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Em Ação no Ensino Médio Vol 2

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Salvador - BahiaSecretaria da Educação do Estado da Bahia

Instituto Anísio Teixeira2012

3° ano

Ensino Médio em Ação

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Copyright©2012 by Instituto Anísio Teixeira

B151e Bahia. Secretaria da Educação. Instituto Anísio Teixeira. EM-Ação: Ensino Médio em Ação; 3º Ano / Irene Maurício Cazorla; Rodrigo Camargo Aragão; Nildon Carlos Santos Pitombo (Organizadores). / Secretaria da Educação. Instituto Anísio Teixeira - Salvador: SEC/IAT, 2012

2v.,140p.: il.

Projeto: EM-Ação — Ensino Médio em Ação

ISBN: 978-85-60834-09-9

1. Ensino Médio 2. Educação e tecnologia I. Instituto Anísio Teixeira. II. Cazorla, Irene Maurício. III. Aragão, Rodrigo Camargo. IV. Pitombo, Nildon Carlos Santos. V. Título.

CDU: 37.046.14

GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIAJaques Wagner

SECRETÁRIO DA EDUCAÇÃO DA BAHIAOsvaldo Barreto Filho

DIRETORA DO INSTITUTO ANISIO TEIXEIRAIrene Maurício Cazorla

ASSESSORA TÉCNICAKátia Souza de Lima Ramos

DIRETORIA DE FORMAÇÃO E EXPERIMENTAÇÃOEDUCACIONAL - DIRFEJeudy Machado de Aragão

PROGRAMA ENSINO MÉDIO EM AÇÃO (EM-Ação)

Organização Geral

Irene Maurício CazorlaRodrigo Camargo AragãoNildon Carlos Santos Pitombo

Coordenação Geral

Ana Lúcia Purificação da Paixão

Coordenação Pedagógica

Dimitri Sarmento Leonardo Dias Chaves

Equipe de Designer Educacional e Projeto Gráfico

Adelaide Maria de Oliveira SantanaAna Lúcia Purificação da PaixãoGervaine de Souza FerreiraKátia Souza de Lima RamosLourival da Silva Andrade JúniorSimone de Souza MontesVanessa Costa Reis

Autores, titulação máxima e IES de atuação

Linguagens, códigos e suas tecnologias

• Luciana Santos de Oliveira, Mestra em Literatura e Diversidade Cultural, UFBA

• Luciano Amaral Oliveira, Doutor em Letras e Linguística, UFBA

• Marielson Carvalho, UNEB

Ciências Humanas e suas tecnologias

• Cristiane Batista, Mestra em História, UNEB• Edinúsia Moreira C. Santos, UEFS• Oriana Araújo, Mestra em Ciências Ambientais, UEFS• Rodrigo Freitas Lopes, Mestre em História, UNEB• Vanessa da Silva Vieira, UEFS• Virgínia Queiroz Barreto, Mestra em História - UNEB

Ciências da Natureza e suas tecnologias

• Carlos Alberto A. Freitas, Mestre em Educação, UESB

• Dielson Pereira Hohenfeld, Mestre em Ensino de Ciências, IFBA

• Jancarlos Menezes Lapa, Mestre em Ensino de Ciências, IFBA

• Marcelo Franco, Doutor em Química, UESC• Marcia Rodrigues Pereira,

Mestra em Química Biológica, UERJ/CPII• Marcos André Vannier dos Santos,

PHD em Ciências, FIOCRUZ• Ródnei Almeida Souza,

Mestre em Filosofia e História das Ciências, UNEB• Sergio Coelho de Souza, Doutor em Ecologia, UNISA

Matemática e suas tecnologias

• Humberto José Bortolossi, Mestre em Matemática, UFF

DistribuiçãoSEC - Secretaria de Educação

do Estado da Bahia6ª Avenida Nº 600, Centro

Administrativo da Bahia – CAB, Salvador,

CEP: 41.745-000, Bahia, Brasil

Revisão Ortográfica e GramaticalAcácia Melo Magalhães

ConsultorasLiliane Queiroz Antônio Marli Geralda TeixeiraRenata MonteiroCinthia Seibert

Web DesignerBianca ChagasCamila PennaCristiane Aragão

Editoração eletrônicaVia Litterarum editora

Colaboradores doProjeto GráficoMarcel Santos e Arnold Coelho

DiagramaçãoMarcel Santos

Instituto Anísio Teixeira – IATEstrada das Muriçocas, s/n – Paralela - Salvador – BA - CEP – 41.250-420

www.iat.educacao.ba.gov.br

Ficha Catalográfica: Biblioteca do Instituto Anísio Teixeira

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

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Secretaria da Educação do Estado da Bahia

Prezado estudante,

A Secretaria da Educação do Estado da Bahia apresenta os Cadernos EM-Ação, preparados especialmente para você, cujo objetivo é o de co-operar nos seus estudos para o acesso ao sistema acadêmico do ensino superior. Afirmo, também, que os Cadernos contribuem para que seu final de escolarização básica possa ser revigorado, a partir desse esforço de ar-ticular conteúdos escolares com temáticas interessantes, em que a ciência é matriz importante para a compreensão das mesmas.

Destaco o empenho das Instituições Públicas do Ensino Superior – UNEB, UEFS, UESC, UFBA, UESB, IFBA, IFBaiano e UFRB que, em parceria com o Instituto Anísio Teixeira, conceberam e realizaram a produção desse material pedagógico.

Espero que estes Cadernos cumpram sua finalidade e, ao mesmo tempo, materializem a esperança de colocar exemplos de atos interdisci-plinares ao seu alcance, tendo o contexto temático como foco dos nexos entre diferentes disciplinas escolares.

Para tanto, discuta a proposição dessa obra com seus colegas e pro-fessores, com a meta de ampliar o alcance que os conteúdos escolares sempre têm na compreensão do mundo que nos cerca e nas transforma-ções que a humanidade sempre realiza em benefício da vida e da convi-vência entre todos.

Osvaldo Barreto FilhoSecretário da Educação

Instituto Anísio Teixeira – IATEstrada das Muriçocas, s/n – Paralela - Salvador – BA - CEP – 41.250-420

www.iat.educacao.ba.gov.br

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MAPA COM IDENTIFICAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS DE ENSINO SUPERIOR

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TABELA COM IDENTIFICAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS DE ENSINO SUPERIOR

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Conhecimento em ação

São atividades a serem realizadas pelos alunos sobre os conteúdos do Caderno.

Refl exão para ação

Traz refl exões sobre o conteúdo proposto. Ex: Vou aprender esse assunto para quê?

De olho no ENEM

Apresenta questões do ENEM referentes ao tema proposto no Ca-derno, com respectivos comentários feitos pelos autores.

Glossário

Box onde se encontra o signifi cado de palavras e/ou expressões contidas nos textos ou no tema trabalhado para melhor compre-ensão do estudante.

Curiosidade

Pequeno texto informativo que traz uma curiosidade sobre assun-tos referentes ao tema.

Zoom na informação

Traz informação mais detalhada sobre a temática abordada no Caderno.

Siga antenado - Música

São dicas de clipes ou letras de música para análises, refl exões, comentários, que complementam os conteúdos ou tema dos Ca-dernos.

Siga antenado – Link da Web

São sites de livros, artigos etc., que contemplam e enriquecem os conteúdos abordados nos Cadernos.

Siga antenado – Filme ou vídeo

São indicações de fi lmes ou vídeos sobre os conteúdos ou temas dos Cadernos.

Siga antenado - Livro

São indicações de livros para o aprofundamento dos conteúdos abordados nos Cadernos.

LISTA DE ÍCONES

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SUMÁRIO

Saberes e Trabalho

Linguagens, códigos e suas tecnologias .................................................................................... 13

Língua Portuguesa .................................................................................................................... 15

Apresentação ................................................................................................................................................................ 15

Texto 1. Saiba como vender seu peixe ............................................................................................................... 16

De olho no ENEM ........................................................................................................................................................ 24

Referências ..................................................................................................................................................................... 26

Literatura Brasileira ................................................................................................................... 27

Apresentação: Conectando saberes e trabalho ............................................................................................... 27

Texto 1. Que geração é essa? ................................................................................................................................. 29

De olho no ENEM ........................................................................................................................................................ 37

Referências ..................................................................................................................................................................... 37

Ciências Humanas e suas tecnologias ........................................................................................ 39

História ........................................................................................................................................ 41

Apresentação ................................................................................................................................................................ 41

Texto 1. As relações de trabalho na sociedade contemporânea .............................................................. 41

De olho no ENEM ........................................................................................................................................................ 50

Referências ..................................................................................................................................................................... 52

Geografia .................................................................................................................................... 53

Apresentação ................................................................................................................................................................ 53

Texto 1. A geografia, os saberes e o trabalho .................................................................................................. 53

Texto 2. Qualificação profissional e condições de trabalho em período de globalização ............. 54

Texto 3. Diferenciações espaciais produtivas e migrações por trabalho no mundo ........................ 58

De olho no ENEM ........................................................................................................................................................ 63

Referências ..................................................................................................................................................................... 64

Ciências da Natureza e suas tecnologias ................................................................................... 65

Biologia ....................................................................................................................................... 67

Apresentação ................................................................................................................................................................ 67

Texto 1. A saúde reprodutiva, o saber tradicional e os trabalhos contemporâneos ......................... 67

De olho no ENEM ........................................................................................................................................................ 77

Referências ..................................................................................................................................................................... 79

Química ....................................................................................................................................... 81

Apresentação ................................................................................................................................................................ 81

Texto 1. O trabalho do químico ............................................................................................................................. 82

Texto 2. Acidez e basicidade de compostos orgânicos ................................................................................ 86

Texto 3. Importância dos fármacos de origem sintética .............................................................................. 90

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Texto 4. Isomeria ........................................................................................................................................................ 92

Texto 5. Quiralidade: enântiometros, estereoisômeros ............................................................................... 94

Texto 6. Reações de substituição e de adição: montando moléculas ................................................... 96

De olho no ENEM ......................................................................................................................................................100

Referências ...................................................................................................................................................................102

Física .......................................................................................................................................... 103

Apresentação ..............................................................................................................................................................103

Texto 1. Usina de Itaipu ...........................................................................................................................................104

De olho no ENEM ......................................................................................................................................................110

Referências ...................................................................................................................................................................111

Matemática e suas tecnologias ................................................................................................. 113

Matemática ............................................................................................................................... 115

Apresentação .............................................................................................................................................................115

Texto1. Pré-requisitos e revisão de conceitos ................................................................................................116

De olho no ENEM ......................................................................................................................................................131

Referências ...................................................................................................................................................................132

RESPOSTAS E COMENTÁRIOS DAS QUESTÕES DO ENEM ..................................133

Língua Portuguesa ....................................................................................................................................................133

Literatura Brasileira ...................................................................................................................................................134

História ..........................................................................................................................................................................135

Geografia ......................................................................................................................................................................136

Biologia .........................................................................................................................................................................137

Química .........................................................................................................................................................................137

Física ...............................................................................................................................................................................138

Matemática ..................................................................................................................................................................139

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Luciana Santos de Oliveira e Luciano Amaral Oliveira

Apresentação

Olá! O tema deste Caderno é “Saberes e Trabalho”. Vamos falar aqui sobre a entrevista de emprego, um gênero textual oral que é muito importante para nossa vida profi ssional, mas que costuma não ser abordado na escola. Você terá a oportunidade de escrever uma carta de apresentação para uma empresa e de aprender a fazer seu curriculum vitae. Não poderíamos, é claro, deixar de falar do novo Acordo Ortográfi co, pois redigir usando a orto-grafi a correta é importante para criar uma imagem positiva na hora de se candidatar a um emprego. Além disso, falaremos um pouco sobre a quebra de coerência textual, ou, como é mais conhecida, a fuga temática. Naturalmente, comentaremos as questões do ENEM.

Reflexão para ação

Um momento importante na nossa vida é a entrevista de emprego. E é bom estarmos preparados para esse momento. Por isso, vamos refl etir um pouco sobre o assunto. A seguir, assinale o que se deve fazer na entrevista de emprego e justifi que suas escolhas oralmente na sala de aula.

( ) Usar chinelos e camiseta regata ou blusa decotada.( ) Ser pontual.( ) Mascar chicletes.( ) Perguntar sobre o que a empresa faz.( ) Deixar o celular ligado sem estar no modo silencioso.( ) Falar mal do emprego anterior ou do antigo chefe.( ) Dizer a verdade sobre seus conhecimentos.( ) Usar uma linguagem mais formal, evitando as gírias.

Siga Antenado

Acesse o site <http://www.abril.com.br/noticia/estilo/no_296768.shtml> e leia o texto 27 dicas para impressionar na entrevista de emprego: roteiro ajuda na preparação da conversa pré-contratação. Se não tiver acesso à Internet, peça para seu professor ou um colega para entrar no site, anotar as dicas e compartilhá-las com você.

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Reflexão para ação

Pare um pouco e pense no seguinte: se você fosse participar de uma entrevista de em-prego amanhã, você estaria preparado(a)? Por quê? Faça uma lista do que precisa aprender e/ou melhorar para se sentir apto(a) para uma entrevista de emprego.

Texto 1

Saiba como vender seu peixe Luciano Amaral Oliveira

Saber redigir adequadamente é essencial para conseguirmos um bom emprego. Isso nós já sabemos. Contudo, muitas pessoas se esquecem de que saber falar de maneira apro-priada também é muito importante, principalmente na hora da entrevista de emprego. Nes-se momento, o candidato precisa proporcionar o seu melhor para convencer a empresa a contratá-lo. Ele precisa construir uma imagem positiva de si para seduzir o entrevistador.

Uma parte dessa imagem é não verbal, constituída pela aparência. O candidato não deve se vestir como se estivesse indo a um churrasco na casa de amigos. Usar roupas sóbrias é recomendável. Além disso, o comportamento do candidato pode construir uma imagem positiva... ou negativa. Chegar atrasado para a entrevista? Nem pensar! O entrevistador ime-diatamente interpretará o atraso como sinal de irresponsabilidade. Há muitos candidatos que fi cam nervosos na entrevista. Mesmo assim, na frente do entrevistador, eles não devem roer unhas, estalar os dedos, mascar chicletes ou fumar.

A outra parte da imagem que o candidato constrói na entrevista de emprego é verbal: a maneira como ele fala é muito importante. Ele não deve conversar com o entrevistador da mesma forma que conversa com seus familiares e amigos. A linguagem usada deve ser formal e seguir a chamada norma culta. Isso faz com que o entrevistador perceba que você sabe adequar sua linguagem de acordo com a situação em que se encontra.

Enfi m, o candidato precisa aprender a vender seu peixe. Do contrário, ele vai fi car a ver navios.

Conhecimento em Ação

Com base no texto Saiba como vender seu peixe, responda às perguntas que seguem.

1. Observe atentamente o título do artigo e o texto. Qual a relação entre eles?

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2. O que signifi ca a sentença “ele vai fi car a ver navios”?

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3. A expressão “norma culta” pode ser considerada preconceituosa? Por quê?

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Curiosidade

Você sabia quem foi, no Brasil, que criou a Justiça do Trabalho e instituiu a Consolidação das Leis do Trabalho, garantindo aos trabalhadores o salário mínimo, a carteira de trabalho e as férias remuneradas? O ex-presidente Getúlio Vargas.

Conhecimento em Ação

Parte I: Copie as palavras e sentenças que sua professora (ou seu professor) vai ditar. 1) __________________________ __________________________ __________________________2) __________________ __________________ __________________ __________________3) __________________ __________________ __________________ __________________4) ___________________________________________ ___________________________________________5) ______________________________________________________________________________________________6) ______________________________________________________________________________________________

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9) ______________________________________________________________________________________________10) __________________________ __________________________ __________________________11) __________________________ __________________________ __________________________12) __________________ __________________ __________________ __________________13) ____________________________________________________________________________________________

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14) __________________________ __________________________ _________________________________________________________ (espécie de peixe) _______________________________ (selo raro)

15) __________________________ __________________________ __________________________16)__________________________ __________________________ __________________________17) __________________________ __________________________ __________________________18)__________________________ __________________________ __________________________

___________________________________________ ___________________________________________19) ___________________________________________ ___________________________________________20) __________________________ __________________________ __________________________

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21) __________________ __________________ __________________ __________________22) ___________________________________________ ___________________________________________ 23)__________________________ __________________________ __________________________24) __________________________ __________________________ __________________________25) ___________________________________________ ___________________________________________ 26) ___________________________________________ ___________________________________________

Parte II: Agora, após a correção do ditado, você lerá 26 perguntas sobre o Novo Acordo Ortográfico. Cada questão corresponde a cada um dos números do ditado que você acabou de fazer. Por exemplo, a pergunta (1) corresponde ao número 1 do ditado e assim sucessi-vamente. Responda a cada pergunta de acordo com o número correspondente no ditado. (1) Quais as três letras que passam a fazer parte do alfabeto?

(2) O que acontece com o trema?

(3) Os ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas continuam acentuados?

(4) O que acontece com as palavras paroxítonas em que i tônico e u tônico vêm depois de um ditongo decrescente?

(5) O que acontece com as palavras que terminam em êem e ôo(s)?

(6) Continua a acentuação que diferencia os pares pára/para, péla(s)/pela(s), pêlo(s)/pelo(s) e pólo(s)/polo(s)?

(7) E o que acontece com o acento diferencial de pôde/pode e pôr/por?

(8) O acento que diferencia o singular do plural dos verbos ter e vir (e seus derivados) continua?

(9) As palavras forma e fôrma possuíam um acento diferencial. E agora?

(10) As palavras compostas que não apresentam elemento de ligação continuam com hí-fen? Há exceções?

(11) As palavras compostas que apresentam elementos de ligação são hifenizadas? Há ex-ceções?

(12) Os compostos formados por palavras iguais ou quase iguais levam hífen?

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(13) Usa-se o hífen nas palavras compostas derivadas de topônimos, tenham ou não ele-mento de ligação?

(14) Usa-se o hífen nas palavras compostas que designam espécies animais e botânicas, tenham ou não elemento de ligação? E se essas palavras forem usadas fora do seu sentido original?

(15) Usa-se hífen entre o prefi xo e uma palavra iniciada por h?

(16) Se o prefi xo terminar com a mesma letra com que se inicia a outra palavra, usa-se o hífen?

(17) E se o prefi xo terminar com letra diferente da que inicia a outra palavra?

(18) E se o prefi xo terminar por vogal e a outra palavra começar por r ou s? Nesse último caso, o que fazer se o prefi xo for sub ou sob?

(19) Com os prefi xos circum e pan, o que fazer diante de palavras iniciadas por vogal, m ou n?

(20) Usa-se hífen com os prefi xos ex, sem, além, aquém, recém, pós pré, pró e vice?

(21) O que ocorre quando se usa o prefi xo co?

(22) Com os prefi xos pre e re, usa-se hífen?

(23) Na formação de palavras com não e quase, usa-se hífen?

(24) Usa-se hífen quando usamos mal antes de palavras iniciadas por vogal, h ou l?

(25) Usa-se hífen com sufi xos de origem tupi-guarani que representam formas adjetivas?

(26) Usa-se o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, for-mando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares?

Os moradores do Estado do Acre não fi caram contentes com uma determinada mudança imposta pelo novo Acordo Ortográfi co: em vez de escreverem acreano, eles terão de escre-ver acriano. Ou seja, eles deixarão de ser “acreanos” e passarão a ser “acrianos”. A Academia Acreana de Letras (veja a Figura 1) é fortemente contrária às mudanças impostas pelo novo Acordo.

Figura 1. Academia Acreana de Letras. Disponível em: <http://academiaacreanadeletras.blogspot.com.br/2010/04/academia-acreana-de-letras-tera--novos.html>. Acesso em 19 Mar. de 2012.

Curiosidade

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Conhecimento em Ação

1. A carta de apresentação é um gênero textual pouco conhecido de muitos brasi-leiros. Entretanto, ela é extremamente útil na hora de candidatar-se a um estágio ou a um emprego, pois acrescenta informações importantes àquelas fornecidas pelo currículo, junto com o qual ela é enviada à empresa. Leia os anúncios abaixo retirados do caderno de clas-sifi cados de um jornal fi ctício chamado Tribuna de Salvador, publicado ontem. Escolha um deles e escreva carta de apresentação para uma das empresas, candidatando-se ao estágio. Como é um exercício imaginário, para a aula, você pode manuscrever a carta, mas, quando enviar uma carta de apresentação para uma empresa de verdade, você precisará digitá-la e imprimi-la. Antes, contudo, duas dicas importantes. A primeira é: se você não sabe para quem se dirigir na carta, use a expressão “Prezados Senhores”. A segunda dica é a seguinte: enquanto o currículo traz informações acadêmicas e profi ssionais, a carta de apresentação traz informações sobre a personalidade profi ssional do candidato. “Que isso fi que claro: não se entram em detalhes da personalidade pessoal na carta, mas se informam apenas as ca-racterísticas profi ssionais do candidato, como, por exemplo, sua pontualidade, organização, capacidade para trabalhar sob pressão e facilidade para trabalhar em equipe”. Afi nal, com essa carta, o candidato pode deixar a empresa curiosa, o que aumenta suas chances de ser convidado para uma entrevista (OLIVEIRA, 2010, p. 151).

ESTÁGIO EM ÁREA ADMINISTRATIVA

Empresa de grande porte do ramo industrial precisa de estagiário para área administrativa. Experiência profi ssional não é necessária, mas o estudante precisa estar cursando o Ensino Médio e ter uma boa média em Língua Portuguesa. Enviar currículo com carta de apresentação para o e-mail [email protected], aos cuidados de Maria Bahia.

ESTAGIÁRIO PARA TELEMARKETING

Empresa de grande porte do setor de vendas contrata, com urgência, estagiários para auxilia-rem os operadores de telemarketing. Enviar currículo com carta de apresentação para o e-mail [email protected]

ANÁLISE QUÍMICA – ESTÁGIO

Procura-se estudante do Ensino Médio para auxiliar na execução de análises físicas e quími-cas de matérias-primas, insumos, produtos em fabricação e prontos. O estagiário contratado receberá treinamento sobre a análise de águas, misturas, micro e macronutrientes, e desem-penhará outras atividades. Exige-se média acima de 7 em Química. Enviar currículo com carta de apresentação para o e-mail [email protected]

No caderno do terceiro ano, na página 20, na linha 4, acho importante acrescentar a palavra “abaixo” após a palavra “anúncios”. Isso vai deixar as instruções mais claras para o estudante.

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Siga Antenado

A Carteira de Trabalho e de Previdência Social – CTPS é um documento criado em 1932 e é obrigatório para quem quer conseguir um emprego formal. Se você não tem sua CTPS ainda, veja onde pode tirá-la aces-sando o site do Ministério do Trabalho em <http://portal.mte.gov.br/postos/resultado-por-estado/uf/ba.htm>. A CTPS garante o acesso do trabalhador aos importantes direitos trabalhistas, como os benefícios da Previdência Social, o FGTS e o seguro-desemprego.

Figura 2. Carteira de Trabalho e Previdência Social. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/para/servicos/documentacao/carteira-de-trabalho-e--previdencia-social-ctps>. Acesso em 19 Mar. de 2012.

Conhecimento em Ação

Um gênero textual extremamente importante para a nossa vida profi ssional é o curri-culum vitae, ou simplesmente currículo. A seguir, você verá um modelo de curriculum vitae. Com base nele, prepare o seu para enviá-lo junto com a carta de apresentação que você fez em casa. Como é um exercício imaginário, para a aula, você pode manuscrevê-lo, mas, quando você enviar um currículo para uma empresa de verdade, ele deverá ser digitado e impresso. Note que é importante colocar nele apenas informações relevantes. Por exemplo, imagine que você sabe tocar violão e que você deseja um emprego de assistente de admi-nistração. Informar que você sabe tocar violão é totalmente irrelevante para essa função e isso conta negativamente para você na hora da seleção dos currículos.

CURRICULUM VITAE

DADOS PESSOAIS

Nome:Endereço:Telefone:E-mail:

No caderno do terceiro ano, na página 20, na linha 4, acho importante acrescentar a palavra “abaixo” após a palavra “anúncios”. Isso vai deixar as instruções mais claras para o estudante.

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OBJETIVO

(Aqui você coloca o cargo que deseja)FORMAÇÃO

Ensino Médio(Coloque os anos e o(s) nome(s) da(s) escola(s) em que estudou. Veja o exemplo a seguir.)2009-2011 Colégio Estadual da Bahia EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL

(Coloque o período em que trabalhou na(s) empresa(s) e cargo(s) que ocupou, com uma breve descrição das funções exercidas). OUTRAS INFORMAÇÕES

(Aqui você coloca informações sobre cursos de aperfeiçoamento que fez e sobre habilida-des que possui e que são relevantes para o emprego que você deseja). REFERÊNCIAS

(Coloque nesta seção o nome e o contato de duas pessoas que podem oferecer informações relevantes e positivas sobre sua vida profi ssional. Essas pessoas podem ser de locais onde trabalhou ou professores).

Há empresas que costumam, sem nenhuma razão aparente, solicitar o currículo com foto dos candidatos a emprego. Essa prática desperta a suspeita de um possível ato de discrimi-nação. Por isso, conforme Luciano Oliveira (2010, p. 148-149) informa, “já existem cidades em que há leis contra a exigência de fotografi as. Uma dessas cidades é o Rio de Janeiro, onde, em dezembro de 2003, a Câmara Municipal aprovou a Lei no 3669, que proíbe as empresas sedia-das naquele município de exigirem fotografi as no curriculum vitae.” Naquela cidade, exigir a foto se caracteriza como ato discriminatório.

Curiosidade

Conhecimento em Ação

Quando escrevemos um texto, precisamos prestar atenção para não fugirmos do tema. A fuga temática é tecnicamente chamada de quebra de coerência textual. Por exemplo, se você está escrevendo um texto sobre a importância de Dom Pedro II para a História brasilei-ra, você não deve incluir informações sobre a vida amorosa dele.

Leia os parágrafos a seguir e decida se há quebra de coerência textual neles. Se hou-ver, diga o que provoca essa quebra.

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(1) A análise de Fourier surgiu a partir da tentativa desse matemático francês para achar a solução para um problema prático: a condução do calor em um anel de ferro. Fourier nasceu no dia 21 de março de 1768. Ele demonstrou que se pode obter uma função descontínua a partir da soma de funções contínuas. Essa tese foi defendida por Fourier na Academia Francesa, o que motivou severas objeções por parte dos matemáticos mais importantes de sua época, como Lagrange e Laplace. Fourier acompanhou Napoleão ao Egito¹.

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(2) Localizada em Foz do Iguaçu, a Usina de Itaipu gera energia elétrica que se destina ao

mercado brasileiro e que é transmitida por Furnas Centrais Elétricas até o Estado de São Paulo, de onde pode ser distribuída para as cinco regiões brasileiras, inclusive Norte e Nordeste. Foz do Iguaçu recebe milhares de turistas anualmente. A capacidade instalada (potência) da Itaipu é de 14 mil megawatts (MW). A população de Foz do Iguaçu está feliz com Itaipu. São 20 unidades geradoras de 700 MW cada².

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(3) A marca da imigração no Brasil pode ser percebida, especialmente, na cultura e na eco-nomia das duas mais ricas regiões brasileiras: Sudeste e Sul. Teve como objetivo inicial a colonização, visando ao povoamento e à exploração da terra por meio de atividades agrárias. Os imigrantes trouxeram danças e comidas típicas ao nosso País. Além disso, a criação das colônias estimulou o trabalho rural. Os netos de muitos imigrantes não falam a língua dos avós. Deve-se a esses povos que para aqui vieram a implantação de novas e melhores técnicas agrícolas, como a rotação de culturas, assim como o hábito de con-sumir mais legumes e verduras³.

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¹ Esse trecho é uma adaptação da tradução de um parágrafo do texto Análise de Fourier. Disponível em: <http://www.sc.ehu.es/sbweb/fisica/ondas/fourier/Fourier.html>. Acesso em: 8 mar. 2012.

² Esse trecho foi adaptado a partir das informações contidas no site <http://www.itaipu.gov.br/sala-de-imprensa/perguntas-fre-quentes>. Acesso em: 8 mar. 2012.

³ As definições das palavras desse glossário são adaptações baseadas no Grande dicionário Houaiss da língua portuguesa (HOU-AISS; VILLAR, 2001).

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cauila: casquinha, avarento

logradouro: espaço público livre, como avenidas, ruas, praças e parques

lusofonia: conjunto das pessoas que falam português como língua materna ou como segunda língua

topônimo: nome geográfi co próprio de região, cidade, vila, rio ou logradouro público

visceralmente: profundamente

Glossário

Questão 01 (ENEM – 2010)

O presidente Lula assinou, em 29 de setembro de 2008, decreto sobre o Novo Acordo Ortográfi co da Língua Portuguesa. As novas regras afetam, principalmente, o uso dos acentos agudo e circunfl exo, do trema e do hífen.

Longe de um consenso, muita polêmica tem-se levantado em Macau e nos oito países de língua portuguesa: Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Comparando as diferentes opiniões sobre a validade de se estabelecer o acordo para fi ns de unifi cação, o argumento que, em grande parte, foge a essa discussão é: (A) “A Academia (Brasileira de Letras) encara essa aprovação como um marco histórico. Inscre-

ve-se, fi nalmente, a Língua Portuguesa no rol daquelas que conseguiram benefi ciar-se, há mais tempo, da unifi cação de seu sistema de grafar, numa demonstração de consciência da política do idioma e de maturidade na defesa, difusão e ilustração da língua da Lusofonia”.

SANDRONI, C. Presidente da ABL. Disponível em: <http://www.academia.org.br>.

Acesso em 10 Nov. de 2008.

(B) “Acordo ortográfi co? Não, obrigado. Sou contra. Visceralmente contra. Filosofi camente con-tra. Linguisticamente contra. Eu gosto do “c” do “actor” e o “p” de “cepticismo”. Representam um patrimônio, uma pegada etimológica que faz parte de uma identidade cultural. A plurali-dade é um valor que deve ser estudado e respeitado. Aceitar essa aberração signifi ca apenas que a irmandade entre Portugal e o Brasil continua a ser a irmandade do atraso”.

COUTINHO, J. Folha de São Paulo. Ilustrada. 28 set. 2008. E1 (adaptado).

(C) “Há um conjunto de necessidades políticas e econômicas com vista à internacionalização do português como identidade e marca econômica.” “É possível que o (Fernando) Pessoa, como produto de exportação, valha mais do que a PT (Portugal Telecom). Tem um valor econômico único”.

RIBEIRO, J. A. Ministro da Cultura de Portugal. Disponível em: <http://ultimahora.publico.clix.pt>.

Acesso em 10 Nov.de 2008.

De olho de ENEM

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(D) “É um acto cívico batermo-nos contra o Acordo Ortográfico.” “O acordo não leva a unidade nenhuma.” “Não se pode aplicar na ordem interna um instrumento que não está aceito internacionalmente” e nem assegura “a defesa da língua como patrimônio, como prevê a Constituição nos artigos 9º e 68”.

MOURA, V. G. Escritor e eurodeputado. Disponível em: <www.mundoportugues.org>.

Acesso em 10 Nov. de 2008.

(E) “Se é para ter uma lusofonia, o conceito [unificação da língua] deve ser mais abrangente e temos de estar em paridade. Unidade não significa que temos que andar todos ao mesmo passo. Não é necessário que nos tornemos homogêneos. Até porque o que enriquece a língua portuguesa são as diversas literaturas e formas de utilização.”

RODRIGUES, M. Presidente do Instituto Português do Oriente, sediado em Macau.

Disponível em: <http://taichungpou.blogspot.com>. Acesso em 10 Nov. de 2008 (adaptado).

As questões 02 e 03 estão baseadas no texto que segue. A carreira do crime

Estudo feito por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz sobre adolescentes recruta-dos pelo tráfico de drogas nas favelas cariocas expõe as bases sociais dessas quadrilhas, con-tribuindo para explicar as dificuldades que o Estado enfrenta no combate ao crime organizado.

O tráfico oferece aos jovens de escolaridade precária (nenhum dos entrevistados havia

completado o Ensino Fundamental) um plano de carreira bem estruturado, com salários que variam de R$ 400,00 a R$ 12.000 mensais. Para uma base de comparação, convém notar que, segundo dados do IBGE de 2001, 59% da população brasileira com mais de dez anos, que declara ter uma atividade remunerada, ganha, no máximo, o ‘piso salarial’ oferecido pelo cri-me. Dos traficantes ouvidos pela pesquisa, 25% recebiam mais de R$ 2.000, 00 mensais; já na população brasileira essa taxa não ultrapassa 6%.

Tais rendimentos mostram que as políticas sociais compensatórias, como Bolsa Escola (que paga R$ 15 mensais por aluno matriculado), são por si só incapazes de impedir que o narcotráfico continue aliciando crianças provenientes de estratos de baixa renda: tais políticas aliviam um pouco o orçamento familiar e incentivam os pais a manterem os filhos estudando, o que, de modo algum, impossibilita a opção pela delinquência. No mesmo sentido, os pro-gramas voltados aos jovens vulneráveis ao crime organizado (circo-escolas, oficinas de cultura, escolinhas de futebol) são importantes, mas não resolvem o problema.

A única maneira de reduzir a atração exercida pelo tráfico é a repressão, que aumenta os riscos para os que escolhem esse caminho. Os rendimentos pagos aos adolescentes provam isso: eles são elevados precisamente porque a possibilidade de ser preso não é desprezível. É preciso que o Executivo federal e os estaduais desmontem as organizações paralelas erguidas pelas quadrilhas, para que a certeza de punição elimine o fascínio dos salários do crime.

Editorial, Folha de São Paulo. 15 jan. 2003.

Questão 02 (ENEM - 2010) No Editorial, o autor defende a tese de que “as políticas sociais que procuram evitar a entrada de jovens no tráfico não terão chance de sucesso enquanto a remuneração oferecida pelos traficantes for tão mais compensatória que aquela oferecida pelos programas do governo”. Para comprovar sua tese, o autor apresenta

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Referências

HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Grande dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

OLIVEIRA, Luciano Amaral. Coisas que todo professor de português precisa saber: a teoria na prática. São Paulo: Parábola, 2010.

(A) instituições que divulgam o crescimento de jovens no crime organizado.

(B) sugestões que ajudam a reduzir a atração exercida pelo crime organizado.

(C) políticas sociais que impedem o aliciamento de crianças no crime organizado.

(D) pesquisadores que se preocupam com os jovens envolvidos no crime organizado.

(E) números que comparam os valores pagos entre os programas de governo e o crime or-ganizado.

Questão 03 (ENEM - 2010) Com base nos argumentos do autor, o texto aponta para

(A) uma denúncia de quadrilhas que se organizam em torno do narcotráfico.

(B) a constatação de que o narcotráfico restringe-se aos centros urbanos.

(C) a informação de que as políticas sociais compensatórias eliminarão a atividade criminosa em longo prazo.

(D) o convencimento do leitor de que, para haver a superação do problema do narcotráfico, é preciso aumentar a ação policial.

(E) uma exposição numérica realizada com o fim de mostrar que o negócio do narcotráfico é vantajoso e sem riscos.

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Marielson Carvalho

Apresentação

Conectando Saberes e Trabalho

O tema do 2º Caderno é “Saberes e Trabalho”, cuja abordagem será articulada com

o conteúdo programático referente à Geração de 30 no romance e na poesia modernistas. O que vamos discutir, a partir desta proposta de articulação temática, será importante

para a compreensão da própria literatura como meio de debate dos grandes problemas da sociedade brasileira no século XX e seus desdobramentos na contemporaneidade.

Na produção literária (ficção e poesia) do Modernismo das décadas de 1930 e 1940, a questão da identidade nacional e regional, da militância partidária e do movimento tra-balhista e sindical será discutida de maneira recorrente, até porque neste período o Estado brasileiro passava por transformações essenciais na sua estrutura que demandavam em to-dos os setores da sociedade um debate profundo sobre Cidadania e Poder.

Nesse contexto cultural, social, político e econômico importante para o Brasil, o papel do escritor como intelectual e pensador social ajudou muito na formação de cidadãos cons-cientes e empenhados na construção de um País mais voltado para a sua identidade.

Como a Geração de 30 fala sobre o Regionalismo, a reflexão que propomos aqui tem também como objetivo desfazer preconceitos sobre a ideia pejorativa sobre a cultura popu-lar nordestina e reafirmar a memória cultural da região como um saber importante para a compreensão da diversidade do povo brasileiro.

Na Literatura, o termo Saberes ganha um significado especial quando neste caso estu-damos a cultura do Nordeste. A Literatura de Cordel, que é a melhor expressão literária dos poetas populares da região, apresenta valores e conhecimentos sobre o homem nordestino e suas diferentes maneiras de existir como brasileiro.

Marcada pela oralidade, a literatura popular em versos tem uma forte proximidade com os sentimentos de pertença cultural e isso é importante para se entender a representa-ção do Nordeste na identidade nacional.

De que forma os escritores Rachel de Queiroz, Jorge amado, José Américo de Almei-da, Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Jorge de Lima etc narraram ou poetizaram suas experiências?

O Saber oral que eles aprenderam na infância e na adolescência foi transformado em Saber escrito. Seus textos apresentam imagens de um Nordeste não somente do sertão, mas também litorâneo e do agreste, além do urbano. Em alguns deles, a descrição é tão fiel a seu imaginário que muitas cenas e ambientes se confundem aos olhos do leitor, fazendo com que acreditem mesmo naquelas imagens e as transforme em verdadeiras ou comparadas ao real.

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Esse efeito demonstra o quanto a Literatura faz jus à sua essência artística, além de nos dar outra possibilidade de conhecimento do mundo, porém é preciso também analisar que, em se tratando de uma criação humana, este produto apresenta o pensamento de um homem, portanto, a intenção e a ideologia de quem escreve ou das instituições e grupos aos quais pertencem.

Por isso, ao usar este Caderno na discussão sobre “Saberes e Trabalho” na Literatura, sugerimos que vocês tenham atenção no discurso que os autores usam em seus textos, a fi m de identifi car não somente o que propomos, mas também o que é possível articular em outras disciplinas, apontando para a forma como eles contestam ou reafi rmam em relação a estereótipos e a preconceitos.

Como vocês já devem ter entendido, nós pretendemos com este Caderno estimular o debate e não encerrar o entendimento sobre o tema, até porque, a interdisciplinaridade, que move este projeto, é uma forma de Saber que possibilita outras leituras sobre o que até en-tão era visto através de uma disciplina só. E na Literatura, cuja matéria-prima é a linguagem, isso é mais estimulante ainda, pois a imaginação do escritor pode criar inúmeras histórias e nos informar sobre muitos assuntos.

A Geração de 30, tanto na prosa, quanto na poesia, apresenta essa forma de pensar sobre um problema social comum àquele contexto, mas sob diferentes estilos e visões de mundo. Esperamos que vocês leiam a obra desses autores com outras referências e enten-dam o que sobre “Saberes e Trabalho” eles falaram, assim como a Literatura, a Sociologia, a História, a Biologia e a Língua Portuguesa, a partir de seus conteúdos, se articulam para ampliar os seus conhecimentos sobre o tema.

Glossário

trabalhista – relativo à classe operária.

sindical – relativo ao sindicato, que é uma associação que defende os interesses de trabalhadores.

regionalismo – em Literatura, diz respeito ao texto literário que narra e descreve a cultura de uma região, cuja referência é identifi cada pela linguagem ou costumes de sua população. Ver: Estereótipo

memória – refere-se às experiências individuais e coletivas de uma comunidade, representan-do assim sua identidade social e cultural. Ver: Imaginário

oralidade – relativo à criação de histórias a partir do uso da linguagem oral.

imaginário – refere-se àquilo que não é real, mas que tem representação na vida material de uma coletividade.

ideologia – relativo a um conjunto de ideias de variados níveis de sentidos que um indivíduo ou um grupo usa para afi rmar seus valores.

estereótipo – diz respeito a uma característica dada ao outro ou a uma coletividade sem que este ou aquele possuam em parte ou em todo tal qualidade ou defeito, resultando assim em preconceitos e restrições à sua identidade.

interdisciplinaridade – relativo à interdisciplinar, que é a relação entre duas ou mais discipli-nas, cujos conteúdos se sobrepõem ou se articulam.

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Texto 1

Que Geração é essa? “A Bagaceira”, de José Américo de Almeida, é considerada, pela maioria dos críticos

literários, o marco histórico do Romance de 30, mas na verdade, do ponto de vista cronoló-gico, ele é ainda da década anterior.

Publicado em 1928, o livro dá continuidade a uma ideia de literatura do Nordeste como independente da que se produzia no Sul, leia-se São Paulo e Rio de Janeiro. Este mo-vimento foi iniciado por Gilberto Freyre com a publicação do “Livro do Nordeste”, em 1925, e com a organização do Congresso Regionalista do Recife, em 1926.

Foi nesse contexto favorável que o autor de “A Bagaceira” se inseriu. Outros autores nordestinos foram também amadurecendo o debate em torno da brasilidade a partir de uma ideia de Nordeste, destacando em suas narrativas uma identidade cultural e social sem os “modismos” de um modernismo europeu, distante de nossa realidade nacional, como a seca no Nordeste, o trabalho escravo, o Coronelismo etc

A intensa produção de Rachel de Queiroz (“O Quinze”, 1930; “João Miguel”, 1932), José Lins do Rego (“Menino de Engenho”, 1932; “Bangüê”, 1934), Jorge Amado (“O País do Car-naval”, 1931; “Cacau”, 1933; “Suor”, 1934; “Jubiabá”, 1935), Graciliano Ramos (“Caetés”, 1933; “São Bernardo”, 1934; “Vidas Secas”, 1938) consolidou a literatura brasileira nesta década, assim como criou um público-leitor mais preocupado com a realidade brasileira.

Não formando uma geração integrada, como aparentemente havia sido a da Semana de Arte Moderna de 1922, assim mesmo os escritores compartilhavam experiências regio-nais comuns (sociedades marcadas por oligarquias rurais), traços estilísticos e narrativos (preferência pelo romance social), trajetórias intelectuais e profissionais (formações aca-dêmicas culturais nos grandes centros do Nordeste ou na Capital Federal) e engajamentos políticos (filiação ou simpatia a partidos e grupos políticos de esquerda).

Acima de tudo, é nítido o interesse geral deles por “uma visão crítica das relações so-ciais” (BOSI, 1994, p. 389) e de trabalho. Eles fundam naquele instante um pensamento, cuja escrita enfoca a exploração do homem pelo homem e a opressão do Estado, cerceador da liberdade de expressão, assim como a afirmação de uma cultura popular nordestina.

Até agora, destacamos o Romance de 30, mas... e a Poesia de 30, não conta? Como você já deve ter estudado nas séries anteriores, cada gênero literário tem sua característica mas, independentemente de suas estruturas internas e externas, o que temos é uma lingua-gem escrita ou oral marcada por elementos constitutivos que diferem de uma formalidade ou mensagem objetiva.

A literatura como linguagem tem na subjetividade sua marca mais evidente, que é realçada pelo uso de imagens e sons criados pelo ficcionista ou poeta. Assim, mesmo que estejamos aqui abordando um tópico e outro da produção literária dos anos 1930, prosa e po-esia nunca caminharam afastados um do outro na função comunicativa e artística da palavra.

Muitos autores transitavam entre os dois gêneros, como foi o caso, nesse período com Carlos Drummond de Andrade. Como poeta, é singular e bastante conhecido, mas não per-de a excelência quando usa a crônica para se expressar.

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Na Poesia de 30, a referência nordestina é menor do que na prosa, embora a temática social e política esteja latente no livro de estreia de Carlos Drummond de Andrade, “Alguma Poesia” (1930), assim como no segundo, “Brejo das Almas” (1934). A proximidade com os escri-tores nordestinos também está na revelação de sua memória afetiva e cultural como elemento de afi rmação identitária regional, dando outra coloração à produção poética do Modernismo.

Minas Gerais, especialmente Itabira, sua cidade natal, aparece nos versos do poeta como lugar de formação pessoal mais íntimo e que será usado como contraponto quando o sujeito poético se defronta com uma realidade mais modernizante, opressora pelo Capi-talismo. É nesse embate, entre o mágico de sua infância rememorada e a presença de uma racionalidade adulta, que a sua poesia vai tornar pública as questões sentimentais e sociais do homem moderno.

Outro poeta importante para esta geração foi Jorge de Lima, que extraiu de sua experiên-cia em Alagoas, imagens da cultura popular de União dos Palmares, cidade onde nasceu. Esses elementos folclóricos e especialmente sobre os negros vão circular nos primeiros livros, publi-cados ainda na década de 20, com destaque para “Poemas” (1927) e “Novos Poemas” (1929).

“Essa Negra Fulô” é um poema que se transformou em sucesso nacional pela forma dramática, aliada a uma tradição de poesia popular, cuja oralidade está marcada na constru-ção dos versos e do refrão, possibilitando assim tratar da escravidão sem rodeios e próximo ao conhecimento do leitor sobre o negro.

Embora seja um clássico da poesia brasileira, há controvérsias sobre a representação da personagem feminina, a Negra Fulô, apresentada como submissa sexualmente ao senhor de engenho e servilmente a sua mulher ou sinhá.

Glossário

brasilidade – refere-se ao caráter ou sentimento de ser brasileiro a partir de inúmeras referên-cias que o sujeito seleciona ou aceita da identidade nacional.

modismos – entende-se como gosto ou apreciação passageira de algo ou de alguém. Novidade.

coronelismo – prática política surgida na Primeira República (1889-1930), cuja representação era a do Coronel, título honorífi co concedido pelo Estado a homens de poder econômico e social.

engajamento – entende-se por uma adesão fervorosa e fi rme a uma causa política, social, cultural, cuja bandeira é o de criticar e polemizar ações do poder instituído, consideradas pre-judiciais a um determinado grupo.

sujeito poético – refere-se à idealização de um personagem que, não sendo identifi cado especifi camente com um nome, assim mesmo representa os sentimentos de um sujeito na po-esia. Pode ser a voz do poeta, mas não necessariamente apresenta as mesmas características dele.

racionalidade – característica de quem se comporta com base mais na razão, do que na emo-ção. A depender da idade, a racionalidade é mais ou menos intensa, contudo nem sempre essa referência justifi ca o comportamento correto ou errado do sujeito.

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Conhecimento em Ação

A partir do que falamos sobre a Geração de 30, na prosa e na poesia, é chegada a hora de vocês explorarem mais o tema “Saberes e Trabalho” nos textos dos escritores, articulando com as outras disciplinas.

• Com o uso de máquinas fotográfi cas, celulares, câmeras de vídeo, gravadores de áudio, webcams ou outros equipamentos de audiovisual disponíveis façam entrevistas com seus próprios colegas, familiares, professores, profi ssionais e público em geral sobre o que eles pensam sobre o preconceito contra os nordestinos, comumente divulgado por grupos neonazistas na internet;

• Montem um pequeno vídeo e apresentem para a turma;

• Após a exibição, debatam sobre o assunto e escrevam um manifesto de combate ao pre-conceito contra o Nordeste e suas formas de expressão.

Reflexão para ação

O que mudou de ontem para hoje no Nordeste em relação à seca? Qual é o perfi l atual do migrante nordestino no País? Será que o Sul ou as capitais do Nordeste atendem à demanda dos trabalhadores rurais oriundos de regiões de seca no interior? Mesmo com o aumento da renda per capita no Nordeste será que o nordestino tem sabido lidar com esta mudança? De que maneira se pode reverter a ideia do Nordeste como um lugar atrasado e dependente do restante do País? Como os artistas e intelectuais nordestinos podem valorizar a autoestima de seus conterrâneos?

Essas questões podem ser desdobradas em muitas outras, na medida em que nenhuma delas se encerra em apenas uma resposta, muito menos tem uma resposta fácil, pois envolvem várias refl exões para as quais conta-se com o auxílio de outras disciplinas. Para a Literatura, por exemplo, essas respostas podem ser tiradas ou analisadas a partir da própria produção dos escritores da Geração de 30, assim como de autores e artistas atuais ou ainda da realiza-ção de entidades civis, organizações não governamentais e de projetos audiovisuais.

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Josué de Castro (1908-1973) foi um dos maiores estudiosos sobre a fome e a desnu-trição no País, especialmente no Nordeste. Escreveu a obra-referência no assunto, “A Geografi a da Fome”. É dele a frase: Denunciei a fome como fl agelo fabricado pelos homens, contra outros homens. Entre no site sobre sua trajetória e conheça-o melhor: http://www.josuedecastro.com.br/

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Em 1981, a Rede Globo produziu a minissérie “Morte e Vida Severina”, baseada na obra de João Cabral de Mello Neto, poeta pernambucano. Acesse aqui mais informações e trechos da produção:http://www.youtube.com/watch?v=nwXrKYr6CNY&feature=related;http://memoriaglobo.globo.com/Memoriaglobo/0,27723,GYN0-5273-277733,00.html

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Em 1985, artistas brasileiros inspirados na campanha “Usa for Africa” nos Estados Uni-dos, famosa pela música “We are the world”, realizaram no Brasil a campanha “Nordes-te Já” para arrecadar dinheiro e ajudar a combater a seca. Veja aqui o clipe “Chega de mágoa”, música-tema do movimento:http://www.youtube.com/watch?v=BKeZaaVmT3E&feature=related Bráulio Tavares e Ivanildo Vila Nova, dois compositores nordestinos, compuseram “Nordeste Independente”, um bem-humorado e utópico manifesto contra a discri-minação ao Nordeste. Em forma de repente, a letra fi cou conhecida na voz de Elba Ramalho, mas aqui você vê a versão interpretada por Bráulio Tavares:http://www.youtube.com/watch?v=NNhhIey1lQ8

Quando se fala em saberes oral e escrito na cultura nordestina, citamos a Literatura de Cordel, também conhecida pelos estudiosos de Literatura Popular em Verso. Esta expressão artística é um dos patrimônios culturais do Brasil tanto pela sua importância em representar uma identidade brasileira, quanto da permanência de sua produção no nosso imaginário. Até novela e fi lmes, como “Cordel Encantado” e “O Auto da Compadecida”, foram feitos inspirados na Literatura de Cordel.

A Fundação Casa de Rui Barbosa, um centro de pesquisa em literatura do Ministério da Cultura, tem o maior acervo digitalizado de folhetos de cordel no País. Nele, a partir do ende-reço abaixo, vocês podem consultar textos escritos pelos poetas populares sobre uma grande variedade de temas.

Acessem a página a http://www.casaruibarbosa.gov.br/cordel/ e cliquem em Acervo. Di-gitem, no espaço de pesquisa, as palavras “seca”, “coronelismo”, “retirante”, “analfabetismo”, “sertanejo”, “Nordeste”, “sertão” etc e escolham, entre as opções de folhetos, aqueles que se relacionem com o tema “Saberes e Trabalho”.

Curiosidade

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Conhecimento em Ação

Vamos trabalhar em grupo. O objetivo é desenvolver uma atividade que ponha em circulação o conteúdo até então apresentado.

1. Os grupos deverão ser formados a partir dos romances abaixo, cujos cenários abrangem três contextos culturais diferentes dentro do Nordeste, mas ligados a um problema geral que é a exploração do homem pelo homem:

• “Cacau”, de Jorge Amado • “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos • “Menino de Engenho”, de José Lins do Rego

2. É importante que os alunos destaquem trechos dos romances para ilustrar fatos que ca-racterizem a relação patrão-empregado na década de 30, como também buscar exemplos de seu cotidiano, que caracterizem essa relação no contexto atual.

3. Discussão ou debate em sala sobre os pontos levantados no quadro comparativo.

4. Produção do texto dissertativo individual e a escolha de alguns alunos para fazer a leitura em sala.

Vocês já ouviram falar em Sebastião Salgado? Ele é considerado um dos maiores fotógra-fos em atividade no Brasil. Ganhador de vários prêmios nacionais e internacionais, Sebastião Salgado se especializou em documentar povos em confl itos étnicos, movimentos sociais, mi-grações, desastres ecológicos e paisagens exóticas.

Um de seus mais celebrados livros, que inclusive o tornou conhecido no mundo inteiro foi “Trabalhadores”. Todos os direitos autorais da edição brasileira foram doados ao Movimen-to dos Trabalhadores Sem Terra.

Outro fotógrafo que também faz sucesso no mundo das artes visuais é Vik Muniz, que foi tema do documentário “Lixo Extraordinário”. Neste fi lme, o fotógrafo brasileiro transforma o lixo em arte tanto para si, quanto para os catadores ou recicladores de lixo do Aterro Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro.

Curiosidade

Para conhecer melhor o trabalho desses dois fotógrafos, acesse os links abaixo:

1. www.youtube.com/watch?v=XAb0-MRNMiM (Entrevista com Sebastião Salgado)

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Conhecimento em Ação

Para exemplifi car a ideologia de Getúlio Vargas, duas letras de samba mostram a di-vergência de posição sobre o tema do trabalho no período. Ambas são do mesmo autor, Wilson Batista. A primeira, gravada em 1933, quando ainda se podia cantar a malandragem; e a segunda, em parceria com Ataulfo Alves, em 1940, já com mudança, devido à censura, exaltando o trabalho.

LENÇO NO PESCOÇO(Wilson Batista) Com meu chapéu de lado, tamanco arrastandoLenço no pescoço, navalha no bolsoEu passo gingando, provoco e desafi oEu tenho orgulho em ser tão vadio

2. www.amazonasimages.com/ (Site ofi cial da empresa Amazonas Imagens, de Sebas-tião Salgado) 3. www.vikmuniz.net/ (Site ofi cial de Vik Muniz) 4. www.youtube.com/watch?v=43k83HSrTNI (Entrevista com Vik Muniz)1. Assistam ao fi lme “Lixo Extraordinário”, disponível em DVD nas locadoras ou em versão completa online no Youtube. Acesse o link abaixo: http://www.youtube.com/watch?v=udpDCiLrg4k 2. Veja também o site ofi cial do fi lme:www.lixoextraordinario.net

Curiosidade

Na década de 1930, quando Getúlio Vargas foi presidente por três vezes, foi instituído no Brasil um ideal trabalhista que, embora tenha organizado as relações de trabalho por meio de leis, ainda assim controlava a liberdade de expressão dos trabalhadores em manifestações grevistas. Não só os trabalhadores eram censurados, mas também os sambistas. Segundo Claudia Matos (1982, p. 14), “a ideologia do culto ao trabalho e uma política paternalista e repressiva em relação à cultura popular” de Getúlio Vargas muda o panorama da produção poética do samba, cuja imagem do malandro não correspondia com o projeto do governo, que obrigavam os compositores “a louvar os méritos e recompensas do trabalhador, ao mes-mo que se interditam e censuram os causos e façanhas do malandro”.

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Sei que eles falam desse meu procederEu vejo quem trabalha anda no miserêEu sou vadio porque tive inclinaçãoEu me lembro era criançaTirava samba-canção. O BONDE DE SÃO JANUÁRIO (Wilson Batista e Ataulfo Alves) Quem trabalha é quem tem razãoEu digo e não tenho medo de errarO Bonde São JanuárioLeva mais um operárioSou eu que vou trabalhar Antigamente eu não tinha juízoMas resolvi garantir meu futuroVejam vocês,Sou feliz, vivo muito bemA boemia não dá camisa a ninguém.

Sugerimos que a partir dessas letras, façamos um debate sobre um assunto que é re-

corrente quando se fala também do Nordeste, especialmente sobre a Bahia e os baianos: a preguiça baiana, ou seu comportamento mais festeiro do que trabalhador.

Em meu livro “Acontece que eu sou baiano: identidade e memória cultural no cancio-

neiro de Dorival Caymmi’ (Eduneb, 2009), eu proponho uma releitura sobre a imagem da Bahia a partir das canções e da biografia de Dorival Caymmi (1914-2008), pontuando que essa tal “preguiça baiana” não foi idealizada ou inventada pelo compositor, mas que sua performance artística e pessoal redefiniu esse mito, menos por uma obrigação política ou comercial de divulgação turística, mais por representar a sua própria subjetividade, indivi-dual e afetiva, como baiano.

Nos sambas de Wilson Batista, que tem o Rio de Janeiro como contexto, a boemia e a

malandragem do carioca, mesmo censurada por Getúlio, não era criticada como preguiça. Ao contrário, era tolerada no imaginário popular como uma das identidades mais originais do brasileiro, devido a sua versatilidade entre o não “fazer nada” e o fazer samba. Ou seja, se não tinha trabalho formal, compensava-se criando música.

REFLEXÃO: E por que no caso do baiano essa imagem de festeiro é negativa? A quem

interessa a repetição desse preconceito? Será que trabalho e lazer não podem coexistir? É verdade que baiano é preguiçoso?

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Então, mãos à obra:

1. Após o debate sobre as questões propostas anteriormente, façam uma série de charges sobre o tema: “Trabalho e Lazer”;

2. A proposta é desfazer a imagem negativa de que baiano é preguiçoso, mas que não deixa de se divertir, como uma das muitas referências de sua identidade;

Escolham um aluno/a que saiba desenhar para ser o responsável pelo projeto gráfi co, outros podem colaborar na construção dos personagens e na criação das histórias.

Siga Antenado

Ouça, acessando os links a seguir, os sambas de Wilson Batista e Ataulfo Alves: 1 .“Lenço no Pescoço”: www.youtube.com/watch?v=vmD6D0zAGnc

2. “O Bonde de São Januário”: www.youtube.com/watch?v=3l7j79MFyCY

Reflexão para ação

Aproveitando a Curiosidade sobre os sambas no tempo de Getúlio Vargas, podemos também refl etir sobre a Lei Antibaixaria, de autoria da Dep. Estadual Luiza Maia (PT), que proí-be a contratação de bandas de pagode pelo Governo do Estado da Bahia as quais tenham em seu repertório músicas ofensivas e preconceituosas contra as mulheres.

Diferentemente da época de Getúlio Vargas, que era uma ditadura, hoje, vivemos numa democracia, daí alguns artistas considerarem que esta lei é mais uma censura a criação musi-cal do que evitar a violência às mulheres.

O projeto de lei foi aprovado na Assembleia Legislativa da Bahia e teve adendos, como a proibição também a letras ofensivas aos gays. A lei já entrou em vigor com a sanção do governador.

REFLEXÃO: O que vocês pensam sobre isso? Será que a partir desta lei a qualidade das músicas de pagode vai melhorar? A liberdade de expressão não estaria sendo vigiada e tolhi-da? Será que o Governo tem realmente mais poder do que a iniciativa privada para padronizar a música que já é popular?

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Referências

ALBUQUERQUE JR., Durval Muniz. A invenção do Nordeste e outras artes. Recife: FJN, Ed. Massan-gana; São Paulo: Cortez, 2001.

ALMEIDA, José Maurício Gomes de. A tradição regionalista no romance brasileiro (1857 – 1945). Rio de Janeiro: Achiamé, 1980.

BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1994.

BOTELHO, André; SCHWARCZ, Lilia Moritz (org.). Agenda brasileira: temas de uma sociedade em mudança. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

BUENO, Alexei. Uma história da poesia brasileira. Rio de Janeiro: G. Ermakoff Casa Editorial, 2007.

BUENO, Luís. Uma história do Romance de 30. São Paulo: Edusp, 2006.

CANDIDO, Antonio. Iniciação à literatura brasileira. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2007.

CARVALHO, Marielson. Acontece que eu sou baiano: identidade e memória cultural no cancioneiro de Dorival Caymmi. Salvador: Eduneb, 2009.

Questão 01 (ENEM - 2011) “Completamente analfabeto, ou quase, sem assistência médica, não lendo jornais, nem revis-tas, nas quais se limita a ver as fi guras, o trabalhador rural, a não ser em casos esporádicos, tem o patrão na conta de benfeitor. No plano político, ele luta com o “coronel” e pelo “co-ronel”. Aí estão os votos de cabresto, que resultam, em grande parte, da nossa organização econômica rural.”

LEAL, V. N. Coronelismo, enxada e voto. São Paulo: Alfa-Omega, 1978 (adaptado).

O coronelismo, fenômeno político da Primeira República (1889-1930), tinha como uma de suas principais características o controle do voto, o que limitava, portanto, o exercício da cida-dania. Nesse período, esta prática estava vinculada a uma estrutura social

(A) igualitária, com um nível satisfatório de distribuição da renda.

(B) estagnada, com uma relativa harmonia entre as classes.

(C) tradicional, com a manutenção da escravidão nos engenhos como forma produtiva típica.

(D) ditatorial, perturbada por um constante clima de opressão mantido pelo exército e polícia.

(E) agrária, marcada pela concentração da terra e do poder político local e regional.

Questão 02 (ENEM - 2010) Faça uma refl exão sobre “trabalho e direitos humanos”.

De olho no ENEM

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FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (org.). O tempo do nacional-estatismo: do início da década de 1930 ao apogeu do Estado Novo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. (O Brasil republicano, v.2)

FISCHER, Luís Augusto. Literatura brasileira: modos de usar. Porto Alegre: L&PM, 2007.

KOTHE, Flávio. O cânone republicano II. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 2004

MATOS, Cláudia. Acertei no milhar: malandragem e samba no tempo de Getúlio. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.

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Rodrigo Freitas Lopes, Cristiane Batista e Virgínia Queiroz Barreto

Apresentação

O mundo se transformou rápida e radicalmente em muitas áreas do conhecimento

ao longo do século XX e início do século XXI. Neste caderno, trazemos um panorama das mudanças ocorridas nas relações de trabalho no século XX, ligadas principalmente ao cres-cimento da produção industrial. Você perceberá, no texto que complementa as informações do seu livro didático, como o trabalho operário nas linhas de montagem das fábricas alie-nou o trabalhador e como as nações industrializadas garantiram seu crescimento através da dominação imperialista sobre os continentes menos industrializados. Mas, sobretudo, perceberá que mesmo com toda a riqueza proporcionada pelas indústrias, as crises também recaíram sobre os países ricos, forçando os governos a repensarem o seu papel em relação à economia.

Texto 1

As relações de trabalho na sociedade contemporânea

Somos testemunhas de processos históricos importantes para a sociedade atual, mas

que resultaram de um acelerado desenvolvimento tecnológico e científico que se acentuou ao longo dos anos 1900 a 2000, intitulado pelo famoso historiador inglês Eric Hobsbawn, como o “breve século XX” .

No início do século XX, o mundo experimentou duas situações singulares, decorrentes do crescimento industrial do século anterior. A primeira delas foi o notável crescimento da indústria em todo o mundo; na Europa e nos Estados Unidos da América, técnicas de pro-dução sofisticadas nas fábricas aumentaram a produtividade consideravelmente, gerando riqueza para os empresários capitalistas e renda para os trabalhadores, que direta ou indi-retamente estavam envolvidos no esquema produtivo, desde operários a comerciantes e agropecuaristas. Lembra-se das lições de geografia no Ensino Fundamental? Os setores pri-mário, secundário e terciário funcionavam como um relógio para garantir o abastecimento e o desenvolvimento da economia.

A segunda situação foi quando, a partir do desenvolvimento tecnológico iniciado pela industrialização desde o final do século XVIII, a mão de obra também sofreu alterações pro-fundas. O trabalhador acostumado ao setor primário - tido pelo filósofo iluminista Adam Smith, como o verdadeiro gerador de riqueza através da agropecuária (leia mais no box “Zoom na Informação”) - e ao setor secundário (comércio), teve que se adaptar a uma nova organização do trabalho.

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A maior demanda de empregos desde o século XIX encontrava-se ligada ao trabalho fabril. Imensos contingentes de trabalhadores deslocaram-se do campo e das pequenas cidades para empregarem-se nas fábricas, tendo que aprender a manusear máquinas mo-vidas a combustível fóssil ou à eletricidade, ao invés de ferramentas agrícolas, conforme você pode perceber na Figura 1; o trabalho é todo mecanizado, cabendo ao operário o manuseio das máquinas.

Figura 1. Linha de montagem em fabrica do século XIX. Disponível em <http://salacristinageo.blogspot.com/2010/09/economia-do-brasil-roteiro-de-estudo.html>Acesso em 03 Abr. de 2012.

A quantidade de acidentes e mortes ligados ao manejo das máquinas neste período

de adaptação foi grande, e como o número de pessoas que procuravam trabalho era maior que a oferta, os donos das fábricas não tomavam grandes cuidados para evitar acidentes com seus empregados, coisa que só aconteceu de forma mais eficaz no decorrer do século XX.

No século XX, o setor industrial já era o mais lucrativo e o que mais empregava mão de obra nos centros urbanos e seu entorno. Os trabalhadores, cada vez mais alienados, per-diam pouco a pouco sua capacidade de produzir manualmente todo o produto, participan-do apenas de parte da produção. Desta forma, um marceneiro que, em sua antiga oficina, conseguia fabricar artesanalmente uma cadeira do início ao fim - a partir do corte da árvore e sua transformação em tábuas de madeira, até a montagem da cadeira e o acabamento do produto para ser comercializado – como empregado da fábrica, para aumentar a produção de cadeiras em escala industrial, apenas operava a máquina que cortaria a tora de madeira em tábuas, ou somente montaria as partes cortadas para formar a cadeira. A indústria obri-gou o trabalhador a se especializar em apenas uma etapa da produção.

Junto a esse desenvolvimento dos meios de produção, crescia também a necessi-dade de organização dos trabalhadores para que se protegessem mutuamente e para que sua mão de obra não fosse explorada ao extremo pelos donos de fábricas, isso resultou no fortalecimento dos movimentos de trabalhadores, que reivindicavam melhores condições de trabalho e salários. Essa situação ocorreu em todos os continentes, mas tornou-se mais forte exatamente naqueles onde a riqueza fluiu mais intensamente.

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Nos outros continentes, àquela época, chamados de “periféricos”, como a África, Ásia e América Latina, a industrialização não aconteceu de forma tão intensa, chegando mesmo a inexistir em alguns territórios.

Isto se deu justamente porque as nações mais ricas e industrializadas do mundo obri-garam as “nações periféricas” a fornecerem suas matérias primas para serem industriali-zadas, investindo pouco em mão de obra e tecnologia naqueles lugares, em um processo chamado de “imperialismo”. A política imperialista enfraqueceu durante muito tempo, a economia dos “países periféricos”, de forma que somente nas duas últimas décadas do século XX, a situação econômica em grande parte daqueles territórios começou a se trans-formar a passos lentos.

Um exemplo do descompasso entre o desenvolvimento capitalista e as oportunidades de crescimento econômico para os trabalhadores, aconteceu no México no início do século XX, em um processo histórico conhecido como Revolução Mexicana. Você sabia que a Revo-lução Mexicana foi a primeira revolução do século XX?

O México viveu durante o período de governo de Porfírio Díaz (1876-1911) uma época de intenso desenvolvimento capitalista, apesar do caráter despótico desse governo. Fo-ram construídas estradas de ferro, a agricultura e a mineração voltadas para a exportação tiveram grande desenvolvimento, houve crescimento do comércio e da indústria. Entretan-to, os setores produtivos da economia mexicana estavam nas mãos do capital estrangeiro, deixando de lado a grande massa de trabalhadores do campo e da cidade expropriada e fazendo crescer o sentimento de aversão às grandes potências, expressos até hoje através de manifestações diversas.

Esse é um exemplo de como as grandes nações industrializadas conseguiam auferir grandes lucros, ao mesmo tempo em que impediam o crescimento econômico dos territó-rios que estavam sob sua dominação imperialista.

No caso do México - a maior parte da população composta por descendentes de índios e dedicada ao trabalho agrícola, bem como os operários das fábricas, boa parte for-mada por ex-camponeses que migraram em busca de trabalho nas cidades - trabalhava em situações extremas, sem quaisquer cuidados com a segurança, recebendo baixos salários e sem perspectivas de ter suas reivindicações atendidas. A difícil situação econômica dos tra-balhadores, face aos altos lucros obtidos pelas indústrias, motivou a eclosão da Revolução Mexicana que, pode ser considerado o primeiro grande acontecimento de inspiração socia-lista do mundo, antecedendo em dez anos, a Revolução Russa de 1917.

De forma parecida com a situação mexicana, outros países também sofreram com o imperialismo, mas, sobretudo na África e na Ásia, a dominação estrangeira foi muito mais intensa, chegando aos limites do absurdo, justificado inclusive por teorias racistas que legi-timavam a presença estrangeira europeia em seus territórios.

No que diz respeitos aos saberes e as profissões na África pós-colonial, algumas re-alidades coexistem: as novas tecnologias e as técnicas tradicionais, esses contrastes e en-contros ocorrem em países que estão em processo de crescimento e em uma transição dinâmica interna e externa, que permite criar estratégias para ter melhores condições de vida, buscando parceria e cooperação ou exportando ou produzindo. Nas Figuras 2 e 3, observamos cientistas africanos e mulheres produzindo sabão artesanal, um exemplo da diversidade de profissões e saberes.

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Figuras 2 e 3. Cientistas africanos e mulheres fabricando sabão com técnicas artesanais, um exemplo do crescimento do continente africano pós colonialismo com a preservação de saberes que conferem identidade aos povos africanos. Dispo-níveis em <http://pt.dreamstime.com/fotografia-de-stock-cientistas-africanos.image16900922> Acesso em 10 Dez. 2011, e em <http://oriose.blogspot.com/2011/08/ose-dudu-sabao-preto-africano.html> Acesso em 10 Dez. 2011.

Conforme podemos analisar nas ilustrações anteriores, encontramos atualmente no

continente africano, saberes e profissões ligados a uma grande diversidade de papéis e lu-gares na sociedade.

Um processo histórico importante sobre o desenvolvimento das economias capita-listas industriais e suas relações com os trabalhadores, foi o desenvolvimento do modelo liberal de governo, onde o Estado se comportava como o garantidor do bem-estar social (welfare state).

Nos Estados Unidos, principal potência econômica do mundo após o término da Pri-meira Guerra Mundial em 1918, o welfare state funcionou muito bem, tornando aquele país o sonho de vida de milhares de trabalhadores ao redor do mundo, atraídos pela situação de pleno emprego e de alto consumo, proporcionando pelos bons salários pagos pela indústria norte-americana.

Uma situação tão favorável, que parecia não ter fim o progresso nos EUA. Com a economia crescendo mais aceleradamente do que em qualquer outro lugar do mundo, e o consumo de produtos industrializados a todo vapor, principalmente os chamados “bens duráveis”, como eletrodomésticos e automóveis. E de repente, em 1929, aconteceu o impro-vável; os EUA entraram na pior crise econômica do século XX.

Para você, o que é uma crise econômica? Geralmente é a falta de recursos, de moeda, de mercadorias, correto? É curioso que quando pensamos em crise, pensamos sempre na falta, no desabastecimento. Mas o que aconteceu nos EUA em 1929 foi o contrário, foi uma crise de superprodução. Vamos compreender isso!

As indústrias norte-americanas produziam e exportavam bens duráveis em sua maio-ria, e como o próprio nome já diz se é durável, não precisa ser reposto por um intervalo de tempo relativamente longo, de forma que, cada família que compra um automóvel, por exemplo, espera não precisar comprar outro pelos próximos anos.

Mas a produção industrial americana não diminuiu seu ritmo, vendia muito, e con-tinuava produzindo muito. O efeito disso foi a queda do consumo e as fábricas abarrota-das de produtos que não eram vendidos, gerando crise e causando a falência de grandes

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empresas. Fábricas demitiram seus funcionários e o Estado não teve condições de sus-tentar o grande número de desempregados e de bancos que não puderam reaver seus empréstimos concedidos. A Bolsa de Valores de Nova York, onde o capital das maiores indústrias estava aplicado, entrava em uma terrível crise, conhecida como o “Crash de Wall Street”.

Em 1933, os EUA conseguem contornar a crise através da ação do governo Roosevelt, a partir da criação de frentes de trabalho que pouco tinham a ver com o cotidiano das fábri-cas do período anterior a 1929; utilizando os desempregados norte-americanos em grandes trabalhos coletivos de reconstrução e modernização do país, abrindo rodovias, ferrovias e dando subsídios para que os agricultores retomassem a produção com garantia de que o governo compraria o que não fosse vendido.

Somente no fim dos anos 1930, enquanto na Europa iniciava-se a Segunda Guerra, as indústrias norte-americanas entraram em crescimento econômico novamente, investindo nas áreas de produtos químicos e na indústria bélica, inclusive com o domínio da fusão nuclear, que foi utilizada em 1945 na forma das bombas atômicas que arrasaram as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, e aterrorizaram o mundo diante de seu poder de des-truição. Pergunte ao seu professor de Física ou Química, quais os efeitos gerados por uma explosão nuclear? Você vai se surpreender, certamente.

Nesta retomada dos trabalhos industriais, houve o emprego cada vez maior de uma mão de obra qualificada em escolas técnicas e universidades, que foi aproveitada pelo mer-cado de trabalho.

No Brasil, o investimento em qualificação de trabalhadores em cursos técnicos remon-ta ao século XIX, quando o ensino de ofícios diversos era realizados nos Arsenais de Guer-ra, onde os alunos a partir de oito anos de idade, aprendiam técnicas profissionalizantes, desenho e as primeiras letras. (FRANCO, 1990. p.09.)

(...) Aos 21 anos recebiam certificado de mestre numa especialidade qualquer, eram contratados como operários efetivos e passavam a re-ceber soldo. As atividades dos aprendizes eram controladas de perto por um pedagogo (de preferência chefe de família ou sacerdote maior de 40 anos) auxiliado por um guarda e dois serventes para cada grupo de 50 alunos.

A demanda por trabalhadores brasileiros qualificados também cresceu no século

XX, com as primeiras Escolas Técnicas Federais em 1909, e nos anos 1930 e 1940, quan-do o governo do presidente Getúlio Vargas deu início ao programa de modernização industrial do Brasil, com a criação de cursos profissionalizantes, inserção de disciplinas técnicas em cursos de nível médio, bem como cursos superiores na área de tecnologia. Essas mudanças vieram acompanhadas de outras em nível social, como a Consolidação das Leis Trabalhistas e a instituição do salário mínimo que, na medida em que modifi-cam a relação dos trabalhadores com os donos dos meios de produção e com seu ofício, também assinalam mudanças na relação entre os saberes e as profissões. Pelo que você acabou de ler, a preocupação com a educação voltada também para o mercado de traba-lho no Brasil, tem muita História!

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É irônico que nos dias atuais, o mercado de trabalho continue direcionando os profi ssio-nais a se especializarem. Porque ao mesmo tempo em que incentivam a especialização, valori-zam mais os profi ssionais que dominam os chamados “conhecimentos gerais”.

Por exemplo, se após você concluir seu Ensino Médio, onde estudou um pouco de cada ciência, decidir cursar uma universidade, deverá escolher um dos cursos que mais se identifi ca, e aprofundará seu conhecimento sobre aquela ciência. Ao continuar seus estudos, se especia-lizará em uma área específi ca daquele curso e assim por diante. Cada vez mais o homem troca o senso de universalidade pelo de especialidade, e isso é uma demanda do mundo do trabalho contemporâneo, resultado do desenvolvimento das ciências, da tecnologia e da indústria.

Esse processo parece irreversível, se pensarmos sobre a grande quantidade de informa-ções resultantes das pesquisas contemporâneas. É impossível para o estudante ou o profi ssio-nal acompanhar tudo o que se produz relacionado à sua área de trabalho, então a especiali-zação torna-se cada vez mais necessária. Ao mesmo tempo, quando um profi ssional consegue unir seu conhecimento específi co sobre aquele trabalho, ao que chamamos de “conhecimen-tos gerais”, ele tem uma chance muito maior de obter uma boa colocação no mercado de trabalho atual.

Reflexão para ação

Conhecimento em Ação

Depois de analisarmos, de forma geral, como se processaram as mudanças nas rela-ções de trabalho ao longo do século XX, vamos pensar sobre o nosso cotidiano e o da nossa comunidade? Como podemos sentir os impactos dessas transformações sobre nossa vida?

Vamos à prática!

1) Observe os dois textos a seguir (ENEM 2001- modifi cada): TEXTO 1: “... Um operário desenrola o arame, o outro o endireita, um terceiro corta, um quar-to o afi a nas pontas para a colocação da cabeça do alfi nete; para fazer a cabeça do alfi nete requerem-se 3 ou 4 operações diferentes; ...”

(SMITH, Adam. A Riqueza das Nações. Investigação sobre a sua Natureza e suas Causas. Vol. I. São Paulo:

Nova Cultural, 1985).

TEXTO 2:

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2) A respeito dos textos 1 e 2, de acordo com o que você leu no Caderno sobre as mudanças experimentadas pela força de trabalho ao longo do século XX, responda:

A) Qual a sua compreensão sobre a alienação do trabalhador no contexto das indústrias contemporâneas?

B) Podemos dizer que a especialização do trabalhador atualmente é negativa ou positiva frente às exigências do mercado de trabalho?

3) Com a ajuda do professor de História, faça um levantamento de fábricas ou indústrias que

existam em sua comunidade / município. (Podem ser pequenas indústrias, como casas de farinha mecanizadas, engenhos de cana, alambiques, fábrica de doces etc.). Organizem pequenas equipes e sorteiem/escolham um destes estabelecimentos para pesquisar. Os outros encaminhamentos serão feitos a seguir.

• Passo 1: Agendar uma visita a um desses estabelecimentos para realizar pesquisa e entre-

vistas com proprietários e/ou funcionários.

• Passo 2: Elaborar um questionário com perguntas que serão feitas aos trabalhadores do estabelecimento. As questões deverão ser elaboradas com ajuda do professor de História e, se possível, de outras disciplinas como Biologia, Química, Língua Portuguesa e Geo-grafia. As questões devem estar relacionadas aos aspectos tecnológicos envolvidos na produção e no cotidiano dos trabalhadores do lugar.

Exemplo: Em se tratando de um alambique:

– Algum tipo de máquina é utilizada para a obtenção da cachaça?– De que material é feito? Que tipo de energia é utilizada para a mecanização?– Antes de utilizar de tecnologia mecanizada, como era feito o mesmo processo manual-

mente?– Há algum tipo de treinamento entre os funcionários, para lidarem com as máquinas?– É necessário algum tipo de cuidado para prevenir acidentes operando as máquinas? Quais?– Considera que o nível de escolaridade é importante para este tipo de trabalho? Por quê?– Em que etapas da produção podemos observar crescimento que esteja relacionado ao

emprego de mão de obra qualificada?– O uso de máquinas ou tecnologias modernas aumentou a produção? Houve uma relação

entre a melhora da qualidade do produto final e o emprego de novos recursos tecnológi-cos e mão de obra qualificada?

• Passo 3: Anote todas as respostas em seu caderno, elas serão utilizadas para apresentar

os resultados de sua pesquisa para a classe.

• Passo 4: Apresente os dados obtidos pelo grupo nas entrevistas. Pode ser através de cartazes, ou se sua escola possuir laboratório de informática, peça ajuda ao Monitor de informática e construa sua apresentação em PowerPoint para apresentar à classe. Não esqueça de relacionar as informações obtidas por você com os dados que forma apre-sentados no texto inicial deste Caderno.

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4) Discussão e Análise de fi lme: Junto com os seus colegas, assista ao fi lme “Viva Zapata”. Esse fi lme aborda a Revolução

ocorrida no México no início do século XX. A) Com base na história retratada no fi lme, qual sua interpretação acerca dessa revolução?

B) Como você relaciona as experiências vividas pelos camponeses e trabalhadores mexi-canos com a realidade dos trabalhadores e camponeses no Brasil nos dias atuais? Para isso faça uma pesquisa buscando informações.

alienação: no contexto trabalhado no texto, refere-se à perda de noção pelo trabalhador, do real valor de seu trabalho, ou de sua capacidade de produzir; uma vez que em uma linha de montagem industrial, cada operário dedica-se apenas a uma parte da produção, e não à tota-lidade do processo de fabricação de um bem.

arsenais de guerra: estabelecimentos militares para o fabrico, reparo e depósito de arma-mento. Os arsenais existiram em todas as capitais das capitanias e depois, províncias brasilei-ras no período colonial e imperial.

auferir: colher, obter, lucrar.

combustível fóssil: combustíveis originados de organismos animais, vegetais e micro-orga-nismos fossilizados a milhares de anos. Por exemplo, o petróleo, o carvão mineral e o gás natural e seus derivados.

despótico: autoritário, truculento, ditatorial.

especialização: qualifi cação, aprofundamento dos conhecimentos em uma área do saber ou técnica.

fabril: relativo à fábrica.

imperialismo: política de dominação territorial, cultural e econômica de uma nação sobre outra.

meios de produção: tudo que envolve a relação entre o trabalho humano e a transformação da natureza em bens e produtos. Divide-se em “meios de trabalho” (fábricas, energia, máqui-nas, ferramentas) e “objetos de trabalho” (recursos naturais e matéria prima).

neoliberalismo: Ideologia que prega a não intervenção do Estado na Economia. Segundo os neoliberais, a liberdade do comércio é que garante o crescimento e estabilidade da economia.

periféricos: o que não está no centro, no sentido colocado no texto, territórios que fi cam fora do centro político mundial.

totalitarismo: Prática política em que o estado não reconhece limites à sua autoridade.

welfare state: estado de bem estar social; prática política onde o Estado se coloca como o grande promotor/defensor da organização social e econômica e da “justiça social”.

Glossário

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diáspora: Dispersão dos povos

trabalho compulsório: Trabalho obrigatório executado pelos membros de uma o só por membros de uma comunidade ou qualquer individuo que seja constrangido a trabalhar con-tra a sua vontade. Esse trabalho pode ser em regime de escravidão, de servidão ou de formas similares à escravidão como acontece nos dias atuais.

mitayo: Pessoa submetida à mita.

anciãos: Pessoa mais velha da tribo ou nação.

Glossário

Zoom na informação

Ao fi m do século XX e na primeira década do século XXI, os Estados Ne-oliberais começaram a dar sinais de enfraquecimento, pois o crescente acúmu-lo de capitais em mãos de grandes bancos e empresas ao redor do mundo eviden-ciou o quanto o “bem estar social” deixou de ser uma preocupação dos governos capitalistas. Frente ao ace-lerado empobrecimento dos trabalhadores ao redor do mundo, a falência dos sistemas de Previdência Social e a crise mundial que teve início em 2008, alguns movimentos populares ini-ciaram manifestações aproveitando-se das redes sociais como o Orkut e o Facebook.

Infl uenciados pelos acontecimentos no Oriente Médio em 2010, quando caíram governos ditatoriais na Tunísia, no Egito e na Argélia através da grande mobilização popular das redes sociais, milhares de pessoas iniciaram protestos contra o capitalismo monopolista, a corrup-ção, o consumismo, e contra as decisões que ferem os interesses dos trabalhadores e classes média e baixa nos grandes centros econômicos do mundo. O mais famosos deles, chamado Occupy Wall Street (ocupem Wall Street), ocupa desde setembro de 2011 e até hoje, a Rua dos Estados Unidos que é considerada o coração fi nanceiro do mundo, e que foi palco em 1929, da grande crise do capitalismo, conforme ilustra a Figura 4.

Figura 4. Manifestantes ocupam Wall Street em Nova York e despertam in-teresse de redes de televisão por um movimento de protesto que foi or-ganizado através das redes sociais da internet. Foto de David Shankbone. Disponível em: <http://www.fl ickr.com/photos/shankbone/6164493768/> Acesso em 06 Jan. 2012.

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Questão 01 (ENEM - 1999) Leia um texto publicado no jornal Gazeta Mercantil. Esse texto é parte de um artigo que analisa algumas situações de crise no mundo, entre elas, a quebra da Bolsa de Nova Iorque em 1929, e foi publicado na época de uma iminente crise fi nanceira no Brasil.

Deu no que deu. No dia 29 de outubro de 1929, uma terça-feira, praticamente não havia compradores no pregão de Nova Iorque, só vendedores. Seguiu-se uma crise incomparável: o Produto Interno Bruto dos Estados Unidos caiu de 104 bilhões de dólares em 1929, para 56 bilhões em 1933, coisa inimaginável em nossos dias. O valor do dólar caiu a quase metade. O desemprego elevou-se de 1,5 milhão para 12,5 milhões de trabalhadores – cerca de 25% da população ativa – entre 1929 e 1933. A construção civil caiu 90%. Nove milhões de aplicações, tipo caderneta de poupança, perderam-se com o fechamento dos bancos. Oitenta e cinco mil fi rmas faliram. Houve saques e norte-americanos que passaram fome.

(Gazeta Mercantil, 05/01/1999)

Ao citar dados referentes à crise ocorrida em 1929, em um artigo jornalístico atual, pode-se atribuir ao jornalista a seguinte intenção: (A) questionar a interpretação da crise.

(B) comunicar sobre o desemprego.

(C) instruir o leitor sobre aplicações em bolsa de valores.

(D) relacionar os fatos passados e presentes.

(E) analisar dados fi nanceiros americanos.

Questão 02 (ENEM - 2003) Leia o texto I de Josué de Castro, publicado em 1947. O Brasil, como país subdesenvolvido, em fase de acelerado processo de industrialização não conseguiu ainda se libertar da fome. Os baixos índices de produtividade agrícola se constitu-íram como fatores de base no condicionamento de um abastecimento alimentar insufi ciente e inadequado às necessidades alimentares do nosso povo. (Adaptado de Josué de Castro. Geografi a da Fome) . Leia o texto II sobre a fome no Brasil, publicado em 2001. Uma das evidências contidas no mapa da fome consiste na constatação de que o problema alimentar no Brasil não reside na disponibilidade e produção interna de grãos e dos produtos tradicionalmente consumidos no País, mas antes no descompasso entre o poder aquisitivo de ampla parcela da população e o custo de aquisição de uma quantidade de alimentos compa-tível com as necessidades do trabalhador e de sua família. (http://www.mct.gov.br) . Comparando os textos I e II, podemos concluir que a persistência da fome no Brasil resulta principalmente

De olho no ENEM

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(A) da renda insuficiente dos trabalhadores.

(B) de uma rede de transporte insuficiente.

(C) da carência de terras produtivas.

(D) do processo de industrialização.

(E) da pequena produção de grãos.

Questão 03 (ENEM - 2005) Leia os textos abaixo: I - A situação de um trabalhador Paulo Henrique de Jesus está há quatro meses desempregado. Com o Ensino Médio comple-to, ou seja, 11 anos de estudo, ele perdeu a vaga que preenchia há oito anos de encarregado numa transportadora de valores, ganhando R$800,00. Desde então, e com 50 currículos já dis-tribuídos, só encontra oferta para ganhar R$300,00, um salário mínimo. Ele aceitou trabalhar por esse valor, sem carteira assinada, como garçom numa casa de festas para fazer frente às despesas.

(O Globo, 20/07/2005)

II - Uma interpretação sobre o acesso ao mercado de trabalho Atualmente, a baixa qualificação da mão de obra é um dos responsáveis pelo desemprego no Brasil. A relação que se estabelece entre a situação (I) e a interpretação (II) e a razão para essa relação aparece em: (A) II explica I - Nos níveis de escolaridade mais baixos há dificuldade de acesso ao mercado

de trabalho.

(B) I reforça II - Os avanços tecnológicos da Terceira Revolução Industrial garantem somente o acesso ao trabalho para aqueles de formação em nível superior.

(C) I desmente II - O mundo globalizado promoveu desemprego especialmente para pessoas entre 10 e 15 anos de estudo.

(D) II justifica I - O desemprego estrutural leva a exclusão de trabalhadores com escolaridade de nível médio incompleto.

(E) II complementa I - O longo período de baixo crescimento econômico acirrou a competi-ção, e pessoas de maior escolaridade passam a aceitar funções que não correspondem a sua formação.

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Referências

BARBOSA, Marcos. Atualidades para concursos públicos: Enem e vestibulares. São Paulo: Saraiva, 2011. 262 pg.

BOTELHO, Ângela Vianna. Dicionário histórico Brasil: Colônia e Império. 5ª Ed. Belo Horizonte: Au-têntica, 2006. 360 pg. Ilust.

FRANCO, Maria Laura P. Barbosa e CERBER, Annete. Egressos do ensino técnico industrial no Brasil: um estudo de caso. São Paulo: Fundação Carlos Chagas/Departamento de Pesquisas Educacionais, 1990. Disponível em: <http://www.fcc.org.br/biblioteca/publicacoes/textos_fcc/arquivos/1315/arqui-voAnexado.pdf> Acesso em 06 Jan. 2012.

HOBSBAWN, Eric. A era dos Extremos ou o breve século XX (1914-1991). São Paulo: Cia. Das Letras, 1995. 598 pg.

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Oriana Araújo; Edinúsia Moreira Santos e Vanessa da Silva Vieira

Apresentação

Caro(a) estudante: Este Caderno de Geografia faz uma relação entre os conteúdos que você deve estu-

dar nessa série e o tema Trabalho e Saberes, na perspectiva da análise do espaço mundial, mas sem esquecer as necessárias articulações com o Brasil e a Bahia. Vamos discutir as diferenciações espaciais produtivas do período técnico-científico-informacional e como os resultados dessa nova dinâmica espacial mundial afeta nossa vida. Propusemos ativi-dades para que você construa o seu conhecimento a partir da pesquisa e do senso críti-co, que lhe auxiliarão a ingressar no Ensino Superior, para a aquisição de novos saberes, qualificando-se melhor e preparando-se para ter, no futuro, um trabalho decente, com um salário digno e sem excesso de exploração, ou quem sabe ainda, para tornar-se um empreendedor.

Texto 1

A Geografia, os saberes e o trabalho

O espaço geográfico guarda uma relação muito próxima com os saberes e trabalho,

seja na escala local, nacional ou mundial, porque resulta da relação da sociedade com a natureza a partir do trabalho.

O mundo atual é claramente marcado pelo período do pleno desenvolvimento das técnicas, da ciência e da informação, o que possibilitou a conexão cada vez mais veloz e efi-ciente das pessoas e dos fluxos de comércio, de transporte, de comunicação, num processo denominado globalização, estabelecendo redes técnicas e sociais, além de diferenciações espaciais, em que os territórios que possuem tecnologia avançada ‘comandam’, ditam nor-mas para o ‘resto’ do mundo, enquanto há espaços que dispõem de saberes que são menos valorizados nesse processo e apenas executam certas funções; consequentemente há traba-lhadores bem e mal pagos, livres e semiescravos, desempregados e patrões.

É preciso considerar que os reflexos sociais desse processo não são iguais em todos os países do mundo: os países centrais do capitalismo possuem índices de pobreza muito inferiores aos países semiperiféricos e periféricos do sistema, nos quais há muita pobreza e miséria, atendendo ao ditame do dinheiro, à lógica capitalista de acumulação e não a prin-cípios humanos e de solidariedade.

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Conhecimento em Ação

1) Em seu município, converse com alguns trabalhadores rurais e outros urbanos ou então com trabalhadores dos setores públicos e privados sobre o trabalho que eles desenvol-vem: Qual a jornada de trabalho; que tipo de trabalho faz; se recebe décimo terceiro, férias, terço de férias; se está satisfeito com o trabalho; se gostaria de trabalhar em outra coisa. (discuta com seu professor a possibilidade de investigar outros aspectos).

2) A partir das informações obtidas na conversa, elabore uma história em quadrinhos, em que apareça uma refl exão crítica sobre a relação entre trabalho e qualidade de vida em seu município, no campo e na cidade.

3) Uma boa dica é utilizar sites em que você possa montar a história usando o computador, a exemplo do portal máquina de quadrinhos, em:

<http://www.maquinadequadrinhos.com.br> (você precisará fazer um cadastro breve e gratuito). Outra possibilidade é desenhar a história à mão ou usando um programa de desenho no computador. Que tal exercitar outras habilidades?

4) Escolha os quadrinhos mais signifi cativos da sua história em quadrinhos e os transforme em ‘quadrões’ – faça o desenho de um quadrinho em uma cartolina, por exemplo. Você pode também pintar em uma tela grande.

5) Organize, com seu professor e sua turma, uma exposição dos ‘quadrões’, a fi m de que os seus colegas da escola refl itam sobre as condições de trabalho em seu município.

Siga antenado

Visite o site do IPEA: http://mapas.ipea.gov.br/i3geo/. Nesse site você poderá interagir com um mapa, onde estão anexados dados sobre diversos elementos relacionados ao trabalho e a outros aspectos no Brasil.

Texto 2

Qualifi cação profi ssional e condição do trabalhador em período de globalização

No mundo atual, a qualifi cação profi ssional tem sido um imperativo para a inserção no

mercado de trabalho; embora devamos discutir as consequências do modo de vida que es-tamos adotando – cada vez mais individualista e voltado para o trabalho e o dinheiro, numa coisa concordamos: é preciso estudar sempre mais. Devido à revolução técnico-científi ca--informacional, a tendência é que os trabalhadores que possuem melhor formação (técnica,

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superior, especialização, mestrado e doutorado), sejam mais bem remunerados. A Tabela 1 apresenta o índice de desemprego em algumas regiões metropolitanas

brasileiras. Observe que a taxa de desemprego é bem menor entre os trabalhadores que possuem Ensino Superior completo, contudo, é bem maior entre os trabalhadores que pos-suem apenas o Ensino Fundamental incompleto (até o 9° ano).

Fonte: DIEESE, 2008.

A jornada de trabalho diz respeito à carga horária semanal que o trabalhador deve

cumprir para receber o salário combinado. No Brasil, a carga horária semanal é de 40 horas para a maioria das profissões, mas, embora esse seja um direito trabalhista, nem sempre é respeitado. Veja o que diz a reportagem:

OIT: 614,2 milhões de pessoas trabalham mais de 48 horas semanaisRoberta Lopes - Repórter da Agência BrasilEm todo o mundo, 614,2 milhões de pessoas trabalham mais de 48 horas semanais, jornada acima das 40 horas por semana adotada em grande parte dos países. De acordo com dados da Organização Inter-nacional do Trabalho (OIT), o contingente representa 22% da força de trabalho mundial.O gênero e a idade aparecem entre as questões relevantes para de-terminar a duração do trabalho. Segundo a OIT, os homens tendem a executar jornadas mais longas, porque as mulheres precisam se de-dicar ainda à família e a casa. Em relação à faixa etária, os jovens e as pessoas em idade de se aposentar trabalham menos horas.Entre os países onde os trabalhadores cumprem a maior carga ho-rária estão o Peru (50.9%), a República da Coreia (49.5%), a Tailândia (46.7%) e o Paquistão (44.4%). O Brasil está em 13º lugar, com 19.1%.A OIT afirma ainda que tentativas de redução da jornada em alguns países têm enfrentado obstáculos porque os empregadores usam as horas extras como forma de aumentar a produtividade dos empre-gados, que, por sua vez, necessitam trabalhar mais horas para poder garantir melhores salários.

Tabela 1

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Para a entidade, os acordos sobre jornada de trabalho devem favore-cer a saúde e a segurança no trabalho, a compatibilidade com a vida familiar, além de promover a igualdade de gênero.

Além de jornadas de trabalho excessivas, condições subumanas de trabalho, seme-lhantes ao trabalho escravo, ocorrem em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil. A Figura 1, é um fl agrante das difíceis condições de trabalho em um canteiro de obras na China, enquanto a Figura 2 fl agra a situação enfrentada pelos trabalhadores nos motores de sisal, na Bahia, que são submetidos a difíceis condições de trabalho (SANTOS, SILVA e ARAUJO, 2010).

Figura 1. Canteiro de obras, em Nanjing, China. Foto: Adam Zwerner.Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2010-03-25/oit-6142-milhoes-de-pessoas-trabalham-mais-de-48-horas-semanais. Acesso em: 6 abr 2012>

Figura 2. Trabalho no motor de sisal, na Bahia, Brasil. Foto: Oriana Araujo.

De modo geral, os empregadores que, além de explorarem a mais valia do trabalha-dor, ‘economizam’ ao não pagarem os direitos trabalhistas e garantirem a qualidade no espaço de trabalho, são acusados de promoverem ‘dumping social’, uma expressão que se relaciona à superexploração do trabalho ao ponto de garantir a possibilidade de oferta dos produtos a preços mais baixos que o valor de mercado.

Conhecimento em Ação

1. Na Tabela 2 você pode verifi car a relação entre os anos de escolaridade e a renda per capita (por pessoa) em países de níveis de desenvolvimento humano diferentes; procure notícias sobre esses países na Internet, em jornais e revistas (tente encontrar quais as principais ocupações da população, valor do salário mínimo, dentre outras);

2. Amplie o mapa da Figura 3 (você pode projetar o mapa – com o uso de data show ou re-troprojetor - sobre um papel metro e contornar). Identifi que os países da Tabela 2 nesse mapa, a fi m de realizar a espacialização das notícias, colando-as próximas aos países, no mapa ampliado, para confeccionar um painel.

3. Exponha o painel, que conterá o mapeamento das notícias.

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Tabela 2. Posição no IDH e indicadores de escolaridade e renda em países selecionados (2010)

País

IDH(Índice de

Desenvolvimento Humano)

Posição no ranking do

IDH (1°-169°)

Média de escolaridade

(anos)

Rendimento nacional bruto per

capita

Noruega 0,938 1° 12,6 58,810

Estados Unidos da América

0,902 4° 12,4 47,904

Grécia 0,855 22° 10,5 27,580

Japão 0,884 11° 11,5 34,692

Qatar 0,803 38° 7,3 79,426

Argentina 0,775 46° 9,3 14,603

Uruguai 0,765 52° 8,4 13,808

Brasil 0,699 73° 7,2 10,607

Egito 0,620 101° 6,5 5,889

Índia 0,519 119° 4,4 3,337

Níger 0,261 167° 1,4 675

Moçambique 0,284 165º 1,2 854

Fonte: PNUD (2010, p. 151-159).

Figura 3 . Mundo: Produto Interno Bruto por habitante em 2005. Fonte: PASCAL e VÉDRINE, 2009, p. 45

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Curiosidade

De acordo com o DIEESE (2011), o salário mínimo no Brasil, que em 2013 é R$ 678,00, deveria ser R$ 2.278,00 para que uma família de dois adultos e duas crianças viva de fato, com dignidade, sendo atendidas as suas necessidades de moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social.

Você já deve ter observado que há grandes diferenças de preços e qualidade entre di-versos produtos que consumimos. Observe produtos em um mercado ou loja e refl ita sobre os seguintes aspectos: qual é o fabricante? Onde o produto ou suas peças foram produzidos? Qual a média de salário pago aos funcionários da fábrica? Qual a jornada de trabalho média de cada trabalhador?

Compare os preços. O que é possível constatar? Algum produto está com o preço muito baixo? Por que isso ocorre?

Na sua cidade há instrumentos de avaliação e certifi cação de produtos? O que pode ser feito para evitar o consumo de produtos que promoveram em sua cadeia produtiva o excesso de exploração do trabalhador?

Reflexão para ação

Siga antenado

Assista ao fi lme “Quanto vale ou é por quilo”. Aborda de forma muito interessante a relação entre a exploração dos escravos no passado e a exploração do trabalhador e sua condição na atualidade, no Brasil, além da ação de uma ONG, que também se aproveita da questão.

Texto 3

Diferenciações espaciais produtivas e migrações por trabalho no mundo.

Na clássica divisão internacional do trabalho, o espaço geográfi co mundial podia ser

dividido basicamente em países que produziam e exportavam matéria-prima, a exemplo do Brasil e os que as importavam e industrializavam, exportando o produto industrializado, como a Inglaterra.

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Isso gerou consequências importantes para os trabalhadores desses países: nos países produtores de matéria-prima, o latifúndio monocultor típico do sistema de plantation ins-talado, maximizava os lucros a partir da superexploração do trabalho, primeiro no sistema escravista e depois no baixo assalariamento.

Por outro lado, os países que se industrializaram precisaram qualificar melhor sua po-pulação e isso gerou embates por melhorias de trabalho e salário nos países que hoje são centrais do sistema capitalista. Os demais países continuaram a subordinar-se a essa divisão do trabalho e, salvo raras exceções, continuam submetendo suas populações a baixos salá-rios, mesmo aqueles que conseguiram se industrializar.

A Tabela 3 indica que há ainda uma valorização diferenciada em relação aos trabalha-

dores no mundo. Observe que o custo de um trabalhador brasileiro é bem menor que o de um trabalhador sul coreano ou holandês, o que tem atraído diversas empresas transnacio-nais a se instalarem nesses países, em busca da mão de obra barata e de incentivos fiscais. Isso faz com que os países possuam grande contingente populacional sem conseguir apropriar-se da renda produzida no país, ampliando a desigualdade social; a elevação dos salários e de seu poder de compra é uma forma de diminuir a concentração da riqueza nas mãos de poucos, bem como a inserção na economia das camadas mais pobres da população.

Tabela 3 - Custo horário da mão de obra dos trabalhadores ligados à produção, em US$, na indústria manufatureira (2005)

Brasil 4,1

Coreia do Sul 13,6

Espanha 17,8

Itália 21,1

Japão 21,8

Estados Unidos 23,7

França 24,6

Reino Unido 25,7

Holanda 31,8

Alemanha 33,0

Fonte: Bureau of Labor Statistics (2005).Disponível em: <http://www.dieese.org.br/notatecnica/notatecSMDR.pdf>. Acesso em 06 Mar. de 2012.

Para se ter uma ideia das disparidades de concentração de riquezas no mundo, no

Brasil, os 10% mais ricos da população ficam com 46% da renda ou consumo, enquanto os 10% mais pobres ficam com apenas 1% da renda ou consumo. Já no Japão, os 10% mais ricos ficam com 21% da renda ou consumo, enquanto os 10% mais pobres ficam com 4,8% da renda ou consumo.

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Com o avanço nas redes de transporte mundiais, especialmente com a ampliação do sistema de aviação, mais pessoas têm migrado, por diversas razões. A principal causa das migrações no mundo ainda está relacionada à busca de melhores condições de vida e melhores empregos, o que tem causado a inversão do perfil de emigração e imigração no mundo. Observe na Figura 4 que regiões do mundo que no século XIX eram considera-das de emigração (saída de habitantes), atualmente são regiões de imigração (entrada de habitantes). Perceba ainda a ‘fuga de cérebros’, que corresponde a profissionais altamente especializados, que migram para os tecnopolos, em busca de melhores salários e condições para desenvolver suas pesquisas.

Figura 4. Migrações mundiaisFonte: PASCAL e VÉDRINE, 2009, p. 43.

Estima-se que do último quartel do século XIX até o final da década de 1930 do século XX, o Brasil tenha recebido cerca de 4,4 milhões de pessoas, provenientes, sobretudo, de Portugal, Itália, Espanha, Japão e Alemanha. Mas, a partir da década de 1980, o fenômeno da emigração (saída da população), ampliou-se muito, de modo que, atualmente, o país que recebia os estrangeiros (imigrantes), passou a ter entre 1,0 a 3,0 milhões de brasileiros residindo em outros países, aproximadamente 2% da população total, dos quais destacam--se os dekasseguis (brasileiros descendentes de japoneses que têm migrado para o Japão) e os brasiguaios (brasileiros que vivem no Paraguai).

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Zoom na informação

A inserção dos gigantes ‘periféricos’ na economia mundial Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, tendem a se tornar as maiores economias

do mundo; contudo, o crescimento econômico desses países pode não vir acompanhado de desenvolvimento social: ou seja, os países se tornarão grandes economias, mas a renda pode continuar concentrada nas mãos de poucos, enquanto grande parte da população enfrenta difi culdades. Esse bloco está sendo chamado de BRICS (letras iniciais dos países – note que o ‘S’ fi nal é de South Africa, em inglês ou África do Sul); esses países precisam, de modo geral, embora a situação da Rússia seja um pouco melhor, realizar amplos programas de melhoria da educação e qualifi cação da população, de reforma agrária e tributária, da oferta de servi-ços básicos. Adaptado de:<http://www.itamaraty.gov.br/temas/mecanismos-inter-regionais/agrupamento-brics>. Acesso em 10 Dez. 2011.

Conhecimento em Ação

1) Identifi que a localização dos países que aparecem no Quadro 1 num mapa do mundo (pode fazer uma cópia de qualquer mapa político do mundo) e faça uma pesquisa sobre a economia desses países e alguns hábitos da população (isso pode ser feito através do endereço: <http://www.indexmundi.com/map/?v=27&r=xx&l=pt>. Você encontrará in-formações sobre diversos temas da Geografi a mundial (população, migração, economia, transporte, comunicação etc.).

1.1 Elabore um álbum de viagem ilustrado, imaginando-se na situação da pessoa que emi-grou para o Brasil (escolha um município e se a pessoa iria para a cidade ou para o campo), em que ela trabalharia e como seria a sua vida; aponte o que essa pessoa deve encontrar nesse país que poderia lhe causar difi culdades de adaptação e se a pessoa teria benefícios com a mudança.

1.2 Experimente também elaborar um álbum da situação contrária: escolha um país, pes-quise sobre ele e imagine o que um migrante brasileiro encontraria se resolvesse morar nesse país.

2) O álbum deve ser trocado entre os colegas, para que sejam conhecidas e discutidas diver-

sas perspectivas sobre a vida em diferentes países.

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Fonte: Organização Internacional para as Migrações (2010, p.24).

mais valia – apropriação das horas de trabalho não pagas ao trabalhador, pelo empregador. Ex.: um lavador de carros que lava dez carros por dia, a dez reais cada carro, produz cem reais de renda por dia. Se isso for mantido por 20 dias, ele terá trabalhado o sufi ciente para gerar dois mil reais, mas só receberá seiscentos e vinte e dois reais, que é o salário mínimo vigente. O restante será apropriado pelo dono do posto de lavagem, que retirará o valor dos custos de produção (conta de água, produtos etc.) e se apropriará da renda gerada pelo trabalhador na forma de lucro.

países centrais do capitalismo – grupo de países capitalistas de melhor desempenho indus-trial, científi co e tecnológico e geralmente com índice de desenvolvimento humano elevado. Possuem forte infl uência sobre as agências internacionais e sobre o mercado mundial. Ex.: Reino Unido da Grã-Bretanha (Inglaterra), França, Alemanha, Estados Unidos, Japão, Noruega, Austrália.

países periféricos do capitalismo - grupo de países capitalistas de razoável desempenho industrial, pouco desenvolvimento científi co e tecnológico e geralmente com índice de desen-volvimento humano médio e baixo. Ex.: Brasil, Argentina, Arábia Saudita, China, Índia, África do Sul.

países da periferia periférica do capitalismo - grupo de países capitalistas de baixo de-sempenho industrial, científi co e tecnológico e geralmente com índice de desenvolvimento humano muito baixo. Ex.: Moçambique, Haiti, Angola, Iêmen, Nepal, Afeganistão, Congo.

Glossário

Quadro 1: Autorização de trabalho no Brasil concedida a es-trangeiros segundo a nacionalidade

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Questão 1 (ENEM – 2009) A economia solidária foi criada por operários, no início do capitalismo industrial, como res-posta à pobreza e ao desemprego que resultavam da utilização das máquinas, no início do século XIX. Com a criação de cooperativas (de produção, de prestação de serviços, de comer-cialização ou de crédito), os trabalhadores buscavam independência econômica e capacidade de controlar as novas tecnologias, colocando-as a serviço de todos os membros da empresa. Essa ideia persistiu e se espalhou: da reciclagem ao microcrédito, já existem milhares de em-preendimentos desse tipo hoje em dia, em várias partes do mundo. Na economia solidária, todos os que trabalham são proprietários da empresa. Trata-se da possibilidade de uma em-presa sem divisão entre patrão e empregados, sem busca exclusiva pelo lucro e mais apoiada na qualidade do que na quantidade de trabalho, em convivência com a economia de mercado.

Fonte: SINGER, Paul. A recente ressurreição da economia solidária no Brasil.

A economia solidária, no âmbito da sociedade capitalista, institui complexas relações sociais, demonstrando que (A) a fraternidade entre patrões e empregados, comum no cooperativismo, tem gerado solu-

ções criativas para o desemprego desde o início do capitalismo.

(B) a rejeição ao uso de novas tecnologias torna a empresa solidária mais ecologicamente sustentável que os empreendimentos capitalistas tradicionais.

(C) a prosperidade do cooperativismo, assim como a da pirataria e das formas de economia informal, resulta dos benefícios do não pagamento de impostos.

(D) as contradições inerentes ao sistema podem resultar em formas alternativas de produção.

(E) o modelo de cooperativismo dos regimes comunistas e socialistas representa uma alter-nativa econômica adequada ao capitalismo.

Questão 2 (ENEM – 2009)

Figuram no atual quadro econômico mundial países considerados economias emergentes,

dekasseguis - são chamados de dekasseguis os trabalhadores temporários estrangeiros no Japão. A palavra dekassegui é formada pelas palavras japonesas deru (sair) e kassegu (ganhar dinheiro) e designa qualquer pessoa que deixe sua terra natal para trabalhar em outro lugar.

tecnopolos – são espaços especializados em pesquisa e desenvolvimento (P&D) de bens de mais alta tecnologia (eletrônica, informática, biotecnologia, química fi na, dentre outras), asso-ciadas à intensa realização de pesquisa científi ca; portanto, possuem profi ssionais altamente qualifi cados e especializados (doutores, mestres, especialistas, técnicos); costumam associar--se a universidades e centros de pesquisa. Espacialmente, constituem importantes cidades ‘científi cas’, a exemplo de Campinas (São Paulo) ou uma rede de cidades interligadas, a exem-plo do Vale do Silício, no oeste dos Estados Unidos (Califórnia).

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Referências

Bureau of Labor Statistics (2005). In: DIEESE. Reduzir a jornada de trabalho é gerar empregos de qualidade. Disponível em: <http://www.dieese.org.br/notatecnica/notatec57JornadaTrabalho.pdf>. Acesso em: 6 mar. 2012.

Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE). Anuário dos traba-lhadores: 2008. 9.ed. São Paulo: DIEESE, 2008. Disponível em: <http://www.dieese.org.br/anu/anua-rioTrabalhadores2008/index.htm>. Acesso em: 6 Mar. 2012.

Em discussão: revista de audiências públicas do Senado Federal. Ano 2. Nº 7, maio de 2011. Disponí-vel em: <http://www.senado.gov.br/noticias/jornal/emdiscussao/Upload/201102%20-%20maio/pdf/em%20discussão!_maio_internet.pdf>. Acesso em: 22 Fev. 2012.

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL PARA AS MIGRAÇÕES. Perfil migratório do Brasil 2009. Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego, 2010.

PASCAL, Boniface e VÉDRINE, Hubert. Atlas do mundo global. São Paulo: Estação Liberdade, 2009.

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Relatório de desenvolvimento Hu-mano 2010: A Verdadeira Riqueza das Nações: Vias para o Desenvolvimento Humano. EUA, 2010. Disponível em: <http://hdr.undp.org/en/media/HDR_2010_PT_Complete_reprint.pdf>. Acesso em: 8 Mar. 2012.

SANTOS, E.M.C.; SILVA, O.A. e ARAUJO, O. A precarização do trabalho rural no processo produtivo do sisal: a informalidade e o silêncio dos inocentes. XI Jornada do Trabalho (anais). UFPB: João Pessoa, 2010.

também chamados de novos países industrializados. Apresentam nível considerável de in-dustrialização e alto grau de investimentos externos, no entanto as populações desses países convivem com estruturas sociais e econômicas arcaicas e com o agravamento das condições de vida nas cidades. As principais economias emergentes que despertam o interesse dos em-presários do mundo são: Brasil, Rússia, Índia e China (BRIC). Tais países apresentam caracte-rísticas comuns, como mão de obra abundante e significativas reservas de recursos minerais. Diante do quadro apresentado, é possível inferir que a reunião desses países, sob a sigla BRIC, aponta para (A) um novo sistema socioeconômico baseado na superação das desigualdades que confe-

riam sentido à ideia de Terceiro Mundo.

(B) a razoabilidade do pleito de participarem do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

(C) a melhoria natural das condições sociais em decorrência da aceleração econômica e da redução dos níveis de desemprego.

(D) a perspectiva de que se tornem, em médio prazo, economias desenvolvidas com uma série de desafios comuns.

(E) a formação de uma frente diplomática com o objetivo de defender os interesses dos paí-ses menos desenvolvidos.

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Sergio Augusto Coelho de Souza, Marcos André Vannier dos Santos e Marcia Rodrigues Pereira

Apresentação

Quando conversamos com nossos pais e avós nos certificamos de que muita coisa

mudou em um breve período de tempo. Tivemos uma revolução tecnológica que também mudou muitos conceitos e valores. Nesse ponto, a relação entre trabalho, tecnologia e saber tradicional está na pauta de debates transdisciplinares em todos os cantos do planeta.

Afinal, apenas o que se baseia na alta tecnologia é válido? E o conhecimento gerado por nossos antepassados, não tem nenhum valor para a atualidade e vidas futuras? Dentro desse tópico, os problemas de saúde da atualidade estão associados com as práticas coti-dianas. Vale lembrar que, segundo o professor Leopoldo de Meis, a ciência nasceu do arte-sanato e muitas descobertas são feitas por índios e caboclos, que podem não contar com conhecimento acadêmico/universitário, mas podem ser dotados de rica cultura folclórica. Será que as práticas cotidianas estão associadas ao nosso nascimento e com à forma como nascemos? E será que os nossos hábitos interferem na nossa capacidade de reproduzir?

Este Caderno visa associar os saberes tradicionais, os trabalhos atuais, a saúde repro-dutiva e a evolução que você está estudando nas aulas de Biologia.

Bons estudos e ótimas reflexões!

Texto 1

A saúde reprodutiva, o saber tradicional e os trabalhos contemporâneos

• Caminhando juntos

No estudo anterior, nos questionamos sobre o uso sustentável da água, avaliamos o

seu ciclo e a limitação desse recurso antes considerado infindável. Mas, a qualidade da água que bebemos pode interferir na nossa qualidade de vida através da nossa saúde. Ou seja, a água que bebemos pode nos intoxicar e, inclusive, diminuir a nossa possibilidade de ter filhos (assim como os alimentos que comemos e os nossos hábitos cotidianos).

E, associado ao que consumimos, estamos presenciando uma maior dificuldade de reprodução humana, além da suposta feminização da nossa espécie. Muitos produtos pos-suem disruptores endócrinos que alteram a ação dos nossos hormônios, incluindo os hor-mônios associados à masculinidade e feminilidade dos seres vivos. Esse fenômeno é facil-mente observado em peixes, répteis, e cada vez mais, nos mamíferos, incluindo a espécie humana.

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Desse ponto, estamos questionando cada vez mais se apenas o avanço da tecnologia faz bem aos humanos e ao nosso planeta. Assim, questionamos cada vez mais se as práticas e saberes tradicionais não devem ser respeitados, recuperados e mantidos.

Variados exemplos são visíveis em todas as práticas que temos, desde a produção do que consumimos até a forma como vivemos e nos reproduzimos. Nesse último, vimos uma grande mudança na forma de nascerem os nossos fi lhos, antes em casa e, hoje em dia, em um hospital, local de mistura entre pessoas doentes e mulheres saudáveis e férteis, prontas para gerar um novo ser vivo da nossa espécie. Mas, por que será que houve essa mudança de hábito? Será devido às melhores condições de parto, interesse econômico ou dominação de gênero? Esse é um debate que pode ser realizado não apenas na aula de Biologia, mas, também, com outros profi ssionais e estudantes.

Conhecimento em Ação

A dúvida sobre a interferência do meio sobre os nossos genes sempre foi muito discu-tida na Biologia. E será que compostos sintéticos interferem na reprodução dos seres vivos? Para debater tal questão convidamos você e os outros estudantes para um experimento simples.

A curiosidade surge em saber se produtos químicos interferem na reprodução dos se-res vivos. Assim, a primeira etapa da sua pesquisa consistirá na sua observação no ambiente em que vive: escolha um tipo de planta abundante, de ciclo rápido e facilmente cultivável.

Escolhida essa planta, você poderá responder a seguinte questão:Qual a diferença na quantidade de sementes (fl ores, frutos) em plantas regadas com

água pura tratada e água com agrotóxico (inseticida ou outro produto químico que é joga-do pela pia da escola ou de sua casa)?

Plante em oito garrafas plásticas, uma planta em cada, para a execução do experimen-to. Você regará quatro das garrafas com água pura e as demais com água com o produto químico pré-estabelecido. Pode usar, por exemplo, um inseticida líquido. Não se esqueça de proteger suas mãos (usando luvas ou sacolas plásticas de supermercado, como se fossem luvas) e cobrir o nariz e a boca com um pano úmido! Todo cientista usa equipamentos de proteção individual (EPI).

Construa uma tabela com ambos os tratamentos e todos os resultados obtidos para as plantas observadas, incluindo os valores médios. Construa um gráfi co de barras e discuta os resultados a partir do que você encontrou e sugerindo o que poderia ter ocasionado essa resposta.

a) Extrapolando para os conceitos de evolução, que você está estudando em suas aulas de Biologia, refl ita sobre o que poderá ocorrer se houver uma maior quantidade de um desses tipos de águas regadas para a espécie cultivada e os benefi ciados dessa espécie.

b) E ao longo do tempo, o que você acha que pode acontecer?

c) E em outros locais e com outros vegetais?

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Curiosidade

d) Será que isso afetaria também os animais?

e) Como você pode realizar uma pesquisa para se estudar isso?

f) Procure saber quais são os principais produtos químicos que são lançados no esgoto da sua escola.

g) Realize uma pesquisa (Internet, bibliotecas) sobre os efeitos nocivos desses principais produtos que são lançados no esgoto da sua escola e depois realize uma pesquisa sobre os efeitos nocivos de cada um deles.

h) Calcule a quantidade mensal aproximada desses produtos lançados no esgoto da sua escola.

i) Qual o potencial de dissolução na água de cada produto?

j) Você já parou para pensar se produtos de limpeza pessoal ou residencial/predial podem ser poluentes? Pesquise sobre compostos como o Triclosan, empregados em produtos que são usados com a fi nalidade de higienização de mãos, podem ser poluentes. Eles podem descontaminar suas mãos e depois contaminar o seu planeta! Lembre-se de que esses produtos informam que matam 99,9% das bactérias, mas nós temos dez vezes mais bactérias (1013 bactérias somente no intestino!) do que células humanas em todo o nosso corpo. É importante lembrar que a maioria delas não nos faz qualquer mal e algumas até ajudam a nossa digestão e coagulação do sangue. Faça uma pesquisa sobre os potenciais efeitos maléfi cos dessas substâncias em nossa saúde.

Interferentes endócrinos no ambiente: produtos que têm o potencial de intervir na nos-sa regulação hormonal. Confi ra no site: <http://www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/tese-sabertas/5000116951_02_cap_02.pdf>

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Remoção de interferentes endócrinos no tratamento de água para abastecimento públi-co por processos de adsorção e nanofi ltração

Uma grande variedade de poluentes, presentes em micro ou nano concentrações (usu-

almente mensuradas em PPM i.e. partes por milhão) em águas superfi ciais, residuárias e de abastecimento tem chamado a atenção da comunidade científi ca pelos impactos potenciais à saúde humana e ao meio ambiente. Essa nova classe de contaminantes recebeu a denomina-ção de interferentes endócrinos, pois podem interferir no funcionamento normal do sistema endócrino humano e de várias espécies de animais. As evidências experimentais têm indicado que estações de tratamento de água convencionais possuem uma reduzida efi ciência com res-

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Reflexão para ação

Além do nosso atual padrão de consumo, muita gente também questiona qual seria a melhor forma de nascer. Ou seja, mudamos a nossa forma de consumir e também a forma de termos fi lhos, mas como será que essa última era antes do avanço tecnológico da medicina e de um mais amplo acesso a esse avanço? Faça uma pesquisa com as mulheres de diferentes gerações na sua família sobre o processo de gravidez e parto que passaram. Alguma teve diferentes experiências? Em caso afi rmativo, qual foi a experiência mais (ou menos) aprazível?

Suely Carvalho, coordenadora geral da Rede Nacional de Parteiras Tradicionais do Brasil e vice coordenadora da Rede Latino-Americana de Parteiras, fala sobre as principais questões e demandas – nacionais e regionais – das parteiras do País.<http://www.conexaofutura.org.br/videos-do-conexao/parteiras-tradicionais-no-brasil>

Siga Antenado

peito a sua remoção da fase líquida e, dessa forma, faz-se necessária a adoção de tecnologias de tratamento adicionais sendo que, dentre estas, as mais promissoras têm sido os processos de adsorção em carvão ativado e processos de membrana, notadamente de nanofi ltração e osmose reversa. Esse projeto do órgão responsável pelo Saneamento Básico no Estado de São Paulo (SABESP) envolve duas linhas de pesquisa distintas; a avaliação do desempenho de sistemas de tratamento de água na remoção de contaminantes orgânicos presentes em baixas concentrações e o desenvolvimento de metodologias analíticas para a detecção e o monito-ramento de tais contaminantes.

Os processos de tratamento a serem avaliados em escala piloto envolverão adsorção em carvão ativado granular e sistemas de nanofi ltração. As unidades deverão ser instaladas na estação de tratamento de água do Alto da Boa Vista (ETA-ABV), sendo a mesma pertencente à SABESP. As técnicas analíticas deverão ser desenvolvidas pela Faculdade de Ciências Farma-cêuticas da Universidade de São Paulo (USP), sendo que se prevê o seu repasse à SABESP. Este melhor conhecimento sobre ambas as técnicas de tratamento permitirão estabelecer os parâ-metros de projeto a serem utilizados para o desenvolvimento de novos sistemas de tratamen-to de água para abastecimento, de forma a garantir a efi ciência na remoção de contaminantes específi cos e a otimização de recursos humanos e fi nanceiros.

Fonte:<http://www.bv.fapesp.br/pt/projetos-pite/29793/remocao-interferentes-endocrinos-tratamento-agua/>

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Zoom na informação

AS PARTEIRAS TRADICIONAIS E SUA IMPORTÂNCIA PARA AS COMUNIDADES Nas comunidades tradicionais, longe da tecnologia dos centros urbanos, existe uma fi gu-

ra muito importante, que é uma referência para toda a população. Essa fi gura é a da parteira, que, além de realizar o atendimento ao parto e nascimento, também tem um importante papel na saúde e na vida da sociedade como um todo.

A parteira tradicional possui conhecimento da fl ora local e da sua aplicação medicinal. Ela é guardiã de um saber sobre o ecossistema e de suas relações que não se aprende em livros ou escolas, mas que é transmitido através das gerações pela tradição oral.

Além de auxiliar na atenção integral à saúde da mulher e da criança, acompanhando toda a gestação e atendendo ao parto domiciliar, a parteira também é uma importante liderança em sua comunidade. Sua atuação acontece, tanto no âmbito público quanto no privado. No primeiro, ela faz a ligação entre a população e o Sistema Único de Saúde (SUS), enquanto no segundo ela tem o importante papel de mediar situações de confl ito, sendo uma aliada na luta contra a violência doméstica. O motivo disso é que, além de ser uma referência em questões de saúde, a parteira tradicional conhece sua comunidade profundamente, frequentando as casas das pessoas e travando contato com seus problemas.

Apesar desse ofício não ser valorizado em muitos locais, especialmente naqueles em que o acesso às tecnologias médicas e hospitalares é mais viável, a parteira tradicional é uma profi ssional alinhada ao modelo humanizado de atendimento preconizado pelo Ministério da Saúde e pela OMS (Organização Mundial de Saúde). Pode-se dizer que, embora na maioria das vezes a parteira não tenha frequentado os bancos escolares do ensino formal, o trabalho realizado por ela está totalmente de acordo com os modelos holísticos (que entendem o ser humano como um todo conectado com todos os elementos de seu meio ambiente) que se ensinam atualmente nas escolas de saúde.

Texto de: Carla da Silva Panetti (psicóloga, doula e enfermeira).

O que é “Doula”

A palavra “doula” vem do grego “mulher que serve” ou “escrava”. Nos dias de hoje, aplica-se às mulheres que dão suporte físico e emocional a ou-tras mulheres antes, durante e após o parto.

Antigamente a parturiente era acompanhada durante todo o parto por mulheres mais experientes, suas mães, as irmãs mais velhas, vizinhas, geralmente mulheres que já tinham fi lhos e já haviam passado por aquilo. Depois do parto, durante as primeiras semanas de vida do bebê, estavam sempre na casa da mulher parida, cuidando dos afazeres domésticos, cozinhando, ajudando a cuidar das outras crianças.

Curiosidade

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Conforme o parto foi passando para a esfera médica e nossas famílias foram ficando cada vez menores, fomos perdendo o contato com as mulheres mais experientes. Dentro de hospitais e maternidades, a assistência passou para as mãos de uma equipe especializada: o médico obstetra, a enfermeira obstetra, a auxiliar de enfermagem, o pediatra. Cada um com sua função bastante definida no cenário do parto.

O médico está ocupado com os aspectos técnicos do parto. As enfermeiras obstetras passam de leito em leito, ocupando-se hora de uma, hora de outra mulher.

As auxiliares de enfermeira cuidam para que não falte ao médico e à enfermeira obstetra os materiais necessários. O pediatra cuida do bebê. Apesar de toda a especialização, ficou uma lacuna: quem cuida especificamente do bem estar físico e emocional daquela mãe que está dando à luz? Essa lacuna pode e deve ser preenchida pela doula ou acompanhante do parto.

O ambiente impessoal dos hospitais, a presença de grande número de pessoas desco-nhecidas em um momento tão íntimo da mulher, tende a fazer aumentar o medo, a dor e a ansiedade. Essas horas são de imensa importância emocional e afetiva, e a doula se encarre-gará de suprir essa demanda por emoção e afeto, que não cabe a nenhum outro profissional dentro do ambiente hospitalar.

O que a doula faz?

Antes do parto ela orienta o casal sobre o que esperar do parto e pós-parto. Explica os pro-cedimentos comuns e ajuda a mulher a se preparar, física e emocionalmente para o momento, das mais variadas formas.

Durante o parto a doula funciona como uma interface entre a equipe de atendimento e o casal. Ela explica os complicados termos médicos, e os procedimentos hospitalares e atenua a eventual frieza da equipe de atendimento num dos momentos mais vulneráveis de sua vida. Ela ajuda a parturiente a encontrar posições mais confortáveis para o trabalho de parto, mostra formas eficientes de respiração e propõe medidas naturais que podem aliviar as dores, como banhos, massagens, relaxamento etc.

Após o parto ela faz visitas à nova família, oferecendo apoio para o período de pós-parto, especialmente em relação à amamentação e cuidados com o bebê.

A doula e o pai ou acompanhante

A doula não substitui o pai (ou o acompanhante escolhido pela mulher) durante o trabalho de parto, muito pelo contrário. O pai muitas vezes não sabe bem como se comportar naquele momento. Não sabe exatamente o que está acontecendo, preocupa-se com a mulher, acaba esquecendo-se de si próprio. Não sabe necessariamente que tipo de carinho ou massagem a mulher está precisando nessa ou naquela fase do trabalho de parto.

Eventualmente o pai sente-se embaraçado ao demonstrar suas emoções, com medo que isso atrapalhe sua companheira. A doula vai ajudá-lo a confortar a mulher, vai mostrar os melhores pontos de massagem, vai sugerir formas de prestar apoio à mulher na hora da expulsão, já que muitas posições ficam mais confortáveis se houver um suporte físico.

O que a doula não faz?

A doula não executa qualquer procedimento médico, não faz exames, não cuida da saúde do recém-nascido. Ela não substitui qualquer dos profissionais tradicionalmente envolvidos na assistência ao parto. Também não é sua função discutir procedimentos com a equipe ou questionar decisões.

Vantagens

As pesquisas têm mostrado que a atuação da doula no parto pode:

• diminuir em 50% as taxas de parto cirúrgico (cesárea);

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Conhecimento em Ação

Muito se fala sobre o aleitamento materno. Há ainda, nos dias de hoje, uma série de equívocos sobre o aleitamento. Muitas pessoas creem que o leite materno não é um alimen-to adequado. Como seria isso possível, se nossa espécie evoluiu e vem se reproduzindo há cerca de trezentos mil anos com os bebês sendo amamentados e se desenvolvendo bem?

Será que o interesse das grandes indústrias de alimento tem contribuído para a perda dos valores tradicionais de se alimentar bebês humanos com leite humano e não com leite de vacas ou de cabras, seja líquido ou em pó?

Cabe mencionar que o leite materno contém anticorpos capazes de proteger os bebês enquanto não é desenvolvida a resposta imunológica. Existe uma proteína (enzima) no leite materno capaz de eliminar Giardia lamblia e Entamoeba histolytica, parasitos causadores de diarreias, capazes, respectivamente, de comprometer nutricionalmente ou levar à morte. É importante lembrar que o leite de vaca ou de cabra não apresenta tais efeitos microbicidas. Assim sendo, o aleitamento materno não apenas ajuda no desenvolvimento físico e mental, mas também reduz a mortalidade infantil.

Pesquise, com mulheres de diferentes gerações de sua família, como se deu o seu processo de aleitamento materno.

a) Compare dados obtidos na Internet sobre a saúde de crianças aleitadas por suas mães com a saúde de crianças não aleitadas, ou seja, que tomaram mamadeiras com leites de animais de outras espécies ou ‘fórmulas vendidas no mercado para alimentar bebês’? Os sites de busca são sempre um bom início, mas não se esqueça de ler diferentes pontos de vista antes de formar a sua própria opinião. O site da Organização Mundial de Saúde (OMS) também se dedica a passar tais informações.

b) Verifi que se a amamentação pode estar relacionada a aspectos como a ocorrência de diarreias, fraturas, alergias, infecções respiratórias que tenham exigido o uso de remédios, antibióticos, por exemplo.

c) Há diferença no grau de obesidade entre bebês amamentados e bebês que são alimenta-dos com produtos derivados de outras fontes?

• diminuir em 20% a duração do trabalho de parto;

• diminuir em 60% os pedidos de anestesia;

• diminuir em 40% o uso da oxitocina (hormônio associado às contrações uterinas);

• diminuir em 40% o uso de fórceps (pinça que envolve a cabeça do bebê para puxá-lo durante o parto).

Embora esses números refi ram-se a pesquisas no exterior, é muito provável que os números aqui sejam tão favoráveis quanto os acima mostrados.

Ana Cris Duarte Fonte: <http://www.doulas.com.br>

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d) Faça uma tabela com seus resultados e compare para verifi car o efeito do aleitamento materno, com leite humano para bebês humanos, sobre a saúde e o desenvolvimento globais das crianças pesquisadas.

e) Em termos da evolução da nossa espécie, o resgate da forma tradicional baseada no aleitamento materno dos bebês pode ser mais interessante para o desenvolvimento de adultos saudáveis? Por quê?

Você sabia que as técnicas de aleitamento materno são um saber artesanal que era pas-sado de mãe para fi lha? Para retomarmos esses saberes temos na página da web <http://www.leitematerno.org/> uma série de informações onde você pode encontrar uma ampla gama de conhecimentos sobre as técnicas e os benefícios do aleitamento materno.

Além do aleitamento materno, QUE DEVE SER MANTIDO, após os seis meses de nascido, a alimentação do bebê deve ser complementada com a introdução de novos alimentos, até que, entre os 24 e 36 meses de nascido (2 a 3 anos) a criança deve estar totalmente integrada à dieta alimentar de sua família, podendo ser desaleitada progressivamente.

A fi gura ao lado mostra que o

aleitamento materno não interfere na beleza ou na jovialidade da mãe, es-sencialmente se atendidos os critérios de uma alimentação correta e saudável por parte da mulher que amamenta. Tal comentário se faz necessário em função da enorme campanha contra o aleitamento materno, direta ou indire-tamente feita nos meios de comunica-ção, além dos próprios profi ssionais da área de saúde.

Um aspecto que pode interferir negativamente no processo do alei-tamento materno é o uso da chupeta. Entre outros prejuízos que esse objeto pode causar, inclui danos à organização da arcada dentária, ao aprendizado da fala, ao ato de engolir etc. Além disso, muito se questiona sobre o uso de ma-madeiras de plástico. Você sabe o por-quê? Pesquise e confi ra se há alguma relação com o desenvolvimento tecno-lógico e a disponibilização no ambiente de interferentes endócrinos.

Zoom na informação

Figura 1. A atriz Juliana Paes amamenta seu fi lho.<http://www.altaneira.ce.gov.br/portal/images/stories/2011-08-semana_amamentacao/cartaz amamentação 180711.ipg>

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A página da Internet <http://www.opas.org.br/sistema/fotos/amamentar.pdfm> trata das questões, de aleitamento, incluindo a referência aos aspectos legais que protegem a mãe que amamenta.

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Odontopediatra pesquisa danos causados pelo uso indiscriminado da chupetaCauê Muraro

O uso indiscriminado da chupeta, seja ela convencional ou anatômica (ortodôntica), faz

mal para as crianças e deve ser evitado. Ambos os modelos produzem alterações nos arcos dentais e na musculatura facial da criança. A diferença entre eles está na gravidade dos da-nos causados pelo acessório que algumas mães acreditam ser indispensável para seus fi lhos. “Muitas optam pelo modelo anatômico — ortodôntico — pensando que ele não prejudica a criança, o que não é verdade”, afi rma a odontopediatra da USP, Cristina Zardetto. Ela ainda cita o fato de especialistas preferirem o uso do termo “anatômico” em lugar de “ortodôntico”, justamente porque o segundo pode nos passar a ideia que a chupeta ortodôntica não só evita, como corrige eventuais problemas.

Em sua dissertação de mestrado, defendida na Faculdade de Odontologia (FO) da USP, Cristina avaliou as características dos arcos dentais e de algumas estruturas miofuncionais de 61 crianças, entre três e cinco anos de vida, que apresentavam ou não o hábito de sucção de chupeta. “O ideal é que as mães nunca deem a chupeta para os fi lhos, mas caso isso ocorra, é recomendável o uso racional”, alerta. Entende-se por uso racional da chupeta atitudes simples como, por exemplo, retirar a chupeta da boca do fi lho assim que ele adormece, evitando o uso indiscriminado. Portanto, não se deve induzir, direta ou indiretamente, a criança a criar o hábito.

A participação da mãe é importantíssima, pois cabe a ela dar os primeiros passos para que o bebê não sofra as consequências de algo perfeitamente evitável. Cristina lembra que realmente há casos em que a necessidade de sucção da criança é maior. Não se pode, no en-tanto, permitir que ela fi que o dia inteiro com a chupeta na boca, mesmo que seja anatômica.

Ligado a isso há um fator de infl uência indiscutível: a amamentação. Das crianças estu-dadas, houve um grupo no qual a incidência do uso da chupeta foi bem menor. E o diferencial desse grupo era o fato de os bebês terem sido amamentados exclusivamente no peito da mãe, por um período entre o quarto e o sexto mês de vida. Justamente o tempo recomendado por especialistas [para o aleitamento exclusivo]. Já aqueles amamentados no peito apenas no pri-meiro mês apresentaram maior propensão a usar a chupeta, o que também foi verifi cado no grupo de crianças amamentadas por um período muito grande, acima de um ano de idade, por exemplo [ já habituadas à chupeta]. Há também um importante componente emocional. “A sucção é o primeiro instinto do bebê, que a associa diretamente ao prazer. Através dela ele pode saciar a fome e receber carinho e afeto da mãe”, descreve Cristina. “Por isso é muito difícil tirar a chupeta da criança quando já existe o hábito. Porém, não se pode pensar que o

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Conhecimento em Ação

O sedentarismo tem aumentado cada vez mais em nossa espécie. Junto a outras alte-rações dos hábitos cotidianos, como as relacionadas à alimentação, a ausência de exercícios cotidianos, como caminhar, por exemplo, tem sido um componente relacionado à tendência mundial da humanidade em relação ao aumento da obesidade.

Esse sedentarismo está sendo progressivamente estendido às crianças, quando, cada vez mais, já capazes de andar, são transportadas em carrinhos de bebê.

Procure dados na Internet sobre o peso e a disposição para caminhar e se exercitar de crianças pequenas que andam cotidianamente e de crianças já crescidas que são transpor-tadas em carrinhos. Consulte de sites como o da OMS – (http://www.who.int/), Organização Pan-Americana da Saúde - OPAS (http://new.paho.org/), Ministério da Saúde (www.saude.gov.br/) ou no PubMed.

a) Há diferença no peso corporal entre esses dois grupos de crianças?

b) Há diferença na disposição para brincar e se exercitar entre esses dois grupos de crianças?

c) Como a acentuação dos processos relacionados ao sedentarismo podem nos prejudicar ao longo do tempo?

d) Dê exemplos de esses possíveis prejuízos e explique o porquê disso.

aleitamento materno prolongado [além dos dois a três primeiros anos, como recomendado] é capaz de resolver o problema”.

De qualquer forma, quando a chupeta é abandonada até por volta dos dois ou três anos, alguns dos efeitos negativos deste hábito, como a mordida aberta inferior, tendem a regredir. “Depois desta idade, os problemas progridem gradualmente podendo afetar desde a degluti-ção até a respiração”, pondera Cristina Zardetto. E como nesse caso forma e função possuem estreita interrelação, uma pequena alteração formal causada pelo uso da chupeta refl ete de maneira indesejável em outras funções do organismo.

A pesquisadora ressalta que o melhor é abdicar da compra da chupeta, mesmo que seja anatômica. “O estudo mostra, inclusive, que houve uma associação entre as crianças que já tinham chupeta no enxoval e o hábito prolongado de sucção.” A questão é que grande parte das mães não são informadas o sufi ciente para saber que mesmo as anatômicas geram trans-tornos. Transtornos esses que não se resolvem apenas com a chegada da dentição permanen-te ou uso de aparelhos. “A melhor atitude é mesmo a prevenção.”

Mais informações: Site:<http://www.usp.br/agen/rede832.htm.> E-mail:<[email protected]>

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De olho no ENEM

Questão 01 (ENEM 2010)

A tirinha mostra que o ser humano, na busca de atender suas necessidades e de se apropriar dos espaços: (A) adotou a acomodação evolucionária como forma de sobrevivência ao se dar conta de suas

defi ciências impostas pelo meio ambiente.

(B) utilizou o conhecimento e a técnica para criar equipamentos que lhe permitam compensar as suas limitações físicas.

(C) levou vantagens em relação aos seres de menor estatura, por possuir um físico bastante desenvolvido que lhe permitia muita agilidade.

(D) dispensou o uso da tecnologia por ter um organismo adaptável aos diferentes tipos de meio ambiente.

(E) sofreu desvantagens em relação a outras espécies, por utilizar os recursos naturais como forma de se apropriar dos diferentes espaços.

Questão 02 (ENEM 2010) Experimentos realizados no século XX demonstraram que hormônios femininos e mediadores químicos atuam no comportamento materno de determinados animais, como cachorros, ga-tos e ratos, reduzindo o medo e a ansiedade, o que proporciona maior habilidade de orienta-ção espacial. Por essa razão, as fêmeas desses animais abandonam a prole momentaneamen-te, a fi m de encontrar alimentos, o que ocorre com facilidade e rapidez. Ainda, são capazes de encontrar rapidamente o caminho de volta para proteger os fi lhotes.

VARELLA, D. Borboleta da alma: escritos sobre a ciência e a saúde. Companhia das Letras, 2006 (adaptado).

Considerando a situação descrita sob o ponto de vista da hereditariedade e da evolução bio-lógica, o comportamento materno decorrente da ação das substâncias citadas é

(A) transmitido de geração a geração, sendo que indivíduos portadores dessas características terão mais chance de sobreviver e deixar descendentes com as mesmas características.

(B) transmitido em intervalos de gerações, alternando descendentes machos e fêmeas, ou

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seja, em uma geração recebem a característica apenas os machos e, na outra geração, apenas as fêmeas.

(C) determinado pela ação direta do ambiente sobre a fêmea quando ela está no período gestacional, portanto, todos os descendentes receberão as características.

(D) determinado pelas fêmeas, na medida em que elas transmitem o material genético ne-cessário à produção de hormônios e dos mediadores químicos para sua prole de fêmeas, durante o período gestacional.

(E) determinado após a fecundação, pois os espermatozoides dos machos transmitem as características para a prole e, ao nascerem, os indivíduos são selecionados pela ação do ambiente.

Questão 03 (ENEM 2007)

A tabela abaixo representa, nas diversas regiões do Brasil, a porcentagem de mães que, em 2005, amamentavam seus filhos nos primeiros meses de vida.

Ao ingerir leite materno, a criança adquire anticorpos importantes que a defendem de doen-ças típicas da primeira infância. Nesse sentido, a tabela mostra que, em 2005, percentualmen-te, as crianças brasileiras que estavam mais protegidas dessas doenças eram as da Região (A) Norte.

(B) Nordeste.

(C) Sudeste.

(D) Sul.

(E) Centro-Oeste.

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Referências

BRASIL. Ministério da Saúde. Disponível em:<www.saude.gov.br/> Acesso em: 21 mai. 2011

Organização Mundial de Saúde. OMS. Disponível em: <http://www.who.int/> Acesso em: 21 mai. 2011

Organização Pan-Americana da Saúde. Disponível em: <http://new.paho.org/> Acesso em: 21 mai. 2011.

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Ródnei A. Souza e Carlos Alberto A. Freitas

Apresentação

Você está convidado(a) a interagir com um universo de referências que poderão con-

tribuir para a sua formação. Esse foi o desejo claro dos autores ao prepararem este Caderno. Entretanto, é necessário um pré-requisito: o seu desejo claro. Com tal pré-requisito, este material será potencialmente útil, o que justifica a sua existência.

Este Caderno foi elaborado a partir da experiência vivida pelos autores ao lecionar a disciplina Química no nível médio e na formação de professores no curso presencial de Li-cenciatura em Química da UNEB, UESB e UEFS, porém, com um foco maior na interatividade e nos recursos disponíveis na Internet já citados. Entretanto, neste material, são apresenta-das várias referências bibliográficas que também são fun damentais para a formação voltada para a cidadania.

BOAS INTERAÇÕES!

A Química Orgânica: saberes necessários a várias profissões Este Caderno aborda os conteúdos: isomeria, reações de substituição e adição, e

acidez e basicidade de compostos orgânicos, sugeridos para a segunda unidade do 3º ano do Ensino Médio. O estudo da Química Orgânica está contextualizado dentro do campo de atuação do Analista Químico (Figura 1), que é um profissional que fornece informações para várias outras profissões.

Figura 1. Químico Analista em um Laboratório de Pesquisa ToxicológicaDisponível em:<http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Forensic_Toxicology_Research_Laboratory.jpg>

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Texto 1

Introduzindo o tema: O trabalho do químico

O químico é um profissional capaz de isolar compostos na Natureza, identificar suas estruturas, sintetizá-los em laboratório ou obter um novo composto resultante de modifica-ções na estrutura de um composto isolado.

A partir do seu trabalho de pesquisa, podem surgir:

• Novos compostos;• Novas propriedades;• Novas rotas de obtenção;• Novos métodos de análise;

A parte da ciência Química que investiga a composição da matéria é a Química Analíti-ca. Ela fornece os métodos e os instrumentos para investigarmos no nosso mundo material.

O químico analítico é o profissional especializado em utilizar os instrumentos confiá-veis para responder a quatro perguntas básicas sobre uma amostra de um material:

O quê? Onde? Quando? Com que arranjo, estrutura ou forma?A Química Analítica estuda os métodos através dos quais é possível determinar quais

os elementos e quanto de cada elemento existe numa substância. Está dividida em duas especialidades:

1 - QUÍMICA ANALÍTICA QUALITATIVA - estuda os métodos pelos quais é possível deter-minar os elementos que estão presentes numa substância. Segundo Skoog (2006), esta es-pecialidade da Química Analítica “revela a identidade dos elementos e compostos de uma amostra” (SKOOG e outros, 2006, p.1).

2 - QUÍMICA ANALÍTICA QUANTITATIVA - estuda os métodos através dos quais é possível determinar quanto de cada elemento está presente em uma substância. Leia o trecho a seguir, extraído do Capítulo 1 do livro “Fundamentos de Química Analítica” (SKOOG e outros, 2006), cujo título é “A Natureza da Química Analítica”:

A química analítica é uma ciência de medição que consiste em um conjunto de ideias e métodos poderosos que são úteis em todos os campos da ciência e medicina. Um fato excitante que ilustra o poten-cial e a relevância da química analítica ocorreu em 4 de julho de 1997, quando a nave espacial Pathfinder quicou várias vezes até estacionar no Ares Vallis, em Marte, e liberou o robô Sojourner de seu corpo tetraédrico para a superfície marciana. O mundo ficou fascinado pela missão Pathfinder. Como resultado, inúmeros sites que acompanha-vam a missão ficaram congestionados pelos milhões de navegadores da rede mundial de computadores que monitoravam com atenção os progressos do minúsculo jipe Sojourner em sua busca por infor-mações relacionadas com a natureza do planeta vermelho. O experi-mento-chave do Sojourner utilizou o APXS, ou espectrômetro de raios X por prótons alfa, que combina três técnicas instrumentais avança-das, a espectroscopia retrodispersiva de Rutherford, espectroscopia

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de emissão de prótons e fluorescência de raios X. Os dados de APXS foram coletados pela Pathfinder e transmitidos para a Terra para aná-lise posterior, visando a determinar a identidade e concentração da maioria dos elementos da tabela periódica.

A determinação da composição elementar das rochas marcianas per-mitiu que geólogos as identificassem e comparassem com rochas ter-restres. A missão Pathfinder é um exemplo excelente que ilustra uma aplicação da Química Analítica a problemas práticos. Os experimentos realizados pela nave espacial e os dados gerados pela missão também ilustram como a Química Analítica recorre à ciência e à tecnologia por meio de disciplinas amplamente diversificadas, como a Física Nuclear e a Química, para identificar e determinar as quantidades relativas das substâncias em amostras de matéria (SKOOG e outros, 2006, p.1).

Como é possível observar no texto, a exploração espacial utilizou análises químicas

(a espectroscopia retrodispersiva de Rutherford, espectroscopia de emissão de prótons e fluorescência de raios X) para a determinação qualitativa (identidade) e quantitativa (con-centração) das amostras de solo do planeta Marte. Outros profissionais, como os geólogos, utilizaram os dados obtidos para determinar a composição do solo marciano.

O analista químico pode realizar vários tipos de procedimentos, tais como:

ANÁLISE ELEMENTAR – identifica quais os elementos presentes na composição do material em estudo (amostra).

ANÁLISE FUNCIONAL – identifica os grupos de átomos que, juntos, conferem as proprieda-des da amostra.

DETERMINAÇÃO DA ESTRUTURA MOLECULAR – identifica como os átomos estão dispostos na estrutura da molécula.

DETERMINAÇÃO DAS ESPÉCIES QUÍMICAS – identifica quais as espécies químicas (átomos, íons, moléculas) presentes na amostra.

DETERMINAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL – identifica como os componentes da subs-tância (átomos, íons, ou grupos de átomos) estão distribuídos no espaço.

DETERMINAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO SUPERFICIAL – identifica como os componentes da substância (átomos, íons, ou grupos de átomos) estão distribuídos na superfície do material no estado sólido.

DETERMINAÇÃO DOS ESTADOS DE OXIDAÇÃO – identifica quais os estados de oxidação dos elementos presentes na composição da substância.

O papel central da Química Analítica em relação a outras áreas do conhecimento e, portanto, em relação a várias profissões, está representado na Figura 2.

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Nas indústrias, o analista químico é responsável pelo exame das matérias-primas, pelo controle da produção e pela análise dos produtos parcial ou totalmente acabados. Nos laboratórios industriais (Figura 3) de maior importância, há um permanente trabalho de investigação:

• aplicação de novas matérias-primas locais ou mais baratas;• estudo de novos processos tecnológicos em desenvolvimento;• padronização de métodos analíticos;• simplificação, modificação e criação de outros métodos mais rápidos e melhores do

ponto de vista da precisão, exatidão, sensibilidade e do custo.

Figura 2. Relações entre a Química Analítica, outras áreas da Química e outras ciências. A lo-calização central da Química Analítica no diagra-ma representa sua importância e a abrangência de sua interação com muitas outras disciplinas (SKOOG, 2006, p. 3).

Figura 3. Laboratório de controle de qualidade industrialDisponível em:<http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Icos_Laboratories.JPG>

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Em tais aplicações industriais está presente a Quimiometria, que é:

• parte da Química que utiliza métodos matemáticos e estatísticos para:• defi nir ou selecionar as condições ótimas de medidas e experiências e • permitir a obtenção do máximo de informações a partir da análise de dados químicos.

(Roy E. Bruns e J. F. G. Faigle. Quimiometria. Química Nova, 84-99, abril 1985).

Um laboratório de engenharia biomédica (Figura 4) é responsável por “desenvolver

tecnologias inovadoras aplicadas à prevenção, diagnóstico e terapia de doenças, bem como na monitoração de parâmetros fi siológicos em centros cirúrgicos e em unidades de trata-mento intensivo.” Disponível em: http://www.ufpe.br/eb/

Os dados obtidos pela análise química dos materiais fornecem subsídios para diversas profi ssões: farmacêutico, médicos, engenheiros civis, engenheiros de alimentos, engenhei-ros navais, engenheiros eletrônicos, entre outras.

Dessa forma são produzidas vacinas, cosméticos, materiais de construção, remédios, plásticos etc.

Como uma vacina é produzida? Como produzir um cosmético?

Figura 4. Laboratório de engenharia biomédica Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Biomedical_Engineering_Laboratory.jpg>

O que isso tem a ver comigo? Os alimentos, fármacos, polímeros (fi bras sintéticas, nylon, plásticos, borrachas, entre

outros) são exemplos de compostos orgânicos. As propriedades desses compostos depen-dem fundamentalmente da sua estrutura. Você diferencia as propriedades dos materiais das

Reflexão para ação

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Vamos estudar dois fatores que irão determinar as propriedades de moléculas orgâ-nicas: a composição e a estrutura. Analisando a composição de algumas moléculas, vamos identificar propriedades como a acidez e a basicidade. Pela estrutura, veremos que molécu-las com a mesma composição podem apresentar propriedades diferentes.

Finalizando, vamos estudar exemplos em que as propriedades das moléculas orgâni-cas irão influenciar em reações químicas.

Texto 2

Introduzindo o tema: Acidez e basicidade de compostos orgânicos Inicialmente, é necessário que você tenha como conhecimento prévio a definição so-

bre o que é um ácido e o que é uma base. Para ajudá-lo(a), a Figura 9, a seguir, traz um mapa conceitual sobre o conceito de ácido.

Figura 8. EsmaltesDisponível em: <http://www.morguefile.com/archive/display/749483>

Figura 5. Corda de nylon Disponível em: <http://www.morguefile.com/archive/display/37807>

Figura 6. Peças de plástico Disponível em: <http://www.morguefile.com/archive/display/749497>

Figura 7. Pneus Disponível em: <http://www.morguefile.com/archive/display/62371>

Figuras 5 a 8? Todos são materiais compostos principalmente por moléculas orgânicas. Você sabe a origem da matéria-prima de cada um desses materiais? Pesquise em livros, na Internet ou pergunte ao seu professor.

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Figura 9. Mapa conceitual: Ácido

Conhecimento em ação

As teorias ácido-base foram desenvolvidas em épocas diferentes e por cientistas di-ferentes. O estudo dessas teorias é exemplo de como a ciência se desenvolve elaborando teorias e modelos. Teorias e modelos são propostos de acordo com o avanço da tecnolo-gia, podendo ser mais abrangentes e sofi sticados que os anteriores. Pesquise sobre as três teorias citadas no seu livro didático ou na Internet e elabore, no seu caderno, um mapa conceitual para os conceitos de Arrhenius, Bronsted-Lowry e Lewis para Bases.

O ácido ascórbico, popularmente conhecido como Vitamina C, tem fórmula molecular C6H8O6, não é produzido pelo nosso organismo e é fundamental para combater gripes, res-friados e o envelhecimento das células, por isso, a ingestão de frutas cítricas é indispensável em qualquer dieta alimentar. Sua estrutura pode sofrer uma ionização em meio aquoso, como mostra a Figura 10, resultando no ânion Ascorbato (C6H7O6

-).

Figura 10. Ionização do Ácido Ascórbico. Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Ascorbic_acidity.PNG>

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Observe que, na estrutura inicial da fi gura, as setas indicam o deslocamento de pares de elétrons pela estrutura da molécula do ácido ascórbico. Na estrutura intermediária, es-tão presentes a carga positiva e a carga negativa na estrutura da molécula. Trata-se de uma estrutura instável, que libera um cátion H+ resultando na estrutura fi nal, o ânion ascorbato. Diante disso, justifi que por que o ácido ascórbico é um ácido tanto para o conceito de Ar-rhenius, como para o conceito de Bronsted-Lowry e para o de Lewis.

Zoom na informação

Leia o artigo “Mudanças de cores dos extratos de fl ores e do repolho roxo”, acessando o link: <http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc10/conceito.pdf>.

No artigo, você vai descobrir que a alteração na estrutura de moléculas orgânicas, como a fenolftaleína (Figura 11), pode resultar em alterações da coloração do meio no qual está presente. Faça um resumo no seu caderno sobre como a luz interage com moléculas orgânicas resultando em cores variadas.

Figura 11. Diferentes estruturas da fenolftaleína em função do pH: estrutura I em pH menor que 8.3; estrutura II em pH maior que 10. As setas indicam o movimento dos pares de elétrons (cargas negativas).Disponível em: <http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc10/conceito.pdf>

Conhecimento em ação

EXPERIMENTO 1

Vamos observar a alteração da cor, que é propriedade da molécula orgânica betanina,

cuja estrutura é alterada dependendo do caráter ácido ou básico do meio.Esse experimento é uma adaptação do experimento encontrado no artigo: “Extração

do corante da beterraba (Beta vulgaris) para utilização como indicador ácido-base”. Dis-ponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-46702010000400002&script=sci_arttext>. O experimento consiste em preparar uma solução aquosa (extrato) e analisar o comportamento dessa solução em meio ácido e em meio básico.

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1. Obtenção do extrato aquoso Utilize, para obtenção dos extratos da beterraba, a espécie Beta vulgaris (beterraba

comum encontrada em feiras e supermercados). Use, aproximadamente, 50g de beterraba in natura, previamente descascada e cortada. Posteriormente, adicione 150 ml de água (pre-ferencialmente destilada, porém, pode ser água filtrada). Aqueça a solução até a fervura, até que o volume de água seja reduzido à metade do volume inicial (cuidado ao manusear utensílios e líquidos aquecidos). O tempo da extração é de, aproximadamente, 45 minutos. Espere a solução esfriar, filtre usando papel-filtro de café ou peneira bem fina. Armazene em frasco escuro, em congelador doméstico.

2. Teste do extrato

Utilize seis tubos de ensaio ou seis recipientes de vidro (copos ou béqueres pequenos,

transparentes). Numere os tubos de 1 a 6. A cada tubo, adicione 5 ml de extrato de beterra-ba. No tubo 1, adicione 5 ml de vinagre. Observe se há mudança visual no meio. Aos outros tubos adicione, respectivamente, 5 ml de Leite de magnésia, 5 ml de água sanitária, raspas de sabão em barra, escamas de desentupidor de pia (tipo “diabo verde”).

Observe os aspectos finais das soluções e preencha a Tabela 1:

Tabela 1. Resultados encontrados no Experimento 1

Tubo Cor inicial Reagente adicionado Cor final

1

2

3

4

5

6

A partir dos resultados encontrados dispostos na Tabela 1, reflita:

• Quais os tubos que apresentaram a mesma coloração final ou coloração semelhante?

• Quais características do meio, provavelmente, resultaram em colorações diferentes?

• Relacione as informações do artigo citado com os resultados encontrados. Busque expli-car o que ocorreu na molécula orgânica betanina em cada tubo de ensaio.

• Discuta com o professor os resultados encontrados. Se a sua escola tiver soluções ácidas e básicas no laboratório, solicite ao seu professor o emprego dessas soluções para testar o extrato de beterraba. Compare os resultados com os anteriores.

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Texto 3

Introduzindo o tema: Importância dos fármacos de origem sintética

Observe as estruturas da Figura

12. Identifique as semelhanças e dife-renças entre as estruturas dos compos-tos. As semelhanças entre os compos-tos da cocaína, atropina e hyoscinina estão relacionadas às suas proprie-dades comuns. Esses compostos são anestésicos. As propriedades também são relacionáveis às semelhanças entre as estruturas da morfina e da codeína.

Figura 12. Produtos naturais usados como drogas e fármacos.Disponível em: <http://www.uff.br/RVQ/index.php/rvq/article/viewArticle/21/61>

Os povos indígenas e as civilizações antigas conheciam as propriedades de várias

plantas e utilizavam as propriedades dos compostos presentes em diversas aplicações, tais como, cerimônias religiosas, alimentação, cura de doenças e de ferimentos. Arqueólogos, historiadores, antropólogos e biólogos são exemplos de profissionais que estudam esses saberes antigos e fornecem evidências, hipóteses e teorias que ajudam a desvendar como tais saberes foram obtidos e como podem ser úteis à sociedade atual.

É muito provável que a observação da natureza tenha sido o método que revelou tais saberes aos povos antigos, seguido pela experimentação.

A planta da coca contém a substância cocaína, que é um poderoso anestésico. Po-rém, os efeitos colaterais – dependência, destruição de células como as do fígado e os neurônios (Figura 13), além das consequências sociais, não compensam suas proprieda-des terapêuticas.

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Figura 13 - Escaneamentos cerebrais de PET (Positron Emission Tomography ou Tomo-grafi a por emissão de pósitrons) - apresentam diferenças químicas no cérebro entre viciados e não-viciados. As imagens normais na linha de baixo vêm de não-viciados; as imagens anormais na linha superior vêm de pacientes com transtornos de dependên-cia (da esquerda para a direita: fumante, alcoólatra, obeso e viciado em cocaína). Estes exames cerebrais de PET mostram que os viciados têm menos receptores de dopamina média em seus cérebros, assim sinais mais fracos de dopamina são enviados entre as células.Fonte:<http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/5c/PET_-_Human_Addic-tion.jpg>

Médicos especializados em Neurociência são profi ssionais com competência para re-

alizar diagnósticos a partir de escaneamentos cerebrais com o da Figura 13, entretanto, é possível notar claramente que existe uma diferença entre as imagens correspondentes. A Neurociência é um campo profi ssional em expansão, cujos profi ssionais são reconhecida-mente valorizados pela sociedade, que estuda, dentre outras funções do cérebro, o proces-so de cognição, ou seja, o processo de aprendizado.

Zoom na informação

Para saber mais sobre a cocaína, leia a dissertação de mestrado “Perfi l da cocaína comer-cializada como crack na Região Metropolitana de São Paulo em período de vinte meses (2008-2009)” disponível no link: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/9/9141/tde-27012011-082843/pt-br.php>

Os cientistas conseguiram modifi car a estrutura da molécula da cocaína, diminuindo ou anulando as propriedades indesejáveis e conservando as partes da molécula que eram res-ponsáveis pelo efeito anestésico. Assim, chegaram à atropina e à hyoscinina. Na leitura da dissertação de mestrado sugerida, você pode observar como é possível sintetizar moléculas em laboratório.

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Siga antenado

Leia o artigo “A importância da Síntese de Fármacos”, disponível no link: <http://qnesc.sbq.org.br/online/cadernos/03/sintese.pdf>. Depois, pesquise os termos que não con-seguir entender e refl ita: qual a importância dos fármacos sintéticos para a sua vida?A seguir, outras leituras podem consolidar a importância dos saberes relativos à es-trutura de moléculas e dos profi ssionais que descobrem novas substâncias ou novas propriedades de produtos naturais:

Texto: Produtos naturais como ponto de partida para a descoberta de novas substân-cias bioativas: Candidatos a fármacos com ação antiofídica, anticâncer e antiparasitária. Revista Virtual de Química, 2009, 1 (1), 58-66. Data de publicação na Web: 02 de feve-reiro de 2009. Autor: Paulo R.R. Costa.Disponível em: <http://www.uff.br/RVQ/index.php/rvq/article/viewArticle/21/61>

Texto 4

Introduzindo o tema: Isomeria

Observe quantas moléculas orgânicas diferentes pode apresentar a fórmula molecular C4H8:

Aproveite e dê o nome ofi cial dessas moléculas. Elas são isômeras entre si.

isomeria ocorre quando uma das várias espécies (ou entidades moleculares) tem a mesma composição atômica (fórmula molecular), mas diferentes fórmulas estruturais ou diferen-tes fórmulas estereoquímicas e, portanto, apresenta diferentes propriedades físicas e/ou dife-rentes propriedades químicas.

Glossário

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Conhecimento em ação

Relacione os números dos campos do mapa conceitual (Figura 14) com os conceitos a seguir (caso não conheça os conceitos, pesquise o signifi cado em livros didáticos de Quí-mica ou na Internet):

( ) Enantiômeros

( ) Isômeros conformacionais

( ) Constitucional (ou estrutural)

( ) Diastereoisômeros

( ) Isômeros trans

( ) Rotâmero

( ) Isômeros cis

( ) Estereoisomeria (ou espacial)

( ) Isômeros cis-trans

Para começar a estudar o conteúdo Isomeria, assista a uma apresentação disponível no site teca – conteúdo livre para sala de aula. Siga os passos:

1 - Entre no site: teca – conteúdo livre para sala de aula, através do link: <http://teca.cecierj.edu.br/>2 – Clique em “Novo registro” para fazer o seu registro, criando uma senha. 3 - Faça o login e busque pela apresentação sobre Isomeria.A animação consiste em uma apresentação virtual que inicia com a tela da Figura 14:

Assista à apresentação na íntegra e discuta as dúvidas que tiver com o seu professor. Pesquise em livros e na Internet o signifi cado das palavras desconhecidas.

Figura 14. Tela inicial da apresentação sobe Isomeria do site teca: conteúdo livre para sala de aula.

Zoom na informação

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Figura 15. Mapa conceitual: Isomeria

Texto 5

Introduzindo o tema: Quiralidade: enantiômeros, estereoisômeros Observe a figura a seguir:

Figura 16. Quiralidade entre Aminoácidos e entre as mãos.Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Chirality_with_hands.svg>

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Observe que as imagens são parecidas, porém, se você sobrepuser as imagens, vai perceber que não são exatamente iguais. O mesmo ocorre quando colocamos uma das mãos diante de um espelho. A imagem da mão não corresponde à sua imagem do espelho quando sobrepostas. A isso se dá o nome de Quiralidade.

quiralidade é a propriedade geométrica de um objeto rígido (ou arranjo espacial de pontos ou átomos) de ser não-sobreponíveis em sua imagem no espelho. Se uma molécula for sobre-ponível à sua imagem de espelho, a molécula é descrita como sendo aquiral.

Glossário

Conhecimento em ação

Para aprimorar a sua visão espacial e reconhecer melhor as moléculas quirais, volte ao site da teca (através do link: <http://teca.cecierj.edu.br/>) e busque o “jogo dos pares”. Através desse jogo, você poderá examinar diferentes moléculas e reconhecer quais são os pares de moléculas que são quirais.

Ainda no site da teca, busque o jogo Isomeria ótica - Jogo do labi-rinto. Esse outro jogo servirá como uma revisão dos conceitos aborda-dos até aqui sobre Isomeria.

Figura 17. Tela inicial de apresentação do Jogo dos Pares sobre Isomeria, no site teca.

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Texto 6

Introduzindo o tema: Reações de substituição e de adição: montando moléculas Para modificar moléculas e assim sintetizar novos compostos com novas proprieda-

des, o químico pode proceder a vários tipos de reações químicas. Vamos abordar as reações de substituição e as de adição.Observe a Figura 18:

Figura 18. Representação da reação de substituição.

Representando a mesma reação da Figura 18 como uma equação química, temos:

A equação representa a reação entre etano (C2H6) e o gás cloro (Cl2) resultando no cloroetano (C2H5Cl) e no ácido clorídrico (HCl). Observe que um átomo de cloro substitui um átomo de hidrogênio da molécula do etano. Neste caso, dizemos que a reação é de substituição.

Vamos agora observar a Figura 19:

Figura 19. Representação da reação de adição

A equação representa a reação entre eteno (C2H4) e o ácido clorídrico (HCl), resultan-do no cloroetano (C2H5Cl). Observe que um átomo de cloro e um átomo de hidrogênio são adicionados à molécula do eteno. Neste caso, dizemos que a reação é de adição.

H +

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Texto 6

Introduzindo o tema: Reações de substituição e de adição: montando moléculas Para modifi car moléculas e assim sintetizar novos compostos com novas proprieda-

des, o químico pode proceder a vários tipos de reações químicas. Vamos abordar as reações de substituição e as de adição.Observe a Figura 18:

Figura 18. Representação da reação de substituição.

Representando a mesma reação da Figura 18 como uma equação química, temos:

A equação representa a reação entre etano (C2H6) e o gás cloro (Cl2) resultando no cloroetano (C2H5Cl) e no ácido clorídrico (HCl). Observe que um átomo de cloro substitui um átomo de hidrogênio da molécula do etano. Neste caso, dizemos que a reação é de substituição.

Vamos agora observar a Figura 19:

Figura 19. Representação da reação de adição

A equação representa a reação entre eteno (C2H4) e o ácido clorídrico (HCl), resultan-do no cloroetano (C2H5Cl). Observe que um átomo de cloro e um átomo de hidrogênio são adicionados à molécula do eteno. Neste caso, dizemos que a reação é de adição.

H +

Experimente esse ótimo site da Universidade de Liverpool (University of Liverpool) que

traz o software Chem Tube 3D: <http://www.chemtube3d.com/ALevel.html>. Acesse-o e, como está em inglês, use um tradutor (dependendo do seu navegador, pode existir a função de tradução) ou exercite seus conhecimentos nesse idioma.

Aproveite e explore bastante o site. As animações das reações mostram como ocorrem as quebras e as formações das ligações resultando em novos produtos.

Após selecionar a reação orgânica no menu à esquerda da tela apresentada na Figura 20, aparece a animação e, logo abaixo, a equação química da reação orgânica.

Figura 20. Tela do Chem Tube 3D para a adição nucleofílica ao grupo carbonilo.

Clicando em cada espécie da equação ou em uma seta, a animação se processa repre-

sentando as espécies intermediárias de cada etapa ou como ocorre a etapa da reação, como mostram as Figuras 21 e 22.

Reflexão para ação

reação de substituição é uma reação elementar ou por passos, na qual um átomo ou grupo de átomos de uma entidade molecular é substituído por outro átomo ou grupo de átomos.

reação de adição é uma reação química entre duas ou mais entidades moleculares, resultan-do num produto de reação única, contendo todos os átomos de todos os componentes, com a formação de duas ligações químicas e uma redução de ligações duplas ou triplas em, pelo menos, um dos reagentes.

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Figura 21. Tela do Chem Tube 3D para a primeira seta da equação da reação de adição nucleofílica ao grupo carbonilo.

Figura 22. Tela do Chem Tube 3D para as primeiras espécies intermediárias da equação da reação de adição nucleofílica ao grupo carbonilo.

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Interaja com o seu(a) professor(a), buscando entender como ocorrem os mecanismos das reações orgânicas.

Conhecimento em ação

EXPERIMENTO 2

A proposta desse experimento é reconhecer, na prática, a importância de sabermos as propriedades das moléculas orgânicas. A partir da produção artesanal de pão, podemos reconhecer as propriedades das moléculas presentes e, a partir desse saber escolar, levantar hipótese de aperfeiçoamento da produção artesanal. O experimento está descrito no artigo: “Saberes Populares Fazendo-se Saberes Escolares: Um Estudo Envolvendo a Produção Arte-sanal do Pão”, disponível no link: <http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc33_3/135-QS0511.pdf>.

Após realizar os experimentos indicados no artigo, responda às questões para discus-são apresentadas no fi nal do artigo.

Por hoje é só!

Este Caderno não tem o propósito de esgotar as discussões sobre os conteúdos abor-dados. O aproveitamento deste material depende, fundamentalmente, da sua disposição e do seu compromisso pessoal. Somente a realização das atividades e a pesquisa para apro-fundamento nas referências poderão complementar, com qualidade, a sua formação.

Esperamos que esta obra possa ter contribuído para a sua formação, principalmente, para a compreensão de que o conhecimento das ciências, em especial da Química, pode ajudá-lo(a) a fazer uma leitura cidadã do mundo ao seu redor.

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QUESTÃO 01

A anilina é uma substância orgânica de fórmula molecular C6H5NH2. Foi obtida, pela primeira vez, em 1826, a partir do índigo (Indigofera suffruticosa), uma espécie vegetal da família Faba-ceae, também conhecida popularmente como anileira.

Fonte: Revista Virtual de Química. |Vol. 3| |Nº 6| |496-503|

Sobre as propriedades da anilina é incorreto afi rmar: (A) as aminas, tais como a anilina, que é uma amina aromática, de uma maneira geral têm

caráter básico, semelhante ao da amônia, e por isso são consideradas bases orgânicas.

(B) as aminas aromáticas, tais como a anilina, são, em geral, bases muito mais fracas do que as aminas alifáticas correspondentes. Isso se deve à deslocalização do par de elétrons não ligante do nitrogênio através do sistema pi do anel benzênico.

(C) a anilina deve reagir com ácidos, como, por exemplo, o ácido nítrico (HNO3), formando nitrocompostos.

(D) a presença de um par de elétrons não ligados no nitrogênio da molécula da anilina confe-re a esse composto um caráter predominantemente ácido, conforme o conceito de ácido proposto por Lewis.

(E) as estruturas de ressonância da anilina são isômeras entre si.

QUESTÃO 02 A produção industrial de glicerol também pode advir de fontes fósseis. O processo mais co-mum envolve a cloração do propeno em alta temperatura para produzir o cloreto de alila, seguida de adição de ácido hipocloroso e tratamento em meio básico, fornecendo o glicerol como produto (Esquema 1). Em função do aumento da produção mundial de biodiesel, esta rota de produção está sendo descontinuada, havendo atualmente uma única planta em ope-ração em todo o planeta.

Esquema 1. Rota industrial de produção de glicerol a partir do propeno.

Analisando as reações apresentadas na rota industrial de produção de glicerol a partir do propeno, é correto afi rmar:

De olho no ENEM

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(A) todas as reações são de adição.

(B) as duas primeiras reações são de adição e a última é de substituição.

(C) todas as reações são de substituição.

(D) somente a última reação é de adição.

(E) as reações apresentadas não correspondem a reações de adição ou de substituição.

QUESTÃO 03 (ENEM-2009) Duas matérias-primas encontradas em grande quantidade no Rio Grande do Sul, a quitosana, um biopolímero preparado a partir da carapaça do camarão, e o poliol, obtido do óleo do grão da soja, são os principais componentes de um novo material para incorporação de partículas ou princípios ativos utilizados no preparo de vários produtos. Esse material apresenta visco-sidade semelhante às substâncias utilizadas atualmente em vários produtos farmacêuticos e cosméticos e fabricados a partir de polímeros petroquímicos, com a vantagem de ser biocom-patível e biodegradável.

Carapaça versátil. Pesquisa Fapesp.Disponível em:<http://revistapesquisa2.fapesp.br/?art=3861&bd=1&pg=1&lg=>

Acesso em: 20 mai. 2009. (adaptado)A fórmula estrutural da quitosana está apresentada em seguida.

Disponível em:< http://www.guiadacarreira.com.br/wp-content/uploads/simulados/simulado-enem-2009-ciencias-natureza/q24--prova-1-enem-2009.png> Acesso em: 20 mai.2009.

Com relação às características do material descrito, pode-se afirmar que: (A) o uso da quitosana é vantajoso devido às suas propriedades, pois não existem mudanças

em sua pureza e peso molecular, características dos polímeros, além de todos os seus benefícios ambientais.

(B) a quitosana tem em sua constituição grupos amina, pouco reativos e não disponíveis para reações químicas, com vantagens ambientais comparadas com os produtos petroquímicos.

(C) o polímero natural quitosana é de uso vantajoso, pois o produto, constituído por grupos álcool e amina, tem vantagem ambiental se comparado com os polímeros provenientes de materiais petroquímicos.

(D) a quitosana é constituída por grupos hidroxila em carbonos terciários e derivados com poliol, dificilmente produzidos, e traz vantagens ambientais comparadas com os políme-ros de produtos petroquímicos.

(E) a quitosana é um polímero de baixa massa molecular, e o produto, constituído por grupos álcool e amida, é vantajoso para aplicações ambientais em comparação com os polímeros petroquímicos.

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Referências.

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COSTA, Paulo R. R. Produtos naturais como ponto de partida para a descoberta de novas substâncias bioativas: Candidatos a fármacos com ação antiofídica, anticâncer e antiparasitária. Revista Virtual de Química, 2009, 1 (1), 58-66. Data de publicação na Web: 02 de fevereiro de 2009. Disponível em: <http://www.uff.br/RVQ/index.php/rvq/article/viewArticle/21/61>. Acesso em: 22 set. 2012.

FERNANDES, Ideval Pires; LOPES, Nayara Martins da Silva; SANTOS, Thiago Martins. Análise dos pro-cessos de uma estação de tratamento de água (ETA): Um estudo de caso. Disponível em: <http://ojs.ingepro.com.br/index.php/ingepro/article/view/66/56>. Acesso em: 25 nov. 2011.

FOREZI, Luana S. M. Métodos de Preparação Industrial de Solventes e Reagentes Químicos. Anilina. Revista Virtual de Química, 2011, 3 (6). Data de publicação na Web: 11 de dezembro de 2011. Dispo-nível em: <http://www.uff.br/RVQ/index.php/rvq/article/viewFile/191/206> Acesso em: 22 set. 2012.

FUKUSHIMA, André Rinaldi. Perfil da cocaína comercializada como crack na Região Metropoli-tana de São Paulo em período de vinte meses (2008-2009). 2010. Dissertação (Mestrado em Toxi-cologia e Análises Toxicológicas) - Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/9/9141/tde-27012011-082843/>. Acesso em: 02 set. 2012.

IUPAC. Compêndio de Terminologia Química, 2. ed. (O “Livro de Ouro”). Compilado por McNaught AD e Wilkinson A.Blackwell Scientific Publications, Oxford. (1997). XML on-line versão retificada: <http://goldbook.iupac.org> (2006 -) criado por M. Nic, J. Jirat, B. Kosata; atualizações compiladas por A. Jenkins. ISBN 0-9678550-9-8 doi: 10.1351/goldbook .

SKOOG, D. A.; WEST, D. M.; HOLLER, F. J.; CROUCH, S. R. Fundamentos de Química Analítica. Tradu-ção da 8. ed. norte-americana. Editora Thomson, São Paulo-SP, 2006.

VENQUIARUTO, Luciana D.; DALLAGO, Rogério M.; VANZETO, Jenifer. e DEL PINO, José Claudio. Sabe-res Populares Fazendo-se Saberes Escolares: Um Estudo Envolvendo a Produção Artesanal do Pão. QUÍMICA NOVA NA ESCOLA, v. 33, n.3, 2011.

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Jancarlos Menezes Lapa e Dielson Pereira Hohenfeld

Apresentação

Neste Caderno, trabalharemos com o binômio sociedade X trabalho. Tomando por

base que a sociedade atual é movida pela busca incessante de novas formas de energia, e que para dar conta da demanda mundial, os governos continuam a investir quantidades vul-tuosas em pesquisas e desenvolvimento nestas áreas, acreditamos que um primeiro passo é compreender como a produção de energia influencia diretamente nas relações de trabalho e no modo de vida das pessoas. Neste Caderno de Física para o 3º ano do Ensino Médio, discutiremos alguns aspectos das máquinas elétricas, desde sua produção de energia nas usinas, passando pelo funcionamento e pelo consumo residencial. Para isso, é importante destacar o papel que a energia elétrica tem em nossas vidas. Graças ao desenvolvimento tecnológico, podemos transformá-la, em outras formas de energia (mecânica, por exemplo), mas podemos transmiti-la de um local para outro bem distante. Desta forma, podemos ge-rar energia elétrica em Itaipu, no Paraguai, e utilizá-la em São Paulo.

A invenção da lâmpada por Thomas Edson, em 1879, foi tão genial que se tornou símbolo de boas ideias. Sem dúvida, o domínio e a manipulação das máquinas elétricas se tornaram algo tão essencial em nossas vidas que seria difícil para muitas pessoas se imagi-narem vivendo sem as engenhocas elétricas.

Figura 1. Vista noturna da Terra. Fonte: geographicae.files.wordpress.com, 2007.

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Texto 1

Usina de Itaipu

Localizada na divisa entre o Brasil e

o Paraguai, a usina de Itaipu é responsá-vel pela maior produção de energia limpa do planeta. De janeiro até o final de março de 2012, a hidrelétrica produziu um total de 24.720.761 MWh. Foi o melhor trimestre desde que a usina entrou em operação, su-perando até mesmo a geração dos três pri-meiros meses de 2008, quando Itaipu ba-teu recorde anual de produção, num total de 94,6 milhões de MWh. Nos três primei-ros meses daquele ano, foram produzidos 23.471.837 MWh.

Os 24.720.761 MWh seriam suficientes para abastecer o Paraguai por dois anos e três meses. Essa quantidade poderia suprir ainda o consumo de uma cidade do porte de Curitiba por cinco anos, o Estado do Paraná por um ano, a Região Sul por quatro meses e a cidade de São Paulo por 10 meses.

Itaipu em números

Volume de água no nível máximo normal 29 bilhões de m³

Extensão 170 km

Nível máximo normal (cota): 220 m

Área no nível máximo normal 1350km2

Vazão máxima 62,2 mil m³/s

Capacidade máxima de descarga 162.200 m³/s

Comprimento 483 m

Comportas 14 unidades

Altura da barragem 196 m

Área da Bacia 820.000 km2

Precipitação média anual 1.650 mm

Vazão média afluente 11.663 m³/s

Quantidade de unidades geradoras 20

Potencia por unidade geradora 700 MW

Tensão por unidade geradora 18 kV

Fonte: Itaipu Binacional, 2010. URL de origem: <http://www.itaipu.gov.br/sala-de-imprensa/itaipu-em-numeros>

Figura 2. Usina de ItaipuFonte: Itaipu Binacional, 2012.

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Conhecimento em Ação

Pense, pesquise e responda.

1. O que representa a energia de Itaipu para o Brasil e o Paraguai?2. Quais as cinco maiores usinas hidrelétricas do mundo em produção de energia? 3. Como é medida a energia elétrica de uma usina?4. Como é produzida a energia hidrelétrica?5. Quais são as vantagens e desvantagens da construção de uma usina hidrelétrica?

Conhecimento em Ação

Vamos investigar o princípio de funcionamento de um motor elétrico.Para isso, você

vai construir um minimotor elétrico com materiais de fácil obtenção.

Material necessário:

• 1 m de fi o de cobre esmaltado de, aproximadamente, 0,5 mm de diâmetro ou fi o 24• 1 pilha grande de 1,5 V• 1 ímã de alto-falante ou em barra do tamanho igual ao da pilha• 2 clipes de papel tamanho grande e de metal • Estilete• Fita adesiva

Procedimentos para construção:

1. Enrole o fi o de cobre na pilha, conte quantas voltas foram executadas.

2. Retire o fi o de cobre da pilha e deixe duas pon-tas de 4 cm de cada.

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3. Enrole cerca de 2 cm do cobre para fi xar as es-piras (os círculos formados pelo fi o de cobre) e deixe 2 cm livre de cada lado.

4. Com ajuda do estilete, raspe totalmente todos os lados do fi o de uma das extremidades; na outra extremidade, raspe apenas um dos lados.

5. Fixe os clipes em forma de suporte nos polos da pilha com a fi ta adesiva.

6. Monte o conjunto conforme a fi gura.

Conhecimento em Ação

Questões para investigar

1. Explique o funcionamento do motor elétrico.

2. Por que é necessário raspar apenas metade de um dos lados ? Experimente fazer uma espira sem raspar e outra raspando totalmente os dois lados.

3. Qual a relação do movimento das espiras com o número de espiras ? Experimente fazer espiras com mais ou menos voltas na pilha.

4. Qual a relação do tamanho e formato das espiras como movimento ? Experimente mudar o formato e o tamanho das espiras.

5. Procure identifi car num motor elétrico (liquidifi cador, ventiladores, batedeiras e outro) as relações e princípios observados nesse experimento.

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Zoom na informação

No site a seguir, você também encontra as informações e animações para a construção do minimotor elétrico: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fi sicaecotidiano/conteudos/view/motores-eletricos_view.html>

Siga antenado

Para compreender melhor a relação entre as espiras de um motor e o campo magnético gerado por elas, você pode usar uma simulação computacional disponível em <http://phet.colorado.edu/pt_BR/simulation/magnets-and-electromagnets>

Reflexão para ação

A energia elétrica de cada dia Para propor pequenas soluções para economia de energia, você deve fazer um balanço

elétrico residencial, mapeando os aparelhos encontrados em sua casa. Identifi que suas espe-

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cificações nos manuais ou no próprio aparelho. Estime o tempo de uso e calcule seu consumo e o custo. No exemplo, utilizamos o preço do kWh de R$ 0,47096*. Então, fizemos o seguinte cálculo: Custo = Preço do kWh X Consumo, ou seja, Custo = 0,47096 x 27,5 = 12,95 reais. As-sim, construa a tabela do balanço de consumo elétrico da sua residência. Você pode usar um programa de planilha de cálculo e apresentar seus resultados também em forma de gráficos.

Após a construção da tabela, socialize os dados através de mural, cartazes ou blog da

turma.

Aparelho Quant.Potência

(KW)Tensão

(V)

Corrente Elétrica

(A)

Resistência (Ω)

Tempo (h)

Con-sumo (kWh)

Custo (R$)

Chuveiro Elétrico

1 5,5 127 43,31 2,93 5 27,5 12,95

Computador

Ferro de Passar

Lâmpadas

Liquidificador

Televisor 14'

Secador de Cabelo

Geladeira

Cafeteira

Batedeira

Ventilador

TOTAL TOTAL

* O valor do Kwh deve ser identificado na última conta de energia da Coelba.

27,5 Kwh

12,95

Questões para Reflexão

• Identifique quais os aparelhos apresentam maior potência? E procure identificar uma carac-terística comum a eles.

• Quais aparelhos apresentam menor potência? E procure identificar uma característica co-mum a eles.

• Todos os aparelhos apresentam tensão 110V ou 220V? Por quê?

• Quais tipos de aparelhos não costumam ser bivolt, isto é, funcionar tanto em 110V quanto em 220V?

• Aparelhos que funcionam a 220V são mais econômicos? Justifique.

• Qual aparelho é o grande vilão da sua conta de energia?

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• Observe na sua conta de energia a composição do valor total a pagar. Além do consumo, quais as outras despesas?

• Proponha soluções possíveis para economizar o consumo de energia.

• Discuta essas propostas na sala de aula e construa com seus colegas e seu professor uma cartilha de economia de energia.

• Disponibilize essa cartilha de forma impressa ou por meio digital para a comunidade escolar.

• Aplique as recomendações da cartilha e verifi que com sua turma a economia na conta de energia.

<http://www.inovacaotecnologica.com.br> Site especializado em notícias sobre as mais recentes novas inovações tecnológicas produzidas pelo homem. <http://www.itaipu.gov.br/>Site institucional da maior usina hidrelétrica do mundo. Contêm muitas informações interessantes sobre produção de energia. Vale a apena conferir.<http://www.rio20.gov.br/>Em junho 2012, o Brasil sediou a Rio+20, conferência da ONU que reuniu líderes do mundo todo para discutir meios de transformar o planeta em um lugar melhor para se viver. O evento foi realizado no Rio de Janeiro, 20 anos depois da Eco92. “Universo elétrico – a impressionante história da Eletricidade”Autor: David BodanisEditora: Record“Faraday & Maxwell – Luz sobre os campos”Autor: Frederico Firmo de Souza CruzEditora: Odysseus “O grande truque”. 2006, EUA.Sinopse:Conta o relato de dois parceiros que se tornam inimigos mortais, um tentando derrubar o outro. Eles passam a competir utilizando truques da eletricidade.

Siga antenado

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Questão 01 (ENEM 2005) Podemos estimar o consumo de energia elétrica de uma casa considerando as principais fon-tes desse consumo. Pense na situação em que apenas os aparelhos que constam da tabela abaixo fossem utilizados diariamente da mesma forma. Tabela: A tabela fornece a potência e o tempo efetivo de uso diário de cada aparelho doméstico.

Aparelho Potência (kW)Tempo de uso diário

(horas)

Ar condicionado 1,5 8

Chuveiro elétrico 3,3 1/3

Freezer 0,2 10

Geladeira 0,35 10

Lâmpadas 0,10 6

Supondo que o mês tenha 30 dias e que o custo de 1 KWh é de R$ 0,40, o consumo de energia elétrica mensal dessa casa, é de, aproximadamente, (A) R$ 135.

(B) R$ 165.

(C) R$ 190.

(D) R$ 210.

(E) R$ 230. Questão 02 (ENEM 1998) A efi ciência de uma usina, do tipo da re-presentada na fi gura, é da ordem de 0,9, ou seja, 90% da energia da água no início do processo se transformam em energia elétrica. A usina Ji-Paraná, do Estado de Rondônia, tem potência instalada de 512 milhões de watts, e a barragem tem altura de, aproximadamente, 120m.

A vazão do Rio Ji-Paraná, em litros de água por segundo, deve ser da ordem de: (A) 50

(B) 500

(C) 5.000

(D) 50.000

(E) 500.000

De olho no ENEM

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Referências

ALVARENGA, B. MÁXIMO, A. B . Curso de Física, v. 3. São Paulo, Scipione, 2010.

AMALDI, U. Imagens da Física São Paulo: Scipione, 1995.

CABRAL, F; LAGO, A Física 3. São Paulo: Editora Habra, 2004.

GASPAR, A. Compreendendo a Física. v. 3. São Paulo, Editora Ática, 2010.

GREF – Grupo de Reelaboração do Ensino de Física, v. 3. Instituto de Física da USP 1991.

HEWITT, P. G. Física conceitual. 9. ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.

MOREIRA, I. C; MASSARANI, L; ALMEIDA, C – Cordel e Ciência: A ciência em versos populares. Rio de Janeiro, FIOCRUZ, 2005.

PEC – Projeto Escola e Cidadania. Física 3 São Paulo: Ed. do Brasil, 2000.

POGIBIN, A ; PIETROCOLA; M. ANDRADE, R; ROMERO, T.R.; Física em Contextos – Pessoal – Social – Histórico. v.11. FTD. São Paulo, 2010.

VALADARES, E. C. Física mais que divertida. Belo Horizonte: Ed. UFMG/INEP, 2000.

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Humberto José Bortolossi

Apresentação

Neste Caderno, vamos explorar as ideias básicas que compõem a Análise de Fourier,

um saber matemático que tem várias aplicações em diversas áreas e profissões. A Análise de Fourier é usada no estudo de sinais: funções que trazem consigo informações sobre o comportamento ou a natureza de um fenômeno que varia com o tempo ou com o espaço. Sons são exemplos de fenômenos que geram sinais: ondas sonoras produzem variações de pressão cujos valores mudam com o tempo. Esses valores podem ser convertidos em sinais elétricos através de um microfone. Um computador pode então converter esses sinais elé-tricos em números e exibir o gráfico do sinal correspondente (Figura 1).

Figura 1. Sinal acústico gerado pelo som de um violino.

Entre os (muitos) exemplos de fenômenos que geram sinais, destacamos: os bati-

mentos do coração (um sinal bioelétrico descrito por um eletrocardiograma), as fotografias digitais (a intensidade luminosa da fotografia varia de acordo com a posição do pixel da imagem digital), as ondas sísmicas produzidas por um terremoto, as vibrações moleculares em uma amostra química radiada por luz infravermelha e as variações no valor de uma ação na bolsa de valores.

A importância e a abrangência desse saber podem ser percebidas pelos seguintes fa-tos (KAMMLER, 2007): o trabalho científico de matemática mais citado de todos os tempos trata justamente da Análise de Fourier; aproximadamente 3/4 dos prêmios Nobel em Física foram ganhos por trabalhos feitos usando-se ferramentas e conceitos da Análise de Fourier; o prêmio Nobel de Química de 1985 e os prêmios Nobel de Medicina de 1962, 1979 e 2003 também estão relacionados com a Análise de Fourier.

Para o caso de fenômenos periódicos, a ideia básica da Análise de Fourier é a seguinte: sinais periódicos podem ser aproximados por somas de funções trigonométricas da forma y = A sen(B x + C), com A, B e C constantes. É justamente esse princípio que vamos inves-tigar aqui, usando, para isso, experimentos sonoros. Veremos como os parâmetros A, B e C afetam o gráfico da função y = A sen(B x + C) e as propriedades do som correspondente e, também, como somas de funções desse tipo podem ser usadas para representar sons mais complexos.

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Texto 1

Pré-requisitos e revisão de conceitos

Para poder melhor acompanhar as atividades que se seguirão, é importante que você relembre alguns conceitos relacionados com funções trigonométricas. Mais precisamente, é importante (1) que você saiba as diferenças e semelhanças entre seno de um ângulo (tri-gonometria no triângulo retângulo) e seno de um número real (funções trigonométricas); (2) que você saiba como são os gráfi cos das funções y = sen(x) e y = cos(x), para valores de x em radianos; (3) que você saiba que as funções y = sen(x) e y = cos(x), para valores de x em radianos, são periódicas de período 2π; (4) as fórmulas de prostaférese e, em particular, aquela que afi rma que sen(u) + sen(v) = 2 cos((u – v)/2) sen((u + v)/2). Você poderá fazer uma revisão desses tópicos em seu livro didático. O tema também é apresentado de forma bem didática e rigorosa em (Lima et al. ( 2003). Outra opção (mais dinâmica e interativa) é acompanhar a sequência de atividades propostas no site <http://www.uff.br/cdme/ftr/> (os passos das atividades estão disponíveis no Formulário de Acompanhamento do Aluno, acessível através do ícone azul no topo da página).

Conhecimento em Ação

Sobre a Natureza do Som - O Experimento daVela e do Alto-Falante.

(a) Considere o seguinte experimento: em um la-boratório sem correntes de ar, uma vela acesa é colocada em frente a um alto-falante que, en-tão, reproduz um som grave com volume e altura constantes (Figura 2). Descreva, no seu caderno, o movimento que a chama da vela irá fazer.

(b) Acesse a página <http://www.uff.br/cdme/iat/adf/> e, então, clique no link “Vídeos: ex-

perimento com alto-falante e chama de vela”. Você poderá assistir a duas gravações do experimento descrito no item (a). Descreva, no seu caderno, o movimento da chama da vela nessas gravações. Esse movimento é compatível com a resposta que você deu no item (a)?

(c) Os vídeos da Etapa 2 mostram que, nas condições descritas no experimento do item (a), a chama da vela irá oscilar. Estudos mostram que as pessoas não têm uma percepção correta sobre a natureza do som e que, em geral, elas fornecem descrições erradas para o movimento da chama da vela no experimento do item (a) (WITTMANN, STEINBERG, REDISH, 2003). Uma descrição errada típica é a de que a chama fi cará sempre pendendo para um único lado enquanto o alto-falante estiver emitindo som. Em Física, o som é

Figura 2. Esquema para o experimento da vela e do alto-falante.

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uma onda mecânica longitudinal que é percebida pelos nossos ouvidos e interpretada pelo nosso cérebro. Trata-se de uma onda, pois o som é um fenômeno associado ao transporte de energia através de vibrações; mecânica, pois as vibrações ocorrem em partículas em um meio material (as moléculas do ar ou de uma parede vibram para trans-mitir o som); longitudinal, pois a direção de transporte é paralela à direção de vibração.

Existem duas maneiras principais de se classifi car ondas: com relação à sua natureza e com relação à sua direção de vibração. Com relação à sua natureza, uma onda pode ser mecânica (quando está relacionada com vibrações de partículas em um meio material) ou eletromagnética (quando está relacionada com vibrações dos campos elétrico e magnético). São exemplos de ondas mecânicas: ondas sonoras (incluindo ultrassom), ondas sísmicas e on-das marítimas superfi ciais. São exemplos de ondas eletromagnéticas: ondas de rádio, micro--ondas, luz visível, luz ultravioleta, raios X, raios gama e ondas de radar. Com referência à sua direção de vibração, uma onda pode ser longitudinal (quando a direção das vibrações é para-lela à direção de transporte) ou transversal (quando a direção das vibrações é perpendicular à direção de transporte). São exemplos de ondas longitudinais: ondas sonoras e ondas sísmicas primárias. São exemplos de ondas transversais: ondas marítimas superfi ciais, ondas sísmicas secundárias e as ondas eletromagnéticas no vácuo. Você pode usar uma dessas molas plásticas de brinquedo para visualizar ondas mecânicas transversais e longitudinais: sobre uma mesa, prenda uma das extremidades da mola (ou peça para alguém segurá-la). Se você movimentar a outra extremidade para os lados (Figura 3 (A)), a onda produzida será longitudinal. Por outro lado, se você mo-vimentar a extremidade solta para frente (Figura 3 (B)) e para trás, a onda produzida será transversal.

Zoom na informação

Curiosidade

Um grupo de professores e alunos da University of West Georgia em parceria com a NASA está investigando o uso de ondas sonoras no combate aos incêndios. O uso dessa tec-nologia tem vantagens com relação ao uso tradicional da água: documentos, móveis, carpetes não são destruídos. O assunto também foi abordado no programa de divulgação científi ca MythBusters (Caçadores de Mitos) do Canal Discovery que, no episódio 76, comprovou o fato de uma voz amplifi cada ser capaz de apagar a chama de uma vela e de geradores de sons poderem apagar chamas de propano.

Figura 3 .Ondas mecânicas transversais e longitudinais em uma molaFonte: Physclips.Disponível em: <http://www.animations.physics.unsw.edu.au/>.

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Conhecimento em Ação

Som e Funções Trigonométricas

Etapa 1

Como funções trigonométricas estão relacionas com ondas sonoras? O ponto-chave é observar que as funções trigonométricas podem ser usadas para modelar vibrações. Para perceber essa conexão, acesse a página <http://www.uff.br/cdme/iat/adf/> e, em seguida, clique no link “Software: vibrações de partículas e funções trigonométricas”. Você poderá, então, interagir com um programa que simula, de forma alegórica, as vibrações de partí-culas. Clique no botão “Animar” para iniciar a animação. Para reiniciá-la, clique no botão “Início” e, novamente, no botão “Animar”.

(a) No aplicativo, existem dois controles que regulam as vibrações das partículas: “Amplitu-de” e “Frequência”. Clique e arraste as bolinhas pretas para mudar os valores desses pa-râmetros. Descreva, no seu caderno, quais são os efeitos desses controles no movimento das partículas.

(b) No aplicativo, você pode acompanhar a evolução de uma frente de onda clicando no botão “Acompanhar Frente de Onda”. Se você fi car clicando repetida e rapidamente esse botão, várias frentes de onda sucessivas serão desenhadas. Observe que uma frente de onda, depois de criada, leva um determinado tempo para “sair” pelo lado direito do aplicativo. Situação 1 (registre a resposta em seu caderno): os valores dos parâmetros “Frequência” e “Amplitude” alteram esse tempo? Situação 2 (registre a resposta em seu caderno): gere várias frentes de onda sucessivas e, durante um intervalo de tempo de 5 segundos, conte quantas frentes “saem” pelo lado direito do aplicativo. Esse número muda quando os valores dos parâmetros “Frequência” e “Amplitude” são alterados? Dê uma descrição!

(c) Clique no botão “Reiniciar!”, que está acima da janela principal do aplicativo (para retor-ná-lo à sua confi guração inicial) e, então, clique no botão “Animar” para iniciar a anima-ção. É importante observar que, apesar das frentes de ondas se deslocarem sempre para o lado direito, o mesmo não ocorre com as partículas! De fato, elas fi cam oscilando em torno da sua posição inicial. É exatamente aqui que ocorre a conexão com funções tri-gonométricas: elas são usadas para descrever os valores dos deslocamentos relativos da partícula com referência à sua posição inicial em função do tempo! Para visualizar esse fato, ative a opção “Visualizar movimento relativo de uma partícula”. Note que, quando a partícula está à direita de sua posição inicial, o deslocamento relativo é po-sitivo e que, quando a partícula está à esquerda da posição inicial, o deslocamento re-lativo é negativo. Pergunta (registre a resposta em seu caderno): Como os valores dos parâmetros “Frequência” e “Amplitude” alteram o gráfi co da função trigonométrica? Dê uma descrição.

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Figura 4. Funções trigonométricas e a distribuição de pressão ao longo da onda

De forma equivalente, ao invés de descrever os deslocamentos relativos de uma partícula vibrante, as funções trigonométricas também podem ser usadas para descrever a distribuição da pressão do ar ao longo da onda: regiões de alta pressão correspondem às áreas onde as partículas (moléculas do ar) estão mais próximas uma das outras, enquanto que as regiões de baixa pressão correspondem às áreas onde as partículas estão mais afastadas (Figura 4). São essas variações na pressão do ar que fazem as membranas do tímpano de nossos ouvidos vibrarem.

Conhecimento em Ação

Etapa 2

Uma pessoa está movendo a extremidade de uma corda para cima e para baixo, crian-do um pulso que se move para uma parede onde a outra extremidade da corda está fi xada (Figura 5). O pulso leva T segundos para viajar da mão da pessoa para a parede. O que essa pessoa poderia fazer para diminuir o tempo T necessário para o pulso atingir a parede? Explique!

Figura 5. Imagem alegórica para o problema da corda.

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É importante ter em mente que, em ondas mecânicas, as partículas se movimentam, mas elas não são transportadas ao longo da onda: elas fi cam oscilando! Por exemplo, nas ondas sobre a superfície de um lago, as partículas de água sobem e descem, mas elas não são trans-portadas na direção das frentes de ondas. Se um inseto estiver em repouso sobre a superfície de um lago, ondas irão fazê-lo subir e descer, mas elas não irão transportá-lo horizontalmente (Figura 6). Ondas transportam energia sem transportar matéria.

Figura 6 . Ondas transportam energia sem transportar matéria.Fonte: NASA.

Conhecimento em Ação

Etapa 3

Elementos Básicos de Uma Onda Senoidal

Uma das ondas mais simples é a onda senoidal: aquela que é descrita por uma função

do tipo y = f(x) =A sen(B x + C).

(a) O parâmetro A é denominado amplitude da onda. Ele determina o valor máximo |A| e o valor mínimo –|A| da função f. Atividade: acesse a página <http://www.uff.br/cdme/iat/adf/> e, em seguida, clique no link “Software: elementos básicos de uma onda senoidal (parâmetro A)”. Nessa atividade, você poderá comparar os gráfi cos das funções y = sen(x) e y = f(x) = A sen(x), onde o valor do parâmetro A pode ser modifi cado (para isso, clique e arraste a bolinha preta de nome A). Note que, nesse caso, B = 1 e C = 0. Perguntas: (1) O que acontece com o gráfi co da função f quando A = 0? (2) O que acontece com o gráfi co da função f quando A = –1?

(b) O parâmetro B está relacionado com a frequência da onda. De fato: observe que se A = 1, B = 1 e C = 0, então y = sen(x) é uma função periódica de período T = 2π. Se conside-rarmos que x representa o tempo medido em segundos, então os valores de y = sen(x) se repetem a cada 2π segundos, isto é, os valores de y = sen(x) completam um ciclo a cada 2π segundos. Assim, a frequência associada é igual a F = 1/T = 1/(2π) ciclos/segundo = 1/(2π) Hz. Se B = 2, então os valores de y = sen(2 x) completam um ciclo a cada T =

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π segundos e, portanto, a frequência associada é igual a F = 1/T = 1/π Hz. Se B = 1/2, então os valores de y = sen((1/2) x) completam um ciclo a cada T = 4 π segundos e, por-tanto, a frequência associada é igual a F = 1/T = 1/(4 π) Hz. Mais geralmente, os valores de y = sen(B x) completam um ciclo a cada T = 2 π/B segundos e, portanto, a frequência associada é igual a F = 1/T = B/(2 π) Hz. Em particular, se B = 2 π k, então T = 1/k e F = 1/T = k Hz. Atividade: acesse a página <http://www.uff.br/cdme/iat/adf/> e, em seguida, clique no link “Software: elementos básicos de uma onda senoidal (parâmetro B)”. Nessa atividade, você poderá comparar os gráficos das funções y = sen(x) e y = f(x) = sen(B x), onde o valor do parâmetro B pode ser modificado (para isso, clique e arraste a bolinha preta de nome B). Note que, nesse caso, A = 1 e C = 0. Perguntas: (1) O que acontece com o gráfico da função f quando B = 0? (2) O que acontece com o gráfico da função f quando B = –1?

(c) O parâmetro C está relacionado com a fase da onda. De fato: observe que se A = 1, B = 1 e C = 0, então os zeros da função y = sen(x) são dados pelos números k π, com k um número inteiro. Se C = 1, então os zeros da função y = sen(x + C) são dados pelos nú-meros k π – 1, com k um número inteiro. Se C = – 1, então os zeros da função y = sen(x + C) são dados pelos números k π + 1, com k um número inteiro. Mais geralmente, os zeros da função f(x) = sen(x + C) são dados pelos números k π – C, com k um número inteiro. Mais ainda: o gráfico de f é obtido por uma translação horizontal do gráfico de y = sen(x) de |C| unidades para a esquerda se C > 0 e de |C| unidades para a direita se C < 0. Atividade: acesse a página <http://www.uff.br/cdme/iat/adf/> e, em seguida, clique no link “Software: elementos básicos de uma onda senoidal (parâmetro C)”. Nessa atividade, você poderá comparar os gráficos das funções y = sen(x) e y = f(x) = sen(x + C), onde o valor do parâmetro C pode ser modificado (para isso, clique e arraste a bolinha preta de nome C). Note que, nesse caso, A = 1 e B = 1. Perguntas: (1) Qual é a relação entre o grá-fico da função f e o gráfico de y = cos(x) se C = π/2? (2) Qual é a relação entre o gráfico da função f e o gráfico de y = sen(x) se C = π?

(d) Atividade: acesse a página <http://www.uff.br/cdme/iat/adf/> e, em seguida, clique no link “Software: elementos básicos de uma onda senoidal (todos os parâmetros)”. Nessa atividade, você poderá comparar os gráficos das funções y = sen(x) e y = f(x) = A sen(B x + C), onde os valores dos parâmetros A, B e C podem ser modificados (para isso, clique e arraste a bolinha preta de nome correspondente).

(e) Atividade: acesse a página <http://www.uff.br/cdme/iat/adf/> e, em seguida, clique no link “Software: ouvindo os elementos básicos de uma onda senoidal”. Nessa atividade, você poderá ouvir os sons correspondentes às ondas senoidais y = f(x) = A sen(2 π k x + C), onde os valores da amplitude A, da frequência k (em Hz) e da fase C podem ser modificados. Perguntas: (1) Clique no botão “Reiniciar!” e, então, mude apenas o valor da amplitude da onda (clique e arraste a bolinha preta correspondente). Qual é o efeito dessas mudanças no som? (2) Clique no botão “Reiniciar!” e, então, mude apenas o valor da frequência da onda (clique e arraste a bolinha preta correspondente). Qual é o efeito dessas mudanças no som? (3) Clique no botão “Reiniciar!” e, então, mude apenas o valor da fase da onda (cli-que e arraste a bolinha preta correspondente). Qual é o efeito dessas mudanças no som?

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Reflexão para ação

Etapa 4

Som e Formas

Com os experimentos realizados na etapa anterior, você deve ter percebido (1) que a amplitude de uma onda senoidal determina a intensidade (o volume) do som correspondente (quanto maior o módulo |A| da amplitude, maior a intensidade do som); (2) que a frequência k determina a altura (quanto maior a frequência, mais agudo é o som); (3) que o ouvido humano não consegue perceber mudanças na fase de uma onda.

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Tipicamente, o sistema auditivo humano só consegue perceber sons cujas frequências estejam entre 64 Hz e 23 kHz (23 000 Hz), aproximadamente (FAY, 1988). Tente fazer um teste usando o software indicado no item (e) da Etapa 3 (o resultado pode variar de pessoa para pessoa, com a idade e com a qualidade do alto-falante). Em comparação, um cão consegue perceber sons com frequências entre 67 Hz e 45 kHz, aproximadamente, enquanto morcegos percebem sons com frequências entre 2 kHz e 110 kHz, aproximadamente (FAY, 1988). Como o sistema auditivo humano pode identifi car sons com uma grande gama de intensidades, é usual expressar essas intensidades em termos de uma escala logarítmica, o decibel (a décima parte de um bel). Mais precisamente, se Iref é a intensidade sonora mínima que é audível e Isom é a intensidade do som em questão, então a medida de Isom em decibéis é dada por β = 10 log10(Isom/Iref). Como a intensidade I é proporcional ao quadrado do nível de pressão p do som, vale também que β = 20 log10(psom/pref). Segundo Hewitt (2002), os da-nos fi siológicos ao ouvido começam a acontecer quando ele é exposto a 85 dB ou mais (uma rebitadora pode gerar sons de 100 dB, uma sirene de alarme próxima, 120 dB, e um avião a jato a 30 m de distância, 140 dB).

Nos experimentos realizados aqui, a amplitude e a frequência de uma onda senoidal foram sempre constantes. As rádios AM (amplitude modulada) e FM (frequência modu-lada) transmitem seus sinais modifi -cando os valores da amplitude e da frequência de uma onda portadora (Figura 7).

Figura 7. Amplitude e frequência moduladas.

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Como o próprio nome indica, no sistema de amplitude modulada, o valor de um sinal é codifi cado mudando-se a amplitude da onda portadora (quanto maior o valor do sinal, maior a amplitude). No sistema de frequência modulada, o valor de um sinal é codifi cado mudando-se a frequência (quanto maior o valor do sinal, maior a frequência). O que o seu aparelho receptor de AM/FM faz é decodifi car a onda portadora que ele recebe para obter o sinal transmitido.

É importante diferenciar o som do ponto de vista físico/matemático e o som como ele é percebido pelo cérebro humano (psicofísica). Por exemplo, a intensidade de um som é uma grandeza física que, em sua defi nição, não depende de quem esteja ouvindo e nem da frequência emitida: ela é proporcional ao quadrado da amplitude da onda. Agora, como essa intensidade é percebida pelo sistema auditivo, o volume do som, depende da pessoa e da frequência. Em audiometria, existe um teste para determinar as curvas de mesmo volume (uma curva de nível): existem sons de intensidade e frequência diferentes que são perce-bidos como tendo o mesmo volume sonoro. De fato, há estudos que mostram que nossa percepção sonora pode ser facilmente enganada através de ilusões e paradoxos musicais: o que se toca não é o que se percebe. Para mais detalhes, sugerimos o artigo introdutório (DEUTSCH, 1975).

Conhecimento em Ação

Notas Musicais

Cada nota musical pode ser identifi cada por sua frequência. A Tabela 1 identifi ca as frequências (em Hz) da oitava central de um piano para uma escala bem temperada em 12 semitons.

Tabela 1. Frequência em Hz das 12 notas musicais da oitava central de um piano para uma escala bem temperada

DóDó#Ré Ré

Ré#Mi Mi Fá

Fá#Sol Sol

Sol#Lá Lá

Lá#Si Si

261,63 277,18 293,66 311,13 329,63 349,23 369,99 392,00 415,30 440,00 466,16 493,88

Para obter as frequências da oitava acima, basta multiplicar as frequências da tabela por 2. Para obter as frequências da oitava abaixo, basta dividir as frequências da tabela por 2. Atividade coletiva: acesse a página <http://www.uff.br/cdme/iat/adf/> e, em seguida, cli-que no link “Software: gerando música através das frequências das notas musicais”. Nesse software, você poderá compor ou reproduzir uma música especifi cando as frequências e duração das notas musicais em uma planilha eletrônica. Usando-o, obtenha as frequências e durações das primeiras notas de uma música popular conhecida de sua escolha. Passe esses valores para um colega, que fará o mesmo com você. Com o software, seu colega tentará descobrir a sua música, e você, a de seu colega.

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Reflexão para ação

Sons mais complexos: Somas de Funções Trigonométricas Etapa 1: Soma de Funções

Dados os gráfi cos de duas funções reais f e g, como obter o gráfi co da soma f + g? A resposta é dada pela defi nição da soma de funções reais: (f + g)(x) = f(x) + g(x). Assim, para cada x real, o valor de y = (f + g)(x) é obtido somando-se os valores f(x) e g(x) (se f(x) < 0 ou g(x) < 0, a soma é uma subtração). Para visualizar esse processo, acesse a página <http://www.uff.br/cdme/iat/adf/> e, em seguida, clique no link “Software: soma de duas funções reais”. Comece com funções simples: f(x) = 1 e g(x) = 2, depois f(x) = –1 e g(x) = 2, depois f(x) = –1 e g(x) = 1, depois f(x) = 1 e g(x) = x, depois f(x) = cos(x) e g(x) = x. Quem é f + g se f(x) = sen(x) + cos(x) e g(x) = – cos(x)? Observação: no software, a função seno é representada por “sin” e não por “sen”.

Conhecimento em Ação

Etapa 2: Superposição de Duas Ondas Sonoras

Acesse a página <http://www.uff.br/cdme/iat/adf/> e, em seguida, clique no link “Sof-

tware: gerando sons mais complexos com a superposição de duas ondas”. Nesse software, você poderá modifi car as amplitudes (A1 e A2), frequências (k1 e k2) e fases (C1 e C2) de duas ondas sonoras e, então, ouvir o som da superposição correspondente. No que se segue, para indicar o número π, escreva a palavra pi ou clique no ícone para ter acesso a uma lista de símbolos que inclui o número π.

(a) Se A1 = 0.5, A2 = 0.5, k1 = 440, k2 = 0, C1 = 0.0 e C2 = 0.0, como se compara o som da su-perposição com relação aos sons das ondas componentes individuais?

(b) Se A1 = 0.5, A2 = 0.5, k1 = 0, k2 = 440, C1 = 0.0 e C2 = 0.0, como se compara o som da superposição com relação aos sons das ondas componentes individuais?

(c) Se A1 = 0.5, A2 = 0.5, k1 = 440, k2 = 440, C1 = 0.0 e C2 = 0.0, como se compara o som da superposição com relação aos sons das ondas componentes individuais?

(d) Se A1 = 1.0, A2 = 0.9, k1 = 440, k2 = 440, C1 = 0.0 e C2 = π, como se compara o som da superposição com relação aos sons das ondas componentes individuais?

(e) Se A1 = 1.0, A2 = 0.1, k1 = 440, k2 = 440, C1 = 0.0 e C2 = π, como se compara o som da superposição com relação aos sons das ondas componentes individuais?

(f) Se A1 = 1.0, A2 = 1.0, k1 = 440, k2 = 440, C1 = 0.0 e C2 = π, como se compara o som da superposição com relação aos sons das ondas componentes individuais?

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Na situação descrita no item (c), temos o que os físicos chamam de interferência cons-trutiva: os efeitos individuais de cada onda se somam e produzem uma onda resultante, com amplitude maior (HEWITT, 2002).

Nos itens (d), (e) e (f), temos exemplos de interferência destrutiva: o efeito de uma onda diminui o efeito da outra e a onda resultante da superposição tem uma amplitude menor. No item (f), o efeito de uma onda cancela completamente o efeito da outra onda e som nenhum é produzido.

Etapa 3: Frequências e A Percepção do Som.

Acesse a página <http://www.uff.br/cdme/iat/adf/> e, em seguida, clique no link “Sof-tware: gerando sons mais complexos com a superposição de duas ondas”. Forneça, então, os seguintes valores para o software: A1 = 0.55, A2 = 0.45, k1 = 100, k2 = 200 e C1 = 0.0. Va-mos considerar dois casos: (1) C2 = 0 e (2) C2 = π. Ouça os sons correspondentes. Apesar de as formas das ondas diferirem nos dois casos (Figura 8), o som percebido é o mesmo. Esse experimento nos mostra que o sistema auditivo humano identifica o som mais pelo conjunto de frequências e amplitudes (o espectro de amplitudes) das ondas senoidais que o compõem do que pela forma da onda superposta resultante.

A1 = 0.55, A2 = 0.45, k1 = 100, k2 = 200, C1 = 0.0, C2 = 0.0

A1 = 0.55, A2 = 0.45, k1 = 100, k2 = 200, C1 = 0.0, C2 = π

Figura 8. Duas ondas de formatos diferentes, mas de mesmo espectro.

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Conhecimento em Ação

Etapa 5: Experimentos com Batimentos

O fenômeno de batimento ocorre quando duas ondas senoidais com frequências pró-ximas são superpostas. Considere, por exemplo, as duas ondas senoidais da Figura 10, cujas frequências são 20 Hz e 22 Hz, respectivamente. Pela diferença nas frequências, existem valores de x para os quais as ondas se interferem construtivamente (como na Situação 1 da Figura 10) e valores de x para os quais as ondas se interferem destrutivamente (como na Si-tuação 2 da Figura 10). Assim, a amplitude da onda superposta fi ca oscilando. Essa oscilação é descrita pela curva envelope (a curva azul pontilhada na Figura 10) e ela é percebida au-ditivamente através de batimentos. Para verifi car esse fato, acesse a página <http://www.uff.br/cdme/iat/adf/> e, em seguida, clique no link “Software: experimentos com batimentos”. Forneça, então, os seguintes valores para o software: A1 = 0.5, A2 = 0.5, k1 = 60, k2 = 61, C1 =

Reflexão para ação

Etapa 4: Frequências e Os Tons de Discagem dos Telefones

Os telefones e celulares modernos possuem o sistema de discagem DTMF (Dual-Tone Multi-Frequency). Nesse sistema, cada tecla emite um som que é resultante da superposição de duas ondas senoidais, uma de frequência baixa, outra de frequência onda. No link “Sof-tware: os tons de discagem dos telefones e celulares” da página <http://www.uff.br/cdme/iat/adf/>, você encontrará as frequências que compõem o som de cada tecla (Figura 9).

Figura 9. Simulando os tons de discagem do sistema DTMF dos telefones e celulares.

Ao receber um tom sonoro emitido por um telefone, os equipamentos da central tele-fônica decodifi cam as duas frequências que o compõem e, então, identifi cam qual foi a tecla pressionada. Refl exão: por que os engenheiros decidiram usar duas ondas senoidais (duas frequências) no sistema DTMF? Por que não usar apenas uma? Ou três?

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0.0 e C1 = 0.0. Ao tocar o som correspondente, você notará um som grave do tipo “uon” (1 batimento) a cada 1 segundo. Se você mudar k2 para 62, então você ouvirá dois sons graves do tipo “uon” (2 batimentos) a cada 1 segundo. Experimente!

Figura 10. Batimentos: superposição de duas ondas senoidais com frequências próximas.

De fato, o número de batimentos por segundo é igual ao módulo da diferença das

frequências. Para ver isto, considere A1 = A2 = 0.5, k1 = k, k2 = k + Δk e C1 = C2 = 0.0, com Δk pequeno. Então

f(x) = f1(x) + f2(x) = 0.5 sen(2 π k x) + 0.5 sen(2 π (k + Δk) x) = cos(2 π Δk x/2) sen(2 π (k + Δk/2) x).

Assim, se Δk é pequeno, podemos interpretar a onda f como um sinal de frequência k + Δk/2 cuja amplitude modula com uma frequência Δk.

Batimentos podem ser usados para afinar um instrumento musical. Por exemplo, para se afinar a nota lá da oitava central do piano, toca-se simultaneamente a tecla correspon-dente no piano e um diapasão de frequência 440 Hz. Se as cordas do piano para essa tecla estiverem desafinadas, batimentos serão ouvidos.

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ANÁLISE DE FOURIER: Decompondo sons mais complexos como somas de Funções Tri-gonométricas

Etapa 1: Análise de Fourier

Do mesmo modo que, através de um prisma, a luz branca visível (uma onda eletromag-nética) pode ser decomposta em “luzes puras”, identifi cadas pela frequência (cor), amplitude (intensidade) e fase (Figura 11), ondas sonoras complexas também podem ser decompostas em ondas sonoras senoidais puras. O objetivo da Análise de Fourier é justamente estudar esse processo: dado um som (ou, mais geralmente, um sinal), obter as frequências e amplitudes que o compõem (análise espectral).

Figura 11. Decomposição da luz branca através de um prisma.Fonte: Alfredo Louro (<http://www.fl ickr.com/pho-tos/alfredolouro/>).

O experimento realizado na Etapa 3 da seção anterior sugere que o nosso sistema au-

ditivo é capaz de fazer uma “Análise de Fourier”. O nome “Análise de Fourier” foi dado em homenagem ao matemático francês Jean-Baptiste Joseph Fourier (1768 —1830), que estabe-leceu que funções periódicas podem ser escritas como somas (possivelmente, com um nú-mero infi nito de parcelas) de funções da forma y = A sen(B x + C). Não desenvolveremos essa teoria aqui, pois, para isso, precisaríamos de recursos do Cálculo Diferencial e Integral, uma teoria que você, certamente, estudará na universidade caso opte por um curso das áreas de ciências exatas e tecnológicas (Matemática, Física, Química, Estatística, Informática, Ciências da Computação, Engenharias, Geofísica, Geologia, Oceanografi a, Meteorologia, Tecnologia em Navegação Fluvial, Astronomia). Outros cursos como Administração, Contabilidade, Eco-nomia, Ciências Atuariais, Arquitetura, Farmácia, Biologia, Biomedicina, Ciência e Tecnologia de Alimentos, Agronomia e Zootecnia estudam o Cálculo Diferencial e Integral. Mesmo sem conhecer Cálculo Diferencial e Integral, você poderá apreciar o resultado estabelecido por Fourier: acesse a página <http://www.uff.br/cdme/iat/adf/> e, em seguida, clique no link “Sof-tware: aproximando funções periódicas com somas de senos e cossenos”. Neste endereço, você poderá defi nir funções periódicas diferentes e visualizar as diversas aproximações com somas de senos e cossenos (clique e arraste a bolinha preta de nome n para mudar o número de parcelas na soma).

Reflexão para ação

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Etapa 2: Epiciclos e Interpolação Trigonométrica

No plano cartesiano (ou, se preferir, no plano de Argand-Gauss, usando números com-plexos), a teoria estabelecida por Fourier pode ser usada para aproximar o traço de curvas planas fechadas e explicar a teoria dos epiciclos, proposta por Apolônio de Perga (século III, a.C.), usada no modelo ptolomaico para o sistema solar. Com esta teoria, é possível construir “sistemas solares” artifi ciais, cujos movimentos produzem órbitas curiosas, como o símbolo do Batman (Figura 12). Para saber mais sobre o assunto, aces-se <http://www.uff.br/cdme/epiciclos/>.

Figura 12. Imagens do vídeo “Teoria das Supercordas” apre-sentado por Brian Greene.

Siga antenado

Conhecimento em Ação

Etapa 3: Análise de Fourier

Acesse o seguinte endereço <http://www.uff.br/cdme/iat/adf/> e, em seguida, clique no link “Software: Análise de Fourier com o Audacity”. Nessa página, você encontrará ins-truções de como baixar, instalar e usar o Audacity, um software gratuito para a gravação, edição e análise de sons.

(a) Usando o recurso de análise do espectro de frequência do Audacity, descubra quais são

as notas que estão sendo tocadas em cada instrumento indicado no link “Software: Aná-lise de Fourier com o Audacity”.

(b) Usando o recurso de análise do espectro de frequência do Audacity, descubra qual é a frequência principal que compõe o sinal de chamada do telefone.

(c) Usando o recurso de análise do espectro de frequência do Audacity, descubra quais são as duas frequências principais que compõem o sinal de ocupado do telefone.

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Etapa 4: Teoria das Cordas

Enquanto nosso estudo aqui se restringiu ao estudo de sons como fenômenos periódi-cos, a Análise de Fourier tem muitas aplicações em diversas áreas. Para você perceber o poder dessa ideia, indicaremos mais um exemplo: em Física, a Teoria das Supercor-das procura explicar todo o Universo através de minúsculos fi lamentos que vibram em 11 dimensões. Segundo essa teoria, são as diferentes frequências de oscilação desses fi lamentos que produzem todos os diversos tipos de matéria, energia e forças (gravita-cional, eletromagnética, força nuclear fraca e força nuclear forte) do Universo. O vídeo gratuito “Teoria das Supercordas”, apresentado pelo físico Brian Greene e promovido pela fundação TED, dá uma excelente introdução ao assunto (Figura 13). Para assistir a esse vídeo com legendas em Português, acesse o endereço eletrônico: <http://www.ted.com/talks/lang/pt-br/brian_greene_on_string_theory.html>.

Figura 13. Imagens do vídeo “Teoria das Supercordas” apresentado por Brian Greene.

Siga antenado

diapasão: é um pequeno instrumento metálico em forma de U montado sobre um cabo que, posto em vibração, produz um som de altura determinada (Dicionário Houaiss).

psicofísica: é um ramo da Psicologia que trata do estudo quantitativo das relações entre es-tímulos físicos e como eles são percebidos pelo nosso sistema sensorial.

Hertz: é a unidade de frequência no Sistema Internacional de Unidades (SI), equivalente à frequência de um fenômeno periódico cujo período tem a duração de um segundo [simb.: Hz] (RODITI, 2005).

A escala bem temperada em 12 semitons é aquela na qual a razão entre as frequências de semitons sucessivos (isto é, Dó, Dó#/Ré, Ré, Ré#/Mi, Mi, Fá, Fá#/Sol, Sol, Sol#/Lá, Lá, La#/Si, Si) é constante (teoricamente, 21/12).

Glossário

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Questão 01 (ENEM 2011)

O processo de interpretação de imagens capturadas por sensores instalados a bordo de saté-lites que imageiam determinadas faixas ou bandas do espectro de radiação eletromagnética (REM) baseiam-se na interação dessa radiação com os objetos presentes sobre a superfície ter-restre. Uma das formas de avaliar essa interação é por meio da quantidade de energia refl etida pelos objetos. A relação entre a refl etância de um dado objeto e o comprimento de onda da REM é conhecida como curva de comportamento espectral ou assinatura espectral do objeto, como mostrado na fi gura, para objetos comuns na superfície terrestre.

De acordo com as curvas de assinatura espectral apresentadas na fi gura, para que se obtenha a melhor discriminação dos alvos mostrados, convém selecionar a banda correspondente a que comprimento de onda em micrômetros (um)? (A) 0,4 a 0,5.

(B) 0,5 a 0,6.

(C) 0,6 a 0,7.

(D) 0,7 a 0,8.

(E) 0,8 a 0,9.

Questão 02 (ENEM 2011)

Ao diminuir o tamanho de um orifício atravessado por um feixe de luz, passa menos luz por intervalo de tempo, e próximo da situação de completo fechamento do orifício, verifi ca-se que a luz apresenta um comportamento como o ilustrado nas fi guras. Sabe-se que o som, dentro de suas particularidades, também pode se comportar dessa forma.

Fonte: FIOLHAIS, C. Física divertida. Brasília: UnB, 2000 (adaptado).

De olho no ENEM

Fonte: D’ARCO, E. Radiometria e Comportamento Espec-tral de Alvos. INPE.Disponível em: http://www.agro.unitau.br. Acesso em: 03 Mai 2009.

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Referências

DEUTSCH, Diana. Musical Illusions. Scientific American, v. 233, n. 4, p. 92-104, 1975.

FAY, Richard R. Hearing in Vertebrates: A Psychophysics Databook. Hill-Fay Associates, 1988.

HEWITT, Paul G. Física Conceitual. Nova Edição. São Paulo: Bookman, 2002.

LIMA, Elon Lages et al. A Matemática do Ensino Médio. Volume 1. Coleção do Professor de Matemática, Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Matemática, 2003.

KAMMLER, David W. A First Course in Fourier Analysis. New York: Cambridge University Press, 2007.

RODITI, I. Dicionário Houaiss de Física. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2005.

SETHARES, William A. Tuning, Timbre, Spectrum, Scale. Second Edition. New York: Springer-Verlag, 2005.

WITTMANN, Michael C.; STEINBERG, Richard N.; REDISH, Edward F. Understanding and Affecting Stu-dent Reasoning about Sound Waves, v. 25, n. 8, p. 991-1013, 2003.

Em qual das situações a seguir está representado o fenômeno descrito no texto? (A) Ao se esconder atrás de um muro, um menino ouve a conversa de seus colegas.

(B) Ao gritar diante de um desfiladeiro, uma pessoa ouve a repetição do seu próprio grito.

(C) Ao encostar o ouvido no chão, um homem percebe o som de uma locomotiva antes de ouvi-lo pelo ar.

(D) Ao ouvir uma ambulância se aproximando, uma pessoa percebe o som mais agudo do que quando aquela se afasta.

(E) Ao emitir uma nota musical muito aguda, uma cantora de ópera faz com que uma taça de cristal se despedace.

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Respostas e Comentáriosdas Questões do ENEM

LÍNGUA PORTUGUESA

Questão 01

Comentário:

O enunciado da questão é bem claro quanto ao que é solicitado: a alternativa que contém um argumento que foge ao conjunto de diferentes opiniões sobre a validade de se estabelecer o acordo para fins de unificação. E a única que foge a isso é a alternativa (C), que trata da ques-tão do valor econômico do Novo Acordo, e não da validade de se estabelecer o Novo Acordo para fins de unificação.

Observe que os seus conhecimentos de História e Geografia ajudam você a contextualizar a questão, pois lhe levam a ter uma ideia das relações existentes entre Portugal e os países em que estabeleceu colônias.

Resposta correta: C

Questão 02

Comentário:

Se você ler o Editorial atentamente, perceberá que o autor informa, comparativamente, quanto o tráfico e quanto os programas sociais do Governo Federal pagam aos jovens, demonstrando a diferença entre os valores, a qual parece desfavorável aos programas sociais governamen-tais. Esses dados são usados como argumento para defender a ideia de que tais programas te-rão dificuldade para dar certo. As alternativas A, B, C e D não apresentam nenhum argumento, logo, não servem como resposta correta à questão.

Resposta correta: E

Questão 03

Comentário:

Não há nenhuma denúncia de quadrilhas no texto. Logo, a alternativa A não procede. Além disso, o texto não fala nada sobre o tráfico se concentrar nas áreas urbanas em detrimento das áreas rurais, o que torna a alternativa B incorreta. Vimos, na questão 125, que a exposição nu-mérica é um argumento para a tese de que os programas sociais estão fadados ao fracasso por conta dos valores pagos aos jovens pelo tráfico. Por isso, a alternativa C e a alternativa E não procedem. A resposta a essa questão encontra-se no último parágrafo, cuja primeira sentença resume o seu tópico: “A única maneira de reduzir a atração exercida pelo tráfico é a repressão, que aumenta os riscos para os que escolhem esse caminho”.

Resposta correta: D

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LITERATURA BRASILEIRA

Questão 01

Comentário:

Para ajudá-los a responder essa questão precisamos pontuar que, embora o texto se refira a um período anterior à década de 1930, tem forte relação com o “romance social” produzi-do pelos autores nordestinos, porque, mesmo que tenham ocorrido mudanças econômicas e sociais como o declínio das oligarquias agrárias e a ascensão da burguesia industrial, ainda assim, em regiões onde o poder local era muito concentrado em torno de uma pessoa ou fa-mília, o “coronelismo” demorou a acabar.

Isso é verificável em todos os romances da Geração de 30, nos quais se denuncia essa socieda-de quase feudal, especialmente no Nordeste, obrigando aqueles menos favorecidos financei-ramente a serem subservientes e escravos ao “coronel” em troca de emprego e comida.

A continuidade ou permanência no poder desse “senhor” aparentemente acontecia pela via democrática, ou seja, pelo voto, mas na verdade, a escolha do candidato era direcionada, con-figurando assim o “voto de cabresto”.

Passados mais de 70 anos, representados por momentos políticos de democracia, ditadura e redemocratização, hoje, a compra de votos, mesmo sendo um crime eleitoral, ainda é uma prática recorrente tanto nas cidades do interior, quanto nos grandes centros urbanos. E nem precisa o eleitor ser analfabeto, desinformado ou ingênuo, como acentua o autor do texto acima.

Com a globalização dos meios informativos e acesso cada vez mais facilitado às mídias, as pessoas mais formalmente educadas aceitam a prática desse tipo de alienação e subordina-ção política. Os “coronéis” atuais se utilizam de outras estratégias de cooptação e adesão de pessoas para seus interesses políticos. Quando não lhes oferecem antes da eleição favores em troca de voto, fazem isto ao serem eleitos, convocando-as para trabalharem em cargos comissionados à sua escolha ou facilitando seus interesses pessoais e econômicos em órgãos públicos, subvertendo a lei.

Como foi informado anteriormente, a resposta correta é a opção E, mas nas outras alternati-vas, podemos identificar alguns pontos de discussão para analisarmos a sociedade brasileira a partir do tema “Saberes e Trabalho”.

É o caso, por exemplo, da opção C, que faz referência aos escravos nos engenhos de açúcar. Sabemos que no período que estamos estudando, a escravidão já estava abolida no Brasil desde o século XIX, porém a estrutura agrária e patriarcal que resultou no surgimento do Co-ronelismo, ainda dá sinais de sua prática nas relações patrão e empregado.

Não são raros os casos noticiados na televisão, em jornais e revistas e na internet sobre traba-lho escravo e exploração da mão de obra infantil. Mesmo com a intensa fiscalização de órgãos oficiais, como o Ministério do Trabalho, ainda assim adultos e crianças vivem como se ainda estivessem no tempo da escravidão, trabalhando em condições sub-humanas e sem garantias trabalhistas.

Resposta correta: E

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Questão 02

Comentário:

É sabido que as condições de trabalho no Brasil ainda estão longe de serem as melhores, se comparadas a países mais desenvolvidos, embora os emigrantes brasileiros passem nesses países por situações de subalternidade tão degradantes quanto os que são explo-rados aqui.

O salário mínimo ainda não é o ideal, frente ao custo de vida de uma sociedade cujo modelo de bem-estar é consumista. Vejam o caso dos jovens, que precisam de mais oportunidades para que tão logo saiam do Ensino Médio sejam admitidos em seu primeiro emprego e, assim, começarem sua carreira profissional.

Mas a falta de perspectiva leva o jovem ao trabalho informal ou a situação de vulnerabilidade social em plena idade ativa. Isso inclusive prejudica a continuidade de seus estudos, por exem-plo, em um curso técnico ou universitário.

A dignidade humana aqui deve ser entendida em seu sentido amplo, ou seja, como uma con-dição inalienável do cidadão de ter direito à saúde, à educação, à justiça, ao lazer, à alimen-tação e ao trabalho. Para tanto, o Estado tem que lhe proporcionar condições de obter esse bem-estar.

HISTÓRIA Questão 01

Comentário:

Ao escrever sobre a crise financeira na década de 1990, utilizando como dados a Crise de 1929, o jornalista utiliza as semelhanças contextuais para fazer o leitor compreender o fenômeno e seus possíveis desdobramentos.

Resposta correta: D Questão 02

Comentário:

A afirmação de Josué de Castro contradiz com a crescente disponibilidade atual de cereais no Brasil. Assim, o problema da fome está associado ao baixo poder aquisitivo de ampla parcela da população.

Resposta correta: A

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Questão 03

Comentário:

Quanto á situação apresentada, o texto II complementa o texto I que, como exige a questão, traz a razão da relação que se propõe. Importante, no entanto, é destacar que, a despeito da baixa qualificação sugerida no texto II, os 11 anos de estudo que o texto I evidenciou, superam, de longe, a média de escolaridade do brasileiro.

Resposta correta: E

GEOGRAFIA

Questão 01

Comentário:

A resposta correta é a letra D, que indica que as pessoas se cooperam em busca de fontes alternativas de trabalho e renda, por conta das próprias contradições do sistema capitalista, a exemplo da geração de concentração de renda nas mãos de poucos; o cooperativismo não surgiu desde o começo do capitalismo, o que invalida a letra A; a empresa solidária não rejeita o uso de novas tecnologias, o que invalida a letra B; na letra C, há uma ‘pegadinha’, associan-do cooperativismo, pirataria e economia informal; nos sistemas comunistas e socialistas, o modelo utilizado foi o uso comum dos meios de produção e o controle estatal dos meios de produção, o cooperativismo prevê o controle dos meios de produção das pessoas cooperadas, funcionando como uma empresa, mas com princípios de solidariedade e não exploração do trabalhador.

Resposta correta: Letra D

Questão 02

Comentário:

A resposta correta é a LETRA D, porque não há superação das desigualdades sociais, nem tampouco ‘melhoria natural das condições sociais’ mas sim crescimento econômico nesses países, com predomínio da concentração de renda; não são aceitos como potências geopo-líticas para compor o Conselho de Segurança da ONU, especialmente pelos países hegemô-nicos; além disso, há uma série de conflitos e interesses específicos que tem dificultado a formação de uma frente diplomática para defender os interesses dos países pobres, que são um bloco bem maior, embora alguns países busquem promover as relações ditas Sul-Sul, mas ainda são incipientes em relação às relações desiguais Norte-Sul, que lembram uma ‘colonialidade moderna’. Notar que a letra D trata de economia desenvolvida e não de país desenvolvido.

Resposta correta: Letra D

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BIOLOGIA

Questão 01

Comentário:

A resposta correta evidencia a importância dos saberes humanos que permitem a criação e o desenvolvimento de instrumentos e de processos, os quais permitiram ao ser humano superar limites e ocupar todos os grandes ecossistemas terrestres, graças à evolução de seu cérebro mais complexo.

Resposta correta: B

Questão 02

Comentário:

A questão evidencia o fato de que a evolução está intimamente relacionada à reprodução, tan-to pelo quesito da hereditariedade, como pelo fato de que comportamentos mais favoráveis à sobrevivência e ao sucesso da prole são selecionados positivamente, tendo maior chance de serem herdados e se perpetuarem na população de uma dada espécie.

Resposta correta: A Questão 03

Comentário:

A questão destaca a importância do aleitamento materno no que tange a um de seus aspectos relevantes, a defesa imunológica do bebê com o auxílio do organismo materno. Crianças alei-tadas por mais tempo têm importante proteção contra doenças, havendo uma relação direta entre o percentual de mães que amamentam e a redução da suscetibilidade das crianças às doenças infantis típicas.

Resposta correta: A QUÍMICA Questão 01

Comentário:

Segundo o conceito de base proposto por Lewis, as bases são compostos que possuem um ou mais pares de elétrons livres que podem ser doados, formando uma ligação química. Assim, a anilina é um composto com caráter básico que é atenuado pela deslocalização do par de elétrons do nitrogênio, que entra em ressonância com as ligações pi do anel benzênico. Pelo caráter básico, a anilina reage com o ácido nítrico formando a nitroanilina. Portanto, a única alternativa incorreta é a letra D, que não corresponde ao conceito de ácido proposto por Lewis.

Resposta correta: D

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Questão 02

Comentário:

As duas primeiras reações mostram que a molécula do reagente sofre a adição de átomos do outro reagente. A última reação indica que os átomos de cloro da molécula são substituídos por grupos hidroxila (-OH). Assim, a alternativa correta é a letra B.

Resposta correta: B Questão 03

Comentário:

A letra “A” é falsa, pois os polímeros podem apresentar variações na sua pureza e no peso mo-lecular. Observando a molécula da quitosana, é possível constatar que as hidroxilas estão liga-das a carbonos secundários (e não terciários, como diz a letra D), não existem grupos amida, como cita a letra “E”, encontramos o grupo característico das aminas (-NH2) que, ao contrário do que consta na letra “B”, é bastante reativo devido à presença de um par de elétrons não ligados no nitrogênio. Portanto, a letra “C” é a alternativa correta.

Resposta correta: C

FÍSICA Questão 01

Comentário:

É necessário calcularmos o consumo total de energia para isso temos que determinar o tempo total por mês de uso dos aparelhos por mês e multiplicar pela potência de cada um deles.

Tempo mensal Consumo

Ar condicionado 8 x 30 = 240 h 240 h x 1,5 = 360

Chuveiro elétrico 1/3 x 30 = 10h 10h x 3,3 = 33

Freezer 10 x 30 = 300 h 300h x 0,2 =60

Geladeira 10x30 = 300h 300h x 0,35 = 105

Lâmpadas 6x30 = 180h 180 x 0,10 = 18

Total = 576 kwh

Custo (R$) = 0,40 x 576 = 230,40, ou seja, aproximadamente, R$230,00.

As demais alternativas estão erradas.

Resposta correta: E

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Questão 02

Comentário:

Fazendo a conservação de energia teremos que a potência gravitacional será igual a potência da usina, ou seja, 0,9mgh/1s = 512x106W ou J/s utilizando g = 10 m/s2 podemos então calcular a massa de água.

m = P/0,9gh

Substituindo os dados numéricos teremos que

m = ( 512 x 106)/0,9 x10x120 = 4,74 x 105kg

Considerando que 1kg de água equivale a 1 litro teremos um vazão de cerca de 500.000 litros/segundo. Logo, as demais alternativas não estão corretas.

Resposta correta: E

MATEMÁTICA Questão 01

Comentário:

A melhor discriminação dos alvos mostrados vai ocorrer na banda de comprimento de onda para a qual os valores de refletância estejam os mais separados uns dos outros. Analisando o gráfico dado, vemos que isso ocorre na faixa de 0,8 μm a 0,9 μm.

Resposta correta: E

Questão 02

Comentário:

O fenômeno descrito no que se refere à difração: passagem de uma onda pela borda de uma barreira ou através de uma abertura provocando, em geral, um alargamento do comprimento de onda e interferência das frentes de onda que criam regiões de maior ou menor intensidade (RODIT, 2005). A situação apresentada na alternativa (A) é a única que descreve o fenômeno de difração: a passagem de ondas sonoras pela borda de uma barreira (o muro).

A situação apresentada na alternativa (B) descreve o fenômeno de reflexão do som (eco). A situação apresentada na alternativa (C) descreve o fato de que a velocidade do som depende do meio de transmissão. A situação apresentada na alternativa (C) descreve o efeito Dopler. A situação apresentada na alternativa (E) descreve o fenômeno de ressonância do som.

Resposta correta: A

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