157
HÉLTON MOTA FERREIRA POSSIBILIDADES DE DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO SUSTENTÁVEL A PARTIR DO ATRATIVO FLUVIOMARÍTIMO POROROCA, NO MUNICÍPIO DE ARARI-MA BALNEÁRIO CAMBORIÚ (SC) 2015

hélton mota ferreira - Univali

Embed Size (px)

Citation preview

HÉLTON MOTA FERREIRA

POSSIBILIDADES DE DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO SUSTENTÁVEL A

PARTIR DO ATRATIVO FLUVIOMARÍTIMO POROROCA, NO MUNICÍPIO

DE ARARI-MA

BALNEÁRIO CAMBORIÚ (SC)

2015

UNIVALI UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

Vice-Reitoria de Pós-graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hotelaria – PPGTH

Curso de Mestrado Acadêmico em Turismo e Hotelaria

HÉLTON MOTA FERREIRA

POSSIBILIDADES DE DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO SUSTENTÁVEL A

PARTIR DO ATRATIVO FLUVIOMARÍTIMO POROROCA, NO MUNICÍPIO

DE ARARI-MA

Dissertação apresentada ao colegiado do PPGTH como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Turismo e Hotelaria – área de concentração: Planejamento e Gestão do Turismo e da Hotelaria – (Linha de Pesquisa: LPI – Planejamento do Destino Turístico). Orientador: Prof. Dr. Paulo dos Santos Pires

BALNEÁRIO CAMBORIÚ (SC) 2015

UNIVALI UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

Vice-Reitoria de Pós-graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hotelaria – PPGTH

Curso de Mestrado Acadêmico em Turismo e Hotelaria

CERTIFICADO DE APROVAÇÃO

HÉLTON MOTA FERREIRA

POSSIBILIDADES DE DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO SUSTENTÁVEL A

PARTIR DO ATRATIVO FLUVIOMARÍTIMO POROROCA, NO MUNICÍPIO

DE ARARI-MA

Dissertação avaliada e aprovada pela Comissão Examinadora e referendada pelo Colegiado do PPGTH como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Turismo e Hotelaria.

Balneário Camburiú (SC), 18 de novembro de 2015.

Membros da Comissão:

Presidente: ______________________________________

Prof. Dr. Paulo dos Santos Pires Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI

Membro Externo: ______________________________________

Prof. Dr. Luiz Gonzaga Godoi Trigo

Universidade de São Paulo - USP

Membro Interno: _______________________________________

Prof. Dr. Doris Van de Meene Ruschmann Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI

Dedico este trabalho aos meus pais, Jorge e Socorro, que com muita

dedicação me conduziram até este momento de alegria e renovação de responsabilidade perante a educação.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado saúde e paz para esta missão.

Agradeço a Jorge e Socorro (pais), Hélida e Hélen (irmãs) pelo amor, pelo carinho,

por serem a minha inspiracão e grandes incentivadores da minha carreira

acadêmica.

Agradeço à minha esposa Ruth pela dedicação e paciência; e aos meus filhos

Marlene e Heitor que muitas vezes me tiraram do sério durante os estudos, porém

enchem nosso lar de alegria todos os dias.

Agradeço às minhas avós, Meolina e Raimunda, pelo amor e dedicação familiar

que tem como essência suas bondades e religiosidades arraigadas em almas cheias

de amor e exemplo. Este mesmo agradecimento é extensivo aos demais familiares.

Agradeço à Profª. Raimundinha, Profª Célia, Profº Leopoldo Vaz, Profº Vilton,

Profº Messias, Welyza Carla, Triciane e Cicilene, pela receptividade, carinho,

atenção e disponibilidade durante toda a concretização do estudo.

Agradeço, a todos os participantes da pesquisa, por terem oportunizado um

pouco de tempo em suas agendas para participar do estudo, contribuindo assim

para a possibilidade de aplicação da cientificidade do turismo em terras ararienses.

Agradeço especialmente, ao meu orientador, Prof. Paulo dos Santos Pires, que

com sua tranquilidade, disponibilidade, atenção e dedicação, conduziu o processo

de forma esplendorosa.

Agradeço a todos os professores e técnicos administrativos do IFMA e da UNIVALI,

pela parceria e desenvolvimento do MINTER de forma plena e com sucesso.

Agradeço imensamente, aos companheiros de turma, pois de cada um procurei

captar suas qualidades pra seguir em frente nessa jornada.

RESUMO

A ocorrência da pororoca no município de Arari, estado do Maranhão (Brasil),

transformou-se nos últimos 15 anos em atrativo turístico natural de destaque através

da prática do surfe e demais modalidades esportivas. Dessa forma, o município

passou a atrair turistas adeptos dos segmentos turismo esportivo e turismo de

eventos esportivos, principalmente. No entanto, as ações vinculadas a essas

segmentações turísticas apresentam-se marcadas pela sazonalidade e pela

consequente subutilização da pororoca enquanto atrativo natural singular do turismo

maranhense. Diante deste contexto, a pesquisa teve como objetivo geral verificar

as possibilidades de desenvolvimento turístico sustentável a partir desse atrativo

turístico arariense. O paradigma do turismo sustentável foi o condutor deste

estudo. Para tanto, na pesquisa adotou-se o método indutivo, exploratório e

descritivo. Utilizou-se o questionário e a observação para a coleta de dados; e

analisou-se o nível local, nacional e o internacional, em busca de subsídios que

possam nortear as ações turísticas sustentáveis ararienses, contribuindo para a

composição de um produto turístico. Os resultados revelam que vários países

recebem turistas esportivos e alguns realizam festivais para aumento da demanda.

O Brasil e a China realizam competições esportivas na pororoca, caracterizando o

turismo de eventos esportivos. Somente no Brasil identificou-se os segmentos

ecoturismo e turismo de aventura vinculados às atividades na pororoca. Porém, Arari

dispõe de precária infraestrutura básica e turística, necessitando de investimentos.

Os baixos níveis de envolvimento no planejamento e gestão turística por parte dos

atores sociais, entre outros fatores revelados na pesquisa, demonstram a não

implementação de preceitos do turismo sustentável. Por fim, considerou-se que, no

contexto arariense, o ecoturismo poderá ser o condutor das ações turísticas

sustentáveis, tendo os demais segmentos, turismo esportivo, turismo de eventos

esportivos e turismo de aventura papel na composição do produto turístico.

Palavras-chave: turismo, turismo sustentável, ecoturismo, pororoca, Arari-MA.

ABSTRACT

The occurrence of the Pororoca, a tidal bore with waves up to four meters high, in the

municipality of Arari, in the Brazilian State of Maranhão, has been transformed in the

last fifteen years into a major tourist attraction, through the practice of surfing and

other types of sports. Through this event, the municipality began to attract tourists,

particularly fans of various sports tourism segments, and sports events

tourism. However, actions linked to these tourism segmentations are marked by the

seasonality, and the consequent underuse of the pororoca as a unique natural

tourism attraction in the state. The general objective of this research was

to determine the possibilities of sustainable tourism development based around this

tourism attraction in the municipality of Arari. This study was driven by the paradigm

of sustainable tourism. In terms of methodology, we adopted an inductive,

exploratory and descriptive approach. We used a questionnaire and observation for

the data collection; analyzing the scenario at local, national and international levels,

in search of support that could guide the sustainable tourism actions in the

municipality, and thereby contribute to the composition of a tourist product. The

results reveal that several countries receive sports tourists, and some hold festivals

to increase the demand. Brazil and China have held sports competitions in the

pororoca, characterizing sports events tourism. Ecotourism and adventure tourism

segments linked to the activities in the pororoca were only identified in Brazil.

However, Arari lacks basic infrastructure, and the tourist attractions are in need of

investment. The low levels of involvement in the planning and tourism management

by the social actors revealed through the research, among other factors, demonstrate

the lack of implementation of the precepts of sustainable tourism. Finally, it was

considered that in the context of Arari, ecotourism may be the driver of sustainable

tourism actions, with the other segments - sports tourism, sports events tourism and

adventure tourism – also playing a role in the composition of the tourism product.

Keywords: tourism, sustainable tourism, ecotourism, pororoca, Arari-MA.

LISTA DE SIGLAS

ABETA Associação Brasileira de Ecoturismo e Turismo de Aventura

ABRASPO Associação Brasileira de Surf na Pororoca

AMSP Associação Maranhense de Surfe na Pororoca

APA Área de Proteção Ambiental

APABM Área de Proteção Ambiental da Baixada Maranhense

DAFO Debilidade, Ameaças, Fortaleza e Oportunidade

ECO Ecoturismo

ICMbio Instituto Chico Mendes

IMESC Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos

IP Iniciativa Privada

IPO Instituto Pororoca

MA Maranhão

MTur Ministério do Turismo

PDMA Plano Diretor do Município de Arari

PDTMA Plano de Desenvolvimento do Turismo do Município de Arari

PMM Plano Maior Maranhão

PP Poder Público

R Respondente

SCO Sociedade Civil Organizada

TA Turismo de aventura

TE Turismo esportivo

TEE Turismo de eventos esportivos

UFMA Universidade Federal do Maranhão

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Pororocas por país .................................................................................. 56

Quadro 2: Intensidade das pororocas mundiais ....................................................... 57

Quadro 3: As principais pororocas em 1988 e 2014 ................................................. 58

Quadro 4: Pororocas no mundo ............................................................................... 62

Quadro 5: Locais de ocorrência da pororoca no Brasil .. .......................................... 67

Quadro 6: Intensidade das pororocas nacionais ...................................................... 68

Quadro 7: Segmentos turísticos associados à pororoca no mundo .......................... 79

Quadro 8: Segmentos turísticos associados à pororoca no Brasil ............................ 83

Quadro 9: Roteiro de ecoturismo oferecido na pororoca do Amapá ......................... 85

Quadro 10: Nível de envolvimento da iniciativa privada e Sociedade Civil, segundo a

opinião do Poder Público ....................................................................................... 102

Quadro 11: Nível de envolvimento do Poder Público e Sociedade Civil, segundo a

opinião da iniciativa privada ................................................................................... 105

Quadro 12: Nível de envolvimento do Poder Público e iniciativa privada, segundo a

opnião da Sociedade Civil Organizada .................................................................. 109

Quadro 13: Opinião do Poder Público, iniciativa privada e Sociedade Civil

Organizada sobre os benefícios do turismo em Arari ............................................. 112

Quadro 14: Opinião do Poder Público, iniciativa privada e Sociedade Civil

Organizada sobre os malefícios do turismo em Arari ............................................. 113

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Localização do município de Arari ............................................................. 46

Figura 2: Trecho do rio Araguari próximo à foz antes e depois ................................ 71

Figura 3: Força natural da pororoca no rio Araguari (AP) ......................................... 72

Figura 4: Maior pororoca já registrada no Brasil, rio Araguari ................................... 73

Figura 5: Ilustração do percurso entre a sede de Arari e o povoado Curral da Igreja

................................................................................................................................. 74

Figura 6: Surfista na pororoca de Arari..................................................................... 75

Figura 7: Surfista na estrada de acesso ao povoado Curral da Igreja em Arari ........ 75

Figura 8: Pororoca do rio Petitcodiac no Canadá ..................................................... 81

Figura 9: Surfistas de vários países na Mascaret, França ........................................ 81

Figura 10: Bodyboard na pororoca do rio Mearim em Arari ...................................... 82

Figura 11: Modalidade esportiva foilboard na pororoca ............................................ 86

Figura 12: Antigo e novo sistema de captação de água - balsa flutuante ................. 89

Figura 13: Balsa flutuante - novo sistema de captação de água .............................. 89

Figura 14: Área de destino do lixo em Arari - Lixão .................................................... 90

Figura 15: Terminal rodoviário de Arari .................................................................... 91

Figura 16: Base de apoio aos surfista no povoado Curral da Igreja às margens do rio

Mearim ..................................................................................................................... 93

Figura 17: Lago da Morte em Arari ........................................................................... 96

Figura 18: Ponte do Nema sobre o Igarapé do Nema .............................................. 96

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Sexo dos participantes do curso ............................................................. 118

Tabela 2: Faixa etária dos participantes do curso .................................................. 118

Tabela 3: Morador da zona urbana ou rural ........................................................... 118

Tabela 4: Como soube da oferta do curso ............................................................. 119

Tabela 5: Trabalho à época do curso ..................................................................... 119

Tabela 6: Capacitação ........................................................................................... 120

Tabela 7: Proposta de emprego ............................................................................. 120

Tabela 8: Abertura de negócios gerais e ou turísticos ............................................ 120

Tabela 9: Trabalho atual ........................................................................................ 121

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13

1.1 Contextualização do tema ............................................................................... 13

1.2 Delimitação do problema de pesquisa ........................................................... 17

1.3 Objetivos do estudo ......................................................................................... 20

1.4 Justificativa ...................................................................................................... 20

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 23

2.1 O desenvolvimento do turismo sustentável .................................................. 23

2.2 Turismo esportivo e turismo de eventos esportivos ..................................... 31

2.3 Ecoturismo e turismo de aventura.................................................................. 35

2.4 Relação entre turismo esportivo, turismo de aventura e ecoturismo em

destinos turísticos naturais .................................................................................. 39

3 METODOLOGIA DA PESQUISA .......................................................................... 43

3.1 Tipologia da pesquisa ...................................................................................... 43

3.2 Procedimento de pesquisa .............................................................................. 43

4 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE ARARI-MA .......................................... 45

4.1 Contextualização histórico-geográfica de Arari ............................................ 45

4.2 Formação socio-espacial de Arari .................................................................. 47

4.3 Polo Turístico Lagos e Campos Floridos e a Área de Proteção Ambiental da

Baixada Maranhense ............................................................................................. 48

4.4 O Mearim, a pororoca e os navegantes .......................................................... 50

5 A POROROCA ..................................................................................................... 53

5.1 A ocorrência mundial da pororoca, a sua utilização esportiva/recreativa e

os impactos negativos sobre o fenômeno ........................................................... 53

5.2 A ocorrência nacional da pororoca, a sua utilização esportiva/recreativa e

os impactos negativos sobre o fenômeno ........................................................... 63

5.3 Características da pororoca para a prática de esportes ............................... 73

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 77

6.1 Considerações metodológicas preliminares ................................................. 77

6.2 O atrativo pororoca para o turismo no mundo .............................................. 77

6.3 O atrativo pororoca para o turismo no Brasil ................................................ 82

6.4 Caracterização do potencial turístico de Arari-MA ........................................ 88

6.4.1 Localização e infraestrutura básica ................................................................. 88

6.4.2 Infraestrutura turística ..................................................................................... 91

6.4.3 Recursos naturais e culturais .......................................................................... 95

6.5 O turismo arariense vinculado à pororoca ..................................................... 99

6.5.1 Opinião do Poder Público ................................................................................ 99

6.5.2 Opinião da iniciativa privada.......................................................................... 103

6.5.3 Opinião da Sociedade Civil Organizada ........................................................ 106

6.5.4 Opinião dos organizadores dos eventos........................................................ 114

6.5.5 Opinião dos participantes do curso “O meu negócio pode ser turismo” ......... 118

7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................. 123

7.1 Conclusões da pesquisa ............................................................................... 123

7.2 Limitações da pesquisa ................................................................................. 125

7.3 Recomendações para futuras investigações ............................................... 126

REFERÊNCIAS ............................................................................................... 127

APÊNDICES .................................................................................................... 136

APÊNDICE A - Questionário Poder Público, Sociedade Civil Organizada e iniciativa privada .............................................................................................. 137

APÊNDICE B – Questionário participantes do curso “O meu negócio pode ser turismo” ........................................................................................................... 139

APÊNDICE C - Questionário organizadores .................................................... 140

APÊNDICE D – Ações, eventos esportivos e festivais no Amapá (AP), Pará (PA) e Maranhão (MA) de 1997 a 2015 ................................................................... 143

APÊNDICE E – Formas de acesso ao município de Arari ................................ 147

APÊNDICE F – Sistemas de comunicação do município de Arari .................... 148

APÊNDICE G – Sistemas de segurança do município de Arari ....................... 149

APÊNDICE H – Outros serviços e equipamentos de apoio .............................. 150

APÊNDICE I – Atividades econômicas do município de Arari .......................... 151

APÊNDICE J – Festejos religiosos arariense ................................................... 153

APÊNDICE K – Itens de interesse turístico ...................................................... 154

APÊNDICE L – Termo de consentimento livre e esclarecido ........................... 156

13

1 INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização do tema

A existência de atividades turísticas em um município, independente dos

anos de sua execução, não lhe assegura o almejado e complexo desenvolvimento

do turismo sustentável. Torna-se, então imperioso o planejamento e gestão dessas

atividades de forma científica, multiprofissional e democrática nesses territórios,

tendo como ponto forte a governança. A priori Lanzarini e Ferro (2004) ressaltam

que alguns dos empresários que trabalham e possam vir a trabalhar com o turismo esportivo, por serem praticantes e adeptos de atividades físicas possuiriam mais facilmente o domínio desta atividade empresarial, por conhecerem a fundo as necessidades e anseios do turista e esportista (p.1).

No entanto, criar e oferecer um produto turístico exige conhecimento da

vocação do destino, da sua imagem, do perfil do turista que deseja atrair e as

preferências da demanda (BRASIL, 2010a). No Maranhão, podemos dizer que a

diversidade territorial e cultural do estado está retratada através do aumento de

100% do número de polos turísticos estaduais, no comparativo entre o Plano Maior

do Maranhão 2000 - 2010 e o Plano Maior Maranhão 2011 – 2020 (MARANHÃO,

2009), deixando de ser composto por cinco polos (Histórico-Cultural, Lençóis, Delta

do Parnaíba, Reentrâncias Maranhenses e Cachoeiras e Chapadas) para os atuais

dez (Amazônia Maranhense; Chapada das Mesas; Cocais; Delta das Américas;

Floresta dos Guarás; Lagos e Campos Floridos; Munim; Parque dos Lençóis; São

Luís e Serras, Guajajara, Timbira, e Kanela). Fato que reforça a regionalização do

turismo como elemento indispensável ao estado.

Tais dados são encontrados no Plano Maior Maranhão (PMM) no ciclo de

2011 a 2020, que cumpre a segunda exigência apresentada por Boullón (2002) que

trata das propriedades iguais de uma região e encaminha as ações para a

polarização. Contudo, antes temos a oferta turística, interdisciplinar e holística, que

envolve recursos naturais ambientais, o ambiente construído, transporte,

hospitalidade, entretenimento, lazer e recursos culturais (ANSARAH, PANOSSO

NETTO, 2013).

14

As belezas naturais (51%), o patrimônio arquitetônico (48%) e as

manifestações culturais (17%), são os pontos fortes do Maranhão na visão do

mercado. No entanto, segundo os atores sociais, necessita de melhorias do produto

(12%), no planejamento e gestão (20%), na qualidade (31%), na infraestrutura (34%)

e promoção (37%). Permitindo praticar o turismo de qualidade como norteador das

ações, proporcionando ao turista e residente retorno, com mínimos impactos

ambientais e culturais (MARANHÃO, 2009).

Especificamente sobre o Polo Lagos e Campos Floridos, é composto por

14 municípios, incluido Arari, onde ocorre o fenômeno fluviomarítimo denominado

pororoca, nosso objeto de estudo. O Polo em questão é considerado estratégico

para a diversificação da oferta turística maranhense em médio prazo por seu

potencial de atratividade e pelas questões de acessibilidade (MARANHÃO, 2009).

Seus atrativos principais são rios e lagos às centenas. O Polo está localizado na

Baixada Maranhense, a qual Bezerra (2006) dedicou investigação sob a perspectiva

do turismo sustentável; especificamente nos municípios de Viana, Penalva e Cajari.

Concluindo que apesar da riqueza natural, os dados socioeconômicos da região

estão entre os piores do Maranhão. Isto requer grande esforço principalmente junto

aos autóctones para o sucesso turístico.

Em ação muito anterior às ponderadas até o momento, referentes à oferta

turística maranhense e ao Polo Lagos e Campos Floridos, tivemos a criação da Área

de Proteção Ambiental da Baixada Maranhense (APABM), pelo Decreto 11.900 de

11 de junho de 1991. Estando o município de Arari, onde ocorre a pororoca, inserido

mas especificamente na mesorregião Norte Maranhense e na microrregião

conhecida como Baixada Maranhense (IMESC, 2013), enquanto componente da

APABM.

Arari possui população estimada em 28.986 habitantes, com área de

1.100 km2 composta pelos biomas Cerrado e Amazônia (IBGE, 2013). Torna-se

imprescindível conhecer através do olhar científico a real condição turística

municipal para o sucesso das ações de planejamento, vinculadas às atividades da

pororoca que ocorrem no rio Mearim. Isto conduzirá as organizações a

disponibilizarem comercialmente o(s) segmento(s) turístico(s) escolhido(s) que

melhor se enquadrem à realização do turismo sustentável.

A segmentação turística apresenta-se como estratégia importante para o

atendimento de grupos de consumidores com perfil específico na comercialização de

15

produtos turísticos, na busca de satisfazer suas necessidades e expectativas. O

conhecimento profundo do destino é indispensável para direcionar a produção

turística competitivamente, ao concentrar esforços na sua principal vocação, focando

o segmento de demanda que tem maior potencial de consumo dessa produção

(BRASIL, 2010a). Estudos internacionais sobre a temática são identificados a cerca

de 70 anos, porém no panorama nacional carecemos de maior aprofundamento

científico (ANSARAH, PANOSSO NETTO, 2013). Os eventos e atividades na

pororoca de Arari devem ter esse norte como componente central.

No cenário nacional, 86% das organizações que oferecem produtos nos

segmentos de ecoturismo e ou turismo de aventura, de um total de 1860, possuem

CNPJ e estão regularizadas; 12% são compostas por empreendedores individuais;

65% são operadores locais especializados; 32% escola/treinamento. Estas

organizações possuem média de 5,63 funcionários/colaboradores por ofertante; 51%

não possuem funcionários com carteira assinada; a média de gasto por cliente é de

R$ 293,00 e o faturamento médio anual gira em torno de R$ 249.000,00. Os dados

totais apontam um faturamento do mercado no ano de 2009 de R$ 515.875.659,00

para uma clientela de 5.382.468,00 (ABETA, MTur, 2011).

O turismo de aventura enquanto setor da atividade turística ganhou

grande destaque nos últimos anos. Suas características e principalmente a ausência

de conceitos universalmente aceitos trazem-no similaridades e confusões com

outros segmentos, como o turismo na natureza. Porém, neste último, a observação é

sua identidade, enquanto no turismo de aventura é a ação (BUCKLEY; UVINHA,

2011). Este segmento possui como cliente o turista disposto a participar de

atividades, oferecidas pelo trade turístico, com risco controlado pelas ações de

planejamento. Além de envolver políticas de incentivo, normalização, certificação e

realização de eventos com apoio fundamental de associações, ONG´s e

universidades, proporcionando inclusive uma identidade local (UVINHA, 2005).

Já o ecoturismo possui como clientela o turista disposto ao envolvimento,

aprendizado, através da educação e ou interpretação ambiental, seja sobre a fauna,

a flora, a comunidade e sua cultura. Baseia-se nos princípios da conservação

ambiental, da sustentabilidade, requer planejamento multisetorial participativo,

inclusive o envolvimento da comunidade. Visa promover a valorização e

consequente proteção do patrimônio natural com repercussão no bem estar das

16

populações. Tudo assentado no tripé interpretação, conservação e sustentabilidade

(BRASIL, 2010b).

O turismo esportivo, assim identificado neste estudo, recebe no

documento intitulado “Marcos Conceituais” do Ministério do Turismo, a denominação

de turismo de esportes, onde consta a seguinte definição “…compreende as

atividades turísticas decorrentes da prática, envolvimento e observação da prática

esportiva” (BRASIL, 2008, p.23). No cenário do turismo esportivo e de eventos

esportivos, esta década para o Brasil será repleta de realizações: os Jogos Mundiais

Militares no Rio de Janeiro (2011), a Copa do Mundo de Futebol (2014), Jogos

Mundiais dos Povos Indígenas em Palmas – Tocantins (2015) e Jogos Olímpicos e

Paralímpicos no Rio de Janeiro (2016). Podemos considerar também uma série de

eventos testes, que servem para antecipar todos os detalhes organizacionais

práticos e logísticos dos eventos principais.

A segmentação pode ocorrer seguindo aspectos como: motivação da

viagem, interesse cultural, distância do mercado consumidor, geográfico,

demográfico e socioeconômico, comportamental, padrão de consumo, psicográfico,

dentre outros (SWARBROOKE et al., 2003; ANSARAH, PANOSSO NETTO, 2013).

A Política Nacional de Turismo tem como um de seus objetivos a segmentação

como forma de contemplar a diversadade brasileira. Torna-se indispensável escolher

os segmentos de atuação e concentrar esforços e investimentos em sua gestão para

alcançar o desenvolvimento sustentável.

A possibilidade de segmentos poderem ser desenvolvidos no mesmo

ambiente, pode oportunizar ao destino um aumento do fluxo turístico. Minimizando

problemas como a sazonalidade, que apresenta como umas de suas consequência

a insustentabilidade das atividades nesses locais. Este fato, portanto, contraria os

interesses das políticas públicas de turismo que visam diversificar e interiorizar as

ações como forma de melhoria das condições de vida no país. Tal possibilidade

pode aproximar o turismo de aventura, ecoturismo e turismo esportivo, em alguns

destinos, até porque estão inseridos dentro dos segmentos prioritários definido pelo

governo brasileiro desde o ano de 2006 (BRASIL, 2010b).

Para essas conquistas o Programa de Fomento ao Turismo pleiteia a

elaboração do Plano de Desenvolvimento do Turismo do Município de Arari

(PDTMA), com medidas a pequeno, médio e longo prazo. Tal plano foi construído no

17

ano de 2008, com o macroprograma de marketing entitulado “O encontro das águas

na terra da melancia” (MOREIRA, 2008).

Destaque maior para a visão inserida no PDTMA que pretende

“transformar o município de Arari em mais um atrativo turístico do Maranhão. Com a

sua potencialidade diferenciada propagar a nível nacional e internacional sua

aptidão para esportes radicais” (MOREIRA, 2008, p. 59). O termo esportes radicais

coaduna com o termo propagado pelos autores específicos da temática surfe na

pororoca, como Laus (2006), Sobrinho (2013), contudo o mesmo não compõe um

segmento turístico. Sobre a temática Uvinha (2001, p. 21) reforça “…que os esportes

radicais parecem ter começado a ganhar expressão no Brasil na década de 1980;

desde então, vem sendo notado um considerável incremento do número de

adeptos”.

1.2 Delimitação do problema de pesquisa

O pleno entendimento do potencial da oferta, e das possibilidades de

relacionar os produtos existentes, ou potenciais, para diferentes segmentos de

clientes é a essência para podermos afirmar a existência de planejamento do

desenvolvimento turístico de uma região (BRASIL, 2010a). Para obtenção do

cenário referente à realidade turística de um país, estado e ou cidade; visando o

planejamento; se faz premente um árduo, compromissado e minucioso levantamento

de informações, sendo imprescindível o enfoque científico dessas ações, além de

adaptação à realidade guiada pela complementação e consequente harmonia no

seu desenvolvimento (BOULLÓN, 2005).

Os países desenvolvidos estão à frente no que tange às ações de

planejamento, baseada em investimentos científicos e tecnológicos que alicerçam,

por exemplo, a tomada de decisões. Na contramão estão os demais países que

mesmo com planos já elaborados recorrem ao improviso e à pressa. Identifica-se

dessa forma um quadro negativo quanto à elaboração e implementação do

planejamento turístico nos territórios (RUSCHMANN e BORDINI, 2006).

Para Boullón (2002), apenas essas ações não respondem por um

planejamento turístico, a ordem orgânica deve ser norteadora da estrutura lógica. A

lógica como forma mais conveniente de interpretar a estrutura natural existente.

Para isso, este autor, usa o modelo analítico para explicar cada elemento que

18

compõe a atividade turística planejada dentro da ideia de sistema. Para Ruschmann

e Bordini (2006, p. 321) os planejamentos turísticos apresentam etapas iguais e

obedecem a ordem seguinte: “coleta de dados, a descrição de um diagnóstico e

apresentação das intervenções necessárias para se chegar à visão de futuro”.

O potencial turístico de Arari e região é retratado desde o início da década

de noventa, assim como a necessidade do planejamento e estudos para

preservação (BATALHA, 2005). No início do século XXI, Arari, passou a figurar no

roteiro turístico de muitos brasileiros e estrangeiros. Estes descobriram no fenômeno

fluviomarítimo natural, denominado Pororoca, que ocorre na foz do rio Mearim, uma

aventura para surfistas e outros praticantes de esportes com prancha.

Contudo no PMM do ano 2000, o município de Arari ainda não compunha

nenhum dos seus cinco polos turísticos, indicando que as ações pioneiras referentes

ao surfe na pororoca não mantinham relação com o planejamento turístico do estado

do Maranhão. Fato confirmado por Sobrinho (2013) ao organizar a primeira

expedição para surfar a pororoca maranhense em 2001. Neste período, esta mesma

fonte, relata ter ficado 15 dias no Maranhão fazendo contatos com a TV Mirante e

com o Jornal o Estado do Maranhão para a cobertura da expedição. Após o êxito na

pororoca do rio Mearim, Sobrinho (2013) percebeu que:

Era preciso manter o ritmo e criar o circuito brasileiro dessa modalidade de esporte, organizando etapas no litoral Norte e Nordeste do Brasil, onde houvesse pororoca para ser surfada. A reflexão tornou-se o embrião da Abraspo – Associação Brasileira de Surf na Pororoca, que passaria a ser o vértice das demais entidades nascidas com a modalidade, ofereceria know-how para a organização dos eventos, serviria de referência nas relações institucionais e implantaria uma linha de conduta para a prática do surf na pororoca, baseada no respeito à natureza, preservação do meio ambiente e promoção do bem estar social nas comunidades (p. 124).

Mesmo após 15 anos das ações vinculadas ao surfe na pororoca em

Arari, a serem completados em 2015, as atuais práticas não demonstram uma

evolução a ponto de transformar potencial em produto turístico, seja na esfera

municipal e/ou estadual, e muito menos nacional. Ratificando tais dados referentes

às atividades de turismo de aventura e ecoturismo, em âmbito nacional, o município

de Arari não consta no Relatório de Impactos do Programa Aventura Segura, sendo

Barreirinhas o único município maranhense incluso no documento (ABETA, MTur,

2011).

19

Essa ausência também é percebida em nível estadual, no PMM do ano

2000-2010. Apenas no PMM de 2011-2020, Arari passa a compor oficialmente o

cenário do planejamento turístico estadual, inserido no Polo Turístico Lagos e

Campos Floridos. Dados sobre o Polo referente ao ano de 2009 indicam valor

potencial turístico de 7,7% da demanda, porém seu valor turístico real, apresentado

no mesmo ano, é 0,9% (MARANHÃO, 2009). Ratifica-se, assim, a dificuldade de o

município tornar-se produto turístico sem o norte do planejamento tanto do espaço

urbano quanto do espaço natural (BOULLÓN, 2002).

Sobre o PMM 2011-2020, em linhas gerais conclui que os segmentos do

turismo cultural, ecoturismo e o turismo de aventura concentram o poder de

competitividade turística maranhense, sendo ainda estratégico o turismo de eventos

[no caso de Arari eventos esportivos] vinculado ao turismo de negócios

(MARANHÃO, 2009).

Há de se ressaltar que durante a vigência do PMM 2000-2010, mas

precisamente em 2006, o Plano Diretor do Município de Arari (PDMA) entrava em

vigência. Nele consta o incentivo ao turismo sustentável como uma das linhas

prioritárias; prevê a valorização econômica dos recursos naturais, humanos,

infraestruturais, paisagísticos e culturais do município. Além de indicar os subgrupos

a serem desenvolvidos como a hospedagem, o entretenimento, a gastronomia, a

cultura popular e os serviços turísticos. O documento aponta como norte os

segmentos turismo de aventura, o turismo esportivo e o ecoturismo, este último

prioritário.

Dois anos depois, já em 2008, é elaborado o PDTMA, que apontou na

análise de debilidades, ameaças, fortalezas e oportunidades (DAFO) utilizada para o

Turismo de Eventos em Arari um total de 11 debilidades, 5 ameaças, 4 fortalezas e 8

oportunidades. Entre as debilidades: ineficiência do transporte e receptivo interno,

inexistência de pacotes de viagem e deficiência de operações das agências de

eventos. As ameaças: concorrência dos grandes centros receptores, riscos para os

valores culturais e sociais tradicionais da comunidade, e possibilidade de impactos

ambientais sobre os recursos naturais. As fortalezas: existência de rede hoteleira,

participação social da comunidade e presença de recursos turísticos naturais aptos

para o desenvolvimento produtivo e comercial. E por fim as oportunidades:

localização da cidade em relação a outros estados que sediam a pororoca,

20

capacidade de atração de eventos e atrações turísticas potenciais (MOREIRA et al.,

2008).

A partir dessas constatações percebe-se uma defasagem entre a

realidade do município de Arari e as Políticas Públicas anunciadas através do PDMA

(2006) e do PDTMA (2008). Não havendo harmonia no planejamento dos espaços

econômico, físico, social e político (BOULLÓN, 2002).

Fatores como a elaboração externa dos planos, a não execução dos

planos já referidos, a descontinuidade política, ausência de orçamento, associadas

ao subdesenvolvimento, desarticulação política em seus níveis hieráquicos

nacionais e poucos profissionais com competência técnica e espaço nos órgãos

oficiais do turismo, levam aos problemas de planejamento, constata Boullón (2005).

Dessa forma objetivamos responder através da presente investigação ao

seguinte questionamento: quais as possibilidades de desenvolvimento turístico

sustentável das atividades vinculadas ao fenômeno fluviomarítimo pororoca no

município de Arari-MA?

1.3 Objetivos do estudo

O objetivo geral do estudo é verificar as possibilidades de

desenvolvimento turístico sustentável a partir do atrativo fluviomarítimo pororoca, no

município de Arari-MA. Necessitamos a partir de então traçar alguns objetivos

específicos para melhor condução da pesquisa, os mesmos são apresentados a

seguir: caracterizar as pororocas do Brasil e do mundo e as atividades a ela

relacionadas; identificar segmentos turísticos que possuam a pororoca como atrativo

turístico no mundo e no Brasil; caracterizar o potencial turístico do município de Arari

com base na sua infraestrutura, recursos naturais e culturais; e por fim, gerar

subsídios para a expansão das atividades turísticas, vinculadas à pororoca, em

bases sustentáveis no município de Arari-MA, a partir da opinião dos atores sociais.

1.4 Justificativa

Atentemos para a margem tênue do turismo, possuindo um enorme

potencial de desenvolvimento e um enorme potencial de degradação do meio

21

ambiente e mesmo social (BECKER, 1999). As atividades de descoberta,

exploração, criação, divulgação e posterior comercialização são realizadas

geralmente sem nortes científicos pelos pioneiros, pessoas que visualizaram

oportunidades comerciais (SWARBROOKE et al., 2003).

Como exemplo o turismo de aventura apresenta-se suscetível às

irregularidades e ações aleatórias, o que pode comprometer a segmentação e seu

crescimento ao expor o turista às mais diversas situações de risco. O envolvimento

científico através de estudos, por parte das Universidades e Faculdades nacionais,

sobre temas como materiais mais seguros a serem utilizados e desenvolvimento de

técnica para as atividades devem ganhar espaço através de pesquisas e parcerias

(OLIVEIRA; COVOLAN, 2008).

Todavia os desdobramentos referentes às atividades desenvolvidas em

Arari, que envolvem o fenômeno fluviomarítimo pororoca, apontam para uma

realidade vinculada estreitamente à pratica esportiva (LAUS, 2006; SOBRINHO,

2013; RIBEIRO, 2014). Demonstrando uma possível subutilização frente ao seu

potencial de atratividade, em que acarreta a insustentabilidade e em consequência

conflitos, divergência de interesses entre estado, município e comunidade (SOUZA,

2009).

O alicerce que garantirá a execução por parte do poder público do que

está previsto em diretrizes, planos municipais, está na construção democrática e

participativa de todos os atores envolvidos na implementação de projetos de

ecoturismo e de turismo de aventura (BAHIA; SAMPAIO, 2005; PDMA, 2006;

PDTMA, 2008). Agregando de maneira fundamental as ações que já são realizadas

no município de Arari vinculadas às atividades na natureza.

Na intenção de gerar subsídios, as produções acadêmicas científicas

referentes ao turismo necessitam de grandes avanços para o alcance do

desenvolvimento sustentável (SWARBROOKE et. al., 2003; NASCIMENTO, 2007).

Nesse aspecto o presente trabalho visa contribuir teoricamente com o

desenvolvimento sustentável do turismo arariense vinculado às atividades e eventos

que tenham a pororoca como norteadora das ações. Ademais, está alicerçado na

existência de “…lacunas a serem preenchidas nesse processo que poderiam ser

ocupadas pelas Universidades e Faculdades devido ao seu vasto conhecimento

científico, sua independência e, ao mesmo tempo, credibilidade junto à sociedade

em geral” (OLIVEIRA; COVOLAN, 2008, p. 8).

22

Busca-se evitar a perda ou subutilização da pororoca do rio Mearim, não

apenas como fenômeno natural a priori, mais como produto turístico singular

existente no estado do Maranhão. Beneficiando (in) diretamente o Polo Lagos e

Campos Floridos, já que Arari é seu portal de entrada. Além disso, pretende-se gerar

subsídios para utilização como fonte de dados, referente à pororoca, visando o

desenvolvimento turístico sustentável arariense.

Assim baseado em experiências que envolvam a pororoca no Brasil e no

mundo, buscaremos: traçar o cenário das atividades ligadas ao fenômeno;

caracterizar as pororocas existentes a partir da literatura vinculada à temática;

identificar segmentos turísticos que tenham como atrativo o fenômeno

fluviomarítimo, possibilitando uma visão geral da sua utilização turística sustentável.

Em nível local caracterizaremos o município de Arari quanto ao seu potencial

turístico, identificaremos sua infraestrutura básica e turística, além de reconhecer as

atividades culturais da comunidade arariense com potencialidade turística. Sendo

situação indispensável à geração de subsídios com perspectiva de desenvolvimento

do turismo sustentável municipal.

23

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 O desenvolvimento do turismo sustentável

O turismo atualmente é indissociável do paradigma da sustentabilidade no

que concerne às suas ações. Quando estas possuem como pano de fundo a prática

esportiva em ambientes naturais, relacionadas por exemplo aos segmentos do

ecoturismo, turismo de aventura e turismo esportivo, tal proximidade é aflorada e se

torna indispensável para o sucesso do planejamento turístico. As atividades

turísticas desenvolvidas no município de Arari, estado do Maranhão, que possuem a

pororoca, fenômeno fluviomarítimo, como atrativo turístico apresentam-se favoráveis

ao turismo sustentável.

Contudo, a racionalidade científica se mostrou ao longo dos séculos

insustentável, causando injustiças e desigualdades nas sociedades. Deparamos-nos

então com uma crise ambiental sem precedentes, alicerçada nos postulados da

ciência objetiva. Desconsidera-se desta forma as relações de proximidade,

dependência e quiçá de pertencimento do homem à natureza. Passamos a

manipular um objeto científico, onde “todos os entes e coisas do mundo foram

traduzidos em valores econômicos, e essa virada é talvez a fonte mais profunda da

crise ambiental. Por isso afirmamos que a crise ambiental é essencialmente uma

crise do conhecimento” (LEFF, 2010, p. 84).

Para Leff (2010) a diversidade perdeu espaço, a racionalização científica,

marcadamente homogeneizante, passou a ditar padrões, comportamentos,

tendências, interferindo diretamente nas rápidas perdas de referências e identidades

culturais de várias populações. Somos guiados a nos tornarmos produtos do

pensamento capitalista, através das ações consumistas principalmente e

fundamentados na colonização de territórios e mentes das diversas populações. Em

suas resignificações a natureza, até então desprezada, passa a ser valorada

economicamente. Entram em cena os países subdesenvolvidos e do terceiro mundo

com suas biodiversidades, para retroalimentar o capitalismo, insustentável, agora

travestido do discurso do desenvolvimento sustentável.

24

Dessa maneira, o processo de racionalização da civilização moderna continua avançando para a supereconomicização do mundo. Os bens e serviços ambientais da natureza, que julgávamos eternos e gratuitos como a água pura e abundante, o ar puro, as floresta e a biodiversidade, estão sendo submetidos a estratégias de privatização, de apropriação capitalista da natureza (LEFF, 2010, p. 88-89).

Compreender processualmente as principais transformações que

ocorreram ao longo dos anos em determinadas regiões, que as possibilitaram serem

destinos turísticos procurados por brasileiros e estrangeiros, é fundamental para

dimensionar as consequências da atividade turística inserida na localidade.

Ganhando importância no cenário mundial desde a década de 1970, o

tema sustentabilidade se desenvolveu nas décadas seguintes e se ramificou nas

diversas ciências, áreas de conhecimento e de atuação humana. O turismo como

atividade conduzida por ações humanas participa desse movimento, ganhando

espaço a partir do momento em que as pessoas passam a disponibilizar mais tempo

livre para o lazer. Ancorados em direitos trabalhistas, aumento da expectativa de

vida, dentre outros.

Nesse cenário ocorre uma valorização dos ambientes naturais como

destinos a serem conhecidos, por conseguinte gerando sua valoração econômica,

trazendo consigo a demanda por serviços turísticos a serem implementados e ou

qualificados. As iniciativas sustentáveis da atividade turística devem ser capazes de

contribuir para a construção de novas perspectivas econômicas, sociais e

ambientais, fazendo emergir outras formas de produção e relações sociais que

preservem e ou conservem os ambientes. Dessa forma, sem a sustentabilidade “o

setor turístico não poderá sobreviver aos crescentes riscos e à vulnerabilidade do

ambiente onde constrói sua infraestrutura de serviços” (LEFF, 2010, p. 153).

O processo de esclarecimento, conscientização e adesão a outro viés, o

da sustentabilidade, não se dá com a urgência necessária. Modificar o

comportamento empreendedor lapidado nos moldes capitalista requer iniciativa,

resiliência, argumentação, pois, segundo Rodrigues (1997) à sociedade é atribuída a

responsabilidade pelas mazelas, sob o argumento de desvio do modelo perfeito, o

capitalista. Tal afirmativa dificulta a mudança e soluções já que às vincula perante a

dimensão coletiva. É necessário valorar as ações sustentáveis pontuais que podem

ser geradas dentro de cada unidade formadora do sistema turístico.

25

Meio ambiente e crescimento econômico se ajustam dialeticamente

impulsionados pelas políticas de desenvolvimento sustentável (LEFF, 2010).

Segundo Ruschmann (2012) a busca do equilíbrio dessas ações com a atividade

turística e seu planejamento, nacional e internacional, é difícil por depender de

valores subjetivos, controle baseado em critérios, além de uma adequada política

ambiental e turística.

Trata-se de uma ação ecológica onde cada empresa da atividade turística

descortina em quais pontos existem ações insustentáveis e a partir de então

objetivam eliminar e ou encontrar soluções sustentáveis para a sua realidade. “A

empresa turística deve explorar outras possibilidades, atraindo médios e pequenos

capitais e investindo em empreendimentos de menor escala e mais bem integrados

ao entorno ecológico e cultural, associando o turismo a outras atividades produtivas”

(LEFF, 2010, p. 155). Diversificando a oferta nos próprios destinos, por exemplo,

através do estímulo para criação de novos elos entre as várias cadeias produtivas

locais.

Ruschmann (2012) afirma de forma categórica ser o meio ambiente a

matéria prima da atividade turística, apesar da ausência de harmonia nessa relação.

Defender o turismo sustentável como ferramenta de desenvolvimento rápido e de

grande empregabilidade, com lucros reais e benefícios infraestruturais, ambientais e

sociais é indispensável (SWARBROOKE, 2000c). No entanto, outra economia se faz

premente, fundamentada nos princípios da “[…] produtividade ecológica do planeta,

o único processo eternamente sustentável, que varia de um ecossistema para o

outro e de uma região para outra” (LEFF, 2010, p. 90).

Talvez, portanto, devamos aceitar que, apesar de desejarmos atenuar os problemas acima resumidos, nossa principal ênfase deve estar no desenvolvimento do turismo nas áreas que atualmente não são visitadas, mas que precisam dos benefícios econômicos que o turismo pode trazer (SWARBROOKE, 2000c, p. 21).

Almeida (2006), ao analisar os fatores envolvidos na expansão recente do

turismo receptivo em três localidades situadas no entorno da cidade de Campos do

Jordão, na Serra da Mantiqueira – SP e os efeitos de sua expansão nas estruturas

receptivas das populações, utiliza uma abordagem que privilegia o desenvolvimento

sustentável como elemento definidor das ações dos organizadores do turismo. Para

isso avalia junto aos moradores as formas de participação no processo, constatando

26

que as mudanças na oferta atendem novas demandas e geram formas inéditas de

organização do espaço turístico na área, impondo desafios às populações

envolvidas.

Por outro lado, Gomes (2007), verificando como o turismo é desenvolvido,

no entorno do Parque Nacional de Cabo Orange – AP, reflete sobre a existência de

políticas públicas incipientes com visíveis fragmentações do tecido social de duas

comunidades tradicionais residentes, apontando que apesar dessas comunidades

perceberem que o local possui potencialidades naturais, históricas e culturais que

podem ser trabalhadas no fomento de produtos turísticos, ainda não há um trabalho

voltado para tal fim. Dessa maneira, cabe às instituições competentes e às

comunidades residentes desse entorno exercitarem a participação como garantia de

sustentabilidade para que o turismo possa a vir a ser uma possibilidade de inclusão

social, desenvolvimento e conservação dos recursos naturais e culturais dessa

unidade de conservação de uso integral.

Um dos grandes problemas da atualidade são os resíduos sólidos

produzidos. No município de Bambuí, região centro-oeste de Minas Gerais, Moreira

(2008a), constatou que o inadequado destino dos resíduos sólidos compromete a

qualidade de vida da comunidade, o meio ambiente, bem como a imagem, causando

entraves para o desenvolvimento turístico. Bezerra (2006) constatou situação similar

nos municípios de Viana, Cajari e Penalva, na Baixada Maranhense, região da qual

Arari faz parte e onde ocorre o fenômeno da pororoca faz parte. Isso sinaliza a

necessidade da realização integrada do planejamento ambiental e turístico

municipal.

Rattner (2009), analisando os problemas do meio ambiente e seus

impactos na saúde e bem-estar das populações carentes e menos abastadas,

através da crise do paradigma capitalista, evidencia uma natureza predatória e que

leva a humanidade à beira de uma catástrofe. Tais impactos são sentidos em níveis

local, nacional e global. Destaca que se faz necessário a construção de um novo

paradigma de desenvolvimento baseado na cooperação, na solidariedade, na

distribuição equitativa do produto social e na reformulação do sistema político,

superando os padrões autoritários, através da construção de um modelo

participativo e de co-gestão. Krippendorf (2009), ao referir-se aos autóctones,

descreve a inexistência ou irrisória produção científica e que a escolha do destino

por parte da maioria dos turistas leva em conta o país. E conclui:

27

No entanto, se essa população é negligenciada, isso também se deve a ela mesma. Até o momento, praticamente não se manifestou a soberania de seu poder sobre o mercado. Como poderia, aliás? O turismo penetra em regiões rurais nas quais as condições de vida são piores e o grau de educação da maioria dos habitantes é mais baixo do que nas cidades. De pronto, compreende-se bem que, no início do desenvolvimento turístico, a população autóctone faça e aceite tudo o que pedem os promotores de viagens estrangeiros, seu próprio governo e até mesmo os comerciantes locais. Ela acredita nas promessas e tudo parece cor-de-rosa. Trata-se de uma grande oportunidade, vamos dizer-lhe (p. 70-71).

A evolução do fluxo turístico numa região deve ser acompanhada de um

planejamento turístico sustentável que ordene o seu espaço através de melhorias de

infraestrutura que conte principalmente com a participação efetiva da sua população

(MACÊDO; RAMOS, 2012; RUSCHMANN, 2012; MELO et al., 2011; BOULLÓN,

2002).

Torna-se imprescindível diferenciar desenvolvimento econômico e

desenvolvimento, este último “…deve designar um processo de superação de

problemas sociais, em cujo âmbito uma sociedade se torna, para seus membros,

mais justa e legítima….” (SOUZA, 1997, p. 18). Prioriza o desenvolvimento

socioespacial, onde todas as dimensões interagem simultaneamente para gerar o

bem estar comum, no qual a autonomia das populações e o respeito aos seus

valores culturais emulará a arrogância etnocêntrica. Resultando assim no

atendimento das necessidades sociais (RODRIGUES, 1997).

A intrínseca relação do turismo com a área industrial lhe configura na

essência o carimbo da insustentabilidade, através da degradação ambiental por

onde o turismo passa (LEMOS, 2001). Para Rodrigues (1997) a atividade turística

por estar inserida no contexto da produção e consumo, se apresenta incompatível

com o paradigma da sustentabilidade e consequentemente à ideia do

desenvolvimento sustentável. Apontando de maneira clara e objetiva as forma dessa

incompatibilidade, seja ela direta (como a necessidade de um lugar; a apropriação

desse lugar; posterior chegada da infraestrutura), ou indireta (necessidade de

transporte com consumo de combustíveis; construção de estruturas viárias, além

dos resíduos gerados). Porém, este mesmo autor indica que o entendimento da

atividade turística na sua complexidade deve indubitavelmente ser permeado pelo

viés do desenvolvimento sustentável.

Abalizando caminhos possíveis de convivência, Swarbrooke (2000e),

apresenta as relações entre o turismo sustentável e o desenvolvimento sustentável.

28

Com a percepção de que qualquer mudança nos elementos que compõem o turismo

sustentável afetará vários elementos não turísticos. Dentre os quais a agricultura,

sociedades e comunidades, meio ambiente e recursos naturais, sistemas

econômicos e preservação, todos com o viés sustentável. Torna-se, portanto,

premente visualizar o turismo compondo um sistema mais amplo de

desenvolvimento sustentável que necessita ser monitorado continuamente.

O turismo como componente do sistema não é a solução para o alcance

de patamares totalmente sustentáveis, porém por suas características é um vasto

campo para que novas práticas conversem sobre o contínuo do turismo sustentável

(SWARBROOKE, 2000e).

A partir dessas considerações ganha importância central o planejamento

turístico sustentável, passando pela governança pública privada das ações.

Desenvolvimento local e arranjo produtivo local são termos que procuram na

essência soluções alternativas nos próprios territórios onde são gerados os anseios

e necessidades das comunidades para garantia não da subsistência, mas para além

disso. “Tal atitude requer, dentre outros princípios, uma profunda revisão do conceito

de eficiência, que se associa às questões de maximização de produtividade”

(RODRIGUES, 1997b, p. 58), pois “’progresso’, na verdade, não é progresso

nenhum, se for conquistado às custas da qualidade de vida das próximas gerações”

(LIMA, 2002, p. 10).

No cenário mundial, a França apresenta-se com destaque. Suas ações

vinculando turismo e meio ambiente apresentam quatro fases segundo Ruschmann

(2012): a pioneira, ocorre no século XVIII nela surgem os primeiros equipamentos

turísticos e o interesse por atividades no interior, apesar de já frequentarem a costa;

o turismo ‘dirigido’ e elitista, construções audaciosas, grande movimentações no

setor imobiliário, natureza sendo domesticada, caracterizam essa fase que ocorreu

no fim do século XIX e início do século XX; a terceira fase, o turismo de massa,

iniciada nos anos de 1950 com auge entre 1970 e os anos de 1980, caracterizada

pelos danos ambientais e por fim o turismo ecológico, iniciado ainda na década de

1980, começando um novo mercado incluindo a pratica de diversos esporte nos

ambientes naturais.

Na França desde a década de 1950, o turismo rural era incentivado e

desenvolvido contemplando os princípios do turismo sustentável. As atividades

envolviam desde artesanatos, alimentos e bebidas locais, pousadas, hospedarias,

29

quartos de hóspedes, museus ecológicos, lazer e hospedagem (SWARBROOKE,

2000c).

Colômbia e Bolívia são exemplos de países que adotaram a temática

sustentabilidade, sob a visão dos seus povos originários e dos povos indígenas,

respectivamente. Tendo a Colômbia aplicado além da sustentabilidade, a

democracia social no início dos anos de 1990. No Brasil recebe destaque a criação

das reservas extrativistas, desencadeada pelos seringueiros, sendo possível gerar

qualidade de vida e não somente a sobrevivência, baseados na subsistência, em

seus territórios (LEFF, 2010).

No Brasil experiências positivas podem ser citadas. Sampaio (2007), trata

em sua pesquisa do Projeto Piloto Montanha Beija-Flor Dourado no Município de

Morretes (PR). Na qual o arranjo socioprodutivo é derivado da agricultura através da

comercialização de produtos orgânicos e do turismo comunitário, proporcionando

educação, capacitação e autonomia aos integrantes desta comunidade, gerindo de

forma sistêmica e sem preocupações exclusivamente econômicas.

No município de Brejo Grande - SE através dos autóctones, constatou-se

que grande parte das mudanças socioambientais ocorridas em virtude da construção

da Hidroelétrica de Xingó foram negativas como: a diminuição do pescado por causa

da pesca predatória, a poluição, alterações nas dinâmicas das cheias que

prejudicaram o cultivo do arroz, assim como outros aspectos ligados à cultura e às

tradições locais, como o desaparecimento do artesanato pela falta de condições de

infraestrutura pela desativação da cooperativa comunitária por um certo período.

Porém, as manifestações religiosas e folclóricas sobreviveram na comunidade

(MELO et al., 2011).

Nesse sentido, de acordo com Moniz (2003) a sustentabilidade no atual

modelo de turismo é um processo contínuo que requer a constante monitorização

dos impactos através de medidas preventivas ou corretivas onde o destino deve

oferecer uma experiência turística que satisfaça os turistas, atentando para a

repetição das visitas que adotem práticas sustentáveis e influenciem o

comportamento positivo dos turistas, tendo em vista a proteção do ambiente e a

preservação da identidade cultural da comunidade local.

De acordo com Mamani (2010, p. 33) “dessa crise de racionalidade

emerge o pensamento ambiental e sua energia descolonizadora”. Prioriza-se assim

o diálogo dos saberes para semear sustentabilidade. Para Swarbrooke (2000c) o

30

turismo por si só não deverá sustentar as comunidades, portanto, não deve ser

idealizado nem concretizado como atividade econômica salvadora, sob o risco de

destruir a vida harmoniosa de uma comunidade. Deverá, sim, ser inserido sob o

contexto local, natural e cultural, sendo emancipador (LEFF, 2010), proporcionando

o senso de orgulho à comunidade do território turístico (SWARBROOKE, 2000c).

No entanto, para abordar as relações existentes entre o desenvolvimento

sustentável e o turismo, é preciso destacar que muitas práticas surgiram na tentativa

de estabelecer uma gestão que conseguisse amenizar tais efeitos negativos e

potencializar os positivos. A terceira via para Burns (2004, p. 26), deve responder: “o

que o turismo pode dar-nos sem prejudicar a gente?", possibilitando a redução de

conflitos entre global e local. Isso requer direitos com responsabilidades e a

necessidade do desenvolvimento sustentável ser transformado em princípio e não

na solução para o crescimento e desenvolvimento humano (BURNS, 2004). Para

Swarbrooke (2000c) é impossível existir desenvolvimento e turismo sustentável sem

justiça social.

Entretanto, não é fácil quando se trata de uma atividade que tem essência

capitalista e que prioriza lucros imediatos em detrimento do aspecto social e

ambiental (RUSCHMANN, 2012; BENI, 2006). Acosta (2011) relata que a boa

convivência global depende de um grande passo revolucionário, assumir os desafios

de sair do antropocentrismo para o sociobiocentrismo.

Inovar, criar, recriar, desconstruir, construir, excluir, incluir, deve ganhar

espaço decisivo no planejamento. Sendo flexível sem perder a ideia original do

planejamento turístico sustentável, que para Boullón (2002) é a ordem orgânica.

Assim há necessidade de conflitos para encontrar os melhores caminhos a seguir

em prol de ações que permitam a inclusão do enriquecimento cultural e ambiental a

todos os atores sociais envolvidos, gerando uma positiva distribuição dos benefícios

da atividade à comunidade receptora.

A ocorrência do fenômeno fluviomarítimo, pororoca, no rio Mearim e as

ações turísticas desenvolvidas, desde o ano de 2001 em Arari, estão envoltas pelos

elementos apresentados. Buscaremos desta forma, verificar as possibilidades de

desenvolvimento turístico sustentável das atividades vinculadas ao fenômeno

fluviomarítimo pororoca.

31

2.2 Turismo esportivo e turismo de eventos esportivos

O ano de 2001 é tido como marco das primeiras atividades vinculadas à

prática esportiva na pororoca de Arari (SOBRINHO, 2013). A modalidade surfe foi

inserida nas águas do rio Mearim, que corta a cidade e deságua na Baia de São

Marcos. Na sua foz ocorre este fenômeno fluviomarítimo impressionante que atrai

esportistas do Brasil e do mundo.

A relação entre turismo e esporte, remonta ao período áureo da Antiga

Grécia e nos últimos séculos aos chamados mega eventos esportivos, como a Copa

do Mundo e Olimpíadas. O documento intitulado "Marcos Conceituais" do Ministério

do Turismo apresenta que o "turismo de esporte compreende as atividades turísticas

decorrentes da prática, envolvimento ou observação de modalidades esportivas"

(BRASIL, 2008, p. 23). Além de apresentar algumas características como o estímulo

a outros segmentos, indutor da infraestrutura urbana e estrutura esportiva, vínculo à

sociabilidade, qualidade de vida e elevação da autoestima, incentivo a eventos e à

elaboração de calendário esportivo.

Os eventos esportivos se comportam como importantes fomentadores na

diminuição das consequências impostas pela sazonalidade (KOTLER, 1994;

ANSARAH, 2001; LANZARINI, FERRO, 2004; SANTOS e SOUZA, 2012).

Estes eventos abrangem aspectos fundamentais para o desenvolvimento da localidade como novo polo turístico esportivo receptor, pois demonstra à comunidade esportiva em geral que ali se encontram todos aspectos favoráveis ao desenvolvimento do esporte (LANZARINI; FERRO, 2004, p. 1).

As diversas culturas, sociedades, organizações, devem procurar no

casamento entre turismo e esporte formas de impulsionar a sustentabilidade em

suas práticas, aliando emoção, educação, iniciativas inovadoras, sob a perspectiva

sócio ambiental, com benesses às comunidades locais.

Captar eventos para uma determinada localidade exige uma série de

condições básicas que, a princípio e por direito, muitos constitucionais, já deveriam

estar disponibilizados à sociedade local, porém, somente são alcançados com o

advento da atividade turística. Algumas dessas condições são as infraestruturas

básicas referentes à limpeza das vias públicas, saneamento básico, pavimentação,

melhorias no trânsito e transporte, segurança pública, assistência médica e

32

infraestrutura turísticas, estas já direcionadas para a segmentação norteadora das

ações na localidade. Ansarah (2001) afirma que se bem geridos e planificados os

eventos são um:

potencial multiplicador turístico, pois normalmente implica no desembarque de duas ou mais pessoas, ajuda a reduzir a sazonalidade, desenvolve uma imagem positiva da cidades-sede e mobiliza os prestadores de serviços, gerando emprego e renda, propiciando o ingresso de divisas para o país, estado ou cidade (p. 75).

Como marcos no meio do turismo esportivo brasileiro no século XX,

Carvalhedo (2006), destaca que em 1945 a Corrida de São Silvestre realizada em

São Paulo, passa a figurar no calendário internacional e transforma-se em referência

turística. O surfe durante os anos 70, em Saquarema Rio de Janeiro, atraiu milhares

de jovens para a Região dos Lagos, litoral norte fluminense. Em 1986 é realizado o

Primeiro evento internacional de Volei de Praia, na Praia de Copacabana – RJ, com

a presença de atletas consagrados e a primeira edição da Adventure Sports Fair,

maior feira de esportes e turismo de aventura da América Latina, se dá em 1999.

O deslocamento de turistas dispostos ao envolvimento físico esportivo é

uma das características desse segmento. Viajam pelo mundo à procura dos lugares

mais favoráveis à prática do esporte escolhido, influenciados principalmente pelas

características geográficas dos destinos. Geralmente em pequenos grupos ou

individualmente, apreciadores da natureza e exigentes quanto à segurança oferecida

pelos equipamentos turísticos e os serviços. "Nesta busca incessante, são famosas

as praias do Havaí para a prática do surf, as estações de neve europeias para a

prática de sky e as ilhas do Caribe para a prática do mergulho" (GOIDANICH,

MOLETTA, 1998, p. 7).

Visto o universo de segmentações existentes, para melhor entendimento

se faz indispensável diferenciar turismo esportivo e turismo de eventos esportivos

para o turista, segundo Goidanich e Moletta (1998):

No turismo esportivo, o turista vem com o desejo de praticar o esporte por lazer ou treinamento, sem o intuito de competir, num local onde a disponibilidade física se caracteriza como permanente. Já no turismo de eventos esportivos, o turista vem com o motivo de se apresentar em algum espetáculo ou de competir em provas, campeonatos ou jogos. Esse evento tem como característica o espaço de tempo determinado, ou seja, temporário (p. 9).

33

Assim conclui-se que o turista atleta pode ser atraído para ambos os

segmentos, enquanto o turista não atleta somente pode usufruir do turismo

esportivo.

O turismo esportivo, consolida-se geralmente como uma atividade realizada em locais onde predomina o contato com a natureza; flora, fauna e ecossistemas da localidade […] o que estimula as pessoas à prática do esporte aliada à contemplação do local (LANZARINI; FERRO, 2004, p. 1).

Goidanich e Moletta (1998, p. 10) afirmam não ser intrínseco a todos os

esportes o papel de gerar turismo esportivo e sim aos esportes "que necessitam de

um local especial, onde as condições e os fenômenos naturais são adequados para

sua realização". Carvalhedo (2006) constata três comportamentos vinculados ao

turismo esportivo (TE): TE ativo, TE de eventos e TE de visita. "Portanto, podemos

definir turismo esportivo como viagem com fins recreativos nas quais os indivíduos

participam de atividades físicas, assistem a eventos esportivos ou visitam atrações

associadas a atividades esportivas" (CARVALHEDO, 2006, p. 131).

Entre as vantagens do turismo esportivo estão o fato de não ser sazonal,

atrair turistas com maior poder aquisitivo, contribuir para a preservação do

patrimônio natural, gerando o efeito multiplicador de geração de empregos e

melhoria da qualidade de vida local. A sua expansão ocorre ancorada no surgimento

e desenvolvimento de modalidades como rafting, windsurf, ciclismo de montanha,

rapel, parapente, etc. Tudo isso balizado pelo novo, pelo modismo, ascensão social,

pela sensação de liberdade, fuga, alívio do stress. Seus praticantes podem ser

casuais, amadores e profissionais (GOIDANICH, MOLETTA, 1998, p. 25).

Quanto às possibilidades de observação dos turistas, obviamente os não

praticantes, Goidanich e Moletta (1998) relatam que algumas modalidades "não

propiciam tais situações, como o mergulho ou o espeleoturismo".

Cidades investem nos eventos esportivos na intenção de promover sua

imagem e entrar no cenário turístico (SWARBROOKE, 2000c). A cidade de Sheffield,

segundo Swarbrooke (2000c, p. 53) "reconheceu o perigo de confiar em apenas uma

área de turismo e, por isso, ela vem promovendo o turismo cultural".

Estudos sobre os impactos negativos que possam ser gerados

potencializam as chances de sustentabilidade das ações. A comunidade local, o

setor público e suas ações compõem, articuladas ou não, a imagem que é

34

transmitida para o turista referente ao destino. A articulação gerará benfeitorias

indispensáveis como estrutura básica e turística, como acessos, equipamentos e

serviços que implicaram na maior permanência e maior gasto do turista. Destaque

no turismo esportivo para a proximidade da hospedagem do local das ações e servir

refeições equilibradas e reforçadas aos praticantes, além da prevenção de

acidentes. A educação esportiva para o visitante com temas de uso do equipamento,

conduta dos praticantes, entendimento dos fenômenos naturais e as ações da

própria prática devem ser contempladas (GOIDANICH; MOLETTA, 1998).

Para organizar um produto turístico se faz necessário, segundo Goidanich

e Moletta (1998), conhecer a vocação esportiva do município, através da realização

de um inventário que balizará o diagnóstico da vocação, além de contar com auxílio

direto de praticantes da modalidade para avaliação e sugestões. E afirmam que a

prática de uma determinada modalidade já culturalmente inserida em uma

comunidade está muito distante do que se quer como produto turístico, sendo

indispensável a execução das etapas anteriormente citadas para sua real efetivação

turística.

Deve ser despendido tempo com o treinamento da equipe de trabalho,

para o alcance de patamares de experiência prática e teórica, conhecimento técnico

da região, atualização sobre equipamentos, técnicas e primeiros socorros. Deve ter

também domínio de situações para tomar decisões, liderança, transmitindo

confiança aos clientes. Após essas etapas de planejamento a comercialização do

produto turístico esportivo, se dará sob duas formas geralmente: turismo esportivo e

ou turismo de eventos esportivos (GOIDANICH; MOLETTA, 1998).

Neste contexto, a oferta personalizada de destinos tem originado a movimentação seletiva dos fluxos. Os eventos esportivos são considerados turísticos quando os praticantes e os espectadores não são residentes no local de realização das atividades (BENSEN; MORETTO NETO, 2005, p. 1- 2).

Mallen e Adams (2013) diferenciam os eventos em tradicionais e

segmentados, sejam eles recreativos, turísticos e/ou esportivos. Os eventos

esportivos podem direcionar para a competição, recreação ou funcionar como

indutor do turismo. Os tradicionais apresentam duas características, "a primeira

exige que um corpo diretor estabeleça e aplique regras e regulamentações

padronizadas que devem ser seguidas para produzir o evento. A segunda é que a

35

atividade seja um esporte reconhecido e com histórico memorável (p. 1)." Quanto

aos eventos segmentados, três características são apresentadas:

A primeira é que o evento é criado e adaptado para um público esportivo, recreativo ou turístico em particular […] não precisa existir um corpo diretor tradicional que tenha estabelecido regras e regulamentações históricas, embora haja um quadro de organizadores que pode estabelecê-las. A terceira é que o evento pode conter componentes tradicionais reconhecidos ou pode ter um formato pouco convencional (MALLEN; ADAMS,2013, p.3).

A simultaneidade pode ocorrer, ou seja, evento realizado na perspectiva

tradicional e segmentar. Outra possibilidade é o evento segmentado evoluir para a

consolidação como tradicional (MALLEN; ADAMS, 2013).

A busca é incessante referente à sustentabilidade das ações deste

segmento, como contributo também ao turismo em sua globalidade. Tal objetivo

perpassa pelo viés do planejamento das ações que reforcem e ponha em evidência

as características geográficas da região, estimulem o desenvolvimento do arranjo

produtivo local e principalmente busque a geração de benefícios a longo prazo para

todos, principalmente os autóctones. Necessitando o próprio evento esportivo ser

planejado estruturalmente, por pessoas com conhecimento e entendimento, que

levem às ações de governança que facilitaram todas as etapas (MALLEN; ADAMS,

2013).

Todo esse arsenal de ideias, proposições e ações, são pertinentes a

serem aplicados ao município de Arari com o seu atrativo turístico, a pororoca. Os

eventos envolvendo esse fenômeno completam 15 anos em 2015.

2.3 Ecoturismo e turismo de aventura

O Plano Maior do Maranhão (2009) contempla os segmentos do

ecoturismo e o turismo de aventura como alguns dos norteadores do potencial

turístico estadual. No Plano de Desenvolvimento do Turismo do Município de Arari, o

ecoturismo está presente como segmentação a ser estruturada a partir dos

investimentos (MOREIRA, 2008). O atendimento às referidas segmentações é

imprescindível para o desenvolvimento do turismo sustentável em Arari, através do

atrativo turístico pororoca.

36

Essas segmentações turísticas ganham corpo perante o cenário de

urbanização caótica, como contraponto e possível solução para o stress e malefícios

gerados pela vida metropolitana. O ecoturismo, por exemplo, na essência une o

interesse pela conservação e proteção com a sustentabilidade para as comunidades

locais. Baseia-se na diversidade das ofertas turísticas priorizando a geração de

ações e soluções ancoradas na própria comunidade, em seus ambientes natural e

cultural (LEFF, 2010).

As construções de hospedagens, às ofertas gastronômicas, o destino

corretos dos resíduos sólidos, devem proporcionar envolvimento direto e constante

da comunidade em todas as decisões, minimizando custos ambientais e

econômicos. Não há prioridade à quantidade em detrimento da qualidade, a lógica

reinante está em conhecer o ambiente e determinar situações que permitam a

sustentabilidade cultural, ambiental, econômica, social das comunidades. Por isso

carece de regulamentações, limitação do número de visitações, fiscalização de

construções, etc (LEFF, 2010).

Em virtude de o ecoturismo envolver uma ética generalista, essa ética

pode ser aplicada aos demais segmentos turísticos, inclusive ao turismo de

aventura. Estando sujeita às distorções de uso político e de marketing (RICHARD;

CHINÁGLIA, 2004). Ao contrário do que está disseminado na mente da população,

“o ecoturismo nada tem de intrinsecamente sustentável” (SWARBROOKE, 2000e, p.

56). Para tal vínculo deve ser planejado e gerido, de forma a maximizar benefícios

humanos e ambientais em suas destinações. Deve-se prezar pela dignidade das

comunidades e dos animais em seus ecossistemas. Suas definições variam de

acordo com interesses de quem o define, se é o turista, a indústria e ou a destinação

(SWARBROOKE, 2000e).

Esta gama de definições, nacionais e internacionais, foi estudada por

Pires (2002) que as denominou de dimensões do ecoturismo. O referido autor

apresenta uma contextualização histórica, iniciada nas décadas de 1960 e 1970,

referentes às temáticas ambientais que ganhavam atenção dos países

desenvolvidos e junto ao ecoturismo passaram a protagonizar uma relação de

simbiose. Reforçando tais iniciativas os documentários começam a ser produzidos,

na década de 1980, em áreas naturais remanescentes de todo o mundo.

No Brasil a pororoca e o boto cor-de-rosa também foram documentados

em 1982, quando Jacques-Yves Cousteau esteve na Amazônia e Amaral Neto, na

37

década de 1970, também documentou a pororoca (SOBRINHO, 2013). Na década

de 1990 o ecoturismo 'suave' surge para atender o público em geral e não somente

os aficcionados, cientistas, aventureiros e estudiosos (PIRES, 2002).

Os governos de países emergentes vislumbram na atividade ecoturística

excelente oportunidade de captação de recursos. Porém, esquecem que seus

investimentos em infraestrutura podem ultrapassar seus ganhos e ser danosos às

comunidades autóctones, que por vezes são alijadas de seus territórios

(SWARBROOKE, 2000e).

Países como Malásia, Grécia, Espanha, Equador e República

Dominicana, na década de 1990, passaram a investir com estratégias nacionais para

o desenvolvimento do ecoturismo (PIRES, 2002). Acreditando nas possibilidades de

desenvolvimento sustentável, por meio do ecoturismo como algo concreto por trazer

benefícios econômicos, por se dar em menor escala de turistas, por estes serem

mais conscientes, oportunizando quem sabe seu engajamento posterior em causas

ambientais e por ser uma linha que possibilita arrecadação de fundos,

financiamentos para projetos de preservação (SWARBROOKE, 2000e).

Contudo, tal cenário não está isento de críticas, como a de Wheeller

(apud SWARBROOKE, 2000e), presumindo que a simples ideia de viajar para uma

destinação natural já impacta em muito a tão disseminada virtude do ecoturismo, ao

qual se refere como egoturismo. E as críticas de Swarbrooke (2000e), sendo a

principal, a tendência do ecoturismo vir a se transformar em turismo de massa,

contrariando os seus princípios básicos. Originalmente temos ações múltiplas a

serem executadas, o ecoturismo nasce em cenário mínimos e a partir do momento

que se desenvolve em larga escala, vinculado às práticas capitalistas, ações

vigorosas para “retorno” às ideias originais se fazem prementes. Tudo em busca do

estreitamento das analogias entre o ecoturismo e o turismo sustentável.

A proximidade entre ecoturismo e turismo de aventura se apresenta

desde os eventos, feiras, congressos organizados que abrangem os dois

segmentos; passando até por adequações nos níveis de exigências das atividades

realizadas. Esta última já direcionada para interesses comerciais de atendimento a

uma maior demanda nos seus territórios de ação, o ambiente natural de forma

predominante. "A tendência de ver o universo dos participantes de programas de

aventura de forma homogênea pode distorcer a realidade e afetar o desempenho do

38

empreendimento turístico voltado para essa atividade" (RICHARD; CHINÁGLIA,

2004, p. 212).

O turismo de aventura germinado no ecoturismo, ganha corpo e se

apresenta posteriormente como outra segmentação turística, ainda na década de

1990. Sua identidade ganha nova dinâmica quando o Ministério do Turismo entra em

cena a partir de 2001, com a realização em, Caeté, Minas Gerais da Oficina do

Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável do Turismo de Aventura

(OLIVEIRA; COVOLAN, 2008) e com o lançamento em 2003 do Programa Aventura

Segura (BAZZOTI e MACHADO, 2012).

O Brasil, com sua extensão continental, diversidade cultural e hospitalidade tradicional, tem um inestimável potencial para o desenvolvimento de diversos destinos turísticos. Possui um vasto litoral, rios de todos os tamanhos e volume, montanhas, chapadas, cachoeiras, dunas, grutas etc, que podem ser explorados turisticamente em atividades de turismo de aventura. Possui, também, empresas especializadas, que tem desenvolvido novas técnicas e materiais para o turismo de aventura, algumas delas tornando-se referência mundial e, principalmente, possui pessoas, entidades e empresas engajadas com o desenvolvimento desse segmento de turismo (OLIVEIRA; COVOLAN, 2008, p. 10).

Pires (2002) diferencia da seguinte forma os segmentos: o ecoturismo

possui a observação, a apreciação da cultura e do seu entorno natural, já o turismo

de aventura vincula-se à exercitação física e suas aventuras nos diversos ambientes

naturais. No documento do Ministério do Turismo denominado Marcos Conceituais o

"turismo de aventura compreende os movimentos turísticos decorrente da prática de

atividades de aventura de caráter recreativo e não competitivo" (BRASIL, 2008, p.

39).

As experiências psicológicas da aventura são classificadas por Priest

(1986) de acordo com o nível de competência e risco dos envolvidos: exploração e

experimentação, aventura, aventura de pico, desventura, devastação ou desastre. A

expansão autônoma dos sistemas turísticos, sem utilização dos planos disponíveis,

possibilita segundo Boullón (2005) a ausência de ordem e limites; improvisação;

além de baixa tecnologia, produtividade e investimentos perante um cenário incerto.

39

O turismo de aventura no Brasil vem se desenvolvendo a algum tempo, muitas vezes de forma inadequada. Esta situação pode gerar sérias conseqüências para a atividade, pois, além da questionável qualidade dos serviços prestados, os riscos inerentes à atividade podem inviabilizá-lo em empreendimentos, destinos e até mesmo regiões (OLIVEIRA; COVOLAN, 2008, p. 6).

Apenas com o somatório de forças é que se tornará possível tal atuação. Sem essa coalizão, o Turismo de Aventura no Brasil corre o sério risco de inviabilização devido ao despreparo e a falta de planejamento do mesmo (OLIVEIRA; COVOLAN, 2008, p. 11).

Essas ações são decisivas para exigir a implantação do planejamento,

visando: profissionalizar, qualificar, oferecer segurança, aprender a manusear e

utilizar materiais confiáveis, adotar regras de responsabilidade por parte dos

empresários, governantes e usuários. "São muitos os ingredientes necessários para

que se obtenha uma margem de segurança aceitável, mas que muitos descartam

devido ao seu custo, raramente visto como investimento" (OLIVEIRA; COVOLAN,

2008, p. 7).

2.4 Relação entre turismo esportivo, turismo de aventura e ecoturismo em

destinos turísticos naturais

O município de Arari a partir das atividades desenvolvidas desde 2001

vinculadas à Pororoca do rio Mearim, desperta interesse turístico dos mais variados

públicos. Ecoturistas, turistas de aventura, turistas esportivos, dentre outros,

norteando o potencial arariense para atendimento de diferentes segmentos em

destinos turísticos naturais.

A especialização da oferta turística na Europa, remonta às décadas de

1960 e 1970. Já nesse momento, pontos comuns e divergentes eram identificados

entre os segmentos turísticos do ecoturismo, turismo de aventura, turismo esportivo,

dentre outros. Os pontos comuns são de acordo com Pires (2002, p. 102): "a

localização física, ou seja, o meio rural e/ou natural onde são implantadas a

estrutura e as atividades; as atividades propriamente ditas, que se associam a um

conceito de 'ócio ativo' para que o turista ocupe o seu tempo livre". Ratificando tais

pontos e ampliando a discussão Lima (2004) aponta:

40

Outro segmento turístico que também pode ser confundido com o turismo de aventura é o turismo esportivo, caracterizado pela ênfase na atividade esportiva em geral. Estas confusões se dão pelo fato do turismo de aventura utilizar diretamente a natureza, base fundamental do ecoturismo; e por realizar atividades esportivas na natureza, o que não deixa de ser, em tese, um turismo esportivo (p. 32-33).

Já Paixão e Costa (2009) referem-se ao turismo de aventura e o esporte

de aventura no Brasil, relatando algumas de suas aproximações: a natureza como

ambiente de prática, o risco como elemento central, os aspectos preservacionistas e

econômicos comerciais envolvidos. E seus distanciamentos: turismo de aventura

difundido pelo Ministério do Turismo, possui geralmente caráter não competitivo,

com fins comerciais, oferecido para pessoas sem aptidão no esporte necessitando,

portanto de acompanhamento; já o esporte de aventura requer a presença do

conhecedor da modalidade esportiva, o esportista disposto ao lazer, recreação ou

competição.

A proximidade inequívoca entre turismo esportivo e ecoturismo

(CARVALHEDO, 2006) e entre o turismo esportivo e o turismo de aventura

(GOIDANICH, MOLETTA, 1998), possui como pano de fundo os termos riscos,

imprevistos, obstáculos, adrenalina, homem-natureza, comuns aos segmentos. Na

expectativa de simplificar e simultaneamente ser generalista utiliza-se o termo

"atividade" para tratar de todo esse complexo universo segmentar. Durante a década

1990, muitas palavras e expressões foram vinculadas ao vocabulário dos

portugueses, tais como: vida saudável, ambiente, desafio e aventura (VIDAL, 2011).

Dentro deste novo conceito, foram-se integrando atividades que já existiam e outras que foram aparecendo ao longo das últimas décadas, seguindo um percurso no qual iniciando-se como atividades pontuais e amadoras se desenrolaram até à criação de quadros competitivos e ao aparecimento da profissionalização (p. 11).

Nesse cenário, Paixão e Costa (2009) identificam na literatura, ao tratar

das aproximações e distanciamentos entre o esporte de aventura e o turismo de

aventura, dezesseis terminologias atribuídas às práticas físicas no meio natural e

uma infinidade de modalidades esportivas. Atividades de ar livre educativas,

atividades de ar livre recreativas, formação de desenvolvimento, desenvolvimento

desportivo, expedição e exploração e terapia de aventura, são subdivisões

41

apresentadas por Vidal (2011) para atividades ao ar livre baseadas no interesse e ou

objetivos do praticante.

Existem proximidades além das segmentações, o turista de aventura na

essência é também ecoturista e ambos dependem do meio ambiente preservado

para a realização das atividades (LIMA, 2004). Interessante que nesse mesmo viés

as atividades do turismo esportivo delineiam igual necessidade aos seus adeptos.

Os elementos naturais oportunizam a subdivisão das atividades, podendo ser

praticadas na terra, água e ar (FARAH, 2005; PAIXÃO e COSTA, 2009). A Baía de

Guanabara, sem condições satisfatórias para realização das provas de vela para as

Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro, ilustra bem essa dependência.

O turismo na natureza está muito vinculado à ideia de descanso, alívio do

stress vinculado à rotina urbana e atrai demanda extraordinária para o lazer

(RUSCHMANN, 2012). Marinho (2008) relata que o aventurar-se na natureza não é

em si uma novidade, as motivações para tal experiência que mudaram. Porém, o

turismo esportivo, turismo de aventura e o ecoturismo são norteados

primordialmente pelo envolvimento fisicamente ativo, denominado por Pires (2002)

de ócio ativo. Divergindo de outras segmentações de cunho mais contemplativo e de

descanso.

A superposição de conceitos dos diversos segmentos e atividades, pode

induzir a prejuízos por ausência de clareza. Inviabiliza-se qualquer planejamento e,

por conseguinte a satisfação de demandas cada vez mais exigentes e mutáveis

através da própria experiência da atividade (RICHARD; CHINÁGLIA, 2004). Em

casos extremos pode levar a aventura no ambiente natural aos níveis de desventura

e ou desastre, sem nem mesmo ter clareza de qual produto turístico se está

ofertando. Para Boullón (2002) a ausência de padrões conceituais, associada à

ingerência de várias áreas afins se torna um grande problema para os estudos

turísticos.

Os próprios operadores dos segmentos muitas vezes para captar maior

demanda mascaram as atividades denominando de ecoturismo, pois receiam que ao

utilizar a denominação turismo de aventura e ou esportivo percam clientes por

situações de escolha subjetivas, por parte do cliente, como: a associação à maior

risco, necessidade de habilidade técnica apurada, etc (MARINHO, 2008; ABETA,

MTur, 2011). Pimentel e Saito (2010) constataram que uma parcela considerável da

42

demanda potencial do turismo de aventura, se auto-exclui por associar as atividades

à necessidade de boa forma, alto poder aquisitivo e fuga da rotina.

O aventurar-se na natureza é inserido ao mercado do consumo segundo

Marinho (2008):

A transmissão dessas mensagens positivas pode ser visualizada nos mais variados meios de comunicação, a partir do uso da expressão aventura para o comércio de bens e serviços, tais como viagens, carros, seguros de vida, roupas, comida, etc. Nesse sentido, a aventura passa, até mesmo, a estabelecer um padrão de felicidade. Há que se refletir, além disso, sobre o apelo ecológico vazio de várias dessas iniciativas, as quais, muitas vezes nada têm de ecológico (p. 190).

A necessidade de aprofundamento científico para um adequado

planejamento e ações efetivas de expansão da demanda do turismo de aventura é

indispensável (RICHARD; CHINÁGLIA, 2004). Portanto, a forma de atingir a

demanda nacional para a prática deve diferir da utilizada para a demanda

internacional, sem perder a ética. Evitando ludibriar a clientela nacional ou

internacional com denominações inadequadas a atividades sabidamente

pertencentes a outros segmentos que não o ecoturismo. A gama de atividades não

podem ser ditas ecoturísticas, somente sob o argumento de acontecerem em

ambientes naturais (SERRANO, 2001).

Os pontos comuns entre as segmentações podem ser bem melhor

aproveitados para captar turistas, com perfis similares e não iguais, para um mesmo

destino e ou minimizar questões como a sazonalidade das ações. Apesar de existir

diferenças claras entre as segmentações e a informação estar disponível a todos,

não existe um desenvolvimento similar nas várias regiões naturais do Brasil e quiçar

do mundo. Pondera-se então que mais do que informar, é preciso agir sob a luz do

planejamento turístico sustentável em todas as localidades, sendo esta a maior

relação de proximidade entre os segmentos ecoturismo, turismo esportivo e turismo

de aventura.

43

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

3.1 Tipologia da Pesquisa

Na presente pesquisa foi adotado o método indutivo associado a uma

pesquisa empírica com enfoque qualitativo e quantitativo. Quanto à natureza

caracteriza-se como uma pesquisa aplicada; já no que concerne aos objetivos

caracteriza-se como exploratória e descritiva.

Referente às estratégias escolhidas, utilizamos a pesquisa bibliográfica

para construção da base teórica referente ao turismo sustentável, planejamento

turístico, turismo esportivo, turismo de eventos esportivos, turismo de aventura e

ecoturismo; além dos assuntos referentes às atividade desenvolvidas nas pororocas

nacionais e internacionais.

Também procedemos a pesquisa documental de escritos, referente às

fontes de informação primárias a serem levantadas junto ao Plano Diretor do

Município de Arari, Plano Maior do Maranhão, Plano de Desenvolvimento Turístico

do Município de Arari. Vídeos e fotos alusivos à temática que envolvem as

atividades vinculadas à pororoca, também foram utilizados, caracterizando-se dessa

forma a pesquisa documental de não escritos.

Tal panorama foi complementado com as pesquisas de levantamento

realizadas em Arari-MA, no período de agosto de 2014 e janeiro a outubro de 2015.

Quanto à temporalidade a pesquisa caracteriza-se como transversal (MARTINS;

THEÓPHILO, 2009).

3.2 Procedimentos de Pesquisa

Procurando caracterizar e orientar os procedimentos de pesquisa, com

visitas in loco, buscamos elementos para a construção dos instrumentos da

pesquisa, com a abordagem qualitativa e quantitativa, que tal estudo necessita.

Sendo, a pesquisa de campo crucial para a construção dos instrumentos, pois,

assim obtivemos informações e percepções dos atores sociais, diretamente e

indiretamente envolvidos no processo das ações turísticas ararienses vinculadas à

Pororoca. Tais instrumentos foram diferenciados a partir do seu público alvo.

44

Permitindo então verificar as possibilidades de desenvolvimento turístico sustentável

arariense.

Visando operacionalizar as etapas exploratória e descritiva do estudo,

utilizamos as técnicas de pesquisa de observação e o questionário (SEVERINO,

2007; APPOLINÁRIO, 2009).

A observação foi realizada para fins de levantamento da infraestrutura

básica e turística do município de Arari, dentre outras utilidades possibilitou obter

constatações e ou ratificar informações documentais. Já com o questionário semi-

estruturado objetivamos captar o entendimento e a compreensão dos atores sociais

referente às questões e situações relacionadas ao fenômeno pororoca e suas

potencialidades na perspectiva do turismo sustentável. Fazendo jus aos 15 anos de

história do surfe na pororoca em Arari completados em 2015.

A maior parte dos questionários foram aplicados pessoalmente e alguns

enviados por meio eletrônico, facilitando o objetivo de mapear a perspectiva nacional

e internacional do fenômeno frente às práticas turísticas (MARTINS; THEÓPHILO, 2009).

Considerando que a população da pesquisa abrange instituições,

organizações, empresas e sujeitos vinculados direta e/ou indiretamente ao

desenvolvimento das atividades relacionadas à pororoca em Arari, a amostragem

será obtida por conveniência e outros critérios não probabilisticos. Dessa forma,

foram escolhidos representantes do Poder Público através da Secretaria de Turismo;

Secretaria de Administração e Finanças; Secretaria de Cultura; Secretaria de

Produção e Abastecimento e Secretaria de Meio Ambiente do município de Arari;

além da iniciativa privada, composta por empreendedores locais do setor de

hospedagem e de alimentos e bebidas; da sociedade civil organizada composta pelo

Sindicato Rural e três representações de pescadores de Arari-MA.

Outros atores sociais que irão compor a população e amostragem são: os

organizadores dos eventos relacionados à pororoca e participantes do curso

denominado “O meu negócio pode ser turismo”, oferecido à comunidade arariense

no ano de 2012.

A análise dos dados se dará sob o paradigma do turismo sustentável.

Com o viés do planejamento turístico possibilitando assim subsídios para o

município de Arari-MA desenvolver as atividades turísticas sustentáveis,

apropriando-se da pororoca do rio Mearim como elemento diferenciado do turismo

para o Polo Turístico Lagos e Campos Floridos.

45

4 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE ARARI-MA

4.1 Contextualização histórico-geográfica de Arari

O nome Arari foi dado à localidade por portugueses vindos do Pará, em

virtude da semelhança com uma região paraense denominada de Arari. A devoção à

Nossa Senhora da Graça também faz parte dessa herança (BEZERRA, 2014).

Outras versões apresentadas sobre a escolha do nome da cidade fazem referência

a: nome de árvore (arariba), sobrenome de família (Arari), nome de um rio na Ilha do

Marajó no Pará, nome de chefe indígena que realizou os primeiros contatos com

homem branco, dentre outras (BATALHA, 2014).

Marques (1970) em seu Dicionário Histórico-Geográfico da Província do

Maranhão, relata que em 1856 Curato de Arari possuía 10.086 habitantes, sendo

313 escravos; quarenta casas de telha e 90 de palha, além de 5 lojas ou quitandas.

Em 1858 Arari foi elevada à categoria de Vila, através da Lei Provincial nº 465 de 24

de maio. Seis anos depois é elevado a município, sendo desmembrada de Vitória do

Mearim. No entanto, somente oitenta anos depois, com o Decreto Lei nº 45, de 29

de março de 1938, Arari adquire foros de cidade (BEZERRA, 2014).

Sucessivas transformações rurais e urbanas ocorreram em virtude da

expansão da cidade e de mudanças geográficas. A pororoca com seu poder de

destruição provoca a erosão das margens do rio Mearim. Tal impacto foi

determinante para novas ocupações territoriais ararienses, sendo conhecido como

fenômeno das terras caídas.

Quanto ao aspecto geográfico, Arari localiza-se ao Norte do Estado, faz

parte da Mesorregião Norte Maranhense – Microrregião Geográfica da Baixada

Maranhense. Limita-se com os seguintes municípios: ao Norte com Anajatuba e

Viana; a Oeste com Cajari e Vitória do Mearim; ao Sul com Conceição do Lago –

Açu e a Leste com Matões do Norte, Miranda do Norte e Anajatuba (IMESC, 2013,

p. 70) (Figura 1). Sua população é de 28.488 habitantes, sendo a urbana de 17.483

(61,4 %) e rural de 11.005 (38,6 %) (IBGE, 2010).

46

Figura 1: Localização do município de Arari

Fonte: Batista (2015)

Quanto ao relevo se caracteriza como plano, sujeito a inundações

periódicas. A sede municipal alcança 15 metros acima do nível do mar (MOREIRA et

al., 2008; BEZERRA, 2014). A vegetação está inserida em uma zona de transição

tendo as formações de campos, matas dos cocais, mata de transição e mangues,

este último encontrado no baixo curso do rio Mearim, incluindo sua foz onde ocorre

com maior força a Pororoca. "Devido ao desenvolvimento da pecuária e da

agricultura mecanizada em território arariense, a mata de transição e os campos

perderam sua cobertura vegetal original em larga escala e incontrolável intensidade"

(BEZERRA, 2014, p. 24).

A geologia arariense é composta por "cobertura sedimentar, formada pelo

acúmulo de detritos (sedimentos) de outras rochas, como areia, argila, calcário etc."

(BEZERRA, 2014, p. 19). Segundo o mesmo autor, em 1960, no subsolo do

povoado Curral da Igreja foi descoberto e canalizada uma reserva de gás natural.

47

4.2 Formação socio-espacial de Arari

Os índios são apresentados como os primeiros habitantes da região, no

entanto, sem precisão das tribos que habitavam o território arariense. Os

portugueses foram fundamentais na formação socio-espacial do Maranhão e de

Arari. Estudos do historiador maranhense Mário Martins Meireles e do historiador

português Jorge Couto, relatam que a descoberta do Brasil teria se dado em 1498,

com o navegador português Duarte Pacheco Pereira, na foz do rio Mearim

(BATALHA, 2014). No entanto,

O primeiro Português a chegar ao Maranhão, segundo a história oficial, foi Diogo Leite, que, saindo de Pernambuco, foi até o rio Gurupi, de onde voltou em 1530. Posteriormente, João de Barros enviou ao Maranhão o capitão Aires da Cunha, que naufragou no Boqueirão. Em seguida, Luís Melo e Silva organizou uma expedição, por ele mesmo comandada, a qual teve o mesmo fim da anterior, também naufragando no Boqueirão (BATALHA, 2014, p. 41).

Tentativas por terra esbarravam em guerras com os indígenas. Somente

após fixarem em áreas costeiras e na ilha partem para a conquista ribeirinha, sendo

a do Mearim uma das primeiras. Assim, a cultura da cana-de-açúcar e da pecuária

passam a ser norteadoras do desenvolvimento.

Apesar das dificuldades, os franceses em fevereiro de 1613, sob o

comando de Daniel de La Touche dirigem-se ao Mearim procurando os índios

Tabajaras. Em 1615 os portugueses se apossam da região e entre 1641 a 1644 os

holandeses dominam.

Todo o acesso por via fluvial tinham que ser calculados, a pororoca e os

ciclos de marés, principais aspectos naturais, que ditavam a ocupação do território

arariense, interferindo diretamente no ciclo das águas do rio "Mearim maior acidente

geográfico e grande fonte de vida do município, outrora de meio de transporte e de

pesca, hoje também de irrigação agrícola e suporte à piscicultura" (IMESC, 2013, p.

69). A pororoca ocasiona outro fenômeno denominado terras caídas, que obriga a

constante mudança da povoação para terras mais altas e firmes. Fato confirmado no

seguinte relato:

48

Com a morte de José da Cunha d´Eça e a acessão de Manoel Parente à patente de capitão-mor da Ribeira do Mearim, em 1747, Joaquim de Melo e Póvoas, visitando a localidade alarmou-se com as frequentes quedas de barreiras do rio Mearim e resolveu transferi-la para terras mais altas, na mesma margem do rio, ficando a vila denominada simplesmente de Sítio

(BEZERRA, 2014, p. 14).

O povoamento arariense dá-se sob influência de 4 etnias: indígena,

portuguesa, negra (aqui principalmente nos séculos XVIII e XIX, como correntes

migratórias) e árabe (sírio-libanesa, no século XX). Com essa miscigenação nasce a

ideia do arariense visto como povo hospitaleiro, tolerante e pacífico. Para Batalha

(2002) “…povo simples, ordeiro, alegre, amigo e hospitaleiro…"(p. 50). Batalha

(2014) relata que as atividades de agricultura, criação de gado e cavalo, plantio de

arroz, pesca, artesanato e vida campestre, tidas em Arari em seu povoamento inicial

são iguais às de outras regiões portuguesas como Ribatejo, Barcelos, etc.

Em 1836, Arari já era uma povoação com 130 casas, 1.073 moradores livres e 13 escravos. A capelania de Nossa Senhora da Graça tinha soberania sobre Arari, Ilhota, Barreiros, Bonfim, Flecheiras, Curral da Igreja, Patarral, Carnaubal, Sítio, Aranha, Tabocal e Vassoural, quase todas essas povoações nas margens do Mearim, a jusante da povoação de Arari (BATALHA, 2014, p. 48).

Atualmente referente aos dados de domicílio o censo do IBGE (2010),

aponta 6935 (89,2 %) ocupados, não ocupados 825 (10,6 %) e 12 (0,2 %) de

domicílios coletivos.

4.3 Polo Turístico Lagos e Campos Floridos e a Área de Proteção Ambiental da

Baixada Maranhense

O município de Arari compõe o Polo Turístico Lagos e Campos Floridos a

partir da elaboração do Plano Maior Maranhão (PMM) 2011-2020, possibilitando a

contemplação entrada do município no planejamento turístico estadual

(MARANHÃO, 2009).

O Polo Turístico Lagos e Campos Floridos é composto por 14 municípios,

assim elencados: São Vicente Ferrer, Matinha, Viana, Penalva, Cajari, Vitória do

Mearim, Pindaré, Santa Inês, Monção, Conceição do Lago-açu, Pedro do Rosário,

São Bento, Lago Verde e Arari. Este polo é considerado estratégico para a

diversificação da oferta turística maranhense a médio prazo por seu potencial de

49

atratividade e pelas questões de acessibilidade (MARANHÃO, 2009). Seus atrativos

principais são os rios e lagos às centenas.

Considerando que nessa Região localiza-se o maior conjunto de bacias lacustres naturais do Nordeste Brasileiro, onde se destacam os lagos: Açú, Verde, Carnaúba, Jatobá, Palmeiral, Santo Antônio, Enseadinha (Mearim-Grajaú), Penalva, Viana, Cajari, Capivari, Formoso (Pindaré), e uma centena de outros lagos e lagoas de importância ecológica (MARANHÃO, 1991).

Torna-se importante ressaltar que o Polo Turístico Lagos e Campos

Floridos e a Área de Proteção Ambiental da Baixada Maranhense (APABM)

praticamente ocupam o mesmo espaço geográfico. A regionalização do turismo no

Maranhão, chega à região da Baixada Maranhense que desde o Decreto 11.900 de

1991, instituiu a região como APA. Diante deste contexto, o Ministro do Turismo,

Vinicius Lages, defendeu:

a necessidade de investimentos estratégicos que aproveitem o potencial turístico brasileiro, especialmente aqueles em que é possível elevar o número de visitantes com investimentos relativamente baixos, como parques nacionais, orlas lacustres e rios (MESSINA, 2015, p. 1).

As considerações contidas no referido decreto sobre a importância e

preocupações com a APABM são as seguintes: incorpora uma complexa interface

de ecossistemas que garante alimento e trabalho às famílias; a avifauna, com o mais

extensivo refúgio às aves migratórias do nordeste brasileiro; recursos pesqueiros;

grande preocupação com a caça e pesca predatória, mortandade de peixes em

lagos e lagoas, além de criação extensiva de bubalinos nos campos naturais sem

regulamentações; considerando ainda seu valor paisagístico, cultural e ecológico

podendo ser subdividida em regiões menores quando interessar para estudo e

pesquisas.

[…] incluindo manguezais, babaçuais, campos abertos e inundáveis, uma série de bacias lacustres em sistema de 'rosário', um conjunto estuarino e lagunar e matas ciliares – todos abrigando rica e complexa fauna e flora aquática e terrestre, com destaque à ictiofauna, à avifauna migratória e permanente e às variedades de espécies da flora local e regional considerados alguns daqueles ecossistemas como Reservas Biológicas, de acordo com o que preceitua a Resolução CONAMA Nº 004, de 18 de setembro de 1985.

A APABM que no ano 2000 foi designada Sítio Ramsar, possui área com

1. 775.035,6 hectares de extensão e localiza-se na Amazônia Legal Maranhense; na

50

zona de transição entre os biomas Amazônia e Cerrado, com influência dos

ambientes costeiros e marinhos.

Bezerra (2006) investigou a Baixada Maranhense, especificamente os

municípios de Viana, Penalva e Cajari, sob a perspectiva do turismo sustentável.

Concluiu que apesar da riqueza natural, os dados socioeconômicos da região estão

entre os piores do Maranhão: a infraestrutura básica precária, sem rede de esgoto e

coleta de lixo irregular e com destinação imprópria; já a infraestrutura turística é

suficiente quantitativamente em virtude da baixa demanda, deixando a desejar na

qualidade dos equipamentos e serviços.

4.4 O Mearim, a pororoca e os navegantes

O rio Mearim possui três subdivisões: Alto Mearim com 236 quilômetros

de extensão, Médio Mearim com 388 quilômetros e Baixo Mearim com 257

quilômetros. A área navegável do rio Mearim é de 700 quilômetros, com

concentração predominante no Médio e Baixo Mearim. Características como

periodicidade das chuvas, fracos desníveis no perfil longitudinal (em média de 17

cm/Km), estabilidade no volume das águas mesmo durante estiagens, permitem que

sua lâmina d´agua tenha média de dois a quatro metros de profundidade. Este

conjunto de aspectos naturais contribuem para a formação da pororoca (BEZERRA,

2014; BATALHA, 2002).

A cidade de Arari se inseria entre os três principais pontos de baldeação,

ocorrendo nesses lugares passagens de bagagens, mercadorias e passageiros de

uma embarcação para outra do Rio Mearim. Os demais portos eram o das Gabarras

e Laje do Lourenço Maciel (BATALHA, 2002). No povoado Curral da Igreja,

localizava-se um dos vários portos de Arari, a navegação percorria um bom caminho

até chegar em Arari.

51

Embarcava-se em São Luís, em ´canoas grandes, armadas à redonda que ordinariamente eram de 40 a 60 toneladas, dobrando a ponta do Bonfim, passando pelo Boqueirão, costeando a ilha de São Luís até a ilha de Tauá Redondo`. Seguia outra baía chamada Anajatuba […] Depois Malhadinha […] para então penetrar no Mearim propriamente dito. Subindo este rio, logo após a confluência com o Pindaré, chegava-se à Curva da Mucura, depois vinham Curral da Igreja, onde havia um comandante parcial; Sítio Velho, Bonfim, Barreiros e Arari, que nesse ano contava com 22 casas e duas capelas […] (BATALHA, 2002, p. 17-18).

Os navegadores do rio Mearim, antes importante via fluvial, para evitar

avarias ou naufrágios tinham estratégia para lidar com a pororoca. O relato de

Antonio Bernardino Pereira do Lago, engenheiro português que serviu à Capitania

do Maranhão durante 3 anos, é datado de 1820 e “fala das esperas, que eram os

afundeadores onde as canoas se protegiam do violento e rápido peso da pororoca e

também de lugarejos e dos igarapés que confluíam para o Mearim” (BATALHA,

2002, p.17).

Em dois de março de 1865, a embarcação batizada de Beija-flor

conduzida por Mr. João Etchegoien Portal, maquinista de reconhecida competência:

[…] partiu de São Luís, passando por Arari, rumo a seu destino, em sua embarcação de 70 palmos de comprimento, 18 de boca e dois e meio de calado, movido por uma máquina de 20 cavalos […] Logo de saída, já no rio Mearim, o vapor encalhou sobre um banco de areia, expondo-se aos embates da pororoca e danificando umas de suas rodas. Mesmo assim, navegou do Arari à Lajem Grande, onde foi vistoriado com o reparo da peça danificada, dando continuidade em sua viagem até Barra do Corda (BATALHA, 2002, p. 22).

Dentre vários naufrágios ocorridos nessas águas, Batalha (2002, p. 47) ao

referir-se à década de 1990 relata que “uma lancha pesqueira pertencente a

Ronaldo Fernandes Martins encerrou a trágica série desses desastres, tragada pela

fúria da maré de pororoca, próximo a foz do rio Pindaré, emborcou e desapareceu

espetacularmente”.

Outros perigos aos quais estavam sujeitos os navegadores do rio Mearim

eram: a escuridão da noite, os temporais e trovoadas, os bancos de areia, os

banzeiros da maré, bravas ondas da Baía de São Marcos, corredeiras da Lajem do

Curral e do Curral da Igreja.

52

Para a melhoria de sua navegabilidade muito contribuíram o governador Francisco Bibiano de Castro através da lei baixada em agosto de 1837 e o coronel Luís Alves de Lima e Silva (Duque de Caxias), então presidente da província, que reconhecendo a necessidade de navegação fluvial, encaminhou à Assembléia, em julho de 1840, pedido de lei oferecendo proveitosa recompensa à empresa que se organizasse nesse sentido. Domingos da Silva Porto foi o primeiro a se oferecer, mas fracassou; em seguida vieram Leite & Irmão e João Pedro dos Santos (BATALHA, 2002, p. 19).

A intensificação da navegação no Mearim, ocorre aliado à agropecuária, à

cana-de-açucar e diversos engenhos. Essas condições levaram Arari a ser a vila

portuária de maior importância por anos, ocorrendo a ascenção através do

enriquecimento econômico (BATALHA, 2002). Os imigrantes portugueses, na

primeira década do século XIX e os libaneses no século XX foram atraídos pela

navegação fluvial, comércio e por se tratar de terras férteis.

A navegabilidade do rio Mearim inicia seu processo de decadência após a

construção das estradas Estaduais, MA - 122 e 247; e Federais, BR - 316, 135, 226

e 222; no Maranhão (BATALHA, 2002). Com o acesso rodoviário, na década de

1960, migram nordestinos e pessoas de outras regiões do Maranhão. Arari atraiu

grandes investimentos, dentre os quais indústria algodoeira, no entanto foram

abandonados em decorrência da Segunda Guerra Mundial.

53

5 A POROROCA

5.1 A ocorrência mundial da pororoca, a sua utilização esportiva/recreativa e

os impactos negativos sobre o fenômeno

Um conjunto de características é necessário para a manifestação da

pororoca, dentre os quais: a foz do rio ter uma forma plana, convergente e a

amplitude de maré ultrapassar 6 a 9 m (CHANSON, 2015). Sua existência em vários

países, também denominada de furos de maré apresenta de forma geral o mesmo

princípio de formação.

Os melhores furos de maré historicamente documentados são provavelmente os do rio Sena (França) e rio Qiantang (China). O mascaret do rio Sena foi documentado pela primeira vez durante os séculos 7 e 9 dC, e nos escritos de 11 a 16 séculos. Ele ficou conhecido localmente como "la Barre". O furo do rio Qiantang, também chamado de furo Hangzhou, foi mencionado no início, durante o 7 º e 2 º séculos aC, e foi descrito em escritos do século 8. O furo foi então conhecido como "The Old Faithful" porque manteve o tempo melhor do que relógios. A pororoca no rio Indus poderia ter dizimado a frota de Alexandre, o Grande. Outra pororoca famosa é a "pororoca" do rio Amazonas observado por PINZON e La Condamine, nos séculos 16 e 18, respectivamente. O Hoogly (ou Hooghly) furo no Gange foi documentada em relatórios de envio do século 19 (CHANSON, 2015, p. 1, tradução nossa).

Quanto à sua definição: Lynch (1982) e Chanson (2001 e 2011) relatam

que a pororoca é um impulso positivo, que apresenta basicamente uma série de

ondas de propagação a montante e à medida que a onda avança para o interior,

impulsionada pela maré, o fluxo do rio é revertido.

As condições para a formação da pororoca passam pela amplitude de

maré sendo superior a 4 a 6 metros e pelo direcionamento dos grandes volumes das

águas de maré para a foz estreita dos rios, geralmente em forma de funil

(CHANSON, 2011).

A onda de maré, como tal, é […] um aumento anormal ou incursão de água ao longo da costa. Estes podem ser atribuídos a uma variedade de fatores, tais como vento terral, tempestades ou uma combinação de ventos e marés vivas. No entanto, o termo é muitas vezes confundido com o flagelo dos filmes antigos e civilização moderna igualmente, o tsunami (GEDNEY, 1983, p. 1, tradução nossa).

54

As terminologias utilizadas pelo mundo para o que no Brasil conhecemos

como pororoca são diversas, seguem algumas delas: Aegir, Tidal Bore, Severn

Bore, Seven Ghosts (Inglaterra); Barre, Flot, Barre de Flot (França); Bahu, Baan/Joar

(Índia); Benak (Malásia); Eagre, Bono (Sumatra, Indonésia); Burro/Barra (México/

Colorado); Silver Dragon, Black Dragon, Guanchão (China); Ibua Ibua (Papua Nova

Guiné); Kepala Arus (Indonésia, Papua Ocidental); Montant, Masquaret, Mascaret

(França); Macareu (Brasil, Guiné Bisal e Moçambique); Refoul (Canadá) (COLAS,

2014; SOBRINHO, 2013, CHANSON, 2011, LAUS, 2006).

Os estudos sobre esse fenômeno fluviomarítimo estão sendo

desenvolvidos em áreas como a oceanografia (SANTOS, 2005), engenharia

(CHANSON, 2011), turismo (NASCIMENTO, 2007), além de publicações de cunho

esportivo, vinculados às modalidades de esporte com prancha (COLAS, 2014;

SOBRINHO, 2013; LAUS, 2006).

Estima-se que mais de 400 estuários em todo o mundo sejam afetados por uma Pororoca, em todos os continentes com exceção da Antártica […] As Pororocas têm um impacto significativo no sistema ambiental e ecológico da foz do rio. Estudos recentes demonstraram, em particular, o impacto significativo de pequenas Pororocas […] Surpreendentemente, a pororoca continua a ser um tema de pesquisa desafio para os teóricos, e muitas características hidrodinâmicas permanecem inexplicados (CHANSON, 2011, p. 1, tradução nossa).

A pororoca que ocorre na Inglaterra no rio Severn, é denominada Severn

Bore. Sua ocorrência se dá de dez em dez anos, atinge velocidade de até 20 km/h.

A manifestação do fenômeno fluviomarítimo inglês ocorre duas vezes por dia, ao

meio dia e à meia noite, durante quatro dias consecultivos. Atrai surfistas do mundo

todo (SURFANDO…, 2010). Outros rios ingleses também manifestam o fenômeno,

entre eles Severu, Trent, Tamisa e Hughly.

De acordo com a fonte The Star Online (2015), na Malásia no estado de

Sarawak, no distrito de Sri Aman (Cidade da Paz), ocorre o fenômeno da pororoca,

mas precisamente no rio Batang Lupar. A denominação local ao fenômeno é Benak,

sendo o principal atrativo turístico da cidade. No entanto, a prática turística que

tenha a Benak como atrativo, encontra dificuldades. Uma delas é o perigo para a

prática de esportes aquáticos, pois estas águas estuarinas são infestadas de

crocodilos.

55

A pororoca aqui, ou "Benak", poderia ser um grande atrativo turístico em que poderia ser conhecido como um esporte radical fantástico. Até agora, apenas um homem se atreveu a assumir o desafio na luta contra o Benak. Ele é francês Antony Colas, um surfista de maré hardcore e autor do Guia do Mundo Stormrider, um guia sobre os melhores novos locais de surfe Worlwide (THE STAR ONLINE, 2010, p. 1, tradução nossa). Colas ficou exausto, mas em êxtase com as manobras que ele fez, e talvez um pouco perplexo com a acolhida que recebeu: 'As pessoas locais foram montando o Benak em canoas por quase um século', disse ele.' Graças à internet, eles sabiam que as pessoas surfam os furos em diferentes partes do mundo. E eles estavam realmente à espera de alguém para vir e seu furo.' (ACTION ASIA, 2010, p. 1, tradução nossa)

Segundo relato de Antony Colas, que foi contratado para promoção de

pacotes especiais de surfe aos turistas no Pesta (significa Festival) Benak: a Malásia

apresenta outros dois pontos de ocorrência da Benak; a Benak apresenta boas

condições de surfe, estando entre as melhores do mundo; não são tão destrutivas e

poderosas quanto às do Brasil e da China; as dificuldades referentes à segurança

quanto à prática esportiva podem ser superadas com a utilização de barcos salva

vidas e canoas pick up.

Sobre o Festival Benak, Antony Colas, relata ser semelhante ao do Brasil

e Canadá. Na Malásia tem duração em torno de cinco dias.

Inaugurado em 2001, o Festival Benak é um dos principais eventos do calendário do turismo de Sarawak e é comemorado junto com esportes aquáticos, shows culturais e exposições de artesanato. A crescente popularidade do evento levou à reserva total dos hotéis. A pororoca geralmente ocorre nos dias 3 e 18 do calendário lunar chinês. Barqueiros e jovens geralmente tentam pegar as ondas gigantescas que açoitam a orla marítima da cidade de Sri Aman. Este fenômeno é conhecido por ocorrer em 66 locais em todo o mundo, três deles na Malásia, incluindo Sri Aman. O Comitê Organizador do Pesta Benak, através de Zaidi Sarkawi, relata estarem em andamento planos para melhoria da infraestrutura turística de Sri Aman. Isso pode incluir uma proposta de hotel de três estrelas e uma passarela ao longo Kampung Hulu e Hilir. O festival também conta com uma corrida em que os barcos navegam na pororoca e espera atrair 5.000 turistas para Sri Aman. Zaidi relata que Sri Aman possui 11 hotéis oferecendo 183 quartos. Pacotes homestay também estão disponíveis. Os turistas que não conseguirem quartos de hotel podem hospedar-se em malocas Iban próximas ou em aldeias malaio que fazem parte dos pacotes de homestay, disse ele (THE STAR ON LINE, 2010, p. 1, tradução nossa).

No cenário chinês em um intervalo de quatro anos, de 2009 a 2012,

passou-se de um torneio de exibição para o primeiro campeonato mundial de surfe

profissional disputado em rio. Em setembro do ano de 2012 surfistas do mundo todo,

inclusive do Brasil representado pela surfista Chloé Calmon, foram até Hangzhou na

China para surfar o Dragão Prateado, como é conhecida a pororoca chinesa. Esta

56

se manifesta uma vez por ano, aumentando a ansiedade e expectativas por parte de

moradores do local ou quem visita a cidade especialmente para vê-la no rio

Quintang. A onda pode chegar a 9 metros e é possível surfá-la por duas horas.

A cidade aproveita a ocasião para promover diversos eventos. Mas a atração principal é mesmo a onda, um pouco diferente da conhecida pororoca da Amazônia, no Brasil, que ocorre com o encontro das águas marítimas com as ribeirinhas. Na China, é o formato da Baía de Hangzhou que ajuda a força centrífuga produzida pela rotação da terra a resultar no espetáculo […] Para surfar na pororoca na China, os surfistas precisam de uma equipe. Cada um sai com uma lancha, dois jet-skis e um navio. As manobras devem ser feitas a pelo menos 150 metros das margens. Por enquanto, nenhum atleta local se arriscou (SPORTV, 2015, p. 1).

De um total de dezessete países, apenas cinco concentram 66,6% das

pororocas catalogadas, estando as demais distribuídas pelos outros doze países

(COLAS, 2014). A distribuição do número de pororocas por países é apresentada a

seguir (Quadro 1):

Quadro 1: Pororocas por país

País Total de pororocas % por país Observação

Inglaterra 14 18%

Apenas esses cinco países

concentram 66,6% das pororocas

mundiais.

França 13 16,6%

Canadá 10 12,8%

Brasil 10 12,8%

China 05 6,4%

Austrália 05 6,4%

33,4% das pororocas estão

distribuídas pelos demais 12 países.

Indonésia 04 5,1%

Malásia 03 3,8%

Bangladesh 02 2,6%

Guiné Bissau 01 1,3%

Índia 02 2,6%

México 01 1,3%

Moçambique 01 1,3%

Myanmar 01 1,3%

Papua Nova

Guiné

02 2,6%

Rússia 01 1,3%

Estados Unidos 02 2,6%

17 78 100%

Fonte: Colas (2014)

57

As setenta e oito pororocas mundiais apresentadas por Colas (2014), na

obra "Mascaret l'onde lunaire", são classificadas de acordo com a intensidade.

Quanto maior a intensidade, melhor para a prática esportiva nas ondas

fluviomarítimas (Quadro 2).

Quadro 2: Intensidade das pororocas mundiais

Classificação

intensidade

Total de

pororocas

% por

intensidade

Países

Giga 05 6% Brasil, Indonésia, Malásia e China

Maxi 12 16% Brasil, Índia, Indonésia, França, Inglaterra,

Canadá e Estados Unidos

Média 16 21% Brasil, Guiné Bissau, Indonésia, Papua Nova

Guiné, França, Inglaterra, Malásia, China e

Canadá

Mini 27 35% Malásia, Moçambique, Myanmar, Papua Nova

Guiné, França, Inglaterra, China, Canadá e

Estados Unidos

Micro 18 22% Brasil, Austrália, Bangladeche, Canadá, Índia,

México, Rússia e França

Fonte: Colas (2014)

As pororocas classificadas como mini e micro podem ser especialmente

destinadas aos moradores que vivem na área, pessoas que passam por ali e até

mesmo aos turistas. As pororocas com classificação giga representam apenas 6%,

maxi 16%, médias 21%, mini 35%, micro 22%. São 78 pororocas mapeadas em 78

diferentes rios pelo mundo em todos os continentes, com exceção da Antártida

(COLAS, 2014).

Dos 78 rios onde as pororocas ocorrem, cerca de 42% interessam aos

surfistas de pororoca, denominados de Masca Riders, pelo fato das características

das ondas proporcionarem energia suficiente para ser surfada, indo de giga a

médias pororocas. Outras modalidades esportivas por terem a propulsão humana

envolvida na atividade auxiliando no deslizar sobre as ondas se adaptam a todas as

intensidades de pororocas, alguns exemplos são: o stand up paddle e caiaque

(COLAS, 2014).

As pororocas classificadas como giga, um total de 5, são encontradas na

Indonésia, Malásia, China e Brasil, este último com duas pororocas a do rio Araguari

58

no Amapá e a do Canal Perigoso no Pará. As 12 pororocas com classificação maxi

são encontradas na Índia, Indonésia, França, Inglaterra, Canadá, Estados Unidos e

Brasil, este último nos rios Capim e Guamá no Pará e rios Pindaré e Mearim no

Maranhão. E outros nove países possuem pororocas com classificação média e

mini; e por fim oito com pororocas micro completam a classificação (COLAS, 2014).

Em 1988 dez pororocas foram classificadas como as top mundiais. Em

2014 outra classificação foi apresentada, dessa vez com vinte pororocas tops

mundiais. Nesse intervalo de vinte e seis anos vários países tiveram suas pororocas

"descobertas e desbravadas", incluindo nesses desbravamentos ações com o viés

esportivo recreativo e ou competitivo, que contribuiram para a popularização em

vários países (Quadro 3).

Quadro 3: As principais pororocas em 1988 e 2014

Tabela 1 - 1988 Tabela 2 - 2014

Ordem Rios Países Países Rios Ordem

01 Qiantang China China Qiantang 01

02 Amazonas Brasil Brasil Araguari 02

03 Seina França Indonésia Sungai Kampar 03

04 Petitcodiac Canadá Malásia Batang Lupar 04

05 Severn Inglaterra Brasil Canal Perigoso 05

06 Dordogne França Brasil Mearim/Pindaré 06

07 Shubenacadie Canadá Inglaterra Severn 07

08 Turnagain Arm Estados

Unidos

França Dordogne/Garonne 08

09 Salmon Canadá Estados Unidos Turnagain Arm 09

10 Hooghly Índia Canadá Petitcodiac 10

Indonésia Sungai Digul 11

Brasil Capim/Guama 12

Índia Hooghly 13

Canadá Shubenacadie 14

Indonésia Odammun 15

França Sélune,Couesnon 16

Indonésia Rokan 17

Papua Nova

Guiné

Fly 18

Malásia Batang Sadong 19

Inglaterra Trent 20

Fonte: Colas (2014)

59

Alguns pontos em comum das classificações mesmo separadas por vinte

e seis anos de intervalo são: a pororoca chinesa denominada Guanchão do rio

Qiantang como a melhor e o Brasil permanecendo em segundo no ranking, apenas

com a mudança do rio, do Amazonas para o Aragauri, e do estado, do Amazonas

para o Amapá. As diferenças marcantes nesse intervalo temporal foram: a queda

das pororocas francesas na classificação, a diversidade de novos países com

ocorrência do fenômeno fluviomarítimo e a presença do Brasil no ranking com quatro

pororocas brasileiras entre as top 20, sendo três pororocas entre as seis melhores.

O mapa dos principais furos apresenta a pororoca brasileira, as do Sudeste Asiático (China, Indonésia, Malásia), o Oeste da Europa (Inglaterra, França), e finalmente a América do Norte do Norte (Canadá e Alasca). A África continua claramente atrás, mesmo que o Geba (Guiné Bissau) e Pungue (Moçambique) podessem revelar boas surpresas. No 6º continente, ou seja, a Antártida o fenômeno é inexistente, de certa maneira: por possui poucos rios e marés (COLAS, 2014, p.24, tradução nossa).

Os impactos dos furos de maré sobre os hábitos da fauna são

reconhecidos mundialmente. Cousteau e Richards (apud CHANSON, 2015) relatam

que no rio Amazonas as piranhas se alimentam da matéria em suspensão após a

passagem da pororoca; no Alasca águias pescam logo atrás da pororoca e animais

que tentam vencer a pororoca são capturados pela sua força, observação feita por

Molchan e Douthit (apud CHANSON, 2015). Na Austrália tubarões e crocodilos

foram vistos se alimentando no rio Daly, após a passagem da pororoca.

Pelo mundo as constantes mudanças naturais e antrópicas interferem no

frágil processo da pororoca, que necessita de condições especiais para se

manifestar, dentre as quais: a amplitude de maré e a forma da boca do rio, além do

formato do leito dos rios. Uma pequena mudança nas condições e limites de fluxo do

rio pode afetar negativamente a existência do fenômeno fluviomarítimo. Dragagens,

represamentos, terremotos, são fatores de grande influência sobre esse fenômeno

natural (CHANSON, 2011). São vários os exemplos de pororocas que foram extintas

e ou enfraquecidas após sofrer essas interferências:

60

Dragagem e alterações no formato do rio renderam o desaparecimento de vários furos de maré: o mascaret do rio Sena (França) não existe mais, o furo do rio Colorado (México) é drasticamente menor. Embora o tráfego fluvial ganhe em segurança, em cada caso, a ecologia das zonas estuarinas foi prejudicada. Os furos das marés dos rios Couesnon (França) e Petitcodiac (Canadá) quase desapareceram após a construção de uma barragem a montante. Eventos naturais também podem afetar a pororoca. Durante o terremoto de 1964 Alaska (magnitude 8,5), o braço de entrada em Turnagain e Knik diminuiu 2,4m. Também na Turnagain e Knik nos braços de entradas, fortes ventos (opostos à maré enchente) foram visto à fortalecer o furo. Por outro lado, a construção da barragem do rio Ord (Austrália) induziu o assoreamento da foz do rio e o surgimento de um furo. O furo desapareceu após seguintes grandes fluxos de enchentes em 2000 e 2001, que vasculharam o leito do rio (CHANSON, 2015, p. 1, tradução nossa).

No rio Petitcodiac, no Canadá, em virtude do grande volume de água

tratada e despejada em seu leito, surfar a pororoca só foi viável após a Comissão de

Esgoto de Moncton reduzir os níveis de vazão para o rio (GREEN, 2013).

A caracterização das pororocas no mundo representam muito mais do

que as atividades desenvolvidas a partir da sua utilização humana, em especial as

ações turísticas esportivas. Esses fenômenos mundiais são importantes para o

equilíbrio dos ecossistemas estuarinos e para formação da cultura ribeirinha envolta

ao respeito à natureza e ou urbana, já que ocorrem também dentro de metrópoles.

Essas características reunidas, propiciam a sua utilização para além da simples

ação ou sensação de domínio sobre a natureza. Passando a ser vista como vital

para a sustentabilidade, gerando ações planejadas e bem geridas, em vários ramos,

inclusive o turístico.

As pororocas no mundo são identificadas , estudadas, outras apresentam-

se em processo de enfraquecimento e há muitas ainda a serem descobertas. A

seguir são apresentadas um resumo de pororocas já catalogadas, porém algumas

delas sem informações detalhadas (Quadro 4).

61 Quadro 4: Pororocas no mundo

Nº PAÍS DENOMINAÇÃO CARACTERÍSTICAS RIOS

01 Brasil Pororoca, Macaréu

Início em 1997 no Amapá, as pororocas maranhenses foram as desbravadas em 2001.

Mearim, Pindaré, Capim, Guama, Sucuriju, Moju, Guajara, Canal Perigoso, Araguari, São Francisco e Tramandaí

02 Inglaterra Severn Bore, Tidal bore, Seven Ghosts ou Aegir

Foi nas águas do maior rio inglês (Severn) que começou a prática do surfe na pororoca, há mais de 50 anos.

Dee, Mersey, Ribble, lune, Kent/Morecambe Bay, Eden, Esk, Nith/Solway Firth; Parrett, Wye, Avon, Trent, Welland, Ouse, Great Ouse, Severn, Tamisa

03 Malásia Benak

É uma pororoca que já foi desbravada por surfistas franceses e brasileiros, mas ainda é pouco conhecida. Ocorre no distrito de Sri Aman. Assim como no Brasil existe festival.

Batang Lupar, Batang Sadong e Batang Saribas/Sarawak

04 Indonésia Bono ou Kepala

Arus

É considerada a pororoca mais perfeita do planeta.

Pakar, Digul, Odammun, Kampar, Rokan

05 China Silver Dragon,

Black Dragon ou Guanchão

Conhecida como pororoca urbana por passar dentro da metrópole de Hangzhou. Anteriormente também denominada "The old Faithful".

Iang-Tsé, Qiantang, Ao Jiang, Jiao Jiang, Feiyun Jiang, Chanjiang

06 Estados Unidos

Furo de Maré Onda com fácil acesso para a população, águas congelantes

Turnagain Arm/Alaska e Knik Arm

07 França Mascaret É conhecida como mascaret e já é surfada há 42 anos. Localmente segundo CHANSON conhecida como "la Barre"

Garonne, Dordogne, Isle, Couesnon, Sée, Sélune, Canche, Baie de Somme, Baie des Veys, Havre de Regnéville, Le Frémur Ouest, Orne, L'Aguénon, Siene, Gironda, Charante e Sena.

08 Bangladeche Macaréu Sem informações Meghna e Ganges

09 Índia Hoogly ou Hooghly Sem informações Ganges, Hugli, Narmada e Mahi

62

10 Paquistão Pororoca A área delta é Indus considerada uma das regiões ecológicas mais importantes do planeta

Indus

11 Canadá Refoul Sem informações Petitcodiac, Shubenacadie, Salmon, Herbert, St-Croix, Kennetcook, Avon, Hébert, Maccan

12 Austrália Sem denominação Sem informações Prince Regent, Ord, Daly, Victoria, Styx

13 Moçambique Macaréu Sem informações Pungue

14 México Furo de maré Sem informações Colorado

15 Guiné Bisal Macaréu Sem informações Geba River

16 Rússia Sem denominação Sem informações Penzinskaya

17 Papua Nova Guiné

Ibua Ibua Sem informações Bamu River e Fly Bore

18 Myanmar Sem denominação Sem informações Sittang

Fonte: Autor (2015)

63

5.2 A ocorrência nacional da pororoca, a sua utilização esportiva/recreativa e

os impactos negativos sobre o fenômeno

A ocorrência da pororoca está em constante mutação, podendo ocorrer

com maior ou menor tamanho, ou até mesmo desaparecer por fatores naturais e ou

antrópicos. Santos et al.(2005) em suas análises constatou o grande poder de

remobilização, deposição e erosão de camadas sedimentares ocasionados pela

pororoca no estuário do rio Araguari no Amapá, constatando que a taxa de

sedimentação seria de 5 cm/ano. Lynch (apud SANTOS, et al., 2005) relata o

comportamento solitário da pororoca, e a necessidade para sua formação de

macromarés, morfologia e declive suave do fundo do estuário e ventos interferindo

no seu tamanho.

A existência de uma pororoca é baseada em um equilíbrio hidrodinâmico frágil entre a faixa de fluxo das marés, das condições de escoamento do rio de água doce e da batimetria do canal. Algumas considerações teóricas simples mostram que esse equilíbrio pode ser muito facilmente perturbado por mudanças nas condições de contorno e influxo de água doce (CHANSON, 2011, p. 1, tradução nossa).

O Brasil é, sem dúvida, um dos países de maior diversidade ecológica e

de paisagens naturais do mundo. Sua localização geográfica, suas dimensões,

diferentes climas, e estrutura física contribuem para a existência, em seu interior, de

um patrimônio natural único. Esse patrimônio se refere aos ecossistemas, biomas,

paisagens, conjunto de plantas, de animais e de recursos genéticos. Essa riqueza é

a base de nossa existência e um legado a ser entregue às próximas gerações, que

podem ter acesso à educação ambiental, para explorar os recursos naturais com

responsabilidade de estar inserido dentro de um processo sustentável (ZANIRATO,

2010).

No caso da Amazônia, o seu principal rio, segundo Colas (2014):

64

[…] possui o curso muito plano, apenas 20m de desnível vertical nos últimos 1500 km antes da boca, é um caso único. Medições de salinidade mostram que a salinidade da água do mar normal de estuário é alcançado a apenas 200 km da costa brasileira e o Araguari é o único lugar no mundo onde a formação da pororoca sob influência da maré é iniciada na costa e não no estuário. As pororocas foram medidas com largura de 30 km e as maiores ondas quebrando foram estimadas em 3 a 4m. No Brasil, a pororoca combina no feminino, que vem do dialeto tupi, a palavra poroc poroc significa <grande estrondo>. Entre o oeste do Rio Araguari e leste do rio Mearim há quase 800 quilômetros e dezenas de rios: nem todos são susceptíveis de pororoca (p. 178, tradução nossa).

Nesse contexto amazônico, a existência do fenômeno fluviomarítimo

pororoca em terras brasileiras foi descrita por Giovanni Angelo Brunelli em 1767,

astrônomo bolonhês, que participava da Comissão demarcadora de limites das

possessões portuguesas e espanholas na América do Sul. Após um período de 8

anos vivendo e convivendo na região amazônica, entre 1753 e 1761, Brunelli

publicou três trabalhos sobre suas experiências. O primeiro datado de 1767, recebeu

o título “De Pororoca”, foi publicado em latim na revista da Academia de Ciências do

Instituto de Bolonha. “Esse texto de Brunelli pode ser considerado uma das

primeiras tentativas de explicar cientificamente o ‘grandioso’ e ‘admirável’ fenômeno

físico que ocorre em toda a região da foz do Amazonas e do Tocantins”

(PAPEVERO et al., 2010, p. 494).

Segundo os escritos de Brunelli (PAPEVERO et al., 2010), a explicação

para a ocorrência da pororoca do rio Guamá, estaria vinculada à “canais

subterrâneos que ligariam o fundo do oceano ao leito, por onde fluiria e refluiria a

água, em grandes quantidades e com imensa força provocada pela lei da gravidade

e pela atração da Lua e do Sol.” O mesmo não acreditava nas crenças da época e já

relatava a maior força do mar sobre o rio como causador da pororoca.

Observemos trechos da Carta de Brunelli endereçadas a Eustachio

Zanotti, onde são apresentadas deduções de sua impressão sobre o fenômeno:

65

É por isso que resolvi, de forma breve, porém cuidadosa, como puder, expor-te uma coisa grandiosa em primeiro lugar e admirável, sobre cujo fenômeno gostaria de ouvir de ti, que superas em inteligência e cultura até os filósofos de nossa terra, [...] Pois então conhece agora o que ninguém, e por isso com maior prazer, encarregou-se, até aqui, que eu saiba, de tratar. Há uma cidade na América do Sul chamada Pará [Belém], ao lado de um rio, que dista um grau e quase meio ao sul do Equador; e do oceano […] com inúmeras ilhas, das quais uma, que os índios chamam Marajó [...] Entre aqueles menores rios […] há um que se chama Guamá […] Aí, como acontece com outros rios que estão mais perto do oceano, diariamente acontecem duas cheias e duas vazantes do mar, quando a Lua não está longe da sizígia. No seguinte, no outro e no terceiro dia após a Lua nova ou Lua cheia, quando as maiores de todas as ondas chegam longe […] de repente uma força enorme e um volume de águas exuberante irrompe tão rapidamente que, num tempo curtíssimo, se elevam todas […] Os índios chamam esse súbito e violento ímpeto das águas de ‘pororoca’ […] Na verdade, chamam ilha da ‘pororoca’ a ilha onde a pororoca começa. Em resumo, um horrendo fragor começa a ser ouvido, quando três a três, ou quatro a quatro, as ondas brancas em espuma se precipitam com todo o ímpeto daquela ilha, abatendo-se sobre elas mesmas, e, lançadas para o alto e a toda volta, inundam amplamente os campos, num enorme espaço. Então, arrebatam consigo, com grande força, troncos de árvores, cadáveres de animais, canoas, enormes pedras e tudo o que encontram no meio do caminho […] até que, pouco a pouco, perdidas as forças, volta finalmente ao repouso e desvanece completamente, quando as águas já atingem a maior altura (BRUNELLI apud PAPEVERO et al., 2010, p. 513-514).

Apesar de ignorar as explicações baseadas na tradição oral dos

habitantes locais, na carta Brunelli admite para Zanotti suas dúvidas e inquietações,

solicitando ajuda para explicar cientificamente o fenômeno, sua conclusão de que

existe um canal oculto que origina a pororoca é cercada de incertezas levantadas

por ele mesmo no trecho final de seus escritos.

Sobrinho (2013) relata que Walter Junior, amapaense, participou da

expedição de Jacques Cousteau à Amazônia no ano de 1982 e “fez imagens

impressionantes da pororoca e também o making-off daquela viagem. A mesma que

[…] apresentou ao mundo o boto cor-de-rosa” (p. 25). O resultado foi o documentário

denominado "O espetáculo das Águas".

Na região amazônica a pororoca ocorre nos seguintes rios:

Araguari, Sucuriju, Canal Perigoso de Marajó, Capim e Guama, Mearim e Pindaré. Durante a estação das chuvas, entre janeiro e maio, os picos são observados durante as luas cheias e novas, sabendo que setembro e outubro também pode fornecer energia suficiente se a estação não foi muito seca (COLAS, 2014, p. 179, tradução nossa).

A pororoca manifesta-se envolvida sob uma atmosfera favorável ao

turismo, na região Amazônica, patrimônio natural mundial. Sobrinho (2013) a define

66

como “um encontro pouco cordial entre águas oceânicas e águas fluviais”. Macedo

(2001) descreve como “avalanche de aspecto cataclísmico, como formidável rolo

líquido, invadem o leito dos rios para montante, pondo a flutuar instantaneamente

tudo que se achava encalhado nas coroas de areia”. Laus (2006) detalha o

fenômeno da seguinte forma:

[…] Ela ocorre nas mudanças de fases da lua, principalmente na época dos equinócios (fevereiro a maio, agosto e setembro), com maior intensidade nos períodos de maré viva ou de sizígia, ou seja, lua cheia e lua nova. O fenômeno começa devido ao encontro das águas do rio e do mar, quebrando o ciclo comum de seis horas de maré vazante e seis horas de maré enchente. Toda água do rio, que vaza em direção ao oceano, fica retida e represada pela água salgada, já que não se misturam devido a densidades diferentes. Quando a maré quebra o ciclo de vazantes, ela começa a encher e, quando as águas vindas do oceano alcançam a desembocadura de um rio, formam-se elevações que chegam a ter quilômetros de comprimento, que se movem rio acima com velocidades de 20 a 50 km/h (LAUS, 2006, p. 12-13).

Em território brasileiro o fenômeno fluviomarítimo, pororoca, transformou-

se num sucesso, através da organização de campeonatos estaduais, nacionais em

formato de circuito e até internacionais. Atraindo milhares de pessoas do Brasil e do

mundo para conhecer, prestigiar, surfar, navegar, e observar de perto a pororoca e

as atividades nela desenvolvidas pelos esportistas (COLAS, 2014; SOBRINHO,

2013, LAUS, 2006).

Uma das dificuldades para expansão das ações no Brasil está

diretamente associada aos seguintes fatores: a violências das águas na ocorrência

do fenômeno e a condição de acessibilidade na região amazônica, que possui

poucos pontos de observação da pororoca para os turistas. Para Colas (2014) as

pororocas brasileiras proporcionam menor dramaticidade do que a pororoca chinesa.

Lembrando que a pororoca chinesa passa dentro de uma metrópole e pode ser

observada facilmente com todas as atividades nela desenvolvidas.

A velocidade e distância em quilômetros a partir da foz, que as pororocas

percorrem rio adentro são diversas:

Em tempos de estiagem, a propagação chega até […] 1000 km rio acima. A velocidade de propagação dessas ondas é 44 km/h […] Na maré alta, devido à maior velocidade de fluxo, a velocidade de propagação das ondas diminui e é amortizado […] Portanto, ela se propaga ao longo de Santarém, 768 quilômetros da boca (COLAS, 2014, p. 179, tradução nossa).

67

Nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, o fenômeno fluviomarítimo,

ocorre nos estados do Pará, Amapá e Maranhão (LAUS, 2006; SOBRINHO, 2013).

Há registro do fenômeno nos estados do Rio Grande do Sul (POROROCA…, 2009)

e em Alagoas (POROROCA…, 2009). A seguir são apresentados detalhes sobre os

locais de ocorrência da Pororoca no Brasil:

Quadro 5: Locais de ocorrência da pororoca no Brasil

REGIÃO ESTADO CIDADE

POPULAÇÃO ESTIMADA(IBGE,

2014) RIOS

Norte Amapá Cutias 5.291

Araguari (extinta), Gurijubá, Maiacaré e nova pororoca no rio Livramento

Norte Pará São Domingos

do Capim 30.701 Capim, Guamá, Moju

Norte Pará Ilha do Marajó Amazonas

Nordeste Maranhão Arari 29.096 Mearim e Pindaré

Nordeste Alagoas Piaçabuçu 17.203 São Francisco

Sul Rio Grande do Sul

Tramandaí 45.744 Tramandaí

Fonte: Autor (2015)

Os exemplos do quadro 5 são apenas os de algumas das pororocas

descobertas, já que existe na verdade uma constante busca por outras pororocas no

Brasil. A do rio livramento no Amapá é a mais recente pororoca desbravada com a

prática esportiva. Alguns participantes dessas buscas se denominam caçadores de

pororoca. A pororoca também é denominada macaréu em algumas localidades

amazônicas. E ocorrem no em regiões isoladas ou em áreas urbanas.

As pororocas brasileiras mapeadas por Colas (2014), um total de 10, são

apresentadas com seus respectivos índices de qualidade para as práticas esportivas

e ou para simples deleite de moradores, turistas ou curiosos em ver o fenômeno

fluviomarítimo nacional (Quadro 6).

68

Quadro 6: Intensidade das pororocas nacionais

País Rio Índice Observação Legenda

Brasil Araguari GIGA Extinta GIGA - pororocas com as melhores

condições para a prática esportiva Brasil Canal Perigoso GIGA

Brasil Capim MAXI MAXI - pororocas com condições para a

prática esportiva Brasil Guama MAXI

Brasil Mearim MAXI Enfraquecendo MID - pororocas com condições medianas

para a prática esportiva Brasil Pindaré MAXI

Brasil Sucuriju MID MINI - pororocas com condições limitadas

para a prática esportiva Brasil Guajara MICRO

Brasil Moju MICRO MICRO - pororocas sem condições para a

prática esportiva Brasil São Francisco MICRO

Fonte: Colas (2014)

Não é por acaso que eventos de surfe nas pororocas brasileiras, inclusive

os femininos, são realidade, com premiação em dinheiro e fórmula de disputa bem

definidas (SOBRINHO, 2013; EREIRO, 2013; LAUS, 2006). As pororocas nacionais

estão entre as melhores do mundo em qualidade e quantidade. Dos cinco índices

utilizados por Colas (2014) para classificar as pororocas quanto à intensidade, o

Brasil apresenta quatro, exceção feita ao índice denominado mini. Importante

ressaltar que as pororocas do rio Livramento no Amapá e do rio Tramadaí no Rio

Grande do Sul não constam na tabela acima, ou seja, temos 12 pororocas.

Das dez pororocas brasileiras listadas, sete possuem qualidade para a

prática de esportes que não necessitam de propulsão humana para permanência na

onda, caso das pororocas do rio: Araguari, Canal Perigoso, Capim, Guama, Mearim,

Pindaré e Sucuriju. Os outros 30% também podem receber a prática esportiva,

preferencialmente as que utilizam propulsão humana como caiaque, stand up,

dentre outras, são elas: a pororoca dos rios Guajará, Moju e São Francisco.

Destaque para as ondas dos rios Araguari e Canal Perigoso com

classificação giga; seguidas pelas pororocas dos rios Capim, Guama, Mearim e

Pindaré classificadas como maxi e por fim a pororoca do rio Sucuriju no Amapá

completa a lista, sendo classificada como média (COLAS, 2014).

Somente cinco pororocas no mundo possuem classificação giga, duas já

citadas estão no Brasil, uma delas é a do rio Araguari que infelizmente foi extinta. As

outras três pororocas gigas pertencem à Indonésia, Malásia e China; e ocorrem nos

rios Kampar, Batang Lupar e Qiantang, respectivamente.

69

Segundo Laus perdemos o Hawaí das pororocas, caindo no Ranking do

Instituto Pororoca (IPO) do primeiro para o terceiro lugar mundial, dividindo esta

posição com a pororoca do Alaska, e estando a China e Indonésia em primeiro e

segundo lugar respectivamente. As maiores alturas da pororoca, tendem a ser

manifestadas na desembocadura do Amazonas chegando a alcançar 7 m, fato não

constatado nas pesquisas de campo de Santos (et al.,2005).

No cenário nacional referente à temporada de pororocas, no comparativo

do ano de 2014, "…as melhores condições ficaram no Maranhão, porém com a

diminuição da força em relação à última década" (ABBUD, 2014, p. 1).

No caso do Brasil há, inclusive, perspectivas de internacionalização dos

eventos esportivos praticados na pororoca, dado o interesse da mídia mundial, como

explica Sobrinho (2013):

O Circuito Brasileiro de Surf na Pororoca, com etapas no Amapá, Pará e Maranhão, não é mais apenas uma divertida trip. Envolve dezenas de profissionais, mobiliza autoridades e instituições de segurança, exige uma logística gigantesca e chama a atenção do mundo todo. O surf na pororoca já foi exibido, ao vivo pela TV estatal chinesa CCTV, para mais de 1 bilhão de pessoas, movimenta a economia de cidades ribeirinhas, é estudado em teses de mestrado e ganhou o respeito das maiores feras do esportes radicais em todo o Planeta. Já se planeja, inclusive, um Circuito Internacional de Surf na Pororoca, com final no Brasil (p. 25).

Quanto às condições para o surfe, as pororocas brasileiras não deixam a

desejar frente às pororocas mundiais. Marcelo Bibita convidado à desbravar,

surfando, uma nova pororoca no Amapá não esconde a expectativa:

Para o experiente caçador de pororocas, Marcelo Bibita, o isolamento do local e os perigos naturais serão os maiores desafios que todos os envolvidos na competição enfrentarão. 'Estaremos adentrando uma região da Amazônia conhecida por ser lar de muitos jacarés e isso é mais um fator que nos preocupa. As expectativas são as melhores, mas não dá pra esconder o frio na barriga pelo desconhecido', declarou Bibita (NORONHA, 2014, p. 1).

Percebe-se que a forma de minimizar tais dificuldades é conseguir o

ponto de equilíbrio entre o aparato de segurança e know how adquiridos pelos

organizadores nas suas expedições de desbravamento e mapeamento das antigas e

novas pororocas. Os recursos humanos / profissionais necessários para a realização

dessas ações são: pilotos de lancha, surfistas, juízes, fotógrafos, câmeras, pilotos de

jetski, membros dos poderes militares, amparados por recursos materiais adequados

70

à segurança das atividades. Tornando as ações especialmente ligadas ao turismo

esportivo, turismo de eventos esportivos e turismo de aventura, dependentes de

grandes orçamentos para viabilizar as ações praticadas nas pororocas nacionais.

Serginho Laus (2014), surfista conhecedor das pororocas brasileiras, em

especial a do Amapá, alertou sobre os impactos negativos causados ao fenômeno

fluviomarítimo e à população ribeirinha, tais como o: assoreamento por alterações

geográficas na região, desencadeado pela criação de búfalos e pelo represamento

da água pela Hidroelétrica de Ferreira Gomes. Como consequencia ocorre a perda

de volume e força da correnteza do rio, maior salinização da água, além do risco de

extinção do arquipélago de Bailiqui. A vida dos ribeirinhos amapaenses foi

completamente modificada, tendo como ponto de partida o rio Araguari como via de

transporte, fonte de alimento e de água primordiais para a sobrevivência de uma

comunidade.

Sobre a temática Siqueira (2011) relata ter havido questionamentos por

parte dos presentes às audiências para o debate sobre emprego, inchaço

populacional, licenciamentos e demais assuntos referentes à construção da

Hidroelétrica Ferreira Gomes. Com destaque para a ausência, no Estudo de Impacto

Ambiental e no Relatório de Impacto do Meio Ambiente, de áreas de influência

indireta como: "a foz do Rio Araguari, onde se situa o município de Cutias, e a

Reserva Biológica do Lago do Piratuba, evitando, assim, a identificação de possíveis

influências no fenômeno ecológico da pororoca" (SIQUEIRA, 2011, p. 179). Os

princípios da precaução e prevenção são destacados pois:

No caso específico do Amapá, é evidente a importância da geração de energia para o seu desenvolvimento socioeconômico, porém a possibilidade da UHE Ferreira Gomes servir apenas aos interesses do setor energético nacional, deixando para o Amapá apenas os ônus do empreendimento, é plausível, se levado em consideração o histórico de licenciamentos de atividades de mineração nesse ente federativo (SIQUEIRA, 2011, p. 179).

Para Sergio Laus é a situação mais crítica dos últimos 13 anos

enfrentados na pororoca do rio Araguari.

71

'O rio está assoreado, e em alguns pontos podemos atravessá-lo com a água pelo joelho. No verão esses pontos secarão por completo. Para se ter uma ideia, as balsas que fazem o transporte de animais já não conseguem navegar”, disse Laus. Os búfalos abriram caminho próximo à Reserva do Lago Piratuba, que se transformou em um gigantesco igarapé, fazendo com que a água salgada do oceano invadisse o rio, provocando a insalubridade da água. Sem força de vazão, o rio, que recebeu toneladas de sedimentos com a entrada da pororoca, não tem força para movimentar o volume de sedimentos para fora, provocando o assoreamento, e consequente baixa da maré. “É difícil falar isso, mas é a verdade. No segundo semestre nós poderemos não ver mais a pororoca. Para exemplificar isso, antes as ondas atingiam até 4 metros de altura. Nessa última medição a onda não chegou a 1 metro”, observou. “Existem medidas que podem regular esse desequilíbrio naquele ecossistema. Mas é preciso que todos se unam para traçar um plano e colocá-lo em execução o mais rápido possível”, concluiu (REDAÇÃO WAVES,2014, p. 1).

O caso do rio Araguari, no estado do Amapá, é o mais emblemático após

o surgimento das atividades e eventos vinculados aos esportes com pranchas nas

pororocas brasileiras, onde simplesmente a pororoca perdeu força no período

chuvoso e o rio Araguari secou completamente na foz em tempos de estiagem

(Figura 2). Fato que causou a extinção da pororoca do rio Araguari (DESTAQUE…,

2015).

Figura 2: Trecho do rio Araguari próximo à foz antes e depois

Fonte: Serginho Laus (2014)

Intervenções antrópicas e, também, naturais são a tônica dessa

convivência secular com o rio Mearim. Através da escavação, a mando do

Governador e Capitão Geral Rui Vaz de Siqueira, uma das grandes curvas do rio

genuinamente maranhense deixou de existir. Tal fato ocorreu na divisa dos

72

municípios de Arari e Vitória do Mearim, essa modificação ficou conhecida como

Três Bocas, foi concluída entre 1662 a 1667 e deu origem à ilha da Moçona.

Processos naturais, incluindo a própria força da pororoca, modificam a morfologia

dos rios, seu percurso, causam erosão, assoreamento, destroem e ajudam no

surgimento de ilhas. No século XX a volta do Furo localizada entre Arari e Viana foi

extinta por influências naturais na década de 1940; e a volta da Mucura, no

município de Arari, teve mesmo destino nos anos de 1960 (BATALHA, 2002).

Figura 3: Força natural da pororoca no rio Araguari (AP)

Fonte: Serginho Laus

Pelos fatos apresentados torna-se imprescindível os atores sociais

envolvidos com o planejamento turístico multiprofissional, se apropriarem do

fenômeno uma vez que é passível de extinção, potencializando perspectivas de

benefícios à toda uma comunidade, a partir da gestão das atividades e intervenções

necessárias para manutenção do equilíbrio natural como condição de manifestação

do fenômeno pororoca.

Trata-se de um atrativo turístico natural singular, não somente para os

brasileiros. Sua ocorrência é fundamental para a sustentabilidade dos ecossistemas

de toda a região da Baixada Maranhense, garantindo a sobrevivência de suas

comunidades, principalmente as ribeirinhas. Uma vez inserido no contexto do

planejamento turístico sustentável poderá conduzir a ganhos sociais, econômicos,

culturais e ecológicos ambientais nessa região.

73

5.3 Características da pororoca para a prática de esportes

A pororoca como onda formada a partir do confronto entre as águas

fluviais e oceânicas, apresenta características particulares para a prática de

esportes, particularmente os que envolvem utilização de pranchas. Algumas das

características são apresentadas a seguir, para melhor entendimento dos surfistas e

demais esportistas ou interessados em conhecer melhor o fenômeno.

Esse fenômeno fluviomarítimo difere das ondas oceânicas em muitos

pontos. O tamanho da pororoca pode chegar a quilômetros de uma margem a outra

do rio e sua altura podem ser a mais diversa, as maiores com 6 a 7 m (SOBRINHO,

2013; LAUS, 2006). Já as ondas oceânicas podem chegar a dezenas de metros e

são denominadas ondas gigantes no meio do surfe.

Figura 4: Maior pororoca já registrada no Brasil, rio Araguari

Fonte: Denis Sarmanho

O tempo de duração da pororoca é muito superior ao das ondas

oceânicas que duram apenas alguns segundos, enquanto a pororoca pode ir de

segundos a horas rio adentro (COLAS, 2014; SOBRINHO, 2013; LAUS, 2006).

No trajeto rio adentro a pororoca pode desaparecer e reaparecer adiante,

tal fato ocorre de acordo com a morfologia do rio (profundidade, largura, leito),

dentre outros fatores (SOBRINHO, 2013; LAUS, 2006). Ao contrário, as ondas

oceânicas aparecem e desaparecem, sendo sucedidas por outra onda.

Os locais onde a pororoca se manifesta, rio adentro por quilômetros, são

denominados pelos surfistas de bancadas. Essa particularidade proporciona aos

esportistas com aparato logístico suficiente, surfar a pororoca em um ou em vários

74

locais do rio. Porém, para se chegar a cada local, requer um deslocamento com o

auxílio de jetski ou lancha e caso o rio seja sinuoso, esse deslocamento poderá ser

realizado de carro para chegar a outro ponto de manifestação da pororoca. Essa

última opção é viável no município de Arari, pela sinuosidade do rio Mearim,

associada à existência de estrada próxima à margem com cerca de 10km de

extensão (SOBRINHO, 2013; LAUS, 2006), como demonstrado a seguir (Figura 5).

Figura 5: Ilustração do percurso entre a sede de Arari e o povoado Curral da Igreja

Fonte: Batista (2015)

Os organizadores dos eventos fazem o mapeamento das bancadas,

geralmente, antes de realizar um campeonato. As bancadas são os pontos do rio

onde a pororoca aparece e ou reaparece em condições de ser surfada com maior

facilidade. Essas bancadas são sujeitas a mudanças de locais, por interferência

natural ou humana. Elas podem localizar-se nas margens ou no meio do rio. O

objetivo principal do mapeamento é proporcionar o maior controle possível das

condições de segurança e desempenho técnico dos esportistas para o sucesso do

campeonato.

Após surfar a pororoca no pico conhecido como o Curral da Igreja no

município de Arari (Figuras 6 e 7), George Noronha descreve algumas diferenças

entre a pororoca e as ondas oceânicas:

75

Mas, na pororoca é totalmente diferente. Primeiro não dá pra estudar a onda, pois, ela só passa uma vez. A movimentação antes do surf também é algo único. A galera chega cedinho, até aí tudo normal. Mas, praticamente, essa é a única semelhança. Daí em diante, ou você vai remando em direção à pororoca, seguindo o fluxo natural do rio, que deságua no mar, ou utiliza um barco, conhecido como voadeira e sai à caça das várias bancadas que formam as ondas. Se você não tem barco, precisa escolher muito bem o lugar exato onde vai entrar na onda, pois, apenas o conhecimento prévio vai garantir que você se posicione no local exato. Mas, se você tem o privilégio de surfar a pororoca e caçar as bancadas em uma voadeira, ou em um Jet Sky, como foi o caso da nossa equipe, aí sim, você terá uma experiência fantástica e mesmo que perca a onda em uma ou duas bancadas, terá outras oportunidades de surfar a onda mais longa do mundo (NORONHA, 2011, p. 1).

Figura 6: Surfista na pororoca de Arari

Fonte: Natinho Rodrigues (2011)

Figura 7: Surfista na estrada de acesso ao povoado Curral da Igreja em Arari

Fonte: Natinho Rodrigues (2011)

Outra diferença crucial entre a pororoca e a onda oceânica, para o

desempenho esportivo é que a pororoca possui duas correntes duelando em

direções opostas, a fluvial e a oceânica. Já a onda oceânica possui somente uma

76

corrente. A pororoca é formada com a maior força da corrente oceânica que invade

a foz do rio e chega até a reverter o fluxo da corrente fluvial.

Seguindo com as diferenças, ao entrar na pororoca o esportista deverá

procurar a espuma, local onde a onda está quebrando, para se manter na pororoca

o maior tempo possível. Caso contrário, terá que remar muito contra a corrente

fluvial para permanecer na onda, se desgastando fisicamente ou perdendo a chance

de surfar a onda (ver Figura 6). Já nas ondas oceânicas, o esportista para conseguir

realizar suas ações técnicas com qualidade deve entrar na onda fora da espuma,

onde ela ainda não quebrou.

A pororoca é formada em áreas estuarinas, consideradas berços

ecológicos, portanto possui muitos sedimentos e matéria orgânica, o que lhe dar um

aspecto barrento. Dessa forma, a densidade das águas da pororoca é maior que a

densidade da água nas ondas oceânicas. Galhos, folhas, mururu (vegetação típica

dos lagos e rios da região), detritos, quedas de barreiras e árvores são perigos

presentes ao surfar a pororoca (ver figura 6). Portanto, a prática esportiva nesse

fenômeno difere bastante das práticas esportivas em ondas oceânicas e exige

conhecimento técnico específico para a segurança de todos os envolvidos na

atividade.

77

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES

6.1 Considerações metodológicas preliminares

Os procedimentos metodológicos aplicados no presente estudo, foram a

análise documental e bibliográfica, além da aplicação de questionários

semiestruturados aos atores sociais vinculados às atividades que envolvem a

pororoca como atrativo turístico. Os questionários foram aplicados no período de

maio a outubro de 2015 nos municípios de Arari e São Luís. Os participantes foram

esclarecidos sobre a natureza e as intenções da pesquisa, concordando em

participar da mesma. Alguns questionários direcionados aos organizadores dos

eventos foram enviados e recebidos via endereço eletrônico, em virtude de alguns

não residirem em Arari e nem em São Luís.

O aspecto quantitativo da pesquisa é contemplado, através de

informações agrupadas em quadros, tabelas e, por vezes, inseridas no texto para

melhor compreensão. Estes são seguidos das análises dos resultados e estão

organizados quanto ao aspecto qualitativo na seguinte sequência: apresentação do

atrativo pororoca associado às segmentações turísticas no Brasil e no mundo;

caracterização do potencial turístico arariense, passando por aspectos

infraestruturais básicos e turísticos, além dos seus recursos naturais e culturais; e

por fim, o turismo arariense vinculado à pororoca a partir das opiniões dos vários

atores sociais envolvidos nas ações, sendo seus componentes membros: do Poder

Público, da iniciativa privada, Sociedade Civil Organizada, todos dos município de

Arari; além dos organizadores dos eventos com experiência em pororocas nacionais

e internacionais e dos participantes do curso "O meu negócio pode ser turismo".

6.2 O atrativo pororoca para o turismo no mundo

Em âmbito mundial foi possível constatar que, nos países que possuem a

manifestação do fenômeno da pororoca com condições favoráveis para a prática do

surfe e outros esportes com prancha, há a existência do turismo e ou tentativas de

organizá-lo (COLAS, 2014; SOBRINHO, 2013; GREEN, 2013; LAUS, 2006).

78

Surfista de pororoca desde 1998, o francês Antony Colas, apresenta-se

com o know how adquirido surfando a Mascaret na França, a pororoca do rio Mearim

(Brasil/Arari), a Refoul no Canadá e a Bono na Indonésia (GREEN, 2013).

Já a realização de festivais, se dá em países como o Brasil com o Festival

da Pororoca; Malásia com o Festival Benak; Canadá, França e Indonésia, com

similaridades entre os seus festivais (SOBRINHO, 2013; GREEN, 2013). O Festival

da Indonésia dura cerca de cinco dias, sendo que Antony Colas após surfar a Bono,

pororoca da Indonésia, virou celebridade na localidade de Sri Amann.

Apesar da existência da pororoca em vários países, nem todos

desenvolvem atividades direcionadas às segmentações turísticas. É o caso de

países como: Rússia, Bangladeche, Pasquistão, México, Austrália, Moçambique,

Guiné Bisal, Papua Nova Guiné e Myanmar, onde não encontramos registros de

pororocas desbravadas com o esporte ou outras atividades. No Brasil, Inglaterra,

Malásia, Indonésia, China, Estados Unidos, França, Índia e Canadá foi possível

identificar o turismo esportivo (TE), ou seja, o movimento de turistas com interesse

esportivo para essas localidades de forma independente ou com a organização de

encontros. O turismo de eventos esportivos (TEE) foi identificado no Brasil e na

China, caracterizado pela organização de competições esportivas com atletas

profissionais. Os segmentos ecoturismo (ECO) e turismo de aventura (TA) foram

identificados somente no Brasil. O ECO no Amapá e o TA no Amapá, Pará e

Maranhão, sob a denominação de expedições (COLAS, 2014; SOBRINHO, 2013;

GREEN, 2013; LAUS, 2006).

A identificação dos segmentos turísticos foi possível a partir das

publicações específicas do tema surfe e esportes na pororoca. Importante ressaltar

que as vinculações identificadas das atividades desenvolvidas na pororoca, fazem

referência direta às entidades esportiva como a Associação Brasileira de Surf na

Pororoca (ABRASPO), as Associações Maranhese, Paraense e Amapaense de Surf

na Pororoca e Instituto Pororoca (IPO); na França foi identificada a Associação do

Mascaret (COLAS, 2014; SOBRINHO, 2013; LAUS, 2006). As entidades ligadas ao

turismo não atuam no viés da padronização dessas terminologias.

A terminologia esporte radical é comumente utilizada para identificar as

atividades esportivas desenvolvidas na pororoca (SOBRINHO, 2013; LAUS, 2006).

Por este termo fugir do âmbito turístico, buscamos a partir de leituras aprofundadas

sobre as características dos segmentos do TE, TEE, ECO e TA (MTur, 2011;

79

GOIDANICH e MOLETTA, 1998; PIRES, 2002), aproxima-los as descrições sobre as

atividades desenvolvidas no fenômeno fluviomarítimo. Tal interpretação permitiu a

construção dos panoramas apresentados a seguir (Quadro 7 e 8).

Quadro 7: Segmentos turísticos associados à pororoca no mundo

Nº País Denominação Rios TE TEE ECO TA

01 Brasil Pororoca ou Macaréu

Mearim, Pindaré, Guamá, Moju, Capim, Amazonas, Araguari (extinta), Gurijubá, Maiacaré e novo local rio Livramento

X X X

x

X

02 Inglaterra Severn Bore, Tidal Bore ou Seven Ghosts

Severu, Trent, Severn, Tamisa e Hughly

X

03 Malásia Benak Batang Lupar X

04 Indonésia Bono ou Seven Ghosts

Pakar X

05 China Silver Dragon, Black Dragon

Iang-Tsé, Qiantang X X

06 Estados Unidos/Alasca

Furo de Maré Colorado, Turnagain e Knik Arm

X

07 França Mascaret Garrone, Dordogne, Gironda, Charante e Sena

X

08 Índia Baan, Hoogly ou

Hooghly Ganges X

09 Canadá Refoul Petitcodiac X

10 Bangladeche Macaréu Megma

Países sem segmentações turísticas identificadas

Países sem segmentações turísticas identificadas

Países sem segmentações turísticas identificadas

11 Paquistão Pororoca Indus

12 México Furo de maré Colorado

13 Austrália sem denominação

Daly

14 Moçambique Macaréu Pungue

15 Guiné Bisal Macaréu Geba River

16 Rússia sem denominação

Penzinskaya

17 Papua Nova Guiné

Ibua Ibua Bamu River e Fly Bore

18 Myanmar sem denominação

Sittang

Legenda: Turismo esportivo (TE); Turismo de Eventos Esportivos (TEE); Ecoturismo (ECO); Turismo de Aventura (TA).

Fonte: Autor (2015)

80

Todas as atividades turísticas desenvolvidas nas pororocas mundiais

germinam ligadas ao TE, a maioria permanecendo somente com esse segmento

turístico. Trata-se da descoberta da onda como propícia para a prática esportiva,

tendo como consequência o fluxo de esportistas até a localidade. Através do TE

comprova-se ou não a qualidade da pororoca para a prática esportiva, em especial

os que utilizam prancha (surfe, bodyboard, stand up, etc). Uma vez comprovada a

qualidade da pororoca descoberta, a tendência é o surgimento do segmento TEE.

Porém, o número de países executores dessa segmentação é ínfima, com

identificação somente da China e do Brasil. A grande logística operacional

necessária na maioria das pororocas mundiais, aliada ao cenário de poucos países

que apresentam pororocas com intensidade suficiente para a prática esportiva

(Quadro 2), pode justicar a escassez do TEE. Já o ECO e o TA não foram

identificados como segmentações turísticas desenvolvidas nas pororocas mundiais,

com exceção do Brasil.

Especificamente no Canadá, na cidade de Moncton, as autoridades locais

pregaram cautela aos turistas. Principalmente após J.J. Wessels e Colin Whitbread,

no ano de 2013, terem surfado uma pororoca percorrendo 30 km, o que multiplicou

em muito a repercussão da cidade, localizada na costa sudeste do Canadá.

As notícias iniciais louvaram as realizações dos surfistas e falaram dos esforços da cidade para trabalhar com os surfistas, a fim de utilizar a pororoca para fins de turismo. Embora, teoricamente, devido a grande atenção que a façanha recorde recebeu, juntamente com a tendência dos surfistas espalharem a novidade sobre um novo pico rapidamente, fez com que os funcionários da prefeitura de Moncton emitissem declarações de cautela. 'Ainda não é um rio de lazer totalmente acessível. Tem o potencial para se tornar um. É por isso que estamos tão entusiasmados com o que aconteceu na semana passada', afirmou o diretor municipal de Turismo e Cultura, Ben Champoux. 'Nós incentivamos as pessoas a serem muito, muito, muito cuidadosas sobre como acessar o rio. Nós incentivamos as pessoas agora a vir ver o rio, ver a pororoca'. Existem vários perigos de se surfar uma pororoca, como correntes irregulares, rochas perigosas e água suja. Os californianos só foram capazes de surfar o Petitcodiac depois que a Comissão de Esgoto de Moncton confirmar que iria reduzir a quantidade de água tratada despejada no rio (GREEN, 2013, p. 1, tradução nossa).

O risco de atrair surfistas do mundo todo para a localidade e ainda

atrapalhar a diversão dos outros, pode ser uma das consequencias do espírito de

descoberta e novidade dos surfistas, pois "Moncton está brincando com fogo quando

eles convidam a comunidade do surf para a cidade. Podemos ser um bando

barulhento, sempre pronto para um bom divertimento" (GREEN, 2013, p. 1).

81

Figura 8: Pororoca do rio Petitcodiac no Canadá

Fonte: Marvin Green (2013)

No panorama mundial não são apresentados relatos de campeonatos de surf,

bodyboard, stand up e ou outra modalidade na maior parte dos países. Antony Colas em

2010, organizou na França um encontro Internacional entre surfistas do Brasil, China,

França, Indonésia, Reino Unido e Malásia. Sobre o encontro Noélio, Sobrinho em

entrevista relata:

Nós surfamos a pororoca aqui no Brasil há 13 anos, mas a prática do surf neste fenômeno já existe desde a década de 50 no Reino Unido e na França', diz Noélio Sobrinho, presidente da ABRASPO. 'Ao observar isto, vi que estamos no caminho certo para colaborar com o desenvolvimento dos municípios que possuem o fenômeno da pororoca, em especial aqueles nos quais realizamos eventos da ABRASPO, trazendo, assim como testemunhei na Europa, durante o Festival Mascaret, melhorias na infra-estrutura das cidades, no turismo e consequentemente o desenvolvimento do lugar, além de promovermos o surf seguro através da experiência de nossa equipe de especialistas no fenômeno (BIBITA, 2010, p. 1).

Figura 9: Surfistas de vários países na Mascaret, França

Fonte: Marcelo Bibita (2010)

82

Através da visualização de centenas de fotos e vídeos; disponibilizadas

em bibliografias e sites especializados, foi possível identificar um conjunto de seis

modalidades sendo praticadas nas pororocas pelo mundo: surfe, bodyboard, stand

up, longboard, wakeboard e caiaque. Atividades ribeirinhas também se fazem

presentes embarcados em canoas com ou sem remo ou com motor, tendo um ou

dois tripulantes, além de atividades com equipamentos similares a jetskis na

Malásia, no Pesta Benak ou Festival Benak (COLAS, 2014; SOBRINHO, 2013;

LAUS, 2006).

6.3 O atrativo pororoca para o turismo no Brasil

Em âmbito nacional foi possível constatar através de literatura específica

(SOBRINHO, 2013; LAUS, 2006) que nos três estados; Amapá, Maranhão e Pará

ocorre a manifestação do fenômeno com condições favoráveis para a prática do

surfe e outros esportes com ou sem prancha, havendo a existência dos segmentos,

turismo de eventos esportivos (TEE) e turismo esportivo (TE), obtendo-se maior

destaque o TEE direcionado para os atletas das mais diversas modalidades,

desenvolvidas principalmente no formato de competições.

Figura 10 : Bodyboard na pororoca do rio Mearim em Arari

Fonte: Raimundo Paccó (2013)

Com relação às segmentações turísticas envolvendo o fenômeno

fluviomarítimo, pororoca, no Brasil, é possível identificar o seguinte panorama

(Quadro 8).

83

Quadro 8: Segmentos turísticos associados à pororoca no Brasil

REGIÃO ESTADO CIDADE TTE

TTEE

EECO

TTA

Norte Amapá Cutias X X X X

Norte Pará São Domingos do Capim X X X

Norte Pará Chaves X X X

Nordeste Maranhão Arari X X X

Legenda: Turismo Esportivo (TE); Turismo de Eventos Esportivos (TEE); Ecoturismo (ECO) e Turismo de Aventura (TA).

Fonte: Autor (2015)

O contexto brasileiro perante as segmentações turísticas vinculadas ao

fenômeno pororoca, apresenta-se como o mais vasto no cenário mundial e com

certeza um dos mais atrativos para os esportista ávidos por surfar em plena

Amazônia. Dos cinco estados brasileiros onde constatamos ocorrer o fenômeno,

Alagoas, Rio Grande do Sul, Amapá, Pará e Maranhão, somente os três últimos

ganham destaque com diversas ações turísticas na pororoca entre os anos de 1997

a 2015 (Apêndice D).

O TE enquanto segmentação, através do surfe, foi o pioneiro nos estados

do Amapá, Pará e Maranhão. Ancorado nas excelentes pororocas formadas no

território amazônico nacional, dessa forma ocorreu o planejamento e execução do

Circuito Brasileiro de Surf na Pororoca com etapas nos estados três estados.

Atividades organizadas pela Associação Brasileira de Surf na Pororoca (ABRASPO),

desenvolvendo dessa forma o segmento do TEE. No que concerne à segmentação

ECO, somente no estado do Amapá foi identificado sua atividade. Quanto ao TA foi

identificado nos três estados sob a denominação de expedição, que servem para

avistar, estudar, praticar esportes ou outras atividades no fenômeno.

Ao compararmos com contexto turístico global referente ao fenômeno

fluviomarítimo, as pororocas nacionais, possuem algumas diferenças quanto às

demais pororocas. No Brasil os pontos de avistamento da pororoca estão envoltos

no contexto amazônico de grandes dimensões, locais de difícil acesso, alguns

extremamente naturais e preservados e com comunidades ribeirinhas distantes das

zonas urbanas ou de metrópoles. Portanto, os locais para os turistas e visitantes

avistarem o fenômeno, às margens dos rios, são quase inexistentes no Brasil. Nos

poucos locais de avistamento a força e as dimensões da onda estão muito menores,

quando comparado com sua manifestação na foz do rio. Consequentemente os

84

turistas não conseguem apreciar todo o poder da pororoca e tão pouco o auge das

ações esportivas na onda. Tal cenário difere drasticamente de algumas pororocas

mundiais que podem ser observadas facilmente, caso da China e da Inglaterra, pois

ocorrem em metrópoles.

A segunda diferença é a ausência de informações, sinalizações nos locais

de ocorrência do fenômeno no Brasil. Em países como Inglaterra e França

identificamos informações básicas sobre datas e horários do fenômeno, disponíveis

às margens dos rios para o turista. Sendo necessárias melhorias infraestruturais

nacionais em ambos os aspectos.

Com relação ao TE, que possui como clientela pessoas dispostas à

prática, envolvimento ou observação da modalidade esportiva, tendo a pororoca

como atrativo turístico se faz indispensável um planejamento que contemple: o

praticante - pelo nível de risco que a atividade envolve, sua habilidade, técnica e

preparo deverá ser considerável, a menos que como conhecedor da localidade, rio,

saiba diferenciar as bancadas por nível de dificuldade; o envolvimento - aqui se

trata da equipe técnica (pilotos de lancha, jet ski, barco, dentre outros) envolvida na

atividade, sendo o número de componentes correspondente ao tamanho da

realização; e o observador - que poderá visualizar a prática esportiva somente em

trechos de dezenas e ou centenas de metros, tendo em vista que as maoires

pororoca acontecem na foz (local distante do observador), avança rio acima, além

de desaparecer em maiores profundidades e reaparecer em locais mais rasos.

Foi possível identificar a oferta de um roteiro de 3 noites, no estado do

Amapá, para avistamento da pororoca. O ofertante, a empresa "Viagens by Del

Bianco", com sede no Rio de Janeiro, classificou o produto como ecoturismo. Tal

rota chega à pororoca passando pelo município de Cutias (Quadro 9):

85

Quadro 9: Roteiro de ecoturismo oferecido na pororoca do Amapá

DIAS ATIVIDADES

1º dia

7h - Embarque com destino ao município de Cutias do Araguari. No trajeto passaremos pela área de preservação da APA da comunidade do Curiaú, com parada para apresentação de grupo folclórico local, Distrito do Abacate da Pedreira, Sr Paulo (entroncamento Itaubal), Distrito Pacuí. (Rodovia AP 70), com parada no Curicaca para visitação de uma casa de farinha e almoço no local;

16h - Chegada ao município de Cutias do Araguari. Parada de uma hora para visitação no município. Com pernoite e jantar;

2º dia

7h - Saída para a Pousada Pororoca do Araguari. Durante o traslado pode-se observar a exuberância da floresta amazônica, passando por várias fazendas de criação de bubalinos e uma breve parada em fazendas locais;

13h - almoço no barco;

15h - check-in na pousada;

16h - saída para apreciação dos dormitórios e a biodiversidade local;

19h - jantar na pousada.

3º dia 7h - Café da manhã, passeios na fazenda com apreciação da natureza,

búfalos, e aguardar a hora para assistir o fenômeno da pororoca; Almoço no restaurante da pousada;

16h - Retorno para Macapá - check-in no hotel;

4º dia 8h30 - city tur por Macapá com almoço em restaurante local. Transfer hotel / aeroporto.

Fonte: Del Bianco Travel Experience (2015)

Outras práticas identificadas no Brasil existentes nos três estados são as

expedições, assim denominadas pelos seus realizadores (LAUS, 2006; SOBRINHO,

2013). Nas expedições os turistas são levados para as áreas de ocorrência da

pororoca com o interesse de avistar, fotografar, estudar o fenômeno, suas

consequências ou outro aspecto. A utilização do termo expedições, para

Swarbrooke (2000e) é prejudicial por ser uma tentativa de desvincular tais ações da

atividade turística. A expedição incorporada ao contexto turístico apresenta

similaridades com turismo de aventura.

Através da visualização de vídeos e centenas de fotos; disponibilizadas

em bibliografias, sites especializados; foi possível identificar as seguintes

modalidades esportivas sendo praticadas nas pororocas nacionais: surfe,

bodyboard, stand up, conaogem, longboard, foilboard (Figura 11) e caiaque.

Algumas atividades esportivas praticadas a reboque através de jet ski ou lancha,

como forma de diversão em momentos sem a ocorrência da pororoca. Atividades

ribeirinhas também se fazem presentes como esperar a pororoca dentro d´água

86

(conhecido como jacaré) ou embarcados em canoas com ou sem remo ou com

motor (SOBRINHO, 2013; LAUS, 2006).

Figura 11: Modalidade esportiva foilboard na pororoca

Fonte: Fábio Paradise

Constatou-se que o turismo vinculado à pororoca na sua dimensão

mundial e nacional difere e se aproxima em muitos pontos. Suas maiores diferenças

estão no tempo de suas descobertas para o esporte e demais atividades humanas

como o lazer. No Brasil tal apropriação ocorreu no fim da década de 1990 e na

Europa nos anos 1960. Outra diferença está nos locais de manisfestação do

fenômeno, indo de grandes metrópoles a áreas selvagens, como a Amazônia

brasileira. Diferem também em itens como: tamanho, velocidade, intensidade, sendo

de forma geral dependentes de condições naturais favoráveis para sua ocorrência

(COLAS, 2014; SOBRINHO, 2013; LAUS, 2006).

Suas principais convergências estão no padrão de formação da onda em

todo o planeta, a foz dos rios como locais de ocorrência nas regiões estuarinas, a

fragilidade do ecossistema que mantém o equilíbrio para manifestação da pororoca,

o respeito ao poder da natureza por parte das comunidades ribeirinhas onde o

fenômeno manifesta-se, a riqueza da fauna e flora dessas regiões, os embates entre

as ondas das pororocas e as embarcações dos navegantes através dos séculos,

causando tragédias e por fim convergem apresentam convergências através de suas

resignificações através do turismo e esporte perante a sociedade (CHANSON, 2015;

COLAS, 2014; CHANSON, 2011; SANTOS, 2005; BATALHA, 2002).

O turismo de eventos esportivos (TEE), até o momento, se tornou sem

dúvida o carro chefe das iniciativas brasileiras, mesmo com as dificuldades

presentes na atividade turística, tais como: a falta de planejamento conjunto ou

negligenciamento do mesmo, a sazonalidade e dificuldades na infraestrutura básica

e turística dos municípios brasileiros onde o fenômeno se manifesta, além dos

87

custos elevados da atividade em virtude dos equipamentos necessários para sua

execução.

Na intenção de potencializar o TEE, foi criado no ano de 2001 o Festival

da Pororoca, evento com maior proporção, que visa diversifica as opções de

entretenimento, lazer para os turistas; e trabalho e renda para os residentes,

sociedade civil organizada e iniciativa privada. O Festival da Pororoca é o evento

principal, dentre as ações desenvolvidas estão shows, artesanato, gastronomia,

exposição de vídeos e fotos, concursos de miss, etc (SOBRINHO, 2013; LAUS,

2006). Para maiores esclarecimentos, é apresentado um panorama geral das ações,

eventos esportivos e festivais realizados nos estados Amapá, Pará e Maranhão,

entre os anos de 1997 a 2015 (Apêndice D).

Swarbrooke (2003) argumenta haver uma dificuldade para classificar as

atividades realizadas na natureza, por estarem envoltas em características muito

subjetivas da experiência do indivíduo como: risco, aventura, medo, mistérios e

desafios. As atividades, principalmente esportivas, desenvolvidas na pororoca

enquadram-se nessa problemática, favorecendo indefinições conceituais perante as

ações realizadas no atrativo turístico e por conseguinte gerando entraves quanto ao

processo de planejamento e gestão turística (SOBRINHO, 2013; LAUS, 2006). Caso

constatado junto aos organizadores dos eventos na pororoca, que classificaram as

atividades como: turismo de aventura, ecoturismo, turismo esportivo, turismo de

eventos esportivos e esporte radical; este último é utilizado nas publicações sobre a

temática pororoca.

O cenário arariense referente às atividades desenvolvidas, que envolvem

o fenômeno fluviomarítimo pororoca, apontam para uma realidade vinculada

estreitamente à pratica esportiva (LAUS, 2006; SOBRINHO, 2013; RIBEIRO, 2014).

Demonstrando uma subutilização frente ao seu potencial de atratividade,

ocasionando a insustentabilidade e em consequência conflitos, divergência de

interesses entre estado, município e a comunidade. Fato já constatado por Souza

(2009) no município de São Domingos do Capim, no Pará, com atividades similares.

As particularidades fazem do fenômeno fluviomarítimo, atrativo turístico

único e singular. Contudo, a simples presença do esporte não é capaz de

contemplar a sustentabilidade necessária nas ações turísticas. Planejar o turismo

nessas localidades para ser sustentável requer a essência da partilha dos benefícios

entre todos os atores sociais nas ações de gestão, em especial aqueles que a

88

séculos são integrantes do território (RODRIGUES, 1997; RODRIGUESb, 1997). No

entanto, mesmo na presença dos conflitos de interesses, ações bem planejadas e

geridas podem resultar no desenvolvimento do turismo sustentável para esses

países, cidades e ou regiões.

6.4 Caracterização do potencial turístico de Arari-MA

6.4.1 Localização e infraestrutura básica

O municipio de Arari dista cerca de 164 km de São Luís, a capital do

estado do Maranhão. As BR – 135 e BR – 222, ligam a região conhecida como

Baixada Maranhense, onde Arari está localizado, à capital maranhense. A distância

ferroviária do município de Arari é de 126 km, partindo da capital São Luís

(BATALHA, 2014). A estação de desembarque localiza-se no povoado Bubasa,

sendo necessário pegar outro transporte por cerca de 30 minutos, van ou carro

lotação, para chegar à sede de Arari.

Apesar de muito utilizados no passado, com o surgimento das formas de

acesso anteriormente citadas, os transportes aéreo e hidroviário entraram em

declínio em Arari. O transporte hidroviário movimentava a economia de Arari com o

escoamento da produção para a capital, São Luís, e outras atividades como:

transporte de pessoas a partir da chegada do vapor São João o Vencedor em 1865,

sendo a 1ª linha marítima entre Arari e a capital maranhense.

Sobre o transporte aéreo a antiga pista de pouso, com construção iniciada

em 1968, encontra-se loteada com residências construídas e famílias já

estabelecidas em suas margens, a rede elétrica também está instalada. A distância

fluvio marítima e aérea é de 138 e 99 km, respectivamente, até a capital São Luís

(BATALHA, 2014; BATALHA, 2002).

A Prefeitura Municipal de Arari, sede oficial do poder executivo, localiza-se na

Avenida Dr. João da Silva Lima, s/n, Centro. O organograma da prefeitura é assim

composto: Secretaria de Administração e Gestão Financeira, Secretaria de Saúde,

Secretaria de Produção e Abastecimento, Secretaria de Assistência Social, Secretaria de

Cultura, Secretaria de Meio Ambiente, Secretaria de Educação, Secretaria de Obras e

Serviços e Secretaria Municipal de Turismo. A estrutura administrativa municipal

dispõe ainda de uma Diretoria de Esportes.

89

O abastecimento de água é de responsabilidade do Serviço Autônomo de

Água e Esgoto (SAAE), inaugurado em 1974. Localiza-se na Travessa SESP, 17,

Bairro Franca. Possui um total de 5.967 ligações de água, encanada ou de poços

artesianos. Segundo o Diretor do SAAE foi inaugurado no final de 2014 o novo

sistema de captação de água com uma Balsa Flutuante que capta água superficial

do rio Mearim, portanto mais limpa, o que facilita o tratamento. A mesma fonte,

informou que o novo sistema possui capacidade de captar por hora até 500m3 de

água. No entanto, opera na mesma capacidade do antigo sistema, que é de

300m3/hora, em virtude da não adequação da rede de distribuição (Figura 12 e 13).

Problemas relacionados à salubridade da água do rio Mearim e contaminação do

lençol freático são identificados em Arari.

Figura 12: Antigo e novo sistema de captação de água - balsa flutuante

Fonte: Pesquisa de campo (2015)

Figura 13: Balsa flutuante - novo sistema de captação de água

Fonte: Pesquisa de campo (2015)

90

No que concerne à rede de esgoto municipal, a mesma é insatisfatória.

Restando aos moradores a utilização de fossas sépticas que, juntamente com o lixo,

constituem sérios problemas sanitários, expondo a população a doenças, além da

contaminação do solo, das águas do lençol freático, entre outros (MOREIRA et al.,

2008). Segundo Batalha (2014), o serviço de esgoto iniciou seu funcionamento em

1994, com melhorias a partir de 1997, ainda insuficientes.

Arari não dispõe de aterro sanitário, nem de coleta seletiva, consequente não

existe reciclagem para os resíduos sólidos. “A coleta de lixo é realizada somente na sede

do município. Os caminhões utilizados para a coleta são inadequados. São basculantes e

carrocerias, que deixam um rastro de lixo por onde passam” (MOREIRA et al., 2008, p.

23). A área onde é depositado o lixo municipal, que fica a céu aberto, dista 2Km da

entrada da cidade, indo sentido São Luís pela BR-222 (Figura 14).

Figura 14: Área de destino do lixo em Arari - Lixão

Fonte: Pesquisa de campo (2015)

Arari dispõe de uma subestação de energia da Companhia Energética do

Maranhão (CEMAR). O fornecimento de energia apresenta carga de voltagem de

220 watts. Até a data de 24 de março de 2015 constava um total de 8.150 ligações

de energia, sendo 2.412 na zona rural e 5.738 na zona urbana (CEMAR, 2015).

No que concerne ao sistema médico/hospitalar, atualmente Arari dispõe

de 12 estabelecimentos de saúde municipais e 1 estabelecimento de saúde privado.

Estando assim distribuídos: de 01 Unidade Mista, 10 Unidades Básicas de Saúde,

01 Posto de Saúde. Completam a lista: 01 policlínica, 02 clínicas odontológicas e 01

Centro de Apoio Psicossocial. O sistema também conta com Coordenadoria de

91

Epidemiologia, Supervisão de Endemias, Policlínica Saúde e Vida com 16 leitos,

Clínica Odontológica Eliezer Filho e Clínica Prazer de Sorrir (SECRETARIA DE

SAÚDE DE ARARI, 2015; BATALHA, 2014).

Arari conta com outros serviços, tais como: Conselho Municipal dos

Direitos da Criança e do Adolescente, Conselho Tutelar de Crianças e Adolescentes,

casa lotérica, agência bancária, uma Serventia Extra Judicial do 1º Ofício; uma

Agência Estadual de Pesquisa Agropecuária e de Extensão Rural do Maranhão,

uma Agência Estadual de Defesa Agropecuária, um Convento denominado Casa de

Santa Clara, Matadouro Municipal, Sindicato do Trabalhadores Rurais de Arari e

várias entidades ligadas à pesca.

6.4.2 Infraestrutura turística

O novo terminal rodoviário em Arari, denominado Dr. José Benedito

Prazeres, foi inaugurado em 26 de junho de 2014. Fato que chama a atenção

positivamente, são os grandes banners referentes aos atrativos turísticos "melancia"

e "pororoca" colocados no terminal. No mesmo que dispõe de excelentes instalações

para recepcionar o turista, existe um posto de informações turísticas (Figura 15).

Figura 15: Terminal rodoviário de Arari

Fonte: Panoramio google maps

92

É possível encontrar com facilidade táxis e moto táxis por telefone ou nas proximidades da rodoviária. Ônibus que seguem de São Luís para outros municípios da Baixada Maranhense e até para outros Estados, como Pará, por exemplo, passam diariamente na cidade. Para atender os serviços de transportes, principalmente entre Arari e São Luís, existem serviços de vans e micro ônibus, que também viagens turísticas. Já funciona na cidade uma agência de viagens (RIBEIRO, 2014, p. 46).

Concernente à rede hoteleira, sua capacidade de recepção é de 150

pessoas (RIBEIRO, 2014). Alguns hotéis de Arari são:

Portal do Mearim, com 18 unidades habitacionais; Boa Esperança, com 9; Hotel e Pousada Sousa com 20 apartamentos , a Churrascaria e Hotel Brisa do Mearim que dispõe de seis unidades habitacionais, Pousada do Juca com 12 unidades habitacionais e Pousada da Ribinha com apenas 3 unidades habitacionais, esta última, com funcionamento especial na época do surf na pororoca (RIBEIRO, 2014, p. 45).

Localizados principalmente no centro de Arari estão os sorveterias,

panificadoras, bares, restaurantes, lanchonetes, clubes e espaços para shows.

Porém em quantidade insuficiente para momentos de grande movimentação turística

na cidade. Ribeiro constatou que para os residentes a estrutura de restauração e

limpeza no local de observação do fenômeno são consideradas péssimas e ruins

para 55,5% e 55,6% dos residentes, respectivamente.

Na Feira do Produtor são comercializados produtos diversos: frutas,

verduras, farinha, pescado, refeições. Já no Centro de Abastecimento Domingos

Aprígio Batalha os produtos comercializados são: pescado e carnes variadas. É

comum encontrarmos nesses locais a “bita”, bicicleta que serve para transportar

mercadorias diversas.

Arari carece de espaços destinados especificamente para as atividades

turísticas. Os locais principais de realizações das manifestações ararienses são as

praças, com destaque à Praça da Matriz e do Folclore. Ao tratarmos da

infraestrutura turística direcionada às atividades desenvolvidas a partir do fenômeno

fluviomarítimo pororoca, encontramos somente no povoado Curral da Igreja um

ponto de apoio aos surfistas às margens do rio Mearim (Figura 16).

93

Figura 16: Base de apoio aos surfista no povoado Curral da Igreja às margens do rio Mearim

Fonte: Pesquisa de campo (2015)

Pelo contexto apresentado, a infraestrutura básica e turística municipal

ganha destaque no cenário intencional de regionalização do turismo e por ser nesse

território que ocorrerá ou já ocorre a materialização da atividade através dos

patrimônios naturais e culturais, construídos pelos residentes ou que por eles

ganham significados (MTur, 2011). No caso específico de Arari, os moradores do

povoado Curral da Igreja devem ser os principais beneficiados. Este povoado

funciona como ponto de apoio, de onde os surfistas partem em busca da pororoca

na foz do rio Mearim.

A realidade arariense referente à sua infraestrutura básica é precária em

rede de esgoto; inexistente referente ao aterro sanitário. Por serem obras

direcionadas à comunidade local passam a ser vistas como despesas e não como

investimento (RODRIGUESb, 1997). As consequências são problemas como o risco

de contaminação do lençol freático; dificuldade de abastecimento de água potável

especialmente em épocas de ocorrência da pororoca, causando salinização e

concentração de sedimentos na água do rio Mearim. Chegando a ser realizado

rodízios e ou suspensão no fornecimento de água potável à comunidade

(PESQUISA DE CAMPO, 2015; BATALHA, 2014; BEZERRA, 2014). A infraestrutura

é para os residentes o principal item a ser melhorado segundo Ribeiro (2014).

Em São Domingos do Capim, no Pará, Nascimento (2007) identificou

problemas similares quanto à sustentabilidade das ações turísticas vinculadas à

pororoca do rio Capim e sugeriu estudos sobre o potencial dos lençois freáticos,

tratamento da água, controle dos efluentes, implantação de redes de abastecimento

94

de água e esgotos, cálculo da capacidade de carga turística, melhoria de vias de

acesso, melhoria visual da cidade e na infraestrutura de telecomunicações.

As constatações sobre a infraestrutura turística arariense também não

são positivas. Os hotéis possuem poucas unidades habitacionais, encontramos

poucos restaurantes e nenhum com oferta de comidas típicas de Arari e ou região,

ausência de lojas de souvenir e de espaços apropriados para as atividades

turísticas, corroborando com os achados de Ribeiro (2014). Nascimento (2007)

apresenta boa parte dessas demandas como dificuldades presentes também em

São Domingos do Capim e enfatiza a necessidade de investimentos em construções

sustentáveis perante o ecossistema amazônico.

Já a infraestrutura turística direcionada para a segmentação do turismo

esportivo (TE) ou do turismo de eventos esportivos (TEE), possui o ponto de apoio

aos surfistas em estado precário de conservação no povoado Curral da Igreja

(Figura 16), demonstrando os efeitos prejudiciais da sazonalidade. Entre a sede

municipal e o povoado Curral da Igreja, existe uma estrada que já recebeu melhorias

para facilitar o acesso (Figuras 5 e 7). Porém, necessita de sinalização turística e

pavimentação. De forma geral a infraestrutura turística relacionada às ações na

pororoca inexistem na cidade de Arari. No caso específico do surfe Goidanich e

Moletta (1998), relatam ser necessária uma estrutura composta por: sanitários e

vestiários, sistema de salvamento e ponto de encontro para o grupo trocar

informações e experiências.

O investimento no turismo esportivo requer planejamento criterioso,

escolha excelente do local; que deve ter a vocação, alojamentos e refeições

reforçadas; visualizando o perfil da clientela e a aquisição de equipamentos em

excelente estado para utilização nas atividades (GOIDANICH e MOLETTA, 1998).

Portanto, para Arari receber torneios internacionais, cujo a intenção já é manifesta

por Sobrinho (2013) e por um dos organizadores dos eventos participante da

pesquisa, se faz necessário uma série de investimentos, infraestruturais básicos e

turísticos para tornar a ação um sucesso e garantir benefícios sustentáveis a todos.

Portanto, não basta ter a vocação para a ocorrência de pororocas favoráveis à

prática esportiva (Quadro 6) em território arariense, pois a melhoria através de

investimento na infraestrutura deve acompanhar as ações.

95

6.4.3 Recursos naturais e culturais

Arari-MA possui uma diversidade de atrativos turísticos naturais a serem

conhecidos, tais como: rio, lagos, igarapés, flora e fauna diversa, gastronomia,

formas de expressão e artesanato..

O clima arariense predominante é classificado como tropical quente e

úmido. Decorrente de sua proximidade à Linha do Equador, apenas dois períodos

caracterizam seu clima: o chuvoso e a estiagem. Registram-se temperaturas

mínimas de 22ºC e máximas de 34ºC, com média anual 30ºC. A pluviosidade varia

de 800 a 1.600 mm/ano, havendo concentração de 80% das chuvas entre janeiro e

maio. Já a umidade relativa do ar apresenta dados superiores a 80% e não inferiores

a 50% (BEZERRA, 2014; MOREIRA et al., 2008).

Antes conhecida como Ribeira do Mearim, Arari é um dos 10 munícipios

banhados pelo rio Mearim, que corta o Maranhão de Sul para Norte. Trata-se da

maior rede hidrográfica genuinamente maranhense. Este “deságua na Baía de São

Marcos, entre os municípios de São João Batista e Bacabeira, onde as águas do rio

se confundem com as águas do mar, numa beleza natural que encanta e inspira"

(BATALHA, 2002, p. 14).

A hidrologia de Arari possui cerca de quarenta lagos, ricos em peixes que

alimentam as comunidades e as aves migratórias que tem a região da Baixada

Maranhense como refúgio. Algumas aves conhecidas como socó, garça branca,

gueguéu, siricoras, dentre outras. Já os lagos perenes de maior destaque são:

Muquila, Açutinga, Laguinho, Capivara, Lago do Coco, Nindiba, Arari-Açu,

Escondido, Lago do Peixe, Pintos, Fumo, Almas, Lago das Palmeiras, Jaburu,

Bonito etc (BATALHA, 2014).

Seu lago mais famoso denominado Lago da Morte não é perene e

localiza-se a 5km da sede municipal (Figura 17). O lago Arariaçu, dista 24km da

sede, para chegar é necessário pegar a BR-222, sentido Arari-Miranda, até a

localidade Gancho seguindo por estrada não asfaltada por cerca de 10km.

Chegando ao lago Arariaçu é possível pescar, avistar aves diversas, passear de

canoas e adimirar as flores aquáticas. Outro lago conhecido como Escondido

distante 28km da sede municipal (RIBEIRO, 2014).

96

Figura 17: Lago da Morte em Arari

Fonte: Atom (2011)

Dentre os igarapés ararienses, destacamos o Nema, localizado no centro

de Arari e que dispõe de uma ponte no local de encontro com o rio Mearim (Figura

18). Outros podem ser citados como: Arari, Ubatuba, João de Matos, Arari Açu,

Arari-Mirim, Piraíba, Ponte, Barreiros, Curimatá, Grilo etc (RIBEIRO, 2014;

BEZERRA, 2014).

Figura 18: Ponte do Nema sobre o Igarapé do Nema

Fonte: Pesquisa de campo (2015)

Entre os atrativos culturais, o Carnaval arariense é famoso em todo o

Maranhão. Os blocos carnavalescos por décadas foram: 1940 – Bando da Lua, Não

Vai na Onda, É Só pra Olhar, É Só pra Chatear; 1960 – Amigos do Samba, Marujos

do Amor; 1980 e 1990 – Mirim, Turma do Saco e Tudo Bem (BATALHA, 2014). O

97

Bloco presente no carnaval arariense na atualidade com maior destaque, recebe o

nome de Pororoca em homenagem ao fenômeno fluviomarítimo.

Entre as danças podem ser encontradas bumba-boi e quadrilha,

realizadas no período junino. A Festa do Charme Arariense, realizada em julho, é a

mais tradicional festa dançante da juventude municipal. Esta festa foi iniciada na

década de 70 pela “Turma do Saco”, mais famoso grupo de jovens ararienses, que

criaram também a inigualável Escola de Samba de mesmo nome.

A escola de música do município realiza formação dos alunos, também

com perspectiva futura de integrarem a Banda de Música José Gonçalves Martins.

Segundo Ribeiro (2014):

A educação musical também é tradição na cidade e é oferecida pela Secretaria Municipal e pelo Colégio Arariense. A escola de música do município, fundada em 1982, conta hoje com 40 alunos. A escola de música do Colégio Arariense, criada em 1972, deixou de funcionar em 1997, recomeçando em 2010, tem 42 alunos e funciona nas dependências do Colégio Arariense (p. 44).

Quanto às lendas, mitos e supertições de Arari, são destacadas por

Batalha (2014): O Bem-te-vi, A Mãe d’água, O Corre-Beirada, O Currupira e Saci-

Pererê. Outras manifestações são: novenas, rezas, fogueiras, pau-de-sebo, terecô,

tambor de crioula, Baile de São Gonçalo, dança da mangaba, dança cigana, Festa

do Divino, Mesa de São Lázaro, enforcamento do Judas, Pastorais, Festa dos

Santos Reis, Queima da Palhinha e Serra (BATALHA, 2014).

Os festivais gastronômicos estão inseridos na cultura arariense. O

povoado de Arari-Açu, que tem a produção de peixe como destaque é o cenário a

mais de 12 anos do Festival do Peixe (RIBEIRO, 2014). A culinária arariense não

difere muito da presente no Maranhão, com destaque ao peixe jeju cheio e galinha

caipira ao leite de coco (BATALHA, 2014).

O Festival da Melancia realizado na última semana do mês de setembro,

é extremamente importante para a economia da cidade, pois serve para divulgação

e comercialização do mais importante produto agrícola da região: a deliciosa

melancia. Ocorre paralelamente ao evento o Seminário Potencialidades e Negócios

da Melancia na Região de Arari, realização da prefeitura, governo do estado e

Embrapa Meio-Norte (SINIMBU, 2009). Porém o valor comercial do produtor não é

dos melhores (MOREIRA, 2008).

98

Também em setembro acontece o Festival da Juçara, realizado no

povoado Moitas. O mesmo é animadíssimo e importante economicamente para a

zona rural. Moitas destaca-se também com produção de jaca e abacate.

Os festejos religiosos são primordiais na cultura municipal. O tradicional

Festejo de Nossa Senhora das Graças, padroeira da cidade, ocorre em agosto, data

em que a comunidade apresenta o fervor religioso preservando os hábitos de

novenas e ladainhas, sem esquecer o famoso parque no largo da igreja e a

procissão pelas ruas enfeitadas da cidade fazem parte da sua tradição.

Há ainda a festa de Bom Jesus dos Aflitos, que acontece no dia 14 de

setembro. Esta é a maior e mais tradicional festa religiosa de Arari, e a que traz

maior número de romeiros para sua famosa procissão (RIBEIRO, 2014). Outras

datas comemorativas e feriados de destaque arariense são: Festejo Junino,

aniversário da cidade, Festejo de Santana, Dia da Confraternização Arariense,

Festival do Milho e Festejo de Santa Luzia.

Apesar de não existir um calendário esportivo oficial, os eventos

esportivos como o Campeonato Brasileiro de Surf na Pororoca, são muito concorrido

por praticantes desse esporte no Brasil e no mundo. Entre os esportes já praticados

na pororoca arariense estão: o stand up e do bodyboard.

Portanto, o município de Arari dispõe principalmente de condições

naturais e culturais propícias para o desenvolvimento do turismo com o viés da

sustentabilidade. Necessitando de investimentos na sua infraestrutura básica para

benefícios de toda a comunidade, dispondo de condições excelentes para

recepcionar o turista.

Diante da situação municipal a cultura arariense resiste com extrema

dificuldade. Porém, manifesta-se ainda através das bandas de músicas, danças,

festas, festejos, festivais, carnaval, além da gastronomia local bem maranhense

(BATALHA, 2014; RIBEIRO, 2014). Sendo necessário desenvolver para as

atividades culturais ararienses uma agenda anual de cultura, indispensável perante

a sustentabilidade das ações. Nascimento (2007), identificou a necessidade de

incentivo e apoio à cultura, culinária e manifestações populares em São Domingos

do Capim.

99

6.5 O turismo arariense vinculado à pororoca

Os atores sociais representantes do Poder Público (PP), da Sociedade

Civil Organizada (SCO) e da Iniciativa Privada (IP), responderam ao questionário,

adaptado de Nascimento (2004), na intenção de identificar suas opiniões frente ao

turismo sustentável arariense sobre os seguintes itens: benefícios e malefícios;

dificuldades; níveis de envolvimento no planejamento por parte dos atores sociais,

além de traçar perspectiva de futuro e proposições para melhoria do turismo

vinculado às atividades desenvolvidas na pororoca do rio Mearim.

As abrangências das respostas, referentes aos benefícios e malefícios,

perpassaram pela área social, econômica, cultural e ecológica/ambiental da

atividade. Os representantes do PP, da SCO e da IP a partir de uma escala tinham

três opções de resposta: pleno - demonstrando concordância total com a afirmação

apresentada; moderado - demonstrando concordância parcial com a afirmação

apresentada ou insignificante - demonstrando discordância total da afirmação

apresentada.

6.5.1 Opinião do Poder Público

Os respondentes do questionário membros do Poder Público (PP)

Municipal de Arari foram: Secretaria de Turismo; Secretário de Administração e

Finanças; Secretário de Meio Ambiente; Secretário de Produção e Abastecimento;

Secretário de Cultura.

Para a maioria dos cinco respondentes (R) do PP arariense, a área social

vinculada à atividade turística municipal apresenta-se quanto aos benefícios,

insignificante nos três itens apresentados. Quantitativamente as respostas foram:

três membros do PP arariense consideram insignificante a distribuição equilibrada

dos benefícios advindos do turismo à toda a população; quanto à melhoria da

qualidade de vida dos residentes o mesmo quantitativo percebe como insignificante

e quatro respondentes do PP arariense relatam ser insignificante a valorização da

mão de obra local nas atividades turísticas desenvolvidas.

Quanto ao viés econômico três respondentes consideram ser

insignificante as atividades turísticas ararienses vinculadas à pororoca como

alternativa de trabalho e renda para a população. Outros dois concordam ser

100

moderado os níveis de aumento de vendas no comércio arariense e o mesmo

percentual acha insignificante. No que concerne ao estímulo à capacidade local para

desenvolver empreendimentos turísticos, para dois respondentes é insignificante,

outros dois classificam como moderado.

Nos aspecto cultural a valorização do artesanato, da gastronomia, as

festas e festejos da região; e a manutenção e reforço da identidade da comunidade

arariense, são considerados insignificantes para três respondentes. Quanto à

preservação do patrimônio histórico cultural, quatro respondentes do PP arariense

optaram pela insignificância dos benefícios das atividades turísticas vinculadas à

pororoca.

No aspecto ecológico/ambiental para quatro respondentes do PP, o nível

de conscientização dos indivíduos sobre a importância da educação ambiental

através das atividades vinculadas à pororoca é insignificante.

Também foi questionado aos representantes do PP arariense sobre os

malefícios que possam estar ocorrendo através das atividades turísticas. Para

quatro respondentes é insignificante o aumento da marginalidade e da prostituição

estimulados pela atividade turística. Outros três percebem como insignificante o

aumento do consumo de bebidas e drogas vinculados às ações turística, enquanto

um considerou moderado e outro como pleno o consumo. Todos consideraram ser

insignificante os conflitos entre banhistas, surfistas e os esportes náuticos.

Ainda sobre os malefícios, os respondentes do PP indicaram no viés

econômico as seguintes opiniões: quanto ao aumento de preços nos

estabelecimentos comerciais de Arari e referente à escassez de produtos, quatro

consideram insignificante; dois consideram insignificante e outros dois consideram

moderada a baixa remuneração percebida pelas atividades turísticas desenvolvidas.

Sobre o cenário cultural nos três itens abordados no questionário, quatro

dos respondentes consideraram os malefícios insignificantes ao tratar da

desvalorização da cultura local (artesanato, gastronomia, festas e festejos),

depredação dos bens públicos (monumentos, prédios, praças) e não preservação do

patrimônio histórico cultural (arquitetura, monumentos, etc). Indicando não haver

malefícios à cultura local.

Na opinião de quatro membros do PP local, na área ecológica/ambiental

não existe descaso como o meio ambiente natural. Na opinião de todos as

atividades ligadas ao turismo que envolvem a pororoca não causam a

101

descaracterização da paisagem natural junto às margens do rio Mearim. Referente a

possíveis problemas de abastecimento de água potável na cidade com a ocorrência

do fenômeno durante o período de campeonatos, somente um dos respondentes

(R2) considera plena essa problemática, dois (R3 e R5) moderado e outros dois (R1

e R4) insignificante.

Quando questionados sobre o seu ponto de vista frente às dificuldades

para o desenvolvimento do turismo sustentável arariense, com atividades

associadas à pororoca. Os representantes do PP arariense manifestaram-se através

das diferentes opiniões apresentadas abaixo.

Na opinião de R1, "a exploração da atividade ainda não foi apropriada

pela população e pelo Poder Público: tanto como prática esportiva local, como

atividade econômica ou até mesmo como atividade turística propriamente dita". Sob

o ponto de vista de R2 no cenário turístico arariense vinculado à pororoca, "falta

plano turístico discutido com a sociedade e governos; falta cooperativar ou associar

e hospedaria suficiente". Já R3 vislumbra as dificuldades passando pelos seguintes

itens: "infraestrutura, falta de formação empreendedora e de divulgação do

potencial". A dificuldade para R4 é a "escassez de recursos na área que abrange o

setor e ou falta de interesse de empresas para o desenvolvimento". E por fim R5

relata "acredito que seja a falta de assumir a pororoca como potencial real turístico

do Poder Público Municipal, a partir daí buscar parcerias para esse

desenvolvimento".

Através de outro questionamento buscou-se conhecer o nível de

envolvimento da SCO e da IP no processo de planejamento do turismo arariense,

sob o ponto de vista dos membros do PP local. A escala apresentada possui quatro

opções: muito bom (1), bom (2), regular (3) e ruim (4). Obtivemos dessa forma o

seguinte cenário.

Para quatro membros do PP local a SCO possui nível ruim de

envolvimento nas atividades turísticas. Para R3 a SCO "não tem acesso às ações

realizadas"; para R4 "não há interesse em desenvolver o fenômeno" e R5 diz "só se

envolvem nos eventos". Já R2 considera regular essa participação da SCO, "ainda

acontecem discursões". Quanto à IP, três respondentes do PP consideram ruim e

outros dois regular seu nível de envolvimento no processo de planejamento turístico

arariense, vinculados à pororoca. Para R2 por parte da IP "há uma participação"; R3

relata que "as atividades são distantes do comércio (território)"; já R4 considera que

102

as atividades são desenvolvidas "sem visão de ganho econômico"; para R5 a IP

"não busca se capacitar". A resposta de R1 talvez traduza de forma resumida o

panorama apresentado sobre a SCO e IP, "ambos ainda não se apropriaram da

atividade" (Quadro 10).

Quadro 10: Nível de envolvimento da iniciativa privada e Sociedade Civil, segundo a opinião do Poder Público

Classificação Iniciativa Privada (%) Sociedade Civil (%)

Muito bom (1) - -

Bom (2) - -

Regular (3) 40 20

Ruim (4) 60 80

Total de respondentes do Poder Público 05

Fonte: Pesquisa de campo (2015)

Outro questionamento direcionado aos representantes do PP arariense,

objetivou captar suas opiniões sobre a perspectiva futura dos campeonatos e

eventos realizados na pororoca do rio Mearim poderem assegurar ou não

permanentemente o turismo local.

Obtivemos as seguintes respostas: "Sim, a pororoca tem um potencial

muito maior do que se possa imaginar e mais cedo ou mais tarde será apropriado

pelos ararienses" (R1); "Sim, pois o evento acontece mensalmente, uma vez

planejado assegurará o objetivo visualizado" (R2); já para R3 "Não, da forma que

está não é possível (é necessário o envolvimento de todos: sociedade, poder público

e etc…)". Segundo R4, "Sim, a pororoca é um fenômeno natural, bonito, interessante

e não depende da mão humana pra acontecer, o que falta é investimento no setor".

E por fim R5, "Sim, pela movimentação de pessoas, além de ser um produto

agregado do grande fenômeno natural".

Quanto às proposições para desenvolver o turismo sustentável em Arari

ligado às atividades na pororoca, os atores sociais do PP apresentaram as seguintes

opiniões: R1 "A primeira ação terá que ser comprometer a população local com a

atividade para que esta se aproprie da mesma. O resto será consequência"; R2

"Promover um plano municipal integrado com o olhar para a cultura e ambiente

local"; para R3 se faz necessário "Diálogo coletivo com todos os beneficiários"; R4

"Continuar informando principalmente os ribeirinhos sobre a valorização e proteção

das margens do rio e cursos para preparar economicamente esse povo/ribeirinho

103

(alimento e artesanato)" e por fim R5 enfatiza a necessidade de - "Realizar uma

audiência pública com a Sociedade Civil Organizada, Poder Público, empresas

privadas e todos os envolvidos para traçarmos um real planejamento para o

desenvolvimento do turismo através da pororoca".

6.5.2 Opinião da iniciativa privada

A pesquisa contou também com oito representantes da iniciativa privada

(IP) de Arari. Dos quais três representantes de restaurantes e cinco representantes

de hotéis e ou pousadas: Restaurante Empório, Restaurante e Pizzaria São João e

Restaurante da Dinha; além dos meios de hospedagem, Hotel Boa Esperança, Hotel

Portal do Mearim, Hotel Beira Rio, Pousada Campello e Pousada Souza.

Para quatro respondentes da IP na área social, as atividades turística

vinculadas à pororoca são insignificantes referente à distribuição dos benefícios de

forma equilibrada; outros três consideram como moderado os benefícios. Ao se

tratar da melhoria da qualidade de vida da população, quatro consideram ser plena,

dois moderada e outros dois insignificante. Ainda no aspecto social dos benefícios,

quanto à valorização da mão de obra local trabalhando nas atividades turísticas, três

respondentes da IP consideram ser plena e o mesmo quantitativo entende ser

insignificante.

Frente aos fatores econômicos, quatro consideram como pleno os

benefícios advindos da alternativa de trabalho e renda para população. Sobre o

aumento das vendas no comércio local para três respondentes da IP ocorre

plenamente, enquanto cinco consideram moderado. Para quatro membros da IP a

capacidade de desenvolver empreendimentos turísticos apresenta-se em nível

moderado, enquanto dois consideram pleno e outros dois insignificante.

Na área cultural existe para seis dos respondentes da IP uma valorização

moderada do artesanato, da gastronomia e das festas e festejos da região, outros

dois consideram plena. Para cinco dar-se de forma plena a manutenção e reforço da

identidade da comunidade residente. E por unanimidade, os respondentes da IP

consideram que as atividades turísticas vinculadas à pororoca promovem de forma

plena a preservação do patrimônio histórico cultural da comunidade arariense.

O respeito ao meio ambiente é considerado pleno por seis dos

respondentes. Quando trata-se de compatibilizar a manutenção do processo

104

ecológico essencial, com os recursos e a diversidade biológica, cinco demonstram

estar esse item em níveis moderados. Já referente à conscientização sobre a

importância da educação ambiental, três consideram que as ações turísticas ligadas

à pororoca em Arari atingem plenamente tal função e outros três apontam como

insignificante as ações direcionadas à conscientização.

Segundo quatro membros da IP no aspecto social, os malefícios quanto à

marginalidade e prostituição são insignificantes e outros quatro consideram

moderados. No que diz respeito ao aumento do consumo de bebidas alcoólicas e

drogas, quatro consideram ocorrer plenamente, dois moderado e dois insignificante.

Já os conflitos entre banhistas, esportes náuticos e surfistas é insignificante para

seis dos entrevistados e moderados para dois.

Na área econômica o aumento de preços nos estabelecimentos

comerciais de Arari é visto como insignificante por cinco dos componentes da IP,

outros dois consideram ocorrer aumentos de forma plena e somente um moderada.

A falta de produtos no comércio local para seis respondentes da IP é insignificante e

outros dois classificam como moderado. Para quatro, as baixas remunerações

percebidas pelas atividades turísticas desenvolvidas estão em níveis moderados e

três consideram ser pleno.

Ao tratar do aspecto cultural a desvalorização da cultura local (artesanato,

gastronomia, festas e festejos) é insignificante para seis dos respondentes da IP.

Quanto à depredação dos bens públicos (monumentos, prédios, praças) todos os

respondentes relatam ser insignificante. A não preservação do patrimônio histórico

cultural (arquitetura, monumentos, etc) é considerada plena por dois respondentes

da IP, outros dois corcordam ser moderada e quatro dizem ser insignificante.

O descaso com o meio ambiente natural é visto como insignificante por

cinco respondentes da IP. Para seis a descaracterização da paisagem natural junto

às margens do rio é insignificante. No aspecto ecológico e ambiental, o item de

maior preocupação é o abastecimento de água potável durante o período de

ocorrência da pororoca, com respondentes considerando ser plena essa

problemática em Arari. Vale ressaltar que em si tratando de Hotéis e Restaurantes a

disponibilidade de água potável é crucial para execução dos serviços, principalmente

os turísticos.

Envolvendo as atividades relacionadas à pororoca do rio Mearim, outros

questionamentos foram dirigidos aos membros da IP e são apresentados a seguir na

105

intenção traçar um cenário das suas opiniões quanto ao turismo arariense e a

pororoca.

No ponto de vista da IP as principais dificuldades para o desenvolvimento

do turismo em Arari são: R1 - "divulgação e envolvimento da comunidade"; R2 -

"falta de divulgação e falta de organização"; R3 - "investir em infraestrutura"; R4 -

"falta de apoio político"; necessidade para R5 de - "criação de escolinha de surfe,

incentivo do poder público municipal, estadual e patrocínio"; R6 - "prefeitura não se

envolve e é o principal"; R7 - "dificuldade financeira por parte da prefeitura, falta de

informação sobre a pororoca e poucos eventos realizados no ano" e por fim R8 -

"falta de divulgação".

Quando perguntados sobre o nível de envolvimento do PP e da SCO no

processo de planejamento do turismo arariense vinculados às atividades na

Pororoca, os membros da IP apresentam as seguintes opiniões a partir da escala de

classificação que vai de muito bom (1), bom (2), regular (3) a ruim (4).

O PP Estadual e a SCO recebeu de quatro membros da IP classificação

ruim, enquanto o PP Municipal recebeu de classificação ruim por parte de três

respondentes da IP, quanto ao nível de envolvimento. Demonstra-se uma opinião da

IP nada animadora para as melhorias turísticas municipais por não perceberem

níveis satisfatórios de envolvimento do PP e da SCO. Em todas as esferas

analisadas pelos respondentes da IP a classificação ruim (4) obteve maior

percentual (Quadro 11).

Quadro 11: Nível de envolvimento do Poder Público e Sociedade Civil, segundo a opinião da iniciativa privada

Classificação PP Estadual (%) PP Municipal (%) Sociedade Civil (%)

Muito bom (1) - 12,5 12,5

Bom (2) 12,5 25 12,5

Regular (3) 37,5 25 25

Ruim (4) 50 37,5 50

Total de respondentes da Iniciativa Privada 08

Fonte: Pesquisa de campo (2015)

Os motivos apresentados para um nível ruim de envolvimento do PP e da

SCO foram: R1 - "desconhecimento do apoio de qualquer desses níveis"; R2 -

"nunca vi nenhuma autoridade estadual"; R4 - "na verdade não existe planejamento";

R5 - "ausência de incentivo da sociedade civil, estado e município"; R6 - "falta de

106

envolvimento nas três esferas"; para R7 - "a representação estadual não participa,

no nível municipal todos se dedicam e a sociedade civil se envolve com carinho".

Para seis respondentes da IP, as atividades, campeonatos de surfe e

demais modalidades esportivas, não são capazes de assegurar permanentemente o

turismo arariense. Para R1 - "porque o turismo arariense não está ligado somente ao

surf, mas a outras atividades (festival da melancia)"; para R3 e R8 "poucos eventos

são realizados"; para R5 dificilmente, pois, as ações se dão "só quando tem evento

mas passando é esquecido"; já R6 prefere argumentar sobre o aspecto financeiro "o

custo é alto e a verba financeira não é disponibilizada" e por fim R7 encontra em

fatores naturais a argumentação, "a enchente das marés só ocorre no mês quatro".

Constata-se a inviabilidade do desenvolvimento do turismo somente através do

atrativo pororoca, para os membros da IP. Outros dois vislumbram essa

possibilidade a partir das seguintes considerações: R2 - "se for bem divulgado e

organizado"; R4 - "se acontecesse mais vezes seria melhor".

Quanto às proposições para o desenvolvimento do turismo arariense

associado à pororoca, os membros da IP apresentaram as seguintes opiniões:

[…] o incentivo no município seria muito bom, se tivesse interesse municipal e estadual, seria muito bom se tivesse a infraestrutura no município para os visitantes olharem a passagem da pororoca, só quem vê as belezas são os surfista, porque não tem transporte adequado (R5).

Para R1 é necessário "divulgar melhor o evento, pra que a comunidade se

envolva mais, uma escola de surf melhoraria também o desenvolvimento"; R2 -

"colocar um guia turístico, pois o povo que vem não tem noção do percurso"; R3 -

"criação de uma escolinha de surfe na cidade". Outras proposições apresentadas

respectivamente por R4, R6, R7 e R8 foram: investir na infraestrutura, aumento do

patrocínio e necessidade de realizar mais eventos.

6.5.3 Opinião da Sociedade Civil Organizada

A Sociedade Civil Organizada (SCO) foi representada por 4 instituições

de Arari: Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Arari; Associação Recreativa

Comunitária do Peixe de Arari; Sindicato dos Pescadores Artesanais, Marisqueiras,

107

Aquicultores e Criadores de Peixes do Município de Arari e a Associação dos

Trabalhadores do povoado Curral da Igreja.

Na opinião de dois respondentes da SCO, na área social as atividades

turísticas vinculadas à pororoca são insignificantes referente à distribuição dos

benefícios de forma equilibrada. Ao se tratar da melhoria da qualidade de vida da

população, três consideram ser insignificante. Ainda no âmbito dos benefícios

sociais, quanto à valorização da mão de obra local nas atividades turísticas, dois

relatam ser plena e outros dois relatam ser insignificante.

Ao analisar o aspecto econômico, dois respondentes consideram como

moderado os benefícios advindos da alternativa de trabalho e renda para população

e o mesmo percentual diz ser insignificante. Sobre o aumento das vendas no

comércio local, para três dos respondentes da SCO ocorre de forma moderada. Para

outros três a capacidade de desenvolver empreendimentos turísticos apresenta-se

insignificante.

Na área cultural, dois respondentes da SCO dizem ocorrer uma

valorização plena do artesanato, da gastronomia e das festas e festejos da região.

Para outros dois dar-se de forma plena a manutenção e reforço da identidade da

comunidade residente, o mesmo quantitativo acha insignificante. Quanto à

preservação do patrimônio histórico cultural da comunidade arariense, dois

consideram ocorrer em nível moderado.

O respeito ao meio ambiente é considerado insignificante para três

respondentes da SCO, idem para o item de compatibilização e manutenção do

processo ecológico essencial, com os recursos e a diversidade biológica. Já

referente à conscientização sobre a importância da educação ambiental, dois

consideram ser insignificante perante as ações turísticas ligadas à pororoca em

Arari.

Quanto aos malefícios, o aumento da marginalidade e prostituição e o

aumento do consumo de bebidas alcoólicas e drogas ocorrem plenamente para dois

dos respondentes. Os conflitos entre banhistas, esportes náuticos e surfistas são

insignificantes para três membros da SCO.

Para três respondentes da SCO o aumento de preços nos

estabelecimentos comerciais de Arari é insignificante. Todos consideram

insignificante, a falta de produtos no comércio local. As baixas remunerações

108

percebidas pelas atividades turísticas desenvolvidas ocorrem plenamente na opinião

de dois respondentes.

Para a SCO a desvalorização da cultura local (artesanato, gastronomia,

festas e festejos) é moderada e insignificante para dois dos respondentes,

respectivamente. Quanto à depredação dos bens públicos (monumentos, prédios,

praças) três respondentes relatam ser insignificante. A não preservação do

patrimônio histórico cultural (arquitetura, monumentos, etc) é considerada

insignificante por dois membros da SCO.

O descaso com o meio ambiente natural é visto como insignificante por

três respondentes da SCO. Todos consideram a descaracterização da paisagem

natural junto às margens do rio ser insignificante. Novamente no aspecto ecológico e

ambiental, o item de maior preocupação é o abastecimento de água potável durante

o período de ocorrência da pororoca, com três respondentes considerando ser plena

essa problemática em Arari. É válido ressaltar que se tratando de hotéis e

restaurantes a disponibilidade de água potável é crucial para execução dos serviços,

principalmente os turísticos.

Outros questionamentos foram dirigidos aos membros da SCO e ajudam

a compor o cenário das suas opiniões quanto ao turismo arariense e a pororoca.

Para a SCO as principais dificuldades para o desenvolvimento do turismo

em Arari vinculados à pororoca são: R1 - "a acessibilidade difícil por estrada carroçal

e cheia de buracos até o povoado Curral da Igreja"; R2 - "a chegada no local da

pororoca, Curral da Igreja"; R3 - "estradas de acesso ao ponto da pororoca e

infraestrutura inexistente no local"; R4 - "faltam políticas voltadas para os

ararienses". Ribeiro (2014) constata que 57,8% dos residentes consideram o acesso

ao local de ocorrência da pororoca péssimo ou ruim.

Quando perguntados sobre o nível de envolvimento do PP e da IP no

processo de planejamento do turismo arariense vinculados à pororoca, os membros

da SCO apresentam as seguintes opiniões a partir da escala de classificação que

vai de muito bom (1), bom (2), regular (3) e ruim (4).

O PP Estadual e a IP receberam duas classificações ruins e duas

classificações regulares, cada. O PP Municipal recebeu uma classificação ruim, duas

regulares e uma boa, quanto ao nível de envolvimento no planejamento do turismo

arariense vinculados à pororoca. Portanto, em todas as esferas analisadas pelos

109

respondentes da SCO as classificações regular e ruim obtiveram maiores

percentuais (Quadro 12).

Quadro 12: Nível de envolvimento do Poder Público e iniciativa privada, segundo a opnião da Sociedade Civil Organizada

Classificação PP Estadual (%) PP Municipal (%) Iniciativa Privada (%)

Muito bom (1) - - -

Bom (2) - 25 -

Regular (3) 50 50 50

Ruim (4) 50 25 50

Total de respondentes da Sociedade Civil Organizada 04

Fonte: Pesquisa de campo (2015)

Os motivos apresentados para um nível ruim e regular, predominantes, de

envolvimento do PP e da IP no planejamento turístico foram: R1 justifica em relação

ao PP Estadual "o planejamento é feito em gabinete sem a participação da

comunidade"; quanto ao PP Municipal, R1 continua "por dizer que participam do

planejamento, porém em Arari isso não se caracteriza" e finaliza tratando da IP "não

colabora em nada e tem a visão que tudo é por conta do Poder Público". As

respostas de R3 e R4 corroboram com as apresentadas por R1, já R2 não justificou.

Quanto às perspectivas de futuro da SCO frente às práticas e

campeonatos de surfe e demais modalidades esportivas na pororoca, como

assegurador da continuidade do turismo em Arari. Somente um respondente

acredita nessa possibilidade, enquanto para três dos respondentes tais atividades

não são capazes de assegurar permanentemente o turismo municipal. O R1 diz não

ser possível "por não existir investimento real do município e do estado nos eventos

relacionados à pororoca"; R2 relata ser "longe o local de ocorrência da pororoca e

Arari não tem infraestrutura para assegurar o turismo" e por fim R4 complementa

"são realizados poucos eventos e os turistas não estão na cidade o tempo todo".

Quanto às proposições da SCO para o desenvolvimento do turismo

arariense associado à pororoca: R1 diz ser necessário um "projeto voltado para a

área, onde todos estivessem envolvidos, principalmente a comunidade do Curral da

Igreja"; R2 propõe a "construção de um hotel no Curral da Igreja e rampa de acesso

para os turistas à margens do rio Mearim"; R3 relata ser necessário a "integração

por um projeto de desenvolvimento rural sustentável através desse esporte" e por

fim R4 relata ser necessário desenvolver outras atratividades municipais "para gerar

110

emprego e renda com investimento no setor da pesca nas proximidades do povoado

Arari Açu do Centro, com a construção de repressa para controlar o nível de águas

dos lagos".

No cenário turístico arariense, vinculado à pororoca, apesar da existência

de eventos, ações e a criação do Festival da Pororoca, em mais de uma década não

conseguiu consolidar ações turísticas envoltas no planejamento e gestão

sustentável. Fato confirmado pelos componentes do Poder Público (PP), iniciativa

privada (IP) e Sociedade Civil Organizada (SCO), que indicaram níveis

predominantemente regulares e ruins de envolvimento no processo de planejamento

turístico arariense por parte de todos os atores sociais. Indicando a ausência de

articulações amplas entre os agentes públicos, privados e a comunidade local. Fato

corroborado por Ribeiro (2014) em Arari, em pesquisa com os residentes. Já

Nascimento (2007), no município de São Domingos do Capim, constatou níveis de

participação dos atores sociais com conceitos bom e muito bom, quanto ao

envolvimento no planejamento turístico municipal vinculado às ações na pororoca,

no estado do Pará.

Quanto aos benefícios advindos das ações vinculadas à pororoca nos

aspectos sociais, econômicos, culturais e ecológicos/ambientais constatou-se

similaridades entre os dados arariense e os dados apresentados por Nascimento

(2007) em São Domingos do Capim, predominando classificações de moderadas a

insignificantes. Exceção para o item da área econômica, aumento nas vendas do

comércio da cidade; também para os itens da área cultural, mantém e reforça a

identidade da comunidade residente e preserva o patrimônio histórico-cultural

(arquitetura, monumentos etc), que obtiveram maiores percentuais de classificação

plena em ambos municípios. Ribeiro (2014) relata ser a divulgação da cidade de

Arari, o principal benefício percebido pelos residentes, que de forma geral avaliam o

evento como bom (31,1%), normal (24,4%) e ruim (22,2%).

Já os malefícios advindos das ações vinculadas à pororoca nos aspectos

sociais, econômicos, culturais e ecológicos/ambientais, para o PP arariense são

insignificantes. Enquanto a SCO e a IP constatam ocorrer de forma plena os

malefícios: na área social, com o elevado consumo de bebidas alcoólicas e drogas

estimuladas pelos turistas; e na área ecológica/ambiental, através de problemas de

abastecimento de água potável durante o período do campeonato em Arari. Já em

São Domingos do Capim, os malefícios plenos e moderados concentraram-se nas

111

áreas econômica e ecológica/ambiental: com aumento de preços nos

estabelecimentos comerciais do município, a escassez de produtos no comércio

local, o descaso com o meio ambiente natural (esgoto a céu aberto, lixo nas ruas,

poluição dos rios etc), a descaracterização da paisagem natural junto às margens

dos rios e por fim problema de abastecimento de água potável durante o período do

campeonato (NASCIMENTO, 2007). Para Ribeiro (2014) a poluição do rio Mearim;

barulho e confusão; aumento de preços e sujeira nas ruas, são os principais

aspectos negativos, mesmo assim 57,8% dos residentes recomendariam o evento

para amigos.

As principais dificuldades apresentadas pelo PP, IP e SCO para o

desenvolvimento do turismo em São Domingos do Capim foram a infraestrutura

precária, dependência do fenômeno para a realização do campeonato,

acessibilidade ao local de ocorrência da pororoca, ausência de políticas

direcionadas à comunidade local e a falta de incentivo (NASCIMENTO, 2007). Em

Arari, além dessas, foram citadas outras dificuldades, tais como: ausência de ampla

discussão do plano turístico, ausência de formação empreendedora e de divulgação,

sazonalidade das ações, falta de recursos para o turismo, falta de apoio político,

falta de patrocínio e a ausência de políticas direcionadas à comunidade local.

Segundo Ribeiro (2014) 57,8% dos residentes de Arari não percebem

benefícios dos eventos. De forma geral, tanto os respondentes de Arari quanto os de

São Domingos do Capim (NASCIMENTO, 2007), concordam que somente os

campeonatos de surfe e demais modalidades praticadas na pororoca não irão

assegurar permanentemente o turismo nessas localidades, com percentuais

variando de 60% a 75% entre os membros do PP, IP e SCO. Exceção feita ao PP

arariense que acredita ser possível assegurar permanentemente o turismo através

das atividades vinculadas à pororoca e esportes, opnião compartilhada por 80% dos

respondentes.

Para melhor visualização e interpretação global dos resultados, nos

quadros 13 e 14 a seguir, são apresentados valores percentuais que correspondem

aos valores absolutos antes apresentados e referentes à opinião dos membros do

PP, IP e SCO.

112

Quadro 13: Opinião do Poder Público, iniciativa privada e Sociedade Civil Organizada sobre os benefícios do turismo em Arari

Benefícios por área

Escala

Pleno (%) Moderado (%) Insignificante (%)

PP IP SCO PP IP SCO PP IP SCO

Social 1.Distribui de forma equilibrada os benefícios advindos da atividade a toda população 2. Melhora a qualidade de vida da população residente 3. Valoriza a mão de obra local nas atividades turísticas

20

20

-

12,5

50

37,5

25

25

50

20

20

20

37,5

25

25

25

-

-

60

60

80

50

25

37,5

50

75

50

Econômica

1.Alternativa de trabalho e renda para a população local 2. Aumenta as vendas no comércio da cidade 3. Estímulo à capacidade local de desenvolver empreendimentos turísticos

20

20

20

50

37,5

25

-

25

25

20

40

40

37,5

62,5

50

50

75

-

60

40

40

12,5

-

25

50

-

75

Cultural 1.Valoriza o artesanato, a gastronomia, as festas e festejos da região 2. Mantém e reforça a identidade da comunidade residente 3. Preserva o patrimônio histórico cultural (arquitetura, monumentos, etc)

20

40

-

25

62,5

100

50

50

25

20

-

20

75

12,5

-

25

-

50

60

60

80

-

25

-

25

50

25

Ecológica / Ambiental 1. Respeita o meio ambiente natural de Arari 2. Compatibiliza a manutenção do processo ecológico essencial,com os recursos e a diversidade biológica 3. Conscientiza os indivíduos sobre a importância da educação ambiental

20

20

20

75

12,5

37,5

-

25

25

40

20

-

12,5

62,5

25

25

-

25

40

60

80

12,5

25

37,5

75

75

50

Total de respondentes PP - 05 IP - 08 SCO - 04

Legenda: Poder Público (PP), Sociedade Civil Organizada (SCO) e Iniciativa Privada (IP).

Fonte: Autor (2015)

113

Quadro 14: Opinião do Poder Público, iniciativa privada e Sociedade Civil Organizada sobre os malefícios do turismo em Arari

Malefícios por área

Escala

Pleno (%) Moderado (%) Insignificante (%)

PP IP SCO PP IP SCO PP IP SCO

Social 1. Aumento da marginalidade e da prostituição na localidade 2. Elevado consumo de bebidas alcoólicas e drogas estimuladas pelos turistas 3. Conflitos entre esportes náuticos, surfistas e banhistas

-

20

-

-

50

-

50

50

-

20

20

-

50

25

25

25

50

25

80

60

100

50

25

75

25

-

75

Econômica 1. Aumento de preços nos estabelecimentos comerciais de Arari 2. Escassez de produtos no comércio local 3. Baixa remuneração percebida pelas atividades turísticas desenvolvidas

-

-

20

25

-

37,5

-

-

50

20

20

40

12,5

25

50

25

-

25

80

80

40

62,5

75

12,5

75

100

25

Cultural

1.Desvaloriza a cultura local (artesanato, gastronomia, festas e festejos 2. Depredação dos bens públicos (monumentos, prédios, praças) 3. Não preserva o patrimônio histórico cultural (arquitetura, monumentos, etc)

-

-

-

12,5

-

25

-

-

25

20

20

20

12,5

-

25

50

25

25

80

80

80

75

100

50

50

75

50

Ecológica / Ambiental

1.Descaso com o meio ambiente natural 2. Descaracterização da paisagem natural junto às margens do rio 3. Problemas de abastecimento de água potável durante o período do campeonato

-

-

20

12,5

12,5

75

25

-

75

20

-

40

25

12,5

-

-

-

25

80

100

40

62,5

75

25

75

100

-

Total de respondentes PP - 05 IP - 08 SCO - 04

Legenda: Poder Público (PP), Sociedade Civil Organizada (SCO) e Iniciativa Privada (IP).

Fonte: Autor (2015)

114

6.5.4 Opinião dos organizadores dos eventos

As opiniões dos organizadores dos eventos esportivos nas pororocas de

Arari e do estado do Amapá, são apresentadas na intenção de complementar o

cenário referente ao turismo arariense. Três organizadores responderam ao

questionário, que foi subdividido em: perfil dos organizadores, conhecimento da

atividade, área ambiental e ecológica, pororocas mundiais e nacionais, planejamento

e organização, além de perspectiva de futuro para as ações no atrativo turístico

pororoca.

Quanto ao perfil dos organizadores respondentes (R) tivemos: dois do

sexo masculino e uma do sexo feminino; idades de 35, 36 e 40 anos, com média de

37 anos; todos brasileiros e residentes no Brasil; nos estados do Maranhão nas

cidades de Arari e São Luís e no Paraná na cidade de Curitiba. Cabe ressaltar que o

respondente três (R3), já esteve envolvido em ações turísticas em Arari, porém

possui foco de ação no estado do Amapá, onde também ocorre o fenômeno

fluviomarítimo, além de possuir larga experiência com as pororocas nacionais e

mundiais. Ressaltamos ainda, o número reduzido no Brasil de profissionais aptos

para desempenhar a organização desses eventos, então se fez necessário e salutar

a utilização das suas contribuições na pesquisa.

Sobre o conhecimento da atividade, todos possuem onze anos ou mais

de experiência. Quando questionados sobre a vinculação das atividades referentes à

pororoca a órgãos nacionais, as respostas variaram desde o Ministério do Turismo

(R2), passando por outros vínculos como Instituto Pororoca (R3) e até mesmo a

inexistência de vínculo com órgãos nacionais (R1). Na esfera estadual há um vínculo

segundo os respondentes com a Secretaria de Turismo do estado do Maranhão (R1

e R2), com a Secretaria de Desporto e Lazer do Maranhão (R2) e com o Governo do

Amapá (R3). Na esfera municipal não há vínculo segundo R1 e R2 e há vínculo com

a Prefeitura de Macapá segundo R3.

Ainda no universo de conhecimento da atividade lhes foi questionado o

motivo de Arari ter se transformado no cenário de teste e inovações em ações

envolvendo a pororoca, tais como: eventos, expedições e inclusão de novas

modalidades esportivas. Para R1 e R2 tal fato ocorre pela qualidade das ondas e R2

e R3 consideram ser determinante a logística operacional facilitada, minimizando

custos. Sobre qual classificação o surfe na pororoca recebe no seu país, tivemos:

115

R1 - indicando o turismo de aventura (TA); R2 - turismo de aventura (TA), turismo de

eventos esportivos (TEE) e esporte radical e todas as classificações são pertinentes,

acrescentando às anteriores o ecoturismo (ECO) e o turismo esportivo (TE) para R3.

Já no que concerne à área ambiental e ecológica, lhes foi questionado

sobre a existência de ações referentes às atividades na pororoca, direcionadas à

sustentabilidade ambiental. Para R1 e R2 com atuação direta na pororoca arariense,

a resposta foi negativa, R2 relata como dificuldade "a falta de interesse das

autoridades competentes do município"; já R3 responde que sim, na zona urbana e

rural, e explica:

Porém não é em Arari e sim no Amapá. Projeto Prancha Ecológica, com oficinas de reciclagem ensinando a confecção de pranchas de garrafas PET, assim como palestras de educação ambiental. Foco para a reutilização de lixo seco, reciclagem e preservação do meio ambiente.

Quando adentramos as temáticas referentes às pororocas mundiais e

nacionais, R1 relata que já organizou atividades na pororoca do Maranhão; R2

possui essa experiência nas pororocas do Maranhão, Amapá, Pará, Bono na

Indonésia, Mascaret na França e Silver Dragon na China e por fim R3 possui

experiência em todas as pororocas já citadas, acrescentando as pororocas do

Alaska, Severn Bore na Inglaterra e Bann na Índia. Demonstrando vasta experiência

no envolvimento com essas atividades.

Quanto ao planejamento e organização buscamos identificar entre os

respondentes suas opiniões sobre o papel do governo federal, estadual, municipal,

Confederação Nacional de Surf, da Associação Brasileira de Surf na Pororoca

(ABRASPO), da Associação Maranhense de Surf na Pororoca (AMSP) e da

comunidade local no desenvolvimento das atividades turísticas que tem a pororoca

como atrativo esportivo turístico.

Para R1, o Governo Federal pode contribuir "através da aprovação de

projetos de infraestrutura de acesso ao fenômeno"; já para R3 o Governo Federal

deve "incentivar a divulgação internacional e nacional das ações no fenômeno e

destinar orçamentos para a preservação do meio ambiente, turismo, esporte, lazer e

cultura no entorno da pororoca".

Já R1 percebe como papel do Governo do Estado "financiar através de

apoio para o evento e infraestrutura, para fomentar o turismo"; R3 "pleitear,

116

incentivar e gerar programas de capacitação para ações ordenadas, assim como

promover eventos bem organizados focando a estratégia de marketing para a

divulgação da cidade em busca de um turismo sustentável e ordenado".

Para R1 o Governo Municipal deve "fomentar o turismo através de

capacitação e organização do trade da cidade"; para R3 sua função é "trabalhar com

a população local capacitação, além de preparar a cidade de uma forma para

atender todos os tipos de turistas, oferecendo segurança, boa alimentação, conforto

e atividades extras.

O papel da Conferação Nacional de Surf segundo R3 é "regulamentar o

surf no Brasil" e da Associação Brasileira de Surf na Pororoca (ABRASPO) e da

Associação Maranhense de Surf na Pororoca (AMSP) é "regulamentar seus

eventos", R1 não respondeu a estes itens. Já concernente às comunidades locais,

R1 vê que seu papel nas atividades turísticas ligadas à pororoca é "participar dos

eventos, além de investir no potencial da cidade"; para R3 a comunidade local deve

"preservar a cidade, rio, a natureza, capacitar pilotos, guias, bilingues, preparar seu

comércio, serem bem receptivos...".

Quanto à perspectiva de futuro, buscamos saber se existe alguma

organização e ou planejamento para internacionalizar os eventos vinculados à

pororoca, R1 e R3 afirmam que não; enquanto R2 ao confirmar tal intenção

complementa "o evento ja é conhecido internacionalmente e objetivamos fazer um

circuto mundial envolvendo atletas de diversos países por onde passa a pororoca".

Por fim foi questionado se o nível atual de planejamento permite que tal realização

ocorra com aplicação dos princípios da sustentabilidade, gerando ganho para todos

os envolvidos. Para R1 não estamos preparados, enquanto para R2 e R3 estamos

sim preparados para desenvolver o turismo sustentável, tendo a pororoca como

atrativo turístico.

No entanto, o turismo de eventos esportivos (TEE) e o turismo esportivo

(TE) se mostram importantes na composição do calendário turístico arariense.

Colaborando segundo Goidanich e Moletta (1998), com o incentivo, divulgação e

captação de novos clientes praticantes, não praticantes e candidatos a futuros

praticantes.

Através das respostas dos organizadores foi possível identificar a

ausência de uma padronização referente a qual segmento turístico é praticado,

chegando a ser considerada todas as opções a seguir: TE, TEE, ECO, TA e esporte

117

radical. Na vinculação ao PP nas três esferas, as divergências de respostas

estiveram presente, perpassando no âmbito nacional desde a existência de vínculo

com o Ministério do Turismo até à não vinculação a nenhum orgão nacional. Já as

convergências de respostas existiram no vínculo das atividades ao PP Estadual e na

inexistência de vínculo na esfera municipal das atividades desenvolvidas na

pororoca. Este panorama apresentado, demonstra a ausência de articulações entre

as três instâncias, agravada sobre tudo pela indicação de ausência do PP Arariense

no planejamento, gestão e execução das ações municipais.

Fato ratificado através das respostas quanto ao motivo de Arari ter se

tornado local de eventos, expedições e inclusão de novas modalidades esportivas,

pois, os motivos citados foram: a qualidade das ondas e a logística operacional

facilitada que minimiza custos. Nenhum organizador marcou opções ligadas ao

planejamento das organizações públicas ou privadas de Arari. Outro ponto que

corrobora, na opinião dos organizadores é a ausência de ações direcionadas à

sustentabilidade ambiental, sendo um dos motivos citados a falta de interesse do PP

Municipal. Porém, há intenção de internacionalização das ações esportivas na

pororoca e para dois dos organizadores apresentam-se condições de planejamento

que viabilizam a aplicação dos princípios da sustentabilidade, com ganho a todos.

Os organizadores dos eventos na pororoca, todos com vasta experiência,

em sua maioria não residirem em Arari, o que dificulta a continuidade das ações.

Soma-se a isso a questão dos equipamentos técnicos e tecnológicos, como lancha,

jetski, pranchas, serem deslocados à Arari somente quando da realização de

atividades vinculadas à ABRASPO e AMSP. Para Goidanich e Moletta (1998) é

comum os organizadores serem praticantes das modalidades esportivas e acharem

que seu conhecimento prático combinado ao espírito de liberdade, aventura e ao

aumento do fluxo turístico numa determinada região, seja suficiente para garantir o

sucesso das ações. Porém, tal situação gerará a insustentabilidade, por não estarem

alicerçadas no planejamento turístico sustentável.

O turismo sustentável preconiza adaptação, reavaliação, continuidade e

monitoramento das ações turísticas, pois afeta elementos não turísticos como

comunidades, agricultura, comércio e sistemas econômicos (SWARBROOKE,

2000e; RUSCHMANN, 2012). Os fatores sociais e ambientais dificilmente serão

contemplados com visões meramente econômicas do turismo, segundo Beni (2006)

e Ruschmann (2012), não sendo diferente no território arariense.

118

6.5.5 Os participantes do curso "O meu negócio pode ser turismo"

Buscou-se junto aos participantes informações vinculadas ao cenário

geral da sua pré e pós-conclusão do curso, tais como: perfil, propostas de emprego

e abertura de negócios. Na intenção de analisar os desdobramentos do curso "O

meu negócio pode ser turismo" oferecido pela Secretaria de Turismo do Estado e

UFMA, através da Escola Integrada de Turismo (ESINT), no município de Arari-MA

no ano de 2012.

Um total de dez questionários foram aplicados, somente um respondente

(R) era do sexo masculino e nove respondentes (R) do sexo feminino. Quanto à

idade dos participantes da pesquisa a mínima foi de 18 e a máxima de 64 anos. Sete

respondentes com faixa etária entre 18 a 30 anos, dois respondentes com faixa

etária entre 31 a 45 anos e uma acima de 60 anos. Quanto ao local de residência,

oito são moradores da zona urbana e dois moradores da zona rural de Arari. A

seguir são apresentados os resumos dos dados anteriores (Tabelas 1, 2 e 3).

Tabela 1: Sexo dos participantes do curso

Sexo Percentual Quant.

Feminino

Masculino

90%

10%

09

01

Total 100% 10

Fonte: Pesquisa de campo ( 2015)

Tabela 2: Faixa etária dos participantes do curso

Faixa Etária Percentual Quant.

de 15 a 30 anos

de 31 a 45 anos

70%

20%

07

02

acima de 60 anos 10% 01

Total 100% 10

Fonte: Pesquisa de campo ( 2015)

Tabela 3: Morador da zona urbana ou rural

Morador da Percentual Quant.

Zona Urbana

Zona Rural

80%

20%

08

02

Total 100% 10

Fonte: Pesquisa de campo ( 2015)

119

Quanto à forma pela qual os respondentes (R) do questionário foram

informados da oferta do curso "O meu negócio pode ser Turismo", foram elencadas

seis possibilidades de resposta: televisão, rádio, internet, informação de amigos e

parentes, panfletos e outra forma. Nesta última foi questionado qual a outra forma?

Dos respondentes cinco citaram a escola como local onde obtiveram a

informação. Somente três das seis opções apresentadas como respostas possíveis

foram marcadas e estão apresentadas abaixo (Tabela 4).

Tabela 4: Como soube da oferta do curso

Como soube da oferta do curso Percentual Quant.

Amigos e parentes

Divulgação na escola

40 %

50 %

04

05

Na Secretaria de Turismo 10 % 01

Total 100% 10

Fonte: Pesquisa de campo ( 2015)

Entre os dez respondentes (R), três já trabalhavam na época da oferta do

curso. Para estes foi questionado ainda, em qual instituição ou empresa

trabalhavam? As respostas foram: R1, trabalhava como doméstica; R2, trabalhava

como autônoma fornecendo poupa de fruta e R3, trabalhava como operadora de

caixa (Tabela 5).

Tabela 5: Trabalho à época do curso

Na época do curso você trabalhava Percentual Quant.

Sim

Não

30 %

70 %

03

07

Total 100% 10

Fonte: Pesquisa de campo ( 2015)

Todos relatam sentirem-se capacitados para oferecer e ou trabalhar com

serviços turísticos após o curso "O meu negócio pode ser turismo". O setor de

alimentação foi indicado por R1 como ramo turístico ao qual se sente capacitado

para atuar; para R3, R5 e R9, a hotelaria/hospedagem foi o setor indicado; R4, citou

área da informação turística; R7 e R8, se sentem capacitados para atuarem no ramo

como guias turísticos; R10 indicou a área de gestão e planejamento através da

secretaria de turismo e por fim R2, destacou mais de uma área de atuação,

120

ponderando a capacitação como algo ainda necessário, com a seguinte resposta:

"Desde hospedar, até quem sabe guia de turismo. Claro me preparando mais um

pouco". Já R6, não citou o ramo de atuação turístico (Tabela 6).

Tabela 6: Capacitação

Sente-se capacitado Percentual Quant.

Sim

Não

100 %

00 %

10

00

Total 100% 10

Fonte: Pesquisa de campo ( 2015)

Três receberam proposta de emprego durante ou após o curso "O meu

negócio pode ser turismo". Para estes foi questionado ainda, em qual empresa? As

respostas foram: R2, "Pela Prefeitura, através da Secretaria de Turismo. Não

concretizado."; R3, "Orgão Público" e R4 relatou, "Prefeitura de Arari (Secretaria de

Turismo)" (Tabela 7).

Tabela 7: Proposta de emprego

Proposta de emprego Percentual Quant.

Sim

Não

30 %

70 %

03

07

Total 100% 10

Fonte: Pesquisa de campo ( 2015)

Apenas R10 conseguiu abrir negócio turístico permanente no município

de Arari e ou região. Com atuação no carnaval, nas festas e festejos, atividades

referentes à pororoca, além de em outros eventos e atividades, diz R10. Os ramos

de serviços da empresa são: alimentos e bebidas, hospedagem, artesanato, além da

produção de eventos (Tabela 8).

Tabela 8: Abertura de negócios gerais e ou turísticos

Abertura de negócios Percentual Quant.

Sim

Não

10 %

90 %

01

09

Total 100% 10

Fonte: Pesquisa de campo ( 2015)

121

Referente ao atual emprego, metade dos respondentes estavam

empregados na época da pesquisa. O R1 continua com o emprego de doméstica; já

R2 passou a trabalhar em uma panificadora como doceira e confeiteira,

anteriormente trabalhava como autônoma fornecendo poupa de frutas; R4 e R5 que

não trabalhavam no período do curso "O meu negócio pode ser turismo", atualmente

trabalham como recepcionista/informações turísticas para a Prefeitura de Arari e

atendente na empresa Agrovisa, respectivamente. Por fim, R10 trabalha na empresa

"Maré de Pororoca Turismo e Eventos" como empresária (Tabela 9).

Tabela 9: Trabalho atual

Atualmente trabalha Percentual Quant.

Sim

Não

50 %

50 %

05

05

Total 100% 10

Fonte: Pesquisa de Campo, 2015.

A oferta de capacitação profissional é essencial para o desenvolvimento

do turismo arariense e foi pontuada como melhoria necessária por Ribeiro (2014).

Necessita ser bem planejada e direcionada para o público específico, na intenção de

potencializar suas chances de sucesso na inserção no mercado de trabalho. A partir

das respostas de dez ex-alunos do curso "O meu negócio pode ser turismo",

ofertado no ano de 2012 em Arari, foi possível constatar os seguintes pontos: a

pouca idade da maioria dos participantes e a sua não vinculação direta à atividade

turística, possivelmente ocasionada pela divulgação do curso em escolas; ausência

de membros da iniciativa privada ligados ao turismo como alunos curso, baixa

inserção no mercado de trabalho voltado aos serviços turísticos e ínfima abertura de

negócios voltados ao turismo em Arari ou região após o curso.

Após os resultados e discussões apresentados perante: o atrativo

pororoca para o turismo no Brasil e no mundo; a caracterização do potencial turístico

de Arari através da localização, infraestrutura básica e turística, recursos naturais e

culturais; a opinião do PP, IP, SCO e organizadores dos eventos na pororoca, além

do cenário referente aos participantes do curso "O meu negócio pode ser turismo".

Constata-se a necessidade de um esforço conjunto, pois a pororoca enquanto

122

fenômeno fluviomarítimo e atrativo turístico singular maranhense não pode se limitar

à prática esportiva por possuir baixa demanda (RIBEIRO, 2014).

Acrescente-se a necessidade de investimentos para o desenvolvimento

das segmentações TA (SWARBROOKE, 2006), TE e TEE (GOIDANICH e

MOLETTA, 1998), que demandam uma equipe extremamente preparada e

conhecedora do rio Mearim e da pororoca para o desenvolvimento das ações

práticas de navegação em lanchas, voadeiras, jetskis; esportistas aptos para praticar

esportes e atividades no rio; além de equipes de resgate e primeiros socorros

conseguidas segundo Ribeiro (2014) por meio de parcerias com orgãos públicos.

A busca pelo equilíbrio entre o planejamento e a subjetividade de todos os

envolvidos nas ações, com participação da comunidade deve ser permanente para o

alcance do planejamento turístico sustentável (RUSCHMANN, 2012). Quanto às

proposições, dadas pelos membros do PP, IP e SCO, para o desenvolvimento do

turismo arariense associado à pororoca, tivemos: realização de audiência pública

para traçar o real planejamento turístico de Arari, investir em outras atratividades

locais (lagos, rio e igarapés), criação de escolinha de surfe, envolvimento da

comunidade, formação de guias, necessidade de maior número de eventos,

aumento de patrocínios, transporte adequado ao local da pororoca, construção de

um hotel no povoado Curral da Igreja e rampa de acesso às margens do rio,

valorização ecológica do município e desenvolvimento de projeto rural sustentável

através do esporte. Estas proposições corroboram, em grande parte, com os

achados de Ribeiro (2014) e Nascimento (2007) que indicaram a necessidade de

diversificação das atrações em Arari-MA e São Domingos do Capim-PA,

respectivamente com atividades associadas ao ecoturismo.

Dessa forma, o ecoturismo apresenta potencialidade para vir a ser o

principal segmento turístico a ser planejado e gerido de forma sustentável em Arari,

como já é preconizado no plano municipal e no estadual de turismo (MOREIRA,

2008; MARANHÃO, 2009). O investimento mínimo em infraestrutura (MESSINA,

2015) pode proporcionar o aumento do tempo de permanência do turista em Arari,

através da consolidação do ócio ativo (PIRES, 2002). Tendo as demais

segmentações; TA, TE, TEE e até mesmo o esporte radical; espaço para compor o

produto turístico a partir do atrativo pororoca. Sendo o ambiente natural local comum

de todas as ações, devendo ser planejadas e geridas pelos atores sociais através do

turismo sustentável e da ordem orgânica defendida por Boullón (2002).

123

7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

7.1 Conclusões da pesquisa

Percebe-se que a pororoca enquanto atrativo turístico natural, não é de

fácil planejamento e gerenciamento. Uma série de fatores lhe traz complexidade,

principalmente os naturais, dentre os quais: suas ocorrências condicionadas ao ciclo

das marés, combinado às fases da lua (nova ou cheia), ao volume de água e

morfologia dos rios. Outros fatores são: pode ocorrer em qualquer dia da semana o

que dificulta ações contínuas e a grande demanda logística para chegar até os

locais onde o fenômeno fluviomarítimo ocorre para surfar, avistar e ou apreciar.

Portanto, o conhecimento sobre o território de atuação e sua comunidade,

especificamente em Arari com bases científicas, possibilitará maiores chances de

assertividade nas ações de planejamento e gestão direcionadas à sustentabilidade

turística. A intenção fim é ofertar produtos turísticos, a partir do atrativo turístico

pororoca, com a qualidade necessária para gerar benefícios muito além dos

econômicos. Fato viável através do comportamento ético, da participação coletiva e

da disponibilização de informações e conhecimentos que levem ao processo

construtivo, mesmo na presença do conflito de interesses.

O Brasil no cenário mundial apresenta-se à frente de qualquer dos demais

países pesquisados quanto à realização de eventos, ações e atividades vinculadas à

pororoca. O estado do Maranhão possui como vantagem, perante os estados do

Amapá e Pará, principalmente a melhor logística de acesso ao fenômeno da

pororoca. Gerando até demanda espontânea de surfistas que desbravam a pororoca

arariense de forma independente, apesar dos riscos. A qualidade das ondas para

prática esportiva é outra característica presente em Arari, classificada como "maxi"

(Quadro 6) e em 2014, considerada a melhor do Brasil pelo Instituto Pororoca.

O vasto patrimônio natural e cultural arariense, combinado à pororoca, é a

matéria prima em estado bruto que necessita ser vista sob o olhar do planejamento

turístico sustentável. As escolhas devem ser baseadas na ciência e tecnologia; com

etapas e instrumentos que possibilitem acompanhar cada fase turística municipal.

Pois, no atual cenário a insustentabilidade encontra-se presente, marcada

fortemente pela sazonalidade das ações.

124

Com base nos resultados do estudo, para que haja a possibilidade de

desenvolvimento turístico sustentável vinculado ao fenômeno fluviomarítimo

pororoca no município de Arari, as atividades devem ser primeiramente apropriadas

ao planejamento e gestão turística municipal. Fato não identificado mesmo após

quinze anos de realização das ações, iniciadas em 2001, culminando com a

inexistência ou precariedade da já escassa infraestrutura turística municipal. Ocorre

então, a subutilização ou não utilização do potencial cultural e natural arariense

frente às ações turísticas vinculadas somente ao TE e TEE. Estas segmentações

não garantem a sustentabilidade tão almejada, em virtude da baixa demanda

turística e do aparato técnico e tecnológico necessário para realização esportiva de

forma segura.

A comunidade arariense, que deveria ser a principal beneficiada com as

atividades turísticas, usufrui de precárias condições referentes à infraestrutura

básica, por não receber os investimentos devidos. Sendo a mesma, a porta de

entrada para qualquer ação turística que queira o apoio dos seus residentes,

proporcionando-lhes melhor qualidade de vida. O abastecimento de água potável

municipal foi apresentado como um dos itens de maior preocupação, sendo o

mesmo indispensável para o sucesso do turismo.

Descortina-se assim a necessidade urgente de desenvolver de outras

segmentações turísticas que possam complementar, preencher e ou até conduzir o

turismo vinculado ao atrativo pororoca em Arari. Deve ganhar espaço nessas

condições o ecoturismo (ECO) como potencial articulador dessas ações e ampliador

da demanda turística arariense. Tendo as demais segmentações TE, TEE e o TA,

papel fundamental como diversificadores da oferta, além de contribuirem de forma

decisiva com a divulgação e renovação das ações.

De forma objetiva as segmentações podem ser organizadas da seguinte

forma, uma vez conduzidas com planejamento e gestão turística sustentável em

Arari: o TEE - deve ser realizado em épocas com as melhores previsões de

pororocas, com duas a quatro realizações anuais; o TA - deve funcionar durante

todo o ano nos períodos de ocorrência da pororoca, inclusive com atividades de

avistamento da pororoca em embarcações de dentro e ou das margens do rio

Mearim, com deslocamentos rumo à foz até o povoado Curral da Igreja, por

exemplo; o TE - deve funcionar durante todo o ano nos períodos de ocorrência da

pororoca ou com novas práticas esportivas no próprio rio Mearim em épocas sem a

125

pororoca e por fim o ECO - como condutor maior das atratividades durante o

calendário turístico anual arariense.

Relevante destacar que as segmentações turísticas apresentadas

possuem o ambiente natural como local comum de suas concretizações enquanto

atividade. Portanto, elas podem conviver como diferentes que são na sua essência e

é a diferença que às complementa podendo fortalecer o turismo arariense. O TEE e

o TA estariam desta forma diretamente dependentes em suas ações à ocorrência da

pororoca; com o TE esse vínculo seria direto e indireto possibilitando práticas

esportivas no rio Mearim, lagos e igarapés sem depender da pororoca; e por fim o

ECO teria o papel de condutor com realizações diretas e indiretas proporcionando

ao turista toda a dimensão cultural e natural de Arari. Para isso se torna

indispensável compor contextos mais amplos sobre o fenômeno fluviomarítimo que

possam enriquecer o ecoturístico arariense, como exemplos: resgates de lendas,

mitos, histórias de naufrágios e navegações no Mearim causados pela onda ou

pelas condições naturais da região. Sendo necessário inclusive harmonizar ao

ambiente natural toda a infraestrutura necessária para o turismo arariense.

Dessa forma será possível os segmentos TA, TE e o ECO

proporcionarem maior fluxo de demanda turística, enquanto o TEE continuaria sendo

de suma importância mesmo tendo caráter sazonal, pois sua organização pode

proporcionar ampla divulgação do destino turístico Arari. Ressaltamos que o TE e o

TEE já ocorrem no território arariense, além das atividades denominadas pelos

organizadores de expedições que se assemelham ao TA. Já o ECO vinculado ao

fenômeno é inexistente em terras ararienses.

7.2 Limitações da pesquisa

O principal fator limitante foi a não realização de eventos esportivos na

pororoca arariense no ano de 2015, o que impossibilitou a participação na pesquisa

de surfistas ou demais esportistas, além de turistas. O mesmo fato impossibilitou a

ampliação do número de organizadores respondentes da pesquisa, contando

apenas com três. Contudo, apesar de não ser expressivo numericamente,

representa cerca de 50% dos organizadores brasileiros que desenvolvem ações nas

pororocas nacionais e mundiais.

126

7.3 Recomendações para futuras investigações

Para futuras investigações apresenta-se necessário desenvolver estudos

com a comunidade arariense, por compor a demanda a ser contemplada

diretamente pelos benefícios das atividades que envolvam o turismo, a pororoca e o

esporte. Estudos para a ampliação do contexto sobre o fenômeno fluviomarítimo

arariense, como exemplos: resgates de lendas, mitos, histórias de navegações e

naufrágios no Mearim causados pela pororoca ou as condições naturais da região.

Visando a segurança e a qualidade do produto turístico, se faz necessário

e importante formular estratégias para a regulamentação de todas as atividades

desenvolvidas na pororoca, por segmentos turísticos, junto aos órgãos

responsáveis, fato até o momento não existente perante a área turística. Possibilita-

se dessa forma a organização da mão de obra local para execução das ações

turísticas, a partir de parâmetros que ofereçam o bom funcionamento da atividade

perante a sociedade e em especial à comunidade e os turistas.

Também alicerçados no turismo sustentável, em nível internacional,

desenvolver estudos sobre os segmentos turísticos e as atividades que podem ser

concretizadas em ambientes naturais que envolvam o fenômeno fluviomarítimo. E

por fim destacamos, a necessidade de estudos que conectem os estados do

Maranhão, Pará e Amapá, guiando para um real desenvolvimento turístico

sustentável na Amazônia brasileira, envolvendo as regiões Norte e Nordeste através

dos seus encantos naturais e culturais.

127

REFERÊNCIAS ABBUD, Bruno. Pororoca em perigo. Disponível em: <http://waves.terra.com.br/geral/pororocaemperigo>. Acesso em: 18 dez 2014. ABETA/Ministério do Turismo. Relatório de impactos do programa aventura segura. Belo Horizonte: Ed. dos autores, 2011. 166 p. ACOSTA, Alberto. Riesgos y amenazas para el buen vivir. In: Ecuador Debate 84. Quito-Ecuador, 2011. p. 54. ACTION ASIA. King of the tides. 01 mar. 2010. Disponível em: <http://actionasia.com/articles/king-of-the-tides>. Acesso em: 16 fev 2015. ALMEIDA, José G. A. A (in) sustentabilidade do turismo no entorno de Campos de Jordão – SP. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo, 2006. ANSARAH, M. G. R. (Org.). Turismo: como aprender, como ensinar. São Paulo: SENAC, 2001. ANSARAH, M. G. R.; PANOSSO NETTO, Alexandre. A segmentação dos mercados como objeto de estudo do turismo. In: Turismo, ensino e práticas interdisciplinares. RUSCHMANN, D. V. M.; TOMELIN, C. A. (Orgs.). Barueri, SP: Manole, 2013. APPOLINÁRIO, Fabio. Metodologia da ciência: filosofia e prática da pesquisa. São Paulo: Cengage Learning, 2009. BAHIA, Mirleide Chaar; SAMPAIO, Tânia Mara Vieira. Turismo de aventura na região amazônica: desafios e potencialidades. In: UVINHA, Ricardo Ricci (Org.). Turismo de aventura: reflexões e tendências. São Paulo: Aleph, 2005. BATALHA, João Francisco. Mearim: vida e morte de um gigante. São Paulo: All Print Editora, 2005. ________. Um passeio pela história do Arari. São Luís, 2014. ________. Navegadores do Mearim e os marítimos de Arari. Arari (MA): Academia Arariense – Vitoriense de Letras, 2002. 74 p. BAZZOTI, Leandro; MACHADO, Álvaro. A certificação no turismo de aventura: uma análise do destino Serra Gaúcha. Anais do VII Seminário de Turismo do Mercosul. Turismo e paisagem: relação complexa. Universidade de Caxias do Sul, 2012. BECKER, Bertha. Políticas e planejamento do turismo no Brasil. In: YÁZIGI, Eduardo; CARLOS, Ana Fani Alessandri; CRUZ, Rita de Cássia Ariza da (Org.). Turismo: espaço, paisagem e cultura. São Paulo: Hucitec, 1999.

128

BENI, M. C. Política e planejamento de turismo no Brasil. São Paulo: Aleph, 2006. BENSEN, Fabiana; MORETTO NETO, Luís. Turismo de eventos esportivos: a avaliação da contribuição para a economia da cadeia produtiva turística: um estudo de caso do Ironman Brasil 2005. XII SIMPEP, Bauru – SP, 2005. BEZERRA, Adenildo. Arari: espaço e sociedade. Instituto Perone, 2014. BEZERRA, Marilene Sabino. Avaliação do potencial turístico sustentável da região Lacustre Viana, Penalva, Cajari, Baixada Maranhense. 2006. 141 f. Dissertação (Mestrado em Turismo) – Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 2006. BIBITA, Marcelo. Surfistas de pororoca visitam a França. Disponível em: <http://waves.terra.com.br/surf/noticias/variedadesnovidade/festival-mascaret/surfistas-de-pororoca-visitam-a-franca>. Acesso em: 12 dez 2014. BOULLÓN, Roberto C. Os municípios turísticos. Bauru - SP: EDUSC, 2005. BOULLÓN, Roberto C. Planejamento do espaço turístico. Bauru - SP: EDUSC, 2002. BRASIL (a). Ministério do Turismo. Segmentação do turismo e o mercado. Ministério do Turismo, Secretaria Nacional de Políticas de Turismo, Departamento de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico, Coordenação Geral de Segmentação. Brasília: Ministério do Turismo, 2010. BRASIL (b). Ministério do Turismo. Ecoturismo: orientações básicas. Ministério do Turismo, Secretaria Nacional de Políticas de Turismo, Departamento de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico, Coordenação Geral de Segmentação. 2. ed. Brasília: Ministério do Turismo, 2010. BRASIL. Ministério do Turismo. Marcos conceituais. Ministério do Turismo, Secretaria Nacional de Políticas de Turismo, Departamento de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico, Coordenação Geral de Segmentação. Brasília: Ministério do Turismo, 2008. BUCKLEY, Ralf; UVINHA, Ricardo Ricci. Turismo de aventura: gestão e atuação profissional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. BURNS, P. M. Tourism planninga third way? Annals of Tourism Research. v. 31, n.1, p.24-43, 2004. CARVALHEDO, Arianne. Turismo esportivo. In: DACOSTA, Lamartine (Org.). Atlas do esporte no Brasil. Disponível em: <http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/316.pdf>. Acesso em: 06 jan 2015. CHANSON, Hubert. Flow field a tidal bore: a physical model. Proc. 29th IAHR Congress, Beijing, China: Tsinghua Univers Press, 2001, p. 365- 373.

129

__________. Furos de maré, mascaret, pororoca. Mitos, fábulas e realidade!. Disponível em: <http://staff.civil.uq.edu.au/h.chanson/tid_bore.html>. Acesso em: 25 fev 2015. DEL BIANCO TRAVEL EXPERIENCE. Pororoca via Cutias do Araguari. Disponível em: <http://www.delbianco.com.br/outbound/index.php/brasil/amapa/348-amapa>. Acesso em: 05 fev. 2015. DESTAQUE para o fim do fenômeno da pororoca. Jornal Nacional, 10 jul. 2015.

Disponível em: <https://www.youtube.com/watchv=7ly3wyny3l0>. Acesso em: 10 ago. 2015. EREIRO, Alexandra. Garotas enfrentam a pororoca. Disponível em: <http://waves.terra.com.br/surf/noticias/feminino/competicao/brasileiro-de-bodyboard/garotas-enfrentam-a-pororoca>. Acesso em: 18 dez 2014. FARAH, S.D. Políticas de incentivo ao turismo de aventura no Brasil: o papel do Ministério do Turismo. In: UVINHA, Ricardo Ricci (Org.). Turismo de aventura: reflexões e tendências. São Paulo: Aleph, 2005. GEDNEY, Larry. Tidal waves, tidal bores and tsunamis. Disponível em: <http://www2.gi.alaska.edu/ScienceForum/ASF6/620.html>. Acesso em: 28 fev 2015. GREEN, Marvin. Onda canadense com quase 30 km de extensão é novo recorde mundial. Disponível em: <http://www.surfguru.com.br/noticias/2013/08/onda-canadense-com-quase-30-km-de-extensao-e-novo-recorde-mundial.html>. Acesso em: 12 dez 2014. Surfando no maior rio da Grã-Bretanha. Globo News, 03 mar. 2010. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=YhSCv6mTjns>. Acesso em: 10 fev 2015. GOIDANICH, K. L.; MOLETTA, V. F. Turismo esportivo. Porto Alegre: SEBRAE/RS, 1998. GOMES, Eduardo Lima dos Santos. Turismo no entorno do Parque Nacional do Cabo Orange, Amapá. 2007. 129 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Pará, Núcleo de Altos Estudos Amazônicos, Belém, 2007. Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Amapá: Cutias. Disponível em: <http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=160021&search=amapa|cutias>. Acesso em: 12 set 2014. ___________. Arari: Maranhão–MA. Disponível em: <http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/maranhao/arari.pdf>. Acesso em 21 maio 2014.

130

___________. Cidades: Arari-MA, 2013. Disponível em:<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=210100#>. Acesso em: 20 maio 2013. ___________. Domicílios: Arari-MA. Disponível em: <http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopse/webservice/frm_dom_ocu_des_col.php?codigo=210100>. Acesso em 21 maio 2014. ___________. Maranhão: Arari. Disponível em: <http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=210100&search=maranhao|arari>. Acesso em: 12 set 2014. ___________. Pará: São Domingos do Capim. Disponível em: <http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=150720&search=para|sao-domingos-do-capim>. Acesso em: 12 set 2014. ___________. Rio Grande do Sul: Tramandaí. Disponível em: <http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=432160>. Acesso em: 12 set 2014. INSTITUTO MARANHENSE DE ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS E CARTOGRÁFICOS - IMESC. Enciclopédia dos municípios maranhenses: microrregião geográfica da Baixada Maranhense. Disponível em: <http://www.imesc.ma.gov.br/docs/ENC_MA_MICRORREGIAO_BAIXADA%20MARANHENSE_2.pdf>. Acesso em: 05 dez 2013. KOTLER, P. Marketing público: como atrair investimentos, empresas e turismo para cidades, regiões, estados e países. São Paulo: Makron Books, 1994. KRIPPENDORF, Jost. Sociologia do turismo: para uma nova compreensão do lazer e das viagens. São Paulo: Aleph, 2009. LANZARINI, Elias Junior; FERRO, Maurício Teixeira. Turismo esportivo: renda, educação e lazer. Disponível em: <http://www.revistaturismo.com.br/artigos/esportivo.html>. Acesso em: 06 jan 2015. LAUS, Serginho. Pororoca prejudicada. Disponível em: <http://waves.terra.com.br/waves/variedades/pororoca/prejudicada>. Acesso em: 18 dez 2014. ______. Pororoca: surfando na selva. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006. LEFF, Henrique. Discursos sustentáveis. São Paulo: Cortez, 2010. LEMOS, Amália Inês Geraiges de. Turismo: impactos socioambientais. São Paulo: Hucitec, 2001. LIMA, Fabiano Rocca. Turismo de aventura e meios de hospedagem: análise das necessidades específicas de um segmento e da adequação de seus receptores, o

131

mergulho em Bombinhas - SC. Universidade do Vale do Itajaí, Balneário Camburiú, 2004, p. 147. LIMA, Marcus. Prefácio. In: Desenvolvimento sustentável em Petrópolis. Petrópolis: Viana e Mosley, 2002. LYNCH, D. K.. “Bores maré.” Scientific American. v. 247, n. 4, 1982. MACÊDO, Ermínia Medeiros; RAMOS, Ricardo Gomes. O desenvolvimento do turismo em Barra Grande, Piauí (Brasil) e seu significado para a comunidade local. In: Revista Ibero americana de Turismo, Penedo, vol. 2, n.2, p. 89-107, 2012. MACEDO, Eurico Teles de. O Maranhão e suas riquezas. São Paulo: Siciliano, 2001. MALLEN, Cheryl; ADAMS, Lorne J. Gestão de eventos esportivos, recreativos e turísticos: dimensões teóricas e práticas. Barueri, SP: Manole, 2013. MAMANI, Fernando Huanacuni. Vivir bien/buen vivir. Filosofía, políticas, estratégias y experiências regionales. 4a- edición. La Paz, Bolivia, 2010. p. 33. MARANHÃO. Decreto 11.900, de 11 de junho de 1991. Cria a Área de Proteção Ambiental da Baixada Maranhense. Diário Oficial do Estado do Maranhão. São Luís, 1991. __________. Plano estratégico de turismo do Estado do Maranhão - Plano Maior 2020. Governo do Estado do Maranhão: Maranhão, 2009. MARINHO, Alcyane. Lazer, aventura e risco: reflexões sobre atividades realizadas na natureza. In: Movimento. Porto Alegre, v. 14, n. 02, p. 181-206, mai / ago 2008. MARQUES, César Augusto. Dicionário Histórico-Geográfico da Província do Maranhão. Rio de Janeiro: Fon-Fon e Seleta, 1970. MARTINS, Gilberto de Andrade; THEÓPHILO, Carlos Renato. Metodologia da investigação científica para ciências sociais aplicadas. São Paulo: Atlas, 2009. MELO, E. A.; PINHEIRO, J. S.; ANDRADE, A. B.; VIEIRA, L. V. L.. Ecoturismo no município de Brejo Grande (SE) como alternativa para o desenvolvimento sustentável: perspectivas da comunidade local. In: Revista Nordestina de

Ecoturismo, Aquidabã, v.4, n.2, p.15‐26, 2011. MESSINA, Gustavo. Ministro pede união ao setor para desenvolver o turismo. Disponível em: <http://www.turismo.gov.br/turismo/notícias/todas_notícias/20150204_3.html>. Acesso em: 21 fev 2015. MINISTÉRIO DO TURISMO. Inventário da oferta turística. Ana Clévia Guerreiro Lima (Coordenador) – Brasília, 2011, 38p.

132

MONIZ, Isabel. A sustentabilidade do turismo em ilhas de pequena dimensão: o caso dos Açores. In: Investigação em turismo / [org.] Instituto de Financiamento e Apoio ao Turismo. - Lisboa : Instituto de Financiamento e Apoio ao Turismo, 2003. MOREIRA, Bento L. O gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos do município de Bambuí/MG e seus possíveis reflexos no desenvolvimento da atividade turística. In: Revista Geográfica Acadêmica. Dez, 2008a. Vol.2, p.42. MOREIRA, Evandro et al. Plano de desenvolvimento turístico municipal de Arari – MA: uma proposta de ecoturismo. Tribus turismo, eventos e consultoria LTDA, 2008. NASCIMENTO, José Lúcio Bentes do. O surfe na pororoca: sustentabilidade e turismo em São Domingos do Capim – PA. Belém: EDUFPA, 2007. NORONHA. Adilton Mariano é hepta. Disponível em: <http://waves.terra.com.br/waves/competicao/adilton/mariano/e/hepta>. Acesso em: 18 dez 2014. __________. Surf selvagem na Amazônia nordestina. Disponível em: < http://innersurf.blogspot.com.br/2011/02/surf-selvagem-na-amazonia-nordestina.html >. Acesso em: 03 jun 2015. OLIVEIRA, Sérgio Domingos de; COVOLAN, Antônio Carlos. A certificação do turismo de aventura no Brasil e o papel das universidades no contexto da operação segura e responsável. In: V Seminário de Pesquisa em Turismo do MERCOSUL. Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul – RS, Brasil, p. 1-12, 2008. PAIXÃO, Jairo Antônio da; COSTA, Vera Lucia de Menezes. Esporte de aventura e turismo de aventura: aproximações e distanciamentos. Revista Digital, Buenos Aires, ano 14, n. 139, dez. 2009. PAPEVERO, Nelson; et. al. Os escritos de Giovanni Angelo Brunelli, astrônomo da comissão demarcadora de limites portuguesa (1753-1761), sobre a Amazônia brasileira. Ciências Humanas, Belém, v. 5, n. 2, p. 493-533, maio-ago, 2010. PIMENTEL, Giuliano Gomes de Assis; SAITO, Caroline Fama. Caracterização da demanda potencial por atividades de aventura. Motriz, Rio Claro, v.16, n.01, p. 152-161, jan./mar. 2010. PIRES, Paulo dos Santos. Dimensões do ecoturismo. São Paulo: SENAC, 2002. POROROCA do rio São Francisco. Youtube, 26 jan. 2009. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=DSbXKFrupqo>. Acesso em: 12 mar. 2015. POROROCA gaúcha rio Tramandaí. Youtube, 14 abr. 2009. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=0oZwtfPf_yc>. Acesso em: 11 mar. 2015.

133

PREFEITURA MUNICIPAL DE ARARI – MA. Plano Diretor de Desenvolvimento Municipal. 2006. PRIEST, S.. The adventure experience paradigm. Disponível em: < http://www.wilderdom.com/philosophy/PriestAdventureExperienceParadigm.html#Martin1986>. Acesso em: 24 jan 2015. RATTNER, Henrique. Meio ambiente, saúde e desenvolvimento sustentável. In: Ciência e saúde coletiva [online]. 2009, vol.14, n.6, p. 1965-1971. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232009000600002>. Acesso em: 11 nov 2014. Redação Waves. Pororoca em alerta. Disponível em: <http://waves.terra.com.br/surf/noticias/variedadesambiente/rio-araguari/pororoca-em-alerta>. Acesso em: 18 dez 2014. RIBEIRO, Maria Raimunda Santos. As ondas da pororoca no rio Mearim: estudo sobre as percepções locais na organização do evento Surf na Pororoca, em Arari (MA). Monografia de graduação, Curso de Turismo, Universidade Federal do Maranhão, São Luís, Brasil. 2014. RICHARD, Victor Lópes; CHINÁGLIA, Clever Ricardo.Turismo de aventura: conceitos e paradigmas fundamentais. In: Turismo em Análise, v. 15, n. 2, p. 199-215, nov 2004. RODRIGUES, Arlete Moysés. Desenvolvimento sustentável e atividade turística. In: RODRIGUES, Adyr Balastrery. Turismo e desenvolvimento local. São Paulo: Hucitec, 1997. RODRIGUESb, Adyr Balastrery. Turismo local: oportunidades para inserção. In: RODRIGUES, Adyr Balastrery. Turismo e desenvolvimento local. São Paulo: Hucitec, 1997. RUSCHMANN, D. V. de M; BORDINI, Caroline Valença. O uso dos planos de desenvolvimento turístico na microrregião dos Campos de Lages (SC). In: RUSCHMANN, D. V. de M; SOLHA, Karina Toledo (Orgs.). Planejamento turístico. Barueri – SP: Manole, 2006. _____________. Turismo e planejamento sustentável: a proteção do meio ambiente. 16. ed. Campinas, SP: Papirus, 2012. SAMPAIO, C. A. C.; CARVALHO, M. B.; ALMEIDA, F. H. R. de. Turismo comunitário: projeto piloto Montanha Beija-flor Dourado (Micro-bacia do Rio Sagrado, Morretes, Paraná). In: Turismo: visão e ação, v. 9, n. 2, 2007. SANTOS, Rodrigo Amado dos; SOUZA, Norma de Sitta. Eventos esportivos e turismo: definição de mercado e Perspectivas de atuação. Revista científica eletrônica de turismo. Ano IX, n. 16, jan 2012. Disponível em: <http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/AUdNLklSklIPgw4_2013-5-23-17-54-57.pdf>. Acesso em: 12 set 2014.

134

SANTOS, Valdenira Ferreira dos; et. al. Processos sedimentares em área de macro-marés influenciados pela pororoca-estuário do rio Araguari-Amapá-Brasil. In: Congressso da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário (ABEQUA). Guarapari: ABEQUA, 2005. SERRANO, C. M. T. O "produto" ecoturístico. In: ANSARAH, M. G. R. (Org.). Turismo: como aprender - como ensinar. São Paulo: Editora SENAC, 2001. SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 2007. SIQUEIRA, Gabriela Valente. Licenciamento ambiental no Amapá: o caso do aproveitamento hidrelétrico de Ferreira Gomes (AHE – FG). 13 dez 2011. 100 p. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal do Amapá. Macapá, 2011. SOBRINHO, Noélio. Auêra Auara: a história do surf na pororoca: Pará, Amapá e Maranhão. Belém: Ed., 2013. SOUZA, Jorge Alex de Almeida. A espacialidade de uma Amazônia ribeirinha face ao urbano: o exemplo de São Domingos do Capim (PA) e o desenvolvimento do turismo. Turismo em Análise, v.20, n.1, abril 2009. SINIMBU, Fernando. Festival da melancia movimenta Arari/MA. Disponível em: <http://www.grupocultivar.com.br/site/content/noticias/?q=8027>. Acesso em: 10 jan 2015. SPORTV. 'Dragão Prateado', a pororoca da China, atrai surfistas e vira atração. Disponível em: <http://sportv.globo.com/site/programas/sportv-news/noticia/2012/10/dragao-prateado-pororoca-da-china-atrai-surfistas-e-vira-atracao.html>. Acesso em: 28 fev 2015. SWARBROOKE, John. Turismo sustentável: setor público e cenários geográficos. São Paulo: Aleph, 2000c. _____________. Turismo sustentável: turismo cultural, ecoturismo e ética. São Paulo: Aleph, 2000e. SWARBROOKE, John; et al.. Turismo de aventura: conceitos e etudos de caso. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. THE STAR ONLINE. Dare to surf in Darawak's Batang Lupar? Disponível em: <http://www.thestar.com.my/story/?file=%2F2010%2F5%2F2%2Fnation%2F6176494&>. Acesso em: 15 fev 2015. UVINHA, Ricardo Ricci. Juventude, lazer e esportes radicais. Barueri, SP: Manole, 2001. _____________ (Org.). Turismo de aventura: reflexões e tendências. São Paulo: Aleph, 2005.

135

VIDAL, Antonio Pedro Raposo Marques. A segurança nas atividades de ar livre e de aventura. 2011. 61 f. Dissertação (Mestrado em Ensino da Educação Física e do Desporto) – Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia, Lisboa, 2011. ZANIRATO, Silvia Helena. O patrimônio natural do Brasil. In: Patrimônio e cultura material. Revista de Estudos de Programas Pós Graduados de História. PUC São Paulo. Projeto História nº 128 40, junho de 2010.

136

APÊNDICES

137

APÊNDICE A: Questionário Poder Público, Sociedade Civil Organizada e Iniciativa Privada (Adaptado de José Bentes do Nascimento, 2004)

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ MESTRADO ACADÊMICO EM TURISMO E HOTELARIA

Possibilidades de desenvolvimento turístico sustentável a partir do atrativo

fluviomarítimo pororoca, no município de Arari-MA Local:____________________Data:_____________

1. Qual a sua opinião sobre os benefícios do atual desenvolvimento do turismo em Arari, vinculados à pororoca, nas respectivas áreas:

VISÃO ATUAL DO TURISMO

Escala: P (Pleno) M (Moderado) I (Insignificante) a) Social 1.Distribui de forma equilibrada os benefícios advindos da atividade a toda população (P – M – I) 2. Melhora a qualidade de vida da população residente (P – M – I) 3. Valoriza a mão de obra local nas atividades turísticas (P – M – I) 4.Outra___________________________________________________________________________ b) Econômica 1.Alternativa de trabalho e renda para a população local (P – M – I) 2. Aumenta as vendas no comércio da cidade (P – M – I) 3. Estímulo à capacidade local de desenvolver empreendimentos turísticos (P – M – I) 4.Outra___________________________________________________________________________ c) Cultural 1.Valoriza o artesanato, a gastronomia, as festas e festejos da região (P – M – I) 2. Mantém e reforça a identidade da comunidade residente (P – M – I) 3. Preserva o patrimônio histórico cultural (arquitetura, monumentos, etc) (P – M – I) 4.Outra___________________________________________________________________________ d) Ecológica / Ambiental 1. Respeita o meio ambiente natural de Arari (P – M – I) 2. Compatibiliza a manutenção do processo ecológico essencial, com os recursos e a diversidade biológica (P – M – I) 3. Conscientiza os indivíduos sobre a importância da educação ambiental (P – M – I) 4.Outra___________________________________________________________________________ 2. Qual a sua opinião sobre os malefícios do atual desenvolvimento do turismo em Arari, vinculados à pororoca, nas respectivas áreas: a) Social 1. Aumento da marginalidade e da prostituição na localidade (P – M – I) 2. Elevado consumo de bebidas alcoólicas e drogas estimuladas pelos turistas (P – M – I) 3. Conflitos entre esportes náuticos, surfistas e banhistas (P – M – I) 4.Outra___________________________________________________________________________ b) Econômica 1. Aumento de preços nos estabelecimentos comerciais de Arari (P – M – I) 2. Escassez de produtos no comércio local (P – M – I) 3. Baixa remuneração percebida pelas atividades turísticas desenvolvidas (P – M – I) 4.Outra___________________________________________________________________________ c) Cultural 1.Desvaloriza a cultura local (artesanato, gastronomia, festas e festejos (P – M – I) 2. Depredação dos bens públicos (monumentos, prédios, praças) (P – M – I) 3. Não preserva o patrimônio histórico cultural (arquitetura, monumentos, etc) (P – M – I) 4.Outra___________________________________________________________________________

138

d) Ecológica / Ambiental 1.Descaso com o meio ambiente natural (P – M – I) 2. Descaracterização da paisagem natural junto às margens do rio (P – M – I) 3. Problemas de abastecimento de água potável durante o período do campeonato (P – M – I) 4.Outra___________________________________________________________________________ 3. No seu ponto de vista qual (ais) a (s) principal (ais) dificuldade (s) para o desenvolvimento do turismo sustentável arariense referente às atividades ligadas à pororoca? 1)_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2)_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3)_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ A questão número 4 deverá ser respondida SOMENTE pela SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA.

4. Como o senhor (a) considera o nível de envolvimento do poder público e da iniciativa privada no processo de planejamento do turismo arariense vinculado às atividades na pororoca?

Escala: (1) Muito bom (2) Bom (3) Regular (4) Ruim

a) Estadual? ( ) Por quê?_________________________________________________________ b) Municipal? ( ) Por quê?__________________________________________________________ c) Iniciativa Privada? ( ) Por quê?____________________________________________________

A questão número 5 deverá ser respondida SOMENTE pela INICIATIVA PRIVADA.

5. Como o senhor (a) considera o nível de envolvimento do poder público e da sociedade civil organizada no processo de planejamento do turismo arariense vinculado às atividades na pororoca?

Escala: (1) Muito bom (2) Bom (3) Regular (4) Ruim

a) Estadual? ( ) Por quê?_________________________________________________________ b) Municipal? ( ) Por quê?_________________________________________________________ c) Sociedade Civil? ( ) Por quê?_____________________________________________________

A questão número 6 deverá ser respondida SOMENTE pelo PODER PÚBLICO.

6. Como o senhor (a) considera o nível de envolvimento da sociedade civil organizada e da iniciativa privada no processo de planejamento do turismo arariense vinculado às atividades na pororoca?

Escala: (1) Muito bom (2) Bom (3) Regular (4) Ruim

a) Sociedade Civil Organizada? ( ) Por quê?____________________________________________ b) Iniciativa Privada? ( ) Por quê?____________________________________________________

PERSPECTIVA FUTURA

7. Na sua percepção o Campeonato de Surf e demais modalidades realizados na Pororoca poderá assegurar permanentemente o turismo em Arari – MA? 7.1 (1) Sim. Por quê? _______________________________________________________________ 7.2 (2) Não. Porquê?________________________________________________________________

PROPOSIÇÕES

Desenvolvimento sustentável: economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente equilibrado

8. Que proposta a sua organização teria no sentido de desenvolver o turismo sustentável no município de Arari ligado às atividades na pororoca? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Obrigado.

139

APÊNDICE B: Questionário participantes do curso “O meu negócio pode ser turismo”

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ MESTRADO ACADÊMICO EM TURISMO E HOTELARIA

Possibilidades de desenvolvimento turístico sustentável a partir do atrativo

fluviomarítimo pororoca, no município de Arari-MA 1. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino 2. Idade:_________________________ 3. Morador da: ( ) Zona Urbana ( ) Zona Rural 4. Como você ficou sabendo do curso “O meu negócio pode ser turismo”? ( ) televisão ( ) rádio ( ) internet ( ) informação de amigos e parentes ( ) panfleto ( ) Outra forma. Qual?_________________________________ 5. Na época do curso você trabalhava? ( ) Sim. Em qual instituição ou empresa?________________ Qual sua função?______________ ( ) Não 6. Com a oferta do curso “O meu negócio pode ser turismo” você se sente capacitado para oferecer e ou trabalhar com serviços turísticos? ( ) Sim. Em que tipo de serviço?___________________________________________________ ( ) Não. Por quê?_______________________________________________________________ 7. Alguma empresa (turística ou não) lhe fez proposta de emprego durante ou após o curso “O meu negócio pode ser turismo”? ( ) Sim. Qual empresa?__________________________________________________________ ( ) Não

8. Após o curso “O meu negócio pode ser turismo” você conseguiu abrir algum negócio em Arari e ou região? Negócio Geral ( ) Sim. Em qual localidade?______________É permanente ou sazonal?___________________ ( ) Não Negócio Turístico ( ) Sim. Em qual localidade?______________É permanente ou sazonal?___________________ ( ) Não 9. Em qual ramo você atua? ( ) alimentos e bebidas ( ) hospedagem ( ) arte, artesanato ( ) Outro:___________

10. Em caso de negócios sazonais, em quais períodos você atua? ( ) carnaval ( ) atividades referentes à pororoca ( ) nas festas e festejos religiosos ( ) em todos os eventos e atividades ( ) outro:_____________________________________________________ 11. Atualmente você trabalha? ( ) Sim. Em qual instituição ou empresa?_________________Qual sua função?______________ ( ) Não Obrigado.

140

APÊNDICE C: Questionário organizadores

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ MESTRADO ACADÊMICO EM TURISMO E HOTELARIA

Possibilidades de desenvolvimento turístico sustentável a partir do atrativo

fluviomarítimo pororoca, no município de Arari-MA

PERFIL DOS ORGANIZADORES

1.Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

2.Idade:____________

3.Nacionalidade: ( ) Brasileira ( ) Outra. Qual?_______________________________

4.País onde reside: ( ) Brasil ( ) Outro. Qual?________________________________

5.Estado onde reside: ( ) Amapá ( ) Maranhão ( ) Pará ( ) Outro. Qual?___________

6.Cidade onde reside:____________________________________________________

7.A quanto tempo você está envolvido com a organização de atividades referentes à pororoca?

( ) a até 5 anos ( ) de 6 a 10 anos ( ) 11 anos ou mais

8.A qual orgão nacional o surf na pororoca está vinculado em seu país?

( ) Ministério do Turismo

( ) Ministério do Esporte

( ) Confederação Nacional de Surf

( ) Não existe vínculo com nenhum orgão nacional

( ) Outro. Qual?_______________________________________________________________________

9.A qual orgão estadual o surf na pororoca está vinculado em seu país?

( ) Secretaria de Turismo do Estado

( ) Secretaria de Desporto e Lazer do Estado

( ) Federação Estadual de Surf

( ) Não existe vínculo com nenhum orgão estadual

( ) Outro. Qual?______________________________________________________________________

10.A qual orgão municipal o surf na pororoca está vinculado em seu país?

( ) Secretaria de Turismo

( ) Secretaria de Esporte

( ) Não existe vínculo com nenhum orgão municipal

( ) Outro. Qual?_______________________________________________________________________

11.Por qual ou quais motivos Arari se transformou no cenário de inovações / teste das atividades

relativas à pororoca? Tais como eventos e expedições internacionais, inclusão de modalidades novas

como stand up e body board.

( ) Pelo planejamento / organização pública

( ) Pelo planejamento / organização privada

CONHECIMENTO DA ATIVIDADE

141

( ) Pela qualidade das ondas da pororoca

( ) Pela logística operacional facilitada nesse município, minimizando custo

( ) todos os itens anteriores e outros motivos. Quais:___________________________________________

_________________________________________________________________________________

12.Como é classificado o surf na pororoca no seu país?

( ) Turismo de Aventura

( ) Ecoturismo

( ) Turismo esportivo

( ) Turismo de eventos esportivos

( ) Esporte Radical

( ) Todas as opções anteriores

( ) Desconheço tal classificação

AMBIENTAL/ECOLÓGICA

13.Existem ações referentes às atividades na pororoca de Arari, direcionadas à sustentabilidade

ambiental?

( ) Não. Quais são as dificuldades?________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

( ) Sim. Quais ações sustentáveis são desenvolvidas em Arari?__________________________________

_____________________________________________________________________________________

14.Onde estão localizadas estas ações?

( ) Na zona urbana

( ) Na zona rural

POROROCAS MUNDO E BRASIL

16.Você organizou atividades em quais das seguintes pororocas pelo mundo e Brasil?

- Pororocas do Mundo

( ) Bono na Indonésia ( ) Silver Dragon na China ( ) Pororoca do Alaska

( ) Mascaret na França ( ) Pororoca na Malásia ( ) Severn Bore na Inglaterra

( ) Outra. Qual?______________________________________________________________________

- Pororocas do Brasil

( ) Pororoca do Pará ( ) Pororoca do Amapá ( ) Pororoca do Maranhão

( ) nenhuma das opções

PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO / PERSPECTIVA DE FUTURO

17. No desenvolvimento das atividades turísticas que tem a pororoca como atrativo no município de Arari

qual o papel?

do Governo Federal:________________________________________________________________

142

do Governo do Estado do Maranhão:___________________________________________________

do Governo Municipal de Arari:________________________________________________________

da Confederação Brasileira de Surf:____________________________________________________

da ABRASPO e da AMSP:____________________________________________________________

da Comunidade local:______________________________________________________________

18.A realização de atividades, campeonatos de surf e outras modalidades a nível estadual e nacional

já é uma realidade referente à pororoca. Existe alguma organização e ou planejamento para

internacionalização dessas ações?

( ) Não ( ) Sim. Quais?______________________________________________________

19. O nível atual de planejamento permite que tal realização ocorra com aplicação dos princípios da

sustentabilidade, gerando ganho para todos os envolvidos?

( ) Sim, estamos preparados.

( ) Não, estamos distantes desse alcance. Qual ou quais as principais dificuldades?

________________________________________________________________________________

Obrigado.

143 APÊNDICE D: Ações, eventos esportivos e festivais no Amapá (AP), Pará (PA) e Maranhão (MA) de 1997 a 2015.

ANO/ESTADO/ PAÍS

AÇÕES, EVENTOS E OU FESTIVAIS

1997 (AP, PA) 1ª exibição de matéria no Fantástico da Rede Globo com os surfistas Guga Arruda e Eraldo Gueiros desbravando a pororoca

do rio Araguari no Amapá (LAUS, 2006; SOBRINHO, 2013).

1997 (PA) Noélio Sobrinho, Gilvandro Junior, Jorge Sales Junior e Silvinho Santos, surfam a pororoca do Canal Perigoso, no Marajó, no

município de Chaves no estado do Pará (SOBRINHO, 2013).

1998 (PA) São Domingos do Capim entrar no mapa, e nesse mesmo ano Leila Palheta se torna a primeira brasileira a surfar a pororoca

(SOBRINHO, 2013).

1999 (PA) 1º Campeonato de Surfe na Pororoca realizado no Brasil (LAUS, 2006) no Marajó. Contando com 7 surfistas paraenses.

1º Campeonato Brasileiro de Surfe na Pororoca em São Domingos do Capim. Contou com oito surfistas (SOBRINHO, 2013).

2000 (AP) 1º Araguari de Surfe na Pororoca (SOBRINHO, 2013).

*2001 (AP, PA,

MA)

1º Etapa do 3º Campeonato Nacional de Surf na Pororoca e a 2º Bad Boy/Rider de Surf na Pororoca, na Ilha do Marajó.

Surge o Circuito Brasileiro de Surfe na Pororoca com os estados do Pará e Amapá no roteiro dos eventos (LAUS, 2006).

1ª Expedição à pororoca do Mearim em Arari, estado do Maranhão, com 5 surfistas, dentre eles Jerônimo Junior (MA) pioneiro maranhense entre os esportistas de ondas de maré e responsável pela logistica da expedição (SOBRINHO, 2013).

Ainda em 2001 é criado o Festival da Pororoca em São Domingos do Capim (DIÁRIO DO PARÁ, 2009).

*2002 (AP, PA,

MA)

Em março de 2002 é realizado o Circuito Brasileiro de Surf e Esportes Radicais na Pororoca, ainda sem caráter competitivo (LAUS, 2006).

2003 (AP, PA,

MA)

5º Campeonato Brasileiro de Surfe na Pororoca em São Domingos do Capim. Patrocinadores: Amazônia Celular, TIM, CERPA e Banco do Brasil (NASCIMENTO, 2007).

1ª Competição de Surfe na Pororoca, no Mearim em março. Surfistas: Noelio Sobrinho, Serginho Laus, Sávio Carneiro,

Sandro Buguelo. Após outras modalidades são inseridas, caiaque e longboards (LAUS, 2006).

1ª vez que o Circuito Brasileiro conta com 3 etapas no Pará, no Maranhão e Amapá (RONDON, 2004).

Setembro 2003 (AP) Adilton surfista cearense Adilton Mariano entra para o "Guinness Book", por possuir o maior tempo em uma onda da pororoca, 34m10s (RONDON, 2004).

2004 (MA) 2º Circuito Brasileiro de Surfe na Pororoca, busca da quebra de Record do maior número de surfistas brasileiros na mesma

onda, 30 foram escalados para surfar em Arari (RONDON, 2004).

144

No ano de 2004, quatro pontos de surfe formam o Circuito, são eles: incluso a Ilha do Marajó como edição especial, São Domingos do Capim (PA), Rio Araguari (AP) e Rio Mearim (MA) (LAUS, 2006).

O Circuito Brasileiro de Surfe na Pororoca contava com 4 etapas: Rio Capim, em São Domingos do Capim, e Rio Amazonas, na Ilha do Marajó (PA); Rio Araguari, com base de apoio em Cotias (AP); e Rio Mearim e Pindaré, em Arari (MA). Tendo como campeão Sávio Carneiro e vice Sandro Buguelo Rogério (SOBRINHO, 2013).

2005 (AP, MA) Em março realização do 1º Encontro Internacional de Bore Riders (Surfistas de Marés), que contou com a presença de

surfistas ingleses: Steve King, Stuart Ballard e Tom Wright; surfistas franceses: Bruno Boue, Fabrice e Antony Colas; e surfistas brasileiros: Gerônimo Junior, Noélio Sobrinho e Serginho Laus.

Em abril ocorre a etapa maranhense do Circuito Brasileiro de Surfe na Pororoca e em setembro, expedição grupo de surfistas

Márcio (RJ), Café (PR), Sean (Austrália), além de Serginho Laus e o piloto Glauco Vaz.

Nesse intervalo em 24 de junho 2005, a Expedição Guinness Book rio Araguari (AP) foi o carro chefe das ações, sendo

concluída com êxito após surfar a distância de 10,1 Km em 33 minutos (LAUS,2006).

2006 (AP, PA,

MA)

Circuito Brasileiro de Surfe na Pororoca (3 etapas) (IMIRANTE, 2006).

2º Festival da Pororoca de Arari (FEPA) - realização Instituto CANOA, ONG Maré Amazônica, ABRASPO e ASPM (SURFCORE, 2006).

2007 (MA) Setembro - 1º Campeonato Feminino de Surf na Pororoca (IMIRANTE, 2007)

2008 (MA) Pela 1ª vez verifica-se a presença feminina no Circuito Brasileiro de Surfe na Pororoca (Etapa feminina). Nesse mesmo ano o

Ministério do Turismo aprova recursos para o evento em Arari – Maranhão (SOBRINHO, 2013).

Projeto Pororoca - ABRASPO em 2008 recebe recursos do Ministério do Turismo (MTur, 2008).

2009 (AP, PA) 11ª versão do Surf na Pororoca em São Domingos do Capim (DIÁRIO DO PARÁ, 2009).

Sergio Laus bate Record, records anteriores, na Pororoca do Amapá, rio Araguari

2010 (AP, MA) Maio de 27 a 30 - I Desafio Hugel de Bodyboar na Pororoca de Arari

Patrocínio:Governo do Estado do Maranhão, Ministério do Turismo, AB Propaganda, Trapiche, Prefeitura de Arari, Hugel Surf Wear. Realização foi da ASPM (Associação de surf na Pororoca do Maranhão) e ABRASPO (Associação Brasileira de surf na Pororoca). Além da cobertura: site CRAUD, e site CEARASURF (BIBITA, 2010).

Nesse mesmo ano, Noélio Sobrinho, sofre o acidente mais grave de sua carreira como surfista de maré, no rio Araguari

(Amapá). Tal ocorrência se deu durante gravação do reality radical “Osso Duro” (SOBRINHO, 2013).

2011 (PA) 12º Festival de Surfe na Pororoca (PORTAL ORM, 2011)

2012 (AP, MA) Em abril de 2012, o 12º Campeonato Brasileiro de Surf na Pororoca teve como campeão Rogério Barros (Pingo) do Pará e

145

vice Adilton Mariano. Observação: Adilton tem a marca de 37 minutos e 8 segundos registrado pela Rede Globo (SOBRINHO, 2013)

A modalidade esportiva foilboard é inserida na pororoca do rio Araguari (TONSIG, 2012).

Nesse mesmo ano de 2012 foi realizada uma Expedição no Araguari, tendo como componentes os globais: Luciano Huck

(apresentador do Caldeirão do Huck), Rodrigo Santoro, Marcelo Serrado e Marcello Novaes (atores), além Carlos Burle (surfistas de ondas gigantes). A logística para essa expedição envolveu: 2 iates, 2 helicópteros, 6 lanchas voadeiras, 2 jet skis e uma equipe de 40 pessoas (p. 86). Tal expedição foi o início dos contatos com os chineses para a super produção de transmissão ao vivo para a China do evento direto da Amazônia (SOBRINHO, 2013).

Destinos turísticos do Maranhão recebem apoio do Ministério do Turismo (MTur, 2012).

2013 (AP, MA,

China e

Indonésia)

Culminando em 2013 com a estadia de 15 dias na selva morando em barcos e navios. Sendo que de 10 a 13 de abril ocorreu a transmissão do local do fenômeno pela TV estatal chinesa (CCTV) para todo o continente asiático do surfe na pororoca no Amapá, no rio Araguari. Possibilitando a visibilidade para concretizar a internacionalização, iniciada em 2005, das ações dos envolvidos nessas jornadas de aventura. Os surfistas participantes do evento foram: Marcelo Bibita, Adilton Mariano, Noélio Sobrinho (PA) e Rogério Barros (PA) e Stanley Gomes (AP) (SOBRINHO, 2013).

Em setembro os surfistas Noélio Sobrinho, Marcelo Bibita, Adilton Mariano e George Noronha foram encarar a convite dos

chineses a Silver Dragon ou Dragão Prateado. Com base na cidade de Hangzhou, com 6 milhóes de habitantes, porém um alerta de tufão impossibilitou a aventura.

Os surfistas fizeram as malas e foram surfar a Bono na Indonésia, com ondas de 2m, no rio Pakar (SOBRINHO, 2013)

2014 (AP) Em março de 2014 ocorreu o Desafio Internacional de Surfe na Pororoca, no estado do Amapá. Na pororoca de um novo rio,

o Livramento, pois no momento a pororoca do rio Araguari já não ocorre.

Ainda nesse mesmo ano, no mesmo rio, porém no mês de junho, foi realizado o 14º Campeonato de Surfe na Pororoca.

2015 (PA) Quebra do record mundial de surfistas na Pororoca em São Domingos do Capim (PA).

Legenda: AP - Amapá, PA - Pará, MA - Maranhão

REFERÊNCIAS BIBITA, Marcelo. I Desafio Hugel de Bodyboar na Pororoca de Arari - MA. Disponível em: < http://craud.net/interna.php?c=abraspo&id=170#.VQdG69LF_wk>. Acesso em: 17 ago 2014. DIÁRIO DO PARÁ. Surf na pororoca chega à 11ª versão no Pará. Disponível em: <http://diariodopara.diarioonline.com.br/N-37436.html>. Acesso em: 04

out 2014. IMIRANTE. Arari sedia última etapa do Circuito de Surf na Pororoca. Disponível em: <http://imirante.globo.com/mobile/esporte/sao-luis/noticias/2006/05/26/arari-sedia-ultima-etapa-do-ciruito-de-surf-na-pororoca.shtml>. Acesso em: 16 ago 2014.

146 __________. Mulheres fazem bonito na Pororoca em Arari. Disponível em: <http://imirante.globo.com/mobile/esporte/sao-

luis/noticias/2007/09/27/mulheres-fazem-bonito-na-pororoca-em-arari.shtml>. Acesso em: 14 out 2014. LAUS. Pororoca: surfando na selva. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006. MINISTÉRIO DO TURISMO. Destinos turísticos do Maranhão recebem apoio do MTur. Disponível em: <http://www.turismo.gov.br/turismo/noticias/todas_noticias/20121107.html>. Acesso em: 20 ago 2014. MINISTÉRIO DO TURISMO. MTur divulga projetos que receberão apoio em 2008. Disponível em:

<http://www.turismo.gov.br/turismo/noticias/todas_noticias/200803272.html>. Acesso em: 20 ago 2014. NASCIMENTO, José Lúcio Bentes do. O Surfe na Pororoca: sustentabilidade e turismo em São Domingos do Capim – PA. Belém: EDUFPA, 2007. NORONHA, George. 14º Campeonato Brasileiro de Surf na Pororoca: Adilton Mariano é hepta!. Disponível em: <http://blogs.diariodonordeste.com.br/manobraradical/surfe/14o-campeonato-brasileiro-de-surf-na-pororoca-adilton-mariano-e-hepta/>. Acesso em: 26/09/2014. __________. Suspense no Igarapé do Inferno. Disponível em: <http://waves.terra.com.br/waves/competicao/amador/maraca/recebe/etapa>. Acesso em: 18 dez 2014. PORTAL ORM. Fenômeno lunar embala a pororoca. Disponível em:

<http://noticias.orm.com.br/noticia.asp?id=522447&%7Cfen%C3%B4meno+lunar+embala+a+pororoca#.VQefQ9LF_wk>. Acesso em: 10 mar 2015. RONDON, José Eduardo. Amazônia faz torneio na pororoca para gringo ver. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk0704200409.htm>. Acesso em: 04 out 2014. _____________. Cearense fica mais de meia hora na onda. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk0704200410.htm>. Acesso em: 04

out 2014. SOBRINHO, Noélio. Auêra Auara: a história do surf na pororoca: Pará, Amapá e Maranhão. Belém: Ed., 2013. SURFCORE. Seletiva no Maranhão define atletas para a pororoca. Disponível em: <http://www.surfcore.com.br/home/component/content/article/1/3386.html>. Acesso em: 16 ago 2014. TONSIG, Jean. Grupos de surfistas encaram a pororoca de uma maneira diferente. Disponível em:

<http://www.territorioeldorado.limao.com.br/musica/mus192519.shtm >. Acesso em: 02 set 2015.

Fonte: Autor (2015)

147

APÊNDICE E: Formas de acesso ao município de Arari

Meio de Acesso Percurso Local de embarque

ou desembarque

Distância da

Capital - São Luís

Rodoviário Saindo de São Luís

BR-135 e BR - 222

Terminal Rodoviário

- Dr. José Benedito

Prazeres

164 Km

Outras informações: dispõe de 18 boxes comerciais: destinados para escritório das

empresas Itapemirim, Boa Esperança e Transbrasiliana; à venda de alimentação, lanches e

bebidas não alcóolicas. De modo geral com excelente conservação, banheiros limpos

(masculino, feminino e adaptado) e com chuveiros. Conta com 3 postos de mototáxi, posto

de táxi (Mearim). Para sua manutenção conta com 03 faxineiras internas e 01 externo; 01

jardineiro, além de vigilância 24h. Todos sob supervisão do Administrador do Terminal

Rodoviária, o Sr. José Pedro Ferreira e da Secretaria de Turismo, a qual dispõe de um

Posto de Informações Turísticas na rodoviária.

Ferroviário Estrada de Ferro

Carajás

Estação de Trem -

Povoado Bubasa

126 Km

Outras informações: Seus pontos de venda estão nos bairro Centro e Anjo da Guarda, na

capital; e no interior no bairro Campinas, município de Vitória do Mearim.

Hidroviário Rio Mearim Porto 138 Km

Aéreo Pista de pouso 99 Km

Outras formas de

acesso

Povoados de Arari acessíveis pela BR 222 por vicinais: Capoeira

Grande , Moitas, Campo do Carmo ,Capim-açu, Pimental, Morada

Nova, Arari-açu da Beira, Arari-açu do Centro. Povoados localizado

as margens da BR 222: Bamburral, Mata e Bubasa. Povoados

acessíveis por outras vicinais no interior da cidade: Bonfim,

Barreiros, Fleixeiras, Juncal ,Cedro, Mantibe, Félix e Curral da

Igreja.

Fonte: Autor (2015)

148

APÊNDICE F: Sistemas de comunicação do município de Arari

Nº Modelo Descrição

01 Agências Postais O município conta com uma agência da Empresa Brasileira de

Correios e Telágrafos, que funciona também como Banco

Postal. Localizada na rua Padre José D’eca, s/n, Centro,

oferece os seguintes serviços: abertura de conta corrente e

poupança, depósito, saque, saldo, extrato. Seu quadro efetivo

de funcionários é composto de: 3 carteiros e 2 atendentes.

Com horário de funcionamento de segunda a sexta das 8 às

12h e 14h às 17h. No interesse de melhor atender e distribuir o

volume de correspondências, foi instalado na estrutura do

Posto de Saúde do Povoado Bonfim, zona rural de Arari, uma

Agência do Correio Comunitária. Porém em visita de campo,

realizada em janeiro de 2015, foi constatado o não

funcionamento da mesma.

02 Jornais locais e

Regionais

Dezenas de jornais temporários já circularam em Arari. Os

mais recentes são: 2003 – Folha da AVL, Folha Arariense,

Intelecto Arariense, Tribuna Arariense, Revista InterAGIR; e

2010 – jornais O Mearim e Jornal Arari Livre (BATALHA,

2014). O único jornal de Arari recebe o título de “Notícias”. Os

demais são jornais que circulam em todo o estado sob os

títulos: Pequeno, Imparcial e O Estado do Maranhão.

03 Sistema de

Telecomunicações

A emissora de rádio denominada “Rádio Progresso”, sintonia

87,9 MHz FM, é a única na cidade de Arari. Possui como

canais de TV abertos o Sistema Brasileiro de

Telecomunicaçãoes (SBT), Bandeirantes e Rede Globo; já

com relação aos canais fechados via parabólica e ou

assinaturas possue canais diversos.

04 Postos telefônicos,

telefonia móvel e

internet

Atualmente a empresa de telecomunicações Oi é responsável

pelos postos telefônicos locais, conhecidos como orelhões, em

número superior a 100. Com relação à telefonia móvel as

operadoras TIM e Claro operam com cobertura na cidade de

Arari. No entanto as torres estão instaladas em cidades como

Itapecuru-Mirim, Viana e Vitória do Mearim.

Fonte: Autor (2015)

149

APÊNDICE G: Sistemas de segurança do município de Arari

Nº Instituições

Públicas

Descrição

01 Polícia Civil A Delegacia de Polícia Civil de Arari tem funcionamento com

plantão 24h, para boletim de ocorrência somente pela manhã

de 2ª a 6ª feira. É vinculada à 6ª Regional de Viana. Seu

quadro efetivo dispõe de 1 delegado. Quanto aos número de

policiais, agentes e veículos o delegado relatou serem

informações sigilosas.

02 Polícia Militar A Polícia Militar está presente no município com quadro

composto por 7 policiais divididos em: 1 tenente, 2 sargentos,

4 soldados.

03 Guarda Municipal A Guarda Municipal de Arari tem sede no endereço Praça da

Matriz, nº 01. Seu efetivo conta com 14 guardas, seu período

de funcionamento é de 24h.

04 Defensoria Pública A Defensoria Pública Regional de Arari é a 26ª unidade de

atendimento da Defensoria Pública no Maranhão. Conta com a

infraestrutura composta com espaços climatizados, banheiros

e rampas adaptadas. O defensor público Raphael Tito de

Vasconcelos é o titular do núcleo.

05 Fórum de Justiça O Fórum de Justiça da Comarca de Arari conta com dez

funcionários assim subdivididos: 01 juiz substituto Nilvan

Gedeon Gomes, 01 secretário judicial, 02 oficiais de justiça, 03

auxiliares judiciários e 03 técnicos judiciários.

06 Promotoria de

Justiça

Arari dispõe também de Promotoria de Justiça (27ª), com

efetivo composto por seis servidores: 01 promotor de justiça,

01 assessora, 01 auxiliar de administração, 01 executor de

mandados e 02 auxiliares operacionais de serviços gerais

(AOSG).

Fonte: Autor (2015)

150

APÊNDICE H: Outros serviços e equipamentos de apoio

01 Venda de Livro sobre a cidade

Na rodoviária de Arari, no Posto de Informações Turísticas são encontradas

obras referentes ao município para a comercialização, também no Memorial Padre Brandt

existem obras locais para venda.

02 Agência / Posto Bancário e ou Correspondente Bancário

Existe no município apenas uma agência bancária do Bradesco. Estando

localizada na Praça Lelis Santos. Outro local disponível para movimentações financeiras é

a Agência dos Correios, através do banco postal e a Casa Lotérica.

03 Estação Conhecimento

Inaugurada a pedra fundamental em 17 de março de 2010, a Estação

Conhecimento (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público - OSCIPA), tem como

parceiro a Fundação Vale do Rio Doce. Sua localização é BR-222 entre Arari e Miranda do

Norte. Seu funcionamento independe das esferas governamentais em qualquer nível. Seu

foco é forma jovens através do esporte, cultura e formação profissional para o

desenvolvimento do arranjo produtivo local, rural e urbano.

Para isso conta com pista de corrida, campo de futebol com arquibancadas,

quadra poliesportiva, piscina semi-olímpica; além de Centro Cultural, Educacional e de

Referência Tecnológica da Produção.

04 Postos de combustíveis

Na Zona Rural o posto SP Combustíveis dispõe de loja de conveniência,

restaurante, banheiros masculino e feminino, troca de óleo e está localizado na BR 222,

Povoado Bubasa. Já a zona urbana conta com três postos: o Total Posto Taynara, localiza-

se na BR 222, Km 30, s/n, Centro Arari; O Total Posto Arari, dispõe de loja de

conveniência, lanchonete, banheiros masculino e feminino, conta também com venda de

lubrificantes e por fim o Auto Posto Mearim contando com loja de conveniência, lanchonete,

banheiros masculino e feminino, oferece serviço de troca de óleo. Os 4 postos estão

localizados na BR 222.

Fonte: Autor (2015)

151

APÊNDICE I: Atividades econômicas do município de Arari

01 Agricultura e Fruticultura

Arari produzia e abastecia a capital do estado com os seguintes itens: lima,

laranja, limão, tanja, manga, maracujá, mamão, acerola, ovos, galinha caipira e carne seca,

ou seja, já teve épocas com produção de excedente. Atualmente a econômia é concentrada

no setor primário: pesca, culturas agrícolas temporárias (arroz, mandioca, melancia, milho,

melão e feijão), culturas agrícolas permanentes (fibra de malva, banana, limão, manga,

coco-da-baia e laranja). Em geral se apresentam como meio de subsistência. O município

hoje importa os produtos já citados e inclusive pescado (MOREIRA et al., 2008; BATALHA,

2014).

Não existem dados concretos sobre a prática no município, ocorrendo exploração artesanal

de fundo de quintal, em regiões com condições propícias. Nesse cenário Arari apresenta-se

como segundo maior produtor de melancia do Maranhão (MOREIRA et al., 2008).

02 Pecuária e Piscicultura

Podem ser identificadas criações de bovinos, aves, suínos, bubalinos, equinos,

caprinos, ovinos, asininos e muares (BATALHA, 2014). A pecuária é a principal fonte de

atividade econômica de Arari (MOREIRA et al, 2008).

Presença de pequenos produtores, explorando a piscultura sem nenhuma técnica, com

criações artesaniais de tambaqui, tilapia comum, tilapia tailandesa, carpa, curimatá, pacu e

tambacu. A pesca concentra-se em áreas próximas à costa (MOREIRA, 2008).

03 Rizipiscicultura e Apicultura

A rizipiscicultura, consórcio entre o cultivo de arroz irrigado e a criação de

peixes, tem sido definida como um sistema auto-sustentável de tecnologia limpa, devido à

não utilização de agrotóxicos, uso reduzido de maquinaria (os peixes também revolvem a

terra e a preparam para a semeadura) e do aumento de renda por área.

Os apiários localizam-se principalmente na região do Bonfim, onde pode ser

localizada a cararaubeira, árvore que possui flores melíferas. Afirma Batalha (2014, p. 328)

“na terra da melancia, as abelhas são muito importantes, no período da floradas, para a

fecundação de frutos, que se reproduzem por meio do transporte do pólen de uma flor para

a outra.” Nesse cenário arariense os principais itens de produção animal são: leite, ovos,

mel e peixe.

04 Extrativismo Vegetal

O babaçu é o principal produto para o extrativismo vegetal, dá origem a 68

subprodutos, dentre os quais álcool e produtos químicos. Seu fruto dá origem a: óleo, leite,

carvão, ração para gado, trabalhos artesanais. Suas palhas servem para cobertura de

casas, para fazer cofos, abanos e esteiras; sua celulose é usada na fabricação de papel e

152

detergentes. E com o palmito podem alimentar o gado ou fazer tortas. Destaque também

para a carnaúba e o tucum, além de plantas medicinais e madeiras de lei como jatobá,

bacuri e pau d´árco para construção civil.

05 Setor secundário e terciário

O setor secundário arariense caracteriza-se pela pequena indústria, com

destaque: “usinas de baneficiamento de arroz, olarias, fábricas de farinha de mandioca,

aguardente de cana, fábricas de sorvete (O Sorvetão e Zero Grau) e fábrica de

benefiamento do babaçu, principalmente na produção de mesocarpo” (MOREIRA et al,

2008, p. 18). Além de serrarias, cerâmicas e fábricas de gelo. A matéria-prima é uma das

maiores dificuldades.

O setor terciário é pouco representativo, tendo a agência do Banco Bradesco,

Bancos de empréstimo como BMG, Bom Sucesso, CEAPE e Lotérica. Segundo Moreira et

al. (2008) o Comércio arariense é desenvolvido e baseado na importação sustentada de

medicamentos, materiais hidráulicos, elétricos, alimentos industrializados, produtos

hortigranjeiros e têxteis; e na exportação de pescados, juçara, caranguejos, além da

exportação sustentada de babaçu, arroz, milho, melancia, feijão, etc.

Fonte: Elaborado pelo autor (2015) com base Batalha (2014) e Moreira (2008)

153

APÊNDICE J: Festejos Religiosos Ararienses

Nome do Festejo Período Outras informações

Nossa Senhora da Graça de 06 a 15 de agosto ocorre a mais de 200 anos

Bom Jesus dos Aflitos entre 12 e 14 de setembro Retorno à terra de muito

ararienses

São José comemorado com a

novena que se encerra no

dia 19 de março

Nossa Senhora Rainha

da Paz

05 a 14 de julho

De Sant’Ana 17 a 26 de julho

Nossa Senhora do

Rosário

outubro Na Capela de N. S. do Rosário

de Santa Luzia 04 a 13 de dezembro Na Capela de Santa Luzia

Fonte: Elaborado pelo autor (2015) com base em Ribeiro (2014)

154

APÊNDICE K: Itens de interesse turístico

01 Flora e Fauna

Quanto à flora destacam-se as macrófitas aquáticas: batis marítima, salvínia

sp., juncos sp., sesuvium sp., eleocharis sp.. Quanto à fauna destacam-se as aves: jacana

jacana, butorides striatus, dendrocygna autumnalis, dacnis cavana, ardea alba, ceryle

torquata, phalacrocorax olivaceus, dendrocygna viduata, tachycineta albiventer, porphyrula

martinica e Tigrisoma lineatum. Alguns dos peixes plagioscion squamosissimus,

Pseudoplatystoma fasciatum, Micropogonias furnieri, Prochilodus nigricans, Pimelodus sp.,

Hoplias malabaricus e Centropomus undecimalis (Fonte: Eduarda Pereira)

02 Arquitetura

Destaque para a Igreja Matriz, sendo uma das mais bonitas do interior do

estado. Com primeira construção realizada em 1812, segunda construção iniciada no ano

de 1936 e a antiga foi demolida em 1938 (BATALHA, 2014). Outras igrejas municipais são:

a Igreja Nossa Senhora do Rosário e a Capela de Santa Luzia. Nas ruas às margens e ou

próximas do rio Mearim estão localizados boa parte das construções municipais antigas,

muitas delas sediam órgãos administrativos do Poder Público e ou escolas.

03 Memorial / Biblioteca / Academia Arariense-Vitoriense de Letras

Localizado na casa onde morou o Padre Clodomir Brandt e Silva, o Memorial

que leva seu nome dispõe de objetos pessoais do mesmo, dentre os quais: fotos, livros,

documentos, móveis, além de objetos religiosos que o Padre usava nas celebrações. Sua

data de fundação é 22 de novembro de 2001, localiza-se na Av. João da Silva Lima e não

possui horário de funcionamento, passando boa parte do tempo fechado. Curiosamente

uma vértebra da baleia que encalhou em Arari no Curral da Igreja, décadas atrás, pode ser

encontrada guardada no memorial.

As bibliotecas existentes em Arari são: Farol da Educação – Profª Raimunda

Ramos, Biblioteca Justina Fernandes (1947), Biblioteca Municipal Cônego Clodomir Brandt

e Silva e Biblioteca Profª Maria Tereza de Jesus Garcia e a Biblioteca do SESI. Já a

Academia Arariense-Vitoriense de Letras, foi idealizada em 1999 e fundada em 29 de

janeiro de 2000 (BATALHA, 2014).

04 Clubes Municipais

O Arari Clube Social e Recreativo, fundado em 1972, é um importante símbolo

dentre os clubes ararienses. O Castelo Night Club, a Associação Mirim e a Cabana do Boi

são outros exemplos de clubes locais, porém mais recentes, onde a comunidade se

encontrar e confraterniza nos eventos oferecidos (RIBEIRO, 2014).

05 Praças e Pontes

Temos em Arari a Praça do Folclore como principal ponto de encontro do

155

carnaval arariense. A Praça Nossa Sra. da Graça localizada ao fundo da Igreja Matriz. E a

Praça Padre Clodomir Brandt e Silva, popularmente conhecida com Praça da Matriz, onde

é celebrado o Festejo de Nossa Sra. da Graças no mês de agosto, dentre outros festejos

religiosos municipais.

As Pontes do Rio Mearim e do Igarapé do Nema, que passa no centro cidade

são as principais do município. A ponte do Nema é utilizada como ponto de encontro para

pesca e fica localizada no encontro do igarapé de mesmo nome e o rio Mearim.

6

06

Gastronomia

As iguarias regionais descrita por Batalha (2014) são: peixes fritos ou

recheados, jeju cheio, maria isabel, carne seca, pato borrachudo com arroz novo, cozido

com verduras, arroz de toucinho, torresmo de porco, feijão verde, feijão com arroz, arroz

doce, galinha parida, descaída, bobó de jerimum, guisado de mamão verde, quibebe de

mamão, periquito afogado, arroz de cuxá, paçoça de camarão seco e paçoca de carne

seca. Outros alimentos citados são: pato novo, arroz novo de pilão, cuxá, quibes árabes,

além de preparos à base de leite de coco.

Entre os doces que compõe a gastronomia local estão: doce de leite, de goiaba,

doce de mamão e cocoda de leite. Já as bebidas são bem representadas pelo licor de

jenipapo e os refrescos de tamarindo, jacama, goiaba e cajazinho.

0

07

Artesanato

Os como principais trabalhos artesanais produzidos pela Associação União

Arariense pela Arte (UAPA) são: selas, tamancos, cofos, guardanapos de crochê, jarros

feitos com jornais e tapetes (MOREIRA et al., 2008). As principais matérias primas são a

palha, com a qual são feitas: redes, esteiras e cordas de tucum; com o junco são feitas

esteiras de montaria e colchões de cama; com o barro são feitos potes, bilhas, jarras,

panelas, arranjos; com o couro são feitos cordas, chinelos, alforjes, tamancos campeiros,

chicotes, macas, chapéus, selas e arreios de montaria; com a carnaúba são feitos chapéus

de palha e cera; e com o babaçu os cofo, abano e meaçaba são produzido (BATALHA,

2014).

Fonte: Elaborado pelo autor com base nas fontes citadas (2015)

156

APÊNDICE L – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

VICE-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO, EXTENSÃO E CULTURA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS - COMUNICAÇÃO, TURISMO E LAZER PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM TURISMO E HOTELARIA –

MESTRADO ACADÊMICO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

CONVITE DE PARTICIPAÇÃO NA PESQUISA: POSSIBILIDADES DE

DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO SUSTENTÁVEL A PARTIR DO ATRATIVO

FLUVIOMARÍTIMO POROROCA, NO MUNICÍPIO DE ARARI-MA

Através deste estamos convidando você para participar da pesquisa acima. Nosso objetivo

é verificar as possibilidades de desenvolvimento turístico sustentável a partir do atrativo

fluviomarítimo pororoca, no município de Arari-MA. A justificativa está baseada na

necessidade de gerar subsídios, fonte de dados, que possibilitem o desenvolvimento

turístico sustentável arariense, evitando a perda ou subutilização da pororoca do rio Mearim,

não apenas como fenômeno natural a priori, mais como produto turístico singular existente

no estado do Maranhão - Brasil. E por fim, beneficiar (in) diretamente a comunidade

arariense com a atividade turística. A metodologia quanto ao tipo da pesquisa será do tipo

exploratória e descritiva e utilizará na coleta de dados a observação direta e o questionário.

Todas as estratégias serão desenvolvidas entre os meses de maio a outubro após convite e

seleção das pessoas que estarão conosco como informantes. O texto final será elaborado

de modo que possamos apresentar os resultados até novembro de 2015.

Quanto à sua participação sinta-se completamente livre para decidir participar ou não, mas

ressaltamos a importância da sua contribuição. Aproveitamos para esclarecer que seu

anonimato está garantido; as informações embora apresentadas em eventos e artigos não

a/o identificarão se assim desejar; as informações e resultados obtidos estarão à sua

disposição; sua participação não trará qualquer desconforto, dano ou ônus à sua pessoa. Os

dados coletados serão utilizados para fins acadêmicos de pesquisa e divulgação de

conhecimento sobre o tema. Caso concorde em participar solicitamos o preenchimento e

assinatura neste documento.

Eu_______________________________________ Documento de identidade

Nº________________________CPF________________________ declaro que de forma

livre e esclarecida, aceito participar do estudo POSSIBILIDADES DE DESENVOLVIMENTO

TURÍSTICO SUSTENTÁVEL A PARTIR DO ATRATIVO FLUVIOMARÍTIMO POROROCA,

NO MUNICÍPIO DE ARARI-MA, desenvolvido pelo mestrando Hélton Mota Ferreira

(contato: [email protected] / fone: 0XX(98) 98147-5501), com a orientação do Prof.

Dr. Paulo dos Santos Pires (contato: [email protected] / fone: 0XX(47) 3261-1220), na

modalidade de Projeto de Pesquisa Científico vinculado ao Mestrado Acadêmico em

Turismo e Hotelaria da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI (www.univali.com.br).

Local e data:______________________________________________________________

Assinatura:_________________________________________________________________