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Dark Sentinel - Visionvox

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Traduzido do Inglês e Espanhol por Fãs

Tradução Inicial:

Lunna e Helena

1ª Revisão: *Lunna

2ª Revisão: *Bia Divas

Leitura Final e Formatação:

Lunna e Divas Rosa

Sinopse

Em um romance explosivo da autora do best-seller # 1 do New York Times, ChristineFeehan, uma mulher humana inflama o desejo de seu companheiro dos Cárpatos - e de um antigovampiro com uma pontuação para se estabelecer.

Depois da perda devastadora de toda a sua família, Lorraine Peters dirige-se para afloresta em busca de paz de espírito e qualquer coisa para acalmar a raiva em sua alma. Emvez disso, ela se depara com uma cena de violência horrível e um homem indefeso diante detrês agressores.

A existência de Andor Katona foi dura, vivendo durante séculos como um monge nasmontanhas dos Cárpatos. Incapaz de encontrar sua companheira, ele quase saúda sualibertação de um mundo incolor e insensível nas mãos dos caçadores de vampiros que oconfundiram com sua presa. Isto, até que uma bola de fúria rodopiante entra em cena,determinada a salvá-lo.

Em um vislumbre, em uma respiração, Andor reconhece Lorraine como suacompanheira, mas vai demorar mais do que sua conexão telepática para convencê-la de seuvínculo imortal. Lorraine é uma combinação letal de astúcia e coragem. Tanto é assim queela capta a atenção de um vampiro mestre, alguém que já perdeu o que antes erainsubstituível para ele. Aquele que deseja acabar, de uma vez por todas, com Andor e seusantigos companheiros Cárpatos em uma guerra para acabar com todas as guerras ...

Capítulo 1

Contemplar a possibilidade de morrer fez Andor Katona se sentir como um covarde. Elenunca acreditou que ficar sentado ao ar livre, esperando o amanhecer e fazer com que o sol ofritasse, era um ato de nobreza. Ele—e alguns poucos outros—sempre acreditaram que era umato de covardia. No entanto, aqui estava ele, pensando se devia ou não se dar permissão paramorrer. O sol não estava perto, mas a perda de sangue e as feridas quase fatais que sofreu lutandocontra tantos vampiros ao mesmo tempo enfraqueceram-no.

Com a perda de sangue, e vários ferimentos quase fatais, os caçadores de vampiros humanosnão o reconheceram como um caçador e atacaram enquanto ele deixava seu corpo em umaconcha vazia para que ele pudesse tentar curar aquelas feridas. Uma estaca perto do coração—eles tinham errado o alvo—sua pontaria não tinha sido tão boa. Realmente não eram muito bonsem sua missão autodesignada. Eles abriram o seu peito e mais sangue havia derramado no campode batalha. Nunca pensou que morreria em um país longe de casa—morto por um trio dehumanos desastrados—mas morrer parecia uma boa alternativa do que continuar uma vida debatalhas em um infinito vazio e cinzento.

Os três homens, Carter, Barnaby e Shorty, o observavam a uma distância, lançando lhe

olhares aterrorizados e cheios de ódio. Estavam tentando se convencer de que tinham feito tudocerto e que Andor estava morrendo. Claro, esperavam que ele tivesse morrido imediatamente eagora se perguntavam por que ainda permanecia vivo e o que deveriam fazer sobre isso. Poderiater dito a eles que precisariam de outra estaca e uma técnica de empalamento muito melhor sequisessem que ele morresse. Realmente tinha que instruir os outros sobre como matá-lo? Issoera ridículo.

Suspirando, tentou pesar os prós e contras da morte, dessa forma poderia tomar uma decisãoracional. Ele viveu muito tempo. Demasiadamente longo. Matou muitas vezes—tanto que sobroupouco de sua alma. Vivia com honra, mas tinha que haver um tempo em que alguém poderiamorrer com honra. Já passava do tempo dele. Ele sabia disso há mais de um século. Procurou emtodo o mundo por sua companheira, a mulher que segurava a outra metade de sua alma, a luzpara sua escuridão. Ela não existia. Era simples assim. Ela não existia.

Os homens dos Cárpatos perdiam toda a emoção e a capacidade de ver em cores depois deduzentos anos. Alguns perdiam mais cedo. Eles tinham que existir através de suas própriasmemórias, e depois de tantos séculos, até elas desapareciam. Mantiveram suas habilidades debatalha—aperfeiçoavam-nas todas as noites—mas com o passar do tempo, todos esses longos eintermináveis anos, até as lembranças da família e dos amigos desapareciam. Ele viveu sua vidalonge dos humanos a maior parte do tempo, trabalhando durante a noite para mantê-los seguros.

Vampiros eram Cárpatos que haviam renunciado a sua honra para se sentirem vivosnovamente. Havia um prazer instantâneo quando um vampiro matava enquanto se alimentava.Sangue rico em adrenalina poderia produzir esse prazer. Os vampiros ansiavam pelo prazerinstantâneo e aterrorizavam suas vítimas antes de matá-los. Andor os caçara em quase todos oscontinentes. Com o passar do tempo, os séculos indo e vindo, os sussurros da tentação deabandonar a honra aumentavam. Por algumas centenas de anos, esses sussurros o sustentaram,mesmo sabendo que a promessa estava vazia. Eventualmente até essa tentação foi perdida paraele. Então viveu em um mundo cinza e cheio de ... nada.

Ele havia entrado no mosteiro, nas remotas montanhas dos Cárpatos, um lugar onde algunspoucos antigos se trancaram longe do mundo quando foram considerados perigosos demais paracaçar e matar, e também por não acreditarem na honra de se entregar ao amanhecer. Cada morteaumentava o perigo de se transformar e ele vivera muito tempo, e sabia demais para ser umvampiro. Poucos caçadores poderiam derrotá-lo, mas ali estava ele, quase morto por um trio deassassinos humanos incompetentes e desajeitados.

Ele e seus companheiros, antigos Cárpatos, haviam entrado no mosteiro, assumindo apromessa de serem honrados na espera de suas companheiras. Evidentemente, a autoexilação emum lugar isolado piorara a possiblidade de encontrar as mulheres que poderiam restauraremoções e cores em suas vidas—mas eles já sabiam disso. Aceitaram a verdade, suas mulheresnão estavam mais no mesmo mundo que eles.

Os sussurros de seus possíveis assassinos ficavam cada vez mais irritantes. Muito chatos. Suacabeça estava nadando, tornando difícil pensar. Ele ficou olhando para o céu. Estrelas estavam amostra, mas elas pareciam como luzes borradas, nada mais. Sua luz era um cinza opaco, assimcomo a lua. Ele olhou para o sangue que escorria de seu corpo, reunindo-se ao redor dele de maisde uma dúzia de feridas—e isso sem contar com a estaca. O sangue era um cinza mais escuro.Uma bagunça feia. Como ele havia chegado a essa situação, tão longe de sua terra natal e domosteiro onde se colocara, para não ceder a nada que o rodeava?

Esperança tinha vindo para os monges, então eles se espalharam, procurando mais uma vezpelas mulheres que poderiam salvar suas almas. Acontece que o mundo estava muito mudado emuito vasto e eles perceberam mais uma vez que não se encaixavam e havia pouca esperança,mas mesmo assim, atenderam ao chamado de seu companheiro monge e o seguiram para osEstados Unidos. Os vampiros se tornaram poderosos e os Cárpatos estavam atrás deles noscaminhos do novo mundo. Tinha sido um esforço para aprender novos conhecimentos, quandoantes sempre achara fácil aprender coisas novas e modernas. Isso o levou a esse momento—fazendo-o considerar que seu tempo havia passado.

Tudo era diferente. Ele foi forçado a viver perto dos humanos e a esconder quem e o que era.As mulheres eram diferentes. Elas não estavam mais satisfeitas em ter um homem cuidandodelas. Ele não tinha ideia do que fazer com uma mulher moderna. Contemplar sua morte pareciamuito mais sábio do que tentar entender o raciocínio de uma mulher moderna.

Era difícil pensar, embora a noite fosse linda. Os humanos continuavam conversando,sussurrando juntos, enviando olhares ansiosos para ele. Queria que eles ficassem quietos econsiderou silencia-los para que pudesse continuar contemplando a noite, mas estavamfinalmente percebendo que talvez deveriam ter estudado anatomia um pouco melhor antes dedecidirem sobre sua profissão.

Carter acabou tirando o palito mais curto1. Os outros o enviaram para descobrir o que deuerrado. Ele estava tremendo, tremendo da cabeça aos pés quando se aproximou, claramenteaterrorizado com o homem que haviam tentado matar. O suor escorria do assassino e ele limpou-o com as costas da mão enquanto se aproximava.

Carter estava cada vez mais perto de Andor, o fedor do fanatismo transbordando de seusporos, suas feições retorcidas em uma máscara de ódio e determinação. Andor ainda não estavapronto para se decidir sobre a morte. Ele levantou a mão para empurrar o ar suficiente paramandar o homem voando para trás quando uma mulher saiu da escuridão e atacou.

A lua estava cheia, espalhando raios de luz sobre o campo de batalha. Não havia nenhumaevidência dos vampiros que ele matou porque os descartou apropriadamente. Ele não conseguiriaum minuto de paz, nem mesmo com uma estaca saindo de seu peito e seu sangue por toda parte,não com sua suposta salvadora na forma de um pequeno redemoinho de fúria atacando seus trêssupostos assassinos. Teria que resgatá-la. Isso significava viver um pouco mais de tempo. Nãogostava de que alguém tomasse decisões por ele.

Ela se movia com uma velocidade incrível, um anjo vingador, seus longos cabelos voando,suas botas de caminhada esmagando a rocha, a terra e a relva queimada sob seus pés. Ela bateuem Carter com o que parecia ser uma panela de molho, girando como um tornado e golpeando-onovamente. Ela defendeu-se de um soco que ele tentou dar, bloqueando-o com um braço:parecia um golpe bem treinado a maneira como ela o nocauteou no rosto com a panela. Cartercambaleou para trás e depois bateu no chão.

Andor fechou os olhos brevemente, pensando que talvez estivesse vendo uma ilusão. Quemulher atacaria três homens com uma panela quando eles simplesmente matavam alguém? Elesuspirou novamente e pensou em quanto sangue iria perder quando se sentasse e arrancasse àestaca. Deixaria um buraco de bom tamanho em seu peito. Por outro lado, ele poderia deixá-la ...

— Não se mova, —ela sussurrou, sem olhar para ele, mas uma mão esbelta voltou para trás,a palma na direção dele no sinal universal para parar.

Ele ficou parado. Totalmente imóvel. Congelado. Seus pulmões pareciam crus, queimandopor ar. Não era possível. Não poderia ser. Mais de mil anos. Um vazio sem fim. Seus olhosdoíam tanto que ele teve que fechá-los, uma coisa errada a se fazer quando ela estava em perigode ser atacada.

Os outros dois homens, que não tinham tido a coragem de Carter, haviam recuado para longena hora em que Carter foi verificar e resolver a situação—em outras palavras, Carter foi tentarmatar Andor novamente—eles se achavam seguros. Aqueles homens podiam até não enfrentar ohomem grande no chão, mas uma mulher armada com uma panela era um assuntocompletamente diferente. Eles se separaram e a circularam, se aproximando de ambos os ladosda mulher, enquanto ela estava ocupada batendo em Carter com a panela.

— O. Que. Há. De. Errado. Com. Vocês? —Ela estava furiosa, enfatizando cada palavracom uma pancada de panela em Carter. — Estão malucos? Isso é um ser humano que vocês estãoassassinando.

Andor, até instantes atrás, estava deitado em uma poça de seu próprio sangue, contemplandoa morte, cercado por um mundo cinzento. Tudo era cinza, ou sombras dele. O chão. O sangue.As árvores. A lua acima. Até seus três supostos assassinos. Ele não tinha emoção real, sentia-seseparado e completamente removido do que estava acontecendo com ele. O mundo mudou emum piscar de olhos. Seus olhos ardiam, seus pulmões se recusavam a obedecer a seus comandos.Tudo tão cru que mal conseguia compreender o que estava acontecendo.

Cores explodiram atrás de seus olhos. Vívidas. Brilhantes. Terríveis. Apesar da noite, elepodia ver o verde das árvores e dos arbustos. Vários tons. Seu sangue parecia vermelho, um tombrilhante de carmesim. Ele distinguiu as cores dos três homens, distinguiu os tons verdadeiros deazul e negro. A lua pegou a mulher bem no centro, os raios iluminando-a.

A respiração de Andor ficou presa na garganta. Seu cabelo era da cor das castanhas,castanho-escuro com tons avermelhados e dourados, fazendo a massa espessa brilhar nos raios dalua. Seus olhos eram grandes e muito verdes e ela tinha uma boca que ele poderia ficareternamente olhando, quando nunca foi obcecado ou fixado em qualquer coisa em sua muitolonga existência.

As cores vividas eram desorientadoras, quando ele já estava em um estado enfraquecido. Seuestômago deu um nó. Agitado. Sentiu-se tonto. Ele precisava se sentar. Para protegê-la. As corespassaram por sua mente, transformando-se em um pesadelo de um caos sem som. Ao mesmotempo, as emoções surgiram, sentimentos que ele não conseguia assimilar com rapidez suficientepara entender ou processar.

Carter estava no chão encolhido quando Shorty alcançou a mulher. Ela se virou e deu umtapa na cabeça dele. — Você tem alguma ideia de como é difícil para mim meditar quando vocêsestão assassinando alguém? —Ela olhou para Andor por cima do ombro. — E você. Deitado aí,decidindo se você já teve o suficiente da vida? — O que há de errado com vocês? A vida deveser valorizada. Não ser jogada fora.

Shorty tentou outra vez se aproximar e dar um soco nela. Ela bateu a mão dele com a panelatão forte que Andor estremeceu com o som. Shorty uivou e recuou, olhando para elacautelosamente.

— Eu estou em uma jornada na busca de iluminação pessoal e vocês estão perturbandominha aura de amor. —A panela acertou Barnaby em seu ombro com força suficiente para que

ele se cobrisse e virasse de lado para evitar outro golpe. Ele cometeu o erro de tentar seaproximar dela do outro lado.

— Estou em um caminho de não-violência para que minha vida possa ser um exemplo para omundo de como seria viver em um lugar melhor. Paz … —Ela esmagou a panela contra o ladoda cabeça de Barnaby quando ele foi para ela novamente e então chutou o lado de seu joelhocom força suficiente para mandá-lo para o chão. — Amor. —Ela se virou para Shorty e começoua avançar sobre ele ameaçadoramente. — Abraçar a natureza.

Shorty sorriu para ela e balançou a cabeça. — Você é uma maluca.

— Talvez, mas você é um assassino. —Ela desviou de um soco abaixando-se e segurou seubraço, bloqueando-o facilmente com a panela enquanto se aproximava e socava sua mandíbula.Forte.

Andor viu a cabeça de Shorty se jogar para trás. Ela tinha um bom soco, mas ele teria quefazer alguma coisa antes que o bando assassino machucasse a sério sua mulher. Ele forçou seucorpo a se mover. Não era fácil com uma estaca saindo de seu peito, logo abaixo de seu coração.Quando ele se moveu, o sangue vazou em volta da madeira. Doeu como o inferno e ele tinha quecortar sua capacidade de sentir dor se quisesse realmente se mover.

— Não. —Sua voz sibilou para ele, um comando claro. Irritada.

Ninguém em sua vida havia usado um tom como esse nele. Ele dava as ordens, não umamulher e certamente não um humano. Pior—Uma mulher humana.

— Não se mexa. Eu vou chegar até você em um minuto. —Ela virou a cabeça para olhar paraele por cima do ombro, e seus olhos se arregalaram de horror. — Oh. Meu. Deus. —Sua panelade molho abaixou e ela se virou para ele.

Ele acenou com a mão em direção a Shorty, que estava vindo atrás dela rapidamente. Shortytropeçou e caiu, quase a seus pés, chamando sua atenção. Ela esmagou a panela sobre a cabeçadele e ficou um pouco furiosa, correndo para Barnaby novamente.

— Por que vocês fariam isso com outro ser humano? —Havia um pequeno soluço em suavoz, como se apenas ver a crueldade da estaca no peito de Andor a machucasse também. — Eudeveria estar aprendendo a viver sem raiva e vocês estão torturando e brutalmente assassinandooutro homem. Como posso estar bem com isso? Se isso é algum tipo de teste, eu estou falhando.Vocês estão me fazendo falhar. —Ela chutou Barnaby no peito com força. Seu chute rápido parafrente foi poderoso e enviou o assassino voando para trás até que ele bateu em uma árvore edeslizou para o chão.

— Ele não é humano, —Carter gritou. — Isso é um vampiro.

Ela parou em seus passos. — Vocês são todos loucos. Ele é um homem. —Pela primeira veza cautela tinha rastejado para dentro.

Talvez ela finalmente tenha percebido que estava no meio do nada com três loucos quetinham tentado matar outro homem. Andor só observou o que ela faria depois.

— Não existem coisas como vampiros.

Os três homens se levantaram trêmulos e depois se espalharam ao redor dela. — Nós ovimos. Ele chamou um raio. Olhe para as marcas de queimadura na grama, —disse Carter.

— Eles estão certos, existem criaturas como vampiros, —disse Andor calmamente. Eleconseguiu sentar-se o mais ereto possível, ambas as mãos apoiando a estaca. Ele estava maisfraco do que percebeu. Talvez realmente não fosse sair dessa. Perdeu muito sangue. — Elestambém estão errados. Eu não sou um vampiro. Sou um caçador deles. Eles viram o final da luta.—Não tinha ideia do porquê estava se incomodando em explicar a situação. Nunca explicou aninguém suas ações em sua vida.

— Não dê ouvidos a ele, —disse Shorty. — Cubra seus ouvidos. Vampiros podem seduzirvocê.

— Me seduzir? —Ela soou como se achasse que Shorty era louco. Seu olhar se desviou paraAndor e ela empalideceu. — Pelo amor de Deus, deite-se agora.

Sua pele parecia linda ao luar. Olhando fixamente nos olhos dela, Andor estendeu a mão paraagarrar a estaca grossa que se projetava de seu peito. Seus olhos se arregalaram. Ela balançou acabeça, largou a panela e correu na direção dele.

— Não. Não puxe isso.

Shorty tentou agarrá-la enquanto ela passava por ele. O pensamento de um desses homenscolocando suas mãos nela trouxe algo em Andor que ele não sabia que estava escondido abaixoda superfície. Explodiu fora dele, um rugido de raiva pura. Ele veio com a força de um vulcão,surgindo de algum lugar profundo e ameaçando aniquilar tudo em seu caminho.

— Não toquem nela. —Foi um decreto. Um comando. Nada menos.

A ordem congelou os três homens. Ela passou por eles e estava de joelhos ao lado dele, orosto uma máscara de preocupação quando ela tocou à estaca.

— Não se mova. —Ficou em pé novamente, tirou um celular do jeans e começou a tentarfreneticamente fazer com que funcionasse. Ela continuou colocando o braço no ar, acenando como celular e se movendo de um lugar para outro.

— O que você está fazendo?

— Eu preciso de apenas uma barrinha. Apenas uma. Estamos neste vale e não possoconseguir serviço para chamar o resgate. —Ela passou por Shorty e depois parou. Congelou.Muito lentamente virou a cabeça para olhar para o homem. Ele não estava se movendo. Elalevantou um braço dele, mas ele estava olhando para o outro lado. Não para ela. — Hum. —Elase afastou de Shorty. — O que há de errado com você? —Olhou para os outros dois homens.Nem sequer piscavam. Ela recuou ainda mais. — Algo está errado com eles. —Virou-se muitolentamente para olhar para Andor.

Ele podia sentir o medo dela. Estava começando a perceber que nenhum ser humano poderiaviver com uma estaca do tamanho da que ele tinha em seu peito. Agora os homens que diziamque ele era um vampiro não podiam se mover. Pareciam estátuas esculpidas em pedra.Considerou deixá-los assim permanentemente, mas levantaria questões no mundo humano e elenão poderia permitir isso. Não agora, quando parecia haver uma verdadeira guerra entreVampiros e Cárpatos. Mais do que isso, precisava de sangue se quisesse sobreviver desta vez, eos três poderiam supri-lo. Ele tinha que sobreviver agora. Não havia outra escolha.

— Eu preciso de sua ajuda, —disse ele calmamente.

Ela balançou a cabeça, mas deu vários passos em direção a ele. — Eu não sou boa para lidar

com sangue. Preciso ligar para alguém ... —Sua voz era fraca desta vez.

— Não há tempo. Se você não fizer como eu pedir, vou morrer e você vai ter arriscado suavida por nada. Obrigado por isso, de qualquer maneira. —Ele se manteve muito calmo,esperando que ela iria seguir sua liderança.

— Quando digo que não sou boa em lidar com sangue, quero dizer que posso desmaiar.

— Eu vou lidar com o sangue. Você faz o que eu disser e nós vamos passar por isso.

Ela olhou para os três homens congelados como estátuas de volta para ele. Seu olhar caiupara o sangue acumulado. — Você está sangrando em outros lugares além da região da estaca.

— Eu disse a você, antes que eles chegassem, eu estava envolvido em uma batalha. —Cobriucom as mãos a ferida aberta em sua barriga, porque percebeu realmente que ela poderiadesmaiar, ele não tinha escolha a não ser se deitar. Que o sol queime2 a sua fraqueza. Ela estavacom medo agora, ele podia ver em sua expressão e sentir isso em sua mente. Ele estava fazendoo seu melhor para impedi-la de ler seus pensamentos. Ela era claramente telepática. Tinhaconhecimento de sua ponderação em se deixar ser morto e ela não saberia isso se não estivesselendo-o. Mantê-la fora de sua mente exigia esforço.

— Tudo bem. —Ela se moveu cautelosamente em direção a ele, sua panela de molhomantida na mão como uma arma. — Eu não estou brincando quando disse que não me dou bemcom o sangue. —Pela primeira vez, ele pegou uma nota de vergonha. De culpa. Ele não gostou.Gostava dela irritada. Gostava dela lutando. Ele gostava dela confiante. Essa nota dissonantecolocava nós em seu estômago que lhe despertou o desejo de abraça-la apertado e confortá-la.Também foi ficando cada vez mais difícil de bloquear a dor em seu peito. Ele queria agarrar aestaca e puxá-la para fora, mas precisava dela para ter tudo pronto quando ele fizesse isso.

— Você precisa se preparar para cobrir minhas feridas com terra fresca. Ela não pode estarqueimada. Se houver marcas de queimaduras no solo ou na grama, não pode ser usada. —Elefechou os olhos. Podia sentir as gotas de sangue que pontilhavam sua testa e escorria pelo seurosto. Se ela chegasse mais de perto, ela poderia desmaiar com a visão do sangue e, em seguida,ele não teria ninguém para ajudar. Era tarde demais para enviar uma chamada por ajuda a algumoutro Cárpato.

— Qual é seu nome? —Pelo menos, se morresse, iria sabendo o nome da mulher que tinhavindo para salvá-lo.

— Lorraine. Lorraine Peters. —Ele a ouviu respirar fundo. Ela estava muito perto. — E vocênão vai morrer. Nós podemos fazer isso. Você tem certeza sobre o solo? —Ela já estava cavandoa terra em colocando em sua panela. — É muito insalubre.

— Meu corpo responde ao solo. Pegue a terra. Quando tiver o suficiente, traga-a para mim.—Queria ver o rosto dela, mas estava com medo de que, se abrisse os olhos e olhasse para ela,fosse a última coisa que visse. Então, levaria essa visão com ele para a próxima vida, em vez deaproveitar o tempo com ela depois de esperar por tantos séculos.

Seu corpo se sacudiu com força e Andor percebeu que estava à deriva. Ela poderia tercaptado alguns dos pensamentos dele.

— Estou entrando e saindo da consciência e tendo sonhos estranhos. Eu acho que esseshomens colocaram pensamentos estranhos na minha cabeça. —Era o melhor que ele podia fazer

e parecia funcionar. Ela estava respirando novamente. Não uniformemente, mais ainda não haviadesmaiado. Tentou manter o ar entrando e saindo dos pulmões dela.

— Me desculpe, eu sou como um bebê quando se trata de sangue. —Ela se ajoelhou ao ladodele. — Eu só não vejo como vou ser de ajuda para você. Esta estaca ... —Ela parou. Havialágrimas em sua voz. Angústia.

Não estava preocupada com ele ser um vampiro. Não estava pensando nos três homens de péatrás dela como estátuas. Estava pensando que era um fracasso absoluto como ser humano,porque não podia olhar para o sangue que escoava em volta da estaca ou pingava de qualqueruma das feridas que ele não conseguia curar.

— Traga o solo para perto de mim. Eu preciso misturar saliva com isso. —Ele esperava queela ficasse tão intrigada que esqueceria do sangue. Um senso de urgência estava começando a sefirmar. Sabia que estava morrendo. Perdeu sangue demasiadamente.

— Um ...

— Andor. Meu nome é Andor Katona.

— Você perdeu muito sangue. Precisa de uma transfusão.

Ela ainda estava pegando pensamentos parciais, mais não percebia isso. Ele tinha que sercuidadoso, mais era impossível quando estava tentando se manter vivo. Normalmente, abriria aterra, desligaria o corpo e tentaria permitir que o solo o curasse, mais estava muito perto demorrer e agora sabia disso. Ansiedade tomou conta dele. Depois de séculos procurando-a, aencontrou, e ele estava morrendo, centímetro por centímetro, ou litro por litro de sangue perdido.

— Eu posso cuspir, —ela ofereceu.

Havia uma nota de hesitação como se ela achasse que ele era um lunático e ela estavasimplesmente fazendo a vontade dele, porque tinha certeza de que ele iria morrer. Ele estavacomeçando a pensar que ele poderia mesmo.

— Deixe que eu faço isso. —Ele não sabia se a saliva dela era poderosa o suficiente paraajudar na cura. Sua saliva continha um agente de cura, bem como um agente anestesiante.

Ele pegou um punhado do solo, misturou-o com a saliva e apertou-o em uma das feridasabertas em sua barriga, onde um vampiro tentou eviscerá-lo. Agora que ela tinha algo para fazeralém de desmaiar ao vê-lo coberto de sangue, ela se concentrou em ajudá-lo a cobrir suas feridas.

Andor fechou os olhos e tentou conservar sua força. Como um antigo, ele desenvolveu umtremendo poder e controle. Nunca considerou que três humanos, não muito brilhantes, poderiamdestruí-lo.

— Não. —Ela sussurrou o comando. — Diga-me o que fazer a seguir.

— Eu preciso de sangue. Perdi muito. Cubra com solo ao redor da estaca. Eu não posso tirá-la até que eu tenha uma transfusão.

— Eu vou te dar o meu sangue, —disse ela, com a voz trêmula. — Mas eu tenho medo derealmente desmaiar. Apenas me diga o que fazer.

Ele estava morrendo de fome. Cada célula do seu corpo ansiava por sangue. Seria segurotomar o sangue dela? Ele teria que parar antes de tomar muito dela e ele não sabia se ainda tinhaesse tipo de controle. Ele precisava dela. Se ela estivesse fraca, não poderia ajudá-lo. Por outro

lado, se ele fosse libertar um dos machos humanos de seu estado congelado, ele precisaria sermais forte para mantê-los sob seu poder.

Podia sentir os seus dois dentes despontando afiados. Alongando. Respirou fundo e mantevea cabeça afastada da dela. — Eu posso te ajudar com isso se você me deixar. Sou telepáticotambém. Você sabe que temos escudos, paredes em nossas mentes, por assim dizer. Confie emmim o suficiente para me deixar tornar mais fácil para você. Eu não tenho muito mais tempo.

Houve um pequeno silêncio. Ele levantou os cílios apenas o suficiente para vê-la mastigandoseu lábio inferior cheio com pequenos dentes brancos. Ela assentiu. — Sim. Mais depressa. Eu jáestou me sentindo tonta. Estou tentando não olhar, mais é quase impossível. E minhas mãosestão cobertas de ...

— Eu vou cuidar disso. —Ele pegou sua mente imediatamente. Não havia sentido emesperar. Ou ela abaixaria suas barreiras mentais e ele viveria, ou ela não iria abaixa-las e ele nãoiria conseguir sobreviver.

Ele pegou a mão dela, e apenas aquele ato enviou dor quebrando através dele, dirigindo o arde seus pulmões em uma onda brutal de agonia. Sua pele era macia, como seda. Seu polegarroçou seu pulso, onde batia tão freneticamente. Ela estava com medo dele. De dar o sangue dela.De desmaiar e fazer papel de boba. Sua fobia de sangue a fez se sentir tola e fraca. Ela detestavaessa fraqueza e tentava arduamente superá-lo.

Ele se forçou a parar de lê-la e assumiu o controle total, usando sua última força paradominar sua mente. Teve muita sorte porque ela mesma havia retirado seus escudos, dando-lheconfiança quando ele ainda não tinha conquistado. Não se aprofundou em sua mente paradescobrir o porquê. Afundou os dentes no pulso dela.

Seu sangue explodiu em sua boca como bolhas do melhor champanhe. Nunca provara algomais tão delicioso. Tão perfeito. Sabia que sempre seria obcecado, sempre desejaria o gosto dela.Saboreou cada gota, sentindo suas células alcançarem o alimento, absorvendo-o, desesperadopara substituir o que estava perdido.

Pela primeira vez que pôde se lembrar, Andor teve que lutar por disciplina. Pelo controle. Elenão queria parar. Ele não queria parar nunca mais. Estava desesperado por sangue. O sanguedela. Muito gentilmente passou a língua pelos dois furos no pulso e virou a cabeça para os trêspretensos assassinos.

Shorty veio caminhando em sua direção, uma polegada lenta de cada vez. Seu corpoestremeceu e ele deu um passo em direção ao Cárpato. O terror estava escrito no rosto dohomem. Andor ignorou. Ele não queria desperdiçar sua força em acalmar o homem, afinal decontas, ele o tentou matar com uma estaca através do peito de Andor.

No momento em que Shorty chegou até ele e se ajoelhou obedientemente, apresentando opescoço, Andor afundou os dentes profundamente. O sangue era bom. Não era contaminado comálcool ou drogas. Pegou o quanto ousou e a seguir mandou o homem de volta ao acampamentodepois que limpou suas memórias. Plantou em sua mente um encontro com animais selvagens,algo que definitivamente o assustaria, e o deixaria inquieto o suficiente para querer ir embora doacampamento para casa.

Trouxe Barnaby em seguida, instruindo-o a se ajoelhar ao lado dele e agarrar a estaca com asduas mãos. Andor pegou o restante do solo, misturou-o com a saliva, respirou fundo e disse ao

humano para remover a estaca. Nada em sua longa vida havia machucado tanto quanto quandoaquela estaca foi puxada do seu peito. Doeu muito mais do que quando ela foi empurrada.

O sangue jorrou e ele enfiou o solo profundamente no buraco, rangendo os dentes, moendo-os juntos para evitar golpear o homem indefeso. Mais sangue derramado ao redor da ferida,encharcando a terra. Ele não conseguia respirar por um momento. Ou pensar. Apenas ficou lá,ofegando, olhando para o rosto bonito de Lorraine, dizendo a si mesmo que ela valia tudo que eletinha suportado, incluindo isso.

Seus votos para ela foram esculpidos em suas costas—tatuados ali no velho métodoprimitivo, a tinta feita pelos monges no mosteiro. Eles tiveram que cicatrizar a peledeliberadamente com cada cutucada de uma série de agulhas. Ele tinha os votos em Cárpatodescendo pelas costas. Ele queria dizer cada palavra para ela agora.

Olen kuntankért wäkeva.

Olen wäkeva pita Belso kulymet.

Olen wäkeva—félért ku vigyázak.

Hängemért.

Ele tinha outras tatuagens, mais nenhuma significava tanto para ele. O código que ele viviaestava marcado para sempre em suas costas. Ele era Cárpato e demorou muito para deixar umacicatriz. Ele havia sofrido para colocar essas palavras em sua pele, mas elas precisavam estar lá—por ela. O código era simples.

Permanecer forte para o nosso povo.

Permanecer forte para manter o demônio trancado.

Permanecer forte—por ela.

Somente ela.

Essas duas últimas palavras de seu código—seu voto—diziam tudo. Cada ferida que elesofreu em batalha, toda vez que teve que matar um velho amigo ou parente, toda noite que selevantou e suportou o vazio cinzento, era por ela. Agora ele sabia o nome dela. Lorraine. Amavao som do seu nome. Ele amava o olhar dela e sua coragem. Ela tinha coragem, mesmo queprecisasse temperar um pouco com sabedoria.

Enquanto tomava o sangue de Barnaby, pensou no mosteiro e naqueles longos eintermináveis anos sem esperança. Passavam noites praticando suas habilidades de batalha e, emseguida, trabalhando em suas técnicas de tatuagem. Todos os que residiam no mosteiro haviamse tornado irmãos—embora soubessem que poderiam ter de matar um ao outro. A diferença eraque seria uma maneira honrosa de morrer.

Ele enviou Barnaby em seu caminho para o acampamento com a mesma lembrança dosanimais selvagens chegando muito perto de onde eles estavam acampados. Plantou uma memóriade todos eles correndo em direções diferentes e, em seguida, um por um, fazendo o seu caminhode volta ao acampamento com a ideia de desmontá-lo e irem para suas casas. Eles não iriam maiscaçar e matar vampiros, nem acreditar neles.

Agora que estava um pouco mais forte, ele mandou Carter, aquele que tinha realmente

enfiado à estaca em seu peito, a cavar o solo. Andor sabia que ele não podia se mexer. Ele eramuito pesado para Lorraine ajuda-lo a sair do sol. Tinha que entrar no chão, e Lorraine tinha quemontar sua barraca sobre ele.

Carter não conseguia cavar muito fundo sem ferramentas. Ele usou a panela de molho deLorraine. Cavou ao lado de Andor para que o Cárpato pudesse rolar seu corpo o suficiente edeslizar para a depressão rasa. Não tinha mais de trinta centímetros de profundidade, mais eralongo e largo o suficiente para o corpo dele, não era um homem pequeno. Melhor do que nada,teria que bastar.

Forçou Carter a ajudá-lo e depois tomou seu sangue antes de mandá-lo embora com asmesmas memórias que Barnaby e Shorty. Foi o melhor que ele pôde fazer. Apenas aquelepequeno movimento em entrar na terra fez com que ele vazasse mais sangue. Ele precisava detempo para deixar o solo rejuvenescê-lo o suficiente, dessa forma teria forças para começar afechar suas feridas e curar. Cárpatos tão velhos quanto ele eram incrivelmente fortes. Ele poderiasuperar isso, só precisava de um pouco de sorte ao seu lado e de Lorraine.

Liberou a mente dela e ela piscou para ele, ainda ajoelhada, mas agora ele estava a cerca detrinta centímetros dela, dentro da cova. Deveria ter feito Carter cavar mais fundo, mais não podiaperder mais tempo. Ele tentou sorrir, procurando dar-lhe segurança, mais só de olhar para eladoía tanto quanto o buraco em seu peito.

Ao redor de Lorraine, as cores pareciam ainda mais vivas. Seu cabelo, com a lua brilhandosobre ele, era uma bela mistura de tons. Sua pele estava quase translúcida e muito pálida. Elesabia que o motivo da sua palidez era porque tomou o sangue dela.

— Você está se sentindo bem?

Ela piscou várias vezes, chamando a atenção dele para o movimento dos longos e grossoscílios. — Onde está a estaca? Como você conseguiu tirá-la? —De joelhos, ela se aproximou delee soltou um pequeno suspiro feminino quando viu o buraco em seu peito cheio de terra. Não eraum pequeno buraco. Não era um pequeno ferimento. Sua reação tocou em algum lugar profundodentro dele.

— Eu não queria que você tivesse que lidar com isso. Preciso da sua ajuda. Estou fraco.Muito fraco.

Ela olhou para além dele e então se virou rapidamente, claramente procurando pelos trêshomens.

— Eles foram embora. Correram.

— Covardes, mais fico feliz que eles tenham partido. Ainda assim, me deixaria maistranquila vê-los onde estão porque agora eu tenho que me preocupar que possam voltar e tentarnos matar.

— Eles correram para longe daqui e eu plantei uma sugestão nas suas mentes, uma que, sefor preciso, significa que não vão nem lembrar de nós.

— Você é um telepata extremamente forte, —disse ela. — E não posso acreditar que vocêainda esteja vivo, mais precisamos pedir ajuda. Pedir um helicóptero para tirar você daqui. Euvou ter que caminhar até o topo da montanha e ver se posso conseguir o serviço de celular.

Ele balançou sua cabeça. — Você está acampando em uma barraca?

— Claro. —Seus dedos roçaram a barba em seu rosto. Ela franziu o cenho enquantoesfregava algo no queixo dele, determinada a removê-lo. Ele tinha certeza de que era umamancha de sangue. Seu olhar evitou cuidadosamente qualquer outra parte do corpo onde asferidas haviam sangrado, deixando manchas vermelhas e úmidas para trás.

— Quanto tempo você levará para desfazer seu acampamento e trazer tudo para aqui?

Ela franziu a testa para ele. — Não muito tempo. Sou experiente e rápida, acampo muitasvezes, mais falando sério, Andor, eu não sou boa em cuidar de pessoas feridas e você não pareceperceber o quão grave está. Precisamos de um helicóptero.

— Meu corpo não responde a remédios comuns.

— Mas seu corpo responde a um cirurgião que conserta buracos? Esse corte no estômagoestá horrível. E essa estaca ... —ela parou, ficando ainda mais pálida se isso fosse possível.

— Não, já falei, embora você esteja se esforçando para me ver como um humano. Sou umcaçador de vampiros. Minha química corporal é diferente. Eu sei que você pensou que eu iamorrer e por isso acabou fazendo o que eu te pedi, me ajudou a colocar o solo em minhas feridas,mas a terra realmente tem propriedades curativas. —Que o sol o queime, ele estava exausto. —Por favor. Eu estou pedindo sua ajuda. Pegue suas coisas e venha para mais perto. Animaisselvagens podem me encontrar e eu estou desamparado.

Ela o olhou com uma pequena carranca. — Eu não pensei nos animais, mas você está certo.Não tenho ideia do que fazer. —Ela afundou nos calcanhares. — Se eu deixar você para subir amontanha, você pode realmente estar em perigo. Se eu ficar, sério, Andor, você pode morrer.Você já deveria estar morto.

Ele estava começando a realmente se apaixonar por esse semblante preocupado, ou talvezestivesse apenas tonto de dor. Manter-se desligado da dor estava se tornando difícil, apesar de tertomado sangue. Ainda estava vazando demais, e agora, tomar mais sangue seria difícil. Ele teveo cuidado de não deixar os três assassinos de vampiros muito fracos. Queria que eles fossemembora da área.

— Apenas corra e pegue suas coisas no seu acampamento.

— O cheiro de sangue vai atrair a vida selvagem. Há ursos e coiotes nessas montanhas.Dizem que pode haver lobos, mas acredito que não. Não posso te deixar sozinho.

— Você tem que ir. Precisamos da sua barraca. Eu não posso ficar no sol. Nem mesmo poralguns minutos. Você tem que me cobrir com a terra e sua barraca durante o dia. Eu vou dormir eespero que o solo inicie o processo de cura. —Seria um longo processo no ritmo que ele estavaindo.

Ele sabia o momento em que a convenceu. Seu rosto mudou de preocupação e indecisão paradeterminação. — Vou levar cerca de vinte minutos. Eu não estou tão longe daqui, mas é umapequena caminhada. —Ela já estava de pé, ansiosa para ir agora que eles tinham um plano.

— Lorraine, obrigado por não fazer perguntas e discutir.

— Qual seria outra opção? Não posso deixar você, e eu não posso chamar ninguém aquineste vale. Você pode viver ou morrer, e você é a pessoa mais forte que eu já conheci, entãoestou apostando que vai viver.

Ele esperava que ela estivesse certa. Não se sentia muito forte. Na verdade, só queria fecharos olhos e deixar a noite levá-lo por um tempo. Só para se dar alguns minutos onde não tinha quebloquear a dor. Tentava desacelerar o constante vazamento de sangue. Esse esforço estavatomando muita força. Uma vez que ela estivesse de volta com a barraca e arrumasse tudo,poderia tomar um pouco mais de seu sangue, mas agora precisava dela em forma e nãoenfraquecida.

— Vou precisar de água, —ele lembrou quando ela começou a se virar.

— Eu tenho bastante e há uma fonte não muito longe daqui. Tenho um sistema de filtração.—Ela estava se afastando, seus olhos se movendo sobre seu corpo destruído pela primeira vezdesde que ele estava em sua mente. Ela engoliu em seco e balançou a cabeça novamente. — Euvoltarei em alguns minutos, espere.

Andor a observou ir embora e parecia que levou suas últimas forças com ela. Seus pulmõescontinuavam a queimar por ar, dizendo que ele precisava se desligar em breve. Havia muito danoem seu corpo. Ele havia destruído sete vampiros. Dois estavam muito perto de serem vampirosmestres. Os vampiros viveram o suficiente para que em algum momento, dessa longa existência,ele pudesse ter encontrado-os em outras ocasiões, mais raramente lembrava nomes ou mesmorostos dos mortos-vivos.

Fechou os olhos. Ela voltaria, embora realmente detestasse a visão de sangue. Leu a repulsa eo modo como a deixou doente. Seu estômago revirou e ela lutou para não vomitar e realmente seesforçou para não desmaiar. Ficar por perto para ajudá-lo, foi uma prova de coragem etenacidade da parte dela.

Ela era sua companheira. Ele sabia que ela era, mas estava tão ferido que não podiafazer o ritual de ligação, ele não ousaria. Sem a ligação ela ainda poderia se afastar dele eele seria mais perigoso do que nunca. Só podia esperar que a tivesse lido corretamente e elafosse tudo o que ele acreditava que ela era. Ela estaria voltando. Tinha que voltar, se eletivesse alguma chance de sobreviver.

Capítulo 2

Lorraine estava absolutamente certa de que, quando voltasse para Andor, o encontrariamorto. Ninguém poderia viver com feridas tão terríveis. Simplesmente não era possível. Ela sesentia como uma covarde deixando-o para que não tivesse que testemunhar sua morte. Deussabia que já tinha visto sangue e morte suficientes por toda a vida. Tinha certeza de que quandovoltasse estaria tudo acabado e ele estaria morto.

Ficou ao lado de sua barraca, tremendo, as mãos sobre o rosto. Seu estômago revirando. Teveque respirar profundamente para não vomitar. Todo aquele sangue.

Ela não tinha olhado para o chão além de uma única vez, mas quando o fez, a terra sob e aoredor do homem estava molhada e escorregadia de sangue. Suas roupas estavam encharcadas, tãomanchadas que achava que ele estava usando vermelho.

Em todos os lugares que olhou no corpo de Andor, ele tinha feridas. E essa estaca ...

O que estava errado com o mundo? As pessoas eram realmente tão cruéis e feias a ponto deenfiar uma estaca através de um homem? A circunferência da haste de madeira era a de um cabode vassoura. Como alguém poderia enfiar isso através da carne humana? Seu estômago revirou, eela sentiu a raiva familiar se agitando em sua barriga.

Não fazia ideia de para onde os três homens tinham ido, mas estava zangada consigo mesmapor não ter nem se quer tirado foto deles, assim poderia descrevê-los com mais precisão portelefone e dar as fotos para a polícia quando tivesse a chance. Ela também estava muitopreocupada porque ela havia visto seus rostos, eles viriam atrás dela para matá-la.

Lorraine se forçou a se mover rapidamente e começou a desmontar o acampamento. Ela erauma campista experiente e, embora estivesse no piloto automático, conseguiu ser rápida.

Seu equipamento de acampamento era mínimo porque tinha que caber tudo em uma mochilae carregá-lo onde quer que fosse. Ela estava atravessando as montanhas, em uma jornada deautodescoberta—pelo menos era o que dizia às pessoas que encontrava no caminho. Narealidade, se fosse estritamente honesta consigo mesma, sabia que estava fugindo.

Todo aquele sangue. Apertou a mão na testa e olhou para o pico da montanha. Lá em cima,provavelmente poderia pedir ajuda. Se ela subisse a montanha, quando chegasse lá, seria muitotarde, e Andor morreria sozinho, provavelmente nos dentes e garras de um animal selvagem, emvez de apenas sangrar até a morte.

Ela ajudou a cobrir as feridas com terra. Provavelmente seria acusada de assassinato, porquese as feridas não o matassem, as bactérias o matariam.

— Droga! —Gritou em voz alta. A noite levou o som de sua voz para o outro lado do vale.— Apenas droga. —Dessa vez sussurrou a frase, porque sabia que não poderia deixar o homemmorrer sozinho. Ela não poderia.

Carregando a grande mochila, voltou para ele. Tinha sido telepata toda a sua vida. Quandocriança, achava que todos podiam ouvir o que os outros estavam pensando. Então percebeu quenão era assim com os outros, ela não queria ser diferente e tentou esconder sua habilidade. Nãoteve sucesso.

Então, em certo momento de sua vida, abraçou seu dom como um presente, como algo queela poderia usar, especialmente contra seus pais e irmão. Essa fase não durou muito tempotambém. Se apenas …

Sua visão começou a ficar embaçada. Lágrimas escorriam pelo seu rosto enquanto corria devolta para Andor. Pensava que havia chorado cada lágrima possível, que não poderia ter maisnenhuma, mas elas estavam de volta. Se não tivesse ido para a faculdade. Se seus pais lhepedissem para voltar para casa e conversar com seu irmão. Se ao menos Theodore a tivessechamado pessoalmente.

Ela quase tropeçou e isso a foi a gota d’agua que a fez derramar furiosamente as lágrimasinúteis. Elas não a faziam bem, não importa o que os conselheiros do luto dissessem. Lágrimaslhe causavam dor de cabeça e não traria de volta os pais ou o irmão dela. Elas não impediram osjornais ou tabloides de produzir reportagens ou fazer perguntas.

Lágrimas não impediram os seus supostos amigos de se afastarem dela.

Começou a descer a encosta, abrindo caminho entre as árvores para chegar ao prado largo

onde Andor estava deitado. Ela podia vê-lo deitado muito quieto, como se ele estivesse morto.Ele estava em uma cova rasa de terra recém-cavada—como um túmulo. Ou uma sepulturaparcial. Quando ela veio pela primeira vez aqui, balançando sua panela no homem de pé sobreAndor, não tinha notado que eles haviam cavado o chão. Eles claramente planejavam enterrá-lo.Será que eles o fizeram cavar e era por isso que tinha apenas alguns centímetros? Ela tinhaouvido falar desse tipo de comportamento sádico em serial killers.

Seus passos diminuíram. Não queria chegar até ele e encontrá-lo morto. Já havia encontradopessoas mortas o suficiente, seus corpos imersos em sangue vermelho vivo. Quem sabia quehavia tanto sangue no corpo humano? Ou que poderia ser tão pegajoso e se espalhar por todos oslugares? Ela parou por um momento para recuperar o fôlego e tomou o tempo para se recompor.

Lorraine? A agitação estava em sua mente. Seu nome em um sussurro suave. Falartelepaticamente parecia íntimo. Ela não sabia disso porque nunca conhecera outro ser quepudesse fazer isso. Nunca pensou que poderia empurrar sua voz ou pensamentos para a mente deoutra pessoa.

Estou aqui. Você está vivo, afinal. Ela não sabia se sentia alívio ou não. Forçou seus pés a semoverem novamente, e caminhou em direção a ele.

Estou vivo. Apenas em mal estado. Preciso de água. Não posso tomar seu sangue de novotão cedo e preciso de algo para me manter vivo até que você esteja forte o suficiente novamente.

Eu trouxe água para você. Ela acelerou o ritmo de seus passos, correndo para o lado dele.Tirou a mochila e pegou a garrafa de água.

Seus olhos eram intensos, fixos em seu rosto. Ela nunca tinha visto olhos da cor real deíndigo3, mas essa era a única cor que poderia descrever seus olhos. Um cruzamento entre umazul meia-noite e um violeta profundo. Na escuridão, seus cabelos e olhos pareciam negros atéque se aproximou suficiente para enxergar com mais precisão. Houve apenas a mais breve dashesitações e então ela levantou a cabeça dele suavemente, segurando-o enquanto pressionava agarrafa de água na sua boca. Por um momento pensou que ele não conseguiria beber, seu rostoondulando com o que parecia ser nojo, mas ela viu o momento em que ele se decidiu e depoisbebeu.

— Sinto muito que demorou tanto tempo. Eu fui …

Você pensou que eu estava morto e ficou com medo de voltar para mim. Havia uma pontadade humor em sua voz enquanto roçava as paredes de sua mente.

— Bem ... —Não havia como negar, não se ele pudesse ler seus pensamentos. — Sim. Opensamento de encontrar você morto aqui no meio do nada ... —Ela se interrompeu.

Era difícil manter a cabeça erguida e não olhar para baixo, para o corpo coberto de roupasmanchadas de sangue e terra.

— Eu não deveria ter coberto suas feridas com terra. Honestamente não achei que vocêtivesse chance de sobreviver, mas você tem resistido por todo esse tempo, então talvez eu tomeia decisão errada. Eu deveria tentar limpar as feridas. —Seu estômago revirou novamente com aideia. — Eu não tenho muito talento médico. Nem se quer coloco Band-Aids nos ferimentos deoutras pessoas.

Eu sei que isso é difícil para você.

Isso a fazia se sentir pequena. Culpada. Envergonhada. Ele foi o único a sofrer aqui e elaagindo como um bebê. — O que você precisa que eu faça? Eu não tenho nenhum analgésicocomigo. —Ela tinha aspirina, mas estava com medo de dar a ele. Temia que a aspirina deixasseseu sangue mais fino, e a última coisa que ele precisava era perder mais sangue.

— Se você colocar sua barraca ao meu redor ela irá me cobrir totalmente? É grande osuficiente?

Como ela viajava em grandes distâncias e não sabia em que tipo de clima estaria acampando,Lorraine trouxera uma barraca que podia usar em qualquer clima, uma que era maior do que umabarraca de dormir comum. Era mais pesada e ela podia passar vários dias chuvosos nele, semovimentando dentro se precisasse.

— Sim. Eu posso montá-lo.

— O sol não pode me tocar de jeito nenhum. —Ele emitiu o aviso em voz alta.

Ela baixou a cabeça de volta ao chão e afastou-se dele, tentando não pensar na implicaçãodessas palavras. Muitas pessoas tinham alergias ao sol. Sua pele não era excepcionalmentepálida, nem ela tinha visto evidências de dentes de vampiro, mas apenas o fato de que ele aindaestava vivo depois de ser brutalmente agredido e deixado com tantas feridas que deveriam tê-lomatado a fez pensar no que os três homens tinham acusando-o de ser.

Eu não vou te machucar, Lorraine. Mais uma vez, havia diversão suave em seu tom.

Seu corpo se apertou sem motivo, no fundo, uma reação puramente feminina ao som de suavoz roçando as paredes de sua mente. Era verdadeiramente íntimo e cada nota individual pareciaestar acariciando a pele dela.

Ela não respondeu a ele. Em vez disso, colocou a garrafa de água perto de sua mão ecomeçou a estender sua barraca. Não era tão difícil montar sua grande barraca, mas quaseimediatamente, viu um problema. Ela não podia colocar a tenda por cima com ele dentro dochão. — Eu vou ter que armar a barraca a uma distância de você e, em seguida, encontrar umamaneira de levá-lo para dentro.

— Você terá que cortar o fundo da barraca ela ficará posicionada sobre mim.

Seu coração pulou. — Eu não posso cortar o fundo da barraca. Isso arruinará minha barraca.Ela não foi barata, e ainda tenho um longo caminho a percorrer.

— Eu vou consertar isso para você.

Ela não disse que ele estaria morto pela manhã porque isso teria sido rude. Em vez disso,tocou sua faca de acampamento favorita para ter certeza de que estava usando em seu cinto ecomeçou a abrir a barraca para facilitar a instalação. Ela ia cortar o fundo da barraca exatamenteao redor dele. Seria a coisa mais idiota que já fizera, mas se consolava com a ideia de que estavadando um último desejo a esse homem.

Levou um período muito curto de tempo para montar a barraca, um buraco gigante no chãoem torno dele. Ela sentou no chão da barraca ao lado dele. — Acho que vamos ficar bem. Esta éuma barraca pesada. É feita para suportar vento e chuva e temperaturas mais baixas. Creio quevai mantê-lo protegido do sol. Você tem alergia? —Ela fez uma oração silenciosa de que, se elenão fosse alérgico, mentiria para ela.

Ele deu um pequeno sorriso e seu coração quase se quebrou. Apesar do sangue e das feridas,ele era valente. Lutava para ficar consciente. Ela podia ver que era um esforço e que estavafazendo isso por ela. Queria dizer a ele que não precisava, mas se ele dormisse, temia que ele sefosse e ela acabaria lá nos confins do mundo em uma barraca com um corpo morto.

— Eu preciso de você para cavar mais do solo ao meu redor e me cobrir o máximo que forpossível.

Seu coração acelerou. Ela se viu olhando para ele—para aquele rosto com todos aquelesângulos. Toda aquela masculinidade crua. Ele era extremamente masculino. Parecia ser muitoperigoso, mesmo deitado ali com tantas feridas terríveis. Ele não estava ameaçando ela, muitopelo contrário. Estava sendo gentil enquanto falava com ela, e de alguma forma ela sabia que elenão estava acostumado a falar com gentileza.

— Eu não vou enterrar você enquanto ainda está vivo. —Ela derramou resolução em sua vozporque tinha a sensação de que ele estava acostumado a conseguir o que queria. Os três supostosassassinos disseram que ele poderia seduzi-la com sua voz, e ela acreditava neles. Não porqueacreditasse que ele era um vampiro, mas porque sua voz era uma arma tão poderosa que podialançar feitiços para ela. O timbre e o tom eram tão perfeitos que se perguntou como seria elecantando. Certamente, ele não teria problemas para hipnotizar ou conquistar uma audiência.

— Não estará me enterrando vivo, —ele respondeu. — Apenas cobrindo meu corpo com osolo. Eu já disse a você, a composição do meu corpo permite que o solo me cure. Quanto maisminerais naturais a terra tiver, mais rápido me curarei. Este chão não foi tocado. O solo éparticularmente carregado de elementos que eu preciso.

Ela achava que ele era um louco de alguma seita da Nova Era4 ou qualquer outra maisrecente. Nunca havia ouvido de nenhum de seus amigos, que faziam parte desses movimentos,algo sobre acreditar em enterrar parcialmente seus corpos para que a terra pudesse curá-los. Atéonde ela deveria ir para satisfazer um homem moribundo?

— Só por favor, faça isso por mim.

— Eu já cortei minha barraca para você, —ela retrucou e então ficou com vergonha de simesma. Lorraine pressionou a palma da mão em sua cabeça latejante. Ela tinha uma dor decabeça do inferno agora e ela não podia reclamar, não quando ele estava deitado lá com buracosgigantes em seu corpo.

— Sinto muito. É só que você está me pedindo para fazer coisas que acredito que vão piorarmais ainda a sua situação. Eu não quero carregar a responsabilidade de sua morte, e eucarregaria. Já coloquei terra em feridas abertas. Se você está no que parece uma cova rasa e eucavo mais fundo e você acaba morrendo, as autoridades vão pensar que eu matei você de umamaneira terrivelmente brutal.

— Lorraine. —Ele disse o nome dela suavemente e ela apenas esperou.

Ela contou as batidas de seu coração. O ar entrando e saindo de seus pulmões. Griloscantaram. Em algum lugar um coiote uivou. Ele permaneceu em silêncio, e a compulsão de olharpara ele cresceu até que ela não aguentou. Seu olhar encontrou o dele e seu coração quase puloupara fora do peito. Aqueles olhos eram tão hipnóticos quanto sua voz.

— Eu não vou morrer. O que te faz tão certa que as autoridades acreditariam que você

mataria um homem? Você não tem um osso ruim em seu corpo.

Ela não podia encará-lo, não aquele olhar gentil, não suas perguntas inocentes. Pegou a suapanela que estava um pouco amassada de bater nos homens com quem lutou e começou a cavarem torno dele, pegando o solo macio e jogando-o sobre seu corpo. Pelo menos isso a impedia deter quer olhar para ele.

— Eu tenho um temperamento ruim. —Isso foi uma confissão. Uma verdade. — Estou meesforçando para melhorar isso, no entanto. Eu tirei um ano de folga da faculdade e estou viajandopelas montanhas, vivendo imersa na natureza da melhor maneira possível, na esperança demelhorar as características não muito agradáveis em mim. Especialmente meu temperamento.

Andor a observou. Ela não precisou levantar os olhos de sua tarefa para saber. Sentiu oimpacto daqueles olhos índigo nela. Foi como um toque físico. Havia algo tão convincente sobreele que ela não parecia resisti-lo. Sabia que suas feridas deveriam matá-lo—uma já era osuficiente, imagina todas essas—mas havia uma parte dela que acreditava que ele não iriamorrer.

— Eu não tenho ideia se tenho ou não um temperamento.

Seu olhar saltou para seu rosto antes que ela pudesse pará-lo. — Claro que você sabe. Comonão?

— Eu estava em uma condição que há muito tempo não sentia emoção alguma. Agora quevoltei a sentir, suponho que irei descobrir que tipos de traços de personalidade tenho, os bons eos maus.

A ponta da língua dela umedeceu o lábio superior enquanto considerava o que ele disse. — Édifícil sentir novamente depois de estar tanto tempo dormente. —Era o melhor que ela pôdedizer. Não queria se intrometer na vida dele, porque se fizesse perguntas, ele retornaria ointeresse. Ela não podia lidar com perguntas ainda. Veio para as montanhas para escapar dosholofotes.

— Quando você não sente nada há muito tempo, qualquer emoção, boa ou ruim, é bem-vinda. O problema é descobrir como controlar sentimentos quando eles parecem tão selvagens efora de controle.

— Eu não tinha pensado nisso. Tome outro gole de água. Você perdeu muito sangue eprecisa de fluidos. —Ela mordeu o lábio e depois se sentou em cima dos calcanhares. — Andor,eu vou ser honesta com você. Se você quer uma chance de sobreviver, eu deveria te despir, telavar e tentar costurar essas feridas. Eu não tenho ideia de quanto dano foi causado aos órgãosvitais. Pelo que sei, você ainda está sangrando internamente.

Ele balançou a cabeça, os olhos no rosto dela. Aquele olhar. Era impossível ignorar. A faziase sentir exposta, como se soubesse tudo sobre ela.

— Venha aqui.

— Eu já estou aqui. —Ela estava mais perto de seu corpo sangrento do que queria estar. Ocheiro de sangue era forte. Parecia que ele tinha tomado banho. Ela estava lutando a cadamomento para não vomitar. Isso seria maravilhoso, acrescentar ao cheiro de sangue, o cheironauseante de vômito nos confins da barraca.

— Eu não posso ir até você, Lorraine, então preciso que você se aproxime. Entre em minha

mente e você não terá que lembrar do sangue.

Detestava que ele soubesse que ela estava lutando. Ele estava morrendo, e em vez dela seruma ajuda e conforto, ainda estava muito imersa em seu passado para superar esse problema como sangue. — Eu sinto muito, Andor. Nem sempre fui essa bebê chorona. —O que importava seele soubesse? O mundo inteiro sabia. Ele estava morrendo, e quando se fosse, ela estaria sozinhano deserto novamente, cercada pelo silêncio.

— Venha até aqui, se concentre na minha cabeça. —Ele deu uma tapinha em um lugarapenas com a mão. Seus longos cílios baixaram e ela notou que eles eram exatamente pretoscomo seu cabelo.

Ela se aproximou até que seus joelhos tocaram um de seus ombros largos, encarando-o,mantendo seu olhar firme no dele, dessa forma não correria o risco de olhar para baixo e ver osferimentos cheios de terra em seu peito. Ele era incrivelmente de boa aparência. Não era bonito.Ele era muito implacavelmente masculino para ser chamado assim. Ainda assim, ele era muitolindo. Um homem de poder bruto, mesmo ferido como estava agora.

Ele levantou a mão em direção ao rosto dela, seus dedos encontraram as têmporas. Muitogentilmente ele as tocou. Pressionando. Seu toque era leve, mas firme, e a palma de sua mãocobria seu rosto para permitir que ele alcançasse os dois lados. Estranhamente, a dor de cabeçaque se recusava a deixá-la desapareceu de repente. Sua mão caiu para o estômago dela. Maisuma vez, os dedos dele se espalharam e sua palma pressionou a região do seu estômago. Atravésde sua camisa, ela sentiu o calor se espalhar, e a náusea terrível que se agitava tambémdesapareceu, assim como a dor de cabeça.

Ele tirou a mão e acenou no ar. Imediatamente uma leve brisa pareceu passar pela barraca,removendo o fedor do sangue, empurrando-o através das aberturas. Ele caiu de volta para tráscomo se esse esforço tivesse lhe custado.

Lorraine se ajoelhou ao lado dele, sua mente girando. Caótica. Em tumulto. — Você é umcurador. —Ela falou sua descoberta repentina em voz alta, em total admiração. Ele tinha queviver. Ela sabia que eles existiam. Quando ela pesquisou sobre telepatia, descobriu que existiaoutros dons psíquicos. Os verdadeiros curadores eram muito raros. E necessários.

— Você pode se curar? É por isso que tem tanta certeza de que não vai morrer?

Ele descansou a cabeça contra a terra. Ela odiava vê-lo assim, mas ele parecia querer—ouprecisar—estar cercado pelo solo. Aqueles longos cílios fecharam e ela não pôde mais olhar emseus olhos insondáveis.

— Quando estiver mais forte, posso fazê-lo. Neste momento estou exausto.

— Você precisa de mais sangue, não é? —Só de sugerir isso fazia seu coração acelerar, masse pretendia ser de alguma ajuda para ele, teria que lhe dar as ferramentas que precisava para securar. Ele só havia tomado alguns goles da água. O sangue deveria ser uma das ferramentas queele precisava.

— Sim. Mas ainda não posso tomar de você. Continue cavando em volta de mim, faça oburaco mais fundo e jogue mais terra sobre mim. Até o meu pescoço. Apenas deixe meus braçose a cabeça para fora. Enquanto faz isso, diga-me quando começou a ter tanta aversão ao sangue.

Ela se afastou, pegou de volta sua panela, que agora estava imunda, e recomeçou a cavar,

compreendendo que ele queria estar profundamente no solo frio. Enquanto ela cavava, começoua notar como o solo começou a ficar ricamente escuro e cintilar com pequenos veios de minerais.Assim, quando se aprofundou um pouco mais nessa camada rica do solo, cavou com mais força evelocidade, abrindo um buraco maior ao redor dele, tão perto do corpo de Andor quanto possível.Ela alargou o longo buraco para que ele pudesse se mover para um lado enquanto ela cavavamais fundo.

— Antes que eu diga por que tenho tanta dificuldade em lidar com sangue, você tem quesaber algumas coisas sobre mim.

— Isso é bom, sívamet5, porque quero saber tudo o que há para saber sobre você.

— Você pode olhar em minha mente.

— Você poderia olhar para a minha.

— Isso não seria educado, —ela negou.

— Exatamente.

Ela gostou que ele não queria arrancar explicações da mente dela, mesmo que ele pudesse.Gostava do som de sua voz e de suas maneiras, para um homem tão grande, seu toque era gentil.Mas ela não queria que ele soubesse de nada disso.

— Eu cresci em uma família de praticantes de artes marciais. Quando digo isso, quero dizerpor gerações. Meus pais acreditavam no estilo de vida e vivíamos esse estilo. Eu vou dizer queambos meus pais tinham temperamento difícil, especialmente meu pai, então a disciplina eraconsiderada essencial. Quando você cresce nesse mundo, todos que você conhece praticamalguma arte marcial—a maioria aprende várias. Não me lembro de nenhuma época onde não tiveque estudar e aprender as várias artes márcias diferentes que existe ao redor do mundo.

— Eu me perguntei onde você havia aprendido a lutar de forma tão confiante quando atacoumeus três possíveis assassinos. Você se movia tão bem e seus chutes e socos foram muitopoderosos.

Ela não queria que ele soubesse o quanto um simples elogio, pronunciado tão casualmentepor ele, a afetou e a agradou tanto. Nem ela sabia o porquê. — Meus pais eram muito amorosos.Mesmo nos criando com muita disciplina e estudo, eles eram pais amorosos e demonstravamisso.

Ela não conseguia conter as lágrimas em sua voz. Não importa quantas vezes tenha repassadoo que aconteceu, não conseguia parar o horrível vazio que estava dentro dela como um gigante eescancarado buraco. Respirou com força por vários minutos. O único som na barraca era suarespiração ofegante. Andor não fazia nenhum som, e as poucas vezes que ela ousou olhar paraele, seu peito mal estava subindo e descendo. Isso a assustava, mas agora que sabia que ele eraum curador, colocaria todas as suas esperanças nisso.

— Você diz 'nós', como se houvesse mais de você.

Mais uma vez, sua voz era tão gentil que aquecia seu coração. Não se mostrava curioso. Nãoagia como se ela lhe devesse uma explicação ou que ele tivesse, de algum modo, direito a uma.Ele nem tentou apressá-la. Sabia disso, porque cavou por mais alguns minutos antes decontinuar.

— Você pode se empurrar para a sua esquerda apenas alguns centímetros? É mais profundo esei que vai acabar se movimento quando deslizar, mas o solo é muito rico em minerais.

— Eu preciso tirar minhas roupas.

Seu olhar voou para o dele. Agora ele tinha os olhos abertos e não piscava. Seu olharmanteve o dela em cativeiro. Era impossível desviar o olhar.

— Eu preciso estar completamente imerso no solo para me curar.

Ela lambeu os lábios repentinamente secos. Não era como se ele pudesse fazer qualquercoisa. Estava praticamente morto. Respirou fundo e assentiu. — Eu posso cortá-las. Apenas meimpeça de vomitar em você.

— Cortá-las? —Ele repetiu, uma sobrancelha escura arqueada.

Ela desembainhou sua faca favorita. — A lâmina pode cortar qualquer coisa. O material nãodeve ser um problema.

— Eu posso me livrar das minhas roupas. Você continua cavando. Só não quero que penseque estou prestes a exigir qualquer coisa de você. Sexualmente, quero dizer.

Ela começou a rir. Estava grata por ele fazê-la rir, porque apenas o pensamento dele nu fezseu corpo aquecer inesperadamente e rir aliviou o aperto repentino em seu núcleo mais profundo.— Então eu pensaria que você seria um zumbi, com tantos buracos no corpo e mesmo assimquerendo dar em cima de mim. Vou derramar terra em você enquanto você tira suas roupas.

Ele assentiu, suas mãos indo para o peito. Lorraine virou as costas para lhe dar um pouco deprivacidade. Ela sabia que isso iria machucá-lo. Ele parecia nunca reconhecer que estava comdor, mas ela podia ver isso refletido em seus olhos e as linhas profundas em seu rosto.

— O 'nós' que você ouviu era meu irmão. Theodore. Teddy. Eu costumava chamá-lo de meuursinho de pelúcia. Ele era muito doce. O melhor irmão de todos os tempos. —A dor nelacresceu e ela balançou para frente e para trás, pressionando três dedos contra os lábios, como seisso pudesse impedir que o resto da história fosse contada ou até mesmo impedisse que a históriaacontecesse. A barraca parecia girar, rodopiando como um pião. Não havia ar suficiente pararespirar. Seus pulmões pareciam queimar. Sua garganta se fechou até que estava ofegante,tentando sugar o ar.

— Lorraine. Sívamet. Respire comigo. Vire-se. —Havia ordem em sua voz. Aço. Ninguémse atreveria a desobedecer.

Ela se virou e a mão dele pegou a dela. Ele trouxe a palma da mão sobre o topo da terraesmagada no buraco em seu peito, e colocou sobre seu coração.

— Sinta-me respirando. Sinta meu coração batendo. Deixe o seu seguir o meu. Dentro. Fora.Bem desse jeito. Seu corpo sabe como fazer isso.

Seu corpo seguiu o dele até que eles estavam em perfeita sincronia, e o caroço em suagarganta se foi, assim como a terrível sensação de queimação nos pulmões. — Eu sinto muito.—O que mais poderia dizer?

— Não se desculpe. Você não tem nada para se desculpar. E sim, esse solo é muito bom,muito rico em nutrientes. Se você pudesse continuar a cavar um pouco mais e me cobrir commais, eu agradeceria.

Sabia que ele estava lhe dando algo para fazer, dessa forma ela não pensaria sobre o fato deque tinha feito papel de boba. Olhou para baixo, esperando vê-lo nu, mas ele já estava cobertopor uma fina camada de terra.

Ela começou a escavar.

— Meu irmão matou meus pais e depois se matou. —Era melhor apenas deixar escapar, oelefante na sala que ninguém queria apontar, mas todo mundo estava desesperado para falar. Elamanteve a cabeça baixa. — Ele queria ganhar músculos, então começou a usar esteróides. Euestava na faculdade, não fazia ideia disso. Mamãe e papai começaram a suspeitar porque ele eraparticularmente suscetível aos efeitos colaterais.

— Eles conversaram com você sobre isso?

Ela balançou a cabeça. Não queria ouvir a simpatia em sua voz.

Isso apenas faria se desmanchar em lágrimas. — Não, descobri somente depois. Meus paisconversaram com alguns de seus amigos e parentes sobre isso e aparentemente decidiramconfrontá-lo. Você sabe—como uma intervenção. Havia três casais: mamãe e papai. O irmão dopapai, tio Walter e sua esposa, tia Janey, e Paula e Lincoln Steanor, dois amigos que eram ospais do melhor amigo do meu irmão. Ele aparentemente ficou furioso, entrou em seu quarto,pegou uma arma, saiu e abriu fogo.

Ela parou de cavar, as mãos tremendo. Não conseguia olhar para ele. — Isso aconteceu doisdias antes do Dia de Ação de Graças. Cheguei em casa cerca de três horas depois que ele atirouem todos eles e depois virou a arma para si mesmo. Eu abri a porta e entrei em um banho desangue. Mamãe, papai, tia Janey, Paula, Lincoln e meu irmão estavam todos mortos. O tioWalter viveu mais cinco horas. Ele disse a mim e à polícia o que aconteceu.

— Lorraine.

Apenas o jeito que ele disse seu nome quase foi sua ruína. Ela deu um pulo, jogando a terracom sua panela sobre ele e depois saiu correndo pela noite.

No momento em que estava fora de sua vista, ela abaixou a cabeça, dobrou o corpo, colocouas mãos nos joelhos, e tentou respirar. A imagem de seu irmão tinha sido destruída nasmanchetes. Theodore nunca seria conhecido por todas as coisas boas que fez. A comida que elecomprava para vizinhos idosos. Os gramados que tinha cortado para eles e os telhados que tinhaconsertado. Ele nunca aceitava dinheiro em troca, nem mesmo para gasolina.

Ninguém se lembraria de que ele arranjou um emprego no cinema local quando seu paiquebrou a perna e não pôde trabalhar como carpinteiro, mas precisava pagar as contas. Ou queele acordava cedo nas manhãs de sábado e ia trabalhar na cozinha fazendo sopa para aosdesabrigados. Tantas memórias. Tantos bons momentos.

Ele nunca seria lembrado como um atleta incrível, ou por todos os troféus que ganhou para odojo6 onde a família treinava. O futebol que ele jogou tão bem, ajudando a trazer para a escolaonde estudou o ensino médio várias vitórias.

Ele seria para sempre lembrado como um assassino em massa. Ele era seu amado irmão, ehavia matado toda a sua família. Todo mundo que ela amava em sua vida. Ele a deixou semnada, e nenhum aconselhamento e terapia trariam de volta ou mudar o que havia acontecido.Nenhuma quantidade de meditação lhe daria respostas.

Ela se endireitou lentamente, as lágrimas borrando sua visão enquanto olhava para asestrelas. Nenhuma quantidade de lágrimas faria seu coração parar de doer. Olhou por cima doombro em direção a sua barraca. Havia fugido da cidade e veio para as montanhas acampar. Erauma campista experiente, tanto em clima muito quente quanto em frio extremo. Não planejavaficar no deserto para sempre, mas precisava se sentir inteira novamente antes de voltar.

Estava com tanta raiva. Irritada com o irmão dela. Como ele poderia ter feito uma coisa tãoterrível? Mas ele estava louco. Estava com raiva de sua decisão de usar uma droga que o faziamuito mal e que mudou seu jeito de ser. Ele sabia dos efeitos colaterais do uso de esteróides, masusou mesmo sabendo dos riscos. Ele não estava louco quando fez essa escolha. E os pais dela?No momento em que eles souberam, por que não ligaram para ela? Por que não tiraram osesteróides dele? Por que não o mandaram para fora do país? Eles tinham amigos, recursos,escolhas.

Queria gritar até que sua garganta rasgasse e não pudesse fazer mais nenhum som. Até queficasse crua e sangrenta, assim como os corpos de sua família e de seus amigos. Ela fezexatamente isso nas noites que os pesadelos vieram e tudo que via neles era um rio de sangue.Onde estavam seus amigos? Todos os alunos com quem treinou desde que ela era uma criançalutando no dojo com a mãe e o pai—onde eles estavam? De alguma forma, ela estavacontaminada pelo que seu irmão tinha feito. Eles sorriam e diziam o quanto sentiam muito, masse recusavam a se aproximar dela. O mesmo aconteceu com os amigos do ensino médio e dafaculdade. E, além de tudo isso, ainda tinha os repórteres.

Sívamet. Volte para mim. A barraca é tão refrescante quanto ao ar livre. Você está seguraaqui. Estou completamente coberto. Traga o seu saco de dormir e coloque-o ao meu lado.

Ela fechou os olhos contra a necessidade que crescia nela—a necessidade de conforto.Alguém que não a culpava. Alguém que nunca dissesse uma palavra contra o irmão dela. Oscomentários sussurrados. Os olhares julgadores. As perguntas. Ela odiava tudo isso. Fugiu deles,juntou seus equipamentos de acampamento, pegou a melhor barraca, o máximo de dinheiro quepodia carregar com segurança e veio para o lugar onde se lembrava que, junto com a sua família,tiveram momentos muitos felizes.

Eu não sei se me recuperarei. Eu nem sei mais quem sou. Era uma coisa tão boba para dizera um homem que estava à beira da morte. Ela virou-se devagar quando a compreensão ocorreu aela. Três homens tentaram assassinar Andor Katona da maneira mais brutal e sádica possível. Emvez de fúria, em vez de raiva, ele estava calmo, até mesmo gentil, cuidando de seus sentimentos.Que tipo de homem era ele?

Ela veio para as montanhas para tentar encontrar a paz. Havia tentado meditar várias vezessem sucesso, mas estava determinada a encontrar seu equilíbrio novamente. Talvez se ficasseperto de Andor um pouco da paz dele passasse para ela. Valia a pena tentar.

Por que não está zangado com esses homens? Os que tentaram estaquear você?

Eles foram bastante incompetentes em sua missão autonomeada. Senti pena deles. Elesestavam equivocados. Embora, agora, pensando melhor, eles acreditavam em vampiros—eacharam ver um. Os mortos-vivos são o verdadeiro epítome do mal—e me confundir com um éum insulto, mas isso pode ser ignorado.

Ela franziu a testa. Havia decidido que ficaria no deserto até conseguir superar sua raiva eaprender a tomar o caminho certo, independentemente do que alguém dissesse ou fizesse a

respeito de sua família. Havia dezenas de lições que precisava aprender, por isso, trouxe com elalivros importantes sobre meditação e o caminho para alcançar a paz interior. Três idiotas,acreditando que eles viram o próprio epítome do mal no que acabou sendo um cara legal, fizeramsua raiva piorar.

Ela estava cantando seus mantras7, esperando que acabasse conseguindo a capacidade deouvir melhor os outros. Conseguisse melhorar sua energia. Permitisse que encontrasse a paz emqualquer lugar que estivesse. Ter melhor sensibilidade para com os outros. Ela tinha uma lista desuas expectativas, e demorou muito para passar por essa lista enquanto cantava.

Os primeiros pensamentos de Andor a haviam perturbado. Ela o ouviu claramente pesando adecisão de viver ou morrer, e isso tinha tocado diretamente em sua ferida. Seu irmão fez isso?Sentou-se em seu quarto e pensou em atirar ou não em sua família e amigos e depois em simesmo? Nenhum cântico do mundo poderia fazê-la ignorar esses pensamentos vindos de Andor.Então, de repente sentiu algumas sensações no ar. Um cheiro de fanatismo. De assassinato. Ficoufuriosa novamente. Mas desta vez poderia fazer algo sobre isso. Desta vez, aquele que queriamatar outro ser humano não teria sucesso. Então ela os impediu, mas não o fez pacificamente.

Não era que se arrependesse em chutar, socar ou bater nos três assassinos na cabeça com apanela para impedi-los de matar alguém, mas deveria ter sido capaz de fazer isso sem raiva.Deveria estar calma, como Andor.

Lorraine. Entre. Eu estava calmo porque quando você me sentiu pela primeira vez, eu nãosentia nenhuma emoção. Eu era incapaz. Volte para dentro.

Queria ir para dentro. Ela realmente não queria mais ficar sozinha—principalmente quandotinha a oportunidade de estar perto de um homem tão intrigante como Andor. Ela honestamentenão sabia como ele poderia sobreviver, mas se ele fosse um curador poderoso—ela havia lidoque alguns poderiam curar todo os tipos de coisa—então talvez ele realmente pudesse reparar seucorpo.

Me dê um minuto. Ela passou alguns minutos olhando para as estrelas. Uma das coisas quemais amava em acampar era o céu a noite. Raramente fazia fogueira, a menos que estivessemuito frio ou tivesse que cozinhar alguma coisa. Principalmente ela não cozinhava. Não queriadeixar lixo para trás, sempre se preocupou em deixar cada área por onde passou ainda mais limpado que encontrou.

Lorraine andou ao redor da barraca, ampliando seu círculo, precisando sentir a área queestava acampada. Era uma região mais baixa do que costumava escolher, mas não havia comoarrastar Andor até a pequena colina na base da montanha mais alta. Ainda assim, era defensável,embora, novamente, eles não estivessem perto da água. Ela sempre gostou de ter duas rotas defuga e água por perto em caso de alguma emergência. Defender um homem ferido de assassinosde vampiros idiotas ou o epítome do mal—um vampiro, se é que houvesse tal coisa—precisavade um planejamento cuidadoso.

Lorraine.

A maneira como ele disse o nome dela tocou em lugares que esqueceu que tinha. As notasnão roçaram intimamente somente as paredes de sua mente, mas também outros lugares. Isso afazia se sentir em paz. O que diabos ela estava pensando? Andor estava quase morto, com ocorpo cheio de feridas terríveis. Ela nem o viu direito, na realidade nem conseguiu olhar para ele

direito, não com o corpo dele coberto de sangue daquele jeito. Ela estremeceu. O fato de suamente ter, por um momento, indo para pensamentos inapropriados estava errado.

Não há nada de errado com você.

Ótimo. Ele estava lendo a mente dela. Agora que ela realmente não conseguiria olhar paraele.

Esta forma de comunicação é muito íntima. Quando você fala comigo, eu tenho a mesmareação que você.

Lorraine ficou mais aliviada sabendo disso. Pelo menos ela não era a única. Então, é comumsentir essa ... conexão, quando se usa a telepatia? Você já sentiu isso com outros? Honestamentenão sabia se queria que ele respondesse sim ou não.

Só me comunico dessa maneira com outros homens, e garanto-lhe que não tenho a mesmareação com eles que tenho com você. Volte para dentro.

Ela colocou os braços ao redor da cintura e deu outra olhada lenta ao redor do acampamento.Se formos atacados novamente, este lugar não é muito defensável.

Eu colocarei salvaguardas para impedir que alguém se aproxime. Por favor, volte paradentro. Você quer ficar longe porque está chateada e não quer que eu testemunhe suas lágrimas.Mas eu as sinto, Lorraine, e não posso ir até você para consolá-la.

Era isso que ela estava fazendo? Se escondendo? Sabia que sim. Isso foi exatamente o queescolheu fazer, se esconder, pelo menos até que se sentisse forte o suficiente para encarar todomundo novamente. Precisava encontrar o lugar de paz que Andor encontrara.

Como você faz isso? Como você pôde ficar tão calmo quando pode estar morrendo e aqueleshomens roubavam sua vida?

Entre, deite-se e descanse. Eu vou te dizer.

Ela queria conhecer sua história, e a atração por estar perto dele era mais forte do quepensava e crescia cada vez mais toda vez que se comunicavam telepaticamente. Ela decidiu queseria muito melhor estar mais perto dele fisicamente do que conversar com ele mentalmente. Elaestava em maior perigo com a comunicação íntima. Havia apenas algo sobre o modo como elepreenchia aqueles buracos vazios dentro dela e que ela não conseguia resistir.

Capítulo 3

— Você está se sentido bem? —Andor manteve o olhar fixo no rosto de Lorraine. Elaclaramente não tinha ideia de como era bonita, não tinha noção do perigo em que estava.Confiava em suas habilidades para se proteger, e ele entendia o porquê. Ela teve treinamento. Eramuito melhor do que a média quando se tratava de se defender, homem ou mulher. O problemaera que agora ela estava lidando com um Cárpato, não um humano, e ele não tinha intenções dedeixá-la fugir.

— Sim. Eu deveria perguntar a mesma coisa a você. —Ela virou a cabeça para olhar para ele.

Ela tinha terminado de cobri-lo até o pescoço em solo rico e escuro. Ele já podia sentir aspropriedades curativas trabalhando em suas feridas. Pensando bem, ainda não estava a salvo.Precisava de mais sangue e de um bom curador. Havia enviado um chamado para seus irmãos,usando seu caminho particular com eles, não aquele usado pela maioria dos Cárpatos. Osvampiros também poderiam ouvir a mensagem.

— Estou tão bem quanto possível. —Ele estava, tanto quanto poderia estar sob ascircunstâncias, mas precisava desligar seu coração e pulmões para evitar perder mais sangue.Havia retardado os vazamentos, mas até que pudesse ter um curador lá para ajudá-lo, aindaestava em risco de não conseguir sobreviver.

Ele enviou-lhe um pequeno sorriso. — Você está fazendo a minha vontade.

Ela virou de lado e apoiou a cabeça para cima com uma mão. — Sim. Creio que você estácerto sobre o solo ajudar a sua cura e que você vai ficar bem. Mas se estiver errado e tiver umainfecção furiosa, pelo menos eu concedi seu último desejo antes de você morrer.

— Eu decidi que quero viver.

— Esse era o grande debate em que você estava tendo consigo mesmo antes. Nãocompreendi até que vi todas essas feridas no seu corpo. Você realmente estava em uma batalhaantes dos três patetas aparecerem.

Ele pegou em sua mente que a referência aos ‘três patetas8’ era de um programa de televisãoantigo. Seus escudos mentais naturais diminuíram porque ela começou a se sentir maisconfortável com ele. Sabia que teria que trabalhar com ela sobre isso, já que nunca poderia dar achance de um vampiro próximo ler seus pensamentos, ou se infiltrar em sua mente.

— Estava em uma batalha. Eu sei que parece que não me saí muito bem contra eles, mas emminha defesa, havia vários deles. Consegui derrotá-los e depois que limpei o campo de batalha,tentei curar os meus ferimentos. Enquanto fazia isso o bando de assassinos apareceu. —Umapequena parte do seu ego se preocupou em dizer-lhe a verdade. Ele não queria que ela pensasseque seu companheiro não poderia cuidar dela.

— Eu me perguntei como eles conseguiram se aproximar de você e te machucar tãogravemente.

— Para curar um corpo, é preciso sair do próprio corpo e se tornar puro espírito. Eu não tinhaninguém guardando o corpo vazio que deixei para trás. Isso lhes deu a oportunidade.

Seus olhos se arregalaram. — Você poderia fazer isso agora? Eu poderia te proteger. Nãodeixaria nada acontecer com você. —O tom dela era cético, mas esperançoso.

Ele quase gemeu. Não estava fazendo uma boa imagem como marido ou companheiro empotencial. — Estou muito fraco.

— Vou te dar mais sangue.

Era uma oferta generosa, considerando que ela não gostava de lidar com nada que tivesse aver com sangue e teria que remover seus escudos mentais completamente, como tinha feito antes.— Obrigado, sívamet. Agradeço a sua oferta e certamente a aceitarei mais tarde, mas, nomomento, desejo somente ouvir sua voz. Isso me acalma e mantém a dor à distância.

— O que é sívamet? Você me chama assim com frequência. Que língua é essa?

— Sou das montanhas dos Cárpatos e sívamet é uma palavra usada no meu mundo para umamulher, um homem ... —Ele tinha que ser cauteloso. — Um carinho, —ele parou. Não podiadizer-lhe ainda que a chamava de ‘seu coração’ quando ela não tinha compreensão da conexãoentre eles. — Eu não sei como te dar uma tradução exata que faria sentido para você.

— Mas é uma coisa boa?

— Sim, Lorraine. Uma coisa muito boa. Você acredita que eu estava debatendo comigomesmo se deveria ou não acabar com a minha vida porque estava ferido e com dor, mas essa nãofoi a razão. Eu tinha desistido de toda a esperança de encontrar a mulher certa para mim. Eu nãotinha mais certeza de que poderia suportar a solidão sem ela.

Ela franziu a testa. Seu coração se apertou com força em seu peito. Ele nunca tinha pensadono significado dos termos fofo ou adorável. Eles eram palavras bobas que os humanosinventaram para descrever as crianças. Lorraine não era uma criança, por qualquer meio. Nadanela sugeria uma criança, mas aquela carranca para ele era adorável. Não havia outra palavrapara isso.

Ele estava fascinado por todas as expressões que cruzavam seu rosto. Cada pensamento queela tinha em sua cabeça. Ele queria saber cada coisa sobre sua vida antes que ele estivesse comela. Mais do que tudo, ele queria consolá-la e tirar a dor que sentia irradiando dela a cadasegundo que respirava. Ele estava envergonhado por ter considerado acabar com sua vida,mesmo que por um momento. Se tivesse feito isso, se tivesse permitido que os humanos omatassem, ela estaria sofrendo sozinha agora.

— Andor, ninguém pode desistir da vida por causa de um coração quebrado.

Ele sabia que ela queria dizer muito mais, mas escolhera cuidadosamente suas palavras paranão o ofender. Ele não conseguia parar de alcançar e tocar com seus dedos os fios grossos decabelo castanho dela. Era tão sedoso quanto parecia. Tão macio. — Tão linda. —Ele murmurouas palavras que escaparam de sua mente. Ele pensou nelas em sua cabeça. Colocou-os em algumlugar perto. Seu cabelo era lindo, mas sua alma também era. Aquela metade que elainconscientemente segurava para ele, que era bonita também. Muita luz em um pacote tãopequeno.

— Andor? Isso é importante.

Ele se encontrou sentindo a seda de seu cabelo e admirando a cor. Ele não tinha feito taiscoisas em séculos. Isso poderiam ser simples para ela, mas para ele se deixar sentir e admirarseus cabelos eram milagres. — Estou ouvindo, mas você entendeu errado, mica9, eu estavaprocurando pela minha mulher. Não a tinha encontrado, e estava desistindo. Mas você estáabsolutamente certa, no entanto, nunca deveria ter sequer pensado em desistir. —Ele estavapassando esse conselho para seus irmãos. Precisavam saber que suas mulheres chegariam a elesem sua hora mais sombria, ou no momento mais inesperado.

O alívio suavizou o brilho de temperamento em seus olhos. Ele gostava daquele fogo nela.Sabia que ela queria mudar seu temperamento, mas ele também sabia que ela precisaria dessefogo para lidar com a vida deles juntos. Às vezes um temperamento mais acalorado, dirigido damaneira certa, poderia ganhar batalhas.

— Conte-me sobre sua vida, Andor.

Sabia que essa pergunta estava chegando e não queria mentir para ela. Ele não queria assustá-la também. — Meu povo é pequeno e disperso. A maioria vive nas Montanhas dos Cárpatos10,mas alguns vivem aqui nos Estados Unidos. Eu estava procurando por quaisquer ameaçasquando eu encontrei os que eu ... —Ele procurou por uma palavra benigna, mas não conseguiuencontrar uma. Ele suspirou. — Caçava. Eu estava caçando o inimigo. Não esperava tantos e foiassim que fui ferido tão severamente.

Ela ficou em silêncio por tanto tempo que ele achou que ela não falaria mais nada. Seus olhosficaram colados aos dele. Ela não desviou o olhar e nem parecia que não acreditava nele. —Você não confia na polícia. —Não houve sarcasmo em seu comentário final, apenas umadeclaração de fato.

Ele não conseguia parar de brincar com o cabelo dela, passando-o entre os dedos e trazendo-o de vez em quando para o rosto dele onde podia inalar o cheiro dela.

Ela estava em um acampamento no deserto e ainda cheirava feminina e boa o suficiente paradevorar. Ele tentou descobrir os aromas. Toranja11 com certeza. Algo mais. Era fraco.Indescritível. Um pouco selvagem.

— Não. Temos de lidar com as coisas por nós mesmos.

— Quando você disse que limpou o campo de batalha, isso significa que você enterrou oscorpos?

Seus olhos estavam firmes nos dele, mas ele a sentiu prendendo a respiração. Havia aqueleprimeiro toque de medo nela.

— Sívamet, não sou um assassino. Há coisas que você precisa saber, coisas que irão assustá-la. Vou abrir minha mente para que você possa ver por si mesma e então, uma vez que você veja,responderei suas perguntas. —Era um risco. Um enorme. Ele não poderia impedi-la nessemomento se ela escolhesse fugir. Mas se ele sobrevivesse, iria atrás dela, e os uniria para que elanão pudesse fugir dele novamente. Ele não tinha dúvidas de que seria capaz de conquistá-la. Elaera sua verdadeira companheira, e assim como ninguém mais poderia ser para ela mais do quequalquer outra mulher pudesse ser para ele.

— Me fale sobre suas tatuagens. Elas são muito incomuns. Eu as vi quando você se rolou umpouco mais para o buraco do solo que cavei. Elas sobem pelo seu pescoço e pelos seus ombros.—Ela tocou uma das cicatrizes rígidas logo atrás do ombro dele.

Andor se ofereceu para abrir a sua mente para ela e ela não respondeu. Ele se recusou atrapacear e tocar sua mente ou influenciá-la de qualquer maneira. Se ela quisesse passar para umtópico diferente, a fim de ganhar tempo e pensar sobre isso, ele estaria feliz em dar isso a ela.Conversar com ela o distraia da dor. Precisava de forças para colocar as salvaguardas ao redordeles e por isso necessitava do sangue dela. Os vampiros que ele havia derrotado com certezahaviam mandado uma mensagem para seus senhores e já era de conhecimento geral que elehavia sido ferido. Eles mandariam outros para matá-lo.

Estamos indo até você, Andor. Ferro viaja comigo.

O coração de Andor pulou e depois se estabeleceu. A voz em sua mente, vindo por aquelecaminho particular que os irmãos tinham forjado, ainda estava a uma boa distância, mas elesouviram seu chamado. Sandu e Ferro eram monges e passaram dois séculos no mosteiro com ele.

Ferro era considerado o mais perigoso de todos. Havia perdido sua família cedo e com isso,suas emoções. Era uma máquina de matar eficiente e seria quase impossível de derrota-lo sevirasse um vampiro. Ferro hesitou em deixar o mosteiro, determinado a manter sua honra, mas aesperança de encontrar uma companheira era forte demais para qualquer um deles resistir.

Essa esperança dada a eles tinha sido uma tábua de salvação para homens desesperados.Viviam suas vidas indefinidamente e essa última esperança teria que ser aproveitada, mesmo quenão fosse a escolha mais sábia para todos eles. No entanto, ele havia encontrado Lorraine. Atémesmo Ferro tinha a chance de encontrar sua companheira—só precisavam vigiá-lo muito, muitomais de perto.

Eu não estou sozinho, Sandu. Minhas feridas são muito graves. Estou seguro no momento,mas a minha companheira está comigo. Ela não tem consciência do fato de que pertence a mim,nem eu posso ligá-la a mim também.

Houve um momento de silêncio enquanto Sandu digeria isso e o que significava. Seusferimentos são mortais?

Sim. Vários deles. Preciso tomar o sangue dela e colocar salvaguardas, mas não posso ir aochão. Estou parcialmente imerso no solo e minhas feridas estão cobertas de terra, mas dessaforma não vou sobreviver a próxima elevação. Se eu fechar meu coração e meus pulmões, elavai pensar que eu estou morto e ela pode deixar meu corpo para chamar as autoridades paravirem. Se ela fizer isso ...

Estamos fazendo o nosso caminho em sua direção. Vamos viajar o máximo que pudermosantes de irmos ao chão e nos levantaremos o mais cedo possível. Eu mandei uma mensagempara Gary vir. Ele é o curador mais forte que temos disponível aqui. Ele está distante também,mas diz que já começou a viagem em sua direção.

Andor não sabia o que pensar sobre isso. Gary Daratrazanoff era desconhecido para ele. Opríncipe enviara-o para ser o braço direito de Tariq Asenguard. Ele era um Daratrazanoff,membro de uma das antigas linhas de guardiões e curadores. Andor não tinha escolha. Sabia queseria necessário não apenas Gary, mas também seus dois companheiros monges para salvá-lo.

Eu peço que vocês cuidem da minha companheira. Ele enviou a imagem de Lorraine paraSandu e Ferro.

Ela estará segura. Sandu fez sua promessa.

Sua palavra era sua honra. Sandu não falharia com ele.

Ela estará segura.

Andor fechou os olhos brevemente. Ferro dando sua palavra era algo extraordinário. Comoregra, o homem não falava. Quando fazia era para emitir uma ordem, e mesmo isso eraextremamente raro. Ficou aliviado em saber que ele havia dado sua palavra para protegerLorraine. Ferro, como Sandu, nunca voltariam atrás com suas promessas, o que significava que,não importava o quanto Ferro estivesse próximo da escuridão, o quanto aquela mancha havia seespalhado através dele, enquanto Lorraine vivesse, Ferro manteria sua honra ...

— Você está falando com alguém?

O olhar de Andor saltou de volta para o rosto de Lorraine. — Como você sabe?

— Estou pegando uma palavra aqui e ali. Por que você está tão apreensivo falando com eles?

Como ele responderia a isso? — Nossa espécie é mais velha que a sua. —Lá estava. Ela iriaacreditar nele ou não. Ele lhe oferecera a chance de olhar em sua mente, e essa oferta aindaestava aberta. — Quando se vive por muito tempo, a vida pode se tornar intolerável.

Seus pequenos dentes brancos afundaram em seu lábio inferior, mas seu olhar não vacilou dodele. — A razão pela qual você ainda está vivo é que sua espécie é diferente da minha? Porquenenhum ser humano poderia sobreviver a essas feridas, curador ou não.

— Esse é precisamente o motivo, —ele concordou. — Mas nem mesmo eu posso sobreviversem ajuda. Preciso de curadores para me ajudar, então eu pedi ajuda. Porém é um risco quecorro, porque não sei quem chegará primeiro, inimigo ou amigo. Quem quer que tenha ido aochão mais perto de nós, chegará primeiro aqui.

Ela recuou um pouco. Não o suficiente para ser preocupante, mas estava analisando o que eledisse e ela era uma mulher inteligente. As coisas que ele disse a ela tinham que parecer muitoimprováveis em seu mundo moderno.

— Explique o que é ir ao chão.

— Você tem certeza de que não preferiria olhar em minha mente e ver por si própria do queestou falando?

— Estou muito certa. Prefiro ouvir de você. Mas sempre posso olhar se sua explicação setornar ridícula demais para sequer pensar.

Ele imaginou que isso aconteceria muito em breve. Puxou o cabelo dela e trouxe os fioscontra sua boca, esfregando-os para frente e para trás em seus lábios. Mais uma vez, esperavaque ela se afastasse dele, mas não o fez. Isso significava muito para ele. Precisava tocá-la dealguma forma, para ficar conectado. Sentir a seda de seu cabelo contra a sua pele lhe dava maisprazer do que jamais imaginara sentir.

— Eu sou Cárpato. Somos uma espécie antiga com muitos dons poderosos. Com esses donsvem o preço. Sempre. O sol irá nos queimar. Devemos dormir no solo para rejuvenescer e,durante o meio-dia, quando o sol está no seu auge, nossos corpos ficam paralisados. Se você mevisse durante o dia, pensaria que eu estaria morto, quando na verdade eu não estou.

Ele esperou. Ela apenas o observou de perto sem fazer qualquer comentário. Não podia dizerpela expressão dela se ela acreditava ou não, mas ele resistiu à vontade de tocar sua mente.

— Quando um macho nasce, sua alma é dividida em duas e a outra metade vai para o corpode uma mulher. Às vezes ela nasce imediatamente, outras vezes não. Às vezes ela vive um ciclode vida completo e não é encontrada por seu companheiro—seu macho. Quando isso acontece,ela morre e renasce de novo e de novo até que ele a encontre. Nós pensamos, durante séculos,que ela tinha que ser Cárpato. Nosso príncipe descobriu por acaso que uma fêmea humanapsíquica poderia segurar a outra metade de nossas almas.

Ela franziu a testa. — Você está dizendo que essa mulher que você tem procurado por tantotempo, pode não ser da sua espécie.

Ele assentiu devagar. — Não tínhamos ideia que isso era possível. Nenhum de nós sabia.Muitos de nossos homens foram perdidos porque não tínhamos essa informação.

— Perdidos para o suicídio?

— Alguns escolheram enfrentar o amanhecer, sim. Outros escolheram desistir de suas almase abraçar o mal.

Ela balançou a cabeça ligeiramente e, dessa vez, ele pôde lê-la. Ela não acreditava nele.

— Você está de volta aos vampiros. Se existissem vampiros no mundo, não acha quesaberíamos disso? Vamos, Andor. Eles não estariam apenas nos filmes de terror assustadores, ounos filmes de romance, estariam por aí, se alimentando e assustando a merda fora de todomundo.

Ele concedeu o ponto com um aceno de cabeça. — Isso é verdade, exceto que os caçadoressão enviados para destruí-los e apagar as memórias de qualquer um que os tenha visto. A maioriadas pessoas que se encontraram com um vampiro não escapam vivas, então a remoção delembranças não ocorre com frequência.

— De onde vêm esses vampiros?

— Eles são Cárpatos que escolheram desistir de suas almas. —Não iria mentir para ela ousuavizar o golpe. — Nós temos o potencial para nos tornarmos vampiros. Eu tenho. Todo machodeve encontrar sua companheira ou eventualmente escolher terminar sua vida ao sol, ou a cadanoite em que permanecer vivo, representar um perigo para todos ao seu redor.

— Inclusive você.

Ele assentiu. — Especialmente eu, embora no momento esteja fraco demais para prejudicaralguém.

— Por que especialmente você?

Ele estava começando a se apaixonar por ela. Não tinha nada a ver com sua aparência e tudoa ver com seu intelecto e brilho. Não tinha ideia de como era verdadeiramente tranquila edisciplinada, mesmo quando ouvia pacientemente as coisas que ele lhe dizia, que sabia quesoavam completamente absurdas. Mesmo assim, ela estava prestando atenção e tentandocontrolar a descrença, dessa forma podia julgar por si mesma se havia ou não uma possibilidadede que tudo que ele falava era real.

— Eu vivi muito tempo. Quando os machos de nossa espécie chegam a duzentos anos,perdem toda a emoção. Eles não sentem mais nada. Nem bom nem ruim. Eles simplesmenteexistem. A princípio, as lembranças os sustentam, a lembrança de como se sentiam com os entesqueridos, esse tipo de coisa, mas depois que anos se passam, essas lembranças começam adesaparecer. Mais ou menos na mesma época em que perdemos as emoções, as cores desbotampara um cinza opaco. Nós caçamos os vampiros, e esses vampiros são frequentemente membrosda família ou amigos com quem crescemos. Matar leva pedaços da alma até restar pouco maisque a honra. A honra deve nos sustentar até o dia em que escolhermos nos tornar o mal ou deixaresse mundo.

Ela respirou fundo e soltou. — Essa é uma vida muito sombria que você está descrevendo,Andor.

Ele assentiu. — Ela é.

Ela ficou em silêncio novamente, seus olhos firmes nos dele. Seus dedos bateram em uma

pequena imagem em seu saco de dormir. — Se eu olhar em sua mente, o que vou ver?

— Coisas que vão aterrorizar você. —Ele foi honesto.

— Coisas que você fez para os outros?

— Coisas feitas para mim. Coisas feitas para humanos inocentes, mas não por mim. E coisasfeitas por mim em retaliação pelo que foi feito aos humanos e ao meu povo.

— Não tem medo de que me dizendo essas coisas eu possa te deixar aqui sozinho paramorrer? Você está se arriscando muito.

— Você me perguntou e eu respondi honestamente. Existe a possibilidade de achar que soucompletamente louco. Há também a possibilidade de você correr, mas isso não é muito provável.

Seus longos cílios piscaram suavemente. O impacto daqueles olhos verdes nele era enorme.Ele esmagou os fios sedosos de seu cabelo em sua mão, segurando-os com força, como sepudesse segurá-la para ele.

— Por que acha que é improvável que eu vá correr?

— Não está em você abandonar uma pessoa indefesa para morrer. Mesmo se acreditasse queeu era uma pessoa ruim, você não iria embora.

Ela não discutiu esse ponto. — Você estava procurando por essa mulher quando encontrouesses vampiros?

— Eu já tinha tolamente desistido dela. Eu faço parte da tropa da guarda de frente para umhomem chamado Tariq Asenguard. Já ouviu falar dele?

Ela assentiu. — Ele é dono de uma cadeia de casas noturnas com outros sócios. Tem umgrande clube em San Diego. Não sei muito sobre ele além disso.

— Ele é Cárpato. Como eu. Encontrou sua companheira e eles têm um complexo—umapropriedade—cercado por outros Cárpatos. Os Cárpatos foram enviados para todos oscontinentes para caçar os vampiros, e manter os humanos seguros. Tariq foi nomeado como orepresentante do nosso príncipe aqui nos Estados Unidos. Um de meus irmãos do mosteiro,Dragomir, veio até aqui, e encontrou sua companheira e precisou de nossa ajuda. Nósrespondemos seu chamado. Foi assim que acabei parando nesta área.

— Tariq Asenguard, o quente milionário ou bilionário, ou seja lá o que for, é Cárpato? —Havia descrença em sua voz.

— Se alguém vive muito tempo, não é difícil adquirir uma fortuna. Não tenho certeza porquevocê se referiu a ele como ‘quente’, mas se isso for um elogio, eu não estou feliz com vocêdando-o a ele.

Ela deu um pequeno sorriso, e alguns dos nós que ele pensou que eram dor de suas feridas sedesfez. — Você acha que eu sou ela.

— Ela?

— A única. Sua companheira. Você acha que eu sou aquela mulher, aquela com a sua alma.

— Eu não acho. Nós sabemos. Eu tenho certeza. É impossível cometer um erro.

— Me esclareça.

Ele puxou o cabelo dela até que ela soltou um gritinho de indignação e olhou para ele, masainda assim não se afastou. Gostou do seu olhar indignado. Isso fazia com que ele se sentissecomo um casal que estava junto há muito tempo, sentia que ela estava confortável e segura comele. Se não vivesse até o dia seguinte, pelo menos teria tido isso com ela.

— Eu estive sem cores ou emoções por séculos. Muito, muito tempo. Tempo suficiente paraeu ter perdido toda a esperança. Então você me resgatou e as emoções voltaram para mim e vicores tão brilhantes que machucaram meus olhos. Elas ainda machucam. Levará algum tempo atéque tudo se equilibre de novo.

Ela ficou em silêncio novamente, seu olhar vagando por seu rosto. Finalmente, ela balançoua cabeça. — Acredito que você está delirando um pouco. Beba um pouco de água, eu vou daruma saída e olhar mais uma vez a nossa segurança e então, quando eu voltar, você pode ter outratransfusão.

— Você não vai olhar em minha mente?

— Não. Eu vou deixar você ter sua fantasia e eu vou ficar sã um pouco mais. Tenho queplanejar de como vou protegê-lo se precisar.

— Eu é que tenho que saber como vou protegê-la. Você não pode lutar contra vampiros. Elesprecisam ser mortos de uma certa maneira, e mesmo com suas habilidades impressionantes, vocênão conseguiria ter sucesso.

— Ei, eu vi os filmes.

— Os filmes estão errados.

— Bem, talvez seria melhor que você me ensinasse.

Achou interessante que ela não soasse sarcástica. Ela nem se quer parecia pensar que ele eramaluco. Tinha a sensação de que havia uma grande parte dela que acreditava nele. — Vocêrealmente não pode lutar contra um vampiro.

— Mesmo assim, Andor, se eles vierem e eu não tiver escolha, pelo menos você me disse oque devo fazer, dessa forma terei uma chance de lutar. Sem saber como devo me defender, nãoterei nenhuma chance.

Havia lógica no que ela disse, ele gostasse ou não. Ele poderia não conseguir acordar, e seisso acontecesse e os vampiros chegassem antes de seus irmãos, eles a matariam com certeza.Mas se for algum vampiro recém transformado, um peão de algum outro mestre vampiro, talvezela tivesse uma pequena chance de continuar viva.

Andor assentiu devagar. Ele estava cansando e isso o fez se preocupar ainda mais com o seusangue que não parava de vazar muito rápido de seu corpo. Se ele tentasse se curar usando assuas últimas forças não conseguiria esperar seus irmãos chegarem aqui. Por outro lado, se elenão parasse de sangrar, Lorraine estaria tão perdida quanto ele.

— O coração de um vampiro deve ser removido e queimado. Ele pode regenerar quantasvezes precisar se você não queimar o coração. Ele pode tomar qualquer forma, incluindo as deseus entes queridos, que ele escolhe de sua mente. Sua voz pode te governar, obrigá-la a fazer oque ele mandar, até coisas abomináveis para você. Você é telepática e sabe sobre escudosmentais, então tem que ter os seus escudos fortes e preparados em todos os momentos napresença de um vampiro. Você não pode se deixar enganar pelas mentiras que ele contará ou

pelas imagens que ele criará.

— Então, precisarei de algo para queimar ele e o coração também.

Ele gostou que ela parecesse pensativa. Uma parte dela estava pensando nas possibilidades.Ela não tinha certeza se as informações que acabará de ouvir dele eram reais, mas ainda assim,estava considerando isso.

— Sim. Mas mesmo que ele pareça queimar, você tem que ter certeza de que o coração estádestruído, completamente incinerado.

Ela assentiu. — Você está certo. Eu não gostaria de ter que lutar contra tal criatura, mas se eutivesse que fazer isso, quero saber como. E quanto ao controle de insetos e ratos, como você vênos filmes?

— Ele pode criar um exército de ambos, o mesmo com os morcegos. Pode criar fantocheshumanos também. —Deu um pequeno suspiro. — Há tão poucos de nós e mesmo assim osCárpatos sempre pensaram que eventualmente ganharíamos a guerra contra os vampiros e apenasocasionalmente destruiríamos um aqui e outro ali.

— Por que vocês nunca pediram a ajuda de humanos, já que nós estamos em perigo também?

— Você sabe o porquê. Os humanos são como esses três que estavam aqui. Sempre há operigo da existência de fanáticos como eles, somos perseguidos e forçados a nos defender. Amaioria de nós escolheu viver longe dos humanos. Tariq é um dos poucos que não fez. Ele gostade humanos e abraçou a tecnologia deles. Isso deu a ele uma visão que o resto de nós não tinha.Os vampiros estão se mantendo, aqui, nos Estados Unidos, construindo seus exércitos eaprendendo a usar computadores e softwares para rastrear caçadores, e também para encontrarmulheres psíquicas.

— Como eles fazem isso?

— Eles têm um centro de testes psíquicos, o Centro Morrison. Homens e mulheres vão lá pordiversão ou realmente acreditando que têm talento. Assim que é determinado que alguémrealmente tem habilidades psíquicas esse alguém é perseguido.

Ela ficou em silêncio por um momento, depois virou-se de costas para ele e olhou para o tetoda tenda. — O Centro Morrison?

— Sim. Eles têm filiais em todo o mundo agora.

— Representantes desse Centro entraram no campus da faculdade onde eu estava cursando.Quase fui até eles, mas decidi não ir. Nunca gostei de ninguém sabendo dos meus dons. Isso foialgo que meu pai sempre insistiu em mim.

Ele permaneceu em silêncio. Foi por tão pouco. Se ela tivesse preenchido seus formulários etivesse sido testada, poderia estar perdida para ele.

— Eles estavam lá durante a parte mais ensolarada do dia.

— Porque os homens e mulheres que trabalham nesses lugares não têm ideia de que osistema deles foi hackeado.

Ela franziu a testa, mas continuou olhando para o teto. — Você pode se curar? Se eu te dermuito do meu sangue, você pode se curar?

Ele balançou sua cabeça negando. — O melhor que posso esperar, sívamet, é que seu sangueme mantenha vivo e me dê a força que preciso para definir salvaguardas que meus irmãospossam desfazer, mas que os vampiros não podem. Dessa forma, se o inimigo chegar aquiprimeiro, você estará segura.

— Eu estou indo para fora por alguns minutos. O teto desta barraca é grosso o suficiente paraevitar que você queime durante o dia?

— Vou desligar meu coração e meus pulmões, e você terá que terminar de me enterrar. —Elemanteve os olhos nela.

A respiração explodindo de seus pulmões em protesto era audível. Seu corpo estalou aoredor, então ela estava de frente para ele. — Eu não vou enterrar você vivo. Isso não vaiacontecer. Quero acreditar em você, Andor, mas ao mesmo tempo isso é difícil para mim, entãose você acaba sendo um maluco tentando se matar, sinto muito, mas não vou ajudar você a fazerisso. —Ela ficou em pé e saiu quase arrancando a porta da barraca.

Ela foi rápida. Muito rápida. Você precisará dessa velocidade se tiver que lutar contra umvampiro. Bater neles com a sua panela não os matará.

Não fale comigo agora. Estou chateada e preciso de tempo para pensar.

Você não pode ficar aí por muito tempo. Não posso ficar acordado por muito mais tempo.Isso era verdade, mas não era porque o amanhecer estava rastejando lentamente em direção aeles. Nem o fato de que ele não gostava que ela estivesse em um lugar onde não podia ver oinimigo vindo. Ele não conseguia se mexer, seu corpo já havia começado a sucumbir à dor quemantinha sob controle através do esforço. Esse esforço estava custando a ele.

Ela não respondeu, então ele fechou os olhos e se permitiu encontrá-la. Como era tão fácilagora. Em um momento seu mundo era o mesmo que sempre foi a séculos, e no outro eracompletamente diferente. Um único momento. Isso foi tudo o que bastou. Ele se lembrava deprocurar por ela de continente em continente. Sabia que era como procurar a proverbial ‘agulhanum palheiro’, mas havia a teoria de que o destino acabaria por jogá-lo na frente de suacompanheira. Essa crença vinha do fato de que as duas metades da mesma alma estariam sempreprocurando uma a outra.

Ele não sabia se a teoria era verdadeira ou não, mas a sua companheira havia surgido donada. Sua busca pela paz, ou, seja lá quais os outros termos que ela usou, a trouxe para ele noexato momento em que considerou desistir.

Csecsemõ12, obrigado por ficar mesmo tendo dificuldade em acreditar em mim.

O problema, Andor, não é que eu esteja tendo dificuldade em acreditar em você, éjustamente o contrário, eu acredito em você. Não quero olhar em sua mente porque tenho medodo que vou ver, e isso me faz uma covarde.

Você não é covarde, Lorraine.

Preciso olhar ao redor e ver como posso nos proteger. Estou trabalhando na minhacoragem.

Desprezo o fato de que eu te conheci no meu momento mais frágil. No meu mundo, é minharesponsabilidade proteger minha mulher. Não o contrário.

Bem-vindo ao novo mundo, Andor. No momento em que vivo agora, se você não é um louco,eu preferiria muito mais estar vivendo no seu, mesmo que seja um mundo onde você tenha quelutar contra alguma criatura horrenda capaz de rasgar seu corpo.

Ela estava chorando de novo? Ele não conseguia saber, mas colocou a mão sobre o coraçãodolorido apenas no caso. A agonia não era mais somente física para ele, mas também emocional.Realmente se sentia inútil deitado no chão, seu corpo, que sempre foi tão forte, tão fraco emachucado agora que ele tinha que confiar em sua mulher, sua mulher humana—para protegê-lo.Isso simplesmente não podia estar acontecendo. Era decepcionante e muito humilhante. Erapossível que ele precisasse de uma lição de humildade, mas não precisava ser naquele momento,não quando estivesse em perigo.

Eu posso fazer isso. Havia determinação em sua voz.

Ela estava voltando. Ele podia senti-la. Queria fazer uma troca de sangue para que pudesseencontrá-la, não importando onde ela estivesse no mundo. Eles não precisavam disso para forjarum vínculo telepático, mas isso tornaria sua conexão ainda mais forte. O problema era que eleprecisava de cada gota de sangue que ainda tinha.

Ela abriu a porta da barraca e fechou o zíper atrás dela. Pegou sua mochila, abriu a aba ecomeçou a retirar itens de dentro, os colocou perto de seu saco de dormir, do outro lado onde elenão podia vê-los claramente, mas podia sentir o cheiro deles.

— Armas? Óleo de arma?

— Estou no meio do nada. Esperava animais selvagens, mas achei que não teria muitoproblema com eles.

— Você tinha uma arma, mas trouxe uma panela para um local onde sabia que alguém estavasendo assassinado? —Ele falou baixinho, pela primeira vez a raiva começou a se agitar.Reconheceu a emoção, embora fosse estranho para ele. Ela tinha uma arma, mas não se armaraantes de se expor ao perigo. Isso era inaceitável.

— Eu estava no riacho com a minha panela quando ouvi seus pensamentos e então percebique alguém estava tentando matá-lo. Eu não tive tempo de correr de volta para o meuacampamento e pegar a arma. Pensei que não daria tempo e quando chegasse até você, já estariamorto.

— E sobre você? Não achou que alguém poderia te matar?

— Não. Pensei que ia bater na cabeça de alguém. Eu não sabia que havia três deles, e mesmose soubesse, não teria voltado para pegar a arma. Levaria muito tempo.

Eu quero sacudir você agora mesmo. Ele não disse em voz alta porque não podia. Eleprecisava da forma mais íntima de comunicação para que ela sentisse suas emoções. Sentir oquanto ele se sentia indefeso.

Por favor não se aborreça e faça a transfusão de sangue.

Remova seus escudos.

Ela sentou-se perto dele e estendeu o braço. — Não, desta vez eu vou ver você. —Havia umdesafio puro em sua voz.

— Lorraine. Tenha muito cuidado com o que você deseja.

— Eu não vi como você fez isso da última vez. Quero ver agora e você fique fora da minhacabeça.

Ele sabia o que ela estava fazendo. Lorraine tentava provar para si mesma de um jeito ou deoutro que Andor era um maluco, ou que ela estava realmente encrencada porque ele estavadizendo a verdade. Ele também sabia que ela tinha analisado cuidadosamente tudo o que eledisse sobre si mesmo e sobre o povo dos Cárpatos.

Tendo crescido lendo histórias de vampiros e assistido os filmes, ela estava ligando as coisasque ele disse com a figura de um vampiro típico. Dormindo no chão. Paralisado durante o dia.Queimando ao sol. Estava tentando descobrir se ele havia bebido o seu sangue, ou se tinha dealguma forma, no curto período de tempo em que ele controlou sua mente por causa de suaaversão ao sangue, conseguiu fazer uma transfusão sem tubos e agulhas. Ela colocou tudo junto epercebeu que uma transfusão da maneira que os humanos fazem seria impossível aqui nessemomento.

— Lorraine. —Ele tentou convencê-la novamente.

— Apenas faça. Estou falando sério, Andor. Se você precisar de sangue, pegue.

Ele pegou a mão dela com muita gentileza na sua, seu polegar deslizando sobre o pulso quebatia por baixo de sua pele. — Se eu não estivesse nessa situação, já que o sangue é seu, osangue da minha companheira, tomaria de forma diferente, mas como não posso, farei damaneira que é possível para mim.

Ele levou-lhe o pulso à boca. Beijou o que agora era um pulso que batia freneticamente. Sualíngua deslizou sobre sua pele. Ela ofegou, um pequeno som que ele sentiu em seu coração. Seusdentes rasparam, brincando com a sua pele. Ela mordeu o lábio, os olhos ficando escuros deexcitação. Ele não desviou o olhar, recusando-se a permitir que ela afastasse o dela. Usou alíngua pela segunda vez, certificando-se de que a pele estava dormente antes de afundar osdentes profundamente. Ela gritou e tentou afastar o braço, mas ele a segurou com firmeza.

Sua respiração acelerou rapidamente. Muito rápido. Seu coração acelerou também. Eleestendeu a mão para ela, mas precisava de uma conexão mais íntima e sabia que ela tambémprecisava.

Você está segura, Lorraine. Sempre estará a salvo de mim. É a única pessoa neste mundoque eu nunca poderia ferir por qualquer motivo. As coisas que te disse sobre mim sãoverdadeiras. Eu sou um Cárpato, não um vampiro. Sou um caçador dos mortos-vivos.

Ela não lutou contra ele, mas ele podia sentir seu afastamento, o jeito que ela se enrolava emsi mesma.

Sívamet. Eu não quero que você me tema.

É isso que você acha que estou sentindo?

Ele tinha sido cuidadoso, mesmo falando com ela telepaticamente, não queria se empurrar emseus pensamentos. Sabia que ela não ia gostar. Ela havia pedido a ele que ficasse fora de suamente. Ele olhava nos olhos dela durante todo o tempo, seu gosto requintado explodiu por suaboca e nas células do seu corpo. Ansiava por isso—estivera adiando esse momento por muitotempo—parecia uma eternidade, e agora que o sangue dela o sustentava, saboreou cada gota. Elenão queria parar. Nunca mais. O sabor dela era diferente de qualquer coisa que já havia

experimentado.

O que você está sentindo?

Sua respiração mudou novamente. Forte e rápida. Seu rosto estava pálido, mas um ruborsuave tinha subido pelo seu pescoço e tingido suas bochechas. Seus olhos verdes haviamescurecidos. Ela mudou de posição novamente, estendendo-se sobre o saco de dormir, o braçorelaxado em cima do peito dele, o pulso dela na boca dele.

Essa é a coisa mais erótica que eu já experimentei e nem posso te dizer o porquê.

Sua mulher. Tão corajosa para admitir o que estava sentindo. Ele ouviu a curiosidade em suavoz e também a culpa. Ela não queria sentir nenhum tipo de sentimento sexual para um homemque mal conhecia e que estava gravemente ferido.

É de se esperar se sentir assim quando seu companheiro toma seu sangue. Seria difícil seisso te machucasse.

Isso não é o tipo de sacrifício que pensei que seria. A parte boa é que eu não vi sangue.

Você pensou que seria um sacrifício me dar sangue? Diversão brotou. Eles estavam emterríveis circunstâncias, e ela ainda podia fazê-lo encontrar momentos de pura felicidade.

Sim. Acho que vou dormir por um tempo. Pegue o que você precisar, Andor. Está tudo bem.

Capítulo 4

Lorraine acordou, virou a cabeça e olhou para o monte de terra ao lado dela.

Seu coração bateu com força em seu peito e ela se sentou rapidamente, sua respiraçãoentrando em um frenesi agitado. Engoliu ar e então percebeu que a sensação de tontura piorouainda mais. Colocou a mão sobre a terra macia bem onde sabia que o coração de Andor deveriaestar. Ele a convencera a cobrir até a cabeça.

A boca dele. O nariz dele. Não havia subida ou descida sob aquele manto de terra, mas eledisse a ela que não esperasse uma. Disse que estaria desligando o coração e os pulmões para termais chance, esperando que seus amigos chegassem a tempo de salvá-lo.

Não iria procurar em sua mente por dois motivos. Se ele já estivesse morto, não seria capazde aguentar. Sabia disso. Perder ele seria demais para ela. Disse a si mesma que ele era umestranho, mas de alguma forma, à noite, falando tão intimamente, conversando, com medo deque ele estivesse morrendo e lutando para encontrar uma maneira de aproveitar cada minuto doque restava de sua vida, se conectou com ele de uma maneira que nunca havia acontecido comoutro ser humano.

Mais importante, se ele ainda estivesse vivo, queria que ele se recuperasse totalmente. Queriaque ele tivesse todas as chances de sobreviver. Com o coração e os pulmões desligados, eleconseguia não perder mais sangue. Ela deu um pouco do seu na noite anterior. O suficiente paraque acordasse com muita sede, sua garganta muito ressecada mesmo que já tivesse bebido umpouco de água. Ficou tonta e fraca depois que o alimentou com o seu sangue e mal tinhaconseguido cobri-lo enquanto ele tecia o que chamou de ‘salvaguardas’ ao redor do

acampamento deles. Ele alegou que era uma barreira invisível que manteria fora os vampiros eaté mesmo os campistas humanos se houvesse alguém por perto—o que ela duvidava. A menosque os caçadores de vampiros desorientados voltassem.

Tinha que se levantar e checar as coisas. Também precisava ir ao banheiro. Estava com tantasede quando acordou na noite anterior que bebeu quase a metade da água em seu cantil. Commuito cuidado, afastou seu corpo do monte de terra. Ela dormiu perto dele. Disse a si mesma queestava protegendo-o, mas sabia que era mais porque precisava se sentir perto dele.

Enfiou a arma dentro da jaqueta e acrescentou uma lata grande de spray de repelente devespa que ela carregava, caso tivesse que colocar um vampiro em chamas. Repelente de vespaem spray era uma arma muito boa, e quase sempre tinha uma lata à mão. A noite estava caindoquando saiu da barraca, os últimos raios do sol escorregando dramaticamente do céu. Deu umaolhada cuidadosa ao redor e então se dirigiu para os arbustos. Andor tinha sido muito precisosobre o quão longe do acampamento ela poderia ir e seguiu suas instruções ao pé da letra.

Não tinha certeza de como sabia que ele estava dizendo a verdade sobre sua vida e seu povo,mas algo em sua voz, a forte conexão entre eles, permitiu que ela ouvisse suas explicações. Cadapalavra que ele proferiu ressoou dentro dela, como se já soubesse a verdade e só precisasse delepara confirmar.

Lorraine estava ao lado da barraca, passando a mão pela lateral dela, precisando ouvir o somda voz de Andor. Ela sempre foi independente. Como seus pais diziam: diferente. Gostava de suaprópria companhia. Se estava em algum lugar tranquilo com um bom livro, estava feliz. Poderiapassar horas no treinamento do dojo sem um parceiro. Seu irmão sempre preferiu ter um parceiropara lutar ou competir durante o treinamento. Ela estava contente e até preferia treinar sozinha.

Era estranho desejar o som de uma voz. Querer sentir o batimento cardíaco de outra pessoa.Disse a si mesma que era porque tinha passado por um trauma e todo mundo tinha se afastadodela, e por isso aprendeu a ser solitária, mas sabia que não era a verdade. Era Andor. Algo sobresua aceitação silenciosa a atraiu. Ele sabia que estava perto da morte. Não estava zangado com osvampiros que tinha lutado ou os três homens que tentaram o assassinar. Apenas lutavasilenciosamente para sobreviver.

Não queria se sentir culpada, o destino levou sua família e fez dela uma pária entre seusamigos. Ela queria encontrar a paz interior de Andor, aquele lugar de aceitação e tranquilidadeque estava tão arraigado nele. A harmonia que Andor tinha com o mundo ao redor dele corriacomo a parte mais profunda de um rio.

Ela se moveu pelo acampamento, estabelecendo suas defesas. Andor tinha definido assalvaguardas, mas ela não tinha certeza de que seriam seguras. Ela se forçou, depois que eletomou seu sangue, a olhar em sua mente, especificamente os encontros com os vampiros. Pediuque ele trouxesse essas memórias para o primeiro plano da sua mente, dessa forma seria maisfácil para Lorraine visualizá-las.

Olhou para a lua, tentando não hiperventilar. Não tinha conseguido dormir muito bem, tevepesadelos com as batalhas que viu na mente de Andor. Nunca imaginou que uma criatura tão máou tão poderosa existisse. A última batalha de Andor, aquela em que ele derrotou sete vampiros,foi sua última visão. Ela não aguentou mais depois disso. Coração batendo forte, estômagorevirando, passou alguns momentos ruins com as mãos sobre o rosto, lutando contra o desejo defugir.

Como Andor conseguira se levantar todas as noites e sair à procura desse mal? Isso era umaloucura. Mais cedo ou mais tarde—talvez até mesmo desta vez—ele seria derrotado. Morreria deuma morte horrível. Quase ninguém sabia que ele existia. Até mesmo os que sabiam, como seusirmãos, não lamentariam sua morte, já que eram incapazes de sentir qualquer emoção.

Ela odiava o que aconteceu com sua família e odiava a vida de Andor para ele. Não tinhaideia de por que coisas terríveis aconteciam com pessoas boas. Seu irmão tinha sido uma boapessoa, seus pais maravilhosos. Sua tia e tio e os pais do melhor amigo de Theodore sempreforam tão gentis. Eles não mereciam o que havia acontecido com eles. E Andor …

Lorraine suspirou. Quando olhou em sua mente, mesmo apenas para ver as batalhas,conectou-se com ele ainda mais. Ela não precisava nem queria isso. Mas Andor tocou algodentro dela profundamente e grudou lá de uma forma que ela não conseguiu tirá-lo. Ele entrouem sua mente, e agora, estava marcado até o fundo dos seus ossos, pensou. Entendia que haviauma conexão especial. Ter falado telepaticamente e ter estado na mente um do outro forjou umforte elo entre eles.

Não tinha muita munição para lutar contra vampiros, por isso precisava colocá-la emposições estratégicas—assim daria a ela melhores chances de defesa. Estudou as várias batalhasentre Andor e os vampiros, cada uma separadamente e tentou encontrar padrões. Semelhanças nomodo como os vampiros lutavam. Era isso que costumava fazer quando lutava contra umadversário no ringue, ou em sua aula de artes marciais: observava as fraquezas do adversário.Descobria seus métodos favoritos de ataque. Qual geralmente era o golpe de nocaute.

No início, quando se sentou do lado de fora da barraca e viu o céu escurecer, só conseguiapensar em como os vampiros eram poderosos e inteligentes. Eles podiam assumir várias formas,usarem vozes suaves e gentis, eram convincentes e, em seguida, emitiriam ordens. Elessussurraram para Andor, o tentaram a todo o tempo astuciosamente, planejando sua morte.

Assistiu Andor em ação e repetiu as cenas exaustivamente em sua mente, aprendendo omodo como ele se movia. Ela estava acostumada a assistir lutadores. Eles tinham corpos afiadosde anos de incansável treinamento, praticando nos aparelhos e lutando com oponentes. Masnenhum deles poderia ser comparado ou até mesmo chegar perto da velocidade e dosmovimentos fluidos de Andor. Era de tirar o fôlego. Lindo. Cada músculo foi talhado àperfeição. Ele era uma máquina de luta pura.

Sentou-se de pernas cruzadas e começou a respirar profundamente e uniformemente. Tinhauma noção agora sobre como derrotar um vampiro se tivesse que lutar sozinha. Ela poderia teruma chance se encontrasse com algum que não fosse muito poderoso. Alguns deles eram tãopoderosos que ela não acreditava que Andor pudesse derrotá-los—e ele tinha. Encontrou-sesentindo inexplicavelmente orgulhosa dele. Seria pura sorte enfrentar um vampiro recém-transformado—ainda se acostumando a ser o morto-vivo. Ela enviou uma oração silenciosa parao universo, dizendo que se tivesse que proteger Andor enfrentando um morto-vivo, que ele fosseum recém-transformado.

Descobrir sobre Cárpatos e vampiros poderia ter a assustado se tivesse sido em qualqueroutro momento, mas depois do horror que aconteceu com sua família, nada se comparava. Nadajamais se compararia em ter entrado em uma sala cheia de sangue e morte. Cada membro dafamília morto. A destruição causada pelos vampiros nas aldeias e cidades pequenas era horrível,mas não mais do que ela havia encontrado.

— Andor. —Murmurou seu nome. Ela não queria perdê-lo. O mundo precisava dele e desuas habilidades. Admitiu para si mesma que era mais do que isso. Ele havia preenchido aqueleslugares solitários dentro dela e acalmado as suas memórias tão feridas. Ele não conseguia tirar ador, mas trouxe o primeiro conforto que sentiu desde que sua família morreu. Ela não deixariaque nada acontecesse com Andor. Iria protegê-lo, e se ele conseguiu se manter vivo durante odia, aguentaria um pouco mais a noite e estaria vivo quando seus irmãos chegassem.

Ao longe, uma coruja gritou, e quando olhou naquela direção, um pinheiro alto estremeceu.Não, era mais como estremecer. Seu coração pulou uma batida. Manteve os olhos colados naárvore e na mata ao redor. A escuridão estava caindo, mas a lua brilhava o suficiente para elaenxergar a maneira como as agulhas no pinheiro13 de repente foram de verde para marrom. Umarbusto a poucos metros da árvore murchou, suas folhagens caíram.

Lorraine se levantou devagar e se espreguiçou. Tinha que fazer isso direito, precisava secolocar na posição exata para que o vampiro ficasse no lugar certo que havia planejado. Olhoupara ele, tentando relaxar, respirando uniformemente. Houve uma pausa no movimento entre osarbustos, e ela sabia que o vampiro havia se tornado consciente de sua presença.

Em poucos segundos, sentiu o primeiro toque sujo da mente da criatura tentando sondar amente dela. Havia trabalhado parte da noite no fortalecimento dos escudos mentais. Andor podiatirar pensamentos de sua mente, assim como ela, mas nenhum dos dois podia sondarprofundamente sem o consentimento do outro. Ela disse a si mesma que o vampiro não era maisforte que Andor. Poderia se segurar contra ele.

Sussurros suaves tocaram sua mente, escovando gentilmente, insistentemente, procurandoentrada. O tom era quase terno, parecido como aquele que um amante poderia usar, mas elasentiu sua impureza e começou a cantarolar para abafar a voz. Ela não queria ouvir seu pedido ouseus comandos. Ele tentou empurrar uma compulsão em sua mente, mas seus escudos semantiveram firmes.

O vampiro explodiu através da folhagem, vindo em sua direção, os olhos vermelhos eimpiedosos a encarando enquanto chegava mais perto. Ela se manteve firme, os dedos ao redorda garrafa de uísque que trouxera para se aquecer nas noites frias e que de vez em quandotomava um pequeno gole, talvez dois. A garrafa quase não vinha quando ela estava decidindo oque trazer para o acampamento. Teria que carregar toda a sua bagagem enquanto caminhavapelas montanhas. Agora, essa garrafa poderia salvar sua vida.

O vampiro correu e se chocou com a barreira invisível. Faíscas dançaram pelo céu.Vermelhas, brancas e amarelas, as chamas lambiam a carne podre do vampiro. Ele pulou paratrás e uivou. Suas maldições eram pouco compreensíveis. Ele rosnou e caminhou ao longo daborda do acampamento, ocasionalmente testando as salvaguardas que Andor tinha construídomais cedo dentro da barraca, mesmo tão gravemente ferido.

Lorraine deliberadamente se manteve firme, apenas virando para encarar o monstro. Elaesperava que, se permanecesse em uma mesma posição, ele acabaria optando por ficar na frentedela e se comunicar diretamente com ela. Pelo que tinha visto na mente de Andor, todos osvampiros pareciam muito suscetíveis à adulação. Pareciam ser criaturas vaidosas e egoístas.

O vampiro eventualmente voltou a ficar diretamente na frente dela, bem na pequena elevaçãode solo que havia preparado. Seu coração deu outro pulo de alegria, mas diminuiu a respiração eo pulso para que ele não pudesse usar os sinais contra ela. Quando ele ficou parado, sua

aparência mudou completamente. Ele não era mais um cadáver apodrecido, com olhos vermelhosflamejantes e uma boca que não passava de um corte de dentes irregulares e manchados. Eleestava vestido com roupas modernas e era jovem e muito bonito.

Ele se curvou para ela. — Senhora. Acredito que você esteja abrigando um fugitivo. Elecometeu crimes terríveis contra seu país e fui enviado para levá-lo à justiça.

Deliberadamente, Lorraine ficou imóvel, olhando para ele com calma. Quanto mais tempoela o enrolasse, mais tempo os amigos de Andor teriam para chegar. Ficaria agradecida e feliz senão tivesse que tentar matar essa criatura. Olhou por cima do ombro em direção à barraca,tentando agora parecer tão nervosa quanto possível. Desde que estava realmente nervosa, não foimuito difícil.

— Você quer dizer Andor?

O vampiro assentiu. — Sim, esse é o nome dele. Eu o venho procurando por um tempo. Ele éum criminoso muito perigoso.

— Ele é? —Mais uma vez, ela olhou por cima do ombro, transmitindo ao vampiro seudesconforto. — Ele é muito ... autoritário.

— Há outros no acampamento com você? —Ele perguntou.

Ela balançou a cabeça. Ele saberia disso se andasse pelo acampamento. — Qual o seu nome?

— Dartmus.

Ela torceu as mãos juntas. — Eu não sei o que fazer. —Tentou soar muito assustada e muitoinexperiente.

— Havia três outros homens aqui. —Foi uma acusação, nada menos.

Ela assentiu. — Ele os expulsou, mas fez algo estranho primeiro. —Ela parou de falar,fazendo-o perguntar. Cada segundo era um segundo que ganhava para que os irmãos de Andorpudessem chegar mais perto.

— O que ele fez?

Sentiu ele sondar sua mente novamente. Era como dedos grossos, arranhando e rasgandopara encontrar um jeito de entrar. Teve que esse esforçar para reprimir um tremor de repulsa.Apenas o toque em sua mente a fez sentir-se mal.

— Os homens ficaram parados como estátuas, ali. —Indicou o local onde os três homensficaram repentinamente imóveis, congelados no tempo, braços estendidos, joelhos dobradoscomo se fossem pegos em meio movimento dando um passo. Foi a primeira vez que ela percebeuque aquela situação com os três assassinos e Andor era muito mais complexa e grave do queparecia.

Precisava lidar com essa situação agora da maneira que sempre fez, ficou o mais silenciosapossível para tentar aprender o máximo que podia em um curto período de tempo. Ela precisavaavaliar e decidir rapidamente suas ações.

O vampiro olhou na direção que ela apontou, mas seus olhos estavam estreitados e sua testafranzida. Pensou ter visto um inseto rastejando em seu rosto, mas agora a noite havia ficado umpouco mais escura sendo impossível ter certeza do que estava vendo.

Sabia que ele estava se perguntando por que não conseguia entrar na cabeça dela.

— Ele ordenou que eles fossem embora depois que tomou o sangue deles. Os homensfugiram.

— Deixe-me entrar.

— Como? Eu não sei como. Ele ainda está no chão. Acho que pode estar morto, mas nãotenho certeza e não sei se quero ter.

— Convide-me para dentro.

Ela balançou a cabeça. — Ele disse que eu não posso fazer isso. Disse que se eu convidassealguém para dentro do acampamento, no momento em que esse alguém tocar nessa barreira, elequeimará. —Ela deu outro tremor. Disse a si mesma que o tremor foi de propósito, mas averdade era que ele a assustava.

Os olhos da criatura brilhavam no escuro, um vermelho ardente que ele não pareciaconseguir controlar.

Ele havia conseguido mudar de aparência, para parecer humano, mas sua pele rachava, eagora ela tinha certeza de que os insetos escapavam de dentro dela. Seus dentes em um momentopareciam normais, no outro pontiagudos e manchados. Seus lábios eram finos e tambémmanchados. Em um momento sua língua deformada saiu de sua boca e capturou um dos insetosque rastejam pelo seu rosto.

— Você vai me convidar para entrar agora. —Sua voz era estridente.

Isso machucou seus ouvidos. Ela resistiu a cobri-los, forçando seu corpo a ficar relaxado. Eleestava ficando com raiva, da mesma forma que os outros vampiros haviam ficado nas imagensdas memórias de Andor. Se os vampiros se sentisse frustrados por muito tempo no que elesqueriam, ficava birrentos. Ela sabia que eles se tornavam letais quando ficavam nesse estado.

— Sinto muito, mas não posso convidá-lo. Acho melhor você ir embora. —Ao contráriodele, ela manteve a voz baixa e suave. Quase gentil, parecido como um amante quando fala comoutro.

Isso o atordoou por um minuto. Ele hesitou e então uivou sua raiva e correu para a barreiranovamente. Seu peito bateu e mil minúsculas brasas iluminaram o ar ao redor dele. Faíscassubiram por sua camisa e bateram contra seu queixo. Ele gritou e bateu em seu rosto e roupaspara evitar que chamas ardessem fora de controle. Várias chamas lambiam seu peito, mas ele asesmagou com a palma da mão. Ele olhava para ela enquanto andava de um lado para o outrocomo um animal selvagem, mas de repente parou bem na frente dela, assim como ela esperava.Agora ele estava muito mais perto, ao longo da barreira invisível que Andor havia criado.

Ele parou abruptamente e tentou olhar nos olhos dela. Lorraine imediatamente baixou o olharpara o peito dele. Baixo o suficiente para não encontrar seu olhar, mas alto o suficiente paraainda ver seu rosto e quaisquer sinais que ele inadvertidamente desse antes de tentar o próximoataque. O vampiro a estudava e ela tentou manter a mente o mais vazia possível. No poucotempo que esteve com Andor, aprendeu que poderia manter uma barreira entre o vampiro e seuspensamentos mais profundos. Ele não podia comandá-la.

Mas provavelmente poderia pegar qualquer pensamento superficial aleatório que se movesseem sua mente.

— Você estava me esperando. —Sua mão começou a bater em um ritmo contra sua coxa.

— Claro. Ele me disse que um pequeno sapo poderia aparecer e eu deveria manter essesapinho fora da barraca a todo custo. Disse que qualquer mulher humana tão insignificante eindefesa quanto eu poderia manter coisas como algo lento e insignificante como você fora daqui.Ele me disse para esperar que você fosse tão incompetente quanto os três caçadores de vampirosenviados para matá-lo.

Ela viu a fúria que suas palavras desencadearam na maneira como a pele de seu rosto rachavae se soltava, deixando carne podre sob a máscara. Ele parecia hediondo com o rosto parcialmentedesaparecido e seus olhos recuando mais fundo nos buracos em seu crânio. Ele não pareceu notarque sua máscara de civilidade estava lentamente se desfazendo.

— Ele disse isso?

— Sim, ele disse.

Sentiu o chão se mexer um pouco. Ondas apareceram na terra ao redor dele e, em seguida,sob a barreira invisível ao redor do acampamento, vindo direto para ela. Seu coração acelerou,mas ela não se mexeu. Forçou o ar para dentro e para fora de seus pulmões, uma respiração lentae controlada de cada vez.

— Lembro-me de ver algo parecido. Insetos rastejaram para fora da terra, mas eles não eramreais. Eles não podiam ser. Os besouros não conseguiram passar pelas salvaguardas de Andor.Ele está no chão e nunca deixaria de proteger seu lugar de descanso. Isso é uma ilusão. Você vaiter que fazer melhor.

O ritmo que ele estava batendo na coxa dele agora soava na floresta, nas árvores onde ela nãopodia ver. Ramos rangendo ao mesmo ritmo. Ele estava tramando algo, mas ela não sabia o que.Ela só precisava ficar alerta.

— Me deixar entrar! Convide-me! —Ele gritou as palavras para ela e lançou-se dentro de suamente, desta vez batendo em seu escudo repetidamente, batendo forte o suficiente para machucá-la. Sua cabeça doía tanto que parecia que iria explodir.

Ela se recusou a deixá-lo ver que ele tinha conseguido machucá-la, dessa forma podia oprovocar mais ainda, mostrando que ele não a alcançava. Ele recuou, levantou as mãos ecomeçou a murmurar palavras, movendo as mãos ao redor no ar. Soube imediatamente que eleestava tentando descobrir quais eram as salvaguardas e isso a assustou.

Andor explicou que um mago havia ensinado antigos feitiços para guardar seus locais dedescanso e que todas as salvaguardas eram baseadas naqueles feitiços anteriores. Isso significavaque os vampiros sabiam o que os Cárpatos usavam, porque em algum momento de suas vidaseles também os tinham usado.

— Depressa, —ela sussurrou.

Um farfalhar chamou sua atenção. Ela olhou para cima e viu a migração de morcegos.Milhares deles saindo da floresta, indo direto para ela.

Dartmus gargalhou como uma bruxa em um filme de terror e, em seguida, colocou os braçospara o alto, direcionando os morcegos. Ela percebeu imediatamente que ele estava encontrandoos pontos fracos da barreira, lugares pelos quais ele não conseguia passar, mas os morcegos, aoseu comando, poderiam conseguir.

Respirando fundo, correu em direção a ele, segurando a garrafa de uísque. Jogou a garrafapara cima e com a sua arma atirou na garrafa, explodindo-a bem acima da cabeça do vampiro.Havia passado esse procedimento uma centena de vezes em sua mente, rezando para queconseguisse fazer isso. Seus pais e irmão amavam os truques de tiro ao alvo tanto quanto ela, epassavam horas a fio pensando em coisas para desafiar uns aos outros. Ela nunca havia tentadoesse em particular, mas achava que teria tempo suficiente para atirar se jogasse a garrafa bem altano ar. Andor garantira que qualquer coisa poderia sair do acampamento, mas não entraria.

O uísque caiu derramando sobre a cabeça do vampiro, encharcando suas roupas. Jogou noombro do vampiro um pedaço de flanela pegando fogo. Pegou o spray repelente de vespas,apertou o gatilho e segurou-o mais próximo possível, transformando-o em um lança-chamasimprovisado14. Sabia que tinha que estar muito perto dele, o alcance não era muito longe, mas ospray repelente acendeu lindamente. Lorraine mirou diretamente em Dartmus, segurando o fluxoconstante de chamas contra seu peito, bem sobre o coração dele. Instantaneamente o uísquepegou fogo e chamas se espalharam sobre ele.

Dartmus baixou as mãos, gritando enquanto se contorcia e se virava como se isso fosse dealgum modo apagar as chamas. A migração dos morcegos vibrou no céu, todas as criaturasrepentinamente desorientadas e inseguras para onde estavam indo ou por quê. O vampiro gritoualto, o som carregando na noite. Fez uma oração silenciosa, esperando que o vampiro estivessesozinho, não viu mais ninguém saído floresta.

Todo o tempo concentrou o spray no lugar que achava que estaria o coração do vampiro. Eleestava tão envolto em chamas agora que ela era incapaz de ver sua cabeça e rosto. Usou o sprayde forma intermitente, para economizar combustível e manter a pressão. Esta era toda a defesaque ela realmente tinha e se acabasse logo, não teria nada mais para lutar se ele sobrevivesse.

Dartmus tropeçou para longe dela e da barreira. Ela o seguiu tanto quanto se atreveu. Sabiaexatamente até onde poderia ir. Se continuasse dentro da barreira, não poderia garantir queconseguisse incinerar o coração do vampiro. Se ela deixasse a segurança, poderia não conseguirmais voltar para dentro. Dartmus continuou se movendo para trás enquanto tropeçava e se torcia,rugindo sua dor e depois abruptamente ficou em silêncio.

Lorraine achou que o silêncio era muito pior do que os gritos estridentes. Tomou a decisão dedeixá-lo ir. Não podia correr o risco de sair do seu círculo de proteção. Agarrando a lata de sprayquase vazia, afundou no chão porque suas pernas não aguentavam mais. Elas se transformaramem borracha.

O vento aumentou, alimentando as chamas de modo que elas se elevaram em direção ao céuem um funil de fogo. Lorraine ofegou e colocou a mão na boca. Ela não queria começar umincêndio florestal. Teria que sair de sua zona de segurança se ele se aproximasse da floresta.

O vampiro caiu no chão e de repente havia outro homem lá. Ele era alto, vestido com umacamiseta justa e calça solta que não escondia o fato de que suas pernas eram musculosas. Elapodia ver os músculos de suas costas ondulando sob a camisa. Ele acenou com a mão e aschamas sumiram. Ele bateu com o punho profundamente no peito carbonizado e extraiu ocoração.

Ela queria desviar o olhar, mas era impossível. Relâmpago bifurcou pelo céu, iluminando anoite. Era cedo, então o véu escuro da noite não tinha caído completamente, mas o raio era tãobrilhante que machucava seus olhos. Podia ouvi-lo chiando e estalando. Seu cabelo se levantou

sobre sua cabeça. Sentiu a eletricidade correr pelo seu corpo e vibrar através de seu coração.

Mesmo enquanto observava, espiando por entre os dedos para proteger os olhos, um chicotecortou o céu e atingiu o coração onde estava no chão, a uma certa distância do corpo carbonizadodo vampiro. O fedor era tão ruim que seu estômago se rebelou, mas ela segurou o mal-estar.Outro chicote de relâmpago foi dirigido ao vampiro. Então o homem enfiou os braços e as mãosna energia branca.

Ele virou a cabeça para ela, e a respiração deixou seus pulmões em uma longa expiração. Eleera o homem mais aterrorizante que já tinha visto. Muito mais assustador que Andor. Claro,Andor não era assustador para ela, mas ainda assim ... não estava deixando esse homem chegarperto dele. Ele tinha os ombros muito largos e era alto. Seu cabelo era longo, assim como o deAndor. Começou a andar na direção dela, e ela ficou de pé e recuou, levantando uma das mãospara que ele parasse.

— Não chegue mais perto. —O coração dela batia forte, e desta vez ela não conseguiucontrolar. Ele a assustava mais do que o vampiro. Talvez fosse porque havia morte em seus olhose o viu chamar um relâmpago. Ela sabia que Andor tinha feito a mesma coisa, mas assistir asimagens como um filme na mente dele era muito diferente de testemunhar isso. Além de tudoisso, ainda estava se recuperando de ter tido que lutar contra o ataque de um vampiro.

— Não tenho tempo para lidar com o seu medo. Andor está morrendo e precisa de ajuda. —Ele ergueu as mãos, muito parecido com o que o vampiro fizera, e começou a falar palavrasantigas enquanto desenrolava a intrincada barreira tecida por Andor.

Ela se viu segurando a arma e o spray de repelente. Ele tinha que ser um dos amigos deAndor. Ele matou o vampiro. Sabia que Andor estava em perigo, e o vampiro não mencionouisso. Mas por que ela estava com tanto medo desse homem? Seus olhos eram de uma cor muitoestranha, como ferro enferrujado, mas não pareciam com os olhos vermelhos de sangue dovampiro. Suas feições eram duras. Intensa. Queria correr para a barraca e implorar a Andor queacordasse e poder perguntar o que fazer.

No momento em que as mãos do homem caíram, ele caminhou em direção a ela, seu rostouma máscara de determinação. Antes que ela pudesse falar qualquer coisa, ele passou direto porela para a barraca. A próxima coisa que viu foi sua barraca desaparecer. O corpo de Andor jaziana depressão rasa, coberto pelo solo escuro e rico. Ele ainda estava imóvel. Lorraine queria sejogar por cima da cova para impedir que o estranho chegasse perto de Andor.

Era tarde demais. Ele acenou com a mão e o solo se abriu, revelando o corpo nu de Andor.Ele estava deitado como se estivesse morto. Ouviu a respiração rápida do desconhecido.

— Você pode salvá-lo?

Ele olhou para ela. — Eu não sei. Ele está longe de nós. A única coisa que o mantém vivo é ofio que liga ele a você.

— Deveria haver dois de vocês. —Ela ainda estava um pouco preocupada que estivessefazendo algo errado. Deveria ter pedido a Andor para mostrar as imagens dos dois homens queele esperava.

— Sandu está em uma luta ao sul daqui com dois mortos-vivos. Eles estavam vindo para cá,respondendo ao chamado daquele. —Ele apontou a cabeça para onde a briga havia ocorrido. Ovento espalhou as cinzas do vampiro pela floresta. — Eu sou Ferro.

— Lorraine. Diga-me o que posso fazer para ajudá-lo.

— Eu devo agora, em espírito, entrar no corpo de Andor e tentar curá-lo por dentro. Vocêterá que manter qualquer inimigo longe de nós. Se algo vier, você me chama, toca meu corpo,caso contrário, não se aproxime de mim. Esteja pronta para me dar seu sangue.

— Não é o Andor? Eu não deveria dar meu sangue ao Andor?

— Estarei fraco quando retornar ao meu corpo e não há como curar muito a primeira vez. Eudevo estabelecer minhas forças. —Seus olhos varreram sobre ela, a analisando. — Seu sanguenão será suficiente, mas é tudo o que temos.

Ela nem se importou que ele fosse um idiota. — Depressa. —Havia uma sensação deansiedade que não conseguia se livrar. Sentia que a cada segundo que passava Andor se afastavadela.

Ferro afundou no chão ao lado de Andor, seu toque chocantemente gentil quando ele limpoua terra do rosto de Andor. Ele mergulhou as duas mãos profundamente no solo. Então ele se foi.Tudo aconteceu muito rápido, ela nem sequer piscou. Estava olhando diretamente para ele eainda assim ele se foi. Podia dizer que seu corpo era uma concha vazia. Ele parecia tão mortoquanto Andor.

Lorraine fechou os olhos e colocou as duas mãos no peito de Andor. Se você puder me ouvir,Andor, saiba que você me deu mais do que tive desde que minha família morreu. Você me fez rirquando achei que nunca mais acharia nada engraçado. Me fez sentir animada, feliz e surpresa.Tantas emoções. Você deu tudo isso para mim. Eu não quero que você morra. Quero você aqui,porque acredito que o mundo precisa de você. E há uma parte de mim que sabe que eu tambémpreciso.

Estava grata por ele não poder ouvi-la, porque não queria que ele pensasse que ela era umadaquelas mulheres que quando viam um homem pela primeira vez já decidiam rapidamente queele era o único e eles tinham que ficar juntos. Geralmente não era carente e gostava de suaindependência. Ela sempre gostou de seu tempo sozinha e nunca se sentiu realmente solitária—até a morte de sua família. Depois disso, ela se sentia sozinha o tempo todo—até Andor.

Eles só estavam juntos há pouco tempo, horas realmente, mas aquelas horas foram muitointensas, e ela aprendeu muito sobre ele. Mais do que ela sabia sobre qualquer outra pessoa,porque ele permitiu que ela entrasse em sua mente.

Se forçou a se afastar dois homens, esperando que Ferro fosse um bom curador. Ele não era ocurador que Andor havia mencionado antes de enterrá-lo completamente. Ferro parecia estarpreocupado. Bem, preocupado não era bem o termo. Como Andor, Ferro parecia agir compraticidade e naturalidade. Ou seus irmãos viveria ou morreria. Ela caminhou lentamente aolongo do círculo externo, onde imaginou que a barreira havia sido colocada antes de Ferro a terdesmontado. Ela manteve o spray de repelente em seu casaco e a arma na mão.

Dois homens saíram da escuridão, caminhando em direção a ela. Ela segurou com duas mãosa arma e a ergueu, apontando diretamente para o coração do homem mais alto. — Pare aí e mediga quem você é.

O homem mais alto continuou andando. Ele tinha o mesmo cabelo comprido que Andor eFerro. Sua camisa estava aberta e seu peito era uma parede de músculo. Tatuagens deslizavampelos braços e pelos ombros, assim como as de Andor. Seus olhos eram mais negros que a noite,

mas queimavam com chamas vermelhas. Havia sangue em sua barriga, como se uma garra afiadativesse tentado rasgá-la. Ela reconheceu aquele tipo de ferida. Era como a de Andor, exceto que oferimento daquele homem era superficial e a barriga de Andor havia sido aberta. Ela abaixou aarma.

— Eu sou Gary Daratrazanoff, —o outro homem cumprimentou andando em sua direçãotambém. — Ele é Sandu.

— Eu sou Lorraine. Qual de vocês é o curador?

— Todos nós somos capazes de curar, —respondeu Gary.

— Andor disse que um de vocês era um curador. Ferro disse o mesmo.

— Eles estavam se referindo a mim. —O olhar de Gary já estava se movendo sobre Andor.

Não havia expressão em seu rosto, mas ela viu o olhar que passou entre Sandu e ele. Seuestômago se apertou em preocupação. — Ele é um homem muito bom. Lutou e matou setedessas coisas horríveis. —Sentiu como se estivesse implorando pela vida de Andor. — Vocêsnão podem simplesmente desistir dele. Ele ficou vivo esse tempo todo esperando por você.

— Ninguém irá desistir dele, —garantiu Gary. — Você vigie. Sandu precisarei do seusangue.

Como Ferro, Gary caiu ao lado de Andor e empurrou as mãos no solo. Ela não tirou o olhardo curador porque queria ter absoluta certeza de ver quando o espírito dele deixasse o própriocorpo. Por um breve meio segundo, pensou ter visto um flash brilhante de luz se mover do corpode Gary para Andor, mas depois se foi e a noite se fechou ao redor deles.

— Você é amigo dele? —Perguntou Lorraine em voz baixa.

— Sou seu irmão.

Ela estudou o rosto inexpressivo. Esses homens usavam máscaras. Eles eram perigosos, e setudo o que Andor lhe dissera fosse verdade—e nesse momento ela não estava disposta a discutirdetalhes—então seus irmãos não viam cores e não sentiam emoções.

— Eu não quero que ele morra. —Ela não sabia o porquê disse isso, mas precisava admitirpara si mesma que não fazia ideia de quando se tornara tão dependente de Andor.

— Eu também não quero que ele morra. Você está com sede e faminta. Precisa cuidar de simesma para ajudar a fornecer sangue. Vamos precisar de um pouco para salvar Andor. Ferro e ocurador precisarão disso assim como seu companheiro.

Ela não discutiu. A última coisa que queria fazer era comer, mas Sandu estava certo. Estavacom sede e precisava estar pronta para doar sangue. Ela se sentou ao lado de sua mochila, armaem seu colo, a lata de spray ao lado de seu joelho, virada para a floresta, e bebeu de sua garrafade água.

— Você conseguiu derrotar um vampiro, —disse Sandu. — Engenhosamente.

Ela encolheu os ombros. — Não estou certa de que conseguiria matá-lo de fato. Não queriaarriscar deixar a segurança das salvaguardas que Andor teceu e ir verificar se o coração deletinha sido realmente incinerado. Acredito que Ferro é quem realmente o matou.

— Não tenho certeza se muitas pessoas teriam pensado em improvisar um lança-chamas. E

foi inteligente não ter deixado as salvaguardas. Vampiros podem ser muito trapaceiros. Elesfrequentemente fazem réplicas de si mesmos, assim você não conseguia saber quem é overdadeiro e quem é a réplica. Enquanto você tenta descobrir eles atacam. Até que o coração sejarealmente destruído, você deve sempre saber que eles são mortais.

Ela assentiu com a cabeça, analisando cada palavra cuidadosamente, assim como fizera comAndor. — Eu vejo que um deles tentou eviscerar você.

— Uma prática comum. Ele não teve sucesso.

— Posso limpar o ferimento do jeito humano à moda antiga.

— É desnecessário. Eu não sinto isso. Quando tudo estiver resolvido por aqui, nospreocuparemos com as pequenas coisas.

Ela não achava que ser quase eviscerado por um vampiro era uma coisa pequena, mas ia terpesadelos sobre a imagem do raio que Ferro manipulou. Então supôs que as feridas não eramnada para os Cárpatos, a menos que fossem como as de Andor, enormes e numerosas.

— Você pode começar a curá-lo do lado de fora enquanto eles o estão curando por dentro?

— A melhor forma que posso ajudar é doando o meu sangue e minha força para proteger osdois corpos enquanto eles trabalham para salvar nosso irmão.

Ela queria discutir com ele. Só queria que Andor se curasse, e então a ansiedade nela iriaembora. Ficou de pé, empurrou a arma na cintura, pegou a garrafa de água e deixou o grupo paracaminhar ao redor do acampamento novamente.

Agora que a horrível batalha terminara, parecia que nada de horrível havia acontecido aqui apoucos momentos atrás. As cigarras estavam cantando, e ela podia ouvir sapos chamando unsaos outros. Morcegos mergulhavam e giravam em cima, indo atrás de uma infinidade de insetosvoadores. Podia ouvir o som do riacho correndo sobre as rochas. Uma brisa fresca tocou seurosto e bagunçou seu cabelo. Continuou andando, a energia inquieta impedindo-a de se sentar.

Era óbvio para ela que Sandu não queria conversar. Entendia isso. Talvez esses homens nãosentissem realmente nada, mas em algum lugar tinham que se preocupar com um homem quepassara várias vidas humanas com eles. Deveriam sentir isso em algum lugar profundo, emalgum lugar perdido para eles. Ela andava de um lado para o outro, observando o céu e a florestacircundante. Não se esqueceu de olhar o chão também. A sua batalha com Dartmus lhe ensinaraessa lição.

— Lorraine, —Sandu a chamou. — Precisamos do seu sangue.

Ela se virou e correu de volta. Ferro estava balançando de cansaço. Seu corpo estava pálido.Havia minúsculas gotas de sangue em sua testa e seu estômago revirou. Ele estava sealimentando do pulso de Sandu. Ela não olharia, não podia. Manteve o olhar em Andor.

— Vocês podem salvá-lo?

Sentiu o impacto quando os olhos de Ferro saltaram para o rosto dela. Ainda não podia olharpara ele porque sabia que ele continuava a tirar sangue do pulso de Sandu.

— Ferro disse que ele está muito ruim. Três das feridas deveriam tê-lo matado de imediato.Mais duas são de gravidade intermediária e uma que ele teria sido capaz de curar.

— Isso não me diz nada.

— Isso quer dizer que será uma noite muito longa. Vou tomar o seu sangue para que eu possaprover para o curador. Então eu vou caçar para encontrar outra fonte.

Nada disso soava bem, mas pelo menos ela não estava sozinha com Andor, tentando salvá-loquando teria sido impossível.

Capítulo 5

Andor estava com frio. Nunca tinha sentido tanto frio em sua vida e ele não conseguiaregular sua temperatura. Tentou abrir os olhos. Tudo estava escuro, sombrio, amargamente frio.Ele estava cego. Seu coração deveria ter reagido com uma batida mais alta. Qualquer coisa. Nãoconseguia ouvir o coração dele também. Ele não era surdo. Sabia disso. Podia ouvir vozes.Músicas. Cânticos. Cantavam frequentemente no mosteiro. Talvez ele estivesse de volta lá.Abriu a boca para gritar. Nenhum som surgiu.

Andor ficou muito quieto, analisando o que estava acontecendo com seu corpo. Ele estavacego e não podia falar, mas podia ouvir. Não havia batimentos cardíacos que ele pudessedetectar, mas estava ciente. Sentia frio. As vozes eram suaves, mas persistentes e se esforçoupara ouvir, tentando discernir o que diziam. Qual cânticos estavam usando. Poderia se juntar aeles. Silenciosamente, talvez, as palavras o ajudariam a entender o que estava acontecendo. Eleera Cárpato. Pertencia à Terra. Entoar cânticos ajudava seu povo em muitas coisas. Poderia serde alguma utilidade, apesar de sua estranha situação.

Ot ekäm ainajanak hany, jama.O corpo do meu irmão é um pedaço de terra, perto da morte.Me, ekäm kuntajanak, pirädak ekäm, gond és irgalom türe.Nós, o povo do meu irmão, o envolvemos com nosso cuidado e compaixão.O pus wäkenkek, ot oma śarnank, e pus fünk, álnak ekäm ainajanak, pitänak ekäm

ainajanak elävä.Nossas energias de cura, palavras antigas e ervas mágicas e curativas, abençoam o

corpo do meu irmão, e o mantenham vivo.Ot ekäm sielanak pälä.Ot omboće päläja juta alatt o jüti, kinta, és szelemek lamtijaknak.Mas a alma do meu irmão é apenas a metade. Sua outra metade vagueia pelo mundo

inferior.Ot en mekem ŋamaŋ: kulkedak otti ot ekäm omboće päläjanak.Essa a minha grande missão: eu viajo para encontrar a outra metade do meu irmão.

Andor ouviu as palavras do canto e reconheceu o Grande Canto de Cura de seu povo. Umaalma estava perdida para eles. Um guerreiro de grande importância e um curador arriscava suavida para seguir seu irmão pela grande árvore da vida no outro mundo e trazê-lo de volta. Elesabia que outros estariam reunidos em um círculo ao redor do guerreiro moribundo cantando

para ajudar a curar.

Era um grande risco seguir o moribundo para o outro mundo. Ambas as almas poderiam seperder para sempre. Isso somente era feito quando esse indivíduo, que estava morrendo, fossenecessário, ou quando a sua companheira ...

Ele estremeceu, algo importante se movendo em sua mente. Precisava se aquecer. Seu corpoparecia um bloco de gelo. Não conseguia entender o pensamento que se empurrava na parte detrás de sua mente tão persistentemente, então se concentrou nas palavras do cântico de cura. Sualíngua nativa era falada apenas entre os Cárpatos, e era raro que as palavras fossem interpretadasem outro idioma, mas o inglês era acrescentado para que alguém que não fosse dos Cárpatosentendesse o que era dito.

Rekatüre, saradak, tappadak, odam, kaŋa o numa waram, é avaa owe o lewl mahoz.Nós dançamos, cantamos, sonhamos em êxtase, chamamos nossos pássaros espirituais

e abrimos a porta para o outro mundo.Ntak o numa waram, és mozdulak, jomadak.Eu montei meu pássaro espiritual e começamos a nos mover, estamos a caminho.Piwtädak ot En Puwe tyvinak, ećidak alatt o jüti, kinta, és szelemek lamtijaknak.Seguindo o tronco da Grande Árvore, chegamos ao mundo inferior. Fázak, fázak nó o

śaro.

Está frio, muito frio.

Andor ouviu essas palavras. Fázak, fázak nó o śaro. Está frio, muito frio. Ele estremeceunovamente. Não conseguia falar, mesmo agora quando tentava reconhecer as vozes cantando.Dois de seus irmãos. Mas quem? Tentou descobrir. Um deles era Sandu, com certeza. Sandutinha uma linda voz quando cantava. E o outro? Ferro. Isso o surpreendeu. Ferro era um lídernato. Poderia ter sido um porta-voz15 para o seu povo se já não estivesse tão longe. Ele poderiaparar um vampiro apenas com sua voz. Era muito convincente. Nunca levantou a voz. Ele nãoprecisava. O desejo de obedecer quando Ferro comandava era forte demais para ser ignorado,mesmo para os mortos-vivos.

Ele estremeceu novamente. O gelo parecia atravessar seu corpo. Centenas de pedaçosgelados. O gelo cercou seu coração, então finalmente soube por que seu coração não podia bater—estava congelado. Ele era o guerreiro perdido na terra dos mortos. Um grande guerreiro estavaarriscando sua vida para recuperá-lo. Essa era a única resposta para o frio de geleira que sentia.Quem arriscaria sua vida por ele? E porquê?

Juttadak ot ekäm of akarataban, o sívaban, és o sielaban.Meu irmão e eu estamos ligados em mente, coração e alma.Ot ekäm sielanak kaŋa engem.A alma do meu irmão me chama.Kuledak és piwtädak ot ekäm.Eu ouço e sigo sua trilha.

Sua alma, no entanto, estava perdida. Todos eles sabiam disso. Passou os últimos séculos

trancado atrás de enormes portões com proteções tecidas por oito dos mais antigos dos Cárpatos.Por que eles o recuperariam quando finalmente encontrava a paz? A necessidade de trazê-lo devolta tinha que ser muito importante. Mas não havia como encontrar sua alma. O guerreiro quearriscava sua vida também se perderia.

Ouviu atentamente, o tempo todo tentava falar com sua voz. De repente, ocorreu-lhe usar atelepatia. Estes eram seus irmãos. Eles o conheciam. Eles conheciam sua mente. Poderiamencontrá-lo, sintonizá-lo em toda a escuridão.

Estou aqui, tentou o contato com eles. Estremeceu. O gelo ficou mais frio. Algo novo tocousua mente, escovando as paredes suavemente. Muito suavemente. Era somente um toque, masestranhamente íntimo. Sentiu-se imediatamente consolado como se não estivesse mais sozinho.O toque tinha sido perturbadoramente feminino e ele sabia que deveria reconhecê-lo.

Você pode me ouvir?

Se o coração dele não fosse um bloco de gelo, teria entrado em colapso. Ele conhecia aquelavoz, de muito tempo atrás, de algum lugar distante. Ele a conhecia. Usou cada pedaço de força edisciplina que adquiriu ao longo dos anos para abrir sua mente. Ele não tinha um corpo, mas suamente estava funcionando, pelo menos um pouco. Lentamente. Qualquer coisa era muito difícil.

Se você puder me ouvir, Andor, sielam sieladed—de minha alma para sua alma—meencontre. Alcance-me.

Quanto mais a voz chamava, mais ele a sentia em sua mente. Ela o encontrou neste lugarescuro e gelado. Ele estava cego, mas podia alcançá-la. Não podia falar em voz alta, mas estavadeterminado a encontrá-la. Minha alma está rasgada e dividida. Não sobrou nada.

Eu estou ao seu lado, Én olen hän ku pesä sieladet—sou a guardiã de sua alma. Você nãoestá sozinho.

A sensação de cabelos sedosos roçou seu rosto. Ele a sentiu. Ouviu sua respiração.Inspirando e expirando. Ao longo das paredes de sua mente. Ela estava lá com ele naquele lugarescuro e gelado e ela não deveria estar. Tudo o que ainda restava dele se levantou para protegê-la. Ele a conhecia. Ela era verdadeiramente a guardiã de sua alma. Ela segurava a luz de suaescuridão.

Lorraine. Ele sussurrou o nome dela. Um talismã. Você não pode estar aqui.

Não havia outro jeito de encontrar você. Só minha alma podia encontrar a sua. Ele estáaqui. O guerreiro, o curador que se ligará a você.

O guerreiro/curador se ligaria à alma de Andor e lutaria para que ele voltasse da terra dosmortos, mas isso significaria que ele também se ligaria a Lorraine. O outro homem estava lá,entrando em sua mente com Lorraine. Ele era forte. Tão antigo quanto Andor ou Ferro. Andorainda não conseguia localizá-lo, mas o curador era extremamente poderoso.

Vozes chegaram a ele agora. Elas vinham de baixo dele. De todos os lados, como se umgrande círculo de guerreiros o estivesse cercando. Todos homens. Antigos. De muito longe.

A voz mais poderosa surgiu em sua mente, misturando-se com as vozes daqueles antigosguerreiros cantando.

Saededak és tuledak ot ekäm kulyanak.Encontro o demônio que está devorando a alma do meu irmão.

Andor sentiu uma terrível dor em seu corpo. A dor estava o despedaçando.

Lorraine gritou, um protesto suave, mas comovente. Ele tentou alcançá-la, mas nãoconseguiu mexer o corpo. Só podia tremer e tentar engolir a dor. Devorá-la. Aceitá-la e abraçá-la. Não havia outra maneira, era isso ou ele teria que abandonar sua mulher, a hän ku kuuluasiela—a guardiã de sua alma—e deixou-se ir, embora o abismo o chamasse.

Nenäm ćoro, o kuly torodak.Com raiva, eu luto contra o demônio.

A dor piorou e Lorraine gritou uma segunda vez. Seu peito estava em chamas. Seu estômagotorcia e queimava. Ela sentia aquela terrível agonia com ele. Tentou protegê-la, mas ele nãopodia fazer nada. Seus poderes pareciam ter desaparecido e estava indefeso enquanto suacompanheira sofria.

Você deve ir, Lorraine. Esteja a salvo.

Minha alma mantém a sua alma. É a única maneira pela qual podemos te segurar, Andor.Eu sei que há dor. Havia lágrimas em sua voz, e ouvi-la era um tormento maior do que a dor querasgava seu corpo físico. Ele não podia segurá-la em seus braços. Nunca a abraçou. Nunca teve achance de confortá-la. Todos aqueles longos anos de espera, e agora, que finalmente encontrou-a, não haveria uma chance com ela. Ela precisava dele, mas ele não podia ajudá-la.

Você me confortou mais do que qualquer outro. Aguente firme, Andor. Fique comigo.

Ele respirou fundo e tudo o que entrou em seus pulmões foi um penetrante frio. Gelo.Congelando-o de dentro para fora.

A voz em sua mente continuou.

O kuly pél engem.Ele tem medo de mim.Lejkkadak o kaŋka salamaval.Eu acerto sua garganta com um raio.

Os guerreiros que o rodeavam cantavam mais alto, sua música aumentando a força do grandecurador que lutava por sua vida. Ele lutava agora também. Não podia abandonar Lorraine. Elateve a coragem de amarrar sua alma à dele e segui-lo pela grande árvore da vida para a terra dosmortos, onde ele seria julgado, arriscando a própria vida. O curador também arriscava sua vidaligando sua alma à deles.

Molodak ot ainaja komakamal.Eu divido o seu corpo com minhas próprias mãos.

Se ele pudesse, Andor teria gritado com a dor que atravessava seu corpo. Era como se ovampiro tivesse conseguido eviscerá-lo. Seus órgãos internos pareciam arrancados de seu corpo,rasgado em dois, rasgado e desfiado. Ele não podia gritar, mas Lorraine podia e fez.Imediatamente se concentrou nela, em vez da agonia da tortura que tentava suportar.

Sívamet, você deve me soltar. Eu não quero isso para você. Ordeno que me solte.

Houve um momento de silêncio. Algo aveludado roçou as paredes de sua mente. Umacarícia. A beleza disto era um grande contraste gritante para a fealdade do tormento que sofria.Ele a sentiu ali com ele e para sua surpresa, havia diversão.

Você não pode dar ordens as mulheres modernas, Andor. Nós não obedecemos. Eu fiz aescolha de unir nossas almas juntas. Ferro, Sandu e Gary explicaram exatamente o queaconteceria e como, uma vez que estivéssemos amarrados juntos, nosso destino seria o mesmo.Eu sabia o que estava arriscando.

Isso a fez—extraordinária. Ele não os ligou juntos. Não houve trocas de sangue entre eles.Tomou o sangue dela, mas não deu o seu em troca. Ela não conhecia o mundo dele, mas oaceitou. Escolheu salvar sua vida arriscando a dela. Se o curador não pudesse reparar suas feridaso suficiente para recuperá-lo, ela também morreria. Assim como o curador.

Então vamos viver. Ele decretou isso. Nunca permitiria que ela entrasse nessa terra sem eleao seu lado.

Sim nós vamos. Ela respirou seu decreto.

A voz do curador deslizou em sua mente mais uma vez. Isso não será fácil. Você tem quesuportar muito tormento antes que a luta termine.

Eu posso suportar.

Lorraine? O curador fez a pergunta.

Eu posso suportar. Ela repetiu as palavras exatas de Andor.

Uma vez iniciado, não posso parar, avisou a curador.

Eu não vou desistir, ela assegurou.

O curador não esperou.

Toja és molanâ.Ele está curvado e desmorona.

O fogo se espalhou por Andor, uma terrível tempestade que queimava cada parte dele. Cadaórgão. Queimando-o. Quase podia ver as cinzas em sua mente, girando com aquela força que

corria através dele. Relâmpago, branco e quente, colidiu com ele, golpeando sua carnerepetidamente, cada chicote pior que o anterior. Os chicotes de relâmpago rasgaram a pele e osmúsculos para atacar suas entranhas, aquelas feridas mortais, queimando os tecidos mortos eestimulando um novo crescimento.

Não havia como suportar sem poder gritar. Sem poder suspirar e gemer. Sem acrescentarsilenciosamente aos gritos de Lorraine. Ela sentia cada chicotada com ele. Desse fogo terrível. Aforça quebrando-o e o vento como um tornado chicoteando ao redor dele em uma tentativa deestimular seu corpo de volta a vida.

Hän ćaδa.Ele foge.

Houve um súbito silêncio. Andor respirou novamente. Desta vez puxou o ar profundamenteem seus pulmões—pulmões que pareciam crus e ardentes como se não tivessem ar por muitotempo. Ele não estava mais tão frio, mas sentiu o ar noturno tocando sua pele nua. Tentou maisuma vez abrir os olhos e para o seu choque, os cílios se levantaram.

O primeiro rosto que viu foi o de Sandu. Seus irmãos pareciam cansados e pálidos, como senão tivessem se alimentado em muitas longas noites. Sandu agarrou seus antebraços. — Én juttafélet és ekämet—saúdo um amigo e um irmão. Você foi para muito longe de nós. Precisa desangue. Pegue o que eu ofereço livremente. —Ele cortou uma longa linha sobre o pulso epressionou as gotas de sangue que caiam até a boca de Andor. — Foi uma batalha difícil devencer. Gary é o melhor curador que eu já vi em toda a minha longa existência.

Andor não achava que Sandu reclamaria se ele tomasse muito do seu sangue, mas estavafaminto e sabia que não estava totalmente curado. Gary salvou sua vida, mas as feridas aindaprecisavam de atenção. Ele ainda precisava de sangue. Muito sangue. Os outros tambémprecisariam. Seu olhar moveu ao redor, procurando por uma pessoa. Seu coração se apertou comforça em seu peito. Lorraine estava caída entre o corpo dele e o de Gary Daratrazanoff.

Ele empurrou o pulso de Sandu para fora de sua boca. Sandu empurrou de volta para suaboca antes que ele pudesse falar. Ela está viva? O que há de errado com ela?

— Ela está bem. Exausta. Levou uma boa parte da noite para terem você de volta. Ela é forte,essa.

Andor podia ouvir o respeito na voz de Sandu. Sandu e os outros, incluindo Andor,respeitavam poucas pessoas. Ele apontou o queixo para Gary. O curador era um ponto deinterrogação para todos eles. Conheciam sua história. Ao contrário dos irmãos, Gary nascerahumano. Havia dedicado sua vida ao povo dos Cárpatos, trabalhando para encontrar uma soluçãopara o problema de suas mulheres serem incapazes de se reproduzir. Ao fazer isso, ele lutou aolado dos Cárpatos ao longo dos anos em que esteve com eles. Depois de todas as trocas desangue e do conhecimento que adquiriu, ele mudou. Ainda assim, tudo isso não o transformarano que ele era agora.

O curador havia sido mortalmente ferido ajudando outro grande guerreiro. GregoriDaratrazanoff, o guarda-costas do príncipe e curador de seu povo, havia feito amizade com Garyanos antes e se recusou a permitir que ele morresse. O macho humano foi levado para dentro desua caverna mais sagrada, onde poderiam chamar seus ancestrais. Se Gary fosse aceito por eles,se tornaria um verdadeiro Daratrazanoff. Os antigos guerreiros haviam derramado suas memórias

e habilidades de combate naquele corpo único. O preço sobre ele era enorme, mas o príncipepedira que ele assumisse o papel de protetor e guarda-costas para Tariq Asenguard, a escolha dopríncipe para liderar nos Estados Unidos.

Ele está ligado a Lorraine.

Pela primeira vez, o olhar firme de Sandu se movimentou e se virou para os dois deitadoslado a lado. — Isso é verdade. Foi a única maneira de encontrar você. Gary entrou no outromundo repetidamente, mas você estava longe demais. Se ela não tivesse ido atrás de você,Andor, você estaria perdido para nós.

Quem lhe contou essa possibilidade e lhe ensinou as palavras da nossa língua? Forçou-se ase manter tranquilo e assegurou-se de que seu rosto permanecesse inexpressivo, mas pelaprimeira vez em séculos, estava verdadeiramente perturbado. Queria saber quem disse a ela queuma companheira poderia amarrar almas tinha conscientemente arriscado a vida dela.

— Foi necessário.

Foi você? Você arriscou a vida da minha companheira? Você sabe o que ela sofreu?

— Não foi ele. —Ferro surgiu na sua frente, parecendo tão perigoso quanto sempre. ComoSandu, estava pálido, embora um pouco menos. Ferro acenou para Sandu. — Vá se alimentar. Senecessário, tome sangue animal. Os outros devem se juntar a nós amanhã à noite. Eles estão acaminho. —Seus olhos estranhamente coloridos perfuraram Andor, deixando-o desconfortável.— Não conseguíamos acordá-lo por várias elevações.

Várias elevações? Ele olhou novamente para a figura adormecida de Lorraine. Ficou sozinhacom seus irmãos e Gary por várias elevações. Parecia exausta. Eles estavam dando sangue a ela?Tomando o dela? Ele tinha que se levantar, recuperar suas forças. Curar.

Andor educadamente fechou a ferida no pulso de Sandu antes de o soltar. Começou a sesentar e imediatamente percebeu que era impossível. A maior parte de seu corpo estava cobertade terra e ainda estava muito fraco. Ele olhou para Ferro.

— Você não tinha o direito de arriscar a vida dela.

Ferro encolheu os ombros. — Ela perguntou se havia outro jeito quando o curador retornou edeixou claro que você estava perdido para nós. Havia outro jeito, e ela queria tentar. Nós afortalecemos da melhor maneira que podíamos. Ela era corajosa e teria dado uma grandeguerreira. Não tome isso dela, Andor.

— Ela perdeu toda a sua família. Ela estava cometendo algum tipo de suicídio.

— Ela não estava. Acha que algum de nós, Sandu, Gary ou eu, teríamos permitido tal coisa?Ela só pensava em você quando tomou sua decisão. Eu fiz um voto e o mantive. Ela estavasegura. Nós ligamos nossas almas à dela também. Sandu e eu, a seu pedido, garantimos que suamulher estivesse segura. Nós teríamos puxado ela daquela terra.

— Ela não sabe que vocês dois fizeram isso, —ele adivinhou.

Ferro sacudiu a cabeça. — Nós tínhamos pouco tempo. Ela precisava aprender a língua.

— É por isso que ela pode falar Cárpato tão fluente e perfeitamente.

— Sim. Ela tinha que aprender, e tinha que ser capaz de apelar para uma língua que fossemais familiar a você.

O fato de Ferro e Sandu terem vinculado suas almas também à Lorraine era ao mesmo tempotocante e chocante. Os guerreiros, especialmente os antigos, jamais se ligariam, sob nenhumacircunstância, à mulher de outro homem dos Cárpatos. Ao fazê-lo, eles também arriscaram suasvidas quando ela viajou para recuperá-lo na terra dos mortos.

— Por quê? —Ele não entendia. — Eu vivi a minha vida. Muito mais do que a minha vida.

— Ela não, —disse Ferro simplesmente. — É possível que possamos encontrar nossascompanheiras neste século. Você a encontrou. Ela é uma companheira boa e digna. Merece afelicidade, e ela não tem isso há algum tempo. Podemos nunca ter a chance de conseguir issopara nossas mulheres, mas poderíamos para você, e você é ekam—meu irmão.

Havia uma sinceridade na voz de Ferro que humilhou Andor. Ferro raramente falava comqualquer um deles, mas ele parecia diferente nas últimas semanas, mais disposto a se comunicar.O mundo moderno estava mudando-o de alguma forma sutil. Andor esperava que issosignificasse que todos os irmãos teriam mais tempo para procurar suas companheiras e quetivessem uma chance melhor de encontrá-las, em vez de se isolarem como perigosos demais paraa sociedade.

— Ekäm. —Eles apertaram os antebraços na antiga saudação de guerreiros quando Andor orespondeu. Ferro tinha sido seu irmão por mais de duzentos anos.

— Você não a ligou a você, —disse Ferro. — Por quê?

— Eu estava muito fraco, mas também sabia que as chances de sobreviver eram muitopequenas. Não queria que ela vivesse uma meia-vida aqui na terra. Ela é humana. Sepermanecesse humana sem laços comigo, poderia eventualmente encontrar outro homem parapassar pela vida. —O pensamento não lhe caiu bem, mas sabia que não queria que sua mulherestivesse sozinha, ansiando por um homem que ela nunca teve até o dia em que morresse. — Eunão seria um verdadeiro companheiro se não tivesse tido esse cuidado com ela.

Ferro assentiu. — Isso é verdade, embora teria sido mais fácil recuperar você. —Seu olharmoveu-se lentamente sobre seu irmão. — Você foi muito machucado. Reconheceu algum deles?

Andor sacudiu a cabeça. Ele estava exausto. Sabia que tinha recebido sangue antigo e ocurador deve ter trabalhado em suas feridas, mas a verdade era que não se sentia muito melhordo que quando Lorraine enterrou seu corpo na esperança de que ele estaria ainda vivo quando osoutros chegassem. Ferro disse que eles lutaram por ele por várias elevações. Supôs que issosignificava que Ferro e os outros voltaram à terra dos vivos durante o dia, voltando somente naseguinte elevação. Se eles não estavam o segurando durante o dia ... Ele olhou novamente paraLorraine.

— Ela me segurou enquanto todos vocês dormiam? —Era a única explicação, porque se seusirmãos não tivessem conseguindo resgatá-lo em uma única elevação, quando eles precisassemvoltar para dormir durante o dia, Andor teria escorregado de vez para a terra dos mortos, nãoimportando quanto progresso o curador havia feito em trazê-lo de volta do outro mundo.

— Sim, ela fez, —respondeu Ferro. — Ela é digna de você, Andor.

Ele ficou surpreso. Ela era humana e não estava ligada a ele. Como conseguira tal façanha?— A questão é, eu sou digno dela?

— Acredito que você é. —Ferro virou a cabeça e olhou para a noite. Suas feições haviam

mudado sutilmente. Ele parecia mais perigoso do que nunca. — Não podemos ficar aqui pormuito mais tempo.

A realização chegou a Andor. — Os vampiros continuam atacando.

Ferro assentiu. — Nós lutamos contra três ataques, mas nosso receio é que eles enviemfantoches durante o dia contra Lorraine.

— Me enterrem profundamente com salvaguardas e leve-a de volta ao complexo deAsenguard onde estará segura. Eles vão pensar que eu fui levado junto com vocês.

Ferro sacudiu a cabeça. — Ela não vai deixar você.

— Isso não soa como você. Você forçaria sua mulher a ir para a segurança.

— Talvez ‘persuadir’ seja uma palavra muito mais agradável de dizer, mas sim, ela iria. Eusou um homem diferente e minha companheira seria uma mulher diferente.

Lorraine se sentou, o cabelo castanho caindo numa bagunça em todas as direções. Andorobservou-o cair em volta dos ombros e em suas costas. De alguma forma, os fios de sedaestavam mais brilhantes do que nunca. Sua pele estava muito pálida, mas parecia tão suave comosempre. Aqueles grandes olhos verdes dela se moveram sobre o rosto dele, ansiedade estampadoneles. Ela sorriu para ele quando ficou de joelhos ao seu lado. — Você está acordado. Oh, meuDeus, eu não posso acreditar que você está acordado. —O olhar dela mudou para Ferro,passando por ele, observando cada detalhe. — Você está curado novamente esta noite. É ummilagre como fazem isso. Fiquei preocupada quando você foi para o chão.

Ferro encolheu os ombros muito largos. — Não há motivo para se preocupar. Eu vou ou nãocurar. Preocupar-se não muda o resultado.

Ela revirou os olhos e depois olhou para Andor. — Estou muito feliz que você está acordado.

— Vamos ter muitas discussões sobre o que é aceitável e o que não é, —disse Andor, com asua voz tão severa quanto conseguiu fazer enquanto deleitava seus os olhos nela. Era linda paraele, brilhava de dentro para fora. Sabia que sua casca exterior seria considerada atraente peloshumanos, mas isso pouco importava para ele. Era o que havia dentro dela que contava e o fato deque era sua outra metade. Ela era dele. Ele pertencia a ela.

— Sim, eu concordo plenamente, —ela disparou de volta. — Porque ferir-se assim étotalmente inaceitável e não muito sábio. Quaisquer razões que você tenha tido para não terconsideração pelo seu bem-estar não são boas o suficiente.

— Vou deixar vocês dois conversarem. Andor, um aviso: não tente se mover ou sair debaixodo solo. O curador trabalhou todas as noites, assim como cada um de nós também. Até os outroschegarem, não podemos arriscar mais danos. —Ferro ficou de pé e de costas para eles. — Fiqueno acampamento perto dele e esteja preparada. O inimigo está perto.

— Quão perto estão os outros irmãos? —Andor perguntou.

— Eles estão chegando, —disse Ferro. — Mas não disseram suas posições. —Ferro se viroue se afastou.

— Ele é incrível, —disse Lorraine. — Acho que ele nunca se cansa. É como uma máquina.Sandu e Gary também são incríveis. —Ela estendeu a mão e tirou o cabelo do rosto dele. —Você realmente me assustou, Andor.

— Sabia que se o curador não tivesse conseguido me recuperar do outro mundo, vocêtambém teria morrido. Ligando-se a mim e me seguindo para aquele outro lugar, arriscou-semuito.

— Eles também se arriscaram.

— Eles não são você.

— Andor, você teria ido atrás de mim? —Ela se acomodou em seus calcanhares.

Ele queria as mãos dela o tocando novamente. Em seu cabelo, em sua mandíbula, apenastocando-o. Precisava desse toque. — Claro. Sou seu companheiro.

— Exatamente.

— Você não tem ideia do que isso significa. Não estava procurando a séculos por mim. Eudeliberadamente não nos liguei com as palavras rituais, então se eu morresse, você poderiacontinuar sua vida.

Seu sorriso demorou a chegar, mas quando chegou, seu coração se apertou—era tão lindo. —Talvez você tenha nos ligado, sem perceber, porque quando seus irmãos não puderam encontrá-lo naquele lugar frio e escuro, eu o encontrei.

Ele não podia mais repreendê-la. Estava muito orgulhoso dela. — Obrigado, sívamet. Estariaperdido sem você.

— Foi um esforço conjunto. —Ela passou a mão pelo rosto dele, seu toque persistente. —Estando presa em sua mente, foi incrível o quanto aprendi. Acho que essas poucas noitesvaleram uma vida inteira de aprendizado, talvez várias vidas.

— Você teve alguma vantagem. Eu estava inconsciente.

— Acho que você estava um pouco mais do que inconsciente. Realmente me assustou, —elareiterou. — Você não pode fazer isso de novo. O que estava pensando, lutando contra sete deles?Dois eram considerados mestres vampiros, pelo menos é o que Sandu me disse.

— Ele não deveria ter dito.

— Se você estivesse se sentindo melhor, eu te chutaria. E vou te avisando que não chutocomo uma menininha, tampouco, Andor. Quando eu chutar você, você vai descobrir isso, entãoevite me tratar como uma idiota. Claro que tenho que saber a diferença entre um vampiro mestre,um menor e um peão. Vou estar vivendo em seu mundo. Isso significa que vou encontrá-los e, setivermos filhos, eles os encontrarão. Meus filhos precisarão aprender a lutar e minhas filhastambém. Não aceito estar em uma situação desamparada. Sei atirar e posso usar uma faca.Pratiquei com um lança-chamas e sou extremamente precisa. Os outros me ajudaram a aprenderas coisas que preciso saber e descobri que sua mente, repleta de táticas de batalha, éextremamente útil.

Andor sacudiu a cabeça. — Não posso acreditar que meus irmãos a tenham encorajado a serum pequeno falcão. Duvido que eles sejam tão tolerantes com suas próprias companheiras.

— Você não entende, Andor. —Ela se inclinou para mais perto dele. — Perdi todo mundo,toda a minha família. Todos que eu amava. Eu não consegui salvá-los. Já era tarde demaisquando cheguei em casa. Não estava prestes a te perder também. Entende isso?

— Eu entendo, —disse ele suavemente.

Sua dor o rasgou, e então ela deu de ombros, empurrando sua maior tristeza para que pudessefuncionar.

— Tivemos que lutar contra alguns ataques e todos estão exaustos. Precisávamos que todospudessem ajudar para que tivéssemos êxito. As mulheres são capazes de lutar contra essas coisasse receberem o treinamento adequado. Não estou dizendo que todas as mulheres possam fazer,mas os caçadores não precisam ser todos homens. Somos todos diferentes, Andor. Eu descobriisso enquanto treinava no dojo dos meus pais.

Quando ele balançou a cabeça, ela emoldurou o rosto com as duas mãos, insistindo que elerealmente ouvisse o que ela precisava dizer. — Eu fui treinada em artes marciais e adorava.Minha família viveu essa vida. Muitos vieram para aprender conosco vários graus de autodefesa,ou queriam treinar para lutar em um ringue e ganhar troféus. Algumas dessas pessoas que vieramaté nós eram pessoas muito gentis e não conseguiam encontrar em si mesmas força para sedefender e atacar, não importando o que ensinávamos. Outros estavam ansiosos pelo desafio,pela batalha. —Ela soltou-o e ficou de joelhos novamente.

— O que são todas essas armas? —Andor acenou com a cabeça para os vários itens que orodeavam, colocados cuidadosamente em um padrão circular a cerca de dois metros dele.

— Eu tive que lutar de longe, então precisei de vários lança-chamas e outras maneiras dematar um vampiro, se eles passassem por Sandu, Gary ou Ferro. —Ela estremeceu. — Elesrealmente são criaturas nojentas e vis. Ferro e Sandu me ajudaram a fortificar meus escudosmentais. Faço os exercícios o tempo todo. Dois dos vampiros quase os penetraram e chegaram àsminhas memórias. Eu não pude acreditar o quão poderoso eles eram. Podia sentir a compulsãoem suas vozes. Eu não queria que eles pudessem encontrar você lá, apenas no caso. Você estavano chão e eles não sabiam que você estava vivo ou em qualquer lugar perto daqui. Se elesconseguissem me matar ...

— Pare. Não diga isso. —O medo real tomou conta dele. Depois de séculos de busca, se eleso trouxessem de volta apenas para encontrá-la morta, ele temia o que poderia ter acontecido. —É frustrante saber que não posso ajudar os quatro de vocês.

O rosto dela mudou instantaneamente. Suavizando. Seus olhos foram para um mar verde. —Eu sei que deve ser desconfortável para você ter que ficar aí deitado indefeso e em silêncio.

— É muito mais do que desconfortável, Lorraine. É o fato de que vocês quatro, minhamulher e meus irmãos, estão em perigo e não podem sair daqui por minha causa. Eu nunca estiveem tal posição antes.

— Eu sei disso, —ela respondeu suavemente, com alguma emoção na voz que rasgou ocoração dele. — Eu vi você, dentro de sua mente, suas memórias, a maneira como protege atodos. Você é o guardião, aquele que defenderia qualquer um. Agora você precisa permitir queseus irmãos e eu defendam você.

— É muito mais difícil do que achei que seria.

— Eu tenho que cuidar das minhas necessidades. Ao contrário dos Cárpatos, que apenasacordam, se vestem e de repente já estão prontos e renovados, tenho que me lavar, escovar osdentes e usar os arbustos paras as minhas necessidades.

— Eu posso ajudar com a coisa de se lavar e a escovação dos dentes, —ele ofereceu.

— Não, —uma outra voz soou. — Você não pode.

Andor olhou para o curandeiro. Gary acabara de se sentar. Ele parecia muito exausto e Andorqueria mandá-lo ir ao chão. Mas um Daratrazanoff não era o tipo de homem a ser ordenado. Elesdavam ordens. Gary falou em voz baixa, mas suas palavras estavam carregadas de autoridade.

Andor nunca fora de reconhecer autoridade. Havia jurado lealdade ao seu antigo príncipe hátantos séculos que mal conseguia se lembrar. Como seus irmãos, acreditava que seu príncipe,Vlad, havia os traído. Em vez de destruir seu filho primogênito, permitiu que uma série deeventos se desdobrassem por causa dessa decisão e isso quase destruiu seu povo. Vlad, atravésde sua incapacidade de causar tristeza em sua companheira por causa do amor dela ao seu filho,levou o povo dos Cárpatos à beira da extinção. Andor e os outros anciões que viviam nomosteiro não haviam jurado lealdade ao novo príncipe, o segundo filho de Vlad.

Lorraine se inclinou para perto de Andor, seu cabelo sedoso roçando seu rosto enquanto elabeijava o lado de sua boca. — Eu volto já. Vocês dois podem encarar um ao outro. —Ela sorriupara Gary. — Boa noite. Vejo que você não foi para o chão novamente. Ferro disse que é muitoperigoso e que você precisa do solo curativo.

— Eu estava exausto demais para abrir a terra, —admitiu Gary.

— Talvez, mas acho que na verdade você estava protegendo a mim e a Andor, oferecendoseu corpo primeiro para qualquer inimigo que se aproximasse, em troca dos nossos. —Ela selevantou, tirou o pó da calça jeans, que chamou a atenção para seu traseiro e se afastou emdireção às árvores.

Andor a observou ir embora, mas sua mente estava se recuperando com a implicação de queGary estava cansado demais para abrir a terra. Ele dormira a céu aberto, apenas em umadepressão rasa ao lado de Lorraine. Estavam todos no final de suas forças, até mesmo o curador.Isso lhe disse muito mais do que percebeu a princípio sobre o quanto terrível a sua situação era.Se os antigos não estavam conseguindo entrar no solo quando a noite finalizava, é porqueestavam gastando muita energia mantendo-o vivo.

Andor sentiu o curador se mover em sua mente. Ele era forte. Antigo. Um homem formidávelcom habilidades de lutas insanas. Ele era um poderoso curador, muito necessário nos EstadosUnidos, especialmente agora que eles descobriram que os vampiros tinham lentamente, ao longodos séculos, fortalecido sua posição e ficaram mais perigosos e poderosos.

Você não vai sobreviver se não parar de se mexer. Fomos incapazes de curar todas asferidas. Três são preocupantes. Preciso me concentrar nelas, mas os vampiros sabem queestamos aqui e que estamos escondendo algo. Esse algo é você. Lorraine não vai com umaescolta para o complexo de Asenguard sem você. Se quisermos salvá-la, devemos salvá-lo.

Vou mandar ela ir.

Todas as ordens do mundo não funcionarão nela.

Então ela deve ser forçada.

Estamos todos ligados ao seu destino. Nós quatro e você, Andor. Ela não vai te deixar. Vocêpode até não a ter amarrado a você com as palavras rituais, mas as amarras são muito fortes doque qualquer outro que eu tenha visto sem elas. E parte disso é dela. Ela tem uma vontade deferro.

Ferro indicou que ele sentiu a presença de vampiros. Posso sentir o mal se aproximando,Andor advertiu. Ele queria que Gary percebesse que o perigo para Lorraine era muito real, e nãoimportaria a sua vontade de ferro. Os outros poderiam ter lhe fornecido armas, mas se osvampiros mandassem uma força concentrada atrás deles, especialmente durante o dia em queeles não pudessem ajudá-la, ela poderia estar perdida para todos eles. E esse tipo de ataque deveacontecer logo.

Gary assentiu. Eles nos perseguem continuamente. Sandu e Ferro pediram mais ajuda. Eunão posso começar a curar você adequadamente até que eles cheguem. Eles também estavamsob ataque. Sergey se tornou um grande estrategista de batalha. Gary disse o nome do vampiromestre que havia formado um plano séculos antes e então metodicamente o executava. Ele haviaaparecido somente quando estava em sua maior força e tinha certeza de que poderia sair vitoriosodos seus planos. Agora, seu exército estava mordendo os calcanhares dos Cárpatos,enfraquecendo-os todas as noites.

— Chame Lorraine de volta para perto de nós, —disse Andor. — Você pode providenciaruma barreira de privacidade enquanto ela faz o que tem que fazer.

Gary sacudiu a cabeça. — Na verdade, não posso preciso poupar energia. Tenho que deixá-loem uma condição que você pode viajar. Precisamos levá-lo aos locais de cura que Tariqconstruiu. Também precisamos dos reforços de sangue antigo. Você tem que ficar muito quieto emanter seu corpo enterrado sob o solo. Não pode se mover. Eu consegui remover os venenos doseu corpo que os vampiros injetaram, assim como os parasitas. Cortei o tecido morto e estimuleialgum crescimento. Havia muitos lugares com hemorragia, eu não consegui chegar a todos eles.Enquanto trabalhava rapidamente em um ponto, outros surgiam.

— Lorraine ainda não entendeu que um caçador tenta acabar com o vampiro quando eleencontra um. Eu não tinha escolha a não ser lutar contra eles. —Não estava tentando sedesculpar. Estava afirmando um fato. Caçadores procuram os mortos-vivos, rastreando-os decovil a covil. O trabalho deles é destruí-los onde quer que estejam. Neste caso, ele havia sidoarrastado para uma armadilha. Três vampiros menores foram usados como isca. Pouco importavapara ele se estava em uma armadilha, todos precisavam ser exterminados.

— Eu entendo, —admitiu Gary. — Mas isso não facilita a cura.

A cabeça de Gary se levantou ao mesmo tempo em que Andor sentiu o espaço vazio no ar danoite que indicava a presença invisível do inimigo.

Lorraine. Volte aqui agora. Você está dentro das salvaguardas?

E claro, também senti isso. Vocês quatro compartilharam muito de suas mentes, isso treinoua minha. Ele acha que estou sozinha aqui.

O jelä peje terád, emni—que o sol te queime, mulher, você não vai servir de isca para osmortos-vivos. Iria torcer o pescoço dela quando fosse capaz de se mover novamente.

Sua risada suave inundou sua mente e, em seguida, foi interrompida abruptamente e ela sefoi. No lugar, ao longo das paredes de sua mente, onde ela havia acabado de roçar sua diversão,derramando-se nele e fazendo-o sentir-se inteiro, ele sentiu uma dor penetrante, como uma facacravando. A sensação persistiu quando tudo mais desapareceu.

Capítulo 6

Em um momento Lorraine estava rindo, divertida com o modo de pensar arcaico de Andor, ea próxima coisa que sentiu foi algo apunhalando fundo em sua mente. Teve a capacidade rápidade se desligar de Andor, reconhecendo o ataque de um vampiro. Este era forte, mais forte do quequalquer coisa que ela pudesse imaginar. A punhalada foi profunda, a dor se irradiando eabrangendo todo o seu cérebro. Era doloroso o suficiente para deixá-la de joelhos com as mãosna cabeça. Algo havia sido arrancado de sua mente antes que ela pudesse levantar seus escudos.

Respirou fundo várias vezes e desejou que sua mente ficasse em branco. Não iria trair o fatode que Andor estava muito ferido e que todos os Cárpatos estavam fracos. Eles não queriamdeixá-la sozinha durante o dia, então estavam dormindo em depressões rasas, em vez de afundarno fundo da terra onde estariam seguros e poderiam se recuperar melhor. Eles se revezaram emturnos, com Gary insistindo em participar também. Ela achava que ele deveria sempre ir ao chãode maneira correta, mas ninguém a ouvia. Os antigos ainda viviam na idade das trevas no quedizia respeito às mulheres.

O soco atingiu seus escudos e voltou, deixando um resíduo imundo para trás. A sensaçãodisso a fez engasgar. Ela sabia que tinha que voltar ao acampamento. Os Cárpatos tinhamconstruído um abrigo para impedir que qualquer raio do sol os alcançasse. Também construíramuma forte proteção em torno de seu acampamento, os três antigos teceram-na de modo que abarricada invisível seria quase impossível, de até mesmo o maior vampiro-mestre, desvendar.

Estendeu a mão para o lança-chamas que mantinha perto dela o tempo todo enquanto umbater de asas lhe dizia que não estava sozinha. Intelectualmente, sabia que as criaturas hediondasnão podiam penetrar na barreira que os Cárpatos haviam tecido, mas saber disso não tornava asituação emocionalmente mais fácil. Ela queria correr. Engoliu em seco e levantou-se devagar,olhando para as árvores ao redor.

Havia cinco corvos sentados nos galhos acima, olhando para ela. Seus olhos pareciammalignos enquanto se fixava nela. Se forçou a desviar o olhar deles para a folhagem ao redordela. Das muitas batalhas que estudou em cada uma das cabeças dos antigos, não iria serenganada facilmente. De qualquer forma, se estava vendo os mortos-vivos era porque elesqueriam que ela os visse, e muito provavelmente o ataque viria de outra direção.

Com o canto do olho avistou outro movimento e se virou para encarar o novo agressor. Umhomem saiu das árvores, caminhando com um passo confiante e um sorriso no rosto. Seucoração bateu forte e apertou com força. Sua boca ficou seca. Eles a avisaram. Todos eles tinhama avisado, mas ela ainda não estava preparada. A última vez que o viu, seu irmão estava deitadoem uma poça de sangue no chão. Agora, lá estava ele, parecendo como sempre havia sido.

Theodore tinha sido um homem atlético. Muito bonito. Tinha o mesmo cabelo castanho queela, os mesmos olhos verdes e sorriso fácil. — Irmãzinha.

Essa saudação endureceu sua espinha. Ferro e Sandu a chamavam de sisarke, que significava‘irmãzinha’ na língua nativa dos Cárpatos. Às vezes eles a chamavam assim em inglês, masTheodore nunca a chamara assim. Ela umedeceu os lábios e observou-o se aproximar. Recuou,apertando mais firmemente o lança-chamas. A cópia do irmão dela era perfeita. O caminhar fácilque mostrava a cada passo o lutador fluido e perfeito que ele era. Sempre admirou a forma como

seus músculos fluíam quando ele se movia, dando-lhe uma vantagem sobre todos os adversários.

Ela estava pensando em Theodore apenas alguns minutos antes do ataque do vampiro em suamente. O quanto ela o amava. O quanto se davam bem. Ele era mais velho do que ela por váriosanos, mas nunca pareceu se ressentir de ter uma irmãzinha chegando. Sempre pareceu orgulhosodela, não tinha ciúmes. Ele a ajudou a aprender movimentos difíceis e treinou com ela quandoprecisou de um parceiro de treino. Sempre foi muito paciente com ela. Por tudo isso, preferiuficar sozinha no deserto, onde poderia ter aquelas lindas lembranças de seu irmão, em vez dasmanchetes sensacionalistas que as pessoas leram nos jornais.

Seu estômago revirou quando a cópia do seu irmão caminhou até a barreira invisível com aconfiança de Theodore. Ele correu para cima da barreira, mas o choque foi tão grande que ojogou para trás com muita força, fazendo-o pousar a uns bons seis metros de distância em suabunda. Ele ficou ali por um momento, sacudiu a cabeça e começou a rir. Até a risada dele era amesma. Exatamente a mesma. Aquela risada a atingiu com força. Teve que lutar para não chorar.Lágrimas queimavam atrás de seus olhos, mas se recusou a soltá-las.

— Você não pode usar meu irmão dessa maneira, —ela repreendeu.

A réplica de Theodore levantou-se, limpou a calça jeans e sorriu para ela com bom humor. —Convide-me para entrar. Tenho muito o que conversar com você e, a menos que me convide,terei que ir embora.

Ela queria que ele fosse embora, mas por incrível que pareça, ela não o mandou. VendoTheodore feliz, sorrindo aquele velho sorriso familiar de camaradagem quando tinham sido osdois contra o mundo, a fez feliz. Sabia que isso era perigoso. Isso era um truque. Uma ilusão.Ainda assim, era perfeito.

— Diga meu nome.

O clone de seu irmão franziu o cenho para ela. — Qual o jogo que você está jogando?Convide-me a entrar.

— Você tem que dizer o meu nome.

Imediatamente houve aquele soco poderoso em seu cérebro. Concentrado em um só ponto,como uma picareta de gelo16 tentando abrir um buraco em seus escudos para obter a informaçãode que ele precisava. Ela pressionou a palma da mão na têmpora e balançou a cabeça. — Teddy,você não vai conseguir dessa forma. Não se lembra do meu nome?

Tinha que encontrar a coragem para atraí-lo e depois tentar destruí-lo com o lança-chamas.Isso iniciaria a guerra. Enquanto estava distraída com o clone de seu irmão, os outros vampirostrabalhariam para baixar as salvaguardas. Eles trabalhariam juntos. Sabia disso porque Gary,Sandu e Ferro passaram com ela o que deveria fazer umas cem vezes.

O clone de seu irmão se aproximou, parecendo um pouco cauteloso com a barreira invisívelque os separava. Estendeu a mão para ela. — Você é minha amada irmãzinha.

— Eu sou, —ela concordou. — Por que você fez aquelas coisas terríveis, Teddy? —Ela sabiaque o clone não tinha ideia do motivo que levou seu irmão a fazer o que fez, mas sempre quis aoportunidade de perguntar a ele e ele estava bem na frente dela. Agora mesmo. Ela ia ter quefazer isso. Se iria proteger Andor e os outros não tinha escolha. Eles estavam juntos.

Ela salvaria Andor quando não conseguiu salvar seu irmão e seus pais. Não ia permitir queuma cópia de Theodore o matasse ou a um dos outros. Já considerava Sandu, Ferro e Gary comouma família. Eles poderiam não sentir nada por ela da mesma forma que ela sentia por eles, massabia que suas almas estavam unidas. Isso significava que seus destinos estavam juntos.

Theodore se aproximou. — Eu não tive escolha. Eles não me deram escolha.

— Quem não lhe deu escolha, Theodore? —Precisava dele alguns metros mais perto paragarantir a precisão. Se inclinou para ele como se quisesse ouvi-lo melhor. Rapidamente, o peãovampiro pegou a isca e chegou mais perto dela, parando bem próximo as salvaguardas. Ela ouviuo farfalhar de asas quando uma daquelas criaturas, que os assistia, mudou de posição emantecipação ao sucesso do companheiro vampiro a sua frente. As asas do corvo se estenderam edepois se acomodaram mais uma vez contra o corpo emplumado.

Preparando-se, Lorraine respirou fundo e soltou o ar lentamente. Manteve o lança-chamas aolongo de sua coxa, esperando. O clone deu um passo direto para o espaço onde havia marcadopara atacar, ficando no lugar certo, então ela o acertou com os mil graus Celsius de calor echamas. O clone explodiu em uma bola de fogo, de modo que todo o seu corpo estava envoltoem laranja e vermelho. Manteve o lança-chamas mirado em seu peito no exato local onde seucoração deveria estar.

Os corvos levantaram suas vozes com um grito que arranhou suas entranhas. Eles deixaramos galhos em um ataque de mergulho, mergulhando baixo e no último minuto subindo, não comopássaros, mas em suas formas verdadeiras—os mortos-vivos. Eles pareciam aterrorizantes ehediondos com seus dentes manchados e carne podre. Vieram diretamente para o rosto dela. Nãocometeu o erro de mudar de posição, continuou concentrada em seu alvo, embora aautopreservação exigisse que ela o fizesse. Ela se agarrava severamente ao recipiente que eles lhederam, o lança-chamas que os antigos tinham construído para sua proteção.

Os sons eram tão terríveis que machucaram seus ouvidos. Sabia que estava chorando porquesua visão estava embaçada, mas se manteve firme. Os cinco vampiros se espalharam, fazendoum semicírculo ao redor dela, do lado de fora da linha invisível de defesa. Eles estavambalançando, batendo em um ritmo. Ela já tinha visto isso antes. O som que saia dos galhos nasárvores no mesmo tamborilar. Toque. Toque. Toque.

O clone, em chamas, começou a fazer barulhos horríveis, cada grito no mesmo tempodaquele ritmo estranho. Seu coração e seu pulso começaram a bater no mesmo ritmo que o somestranho, bum, bum. Ela sentiu ecoar em sua mente. Bum. Bum. Bum. Como uma batida. Elesestavam procurando um caminho em sua mente. Ela não podia mudar seu batimento cardíaco.Sua respiração queimava em seus pulmões com cada batida dos dedos contra as coxas deles,cada clique dos galhos das árvores. Ainda assim, manteve o dedo no gatilho do lança-chamas,recusando-se a parar.

O clone caiu de joelhos, contorcendo-se, gritando, o som dos gritos pontuando na mesmabatida que a dos outros vampiros. Ele se inclinou para a frente. Ela desligou o lança-chamas erecuou da barreira, encarando desafiadoramente os vampiros na frente dela. Nenhum delesfalava, mas continuaram a manter a mesma batida. Estava com medo de que isso aenlouquecesse. Mais do que tudo, quis chamar os antigos, mas sabia que não podia abrir suamente.

Exceto o som da batida, observou que resto da noite estava em silêncio. Ao mesmo tempo, o

pavor a encheu. Uma sensação sinistra terrível que levantou o cabelo em seus braços e na partede trás do seu pescoço. Sentiu o medo descer por sua espinha. Sua boca ficou seca e o desejo dedar um passo à frente, sair de seu lugar de segurança, era forte, tão forte que ela sabia que erauma compulsão.

Lorraine forçou seu corpo para trás alguns passos de cada vez. Suas botas arrastaram nochão, sem vontade de obedecer. Só conseguiu fazer isso porque era muito disciplinada. Andouapenas alguns metros da barreira, mas deu a ela uma sensação de vitória, por ter conseguido oque ela e os antigos planejaram.

Era esse momento que todos esperavam. Na verdade, não o momento, mas quem chegariacom ele. Os antigos sabiam que um mestre vampiro tinha convencido vampiros menores sejuntar a seus planos e transformou-os em seus peões, enviando-os. Ninguém acreditava que ummestre vampiro poderia chefiar um exército, os mortos-vivos sempre se acharam tão espertos,mas todos eram enganados pelos mestres vampiros, havia mais de um vampiro mestre. Cada umdeles era extremamente perigoso.

Sergey Malinov, o mestre vampiro por trás de todos os outros, não viajava ou atacava sempeões, e nem sem alguns de seus melhores lutadores. Os antigos também acreditavam que ele iriase mostrar eventualmente. Ele não podia esperar muito tempo, porque as circunstâncias mudarame o pequeno grupo de Cárpatos poderia ficar mais forte.

— Venha para mim, —o vampiro sussurrou, gesticulando com a mão, seus dedos semovendo ao longo do som da batida.

Ele era lindo. Muito mais bonito que Andor, Ferro, Sandu ou Gary. Sua pele lisa, sem umúnico defeito. Sua beleza parecia quase uma blasfêmia ao lado de seus companheiros hediondos.

Ela balançou a cabeça e conseguiu tropeçar para trás. Ele não tirava os olhos dela, o tempotodo, aqueles dedos a chamando no mesmo ritmo. Era quase impossível resistir a ele. Ela deu seuprimeiro passo para frente, e ele sorriu, seus dentes brilhando brancos. Intocados.

O movimento atrás da esquerda do semicírculo dos mortos-vivos capturou o olho do vampiromestre. Ele se virou para o movimento. Gary saiu da linha das árvores. A três metros dele estavaSandu. Outros três metros estava Ferro. Um quarto homem que ela não conhecia estava lá edepois um quinto. O alívio atingiu seus joelhos de modo que quase caiu no chão. Assim, ela seabaixou sobre um joelho, respirando profundamente para tentar limpar a cabeça.

— O plano funcionou, sisarke, —disse Sandu. — Você fez muito bem. Vá para dentro. Estemassacre não será para os seus olhos.

Lorraine queria assistir, não pelo sangue, mas para aprender. O mestre vampiro se virou paraencarar os cinco antigos. Cada um dos rostos estava sombrio e marcado com cicatrizes. Ovampiro cuspiu no chão e ela viu algo se mexer na substância escura. Ele apontou para ascriaturas nojentas, e elas se replicaram em várias cópias, cada vez mais. Ela engasgou, ficou depé e recuou mais um pouco.

— Eu não conheço nenhum de vocês, —afirmou o mestre vampiro, como se dissesse aosCárpatos que todos eles eram inferiores a ele.

— Você não precisa nos conhecer, —um dos dois homens que ela não conhecia respondeu.

— Vocês não têm nomes, então? Eu não tenho medo de dizer o meu nome, sou Karcsi.

Talvez você tenha ouvido falar de mim. —Enquanto ele falava, as batidas ficavam mais altas emais insistentes.

Lorraine percebeu que estava afetando-a. Havia recuado, mas agora estava perto da barreiranovamente. Karcsi estava mirando nela na esperança de que ela saísse de trás da barreira desegurança e ele poderia usá-la contra os antigos. Ela poderia ter dito ao vampiro que isso não iriaadiantar muito. Nenhum desses homens iria parar o que estavam prestes a fazer. Eles nascerampara lutar contra vampiros. Eles passaram séculos aprimorando suas habilidades em batalha apósbatalha. Nada os dissuadiria de seu objetivo final—destruir o mestre vampiro.

O homem que falara antes se curvou ligeiramente. — Sou Dragomir, um monge do mosteirono alto das montanhas dos Cárpatos. Agora que fomos apresentados, vamos prosseguir.

As palavras mal saíram de sua boca antes dele se mover tão rapidamente que sua imagem seturvou enquanto atacava, não o mestre vampiro, mas um dos menores. Sandu e Gary também sejuntaram a ele, junto com o homem que ela não conhecia, cada um empenhado no objetivo dedestruir os vampiros.

Ferro veio atrás do mestre vampiro. Ela odiava que fosse Ferro, embora seu aspecto agora eramelhor do que antes. Com toda a certeza, os antigos devem ter lhe dado sangue antes de teremsaído para a armadilha. Agora que Karcsi estava completamente envolvido em uma luta de vida-e-morte e os outros vampiros tinham sido incapazes de continuar suas batidas hipnóticas, ela foicapaz de sair completamente do feitiço.

Correu ao longo da barreira, mantendo os olhos no último dos vampiros menores, aquele queestava circulando tentando se aproximar de Ferro. O antigo e o vampiro mestre ergueram-se noar, lançando lanças de fogo um para o outro. O morto-vivo atingiu algum tipo de barreira e caiuna terra. Um relâmpago encontrou seu tornozelo quando ele mergulhou na direção da cabeça deSandu. O chicote empurrou o vampiro de volta para Ferro.

Ferro e os mortos-vivos colidiram enquanto caíam no chão, com um raio crepitando ao redordeles. As criaturas cambaleantes correram em direção ao seu mestre e seu atacante Cárpato,algumas instantaneamente foram incineradas quando entraram em contato com o chicote dorelâmpago. O fedor era sujo, fazendo-a ter vontade de vomitar. Ela manteve os olhos no vampiromenor com dificuldade. Havia muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, era difícil acompanhartoda a ação.

Precisava voltar para Andor. A essa altura deveria estar louco de preocupação com ela eimaginando o que estava acontecendo, a menos que um dos antigos estivesse o mantendoinformado, e ela não viu como isso era possível. Estava ficando ansiosa, embora Ferro, Gary eSandu tivessem assegurado que nada chegaria através de suas salvaguardas acima ou abaixo dosolo para ameaçar Andor enquanto eles lutavam na armadilha que prepararam para os vampiros.

Ela também sabia que Andor não ficaria feliz com nenhum deles por usá-la como isca. Nãoimportaria que a ideia tivesse sido dela. Eles sabiam que Andor precisava de mais tempo para securar. Ele ainda estava em perigo. Após a terrível luta por sua vida, não estava prestes a perdê-loagora. Sabia que lutar com um vampiro mestre seria impossível para ela, mas não tinha ideia doquanto incrivelmente poderoso era esse morto-vivo. Nunca teria sido capaz de resistir às suascompulsões, mesmo com as salvaguardas.

O vampiro menor circulou em torno de Ferro, que estava de costas para ela. O vampiro erafurtivo, pisando entre vermes no chão que se contorciam junto com ele enquanto caminhavam

em direção ao antigo. Alguns vermes já haviam chegado ao Cárpato e estavam subindo por suaperna. Ela podia ver uma trilha de sangue circulando seu tornozelo. O vampiro menor, correupara ficar atrás de Ferro, dessa forma acabou ficando bem na sua frente. Ferro deu um passo àdireita para evitar um ataque de Karcsi.

Lorraine percebeu que Ferro tinha se aproximado, trazendo a luta de volta para a frente dela,para que o vampiro menor, tentando ajudar seu mestre, fosse forçado a se aproximar de Ferrousando o caminho mais próximo dela. Ficou chocada com a habilidade desses homens, que elesconseguiam saber onde todos estavam no campo de batalha.

Teve que descobrir exatamente onde o coração do vampiro estava, algo um pouco maisdifícil quando ele estava de costas. Fez uma oração silenciosa e o acertou com o lança-chamas.De repente se lembrou que veio ao deserto para encontrar a paz. Ela realmente estava em umajornada de descoberta pessoal, na esperança de encontrar uma maneira de subjugar seutemperamento e tornar-se uma pessoa melhor. Em vez disso, encontrou um grupo de pessoasmuito mais violentos—por necessidade—do que sua família jamais fora. Eles não lutavam porglória, fama, troféus ou medalhas. Eles lutavam para salvar vidas.

O cheiro de carne podre queimada a enojou. Esperava que pudesse destruir ele e seu coraçãorapidamente, mas ele se virou e jogou as chamas de volta para ela. Ela soltou o lança-chamasquando tropeçou para trás. As chamas atingiram a barreira de proteção e rugiram de volta para ovampiro.

Ele gritou, correndo em direção à barreira, como se somente a sua ira pudesse ser o suficientepara atravessá-la e chegar até ela. Ela conseguiu pegar a lata de volta e direcionou nele outrofluxo constante de fogo, desta vez diretamente sobre seu coração. Ele bateu na barreira váriasvezes, aquela linha invisível de proteções tecidas. Cada vez que ele se chocava faíscas e brasasvoavam no ar.

O vento se intensificou e as chamas o envolveram completamente. Gary surgiu por trás dovampiro e girou em torno dele. Vá para Andor. Nós cuidamos disso.

Ela nunca ficou tão feliz em ouvir uma ordem em sua vida. O horror do que estavatestemunhando era demais. Todo o sangue que cobria os antigos dos vampiros terem rasgadosseus corpos a deixou fisicamente doente. Ela não podia mais ajudá-los. Seu trabalho tinha sidoser a isca e, em seguida, se possível, eliminar o último vampiro que eles sabiam que tentaria, soba ordem de seu mestre, matar Ferro.

Lorraine correu de volta para a estrutura invisível que estava sobre Andor. Seus olhos índigoeram uma mistura da meia-noite púrpura e azul. Ele estava furioso. Não havia como evitar essefato, não quando ele nunca estivera zangado com ela antes.

— Você se usou como isca para atrair um mestre vampiro. —Foi uma acusação, nada menos.— Você sabia que eu não aprovaria tal coisa, mas fez isso de qualquer maneira.

Ela não podia exatamente negar isso. — Era necessário.

— Nunca é necessário que você se coloque em perigo. Eu não teria conseguido chegar atévocê, embora tivesse tentado se Karcsi tivesse conseguido levá-la além das salvaguardas.

O fato de ele saber o nome escolhido do mestre vampiro significava que alguém, ou todoseles, estava compartilhando informações. — Eu sei que você está com raiva, mas fiz o que sentique era necessário. —Tentou não parecer desafiadora. Ela não era uma criança e tinha todo o

direito de tomar suas próprias decisões com base no que achava certo para todos eles, mas eleparecia mais do que bravo, parecia magoado. Culpado. Envergonhado. A vergonha era a últimacoisa que ela queria que ele sentisse.

— Você sabia, que se tivesse discutido esse plano comigo, eu teria proibido.

Apenas ouvir a palavra proibido a fez ver vermelho. Ela tentou dizer a si mesma que ele erade um tempo diferente, quando os homens governavam mulheres. Uma cultura totalmentediferente. Ela até se lembrou de que ele era uma espécie completamente diferente e a sociedadedeles, por necessidade, era diferente, mas o problema principal permanecia, eles estavam em umaconfusão e precisavam de todas as mãos para ajudar.

— Você não tem o direito de me dizer o que fazer.

Algo muito perigoso cintilou em seus olhos. Poderia estar perto da beira da morte, mas eleera um ser extremamente poderoso. — Eu tenho todo o direito como seu companheiro. —Derepente, ele parecia calmo, muito calmo.

— Nós ainda não somos companheiros, —ela retrucou, seu temperamento difícil saindo dela,apesar de seu desejo de ser razoável e tranquila com ele. Ela estava tremendo, com o estômagoembrulhado e ainda chateada por ter colocado fogo no clone de seu irmão. Vendo tanto sanguetrouxe as imagens de sua família muito perto. Sabendo que uma batalha se desenrolava a poucosmetros dela, com criaturas medonhas e vil que queriam matá-los todos de um modo muito brutala abalara.

— Nós somos companheiros, —ele assegurou em voz muito baixa. — Aparentemente, vocênão se sente como minha companheira, embora esteja ligada a mim de alma para alma e vocêesteve em minha mente por várias elevações. Parece que isso não foi o suficiente.

Seu coração deu um pequeno salto. — Não é nada disso. Eu sou humana, Andor. Você nãoviveu perto de humanos por todos esses anos então se trancou em um mosteiro. O tempo seguiuem frente e, com isso, as mulheres mudaram.

— Uma companheira ainda é a mesma.

— Você não sabe disso. Como você saberia disso?

— Como companheira você fará o que for preciso para me fazer feliz, e eu farei o mesmo porvocê.

— Às vezes, Andor, também será sobre mantê-lo seguro. Eu estou viva. E você também. Nósprecisávamos nos livrar dos vampiros e para fazer isso, tivemos que atrair o vampiro mestre.

— Era demais para três dos meus irmãos clonar você quando Karcsi conseguiu conjurar umailusão de seu irmão? Eles não pensaram que estariam arriscando você. Garanto-lhe, Lorraine, queeles nunca arriscariam suas próprias companheiras.

— Nós fizemos o que achamos que estava certo. Eles estavam fracos. Não há ninguém navizinhança para conseguir sangue. Eles queriam fazer isso que você mencionou, mas estavamtambém preocupados de que o vampiro de alguma forma descobrisse e o plano não desse certo.Tomei a decisão que achei certa.

— Se achou que estava certa, você teria falado comigo, —disse Andor. Seu olhar nunca saiudo rosto dela.

Ele parecia muito calmo. Andor estava quase sempre calmo, mas agora, não havia nenhumsinal de seu temperamento, ela estava muito preocupada. Abriu a boca para tentar levá-lo aentender seu raciocínio, mesmo sabendo que ele não aceitaria sua explicação.

— Te avio päläfertiilam. —Ela tinha aprendido o suficiente da linguagem apenas por estarem sua mente, mas ele interpretou para ela de qualquer maneira. — Você é minha companheira.

— Eu estou trabalhando minha mente em entender o que isso significa. —Ela tentou serconciliadora.

— Éntölam kuulua, avio päläfertiilam. Eu reivindico você como minha companheira.

No momento em que ele proferiu as palavras, algo dentro dela respondeu. Sentiu laçosvindos de Andor e a prendendo-a. Ela ergueu a mão. — Espere. Andor, espere.

Ele a ignorou. — Ted kuuluak, kacad, kojed. Eu pertenço a você. Élidamet andam. Euofereço minha vida por você.

Lorraine mal conseguia respirar. — Eu sei que você está chateado comigo, mas temos quefalar sobre isso. Andor, temos que discutir isso.

— Do jeito que você discutiu suas decisões comigo agora a pouco? —Aqueles olhos semnenhuma pista de emoção nunca deixaram seu rosto.

— Eu sei que eu não fiz. Entendi o seu ponto. É só que o que você está fazendo épermanente. Você está dizendo os votos de ligação, não é?

Ele assentiu devagar. — Você está certa. As palavras rituais de ligação são impressas nosmachos de nossa espécie antes de nascermos. Elas só funcionam com a mulher que é a nossaverdadeira companheira. Você não tem certeza se é minha companheira, então estamos testandoessa teoria. —Seus olhos não piscaram, e ele a lembrou de um predador. — Pesämet andam. Eute dou minha proteção. Uskolfertiilamet andam. Eu te dou minha lealdade.

— Pare com isso. Eu quero dizer isso. Você não pode fazer isso porque está chateadocomigo. Isso é algo que poderia potencialmente afetar nós dois pelo resto de nossas vidas.

— Você sendo morta não teria feito isso? Você sabe o que acontece quando um homemCárpato perde sua companheira? Quando você estava em minha mente, ou compartilhando amente de homens que não são seus companheiros, você descobriu essa informação muitoimportante?

Ela balançou a cabeça, de repente com muito medo do que ele poderia lhe dizer. Para serestritamente justa, Andor não era o tipo de homem que ficaria bravo porque ela tinha feito algoque acreditava ser o certo. Ele ficaria chateado, mas não com raiva. Será que perdera umainformação importante que poderia ter afetado sua decisão?

— O macho entrará no que é conhecido como escravidão. Em outras palavras, ele fica louco.Durante esses poucos momentos após a morte de sua companheira, ele deve optar por segui-la,ou durante a escravidão, se tornará um vampiro. Eu sou um antigo. Sou extremamente poderoso.Aqueles que podem me caçar serão os meus irmãos, isso os enviará para mais perto de suaprópria destruição, ou muito provavelmente matarei muitos caçadores dos Cárpatos e um númerodesconhecido de humanos. Tudo porque você escolheu fazer algo sem primeiro discutir comigo.

Okay. Nada disso soava bem. Ninguém havia oferecido essa informação para ela. Se

soubesse desse detalhe, talvez teria feito escolhas diferentes. Sinceramente, achou que umacompanheira era só um tipo de esposa para o povo deles. Talvez muito mais importante desdeque tiveram que procurar por séculos por ela, mas ainda assim ... tornar-se vampiro porque eles aperderam parecia extremo.

— Sívamet andam. Eu te dou o meu coração. Sielamet andam. Eu te dou minha alma.Ainamet andam. Eu te dou meu corpo. Sívamet kuuluak kaik että a ted. Do mesmo modo tomo osteus para guarda-los.

— Você está me deixando louca, —ela se opôs. — Só me dê alguns minutos para pensarsobre isso. Preciso que você explique melhor o que é uma companheira.

— Eu expliquei para você.

— Bem, eu não entendi exatamente. Claramente, é muito diferente de um humano encontrarum parceiro de vida. Andor. Você não pode dizer palavras rituais que poderia nos unir ... —Elasabia que no momento em que ela disse “poderia” tinha cometido outro erro. Estava muitonervosa. Com cada palavra que ele falava, e cada uma mais bonita que a outra, ela sentia aqueleslaços unindo-os, como se as almas deles realmente tivessem em algum momento sido uma só,dividas, e agora estavam sendo unidas de novo.

— Ainaak olenszal sívambin. Sua vida será apreciada por mim para sempre. Te élidet ainaakpide minan. Sua vida será colocada acima da minha sempre.

— De fato eu estava em sua mente, Andor, mas estava especificamente procurando batalhaspara aprender melhor como protegê-lo enquanto você estava tão terrivelmente ferido. Quando osoutros chegaram, pedi-lhes ajuda também. Quando ficou claro que você estava tão distante emcoma e Gary não poderia trazê-lo de volta, eles explicaram que minha alma estava ligada à sua eque poderiam usar esse laço entre nós para encontrá-lo. Eu não sabia o suficiente sobre suaespécie para saber o que estava fazendo, mas sabia que tinha que encontrar uma maneira de tesalvar.

— Você acha que fez isso porque queria salvar alguém depois do que aconteceu com suafamília, mas se você olhar lá no fundo, Lorraine, verá que foi muito mais do que isso.

Ele não precisava dizer isso a ela. Ela sabia. Havia uma enorme atração entre eles. — Sintomuito por não ter todas as informações necessárias para tomar boas decisões.

— Se você tivesse vindo para o seu companheiro, em vez de ir para outras pessoas que nãosão capazes de sentir emoção, teria sido informada de todos os fatos. Te avio päläfertiilam. Vocêé minha companheira. Ainaak sívamet jutta oleny. Você está unida a mim por toda a eternidade.Ainaak terád vigyázak. Você estará sempre aos meus cuidados.

Tudo o que ele falou era irrevogável. Soube imediatamente, no momento em que a últimapalavra foi pronunciada. O poder daquelas palavras rituais estava consumado. Ela se afastoudele. — Acho que realmente acabamos de ter nossa primeira briga.

— Não há necessidade de outra.

— Talvez você não perceba, mas esse seu mundo é muito esmagador, Andor. Você não podetirar meu livre arbítrio assim. Eu poderia ter me ligado a você porque queria, agora estourepensando tudo que eu achava que sabia sobre você. —Ela olhou para a floresta. Relâmpagosbifurcavam o céu, longas fitas de energia quente. Ela observou quando Ferro controlou o chicote

de energia, batendo em algo horrível no chão.

Virou a cabeça para olhar por cima do ombro para Andor. — O que mais?

— Eu não entendi.

— O que mais não me disseram que é importante? Por exemplo, você mencionou crianças,mas você é Cárpato e eu sou humana. Como isso afeta a criança?

— Você deve se tornar Cárpato.

Ela o encarou por um longo tempo, incapaz de processar completamente sua declaração,proferida de forma absolutamente tranquila por ele. Piscou como se isso pudesse mudar tudo. Emvez disso, a imagem de Andor ficou mais nítida para ela, de modo que notou as linhas profundasem seu rosto. Uma parte dela protestou, ficou alarmada. Nada poderia acontecer com ele. — Medesculpe, não entendi, como assim? —Ela disse, incapaz de acreditar que o ouviu corretamente.

— Você deve se tornar Cárpato.

— Como isso é possível? —Ela levantou uma sobrancelha, mas o encarou firmemente. Seucoração estava em sua garganta. Nada fazia sentido para ela, principalmente o que estava sentidosobre ele. Essa necessidade de desejar suavizar essas linhas de seu rosto, ou diminuir apreocupação de seus olhos. Queria dizer a ele que faria qualquer coisa para fazê-lo feliz, mas elanão era esse tipo de mulher. Ela nunca seria essa mulher. Tinha que pensar sobre as coisas antesde tomar decisões impulsivas. E isso significava que precisava de todos os fatos.

— Venha aqui.

Não foi uma ordem. Andor disse baixinho. Um pedido, porque ele não podia se mover e elapodia. Lorraine deu mais uma olhada lá fora na noite que agora estava iluminada com chamas erelâmpagos. Trovões retumbavam. Ouviu, mas não sabia se o som estrondoso era seu sanguerugindo em seus ouvidos por puro medo ou se realmente havia trovão acompanhando aqueleslongos fios crepitantes de relâmpagos chicoteando pelo céu em deslumbrantes exibições.

— Você vai me dizer algo que eu não vou gostar. —Mas ela foi até ele. Era quase umacompulsão porque não suportava ver aquelas linhas de dor e cansaço esculpidas no seu rosto.Todos tinham sido tão determinados a salvá-lo, e ninguém, muito menos ela, pensara no custopara ele. Ela alisou com a mão o rosto dele, o seu queixo. Apenas tocá-lo a fez se sentir melhor.

— Depende, sívamet. Você entendeu o que significa ser uma companheira da forma como euexpliquei? Minha alma foi dividida ao meio no nascimento. Cada pessoa contém tanto escuridãoquanto a luz. Mas, por ser um Cárpato, a escuridão veio para mim, a luz foi para você. Agora queestamos juntos novamente, sinto essa luz. Vejo em cores. Eu sinto emoções. Você é um milagreinacreditável para mim. Sem você, eu voltaria à escuridão. A perda de emoção e o retornodaquele vazio cinzento provavelmente me mandariam para o limite. Você viu essas criaturas semalma. Sabe o quão vil e horrível eles são. Passei minha vida caçando eles. Perder minha honra,tornar-me a coisa que mais detesto, no final de minha longa vida, depois que a honra foi tudopara mim, seria devastador.

Lorraine assentiu. Ela entendia o que ele estava dizendo. Sentiu sua sinceridade e entendia.Ele havia vivido uma vida com apenas sua honra para sustentá-lo. Estava em sua mente e tinhavisto isso. Honra era tudo para ele—e a seus irmãos.

— É uma impossibilidade para mim me tornar humano, Lorraine, ou eu faria isso se fosse o

que você desejasse. Eu posso envelhecer com você e escolher a morte quando você se for, pelomenos há rumores de que isso é possível. Ainda há o risco da escravidão …

— Andor, diga-me o que é preciso para se tornar Cárpato.

— Três trocas de sangue completas. Nós nem sequer tivemos uma. Eu tomei seu sangue, masvocê ainda tem que tomar o meu. Para amarrar você de alma a alma, Ferro, Gary e Sandu devemter trocado sangue com você, mas você deve ter tomado pouco deles, não o suficiente.

Ela tentou manter seu batimento cardíaco sob controle quando o seu coração ameaçou baterviolentamente. — Três trocas de sangue? O que isso significa?

Ele franziu a testa e pegou a mão dela. — Eles não tomaram seu sangue?

— Sim. Como você fez. —Do que ele estava falando? Troca de sangue? Como ela poderiatomar o sangue dele? Ele queria dizer uma transfusão? Ela não tinha dentes como os dele. Nãoentendeu muito do porquê de repente estava com medo, mas ela estava.

Andor levou a mão dela à boca e deu um beijo no centro da palma da mão. — Eles tiraram oseu sangue do seu pulso? —Ele pressionou os lábios sobre o pulso dela, bem em cima da veiapulsando freneticamente. Ela deveria saber que não conseguiria esconder o medo dele. Eleouviria a batida louca e alarmada de seu coração e o sentiria sob sua boca e o com o deslizar desua língua que parecia muito sedutor.

— Andor, —ela advertiu inquieta. — Você não deveria se mover, nem mesmo seus braços.Gary não queria você fora do solo.

— Responda-me, csecsemõ, o sangue foi tirado do seu pulso?

Ela assentiu. Ele era perigoso para a mulher que havia nela. Nunca tinha sido tão atraída porum homem, principalmente porque ela estava ocupada treinando e indo para a faculdade, osquais ela levava muito a sério. Agora, com este homem, completamente coberto de terra até opescoço, ferido, buracos no peito e na barriga, estava tão atraída que queria beijá-lo. Nãoimportava se uma guerra acontecia do lado de fora. Não importava que ele fosse Cárpato e elafosse humana ou que ele tivesse vindo de outra época, quando as mulheres eram informadassobre o que fazer e elas obedeciam. Estava tão longe desse tipo de mulher que era assustador,mas ela queria saber qual era o gosto dele.

Sua boca subiu por dentro do braço dela. Beijos minúsculos. Cada beijo fazia seu sexo vibrare seu estômago dar cambalhotas lentas. Seus dentes rasparam ocasionalmente ao longo de suapele, e isso era tão erótico que era assustador.

— Eu amarrei-nos juntos, —ele murmurou, levantando a cabeça, mas mantendo a posse deseu braço. Seus olhos encontraram os dela. — Os três estão ligados a nós, de alma a alma. A nósdois. Você pode senti-los? Sentir seus ferimentos? Estenda a mente para um deles agora,Lorraine. Deixe sua mente se expandir.

Ela praticou telepatia por anos e ficava mais forte quanto mais trabalhava nisso.Frequentemente pegava os pensamentos dos outros quando passava por eles nos corredores dafaculdade. De certa forma, era diferente do que ele estava pedindo para ela fazer. Não tinhacerteza de por que ele queria que ela tentasse sentir os outros, mas faria se era isso que eleprecisava.

Lorraine fechou os olhos e se inclinou para Andor automaticamente, como se estivesse há

centenas de anos confiando nele. Seus dedos se moveram em seu pulso interno, traçandopequenos círculos enquanto seus olhos permaneciam firmes em seu rosto. Ela podia sentir seuolhar, era tão intenso. Se estendeu para Ferro porque ele havia lutado contra o pior das criaturas.Usou o mais leve dos toques e ofegou quando sentiu a dor dele. Muita dor. Suas feridas eramseveras. Seus olhos se abriram.

— Ele não sente isso, Lorraine, só você sente. Eu posso controlar a dor. Gary pode. Sandunão vai sentir isso. A dor é uma responsabilidade para nós quando lutamos. Nós sacrificamosnossos corpos para chegar ao prêmio—o coração morto do vampiro. Você está amarrada a cadaum de nós agora, pois eles estão ligados a nós. Você é uma luz para eles, não do jeito que você épara mim, mas eles sentem isso e isso ilumina seus fardos. Porém, se a dor se tornar muita vocêseria incapaz de bloqueá-la.

— Por que não estou sentindo a sua dor? Você deve estar sentido dor, Andor, eu sei que vocêfaz.

— Sou seu companheiro. Estou evitando que você sinta as minhas dores.

— Você está gastando energia, justamente o que Gary disse que era perigoso para você fazer.

— Ele não tem uma companheira.

— Se eles tomaram meu sangue e de alguma forma me fizeram tomar o deles, se realmentehouve essas trocas, por que eu não sou Cárpato?

— Deve haver um certo volume de sangue trocado para ser considerado uma troca de sanguede fato. Gary sabe disso, e ele provavelmente advertiu os outros em não tomar demais ou dardemais a você.

— Então, você tem que me dar muito do seu sangue em troca do meu três vezes.

Ele assentiu. — Exatamente.

Seus dedos estavam subindo e descendo no braço dela, toque suave. Parecia íntimo e certo.Ela não podia imaginar estar sem ele, mas não entendia completamente as ramificaçõescompletas de ter três trocas de sangue.

— Eu não tenho presas como você.

— Eu ajudaria você. Entraria em sua mente e a ajudaria, então você seria capaz de tomar omeu sangue e ele se sentiria ... erótico.

Apenas seus dedos já pareciam erótico. — Então o que aconteceria?

— Seu corpo humano morreria e você renasceria como Cárpato.

Capítulo 7

Andor observou seus irmãos quando eles se juntaram a Lorraine e a ele. Cada homem tinhaferidas e o sangue gotejava constantemente. Ele acenou com a mão na direção deles. — Lorrainetem dificuldade com sangue.

Ferro afundou no chão. — Perdoe-me, sisarke, eu deveria ter limpado antes de me juntar avocês.

Lorraine pressionou três dedos nos lábios e assentiu, evitando olhar para os guerreiros que seaglomeravam perto. Mesmo com Andor acenando com a mão para criar uma brisa, o cheiro desangue era muito forte.

— Nós destruímos um vampiro mestre. Tentei puxar informações da mente de Karcsi antesde matá-lo, —disse Ferro, — mas ele era resistente. Pouco antes de sucumbir, vi alguém olhandopara mim através de seus olhos. —Ele se inclinou para perto de Andor. — Acredito que Sergeyesteve lá por um momento, nos observando. Isso pode significar que ele está nos espionando essetempo todo, usando qualquer coisa, de pássaros até os peões menores.

Andor apertou ainda mais a mão de Lorraine. Percebeu que acabou chocando-a com arevelação de que seu corpo humano precisaria morrer antes de se tornar Cárpato. Agora ela tinhaum olhar de horror no rosto e um arrepio percorreu sua espinha.

— Ele pode fazer isso? —Obstinadamente, ela manteve o olhar fixo no rosto de Andor, nãoolhando para os guerreiros com vários tipos de feridas graves.

Cada um deles estava removendo sinais de sangue e tentando se curar. Ela sabia que Ferroprecisaria de sangue e teria que ir ao chão. Lutar contra um vampiro mestre prejudicava seuscorpos, não importando o quão habilidoso o caçador fosse na batalha.

— Ele pode usar animais para nos espionar?

— Um mestre vampiro pode usar qualquer criatura viva para espionar, —disse Andor. —Sergey Malinov era considerado o mais fraco dos irmãos Malinov, mas era justamente ele quedeveríamos ter ficado de olho. Mesmo seus próprios irmãos não perceberam a extensão de seuplanejamento e traição. Ele tem pelo menos duas lascas de Xavier, o alto mago, nele, o quesignifica que ele tem acesso às memórias e feitiços de Xavier.

Lorraine levantou a mão para detê-lo. — Eu não posso lidar com isso. É tudo muitofantasioso para mim. Magos, vampiros, homens sobrevivendo com sangue e dormindo no chão.Eu tenho que sair por alguns minutos. Vou dar uma volta.

Andor segurou sua mão com mais força. Sívamet. Você sabe que não pode. Se eu pudesse, euandaria com você em algum lugar calmo e bonito. Gostaria de apontar as estrelas e levá-laatravés do céu para que você sentisse a paz da noite. É lindo além de qualquer imaginação. Dê-me mais alguns dias e vou fazer as coisas direito com você. Você tem minha palavra.

Falar com Lorraine tão intimamente despertou sentimentos em seu peito que estavam setornando mais profundos a cada vez que ele estava em sua mente. Seu rosto suavizou e ela sedeitou ao lado dele, virando-se apenas para encará-lo como se pudesse bloquear o resto deles.Ele olhou para Ferro e Sandu e imediatamente os dois homens se sentaram do outro lado de suacompanheira, protegendo-a dos olhares dos outros homens.

— Dragomir, é bom ver você. Isai, obrigado por atender ao chamado.

— Você está uma bagunça, —disse Dragomir, agachando-se ao lado dele. — Tariq não ficoufeliz por ter sido impedido de vir pessoalmente. Ele é vigiado a todo momento. À noite, porantigos caçadores e de dia, seu exército humano bem treinado. —Havia um traço de diversão emsua voz. — Dei sangue ao curador, e ele fará o seu melhor para que você esteja apto para viajar.

Andor assentiu. Mais do que tudo, ele queria levar Lorraine a um lugar seguro. Puxou opulso dela e trouxe a mão de volta à sua boca, mordendo suavemente os dedos dela. — Talvezvocê deva ir ao complexo, Lorraine. Há mulheres lá que eram humanas e agora são Cárpatos.Elas serão capazes de fazer você se sentir menos sozinha.

Você me faz sentir menos sozinha. Eu só preciso de tempo para pensar sobre tudo isso. Tudoaconteceu muito rápido e toda vez que acho que estou entendendo a dinâmica do seu mundo, elese expande ou muda. É um lugar muito assustador.

Ele pegou o cabelo dela, aquela massa sedosa de fios castanhos que amava esfregar entre osdedos e esmagar em seu punho. Mesmo com todos os guerreiros que a rodeavam, por maisantigos e habilidosos que fossem, durante as horas do dia, ela estaria sozinha. Eles precisavamchegar ao complexo o mais rápido possível. Amaldiçoou o fato de que ele era o único colocandotodos em perigo. Ainda assim, mesmo que Tariq mandasse um helicóptero para ele, isso nãoresolveria o problema de enfrentar o desafio do exército de Sergey. Eles não queriam levar a lutapara o complexo, onde havia mais mulheres e crianças para proteger.

— Eles estão vindo para nós com bastante força e firmeza, —disse Sandu. — Não fazsentido, Andor.

Andor sempre foi o mais pensativo entre eles. Gostava de analisar a situação com detalhes.Muito logicamente. Quando se separa a emoção das decisões que se deve tomar, quase sempre adecisão certa é tomada. Isso para eles seria fácil, pois não sentiam emoções. Mas maioria doscaçadores simplesmente não se importava com nada além de batalha. Costumava esperar porAndor para analisar melhor a situação e tomar as decisões necessárias.

— Faz sentido, considerando que, neste momento, Sergey tem apenas um objetivo. Ele nãoquer mais nada além de Elisabeta de volta. Parece ter abandonado tudo e está procurandomaneiras de resgatá-la. Ela estava com ele há centenas de anos.

Os olhos de Lorraine se abriram e se fixaram em seu rosto. — Um mestre vampiro temsentimentos por uma mulher? Eu não sabia que poderia haver vampiras do sexo feminino.

— Ela não é um vampiro. É impossível que uma mulher dos Cárpatos se tornar vampira.Sergey capturou-a e descobriu que ele podia sentir através dela. Não há como ele desistir dela,explicou Andor. — Ela está segura dentro do complexo no momento, mas ele estará desesperadopara readquiri-la.

— Ela está se curando na terra, embora seja apenas sua mente que esperamos curar. Ele apuniu, mas ele não a machucou, —disse Dragomir.

— Ele a machucou, —disse Andor. — Só não conseguimos ver as cicatrizes.

— Ela vai procurar voltar para ele.

Cada cabeça virou-se para considerar o que o curador falou. Ele havia tomado sangue de Isai,um dos irmãos de Andor do mosteiro. Gary parecia que havia recuperado sua força total, apesardas poucas lacerações que Andor podia ver nele.

— Por que você diz isso, curador? —Sandu perguntou.

— Ela não teve ninguém além de Sergey Malinov em sua vida por centenas de anos. Ele temsido tudo para ela. Ela é submissa a ele e só responde a ordens. Você não a viu? Não a observouquando ela foi colocada no chão? Está perdida sem ele. Não consegue tomar decisões por si

mesma e, quando estiver acima do solo, estará perdida. Ela nunca tomou uma única decisão porsi mesma. Dependia dele para sustento, para companhia, para tudo.

— Por que ele faria isso? —Perguntou Lorraine, sentando-se devagar e olhando para Gary.

— Os vampiros querem sentir, —explicou Gary. — Eles já foram Cárpatos e queriam sentirtanto que trocaram de bom grado suas almas por momentos de prazer instantâneos quando sealimentavam enquanto matavam suas vítimas. Você pode imaginar o que um tesouro comoElisabeta seria para ele. Ela é luz e essa luz brilha em sua alma apodrecida. Ele sente as coisasatravés da mente dela. Ele a manteve tão pura quanto possível, a fim de nunca perder isso.Ninguém, nem mesmo seus irmãos, sabia que ele a tinha.

Gary mudou-se para o outro lado de Andor. — Fique parado. Seus braços deveriam estardebaixo do manto da terra.

O curador olhou para Ferro e em um único olhar mandou a mensagem ao antigo, ordenando-o curar suas próprias feridas ou que um dos outros fizesse. Sem outra palavra, ele deslizou de seucorpo, e Andor pôde sentir uma luz incandescente movendo-se através dele.

— Não podemos ter um traidor em nosso meio, —disse Sandu.

Ferro virou a cabeça bruscamente. — Elisabeta não é uma traidora.

— Ela foi levada quando era uma mulher muito jovem e não teve contato com mais ninguémalém de Sergey Malinov, —disse Dragomir. — Alguns pensavam que Emeline era uma traidoraporque Vadim Malinov havia tomado o sangue dela e a forçado a engravidar, mas ela lutouvalentemente contra ele. Quem sabe quantos séculos se passaram antes que Sergey ganhasse ocontrole total sobre Elisabeta?

— Quando ela foi tirada da jaula, havia sinais de punição, e nos disseram que ele a haviamachucado e ameaçado prejudicar qualquer um que tentasse ajudá-la, —acrescentou Isai.

— Me expressei mal, —corrigiu Sandu imediatamente. — É verdade que ela não é umatraidora. O que aconteceu com ela foi lamentável. Talvez devesse ser escoltada de volta para asmontanhas dos Cárpatos.

Lamentável? Lorraine ficou horrorizada com a escolha de palavras.

— Sergey iria atrás dela, —disse Isai. — Tenho procurado por sinais dele. Ele tem espiõesem volta do complexo. Sergey saberá o momento em que ela se levantar do chão. Ele vai lutarpara recuperá-la. Acho que ele mandará um exército atrás dela.

Andor teve a sensação de que sabia por que Sergey estava tão interessado em sua mulher. —Lorraine está muito vulnerável aqui. Ele acha que ela é Cárpato. Ela lutou contra um peão dele eagora demonstrou superar o controle mental de um mestre vampiro. Se ele quer tanto Elisabeta,continuará a ir atrás dela. Como passou centenas de anos em sua presença, dominando-a, ele étão dependente dela quanto ela acha que é dele, mas Sergey procurará por outra mulher. Lorraineestá aqui no meio do nada e vários antigos vieram para protegê-la. Juntando isso e as habilidadesde Lorraine em se defender de vampiros, ele nunca conceberia que ela ainda é humana.

Lorraine engasgou e tentou soltar sua mão. Andor apertou-a ainda mais. — Csecsemõ, elenão poderá se aproximar de você. Olhe meus irmãos. Olhe a sua volta. Eles estão aqui paraajudar a mantê-la segura.

O peito de Andor estava pegando fogo, e ele teve que trabalhar duro para manter suacompanheira sem sentir isso. O curador era extremamente poderoso. Durante muitos séculos,Andor havia sido ferido, às vezes sofrendo uma ferida mortal, o que significava que outraspessoas precisavam ajudar na cura ou ele teria sucumbido, mas nenhuma dessas experiênciashavia sido como com Gary agora, ele trabalhava de dentro para fora, parecendo usar ummaçarico.

— Eu não entendo como ele tinha essa mulher a tanto tempo e ninguém nunca foi capaz derecuperá-la. —Houve uma pequena nota de raiva através da voz de Lorraine.

— Naqueles dias, quando ela foi levada, —disse Andor, — havia guerras humanas sendotravadas. Nosso povo se espalhou, muitos de nós, caçadores, fomos enviados por Vlad paraoutros lugares. Muitas pessoas, tanto humanas como Cárpatos, desapareceram e havia pouco afazer sobre isso.

— Elisabeta tem um irmão, Traian, —acrescentou Dragomir. — Tariq me contou que Traianprocurou por sua irmã ou qualquer informação que desse a ele uma pista do que havia acontecidocom ela. Elisabeta desapareceu sem deixar vestígios. Ninguém suspeitou dos Malinovs. Foiespeculado, muito mais tarde, quando foi descoberto que Xavier, o alto mago, estava trabalhandocontra o nosso povo, que ele a havia matado como fez com Rhiannon.

— O que Tariq fará quando Elisabeta se erguer? —Perguntou Lorraine. — Ele a mandaráembora? Se ele fizer isso, Andor, temos que ajudá-la. Parece que ela foi condicionada a fazer oque Sergey tenha dito a ela. Precisará de alguém para conversar, para ajudá-la a superar isso.

— Como alguém supera centenas de anos de condicionamento? —Isai perguntou. — Éimpossível. Ela foi moldada nesses anos sem fim por um vampiro sádico.

— Seu companheiro saberá o que fazer, saberá do que ela precisa, —garantiu Dragomir aLorraine. — E Tariq nunca a mandaria embora, assim como não teria mandado Emeline parafora da segurança do complexo. Ele só sabe que tem que ser mais vigilante.

— Se o companheiro dela não existir mais? —Perguntou Sandu. — É inteiramente possívelque ele tenha virado um vampiro ou tenha morrido há muito tempo. Em todo caso, se Sergey nãoconseguir chegar até ela fisicamente, ele tem uma ligação de sangue com ela.

Dragomir olhou para seus irmãos por um longo tempo. — Emeline tinha um vínculo desangue com Vadim. Ele a atacava todas as noites, mas ela resistiu a ele e ela era humana. Eu seique você acredita que Elisabeta pode dar informações vitais sobre o complexo e nossas defesaspara Sergey, mas ela não vai querer voltar para ele. Ela pode se sentir perdida porque não sabeque existe outras maneiras de viver, mas não nos trairá.

— Você está tão certo disso que está disposto a arriscar Emeline e seu filho? —Sandu exigiu.

Os dedos de Lorraine se moveram através das mãos de Andor. Ele olhou para o rosto dela.Ela estava definitivamente chateada com a desafortunada Elisabeta. Sívamet, ninguém vai seafastar dessa mulher. Ela é uma das nossas e será apreciada como o tesouro que ela é. Se o seucompanheiro a encontrasse, ele saberia como melhor ajudá-la.

Como? Como ele pode saber?

Seu coração deu um pulo inesperado. Não havia nenhum traço de lágrimas no rosto ou nosolhos dela, mas estava lá em sua mente. Ela realmente odiava o que tinha sido feito para a

mulher ausente. Não a conhecia, nunca a conhecera, mas estava muito chateada em nome deElisabeta. Ele se apaixonou um pouco mais por ela. Sabia que a intimidade de seu contato mentalpermitia que ele visse quem ela era e o que ela representava. Eles estavam cercados por muitosde sua espécie, mas eram apenas os dois naquele momento.

Um companheiro toma um voto para acalentar sua mulher. Para olhar pela felicidade dela.Assim como podemos ver a mente um do outro, ele poderá fazer o mesmo por Elisabeta. Suafelicidade será colocada acima da dele para todo o sempre. Ela vai sentir o mesmo por ele. Elavai querer fazê-lo feliz em todas as coisas. É a maneira do nosso povo. Elisabeta, por ter sidosubjugada por tanto tempo, pode estar ainda mais determinada a ver a felicidade de seucompanheiro, mas, mesmo que seja assim, ele equilibrará essas necessidades por ela.

Andor queria se curar o mais rápido possível e poder ficar sozinho com ela. Ser capaz detomar Lorraine em seus braços e abraçá-la. Ela precisava de conforto.

— Você acha que ele está agora aqui, nos observando?

A cabeça de Ferro subiu bruscamente. — Sisarke, ele não está perto, mas seus espiões noscercam. Estaremos na frente lutando quando saímos deste lugar. Andor estará pronto em breve.Nós precisávamos de suprimentos de sangue fresco. Não se preocupe. Vamos levá-la comsegurança para o complexo.

Sandu assentiu. — Toda essa conversa sobre Sergey deixou você desconfortável. Essa nãofoi nossa intenção. Elisabeta é uma das nossas mulheres. Mesmo que Malinov conseguisse fazeruma lavagem cerebral até que ela pensasse em nos trair, nunca a abandonaríamos. Teríamos quepensar em maneiras de combater o dano que ele causou a ela. Eu sei que soei duro para você.Senti sua desaprovação quando errei e chamei-a de traidora, mas você está dentro da minhamente o suficiente para saber que eu não abandonaria uma de nossas mulheres.

Lorraine apertou mais a mão de Andor e ele fechou os dedos ao redor dos dela para que elasoubesse que ele estava bem ali com ela. Ela não estava sozinha no meio de todos os outros. Elesempre a defenderia. — Eu sei, Sandu, é só que eu sou humana. Sou muito moderna. Você estáfalando de uma mulher que nunca teve uma outra chance de vida e todos vocês são muito frios edistantes, como se estivessem falando de algo abstrato. Aquele monstro hediondo a levou emuma idade jovem e a forçou a viver do modo como ele queria.

— Ele torturou-a em submissão, —disse Isai.

Andor queria jogar algo no homem. — É sério? Você não poderia ter tentado colocar umpouco de simpatia em sua voz quando transmitiu essa informação para ela? —Ele olhou para seucolega monge.

— O que? Eu estava dizendo à sua mulher que nenhum de nós acredita que Elisabeta éculpada por qualquer coisa que tenha se tornado. Isso não é ser simpático? —Ele olhou paraLorraine. — Isso não foi simpático?

Dragomir deu uma pequena fungada de desdém. — E ainda diz que grandes canções foramescritas sobre você.

— Elas falam de um grande guerreiro, —lembrou Isai.

— Claramente não deve ser sobre um grande guerreiro compassivo, —Dragomir insistiu.

— Compassivo e guerreiro são mutuamente exclusivos, e se você não entende isso, está

explicado porque não fizeram canções para você, —disse Isai.

— Do que eles estão falando? Canções? —Lorraine perguntou.

— O povo dos Cárpatos costuma cantar músicas sobre grandes guerreiros, —explicou Andor.— Dragomir está chateado porque ele não tem uma canção.

— Se ele não fosse tão compassivo, —disse Sandu, —poderia ter conseguido uma.

Lorraine olhou para Sandu. — Compaixão é o que faz um grande guerreiro. Você tem quetemperar suas habilidades assassinas com bondade, ou você pode se encontrar parecendo umterrível valentão e bruto.

Andor manteve todo o vestígio de humor em seu rosto, mas era impossível mantê-lo fora desua mente. Lorraine voltou seu olhar para ele e ele tentou rapidamente mudar de assunto, masantes que pudesse falar, Gary de repente estava de volta em seu corpo, balançando com cansaço,parecendo extremamente pálido, como se tivesse passado muito tempo separado do espírito e docorpo. No momento em que Gary voltou, Dragomir estava lá, oferecendo sangue.

Enquanto ele fazia isso, Isai derramou seu corpo e entrou em Andor. Lorraine observou atransferência suave. — Acho incrível o quanto vocês são tão altruístas. Vocês oferecem um aooutro sangue e vocês se curam uns aos outros, apesar dos perigos que nos rodeiam.

Andor sorriu para ela. — Nós caçamos sozinhos como regra, e muitas vezes os caçadores nãogostam de compartilhar ou trocar sangue porque, se nos transformarmos, o outro sempre podenos localizar. Falando nisso, alguém já ouviu falar como Aidan Savage está se saindo?

— Quem é Aidan Savage? —Perguntou Lorraine.

— Ele é Cárpato, companheiro de Alexandria. Ela tem um irmão mais novo, Joshua, que estáchegando a idade de um rapaz, eu acho, —disse Dragomir. — Eu tive que entrar em contatotelepaticamente com todos aqueles que Tariq precisou chamar. Aidan mora em San Francisco eestá ocupado com um território muito grande. Foi má sorte de Tariq que os Malinovs visaram osul da Califórnia para construírem sua fortaleza. Aidan está sozinho a menos que os Trovadoresestejam se apresentando por perto e então ele tem ajuda se tiver que caçar o vampiro.

— O que está acontecendo para ele precisar de ajuda? Aidan Savage é conhecido por suashabilidades. Até eu ouvi falar dele, —disse Sandu.

— Houve dois mestres vampiros causando estragos em San Francisco. Os mestres vampirossabiam da presença de Aidan na região, então o capturaram. Ele lutou contra os dois e acreditoque foi Alexandria quem veio em sua ajuda. Ela lutou ao lado de Aidan quando ele foimortalmente ferido. Não tenho ideia de como conseguiram levar Aidan ferido do local de voltapara casa deles e o colocaram no chão, mas sei que conseguiram, parece que com a ajuda dojovem Joshua e de um homem humano que trabalha para eles.

— Acreditei que o príncipe iria escolhê-lo como seu representante aqui nos Estados Unidos,—disse Andor.

Gary educadamente fechou o corte no pulso de Dragomir e sentou-se nos próprioscalcanhares. — Aidan estará se mudando para a costa leste assim que estiver bem o suficientepara viajar. Ele já está acostumado a viver na cidade e, dessa forma, estabelecer residência emalguma cidade grande no Leste será bastante fácil para ele. Outros estarão se juntando a ele.Tariq foi escolhido pelo nosso príncipe por que teve a má sorte de ter estabelecido seus negócios

aqui, na mesma região do exército de Sergey, e também sempre fez parte da sociedade humana.Ele os entende. Aidan também aprendeu a lidar com os humanos, assim como os irmãos De LaCruz na América do Sul. Aidan sempre teve uma família humana cuidando dele durante o dia.Essa mesma família agora cuida de Joshua enquanto Aidan e Alexandria dormem.

— Está tudo bem com você? —Indagou Lorraine com ansiedade, demostrando, que por estaramarrada a Gary, podia sentir sua fadiga.

Gary assentiu. — Só preciso de um tempinho para me recuperar. Todos nós nos revezaremosnas piores feridas de Andor. Esperamos tê-lo pronto para viajar na próxima elevação.

Andor sacudiu a cabeça. — Isso dará a Lorraine outro dia para passar sem ninguém por aqui.Se Sergey está planejando pegá-la, ele acabará por atacar durante o tempo em que estamos nosubsolo.

— Para todos os efeitos, Andor, —disse Gary com um suspiro, — você está morto. Vocêteve três feridas mortais. Três. Não uma. Três. Cada uma dessas feridas teria matado você. Elastêm que ser tratadas antes que possa viajar. Se tentar se mexer, tudo o que fizemos seria desfeito.Nós estaremos te levando para casa nas costas de um dragão.

Lorraine desatou a rir. — Meu Deus. Agora você está adicionando dragões à mistura.

— Podemos mudar para qualquer forma, —Andor disse a ela.

Quando ela olhou para todos eles, os irmãos assentiram. — É verdade, —assegurou Sandu.— De um dragão a uma mariposa. Você também poderá fazê-lo depois que Andor a converter.

O olhar de Andor estava fixo em sua mulher e ele viu seu desconforto imediatamente. Seuspequenos dentes brancos morderam o lábio inferior e ela sacudiu levemente a cabeça. Ele não foio único que percebeu. A cabeça de Gary subiu em alerta, assim como a de Sandu. Ferro se viroupara olhá-la. A cor de Lorraine se aprofundou.

— Você sabe que será necessário se converter, —disse Gary, com um tom muito gentil.

Andor percebeu imediatamente que, como Gary foi humano, ele tinha uma vantagem sobreos outros. Balançando a cabeça ligeiramente para impedir que os irmãos falassem, Andormanteve o olhar fixo em Gary. Esse vínculo entre os três homens, Lorraine e ele o incomodarama princípio. Agora percebeu que era uma coisa boa.

— Eu não sei ainda, —Lorraine negou.

Não havia nenhum desafio em sua voz, e isso disse a Andor mais do que qualquer outra coisaque ela realmente não tinha se decidido. Lorraine gostava de pensar antes de agir e ninguém iriaforçá-la a fazer nada, não sem passar por cima dele. Andor era paciente como regra, e esse eraum bom traço para ter quando sua companheira precisava resolver as coisas por si mesma.

— Lorraine, —disse Gary. — Um caçador macho é extremamente perigoso, especialmenteum tão antigo quanto Andor. Aqueles que trancados no mosteiro estavam lá por um motivo. Sealgum deles se transformar em vampiro, seriam necessários vários de nossos melhores caçadorespara rastrear e tentar destruí-lo, provavelmente a um grande custo. Sem você totalmente com ele,Andor sempre estará vulnerável a se tornar um vampiro, agora mais ainda do que o habitual,porque agora ele sente emoções desconhecidas que irão afetar o seu julgamento lógico e isso erao que o impediu de cometer erros terríveis.

Ela franziu a testa. — E como funciona essa parte do ritual da companheira? Dos votos? Euas escutei com muito cuidado, Gary, e ele promete colocar minha felicidade acima da sua. Se nãoestou feliz com a ideia de me tornar um Cárpato e quero permanecer humana, então os votos nãofazem sentido.

— Os machos Cárpatos foram impressos com as palavras rituais de ligação, a fim de evitarque eles se tornassem vampiros. Quando eles encontram sua companheira eles recitam aspalavras, ligando os dois juntos. Uma mulher Cárpato era criada sabendo e esperando encontrarseu verdadeiro companheiro. Ela não tinha nenhum problema em ser amarrada ao homem quepassaria uma eternidade dedicada a ela.

— Eu não sou Cárpato e não fui criado em seu mundo.

— Eu não fui criado no mundo dos Cárpatos, —disse Gary. — Nasci humano. Não sou maishumano, nem uma única parte de mim. Até meu passado é diferente, mas eu ainda entendo o quevocê teme. Tive esses mesmos medos quando Gregori me disse que iria me converter. Eu passeipela conversão e não é nada fácil.

— Isso é verdade, —disse Dragomir, — mas também descobrimos uma maneira de tornarisso mais fácil. Tariq teve que converter uma criança recentemente e para tornar mais fácil paraela, toda a comunidade ajudou e ela mal sentiu a dor. Nós mandamos essas informações de voltapara o príncipe.

— Dor? —Lorraine ecoou. — Realmente tenho que saber cada detalhe de antemão se voutomar uma decisão dessas. Não vou aceitar fazer só porque todos esperam. O ritual de ligação eradestinado a uma mulher dos Cárpatos ...

Gary sacudiu a cabeça. — É destinado a ligar uma companheira. De alma para alma. Nãoimporta se é Cárpato ou humana, você segura a luz da escuridão de Andor. Você já restaurou aemoção e a cor do mundo dele. Não há erro, você é a companheira de Andor. Se não fosse,Lorraine, não poderíamos tê-lo seguido até o mundo dos mortos. Eu sou um homem moderno.Sei que ele teria sido considerado estar coma e a medicina moderna o perderia. No mundo dosCárpatos, uma alma ainda pode ser recuperada. Você sabe o quão longe ele foi de nós. Eu nãoconsegui localizá-lo sozinho. Mesmo com Ferro e Sandu, não consegui encontrá-lo. Foi sua almaalcançando a dele que nos permitiu encontrá-lo. Nós apenas aumentamos sua força, permitindoque você o seguisse. Você sabe disso. Estava lá.

Ela admitiu com um pequeno aceno de cabeça e mordeu um pouco mais forte seu lábioinferior. — Eu não duvido que as coisas que você diz são verdadeiras. Não estou argumentando enem duvidando que sou a companheira de Andor. Só não estou segura de que estou pronta parame tornar totalmente Cárpato. Quero um pouco mais de tempo e realmente olhar de todos osângulos.

Andor levou a mão dela à sua boca e deu um beijo nos nós dos dedos. — Você terá seutempo, Lorraine. Estamos unidos de alma a alma, e desde que você perceba que somoscompanheiros, destinados a ficar juntos, quero que você tenha o que for preciso para entrar emnosso mundo com a mente totalmente preparada.

— Se você está pesando os prós e contras, —disse Gary, — considere as habilidades quevocê terá. Será mais rápida e mais forte. Será capaz de mudar e assumir qualquer forma. Serácapaz de sair de seu corpo e se tornar puro espírito para curar os outros quando necessário. Vocêjá tem habilidades incríveis. Não será apenas um trunfo para seu companheiro, mas para todos

nós. Todo o povo dos Cárpatos. Temos mulheres e crianças para proteger. Tariq é muitoinovador, e assim como eu, acredita que nossas mulheres devem saber se proteger contraqualquer perigo. Você, junto com algumas das outras mulheres, será um exemplo perfeito.

Andor fez questão de manter sua mente em branco. Ele tinha a antiga resistência à ideia desua companheira se colocar em perigo de qualquer tipo. Ser Cárpato significava adaptar-se.Adquirir conhecimento muito rapidamente. Precisava ler Lorraine como um livro e olhar paratodas as páginas, de todos os ângulos, em vez de tomar decisões precipitadas e estabelecerordens para sua mulher. Todo mundo era diferente e têm necessidades diferentes. Issosignificava que ele tinha que conhecer sua companheira e dar a ela as coisas que a manteriamfeliz. Ela estava certa quando pediu para aprender a lutar contra um vampiro apenas no caso deum aparecer. Ela aprendeu rápido e se saiu bem contra eles.

— Eu estava errado em ficar chateado com você por se permitir que os outros a usassemcomo isca antes de deixar você explicar. Tenho orgulho de suas habilidades, Lorraine —eleadmitiu. — Gary tem razão, as mulheres precisam aprender a se defender. Talvez se Elisabetasoubesse como, poderia não ter sido levada.

— Ela poderia ter tido uma chance melhor de escapar também, —disse Gary, — mas duvidoque ela soubesse, quando Sergey se aproximou dela, que ele havia escolhido desistir de sua alma.

— Ela saberia, —disse Sandu.

— Não se ele tivesse se decidido, mas ainda não tivesse feito isso. —Ferro afundou no chãocomo se estivesse cansado demais para manter a postura ereta. — Pensei nisso mais do que onecessário. Dragomir nos contou que todos os Malinovs viraram vampiros ao mesmo tempo.Então essa foi uma decisão tomada com muita reflexão. Não foi como na maioria dos casos,quando a transformação ocorre no final da resistência de um homem. Se foi assim, Sergey podeter facilmente conspirado para capturar Elisabeta. Ela o conhecia. Teria falado com ele, idofacilmente com ele, bastava algumas palavras de Sergey para convencê-la, talvez ele alegou quealguém estava ferido. Ele provavelmente a dominou e a escondeu. Se eles estavam, já nessaépoca, em aliança com Xavier, conheciam seus feitiços. Isso significa que Sergey pode ter usadodesse conhecimento para impedir que ela alcançasse seu irmão ou qualquer um de nosso povo.

— Odeio que esse monstro fez isso com ela, —disse Lorraine. — Eu quero ajudá-la.

— Voltaremos ao complexo assim que Andor puder viajar, —disse Gary. — Ela poderá selevantar daqui a algumas semanas. Eu tenho tentado curar algumas de suas velhas cicatrizes ediminuir a influência de Sergey sobre ela cada vez que Tariq a alimenta. Se você estiver lá,Lorraine, poderá ajudá-la, Elisabeta precisará de uma amiga, uma amiga muito paciente. Teráque lembrar, que ela é de um tempo diferente do seu e foi programada pelo seu captor para ser deuma certa maneira. Provavelmente nunca conseguirá ser muito diferente do que aprendeu ser,mas sua influência e a influência das outras mulheres ajudarão. Terá que ser gentil, não podetentar apenas lançar ideias modernas sobre ela.

Lorraine assentiu. Andor sentiu a mesma agitação na região do coração que estava seacostumando. Ela ouviu com muito cuidado cada palavra que Gary dizia. Tinha mais compaixãodo que a maioria dos humanos que ele conheceu, e era por isso que ele os evitou. Os humanosjulgavam um ao outro muito duramente. As mulheres pareciam ser piores em seus julgamentosdo que os homens.

Eu ainda estou em sua mente.

A maneira como ela se derramara sobre ele, preenchendo cada espaço solitário, cada fendaou buraco, fazia com que se sentisse completo. Havia um traço de diversão em sua voz.

Estou errado? Adorava a possibilidade dos dois conversarem mentalmente, em meio a tantosoutros, até mesmo aos homens que ligaram suas almas às dela. Ela reservara aquele caminhotelepático somente para ele.

Não, não posso dizer que você está, embora nem todas as mulheres sejam julgadoras.Algumas são piores que outras. Nunca descobri por que algumas mulheres vivem suas vidas emtorno de destruir outras, especialmente se aquelas outras estiveram lidando com situaçõesdifíceis. Sempre esteve além de mim, e olha que cresci em uma família competindo por troféus.Ela lhe enviou uma imagem de um troféu real com o nome dela. Meu irmão e meus paisgostavam de ‘provocar verbalmente’ os adversários perdedores no final de uma luta. Eu não.Sempre me senti um pouco mal pelo meu oponente depois de derrotá-lo. Preferia deixar minhashabilidades falarem, não minha boca.

Andor gostava disso também dela e gostou do fato de que ela indicou que estava disposta a irpara o complexo com ele. Lorraine, irei com você onde quer que queira ir, mesmo que issosignifique voltar à sua antiga vida dentro de uma cidade.

Você não seria capaz de respirar em uma cidade.

Ele não seria, mas não se importava com isso. Se isso for preciso para te fazer feliz, fareicom prazer. Ele sabia que ela estava lendo sua mente e veria que falava a verdade.

Acabei de fugir de lá, não quero mais, ela assegurou. Vou tentar viver dentro do complexo ever se a vida lá combina comigo.

Muitos Cárpatos estão comprando propriedades ao redor de Tariq e estabelecendo suaspróprias casas. Cada casa e propriedade aumenta o território defensável. Nós tecemos assalvaguardas juntos, o que significa que elas estão mais fortes do que nunca e há menos chancede um mestre vampiro, mesmo um como Sergey, bem versado nos feitiços do mago superior,poder derrubá-los.

Isai retornou ao seu corpo, pálido e precisando de sangue. Foi Sandu quem deu a eleimediatamente. Andor detestava que seus irmãos estivessem fracos por causa dele—que estavamem perigo em seu nome. Dragomir saiu de seu corpo e entrou em Andor. Ele sentia o trabalhopoderoso que tanto Isai quanto Dragomir fazia no seu corpo, tentando reparar os ferimentos, masmesmo eles sendo muito poderosos, não chegavam nem perto das habilidades de Gary com seuespírito de energia tão quente que era quase doloroso.

Ele olhou para o curador. Suas feições eram agora muito parecidas com as de umDaratrazanoff. Essa linhagem era muito distinta. Ele não era um homem nascido com poder; osantigos tinham derramado memórias e força nele, e era por isso que ele era incrivelmenteformidável. — Quando você renasceu como um Daratrazanoff, você se lembrou de suasmemórias de sua vida anterior?

Tariq havia dito a ele que antes de Gary renascer, ele já era reverenciado entre o povo dosCárpatos, quase uma lenda pelo trabalho incansável de ajudar as mulheres a carregar seus bebês.Além disso, lutou ao lado deles e protegeu crianças incapazes de ir ao chão. Ele era um gêniodisposto a dar seu tempo e energia a um povo que não era dele.

— Eu mantive tudo sim, —disse Gary. — Mantive minhas habilidades e conhecimento de

química moderna e física da minha antiga vida humana, bem como posso criar estratégias paraqualquer batalha quando necessário, que são habilidades adquiridas com a minha nova vidaCárpata.

— E o dom da cura?

— A linhagem Daratrazanoff tem uma longa história de curadores. Recebi essas habilidadesdos ancestrais Daratrazanoff. Eu não as tinha antes.

— Sua companheira nasceu na França, —disse Sandu, dando seu sangue a Isai. — Você alocalizou?

— Ela é muito jovem. Até que atinja a puberdade, não há esperança de encontrá-la. Quandoela estiver um pouco mais velha, tentarei encontrá-la. —Gary encolheu os ombros. — Se eu aachar, vou garantir que esteja segura até que atinja a maioridade. Observei o modo como Dimitrilidou com Skyler e Valentin lida com Liv. Dimitri fez contato e amizade com Skyler e estava lápara ela a qualquer momento que ela precisasse. Val faz isso agora para Liv. Farei o mesmo pelaminha companheira.

— Disseram-me que isso afeta enormemente um macho, —objetou Andor. — Você é um denós. O mesmo que os irmãos, perto demais do fim. Se você adicionar esse fardo ... —Ele parou.

— Como você fez? —Gary respondeu.

— Espere. O que você quer dizer com isso? —Lorraine exigiu. — Como Andor aumentouseu fardo? Pelo que eu entendi, uma vez que um caçador encontre sua companheira ele estará asalvo de se transformar.

— Isso não é inteiramente verdade, —disse Sandu.

Andor sacudiu a cabeça, franzindo o cenho ferozmente para o seu companheiro monge.Lorraine se ajoelhou e segurou o rosto dele entre as mãos. — Eu quero todas as informações, nãopedaços que você acha que vou gostar. Tudo, tanto bom quanto ruim.

— Csecsemõ, eu quero que tome sua decisão com base no que você quer, não no que achaque é melhor para mim. Eu sou um homem. Farei o que for preciso para te fazer feliz. Se vocêpreferir viver como humana, também tomarei essa decisão.

Ela balançou a cabeça. — Isso não é justo para mim. Você nos amarrou juntos através deseus votos rituais. Eu senti eles nos unir, Andor. Não posso te deixar e nem quero. Se continuarhumana ou me tornar Cárpata for uma escolha, então preciso das informações inteiras, nãoapenas pedaços delas, dessa forma vou poder tomar a melhor decisão para nós. Eu não estoumais sozinha. Você se certificou de que nos tornemos um só. Agora aguente e aprenda a vivercom isso.

Sandu sorriu para ele. — Acho que gosto dessa garota. Não posso sentir, Lorraine, não comminhas emoções, mas minha alma está ligada à sua e posso sentir através de você. Isso foi genial,e meu carinho por você é como o de Ferro, o de um irmão. Você é boa demais para Andor.

Andor nivelou seu olhar para Sandu. — Muito engraçado. Você deveria estar me defendendoe não a convencendo a me deixar.

— Eu acabei de dizer que ela é boa demais para você, e ela é.

Andor não podia argumentar exatamente com isso. — O fato de estarmos ligados pelo ritual,

mas não unidos pelo sangue, tem um preço para mim. Eu não me transformaria porque sua almailumina a minha, mas é um fardo muito pesado.

Isso soa como uma versão diluída da informação.

Ele permaneceu em silêncio. O que havia para dizer? Ela entendeu, ele podia dizer pelamaneira do olhar pensativo que ela tinha em seu rosto. Amarrei-nos juntos, Lorraine, porque nãotive escolha. Meu sangue me obriga a nos amarrar. Minha alma exigiu isso. Esta é sua decisão.Não deixe os outros influenciarem você. Essa escolha deve ser sua.

Ela estudou o rosto dele por muito tempo. — Acho que deveria ser nossa, —disse ela em vozalta. — Seus irmãos, no pouco tempo que os conheci, me devolveram uma família quando penseique passaria minha vida para sempre sozinha. Você me ofereceu um mundo onde eu posso serútil, onde minha vida tem significado. Fui informada sobre uma mulher que precisa de amigos.Talvez possa ter a chance de ajudá-la. Há crianças precisando de proteção.

— A mulher de Dragomir está grávida, —disse Sandu. — É uma circunstância muitocomplicada. Ela foi engravidada por um vampiro. Isso não era possível até esse caso, é aprimeira vez que vimos acontecer. Dragomir foi capaz de substituir o sangue ácido do vampiropelo o seu próprio sangue através da mãe, que também foi curada com a ajuda do nosso curador.

— E de outros, —disse Gary.

O curador estava de olhos fechados e Andor sabia que ele faria a próxima sessão de cura noseu corpo para que ele pudesse ser reparado o suficiente e viajar na próxima elevação. Eletambém estava preocupado que Lorraine ficaria sozinha durante o dia.

— Ela precisa de amigas, —apontou Sandu. — Amigas mulheres. Lá tem Charlotte e Blaze.Blaze é muito parecida com você. Suspeito que quando vocês duas terminarem de conversar,terão iniciado um exército de mulheres caçadoras de vampiros.

Lorraine olhou para ele. — Eu ouço a gozação em sua voz, seu chauvinista.

Sandu colocou a mão sobre o coração. — Sisarke, como você pode dizer uma coisa dessas?

— Eu também ouvi, —disse Andor decisivamente.

Capítulo 8

Lorraine acordou pelo menos duas horas antes do pôr-do-sol, seu coração batendo rápidodemais, como se algo, que não era ela, estivesse no controle. Vestígios de pesadelos estavam emsua mente. Imagens de seu irmão, de seus pais, sua tia e tio no chão. Os pais do melhor amigo deTheodore. Tanto sangue. Estava impregnada disso. Por toda parte, por toda a roupa dela. Nasmãos dela. Nos cabelos. Tentou passar pelo sangue e alcançar sua mãe, mas não importavaquantos passos dava, não conseguia se aproximar.

Ela se sentou, ofegando por ar, seus pulmões roncos tentando respirar. Queria que ospesadelos parassem. Ela os tinha todas as noites. Às vezes não precisava nem estar dormindo,bastava fechar os olhos e as imagens estavam lá, como se estivessem sido marcadas por trás desuas pálpebras.

Olhou em volta dela. Parecia estar sozinha. Não havia tenda, mas sabia que os homenstinham tecido um escudo forte no alto e abaixo do solo onde todos dormiam. O perímetro doacampamento também foi salvaguardado. Dobrou os joelhos e os abraçou, balançando parafrente e para trás, agradecida por estar sozinha. Não gostava que ninguém testemunhasse suasfraquezas, e essas lágrimas que desciam em seu rosto e esses tremores que não conseguiacontrolar, para ela, eram fraquezas.

Não podia mudar o que Theodore tinha feito. O que poderia fazer era manter em seu coração,a imagem do irmão mais velho que ninguém mais se lembraria. Algum dia, ela conseguiria atéperdoá-lo. Viver com a memória do crime, encontrar com pessoas que sempre a julgariam emuito pior, que julgariam seus pais, era muito mais difícil.

Se ela fosse muito honesta, havia uma pequena parte dela que estava zangada com seus paispor não terem contado a ela que Theodore estava com problemas. Quando ele começou a mudar?A última vez que ela esteve em casa, e admitia que demorara um pouco para voltar, meses antes,ele parecia bem. Ele estava chateado por não ter vencido as competições nacionais, mas estavabem. Uma vez que tinha conseguido tirá-lo da casa e do quarto—a caverna, como ela chamava,ele costumava a se trancar lá por semanas—eles riam e conversaram como sempre faziam.

Ela se levantou e se espreguiçou. Pegou a calça jeans e as botas de caminhada e depoisacrescentou uma camiseta azul-marinho. O ar estava ficando frio, então também vestiu o casaco.Se ela fosse Cárpato, não precisaria encontrar uma árvore ou um arbusto para as suasnecessidades. Não teria que se preocupar com comida no meio do nada. Ainda tinha muitacomida em sua mochila, mas nada mais lhe atraía.

Saiu do seu abrigo. Era estranho saber que podia enxergar o abrigo, mas ninguém mais podia,para outra pessoa seria como se não estivesse lá. O sol brilhou e ela estendeu a mão em direção aele. Se ela se tornasse Cárpato, perderia isso. Sempre gostou de sol. Amava acampar e estar ao arlivre. Andor havia dito para deixá-lo mostrar seu mundo a ela. À noite.

Tamborilou os dedos na coxa enquanto caminhava em direção ao arbusto que os caçadoresdos Cárpatos haviam incluído em seu círculo de segurança. Eles achavam que ela era boba porpreferir arbustos, mas não estava prestes a fazer suas necessidades em campo aberto, só porquealgum caçador humano ou fantoche de vampiro poderia vê-la.

Andor. O que iria fazer com ele? Ele foi tão inesperado. Ela gostava de sua companhia e deconversar com ele. Sentia-se em paz quando estava perto dele ou em sua mente. Quandoconversavam telepaticamente, não podia deixar de sentir uma profunda conexão emocional comele, além de estar fisicamente conectada também. Viu seu corpo rasgado em pedaços, sua barrigaaberta e uma ferida enorme em seu peito. Ele tinha outra em suas costas, baixo em direção a suaespinha onde um dos mestres vampiros quase o rasgou em dois. Gary dissera que sua colunaescapou por um fio de cabelo.

Levantou o rosto para o sol novamente quando saiu dos arbustos. Os raios pareciam bons emseu rosto e pele, embora sentiu um pouco de formigamento, como se estivesse em perigo de sequeimar. Ela deu seu sangue para Sandu, Gary e Ferro, assim como Andor. Cada um dos antigoshavia lhe dado uma pequena quantidade de sangue, mas ainda não havia feito uma troca desangue com Andor.

Gary queria que ela fizesse pelo menos duas trocas de sangue com Andor, para estarpreparada. Não perguntou o que ele quis dizer com isso porque ela sabia. Se fosse ferida na luta

em curso com as forças de Sergey, Gary queria que eles pudessem convertê-la mais rapidamente.Andor não fez a primeira troca de sangue antes que Gary o colocasse profundamente no chão.Sabia que os outros planejavam dormir ao seu redor, acima, abaixo e em ambos os lados dele.Ela também ouviu essa discussão.

Não havia fantoches. Alguns poucos animais selvagens ao redor, mas nem sinal de humanosou qualquer outra coisa. Ficou um pouco surpresa com o número de animais. Normalmente, teriaesperado ver alguns cervos, talvez um coelho ou dois, talvez ratos, mas havia uma raposa curiosae vários guaxinins junto com o cervo. Cada um chegara perto das salvaguardas e depois seafastara.

Lorraine andava de um lado para o outro, tentando tomar uma decisão. Sabia que queria estarcom Andor e os outros. Ela gostou deles. Gostou especialmente do fato que eles a considerava desua família. Ela precisava disso. Precisava saber que tinha valor e significado. E certamente elesderam isso a ela. O que ela estava esperando para dar o último passo?

Queria ser amada. Seu pai amava sua mãe. Realmente a amava. Ela sabia, pelo modo comoos homens falavam, que uma companheira era estimada, que ele seria sempre fiel, que nãohaveria outra. Ela ouviu isso de todos eles. A parte de ser uma companheira que ela achavadifícil de engolir era que Andor não a escolheu realmente. Ela foi escolhida para ele.

Poderia se apaixonar por ele? Claro que sim. Não havia uma dúvida em sua mente. Cada umde seus irmãos era de boa aparência, homens intimidadores. Poderosos. Perigosos. Engraçados, amaneira deles. Muito inteligentes. Ela não estava nem um pouco atraída por eles. Pensava nelescomo irmãos mais velhos e não tinha nenhuma vibração em seu estômago quando algum deles seaproximava. Era a Andor a quem seu corpo respondia, e olha que ele estava coberto de sangue eterra a maior parte do tempo. Ele não foi capaz de se levantar ou ajudar a lutar contra osvampiros, mas isso não importava. Ela gostava dele. Muito.

Teria se interessado por Andor se ele fosse humano, mesmo com a sua vida virada de cabeçapara baixo e estando de luto. Mas mesmo assim teria olhado para ele. Andor teria olhado para eladuas vezes se ela não fosse sua companheira? Não, ele não faria isso. Ela sabia disso. Então, elanão era a escolha dele, era mais sua obrigação—certo, não uma obrigação, era mais comodestino. Ele não podia escapar de estar com ela, mesmo que quisesse. Talvez pela morte ...

— Droga. —Ela murmurou em voz alta, pegou uma pedra e jogou de volta no chão. Queria avida que ele estava oferecendo a ela. Queria o homem que estava se oferecendo a ela. Seria umatola em não aceitar essas coisas. Além do mais, não queria que ele sofresse de forma alguma.Como as mulheres, que esses homens se ligavam, sentiam que eram realmente a escolha de seushomens?

Ela tinha confiança em si mesma. Ou teve até que sua família foi aniquilada. Tudo em queacreditava havia sido arrancado debaixo dela. Os amigos que ela tinha há anos, alguns desde ojardim de infância, viraram as costas para ela como se ela fosse fazer o mesmo que seu irmão feza qualquer momento. Justamente as pessoas que ela contava para superar essa tragédia, foram asmesmas que a fizeram se sentir culpada.

Tentou voltar para a faculdade e terminar sua graduação. O estigma a seguiu. Ouviusussurros nas suas costas e o silêncio repentino quando entrava em uma sala. Queria gritar comtodos que ela não era a culpada, mas no fundo, uma parte dela sempre se culpou por não ter vistoo que seu irmão estava fazendo para si mesmo.

Não queria escolher ficar ao lado de Andor para fugir de seus problemas. Queria escolher elee a vida que lhe oferecia porque o amava muito. Não deveria ser uma obrigação, ou porque elaqueria se esconder, ou mesmo obra de um destino. Andor era um homem que merecia ser amadode todo o coração. Ela não esperava que encontraria um homem que pudesse amar desse jeito,até encontrá-lo.

Um farfalhar de folhas chamou sua atenção e ela se virou, sua mente rapidamente indo paraonde todas as armas escondidas que os antigos tinham criado para ela. Ela os organizou da formaque sabia que tinha mais habilidade e as mais letais, assim escolheu a que ela tinha que usar paramatar o fantoche de um vampiro.

Dois homens saíram das árvores e desceram escorregando a colina em seus traseiros. Um riu,o outro pareceu envergonhado. Nenhum dos dois parecia ser um fantoche comedor de carne.Ambos pareciam totalmente humanos com suas mochilas e botas de caminhada. — Hey, você aí.—O envergonhado falou primeiro. — O que você está fazendo aqui no meio do nada? Eu souHerman, a propósito, e este é Adam.

— Lorraine. —Ela se afastou até que ela estava perto de sua mochila. Deveria estarcarregando uma arma em todos os momentos. Havia uma ao lado de onde estava dormindo eoutra em sua mochila. Sabia que não deveria andar para qualquer lugar sem uma arma de fogo,mas acabou optando por um lança-chamas. Uma arma desencorajaria um humano muito maisrápido. — Estou à procura de ficar sozinha um pouco, contemplando a vida.

— Estamos fazendo o mesmo, —disse Herman. Ele olhou por cima do ombro para Adam,que estava tirando o pó do traseiro e ainda sorrindo. — Não somos muito bons em acampar, —disse Adam. — É a nossa primeira vez. Até agora, não conseguimos montar uma barraca oufazer uma fogueira para cozinhar qualquer coisa.

Essa parte poderia ser verdade. As mochilas pareciam novas e Herman a usava de formaerrada, o que provavelmente o deixaria muito desconfortável enquanto percorriam distânciasmais longas. Nenhum deles tinha botas de caminhada que pareciam terem sido usadas. Botasnovas machucam os pés e causam bolhas. Como se para provar seu ponto de vista, Adam sentouna beira da ladeira e começou a desamarrar as botas.

— Odeio essas coisas. Eu deveria ter usado tênis.

— Pare de reclamar, —Herman aconselhou e deu alguns passos em direção a ela.

— Pare. —Lorraine acreditava que seria justo dar um aviso prévio. — Eu não estouconfortável com você mais perto. Tenho armas comigo e sou muito habilidosa com o uso delas.—Não que ela achasse que nenhum dos dois homens era uma ameaça. Eles certamente nãopareciam ser ameaçadores em comparação com as criaturas hediondas e com poderes incríveisque ela estava lutando.

Herman era muito mais musculoso que Adam. Adam era esbelto com cabelos cor de areia eum sorriso perpétuo. Herman, por outro lado, tinha uma carranca perpétua e a estava usando paraela agora enquanto ele quase derrapou até parar a poucos metros da barreira invisível que osseparava.

— O que diabos acha que vamos fazer? —Ele exigiu de forma hostil.

— Herman. —Adam levantou-se lentamente, um sapato pendurado em sua mão. — Ela éuma mulher que está sozinha aqui. Recue. Você não tem que estar em cima dela para falar com

ela. —Ele enviou um sorriso fácil em sua direção e sentou de volta na encosta. — Herman nãocomeu nada hoje e ele fica irritado quando está com fome. Baixo teor de açúcar no sangue. Nósrealmente pensamos que conseguiríamos fazer isso. Todos os nossos amigos nos dizemconstantemente como é divertido acampar, mas até agora foi uma droga. Eles apostaram com agente e nós aceitamos, principalmente porque apostaram muito dinheiro.

Ela remexeu em sua mochila até encontrar um par de pacotes de misturas para lanche17. —Aqui, isso pode ajudar. —Jogou um para Herman. Qualquer coisa ou qualquer um poderia sairdo círculo de segurança, mas nada poderia entrar—não sem um convite. A salvaguarda fazia umaexceção para ela, pois eles consideravam a possibilidade dela, acidentalmente, esquecesse eultrapassasse as linhas exatas de defesa. Ela poderia alcançar qualquer um dos homens ligadosalma a alma com ela e esperar que um deles acordasse o suficiente e a convidasse de volta paradentro. Não era exatamente o tipo de mulher que esqueceria onde estavam as linhas desegurança.

— Obrigado, —Herman disse, soando um pouco amolecido. — Desculpe eu fui rude comvocê. Entendo como você pode considerar dois homens uma ameaça.

— Você tem alguma água? —Adam perguntou.

Ela franziu a testa. — Como vocês podem sair para longe sem água ou comida?

Eles se entreolharam e depois voltaram para ela. Herman suspirou, enfiou um punhado demisturas na boca e depois ofereceu um pouco para Adam. — Estamos perdidos. Nós nos viramose pensamos que estávamos voltando pelo caminho, mas nada pareceu familiar.

Ela puxou a mochila para perto, girando um pouco para que seu corpo bloqueasse omovimento de sua mão enquanto puxava a arma para fora e a enfiava no cós da calça jeans naparte baixa de suas costas. Pegou a maior garrafa de água, voltou-se para eles e a jogou paraAdam. Ele pegou no ar, assim como Herman pegou o pacote de comida rápida.

Seu coração acelerou e então se estabeleceu. — De onde vocês são?

— San Diego, —Adam respondeu e, em seguida, tomou um longo gole de água da garrafa,limpando a boca com as costas da mão. — Estamos muito mais à vontade em uma boate do queno deserto. Eu trabalho como executivo de publicidade. Tecnicamente, Herman poderia ser meuchefe, mas como nós dois somos donos da empresa, ele não é.

Herman fez uma careta para ele. — Você não é um sócio.

— Isso está em debate. Você tem o dinheiro, querido, e eu tenho o cérebro e talento. —Adam riu de maneira monótona.

A carranca de Herman desapareceu e ele sorriu e balançou a cabeça. — Ele é ridículo.

— Mas sincero.

— Sim, você é sincera, —concordou Herman. Ele olhou de volta para Lorraine com umsorriso fácil. — O que você está fazendo aqui? Está sozinha?

Sentiu uma sondagem suave em sua mente. Um toque. Quase imperceptível, mas era umempurrão para ela dizer a verdade. Não via razão para não dizer a verdade, pelo menosparcialmente. — Sou Lorraine Peters. Nove meses atrás, meu irmão, Theodore Peters, matounossos pais, tia e tio e alguns amigos da família. Tive muitos problemas com a notoriedade e

decidi vir para cá, dar um tempo sozinha e tentar curar um pouco. É uma ferida bem aberta. —Isso era estritamente a verdade e ela até conseguiu colocar a palavra sozinha ali. Encolheu osombros e tentou parecer como se não estivesse desconfiada, mas estava. Eles já sabiam aresposta para sua última pergunta—se ela estava sozinha ou não—eles reconheceram que elaestava sozinha anteriormente.

Esses homens não caminharam por quatro dias pelo deserto e floresta. Provavelmentevoaram de avião e pousaram em algum lugar em um campo próximo. Por que mentiriam? Nãohavia como esses dois homens terem caminhado por mato e floresta. Eram definitivamentehumanos, mas possuíam habilidades psíquicas, ou pelo menos Adam possuía. Ela simplesmentenão tinha certeza de quais eram essas habilidades psíquicas.

Herman parecia o mais dominante dos dois, mas Adam levantava mais suas suspeitas. FoiAdam quem fez a suave sondagem em sua mente. Ele não era um mestre vampiro, que seriacapaz de derrubar suas barreiras mentais e ela estava ainda mais forte do que era, depois de fazertodos os exercícios que os antigos ensinaram.

Eles pareciam muito descolados. Usavam jeans skinny18 com uma bainha enrolada. Nãoconhecia ninguém que fizesse caminhada de jeans skinny. Suas roupas pareciam novas, apesardeles terem descido a encosta escorregando em seus traseiros. Admitiram que nunca haviamcaminhado antes. Havia até uma possibilidade de que realmente não passavam de dois homenscom dinheiro sobrando e não sabendo o que fazer com ele, aceitaram uma aposta de seus amigose acabaram perdidos, exceto que ela não acreditava nisso. Era tudo muito conveniente, e alémdisso havia a habilidade de Adam. Não conhecia mais ninguém como ela—nem mesmo nafaculdade—então, quais eram as chances de ele sair para caminhar, se perder e tropeçar nela?

Olhou para o sol. Mais uma hora até o sol se pôr? Andor saberia exatamente. Os Cárpatospareciam sempre saber quando o sol se punha e quando nascia.

— Sinto muito pelo seu irmão e sua família, —disse Adam. Ele olhou e soou genuinamentearrependido. — Isso deve ser terrível para você.

— Não há palavras, —Herman concordou. — Eu sinto muito, Lorraine.

Sua simpatia foi inesperada e ela se sentiu mais do que confusa. Eles pareciam tão sincerosque ela sentiu a tristeza aumentar, o pesar feroz e debilitante que poderia a sobrecarregar sem umsegundo aviso. Empurrou-o para baixo esses sentimentos e deu-lhes um sorriso indiferente. —Não, não há palavras. Eu estava na faculdade. Um dia tinha todos eles, e no outro, minha famíliase foi.

Adam balançou a cabeça e olhou para a garrafa de água em sua mão. — É por isso que estáescrito Theodore aqui.

Claro, ela trouxe parte do equipamento de acampamento de seu irmão porque era melhor doque o dela e isso a fazia se sentir perto dele, como se tivesse trazido parte de seu irmão maisvelho, aquele que a amou e protegeu—junto com ela para o deserto. Ela assentiu. — Sim.

— Eu realmente sinto muito, —Adam reiterou. — Não posso nem imaginar.

Ela não respondeu, mas deu uma olhada lenta e cuidadosa ao redor. Os antigos disseram queSergey enviava espiões na forma de animais e que enviava fantoches humanos. Ela procuraraimagens de tais coisas nas mentes dos caçadores para que as reconhecesse. Não havia nada em

suas memórias que ela tivesse acessado como Adam ou Herman. Havia um corvo olhando paraela dos galhos de um pinheiro. Outro estava sentado com as asas dobradas e os olhos afiados epequenos a poucos metros do primeiro pássaro, mais alto, perto do topo de outro pinheiro. Umarrepio gelado percorreu sua espinha.

Quando ela olhou de volta para Herman, ele seguiu seu olhar para o pássaro. — Será que elessempre fazem isso, apenas se sentam e olham?

— Sim, —Adam entrou na conversa. — É assustador.

— Ele provavelmente está procurando por um alimento grátis. Os corvos são pássarosinteligentes. Se outros caminhantes ou campistas os alimentarem, aprenderão a seguir oscampistas para obter uma refeição grátis.

Herman desviou o olhar do pássaro, encolhendo os ombros. — Isso faz sentido. —Ele olhoupara o relógio. Era uma olhada rápida e uma que ela provavelmente teria perdido se não tivessesido treinada desde tão nova para observar todas as nuances, todos os gestos e todas asexpressões faciais. Ele olhou para Adam.

— Você está se sentindo mais confortável com a gente? —Adam perguntou.

Ela deu-lhes um pequeno sorriso, encolhendo os ombros ao mesmo tempo. — Ainda não.Estou no meio do nada sozinha. Além disso, vocês estão de passagem, tentando encontrar ocaminho de casa, não é?

Herman assentiu. — Queremos dar o fora daqui.

Ela apontou para um rastro fraco logo no início da encosta. — Esse rastro vai levar vocês aoriacho. Vocês encontrarão uma bifurcação. Uma das trilhas tem sinais de ser muito mais usada, aoutra nem tanto. Pegue a mais usada e ela os levará para fora daqui. Levará alguns dias, mas sevocês continuarem nesse caminho, chegarão em casa.

Os dois homens se entreolharam e depois para ela. — Você pode vir conosco para nosmostrar? —Herman perguntou.

Ela balançou a cabeça. — Creio que não será possível, mas vocês irão conseguir. Só nãoposso sair caminhando sozinha com dois homens desconhecidos. Isso seria tolice, e eu não souuma pessoa tola.

O corvo sentado bem alto no pinheiro abriu bem as asas e as agitou. Ao mesmo tempo, opássaro abriu seu bico curvilíneo de aparência afiada e resmungou alto. O som rangeu em seusnervos. Ela esfregou os braços para cima e para baixo, tentando acalmar os arrepios.

Herman suspirou e levantou-se devagar. Um barulho, muito parecido com um urso rosnando,fez Adam pular de pé. Ambos se viraram para enfrentar a linha de árvores mais espessas.

Lorraine lentamente se levantou, seu coração começou a bater. Esse barulho não era bom. Ocorvo gritou novamente, o som como unhas em um quadro negro. Parecia que a criatura, que searrastava na direção deles, respondia com outro grito profundo.

Andor, alguma coisa está acontecendo. Eu não tenho ideia do que fazer. Você pode acordar?Houve um breve momento em que tudo o que ela pôde ouvir foi o próprio batimento cardíaco.Segurou a respiração, nunca tirando o olhar do caminho acima dos dois homens.

Estou aqui. Estou lendo as memórias dos dois homens em sua mente. Não acredite neles.

Isso não ajudava. Ela não confiava neles. Mas algo muito pior do que esses dois machoshumanos estavam naquela floresta vindo em direção a eles. O mato balançou. Ela percebeu afraca diferença de cor, como se alguma coisa suja houvesse manchado os verdes vívidos. Asfolhas murcharam e enrolaram em si mesmas.

Você viu isso?

Eu estou olhando através dos seus olhos. Continue procurando lá.

Você pode ver Herman e Adam? Os dois homens estavam olhando para a encosta também.Ambos haviam abandonado as mochilas e estavam andando para longe da encosta. Adam aindatinha a garrafa de água de Theodore na mão, e ela queria correr e arrancá-lo para longe dele.

Não deixe o círculo, Lorraine.

Foi a primeira vez que ela realmente ouviu o comando firme em sua voz. Um arrepio passoupor seu corpo, e não sabia se isso era bom ou ruim. Algo sobre esse tom em sua mente aincendiou de um jeito que não entendia.

Eu não planejei sair. Ela era inteligente o suficiente para saber que o que estava vindo emsua direção não era algo bom. — Vocês dois precisam sair daqui agora, —ela avisou. — Isso nãosoa bem. Vocês estão em aberto.

— Você também está, —apontou Herman que continuou recuando até atingir a salvaguarda.Faíscas voaram no ar e ele gritou. Sua camisa estava chamuscada, o cheiro de pano queimandopersistente. Ele se virou, batendo na sua camisa atrás e olhando para ela. — Que raio foi isso?

— É uma barreira de segurança. Ninguém pode passar por ela.

O rugido subiu novamente e uma criatura medonha saiu das árvores. Andando devagar,cambaleando de um lado para o outro. O rosto estava distorcido, um olho caído. Havia buracosno rosto e os olhos vermelhos.

— Puta merda! —Adam gritou e tropeçou para trás sentando com a bunda no chão e ficou lána terra encarando a criatura.

Ele tem que se mover. O garoto é totalmente humano e essa coisa é um fantoche de vampiroque irá atacá-lo. O fantoche provavelmente foi programado para raptar você.

Eu pensei que iria querer me destruir.

Estou apenas supondo, Lorraine, é provável que o mestre vampiro queira você viva e inteira.Mas qualquer outra pessoa que tropeçar na frente dessa coisa poderá ser destruído, incluindoAdam e Herman.

— Saiam daqui! —Ela gritou. — Depressa!

Felizmente, o fantoche caminhava a um ritmo relativamente lento. Se Adam e Hermancorressem, estariam seguros, mas nenhum deles estava se movendo. Pareciam paralisados com avisão da criatura, tão chocados que estavam congelados no lugar.

Lorraine, concentre-se no fantoche. Ele não pode chegar até você. Não pode passar assalvaguardas. Você teria que emitir um convite para ele.

— Vocês precisam correr, —ela disse novamente para os dois estranhos.

Adam, com os olhos arregalados de medo, balançou a cabeça. — Não podemos deixar você

aqui sozinha. Podemos ser amadores na floresta, mas não somos covardes. Venha com a gente evamos correr.

— Estou segura onde estou. Não pode chegar até mim. Se vocês saírem daqui, estarãoseguros.

Herman mais uma vez recuou direto para a barreira, tão perto que ela podia ver sua camisachamuscada, onde as costas haviam encostado nas grossas proteções tecidas. Ele olhou para elapor cima do ombro, o rosto distorcido de medo. — Como podemos entrar onde você está, dessaforma essa coisa não poderá nos pegar também, porque, evidentemente, não estamos indoembora sem você.

O fantoche continuou até a beira da encosta, olhou para baixo e rugiu de novo, os olhosvermelhos fixos nos três. Pela primeira vez, Lorraine sentiu um laço com os outros dois homens.Todos os três eram humanos, um denominador comum.

Se eles não forem embora, vou ter que convidá-los, Andor. Eu não posso deixar essa coisaatacá-los.

Você não vai. Respire fundo. Me sinta respirando com você.

Você está sob o maldito chão, Andor, não deveria estar respirando. Ela sabia que parecia umpouco histérica. Quando os vampiros atacaram não ficou tão frenética, por que agora? Por que ofantoche que a deixava tão descontrolada?

Eu não sou assim, Andor. Você pode contar comigo. Mas ela estava assim. Ela estavaexatamente assim—se aproximando da histeria.

Sívamet. Respire. Você está segurando sua respiração. Faz todo o sentido se sentir assim.Um fantoche de vampiro já foi um ser humano. Dois outros humanos que estão em uma claramissão de raptar você. Você é humana e, mais do que tudo, sofreu o pior dos traumas. A últimacoisa que quer ver é um ser humano despedaçado.

Seu coração batia descontroladamente. Seus pulmões queimavam. Ela agarrou sua arma paratentar se acalmar. É isso que esse fantoche vai fazer? Rasgá-los em pedaços?

Pela primeira vez, Andor hesitou.

Diga-me. Ela quase gritou as duas palavras em sua mente. Você tem que me dizer agora.

O fantoche saiu da encosta. Não descendo da maneira correta, com cuidado, mas passandodireto, como se pensasse que poderia andar no ar. Caiu, rolando, grunhindo, seus braços seagitando, as pernas trabalhando como se ainda estivesse andando. Quando chegou ao fundo,ficou por um minuto como se estivesse atordoado, mas sua cabeça estava virada para encará-lose seus olhos vermelhos olhavam sem piscar diretamente em sua presa.

Come carne humana, Lorraine. Ele anseia por isso. Se chegar a qualquer um desses homens,você não poderá assistir. Terá que se afastar.

— Herman, Adam, essa coisa come pessoas. Saiam daqui. Vocês precisam ir. Agora.

Os dois homens se viraram para ela e correram direto para ela. Simultaneamente, elesacertaram a barreira e gritaram, as faíscas subiram como minúsculas chamas ao redor delesenquanto eles ricocheteavam. Caíram no chão, mas levantaram, olhando para o fantoche quetinha ficado em pé e estava se arrastando na direção deles. Era lento, mas firme e suas intenções

eram muito claras.

Quanto mais perto ficava deles, mais fácil via-se os detalhes. A criatura era horripilante.Lorraine podia identificar que outrora fora um homem. Podia vê-lo sob a carne podre. Sua bocaera uma faixa irregular. Seus dentes eram marrons e havia manchas no queixo e na roupa. Queparecia que foi um terno que ele usava.

Herman subitamente endureceu. — Ethan? Oh meu Deus, Adam. Eu acho que é Ethan.

Mesmo que Herman tenha se afastado dela e ela não pudesse ver sua expressão, Lorrainehavia sido treinada para ler a linguagem corporal, e ele parecia genuinamente chocado. Hermanaté deu um passo em direção ao fantoche medonho e esticou uma das mãos na direção dele.

Adam pegou o braço de Herman e o empurrou para baixo. Ela teve um vislumbre daexpressão horrorizada de Adam. Era genuíno. Não havia como fingir isso. Ambos os homens seaproximaram da barreira.

Andor, eu tenho que deixá-los entrar.

Lorraine. Sívam és sielam. Você é meu coração e minha alma. Precisa usar sua cabeça, nãoseu coração. Por que esses homens não fugiriam? Pelo menos deveriam ter corrido atrás dabarreira, ou ao redor de um dos lados? Por que eles esperariam bem na sua frente quando semover salvaria suas vidas?

— Corram para o outro lado da barreira, saiam de sua linha de visão! —Lorraine quasegritou. Eu não entendo, porque estão fazendo isso?

Assim como o fantoche está programado para certos comportamentos, eles também estão.Estão sob a influência de Sergey. Se você convidá-los, eles convidarão o fantoche ou a levarápara ele. O fantoche matará os dois e levará você ao seu mestre. Eles não sabem disso porquenão entendem o que está acontecendo. São peões para serem sacrificados. Iscas.

O mundo inclinou quando uma onda de tontura correu sobre ela. Eu não posso assistir elesmorrerem, Andor. Não posso. Prefiro ir com ele e esperar que você me resgate.

Você não pode salvá-los, csecsemõ. Havia tanta compaixão em sua voz que ela quase chorou.Apertou a mão segurando a arma em seu coração. Não, não posso. Mas você pode. Por favor,Andor, por mim. Faça isso por mim. Não posso assistir eles morrerem. Não conseguiria ver essacoisa, que obviamente uma vez foi o amigo deles, matá-los e depois comê-los.

Ele não os matará primeiro. Os fantoches preferem a vítima viva e cheia de adrenalina omaior tempo possível, assim como um vampiro.

Lorraine respirou fundo e soltou. Ela podia sentir o suor escorrer na testa e entre os seios.Estamos a apenas uma hora antes do pôr-do-sol. Os outros podem se levantar e matá-lo? Elasabia que eles ainda estavam muito longe do pôr-do-sol. Esses Cárpatos eram antigos e tinhamuma sensibilidade particular ao sol.

O fantoche estava muito mais perto. Muito perto. Adam e Herman gritaram aterrorizados,mas não conseguiam fugir do homem que fora um amigo.

Se eu atirar nele com flechas ou o lança-chamas, isso o derrubará?

Andor suspirou. Convide os dois homens para entrar na barreira de segurança, Lorraine.Vou entrar em suas mentes e os controlar, dessa forma não poderão convidar o fantoche. Não

estou nem se quer perto da minha força total, então você precisará ficar de olho neles o tempotodo. Se for necessário, atirará neles, entendeu? Eles não podem falar.

Obrigada, Andor.

Por um momento, ela ficou na dúvida. Andor ainda parecia fraco. Forçá-lo a salvar esses doishomens o empurraria de volta à estaca zero depois de todo o trabalho concentrado que os outroshaviam feito para prepará-lo para a viagem? O fantoche chegou ainda mais perto e ela queriagritar de medo pelos humanos e também por Andor.

Eu estou aqui, disse Ferro. Irei me juntar a Andor. Ele não terá que usar muita energia paracontrolar esses homens.

Sisarke, Sandu se juntou a eles. Eu estou aqui.

Assim como eu, irmãzinha, Gary entrou.

Lorraine deixou escapar o fôlego. — Herman, Adam, eu convido vocês a entrar. Entre nabarreira de segurança. Agora. Depressa.

Os dois homens se viraram e se apressaram na barreira. No momento em que passaram, ofantoche gritou em vitória. Os dois homens abriram a boca para convidar o fantoche para dentro,Adam agarrou os braços de Lorraine, puxando-a para tentar forçá-la a sair da zona consideradasegura pelos Cárpatos.

— Venha ... —Herman congelou no meio da frase, a boca aberta, um braço esticado emdireção ao fantoche.

Lorraine bateu com força na parte de trás da mão de Adam com o cabo da arma, usando forçasuficiente para quebrar os ossos da mão dele. A adrenalina que os vampiros e fantoches queriamnas vítimas a percorreu como um fluxo de fogo. Uma palavra escapou da boca de Adam antesdele congelar no lugar também. — Cadela.

— Você não tem ideia, —ela sussurrou. Mas na verdade ela não era. Estava apavorada poreles. Não havia tocado em suas mentes antes, mas agora o fez, afastando-se deles e da barreira,colocando distância entre ela e o boneco.

Encontrou o local exato onde os antigos tinham ido para o chão e sentou-se no solo, aindasegurando a arma e puxando um lança-chamas e uma lança19 para mais perto dela. O fantocherugiu sua raiva e continuou vindo. Ele bateu a larga faixa de salvaguardas e tentou atravessarvárias vezes a barreira, apesar do fato dela lhe deter continuamente.

Faíscas dançaram no ar, um milhão delas, sacudindo ao redor do fantoche. Ele tentou passara mão pela barreira e as chamas subiram por seu braço. Gritou e tropeçou para trás. Seu rosto secontorceu. Um dos pássaros voou da árvore com ferocidade selvagem e gritos de raiva,mergulhou em direção ao fantoche, aquele bico curvado e perverso cortando seu rosto. Sangue evermes foram derramados.

O estômago de Lorraine se rebelou. Ela não conseguia parar o grito que queria escapar de suagarganta. Este já havia sido um homem. Ele não escolheu servir o vampiro—tinha sido obrigadoa fazer o que o vampiro lhe ordenou. Assim como aconteceu com Elisabeta, que foi submetida aservir o mestre vampiro. Seu olhar foi para Herman e Adam, dois homens congelados no tempo,seus corpos imóveis.

O fantoche se jogou na barreira novamente, desta vez bem na frente de Adam. Quando elepuxou Lorraine até a borda da barreira, seu braço ficou estendido para o lado de fora do círculode proteção. Ela viu imediatamente que ele estava em perigo. Ficou de pé e disparou vários tirosem rápida sucessão no fantoche, enquanto corria em direção a Adam. O boneco estremeceu comcada choque das balas, seu peito explodindo em cinco lugares, um logo após o outro. Cadaburaco vazava um líquido escuro e oleoso com uma infinidade de vermes brancos e ondulantes.

Ela pegou Adam pela cintura e puxou com força, tentando arrastá-lo como se ele fosse umaestátua em vez de uma pessoa de carne e osso. No momento em que ela conseguiu puxá-lototalmente para dentro da barreira, os dois caíram, Adam pousando em cima dela. Imediatamenteseus olhos se concentraram nela, e a mão dele apertou seu pulso fixando-o no chão, tentandoarrancar a arma da sua mão.

Lorraine reagiu rapidamente. Ela não se importava com nada além de impedi-lo de convidaro fantoche para dentro. Socou com a sua mão livre fortemente a boca de Adam e depois deuvários golpes em sua garganta. A cabeça dele recuou e se aproximou, Lorraine o acertou denovo, desta vez em seu nariz, batendo a palma da mão com força suficiente para quebrá-lo.Sangue espirrou nela. Ele escorria de sua boca, onde ela havia arrancado os dentes dele com seusgolpes.

Andor.

Estômago se retorceu, ela dobrou o pulso de Adam para se libertar. Adam relaxou osuficiente e isso permitiu sair debaixo dele, com a arma ainda em punho. Ele agarrou sua pernaprendendo-a, e ela levantou o calcanhar direto em sua virilha. Embaixo dela, o corpo dele ficouimóvel, congelado mais uma vez. Ela se atreveu a olhar para o rosto arruinado de Adam e depoisse arrastou para longe e vomitou a vários metros dele. Quando terminou, enxaguou a boca comágua da garrafa menor em sua mochila. O tempo todo, o fantoche continuava batendo nabarreira, testando-a a cada poucos metros e levantando pequenas faíscas que pareciam diminutosvaga-lumes.

Os sons que ele fazia eram horríveis. Ele rugia e depois gritava. Gritava e depoischoramingava. Várias vezes limpou o peito, espalhando sangue e vermes por todo o corpo. Isso adeixava nauseante.

Lorraine, você deve parar de olhar para ele. Isto está fazendo muito mal a você.

Eu não posso me impedir.

Podemos acabar com sua miséria agora, mas você terá que participar. Dessa forma não temque assistir seu sofrimento até que o sol se ponha. Não falta muito, mas todos nós estamosdesconfortáveis com a sua dor e miséria.

Ela cobriu os olhos, mas espiou por entre os dedos enquanto a infeliz criatura se jogavacontra a rede de segurança e gritava sua raiva. Por que eu tenho que participar?

Temos que ver através dos seus olhos o que vamos atacar.

Ela limpou as gotas de suor da testa. Queria rastejar para debaixo do chão com Andor.Precisava de alguém para abraçá-la, confortá-la.

Estarei subindo em breve.

Ouviu a frustração em sua voz e sentiu em sua mente. Havia conforto em saber que ele queria

abraçá-la.

O fantoche choramingou, chamando sua atenção. O pássaro bateu com as asas, empurrando-opara longe da barreira. Quando o fantoche se afastou, o pássaro bicou a sua cabeça com o seubico cruel.

O grito de Lorraine foi parado na garganta. Lágrimas escorriam pelo seu rosto. Eu odeio estemundo. Odeio o que as pessoas fazem umas com as outras. Esses vampiros são ainda piores.Quando isso acaba? Você tem feito isso por tanto tempo, Andor, e o que você fez de bom paravocê? Qualquer um de vocês? Parece tão sem esperança.

Olhe para ele, sívamet. Mantenha os olhos abertos e concentre-se nele.

Ela ouviu compaixão, e isso deveria ter sido reconfortante, mas em vez disso, a fez chorarainda mais. Não podia se quer imaginar suas vidas. Eles haviam sobrevivido a muitos anosassistindo a guerras. Observando os seres humanos matarem uns aos outros por causa de coisasinsignificantes. Observando seus entes queridos sendo mortos porque não estavam mais em suasmentes sãs e parecia não haver ajuda para eles.

Você pode limpar suas lágrimas? Não pode haver nenhum erro, Lorraine. Isso foi Gary. Eleera um curador e ele tinha que participar da matança deste homem.

Ele já está morto, sisarke, explicou Ferro. Ele não é mais um homem. A concha que você vê émantida pela vontade de um vampiro.

Vamos fazer isso, acrescentou Sandu.

Ela respirou fundo, colocou a arma no colo e se endureceu. Uma mão se fechou na terra,segurando-a com força, como se pudesse segurar Andor. Levantou o queixo e forçou os olhos ase abrirem, obrigando-os a olhar diretamente para o fantoche.

Quase instantaneamente ele explodiu em chamas brancas. O calor era tão intenso que o fogorealmente queimava na cor azul. O fogo não se espalhou pelo mato, permaneceu na criaturainfeliz. Ele gritou cada vez mais até que ela pensou que nunca mais o som dos seus gritosacabaria. Ele caiu no chão e rolou de um lado para o outro, e parecia que iria durar umaeternidade, até que o som parou e tudo ficou quieto novamente.

Lorraine se deitou, se enrolou na posição fetal e fechou os olhos.

Ela não iria sair daquela posição até que Andor e os outros se levantassem, não importando oque mais viesse para ela.

Capítulo 9

Andor levantou-se no momento em que foi capaz, movendo-se através do solo e em tornodos antigos que o guardavam, rompendo a terra até a superfície e saindo para o ar livre. Era bomestar em pé e sair para noite. Os últimos raios do sol haviam desaparecido, dando-lhe aoportunidade de encontrar a sua mulher. Ela estava deitada com os joelhos no peito, as mãosenroladas sob o queixo, fazendo-a parecer pequena e vulnerável.

Seu coração quase parou. Esteve em sua mente, sentindo sua dor, tentando ajudar da melhor

forma que podia debaixo do chão. Vê-la tão perturbada era de partir o coração.

Muitos traumas, Andor, disse Gary. Nós não estamos livres do perigo ainda. Sergey mandouesses homens para tentar raptá-la. Ele poderia estar por perto com um exército. Tambémpoderia estar atacando o complexo agora, procurando por Elisabeta. Avisei a Tariq para ficaratento.

Andor não respondeu. Ele duvidava que Sergey tentasse encontrar o local de descanso deElisabeta. Isso seria muito bem salvaguardado. Sabia que Tariq e vários outros tinham tecidofortes proteções para garantir que Sergey não pudesse encontrá-la. O mestre vampiro esperaria,mas enquanto isso ele continuaria a planejar e estava de olho em Lorraine.

Andor se agachou ao lado dela. — Hän sívamak—chamando-a de amada, e ela era isso paraele. Seu coração se contraiu com força. Quase parando. Enquanto sua mulher sofria ele estava nochão. — Venha para mim. —Ele a pegou em seus braços, protegendo-a dos olhos dos outros,sabendo que iria se sentir constrangida sendo vista pelos outros em um estado tão frágil.Embalou-a contra o peito, tentando abrigá-la em seu coração e com seu corpo.

Ela virou o rosto para ele, seus longos cílios se erguendo. O lindo verde de seus olhos lhetirando o fôlego. — Você está aqui. Acordado. Comigo. —Uma mão tocou sua mandíbula e elesentiu o tremor de seus dedos.

— Estou sempre com você.

— Você não deveria estar acordado. E me ponha no chão. —Pela primeira vez, ela pareceuperceber que ele estava fora do chão, não mais deitado e desamparado. Seus braços estavam aoredor dela, segurando-a contra ele, seu corpo protegendo-a.

— Estou me sentindo muito melhor. —Ele acariciou seu pescoço e inalou seu perfume. Suapele era a coisa mais macia que já tocou—com exceção do cabelo dela, aquela massa de seda.

O pulso em seu pescoço chamou sua atenção. Ele sabia que os outros esperavam para sealimentar, mas não esperariam muito tempo, não com dois homens humanos em forma, apesar deestarem mentalmente contaminados pelo vampiro, ali mesmo dentro de seu círculo de proteção.Com passos largos, ele a levou para a privacidade relativa das árvores e sentou no chão,mantendo-a em seu colo.

Ela colocou os braços ao redor de seu pescoço e se inclinou para ele, dando-lhe seu peso, e asensação de seus seios pressionados em seu peito. — Eu ainda não tinha te visto direito, Andor.Não de perto assim. Você é ... grande. Seu peito, seus ombros. Você é um homem grande.

Ele sorriu, seus lábios colados no pulso de seu pescoço que batia em um ritmo constante. Elea beijou lá. — Eu sou. A maioria dos Cárpatos são altos. Macho ou fêmea. —Seu pulsochamava-o. Acenando. Percebeu que estava morrendo de fome, precisando do gosto delanovamente. Ainda se lembrava do sabor do seu sangue.

Desejo provar seu sabor, Lorraine.

Ela sabia que todos os Cárpatos se alimentavam quando se levantavam. Começou a virar acabeça na direção de onde os outros estavam se alimentando de Adam e Herman. Ele impediuque sua cabeça virasse, usando sua mão, forçando-a a olhar em seus olhos. — Você é minhacompanheira, hän sívamak, nós fornecemos um para o outro. Os outros me alimentaramenquanto me curavam, mas agora que estou de pé, desejo ter seu sabor em minha boca e sentir

seu sangue se mover em minhas veias.

Seus olhos se fixaram nos dele por muito tempo. Quanto mais ela olhava para ele, com umamistura de emoções que fazia seu coração cantarolar e o sangue em suas veias esquentar, maisele queria descobrir como realmente eram essas emoções e sentimentos com ela.

— Sim. A resposta para você será sempre sim.

Seus lábios percorreram o pescoço dela. Dentes rasparam gentilmente e provocaram a pelebem em cima do pulso. Sua língua adormeceu qualquer pequena dor que poderia sentir. Eleafundou os dentes profundamente. Seu corpo se sacudiu com força em seus braços. Ela jogou acabeça para trás e deu um suave gemido erótico, seus braços puxando-o para mais perto delaenquanto ele tomava seu sangue. Ela tinha o gosto que ele esperava que o céu tivesse. Ou algumlugar mítico, que nunca encontrou na terra, onde o mundo era lindo. Sabia que nunca esqueceriaeste momento, onde sua mulher se rendeu a ele, dando-lhe tal presente. Já havia dado tantos, omaior deles sendo ela mesma e uma nova vida para ele. Ela era extraordinária.

Tome o suficiente para uma troca, Andor.

Seu coração pulou. Tem certeza? Ele tinha que perguntar, mesmo quando tudo nele queriafazer exatamente isso.

Eu quero saber como é.

Os outros compartilharam com você que seria mais seguro ter duas trocas de sangue apenasno caso de uma emergência. Ele queria que seus irmãos parassem de interferir. Ela precisava detempo para processar. Essa era a maneira que ela resolvia as coisas.

Sim. E eles tem razão, Andor.

O jelä peje kaik hänkanak, ele sussurrou suavemente em sua mente.

Isso não parece ser uma coisa legal. O que isso significa?

Que o sol queime todos eles, ele interpretou. E quis realmente dizer isso. Eles iriam pagarcaro por isso—quando estivesse curado o suficiente para isso, claro. E isso levaria algum tempo.

Você não quer fazer uma troca de sangue comigo?

Havia um pequeno indício de mágoa? Sívamet. Quero que você tome a decisão, livre dainfluência desses intrometidos. Quero que você me escolha. A mim. Quero que escolha o meuestilo de vida. Não quero que eles pressionem você em algo que você pode se arrepender.

Mesmo querendo que ela o escolhesse com cada célula de seu corpo, com seu coração e almacompletos, ele não podia recuar. Pela primeira vez segurava sua mulher. Adorava tê-la em seusbraços e sentir a seda de seu cabelo e o cetim de sua pele. O cheiro dela estava em seus pulmõesenquanto ele a respirava a cada inspiração. Ele tinha o gosto dela em sua boca, fluindo em suasveias e se espalhando através dele como um incêndio.

Engraçado você querer isso, ela sussurrou em sua mente. Eu estava pensando a mesmacoisa, desejando que eu também fosse sua escolha.

Havia algo que ele não estava entendendo. Havia um pouco de apreensão em sua voz. Porque você acha que não é minha escolha?

Você não me escolheu, Andor. Não teve escolha alguma nisso. Você encontrou uma mulher

que restaurou as suas emoções e as cores para você. Aquela que nasceu com a outra metade dasua alma. Se outra mulher antes de mim, em outro tempo, carrega-se essa outra metade, quandovocê a conhecesse, ela teria sido sua companheira, não eu.

Ele ficou em silêncio. Percebeu que Lorraine ainda não havia entendido o conceito. Ela tinhaalguma razão no seu raciocínio, mas não totalmente. Ele se forçou a parar de tomar o sanguedela. Era difícil, porque o gosto dela foi projetado especificamente só para ele, porque issoaumentava o seu desejo por ela.

Ele abriu a camisa segurando com uma mão na nuca dela. Ela desviou os olhos do seu rostoe, em vez disso, olhou para a linha fina que ele cortou através de seus músculos, certificando-sede fazê-lo acima de seu coração. Suas feridas ainda não estavam curadas, mas estavam securando de dentro para fora. Um fio perolado de gotas de sangue vermelho rubi ao longo docorte.

Olhe para mim, hän sívamak. Nos meus olhos. Veja só a mim.

Ele esperou que aqueles olhos verdes encontrassem os dele para ordená-la que sealimentasse. Deu a ele um olhar ferido, assim como ele suspeitava, assim como encontrou emsua mente. Ordenou-lhe suavemente para alimentar-se, distanciando-a da realidade o suficientepara que ela pudesse suportar o ato sem se angustiar com isso antes que o vínculo decompanheiros entre eles se apossasse dela. Ele soube o momento exato: sentiu o poder daatração do vínculo em sua mente.

No momento em que se conectou com ela, permitiu que seu corpo e mente processassem seuspróprios sentimentos. A maneira como sua pele se sentia com o toque de seus lábios. O modocomo o fogo passava por ele. O roçar de seus cabelos em sua pele nua causando faíscas elétricasestranhas, que eram tão fortes que ele quase conseguia vê-las. Seu corpo se mexeu. Reagindo.Quente, cheio e exigente.

Ele saboreou cada reação e dividiu isso com ela. Queria sentir. Precisava depois de tantotempo sem lembrar como era ter emoções. E isso—com Lorraine—era o paraíso. Segurou-a, suapalma acariciando a parte de trás de sua cabeça, sentindo aqueles lábios movendo-se sobre ele,sua língua, tocou na mente dela para que ele pudesse provar a si mesmo em sua boca.

Se eu tivesse te encontrado em outro século, ainda teria sido você, Lorraine. Se este não é oseu primeiro ciclo de vida, você teria renascido repetidas vezes. Você sentia atração por outroshomens? Você queria passar sua vida com outro homem?

Não é a mesma coisa.

Sim, é. Você nasceu para mim. Eu nasci para você. Carrego a outra metade da sua alma.Isso não é possível com os humanos. Eu estou vivo há muito tempo e nunca encontrei outraespécie onde isso acontece. Você entende, csecsemõ, que eu nasci para você? Para te amar.Para te adorar. Para te proteger. Para lhe dar uma família. Tudo isso, assim como você nasceupara mim. Essa escolha foi feita há muito tempo, por alguém muito mais sábio do que nós dois.

Foi preciso um esforço para encontrar palavras quando seu corpo se enfurecia com ele pelaprimeira vez que conseguia se lembrar. Ele nunca se sentiu à beira de estar fora de controle.Caçadores levavam o controle a sério. Eles não tinham emoção, por isso, ao caçar, não sentiaraiva por seus inimigos. Ao percorrer uma vila inteira dizimada por um vampiro, mesmo em seusprimeiros dias, ele não sentia tristeza ou angústia. Havia estado tudo lá, enterrado dentro dele,

mas não tinha sido capaz de explorar essas emoções. Agora que era capaz de sentir, ele podiaencontrar a profunda tristeza pelas vidas perdidas associadas a cada memória.

Estou tentando entender, Andor. Sei que não quero ficar sem você. Sei que não me sintoatraída por nenhum dos outros. Eu só não consigo superar a sensação de que o que você sentepor mim não pode ser amor. Você não me conhece ...

Seu corpo se moveu contra o dele, inquieto, enviando sangue quente para sua virilha. Seusseios pareciam deliciosos contra ele, e ele desejava sentir a seda de sua pele em suas mãos. Elenão sabia que tomar seu sangue ou dar o seu poderia ser tão erótico.

Acariciou com a mão na massa espessa de seus cabelos castanhos. Era sua cor favorita esempre seria. Ele gostava das mechas douradas e avermelhadas no castanho escuros de seuscabelos. Olhando-a, percebeu pela primeira vez que ela era dele. Única. A única. Nascida só paraele.

Estou em sua mente. Posso acessar as lembranças do dia em que você nasceu. Tenho acessoa cada minuto da sua vida. Provavelmente te conheço melhor do que você mesmo. Como vocêpode dizer que não te conheço? Você tem acesso às minhas memórias. Você me conhece melhordo que ninguém, até mesmo melhor do que meus irmãos que passei séculos com eles.

Eu não sei nada da vida dos Cárpatos.

Você sabe tudo sobre a vida dos Cárpatos. Você escolhe não reconhecer o que teme. Essasmemórias estão lá e você pode acessá-las a qualquer momento.

Eu prefiro que você me diga em voz alta. Dessa forma eu posso …

Processar melhor. Ele ouviu o sorriso em sua própria voz e sabia que isso só era possívelporque ela o fazia feliz. Tudo sobre ela. O jeito que ela era. A maneira como sua mentefuncionava. Ela gostava de saber de todas as informações, mas aos poucos, não de uma só vez,aprenderia tudo que precisava através da mente dele.

Você acha que gosta de tudo sobre mim, Andor, mas não gostou que eu tomasse decisõessem você saber.

Isso é verdade, ele prontamente reconheceu. Ainda estou trabalhando para acompanhar seuséculo. Você também foi colocada em posições que colocou em perigo minha honra e sua vidasem ter todas as informações que precisava. Isso foi injusto para nós dois. Mas nós superamosisso. Pelo menos ele esperava que eles tivessem. Esperava que, embora ela fosse uma mulhermoderna e ele fosse do passado, a conexão deles fosse forte o suficiente para superar quaisquerproblemas reais.

Ele inseriu a mão entre a boca e o peito com alguma relutância. Ambos haviam tomado osuficiente para uma verdadeira troca de sangue. Ele não podia se dar ao luxo de se enfraquecer,não com a viagem de volta ao complexo chegando e uma possível luta contra mais do exército deSergey. Com um aceno de sua mão fechou sua camisa, para que ela não precisasse olhar para oseu peito mutilado.

Lorraine não se moveu por um longo tempo, o rosto enterrado contra o seu peito, a respiraçãoofegante. Ela lutou pelo controle. Ele a segurou com os braços apertados, querendo que ela sesentisse segura depois do trauma do dia. Ela não estava familiarizada com a fome sexual comoele estava e a intensidade disso era esmagadora. E havia o fato de que ela acabara de tomar o

sangue dele, tinha consciência do que estava fazendo e gostou de tomar o seu sangue. Suamulher tinha que processar tudo isso. Ele estava muito grato que ela pudesse fazê-lo em seusbraços. Adorava segurá-la.

Depois de alguns minutos, ela se inclinou para ele ainda mais. — Estou com medo.Normalmente não sou uma pessoa que sente medo, mas de repente estou com muito medo. Euacordo com medo e vou dormir com medo. Tem sido assim desde que perdi minha família.Tenho pesadelos. Não consigo tirar as imagens da minha mente, e agora eu tenho mais algumas.Vampiros. Fantoches humanos. O que aconteceu hoje foi tão terrível. Eu poderia perceber queAdam e Herman eram boas pessoas. Eles reconheceram o fantoche como sendo o amigo deles eficaram horrorizados. Eu nunca vou tirar isso da minha cabeça também.

— Eu posso tirar essas memorias da sua mente. —Ele fez a oferta, mas já sabia sua resposta.Ele não mentiu quando disse que a conhecia. Ela não permitiria que ele suavizasse as lembrançasde sua família ou as coisas que aprendera sobre o mundo dele.

— Obrigada, Andor, mas vou guardar minhas memórias. Eu só preciso de um pouco detempo. —Ela levantou a cabeça do peito dele e olhou para ele e colocou a palma da sua mão nalateral do seu rosto.

Havia ternura em seu toque. Tanto que ele queria capturar esse momento para sempre emantê-lo perto para que pudesse lembrá-lo com frequência.

— E você? É capaz de viajar?

— Esse é o plano, sívamet. Nós vamos voltar para o complexo assim que estivermos todosprontos. Cada um deve se alimentar e estar prontos para a luta.

— Vocês esperam um ataque.

— Eu não sei. —Andor franziu a testa. — Sergey é um mestre em planejamento. Ele foiignorado porque seus irmãos pareciam mais poderosos e muito mais implacáveis. De acordo comtodas as informações sobre os Malinovs, foram os irmãos mais velhos que tomaram decisões,mas claramente, Sergey estava planejando o tempo todo. Como ele acabou com as lascas deXavier, assim como ele assumiu os exércitos, eu não posso imaginar, mas só isso permite-lheacesso às memórias do mago, tornando-o duplamente perigoso. Mas não faria muito sentidoatacar nosso grupo enquanto viajávamos. Muitos guerreiros. Seria uma missão suicida.

Ele queria que ela continuasse acariciando seu rosto e mandíbula com os dedos. Cada afagoera um toque dentro dele, profundo, onde ele sabia que poderia segurá-lo para sempre. Elegostava da forma como seus olhos percorreram seu rosto com quase um toque físico. Cada olhar.Cada vez que as pontas de seus dedos alisavam a aspereza de sua mandíbula, a carícia fazia seucoração apertar e seu sangue pulsar com força.

— Mas você acha que ele vai, —ela persistiu.

— Eu acho que esse vampiro vai morder nossos calcanhares continuamente para nosenfraquecer. Tariq deveria enviar guerreiros para nos encontrar, mas Gary teme que Sergeyesteja esperando exatamente por isso. Gary pediu que os outros ficassem perto das mulheres ecrianças. Ele age como o segundo em comando de Tariq, mas sua verdadeira posição é muitomais do que isso. Ele tomaria a decisão de proteger Tariq se necessário.

— Conte-me sobre as outras mulheres que são companheiras e moram no complexo.

Ele acariciou o topo de sua cabeça e dezenas de fios de cabelo dela grudaram na barba escurae rala em sua mandíbula, amarrando-os juntos na forma como as palavras de ligação rituaistinham amarrado suas almas juntas. Ele gostava de símbolos e para ele, o pequeno emaranhadoera muito simbólico.

— Charlotte é a companheira de Tariq e ela era humana. Ela é uma restauradora de cavalosde carrossel e Tariq esculpiu alguns deles séculos atrás. Ele também é um colecionador e procurasempre adquirir os que encontra. Quando ele ouviu a voz de Charlotte, soube que ela era a única.Era interessante que ambos compartilhem o amor pelos cavalos de carrossel.

— Charlotte é como eu? Ela está disposta a lutar?

Andor pensou nisso. — Charlotte irá lutar, mas não é sua natureza. Blaze, a mulher deMaksim, é muito mais parecida com você. Seu pai a criou em um apartamento em cima de umbar. A sua família foi alvo de um vampiro, quando o irmão de Sergey, Vadim, capturou a melhoramiga de Blaze, Emeline. Blaze era humana e escolheu entrar em nosso mundo. Ela é umaguerreira e tem trabalhado com as crianças para ensiná-las a se defender melhor contra nossosinimigos.

Ele apontou Adam e Herman, que estavam sentados no chão, de cabeça baixa, enquantoagarravam as garrafas de água da mochila de Lorraine. Ela endireitou-se um pouco quandopercebeu que alguém havia recuperado a garrafa de água de Theodore que havia dado a Adampara beber.

— Emeline era humana e não tem instintos de guerreira, mas sacrificou tudo para salvar ascrianças. Ela sabia o que aconteceria com ela e ainda assim foi atrás deles quando Vadim osraptou. Ela é a companheira de Dragomir.

Andor esfregou os lábios de Lorraine com a ponta dos seus dedos, traçando sua boca, aquelacurva doce e a pequena covinha à direita. Seu coração bateu mais forte enquanto fazia isso. Seucorpo se mexeu e as imagens deslizaram em sua mente. Sua boca na dela. Provando-a dessejeito.

— Pare. —Ela sussurrou e olhou para os dois homens sentados a alguma distância deles.

— Eles não podem nos ver. As árvores estão nos escondendo, mas se preferir, posso nosproteger ainda mais.

— Quando você me beijar, quero ter certeza que seremos só nós ao redor. Você. Eu.Ninguém mais.

Havia uma dor em sua voz, sua mente, coração e corpo ecoavam. — Você está certa, é claro,mas esperar por isso, depois de todo o tempo, está ligado de alma para alma e de mente paramente é difícil.

Pela primeira vez desde que ele se levantou, um sorriso genuíno curvou seus lábios rosa. Seuestômago teve uma reação estranha a isso, assim como seu coração.

— Existem outras companheiras?

— Eu não sou tão familiarizado com as outras mulheres quanto o Gary. Ele pode termelhores informações dobre elas. Eu conheci Charlotte, Emeline e Blaze. Há outra mulherhumana lá, mas ela não tem um companheiro. Ela é psíquica e poderia ser uma companheira,mas até agora, ninguém chegou para reivindicá-la.

— Você não sabe o nome dela?

Ele permaneceu em silêncio por um longo momento, pensando na melhor forma de respondera isso. — Eu venho de outro século. Nem sequer mencionamos o nome de nossas companheiras,Lorraine. Os nomes detêm poder para nós e não permitimos que outros homens cheguem pertodemais.

Ela endireitou-se, parecendo chocada, mas não o soltou. — Mas isso não é lógico, Andor. Émuito mais seguro para todos se houver mais de um guerreiro para proteger as mulheres ecrianças. Obviamente, você precisa de crianças para ter mais futuras companheiras. Por quevocês não permitem que alguém confiável viva perto e conheça suas mulheres?

Ele podia ver que ela estava genuinamente chocada. — Você tem que lembrar que vampirosnão se uniam com outros. Normalmente, um único caçador rastreava um indivíduo. Um homemCárpato com uma companheira não gostaria que outro homem conhecesse sua mulher ou o nomedela.

— Enquanto crescia você não sabia o nome de outras crianças? Mesmo se fossem mulheres?

— Sim, claro, mas os nomes mudavam com frequência. Nós não usamos sobrenomes. Nosapegamos às essas velhas formas de nos proteger porque se um homem escolhesse, a qualquermomento, desistir de sua alma e se tornar um vampiro, uma companheira de outro Cárpatochamaria sua atenção. Na verdade, qualquer mulher Cárpato chamaria sua atenção. Seria maisfácil para ele captura-las se soubesse os nomes delas.

— Como Sergey fez com Elisabeta.

Andor podia ver que ela estava se esforçando para entender. — Ferro e alguns dos outros

acreditam que Sergey planejou sequestrar e manter Elisabeta antes de se transformar. Xavierhavia sequestrado e mantido uma mulher dos Cárpatos. Sergey sabia dos planos de Xavier e nãocontou ao seu príncipe nem a nenhum dos outros Cárpatos, ele era um traidor além de qualqueroutro.

— Eu não acho que gosto de Sergey.

Um lento sorriso puxou sua boca. Ele se sentia um pouco enferrujado, mas estava setornando cada vez mais fácil sorrir em volta dela. Seu brilho alimentava uma necessidade e fomenele que não sabia que existia. Ele era um guerreiro. Tinha sido por séculos. Não precisava deoutros—na verdade, eles sempre foram uma desvantagem. Agora, está mulher tinha uma luz nelaque brilhava tão intensamente, que se derramava sobre ele e toda a escuridão que o assolava e oameaçava consumi-lo, foi empurrada para trás com uma de suas declarações, dita em um tomarrogante.

— Você está rindo de mim?

Suas mãos caíram do pescoço dele para se encaixar em seus quadris, instantaneamentechamando sua atenção para aquelas curvas. Ele pegou seus pulsos e trouxe as mãos dela de voltapara ele, então seus braços foram forçados a deslizar ao redor de seu pescoço. Encaixou as mãosna nuca e pressionou por um momento como se pudesse forçá-las a ficar ali. Tecnicamente, elepodia fazer isso, mas preferia permitir que sua mulher se acostumasse com ele antes de fazerqualquer coisa que pudesse assustá-la.

No momento em que Lorraine enfiou os dedos nos cabelos de sua nuca e apoiou o corpocontra o dele, ele baixou as mãos para os quadris dela. Enrolou cada palma em torno de umacurva sedutora. Sentindo ela. Desejando que nenhum deles estivessem vestidos. Ele só queriarealmente sentir como a pele dela estava toda arrepiada.

Ela riu baixinho. — Você ainda está ferido, sabe disso, né? Os outros me disseram que vocênão estaria totalmente curado até que estivesse no chão por alguns dias. Eles consertaram osuficiente dos danos para você voar para casa, mas isso é tudo. Você ainda tem três feridasabertas em seu corpo, mas a primeira coisa que está pensando é me deixar nua. Você realmente éum homem.

Ele inclinou a cabeça. — Obrigado pelo elogio.

Ela riu novamente, e o som provocou sua virilha em uma dor dura. As notas do seu risotocaram para cima e para baixo seu pênis como o toque dos dedos, roubando sua respiração. Seuspulmões pareciam que iam explodir. A felicidade apunhalou seu coração, enterrou-seprofundamente, deixando somente o coração—dela. Apenas o dela. Assim como a tatuagem emsuas costas que foi dolorosamente feita profundamente em sua pele para que seu corpo não fossecapaz de remover o voto.

— Isso não foi um elogio, seu bobo.

Sua sobrancelha arqueou instantaneamente. — Bobo? O que é bobo? É claro que foi umelogio. Eu posso ser Cárpato, mas sou um homem.

Ela balançou a cabeça, seus olhos verdes divertidos. Naquele momento, todos os vestígios demedo e tristeza desapareceram. Suas feições estavam iluminadas com diversão. Ele compartilhouisso com ela. Fez isso por ela. Lorraine era uma mulher forte. Precisava do conforto dele, e eleestava grato por isso. Gostava de cuidar dela, assim como ela cuidava dele, e gostava do fato dela

se levantar toda vez que era derrubada.

Ela fez isso em uma idade jovem quando seus pais a colocaram em torneios. Às vezes foi avencedora. Às vezes foi derrotada. Mas sempre voltava a se levantar quando um oponente aderrubava, desequilibrando suas pernas ou a prendendo no chão. Nasceu com esse traço dedeterminação e desenvolveu-o quase diariamente da forma como foi criada pelos seus pais. Elesviviam uma vida de disciplina e esperavam que ela fizesse o mesmo.

— Os outros estão voltando. Aqueles que não se alimentaram de Adam e Herman tiveramque ir caçar, —disse Andor com relutância.

Ele queria mais tempo com ela. Precisava de mais tempo sozinhos. Foi forçado a bloquear asua dor de sua mulher. Mesmo assim, se ela ficasse muito profundo em sua mente, sabia que elairia encontrar a dor lá. Ele silenciosamente amaldiçoou o fato de que escolheu lutar contra todosos sete vampiros. Sabia que iria ser despedaçado e possivelmente morto, mas não se importoucom isso. Apenas destruir os mortos-vivos importava. Não tinha ideia de que estava destinado aencontrar sua companheira e chegaria perto de levá-la com ele.

Uma vez que ela havia vinculado sua alma à dele, e os outros se juntaram, a fim de salvá-lo,todas as suas vidas estavam em risco. Ele sabia que Sandu e Ferro tinham feito isso porque eleera irmão deles—não de sangue, próximo ou até mais. Dois séculos poderiam construir esse tipode lealdade. Gary se juntou a eles. Um curador tão habilidoso, tão raro, que sua morte teria sidouma grande perda para o povo dos Cárpatos e, além disso, como Gregori, seu irmão mais velho,ele era um guerreiro e caçava os mortos-vivos. Para salvar outro Cárpato, Gregori teria feito amesma escolha que Gary havia feito, arriscaria sua própria vida.

Andor estava certo de que havia outra razão também. Gary tinha as habilidades de luta deuma longa linhagem de guerreiros antigos. Poucos seriam capazes de derrotá-lo em uma batalha.Ele também tinha uma enorme inteligência e era um estrategista em batalhas. Amarrando-se aAndor, Ferro e Sandu, ele estava garantindo de que haveriam guerreiros antigos que poderiamrastreá-lo se ele sucumbisse aos sussurros da tentação. Ele agora havia trocado sangue com todoseles e todos seriam capazes de encontrá-lo onde quer que ele estivesse no mundo.

— Por que você está franzindo a testa? —Ela deslizou de seu colo e se levantou devagar.Quase com relutância.

Andor apreciou que ela não queria que o tempo a sós deles terminasse também. Ele sentia omesmo. — Eu não estava franzindo a testa. —Ele costumava usar uma máscara sem expressãoem seu rosto. Mantinha suas feições neutras para que ninguém pudesse lê-lo, mas ela o lido tinhamuito facilmente.

— Estou em sua mente. Havia uma carranca lá.

— Tecnicamente, sívamet, isso está enganando. Você tem que aprender a ler minhasexpressões.

— Você não tem expressões. Nem se quer ‘tells’20, aqueles pequenos movimentos que vocêfaz antes de dizer ou fazer alguma coisa. Eu sou muito boa em ler meus oponentes. Treinei paranão invadir suas mentes e apenas ler a linguagem corporal. Você não mostra nada.

Ele também se levantou e viu os olhos dela arregalarem-se em choque. Ela não tinha notadoo quão alto ou musculoso ele era até aquele momento e ele gostou do olhar no seu rosto. Ela era

fácil de ler naquele momento—e pela expressão do seu rosto, gostou do que viu. Estendeu a mãoe ela pegou sem hesitar, e ele enfiou os dedos nos dela. Ficaram lá parados, sem se mexer. Umavez que dessem aquele passo que os tiraria da mata e das árvores, não seria mais apenas eles.

Ele a puxou mais para dentro do abrigo das árvores. — Eu preciso beijar você.

— Eu sei. Eu sinto isso, também, —ela disse, mas ele não ouviu concordância em sua voz.

Havia receio, não concordância.

— Csecsemõ, o que foi?

A ponta de sua língua tocou seu lábio inferior. — Se você me beijar, não poderá voltar atrás.

Agora ele franziu a testa. Demonstrando livremente sua expressão. — Voltar atrás do que,Lorraine? Eu reivindiquei você como minha companheira. Não há como voltar atrás. Sempreprecisarei estar com você. Você sempre precisará estar comigo. Não se pode voltar atrás. Nossasalmas estão entrelaçadas.

Ela assentiu com a cabeça, aquele cenho adorável em seu rosto combinando com a sua muitomais carrancuda.

— Estou ciente das ramificações do que você fez. Senti a diferença quando disse seus votos.Como você conseguiu tecer nossas almas apenas pelo seu voto unilateral, eu não sei. Se as coisasfossem justas, a mulher deveria recitá-las com você.

Ele puxou-a um passo mais perto. — Uma mulher em nosso mundo não precisa dizer osvotos para que o ritual de ligação funcione. É o macho que se transforma em vampiro e perdetoda a honra depois de séculos de caça mantendo seu povo seguro. Claro que a sua companheirairia apreciar ser ligada a ele para salvá-lo.

— Eu não sei de nada disso, —disse ela. — Se ele for um homem arrogante que quer mandarnela o tempo todo, talvez não, e não me diga que alguns de seus irmãos não são um pouco—oumuito—assim, porque eu conheço dois que são.

Ele jogou a cabeça para trás e riu, porque conhecia mais do que dois. Fazia até mesmo partedesse lote de homens arrogantes, embora não se atrevesse de esclarecê-la. Ela descobriria issoem breve. — Eu vou aceitar seu ponto de vista, Lorraine, mas você não me disse o que vaiacontecer quando eu te beijar.

Sua língua mais uma vez umedeceu seu lábio inferior, agitando seu corpo além da crença deque apenas aquela pequena ação poderia afetá-lo tão profundamente. Ele teve que reprimir umgemido de necessidade. Seu pênis doía, apertado em sua calça e todas as terminações nervosaspareciam vivas. Ela sacudiu a cabeça. Seu cabelo voou, balançando em todas as direções e, emseguida, acalmou-se nas costas e em torno de seus ombros como uma capa viva.

Ele se atreveu a puxá-la um passo mais perto. Havia conseguido dar um passo em direção aela também, então agora apenas alguns centímetros os separavam. Sentiu o calor do corpo dela einalou a fragrância que era toda Lorraine. Ao acordar, ele acenou com a mão para dar a ela omesmo frescor que ele tinha quando se levantava. Lembrava do primeiro perfume dela, oprimeiro toque do cabelo dela contra os dedos dele. Cada detalhe dela. Prestou atenção a essascoisas porque ela importava para ele mais do que qualquer outra coisa ou qualquer outra pessoana Terra.

— Diga-me, sívamet.

— Eu quero beijar você, Andor. Penso muito nisso. Mas sei que, quando o fizer, vou quererque me leve para o seu mundo, porque quero mais do que uma vida com você.

Seu coração pulou em seu peito e começou a bater mais rápido. Ele também queria isso. Milvidas não seriam suficientes para ele. — Isso é uma coisa ruim?

— Pensei em falar com as outras mulheres antes, as companheiras que escolheram se tornarCárpatos, elas poderiam me dizer se sentiam que haviam feito a escolha certa. Não é como se eupudesse voltar a ser humana, não é?

— Não, uma vez tomada essa decisão, é para sempre. Seu corpo humano morre e você setorna completamente Cárpato. Sei que as outras mulheres dirão que fizeram a escolha certa. Elasamam seus companheiros e você sabe que elas vão dizer isso também.

— Não é sobre isso, Andor. Eu sei que me apaixonei por você. É difícil não ver em suamente e não se apaixonar por você. Também sei do que o sol pode fazer a vocês. Eu amo o sol.Eu me deito ao sol nua e tomo sol. Eu nado sem roupa, deixando o sol me beijar na água. Amo ojeito que a luz do sol reflete nas plantas durante o dia. Algumas flores nem sequer abrem à noite.Passo um bom tempo no meu jardim, plantando, capinando e esperando a primavera para que asflores apareçam e se abram. As flores são espetaculares à luz do dia. Todas essas cores.

— Você ainda vai ver em cores.

— Mas elas não brilham assim à noite.

Ele puxou-a todo o caminho em seus braços. — Você está com medo, e não te culpo. Voubeijar você de qualquer maneira. Você sabe que já se decidiu. Eu vejo isso. Eu vejo suaresolução.

— Então você sabe que tenho uma pequena parte de mim ainda me segurando. Isso tem queser uma decisão total, cem por cento.

Ele pegou o queixo dela na palma da sua mão e levantou o rosto. Aqueles olhos verdes oassombravam. Tão bonita. Não sabia que amava tanto a cor verde. Seu polegar deslizousuavemente sobre sua bochecha porque precisava sentir a suavidade de sua pele. Ansiava porprovar os lábios dela, a cor de uma rosa silvestre, não muito vermelhos, nem um rosa claro, masconvidativos. Tentadores.

— Estou totalmente cem por cento certo do que quero, Lorraine. Pertenço a você. Tudo demim é para você. Se você irá viver como Cárpata ou humana, eu escolho viver ao seu lado. —Ele quis dizer cada palavra. Sabia que outros de seus irmãos ligariam suas mulheres a eles etomariam essa escolha delas. Lorraine não era uma mulher que aceitaria isso. Nunca. Elaprecisava passar por seu processo de decisão, mesmo que isso significasse que ele tinha queesperar. Já havia esperado por séculos. Ligou-os com as palavras rituais sem seu consentimento,mas depois que soube que isso era necessário, para ele, ela aceitou.

Ela aceitou o fato de que ele estava chateado com ela por ter se tornado uma isca paravampiros e atraí-los para que os antigos pudessem destruí-los. Depois que ele explicou, elaentendeu as razões de suas objeções. Até admitiu que poderia ter feito outras escolhas se tivessetodas as informações.

Fora Lorraine quem insistira na primeira troca completa de sangue, pisando um pé no seu

mundo. Ela estava vindo para ele devagar, tomando suas próprias decisões e se sentindo nocontrole. Ela tinha que saber que sua opinião importava para ele e que qualquer conclusão a queela chegasse seria honrada por ele. Isso era o que significava ser companheiros. Outras mulheresseriam diferentes porque cada uma seriam a metade da alma de outro homem diferente.

Ferro, por exemplo, nunca poderia viver com uma mulher como Lorraine. Ficou claro que elea respeitava, mas ela nunca seria sua companheira. Sandu era mais parecido com Ferro do quecom Andor, o que sempre foi estranho para Andor. Eles haviam compartilhado o mosteirodurante séculos e passaram a se conhecer muito bem. Em outra vida, Sandu teria um senso dehumor muito maior do que qualquer um dos outros, mas ele seria mais rígido com sua mulher—sua veia protetora ditaria o que era aceitável para ele e o que não era. Isai sempre foi um enigmapara todos eles. Ele era muito mais difícil de ler. Dragomir estava em algum lugar entre Sandu eAndor. Além deles ainda havia Benedek e Petru, os dois irmãos que ficaram ajudando a protegerTariq. Ele balançou a cabeça. As mulheres modernas teriam dificuldades com qualquer um deles,incluindo Andor.

— Csecsemõ, eu preciso te beijar. —Ambos sabiam que ele ia beijá-la.

Seus cílios tremularam, chamando sua atenção. A brisa estava fresca no calor de sua pele.Em algum lugar próximo, um camundongo correu nas folhas, e o bater de asas lhe disse que umacoruja estava perto. Ele ouviu uma raposa latira a uma certa distância. No alto, estrelasatravessavam a luz fraca enquanto a escuridão se instalava em uma cor azul meia-noite no céu.Ele nunca esqueceria nada sobre esta noite, nem mesmo o menor detalhe.

Ele inclinou a cabeça e roçou sua boca com delicadeza sobre a dela. Seu pênis empurrouduro e inesperadamente. Seu coração apertou no peito e depois acelerou, batendo forte. Sanguequente correu por suas veias, se agrupando em sua virilha. Seus lábios beijaram os dela, em umcanto e depois no outro. Seus dentes encontraram o lábio inferior e beliscaram, usando a mesmagentileza.

Seus lábios eram macios. Firmes. Frios, que se aqueceram rápido quando seus dentesbeliscaram e puxaram, fazendo-a engasgar e abrir a boca. Sua língua deslizou, provando-a.Estava lá para ele, assim como em seu sangue, aquele sabor milagroso que era todo Lorraine.Queria ir devagar, mas não podia perder tempo. Se deixou levar, explorando, reivindicando,conduzindo, assim ela o seguiria.

Ela respondeu-lhe timidamente, sua língua perseguindo a dele em sua boca, deslizando aolongo dela, enrolando e provocando, explorando exatamente como ele tinha feito. Ele tocou suamente, querendo sentir o que ela estava sentindo. O gosto dele, tão perfeito para ela. Ela gostavade beijá-lo.

Eu amo beijar você, ela corrigiu.

Ele a puxou para mais perto, com os braços bem fechados ao redor dela. Sua boca tomando ocomando novamente, beijando-a repetidamente. Suas mãos deslizaram por suas costas e entãoemolduraram cada lado de seu rosto, segurando-a ali, enquanto ele saboreava cada toque de seusdedos, o sabor e a textura dela, e aquele gosto maravilhoso que seria para sempre apenas dele.

Eu não sabia que seria assim.

Ele não sabia, também, se soubesse que seria assim a teria beijado mais cedo, mesmo pormais ferido que estivesse. Eu nunca vou ter o suficiente disso. Beijar você é incrível.

Aparentemente, também é uma distração. A voz de Sandu podia ser ouvida por ambos.Temos de ir. E precisamos de sua opinião sobre o que fazer com esses escravos dos mortos-vivos. Então, parem de fazer o que estão fazendo e voltem aqui.

Andor não se afastou imediatamente. Sua mulher merecia mais do que isso. Ele mudou obeijo de ardente para quente e, em seguida, escovou uma dúzia de beijos sobre sua boca e peloqueixo até a garganta.

Não devíamos ir? Havia uma sugestão de diversão em sua mente.

Sandu é um idiota. Porque ela tinha achado engraçado sobre seu beijo ser interrompido, eleresolveu achar também. Mas suponho que devamos ir ajuda-lo resolver o que vamos fazer comos homens. Nós podemos ser os únicos com cérebro.

Claramente o seu entrou em curto-circuito, Sandu persistiu. Você pode esperar para beijarsua mulher na segurança do complexo, não aqui onde os corvos se reúnem.

Capítulo 10

Andor era intimidador de perto e podia beijar como um anjo—ou um demônio. O homem eraa própria tentação. Ela estava acostumada com homens que pareciam poderosos e talvez até umpouco perigosos. Vivia no mundo das artes marciais. Os homens eram fisicamente aptos, muitasvezes tinham empregos que colocavam suas vidas em risco, e podiam definitivamente proteger asi mesmos e a seus entes queridos. Andor estava em uma categoria completamente diferente—uma assustadora.

Enquanto ele estava deitado, com o peito e o abdômen rasgados, ela não estava realmentenervosa. Tinha sido ela que cuidará dele. Agora, mesmo sabendo que esses ferimentos nãoestavam totalmente curados, podia ver seu poder bruto e o perigo que se agarrava a ele com cadamovimento que fazia. Ela viu isso nos outros, mas não havia visto isso ainda nele, não realmente.

Ele era todo músculo. Uma autoridade em si. Uma clara ameaça. Sabia que ele era umpredador. Viu isso quando o conheceu, mas agora estava estampado em cada linha do corpo dele.Estava ligada a ele—a alguém que ela não tinha ideia do que realmente era capaz. Assistindo abatalhas se desenrolando como um filme em sua mente muito diferente do que experimentar acoisa real.

Acima de tudo, ele era seriamente gostoso. Não apenas lindo. Não só de boa aparência, eleera tão quente que ela mal conseguia olhar para ele. Ele tinha uma qualidade que ela não podiacolocar o dedo, mas era poderoso e a atraía como um ímã. Para ela, ele era fascinante,hipnotizante. Com Andor por perto, ela nunca mais veria qualquer outro homem.

Ele a beijou como uma criatura de outro mundo. Ela foi beijada ou pensou que tinha sido atéaquele momento. Ninguém poderia ser comparado a ele. O seu gosto. O jeito que ele a segurava.A maneira como sua boca era tão dominante. Ele não estava nem cem por cento curado e ele jáhavia roubado seu corpo apenas com seus beijos. Não podia imaginar beijar outro homem depoisdele e se sentir satisfeita.

Ele puxou a mão dela até que ela estivesse encaixada sob o ombro dele. Ela colocou um

braço ao redor de sua cintura e a outra mão—a que ele estava segurando—levemente em suacintura. Ela estava com medo de pressionar contra um dos seus ferimentos.

— Gary vai trabalhar em seus ferimentos esta noite? —Ela sabia que o curador ainda nãotinha tido uma oportunidade para isso. No momento em que Andor se levantara, ele foi até ela.

— Não. Ele fará isso quando chegarmos ao complexo.

Isso a deixou desconfortável. Andor estava de pé, mas suas feridas tinham sido mortais. Eleslutaram para trazê-lo de volta daquele lugar entre os vivos e os mortos, e ele ainda não estavacurado. Viajar seria difícil, especialmente se uma luta acontecesse.

— Talvez ele devesse fazer agora.

— Ele estaria muito fraco para viajar, —disse Andor. — Nós não tentaríamos sair daqui seeu não estivesse pronto, sívamet.

Eles alcançaram os outros que estavam os esperando juntamente com Adam e Herman. Osdois homens pareceram mais confusos do que nunca no momento em que a viram.

Adam piscou rapidamente quando ela se aproximou dele com a mão estendida. — Essagarrafa de água era do meu irmão e eu gostaria de tê-la de volta.

Andor segurou-lhe o pulso e baixou o braço como se os dois homens fossem cobras prestes aatacá-la. Ele estendeu a mão enquanto virava o corpo protetoramente para protegê-la dos doismachos humanos.

— Sinto muito, —disse Adam. — Não me lembro muito de como cheguei aqui ou porquetenho isso na mão. Eu não roubei. —Ele entregou a garrafa para Andor imediatamente.

— Você veio aqui para matar ou raptar a minha mulher, ordenado por um vampiro, —explicou Andor.

Seu tom era duro e Lorraine não pôde deixar de olhar para ele. Ela nunca o ouviu usar aquelavoz em particular. Ele não parecia muito compreensivo com os dois. Eu sinto muito por eles,Andor. Eles claramente não têm ideia do que está acontecendo.

Mesmo? Andor pegou o queixo e olhou nos olhos dela. Sua respiração ficou presa nagarganta. Ela podia se perder naqueles olhos, a cor da meia-noite, um violeta de veludomisturado com um azul escuro. Eles têm memórias. Não se deixe enganar só porque sãohumanos.

Ela não queria olhar para as memórias deles. Aprendeu ainda jovem que era errado invadir aprivacidade de outras pessoas. Todos tinham segredos, mesmo que fossem pensamentos secretos,e ninguém queria que os outros soubessem o que eram. Ela balançou a cabeça.

Eles escolheram trabalhar para Sergey. São homens psíquicos que o mestre vampiroencontrou através do Centro Morrison. Sergey entrou em contato com eles e ofereceu-lhes aimortalidade em troca de seus serviços—qualquer coisa que ele ordenasse que fizessem. Omorto-vivo pediu-lhes que dessem um jeito de entrar nos limites das salvaguardas e queconvidasse o fantoche para dentro. Claro, eles não perceberam que o pagamento seria ofantoche—seu amigo—comendo-os vivos. Sergey não leva psíquicos humanos em seu mundo amenos que ele pretenda torná-los membros de seu exército. Esses dois nunca entrariam para otime.

Como você sabe disso? Ele soava tão pragmático enquanto estava falando sobre dois homensperdendo suas vidas de uma forma horrenda. Ela adorava que ele fosse calmo e realista, masagora, com as vidas de Adam e Herman em jogo, queria que ele fosse um pouco mais emocional—como ela sabia que estava sendo.

Eles não gostaram da ordem que foi dada a eles e a questionaram, os dois. Mas quandoviram seu amigo transformado em um fantoche, ficaram horrorizados. Nenhum dos dois queriacontinuar, mas é claro que eles não tinham mais uma escolha no assunto. Então foramprogramados.

Está vendo? Ela se agarrou a esse detalhe. Eles têm algo de bom neles. Podem ser salvos.

Nunca mais poderão ser confiáveis. Queriam tanto a imortalidade que concordaram ementregar uma mulher nas mãos de um vampiro. Eles sabiam, quando fizeram o acordo,exatamente o que estavam fazendo em troca. Sergey gosta de ter certeza de que seu pessoal estáciente do que ele é.

Lorraine pressionou os dedos nos olhos. Ela estava tentando achar algo decente em Adam eHerman. Precisava que eles fossem decentes. Eles mudaram de ideia. Às vezes, algo parece serbom, mas quando você está realmente envolvido, percebe que tudo está errado. As pessoas nãosão perfeitas, Andor.

Ele se inclinou para roçar um beijo em seus lábios. Seu coração acelerou de forma alarmante.Ela piscou para ele e ele balançou a cabeça. Não estou julgando os humanos pelas suasfraquezas, Lorraine. Estou muito ciente do fato de que você está pensando em seu irmão nessemomento e lamenta que muitos pensem nele como um monstro. Eu não estou. Não acho queesses homens sejam monstros. Mas o fato permanece, estavam aqui para prejudicar minhamulher. Eles não chegarão perto o suficiente de você para tentar fazer isso novamente.

Nisso ela concordava. Assentiu para mostrar que estava em completo acordo. — O que vaiacontecer com eles? —Sussurrou usando a voz, com medo de que a intimidade da voz de Andoracariciando as paredes de sua mente pudesse convence-la de que ele estava certo.

— Vamos levá-los ao complexo e Tariq decidirá. Ele tem um par de outros psíquicoshumanos que trabalhavam para Vadim trabalhando para ele agora. Eles são inestimáveis porquepodem reconhecer outros homens que se alinharam com Sergey. Também eles possuem umariqueza de memórias para explorar. —Ele olhou para as árvores ao redor, e Lorraine seguiu seuolhar. Vários corvos observavam com olhos redondos e arregalados. — O que estamosesperando?

— Isai ainda não voltou, —disse Ferro. — Eu estendi a mente para ele, mas ele nãorespondeu. Temo que tenha tido problemas.

Lorraine pegou o movimento da cabeça de Adam quando ele se virou para Herman. Elaestreitou o olhar sobre eles e se aproximou, apesar das mãos restritivas de Andor. — O que vocêssabem sobre o desaparecimento de Isai?

Herman começou a sacudir a cabeça e ela olhou para ele. — Se você mentir, todos saberãoque você sabe de algo. Seu mestre planejou para vocês dois uma morte hedionda. Vocêsfalharam em sua missão e agora o vampiro irá querer feri-los antes de mata-los. Ele é assim.Então, digam logo. Onde está Isai?

Adam encolheu os ombros. — Se ele foi caçar para o leste, uma armadilha foi montada para

matar um desses homens. Um acampamento com uma família de cinco pessoas.

Seu coração ficou preso em sua garganta. Instintivamente, ela estendeu a mão para pegar obraço de Andor para se firmar. — Você quer dizer crianças? Você sabia que Sergey ia usarcrianças para montar uma armadilha e atrair um caçador?

Mais uma vez, Adam encolheu os ombros e ela quis bater nele. Ela deu outro passo emdireção a ele e Andor circulou sua cintura com o braço dele, prendendo-a contra ele. — Vocêqueria tanto assim? Trocaria a vida das crianças por imortalidade?

— Pelo poder, —corrigiu Andor. — Por ter o poder da vida e da morte sobre os outros. Vocêescolheu a morte para essas crianças e para o nosso irmão. Mas a algo que vocês dois precisamse lembrar, é que os caçadores não morrem tão facilmente. —Ele se virou para os outros. —Alcançaremos Isai coletivamente. Todos os irmãos trocaram sangue com ele. Não precisamos davoz dele para encontrá-lo.

— Por que ele escolheria não entrar em contato com vocês ou responder aos seus chamados?—Lorraine perguntou.

— Isai sabe que é exatamente isso que Sergey espera que ele faça e dessa forma elesprepararam o campo de batalha. Eles têm a vantagem por terem definido o campo de batalha.

— Então precisamos mudar e fazer o inesperado. —Essa era uma citação direta de seu pai.Quando um adversário tinha a vantagem, e sabia o que um deles ia fazer, sabia como elespreferiam lutar, seu pai sempre lhes dizia para ‘mudar e fazer o inesperado’. Essa situação exigiaexatamente isso.

Você está pensando em se usar como isca novamente. Andor fez uma acusação.

Ferro saiu para o prado um pouco maior, ao lado de onde Andor estivera tão ferido. Ela nãopodia deixar de observá-lo, sabendo que ele faria algo enorme. Algo maravilhoso. Algo terrível.Ela segurou a respiração.

Ele se mexeu. Um momento, havia um homem alto com longos cabelos esvoaçantes até acintura e no outro um gigantesco dragão cor de ferrugem. O dragão era magnífico, muito bonito,suas escamas brilhavam ao luar. Ele esticou o pescoço e abaixou uma asa. Ao lado dela, Andorsuspirou enquanto os dois homens humanos ficaram boquiabertos.

Exibido. Andor sussurrou baixinho e em sua mente.

Ele puxou a mão de Lorraine. Estava boquiaberta e tinha certeza que que Adam e Hermanestavam do mesmo jeito. Ainda assim, foi com Andor até o enorme dragão. Mesmo tendo vistoFerro mudar e sabendo que era ele, estava apreensiva e mais do que um pouco impressionada.Lorraine timidamente tocou as escamas. Elas eram frias ao toque, duras, mas suaves como seda,mesmo sobre as protuberâncias que sentia dentro de cada escama.

A cor do dragão era única, como o minério de ferro hematita21, cinza com tons avermelhados—ou o oposto, como agora, quando eram mais vermelhos que cinza. Os olhos de Ferro eram damesma cor. Como chamas queimando profundamente sob a superfície. O corpo do dragãoparecia muito como se um fogo ardesse sob as escamas, as chamas laranja e vermelhaaparecendo.

Andor subiu na asa estendida e esticou a mão para ajudá-la. Ela respirou fundo e, em

seguida, deixou-o pegar seu pulso e puxá-la enquanto ela se aproximava. Dói montar em você,Ferro?

Essa é uma pergunta absurda.

Ela riu. Apesar da tensão e sua ansiedade sobre os dois homens humanos, o que iriaacontecer com eles, e o fato de que Ferro acabara de se tornar um dragão, o que a fazia se sentirum pouco tonta, ele ainda era Ferro.

Andor a colocou na frente dele no pescoço da criatura mítica. Ela olhou para a mochila e osdois homens. — Eu não quero perder as coisas dos meus pais ou do meu irmão. —Esse era ummedo muito real.

— Eles serão transportados para o complexo, —assegurou.

Ferro começou a bater as asas gigantes, pulando por um momento nas patas traseiras, e entãoele estava no céu com uma onda de poder que ela sentiu vibrar embaixo dela. Uma vez no arfresco da noite, eles começaram a subir. Agarrou o pescoço do dragão e voltou para Andor, seucoração acelerando rapidamente. Era loucura. Surpreendente. Impossível. Era um sonho setornando realidade e um pesadelo de insanidade. Cada vez mais, estava sendo atraída para acomplexidade de um fantástico mundo que ela nunca havia concebido.

Se Lorraine fosse o tipo de mulher que lesse fantasias e gostasse de assistir esse tipo de filme,poderia ter pensado que o trauma da morte de sua família havia a jogado em algum lugarprofundo em sua mente, um lugar que ela não precisava lidar com suas mortes e as repercussõesde como eles morreram. Mas ela não era esse tipo de mulher. Sempre foi prática. Ela nuncaacreditou na existência de vampiros ou dragões, de jeito nenhum.

Inclinou a cabeça para trás e olhou as estrelas enquanto circulavam o acampamento abaixodeles. Mesmo tão alto, as luzes pareciam distantes, brilhando como diamantes espalhados pelocéu azul profundo. Olhou para baixo. Um por um, os outros mudaram, assumindo a forma dedragões, os dois homens humanos nas costas do que parecia talvez ser Dragomir.

Ferro liderava o caminho. Andor havia tirado as coordenadas do acampamento da armadilhadas mentes de Adam e Herman, a família humana havia montado o acampamento deles a algunsquilômetros de onde Lorraine estava. Abaixo dela, podia ver a copa da floresta, árvoreslevantando seus galhos em direção ao céu. Ferro desceu e pousou ao lado de um pequeno lago,mudando de forma no momento em que Andor e Lorraine saltaram de sua asa.

Andor saltou e depois ergueu os braços para Lorraine. Ela não hesitou, pousando seguracontra o peito dele. Se ele estremeceu do impacto, ela não sentiu, mas se sentiu mal por não terconsiderado que poderia não ter sido a melhor ideia, pular sobre ele. Por alguns minutos,enquanto voavam pelo ar, se sentiu exultante. Feliz. Os problemas enfrentados por eles tinhamdesaparecido com o chão e sentia cada toque do vento, vendo toda beleza que a noiteproporcionava. As estrelas acima brilhavam, e o lago abaixo deles parecia vidro de cristal,imóvel e intocado. Perfeito.

Queria te mostrar a minha noite. Há muito mais, sívamet. Tantas coisas bonitas que umavida será impossível ver todas elas. Eu quero viajar com você, levá-la para lugares que nenhumoutro ainda descobriu. Cavernas de cristais. Piscinas de água fresca e intocadas. Muito mais.Isso irá acabar em breve e vamos sair pelo mundo, explorando.

Lorraine sabia que ‘em breve’ para um Cárpato era muito relativo. Eles viveram várias vidas

humanas, então ‘em breve’ poderia ser o período de todo um ciclo de vida humano. Ainda assim,ela queria ver essas coisas com ele. Sabia que a cada minuto em sua companhia, apesar dosperigos, a levava para mais perto de escolher estar em seu mundo com ele.

Eles se moveram para o abrigo das árvores. Ferro mudou pela segunda vez, indo dogigantesco dragão para um pássaro muito menor. Escolheu um corvo, e ela soube imediatamenteque ele planejava espionar usando seus olhos afiados e seus próprios sentidos agudos. Ele foipara o ar. Vários dos outros o seguiram, cada um indo em uma direção diferente.

No momento em que as garras do dragão de Dragomir agarraram a terra, ele se mexeu,jogando Adam e Herman no chão. Instantaneamente, eles foram levados para as árvores eficaram congelados, incapazes de se mover ou falar. Ela não protestou. Havia vidas de criançasem jogo.

O acampamento está depois das árvores a leste de você. Há uma clareira ao lado do córregoque corre vindo do lago. Eles estão ali. Sinto o cheiro de vampiro, e a grama está marrom aoredor da área do acampamento. As flores também estão murchas, relatou Ferro.

Acredito que há pelo menos um vampiro mestre orquestrando e executando esta batalha,Gary acrescentou. Ele está escondido nas árvores, uma das duas árvores. Isai está no chão, nãolonge do acampamento. Toquei sua mente. Ele fechou o coração e os pulmões para não sangrarainda mais. Isso foi tudo o que foi deixado como uma mensagem para nós. Isso e o nomeFarmington. Significa alguma coisa para vocês?

Eu me deparei com as suas mortes há mais de dois séculos, disse Sandu. Ele é muitosanguinário e gosta de fazer suas vítimas sofrerem. Ele se chamava Benard Farmington. Elegostou do nome por que ele roubou de uma família de vítimas. Ele foi particularmente brutalcom eles.

Lorraine fechou os olhos. Ela não conseguia pensar que esse vampiro sobreviveu por tantotempo. Sabendo que sobreviveu com o sangue de vítimas humanas.

Os Cárpatos também fazem, lembrou Andor.

Isai não teria sido ferido tão severamente por vampiros menores, até mesmo um grupo deleso atacando não poderia fazer um grande estrago. Ele estava tão ferido que foi forçado a fechar ocoração, assim como Andor deveria ter feito, mas não pôde, porque ela estava com ele.

Gary, ele pode ser salvo? Ela fez a pergunta que sabia que nenhum dos outros perguntaria.Eles eram lógicos sobre a vida ou a morte. Qualquer um viveria ou morreria. A preocupação nãomelhoraria as situações.

Acredito que sim. Gary deu a ela uma resposta humana.

Lorraine respirou fundo e assentiu. Obrigada. Você pode ver as crianças?

Eu tive um vislumbre delas quando a aba da barraca foi levantada, Sandu disse. Doismeninos e uma menina. Os meninos parecem ter dez e onze anos. A menina parece ter cinco.Eles estão muito assustados e subjugados.

Lorraine olhou para Adam e Herman. Ela queria dar um soco neles. Forte. Não era culpadeles que a família estivesse em perigo, mas nenhum dos dois homens, apesar de terem agidocomo se tivessem mudado de opinião, havia advertido os antigos sobre o perigo.

Eles estão protegendo sua barganha com o vampiro. Se perdêssemos a batalha, poderiamdizer a Sergey como eles foram leais. Se vencêssemos, poderiam recorrer ao fato de que nãoqueriam convidar o fantoche para o círculo de segurança e que foram obrigados.

Estou começando a pensar que eles estavam mais preocupados com o fantoche comendo-osvivos do que terem que me entregar a ele.

Acredito que você está correta.

Ela desejou ter chutado Adam um pouco mais. Andor pegou a mão dela e levou-a à boca,beijando-lhe os nós dos dedos. Seus lábios pareciam frios e firmes contra sua pele.

— Vamos começar isso. Todos estão em posição.

— Quantos estão lá?

— Os irmãos contaram seis peões. Quatro subalternos e, claro, o mestre vampiro.

Lorraine parou de andar. — Oh meu Deus, Andor. São onze deles. Onze. Como podemoslutar contra tantos e proteger os campistas ao mesmo tempo?

Andor colocou a mão gentilmente sobre a dela. — Respire fundo, Lorraine. Você sabe comofazer isso. Você foi treinada desde criança para lutar contra adversários maiores e mais fortes doque você, alguns até mais bem equipados do que você. Nós vamos vencer porque não temosescolha. Isso é o que você precisa dizer a si mesmo. Se falharmos, esses monstros matarão essascrianças. Isso é inaceitável.

Ela assentiu. Sabia que Andor, como os outros homens dos Cárpatos, havia avaliado suaschances e sabia, com ele tão ferido e agora Isai ferido, precisariam de todos para ajudá-los. Elesqueriam ganhar de forma rápida e decisiva. Quanto mais a batalha se arrastasse, mais as chancesgiravam em favor dos vampiros.

— Você está pronta? —Andor perguntou.

— Sim.

— Se eles usarem uma criança como refém e tentar fazer você entregar suas armas, a únicacoisa possível a fazer, Lorraine, é atacar. Entregar suas armas não salvará a criança. Mais do queprovável, eles vão matar a refém na sua frente depois de você ter entregado. Vi isso acontecerséculo após século. Vampiros vivem para a tortura de qualquer tipo. Eles sabem que as mulheres,em particular, são muito sentimentais quando se trata de crianças. Muitas vezes, a criança feitade refém, é uma ilusão.

— Neste caso, sabemos que eles realmente as têm. —Ela queria ser clara sobre isso. Eleassentiu. — Você tem que estar pronta para esse tipo de tática que o vampiro pode usar. Se vocêacha que não pode lidar com isso, precisa ficar aqui e permitir que eu vá até eles sozinho.

— De jeito nenhum, esqueça isso, —ela disse. — Se você pode fazer isso, eu também posso.—Deliberadamente, ela derramou confiança em seu tom, mas na verdade não era assim que sesentia.

Ferro vai lutar contra o vampiro mestre. Sandu e Dragomir vão enfrentar o resto do grupo.Acredito que são quatro. Gary, Lorraine e eu vamos destruir os vampiros menores, Andoresclareceu a todos eles. Gary, precisaremos de suas habilidades de cura e seu conhecimentosobre os humanos para trabalhar com essa família.

Compreendido.

Lorraine sabia que era a coisa lógica a fazer. Cada um deles tinha um trabalho a realizar.Gary era o melhor em cura e precisavam dele para Isai e, provavelmente, para outros. Andorestendeu a mão para ela e ela a pegou, sentiu os dedos dele ao redor dos dela, envolvendo suamão menor. Instantaneamente, ela sentiu sua força e isso lhe deu a confiança que precisava.

Começaram a andar pelas árvores, evitando o pequeno rastro onde Isai estava deitado emsilêncio. Caminharam, murmurando um para o outro, sabendo que estavam sendo vigiados.

— Eu tenho outros membros da sua família para conhecer e ter a aprovação deles? —Elaperguntou.

— Os irmãos são minha família. Dragomir, Isai, Sandu, Ferro e outros três que você aindanão conheceu. Fane, que encontrou sua companheira e esperamos que eles se mudem para viverconosco. Petru, que está no complexo guardando Tariq, junto com Benedek. Havia oito de nósque moravam lá ao longo dos anos. Vários outros se juntaram e depois partiram, mas esseshomens são o meu núcleo familiar.

Ela enviou-lhe um pequeno sorriso. — Família grande, então. E muito intimidante.

— Eles nunca te machucariam, sívamet. Eles podem, no entanto, dizer-lhe o que fazer.

Ela riu, mantendo sua voz muito suave. Foi preciso esforço para não olhar em volta dela. Afloresta parecia diferente. Passou grande parte de sua vida acampando. Todo verão, sua famíliaacampava. Muitas vezes, durante o inverno. Seu pai gostava dos espaços abertos e tambémqueria que Theodore e Lorraine estivessem preparados para sobreviver em qualquer tipo declima.

Ela se sentia em casa na floresta, ou em qualquer lugar ao ar livre. Agora, havia umasensação completamente diferente. Um frisson de medo percorreu sua espinha. O medo seinstalou na boca do estômago. Nada parecia o mesmo, nem mesmo os pássaros que se moviamde galho em galho, ou o chão debaixo de seus pés. Parecia haver um número excessivo deinsetos voadores.

Esquilos tagarelavam para eles, alarmados. Pequenos lagartos subiam nos troncos das árvorese cobras deslizavam pelas folhas e na vegetação no chão. Andor não pareceu notar. Elecontinuou andando, e ela resolveu fazer o mesmo. Ainda assim, não era difícil ver a maneiracomo as folhas se enrolavam, ficando marrons e murchas. A maneira como o tapete de gramaque deveria ser verde estava tão murcho quanto as folhas e as agulhas dos pinheiros no chão.Árvores choravam lágrimas negras de seiva que desciam pelos troncos e formavam poços dealcatrão22 na base de suas raízes.

Lorraine encontrou-se prendendo a respiração, tentando não respirar o ar nocivo. Havia umpeso nisso, um cheiro estragado, muito parecido com ovos podres—ou carne podre. Seu coraçãodeu um pulo.

Você acha que eles têm outro fantoche lá? Assustando essa família?

Ele olhou para ela bruscamente. Por que você está perguntando isso? O que você estápensando?

Eu sinto um cheiro. Mal posso respirar com esse cheiro tão forte, e está ficando pior.

Andor inalou. Eu cheiro vampiro. Eles estão podres por dentro e por fora. Seus corpos estãoem decomposição. É isso que você cheira, mas isso não quer dizer que eles não tenham criadooutro fantoche. É possível.

Ela não gostou do jeito que ele desviou o olhar dela. Ele sabia que havia um fantoche porperto. Se ela podia sentir a presença de um fantoche pelo fedor horrível, então ele também podia.Por que você não quer que eu saiba com certeza? Eu não gosto de você tentando me enganar.

Eu não tenho certeza se há algum lá, ele protestou. Ninguém avistou um fantoche e eles sãodifíceis de se esconder. Ainda assim, pelo odor que permeia toda a área, suspeito que possahaver um. Ou aquele que foi enviado para você, foi transformado nessas proximidades.

O estômago de Lorraine cambaleou. Ela preferiria encarar um vampiro do que o fantoche. Ofato de saber que aquele fantoche uma vez foi humano, a nauseava, e sabendo que ele sealimentava do sangue e da carne de outro ser humano a horroriza. — Alguém está de olho emAdam e Herman?

Ele assentiu. — Ferro enviou sentinelas, animais, para vigiá-los. Somos todos necessários.

Ela tinha que estar satisfeita com isso. Se o vampiro mestre soubesse que eles estavampróximos—e, é claro, ele sabia—poderia enviar alguém ou algo para matá-los. Enquantoestivessem vivos, poderiam ser de utilidade para os Cárpatos.

Ferro questionou-os?

Claro que ele fez. Extraiu uma quantidade tremenda de informações de ambos. Foi assimque soubemos que eles estavam mais preocupados com suas próprias vidas do que com a sua.

Para que eles mais servirão se Ferro já lhes arrancou todas as informações? Ela podia ver abarraca agora. Foi montada ao ar livre longe das árvores. Olhou para barraca, tentando observaros ocupantes se movimentarem. Um homem adulto estava sentado na frente de uma fogueira queele montou e cuidadosamente empilhou pedras ao redor. Ele continuou olhando para a floresta edepois para a barraca. Sua esposa estava sentada ao lado dele e parecia que chorava. O homemcolocou o braço em volta dela e inclinou-se para falar com ela.

Sergey recrutou outros como Adam e Herman e precisamos identificar esses machoshumanos. Se eles conseguirem emprego nas boates ou tentarem se infiltrar na força desegurança de Tariq, podem causar muitos danos.

Andor agarrou a mão dela, levou-a à boca e deu um beijo no interior do pulso. — Pronta,csecsemõ? Fique por perto—se necessário, estaremos de costas um para o outro. Nós vamoslibertar os prisioneiros e os outros vão lidar com os vampiros remanescentes.

— Estou pronta. —Ela tinha que se endurecer para encarar o fantoche—e tinha certeza deque o cheiro significava que um estava perto, provavelmente na barraca.

Gary?

Estou flutuando no vento. Quero chegar perto o suficiente para saber o que estáacontecendo lá dentro. Me dê mais algum tempo.

Lorraine fechou os olhos e levantou o rosto para sentir o vento. Estava indo na direção dabarraca. Não mais do que uma leve brisa, era fria e parecia agradável em seu rosto quente.Esperou o retorno de Gary, com o coração acelerado.

Bem, a aba da barraca ainda está aberta. Crianças dentro. O fantoche está lá, e pelo poucotempo em que vi, o vampiro teve que impedir que ele desse mais mordidas no garoto mais velho.

Mais mordidas. Significava que o fantoche já estava tentando se alimentar da criança. Isso anauseou, mas também a estabilizou. Não ficaria parada sem fazer nada enquanto alguma criaturahorrível aterrorizava um garotinho. Tinham que resgatar as outras crianças e seus pais e levá-losa segurança, dessa forma Gary poderá ajudar o menino mais velho.

— Vamos, Andor.

Ele começou a sair da floresta. Caminharam juntos, de mãos dadas. O par na fogueira os viuimediatamente, e o homem sacudiu a cabeça várias vezes, tentando avisá-los. Ele até usou umsinal de mão, acenando, tentando comunicar o perigo, mas ela e Andor continuaram andando. Amãe enfiou os dedos na boca para não soluçar em voz alta.

— Olá, —Andor falou. — Estávamos esperando encontrar companheiros de acampamentonas proximidades. Nós sentimos o cheiro de sua fogueira.

E do fantoche. Lorraine empurrou a pequena crise de histeria que queria aparecer apesar desua determinação.

O homem tentou novamente com um pequeno aceno de cabeça, mas ele apontou para o fogo.— Sejam bem-vindo. Estamos prestes a começar a preparar o jantar. Vocês são bem-vindos paracomer conosco.

Andor indicou a Lorraine que mantivesse o casal entre ela e a barraca o tempo todo. Eles jáhaviam discutido a questão da segurança, então ela sabia o que fazer, mas assentiu com a cabeçapara tranquilizá-lo.

— Obrigada, —ela falou em voz alta. — Ficaremos felizes em comer com você. Nós nãotrouxemos nada para contribuir, no entanto.

— Temos muito, —assegurou o homem.

Andor continuou andando, embora Lorraine parou um pouco, fingindo amarrar sua bota decaminhada. Ficou agachada, dando-lhe ampla oportunidade de estudar o chão em volta dabarraca. Insetos rastejavam nos brotos marrons de grama, parecendo um pouco bêbados. Eles semoviam em círculos e alguns caíam como se não conseguissem que suas pernas funcionassemcorretamente.

— Eu sou Andor, e esta é a minha namorada, Lorraine.

Lorraine ficou chocada. Ele nem sequer hesitou. Parecia suave e muito moderno, embora elenão tivesse usado nenhum sotaque do jeito que a maioria das pessoas teria. Ela levantou os olhosdo sapato e acenou.

O homem se adiantou para apertar a mão de Andor. — Eu sou Neil Bennet, e esta é minhaesposa, Carol. —Ele se inclinou para mais perto. — Vocês precisam ir embora agora. Tire suanamorada daqui. Há um louco ...

Um rugido de fúria e um grito estridente de criança fizeram Neil se virar para a barraca. Suaesposa tentou correr em direção a barraca e ele a pegou pela cintura. A aba da barraca foitotalmente aberta e todos eles viram as três crianças, duas amontoadas e uma lutando como umfantoche que rasgava seu ombro com dentes irregulares.

O que parecia ser um homem se levantou devagar. — Foi dito a vocês para não os avisar, —disse o homem enquanto vinha para frente. — Você sabia do castigo. —Ele gesticulou emdireção ao fantoche e a coisa começou a arrastar o menino para longe.

Carol e Neil tentaram chegar ao filho, mas o homem levantou a mão e os dois pararam. Ohomem sorriu, mostrando os dentes escuros e manchados de sangue. Inclinou-se para Lorraine eAndor. — Eu sou Jannik Astor.

Reconheço o nome. Fridrick e Georg tomaram o nome Astor. Eles se transformaram com osMalinovs. Vários primos se transformaram com eles. Esse deve ser um deles. Andor a informoupelo canal comum entre os Cárpatos.

Temos que parar o fantoche, ele vai matar aquele garotinho.

Gary vai resgatar a criança. Concentre-se. Vou afastar as duas crianças deste Jannik, mastenho que ser sutil. Prenda a atenção dele. Vou me aproximar novamente do pai.

— Jannik, —disse Lorraine, saindo de trás de Andor.

Ela recuou, de modo que o casal ainda estava entre ela e o vampiro, mas saiu apenas osuficiente para ser vista. Precisava da atenção do vampiro focada nela. O morto-vivo pensavaque ele tinha a vantagem e seria capaz de fazer com que Andor e Lorraine fizessem o que elequeria em troca da segurança das crianças. — Sem dúvida, você já sabe meu nome. O seu mestredeve ter lhe dito para me levar até ele?

Os olhos do vampiro brilharam em um vermelho profundo quando ela mencionou seu‘mestre’. Aparentemente, ele não estava tão feliz servindo sob a liderança de Sergey.Considerava que seu mestre era o irmão de Sergey, Vadim, e esse era um mestre muito maisilustre, tanto que a expressão do vampiro lhe dizia que ele não ficou muito feliz em ser lembradodisso. Ela sabia que, de tanto olhar as mentes dos guerreiros, que os vampiros eram vaidosos.

— Sergey Malinov é um verme. Você sabe o que os antigos o chamam antes de rir dele? Eleé conhecido como kuly. Caso tenha passado muito tempo desde que você falou sua próprialíngua, isso significa verme intestinal. Ou melhor ainda, uma tênia23. Ou um demônio que possuie devora almas. Ele provavelmente prefere o último ao o que ele realmente é, um vermeintestinal. —Ela manteve a voz baixa e uniforme. Calma, para que Jannik tivesse que ouvir comtoda a sua concentração. — Você deve detestar trabalhar para uma tênia.

Com o canto do olho, ela viu Andor se movendo devagar. Centímetro por centímetro. Eleestava ao lado de Neil, que segurava sua esposa flácida em seus braços, recusando-se a permitirque ela se colocasse em perigo tentando correr para as duas crianças restantes, ou atrás dofantoche que carregava o mais velho.

Lorraine viu Andor tocar no braço de Neil, um toque de seus dedos, nada mais, mas deu a eletoda a atenção do homem.

— Como você pôde trabalhar para ele? Jannik, claro, você é muito mais inteligente. Onde eleestá agora? Ele envia o seu melhor para lutar suas batalhas porque ele mesmo não pode fazê-las.Por que você se alinhou com esse verme? —Ela despejou bajulação e interesse em sua voz.

— Ele é de fato um verme. Estou lentamente recrutando outros que concordam que só porqueSergey leva o sobrenome Malinov, não significa que ele é um deles. Os outros eram líderes.Sergey se arrastou no chão para eles, comeu seus restos de comida. Ele herdou seu manto de

liderança. Mesmo agora, ele serve ao seu irmão.

Ela sentiu Andor endurecer. A reação estava em sua mente e ecoou por todos os antigos,Dragomir em particular. Ela não entendia por que, mas ela sentiu isso. — Eu não entendi o quevocê disse. Que irmão? Você tem que lembrar, eu não sei muito sobre por que seu mestre mequer. É seu irmão quem me quer?

— Ele não é meu mestre. Vadim era. Vadim tinha uma visão para todos nós. Não podemosencontrar nossas companheiras, mas podemos ter mulheres para nos servir. Para nos dar filhos,um exército deles. Nós teremos homens humanos servindo e nos protegendo também. Era paraser o nosso século. Nós estávamos prestes a destruir os Cárpatos.

— Vadim fez isso?

Jannik assentiu. — Não esse irmão dele, o miserável verme. Vadim deve estar preso emalgum lugar. Ninguém o vê, exceto Sergey. Agora Sergey exigiu que pegássemos sua escrava devolta e junto com ela, você. Ele quer duas mulheres para si mesmo.

— Estou muito confusa. —Andor estava agora perto das crianças, entre elas e o vampiro. Elaqueria pular para cima e para baixo de alegria. — Pensei que era Vadim que queria mulherespara todos vocês.

— Era o plano dele. Sua mulher foi levada por um dos Cárpatos. Ela está grávida de seufilho, o primeiro do seu tipo. Vou libertar Vadim e recuperar sua mulher. Aquela criança é ocomeço do nosso exército e simboliza que não somos carne apodrecendo e cheia de vermes.

— Acho que ninguém os chama de vermes, exceto, claro, o seu mestre.

Ela podia ver Andor tecendo um círculo de proteção ao redor das duas crianças. Eles sesentaram em silêncio, olhando para ele sem medo. Ela sabia que ele havia assumido o controleda mente deles, distanciando-os do que estava acontecendo. Essa era a primeira parte do planodos dois. A segunda parte era, antes de atacar o vampiro, proteger os pais e deixar claro para elesque não importava o que acontecesse, eles não poderiam partir até que Andor ou um dos outrosdissesse que seria seguro.

Gary tinha derrotado o fantoche, resgatou o menino mais velho e o colocou em um círculo deproteção. Ele precisava chegar a Isai, curá-lo e dar-lhe sangue para que Isai pudesse voltar para ocomplexo. Os outros tinham tarefas específicas, mas até que Andor, Lorraine e Gary garantissemque as crianças e seus pais estivessem seguros, ninguém poderia entrar em batalha. Se ofizessem, isso levaria Jannik a fazer sua jogada, e eles não estavam prontos.

— Eu te disse, ele não é meu mestre. —A voz de Jannik, que antes era doce, agora parecianasalada e lastimosa. Vermes corriam pelo rosto e ele se esqueceu de limpá-los. Fúria torceu suasfeições em uma máscara malévola. Ele puxou o cabelo com uma mão e um tufo enorme saiu. Eleolhou para ela como se estivesse intrigado.

— Isso mesmo, claro que ele não é. Como ele poderia ser? Eu sinto muito, Jannik. —Elamanteve a voz apaziguadora. — Não pretendo cometer o mesmo erro.

Com o canto do olho, avistou Andor tecendo suas salvaguardas ao redor do casal. Neilconvencera a esposa a se sentar no chão. Ele manteve os braços em volta dela e a embalousuavemente, mas ambos tinham os olhos sobre a floresta distante.

Quando Andor terminou, ele se virou para o casal. — Seus filhos estão seguros. Um amigo

está protegendo seu filho mais velho e destruindo a abominação que o levou. Fiquem onde estão,não importa o que esteja acontecendo ao seu redor. Se vocês se moverem irão morrer e seusfilhos também.

Ele caminhou até o lado de Lorraine. — Te kalma, te jama ńiŋ3kval, te apitäsz arwa-arvo—Você não é nada além de um cadáver infestado de larvas, sem honra. Eu vim para libertar você.

Lorraine deu um passo para trás para dar espaço de luta a Andor. E mais, ela fez o que elesugeriu antes e foi para trás dele ficando de costas-a-costas com Andor, virada em direção àfloresta, sabendo que os outros viriam.

Capítulo 11

As crianças estão seguras. A voz de Andor se moveu em sua mente e Gary Daratrazanoffdeu um suspiro de alívio.

Ele esperou no frio da floresta por sua presa. O cheiro de sangue era forte quando o fantochearrastou a criança gritando em direção a ele. O menino era valente e estava dando trabalho àcriatura. Os fantoches, em regra, eram lentos e pesados, mas eram extraordinariamente fortes.Chutando e socando, dando golpe após golpe, o garoto dificultou que o fantoche o arrastasse. Erabom para o menino, mas ruim para Gary agir. O fantoche continuou a lutar com o menino, masfinalmente parou a uns doze metros da posição de Gary.

O fantoche rasgou a criança e os gritos do garoto mandaram os pássaros para o alto,alarmados. Gotas de sangue cuspiam no ar, enlouquecendo ainda mais a criatura. Gary acenoucom a mão para a criatura do vampiro enquanto ele saía de dentro da floresta, emergindo nomomento em que os pássaros se assustaram. O cérebro dos fantoches estava tão destruído que, namaioria das vezes, magia e poder não funcionavam muito bem neles. Gary só queria que elelargasse o suficiente para dar ao menino oportunidade de correr.

O fantoche virou a cabeça, como se estivesse amarrada as cordas de um manipulador, ficoude frente para ele enquanto se preparava para atacar. As mãos do fantoche ficaram frouxas,permitindo que a criança se libertasse e cambaleasse a certa distância. Gary se moveu no últimomomento, mais para tranquilizar a criança do que por necessidade. Ele enviou ondas de confortoe apoio para o menino e tirou a dor da criança ao mesmo tempo.

Recebera a tarefa mais fácil, porque, dessa forma, poderia logo ficar livre e ir curar Isai.Dirigiu-se diretamente para criatura e bateu com o punho no fantoche. Ignorando as garrasrasgando seu corpo e os dentes cravando em seu ombro, ele extraiu o coração, jogou-o de lado erecuou. Relâmpago bifurcou no céu noturno e então um chicote de energia atingiu o coração,incinerando-o. A rajada de energia branca e pontiaguda saltou para o fantoche, destruindo-o emuma deslumbrante exibição de chamas.

Gary foi direto para o menino. A criança olhou para ele enquanto se agachava ao lado dele.— Eu sou o Gary. Qual o seu nome?

Ele colocou a mão no ombro do garoto, onde o fantoche havia arrancado pedaços de carne.As feridas eram dolorosas, mas superficiais. A vil criatura não teve tempo de fazer maiores danos

no garoto. Gary chamou a luz de cura nele e trouxe-a através de suas mãos para que a criançasentisse calor, mas não tão quente que queimasse as dolorosas mordidas e aumentasse aslágrimas.

— Tommy. —O menino fungou. — O que era aquilo?

— Nós os chamamos de fantoches. Eu vou construir um círculo de segurança para você. Sealguém tentar tirá-lo dele, peça a pessoa que diga a frase secreta. Se ele não disser, você ficamuito quieto dentro. Eles não conseguirão chegar até você.

O garoto assentiu, seu corpo magro tremendo. — Acho que eles têm meu irmão e minhairmã. Talvez minha mãe e meu pai. —Um soluço brotou, mas ele sufocou.

Gary balançou a cabeça quando começou a tecer as salvaguardas necessárias para manter ogaroto em segurança. — Meus amigos fizeram um círculo de segurança para eles igual a esseque estou fazendo para você. Ainda há várias pessoas ruins por aqui, e temos que fazê-las sairdos seus esconderijos. Você tem que fazer o que eu estou dizendo, Tommy, ou você não estaráseguro.

O garoto assentiu. Gary queria faze-lo dormir, mas se ele fosse morto na batalha, ninguémseria capaz de acordar o menino. Não tinha escolha, tinha que correr o risco.

— A frase secreta é ‘George, o Curioso, gosta de sua bicicleta’. Você consegue se lembrardisso? —Não significaria nada para um Cárpato ou um vampiro, mas significaria para umacriança humana. Todas elas tinham ouvido falar do George, o Curioso24. Os livros eram muitopopulares e amados pelas crianças.

O garoto assentiu novamente, seus olhos iluminando um pouco. — Sim. Eu lembrarei disso.—Ele repetiu a frase para Gary.

— Não importa o quão assustadoras as coisas pareçam, você fica aí. Eu venho buscar você.—Ele se virou de costas para o menino, mas depois se virou de frente novamente. — Se alguém,parecido com um de seus pais chegar aqui, ele ainda tem que dizer essa frase. Você não podedeixar ser enganado por essas coisas.

Tommy acenou com a cabeça novamente. — Eu não vou.

Última criança segura. A frase para removê-lo do círculo de segurança é ‘George, oCurioso, gosta de sua bicicleta’.

Foi o melhor que Gary pôde fazer. Precisava chegar a Isai e cuidar de suas feridas. Ele sevirou de costa para o garoto e correu de volta para a floresta. No momento em que estava naclareira e a criança não podia vê-lo, voou para o alto, cobrindo a distância entre ele e seupaciente rapidamente.

Isai estava em uma pequena depressão que ele claramente abriu para si mesmo. O coração deGary estremeceu quando viu o vampiro curvando-se sobre o Cárpato. O vampiro recuou a mãopara mergulhar no peito de Isai. Gary se moveu rapidamente, pegando o pulso do vampiro,impedindo o movimento que mataria o antigo já gravemente ferido.

Gary girou o vampiro ao redor e enfiou o punho no peito, unhas como garras, cavandoatravés do músculo, cortando através do osso, até que seus dedos pudessem cercar o prêmio. Omorto-vivo se jogou para ele com as duas mãos, abrindo seu peito. O vampiro se inclinou para

frente e rasgou seu pescoço com os dentes—ou tentou. Gary girou o corpo para evitar os dentespontiagudos e penetrantes e, ao fazê-lo, retirou o braço rapidamente.

Jogando o coração no chão, ele chamou o relâmpago. O vampiro mergulhou em direção aocoração, a mão estendida. Era impossível ser mais rápido que o raio de energia incandescenteque os atingia. Vampiro e coração foram incinerados quase que imediatamente. Gary banhou osbraços e as mãos no calor escaldante e depois correu para Isai.

O Cárpato foi ferido em vários lugares. Como Andor, ele atacou os mortos-vivos no ninho,sabendo que era uma armadilha, mas tentando resgatar os humanos de qualquer maneira. Garyconstruiu um círculo de segurança em torno do antigo guerreiro. Não haveria ninguém paraprotegê-lo enquanto ele trabalhasse, e ele não poderia dar a oportunidade, da casca de seu corpo,ser atacada por um vampiro enquanto estava tentando curar as feridas de Isai.

Uma vez que terminou de tecer o círculo de segurança, ele derramou de seu corpo e semoveu para Isai, dando uma primeira olhada para descobrir em que estaria trabalhando. Asferidas eram severas, e se Isai não tivesse fechado o coração e os pulmões, teria morrido. Garycomeçou o lento processo de cura.

As crianças estão seguras. Esse foi Andor.

Ainda assim, Sandu esperou, sentindo o calafrio que percorria seu corpo em antecipação auma batalha. Gary precisava se apressar. Eles estavam a algum tempo nessa área, os vampiros jáhaviam percebido que sua armadilha não havia funcionado, e Andor estava no controle doacampamento. Sandu e Dragomir tinham viajado pela brisa da noite, procurando pelos vampirose marcando seus esconderijos. Os vampiros mais novos eram muito mais fáceis de localizar doque aqueles que estavam por aí há muitos anos.

Última criança segura. A frase para removê-lo do círculo de segurança é ‘George, oCurioso, gosta de sua bicicleta’.

Sandu acenou para Dragomir e os dois entraram em ação. Ambos tinham como alvo umvampiro menor, aqueles próximos a dois dos mortos-vivos muito mais perigosos. Eles queriammatar os dois peões menores o mais rápido possível. Claramente, pelo que viram e escutaram, oque se chamava Jannik era um dos quatro vampiros mais perigosos. Isso deixava um que elesnão encontraram. Sandu mergulhou entre as árvores na forma de um corvo. Dragomir e eleficaram lá misturados aos espiões do mestre vampiro e ninguém notou.

Ele se moveu pouco antes de visualizar o vampiro menor que estava se movendo para lá epara cá na expectativa de se juntar a Jannik. Sandu esperou pelo momento certo e o atacourapidamente, batendo com o punho no peito do inadvertido vampiro e arrancando o coraçãoantes que a criatura percebesse o que tinha acontecido. Queimou o órgão e estava se virandoquando um vampiro, que ele não tinha percebido sua presença, o atingiu com força, girando-o ejogando-o no chão.

Sandu se dissolveu e se espalhou através do ar da noite, fluindo ao redor do vampiro e maisuma vez voltando à sua forma física. Fez uma pequena saudação ao vampiro. — Que bom queveio se juntar a mim. Isso me livrou de ter que caçar você.

— Eu nunca vi você antes, mas parece que esteve em muitas batalhas.

Sandu se curvou ligeiramente. — Eu sou um dos irmãos do mosteiro. Você é tão jovem quenão se lembra daqueles trancados atrás dos portões do mosteiro para poupar o mundo de seupoder? —Ele levantou a mão e permitiu que a magia acumulada ao longo dos séculos aparecesseem sua pele. Por um momento, foi uma exibição deslumbrante, pulsos elétricos crepitando sobresua pele, e então ele pareceu normal. — Você é? —Ele perguntou.

O vampiro parecia desconfortável quando ouviu a afirmação de Sandu de ser um dos irmãosdo mosteiro. Todos os Cárpatos ouviram falar deles. Eram guerreiros antigos e histórias de suasbatalhas tinham sido cantadas em volta das fogueiras antes dos tempos modernos. Sandu tinhacerteza de que esse vampiro era um daqueles que cantavam.

— Karl. —O vampiro circulou para a esquerda e olhou para os galhos das árvores, como seestivesse procurando por ajuda.

Sandu enviou casualmente uma onda de chamas para o bando de pássaros que os encaravamcom olhos redondos. Os pássaros gritaram e se elevaram no ar. Sandu girou os dedos no ar e,apesar de quão grandes eles eram, os corvos foram derrubados, todos eles caíram do céu.Enquanto o vampiro estava paralisado pela visão dos espiões do mestre caindo no ar, Sanduatacou.

Ele era um borrão de movimento, tão rápido que o vampiro não o viu antes que fosse tardedemais. O morto-vivo tentou se dissolver, mas o punho de Sandu estava em seu peito, segurandosua forma. Garras perfuraram enquanto sangue ácido derramava sobre o braço do Cárpato,queimando até os ossos. O vampiro retaliou, tentando empurrar seu punho no peito do caçador.Era tarde demais. Sandu tinha o coração e nada iria detê-lo. Ele puxou o prêmio do peito domorto-vivo e enviou-o voando para longe. Um dos corvos tentou resgatá-lo, mas o relâmpagoatingiu o corvo e o coração. Sandu banhou os braços para se livrar do sangue ácido e, emseguida, tomou o ar para chegar ao próximo vampiro.

Dragomir sentou-se no meio dos corvos espiões de Sergey. Ele estudou cada um deles,procurando por um líder, mas nenhum parecia ser um vampiro na forma de um corvo. Esperoupacientemente pelo sinal. Não estava feliz em saber que Vadim ainda estivesse vivo. VadimMalinov liderou o exército de vampiros em San Diego. Eles haviam estabelecido uma fortalezaabaixo da cidade. Recrutaram homens psíquicos humanos encontrados no Centro Morrison paraPsíquicos. O Centro Morrison estava espalhado pelo mundo todo agora. Na verdade, umasociedade humana secreta—aqueles dedicados a matar vampiros, estava no comando do Centro.Eles acreditavam nas pessoas com dons psíquicos, enquanto o resto do mundo pensava que eleseram loucos.

Os irmãos Malinov foram inteligentes o suficiente para hackear o banco de dados doshomens e mulheres psíquicos. Os homens que eles recrutaram os ajudariam de várias maneiras.Eles podem andar de dia no sol e fazer coisas que os vampiros não podem. Vadim tinha visto ouso para eles e em vez de usá-los exclusivamente para comida, prometeu-lhes todo o tipo decoisas em troca de sua ajuda. O vampiro poderia olhar em cada mente individualmente e oferecero desejo do seu coração.

As mulheres psíquicas seriam dadas aos vampiros mais importantes e poderosos, dizendo-lhes que poderiam ter filhos para construir seu poderoso exército. Conseguir algo como isso, queera considerado impossível, daria a eles mais status, ajudando a recrutar novos vampiros. Não foi

fácil fazer os vampiros seguirem o outro. Eles eram vaidosos e narcisistas. Vadim haviaencontrado a maneira perfeita de atraí-los para seu exército.

A companheira de Dragomir, Emeline, sofrera por semanas, com sangue ácido de vampirocomendo ela e seu filho de dentro para fora. Os gritos do bebê a aterrorizava. Ela não podiadormir porque Vadim poderia controlá-la. Foi uma situação muito difícil. Emeline não queriadizer o que estava acontecendo aos Cárpatos, temendo que pudessem machucar seu filho. Elanão tinha certeza do que fazer, mas sabia que teria que tomar uma decisão. Foi quando Dragomirentrou em cena e ouviu a sua voz. Ele soube instantaneamente, pela forma como suas emoções eo brilho das cores haviam retornado a ele, que Emeline era sua companheira.

Demorou um pouco, mas com a ajuda de Gary, Dragomir livrou completamente a mãe e ofilho de qualquer quantidade do sangue de Malinov. Eles achavam que Vadim havia sido morto,embora em algum momento havia uma certa desconfiança. Agora eles tinham certeza: Sergey omantinha vivo por algum motivo próprio. Dragomir não gostou da ideia de ter que voltar paracasa e dizer a sua mulher que Vadim ainda vive. Os vampiros queriam a criança—seu filhoagora. O bebê era uma menina e ela definitivamente era filha de Dragomir—não de Vadim.

Última criança segura. A frase para removê-lo do círculo de segurança é ‘George, oCurioso, gosta de sua bicicleta’.

Ao lado dele, Sandu fez seu mergulho em direção ao vampiro menor que ele tinha comoalvo.

Dragomir fez o mesmo. Os dois vampiros menores eram os peões para ajudar a proteger osque estão a caminho de serem considerados vampiros mestres. Nenhum caçador queria peõesprontos para atacar suas costas quando eles estavam lutando contra um adversário maishabilidoso.

Ele bateu no vampiro com força, rolando-o para o chão, e estava em cima dele antes que omorto-vivo percebesse o que aconteceu. Quando ele mergulhou o punho fundo no peito domorto-vivo, foi atingido por trás. Seu radar de alerta disparou pouco antes de um vampiro tentaratravessar as garras em suas costas e chegar ao seu coração. Ele virou apenas o suficiente parajogar o vampiro longe. Ainda assim, o punho do inimigo foi fundo suficiente para feri-lo.

Em um movimento, ele extraiu o coração do primeiro vampiro e jogou-o a uma certadistância, chamando o raio ao mesmo tempo em que se virava para enfrentar seu novo oponente.Este não era o vampiro mais habilidoso que ele estava de olho por algum tempo e esperavaenfrentar. Este era um segundo peão. Isso significava, que o vampiro que ele tinha como alvo,provavelmente estava mais perto de ser um mestre do que imaginava. Eles muitas vezes secercavam de peões, que seriam sacrificados e os ajudariam a vencer uma batalha ou a fugir.

O chicote crepitante de energia incandescente incinerava tanto o coração quanto o vampiromenor, mas de repente alguma força desconhecida lutou com Dragomir pelo poder da energia.Ele quase sorriu. Emeline devolveu suas emoções, e ele acabou achando engraçado que ovampiro mais habilidoso tinha vantagem sobre ele. Ainda assim, nunca era bom sentir nenhumtipo de emoção quando se estava lutando. Durante uma batalha não pensava em Emeline ouqualquer outra coisa.

Soltou o controle do raio quando o demônio vampiro o arrancou com um poderoso feitiço deconvocação. O raio bifurcado foi em direção ao vampiro, chicoteando e açoitando o céu, girandoem círculo, cercando o morto-vivo em espirais. Dragomir pegou de volta o controle do raio e

girou as espirais de energia incandescente sobre a cabeça do vampiro, certificando-se de quecada espiral se assentasse perfeitamente ao redor de seu corpo, uma espiral bem acima de seucoração. Ele puxou firme, então a energia crepitante cortou o vampiro, incinerando ele e ocoração também.

Dragomir se virou para o vampiro menor. Acima, um raio crepitava ameaçadoramente. Ovampiro olhou desconfortavelmente para o céu, e Dragomir o atacou, esmagando os músculospara alcançar o coração. Ele se afastou, o coração em sua mão, quando Sandu se materializou aolado dele, impedindo um terceiro vampiro menor de atingi-lo. O vampiro o olhou por algunssegundos a mais, concentrado em Dragomir e não viu Sandu chegar.

Os dois homens jogaram os corações no chão e chamaram o relâmpago.

Dragomir sacudiu a cabeça. — Isso está muito fácil. Esses vampiros se transformaramrecentemente. Eles têm pouca habilidade. Eu não entendo o que há aqui.

— Eu concordo. —Sandu olhou para as árvores onde os corvos observavam silenciosamente.— Há mais por trás disso. Algo que não estamos vendo. Como esses homens não podem terhabilidades de batalha? Todos os Cárpatos são ensinados desde o nascimento a lutar. As batalhassão frequentemente passadas de pai para filho. Lorraine tem mais habilidades que essesvampiros.

Dragomir olhou para o prado onde os humanos estavam acampados. — Estes não eramCárpatos antes de se tornarem vampiros, Sandu. Essa é a única resposta.

Jannik olhou para Andor, com um choque no rosto. — O que você se atreveu a dizer paramim? Do que você me chamou?

— Te kalma, te jama ńiŋ3kval, te apitäsz arwa-arvo—Você não é nada além de um cadáverinfestado de larvas, sem honra. Eu vim para libertar você, —repetiu Andor. — Traduzi paravocê, caso não seja mais capaz de falar na língua dos Cárpatos. Não faço ideia de quanto tempopassou desde que você escolheu desistir de sua honra. Desde que você traiu seu povo e suacompanheira.

Jannik cuspiu, fugou, cerrou os punhos e começou a balançar. — Uma companheira só faz devocê um fraco, nada mais. Eu posso ter mulher e filhos, não preciso de uma companheiraforçando-me a fazer coisas que normalmente não faria. Você mantém sua companheira ao seulado, mas ela vai morrer com você.

Andor apontou para o vampiro. Ele podia ver que o morto-vivo tinham algumas habilidadesapenas na maneira como se movia, mas não tinha as habilidades de Andor. Ele acenou,chamando o vampiro. O choque de Jannik apareceu em seu rosto quando ele deu um passo emdireção a Andor e depois outro. Cada passo seguinte era irregular enquanto o vampiro lutavapara se impedir de obedecer a convocação de Andor.

Ele gritou, levantando as mãos no ar para reunir ajuda. A outra mão de Andor levantou e elefez um pequeno círculo apenas com os dedos e depois torceu o pulso. Os corvos, que voavam emdireção a clareira da floresta em resposta ao chamado de Jannik, se chocaram no ar uns com osoutros.

— Você é sapar bin jalkak—um covarde, recusando-se a ir para a morte com honra. —Ele

forçou o vampiro a continuar em sua direção, um passo de cada vez.

Lorraine deu um pequeno aviso. O vampiro menor apareceu do céu, caindo quase aos pésdela.

— Tenho isso sobre controle, —ela assegurou.

Ele tinha que confiar nela para manter sua mente em seu oponente. Lorraine havia lidadobem com toda essa situação, e Andor estaria por perto se ela entrasse em apuros.

Lorraine não tirou os olhos da nova ameaça. Ela não estava lutando apenas por sua própriavida, mas também pelos humanos que estavam protegidos em seus círculos de segurança, assimcomo Andor. Ela não iria falhar. Tinha a certeza que a mente dela era forte, as suas barreirasmentais eram extremamente fortes, caso o vampiro tentasse atacá-la dessa forma.

O vampiro plantou os pés no chão e olhou para Jannik e depois para os humanos. Um sorrisode chacota torceu o rosto dele. Ele levantou a mão e empurrou o ar em direção a Lorraine. Elasentiu o ataque em sua mente primeiro, mas já havia percebido que os ataques começavam comfrequência lá, porque ela se recusou a recuar, mantendo seu escudo forte, a pressão do ar não aenviou voando para trás em Andor como o vampiro pretendia. Isso a balançou, mas não osuficiente para jogá-la no chão.

Ela sacou a arma, apertou três rodadas, acertando-o no olho, no meio da testa e na garganta.A força das balas disparadas rapidamente empurrou o vampiro alguns passos para trás,inclinando sua cabeça também. Antes que ele pudesse se recuperar, ela arrancou o lança-chamasque Andor e os outros tinham conseguido conjurar para ela.

O olho que não foi atingido do vampiro se alargou e ele se virou para correr. Vagamente, nofundo de sua mente, ela achou aquilo estranho. Em todas as batalhas que observou nas mentesdos antigos, os vampiros não corriam. Eles criavam ilusões, se dissolviam em névoa. Eles não seviravam e corriam.

O fluxo constante de chamas envolveu o vampiro e ele parou bruscamente, girou em umestranho giro de três pontos25, parecendo muito com uma marionete, e veio direto para ela compassos hesitantes e cambaleantes.

Andor. Odiava distraí-lo de Jannik. Algo não estava certo. Manteve as chamas fluindodiretamente no coração do vampiro que se aproximava. Ela recuou até quase tocar Andor.

Ele está possuído por outro. Estávamos nos perguntamos onde o quarto vampiro estava, eagora sabemos.

Lorraine não entendeu—ela só queria se virar e correr—mas ela era tudo o que ficava entreAndor e esse maníaco vindo para queimar os dois vivos. Tinha que incinerar seu coração, entãomanteve o lança-chamas firme sobre o lugar que sabia onde estava o órgão. Calor trouxe gotasde suor em sua testa e as fez escorrer pelo peito. O medo fez seu coração bater forte, mas ela semanteve firme. O vampiro estava perto agora, a poucos metros dela, perto o suficiente para elapensar que as chamas a alcançariam, mas de repente, ele começou a cair.

Ele caiu no chão, com os braços enegrecidos e carbonizados, mas se estendendo em direção aela. Isso era o suficiente para querer arremessar o lança-chamas nele e sair correndo. Ele eracomo algo saído de um filme de terror—e se recusava a morrer. O vampiro carbonizado arrastouseu corpo enegrecido em direção a ela. Agora ele estava a apenas alguns centímetros de

distância. O fogo queimava ardentemente, as chamas alcançando-a junto com braços hediondosque agora estavam se despedaçando. Pedaços de cinzas rolaram para longe de seus braços. Seuestômago revirou, mas manteve os olhos colados no peito e no local onde estava seu coração.

— Por favor, por favor, por favor, —ela se viu cantando e, em seguida, ficou horrorizada queestivesse rezando para que alguém morresse.

Não alguém, Lorraine. Ele é um vampiro. Escolheu desistir de sua alma e sobrevivermatando outros.

Ela fechou os olhos brevemente e então, incorporada pela calma de Andor, respirou fundo eao mesmo tempo ficou sobre a criatura para ter certeza que não falharia em acertar o alvo.

Andor queria ajudá-la, mas sabia que não podia se dar ao luxo de quebrar a concentração.Jannik ficou na frente dele, chamando sua atenção, mas ele não estava sozinho. Outro vampiroestava escondido e ajudando Jannik, ele também havia tomado posse do vampiro menor,sacrificando-o para atacar Lorraine.

Mantendo os olhos em Jannik, Andor ergueu as mãos no ar. — Muonìak te avoisz te—euordeno que você se revele. —Muito poucos caçadores podiam comandar um vampiro a essenível de obediência, principalmente se o vampiro estivesse se transformado há mais de um par deséculos. Mas ele era um antigo, como os outros irmãos. Com o passar dos anos, o poder cresceucada vez mais neles. Foi por isso que precisaram se afastar dos outros Cárpatos. Sabiam queeram perigosos e poderiam se transformar caso continuassem a caçar e matar, mesmo que cadamorte fosse honrosa. — Revele-se e venha para mim. —Ele estalou os dedos e apontou para ochão na frente dele como se estivesse comandando um animal.

Ele estava seguro em não se transformar agora, porque tinha Lorraine. Dragomir estavaseguro porque tinha Emeline. Sandu, Ferro, Isai, Petru e Benedek estavam todos correndo riscos,assim como Gary. Ele esperava que, pelos menos Sandu, Ferro e Gary, estando ligados a ele e aLorraine, podiam ganhar um pouco mais de tempo.

À sua direita, um vampiro emergiu da escuridão, estava camuflado atrás de uma pequenapedra, mas agora rastejava rosnando como um animal selvagem em direção a Andor.

Estou me movendo três passos para a esquerda. Mova-se comigo. Não posso permitir queeles nos coloquem entre eles. Na verdade, agora que o vampiro menor está morto, vá para pertodos círculos de segurança. Fechei as mentes das crianças para que elas não possamtestemunhar nada disso e removeremos tudo das mentes dos pais assim que terminarmos a lutaaqui.

Lorraine enviou um pequeno protesto para ele. Eu não vou deixar você para ficar segura emoutro lugar. Vou ficar bem aqui e proteger suas costas.

Sua mulher. Era uma dor na bunda. Ele se lançou em Jannik enquanto o vampiro observavaseu companheiro rastejar. Havia desprezo torcendo seu rosto. No momento em que Andorchegou próximo a ele, o vampiro se lançou ao ar. Imediatamente ele se chocou em uma barreira,batendo a cabeça com força, o golpe derrubando-o de volta ao chão. Caiu, rolou e chutou Andor,que já estava em cima dele em segundos.

No momento em que Andor teve seu punho dentro do peito de Jannik, o outro vampiro selevantou e foi em direção ao caçador. Lorraine atirou nele com uma arma, assim como ela tinhafeito ao vampiro menor. Este voltou sua atenção para ela com um sorriso abominável. Ele

acenou com o braço e a arma balançou na mão dela, tentando voar para longe. Então elecomeçou a vir em direção a ela.

— Você não pode entrar na minha mente, sua desculpa terrível de Cárpato! —Ela gritou paraele, lançando o insulto, mas sabendo que ele não iria nem entender. Ainda assim, ajudou asustentar suas defesas. Ela ligou o lança-chamas e disparou um fluxo constante para ele, aindaagarrada a sua arma, apenas no caso.

O vampiro gritou, saltando no ar, atingindo o mesmo teto que Jannik tinha. Ele caiu no chão,envolto em chamas. Rolando para apagar o fogo, ele foi para o ar novamente, dessa vez voandobaixo. Tentou se dissolver, mas cinzas caíram e foram espalhadas pelo vento. Pequenas brasasapareceram nas poucas chamas que ainda ardiam no chão. No momento em que Andor o viu, eleacenou com a mão na direção dele, ainda extraindo o coração de Jannik com a outra mão. Ovampiro caiu uma segunda vez, desta vez pousando a cerca de seis metros de Andor.

Lorraine olhou por cima do ombro e viu Andor coberto de sangue. Jannik reagiu,determinado a impedir que o caçador arrancasse seu coração. Ele rasgou o rosto e o peito doantigo, lambeu o sangue em um esforço para ficar mais forte e tentou alcançar o coração deAndor. Ela não podia deixar o outro vampiro ficar de pé, e ele já estava rolando. Saiu correndoem direção a ele, o lança-chamas na mão, o dedo no gatilho.

Não, Lorraine, volte aqui onde está segura.

Ela derrapou até parar, e então, mantendo os olhos no vampiro que estava lentamente selevantando, começou a andar para trás. Um corvo gritou. Os outros se uniram ao coro macabro,todos gritando de maneira exagerada. Ela não ousou tirar os olhos do vampiro para olhar paraeles, mas ouvia os pássaros saírem do abrigo das árvores.

Asas pesadas batiam ao redor dela. Onde quer que ela olhasse havia grandes corvos. Elesvoavam em círculos ao redor dela. Era desorientador. Várias vezes um voou direto para ela,derrubando-a de lado. Então, um atingiu a parte de trás de sua cabeça com seu bico afiado eperverso. Ela sentiu a pontada quando o bico curvado cortou uma fatia maligna na parte de trásde seu crânio. Parecia fogo. A dor era feroz. Ela bateu no corvo com a ponta da arma, batendo nocorpo pesado. Ele bateu nela com suas asas, arrancou tiras de sua pele com suas garras enquantoprocurava por uma vantagem e então se afastou dela e subiu para o ar novamente.

Ela acionou o lança-chamas, atirando um fluxo no ar em um círculo ao redor dela. Demorouum minuto para se orientar. Um raio iluminou o céu, as bifurcações brilhando enquantoalcançava o chão, sinalizando que Andor havia matado Jannik e estava incinerando seu coração ecorpo. Ela continuou recuando, tentando encontrar o vampiro que se perdera no ataque doscorvos.

Sabia que se tivesse ficado perto de Andor, a barreira que ele levantara para impedir JannikAstor de fugir pelo ar teria a protegido. Era uma lição difícil. Sua cabeça doía tanto que elaqueria vomitar. Em vez disso, tentou encontrar o vampiro no escuro. Os corvos voltaram para asárvores, então ela desligou o lança-chamas e correu de volta para a segurança de seucompanheiro.

— O jelä peje resolved, emni, —disse Andor em voz alta. — Que o sol te queime, mulher, —ele repetiu em inglês. — O que você estava pensando?

— Eu estava pensando que queria manter essa coisa longe de você até que você matasse o

outro.

Ele ficou em silêncio por um momento, movendo-se primeiro para um lado e depois para ooutro. — Obrigado Lorraine. Vamos treinar nossas estratégias de equipe depois. Você foi muitobem. Está ferida?

Ela percebeu que ele não tinha visto a parte de trás de sua cabeça. — Um desses pássaros mebicou, mas fora isso, estou bem. —Ela teria que se sentar muito em breve. A dor a deixava tonta.— Você ainda quer que eu me sente entre os pais e as crianças fora do seu caminho? —Elamanteve sua voz muito tranquila, esperando que ele pensasse que sua cooperação repentina eradevido ao erro que ela cometeu e não por estar se sentido fraca.

— Abaixe-se, —Andor gritou e passou por ela.

Lorraine obedeceu, sem olhar para o perigo, porém descobriu no momento em que ela olhoupara ver o que estava errado, já era tarde demais. Reagir se abaixando rapidamente foi a coisacerta a fazer. Vampiros e Cárpatos se moviam muito rápido. Ela apertou os olhos brevemente,tentando respirar através da dor da laceração em seu couro cabeludo. Quando abriu os olhos,estava olhando para seu companheiro.

Lorraine assistiu a inúmeros torneios onde homens e mulheres lutavam com seus corposfluidos e bem treinados. Todos eles atletas. Andor estava em uma categoria completamentediferente. Todos os músculos do seu corpo apresentavam seu maior potencial. Não havia medoquando o monstro, do tamanho de um urso pardo, foi para ele com todos aqueles dentes, garras eunhas. Não havia hesitação em Andor.

Ele foi direto para a criatura e então, no último segundo possível, virou para o lado e cortou opeito com um movimento casual de sua mão. Ela fechou os olhos novamente quando sanguenegro pingou no chão, queimando onde caiu, as pequenas gotas de ácido contendo vários vermesbalançando.

Lorraine abriu os olhos novamente e havia mais sangue negro no chão, desta vez de umgolpe ao redor da garganta. Ela sabia o que ele estava fazendo, estava enfraquecendo seuoponente. Todos os lutadores conheciam a técnica. A diferença era que ele era tão casual sobreisso, que parecia que estava apenas dançando, e não em uma luta de vida ou morte. Seus pésdeslizavam suavemente, seu corpo parecia à vontade. Não havia tensão. Sem esforço.

De repente, Andor levantou uma das mãos e se virou, batendo com força o punho no peito dovampiro. Ela nunca superaria essa visão—o braço do caçador enterrado no peito, sangue negroderramando sobre a pele, queimando-o, pingando no chão. Nunca esqueceria o som, um terrívelbarulho de sucção quando ele extraiu o órgão enegrecido, enrugado, segurando-o em seu punho,os dedos fechados firmemente em torno dele enquanto o sangue negro gotejava. Então houve osom do vampiro gritando, o grito ferindo seus ouvidos enquanto Andor jogava o coração no chãoe um chicote de relâmpago incinerava-o e depois saltava para o vampiro ainda se contorcendo.

Andor voltou-se para ela. Temos que limpar as memórias das mentes desses seres humanos ecurar quaisquer feridas antes de partirmos.

Última criança segura. A frase para removê-lo do círculo de segurança é ‘George, oCurioso, gosta de sua bicicleta’.

Ferro esperou, pelo que parecia ter sido uma eternidade, ouvir aquelas palavras. Ele já haviaencontrado o lugar que o vampiro mestre havia se escondido. A floresta estava fria e deveriaestar sentido o seu frescor. Em vez disso, o ar estava pesado e anormalmente silencioso. Nãohavia cigarras fazendo sua música. Nenhum lagarto ou camundongo correndo nas folhas.Animais haviam fugido da área. Ele não encontrou nenhum animal na área de cinco quilômetrosque havia escaneado. Uma abominação estava perto.

Ele ficou muito quieto, esperando por um erro. Eventualmente, o vampiro mestre,dependendo de sua idade, faria um. Neste momento, Ferro estreitara sua busca para um pequenogrupo de árvores. Folhas pareciam murchas. Uma abundância de agulhas havia caído. A seivanegra descia de três árvores e um dos troncos estava partido. Todas essas coisas indicavam queuma abominação da natureza estava próxima ou estava exatamente naquele local.

Ele estudou o tronco rachado com cuidado. Era muito possível que o vampiro mestre tivessese escondido na árvore, mas sua presença havia rachado o tronco antes que ele tivesse saído dali,deixando o tronco aberto e morrendo. Havia uma abundância de insetos rastejando na árvoremais próxima a ela e também ao longo das raízes que estavam do lado de fora, espalhadas pelochão. Várias das raízes das árvores estavam naturalmente enroladas umas sobre as outras parafora do chão. Mesmo no escuro, Ferro podia enxergar sem impedimentos e viu movimentonaquelas raízes.

O caçador deslocou o vento minuciosamente, apenas o suficiente para que o movimento nãofosse notado como algo que não fosse natural. Ele se transformou em meras moléculas flutuandona brisa, permitindo que ela o carregasse para perto da árvore suspeita. Ao se aproximar de seudestino, pôde ver o buraco escuro na base da árvore. Um javali havia cavado, expondo as raízes ecomido algumas delas. Dentro do buraco havia um monte de insetos pretos e venenosos que nãoeram mais naturais do que a seiva que corria ao longo de dois galhos rachados acima.

Ele entrou mais um pouco no local. Durante séculos, o interior das árvores erafrequentemente o lugar favorito para um mestre vampiro se esconder enquanto sacrificava seuspeões na batalha com um caçador. Ferro já tinha visto isso muitas vezes. Também tinha vistoarmadilhas que o mestre vampiro montava, parecidas com isso, habilmente feito, onde o caçadoracreditaria que o morto-vivo estaria em uma árvore, quando na verdade, ele estaria em outro.

Ferro observou, vendo com mais que os olhos. Ele era um lutador perigoso, muito mais doque qualquer outro caçador que encontrara, e seus irmãos eram os melhores entre eles. Precisavaterminar uma luta o mais rápido possível. Se ele demorasse, o Nada dentro dele sempre se abria,ameaçando engolfá-lo.

— Muonìak te avoisz te—eu ordeno que você se revele. —Ele falava na língua antiga,palavras de grande poder. Essas palavras raramente funcionavam em um mestre, a menos que ocaçador que as proferisse fosse muito mais poderoso. Todos aqueles que se trancaram nomosteiro tinham tal poder.

O vampiro mestre emergiu lentamente da árvore rachada, exatamente onde Ferro seposicionara, acertando corretamente que as outras árvores haviam sido colocadas como umaarmadilha. De repente, ele correu para Ferro. O vampiro teria feito muito melhor sesimplesmente mantivesse o ritmo lento quando saísse da árvore. Se jogar tão rápido permitiu queFerro batesse seu punho no peito do vampiro usando o impulso do ataque do não-morto. Seusdedos se fixaram ao redor do coração enquanto o mestre vampiro sibilava e rugia, lutando como

um louco, rasgando o rosto e o peito de Ferro.

Ferro não sentia nada. Nada. O vampiro rasgou sua barriga e mordeu seu pescoço. Ferro nãocedeu. Nem mesmo quando aqueles dentes afundaram e arrancou pedaços de carne. Não quandoo não-morto rasgou seu peito para tentar chegar ao seu coração. Ele se isolou mentalmente dosoutros, especialmente de Lorraine com sua luz brilhante. Não podia se dar ao luxo de tê-la emsua mente enquanto lutava—mas dessa forma, se isolando dos outros, tornava o tormento doNada muito pior.

Extraiu o coração e jogou-o a uma distância do vampiro, mantendo a criatura trancada neleenquanto convocava um raio. Ele tomou seu tempo incinerando o coração, bem como o morto-vivo e, em seguida, limpando o sangue ácido de seu corpo. Passou algum tempo destruindo osinsetos que o mestre vampiro havia criado e então curando as árvores, e os arbustos, restaurandoo máximo possível da floresta danificada, querendo que voltasse a ficar limpa e imaculada paraos seus habitantes.

— Isai está pronto para viajar, —disse Gary. — Curei o menino mais velho e o trouxe devolta. Você já examinou os outros em busca de feridas? —Ele estava muito pálido.

Sandu imediatamente ofereceu-lhe o pulso. — Tome o que eu ofereço livremente.

Os olhos afiados de Gary se moveram sobre ele antes de inclinar a cabeça e aceitar a oferta.

— Todos eles estão curados, —assegurou Andor. — Dragomir está removendo as memóriasdos humanos agora. Eu restaurei o acampamento deles e removi todos os sinais de vampiros daárea. A terra vai se refazer sem nenhum problema. Um dos corvos fez um corte feio na parte detrás da cabeça de Lorraine. Se puder, gostaria que você desse uma olhada. Os outros seofereceram para curá-la, mas algo me perturba. —Andor não conseguia afastar a sensação de queachava que Lorraine foi especificamente atacada.

— Eu olhei, —Dragomir acrescentou, — mas não tinha certeza do que eu estava procurando.Parece uma laceração para mim.

— Talvez o curador deva esperar até estarmos em segurança dentro do complexo, —sugeriuFerro. — Ele já está fraco e precisamos dele com força total. Andor e Isai ainda precisam de suashabilidades.

Eles não eram os únicos, Andor refletiu, olhando para Ferro, mas resolvendo não dizer isso.Um vampiro poderia causar uma tremenda quantidade de dano em pouco tempo.

— Fizemos tudo o que poderíamos fazer aqui, —concordou Dragomir. — Precisamos pegaros dois traidores humanos e voltar para casa.

Andor não sabia onde ficava a casa, a menos que fosse onde Lorraine quisesse estar. Elepegou a mão dela e eles andaram com os outros de volta para onde haviam deixado Adam eHerman.

Os dois machos psíquicos humanos encontravam-se sentados de costas para uma árvoreexatamente onde estavam. Onde antes eles tinham sido presos sem corda, agora tinham umarame farpado enrolado em seus braços, ombros e torsos. Foi puxado tão apertado que as farpasestavam enterradas em sua pele. Isso não era o pior. Os corvos empoleiraram-se em seus corpos,bicando-os, de modo que nenhum dos dois tinha mais olhos, no lugar havia buracos em seus

rostos e cortes em seus peitos.

Andor virou Lorraine para ele, escondendo o rosto. — É melhor não olhar. —Ele ergueu oolhar para os outros. — Estes dois sabiam algo que perdemos. Algo que Sergey não queria queencontrássemos. —Enquanto falava, levou Lorraine para longe dos homens, com o cuidado deimpedi-la de ver. Ela não tentou lutar, e ele ficou grato por isso. Não queria forçar suaobediência, mas neste caso, teria.

— Estamos deixando passar algo extremamente importante, —disse Ferro. — Sergeysacrificou muito aqui hoje e tem que haver uma razão. Ele enviou vampiros com algumas boashabilidades para lutar, sem chances de ganhar, com quatro guerreiros dos oito do mosteiro e maisGary. Havia muitos de nós aqui. Ele perdeu um mestre vampiro também.

— Eu não posso esperar entender Sergey Malinov, —disse Sandu com um pequeno encolherde ombros. — Nem quero entender ele e suas razões. Só quero ele morto.

— Vamos agora, —acrescentou Dragomir, olhando para o céu.

Os corvos apareceram no ar e se aproximaram, empoleiraram-se como espectros silenciosose sombrios nos galhos das árvores acima deles. Ferro levantou a mão na direção deles e váriosexplodiram em chamas. Os outros voaram para o céu e correram para longe.

Capítulo 12

Tariq Asenguard se inclinou sobre a mesa, uma leve careta no rosto. — Você deveria estarno chão se curando, Andor, não sentando nesta reunião. Dragomir pode representar você. O fatode você estar vivo é um milagre, e todos nós sabemos disso. Sua mulher deve ser ...extraordinária a fim de tirá-la dos mortos.

Lorraine engoliu em seco e enfiou os dedos na coxa de Andor. Ele pressionou a mão sobre adela para lhe dar segurança. Ambos estavam aflitos. Preocupados. Assim estavam todos osoutros irmãos que estivam com eles.

— Gary e os outros fizeram o trabalho, —Lorraine ofereceu.

— Apenas o fato de que todos os três estão ligados a você faz com que seja extraordinária,—disse Tariq.

Andor não conseguiu evitar o brilho de orgulho que sentiu por Lorraine. Ela era uma incrívelcompanheira. Ficou com ele durante todo o ataque dos vampiros e fantoches.

— Não faz sentido que Sergey tenha enviado tantos de seus peões para nós, —disse Andor.— A princípio, talvez, quando ele soube que eu estava mortalmente ferido e havia apenas umamulher humana para lutar contra eles, mas depois? Três antigos do mosteiro e um Daratrazanoff.Mesmo que ele não soubesse quem eles eram, teria reconhecido a maneira como nos movemos eas características de Gary são inconfundíveis. Temos que saber por que ele estava disposto asacrificar tantos.

— Algum de vocês tem alguma ideia? —Perguntou Tariq.

Gary estava atrás de Andor e Lorraine, seus dedos afastando o cabelo para examinar a

laceração que o corvo havia rasgado tão fundo em seu couro cabeludo. Ele não respondeu, nemmesmo quando Andor olhou para ele.

Nenhum de nós têm, —disse Sandu. — Mas ele matou os dois machos humanos quetrazíamos para o complexo. Eles estavam cientes de algo que o vampiro não queria quesoubéssemos. Deveríamos ter examinando-os mais detalhadamente, mas estávamos tentandovoltar para cá e fazer tudo na segurança do complexo. Sabíamos que o vampiro estava mordendonossos calcanhares.

— Também acreditamos que ele está transformando homens psíquicos em vampiros paraconstruir seu exército, —disse Ferro, com a voz sombria.

Tariq afundou-se na cadeira. — Eles não teriam experiência de batalha.

— Não, eles não tinham, —disse Dragomir. — Com toda certeza. Eles foram obviamentetransformados recentemente. Receberam habilidades muito rudimentares de batalha e foramenviados para lutar contra os antigos. Sergey sabia que todos morreriam, mas ainda assim osenviara.

— Se ele envia homens psíquicos humanos, recém-transformados, não precisa ter quesacrificar seus vampiros, aqueles com menos experiência de batalha, mas ainda assim valiosos,—ponderou Tariq. — Isso faria sentido. Ele tem que estar ficando sem vampiros aliados, nãopode se dar ao luxo de enviar o que tem e vê-los ser destruídos por nós.

— Exatamente, —disse Andor. — Posso vê-lo sacrificando os seis vampiros recém-transformados. Mas os outros? Havia quatro que teriam sido bons soldados e um mestre vampiro.Estes cinco poderiam ter nos dado trabalho se tivessem enfrentado os antigos feridos ou um denós sozinho. Lutei contra sete de seus homens. Ele sabia que nós éramos habilidosos e mesmoassim continuou vindo até nós, mesmo depois que os outros irmãos se juntaram a Lorraine e amim.

— Gary? —Perguntou Tariq.

A sala ficou em silêncio. Em volta da mesa estavam os outros caçadores dos Cárpatos.Maksim, sócio de Tariq no ramo de boates. Os trigêmeos, Tomas, Matias e Lojos, renomados porsuas habilidades de luta. Dragomir, Sandu, Benedek e Petru, todos irmãos do mosteiro. Isai eFerro estavam profundamente abaixo do solo nos terrenos de cura. Nicu Dalca, um antigo que semovia como um raio. Valentin Zhestokly, com os olhos negros como o gelo numa violentatempestade, sentava-se em silêncio diante de Tariq e com ele Afanasiv Balan, um ancião que eraconsiderado extremamente perigoso por aqueles que estavam à mesa.

Gary se endireitou e sacudiu a cabeça. — A ferida é profunda e cruel. Eu deveria ter tidotempo para curar isso antes de voarmos.

Lorraine sacudiu a cabeça e então estremeceu. — Você já havia passado um tempo curandoIsai, —ressaltou. — Todos nós só queríamos chegar aqui antes de Sergey atacar novamente.

Andor pressionou a palma da mão na coxa dela, sentindo-a tremer. Os irmãos não seimportavam em chegar rápido ao complexo, a não ser para levar Lorraine a segurança. Elesviviam para caçar. Ele também o fez por tantos séculos. Agora vivia para a sua mulher. Haviabloqueado a dor por ela, dessa forma Lorraine não sentiu nenhum desconforto.

— Lorraine, eu vou ter que curar isso por dentro, —disse Gary. — Maksim e Sandu, eu

poderia usar a ajuda de vocês.

Andor sabia o que isso significava. Gary ia tentar encontrar qualquer coisa que o pássaropudesse ter plantado nela antes de curarem o local da ferida. O fato de ele ter pedido Sandu eMaksim significava que estava tão preocupado quanto eles. Andor queria ser o único a certificar-se de que nada do mal tivesse tocado em Lorraine, mas o fato permanecia, ele precisava se curar.

— Em vez de Sandu, —disse Tariq, — vou ajudá-lo.

Gary sacudiu a cabeça. Se algo foi plantado que poderia atacar um ou todos nós, você nãopode estar na linha de fogo.

Tariq praticamente rangeu os dentes, mas ele não discutiu. Andor sabia que nunca poderiaestar no lugar de Tariq. O homem era caçador há séculos. Agora, ele era o que todos protegiam,mantido atrás de uma muralha de guerreiros para liderar. Andor entendeu que era necessário, eele sabia que Tariq também o fazia, mas não facilitava a situação.

Gary não esperou e derramou seu espírito em Lorraine. Maksim e Sandu também o fizeram.Lorraine manteve-se muito quieta. Todos sentiram quando ela se preparou para o que iriaacontecer. Ela não era Cárpato e esse método de cura era novo para Lorraine. Ter outras pessoasdentro de seu corpo, movendo-se através dele apenas com o calor branco de seus espíritos decura, tinha que ser assustador para ela.

Eu estou com você, Lorraine, ele assegurou.

Assim como eu, Sandu e Gary ecoaram.

Gary dividiu o trabalho em três seções. Suas artérias e veias, o suprimento de sanguecorrendo pelo corpo dela ficou sob a responsabilidade de Maksim. Sandu ficou nos órgãos. Otrabalho de Gary era analisar o cérebro. O problema era que qualquer coisa que o corvo pudesseter injetado em Lorraine poderia ser tão pequeno que ninguém conseguiria identificá-lo. Poderiaestar em qualquer lugar, até mesmo uma lasca ao longo de seus ossos. Um minúsculo objetoestranho, na melhor das hipóteses, era difícil encontrar e com alguém como Sergey plantando,poderia ser impossível.

Sandu foi meticuloso e Andor monitorou os três o tempo todo. Ele não queria nenhuma partedo vampiro mestre em sua mulher. Tinha certeza de que Sergey havia deixado para trás umalasca de si mesmo, Gary iria encontrá-lo. Isso era o que todos eles mais temiam. Vadim tinhasido adepto da fragmentação. Era uma prática perigosa, porque se essa lasca fosse encontrada edestruída, uma parte da pessoa que a deixava para trás também seria destruída.

O tempo passou devagar, ninguém falou na sala de conferências. Sandu emergiu primeiro,parecendo exausto e pálido. De imediato, Benedek estava ali, oferecendo-lhe o pulso emurmurando as palavras rituais para ele. Eu ofereço livremente. Era um ritual milenar,significando doar sua a vida para outra, se necessário.

Maksim e Gary voltaram para seus corpos ao mesmo tempo. Gary parecia tenso, como seestivesse exausto de toda a cura que ele fora forçado a fazer nos últimos dias. Andor sabia que,além de Isai, o curador também atendeu aos ferimentos de todos, inclusive o de Ferro. Uma vezde volta ao complexo, ele havia trabalhado em Andor novamente.

— Seu veredicto? —Perguntou Tariq.

Todos os três balançaram a cabeça. — Ela parece estar limpa de tudo o que os servos de

Sergey podem ter deixado para trás, —disse Gary.

— Mas? —Lorraine perguntou. Estava ligada a Gary de alma a alma e podia lê-lo tão bemquanto os outros ligados a ele.

— Eu não gosto dessa situação, Lorraine. —Gary deu o respeito devido a ela, dizendo averdade. — Você se importaria de nós vermos em sua mente exatamente o que aconteceu?

Ela umedeceu os lábios com a ponta da língua, revelando o fato de estar nervosa. Isso não eracaracterístico dela. Também tentou puxar a mão de baixo de Andor. Ele apertou a palma da mãocontra a coxa. Eu estou com você, sívamet. Nenhum dano pode chegar a você neste lugar.

Eu sei. É só que quando estávamos lá fora, nas montanhas, mesmo com vampiros e fantochesvindo até nós, eu não me sentia diferente de você. Aqui me sinto.

Ele detestava isso, mas não se opôs. Tentou repassar todas as razões pelas quais ela poderiase sentir assim. Ela estava cercada por homens Cárpatos. Todos eram caçadores. Todos possuíamgrandes poderes. Apenas três tinham companheiros, não contando ele. Compreendia o porquê elase sentia assim. Eles usavam continuamente a palavra humano para diferenciar os machospsíquicos, colocando os humanos de um lado e os Cárpatos do outro. Claro que ela estremeceriacada vez que essa palavra era usada.

Você é minha companheira, Lorraine. Nós pertencemos um ao outro, não importa qual dasnossas culturas seja escolhida. Seremos os dois juntos sempre. Sei que estou com você. Se vocêabrir sua mente, verá que Ferro, Sandu e Gary estão com você também. Os outros irmãos irão.Acredito que, mesmo que haja algo que possa ser um perigo para o complexo, Tariq, Maksim eos outros a considerarão como um deles, não importando se você é humana ou Cárpato.

Todos dizem a palavra humano com nojo. Todos vocês nos desprezam.

Você está enganada. Há seres humanos vivendo neste complexo e eles são amados erespeitados. Uma força de segurança humana ajudou Tariq mais de uma vez na luta por aquelesque ele ama. Eles são respeitados. Gary era humano e era reverenciado pelo nosso povo. Nóstínhamos respeito por Adam e Herman? Não, infelizmente, eles eram traidores. Estavamdispostos a trocar sua vida pela imortalidade.

— Lorraine? —Perguntou Tariq. — Te aborrece deixar-nos ver as memórias desta batalha?

Lorraine respirou fundo. Andor sentiu o jeito que ela se preparou para responder. Ele já haviavisto ela fazer isso antes. Ele viu que Sandu ficou alerta por também ter sentido isso. Ele olhoupara Gary. O homem parecia impassível, mas se aproximara de Lorraine, exatamente comoSandu fizera mentalmente.

— Diga-me como fazer isso.

— Você tem que abrir sua mente para o seu companheiro, e ele poderá repassar as memóriaspara todos nós.

Ela olhou para Andor. Ele se inclinou para ela. Estou extraordinariamente orgulhoso devocê, hän sívamak. Você lidou com essa batalha como se fosse uma guerreira com anos deexperiência em combate.

Sim, até que cometi esse erro e saí de debaixo do teto que você construiu para evitarjustamente isso que aconteceu.

É isso que a preocupa? Que todos nesta sala iram ver seu erro e culpá-la pelos receios queestão lidando agora? Sívamet, poucos teriam tido a coragem que você exibiu. Você estavalutando pelo seu companheiro. Ele a deixou ouvir e sentir o orgulho que tinha nela.

Ela apenas assentiu e fechou os olhos. Aqueles longos cílios de tocaram suas bochechas,atraindo sua atenção imediata. Ela lhe tirava o fôlego com sua bravura e ele nunca esqueceria oque ela fez, além do fato de que não importa o que, para ele, ela sempre seria a mulher maisbonita do mundo, provavelmente era considerada bonita pelo mundo humano também.

Ele tirou as memórias da luta de sua mente e repassou para os outros, usando seu caminhotelepático comum. Tariq levantou um dedo quando acabou e sinalizou para repetir. Andor repetiua sequência uma segunda vez. Quando a cena alcançou a parte em que Lorraine correu paraconfrontar o vampiro e os corvos se aproximaram dela, Tariq levantou a mão e Andor parouinstantaneamente os eventos que se desdobravam.

Todos eles estudaram os pássaros que a cercaram. Os corvos estavam perto, as asasestendidas, alguns golpeando-a, mas nenhuma outra garra ou bico estava perto dela.

— Se eles a atacassem, com a intenção de machucá-la, como era o esperado, —disse Tariq,— mais de um pássaro teria usado o bico e definitivamente suas garras. Bicos e garras causam omaior dano. Nós já vimos ataques das criaturas do vampiro antes. Eles destroem a carne sempreque podem. Procuram fazer o máximo possível de mutilações.

Siv acenou com a cabeça, estudando o momento congelado no tempo. Era difícil não quererproteger Lorraine do escrutínio de todos os guerreiros. — Andor, mostre-nos a próxima cena epare. Eu quero ver o pássaro que realmente a ataca. Ou, mais precisamente, o que o resto dorebanho faz enquanto esse corvo se aproxima.

Andor sentiu Lorraine estremecer. Passou o braço em volta dos ombros rígidos dela. Elatentou se manter longe dele. Ele entendia. Os outros observavam o que acontecia com os olhosque tinham visto tantas batalhas e não tinham emoção. Ele podia dizer a ela várias vezes que elesrealmente não podiam sentir, mas ela não podia entender isso e vê-los ver as memorias do quehavia acontecido—seu pesadelo pessoal—enquanto permaneciam tão desconectados, era difícilpara ela.

Andor passou o braço ao redor dela apesar da maneira como ela enrijeceu. Ele a puxou parabaixo do ombro, a coxa dele tocando a dela, as cadeiras tão próximas quanto a espessura de umpapel. Queria a proximidade física com ela e mais ainda, queria a intimidade dos dois, mente amente.

Sívamet, sei que isso é difícil. Toque-me. Toque minha mente. Deslize para dentro de mim eme sinta cercando você. Esses homens procuram manter seu bem-estar. Eles não querem correro risco de que nada prejudicial aconteça a você.

Eles procuram encontrar qualquer coisa que Sergey deixou para trás em mim, no mínimo,para o caso de eu ser uma ameaça para eles.

Sua respiração ficou presa na garganta. Não é nada disso. Independentemente do que eledeixou, você não é uma ameaça e eles sabem disso. Realmente acredita que Ferro e Sandu iriamabandonar você? Ou que eu faria? Mesmo se Sergey plantasse metade de si mesmo em você, nósbrigaríamos por você.

Houve um momento de absoluta quietude, e ele soube que ao dizer aquelas palavras tinha

cometido um erro terrível. O resto dos guerreiros ao redor da mesa sentiu que algo aconteceu.Todos olharam para cima, seus olhares não se voltaram para dentro da mente dele para ver o quetinha acontecido.

— O que aconteceu? —Perguntou Tariq.

Todos ouviram os batimentos cardíacos acelerados de Lorraine e sua respiração superficial.Eles podiam sentir a queimadura em seus pulmões enquanto ela tentava, sem sucesso, puxar o ar.Ela começou a lutar, como se pudesse libertar-se dele, mas Andor segurou firme.

— Csecsemõ, respire fundo. Sinta-me respirando e respire comigo. —Ele a prendeu contraele e então pegou a mão dela e colocou a palma da mão sobre o coração dele. — Sinta meucoração batendo. Devagar e deixe seu corpo seguir o meu. —Desejou que ela o escutasse. Emsua mente, havia o caos. Medo se transformando em terror. Tudo o que ele viu foi uma confusãode fantoches alimentando-se de crianças. Lágrimas nadaram em seus olhos e pingaram dos cílios.

— O que aconteceu? —Tariq perguntou novamente. — Como podemos ajudar?

— Eu tenho que sair. Tenho que ir embora. —Ela lutou contra o aperto dele.

Andor sabia que não podia soltá-la. Ela era muito habilidosa em artes marciais. Se ela lutasseativamente contra ele, teria que subjugá-la de outras maneiras para que ela não se machucasse.— Lorraine. —Falou o nome dela com o comando e poder de séculos de ser um predador. —Pare com isso agora.

Ela se acalmou imediatamente, sucumbindo ao poder e autoridade em sua voz.

— Agora, respire comigo. Deixe seu coração seguir o meu. —Ele sabia que era um ataque depânico e o que quer que ele tenha dito para desencadear isso tinha que ser discutido. — O quequer que você tenha medo, estou bem aqui com você. Posso ajudar.

Lorraine sacudiu a cabeça, mas sua respiração estava começando a ficar sob controle e seucoração já estava seguindo a liderança dele.

Ele tentava acalmá-la enquanto os outros esperavam pacientemente. Gary e Sandu chegaramainda mais perto, como se a proximidade dos dois poderia fazê-la se sentir mais segura, masAndor sabia que isso não era uma questão de segurança.

— Fale comigo. Me diga o que está errado.

— Você disse que mesmo se ele deixasse metade dele em mim, você não me abandonaria.Você e os outros. Você quis mesmo dizer isso ou foi só um modo de falar.

— Eu sou seu companheiro. Nada me convenceria a deixar você.

— Os irmãos protegeriam você, Lorraine, —explicou Sandu. — Sergey não vai te pegar.

— Eu trabalharia até chegarmos a ele, —disse Gary. — Não seria a primeira vez, embora seele tiver se partido ao meio, estaria muito fraco e fácil de vencer, então não há chance de elefazer isso.

Sua respiração saiu em um pequeno soluço. — Mas ele pode colocar algo de si em mim. Issoé o que você está dizendo. Assim como ele fez com os machos psíquicos. Ele pode me obrigar afazer coisas para ferir os outros ...

— Pare. —Andor disse na mesma voz de comando. — Você continua esquecendo de

respirar. Primeiro, Lorraine, pense logicamente. Não importa o quanto os vampiros ou ospsíquicos tentaram entrar em sua mente, você foi capaz de resistir. Mesmo que aquele corvotenha plantado uma lasca de Sergey em você, e nós não tenhamos encontrado evidências disso,ele não poderia obrigá-la a fazer algo para prejudicar os outros. Seus escudos não permitiriamisso.

— Mas se ele está em mim ...

— Fantoches não são feitos assim. Há sangue dado pelo vampiro. Existem outras coisasdadas. Você não pode ser transformada em fantoche.

— Eu só quero ir embora daqui. —Havia pânico em sua voz. — Quando chegamos maiscedo eu ouvi som de crianças. Sei que existem várias pessoas aqui. —O olhar dela saltou para orosto de Dragomir. — Sua companheira está grávida. Algum de vocês realmente acha que euficaria quando vocês obviamente acreditam que eu seja uma ameaça?

— Ninguém acha que você é uma ameaça, Lorraine, —respondeu Tariq, sua voz suave. —Todos nós vimos a maneira como você lutou com Andor e os outros. Você é necessária aqui.Tanto as suas habilidades, quanto essa sua determinação feroz. Queremos que nossas mulheresaprendam essas habilidades e você seria um grande trunfo. Eu sei que você tem aprendido asartes de combate desde que era muito jovem.

— Não é a mesma coisa.

— É, —ele respondeu. — É um conjunto de habilidades. Também é uma forma de pensar.Uma vez que os músculos lembrem desses movimentos que foram treinados, podem ser usadosna experiência de batalha, sem as habilidades não há como.

Os outros guerreiros assentiram e o protesto de Lorraine morreu em seus lábios.

— Estamos tentando descobrir o que Sergey está planejando, ——continuou Tariq. —Vadim, seu irmão, plantou lascas em outras pessoas antes, mas no final das contas, isso oenfraqueceu e acredito que Sergey não faria o mesmo para ele. Ele precisa de sua força paracomandar seu exército e continuar segurando-os. Se a conversa que você teve com o Jannik forqualquer indicação, eu diria que há desistências nas fileiras. Por favor, fique e vamos descobririsso juntos.

Andor podia ver porque o homem era um líder. Ele não ordenou Lorraine. Apelou para sualógica e sua crença de que as mulheres e crianças, assim como os homens, deveriam aprender ase defender. Tariq estava falando com total sinceridade e ele passava isso em suas palavras.

Ele é um bom homem em uma situação muito difícil, acrescentou Andor. Acredita que énecessário que todas as mulheres aprendam a lutar contra o vampiro, mas alguns dos homensainda se opõem a essa ideia. Somos antigos e a maioria vem de uma época em que as mulhereseram queridas e protegidas.

Podemos ser valorizados, protegidos e ainda assim aprender a nos defender se precisarmos.

Tinha que admitir que aquela pequena nota feroz na voz dela, fez seu sangue correr umpouco quente demais em suas veias. — Podemos continuar, Lorraine? —Ele não queria esperar edeixá-la pensar muito sobre se havia ou não lascas de vampiros escondidos em seu corpo emalgum lugar.

Ela assentiu. — Sim. Me desculpe por ter pirado.

Perguntaria a ela mais tarde o que significava pirado. Era um termo que ele não conhecia.Empurrou a cena da luta na mente de todos e fez uma pausa no momento em que um grandepássaro voou bem na parte de trás do crânio de Lorraine. Garras cravaram em suas costas, ocorvo se segurou nela enquanto o bico cortava profundamente. A imagem estava congelada emsuas mentes.

Andor, como os outros, estudou as imagens. Corvos a cercavam, impedindo-a de fugir.Separando-a do vampiro que ela havia saído correndo atrás, antes de parar e perceber que foi umerro. Eles estavam no ar, todo o bando, circulando-a, asas estendidas, garras prontas, masnenhum outro parecia estar atacando-a.

— Eles estão pastoreando-a, —disse Siv. — Levando direto para ele. O maior.

— De alguma forma, eles também estão protegendo-a do vampiro, —observou Sandu. —Aquele no chão.

Nicu assentiu. — Olhem de perto. O vampiro está furioso. Ela o desafiou e ele existe háséculos. Lorraine não deveria ter tido uma chance contra ele. Está certo que foi cauteloso,suspeito, ser porque ele queria evitar matá-la e isso deu a ela certa vantagem. Quando ela oacerta, vocês conseguem ver o rosto dele? Os olhos dele? Viram o quanto contorcido ele parece?Ela o queimou. Quase o matou. Um humano e uma mulher fez isso. Ele queria matá-la e tinhatoda a intenção de fazê-lo. Veja onde alguns dos pássaros estão.

Os outros ficaram em silêncio. Tariq tamborilou os dedos na mesa. — Eles mergulharam nadireção dele também, enquanto os outros os separavam. Ele não deveria querer matá-la.

Ao lado dele, Lorraine ficou tensa novamente, mas não disse nada, apenas os ouviudiscutindo a batalha. Andor não a culpou por se sentir chateada. Não queria que Sergeycolocasse uma lasca dentro dele. Qualquer coisa de vampiro era vil. Ter algo que pudesse ser umtrunfo para os mortos-vivos dentro do corpo, onde o vampiro pudesse espiar, era revoltante.

— Ok, agora avance mais um quadro, —disse Tariq.

Andor precisava que alguém interpretasse isso para ele. Tariq estava muito à vontade nomundo humano moderno. Andor só se envolvera com eles a pouco tempo. Ainda estava tentandose adaptar. Ele olhou para Gary, que, em outra vida, antes de ser um Cárpato, foi humano.

— Congele o próximo movimento.

Andor obedeceu, e todos eles mais uma vez estudaram o pássaro muito grande enquanto seubico descia até o crânio de Lorraine. Ao mesmo tempo, suas garras rasgaram a pele de suascostas e as asas bateram com força para mantê-la no lugar, de modo que o bico pudesse causardanos, apunhalando profundamente. As feridas nos ombros e nas costas eram quase superficiaise, comparadas com o corte feito pelo bico curvo e perverso, não eram nada. A cura tinha que serfeita em seu crânio.

— Ela foi alvejada, mas não vi nada em seu bico. Se tivesse alguma coisa, a transferência foifeita do bico para o crânio, —disse Tariq. — Vocês concordam?

Os guerreiros assentiram, todos de acordo. Andor tinha sido muito cuidadoso em assistir. —Alguém viu aquele corvo antes do início da batalha? Vocês todos voaram sobre a árearepetidamente para identificar o inimigo. Olhei para o bando de corvos com frequência, masnunca vi um desse tamanho.

— Eu estava na floresta com eles, —disse Sandu, — e eu não vi.

— Nós tomamos a forma de corvos e sentamos entre eles, —Dragomir explicou. — Aquelegrande definitivamente teria chamado minha atenção. Não estava lá.

— Estava em algum lugar observando, —disse Andor. — Esse corvo provavelmente eraSergey. Ele dirigiu a batalha inteira e nós não percebemos.

— Todos vocês são antigos e ainda assim não sentiram a presença dele. Isso não é bom paranós, —disse Tariq.

— Não havia como saber quem estava lá e quem não estava, disse —Dragomir. — Issoexplica o mestre vampiro. Sergey sabia que teríamos percebido sua presença se ele não tivesselevado para batalha um outro vampiro poderoso com ele. O mestre vampiro foi o sacrifício final.

Gary assentiu. — Ferro não teve problemas para descobrir sua armadilha. Ele me disse quesabia que o não-morto que ele lutou não poderia ser um mestre vampiro por muito tempo porque,embora a criatura tenha machucado Ferro e as feridas tenham sido severas, a luta não duroumuito.

Tariq suspirou e tamborilou com os dedos novamente na mesa. — Outro sacrifício paraSergey era estar lá na batalha. Ele foi até lá determinado a orquestrar e participar quando fosse ahora certa. Um mestre vampiro e quatro vampiros menores foi um enorme sacrifício. Sergeyestava fazendo algo que era muito importante para ele.

Gary assentiu. — Acho melhor escanear Lorraine novamente. Desta vez iremos trocar delugar. Sandu, você pega o cérebro, eu fico com as artérias e veias. Maksim, você fica com seusórgãos, e desta vez vamos adicionar Dragomir. Você inspeciona seus ossos.

Andor sentiu o recuo instintivo de Lorraine, mas ela não protestou. Desta vez ela se inclinoupara ele. E se eles não encontrarem nada? Devemos ir embora? Posso dizer que todos vocêsacreditam que ele plantou algo em mim.

Nós sabemos como é uma lasca. Dragomir e Gary já lidaram com elas. Todo antigo já as viue uma vez ou outra teve que removê-las. Se estiver lá, eles vão encontrá-la. Não se preocupe. Háquatro deles procurando.

Andor queria tranquilizá-la. Se eles não encontrassem nada, não queria que ela entrasse empânico e decidisse que tinha que fugir deles. Não iria permitir que ela deixasse o complexo atéque ele soubesse que Lorraine estava segura. Até que soubesse o que Sergey tinha feito com ela,ou o que ele queria dela, Andor não iria deixa-la colocar um pé fora da área de segurança.

Ele juntou-se a Sandu, então quando o antigo derramou seu espírito e mais uma vez deslizoupara dentro dela como nada além de pura luz, ele poderia ver e sentir o que eles encontrariam. Aluz de Gary era tão brilhante e quente que iluminava todas as partes do corpo de Lorraine.Dragomir e Maksim acrescentaram aquele calor branco. Sandu era ainda mais meticuloso, agorapreocupado, assim como todos os outros Depois de ver o corvo atacando sua companheira, nãohavia dúvida na mente de Andor de que ela tinha sido especificamente alvejada. Sabendo queSergey sacrificou um mestre vampiro para que os antigos não detectassem sua presença, issotornava a coisa toda ainda mais preocupante. Mais do que tudo, Andor queria converter suamulher e levá-la para a cura da terra. Ele sabia que suas habilidades em batalha triplicariamapenas se tornando Cárpata.

Muito cuidadosamente Sandu inspecionou cada dobra de seu cérebro, cada vale e morro, asencostas e sombras, mas não encontrou nada que se parecesse com uma lasca. Andor sabia quelascas eram minúsculas e podiam se encaixar no tecido, de modo que parecia ser parte daquilo aque se ligava. Ainda assim, mesmo se contorcendo para se prender à superfície, a lasca tinha queestar no exterior e haveria uma minúscula mancha escura, como se o tecido estivesse na sombra,com a luz se projetando ou não em direção a ela.

Andor havia encontrado mais de uma nos séculos que viveu, acabou precisando procurar porelas em alguém e sempre a lasca era de um mago. Tinha certeza que Sandu sabia exatamente oque procurar, assim como os outros que procuravam pelo organismo de Lorraine.

Eu não encontrei nada. Sandu deveria ter soado tranquilizador, mas ele não soou.

Quando os outros voltaram para seus corpos, pálidos e exaustos como Sandu, todosabanaram a cabeça. Andor olhou para Tariq e o viu trocar um longo olhar com Gary e sabia queTariq estava se comunicando em particular com seu protetor e conselheiro. Gary balançou acabeça enquanto pegava o pulso oferecido a ele por um dos trigêmeos. Tariq suspirou.

— Entendo que você não completou o vínculo ritual, —disse Tariq.

— Ainda não, —disse Andor, seu tom alertando o outro homem para recuar. Uma coisa eraescolher segui-lo e protegê-lo, outra era ter o homem lhe dizendo o que fazer. Ele, assim comoseus irmãos, não reconhecia nenhuma autoridade sobre eles. Eles ainda estavam incertos se opríncipe governante era ou não digno dessa posição.

— Entendo. —Tariq sentou-se em sua cadeira. — Você pode ficar na pequena casa ao ladodo lago. O solo é excelente, Andor, e Lorraine ficará confortável enquanto você descansa e secura.

Andor estremeceu. Isso era um lembrete de que sua mulher estaria sozinha e vulnerávelenquanto ele estivesse debaixo do chão. Não, enquanto todos estavam debaixo do chão.Detestava isso para ela. Poderia plantar uma sugestão para dormir, se ela permitisse, mas issonão significava que ela faria. Ou poderia obriga-la a dormir, e essa era a última coisa que queriafazer. Lorraine perdoaria muitas coisas, mas duvidava que ela perdoasse o uso da força.

— A amiga de Charlotte, Genevieve, vigia as crianças, assim como outro casal que ficadentro do complexo. Eles ficariam contentes com a companhia de Lorraine, —acrescentou Tariq.

Lorraine respirou fundo e se levantou, empurrando a cadeira para trás como se não pudesseesperar para sair dali. Ele não a culpava. Ela tinha sido o objeto do escrutínio deles por um longotempo.

Ainda suspeitam que Sergey encontrou uma maneira de plantar algo nela. Ele enviou issodireto para Sandu. Sabia que o homem estava ligado à alma de Lorraine e só encontrando suacompanheira iria quebrar esse vínculo. Enquanto isso, podia tocar a mente de Lorraine e sentirsuas emoções. Isso ajudaria a sustentá-lo até que ele encontrasse sua companheira.

Você não suspeita disso também?

Claro que sim. Ele não apenas suspeitava, não havia outra explicação.

Você deve convertê-la. Uma vez que seu sangue for substituído pelo nosso, e seu corpohumano morrer, o que quer que ele tenha plantado será muito mais vulnerável.

Ele sabia disso. Tariq sabia disso. O líder estava perto de apontar isso para Andor, masAndor não queria que Lorraine tomasse suas decisões com base em qualquer coisa que não fosseo que ela realmente queria. Estava traumatizada o suficiente. A conversão não seria algo fácil,mesmo com os outros ajudando-os, e então ela teria que aceitar coisas como dormir debaixo dosolo e sobreviver com o sangue dos outros.

Ele pegou a mão dela e saiu. Uma vez fora da casa e no ar da noite, levantou o rosto paraestudar o céu. A noite parecia estar passando rápido demais. Ele sabia, pelo pequeno arrepio quea percorreu, que ela também sentiu isso.

— É lindo aqui, —ela comentou.

— Sim, é. Eu gosto especialmente que Tariq tenha encontrado terra onde há tanto águaquanto floresta, mas é claramente uma propriedade moderna. —Os irmãos falaram sobre comoTariq havia adaptado sua casa para as defesas. Ele então comprou propriedades em torno de seucomplexo principal com a ideia de que outros Cárpatos poderiam se estabelecer, tornando seumundo protegido muito maior e mais seguro para suas companheiras e esperançosamentequalquer criança que aparecesse no futuro.

Lorraine olhou para ele, um sorrisinho rápido chegou e desaparecendo com a mesmavelocidade. — Olhe para você, soando todo moderno.

— Eu poderia ter apontado o fato de que este lugar é muito facilmente defensável contraqualquer ameaça. Terra, água ou ar.

— Eu notei isso.

Ela caminhou com ele em direção à casa mais próxima do lago. Era muito menor do que acasa principal e um pouco maior do que as outras casas da propriedade. Havia um detalhe muitointeressante: Todas as casas eram réplicas menores da casa de Tariq e Charlotte. Ele gostavaespecialmente da varanda. Parecia fresca e convidativa. Ele preferiria estar fora ao ar livre do quedentro de algum lugar, ou melhor, essa sempre foi sua preferência até encontrar Lorraine. Agora,estaria em qualquer lugar com ela e seria feliz.

— O que Tariq ia dizer quando você o parou?

Seu olhar foi para o dela. Ela não estava olhando para ele, e sim para o exterior da casa. Nãohavia como mentir para uma companheira. Omitir poderia ser o melhor caminho a percorrer. —Lorraine. —Ele suspirou quando o olhar dela virou para ele, então se viu olhando para aquelesolhos verdes. — Às vezes, é melhor deixar as coisas acontecerem. Você passou por muito em umcurto período de dias. Nós não temos que fazer tudo de uma vez.

— Não, mas gostaria muito de ter todas as informações disponíveis para mim. Eu sou assim,Andor. Preciso saber tudo para tomar decisões conscientes. Demoro um pouco para eu processartudo, mas depois que tomar a decisão, sinto que fiz o melhor que pude com o que sei.

Ele pegou a mão dela e levou-a até as escadas. Quando ele acenou em direção à porta, elaabriu, convidando-os a entrar. Entrou e sentiu a onda de poder sob seus pés e ao redor dele. Essaestrutura estava protegida. Isso o fez se sentir melhor. Puxou a mão de Lorraine. Ela estava nabeira da porta olhando para o interior escuro. Imediatamente, ele acenou para o interior e as luzesse acenderam. Pisos de madeira brilharam. Havia móveis na sala. Ela respirou fundo e entrou.Ele observou seu rosto e a viu olhar para o chão. Lorraine sentiu aquela onda de poder também.

— A casa está protegida. Ela só nos permitiu entrar porque Tariq nos deu sua autorização, —ele explicou, mas ele sabia que sua hesitação vinha do pesadelo em que ela entrou quandoretornou para a casa de sua família da faculdade.

Ela passou por ele e ficou na sala da frente, virando-se para inspecionar tudo. — Ficareimuito grata por um banheiro e uma cama de verdade. Obrigada por lembrar de minha mochila.

Ele viu que sua mochila estava encostada na parede onde alguém a colocara quandochegaram. — Essas coisas importam para você.

Ela afundou no que parecia ser um sofá muito confortável. Ele se sentou ao lado dela equando ela estremeceu de frio, ele acenou com a mão para a lareira que imediatamente saltoupara a vida, as chamas cintilando e dançando, adicionando calor ao ambiente.

— Por favor, me diga, Andor.

Não havia como resistir a Lorraine quando ela queria alguma coisa. Não choramingou.Apenas perguntou educadamente, e ele poderia dizer que isso era importante para ela, assimcomo aquelas coisas em sua mochila.

— Ao converter você, todos os traços humanos seriam perdidos. O sangue dos Cárpatosfluiria em suas veias. Se Sergey deixou algo em você ...

— Todos vocês acreditam que ele deixou, e eu também, —ela o interrompeu.

Ele assentiu. — Não há outra explicação razoável. Então, o que ele tiver deixado teriadificuldade em se esconder. O sangue dos Cárpatos não se mistura bem com nada de vampiro.Além disso, você estaria comigo durante o nosso ciclo de sono e eu poderia protegê-la melhor.

Ela ficou sentada por um longo tempo olhando para a própria mão, especificamente para amão esquerda. Ele estendeu a mão e deslizou a sua palma da mão suavemente sobre os dedosdela.

— O que foi?

— Eu tenho as alianças de casamento da minha mãe. Sempre pensei em usá-los. Não há anéisnos dedos de nenhum de vocês. É porque vocês mudam de forma, ou porque isso faz parte deuma cerimônia humana?

Havia lamento em sua voz? Ele não queria que ela lamentasse por nada. — O que cada casaldos Cárpatos tem é diferente, porque somos todos diferentes. Você é minha companheira e eusou o seu. Se escolhermos usar anéis, mudar com eles não será um problema.

Ela umedeceu os lábios com a ponta da língua e, pela primeira vez, a felicidade genuínapenetrou em seus olhos. — Então, suponho que é melhor você seguir em frente.

Ele franziu a testa. — Eu não entendi.

— Você me disse que leva três trocas de sangue. Nós só tivemos uma. Se vamos fazer issoaté amanhã à noite, é melhor você fazer a segunda troca agora. Amanhã você pode me converter,não é?

— Lorraine, você não teve tempo para processar. Você gosta de levar as coisas devagar.

— Eu tenho pensado nisso desde que você me disse que eu teria que me tornar Cárpato. Oque eu tenho para mim? Minha família está morta. Todos eles. Não tenho amigos. Nenhum outro

parente. Tenho você, Ferro e Sandu. Eu tenho o Gary. Espero me encaixar aqui, mas se eu nãopuder, e você quiser, podemos ir a outro lugar juntos. Eu só sei que quero estar com você.

Andor não conseguiu resistir de pegá-la em seus braços. Apesar de querer que ela tivessecerteza, para que nunca se arrependesse, ele acariciou o pescoço dela com a boca. — Csecsemõ,eu quero isso para nós, mas você tem que ter muita certeza. Haverá dor durante a conversão.Posso estar lá com você, assim os outros tentarão aliviar a maior parte da dor, mas não podemosevitar que você não sofra.

— A alternativa não é muito melhor. Além disso, eu tive o seu gosto na minha boca a noitetoda e quero ver se é tão bom quanto me lembro.

Sua língua deslizou sobre seu pulso acelerado. Seus dentes rasparam suavemente sobre olocal, acenando para ele. Mais do que tudo, queria fazer amor com ela, mas seu corpo precisavade cura e ele não era um homem para fazer as coisas pela metade. Afundou os dentesprofundamente, permitindo que ela experimentasse mais daquela mordida erótica, o lampejo dedor dando lugar a nada além de puro prazer.

Ele não sabia que alimentar-se de sua companheira poderia ser tão erótico assim. Seu corpoquase subiu em chamas, seu sangue se acumulou em sua virilha. Sua mente encontrou a dela, eela estava escorregadia de necessidade, seus mamilos se apertando, empurrando contra seu peitoenquanto seu corpo se movia inquieta. Ele tomou seu tempo, saboreando cada gota. Seu gostoera o melhor que já experimentou e o desejo era difícil de resistir, mas se forçou a parar quandotomou o suficiente.

Era a vez dela, e todo o seu corpo se apertou em antecipação. No momento em que sua bocase moveu em sua pele, ele jogou a cabeça para trás e rugiu. Ela conseguiu fazer seu corpo inteiroficar duro e faminto. Tão carente. Mas isso, era o que era o sexo. O desejo. A fome. O impulso,que de tão forte não dava para resistir.

É melhor que a transformemos rápido, sívamet, ou ambos não sobreviveremos às trocas desangue.

Os dedos dela acariciaram sua virilha por cima de sua roupa, a mente dela acariciando aolongo das paredes de sua mente, o sol te queime mulher.

Você não está ajudando.

Ah não, eu deveria estar ajudando? Pensei que deveria estar mostrando a você o queestamos perdendo. Você precisa se curar rápido. Isso é tudo que estou dizendo aqui.

Seus dedos continuavam o acariciando, e a parte sensata dele sabia que ele precisava pará-la.O problema era que ele não se sentia sensato de forma alguma.

Capítulo 13

Você está claramente usando muitas roupas.

A voz de Lorraine acariciou ao longo das paredes de sua mente tão intimamente que o pênisde Andor ameaçou explodir. Ela estava certa—ele estava usando roupas demais. Precisava do

toque físico de seus dedos contra sua carne dura como pedra. Sua mão deslizou sobre ele,esfregando-se sobre as calças, fazendo-o sentir o tremor e a pulsação de pura necessidade.

Acenou com a mão e de repente estava completamente nu para ela. Não conseguia aguentar asensação da roupa dela esfregando sua pele. Ele a queria nua também. Demorou menos de umsegundo para conseguir isso. Sua risada foi gentil, provocando em sua mente.

Esse não era o plano. Era para ser você nu e precisando de mim. Agora somos os dois.Como resolveremos essa situação?

Ele gentilmente inseriu a mão entre a boca e o peito quando sentiu que ela tinha tomado osuficiente para uma troca de sangue completa. Seu coração batia mais rápido com oconhecimento de que Lorraine estava um passo mais perto de seu mundo—e dele. Seu corpoestava no limite do controle. Mesmo que ela não estivesse mais tomando o seu sangue, Andorprecisava dela mais do que nunca.

Ela obedeceu ao pequeno comando para parar de se alimentar, mas o beijou do peito até abarriga dele. Em todos os lugares que ela beijava, deixava para trás um rastro de fogo. O cabelodela roçou as coxas dele enquanto ela escorregava para o chão, colocando-se entre as pernasdele, a boca continuando a beijá-lo. A sensação daquela massa sedosa sobre seu corpo envioumais sangue quente correndo para seu pênis até que ele ficou tão cheio e grosso que sentiu todoseu corpo tenso.

Ajeitou o cabelo dela em seu punho para que pudesse ver seu rosto. Precisava observá-laenquanto beijava sua virilha. Aquele desejo intenso e faminto estava em seus olhos. Ele amavaesse olhar. Sabia que iria manter essa imagem com ele para sempre. Ela baixou a cabeça, e elesentiu sua respiração quente contra a cabeça de seu pau. Pequenas gotículas vazaram, atraindo-a.Por um momento, pensou que ela poderia engoli-lo, mas em vez disso, ela lambeu suas bolas e,em seguida, seu membro.

Seu corpo inteiro estremeceu de necessidade. Ele apertou seu punho um pouco mais forte emseu cabelo, desta vez para guiá-la onde ele mais precisava dela. Lorraine ergueu os longos cíliose olhou para ele com olhos verdes brilhantes. Provocando-o. Ela estava brincando com ele. Seupau se sacudiu em antecipação. A vida com Lorraine sempre seria uma aventura porque ela faziao inesperado.

Precisamos ter muito cuidado, ela lembrou. O curador disse para você ir para o chãoimediatamente. Ele estava preocupado com suas feridas.

Ele esqueceu que tinha feridas. Sangue batia em seu pênis. Sentia a batida do coração em suavirilha. Havia um rugido estranho em seus ouvidos. Cada célula do seu corpo parecia viva.Antecipando. Esperando. Descobriu que estava prendendo a respiração porque seus pulmõescomeçaram a arder.

— Lorraine. —Seu nome era um comando. Um poderoso comando. Sua voz saiu rouca.Quase desesperada. Não tão autoritária quanto achava que deveria, por estar tão desesperado.

A respiração quente dela deslizou sobre ele novamente, de modo que seus músculos seapertaram. Seus olhos riram alegremente e isso o surpreendeu. Naquele momento, havia apenasos dois, o resto do mundo e todos os problemas estavam bloqueados. Era somente Lorraine eAndor.

Então sua boca envolveu-o e não havia mais nenhum pensamento sensato. Sua boca estava

quente e úmida, deslizando sobre ele com força. Sua língua dançou e acariciou. Ela fez algumtipo de gemido que enviou vibrações através de seu membro, e depois soprou o topo. Era a coisamais sexy que já tinha visto, sua boca se movendo sobre ele enquanto ela estava ajoelhada entreas suas pernas.

— Mantenha seus olhos nos meus, sívamet.

Observá-la o olhando enquanto ela lhe dava tanto prazer, era simplesmente erótico. Essa eraoutra imagem que ele nunca mais esqueceria. Aqueles olhos verdes o devorava, assim como asua boca o engolia. Apertada e quente. Sua língua lhe tirava todo o pensamento lógico e substituipor pura emoção. Seus quadris começaram a se mover, pequenos impulsos, levando-o maisfundo. Ele era cuidadoso e muito gentil, mas seus séculos de controle e disciplina se foram comcada golpe de sua língua.

Chamas nascidas na base de seu pênis—se espalhou por toda a sua coluna. Sua boca deslizousobre ele novamente, tão apertada. Tão quente. Chamas correram dos dedos dos pés, pelas suaspanturrilhas, e então dançaram até as coxas e lamberam suas bolas. O calor foi tremendo. O fogoqueimou sua espinha, enrolou-se em sua barriga e estourou em uma tempestade de fogo quandoseu pau explodiu como um vulcão. Jato após jato. Fio após fio. A semente quente explodiu dele.Ele jogou a cabeça para trás e rugiu, mesmo enquanto lutava para não perder o contato visualcom ela.

Lorraine afundou de volta em seus calcanhares limpando a boca, seus olhos sorrindo para ele.Aparentemente, você gosta de sexo, Andor.

‘Gostar’ não era bem a palavra que ele usaria. Seu pulso lutou para voltar a uma batida calmae constante. Ele esperou até que pudesse respirar antes de responder a ela. — Aparentemente, euamo sexo. Aprendi muito ao longo dos séculos. Estudamos tudo sobre isso para agradar nossascompanheiras. Acho que posso conseguir agradar a você como você me agradou.

— O curador disse que você precisava ir ao chão.

— O curador pode ir ele mesmo ao chão. Ainda tenho mais um pouco dessa noite e pretendousá-la. —Ele estava observando-a atentamente e viu o pequeno indício de apreensão. — O quefoi, Lorraine? —Ele fez um gesto a chamando para mais perto e apontou para o local entre aspernas. Ela hesitou, mas avançou até onde ele chamou. Seus seios roçaram suas coxas e depoissua virilha. Um choque de consciência provocou seu pênis. Sua pele era como cetim. — O quefoi, csecsemõ, você só precisa me dizer.

Sua mão se moveu. Dedos deslizaram por dentro de sua coxa e acariciaram seu membro. Elanão tinha dificuldades em tocá-lo ou colocar sua boca nele, mas agora, parecia inesperadamentetímida.

— Eu não esperava ter sexo com você, Andor. Não imediatamente. Sei que você foi ferido epensei que tinha tempo ... —Parou de falar e uma pequena carranca apareceu em seu rosto.

Ele esfregou a curva de sua boca com a ponta do polegar. — Você está com medo? —Elanão era de ter medo, e foi ela quem iniciou o sexo oral nele.

Lorraine balançou a cabeça. — Eu estava acampado e lá não havia muitas chances de ficarlimpa. Você apenas acena com a mão e está todo fresco e cheira a céu. Tenho certeza que cheirocomo um gambá ou algo igualmente horrível.

Ele queria rir. Ela poderia fazê-lo rir tão facilmente. Aquele leve humor em sua voz lhe diziaque, embora isso fosse importante para ela, ainda era capaz de rir da situação e de si mesma.Mais uma razão para se apaixonar por ela.

— Eu estava pensando que você poderia fazer essa coisa de acenar com a mão, só que destavez para mim.

Agora sua risada estava nos olhos dela. Ele não pôde deixar de fazer o que ela pediu. Acenoucom a mão, mas ela não precisava disso. Ela nunca precisou. Para ele, ela cheirava a terra eperfeição. Ele inclinou a cabeça na direção do rosto dela e tomou sua boca. Beijá-la era outrotipo de paraíso que ele não esperava. Havia aquele fogo em sua boca que se espalhou por seupau. Ele queimou com ela por alguns minutos e então a pegou em seus braços e os levou para oquarto principal.

A cama já estava arrumada em antecipação à chegada de Lorraine. Fez uma anotação mentalpara agradecer a Charlotte por ter acolhido Lorraine no complexo. A roupa de cama era macia eele deitou a sua mulher bem no centro, deitando-se por cima dela, sentindo a dobra no edredomgrosso, mas a firmeza do colchão embaixo. Seu cabelo se espalhava pelo edredom branco,parecendo mais vermelho que marrom, os tons dourados brilhavam na luz da lua que entravapelas janelas. Seus olhos verdes estavam firmes nos dele. Esses cílios, plumas escuras,pontilhadas de ouro, esvoaçavam, chamando a atenção para a beleza de seu rosto.

Andor segurou seu rosto, seus quadris encaixados entre os dela, seu olhar se movendo sobreo corpo dela possessivamente. Nunca se sentira tão possessivo em sua vida. Ele era tudo sobredever e honra. Coisas materiais significavam pouco ou nada para ele. Os Cárpatos adquiriramriqueza para usar como ferramentas. Sabia que eles possuíam vários aviões para levá-los de umcontinente para o outro. Isso exigia dinheiro, mas manter-se no mundo moderno significava quetinham que ter os meios para fazê-lo. Agora, a única posse que importava, a única coisa em seumundo que ele morreria para manter, era Lorraine.

Eu não sou uma posse, homem bobo.

A ternura em sua voz quase o desfez. Emoção brotou, afiada e terrível, um amor tão forte eintenso, era diferente de tudo que já sentiu ou experimentou.

E se você morresse para me salvar, nós não ficaríamos mais juntos, então não morra, elaacrescentou.

Havia aquele humor. Isso era dele. Foi dado a ele. Uma mulher tão linda por dentro e porfora. Uma guerreira de muito valor. Inteligente e com senso de humor. Ela tinha tudo e dealguma forma, o universo se dignou a entregá-la a ele.

Seu olhar percorreu seu rosto, tocando-o com amor. Ele sentiu isso. Ela não precisava dizer,porque estava lá no jeito que ela olhava para ele.

— Beije-me novamente, Andor. Eu amo quando você me beija.

Ela soava tanto carente quanto sedutora. Tentando-o. Sua pequena sereia. Ele a beijou porquenão havia como resistir, e não queria. Ansiava por seus beijos. Amava o jeito que ela fazia seucorpo duro e exigente. Ele deixou isso levar os dois, uma queimação lenta que começou comapenas adorando sua boca. Mordiscando. Mordendo. Lambendo. Traçando aqueles lábiossensuais. Respirando a respiração do outro.

Deitado sobre o corpo dela, a pele dela deslizando sob a dele, tão suave, as sensações oatravessando até que sentiu cada centímetro dela por dentro e por fora. Emoldurou o rosto delacom as mãos, aquele rosto que o fazia doer de necessidade, queimar de fome e voar alto comemoção, com amor por ela. Baixou a cabeça e beijou a garganta e o queixo dela até os cantos daboca. Puxou o lábio inferior dela com os dentes, suavemente, saboreando cada sensação do corpodele e dela—assim como as diferenças entre eles.

Ele a beijou de novo e de novo, transmitindo sem palavras o que estava em seu coração. Nãofazia ideia de que um homem pudesse sentir tanto por uma mulher. Ele viveu muito, século apósséculo, e tocou a mente dos homens apaixonados. Até mesmo experimentou, por um momento, oamor de Dragomir por Emeline. Ainda assim, isso não o preparara para a maneira como se sentiaem relação a Lorraine.

Quando proferiu as palavras rituais de ligação, juntando-os para sempre, ele lhe dera seucoração. Deu a ela sua alma. Não tinha pensado o que aquelas palavras significavam até aquelemomento, beijando-a, absorvendo-a em sua mente e corpo. Seu gosto. Sua sensação. Cadacentímetro dela. Ele tinha sido criado para ela. Sabia disso com absoluta certeza.

Você vai me fazer chorar.

Você temia que eu não escolhesse você, que não teria sido minha escolha. Está preocupadaque nunca conheceria o amor.

Você vê muito.

Ele levantou a cabeça para olhar para ela, seu olhar flutuando sobre a bela estrutura óssea, oscílios de plumas e sobre a mulher que possuía seu coração e alma, que sempre os teria em seuscuidados.

Eu te quero, Lorraine. Nunca pense por um momento que você não é minha escolha. Quenão está no meu coração. Não consigo ver nada nem ninguém além de você.

Ele poderia ter falado em voz alta, mas era muito mais íntimo falando telepaticamente. Elasentiria seu coração, seu amor por ela, com cada golpe ao longo de sua mente que suas palavrascriaram. Lágrimas brilhavam nas pontas dos cílios e ele as tirou com os lábios.

Eu só quero você, Andor, ela respondeu, arqueando-se, pressionando os seios contra o peitodele, os quadris se contraindo um pouco como se seu corpo estivesse igualmente faminto pelodele.

Ele podia ouvir a verdade de suas palavras—e também o pequeno indício de surpresa.Gostava disso também, dos tons diferentes em sua voz. Lorraine não esperava amá-lo tãorapidamente. Não entendia a atração de companheiros, mas sabia da existência dela. Mais do queisso, estudou o que era essa atração deliberadamente, depois que ele explicou a ela sobre oconceito de companheiros e que ela era dele. Lorraine tinha entrado em sua mente e tentadoaprender quem e o que ele era—como vivia. Ele poderia ter dito a ela quem ele era em uma únicapalavra—honra.

Ela beliscou o queixo dele com os dentes. Lealdade também. Honra e lealdade. E muitosmais do que isso, Andor, tudo de bom, todos os traços que me atraem. Eu acredito em honra elealdade também.

Ele sabia disso. Baixou a cabeça para a tentação de seu seio. No momento em que sua língua

tocou seu mamilo, ela pulou. Ele levantou a cabeça para olhá-la rapidamente, julgando suareação. — Você é muito sensível.

— De um jeito bom.

Ele sorriu para ela e mais uma vez abaixou a cabeça em direção ao seio. Aproveitou o tempopara conhecer cada centímetro de ambos os seios. As curvas eram muito pronunciadas, aquelesmontes redondos que chegavam a um pico que ele gostava de apertar e provocar com os dedosantes de sugar, pressionando o mamilo no céu da boca e acariciando com a língua até que elagritou e se contorceu embaixo dele.

Ele tocou sua mente para sentir o que ela estava sentindo. Seu corpo estava escorregadio equente de desejo, precisando dele. Da mesma forma que ela havia feito seu corpo ganhar vida,cada terminação nervosa em chamas, ele estava fazendo o mesmo com o dela. Beijou o caminhode volta até sua boca quando ele alcançou uma das pernas dela com a sua mão, envolvendo-a aoredor dele, abrindo-a ainda mais e completamente para ele. Pegou a outra perna, levantando-a,encorajando-a a fazer o mesmo com a esquerda, até que ela tinha enganchado seus tornozelos naparte baixa de suas costas.

Tocou sua mente mais uma vez. Não havia medo. Sua mulher era destemida e ansiosa.Carente. Circulou a circunferência pesada de seu pau com o punho, encaixando a cabeça largacontra e entrada escorregadia dela. O calor o queimou. Espalhando-se por ele. Necessitando.Empurrou mais fundo e ambos estremeceram ao mesmo tempo em que a sensação avassaladoraameaçava afogá-los de prazer.

Os músculos apertados dela lutaram contra ele, e então lentamente cederam, permitindo queele empurrasse mais profundamente, de modo que sentiu seu pau firmemente agarrado em umpunho quente e sedoso. Jogou a cabeça para trás, saboreando esse sentimento, guardado essemomento como fez com tantos outros que ela tinha dado a ele. De todos eles, este era o melhor,esse calor ardente lento em torno dele, acolhendo-o, tentando mantê-lo fora, mas puxando-o paradentro ao mesmo tempo. Chamando-o. Tentando-o. As sensações se derramaram sobre ele.Dentro dele. Enchendo-o. Preenchendo todos aqueles lugares esfarrapados e rasgados até que sesentiu inteiro novamente.

Enfiou os seus dedos nos dela e empurrou as mãos no colchão ao lado de sua cabeça, olhandopara baixo, diretamente em seus olhos. Ele a segurou dessa maneira, presa debaixo dele, seusolhos segurando os dela em cativeiro. Tet vigyázam. Ele repetiu para que ela pudesse ouvi-lo.Entendê-lo. Nunca duvide de novo. Tet vigyázam. Baixou a cabeça para roçar um beijo em suaboca. Ao mesmo tempo, empurrou seus quadris com força, enterrando-se profundamente,dirigindo através de sua fina barreira para reivindicar cada centímetro dela. Querendo corpo,coração e alma.

Ela engasgou e ficou rígida, congelada debaixo dele. Ele permaneceu parado também,recusando-se a liberar o olhar dela. Tet vigyázam significa eu te amo, Lorraine. E realmentefaço. Em meu idioma ou nos seu. Em qualquer um deles. Eu te amo. Não quero que haja dúvidasem sua mente. Nem agora nem nunca. Aconteça o que acontecer, estaremos juntos sempre.

Ele sentiu o corpo dela relaxar lentamente ao redor do dele, o suficiente para ele se mover.Seu sorriso era hesitante, mas estava lá. Eu sei que estou me apaixonando por você, Andor. Tudosobre você, até o fato de que vai querer que eu durma ao seu lado no chão.

Ele queria mesmo isso. Faria isso. Enquanto ela estivesse ao lado dele, nenhum mal poderia

chegar até ela. Estabeleceu um ritmo. Suavemente. Ternamente seu coração estava do avesso.Sua alma, aquela parte que ela guardara através dos séculos para ele, cintilava uma luz tãobrilhante e quente, tão forte, que sentia como se estivesse queimando de dentro para fora.

Ela o amava. O escolheu. Estava escolhendo uma vida com ele, o mundo dele. Seus coraçõesbatiam um pouco descontroladamente —mas juntos. A respiração dela ficou irregular, e elesentia dificuldade em respirar, mas cada vez que inclinava a boca para a dela, eles trocavamfôlegos, trocavam ar. Sua mente permaneceu firme na dela, sentindo cada golpe de seu pau,esticando-a, reivindicando-a, enquanto ela o rodeava com uma camada de puro fogo. O atrito deseus corpos enquanto balançava era fenomenal. Arte. Beleza Pura.

Lorraine era tudo o que ele pensara que uma companheira poderia ser e um muito mais. —Tet vigyázam. —Ele não podia dizer o suficiente. Apertou os dedos ao redor dos dela, segurando-a debaixo dele, olhando nos olhos dela, seu corpo em chamas, no paraíso.

Cedo, demasiado cedo, aquela sensação estava começando em seus dedos e subindo pelascostas de suas panturrilhas, chamas lambendo suas pernas, ameaçando inflamar uma tempestadede fogo. Sua respiração era irregular, difícil, seus quadris se moviam para combinar com os dele,seu canal tão apertado que parecia que tinha sido engolido vivo e estava sendo estrangulado poraquele punho quente e sedoso.

— Goze comigo, hän sívamak. —Era um comando, nada menos.

Seu olhar se agarrou ao dele, e enfim, viu o que queria todo esse tempo. Sua total confiança.Ela soltou seus quadris, as ondas intensas, tão fortes que seu canal apertou sobre ele, e então aschamas atingiram suas bolas e a semente ferveu ali. Como se ela tivesse acendido um fósforo emum pavio de dinamite, ele entrou em erupção, uma longa explosão, jato após jato espirrando nasparedes de seu canal, provocando ainda mais fortes ondulações nela.

Eles cavalgaram juntos, subindo, estremecendo, seus corações mantendo o mesmo ritmoselvagem. Andor percebeu que ele gostava de estar fora de controle. Passou tantos séculos emdisciplina completa, nunca pensou que seria capaz de se deixar ir do jeito que fez com ela agora.Havia tanta liberdade nessa sensação, nessa emoção.

Quando ele conseguiu recuperar o fôlego, a beijou, provando seu prazer. Provando o jeitoque ela o amava. Saboreou isso também, fixando-o em sua mente para resgatar e olhar em umadata posterior. Havia tantas novas sensações. Tantos desejos e emoções avassaladores. —Obrigado Lorraine. Não posso agradecer o suficiente. —Ele traçou beijos em suas pálpebras, nonariz e até o queixo, onde não pôde deixar de mordiscar. Poderia ficar lá pelo resto da noite,embora soubesse que o nascer do sol estava chegando logo.

— Andor? —A voz de Lorraine tremeu. Sua respiração de repente engatou em sua voz. —Querido, você tem que se mexer agora, saia de cima de mim.

— O que está errado? —Ele ficou intrigado. O tremor de medo e ansiedade em sua voz eramuito real. Sentiu isso em sua mente. Ele ainda estava se recuperando de tudo que seu corpohavia sentindo. Era quase euforia. Certamente, havia experimentado algo muito próximo aoêxtase, e não foi somente seu corpo. Todo o seu ser estava envolvido nessa experiência. —Csecsemõ?

— Eu acho que você está sangrando de novo. Querido, se vire agora e me deixe ver. —Suasmãos empurraram os músculos pesados de seu peito. — Todos eles vão me matar se abrirmos

qualquer uma dessas feridas. Eles já te deram tanto sangue e eu não sei quantas sessões de curajá foram feitas em você. Por sua causa e todos os ferimentos que os outros sofreram em suasbatalhas, Gary está exausto. Logo quando estávamos saindo, ouvi Tariq ordenar que ele fossepara o chão.

Andor sorriu para ela e acariciou seu queixo com as cerdas escuras e sombrias em suamandíbula. Ele havia marcado sua pele com uma pequena mordida e beijou aquele pequenoponto no queixo. — Você ouviu o que Gary respondeu?

— Não.

— Foi em Cárpato, e acho que ele disse todos os palavrões possíveis em uma só frase. Nãoque isso desencorajasse Tariq de lhe dar outra ordem. Gary está no chão agora. Assim comoFerro, Isai, Sandu e Dragomir.

— O quão ruim Ferro estava ferido? E não mude de assunto. —Suas mãos empurraram commais força. — Saia, neste minuto, Andor.

Ele riu. Uma risada completa. Ele nem sabia que podia rir daquele jeito, então o som erasurpreendente. Chocante. — Eu não posso acreditar que você acabou de me ordenar da mesmamaneira que Tariq deu um comando para Gary. Eu sou seu companheiro, Lorraine.

Ela nivelou seu olhar verde para ele. — Exatamente. Tomei nota dos votos que você dissepara nós dois quando irrevogavelmente nos uniu sem o meu consentimento. ‘Seu corpo foicolocado sob meus cuidados’, então saia de mim, seu idiota e deixe-me cuidar de você.

Ele ainda estava rindo. Feliz. Gostava de seu tom autoritário. Isso o fez ficar duro de novo, ea última coisa que queria fazer era se retirar daquele refúgio quente de prazer sensual. Ela estavacerta, porém, ele sentiu a umidade se espalhando por sua barriga e espalhando sangue nela. Comum pequeno suspiro, se retirou e rolou. Ela sentou-se imediatamente, com os olhos arregalados.

— Você está sangrando.

Foi uma acusação. Ele até queria rir disso. — Eu sei, csecsemõ, mas acredite em mim, valeubem a pena essas poucas gotas de sangue.

— Poucas gotas de sangue, minha bunda, —ela respondeu, com a voz mais fofa e severa queele já tinha ouvido. — Diga-me o que fazer agora. Você precisa do meu sangue?

Ele notou que seu olhar se desviou do sangue em sua barriga, sua aversão subindo apesar desua tentativa de impedir que isso acontecesse.

— O curador tem trabalhado de dentro para fora, então a maioria dos danos internos estãocurados. O que você vê é simplesmente uma laceração superficial. É mais cosmético do quequalquer outra coisa. Não há motivo para se preocupar. Eu posso parar isso sozinho.

— Então faça isso, certo. Agora. Você precisa de sangue?

— Lorraine, preste atenção. Você tem medo por mim e não é necessário ...

— Você quase morreu. Talvez tenha morrido, sei lá. Eu só sei que tive que ir a um lugarmuito escuro e frio para encontrar você, e foi horrível. Todos disseram que você estava longe.Gary e Ferro foram atrás de você repetidamente. Sandu foi também. Então eles me disseram queo nosso vínculo era a única coisa que ainda prendia você, então talvez não estivesse em coma ourealmente morto. É o seu mundo e suas crenças, Andor, mas eu vi como você estava. Eu vi você

daquele jeito.

A confissão explodiu dela. Não, o trauma. Ele não considerou o custo para Lorraineemocionalmente, aquela jornada que seus irmãos e o curador escolheram fazer para recuperá-loda terra dos mortos. — Sívamet, sinto muito que você estivesse tão assustada por mim. Não hánecessidade de permanecer assim. Não posso morrer dessas feridas agora. Elas são perfeitamentereparáveis. O solo curativo fornecido aqui é extraordinário. Isso irá me ajudar mais rápido do quevocê pode imaginar. —Ele cobriu o sangue com a palma da mão, enviando calor para a áreaferida onde o mestre vampiro tantas vezes havia tentado arrancar seu intestino e que quaseconseguiu. A luz irrompeu em seus dedos e sentiu aquela explosão de calor chocante. — Estáfechado agora. O sangue não é mais do que se esperaria se um humano raspasse um joelhoquando caísse.

Ela levantou a mão dele da ferida e olhou para o seu estômago liso. O alívio iluminou seurosto quando ela soltou a respiração. — Certo, tenho que admitir que entrei um pouco em pânico.

Ele pegou a mão dela e envolveu seus dedos ao redor de seu pênis carente. Ela olhou paraele. — Nada mais de brincadeiras, até que Gary diga que está tudo bem.

Ele fez uma careta para ela, quando no fundo queria mesmo era rir da ideia de que permitiriaque outro homem lhe ditasse se ele poderia ou não fazer amor com sua mulher. — Aquelecurador não vai ter nada a dizer de nossa vida sexual. —Ele rosnou cada palavra, fazendo obarulho o mais próximo possível de um lobo como poderia conseguir.

Ele encontrou-se em um jogo de encarar com ela. Sua mulher. O amor fazia seu coraçãodoer, havia muito lá, se espalhando por todas as partes do corpo dele. Ela suspirou, concedendo abatalha para ele. Ele não ia dizer que os Cárpatos não precisavam piscar do jeito que os humanosfaziam. E nem ia dizer que, mais tarde, quando ela fosse Cárpata, poderia realmente ganhar essejogo sem esforço.

— Tudo com você é divertido, —disse ele. — Ou sensual. Obrigado por me dar suaconfiança. Eu sei, depois das coisas que aconteceram e do modo como seus amigos se voltaramcontra você, essa confiança não é dada fácil, por isso será apreciada por mim da mesma formaque um presente seria.

— Conte-me sobre as lesões de Ferro, —Lorraine persistiu. — Não vou contar a Gary sobrevocê, e não vou te dizer o quanto eu te amo porque você não merece isso agora, mas precisosaber por que é sempre uma coisa secreta quando um de vocês realmente se machuca.

Ela não soltou seu pênis e seu punho deslizou para cima e para baixo em seu pau quasepreguiçosamente, como se não estivesse realmente ciente de que estava enviando calor emespiral pela sua espinha. Ele respirou fundo e tentou pensar com uma mente clara.

— Nós cortamos toda a dor, Lorraine, então não sentimos ela. Portanto, se não sentimos isso,a dor não é reconhecida. Lesões, até ferimentos fatais, acontecem em quase todas as batalhas.Você não pode lutar contra um vampiro e esperar sair ileso. Esses vampiros que temos lutadonão são indicativos do que os mortos-vivos são capazes de fazer.

— Eu senti os ferimentos de Ferro.

— Eu estava com receio que você pudesse ter sentido. Preocupava a todos nós, Ferro, Sandue Gary, que você fosse capaz de fazer exatamente isso. Eu te protegi no momento em que a dorficou muito forte. Ferro tentou manter isso longe de você, mas ele lutava com um mestre

vampiro. Ele terminou a batalha rapidamente, mas enquanto arrancava o coração do vampiro, omorto-vivo conseguiu causar dano a ele.

Ela assentiu. — Eu repassei as imagens que vi quando ele estava lutando contra o vampiro.

Andor ficou rígido. Ferro era extremamente poderoso. Ela não tinha nenhuma dificuldade ementrar na mente de Ferro. — Você não pode fazer isso de novo.

— Eu não estava sendo uma curiosa, —ela se defendeu.

Sua mão parou, mas seu punho se fechou com mais força, apertando, ameaçando estrangulá-lo. As sensações rasgaram seu corpo. Uma tempestade de fogo queimava fora de controle em suabarriga. Ela se apoiou em um cotovelo, virando o corpo para ele, inclinando-se sobre a coxa delepara que o cabelo roçasse sobre as pernas e a virilha. A massa sedosa castanha provocou cada umdos seus sentidos.

— Eu tive um vislumbre da batalha quando ele estava lutando e, em seguida, quando ele foiferido. Não estava na cabeça dele. Ele escorregou inadvertidamente para a minha. Eu mantiveessas imagens e as estudei porque queria ver a técnica. Pude ver que ele não protegeu seu corpodas garras e dentes do vampiro. Ele foi ferido enquanto trabalhava para extrair o coração.

— Não é fácil remover um coração, então dar ao morto-vivo alguma coisa para fazerenquanto o caçador arranca esse miserável órgão torna isso mais fácil. Eu nunca quero que vocêfaça uma coisa dessas. De jeito nenhum. —Ele fez disso um decreto.

Um sorriso lento enviou uma queimadura em espiral através de seu corpo. — Eu não vou.Você não precisa se preocupar. Nunca quero chegar tão perto de uma dessas coisas. —Ela deuum pequeno estremecimento delicado e então sentou-se, seus dedos deixando seu membro.

Ele pegou a mão dela e guiou de volta para seu pênis. — Você começou algo, csecsemõ, nãopode sair no meio disso. Eu quero aquela sua boca quente em volta de mim de novo.

— Eu quero conversar.

— Fale com sua mente.

— É uma distração ter minha boca em você enquanto eu estou tentando conversar.

Ele gostou do fato de que ela já estava deslizando o polegar sobre a coroa e usando suasaliva, deixando-o escorregadio para que ela pudesse facilmente deslizar o punho em volta dele eentão começou aquele deslize que podia lentamente tirar a respiração de seus pulmões.

— Não posso falar se estiver pensando em outras coisas. Eu gostei do jeito que você chupoue usou sua língua. Quero ver quanto de mim você pode tomar.

— Dessa forma, você está testando os meus limites, —ela apontou.

— Você não teve problemas. Na verdade, quando estive em sua mente, você estava sedivertindo. Se eu olhar agora, vou te achar quente e escorregadia só de pensar em pegar meu pauna sua boca?

— Acabamos de fazer amor. Sem camisinha, eu poderia acrescentar.

— Cárpatos podem regular a ovulação. De qualquer forma, me certifiquei de deixa-la frescae limpa, como se tivesse tomado um longo banho. Não haverá desculpas.

Ela se contorceu, os cantos de sua boca subindo. — Olhar em minha mente é trapaça.

Eu quero ter certeza de que você se divirta e tenha prazer tanto quanto você está me dando.

Lorraine sorriu e depois se debruçou sobre ele, balançando-se até que ele abriu as pernas paraela. Andor se esticou, unindo os dedos atrás da cabeça, apoiando-se para poder observá-la. —Diga-me o que você gosta sobre ter meu pau na sua boca.

Ela lambeu seu membro e então girou a língua sobre a cabeça de sua ereção. Sua boca oenvolveu. Ele assistiu o modo como sua circunferência esticava seus lábios. Ela tinhanaturalmente lábios rosados e vê-los em torno de seu pau enviou mais aço para sua virilha.

— Diga-me, Lorraine.

Seu gosto. Gosto do seu sabor. A sensação do seu pau. Como veludo, mas tão duro. Equente. Muito quente. Como ele se parece. Nunca senti nada assim. Particularmente amo oquanto você fica duro na minha boca.

Sua língua rodou por seu membro e, em seguida, provocou sob a cabeça do seu pau até queele pensou que sua mente iria explodir. Ele não podia simplesmente ficar ali como planejara. Eraimpossível não se mexer. Juntou o cabelo dela em uma mão, segurando-o e tirando-o fora docaminho para que pudesse ver o jeito que ele enchia a sua boca e esticava os seus lábios. Seuscílios espessos estavam abaixados, em forma de lua crescente que tocavam suas bochechas. Elequeria ver os olhos dela olhando para ele. Nada era mais sexy para ele.

Quão longe você pode me levar?

Seus quadris se moviam suavemente, mas insistentes. Ele empurrava um pouco maisprofundo com cada impulso. Tinha sido cuidadoso antes, certificando-se de ficar superficial, masmanter a mente funcionando estava se tornando mais difícil a cada vez que ela o chupava comforça com a sua boca apertada. Vê-la levando-o assim aumentou a necessidade de explodir emsua boca.

Estou tentando descobrir até onde posso. Eu quero te engolir. Te segurar dentro da minhaboca. Amo muito isso, Andor. Eu amo dar coisas que você nunca teve e nem sabia que queria.

Ele queria jogar a cabeça para trás e rugir como um tigre de dentes de sabre. O calorenvolveu seu corpo inteiro. Sensações se apoderaram dele. Não era apenas sobre o que ela estavafazendo com o corpo dele, era sobre como ela amava fazer isso com ele.

Eu sei que quero isto agora. Nunca vou conseguir o suficiente da sua boca.

Você me pediu para dizer o que eu gosto. Mais do que tudo, gosto de fazer você perder ocontrole. Saber que posso fazer isso. Saber que posso te dar tanto prazer, ao ponto de fazer vocêesquecer de tudo.

Sua mão deslizou para a base de seu pênis, preocupado que ele iria empurrar muitoprofundamente e machucá-la. Ele já estava ali onde ela o queria, no limite de seu controle.

O riso suave deslizou em sua mente, escovando notas musicais ao longo paredes mentais eespalhando uma sinfonia sobre seu pau. Ele podia sentir aquela fonte infinita de sementes nelecomeçar a ferver, como se suas bolas fossem duas poças de magma em chamas.

Csecsemõ. Tentou avisá-la. Agarrou o cabelo dela com mais força em seu punho.

Sim.

Seus longos cílios se levantaram e ele se viu olhando nos olhos dela. Isso foi o suficiente. Eleentrou em erupção novamente. Desta vez observou a garganta dela. Assistiu-a engolir enquantoele despejava sua essência nela.

Em vez de se afastar dele, ela lambeu muito delicadamente ao longo de seu membro, a pontade sua língua deslizando sob a cabeça e, em seguida, passando por cima dela. Os movimentos

eram macios. Ele não conseguia se lembrar de ter sido tratado dessa forma. Memórias estavamtão desbotadas ao longo dos séculos vazios, que ele não conseguia se lembrar de risos oudiversão, muito menos um gesto terno. A maneira como ela o tratava, cheia de amor por ele.

Ela olhou para ele, aqueles olhos verdes encontrando os dele. — Tet vigyázam. —Além depronunciar corretamente, derramou significado nas palavras. — Amo você, Andor, mais e mais acada minuto que passo na sua companhia. Quero fazer isso. Quero te dar coisas que você nuncateve. Compartilhando sua mente com tanta frequência, vi o quão pouco você esperou ganhar, oquão pouco recebeu, apesar do muito que você deu.

— Você é o que foi me dado, Lorraine. E você é tudo.

Ela olhou para ele por alguns instantes, olhando para ele por cima de seu pênis, e então searrastou até a cama, algo que ele achou sexy também, mas permaneceu em silêncio enquanto elase virou e deitou de costas ao lado dele, olhando para o teto. Ele memorizou isto, gostou damaneira que ela rastejou pela cama, indo em sua direção. Seus seios eram dois montes perfeitos,seus mamilos ainda eretos. Eles balançavam a cada movimento, chamando sua atenção elembrando como foi tocá-los e beijá-los. Queria curar depressa para que tivessem mais tempo epudessem ser muito mais aventureiros.

— Quando você estava dormindo, Andor, —a voz de Lorraine era desconfortável, — Euestava dormido ao seu lado. Você não estava profundamente enterrado. Sei que estamos juntoshá pouco tempo, mas por alguma razão, o pensamento de estar separada de você me deixa muitodesconfortável. Insatisfeita ... —Ela parou.

Ele sabia que ela era uma mulher independente. A atração de companheiros a atormentaria.Perturbaria. Apenas levantar essa questão deveria custar muito a ela, mas ele sabia que uma horaou outra, esse assunto surgiria. Tinha que avisá-la.

— Isso é perfeitamente normal e esperado. Quando eu for para a terra no nascer do sol—oque está a apenas poucos minutos de distância—eu vou ficar profundamente enterrado e voudormir o sono dos Cárpatos. Se eu não fizer isso, as lesões levarão muito mais tempo paracicatrizar. O solo rejuvenesce e ajuda na cura.

— Eu entendo que você precisa do solo, mas o seu rosto também tem que ser enterrado? Nãoposso dormir ao seu lado? Dessa forma, se eu acordar mais cedo do que você, posso cuidar devocê?

Ele se virou para ela, colocando o braço em volta da cintura dela. — Lorraine. Nestecomplexo, estamos ambos seguros. Será somente um dia, do nascer ao pôr-do-sol. Vou te enviarem um sono profundo ...

— Não. Absolutamente não. Você pode pensar que estamos seguros, mas estou mereservando o direito de ter todo o cuidado. Você sabe que aquele pássaro horrível não apenasbicou o meu crânio. Ele colocou algo no meu cérebro. E se vier rastejando enquanto vocêdorme? Preciso estar alerta.

— Todo mundo olhou. Cada centímetro de você foi inspecionado. Órgãos. Ossos. Sangue.Cérebro. Quatro dos nossos melhores examinaram você, cada um examinando as outras áreasrepetidamente. Eles não encontraram nada.

— Eu sei. —Ela colocou a mão em seu peito e esfregou distraidamente. — Você acredita queele apenas me cortou sem motivo aparente? Apenas para atacar?

Ele não iria mentir para ela. — Não. Eu não sei o que ele pretendia. Talvez não conseguiufazer o que planejava naquele momento. Talvez seja o que for, caiu no chão antes que elepudesse implantá-lo. O que só posso dizer é que os irmãos e Gary inspecionaram vocêcuidadosamente e não acharam nada.

Seus dedos golpearam seu peito como se em protesto. — Por favor, não me obrigue a dormir.Estou cansada, adormecerei naturalmente, mas posso estar alerta se houver algum problema.

Ele não gostou. — Lorraine, você vai sofrer. O pensamento de você sofrerdesnecessariamente me incomoda em um nível que não posso nem mesmo explicar. Nossaseparação pesará em você. Sua mente irá continuamente buscar a minha. Quando você não puderme encontrar, ficará com medo de que eu esteja morto. Isso pode ser perigoso para ascompanheiras quando elas não estão totalmente ligadas.

— Eu conheço os perigos. Você me avisou. Estarei preparada. Se seu corpo tem que ser todoenterrado para curar, eu entendo. Quero que você faça isso, mas não posso dormir tãoprofundamente ao ponto de não conseguir acordar se houver algum problema.

Ele detestava concordar com ela. Sabia o que esse pedido significava para ela. Outro antigofaria o que ele achava estar certo. Andor cedeu porque sabia que Lorraine precisava disso.

Capítulo 14

Lorraine acordou ao som de crianças rindo à distância. Gemeu e se virou, sentindo cadamúsculo em seu corpo protestar deliciosamente. Franzindo a testa para o teto, se deixou orientaronde estava antes de se mexer novamente. Estava no complexo e Andor não estava com ela. Suamente tentou alcançar a dele. Estava acostumada a entrar e sair de sua mente todos esses diasatrás, mas agora, por algum motivo, que não conseguia entender, ela estava desesperada portocá-lo.

Ela tentou novamente. Havia apenas o nada. O vazio. Ele se foi. Seu coração apertou e entãoa realidade voltou para ela. Eles conversaram sobre isso—como ela poderia ficar aterrorizada,com medo que algo poderia ter acontecido, quando, na verdade, Andor estava seguro sob o solo,se curando como precisava fazer.

Seus dentes estavam mordiscando o lábio inferior. E se ele não estivesse seguro? Ela nãosabia. Não podia vê-lo. Andor havia dito que isso aconteceria. Ela só tinha que confiar nele, terfé que ao pôr-do-sol, ele iria emergir e ela veria por si mesma que ele estava vivo e bem.

Sentou-se devagar. Foi para a cama completamente vestida, pronta para a guerra. Sua armaestava carregada e ao alcance debaixo do travesseiro apenas por segurança. Praticou centenas devezes, sacando e apontando sua arma para a porta ou as janelas. A espingarda também estavacarregada e apoiada no lado da cama, ao alcance das mãos. A faca estava em uma bainha e aoalcance de sua mão enquanto ela dormia. Praticou com ela também.

Queria uma ducha. Ou uma banheira. Ou melhor, uma banheira e depois uma ducha. Elasabia que estava limpa. Andor tinha resolvido isso, limpando seu corpo e cabelo, mas não era omesmo que ficar sob um jato quente de água e deixá-la passar por você. Nem tomava o lugar do

luxo de uma banheira. Ela se esticou, grata pelo teto sobre sua cabeça. Estava acampando porquase duas semanas antes de encontrar Andor e se envolver em seu mundo.

Muito lentamente saiu da cama, sentindo cada dor. Estava fazendo do mundo de Andor, odela. Duchas e banheiras seriam coisa do passado. Uma boa cama confortável seria também.Onde os Cárpatos faziam amor? Sexo? Ficavam loucos quando perdiam a noção por causa dodesejo? Ela entrou no banheiro, agradecida pelas conveniências modernas. Trouxe as armas comela. Os inimigos podiam encontrá-la nua, mas não a pegariam desarmada.

Abriu a janela para poder ouvir as crianças enquanto tomava banho. Suas vozes eram felizes,não estavam assustadas. Pareciam crianças normais se divertindo no parquinho. Teve umvislumbre de dragões de pedra na grama parecendo que vigiava o parque que ficava do lado defora da casa principal e diretamente em frente a uma cabana que era uma réplica em miniatura dacasa principal.

Gostou de ouvir o som das crianças brincando. Ela precisava disso. Se permanecesse nocaminho em que estava, talvez nunca mais as ouvisse. Ela estaria profundamente embaixo dochão enquanto elas viviam e brincavam acima. Quando ela estivesse acordada, as criançasestariam dormindo. Pressionou a testa contra as paredes de azulejos do chuveiro. Estava tãoabsorvida por Andor, tão envolvida nas batalhas contra os mortos-vivos e na tremenda honra queele e seus irmãos tinham, que não tinha pensado no que realmente aconteceria daqui para frente.

Os antigos foram muito altruístas. Estavam dispostos a se amarrar a ela para encontrarAndor, cada um sabendo que, se não tivessem sucesso em recuperá-lo, seriam apanhados naquelelugar frio e escuro terrível. Sabiam o que estavam arriscando e ainda assim foram atrás dele—porela. Por ele. Pelo homem que eles chamavam de irmão, e fizeram isso por honra e lealdade.

Ela simplesmente concordou com tudo porque não havia tempo para pensar. Subiu namontanha-russa e não conseguiu descer. Não tinha sequer considerado descer porque não iriadeixar Andor ferido como ele estava. Agora—agora ela tinha tempo para pensar sobre o que iriaperder se passasse pela última troca de sangue.

Eles não falaram sobre crianças. Andor disse que queria, mas ela não sabia o que issoimplicava. Emeline, a companheira de Dragomir, estava grávida. Talvez uma conversa com elapudesse aliviar seu nervosismo—e ela estava nervosa. Pior, assim como Andor a avisara, suamente desviava continuamente tentando alcançar a dele e encontrando—nada.

Ela estava tão acostumada a tocar sua mente, rastejar nela quando estava com medo, reunirsua coragem lá e então deslizar para fora quando se sentia armada com conhecimento suficientepara enfrentar o que quer que estivesse vindo para ela. Mas se fosse honesta, sabia que era muitomais do que apenas ter medo de monstros que não sabia que existiam. Ou reunir informaçõespara uma batalha futura. Ela não estava sozinha. Em absoluto.

Lorraine sabia que havia se retirado do mundo quando seu irmão se tornou uma manchete,um monstro. Ela não foi capaz de enfrentar as acusações e sussurros. Não se atreveu a falar deseu irmão, pais ou tios. O casal que morreu tentando ajudar Theodore tinha uma família, filhos efilhas que agora a desprezavam. Abandonou a faculdade e se isolou de amigos que já a haviamabandonado. Ela não tinha percebido o quão sozinha e solitária estava até que Andor encheu suamente.

Despejou xampu em sua mão e colocou em seu cabelo, esfregando-o. Quem diria que umxampu poderia ser um luxo? Frequentemente pensava em como seria legal se ela fosse mágica e

pudesse acenar com a mão e lavar seu cabelo instantaneamente. Era grosso, pesado e levava umaeternidade para secar. Depois de ver Andor ou um dos outros agitar a mão e limpar e secar oscabelos, a lavagem e o condicionamento pareciam um luxo. Ela também desistiria disso.

Saiu do chuveiro, enrolando o cabelo e o corpo em toalhas. Seu corpo parecia muito sensível,como se todas as terminações nervosas estivessem vivas. Vagando pela janela, olhou para oquintal. O parquinho ficava a uma certa distância da casa que ela ocupava, mas de seu ponto devista mais alto podia ver as crianças. Havia um menino que parecia ter uns quinze ou dezesseisanos. Alto, braços e pernas magras. Seu cabelo era comprido e amarrado em um pequeno rabo decavalo na nuca. Ele empurrava uma menininha em um balanço. A criança gritava e jogava aspernas com entusiasmo no ar.

— Mais alto, Danny, mais alto.

— Isso é alto o suficiente, Bella, —disse ele. — Não quero arriscar que você caia.

As pequenas pernas chutaram mais alto. — Voamos em dragões, Danny, nós não podemoscair.

Lorraine inclinou a cabeça para fora da janela, chocada com o quanto nítido ela podia ver àdistância. Sua visão e audição pareciam muito mais agudas do que o normal. Ela se viu sorrindoenquanto observava o menino explicar pacientemente como voar um dragão era diferente debalançar.

— Seu dragão garante que você não caia.

Ela olhou para os dragões de pedra que vigiavam o parquinho. Era uma boa brincadeira, agarotinha claramente fantasiava que os dragões eram reais. Ela poderia ter visto os caçadoresCárpatos se transformando em um, assim como Ferro e os outros tinham feito. Essa era umacoisa que ela não se importaria de ser capaz de fazer, mudar para outras formas.

— Seu dragão impede que você caia, Lourdes? —Bella gritou enquanto tentava jogar suaspernas para conseguir mais altura, enquanto Danny a empurrava. A criança ao lado dela no outrobalanço estava sendo empurrada por uma adolescente. Ela parecia ser um ano mais nova que omenino. Lorraine achou que Lourdes e Bella poderiam ter três ou quatro anos, três pelo seutamanho, especialmente Lourdes, e quatro pelo discurso inteligente.

Lourdes baixou a cabeça para trás e olhou para a adolescente. — Meu dragão sempre seagarra a mim, e o seu, Amélia?

Amélia sorriu imediatamente para a criança. — Claro. É aqui que praticamos para ospasseios de dragão, Lourdes. Bella, você também. Você tem que aprender a segurar com as mãose usar suas pernas e corpo para ajudar a ganhar altura. Se você cair aqui, você vai cair sobre ostapetes de borracha, mas se você cair quando um dragão estiver no céu, você iria cair de muitoalto e se machucar.

— Eu não iria, —Bella disse empurrando seus pés como uma louca. — Porque Liv vai mepegar.

— Liv não pode te pegar se ela estiver dormindo no chão como Tariq e Charlotte, —Amélialembrou. — Por isso, não podemos montar os dragões sem adultos por perto.

— Genevieve, —Bella chamou uma mulher sentada em um banco, observando-os.

Lorraine achou que a mulher poderia ter saído de uma capa de revista. Ela eraverdadeiramente linda. Seu rosto nunca precisaria de maquiagem. Era perfeito. Sua estruturaóssea, seus grandes olhos, seus lábios e seu corpo alto e esbelto, com suas roupas da moda ebotas elegantes, faziam Lorraine lembrar que ela só tinha roupas de campismo.

Vestiu-se apressadamente, mas demorou na maquiagem e secou o cabelo. Evidentemente,Tariq e Charlotte acreditavam em fazer os hóspedes se sentirem muito bem-vindos. Os produtospara cabelo eram da melhor qualidade, assim como os cosméticos, e tinha a sua disposiçãosecador de cabelo, chapinhas e até mesmo baby-liss26. Ela apreciava especialmente a novaescova de dentes elétrica. Nem se sentiu culpada usando-a. Bem, talvez um pouco, mas poderiacomprá-la deles. Deixaria um envelope com dinheiro o suficiente para cobrir o custo de tudo queusou.

Sua mente se estendeu novamente para Andor. Ela tinha um milhão de perguntas. Tinha ummilhão de necessidades. Uma delas—a mais importante—era apenas senti-lo em sua mente.Perto. Se derramando dentro dela, enchendo espaços vazios e removendo ... a solidão. Já haviaaprendido que poderia estar em volta de centenas de pessoas e mesmo assim se sentir sozinha.Poderia estar sozinha e se sentir forte e completa—até conhecer Andor. Ele mudou isso. Ela sesentiu forte. Capaz. Mas estava sozinha sem ele. Sua mente continuava insistindo em alcançá-lo.

Certamente, mesmo dormindo abaixo do solo ela poderia tocá-lo. Quando ele dormia o sonode sua espécie, no acampamento, ela sempre foi capaz de ver seu rosto e se assegurar de que eleestava bem. Nenhum inimigo poderia pegá-lo de surpresa porque ela estava lá. Ali. Guardando-o. Tornando impossível que algum monstro—ou qualquer um—o prejudicasse.

Lorraine se olhou no espelho. Andor era dela. A família dela. O homem que ela escolheu.Não mudaria nada o que havia acontecido até aqui. Ela cruzou uma linha em algum lugar quandoo deixou entrar, e agora ele estava lá, profundamente. Ela queria assim. O queria o suficientepara desistir do sol e do som de crianças brincando em parquinhos. Ele seria a escolha delasempre.

— Andor. —Sussurrou seu nome. Precisando dele. Sabendo que era melhor que não ochamasse telepaticamente e o acordasse antes que o solo tivesse a chance de fazer seu trabalho.Ela se endireitou, ainda olhando para seu reflexo no espelho. — Você é capaz de passar algumashoras sem tocar sua mente, então se controle.

Impiedosamente, esmagou a necessidade de alcançá-lo. A necessidade de protegê-lo, mesmode sua própria intrusão, quando ele precisava do sono da cura, ajudou-a a se concentrar em outrascoisas. Ela não tinha comido nada desde aquela primeira troca de sangue, só havia bebido água.A comida parecia repugnante para ela. Sabia que teria que comer alguma coisa logo, estavaficando fraca, mas o pensamento virou seu estômago.

Muito lentamente, tomando seu tempo, ela se vestiu, tirando seu último par de jeans vintageazul limpos, lavada tantas vezes que estava macia e esbranquiçada, com alguns lugaresdesgastados, mas ainda aceitáveis de usar se ela saísse. Sua camiseta também era velha e uma desuas favoritas, suave e preta, com palavras que diziam Fireball Cinnamon Whisky27. Ela gostavado sabor. Cárpatos bebiam uísque? Bebiam algum tipo de bebida alcoólica? Provavelmente não.

Calçou as botas de caminhada porque eram os únicos sapatos que tinha com ela. Glamorosa,essa era ela. Ela ia ficar bem em pé ao lado da modelo lá fora. Causaria uma boa impressão.

Endireitando os ombros, deixou a segurança do banheiro e desceu as escadas até a porta dafrente.

No momento em que se aproximou da porta, sentiu uma onda de poder—de protesto. Émelhor você não ter me trancado aqui dentro, ela disse, estendendo-se para ele sem pensar, umpequeno riso borbulhando. Ela ficou séria instantaneamente quando percebeu que estava fazendode novo, então seu coração começou a acelerar e ela mal conseguia recuperar o fôlego—sinais deum iminente ataque de pânico. Xingando baixinho, lutou com esse sentimento, tentando recorrera lógica.

— Ele disse que você não seria capaz de alcançá-lo e ficaria assim. Você é mais esperta queisso, Lorraine. Você tem um cérebro. Não precisa se apoiar em um homem, você está cem porcento bem sem um. Sabe como cuidar de si mesma. Nunca, em sua vida, você confiou emalguém, a não ser quando era uma criança e, mesmo assim, seus pais insistiram em que tentasseas coisas por si mesma antes de ajudarem, ou permitir que Theodore a ajudasse.

Pressionou a testa contra a porta, uma mão na maçaneta. Theodore. Ele a ajudou muitasvezes escondido de seus pais. Ela sempre foi louca por doces, e o açúcar era estritamenteproibido. Não podia comer nada que não fosse saudável e bom para ela. Eles praticamentecontavam as calorias para ela, fiscalizavam o quanto ela treinava e qualquer atividade fora decasa tinha que ser feito em forma de exercício, como andar de bicicleta. Esse era um passatempoaceitável. Correr também. A leitura era permitida, mas apenas por curtos períodos de tempo,como enquanto ela tomava banho de banheira.

Theodore a ajudou a encontrar maneiras de conseguir sua dose de açúcar. Ele sempre traziaseu alcaçuz28 com cobertura de doces. Eles o escondiam, na maior parte do tempo com sucesso.Nunca poderia ter conseguido sozinha esses doces, porque seus pais a observavam com muitocuidado, mas Teddy conseguia com mais facilidade e, quando ela queria, ele sempre arranjavapara ela. Não queria nunca esquecer essas coisas sobre ele. As coisas boas. As memórias deinfância que ela tinha dele antes ...

O que fez Theodore tomar esteroides? Ela ainda não sabia. Talvez nunca soubesse. Abriu aporta e respirou o ar refrescante. Estava fora ao ar livre tempo suficiente para se sentir um poucosufocada dentro de algum lugar. Havia um sentimento de relutância em sair, mesmo na varanda,e ela sabia que isso deveria fazer parte das salvaguardas de Andor. Ainda assim, não estavatrancada, e ela queria ir falar com as crianças e a modelo.

Agarrou o batente da porta, o coração acelerou quando a sensação de poder surgiu sobre ela esob seus pés. O chão pareceu inclinar-se de volta para o interior, enquanto do outro lado da porta,por um momento, ela podia ver faixas, reluzindo como o ar quente. Não faixas, barras.Prendendo-a? Impedindo alguém entrar? Talvez ambos.

Andor, eu estou saindo para ver o complexo e conversar com as crianças. Abruptamente elase interrompeu novamente. O que havia de errado com ela que não conseguia parar? Nãoconseguia lembrar que não devia acordá-lo? Tentar alcançá-lo? Toda vez que ela não conseguia,apenas a fazia se sentir mais sozinha e abandonada. Era mais do que isso, tinha medo de que algotivesse acontecido com ele e ela não estivesse fazendo seu trabalho de protegê-lo.

Passou pelo batente da porta, ignorando a chamada em seu corpo para voltar para dentro. Elanão iria recuar, não era esse tipo de mulher. Uma vez na varanda com a porta firmementefechada atrás dela, se sentiu livre novamente. Seus olhos imediatamente queimaram e

lacrimejaram em protesto pela luz quase ofuscante do sol. Cada pedaço de pele exposta formigoucomo se pudesse queimar sob os raios. Nunca se preocupou com queimaduras de sol, graças àcor da pele de seu pai, então ignorou aquela sensação estranha em sua pele e desceu as escadas,desejando ter pensado em trazer óculos escuro.

O lago brilhava, a água parecia como vidro, cintilando com cinzas, azuis, e verdes ainda maisprofundos. Era lindo e convidativo. Um píer corria sobre a água e ela ficou tentada a caminharpor ele. A água aumentava efeito de queimação que a luz parecia ter sobre seus olhos, então,relutantemente, ela se virou.

Uma pequena casa de barcos chamou sua atenção. Alguém claramente morava lá. Podia veralguém se movendo lá dentro, e quando eles notaram que ela estava olhando, acenaram esorriram para ela. Ela deu um passo em direção à casinha fofa quando a porta se abriu e umamulher apareceu. Usava um avental e estava secando as mãos nele enquanto pisava na varanda.Ela parecia mais velha do que Lorraine esperava, talvez no final dos seus sessenta anos.

— Eu sou Mary Walton. Meu marido Donald e eu moramos aqui. Estamos com Tariq háalguns anos. Donald está lá dentro cuidando dos biscoitos que estou assando para as crianças.

Lorraine se aproximou para que ela não tivesse que gritar. — Eu sou Lorraine Peters.Cheguei com os outros na noite passada. —Ela não tinha sido informada muito sobre aqueles quemoravam na propriedade. Mary Walton era claramente humana. Assim como as crianças. Elanão sabia se eles sabiam sobre Tariq e os antigos. Deveria ter se informado mais.

— Nós os vimos chegando, —disse Mary. — Claro, sempre nos preocupamos com as feridasde batalha. Eles se curam muito rápido, mas quando chegam, os ferimentos parecemassustadores. Eu ainda não consigo superar o desejo de lavar os ferimentos, e não colocar terranela. —Ela deu uma pequena risada depreciativa. — Suspeito que é a minha idade.

Lorraine sacudiu a cabeça. — Esse é o meu primeiro instinto também.

— Você está se sentindo bem? Posso pegar uma xícara de chá para você?

Imediatamente seu estômago protestou com outro impulso de advertência. Ela balançou acabeça. — Obrigada, mas estou bem. Pensei em ir falar com as crianças. Eles parecem tãofelizes. Depois de todo o trauma de ver coisas que eu pensava que existiam apenas em filmes,pior do que qualquer coisa nos filmes, eu preciso de algo simples e feliz.

— Não se deixe enganar, Lorraine, —disse Mary. —Aquelas crianças viram eexperimentaram algumas das piores coisas que esses monstros fazem. Elas moram aqui porque,enquanto permanecerem dentro deste complexo, das salvaguardas que nos cercam, os mortos-vivos não podem entrar. Elas sabem que estão seguras e é o único lugar que existe para elas. Nãopodem frequentar nenhuma escola, ir a compras ou diversão como outras crianças. Elas nos tême eles têm um ao outro. Isso tem que ser o suficiente por enquanto.

Ela sabia que Mary estava avisando que a sensação de segurança que Lorraine sentiadesapareceria no momento em que ela fosse embora. Ela sorriu. — Andor está aqui, Mary.Enquanto ele estiver aqui, eu estarei aqui também. Se ele for embora, eu vou com ele. —Queriadeixar isso claro. Não era uma flor delicada. Se ele deixasse a segurança do complexo, porqualquer motivo, ela estaria ao seu lado.

— Andor? Você é a companheira de Andor? —Mary parecia feliz com isso e soava aindamais feliz. — Ele é um bom menino. Todos eles são. Estou tão feliz que ele encontrou você. Eu

gostaria que os outros encontrassem suas companheiras. Alguns deles parecem tão próximos dofim.

— Eu definitivamente sou a companheira de Andor, —disse Lorraine. Foi a primeira vez queela disse as palavras em voz alta. A primeira vez que reconheceu para qualquer outra pessoa quesuas almas tinham sido tecidas juntas em um laço inquebrável.

Ela olhou para o parquinho e a mulher naquela hora se levantou do banco e caminhou até obalanço. — Quem é ela? —Não podia ser Cárpato, não quando estava ao sol. Lorraine duvidavaque um dos caçadores a tivesse reivindicado, porque, embora usasse óculos de sol, mostravamuita pele vestida em sua camiseta de grife. Ela parecia sexy e elegante. Não estava certa de quealgum antigo aprovaria, mas, pensando bem, nunca permitiria que Andor dissesse a ela o quepoderia ou não usar. — Eu não vou mentir, ela é um pouco intimidante.

— Aquela é Genevieve. Ela é uma das amigas mais antigas e queridas de Charlotte. Épsíquica, mas não encontrou seu homem ainda. Ela é independente financeiramente, mora naFrança, e ainda assim ficou aqui cuidando das crianças durante o dia. Eu sou muito grata por ela.As crianças dão um pouco de trabalho para mim e Donald. Genevieve os observa de pertodurante o dia. Ficamos as noites e quando ela se cansa.

Amélia abraçou Genevieve e se inclinou para ela. O rosto de Genevieve se iluminou e elasorriu para a garota, envolvendo o braço em volta de sua cintura. Elas riram juntas, os sons semisturando, então as notas subiram pelo ar. Lorraine achou que podia ver as notas musicais edepois elas desapareceram.

— Eu amo quando isso acontece, —disse Mary.

— Então, eu não sou louca, —disse Lorraine. — Realmente havia notas musicais voando noar quando elas riram.

— Você não é louca, —assegurou Mary. — Acho que é um dos dons de Genevieve. Sempreque ela ri com uma criança ou com alguém, você pode ver as notas no ar. Parece especialmentebonito à noite. Claro, ela nem sempre faz isso, mas agora, quando todos nós tentamos dar algoespecial às crianças, isso acontece mais vezes.

— Eu adorei isso. Ela é realmente linda, não é?

— Sim, não há como negar que Genevieve é linda, mas ela também é uma das mulheres maisdoces que já conheci. Não é lutadora como Blaze, outra amiga de Charlotte. Ela é mais comoEmeline, a companheira de Dragomir. Doce e corajosa, mas você não vai encontrá-la nas linhasde frente em uma batalha. Qual delas você é?

— Eu sou mais o tipo de mulher de linha de frente, —admitiu Lorraine. — Estou ansiosapara conhecer Emeline. Eu me decidi ficar com Andor, mas preciso de informações. Gosto desaber tudo antes de tomar decisões. Isto está acontecendo muito rápido, e eu estou aceitando tudoisso bem, mas é um pouco assustador. Pensei que algumas das mulheres poderiam me ajudarrespondendo algumas perguntas.

— Elas irão, —assegurou Maria. — Todo mundo parece muito disposto a ajudar um aooutro. Você está grávida? —A senhora foi direta em sua pergunta, olhando especulativamentepara a barriga de Lorraine.

— Não. Mas eu gostaria de saber se eu engravidar o que acontece com o bebê enquanto

dormimos no solo. Levamos nossas crianças conosco ou elas têm que estar acima do solo comoutra pessoa?

— Seu homem pode responder isso. Eu não sei honestamente, —Mary admitiu.

Lorraine lançou um sorriso e deu um pequeno aceno. Ela queria conhecer as crianças e amodelo. — Ela é alguém famosa que eu deveria saber? —Apontou para Genevieve. — Talvezuma supermodelo? Como você pode ver, eu não sei nada sobre moda. —Como regra, elatambém não se importava, era apenas que precisava de amigos, e a modelo parecia um bomcomeço.

Marie balançou a cabeça. — Ela é muito legal, —assegurou novamente. — Corra e diga àscrianças que logo estarei lá com biscoitos. —A senhora olhou para o céu. — O pôr-do-sol serádaqui a um pouco mais de uma hora. Eles vão se juntar a nós logo, um por um. —Ela acenou denovo e voltou para dentro, fechando a porta atrás dela.

Lorraine olhou para a pequena casa de barcos, imaginando como Mary e seu maridochegaram à propriedade de Tariq Asenguard. Ele era uma espécie de celebridade com suaselegantes boates. Ele era um homem bonito e muito rico. Ia para eventos de caridade chiques.Em seus sonhos mais selvagens, nunca o teria ligado a vampiros. Mesmo quando se sentou nagrande mesa redonda, toda vez que ela olhava para ele, achava absurdo que ele estivesse lá e queele fosse o líder deles.

Ele possuía uma quantidade enorme de área plantada. As casas na propriedade valiam umagrande fortuna, mas com a terra e o lago, ela não podia imaginar o quanto custou. Ela sabia queos outros Cárpatos estavam comprando a terra ao redor de Tariq. Eles estavam construindo umafortaleza com a propriedade de Tariq no centro. Dessa forma, saberiam que tinham uma fortalezadefensável que os inimigos não poderiam penetrar.

Aprendeu que os Cárpatos eram altruístas. Eles não pensavam em termos de um ter mais doque o outro. Eles compartilhavam tudo. Ajudavam um ao outro. Colocavam suas vidas em jogoum pelo outro. Eles se consideravam uma família, todos eles. Ela queria isso. Havia perdido suafamília e isso a tornava ainda mais protetora em relação a nova família que estava sendooferecido a ela.

Enquanto caminhava pela estrada em direção à casa principal e ao parquinho, um por um dosocupantes se viraram para encará-la. Danny pegou o balanço e parou. Amélia fez o mesmo comLourdes. Eles se levantaram, parcialmente na frente das duas crianças pequenas. Genevieve secolocou entre as crianças e Lorraine quando ela se aproximou.

Lorraine notou que no momento em que a francesa se colocou na frente deles, Danny semoveu um pouco para o lado, para garantir que ele pudesse vir em sua ajuda. Lorraine gostoudele instantaneamente por isso.

— Olá, —ela disse, acenando, antes que chegasse perto demais. Continuou andandocertificando-se de que eles pudessem ver que ela não segurava nada em suas mãos. Seu colete ebotas cobriam o fato de que ela tinha várias armas nela.

— Eu sou Lorraine Peters. Tariq avisou que eu estaria aqui? —Ela dirigiu sua pergunta paraGenevieve.

A modelo acenou com a cabeça. — Sim. A companheira de Ferro, certo? —Ela sorriudocemente.

Lorraine sacudiu a cabeça. Foi um bom teste. — A companheira de Andor. Ferro ainda nãotem uma, e está extremamente feliz por eu não ser a dele.

O sorriso de Genevieve foi instantaneamente genuíno. — Porque, ele estaria feliz, quandovocê é muito simpática.

— Eu luto contra vampiros.

— Ahh. Entendi. Ferro desaprovaria.

— Ele foi muito bom para mim, no entanto. Mary Walton disse para dizer a todos vocês queela virá com biscoitos recém assados em breve.

— Eu sou Genevieve Marten. —A mulher se aproximou, estendendo a mão.

Lorraine a pegou, notando que de perto Genevieve era ainda mais impressionante. — Eutenho que dizer isso, você deve ser a mulher mais linda que eu já vi na minha vida.

Genevieve riu e sacudiu a cabeça. — Obrigada, embora você ainda não tenha visto Emeline.Ela é maravilhosa.

— Você está intimidando o suficiente. Conhecer alguém mais bonita ainda é simplesmentedesanimador. Acho que vou pegar Andor e sair enquanto posso.

Genevieve riu novamente. — Você já sabe muito bem que esses homens não têm olhos paraas outras mulheres. Nem um deles olha para mim. Eles são todos muito gostosos também, entãoé um pouco decepcionante e pode fazer uma garota perder a fé em si mesma.

Danny deu um passo à frente, cutucando Genevieve com o quadril. — Não se preocupe,mulher. Eu tenho suas costas. Se ninguém reivindicar você até os cinquenta anos, eu o farei edesistirei da minha liberdade. —Ele deu um suspiro tremendo como se o simples pensamentofosse difícil para ele.

Genevieve bateu no ombro dele com a mão. Um movimento muito ‘feminino’. Lorraineinstantaneamente quis ensiná-la a bater.

— Cinquenta. Tenho que esperar até os cinquenta anos antes de você crescer?

— Não quero desistir da minha liberdade cedo demais e ter que me conformar com umavelha bola de ferro e corrente, —explicou Danny.

Amélia se voltou e deu um chute na canela dele. Ele uivou e saltou segurando uma perna eolhando para sua irmã.

— Por que você fez isso?

— As mulheres não são bolas e correntes. Você nem pensa assim, Danny, e agora Lorrainevai pensar que você é assim. —Amélia voltou sua atenção para ela. — Ele realmente não é tãochato quanto parece. Ele é realmente muito legal. A maior parte do tempo.

Bella enfiou a mão na de Danny. — Ele é sempre é legal, —ela corrigiu.

Lourdes apareceu do outro lado e pegou a mão dele. — Sim, ele é, —disse elaacusadoramente, olhando para Lorraine como se fosse ela que tivesse feito a declaraçãodepreciativa em vez de Amélia.

— Nem sempre. —Amélia esclareceu, mas ela claramente estava livrando Lorraine de

problemas.

Lorraine agachou-se para ficar ao nível das duas garotinhas. — Mary disse que estavatrazendo biscoitos para vocês. Qual é o seu tipo favorito?

— Biscoitos de açúcar, —as duas garotas falaram ao mesmo tempo, depois se entreolharam ecomeçaram a rir.

— Eu sou Lorraine. Vocês conhecem Andor? —Ela esperou até que as duas meninasconcordassem. — Ele é meu companheiro.

— Eu sou Bella, —disse a garotinha que era um pouco mais alta.

— Eu sou Lourdes, —disse a criança menor.

Amélia esfregou a grama com a ponta da bota. — Tariq me disse que você defendeu Andorquando ele foi ferido, acertando dois assassinos com uma frigideira. Isso é realmente verdade?

— Espera. Você sabia sobre ela e não nos contou? —Danny exigiu.

Lorraine levantou-se devagar. Todos olharam para ela como se ela fosse a heroína de umfilme. Ela balançou a cabeça.

— Você não fez? —Amélia parecia desapontada.

— Na verdade, foi uma panela. Eu estava enxaguando-a em um riacho quando percebi quealguém estava tentando matar outro alguém. Eu deveria levado a minha arma comigo para oriacho, mas não tinha ideia de que alguém estava por perto. Então, minha panela se tornou minhaarma de escolha. —Danny estudou seu rosto. — Você foi e atacou dois homens que tentavammatar um Cárpato armada apenas com um utensílio de cozinha?

— Eles enfiaram uma estaca nele, —ela respondeu sem pensar. — E havia três deles. Eutinha que fazer alguma coisa.

— O que significa estaca? —Bella perguntou.

Lorraine internamente amaldiçoou. Ela murmurou ‘desculpe’ para Genevieve.

Genevieve encolheu os ombros. — Isso acontece. Vamos deixar Tariq e Charlotte explicaremisso, Bella. Você e Lourdes podem perguntar quando eles acordarem.

— Eu quero Liv, —disse Bella. Sua voz continha um pequeno gemido. — Eu não gosto deladormindo o tempo todo. —Ela olhou para sua irmã mais velha. — Eu não quero que você façaisso, Amélia. Não se afaste de nós como Liv fez.

Danny e Amélia trocaram um longo olhar. Amélia claramente estava dando a seu irmão um‘eu-lhe-disse’.

Ele encolheu os ombros. — Bella, você sabe que foi o melhor para ela. Liv estava sofrendo eestava ficando cada vez pior. Amélia também tem dificuldades. E você consegue ver Liv.

Bella sacudiu a cabeça. — Eu quero vê-la agora. —Ela bateu o pé. — Ela nunca maisbrincou com a gente.

Lourdes se inclinou para perto dela e segurou a mão no ouvido de Bella. — Você fez aquilode novo. Bateu com o pé. Você tem que parar, lembra? Tariq disse para não fazer mais.

— Ele não pode me dizer o que fazer, só Danny pode, —declarou Bella.

— Eu estou dizendo a você para parar com isso, —disse Danny, sua voz firme. — Estoufalando sério, Bella, e pare de choramingar. Você não é um bebê.

Bella parecia um bebê para Lorraine. Teria pegado mais leve com criança. — Liv é sua irmã?—Ela tentou distrair Danny.

Ele assentiu. — Sim, Liv foi muito ferida por um fantoche e um vampiro a assediavacontinuamente. —Seu olhar se deslocou para sua irmã. — Amélia teve um tempo difícil também.Ela não dorme bem.

Isso explicava as leves olheiras sob os olhos de Amélia. Ela usava maquiagem, mas nãocobria completamente as manchas.

— Todos vocês são crianças humanas, —disse Lorraine, só para esclarecer.

Danny assentiu. — Todos nós temos habilidades psíquicas, mas somos humanos, comexceção de Liv que foi convertida, por isso precisa ir para o chão com os outros durante o dia.Ela tem um companheiro. Sei que todos devem achar muito chocante já saberem disso, porqueela é muito nova, mas as circunstâncias foram extremas. Ele a protege na maior parte do tempo,mas também passa um tempo longe caçando vampiros.

— Ela não se incomoda com ele estando longe? —Lorraine não podia imaginar como seriauma criança sofrer, precisando tocar a mente de seu companheiro.

— Sim, —respondeu Genevieve. — Liv fica desconfortável, mas agora, a posição dele é deguardião e ele leva isso muito a sério também. Liv entrou em um problema há algumas semanase ele ficou do lado dela, mas no final, foi o único que estabeleceu a lei para ela. Tariq é o pai delaagora, mas Val definitivamente dá as ordens. —Amélia revirou os olhos. — Ele é mandão.

— Ele mantém você viva, —disse Genevieve. — Você não morde a mão que te alimenta,Amélia.

Lourdes franziu a testa. — Quem te alimenta, Amélia? Pensei que você comia sozinha. Equem você mordeu? Eu não tenho mordido há muito tempo. Charlotte disse que era uma coisaruim.

— Eu vou morder todo mundo, —Bella anunciou. — Até mesmo ... Val. —Ela fez adeclaração com rebeldia.

— Isso não seria uma boa ideia, —advertiu Genevieve. — Você se meteria em muitosproblemas, que nem mesmo Danny ou Amélia poderiam tirá-la.

— Então eu vou mordê-los também, —Bella disse com mais desafio ainda.

Danny pegou a mão dela. — Eu acho que, desde que você está se exibindo para Lorraine, éhora de levá-la para casa e colocá-la na cama, mesmo eu vendo que Mary e Donald já estãovindo com os biscoitos.

Bella soltou um gemido. Danny começou a andar, levando-a com ele. Ela afundou os pés nagrama. — Me desculpa. Estava só brincando. Eu não mordo, Danny. Realmente não morderiaVal.

—Ela está muito chateada, —disse Genevieve.

— Ainda assim não pode morder ninguém, —disse Amélia. — Nós éramos sem tetos,morávamos na rua. Agora vivemos nessa enorme mansão, e Tariq e Charlotte a estragam. Eles

estragam todos nós. Ela tem roupas bonitas e brinquedos. Tem uma cama quente e boa comida.Agir como uma pirralha mimada porque está chateada com Liv, não é aceitável.

— Claro que não, —concordou Genevieve. — Eu estava apenas pensando que precisamosconversar com Charlotte e Tariq. Eles precisam tranquilizá-la sobre Liv. —Ela colocou os braçosao redor de sua barriga. — Não sei o que farei quando todos vocês forem convertidos. Estareiaqui o dia todo sozinha. Mary e Donald são doces, mas eles são muito reservados.

— Não tenho certeza de que isso vá acontecer em breve, —disse Amélia. — Parece que émais difícil com os meninos do que com as meninas. Meu irmão terá que ser levado para asmontanhas dos Cárpatos, e Tariq terá que ir com ele. Tariq é necessário aqui agora. Fizemos umpacto pelo qual todos nós seríamos convertidos juntos. Eu não vou deixar meu irmão aquisozinho.

— Você e ele são unidos, então? —Disse Lorraine, pesarosa ao fazer a observação.

Amélia assentiu e olhou para o irmão, que caminhava com as duas meninas, de mãos dadas,indo encontrar o casal mais velho que vinha na direção deles. — Não diga a ele, mas ele é omelhor irmão que alguém poderia ter. Cuidou de nós depois que mamãe e papai morreram. Nosmanteve juntos. Nós não tínhamos parentes, então acabamos na rua. Bella teria sido levada eadotada e nunca a teríamos visto novamente. Eles podiam ter levado Liv de nós também. Agoratemos Tariq e Charlotte, e eles são os melhores pais. —Ela sorriu para Genevieve. — Junto comGenevieve.

— Obrigada, querida, —disse ela. — Isso significa muito para mim.

O céu estava ficando laranja enquanto os últimos raios do sol se espalhavam pelofirmamento. Ouro, vermelho e laranja misturados em um pôr-do-sol deslumbrante. Lorraineobservou a exibição espetacular, imaginando se seria a última vez que ela veria.

Quando você quiser ver um pôr do sol, Lorraine, nós faremos isso acontecer.

A voz de Andor passou por sua mente como um golpe de veludo. O alívio foi tão forte, tãointenso que seus joelhos quase cederam. Ela percebeu que estava segurando-o por um fio, apenasesperando, contando em silêncio os minutos até ouvir a voz dele. Estava orgulhosa de si mesmapor ter conseguido esconder de qualquer um essa parte dela que estava desmoronando pordentro. Não gostou de ter sentido nada disso. Não era esse tipo de mulher, mas de alguma forma,estar ligada a ele significava que ela realmente era.

Como? Você não pode subir porque os raios do sol ainda estão fora.

Porque sou um antigo, sívamet. Quanto mais antigo mais difícil se expor ao sol. No entanto,isso não significa que você nunca verá outro pôr-do-sol. Eu posso providenciar um nevoeiro. Anévoa pode realçar a beleza de um pôr-do-sol se for feita corretamente. Você pode subir algunsminutos antes de mim. Vamos encontrar uma maneira.

Senti sua falta. Ele não sentiu falta dela. Estava dormindo.

Sua risada suave deslizou sobre ela. Você não pode ficar chateada comigo porque eu tive queir dormir da maneira do meu povo. Não tive controle sobre isso. Os últimos raios do solafundaram.

Suponho que não, mas isso não significa que eu não possa ficar aborrecida.

Ela sentiu o cheiro dele primeiro, o cheiro limpo e fresco que era todo homem. Selvagem,como a floresta em todo ele. Andor. Seus braços vieram ao redor dela, ele a virou para ele eentão sua boca estava na dela.

Capítulo 15

Lorraine passou os braços ao redor do pescoço de Andor e abriu a boca sob a dele. Ele abeijou como se tivesse esperado a vida inteira por seu beijo. Levantou-a facilmente, embalando-aperto, sua boca na dela, e a levou para o ar. Ela se encaixou mais perto ainda do seu corpo,inclinando seus seios contra o peito dele, sua boca se rendendo sob a dele.

Você tem um gosto ainda melhor do que eu me lembrava. Ele falou porque era a verdade.Cada vez que ele a beijava, parecia que estava queimando vivo, a boca quente derramando fogoderretido diretamente em sua garganta e em suas veias. Movia-se através dele, uma queimaduralenta que ardia em sua barriga e se instalava em sua virilha. Ele se sentia como se estivesseadormecido em todos aqueles séculos de vida e só ganhasse vida, quando ele a conheceu.

Onde estamos indo?

Para algum lugar que possamos estar sozinhos. Ele conhecia o lugar certo, só precisavaparar de beijá-la e fazer acontecer imediatamente. Achava que estavam seguros, mas isso nãosignificava que realmente estavam. Sergey planejava o tempo todo e, sem dúvida, seus espiõesestavam próximos. Ele levantou a cabeça e deu outro beijo na têmpora dela. Eu estou levandovocê até lá agora.

Sergey estava agindo de forma muito estranha, tomando tantas decisões malucas que todocaçador—e seus próprios seguidores—questionavam suas habilidades de liderança. O fato de queSergey havia se preparado para sequestrar Elisabeta antes de se transformar deliberadamente e aescondido onde seus irmãos não tinham conhecimento dela significava que ele tinha agenialidade Malinov. Raptá-la, permitiu que ele sentisse emoções através dela.

Os outros irmãos Malinov tinham reputação por suas habilidades de batalha, e poucosfalavam de Sergey. Por isso, ele parecia seguir seus irmãos, nunca disputando a liderança. Nofinal, Sergey era quem tinha duas lascas de Xavier, o alto mago, nele. Uma só o faria umadversário muito bom, mas duas o tornaram mais do que letal. Ele também adquiriu lascas de seuirmão Vadim. Será que ele também não tinha as de seus outros irmãos? Se assim fosse, Sergeypoderia usar qualquer memória de alguma experiência de batalha que eles tiveram, a qualquermomento que precisasse.

Lorraine ergueu o rosto para o vento, os olhos arregalados, absorvendo tudo enquantovoavam sobre a copa das árvores. Diga-me que não estamos voltando para o acampamento. Eunão achei nada romântico lá. Eu estou esperando romance.

Ele apertou os braços ao redor dela. Eu vou te dar romance, mulher. Mas achei oacampamento muito romântico. Você estava lá.

Também estávamos cercados de dez outros caras, e nem todos eram bonzinhos. Teve queadmitir que ela tinha razão. Ele desceu para o lado da montanha. Era uma rocha inteira, mas

havia uma pequena rachadura, uma fissura irregular que corria ao longo do meio da pedravoltada para fora. Sabia que por trás daquela pequena abertura havia uma caverna que lhes dariaprivacidade e os protegeria. Além disso, era uma caverna impressionante. Espetacular.

Eles se aproximaram do lado da montanha. A face da rocha se curvava em vários lugares,cobrindo a fissura gigante da vista.

Eu não sou magra o suficiente para passar por essa rachadura.

Ele ouviu o riso em sua voz. Gostava que ela nunca parecia ter medo. Estava curiosa, masnão sentia medo. Ele acenou com a mão na direção da rachadura logo atrás de uma das pedrasque se projetava para fora. Imediatamente ela se abriu para ele e ele entrou. A caverna era larga ecomprida.

O som dá risada dela era como música para ele. Sentiu e ouviu sua felicidade. Enquanto semoviam pela caverna, ele acenou atrás dele para fechar a fenda, dando-lhes privacidade. Aomesmo tempo, acendeu os candelabros ao longo das paredes da caverna.

Pousando no chão, ele pegou a mão dela. — Você vai gostar disso, Lorraine. Há um corredorestreito e depois se abre para uma grande câmara. Existe uma piscina natural. A água vem dolado da montanha, longe da queda. É um pouco fria, —ele adicionou quando a sentiu tremer. —Mas posso regular a temperatura do seu corpo. —Ele fez isso.

— Essa parte de ser um Cárpato será legal, —disse ela.

— Há partes com que você ainda está preocupada?

— Sim. Estou decidida, mas tenho perguntas. Eu queria conhecer as outras mulheres, masvocê nos levou tão rápido de lá que não tive a chance. Não estou reclamando, —acrescentou elaapressadamente. — Eu prefiro estar com você do que qualquer outra pessoa.

— Boa saída, —ele brincou.

Eles chegaram ao corredor, que de tão estreito tiveram que passar um atrás do outro. Ele foiprimeiro. Atrás deles, as luzes se apagavam uma a uma. À frente deles, mais velas cintilavam aolongo das paredes. Quando passavam por elas, a luz se apagava.

— Sabe de uma coisa, Andor, se eu tivesse medo de lugares muito fechados ou do escuro,isso seria um pouco assustador. Você poderia estar me levando ao meu destino final.

Ele parou abruptamente, forçou seu corpo contra o dele e inclinou a cabeça para trás,expondo o pescoço dela aos seus dentes. Ele raspou para frente e para trás várias vezes. — Estoulevando você para a sua perdição, —ele sussurrou em uma voz assustadoramente teatral. —Finalmente, tenho você sozinha comigo e posso fazer o que quiser, inclusive morder seupescoço.

— Você iria morder meu pescoço, não importava onde estivéssemos, —ela disse, mas elesentiu o pequeno arrepio percorrendo-a novamente. O menor dos tremores, e desta vez, não eraporque ela estivesse com frio.

— Eu não pretendo morder seu pescoço, —ele esclareceu. — Tenho outros lugares muitomais sensuais em mente. —Ele se virou para continuar pelo corredor estreito.

— Pensei que o pescoço era muito sensual, —ela se opôs. — Pelo menos, me senti assim.

— Isso foi apenas o começo. —Ele continuou andando. — E quando terminarmos aqui, vou

levá-la de volta para conhecer as mulheres. Não posso te converter aqui. Tem que ser feito lá,onde os outros ajudarão a manter a dor mais controlada.

Ele saiu para a câmara e deu um passo para o lado, com os olhos no rosto dela. Ela deu umpasso atrás dele e levantou o olhar. Sua respiração ficou presa na garganta. Seu rosto corou e suaboca se abriu, aqueles lábios dela em um perfeito ‘O’. Uma mão foi para sua garganta. — Esta éa coisa mais linda que eu já vi.

Pedras preciosas brilhavam como estrelas. Claramente, a montanha, milhares de anos antes,fazia parte de um vulcão ativo. Diamantes cintilavam acima e ao longo das paredes da câmara. Aluz bruxuleante das velas captava a exibição deslumbrante e a melhorava. A água jorrava sobreos diamantes, ampliando-os, de modo que parecia uma cascata de diamantes caindo em umapiscina profunda formada de rocha.

— Esses diamantes são reais?

— Sim.

— Por que ninguém os descobriu e explorou? Tudo é extraído hoje em dia. Nada é sagrado.

— Como alguém poderia descobrir esse lugar? É completamente fechado.

— Eu posso sentir uma corrente de ar e é fácil respirar. As velas estão acesas. Elas nãoestariam se não houvesse oxigênio.

— Há muitas rachaduras nas rochas. É assim que a água entra e sai. A piscina não transbordae a água sai por buracos na formação rochosa na parte de trás, quase onde ela entra, quando ficatão alta.

— Isso é verdadeiramente lindo. Uma pessoa pode andar e procurar toda a sua vida e nuncadescobrir algo assim.

— E isso é bom, —disse ele. — Desapareceria se as pessoas o descobrisse.

Ela assentiu e se virou para ele, seus braços deslizando ao redor do pescoço dele. — Foidifícil a minha mente não conseguir tocar a sua. —Ela inclinou seu peso nele, sua cabeçadescansando em seu peito. — Sempre fui tão independente. Nunca me ocorreu que eu teria tantadificuldade em passar por isso.

— Sinto muito, sívamak, eu realmente sinto. —Ele acariciou ao longo do comprimento deseu cabelo. — Estava com medo de que pudesse ser ruim. Passamos tanto tempo juntos essesúltimos dias com as nossas mentes interligadas, que ambos nos acostumamos com isso muitorápido. Acrescente isso o fato de nossas almas estarem entrelaçadas e você teria todas aspossibilidades de ter um tempo muito difícil.

— Foi inesperado, —ela admitiu.

Seu coração se apertou com força em seu peito. Ele queria trazê-la a este lugar, um dospoucos que havia descoberto nos Estados Unidos. Não teve muito tempo para explorar. Seestivessem na Europa, conhecia centenas, mas aqui, era só essa.

Inclinou o rosto dela para ele e a beijou novamente. Ela estava desistindo de tanto por ele.Havia explorado sua mente ao acordar e viu as suas preocupações. Ele não tinha visto ummomento em que ela pensasse em se afastar de seu compromisso com ele, mas havia coisas queela definitivamente considerava difíceis de desistir.

Levantou a cabeça e esfregou os lábios dela com a ponta do seu polegar. — Diga-me com oque você está mais preocupada.

— Crianças. Eu as quero, mas quero criá-las eu mesma. Não quero passar pelo que Tariq eCharlotte passam, que ficam separados dos filhos parte do dia. O que irá acontecer quandotivermos filhos?

Ele hesitou. Não mentiria para sua companheira, não importa o quanto difícil fosse aresposta. — Antigamente, nossas mulheres não tinham problema nenhum em engravidar, ir aochão, carregar o bebê durante os meses na barriga, dar à luz, alimentar-se e dormir no chão comnossos filhos. Xavier, um mago de nossa confiança, acabou com tudo isso.

A segurou firmemente contra ele quando sentiu a inspiração profunda e seu corpo começar ase afastar. — Não, csecsemõ, nem tudo são más notícias. Muitas pessoas têm trabalhado paraencontrar soluções, Gary é uma delas. Foi descoberto que Xavier introduziu o que equivale aparasitas no solo onde dormimos. Esses parasitas causavam abortos espontâneos. As poucascrianças que nasceram tiveram problemas para dormir no chão e agora, é claro, sabemos por quê.Os bebês não podiam mamar porque os parasitas eram passados de mãe para filho.

Lorraine inclinou a cabeça para olhar para ele. — Isso é horrível. Por que alguém poderiafazer uma coisa dessas?

—Inveja. Necessidade de poder. Ganância. Xavier traiu a todos nós.

— Esses parasitas estão no chão daqui?

— Não, eles não estão. De acordo com Gary, são feitas verificações periódicas nos solos dosCárpatos. Os homens e as mulheres que residem nas montanhas dos Cárpatos também passampor essas verificações, para garantir que eles permaneçam livres dos parasitas. É uma batalhaconstante manter o solo livre. Eles encontraram a fonte e a erradicaram, mas levará algum tempopara destruir todos eles.

— Então, você está livre dos parasitas?

Ele assentiu. — Eu estava no mosteiro e os parasitas nunca conseguiram viajar tão longe,então todos nós que residimos lá estamos bem. Só ficamos sabemos disso tudo quando saímos domosteiro.

— Os outros podem levar esses parasitas da região de onde são e nos infectar aqui?

Ele não podia deixar de passar a mão pelo cabelo dela. Era macio e sedoso. Grosso. Os fiosgrudaram nos pelos do seu pulso e na sua camisa, tecendo-os juntos como os fios que amarravamsuas almas de forma irrevogável. — Eu não sei, mas Tariq insiste em checagens frequentes, e atéagora não houve nenhum problema. O solo que Tariq reuniu para os locais de cura está livre detodos os parasitas.

— Todo mundo usa os campos de cura para ir ao chão quando o sol nasce?

Podia ouvir em sua voz que ela não gostava da ideia, e ele estava feliz. Ele balançou suacabeça. — Não, Lorraine. Nós não confiamos muito. Nos espalhamos e encontramos lugaresescondidos para ir ao chão. Usamos nossas próprias proteções, mesmo dentro dos portões docomplexo de Tariq. Fomos ensinados a sempre considerar que alguém sem um companheiropoderia se levantar como um vampiro. Com meus irmãos aqui dentro do complexo, essapreocupação é muito real.

Ela se afastou, seu olhar assustado. — O que você quer dizer?

Ele baixou os braços, permitindo a liberdade dela. — Nós nos encerramos no mosteiro poruma razão, sívamet. Cada um de nós estava no seu fim e ainda assim não acreditávamos, depoisde viver com honra, que era honroso tirar a própria vida. Ainda assim, não queríamos que outroscaçadores tivessem a tarefa de tentar nos destruir. Sabíamos que éramos muito poderosos e seriauma tarefa difícil. Nós ficamos dentro do mosteiro, trancados, para que os humanos e osCárpatos estivessem seguros. Agora estamos fora e no mundo mais uma vez. Cada batalha temum preço a pagar. Matar sem emoção se torna ... fácil. Não deveria ser.

Ela se afastou dele e então se virou para encará-lo. — Você está falando de Ferro. Você temmedo por ele. —Ela era muito inteligente e capaz de lê-lo rapidamente.

Ele assentiu. — Ferro é o mais antigo e o mais poderoso de todos nós. Suas habilidades deluta são inacreditáveis. Ele não faz muito esforço. Também faz pouco para se proteger em umabatalha com os mortos-vivos. Ele é o melhor caçador que existe, Lorraine. Seria muito difícil, senão impossível, derrotá-lo em batalha. Se ele se transformar, muitos caçadores serão mortostentando destruí-lo. Eu temo, assim como os outros, que todos nós seríamos necessários e muitosde nós não sobreviveríamos.

— Eu toquei sua mente ...

— Você tocou o que ele permitiu. Ferro nunca permitiria que você visse livremente dentro desua mente.

— Pensei que minha alma estava ligada à dele.

— E está. Ambas as nossas almas estão. Sandu e Gary estão nessa mistura agora também.Isso torna Ferro vulnerável, mas assim como podemos rastreá-lo, ele sempre pode nos rastrear.Ele pode encontrar você, Lorraine, em qualquer lugar do mundo. Saberá onde você está. Existeum grande perigo nisso.

— É por isso que você ficou chateado comigo por permitir que eles nos unissem. —Ela ficouparada sobre o chão de rocha ao redor da piscina de água. Quando ela enfiou a mão, seus olhosse arregalaram. — Porque a água está quente?

— Eu aqueci para você, —ele admitiu. Ele tentava pensar em tudo o que ela poderia querer.— E sim, foi por isso que fiquei chateado. Sandu seria perigoso. Gary também. Mas Ferro ...

— Foi ideia dele.

Poucas coisas chocavam Andor, mas isso agora ... — Pensei que tivesse sido ideia docurador. Por que Ferro sugeriria tal coisa? Isso o deixa vulnerável. —Era a vez dele de andar deum lado para o outro. — Nenhum macho Cárpato falharia em proteger uma fêmea e você éminha companheira. A atração para te salvar seria muito forte. Pode ter sido por isso. Ele é meuirmão. Há isso também.

Sua atenção foi capturada quando Lorraine ergueu as mãos acima da cabeça, puxando ocabelo para cima. A ação chamou a atenção para seus seios enquanto subiam sob sua camiseta.Ele achou isso muito perturbador e perdeu sua linha de pensamento.

Ela sorriu para ele. — Eu preciso de um elástico para prender o meu cabelo. —Seu estômagodeu um giro lento com seu sorriso.

Providenciou o elástico imediatamente. Ela pegou e amarrou a massa grossa de cabelo cor decastanha em um nó bagunçado em cima de sua cabeça. Por alguma razão, ele achou o nó muitosexy. — Pensei, que com Ferro amarrado a todos nós, ele podia sentir através de mim e de você.Isso não é possível? Mesmo só um pouco?

— Em teoria sim. Eu espero que ele possa. Também irá sentir a escuridão de Gary e Sandu.Isso vai aumentar a sua própria.

— Você está me assustando, Andor. Eu não quero perdê-lo.

Andor percebeu que havia mais do que o medo de perder. O amado irmão de Lorraine setransformou em um monstro, matando sua família. Ela considerava Ferro, Sandu e Gary comoirmãos. Se Ferro fizesse o mesmo que Theodore e se tornasse a mesma coisa que eles caçavam,ele teria o potencial de matar sua nova família. Seria a história se repetindo, mas em uma escalamuito maior.

Preferiu não apontar que o risco para as mulheres e crianças residentes no complexo eragrande. Ou que o risco para Lorraine, em particular, com os três antigos ligados a ela, fosse aindamaior. Ele forçou o ar através de seus pulmões. Não bastasse que tivesse que se preocupar comSergey, e qualquer que fosse o esquema nefasto que havia tramado contra Lorraine, tambémtinha que se preocupar com seu próprio irmão, se o antigo poderia resistir ou não a chamada dodemônio.

— Nenhum de nós quer perdê-lo, csecsemõ, —assegurou. Ele descobriu, agora que podiasentir de novo, agora que as emoções eram fortes, que os irmãos do mosteiro eram família paraele. Irmãos. Todos sabiam disso, mas agora, graças a sua companheira, ele sentia isso. Esperavaque através de sua companheira, pelo menos Sandu e Ferro pudessem sentir também. Talvez issose estendesse ao curador ...

Lorraine puxou sua camiseta sobre a cabeça, dobrou-a cuidadosamente e colocou-a em umapedra próxima. Ela olhou por cima do ombro para ele. — Quero filhos. Não imediatamente, maseventualmente. Eu mesmo quero cuidar deles, Andor, não quero ter que precisar de uma babáenquanto estamos no chão. Eu quero ser muito clara sobre isso. Se eu não puder estar com meusfilhos, então não vamos tê-los. Estou falando sério. Para mim, fazer parte de uma família éestarmos juntos.

— Eu entendo.

Ele entendeu enquanto a observava remover o sutiã rendado o que deixou seus pulmõesqueimando por ar. Ele desejou que ela se virasse. Ela fez isso devagar, curvando-se para desfazeros cadarços de suas botas de caminhada. A maneira como os seios dela se curvavam em doismontes suaves, firmes e cheios, balançando em cada movimento, lhe dava água na boca.

Ela tirou as botas e depois as meias. — Bom. Eu só quero que a gente esteja na mesmapágina sobre isso. Preciso saber que nossos filhos viverão da mesma maneira que nós, antes determos qualquer um. Não posso imaginar como é para Charlotte e Tariq, saber que as criançasque eles escolheram adotar não podem ficar com eles por mais de duas horas.

As mãos dela foram para o cós da calça jeans. Ele ficou hipnotizado por aquela pequenaação. Poderia ter acenado com a mão tão facilmente e tirado a roupa dela, mas observá-la sedespir, uma peça de cada vez, não era apenas fascinante, mas sensual. Ela não estava nemtentando ser. Se ela resolvesse alguma vez tentar, poderia não sobreviver.

— Vou reunir todas as informações que precisamos, Lorraine —assegurou ele, observando ozíper deslizar para baixo, quase como se estivesse acontecendo em câmera lenta. O ar estavasendo espremido de seus pulmões, deixando-os queimando e crus.

— Obrigada. O que Tariq vai fazer com essas crianças?

Ele suspirou. — O menino apresenta um problema. As pequenas serão bastante fáceis, agoraque sabemos que todos os Cárpatos podem ajudar a facilitar o caminho para o nosso mundo damaneira como foi feito para Liv. Amélia precisa ser trazida o mais rápido possível. Ela estásofrendo. Ela não quer ser convertida até que todos possam ser. Danny é homem. Para que aspalavras de vinculação ritual sejam impressas nele, os antigos guerreiros têm que julgar seuvalor, dar consentimento e derramar nele a partir da linha escolhida, obviamente Asenguard. Eleslhe dariam seus conhecimentos e sua linhagem. Ele renasceria um Cárpato puro daquelalinhagem com todos os poderes e dons dados a eles.

— É por isso que tem que ser feito nas montanhas dos Cárpatos? Não pode ser feito aqui?

Ele balançou a cabeça. — Não, o ritual deve acontecer nas cavernas sagradas. Tariq planejaviajar com o menino para nossa região e ir com ele até o príncipe. —Ele viu quando ela começoua tirar jeans, o material deslizando por seus quadris e descendo por suas pernas. Ela os puxou eentão prendeu os polegares na calcinha de renda. Ele podia ver os minúsculos cachosavermelhados que a renda tentava cobrir.

— Eu quero você depilada para que possa sentir minha boca em você.

Surpreendida, ela olhou para cima, seu olhar colidindo com o dele. Imediatamente ele viu orubor de desejo que pintava suas bochechas e escurecia o verde de seus olhos. Ela lambeu oslábios, a calcinha nos joelhos. — Depilada?

Ele assentiu devagar. — Depilada. —Disse decisivo. — Quero que você sinta cada chicoteda minha língua e raspar dos meus dentes.

— Eu não posso sentir isso com os pêlos?

— Você ficará muito mais sensível. Além disso, irei ver cada centímetro de você. Quero isso,Lorraine. —Ele não iria fazê-lo sem o consentimento dela. Teria sido muito fácil, mas elegostava de obter seu consentimento. Sua cooperação. Gostava que ela lhe desse o que ele queria,e ela iria. A ideia a intrigou. Ela achou tão sexy quanto ele.

Ela puxou a calcinha e colocou com o resto de suas roupas, em cima da rocha. Ele estavacomeçando a perder o foco para qualquer coisa, menos para Lorraine. Ele acordara com a fomehabitual, mas era muito mais aguda. Ele ansiava por seu gosto. Ansiava por seu corpo. Havia sealimentado antes de ir até ela, sabendo que precisava ter um pouco mais de controle. A ideia deque esta noite seria sua primeira noite juntos, indo para o chão como Cárpatos, tinha o deixadomais do que feliz.

Andor trouxera sua companheira para esta linda caverna porque queria dar-lhe um presente.Este era seu presente para ela, um lugar de beleza natural. Ele sabia que ela entendia. Ele podiaver no rosto dela quando ela entrou pela primeira vez na caverna e viu as paredes incrustadascom diamantes. Quando ela percebeu que a formação rochosa era uma piscina natural e ele aaqueceu para ela. O som da água batendo nos diamantes no chão era melódico, e a maneira comoas gemas apareciam por baixo daquela cascata de água acrescentava ainda mais beleza à caverna.

Tudo bem. Sua voz era suave. Um sussurro, como um veludo íntimo passava por sua mente.

Ele acenou com a mão e os cachos castanhos se foram deixando sua pele lisa e nua para ele.O corpo de sua mulher era mais bonito que todos os diamantes e cachoeiras da caverna. Ele semoveu para ela como se um imã invisível o puxasse para frente. Enrolou os dedos em torno desua nuca e a puxou até que ela veio a ele, seu rosto inclinando-se para o beijo dele.

Sua boca reivindicou a dela. Ele era gentil, porque era inerentemente gentil com ela, mas obeijo era exigente. Comandante. Uma aquisição cruel. A boca de Lorraine era quente e doce. Eleera todo fogo e dominação. Uma mão subiu para segurar seu seio esquerdo, seu polegar deslizousobre seu mamilo, escovando insistentemente para frente e para trás até que ela se arqueou contraele com um pequeno gemido.

Ele fez o caminho de beijos até a garganta e depois sobre as curvas de cima de ambos osseios. Seus dentes deixaram pequenas marcas vermelhas, a reivindicação na pele dela. Então suaboca se fechou sobre seu seio direito enquanto seus dedos puxavam o mamilo do esquerdo.Torcendo. Amassando. Ela deu um pequeno gemido abafado e jogou a cabeça para trás. Sualíngua sacudiu e lambeu, sua mão, boca e dentes continuavam a levá-la mais alto.

Andor podia ver o rubor em seu corpo e era lindo. Havia necessidade em seus olhos. Calor.Desejo. Ele beijou o caminho até o umbigo, tomando o tempo para girar a língua lá e beliscarcom os dentes e deixar evidências de pequenas marcas.

A respiração de Lorraine engatou quando ele desceu, agachando-se, empurrando suas coxaspara abrirem. Ele guiou um pé dela por cima de seu ombro enquanto contornava o outrotornozelo com uma das mãos e corria lentamente pela panturrilha até a coxa. Ele seguiu sua mãocom a boca, beijando o caminho pela perna até chegar ao interior de sua coxa.

Os dedos dela cavaram em seus ombros, e ela deu outro gemido abafado quando ele soprou ohálito quente em seu sexo escorregadio.

Eu esperei por isso. Cárpatos não sonham, mas eu sonhei com isso. Seu gosto na minhaboca. Ouvir seus gemidos despedaçados e sentir que posso te levar a aquele lugar de prazerabsoluto.

Ele pegou seu traseiro em suas mãos e puxou-a para sua boca à espera. Lá na caverna, semninguém por perto, Lorraine não teve inibições e então gemeu alto. Ele ouviu o apelo em sua voze se deleitou. Agora que ele tinha o gosto dela na boca, queria mais. Precisava de mais. Eletomou seu tempo, devorando-a.

Ela tinha um gosto afrodisíaco. Quanto mais ele a comia, com a língua e os dentes,acrescentando os dedos para lhe proporcionar prazer, mais urgentes eram as exigências de seucorpo. Seu pau nunca esteve tão duro. Seu sangue nunca esteve tão quente. Sentiu os músculosdela começarem a contrair, ouviu sua respiração ofegante e irregular.

— Ainda não, —ele rosnou, levantando a cabeça, sentindo-se como um animal feroz. Suanecessidade era pior que a dela. Ele gentilmente colocou o pé dela de volta no chão, um braçoem torno de suas costas enquanto tirava suas roupas com um único pensamento. Então ele ficoude pé e a levantou. — Coloque suas pernas em volta de mim.

Ela obedeceu imediatamente, seus olhos verdes no rosto dele. Havia ansiedade lá. Fome.Desejo. Tudo o que ele estava sentindo refletido de volta para ela. Essa necessidade era tãoquente quanto consumidora. Ele guiou seu pau até a entrada dela e lentamente começou a

invadir. Aqueles músculos tensos não queriam permitir sua entrada. Ele adorava o modo comoresistiam, agarrando-se ao seu membro, massageando a cabeça de seu pau com uma terrível equente fricção.

Ele jogou a cabeça para trás, um som gutural escapando. Era o êxtase apenas estar dentrodela. Envolvido em um escaldante e quente punho de seda. Manteve a pressão constante,implacável, empurrando através de seus músculos, avançando cada vez mais até que ele estavaenterrado nela, totalmente enterrado. As unhas dela cravaram em seu ombro e seus olhosestavam arregalados de paixão. Seus dedos estavam unidos na nuca dele, os braços estendidos,para que ele pudesse ver seus seios e onde seus corpos estavam unidos. Era a imagem maissensual que ele podia imaginar, exceto quando a boca dela estava em seu pau.

Ele começou a se mover, devagar a princípio, ouvindo o modo como a respiração dela falhoue ela gemeu. Um ritmo musical pontuava cada golpe de seu pau quando ele entrava nela. Eleacelerou o ritmo, indo de suave a um pouco mais forte, observando os seios sacudirem,observando o corpo dela engolir seu pau. Ele era grosso o suficiente para que ela estivesseesticada ao redor dele, e depilada do jeito que ela estava, ele podia ver isso, vê-la tomá-lo. Issosomava à sensualidade.

Ele sentiu o corpo dela começar a apertar cada vez mais, apertando seu membro. Segurando-o com tanta força, que pensou que poderia detonar a caverna quando explodisse. Seus dedosafundaram nas bochechas do traseiro dela, instigando-a a cavalgar, ajudando-a a se mover sobreele enquanto empurrava mais rápido, mais profundo e muito mais forte. Seus gemidos tinhamchegado a uma febre musical, crescendo. Ele ouviu um rugido em seus ouvidos. Suas bolasficaram em chamas. Suas pernas queimavam. Havia um grande incêndio em sua barriga. Tudocomeçou a se unir em uma perfeita tempestade de fogo queimando por seu pênis. O canal delaera um inferno, um inferno ardente embrulhado ao redor dele.

— Andor. —Um pedido. — Eu não posso segurar.

— Então goze comigo agora. —Ele conseguiu dizer o comando com os dentes cerrados. Aexplosão já estava varrendo através dele, céu e o inferno misturados, impossível de dizer qual eraum ou outro. A tempestade foi brutal, o fogo açoitando-os, consumindo-os, queimando-os vivose deixando-os completamente gastos. Ele não sabia se o prazer era muito grande ou a dor que eraexcelente, mas sabia que queria experimentá-lo de novo e de novo, com ela.

Lorraine caiu em seus braços, a cabeça em seu ombro, seu corpo completamente gasto. Eladeu tudo para ele, assim como ele tinha dado a ela. Ele simplesmente flutuou sobre o chão depedra e afundou na água com ela ainda sentada em seu pênis. Encontrou uma saliência baixa esentou-se com os braços ao redor dela, enquanto ambos tentavam puxar o ar para seus pulmõesnovamente.

Ela não se mexeu nem falou por um longo tempo. Ele a segurou, apreciando o jeito que seucorpo se encaixava nele e o seu se ajustava ao dela. Foi como se, por algum tempo,compartilhassem a mesma pele da maneira como compartilhavam suas mentes. Ela se mexeuprimeiro, não movendo seu corpo, mas se movendo através de sua mente.

Só verificando para ver se estamos vivos.

Aquele primeiro sussurro de voz enchendo sua mente sempre mexia com ele. Seu coraçãoacelerou. Seu estômago se apertou e seu pênis se sacudiu. Ela desencadeou uma reação emcadeia com apenas aquele pequeno murmúrio. Parecia íntimo. Como o golpe de seus dedos. Ela

estava roçando sua nuca com as pontas de seus dedos, distraidamente acariciando sua pele, e elesentiu algo similar, mas profundo dentro de sua mente.

Se não estamos, essa foi a melhor forma de morrer.

Concordo. Eu não tinha ideia de que poderia ser assim, você tinha?

Sabia que o gosto dela ficaria com ele. Ele o tinha em sua boca. Ele a queria lá para sempre.Precisava tomar o sangue dela. Não o suficiente para uma verdadeira troca, mas para satisfazer afome que se recusava a ser extinta pelo sangue de qualquer outro. Não era uma fome física dealimento. Era erótico. Sexual. Primal.

Ao longo dos séculos eu vi os outros e senti o que eles experimentavam, mas como você, nãopoderia saber o que seria, nós dois juntos. Só suspeitava.

Ela se afastou para olhar para ele, seus olhos dançando com malícia. — Você é umpervertido. Você assistiu outras pessoas?

Ele encolheu os ombros. — E como mais aprenderíamos? Não assisti nenhum casal deCárpatos. Se eu tivesse tentado, não estaria aqui hoje. Eu lhe disse que estudamos o queprecisaríamos para manter nossas companheiras felizes. —Ele baixou a cabeça para beijar seuqueixo e, em seguida, abriu um rastro de beijos até seu seio esquerdo. Sua língua girou lá e seusdentes rasparam para frente e para trás persistentemente.

— Eu não sei se fico excitada ou horrorizada.

Ele beliscou sua pele. Sentiu o salto de seu pulso. Fechou os olhos, saboreando a reação delapara ele. Lorraine nunca parecia se afastar das necessidades dele. — Fique excitada, —sugeriuele.

— Estou pensando nisso. —Ela se afastou mais para lhe dar melhor acesso. Uma mão subiusob o seio esquerdo, segurando-o. Seu pênis inchou, começando a esticar aquele quente edelicioso canal de novo. A maneira que ela olhou para ele, oferecendo-se, ele não resistiu.Afundou os dentes profundamente no seu seio, perfurando a veia, ao mesmo tempo, seacomodando em sua mente para sentir tudo o que ela sentia.

Ela gemeu, dor piscando através dela. Aquela mordida era erótica e uma inundação de calorlíquido envolveu seu pau. Então seu sangue estava explodindo em suas papilas gustativas,enchendo-o com um êxtase próprio. Ele compartilhou isso com ela. O calor. A fome. Anecessidade e o desejo terrível. A maneira como seu corpo respondia. Ele não reteve nada dela.

Você tem um gosto delicioso. Eu tomei sangue por séculos, e nunca qualquer coisa chegouperto do seu sabor. No momento em que tenho você na minha boca, meu pau deseja você do jeitoque minha fome faz. Isso se mistura até que eu não possa separar uma necessidade da outra.

Isso era pura honestidade. Ele queria devorar o sangue dela. Devorar seu mel especial, aqueleque se derramava entre suas pernas. Queria seu pau nela. Junto com tudo isso, queria estar emseu coração e mente. Precisava de todas essas coisas. Era difícil parar com o gosto delaenchendo-o. Forçou sua disciplina e passou a língua pelos dois orifícios da curva superior do seioesquerdo.

Ele balançou e seu pênis se moveu nela. Água subia ao redor dele, lambendo sua pele e adela. Ele deu um beijo no topo da cabeça dela. — Você me surpreende, a maneira como vocêaceitou meu povo e a mim tão prontamente.

Lorraine esfregou o queixo no ombro dele. — Eu meio que não tive outra escolha, sabendoque aqueles homens horríveis estavam tentando matá-lo. Alguém tinha que te salvar.

— Estou muito grato que foi você. —Ele mordeu o lóbulo da orelha com força suficientepara fazê-la gritar.

— Então há a pequena questão de Adam e Herman, enviados por Sergey para, uhm ... elaparou, procurando a palavra apropriada. — Pegar-me. Eles queriam me capturar. Realmentepensei que eles eram homens decentes, Andor. Eu teria sido enganada por eles. Se você nãotivesse sido capaz de detê-los, eles teriam convidado o fantoche para o círculo de segurança quevocê fez e, pelo que sei, eu estaria morta.

Ela balançou em seu pau, enviando ondas de prazer em espiral através dele. Foi o suficientepara distraí-lo por um momento. Apenas aquele movimento preguiçoso entre eles trazia umaindulgência que ele nunca conhecera. Não havia lugar que eles precisassem estar. Nada deimperativo para fazer. Tinham esse tempo juntos, só os dois. Eles fizeram amor mais cedo nocalor e no fogo abrasador, agora a queima era lenta e parecia certa. Perfeição. Apenas o queambos precisavam.

— Querido. —Ela virou a cabeça para morder o queixo dele e beijar seu caminho por cimade sua garganta. — Não sei se alguma vez te agradeci por me ajudar durante aquela luta. Eutinha tanta certeza de que estava certa e aqueles homens precisavam de ajuda.

— Tenho estado rastreando e destruindo vampiros por séculos, Lorraine. Eu tenho um poucomais de experiência do que você.

— Como Sergey soube de mim em primeiro lugar? Eu estava acampando lá há algum tempoantes de ouvir aqueles homens determinados a matá-lo.

— E você os atacou com aquela panela. Sério, csecsemõ, eu não tentaria isso de novo. Possover que você está determinada a aprender a lutar contra essas criaturas, e eu estou tentando o meumelhor para ver todas as razões pelas quais é uma boa ideia que você aprenda, mas panelas estãofora.

Ela riu baixinho, o som abafado contra o pescoço dele. A vibração percorria seu corpo eenvolvia seu pênis, o canal quente e apertado, banhando-o em líquido abrasador e apertando comforça suficiente para que, quando se movesse, a fricção colocasse suas presas na borda. O calorpreguiçoso estava ficando mais quente e mais rápido do que ele esperava.

— Como ele sabia que eu estava lá?

— Ele sabia que eu havia atacado sete de seus vampiros. Dois eram muito bons em umabatalha. Muito bons. Eles tinham experiência e, embora não correspondessem a minha, Sergeynão podia saber disso. Tudo o que ele sabia era que um caçador havia acabado com sete de seuexército. Sabia que eu estava ferido e adivinhou corretamente que aquelas feridas eram mortais eeu estava morrendo. Ele queria terminar o trabalho, então enviou seus espiões. Você viu oscorvos? Aqueles eram seus espiões. Ele usa pássaros frequentemente. Se você olhar ao redor docomplexo, do lado de fora da área cercada, você verá bandos de pássaros.

Quando ela se moveu, deslizando para o montar, girou sobre seu membro, e a ação enviouchamas subindo por sua espinha. Suas mãos foram para a cintura dela, os dedos cravandoprofundamente conforme as estrias de fogo subiram por seu pau. A água lambia os mamilos delaonde seus seios flutuavam sedutoramente. Ela olhou diretamente nos olhos dele, sorrindo quando

começou a mover seus quadris, montando-o, deslizando para cima e para baixo, de modo que ocalor e o fogo o consumiram.

— Você estava falando sobre pássaros.

— Eu quero falar sobre como você me faz sentir, mas eu mal posso respirar.

Ela se inclinou para frente para pressionar beijos sobre o pulso dele. — Imagine o que possofazer com você quando eu for Cárpato. Eu posso tomar seu sangue, Andor. Quando eu estiversentada em suas coxas e seu pau estiver fundo dentro de mim, poderei me inclinar para frenteassim e me maravilhar com o seu delicioso sabor.

Seu pau endureceu e inchou ainda mais, esticando-a, alongando-se, chegando a limites queele não sabia que eram possíveis sem explodir completamente. A boca dela estava de repente nadele, e foi como se ela tivesse acedido cem dinamites. Tudo nele subiu em chamas.Completamente inflamado com a boca dela sobre a dele.

Ele assumiu, seu pau penetrando profundamente nela cada vez mais. Levantou e abaixouLorraine, empurrando-a por cima dele, sentindo aquela queimadura subir de seus pés pernas atéas coxas. A água espirrava no topo da parede de pedra. Ela descia quando ele empurrava paracima, adicionando ao turbilhão de necessidade que tomou conta dos dois.

Andor viu aquela fome sombria em seus olhos. Viu no rubor em seu rosto. Sentia-o no apertode seu canal. — Tet vigyázam. Eu amo você, Lorraine. Você me traz uma tremenda felicidade.

Ele esperou até que ouviu aquela melodia única que anunciava a chegada do orgasmo, queinundou os dois como um tsunami, levando-o com ela, fazendo sua declaração quase perdida nogrito do nome dela. O gemido suave de Lorraine foi abafado no ombro dele, onde eladesmoronou novamente, segurando-o com força, pressionando os seios contra o seu peito eempurrando seu corpo para baixo sobre o dele — Eu te amo porque é você, Lorraine. Você. Nãoporque o destino escolheu como minha companheira. Mas porque é você.

— Eu não estou mais assustada com a sua vida, Andor, —ela admitiu. Ela virou a cabeça,seus olhos verdes olhando para ele. — Seja o que for, sei que escolheria você de qualquermaneira. Você nasceu para mim. É como se alguém te criasse para mim, só para mim.

Ele era sábio o suficiente para não dizer que era exatamente o que um companheiro era.

— Eu também te amo. Não sei como isso aconteceu, mas sei que te amo. Vou aprender adizer isso perfeitamente na sua língua. —Ela beijou sua garganta. — Diga isso de novo. Ensinepara mim.

Então ele fez.

Capítulo 16

Emeline, a companheira de Dragomir, era tão linda quanto Genevieve tinha dito que ela era.Seu cabelo era um preto natural com reflexos azulados que brilhavam quando a luz batia neles.Ela estava definitivamente grávida, embora, na opinião de Lorraine, a barriga fosse pequena.Andor acompanhou Lorraine pelos degraus até a varanda da casa que o casal ocupava. Dragomir

estava atrás de Emeline, com os braços ao redor dela, as duas mãos ao redor da barriga do bebê,como se protegendo os dois.

— Lorraine, —cumprimentou Dragomir. — Esta é minha companheira, Emeline. Hänsívamak, esta é a Lorraine, a companheira de Andor. Ela é uma mulher muito corajosa e será umgrande trunfo para o complexo. —Havia uma nota de orgulho em sua voz.

Lorraine não tinha certeza se o orgulho era de Emeline ou de sua habilidade como lutadora.Em qualquer caso, Emeline começou a rir.

— Dragomir, não há dúvida de que Lorraine será um trunfo para o complexo, mas isso étípico de vocês, homens dos Cárpatos, fazer esse tipo de observação em primeiro lugar. —Elavoltou sua atenção para Lorraine, embora se empurrou contra o peito de Dragomir com a parte detrás da cabeça, como se o acariciasse com todo aquele longo cabelo brilhante. — Não tenhodúvidas de que nos daremos muito bem, Lorraine. Venha se sentar. —Ela acenou para ascadeiras de aparência confortável na varanda. — Andor, é bom ver você de novo. Estou muitofeliz por você ter encontrado Lorraine.

Andor fez uma reverência quase cortês. — Obrigado.

Isso foi tudo o que ele disse. Lorraine olhou de Dragomir para Andor. Eles não pareciamdesconfortáveis com as mulheres. Dragomir tinha sido um dos antigos que foi para acampamentoajudá-los. Ele deu sangue para os outros e nunca pareceu desconfortável com ela. Lembroudaqueles momentos no acampamento e percebeu que apenas Gary, Ferro e Sandu conversavammuito com ela, e mesmo assim, só depois que suas almas tinham sido amarradas juntas.

Andor se inclinou para beijá-la enquanto ela se sentava em uma das cadeiras de frente para oparquinho. — Eu vou falar com Tariq novamente, sívamet. Você ficará bem sem mim?

Por um momento, seus dedos, por sua própria vontade, agarraram sua camisa. Ela percebeu oque estava fazendo e se forçou a deixá-lo ir. Não era que estivesse com medo de ficar sozinha—queria a oportunidade de conversar com Emeline—era o fato de que não queria se separar dele.

Você sempre pode alcançar a minha mente. Com reunião ou sem reunião, eu sempreresponderei.

O ar deixou seus pulmões em um pequeno suspiro. Ela pensou que tinha lidado com eledormindo no subsolo sem nenhum problema, mas apenas esse pequeno ataque de pânico a fezperceber que não tinha. Vou ficar bem. Só que irei querer um relatório completo dessa reunião,especialmente se eu for de alguma forma o tópico da conversa.

Ela tocou a parte de trás de sua cabeça, onde Gary tinha curado a laceração em seu courocabeludo. Estava curado. Não havia dor. Nada para fazê-la pensar que Sergey havia colocadoalgo dentro da ferida. Seu corpo tremeu um pouco. Ela coçava entre as omoplatas como sehouvesse um alvo invisível nas costas. O que a incomodava, mais do que queria admitir, era ofato de que nenhum dos Cárpatos que a examinaram encontrou nada.

Quando Andor a trouxe de volta da caverna, pediu que eles tentassem novamente. Desta vez,vários saíram de seus corpos e a inspecionaram com cuidado meticuloso. Petru e Benedekhaviam se juntado aos antigos chamados Siv e Val. Todos os quatro tentaram encontrar algumacoisa, até mesmo um pequeno ponto escuro em algum lugar dentro dela que pudesse indicar queSergey havia deixado um pedaço dele para trás.

Quando os antigos retornaram a seus corpos, balançando a cabeça, mais quatro a examinaram—novamente a pedido dela. Deixou claro que estava desconfortável em estar perto das criançasou mulheres, especialmente Emeline, que estava grávida, sem saber realmente se havia ou nãoalgo nela. Mais três Cárpatos, trigêmeos Tomas, Matias e Lojos, juntaram-se ao antigo sombrioque ela conheceu mais cedo como Nicu. Ele tinha uma cicatriz curva no rosto. Os quatroemergiram algum tempo depois, balançando a cabeça.

Andor a trouxera para conhecer Emeline, assegurando-lhe que, se tivesse algum um perigo,com todos eles caçando de forma tão intensa, eles teriam encontrado.

Ela observou os dois homens dos Cárpatos atravessarem a grama aberta. Dragomir seabaixou e jogou Lourdes no ar. Andor fez o mesmo com Bella.

As duas meninas gritaram de alegria. Os dois homens as colocaram nas costas dos dragões depedra que guardavam o parquinho.

— Dragomir vai fazer um bom pai, não é? —Lorraine observou.

Emeline sorriu. — Sim ele vai. Ele nos salvou. Nossa bebê. Foi paciente e gentil. Eu estavatão abalada quando ele chegou. O sangue de Vadim queimava como ácido dia e noite. A bebêgritava de dor. Eu não conseguia dormir nem comer. Sabia que teria que contar a Tariq, masestava com medo de que eles quisessem matar a bebê. Ela é minha. Eu a escolhi. Disse a ela quea protegeria. Eu não iria voltar atrás na minha palavra, mas não tinha ideia do que fazer. Achoque ser privada de sono e ser ferida a cada minuto cobrava seu preço. Eu realmente estavaconfusa e não conseguia tomar decisões. Felizmente, Dragomir mudou tudo isso.

— Como funciona? O sangue de Dragomir substituiu todo o de Vadim em vocês duas, mascomo isso funciona agora? Eu não entendo muito sobre o mundo dos Cárpatos. Andor me disseque as garotas seriam fáceis de converter, mas que Danny teria que ir para as montanhas dosCárpatos.

Emeline assentiu. — Minha filha está segura agora. Tariq e Charlotte querem converterAmélia e as duas meninas. Eles poderiam fazer isso agora, embora Tariq queira esperar para tercerteza de que ele tenha notícias do príncipe, e daqueles que trabalham para garantir que nossosfilhos sobrevivam, que Lourdes e Bella possam sobreviver a intensidade de uma conversão naidade delas. Eles sabem que Amélia pode. Liv é mais jovem, e ela sobreviveu. Mas Danny ...

— As meninas não vão se converter até que todos possam? —Lorraine confirmou.

— Isso é o que eles dizem. Pode demorar até que Tariq consiga levar Danny para a Europa.Seria uma viagem rápida, mas estamos no meio de uma guerra com Sergey, e agora Dragomirdisse que Vadim ainda está vivo. —Emeline colocou uma mão defensiva em sua garganta. — Euqueria muito que ele estivesse morto. Todos nós queríamos. Agora ... estou com medo de que elequeira vir atrás da bebê, embora ele pareça querer apenas homens, não mulheres. Eleprovavelmente tem medo de que a bebê seja como a tia Ivory. Ela é uma caçadora de vampirosdurona com uma reputação que assusta todos eles. Também é irmã de Vadim e Sergey. Elesquerem os homens para se transformarem nos mortos-vivos como eles.

— Isso tudo não parece muito irreal? Como um pesadelo terrível em que você está presa enão consegue acordar? Não a parte dos companheiros, mas vampiros? Fantoches? —Lorrainesacudiu a cabeça. — Eu nunca mais quero ver uma daquelas coisas enquanto viver.

— Eles são os piores, eu acho, —disse Emeline. Ela olhou ao redor do complexo. — Gosto

de estar aqui, onde me sinto mais segura. Eu sei que Charlotte às vezes quer ir a outros lugares efazer coisas diferentes. Eu gosto de estar aqui com as crianças e criar um lar para Dragomir e obebê. Agora que sei que Vadim ainda está vivo, talvez eu nunca saia daqui.

— O que acontecerá quando o bebê nascer, Emeline? O bebê vai para o chão com vocês ouGenevieve terá que cuidar dela na superfície enquanto vocês dormem?

Emeline empalideceu. Seu cabelo escuro enfatizava a pele quase perolada. — Nós ainda nãosabemos. Alguns dos bebês são capazes de ir ao chão, outros não. Vadim transferiu parasitaspara nós duas. Dragomir e o curador conseguiram nos livrar deles, mas isso não significa que abebê não foi afetada de alguma forma, como aconteceu com algumas outras crianças.

— Como vocês saberão se ela poderá ou não?

— Os bebês Cárpatos conversam conosco. Ela vai nos dizer se pode ou não dormir debaixodo chão.

— O que você vai fazer se ela não poder? —Era um dos piores medos de Lorraine. Ela nãoqueria que outra pessoa criasse seus filhos.

— Enquanto ela for um bebê, Genevieve concordou em cuidar dela. Esperamos que, quandoela estiver um pouco maior, possamos assumir o controle.

— Genevieve é muito legal, —disse Lorraine. — Muito altruísta.

— Nós somos sortudos em tê-la. Os Waltons até tentam cuidar das crianças, mas nãoconseguem lidar muito bem com elas. As crianças estão amando Genevieve. —Emeline olhouatravés do gramado para a mulher que vinha na direção delas. — Essa é Charlotte. Você já aconheceu?

Lorraine sacudiu a cabeça. — Ela estava com as crianças ontem à noite, e hoje estavaocupada conversando com Amélia e Liv em sua casa. Pelo menos foi o que Tariq nos disse.

Charlotte tinha curvas reais e uma abundância de cachos grossos, selvagens e ruivos. Ela semovia com confiança e parou para acenar para outra mulher que se apressava para se juntar a ela.

— Essa é Blaze, a companheira de Maksim. Ela e Charlotte são boas amigas também. Blazee eu somos amigas de infância. Eu era uma criança de rua e subia no quarto dela pela janela nasnoites em que o tempo estava frio. Blaze e seu pai moravam sobre o bar que possuíam. Vadimmatou seu pai. Raptou as crianças, e Blaze e eu fomos resgatá-las. Foi assim que ele conseguiucolocar as mãos em mim.

Charlotte e Blaze se juntaram a Lorraine e Emeline, ficando confortáveis depois dasapresentações. Lorraine olhou ao redor do quintal. — Onde está Genevieve? Além dela mesma,Genevieve era a única mulher adulta humana por ali. Não gostou de pensar que a mulher poderiaestar sendo excluída.

— Genevieve estava cansada hoje à noite, —explicou Charlotte. — Ela cuida de todas ascrianças do nascer ao pôr-do-sol. Isso é muito tempo. Bella está chateada porque não tem Livpara brincar mais durante o dia, e ela tem dado um pouco de trabalho. Não tínhamos escolha,precisávamos converter Liv para mantê-la viva. Bella não entende isso.

Lorraine tinha presenciado as birras de Bella. — Existe alguma maneira que eu possa ajudar?Costumava ensinar aulas de artes marciais para crianças muito jovens. Eu não me importaria de

fazer algo assim. Pode dar a Bella algo mais para focar.

Houve um súbito silêncio. Lorraine olhou para as mulheres com expectativa. Ela não estavaprestes a se desculpar ou desistir da ideia. Acreditava que as mulheres deveriam saber como sedefender. Todos eles estavam correndo riscos. O que Andor havia dito sobre o perigo dos antigosse transformar, significava que talvez o complexo não fosse tão seguro quanto todos pensavamque era. Tariq deve saber desse perigo. Ele compartilharia suas preocupações com Charlotte?

Charlotte e Blaze trocaram um longo olhar e então ambas começaram a sorrir. — Estamosmuito felizes por você estar aqui, —disse Blaze.

— Você não tem ideia, —acrescentou Charlotte.

Emeline assentiu. — Eu não posso dizer que vou ser boa nisso, mas Blaze tem defendido otempo todo que precisamos aprender a nos defender. Depois veio você, Lorraine. Dragomir medisse que você atacou três homens que tentavam matar Andor quando ele foi ferido na batalhacom os vampiros.

Blaze sorriu para ela, inclinando-se sobre a mesa. — Com uma frigideira.

— Foi uma panela, —corrigiu Lorraine. — Eu não tive tempo de pegar minha arma. Deveriaestar carregando-a comigo, mas ninguém estava por perto e eu só iria até o riacho rapidamente.Eu não quis parar e tirar da minha mochila. Foi muito, muito idiota da minha parte. De agora emdiante, planejo carregar todo tipo de arma que puder.

— Alguns dos homens estão trabalhando com Matt Bennet—ele é o chefe da força desegurança de Tariq, —explicou Charlotte. — Eles estão experimentando munições e armas paraajudar a todos nós a nos defendermos melhor contra os mortos-vivos. Matt era das ForçasEspeciais, e acho que ele é um gênio quando se trata de armas. De qualquer forma, eles criaramalgumas armas para nós que podemos usar sem precisamos nos aproximar muito do inimigo.

Emeline apoiou o cotovelo na mesa e apoiou a cabeça na mão.

— O que realmente precisamos fazer é treinar as crianças, e a nós também, eu acho, comodescobrir as ilusões forjadas pelos vampiros e não cair nas armadilhas deles.

Charlotte assentiu concordando. — Eu estava discutindo isso com Amélia e Liv. Améliaestava muito animada por você se juntar a nós, Lorraine. Ficou impressionada com as históriasque Dragomir lhes contou. Ela está querendo aprender a lutar, e veio até mim no momento emque Tariq e eu nos levantamos buscando nossa permissão para lhe pedir para treiná-la. Blaze temestado tão ocupada—os vampiros estão testando todas as defesas que temos. Ela sai em patrulhascom Maksim, então não fica aqui para trabalhar com a gente com muita frequência.

Lorraine concordou. — Claro que vou treiná-la, isto é, se Andor quiser ficar aqui, e acho queele quer. Você já deve ter ouvido falar que Sergey fez um ataque direcionado a mim, certo? Eusimplesmente não consigo me livrar da ideia de que ele fez algo em mim.

— E eu concordo plenamente, —disse Emeline. — Sergey e Vadim são ambos Malinovs.Pelo que os outros antigos dizem, toda a família era brilhante em tudo, especialmente estratégia.Sergey não teria desperdiçado todos esses peões se ele não tivesse alguma razão. Eledefinitivamente fez algo.

— Bem, se ele fez, —disse Lorraine, — ninguém descobriu isso ainda, mas acredito que vou

ser o tema principal da reunião dos Cavaleiros da Távola Redonda29.

A sobrancelha de Charlotte se ergueu. — Reunião dos Cavaleiros da Távola Redonda? —Elaecoou.

— Essa grande mesa deles não lembra os Cavaleiros da Távola Redonda? Todo livro que euli, ou filme que vi, mostrava uma grande mesa redonda.

As outras três mulheres riram. — Eu acho que você está certa, —disse Blaze. — Eu chamoMaksim de cavaleiro, mas ele diz que se fosse um, eu teria que chamá-lo de Cavaleiro dasTrevas30.

— Eu acho que isso é um título de filme, —Lorraine apontou.

— E é mesmo, —disse Emeline. — Um dos meus favoritos.

— Eu vou ter que dizer isso a Maksim, —disse Blaze, e outra rodada de risadas subiu.

Andor. Obrigada por isso. Eu nunca mais pude ficar sentada com amigas falando bobagense rindo, desde que Theodore matou minha família. Achei que nunca mais teria isso de novo.Você deu para mim, e eu realmente aprecio isso.

Lorraine procurou seu companheiro, precisando que ele soubesse o que tinha feito por ela. Oque deu a ela. Isso era grande. Enorme. Algo além de qualquer preço. Ela estava começando aentender o sistema de valores no mundo dos Cárpatos, e tinha pouco a ver com dinheiro ou como que eles possuíam. Era o que eles davam de si um para os outros que importava.

Eu não fiz nada para te dar tal presente. As companheiras dos meus amigos são boasmulheres. Elas estão ansiosas para receber você em nosso mundo.

Ela sentiu o amor dele se derramar, escovando carinhos em sua mente. Novamente, aslágrimas ficaram na borda, logo atrás de seus olhos, mas se recusou a soltá-las. Estava feliz.Gostava de como as outras mulheres provocavam umas às outras.

Charlotte era a mais engraçada e a mais extrovertida. Deixou Lorraine à vontadeimediatamente. Emeline era a mais doce, Lorraine não tinha certeza se ela tinha uma gota deagressividade em seu corpo. Blaze era a mais parecida com ela, uma mulher guerreira.

— Amélia está muito animada com você, Lorraine, —disse Charlotte. — Ela me disse quevocê estava conversando com eles mais cedo. Amélia quer aulas de autodefesa, mas precisatambém de uma amiga, eu gostaria que você realmente a conquistasse e se tornasse amiga dela.Ela tem apenas quinze anos. Recentemente foi o seu aniversário. Pela idade deveria ser aindauma criança, mas teve que se tornar uma adulta muito rápido. As últimas semanas foramespecialmente difíceis para ela. Seria um grande favor para todos nós se você pudesse se tornarsua amiga e fazê-la se abrir com você.

— Ela se esforça tanto com todos, —disse Blaze. — Amélia adora Emeline, e nós temosmuita sorte dela se abrir para a Emme, mas ela precisa sentir que todos nós estamos aqui para elae que tem uma família muito maior. Espero que possa me considerar uma tia e que faça o mesmocom você.

Charlotte assentiu. — Todos eles precisam se sentir como se fôssemos uma família,especialmente Amélia. Está tão perdida e às vezes eu tenho medo por ela.

Emeline assentiu, apoiando-se na mão e olhando nos olhos de Lorraine. — Amélia é umamenina doce. Tudo isso a traumatizou, mas ela recuperará. Dê tempo a ela.

Lorraine sabia que havia uma história ali, mas queria que a própria Amélia lhe contasse. —Eu ficaria mais do que feliz em ter outra amiga. Amélia parece uma garota maravilhosa.Realmente acredito que as mulheres precisam aprender a se defender se quiser. Quanto a lutarcontra vampiros, que acredito também ser importante aprender a se defender deles, toda a minhaexperiência vem da coleta de informações das memorias das mentes de Andor e dos outros.

— Espere. —Blaze levantou a mão. — O que você quer dizer com isso?

— Se você quer saber como lutar contra um vampiro, certamente essa informação está nocérebro de Maksim. Você só tem que acessá-lo.

— Você disse 'outros', —corrigiu Charlotte. — Como se fossem mais alguém além deAndor.

Ela assentiu. — Eu acessei as experiências de Sandu, Ferro e Gary, junto com a de Andor.Acho que estou bastante versada em técnicas de batalha. Tirei as informações para ver o queespecificamente poderá ser adaptado para nós mulheres.

— Como no mundo você pode entrar na mente de Sandu, e muito menos na de Ferro e deGary? —Charlotte perguntou.

Emeline recuou em sua cadeira, sentando-se em linha reta e considerando Lorraine como setivesse crescido duas cabeças.

Lorraine deu de ombros, tentando ser casual. Eu não deveria ter falado que posso ver nasmentes dos outros? Tais como Sandu e Ferro, ou o curador? Isso foi uma quebra de confiança?

Claro que não. Os outros não se importariam que essas mulheres soubessem.

— Lorraine? —Charlotte solicitou. — Como isso é possível?

— Quando Andor estava morrendo … Bem, ele realmente parecia morto. O curador tentouvárias vezes encontrá-lo e trazê-lo de volta. No final, Gary disse que era impossível. Ele tinhaque encontrar uma maneira de trazer Andor de volta, mas não havia como seguir sua alma. Nósnão estávamos vinculados naquele momento, mas Andor havia explicado o conceito para mim.

— Isso deve ter sido aterrorizante, pensar que perderia seu companheiro, —Charlotte disse,colocando uma mão simpática sobre Lorraine brevemente.

Lorraine não sabia o suficiente sobre o que era ser uma companheira na época, mas sabia queAndor era uma tábua de salvação. Estava sozinha e à deriva sem um propósito verdadeiro. Elapraticou meditação todos os dias, às vezes várias vezes ao dia, mas não teve sucesso em acalmarsua mente.

Entrou em sua casa e encontrou um banho de sangue. Ela encontrou seus pais, tia e tio eoutro par de adultos que ela conheceu durante a maior parte de sua vida, mortos em um lago desangue. E Theodore.

— Andor me devolveu algo que perdi e não queria perdê-lo também, como aconteceu comtodos na minha vida, —explicou ela. — Eu sabia que tínhamos uma conexão forte e pedi aocurador que me deixasse tentar encontrá-lo. No começo todos eles protestaram, mas você sabe,fui ensinada a nunca aceitar um ‘não’ como resposta se eu sentisse no meu coração que estava

certa. Então, eu não aceitei o ‘não’.

— Isso é incrível, Lorraine, —disse Blaze. — Você foi até esse lugar desconhecido eassustador?

— Eu não sei o que era e nem onde fica, mas eu dizia a mim mesma que Andor estava emcoma e não conseguia sair. Achei que bastaria alcançá-lo e então eu poderia guiá-lo de volta.Mas não foi tão fácil assim.

Charlotte assentiu. — Como não? Você disse que conseguiu ler a mente de três homens dosCárpatos atrás de suas experiências de batalha.

Lorraine suspirou. Ela não sabia como explicar o que tinha acontecido, mas ia tentar. Todasas três mulheres estavam obviamente fascinadas. — Gary ajudou meu espírito a sair do meucorpo humano e eu viajei com ele para o corpo de Andor. —Ela deu um pequeno tremor,lembrando-se do frio amargo. — Eu não pude alcançá-lo, mas chegamos perto. Eu podia sentirAndor. Gary explicou que havíamos conseguindo ir mais longe do que ele conseguiu ir sozinho eque estávamos ficando sem tempo.

Ela nunca esqueceria a urgência que sentiu. Quase teve um ataque de pânico naquelemomento, mas conseguiu evitá-lo respirando profundamente. Ela expressou seu arrependimentopor não ter sido amarrada mais cedo a Gary e juntos poderiam ter conseguido recuperar Andor.Ele a faria muito mais forte, mesmo ela não sabendo o que estava fazendo.

Nenhum dos homens disse nada pelo que pareceu uma eternidade. A mesma urgência queestivera sobre ela antes havia piorado, até que queria gritar. Implorou a Gary que tentassenovamente. Tinha sido Ferro que relutantemente disse que eles poderiam ligar-se a ela epoderiam ser capazes de aumentar sua força e dar a ela o que precisava para puxar Andor devolta. Ela aproveitou a chance sem saber das consequências. Gary tentou dizer a ela, mas tudo oque queria era trazer Andor de volta.

— Nós realizamos um ritual para unir nossas almas, a fim de alcançar Andor, —ela admitiu.— Eu não sabia que, ao fazer isso, teria acesso aos pensamentos particulares deles e também asuas experiências de batalha. Obviamente, eles podem proteger suas mentes de mim, masninguém faz isso o tempo inteiro.

Olhando para os rostos chocados, se apressou em tentar se redimir. — Eu não sabia o queisso significava. Juro. Não deixei Gary me dizer quando ele queria. Eu só queria Andor de voltae não pensei além disso.

— Ferro sugeriu isso? —Charlotte perguntou.

Lorraine assentiu devagar. Essa coisa de almas ligadas é algo muito mais sério do que vocême contou, mesmo quando você explicou sobre o perigo para todos.

Está feito. Não há como desfazer isso.

Isso era verdade. Gary e os outros disseram que uma vez ligados a ela, não poderiam desfazeras ligações. Apenas uma companheira poderia. Ela não se importou no momento. Só queriasalvar Andor. Foi muito persuasiva porque os outros tinham sido inflexíveis sobre isso não seruma boa ideia, mas ela conseguiu o que queria.

— Os outros tentaram me impedir, —ela admitiu. — Mas insisti e insisti até que finalmenteconsegui que o aceitassem. Aquele lugar é terrível, cheio de desespero. Foi horrível, assustador e

todos nós sentimos seus efeitos, mas, no final, valeu a pena em mais de um sentido.

— Eu não entendo como isso funcionaria, —disse Emeline, parecendo muito confusa. Elaolhou para as outras duas como se elas tivessem a resposta.

— Suas almas ainda estão ligadas? —Blaze perguntou.

Relutante em revelar segredos de família, apenas deu de ombros, em vez de ter que mentir.

Charlotte se inclinou para ela. — Lorraine, admito que sou nova no mundo dos Cárpatos eainda penso como uma humana, mas até eu sei que isso é muito incomum. Acho que, se Tariqsoubesse disso, ele teria me dito. —Ela baixou a voz e olhou em volta. — Algo assim éexplosivo.

Charlotte se acomodou um pouco mais na cadeira e ficou claro a Lorraine que ela estavaconversando com o companheiro dela. Lorraine acabara de fazer o mesmo, mas ter Charlotteconsultando em particular com Tariq a deixou um pouco nervosa. Ter companheiras falandotelepaticamente como uma ocorrência cotidiana comum era simplesmente muito legal. Aindaassim, Tariq era o líder, e a ideia de que ela contara algo errado para a esposa de Tariq, e talveztivesse causado mais problemas para os antigos, a incomodava.

— Ele sabe, —disse Lorraine, inclinando o queixo para Charlotte. — Andor disse a eleimediatamente.

Charlotte assentiu. — Ele sabe. Disse que estava pensando nas consequências antes de mecontar.

— Consequências? —Emeline perguntou. — Por que haveria consequências?

Blaze tocou o pulso de Emeline com muita gentileza, chamando a atenção de Lorraine paraas cicatrizes brancas ali, como se alguém tivesse rasgado a pele de Emeline o maisdeliberadamente áspera possível. — Um antigo sem uma companheira é potencialmente umhomem muito perigoso para todos nós. Eles são as nossas maiores armas, mas se eles setransformarem, seriam os nossos piores inimigos. Amarrada aos três, Lorraine seria incapaz de seesconder deles.

Emeline voltou seu olhar para Lorraine, sem tentar esconder seu horror.

Ela tinha sido amarrada a um vampiro e sabia quão verdadeiramente brutal e cruel elespoderiam ser.

— Eu acho que, tendo os três ligados a nós, —ela fez questão de incluir Andor, — dá-lhes aoportunidade de sentir minhas emoções quando não sentem por tantos séculos. Eu espero queisso lhes dê mais tempo.

Charlotte começou a dizer algo com um leve aceno de cabeça, mas depois se conteve.Lorraine levantou uma sobrancelha. — O que foi? Apenas me diga. Mais cedo ou mais tardealguém vai dizer, e eu posso muito bem ter a informação agora.

— É só que, voltar a sentir emoção, depois perder essa capacidade, então voltar a sentir denovo e perdê-la novamente, isso várias vezes, quando eles estiverem longe de você, de suamente, será realmente algo muito difícil para eles.

Lorraine franziu a testa. — Isso não faz nenhum sentido. Eles estão ligados a nós atéencontrarem suas companheiras. Todos os três. A qualquer momento, podem acessar a emoção.

Isso deve tornar mais fácil, não mais difícil. A menos que estejam a uma grande distância,caçando, e tenho certeza que através do meu companheiro eles podem fazer, podem sentir seacessarem minhas emoções.

— Ela está certa, —disse Blaze. — Eu verifiquei com Maksim.

— Para os demais Cárpatos isso deve fazer sentido, mas esses são os antigos dos quaisestamos falando. Dos verdadeiramente antigos. Eu sei que mais de quinhentos anos éconsiderado antigo, mas eles possuem uma enorme diferença de idade. Eles não contam mais aidade, mas todo esse tempo estão construindo no poder, —disse Charlotte.

Lorraine não pôde deixar de ver por que ela estava preparada para ser companheira do líder.Charlotte estava olhando para os problemas de todos os ângulos e tentando descobrir o quepoderia acontecer e se preparar da melhor maneira para isso.

— Então, o que você acha que pode acontecer com eles tendo essa capacidade de explorarminhas emoções?

— Eu acho que os antigos estão lutando a cada minuto em cada elevação, e vão se tornarmais descuidados na forma como lutam. Eles não acreditam em esperar o amanhecer, então ondeeles podem ir? O que eles podem fazer? Emoções sem âncora vão desnorteá-los ainda mais. Suascompanheiras as ancoram onde você não pode.

Blaze jogou as mãos para o ar. — Charlotte, eu ainda não entendo. O que você está dizendo?

Foi Emeline quem respondeu. — Blaze, pense sobre o que aconteceria com alguém se elenão tivesse visto em cores, mas agora pode. É desorientador. Pode realmente fazê-los sentirem-semal. O brilho vívido é demais. É impressionante. E adicione emoções à mistura. Eles precisamsepará-los rapidamente e optar por usar ou descartar essas emoções. Uma companheira ajudaautomaticamente com essas coisas. Você faz isso sem nem perceber que está fazendo. Os trêsantigos não podem assimilar essas coisas sem ajuda de uma companheira. A sorte em usar asemoções de Lorraine parece ser algo incrível, mas não vai ajudá-los. Na verdade, e exatamente ooposto.

O ar saiu em uma única rajada dos pulmões de Lorraine. Por que você não me contou? Masela sabia o porquê. Andor explicara as coisas de uma forma que a fizera acreditar que os antigosse beneficiariam dela, os pressionando a ficarem amarradas a ela. Ele queria que ela acreditasseque fez algo de bom para aqueles com quem ela se importava. Ela já pensava neles como família.A última coisa que queria fazer era prejudicá-los de qualquer maneira. Queria protegê-los eajudá-los a encontrar as suas companheiras que ela acreditava que eles mereciam.

Respire, Lorraine. Você já sabia que havia um risco ...

Para mim. Para nós. De que eles poderiam nos encontrar, mas o risco para eles era apenasque se eles se transformassem em vampiros você poderia rastreá-los. Eu nunca pensei que ligá-los a mim, faria que sofressem ainda mais. Pensei que seria menos.

Nós não sabemos o que está acontecendo com eles porque eles preferem não nos contar.

Eu poderia descobrir ...

Não. Absolutamente não. Você não deve olhar em suas mentes. Isso seria considerado umaquebra de confiança.

Ela não queria olhar em suas mentes. Descobriu muitas coisas horríveis. Tinha seu própriopesadelo para lidar, não precisava mais um, ou os pesadelos de outra pessoa.

— Lorraine.

A voz de Emeline era doce. Lorraine podia imaginá-la segurando um bebê nos braços ebalançando-a gentilmente.

— Esses homens têm lutado contra o mal e lutam para permanecer honrados por muitotempo. Não importa o que aconteça, você precisa se lembrar que sempre será uma escolha deles.É sempre uma escolha que eles fazem quando desistem de suas almas, —disse Emeline.

— Como isso é possível? —Lorraine lutou para entender. O mundo dos Cárpatos era muitomais antigo do que ela imaginava e tinha dificuldade em entender as complexidades.

— Dragomir me disse que há um momento de clareza, mesmo em um Cárpato na condiçãode escravidão31, onde eles têm a chance de escolher e voltar. Aqueles que são vampirospassaram por essa experiência, tiveram a chance de não perderem suas almas. Mas decidiram porsi mesmos que preferiam se tornar o morto-vivo, em vez de sair deste mundo com honra.

Lorraine mordeu o lábio inferior. — Vou pedir aos céus para que Ferro, Sandu e Gary nuncatenham que tomar essa decisão. —Ela também quis dizer isso. Depois da perda de sua família,não tinha mais certeza do que acreditava, mas podia orar e fazer isso em vários idiomas.Certamente, seria ouvida e não julgada por estar com raiva.

— Querida, —disse Charlotte, — eles tomam essa decisão a cada elevação.

Isso a deprimiu, principalmente, porque pensou em Andor. Ele tinha sido um antigo fazendoo seu caminho no mundo, procurando por ela, sua companheira. Suportou a escuridão a cadaelevação e nunca cedeu à voz persistente que tentou atraí-lo para se tornar um morto-vivo. Eletinha sido tentado?

Você foi tentado, Andor? Foi tão ruim quanto parece?

Pior. Muito pior, ele prontamente respondeu. Ele foi realista. Não havia emoção em sua voz,poderia estar discutindo o tempo que teria dito da mesma forma. E sim, fui tentado, mas depoisaté mesmo os sussurros tentadores cessaram, deixando-me sem nada.

Lorraine não podia imaginar sua vida, mas ela sentiu, sentiu as emoções vindo dele quandoele não tinha sido capaz de reconhecê-las. Ela sentiu a dor quando ele não podia. Para alguns,pode parecer uma existência perfeita, mas ela sabia que não era assim.

Csecsemõ, precisaremos de você aqui no conselho dos guerreiros. Você tem cerca de quinzeminutos e então será chamada. Cabe a você se deseja recusar ou não.

Isso não soava bem. Agora os quinze minutos seguintes iriam se arrastar. Obrigada peloaviso prévio. Ela não conseguiu manter o sarcasmo para si mesma.

Eu pensei que você iria querer tempo para aquelas coisas estranhas que as mulheres fazem.

Que coisas? Ela desafiou.

Preocupações bobas, porque você sempre acha que nunca está bem o suficiente, quando naverdade você parece tão bem que seu companheiro se esforça para não perder o controle.

Meu companheiro nunca perde o controle, embora, mais cedo ou mais tarde, terei certeza de

fazer isso acontecer. Pensou deliberadamente nela lambendo o pau dele. Ela sentiu o jeito que ocorpo dele reagiu, uma dura sacodida de seu pau. A resposta imediata de suas terminaçõesnervosas. Seu pequeno gesto foi um sucesso imediato.

Apenas lembre-se que o retorno está nos meus planos.

Ela adorava a ameaça em sua voz. Amava.

— Lorraine, você está prestando atenção ou se distraindo? —Blaze exigiu e apontou paraAmélia, que tinha acabado de subir as escadas.

Charlotte riu e estendeu a mão para a recém-chegada. Amélia ficou ao lado de sua mãeadotiva, permitindo que Charlotte passasse o braço ao redor de sua cintura.

— Ela tem aquele olhar idiota no rosto, —disse Amélia. — Aquele que todas ficam quandovocês falam telepaticamente com seus companheiros. A única coisa que uma pessoa, que está porperto de uma de vocês nesse momento, pode fazer para se proteger dessa visão açucarada e moleé fechar os olhos e contar até cem. Ou tampar as orelhas com os dedos e cantar lá-lá-lá. —Elarevirou os olhos.

— Eu não pareço idiota, —protestou Lorraine.

— Totalmente pateta. E pegajosa, —Amélia acrescentou. — Bella diria grudenta. —Osorriso desapareceu e ela olhou para os pés.

Lorraine viu Charlotte cutucar a adolescente gentilmente. Amélia levantou o queixo eaproximou-se um pouquinho de Charlotte. Isso demostrou a Lorraine algumas coisas. A primeirae talvez mais importante, Amélia aceitou Charlotte como sua mãe adotiva e confiava nela. Asegunda era que Amélia não olhava Lorraine nos olhos. Ou ela era muito tímida, o que pareciaduvidoso, dada a forma como ela se portou quando elas se conheceram, ou algo tinha acontecidocom ela e ela achava que Lorraine sabia.

— Eu quero aprender a lutar contra vampiros. —Amélia foi abrupta ao ponto de se grosseira,sua voz beligerante e quase irritada. — Blaze vai treinar comigo quando tiver tempo. Mas queroque você me ajude também.

Lorraine juntou os dedos. — Eu realmente acho que é uma boa ideia, Amélia. Gostaria quetodos pensassem dessa maneira como você faz. Nós não podemos contar sempre com o outropara nos proteger. Acho que, mesmo que não saiamos a procura deles por aí, devemos entenderque, eventualmente, uma vez que vivemos tão próximos dos caçadores, estamos fadadas a nosencontrar com vampiros. Mas eles são difíceis de matar. Realmente difícil. Você trocou sanguecom alguém?

Todo o comportamento de Amélia mudou. Ela soltou um suspiro de alívio por Lorraine estarlevando-a a sério. — Sim, Tariq.

Maravilha. O líder destemido. O pai da adolescente. Lorraine não tinha certeza se ele iaquerer correr o risco de não saber o que se passava na mente de uma dessas crianças. Elaesfregou a ponta do nariz. — Eu esperava falar com Charlotte primeiro, —ela admitiu, mudandosua tática. — Talvez reunir as mulheres para aulas coletivas, e antes que você proteste, eu contocom você entre as mulheres.

— Eu também quero aulas particulares, —Amélia disse firmemente. — Quero aprenderrápido. Vou treinar muito duro.

Uma bandeira vermelha subiu na mente de Lorraine pela forte agressividade na voz deAmélia. — Amélia, —Lorraine advertiu. — Você não pode lutar contra essas coisas sozinha.

— Você fez. Você lutou contra três homens com uma panela e depois protegeu Andorquando ele foi mortalmente ferido.

Fofocas viajavam rápido no mundo dos Cárpatos. Lorraine sabia que era por conta dafacilidade de se comunicar telepaticamente, e todos os Cárpatos pareciam usar esse método. —Eu não lutei contra vampiros sozinha, e certamente sou muito inteligente para nunca ir atrás deum. Isso seria suicídio.

Amélia olhou para longe, olhando para o lago. Como o lago estava longe, e não havia muitacoisa acontecendo lá, Lorraine entendeu que ela não queria discutir suas razões.

— Eu terei uma responsabilidade para com você, Amélia. Para qualquer uma das mulheresque ensinarei. Seu corpo é seu templo. Você cuida dele. Você não coloca nada que não forsaudável no seu corpo, e você não pensa em desistir da sua vida, certamente não quando é umadas poucas pessoas que realmente sabem sobre os mortos-vivos. Você tem uma obrigação, assimcomo eu, com essas três mulheres e todos os Cárpatos.

Amélia franziu o cenho para ela. — Eu não sou uma adulta. O que eu faço não afeta ninguémalém de mim.

— Você sabe que isso não é verdade, Amélia. Se algo acontecer com você, o que será dosseus irmãos? Bella já está apavorada e chateada com a perda de uma irmã. E olha que essa irmãnão está morta. Ela ainda pode vê-la e brincar com ela, mesmo que esse tempo tenha limitação.

Amélia balançou a cabeça, como se negasse a verdade, mas ela parecia mais calma e menosagitada, como se estivesse ouvindo, apesar de não querer.

— Eu sempre tentei viver com a verdade, Amélia. É muito mais fácil do que mentir para osoutros ou especialmente mentir para si mesma. Se você for treinar comigo, terá que confiar emmim o suficiente para me dar a verdade. Você entende?

Amélia assentiu lentamente. — Eu posso fazer isso.

— Dizer e fazer isso são duas coisas diferentes. Quero que você pense muito sobre isso, e seamanhã você ainda quiser treinar comigo, nós teremos nossa primeira lição.

Amélia deu um sorriso que não retirou o tédio dos olhos dela.

— Você não quer começar agora?

— Eu faria, mas aparentemente o conselho de guerreiros tem outros planos para mim. Fuichamada. —Lorraine levantou-se e empurrou a cadeira para dentro. — Obrigada pela companhiamaravilhosa. Adorei cada minuto. Tem sido um longo tempo desde que falei com alguém e estoumuito feliz por ter sido com todas vocês. Obrigada por me fazer me sentir bem-vinda.

Charlotte assentiu. — Foi muito bom conhecer você. Aguardo a cerimônia da sua conversãomais tarde hoje à noite.

Lorraine não estava exatamente ansiosa por isso, embora estivesse comprometida. Ela sabiaque isso fazia parte do problema. — Estou um pouco nervosa com isso. Eu deveria já ter deixadoAndor fazer essa conversão. Mas queria ter tempo e repassar os detalhes em minha mente, eestou feliz por ter feito isso. —Isso lhe dera tempo para processar tudo que iria acontecer, então

ela sabia que estava tomando a decisão certa. Queria que Andor sempre tivesse certeza que elanão foi coagida em suas decisões. — Mas, ao mesmo tempo, estou super nervosa. Ainda assim,estou ansiosa para vê-las mais tarde.

Ela deixou as mulheres na varanda, acenando enquanto caminhava, inexplicavelmente felizpor ter encontrado algumas amigas. Sentia falta de poder rir com outras mulheres. Achava queuma vez que elas tinham companheiros, suas vidas estariam tão embrulhadas em seus homens,que se esqueceriam da importância das mulheres se unindo. Olhando para as quatro rindo juntas,ela sabia que isso não era a verdade.

Capítulo 17

Olhando para a grande mesa de carvalho esculpida, Lorraine teve uma súbita vontade de rir.Os homens estavam sentados em volta, embora, como cavalheiros, se levantaram quando elaentrou na sala. Não havia como convencê-los de que ela não precisava desse tipo de tratamento.Cárpatos eram cavalheiros do velho mundo. Eles podem arrancar o coração de um homem, eestão tudo bem com isso. Mas esquecer-se de cumprimentar uma dama era uma infração quenenhum deles queria cometer.

Do outro lado da mesa havia um mapa—e era enorme, desenhado à mão. Havia a localizaçãoda boate de Tariq e sua casa, claramente sinalizados. Abaixo das ruas da cidade havia umlabirinto com seus caminhos sinalizados. O mapa fora desenhado com a contribuição de cada umdos Cárpatos, com as informações que eles sabiam sobre o paradeiro e o esconderijo dosvampiros. Os mortos-vivos pareciam estar em toda parte.

Lorraine ficou um pouco chocada ao ver seu local de acampamento tão claramentesinalizado. Cada encontro que os caçadores tiveram com os vampiros foi colocado no mapa.Parecia haver um amplo círculo com o labirinto no centro, como se aquele labirinto fosse ocoração do domínio dos mortos-vivos.

— O que é isso? —Ela perguntou. — Além do óbvio.

Tariq respondeu. — Estávamos discutindo o domínio de Sergey nesta cidade. No passado,quando os caçadores vinham, o vampiro fugia e fixava residência em outro lugar. Temosevidências para sugerir que isso não é mais verdade. Enviamos a Mikhail, nosso príncipe, omáximo de informações que pudermos reunir sobre tudo novo e diferente sobre os mortos-vivos.Se eles estão fazendo isso aqui, provavelmente estão fazendo a mesma coisa lá.

Andor pegou a mão dela e a puxou até que ela estava perto dele, perto o suficiente para quesentisse o calor do corpo dele. — Eles estão definitivamente se unindo na América do Sultambém. Os irmãos De La Cruz enviaram uma mensagem para nós e continuam a se comunicar.Estamos todos acompanhando agora com mapas. Todos os agrupamentos de Cárpatos receberamcópias desses mapas, Josef é quem montou as informações que precisamos em um mapa mundialpara cada um de nós.

— Como ele pode fazer isso? —Lorraine perguntou. — Que tipo de software32 reúne ataquesde vampiros?

— Um de sua autoria. Josef cria ferramentas que ajudam no que precisamos, —disse Gary.

Gary estava sentado à direita de Tariq. Lorraine observou melhor os dois homens. Ela viuuma fraca luz brilhando entre eles, indo de um para o outro, como se essa luz não pudesse sedecidir qual deles detinha mais poder.

Eles estão aprendendo a trabalhar um com o outro, Andor explicou, vendo seu olhar deindagação. Sente-se.

Onde? Até onde ela podia ver, todas as cadeiras estavam ocupadas. Dos Cárpatos queconheciam, o único que não estava presente era Ferro. Não há cadeiras desocupadas.

Onde está o Ferro? Ele se machucou muito mais grave do que você deixou transparecer, nãofoi?

Você pode sentar no meu colo, Andor ofereceu. Havia uma nota maliciosa em sua voz.

Hum. Não. Não com todos esses homens ao redor e suas mãos errantes. Você podeacidentalmente esquecer onde estamos. Eu já sei sobre suas tendências no voyeurismo.

Andor riu e, por um breve momento, olhares ao redor da mesa passaram dele para ela. Elasentiu um rubor subindo pelo pescoço até o rosto. Ele acenou com a mão e produziu uma cadeiraao lado dele. Muito perto. Lorraine deu-lhe o olhar severo e sentou-se na cadeira. Ele deixou caira mão em sua coxa e ela imediatamente percebeu que sua coxa estava encostada contra a dele.

Lorraine deveria ter se rebelado, mas a verdade era que estava feliz por estar perto delenovamente. Manteve sua mente longe de sintonizar com a dele o máximo que pôde, só o fazendoquando sentia que o assunto era realmente importante, mas o preço, por ter que lutar contra avontade esmagadora de alcança-lo mentalmente, tinha sido maior do que ela esperava.

Forçou sua atenção de volta para os outros. Tariq e Gary eram novos em trabalhar um com ooutro. Isso trouxe perguntas. Por que Gary tem que trabalhar com a Tariq?

O príncipe pediu. Quando ele pede para fazer algo, você pode recusar, mas ninguém nuncarealmente o faz. Gary é o conselheiro de Tariq, protetor e praticamente tudo mais que eleprecisar.

— Há alguma notícia sobre Aidan? —Perguntou Tomas. Ele era um dos trigêmeos e elasoube que eles passaram algum tempo viajando.

Aidan é um Cárpato que já mora algum tempo nos Estados Unidos. Todos acreditavam queele seria escolhido pelo príncipe para liderar esta região, mas ele está se mudando para NovaYork. Houve atividade de vampiros relatada lá.

Tariq olhou para Gary. — Vou deixar o curador responder.

Gary encolheu os ombros. — Antes de receber o chamado de Andor, fui até Aidan para verno que poderia ajudar. Sua família estava toda lá. Darius e sua companheira e os outrosTrovadores Escuros.

— Espere. O que? Os Trovadores Escuros? Eles são Cárpatos? —Os músicos eramrenomados e muito famosos. Todos os seus conhecidos corriam atrás por ingressos. Os músicospreferiam locais pequenos, por isso não era fácil ser um dos sortudos a entrar em seus shows.

Andor respondeu pelos outros. — Sim. Darius é irmão de Gary. Um Daratrazanoff. Isso tediz alguma coisa.

Lorraine não sabia o que deveria lhe dizer além de que talvez Darius fosse um curador comoGary e os ferimentos de Aidan deveriam ter sido fatais, parecidos com os de Andor. Ela sentiuuma repentina afinidade com a companheira de Aidan. Será que a companheira dele o sustentou,através do vínculo de suas almas, da mesma maneira que ela fez com Andor? Lorraine olhoupara seu companheiro, sabendo que ele estava em sua mente, assim como ela estava na dele. Elafez?

Sim, sim, ela fez.

— Ele deve ter estado muito gravemente ferido para precisar de dois curadores, —ressaltou.Agora, mais do que nunca, estava preocupada com Ferro. Por que ninguém falava sobre osferimentos de Ferro?

Tariq inclinou a cabeça. — Aidan foi pego em uma armadilha. Ele lutou contra váriosvampiros, destruindo-os, e a armadilha foi lançada quando ele estava ferido.

Tariq voltou o poder total de seu olhar para Andor. — Essa armadilha foi exatamente amesma que o morto-vivo usou em você. Eu enviei as informações para todos os caçadores dosCárpatos para tomarem cuidado. Eu sei que nós sempre fomos caçadores solitários, e issofuncionou por séculos, mas proponho que a partir de agora cacemos em dois ou três. Nós nãotemos o exército que eles têm. Sergey está construindo um exército transformando psíquicoshumanos em vampiros recém-criados.

— Sem experiência de batalhas, —ressaltou Sandu.

— Absolutamente nenhuma, —concordou Tariq. — Mas eles estão vorazmente famintos enão têm controle. Esses dois traços sozinhos os tornam perigosos. Estamos em menor número.Não podemos arcar com perdas. Pensamos que eles também não poderiam, mas agora quesabemos que Sergey está criando um exército, transformando humanos psíquicos, então númerosnão é um problema para ele.

Isso torna mais importante do que nunca que as mulheres aprendam a se defender.

Então diga. Diga a Tariq o que você pensa. Todo mundo é permitido uma opinião e éencorajado a dar quando se sentam nesta mesa com ele.

Ela gostou desse conceito. Ergueu o olhar para a do líder. — Acho que é hora de ensinar asmulheres e crianças a se defenderem contra vampiros. Todos vocês devem trabalhar com elas ecompartilhar a experiência de suas batalhas. Se vocês têm novas armas que consigamequipararem a disputa entre uma mulher e o vampiro, elas precisam treinar em como usá-las.

De repente, ela ficou em silêncio. Seu coração batia forte. Sua boca ficou seca. Normalmente,não tinha problema em compartilhar sua opinião, mas na mesa estava cercada pelos homens deTariq, seu exército, e eles pareciam maiores que a vida. Muito assustadores e perigosos.Principalmente, poderosos. Dar-lhes conselhos ou dizer que tinham perdido uma grandeoportunidade de treinar as mulheres, parecia um pouco presunçoso da parte dela. Essa não era asua intenção e esperava que eles não entendessem dessa forma.

Os dedos de Tariq tamborilaram na mesa. — Eu refleti sobre isso por um longo tempo. Blazetem pressionado por essa mesma coisa. Isso rompe com a nossa tradição. As mulheres sempreforam da luz, e tirar uma vida não vem desse lugar dentro de nós. Qualquer vida. Há um rasgo naalma quando alguém tem que matar outro ser, não importa o que seja. É assim que é. É a razão

pela qual acreditamos do porquê um o caçador não tem emoções depois de certa idade. Ele sabeque é errado matar, mas não tem escolha no assunto. O vampiro deve ser destruído.

Sandu acenou com a cabeça. — Ter uma mulher na batalha dividiria a atenção do caçador.Não importa o quanto ela fosse boa na caçada, seríamos incapazes de esquecer que ela está lá. Ocaçador acabaria morto e ela também.

— Sandu. —Lorraine se inclinou para frente para olhá-lo nos olhos. — Não estou falandosobre levar uma mulher em uma caçada. Estou dizendo que ela precisa saber como se defender.Se um vampiro ultrapassa suas salvaguardas ou ela estiver em algum lugar desprotegida, deve tera segurança de que tem uma chance de derrotá-lo. Isso não é o mesmo que exigir ir à caça.

— Blaze vai à caça comigo, —Maksim se ofereceu.

Lorraine queria beijá-lo. Ele era parceiro de Tariq e parecia muito relaxado, enganosamentepreguiçoso na maneira como se recostava na cadeira, esticando as pernas por baixo da mesa.

— Estamos todos bem conscientes de que você escolhe arriscar sua companheira, —dissePetru.

O coração de Lorraine afundou. Estava argumentando contra os antigos e sabia que a batalhanão deveria ser vencida. Pensou que sem Ferro sentado à mesa teria a chance de fazê-losentender seu ponto de vista.

— Eu escolho permitir que minha companheira seja quem ela é. Quem ela sempre deve ser.Você fará o mesmo quando encontrar a sua, Petru.

Maksim não se ofendeu com a acusação apontada por Petru. Lorraine estava determinada afazer o mesmo. Ela tinha um temperamento difícil, que ultimamente tentava reprimi-lo—ou pelomenos, equilibrá-lo com sabedoria. Até agora, não havia alcançando esse seu objetivo.

— Petru, eu realmente estou falando sobre as mulheres adultas, Amélia e Liv que estão bemaqui neste complexo. Os vampiros conseguiram entrar e eles poderiam novamente. —Ela tinhauma carta na manga, e talvez fosse hora de usá-la. — É até possível que você, que agora é umCárpato de confiança, se torne vampiro, e já estará aqui dentro. O que acontecerá quando vocêatacar uma dessas meninas e as únicas que estiverem aqui forem mulheres? Todos os homensprecisaram sair para algum lugar e você foi deixado para protege-las. Mas agora não é mais umCárpato de confiança, agora é um vampiro. O que irá acontecer então, Petru?

Houve um silêncio de choque. A maioria das pessoas, homens e mulheres, eram cuidadososcom as suas maneiras ao falar com os antigos. Às vezes, parecia que os antigos caçadores erampredadores mais ferozes que os humanos. Ela teve que lutar para não se aproximar de Andor aprocura de sua proteção. Os outros usariam isso contra ela. Ainda assim, Petru estava aintimidando com o seu olhar silencioso e olhos da cor de mercúrio.

Ninguém nunca trouxe à tona a ameaça que os antigos apresentam, morando aqui nocomplexo conosco, explicou Andor. Nem mesmo quando eu estava sem você.

Gary se moveu, chamando a atenção de todos para ele. Foi o menor dos movimentos, mas erao suficiente, porque geralmente ele permanecia muito quieto. — Esse debate também se alastrounas montanhas dos Cárpatos. Meu irmão, Gregori, é categoricamente oposto à ideia. O príncipe,no entanto, sente que isso é algo que deve ser deixado para os casais resolverem entre eles.Mikhail acredita que não se deve forçar um decreto, uma lei absoluta para todos os indivíduos de

todo mundo, e eu concordo com ele. Não há duas pessoas que sejam iguais. Ivory é umacaçadora incrível. Blaze é boa também e um trunfo em uma briga. Já uma mulher comoGenevieve, não acredito que seria uma boa caçadora.

Lorraine achou que foi extremamente inteligente da parte de Gary usar Genevieve como umexemplo, em vez de uma das mulheres dos Cárpatos. Seus companheiros poderiam contestar emprincípio e a discussão se tornaria algo completamente diferente.

— Minha opinião é que todas as mulheres devem ser ensinadas a se defender. As criançasdevem ser ensinadas também, —continuou Gary. — Os vampiros evoluíram e temos que evoluirtambém. Estamos atrasados porque não aproveitamos a tecnologia. Nós não acreditávamos queos vampiros haviam se unido para lutar contra nós, mesmo quando nos foi apresentadoevidências. Eu sei que a luta de Mikhail era apenas para manter a espécie viva. Eu estava nessaluta. Vi o custo para nós, mas isso é diferente. Se Sergey conseguir, estaremos extintos muitorapidamente. É necessário mudar para sobreviver.

Houve murmúrios baixos enquanto os indivíduos em volta da mesa discutiam de um ladopara outro. Tariq tomou a iniciativa de acabar com essas discursões. — Concordo com Gary. Noque diz respeito se uma mulher vai ou não para a batalha, deverá ser uma decisão entre seucompanheiro e ela, não a nossa. Se Maksim tentasse impedir Blaze de lutar ao seu lado, elaficaria infeliz. Nosso propósito é manter nossas companheiras felizes. É uma promessa quefazemos e não há outro caminho.

— Ferro nunca concordaria com tal coisa, —disse Sandu. — Petru e eu temos a mesmaopinião que a dele.

— Eu acredito, que se vocês pensam assim, suas companheiras não serão o tipo de mulherque gostaria de ir para a batalha ao seu lado. Se elas forem, então não foram feitas para vocês.Por outro lado, não vejo razão para não aprenderem a arte da autodefesa. —Tariq virou-se paraLorraine. — Eu gostaria muito que você começasse a treiná-las depois que se levantar da suaconversão. Blaze irá trabalhar com você assim que ela não for mais necessária nas patrulhas. Eisso nos leva a outro tópico e a razão pela qual você foi convidada a se juntar a nós.

Lorraine inclinou a cabeça. — Eu ficaria feliz em começar a treinar as mulheres, mas seriaútil se alguns homens se oferecessem para nos ajudar. Preciso de alguém para ser um atacante,bem como alguém também que permita que as mulheres vejam em suas mentes, para estudar asbatalhas. Ganhar experiência dessa maneira é mais fácil e muito mais útil. Elas podem visualizarbatalhas reais. Tive a sorte de ter Ferro, Sandu, Gary e Andor me ajudando. A partir de suasexperiências, pude escolher técnicas que sabia aplicar na situação em que estava e que era capazde fazer.

Petru e Benedek trocaram um longo e chocado olhar. — Sandu? Você fez isso? Vocêpermitiu que ela acessasse suas memórias?

— Foi necessário para salvar a vida de Andor, —disse Sandu, dando de ombros.

— E Ferro também fez isso? —Indagou Benedek.

— Sim. —Foi Andor quem respondeu, e sua resposta soou curta e grossa. — Ferro temgrande respeito pela minha companheira. Ela lidou muito bem sob fogo cruzado e nos ajudoumuito.

Tariq assentiu. — De todos os detalhes, tenho que concordar com você. Lorraine,

gostaríamos muito de rever o ataque, mais detalhadamente, cena por cena. Durante a análise dascenas, alguns de nós gostaríamos de fazer algumas perguntas a você. Nós fomos incapazes deencontrar um único parasita em seu corpo, mas todos nós concordamos, toda a batalha earmadilha foi orquestrada para chegar até você. Até a família de campistas que ele escolheutinham crianças, o que atrairiam você e seus instintos de proteção.

Lorraine queria esse assunto encerrado. Eles já fizeram isso tantas vezes, mas nãoencontraram nada. Uma parte dela estava tentando acreditar que Sergey falhou em qualquerplano que tivesse elaborado. A ideia de que ele não tinha falhado, que de alguma forma colocoualgo estranho nela, algo de vampiro, a enchia de repugnância. Também temia ser uma ameaçapara aqueles que moravam na propriedade. Ela os conheceu e gostou de todos eles. Certamentenão queria causar nenhum dano a eles.

— Claro, ficarei feliz em rever todo o momento. Quero ser meticulosa. —Mordeu o lábio,olhou para Andor e se forçou a fazer a oferta. — Eu irie embora se vocês quiserem. Entenderiaperfeitamente.

Andor estendeu a mão, pegou a mão dela e trouxe-a para debaixo da mesa e pressionou apalma da mão em sua coxa dura. Essa conexão instantaneamente a acalmou. Seu polegardeslizou para trás e para frente por cima de sua mão em um gesto reconfortante de camaradagem.Ele estava a apoiando. Sabia que ele iria, mas tê-lo mostrando a ela, mostrando que acreditavanela, significava tudo. Ela se viu sorrindo para ele, indiferente se suas emoções estavamrefletidas em seus olhos—e estava certa de que elas estavam. Como não podia sentir um amorirresistível por ele? Ele confiava nela para discutir seu caso sem que ele interferisse e a fizesseparecer fraca.

— Não queremos que você vá embora, —disse Tariq. — Você claramente é um trunfo paranós. Estamos apenas tentando descobrir o que poderíamos ter perdido. Algo pequeno que nãopegamos antes. Andor, você repete o combate em sua mente. Nos dê todos os detalhes.

Ela assentiu para indicar que ele poderia começar a qualquer momento.

Lorraine assistiu a batalha para salvar a família começar a se desdobrar. Prestou especialatenção aos corvos desta vez, porque, obviamente, era nisso que os Cárpatos estavam maisinteressados. Os pássaros sentavam-se nas árvores a uma certa distância dela, razão pela qual nãotinha realmente sentido uma ameaça particular vindo deles. Ocasionalmente, algum deles batia asasas. Outro cantava em voz alta. Dois ou três levantaram voo, circularam a área e voltaram paraos galhos.

— Pare aí, —disse Sandu. Ele olhou ao redor da mesa. — Estava ocupado lutando minhaspróprias batalhas, mas em algum momento me sentei entre os corvos. Lembro-me deles voandoem círculo e sabia que estavam coletando informações. Como eles circulavam todo o campo debatalha, eu não liguei à coleta de informações a Lorraine, como eles claramente estão fazendo.

— Como isso está claro para você? —Perguntou Tariq. — Eu vejo corvos voando em umamplo círculo e retornando ao seu poleiro. Sei que eles são espiões de Sergey, então estousupondo que estão gravando o que eles veem para ele.

— Eu estava lá. Senti o mal. Eles eram definitivamente os espiões de Sergey, e quandovoltaram daquela missão, se acomodaram nos galhos, dobraram as asas e começaram aconversar. Eu estava no corpo de um corvo, então poderia ter ouvido, mas não ouvi. Deveria terdesconfiado que estavam discutindo sobre Lorraine pela maneira como todos olhavam para ela.

Todos eles. Não apenas um ou dois. Eles mantiveram os olhares fixos nela. —Sandu levantou osolhos para os dela. — Lamento sinceramente, Lorraine. Deveria estar prestando mais atenção.Não peguei esse detalhe na batalha, mas assistindo essa sequência repetidamente agora mostraque eu falhei com você.

Ela deu uma pequena sacudida de cabeça. Nunca pense isso, Sandu. Estávamos todos lutandopara salvar os campistas. O menino estava gritando e a marionete o rasgava. Todos nós tivemosque esperar pelo sinal de que todas as crianças estavam seguras dentro de um círculo antes quepudéssemos nos mover, e o fantoche que arrancava pedaços do menino foi terrível de setestemunha. Foi horrível e estressante.

Ela sentiu o calor do espírito dele que depois desapareceu.

— É possível para você puxar suas memórias e dentro dessas memórias, acessar o que seucorvo está ouvindo? —Dragomir perguntou.

— Eu nunca tentei uma coisa dessas. —Sandu puxou sua versão do que aconteceu fora desua mente e colocou-a no ar na frente deles, assim como Andor havia feito com a memória delado incidente e de tudo que levava a isso.

Mais uma vez, eles observaram os pássaros voando em um amplo círculo, mergulhando osolhos baixos em Lorraine, sem nunca pararem de observá-la. Lorraine deu um arrepioinvoluntário. Era assustador ter os pássaros olhando para ela daquele jeito.

Eles pareciam inteligentes e maliciosos ao mesmo tempo. A combinação a aterrorizou. Amão de Andor pressionou a dela mais profundamente em sua coxa, fazendo-a ciente de todo oaço que atravessava seu corpo. Ele a fazia se sentir segura, apesar de saber que ela era o alvo deSergey.

— Tanto quanto eu posso dizer, eles apenas repetem um para o outro que ela é a única.Observe-a. Ela é a única. O Mestre diz que não podemos tocá-la. Essa é uma interpretaçãomuito geral. Todos esses grasnidos e cliques irritantes acrescentaram coisas à conversa que nãoposso interpretar.

Lorraine queria jogar as mãos no ar por pura frustração. Ela era a única ... o que? O que issosignifica?

— Continue indo, Andor. Queremos ver tudo, —disse Tariq.

A batalha se desenrolou em um movimento lento e enlouquecedor. Ocasionalmente, alguémlevantava a mão, Andor parava a cena e eles tentavam responder à pergunta com a melhor desuas habilidades. Lorraine odiava o trabalho tedioso. Por um lado, ela sabia que o ataque estavachegando e toda vez que tinha que revivê-lo, sentia o que havia sentindo naquele momento maisuma vez.

Então os corvos levantaram voo, deixando seus poleiros para fazer um amplo círculo aoredor dela. Naquele momento, parecia haver muitos, mas agora podia contá-los e havia apenasquinze. Quando eles fizeram o seu caminho para ela, voando baixo, um veio muito rápido eagressivo, ela teve que se mover ou ele poderia tê-la derrubado. Ela tinha o lança-chamas namão, mas não o usou.

Tariq pediu que congelasse a cena aí. Corvos a rodeavam, alguns muito mais próximos doque os outros, e ela fora incapaz de retornar à segurança da barreira que Andor havia criado para

protege-los do alcance dos corvos ou de qualquer outra coisa vindo de cima para eles.

— Erro estúpido, —ela disse repetidamente, colocando a cabeça na mão. — Não possoacreditar que fiz isso. Todo esse tempo eu tive a habilidade de fritar essas coisas e eu não fiz.

— O mesmo aconteceu com Sandu, —respondeu Andor. — Em retrospectiva, podemos fazermelhores escolhas, porque temos a oportunidade de rever as coisas, mas, no momento, não hácomo. As coisas estão acontecendo rápido demais. Você age por instintos e faz o seu melhor.

— Esse foi o meu ponto anterior, —Petru atacou. — As mulheres não têm um instinto decaçador. —Lorraine queria chutá-lo.

— Não diga que não tenho os instintos de um caçador, —ela retrucou. — Porque eu tenho.Eu só não sei exatamente por que deixei a segurança de estar com Andor para sair correndocomo uma idiota, ou porque eu não usei o lança-chamas.

— Vou repetir os corvos voando ao redor de Lorraine, —disse Andor.

Precisa mesmo? Essa parte sempre me deixa doente. Eu não sei se posso passar por issomais uma vez. Ela tinha que ser honesta porque seu estômago se agitava ameaçadoramente.

Andor levou a mão à sua boca e deu um beijo na palma da mão.

— Acho que é aqui que eles atraem Lorraine para o campo aberto. Os corvos circulam emuma direção acima de sua cabeça. Então eles fazem um círculo reverso. Foi tão suave que nãopercebemos isso.

— Eu percebi, —Dragomir corrigiu. — Mas não tenho ideia do que isso pode significar.Parecia que os corvos mudavam de direção várias vezes.

— Sim eles fizeram. Eles voavam baixo e depois voavam mais alto. Desciam e subiam.Voavam no sentido horário e anti-horário, —apontou Isai.

— Um feitiço. Que o sol queime esses pássaros, foi um feitiço, —disse Sandu.

Lorraine olhou para a imagem dos pássaros, estreitando os olhos, desejando que os corvospegassem fogo. — Que tipo de feitiço?

— Obrigar você a sair do seu abrigo. Claro, eles usaram o vampiro para atrair você, —disseGary. — Suspeito, que a forma como os seus escudos mentais são, exigiu uma enormequantidade de esforço da parte de Sergey, e é por isso que foi tão fácil para o resto de nósderrotar os outros vampiros. Ele não podia apoiá-los. Seu fantoche foi o mais fácil que já haviaenfrentado. Na hora não questionei, e só agradeci às minhas estrelas da sorte que ele não matou ogaroto antes que eu pudesse chegar nele.

— Ele nos separou de Lorraine, —disse Andor. —Todos os nossos anos combinados deexperiência e ainda caímos nessa. Sergey Malinov é uma criatura a ser considerada.

— Você o viu nas árvores? —Tariq perguntou. — Ele tinha que estar lá dirigindo toda asequência de eventos. Ele não se importou se seus peões viveriam ou morreriam. Só se importoude mover Lorraine para o céu aberto. Temos que descobrir o porquê.

Quando Lorraine se viu tropeçando para fora da barreira de proteção, e os pássaros voarampara ela, todo o ataque assumiu um ritmo sinistro que ela não havia notado antes. Sentiu aquelacoceira entre as omoplatas novamente, como se um alvo tivesse sido pintado nas costas dela. Ospêlos na parte de trás do seu pescoço se levantaram. Ela detestava a visão daqueles corvos

voando para ela, circulando-a, procurando uma abertura.

— Parem, —Sandu falou. — Lorraine, isso é importante. O que você estava sentindo naquelemomento? Emocionalmente, o que você estava sentindo?

— Que eu tinha que impedir o vampiro de voltar.

— Por quê? Que motivação teve que foi forte o suficiente para fazer você desobedecer àsordens de Andor de ficar lá? —Sandu insistiu.

Lorraine não gostou de nada disso. Ela não pensou em desobedecer às ordens de Andor. Nãoestava pensando direito naquele momento. Tentou encontrar palavras para articular o que sentia.— Não foi dessa forma, Sandu. Eu ouvi tudo o que todos vocês me disseram. Sabia que nãotinha chance contra um deles, não sem ajuda e sem as armas que vocês criaram para mim.Nunca, a qualquer momento, pensei em desobedecer às ordens de Andor.

Os dedos de Andor se enrolaram ao redor da nuca dela. Respire, Lorraine. Ninguém está teacusando. Eles só querem descobrir a verdade.

Ela sabia disso. Intelectualmente ela sabia que Andor estava certo. Se forçou a se acalmar eolhar profundamente para ver o que estava sentindo. Não era fácil abrir mão do seu ego eprecisar defender suas ações, mas felizmente, em nenhum momento ninguém agiu de formaacusatória.

Siga minha respiração. Siga meu batimento cardíaco.

Seu Andor. Ele estava bem ali, respirando por ela. O coração dele ignorou o ritmo aceleradodo dela e se uniu em um suave e firme batimento para acalmar o coração dela. Ela tomou seutempo, ficando sob controle. Enquanto isso, se concentrou no que aconteceu.

— Depois de encontrar meu irmão, pais, tia e tio e seus amigos assassinados, sofri ataques depânico. Eu vi Andor lutando contra um vampiro particularmente difícil e me encontrei empânico. Eu precisava ajudá-lo.

Tariq levantou a mão. — Você precisava ajudá-lo. Você sente que essa necessidade era tãoforte porque você é sua companheira?

Ela franziu a testa, tentando lembrar. Queria gritar com Andor para fazer sumir as imagensprojetadas no ar na frente dela. Ela não conseguia pensar claramente com isso no ar como umatela grande. Pressionou uma mão no estômago. — Está me afetando muito agora, Andor.

Tariq e Gary se levantaram imediatamente. Sandu estava fora de sua cadeira e de pé ao ladodela como se fosse lutar contra qualquer inimigo. Andor tirou a imagem do ar. — Respirecomigo, Lorraine. Ele não pode chegar até você aqui.

— Ele acabou de fazer. Toda vez que olho para isso, fico nauseada. E fica pior a cadaobservação. —Ela se endireitou. — Mas ele não vai ganhar. Não agora que sei que ele está meatingindo desse jeito ...

— Não, —disse Andor com firmeza. — De jeito nenhum.

— Ele não pode vencer, —protestou Lorraine. — Se ele fizer isso, eu vou temer o poder delesobre mim para sempre. Tenho que saber que posso derrotá-lo. Ele lançou um feitiço e fez seuscorvos executá-lo. Aquele feitiço se apoiou no meu medo de perder Andor depois que perdiminha família. Concorda, Gary? —Deliberadamente ela foi para alguém poderoso que conhecia

e que estava ligada a ela. Ele era hábil em feitiços. Gary saberia o que fazer.

— Concordo, Lorraine, —admitiu Gary. — Mas quebrar feitiços é perigoso. Nós teríamosque voltar para os corvos e olhar para eles repetidamente até sabermos contra o que estamostrabalhando.

— Então vamos fazer isso, —disse Lorraine. — Andor, você sabe que precisamos. Nãoposso entrar em pânico se houver uma luta real contra esse monstro ou se eu estiver em qualquerlugar perto dele.

— Depois que passarmos por isso, poderemos descobrir o que ele colocou nela e como, —acrescentou Benedek. Ele raramente falava, então quando fez, Lorraine sentiu o jeito que Andorreagiu. Foi um endireitar de sua espinha, um piscar de olhos. Benedek tinha esses olhos. Únicos.Negro como céu a noite. Ele poderia olhar para você e cortá-lo em dois com um movimento deseus cílios.

Você tem certeza, Lorraine? Não tem que fazer isso se não quiser.

Você sabe que tenho certeza. Não posso viver sendo uma covarde. Não posso deixar de fazeralgo que eu acho que está certo, porque isso é assustador. Ele pegou uma das minhas pioreslembranças e usou ela contra mim. Ele também pode ter feito algo para me transformar em umaespécie de bomba ambulante destinada a destruir todos neste complexo. Se for esse o caso,precisamos saber e descobrir o que faremos.

Andor inclinou a cabeça e recolocou a imagem da memória na tela grande em movimento.Lorraine forçou-se a observar os corvos mudando de direção repetidas vezes. — Por que isso étão óbvio agora? Eu deveria ter percebido o padrão. Como eu pude ser tão desatenta?

— Todos nós fomos desatentos, —disse Sandu. — Sentei nos ramos com os corvos. Eu os vivoar. Sergey me distraiu com uma briga e Ferro com um vampiro mestre. Andor estava ocupado.Assim também aconteceu com Gary. Sergey é um mestre em estratégia. Tenho que respeitar essacaracterística nele.

— Acho que peguei a maior parte do feitiço, —disse Gary. — É tão simples que acho queposso dar uma adivinhada no resto. —Ele se inclinou para frente e levantou as mãos.

Círculo de três eu convoco você

Cada um para sua própria parte ver

Procurem dentro para encontrar o oculto

Encontrem o laço para aquele que foi lançado

Descubram seu dom

Apertem o fio

Procurem com suas garras

Agora toquem dentro de sua cabeça

Escolhas tomadas

Desvinculação feita

Queimem sua vontade

Através do sol da manhã

— Esse é o feitiço, ou a essência dele, —disse Gary. — Posso sentir que isso ainda faz efeitoem você, Lorraine, ainda está apavorada. Estou ligado a você e a Andor, e sinto o peso em mimtão bem quanto você. —Ele olhou para Sandu. — Você não pode sentir isso?

— Eu sinto que deveria ter torcido os pescoços desses corvos, —disse Sandu. Ele esfregou atêmpora e depois assentiu. — Há um peso, sim.

— Você pode me livrar disso? —Lorraine perguntou. Ela deu um pequeno tremor delicado.— Eu não quero nada daquele vampiro horrível em mim.

Andor assentiu. — Sim, sívamet. Nós podemos fazer algo. —Ele levantou as mãos e Sandu eGary se juntaram a ele em um canto. A maneira como suas mãos se moviam a fascinava.

Eu chamo a Morrighan33

Lavadora do vau34

Ela quem vê

Corvo vil

Ela que serve para julgar o dia

Eu procuro seu poder

Sua visão

Seu conhecimento

Renove a ligação, reafirme o vínculo

Unindo os dois, assim nenhum morrerá

Eu chamo a você para corrigir o mal

Retire o poder do Corvo vil

Repare o que foi quebrado

Que agora não está certo

Lembrando dois corações

Que são unidos e puros

Foi chocante o quanto a tensão diminuiu nela. Lorraine não sabia que estava tão tensa,nervosa e estressada. — Eu juro que acho que funcionou. Ou isso ou você tem o melhor poder deconvencimento imaginável.

Gary sorriu para ela. — Eu estava lá, sisarke. Deveria ter pego isso. Ele se certificou de quecada um de nós, aqueles que reconheceriam um feitiço, estivesse ocupado de outra maneira.

Era a primeira vez que ele a chamava de sua irmãzinha e algo dentro dela derreteu, assimcomo quando Sandu ou Ferro a chamavam dessa forma. Sabia que os antigos estavampendurados por um fio, e ficou grata quando todos a consideraram parte da família deles, depoisque ela já não tinha mais uma.

— Se você está se sentindo melhor, Lorraine, —disse Tomas, um dos trigêmeos, — devemoscontinuar tentando encontrar Sergey entre os corvos.

— Por que isso importa? —Lorraine perguntou. — Não podemos fazer nada sobre ele agora.—Realmente não fazia sentido para ela.

— Você notou os pássaros que cercam o complexo? —Tariq perguntou, sua voz muito gentil,como se ele achasse que ela precisava ser acalmada, ou confortada.

Talvez ela precisava. Não se sentia nauseada ou em pânico, mas a coisa toda estava cobrandoum preço dela. Parecia que estava sendo lançada de um trauma para o outro sem interrupção.Olhou para o rosto de Andor com aquelas linhas de expressão esculpidas tão profundamente.Sandu e Gary tinham essas mesmas linhas, assim como Petru e Benedek. Eles tinham suportadomuito. Antigos estiveram em muitas batalhas, ela sabia disso.

É o nosso modo de vida, Lorraine, Andor disse gentilmente. Não se preocupe tanto com agente. Nós tínhamos escolhas, mesmo que você pense que não.

— Vamos apenas fazer isso, —ela sussurrou e virou o olhar para a imagem.

Sem a sensação de desorientação e náusea que tinha quando olhava para as lembranças antes,era muito mais fácil observar os corvos. — Como você poderia diferenciar um corvo de outro?Eu ainda não entendo porque estamos fazendo isso.

— Seremos capazes de dizer a diferença. Lembre-se, ele era muito maior que os outros, —explicou Mataias. — Uma vez que o identificarmos, cada vez que ele tomar a forma de um corvo—e ele vai—saberemos quem é o Sergey.

Quando eu for Cárpata, posso reconhecê-lo também? Isso tornaria as coisas muito maisfáceis. Reconhecer o inimigo não importa qual corvo ele escolheu se transformar. Ela gostou daideia disso.

Eu posso ensinar isso para você. Ele assumirá muitas formas, Lorraine. Não apenas esta.

Ainda assim, poderei descobrir que é ele e se ele for um corvo miserável posso ensinar ascrianças e outras mulheres. Dessa forma, haverá mais olhos nele, se ele estiver assistindo.

Eles repetiram sua memória em câmera lenta várias vezes antes do mestre vampiro serencontrado.

— Lá está ele, —disse Andor. — No alto do pinheiro. Está escondido pela maioria dosgalhos, mas seus olhos captam a luz da lua de vez em quando. Ele está quase diretamente nafrente de Lorraine.

Ela estava tão ocupada observando a si mesma e os corvos voando ao seu redor que seesquecera de olhar nas árvores para tentar localizar qual delas o corvo que Sergey ocupava.Agora, se concentrou melhor, olhando cuidadosamente através dos galhos até que o encontrou.Ele parecia maior e mais cruel. Definitivamente mais ameaçador. Seus olhos eram malignos,pensativos, olhando para ela sem piscar.

Ela estremeceu, e desta vez, sem se importar com o que os outros poderiam ver, mudou deposição para se aproximar de Andor. Ele deslizou um braço ao longo das costas da cadeira dela,a mão dele se curvando ao redor da nuca dela. Com a outra de sua mão pressionou a mão delaem sua coxa e apenas segurou lá.

— Comece devagar, Andor, —aconselhou Tariq.

Ela não sabia quantas vezes passaram por essa parte. Isso sempre a deixava um poucoenjoada e impura, não importava que Gary tivesse invertido o feitiço. Era apenas a visãodaqueles corvos vindo para ela novamente.

No replay, os corvos voaram para ela, desorientando-a. Alguns estavam no rosto dela. Foiatingida com asas, golpeada de modo que jogou o braço no ar para tentar se proteger dos grandescorpos voando ao redor de sua cabeça.

Então o grande corvo estava lá, as asas estendidas e cravando suas garras em suas costas,segurando-se nela enquanto ele batia seu bico na parte de trás de seu crânio. Ele rasgouviolentamente com o bico curvo. Por um momento, ela sentiu aquilo tudo de novo e sua mãolivre voou para a parte de trás de seu crânio. Imediatamente Andor estava lá, com a palma damão tocando o local na cabeça dela, o polegar e os dedos massageando suavemente.

Isso está quase no fim, csecsemõ, e você está segura aqui.

Ela pode até ser, mas e os outros? Ela pode ser um instrumento do vampiro para atacá-los.Doeu ver o corvo bater com tanta força com o bico. Ela olhou para os olhos do corvo. Ele estavalá. O inimigo. O mestre vampiro orquestrando sua batalha apenas com um objetivo—fazer algocom ela. Se esse for o caso, o que ele realmente havia feito?

— Andor, vire a imagem da memória um pouco. Você consegue dar uma boa olhada dentrodo bico dele? —Perguntou Gary.

Os outros ficaram em silêncio enquanto Andor fazia o que o curador pedia. Eles estudaram opássaro. Sua boca estava aberta, o bico superior com gancho preso na laceração que havia criadona parte de trás do crânio de Lorraine. Lorraine encontrou seu coração batendo rápido. Haviaalgo no bico? Algo além dessa língua? Era preta e cruel, terminado em um ponta fina.

— Olhe para a língua, —disse ela. — Corvos não têm línguas assim. Ele poderia ter usado obico para perfurar meu crânio e algo poderia estar na ponta da sua língua? —Ela estremeceu com

a ideia daquela língua perversa tocando-a, mesmo que fosse apenas na parte de trás de suacabeça.

Vários dos Cárpatos se levantaram para examinar a cena mais de perto. — Não vejoevidências de nada na língua ou no bico, —disse Lojos. — Você vê alguma coisa? —Eleperguntou a Andor.

Andor sacudiu a cabeça. — Tariq, nós já passamos por isso várias vezes, e não há nada nobico ou na língua desse pássaro.

Lorraine, olhando para aqueles olhos perturbadores e arrepiantes, não queria que parassematé descobrirem o quebra-cabeça. Ela colocou os braços ao redor da cintura.

— Talvez devêssemos ir embora, Andor. Eu não quero que ninguém se prejudique aqui. Temcrianças. Ele conseguiu lançar um feitiço através de corvos durante uma batalha. Por que elefaria isso se não tivesse algo na manga?

Tariq sacudiu a cabeça. — Lorraine, sair daqui não é a solução, especialmente hoje à noite.Andor me disse que planeja converter você esta noite. A camada de solo curativo é o melhor soloque encontramos em vários lugares dos Estados Unidos. Foi trazido de todas as partes. Nóssabemos que é livre de parasitas. Testamos frequentemente, especialmente antes e depois de cadauso. Todos os Cárpatos aqui se reunirão para ajudar na sua conversão, assim como fizeramquando nossa Liv se converteu.

Ela olhou mais uma vez para os pássaros voando em círculos ao redor dela na imagem da suamemória e depois olhou para Andor a procura de sua opinião. Não sabia qual decisão tomar.Caberia ao seu companheiro a responsabilidade em decidir o que iriam fazer.

Há muita dor envolvida em uma conversão, Lorraine. Se formos embora agora ... não possopassar sozinho pela sua conversão, outros fizeram e acharam muito difícil. Com a ajuda dosoutros, será muito mais fácil.

Então ficamos. Mas se algo parecer errado, sairemos daqui rápido. Recuso-me a arriscarqualquer uma dessas pessoas, especialmente as crianças.

— Vamos ficar, —disse Andor. — Voltaremos mais tarde e converteremos Lorraine duashoras antes do nascer do sol.

Tariq assentiu e todos se levantaram. Andor não soltou em nenhum momento a sua mãoenquanto se despediram dos antigos em volta da mesa. Seus cavaleiros. Era assim que elapensava neles. Todos eles. Sabia que eram seus instintos de proteção, afiados pela perda de suafamília, mas ela queria cuidar de todos eles.

Capítulo 18

— Eu gostaria muito de te mostrar a noite, Lorraine. Há alguma coisa em particular quegostaria de fazer ou em qualquer lugar que gostaria de ir? —Perguntou Andor ao saírem da casaprincipal. Seus dedos apertavam ao redor dos dela enquanto a puxava para perto dele. Pararamde andar para observar ao redor antes de decidirem para onde iam.

Ela acenou com a cabeça em direção ao carrossel instalado ao ar livre. — Eu adorei isso. Osanimais são incríveis. Eles parecem ter sido moldados em madeira. Funciona?

— Tariq instalou lá para as crianças. Ele esculpiu todos os animais à mão e depois pintou-os.Agora, Charlotte o ajuda a restaurar. Ele tem dezenas de velhos cavalos de carrossel queprecisam ser restaurados e que, por acaso, é a especialidade profissional de Charlotte. Ambos sãoum pouco obcecados. —Ele disse a última parte para provocá-la e fez tudo o que pôde para nãosorrir quando ela fez uma careta para ele.

— Não é obsessão compartilhar uma paixão por algo, —ela opinou com aquela pequena notaarrogante em sua voz, e que ele amava.

Sorriu para ela. Nem sabia que sabia sorrir. Ele a levou até o carrossel e, com as mãos aoredor da cintura dela, levantou-a para um dos cavalos. Em vez de montar um também, ficou aolado dela, o braço ao redor de sua cintura quando a plataforma começou a girar e a música tocou.Ela riu. Ele balançou a cabeça, porque voar era muito melhor e mostraria a ela isso assim que ocarrossel parasse.

— Qual é a emoção nisso? —Teve que perguntar, porque não fazia nenhum sentido para ele.Tariq tentou explicar, mas simplesmente não entendeu. Ficar dando voltas e mais voltas nomesmo lugar. Se alguém quisesse montar a cavalo, havia cavalos de carne e osso para montar.Ele até entendia por que as crianças poderiam gostar dessa brincadeira, mas os adultos?

— Você é um Cárpato arrogante, Andor, —disse ela. — Você acha que porque pode voar,tem o máximo em divertimento.

— É melhor que isso, —ele respondeu.

— Talvez, mas não estrague a minha diversão. —Ela riu de novo enquanto o cavalolevantava e abaixava ao som da música e a plataforma girando. — Este é um carrossel muitobom.

— Eu poderia fazer melhor.

Ela levantou uma sobrancelha, um braço pendurado no pescoço do cavalo. — Você acha?

Lorraine era tão bonita que o fazia perder o fôlego. Seu cabelo caia ao redor de seu rosto edescia pelas costas. Seus olhos verdes estavam iluminados com malícia e um senso de diversãoque ele nunca conhecera. Ela deu isso a ele, aquela sensação de felicidade e excitação que haviaperdido por muitos anos. Ele não conseguia tirar os olhos dela.

Andor acenou com a mão em direção ao carrossel e, enquanto a plataforma girava, o cavaloque Lorraine estava se soltou do carrossel e passou direto, flutuando fora da plataforma pelo ar.O cavalo ainda subia e descia com o mesmo ritmo, mas desta vez flutuava cada vez mais alto.Lorraine deu um gritinho suave de alegria chocada e agarrou o pescoço de madeira.

Andor levantou-se com o cavalo, direto no ar, o braço ainda ao redor da cintura de Lorrainepara evitar que ela caísse. Abaixo, ele podia ver o complexo, o lago brilhando nos raios da lua.Acima de suas cabeças havia um manto de estrelas. Sua risada suave se movia sobre ele como otoque de veludo, acariciando sua pele, fazendo-o sentir-se mais vivo do que jamais sentiu.

Sua risada tilintou no céu, quente e íntima, envolvendo-o com alegria. Ele tinha feito issopara ela. Passou muito tempo em sua mente, revivendo aquele momento de pesadelo, o exatomomento que toda a alegria e riso desapareceram de sua vida.

Ele deu a ela de volta a capacidade de sentir essas emoções. Lorraine lamentava a perda desua família—e ele não poderia trazê-los de volta—mas ela encontrou uma maneira de rirnovamente com ele, e Andor estava grato por ter lhe dado esse presente.

Andor sabia que ele estava trazendo Lorraine para um mundo de perigo, mas também era ummundo mágico, com momentos como este. Ele girou o cavalo, mudando de direção, e o cabelode Lorraine voou por todos os lados e ao redor dela como um manto vivo. Sua risada espalhounotas musicais de prata e ouro ao redor deles. Quando ela percebeu, sua respiração ficou presa nagarganta e ela virou a cabeça para olhar para ele, olhos tão brilhantes que rivalizavam com a lua.

— Isso é tão lindo, Andor. Como você fez isso?

Ele montou atrás dela sobre o cavalo de madeira enquanto balançavam, subindo e descendopelo céu. Seus braços foram ao redor dela, segurando-a com firmeza para que não houvessechance de ela cair.

— Você vai ser capaz de fazer isso, —ele assegurou enquanto afastava o cabelo da nuca paraque pudesse colocar os lábios lá.

— Eu adorei a forma como as notas parecem, brilhando assim ao nosso redor.

— É assim que a sua risada parece para mim, —ele admitiu. — Você já esteve em um cavaloquando ele empina? Ou pinoteando?

Ele sentiu sua respiração rápida e, em seguida, o cavalo de madeira se ergueu em suas patastraseiras, chutando o ar com seus cascos dianteiros. Lorraine apertou os braços, mas riu,espalhando mais notas de prata e ouro ao redor deles. O cavalo bufou, respirando com grandesbaforadas de vapor, deixando um rastro atrás deles quando começou a pular, levantando otraseiro e mergulhando a cabeça enquanto saltava pelo céu. Andor os acomodou de volta em umritmo mais calmo, o animal de madeira se movendo com um ritmo fácil que lhe enviava o corpomais e mais contra o dele.

— Você quer voar sem o cavalo? —Ele sussurrou a tentação em seu ouvido.

Ela virou a cabeça para olhar para ele por cima do ombro. Um braço se levantou paraenvolver sua cabeça e ela se inclinou para lhe oferecer os lábios. Não havia como resistir a esseconvite. Ele a beijou e imediatamente seu fogo tomou conta, consumindo-o, levando-os paraaquele lugar que ele nunca imaginou que iria.

Diminutas línguas de fogo lambiam sua pele e espalhavam brasas no céu ao redor deles.Pareciam pequenos vaga-lumes laranjas e vermelhos. Crepitações de eletricidade se adicionavamà música formando uma sinfonia. Ele a beijou repetidamente, adorando a sensação de seu corpose movendo contra o dele, a boca dela tão quente que poderia acender um vulcão.

Faça aquela coisa. Sua voz era pura sedução.

Seu coração bateu com força em seu peito, mas não tão duro quanto seu pênis. Que coisa?

Aquela coisa com as roupas. Acene com a mão para elas desaparecem. Eu quero sentir vocêcontra mim. Como Lady Godiva35 em seu cavalo. Você já ouviu falar de Lady Godiva, não é?

Sua voz era suave e sedutora, puramente sensual. Que homem poderia resistir?

Ele não podia. Daria a ela qualquer coisa que pedisse. Havia uma imagem em sua mente, elade frente para ele, braços ao redor dele, o cavalo se movendo no mesmo ritmo para cima e para

baixo como se ainda estivesse na plataforma do carrossel e andando em seu círculo.

Ele acenou e suas roupas sumiram. Encontrou-se segurando o corpo nu de Lorraine em suasmãos, toda aquela pele macia, suas curvas, suas costas esfregando ao longo de sua frente. Seupênis endureceu contra ela, e ele segurou seus seios nas palmas de suas mãos. Eles cavalgarampor alguns minutos assim, a cabeça dela contra o ombro dele, o corpo dela encontrando aqueleritmo e relaxando nele.

Andor não sabia que poderia sentir essa alegria. Não sabia que havia tal coisa como esse tipode serenidade. A paixão aumentou, mas foi uma longa e lenta escalada em chamas, e ele deixouque os dois pegassem fogo. Ela estava feliz, sua cabeça apoiada em seu ombro, seus polegares semovendo suavemente sobre os mamilos dela, roçando-os em pequenas carícias. Persistentes, masnão exigentes.

Sua respiração se movia para dentro e para fora. Ele a seguiu. Deslizou uma mão pela barrigadela, sentindo cada músculo. Sentindo o quão suave ela era. Absorvendo cada detalhe. Deslizoua ponta do dedo ao redor de seu umbigo. Traçando aquele pequeno círculo, memorizando seucorpo em sua mente. Reivindicando cada centímetro que ele poderia tocar com a palma da mão eabraçar com os dedos. Encontrou a junção entre as pernas dela e seus dedos se arrastaram parabaixo, curvados para dentro, seu polegar achando aquele pequeno botão quente que arrancavasuspiros dela e a fazia se contorcer quando ele roçava e acariciava.

Você está tão quente e escorregadia, Lorraine. Não posso esperar muito mais para estardentro de você. Ele tinha gostado de apenas balançar com ela, indo junto e permitindo que suapaixão ardesse e depois queimasse lentamente, mas no momento em que seus dedos encontraramseu creme quente esperando para recebê-lo, para banhá-lo em toda aquela seda ardente, irdevagar saiu pela janela.

Mais uma vez, a risada suave dela envolveu-os com tanta alegria, que seu coração virou doavesso. Você é tão bonita para mim. Tudo sobre você. Obrigado, sívamet, por dizer sim.

Para o que eu disse sim?

As mãos dela foram para a dele, a que acariciava a junção entre as pernas. Seus dedoscercaram seu pulso e ela moveu seu corpo, mergulhando seus dois dedos nela. Foi uma sensaçãosensual e quente. Ele chegou mais perto dela, seus dedos entrando e saindo, seu polegaracariciando e sacudindo aquele pequeno e doce botão como se fosse a corda de um violino queele estava tocando.

Seus gemidos suaves se moveram através dele como uma melodia preguiçosa. Suave. Doce.Perfeito. Ele acariciou seu pescoço, querendo tomar seu sangue. Não, necessitando tomar seusangue. Beijou a pequena mancha sobre o pulso dela, onde estava chamando por ele. Quente.Selvagem. Sinalizando que ela desejava isso tanto quanto ele.

— Para o que eu disse sim? —Ela solicitou novamente.

— Para mim. Você disse sim para mim, —ele respondeu e então afundou seus dentes nopresente incrível que era Lorraine. O gosto dela explodiu em sua boca, correndo em suas veiascomo um trem de carga. Todo dele. Tudo o que ele precisaria.

Uma nova enxurrada de calor líquido cobriu seus dedos e ela se arqueou para ele epressionou seus seios em sua palma em concha. Ela gemeu, o som de sua voz aumentando omomento erótico, elevando ainda mais sua paixão. O cavalo entre as coxas balançou e dançou no

ar, mantendo as pernas abertas para ele enquanto ele satisfazia seus desejos.

— Eu preciso de você em mim. —Ela sussurrou o pedido, voltando-se para envolver o braçoem torno de sua cabeça. — Eu amo muito isso.

Me diga o que você ama.

O jeito que sou tudo para você. O jeito que você não pode conceber uma vida sem mim.Houve a mais breve das hesitações. Eu me sinto exatamente assim por você.

A admissão veio em uma oferta tímida. Ele queria mais do sangue dela. Muito mais, mas issotinha que esperar. No solo de cura, cercado por seu povo. Não podia imaginar como ele manteriaseu corpo calmo durante a troca, mas não havia outro jeito, não quando ele queria diminuir a dorda conversão de Lorraine.

Ele sabia que outros haviam convertido suas mulheres sem a ajuda e isso foi terrivelmentedoloroso. Havia rumores de que algumas das mulheres mal conseguiram completar a conversão,era um processo que era muito agonizante. Ele não queria isso para Lorraine, não se ele pudesseevitar.

Andor se forçou a parar o fluxo de sangue dela, lambendo os dois pequenos orifícios em seupescoço para fecha-los e entorpecê-los um pouco mais e ela não sentisse dor. Ele virou a cabeçapara a sua e tomou sua boca. Beijar Lorraine era inebriante. Apaixonado. Perfeito.

Ela se derramou em seus beijos, levando-o diretamente para o paraíso. Não havia como seacostumar com aquele sentimento primoroso de sua boca na dele. De sua língua seguindo a dele,dançando com a sua. O doce calor. A paixão escaldante. Ela deu tudo para ele.

— Por favor, Andor.

Seu suave pedido. Ele amava o jeito que ela fazia isso, implorava pelo corpo dele, como seele pudesse se negar. Ela não era uma mulher para esconder seus desejos. Pedia o que queria. Àsvezes exigia. Não importa, ele estava mais do que feliz em obedecer.

— Não se vire. Eu vou te levantar. Você vai pegar meu pau com as suas mãos e guia-lo paradentro de você.

Ela assentiu. Tão ansiosa. Amava como ela não tentava esconder o quanto queria seu pênis.Ele pegou seus quadris e a levantou. Ela segurou o pênis dele nas mãos e guiou a cabeça largaaté a entrada. Estava escorregadia de necessidade, e ele se viu tremendo de prazer enquanto elalentamente se acomodava sobre ele, engolindo-o, seu canal apertado agarrando-o como um tornoenquanto ele deslizava dentro dela. Ela não parou de se acomodar sobre ele até que estavacompletamente sentada e ele enterrado totalmente dentro dela.

Andor passou os braços ao redor dela por um momento, segurando-a contra ele, suas mãossegurando o peso suave de seus seios nas palmas das mãos. Pegou seus mamilos, puxando erolando suavemente. Lorraine era especialmente sensível lá e cada aperto e puxão de seus dedoscausava um arrepio e mais líquido quente escaldante cercando seu membro.

O cavalo se moveu para cima, Lorraine para baixo e Andor preso no meio. Era o melhorlugar para estar. Cada pequeno movimento que ela fazia enviava calor através dele. Seu canalapertou e massageava o seu pau. Seus gemidos suaves acompanhavam o relaxar e o apertar,aquela tortura requintada que lhe deixava sem fôlego e com o corpo no meio da paixão.

Ele suportou as ondas de magia o máximo que pôde e então acelerou o ritmo, o cavalobalançando descontroladamente para cima e para baixo, empurrando-o profundamente dentrodela, aumentando a força dele enquanto empurrava mais forte, sentindo que queimava seu corpo.Chamas lambiam sua pele, sobre ele, por ele, cercando seu pênis enquanto ele a levava mais emais alto.

Seu canal apertou com força o seu pau. A força desses pequenos músculos o derrotoutotalmente. Não havia nenhum alivio enquanto ela fazia isso—o cercou com seu canal apertado eabrasador e então o ordenhou e agarrou com avidez. A explosão veio de algum lugar nasproximidades de seus dedos e subiu pelas suas panturrilhas, seguindo para as coxas. De lá, suasbolas se contraíram e ficaram quentes, sua semente girando impiedosamente em um vulcãoexplosivo. Então seu pau contraiu descontroladamente, estremecendo e pulsando com absolutanecessidade.

Lorraine gemeu alto, chamando seu nome, e a voz dele respondeu com o nome dela, rouco dedesejo, abafado pelo ombro de Lorraine. Ele apertou os braços ao redor dela, mantendo-a seguraenquanto o cavalo do carrossel circulava de volta para encontrar o caminho de casa. Ela suspiroucontente e pressionou de volta contra ele. Ele podia sentir o ar se movendo mais uma vez,entrando e saindo de seus pulmões. Seu batimento cardíaco começou a voltar ao normal.

— Estou tão apaixonada por você, Andor. —Ela olhou para as estrelas. — Continuopensando que vou acordar e descobrir que você não é real, que tenho vivido em meu própriosonho, que não quero acordar e então ter que encarar a realidade da morte da minha família. Issoé possível? Que você não seja real? Que nada disso seja?

Ele pegou o pequeno soluço escondido em sua voz. Inclinou a cabeça e encontrou a junçãoentre o ombro e o pescoço. Ele mordeu. Forte. Forte o suficiente para que ela gritasse.Imediatamente, ele diminuiu a pressão e beijou o local, lambendo-o com a saliva curativa em sualíngua. — Você sentiu isso. Doeria se isso fosse um sonho?

Esse não era o problema principal e ele sabia disso. Ela se sentia culpada, com medo de serfeliz quando perdeu as pessoas que amava tanto. Isso era algo que Andor sempre se perguntava.Sua família havia morrido na mesma época que suas emoções se desvaneceram. Isso tinha sidoparte de sua aceitação da perda? Dessa forma ele não pôde sentir a emoção entorpecente depesar? Não tinha a resposta para isso. Só sabia que ser feliz não tinha nada haver sobre esqueceraqueles que amamos.

— Sívamet. Nós somos felizes quando e onde podemos ser. A perda de sua família não temnada a ver em você se permitir ser feliz agora. Você sabe disso. Intelectualmente, sabe que é averdade. Pode-se ainda estar sofrendo e ainda ter um momento de riso ou paixão compartilhada.Não há culpa em viver quando você perdeu muito. Você vive para eles. Faz sua vida valer apena. Vive para manter a memória deles viva. Vive por si mesmo. Está tudo conectado. Somospequenos e insignificantes. Somos uma pequena parte da tecelagem de um vasto universo, masestamos lá. Fazendo parte de algo muito maior. Um puxão de um fio dessa tecelagem e tudopoderia se desfazer.

Ela inclinou seu peso para ele, um sorriso em sua voz. — Às vezes você diz coisas que sãotão profundas, que não tenho ideia do que você está falando.

— Muitas vezes, nem eu, mas isso fez os irmãos pensarem que eu era muito sábio.

Ela riu. — Eu posso imaginar. Você vai me ensinar a música sobre você que foi cantada em

torno das antigas fogueiras?

— Não. A única razão para cantar essa música é levar Dragomir à loucura. —Suas mãos seestabeleceram em torno de sua cintura. Ele odiava sair de dentro dela, mas estavam chegandoperto da casa e queria limpá-los e vesti-los. Ele a ergueu, limpando os dois em seguida,deixando-os revigorados. Os vestiu novamente, então, quando chegaram mais uma vez naplataforma do carrossel, pareceriam apresentáveis.

— Dragomir merece uma música. Por que ele não tem uma?

— Ele provavelmente tem. Ou tinha. Essas músicas são muito antigas, csecsemõ, facilmenteesquecidas à medida que os mais velhos de nossa espécie morrem.

— Isso é triste.

— É a vida. As gerações mais jovens não querem se agarrar aos velhos hábitos porque achamque a sua maneira moderna é muito melhor. Cantar músicas ao redor de uma fogueira é chatopara a geração mais jovem. Temos crianças pequenas já aprendendo tecnologia. Isso é uma coisaboa, mas o ideal seria que elas pudessem fazer as duas coisas: cantar e aprender com os maisvelhos, assim como abraçar novas tecnologias, esse seria o melhor dos dois mundos. E é issoque estaremos fazendo com os nossos próprios filhos.

— Se você está esperando uma discussão, não vai conseguir uma, —disse ela.

Detestava cobrir o corpo dela, mas tinha que ser feito. A viagem de volta para o carrossel foiboa—ele ainda a segurava perto, o corpo protetoramente envolvendo o dela, mas ele não estavamais dentro dela, onde se sentia que pertencia.

O cavalo voltou para a plataforma e se encaixou no seu lugar, a música imediatamentecomeçou a diminuir. Eles ficaram parados por um momento antes de Andor sair de cima docavalo e, em seguida, gentilmente a levantou e a colocou no chão da plataforma de madeira. Elase agarrou a ele, olhando para o seu rosto, e ele podia ver as estrelas em seus olhos.

— Obrigada, isso foi maravilhoso.

Era impossível perder a sinceridade em sua voz. Ele a beijou gentilmente. —Eu tambémadorei. —Andor olhou em volta. — Acho que temos uma audiência.

Lorraine olhou para baixo e viu uma criança observando-os. Amélia estava ao lado damenina, com um braço ao redor dela. Ambas olhavam para eles com olhos especulativos evelhos demais. Ela lançou lhes um sorriso e depois olhou para além delas quando uma sombrapassou por cima. — Andor? —Não havia como disfarçar o tremor em sua voz, ou o tremor emseu corpo.

— Eu vejo isso, csecsemõ. Você apenas caminha até o jardim e conhece Liv. Claramente,elas estão esperando. Certifique-se de que Emeline esteja fora de vista. Se não, avise-a.

Lorraine assentiu, sem entrar em pânico. Sabia que ela não iria. Ela não era o tipo de mulherque entra em pânico. Olhou para os corvos reunidos em torno das cercas. — Existem muitosdeles. Sempre gostei de gralhas36 e corvos37. Sempre achei eles tão espertos, e quando o solbrilha em suas penas, são lindos, embora um pouco grandes demais.

— Sergey assumiu o controle deles. Os pássaros não são ruins, fazem apenas o que ummestre vampiro está forçando-os a fazer por ele.

— Bem, eles parecem sinistros reunidos assim, —ela apontou. — É como um filme muitoassustador. Eu nunca vi tantos deles reunidos em um único lugar antes.

Ele pegou o queixo dela e a manteve olhando para ele. — Sergey não consegue ultrapassar assalvaguardas. Ele pode ter seus corvos seguindo cada movimento que fazemos, mas ainda assimnão pode nos tocar.

— Essas pobres crianças, Andor. Que maneira de viver suas vidas. Isso deve cobrar um preçoa elas.

— Elas eram crianças de rua. Agora têm uma boa casa, roupas, comida e um lago para nadarquando está quente. Elas têm dragões para voar e um parquinho para brincar. Têm carrosséiscom cavalos e outros animais, e esses carrosséis farão todo tipo de coisas divertidas. E o maisimportante, elas são amadas.

Lorraine pressionou a testa no ombro dele. — Suponho que você está certo. Poderia haveruma maneira de libertar os corvos do poder de Sergey. Eles estariam livres, e todos nós também.

— Mesmo que você não consiga ver seus espiões, Lorraine, eles estão lá. Sempre há olhosneste lugar. É melhor para nós se os vemos.

Ela balançou a cabeça. — Eu discordo inteiramente. Você vai acabar se acostumando comeles estando lá. As crianças vão se acostumar com eles. Em breve, ninguém vai prestar muitaatenção. Se você não consegue ver um inimigo, mas sabe que ele está perto, vai continuarprocurando e isso torna você ainda mais cuidadoso.

Andor piscou. Sua mulher pode estar certa. — Eu não duvido disso. Você pode muito bemestar certa, embora eu espero que não. Sei que Sergey está determinado a nos atacar. Agora,sabendo com certeza que seu irmão ainda vive, a única coisa que posso pensar é plantar umespião entre seus seguidores. Nós tentamos fazer uma coisa dessas na América do Sul. Não foiuma tarefa fácil.

Ela deu um tremor delicado. — Eu não posso imaginar o que essa pessoa teria que passar.

— Eles têm parasitas no sangue deles. Seu sangue é muito parecido com ácido. Destiny,quando criança foi transformada por um vampiro, suportou o sangue do morto-vivo por umlongo tempo, embora naquela época não fosse tão cáustico quanto é agora. Emeline é a únicaoutra pessoa que passou muito tempo com sangue de vampiro a comendo. Era difícil para elapensar com a presença do sangue em suas veias. Ainda assim, isso pode ser feito. Mas é muito ...desconfortável.

Eles saíram da plataforma do carrossel e começaram a atravessar o pátio em direção a Améliae Liv. As duas garotas estavam encostadas em um grande dragão de pedra marrom. Liv tinha obraço em volta do pescoço.

— Ela é uma criança, mas seu companheiro já está ciente dela, —explicou Andor. — ValZhestokly se juntou a nossos irmãos séculos atrás. Ele usa a tatuagem em sua pele declarando aomundo que vive para ela. Val foi feito prisioneiro por Vadim quase imediatamente depois quedeixou os irmãos no mosteiro. Foi torturado e carrega as cicatrizes. A jovem Liv foi dada afantoches e usada para alimentar vampiros. Vadim tentou forçar Val a se unir a eles, primeiro ofez passar fome e depois ofereceu Liv para ele matar. Em vez disso, Val deu a ela uma troca desangue para deixá-la mais forte, permitindo que ela vivesse até o resgate chegar. Naquela época,embora ela mal estivesse começando a puberdade, que é quando um companheiro pode encontrar

outro companheiro, ele foi capaz de reconhecer que Liv era a dele. Ele é o guardião dela.

— Você disse que era difícil para um Cárpato quando ele sabe quem é sua companheira, masnão podem fazer nada sobre isso.

Ele assentiu. — É um tormento como nenhum outro. Val pode ver em cores, embora não emcores brilhantes. Liv recentemente completou onze anos. Levará mais alguns anos até que ascores brilhem para Val. Suas emoções estão lá, mas não como você as experimenta. Eu acho queé apenas o suficiente para sentir culpa por ele não poder sentir mais.

Andor e Lorraine passaram um tempo com as duas garotas, as conhecendo. Andor esteve lápor algumas semanas, mas não falava muito com nenhuma delas. Ele as achou inteligentes erápidas, mas sinceramente, podia sentir o peso terrível da escuridão pressionando os ombros deAmélia. Sabia que Lorraine também sentia isso. Ela olhou para ele como se ele pudesse aliviarseu fardo. Ele balançou a cabeça em pesar. Havia coisas que até um Cárpato não podia desfazer.

Os solos de cura eram enormes e frios debaixo da casa. Um solo negro, cheio de mineraiscintilantes, estendia-se por toda a extensão da casa. Muros baixos de cimento rodeavam oterreno, sustentando os grandes postes que definiam a base do edifício. Logo depois do cimento,havia tábuas de madeira unidas para compor as paredes sob o porão, mas todas as vigas de apoioseguravam rachaduras para permitir a entrada do luar.

Acima dos solos de cura, erguiam-se sacadas que circundavam uma terra escura e rica, demodo que o povo dos Cárpatos podia se reunir para observar os procedimentos que ocorreriaabaixo no solo e se unissem, quando necessário, com cânticos de cura. Era uma plataformaperfeita para eles se acomodarem enquanto uma mulher ou criança humana estava sendoconvertida.

Andor manteve a mão de Lorraine apertada na sua, quando eles assumiram uma posição nomeio dos campos de cura. Viu seus irmãos, todos menos Ferro, espalhados entre os presentes.Val estava lá e com ele, Gary. Ele estava grato por ver o curador no meio deles, apenas no caso.Não tinha ouvido falar de alguma cerimônia que acabou mal, mas não queria correr nenhumrisco.

— Eu preciso remover suas roupas, Lorraine, —disse ele. — Estou ciente de que a maioriados humanos tem um problema com a nudez, e posso assegurar-lhe que farei você parecer comose tivesse usando suas roupas o tempo todo. Está tudo bem para você?

— Não é que eu esteja preocupada com todo mundo vendo meu corpo, —disse ela, comrelutância em sua voz. — Mas quando você tira minhas roupas, isso me faz sentir vulnerável.Com você, eu estou bem com isso, mas ter outras pessoas me vendo desse jeito, me faz sentirparticularmente exposta e desamparada.

— Dou a minha palavra que eles não vão ver você nua.

Lorraine tocou a língua na boca, umedecendo os lábios. Seu coração se apertou com força emseu peito. Ele queria que ela escolhesse. Eventualmente, ele teria que tomar essa escolha dela,mas não imediatamente. Ela assentiu com a cabeça devagar. — Diga-me o que vai acontecer.

— Eu vou te dar a terceira troca de sangue. Seu corpo começará a conversão. Às vezesdemora um pouco mais do que os outros, mas quando começa, ninguém, nem mesmo eu,

conseguirá pará-lo. Nem mesmo para você respirar. Todos aqui cantarão o canto de cura etomarão parte da dor que se espera que você aguente.

— Outras mulheres fizeram isso sem ajuda nenhuma, não foi?

Ele assentiu, preocupado que ela de repente quisesse passar por isso sozinha, e ele nuncapoderia concordar com isso.

Ela soltou a respiração. — Certo. Eu só queria ter certeza de que se todos esses preparativosfalharem, eu ainda poderei fazer isso sozinha. Se outras o fizeram, então eu posso. Só terei queestar preparada para ser muito menos confortável do que nós dois contamos.

Isso fazia sentido. Ele assentiu. — Você está sendo muito corajosa, hän sívamak, e estouextremamente orgulhoso de você.

Ela deu um sorriso nervoso. — Eu não sou tão corajosa. Na verdade, estou questionandominha sanidade. Por outro lado, estou ansiosa para poder fazer todas as coisas legais que vocêpode fazer. —Ela levantou a cabeça para olhar o pequeno grupo de Cárpatos, procurando porrostos familiares. — Esse é todo o nosso exército? Porque Sergey tinha mais corvos do que isso.

— Infelizmente, sim. Somos caçadores e estamos acostumados a confiar em nós mesmos. Obom é que somos verdadeiros antigos. Em nossa sociedade, qualquer pessoa que viva mais dequinhentos anos é considerada um antigo, depois disso, não contamos necessariamente os anos.O tempo flui até que tudo se torne o mesmo. Não medimos os anos seguintes, mas isso nãosignifica que não melhoremos nossas habilidades de combate nem aumentamos nosso poder como passar do tempo.

— Isso me faz sentir melhor. Sergey parece ter muitos homens que ele poderia jogar fora.

Andor suspirou. — Conversei com Tariq especificamente sobre isso e, assim como eu, elesente que negligenciamos considerar o que fazer com os homens psíquicos humanos.Claramente, os irmãos Malinov não tiveram esse problema. Eles estão recrutando-os compromessas de dar a esses homens o que eles mais querem. Os vampiros os enganam fornecendosangue dos Cárpatos, o que os faz sentirem-se mais fortes e mais vivos. Eventualmente, elescapturam um doador, como aconteceu com Val. Ele foi mantido em uma gaiola, drenado, estavamuito fraco, e os homens achavam que eles estavam tomando seu sangue e o tornando maisfraco.

— Isso é terrível.

— Isso não é o pior. Eles são introduzidos na criação de fantoches e, com o tempo, ficaminsensíveis ao o horror que é um fantoche rasgando a carne de uma criança. Ficam aliviados pornão serem eles que serão comidos vivos. Aqueles que são prometidos a imortalidade, conseguemo que querem, mas depois são enviados para serem usados como peões e serem abatidos por umde nós quando Sergey precisa sacrificar alguns números.

— Eu me sinto tão mal por esses homens. Todo mundo tem falhas, e um mestre vampiropoderia facilmente entrar em suas mentes. Ele encontraria uma fraqueza e a exploraria.

Andor assentiu. — Sim, é exatamente isso que ele faria. Converter um macho psíquico édifícil e desnecessário, a não ser quando eles são mortalmente feridos lutando por nós e sabemosque esse é o desejo deles. Normalmente, eles viveriam suas vidas sem nunca saberem queexistíamos e encontrariam a verdadeira felicidade com uma mulher em seu mundo.

— Os Malinovs os encontram através do Centro Morrison, não é? —Lorraine perguntou. —Eles estavam na minha faculdade, o que significa que poderiam ter recrutado alguns dos meusamigos.

— É possível, mas não sabemos disso ainda. Josef deve chegar aqui em breve. Ele está emcontato com Tariq e monitora toda a atividade no banco de dados usado por qualquer psíquicohumano.

Mais uma vez ela levantou a cabeça para olhar os Cárpatos reunidos. Andor estava em suamente, lendo seus pensamentos. Ela tinha empurrado esse momento para o mais perto do nascerdo sol, e já estava com medo de que todos fossem prejudicados por isso, mas ainda nãoconseguia dar a si mesma e a Andor o passo final. Ela queria ser um Cárpato. Queria estar comele, mas estava muito relutante em se deitar sob aquele solo.

— Você está tremendo. Se você não tem certeza, sívamet, não há necessidade de apressarisso. Você pode escolher outra hora.

— Todo mundo já está aqui.

Andor encolheu os ombros. — Eles vão se reunir elevação após elevação até que você estejapronta. Você não estará os afastando se precisar de mais tempo.

Ela virou-se totalmente para ele, uma mão deslizando até o peito para puxar o decote de suacamisa. As pontas de seus dedos roçaram fogo em sua pele enquanto ela nervosamente puxava omaterial. — Eu quero fazer isso hoje à noite. É só que tudo isso é muito opressivo. Eu nãoperguntei a Emeline como é dormir debaixo da terra. Não tive essa oportunidade. Poderia terperguntado a ela ou a Blaze, ou mesmo a Charlotte, embora Charlotte seja meio como umarainha ou algo assim, sendo realeza e tudo mais.

Andor não pôde deixar de rir. — Charlotte nunca pensaria em si mesma como rainha. Nemem um milhão de anos. Isso simplesmente não aconteceria. Ela é uma parte muito importante detodos nós.

— A parte do sangue, que você acha que me assustaria, na verdade é meio sexy. —Sua vozera um sussurro, e quando precisou fazer uma confissão, sussurrou ainda mais baixo. — Se eudissesse a qualquer um dos meus amigos da faculdade, eles pensariam que eu realmenteenlouqueci. Dormir no chão é preocupante, no entanto. Eu não estou certa de que posso superar osentimento de estar sendo enterrada viva. Eu pude aguentar quando você estava parcialmentecoberto de terra, mas o pensamento de sua cabeça ser enterrada me aterrorizava. Realmente meaterrorizava. Eu odiei isso.

— Você deveria ter me contado.

Ela encolheu os ombros. — Não achei que pensaria sobre isso quando me aproximasse dessemomento. E se eu não puder fazer isso?

— Vou te ajudar. Eu a ajudei a beber água algumas vezes quando você não estavaconseguindo porque seu estômago estava muito embrulhado. Você foi incapaz de comer por simesma e os outros ajudaram. Sandu e Gary. Ferro. Todos os três te ajudaram.

— Eles fizeram isso? —Ela fez uma careta para a varanda onde os Cárpatos estavammurmurando baixinho um para o outro, colocando o papo em dia sobre a vida deles.

— Sim. Eles não se incomodaram em contar porque são muito antigos.

— O que isso significa? —Ela perguntou desconfiada.

— Isso significa que eles foram definidos nos velhos tempos. Podem querer abraçar a maisrecente tecnologia, mas ainda acreditam firmemente que uma mulher deve ser querida,valorizada e cuidada, quer ela goste ou não.

— Todas as mulheres gostariam disso.

Ele sorriu para ela e balançou a cabeça. — Elas não gostariam da maneira como fazemosisso, tirando a decisão de suas mãos. Você não gostou do pensamento de que eles alimentaramvocê sem o seu consentimento. Você franziu a testa e foi fácil ler sua expressão.

— Não teria machucado que eles me perguntassem primeiro.

— Esse é o meu ponto, hän sívamak, duvido muito que eles pedirão permissão a suascompanheiras para fazerem muita coisa. Ferro especialmente. Ele é muito antigo e acredita muitofortemente em qual é o seu papel e o de sua mulher. —Ele suspirou e esfregou as têmporas.

Sempre que ele pensava em Ferro, seu coração doía. Sabia que era tarde demais para seusirmãos. Ferro também sabia disso. Ele nunca aceitaria uma mulher moderna, e de maneiranenhuma nasceria uma companheira neste tempo para ele. Mesmo uma mulher dos Cárpatos,criada nos caminhos de seu povo, mas exposta ao mundo moderno e à forma como as mulhereseram hoje em dia, ficaria descontente.

— O que há de errado? —Lorraine perguntou abruptamente. Seu punho fechou firmementeem sua camisa. — Conte-me.

— Ferro planeja partir quando se levantar. Ele retornará ao mosteiro. Afanasiv Balan oacompanhará. Todos se referem a ele como Siv se você não reconhecer o nome. Ele estava nareunião dos antigos. A maioria considera-o extremamente perigoso. Será o guardião de Ferroenquanto puder.

— Então Tariq perderá dois de seus melhores caçadores.

Ela parecia perto das lágrimas e seu coração se revirou. — Eu estou bem ciente disso, mas émelhor Ferro se afastar daqui e ir para perto daqueles que não podem mais sentir afeto por ele,porque ele sabe que você sente isso por ele, e acha que você estará mais segura longe dele.

— Você não pediu a ele para ir embora, não é?

— Ninguém jamais pediria a ele para ir embora, sívamet.

Ela respirou fundo. — Estou pronta. Apenas faça isso agora, Andor. Antes que eu possapensar muito mais e o medo tome conta de mim.

Imediatamente, Andor sentiu a exaltação subir. Em pouco tempo, ela estaria totalmente emseu mundo. Quando eles se levantassem, se levantariam juntos como Cárpatos. Ele encontrou umassento no chão e puxou-a para o seu colo. Ele iria segurá-la enquanto fosse capaz. Era um merotoque de sua mente e suas vestimentas tinham sumido, mas ele as envolveu na névoa de ilusão.Uma mão foi até a nuca, ancorando-a a ele. Ele beijou o caminho do canto da boca até a ponta doseio e depois voltou ao topo da curva. Seus dentes afundaram profundamente e ela gritou.

Seu sangue continha aquele sabor perfeito que ele ansiava. Ele tomou o suficiente para umatroca de sangue e, em seguida, abriu um corte logo acima do seu coração através do músculo epressionou sua boca no corte. O jeito que ela movia seu corpo para o dele e não hesitava em

extrair o sangue dele para ela, incendiava-o. Deixou se levar, sentindo alegria por ele respondertão completamente a ela.

Quando ele a parou de se alimentar, ergueu o queixo, dela forçando a cabeça para cima paraque pudesse tomar sua boca em um beijo destruidor de alma. Ele sempre a desejaria. Essa mulherque se entregava a ele mesmo quando estava aterrorizada.

Ela tinha bastante sangue dos Cárpatos em seu sistema. Os homens que se amarravam à suaalma eram antigos poderosos. Esse sangue se misturaria com o dele e a conversão começariarapidamente, estava certo disso. E como imaginou, quase dentro de instantes, uma onda dedesconforto percorreu seu corpo.

O corpo de Lorraine está começando a mudança. Eu já sinto isso. Ele enviou o alerta para osoutros. Imediatamente todos responderam, suas vozes invadindo com o canto de cura. Elesusavam o pequeno canto de cura para ajudar uma mulher humana ou, no caso de Liv, umacriança, a entrar em seu mundo. Ele compartilhou sua mente, entrincheirando-se lá para quepudesse monitorar o que estava acontecendo com ela.

Lorraine enfiou os dedos no ombro de Andor, as unhas cortando fundo quando algo queparecia com um maçarico38 girou em seu estômago.

A próxima onda a atingiu ainda mais forte. Então ela estava se contorcendo, convulsionandoenquanto onda após onda de agonia excruciante a tomava sem cessar. De imediato sentiu apreocupação de Dragomir e Tariq.

Isto não era para ser assim tão severo.

Foi a combinação do sangue dos antigos. Muitos de nós, Gary explicou. Eu deveria terconsiderado que isso poderia acontecer. O nosso sangue é muito poderoso. Ela tem que sercapaz de aceitar isso.

Ela não tinha como recuperar o fôlego. Não havia maneira de descansar. As ondascontinuavam chegando, cada uma pior que a anterior. Se ele não a tivesse em seu sagrado localde cura ou os outros Cárpatos que os rodeavam tentando suportar o peso da dor, Andor duvidavaque Lorraine pudesse sobreviver.

Ela vomitou repetidamente, e as toxinas deixaram seu corpo, drenados para o solo. Elemanteve a área limpa, e quando as convulsões apareciam, Andor fazia de tudo que podia para osossos dela não serem quebrados com a violência das convulsões.

A conversão de Emeline não foi tão violenta e ela teve o seu sangue, assim como o meu,curador. Andor concordou com a opinião de Dragomir sobre a avaliação do curador.

Ela não tinha sangue de Ferro. Houve o mais suave dos suspiros que acompanharam essarevelação.

Andor fechou os olhos. Ele deveria saber. A conversão parecia levar uma hora ou mais, cadaminuto parecendo mil minutos. Eventualmente as ondas de convulsões e agonia diminuíram osuficiente para que ele achasse que era seguro colocá-la no chão.

Você foi muito bem, ele a elogiou, beijando as pequenas contas de sangue que pontilhavamsua testa. Você não fez nenhum som, Lorraine.

Meu pai sempre me disse para engolir a dor quando eu a sentisse, mas eu nunca quero

experimentar isso de novo. E se me perguntarem, eu não recomendarei. Esse foi um aviso justo.

Andor agradeceu aos outros Cárpatos, sabendo que a noite estava no fim e que precisavamencontrar seus lugares para dormir. Ele acenou com a mão em direção a sua mulher e os olhos deLorraine se fecharam, seus longos cílios tocando suas bochechas.

Andor deu um suspiro de alívio e abriu a terra profundamente. Flutuou os dois para baixo,sabendo que o sol já estava subindo e os outros se apressaram para chegar ao seus lugares dedormir. A maioria não utilizava os solos de cura para dormir. Era reservado para aqueles emnecessidade. Os Cárpatos se espalharam pelo complexo quando o sol nasceu, e mesmo embaixoda casa, Andor estremeceu, sentindo a queimadura da luz contra sua pele.

Ele afundou no solo rico, colocando Lorraine suavemente de costas. Se deitou ao lado dela eobservou a terra começar a se espalhar por suas pernas. O corpo dela se moveu. Sacudindo-se.Andor franziu a testa e se inclinou sobre ela. Ela deveria estar em um sono profundo. Lá estavaoutra vez, aquela mesma sacudida, as costas se movendo para frente e para trás, como seestivesse esfregando no chão. De repente, seus olhos se arregalaram, os cílios se ergueram.Choque estava lá. Horror. Ele a mandou dormir, mas ela estava sentindo medo. Não apenasmedo. Terror total. Seus olhos olhavam para ele.

— Está solto, Andor, —ela sussurrou. O mesmo horror que estava em seus olhos estava emsua voz. — Foi em suas garras e ele colocou na minha pele. Agora está solto nos locais de cura.Não há como voltar atrás.

Não havia como resolver a situação. Andor sabia que tudo o que Sergey conseguira liberar nosolo curativo teria carta branca por algumas horas. Seu primeiro palpite era que deveria ser umparasita que mataria todas as crianças ou a capacidade de suas mulheres conceberem. Comotodos eles deixaram passar isso? Foi colocado em sua pele. Bem na superfície. A ferida foi limpae curada. Ninguém, muito menos ele, notara nada de errado.

Fechou os olhos e afundou no solo ao lado de Lorraine, encorajando-a a deitar. Durma porenquanto. Nós vamos caçar na próxima elevação.

Capítulo 19

Andor explodiu do solo no depois que checou sua companheira dormindo. Ele queria que elaficasse dormindo, embora uma parte dele temesse que o parasita pudesse entrar nela e impedirque tivessem filhos. Ainda assim, o mais importante era ir à caça. Todos eles.

Precisamos saber o que estamos procurando. Isso foi Tariq e ele não estava feliz.

Andor não podia culpá-lo. Tinham verificado o corpo de Lorraine repetidamente. Ela tinhasido paciente com eles. Queria que eles a checassem. Ele deveria ter prestado mais atenção àspequenas pistas que ela lhe dava. Ela até mencionou que suas costas coçavam, bem entre asomoplatas. Andor achou que a coceira significava que a laceração superficial das garras do corvoestava se curando.

Lorraine estava desconfortável o tempo inteiro. A visão dos corvos parecia incomodá-la maisdo que deveria. Mesmo as crianças não tinham prestado muita atenção a eles. Havia sinais de

aviso, mas ele não os leu corretamente. Nenhum deles havia feito. Emoções entraram nocaminho.

O jelä peje terád. Ele xingou em sua própria língua. Furioso consigo mesmo. Furioso que umdos irmãos Malinov tivesse conseguido enganar cada um deles. Se Tariq for o alvo ... ele selevantou rapidamente.

— Vá se alimentar antes de começarmos a caçar essa coisa. Liguei para Matt e sua força desegurança. Eles sempre estão dispostos a nos fornecer sustento quando necessário. Isso é umanecessidade, —disse Tariq que estava na beira do terreno do solo de cura, examinando-a, asmãos nos quadris.

— Você poderia ser o alvo, Tariq, —Andor advertiu. — Esperou até que Lorraine estivesseno solo. Sergey sabia que eu iria convertê-la, e ele programou essa coisa como um míssil eesperou até que ela estivesse no chão para lança-lo.

— Andor, —disse Tariq pacientemente. — Vá se alimentar.

Andor amaldiçoou novamente. — Você não pode colocar um pé nesse solo. De jeitonenhum. Até a sua força de segurança, e eu não estou me referindo aos humanos, cheguem aqui,não estou arriscando a sua vida.

— No entanto, sua mulher ainda dorme sob o solo.

— Se ele estava mirando em Lorraine, ela já estaria morta e não haveria nada que qualquerum de nós pudesse fazer. Não acredito que ela seja o objetivo. Se fosse assim, ele a teria matadoquando teve a chance. Poderia ter usado aquele corvo para perfurar mortalmente a cabeça delacom o bico. Você sabe disso tão bem quanto eu.

Gary apareceu ao lado de Tariq e Siv emergiu do outro lado, ambos saindo de uma névoa.Gary inclinou a cabeça para Andor. — Sinto muito. Todos nós olhamos só para onde ele sabiaque íamos procurar.

— Poderia ser uma lasca de si mesmo? É possível colocá-lo na pele?

— É possível, claro, mas improvável. Não seria capaz de controlar a lasca. Ele não usaria osolhos ou os ouvidos dela. Não haveria razão, —o curandeiro respondeu. — Você precisa sealimentar, Andor.

Andor não queria que mais ninguém chegasse e mencionasse que ele precisava se alimentar.Então suspirou e se dissolveu, correndo rapidamente para o ar do lado de fora, onde viu váriasforças de segurança humana de Tariq sentadas no chão ou doando sangue a um dos antigos.Escolheu um que parecia saudável e em forma. O homem se virou para ele quando se aproximou.Era costume de Andor acenar com a mão, assumir o controle da mente do doador e apenas sealimentar. Fez isso sem pensar e só percebeu depois que se satisfez que o homem dooulivremente o seu sangue. Ele despertou o homem e agradeceu enquanto o ajudava a sentar nochão.

De repente, Genevieve estava lá, entregando um copo de suco de laranja para o doador. —Por que todo mundo está tão angustiado?

Andor percebeu que esses humanos haviam dados seus destinos nas mãos de Tariq. Cada umdeles concordou em colocar barreiras mentais para impedir que qualquer vampiro soubesse quefaziam parte da força de Tariq. Suas mentes também estavam protegidas de permitir que

falassem sobre vampiros ou Cárpatos para qualquer um que não fosse uma parte reconhecida daforça de segurança. Salvaguardas também foram adicionadas. Até mesmo Genevieve tinhaescudos mentais para impedir que acidentalmente deixasse escapar o que sabia sobre o povo dosCárpatos.

Andor não estava acostumado a viver no meio de humanos ou confiar neles. Tariq fazia asduas coisas. Confiava neles para vigiar o complexo e seus filhos. Lorraine fez uma boa perguntaquando se preocupou com os bebês. Se eles não pudessem ir ao chão com seus pais, quemcuidaria deles? Quem os criaria? Naquele momento, ele entendeu por que humanos como Garytinham sido, antes de se tornar totalmente Cárpato, reverenciado. Eles haviam feito todo onecessário para garantir que nenhum dano ocorresse a um membro da raça Cárpato.

— Lorraine foi atacada por um corvo durante a nossa batalha com os vampiros. Percebemosque toda a luta tinha sido orquestrada apenas para esse propósito. Ele não tinha tentado raptá-la,ou matá-la, mas sim colocar algo nela e trazer esse algo para cá no corpo de Lorraine. —Aproveitou para, enquanto apresentava o cenário para Genevieve, pensar sobre isso.

— Que horrível para Lorraine. Eu não posso imaginar como ela deve ter se sentido.

— Procuramos por algo, todos nós, repetidamente, e não conseguimos encontrá-lo, —continuou Andor. — Todos chegamos à mesma conclusão—que o vampiro havia plantado algonela—mas nenhum de nós, depois de repetidas tentativas, conseguiu encontrá-lo. Olhamos paratodos os lugares, onde ele provavelmente plantaria alguma coisa. Uma lasca. Um parasita. Algoque poderia eventualmente matá-la. Nós olhamos para todos os órgãos, seus ossos, sua correntesanguínea. Nenhum de nós pensou em olhar para superfície de seu corpo, em sua pele, que foionde plantou cuidadosamente o que ele queria que entrasse aqui.

Genevieve deu um pequeno arrepio. Ela esfregou os braços para cima e para baixo com asmãos. — E o que é isso? Qual é seu propósito?

Nenhum deles sabia, a não ser que talvez fosse o parasita que os impedisse de ter filhos.Ainda assim … esperou para infectar o chão. O solo de cura. Se uma mulher estivesse dando àluz, ou grávida, ela provavelmente descansaria naquele solo, que é o melhor que tinha ao seuredor. — Não sei, Genevieve. Esperamos descobrir isso. Nós estaremos procurando, mas nãotemos como saber o que é.

— Como você sabe que está lá, então?

Sua cabeça se levantou. Ele deu um pequeno sorriso para ela. — Você é uma mulherbrilhante, Genevieve. Não admira que esteja protegida com tanto cuidado. Não podemos perdersua grande mente.

Ele se virou e foi embora, voltando para a casa principal e se movendo para baixo dela paraonde Tariq havia montado o terreno dos solos de cura. Os caçadores dos Cárpatos se reuniram.Eles não queriam suas mulheres perto do solo contaminado. Mas era tarde demais para aquelesque jaziam embaixo dela.

— Lorraine pode saber o que procurar. Ela acordou quando escapou de sua pele. Ela teriauma ideia, talvez até conseguisse identificá-lo.

— Se você a acordar cedo demais e ela não estiver totalmente curada, —advertiu Tariq, —ainda pode sentir a dor da conversão.

Era um risco. Os outros esperaram pacientemente que ele decidisse. Soltou a respiraçãolentamente. Tinha que tomar sua decisão com base no que Lorraine faria. Ela iria apreciar serdespertada e informada da situação. Dessa forma, seria capaz de dizer se poderia ou não ajudar.

— Vou acordá-la, —disse ele. Abriu o solo onde sua amada dormia, lembrando-se no últimomomento de limpá-la e vesti-la antes de trazê-la à superfície. Ele a pegou em seus braços,embalando-a perto de seu peito. — Desperte, Lorraine. Precisamos da sua ajuda.

Seus longos cílios tremularam contra sua pele pálida. Levou um momento antes de levantá-los para que ele pudesse olhar em seus olhos verdes. O impacto foi imediato e quase esmagador,um sentimento visceral que atravessou seu corpo. Ela fez isso com um olhar. Ele sorriu para ela,vendo a confusão em seus olhos, sentindo um ligeiro tremor quando ela moveu seu corpo. Eramuito cedo e seu corpo não estava totalmente curado.

Lorraine acordou morrendo de fome, cada célula clamando por alimento. Ele não considerouisso também. Ela estaria acordando sem controle. Eu vou te alimentar, Lorraine. Pegue o que éoferecido livremente. Ele virou o corpo para tentar lhe dar privacidade dos outros. Andor era umhomem grande e a protegeu contra seu peito.

Ela olhou por cima do braço dele e viu os outros. — Diga-me o que está acontecendo.

Ele olhou para o rosto dela. Não havia nada além de preocupação. Certamente, nenhumpânico ou arrependimento de sua decisão.

Eu vou te contar depois de você se alimentar. Ele usou os dentes para abrir o pulso e ocolocou contra a boca de Lorraine, não lhe dando escolha a não ser bebê-lo. Ela pegou em seubraço, segurando-o no lugar, sua necessidade empurrando o medo de alguém a ver se alimentar.Conte-me. O que está errado?

Ao amanhecer, quando te coloquei para dormir. A conversão foi particularmente difícil paravocê.

Houve muita dor, ela concordou.

Ainda há. Ele não podia se dar ao luxo de estar fraco pela perda de sangue. Mas a única coisaque podia fazer era esperar que ela terminasse de se alimentar.

Não como ontem à noite.

Para sua surpresa, ela passou a língua pela laceração e sentou-se em seus braços. — Diga-me,Andor. Algo está terrivelmente errado para todos vocês se reunirem assim, com essas carassombrias.

— Se lembra, quando eu coloquei você para dormir, o que você disse para mim?

Ela franziu a testa, e ele não pôde deixar de dar um beijo em seu nariz, mesmo sabendo queisso poderia ser uma distração. Quando ele levantou a cabeça, seus olhos se arregalaram e umamão foi para a garganta defensivamente. Ela lembrou. Tinha aquele olhar assombrado em seusolhos, aquele que ela tinha toda vez que Sergey era mencionado ou pensava nele.

— Sim. Senti algo se movendo por cima da minha pele. —Sua carranca se aprofundou e eladeu um pequeno aceno de cabeça.

Andor a carregou do centro do solo de cura até a borda onde os outros esperavam. Elesprecisavam ouvir o que ela tinha a dizer.

— Não, melhor dizendo. Estava dentro da minha pele e eu soube no momento em que semexeu que o corvo havia colocado ali. Parecia escuro e feio. Quando se moveu pelas minhascostas, pude realmente sentir minhas células se afastando, tentando evitá-lo.

Sandu assentiu. — Essa é a abominação dos mortos-vivos. Eles são criaturas sem alma etotalmente malignos. Seu corpo Cárpato iria rejeitar qualquer contato.

— Por que eu não senti quando ele colocou essa coisa na minha pele? Tinha que sentir otoque. Entendo que se ele tivesse colocado em qualquer órgão interno eu poderia não sentir, masfoi plantado na minha pele, deveria ter sentido, não é?

— Você sentiu, —disse Andor. — Você algumas vezes coçou entre as omoplatas, e tinha osentimento de que aquele local foi marcado como um alvo. Eu peguei esses pensamentos.

— Talvez, mas deveria ter sentido algo mais, algo sombrio e feio como quando saiu de mim,—argumentou.

Houve um momento de silêncio e então todos começaram a falar de uma vez, elaborandotodos os tipos de teorias. Foi Petru quem levantou a mão pedindo silêncio. Quando os outrosrapidamente se acalmaram, o antigo expressou sua própria opinião. — Você não teria sentidoisso, se no momento em que foi plantado, fosse benigno.

Andor ficou chocado. Ele deveria ter pensado nisso—considerando que tudo o que Sergeyintroduziu em Lorraine não pareceria, de forma alguma, ameaçador ou prejudicial. Ela sentiriaimediatamente sua localização se esse algo fosse maléfico. Lorraine disse que suas costascoçavam, bem entre as omoplatas.

— Incline-se para a frente, csecsemõ, quero olhar para as suas costas, —disse ele. Ele a tinhavisto antes, aquela extensão lisa e suave de pele sedosa.

Lorraine obedeceu imediatamente, e ele empurrou a camiseta para expor sua pele. Os outrosse reuniram para olhar o tecido enegrecido de sua pele. A evidência era condenatória. Sabiamque algo de Sergey havia escapado para o solo de cura—não era mais uma questão deespeculação.

— Você pode nos dizer o que parece, Lorraine? —Perguntou Gary.

— Eu não vi isso. Eu só senti isso.

— Eu entendo, —o curador persistiu. — Mas você deve ter sentido seu tamanho e forma.Chame a memória da mesma forma que fez quando estávamos tentando encontrar o que o corvoplantou em você.

Lorraine não discutiu. Ela sempre parecia pronta para agir quando era uma questão deurgência. Não fez perguntas ou insistiu em respostas que eles não tinham, simplesmentebalançou a cabeça e olhou em sua mente, tentando encontrar o momento exato em que ela estavaciente da criatura que se arrastou em sua pele.

Andor ficou muito quieto em sua mente, esperando para ver a memória, na esperança deajudar com os detalhes. A dor colidiu através dele—através dela, apenas porque ambosrepassaram o evento em suas mentes, deliberadamente chamando a memória exata do queaconteceu.

Ela tentou controlar a dor inspirando rapidamente, puxando ar para seus pulmões que

queimavam. Respirando através das constantes convulsões, a torção de seus órgãos enquanto omaçarico dentro continuava a reconstruir seu corpo. Houve então, aquele momento de pazquando Andor a enviou para dormir. Estava quase lá, afastando-se da dor, tão agradecida quetudo tinha acabado.

No momento em que suas costas se fixaram no solo, ela sentiu outra coisa e sabia que eramaléfico. Era mole, mas ainda assim firme, uma criatura fina e comprida. Pés minúsculos,pareciam uma centena deles, afiados como navalha, pisando nela, arrastando o ferrão sobre suapele. Doeu, mas de uma maneira diferente da conversão. Isso feriu sua alma. Possuía umaespécie de agonia própria.

— Eu soube imediatamente que era o que o corvo de Sergey havia plantado.

Ninguém, muito menos Andor, apontou que o mestre vampiro estava dentro do corvo. Todoseles deixaram passar esse detalhe. Sergey tinha muitos espiões, era impossível identificar umúnico corvo e saber que ele era o líder do exército de vampiros. Agora, todos tinham estudado ocorvo e seriam capazes de selecioná-lo de qualquer rebanho, mas duvidava que Sergey usasse omesmo truque novamente. Ele era esperto demais para um erro tão óbvio.

— Ele abriu minha pele e abriu caminho até a superfície. No momento em que tocou o solocurativo, contorceu-se e golpeou como se estivesse muito furioso. Eu tentei segurar essa coisa.Foi tolice pensar que, ao apertar todos os músculos do meu corpo, eu poderia impedi-lo de entrarno solo, mas o fiz, apenas no caso de poder contê-lo. Eu não pude. —Havia arrependimento eculpa em sua voz.

Andor imediatamente pegou o queixo e levantou o rosto para ele. — Isso não foi culpa sua.Nada nessa bagunça é sua culpa. Nenhum de nós considerou as garras do corvo. Para ser justo,essa laceração em seu crânio foi profunda.

— Ele é muito inteligente, —ela sussurrou. — Assustadoramente inteligente.

— Nós agora temos uma pista do que devemos procurar, —disse Gary. — ObrigadoLorraine. Essa coisa é pequena, qual mais ou menos seu tamanho? Cinco, oito centímetros decomprimento?

— Mais comprido. Quase como uma pequena cobra. Mais de quinze ou dezoito centímetros,mas muito, muito fina, como um lápis, talvez, —explicou Lorraine.

Andor permaneceu quieto. Gary tinha uma maneira de envolver uma pessoa para lhe darmais informações sem perceber que ele estava persuadindo mais detalhes delas.

Gary assentiu. — Mas com patas, como uma centopeia.

Lorraine franziu a testa. — Sim. —Havia um pouco de relutância em sua voz. — Eu senti ospés, como se houvesse muitos deles, mas isso não era necessariamente como ele se movia. Essacoisa se movia mais parecido como uma cobra, contorcendo-se, mas ... —Ela parou.

Gary ficou em silêncio por um momento. Andor respirou superficialmente, observando orosto de Lorraine que se iluminou de repente.

— De lado, a coisa movia-se de lado, como uma cascavel-de-chifres39 se move. Eu podiasentir o roçar de seus pés. Eles eram afiados, como uma tachinha, mas o propósito deles não eraandar. Talvez a criatura usasse como uma forma de parar seu impulso, girar ou arranhar.

— Isso é perfeito, Lorraine. Você nos deu uma boa imagem da criatura. Nós estaremosprocurando, mas esta é uma área enorme para algo tão pequeno se esconder.

— Não se esqueça que tem um ferrão. Eu também senti isso. Não me picou, mas lembro queesperei que isso acontecesse.

— É uma pena que não temos ideia para onde estava indo, —disse Petru.

Ela encolheu os ombros. — Vocês apenas precisam descobrir o seu objetivo principal. Qual éo seu propósito? Depois de saber disso, saberão onde encontrar.

Objetivo principal. Propósito principal. Andor virou aquelas palavras repetidamente em suacabeça. — O que Sergey mais deseja? Ele murmurou as palavras em voz alta.

— Poder, —disse Tariq. — Ele quer governar o planeta. Eu acredito que todo Malinov tinhaesse objetivo.

— Riqueza, —disse Tomas. — Meus irmãos e eu frequentemente comentamos sobre comoos irmãos Malinov prefeririam se dar ao trabalho de roubar do que trabalhar para seu ganho. Elesroubam vidas, eles roubam dinheiro. Eles roubam qualquer coisa que os beneficie.

— Crianças, —opinou Dragomir. — Além disso, o plano era capturar mulheres psíquicas eforçá-las a ter seus filhos e assim podiam facilmente substituir os membros do seu exército queiriam morrendo.

— Não. —Andor balançou a cabeça. — Estamos falando especificamente de Sergey, não deVadim ou qualquer um dos outros, que agora estão mortos.

— Esperamos que eles estejam mortos, —disse Gary.

Todo antigo olhou para o curador. — O que você quer dizer? —Perguntou Mataias. — Claroque eles estão mortos.

— Não necessariamente. Suponha que eles foram convencidos a dar uma lasca de si mesmosao irmão mais novo. O irmão que ninguém achava que tinha algum tipo de inteligência quandose tratava de estratégia de batalha. Ou qualquer tipo de coragem. Suponha que ele cultivasse essaimagem ao redor dos seus irmãos desde muito jovem, e desse jeito pôde convencer seus irmãosde forma individual que precisava de ajuda. Eles então decidem ajudar seu irmão mais novo queé tão fraco. Cada um faria isso sem que o outro soubesse. Se eles colocassem uma lasca em suamente, Sergey teria toda essa inteligência incrível, assim como as lascas de Xavier. Isso tornariaSergey o vampiro mais poderoso, não apenas vivo, mas de todos os tempos.

Tariq balançou a cabeça, mas não disse nada. Os outros pareciam um pouco atordoados, oucomo Andor suspeitava, como ele, chocados. Não era somente possível, como também explicariamuitas coisas.

— Ele planejou isso o tempo todo, —disse Andor. — A coisa toda, a cidade subterrânea, areunião dos exércitos, a lenta aquisição.

— Ele necessariamente não planejava assumir, —disse Gary. — Isso pode ter acontecido pornecessidade. Vadim poderia estar percebendo o verdadeiro gênio da família. Sergey não podiapermitir que seu irmão conhecesse seus planos. Enquanto ele fosse considerado a menor dasameaças, ninguém suspeitaria dele.

— Então, voltamos à pergunta principal, —disse Andor. — O que ele mais quer? Ele raptou

Elisabeta antes que se transformasse em vampiro. Ele a manteve longe de seus irmãos que nemse quer sabiam da existência dela. Não houve rastros de Elisabeta em todos esses séculos, o quesignifica que ele havia preparado lugares para escondê-la. Ele não a levou por um capricho, foicompletamente planejado, a cada passo. Eu acho que é Elisabeta o que ele mais deseja.

— Será que ela é a companheira de Sergey? —Siv especulou.

Andor encolheu os ombros. — Não temos como saber isso. Nós só podemos tentar mantê-lalonge dele. Ela é luz. Ele é a escuridão. Ela é boa. Ele é totalmente cruel. Acho que aquelacriatura foi enviada por ele para encontrá-la. Ele precisa saber onde ela está.

— Isso está muito longe do modo como eles agem, —disse Lojos. — Vampiros nãocostumam ter esse tipo de fixação em uma mulher. Mesmo se ela fosse sua companheira, ela nãopoderia mais ajudá-lo.

— Não, mas ela pode lhe dar as coisas que ele não tem. Cor. Até emoção. Faz sentidoquando sabemos que Sergey se manteve muito melhor do que os outros, —disse Gary. — Seucorpo nem se quer apodreceu como todos os seus irmãos.

Andor tinha que concordar. — Sergey sabia que Lorraine era minha companheira e humana.Ele também sabia que eu iria protegê-la. Fez questão de fazer todos pensarem que raptá-la eraseu objetivo, mas ele queria que ela fosse trazida para este complexo, porque quando eu aconvertesse, ela seria colocada no solo curativo, onde Elisabeta já está deitada em sonoprofundo.

— Você realmente acredita que um vampiro é capaz desse tipo de planejamento? Usar umantigo ferido e sua potencial companheira para trazer uma arma ou um farol direto para afortaleza dos Cárpatos? —Perguntou Lojos. — Isso muda tudo o que sabemos sobre os vampirose como suas mentes funcionam.

— Acredito absolutamente, —disse Andor. — E quanto mais nós discutimos, mais tempoessa coisa terá para encontrar Elisabeta.

Os antigos se entreolharam. — Se as informações que temos dessa coisa estão corretas, o quefaremos agora? —Perguntou Petru.

— Nós abrimos ao redor de todo o solo, —disse Tariq. — Procure primeiro e depois isole aárea se a criatura não for encontrada naquele lugar.

Ele flutuou acima do solo curativo e começou a cortar um grande cubo de terra a esquerda docentro. O cubo subiu no ar e foi colocado diretamente no piso de cimento, longe da vastaextensão do solo curativo.

— Quem mais está no chão? —Perguntou Andor, colocando Lorraine cuidadosamente sobreo piso de cimento a uma curta distância do cubo

— Ferro. Liv normalmente também dorme aqui, mas ela acorda antes do resto de nós. Elagosta de brincar com os irmãos, —respondeu Tariq.

— Será impossível saber onde Ferro está dormindo, —afirmou Benedek. — Mesmo dentrodo mosteiro, nunca sabíamos onde ele dormia. Sempre foi muito cuidadoso.

— Devemos considerar acordá-lo, —disse Tariq enquanto andava pela sala.

Antes que ele pudesse dizer outra palavra, ou os outros pudessem responder, o solo do lado

direito, acima de onde Andor tinha certeza de que Elisabeta dormia, jorrou como um gêiser.Grandes colunas de terra fina se espalharam pelo ar. Ferro surgiu disparado e depois virou-se emergulhou ao lado da parede de cimento, de volta para o solo profundo nas áreas de cura.

— A criatura. Eu vi apenas por um momento, —disse Andor, e seguiu o exemplo de Ferro.Ele escolheu um lugar à frente de onde achava que o horrível pequeno organismo, meio réptil,meio artrópode40, totalmente maléfico, poderia estar.

Atrás dele, os outros antigos se espalharam, cada um escolhendo um lado do perímetro,formando um grande círculo onde esperavam encurralar a criação de Sergey.

Andor começou a separar a área que escolhera proteger. Cada um dos antigos enviou a Ferrosuas coordenadas. Ele era o perseguidor ativo. Ninguém sabia exatamente em que estado eleestava, mas isso não importava. A criatura havia perturbado seu sono e ele já estava o caçando.

Certifiquem-se de que cada parte do solo que vocês peguem para procurar, vocês deixempara trás um feitiço sagrado, isolando o solo, dessa forma a criatura não poderá entrar na parteda terra que já foi analisada. Ele é pequeno e pode se esconder facilmente neste vasto complexo,Ferro advertiu.

Você sabia que estava dormindo tão perto de Elisabeta? Andor perguntou curioso. Ferro àsvezes sabia coisas que os outros não sabiam. Ele poderia ter tido uma premonição de que Sergeytentaria atacá-la.

Sim, sabia, fiz de propósito.

Andor tomou isso como confirmação de que Ferro tinha tido algum tipo de premonição deque Elisabeta seria alvo do mestre vampiro. Andor se moveu pela terra, peneirando-a comcuidado, esperando que, se encontrasse a criatura e não conseguisse pegá-la, poderia empurrá-laem direção a Ferro.

Sabíamos que ele acabaria tentando recapturar Elisabeta. Tariq juntou-se à conversa. Nóspensávamos que ele esperaria ela acordar dos solos de cura.

Ele chama por ela, disse Ferro. Sua voz imunda permeia o solo de cura. Acredito que acriatura está enviando ordens na esperança de acordá-la.

Talvez sim, Gary disse, mas pelo que Lorraine descreveu, a coisa ruim é mais do que umdispositivo de alerta ou um alarme de despertar. Tem um ferrão e pode usar os pés para atacarum inimigo. Imagino que exista uma substância venenosa em cada um desses pés ou no final doseu ferrão.

Senti o chicote desse ferrão, concordou Ferro. Injetou alguma substância em mim, ou tentou,no momento em que senti seu corpo se chocar contra o meu. Sabia que era algo ruim que Sergeyenviou para tentar chegar a Elisabeta. Eu me movi rápido, mas infelizmente, a criatura é comoum raio e eu ainda estava parcialmente paralisado. Minhas feridas foram ... graves.

Você acredita que ele quer matá-la? Que ele prefere ela morta do que deixá-la conosco?Perguntou Tariq.

É sempre possível, mas particularmente não acredito nisso, disse Ferro.

Andor teve que concordar com Ferro. Sergey teve muito tempo para matar Elisabeta. QuandoDragomir a encontrou presa na jaula, Sergey poderia ter escolhido aquele momento para terminar

sua vida, mas ele não fez. Isso permitiu que os Cárpatos a salvassem. Talvez, na época, ele nãoacreditasse que seriam capazes de tirá-la da jaula, pois precisava-se de um feitiço para libertá-la.Além disso, Elisabeta desaparecia se camuflando nas pedras da parede do fundo de sua gaiola,dificultando ajudá-la. Mas com o conhecimento de uma jovem maga, conseguiram fazerElisabeta confiar o suficiente para aceitar ajuda e dessa forma a maga pode usar o feitiço que alibertou.

Ferro, talvez fosse sensato deixar a caça para os outros e permitir que Gary cure seusferimentos adequadamente, Tariq se aventurou.

Andor achou que era significativo que Tariq tivesse tato com Ferro. Mostrava que o homemera um bom líder, muito consciente de todos ao seu redor. Mesmo por aqueles que não oconheciam, Ferro era respeitado. Era merecedor de respeito e ele usava isso a seu favor tãofacilmente quanto usava sua pele.

Talvez depois que eu tenha encontrado e destruído está criatura do mal, e não haja nenhumaameaça para nossas mulheres e crianças, Ferro respondeu.

Andor não ficou surpreso com a resposta dele. Ferro nunca consideraria seu bem-estar antesda segurança dos outros. Andor estava vinculado a Gary e podia sentir a preocupação dos outros,embora Gary, Sandu ou Ferro não pudessem sentir. Ele entendeu melhor o que Lorraine tentaraexplicar a ele. Não importa a idade deles, havia um desligamento, não era que eles não tivessememoções, o problema era que eles não poderiam senti-las.

Andor sabia que não adiantaria tentar dissuadir Ferro de sua decisão. Restava a todos elesaceitar e continuar fazendo sua parte. Ele peneirou a terra—e havia muito disso para fazer.

Por que o Ferro está tão triste? A voz de Lorraine o acariciou, escovou com o veludo de suavoz, a suavidade de seu amor crescente por ele.

Eu não detectei tristeza.

Ele esconde isso até mesmo de si mesmo. Você sente exatamente o que ele quer que vocêsinta, que não há nada demais, mas vá mais fundo, Andor. Ele está muito triste. Uma grandetristeza. Eu não gosto disso. Você acha que ele planeja esperar o amanhecer?

Ele não podia imaginar Ferro fazendo uma coisa dessas. Como eu disse antes, ele planejavoltar ao mosteiro.

Andor não podia ver Lorraine, mas sabia exatamente qual expressão estaria em seu rosto. Elequeria abraçá-la. Não há como parar Ferro depois que ele se decide, csecsemõ.

Como ele encontrará sua companheira?

Ele não acredita mais que seja possível.

Claro que é possível. Você me encontrou. Ou eu te encontrei. Tanto faz. Nós nosencontramos. Se ele for para o mosteiro, morrerá de puro tédio.

Alguns de nós aprendemos a meditar.

A meditação é para os pássaros. Sério, Andor, tentei várias vezes e não funciona. Eu meencontrei tão entediada que queria dormir. Posso ter dormido.

É preciso disciplina.

Eu acho que os monges mentem sobre meditação e seus benefícios, a fim de manter aquelesque gostam de conversar em silêncio e parar de tanto tagarelar e enlouquecer os outros. Eu voufalar com ele.

Andor tinha que admitir para si mesmo que, por algum motivo, seus irmãos aceitavamLorraine quando mal confiavam em mais ninguém. Havia muito poucos permitidos em seucírculo. Ela tinha influência nos outros antigos. Eles certamente a respeitavam. Era possível queela conseguisse convencer Ferro a ficar quando nenhum outro poderia. Por outro lado, se Ferrosentisse que estava perto demais daquele limite de perigo, de se transformar, então seria muitomelhor que ele partisse.

Nem pense nisso. Nem por um momento.

Sívamet, você não tem como entender o quão ruim o tormento pode ser. Ferro não acreditaem encontrar uma companheira que possa aguentar a viver com ele.

Você sabe o quão ridículo é pensar assim?

Nós somos dos tempos antigos, quando as coisas eram muito diferentes.

Sim você é. Andor, você é daqueles tempos e nós encontramos um ao outro. Sou moderna.Dragomir é dos tempos antigos e Emeline é moderna. Você me disse que as companheirascompletam suas outras metades. Que tudo o que um precisa o outro fornece. Como exatamentevocê ou Ferro pensam que ele teria se tornado incapaz de providenciar às necessidades de suacompanheira?

Sua mulher era inteligente. E tinha razão. Ele não pôde se controlar e compartilhou seuspensamentos com Ferro. O que você acha?

Eu acho que sua mulher está te deixando mole. Cace esse inseto hediondo. Mande-o emminha direção.

Ainda assim, apesar de toda a aparente rejeição de Ferro à teoria de Lorraine, Andor sentiuque o antigo a ouviu. Pelo menos havia uma esperança, de que talvez, Ferro agora desse a mesmaatenção à procura de sua companheira do que estava dando a criatura reptiliana que Sergey haviaenviado a eles.

O jelä peje terád, a voz de Sandu estalou, no caminho comum dos Cárpatos. Essa coisatentou me picar. Eu o chutei acidentalmente.

A posição de Sandu estava à direita de Andor. Ele se moveu muito lentamente naqueladireção, usando todos os seus sentidos, não apenas os olhos. Um leve deslocamento de solo veioda direita como se algo muito pequeno deslizasse em sua direção. Andor ficou parado. A coisachegava cada vez mais perto.

Sandu, faça algum barulho. Petru, você também. Apenas um pouco como se vocês estivessemtentando ser sorrateiros.

Eu estava sendo sorrateiro antes, mas isso não acabou sendo uma coisa boa quando eu aencontrei.

Andor suprimiu a necessidade de rir. Ele estava ouvindo atentamente, sentindo a coisa agora.Estava determinado a empurrar a criatura na direção de Ferro, para que o outro Cárpato pudessecapturá-la ou matá-la, mas agora havia surgido uma ideia para agarrar a coisa. Andor estava

ciente dos pés de navalha e do ferrão venenoso na cauda. Precisava de algo além de suas mãospara pegá-lo.

O espião de Sergey cavou através do solo, vindo direto para ele. Com a sua mente, Andorcriou uma tela de malha fina que poderia se desmanchar quando a criatura entrasse em umapequena gaiola e se refazer em seguida. Quando teve certeza de que a coisa estava a apenasalguns centímetros da longa e fina gaiola, Andor ficou imóvel.

Ferro, agora vem em minha direção depressa.

Ferro reagiu instantaneamente, empurrando com força o solo. Andor ouviu a criatura atingiro final da gaiola e ele refez a malha para prendê-la no lugar. Consegui. Chegando à superfície.Lorraine, você fica longe. Andor explodiu na terra, a gaiola balançando na mão dele.

O som que o réptil fazia era horrível—um grito estridente que só poderia ser um aviso para oseu criador de que ele não cumpriu sua missão. Andor o silenciou imediatamente com um acenode mão. A coisa olhava para ele com olhos cruéis. Puxando os lábios para mostrar dentesperversos, em forma de agulhas, o bicho sibilou para ele. O som era abafado, impossível de ouvira não ser que estivesse muito perto da gaiola.

Ferro emergiu, seu olhar no réptil em forma de serpente que Sergey havia enviado. — Tempés, assim como Lorraine disse.

Todos observaram quando começou a deslizar os pés para frente e para trás em uma tentativafrenética de cavar através do chão da gaiola. — O que é isso?

— Eu acho que um localizador, —disse Andor. — Acredito que o réptil possui um sistemade procura e faria de tudo para chegar a Elisabeta.

— Claro que ele quer Elisabeta. —Ferro parou de olhar para criatura estranha e se virou paraAndor. — Seu maior desejo. Ele não iria querer perdê-la. Ela o sustentou emocionalmentedurante todos esses longos anos.

Quando ele se virou, Andor pôde ver a extensão dos ferimentos de Ferro. Havia dois queeram claramente ferimentos mortais e precisavam ser curados. Ele olhou para o curador. Gary jáestava de olho nos ferimentos do antigo. Ele sabia que os curadores tinham dificuldade em estarperto dos feridos sem ajudá-los. Aparentemente, Gary não era diferente.

Andor estudou o grande Cárpato com preocupação. Ele havia sido dilacerado pelo mestrevampiro. Os mortos-vivos definitivamente lutaram pela sobrevivência. Sabia que poucos antigossem companheiras aceitariam a ajuda de outro. Não, a menos que a situação fosse muito terrível,eles não tinham outra escolha, ou era pedir ajuda ou morrer. Pela aparência dele, Ferro escolheraa morte, mas ali estava ele, sentado no meio do terreno dos solos de cura.

— Eu pensei que Gary tinha visto suas feridas, —disse Andor.

— Eu fiz o melhor que pude para trazê-lo até aqui, —Gary respondeu quando Ferropermaneceu teimosamente em silêncio. — Mas ele foi direto ao chão.

— Ferro, precisamos de cada caçador agora, —disse Tariq, sua voz suave.

Ferro lançou-lhe um olhar.

— Não seja um bebezão, —Andor estalou. — Grande coisa, um curador ter que ajudá-lo. Eutive três feridas mortais. Você tem apenas duas. Duvido que você tenha tanta necessidade dele

quanto eu tive.

— Pare de choramingar. Sua companheira transformou você em um homem velho, fraco emole.

— Não precisa ficar com inveja de que eu tenha tido ferimentos muito mais graves e aindasofri estoicamente.

— Eu pensei que os ferimentos em vocês dois eram mortais, —disse Lorraine. — Isso nãosignifica que vocês dois morreriam com elas? Como podemos considerar um ferimento maismortal que outro?

Gary derramou seu espírito e saiu de seu corpo, entrando em Ferro antes que o antigopudesse protestar.

— Ninguém pode, —disse Ferro.

— É claro que pode, —disse Andor. — O vampiro mestre que eu lutei quase me eviscerou.Acredite, ter suas tripas arrancadas não é divertido.

— Suas entranhas não foram arrancadas, —Sandu apontou. — E isso só significa que vocêfoi mais lento que o vampiro.

A onda de riso de Lorraine fez valer a pena fazer de si mesmo um tolo tentando distrair Ferroenquanto Gary o curava.

Os pés da desagradável criaturinha não paravam de cavar o tempo todo e as marcas de garrasno chão da gaiola eram profundas agora. Andor sacudiu a cabeça. — Você não vai fugir.

No momento em que ele pronunciou essas palavras, o réptil olhou para ele em silêncio. Ospés pararam de se mover. A cauda com o ferrão venenoso se levantou e golpeou a si mesmo nascostas. A boca se abriu em um grito silencioso e a coisa caiu de lado.

— Deve ter envenenado o chão, —aventurou Ferro.

— Eu duvido. Tinha um objetivo, e isso era chegar a Elisabeta, —disse Andor.

— Ela tem que ser a companheira de Sergey, —disse Sandu.

Ferro sacudiu a cabeça. — Isso é impossível.

— Por que você diz isso? —Andor perguntou. — Faz sentido que ela seja. Por que outromotivo ele a raptaria mesmo quando ela era uma jovem Cárpata? Ela não poderia ter sido maisdo que uma adolescente quando desapareceu. Há relatos que seu irmão, Traian, ficou frenético aprocura dela. Sergey deve ter tido um motivo para levá-la.

— Não duvido que ele tem motivos, —disse Ferro. — Ela tem dons. Mas ela não é dele.

— Você não pode saber disso.

— Eu posso, porque ela é minha. Elisabeta é minha companheira.

Capítulo 20

Lorraine estava deitada na cama da casa que Tariq lhes emprestara graciosamente. Lá fora, aágua do lago lambia a margem. A lua derramava sua luz através da janela aberta diretamente notraseiro muito nu de Lorraine. Andor tinha dificuldade em manter sua mente no assunto que elaestava tão interessada em falar quando apenas a visão dela lhe dava outras ideias.

— Eu não entendo. Se ele sabia que Elisabeta era sua companheira, como ele poderia pensarem ir embora para aquele mosteiro ridículo onde todos vocês estavam trancados sem chance deencontrar suas companheiras?

— Pelo que entendi, nessa última noite que Ferro foi para o solo se curar, os gemidos de dorde Elisabeta ecoaram sob o solo, e ele ouviu a voz dela e soube imediatamente que ela era dele.Ferro mudou sua posição para se deitar mais perto dela, em uma tentativa de dar-lhe conforto.Foi por isso que você sentiu tanta tristeza nele. Ele sentiu a dor de Elisabeta. Compartilhou essador, mais emocional do que física.

Andor passou a mão pelos cabelos dela, sentindo o deslizamento de seda na palma da mão.— Ele se levantará com ela e tentará ajudá-la. Em todos esses séculos Elisabeta não conheceuoutro homem que não seja Sergey. Ela tinha apenas a companhia dele, o cuidado dele. Sergeydisse a ela o que ele queria que ela acreditasse. Ele a alimentou. Tomou conta de todas asnecessidades e exigiu quem sabe o que em troca. Será um longo caminho de cura para Elisabeta.

Lorraine assentiu. — Eu sei. Ela ficará com medo de todo mundo, não teve interações comoutras pessoas. Espero que Ferro tenha paciência infinita

— Ele é o companheiro dela.

— Vamos ficar aqui?

— Acho que eles precisam de nós aqui. Por quê? —Ele inclinou a cabeça para deslizar alíngua sobre a nuca dela, provando sua pele. Ela tremeu e seus quadris se contorceram,chamando sua atenção mais uma vez para seu traseiro nu.

— Eu gostaria de ajudá-la se possível. Sei que seus instintos vão dizer para ela voltar paraSergey, mesmo que ela não queira. Ela realmente sentirá muito medo. Uma vez que Sergeyperceber que ela tem um companheiro, meu palpite é que ele vai querer matar Ferro. Ambos vãoprecisar de amigos.

— Você já tem tudo planejado. —Ele deveria ter sabido que ela faria isso. Lorraine tinhamuita compaixão nela. Outros apenas olhariam para a superfície, julgariam Elisabeta, eles nãotinham ideia qual seria o dano real de viver várias vidas como uma escrava de um homem cruel,muito menos de um vampiro.

— Sim. Eu sinto que somos uma família. Você. Eu. Sandu, Gary e Ferro. Eu sei que parecebobo, já que eles são antigos e não sentem o mesmo por mim. Por nós. Talvez você também nãosinta a mesma coisa por eles, mas eu quero que Ferro saiba que nós o ajudaremos de qualquermaneira que pudermos.

Ele a beijou bem no meio de suas costas e depois acrescentou mais beijos, descendo emdireção ao seu traseiro. Ele a amava. Era impossível não amar Lorraine. — Acredito que vocêestá errada sobre os outros, sívamet. Eles têm um profundo respeito por você. Por mais que elesnão reconheçam exatamente as emoções de fazerem parte de uma família, ainda assim eles ochamam de família aqueles mais próximos.

Aqueles cílios longos varreram suas bochechas e, em seguida, seu olhar verde estava firmeem seu rosto. — Eu me preocupo que Ferro assuste Elisabeta. Só de olhar para ele pode meassustar, então você pode imaginar o que vai fazer com ela. Você acha que ele vai ficar? Agoraque sabe que ela está aqui e precisa dele?

— Eu acredito que ele vai. É difícil dizer com o Ferro. Ele segue seu próprio caminho.Mesmo se ele ficar, csecsemõ, isso não garante um final feliz. Ela deve estar emocionalmentemuito ferida e ele é ... diferente.

— Então, é mais importante do que nunca ficarmos e ajudá-los.

Ele deslizou a mão pela extensão lisa de sua espinha. — Você não pode interferir nasrelações entre companheiros. Essa é uma lei sagrada em nosso mundo.

Ela fez uma careta para ele. — Não tenho intenções de interferir. Guiar talvez, mas nãointerferir.

Andor se viu rindo. Na realidade. A risada espalhou a felicidade por todo o corpo dele. Aalegria tinha cores e dançaram no ar ao redor de sua mulher. Sua pequena carranca setransformou em um sorriso lento e bonito que o sacudiu.

— Tet vigyázam, Lorraine. Sempre. Eu não tinha ideia de que eu poderia amar tanto. Parececrescer a cada elevação. Você me traz esses presentes.

Ela sorriu para ele, seu coração em seus olhos. — Eu te amo mais do que pensei que fossepossível amar, Andor. —Ela rolou de costas. — Me beije. Bem aqui. —Apontou para sua boca.

Ele beijou suas pálpebras. Quando ele levantou a cabeça, seus longos cílios tremularamcontra suas bochechas, então ele os beijou também. Deixou rastros de beijos em ambos os ladosda sua boca. Ele amava sua boca. A forma dela. A textura. Aquele doce fogo que ela derramavaem sua garganta quando o beijava de volta. O calor escaldante com que ela rodeava seu membroquando levava seu pênis em sua boca e lhe trazia prazer além da medida. O jeito que ela ria, seusdentes brancos brilhando para ele, provocando-o, persuadindo a alegria que parecia se espalharatravés dele. Sua boca fazia tudo isso. Essa perfeição.

Ele a beijou, acariciando seus lábios com a ponta da língua até que ela lhe deu entrada.Imediatamente, estava lá, tudo isso, a beleza de sua resposta, instantânea, ardente, seu gostoprimoroso e só para ele. Toda dele. Ela o beijou de volta, seus braços circulando seu pescoço,seu corpo derretendo no dele, dando-lhe tudo—dando-lhe-a.

Andor passou o tempo em sua boca, deixando a necessidade dela, aquela fome terrível, levá-lo. A urgência brutal varreu todo o seu corpo como um incêndio que ele sabia que só ela poderiaapagar. Beijou seu caminho até a garganta, deixando marcas de sua posse, porque esta noite eradele. Deles. Ela havia acordado totalmente Cárpato.

Depois de mantê-la no solo curativo por três dias, sabia que seu corpo era completamente,totalmente Cárpato. Ela era forte. Abraçou o mundo dele. Sua alma estava intacta e issoimportava para ele. Viver importava para ele.

Beijou o caminho para os seios dela. Ele amava forma e tamanho deles. A sensação desuavidade. Sensíveis. Ele fez questão de aproveitar esse fato e também passou tempo lá.Beijando-os. Usando os dentes e a língua. Esperando que ela se contorcesse, seus quadris secontraindo. Sua respiração mudou, um som irregular e profundo que era música para ele.

Beijou o caminho para a junção entre as pernas dela. Ela abriu as coxas à sua insistência elevantou os joelhos ao seu comando. Ele também adorava isso nela. Lorraine estava semprepronta para ele, sempre ágil e disposta a ir aonde ele queria ir. Ela fazia suas próprias exigênciascom a mesma facilidade, impedindo-o de arrastá-lo para mais beijos, ou segurando a cabeçacontra os seus seios. Agora, seus gemidos ecoavam, uma suave melodia de necessidade.

Ela tinha uma fome que combinava com a dele e era feroz sobre isso. Andor amava issotambém. Lorraine era sua companheira em todos os sentidos. Seus gemidos ofegantes lhe diziamque ela estava perto, então ele parou abruptamente, levantando a cabeça para observar seu rosto.Viu fome lá, tudo por ele. Toda dele. Tinha sido um longo caminho, mas ele a tinha agora.

— Vire-se, Lorraine. Eu quero você em suas mãos e joelhos.

Ela lhe lançou um olhar que dizia que preferia que ele se apressasse, mas se virouprontamente. Antes que ela pudesse cumprir a ordem dele, ele juntou a grossa massa de cabeloem seu punho e puxou suavemente. Ela virou a cabeça gentilmente. Ele continuou puxando atéque a cabeça dela subiu e então ela estava em seus cotovelos olhando por cima do ombro paraele. Ele sentou-se muito quieto ao lado da cama, segurando o cabelo dela como rédeas,admirando o modo como seus seios se balançavam, os mamilos se arrastando ao longo doslençóis.

— Você está olhando para algo em particular? —Ela exigiu, sua voz ofendida.

Ele sorriu para ela porque não podia evitar. — Sim. Eu estou olhando para o amor da minhavida. —Seu corpo estava corado com um lindo tom rosa. Seus olhos verdes eram sonolentos.Sexy. Seu traseiro estava no ar, esperando por ele, enquanto seus seios balançavam gentilmenteem tentação. Ela se contorceu. Contraindo seus quadris. Fazendo um círculo lento com eles.

— Estou esperando aqui.

— Eu vejo isso. —Sua palma acariciou seu seio direito. Brincou em seu mamilo, puxandosuavemente. Ele assistiu o encanto acontecer. Como o rosto dela mudou. Sua expressão. Aingestão rápida de ar. Puxando o cabelo dela, ele guiou sua boca para a dele. O fogo estava maisquente do que nunca. Ele afastou a boca da dela, mal um centímetro. — Não se mova, Lorraine.Eu quero você apenas assim.

— É melhor você se apressar, ou eu vou experimentar um dos muitos feitiços dos Cárpatos edeixar você muito atiçado.

Ele não tinha certeza do que isso significava e, em todo caso, não sentia à vontade nenhumade se apressar, então demorou para se mover atrás dela. Pegando o cabelo dela novamente, elepuxou a cabeça em direção a ele até que as costas dela baixaram e seu traseiro estava para cima.Com uma mão abriu suas coxas mais afastadas. Mantendo o cabelo apertado em seu punho paraque ela não pudesse se mexer, começou a usar os dedos e ocasionalmente abaixava a cabeça parausar sua boca, dentes e língua, levando-a para onde ele a queria, mas impedindo que o fogoqueimasse por completo.

— Andor. —Seu nome era um lamento. Um gemido. Ele sorriu e acrescentou os dedos, sópara manter aquela queimadura na borda. — Faça alguma coisa. Qualquer coisa. Depressa,querido.

Ele gostou do nome carinhoso que ela lhe deu. Gostava do jeito que ela implorava, aquelegemido suave que dizia que ela estava muito, muito perto. Ele entrou nela rápido e duro, um

impulso profundo que a enviou direto para a beira do orgasmo.

Imediatamente seu pênis estava cercado por seu canal quente, escaldante. Ela era um fogolíquido, seus músculos o apertando, levando-o para dentro do paraíso Ele se moveu, sentindo osraios de fogo subindo por sua espinha, subindo até os dela. Fechou os olhos para saborear ocalor, para saborear o que ela sentia. Era diferente de qualquer outra coisa, mas ela estava pertode explodir também, de olhos fechados, seu corpo se contorcendo ao redor do dele.

Ela gemeu alto quando as ondas cresceram, tão intensas, se espalhando por seu corpo, demodo que seu canal apertado massageou e agarrou seu membro enquanto ele entrava e saia dela.Pensou ser gentil, mas seu corpo o traiu, assumindo o controle, dando a ambos o que elesqueriam—e necessitavam. Ele segurou um pouco mais as ondas selvagens que o atravessavam eao redor dele. E então o corpo dela contraiu violentamente, apertando-o com perfeição, torcendo-o e agarrando-o até que não restava mais nada nele.

Andor jogou seu corpo por cima dela, desabando sem forças. Ela estava deitada respirandocom dificuldade, seu corpo a sobrecarregando, cobrindo-a. Ele sabia que deveria se mover, masnão conseguia encontrar energia. Levou alguns minutos para controlar seu coração e suarespiração porque, sinceramente, ele não estava se esforçando muito. Gostava de tudo sobre fazeramor com Lorraine, até mesmo o depois disso, onde seus corações batiam fora de controle e seuspulmões queimavam crus.

Ele enfiou os dedos nos dela em ambos os lados da sua cabeça. Lorraine tinha os olhosfechados, Andor levantou a cabeça o suficiente para colocar o seu queixo nas costas dela paraque pudesse observá-la, viu os cílios de Lorraine fazerem aquela vibração que ele achavahipnotizante.

— Estou cansada demais para ensinar autodefesa. Acho que até Bella poderia acabar comigohoje, —ela murmurou.

— Quem você planeja ensinar primeiro? As mulheres ou as crianças? —Ele esfregou amandíbula nas costas dela, e então observou com satisfação quando sua pele ficou arranhadalevemente de sua barba que sombreava sua mandíbula.

— Se as crianças ainda estiverem acordadas quando eu chegar lá, vou começar com elas.Genevieve disse que, se eu os cansasse, ela me pagaria o melhor salário de babá.

— Hum, csecsemõ, você não precisa mais de dinheiro. Somos muito ricos pelos padrõeshumanos.

— Eu realmente não vou aceitar o dinheiro dela, seu bobo. Ela estava me provocando. E eupreciso de uma conta bancária. Todos vocês devem ter uma, se vocês forem viver entre oshumanos.

— Já é ruim o suficiente que Tariq seja fotografado tão amplamente, —objetou ele. — Maiscedo ou mais tarde, ele deve parecer que envelheceu e terá que ir embora para não serdescoberto.

— Deixar sua propriedade para si, para uma identidade que você escolhe antes de fingirmorrer, pode ser feito repetidamente. Não vejo que isso seja um problema, desde que ele sejacuidadoso. Eu preciso respirar. Você vai se mover daí de cima?

— Não. —Sua mão alisou seu quadril, passou pela sua bunda e desceu uma coxa. — Você

tem que aprender a regular sua respiração. Você não vai sufocar. Pense em encher seus pulmõescom ar. Ele virá até você.

— Entendo. Isso é uma questão de treinamento.

— Sim. E você está indo muito bem, Lorraine. Até agora você não entrou em pânico.

— Há outras maneiras de me treinar em preencher meus pulmões, você sabe.

Mais uma vez, ele fechou os olhos para a sugestiva tentação em sua voz. No momento emque ele fechou, a encontrou lá, a imagem dela de joelhos na frente dele, seu pau em sua garganta,segurando lá enquanto ela aprendia que o ar poderia encontrar seus pulmões quando necessário.Seu pênis se agitou de novo. Não demorou muito. O pensamento daquela boca ao redor dele comcalor e fogo o fez mais duro que nunca. Sua mão acariciou seu traseiro novamente e depoisdeslizou para baixo, entre suas pernas, os dedos tocando sobre seu clitóris sensível.

— Você está tentando escapar de ensinar as meninas?

— Sim. Absolutamente. Se você disser que estava me treinando, ninguém poderá dizer nadasobre eu estar atrasada. Eu tenho uma boa desculpa. Posso começar as aulas das meninas amanhãà noite, a menos que eu não tenha conseguido aprender a lição hoje.

Seus quadris se moveram, pressionando sua pélvis mais profundamente no colchão. Elesorriu contra as costas dela. — Eu não sei. Esta lição pode ser muito avançada. Duvido muitoque você consiga isso em uma única aula.

— Estou disposta a fazer o meu melhor.

Ele escorregou de suas costas e rolou, uma mão circulando seu membro grosso. Sua ereçãoparecia pesada, sua necessidade crescendo. Gostava do jeito que ela brincava. O jeito que elafazia tudo divertido, fazendo memórias felizes, tinha tão pouco delas e o pouco que tinha eramtodas sobre ela. Sua companheira. Andor não tinha ideia de como ele sobrevivera sem ela.Quando ela se ajoelhou na frente dele, levou-o em sua boca, engolindo-o profundamente, lábiosesticados em torno dele e seus olhos verdes olhando para ele, não sabia se iria mesmo sobrevivercom ela.

Por enquanto ...

Apéndice 1

Cânticos Curadores Cárpatos

Para entender corretamente os cânticos curadores dos Cárpatos, requerem-se conhecimentosem várias áreas:

1. O ponto de vista dos Cárpatos sobre a cura.

2. O "Cântico Curador Menor" dos Cárpatos.

3. O "Grande Cântico Curador" dos Cárpatos.

4. A Estética Musical Cárpata.

5. Canção de Ninar.

6. A Canção de Curar a Terra.

7. A Técnica de Cantar Cárpata.

1. O ponto de vista dos Cárpatos sobre a Cura.

Os Cárpatos são um povo nômade cujas origens geográficas podem ser traçadas emretrospectiva ao menos tão longe como as Montanhas Urales do Sul (perto dos estepes doKazahstan de hoje em dia), no extremo entre a Europa e Ásia (Por esta razão, os linguistas dehoje em dia chamam a seu idioma "proto-Uralico", sem saber que este é o idioma dosCárpatos). Ao contrário da maior parte dos povos nômades, a vagabundagem dos Cárpatos nãose devia à necessidade de encontrar novas terras de pasto quando as estações e o tempomudavam ou a busca de melhor comércio. Em vez disso, os movimentos dos Cárpatos estavamprovocados pelo grande propósito de encontrar um lugar que tivesse a terra correta, um terrenocom o tipo de riqueza que realçaria enormemente seus poderes de rejuvenescimento.

Com o passo dos séculos, emigraram para o oeste (faz uns seis mil anos) até que ao fimencontraram sua perfeita terra natal... seu "susu"... nas Montanhas dos Cárpatos, que é o longoarco que embalava as exuberantes planícies do reino da Hungria. (O reino da Hungria floresceudurante ao menos um milênio... fazendo do húngaro o idioma dominante da Concha Cárpato...Até que as terras do reino se dividiram em vários países depois da Primeira guerra mundial:Áustria, Checoslováquia, Romênia, Yugoslávia, Áustria, e a moderna Hungria).

Outras pessoas do Sul dos Urales (que compartilhavam o idioma Cárpato, mas não eramCárpatos) emigraram em diferentes direções. Alguns terminaram na Finlândia, o que explica porque o húngaro e finlandês moderno estão entre os descendentes contemporâneos do idiomaancestral Cárpato. Mesmo estando presos por sua escolha, a terra dos Cárpatos, a peregrinaçãocontinuou, enquanto procuravam no mundo as respostas que os capacitariam a manter e criassesua descendência sem dificuldade.

Por causa de suas origens geográficas, a visão dos Cárpatos da cura compartilha muito com amaior tradição euro-asiática do xamanismo.

Provavelmente a mais próxima representação moderna dessa tradição está apoiada em Tuba(e se refere a ela como “Xamanismo Tuvianian”.), Ver o mapa.

A tradição euro-asiática... dos cárpatos aos xamãs siberianos... opinava que a enfermidade seoriginava na alma humana, e só posteriormente se manifestava como diversas condições físicas.Por conseguinte, a cura xamã, embora não descuidava o corpo, concentrava-se na alma e suacura. As enfermidades mais estendidas se entendiam que eram causadas por "a partida da alma"em que toda ou alguma parte da alma da pessoa doente se afastou do corpo (aos reinosinferiores), ou tinha sido capturada ou possuída por um espírito malvado, ou ambas as coisas.

Os Cárpatos pertencem a esta maior tradição xamanista euro-asiática e compartilham seuspontos de vista. Embora os próprios Cárpatos não sucumbiam à enfermidade, os curadoresCárpatos entendiam que os ferimentos mais profundos eram também acompanhados por uma"partida da alma" similar.

Acompanhando o diagnóstico de "partida da alma" o xamã/curador estava portanto obrigadoa fazer uma viagem espiritual aos mundos inferiores, para recuperar a alma. O xamã poderia terque vencer tremendos desafios com o passar do caminho, particularmente lutar com o demônio evampiro que havia possuído a alma de seu amigo.

A "partida da alma" não requeria que uma pessoa estivesse inconsciente (embora essecertamente pode ser o caso também). Entendia-se que uma pessoa ainda podia parecer estarconsciente, mesmo falar e interatuar com outros, e ainda então ter perdido uma parte da alma. Ocurador ou xamã experimentado veria instantaneamente o problema não obstante, em sinais sutisque outros poderiam passar por cima: a atenção da pessoa vagando de vez. Então que, umadiminuição de seu entusiasmo pela vida, depressão crônica, uma redução no brilho de sua“aura", e coisas pelo estilo.

2. O Cântico Curador Menor dos Cárpatos.

Kepä Sarna Pus (O "Cântico Curador Menor") é utilizado para ferimentos que são denatureza meramente física. O curador Cárpato abandona seu corpo e entra no corpo do Cárpatoferido para curar os ferimentos mortais de dentro e fora utilizando pura energia. Ele proclama"ofereço livremente, minha vida por sua vida", enquanto dá seu sangue ao Cárpato ferido.Porque os Cárpatos são da terra e unidos ao chão, são sanados pela terra de seu país natal. Suasaliva com frequência também é utilizada por seus poderes rejuvenescedores.

Também é muito comum nos cânticos Cárpatos (para o menor e o maior), ser acompanhadospelo uso de ervas curadoras, aromas de velas Cárpatas, e cristais. Os cristais (quando sãocombinados com a empatia Cárpata, a conexão física com o universo inteiro) são utilizados paraacumular energia positiva de seus arredores que depois se utiliza para acelerar a cura. Algumasvezes se utilizam covas como local para a cura.

O cântico curador menor foi utilizado pelo Vikirnoff Von Shrieder e Colby Jansen paracurar ao Rafael De La Cruz cujo coração tinha sido quase arrancado por um vampiro no livrotitulado Segredo Sombrio.

Kepä Sarna Pus (O Cântico Curador Menor)

O mesmo cântico é utilizado para todos os ferimentos físicos, "sivadaba" ("dentro de seucoração"), mudaria para referir-se a qualquer parte do corpo que esteja ferida.

Ku’nasz, nélkül sivdobbanás, nélkül fesztelen löyly.

Jaz como dormido, sem pulsado de coração, sem respiração aérea

Ot élidamet andam szabadon élidadért.

Ofereço livremente minha vida por sua vida.

O jelä sielam jǒrem ot ainamet és soŋe ot élidadet.

Meu espírito de luz esquece meu corpo e entra em seu corpo.

O jelä sielam pukta kinn minden szelemeket belső.

Meu espírito de luz envia todos os espíritos escuros de seu interior à fuga.

Pajńak o susu hanyet és o nyelv nyálamet sívadaba.

Pressiono a terra de nossa terra natal e a saliva de minha língua em seu coração.

Vii, o verim soŋe o verid andam.

Ao fim, dou-te meu sangue por seu sangue.

Para ouvir este cântico, visita: http://www.christinefeehan.com/members/

3. O Grande Cântico Curador dos Cárpatos.

O mais conhecido... e mais dramático... dos cânticos curadores dos Cárpatos era En SarnaPus ("O Grande Cântico Curador"). Este cântico estava reservava para recuperar a alma doCárpato ferido ou inconsciente.

Tipicamente um grupo de homens formariam um círculo ao redor do Cárpato ferido(para"lhe rodear com nossa cuidado e compaixão"), e começa o cântico. O xamã ou curador oulíder é o personagem principal nesta cerimônia curativa. É ele quem em realidade faz a viagemespiritual ao mundo inferior, ajudado por seu clã. Seu propósito é dançar estaticamente, canto,tambores, e cântico, tudo enquanto visualiza (através das palavras do cântico, a viagem mesmo), uma e outra vez… até o ponto no que o xamã, em transe, abandona seu corpo, e faz essa mesmaviagem.

(Certamente, a palavra "êxtase" provém do latim ex statis, que literalmente significa "forado corpo.")

Uma vantagem do curador Cárpato sobre muitos outros xamãs, é seu vínculo telepático comseu irmão perdido. A maior parte dos xamãs deve vagar na escuridão dos reinos inferiores, embusca de seu irmão perdido. Mas os curadores Cárpatos "ouvem" diretamente em sua mente avoz de seu irmão ferido lhe chamando, e isto pode atuar como um radiofaro direcional. Por estarazão, o cântico Curador tende a ter um êxito mais elevado que a maior parte das outras tradiçõesdeste tipo.

Algo da geografia do "outro mundo" serve-nos para examinar, a fim de entendercompletamente as palavras de Grande Cântico Curador Cárpato. Faz-se uma referência ao"Grande Árvore" (no Cárpato: En Puwe). Muitas tradições ancestrais, incluída a tradiçãoCárpata, entendem que os mundos... os mundos celestiais, nosso mundo, e dos reinos inferiores...estão pendurados em um grande polo, ou eixo, ou árvore. Aqui na terra, estamos colocados ameio caminho nesta árvore, sobre um de seus ramos. Portanto muitos textos antigos comfrequência se referem ao mundo material como "terra meia", a meio caminho entre os céus e oinferno. Subindo a árvore chegaríamos aos mundos celestiais. Descendendo pela árvore até a

raízes chegaríamos ao reino inferiores. O xamã era necessariamente um mestre em mover-seacima e abaixo pela Grande Árvore, às vezes sem ajuda, e às vezes assistido por (ou mesmomontado à garupa) um espírito guia animal. Em várias tradições, esta Grande Árvore éconhecida de várias formas, o axis mundi (o "eixo dos mundos"), Ygddrasil (na mitologianórdica), Mount Mem (o mundo sagrado da montanha da tradição tibetana), etc. O cosmoscristão com seu céu, purgatório/terra, e inferno, é também uma comparação válida. Mesmo se dáuma topografia similar na Divina Comédia de Dante. Dante é conduzido em uma primeiraviagem ao inferno, para o centro da terra; depois para cima ao Monte Purgatório, que se assentana superfície da terra diretamente oposto ao Jerusalém; depois mais para cima primeiro ao Éden,no alto do Monte Purgatório; e depois mais acima até o último céu.

Na tradição xamanista, entende-se que o pequeno sempre reflete o grande; o pessoal semprereflete o cósmico. Um movimento nas maiores dimensione do cosmos também coincide com ummovimento interno. Por exemplo, o axis mundi do cosmos também corresponde ao espinhodorsal do indivíduo. As viagens acima e abaixo pelo axis mundi com frequência coincidem como movimento das energias natural e espiritual (algumas vezes chamada kundalini ou shakti) noespinho dorsal do xamã ou místico.

En Sarna Pus (O Grande Cântico Curador)

Neste cântico, ekä ("irmão") substituiria-se por "irmã", "pai", "mãe" dependendo da pessoa aser curada.

Ot ekäm ainajanak hany, come.

O corpo de meu irmão é um conglomerado de terra, próximo à morte.

Me, ot ekäm kuntajanak, pirädak ekäm, gond és irgalom türe.

Nós, o clã de meu irmão, rodeamos-lhe com nosso cuidado e compaixão.

O pus wäkenkek, ot oma sarnank, és ot pus fünk, álnak ekäm ainajanak, pitänak ekämainajanak elävä.

Nossas energias curadoras, palavras ancestrais de magia, e ervas curativas benzemos o corpode meu irmão, mantendo-o vivo.

Ot ekäm sielanak pälä. Ot omboce päläja juta alatt o jüti, kinta, és szelemek lamtijaknak.

Mas a alma de meu irmão está somente pela metade. Sua outra metade vaga nos mundosinferiores.

Ot em mekemŋ amaŋ: kulkedak otti ot ekäm ombo’ce päläjanak

Minha grande ação é esta: Viajo para encontrar a outra metade de meu irmão.

Rekatüre, saradak, tappadak, odam, kaŋa o numa waram, és avaa owe o lewl mahoz.

Nós dançamos, nós cantamos, nós sonhamos estaticamente, para chamar a meu espíritopássaro, e abrir a porta ao outro mundo.

Ntak ou numa waram, és muzdulak, jomadak.

Monto meu espírito pássaro e começamos a nos mover, estamos em caminho.

Piwtädak ot No Puwe tyvinak, ecidak alatt o jüti, kinta, és szelemek lamtijaknak.

Seguindo o tronco da Grande Árvore, caímos nos mundos inferiores.

Fázak, fázak nó o’saro

É frio, muito frio.

Juttadak ot ekäm ou akarataban, o'sívaban, és ou sielaban.

Meu irmão e eu estamos unidos em mente, coração e alma.

Ot ekäm sielanak kaŋa engem

A alma de meu irmão me chama

Kuledak és piwtädak ot ekäm

Ouço e sigo seu rastro.

Sayedak és tuledak ot ekäm kulyanak

Encontro o demônio que está devorando a alma de meu irmão

Nenäm coro; ou kuly torodak.

Furioso, luto com o demônio.

O kuly pel engem

Tem medo de mim.

Lejkkadak o kaŋka salamaval.

Golpeio sua garganta com um relâmpago

Molodak ot ainaja, komakamal.

Rompo seu corpo com minhas mãos nuas.

Toya és molanâ.

Esgota-se e cai em pedaços.

Hän cada.

Foge.

Manedak ot ekäm sielanak.

Resgato a alma de meu irmão.

Aladak ot ekäm sielanak ou komamban.

Elevo a alma de meu irmão no oco de minha mão.

Alŋdam ot ekäm numa waramra

Subo a meu espírito pássaro.

Piwtädak ot En Puwe tyvijanak és sayedak jälleen ot elävä ainak majaknak.

Seguindo a Grande Árvore para cima, voltamos para a terra da vida.

Ot ekäm elä jälleen.

Meu irmão vive de novo.

Ot ekäm weńća jälleen.

Está completo de novo.

Para ouvir este canto, visita:

http://www.christinefeehan.com/members/

4. Estética Musical Cárpata

Nas peças cantadas dos Cárpatos (como o "Lullaby" e "Som para curar a Terra"), você vaiouvir elementos que são compartilhados por muitas das tradições musicais da região geográficaUralic, alguns dos quais ainda existem a partir da Europa Oriental (búlgaro, romeno, húngaro,croata, etc) para Romany ("ciganos"). Alguns destes elementos incluem: • a rápida alternânciaentre modalidades principais e secundárias, incluindo uma mudança repentina (chamado de"terceiro Picardy") de menor para maior para acabar com um pedaço ou seção (como no final do"Lullaby"); • o uso do close (apertado) harmonias; • o uso de ritardi (retardando a peça) eCrescendi (aumento em volume) por breves períodos; • o uso de glissandos (slides) na tradiçãocantada;

• o uso de trinados na tradição cantar (como na invocação final do "som para curar a terra"),semelhante ao Celtic, uma tradição de canto mais familiar para muitos de nós; • o uso de quintosparalelos (como na invocação final do "som para curar a terra”); • uso controlado dedissonância;

• "chamada e resposta" canto (típico de muitas das tradições de canto do mundo);

• estender o comprimento de uma linha musical (pela adição de um par de barras) paraaumentar o efeito dramático;

• e muitos mais "Lullaby" e "som para curar a terra" ilustram duas formas bastantediferentes de música Carpathian (um pedaço, intimista e uma peça de ensemble energético), masindependentemente da sua forma, a música Carpathian está cheio de sentimento.

5. Canção de Ninar

Essa música é cantada por mulheres, enquanto a criança ainda está no útero ou quando aameaça de um aborto é aparente. O bebê pode ouvir a música enquanto está no interior da mãe, ea mãe pode se conectar com a criança telepaticamente também. A canção de ninar é paratranquilizar a criança, incentivar o bebê a continuar, tranquilizar a criança ou protegê-la comamor, mesmo de dentro até o nascimento. A última linha, literalmente, significa que o amor damãe que protege seu filho até que a criança nasça ("ascensão"). Musicalmente, a canção cárpata"Lullaby" é em três uartos de tempo ("tempo de valsa"), assim como uma parcela significativa domundo várias canções de ninar tradicionais (talvez a mais famosa seja "Lullaby Brahms"). Oarranjo para voz solo é o contexto original: uma mãe cantando para seu filho, não acompanhada.O arranjo para coro e conjunto musical violino ilustra como até mesmo os mais simples sãomuitas vezes peças dos Cárpatos, e como facilmente se prestam aos contemporâneos arranjosinstrumentais ou orquestrais. (A ampla gama de compositores contemporâneos, incluindoDvořák e Smetana, se aproveitou de uma descoberta similar, de outros de música orientaltradicional europeia em seus poemas sinfônicos.).

Odam-Sarna Kondak (Lullaby)

Tumtesz o wäke ku pitasz belső.

Sinta a força que o mantém dentro.

Hiszasz sívadet. Én olenam gæidnod.

Confie em seu coração. Eu serei seu guia.

Sas csecsemõm, kuńasz.

Silêncio meu bebê, feche seus olhos.

Rauho joŋe ted.

A paz virá para você.

Tumtesz o sívdobbanás ku olen lamt3ad belső.

Sinta o ritmo dentro de mim.

Gond-kumpadek ku kim te.

Ondas de amor cobrirão você.

Pesänak te, asti o jüti, kidüsz.

Protegendo, até que noite chegue.

6. Canto de Cura da Terra

Esta é a canção de cura da terra — que é usada pelas mulheres Cárpatas para curar o solocheio de várias toxinas. As mulheres tomam posição sobre os quatro lados e chamam o universopara recorrer à energia da cura com amor e respeito. O solo de terra é seu lugar de descanso, olugar onde se rejuvenesce, e devem torná-lo seguro não só para si, mas para seus filhos nãonascidos, bem como para seus homens e crianças vivas. Este é um belo ritual realizado pelasmulheres em conjunto, levantando suas vozes em harmonia e convidando os minerais da terra epropriedades curativas para vir e ajudá-las a salvar seus filhos. Elas literalmente dançam ecantam para curar a terra numa cerimônia tão antiga quanto sua espécie. A dança e as notas dacanção são ajustadas de acordo com as toxinas sentidas através dos pés descalços da curadora.

Os pés são colocados num certo padrão e as mãos graciosamente tecem a magia de cura,enquanto a dança é executada. Elas devem ter um cuidado especial quando o solo é preparadopara os bebês. Esta é uma cerimônia de amor e cura.

Musicalmente, o ritual é dividido em várias seções:

• Primeiro verso: A seção "chamada e resposta", onde o líder canta a "chamada" do solo, e,em seguida, algumas ou todas as mulheres cantam a "resposta" na estreita harmonia estilo típicoda tradição musical dos Cárpatos. A resposta repetida é uma invocação da fonte de energia para oritual de cura: "Oh Mãe Natureza"; • Primeiro Coro: Esta seção será cheia de dança batendopalmas e outros meios utilizados para invocar e aumentar a energia em que o ritual é feito; •Segundo verso;

• Segundo coro;

A invocação de encerramento: Nesta parte final, dois líderes da música, em estreitaharmonia, tem toda a energia recolhida pelos padrões anteriores da canção/ritual e a focaminteiramente no propósito de cura.

O que vai ouvir são gostos breves do que seria normalmente um ritual de muito mais tempo,em que o verso e peças são desenvolvidos e o coro repetido muitas vezes, fechado por umainterpretação única da invocação final.

Sarna Pusm O Maγet (Canção para Curar a Terra)

Primeiro verso

Ai Emä Maγe,

Oh, Mãe Natureza,

Me sívadbin lańaak.

Somos suas amadas filhas.

Me tappadak, me pusmak o maγet.

Dançamos para curar a terra.

Me sarnadak, me pusmak o hanyet.

Cantamos para curar a terra.

Sielanket jutta tedet it,

Unimo-nos a você agora,

Sívank és akaratank és sielank juttanak.

Nossos corações, mentes e espírito são somente um.

Segundo Verso

Ai Emä maγe,

Oh, Mãe Natureza

Me sívadbin lańaak.

Somos suas amadas filhas.

Me andak arwadet emänked és me kaŋank o

Prestamos homenagem à nossa Mãe e invocamos

Põhi és Lõuna, Ida és Lääs.

Norte e Sul, Leste e Oeste.

Pide és aldyn és myös belső.

Acima e abaixo e dentro também

Gondank o maγenak pusm hän ku olen jama.

Nosso amor a terra cura o que é preciso.

Juttanak teval it,

Juntamo-nos com você agora,

Maγe maγeval.

Terra para terra.

O pirä elidak weńća.

O círculo da vida está completo.

Para ouvir este canto, visite:

http://www.christinefeehan.com/members/

7. Técnica de Canto Cárpato

Tal como acontece com as suas técnicas de cura, a "técnica de canto" real dos Cárpatos temmuito em comum com as tradições xamânicas de outras estepes da Ásia Central. O principalmodo de cantar era usando sons secundários com a garganta. Exemplos modernos dessa maneirade cantar ainda podem ser encontrados nas tradições da Mongólia, Tuvan e tibetano. Você podeencontrar um exemplo de áudio dos monges budistas tibetanos Gyuto cantando em:http://www.christinefeehan.com/carpathian_chanting/

Tal como acontece em Tuva, note no mapa a proximidade geográfica do Tibete aoCazaquistão e sul dos Urais. A parte inicial do canto tibetano enfatiza a sincronização de todas asvozes em torno de um único tom, visando à cura de um "chakra" particular do corpo. Isso étípico da tradição do canto Gyuto, mas não é uma parte significativa da tradição dos Cárpatos.

No entanto, ele serve como um contraste interessante. A parte do exemplo do canto Gyuto

que mais se assemelha ao estilo de cantar dos Cárpatos é o meio, onde os homens estão cantandoas palavras juntas com muita força. O objetivo aqui não é gerar um "tom de cura", que afetará"chakra" em particular, mas sim para gerar energia, tanto quanto possível para o início do "forado corpo", viagens e para combater as forças demoníacas que o curandeiro/viajante deveenfrentar e superar.

As canções das mulheres dos Cárpatos (ilustrado pelo "Lullaby" e a "Canção para curar aterra") fazem parte da mesma música antiga tradição de cura e como o Canto de Cura e o cantodo Grande caçador guerreiro. Você pode ouvir alguns dos instrumentos em ambos os cantos: o"canto de cura dos guerreiros" e a "Canção para curar a terra." Das mulheres. Além disso, elescompartilham o objetivo comum de gerar e dirigir poder. No entanto, as canções das mulheressão distintamente feminino. Uma diferença imediatamente perceptível é que, enquanto oshomens falam de suas palavras na forma de um canto, as mulheres cantam músicas commelodias e harmonias, suavizando o desempenho global.

Uma qualidade feminina, que cria é especialmente evidente. Proteção, uma qualidadefeminina, que é especialmente evidente no "Lullaby".

Apéndice 2

O Idioma Cárpato

Como todos os idiomas humanos, o idioma dos Cárpatos contém a riqueza e matiz que sópode vir de um longo histórico de utilização. No melhor dos casos só podem tocar levianamentealguns dos traços principais do idioma neste breve apêndice:

A História do Idioma CárpatoGramática Cárpato e outras características do idioma.Exemplos do idioma CárpatoUm dicionário Cárpato muito abreviado.

1. A História do Idioma Cárpato.

O idioma Cárpato de hoje em dia é essencialmente idêntico ao idioma Cárpato de fazmilhares de anos. Uma língua "morta" como o latim de faz dois mil anos que evoluiu a umidioma moderno significativamente diferente (italiano) por causa de incontáveis gerações defalantes e grandes flutuações históricas. Em contraste, muitos dos falantes do Cárpato demilhares de anos estão ainda vivos. Sua presença... junto com o isolamento deliberado dosCárpatos das demais forças maiores de mudança no mundo, atuou (e continua atuando) comoforça estabilizadora. A cultura Cárpato também atuou como força estabilizadora. Por exemplo, asPalavras Rituais, os vários cânticos curadores (ver apêndice 1), e outros artefatos culturais forampassados durante séculos com grande fidelidade.

Uma pequena exceção deveria ser tomada em conta: A extensão dos Cárpatos em várias

regiões geográficas separadas conduziu a algumas dialetizações menores. Entretanto os vínculostelepáticos entre todos os Cárpatos (ao igual à volta regular de cada Cárpato a sua terra natal)assegurou que as diferenças entre dialetos sejam relativamente superficiais (ex: umas poucasnovas palavras, diferenças menores na pronúncia, etc). Devido a mais profunda e internalinguagem de mentes as fórmulas permaneceram iguais por causa do uso contínuo através doespaço e o tempo.

O idioma dos Cárpatos era (e ainda é) o proto-idioma para a família de idiomas dos Urales(ou Finno-Ugrian). Hoje em dia, os idiomas urales se falam no norte, este e centro da Europa ena Sibéria. Mais de vinte e três milhões de pessoas no mundo falam idiomas cujas origens podemser rastreadas até o Cárpato. Magyar ou Hungria (ao redor de quarenta milhões de falantes,Finlândia (ao redor de cinco milhões) e Estoniana (ao redor de um milhão), arco dos trêsmaiores descendentes contemporâneos deste proto-idioma. O único fator que une aos mais devinte idiomas na família ural é que suas origens podem ser traçadas de volta a um proto-idiomacomum... o Cárpato... dividiu-se (faz ao redor de seis mil anos) nos vários idiomas da famíliaural. Da mesma forma, os idiomas europeus ao igual ao Inglês e o Francês, pertencem a bemconhecido família indo-europeia e também provêm de um proto-idioma comum (um diferente aoCárpato) A seguinte tabela proporciona um sentido para algumas das similitudes na família deidiomas.

Nota: A Finnic/Cárpato "k" se corresponde com frequência com a "h" húngara. Igualmente aFinnic/Cárpato "p" com frequência corresponde a "f" húngara.

TABELA 1

2. Gramática Cárpato e outras características do idioma

Idiomas. De uma vez um idioma ancestral é um idioma de pessoas que estão sobre a terra, osCárpatos estão mais inclinados para o uso de idiomas construídos desde términos concretos,"terrestres", em vez de abstrações. Por exemplo, nossa moderna abstração "apreciar" é expressamais concretamente no Cárpato como "manter no coração", o "mundo inferior" é, no Cárpato, "aterra de noite, névoa e fantasmas"; etc.

Ordem de palavras. A ordem das palavras em uma frase está determinada não por róis desintaxe (como sujeito, verbo e objeto), mas sim por fatores pragmáticos e propulsados pelodiscurso. Exemplos: " Tied vagyok." ("Seu sou eu"); " Sívamet andam." ("Meu coração te dou")Aglutinação. O idioma Cárpato é aglutinativo; quer dizer, palavras mais longas, sons construídosde componentes menores. Um idioma aglutinador utiliza sufixos e prefixos que cujo significadoé geralmente único, e que estão encadeados uns atrás de outros sem encontrar-se. No Cárpato, aspalavras consistem tipicamente em uma raiz que é seguida por um ou mais sufixos. Por exemplo,"sívambam" deriva da raiz "sív" ("coração") seguida por "am" ("meu," convertendo-o em "meucoração"), seguido por "bam" ("ien," convertendo-o em "em meu coração"). Como podeimaginar, a aglutinação no Cárpato algumas vezes produz palavras muito longas, ou palavras quesão difíceis de pronunciar. As vocais conseguem serem inseridas entre sufixos, para evitar quemuitas consonantes apareçam em fila (que podem fazer a palavra impronunciável).

Tipos essenciais. Como todos os idiomas, O Cárpato tem muitos tipos de essenciais, omesmo substantivo será "soletrado" de forma diferente dependendo de seu rol na frase. Algunsdos tipos de substantivos incluem: nominative (quando o substantivo é o sujeito da frase),acusativo (quando o substantivo é um objeto direto do verbo), dativo (objeto indireto), genital

(ou possessivo), instrumental, final, supressivo, inesivo, elativo, terminativo e delativo.

Utilizaremos o tipo possessivo (ou genital) como exemplo, para ilustrar como todos os tiposde substantivos no Cárpato acrescentam sufixos à raiz do substantivo. Então expressando posseno Cárpato... "minha companheira", "sua companheira", "sua companheira", etc ... acrescentaum sufixo particular (tal como "am") à raiz do sufixo (" päläfertiil"), para produzir o possessivo("päläfertiilam"—"minha companheira"). Que sufixo utilizar depende da pessoa ("meu", "teu","dele", etc), e de se o substantivo terminar em consonante ou vogal. A seguinte tabela mostra ossufixos por substantivos em singular (não em plural", e também as similitudes dos sufixosutilizados no húngaro contemporâneo. (O húngaro é de fato um pouco mais complexo, no quetambém se requer "ritmo vocal", que sufixo utilizar também depende da última vogal dosubstantivo; portanto existem múltiplos eleições, onde o Cárpato só tem uma sozinha).

TABELA 2

O húngaro é de fato um pouco mais complexo, em que também precisa "vocal rimando": queacrescente como sufixo usar também depende do último vocal no substantivo; portanto osexames de escogencia múltiplo nas células debaixo, onde Carpathian só têm uma só escolha.

Nota: Como se mencionou antes, as vocais com frequência se inserem entre a palavra e seusufixo para evitar que muitas consonantes apareçam em uma fila (o que produziria uma palavra

impronunciável). Por exemplo, na tabela de acima, todos os substantivos que terminam em umconsonante som, seguidos por sufixos que começam com "a".

Conjugação de verbos. Como em seus descendentes modernos (tanto o Finlandês como oHúngaro), o Cárpato tem muitos tempos verbais, muitos para descrever aqui. Concentraremo-nosna conjugação do presente. De novo, colocaremos o húngaro contemporâneo junto ao Cárpato,para remarcar as similitudes entre os dois. Ao igual a no caso dos substantivos possessivos, aconjugação de verbos se realiza acrescentando sufixos às raízes verbais: TABELA 3

Ao igual a todos os idiomas, há muitos "verbos irregulares" no Cárpato, que não encaixamexatamente com este padrão. Mas a tabela é ainda então, uma guia útil para a maior parte dosverbos.

3. Exemplos do idioma Cárpato.

Aqui estão alguns breves exemplos do Cárpato coloquial, utilizados nos livros Escuros.

Susu.

Estou em casa. (Casa, local de nascimento)

Möért?

Para que?

Csitri

Um pouco (pequena coisa, pequena menina)

Ainaak enyém

Para sempre minha

Ainaak’sívamet juttapor

Para sempre a meu coração conectada

Sívamet

Meu amor

Tet vigyázam

Eu te amo

Sarna Rituaali (As Palavras Rituais) são um exemplo longo, e um exemplo de cântico emvez de Cárpato coloquial. Tome nota do uso recorrente de " andam" (Dou-te), para dar ao cânticomusicalidade e força através da repetição.

Sarna Rituaali (As Palavras Rituais)

Te avio päläfertiilam.

É minha companheira.

Éntölam kuulua, avio päläfertiilam.

Reclamo-te como minha companheira.

Ted kuulua, kacad, kojed.

Pertenço a você.

Élidamet andam.

Ofereço-te minha vida.

Pesämet andam.

Dou-te meu amparo.

Uskolfertiilamet andam.

Dou-te minha lealdade.

Sívamet andam.

Dou-te meu coração.

Sielamet andam.

Dou-te minha alma.

Ainamet andam.

Dou-te meu corpo.

Sívamet kuuluak kaik että a ted.

Do mesmo modo tomo os teus para guarda-los do mesmo modo.

Ainaak olenszal sívambin.

Sua vida será apreciada por mim para sempre.

Te élidet ainaak pide minan.

Sua vida será colocada sobre a minha sempre.

Te avio päläfertiilam.

É minha companheira.

Ainaak sívamet jutta oleny.

Está unida a mim por toda a eternidade.

Ainaak terád vigyázak.

Estará sempre aos meus cuidados.

Para ouvir estas palavras pronunciadas (e para mais sobre a pronúncia do Cárpato) por favorvisite: http://www.christinefeehan.com/members/

Sarna Kontakawk (Cântico dos Guerreiros) é outro exemplo mais da linguagem dosCárpatos. O Conselho dos guerreiros ocorre nas profundezas da terra em uma câmara de cristaiscom magma mais abaixo, onde o vapor é natural e a sabedoria de seus ancestrais é clara e focada.

Este é um lugar sagrado onde fazem juramentos de sangue a seu príncipe e povo, e afirmamseu código de honra como guerreiros e irmãos. É também onde nascem estratégias de batalha eas divergências são discutidas, bem como quaisquer preocupações que os guerreiros têm quedesejam trazer para o Conselho e abrir para discussão.

Sarna Kontakawk (Cântico dos Guerreiros)

Veri isäakank—veri ekäakank.

Sangue de nossos pais – sangue de nossos irmãos.

Veri olen elid.

Sangue é vida.

Andak veri-elidet Karpatiiakank, és wäke-sarna ku meke arwa-arvo, irgalom, hän ku agba,és wäke kutni, ku manaak verival.

Nós oferecemos nossa vida para o nosso povo, com um juramento de sangue de honra,misericórdia, integridade e resistência.

Verink sokta; verink kaη a terád.

Nosso sangue se mistura e chama por você.

Akasz énak ku kaη a és juttasz kuntatak it.

Preste atenção a nossa convocação e se junte a nós agora.

Para ouvir estas palavras pronunciadas (e para mais sobre a pronúncia do Cárpato) por favorvisite: http://www.christinefeehan.com/members/

4. Um Dicionário Cárpato muito abreviado.

Este dicionário Cárpato abreviado contém a maior parte das palavras do Cárpato utilizadasnos livros. É obvio, um dicionário Cárpato completo seria muito mais longo que um dicionárionormal de um idioma inteiro.

Nota: Os substantivos Cárpatos e verbos de abaixo são raízes. Geralmente não aparecemsomente, em forma "raiz" como abaixo. Em vez disso, normalmente aparece com sufixos (ex."andam", "dou-te" em vez de só a raiz "and").

agba—ser conveniente ou adequado.

ainaakfél—velho amigo.

ainaak—sempre

aina—corpo

ai—oh.

akarat—mente, vontade

aka—dar ouvidos, ouvir, escutar.

ak— sufixo adicionado após um substantivo terminado em uma consoante para torná-loplural.

al∂—levantar, elevar

alatt—através

aldyn—embaixo.

alte—abençoar, amaldiçoar.

ál—benzer, pego

and sielet, arwa-arvomet, és jelämet, kuulua huvémet ku feaj és ködet ainaak—trocar ahonra, a alma e salvação por um prazer momento e a condenação sem fim.

andasz éntölem irgalomet! —tenha misericórdia!

and—dar

arvo—valor, preço .

arwa-arvo olen gæidnod, ekäm—a honra te guie, meu irmão ( saudação).

arwa-arvo olen isäntä, ekäm—a honra te mantenha, meu irmão ( saudação).

arwa-arvo pile sívadet—a honra leve luz a seu coração ( saudação).

arwa-arvod mäne me ködak— Você pode segurar sua honra, sombrio ( saudação).

arwa-arvo—honra ( substantivo).

arwa—louvor ( substantivo).

ašša—não ( antes de um substantivo); não (com um verbo que não está no imperativo); não(com um adjetivo).

aššatotello—desobediente.

asti—até.

avaa—abrir.

a—verbo de negação ( prefix), não (advérbio).

avio päläfertiil—companheiro .

avio—casado/a.

avoi—descobrir, revelar.

belso—dentro.

bur tule ekämet kuntamak—bom nos encontrar, irmão ( saudação).

bur—bom, bem.

ćaδa— fugir, escapar.

ćoro— fluir, correr como a chuva.

csecsemõ—bebê ( substantivo).

csitri— pequena.

diutal—triunfo, vitória.

eći— cair.

ekä—irmão

ekäm—meu irmão.

ek— sufixo acrescentado depois de um substantivo terminado em consonante para fazê-loplural.

eläsz arwa-arvoval—você pode viver com honra ( saudação).

eläsz jeläbam ainaak—longa vida na luz ( saudação).

elä—viver.

elävä ainak majaknak— terra da vida.

elävä—vivo.

elid—vida.

Emä Maγe—Mãe Natureza.

emäen—avó.

emä—mãe ( substantivo).

embε karmasz—por favor.

embε—se, quando

emni hän ku köd alte—mulher amaldiçoada.

emni kuηenak ku aššatotello—lunático desobediente.

emnim—minha esposa, minha mulher.

emni—esposa, mulher.

én jutta félet és ekämet—Eu cumprimento um amigo e irmão ( saudação).

én maγenak—Eu sou da terra.

én oma maγeka—Eu sou tão velho como o tempo (literalmente: tão antiga como a terra).

En Puwe—A Grande Árvore. Relacionada com a lenda de Ygddrasil, o axis mundi, MountMeru, céu e inferno, etc.

engem—sobre mim.

en— grande, muitos

én—eu.

és—e

ete—antes, na frente.

että—que.

fáz— sentir frio.

fél ku kuuluaak sívam belső—amado.

fél ku vigyázak—queridos.

feldolgaz—prepare.

fél—companheiro, amigo.

fertiil—fértil.

fesztelen—aéreo.

fü— ervas, erva.

gæidno—estrada, caminho.

gond— cuidar, preocupar-se.

hän agba—é assim.

hän ku agba—verdade.

hän ku kaśwa o numamet—proprietário do céu.

hän ku kuulua sívamet—guardião do meu coração.

hän ku lejkka wäke-sarnat—traidor.

hän ku meke pirämet—defensor.

hän ku pesä—protetor

hän ku piwtä—predador, caçador.

hän ku saa kuć3aket—apanhador de estrelas.

hän ku tappa—assassino, pessoa violenta ( substantivo). Mortal, violento ( adj. ).

hän ku tuulmahl elidet—vampiro ( literamente; assaltante de vida).

hän ku vie elidet—vampiro ( literalmente; ladrão de vida).

hän ku vigyáz sielamet—guardião da minha alma.

hän ku vigyáz sívamet és sielamet—guardião do meu coração e da minha alma.

hän ku—prefixo: quem, o que.

Hän sívamak—amado.

hän— ele, ela, isso

hany—conglomerado de terra

hisz—acreditar, confiar.

ho—como.

ida—leste.

igazág—justiça.

irgalom—compaixão, pena

isä—pai ( substantivo) .

isäntä—mestre da casa.

it—agora

jörem— esquecer, perder um caminho, cometer um engano.

jälleen—de novo

jama—estar doente, infectado, ferido ou morrendo, perto da morte.

jelä keje terád—o sol te queime ( xingamento cárpato).

jelä—luz solar, dia, sol, luz

joηesz arwa-arvoval—retorne com honra ( saudação).

joηe—vir, retornar.

joma—estar em caminho, ir

juosz és eläsz—beba e viva ( saudação).

juosz és olen ainaak sielamet jutta—beba e torne-se um comigo ( saudação) .

juo—beber.

juta—ir, vagar

jüti—noite

jutta—conectado, fixo (adj) estar conectado, encaixar (verbo)

kać3—presente.

kaηa—chamar, convidar, pedir, suplicar

kaηk—traqueia, pomo de Adão, garganta

kaśwa—a própria.

kaca—amante

kadi—juiz

kaik—todo

kalma—cadáver, morte.

karma—quer.

Karpatii ku köd—mentiroso.

Karpatii—Cárpato

käsi—mão

kaδa wäkeva óv o köd—firmes contra a escuridão ( saudação).

kaδa—abandonar, sair, ficar

keje—cozinhar, queimar

kepä—menor, pequeno, fácil, pouco

kessa ku toro—gato selvagem.

kessa—gato.

kessake—pequeno gato.

kidü—acordar, surgir (verbo intransitivo).

kim— para cobrir um objeto inteiro com algum tipo de cobertura.

kinn—fora, sem

kinta—névoa, neblina, fumaça

kislány kuηenak minan—minha pequena lunática.

kislány kuηenak—pequena lunática.

kislány—garotinha.

köd alte hän—a escuridão te leve ( xingamento cárpato).

köd elävä és köd nime kutni nimet—o mal vive e tem um nome.

köd jutasz belső—e que a escuridão te leve (x ingamento cárpato).

köd—nevoa, trevas, do mal ( substantivo); nebuloso, sombrio, mau ( adj. ).

koje—homem, marido

kolasz arwa-arvoval—você pode morrer com honra ( saudação).

kola—morrer

koma—mão vazia, mão nua, palma da mão, oco da mão

kond—todos de uma família ou crianças de um clã.

kont o sívanak—coração forte ( literamente: coração de guerreiro).

kont—guerreiro

k—sufixo acrescentado depois de um substantivo que termina em vocal para fazê-lo plural.

kuć3ak! —estrelas! ( exclamação).

kuć3—estrela.

kuńa— ficar deitada como se estivesse dormindo. Fechar ou cobrir os olhos em um jogo de"cabra cega", morrer

kuηe—lua, mês.

kuja—dia, sol.

kule—escutar.

kulke—ir ou viajar (por terra ou água)

kulkesz arwa-arvoval, ekäm—caminhe com honra, meu irmão ( saudação).

kulkesz arwaval—joηesz arwa arvoval—vá com gloria e retorne com honra ( saudação).

kulke—ir o viajar (em terra ou água).

kuly—verme intestinal, demônio que possui e devora almas.

kumpa—onda ( substantivo).

kunta—bando, clã, tribo, família

kuras—espada, faca grande.

kure—laço, gravata.

kutenken—contudo.

kutnisz ainaak—Enquanto você durar ( saudação).

kutni—ser capaz de suportar, tomar.

kuulua—pertencer, manter

ku—que, o que.

lańa—filha.

lääs—oeste.

lamti—terra baixa, prado

lamti ból jüti, kinta, ja szelem—o mundo inferior (literalmente: "o prado de noite, neblina efantasmas")- greta, fissura, ruptura (essencial).

lejkka—fresta, fissura, fenda ( substantivo). Cortar; golpear; atacar com força ( verb).

lewl ma—o outro mundo (literalmente "terra espírito") Lewl ma incluindo lamti ból jüti,kinta, ja szelem: dos mortos, mas também inclui os mundos superiores En Puwe, a GrandeÁrvore.

lewl—espírito

liha—carne.

lõuna—sul.

löyly—respiração, vapor (relativo a lewl: "espírito")

magköszun—obrigado.

ma—terra, bosque

mana—abusar; amaldiçoar; arruinar.

mäne—resgatar, salvar

maγe—solo; terra; território; lugar; natureza.

meke—tarefa, trabalho (essencial) Fazer; fabricar; trabalhar (verbo)

me— nós

mića emni kuηenak minan—minha linda lunática.

mića—linda.

minan—meu

minden—todo (adj.)

möért?—para que? (exclamativo)

molanâ—derrubar-se

molo— esmagar, romper em pedaços.

mozdul—começar a mover, entrar em movimento

muonìak te avoisz te — eu ordeno que se revele.

muonì—apontar; ordenar; determinar; comandar.

musta—memória.

myös—também.

nä—para, por.

ηamaη— isso; este aqui, que, para alguém lá.

nautish—desfrutar.

nélkül—sem

nenä—raiva.

ńiη3—verme; larva.

nó— como, da mesma forma.

numa—Deus, céu, parte de acima, mais alto (relativo à palavra inglesa "numinous")

numatorkuld—trovão (literalmente: luta no céu).

nyál—saliva; cuspe (essencial), (relativo a nyelv: "língua")

nyelv—língua

O ainaak jelä peje emnimet ŋama ŋ—O sol queima essa mulher para sempre ( xingamentocárpato).

o jelä peje emnimet—O sol queime essa mulher ( xingamento cárpato).

o jelä peje kaik hänkanak—O sol queime todos ( xingamento cárpato).

o jelä peje terád, emni—O sol te queime, mulher ( xingamento cárpato).

o jelä peje terád—O sol te queime ( xingamento cárpato).

o jelä sielamak—Luz da minha alma.

o köd belső—a escuridão te leve ( xingamento cárpato).

odam-sarna kondak—canção de ninar ( literalmente: canção de ninar).

odam—sonhar, dormir (verbo)

olen—ser.

oma—velho, ancestral

omas—em pé.

omboće— outro, segundo (adj.)

o—ele/ela (usado antes de um substantivo que começar com consoante).

ot—ele/ela (utilizado antes de um substantivo que começa por vocal)

otti—olhar, encontrar

óv—proteger novamente.

owe—porta

päämoro—objetivo; alvo.

pajna—pressionar

Päläfertiil—companheira ou esposa.

pälä— metade, ao lado de päläfertiil—casal ou esposa

palj3—mais.

peje terád—Se queimar (xingamento cárpato).

peje—queimar.

pél—ter medo, estar assustada

pesä—ninho (literal); proteção (figurado)

pesäd te engemal—você está segura comigo.

pesäsz jeläbam ainaak—Possa você permanecer muito tempo na luz (saudação)

pide—sobre.

pile—inflamar; iluminar.

pirä—círculo, anel (essencial). Rodear, incluir (verbo)

piros—vermelho.

pitäam mustaakad sielpesäambam—Eu abraço suas memórias e as guardo em minha alma.

pitäsz baszú, piwtäsz igazáget—Não vingança, somente justiça.

pitä—guardar, manter

piwtä—seguir

poår—bocado; pedaço.

põhi—norte.

pukta—afastar, acossar, pôr em voo

pus—saudável; cura.

pusm—restaurar a saúde

puwe—árvore; madeira.

rambsolg—escravo.

rauho—paz.

reka—êxtase, transe

rituaali—ritual.

sa4—chamar; nomear.

saa—chegar, vir; tornar; obter, conseguir.

saasz hän ku andam szabadon—Tome o que livremente ofereço.

salama—relâmpago

sarna kontakawk—Canto dos guerreiros.

sarna—palavras, discurso, encantamento mágico (essencial) Cantar, cantarolar, celebrar(verbo)

śaro— neve congelada.

sa—nervo; tendão; cabo.

sas—shhhhh ( para um criança ou bebê).

saye—levar, vir, alcançar

sieljelä isäntä—a pureza da alma triunfa.

siel—alma

sisar—irmã

sív pide köd—o amor transcende o mal.

sívad olen wäkeva, hän ku piwtä—Que seu coração fique forte, caçador ( saudação).

sívam és sielam—meu coração e alma.

sívamet—meu coração.

sívdobbanás—pulsar de coração (literal) ritmo (figurativo)

sív—coração

soηe —entrar, penetrar, compensar, substituir

sokta—misturar; agitar ao redor.

susu—lar, lugar de nascimento (essencial), a casa (adv.)

szabadon—livremente

szelem—fantasma

Taka—atrás; além.

Tappa—dançar, bater com o pé (verbo)

Te kalma, te jama ńiη3kval, te apitäsz arwa-arvo— Você não é nada, apenas um cadáverandante de larvas infectadas, sem honra.

Te magköszunam näη amaη kać3 taka arvo—Obrigado por este presente sem preço.

Ted—seu.

Terád keje—ser queimado (xingamento cárpato).

Te—você.

Tied Vagyok, ainaak—estou amarrado, sempre

Tõdak pitäsz wäke bekimet mekesz kaiket—Sei que tem coragem para enfrentar qualquercoisa.

Tõdhän lõ kuraset agbapäämoroam—sabendo que a espada fiel voa para seu objetivo.

Tõdhän—conhecimento.

tõd—saber.

toja—inclinar, romper

toro—lutar.

torosz wäkeval—Lute ferozmente ( saudação).

totello—obedecer.

tsak—somente.

tuhanos löylyak türelamak saγe diutalet—mil respirações pacientes trazem a vitória.

tuhanos—mil

tule—conhecer

tumte—sentir; tocar; tocar em.

türe—cheio, satisfeito

türelam agba kontsalamaval—paciência é a verdadeira arma do guerreiro.

türelam—paciência.

tyvi—raiz, base, tronco

uskol—felizmente

uskolfertiil—lealdade

varolind—perigoso .

veri ekäakank—sangue de nossos irmãos .

veri isäakank—sangue de nossos pais .

veri olen piros, ekäm—literalmente: o sangue é vermelho, meu irmão; figurativamente:encontrar sua companheira (Saudação)

veriak ot en Karpatiiak— pelo sangue do Príncipe (literalmente: pelo sangue do grandeCárpato; xingamento cárpato).

veri—sangue.

veridet peje—que queime seu sangue (xingamento cárpato).

veri-elidet—sangue-vida .

vigyáz—preocupar-se

vii—último, ao fim, finalmente

wäke beki—força, coragem.

wäke kaδa—firmeza .

wäke kutni—resistência .

wäke—poder

wäke-sarna—voto; maldição; bênção (literalmente: palavras de poder).

wäkeva—poderoso .

wara—pássaro, corvo

weńća— completo, tudo.

wete—água.

Notas[←1]

É um método de sorteio. Uma pessoa junta numa das mãos vários canudinhos, ou algo similar como palitosou pequenos gravetos. Deixando apenas as pontas deles à mostra para que cada pessoa possa pegar um. E, quem tirar o menor (draw the short straw), é oazarado para desempenhar a tarefa desagradável que ninguém se voluntariou para fazer.

[←2]

Xingamento Cárpato.

[←3]

A cor Azul Índigo

[←4]

O movimento New Age (Nova Era) tem, como característica, uma fusão de ensinos metafísicos, vivências espiritualistas, animistas e paracientíficas,com uma proposta de um novo modelo de consciência moral, psicológica e social.

[←5]

Meu coração, em romeno.

[←6]

Dojo ou Dojô é o local onde se treinam artes marciais japonesas. Muitomais do que uma simples área, o dojô deve ser respeitado como se fosse a casa dos praticantes. Por isso, é comum ver o praticante fazendo umareverência antes de adentrar, tal como se faz nos lares japoneses.

[←7]

Mantra é uma sílaba ou poema, normalmente em sânscrito. Os mantras se originaram do hinduísmo, porém são utilizados também no budismo ejainismo, bem como notoriamente por práticas espirituais que não têm vínculo com religiões estabelecidas. No tantrismo, são usados para materializar asdivindades.

[←8]

The Three Stooges foi um grupo cômico norte-americano do século XX, em atividadedesde 1922 até 1970, mais conhecido por seus numerosos curtas-metragens. Sua comicidade era marcada pela extrema comédia pastelão e farsa física.

[←9]

Pequena, em romeno.

[←10]

Os Cárpatos formam a ala oriental do grande sistema de montanhasda Europa, percorrendo 1500 km ao longo das fronteiras da República Checa, Eslováquia, Polônia, Romênia e Ucrânia.

[←11]

A toranja é uma árvore cítrica subtropical conhecida por sua fruta amarga a semi-doce, um tanto amarga.Toranja é um híbrido originário de Barbados como um cruzamento acidental entre duas espécies introduzidas, laranja doce e pomelo ou shaddock, ambosos quais foram introduzidos da Ásia no século XVII.

[←12]

Bebê, em hungáro.

[←13]

São as folhas maduras das espécies conhecidas popularmente com pinheiros. Suas formas são chamadas deaciculifoliadas, folhas em forma de agulhas.

[←14]

Lança chamas improvisado com spray. Lança chamas profissional.

[←15]

Gatekeeper traduzido significa: Guardião da porta ou porteiro. No jornalismo estrangeiro, também é um tremo para designar aquele profissional quechega primeiro a noticia ou um porta-voz. De acordo como contexto do texto traduzimos o termo como um ‘representante’ de seu povo, ou um ‘porta-voz’ de seu povo.

[←16]

[←17]

O mix de Trail é um tipo de mistura para lanche, especificamente uma combinação de granola, frutas secas, nozese, às vezes, chocolate, desenvolvido como um alimento para ser levado ao longo de caminhadas. O mix de trilhas é considerado um lanche ideal paracaminhadas, pois é leve, fácil de armazenar e nutritivo, proporcionando um rápido aumento de energia dos carboidratos da fruta seca ou da granola e daenergia sustentada das gorduras nas nozes. A combinação de nozes, passas e chocolate como petisco de trilha data pelo menos da década de 1910, quandoo homem ao ar livre Horace Kephart recomendou isso em seu popular guia de camping.

[←18]

[←19]

[←21]

Hematita ou hematite, do grego haimatites (Αιματίτης) = como sangue, isso porque, quando em pó,torna-se avermelhada.

[←22]

O alcatrão é uma mistura de substâncias betuminosas, espessa, escura e de forte odor "o piche", que se obtém dadestilação de certas matérias orgânicas, principalmente de carvão, ossos e de algumas madeiras resinosas.

[←23]

Tênia (português brasileiro) ou ténia (português europeu) ou solitária é o nome comum dado aos vermes platelmintos das ordens Pseudophilidae eCiclophylidae, que pertencem à classe Cestoda, que inclui os vermes parasitas de diversos animais vertebrados, inclusive do homem. A Taenia solium e aTaenia saginata são as mais conhecidas por parasitarem o intestino delgado do homem.

[←24]

George, O Curioso é um macaquinho da África que está sempre envolvido em encrencas. Amigo de George "OHomem do Chapéu Amarelo" cuida dele e sempre salva o seu dia. Os temas do programa são aprendizagem, perdão e curiosidade.

[←25]

Método de girar um carro para virar para outra direção, movendo-se para frente através da estrada,depois para trás na direção oposta do outro lado da estrada e, em seguida, para a frente novamente.

[←26]

Instrumento que serve para cachear os cabelos.

[←27]

Whisky FireBall Cinnamon ‘Fireball Canela Whisky’ é uma mistura de uísque, aroma de canela eadoçantes que é produzido pela Sazerac Company. Com vendas estimadas de pelo menos US $ 150 milhões em 2015, é o licor mais vendido nos EstadosUnidos.

[←28]

Tiras de alcaçuz

[←29]

Os Cavaleiros da Távola Redonda, segundo a lenda, foram os homens premiados com a maisalta ordem da Cavalaria, na corte do Rei Artur, no Ciclo Arturiano. A Távola Redonda, ao redor da qual eles se reuniam, foi criada com este formato paraque não tivesse cabeceira, representando a igualdade de todos os seus membros. Em diferentes histórias, varia o número de cavaleiros, indo de 12 a 150ou mais.

[←30]

Título original: The Dark Knight. No Brasil, Batman: O Cavaleiro das Trevas. Filme da Warner, do universo do super-heroiBatman.

[←31]

Quando o Cárpato perde sua companheira para a morte, entrará no que é conhecido como escravidão. Em outras palavras, ele fica louco. Duranteesses poucos momentos após a morte de sua companheira, ele deve optar por segui-la, ou durante a escravidão, se tornará um vampiro.

[←32]

Software: Programa de computador.

[←33]

Morrígan ("Terror" ou "Rainha Fantasma"), também escrita Mórrígan ("Grande Rainha") ou ainda como Morrígu, Mórríghean, Mor-Ríogain, é umafigura divina da mitologia irlandesa (céltica), embora não seja referida como "deusa" em alguns textos antigos.

[←34]

Um vau é um trecho de um rio, lago ou mar com profundidade suficientemente rasa para poder passar a pé, a cavalo ou com um veículo.

[←35]

Godiva ou Godgifu foi uma aristocrata anglo-saxã, esposa de Leofrico, Duque da Mércia. Godivase tornou célebre pois de acordo com uma lenda, a nobre cavalgou nua pelas ruas de Coventry, na Inglaterra.

[←36]

Gralha é um nome comum para vários passeriformes de pequenotamanho e membros da família Corvidae. São aparentados aos corvos e pegas, muitas espécies pertencentes ao género Corvus, embora sejam estritamentecorvos, recebem o nome comum de gralhas.

[←37]

O corvo é uma ave da família Corvidae, representantes de maiores dimensões da Ordem passeriformes.Possuem ampla distribuição geográfica nas zonas temperadas de todos os continentes, vivendo em bandos com estrutura hierárquica bem definida eformam, geralmente, casais monogâmicos.

[←38]

Maçarico

[←39]

A cascavel-chifruda, serpente-cascavel-de-chifres (em Portugal), ou sidewinder (Crotaluscerastes) é uma pequena cascavel que vive em tocas, com cerca de 75 cm de comprimento. Habita zonas áridas e desérticas da região Sudoeste dosEstados Unidos da América e Nordeste do México.

[←40]

Artrópodes são um filo de animais invertebrados que possuem exoesqueleto rígido e vários paresde apêndices articulados, cujo número varia de acordo com a classe. Compõem o maior filo de animais existentes, representados por animais como osgafanhotos, as aranhas, os caranguejos, as centopeias e os piolhos-de-cobra.

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