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“LEVANTAMENTO FLORÍSTICO DO PARQUE DA MOOCA COM VISTA
NA REVITALIZAÇÃO DA ÁREA”
ARAUJO¹, P.D.S.; JOVIANO¹, W.R.; LEAL¹, D.A.; SANTOS¹, J.;
CASTANHEIRA², S.A.
Discentes do curso de Ciências Biológicas¹
Professora Orientadora²
I. INTRODUÇÃO
Desde a década de 1970, as cidades brasileiras vêm sofrendo as mais intensas
transformações. A busca pela compreensão da diversidade dos aspectos do espaço
urbano, relacionados às suas dimensões socioambientais, tornou-se uma preocupação
cada vez mais presente para o planejamento e a gestão urbana (BARGOS e MATIAS,
2011).
A arborização urbana proporciona o equilíbrio e harmonia entre a vegetação e o
ambiente antrópico, podendo evitar problemas socioambientais e econômicos,
promovendo melhor qualidade de vida local (SANTOS et al., 2012). Pode influenciar
no clima, tornando-o mais ameno e atenuando o calor do sol além da melhora na
qualidade do ar e embelezamento do local (LIMA e JUNIOR 2010). Quando se tem
ruas e locais bem arborizados, até 70% da poeira em suspensão fica retida e uma fila de
árvores pode reduzir em 20% os elementos particulados (BERNATZKY 1980). Visando
também a efetivação do lazer, os espaços disponíveis apresentam uma série de
descompassos causados pelo entorno construído, devido ao crescimento acelerado das
cidades e consequentemente o aumento populacional em função do êxodo rural e das
migrações internas, que não foram acompanhados em nível de habitação e serviços
urbanos, ocasionando a desestruturação da vida na cidade (MORAGAS, 2009).
Entretanto, temos cidades inteiras negligenciando áreas de vegetação, isto é de
conhecimento geral da sociedade, inclusive os problemas envolvendo a falta da
cobertura, mas além desses problemas é importante lembrar que as cidades estão
recebendo gradualmente descargas grandiosas de poluição, não apenas no ar, mas
também nos rios e entornos, que podem ser reduzidas preservando-se as áreas.
(BARGOS e MATIAS, 2011). Um dos mecanismos utilizados para conservação da
biodiversidade é o estabelecimentode de áreas de proteção ambiental, como parques e
reservas, que garantem a preservação de frações de ecossistemas (FONSECA et al.
1998).
Segundo a Prefeitura de São Paulo dentre as áreas verdes presentes na cidade, o
Parque da Mooca se destaca por estar localizado em um grande bairro da Zona Leste,
sua área chega a aproximadamente 67.000 m², com quantidade significativa de
vegetação, é cercado por condomínios e empreendimentos, por isso há grande fluxo de
visitantes no parque. Exibe uma vasta vegetação exposta às ruas e a vias de acesso,
sendo assim, as alterações antrópicas são inevitáveis (MERCANTE,1991).
Para o manejo adequado de áreas preservadas, a identificação das espécies do
local e a ánalise estrutural são fundamentais, com isso, torna-se necessário realizar
levatamento florístico, que consiste em listar todas as espécies vegetais existentes em
uma determinada área. (GODOI et al., 2007).
Se dispusermos de informações que permitam identificar os espécimes
florísticos presentes no parque, então será possível sugerirmos uma estratégia de
revitalização que se ajuste ao espaço físico, valorizando o aspecto ambiental e
paisagistico, com posterior inserção de um plano de manejo.
O presente projeto tem como objetivo efetuar o levantamento florístico do
Parque da Mooca, analisar as condições de sobrevivência dessas espécies, visando a
proposição de um programa de revitalização ambiental, a fim de tornar a área adequada
tanto para a população local, quanto para as espécies arbóreas e animais presentes,
proporcionando melhor qualidade de vida local.
II. MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Materiais
Os materiais utilizados foram: papel, caneta, grampeador, grampo, câmera
fotográfica, pranchetas e etiquetas.
2.2 Procedimentos: Obtenção de dados do material botânico
O Parque da Mooca, conhecido também como Clube Escola da Mooca está
localizado na cidade São Paulo – SP na porção leste da cidade, no bairro da Mooca,
entre a Rua João Tobias, Rua Jaibarás, Rua Taquari e Rua Bresser, localizado
aproximadamente -23° 54' 9.39"S, -46° 59' 8.61"W (Figura 1). Para tanto, se
estabeleceu a divisão em 5 áreas identificadas pelas cores: “Área 1 laranja”, “Área 2
rosa”, “Área 3 azul”, “Área 4 amarelo” e “Área 5 verde” (Figura 2), compostas por
borda (do perímetro externo à 3 m adentro) e centro (área interna à borda), da qual será
feito o levantamento da área denominada “Área 1” e “Área 2” para o presente estudo
(Figura 3). As demais áreas serão estudadas posteriormente.
Figura 1 - Parque da Mooca – Entre a Rua João Tobias, Rua Jaibarás, Rua Taquari e Rua Bresser - Mooca – SP - (Latitude: -23°
54' 9.39"S / Longitude: -45° 59' 8.61"W). Fonte: Google Earth – 2013
.
Figura 2 - Perímetro do Parque da Mooca, divididos em 5 áreas identificadas pelas cores: “Área 1 laranja”, “Área 2 rosa”, “Área 3
azul”, “Área 4 amarelo” e “Área 5 verde” Fonte: Subprefeitura da Mooca - 2013
Figura 3 - “Área1” e “Área 2” identificadas pelas cores: Laranja e Rosa, respectivamente. Fonte: Subprefeitura da Mooca -2013
A obtenção de dados do material botânico foi realizada através de visitas ao
parque, entre agosto de 2013 e outubro de 2013, na área delimitada. Além disso, será
efetuado um registro fotográfico das árvores observadas e identificadas, utilizando-se
para a demarcação, etiquetas com a seguinte nomenclatura:
- “Área1”: Para o contorno (borda) da área utilizou A1B001 (figura 4) em diante. Para o
centro da área utilizou A1CT001 em diante (figura 4).
Figura 4 - A. Nomenclatura para o centro da "Área 1" B. Nomenclatura para a borda da "Área 1"
- “Área 2”: Para o contorno (borda) da área utilizou A2B001 (figura 5) em diante. Para
o centro da área utilizou A2CT001(figura 5) em diante.
Figura 5 - A. Nomenclatura para o centro da "Área 2" B. Nomenclatura para a borda da "Área 2"
Os nomes populares das plantas foram obtidos consultando-se os moradores
locais e a literatura disponível, para a identificação das famílias das espécies
encontradas será utilizado referencial bibliográfico.
As espécies exóticas encontradas nos trajetos percorridos, também serão
incluídas na listagem florística.
Após análise dos dados obtidos será proposto um mapeamento para um possível
enriquecimento da vegetação urbana da área analisada.
III. RESULTADOS
3.1 - Levantamento Florístico do Parque da Mooca
Os dados coletados estão relacionados nas Tabelas I e II. A Tabela I apresenta as
informações gerais das famílias com o respectivo número de espécimes observados. Na
Tabela II foi elaborada uma lista em ordem alfabética por nome científico.
Tabela I – Relação das Famílias e os respectivos números de espécimes observados
Tabela
Tabela II – Relação das espécies observadas em ordem alfabética dos nomes
científicos
Tabela
3.2 – Análise da área durante as visitas ao Parque da Mooca
Concomitantemente ao levantamento florístico observou-se que o parque
apresenta alguns pontos negativos. A falta de manutenção das áreas comuns do parque,
falta de segurança, moradores ilegais nas imediações, tráfico de entorpecentes no dia-a-
dia, acumulo de entulho, lixo em alguns pontos da área, abandono de muitos espécimes,
estando eles mortos, sem poda ou com risco de tombamento, ocorrendo nas áreas mais
afastadas do parque. Estes pontos prejudicam em muitos aspectos o acesso dos
visitantes a muitas áreas, sendo que o parque possui três escolas onde há frequência de
crianças e de seus responsáveis. Entretanto, visando a revitalização do local estudado, o
mesmo apresenta um vasto espaço para a realização do plantio de mudas, como por
exemplo as calçadas ao redor do EMEI Marcilio Dias.
Figura 6 - Área afastada da visitação do Parque da Mooca com lixo, tirada em 08 de setembro de 2013
Figura 7 - Área afastada da visitação do Parque da Mooca mostrando o muro que cerca o local em mal estado e remendado, por
onde foi possível observar a entrada e saída de moradores de rua. Tirada em 08 de setembro de 2013
Figura 8 - Área afastada da visitação do Parque da Mooca com pertences dos moradores sem teto que insistem em estabelecer
mordia no loca. Tirada em 08 de setembro de 2013
Figura 9 - Área afastada da visitação do Parque da Mooca com lixo entulho, sendo possível observar um morador do parque
sentado em um sofá e cercado pela sujeito produzida por ele mesmo. Tirada em 08 de setembro de 2013
IV. DISCUSSÃO
Há grande urgência de intervir e revitalizar áreas verdes nos centros urbanos por
serem espaços disfuncionais. Isso se dá pelo atual estado de abandono e desinteresse
que leva a depreciação do entorno e facilita o uso à criminalidade e atividades ilícitas.
Por isso a revitalização de áreas degradadas em espaços vegetados visa transformar o
problema em oportunidade. Levando em conta como pauta, os princípios de infra-
estrutura verde, respondendo às questões ecológicas, de drenagem das águas, de
mobilidade, e as questões sociais, como lazer, de atendimento à comunidade local
(SANCHES, 2011).
Para iniciar a revitalização, foi proposto uma ação entre os alunos da
Universidade São Judas Tadeu e os alunos da EMEI Marcilio Dias, que encontra-se nas
imediações do parque. Atuando com educação ambiental com as crianças da escola,
visando o plantio de mudas nas calças ao redor da mesma e se possível nos espaços
disponíveis ao longo de toda a extensão do Parque da Mooca, buscando a preservação, a
conscientização da população e a melhoria da área verde presente no local.
Para o plantio, utlizará-se como base, o Manual Técnico de Arborização Urbana
(http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/meio_ambiente/publicacoes_svma/i
ndex.php?p=3789) e também a Cartilha de Arborização Urbana
(http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/meio_ambiente/publicacoes_svma/i
ndex.php?p=4161), disponível para download no site da Prefeitura de São Paulo,
respectivamente. Entrando em contato com os Viveiros Manequinho Lopes (Parque do
Ibirapuera) e Viveiro Arthur Etzel (Parque do Carmo) para fazer a solicitação de mudas.
V. CONCLUSÃO
Nossas resultados, mesmo parciais, indicam que a flora do Parque da Mooca é
composta por um elevado número de indivíduos de espécies arbóreas, arbustivas e
herbáceas, porém com poucas espécies nativas e baixa biodiversidade, além do
abandono evidente. Portanto, para que a diversidade florística do local seja aumentada,
sugere-se a intervenção para a revitalização do mesmo, implementando programas de
plantio de mudas nativas.
VI. REFERENCIAS
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