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37º Encontro Anual da ANPOCS
ST 01 – A metrópole na sociedade contemporânea
Dinâmica imobiliária e dispersão metropolitana: notas a partir de transformações
socioespaciais recentes na Região Metropolitana de Belo Horizonte
João Bosco Moura Tonucci Filho1
1 Economista, Doutorando em Geografia pelo Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas
Gerais (IGC/UFMG) e pesquisador do Cedeplar/UFMG. [email protected]
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Dinâmica imobiliária e dispersão metropolitana: notas a partir de transformações
socioespaciais recentes na Região Metropolitana de Belo Horizonte
1- INTRODUÇÃO
O processo de produção social do espaço da metrópole brasileira tem se
transformado e fragmentado significativamente ao longo das últimas décadas, revelando
importantes rupturas e novidades em relação ao “modelo” centro-periferia de urbanização
acelerada anterior à década de 1980 (Costa; Mendonça, 2010). Não se trata mais
exclusivamente da urbanização por meio da agregação de periferias precárias (o que não
deixa de existir e de se reproduzir no momento atual), mas sim da proliferação de formas
socioespaciais fragmentadas e dispersas. Assim, a análise da dinâmica imobiliária nas
últimas décadas descortina uma pluralidade de processos e formas socioespaciais que
apontam na direção de padrões mais diversificados de urbanização, como a dispersão de
loteamentos fechados, a definição de novas centralidades terciárias, a proliferação de
shopping centers e de empreendimentos multifuncionais, dentre outros.
Costa (2006) chama a atenção para os novos modos de expansão fragmentada do
tecido urbano: se inicialmente eles se davam sob a forma predominante de assentamentos
residenciais destinados às camadas de maior renda da população, hoje envolvem a
produção de empreendimentos mais complexos, que associam residência, comércio e
serviços especializados, turismo, centros de convenção e grandes equipamentos de
serviços, revelando uma maior complexidade e escala da atuação dos capitais envolvidos
no setor imobiliário. Ainda segundo a autora, a versão mais conhecida desses fragmentos
da produção do espaço metropolitano contemporâneo é constituída pelos parcelamentos
com portarias e restrições de acesso público, geralmente denominados “condomínios
fechados”, ainda que raramente constituam efetivamente condomínios.
Nas últimas décadas, a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) também
tem passado por profundas transformações socioespaciais que apontam para formas mais
dispersas e fragmentadas de expansão metropolitana. Destarte, o artigo buscará investigar,
à luz das contribuições teóricas e da hipótese levantada, processos de produção do espaço
3
pelo setor imobiliário que estariam contribuindo para a dispersão urbana. Para tanto, serão
apontadas as principais tendências de transformação socioespacial na RMBH na última
década, com particular ênfase nos eixos de expansão e dispersão metropolitana.
2- NOVOS PROCESSOS DE URBANIZAÇÃO E DISPERSÃO URBANA
Henri Lefebvre (1999) parte da hipótese da urbanização completa da sociedade, e
denomina de “sociedade urbana” – este conceito-hipótese – a sociedade que nasce da
industrialização e a sucede. A “revolução urbana” designa [...] “o conjunto de
transformações que a sociedade contemporânea atravessa para passar do período em que
predominam as questões de crescimento e de industrialização (modelo, planificação,
programação) ao período no qual a problemática urbana prevalecerá decisivamente” [...]
(p. 19). O autor traça um eixo que vai da ausência de urbanização (a “pura natureza”) à
culminação do processo, passando pelas cidades política, comercial e industrial. Com a
industrialização, a não-cidade (ou anticidade) vai conquistar a cidade, fazendo-a explodir
no tecido urbano que recobre as remanescências da cidade anterior à indústria. Neste
processo, a realidade urbana (amplificada e estilhaçada) perde os traços anteriores de
totalidade orgânica, sentido de pertencimento, espaço demarcado, monumentalismo
enaltecedor. Neste sentido, a cidade industrial informe e conurbada precede e anuncia a
zona crítica de passagem da cidade industrial ao urbano.
Para Lefebvre, a realidade urbana (induzida pela industrialização) torna-se causa
indutora, e a problemática urbana impõe-se à escala mundial. Esta nova realidade urbana
modifica as relações de produção – mas não as transforma – e torna-se força produtiva. O
urbano (abreviação de “sociedade urbana”) se apresenta ainda como virtualidade,
horizonte. O autor fala de três campos/épocas: rural (camponês) – industrial – urbano, aos
quais corresponderiam, respectivamente: necessidade – trabalho – fruição. No espaço-
tempo urbano, livre do projeto de homogeneidade da racionalidade industrial, e cuja forma
seria definida pelo encontro, pela reunião, pela simultaneidade, anuncia-se o espaço
diferencial, calcado no reconhecimento das “diferenças”. Este espaço urbano, seria ao
mesmo tempo concentrado e poli(multi)cêntrico, possível-impossível, virtualidade.
4
Monte-Mór (2006) considera a sociedade urbana de Lefebvre como a síntese dialética
(virtual) da velha dicotomia cidade-campo, superada pelo urbano, metáfora para
compreensão do espaço social redefinido e repolitizado na expansão do fenômeno urbano.
O urbano denotaria assim a extensão do espaço urbano, por meio do tecido urbano (a forma
sócio-espacial herdeira da cidade), por todo o espaço social.
Soja (2000) emprega a ideia de “novos processos de urbanização” para designar as
profundas reestruturações socioespaciais pelas quais têm passado as áreas metropolitanas
de todo o mundo a partir do último quartel do século XX. Para o autor, elas expressam os
impactos de dois macro processos relacionados à transformação do capitalismo sobre a
organização espacial das metrópoles: a globalização do capital, do trabalho e da cultura
possibilitada pelas novas redes transnacionais e informacionais, e a reestruturação
produtiva baseada na revolução tecnológica e num regime de acumulação flexível pós-
fordista. Estes processos estariam por trás da reestruturação radical da metrópole industrial
fordista e a passagem à pós-metrópole, síntese das principais tendências contemporâneas
da reestruturação do espaço urbano: globalização da paisagem urbana, privatização do
espaço público, surgimento de novas formas de polarização, reestruturação econômica,
transformação da vida urbana em simulacro, e explosão/implosão da forma urbana.
A reestruturação da forma urbana na pós-metrópole é explorada por Soja (2000)
como o resultado geográfico dos processos de globalização e reestruturação produtiva
sobre os padrões, formas e funções do ambiente construído. Após explorar uma
multiplicidade de debates e denominações que tentam descrever essa emergente nova
geografia urbana – megacidades, galáxias metropolitanas, outer cities, edge cities,
postsuburbia etc. –, o autor propõem a ideia de Exopolis como síntese da nova escala
regional explodida e implodida da pós-metrópole contemporânea. O prefixo exo- (do lado
de fora, exterior, externo) é uma referência direta ao crescimento de cidades “exteriores”,
assim como sugere a crescente importância de forças exógenas a moldar o espaço
metropolitano. Ademais, exo- insinua o “fim de”, expresso concretamente no surgimento
de cidades que não tem os traços tradicionais de urbanidade e vida urbana.
Para Soja (2000), a nova geografia da pós-metrópole é produto de simultâneos
processos de descentralização e recentralização, desterritorialização e reterritorialização,
espraiamento contínuo e intensificada nucleação urbana, crescentes homogeneidade e
heterogeneidade, integração e desintegração socioespacial. A Exopolis poderia ser descrita
5
metaforicamente como a “cidade virada do avesso”, ao sobrepor simultaneamente
processos de urbanização dos subúrbios e de globalização das áreas centrais que tornam
cada vez mais difícil a precisa delimitação e mapeamento das fronteiras e distinções entre
as Inner e Outer cities, entre as definições correntes de espaços urbano, suburbano,
exurbano, não-urbano e rural. A grande profusão de denominações morfológicas para dar
significado ao desconcertante processo de reestruturação da forma urbana na pós-
metrópole revela a complexidade dos novos processos de urbanização em curso: “Cidade
dispersa” (Mónclus, 1998), “Città diffusa” (Indovina, 2004), “Zwischenstadt” (Sieverts,
2003), “Tecnoburbia” (Fishman, 2004), “Exoburbia” (Bruegman, 2005), “Edge City”
(Garreau, 1991), “Edgeless City” (Lang, 2003), “Limitless City” (Gillham, 2002);
Metápolis (Ascher, 1995), “Exopolis” (Soja, 2000) apud (Botelho, 2009).
A dispersão urbana amplia a escala da metropolização, intensifica as articulações
entre a metrópole e o seu entorno estendido, integra localidades e espaços rurais ainda não
urbanizados. O próprio espaço "natural" e "não urbanizado" se torna objeto de consumo
nesse novo urbano estendido. A oposição campo-cidade se dilui, e o rural se urbaniza pela
penetração da indústria e outras formas de mobilização do espaço para a produção, assim
como de novos hábitos de consumo que se difundem pelo campo. Na definição de Botelho
(2009), a “dispersão urbana” pode contemplar: a) o espaçamento dos tecidos urbanos dos
principais centros; b) a formação de constelações/nebulosas de núcleos urbanos de
diferentes dimensões, integrados em uma área metropolitana; c) a transformação do
sistema de vias de transportes diário inter-regional, ferroviário e rodoviário, em apoio ao
transporte diário intrametropolitano de passageiros; d) e a extensão de modos
metropolitanos de consumo por toda a área metropolitana.
Segundo o autor, são variadas as explicações ao fenômeno da dispersão urbana:
crescimento natural das cidades, avanços tecnológicos nos meios de transporte e
comunicações, cultura antiurbana, preferências individuais, descentralização das
atividades econômicas, e atuação do Estado. Ainda que reconheça a complexidade do
fenômeno, Botelho, apoiando-se na ideia de Harvey (1978) de que a urbanização é uma
das principais formas de absorção de excedentes de capital em momentos de crise, defende
que a dispersão corresponderia a uma nova escala do urbano, relacionada à mudança na
escala de acumulação de capital a nível mundial.
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Acreditamos também que os novos processos de urbanização estão relacionados
não apenas à reestruturação produtiva e à globalização, mas sim à crescente importância
da produção do espaço na reprodução do capitalismo, no qual o setor imobiliário cessa de
se comportar como um circuito secundário outrora subordinado ao industrial (ou, no caso
da renda da terra, como um obstáculo à acumulação). Na elaboração de Lefebvre (1991),
a sobrevivência do capitalismo (a sua capacidade de superar contradições internas) só foi
possível através da produção (social) do espaço. Este espaço (urbano) socialmente
produzido é onde a relações sociais de produção são reproduzidas, através de uma
espacialidade crescentemente fragmentada, homogeneizada e hierarquizada.
Zizek (2011) aponta para a importância de variadas formas de acumulação rentista
e especulativa (inclusive em torno da terra urbana) como fundamento do capitalismo global
contemporâneo sob a hegemonia do capital financeiro. Na formulação de Soja (1989), a
proporção de excedente realizado no setor imobiliário – profundamente envolvido no
circuito secundário de produção do ambiente construído – pode superar o montante
realizado no setor industrial, revelando a crescente importância da esfera de reprodução
das relações sociais de produção numa sociedade crescentemente urbanizada.
3- TRANSFORMAÇÕES SOCIOESPACIAIS E DISPERSÃO NA RMBH
Ainda que o processo de metropolização de Belo Horizonte remonte às décadas de
1940 e 1950 em razão do deslanchar do projeto industrializante do Estado, a Região
Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) só foi originalmente instituída em 1973, pela
Lei Complementar Federal n.º 14. Ela é hoje a terceira mais populosa região metropolitana
do Brasil, e representa o centro político, econômico, cultural e demográfico do estado de
Minas Gerais. A RMBH congrega trinta e quatro municípios2 com perfis diferenciados e
um quadro socioeconômico e territorial extremamente desigual. Sua área é de 9.459,1 km²,
2 Municípios que compõem a Região Metropolitana de Belo Horizonte (2013): Baldim, Belo Horizonte,
Betim, Brumadinho, Caeté, Capim Branco, Confins, Contagem, Esmeraldas, Florestal, Ibirité, Igarapé,
Itaguara, Itatiaiuçu, Jaboticatubas, Juatuba, Lagoa Santa, Mário Campos, Mateus Leme, Matozinhos, Nova
Lima, Nova União, Pedro Leopoldo, Raposos, Ribeirão das Neves, Rio Acima, Rio Manso, Sabará, Santa
Luzia, São Joaquim de Bicas, São José da Lapa, Sarzedo, Taquaraçu de Minas e Vespasiano.
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correspondente a 1,6% do território mineiro. Segundo o Censo 2010, sua população total
era de 4.882.997 habitantes, o que representa 24,92% da população total do estado de
Minas Gerais. O PIB (Produto Interno Bruto a preços de mercado para 2008) era de
aproximadamente R$ 98,57 bilhões, 34,89% do PIB estadual. Somente o PIB do município
de Belo Horizonte correspondia a 42% do PIB de toda a RMBH, valor que, somado às
participações de Betim e Contagem, chegava a 83,53% do PIB total metropolitano,
revelando o excessivo grau de concentração das atividades econômicas nos três mais
populosos municípios da RMBH. Em termos populacionais, a população da capital
corresponde a aproximadamente 50% da população total da RMBH.
Em contraposição à tendência de redução dos investimentos públicos e privados
que prevalecera nas duas décadas anteriores, nos anos 2000 houve a retomada de uma série
de intervenções de vulto com impacto significativo sobre a estruturação do espaço da
RMBH, como parte de um processo mais amplo de retomada do crescimento econômico
do país e da capacidade de investimento do Estado, principalmente a partir da segunda
metade da década. Além disso, a dinamização do mercado imobiliário e do setor da
construção civil acelerou os processos de transformação do uso e da ocupação do solo a
partir das pressões crescentes por verticalização e renovação de áreas consolidadas,
dispersão de novos empreendimentos, aumento substantivo dos preços de terrenos e
imóveis, expansão do mercado formal de baixa e média renda sobre áreas periféricas.
Dentre os principais projetos estruturantes, podem ser citados com destaque:
implantação da Linha Verde (duplicação e modernização da MG-010 e da Av. Cristiano
Machado, ligando o centro de Belo Horizonte ao Aeroporto Internacional Tancredo
Neves); duplicação da Av. Antônio Carlos; duplicação da MG-030; investimentos na MG-
050/BR-262/BR-491, ligando o município de Juatuba ao sul de Minas; obras viárias e
sanitárias no Vale do Ribeirão Arrudas (Contagem e Belo Horizonte); e a implantação da
Cidade Administrativa de Minas Gerais (CAMG) 3.
3 Inaugurada em 2010, a Cidade Administrativa é um amplo complexo construído para abrigar a
administração pública do executivo estadual, antes dispersa em diversos edifícios localizados na área central
da capital. O grande equipamento, que recebe aproximadamente 25 mil viagens diárias, está instalado ao
longo da nova Linha Verde, na divisa dos municípios de Belo Horizonte, Vespasiano e Santa Luzia, área
marcada pela concentração de população de baixa renda, fruto do processo de expansão da RMBH.
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Dentre as obras previstas para os próximos anos, ressaltam-se: duplicação da Av.
Dom Pedro I (já em curso); implantação das Linhas 2 (Barreiro-Calafate) e 3 (Savassi-
Lagoinha) do Metrô; implantação de várias intervenções do Programa de Estruturação
Viária de Belo Horizonte (VIURBS); implantação de sistemas de BRT (Bus Rapid Transit)
nos corredores Cristiano Machado e Antônio Carlos/Pedro I (já em curso)); revitalização
do Anel Rodoviário; construção do Anel Viário de Contorno Norte e do Anel Sul;
ampliação do Aeroporto Internacional Tancredo Neves (AITN); implantação do Aeroporto
Indústria no AITN; implantação do Parque Tecnológico (BH-Tec); ampliação do Centro
de Distribuição da CEASA-MG; ampliação do Expominas; implantação do Pólo Industrial
Tecnológico de Vespasiano, do Centro de Capacitação Aeroespacial de Minas Gerais em
Lagoa Santa, e do Pólo Acrílico da Petrobras em Ibirité, dentre outros.
O conjunto de diagnósticos elaborados para o Plano Diretor de Desenvolvimento
Integrado – PDDI-RMBH (UFMG, 2011) a partir de uma leitura dos processos de
produção do espaço nas últimas décadas, apontou uma série de tendências gerais para a
dinâmica territorial metropolitana, tais como: recrudescimento das desigualdades
socioespaciais e do modelo centro-periferia de estruturação territorial; crescente perda de
mobilidade urbana; grande vacância domiciliar e fundiária disseminada por toda RMBH;
crescente dispersão e fragmentação do tecido urbano; agravamento dos conflitos entre as
diversas modalidades de uso do solo; crescente comprometimento dos recursos ambientais
de alcance metropolitano; manutenção da excessiva concentração da oferta de serviços e
de empregos no núcleo central de Belo Horizonte; e tendência de manutenção dos
investimentos privados nos municípios já economicamente dinâmicos da RMBH.
A estrutura espacial da RMBH mantem-se excessivamente concentrada num único
centro metropolitano, formado pela área central de Belo Horizonte, e que vem se
estendendo ao longo das principais vias arteriais e de áreas conurbadas a partir de centros
sub-regionais tradicionais ou mais recentes. As centralidades sub-regionais existentes –
Betim, Eldorado/Cidade Industrial, Barreiro, Seis Pistas/Vale do Sereno, Venda Nova, São
Benedito, Lagoa Santa e Pedro Leopoldo, cumprem funções distintas dentro da RMBH,
mas nenhuma delas compete com o centro da capital, indicando um processo ainda bastante
embrionário de descentralização econômica e funcional (Figura 1 abaixo).
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Os estudos do PDDI-RMBH identificaram três grandes espacialidades do mercado
imobiliário na RMBH (Figura 2 abaixo). A primeira é uma mancha contínua de valorização
mais exacerbada, que inclui todo o município da capital, onde o preço da terra e a escassez
de áreas de expansão (aliada a uma crescente busca pela moradia próxima a amenidades
ambientais e em parcelamentos fechados por parte das camadas de alta renda) criam fortes
pressões sobre alguns municípios vizinhos. Esta primeira mancha de maior valor, de onde
a população de baixa renda tende a ser excluída pelo próprio mercado imobiliário, se
estende ao longo do vetor sul, em porções do vetor oeste, como na região do
Ressaca/Sarandi em Contagem, e mais recentemente vem se estendendo na direção de
partes do vetor norte (com a exceção de Lagoa Santa, município que já era mais
tradicionalmente vinculado ao mercado de alta renda da capital), em função das
transformações diversas que vem ocorrendo na área (UFMG, 2011).
Uma segunda mancha, correspondente às periferias de baixa renda e aos mercados
em escala local nas sedes dos municípios, se concentra em porções do vetor leste, e de
forma contínua a oeste da primeira área, formando um arco que parte de Ibirité, passando
por Igarapé, Mateus Leme, incluindo o vetor noroeste (em partes de Esmeraldas e Ribeirão
das Neves) e chegando ao vetor norte mais distante da capital, em Matozinhos. A terceira
mancha corresponde às áreas de menor integração ao processo de metropolização, onde há
tendência ao aumento dos processos de chacreamento de áreas rurais, progressivamente
transformadas em sítios de uso de fim de semana e eventualmente em novos condomínios,
e aos núcleos urbanos mais afastados com dinâmica imobiliária própria.
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De forma geral, existem na RMBH áreas de maior valorização que tendem a atrair
empreendimentos imobiliários voltados para o mercado de média e alta renda e a expulsar
os grupos de menor renda para as áreas menos valorizadas. Municípios como Nova Lima,
Lagoa Santa e Brumadinho tendem a repelir empreendimentos voltados para a população
de baixa renda e a atrair condomínios fechados de alta renda, o inverso ocorrendo em
municípios mais periféricos ou mais densamente ocupados por grupos de baixa renda
(como Igarapé, Ribeirão das Neves, Santa Luzia ou Sabará). Houve também ao longo da
última década continuidade do processo de urbanização na forma de assentamentos
precários e periféricos, principalmente no vetor noroeste, que vem se expandindo no
entorno da BR-040 sentido Brasília, principalmente nos municípios de Ribeirão das Neves
e Esmeraldas, através do adensamento das áreas precárias e irregulares já existentes, e da
ocupação de novas áreas de forma mais pontual. O mercado imobiliário de alta renda
(representado pelas setas verdes) tende a se expandir no eixo sul e no vetor norte, áreas
assim mais diretamente pressionados pelos processos de dispersão metropolitana.
O levantamento de informações sobre os processos de parcelamento que se
enquadraram na exigência de anuência prévia do Estado4 (UFMG, 2011) mostrou uma
expressiva diferença entre as dinâmicas imobiliárias identificadas nos municípios da
RMBH (Figura 3 abaixo). Quatro desses municípios (Raposos, São Joaquim de Bicas,
Baldim e Itaguara) não tiveram qualquer projeto analisado no período de 2000 a 2009, o
que é indicativo da pequena inserção dos mesmos no processo de expansão urbana
decorrente da metropolização. Em contraposição, o município de Esmeraldas apresentou a
maior área comprometida com pedidos de anuência prévia para parcelamento do solo,
aproximadamente quatro vezes o montante solicitado em Nova Lima, o segundo município
com maior área destinada a parcelamento. Municípios do vetor norte localizados mais
4 Conforme definido pela lei federal de parcelamento do solo urbanos, Lei 6.766/79, o loteamento e o
desmembramento de lotes em perímetro urbano, visando à implementação de empreendimentos urbanísticos,
devem ter anuência prévia, e, no caso de loteamentos ou desmembramentos localizados em áreas de
municípios integrantes de região metropolitana, o exame e a Anuência Prévia à aprovação do projeto caberá
à autoridade metropolitana. Em Minas Gerais, até 2009, quando foi criada a Agência de Desenvolvimento
da RMBH, cabia à Secretaria de Desenvolvimento Regional e Política Urbana (SEDRU) a prestação do
serviço de Anuência Prévia, sendo esta obrigatória nas seguintes situações: o loteamento abrange área
superior a 100 ha (cem hectares); o loteamento ou desmembramento localiza-se em área limítrofe do
município, ou pertence a mais de um município, nas regiões metropolitanas ou em aglomerações urbanas,
definidas em lei estadual ou federal; os loteamentos localizam-se em áreas de interesse especial, tais como
as de proteção aos mananciais ou ao patrimônio cultural, histórico, paisagístico e arqueológico, assim
definidas por legislação estadual ou federal (UFMG, 2011).
13
próximos da capital (Ribeirão das Neves, Vespasiano, Santa Luzia e Lagoa Santa), e os
municípios de Contagem e Betim, estão também entre aqueles que apresentaram maior
área comprometida com pedidos de anuência prévia.
Figura 3 - Área total de loteamentos registrada em processos de
anuência prévia, SEDRU, 2000-2009. Fonte: UFMG, 2011, p. 55.
14
No vetor norte, área da RMBH em intenso processo de reestruturação socioespacial
desde 2004, a construção da Cidade Administrativa, associada à abertura da Linha Verde
e à modernização do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, tem atraído inúmeros
projetos imobiliários e econômicos. Há uma tendência tanto de industrialização a partir de
transbordamentos do vetor oeste que deve ser potencializada pela construção do Anel
Viário de Contorno Norte, quanto uma dinâmica incipiente própria da região, ligada ao
projeto do Aeroporto Industrial, que cria uma perspectiva de novos investimentos em
setores industriais de alta tecnologia e de serviços produtivos avançados.
As intervenções em curso e planejadas para o vetor norte têm como fundamento a
ideologia “modernizante” do atual governo estadual, que busca inserir Belo Horizonte nos
circuitos internacionais do capital, atraindo tanto investimentos produtivos externos quanto
o chamado turismo de negócios. Os empreendimentos e planos voltados para o vetor norte
buscam assim incrementar as exportações da RMBH, atrair capitais externos, centralizar
as estruturas da administração pública estadual e fornecer uma alternativa residencial para
as classes médias e altas que ali trabalham ou irão trabalhar.
Além de o vetor norte haver sido escolhido como novo e privilegiado espaço para
acumulação do capital produtivo na RMBH, o mercado imobiliário já iniciou ali um
processo de vigorosa expansão, a partir da intensificação da abertura de parcelamentos
residenciais fechados voltados para população de média e alta renda, principalmente no
município de Lagoa Santa. Devido à alta disponibilidade de terras baratas, ao novo e
eficiente acesso viário proporcionado pela Linha Verde e às expectativas de crescimento
econômico da região, alguns incorporadores já começaram então a produzir condomínios
fechados e loteamentos residenciais. Prenuncia-se também a consolidação de uma nova
centralidade que envolveria o centro tradicional de Venda Nova, com a região da Pampulha
ao sul e com centro popular do São Benedito em Santa Luzia.
Dentre os principais grandes projetos imobiliários e econômicos anunciados para o
vetor norte nos próximos anos, destacam-se os condomínios Alphaville Minas Gerais e
Reserva Real, a Cidade da Cultura, a Cidade Médica, a Fashion City, e o Aeroporto
Industrial. Esse padrão fragmentado e disperso de urbanização é extremamente benéfico e
interessante às prefeituras municipais, que buscam atrair populações de renda superior com
o intuito de aumentar a arrecadação. Diversos municípios do vetor norte alteraram e
aprovaram novos planos diretores e leis de uso e ocupação que buscam reduzir as áreas de
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expansão de assentamentos voltados para o segmento popular, ao mesmo tempo em que
regulamentam “zonas de expansão urbana” voltadas para condomínios fechados e sítios de
recreio, exigindo lotes com tamanhos mínimos de 500 ou 1000m².
No tradicional eixo industrial oeste, os municípios de Contagem e Betim têm
assistido à intensificação da produção de pequenos conjuntos de prédios residenciais,
inseridos em áreas já urbanizadas ou de urbanização recente, voltados para as populações
de renda média, e também pela produção de unidades para populações de menor renda em
áreas desocupadas e próximas à capital, principalmente através do Programa Minha Casa
Minha Vida. Nos demais municípios, observa-se o grande estoque de lotes sem ou com
infraestrutura muito precária (UFMG, 2011). Além disso, começam a despontar grandes
projetos que contribuem decisivamente para a dispersão metropolitana, como o
condomínio Ecovillas Vale Verde e o Metropolitan Garden Shopping, em paralelo ao
processo de descentralização de várias cadeias produtivas regionais (particularmente da
FIAT, transbordando de Betim para municípios vizinhos).
No vetor noroeste, conformado principalmente a partir da BR-040 no sentido
Brasília, os municípios de Esmeraldas e Ribeirão das Neves são os mais comprometidos
com a implantação de parcelamentos precários voltados para a população de baixa renda:
como já visto, Esmeraldas foi, na década de 2000, o município com maior volume de
pedidos de anuência para novos parcelamentos. Já no vetor leste, Sabará conurba-se com
Belo Horizonte em áreas de precária urbanização e tendência à pequena verticalização,
abrigando grande parcela de população de baixa renda; já nos demais municípios, mais
distantes do aglomerado, o comprometimento a metropolização dá-se pela implantação de
chácaras e sítios de lazer voltados para a população de renda média.
O eixo sul de expansão metropolitana (que segue a BR-040 no sentido Rio de
Janeiro e a MG-030 no sentido de Nova Lima) constitui uma região de grande beleza
cênica e paisagística, detentora de um importante patrimônio ambiental, de recursos
naturais estratégicos (como o minério de ferro) e de uma vegetação extremamente
diversificada. Além de compreender a Serra do Curral e porção da Serra da Moeda, no eixo
sul estão concentrados os principais mananciais de água que abastecem a Região
Metropolitana de Belo Horizonte. Durante os anos oitenta, foi instituída a APA-Sul (Área
de Proteção Ambiental da Região Sul da RMBH), sendo que a maior parte de suas terras
são de propriedade de mineradoras, grandes latifundiárias da região. A expansão dos
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parcelamentos fechados da elite ao longo do eixo sul tem redefinido a dinâmica regional e
urbana deste território, ampliando os conflitos pelo uso do espaço em torno do tripé
recursos hídricos x mineração x ocupação urbana de alta renda (Costa, 2003).
Os primeiros condomínios de Nova Lima surgiram nos fins da década de 1950, mas
é na década de 1970 que se registra o maior número de loteamentos para esse fim. Este
processo embrionário nos anos 1970 teve como principal causa o Plano de Uso e Ocupação
do Solo da Aglomeração Metropolitana, elaborado em 1976 pelo PLAMBEL, órgão
estadual então responsável pelo planejamento da RMBH. Esse plano previa novas zonas
de expansão imobiliária, às quais correspondiam modelos de parcelamento baseados em
dimensões mínimas dos lotes e das quadras, estabelecendo assim uma relação entre o
tamanho do lote e o nível de renda dos potenciais compradores. As zonas destinadas às
camadas de mais alta renda (lotes superiores de 1.000, 2.000 e 5.000 m²) concentravam-se
no eixo sul da RMBH, com a justificativa de que a baixa densidade era desejável em face
da necessidade de preservação ambiental e da topografia montanhosa desfavorável da
região (Costa, 2003). Assim, o eixo sul foi privilegiado, a partir do planejamento
metropolitano, como o locus preferencial da expansão das elites.
Apesar dos parcelamentos terem continuado ao longo da década de 1980, a sua
ocupação efetiva só se deu a partir da década de 1990, principalmente no município de
Nova Lima. Até meados 1990, o eixo sul era ocupado basicamente por diversos sítios e
chácaras de recreação de final de semana e por alguns “desbravadores urbanos” que
haviam se instalado de forma dispersa em parcelamentos de pequeno porte, em meio às
matas e vales. Estes primeiros moradores, que cultivavam uma cultura de moradia bastante
próxima à natureza e de relativo isolamento da cidade, foram os precursores da recente
expansão dos condomínios fechados. A subsequente expansão foi motivada tanto pela
melhoria da infraestrutura (duplicação da BR-040 e melhorias na MG-030) quanto pela
queda da qualidade de vida na capital, que experimentou um aumento da criminalidade e
do clima generalizado de insegurança naquele momento (Andrade, 2003).
A aprovação do condomínio Alphaville Lagoa dos Ingleses em 1999, replicando o
empreendimento de São Paulo, representou uma ruptura com os modelos dos condomínios
anteriores. O Alphaville é formado por 1.545 lotes, e 102 casas geminadas (town houses),
mas conta também, para além das áreas residenciais, com prédios comerciais, escolas,
shopping center, um clube, uma faculdade, e recentemente abriu parte do condomínio para
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a construção de torres residenciais verticalizadas (Andrade, 2003). Todavia, até o
momento, essa tentativa de criação de uma cidade intramuros não tem sido inteiramente
bem sucedida: a taxa de ocupação é bastante baixa (muitos lotes não foram construídos),
os negócios não tem prosperado e os moradores do Alphaville mantém extrema
dependência com a capital, pois precisam diariamente se deslocar para trabalho, lazer,
comércio e serviços que ali inexistem. Reforça-se assim a estrita dependência com o
automóvel particular e com o modelo dos subúrbios norte-americanos.
Observa-se hoje ainda o crescimento do número e da escala dos parcelamentos
fechados voltados para a população de alta renda, do qual a expansão do Alphaville e sua
incipiente verticalização são a manifestação mais explícita. Os parcelamentos e novos
empreendimentos de lazer, artes, culinária e serviços avançados se expandem em várias
frentes de ocupação no município de Nova Lima (principalmente ao longo da MG-030 e
da BR-040), assim como em parte de Brumadinho e, em menor escala, nos demais
municípios. Ademais, pode-se citar o projeto de um futuro grande complexo hoteleiro,
residencial e de turismo internacional no entorno do Centro de Arte Contemporânea de
Inhotim, em Brumadinho; o fortalecimento da centralidade do bairro Jardim Canadá; e o
transbordamento da ocupação vertical mista de Belo Horizonte para o Vale do Sereno, em
Nova Lima, prenunciando a formação de uma nova centralidade terciária avançada na
RMBH. Dessa forma, além de residência privilegiada das classes superiores, o eixo sul de
expansão metropolitana está se tornando a nova localização privilegiada de sedes de
empresas, edifícios de escritórios, equipamentos culturais, faculdades e escolas superiores,
hospitais e serviços pessoais e produtivos avançados tecnologicamente.
4- CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da análise crítica dos processos socioespaciais na dispersão urbana na
RMBH, as reflexões aqui preliminarmente levantadas parecem confirmar a hipótese de que
o setor imobiliário vem assumindo um novo protagonismo na expansão metropolitana. Os
novos empreendimentos metropolitanos implicam na extensão fragmentada e dispersa do
tecido urbano. São concebidos, a despeito dos rótulos de autossuficiência e
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"sustentabilidade" por meio dos quais são vendidos, como espaços ainda altamente
dependentes das áreas centrais da metrópole, assim como de suas reservas de mão de obra
e cadeias de serviços diversificados. Estão articulados ao core da região metropolitana
através de eficiente sistema viário e de sistemas avançados de comunicação e informação.
Pode-se dizer mesmo que em muitos casos a concepção e implementação dessas redes de
integração viária e informacional servem muito mais eficientemente às exigências dessa
urbanização dispersa do que às múltiplas outras demandas coletivas que delas se
esperariam. Por fim, em muitos casos, mesmo que muitos desses projetos se outorguem o
título de "cidade", na verdade implicam a negação dos atributos essenciais da vida urbana:
organicidade, diversidade, coletividade etc. São, em geral, espaços altamente privatizados,
vigiados e segregados do seu entorno. Revela-se aí uma das faces mais perversas das
múltiplas formas fragmentadas e dispersas na expansão da metrópole.
A dispersão tem também elevados custos sociais e econômicos. Ela é
ambientalmente insustentável e contribui diretamente para ampliar as desigualdades e a
segregação socioespacial. Em países como o Brasil, seu impacto é ainda mais perverso na
medida em que reafirma a reclusão dos ricos em espaços segregados e shopping-centers,
potencializando o abandono físico, cultural e político da cidade, transformando
movimentos de perda de atratividade que poderiam ser cíclicos ou reversíveis em
fenômenos dramáticos e consumidores de recursos sociais preciosos. Ao mesmo tempo,
tais tendências renovam antigos dramas sociais urbanos como as favelas e periferias pobres
e precárias como espaços de exclusão, violência e precarização humana continuada.
Acredita-se que a luta pelo direito à cidade no urbano brasileiro contemporâneo,
direito não apenas a um conjunto isolado de direitos como direito à habitação, mas ao
encontro, à diversidade, à centralidade, enfim, à vida urbana enquanto valor de uso
(Lefebvre, 2008), assenta-se no aprofundamento das lutas socioespaciais que coloquem em
xeque a teia de interesses políticos e econômicos articulados em torno da produção do
espaço, tendo como horizonte a subordinação da lógica instrumental da renda fundiária e
dos capitais imobiliários aos interesses coletivos. Permanece aberta a questão se a
dispersão do tecido metropolitano, carregada de novas formas de segregação e de
desigualdades socioespaciais, estará também estendendo para os confins metropolitanos
os germes políticos da praxis urbana e da luta pelo “direito à cidade”.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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