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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA
CAMPUS DE VITÓRIA DA CONQUISTA – BA
PROJETO DE PESQUISA
TÍTULO: DIRECIONAMENTO E QUANTIFICAÇÃO DO FLUXO DE ÁGUA NO
SOLO EM UMA ÁREA COM IRRIGAÇÃO POR GOTEJAMENTO EM PIMENTÃO
VITÓRIA DA CONQUISTA – BA
DEZEMBRO DE 2015
JANAÍNA RAMOS DE JESUS SILVA
TÍTULO: DIRECIONAMENTO E QUANTIFICAÇÃO DO FLUXO DE ÁGUA NO
SOLO EM UMA ÁREA COM IRRIGAÇÃO POR GOTEJAMENTO EM PIMENTÃO
Projeto de pesquisa apresentado à Prof. Dr. Luciana Gomes
Castro, como requisito de avaliação da Disciplina Manejo
da Água de Irrigação em Solos Cultivados da Universidade
Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, Programa de Pós-
Graduação de Mestrado em Agronomia, área de
concentração em Fitotecnia.
VITÓRIA DA CONQUISTA – BA
DEZEMBRO DE 2015
1. INTRODUÇÃO
A dinâmica da água no solo está diretamente relacionada à produção vegetal. Seu
conhecimento é, portanto, de interesse fundamental para qualquer tomada de decisão sobre a
exploração agrícola dos solos. Dessa forma, a melhor caracterização dos fatores que interferem
neste movimento torna-se imprescindível (CARVALHO, 2002).
Segundo Lima et al. (2006), o pimentão é bastante susceptível a deficiências hídricas,
resultando em crescimento reduzido e desuniformidade dos frutos. Assim, a irrigação torna-se
imprescindível à produção de pimentão constituindo um fator de aumento da produtividade e
diminuição de riscos, influenciando na qualidade e quantidade dos frutos.
O gotejamento é um sistema bastante atrativo para a irrigação do pimentão, pois
oferece inúmeras vantagens, tais como: economia de água, de energia e de mão-de-obra; maior
uniformidade de aplicação de água; pode ser usado em qualquer tipo de solo e topografia;
menor severidade de doenças da parte aérea; facilidade de fertirrigação e de automação; e maior
produtividade. No entanto, o conhecimento do movimento de água no solo em resposta a uma
fonte pontual (gotejo) instalada na superfície do solo é de difícil entendimento, devido a grande
complexidade do sistema solo-água.
2. OBJETIVO
O objetivo central deste projeto será avaliar a quantificação de água no solo
correlacionado com o fluxo de água em um sistema de irrigação por gotejamento na cultura do
pimentão.
3. DESENVOLVIMENTO
3.1. DADOS DA CULTURA
Nome: Pimentão
Cultivar: Magali R
Ciclo: 120 a 150 dias
Espaçamento: 0,8-1,0 m entre linhas e de 0,4-0,5 m entre plantas
Nº de plantas: 25.000 /ha
Fertilidade do Solo: Alta Fertilidade
Forma de Plantio: Mudas
Produtividade: 13 t/ha
Coeficiente da Cultura e Profundidade efetiva do sistema radicular: Tabela 1
Tabela 1. Coeficientes de cultura (Kc) para sistemas de irrigação por gotejamento, e
profundidade efetiva do sistema radicular (Zr) durante os diferentes estádios de
desenvolvimento da cultura do pimentão.
Estádios Kc Z
Formação de mudas (0) -- 5 – 10
Pegamento de mudas (I) 0,40 5 – 10
Vegetativo (II) 0,40 15 – 25
Floração/Frutificação (III) 0,70 30 – 40
Produção Plena (IV) 1, 05 35 – 45
Declínio de Produção (V) 0, 85 35 – 45
1) Estádio 0: semeadura até transplante de mudas; I: até pegamento de mudas; II: até início de floração; III: até primeiros frutos atingirem 50% de tamanho; IV: até 1ª colheita após pico de produção; V: até última colheita. (2) Os valores de Kc para gotejamento já integram coeficientes de ajustes para compensar a menor perda de água por evaporação. (3) Para turno de rega (TR) de 1 dia, usar Kc = 1,10; TR = 2 dias, Kc = 0,85. Fonte: adaptado de Viñals et al. (1996), Allen et al. (1998) e Marouelli et al. (2008).
3.2. DADOS DA PROPRIEDADE
Nome da Propriedade: Fazenda JL
Localidade: Vitória da Conquista
Área Total: 15 ha
3.3. DADOS DA REGIÃO
Clima: Tropical de altitude ( Classificação de Köppen: Cwa)
Precipitação: 733,9 mm/ano
Temperatura média: 20,2 º C
Altitude média: 928 m
Latitude: 14º 50’19’’
Longitude: 40º 50’19’’
Classificação do solo: Latossolo Amarelo Distrófico A Moderado textura média
Textura do solo: Franco Argilo Arenosa
Teor de Silte + Argila no solo: 28%
A densidade aparente do solo será obtida através da fórmula:
Onde:
Ds = densidade do solo
M = massa em gramas
V = volume em cm
Este método baseia-se na obtenção de dois dados principais:
-Massa: Será obtida pela pesagem da amostra depois de seca em estufa a 110°C até
peso constante;
-Volume: Será obtido através do Método do anel volumétrico: Figura 1
Ds = M / V (g cm-3
)
Figura 1. Método do Anel Volumétrico
A caracterização física do solo será realizada no Laboratório de Física do Solo da
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB
3.4. DADOS DA IRRIGAÇÃO
Tipo de irrigação: Localizada (Gotejamento)
Fonte de água: Barragem
Fonte de energia: Elétrica
Sistema: Fixo
Área a ser irrigada: 1 hectares
Vazão do emissor: 0,0015m3 h-1
Quantidade de setores: 2
Qualidade da água: C1 S1
Outorga da água: 10 m 3 h-1
Espaçamento do gotejador: Entre os gotejadores (0,30 m) e entre linhas (1,00 m)
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1. FORMAS DE QUANTIFICAÇÃO DE ÁGUA
Para a quantificação da água no solo em área irrigada por gotejamento para cultura do
pimentão, será necessário o monitoramento do sistema que pode ser feito no solo, na planta e na
atmosfera. O movimento da água no solo, para posterior absorção pelas plantas, é, em geral não
saturado, e isso faz com que os processos de escoamento sejam mais complicados e de difícil
descrição quantitativa, uma vez que eles acarretam mudanças no estado e no teor de água do
solo durante o escoamento.
O monitoramento da água via clima, será obtido através de observações
meteorológicas, as quais serão utilizadas na estimativa do consumo de água pelas plantas, a
chamada evapotranspiração da cultura (ETc).
4.2. DETERMINAÇÃO DA UMIDADE DO SOLO
Serão coletadas amostras em anéis volumétricos de volumes conhecidos (V). Para
obtenção da massa úmida (mu), as amostras serão umedecidas e em seguida, colocadas para
secar em estufa a 105º C, até obter peso constante. O material então será novamente pesado,
obtendo-se a massa seca (ms). A percentagem de umidade na base de peso é dada pela
expressão:
Depois de ter obtido o valor da umidade gavimétrica será realizado o cálculo para conhecer a
umidade volumétrica através da fórmula
Onde:
Ug: umidade gavimétrica (%);
Ds: densidade do solo (g/cm³);
Uv: Umidade Volumétrica.
θ = 100 x (mu –
ms)/V
Uv = (Ug x Ds) x
100
4.3. DETERMINAÇÃO DO ARMAZENAMENTO DE ÁGUA NO SOLO
Para atividades como irrigação é necessário o conhecimento da água armazenada, a
qual será medida através de uma altura de água. Na área esta altura será obtida através do
somatório das umidades volumétricas pelas profundidades equivalentes a estas umidades. A
definição de armazenamento de água A em uma camada de solo de espessura L, é:
Onde:
AL - altura de água;
- umidade volumétrica;
Z - profundidade.
4.4. DETERMINAÇÃO DA CONDUTIVIDADE HIDRAÚLICA DO SOLO EM
FUNÇÃO DA UMIDADE
Esta será determinada no Laboratório de Física do Solo da Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia através dos parâmetros de carga constante e carga decrescente para
quantificação do K0.
Para tanto, será necessário que se tenha bastante atenção na coleta e preparação das
amostras. Estas serão coletadas em uma trincheira aberta próxima a área, através de uma
estrutura indeformada (anel). Serão retiradas 15 amostras de cada uma das seguintes
profundidades: 0,1; 0,2; 0,3; 0,4; 0,5; 0,6; 0,7; 0,8; 0,9; 1,0; 1,10; 1,12 m perfazendo um total de
180 amostras.
4.5. MEDIÇÃO DO POTENCIAL HÍDRICO DO SOLO
Na prática, o Ψw dos solos normais é geralmente medido como sendo
aproximadamente igual ao Ψm. A determinação do Ψm será feita utilizando Tensiômetros.
Neste caso, Ψm será calculado pela seguinte equação:
Onde:
Ψm = -12,6h + h1 +
h2 cm. H2O
AL = dZ,
h= altura da coluna de mercúrio;
h1= altura da cuba;
h2= profundidade
Uma vez que para se ler a umidade no solo através do Tensiômetro, será necessário
determinar a curva de retenção de água no solo, a qual será determinada no Laboratório de
Física do Solo da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.
4.6. DETERMINAÇÃO DO FLUXO DE ÁGUA NO SOLO
Como o fluxo de água no solo não depende apenas do ∆Ψm, mas também da
condutividade hidráulica do solo (K) que será determinada através das análises feitas em
laboratório. A condutividade hidráulica, por sua vez, depende da textura (que para este caso já
foi determinada como sendo textura média) e da estrutura do solo sendo também fortemente
influenciada pelo teor de umidade do solo. Dessa forma, será considerando o fluxo em apenas
uma direção.
Onde:
q = densidade de fluxo de água (m.s-1);
K(θ) = condutividade hidráulica na umidade do solo
∆Ψw/∆X (gradiente de potencial hídrico, em m.m-1).
4.7. DETERMINAÇÃO DA CAPACIDADE DE INFILTRAÇÃO
O método utilizado para determinar a capacidade de infiltração da água no solo será o
do infiltrômetro de anel.
A partir dos dados obtidos em campo será possível utilizar a equação:
Onde:
I = Infiltração acumulada (mm);
T = Tempo transcorrido para infiltrar a lâmina de água, em min;
q = - K(θ) . ∆Ψw/∆X
I = Ta * k + VIB * T
VIB= constante, diferente de 0;
Os parâmetros da equação de infiltração (k e a) serão estimados pelo método da
regressão linear, fazendo um arranjo dos termos:
Tabela 2. Em um teste de infiltração foram levantados os seguintes dados adaptados de
Carvalho e Silva (2006).
log (I −VIB * T) = log k + a * log T
4.8. CONSUMO DE ÁGUA PELAS PLANTAS
4.9. EVAPOTRANSPIRAÇÃO POTENCIAL DE REFERÊNCIA (ETo)
Para o cálculo da Etc, serão necessárias as estimativas da evapotranspiração de
referência (ETo) e do coeficiente de cultura (Kc).
Método de Blaney – Criddle (Evapotranspiração potencial de referência)
Valores de percentagem mensal das horas de luz (P)
para latitudes de 14° a 16°, segundo Blaney - Criddle
Lat.
Sul Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
14° 9,98 7,98 8,55 7,99 8,06 7,68 7,96 8,18 8,16 8,69 8,70 9,07
16° 9,08 8,00 8,56 7,97 7,99 7,61 7,89 8,12 8,15 8,71 8,76 9,16
Fonte: Manual de Irrigação
ETo = Evapotranspiração de referência, mm/dia;
T = Temperatura média anual, °C;
P = Percentual mensal das horas anuais de luz solar.
4.10. EVAPOTRANSPIRAÇÃO DA CULTURA (ETc)
ETc = Evapotranspiração potencial da cultura;
ETo = Evapotranspiração potencial de referência;
Kc = Coeficiente da Cultura.
4.11. DETERMINAÇÃO DA CAPACIDADE DE CAMPO DO SOLO (CC)
ETo = (0,457 x T + 8,13) x P
ETc = ETo x Kc
Será determinada a partir da curva de retenção, a qual será obtida no Laboratório de
Fisica do Solo da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia- UESB.
4.12. DETERMINAÇÃO DO PONTO DE MURCHA PERMANENTE (PMP)
Metodologia de Arruda (1987):
Pm = Ponto de murchamento;
X = teor de silte mais argila (%);
4.13. DETERMINAÇÃO DA CAD
A determinação da CAD será feita utilizando a profundidade de 35 cm (tabela 1.).
Matematicamente, a CAD pode ser calculada pela seguinte equação:
Onde:
CC%= porcentagem de água no solo quando em capacidade de campo;
PMP%= porcentagem de água no solo no ponto de murcha;
D= massa específica do solo (densidade);
Z= profundidade efetiva do sistema radicular, ou seja, a camada de solo explorada
pelas raízes, expressa em mm.
4.14. DETERMINAÇÃO DA ÁGUA FACILMENTE DISPONÍVEL – AFD
A Água Facilmente Disponível representa uma fração da CAD e será determinada pela
fórmula:
Sendo a fração (p) determinada experimentalmente em função do tipo de cultura e do
consumo máximo de água nos diferentes estádios fenológicos.
Pm = 398,9 * X 1808,1 + X
CAD= 0,01 * (CC% - PMP%) * D * Z
AFD = p * CAD
Quadro 1. Grupos de culturas de acordo com a perda de água no solo. Adaptado de FAO(1979).
GRUPO CULTURAS
1 Cebola, pimenta, batata.
2 Banana, repolho, uva, ervilha, tomate, pimentão.
3 Alface, feijão, cítricas, amendoim, abacaxi, girassol, melancia, trigo.
4 Algodão, milho, azeitona, açafrão, sorgo, soja, beterraba, cana-de-açúcar, fumo.
Quadro 2. Fração (p) para grupos de culturas e evapotranspiração máxima (ETm). Adaptado de
FAO (1979).
GRUPO DE
CULTURA
ETm mm/dia
(ETP)
2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 0.50 0.425 0.35 0.30 0.25 0.225 0.20 0.20 0.175
2 0.675 0.575 0.475 0.40 0.35 0.325 0.275 0.25 0.225
3 0.80 0.70 0.60 0.50 0.45 0.425 0.375 0.35 0.30
4 0.875 0.80 0.70 0.60 0.55 0.50 0.45 0.425 0.40
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS
FILGUEIRA, F.A.R. Solanáceas: agrotecnologia moderna na produção de tomate, batata,
pimentão, pimenta, berinjela e jiló. Lavras, MG: UFLA, 2003. 333p.
LIMA, P. A.; MONTENEGRO, A. A. A.; LIRA JUNIOR, M. A.; SANTOS, F. X.; PEDROSA,
E. M. R. Efeito do manejo da irrigaçao com água moderamente salina na produção de pimentão.
Revista Brasileira de Ciências Agrárias, v. 1, n. 1, p. 73-80, 2006.