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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO HISTÓRIA DA LEITURA E DOS REGISTROS CAROLINE DA SILVA MARINHO RESUMO DOS ARTIGOS

Resumo dos artigos 3º nota do prof Edson

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

HISTÓRIA DA LEITURA E DOS REGISTROS

CAROLINE DA SILVA MARINHO

RESUMO DOS ARTIGOS

JOÃO PESSOA - PB

2013

CAROLINE DA SILVA MARINHO

RESUMO DOS ARTIGOS

Trabalho apresentado à disciplina

história da leitura e dos

registros ministrado pelo

professor Edson Macêdo para a

obtenção da terceira nota.

MARTINS, W. A palavra escrita. In: ______. Pré-história do livro. 3.ed. São Paulo: Ática, 2002. P.17-27.

O estudo analisou a evolução do homem com a linguagem e sua

capacidade de abstração, no qual mostra a diferença do homem e

do animal, que eles tinham a mesma inteligência na pré-

história, mas o que distinguiu um do outro foi à

espiritualidade do homem. Foi à abstração que permitiu o

aparecimento da linguagem e a linguagem o aparecimento da mão;

toda a história do homem está na linguagem e na mão. Se não

tivesse ocorrido a autonomia do espirito, não se teria a

autonomia da mão; com essas duas manifestações (espirito e a

mão) que houve o processo de libertação do homem do mundo

material. Acredita-se que com essas duas manifestações que

ocorreu o aparecimento da linguagem; de um grito, palavra ou

até mesmo uma frase e foi aí que começou a grande dominação do

homem sobre as coisas.

A linguagem humana não é menos natural do que a linguagem

animal, mas se situa em um grau superior, pois o homem dá uma

apreciação da natureza do sinal, processo que se funda na

abstração. O impulso inicial foi atribuir ao sinal um valor

simbólico, ou seja, o ponto de partida foi esse e todo o resto

foi questão de tempo, ou seja, a linguagem é um sistema de

sinais. Ela é uma mistura de dois sistemas padrões, o

simbólico e o expressivo. A natureza da linguagem trata de um

fenômeno emotivo, onde os aspectos intuitivo-sensíveis são,

não apenas historicamente anteriores, como parecem dominar

funcionalmente os demais. A linguagem ao contrário do que se

pensa, é um duplo reflexo, pois o homem só percebe os objetos

exteriores através dos sentidos e assim se reflete na

linguagem. Desta forma o desenvolvimento da linguagem vai do

concreto para o abstrato e do místico para o real.

A sociedade permitiu ou até mesmo “obrigou” o aparecimento da

linguagem, mas foi à linguagem que possibilitou a sociedade o

seu estabelecimento. A linguagem é a expressão da sociedade,

como a sociedade é, em grande parte, uma expressão de sua

linguagem. Existe uma linguagem para cada grupo, uma linguagem

para cada indivíduo, ou melhor, uma linguagem para cada povo;

cada idioma possui uma forma espiritual peculiar.

O autor mostra que na linguagem não tem como saber o que

pertence ao domínio afetivo ou o que pertence ao domínio

intelectual, pois eles se completam, o racional da à ordem, a

organização e o afetivo a expressividade, ou seja, um precisa

do outro.

MARTINS, W. A palavra escrita. In:

______. As bibliotecas modernas. 3.ed. São Paulo: Ática, 2002.P.323-353.

O autor fala sobre o processo gradativo das bibliotecas, onde

essa transformação se deu por quatro caracteres principais:

laicização, democratização, especialização e a socialização.

Antes as bibliotecas não eram abertas ao público, os livros

eram como algo secreto, algo sagrado e aos poucos foi perdendo

isso e foi se transformando em um instrumento de trabalho. A

biblioteca deixa de ser um mero depósito de livros e torna-se

circulante. Foi por meio da biblioteca – um dos instrumentos

mais poderosos – que foi abolido o “antigo regime”. A

biblioteca moderna sai à procura do leitor, para proporciona-

lhe a leitura; deseja satisfazer as necessidades do mesmo, é

em torno dela que circulam todas as outras correntes da

existência social.

Desta forma, o adjetivo “pública” se juntou ao nome

biblioteca, para ser identificada não só como parte do

governo, mas principalmente para ser aberto a todos os

interessados. Serviço público sem burocratização, no sentindo

de ser a disposição de todos, pois a biblioteca pública deve-

se colaborar com todos os leitores - até mesmo com a “massa

ignorante” - complementar o ensino dispensado pela escola e

ajudar na formação do público de amanhã.

Por esse motivo, o congresso de bibliotecários, promovido pela

UNESCO em São Paulo (Outubro de 1951), definiu as bibliotecas

públicas, mostrando seus objetivos e necessidades. Alguns de

seus objetivos foram: Fornecer ao público informações,

material, livros... Para assim satisfazer suas necessidades

intelectuais, estimular a liberdade de expressão.

Mas não para por aqui, pois não é apenas no ponto de vista das

suas funções e sessões que a biblioteca moderna deseja

adquirir o caráter de um serviço público. O mais típico é o

sistema de “livre acesso às estantes”, onde se tem vantagens e

desvantagens. Por um lado esta forma faz com que o leitor se

sinta mais a vontade, usando livremente todos os volumes ou o

mais agradável de ler e é o único que garante ao leitor uma

inteira liberdade de escolha que é o primeiro dever da

biblioteca. Por outro, uma biblioteca de livre acesso, os

livros são frequentemente misturados e sujos, é inevitável que

os livros se estreguem e facilita o trabalho dos ladrões. Há

quem defenda um e a quem defenda outro; enfim, pode-se dizer

que os dois sistemas (tipo “fechado” e “aberto”) tem vantagens

e que nenhuma é superior à outra. Seja como for, a

democratização e a socialização da biblioteca pública é uma

realidade indiscutível.

Até o século XIX, o bibliotecário era um profissional

contratado por instituições particulares, sem formação

especializada, foi só a partir dos meados do século XIX que o

estado reconheceu o bibliotecário como representante de uma

profissão socialmente indispensável, mas ainda por algum tempo

ocorreu de pessoas sem formação especializada serem

contratadas. O bibliotecário se transformou, nestas últimas

décadas em técnico puro.

Existem várias missões para um bibliotecário; chega um momento

em que toda invenção do homem se volta contra ele e pretende

esmaga-lo. Assim está acontecendo com os livros. Cabe ao

bibliotecário, no mundo moderno, a função de racionalizar a

leitura. A primeira e mais importante função do bibliotecário

moderno, é a de organizar todas as bibliografias possíveis e

imagináveis. Mas, essa função técnica não é a única; o

bibliotecário deve ser igualmente, um conselheiro de leitura,

no qual ele pode opinar com eficácia seja na leitura dirigida,

seja na edição dirigida.

O bibliotecário tem por missão social conservar, organizar,

difundir e favorecer os conhecimentos. Está claro que essa

missão só pode ser desempenhada por indivíduos que tenham

recebido uma larga formação cultural. No Eua, país onde essa

profissão se tem a melhor organização, são exigidos quatro

anos de universidade e mais um de especialização. Na América

Latina, os cursos de biblioteconomia são, geralmente, ligados

as universidades.

No Brasil, o primeiro curso de biblioteconomia começou a

funcionar no Rio de Janeiro, junto a biblioteca nacional, em

1915 e durou até 1922; sendo restabelecido em 1931. Houve uma

influência norte-americana com o decorrer dos tempos e

beneficiou muito a evolução do curso no Brasil.

Há diversas espécies de bibliotecas, cada uma de caráter

próprio. Entre as bibliotecas especializadas, podem-se citar

as universitárias, as de arte ou de música, as militares e

administrativas, as jurídicas e médicas, as das diversas

profissões e sociedades eruditas, as infantis e escolares, as

indústrias e mercantis, as de hospitais e asilos, as de

prisões e navios... Em um ponto de vista administrativo e de

manutenção, as bibliotecas distinguem-se em particulares e

oficiais.

Por fim, o autor destaca as grandes bibliotecas. A nacional,

de Paris que é a mais antiga das bibliotecas modernas. O

Britsh museum, a biblioteca nacional da Inglaterra. A

biblioteca do congresso, de Washington. A da Itália, que se

encontra a biblioteca vaticana, uma das mais famosas do mundo,

não apenas por sua riqueza extraordinária de manuscritos, mas

ainda por haver editado as famosas normas para catalogação de

impressos, adotadas nos mais diversos países do mundo e por

numerosas bibliotecas brasileiras. E a biblioteca de Berlim,

que é maior da Alemanha.

BURKE, P. Uma história social do conhecimento. In:

______. O controle do conhecimento: Igrejas e estados. 4.ed.[S.l.]: Sahar. p.109-135.

O autor mostra a evolução da informação a partir da idade

média, onde dá exemplos dos grandes impérios e da sua

influência. Onde por causa da acumulação de informações desses

governantes, se teve a tendência de organiza-los. Mostra o

quanto a difusão da informação influenciou de maneira direta

esses governos.

Desde o tempo dos antigos assírios, se não os governos

estiveram interessados em coletar e armazenar informações

sobre os povos que controlavam. Foi só no princípio da era

moderna que a coleta regular e sistemática de informações se

tornou parte do processo ordinário de governo na Europa. A

crescente centralização da administração requeria que os

governantes soubessem muito mais sobre a vida dos governados

do que na idade média, e também os qualificava para esse

conhecimento. Com a centralização também veio a ascensão da

“burocracia”. Um indicador da ascensão a burocracia foi o

crescimento no número de funcionários. Outro, ainda mais

visível, foi o surgimento de prédios construídos para

funcionarem como repartições. Ao mesmo tempo em que os

empregavam, os próprios governantes se tornavam burocratas.

Houve grandes e muitos reis burocratas.

Por conta de tudo isso, se teve o acumulo de informação, pois

os governantes queriam controlar as vidas do povo em geral,

fosse para aumentar os impostos, alistá-los no exército ou

alimentá-lo em tempos de fome. O fato de que o conhecimento se

acumulava em algum lugar da administração não significava que

chegava sempre ao governante ou ao funcionário que ele

precisava.

É possível argumentar que a primeira burocracia europeia não

foi secular, mas eclesiástica. Na idade média, as chancelarias

reais eram mais lentas que o papado no desenvolvimento de

técnicas escriturais para a administração. Afinal, a igreja

católica era uma instituição construída em escala mais

grandiosa do que qualquer monarquia europeia. O papado foi

pioneira em áreas tão diversas como arquivos e finanças. A

instituição eclesiástica mais interessada na reunião de

conhecimentos foi a Inquisição, na Espanha, Itália e outras

terras.

Os suspeitos de heresia eram interrogados de maneira

extremamente sistemática sobre sua idade, lugar de nascimento

e ocupação, assim como sobre suas crenças, e o que quer que

dissessem era escrupulosamente registrado. A coleta de

informações pelos inquisidores merece a atenção dos

historiadores não só como fonte, mas também como fenômeno em

sim, como exemplo importante da busca de conhecimento para

fins de controle no início da era moderna. No que diz respeito

à coleta de informações, pode ser útil distinguir o

conhecimento adquirido pelos governantes sobre seus vizinhos,

rivais ou inimigos, do conhecimento que tinham sobre seus

próprios domínios, fossem eles da “pátria mãe” ou de

territórios do império.

No campo das relações exteriores, é apropriado começar com a

República de Veneza, foi um dos primeiros poderes europeus a

adotar o sistema de embaixadores residentes, tanto para

coligir informações sobre outros países quanto para negociar

com eles. O governo Veneziano esperava receber dos seus

representantes no exterior não só despachos regulares, mas

também relatórios formais ao final da missão que descreviam os

pontos políticos, econômicos e militares fortes e fracos do

Estado. Outros governantes imitaram o de Veneza, mas de

maneira menos sistemática.

Os embaixadores coligiam informações não só mantendo abertos

os olhos e os ouvidos, mas também através de uma rede de

assistentes, agentes ou informantes. O “serviço secreto” era

um empreendimento elaboradamente organizado no início do

período moderno, e contava com códigos, endereços falsos,

casas seguras e agentes duplos.

Os governantes há muito se revelam interessados em conhecer

seus povos e territórios. Uma maneira de adquirir esse

conhecimento era fazer um giro por toda a região. Contudo, os

governantes-burocratas tinham cada vez menos tempo para viajar

extensivamente por seus reinos. Tinham muito mais acesso que

seus predecessores a informações, mas estas vinham de segunda

mão, na forma de relatórios. Instituía seus funcionários para

que viajassem a fim de conhecer suas regiões e enviassem

notícias do que encontrassem. Algumas das perguntas tratavam

de questões práticas de administração, privilégios, qualidade

das terras e número de hospitais. Outras, ainda, diziam

respeito à vida religiosa dos habitantes, suas festas e santos

favoritos, o que sustenta a teoria de que as visitações

episcopais eram tomadas como modelo. Outro modelo possível era

a “corografia” humanista, uma descrição histórico-geográfica

de determinada região.

Visitas e questionários não esgotavam os meios à disposição

dos primeiros governos modernos para obter informações com

fins de controle. O período foi marcado pelo surgimento de

vários equivalentes da moderna “carteira de identidade”; com o

tempo surgiu o passaporte, com propósitos fiscais. Esses

passaportes se tornaram meios de controle dos governos sobre

os movimentos da população.

Boa parte das informações que interessavam aos funcionários

dos governos estava registrada na forma de mapas. O surgimento

da cartografia como instrumento de governo foi importante

nesse período, fosse o propósito do mapa estabelecer

fronteiras, defender o Estado contra seus inimigos ou

facilitar o planejamento e assim racionalizar a administração.

Uma das razões para o aumento do interesse oficial pelos mapas

era sua representação de informações quantitativas em escala

real. Os governantes e seus ministros se interessavam cada vez

mais por números, além de fatos. Estavam especialmente

interessados em saber quantas pessoas vivem em seus domínios.

Governos anteriores só tinham sido capazes de fazer

aproximações toscas. Informações sobre nascimentos, casamentos

e mortes também começaram a ser coligidas.

Os primeiros exemplos do interesse em usar informações

apresentadas com números são os das cidades-estados de

Florença e Veneza no século XV. Florença e Veneza podem ter

sido pioneiras porque eram pequenas. Elas eram também

repúblicas dominadas por mercadores como uma “mentalidade

aritmética”, estimulada pelo sistema educacional.

À medida que aumentava de volume, os registros passaram a

precisar de repositórios especiais, os arquivos, com guardiões

especiais, os arquivos profissionais, com catálogos, índices

etc. Durante a idade média, os documentos eram muitas vezes

mantidos junto com objetos nos acervos, e sendo constantemente

movidos de um lugar para outro, seguindo seus donos. O início

do período moderno foi um ponto de inflexão por várias razões.

Em primeiro lugar a invenção da imprensa transformou os

manuscritos em um tipo particular de documento e levou a seu

armazenamento em separado, em uma parte especial das

bibliotecas ou em prédio próprio. E segundo tornou os arquivos

necessários e a terceira os tornou possíveis. Esses documentos

deixaram de ser “propriedade” privada de funcionários e se

tornou pertencentes ao estado.

Por fim o autor termina o capítulo mostrando o quando a

informação foi ficando cada vez mais difícil de ser

controlada, pois cada vez mais foi tomando proporções grandes,

onde informações sigilosas já não conseguia ser escondidas e

os segredos foram sendo divulgadas por razões diversas,

políticas, idealistas e econômicas.

AZEVEDO NETTO, C. Signo, Sinal, Informação: as relações de

construção e transferência de significados. [S.l.] : [S.n.].

O autor mostra a correlação entre alguns aspectos e conceitos

que se ligam na questão da transferência da informação. Ele

mostra algumas teorias, as noções de signos e sua

diferenciação de sinal e como a informação esta inserida

nessas relações.

O principal pilar da teoria semiótica é noção de signo que

permeia toda a existência, onde forma um elo comunicacional

entre as coisas do mundo. Nota-se sua delimitação a partir da

participação do homem. O conceito de signo vem a partir da

compreensão humana de comunicação.

Para se entender o signo, precisa-se entender o sinal, que é

qualquer forma gráfica, sonora, geológica, astronômica etc. O

sinal é uma entidade destituída de mecanismos para a

construção de significados.

Para que haja um signo é preciso que haja o reconhecimento da

possiblidade de construção de um significado. É um feixe de

relações em que ocorre uma relação triádica entre o objeto,

veículo e interpretante, dentro da construção da significação

e do processo de comunicação. O signo não é uma entidade

física e palpável, mas uma entidade abstrata, existente na

consciência daqueles que compartilham uma mesma cultura. Tem

que haver o processo de comunicação para a existência do

signo, ou seja, pode ser entendido como entidade que permeia a

vida humana, seja no processo de comunicação, seja na

construção do conhecimento.

Pode-se dizer que a principal diferença entre o signo e o

sinal é que o sinal é aquele elemento que não apresenta

possibilidade de significação e já ao signo, é aquela entidade

na qual está embutido determinado significado. A interlocução

é a característica da comunicação, é condição primordial para

a existência do signo. É como se a interlocução jogasse com o

signo para a criação do seu significado.

O significado é identificado dois elementos do significado; a

voz ou representação racional. Suas condições fundamentais

estão presas a dois aspectos inseparáveis: o primeiro, um

conceito ou essência; o segundo é o objeto ao qual a essência,

nome ou conceito, é referido. A diferença dos dois termos vai

constituir a base dos problemas que esse termo possui.

O significado recebeu novas classificações originando-se a

identificação de espécies de significado, vistas em uma

dimensão diferente daquela do signo linguístico. Estas

espécies de significado não estão inseridas nos sinais

isolados, mas em seu campo enunciado, sendo identificadas como

significados lógicos, factuais, sintéticos e analíticos. Em um

mesmo signo pode ter significados diferentes, ou um mesmo

significado pode ser representado por signos diferentes. Esse

aspecto se dá de acordo com os diferentes contextos de cada

cultura, e no contexto dos diferentes contatos entre culturas

distintas.

O significado como entidade cuja existência não se dá em uma

relação dualista com o significante, mas sim uma relação

triádica que envolve o objeto, o signo e o interprete, sendo

este último de especial interesse, para o objetivo deste

trabalho. O significado tem seu processo constitutivo

promovido e legitimado na esfera do interprete. É algo que o

signo ele próprio transmite, tratando-se de uma propriedade

objetiva interna do signo, pode ser visto como uma construção,

que varia nos contextos de interlocução e dentro de instâncias

culturais distintas, propiciando a elaboração de

interpretações sobre o que está sendo representado.

A ciência da informação passa a atuar frente aos estudos de

informação científica e tecnológica, importando daí muitos de

seus paradigmas e métodos. A informação não existe fora do

tempo, fora do processo: ela aumenta, diminui, transforma-se e

conserva-se no tempo. Ela é a qualidade da realidade material

de ser organizada e sua capacidade de organizar, de

classificar um sistema, de criar. É, justamente com o espaço,

o tempo e o movimento, uma outra forma fundamental de

existência da matéria.

A informação é vista como um fenômeno explicitamente humano,

ligado a uma estruturação sócio-cultural, socialmente

disseminado a partir daquilo que é interpretado e constituído

no indivíduo. Ela passa por diversos níveis de interpretação.

A informação é aquela que diz respeito a uma produção de

significados socialmente aceitos. É aquele fenômeno em que há

não só a produção de um bem simbólico, mas também sua

disseminação e consumo, que implica na sua própria reprodução,

já que a dimensão espacial é extremamente dinâmica, dentro da

sua recotextualização.

Por fim o autor fala que signo é todo aquele sinal que

apresenta uma possibilidade de significação, enquanto que o

sinal apresenta, no mínimo, esta possibilidade, sendo que

estas duas entidades podem ser produzidas por outros agentes

que não o homem, mas este tem que estar presente na cadeia de

transmissão sígnica. Portando a separação do que é signo e do

que é sinal já está assinalada.

O sinal pode ou não ser informação. A relação entre o signo e

a informação pode, muitas vezes, levar a uma confusão entre os

dois conceitos. A informação é um signo que tem embutido m si

sua significação no próprio processo de interlocução.

CHARTIER, R. A ordem dos livros: leitores, autores e

bibliotecas na Europa entre os séculos XVI e XVIII. [S.l.]:

Universidade de Brasília, 1994. p.11-31.

O autor evoca a necessidade de se decifrar os mecanismos que

fundamentam os processos de produção, de comunicação e de

recepção dos livros e afins para compreender os princípios que

governam a "ordem do discurso" nas obras e suas íntimas

relações estabelecidas entre humanidade e saber.

A tarefa do historiador é de reconstruir as variações que

diferenciam os “espaços legíveis” e as que governam as

circunstâncias de sua efetuação. Três pólos, em geral

separados pela tradição acadêmica, definem o espaço dessa

história: de um lado, análise dos textos; de outro lado, a

história do livro; finalmente, o estudo de práticas que se

apossam de maneira diversa desses objetos ou de suas formas. É

preciso levar em conta que as formas produzem sentidos e que

um texto, estável por extenso, passa a investir-se de uma

significação e de um status inédito.

A leitura é sempre uma prática encarnada em gestos, em

espaços, em hábitos. Uma história da maneira de ler deve

identificar as disposições especificas que distinguem as

comunidades de leitores e as tradições de leitura, há uma

grande diferença entre os leitores talentosos e os leitores

menos hábeis. Observar as comunidades de leitores é uma

primeira tarefa para se chegar a uma história da leitura

preocupada em compreender, nas suas diferenças, a figura

paradigmática, desse leitor. Mas ler é sempre ler alguma

coisa.

O leitor era considerado um efeito do livro, o reflexo se

delineia, ganha o seu relevo, adquire uma independência. Esta

independência fundadora não é uma liberdade arbitrária. Ela é

limitada pelos códigos e convenções que regem as práticas de

uma comunidade de dependência.

Reconhecer as leituras dos Franceses entre os séculos XVI e

XVIII era, antes de qualquer outra coisa, constituir séries de

dados numerados, estabelecer pisos quantitativos e observar as

traduções culturais das diferenças sociais. É preciso essa

dependência que articula as distâncias, construídas a priori

entre as práticas culturais e oposições sociais, seja na

escala de contrastes macroscópicos, seja na escala de

diferenciações mais muídas.

A história do livro visava caracterizar as configurações

culturais a partir de categorias de textos supostamente

específicas. Tal operação revelou-se duplamente redutora. O

essencial é compreender como os mesmo textos podem ser

diversamente apreendidos, manejados e compreendidos. Deve-se

voltar a atenção particularmente para as maneiras de ler que

desapareceram em nosso mundo contemporâneo. Por exemplo, a

leitura em voz alta, em sua dupla função: Comunicar o texto

aos que não sabem decifrar, mas também cimentar as formas de

sociabilidade imbricadas igualmente em símbolos de

privacidade. Uma história da leitura não deve limitar-se das

nossas maneiras contemporâneas de ler em silêncio e com os

olhos.

Os autores não escrevem livros: não, eles escrevem textos que

se tornam objetos escritos, manuscritos, gravados, impressos,

e hoje, informatizados. O autor mostra um triângulo no inicio

onde voltamos agora que é estabelecida entre o texto, o livro

e a leitura. A primeira refere-se a um texto estável, dado a

ler em formas impressas que, estas sim, sofrem uma mudança.

O estudo dos títulos de catálogo “popular” permitiu observar

como disposições formais a materiais podem encerrar em si

mesmas os índices de diferenciação cultural. Todo esse

trabalho é comandado pela maneira através da qual os livreiros

e impressores especializados nesse mercado representam as

competências e expectativas de seus compradores. Assim, as

próprias estruturas do livro são dirigidas pelo modo de

leitura que os editores pensam ser o da clientela almejada. É,

portanto, nas particularidades formais das edições e nas

modificações que eles se impõem às obras das quais se apoderam

que se pode reconhecer o caráter “popular”. A intenção não é

apenas compreender o mais poderoso instrumento de aculturação

encrita na França do antigo regime. É também, mostrar que a

indicação das diferenças sócio-culturais e o estudo dos

dispositovos formais e materiais, longe de excluírem-se

reciprocamente, estão necessariamente ligados.

A transformação das formas e dos dispositivos através dos

quais um texto é proposto pode criar novos públicos e novos

usos; por outro, a partilha dos mesmos objetos por toda uma

sociedade suscita a busca de novas diferenças, aptas a

sublinhar as distâncias existentes. A conquista do impresso

investiu progressivamente as posturas de leitura e os objetos

tipográficos de uma tal função. A observação é suficiente para

justificar o projeto de uma história das práticas de leitura,

tendo como meta a indicação dos contrastes mais importantes

que se pode extrair dos sentidos diversos de um mesmo texto.

Por fim o autor resume de maneira rápida o que o artigo quis

mostrar, onde os textos antigos constroem representações onde

se reconhecem clivagens tidas como decisivas para os

produtores de livros. As percepções são essenciais na medida

em que se fundam estratégias de redação e de edição, reguladas

pelas supostas habilidades e expectativas dos diferentes

públicos visados. Que a partir de diversas representações da

leitura que é preciso compreender os arranjos e empregos de

impressos mais humildes que o livro, porém mais presentes,

cuja variedade abarca de folhas volantes e cartazes a gazetas

e livretos azuis. Deve-se postular a liberdade de uma prática

onde só podemos capturas as determinações. Construir

comunidades de leitores para observar como as formas materiais

afetam os seus sentidos. Localizar a diferença social nas

práticas mais do que nas diferenças estatísticas, são várias

as vias possíveis para quem quer entender a atividade leitora.