nil em 2011 por seu segundo livro Flugan sem stöðvaði stríðið (“A mosca que acabou com a guerra”).

Atualmente, é professora adjunta do Departamento de Desenho Gráfi-co e Industrial da Escola Superior de Belas Artes da Islândia. Trabalha atualmente em seu terceiro livro, cujo título provisório é Hafnfirðinga-brandarinn/Hafnarfjarðarbrandarinn (“Hafnarfjörður é uma piada”) e deve ser publicado no final de 2014. Vive em Reykjavík com Höskuldur Ólafsson (fundador e integrante da banda de rap islandês Quarashi) com quem tem um filho.

O tradutor

luciano dutra, nascido em 6 de novembro de 1973 em Viamão (Rio Grande do Sul) e naturalizado islandês, é bacharel em letras islandesas e estudos de tradução pela Universidade da Islândia (2007) e tradutor juramentado islandês-português desde 2009.

Traduziu recentemente Englar alheimsins (“Anjos do Universo”, Hedra, 2013), de Einar Már Guðmundsson, e Skugga-Baldur (“A Raposa Som-bria”, Hedra, 2014), de Sjón, além de uma novela policial do sueco e livros infantis do islandês, do noruguês e do sueco (todos no prelo).Além de literatura islandesa contemporânea, traduz as sagas, obras úni-cas de prosa de ficção compiladas na Idade Média por autores anônimos da Islândia e que influenciaram escritores modernos tão diversos quanto Graciliano Ramos, Jorge Luis Borges, Milan Kundera, William Mor-ris, Kurt Vonnegut, Ted Hughes, William Blake, W.H. Auden, Walter Scott, William Morris, Robert Louis Stevenson, Thomas Hardy, Hall-dór Laxness, Henrik Ibsen, Jostein Gaarder e J.R.R. Tolkien.