13
A Paleontologia NA SALA DE AULA 460 PATRIMÔNIO PALEONTOLÓGICO Luiza Corral Martins de Oliveira Ponciano Deusana Maria da Costa Machado Aline Rocha de Souza Ferreira de Castro uando ouvimos a palavra patrimônio, várias ideias nos vêm à cabeça. Cada pessoa relaciona este conceito a diversos ele- mentos que despertam a sensação de serem valiosos ou antigos, de- pendendo das suas experiências de vida (que tal refletir rapidamen- te sobre o que você considera como patrimônio?). Normalmente, as primeiras imagens que surgem são heran- ças de família, construções antigas (como mansões, palácios, mu- seus) e obras de arte, como pinturas e esculturas de artistas famo- sos. Estes tipos de objeto são de natureza material, ou seja, podem ser tocados, pois são concretos. Mas também existem patrimônios de natureza imaterial, como lendas, músicas, danças e outras formas de expressão e modos de fazer (artesanatos, comidas, festas) carac- terísticos de uma determinada parcela da sociedade, os quais refle- tem a identidade e a memória dos habitantes de uma região. 22 Q VOLTE AO SUMÁRIO

PATRIMÔNIO PALEONTOLÓGICO

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A P

ale

on

tolo

gia

NA

SA

LA

DE

AU

LA460

PATRIMÔNIO

PALEONTOLÓGICO

Luiz

a C

orr

al M

art

ins

de

Oliv

eira

Po

nci

an

oD

eusa

na

Ma

ria

da

Co

sta

Ma

cha

do

Alin

e R

och

a d

e S

ou

za F

erre

ira

de

Ca

stro

uan

do

ou

vim

os

a p

alav

ra p

atri

nio

, vár

ias

idei

as n

os

vêm

à ca

beç

a. C

ada

pes

soa

rela

cio

na

este

co

nce

ito

a d

iver

sos

ele

-

men

tos

qu

e d

esp

erta

m a

sen

saçã

o d

e se

rem

val

ioso

s o

u a

nti

go

s, d

e-

pen

den

do

das

su

as e

xper

iên

cias

de

vid

a (q

ue

tal r

e%et

ir r

apid

amen

-

te s

ob

re o

qu

e vo

cê c

on

sid

era

com

o p

atri

nio

?).

No

rmal

men

te, a

s p

rim

eira

s im

agen

s q

ue

surg

em s

ão h

eran

-

ças

de

fam

ília,

co

nst

ruçõ

es a

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gas

(co

mo

man

sões

, p

alác

ios,

mu

-

seu

s) e

ob

ras

de

arte

, co

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pin

tura

s e

escu

ltu

ras

de

arti

stas

fam

o-

sos.

Est

es t

ipo

s d

e o

bje

to s

ão d

e n

atu

reza

mat

eria

l, o

u s

eja,

po

dem

ser

toca

do

s, p

ois

são

co

ncr

eto

s. M

as t

amb

ém e

xist

em p

atri

nio

s

de

nat

ure

za im

ater

ial,

com

o le

nd

as, m

úsi

cas,

dan

ças

e o

utr

as fo

rmas

de

exp

ress

ão e

mo

do

s d

e fa

zer

(art

esan

ato

s, c

om

idas

, fes

tas)

car

ac-

terí

stic

os

de

um

a d

eter

min

ada

par

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da

soci

edad

e, o

s q

uai

s re

%e

-

tem

a id

enti

dad

e e

a m

emó

ria

do

s h

abit

ante

s d

e u

ma

reg

ião

. 22

Q

VO

LTE

AO

SU

RIO

A P

ale

on

tolo

gia

NA

SA

LA

DE

AU

LA461

Em n

oss

a at

ual

Co

nst

itu

ição

(B

rasi

l, 19

88),

pat

rim

ôn

io é

de

-

3n

ido

co

mo

“b

ens

de

nat

ure

za m

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ial

e im

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po

rtad

ore

s d

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refe

rên

cia

à id

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dad

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açã

o e

à m

emó

ria

do

s d

ifere

nte

s g

rup

os

form

ado

res

da

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edad

e (..

.)”. P

ort

anto

, alg

o c

on

sid

erad

o c

om

o p

a-

trim

ôn

io s

ofr

eu u

ma

atri

bu

ição

de

valo

r, o

u s

eja,

rece

beu

um

a q

ual

i-

dad

e q

ue

o d

esta

cou

e d

ifere

nci

ou

per

ante

os

dem

ais.

Po

r is

so, o

pa-

trim

ôn

io é

mer

eced

or d

e m

aio

res

esfo

rço

s p

ara

con

serv

á-lo

, a 3

m d

e

qu

e vá

rias

ger

açõ

es t

amb

ém p

oss

am c

on

hec

ê-l

o.

A d

iver

sid

ade

de

sig

ni3

cad

os

com

enta

da

acim

a o

corr

e p

ela

pro

pri

edad

e d

o p

atri

nio

de

re%

etir

o re

al, c

om

o s

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sse

um

esp

e-

lho

on

de

são

pro

jeta

das

as

atri

bu

içõ

es d

e va

lore

s e

as r

elaç

ões

qu

e

cad

a g

rup

o s

oci

al e

stab

elec

e co

m a

su

a p

rod

uçã

o c

ult

ura

l ou

co

m a

nat

ure

za (

Sch

ein

er, 2

00

6).

Co

nsi

der

and

o u

ma

div

isão

mu

ito

uti

liza-

da

no

s es

tud

os

de

pat

rim

ôn

io, a

pen

as p

ara

org

aniz

ar o

tu

rbilh

ão d

e

idei

as e

m n

oss

a ca

beç

a, p

od

emo

s cl

assi

3ca

r o

pat

rim

ôn

io d

e d

uas

form

as:

(a)

pat

rim

ôn

io c

ult

ura

l (q

ue

incl

ui

os

elem

ento

s re

laci

on

a-

do

s à

pro

du

ção

cu

ltu

ral,

com

o o

pat

rim

ôn

io h

istó

rico

, arq

uit

etô

nic

o,

artí

stic

o e

arq

ueo

lóg

ico

) o

u (

b)

pat

rim

ôn

io n

atu

ral (

qu

e ab

ran

ge

os

elem

ento

s d

a n

atu

reza

, sen

do

su

bd

ivid

ido

em

pat

rim

ôn

io p

aleo

nto

-

lóg

ico

, geo

lóg

ico

, bio

lóg

ico

, gen

étic

o e

am

bie

nta

l).

A n

oçã

o d

e natureza enquanto patrimônio

é r

elat

ivam

en-

te r

ecen

te q

uan

do

co

mp

arad

a à

con

scie

nti

zaçã

o e

des

envo

lvim

en-

to d

e p

olít

icas

blic

as p

ara

a p

rote

ção

ao

pat

rim

ôn

io c

ult

ura

l. Em

ou

tras

pal

avra

s, m

uit

as p

esso

as a

ind

a n

ão s

abem

o q

uan

to o

pat

ri-

nio

nat

ura

l é im

po

rtan

te! M

as is

so já

est

á m

ud

and

o, e

co

m o

au

-

men

to d

a co

nsc

ien

tiza

ção

so

bre

a i

mp

ort

ânci

a d

a b

iod

iver

sid

ade,

a d

iver

sid

ade

de

elem

ento

s g

eoló

gic

os

(den

om

inad

a g

eod

iver

sid

a-

de)

tam

bém

co

meç

ou

a s

er v

alo

riza

da

com

o p

atri

nio

no

s ú

ltim

os

ano

s.

De

um

mo

do

ger

al, a

geo

div

ersi

dad

e é

de3

nid

a co

mo

a v

a-

ried

ade

de

amb

ien

tes

geo

lóg

ico

s, f

enô

men

os

e p

roce

sso

s q

ue

ori

-

gin

am f

óss

eis (ver capítulo FÓSSEIS E PROCESSOS DE FOSSILI-

ZAÇÃO), minerais, rochas (ver capítulo O CICLO DAS ROCHAS),

pai

sag

ens,

so

los

e o

utr

os

dep

ósi

tos

qu

e sã

o o

su

po

rte

da

vid

a n

a Te

r-

ra (

mo

di3

cad

o d

e B

rilh

a, 2

00

5). U

m m

arco

imp

ort

ante

par

a a

div

ul-

gaç

ão d

o v

alo

r d

a g

eod

iver

sid

ade

foi

a el

abo

raçã

o d

a Declaração

Internacional dos Direitos à Memória da Terra

, qu

e re

sum

e es

ta

tran

sfo

rmaç

ão d

e va

lore

s co

m a

fras

e: “O

pas

sad

o d

a Te

rra

não

é m

e-

no

s im

po

rtan

te q

ue

o p

assa

do

do

s se

res

hu

man

os.

Ch

ego

u o

tem

po

de

apre

nd

erm

os

a p

rote

-lo

, e p

rote

gen

do

-o, a

pre

nd

erem

os

a co

-

nh

ecer

o p

assa

do

da

Terr

a”.

Co

mo

vim

os,

são

mu

ito

s o

s el

emen

tos

qu

e in

teg

ram

o v

as-

to u

niv

erso

da

geo

div

ersi

dad

e, m

as n

este

mo

men

to v

amo

s n

os

de

-

ter

no

s fó

ssei

s p

ara

ente

nd

er a

imp

ort

ânci

a d

a co

nse

rvaç

ão d

esse

s

org

anis

mo

s e

seu

s ve

stíg

ios

pet

ri3

cad

os.

O p

atri

nio

pal

eon

toló

-

gic

o (q

ue

trat

a es

pec

i3ca

men

te d

os

elem

ento

s re

laci

on

ado

s ao

ma-

teri

al f

óss

il) é

um

a su

bd

ivis

ão d

o p

atri

nio

geo

lóg

ico

(q

ue

con

si-

der

a to

do

s o

s co

mp

on

ente

s d

a g

eod

iver

sid

ade)

. Em

am

bo

s o

s ca

sos,

só s

ão s

elec

ion

ado

s co

mo

pat

rim

ôn

io o

s el

emen

tos

da

geo

div

ersi

-

dad

e co

nsi

der

ado

s ex

cep

cio

nai

s, p

ois

o d

esen

volv

imen

to d

e n

oss

as

soci

edad

es d

epen

de

dir

eta

ou

ind

iret

amen

te d

a ex

traç

ão e

do

uso

de

div

erso

s co

mp

on

ente

s d

a g

eod

iver

sid

ade.

par

ou

par

a p

ensa

r

o q

uan

to d

e g

eod

iver

sid

ade,

de

form

a d

iret

a o

u in

dir

eta,

tem na sua

casa

? E

entã

o,

vam

os

no

s ap

rofu

nd

ar u

m p

ou

co m

ais

no

mar

avi-

lho

so m

un

do

do

pat

rim

ôn

io p

aleo

nto

lóg

ico

?

A P

ale

on

tolo

gia

NA

SA

LA

DE

AU

LA462

QUAIS SÃO OS TIPOS DE PATRIMÔNIO PALEONTOLÓGICO?

Sem

vid

a, o

s fó

ssei

s sã

o a

gra

nd

e es

trel

a d

o p

atri

nio

pa-

leo

nto

lóg

ico

, mas

ele

s n

ão e

stão

so

zin

ho

s. C

om

o a

ssim

? Po

is é

, po

de

par

ecer

est

ran

ho

; po

rém

; qu

and

o c

om

eçam

os

a co

nh

ecer

mai

s d

e

per

to t

od

o o

co

nte

xto

do

s tr

abal

ho

s re

aliz

ado

s co

m f

óss

eis;

per

ce-

bem

os

qu

e ex

iste

m o

utr

as p

oss

ibili

dad

es a

ser

em c

on

sid

erad

as.

Por

isso

, vam

os

sep

arar

a a

nál

ise

do

pat

rim

ôn

io p

aleo

nto

ló-

gic

o e

m in

sit

u e

ex

situ

, alé

m d

e in

clu

ir o

s d

ocu

men

tos

e o

utr

os

iten

s

rela

cio

nad

os

aos

fóss

eis

(Po

nci

ano

et

al.,

20

11).

O p

atri

nio

pal

eon

toló

gic

o in

sit

u c

orr

esp

on

de

ao c

on

jun

-

to d

e lu

gar

es d

e u

ma

det

erm

inad

a re

giã

o, q

ue

cham

amo

s d

e a/o-

ramentos, sítios ou depósitos fossilíferos,

on

de

os

fóss

eis

ain

-

da

po

dem

ser

en

con

trad

os

nas

su

as lo

calid

ades

de

ori

gem

. Co

mo

já v

imo

s em

ou

tro

s ca

pít

ulo

s, o

s a%

ora

men

tos

foss

ilífe

ros

são

mu

i-

to im

po

rtan

tes

sob

os

po

nto

s d

e vi

sta

cien

tí3

co, d

idát

ico

, cu

ltu

ral

e es

téti

co (Figuras 1, 2 e 3).

Figura 1.

A�

ora

me

nto

fo

ssilí

fero

da

Form

ação

Pim

en

teir

a n

o m

un

icí-

pio

de

Pic

os,

Est

ado

do

Pia

uí (

Km

318

da

BR

-316

). Fo

to: L

uiz

a P

on

cian

o.

Figura 3. A

�o

ram

en

to f

oss

ilífe

ro d

o M

em

bro

Pas

sag

em

no

mu

nic

ípio

de

Pim

en

teir

as, E

stad

o d

o P

iau

í (R

io B

ang

). Fo

to: L

uiz

a P

on

cian

o.

Figura 2.

A�

ora

me

nto

fo

ssilí

fero

da

Form

ação

Pim

en

teir

a n

o m

un

icí-

pio

de

Jo

ão C

ost

a, E

stad

o d

o P

iau

í (P

I-4

66

/km

12)

. Fo

to: L

uiz

a P

on

cian

o.

A P

ale

on

tolo

gia

NA

SA

LA

DE

AU

LA463

Já o

pat

rim

ôn

io p

aleo

nto

lóg

ico

ex

situ

é c

om

po

sto

pe

-

los

fóss

eis

qu

e fo

ram

ret

irad

os

das

su

as lo

calid

ades

de

ori

gem

par

a in

teg

rare

m c

ole

ções

cie

ntí

3ca

s d

e instituições de pes-

quisa , c

om

o museus

e universidades

(Figuras 4, 5 e 6).

Mas

ser

á só

iss

o?

É d

ifíci

l le

mb

rar

as o

utr

as p

oss

ibili

da-

des

nu

m p

rim

eiro

mo

men

to, m

as o

s d

ado

s re

laci

on

ado

s à

cole

-

ta, à

gu

ard

a e

ao e

stu

do

do

mat

eria

l fo

ssilí

fero

tam

bém

po

dem

ser

con

sid

erad

os

pat

rim

ôn

io. M

as n

ão s

ão t

od

os

os

elem

ento

s,

sen

ão a

pen

as o

s m

ais

no

táve

is, d

e ac

ord

o c

om

os

crit

ério

s ci

en-

tí3c

o, d

idát

ico,

cu

ltu

ral,

esté

tico

, en

tre

ou

tro

s. A

cho

u d

ifíci

l? É

pen

sar

nu

ma

foto

gra

3a s

ua

com

alg

uém

qu

e vo

cê g

ost

e m

uit

o.

Essa

foto

é im

po

rtan

te p

ra v

ocê

? C

laro

qu

e si

m! P

oré

m u

ma

foto

de

pes

soas

des

con

hec

idas

não

terá

o m

esm

o v

alo

r nem

a m

esm

a

imp

ort

ânci

a p

ara

você

. Se

você

tive

sse

qu

e es

colh

er a

pen

as u

ma

foto

par

a g

uar

dar

, usa

nd

o o

cri

téri

o a

feti

vo, v

ocê

ob

viam

ente

pre

-

serv

aria

a s

ua

foto

co

m p

esso

as q

uer

idas

. Co

m o

pat

rim

ôn

io p

ale-

on

toló

gic

o fu

nci

on

a d

a m

esm

a m

anei

ra, s

ó o

s cr

itér

ios

uti

lizad

os

é q

ue

são

dife

ren

tes.

Vam

os

ver a

lgu

ns

exem

plo

s?

Alé

m d

as c

ole

ções

cie

ntí3

cas

de

fóss

eis

em u

niv

ersi

da-

des

, mu

seu

s, e

ou

tro

s in

stitu

tos

de

pes

qu

isa,

s ta

mb

ém p

od

e-

mo

s in

clu

ir as

pu

blic

açõ

es c

ien

tí3ca

s (li

vro

s e

artig

os

em r

evis

tas)

,

os

dad

os

cien

tí3co

s n

ão p

ub

licad

os,

foto

gra

3as,

3lm

es, m

apas

, as

rep

rod

uçõ

es d

e fó

ssei

s (r

éplic

as, e

scu

ltura

s, d

esen

ho

s e

pin

tura

s)

(Figuras 7, 8, 9 e 10)

, os

reg

istr

os

da

mo

di3

caçã

o d

as te

oria

s so

bre

com

o o

s o

rgan

ism

os

antig

os

inte

rag

iam

co

m o

mei

o a

mb

ien

te d

a

épo

ca e

m q

ue

vive

ram

(Figura 11)

, e o

s in

stru

men

tos

cien

tí3co

s e

lab

ora

tório

s an

tigo

s u

tiliz

ado

s n

o d

esen

volv

imen

to d

e es

tud

os

ge-

oló

gic

os,

pal

eon

toló

gic

os

e em

áre

as re

laci

on

adas

. No

ssa!

Qu

anta

cois

a al

ém d

os

fóss

eis,

não

?!

Figura 5.

Fóss

eis

na

cole

ção

de

Pale

on

tolo

gia

d

o

Mu

seu

Nac

ion

al. F

oto

: Lu

iza

Pon

cian

o.

Figura 4.

Co

leçã

o d

e P

ale

-

on

tolo

gia

do

Mu

seu

Nac

io-

nal

. Fo

to: L

uiz

a P

on

cian

o.

Figura 6. F

óss

il d

e t

rilo

bit

a d

o a

�o

ram

en

to B

arre

iro

Bra

nco

(E

s-

tad

o d

o P

iau

í) n

a co

leçã

o d

a U

niv

ers

idad

e d

o E

stad

o d

o R

io d

e

Jan

eir

o -

UN

IRIO

. Esc

ala

= 1

cm

. Fo

to: L

uiz

a P

on

cian

o.

A P

ale

on

tolo

gia

NA

SA

LA

DE

AU

LA464

Figura 7.

plic

as d

e d

ino

ssau

ro e

pte

ross

auro

da

Form

ação

Ro

mu

ald

o,

Bac

ia d

o A

rari

pe

, e

m e

xpo

siçã

o n

o M

use

u N

acio

nal

.

Foto

: Lu

iza

Po

nci

ano

.

Figura 8. R

ép

lica,

esc

ult

ura

e p

intu

ra d

e p

tero

ssau

ro d

a Fo

rma-

ção

Cra

to,

Bac

ia d

o A

rari

pe

, e

m e

xpo

siçã

o n

o M

use

u N

acio

nal

.

Foto

: Lu

iza

Po

nci

ano

.

Figura 9.

De

sen

ho

de

re

con

stit

uiç

ão e

m v

ida

de

pte

ross

auro

. Au

tori

a: L

uiz

a P

on

cian

o.

A P

ale

on

tolo

gia

NA

SA

LA

DE

AU

LA465

Exis

tem

div

ersa

s va

nta

gen

s e

des

van

tag

ens

na

con

serv

a-

ção

in s

itu

e e

x si

tu d

o p

atri

nio

pal

eon

toló

gic

o (

Pon

cian

o e

t a

l.,

2011

). V

amo

s o

lhar

um

exe

mp

lo?

No

cas

o d

o m

ater

ial e

x si

tu, q

uan

-

do

os

fóss

eis

são

reti

rad

os

do

seu

a%

ora

men

to d

e o

rig

em p

ara

inte

-

gra

rem

as

cole

ções

cie

ntí

3ca

s, e

les

po

dem

ser

uti

lizad

os

em e

xpo

-

siçõ

es d

e Pa

leo

nto

log

ia,

auxi

lian

do

na

div

ulg

ação

do

pat

rim

ôn

io

pal

eon

toló

gic

o n

as g

ran

des

cid

ades

. Po

rém

, a p

op

ula

ção

do

loca

l

de

ori

gem

do

s fó

ssei

s, q

ue

no

rmal

men

te v

ive

em p

equ

enas

cid

a-

des

ou

em

reg

iões

ru

rais

no

inte

rio

r d

o B

rasi

l, p

erm

anec

e se

m c

o-

nh

ecer

o s

ign

i3ca

do

e a

imp

ort

ânci

a d

o m

ater

ial c

ole

tad

o a

o la

do

de

suas

cas

as. T

om

and

o c

om

o e

xem

plo

os

fóss

eis

de

inve

rteb

rad

os

do

Est

ado

do

Pia

uí,

a p

op

ula

ção

qu

e vi

ve li

tera

lmen

te e

m c

ima

do

s

a%o

ram

ento

s fo

ssilí

fero

s n

ão te

m id

eia

do

qu

e sã

o a

s “m

arca

s” e

“bi-

chin

ho

s in

cru

stad

os”

nas

laje

s d

o q

uin

tal d

e su

as c

asas

, mas

rec

o-

nh

ecem

su

a p

rese

nça

. A r

etir

ada

de

fóss

eis

des

sas

reg

iões

, qu

an-

do

rea

lizad

a se

m p

reo

cup

ação

co

m a

ed

uca

ção

e c

on

scie

nti

zaçã

o

da

com

un

idad

e so

bre

o o

bje

tivo

cie

ntí

3co

e d

idát

ico

do

tra

bal

ho

,

ger

a am

eaça

s ao

pat

rim

ôn

io p

aleo

nto

lóg

ico

loca

l. Pa

rte

des

se p

a-

trim

ôn

io p

od

erá

até

ser

con

serv

ado

na

cole

ção

da

inst

itu

ição

qu

e

real

izo

u a

co

leta

, mas

, se

a p

op

ula

ção

loca

l se

sen

tir

inju

stiç

ada,

os

a%o

ram

ento

s p

od

em s

er d

estr

uíd

os.

Ou

tra

amea

ça a

o p

atri

nio

pal

eon

toló

gic

o é

o c

resc

imen

to d

emo

grá

3co

e u

rban

o,

qu

e es

cad

a ve

z m

ais

inte

nso

no

Est

ado

do

Pia

uí,

ori

gin

and

o u

ma

fort

e es

-

pec

ula

ção

imo

bili

ária

pri

nci

pal

men

te n

o m

un

icíp

io d

e P

ico

s (S

ou

-

za e

t a

l., 2

00

4; P

on

cian

o e

t a

l., 2

010

). D

iver

sos

a%o

ram

ento

s fo

ssi-

lífer

os

já f

ora

m d

estr

uíd

os

pel

a co

nst

ruçã

o d

e ca

sas

dir

etam

ente

sob

re o

s sí

tio

s, e

pel

a re

tira

da

de

mat

eria

l par

a u

so n

a co

nst

ruçã

o

civi

l e c

om

o a

terr

o p

ara

área

s al

agáv

eis

(co

mo

os

bu

riti

zais

e a

s p

la-

níc

ies

de

inu

nd

ação

e l

eito

do

s ri

os)

, alé

m d

a m

od

i3ca

ção

de

an-

tig

as e

stra

das

de

terr

a, c

uja

s m

arg

ens

e le

ito

tam

bém

era

m s

ítio

s

foss

ilífe

ros (Figuras 12, 13 e 14).

Nas

reg

iões

ru

rais

, a a

pro

pri

ação

ind

evid

a d

e te

rras

blic

as

ao lo

ng

o d

a m

arg

em d

as e

stra

das

tam

bém

co

nst

itu

i am

eaça

em

po

-

ten

cial

ao

s a%

ora

men

tos,

po

is o

s p

esq

uis

ado

res

per

dem

o a

cess

o

aos

síti

os

foss

ilífe

ros.

Vo

cê s

abe

qu

ais

são

as

ou

tras

am

eaça

s ao

no

sso

pat

rim

ôn

io?

Vej

a a

seg

uir

!

A P

ale

on

tolo

gia

NA

SA

LA

DE

AU

LA466

Figura 11. D

ese

nh

o

com

in

terp

reta

ção

an

tig

a d

o

háb

ito

de

vid

a d

os

gra

nd

es

din

oss

auro

s sa

uró

po

de

s,

con

sid

era

do

s d

e

háb

ito

s “a

nfí

bio

s”

em

te

ori

as

cie

ntí

'ca

s an

teri

ore

s.

Em

e

xpo

siçã

o

no

M

use

u

de

His

tóri

a N

atu

ral d

e P

aris

. Fo

to: L

uiz

a P

on

cian

o.

Figura 10.

Des

enh

o d

e re

con

stitu

ição

em

vid

a d

e in

vert

ebra

do

s

qu

e h

abita

ram

o a

mb

ien

te m

arin

ho

da

Bac

ia d

o A

maz

on

as d

ura

nte

o D

evo

nia

no

. Au

toria

: Lu

iza

Pon

cian

o.

A P

ale

on

tolo

gia

NA

SA

LA

DE

AU

LA467

Figura 12.

Mo

rro

s n

o c

en

tro

da

cid

ade

de

Pic

os,

est

ado

do

Pia

com

ple

tam

en

te c

ob

ert

os

pe

las

con

stru

çõe

s so

bre

os

a�o

ram

en

tos

foss

ilífe

ros

da

Form

ação

Pim

en

teir

a.

Foto

: Lu

iza

Po

nci

ano

.

Figura 13. B

uri

tiza

l se

nd

o a

terr

ado

co

m o

mat

eri

al f

oss

ilífe

ro d

a

Form

ação

Pim

en

teir

a, p

róxi

mo

ao

ce

ntr

o d

e P

ico

s. F

oto

: Lu

iza

Po

nci

ano

.

Figura 14. A

terr

o d

o R

io G

uar

ibas

com

o m

ate

rial

fo

ssilí

fero

da

Form

ação

Pim

en

teir

a, p

róxi

mo

ao c

en

tro

de

Pic

os.

Foto

: Lu

iza

Po

nci

ano

.

A P

ale

on

tolo

gia

NA

SA

LA

DE

AU

LA468

AMEAÇAS AO PATRIMÔNIO PALEONTOLÓGICO

Ag

ora

qu

e já

co

nh

ecem

os

tod

os

os

elem

ento

s q

ue

po

dem

ser

con

sid

erad

os

pat

rim

ôn

io p

aleo

nto

lóg

ico

, va

mo

s an

alis

ar q

uai

s

são

os

tip

os

de

amea

ças

qu

e p

od

em d

estr

uí-

los?

In

feliz

men

te s

ão

mu

itas

! Mas

a b

oa

no

tíci

a é

qu

e vo

cê p

od

e co

ntr

ibu

ir p

ara

evit

ar q

ue

essa

s am

eaça

s ac

on

teça

m! D

ivu

lgu

e as

info

rmaç

ões

des

se li

vro

co

m

ou

tras

pes

soas

da

sua

esco

la, v

izin

ho

s, a

mig

os

e fa

mili

ares

! Co

mp

ar-

tilh

e se

us

no

vos

con

hec

imen

tos

e fa

ça a

su

a p

arte

na

con

serv

ação

do

pat

rim

ôn

io p

aleo

nto

lóg

ico

! A

tual

men

te, o

s co

nh

ecim

ento

s g

e-

oló

gic

os

e p

aleo

nto

lóg

ico

s es

tão

sen

do

mai

s d

ivu

lgad

os

atra

vés

de

3lm

es, s

érie

s d

e te

levi

são

, rev

ista

s e

jorn

ais.

En

tret

anto

, a m

aio

ria

da

po

pu

laçã

o b

rasi

leir

a ai

nd

a n

ão e

stá

fam

iliar

izad

a co

m o

s as

sun

tos

trat

ado

s p

ela

Geo

log

ia e

Pal

eon

tolo

gia

, p

ois

o c

on

tato

do

s al

un

os

com

ess

as d

isci

plin

as n

a es

cola

ain

da

é m

uit

o s

up

er3

cial

.

Co

mo

vim

os,

o p

roce

sso

de

form

ação

do

s fó

ssei

s é

mu

i-

to c

om

ple

xo (ver capítulo FÓSSEIS E PROCESSOS DE FOSSILIZA-

ÇÃO).

Eles

são

a e

xceç

ão à

reg

ra, p

ois

co

nse

gu

iram

esc

apar

de

par

te

do

cic

lo n

atu

ral d

e d

eco

mp

osi

ção

do

s re

sto

s o

rgân

ico

s, q

ue

des

tró

i

com

ple

tam

ente

a m

aio

ria

do

s o

rgan

ism

os.

Est

e ci

clo

de

dec

om

po

-

siçã

o é

fo

rmad

o p

or

um

co

nju

nto

de

pro

cess

os

qu

e p

od

emo

s co

m-

par

ar c

om

os

gra

nd

es s

iste

mas

de reciclagem

qu

e b

usc

am r

eap

ro-

veit

ar v

ário

s ti

po

s d

e m

ater

iais

qu

e u

sam

os

mu

ito

ho

je e

m d

ia. P

or

exem

plo

, m

esm

o q

ue

se t

enta

sse

reci

clar

to

das

as

lata

s d

e al

um

í-

nio

do

mu

nd

o, d

esvi

os

na

cole

ta e

pro

cess

amen

to d

as la

tas

per

mit

i-

riam

qu

e al

gu

mas

co

nse

gu

isse

m e

scap

ar d

o c

iclo

. Po

rtan

to, m

esm

o

qu

e n

ão o

corr

a m

ais

a p

rod

uçã

o d

e n

ova

s la

tas,

alg

um

as l

atas

an

-

tig

as (

ou

par

tes

del

as)

ain

da

po

der

iam

ser

en

con

trad

as, p

oré

m e

m

um

a q

uan

tid

ade

mu

ito

men

or

qu

e a

ante

rio

r. O

reg

istr

o f

óss

il p

od

e

ser

com

par

ado

co

m e

ssas

lata

s q

ue

sob

rara

m, p

ois

ele

se

form

a ju

s-

tam

ente

qu

and

o, a

s a

mo

rte

do

s o

rgan

ism

os,

a t

ran

sfo

rmaç

ão o

u

reci

clag

em d

os

rest

os

org

ânic

os

não

é c

om

ple

ta.

Port

anto

, o

s fó

ssei

s sã

o u

m r

ecu

rso

nat

ura

l, n

ão r

eno

váve

l

e d

e o

corr

ênci

a re

stri

ta a

loca

lidad

es c

ujo

ace

sso

se

torn

a vi

ável

qu

and

o v

olt

am a

alc

ança

r a

sup

erfí

cie

do

s at

uai

s co

nti

nen

tes,

ap

ós

per

man

ecer

em s

ote

rrad

os

po

r m

ilhar

es,

milh

ões

e a

té b

ilhõ

es d

e

ano

s. P

oré

m, a

pes

ar d

e se

rem

tão

rar

os,

ele

s es

tão

su

jeit

os

a d

iver

-

sos

tip

os

de

amea

ças,

co

mo

as

cole

tas

ileg

ais

par

a 3

ns

não

cie

ntí

3-

cos

(co

mér

cio

de

fóss

eis,

co

leçõ

es p

arti

cula

res

e d

estr

uiç

ão d

e a%

o-

ram

ento

s p

or

van

dal

ism

o).

Vo

cê s

abia

qu

e ve

nd

er f

óss

eis

no

Bra

sil

é cr

ime?

Mas

ess

e é

só u

m e

ntr

e m

uit

os

ou

tro

s p

rob

lem

as. T

amb

ém

po

dem

os

lista

r o

cre

scim

ento

dem

og

rá3

co e

urb

ano

, co

mo

vim

os

acim

a n

o e

xem

plo

do

Pia

uí;

o a

um

ento

da

extr

ação

de

recu

rso

s g

e-

oló

gic

os

par

a d

iver

sos

uso

s; a

co

nst

ruçã

o d

e g

ran

des

ob

ras

e es

tru

-

tura

s; a

ges

tão

de

bac

ias

hid

rog

rá3

cas

(qu

e p

od

em c

ausa

r o

ala

ga-

men

to d

e re

giõ

es c

om

fóss

eis)

; as

ativ

idad

es t

urí

stic

as e

mili

tare

s; o

s

des

mat

amen

tos,

a a

gri

cult

ura

e a

pec

uár

ia in

ten

siva

s, e

po

r 3

m a

fal-

ta d

e re

curs

os

par

a a

con

serv

ação

da

mai

ori

a d

os

do

cum

ento

s, e

qu

i-

pam

ento

s e

cole

ções

cie

ntí

3ca

s d

os

mu

seu

s, u

niv

ersi

dad

es e

ou

tro

s

inst

itu

tos

de

pes

qu

isa

no

Bra

sil.

Dev

ido

ao

au

men

to d

as a

mea

ças,

vár

ias

estr

atég

ias

de

con

-

serv

ação

est

ão s

end

o d

esen

volv

idas

e a

plic

adas

ao

no

sso

pat

rim

ô-

nio

pal

eon

toló

gic

o, e

a le

gis

laçã

o b

rasi

leir

a so

bre

est

e as

sun

to t

am-

bém

est

á se

nd

o a

tual

izad

a. E

sses

são

os

assu

nto

s q

ue

vam

os

anal

isar

no

s p

róxi

mo

s tó

pic

os!

A P

ale

on

tolo

gia

NA

SA

LA

DE

AU

LA469

ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO PALEONTOLÓGICO BRASILEIRO

A p

rote

ção

do

no

sso

pat

rim

ôn

io p

aleo

nto

lóg

ico

po

de

oco

rrer

atra

vés

de

div

erso

s m

ecan

ism

os,

co

mo

a e

lab

ora

ção

e a

plic

ação

de

leg

isla

ções

(le

is,

dec

reto

s-le

i, p

ort

aria

s e

con

ven

ções

esp

ecí3

cas)

e

pel

as in

stit

uiç

ões

de

3sc

aliz

ação

e/o

u g

estã

o p

úb

lica

com

o o

DNPM

(Dep

arta

men

to N

acio

nal

de

Pro

du

ção

Min

eral

); o

IBAMA

(In

stit

uto

Bra

sile

iro

do

Mei

o A

mb

ien

te e

do

s R

ecu

rso

s N

atu

rais

Ren

ová

veis

); o

ICMBio

(In

stit

uto

Ch

ico

Men

des

de

Co

nse

rvaç

ão d

a B

iod

iver

sid

ade)

;

o IPHAN

(In

stit

uto

do

Pat

rim

ôn

io H

istó

rico

e A

rtís

tico

Nac

ion

al)

e a

UNESCO

(Org

aniz

ação

das

Naç

ões

Un

idas

par

a a

edu

caçã

o, a

ciê

nci

a

e a

cult

ura

).

Port

anto

, há

esse

nci

alm

ente

qu

atro

man

eira

s d

e p

rom

ove

r a

pro

teçã

o a

os

a%o

ram

ento

s (e

m s

up

erfíc

ie) e

dep

ósi

tos

foss

ilífe

ros

(em

sub

sup

erfíc

ie).

A p

rim

eira

é a

des

ign

ação

co

mo

áre

a d

e p

rote

ção

; a s

e-

gu

nd

a é

a re

aliz

ação

de

tom

bam

ento

; a t

erce

ira

é o

rec

on

hec

imen

to

com

o p

atri

nio

mu

nd

ial,

e a

qu

arta

são

os Geoparques

.

No

Bra

sil,

a cr

iaçã

o d

e ár

eas

pro

teg

idas

rep

rese

nta

um

a d

as

estr

atég

ias

enco

ntr

adas

par

a a

pre

serv

ação

e c

on

serv

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do

pat

ri-

nio

pal

ento

lóg

ico

em

seu

lo

cal

de

ori

gem

. Des

de

a co

nst

itu

ição

de

1934

, vár

ios

inst

rum

ento

s le

gai

s fo

ram

cri

ado

s, d

entr

e el

es a

Lei

Fed

eral

qu

e in

stit

uiu

no

an

o 2

00

0 o

Sis

tem

a N

acio

nal

de

Un

idad

es

de

Co

nse

rvaç

ão (SNUC

). D

entr

e o

s o

bje

tivo

s d

o S

NU

C, e

stá

a p

rote

-

ção

de

pai

sag

ens

nat

ura

is d

e n

otá

vel b

elez

a cê

nic

a e

das

car

acte

rís-

tica

s d

e n

atu

reza

pal

eon

toló

gic

a re

leva

nte

s (B

rasi

l, 20

00

). D

e ac

ord

o

com

a m

aio

ria

do

s p

esq

uis

ado

res,

de

tod

as a

s u

nid

ades

de

con

serv

a-

ção

(U

Cs)

pre

sen

tes

no

SN

UC

, Parque Nacional

e Monumento Na-

tural s

ão a

s m

ais

adeq

uad

as p

ara

pro

mo

ver

a p

rote

ção

ao

pat

rim

ô-

nio

pal

eon

toló

gic

o.

Poré

m,

alg

um

as á

reas

não

se

enca

ixam

nas

cat

ego

rias

de

UC

s, a

pes

ar d

e ap

rese

nta

rem

gra

nd

e va

lor

pai

sag

ísti

co e

im

po

r-

tân

cia

par

a o

am

bie

nte

urb

ano

. Par

a es

ses

caso

s, a

s es

trat

égia

s sã

o

o tombamento de bens naturais

e a

cri

ação

de

par

qu

es u

rban

os

pel

o I

PH

AN

, des

de

qu

e se

ja p

oss

ível

qu

ali3

cá-l

os

sob

os

asp

ecto

s

cult

ura

is.

Ou

tra

op

ção

é o

rec

on

hec

imen

to d

os

no

sso

s sí

tio

s p

ale

-

on

toló

gic

os

com

o P

atri

nio

Mu

nd

ial

(ou

da

Hu

man

idad

e) p

ela

UN

ESC

O. O

Bra

sil j

á p

oss

ui m

uit

os

pat

rim

ôn

ios

com

est

e tí

tulo

, mas

eles

não

fo

ram

rec

on

hec

ido

s d

evid

o a

o s

eu v

alo

r p

aleo

nto

lóg

ico

exce

pci

on

al, e

sim

po

r o

utr

os

crit

ério

s. A

ind

a ex

iste

um

lo

ng

o c

a-

min

ho

a s

er p

erco

rrid

o, e

a SIGEP

(Co

mis

são

Bra

sile

ira

de

Síti

os

Ge

-

oló

gic

os

e Pa

leo

bio

lóg

ico

s) c

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tin

ua

a in

dic

ar o

s sí

tio

s p

aleo

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ló-

gic

os

bra

sile

iro

s p

ara

a GILGES

(G

lob

al

Ind

ica

tive

Lis

t o

f G

eolo

gic

al

Sit

es)

da

Co

mis

são

de

Patr

imô

nio

Mu

nd

ial

da

UN

ESC

O, q

ue

tem

a

3n

alid

ade

de

iden

ti3

car

síti

os

de

extr

aord

inár

io v

alo

r u

niv

ersa

l.

Des

se m

od

o,

reco

nh

ecen

do

a i

mp

ort

ânci

a d

os

síti

os

geo

-

lóg

ico

s e

pal

eon

toló

gic

os,

e p

elo

fat

o d

e a

geo

div

ersi

dad

e n

ão t

er

sid

o d

esta

cad

a ta

nto

qu

anto

a b

iod

iver

sid

ade,

a R

ede

Mu

nd

ial d

e

Geo

par

qu

es c

om

ple

men

ta a

Lis

ta d

o P

atri

nio

Mu

nd

ial.

Des

de

200

6, o

Projeto Geoparques da CPRM

(Se

rviç

o G

eoló

gic

o d

o B

ra-

sil)

ap

rese

nta

um

imp

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ante

pap

el in

du

tor

na

cria

ção

de

geo

par

-

qu

es e

m n

oss

o t

erri

tóri

o. E

ste

pro

jeto

de3

niu

29

áre

as c

om

po

-

ten

cial

par

a a

cria

ção

de

geo

par

qu

es, m

as a

tual

men

te o

Bra

sil t

em

apen

as u

m g

eop

arq

ue

inte

gra

do

na

Red

e M

un

dia

l, o

Geoparque

Araripe.

 

A P

ale

on

tolo

gia

NA

SA

LA

DE

AU

LA470

LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE O PATRIMÔNIO PALEONTOLÓGICO

No

Bra

sil,

os

fóss

eis

e d

epó

sito

s o

u a

%o

ram

ento

s fo

ssi-

lífer

os

são

co

nsi

der

ado

s b

ens

do

paí

s, o

u s

eja,

pat

rim

ôn

io d

e

tod

os

s, s

end

o p

rote

gid

os

po

r le

is, d

ecre

tos-

lei,

po

rtar

ias

e

con

ven

ções

esp

ecí3

cas

qu

e re

gu

lam

enta

m a

s q

ues

tões

fo

ssi-

lífer

as. V

eja

abai

xo (Quadro 1) a

list

a co

m d

iver

sos

text

os

leg

is-

lati

vos

qu

e es

tão

rela

cio

nad

os

de

dife

ren

tes

form

as c

om

a p

ro-

teçã

o a

os

fóss

eis

bra

sile

iro

s.

No

Decreto-Lei 4.146 de 1942

os

dep

ósi

tos

foss

ilífe

-

ros

fora

m p

ela

pri

mei

ra v

ez m

enci

on

ado

s co

mo

pro

pri

eda-

de

do

po

vo b

rasi

leir

o e

, u

ma

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assi

m d

esig

nad

os,

a c

ole

ta

do

s fó

ssei

s d

epen

der

á d

e au

tori

zaçã

o p

révi

a d

o D

epar

tam

en-

to N

acio

nal

de

Pro

du

ção

Min

eral

/DN

PM

, qu

e ta

mb

ém d

ever

á

3sc

aliz

ar o

s ja

zig

os

(Bra

sil,

1942

). N

a Constituição de 1988 o

s

fóss

eis

fora

m a

bar

cad

os

den

tro

de

recu

rso

s m

iner

ais

no

s ar

ti-

go

s 20

, 23

e 24

, dem

on

stra

nd

o q

ue

a p

rote

ção

do

su

bso

lo é

de

resp

on

sab

ilid

ade

do

go

vern

o f

eder

al. N

o a

rtig

o 2

16, o

s sí

tio

s

pal

eon

toló

gic

os

tam

bém

são

men

cio

nad

os

clar

amen

te c

om

o

pat

rim

ôn

io, e

a s

ua

pre

serv

ação

é c

on

sid

erad

a u

ma

ob

rig

ação

do

po

der

blic

o, o

u s

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de

no

sso

s g

ove

rnan

tes

e ta

mb

ém

de

tod

os

s (B

rasi

l, 19

88).

Para

3n

aliz

ar, v

amo

s vo

ltar

a a

nal

isar

aq

uel

as d

ivis

ões

do

pat

rim

ôn

io, n

o in

ício

do

cap

ítu

lo. L

emb

ra q

ue

s se

par

a-

mo

s o

s d

ifere

nte

s ti

po

s d

e p

atri

nio

, só

par

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rgan

izar

to

-

das

aq

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as id

eias

no

vas?

Isso

po

rqu

e a

div

isão

em

cu

ltu

ral e

nat

ura

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apen

as u

ma

form

a d

e fa

cilit

ar o

s es

tud

os,

div

ulg

a-

ção

e c

on

serv

ação

do

pat

rim

ôn

io, m

as n

a re

alid

ade

tod

os

os

com

po

nen

tes

e su

bd

ivis

ões

po

dem

ser

reu

nid

os

no

co

nce

ito

qu

e é

con

hec

ido

co

mo

patrimônio integral.

Esta

vis

ão m

ais

abra

ng

ente

co

nsi

der

a co

mo

pat

rim

ôn

io o

co

nju

nto

de

tod

os

os

ben

s n

atu

rais

ou

cri

ado

s p

elo

ho

mem

, sem

lim

ite

de

tem

-

po

ou

de

lug

ar.

Co

nse

qu

ente

men

te,

o

pat

rim

ôn

io

pal

eon

toló

gic

o

tam

bém

é c

on

sid

erad

o p

arte

do

pat

rim

ôn

io c

ult

ura

l bra

sile

i-

ro, r

epre

sen

tan

do

um

a ap

rop

riaç

ão c

ult

ura

l e, a

o m

esm

o te

m-

po

, u

ma

un

idad

e co

nce

itu

al.

Isto

sig

ni3

ca q

ue,

na

leg

isla

ção

bra

sile

ira,

as

cate

go

rias

nat

ura

is s

emp

re e

stiv

eram

co

nte

mp

la-

das

na

pre

serv

ação

do

pat

rim

ôn

io c

ult

ura

l (So

uza

et

al.,

20

07)

.

A P

ale

on

tolo

gia

NA

SA

LA

DE

AU

LA471

Quadro 1

. Leg

isla

ções

rela

cio

nad

as a

o p

atrim

ôn

io p

aleo

nto

lóg

ico

bra

sile

iro e

m o

rdem

cro

no

lóg

ica.

Vej

a n

o Portal da Legislação

e n

o site DNPM

os

text

os

com

ple

tos.

Art

igo

s 10

e 1

48

da

Co

nst

itu

içã

o d

e 1

934

Art

igo

134

da

Co

nst

itu

içã

o d

e 1

937

De

cre

to-L

ei N

º 25

de

30

de

no

ve

mb

ro d

e 1

937

De

cre

to-L

ei N

º 3.

68

9 d

e 3

de

Ou

tub

ro d

e 1

94

1

De

cre

to-L

ei N

º 4

.14

6 d

e 4

de

ma

rço

de

19

42

Art

igo

175

da

Co

nst

itu

içã

o d

e 1

94

6

Art

igo

18

0 d

a C

on

stit

uiç

ão

de

19

67

De

cre

to-L

ei N

º 22

7 d

e 2

8 d

e f

ev

ere

iro

de

19

67

Art

igo

18

0 d

a C

on

stit

uiç

ão

de

19

69

De

cre

to N

º 72

.312

de

31

de

ma

io d

e 1

973

De

cre

to N

º 8

0.9

78 d

e 1

2 d

e d

eze

mb

ro d

e 1

977

Lei N

º 6

.938

de

31

de

ag

ost

o d

e 1

98

1

Lei N

º 7.

347

de

24

de

julh

o d

e 1

98

5

Art

igo

s 20

, 23,

24

e 2

16 d

a C

on

stit

uiç

ão

de

19

88

Lei N

° 7.

80

4 d

e 1

8 d

e ju

lho

de

19

89

Co

nv

en

ção

so

bre

a s

alv

ag

ua

rda

do

Pa

trim

ôn

io M

un

dia

l, a

do

tad

a p

elo

Bra

sil e

m 1

98

9

De

cre

to N

º 9

8.8

30 d

e 1

5 d

e ja

ne

iro

de

19

90

Po

rta

ria

MC

T N

º 55

de

14

de

ma

rço

de

19

90

Lei N

º 8

.176

de

08

de

fe

ve

reir

o d

e 1

99

1

Po

rta

ria

MM

E N

º 4

2 d

e 2

2 d

e f

ev

ere

iro

de

19

95

Lei N

º 9

.60

5 d

e 1

2 d

e f

ev

ere

iro

de

19

98

De

cre

to N

º 3.

166

de

14

de

se

tem

bro

de

19

99

Lei F

ed

era

l N°

9.9

85

de

18

de

julh

o d

e 2

00

0

Po

rta

ria

DN

PM

Nº2

37 d

e 1

8 d

e o

utu

bro

de

20

01

Lei E

sta

du

al N

º 11

.738

/02

de

13

de

de

zem

bro

de

20

01

Po

rta

ria

DN

PM

385/

200

3

Lei N

o 1

1.0

46

de

27

de

de

zem

bro

de

20

04

Ofí

cio

DE

CE

X/C

OO

RD

-20

06

/39

0 d

e 2

6 d

e ju

nh

o d

e 2

00

6 -

DN

PM

Po

rta

ria

SE

CE

X N

o 25

de

27

de

no

ve

mb

ro d

e 2

00

8 -

DN

PM

De

cre

to N

º 7.

09

2 d

e 0

2 d

e f

ev

ere

iro

de

20

10

Pa

rece

r N

º 10

7/20

10/F

M/P

RO

GE

/DN

PM

de

05

de

ab

ril d

e 2

010

A P

ale

on

tolo

gia

NA

SA

LA

DE

AU

LA472

REFERÊNCIAS

BR

ASI

L. 1

942

. D

ecre

to-l

ei n

º 41

46 d

e 4

de

mar

ço d

e 19

42.

Dis

po

nív

el e

m:

htt

p:/

/

ww

w.d

np

m.g

ov.

br/

con

teu

do

.asp

?ID

Seca

o=

67&

IDPa

gin

a=84

&ID

Leg

isla

cao

=2.

BR

ASI

L. 1

988

. Co

nst

itu

ição

da

Rep

úb

lica

Fed

erat

iva

do

Bra

sil d

e 19

88. D

isp

on

ível

em: h

ttp

://w

ww

.pla

nal

to.g

ov.

br/

cciv

il_0

3/C

on

stit

uic

ao/

Co

nst

itu

i%C

3%A

7ao

.htm

.

BR

ASI

L. 2

00

0. L

ei n

º 9

.985

de

julh

o d

e 20

00

. Dis

po

nív

el e

m: h

ttp

://

ww

w.p

lan

alto

.

go

v.b

r/cc

ivil_

03/

Leis

/L9

985

.htm

.

BR

ILH

A, J

. B. R

. 20

05.

Pat

rim

ón

io g

eoló

gic

o e

geo

con

serv

ação

: a c

on

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da

nat

ure

za n

a su

a ve

rten

te g

eoló

gic

a. B

rag

a: P

alim

age

Edit

ore

s, L

isb

oa,

Po

rtu

gal

,

190

p.

PO

NC

IAN

O, L

. C. M

. O.;

FON

SEC

A, V

. M. M

.; FE

RN

AN

DES

, A. C

.S .;

MA

CH

AD

O, D

. M. &

SOU

ZA

, A. R

. 20

10. A

%o

ram

ento

Fo

ssilí

fero

de

Oit

i, B

acia

do

Par

naí

ba,

PI-

Reg

istr

o d

e

um

mar

dev

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ian

o n

o N

ord

este

do

Bra

sil.

In: M

. WIN

GE

et a

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rgs.

). Sí

tio

s G

eoló

gi-

cos

e Pa

leo

nto

lóg

ico

s d

o B

rasi

l, vo

l. 3.

Dis

po

nív

el e

m: h

ttp

://v

site

s.u

nb

.br/

ig/s

igep

/

siti

o0

51/s

itio

051

.pd

f

PO

NC

IAN

O, L

. C. M

. O.;

CA

STR

O, A

. R. S

. F.;

MA

CH

AD

O, D

. M. C

.; FO

NSE

CA

, V. M

. M. &

KU

NZ

LER

, J. 2

011

. Pat

rim

ôn

io G

eoló

gic

o-P

aleo

nto

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ico

in s

itu

e e

x si

tu: d

e3n

içõ

es,

van

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ens,

des

van

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e es

trat

égia

s d

e co

nse

rvaç

ão.

In:

I.S.

CA

RVA

LHO

et

al.

(org

s.).

Pale

on

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9-8

8.

ATIVIDADES VINCULADAS AO CAPÍTULO

Descobrindo o patrimônio paleontológico

Debate sobre o patrimônio paleontológico da Bacia do Araripe

Pesquisa sobre o patrimônio paleontológico

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