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HÉLTON MOTA FERREIRA
POSSIBILIDADES DE DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO SUSTENTÁVEL A
PARTIR DO ATRATIVO FLUVIOMARÍTIMO POROROCA, NO MUNICÍPIO
DE ARARI-MA
BALNEÁRIO CAMBORIÚ (SC)
2015
UNIVALI UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
Vice-Reitoria de Pós-graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hotelaria – PPGTH
Curso de Mestrado Acadêmico em Turismo e Hotelaria
HÉLTON MOTA FERREIRA
POSSIBILIDADES DE DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO SUSTENTÁVEL A
PARTIR DO ATRATIVO FLUVIOMARÍTIMO POROROCA, NO MUNICÍPIO
DE ARARI-MA
Dissertação apresentada ao colegiado do PPGTH como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Turismo e Hotelaria – área de concentração: Planejamento e Gestão do Turismo e da Hotelaria – (Linha de Pesquisa: LPI – Planejamento do Destino Turístico). Orientador: Prof. Dr. Paulo dos Santos Pires
BALNEÁRIO CAMBORIÚ (SC) 2015
UNIVALI UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
Vice-Reitoria de Pós-graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hotelaria – PPGTH
Curso de Mestrado Acadêmico em Turismo e Hotelaria
CERTIFICADO DE APROVAÇÃO
HÉLTON MOTA FERREIRA
POSSIBILIDADES DE DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO SUSTENTÁVEL A
PARTIR DO ATRATIVO FLUVIOMARÍTIMO POROROCA, NO MUNICÍPIO
DE ARARI-MA
Dissertação avaliada e aprovada pela Comissão Examinadora e referendada pelo Colegiado do PPGTH como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Turismo e Hotelaria.
Balneário Camburiú (SC), 18 de novembro de 2015.
Membros da Comissão:
Presidente: ______________________________________
Prof. Dr. Paulo dos Santos Pires Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI
Membro Externo: ______________________________________
Prof. Dr. Luiz Gonzaga Godoi Trigo
Universidade de São Paulo - USP
Membro Interno: _______________________________________
Prof. Dr. Doris Van de Meene Ruschmann Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI
Dedico este trabalho aos meus pais, Jorge e Socorro, que com muita
dedicação me conduziram até este momento de alegria e renovação de responsabilidade perante a educação.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado saúde e paz para esta missão.
Agradeço a Jorge e Socorro (pais), Hélida e Hélen (irmãs) pelo amor, pelo carinho,
por serem a minha inspiracão e grandes incentivadores da minha carreira
acadêmica.
Agradeço à minha esposa Ruth pela dedicação e paciência; e aos meus filhos
Marlene e Heitor que muitas vezes me tiraram do sério durante os estudos, porém
enchem nosso lar de alegria todos os dias.
Agradeço às minhas avós, Meolina e Raimunda, pelo amor e dedicação familiar
que tem como essência suas bondades e religiosidades arraigadas em almas cheias
de amor e exemplo. Este mesmo agradecimento é extensivo aos demais familiares.
Agradeço à Profª. Raimundinha, Profª Célia, Profº Leopoldo Vaz, Profº Vilton,
Profº Messias, Welyza Carla, Triciane e Cicilene, pela receptividade, carinho,
atenção e disponibilidade durante toda a concretização do estudo.
Agradeço, a todos os participantes da pesquisa, por terem oportunizado um
pouco de tempo em suas agendas para participar do estudo, contribuindo assim
para a possibilidade de aplicação da cientificidade do turismo em terras ararienses.
Agradeço especialmente, ao meu orientador, Prof. Paulo dos Santos Pires, que
com sua tranquilidade, disponibilidade, atenção e dedicação, conduziu o processo
de forma esplendorosa.
Agradeço a todos os professores e técnicos administrativos do IFMA e da UNIVALI,
pela parceria e desenvolvimento do MINTER de forma plena e com sucesso.
Agradeço imensamente, aos companheiros de turma, pois de cada um procurei
captar suas qualidades pra seguir em frente nessa jornada.
RESUMO
A ocorrência da pororoca no município de Arari, estado do Maranhão (Brasil),
transformou-se nos últimos 15 anos em atrativo turístico natural de destaque através
da prática do surfe e demais modalidades esportivas. Dessa forma, o município
passou a atrair turistas adeptos dos segmentos turismo esportivo e turismo de
eventos esportivos, principalmente. No entanto, as ações vinculadas a essas
segmentações turísticas apresentam-se marcadas pela sazonalidade e pela
consequente subutilização da pororoca enquanto atrativo natural singular do turismo
maranhense. Diante deste contexto, a pesquisa teve como objetivo geral verificar
as possibilidades de desenvolvimento turístico sustentável a partir desse atrativo
turístico arariense. O paradigma do turismo sustentável foi o condutor deste
estudo. Para tanto, na pesquisa adotou-se o método indutivo, exploratório e
descritivo. Utilizou-se o questionário e a observação para a coleta de dados; e
analisou-se o nível local, nacional e o internacional, em busca de subsídios que
possam nortear as ações turísticas sustentáveis ararienses, contribuindo para a
composição de um produto turístico. Os resultados revelam que vários países
recebem turistas esportivos e alguns realizam festivais para aumento da demanda.
O Brasil e a China realizam competições esportivas na pororoca, caracterizando o
turismo de eventos esportivos. Somente no Brasil identificou-se os segmentos
ecoturismo e turismo de aventura vinculados às atividades na pororoca. Porém, Arari
dispõe de precária infraestrutura básica e turística, necessitando de investimentos.
Os baixos níveis de envolvimento no planejamento e gestão turística por parte dos
atores sociais, entre outros fatores revelados na pesquisa, demonstram a não
implementação de preceitos do turismo sustentável. Por fim, considerou-se que, no
contexto arariense, o ecoturismo poderá ser o condutor das ações turísticas
sustentáveis, tendo os demais segmentos, turismo esportivo, turismo de eventos
esportivos e turismo de aventura papel na composição do produto turístico.
Palavras-chave: turismo, turismo sustentável, ecoturismo, pororoca, Arari-MA.
ABSTRACT
The occurrence of the Pororoca, a tidal bore with waves up to four meters high, in the
municipality of Arari, in the Brazilian State of Maranhão, has been transformed in the
last fifteen years into a major tourist attraction, through the practice of surfing and
other types of sports. Through this event, the municipality began to attract tourists,
particularly fans of various sports tourism segments, and sports events
tourism. However, actions linked to these tourism segmentations are marked by the
seasonality, and the consequent underuse of the pororoca as a unique natural
tourism attraction in the state. The general objective of this research was
to determine the possibilities of sustainable tourism development based around this
tourism attraction in the municipality of Arari. This study was driven by the paradigm
of sustainable tourism. In terms of methodology, we adopted an inductive,
exploratory and descriptive approach. We used a questionnaire and observation for
the data collection; analyzing the scenario at local, national and international levels,
in search of support that could guide the sustainable tourism actions in the
municipality, and thereby contribute to the composition of a tourist product. The
results reveal that several countries receive sports tourists, and some hold festivals
to increase the demand. Brazil and China have held sports competitions in the
pororoca, characterizing sports events tourism. Ecotourism and adventure tourism
segments linked to the activities in the pororoca were only identified in Brazil.
However, Arari lacks basic infrastructure, and the tourist attractions are in need of
investment. The low levels of involvement in the planning and tourism management
by the social actors revealed through the research, among other factors, demonstrate
the lack of implementation of the precepts of sustainable tourism. Finally, it was
considered that in the context of Arari, ecotourism may be the driver of sustainable
tourism actions, with the other segments - sports tourism, sports events tourism and
adventure tourism – also playing a role in the composition of the tourism product.
Keywords: tourism, sustainable tourism, ecotourism, pororoca, Arari-MA.
LISTA DE SIGLAS
ABETA Associação Brasileira de Ecoturismo e Turismo de Aventura
ABRASPO Associação Brasileira de Surf na Pororoca
AMSP Associação Maranhense de Surfe na Pororoca
APA Área de Proteção Ambiental
APABM Área de Proteção Ambiental da Baixada Maranhense
DAFO Debilidade, Ameaças, Fortaleza e Oportunidade
ECO Ecoturismo
ICMbio Instituto Chico Mendes
IMESC Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos
IP Iniciativa Privada
IPO Instituto Pororoca
MA Maranhão
MTur Ministério do Turismo
PDMA Plano Diretor do Município de Arari
PDTMA Plano de Desenvolvimento do Turismo do Município de Arari
PMM Plano Maior Maranhão
PP Poder Público
R Respondente
SCO Sociedade Civil Organizada
TA Turismo de aventura
TE Turismo esportivo
TEE Turismo de eventos esportivos
UFMA Universidade Federal do Maranhão
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Pororocas por país .................................................................................. 56
Quadro 2: Intensidade das pororocas mundiais ....................................................... 57
Quadro 3: As principais pororocas em 1988 e 2014 ................................................. 58
Quadro 4: Pororocas no mundo ............................................................................... 62
Quadro 5: Locais de ocorrência da pororoca no Brasil .. .......................................... 67
Quadro 6: Intensidade das pororocas nacionais ...................................................... 68
Quadro 7: Segmentos turísticos associados à pororoca no mundo .......................... 79
Quadro 8: Segmentos turísticos associados à pororoca no Brasil ............................ 83
Quadro 9: Roteiro de ecoturismo oferecido na pororoca do Amapá ......................... 85
Quadro 10: Nível de envolvimento da iniciativa privada e Sociedade Civil, segundo a
opinião do Poder Público ....................................................................................... 102
Quadro 11: Nível de envolvimento do Poder Público e Sociedade Civil, segundo a
opinião da iniciativa privada ................................................................................... 105
Quadro 12: Nível de envolvimento do Poder Público e iniciativa privada, segundo a
opnião da Sociedade Civil Organizada .................................................................. 109
Quadro 13: Opinião do Poder Público, iniciativa privada e Sociedade Civil
Organizada sobre os benefícios do turismo em Arari ............................................. 112
Quadro 14: Opinião do Poder Público, iniciativa privada e Sociedade Civil
Organizada sobre os malefícios do turismo em Arari ............................................. 113
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Localização do município de Arari ............................................................. 46
Figura 2: Trecho do rio Araguari próximo à foz antes e depois ................................ 71
Figura 3: Força natural da pororoca no rio Araguari (AP) ......................................... 72
Figura 4: Maior pororoca já registrada no Brasil, rio Araguari ................................... 73
Figura 5: Ilustração do percurso entre a sede de Arari e o povoado Curral da Igreja
................................................................................................................................. 74
Figura 6: Surfista na pororoca de Arari..................................................................... 75
Figura 7: Surfista na estrada de acesso ao povoado Curral da Igreja em Arari ........ 75
Figura 8: Pororoca do rio Petitcodiac no Canadá ..................................................... 81
Figura 9: Surfistas de vários países na Mascaret, França ........................................ 81
Figura 10: Bodyboard na pororoca do rio Mearim em Arari ...................................... 82
Figura 11: Modalidade esportiva foilboard na pororoca ............................................ 86
Figura 12: Antigo e novo sistema de captação de água - balsa flutuante ................. 89
Figura 13: Balsa flutuante - novo sistema de captação de água .............................. 89
Figura 14: Área de destino do lixo em Arari - Lixão .................................................... 90
Figura 15: Terminal rodoviário de Arari .................................................................... 91
Figura 16: Base de apoio aos surfista no povoado Curral da Igreja às margens do rio
Mearim ..................................................................................................................... 93
Figura 17: Lago da Morte em Arari ........................................................................... 96
Figura 18: Ponte do Nema sobre o Igarapé do Nema .............................................. 96
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Sexo dos participantes do curso ............................................................. 118
Tabela 2: Faixa etária dos participantes do curso .................................................. 118
Tabela 3: Morador da zona urbana ou rural ........................................................... 118
Tabela 4: Como soube da oferta do curso ............................................................. 119
Tabela 5: Trabalho à época do curso ..................................................................... 119
Tabela 6: Capacitação ........................................................................................... 120
Tabela 7: Proposta de emprego ............................................................................. 120
Tabela 8: Abertura de negócios gerais e ou turísticos ............................................ 120
Tabela 9: Trabalho atual ........................................................................................ 121
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13
1.1 Contextualização do tema ............................................................................... 13
1.2 Delimitação do problema de pesquisa ........................................................... 17
1.3 Objetivos do estudo ......................................................................................... 20
1.4 Justificativa ...................................................................................................... 20
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 23
2.1 O desenvolvimento do turismo sustentável .................................................. 23
2.2 Turismo esportivo e turismo de eventos esportivos ..................................... 31
2.3 Ecoturismo e turismo de aventura.................................................................. 35
2.4 Relação entre turismo esportivo, turismo de aventura e ecoturismo em
destinos turísticos naturais .................................................................................. 39
3 METODOLOGIA DA PESQUISA .......................................................................... 43
3.1 Tipologia da pesquisa ...................................................................................... 43
3.2 Procedimento de pesquisa .............................................................................. 43
4 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE ARARI-MA .......................................... 45
4.1 Contextualização histórico-geográfica de Arari ............................................ 45
4.2 Formação socio-espacial de Arari .................................................................. 47
4.3 Polo Turístico Lagos e Campos Floridos e a Área de Proteção Ambiental da
Baixada Maranhense ............................................................................................. 48
4.4 O Mearim, a pororoca e os navegantes .......................................................... 50
5 A POROROCA ..................................................................................................... 53
5.1 A ocorrência mundial da pororoca, a sua utilização esportiva/recreativa e
os impactos negativos sobre o fenômeno ........................................................... 53
5.2 A ocorrência nacional da pororoca, a sua utilização esportiva/recreativa e
os impactos negativos sobre o fenômeno ........................................................... 63
5.3 Características da pororoca para a prática de esportes ............................... 73
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 77
6.1 Considerações metodológicas preliminares ................................................. 77
6.2 O atrativo pororoca para o turismo no mundo .............................................. 77
6.3 O atrativo pororoca para o turismo no Brasil ................................................ 82
6.4 Caracterização do potencial turístico de Arari-MA ........................................ 88
6.4.1 Localização e infraestrutura básica ................................................................. 88
6.4.2 Infraestrutura turística ..................................................................................... 91
6.4.3 Recursos naturais e culturais .......................................................................... 95
6.5 O turismo arariense vinculado à pororoca ..................................................... 99
6.5.1 Opinião do Poder Público ................................................................................ 99
6.5.2 Opinião da iniciativa privada.......................................................................... 103
6.5.3 Opinião da Sociedade Civil Organizada ........................................................ 106
6.5.4 Opinião dos organizadores dos eventos........................................................ 114
6.5.5 Opinião dos participantes do curso “O meu negócio pode ser turismo” ......... 118
7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................. 123
7.1 Conclusões da pesquisa ............................................................................... 123
7.2 Limitações da pesquisa ................................................................................. 125
7.3 Recomendações para futuras investigações ............................................... 126
REFERÊNCIAS ............................................................................................... 127
APÊNDICES .................................................................................................... 136
APÊNDICE A - Questionário Poder Público, Sociedade Civil Organizada e iniciativa privada .............................................................................................. 137
APÊNDICE B – Questionário participantes do curso “O meu negócio pode ser turismo” ........................................................................................................... 139
APÊNDICE C - Questionário organizadores .................................................... 140
APÊNDICE D – Ações, eventos esportivos e festivais no Amapá (AP), Pará (PA) e Maranhão (MA) de 1997 a 2015 ................................................................... 143
APÊNDICE E – Formas de acesso ao município de Arari ................................ 147
APÊNDICE F – Sistemas de comunicação do município de Arari .................... 148
APÊNDICE G – Sistemas de segurança do município de Arari ....................... 149
APÊNDICE H – Outros serviços e equipamentos de apoio .............................. 150
APÊNDICE I – Atividades econômicas do município de Arari .......................... 151
APÊNDICE J – Festejos religiosos arariense ................................................... 153
APÊNDICE K – Itens de interesse turístico ...................................................... 154
APÊNDICE L – Termo de consentimento livre e esclarecido ........................... 156
13
1 INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização do tema
A existência de atividades turísticas em um município, independente dos
anos de sua execução, não lhe assegura o almejado e complexo desenvolvimento
do turismo sustentável. Torna-se, então imperioso o planejamento e gestão dessas
atividades de forma científica, multiprofissional e democrática nesses territórios,
tendo como ponto forte a governança. A priori Lanzarini e Ferro (2004) ressaltam
que alguns dos empresários que trabalham e possam vir a trabalhar com o turismo esportivo, por serem praticantes e adeptos de atividades físicas possuiriam mais facilmente o domínio desta atividade empresarial, por conhecerem a fundo as necessidades e anseios do turista e esportista (p.1).
No entanto, criar e oferecer um produto turístico exige conhecimento da
vocação do destino, da sua imagem, do perfil do turista que deseja atrair e as
preferências da demanda (BRASIL, 2010a). No Maranhão, podemos dizer que a
diversidade territorial e cultural do estado está retratada através do aumento de
100% do número de polos turísticos estaduais, no comparativo entre o Plano Maior
do Maranhão 2000 - 2010 e o Plano Maior Maranhão 2011 – 2020 (MARANHÃO,
2009), deixando de ser composto por cinco polos (Histórico-Cultural, Lençóis, Delta
do Parnaíba, Reentrâncias Maranhenses e Cachoeiras e Chapadas) para os atuais
dez (Amazônia Maranhense; Chapada das Mesas; Cocais; Delta das Américas;
Floresta dos Guarás; Lagos e Campos Floridos; Munim; Parque dos Lençóis; São
Luís e Serras, Guajajara, Timbira, e Kanela). Fato que reforça a regionalização do
turismo como elemento indispensável ao estado.
Tais dados são encontrados no Plano Maior Maranhão (PMM) no ciclo de
2011 a 2020, que cumpre a segunda exigência apresentada por Boullón (2002) que
trata das propriedades iguais de uma região e encaminha as ações para a
polarização. Contudo, antes temos a oferta turística, interdisciplinar e holística, que
envolve recursos naturais ambientais, o ambiente construído, transporte,
hospitalidade, entretenimento, lazer e recursos culturais (ANSARAH, PANOSSO
NETTO, 2013).
14
As belezas naturais (51%), o patrimônio arquitetônico (48%) e as
manifestações culturais (17%), são os pontos fortes do Maranhão na visão do
mercado. No entanto, segundo os atores sociais, necessita de melhorias do produto
(12%), no planejamento e gestão (20%), na qualidade (31%), na infraestrutura (34%)
e promoção (37%). Permitindo praticar o turismo de qualidade como norteador das
ações, proporcionando ao turista e residente retorno, com mínimos impactos
ambientais e culturais (MARANHÃO, 2009).
Especificamente sobre o Polo Lagos e Campos Floridos, é composto por
14 municípios, incluido Arari, onde ocorre o fenômeno fluviomarítimo denominado
pororoca, nosso objeto de estudo. O Polo em questão é considerado estratégico
para a diversificação da oferta turística maranhense em médio prazo por seu
potencial de atratividade e pelas questões de acessibilidade (MARANHÃO, 2009).
Seus atrativos principais são rios e lagos às centenas. O Polo está localizado na
Baixada Maranhense, a qual Bezerra (2006) dedicou investigação sob a perspectiva
do turismo sustentável; especificamente nos municípios de Viana, Penalva e Cajari.
Concluindo que apesar da riqueza natural, os dados socioeconômicos da região
estão entre os piores do Maranhão. Isto requer grande esforço principalmente junto
aos autóctones para o sucesso turístico.
Em ação muito anterior às ponderadas até o momento, referentes à oferta
turística maranhense e ao Polo Lagos e Campos Floridos, tivemos a criação da Área
de Proteção Ambiental da Baixada Maranhense (APABM), pelo Decreto 11.900 de
11 de junho de 1991. Estando o município de Arari, onde ocorre a pororoca, inserido
mas especificamente na mesorregião Norte Maranhense e na microrregião
conhecida como Baixada Maranhense (IMESC, 2013), enquanto componente da
APABM.
Arari possui população estimada em 28.986 habitantes, com área de
1.100 km2 composta pelos biomas Cerrado e Amazônia (IBGE, 2013). Torna-se
imprescindível conhecer através do olhar científico a real condição turística
municipal para o sucesso das ações de planejamento, vinculadas às atividades da
pororoca que ocorrem no rio Mearim. Isto conduzirá as organizações a
disponibilizarem comercialmente o(s) segmento(s) turístico(s) escolhido(s) que
melhor se enquadrem à realização do turismo sustentável.
A segmentação turística apresenta-se como estratégia importante para o
atendimento de grupos de consumidores com perfil específico na comercialização de
15
produtos turísticos, na busca de satisfazer suas necessidades e expectativas. O
conhecimento profundo do destino é indispensável para direcionar a produção
turística competitivamente, ao concentrar esforços na sua principal vocação, focando
o segmento de demanda que tem maior potencial de consumo dessa produção
(BRASIL, 2010a). Estudos internacionais sobre a temática são identificados a cerca
de 70 anos, porém no panorama nacional carecemos de maior aprofundamento
científico (ANSARAH, PANOSSO NETTO, 2013). Os eventos e atividades na
pororoca de Arari devem ter esse norte como componente central.
No cenário nacional, 86% das organizações que oferecem produtos nos
segmentos de ecoturismo e ou turismo de aventura, de um total de 1860, possuem
CNPJ e estão regularizadas; 12% são compostas por empreendedores individuais;
65% são operadores locais especializados; 32% escola/treinamento. Estas
organizações possuem média de 5,63 funcionários/colaboradores por ofertante; 51%
não possuem funcionários com carteira assinada; a média de gasto por cliente é de
R$ 293,00 e o faturamento médio anual gira em torno de R$ 249.000,00. Os dados
totais apontam um faturamento do mercado no ano de 2009 de R$ 515.875.659,00
para uma clientela de 5.382.468,00 (ABETA, MTur, 2011).
O turismo de aventura enquanto setor da atividade turística ganhou
grande destaque nos últimos anos. Suas características e principalmente a ausência
de conceitos universalmente aceitos trazem-no similaridades e confusões com
outros segmentos, como o turismo na natureza. Porém, neste último, a observação é
sua identidade, enquanto no turismo de aventura é a ação (BUCKLEY; UVINHA,
2011). Este segmento possui como cliente o turista disposto a participar de
atividades, oferecidas pelo trade turístico, com risco controlado pelas ações de
planejamento. Além de envolver políticas de incentivo, normalização, certificação e
realização de eventos com apoio fundamental de associações, ONG´s e
universidades, proporcionando inclusive uma identidade local (UVINHA, 2005).
Já o ecoturismo possui como clientela o turista disposto ao envolvimento,
aprendizado, através da educação e ou interpretação ambiental, seja sobre a fauna,
a flora, a comunidade e sua cultura. Baseia-se nos princípios da conservação
ambiental, da sustentabilidade, requer planejamento multisetorial participativo,
inclusive o envolvimento da comunidade. Visa promover a valorização e
consequente proteção do patrimônio natural com repercussão no bem estar das
16
populações. Tudo assentado no tripé interpretação, conservação e sustentabilidade
(BRASIL, 2010b).
O turismo esportivo, assim identificado neste estudo, recebe no
documento intitulado “Marcos Conceituais” do Ministério do Turismo, a denominação
de turismo de esportes, onde consta a seguinte definição “…compreende as
atividades turísticas decorrentes da prática, envolvimento e observação da prática
esportiva” (BRASIL, 2008, p.23). No cenário do turismo esportivo e de eventos
esportivos, esta década para o Brasil será repleta de realizações: os Jogos Mundiais
Militares no Rio de Janeiro (2011), a Copa do Mundo de Futebol (2014), Jogos
Mundiais dos Povos Indígenas em Palmas – Tocantins (2015) e Jogos Olímpicos e
Paralímpicos no Rio de Janeiro (2016). Podemos considerar também uma série de
eventos testes, que servem para antecipar todos os detalhes organizacionais
práticos e logísticos dos eventos principais.
A segmentação pode ocorrer seguindo aspectos como: motivação da
viagem, interesse cultural, distância do mercado consumidor, geográfico,
demográfico e socioeconômico, comportamental, padrão de consumo, psicográfico,
dentre outros (SWARBROOKE et al., 2003; ANSARAH, PANOSSO NETTO, 2013).
A Política Nacional de Turismo tem como um de seus objetivos a segmentação
como forma de contemplar a diversadade brasileira. Torna-se indispensável escolher
os segmentos de atuação e concentrar esforços e investimentos em sua gestão para
alcançar o desenvolvimento sustentável.
A possibilidade de segmentos poderem ser desenvolvidos no mesmo
ambiente, pode oportunizar ao destino um aumento do fluxo turístico. Minimizando
problemas como a sazonalidade, que apresenta como umas de suas consequência
a insustentabilidade das atividades nesses locais. Este fato, portanto, contraria os
interesses das políticas públicas de turismo que visam diversificar e interiorizar as
ações como forma de melhoria das condições de vida no país. Tal possibilidade
pode aproximar o turismo de aventura, ecoturismo e turismo esportivo, em alguns
destinos, até porque estão inseridos dentro dos segmentos prioritários definido pelo
governo brasileiro desde o ano de 2006 (BRASIL, 2010b).
Para essas conquistas o Programa de Fomento ao Turismo pleiteia a
elaboração do Plano de Desenvolvimento do Turismo do Município de Arari
(PDTMA), com medidas a pequeno, médio e longo prazo. Tal plano foi construído no
17
ano de 2008, com o macroprograma de marketing entitulado “O encontro das águas
na terra da melancia” (MOREIRA, 2008).
Destaque maior para a visão inserida no PDTMA que pretende
“transformar o município de Arari em mais um atrativo turístico do Maranhão. Com a
sua potencialidade diferenciada propagar a nível nacional e internacional sua
aptidão para esportes radicais” (MOREIRA, 2008, p. 59). O termo esportes radicais
coaduna com o termo propagado pelos autores específicos da temática surfe na
pororoca, como Laus (2006), Sobrinho (2013), contudo o mesmo não compõe um
segmento turístico. Sobre a temática Uvinha (2001, p. 21) reforça “…que os esportes
radicais parecem ter começado a ganhar expressão no Brasil na década de 1980;
desde então, vem sendo notado um considerável incremento do número de
adeptos”.
1.2 Delimitação do problema de pesquisa
O pleno entendimento do potencial da oferta, e das possibilidades de
relacionar os produtos existentes, ou potenciais, para diferentes segmentos de
clientes é a essência para podermos afirmar a existência de planejamento do
desenvolvimento turístico de uma região (BRASIL, 2010a). Para obtenção do
cenário referente à realidade turística de um país, estado e ou cidade; visando o
planejamento; se faz premente um árduo, compromissado e minucioso levantamento
de informações, sendo imprescindível o enfoque científico dessas ações, além de
adaptação à realidade guiada pela complementação e consequente harmonia no
seu desenvolvimento (BOULLÓN, 2005).
Os países desenvolvidos estão à frente no que tange às ações de
planejamento, baseada em investimentos científicos e tecnológicos que alicerçam,
por exemplo, a tomada de decisões. Na contramão estão os demais países que
mesmo com planos já elaborados recorrem ao improviso e à pressa. Identifica-se
dessa forma um quadro negativo quanto à elaboração e implementação do
planejamento turístico nos territórios (RUSCHMANN e BORDINI, 2006).
Para Boullón (2002), apenas essas ações não respondem por um
planejamento turístico, a ordem orgânica deve ser norteadora da estrutura lógica. A
lógica como forma mais conveniente de interpretar a estrutura natural existente.
Para isso, este autor, usa o modelo analítico para explicar cada elemento que
18
compõe a atividade turística planejada dentro da ideia de sistema. Para Ruschmann
e Bordini (2006, p. 321) os planejamentos turísticos apresentam etapas iguais e
obedecem a ordem seguinte: “coleta de dados, a descrição de um diagnóstico e
apresentação das intervenções necessárias para se chegar à visão de futuro”.
O potencial turístico de Arari e região é retratado desde o início da década
de noventa, assim como a necessidade do planejamento e estudos para
preservação (BATALHA, 2005). No início do século XXI, Arari, passou a figurar no
roteiro turístico de muitos brasileiros e estrangeiros. Estes descobriram no fenômeno
fluviomarítimo natural, denominado Pororoca, que ocorre na foz do rio Mearim, uma
aventura para surfistas e outros praticantes de esportes com prancha.
Contudo no PMM do ano 2000, o município de Arari ainda não compunha
nenhum dos seus cinco polos turísticos, indicando que as ações pioneiras referentes
ao surfe na pororoca não mantinham relação com o planejamento turístico do estado
do Maranhão. Fato confirmado por Sobrinho (2013) ao organizar a primeira
expedição para surfar a pororoca maranhense em 2001. Neste período, esta mesma
fonte, relata ter ficado 15 dias no Maranhão fazendo contatos com a TV Mirante e
com o Jornal o Estado do Maranhão para a cobertura da expedição. Após o êxito na
pororoca do rio Mearim, Sobrinho (2013) percebeu que:
Era preciso manter o ritmo e criar o circuito brasileiro dessa modalidade de esporte, organizando etapas no litoral Norte e Nordeste do Brasil, onde houvesse pororoca para ser surfada. A reflexão tornou-se o embrião da Abraspo – Associação Brasileira de Surf na Pororoca, que passaria a ser o vértice das demais entidades nascidas com a modalidade, ofereceria know-how para a organização dos eventos, serviria de referência nas relações institucionais e implantaria uma linha de conduta para a prática do surf na pororoca, baseada no respeito à natureza, preservação do meio ambiente e promoção do bem estar social nas comunidades (p. 124).
Mesmo após 15 anos das ações vinculadas ao surfe na pororoca em
Arari, a serem completados em 2015, as atuais práticas não demonstram uma
evolução a ponto de transformar potencial em produto turístico, seja na esfera
municipal e/ou estadual, e muito menos nacional. Ratificando tais dados referentes
às atividades de turismo de aventura e ecoturismo, em âmbito nacional, o município
de Arari não consta no Relatório de Impactos do Programa Aventura Segura, sendo
Barreirinhas o único município maranhense incluso no documento (ABETA, MTur,
2011).
19
Essa ausência também é percebida em nível estadual, no PMM do ano
2000-2010. Apenas no PMM de 2011-2020, Arari passa a compor oficialmente o
cenário do planejamento turístico estadual, inserido no Polo Turístico Lagos e
Campos Floridos. Dados sobre o Polo referente ao ano de 2009 indicam valor
potencial turístico de 7,7% da demanda, porém seu valor turístico real, apresentado
no mesmo ano, é 0,9% (MARANHÃO, 2009). Ratifica-se, assim, a dificuldade de o
município tornar-se produto turístico sem o norte do planejamento tanto do espaço
urbano quanto do espaço natural (BOULLÓN, 2002).
Sobre o PMM 2011-2020, em linhas gerais conclui que os segmentos do
turismo cultural, ecoturismo e o turismo de aventura concentram o poder de
competitividade turística maranhense, sendo ainda estratégico o turismo de eventos
[no caso de Arari eventos esportivos] vinculado ao turismo de negócios
(MARANHÃO, 2009).
Há de se ressaltar que durante a vigência do PMM 2000-2010, mas
precisamente em 2006, o Plano Diretor do Município de Arari (PDMA) entrava em
vigência. Nele consta o incentivo ao turismo sustentável como uma das linhas
prioritárias; prevê a valorização econômica dos recursos naturais, humanos,
infraestruturais, paisagísticos e culturais do município. Além de indicar os subgrupos
a serem desenvolvidos como a hospedagem, o entretenimento, a gastronomia, a
cultura popular e os serviços turísticos. O documento aponta como norte os
segmentos turismo de aventura, o turismo esportivo e o ecoturismo, este último
prioritário.
Dois anos depois, já em 2008, é elaborado o PDTMA, que apontou na
análise de debilidades, ameaças, fortalezas e oportunidades (DAFO) utilizada para o
Turismo de Eventos em Arari um total de 11 debilidades, 5 ameaças, 4 fortalezas e 8
oportunidades. Entre as debilidades: ineficiência do transporte e receptivo interno,
inexistência de pacotes de viagem e deficiência de operações das agências de
eventos. As ameaças: concorrência dos grandes centros receptores, riscos para os
valores culturais e sociais tradicionais da comunidade, e possibilidade de impactos
ambientais sobre os recursos naturais. As fortalezas: existência de rede hoteleira,
participação social da comunidade e presença de recursos turísticos naturais aptos
para o desenvolvimento produtivo e comercial. E por fim as oportunidades:
localização da cidade em relação a outros estados que sediam a pororoca,
20
capacidade de atração de eventos e atrações turísticas potenciais (MOREIRA et al.,
2008).
A partir dessas constatações percebe-se uma defasagem entre a
realidade do município de Arari e as Políticas Públicas anunciadas através do PDMA
(2006) e do PDTMA (2008). Não havendo harmonia no planejamento dos espaços
econômico, físico, social e político (BOULLÓN, 2002).
Fatores como a elaboração externa dos planos, a não execução dos
planos já referidos, a descontinuidade política, ausência de orçamento, associadas
ao subdesenvolvimento, desarticulação política em seus níveis hieráquicos
nacionais e poucos profissionais com competência técnica e espaço nos órgãos
oficiais do turismo, levam aos problemas de planejamento, constata Boullón (2005).
Dessa forma objetivamos responder através da presente investigação ao
seguinte questionamento: quais as possibilidades de desenvolvimento turístico
sustentável das atividades vinculadas ao fenômeno fluviomarítimo pororoca no
município de Arari-MA?
1.3 Objetivos do estudo
O objetivo geral do estudo é verificar as possibilidades de
desenvolvimento turístico sustentável a partir do atrativo fluviomarítimo pororoca, no
município de Arari-MA. Necessitamos a partir de então traçar alguns objetivos
específicos para melhor condução da pesquisa, os mesmos são apresentados a
seguir: caracterizar as pororocas do Brasil e do mundo e as atividades a ela
relacionadas; identificar segmentos turísticos que possuam a pororoca como atrativo
turístico no mundo e no Brasil; caracterizar o potencial turístico do município de Arari
com base na sua infraestrutura, recursos naturais e culturais; e por fim, gerar
subsídios para a expansão das atividades turísticas, vinculadas à pororoca, em
bases sustentáveis no município de Arari-MA, a partir da opinião dos atores sociais.
1.4 Justificativa
Atentemos para a margem tênue do turismo, possuindo um enorme
potencial de desenvolvimento e um enorme potencial de degradação do meio
21
ambiente e mesmo social (BECKER, 1999). As atividades de descoberta,
exploração, criação, divulgação e posterior comercialização são realizadas
geralmente sem nortes científicos pelos pioneiros, pessoas que visualizaram
oportunidades comerciais (SWARBROOKE et al., 2003).
Como exemplo o turismo de aventura apresenta-se suscetível às
irregularidades e ações aleatórias, o que pode comprometer a segmentação e seu
crescimento ao expor o turista às mais diversas situações de risco. O envolvimento
científico através de estudos, por parte das Universidades e Faculdades nacionais,
sobre temas como materiais mais seguros a serem utilizados e desenvolvimento de
técnica para as atividades devem ganhar espaço através de pesquisas e parcerias
(OLIVEIRA; COVOLAN, 2008).
Todavia os desdobramentos referentes às atividades desenvolvidas em
Arari, que envolvem o fenômeno fluviomarítimo pororoca, apontam para uma
realidade vinculada estreitamente à pratica esportiva (LAUS, 2006; SOBRINHO,
2013; RIBEIRO, 2014). Demonstrando uma possível subutilização frente ao seu
potencial de atratividade, em que acarreta a insustentabilidade e em consequência
conflitos, divergência de interesses entre estado, município e comunidade (SOUZA,
2009).
O alicerce que garantirá a execução por parte do poder público do que
está previsto em diretrizes, planos municipais, está na construção democrática e
participativa de todos os atores envolvidos na implementação de projetos de
ecoturismo e de turismo de aventura (BAHIA; SAMPAIO, 2005; PDMA, 2006;
PDTMA, 2008). Agregando de maneira fundamental as ações que já são realizadas
no município de Arari vinculadas às atividades na natureza.
Na intenção de gerar subsídios, as produções acadêmicas científicas
referentes ao turismo necessitam de grandes avanços para o alcance do
desenvolvimento sustentável (SWARBROOKE et. al., 2003; NASCIMENTO, 2007).
Nesse aspecto o presente trabalho visa contribuir teoricamente com o
desenvolvimento sustentável do turismo arariense vinculado às atividades e eventos
que tenham a pororoca como norteadora das ações. Ademais, está alicerçado na
existência de “…lacunas a serem preenchidas nesse processo que poderiam ser
ocupadas pelas Universidades e Faculdades devido ao seu vasto conhecimento
científico, sua independência e, ao mesmo tempo, credibilidade junto à sociedade
em geral” (OLIVEIRA; COVOLAN, 2008, p. 8).
22
Busca-se evitar a perda ou subutilização da pororoca do rio Mearim, não
apenas como fenômeno natural a priori, mais como produto turístico singular
existente no estado do Maranhão. Beneficiando (in) diretamente o Polo Lagos e
Campos Floridos, já que Arari é seu portal de entrada. Além disso, pretende-se gerar
subsídios para utilização como fonte de dados, referente à pororoca, visando o
desenvolvimento turístico sustentável arariense.
Assim baseado em experiências que envolvam a pororoca no Brasil e no
mundo, buscaremos: traçar o cenário das atividades ligadas ao fenômeno;
caracterizar as pororocas existentes a partir da literatura vinculada à temática;
identificar segmentos turísticos que tenham como atrativo o fenômeno
fluviomarítimo, possibilitando uma visão geral da sua utilização turística sustentável.
Em nível local caracterizaremos o município de Arari quanto ao seu potencial
turístico, identificaremos sua infraestrutura básica e turística, além de reconhecer as
atividades culturais da comunidade arariense com potencialidade turística. Sendo
situação indispensável à geração de subsídios com perspectiva de desenvolvimento
do turismo sustentável municipal.
23
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 O desenvolvimento do turismo sustentável
O turismo atualmente é indissociável do paradigma da sustentabilidade no
que concerne às suas ações. Quando estas possuem como pano de fundo a prática
esportiva em ambientes naturais, relacionadas por exemplo aos segmentos do
ecoturismo, turismo de aventura e turismo esportivo, tal proximidade é aflorada e se
torna indispensável para o sucesso do planejamento turístico. As atividades
turísticas desenvolvidas no município de Arari, estado do Maranhão, que possuem a
pororoca, fenômeno fluviomarítimo, como atrativo turístico apresentam-se favoráveis
ao turismo sustentável.
Contudo, a racionalidade científica se mostrou ao longo dos séculos
insustentável, causando injustiças e desigualdades nas sociedades. Deparamos-nos
então com uma crise ambiental sem precedentes, alicerçada nos postulados da
ciência objetiva. Desconsidera-se desta forma as relações de proximidade,
dependência e quiçá de pertencimento do homem à natureza. Passamos a
manipular um objeto científico, onde “todos os entes e coisas do mundo foram
traduzidos em valores econômicos, e essa virada é talvez a fonte mais profunda da
crise ambiental. Por isso afirmamos que a crise ambiental é essencialmente uma
crise do conhecimento” (LEFF, 2010, p. 84).
Para Leff (2010) a diversidade perdeu espaço, a racionalização científica,
marcadamente homogeneizante, passou a ditar padrões, comportamentos,
tendências, interferindo diretamente nas rápidas perdas de referências e identidades
culturais de várias populações. Somos guiados a nos tornarmos produtos do
pensamento capitalista, através das ações consumistas principalmente e
fundamentados na colonização de territórios e mentes das diversas populações. Em
suas resignificações a natureza, até então desprezada, passa a ser valorada
economicamente. Entram em cena os países subdesenvolvidos e do terceiro mundo
com suas biodiversidades, para retroalimentar o capitalismo, insustentável, agora
travestido do discurso do desenvolvimento sustentável.
24
Dessa maneira, o processo de racionalização da civilização moderna continua avançando para a supereconomicização do mundo. Os bens e serviços ambientais da natureza, que julgávamos eternos e gratuitos como a água pura e abundante, o ar puro, as floresta e a biodiversidade, estão sendo submetidos a estratégias de privatização, de apropriação capitalista da natureza (LEFF, 2010, p. 88-89).
Compreender processualmente as principais transformações que
ocorreram ao longo dos anos em determinadas regiões, que as possibilitaram serem
destinos turísticos procurados por brasileiros e estrangeiros, é fundamental para
dimensionar as consequências da atividade turística inserida na localidade.
Ganhando importância no cenário mundial desde a década de 1970, o
tema sustentabilidade se desenvolveu nas décadas seguintes e se ramificou nas
diversas ciências, áreas de conhecimento e de atuação humana. O turismo como
atividade conduzida por ações humanas participa desse movimento, ganhando
espaço a partir do momento em que as pessoas passam a disponibilizar mais tempo
livre para o lazer. Ancorados em direitos trabalhistas, aumento da expectativa de
vida, dentre outros.
Nesse cenário ocorre uma valorização dos ambientes naturais como
destinos a serem conhecidos, por conseguinte gerando sua valoração econômica,
trazendo consigo a demanda por serviços turísticos a serem implementados e ou
qualificados. As iniciativas sustentáveis da atividade turística devem ser capazes de
contribuir para a construção de novas perspectivas econômicas, sociais e
ambientais, fazendo emergir outras formas de produção e relações sociais que
preservem e ou conservem os ambientes. Dessa forma, sem a sustentabilidade “o
setor turístico não poderá sobreviver aos crescentes riscos e à vulnerabilidade do
ambiente onde constrói sua infraestrutura de serviços” (LEFF, 2010, p. 153).
O processo de esclarecimento, conscientização e adesão a outro viés, o
da sustentabilidade, não se dá com a urgência necessária. Modificar o
comportamento empreendedor lapidado nos moldes capitalista requer iniciativa,
resiliência, argumentação, pois, segundo Rodrigues (1997) à sociedade é atribuída a
responsabilidade pelas mazelas, sob o argumento de desvio do modelo perfeito, o
capitalista. Tal afirmativa dificulta a mudança e soluções já que às vincula perante a
dimensão coletiva. É necessário valorar as ações sustentáveis pontuais que podem
ser geradas dentro de cada unidade formadora do sistema turístico.
25
Meio ambiente e crescimento econômico se ajustam dialeticamente
impulsionados pelas políticas de desenvolvimento sustentável (LEFF, 2010).
Segundo Ruschmann (2012) a busca do equilíbrio dessas ações com a atividade
turística e seu planejamento, nacional e internacional, é difícil por depender de
valores subjetivos, controle baseado em critérios, além de uma adequada política
ambiental e turística.
Trata-se de uma ação ecológica onde cada empresa da atividade turística
descortina em quais pontos existem ações insustentáveis e a partir de então
objetivam eliminar e ou encontrar soluções sustentáveis para a sua realidade. “A
empresa turística deve explorar outras possibilidades, atraindo médios e pequenos
capitais e investindo em empreendimentos de menor escala e mais bem integrados
ao entorno ecológico e cultural, associando o turismo a outras atividades produtivas”
(LEFF, 2010, p. 155). Diversificando a oferta nos próprios destinos, por exemplo,
através do estímulo para criação de novos elos entre as várias cadeias produtivas
locais.
Ruschmann (2012) afirma de forma categórica ser o meio ambiente a
matéria prima da atividade turística, apesar da ausência de harmonia nessa relação.
Defender o turismo sustentável como ferramenta de desenvolvimento rápido e de
grande empregabilidade, com lucros reais e benefícios infraestruturais, ambientais e
sociais é indispensável (SWARBROOKE, 2000c). No entanto, outra economia se faz
premente, fundamentada nos princípios da “[…] produtividade ecológica do planeta,
o único processo eternamente sustentável, que varia de um ecossistema para o
outro e de uma região para outra” (LEFF, 2010, p. 90).
Talvez, portanto, devamos aceitar que, apesar de desejarmos atenuar os problemas acima resumidos, nossa principal ênfase deve estar no desenvolvimento do turismo nas áreas que atualmente não são visitadas, mas que precisam dos benefícios econômicos que o turismo pode trazer (SWARBROOKE, 2000c, p. 21).
Almeida (2006), ao analisar os fatores envolvidos na expansão recente do
turismo receptivo em três localidades situadas no entorno da cidade de Campos do
Jordão, na Serra da Mantiqueira – SP e os efeitos de sua expansão nas estruturas
receptivas das populações, utiliza uma abordagem que privilegia o desenvolvimento
sustentável como elemento definidor das ações dos organizadores do turismo. Para
isso avalia junto aos moradores as formas de participação no processo, constatando
26
que as mudanças na oferta atendem novas demandas e geram formas inéditas de
organização do espaço turístico na área, impondo desafios às populações
envolvidas.
Por outro lado, Gomes (2007), verificando como o turismo é desenvolvido,
no entorno do Parque Nacional de Cabo Orange – AP, reflete sobre a existência de
políticas públicas incipientes com visíveis fragmentações do tecido social de duas
comunidades tradicionais residentes, apontando que apesar dessas comunidades
perceberem que o local possui potencialidades naturais, históricas e culturais que
podem ser trabalhadas no fomento de produtos turísticos, ainda não há um trabalho
voltado para tal fim. Dessa maneira, cabe às instituições competentes e às
comunidades residentes desse entorno exercitarem a participação como garantia de
sustentabilidade para que o turismo possa a vir a ser uma possibilidade de inclusão
social, desenvolvimento e conservação dos recursos naturais e culturais dessa
unidade de conservação de uso integral.
Um dos grandes problemas da atualidade são os resíduos sólidos
produzidos. No município de Bambuí, região centro-oeste de Minas Gerais, Moreira
(2008a), constatou que o inadequado destino dos resíduos sólidos compromete a
qualidade de vida da comunidade, o meio ambiente, bem como a imagem, causando
entraves para o desenvolvimento turístico. Bezerra (2006) constatou situação similar
nos municípios de Viana, Cajari e Penalva, na Baixada Maranhense, região da qual
Arari faz parte e onde ocorre o fenômeno da pororoca faz parte. Isso sinaliza a
necessidade da realização integrada do planejamento ambiental e turístico
municipal.
Rattner (2009), analisando os problemas do meio ambiente e seus
impactos na saúde e bem-estar das populações carentes e menos abastadas,
através da crise do paradigma capitalista, evidencia uma natureza predatória e que
leva a humanidade à beira de uma catástrofe. Tais impactos são sentidos em níveis
local, nacional e global. Destaca que se faz necessário a construção de um novo
paradigma de desenvolvimento baseado na cooperação, na solidariedade, na
distribuição equitativa do produto social e na reformulação do sistema político,
superando os padrões autoritários, através da construção de um modelo
participativo e de co-gestão. Krippendorf (2009), ao referir-se aos autóctones,
descreve a inexistência ou irrisória produção científica e que a escolha do destino
por parte da maioria dos turistas leva em conta o país. E conclui:
27
No entanto, se essa população é negligenciada, isso também se deve a ela mesma. Até o momento, praticamente não se manifestou a soberania de seu poder sobre o mercado. Como poderia, aliás? O turismo penetra em regiões rurais nas quais as condições de vida são piores e o grau de educação da maioria dos habitantes é mais baixo do que nas cidades. De pronto, compreende-se bem que, no início do desenvolvimento turístico, a população autóctone faça e aceite tudo o que pedem os promotores de viagens estrangeiros, seu próprio governo e até mesmo os comerciantes locais. Ela acredita nas promessas e tudo parece cor-de-rosa. Trata-se de uma grande oportunidade, vamos dizer-lhe (p. 70-71).
A evolução do fluxo turístico numa região deve ser acompanhada de um
planejamento turístico sustentável que ordene o seu espaço através de melhorias de
infraestrutura que conte principalmente com a participação efetiva da sua população
(MACÊDO; RAMOS, 2012; RUSCHMANN, 2012; MELO et al., 2011; BOULLÓN,
2002).
Torna-se imprescindível diferenciar desenvolvimento econômico e
desenvolvimento, este último “…deve designar um processo de superação de
problemas sociais, em cujo âmbito uma sociedade se torna, para seus membros,
mais justa e legítima….” (SOUZA, 1997, p. 18). Prioriza o desenvolvimento
socioespacial, onde todas as dimensões interagem simultaneamente para gerar o
bem estar comum, no qual a autonomia das populações e o respeito aos seus
valores culturais emulará a arrogância etnocêntrica. Resultando assim no
atendimento das necessidades sociais (RODRIGUES, 1997).
A intrínseca relação do turismo com a área industrial lhe configura na
essência o carimbo da insustentabilidade, através da degradação ambiental por
onde o turismo passa (LEMOS, 2001). Para Rodrigues (1997) a atividade turística
por estar inserida no contexto da produção e consumo, se apresenta incompatível
com o paradigma da sustentabilidade e consequentemente à ideia do
desenvolvimento sustentável. Apontando de maneira clara e objetiva as forma dessa
incompatibilidade, seja ela direta (como a necessidade de um lugar; a apropriação
desse lugar; posterior chegada da infraestrutura), ou indireta (necessidade de
transporte com consumo de combustíveis; construção de estruturas viárias, além
dos resíduos gerados). Porém, este mesmo autor indica que o entendimento da
atividade turística na sua complexidade deve indubitavelmente ser permeado pelo
viés do desenvolvimento sustentável.
Abalizando caminhos possíveis de convivência, Swarbrooke (2000e),
apresenta as relações entre o turismo sustentável e o desenvolvimento sustentável.
28
Com a percepção de que qualquer mudança nos elementos que compõem o turismo
sustentável afetará vários elementos não turísticos. Dentre os quais a agricultura,
sociedades e comunidades, meio ambiente e recursos naturais, sistemas
econômicos e preservação, todos com o viés sustentável. Torna-se, portanto,
premente visualizar o turismo compondo um sistema mais amplo de
desenvolvimento sustentável que necessita ser monitorado continuamente.
O turismo como componente do sistema não é a solução para o alcance
de patamares totalmente sustentáveis, porém por suas características é um vasto
campo para que novas práticas conversem sobre o contínuo do turismo sustentável
(SWARBROOKE, 2000e).
A partir dessas considerações ganha importância central o planejamento
turístico sustentável, passando pela governança pública privada das ações.
Desenvolvimento local e arranjo produtivo local são termos que procuram na
essência soluções alternativas nos próprios territórios onde são gerados os anseios
e necessidades das comunidades para garantia não da subsistência, mas para além
disso. “Tal atitude requer, dentre outros princípios, uma profunda revisão do conceito
de eficiência, que se associa às questões de maximização de produtividade”
(RODRIGUES, 1997b, p. 58), pois “’progresso’, na verdade, não é progresso
nenhum, se for conquistado às custas da qualidade de vida das próximas gerações”
(LIMA, 2002, p. 10).
No cenário mundial, a França apresenta-se com destaque. Suas ações
vinculando turismo e meio ambiente apresentam quatro fases segundo Ruschmann
(2012): a pioneira, ocorre no século XVIII nela surgem os primeiros equipamentos
turísticos e o interesse por atividades no interior, apesar de já frequentarem a costa;
o turismo ‘dirigido’ e elitista, construções audaciosas, grande movimentações no
setor imobiliário, natureza sendo domesticada, caracterizam essa fase que ocorreu
no fim do século XIX e início do século XX; a terceira fase, o turismo de massa,
iniciada nos anos de 1950 com auge entre 1970 e os anos de 1980, caracterizada
pelos danos ambientais e por fim o turismo ecológico, iniciado ainda na década de
1980, começando um novo mercado incluindo a pratica de diversos esporte nos
ambientes naturais.
Na França desde a década de 1950, o turismo rural era incentivado e
desenvolvido contemplando os princípios do turismo sustentável. As atividades
envolviam desde artesanatos, alimentos e bebidas locais, pousadas, hospedarias,
29
quartos de hóspedes, museus ecológicos, lazer e hospedagem (SWARBROOKE,
2000c).
Colômbia e Bolívia são exemplos de países que adotaram a temática
sustentabilidade, sob a visão dos seus povos originários e dos povos indígenas,
respectivamente. Tendo a Colômbia aplicado além da sustentabilidade, a
democracia social no início dos anos de 1990. No Brasil recebe destaque a criação
das reservas extrativistas, desencadeada pelos seringueiros, sendo possível gerar
qualidade de vida e não somente a sobrevivência, baseados na subsistência, em
seus territórios (LEFF, 2010).
No Brasil experiências positivas podem ser citadas. Sampaio (2007), trata
em sua pesquisa do Projeto Piloto Montanha Beija-Flor Dourado no Município de
Morretes (PR). Na qual o arranjo socioprodutivo é derivado da agricultura através da
comercialização de produtos orgânicos e do turismo comunitário, proporcionando
educação, capacitação e autonomia aos integrantes desta comunidade, gerindo de
forma sistêmica e sem preocupações exclusivamente econômicas.
No município de Brejo Grande - SE através dos autóctones, constatou-se
que grande parte das mudanças socioambientais ocorridas em virtude da construção
da Hidroelétrica de Xingó foram negativas como: a diminuição do pescado por causa
da pesca predatória, a poluição, alterações nas dinâmicas das cheias que
prejudicaram o cultivo do arroz, assim como outros aspectos ligados à cultura e às
tradições locais, como o desaparecimento do artesanato pela falta de condições de
infraestrutura pela desativação da cooperativa comunitária por um certo período.
Porém, as manifestações religiosas e folclóricas sobreviveram na comunidade
(MELO et al., 2011).
Nesse sentido, de acordo com Moniz (2003) a sustentabilidade no atual
modelo de turismo é um processo contínuo que requer a constante monitorização
dos impactos através de medidas preventivas ou corretivas onde o destino deve
oferecer uma experiência turística que satisfaça os turistas, atentando para a
repetição das visitas que adotem práticas sustentáveis e influenciem o
comportamento positivo dos turistas, tendo em vista a proteção do ambiente e a
preservação da identidade cultural da comunidade local.
De acordo com Mamani (2010, p. 33) “dessa crise de racionalidade
emerge o pensamento ambiental e sua energia descolonizadora”. Prioriza-se assim
o diálogo dos saberes para semear sustentabilidade. Para Swarbrooke (2000c) o
30
turismo por si só não deverá sustentar as comunidades, portanto, não deve ser
idealizado nem concretizado como atividade econômica salvadora, sob o risco de
destruir a vida harmoniosa de uma comunidade. Deverá, sim, ser inserido sob o
contexto local, natural e cultural, sendo emancipador (LEFF, 2010), proporcionando
o senso de orgulho à comunidade do território turístico (SWARBROOKE, 2000c).
No entanto, para abordar as relações existentes entre o desenvolvimento
sustentável e o turismo, é preciso destacar que muitas práticas surgiram na tentativa
de estabelecer uma gestão que conseguisse amenizar tais efeitos negativos e
potencializar os positivos. A terceira via para Burns (2004, p. 26), deve responder: “o
que o turismo pode dar-nos sem prejudicar a gente?", possibilitando a redução de
conflitos entre global e local. Isso requer direitos com responsabilidades e a
necessidade do desenvolvimento sustentável ser transformado em princípio e não
na solução para o crescimento e desenvolvimento humano (BURNS, 2004). Para
Swarbrooke (2000c) é impossível existir desenvolvimento e turismo sustentável sem
justiça social.
Entretanto, não é fácil quando se trata de uma atividade que tem essência
capitalista e que prioriza lucros imediatos em detrimento do aspecto social e
ambiental (RUSCHMANN, 2012; BENI, 2006). Acosta (2011) relata que a boa
convivência global depende de um grande passo revolucionário, assumir os desafios
de sair do antropocentrismo para o sociobiocentrismo.
Inovar, criar, recriar, desconstruir, construir, excluir, incluir, deve ganhar
espaço decisivo no planejamento. Sendo flexível sem perder a ideia original do
planejamento turístico sustentável, que para Boullón (2002) é a ordem orgânica.
Assim há necessidade de conflitos para encontrar os melhores caminhos a seguir
em prol de ações que permitam a inclusão do enriquecimento cultural e ambiental a
todos os atores sociais envolvidos, gerando uma positiva distribuição dos benefícios
da atividade à comunidade receptora.
A ocorrência do fenômeno fluviomarítimo, pororoca, no rio Mearim e as
ações turísticas desenvolvidas, desde o ano de 2001 em Arari, estão envoltas pelos
elementos apresentados. Buscaremos desta forma, verificar as possibilidades de
desenvolvimento turístico sustentável das atividades vinculadas ao fenômeno
fluviomarítimo pororoca.
31
2.2 Turismo esportivo e turismo de eventos esportivos
O ano de 2001 é tido como marco das primeiras atividades vinculadas à
prática esportiva na pororoca de Arari (SOBRINHO, 2013). A modalidade surfe foi
inserida nas águas do rio Mearim, que corta a cidade e deságua na Baia de São
Marcos. Na sua foz ocorre este fenômeno fluviomarítimo impressionante que atrai
esportistas do Brasil e do mundo.
A relação entre turismo e esporte, remonta ao período áureo da Antiga
Grécia e nos últimos séculos aos chamados mega eventos esportivos, como a Copa
do Mundo e Olimpíadas. O documento intitulado "Marcos Conceituais" do Ministério
do Turismo apresenta que o "turismo de esporte compreende as atividades turísticas
decorrentes da prática, envolvimento ou observação de modalidades esportivas"
(BRASIL, 2008, p. 23). Além de apresentar algumas características como o estímulo
a outros segmentos, indutor da infraestrutura urbana e estrutura esportiva, vínculo à
sociabilidade, qualidade de vida e elevação da autoestima, incentivo a eventos e à
elaboração de calendário esportivo.
Os eventos esportivos se comportam como importantes fomentadores na
diminuição das consequências impostas pela sazonalidade (KOTLER, 1994;
ANSARAH, 2001; LANZARINI, FERRO, 2004; SANTOS e SOUZA, 2012).
Estes eventos abrangem aspectos fundamentais para o desenvolvimento da localidade como novo polo turístico esportivo receptor, pois demonstra à comunidade esportiva em geral que ali se encontram todos aspectos favoráveis ao desenvolvimento do esporte (LANZARINI; FERRO, 2004, p. 1).
As diversas culturas, sociedades, organizações, devem procurar no
casamento entre turismo e esporte formas de impulsionar a sustentabilidade em
suas práticas, aliando emoção, educação, iniciativas inovadoras, sob a perspectiva
sócio ambiental, com benesses às comunidades locais.
Captar eventos para uma determinada localidade exige uma série de
condições básicas que, a princípio e por direito, muitos constitucionais, já deveriam
estar disponibilizados à sociedade local, porém, somente são alcançados com o
advento da atividade turística. Algumas dessas condições são as infraestruturas
básicas referentes à limpeza das vias públicas, saneamento básico, pavimentação,
melhorias no trânsito e transporte, segurança pública, assistência médica e
32
infraestrutura turísticas, estas já direcionadas para a segmentação norteadora das
ações na localidade. Ansarah (2001) afirma que se bem geridos e planificados os
eventos são um:
potencial multiplicador turístico, pois normalmente implica no desembarque de duas ou mais pessoas, ajuda a reduzir a sazonalidade, desenvolve uma imagem positiva da cidades-sede e mobiliza os prestadores de serviços, gerando emprego e renda, propiciando o ingresso de divisas para o país, estado ou cidade (p. 75).
Como marcos no meio do turismo esportivo brasileiro no século XX,
Carvalhedo (2006), destaca que em 1945 a Corrida de São Silvestre realizada em
São Paulo, passa a figurar no calendário internacional e transforma-se em referência
turística. O surfe durante os anos 70, em Saquarema Rio de Janeiro, atraiu milhares
de jovens para a Região dos Lagos, litoral norte fluminense. Em 1986 é realizado o
Primeiro evento internacional de Volei de Praia, na Praia de Copacabana – RJ, com
a presença de atletas consagrados e a primeira edição da Adventure Sports Fair,
maior feira de esportes e turismo de aventura da América Latina, se dá em 1999.
O deslocamento de turistas dispostos ao envolvimento físico esportivo é
uma das características desse segmento. Viajam pelo mundo à procura dos lugares
mais favoráveis à prática do esporte escolhido, influenciados principalmente pelas
características geográficas dos destinos. Geralmente em pequenos grupos ou
individualmente, apreciadores da natureza e exigentes quanto à segurança oferecida
pelos equipamentos turísticos e os serviços. "Nesta busca incessante, são famosas
as praias do Havaí para a prática do surf, as estações de neve europeias para a
prática de sky e as ilhas do Caribe para a prática do mergulho" (GOIDANICH,
MOLETTA, 1998, p. 7).
Visto o universo de segmentações existentes, para melhor entendimento
se faz indispensável diferenciar turismo esportivo e turismo de eventos esportivos
para o turista, segundo Goidanich e Moletta (1998):
No turismo esportivo, o turista vem com o desejo de praticar o esporte por lazer ou treinamento, sem o intuito de competir, num local onde a disponibilidade física se caracteriza como permanente. Já no turismo de eventos esportivos, o turista vem com o motivo de se apresentar em algum espetáculo ou de competir em provas, campeonatos ou jogos. Esse evento tem como característica o espaço de tempo determinado, ou seja, temporário (p. 9).
33
Assim conclui-se que o turista atleta pode ser atraído para ambos os
segmentos, enquanto o turista não atleta somente pode usufruir do turismo
esportivo.
O turismo esportivo, consolida-se geralmente como uma atividade realizada em locais onde predomina o contato com a natureza; flora, fauna e ecossistemas da localidade […] o que estimula as pessoas à prática do esporte aliada à contemplação do local (LANZARINI; FERRO, 2004, p. 1).
Goidanich e Moletta (1998, p. 10) afirmam não ser intrínseco a todos os
esportes o papel de gerar turismo esportivo e sim aos esportes "que necessitam de
um local especial, onde as condições e os fenômenos naturais são adequados para
sua realização". Carvalhedo (2006) constata três comportamentos vinculados ao
turismo esportivo (TE): TE ativo, TE de eventos e TE de visita. "Portanto, podemos
definir turismo esportivo como viagem com fins recreativos nas quais os indivíduos
participam de atividades físicas, assistem a eventos esportivos ou visitam atrações
associadas a atividades esportivas" (CARVALHEDO, 2006, p. 131).
Entre as vantagens do turismo esportivo estão o fato de não ser sazonal,
atrair turistas com maior poder aquisitivo, contribuir para a preservação do
patrimônio natural, gerando o efeito multiplicador de geração de empregos e
melhoria da qualidade de vida local. A sua expansão ocorre ancorada no surgimento
e desenvolvimento de modalidades como rafting, windsurf, ciclismo de montanha,
rapel, parapente, etc. Tudo isso balizado pelo novo, pelo modismo, ascensão social,
pela sensação de liberdade, fuga, alívio do stress. Seus praticantes podem ser
casuais, amadores e profissionais (GOIDANICH, MOLETTA, 1998, p. 25).
Quanto às possibilidades de observação dos turistas, obviamente os não
praticantes, Goidanich e Moletta (1998) relatam que algumas modalidades "não
propiciam tais situações, como o mergulho ou o espeleoturismo".
Cidades investem nos eventos esportivos na intenção de promover sua
imagem e entrar no cenário turístico (SWARBROOKE, 2000c). A cidade de Sheffield,
segundo Swarbrooke (2000c, p. 53) "reconheceu o perigo de confiar em apenas uma
área de turismo e, por isso, ela vem promovendo o turismo cultural".
Estudos sobre os impactos negativos que possam ser gerados
potencializam as chances de sustentabilidade das ações. A comunidade local, o
setor público e suas ações compõem, articuladas ou não, a imagem que é
34
transmitida para o turista referente ao destino. A articulação gerará benfeitorias
indispensáveis como estrutura básica e turística, como acessos, equipamentos e
serviços que implicaram na maior permanência e maior gasto do turista. Destaque
no turismo esportivo para a proximidade da hospedagem do local das ações e servir
refeições equilibradas e reforçadas aos praticantes, além da prevenção de
acidentes. A educação esportiva para o visitante com temas de uso do equipamento,
conduta dos praticantes, entendimento dos fenômenos naturais e as ações da
própria prática devem ser contempladas (GOIDANICH; MOLETTA, 1998).
Para organizar um produto turístico se faz necessário, segundo Goidanich
e Moletta (1998), conhecer a vocação esportiva do município, através da realização
de um inventário que balizará o diagnóstico da vocação, além de contar com auxílio
direto de praticantes da modalidade para avaliação e sugestões. E afirmam que a
prática de uma determinada modalidade já culturalmente inserida em uma
comunidade está muito distante do que se quer como produto turístico, sendo
indispensável a execução das etapas anteriormente citadas para sua real efetivação
turística.
Deve ser despendido tempo com o treinamento da equipe de trabalho,
para o alcance de patamares de experiência prática e teórica, conhecimento técnico
da região, atualização sobre equipamentos, técnicas e primeiros socorros. Deve ter
também domínio de situações para tomar decisões, liderança, transmitindo
confiança aos clientes. Após essas etapas de planejamento a comercialização do
produto turístico esportivo, se dará sob duas formas geralmente: turismo esportivo e
ou turismo de eventos esportivos (GOIDANICH; MOLETTA, 1998).
Neste contexto, a oferta personalizada de destinos tem originado a movimentação seletiva dos fluxos. Os eventos esportivos são considerados turísticos quando os praticantes e os espectadores não são residentes no local de realização das atividades (BENSEN; MORETTO NETO, 2005, p. 1- 2).
Mallen e Adams (2013) diferenciam os eventos em tradicionais e
segmentados, sejam eles recreativos, turísticos e/ou esportivos. Os eventos
esportivos podem direcionar para a competição, recreação ou funcionar como
indutor do turismo. Os tradicionais apresentam duas características, "a primeira
exige que um corpo diretor estabeleça e aplique regras e regulamentações
padronizadas que devem ser seguidas para produzir o evento. A segunda é que a
35
atividade seja um esporte reconhecido e com histórico memorável (p. 1)." Quanto
aos eventos segmentados, três características são apresentadas:
A primeira é que o evento é criado e adaptado para um público esportivo, recreativo ou turístico em particular […] não precisa existir um corpo diretor tradicional que tenha estabelecido regras e regulamentações históricas, embora haja um quadro de organizadores que pode estabelecê-las. A terceira é que o evento pode conter componentes tradicionais reconhecidos ou pode ter um formato pouco convencional (MALLEN; ADAMS,2013, p.3).
A simultaneidade pode ocorrer, ou seja, evento realizado na perspectiva
tradicional e segmentar. Outra possibilidade é o evento segmentado evoluir para a
consolidação como tradicional (MALLEN; ADAMS, 2013).
A busca é incessante referente à sustentabilidade das ações deste
segmento, como contributo também ao turismo em sua globalidade. Tal objetivo
perpassa pelo viés do planejamento das ações que reforcem e ponha em evidência
as características geográficas da região, estimulem o desenvolvimento do arranjo
produtivo local e principalmente busque a geração de benefícios a longo prazo para
todos, principalmente os autóctones. Necessitando o próprio evento esportivo ser
planejado estruturalmente, por pessoas com conhecimento e entendimento, que
levem às ações de governança que facilitaram todas as etapas (MALLEN; ADAMS,
2013).
Todo esse arsenal de ideias, proposições e ações, são pertinentes a
serem aplicados ao município de Arari com o seu atrativo turístico, a pororoca. Os
eventos envolvendo esse fenômeno completam 15 anos em 2015.
2.3 Ecoturismo e turismo de aventura
O Plano Maior do Maranhão (2009) contempla os segmentos do
ecoturismo e o turismo de aventura como alguns dos norteadores do potencial
turístico estadual. No Plano de Desenvolvimento do Turismo do Município de Arari, o
ecoturismo está presente como segmentação a ser estruturada a partir dos
investimentos (MOREIRA, 2008). O atendimento às referidas segmentações é
imprescindível para o desenvolvimento do turismo sustentável em Arari, através do
atrativo turístico pororoca.
36
Essas segmentações turísticas ganham corpo perante o cenário de
urbanização caótica, como contraponto e possível solução para o stress e malefícios
gerados pela vida metropolitana. O ecoturismo, por exemplo, na essência une o
interesse pela conservação e proteção com a sustentabilidade para as comunidades
locais. Baseia-se na diversidade das ofertas turísticas priorizando a geração de
ações e soluções ancoradas na própria comunidade, em seus ambientes natural e
cultural (LEFF, 2010).
As construções de hospedagens, às ofertas gastronômicas, o destino
corretos dos resíduos sólidos, devem proporcionar envolvimento direto e constante
da comunidade em todas as decisões, minimizando custos ambientais e
econômicos. Não há prioridade à quantidade em detrimento da qualidade, a lógica
reinante está em conhecer o ambiente e determinar situações que permitam a
sustentabilidade cultural, ambiental, econômica, social das comunidades. Por isso
carece de regulamentações, limitação do número de visitações, fiscalização de
construções, etc (LEFF, 2010).
Em virtude de o ecoturismo envolver uma ética generalista, essa ética
pode ser aplicada aos demais segmentos turísticos, inclusive ao turismo de
aventura. Estando sujeita às distorções de uso político e de marketing (RICHARD;
CHINÁGLIA, 2004). Ao contrário do que está disseminado na mente da população,
“o ecoturismo nada tem de intrinsecamente sustentável” (SWARBROOKE, 2000e, p.
56). Para tal vínculo deve ser planejado e gerido, de forma a maximizar benefícios
humanos e ambientais em suas destinações. Deve-se prezar pela dignidade das
comunidades e dos animais em seus ecossistemas. Suas definições variam de
acordo com interesses de quem o define, se é o turista, a indústria e ou a destinação
(SWARBROOKE, 2000e).
Esta gama de definições, nacionais e internacionais, foi estudada por
Pires (2002) que as denominou de dimensões do ecoturismo. O referido autor
apresenta uma contextualização histórica, iniciada nas décadas de 1960 e 1970,
referentes às temáticas ambientais que ganhavam atenção dos países
desenvolvidos e junto ao ecoturismo passaram a protagonizar uma relação de
simbiose. Reforçando tais iniciativas os documentários começam a ser produzidos,
na década de 1980, em áreas naturais remanescentes de todo o mundo.
No Brasil a pororoca e o boto cor-de-rosa também foram documentados
em 1982, quando Jacques-Yves Cousteau esteve na Amazônia e Amaral Neto, na
37
década de 1970, também documentou a pororoca (SOBRINHO, 2013). Na década
de 1990 o ecoturismo 'suave' surge para atender o público em geral e não somente
os aficcionados, cientistas, aventureiros e estudiosos (PIRES, 2002).
Os governos de países emergentes vislumbram na atividade ecoturística
excelente oportunidade de captação de recursos. Porém, esquecem que seus
investimentos em infraestrutura podem ultrapassar seus ganhos e ser danosos às
comunidades autóctones, que por vezes são alijadas de seus territórios
(SWARBROOKE, 2000e).
Países como Malásia, Grécia, Espanha, Equador e República
Dominicana, na década de 1990, passaram a investir com estratégias nacionais para
o desenvolvimento do ecoturismo (PIRES, 2002). Acreditando nas possibilidades de
desenvolvimento sustentável, por meio do ecoturismo como algo concreto por trazer
benefícios econômicos, por se dar em menor escala de turistas, por estes serem
mais conscientes, oportunizando quem sabe seu engajamento posterior em causas
ambientais e por ser uma linha que possibilita arrecadação de fundos,
financiamentos para projetos de preservação (SWARBROOKE, 2000e).
Contudo, tal cenário não está isento de críticas, como a de Wheeller
(apud SWARBROOKE, 2000e), presumindo que a simples ideia de viajar para uma
destinação natural já impacta em muito a tão disseminada virtude do ecoturismo, ao
qual se refere como egoturismo. E as críticas de Swarbrooke (2000e), sendo a
principal, a tendência do ecoturismo vir a se transformar em turismo de massa,
contrariando os seus princípios básicos. Originalmente temos ações múltiplas a
serem executadas, o ecoturismo nasce em cenário mínimos e a partir do momento
que se desenvolve em larga escala, vinculado às práticas capitalistas, ações
vigorosas para “retorno” às ideias originais se fazem prementes. Tudo em busca do
estreitamento das analogias entre o ecoturismo e o turismo sustentável.
A proximidade entre ecoturismo e turismo de aventura se apresenta
desde os eventos, feiras, congressos organizados que abrangem os dois
segmentos; passando até por adequações nos níveis de exigências das atividades
realizadas. Esta última já direcionada para interesses comerciais de atendimento a
uma maior demanda nos seus territórios de ação, o ambiente natural de forma
predominante. "A tendência de ver o universo dos participantes de programas de
aventura de forma homogênea pode distorcer a realidade e afetar o desempenho do
38
empreendimento turístico voltado para essa atividade" (RICHARD; CHINÁGLIA,
2004, p. 212).
O turismo de aventura germinado no ecoturismo, ganha corpo e se
apresenta posteriormente como outra segmentação turística, ainda na década de
1990. Sua identidade ganha nova dinâmica quando o Ministério do Turismo entra em
cena a partir de 2001, com a realização em, Caeté, Minas Gerais da Oficina do
Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável do Turismo de Aventura
(OLIVEIRA; COVOLAN, 2008) e com o lançamento em 2003 do Programa Aventura
Segura (BAZZOTI e MACHADO, 2012).
O Brasil, com sua extensão continental, diversidade cultural e hospitalidade tradicional, tem um inestimável potencial para o desenvolvimento de diversos destinos turísticos. Possui um vasto litoral, rios de todos os tamanhos e volume, montanhas, chapadas, cachoeiras, dunas, grutas etc, que podem ser explorados turisticamente em atividades de turismo de aventura. Possui, também, empresas especializadas, que tem desenvolvido novas técnicas e materiais para o turismo de aventura, algumas delas tornando-se referência mundial e, principalmente, possui pessoas, entidades e empresas engajadas com o desenvolvimento desse segmento de turismo (OLIVEIRA; COVOLAN, 2008, p. 10).
Pires (2002) diferencia da seguinte forma os segmentos: o ecoturismo
possui a observação, a apreciação da cultura e do seu entorno natural, já o turismo
de aventura vincula-se à exercitação física e suas aventuras nos diversos ambientes
naturais. No documento do Ministério do Turismo denominado Marcos Conceituais o
"turismo de aventura compreende os movimentos turísticos decorrente da prática de
atividades de aventura de caráter recreativo e não competitivo" (BRASIL, 2008, p.
39).
As experiências psicológicas da aventura são classificadas por Priest
(1986) de acordo com o nível de competência e risco dos envolvidos: exploração e
experimentação, aventura, aventura de pico, desventura, devastação ou desastre. A
expansão autônoma dos sistemas turísticos, sem utilização dos planos disponíveis,
possibilita segundo Boullón (2005) a ausência de ordem e limites; improvisação;
além de baixa tecnologia, produtividade e investimentos perante um cenário incerto.
39
O turismo de aventura no Brasil vem se desenvolvendo a algum tempo, muitas vezes de forma inadequada. Esta situação pode gerar sérias conseqüências para a atividade, pois, além da questionável qualidade dos serviços prestados, os riscos inerentes à atividade podem inviabilizá-lo em empreendimentos, destinos e até mesmo regiões (OLIVEIRA; COVOLAN, 2008, p. 6).
Apenas com o somatório de forças é que se tornará possível tal atuação. Sem essa coalizão, o Turismo de Aventura no Brasil corre o sério risco de inviabilização devido ao despreparo e a falta de planejamento do mesmo (OLIVEIRA; COVOLAN, 2008, p. 11).
Essas ações são decisivas para exigir a implantação do planejamento,
visando: profissionalizar, qualificar, oferecer segurança, aprender a manusear e
utilizar materiais confiáveis, adotar regras de responsabilidade por parte dos
empresários, governantes e usuários. "São muitos os ingredientes necessários para
que se obtenha uma margem de segurança aceitável, mas que muitos descartam
devido ao seu custo, raramente visto como investimento" (OLIVEIRA; COVOLAN,
2008, p. 7).
2.4 Relação entre turismo esportivo, turismo de aventura e ecoturismo em
destinos turísticos naturais
O município de Arari a partir das atividades desenvolvidas desde 2001
vinculadas à Pororoca do rio Mearim, desperta interesse turístico dos mais variados
públicos. Ecoturistas, turistas de aventura, turistas esportivos, dentre outros,
norteando o potencial arariense para atendimento de diferentes segmentos em
destinos turísticos naturais.
A especialização da oferta turística na Europa, remonta às décadas de
1960 e 1970. Já nesse momento, pontos comuns e divergentes eram identificados
entre os segmentos turísticos do ecoturismo, turismo de aventura, turismo esportivo,
dentre outros. Os pontos comuns são de acordo com Pires (2002, p. 102): "a
localização física, ou seja, o meio rural e/ou natural onde são implantadas a
estrutura e as atividades; as atividades propriamente ditas, que se associam a um
conceito de 'ócio ativo' para que o turista ocupe o seu tempo livre". Ratificando tais
pontos e ampliando a discussão Lima (2004) aponta:
40
Outro segmento turístico que também pode ser confundido com o turismo de aventura é o turismo esportivo, caracterizado pela ênfase na atividade esportiva em geral. Estas confusões se dão pelo fato do turismo de aventura utilizar diretamente a natureza, base fundamental do ecoturismo; e por realizar atividades esportivas na natureza, o que não deixa de ser, em tese, um turismo esportivo (p. 32-33).
Já Paixão e Costa (2009) referem-se ao turismo de aventura e o esporte
de aventura no Brasil, relatando algumas de suas aproximações: a natureza como
ambiente de prática, o risco como elemento central, os aspectos preservacionistas e
econômicos comerciais envolvidos. E seus distanciamentos: turismo de aventura
difundido pelo Ministério do Turismo, possui geralmente caráter não competitivo,
com fins comerciais, oferecido para pessoas sem aptidão no esporte necessitando,
portanto de acompanhamento; já o esporte de aventura requer a presença do
conhecedor da modalidade esportiva, o esportista disposto ao lazer, recreação ou
competição.
A proximidade inequívoca entre turismo esportivo e ecoturismo
(CARVALHEDO, 2006) e entre o turismo esportivo e o turismo de aventura
(GOIDANICH, MOLETTA, 1998), possui como pano de fundo os termos riscos,
imprevistos, obstáculos, adrenalina, homem-natureza, comuns aos segmentos. Na
expectativa de simplificar e simultaneamente ser generalista utiliza-se o termo
"atividade" para tratar de todo esse complexo universo segmentar. Durante a década
1990, muitas palavras e expressões foram vinculadas ao vocabulário dos
portugueses, tais como: vida saudável, ambiente, desafio e aventura (VIDAL, 2011).
Dentro deste novo conceito, foram-se integrando atividades que já existiam e outras que foram aparecendo ao longo das últimas décadas, seguindo um percurso no qual iniciando-se como atividades pontuais e amadoras se desenrolaram até à criação de quadros competitivos e ao aparecimento da profissionalização (p. 11).
Nesse cenário, Paixão e Costa (2009) identificam na literatura, ao tratar
das aproximações e distanciamentos entre o esporte de aventura e o turismo de
aventura, dezesseis terminologias atribuídas às práticas físicas no meio natural e
uma infinidade de modalidades esportivas. Atividades de ar livre educativas,
atividades de ar livre recreativas, formação de desenvolvimento, desenvolvimento
desportivo, expedição e exploração e terapia de aventura, são subdivisões
41
apresentadas por Vidal (2011) para atividades ao ar livre baseadas no interesse e ou
objetivos do praticante.
Existem proximidades além das segmentações, o turista de aventura na
essência é também ecoturista e ambos dependem do meio ambiente preservado
para a realização das atividades (LIMA, 2004). Interessante que nesse mesmo viés
as atividades do turismo esportivo delineiam igual necessidade aos seus adeptos.
Os elementos naturais oportunizam a subdivisão das atividades, podendo ser
praticadas na terra, água e ar (FARAH, 2005; PAIXÃO e COSTA, 2009). A Baía de
Guanabara, sem condições satisfatórias para realização das provas de vela para as
Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro, ilustra bem essa dependência.
O turismo na natureza está muito vinculado à ideia de descanso, alívio do
stress vinculado à rotina urbana e atrai demanda extraordinária para o lazer
(RUSCHMANN, 2012). Marinho (2008) relata que o aventurar-se na natureza não é
em si uma novidade, as motivações para tal experiência que mudaram. Porém, o
turismo esportivo, turismo de aventura e o ecoturismo são norteados
primordialmente pelo envolvimento fisicamente ativo, denominado por Pires (2002)
de ócio ativo. Divergindo de outras segmentações de cunho mais contemplativo e de
descanso.
A superposição de conceitos dos diversos segmentos e atividades, pode
induzir a prejuízos por ausência de clareza. Inviabiliza-se qualquer planejamento e,
por conseguinte a satisfação de demandas cada vez mais exigentes e mutáveis
através da própria experiência da atividade (RICHARD; CHINÁGLIA, 2004). Em
casos extremos pode levar a aventura no ambiente natural aos níveis de desventura
e ou desastre, sem nem mesmo ter clareza de qual produto turístico se está
ofertando. Para Boullón (2002) a ausência de padrões conceituais, associada à
ingerência de várias áreas afins se torna um grande problema para os estudos
turísticos.
Os próprios operadores dos segmentos muitas vezes para captar maior
demanda mascaram as atividades denominando de ecoturismo, pois receiam que ao
utilizar a denominação turismo de aventura e ou esportivo percam clientes por
situações de escolha subjetivas, por parte do cliente, como: a associação à maior
risco, necessidade de habilidade técnica apurada, etc (MARINHO, 2008; ABETA,
MTur, 2011). Pimentel e Saito (2010) constataram que uma parcela considerável da
42
demanda potencial do turismo de aventura, se auto-exclui por associar as atividades
à necessidade de boa forma, alto poder aquisitivo e fuga da rotina.
O aventurar-se na natureza é inserido ao mercado do consumo segundo
Marinho (2008):
A transmissão dessas mensagens positivas pode ser visualizada nos mais variados meios de comunicação, a partir do uso da expressão aventura para o comércio de bens e serviços, tais como viagens, carros, seguros de vida, roupas, comida, etc. Nesse sentido, a aventura passa, até mesmo, a estabelecer um padrão de felicidade. Há que se refletir, além disso, sobre o apelo ecológico vazio de várias dessas iniciativas, as quais, muitas vezes nada têm de ecológico (p. 190).
A necessidade de aprofundamento científico para um adequado
planejamento e ações efetivas de expansão da demanda do turismo de aventura é
indispensável (RICHARD; CHINÁGLIA, 2004). Portanto, a forma de atingir a
demanda nacional para a prática deve diferir da utilizada para a demanda
internacional, sem perder a ética. Evitando ludibriar a clientela nacional ou
internacional com denominações inadequadas a atividades sabidamente
pertencentes a outros segmentos que não o ecoturismo. A gama de atividades não
podem ser ditas ecoturísticas, somente sob o argumento de acontecerem em
ambientes naturais (SERRANO, 2001).
Os pontos comuns entre as segmentações podem ser bem melhor
aproveitados para captar turistas, com perfis similares e não iguais, para um mesmo
destino e ou minimizar questões como a sazonalidade das ações. Apesar de existir
diferenças claras entre as segmentações e a informação estar disponível a todos,
não existe um desenvolvimento similar nas várias regiões naturais do Brasil e quiçar
do mundo. Pondera-se então que mais do que informar, é preciso agir sob a luz do
planejamento turístico sustentável em todas as localidades, sendo esta a maior
relação de proximidade entre os segmentos ecoturismo, turismo esportivo e turismo
de aventura.
43
3 METODOLOGIA DA PESQUISA
3.1 Tipologia da Pesquisa
Na presente pesquisa foi adotado o método indutivo associado a uma
pesquisa empírica com enfoque qualitativo e quantitativo. Quanto à natureza
caracteriza-se como uma pesquisa aplicada; já no que concerne aos objetivos
caracteriza-se como exploratória e descritiva.
Referente às estratégias escolhidas, utilizamos a pesquisa bibliográfica
para construção da base teórica referente ao turismo sustentável, planejamento
turístico, turismo esportivo, turismo de eventos esportivos, turismo de aventura e
ecoturismo; além dos assuntos referentes às atividade desenvolvidas nas pororocas
nacionais e internacionais.
Também procedemos a pesquisa documental de escritos, referente às
fontes de informação primárias a serem levantadas junto ao Plano Diretor do
Município de Arari, Plano Maior do Maranhão, Plano de Desenvolvimento Turístico
do Município de Arari. Vídeos e fotos alusivos à temática que envolvem as
atividades vinculadas à pororoca, também foram utilizados, caracterizando-se dessa
forma a pesquisa documental de não escritos.
Tal panorama foi complementado com as pesquisas de levantamento
realizadas em Arari-MA, no período de agosto de 2014 e janeiro a outubro de 2015.
Quanto à temporalidade a pesquisa caracteriza-se como transversal (MARTINS;
THEÓPHILO, 2009).
3.2 Procedimentos de Pesquisa
Procurando caracterizar e orientar os procedimentos de pesquisa, com
visitas in loco, buscamos elementos para a construção dos instrumentos da
pesquisa, com a abordagem qualitativa e quantitativa, que tal estudo necessita.
Sendo, a pesquisa de campo crucial para a construção dos instrumentos, pois,
assim obtivemos informações e percepções dos atores sociais, diretamente e
indiretamente envolvidos no processo das ações turísticas ararienses vinculadas à
Pororoca. Tais instrumentos foram diferenciados a partir do seu público alvo.
44
Permitindo então verificar as possibilidades de desenvolvimento turístico sustentável
arariense.
Visando operacionalizar as etapas exploratória e descritiva do estudo,
utilizamos as técnicas de pesquisa de observação e o questionário (SEVERINO,
2007; APPOLINÁRIO, 2009).
A observação foi realizada para fins de levantamento da infraestrutura
básica e turística do município de Arari, dentre outras utilidades possibilitou obter
constatações e ou ratificar informações documentais. Já com o questionário semi-
estruturado objetivamos captar o entendimento e a compreensão dos atores sociais
referente às questões e situações relacionadas ao fenômeno pororoca e suas
potencialidades na perspectiva do turismo sustentável. Fazendo jus aos 15 anos de
história do surfe na pororoca em Arari completados em 2015.
A maior parte dos questionários foram aplicados pessoalmente e alguns
enviados por meio eletrônico, facilitando o objetivo de mapear a perspectiva nacional
e internacional do fenômeno frente às práticas turísticas (MARTINS; THEÓPHILO, 2009).
Considerando que a população da pesquisa abrange instituições,
organizações, empresas e sujeitos vinculados direta e/ou indiretamente ao
desenvolvimento das atividades relacionadas à pororoca em Arari, a amostragem
será obtida por conveniência e outros critérios não probabilisticos. Dessa forma,
foram escolhidos representantes do Poder Público através da Secretaria de Turismo;
Secretaria de Administração e Finanças; Secretaria de Cultura; Secretaria de
Produção e Abastecimento e Secretaria de Meio Ambiente do município de Arari;
além da iniciativa privada, composta por empreendedores locais do setor de
hospedagem e de alimentos e bebidas; da sociedade civil organizada composta pelo
Sindicato Rural e três representações de pescadores de Arari-MA.
Outros atores sociais que irão compor a população e amostragem são: os
organizadores dos eventos relacionados à pororoca e participantes do curso
denominado “O meu negócio pode ser turismo”, oferecido à comunidade arariense
no ano de 2012.
A análise dos dados se dará sob o paradigma do turismo sustentável.
Com o viés do planejamento turístico possibilitando assim subsídios para o
município de Arari-MA desenvolver as atividades turísticas sustentáveis,
apropriando-se da pororoca do rio Mearim como elemento diferenciado do turismo
para o Polo Turístico Lagos e Campos Floridos.
45
4 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE ARARI-MA
4.1 Contextualização histórico-geográfica de Arari
O nome Arari foi dado à localidade por portugueses vindos do Pará, em
virtude da semelhança com uma região paraense denominada de Arari. A devoção à
Nossa Senhora da Graça também faz parte dessa herança (BEZERRA, 2014).
Outras versões apresentadas sobre a escolha do nome da cidade fazem referência
a: nome de árvore (arariba), sobrenome de família (Arari), nome de um rio na Ilha do
Marajó no Pará, nome de chefe indígena que realizou os primeiros contatos com
homem branco, dentre outras (BATALHA, 2014).
Marques (1970) em seu Dicionário Histórico-Geográfico da Província do
Maranhão, relata que em 1856 Curato de Arari possuía 10.086 habitantes, sendo
313 escravos; quarenta casas de telha e 90 de palha, além de 5 lojas ou quitandas.
Em 1858 Arari foi elevada à categoria de Vila, através da Lei Provincial nº 465 de 24
de maio. Seis anos depois é elevado a município, sendo desmembrada de Vitória do
Mearim. No entanto, somente oitenta anos depois, com o Decreto Lei nº 45, de 29
de março de 1938, Arari adquire foros de cidade (BEZERRA, 2014).
Sucessivas transformações rurais e urbanas ocorreram em virtude da
expansão da cidade e de mudanças geográficas. A pororoca com seu poder de
destruição provoca a erosão das margens do rio Mearim. Tal impacto foi
determinante para novas ocupações territoriais ararienses, sendo conhecido como
fenômeno das terras caídas.
Quanto ao aspecto geográfico, Arari localiza-se ao Norte do Estado, faz
parte da Mesorregião Norte Maranhense – Microrregião Geográfica da Baixada
Maranhense. Limita-se com os seguintes municípios: ao Norte com Anajatuba e
Viana; a Oeste com Cajari e Vitória do Mearim; ao Sul com Conceição do Lago –
Açu e a Leste com Matões do Norte, Miranda do Norte e Anajatuba (IMESC, 2013,
p. 70) (Figura 1). Sua população é de 28.488 habitantes, sendo a urbana de 17.483
(61,4 %) e rural de 11.005 (38,6 %) (IBGE, 2010).
46
Figura 1: Localização do município de Arari
Fonte: Batista (2015)
Quanto ao relevo se caracteriza como plano, sujeito a inundações
periódicas. A sede municipal alcança 15 metros acima do nível do mar (MOREIRA et
al., 2008; BEZERRA, 2014). A vegetação está inserida em uma zona de transição
tendo as formações de campos, matas dos cocais, mata de transição e mangues,
este último encontrado no baixo curso do rio Mearim, incluindo sua foz onde ocorre
com maior força a Pororoca. "Devido ao desenvolvimento da pecuária e da
agricultura mecanizada em território arariense, a mata de transição e os campos
perderam sua cobertura vegetal original em larga escala e incontrolável intensidade"
(BEZERRA, 2014, p. 24).
A geologia arariense é composta por "cobertura sedimentar, formada pelo
acúmulo de detritos (sedimentos) de outras rochas, como areia, argila, calcário etc."
(BEZERRA, 2014, p. 19). Segundo o mesmo autor, em 1960, no subsolo do
povoado Curral da Igreja foi descoberto e canalizada uma reserva de gás natural.
47
4.2 Formação socio-espacial de Arari
Os índios são apresentados como os primeiros habitantes da região, no
entanto, sem precisão das tribos que habitavam o território arariense. Os
portugueses foram fundamentais na formação socio-espacial do Maranhão e de
Arari. Estudos do historiador maranhense Mário Martins Meireles e do historiador
português Jorge Couto, relatam que a descoberta do Brasil teria se dado em 1498,
com o navegador português Duarte Pacheco Pereira, na foz do rio Mearim
(BATALHA, 2014). No entanto,
O primeiro Português a chegar ao Maranhão, segundo a história oficial, foi Diogo Leite, que, saindo de Pernambuco, foi até o rio Gurupi, de onde voltou em 1530. Posteriormente, João de Barros enviou ao Maranhão o capitão Aires da Cunha, que naufragou no Boqueirão. Em seguida, Luís Melo e Silva organizou uma expedição, por ele mesmo comandada, a qual teve o mesmo fim da anterior, também naufragando no Boqueirão (BATALHA, 2014, p. 41).
Tentativas por terra esbarravam em guerras com os indígenas. Somente
após fixarem em áreas costeiras e na ilha partem para a conquista ribeirinha, sendo
a do Mearim uma das primeiras. Assim, a cultura da cana-de-açúcar e da pecuária
passam a ser norteadoras do desenvolvimento.
Apesar das dificuldades, os franceses em fevereiro de 1613, sob o
comando de Daniel de La Touche dirigem-se ao Mearim procurando os índios
Tabajaras. Em 1615 os portugueses se apossam da região e entre 1641 a 1644 os
holandeses dominam.
Todo o acesso por via fluvial tinham que ser calculados, a pororoca e os
ciclos de marés, principais aspectos naturais, que ditavam a ocupação do território
arariense, interferindo diretamente no ciclo das águas do rio "Mearim maior acidente
geográfico e grande fonte de vida do município, outrora de meio de transporte e de
pesca, hoje também de irrigação agrícola e suporte à piscicultura" (IMESC, 2013, p.
69). A pororoca ocasiona outro fenômeno denominado terras caídas, que obriga a
constante mudança da povoação para terras mais altas e firmes. Fato confirmado no
seguinte relato:
48
Com a morte de José da Cunha d´Eça e a acessão de Manoel Parente à patente de capitão-mor da Ribeira do Mearim, em 1747, Joaquim de Melo e Póvoas, visitando a localidade alarmou-se com as frequentes quedas de barreiras do rio Mearim e resolveu transferi-la para terras mais altas, na mesma margem do rio, ficando a vila denominada simplesmente de Sítio
(BEZERRA, 2014, p. 14).
O povoamento arariense dá-se sob influência de 4 etnias: indígena,
portuguesa, negra (aqui principalmente nos séculos XVIII e XIX, como correntes
migratórias) e árabe (sírio-libanesa, no século XX). Com essa miscigenação nasce a
ideia do arariense visto como povo hospitaleiro, tolerante e pacífico. Para Batalha
(2002) “…povo simples, ordeiro, alegre, amigo e hospitaleiro…"(p. 50). Batalha
(2014) relata que as atividades de agricultura, criação de gado e cavalo, plantio de
arroz, pesca, artesanato e vida campestre, tidas em Arari em seu povoamento inicial
são iguais às de outras regiões portuguesas como Ribatejo, Barcelos, etc.
Em 1836, Arari já era uma povoação com 130 casas, 1.073 moradores livres e 13 escravos. A capelania de Nossa Senhora da Graça tinha soberania sobre Arari, Ilhota, Barreiros, Bonfim, Flecheiras, Curral da Igreja, Patarral, Carnaubal, Sítio, Aranha, Tabocal e Vassoural, quase todas essas povoações nas margens do Mearim, a jusante da povoação de Arari (BATALHA, 2014, p. 48).
Atualmente referente aos dados de domicílio o censo do IBGE (2010),
aponta 6935 (89,2 %) ocupados, não ocupados 825 (10,6 %) e 12 (0,2 %) de
domicílios coletivos.
4.3 Polo Turístico Lagos e Campos Floridos e a Área de Proteção Ambiental da
Baixada Maranhense
O município de Arari compõe o Polo Turístico Lagos e Campos Floridos a
partir da elaboração do Plano Maior Maranhão (PMM) 2011-2020, possibilitando a
contemplação entrada do município no planejamento turístico estadual
(MARANHÃO, 2009).
O Polo Turístico Lagos e Campos Floridos é composto por 14 municípios,
assim elencados: São Vicente Ferrer, Matinha, Viana, Penalva, Cajari, Vitória do
Mearim, Pindaré, Santa Inês, Monção, Conceição do Lago-açu, Pedro do Rosário,
São Bento, Lago Verde e Arari. Este polo é considerado estratégico para a
diversificação da oferta turística maranhense a médio prazo por seu potencial de
49
atratividade e pelas questões de acessibilidade (MARANHÃO, 2009). Seus atrativos
principais são os rios e lagos às centenas.
Considerando que nessa Região localiza-se o maior conjunto de bacias lacustres naturais do Nordeste Brasileiro, onde se destacam os lagos: Açú, Verde, Carnaúba, Jatobá, Palmeiral, Santo Antônio, Enseadinha (Mearim-Grajaú), Penalva, Viana, Cajari, Capivari, Formoso (Pindaré), e uma centena de outros lagos e lagoas de importância ecológica (MARANHÃO, 1991).
Torna-se importante ressaltar que o Polo Turístico Lagos e Campos
Floridos e a Área de Proteção Ambiental da Baixada Maranhense (APABM)
praticamente ocupam o mesmo espaço geográfico. A regionalização do turismo no
Maranhão, chega à região da Baixada Maranhense que desde o Decreto 11.900 de
1991, instituiu a região como APA. Diante deste contexto, o Ministro do Turismo,
Vinicius Lages, defendeu:
a necessidade de investimentos estratégicos que aproveitem o potencial turístico brasileiro, especialmente aqueles em que é possível elevar o número de visitantes com investimentos relativamente baixos, como parques nacionais, orlas lacustres e rios (MESSINA, 2015, p. 1).
As considerações contidas no referido decreto sobre a importância e
preocupações com a APABM são as seguintes: incorpora uma complexa interface
de ecossistemas que garante alimento e trabalho às famílias; a avifauna, com o mais
extensivo refúgio às aves migratórias do nordeste brasileiro; recursos pesqueiros;
grande preocupação com a caça e pesca predatória, mortandade de peixes em
lagos e lagoas, além de criação extensiva de bubalinos nos campos naturais sem
regulamentações; considerando ainda seu valor paisagístico, cultural e ecológico
podendo ser subdividida em regiões menores quando interessar para estudo e
pesquisas.
[…] incluindo manguezais, babaçuais, campos abertos e inundáveis, uma série de bacias lacustres em sistema de 'rosário', um conjunto estuarino e lagunar e matas ciliares – todos abrigando rica e complexa fauna e flora aquática e terrestre, com destaque à ictiofauna, à avifauna migratória e permanente e às variedades de espécies da flora local e regional considerados alguns daqueles ecossistemas como Reservas Biológicas, de acordo com o que preceitua a Resolução CONAMA Nº 004, de 18 de setembro de 1985.
A APABM que no ano 2000 foi designada Sítio Ramsar, possui área com
1. 775.035,6 hectares de extensão e localiza-se na Amazônia Legal Maranhense; na
50
zona de transição entre os biomas Amazônia e Cerrado, com influência dos
ambientes costeiros e marinhos.
Bezerra (2006) investigou a Baixada Maranhense, especificamente os
municípios de Viana, Penalva e Cajari, sob a perspectiva do turismo sustentável.
Concluiu que apesar da riqueza natural, os dados socioeconômicos da região estão
entre os piores do Maranhão: a infraestrutura básica precária, sem rede de esgoto e
coleta de lixo irregular e com destinação imprópria; já a infraestrutura turística é
suficiente quantitativamente em virtude da baixa demanda, deixando a desejar na
qualidade dos equipamentos e serviços.
4.4 O Mearim, a pororoca e os navegantes
O rio Mearim possui três subdivisões: Alto Mearim com 236 quilômetros
de extensão, Médio Mearim com 388 quilômetros e Baixo Mearim com 257
quilômetros. A área navegável do rio Mearim é de 700 quilômetros, com
concentração predominante no Médio e Baixo Mearim. Características como
periodicidade das chuvas, fracos desníveis no perfil longitudinal (em média de 17
cm/Km), estabilidade no volume das águas mesmo durante estiagens, permitem que
sua lâmina d´agua tenha média de dois a quatro metros de profundidade. Este
conjunto de aspectos naturais contribuem para a formação da pororoca (BEZERRA,
2014; BATALHA, 2002).
A cidade de Arari se inseria entre os três principais pontos de baldeação,
ocorrendo nesses lugares passagens de bagagens, mercadorias e passageiros de
uma embarcação para outra do Rio Mearim. Os demais portos eram o das Gabarras
e Laje do Lourenço Maciel (BATALHA, 2002). No povoado Curral da Igreja,
localizava-se um dos vários portos de Arari, a navegação percorria um bom caminho
até chegar em Arari.
51
Embarcava-se em São Luís, em ´canoas grandes, armadas à redonda que ordinariamente eram de 40 a 60 toneladas, dobrando a ponta do Bonfim, passando pelo Boqueirão, costeando a ilha de São Luís até a ilha de Tauá Redondo`. Seguia outra baía chamada Anajatuba […] Depois Malhadinha […] para então penetrar no Mearim propriamente dito. Subindo este rio, logo após a confluência com o Pindaré, chegava-se à Curva da Mucura, depois vinham Curral da Igreja, onde havia um comandante parcial; Sítio Velho, Bonfim, Barreiros e Arari, que nesse ano contava com 22 casas e duas capelas […] (BATALHA, 2002, p. 17-18).
Os navegadores do rio Mearim, antes importante via fluvial, para evitar
avarias ou naufrágios tinham estratégia para lidar com a pororoca. O relato de
Antonio Bernardino Pereira do Lago, engenheiro português que serviu à Capitania
do Maranhão durante 3 anos, é datado de 1820 e “fala das esperas, que eram os
afundeadores onde as canoas se protegiam do violento e rápido peso da pororoca e
também de lugarejos e dos igarapés que confluíam para o Mearim” (BATALHA,
2002, p.17).
Em dois de março de 1865, a embarcação batizada de Beija-flor
conduzida por Mr. João Etchegoien Portal, maquinista de reconhecida competência:
[…] partiu de São Luís, passando por Arari, rumo a seu destino, em sua embarcação de 70 palmos de comprimento, 18 de boca e dois e meio de calado, movido por uma máquina de 20 cavalos […] Logo de saída, já no rio Mearim, o vapor encalhou sobre um banco de areia, expondo-se aos embates da pororoca e danificando umas de suas rodas. Mesmo assim, navegou do Arari à Lajem Grande, onde foi vistoriado com o reparo da peça danificada, dando continuidade em sua viagem até Barra do Corda (BATALHA, 2002, p. 22).
Dentre vários naufrágios ocorridos nessas águas, Batalha (2002, p. 47) ao
referir-se à década de 1990 relata que “uma lancha pesqueira pertencente a
Ronaldo Fernandes Martins encerrou a trágica série desses desastres, tragada pela
fúria da maré de pororoca, próximo a foz do rio Pindaré, emborcou e desapareceu
espetacularmente”.
Outros perigos aos quais estavam sujeitos os navegadores do rio Mearim
eram: a escuridão da noite, os temporais e trovoadas, os bancos de areia, os
banzeiros da maré, bravas ondas da Baía de São Marcos, corredeiras da Lajem do
Curral e do Curral da Igreja.
52
Para a melhoria de sua navegabilidade muito contribuíram o governador Francisco Bibiano de Castro através da lei baixada em agosto de 1837 e o coronel Luís Alves de Lima e Silva (Duque de Caxias), então presidente da província, que reconhecendo a necessidade de navegação fluvial, encaminhou à Assembléia, em julho de 1840, pedido de lei oferecendo proveitosa recompensa à empresa que se organizasse nesse sentido. Domingos da Silva Porto foi o primeiro a se oferecer, mas fracassou; em seguida vieram Leite & Irmão e João Pedro dos Santos (BATALHA, 2002, p. 19).
A intensificação da navegação no Mearim, ocorre aliado à agropecuária, à
cana-de-açucar e diversos engenhos. Essas condições levaram Arari a ser a vila
portuária de maior importância por anos, ocorrendo a ascenção através do
enriquecimento econômico (BATALHA, 2002). Os imigrantes portugueses, na
primeira década do século XIX e os libaneses no século XX foram atraídos pela
navegação fluvial, comércio e por se tratar de terras férteis.
A navegabilidade do rio Mearim inicia seu processo de decadência após a
construção das estradas Estaduais, MA - 122 e 247; e Federais, BR - 316, 135, 226
e 222; no Maranhão (BATALHA, 2002). Com o acesso rodoviário, na década de
1960, migram nordestinos e pessoas de outras regiões do Maranhão. Arari atraiu
grandes investimentos, dentre os quais indústria algodoeira, no entanto foram
abandonados em decorrência da Segunda Guerra Mundial.
53
5 A POROROCA
5.1 A ocorrência mundial da pororoca, a sua utilização esportiva/recreativa e
os impactos negativos sobre o fenômeno
Um conjunto de características é necessário para a manifestação da
pororoca, dentre os quais: a foz do rio ter uma forma plana, convergente e a
amplitude de maré ultrapassar 6 a 9 m (CHANSON, 2015). Sua existência em vários
países, também denominada de furos de maré apresenta de forma geral o mesmo
princípio de formação.
Os melhores furos de maré historicamente documentados são provavelmente os do rio Sena (França) e rio Qiantang (China). O mascaret do rio Sena foi documentado pela primeira vez durante os séculos 7 e 9 dC, e nos escritos de 11 a 16 séculos. Ele ficou conhecido localmente como "la Barre". O furo do rio Qiantang, também chamado de furo Hangzhou, foi mencionado no início, durante o 7 º e 2 º séculos aC, e foi descrito em escritos do século 8. O furo foi então conhecido como "The Old Faithful" porque manteve o tempo melhor do que relógios. A pororoca no rio Indus poderia ter dizimado a frota de Alexandre, o Grande. Outra pororoca famosa é a "pororoca" do rio Amazonas observado por PINZON e La Condamine, nos séculos 16 e 18, respectivamente. O Hoogly (ou Hooghly) furo no Gange foi documentada em relatórios de envio do século 19 (CHANSON, 2015, p. 1, tradução nossa).
Quanto à sua definição: Lynch (1982) e Chanson (2001 e 2011) relatam
que a pororoca é um impulso positivo, que apresenta basicamente uma série de
ondas de propagação a montante e à medida que a onda avança para o interior,
impulsionada pela maré, o fluxo do rio é revertido.
As condições para a formação da pororoca passam pela amplitude de
maré sendo superior a 4 a 6 metros e pelo direcionamento dos grandes volumes das
águas de maré para a foz estreita dos rios, geralmente em forma de funil
(CHANSON, 2011).
A onda de maré, como tal, é […] um aumento anormal ou incursão de água ao longo da costa. Estes podem ser atribuídos a uma variedade de fatores, tais como vento terral, tempestades ou uma combinação de ventos e marés vivas. No entanto, o termo é muitas vezes confundido com o flagelo dos filmes antigos e civilização moderna igualmente, o tsunami (GEDNEY, 1983, p. 1, tradução nossa).
54
As terminologias utilizadas pelo mundo para o que no Brasil conhecemos
como pororoca são diversas, seguem algumas delas: Aegir, Tidal Bore, Severn
Bore, Seven Ghosts (Inglaterra); Barre, Flot, Barre de Flot (França); Bahu, Baan/Joar
(Índia); Benak (Malásia); Eagre, Bono (Sumatra, Indonésia); Burro/Barra (México/
Colorado); Silver Dragon, Black Dragon, Guanchão (China); Ibua Ibua (Papua Nova
Guiné); Kepala Arus (Indonésia, Papua Ocidental); Montant, Masquaret, Mascaret
(França); Macareu (Brasil, Guiné Bisal e Moçambique); Refoul (Canadá) (COLAS,
2014; SOBRINHO, 2013, CHANSON, 2011, LAUS, 2006).
Os estudos sobre esse fenômeno fluviomarítimo estão sendo
desenvolvidos em áreas como a oceanografia (SANTOS, 2005), engenharia
(CHANSON, 2011), turismo (NASCIMENTO, 2007), além de publicações de cunho
esportivo, vinculados às modalidades de esporte com prancha (COLAS, 2014;
SOBRINHO, 2013; LAUS, 2006).
Estima-se que mais de 400 estuários em todo o mundo sejam afetados por uma Pororoca, em todos os continentes com exceção da Antártica […] As Pororocas têm um impacto significativo no sistema ambiental e ecológico da foz do rio. Estudos recentes demonstraram, em particular, o impacto significativo de pequenas Pororocas […] Surpreendentemente, a pororoca continua a ser um tema de pesquisa desafio para os teóricos, e muitas características hidrodinâmicas permanecem inexplicados (CHANSON, 2011, p. 1, tradução nossa).
A pororoca que ocorre na Inglaterra no rio Severn, é denominada Severn
Bore. Sua ocorrência se dá de dez em dez anos, atinge velocidade de até 20 km/h.
A manifestação do fenômeno fluviomarítimo inglês ocorre duas vezes por dia, ao
meio dia e à meia noite, durante quatro dias consecultivos. Atrai surfistas do mundo
todo (SURFANDO…, 2010). Outros rios ingleses também manifestam o fenômeno,
entre eles Severu, Trent, Tamisa e Hughly.
De acordo com a fonte The Star Online (2015), na Malásia no estado de
Sarawak, no distrito de Sri Aman (Cidade da Paz), ocorre o fenômeno da pororoca,
mas precisamente no rio Batang Lupar. A denominação local ao fenômeno é Benak,
sendo o principal atrativo turístico da cidade. No entanto, a prática turística que
tenha a Benak como atrativo, encontra dificuldades. Uma delas é o perigo para a
prática de esportes aquáticos, pois estas águas estuarinas são infestadas de
crocodilos.
55
A pororoca aqui, ou "Benak", poderia ser um grande atrativo turístico em que poderia ser conhecido como um esporte radical fantástico. Até agora, apenas um homem se atreveu a assumir o desafio na luta contra o Benak. Ele é francês Antony Colas, um surfista de maré hardcore e autor do Guia do Mundo Stormrider, um guia sobre os melhores novos locais de surfe Worlwide (THE STAR ONLINE, 2010, p. 1, tradução nossa). Colas ficou exausto, mas em êxtase com as manobras que ele fez, e talvez um pouco perplexo com a acolhida que recebeu: 'As pessoas locais foram montando o Benak em canoas por quase um século', disse ele.' Graças à internet, eles sabiam que as pessoas surfam os furos em diferentes partes do mundo. E eles estavam realmente à espera de alguém para vir e seu furo.' (ACTION ASIA, 2010, p. 1, tradução nossa)
Segundo relato de Antony Colas, que foi contratado para promoção de
pacotes especiais de surfe aos turistas no Pesta (significa Festival) Benak: a Malásia
apresenta outros dois pontos de ocorrência da Benak; a Benak apresenta boas
condições de surfe, estando entre as melhores do mundo; não são tão destrutivas e
poderosas quanto às do Brasil e da China; as dificuldades referentes à segurança
quanto à prática esportiva podem ser superadas com a utilização de barcos salva
vidas e canoas pick up.
Sobre o Festival Benak, Antony Colas, relata ser semelhante ao do Brasil
e Canadá. Na Malásia tem duração em torno de cinco dias.
Inaugurado em 2001, o Festival Benak é um dos principais eventos do calendário do turismo de Sarawak e é comemorado junto com esportes aquáticos, shows culturais e exposições de artesanato. A crescente popularidade do evento levou à reserva total dos hotéis. A pororoca geralmente ocorre nos dias 3 e 18 do calendário lunar chinês. Barqueiros e jovens geralmente tentam pegar as ondas gigantescas que açoitam a orla marítima da cidade de Sri Aman. Este fenômeno é conhecido por ocorrer em 66 locais em todo o mundo, três deles na Malásia, incluindo Sri Aman. O Comitê Organizador do Pesta Benak, através de Zaidi Sarkawi, relata estarem em andamento planos para melhoria da infraestrutura turística de Sri Aman. Isso pode incluir uma proposta de hotel de três estrelas e uma passarela ao longo Kampung Hulu e Hilir. O festival também conta com uma corrida em que os barcos navegam na pororoca e espera atrair 5.000 turistas para Sri Aman. Zaidi relata que Sri Aman possui 11 hotéis oferecendo 183 quartos. Pacotes homestay também estão disponíveis. Os turistas que não conseguirem quartos de hotel podem hospedar-se em malocas Iban próximas ou em aldeias malaio que fazem parte dos pacotes de homestay, disse ele (THE STAR ON LINE, 2010, p. 1, tradução nossa).
No cenário chinês em um intervalo de quatro anos, de 2009 a 2012,
passou-se de um torneio de exibição para o primeiro campeonato mundial de surfe
profissional disputado em rio. Em setembro do ano de 2012 surfistas do mundo todo,
inclusive do Brasil representado pela surfista Chloé Calmon, foram até Hangzhou na
China para surfar o Dragão Prateado, como é conhecida a pororoca chinesa. Esta
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se manifesta uma vez por ano, aumentando a ansiedade e expectativas por parte de
moradores do local ou quem visita a cidade especialmente para vê-la no rio
Quintang. A onda pode chegar a 9 metros e é possível surfá-la por duas horas.
A cidade aproveita a ocasião para promover diversos eventos. Mas a atração principal é mesmo a onda, um pouco diferente da conhecida pororoca da Amazônia, no Brasil, que ocorre com o encontro das águas marítimas com as ribeirinhas. Na China, é o formato da Baía de Hangzhou que ajuda a força centrífuga produzida pela rotação da terra a resultar no espetáculo […] Para surfar na pororoca na China, os surfistas precisam de uma equipe. Cada um sai com uma lancha, dois jet-skis e um navio. As manobras devem ser feitas a pelo menos 150 metros das margens. Por enquanto, nenhum atleta local se arriscou (SPORTV, 2015, p. 1).
De um total de dezessete países, apenas cinco concentram 66,6% das
pororocas catalogadas, estando as demais distribuídas pelos outros doze países
(COLAS, 2014). A distribuição do número de pororocas por países é apresentada a
seguir (Quadro 1):
Quadro 1: Pororocas por país
País Total de pororocas % por país Observação
Inglaterra 14 18%
Apenas esses cinco países
concentram 66,6% das pororocas
mundiais.
França 13 16,6%
Canadá 10 12,8%
Brasil 10 12,8%
China 05 6,4%
Austrália 05 6,4%
33,4% das pororocas estão
distribuídas pelos demais 12 países.
Indonésia 04 5,1%
Malásia 03 3,8%
Bangladesh 02 2,6%
Guiné Bissau 01 1,3%
Índia 02 2,6%
México 01 1,3%
Moçambique 01 1,3%
Myanmar 01 1,3%
Papua Nova
Guiné
02 2,6%
Rússia 01 1,3%
Estados Unidos 02 2,6%
17 78 100%
Fonte: Colas (2014)
57
As setenta e oito pororocas mundiais apresentadas por Colas (2014), na
obra "Mascaret l'onde lunaire", são classificadas de acordo com a intensidade.
Quanto maior a intensidade, melhor para a prática esportiva nas ondas
fluviomarítimas (Quadro 2).
Quadro 2: Intensidade das pororocas mundiais
Classificação
intensidade
Total de
pororocas
% por
intensidade
Países
Giga 05 6% Brasil, Indonésia, Malásia e China
Maxi 12 16% Brasil, Índia, Indonésia, França, Inglaterra,
Canadá e Estados Unidos
Média 16 21% Brasil, Guiné Bissau, Indonésia, Papua Nova
Guiné, França, Inglaterra, Malásia, China e
Canadá
Mini 27 35% Malásia, Moçambique, Myanmar, Papua Nova
Guiné, França, Inglaterra, China, Canadá e
Estados Unidos
Micro 18 22% Brasil, Austrália, Bangladeche, Canadá, Índia,
México, Rússia e França
Fonte: Colas (2014)
As pororocas classificadas como mini e micro podem ser especialmente
destinadas aos moradores que vivem na área, pessoas que passam por ali e até
mesmo aos turistas. As pororocas com classificação giga representam apenas 6%,
maxi 16%, médias 21%, mini 35%, micro 22%. São 78 pororocas mapeadas em 78
diferentes rios pelo mundo em todos os continentes, com exceção da Antártida
(COLAS, 2014).
Dos 78 rios onde as pororocas ocorrem, cerca de 42% interessam aos
surfistas de pororoca, denominados de Masca Riders, pelo fato das características
das ondas proporcionarem energia suficiente para ser surfada, indo de giga a
médias pororocas. Outras modalidades esportivas por terem a propulsão humana
envolvida na atividade auxiliando no deslizar sobre as ondas se adaptam a todas as
intensidades de pororocas, alguns exemplos são: o stand up paddle e caiaque
(COLAS, 2014).
As pororocas classificadas como giga, um total de 5, são encontradas na
Indonésia, Malásia, China e Brasil, este último com duas pororocas a do rio Araguari
58
no Amapá e a do Canal Perigoso no Pará. As 12 pororocas com classificação maxi
são encontradas na Índia, Indonésia, França, Inglaterra, Canadá, Estados Unidos e
Brasil, este último nos rios Capim e Guamá no Pará e rios Pindaré e Mearim no
Maranhão. E outros nove países possuem pororocas com classificação média e
mini; e por fim oito com pororocas micro completam a classificação (COLAS, 2014).
Em 1988 dez pororocas foram classificadas como as top mundiais. Em
2014 outra classificação foi apresentada, dessa vez com vinte pororocas tops
mundiais. Nesse intervalo de vinte e seis anos vários países tiveram suas pororocas
"descobertas e desbravadas", incluindo nesses desbravamentos ações com o viés
esportivo recreativo e ou competitivo, que contribuiram para a popularização em
vários países (Quadro 3).
Quadro 3: As principais pororocas em 1988 e 2014
Tabela 1 - 1988 Tabela 2 - 2014
Ordem Rios Países Países Rios Ordem
01 Qiantang China China Qiantang 01
02 Amazonas Brasil Brasil Araguari 02
03 Seina França Indonésia Sungai Kampar 03
04 Petitcodiac Canadá Malásia Batang Lupar 04
05 Severn Inglaterra Brasil Canal Perigoso 05
06 Dordogne França Brasil Mearim/Pindaré 06
07 Shubenacadie Canadá Inglaterra Severn 07
08 Turnagain Arm Estados
Unidos
França Dordogne/Garonne 08
09 Salmon Canadá Estados Unidos Turnagain Arm 09
10 Hooghly Índia Canadá Petitcodiac 10
Indonésia Sungai Digul 11
Brasil Capim/Guama 12
Índia Hooghly 13
Canadá Shubenacadie 14
Indonésia Odammun 15
França Sélune,Couesnon 16
Indonésia Rokan 17
Papua Nova
Guiné
Fly 18
Malásia Batang Sadong 19
Inglaterra Trent 20
Fonte: Colas (2014)
59
Alguns pontos em comum das classificações mesmo separadas por vinte
e seis anos de intervalo são: a pororoca chinesa denominada Guanchão do rio
Qiantang como a melhor e o Brasil permanecendo em segundo no ranking, apenas
com a mudança do rio, do Amazonas para o Aragauri, e do estado, do Amazonas
para o Amapá. As diferenças marcantes nesse intervalo temporal foram: a queda
das pororocas francesas na classificação, a diversidade de novos países com
ocorrência do fenômeno fluviomarítimo e a presença do Brasil no ranking com quatro
pororocas brasileiras entre as top 20, sendo três pororocas entre as seis melhores.
O mapa dos principais furos apresenta a pororoca brasileira, as do Sudeste Asiático (China, Indonésia, Malásia), o Oeste da Europa (Inglaterra, França), e finalmente a América do Norte do Norte (Canadá e Alasca). A África continua claramente atrás, mesmo que o Geba (Guiné Bissau) e Pungue (Moçambique) podessem revelar boas surpresas. No 6º continente, ou seja, a Antártida o fenômeno é inexistente, de certa maneira: por possui poucos rios e marés (COLAS, 2014, p.24, tradução nossa).
Os impactos dos furos de maré sobre os hábitos da fauna são
reconhecidos mundialmente. Cousteau e Richards (apud CHANSON, 2015) relatam
que no rio Amazonas as piranhas se alimentam da matéria em suspensão após a
passagem da pororoca; no Alasca águias pescam logo atrás da pororoca e animais
que tentam vencer a pororoca são capturados pela sua força, observação feita por
Molchan e Douthit (apud CHANSON, 2015). Na Austrália tubarões e crocodilos
foram vistos se alimentando no rio Daly, após a passagem da pororoca.
Pelo mundo as constantes mudanças naturais e antrópicas interferem no
frágil processo da pororoca, que necessita de condições especiais para se
manifestar, dentre as quais: a amplitude de maré e a forma da boca do rio, além do
formato do leito dos rios. Uma pequena mudança nas condições e limites de fluxo do
rio pode afetar negativamente a existência do fenômeno fluviomarítimo. Dragagens,
represamentos, terremotos, são fatores de grande influência sobre esse fenômeno
natural (CHANSON, 2011). São vários os exemplos de pororocas que foram extintas
e ou enfraquecidas após sofrer essas interferências:
60
Dragagem e alterações no formato do rio renderam o desaparecimento de vários furos de maré: o mascaret do rio Sena (França) não existe mais, o furo do rio Colorado (México) é drasticamente menor. Embora o tráfego fluvial ganhe em segurança, em cada caso, a ecologia das zonas estuarinas foi prejudicada. Os furos das marés dos rios Couesnon (França) e Petitcodiac (Canadá) quase desapareceram após a construção de uma barragem a montante. Eventos naturais também podem afetar a pororoca. Durante o terremoto de 1964 Alaska (magnitude 8,5), o braço de entrada em Turnagain e Knik diminuiu 2,4m. Também na Turnagain e Knik nos braços de entradas, fortes ventos (opostos à maré enchente) foram visto à fortalecer o furo. Por outro lado, a construção da barragem do rio Ord (Austrália) induziu o assoreamento da foz do rio e o surgimento de um furo. O furo desapareceu após seguintes grandes fluxos de enchentes em 2000 e 2001, que vasculharam o leito do rio (CHANSON, 2015, p. 1, tradução nossa).
No rio Petitcodiac, no Canadá, em virtude do grande volume de água
tratada e despejada em seu leito, surfar a pororoca só foi viável após a Comissão de
Esgoto de Moncton reduzir os níveis de vazão para o rio (GREEN, 2013).
A caracterização das pororocas no mundo representam muito mais do
que as atividades desenvolvidas a partir da sua utilização humana, em especial as
ações turísticas esportivas. Esses fenômenos mundiais são importantes para o
equilíbrio dos ecossistemas estuarinos e para formação da cultura ribeirinha envolta
ao respeito à natureza e ou urbana, já que ocorrem também dentro de metrópoles.
Essas características reunidas, propiciam a sua utilização para além da simples
ação ou sensação de domínio sobre a natureza. Passando a ser vista como vital
para a sustentabilidade, gerando ações planejadas e bem geridas, em vários ramos,
inclusive o turístico.
As pororocas no mundo são identificadas , estudadas, outras apresentam-
se em processo de enfraquecimento e há muitas ainda a serem descobertas. A
seguir são apresentadas um resumo de pororocas já catalogadas, porém algumas
delas sem informações detalhadas (Quadro 4).
61 Quadro 4: Pororocas no mundo
Nº PAÍS DENOMINAÇÃO CARACTERÍSTICAS RIOS
01 Brasil Pororoca, Macaréu
Início em 1997 no Amapá, as pororocas maranhenses foram as desbravadas em 2001.
Mearim, Pindaré, Capim, Guama, Sucuriju, Moju, Guajara, Canal Perigoso, Araguari, São Francisco e Tramandaí
02 Inglaterra Severn Bore, Tidal bore, Seven Ghosts ou Aegir
Foi nas águas do maior rio inglês (Severn) que começou a prática do surfe na pororoca, há mais de 50 anos.
Dee, Mersey, Ribble, lune, Kent/Morecambe Bay, Eden, Esk, Nith/Solway Firth; Parrett, Wye, Avon, Trent, Welland, Ouse, Great Ouse, Severn, Tamisa
03 Malásia Benak
É uma pororoca que já foi desbravada por surfistas franceses e brasileiros, mas ainda é pouco conhecida. Ocorre no distrito de Sri Aman. Assim como no Brasil existe festival.
Batang Lupar, Batang Sadong e Batang Saribas/Sarawak
04 Indonésia Bono ou Kepala
Arus
É considerada a pororoca mais perfeita do planeta.
Pakar, Digul, Odammun, Kampar, Rokan
05 China Silver Dragon,
Black Dragon ou Guanchão
Conhecida como pororoca urbana por passar dentro da metrópole de Hangzhou. Anteriormente também denominada "The old Faithful".
Iang-Tsé, Qiantang, Ao Jiang, Jiao Jiang, Feiyun Jiang, Chanjiang
06 Estados Unidos
Furo de Maré Onda com fácil acesso para a população, águas congelantes
Turnagain Arm/Alaska e Knik Arm
07 França Mascaret É conhecida como mascaret e já é surfada há 42 anos. Localmente segundo CHANSON conhecida como "la Barre"
Garonne, Dordogne, Isle, Couesnon, Sée, Sélune, Canche, Baie de Somme, Baie des Veys, Havre de Regnéville, Le Frémur Ouest, Orne, L'Aguénon, Siene, Gironda, Charante e Sena.
08 Bangladeche Macaréu Sem informações Meghna e Ganges
09 Índia Hoogly ou Hooghly Sem informações Ganges, Hugli, Narmada e Mahi
62
10 Paquistão Pororoca A área delta é Indus considerada uma das regiões ecológicas mais importantes do planeta
Indus
11 Canadá Refoul Sem informações Petitcodiac, Shubenacadie, Salmon, Herbert, St-Croix, Kennetcook, Avon, Hébert, Maccan
12 Austrália Sem denominação Sem informações Prince Regent, Ord, Daly, Victoria, Styx
13 Moçambique Macaréu Sem informações Pungue
14 México Furo de maré Sem informações Colorado
15 Guiné Bisal Macaréu Sem informações Geba River
16 Rússia Sem denominação Sem informações Penzinskaya
17 Papua Nova Guiné
Ibua Ibua Sem informações Bamu River e Fly Bore
18 Myanmar Sem denominação Sem informações Sittang
Fonte: Autor (2015)
63
5.2 A ocorrência nacional da pororoca, a sua utilização esportiva/recreativa e
os impactos negativos sobre o fenômeno
A ocorrência da pororoca está em constante mutação, podendo ocorrer
com maior ou menor tamanho, ou até mesmo desaparecer por fatores naturais e ou
antrópicos. Santos et al.(2005) em suas análises constatou o grande poder de
remobilização, deposição e erosão de camadas sedimentares ocasionados pela
pororoca no estuário do rio Araguari no Amapá, constatando que a taxa de
sedimentação seria de 5 cm/ano. Lynch (apud SANTOS, et al., 2005) relata o
comportamento solitário da pororoca, e a necessidade para sua formação de
macromarés, morfologia e declive suave do fundo do estuário e ventos interferindo
no seu tamanho.
A existência de uma pororoca é baseada em um equilíbrio hidrodinâmico frágil entre a faixa de fluxo das marés, das condições de escoamento do rio de água doce e da batimetria do canal. Algumas considerações teóricas simples mostram que esse equilíbrio pode ser muito facilmente perturbado por mudanças nas condições de contorno e influxo de água doce (CHANSON, 2011, p. 1, tradução nossa).
O Brasil é, sem dúvida, um dos países de maior diversidade ecológica e
de paisagens naturais do mundo. Sua localização geográfica, suas dimensões,
diferentes climas, e estrutura física contribuem para a existência, em seu interior, de
um patrimônio natural único. Esse patrimônio se refere aos ecossistemas, biomas,
paisagens, conjunto de plantas, de animais e de recursos genéticos. Essa riqueza é
a base de nossa existência e um legado a ser entregue às próximas gerações, que
podem ter acesso à educação ambiental, para explorar os recursos naturais com
responsabilidade de estar inserido dentro de um processo sustentável (ZANIRATO,
2010).
No caso da Amazônia, o seu principal rio, segundo Colas (2014):
64
[…] possui o curso muito plano, apenas 20m de desnível vertical nos últimos 1500 km antes da boca, é um caso único. Medições de salinidade mostram que a salinidade da água do mar normal de estuário é alcançado a apenas 200 km da costa brasileira e o Araguari é o único lugar no mundo onde a formação da pororoca sob influência da maré é iniciada na costa e não no estuário. As pororocas foram medidas com largura de 30 km e as maiores ondas quebrando foram estimadas em 3 a 4m. No Brasil, a pororoca combina no feminino, que vem do dialeto tupi, a palavra poroc poroc significa <grande estrondo>. Entre o oeste do Rio Araguari e leste do rio Mearim há quase 800 quilômetros e dezenas de rios: nem todos são susceptíveis de pororoca (p. 178, tradução nossa).
Nesse contexto amazônico, a existência do fenômeno fluviomarítimo
pororoca em terras brasileiras foi descrita por Giovanni Angelo Brunelli em 1767,
astrônomo bolonhês, que participava da Comissão demarcadora de limites das
possessões portuguesas e espanholas na América do Sul. Após um período de 8
anos vivendo e convivendo na região amazônica, entre 1753 e 1761, Brunelli
publicou três trabalhos sobre suas experiências. O primeiro datado de 1767, recebeu
o título “De Pororoca”, foi publicado em latim na revista da Academia de Ciências do
Instituto de Bolonha. “Esse texto de Brunelli pode ser considerado uma das
primeiras tentativas de explicar cientificamente o ‘grandioso’ e ‘admirável’ fenômeno
físico que ocorre em toda a região da foz do Amazonas e do Tocantins”
(PAPEVERO et al., 2010, p. 494).
Segundo os escritos de Brunelli (PAPEVERO et al., 2010), a explicação
para a ocorrência da pororoca do rio Guamá, estaria vinculada à “canais
subterrâneos que ligariam o fundo do oceano ao leito, por onde fluiria e refluiria a
água, em grandes quantidades e com imensa força provocada pela lei da gravidade
e pela atração da Lua e do Sol.” O mesmo não acreditava nas crenças da época e já
relatava a maior força do mar sobre o rio como causador da pororoca.
Observemos trechos da Carta de Brunelli endereçadas a Eustachio
Zanotti, onde são apresentadas deduções de sua impressão sobre o fenômeno:
65
É por isso que resolvi, de forma breve, porém cuidadosa, como puder, expor-te uma coisa grandiosa em primeiro lugar e admirável, sobre cujo fenômeno gostaria de ouvir de ti, que superas em inteligência e cultura até os filósofos de nossa terra, [...] Pois então conhece agora o que ninguém, e por isso com maior prazer, encarregou-se, até aqui, que eu saiba, de tratar. Há uma cidade na América do Sul chamada Pará [Belém], ao lado de um rio, que dista um grau e quase meio ao sul do Equador; e do oceano […] com inúmeras ilhas, das quais uma, que os índios chamam Marajó [...] Entre aqueles menores rios […] há um que se chama Guamá […] Aí, como acontece com outros rios que estão mais perto do oceano, diariamente acontecem duas cheias e duas vazantes do mar, quando a Lua não está longe da sizígia. No seguinte, no outro e no terceiro dia após a Lua nova ou Lua cheia, quando as maiores de todas as ondas chegam longe […] de repente uma força enorme e um volume de águas exuberante irrompe tão rapidamente que, num tempo curtíssimo, se elevam todas […] Os índios chamam esse súbito e violento ímpeto das águas de ‘pororoca’ […] Na verdade, chamam ilha da ‘pororoca’ a ilha onde a pororoca começa. Em resumo, um horrendo fragor começa a ser ouvido, quando três a três, ou quatro a quatro, as ondas brancas em espuma se precipitam com todo o ímpeto daquela ilha, abatendo-se sobre elas mesmas, e, lançadas para o alto e a toda volta, inundam amplamente os campos, num enorme espaço. Então, arrebatam consigo, com grande força, troncos de árvores, cadáveres de animais, canoas, enormes pedras e tudo o que encontram no meio do caminho […] até que, pouco a pouco, perdidas as forças, volta finalmente ao repouso e desvanece completamente, quando as águas já atingem a maior altura (BRUNELLI apud PAPEVERO et al., 2010, p. 513-514).
Apesar de ignorar as explicações baseadas na tradição oral dos
habitantes locais, na carta Brunelli admite para Zanotti suas dúvidas e inquietações,
solicitando ajuda para explicar cientificamente o fenômeno, sua conclusão de que
existe um canal oculto que origina a pororoca é cercada de incertezas levantadas
por ele mesmo no trecho final de seus escritos.
Sobrinho (2013) relata que Walter Junior, amapaense, participou da
expedição de Jacques Cousteau à Amazônia no ano de 1982 e “fez imagens
impressionantes da pororoca e também o making-off daquela viagem. A mesma que
[…] apresentou ao mundo o boto cor-de-rosa” (p. 25). O resultado foi o documentário
denominado "O espetáculo das Águas".
Na região amazônica a pororoca ocorre nos seguintes rios:
Araguari, Sucuriju, Canal Perigoso de Marajó, Capim e Guama, Mearim e Pindaré. Durante a estação das chuvas, entre janeiro e maio, os picos são observados durante as luas cheias e novas, sabendo que setembro e outubro também pode fornecer energia suficiente se a estação não foi muito seca (COLAS, 2014, p. 179, tradução nossa).
A pororoca manifesta-se envolvida sob uma atmosfera favorável ao
turismo, na região Amazônica, patrimônio natural mundial. Sobrinho (2013) a define
66
como “um encontro pouco cordial entre águas oceânicas e águas fluviais”. Macedo
(2001) descreve como “avalanche de aspecto cataclísmico, como formidável rolo
líquido, invadem o leito dos rios para montante, pondo a flutuar instantaneamente
tudo que se achava encalhado nas coroas de areia”. Laus (2006) detalha o
fenômeno da seguinte forma:
[…] Ela ocorre nas mudanças de fases da lua, principalmente na época dos equinócios (fevereiro a maio, agosto e setembro), com maior intensidade nos períodos de maré viva ou de sizígia, ou seja, lua cheia e lua nova. O fenômeno começa devido ao encontro das águas do rio e do mar, quebrando o ciclo comum de seis horas de maré vazante e seis horas de maré enchente. Toda água do rio, que vaza em direção ao oceano, fica retida e represada pela água salgada, já que não se misturam devido a densidades diferentes. Quando a maré quebra o ciclo de vazantes, ela começa a encher e, quando as águas vindas do oceano alcançam a desembocadura de um rio, formam-se elevações que chegam a ter quilômetros de comprimento, que se movem rio acima com velocidades de 20 a 50 km/h (LAUS, 2006, p. 12-13).
Em território brasileiro o fenômeno fluviomarítimo, pororoca, transformou-
se num sucesso, através da organização de campeonatos estaduais, nacionais em
formato de circuito e até internacionais. Atraindo milhares de pessoas do Brasil e do
mundo para conhecer, prestigiar, surfar, navegar, e observar de perto a pororoca e
as atividades nela desenvolvidas pelos esportistas (COLAS, 2014; SOBRINHO,
2013, LAUS, 2006).
Uma das dificuldades para expansão das ações no Brasil está
diretamente associada aos seguintes fatores: a violências das águas na ocorrência
do fenômeno e a condição de acessibilidade na região amazônica, que possui
poucos pontos de observação da pororoca para os turistas. Para Colas (2014) as
pororocas brasileiras proporcionam menor dramaticidade do que a pororoca chinesa.
Lembrando que a pororoca chinesa passa dentro de uma metrópole e pode ser
observada facilmente com todas as atividades nela desenvolvidas.
A velocidade e distância em quilômetros a partir da foz, que as pororocas
percorrem rio adentro são diversas:
Em tempos de estiagem, a propagação chega até […] 1000 km rio acima. A velocidade de propagação dessas ondas é 44 km/h […] Na maré alta, devido à maior velocidade de fluxo, a velocidade de propagação das ondas diminui e é amortizado […] Portanto, ela se propaga ao longo de Santarém, 768 quilômetros da boca (COLAS, 2014, p. 179, tradução nossa).
67
Nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, o fenômeno fluviomarítimo,
ocorre nos estados do Pará, Amapá e Maranhão (LAUS, 2006; SOBRINHO, 2013).
Há registro do fenômeno nos estados do Rio Grande do Sul (POROROCA…, 2009)
e em Alagoas (POROROCA…, 2009). A seguir são apresentados detalhes sobre os
locais de ocorrência da Pororoca no Brasil:
Quadro 5: Locais de ocorrência da pororoca no Brasil
REGIÃO ESTADO CIDADE
POPULAÇÃO ESTIMADA(IBGE,
2014) RIOS
Norte Amapá Cutias 5.291
Araguari (extinta), Gurijubá, Maiacaré e nova pororoca no rio Livramento
Norte Pará São Domingos
do Capim 30.701 Capim, Guamá, Moju
Norte Pará Ilha do Marajó Amazonas
Nordeste Maranhão Arari 29.096 Mearim e Pindaré
Nordeste Alagoas Piaçabuçu 17.203 São Francisco
Sul Rio Grande do Sul
Tramandaí 45.744 Tramandaí
Fonte: Autor (2015)
Os exemplos do quadro 5 são apenas os de algumas das pororocas
descobertas, já que existe na verdade uma constante busca por outras pororocas no
Brasil. A do rio livramento no Amapá é a mais recente pororoca desbravada com a
prática esportiva. Alguns participantes dessas buscas se denominam caçadores de
pororoca. A pororoca também é denominada macaréu em algumas localidades
amazônicas. E ocorrem no em regiões isoladas ou em áreas urbanas.
As pororocas brasileiras mapeadas por Colas (2014), um total de 10, são
apresentadas com seus respectivos índices de qualidade para as práticas esportivas
e ou para simples deleite de moradores, turistas ou curiosos em ver o fenômeno
fluviomarítimo nacional (Quadro 6).
68
Quadro 6: Intensidade das pororocas nacionais
País Rio Índice Observação Legenda
Brasil Araguari GIGA Extinta GIGA - pororocas com as melhores
condições para a prática esportiva Brasil Canal Perigoso GIGA
Brasil Capim MAXI MAXI - pororocas com condições para a
prática esportiva Brasil Guama MAXI
Brasil Mearim MAXI Enfraquecendo MID - pororocas com condições medianas
para a prática esportiva Brasil Pindaré MAXI
Brasil Sucuriju MID MINI - pororocas com condições limitadas
para a prática esportiva Brasil Guajara MICRO
Brasil Moju MICRO MICRO - pororocas sem condições para a
prática esportiva Brasil São Francisco MICRO
Fonte: Colas (2014)
Não é por acaso que eventos de surfe nas pororocas brasileiras, inclusive
os femininos, são realidade, com premiação em dinheiro e fórmula de disputa bem
definidas (SOBRINHO, 2013; EREIRO, 2013; LAUS, 2006). As pororocas nacionais
estão entre as melhores do mundo em qualidade e quantidade. Dos cinco índices
utilizados por Colas (2014) para classificar as pororocas quanto à intensidade, o
Brasil apresenta quatro, exceção feita ao índice denominado mini. Importante
ressaltar que as pororocas do rio Livramento no Amapá e do rio Tramadaí no Rio
Grande do Sul não constam na tabela acima, ou seja, temos 12 pororocas.
Das dez pororocas brasileiras listadas, sete possuem qualidade para a
prática de esportes que não necessitam de propulsão humana para permanência na
onda, caso das pororocas do rio: Araguari, Canal Perigoso, Capim, Guama, Mearim,
Pindaré e Sucuriju. Os outros 30% também podem receber a prática esportiva,
preferencialmente as que utilizam propulsão humana como caiaque, stand up,
dentre outras, são elas: a pororoca dos rios Guajará, Moju e São Francisco.
Destaque para as ondas dos rios Araguari e Canal Perigoso com
classificação giga; seguidas pelas pororocas dos rios Capim, Guama, Mearim e
Pindaré classificadas como maxi e por fim a pororoca do rio Sucuriju no Amapá
completa a lista, sendo classificada como média (COLAS, 2014).
Somente cinco pororocas no mundo possuem classificação giga, duas já
citadas estão no Brasil, uma delas é a do rio Araguari que infelizmente foi extinta. As
outras três pororocas gigas pertencem à Indonésia, Malásia e China; e ocorrem nos
rios Kampar, Batang Lupar e Qiantang, respectivamente.
69
Segundo Laus perdemos o Hawaí das pororocas, caindo no Ranking do
Instituto Pororoca (IPO) do primeiro para o terceiro lugar mundial, dividindo esta
posição com a pororoca do Alaska, e estando a China e Indonésia em primeiro e
segundo lugar respectivamente. As maiores alturas da pororoca, tendem a ser
manifestadas na desembocadura do Amazonas chegando a alcançar 7 m, fato não
constatado nas pesquisas de campo de Santos (et al.,2005).
No cenário nacional referente à temporada de pororocas, no comparativo
do ano de 2014, "…as melhores condições ficaram no Maranhão, porém com a
diminuição da força em relação à última década" (ABBUD, 2014, p. 1).
No caso do Brasil há, inclusive, perspectivas de internacionalização dos
eventos esportivos praticados na pororoca, dado o interesse da mídia mundial, como
explica Sobrinho (2013):
O Circuito Brasileiro de Surf na Pororoca, com etapas no Amapá, Pará e Maranhão, não é mais apenas uma divertida trip. Envolve dezenas de profissionais, mobiliza autoridades e instituições de segurança, exige uma logística gigantesca e chama a atenção do mundo todo. O surf na pororoca já foi exibido, ao vivo pela TV estatal chinesa CCTV, para mais de 1 bilhão de pessoas, movimenta a economia de cidades ribeirinhas, é estudado em teses de mestrado e ganhou o respeito das maiores feras do esportes radicais em todo o Planeta. Já se planeja, inclusive, um Circuito Internacional de Surf na Pororoca, com final no Brasil (p. 25).
Quanto às condições para o surfe, as pororocas brasileiras não deixam a
desejar frente às pororocas mundiais. Marcelo Bibita convidado à desbravar,
surfando, uma nova pororoca no Amapá não esconde a expectativa:
Para o experiente caçador de pororocas, Marcelo Bibita, o isolamento do local e os perigos naturais serão os maiores desafios que todos os envolvidos na competição enfrentarão. 'Estaremos adentrando uma região da Amazônia conhecida por ser lar de muitos jacarés e isso é mais um fator que nos preocupa. As expectativas são as melhores, mas não dá pra esconder o frio na barriga pelo desconhecido', declarou Bibita (NORONHA, 2014, p. 1).
Percebe-se que a forma de minimizar tais dificuldades é conseguir o
ponto de equilíbrio entre o aparato de segurança e know how adquiridos pelos
organizadores nas suas expedições de desbravamento e mapeamento das antigas e
novas pororocas. Os recursos humanos / profissionais necessários para a realização
dessas ações são: pilotos de lancha, surfistas, juízes, fotógrafos, câmeras, pilotos de
jetski, membros dos poderes militares, amparados por recursos materiais adequados
70
à segurança das atividades. Tornando as ações especialmente ligadas ao turismo
esportivo, turismo de eventos esportivos e turismo de aventura, dependentes de
grandes orçamentos para viabilizar as ações praticadas nas pororocas nacionais.
Serginho Laus (2014), surfista conhecedor das pororocas brasileiras, em
especial a do Amapá, alertou sobre os impactos negativos causados ao fenômeno
fluviomarítimo e à população ribeirinha, tais como o: assoreamento por alterações
geográficas na região, desencadeado pela criação de búfalos e pelo represamento
da água pela Hidroelétrica de Ferreira Gomes. Como consequencia ocorre a perda
de volume e força da correnteza do rio, maior salinização da água, além do risco de
extinção do arquipélago de Bailiqui. A vida dos ribeirinhos amapaenses foi
completamente modificada, tendo como ponto de partida o rio Araguari como via de
transporte, fonte de alimento e de água primordiais para a sobrevivência de uma
comunidade.
Sobre a temática Siqueira (2011) relata ter havido questionamentos por
parte dos presentes às audiências para o debate sobre emprego, inchaço
populacional, licenciamentos e demais assuntos referentes à construção da
Hidroelétrica Ferreira Gomes. Com destaque para a ausência, no Estudo de Impacto
Ambiental e no Relatório de Impacto do Meio Ambiente, de áreas de influência
indireta como: "a foz do Rio Araguari, onde se situa o município de Cutias, e a
Reserva Biológica do Lago do Piratuba, evitando, assim, a identificação de possíveis
influências no fenômeno ecológico da pororoca" (SIQUEIRA, 2011, p. 179). Os
princípios da precaução e prevenção são destacados pois:
No caso específico do Amapá, é evidente a importância da geração de energia para o seu desenvolvimento socioeconômico, porém a possibilidade da UHE Ferreira Gomes servir apenas aos interesses do setor energético nacional, deixando para o Amapá apenas os ônus do empreendimento, é plausível, se levado em consideração o histórico de licenciamentos de atividades de mineração nesse ente federativo (SIQUEIRA, 2011, p. 179).
Para Sergio Laus é a situação mais crítica dos últimos 13 anos
enfrentados na pororoca do rio Araguari.
71
'O rio está assoreado, e em alguns pontos podemos atravessá-lo com a água pelo joelho. No verão esses pontos secarão por completo. Para se ter uma ideia, as balsas que fazem o transporte de animais já não conseguem navegar”, disse Laus. Os búfalos abriram caminho próximo à Reserva do Lago Piratuba, que se transformou em um gigantesco igarapé, fazendo com que a água salgada do oceano invadisse o rio, provocando a insalubridade da água. Sem força de vazão, o rio, que recebeu toneladas de sedimentos com a entrada da pororoca, não tem força para movimentar o volume de sedimentos para fora, provocando o assoreamento, e consequente baixa da maré. “É difícil falar isso, mas é a verdade. No segundo semestre nós poderemos não ver mais a pororoca. Para exemplificar isso, antes as ondas atingiam até 4 metros de altura. Nessa última medição a onda não chegou a 1 metro”, observou. “Existem medidas que podem regular esse desequilíbrio naquele ecossistema. Mas é preciso que todos se unam para traçar um plano e colocá-lo em execução o mais rápido possível”, concluiu (REDAÇÃO WAVES,2014, p. 1).
O caso do rio Araguari, no estado do Amapá, é o mais emblemático após
o surgimento das atividades e eventos vinculados aos esportes com pranchas nas
pororocas brasileiras, onde simplesmente a pororoca perdeu força no período
chuvoso e o rio Araguari secou completamente na foz em tempos de estiagem
(Figura 2). Fato que causou a extinção da pororoca do rio Araguari (DESTAQUE…,
2015).
Figura 2: Trecho do rio Araguari próximo à foz antes e depois
Fonte: Serginho Laus (2014)
Intervenções antrópicas e, também, naturais são a tônica dessa
convivência secular com o rio Mearim. Através da escavação, a mando do
Governador e Capitão Geral Rui Vaz de Siqueira, uma das grandes curvas do rio
genuinamente maranhense deixou de existir. Tal fato ocorreu na divisa dos
72
municípios de Arari e Vitória do Mearim, essa modificação ficou conhecida como
Três Bocas, foi concluída entre 1662 a 1667 e deu origem à ilha da Moçona.
Processos naturais, incluindo a própria força da pororoca, modificam a morfologia
dos rios, seu percurso, causam erosão, assoreamento, destroem e ajudam no
surgimento de ilhas. No século XX a volta do Furo localizada entre Arari e Viana foi
extinta por influências naturais na década de 1940; e a volta da Mucura, no
município de Arari, teve mesmo destino nos anos de 1960 (BATALHA, 2002).
Figura 3: Força natural da pororoca no rio Araguari (AP)
Fonte: Serginho Laus
Pelos fatos apresentados torna-se imprescindível os atores sociais
envolvidos com o planejamento turístico multiprofissional, se apropriarem do
fenômeno uma vez que é passível de extinção, potencializando perspectivas de
benefícios à toda uma comunidade, a partir da gestão das atividades e intervenções
necessárias para manutenção do equilíbrio natural como condição de manifestação
do fenômeno pororoca.
Trata-se de um atrativo turístico natural singular, não somente para os
brasileiros. Sua ocorrência é fundamental para a sustentabilidade dos ecossistemas
de toda a região da Baixada Maranhense, garantindo a sobrevivência de suas
comunidades, principalmente as ribeirinhas. Uma vez inserido no contexto do
planejamento turístico sustentável poderá conduzir a ganhos sociais, econômicos,
culturais e ecológicos ambientais nessa região.
73
5.3 Características da pororoca para a prática de esportes
A pororoca como onda formada a partir do confronto entre as águas
fluviais e oceânicas, apresenta características particulares para a prática de
esportes, particularmente os que envolvem utilização de pranchas. Algumas das
características são apresentadas a seguir, para melhor entendimento dos surfistas e
demais esportistas ou interessados em conhecer melhor o fenômeno.
Esse fenômeno fluviomarítimo difere das ondas oceânicas em muitos
pontos. O tamanho da pororoca pode chegar a quilômetros de uma margem a outra
do rio e sua altura podem ser a mais diversa, as maiores com 6 a 7 m (SOBRINHO,
2013; LAUS, 2006). Já as ondas oceânicas podem chegar a dezenas de metros e
são denominadas ondas gigantes no meio do surfe.
Figura 4: Maior pororoca já registrada no Brasil, rio Araguari
Fonte: Denis Sarmanho
O tempo de duração da pororoca é muito superior ao das ondas
oceânicas que duram apenas alguns segundos, enquanto a pororoca pode ir de
segundos a horas rio adentro (COLAS, 2014; SOBRINHO, 2013; LAUS, 2006).
No trajeto rio adentro a pororoca pode desaparecer e reaparecer adiante,
tal fato ocorre de acordo com a morfologia do rio (profundidade, largura, leito),
dentre outros fatores (SOBRINHO, 2013; LAUS, 2006). Ao contrário, as ondas
oceânicas aparecem e desaparecem, sendo sucedidas por outra onda.
Os locais onde a pororoca se manifesta, rio adentro por quilômetros, são
denominados pelos surfistas de bancadas. Essa particularidade proporciona aos
esportistas com aparato logístico suficiente, surfar a pororoca em um ou em vários
74
locais do rio. Porém, para se chegar a cada local, requer um deslocamento com o
auxílio de jetski ou lancha e caso o rio seja sinuoso, esse deslocamento poderá ser
realizado de carro para chegar a outro ponto de manifestação da pororoca. Essa
última opção é viável no município de Arari, pela sinuosidade do rio Mearim,
associada à existência de estrada próxima à margem com cerca de 10km de
extensão (SOBRINHO, 2013; LAUS, 2006), como demonstrado a seguir (Figura 5).
Figura 5: Ilustração do percurso entre a sede de Arari e o povoado Curral da Igreja
Fonte: Batista (2015)
Os organizadores dos eventos fazem o mapeamento das bancadas,
geralmente, antes de realizar um campeonato. As bancadas são os pontos do rio
onde a pororoca aparece e ou reaparece em condições de ser surfada com maior
facilidade. Essas bancadas são sujeitas a mudanças de locais, por interferência
natural ou humana. Elas podem localizar-se nas margens ou no meio do rio. O
objetivo principal do mapeamento é proporcionar o maior controle possível das
condições de segurança e desempenho técnico dos esportistas para o sucesso do
campeonato.
Após surfar a pororoca no pico conhecido como o Curral da Igreja no
município de Arari (Figuras 6 e 7), George Noronha descreve algumas diferenças
entre a pororoca e as ondas oceânicas:
75
Mas, na pororoca é totalmente diferente. Primeiro não dá pra estudar a onda, pois, ela só passa uma vez. A movimentação antes do surf também é algo único. A galera chega cedinho, até aí tudo normal. Mas, praticamente, essa é a única semelhança. Daí em diante, ou você vai remando em direção à pororoca, seguindo o fluxo natural do rio, que deságua no mar, ou utiliza um barco, conhecido como voadeira e sai à caça das várias bancadas que formam as ondas. Se você não tem barco, precisa escolher muito bem o lugar exato onde vai entrar na onda, pois, apenas o conhecimento prévio vai garantir que você se posicione no local exato. Mas, se você tem o privilégio de surfar a pororoca e caçar as bancadas em uma voadeira, ou em um Jet Sky, como foi o caso da nossa equipe, aí sim, você terá uma experiência fantástica e mesmo que perca a onda em uma ou duas bancadas, terá outras oportunidades de surfar a onda mais longa do mundo (NORONHA, 2011, p. 1).
Figura 6: Surfista na pororoca de Arari
Fonte: Natinho Rodrigues (2011)
Figura 7: Surfista na estrada de acesso ao povoado Curral da Igreja em Arari
Fonte: Natinho Rodrigues (2011)
Outra diferença crucial entre a pororoca e a onda oceânica, para o
desempenho esportivo é que a pororoca possui duas correntes duelando em
direções opostas, a fluvial e a oceânica. Já a onda oceânica possui somente uma
76
corrente. A pororoca é formada com a maior força da corrente oceânica que invade
a foz do rio e chega até a reverter o fluxo da corrente fluvial.
Seguindo com as diferenças, ao entrar na pororoca o esportista deverá
procurar a espuma, local onde a onda está quebrando, para se manter na pororoca
o maior tempo possível. Caso contrário, terá que remar muito contra a corrente
fluvial para permanecer na onda, se desgastando fisicamente ou perdendo a chance
de surfar a onda (ver Figura 6). Já nas ondas oceânicas, o esportista para conseguir
realizar suas ações técnicas com qualidade deve entrar na onda fora da espuma,
onde ela ainda não quebrou.
A pororoca é formada em áreas estuarinas, consideradas berços
ecológicos, portanto possui muitos sedimentos e matéria orgânica, o que lhe dar um
aspecto barrento. Dessa forma, a densidade das águas da pororoca é maior que a
densidade da água nas ondas oceânicas. Galhos, folhas, mururu (vegetação típica
dos lagos e rios da região), detritos, quedas de barreiras e árvores são perigos
presentes ao surfar a pororoca (ver figura 6). Portanto, a prática esportiva nesse
fenômeno difere bastante das práticas esportivas em ondas oceânicas e exige
conhecimento técnico específico para a segurança de todos os envolvidos na
atividade.
77
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES
6.1 Considerações metodológicas preliminares
Os procedimentos metodológicos aplicados no presente estudo, foram a
análise documental e bibliográfica, além da aplicação de questionários
semiestruturados aos atores sociais vinculados às atividades que envolvem a
pororoca como atrativo turístico. Os questionários foram aplicados no período de
maio a outubro de 2015 nos municípios de Arari e São Luís. Os participantes foram
esclarecidos sobre a natureza e as intenções da pesquisa, concordando em
participar da mesma. Alguns questionários direcionados aos organizadores dos
eventos foram enviados e recebidos via endereço eletrônico, em virtude de alguns
não residirem em Arari e nem em São Luís.
O aspecto quantitativo da pesquisa é contemplado, através de
informações agrupadas em quadros, tabelas e, por vezes, inseridas no texto para
melhor compreensão. Estes são seguidos das análises dos resultados e estão
organizados quanto ao aspecto qualitativo na seguinte sequência: apresentação do
atrativo pororoca associado às segmentações turísticas no Brasil e no mundo;
caracterização do potencial turístico arariense, passando por aspectos
infraestruturais básicos e turísticos, além dos seus recursos naturais e culturais; e
por fim, o turismo arariense vinculado à pororoca a partir das opiniões dos vários
atores sociais envolvidos nas ações, sendo seus componentes membros: do Poder
Público, da iniciativa privada, Sociedade Civil Organizada, todos dos município de
Arari; além dos organizadores dos eventos com experiência em pororocas nacionais
e internacionais e dos participantes do curso "O meu negócio pode ser turismo".
6.2 O atrativo pororoca para o turismo no mundo
Em âmbito mundial foi possível constatar que, nos países que possuem a
manifestação do fenômeno da pororoca com condições favoráveis para a prática do
surfe e outros esportes com prancha, há a existência do turismo e ou tentativas de
organizá-lo (COLAS, 2014; SOBRINHO, 2013; GREEN, 2013; LAUS, 2006).
78
Surfista de pororoca desde 1998, o francês Antony Colas, apresenta-se
com o know how adquirido surfando a Mascaret na França, a pororoca do rio Mearim
(Brasil/Arari), a Refoul no Canadá e a Bono na Indonésia (GREEN, 2013).
Já a realização de festivais, se dá em países como o Brasil com o Festival
da Pororoca; Malásia com o Festival Benak; Canadá, França e Indonésia, com
similaridades entre os seus festivais (SOBRINHO, 2013; GREEN, 2013). O Festival
da Indonésia dura cerca de cinco dias, sendo que Antony Colas após surfar a Bono,
pororoca da Indonésia, virou celebridade na localidade de Sri Amann.
Apesar da existência da pororoca em vários países, nem todos
desenvolvem atividades direcionadas às segmentações turísticas. É o caso de
países como: Rússia, Bangladeche, Pasquistão, México, Austrália, Moçambique,
Guiné Bisal, Papua Nova Guiné e Myanmar, onde não encontramos registros de
pororocas desbravadas com o esporte ou outras atividades. No Brasil, Inglaterra,
Malásia, Indonésia, China, Estados Unidos, França, Índia e Canadá foi possível
identificar o turismo esportivo (TE), ou seja, o movimento de turistas com interesse
esportivo para essas localidades de forma independente ou com a organização de
encontros. O turismo de eventos esportivos (TEE) foi identificado no Brasil e na
China, caracterizado pela organização de competições esportivas com atletas
profissionais. Os segmentos ecoturismo (ECO) e turismo de aventura (TA) foram
identificados somente no Brasil. O ECO no Amapá e o TA no Amapá, Pará e
Maranhão, sob a denominação de expedições (COLAS, 2014; SOBRINHO, 2013;
GREEN, 2013; LAUS, 2006).
A identificação dos segmentos turísticos foi possível a partir das
publicações específicas do tema surfe e esportes na pororoca. Importante ressaltar
que as vinculações identificadas das atividades desenvolvidas na pororoca, fazem
referência direta às entidades esportiva como a Associação Brasileira de Surf na
Pororoca (ABRASPO), as Associações Maranhese, Paraense e Amapaense de Surf
na Pororoca e Instituto Pororoca (IPO); na França foi identificada a Associação do
Mascaret (COLAS, 2014; SOBRINHO, 2013; LAUS, 2006). As entidades ligadas ao
turismo não atuam no viés da padronização dessas terminologias.
A terminologia esporte radical é comumente utilizada para identificar as
atividades esportivas desenvolvidas na pororoca (SOBRINHO, 2013; LAUS, 2006).
Por este termo fugir do âmbito turístico, buscamos a partir de leituras aprofundadas
sobre as características dos segmentos do TE, TEE, ECO e TA (MTur, 2011;
79
GOIDANICH e MOLETTA, 1998; PIRES, 2002), aproxima-los as descrições sobre as
atividades desenvolvidas no fenômeno fluviomarítimo. Tal interpretação permitiu a
construção dos panoramas apresentados a seguir (Quadro 7 e 8).
Quadro 7: Segmentos turísticos associados à pororoca no mundo
Nº País Denominação Rios TE TEE ECO TA
01 Brasil Pororoca ou Macaréu
Mearim, Pindaré, Guamá, Moju, Capim, Amazonas, Araguari (extinta), Gurijubá, Maiacaré e novo local rio Livramento
X X X
x
X
02 Inglaterra Severn Bore, Tidal Bore ou Seven Ghosts
Severu, Trent, Severn, Tamisa e Hughly
X
03 Malásia Benak Batang Lupar X
04 Indonésia Bono ou Seven Ghosts
Pakar X
05 China Silver Dragon, Black Dragon
Iang-Tsé, Qiantang X X
06 Estados Unidos/Alasca
Furo de Maré Colorado, Turnagain e Knik Arm
X
07 França Mascaret Garrone, Dordogne, Gironda, Charante e Sena
X
08 Índia Baan, Hoogly ou
Hooghly Ganges X
09 Canadá Refoul Petitcodiac X
10 Bangladeche Macaréu Megma
Países sem segmentações turísticas identificadas
Países sem segmentações turísticas identificadas
Países sem segmentações turísticas identificadas
11 Paquistão Pororoca Indus
12 México Furo de maré Colorado
13 Austrália sem denominação
Daly
14 Moçambique Macaréu Pungue
15 Guiné Bisal Macaréu Geba River
16 Rússia sem denominação
Penzinskaya
17 Papua Nova Guiné
Ibua Ibua Bamu River e Fly Bore
18 Myanmar sem denominação
Sittang
Legenda: Turismo esportivo (TE); Turismo de Eventos Esportivos (TEE); Ecoturismo (ECO); Turismo de Aventura (TA).
Fonte: Autor (2015)
80
Todas as atividades turísticas desenvolvidas nas pororocas mundiais
germinam ligadas ao TE, a maioria permanecendo somente com esse segmento
turístico. Trata-se da descoberta da onda como propícia para a prática esportiva,
tendo como consequência o fluxo de esportistas até a localidade. Através do TE
comprova-se ou não a qualidade da pororoca para a prática esportiva, em especial
os que utilizam prancha (surfe, bodyboard, stand up, etc). Uma vez comprovada a
qualidade da pororoca descoberta, a tendência é o surgimento do segmento TEE.
Porém, o número de países executores dessa segmentação é ínfima, com
identificação somente da China e do Brasil. A grande logística operacional
necessária na maioria das pororocas mundiais, aliada ao cenário de poucos países
que apresentam pororocas com intensidade suficiente para a prática esportiva
(Quadro 2), pode justicar a escassez do TEE. Já o ECO e o TA não foram
identificados como segmentações turísticas desenvolvidas nas pororocas mundiais,
com exceção do Brasil.
Especificamente no Canadá, na cidade de Moncton, as autoridades locais
pregaram cautela aos turistas. Principalmente após J.J. Wessels e Colin Whitbread,
no ano de 2013, terem surfado uma pororoca percorrendo 30 km, o que multiplicou
em muito a repercussão da cidade, localizada na costa sudeste do Canadá.
As notícias iniciais louvaram as realizações dos surfistas e falaram dos esforços da cidade para trabalhar com os surfistas, a fim de utilizar a pororoca para fins de turismo. Embora, teoricamente, devido a grande atenção que a façanha recorde recebeu, juntamente com a tendência dos surfistas espalharem a novidade sobre um novo pico rapidamente, fez com que os funcionários da prefeitura de Moncton emitissem declarações de cautela. 'Ainda não é um rio de lazer totalmente acessível. Tem o potencial para se tornar um. É por isso que estamos tão entusiasmados com o que aconteceu na semana passada', afirmou o diretor municipal de Turismo e Cultura, Ben Champoux. 'Nós incentivamos as pessoas a serem muito, muito, muito cuidadosas sobre como acessar o rio. Nós incentivamos as pessoas agora a vir ver o rio, ver a pororoca'. Existem vários perigos de se surfar uma pororoca, como correntes irregulares, rochas perigosas e água suja. Os californianos só foram capazes de surfar o Petitcodiac depois que a Comissão de Esgoto de Moncton confirmar que iria reduzir a quantidade de água tratada despejada no rio (GREEN, 2013, p. 1, tradução nossa).
O risco de atrair surfistas do mundo todo para a localidade e ainda
atrapalhar a diversão dos outros, pode ser uma das consequencias do espírito de
descoberta e novidade dos surfistas, pois "Moncton está brincando com fogo quando
eles convidam a comunidade do surf para a cidade. Podemos ser um bando
barulhento, sempre pronto para um bom divertimento" (GREEN, 2013, p. 1).
81
Figura 8: Pororoca do rio Petitcodiac no Canadá
Fonte: Marvin Green (2013)
No panorama mundial não são apresentados relatos de campeonatos de surf,
bodyboard, stand up e ou outra modalidade na maior parte dos países. Antony Colas em
2010, organizou na França um encontro Internacional entre surfistas do Brasil, China,
França, Indonésia, Reino Unido e Malásia. Sobre o encontro Noélio, Sobrinho em
entrevista relata:
Nós surfamos a pororoca aqui no Brasil há 13 anos, mas a prática do surf neste fenômeno já existe desde a década de 50 no Reino Unido e na França', diz Noélio Sobrinho, presidente da ABRASPO. 'Ao observar isto, vi que estamos no caminho certo para colaborar com o desenvolvimento dos municípios que possuem o fenômeno da pororoca, em especial aqueles nos quais realizamos eventos da ABRASPO, trazendo, assim como testemunhei na Europa, durante o Festival Mascaret, melhorias na infra-estrutura das cidades, no turismo e consequentemente o desenvolvimento do lugar, além de promovermos o surf seguro através da experiência de nossa equipe de especialistas no fenômeno (BIBITA, 2010, p. 1).
Figura 9: Surfistas de vários países na Mascaret, França
Fonte: Marcelo Bibita (2010)
82
Através da visualização de centenas de fotos e vídeos; disponibilizadas
em bibliografias e sites especializados, foi possível identificar um conjunto de seis
modalidades sendo praticadas nas pororocas pelo mundo: surfe, bodyboard, stand
up, longboard, wakeboard e caiaque. Atividades ribeirinhas também se fazem
presentes embarcados em canoas com ou sem remo ou com motor, tendo um ou
dois tripulantes, além de atividades com equipamentos similares a jetskis na
Malásia, no Pesta Benak ou Festival Benak (COLAS, 2014; SOBRINHO, 2013;
LAUS, 2006).
6.3 O atrativo pororoca para o turismo no Brasil
Em âmbito nacional foi possível constatar através de literatura específica
(SOBRINHO, 2013; LAUS, 2006) que nos três estados; Amapá, Maranhão e Pará
ocorre a manifestação do fenômeno com condições favoráveis para a prática do
surfe e outros esportes com ou sem prancha, havendo a existência dos segmentos,
turismo de eventos esportivos (TEE) e turismo esportivo (TE), obtendo-se maior
destaque o TEE direcionado para os atletas das mais diversas modalidades,
desenvolvidas principalmente no formato de competições.
Figura 10 : Bodyboard na pororoca do rio Mearim em Arari
Fonte: Raimundo Paccó (2013)
Com relação às segmentações turísticas envolvendo o fenômeno
fluviomarítimo, pororoca, no Brasil, é possível identificar o seguinte panorama
(Quadro 8).
83
Quadro 8: Segmentos turísticos associados à pororoca no Brasil
REGIÃO ESTADO CIDADE TTE
TTEE
EECO
TTA
Norte Amapá Cutias X X X X
Norte Pará São Domingos do Capim X X X
Norte Pará Chaves X X X
Nordeste Maranhão Arari X X X
Legenda: Turismo Esportivo (TE); Turismo de Eventos Esportivos (TEE); Ecoturismo (ECO) e Turismo de Aventura (TA).
Fonte: Autor (2015)
O contexto brasileiro perante as segmentações turísticas vinculadas ao
fenômeno pororoca, apresenta-se como o mais vasto no cenário mundial e com
certeza um dos mais atrativos para os esportista ávidos por surfar em plena
Amazônia. Dos cinco estados brasileiros onde constatamos ocorrer o fenômeno,
Alagoas, Rio Grande do Sul, Amapá, Pará e Maranhão, somente os três últimos
ganham destaque com diversas ações turísticas na pororoca entre os anos de 1997
a 2015 (Apêndice D).
O TE enquanto segmentação, através do surfe, foi o pioneiro nos estados
do Amapá, Pará e Maranhão. Ancorado nas excelentes pororocas formadas no
território amazônico nacional, dessa forma ocorreu o planejamento e execução do
Circuito Brasileiro de Surf na Pororoca com etapas nos estados três estados.
Atividades organizadas pela Associação Brasileira de Surf na Pororoca (ABRASPO),
desenvolvendo dessa forma o segmento do TEE. No que concerne à segmentação
ECO, somente no estado do Amapá foi identificado sua atividade. Quanto ao TA foi
identificado nos três estados sob a denominação de expedição, que servem para
avistar, estudar, praticar esportes ou outras atividades no fenômeno.
Ao compararmos com contexto turístico global referente ao fenômeno
fluviomarítimo, as pororocas nacionais, possuem algumas diferenças quanto às
demais pororocas. No Brasil os pontos de avistamento da pororoca estão envoltos
no contexto amazônico de grandes dimensões, locais de difícil acesso, alguns
extremamente naturais e preservados e com comunidades ribeirinhas distantes das
zonas urbanas ou de metrópoles. Portanto, os locais para os turistas e visitantes
avistarem o fenômeno, às margens dos rios, são quase inexistentes no Brasil. Nos
poucos locais de avistamento a força e as dimensões da onda estão muito menores,
quando comparado com sua manifestação na foz do rio. Consequentemente os
84
turistas não conseguem apreciar todo o poder da pororoca e tão pouco o auge das
ações esportivas na onda. Tal cenário difere drasticamente de algumas pororocas
mundiais que podem ser observadas facilmente, caso da China e da Inglaterra, pois
ocorrem em metrópoles.
A segunda diferença é a ausência de informações, sinalizações nos locais
de ocorrência do fenômeno no Brasil. Em países como Inglaterra e França
identificamos informações básicas sobre datas e horários do fenômeno, disponíveis
às margens dos rios para o turista. Sendo necessárias melhorias infraestruturais
nacionais em ambos os aspectos.
Com relação ao TE, que possui como clientela pessoas dispostas à
prática, envolvimento ou observação da modalidade esportiva, tendo a pororoca
como atrativo turístico se faz indispensável um planejamento que contemple: o
praticante - pelo nível de risco que a atividade envolve, sua habilidade, técnica e
preparo deverá ser considerável, a menos que como conhecedor da localidade, rio,
saiba diferenciar as bancadas por nível de dificuldade; o envolvimento - aqui se
trata da equipe técnica (pilotos de lancha, jet ski, barco, dentre outros) envolvida na
atividade, sendo o número de componentes correspondente ao tamanho da
realização; e o observador - que poderá visualizar a prática esportiva somente em
trechos de dezenas e ou centenas de metros, tendo em vista que as maoires
pororoca acontecem na foz (local distante do observador), avança rio acima, além
de desaparecer em maiores profundidades e reaparecer em locais mais rasos.
Foi possível identificar a oferta de um roteiro de 3 noites, no estado do
Amapá, para avistamento da pororoca. O ofertante, a empresa "Viagens by Del
Bianco", com sede no Rio de Janeiro, classificou o produto como ecoturismo. Tal
rota chega à pororoca passando pelo município de Cutias (Quadro 9):
85
Quadro 9: Roteiro de ecoturismo oferecido na pororoca do Amapá
DIAS ATIVIDADES
1º dia
7h - Embarque com destino ao município de Cutias do Araguari. No trajeto passaremos pela área de preservação da APA da comunidade do Curiaú, com parada para apresentação de grupo folclórico local, Distrito do Abacate da Pedreira, Sr Paulo (entroncamento Itaubal), Distrito Pacuí. (Rodovia AP 70), com parada no Curicaca para visitação de uma casa de farinha e almoço no local;
16h - Chegada ao município de Cutias do Araguari. Parada de uma hora para visitação no município. Com pernoite e jantar;
2º dia
7h - Saída para a Pousada Pororoca do Araguari. Durante o traslado pode-se observar a exuberância da floresta amazônica, passando por várias fazendas de criação de bubalinos e uma breve parada em fazendas locais;
13h - almoço no barco;
15h - check-in na pousada;
16h - saída para apreciação dos dormitórios e a biodiversidade local;
19h - jantar na pousada.
3º dia 7h - Café da manhã, passeios na fazenda com apreciação da natureza,
búfalos, e aguardar a hora para assistir o fenômeno da pororoca; Almoço no restaurante da pousada;
16h - Retorno para Macapá - check-in no hotel;
4º dia 8h30 - city tur por Macapá com almoço em restaurante local. Transfer hotel / aeroporto.
Fonte: Del Bianco Travel Experience (2015)
Outras práticas identificadas no Brasil existentes nos três estados são as
expedições, assim denominadas pelos seus realizadores (LAUS, 2006; SOBRINHO,
2013). Nas expedições os turistas são levados para as áreas de ocorrência da
pororoca com o interesse de avistar, fotografar, estudar o fenômeno, suas
consequências ou outro aspecto. A utilização do termo expedições, para
Swarbrooke (2000e) é prejudicial por ser uma tentativa de desvincular tais ações da
atividade turística. A expedição incorporada ao contexto turístico apresenta
similaridades com turismo de aventura.
Através da visualização de vídeos e centenas de fotos; disponibilizadas
em bibliografias, sites especializados; foi possível identificar as seguintes
modalidades esportivas sendo praticadas nas pororocas nacionais: surfe,
bodyboard, stand up, conaogem, longboard, foilboard (Figura 11) e caiaque.
Algumas atividades esportivas praticadas a reboque através de jet ski ou lancha,
como forma de diversão em momentos sem a ocorrência da pororoca. Atividades
ribeirinhas também se fazem presentes como esperar a pororoca dentro d´água
86
(conhecido como jacaré) ou embarcados em canoas com ou sem remo ou com
motor (SOBRINHO, 2013; LAUS, 2006).
Figura 11: Modalidade esportiva foilboard na pororoca
Fonte: Fábio Paradise
Constatou-se que o turismo vinculado à pororoca na sua dimensão
mundial e nacional difere e se aproxima em muitos pontos. Suas maiores diferenças
estão no tempo de suas descobertas para o esporte e demais atividades humanas
como o lazer. No Brasil tal apropriação ocorreu no fim da década de 1990 e na
Europa nos anos 1960. Outra diferença está nos locais de manisfestação do
fenômeno, indo de grandes metrópoles a áreas selvagens, como a Amazônia
brasileira. Diferem também em itens como: tamanho, velocidade, intensidade, sendo
de forma geral dependentes de condições naturais favoráveis para sua ocorrência
(COLAS, 2014; SOBRINHO, 2013; LAUS, 2006).
Suas principais convergências estão no padrão de formação da onda em
todo o planeta, a foz dos rios como locais de ocorrência nas regiões estuarinas, a
fragilidade do ecossistema que mantém o equilíbrio para manifestação da pororoca,
o respeito ao poder da natureza por parte das comunidades ribeirinhas onde o
fenômeno manifesta-se, a riqueza da fauna e flora dessas regiões, os embates entre
as ondas das pororocas e as embarcações dos navegantes através dos séculos,
causando tragédias e por fim convergem apresentam convergências através de suas
resignificações através do turismo e esporte perante a sociedade (CHANSON, 2015;
COLAS, 2014; CHANSON, 2011; SANTOS, 2005; BATALHA, 2002).
O turismo de eventos esportivos (TEE), até o momento, se tornou sem
dúvida o carro chefe das iniciativas brasileiras, mesmo com as dificuldades
presentes na atividade turística, tais como: a falta de planejamento conjunto ou
negligenciamento do mesmo, a sazonalidade e dificuldades na infraestrutura básica
e turística dos municípios brasileiros onde o fenômeno se manifesta, além dos
87
custos elevados da atividade em virtude dos equipamentos necessários para sua
execução.
Na intenção de potencializar o TEE, foi criado no ano de 2001 o Festival
da Pororoca, evento com maior proporção, que visa diversifica as opções de
entretenimento, lazer para os turistas; e trabalho e renda para os residentes,
sociedade civil organizada e iniciativa privada. O Festival da Pororoca é o evento
principal, dentre as ações desenvolvidas estão shows, artesanato, gastronomia,
exposição de vídeos e fotos, concursos de miss, etc (SOBRINHO, 2013; LAUS,
2006). Para maiores esclarecimentos, é apresentado um panorama geral das ações,
eventos esportivos e festivais realizados nos estados Amapá, Pará e Maranhão,
entre os anos de 1997 a 2015 (Apêndice D).
Swarbrooke (2003) argumenta haver uma dificuldade para classificar as
atividades realizadas na natureza, por estarem envoltas em características muito
subjetivas da experiência do indivíduo como: risco, aventura, medo, mistérios e
desafios. As atividades, principalmente esportivas, desenvolvidas na pororoca
enquadram-se nessa problemática, favorecendo indefinições conceituais perante as
ações realizadas no atrativo turístico e por conseguinte gerando entraves quanto ao
processo de planejamento e gestão turística (SOBRINHO, 2013; LAUS, 2006). Caso
constatado junto aos organizadores dos eventos na pororoca, que classificaram as
atividades como: turismo de aventura, ecoturismo, turismo esportivo, turismo de
eventos esportivos e esporte radical; este último é utilizado nas publicações sobre a
temática pororoca.
O cenário arariense referente às atividades desenvolvidas, que envolvem
o fenômeno fluviomarítimo pororoca, apontam para uma realidade vinculada
estreitamente à pratica esportiva (LAUS, 2006; SOBRINHO, 2013; RIBEIRO, 2014).
Demonstrando uma subutilização frente ao seu potencial de atratividade,
ocasionando a insustentabilidade e em consequência conflitos, divergência de
interesses entre estado, município e a comunidade. Fato já constatado por Souza
(2009) no município de São Domingos do Capim, no Pará, com atividades similares.
As particularidades fazem do fenômeno fluviomarítimo, atrativo turístico
único e singular. Contudo, a simples presença do esporte não é capaz de
contemplar a sustentabilidade necessária nas ações turísticas. Planejar o turismo
nessas localidades para ser sustentável requer a essência da partilha dos benefícios
entre todos os atores sociais nas ações de gestão, em especial aqueles que a
88
séculos são integrantes do território (RODRIGUES, 1997; RODRIGUESb, 1997). No
entanto, mesmo na presença dos conflitos de interesses, ações bem planejadas e
geridas podem resultar no desenvolvimento do turismo sustentável para esses
países, cidades e ou regiões.
6.4 Caracterização do potencial turístico de Arari-MA
6.4.1 Localização e infraestrutura básica
O municipio de Arari dista cerca de 164 km de São Luís, a capital do
estado do Maranhão. As BR – 135 e BR – 222, ligam a região conhecida como
Baixada Maranhense, onde Arari está localizado, à capital maranhense. A distância
ferroviária do município de Arari é de 126 km, partindo da capital São Luís
(BATALHA, 2014). A estação de desembarque localiza-se no povoado Bubasa,
sendo necessário pegar outro transporte por cerca de 30 minutos, van ou carro
lotação, para chegar à sede de Arari.
Apesar de muito utilizados no passado, com o surgimento das formas de
acesso anteriormente citadas, os transportes aéreo e hidroviário entraram em
declínio em Arari. O transporte hidroviário movimentava a economia de Arari com o
escoamento da produção para a capital, São Luís, e outras atividades como:
transporte de pessoas a partir da chegada do vapor São João o Vencedor em 1865,
sendo a 1ª linha marítima entre Arari e a capital maranhense.
Sobre o transporte aéreo a antiga pista de pouso, com construção iniciada
em 1968, encontra-se loteada com residências construídas e famílias já
estabelecidas em suas margens, a rede elétrica também está instalada. A distância
fluvio marítima e aérea é de 138 e 99 km, respectivamente, até a capital São Luís
(BATALHA, 2014; BATALHA, 2002).
A Prefeitura Municipal de Arari, sede oficial do poder executivo, localiza-se na
Avenida Dr. João da Silva Lima, s/n, Centro. O organograma da prefeitura é assim
composto: Secretaria de Administração e Gestão Financeira, Secretaria de Saúde,
Secretaria de Produção e Abastecimento, Secretaria de Assistência Social, Secretaria de
Cultura, Secretaria de Meio Ambiente, Secretaria de Educação, Secretaria de Obras e
Serviços e Secretaria Municipal de Turismo. A estrutura administrativa municipal
dispõe ainda de uma Diretoria de Esportes.
89
O abastecimento de água é de responsabilidade do Serviço Autônomo de
Água e Esgoto (SAAE), inaugurado em 1974. Localiza-se na Travessa SESP, 17,
Bairro Franca. Possui um total de 5.967 ligações de água, encanada ou de poços
artesianos. Segundo o Diretor do SAAE foi inaugurado no final de 2014 o novo
sistema de captação de água com uma Balsa Flutuante que capta água superficial
do rio Mearim, portanto mais limpa, o que facilita o tratamento. A mesma fonte,
informou que o novo sistema possui capacidade de captar por hora até 500m3 de
água. No entanto, opera na mesma capacidade do antigo sistema, que é de
300m3/hora, em virtude da não adequação da rede de distribuição (Figura 12 e 13).
Problemas relacionados à salubridade da água do rio Mearim e contaminação do
lençol freático são identificados em Arari.
Figura 12: Antigo e novo sistema de captação de água - balsa flutuante
Fonte: Pesquisa de campo (2015)
Figura 13: Balsa flutuante - novo sistema de captação de água
Fonte: Pesquisa de campo (2015)
90
No que concerne à rede de esgoto municipal, a mesma é insatisfatória.
Restando aos moradores a utilização de fossas sépticas que, juntamente com o lixo,
constituem sérios problemas sanitários, expondo a população a doenças, além da
contaminação do solo, das águas do lençol freático, entre outros (MOREIRA et al.,
2008). Segundo Batalha (2014), o serviço de esgoto iniciou seu funcionamento em
1994, com melhorias a partir de 1997, ainda insuficientes.
Arari não dispõe de aterro sanitário, nem de coleta seletiva, consequente não
existe reciclagem para os resíduos sólidos. “A coleta de lixo é realizada somente na sede
do município. Os caminhões utilizados para a coleta são inadequados. São basculantes e
carrocerias, que deixam um rastro de lixo por onde passam” (MOREIRA et al., 2008, p.
23). A área onde é depositado o lixo municipal, que fica a céu aberto, dista 2Km da
entrada da cidade, indo sentido São Luís pela BR-222 (Figura 14).
Figura 14: Área de destino do lixo em Arari - Lixão
Fonte: Pesquisa de campo (2015)
Arari dispõe de uma subestação de energia da Companhia Energética do
Maranhão (CEMAR). O fornecimento de energia apresenta carga de voltagem de
220 watts. Até a data de 24 de março de 2015 constava um total de 8.150 ligações
de energia, sendo 2.412 na zona rural e 5.738 na zona urbana (CEMAR, 2015).
No que concerne ao sistema médico/hospitalar, atualmente Arari dispõe
de 12 estabelecimentos de saúde municipais e 1 estabelecimento de saúde privado.
Estando assim distribuídos: de 01 Unidade Mista, 10 Unidades Básicas de Saúde,
01 Posto de Saúde. Completam a lista: 01 policlínica, 02 clínicas odontológicas e 01
Centro de Apoio Psicossocial. O sistema também conta com Coordenadoria de
91
Epidemiologia, Supervisão de Endemias, Policlínica Saúde e Vida com 16 leitos,
Clínica Odontológica Eliezer Filho e Clínica Prazer de Sorrir (SECRETARIA DE
SAÚDE DE ARARI, 2015; BATALHA, 2014).
Arari conta com outros serviços, tais como: Conselho Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente, Conselho Tutelar de Crianças e Adolescentes,
casa lotérica, agência bancária, uma Serventia Extra Judicial do 1º Ofício; uma
Agência Estadual de Pesquisa Agropecuária e de Extensão Rural do Maranhão,
uma Agência Estadual de Defesa Agropecuária, um Convento denominado Casa de
Santa Clara, Matadouro Municipal, Sindicato do Trabalhadores Rurais de Arari e
várias entidades ligadas à pesca.
6.4.2 Infraestrutura turística
O novo terminal rodoviário em Arari, denominado Dr. José Benedito
Prazeres, foi inaugurado em 26 de junho de 2014. Fato que chama a atenção
positivamente, são os grandes banners referentes aos atrativos turísticos "melancia"
e "pororoca" colocados no terminal. No mesmo que dispõe de excelentes instalações
para recepcionar o turista, existe um posto de informações turísticas (Figura 15).
Figura 15: Terminal rodoviário de Arari
Fonte: Panoramio google maps
92
É possível encontrar com facilidade táxis e moto táxis por telefone ou nas proximidades da rodoviária. Ônibus que seguem de São Luís para outros municípios da Baixada Maranhense e até para outros Estados, como Pará, por exemplo, passam diariamente na cidade. Para atender os serviços de transportes, principalmente entre Arari e São Luís, existem serviços de vans e micro ônibus, que também viagens turísticas. Já funciona na cidade uma agência de viagens (RIBEIRO, 2014, p. 46).
Concernente à rede hoteleira, sua capacidade de recepção é de 150
pessoas (RIBEIRO, 2014). Alguns hotéis de Arari são:
Portal do Mearim, com 18 unidades habitacionais; Boa Esperança, com 9; Hotel e Pousada Sousa com 20 apartamentos , a Churrascaria e Hotel Brisa do Mearim que dispõe de seis unidades habitacionais, Pousada do Juca com 12 unidades habitacionais e Pousada da Ribinha com apenas 3 unidades habitacionais, esta última, com funcionamento especial na época do surf na pororoca (RIBEIRO, 2014, p. 45).
Localizados principalmente no centro de Arari estão os sorveterias,
panificadoras, bares, restaurantes, lanchonetes, clubes e espaços para shows.
Porém em quantidade insuficiente para momentos de grande movimentação turística
na cidade. Ribeiro constatou que para os residentes a estrutura de restauração e
limpeza no local de observação do fenômeno são consideradas péssimas e ruins
para 55,5% e 55,6% dos residentes, respectivamente.
Na Feira do Produtor são comercializados produtos diversos: frutas,
verduras, farinha, pescado, refeições. Já no Centro de Abastecimento Domingos
Aprígio Batalha os produtos comercializados são: pescado e carnes variadas. É
comum encontrarmos nesses locais a “bita”, bicicleta que serve para transportar
mercadorias diversas.
Arari carece de espaços destinados especificamente para as atividades
turísticas. Os locais principais de realizações das manifestações ararienses são as
praças, com destaque à Praça da Matriz e do Folclore. Ao tratarmos da
infraestrutura turística direcionada às atividades desenvolvidas a partir do fenômeno
fluviomarítimo pororoca, encontramos somente no povoado Curral da Igreja um
ponto de apoio aos surfistas às margens do rio Mearim (Figura 16).
93
Figura 16: Base de apoio aos surfista no povoado Curral da Igreja às margens do rio Mearim
Fonte: Pesquisa de campo (2015)
Pelo contexto apresentado, a infraestrutura básica e turística municipal
ganha destaque no cenário intencional de regionalização do turismo e por ser nesse
território que ocorrerá ou já ocorre a materialização da atividade através dos
patrimônios naturais e culturais, construídos pelos residentes ou que por eles
ganham significados (MTur, 2011). No caso específico de Arari, os moradores do
povoado Curral da Igreja devem ser os principais beneficiados. Este povoado
funciona como ponto de apoio, de onde os surfistas partem em busca da pororoca
na foz do rio Mearim.
A realidade arariense referente à sua infraestrutura básica é precária em
rede de esgoto; inexistente referente ao aterro sanitário. Por serem obras
direcionadas à comunidade local passam a ser vistas como despesas e não como
investimento (RODRIGUESb, 1997). As consequências são problemas como o risco
de contaminação do lençol freático; dificuldade de abastecimento de água potável
especialmente em épocas de ocorrência da pororoca, causando salinização e
concentração de sedimentos na água do rio Mearim. Chegando a ser realizado
rodízios e ou suspensão no fornecimento de água potável à comunidade
(PESQUISA DE CAMPO, 2015; BATALHA, 2014; BEZERRA, 2014). A infraestrutura
é para os residentes o principal item a ser melhorado segundo Ribeiro (2014).
Em São Domingos do Capim, no Pará, Nascimento (2007) identificou
problemas similares quanto à sustentabilidade das ações turísticas vinculadas à
pororoca do rio Capim e sugeriu estudos sobre o potencial dos lençois freáticos,
tratamento da água, controle dos efluentes, implantação de redes de abastecimento
94
de água e esgotos, cálculo da capacidade de carga turística, melhoria de vias de
acesso, melhoria visual da cidade e na infraestrutura de telecomunicações.
As constatações sobre a infraestrutura turística arariense também não
são positivas. Os hotéis possuem poucas unidades habitacionais, encontramos
poucos restaurantes e nenhum com oferta de comidas típicas de Arari e ou região,
ausência de lojas de souvenir e de espaços apropriados para as atividades
turísticas, corroborando com os achados de Ribeiro (2014). Nascimento (2007)
apresenta boa parte dessas demandas como dificuldades presentes também em
São Domingos do Capim e enfatiza a necessidade de investimentos em construções
sustentáveis perante o ecossistema amazônico.
Já a infraestrutura turística direcionada para a segmentação do turismo
esportivo (TE) ou do turismo de eventos esportivos (TEE), possui o ponto de apoio
aos surfistas em estado precário de conservação no povoado Curral da Igreja
(Figura 16), demonstrando os efeitos prejudiciais da sazonalidade. Entre a sede
municipal e o povoado Curral da Igreja, existe uma estrada que já recebeu melhorias
para facilitar o acesso (Figuras 5 e 7). Porém, necessita de sinalização turística e
pavimentação. De forma geral a infraestrutura turística relacionada às ações na
pororoca inexistem na cidade de Arari. No caso específico do surfe Goidanich e
Moletta (1998), relatam ser necessária uma estrutura composta por: sanitários e
vestiários, sistema de salvamento e ponto de encontro para o grupo trocar
informações e experiências.
O investimento no turismo esportivo requer planejamento criterioso,
escolha excelente do local; que deve ter a vocação, alojamentos e refeições
reforçadas; visualizando o perfil da clientela e a aquisição de equipamentos em
excelente estado para utilização nas atividades (GOIDANICH e MOLETTA, 1998).
Portanto, para Arari receber torneios internacionais, cujo a intenção já é manifesta
por Sobrinho (2013) e por um dos organizadores dos eventos participante da
pesquisa, se faz necessário uma série de investimentos, infraestruturais básicos e
turísticos para tornar a ação um sucesso e garantir benefícios sustentáveis a todos.
Portanto, não basta ter a vocação para a ocorrência de pororocas favoráveis à
prática esportiva (Quadro 6) em território arariense, pois a melhoria através de
investimento na infraestrutura deve acompanhar as ações.
95
6.4.3 Recursos naturais e culturais
Arari-MA possui uma diversidade de atrativos turísticos naturais a serem
conhecidos, tais como: rio, lagos, igarapés, flora e fauna diversa, gastronomia,
formas de expressão e artesanato..
O clima arariense predominante é classificado como tropical quente e
úmido. Decorrente de sua proximidade à Linha do Equador, apenas dois períodos
caracterizam seu clima: o chuvoso e a estiagem. Registram-se temperaturas
mínimas de 22ºC e máximas de 34ºC, com média anual 30ºC. A pluviosidade varia
de 800 a 1.600 mm/ano, havendo concentração de 80% das chuvas entre janeiro e
maio. Já a umidade relativa do ar apresenta dados superiores a 80% e não inferiores
a 50% (BEZERRA, 2014; MOREIRA et al., 2008).
Antes conhecida como Ribeira do Mearim, Arari é um dos 10 munícipios
banhados pelo rio Mearim, que corta o Maranhão de Sul para Norte. Trata-se da
maior rede hidrográfica genuinamente maranhense. Este “deságua na Baía de São
Marcos, entre os municípios de São João Batista e Bacabeira, onde as águas do rio
se confundem com as águas do mar, numa beleza natural que encanta e inspira"
(BATALHA, 2002, p. 14).
A hidrologia de Arari possui cerca de quarenta lagos, ricos em peixes que
alimentam as comunidades e as aves migratórias que tem a região da Baixada
Maranhense como refúgio. Algumas aves conhecidas como socó, garça branca,
gueguéu, siricoras, dentre outras. Já os lagos perenes de maior destaque são:
Muquila, Açutinga, Laguinho, Capivara, Lago do Coco, Nindiba, Arari-Açu,
Escondido, Lago do Peixe, Pintos, Fumo, Almas, Lago das Palmeiras, Jaburu,
Bonito etc (BATALHA, 2014).
Seu lago mais famoso denominado Lago da Morte não é perene e
localiza-se a 5km da sede municipal (Figura 17). O lago Arariaçu, dista 24km da
sede, para chegar é necessário pegar a BR-222, sentido Arari-Miranda, até a
localidade Gancho seguindo por estrada não asfaltada por cerca de 10km.
Chegando ao lago Arariaçu é possível pescar, avistar aves diversas, passear de
canoas e adimirar as flores aquáticas. Outro lago conhecido como Escondido
distante 28km da sede municipal (RIBEIRO, 2014).
96
Figura 17: Lago da Morte em Arari
Fonte: Atom (2011)
Dentre os igarapés ararienses, destacamos o Nema, localizado no centro
de Arari e que dispõe de uma ponte no local de encontro com o rio Mearim (Figura
18). Outros podem ser citados como: Arari, Ubatuba, João de Matos, Arari Açu,
Arari-Mirim, Piraíba, Ponte, Barreiros, Curimatá, Grilo etc (RIBEIRO, 2014;
BEZERRA, 2014).
Figura 18: Ponte do Nema sobre o Igarapé do Nema
Fonte: Pesquisa de campo (2015)
Entre os atrativos culturais, o Carnaval arariense é famoso em todo o
Maranhão. Os blocos carnavalescos por décadas foram: 1940 – Bando da Lua, Não
Vai na Onda, É Só pra Olhar, É Só pra Chatear; 1960 – Amigos do Samba, Marujos
do Amor; 1980 e 1990 – Mirim, Turma do Saco e Tudo Bem (BATALHA, 2014). O
97
Bloco presente no carnaval arariense na atualidade com maior destaque, recebe o
nome de Pororoca em homenagem ao fenômeno fluviomarítimo.
Entre as danças podem ser encontradas bumba-boi e quadrilha,
realizadas no período junino. A Festa do Charme Arariense, realizada em julho, é a
mais tradicional festa dançante da juventude municipal. Esta festa foi iniciada na
década de 70 pela “Turma do Saco”, mais famoso grupo de jovens ararienses, que
criaram também a inigualável Escola de Samba de mesmo nome.
A escola de música do município realiza formação dos alunos, também
com perspectiva futura de integrarem a Banda de Música José Gonçalves Martins.
Segundo Ribeiro (2014):
A educação musical também é tradição na cidade e é oferecida pela Secretaria Municipal e pelo Colégio Arariense. A escola de música do município, fundada em 1982, conta hoje com 40 alunos. A escola de música do Colégio Arariense, criada em 1972, deixou de funcionar em 1997, recomeçando em 2010, tem 42 alunos e funciona nas dependências do Colégio Arariense (p. 44).
Quanto às lendas, mitos e supertições de Arari, são destacadas por
Batalha (2014): O Bem-te-vi, A Mãe d’água, O Corre-Beirada, O Currupira e Saci-
Pererê. Outras manifestações são: novenas, rezas, fogueiras, pau-de-sebo, terecô,
tambor de crioula, Baile de São Gonçalo, dança da mangaba, dança cigana, Festa
do Divino, Mesa de São Lázaro, enforcamento do Judas, Pastorais, Festa dos
Santos Reis, Queima da Palhinha e Serra (BATALHA, 2014).
Os festivais gastronômicos estão inseridos na cultura arariense. O
povoado de Arari-Açu, que tem a produção de peixe como destaque é o cenário a
mais de 12 anos do Festival do Peixe (RIBEIRO, 2014). A culinária arariense não
difere muito da presente no Maranhão, com destaque ao peixe jeju cheio e galinha
caipira ao leite de coco (BATALHA, 2014).
O Festival da Melancia realizado na última semana do mês de setembro,
é extremamente importante para a economia da cidade, pois serve para divulgação
e comercialização do mais importante produto agrícola da região: a deliciosa
melancia. Ocorre paralelamente ao evento o Seminário Potencialidades e Negócios
da Melancia na Região de Arari, realização da prefeitura, governo do estado e
Embrapa Meio-Norte (SINIMBU, 2009). Porém o valor comercial do produtor não é
dos melhores (MOREIRA, 2008).
98
Também em setembro acontece o Festival da Juçara, realizado no
povoado Moitas. O mesmo é animadíssimo e importante economicamente para a
zona rural. Moitas destaca-se também com produção de jaca e abacate.
Os festejos religiosos são primordiais na cultura municipal. O tradicional
Festejo de Nossa Senhora das Graças, padroeira da cidade, ocorre em agosto, data
em que a comunidade apresenta o fervor religioso preservando os hábitos de
novenas e ladainhas, sem esquecer o famoso parque no largo da igreja e a
procissão pelas ruas enfeitadas da cidade fazem parte da sua tradição.
Há ainda a festa de Bom Jesus dos Aflitos, que acontece no dia 14 de
setembro. Esta é a maior e mais tradicional festa religiosa de Arari, e a que traz
maior número de romeiros para sua famosa procissão (RIBEIRO, 2014). Outras
datas comemorativas e feriados de destaque arariense são: Festejo Junino,
aniversário da cidade, Festejo de Santana, Dia da Confraternização Arariense,
Festival do Milho e Festejo de Santa Luzia.
Apesar de não existir um calendário esportivo oficial, os eventos
esportivos como o Campeonato Brasileiro de Surf na Pororoca, são muito concorrido
por praticantes desse esporte no Brasil e no mundo. Entre os esportes já praticados
na pororoca arariense estão: o stand up e do bodyboard.
Portanto, o município de Arari dispõe principalmente de condições
naturais e culturais propícias para o desenvolvimento do turismo com o viés da
sustentabilidade. Necessitando de investimentos na sua infraestrutura básica para
benefícios de toda a comunidade, dispondo de condições excelentes para
recepcionar o turista.
Diante da situação municipal a cultura arariense resiste com extrema
dificuldade. Porém, manifesta-se ainda através das bandas de músicas, danças,
festas, festejos, festivais, carnaval, além da gastronomia local bem maranhense
(BATALHA, 2014; RIBEIRO, 2014). Sendo necessário desenvolver para as
atividades culturais ararienses uma agenda anual de cultura, indispensável perante
a sustentabilidade das ações. Nascimento (2007), identificou a necessidade de
incentivo e apoio à cultura, culinária e manifestações populares em São Domingos
do Capim.
99
6.5 O turismo arariense vinculado à pororoca
Os atores sociais representantes do Poder Público (PP), da Sociedade
Civil Organizada (SCO) e da Iniciativa Privada (IP), responderam ao questionário,
adaptado de Nascimento (2004), na intenção de identificar suas opiniões frente ao
turismo sustentável arariense sobre os seguintes itens: benefícios e malefícios;
dificuldades; níveis de envolvimento no planejamento por parte dos atores sociais,
além de traçar perspectiva de futuro e proposições para melhoria do turismo
vinculado às atividades desenvolvidas na pororoca do rio Mearim.
As abrangências das respostas, referentes aos benefícios e malefícios,
perpassaram pela área social, econômica, cultural e ecológica/ambiental da
atividade. Os representantes do PP, da SCO e da IP a partir de uma escala tinham
três opções de resposta: pleno - demonstrando concordância total com a afirmação
apresentada; moderado - demonstrando concordância parcial com a afirmação
apresentada ou insignificante - demonstrando discordância total da afirmação
apresentada.
6.5.1 Opinião do Poder Público
Os respondentes do questionário membros do Poder Público (PP)
Municipal de Arari foram: Secretaria de Turismo; Secretário de Administração e
Finanças; Secretário de Meio Ambiente; Secretário de Produção e Abastecimento;
Secretário de Cultura.
Para a maioria dos cinco respondentes (R) do PP arariense, a área social
vinculada à atividade turística municipal apresenta-se quanto aos benefícios,
insignificante nos três itens apresentados. Quantitativamente as respostas foram:
três membros do PP arariense consideram insignificante a distribuição equilibrada
dos benefícios advindos do turismo à toda a população; quanto à melhoria da
qualidade de vida dos residentes o mesmo quantitativo percebe como insignificante
e quatro respondentes do PP arariense relatam ser insignificante a valorização da
mão de obra local nas atividades turísticas desenvolvidas.
Quanto ao viés econômico três respondentes consideram ser
insignificante as atividades turísticas ararienses vinculadas à pororoca como
alternativa de trabalho e renda para a população. Outros dois concordam ser
100
moderado os níveis de aumento de vendas no comércio arariense e o mesmo
percentual acha insignificante. No que concerne ao estímulo à capacidade local para
desenvolver empreendimentos turísticos, para dois respondentes é insignificante,
outros dois classificam como moderado.
Nos aspecto cultural a valorização do artesanato, da gastronomia, as
festas e festejos da região; e a manutenção e reforço da identidade da comunidade
arariense, são considerados insignificantes para três respondentes. Quanto à
preservação do patrimônio histórico cultural, quatro respondentes do PP arariense
optaram pela insignificância dos benefícios das atividades turísticas vinculadas à
pororoca.
No aspecto ecológico/ambiental para quatro respondentes do PP, o nível
de conscientização dos indivíduos sobre a importância da educação ambiental
através das atividades vinculadas à pororoca é insignificante.
Também foi questionado aos representantes do PP arariense sobre os
malefícios que possam estar ocorrendo através das atividades turísticas. Para
quatro respondentes é insignificante o aumento da marginalidade e da prostituição
estimulados pela atividade turística. Outros três percebem como insignificante o
aumento do consumo de bebidas e drogas vinculados às ações turística, enquanto
um considerou moderado e outro como pleno o consumo. Todos consideraram ser
insignificante os conflitos entre banhistas, surfistas e os esportes náuticos.
Ainda sobre os malefícios, os respondentes do PP indicaram no viés
econômico as seguintes opiniões: quanto ao aumento de preços nos
estabelecimentos comerciais de Arari e referente à escassez de produtos, quatro
consideram insignificante; dois consideram insignificante e outros dois consideram
moderada a baixa remuneração percebida pelas atividades turísticas desenvolvidas.
Sobre o cenário cultural nos três itens abordados no questionário, quatro
dos respondentes consideraram os malefícios insignificantes ao tratar da
desvalorização da cultura local (artesanato, gastronomia, festas e festejos),
depredação dos bens públicos (monumentos, prédios, praças) e não preservação do
patrimônio histórico cultural (arquitetura, monumentos, etc). Indicando não haver
malefícios à cultura local.
Na opinião de quatro membros do PP local, na área ecológica/ambiental
não existe descaso como o meio ambiente natural. Na opinião de todos as
atividades ligadas ao turismo que envolvem a pororoca não causam a
101
descaracterização da paisagem natural junto às margens do rio Mearim. Referente a
possíveis problemas de abastecimento de água potável na cidade com a ocorrência
do fenômeno durante o período de campeonatos, somente um dos respondentes
(R2) considera plena essa problemática, dois (R3 e R5) moderado e outros dois (R1
e R4) insignificante.
Quando questionados sobre o seu ponto de vista frente às dificuldades
para o desenvolvimento do turismo sustentável arariense, com atividades
associadas à pororoca. Os representantes do PP arariense manifestaram-se através
das diferentes opiniões apresentadas abaixo.
Na opinião de R1, "a exploração da atividade ainda não foi apropriada
pela população e pelo Poder Público: tanto como prática esportiva local, como
atividade econômica ou até mesmo como atividade turística propriamente dita". Sob
o ponto de vista de R2 no cenário turístico arariense vinculado à pororoca, "falta
plano turístico discutido com a sociedade e governos; falta cooperativar ou associar
e hospedaria suficiente". Já R3 vislumbra as dificuldades passando pelos seguintes
itens: "infraestrutura, falta de formação empreendedora e de divulgação do
potencial". A dificuldade para R4 é a "escassez de recursos na área que abrange o
setor e ou falta de interesse de empresas para o desenvolvimento". E por fim R5
relata "acredito que seja a falta de assumir a pororoca como potencial real turístico
do Poder Público Municipal, a partir daí buscar parcerias para esse
desenvolvimento".
Através de outro questionamento buscou-se conhecer o nível de
envolvimento da SCO e da IP no processo de planejamento do turismo arariense,
sob o ponto de vista dos membros do PP local. A escala apresentada possui quatro
opções: muito bom (1), bom (2), regular (3) e ruim (4). Obtivemos dessa forma o
seguinte cenário.
Para quatro membros do PP local a SCO possui nível ruim de
envolvimento nas atividades turísticas. Para R3 a SCO "não tem acesso às ações
realizadas"; para R4 "não há interesse em desenvolver o fenômeno" e R5 diz "só se
envolvem nos eventos". Já R2 considera regular essa participação da SCO, "ainda
acontecem discursões". Quanto à IP, três respondentes do PP consideram ruim e
outros dois regular seu nível de envolvimento no processo de planejamento turístico
arariense, vinculados à pororoca. Para R2 por parte da IP "há uma participação"; R3
relata que "as atividades são distantes do comércio (território)"; já R4 considera que
102
as atividades são desenvolvidas "sem visão de ganho econômico"; para R5 a IP
"não busca se capacitar". A resposta de R1 talvez traduza de forma resumida o
panorama apresentado sobre a SCO e IP, "ambos ainda não se apropriaram da
atividade" (Quadro 10).
Quadro 10: Nível de envolvimento da iniciativa privada e Sociedade Civil, segundo a opinião do Poder Público
Classificação Iniciativa Privada (%) Sociedade Civil (%)
Muito bom (1) - -
Bom (2) - -
Regular (3) 40 20
Ruim (4) 60 80
Total de respondentes do Poder Público 05
Fonte: Pesquisa de campo (2015)
Outro questionamento direcionado aos representantes do PP arariense,
objetivou captar suas opiniões sobre a perspectiva futura dos campeonatos e
eventos realizados na pororoca do rio Mearim poderem assegurar ou não
permanentemente o turismo local.
Obtivemos as seguintes respostas: "Sim, a pororoca tem um potencial
muito maior do que se possa imaginar e mais cedo ou mais tarde será apropriado
pelos ararienses" (R1); "Sim, pois o evento acontece mensalmente, uma vez
planejado assegurará o objetivo visualizado" (R2); já para R3 "Não, da forma que
está não é possível (é necessário o envolvimento de todos: sociedade, poder público
e etc…)". Segundo R4, "Sim, a pororoca é um fenômeno natural, bonito, interessante
e não depende da mão humana pra acontecer, o que falta é investimento no setor".
E por fim R5, "Sim, pela movimentação de pessoas, além de ser um produto
agregado do grande fenômeno natural".
Quanto às proposições para desenvolver o turismo sustentável em Arari
ligado às atividades na pororoca, os atores sociais do PP apresentaram as seguintes
opiniões: R1 "A primeira ação terá que ser comprometer a população local com a
atividade para que esta se aproprie da mesma. O resto será consequência"; R2
"Promover um plano municipal integrado com o olhar para a cultura e ambiente
local"; para R3 se faz necessário "Diálogo coletivo com todos os beneficiários"; R4
"Continuar informando principalmente os ribeirinhos sobre a valorização e proteção
das margens do rio e cursos para preparar economicamente esse povo/ribeirinho
103
(alimento e artesanato)" e por fim R5 enfatiza a necessidade de - "Realizar uma
audiência pública com a Sociedade Civil Organizada, Poder Público, empresas
privadas e todos os envolvidos para traçarmos um real planejamento para o
desenvolvimento do turismo através da pororoca".
6.5.2 Opinião da iniciativa privada
A pesquisa contou também com oito representantes da iniciativa privada
(IP) de Arari. Dos quais três representantes de restaurantes e cinco representantes
de hotéis e ou pousadas: Restaurante Empório, Restaurante e Pizzaria São João e
Restaurante da Dinha; além dos meios de hospedagem, Hotel Boa Esperança, Hotel
Portal do Mearim, Hotel Beira Rio, Pousada Campello e Pousada Souza.
Para quatro respondentes da IP na área social, as atividades turística
vinculadas à pororoca são insignificantes referente à distribuição dos benefícios de
forma equilibrada; outros três consideram como moderado os benefícios. Ao se
tratar da melhoria da qualidade de vida da população, quatro consideram ser plena,
dois moderada e outros dois insignificante. Ainda no aspecto social dos benefícios,
quanto à valorização da mão de obra local trabalhando nas atividades turísticas, três
respondentes da IP consideram ser plena e o mesmo quantitativo entende ser
insignificante.
Frente aos fatores econômicos, quatro consideram como pleno os
benefícios advindos da alternativa de trabalho e renda para população. Sobre o
aumento das vendas no comércio local para três respondentes da IP ocorre
plenamente, enquanto cinco consideram moderado. Para quatro membros da IP a
capacidade de desenvolver empreendimentos turísticos apresenta-se em nível
moderado, enquanto dois consideram pleno e outros dois insignificante.
Na área cultural existe para seis dos respondentes da IP uma valorização
moderada do artesanato, da gastronomia e das festas e festejos da região, outros
dois consideram plena. Para cinco dar-se de forma plena a manutenção e reforço da
identidade da comunidade residente. E por unanimidade, os respondentes da IP
consideram que as atividades turísticas vinculadas à pororoca promovem de forma
plena a preservação do patrimônio histórico cultural da comunidade arariense.
O respeito ao meio ambiente é considerado pleno por seis dos
respondentes. Quando trata-se de compatibilizar a manutenção do processo
104
ecológico essencial, com os recursos e a diversidade biológica, cinco demonstram
estar esse item em níveis moderados. Já referente à conscientização sobre a
importância da educação ambiental, três consideram que as ações turísticas ligadas
à pororoca em Arari atingem plenamente tal função e outros três apontam como
insignificante as ações direcionadas à conscientização.
Segundo quatro membros da IP no aspecto social, os malefícios quanto à
marginalidade e prostituição são insignificantes e outros quatro consideram
moderados. No que diz respeito ao aumento do consumo de bebidas alcoólicas e
drogas, quatro consideram ocorrer plenamente, dois moderado e dois insignificante.
Já os conflitos entre banhistas, esportes náuticos e surfistas é insignificante para
seis dos entrevistados e moderados para dois.
Na área econômica o aumento de preços nos estabelecimentos
comerciais de Arari é visto como insignificante por cinco dos componentes da IP,
outros dois consideram ocorrer aumentos de forma plena e somente um moderada.
A falta de produtos no comércio local para seis respondentes da IP é insignificante e
outros dois classificam como moderado. Para quatro, as baixas remunerações
percebidas pelas atividades turísticas desenvolvidas estão em níveis moderados e
três consideram ser pleno.
Ao tratar do aspecto cultural a desvalorização da cultura local (artesanato,
gastronomia, festas e festejos) é insignificante para seis dos respondentes da IP.
Quanto à depredação dos bens públicos (monumentos, prédios, praças) todos os
respondentes relatam ser insignificante. A não preservação do patrimônio histórico
cultural (arquitetura, monumentos, etc) é considerada plena por dois respondentes
da IP, outros dois corcordam ser moderada e quatro dizem ser insignificante.
O descaso com o meio ambiente natural é visto como insignificante por
cinco respondentes da IP. Para seis a descaracterização da paisagem natural junto
às margens do rio é insignificante. No aspecto ecológico e ambiental, o item de
maior preocupação é o abastecimento de água potável durante o período de
ocorrência da pororoca, com respondentes considerando ser plena essa
problemática em Arari. Vale ressaltar que em si tratando de Hotéis e Restaurantes a
disponibilidade de água potável é crucial para execução dos serviços, principalmente
os turísticos.
Envolvendo as atividades relacionadas à pororoca do rio Mearim, outros
questionamentos foram dirigidos aos membros da IP e são apresentados a seguir na
105
intenção traçar um cenário das suas opiniões quanto ao turismo arariense e a
pororoca.
No ponto de vista da IP as principais dificuldades para o desenvolvimento
do turismo em Arari são: R1 - "divulgação e envolvimento da comunidade"; R2 -
"falta de divulgação e falta de organização"; R3 - "investir em infraestrutura"; R4 -
"falta de apoio político"; necessidade para R5 de - "criação de escolinha de surfe,
incentivo do poder público municipal, estadual e patrocínio"; R6 - "prefeitura não se
envolve e é o principal"; R7 - "dificuldade financeira por parte da prefeitura, falta de
informação sobre a pororoca e poucos eventos realizados no ano" e por fim R8 -
"falta de divulgação".
Quando perguntados sobre o nível de envolvimento do PP e da SCO no
processo de planejamento do turismo arariense vinculados às atividades na
Pororoca, os membros da IP apresentam as seguintes opiniões a partir da escala de
classificação que vai de muito bom (1), bom (2), regular (3) a ruim (4).
O PP Estadual e a SCO recebeu de quatro membros da IP classificação
ruim, enquanto o PP Municipal recebeu de classificação ruim por parte de três
respondentes da IP, quanto ao nível de envolvimento. Demonstra-se uma opinião da
IP nada animadora para as melhorias turísticas municipais por não perceberem
níveis satisfatórios de envolvimento do PP e da SCO. Em todas as esferas
analisadas pelos respondentes da IP a classificação ruim (4) obteve maior
percentual (Quadro 11).
Quadro 11: Nível de envolvimento do Poder Público e Sociedade Civil, segundo a opinião da iniciativa privada
Classificação PP Estadual (%) PP Municipal (%) Sociedade Civil (%)
Muito bom (1) - 12,5 12,5
Bom (2) 12,5 25 12,5
Regular (3) 37,5 25 25
Ruim (4) 50 37,5 50
Total de respondentes da Iniciativa Privada 08
Fonte: Pesquisa de campo (2015)
Os motivos apresentados para um nível ruim de envolvimento do PP e da
SCO foram: R1 - "desconhecimento do apoio de qualquer desses níveis"; R2 -
"nunca vi nenhuma autoridade estadual"; R4 - "na verdade não existe planejamento";
R5 - "ausência de incentivo da sociedade civil, estado e município"; R6 - "falta de
106
envolvimento nas três esferas"; para R7 - "a representação estadual não participa,
no nível municipal todos se dedicam e a sociedade civil se envolve com carinho".
Para seis respondentes da IP, as atividades, campeonatos de surfe e
demais modalidades esportivas, não são capazes de assegurar permanentemente o
turismo arariense. Para R1 - "porque o turismo arariense não está ligado somente ao
surf, mas a outras atividades (festival da melancia)"; para R3 e R8 "poucos eventos
são realizados"; para R5 dificilmente, pois, as ações se dão "só quando tem evento
mas passando é esquecido"; já R6 prefere argumentar sobre o aspecto financeiro "o
custo é alto e a verba financeira não é disponibilizada" e por fim R7 encontra em
fatores naturais a argumentação, "a enchente das marés só ocorre no mês quatro".
Constata-se a inviabilidade do desenvolvimento do turismo somente através do
atrativo pororoca, para os membros da IP. Outros dois vislumbram essa
possibilidade a partir das seguintes considerações: R2 - "se for bem divulgado e
organizado"; R4 - "se acontecesse mais vezes seria melhor".
Quanto às proposições para o desenvolvimento do turismo arariense
associado à pororoca, os membros da IP apresentaram as seguintes opiniões:
[…] o incentivo no município seria muito bom, se tivesse interesse municipal e estadual, seria muito bom se tivesse a infraestrutura no município para os visitantes olharem a passagem da pororoca, só quem vê as belezas são os surfista, porque não tem transporte adequado (R5).
Para R1 é necessário "divulgar melhor o evento, pra que a comunidade se
envolva mais, uma escola de surf melhoraria também o desenvolvimento"; R2 -
"colocar um guia turístico, pois o povo que vem não tem noção do percurso"; R3 -
"criação de uma escolinha de surfe na cidade". Outras proposições apresentadas
respectivamente por R4, R6, R7 e R8 foram: investir na infraestrutura, aumento do
patrocínio e necessidade de realizar mais eventos.
6.5.3 Opinião da Sociedade Civil Organizada
A Sociedade Civil Organizada (SCO) foi representada por 4 instituições
de Arari: Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Arari; Associação Recreativa
Comunitária do Peixe de Arari; Sindicato dos Pescadores Artesanais, Marisqueiras,
107
Aquicultores e Criadores de Peixes do Município de Arari e a Associação dos
Trabalhadores do povoado Curral da Igreja.
Na opinião de dois respondentes da SCO, na área social as atividades
turísticas vinculadas à pororoca são insignificantes referente à distribuição dos
benefícios de forma equilibrada. Ao se tratar da melhoria da qualidade de vida da
população, três consideram ser insignificante. Ainda no âmbito dos benefícios
sociais, quanto à valorização da mão de obra local nas atividades turísticas, dois
relatam ser plena e outros dois relatam ser insignificante.
Ao analisar o aspecto econômico, dois respondentes consideram como
moderado os benefícios advindos da alternativa de trabalho e renda para população
e o mesmo percentual diz ser insignificante. Sobre o aumento das vendas no
comércio local, para três dos respondentes da SCO ocorre de forma moderada. Para
outros três a capacidade de desenvolver empreendimentos turísticos apresenta-se
insignificante.
Na área cultural, dois respondentes da SCO dizem ocorrer uma
valorização plena do artesanato, da gastronomia e das festas e festejos da região.
Para outros dois dar-se de forma plena a manutenção e reforço da identidade da
comunidade residente, o mesmo quantitativo acha insignificante. Quanto à
preservação do patrimônio histórico cultural da comunidade arariense, dois
consideram ocorrer em nível moderado.
O respeito ao meio ambiente é considerado insignificante para três
respondentes da SCO, idem para o item de compatibilização e manutenção do
processo ecológico essencial, com os recursos e a diversidade biológica. Já
referente à conscientização sobre a importância da educação ambiental, dois
consideram ser insignificante perante as ações turísticas ligadas à pororoca em
Arari.
Quanto aos malefícios, o aumento da marginalidade e prostituição e o
aumento do consumo de bebidas alcoólicas e drogas ocorrem plenamente para dois
dos respondentes. Os conflitos entre banhistas, esportes náuticos e surfistas são
insignificantes para três membros da SCO.
Para três respondentes da SCO o aumento de preços nos
estabelecimentos comerciais de Arari é insignificante. Todos consideram
insignificante, a falta de produtos no comércio local. As baixas remunerações
108
percebidas pelas atividades turísticas desenvolvidas ocorrem plenamente na opinião
de dois respondentes.
Para a SCO a desvalorização da cultura local (artesanato, gastronomia,
festas e festejos) é moderada e insignificante para dois dos respondentes,
respectivamente. Quanto à depredação dos bens públicos (monumentos, prédios,
praças) três respondentes relatam ser insignificante. A não preservação do
patrimônio histórico cultural (arquitetura, monumentos, etc) é considerada
insignificante por dois membros da SCO.
O descaso com o meio ambiente natural é visto como insignificante por
três respondentes da SCO. Todos consideram a descaracterização da paisagem
natural junto às margens do rio ser insignificante. Novamente no aspecto ecológico e
ambiental, o item de maior preocupação é o abastecimento de água potável durante
o período de ocorrência da pororoca, com três respondentes considerando ser plena
essa problemática em Arari. É válido ressaltar que se tratando de hotéis e
restaurantes a disponibilidade de água potável é crucial para execução dos serviços,
principalmente os turísticos.
Outros questionamentos foram dirigidos aos membros da SCO e ajudam
a compor o cenário das suas opiniões quanto ao turismo arariense e a pororoca.
Para a SCO as principais dificuldades para o desenvolvimento do turismo
em Arari vinculados à pororoca são: R1 - "a acessibilidade difícil por estrada carroçal
e cheia de buracos até o povoado Curral da Igreja"; R2 - "a chegada no local da
pororoca, Curral da Igreja"; R3 - "estradas de acesso ao ponto da pororoca e
infraestrutura inexistente no local"; R4 - "faltam políticas voltadas para os
ararienses". Ribeiro (2014) constata que 57,8% dos residentes consideram o acesso
ao local de ocorrência da pororoca péssimo ou ruim.
Quando perguntados sobre o nível de envolvimento do PP e da IP no
processo de planejamento do turismo arariense vinculados à pororoca, os membros
da SCO apresentam as seguintes opiniões a partir da escala de classificação que
vai de muito bom (1), bom (2), regular (3) e ruim (4).
O PP Estadual e a IP receberam duas classificações ruins e duas
classificações regulares, cada. O PP Municipal recebeu uma classificação ruim, duas
regulares e uma boa, quanto ao nível de envolvimento no planejamento do turismo
arariense vinculados à pororoca. Portanto, em todas as esferas analisadas pelos
109
respondentes da SCO as classificações regular e ruim obtiveram maiores
percentuais (Quadro 12).
Quadro 12: Nível de envolvimento do Poder Público e iniciativa privada, segundo a opnião da Sociedade Civil Organizada
Classificação PP Estadual (%) PP Municipal (%) Iniciativa Privada (%)
Muito bom (1) - - -
Bom (2) - 25 -
Regular (3) 50 50 50
Ruim (4) 50 25 50
Total de respondentes da Sociedade Civil Organizada 04
Fonte: Pesquisa de campo (2015)
Os motivos apresentados para um nível ruim e regular, predominantes, de
envolvimento do PP e da IP no planejamento turístico foram: R1 justifica em relação
ao PP Estadual "o planejamento é feito em gabinete sem a participação da
comunidade"; quanto ao PP Municipal, R1 continua "por dizer que participam do
planejamento, porém em Arari isso não se caracteriza" e finaliza tratando da IP "não
colabora em nada e tem a visão que tudo é por conta do Poder Público". As
respostas de R3 e R4 corroboram com as apresentadas por R1, já R2 não justificou.
Quanto às perspectivas de futuro da SCO frente às práticas e
campeonatos de surfe e demais modalidades esportivas na pororoca, como
assegurador da continuidade do turismo em Arari. Somente um respondente
acredita nessa possibilidade, enquanto para três dos respondentes tais atividades
não são capazes de assegurar permanentemente o turismo municipal. O R1 diz não
ser possível "por não existir investimento real do município e do estado nos eventos
relacionados à pororoca"; R2 relata ser "longe o local de ocorrência da pororoca e
Arari não tem infraestrutura para assegurar o turismo" e por fim R4 complementa
"são realizados poucos eventos e os turistas não estão na cidade o tempo todo".
Quanto às proposições da SCO para o desenvolvimento do turismo
arariense associado à pororoca: R1 diz ser necessário um "projeto voltado para a
área, onde todos estivessem envolvidos, principalmente a comunidade do Curral da
Igreja"; R2 propõe a "construção de um hotel no Curral da Igreja e rampa de acesso
para os turistas à margens do rio Mearim"; R3 relata ser necessário a "integração
por um projeto de desenvolvimento rural sustentável através desse esporte" e por
fim R4 relata ser necessário desenvolver outras atratividades municipais "para gerar
110
emprego e renda com investimento no setor da pesca nas proximidades do povoado
Arari Açu do Centro, com a construção de repressa para controlar o nível de águas
dos lagos".
No cenário turístico arariense, vinculado à pororoca, apesar da existência
de eventos, ações e a criação do Festival da Pororoca, em mais de uma década não
conseguiu consolidar ações turísticas envoltas no planejamento e gestão
sustentável. Fato confirmado pelos componentes do Poder Público (PP), iniciativa
privada (IP) e Sociedade Civil Organizada (SCO), que indicaram níveis
predominantemente regulares e ruins de envolvimento no processo de planejamento
turístico arariense por parte de todos os atores sociais. Indicando a ausência de
articulações amplas entre os agentes públicos, privados e a comunidade local. Fato
corroborado por Ribeiro (2014) em Arari, em pesquisa com os residentes. Já
Nascimento (2007), no município de São Domingos do Capim, constatou níveis de
participação dos atores sociais com conceitos bom e muito bom, quanto ao
envolvimento no planejamento turístico municipal vinculado às ações na pororoca,
no estado do Pará.
Quanto aos benefícios advindos das ações vinculadas à pororoca nos
aspectos sociais, econômicos, culturais e ecológicos/ambientais constatou-se
similaridades entre os dados arariense e os dados apresentados por Nascimento
(2007) em São Domingos do Capim, predominando classificações de moderadas a
insignificantes. Exceção para o item da área econômica, aumento nas vendas do
comércio da cidade; também para os itens da área cultural, mantém e reforça a
identidade da comunidade residente e preserva o patrimônio histórico-cultural
(arquitetura, monumentos etc), que obtiveram maiores percentuais de classificação
plena em ambos municípios. Ribeiro (2014) relata ser a divulgação da cidade de
Arari, o principal benefício percebido pelos residentes, que de forma geral avaliam o
evento como bom (31,1%), normal (24,4%) e ruim (22,2%).
Já os malefícios advindos das ações vinculadas à pororoca nos aspectos
sociais, econômicos, culturais e ecológicos/ambientais, para o PP arariense são
insignificantes. Enquanto a SCO e a IP constatam ocorrer de forma plena os
malefícios: na área social, com o elevado consumo de bebidas alcoólicas e drogas
estimuladas pelos turistas; e na área ecológica/ambiental, através de problemas de
abastecimento de água potável durante o período do campeonato em Arari. Já em
São Domingos do Capim, os malefícios plenos e moderados concentraram-se nas
111
áreas econômica e ecológica/ambiental: com aumento de preços nos
estabelecimentos comerciais do município, a escassez de produtos no comércio
local, o descaso com o meio ambiente natural (esgoto a céu aberto, lixo nas ruas,
poluição dos rios etc), a descaracterização da paisagem natural junto às margens
dos rios e por fim problema de abastecimento de água potável durante o período do
campeonato (NASCIMENTO, 2007). Para Ribeiro (2014) a poluição do rio Mearim;
barulho e confusão; aumento de preços e sujeira nas ruas, são os principais
aspectos negativos, mesmo assim 57,8% dos residentes recomendariam o evento
para amigos.
As principais dificuldades apresentadas pelo PP, IP e SCO para o
desenvolvimento do turismo em São Domingos do Capim foram a infraestrutura
precária, dependência do fenômeno para a realização do campeonato,
acessibilidade ao local de ocorrência da pororoca, ausência de políticas
direcionadas à comunidade local e a falta de incentivo (NASCIMENTO, 2007). Em
Arari, além dessas, foram citadas outras dificuldades, tais como: ausência de ampla
discussão do plano turístico, ausência de formação empreendedora e de divulgação,
sazonalidade das ações, falta de recursos para o turismo, falta de apoio político,
falta de patrocínio e a ausência de políticas direcionadas à comunidade local.
Segundo Ribeiro (2014) 57,8% dos residentes de Arari não percebem
benefícios dos eventos. De forma geral, tanto os respondentes de Arari quanto os de
São Domingos do Capim (NASCIMENTO, 2007), concordam que somente os
campeonatos de surfe e demais modalidades praticadas na pororoca não irão
assegurar permanentemente o turismo nessas localidades, com percentuais
variando de 60% a 75% entre os membros do PP, IP e SCO. Exceção feita ao PP
arariense que acredita ser possível assegurar permanentemente o turismo através
das atividades vinculadas à pororoca e esportes, opnião compartilhada por 80% dos
respondentes.
Para melhor visualização e interpretação global dos resultados, nos
quadros 13 e 14 a seguir, são apresentados valores percentuais que correspondem
aos valores absolutos antes apresentados e referentes à opinião dos membros do
PP, IP e SCO.
112
Quadro 13: Opinião do Poder Público, iniciativa privada e Sociedade Civil Organizada sobre os benefícios do turismo em Arari
Benefícios por área
Escala
Pleno (%) Moderado (%) Insignificante (%)
PP IP SCO PP IP SCO PP IP SCO
Social 1.Distribui de forma equilibrada os benefícios advindos da atividade a toda população 2. Melhora a qualidade de vida da população residente 3. Valoriza a mão de obra local nas atividades turísticas
20
20
-
12,5
50
37,5
25
25
50
20
20
20
37,5
25
25
25
-
-
60
60
80
50
25
37,5
50
75
50
Econômica
1.Alternativa de trabalho e renda para a população local 2. Aumenta as vendas no comércio da cidade 3. Estímulo à capacidade local de desenvolver empreendimentos turísticos
20
20
20
50
37,5
25
-
25
25
20
40
40
37,5
62,5
50
50
75
-
60
40
40
12,5
-
25
50
-
75
Cultural 1.Valoriza o artesanato, a gastronomia, as festas e festejos da região 2. Mantém e reforça a identidade da comunidade residente 3. Preserva o patrimônio histórico cultural (arquitetura, monumentos, etc)
20
40
-
25
62,5
100
50
50
25
20
-
20
75
12,5
-
25
-
50
60
60
80
-
25
-
25
50
25
Ecológica / Ambiental 1. Respeita o meio ambiente natural de Arari 2. Compatibiliza a manutenção do processo ecológico essencial,com os recursos e a diversidade biológica 3. Conscientiza os indivíduos sobre a importância da educação ambiental
20
20
20
75
12,5
37,5
-
25
25
40
20
-
12,5
62,5
25
25
-
25
40
60
80
12,5
25
37,5
75
75
50
Total de respondentes PP - 05 IP - 08 SCO - 04
Legenda: Poder Público (PP), Sociedade Civil Organizada (SCO) e Iniciativa Privada (IP).
Fonte: Autor (2015)
113
Quadro 14: Opinião do Poder Público, iniciativa privada e Sociedade Civil Organizada sobre os malefícios do turismo em Arari
Malefícios por área
Escala
Pleno (%) Moderado (%) Insignificante (%)
PP IP SCO PP IP SCO PP IP SCO
Social 1. Aumento da marginalidade e da prostituição na localidade 2. Elevado consumo de bebidas alcoólicas e drogas estimuladas pelos turistas 3. Conflitos entre esportes náuticos, surfistas e banhistas
-
20
-
-
50
-
50
50
-
20
20
-
50
25
25
25
50
25
80
60
100
50
25
75
25
-
75
Econômica 1. Aumento de preços nos estabelecimentos comerciais de Arari 2. Escassez de produtos no comércio local 3. Baixa remuneração percebida pelas atividades turísticas desenvolvidas
-
-
20
25
-
37,5
-
-
50
20
20
40
12,5
25
50
25
-
25
80
80
40
62,5
75
12,5
75
100
25
Cultural
1.Desvaloriza a cultura local (artesanato, gastronomia, festas e festejos 2. Depredação dos bens públicos (monumentos, prédios, praças) 3. Não preserva o patrimônio histórico cultural (arquitetura, monumentos, etc)
-
-
-
12,5
-
25
-
-
25
20
20
20
12,5
-
25
50
25
25
80
80
80
75
100
50
50
75
50
Ecológica / Ambiental
1.Descaso com o meio ambiente natural 2. Descaracterização da paisagem natural junto às margens do rio 3. Problemas de abastecimento de água potável durante o período do campeonato
-
-
20
12,5
12,5
75
25
-
75
20
-
40
25
12,5
-
-
-
25
80
100
40
62,5
75
25
75
100
-
Total de respondentes PP - 05 IP - 08 SCO - 04
Legenda: Poder Público (PP), Sociedade Civil Organizada (SCO) e Iniciativa Privada (IP).
Fonte: Autor (2015)
114
6.5.4 Opinião dos organizadores dos eventos
As opiniões dos organizadores dos eventos esportivos nas pororocas de
Arari e do estado do Amapá, são apresentadas na intenção de complementar o
cenário referente ao turismo arariense. Três organizadores responderam ao
questionário, que foi subdividido em: perfil dos organizadores, conhecimento da
atividade, área ambiental e ecológica, pororocas mundiais e nacionais, planejamento
e organização, além de perspectiva de futuro para as ações no atrativo turístico
pororoca.
Quanto ao perfil dos organizadores respondentes (R) tivemos: dois do
sexo masculino e uma do sexo feminino; idades de 35, 36 e 40 anos, com média de
37 anos; todos brasileiros e residentes no Brasil; nos estados do Maranhão nas
cidades de Arari e São Luís e no Paraná na cidade de Curitiba. Cabe ressaltar que o
respondente três (R3), já esteve envolvido em ações turísticas em Arari, porém
possui foco de ação no estado do Amapá, onde também ocorre o fenômeno
fluviomarítimo, além de possuir larga experiência com as pororocas nacionais e
mundiais. Ressaltamos ainda, o número reduzido no Brasil de profissionais aptos
para desempenhar a organização desses eventos, então se fez necessário e salutar
a utilização das suas contribuições na pesquisa.
Sobre o conhecimento da atividade, todos possuem onze anos ou mais
de experiência. Quando questionados sobre a vinculação das atividades referentes à
pororoca a órgãos nacionais, as respostas variaram desde o Ministério do Turismo
(R2), passando por outros vínculos como Instituto Pororoca (R3) e até mesmo a
inexistência de vínculo com órgãos nacionais (R1). Na esfera estadual há um vínculo
segundo os respondentes com a Secretaria de Turismo do estado do Maranhão (R1
e R2), com a Secretaria de Desporto e Lazer do Maranhão (R2) e com o Governo do
Amapá (R3). Na esfera municipal não há vínculo segundo R1 e R2 e há vínculo com
a Prefeitura de Macapá segundo R3.
Ainda no universo de conhecimento da atividade lhes foi questionado o
motivo de Arari ter se transformado no cenário de teste e inovações em ações
envolvendo a pororoca, tais como: eventos, expedições e inclusão de novas
modalidades esportivas. Para R1 e R2 tal fato ocorre pela qualidade das ondas e R2
e R3 consideram ser determinante a logística operacional facilitada, minimizando
custos. Sobre qual classificação o surfe na pororoca recebe no seu país, tivemos:
115
R1 - indicando o turismo de aventura (TA); R2 - turismo de aventura (TA), turismo de
eventos esportivos (TEE) e esporte radical e todas as classificações são pertinentes,
acrescentando às anteriores o ecoturismo (ECO) e o turismo esportivo (TE) para R3.
Já no que concerne à área ambiental e ecológica, lhes foi questionado
sobre a existência de ações referentes às atividades na pororoca, direcionadas à
sustentabilidade ambiental. Para R1 e R2 com atuação direta na pororoca arariense,
a resposta foi negativa, R2 relata como dificuldade "a falta de interesse das
autoridades competentes do município"; já R3 responde que sim, na zona urbana e
rural, e explica:
Porém não é em Arari e sim no Amapá. Projeto Prancha Ecológica, com oficinas de reciclagem ensinando a confecção de pranchas de garrafas PET, assim como palestras de educação ambiental. Foco para a reutilização de lixo seco, reciclagem e preservação do meio ambiente.
Quando adentramos as temáticas referentes às pororocas mundiais e
nacionais, R1 relata que já organizou atividades na pororoca do Maranhão; R2
possui essa experiência nas pororocas do Maranhão, Amapá, Pará, Bono na
Indonésia, Mascaret na França e Silver Dragon na China e por fim R3 possui
experiência em todas as pororocas já citadas, acrescentando as pororocas do
Alaska, Severn Bore na Inglaterra e Bann na Índia. Demonstrando vasta experiência
no envolvimento com essas atividades.
Quanto ao planejamento e organização buscamos identificar entre os
respondentes suas opiniões sobre o papel do governo federal, estadual, municipal,
Confederação Nacional de Surf, da Associação Brasileira de Surf na Pororoca
(ABRASPO), da Associação Maranhense de Surf na Pororoca (AMSP) e da
comunidade local no desenvolvimento das atividades turísticas que tem a pororoca
como atrativo esportivo turístico.
Para R1, o Governo Federal pode contribuir "através da aprovação de
projetos de infraestrutura de acesso ao fenômeno"; já para R3 o Governo Federal
deve "incentivar a divulgação internacional e nacional das ações no fenômeno e
destinar orçamentos para a preservação do meio ambiente, turismo, esporte, lazer e
cultura no entorno da pororoca".
Já R1 percebe como papel do Governo do Estado "financiar através de
apoio para o evento e infraestrutura, para fomentar o turismo"; R3 "pleitear,
116
incentivar e gerar programas de capacitação para ações ordenadas, assim como
promover eventos bem organizados focando a estratégia de marketing para a
divulgação da cidade em busca de um turismo sustentável e ordenado".
Para R1 o Governo Municipal deve "fomentar o turismo através de
capacitação e organização do trade da cidade"; para R3 sua função é "trabalhar com
a população local capacitação, além de preparar a cidade de uma forma para
atender todos os tipos de turistas, oferecendo segurança, boa alimentação, conforto
e atividades extras.
O papel da Conferação Nacional de Surf segundo R3 é "regulamentar o
surf no Brasil" e da Associação Brasileira de Surf na Pororoca (ABRASPO) e da
Associação Maranhense de Surf na Pororoca (AMSP) é "regulamentar seus
eventos", R1 não respondeu a estes itens. Já concernente às comunidades locais,
R1 vê que seu papel nas atividades turísticas ligadas à pororoca é "participar dos
eventos, além de investir no potencial da cidade"; para R3 a comunidade local deve
"preservar a cidade, rio, a natureza, capacitar pilotos, guias, bilingues, preparar seu
comércio, serem bem receptivos...".
Quanto à perspectiva de futuro, buscamos saber se existe alguma
organização e ou planejamento para internacionalizar os eventos vinculados à
pororoca, R1 e R3 afirmam que não; enquanto R2 ao confirmar tal intenção
complementa "o evento ja é conhecido internacionalmente e objetivamos fazer um
circuto mundial envolvendo atletas de diversos países por onde passa a pororoca".
Por fim foi questionado se o nível atual de planejamento permite que tal realização
ocorra com aplicação dos princípios da sustentabilidade, gerando ganho para todos
os envolvidos. Para R1 não estamos preparados, enquanto para R2 e R3 estamos
sim preparados para desenvolver o turismo sustentável, tendo a pororoca como
atrativo turístico.
No entanto, o turismo de eventos esportivos (TEE) e o turismo esportivo
(TE) se mostram importantes na composição do calendário turístico arariense.
Colaborando segundo Goidanich e Moletta (1998), com o incentivo, divulgação e
captação de novos clientes praticantes, não praticantes e candidatos a futuros
praticantes.
Através das respostas dos organizadores foi possível identificar a
ausência de uma padronização referente a qual segmento turístico é praticado,
chegando a ser considerada todas as opções a seguir: TE, TEE, ECO, TA e esporte
117
radical. Na vinculação ao PP nas três esferas, as divergências de respostas
estiveram presente, perpassando no âmbito nacional desde a existência de vínculo
com o Ministério do Turismo até à não vinculação a nenhum orgão nacional. Já as
convergências de respostas existiram no vínculo das atividades ao PP Estadual e na
inexistência de vínculo na esfera municipal das atividades desenvolvidas na
pororoca. Este panorama apresentado, demonstra a ausência de articulações entre
as três instâncias, agravada sobre tudo pela indicação de ausência do PP Arariense
no planejamento, gestão e execução das ações municipais.
Fato ratificado através das respostas quanto ao motivo de Arari ter se
tornado local de eventos, expedições e inclusão de novas modalidades esportivas,
pois, os motivos citados foram: a qualidade das ondas e a logística operacional
facilitada que minimiza custos. Nenhum organizador marcou opções ligadas ao
planejamento das organizações públicas ou privadas de Arari. Outro ponto que
corrobora, na opinião dos organizadores é a ausência de ações direcionadas à
sustentabilidade ambiental, sendo um dos motivos citados a falta de interesse do PP
Municipal. Porém, há intenção de internacionalização das ações esportivas na
pororoca e para dois dos organizadores apresentam-se condições de planejamento
que viabilizam a aplicação dos princípios da sustentabilidade, com ganho a todos.
Os organizadores dos eventos na pororoca, todos com vasta experiência,
em sua maioria não residirem em Arari, o que dificulta a continuidade das ações.
Soma-se a isso a questão dos equipamentos técnicos e tecnológicos, como lancha,
jetski, pranchas, serem deslocados à Arari somente quando da realização de
atividades vinculadas à ABRASPO e AMSP. Para Goidanich e Moletta (1998) é
comum os organizadores serem praticantes das modalidades esportivas e acharem
que seu conhecimento prático combinado ao espírito de liberdade, aventura e ao
aumento do fluxo turístico numa determinada região, seja suficiente para garantir o
sucesso das ações. Porém, tal situação gerará a insustentabilidade, por não estarem
alicerçadas no planejamento turístico sustentável.
O turismo sustentável preconiza adaptação, reavaliação, continuidade e
monitoramento das ações turísticas, pois afeta elementos não turísticos como
comunidades, agricultura, comércio e sistemas econômicos (SWARBROOKE,
2000e; RUSCHMANN, 2012). Os fatores sociais e ambientais dificilmente serão
contemplados com visões meramente econômicas do turismo, segundo Beni (2006)
e Ruschmann (2012), não sendo diferente no território arariense.
118
6.5.5 Os participantes do curso "O meu negócio pode ser turismo"
Buscou-se junto aos participantes informações vinculadas ao cenário
geral da sua pré e pós-conclusão do curso, tais como: perfil, propostas de emprego
e abertura de negócios. Na intenção de analisar os desdobramentos do curso "O
meu negócio pode ser turismo" oferecido pela Secretaria de Turismo do Estado e
UFMA, através da Escola Integrada de Turismo (ESINT), no município de Arari-MA
no ano de 2012.
Um total de dez questionários foram aplicados, somente um respondente
(R) era do sexo masculino e nove respondentes (R) do sexo feminino. Quanto à
idade dos participantes da pesquisa a mínima foi de 18 e a máxima de 64 anos. Sete
respondentes com faixa etária entre 18 a 30 anos, dois respondentes com faixa
etária entre 31 a 45 anos e uma acima de 60 anos. Quanto ao local de residência,
oito são moradores da zona urbana e dois moradores da zona rural de Arari. A
seguir são apresentados os resumos dos dados anteriores (Tabelas 1, 2 e 3).
Tabela 1: Sexo dos participantes do curso
Sexo Percentual Quant.
Feminino
Masculino
90%
10%
09
01
Total 100% 10
Fonte: Pesquisa de campo ( 2015)
Tabela 2: Faixa etária dos participantes do curso
Faixa Etária Percentual Quant.
de 15 a 30 anos
de 31 a 45 anos
70%
20%
07
02
acima de 60 anos 10% 01
Total 100% 10
Fonte: Pesquisa de campo ( 2015)
Tabela 3: Morador da zona urbana ou rural
Morador da Percentual Quant.
Zona Urbana
Zona Rural
80%
20%
08
02
Total 100% 10
Fonte: Pesquisa de campo ( 2015)
119
Quanto à forma pela qual os respondentes (R) do questionário foram
informados da oferta do curso "O meu negócio pode ser Turismo", foram elencadas
seis possibilidades de resposta: televisão, rádio, internet, informação de amigos e
parentes, panfletos e outra forma. Nesta última foi questionado qual a outra forma?
Dos respondentes cinco citaram a escola como local onde obtiveram a
informação. Somente três das seis opções apresentadas como respostas possíveis
foram marcadas e estão apresentadas abaixo (Tabela 4).
Tabela 4: Como soube da oferta do curso
Como soube da oferta do curso Percentual Quant.
Amigos e parentes
Divulgação na escola
40 %
50 %
04
05
Na Secretaria de Turismo 10 % 01
Total 100% 10
Fonte: Pesquisa de campo ( 2015)
Entre os dez respondentes (R), três já trabalhavam na época da oferta do
curso. Para estes foi questionado ainda, em qual instituição ou empresa
trabalhavam? As respostas foram: R1, trabalhava como doméstica; R2, trabalhava
como autônoma fornecendo poupa de fruta e R3, trabalhava como operadora de
caixa (Tabela 5).
Tabela 5: Trabalho à época do curso
Na época do curso você trabalhava Percentual Quant.
Sim
Não
30 %
70 %
03
07
Total 100% 10
Fonte: Pesquisa de campo ( 2015)
Todos relatam sentirem-se capacitados para oferecer e ou trabalhar com
serviços turísticos após o curso "O meu negócio pode ser turismo". O setor de
alimentação foi indicado por R1 como ramo turístico ao qual se sente capacitado
para atuar; para R3, R5 e R9, a hotelaria/hospedagem foi o setor indicado; R4, citou
área da informação turística; R7 e R8, se sentem capacitados para atuarem no ramo
como guias turísticos; R10 indicou a área de gestão e planejamento através da
secretaria de turismo e por fim R2, destacou mais de uma área de atuação,
120
ponderando a capacitação como algo ainda necessário, com a seguinte resposta:
"Desde hospedar, até quem sabe guia de turismo. Claro me preparando mais um
pouco". Já R6, não citou o ramo de atuação turístico (Tabela 6).
Tabela 6: Capacitação
Sente-se capacitado Percentual Quant.
Sim
Não
100 %
00 %
10
00
Total 100% 10
Fonte: Pesquisa de campo ( 2015)
Três receberam proposta de emprego durante ou após o curso "O meu
negócio pode ser turismo". Para estes foi questionado ainda, em qual empresa? As
respostas foram: R2, "Pela Prefeitura, através da Secretaria de Turismo. Não
concretizado."; R3, "Orgão Público" e R4 relatou, "Prefeitura de Arari (Secretaria de
Turismo)" (Tabela 7).
Tabela 7: Proposta de emprego
Proposta de emprego Percentual Quant.
Sim
Não
30 %
70 %
03
07
Total 100% 10
Fonte: Pesquisa de campo ( 2015)
Apenas R10 conseguiu abrir negócio turístico permanente no município
de Arari e ou região. Com atuação no carnaval, nas festas e festejos, atividades
referentes à pororoca, além de em outros eventos e atividades, diz R10. Os ramos
de serviços da empresa são: alimentos e bebidas, hospedagem, artesanato, além da
produção de eventos (Tabela 8).
Tabela 8: Abertura de negócios gerais e ou turísticos
Abertura de negócios Percentual Quant.
Sim
Não
10 %
90 %
01
09
Total 100% 10
Fonte: Pesquisa de campo ( 2015)
121
Referente ao atual emprego, metade dos respondentes estavam
empregados na época da pesquisa. O R1 continua com o emprego de doméstica; já
R2 passou a trabalhar em uma panificadora como doceira e confeiteira,
anteriormente trabalhava como autônoma fornecendo poupa de frutas; R4 e R5 que
não trabalhavam no período do curso "O meu negócio pode ser turismo", atualmente
trabalham como recepcionista/informações turísticas para a Prefeitura de Arari e
atendente na empresa Agrovisa, respectivamente. Por fim, R10 trabalha na empresa
"Maré de Pororoca Turismo e Eventos" como empresária (Tabela 9).
Tabela 9: Trabalho atual
Atualmente trabalha Percentual Quant.
Sim
Não
50 %
50 %
05
05
Total 100% 10
Fonte: Pesquisa de Campo, 2015.
A oferta de capacitação profissional é essencial para o desenvolvimento
do turismo arariense e foi pontuada como melhoria necessária por Ribeiro (2014).
Necessita ser bem planejada e direcionada para o público específico, na intenção de
potencializar suas chances de sucesso na inserção no mercado de trabalho. A partir
das respostas de dez ex-alunos do curso "O meu negócio pode ser turismo",
ofertado no ano de 2012 em Arari, foi possível constatar os seguintes pontos: a
pouca idade da maioria dos participantes e a sua não vinculação direta à atividade
turística, possivelmente ocasionada pela divulgação do curso em escolas; ausência
de membros da iniciativa privada ligados ao turismo como alunos curso, baixa
inserção no mercado de trabalho voltado aos serviços turísticos e ínfima abertura de
negócios voltados ao turismo em Arari ou região após o curso.
Após os resultados e discussões apresentados perante: o atrativo
pororoca para o turismo no Brasil e no mundo; a caracterização do potencial turístico
de Arari através da localização, infraestrutura básica e turística, recursos naturais e
culturais; a opinião do PP, IP, SCO e organizadores dos eventos na pororoca, além
do cenário referente aos participantes do curso "O meu negócio pode ser turismo".
Constata-se a necessidade de um esforço conjunto, pois a pororoca enquanto
122
fenômeno fluviomarítimo e atrativo turístico singular maranhense não pode se limitar
à prática esportiva por possuir baixa demanda (RIBEIRO, 2014).
Acrescente-se a necessidade de investimentos para o desenvolvimento
das segmentações TA (SWARBROOKE, 2006), TE e TEE (GOIDANICH e
MOLETTA, 1998), que demandam uma equipe extremamente preparada e
conhecedora do rio Mearim e da pororoca para o desenvolvimento das ações
práticas de navegação em lanchas, voadeiras, jetskis; esportistas aptos para praticar
esportes e atividades no rio; além de equipes de resgate e primeiros socorros
conseguidas segundo Ribeiro (2014) por meio de parcerias com orgãos públicos.
A busca pelo equilíbrio entre o planejamento e a subjetividade de todos os
envolvidos nas ações, com participação da comunidade deve ser permanente para o
alcance do planejamento turístico sustentável (RUSCHMANN, 2012). Quanto às
proposições, dadas pelos membros do PP, IP e SCO, para o desenvolvimento do
turismo arariense associado à pororoca, tivemos: realização de audiência pública
para traçar o real planejamento turístico de Arari, investir em outras atratividades
locais (lagos, rio e igarapés), criação de escolinha de surfe, envolvimento da
comunidade, formação de guias, necessidade de maior número de eventos,
aumento de patrocínios, transporte adequado ao local da pororoca, construção de
um hotel no povoado Curral da Igreja e rampa de acesso às margens do rio,
valorização ecológica do município e desenvolvimento de projeto rural sustentável
através do esporte. Estas proposições corroboram, em grande parte, com os
achados de Ribeiro (2014) e Nascimento (2007) que indicaram a necessidade de
diversificação das atrações em Arari-MA e São Domingos do Capim-PA,
respectivamente com atividades associadas ao ecoturismo.
Dessa forma, o ecoturismo apresenta potencialidade para vir a ser o
principal segmento turístico a ser planejado e gerido de forma sustentável em Arari,
como já é preconizado no plano municipal e no estadual de turismo (MOREIRA,
2008; MARANHÃO, 2009). O investimento mínimo em infraestrutura (MESSINA,
2015) pode proporcionar o aumento do tempo de permanência do turista em Arari,
através da consolidação do ócio ativo (PIRES, 2002). Tendo as demais
segmentações; TA, TE, TEE e até mesmo o esporte radical; espaço para compor o
produto turístico a partir do atrativo pororoca. Sendo o ambiente natural local comum
de todas as ações, devendo ser planejadas e geridas pelos atores sociais através do
turismo sustentável e da ordem orgânica defendida por Boullón (2002).
123
7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
7.1 Conclusões da pesquisa
Percebe-se que a pororoca enquanto atrativo turístico natural, não é de
fácil planejamento e gerenciamento. Uma série de fatores lhe traz complexidade,
principalmente os naturais, dentre os quais: suas ocorrências condicionadas ao ciclo
das marés, combinado às fases da lua (nova ou cheia), ao volume de água e
morfologia dos rios. Outros fatores são: pode ocorrer em qualquer dia da semana o
que dificulta ações contínuas e a grande demanda logística para chegar até os
locais onde o fenômeno fluviomarítimo ocorre para surfar, avistar e ou apreciar.
Portanto, o conhecimento sobre o território de atuação e sua comunidade,
especificamente em Arari com bases científicas, possibilitará maiores chances de
assertividade nas ações de planejamento e gestão direcionadas à sustentabilidade
turística. A intenção fim é ofertar produtos turísticos, a partir do atrativo turístico
pororoca, com a qualidade necessária para gerar benefícios muito além dos
econômicos. Fato viável através do comportamento ético, da participação coletiva e
da disponibilização de informações e conhecimentos que levem ao processo
construtivo, mesmo na presença do conflito de interesses.
O Brasil no cenário mundial apresenta-se à frente de qualquer dos demais
países pesquisados quanto à realização de eventos, ações e atividades vinculadas à
pororoca. O estado do Maranhão possui como vantagem, perante os estados do
Amapá e Pará, principalmente a melhor logística de acesso ao fenômeno da
pororoca. Gerando até demanda espontânea de surfistas que desbravam a pororoca
arariense de forma independente, apesar dos riscos. A qualidade das ondas para
prática esportiva é outra característica presente em Arari, classificada como "maxi"
(Quadro 6) e em 2014, considerada a melhor do Brasil pelo Instituto Pororoca.
O vasto patrimônio natural e cultural arariense, combinado à pororoca, é a
matéria prima em estado bruto que necessita ser vista sob o olhar do planejamento
turístico sustentável. As escolhas devem ser baseadas na ciência e tecnologia; com
etapas e instrumentos que possibilitem acompanhar cada fase turística municipal.
Pois, no atual cenário a insustentabilidade encontra-se presente, marcada
fortemente pela sazonalidade das ações.
124
Com base nos resultados do estudo, para que haja a possibilidade de
desenvolvimento turístico sustentável vinculado ao fenômeno fluviomarítimo
pororoca no município de Arari, as atividades devem ser primeiramente apropriadas
ao planejamento e gestão turística municipal. Fato não identificado mesmo após
quinze anos de realização das ações, iniciadas em 2001, culminando com a
inexistência ou precariedade da já escassa infraestrutura turística municipal. Ocorre
então, a subutilização ou não utilização do potencial cultural e natural arariense
frente às ações turísticas vinculadas somente ao TE e TEE. Estas segmentações
não garantem a sustentabilidade tão almejada, em virtude da baixa demanda
turística e do aparato técnico e tecnológico necessário para realização esportiva de
forma segura.
A comunidade arariense, que deveria ser a principal beneficiada com as
atividades turísticas, usufrui de precárias condições referentes à infraestrutura
básica, por não receber os investimentos devidos. Sendo a mesma, a porta de
entrada para qualquer ação turística que queira o apoio dos seus residentes,
proporcionando-lhes melhor qualidade de vida. O abastecimento de água potável
municipal foi apresentado como um dos itens de maior preocupação, sendo o
mesmo indispensável para o sucesso do turismo.
Descortina-se assim a necessidade urgente de desenvolver de outras
segmentações turísticas que possam complementar, preencher e ou até conduzir o
turismo vinculado ao atrativo pororoca em Arari. Deve ganhar espaço nessas
condições o ecoturismo (ECO) como potencial articulador dessas ações e ampliador
da demanda turística arariense. Tendo as demais segmentações TE, TEE e o TA,
papel fundamental como diversificadores da oferta, além de contribuirem de forma
decisiva com a divulgação e renovação das ações.
De forma objetiva as segmentações podem ser organizadas da seguinte
forma, uma vez conduzidas com planejamento e gestão turística sustentável em
Arari: o TEE - deve ser realizado em épocas com as melhores previsões de
pororocas, com duas a quatro realizações anuais; o TA - deve funcionar durante
todo o ano nos períodos de ocorrência da pororoca, inclusive com atividades de
avistamento da pororoca em embarcações de dentro e ou das margens do rio
Mearim, com deslocamentos rumo à foz até o povoado Curral da Igreja, por
exemplo; o TE - deve funcionar durante todo o ano nos períodos de ocorrência da
pororoca ou com novas práticas esportivas no próprio rio Mearim em épocas sem a
125
pororoca e por fim o ECO - como condutor maior das atratividades durante o
calendário turístico anual arariense.
Relevante destacar que as segmentações turísticas apresentadas
possuem o ambiente natural como local comum de suas concretizações enquanto
atividade. Portanto, elas podem conviver como diferentes que são na sua essência e
é a diferença que às complementa podendo fortalecer o turismo arariense. O TEE e
o TA estariam desta forma diretamente dependentes em suas ações à ocorrência da
pororoca; com o TE esse vínculo seria direto e indireto possibilitando práticas
esportivas no rio Mearim, lagos e igarapés sem depender da pororoca; e por fim o
ECO teria o papel de condutor com realizações diretas e indiretas proporcionando
ao turista toda a dimensão cultural e natural de Arari. Para isso se torna
indispensável compor contextos mais amplos sobre o fenômeno fluviomarítimo que
possam enriquecer o ecoturístico arariense, como exemplos: resgates de lendas,
mitos, histórias de naufrágios e navegações no Mearim causados pela onda ou
pelas condições naturais da região. Sendo necessário inclusive harmonizar ao
ambiente natural toda a infraestrutura necessária para o turismo arariense.
Dessa forma será possível os segmentos TA, TE e o ECO
proporcionarem maior fluxo de demanda turística, enquanto o TEE continuaria sendo
de suma importância mesmo tendo caráter sazonal, pois sua organização pode
proporcionar ampla divulgação do destino turístico Arari. Ressaltamos que o TE e o
TEE já ocorrem no território arariense, além das atividades denominadas pelos
organizadores de expedições que se assemelham ao TA. Já o ECO vinculado ao
fenômeno é inexistente em terras ararienses.
7.2 Limitações da pesquisa
O principal fator limitante foi a não realização de eventos esportivos na
pororoca arariense no ano de 2015, o que impossibilitou a participação na pesquisa
de surfistas ou demais esportistas, além de turistas. O mesmo fato impossibilitou a
ampliação do número de organizadores respondentes da pesquisa, contando
apenas com três. Contudo, apesar de não ser expressivo numericamente,
representa cerca de 50% dos organizadores brasileiros que desenvolvem ações nas
pororocas nacionais e mundiais.
126
7.3 Recomendações para futuras investigações
Para futuras investigações apresenta-se necessário desenvolver estudos
com a comunidade arariense, por compor a demanda a ser contemplada
diretamente pelos benefícios das atividades que envolvam o turismo, a pororoca e o
esporte. Estudos para a ampliação do contexto sobre o fenômeno fluviomarítimo
arariense, como exemplos: resgates de lendas, mitos, histórias de navegações e
naufrágios no Mearim causados pela pororoca ou as condições naturais da região.
Visando a segurança e a qualidade do produto turístico, se faz necessário
e importante formular estratégias para a regulamentação de todas as atividades
desenvolvidas na pororoca, por segmentos turísticos, junto aos órgãos
responsáveis, fato até o momento não existente perante a área turística. Possibilita-
se dessa forma a organização da mão de obra local para execução das ações
turísticas, a partir de parâmetros que ofereçam o bom funcionamento da atividade
perante a sociedade e em especial à comunidade e os turistas.
Também alicerçados no turismo sustentável, em nível internacional,
desenvolver estudos sobre os segmentos turísticos e as atividades que podem ser
concretizadas em ambientes naturais que envolvam o fenômeno fluviomarítimo. E
por fim destacamos, a necessidade de estudos que conectem os estados do
Maranhão, Pará e Amapá, guiando para um real desenvolvimento turístico
sustentável na Amazônia brasileira, envolvendo as regiões Norte e Nordeste através
dos seus encantos naturais e culturais.
127
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137
APÊNDICE A: Questionário Poder Público, Sociedade Civil Organizada e Iniciativa Privada (Adaptado de José Bentes do Nascimento, 2004)
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ MESTRADO ACADÊMICO EM TURISMO E HOTELARIA
Possibilidades de desenvolvimento turístico sustentável a partir do atrativo
fluviomarítimo pororoca, no município de Arari-MA Local:____________________Data:_____________
1. Qual a sua opinião sobre os benefícios do atual desenvolvimento do turismo em Arari, vinculados à pororoca, nas respectivas áreas:
VISÃO ATUAL DO TURISMO
Escala: P (Pleno) M (Moderado) I (Insignificante) a) Social 1.Distribui de forma equilibrada os benefícios advindos da atividade a toda população (P – M – I) 2. Melhora a qualidade de vida da população residente (P – M – I) 3. Valoriza a mão de obra local nas atividades turísticas (P – M – I) 4.Outra___________________________________________________________________________ b) Econômica 1.Alternativa de trabalho e renda para a população local (P – M – I) 2. Aumenta as vendas no comércio da cidade (P – M – I) 3. Estímulo à capacidade local de desenvolver empreendimentos turísticos (P – M – I) 4.Outra___________________________________________________________________________ c) Cultural 1.Valoriza o artesanato, a gastronomia, as festas e festejos da região (P – M – I) 2. Mantém e reforça a identidade da comunidade residente (P – M – I) 3. Preserva o patrimônio histórico cultural (arquitetura, monumentos, etc) (P – M – I) 4.Outra___________________________________________________________________________ d) Ecológica / Ambiental 1. Respeita o meio ambiente natural de Arari (P – M – I) 2. Compatibiliza a manutenção do processo ecológico essencial, com os recursos e a diversidade biológica (P – M – I) 3. Conscientiza os indivíduos sobre a importância da educação ambiental (P – M – I) 4.Outra___________________________________________________________________________ 2. Qual a sua opinião sobre os malefícios do atual desenvolvimento do turismo em Arari, vinculados à pororoca, nas respectivas áreas: a) Social 1. Aumento da marginalidade e da prostituição na localidade (P – M – I) 2. Elevado consumo de bebidas alcoólicas e drogas estimuladas pelos turistas (P – M – I) 3. Conflitos entre esportes náuticos, surfistas e banhistas (P – M – I) 4.Outra___________________________________________________________________________ b) Econômica 1. Aumento de preços nos estabelecimentos comerciais de Arari (P – M – I) 2. Escassez de produtos no comércio local (P – M – I) 3. Baixa remuneração percebida pelas atividades turísticas desenvolvidas (P – M – I) 4.Outra___________________________________________________________________________ c) Cultural 1.Desvaloriza a cultura local (artesanato, gastronomia, festas e festejos (P – M – I) 2. Depredação dos bens públicos (monumentos, prédios, praças) (P – M – I) 3. Não preserva o patrimônio histórico cultural (arquitetura, monumentos, etc) (P – M – I) 4.Outra___________________________________________________________________________
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d) Ecológica / Ambiental 1.Descaso com o meio ambiente natural (P – M – I) 2. Descaracterização da paisagem natural junto às margens do rio (P – M – I) 3. Problemas de abastecimento de água potável durante o período do campeonato (P – M – I) 4.Outra___________________________________________________________________________ 3. No seu ponto de vista qual (ais) a (s) principal (ais) dificuldade (s) para o desenvolvimento do turismo sustentável arariense referente às atividades ligadas à pororoca? 1)_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2)_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3)_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ A questão número 4 deverá ser respondida SOMENTE pela SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA.
4. Como o senhor (a) considera o nível de envolvimento do poder público e da iniciativa privada no processo de planejamento do turismo arariense vinculado às atividades na pororoca?
Escala: (1) Muito bom (2) Bom (3) Regular (4) Ruim
a) Estadual? ( ) Por quê?_________________________________________________________ b) Municipal? ( ) Por quê?__________________________________________________________ c) Iniciativa Privada? ( ) Por quê?____________________________________________________
A questão número 5 deverá ser respondida SOMENTE pela INICIATIVA PRIVADA.
5. Como o senhor (a) considera o nível de envolvimento do poder público e da sociedade civil organizada no processo de planejamento do turismo arariense vinculado às atividades na pororoca?
Escala: (1) Muito bom (2) Bom (3) Regular (4) Ruim
a) Estadual? ( ) Por quê?_________________________________________________________ b) Municipal? ( ) Por quê?_________________________________________________________ c) Sociedade Civil? ( ) Por quê?_____________________________________________________
A questão número 6 deverá ser respondida SOMENTE pelo PODER PÚBLICO.
6. Como o senhor (a) considera o nível de envolvimento da sociedade civil organizada e da iniciativa privada no processo de planejamento do turismo arariense vinculado às atividades na pororoca?
Escala: (1) Muito bom (2) Bom (3) Regular (4) Ruim
a) Sociedade Civil Organizada? ( ) Por quê?____________________________________________ b) Iniciativa Privada? ( ) Por quê?____________________________________________________
PERSPECTIVA FUTURA
7. Na sua percepção o Campeonato de Surf e demais modalidades realizados na Pororoca poderá assegurar permanentemente o turismo em Arari – MA? 7.1 (1) Sim. Por quê? _______________________________________________________________ 7.2 (2) Não. Porquê?________________________________________________________________
PROPOSIÇÕES
Desenvolvimento sustentável: economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente equilibrado
8. Que proposta a sua organização teria no sentido de desenvolver o turismo sustentável no município de Arari ligado às atividades na pororoca? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Obrigado.
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APÊNDICE B: Questionário participantes do curso “O meu negócio pode ser turismo”
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ MESTRADO ACADÊMICO EM TURISMO E HOTELARIA
Possibilidades de desenvolvimento turístico sustentável a partir do atrativo
fluviomarítimo pororoca, no município de Arari-MA 1. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino 2. Idade:_________________________ 3. Morador da: ( ) Zona Urbana ( ) Zona Rural 4. Como você ficou sabendo do curso “O meu negócio pode ser turismo”? ( ) televisão ( ) rádio ( ) internet ( ) informação de amigos e parentes ( ) panfleto ( ) Outra forma. Qual?_________________________________ 5. Na época do curso você trabalhava? ( ) Sim. Em qual instituição ou empresa?________________ Qual sua função?______________ ( ) Não 6. Com a oferta do curso “O meu negócio pode ser turismo” você se sente capacitado para oferecer e ou trabalhar com serviços turísticos? ( ) Sim. Em que tipo de serviço?___________________________________________________ ( ) Não. Por quê?_______________________________________________________________ 7. Alguma empresa (turística ou não) lhe fez proposta de emprego durante ou após o curso “O meu negócio pode ser turismo”? ( ) Sim. Qual empresa?__________________________________________________________ ( ) Não
8. Após o curso “O meu negócio pode ser turismo” você conseguiu abrir algum negócio em Arari e ou região? Negócio Geral ( ) Sim. Em qual localidade?______________É permanente ou sazonal?___________________ ( ) Não Negócio Turístico ( ) Sim. Em qual localidade?______________É permanente ou sazonal?___________________ ( ) Não 9. Em qual ramo você atua? ( ) alimentos e bebidas ( ) hospedagem ( ) arte, artesanato ( ) Outro:___________
10. Em caso de negócios sazonais, em quais períodos você atua? ( ) carnaval ( ) atividades referentes à pororoca ( ) nas festas e festejos religiosos ( ) em todos os eventos e atividades ( ) outro:_____________________________________________________ 11. Atualmente você trabalha? ( ) Sim. Em qual instituição ou empresa?_________________Qual sua função?______________ ( ) Não Obrigado.
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APÊNDICE C: Questionário organizadores
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ MESTRADO ACADÊMICO EM TURISMO E HOTELARIA
Possibilidades de desenvolvimento turístico sustentável a partir do atrativo
fluviomarítimo pororoca, no município de Arari-MA
PERFIL DOS ORGANIZADORES
1.Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
2.Idade:____________
3.Nacionalidade: ( ) Brasileira ( ) Outra. Qual?_______________________________
4.País onde reside: ( ) Brasil ( ) Outro. Qual?________________________________
5.Estado onde reside: ( ) Amapá ( ) Maranhão ( ) Pará ( ) Outro. Qual?___________
6.Cidade onde reside:____________________________________________________
7.A quanto tempo você está envolvido com a organização de atividades referentes à pororoca?
( ) a até 5 anos ( ) de 6 a 10 anos ( ) 11 anos ou mais
8.A qual orgão nacional o surf na pororoca está vinculado em seu país?
( ) Ministério do Turismo
( ) Ministério do Esporte
( ) Confederação Nacional de Surf
( ) Não existe vínculo com nenhum orgão nacional
( ) Outro. Qual?_______________________________________________________________________
9.A qual orgão estadual o surf na pororoca está vinculado em seu país?
( ) Secretaria de Turismo do Estado
( ) Secretaria de Desporto e Lazer do Estado
( ) Federação Estadual de Surf
( ) Não existe vínculo com nenhum orgão estadual
( ) Outro. Qual?______________________________________________________________________
10.A qual orgão municipal o surf na pororoca está vinculado em seu país?
( ) Secretaria de Turismo
( ) Secretaria de Esporte
( ) Não existe vínculo com nenhum orgão municipal
( ) Outro. Qual?_______________________________________________________________________
11.Por qual ou quais motivos Arari se transformou no cenário de inovações / teste das atividades
relativas à pororoca? Tais como eventos e expedições internacionais, inclusão de modalidades novas
como stand up e body board.
( ) Pelo planejamento / organização pública
( ) Pelo planejamento / organização privada
CONHECIMENTO DA ATIVIDADE
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( ) Pela qualidade das ondas da pororoca
( ) Pela logística operacional facilitada nesse município, minimizando custo
( ) todos os itens anteriores e outros motivos. Quais:___________________________________________
_________________________________________________________________________________
12.Como é classificado o surf na pororoca no seu país?
( ) Turismo de Aventura
( ) Ecoturismo
( ) Turismo esportivo
( ) Turismo de eventos esportivos
( ) Esporte Radical
( ) Todas as opções anteriores
( ) Desconheço tal classificação
AMBIENTAL/ECOLÓGICA
13.Existem ações referentes às atividades na pororoca de Arari, direcionadas à sustentabilidade
ambiental?
( ) Não. Quais são as dificuldades?________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
( ) Sim. Quais ações sustentáveis são desenvolvidas em Arari?__________________________________
_____________________________________________________________________________________
14.Onde estão localizadas estas ações?
( ) Na zona urbana
( ) Na zona rural
POROROCAS MUNDO E BRASIL
16.Você organizou atividades em quais das seguintes pororocas pelo mundo e Brasil?
- Pororocas do Mundo
( ) Bono na Indonésia ( ) Silver Dragon na China ( ) Pororoca do Alaska
( ) Mascaret na França ( ) Pororoca na Malásia ( ) Severn Bore na Inglaterra
( ) Outra. Qual?______________________________________________________________________
- Pororocas do Brasil
( ) Pororoca do Pará ( ) Pororoca do Amapá ( ) Pororoca do Maranhão
( ) nenhuma das opções
PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO / PERSPECTIVA DE FUTURO
17. No desenvolvimento das atividades turísticas que tem a pororoca como atrativo no município de Arari
qual o papel?
do Governo Federal:________________________________________________________________
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do Governo do Estado do Maranhão:___________________________________________________
do Governo Municipal de Arari:________________________________________________________
da Confederação Brasileira de Surf:____________________________________________________
da ABRASPO e da AMSP:____________________________________________________________
da Comunidade local:______________________________________________________________
18.A realização de atividades, campeonatos de surf e outras modalidades a nível estadual e nacional
já é uma realidade referente à pororoca. Existe alguma organização e ou planejamento para
internacionalização dessas ações?
( ) Não ( ) Sim. Quais?______________________________________________________
19. O nível atual de planejamento permite que tal realização ocorra com aplicação dos princípios da
sustentabilidade, gerando ganho para todos os envolvidos?
( ) Sim, estamos preparados.
( ) Não, estamos distantes desse alcance. Qual ou quais as principais dificuldades?
________________________________________________________________________________
Obrigado.
143 APÊNDICE D: Ações, eventos esportivos e festivais no Amapá (AP), Pará (PA) e Maranhão (MA) de 1997 a 2015.
ANO/ESTADO/ PAÍS
AÇÕES, EVENTOS E OU FESTIVAIS
1997 (AP, PA) 1ª exibição de matéria no Fantástico da Rede Globo com os surfistas Guga Arruda e Eraldo Gueiros desbravando a pororoca
do rio Araguari no Amapá (LAUS, 2006; SOBRINHO, 2013).
1997 (PA) Noélio Sobrinho, Gilvandro Junior, Jorge Sales Junior e Silvinho Santos, surfam a pororoca do Canal Perigoso, no Marajó, no
município de Chaves no estado do Pará (SOBRINHO, 2013).
1998 (PA) São Domingos do Capim entrar no mapa, e nesse mesmo ano Leila Palheta se torna a primeira brasileira a surfar a pororoca
(SOBRINHO, 2013).
1999 (PA) 1º Campeonato de Surfe na Pororoca realizado no Brasil (LAUS, 2006) no Marajó. Contando com 7 surfistas paraenses.
1º Campeonato Brasileiro de Surfe na Pororoca em São Domingos do Capim. Contou com oito surfistas (SOBRINHO, 2013).
2000 (AP) 1º Araguari de Surfe na Pororoca (SOBRINHO, 2013).
*2001 (AP, PA,
MA)
1º Etapa do 3º Campeonato Nacional de Surf na Pororoca e a 2º Bad Boy/Rider de Surf na Pororoca, na Ilha do Marajó.
Surge o Circuito Brasileiro de Surfe na Pororoca com os estados do Pará e Amapá no roteiro dos eventos (LAUS, 2006).
1ª Expedição à pororoca do Mearim em Arari, estado do Maranhão, com 5 surfistas, dentre eles Jerônimo Junior (MA) pioneiro maranhense entre os esportistas de ondas de maré e responsável pela logistica da expedição (SOBRINHO, 2013).
Ainda em 2001 é criado o Festival da Pororoca em São Domingos do Capim (DIÁRIO DO PARÁ, 2009).
*2002 (AP, PA,
MA)
Em março de 2002 é realizado o Circuito Brasileiro de Surf e Esportes Radicais na Pororoca, ainda sem caráter competitivo (LAUS, 2006).
2003 (AP, PA,
MA)
5º Campeonato Brasileiro de Surfe na Pororoca em São Domingos do Capim. Patrocinadores: Amazônia Celular, TIM, CERPA e Banco do Brasil (NASCIMENTO, 2007).
1ª Competição de Surfe na Pororoca, no Mearim em março. Surfistas: Noelio Sobrinho, Serginho Laus, Sávio Carneiro,
Sandro Buguelo. Após outras modalidades são inseridas, caiaque e longboards (LAUS, 2006).
1ª vez que o Circuito Brasileiro conta com 3 etapas no Pará, no Maranhão e Amapá (RONDON, 2004).
Setembro 2003 (AP) Adilton surfista cearense Adilton Mariano entra para o "Guinness Book", por possuir o maior tempo em uma onda da pororoca, 34m10s (RONDON, 2004).
2004 (MA) 2º Circuito Brasileiro de Surfe na Pororoca, busca da quebra de Record do maior número de surfistas brasileiros na mesma
onda, 30 foram escalados para surfar em Arari (RONDON, 2004).
144
No ano de 2004, quatro pontos de surfe formam o Circuito, são eles: incluso a Ilha do Marajó como edição especial, São Domingos do Capim (PA), Rio Araguari (AP) e Rio Mearim (MA) (LAUS, 2006).
O Circuito Brasileiro de Surfe na Pororoca contava com 4 etapas: Rio Capim, em São Domingos do Capim, e Rio Amazonas, na Ilha do Marajó (PA); Rio Araguari, com base de apoio em Cotias (AP); e Rio Mearim e Pindaré, em Arari (MA). Tendo como campeão Sávio Carneiro e vice Sandro Buguelo Rogério (SOBRINHO, 2013).
2005 (AP, MA) Em março realização do 1º Encontro Internacional de Bore Riders (Surfistas de Marés), que contou com a presença de
surfistas ingleses: Steve King, Stuart Ballard e Tom Wright; surfistas franceses: Bruno Boue, Fabrice e Antony Colas; e surfistas brasileiros: Gerônimo Junior, Noélio Sobrinho e Serginho Laus.
Em abril ocorre a etapa maranhense do Circuito Brasileiro de Surfe na Pororoca e em setembro, expedição grupo de surfistas
Márcio (RJ), Café (PR), Sean (Austrália), além de Serginho Laus e o piloto Glauco Vaz.
Nesse intervalo em 24 de junho 2005, a Expedição Guinness Book rio Araguari (AP) foi o carro chefe das ações, sendo
concluída com êxito após surfar a distância de 10,1 Km em 33 minutos (LAUS,2006).
2006 (AP, PA,
MA)
Circuito Brasileiro de Surfe na Pororoca (3 etapas) (IMIRANTE, 2006).
2º Festival da Pororoca de Arari (FEPA) - realização Instituto CANOA, ONG Maré Amazônica, ABRASPO e ASPM (SURFCORE, 2006).
2007 (MA) Setembro - 1º Campeonato Feminino de Surf na Pororoca (IMIRANTE, 2007)
2008 (MA) Pela 1ª vez verifica-se a presença feminina no Circuito Brasileiro de Surfe na Pororoca (Etapa feminina). Nesse mesmo ano o
Ministério do Turismo aprova recursos para o evento em Arari – Maranhão (SOBRINHO, 2013).
Projeto Pororoca - ABRASPO em 2008 recebe recursos do Ministério do Turismo (MTur, 2008).
2009 (AP, PA) 11ª versão do Surf na Pororoca em São Domingos do Capim (DIÁRIO DO PARÁ, 2009).
Sergio Laus bate Record, records anteriores, na Pororoca do Amapá, rio Araguari
2010 (AP, MA) Maio de 27 a 30 - I Desafio Hugel de Bodyboar na Pororoca de Arari
Patrocínio:Governo do Estado do Maranhão, Ministério do Turismo, AB Propaganda, Trapiche, Prefeitura de Arari, Hugel Surf Wear. Realização foi da ASPM (Associação de surf na Pororoca do Maranhão) e ABRASPO (Associação Brasileira de surf na Pororoca). Além da cobertura: site CRAUD, e site CEARASURF (BIBITA, 2010).
Nesse mesmo ano, Noélio Sobrinho, sofre o acidente mais grave de sua carreira como surfista de maré, no rio Araguari
(Amapá). Tal ocorrência se deu durante gravação do reality radical “Osso Duro” (SOBRINHO, 2013).
2011 (PA) 12º Festival de Surfe na Pororoca (PORTAL ORM, 2011)
2012 (AP, MA) Em abril de 2012, o 12º Campeonato Brasileiro de Surf na Pororoca teve como campeão Rogério Barros (Pingo) do Pará e
145
vice Adilton Mariano. Observação: Adilton tem a marca de 37 minutos e 8 segundos registrado pela Rede Globo (SOBRINHO, 2013)
A modalidade esportiva foilboard é inserida na pororoca do rio Araguari (TONSIG, 2012).
Nesse mesmo ano de 2012 foi realizada uma Expedição no Araguari, tendo como componentes os globais: Luciano Huck
(apresentador do Caldeirão do Huck), Rodrigo Santoro, Marcelo Serrado e Marcello Novaes (atores), além Carlos Burle (surfistas de ondas gigantes). A logística para essa expedição envolveu: 2 iates, 2 helicópteros, 6 lanchas voadeiras, 2 jet skis e uma equipe de 40 pessoas (p. 86). Tal expedição foi o início dos contatos com os chineses para a super produção de transmissão ao vivo para a China do evento direto da Amazônia (SOBRINHO, 2013).
Destinos turísticos do Maranhão recebem apoio do Ministério do Turismo (MTur, 2012).
2013 (AP, MA,
China e
Indonésia)
Culminando em 2013 com a estadia de 15 dias na selva morando em barcos e navios. Sendo que de 10 a 13 de abril ocorreu a transmissão do local do fenômeno pela TV estatal chinesa (CCTV) para todo o continente asiático do surfe na pororoca no Amapá, no rio Araguari. Possibilitando a visibilidade para concretizar a internacionalização, iniciada em 2005, das ações dos envolvidos nessas jornadas de aventura. Os surfistas participantes do evento foram: Marcelo Bibita, Adilton Mariano, Noélio Sobrinho (PA) e Rogério Barros (PA) e Stanley Gomes (AP) (SOBRINHO, 2013).
Em setembro os surfistas Noélio Sobrinho, Marcelo Bibita, Adilton Mariano e George Noronha foram encarar a convite dos
chineses a Silver Dragon ou Dragão Prateado. Com base na cidade de Hangzhou, com 6 milhóes de habitantes, porém um alerta de tufão impossibilitou a aventura.
Os surfistas fizeram as malas e foram surfar a Bono na Indonésia, com ondas de 2m, no rio Pakar (SOBRINHO, 2013)
2014 (AP) Em março de 2014 ocorreu o Desafio Internacional de Surfe na Pororoca, no estado do Amapá. Na pororoca de um novo rio,
o Livramento, pois no momento a pororoca do rio Araguari já não ocorre.
Ainda nesse mesmo ano, no mesmo rio, porém no mês de junho, foi realizado o 14º Campeonato de Surfe na Pororoca.
2015 (PA) Quebra do record mundial de surfistas na Pororoca em São Domingos do Capim (PA).
Legenda: AP - Amapá, PA - Pará, MA - Maranhão
REFERÊNCIAS BIBITA, Marcelo. I Desafio Hugel de Bodyboar na Pororoca de Arari - MA. Disponível em: < http://craud.net/interna.php?c=abraspo&id=170#.VQdG69LF_wk>. Acesso em: 17 ago 2014. DIÁRIO DO PARÁ. Surf na pororoca chega à 11ª versão no Pará. Disponível em: <http://diariodopara.diarioonline.com.br/N-37436.html>. Acesso em: 04
out 2014. IMIRANTE. Arari sedia última etapa do Circuito de Surf na Pororoca. Disponível em: <http://imirante.globo.com/mobile/esporte/sao-luis/noticias/2006/05/26/arari-sedia-ultima-etapa-do-ciruito-de-surf-na-pororoca.shtml>. Acesso em: 16 ago 2014.
146 __________. Mulheres fazem bonito na Pororoca em Arari. Disponível em: <http://imirante.globo.com/mobile/esporte/sao-
luis/noticias/2007/09/27/mulheres-fazem-bonito-na-pororoca-em-arari.shtml>. Acesso em: 14 out 2014. LAUS. Pororoca: surfando na selva. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006. MINISTÉRIO DO TURISMO. Destinos turísticos do Maranhão recebem apoio do MTur. Disponível em: <http://www.turismo.gov.br/turismo/noticias/todas_noticias/20121107.html>. Acesso em: 20 ago 2014. MINISTÉRIO DO TURISMO. MTur divulga projetos que receberão apoio em 2008. Disponível em:
<http://www.turismo.gov.br/turismo/noticias/todas_noticias/200803272.html>. Acesso em: 20 ago 2014. NASCIMENTO, José Lúcio Bentes do. O Surfe na Pororoca: sustentabilidade e turismo em São Domingos do Capim – PA. Belém: EDUFPA, 2007. NORONHA, George. 14º Campeonato Brasileiro de Surf na Pororoca: Adilton Mariano é hepta!. Disponível em: <http://blogs.diariodonordeste.com.br/manobraradical/surfe/14o-campeonato-brasileiro-de-surf-na-pororoca-adilton-mariano-e-hepta/>. Acesso em: 26/09/2014. __________. Suspense no Igarapé do Inferno. Disponível em: <http://waves.terra.com.br/waves/competicao/amador/maraca/recebe/etapa>. Acesso em: 18 dez 2014. PORTAL ORM. Fenômeno lunar embala a pororoca. Disponível em:
<http://noticias.orm.com.br/noticia.asp?id=522447&%7Cfen%C3%B4meno+lunar+embala+a+pororoca#.VQefQ9LF_wk>. Acesso em: 10 mar 2015. RONDON, José Eduardo. Amazônia faz torneio na pororoca para gringo ver. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk0704200409.htm>. Acesso em: 04 out 2014. _____________. Cearense fica mais de meia hora na onda. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk0704200410.htm>. Acesso em: 04
out 2014. SOBRINHO, Noélio. Auêra Auara: a história do surf na pororoca: Pará, Amapá e Maranhão. Belém: Ed., 2013. SURFCORE. Seletiva no Maranhão define atletas para a pororoca. Disponível em: <http://www.surfcore.com.br/home/component/content/article/1/3386.html>. Acesso em: 16 ago 2014. TONSIG, Jean. Grupos de surfistas encaram a pororoca de uma maneira diferente. Disponível em:
<http://www.territorioeldorado.limao.com.br/musica/mus192519.shtm >. Acesso em: 02 set 2015.
Fonte: Autor (2015)
147
APÊNDICE E: Formas de acesso ao município de Arari
Meio de Acesso Percurso Local de embarque
ou desembarque
Distância da
Capital - São Luís
Rodoviário Saindo de São Luís
BR-135 e BR - 222
Terminal Rodoviário
- Dr. José Benedito
Prazeres
164 Km
Outras informações: dispõe de 18 boxes comerciais: destinados para escritório das
empresas Itapemirim, Boa Esperança e Transbrasiliana; à venda de alimentação, lanches e
bebidas não alcóolicas. De modo geral com excelente conservação, banheiros limpos
(masculino, feminino e adaptado) e com chuveiros. Conta com 3 postos de mototáxi, posto
de táxi (Mearim). Para sua manutenção conta com 03 faxineiras internas e 01 externo; 01
jardineiro, além de vigilância 24h. Todos sob supervisão do Administrador do Terminal
Rodoviária, o Sr. José Pedro Ferreira e da Secretaria de Turismo, a qual dispõe de um
Posto de Informações Turísticas na rodoviária.
Ferroviário Estrada de Ferro
Carajás
Estação de Trem -
Povoado Bubasa
126 Km
Outras informações: Seus pontos de venda estão nos bairro Centro e Anjo da Guarda, na
capital; e no interior no bairro Campinas, município de Vitória do Mearim.
Hidroviário Rio Mearim Porto 138 Km
Aéreo Pista de pouso 99 Km
Outras formas de
acesso
Povoados de Arari acessíveis pela BR 222 por vicinais: Capoeira
Grande , Moitas, Campo do Carmo ,Capim-açu, Pimental, Morada
Nova, Arari-açu da Beira, Arari-açu do Centro. Povoados localizado
as margens da BR 222: Bamburral, Mata e Bubasa. Povoados
acessíveis por outras vicinais no interior da cidade: Bonfim,
Barreiros, Fleixeiras, Juncal ,Cedro, Mantibe, Félix e Curral da
Igreja.
Fonte: Autor (2015)
148
APÊNDICE F: Sistemas de comunicação do município de Arari
Nº Modelo Descrição
01 Agências Postais O município conta com uma agência da Empresa Brasileira de
Correios e Telágrafos, que funciona também como Banco
Postal. Localizada na rua Padre José D’eca, s/n, Centro,
oferece os seguintes serviços: abertura de conta corrente e
poupança, depósito, saque, saldo, extrato. Seu quadro efetivo
de funcionários é composto de: 3 carteiros e 2 atendentes.
Com horário de funcionamento de segunda a sexta das 8 às
12h e 14h às 17h. No interesse de melhor atender e distribuir o
volume de correspondências, foi instalado na estrutura do
Posto de Saúde do Povoado Bonfim, zona rural de Arari, uma
Agência do Correio Comunitária. Porém em visita de campo,
realizada em janeiro de 2015, foi constatado o não
funcionamento da mesma.
02 Jornais locais e
Regionais
Dezenas de jornais temporários já circularam em Arari. Os
mais recentes são: 2003 – Folha da AVL, Folha Arariense,
Intelecto Arariense, Tribuna Arariense, Revista InterAGIR; e
2010 – jornais O Mearim e Jornal Arari Livre (BATALHA,
2014). O único jornal de Arari recebe o título de “Notícias”. Os
demais são jornais que circulam em todo o estado sob os
títulos: Pequeno, Imparcial e O Estado do Maranhão.
03 Sistema de
Telecomunicações
A emissora de rádio denominada “Rádio Progresso”, sintonia
87,9 MHz FM, é a única na cidade de Arari. Possui como
canais de TV abertos o Sistema Brasileiro de
Telecomunicaçãoes (SBT), Bandeirantes e Rede Globo; já
com relação aos canais fechados via parabólica e ou
assinaturas possue canais diversos.
04 Postos telefônicos,
telefonia móvel e
internet
Atualmente a empresa de telecomunicações Oi é responsável
pelos postos telefônicos locais, conhecidos como orelhões, em
número superior a 100. Com relação à telefonia móvel as
operadoras TIM e Claro operam com cobertura na cidade de
Arari. No entanto as torres estão instaladas em cidades como
Itapecuru-Mirim, Viana e Vitória do Mearim.
Fonte: Autor (2015)
149
APÊNDICE G: Sistemas de segurança do município de Arari
Nº Instituições
Públicas
Descrição
01 Polícia Civil A Delegacia de Polícia Civil de Arari tem funcionamento com
plantão 24h, para boletim de ocorrência somente pela manhã
de 2ª a 6ª feira. É vinculada à 6ª Regional de Viana. Seu
quadro efetivo dispõe de 1 delegado. Quanto aos número de
policiais, agentes e veículos o delegado relatou serem
informações sigilosas.
02 Polícia Militar A Polícia Militar está presente no município com quadro
composto por 7 policiais divididos em: 1 tenente, 2 sargentos,
4 soldados.
03 Guarda Municipal A Guarda Municipal de Arari tem sede no endereço Praça da
Matriz, nº 01. Seu efetivo conta com 14 guardas, seu período
de funcionamento é de 24h.
04 Defensoria Pública A Defensoria Pública Regional de Arari é a 26ª unidade de
atendimento da Defensoria Pública no Maranhão. Conta com a
infraestrutura composta com espaços climatizados, banheiros
e rampas adaptadas. O defensor público Raphael Tito de
Vasconcelos é o titular do núcleo.
05 Fórum de Justiça O Fórum de Justiça da Comarca de Arari conta com dez
funcionários assim subdivididos: 01 juiz substituto Nilvan
Gedeon Gomes, 01 secretário judicial, 02 oficiais de justiça, 03
auxiliares judiciários e 03 técnicos judiciários.
06 Promotoria de
Justiça
Arari dispõe também de Promotoria de Justiça (27ª), com
efetivo composto por seis servidores: 01 promotor de justiça,
01 assessora, 01 auxiliar de administração, 01 executor de
mandados e 02 auxiliares operacionais de serviços gerais
(AOSG).
Fonte: Autor (2015)
150
APÊNDICE H: Outros serviços e equipamentos de apoio
01 Venda de Livro sobre a cidade
Na rodoviária de Arari, no Posto de Informações Turísticas são encontradas
obras referentes ao município para a comercialização, também no Memorial Padre Brandt
existem obras locais para venda.
02 Agência / Posto Bancário e ou Correspondente Bancário
Existe no município apenas uma agência bancária do Bradesco. Estando
localizada na Praça Lelis Santos. Outro local disponível para movimentações financeiras é
a Agência dos Correios, através do banco postal e a Casa Lotérica.
03 Estação Conhecimento
Inaugurada a pedra fundamental em 17 de março de 2010, a Estação
Conhecimento (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público - OSCIPA), tem como
parceiro a Fundação Vale do Rio Doce. Sua localização é BR-222 entre Arari e Miranda do
Norte. Seu funcionamento independe das esferas governamentais em qualquer nível. Seu
foco é forma jovens através do esporte, cultura e formação profissional para o
desenvolvimento do arranjo produtivo local, rural e urbano.
Para isso conta com pista de corrida, campo de futebol com arquibancadas,
quadra poliesportiva, piscina semi-olímpica; além de Centro Cultural, Educacional e de
Referência Tecnológica da Produção.
04 Postos de combustíveis
Na Zona Rural o posto SP Combustíveis dispõe de loja de conveniência,
restaurante, banheiros masculino e feminino, troca de óleo e está localizado na BR 222,
Povoado Bubasa. Já a zona urbana conta com três postos: o Total Posto Taynara, localiza-
se na BR 222, Km 30, s/n, Centro Arari; O Total Posto Arari, dispõe de loja de
conveniência, lanchonete, banheiros masculino e feminino, conta também com venda de
lubrificantes e por fim o Auto Posto Mearim contando com loja de conveniência, lanchonete,
banheiros masculino e feminino, oferece serviço de troca de óleo. Os 4 postos estão
localizados na BR 222.
Fonte: Autor (2015)
151
APÊNDICE I: Atividades econômicas do município de Arari
01 Agricultura e Fruticultura
Arari produzia e abastecia a capital do estado com os seguintes itens: lima,
laranja, limão, tanja, manga, maracujá, mamão, acerola, ovos, galinha caipira e carne seca,
ou seja, já teve épocas com produção de excedente. Atualmente a econômia é concentrada
no setor primário: pesca, culturas agrícolas temporárias (arroz, mandioca, melancia, milho,
melão e feijão), culturas agrícolas permanentes (fibra de malva, banana, limão, manga,
coco-da-baia e laranja). Em geral se apresentam como meio de subsistência. O município
hoje importa os produtos já citados e inclusive pescado (MOREIRA et al., 2008; BATALHA,
2014).
Não existem dados concretos sobre a prática no município, ocorrendo exploração artesanal
de fundo de quintal, em regiões com condições propícias. Nesse cenário Arari apresenta-se
como segundo maior produtor de melancia do Maranhão (MOREIRA et al., 2008).
02 Pecuária e Piscicultura
Podem ser identificadas criações de bovinos, aves, suínos, bubalinos, equinos,
caprinos, ovinos, asininos e muares (BATALHA, 2014). A pecuária é a principal fonte de
atividade econômica de Arari (MOREIRA et al, 2008).
Presença de pequenos produtores, explorando a piscultura sem nenhuma técnica, com
criações artesaniais de tambaqui, tilapia comum, tilapia tailandesa, carpa, curimatá, pacu e
tambacu. A pesca concentra-se em áreas próximas à costa (MOREIRA, 2008).
03 Rizipiscicultura e Apicultura
A rizipiscicultura, consórcio entre o cultivo de arroz irrigado e a criação de
peixes, tem sido definida como um sistema auto-sustentável de tecnologia limpa, devido à
não utilização de agrotóxicos, uso reduzido de maquinaria (os peixes também revolvem a
terra e a preparam para a semeadura) e do aumento de renda por área.
Os apiários localizam-se principalmente na região do Bonfim, onde pode ser
localizada a cararaubeira, árvore que possui flores melíferas. Afirma Batalha (2014, p. 328)
“na terra da melancia, as abelhas são muito importantes, no período da floradas, para a
fecundação de frutos, que se reproduzem por meio do transporte do pólen de uma flor para
a outra.” Nesse cenário arariense os principais itens de produção animal são: leite, ovos,
mel e peixe.
04 Extrativismo Vegetal
O babaçu é o principal produto para o extrativismo vegetal, dá origem a 68
subprodutos, dentre os quais álcool e produtos químicos. Seu fruto dá origem a: óleo, leite,
carvão, ração para gado, trabalhos artesanais. Suas palhas servem para cobertura de
casas, para fazer cofos, abanos e esteiras; sua celulose é usada na fabricação de papel e
152
detergentes. E com o palmito podem alimentar o gado ou fazer tortas. Destaque também
para a carnaúba e o tucum, além de plantas medicinais e madeiras de lei como jatobá,
bacuri e pau d´árco para construção civil.
05 Setor secundário e terciário
O setor secundário arariense caracteriza-se pela pequena indústria, com
destaque: “usinas de baneficiamento de arroz, olarias, fábricas de farinha de mandioca,
aguardente de cana, fábricas de sorvete (O Sorvetão e Zero Grau) e fábrica de
benefiamento do babaçu, principalmente na produção de mesocarpo” (MOREIRA et al,
2008, p. 18). Além de serrarias, cerâmicas e fábricas de gelo. A matéria-prima é uma das
maiores dificuldades.
O setor terciário é pouco representativo, tendo a agência do Banco Bradesco,
Bancos de empréstimo como BMG, Bom Sucesso, CEAPE e Lotérica. Segundo Moreira et
al. (2008) o Comércio arariense é desenvolvido e baseado na importação sustentada de
medicamentos, materiais hidráulicos, elétricos, alimentos industrializados, produtos
hortigranjeiros e têxteis; e na exportação de pescados, juçara, caranguejos, além da
exportação sustentada de babaçu, arroz, milho, melancia, feijão, etc.
Fonte: Elaborado pelo autor (2015) com base Batalha (2014) e Moreira (2008)
153
APÊNDICE J: Festejos Religiosos Ararienses
Nome do Festejo Período Outras informações
Nossa Senhora da Graça de 06 a 15 de agosto ocorre a mais de 200 anos
Bom Jesus dos Aflitos entre 12 e 14 de setembro Retorno à terra de muito
ararienses
São José comemorado com a
novena que se encerra no
dia 19 de março
Nossa Senhora Rainha
da Paz
05 a 14 de julho
De Sant’Ana 17 a 26 de julho
Nossa Senhora do
Rosário
outubro Na Capela de N. S. do Rosário
de Santa Luzia 04 a 13 de dezembro Na Capela de Santa Luzia
Fonte: Elaborado pelo autor (2015) com base em Ribeiro (2014)
154
APÊNDICE K: Itens de interesse turístico
01 Flora e Fauna
Quanto à flora destacam-se as macrófitas aquáticas: batis marítima, salvínia
sp., juncos sp., sesuvium sp., eleocharis sp.. Quanto à fauna destacam-se as aves: jacana
jacana, butorides striatus, dendrocygna autumnalis, dacnis cavana, ardea alba, ceryle
torquata, phalacrocorax olivaceus, dendrocygna viduata, tachycineta albiventer, porphyrula
martinica e Tigrisoma lineatum. Alguns dos peixes plagioscion squamosissimus,
Pseudoplatystoma fasciatum, Micropogonias furnieri, Prochilodus nigricans, Pimelodus sp.,
Hoplias malabaricus e Centropomus undecimalis (Fonte: Eduarda Pereira)
02 Arquitetura
Destaque para a Igreja Matriz, sendo uma das mais bonitas do interior do
estado. Com primeira construção realizada em 1812, segunda construção iniciada no ano
de 1936 e a antiga foi demolida em 1938 (BATALHA, 2014). Outras igrejas municipais são:
a Igreja Nossa Senhora do Rosário e a Capela de Santa Luzia. Nas ruas às margens e ou
próximas do rio Mearim estão localizados boa parte das construções municipais antigas,
muitas delas sediam órgãos administrativos do Poder Público e ou escolas.
03 Memorial / Biblioteca / Academia Arariense-Vitoriense de Letras
Localizado na casa onde morou o Padre Clodomir Brandt e Silva, o Memorial
que leva seu nome dispõe de objetos pessoais do mesmo, dentre os quais: fotos, livros,
documentos, móveis, além de objetos religiosos que o Padre usava nas celebrações. Sua
data de fundação é 22 de novembro de 2001, localiza-se na Av. João da Silva Lima e não
possui horário de funcionamento, passando boa parte do tempo fechado. Curiosamente
uma vértebra da baleia que encalhou em Arari no Curral da Igreja, décadas atrás, pode ser
encontrada guardada no memorial.
As bibliotecas existentes em Arari são: Farol da Educação – Profª Raimunda
Ramos, Biblioteca Justina Fernandes (1947), Biblioteca Municipal Cônego Clodomir Brandt
e Silva e Biblioteca Profª Maria Tereza de Jesus Garcia e a Biblioteca do SESI. Já a
Academia Arariense-Vitoriense de Letras, foi idealizada em 1999 e fundada em 29 de
janeiro de 2000 (BATALHA, 2014).
04 Clubes Municipais
O Arari Clube Social e Recreativo, fundado em 1972, é um importante símbolo
dentre os clubes ararienses. O Castelo Night Club, a Associação Mirim e a Cabana do Boi
são outros exemplos de clubes locais, porém mais recentes, onde a comunidade se
encontrar e confraterniza nos eventos oferecidos (RIBEIRO, 2014).
05 Praças e Pontes
Temos em Arari a Praça do Folclore como principal ponto de encontro do
155
carnaval arariense. A Praça Nossa Sra. da Graça localizada ao fundo da Igreja Matriz. E a
Praça Padre Clodomir Brandt e Silva, popularmente conhecida com Praça da Matriz, onde
é celebrado o Festejo de Nossa Sra. da Graças no mês de agosto, dentre outros festejos
religiosos municipais.
As Pontes do Rio Mearim e do Igarapé do Nema, que passa no centro cidade
são as principais do município. A ponte do Nema é utilizada como ponto de encontro para
pesca e fica localizada no encontro do igarapé de mesmo nome e o rio Mearim.
6
06
Gastronomia
As iguarias regionais descrita por Batalha (2014) são: peixes fritos ou
recheados, jeju cheio, maria isabel, carne seca, pato borrachudo com arroz novo, cozido
com verduras, arroz de toucinho, torresmo de porco, feijão verde, feijão com arroz, arroz
doce, galinha parida, descaída, bobó de jerimum, guisado de mamão verde, quibebe de
mamão, periquito afogado, arroz de cuxá, paçoça de camarão seco e paçoca de carne
seca. Outros alimentos citados são: pato novo, arroz novo de pilão, cuxá, quibes árabes,
além de preparos à base de leite de coco.
Entre os doces que compõe a gastronomia local estão: doce de leite, de goiaba,
doce de mamão e cocoda de leite. Já as bebidas são bem representadas pelo licor de
jenipapo e os refrescos de tamarindo, jacama, goiaba e cajazinho.
0
07
Artesanato
Os como principais trabalhos artesanais produzidos pela Associação União
Arariense pela Arte (UAPA) são: selas, tamancos, cofos, guardanapos de crochê, jarros
feitos com jornais e tapetes (MOREIRA et al., 2008). As principais matérias primas são a
palha, com a qual são feitas: redes, esteiras e cordas de tucum; com o junco são feitas
esteiras de montaria e colchões de cama; com o barro são feitos potes, bilhas, jarras,
panelas, arranjos; com o couro são feitos cordas, chinelos, alforjes, tamancos campeiros,
chicotes, macas, chapéus, selas e arreios de montaria; com a carnaúba são feitos chapéus
de palha e cera; e com o babaçu os cofo, abano e meaçaba são produzido (BATALHA,
2014).
Fonte: Elaborado pelo autor com base nas fontes citadas (2015)
156
APÊNDICE L – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
VICE-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO, EXTENSÃO E CULTURA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS - COMUNICAÇÃO, TURISMO E LAZER PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM TURISMO E HOTELARIA –
MESTRADO ACADÊMICO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
CONVITE DE PARTICIPAÇÃO NA PESQUISA: POSSIBILIDADES DE
DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO SUSTENTÁVEL A PARTIR DO ATRATIVO
FLUVIOMARÍTIMO POROROCA, NO MUNICÍPIO DE ARARI-MA
Através deste estamos convidando você para participar da pesquisa acima. Nosso objetivo
é verificar as possibilidades de desenvolvimento turístico sustentável a partir do atrativo
fluviomarítimo pororoca, no município de Arari-MA. A justificativa está baseada na
necessidade de gerar subsídios, fonte de dados, que possibilitem o desenvolvimento
turístico sustentável arariense, evitando a perda ou subutilização da pororoca do rio Mearim,
não apenas como fenômeno natural a priori, mais como produto turístico singular existente
no estado do Maranhão - Brasil. E por fim, beneficiar (in) diretamente a comunidade
arariense com a atividade turística. A metodologia quanto ao tipo da pesquisa será do tipo
exploratória e descritiva e utilizará na coleta de dados a observação direta e o questionário.
Todas as estratégias serão desenvolvidas entre os meses de maio a outubro após convite e
seleção das pessoas que estarão conosco como informantes. O texto final será elaborado
de modo que possamos apresentar os resultados até novembro de 2015.
Quanto à sua participação sinta-se completamente livre para decidir participar ou não, mas
ressaltamos a importância da sua contribuição. Aproveitamos para esclarecer que seu
anonimato está garantido; as informações embora apresentadas em eventos e artigos não
a/o identificarão se assim desejar; as informações e resultados obtidos estarão à sua
disposição; sua participação não trará qualquer desconforto, dano ou ônus à sua pessoa. Os
dados coletados serão utilizados para fins acadêmicos de pesquisa e divulgação de
conhecimento sobre o tema. Caso concorde em participar solicitamos o preenchimento e
assinatura neste documento.
Eu_______________________________________ Documento de identidade
Nº________________________CPF________________________ declaro que de forma
livre e esclarecida, aceito participar do estudo POSSIBILIDADES DE DESENVOLVIMENTO
TURÍSTICO SUSTENTÁVEL A PARTIR DO ATRATIVO FLUVIOMARÍTIMO POROROCA,
NO MUNICÍPIO DE ARARI-MA, desenvolvido pelo mestrando Hélton Mota Ferreira
(contato: [email protected] / fone: 0XX(98) 98147-5501), com a orientação do Prof.
Dr. Paulo dos Santos Pires (contato: [email protected] / fone: 0XX(47) 3261-1220), na
modalidade de Projeto de Pesquisa Científico vinculado ao Mestrado Acadêmico em
Turismo e Hotelaria da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI (www.univali.com.br).
Local e data:______________________________________________________________
Assinatura:_________________________________________________________________