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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL REVISTA ULTIMATO JORNALISMO CRISTÃO E A OUSADIA “TEMÁTICA” EM PAUTA ALANA KAROLINA GOIS SÃO CRISTÓVÃO 2015

Revista Ultimato: jornalismo cristão e a "ousadia" temática em pauta

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

REVISTA ULTIMATO

JORNALISMO CRISTÃO E A OUSADIA “TEMÁTICA” EM PAUTA

ALANA KAROLINA GOIS

SÃO CRISTÓVÃO

2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

REVISTA ULTIMATO

JORNALISMO CRISTÃO E A OUSADIA “TEMÁTICA” EM PAUTA

ALANA KAROLINA GOIS

Trabalho de Conclusão de Curso, em caráter

monográfico, apresentado ao Departamento de

Comunicação Social (DCOS), da Universidade

Federal de Sergipe (UFS), como pré-requisito para

a obtenção do grau de Bacharel em Comunicação

Social, Habilitação Jornalismo.

Orientador(a): Prof. Ma. Michele da Silva Tavares

SÃO CRISTÓVÃO

2015

3

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

ALANA KAROLINA GOIS

REVISTA ULTIMATO

JORNALISMO CRISTÃO E A OUSADIA “TEMÁTICA” EM PAUTA

Banca examinadora:

_______________________________________________________

Prof. Ma. Michele da Silva Tavares

Orientadora (DCOS/UFS)

__________________________________________________________

Prof. Dr. Fernando Luiz Alves Barroso

Professor Adjunto (DCOS/UFS)

___________________________________________________________

Prof. Dr. Josenildo Luiz Guerra

Professor Adjunto (DCOS/UFS)

SÃO CRISTÓVÃO

2015

4

Ao único Senhor e Salvador, Jesus Cristo.

5

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, o grande idealizador deste sonho, que me sustentou durante

toda a construção desta monografia. A Ele, seja o Louvor, a Glória e a Honra para

sempre. À minha orientadora Michele Tavares, por ter aceitado o convite de orientar

este trabalho, e que com sua inteligência e sabedoria, conduziu de forma brilhante as

etapas desta pesquisa. À todos os professores que passaram pela minha vida e

compartilharam os seus conhecimentos. À minha mãe pelo amor, paciência,

companheirismo e cafés nas madrugadas de estudo. Aos pastores Marcos e Cláudia

Andrade por anos de instrução e ensinamentos sobre o caminhar com Deus e à Família

Renovada pela comunhão e alegria de sempre. À minha amiga Leila Renata (Leilinha)

pelo cuidado e amor de sempre. À minha amiga Roseli Silva pela disposição em ajudar

nos ajustes finais. Ao amigo e conselheiro Silas Brito pelo incentivo de sempre. Aos

amigos “jornaleiros” e à turma de Jornalismo pela aventura fantástica ao longo de

quatro anos de curso que vocês me proporcionaram, valeu muito a pena. E a todos que

de forma direta ou indireta, me apoiaram e oraram por mim.

6

RESUMO

Nesta pesquisa, apresentamos um estudo de caso sobre a revista Ultimato e o seu

jornalismo cristão. Partimos de uma reflexão sobre o contexto no qual ela está inserida,

destacando a relação entre mídia e religião e a forma como os meios de comunicação

são utilizados para propagar as mensagens evangelísticas, incluindo uma reflexão sobre

o contrato de informação cristã. Em seguida, abordamos as especificidades do

jornalismo revista, dando ênfase às possibilidades desse suporte para a divulgação dos

valores cristãos. Direcionados por estes aspectos, analisamos o posicionamento editorial

da revista Ultimato - “Sem polêmica, mas delicadamente ousada”, justificando sua

natureza como um produto do segmento editorial “jornalismo cristão”. Para isso,

traçamos uma anatomia da revista Ultimato, pontuando, através de teóricos e do próprio

objeto em análise, algumas características do tipo de jornalismo apresentado pela revista

e, por fim, observando as temáticas abordadas nas matérias de capa.

Palavras-chave: Revista Ultimato; Jornalismo Cristão; Estudo de Caso; Mídia;

Religião.

7

ABSTRACT

In this research, we present a case study on the Ultimato magazine and your Christian

journalism. We start with a reflection on the context in which it is embedded,

highlighting the relationship between media and religion and how the media are used to

propagate the gospel messages, including a reflection on the Christian information

contract. Then, we discuss the specifics of magazine journalism, emphasizing the

possibilities of support for the dissemination of Christian values. Targeted by these

aspects, we analyze the editorial position of Ultimato magazine - "Without controversy,

but gently bold", justifying its nature as a product of the publishing segment "Christian

journalism." For this, we draw an anatomy of Ultimato magazine, scoring through

theoretical and the object itself in analysis, some characteristics of the type of

journalism presented by the magazine and, finally, noting the issues addressed in cover

stories.

Keywords: Magazine Ultimato; Christian journalism; Case Study; media; Religion.

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Censo Demográfico 2010 – perfil religioso brasileiro (Fonte: IBGE)............14

Figura 2. Revistas religiosas do segmento católico. (Fonte: Acervo dos impressos)......16

Figura 3. Revistas religiosas do segmento espírita. (Fonte: Acervo dos impressos).......17

Figura 4. Revistas religiosas do segmento protestante. (Fonte: Acervo dos impressos).17

Figura 5. Jornais impressos religiosos do segmento protestante.

(Fonte: Acervo dos impressos)........................................................................................18

Figura 6. Primeira edição do Jornal Ultimato – Janeiro/1968.

(Fonte: Site/ Editora Ultimato)........................................................................................37

9

LISTA DE QUADROS

Quadro 1. O contrato de informação do jornalismo cristão............................................27

Quadro 2. Síntese de análise das matérias de capa..........................................................47

10

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................................10

CAPÍTULO 1. MÍDIA E RELIGIÃO: EVANGELIZAÇÃO DO PÚLPITO ÀS

GRANDES AUDIÊNCIAS...........................................................................................13

1.1 Os veículos de comunicação como ferramentas de evangelização...............13

1.2 O contrato de informação do jornalismo cristão...........................................20

1.2.1 O que é ser “cristão”?..................................................................20

1.2.2 Qual é o contrato de informação do jornalismo cristão?.............23

CAPÍTULO 2. ULTIMATO E O JORNALISMO EM REVISTA:

SEGMENTAÇÕES E ESPECIFICIDADES..............................................................29

2.1 O desenvolvimento da revista como veículo de informação.........................29

2.2 Delimitando as especificidades do jornalismo de revista..............................31

2.3 A revista Ultimato e seu jornalismo..............................................................36

CAPÍTULO 3. “SEM POLÊMICA, MAS DELICADAMENTE OUSADA”: UM

ESTUDO TEMÁTICO DE ULTIMATO....................................................................42

3.1 Metodologia...................................................................................................42

3.2 Resultados......................................................................................................46

CONCLUSÃO................................................................................................................51

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................53

ANEXOS........................................................................................................................55

11

INTRODUÇÃO

A intensa apropriação dos meios de comunicação de massa pelas religiões cristãs

no Brasil aponta para um entendimento da eficácia destes meios na propagação e

disseminação de suas crenças e mensagens evangelizadoras, uma vez que estes veículos

midiáticos conseguem transmitir o conteúdo religioso para além dos púlpitos,

alcançando assim, um grande número de fiéis e convertidos. Porém, o poder

influenciador destes meios de comunicação, também permite que formas deturpadas da

pregação do Evangelho sejam transmitidas, desviando-se do foco principal da

mensagem do cristianismo, em detrimento do sensacionalismo e das disputas por

audiência.

Em um cenário de inúmeros produtos midiáticos religiosos, constatamos que

alguns deles, principalmente os do segmento impresso, possuem características ou

nuances jornalísticas. Por isso, a revista Ultimato, identificada como cristã, foi escolhida

como objeto de estudo por este trabalho monográfico, centralizando-se na compreensão

de como ela pode ser considerada um produto do segmento editorial denominado

“jornalismo cristão”. Embora nascida em 1976, a revista Ultimato originou-se a partir

do Jornal Ultimato, criado em 1968. Ela autodenomina-se como um produto de

comunicação evangélico, não denominacional, isto é, não se influencia por nenhuma

doutrina de denominação religiosa, e tem como objetivo principal levar evangelização e

edificação ao leitor cristão e não cristão, baseado na ideia de que toda Escritura é útil e

inspirada por Deus.

Para alcançarmos um entendimento a respeito da problemática, foi necessário

estabelecermos um caminho metodológico. Considerando a pesquisa como um estudo

de caso, destacamos no capítulo 1, a partir de uma pesquisa bibliográfica, a relação

entre mídia e religião, além de uma reflexão sobre o contrato de informação cristã, à luz

das ideias de Patrick Charaudeau a respeito do “contrato de informação”, que

juntamente com a contribuição do objeto de análise, culminou na origem das

“características do contrato de informação cristã”, que servirá de base para a análise do

comportamento editorial da revista Ultimato, no capítulo 3. Também através de

pesquisa bibliográfica, identificamos no capítulo 2, as especificidades do jornalismo de

revista, uma vez que o conteúdo de Ultimato tem como suporte a revista. E no capítulo

3, através da análise de conteúdo, procuramos entender o funcionamento e a postura

12

editorial refletida na expressão “Sem polêmica, mas delicadamente ousada”, a partir da

análise das matérias de capa.

Os resultados acerca do Jornalismo Cristão e da “ousadia” temática pautada pela

Revista Ultimato foram direcionados pela pesquisa de estudo de caso, obtida por meio

da pesquisa bibliográfica, ao longo de todo o trabalho, e análise de conteúdo,

concentrada no capítulo 3. Eles mostraram que os temas “polêmicos” de cunho religioso

e social, abordados nas matérias de capa da revista, são contextualizados à luz das

Escrituras, propondo um direcionamento “reflexivo”, dando uma nova roupagem à

linguagem bíblica, esclarecendo o que ela tem a dizer sobre estes acontecimentos e

problemáticas retratadas, e como ela pode contribuir na solução dos mesmos.

Sendo assim, em todo o momento, percebe-se, direta e indiretamente nas

matérias, que a revista Ultimato defende de uma forma sutil, a verdadeira restauração

individual (corpo, alma e espírito) e coletiva (em todas as esferas da sociedade),

alcançada somente através do sacrifício de Jesus Cristo. Isto significa que a revista

Ultimato reflete o objetivo central da inserção das religiões cristãs nos meios de

comunicação, que é o de propagar a sua mensagem evangelística valendo-se de aspectos

do jornalismo cristão.

13

CAPÍTULO 1. MÍDIA E RELIGIÃO: EVANGELIZAÇÃO DO PÚLPITO ÀS

GRANDES AUDIÊNCIAS

1.1 OS VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO COMO FERRAMENTAS DE

EVANGELIZAÇÃO

De acordo com os dados do Censo Demográfico 2010, publicados em 2012, pelo

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o brasileiro mantém, em sua

maioria (cerca de 64%), o perfil religioso filiado à religião católica apostólica romana

(Figura 1), relacionado entre outros fatores, à uma herança do processo de colonização

do País. Destaca-se, contudo, que a partir dos Censos de 1991, 2000 e 2010, registrou-se

uma redução do percentual de pessoas que se declaram da religião católica sem que o

segmento perdesse a hegemonia representativa (CENSO DEMOGRÁFICO, 2010).

De fato, a partir do Censo de 1991, foram registradas mudanças significativas na

composição religiosa brasileira, sobretudo em virtude da população que se declara

evangélica, “o qual passou de 6,6% para 9,0% do total da população no período de 1980

a 1991, com destaque para os evangélicos pentecostais que cresceram de 3,2% para

6,0%.” (CENSO DEMOGRÁFICO, 2010, p.89). A comunidade evangélica vem

consolidando seu crescimento conforme os registros do Censo 2000, com 15,4% da

população, e do Censo 2010, com 22%. O último levantamento do perfil religioso dos

brasileiros ainda indica um aumento total de espíritas nas três últimas décadas (1,1%,

em 1991; 1,3%, em 2000; 2,0%, em 2010) e, também, dos que se denominam sem

religião (7,4%, em 2000, e 8,0%, em 2010).

14

Figura 1: Censo Demográfico 2010 – perfil religioso brasileiro (Fonte: IBGE).

Considerando esses dados do perfil religioso no Brasil, direcionamos a

argumentação desse trabalho para a seguinte reflexão: a forma como determinados

segmentos religiosos utilizam os veículos de comunicação como ferramentas de

evangelização. O crescente avanço das tecnologias e dos meios de comunicação permite

que estas religiões com forte expressividade no país, expressem as suas crenças para

além dos seus templos e cultos religiosos, ocupando, assim, espaços nas emissoras de

rádio e televisão e produzindo jornais e revistas, pois acreditam no potencial midiático

para disseminar fortemente a filosofia de vida que cada religião carrega.

De acordo com Budke (2005), as religiões focavam suas participações na mídia,

apenas para transmitir a sua espiritualidade, porém ao longo do tempo, se deslumbraram

com as diversas oportunidades proporcionadas pelos meios de comunicação e, por isso,

voltaram as atenções às questões ligadas às audiências, ou seja, às pessoas que eles

conseguiam cativar através dos seus programas.

Nos últimos anos, a Igreja Católica conquistou seu espaço na mídia brasileira,

sendo considerada a maior referência em comunicação religiosa por manter no ar, 24

horas, as emissoras de televisão: Canção Nova (1989), Rede Vida (1993) e Século XXI

(1989). Mas, esse lugar midiático conquistado pela Igreja Católica, só se deu em virtude

do crescimento de outras religiões na mídia, incluindo a Evangélica, fazendo com que

alguns fiéis católicos fossem cativados por outras doutrinas, diminuindo assim, o poder

de influência do catolicismo (BUDKE, 2005). Embora o catolicismo possua um espaço

15

bastante consolidado na mídia, são as denominações protestantes que dominam os

veículos de comunicação de maior alcance, a exemplo da Igreja Universal do Reino de

Deus (IURD), com a emissora Record, despertando a atenção do universo midiático.

Este vínculo do protestantismo com a mídia começou a surgir no Brasil, em 1940,

através da Igreja Adventista do Sétimo Dia, com os primeiros programas evangélicos no

rádio, criando o Sistema Adventista de Comunicação (SISAC) que transmitia o

programa A Voz da Profecia. Logo em seguida, vieram os programas das igrejas

Assembléia de Deus, pioneira na relação do pentencostalismo com a mídia, através do

programa Minutos com Jesus, aparecendo depois a Igreja do Evangelho Quadrangular,

O Brasil Para Cristo e a Igreja Deus é Amor. E na década de 50, foi criado o programa

de rádio, A voz da Nova Vida pelo missionário canadense Robert Mclister e depois a

fundação da Igreja de Nova Vida. Inicialmente, os programas eram moldados pela

estrutura norte-americana e depois foram alinhados aos padrões brasileiros

(SANTANA, 2005).

Já as igrejas Luteranas iniciaram com menos força, obtendo programas de rádio

produzidos pelas suas comunidades, como a A hora luterana ou A hora evangélica,

veiculados nas rádios comunitárias. Com as denominações Presbiteriana, Metodista e

Batista, aconteceu algo semelhante às Luteranas, porém como tinham uma forte relação

com as igrejas norte-americanas, estas colaboraram com a difusão das práticas

comunicativas destas denominações através da mídia. A partir da década de 60, a

televisão começou a dar lugar aos programas evangélicos e novamente os adventistas

foram os primeiros a conquistar um espaço neste novo veículo midiático, chegando logo

atrás o missionário canadense, fundador da Igreja de Nova Vida, com o seu programa

pentecostal (BUDKE, 2005).

Na década de 1970, houve no Brasil, uma explosão dos programas de televisão

evangélicos norte-americanos, como Alguém Ama Você de Rex Humbart e os cultos do

pastor Jimmy Swggart, ambos marcados pela simpatia de seus líderes e por

apresentarem as suas vertentes teológicas e ideológicas. Esta época foi chamada de

Igreja Eletrônica. Mas estes programas só duraram até meados da década de 1980, pois

não fizeram muito sucesso entre os brasileiros, em virtude de serem produzidos de

acordo com um padrão cultural, diferente do vivido no Brasil. (BUDKE, 2005;

SANTANA, 2005).

16

Segundo Budke (2005), existem alguns fatores que reforçam ainda mais a relação

do protestantismo com a mídia. São eles:

- A forte presença da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), através da sua atuação

no impresso, com a publicação da Folha Universal, nos programas de rádio e

principalmente na televisão, por meio da compra da Rede Record de Televisão, se

transformando na primeira denominação evangélica a obter a concessão de uma

emissora de televisão de amplitude nacional, onde são veiculados os programas da

igreja;

- A presença de políticos evangélicos na bancada do Congresso Nacional, tornando

significativa a participação da comunidade evangélica nas questões políticas do Brasil;

- O declínio do catolicismo e a pequena relação que ele tem com as emissoras não

religiosas na questão da autorização de programas televisão e, em contrapartida, o

crescimento do protestantismo no país e abertura que as emissoras televisivas dão para

as igrejas evangélicas exibir seus programas no horário nobre, devido à fidelidade de

seu público, acarretando uma grande audiência para a TV, a exemplo, o programa Show

da Fé da Igreja Internacional da Graça de Deus.

No caso da mídia impressa religiosa, embora não tenha tanto alcance como a

televisão e o rádio, ela se mostra tradicional e consolidada na veiculação de seus

conteúdos religiosos. No catolicismo, há a forte presença de A Revista de Aparecida,

criada em 2002, e do Jornal Santuário de Aparecida, que começou a circular em 1900,

ambos pertencentes ao Santuário Nacional de Nossa Senhora de Aparecida, que ainda

possui uma emissora de rádio e televisão. Há também a Revista Família Cristã, fundada

em 1934, pela Paulinas Editora, e a revista do grupo Canção Nova nascida em 2000,

que leva o mesmo nome da rede de comunicação cristã (Figura 2).

Figura 2: Revistas religiosas do segmento católico. (Fonte: Acervo dos impressos)

17

O segmento espírita, por sua vez, também possui algumas revistas impressas, a

exemplo da revista Reformador, fundada em 1883 pelo fotógrafo Augusto Elias da Silva

e integrante da Federação Espírita Brasileira (FEB) e a Revista Cristã de Espiritismo, da

editora Minuano, lançada em 1999, e a Revista Ser Espírita (Figura 3). Além disso, há

uma série de jornais impressos e virtuais que também auxiliam à propagação da

doutrina espírita, consolidando sua inserção na mídia, a exemplo dos jornais Correio

Espírita, O Imortal, Folha Espírita, entre outros.

Figura 3: Revistas religiosas do segmento espírita. (Fonte: Acervo dos impressos)

Por fim, representando o protestantismo, há títulos como as revistas Ultimato

(com mais de 40 anos em circulação, conforme veremos adiante), Cristianismo Hoje

(2007), Lar Cristão, (1986), além dos jornais Folha Universal da IURD (1992) e Show

da Fé, da Igreja Internacional da Graça de Deus (2011).

Figura 4: Revistas religiosas do segmento protestante. (Fonte: Acervo dos impressos)

18

Figura 5: Jornais impressos religiosos do segmento protestante.

(Fonte: Acervo dos impressos)

Por mais que as essas religiões se diferenciem em suas doutrinas, todas possuem

um objetivo comum quando se trata dos dispositivos midiáticos: a sua utilização como

ferramenta de transmissão de suas crenças e valores religiosos, tendo como foco

principal os ensinamentos do cristianismo. Portanto, pode-se afirmar que há um

consenso entre esses segmentos religiosos de que a mídia é uma ferramenta estratégica

de evangelismo.

Entre o sagrado e a difusão evangelizadora mercadológica

Martino (2003) defende que toda e qualquer instituição religiosa é definida pela sua

essência sagrada, concebida desde os tempos mais remotos da humanidade. Mas,

quando esta instituição se apropria dos mecanismos “profanos” dos meios de

comunicação, ela começa a sofrer um processo de mudanças no seu conceito de

“sagrado”, promovendo questionamentos pertinentes a respeito de uma nova

possibilidade de relacionar-se com o divino através dos veículos midiáticos.

Para o autor, esta secularização da instituição religiosa, derivada das transformações

ocasionadas pela mídia, fez com que ela perdesse a sua capacidade de determinar

respostas e sentido aos fatos sociais, ou seja, a religião está se desestruturando e

desintegrando tanto na forma quanto no conteúdo, além de estar sendo excluída dos

assuntos “sérios” que norteiam a sociedade por ser uma manifestação de crença e

valores que só pode ser expressa dentro de sua comunidade ideológica, alinhada ao

posicionamento da instituição. No entanto, a religião possui a competência de atribuir

respostas às questões existenciais a partir de suas certezas, mesmo ausentes de uma base

19

racional, sendo disseminadas fortemente pelos meios de comunicação (MARTINO,

2003).

Segundo Melo (2005), mesmo com a percepção que a Igreja Católica tem da sua

atuação massiva em relação à sua reprodução simbólica, que age por meio dos veículos

de comunicação, ela resiste em continuar utilizando esses instrumentos de comunicação

como se tal situação não tivesse sido percebida. No ambiente interno, ela segue com

suas práticas e formas dialógicas e interativas de comunicação, mas, no âmbito externo,

difunde a mensagem do Evangelho no rádio, televisão, imprensa e cinema, ao modo

mercadológico, os quais estão inseridos esses veículos, que vão se modernizando

conforme o avanço tecnológico.

Compreende-se que a ação evangelizadora não pode ser feita sem o concurso

dos modernísssimos instrumentos da comunicação eletrônica; mas tem-se a

consciência de que o processo de evangelização precisa ser repensado,

reestruturado, para evitar que se continue, como outrora, confundindo

comunicação com persuasão (MELO, 2005, p.30).

Uma outra questão abordada por MELO (2005) é que se a compreensão da

prática evangelizadora está relacionada com a tradução da mensagem bíblica, a partir da

realidade, identificando no cotidiano de cristãos, aspectos de que eles vivenciam com

veemência à luz dos ensinamentos de Cristo, em consequência é necessário que as

práticas comunicativas encontrem saídas técnicas, éticas e culturais. A problemática

caminha no sentido de como superar as contingências tecnológicas dos meios de

comunicação de massa, que impedem uma participação coletiva dos interlocutores, a

fim de evitar que a mensagem evangelística não se torne unilateral.

Mesmo diante desse questionamento, o que se observa é a tentativa da Igreja

latino-americana em contribuir para a mudança desse quadro, abrindo espaço para

aqueles que não possuem voz dentro da sociedade, a fim de que eles expressem suas

opiniões e anseios, e principalmente, que compartilhem a esperança que eles têm na

vinda do Reino. Segundo o autor, se não for a solução, pode ser uma porta para ela. Para

ele, o importante é que os comunicadores responsáveis pela propagação da

evangelização libertadora persistam nesse caminho, buscando conciliar as práticas

comunitárias internas da comunicação eclesial com as atividades tecnológicas e

eletrônicas. “Há uma crença enorme nas potencialidades multiplicadoras das mensagens

evangélicas disseminadas através da imprensa, rádio, TV e cinema. É quase uma

proclamação da onipotência e onipresença daqueles meios.” (MELO, 2005, p. 33).

20

A revista Ultimato, objeto de análise desta pesquisa, ao invés de determinar os

significados dos acontecimentos sociais, propõe em seu posicionamento editorial um

direcionamento reflexivo e contextual dos fatos e atualidades que permeiam a

sociedade, a partir de uma consciência cristã. No entanto, a revista não tenta impor seus

dogmas, mas apenas promover afirmativas e questionamentos sobre o mundo baseados

na Escritura. Sendo assim, a Ultimato resiste a essa concepção de Martino (2003) de que

a fé cristã perdeu o seu espaço de formadora de sentidos, em uma época onde a ciência

busca o domínio em todos os campos sociais.

Contudo, observa-se que no conteúdo da revista Ultimato, há uma difusão de uma

prática de fé cristã racional, que não seria exatamente o mesmo conceito de razão

proposto pela ciência, mas que é pautada por meio de ações ligadas à responsabilidade

social com o intuito de expandir as suas convicções para além dos templos religiosos,

ou seja, seria o “colocar a fé em prática”, neste mundo por meio de atitudes cidadãs que

fazem a diferença na sociedade, acreditando que esta deve ser uma das missões dos

cristãos como cidadãos de um Reino que se é aguardado por meio desta mesma fé.

1.2 O CONTRATO DE INFORMAÇÃO DO JORNALISMO CRISTÃO

“Qualquer análise da mídia religiosa, portanto, deve ser precedida por uma análise

de seu campo de produção.” (MARTINO, 2003, p.28). Com base nessa afirmativa,

entende-se que a análise do conteúdo religioso na mídia está diretamente ligada à

estrutura de produção desse segmento. Por isso, este tópico direcionará a compreensão

do funcionamento do contrato de informação do jornalismo cristão, através da

apresentação do conceito de cristão e da reflexão sobre o tipo de contrato de

comunicação estabelecido pela revista, voltado à prática de evangelização pela mídia,

por meio de uma contextualização dos acontecimentos a partir de uma concepção cristã,

colaborando no processo de construção do “jornalismo cristão”.

1.2.1. O QUE É SER “CRISTÃO”?

Para avançar o entendimento acerca da expressão “jornalismo cristão”,

defendido neste trabalho, é necessário refletir sobre as definições das palavras cristão e

cristianismo. De acordo com o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, cristianismo

é “o conjunto das religiões cristãs, baseadas nos ensinamentos, pessoa e vida de Jesus

21

Cristo.” E a palavra cristão possui dois significados: “1. Relativo ao cristianismo ou

que o professa. 2. Indivíduo cristão.” A raiz etimológica de “cristianismo”1 vem da

palavra “Cristo” que significa messias, pessoa consagrada e ungida. No hebraico é

mashiah, o salvador e no grego traduz-se como khristos e no latim, christus.

O livro de Atos2 pertencente ao Novo Testamento da Bíblia, reforça estas

definições quando narra a primeira vez em que os seguidores de Jesus Cristo foram

chamados cristãos, na cidade de Antioquia. “e, quando o encontrou, levou-o para

Antioquia. Assim, durante um ano inteiro, Barnabé e Saulo se reuniram com a igreja e

ensinaram a muitos. Em Antioquia, os discípulos foram pela primeira vez chamados

cristãos.” (ATOS 11:26). Esta nomeação se deu por causa da semelhança entre os seus

comportamentos e o de Cristo, que no início foi utilizada no sentido de deboche pelos

considerados não salvos da cidade. Sendo assim, o significado mais real da palavra

cristão é “pertencente ao partido de Cristo” ou “aderente ou seguidor de Cristo”.

O apóstolo Paulo, escritor de muitas das cartas do Novo Testamento, vivenciou

os primeiros séculos do cristianismo e foi um dos precursores da ideia de que ser cristão

vai além de seguir ou apoiar os ensinamentos de Jesus Cristo sob uma tradição religiosa.

Para Paulo, o verdadeiro cristão professa uma crença no sacrifício de Jesus na cruz

como a única forma de salvação da humanidade perdida em pecado, além de proclamar

a Sua ressurreição e segunda vinda à Terra para estabelecer o Seu Reino e buscar

àqueles salvos. Esta crença constituiu a base da Reforma Protestante, que deu origem ao

protestantismo.

O entendimento acerca do que denominamos aqui “jornalismo cristão”,

assemelha-se ao que já era compreendido e aceito pela Unión Católica Latino-

Americana de Prensa (UCPLA), uma organização de profissionais religiosos da

imprensa, que na comemoração dos 25 anos de entidade, puderam constatar o

surgimento de um novo “jornalismo católico” no continente. Segundo Melo (2005),

antigamente havia apenas uma preocupação em ganhar espaço nos meios de

comunicação para a “propagação do Evangelho”, mas nos dias atuais, a situação se

reverteu e o que se observa é uma nova postura, mais séria e comprometida com o

registro e a interpretação da realidade, ou seja, dos acontecimentos que nos rodeiam, à

luz dos ensinamentos de Cristo, disseminados nas páginas da Bíblia.

1 Disponível em: “A breve história do cristianismo” http://www.vivos.com.br/86.htm 2 Disponível em: “O que é um Cristão?” http://www.gotquestions.org/Portugues/que-Cristao.html

22

A partir dessa nova postura de comunicação midiática dos propagadores do

Evangelho, observa-se uma forte semelhança entre as definições de “jornalismo

católico” e “jornalismo cristão”. Entretanto, optou-se neste trabalho pela utilização da

denominação “jornalismo cristão”, em referência aos produtos jornalísticos oriundos de

segmentos religiosos que disseminam os ensinamentos do cristianismo. Sendo assim,

considera-se que o jornalismo cristão construído e praticado pela revista Ultimato,

percorre a essência e os fundamentos do cristianismo de uma forma concisa, viva e

estruturada, por meio de uma roupagem jornalística, acreditando que esta é uma

ferramenta eficaz de evangelização e edificação.

Segundo Melo (2005), as práticas de comunicação dominantes estão vinculadas

diretamente às estruturas de poder simbólico das instituições da sociedade e a igreja

latino-americana, como uma dessas organizações detentoras do controle social e

político, possui os seus mecanismos de comunicação em processo de mudança

associado às mutações estruturais que a própria instituição vem sofrendo ao longo do

tempo. Na história do cristianismo, há, portanto, duas dimensões importantes para sua

configuração sociopolítica e que estão interligadas às práticas de comunicação.

A primeira dimensão é a do Cristianismo primitivo que se refere às comunidades

que são direcionadas pelos ensinamentos de Cristo através da Escritura, mas que fazem

parte de uma instituição eclesial não-institucionalizada. A forma de comunicação dessa

dimensão é direcionada por meio de fluxos horizontais, ligados à participação plena e

igual dos cristãos na interpretação do Evangelho e do seu anúncio. E a segunda

dimensão é a do Cristianismo moderno, marcada pela existência de uma instituição

eclesial que assume o papel de detentora do conhecimento teológico, estabelecendo

critérios que determinarão a interpretação do Evangelho. Embora sejam identificadas

nas formas de comunicação dessa dimensão, resíduos de fluxos horizontais das

pequenas comunidades, são os fluxos verticais, originados nas hierarquias e passados às

bases, que guiarão o padrão dominante de comunicação do Cristianismo moderno.

(MELO, 2005).

Para Melo (2005), é o padrão de comunicação do cristianismo moderno vigente

e marcado por monólogos, verticalismo e unilateralidade, que está refletido diretamente

no comportamento da Igreja acerca dos instrumentos de reprodução simbólica utilizados

por ela – imprensa, cinema, rádio e televisão, para disseminar o seu conteúdo. “Esse

padrão repercute particularmente no modo como a Igreja recebe a imprensa e se serve

dela. Persistiria no confronto da instituição eclesial com os meios eletrônicos de

23

comunicação.” (MELO, 2005, p. 25). E esse tratamento que a Igreja dá aos veículos de

comunicação, obviamente, acompanhará as transformações que ela sofrerá na própria

estrutura organizacional e na sociedade.

É importante ressaltar que o grande diferencial do jornalismo católico, segundo

Melo (2005), concentra-se na ênfase em propagar o evangelho do que na atividade

jornalística, isto é, na tentativa de direcionar as pessoas a desenvolverem uma nova

maneira de olhar para a sociedade, baseada na ideologia cristã. Entretanto, há uma

preocupação jornalística, direcionada pelo cristianismo, que procura disseminar a

verdade do evangelho, contextualizando-o com os acontecimentos do cotidiano.

1.2.2. QUAL É O CONTRATO DE INFORMAÇÃO DO JORNALISMO

CRISTÃO?

Como já pontuamos anteriormente, antes de analisar todo e qualquer conteúdo

religioso na mídia convém refletir sobre a lógica produtiva desse segmento. Neste

sentido, trazemos uma reflexão sobre a noção de “contrato de informação”, defendido

por Patrick Charaudeau. Pretende-se, então, com essa reflexão compreender algumas

características do direcionamento editorial da revista Ultimato (como por exemplo, o

que fala, para quem direciona seu discurso, entre outros elementos).

Para que se estabeleça a construção de um discurso cristão dentro do âmbito social,

é necessário compreender o que Charaudeau (2010) afirma em relação à existência de

qualquer tipo de discurso. De acordo com o autor, para que ele surja, é preciso

condições específicas da situação em que se encontra. Sendo assim, a situação de

comunicação funcionaria como um guia de referência para os indivíduos de uma

comunidade social, que conseguem, a partir deste referencial, nortear os seus atos de

linguagem e construções de sentido. “A situação de comunicação é como um palco,

com suas restrições de espaço, de tempo, de relações de palavras, no qual se encenam as

trocas sociais e aquilo que constitui o seu valor simbólico.” (CHARAUDEAU, 2010, p.

67).

Segundo o autor, essas restrições são estabelecidas a partir de uma organização

das práticas sociais feita pelos próprios indivíduos e pelos discursos de representação

que justificam essas práticas e as valorizam. É dessa forma que as normas e convenções

de comportamentos da linguagem são construídas e constituem a comunicação humana,

levando em consideração que o ato de comunicar-se, deve estar ligado aos dados da

24

situação de comunicação, que ressalta a submissão do locutor às suas restrições e a

capacidade de reconhecimento destas restrições pelo interlocutor ou destinatário, que

também as possui. Assim, constituiu-se a “cointencionalidade”, responsável por realizar

essa troca de linguagens, que tem como suporte as restrições da situação de

comunicação. Dado o reconhecimento mútuo dessas restrições entre os parceiros na

comunicação, isto significa que eles se ligam através de um acordo prévio referente a

esse contexto de referências.

Estes parceiros (locutor e interlocutor) comprometem-se, antes de qualquer

finalidade pessoal, “a um contrato de reconhecimento das condições de realização da

troca linguageira em que estão envolvidos: um contrato de comunicação”

(CHARAUDEAU, 2010, p. 68) Este contrato é um resultado das características próprias

da situação de troca baseadas nas regularidades comportamentais dos indivíduos, o que

o Charaudeau nomeia como dados externos, e dos aspectos propriamente discursivos

que diz respeito aos modos de linguagem dos que interagem, conhecido como os dados

internos.

Portanto, por estar mergulhado em um tipo de discurso (o religioso), o

jornalismo cristão observado na revista Ultimato, perpassa por todas as atribuições que

acompanham o contrato de informação, ou seja, como emissor de informação, a

Ultimato preocupa-se em construir um conteúdo que interligue os acontecimentos do

cotidiano às concepções do Cristianismo (uma forma de pensar cristã), apesar de suas

restrições nas trocas de linguagens, respeitando-as e almejando atingir uma interação

profunda com seu interlocutor (cristão ou não cristão), atentando-se ao universo do seu

público-alvo.

O processo comunicacional do jornalismo cristão também é marcado pela

presença de duas instâncias que se relacionam entre si, nomeadas por Charaudeau

(2010) de instância de produção e instância de recepção. A instância de produção possui

a função de fornecer a informação e estimular as pessoas a desejarem consumir essa

informação, a fim de cativar o seu público. Já a instância de recepção manifesta a

vontade de usufruir tal conteúdo. Com isso, constroem-se dois pólos: o de quem produz

a informação e o de quem recebe a informação, porém não são ideias tão simples.

Quando se trata de produção de informações, não significa apenas transmitir o

conhecimento, mas colocá-los de frente aos acontecimentos do mundo ou apreender a

existência deles, para que assim se estabeleça um entendimento acerca das coisas,

sempre levando em conta as construções de representações do público, que nem sempre

25

se reconhecem, em sua totalidade, nessas representatividades, podendo seguir seu

próprio estilo de vida (CHARAUDEAU, 2010).

Charaudeau (2010) aponta outras características das duas instâncias do contrato

de informação:

- Instância da produção: trabalha com as questões externas do sistema de produção e

com o próprio discurso da informação. É composta por diversos atores que juntos

contribuem para a finalização do produto informativo. Eles trabalham na direção,

programação, redação das notícias e operação técnica, para juntos, construírem um

único e homogêneo discurso informativo que representa a ideologia do organismo de

informação. Isso implica que o jornalista, seja ele de qual especificação for, torna-se o

indivíduo mais importante, ainda que seja complexo atribuir somente a ele, a

responsabilidade da informação. Mesmo que seja assinada pelo jornalista, ela sofre

modificações pelas instâncias midiáticas.

- Instância de recepção: move-se em torno do destinatário, a “instância-alvo”, e da

“instância-público”, diretamente ligada à atividade de consumo. Aqui o público é

considerado o foco principal, contudo não deve-se tratá-lo de maneira geral, pois ele

difere-se a partir dos meios de transmissão - uns são leitores (imprensa), alguns ouvintes

(rádio) e outros, telespectadores, (televisão). Uma outra questão é que os produtores de

informação não possuem a presença física dos receptores no processo de produção, o

que impede a percepção imediata das reações deles, além da ausência de diálogo

durante a produção, impossibilitando a compreensão dos seus pontos de vista, que

colaboraria na apresentação da informação.

Sendo assim, todos os atores envolvidos no discurso cristão da revista Ultimato,

sejam pastores, jornalistas e especialistas em diversas áreas, colaboram para fortalecer a

ideologia da instituição cristã, disseminando-a para um público que já espera e deseja

consumir essas informações – público cristão, e para aqueles que não se consideram

alvo do discurso – público não-cristão, mas que na verdade são, em virtude do caráter

evangelizador e edificador a que se propõe o produto jornalístico.

Há ainda, segundo Charaudeau (2010), um conflito envolvendo duas vertentes

ao qual o contrato de informação está submetido. A primeira é a do fazer saber, voltada

ao eixo da informação propriamente dita, resultando na produção de um objeto de

conhecimento que procura informar o cidadão a respeito do que acontece no mundo da

vida social, através de duas atividades, a descrição-narração, que transmite os fatos do

mundo e a explicação, que os contextualiza, expondo suas causas e consequências e

26

produzindo um valor de verdadeiro e de falso por meio do discurso. Em se tratando do

jornalismo cristão, entende-se que através do objeto revista Ultimato, ele materializa-se

com a intenção de descrever os fatos da sociedade e promover o diálogo entre eles e a

perspectiva cristã, para que as suas causas e consequências sejam discutidas sob a ótica

dos ensinamentos bíblicos.

A segunda vertente que envolve o contrato de informação é a do fazer sentir, ou

eixo de captação, responsável por produzir um objeto apenas pensando em seu

consumo, a fim de sobreviver na concorrência mercadológica. Mesmo que na prática

seja a captação que prevaleça no processo de construção da informação, é o fazer saber

que legitima a representatividade do contrato de comunicação. E essa estratégia tratada

por Charaudeau (2010) é mais direcionada a um público que, ao princípio, não se sente

atraído pela mensagem do produto, fazendo com que os organismos informativos

busquem novas formas mais dramatizantes e menos racionalizantes para persuadir e

seduzir. Este fenômeno deve-se à concorrência de mercado e à posição institucional

conquistada que o coloca no dever de informar da maneira mais correta possível.

Baseado neste caminho instruído por Charaudeau que possibilita estratégias para

cativar uma parte do público- alvo que não é conquistado de primeira, é possível afirmar

que a revista Ultimato apresenta algumas nuances de artifícios dramatizadores nas

temáticas pertinentes, importantes e necessárias para mobilizar a emoção daqueles que

se mostram resistentes ao jornalismo cristão – provavelmente o público não cristão, mas

sem desviar do foco principal, que é ser direto na contextualização dos fatos por um viés

cristão para difundir o Evangelho e edificar o indivíduo.

Por fim, o contrato de informação midiático é caracterizado pela dualidade do

fazer saber e do fazer sentir, em que o primeiro preocupa-se com a seriedade da

informação que resulta em um produto de credibilidade e o segundo que procura

produzir efeito através da emoção e dramatização, sendo que se as mídias tenderem para

o racionalizante, elas tocarão menos o grande público mas se elas tenderem para o

dramatizante, serão consideradas menos credíveis (CHARAUDEAU, 2010).

No entanto, para que cada contrato de comunicação se estabeleça, ele deve estar

associado a um dispositivo particular, com suas restrições, mas responsável pela

concretização deste contrato em uma situação de comunicação. Segundo Charaudeau

(2010), este dispositivo é o próprio suporte físico da mensagem, que está

intrinsicamente ligado ao conteúdo veiculado, ou seja, para que a mensagem alcance o

seu fim interpretativo, ela precisa estar em sintonia com a sua forma, seu significante e

27

todas as características deste suporte que a carrega, uma exercendo total influência

sobre a outra. “Todo dispositivo formata a mensagem e, com isso, contribui para lhe

conferir um sentido.” (CHARAUDEAU, 2010, p. 105).

Dentro do universo da comunicação midiática, Charaudeau (2010) distingue os

três grandes suportes comunicativos, que são o rádio, caracterizado pela voz, a

televisão, representada pela imagem e a imprensa, marcada pela escrita. Todos estes

suportes se diferenciam nas suas representações de tempo, espaço e condições de

recepção, originando diferentes interpretações para uma mesma mensagem. Diante

dessas classificações, a revista Ultimato caracteriza-se, portanto, como dispositivo

midiático impresso, formato mais adequado para construção de seu conteúdo,

inicialmente formulado como jornal e depois transformando-se em revista. Então,

compreende-se que a crença da revista Ultimato na eficácia do seu dispositivo, é devido

à sua essência escritural, em que as palavras, gráficos, desenhos e imagens fixas,

ganham expressividade sobre o suporte de papel. Portanto a facilidade que o impresso

tem em proporcionar análises, comentários e reflexões a respeito da informação,

corresponde exatamente à finalidade da revista.

A seguir, apresentamos uma síntese das características do contrato de

informação do jornalismo cristão, identificadas a partir das teorias de Patrick

Charaudeau, abordadas ao longo deste capítulo e, principalmente através da observação

do objeto em análise, a revista Ultimato (Quadro 1). Utilizaremos essas referências ao

longo da análise das matérias de capa da revista, conforme apresentaremos no capítulo

seguinte.

Quadro 1 – O contrato de informação do jornalismo cristão.

CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO

DE INFORMAÇÃO “CRISTÔ

O QUE SIGNIFICA?

Levar evangelização e edificação ao leitor

através dos veículos impressos (jornais e

revistas)

o anúncio do evangelho não depende somente do

púlpito, mas ele também pode atingir o seu objetivo

através da capacidade de alcance dos meios de

comunicação de massa, neste caso, o impresso.

Dar uma nova embalagem ao conteúdo

bíblico, mas sem alterá-lo.

aproxima o conteúdo bíblico dos acontecimentos atuais

vividos pelo leitor, para que haja uma contextualização

dos fatos da atualidade, através da perspectiva bíblica.

Relacionar “Escritura com promove uma relação entre a tradução da mensagem

28

acontecimento” bíblica no contexto da realidade, mas sem perder a sua

ideia original, e identifica no cotidiano de cristãos,

aspectos vivenciados à luz dos ensinamentos de Cristo.

Não determina o acontecimento dos fatos

sociais.

ou seja, não é polêmico (pois não traz a argumentação

do jornalismo tradicional, na escolha das fontes e dos

pontos de vista), mas é firme (na abordagem do

evangelho e nos ensinamentos bíblicos) e ousado (na

escolha dos temas). A intenção é disseminar a

mensagem cristã sem autoritarismo e prepotência.

Propõe um “direcionamento” reflexivo e

contextual dos fatos.

incentiva o pensamento reflexivo a respeito dos

acontecimentos da sociedade, a partir de uma

consciência e estilo de vida cristã.

Promove o diálogo entre os cristãos e não

cristãos.

estimula a comunicação entre seus públicos (cristão e

não cristão), independentemente de sua religião

declarada, através dos assuntos abordados.

29

CAPÍTULO 2. ULTIMATO E O JORNALISMO EM REVISTA:

SEGMENTAÇÕES E ESPECIFICIDADES

Neste segundo capítulo do trabalho, trataremos da trajetória da revista enquanto

veículo de informação, suas principais características que a diferencia dos jornais

impressos, além de apresentar a história e anatomia do jornalismo da revista Ultimato.

A revista caracteriza-se como um meio de comunicação singular, devido à sua

capacidade de produzir um jornalismo mais elaborado e contextualizado. Isto acontece

em virtude da sua temporalidade estendida que permite desenvolver uma reportagem

interpretativa em profundidade, dando origem a um texto jornalístico visualmente

sofisticado, elegante e sedutor, resgatando a parceria entre jornalismo e literatura.

2.1. O DESENVOLVIMENTO DA REVISTA COMO VEÍCULO DE

INFORMAÇÃO

Embora tenha surgido dissociada da imprensa, a revista (enquanto formato

impresso) foi adaptando sua funcionalidade como veículo de comunicação. Ao longo

dos anos, muitas das publicações começavam a se direcionar aos assuntos pedagógicos

e religiosos, servindo como um canal de instrução, principalmente para aqueles que não

tinham acesso aos livros, considerados fontes de conhecimento.

A palavra magazine (atualmente traduzida como “revista”) surge em 1704, com

o sentido de aprofundamento nos assuntos abordados. No entanto, um pouco antes dessa

data, surge na Alemanha uma primeira publicação com forma e o formato de livro,

chamada Erbauliche Monaths Unterredungen ou Edificantes Discussões Mensais

(1663), sendo aceita como revista por conta dos artigos de teologia, do público

específico e da regularidade na publicação. Logo depois, surge na França a primeira

revista literária denominada Journal des Savants, e em seguida, em momentos

diferentes, foram lançadas o Giornalli de Litterali (Itália) e o Mercurius Librarius ou

Faithfull Account of all Books and Pamphlets (Inglaterra) (SCALZO, 2004).

Apenas em 1731, nasce na Inglaterra a The Gentleman’s Magazine, primeira

revista que se aproxima do padrão moderno atual, e é a partir daí que a expressão

magazine passa a ser utilizada na Inglaterra e França. No ano de 1741, o termo chegou

aos Estados Unidos, através da fundação da American Magazine e General Magazine,

30

com o surgimento de 100 títulos até o século XIX. A partir deste século, a revista

começa a se expandir e ditar padrões. Isto se deu por causa de alguns fatores, como o

desenvolvimento da economia, a diminuição do analfabetismo e o maior interesse por

novos pensamentos e o anseio de publicá-los. Nessa época, as pessoas tinham o desejo

de ler mais e conhecer os mais variados assuntos, porém sem a obrigação de ter que

obter esse conhecimento somente através do livro.

Com isso a revista se tornou uma alternativa, por causa da união de diversos

conteúdos, acompanhados de recursos gráficos em um mesmo produto. Isso fez com

que as pessoas que não tinham acesso ao conteúdo dos livros, que eram uma realidade

apenas das elites, pudessem adentrar aos saberes através de um outro formato, a revista.

Para Scalzo (2004), a revista situa-se entre os jornais impresso, ligados às ideologias

políticas, e os livros, acessíveis somente à classe rica. Este novo produto que surgia se

aproximava mais da ciência e da cultura, funcionando como um incentivo à educação.

O texto em revista seguiu sua evolução atendendo aos gêneros e temáticas. No

século XIX, surgiram as revistas femininas e também começaram a se desenvolver as

revistas Scientifican American e National Geografhic Magazine. No Brasil, as revistas

chegaram no início do século XIX, através da corte portuguesa que chegou ao Brasil

fugitiva da perseguição napoleônica. A primeira revista foi intitulada As Variedades ou

Ensaios de Literatura, editada em 1812, em Salvador, Bahia.

Já no século XX, em 1923, surge nos Estados Unidos, a revista Time, fundada

por Haidden e Luce. Eles tinham o intuito de trazer as informações de uma forma

precisa, apurada, dividindo-as em seções e narrando-as de uma maneira sistemática.

Para os fundadores, a Time serviria como um protótipo de sucesso para todas as revistas

do mundo. Aqui, no Brasil, algumas décadas depois, a Veja, criada em 1968, seguiu o

seu exemplo no modo de fazer jornalístico (SCALZO, 2014).

Em 1936, surgiram as revistas fotográficas, após a criação da revista semanal

ilustrada chamada Life. Fundada por Luce, o objetivo do periódico era a reportagem

fotográfica, almejando ver o mundo e a vida em sua totalidade, desde as coisas simples

até as mais inusitadas. Um exemplo de revistas brasileiras que seguiram a linha da Life

foram O Cruzeiro e Manchete. Segundo Scalzo (2004), O Cruzeiro é considerada um

marco na imprensa nacional. Criada por Assis Chateaubriand, a revista firma sua

identidade por meio da publicação de grandes reportagens com ênfase no

fotojornalismo. Ainda nesta década, se faz presente sua concorrente, a revista Manchete,

que se apresenta bastante empenhada na valorização dos seus aspectos gráficos e

31

visuais. Mesmo com o sucesso, estas revistas não duram muito tempo. O Cruzeiro

desaparece nos anos 70, enquanto A Manchete chega ao fim na década de 90. Ambas

levam consigo o fim do modelo de revistas semanais ilustradas.

2.2 DELIMITANDO AS ESPECIFICIDADES DO JORNALISMO DE REVISTA

Segundo Goulart (2006), seja qual for o veículo de comunicação, eles devem

estar comprometidos com as mesmas virtudes jornalísticas: independência, veracidade,

objetividade, honestidade, imparcialidade, exatidão e credibilidade. Sendo assim, o

jornalismo se comportará de forma diferenciada para cada meio de comunicação, devido

às suas maneiras singulares de produção e emissão de conteúdos, alcançando o público

de formas distintas, mas sem perder a noção dos critérios de apuração jornalística. A

revista conquistou o seu espaço como um desses veículos comunicativos e, portanto,

produz um jornalismo que se adéqua às características e peculiaridades deste formato.

Para Benetti (2013), o conceito de jornalismo de revista é bastante complexo para

obtê-lo de forma linear e com rápida absorção. O produto desse tipo de jornalismo é

tratado como modo de conhecimento e discurso bastante específico, que constrói

sentidos sobre o mundo de forma lenta, reiterada, fragmentada e emocional.

O jornalismo de revista é um discurso e um modo de conhecimento que é

segmentado por público e por interesse; é periódico; é durável e colecionável;

tem características materiais e gráficas distintas dos demais impressos; exige

uma marcante identidade visual; permite diferentes estilos de texto; recorre

fortemente à sinestesia; estabelece uma relação direta com o leitor; trata de

um leque amplo de temáticas e privilegia os temas de longa duração; está

subordinado a interesses econômicos, institucionais e editoriais; institui uma

ordem hermenêutica do mundo; estabelece o que julga ser contemporâneo e

adequado; indica modos de vivenciar o presente; define parâmetros de

normalidade e de desvio; contribui para formar a opinião e o gosto; trabalha

com uma ontologia das emoções (BENETTI, 2013, p. 55).

É possível, portanto, delimitar algumas características que singularizam o

jornalismo no formato “revista”. Entre elas:

- A relação entre periodicidade e profundidade:

Por serem semanais, quinzenais e mensais, as revistas conseguem preencher o

vazio dos jornais diários, porque elas têm o tempo como seu aliado, o que possibilita a

finalização de um produto com mais pesquisa, documentação e riqueza textual, ouvindo

todas as fontes necessárias e levando ao leitor uma linguagem mais sofisticada

(VILLAS BOAS, 1996). Vogel (2013) reafirma essa extensa temporalidade das revistas,

32

através da remodelagem que elas fazem das notícias, atualidades e vivências, deixando-

as mais interpretativas e contextualizadas. Porém, elas promovem uma reflexão sobre o

contemporâneo e nunca representação do contemporâneo.

Existem duas determinantes temporais que cercam o jornalismo de revista: o

tempo da produção da notícia e o tempo da duração da notícia. Isso quer dizer que por

conta do longo tempo que as revistas possuem, estas não se comportam produtivamente

como os jornais impressos, ou seja, elas desenvolvem um olhar e uma postura mais

aguçada sobre a realidade. Além disso, o papel, suporte característico da revista,

também contribui para a sua contínua temporalidade, porque possibilita o retorno da

leitura, além do ato de guardar e colecionar as revistas, produzindo novos efeitos de

sentido (TAVARES E SCHWAAB, 2013).

Por outro lado, com o tempo a favor do jornalismo de revista é possível trabalhar

os conteúdos com mais profundidade, utilizando o gênero reportagem. Segundo Villas

Boas (1996), nos anos 80 e 90, havia uma predominância da técnica jornalística e uma

ausência e necessidade de retomada da reportagem. Ainda de acordo com o autor, este

gênero perdia espaço nos jornais, mas ganhava lugar nas revistas. Furtado (2013) aponta

que a reportagem é o gênero mais indicado para se produzir algo que vai além da

instantaneidade, pois é a partir da reportagem que há o desenvolvimento da análise das

causas, da contextualização e consequências de um acontecimento. E esta profundidade

trazida pela reportagem é o que diferencia as revistas dos jornais, pois eles geralmente

tratam as notícias de forma mais factual e superficial, devido ao pouco tempo de

apuração. Entretanto, segundo Goulart (2006), por ambos serem impressos, são

considerados registros históricos de grande credibilidade.

- Relação de proximidade com o leitor:

Para Scalzo (2014, p.14), a revista é “um fio invisível que une um grupo de

pessoas e, nesse sentido, ajuda a construir uma identidade, dá sensação de pertencer a

um determinado grupo.” Dessa forma, a revista cria uma relação passional entre o leitor,

sua revista preferida, e o grupo ao qual pertence, pois este veículo tem a capacidade de

construir um laço afetivo com seu público, para que assim, o leitor sinta a revista como

parte de sua rotina e transforme o seu consumo em algo constante. (BENETTI, 2013).

Segundo Tavares e Schwaab (2013), a produção de uma revista é pensada a

partir dos anseios e interesses do leitor e é com esse ingrediente que elas se constroem, e

ao lado das descobertas das curiosidades e das potencialidades de consumo, nasce a

33

lógica da segmentação. Portanto, quando a revista chega nas mãos do leitor, não é

somente uma edição que está diante dele, mas sim um produto que faz referência ao

passado, na qual estão presentes as edições anteriores, e também faz menção ao futuro,

através do seu papel como documento, e das edições que virão a seguir. Por isso, ao

passar por uma banca de revista, o leitor tem a sensação de se aproximar de um mundo

de conhecimentos especializados que o orientará quanto a sua percepção de

desconhecimento.

Conclui-se então que a revista é marcada pela característica de falar a um

público de uma determinada época. Através dela, pode-se conhecer a história de um

tempo, de um recorte da sociedade marcada por um tipo de comportamento, moda e

personagens que influenciavam uma época.

- O estilo magazine de ser:

Para Villas Boas (1996), o texto jornalístico necessita de técnicas que darão a ele

um estilo próprio, coerência e características que farão com que o leitor entenda que se

trata desse tipo de texto. Por causa disso, a revista encontra o seu espaço como texto de

estilo próprio, conciliando as técnicas jornalísticas com as técnicas literárias, embora ela

não faça literatura exatamente. Portanto, a revista é mais conotativa, opinativa e

literária. O autor afirma que o jornalismo de revista, também conhecido como estilo

magazine, tem a capacidade de fazer um jornalismo mais profundo, interpretativo e

documental do que o jornal impresso, rádio e tv, porém não é um estilo tão avançado e

histórico quanto o livro reportagem.

Para isso, Tavares e Schwaab (2013), destacam que as revistas dispõem os

conteúdos de suas publicações sob a forma de enunciados textuais, visuais (figurativos)

e gráficos (relativos ao design da página). “São processos que se estendem para além

dos textos e que remetem às configurações jornalísticas propostas pela publicação, à

relação destas com os leitores e à interlocução de tais operações com aspectos

contextuais que as envolvem.” (TAVARES E SCHWAAB, 2013, p. 35). O primeiro

elemento de uma revista é a fotografia, a imagem e logo em seguida, na diagramação,

vem o texto leve, agradável, que não faz uso de gerúndios e utiliza de títulos criativos e

sedutores. Um outro aspecto relevante é a divisão em seções que facilita a leitura,

tornando-a mais fácil e fascinante. (GOULART, 2006).

Villas Boas (1996) também destaca a liberdade como um aspecto bastante forte

neste tipo de estilo, porque há um rompimento com o jornalismo diário que se preocupa

34

mais com a velocidade e padronização do que com a interpretação das respostas aos

porquês, fazendo com que ela desenvolva um caráter de formadora de opinião declarada

através de sua editoria que traz uma ideologia bem definida.

- O mercado editorial:

A revista conquistou o seu espaço no mercado contando com a maior variedade

editorial que atinge diversos públicos e gostos, fortalecendo uma de suas maiores

características, a segmentação. A revista tem a capacidade de percorrer por dois

aspectos distintos: a variedade, quando se quer falar sobre muitos assuntos a fim de

prender o leitor, passando a imagem de “conhecedora de tudo”; e, a especialização,

quando se centraliza em um determinado assunto de interesse do seu público. Além

disso, a revista possui uma visão de mercado, por conta da sua familiaridade com o

público, observando as diversas categorias de mercado e concentra seus esforços no

texto e na imagem, uma vez que o leitor é atraído pela combinação desses dois

elementos, se eles forem bem explorados. Portanto, uma matéria composta por texto e

imagem bem formulados são as bases da revista. (GOULART, 2006).

Existem três grandes etapas pensadas para favorecer a circulação da revista no

mercado editorial: a produção, difusão e consumo. “Trata-se de espaços de interação

que se referem a uma ligação com anunciantes por um lado e leitores por outro.”

(TAVARES e SCHWAAB, 2013, p. 39). Os anunciantes significam a dinâmica

econômica que permite o fazer da revista, levando em consideração as demandas

internas acerca dos editoriais e leitorado. E os leitores, significam as demandas externas,

advindas do interior da sociedade, que refletem no cumprimento da revista a certas

exigências temáticas e na criação de pontos de vista jornalísticos com a finalidade de

concretizar a revista como mercadoria da indústria cultural (TAVARES e SCHWAAB,

2013).

Já os anunciantes da revista não interferem tanto nos assuntos e perspectivas do

editorial, mas pertencem a um universo mais amplo no que se refere ao institucional da

revista. E essa ideia de instituição permite que a revista se insira no âmbito social,

tornando os anunciantes, meios que levam comportamentos, expresso no consumo das

páginas da revista, a partir de pautas relacionadas a produtos de bens e serviços, além de

serem representantes de um contexto relacionado à mercantilização da cultura.

(TAVARES e SCHWAAB, 2013).

35

O marketing editorial, o qual identifica e analisa as oportunidades e ameaças de

mercado para a produção de produtos editoriais a fim de obter lucro através de seu

público alvo, também é um outro aspecto tratado por SCALZO (2004), que diferencia

fortemente as revistas dos outros veículos de comunicação, além da profunda relação

entre jornalista e leitor, os seus formatos, periodicidade e as produções destinadas às

empresas ou grupos que geralmente abordam sobre estilo de vida, conhecidas como

costumer publishing ou costumer news.

- As temáticas abordadas pelas revistas:

Benetti (2013) afirma que o jornalismo de revista trabalha com um leque

diversificado de temas. Em virtude do seu discurso ser acompanhado pela segmentação,

e por esta se dá a partir dos objetos de interesse, as revistas seguem uma linha de

temáticas. Porém há um diferencial quando se trata das revistas semanais de

informação. O foco inicial delas é lidar com os acontecimentos políticos, econômicos,

internacionais, científicos e culturais, só que a periodicidade não as restringe na seleção

dos temas e nos assuntos que virarão manchete.

O acontecimento que “ganha” a capa de uma revista semanal de informação

geral é o resultado de uma série de movimentos: houve um investimento de

reportagem, a percepção do veículo de que aquele tema é importante para o

leitor, o acontecimento foi percebido pelos editores como pleno de

potencialidades de tratamento verbal e não verbal. (BENETTI, 2013, p. 52).

O que sustenta o jornalismo de revista são os temas de longa duração. Eles

tornam o produto mais durável e colecionável, além de ultrapassarem a barreira das

circunstâncias e estarem entre os debates dos leitores. Mas isto não pode fazer com que

o princípio da atualidade do jornalismo, seja posto de lado. Dessa forma, as revistas

sempre buscam algo “novo” nesses temas já conhecidos.

- Segmentação e especialização:

Os termos segmentação e especialização possuem algumas semelhanças e

diferenças entre si. A especialização surgiu primeiro na história do jornalismo. O

conceito dela está mais relacionado ao aprofundamento temático, sem muita ligação

com o público definido. Já a segmentação refere-se mais ao público do que ao tema em

questão, podendo abordar diversos assuntos. As revistas começaram as suas publicações

a partir dos temas educativos e logo depois, absorveu-se o entretenimento. Essa relação

36

com a educação é o que vai ajudar no processo de especialização e segmentação. O

desenvolvimento da revista contribui no entendimento acerca da forma como se divide

os assuntos e públicos, sendo assim, as revistas teriam uma disposição ‘natural’ em se

especializarem. (BUITONI, 2013).

Algumas temáticas, por sua vez, já foram se individualizando no jornalismo

diário e outras já nasceram dentro da revista, porém, a especialização depende de um

conhecimento e tratamento mais profundo, necessitando de tradução de vocábulos

específicos ou técnicos. (BUITONI, 2013, p. 112). Portanto, dentro da comunicação, a

segmentação é algo muito mais abrangente e que vai além de uma estratégia de

marketing. Ela faz parte de um processo que vai se construindo ao longo do tempo, de

acordo com as transformações da sociedade.

- A revista como instituição:

Para falar da revista como instituição, é necessário entender que o jornalismo

possui atributos e valores institucionalizados que constroem uma imagem aceita e

disseminada na sociedade. Sendo assim, as empresas jornalísticas (editoras), se vêem

como instituição que difunde princípios intrínsecos ao seu campo de estudo e que são

importantes para o ambiente social. (SCWHAAB, 2013). Com isso, as revistas reforçam

o seu caráter de atuação e de informação, esforçando-se para apagar os controles que

elas exercem e que surgem como resultado de uma ação marcada por uma vontade de

verdade própria. Para elas, o universo institucional torna-se alvo de interesse, em

virtude da sua força refletida nos editoriais e nas publicações.

2.3. A REVISTA ULTIMATO E SEU JORNALISMO

A ideia de produzir uma revista com a temática voltada para o Cristianismo surgiu

em 1966, na cidade de São Paulo. No entanto, a Editora Ultimato, só foi fundada em

janeiro de 1968, na cidade de Barbacena em Minas Gerais, através da publicação do

Jornal Ultimato, um tablóide de oito páginas em papel jornal (Figura 1). O periódico

ainda passou pelas cidades de Porto Alegre (1969) e Campinas (1970), mas foi em

Viçosa, cidade mineira localizada na Zona da Mata, em que ele fixou-se no ano de

1971. Somente a partir de 1976, o título sofre alteração em seu formato e passa a ser

publicado como Revista Ultimato. Atualmente, a Editora Ultimato é membro da

37

Associação Evangélica Brasileira (AEVB), da Associação de Editores Cristãos (AsEC)

e é membro fundadora da Rede Evangélica Nacional de Ação Social (RENAS).

Figura 6: Primeira edição do Jornal Ultimato – Janeiro/1968. (Fonte: Site/ Editora Ultimato)

Em sua linha editorial, Ultimato autodenomina-se como um veículo de comunicação

evangélico, não denominacional, ou seja, procura não deixar o conteúdo da revista se

influenciar por nenhuma doutrina de denominação religiosa, com a finalidade de trazer

evangelização e edificação ao leitor, firmado na ideia de que toda Escritura é útil e

inspirada por Deus. Segundo a equipe editorial, não existe a tentativa de mudanças no

conteúdo bíblico, mas sim uma liberdade de colocá-lo em uma embalagem nova. Ainda

segundo o editorial, eles também afirmam que procuram relacionar: “Escritura com

Escritura, ou seja, compreender a Bíblia em seu próprio conteúdo, Escritura com

acontecimentos, fé com obras, oração com ação, teoria com prática, evangelização com

ação social, conversão com santidade de vida e o suor de hoje com a glória por vir”.

Além disso, trabalham para a construção de uma mentalidade bíblica e o ensino da arte

de encarar os acontecimentos sob uma ótica cristã.

A idealização da Revista Ultimato, em maio de 1966, se deu por conta de um pedido

do coordenador do jornal Brasil Presbiteriano para que fosse feita uma série de artigos

contando a história de alguns jornais evangélicos, como a Imprensa Evangélica (o

primeiro periódico da América do Sul), de Ashbel Green Simonton, fundado em 1864,

no Rio de Janeiro; a revista Unitas, de Miguel Rizzo Junior, fundada com o nome de Fé

e Vida, em 1930, em São Paulo; além de O Púlpito Evangélico (1874), Salvação de

Graça (1875), O Evangelista (1885), O Puritano (1898), etc.

38

Para Simonton3, fundador da Imprensa Evangélica, o surgimento da imprensa

evangélica se justificava pela seguinte explicação óbvia: “O anúncio do evangelho não

pode depender só de púlpito”. O Salvação de Graça seguia a mesma linha de

pensamento: “Chamar os homens das trevas para a luz, guiar os pecadores ao Salvador e

edificar na verdade”. E o jornal O Puritano nasceu para difundir o evangelho em uma

época que apenas 0,3% dos habitantes da antiga capital brasileira frequentavam as

poucas igrejas evangélicas que existiam. Com os artigos elaborados, percebeu-se então

que na década de 60, já haviam bons periódicos que tratavam da temática cristã, porém

eram direcionados somente para os “crentes” e aos serviços de suas próprias

denominações. Levando isso em conta, decide-se criar uma revista que atingisse

também o público não evangélico, originando assim, a Revista Ultimato.

Na edição número 1, a Revista Ultimato declarou que o jornal não se deleitaria em

polêmicas, mas seria firme e delicadamente ousado, afirmando que levaria a temática do

evangelho de forma direta e indireta. “Naquele remoto janeiro de 1968, colocamos nas

mãos de Deus a trajetória que o jornal deveria descrever para glória e honra de Deus”. E

o artigo, Jesus na capa e no miolo, publicado na edição de janeiro de 1998, no 30º

aniversário, exemplifica a preocupação da revista em manter viva a figura de Jesus

Cristo para os seus leitores.

O nome Ultimato originou-se a partir de um desentendimento do padre da Basílica

de São José Operário, que deu um “ultimato” ao deputado José Bonifácio de Andrade,

dono da emissora de rádio Correio da Serra. O padre ameaçou deixar de apresentar o

programa da Basílica, se a Igreja Presbiteriana de Barbacena também tivesse um

programa. E a saída deste padre acarretaria sérios problemas políticos ao deputado.

Sendo assim, a igreja perdeu o programa, mas ganhou a ideia do nome do jornal

Ultimato, e este foi reforçado com o versículo bíblico que diz: “Busquem o Senhor

enquanto é possível achá-lo; clamem a Ele enquanto está perto” (Is. 55:6), numa alusão

à ideia de que Deus também dá ultimatos. Atualmente a revista utiliza parte desse

versículo como slogan de capa.

Embora a editora seja conhecida principalmente pela Revista Ultimato, ela também

desenvolve outras ações, como a publicação de livros cristãos, desde 1993, e a ideia de

responsabilidade social, levada através de temas como criança em risco, ação social,

3 Disponível em: “ultimato – 40 anos de coerência” http://www.ultimato.com.br/pagina/ultimato-40-anos-

de-coerencia

39

missões, meio ambiente, unidade da igreja, missão integral, artes e o conceito de

“evangelização transparoquial”, isto é, a influência cristocêntrica que a Ultimato exerce

sobre os católicos, numa maneira de transcender as barreiras religiosas e diminuir o

preconceito mútuo. O exemplo disso é que, segundo o referido site, as revistas são

enviadas regularmente aos bispos e às paróquias católicas.

Todos estes aspectos mencionados acima são abordados de forma direta ou indireta

nas edições da Ultimato. Para a revista, estes temas sociais são reflexos do compromisso

que se tem com o evangelho, indicando que há um desejo de compartilhar a

reconciliação liderada por Jesus Cristo, a fim de que esta seja permanente e presente nos

produtos e serviços da Ultimato. De acordo com a missão da editora Ultimato, expressa

no institucional do seu portal, o intuito é “contribuir para a transformação de vidas e

edificação da Igreja, por meio da publicação de conteúdo cristão.” Além disso, a editora

identifica-se com o Pacto de Lausanne e com a Declaração de Fé da Aliança Evangélica

Mundial (WEF), entendendo que ambas são formas históricas e corretas de fé e missão.

Ao longo dos 40 anos de existência da revista Ultimato, foram publicadas em média

100 edições. Em sua plataforma online difusora dos conteúdos, além de possuir espaços

para divulgação da revista e dos livros publicados, também há o lugar para parcerias

com blogs sobre a temática cristã em diversas áreas, interatividade através de vídeos e

podcasts, devocional diária, estudos bíblicos, notícias e artigos de opinião.

Segundo o editorial, “evangelização e edificação” são as principais palavras que

representam a revista Ultimato. Para ela, a primeira transmite a ideia de que todos

precisam reconciliar-se com Deus por causa do pecado, através do perdão e da salvação

adquiridas pela morte e ressurreição de Jesus. A segunda, entende-se como um ideal de

vida cristã séria, de conhecimento contínuo sobre as Escrituras e uma maior

aproximação a Jesus Cristo através da oração, que fará o pecado diminuir e descobrir-

se-á a esperança cristã. Com uma média de circulação de 35.000 exemplares, Ultimato é

vendida através de alguns planos de assinaturas e também é distribuída gratuitamente

em alguns lugares. Trata-se de uma publicação bimensal (circulação em meses

ímpares), direcionada a um público alvo cristão e não cristão.

Anatomia da Revista Ultimato

Para fins deste trabalho, observamos toda a estrutura da revista, da capa até sua

página final, com o intuito de conhecer cada seção e apresentar uma definição para cada

40

espaço da revista. Após essa etapa da análise foi possível perceber que Ultimato aborda

as temáticas de uma forma reflexiva e filosófica.

Além da capa, expediente, sumário e anúncios publicitários, a revista Ultimato

possui em média 14 a 15 seções, com a aparição de seções esporádicas como “Painel” e

“Entrevista”. As seções, no entanto, não obedecem uma ordem regular na revista.

Também há a presença de nove colunas de opinião, além da matéria de capa (objeto de

análise desta pesquisa).

As seções fixas são:

- Abertura: seção fixa de uma página que dá introdução à revista;

- Carta ao Leitor: seção fixa de uma página que possibilita a comunicação da equipe da

revista com o leitor acerca do tema da edição;

- Pastorais: seção fixa de uma página contendo uma mensagem de reflexão;

- Ultimatoonline: seção fixa de uma página que traz os destaques do conteúdo online da

Ultimato;

- Cartas: seção fixa de quatro páginas, destinada à interação dos leitores com a revista;

- Frases: seção fixa que divide a página com a seção Números. Esta seção traz frases de

várias personalidades;

- Números: seção fixa que divide a página com a seção Frases. Esta seção traz dados

numéricos sobre acontecimentos relevantes para a sociedade

- Mais do que notícias: seção fixa de duas páginas que apresenta notícias que procuram

relacionar-se direta ou indiretamente com o cristianismo;

- Conexões: seção fixa de uma página e escrita por Lissânder Dias que traz histórias de

pessoas engajadas com a responsabilidade social;

- Pergunte ao Ari: seção em que o escritor e conferencista Ariovaldo Ramos responde

ao questionamento de algum leitor;

- De hoje em diante: seção fixa, que poeticamente relata os anseios do autor a respeito

de comportamentos que ele deseja não mais ter;

- Altos papos: seção fixa escrita por René Breuel, que traz temáticas voltadas aos

jovens;

- Caminhos da missão: seção fixa de uma página, escrita por Alcir Souza que apresenta

temáticas relacionadas à vida missionária;

- Arte e cultura: seção fixa de seis páginas, que apresenta de forma contextualizada,

dicas culturais ligadas à música, cinema, literatura, etc.;

41

- Especial: seção fixa de seis páginas, que traz um conteúdo referente a algum tema

relevante para a edição;

Além dessas, existem as seções esporádicas:

- Entrevista: seção de quatro páginas que traz uma entrevista com alguma personalidade

a respeito de um tema em questão.

- Painel: seção de duas páginas que apresenta um panorama de opiniões a cerca de um

determinado assunto considerado relevante para a sociedade.

E, as nove colunas de opinião:

- O caminho do coração: coluna escrita pelo pastor Ricardo Barbosa de Sousa,

coordenador do Centro Cristão de Estudos, em Brasília. Nesta coluna, o autor escreve

sobre temáticas ligadas às questões reflexivas sobre a vida, fé, coração e alma;

- Da linha de frente: coluna da escritora Bráulia Ribeiro, que trata de diversas temáticas

correlacionadas com o cristianismo;

- Missão integral: coluna escrita por René Padilla, fundador e presidente da Rede

Miqueias, e membro-fundador da Fraternidade Teológica Latino-Americana e da

Fundação Kairós. Nesta coluna, o autor aborda temas relacionados à missão e trabalhos

missionários;

- Casamento e família: coluna escrita pelo casal Carlos “Catto” e Dagmar, psicólogos e

terapêutas de casais e família. Nesta coluna, eles escrevem sobre a temática voltada ao

seu objeto de estudo, o casamento e a família;

- Redescobrindo a Palavra de Deus: coluna escrita pelo pastor Valdir Steuernagel que

aborda temáticas analisadas segundo a Bíblia;

- Reflexão: coluna escrita pelo pastor Ed René Kivitz, que traz temas mais profundos a

cerca do meio cristão;

- História: coluna escrita pelo doutor em história da igreja, Alderi Souza, que traz

aspectos históricos, direcionados por um viés bíblico;

- Ética: coluna escrita pelo pastor Christian Gillis, que apresenta assuntos ligados à

Ética sob uma perspectiva cristã;

- Ponto final: coluna escrita pelo presbítero Rubem Amorese, que encerra a revista

também trazendo reflexões cristãs.

42

CAPÍTULO 3. “SEM POLÊMICA, MAS DELICADAMENTE OUSADA”: UM

ESTUDO TEMÁTICO DE ULTIMATO

3.1. METODOLOGIA:

Neste capítulo buscamos compreender porque a revista Ultimato pode ser

considerada um produto do “segmento editorial” jornalismo cristão, a partir das

características deste segmento apontadas no “contrato de informação cristã” construído

no capítulo 1. Além disso, observamos, como a revista articula elementos jornalísticos,

inicialmente com a anatomia da revista, presente no capítulo 2, e através da análise das

matérias de capa analisadas neste capítulo, identificando quais e como os temas são

abordados a partir da proposta editorial da revista refletida na expressão “sem polêmica,

mas delicadamente ousada”.

Desse modo, considerando o problema de pesquisa e os objetivos apresentados,

definiu-se o seguinte caminho metodológico para esse trabalho monográfico: considera-

se a pesquisa como um estudo de caso, executado em duas etapas – pesquisa

bibliográfica e análise de conteúdo.

Duarte (2011) apresentam algumas definições para o entendimento do estudo de

caso, dentre elas a do teórico Yin (2001), que afirma que este método consiste em uma

investigação empírica de um fenômeno atual inserido em um contexto da realidade, em

um cenário onde o limite entre o fenômeno e o contexto não é devidamente esclarecido

e onde várias fontes de constatação são utilizadas. Ele ainda ressalta que esta é uma

forma eficaz quando se pretende responder às perguntas “como” e “por que”, em uma

situação que o pesquisador tem pouco controle sobre os acontecimentos e quando as

atenções estão voltadas aos fenômenos da atualidade pertencentes à realidade.

Já os teóricos Goode e Hatt, apresentam o estudo de caso como uma maneira de

olhar para a realidade social. “Trata-se de uma abordagem que considera qualquer

unidade social como um todo, incluindo o desenvolvimento dessa unidade, que pode ser

uma pessoa, uma família, um grupo social, um conjunto de relações ou processos (crises

familiares, invasão étnica de uma vizinhança etc.), até mesmo toda uma cultura.”

(DUARTE, 2011, p. 216). Para Stake, também citado por Duarte (2011), propõe um

pensamento diferente. Ele acredita que os estudos de caso não são uma escolha de

metodologia, mas uma decisão do objeto que se vai estudar, e que este objeto deve algo

específico com um comportamento funcional, a exemplo de uma pessoa ou sala de aula.

43

Dessa forma, cada estudo de qualquer entidade que se toma como objeto (pessoas,

organizações, países), pode ser um estudo de caso, seja qual for a metodologia utilizadas

(experimento psicológico, análise econômica etc). (DUARTE, 2011).

E os teóricos Bruyne, Herman e Schoutheete, entendem o estudo de caso como

uma análise profunda realizada em uma ou várias organizações reais. Segundo eles, o

estudo de caso agrega detalhadamente diversas informações, com o intuito de

compreender o todo de uma situação. Portanto, recomendam a utilização de técnicas de

coletas de informações distintas, como observações, entrevistas e documentos, e outras

mais aprimoradas como, observação participante, sociometria aplicada à organização e

pesquisa de tipo etnográfico. (DUARTE, 2011).

Bressan, também citado por Duarte (2011), ressalta que o principal motivo da

pesquisa de estudo de caso é a compreensão, indicando os seguintes objetivos: (1) a

descrição, (2) a classificação (desenvolvimento de tipologia), (3) o desenvolvimento

teórico e (4) o teste limitado da teoria. (DUARTE , 2011). Mas, Yin também

complementa que o estudo de caso pode ser utilizado para explicar as conexões

eventuais que acontecem na vida real, descrever uma ação e o cenário da realidade em

que aconteceu, ilustrar certos aspectos de um modo descritivo ou mesmo por uma

compreensão jornalística, averiguar situações em que a intervenção que está sendo

utilizada não demonstra uma clareza de resultados e ser uma “metaavaliação, podendo

utilizar o estudo de caso para realizar o estudo de um Estudo de Avaliação. (DUARTE,

2011).

Assim, classificamos este trabalho como uma pesquisa de estudo de caso, por

conta do seu anseio em compreender cada parte que compõe a performance do objeto

escolhido. Por isso, pretende-se através do estudo de caso, aprofundar o entendimento

do funcionamento da revista Ultimato, por meio da análise de seu posicionamento

editorial (“Sem polêmica, mas delicadamente ousada”), tomando como base as matérias

de capa. Destaca-se, todavia, que o estudo de caso está sendo executado ao longo de

todos os capítulos, porém, com maior ênfase analítica da revista nos capítulos 2 e 3. No

capítulo 2, foi apresentado o histórico da revista Ultimato e traçada a sua anatomia. A

partir da observação, buscou-se compreender como Ultimato articula elementos

jornalísticos ao longo de toda a revista, destacando cada seção e suas propostas, a

exemplo das seções de cunho mais noticioso, como a “Números”, “Mais que notícias” e

“Entrevistas”. E neste terceiro capítulo, apresentaremos, por meio da análise de

conteúdo, a análise das 11 matérias de capa da revista Ultimato, destacando cada

44

temática abordada e observando como elas são tratadas a partir do direcionamento

editorial da revista.

Os capítulos 1 e parte do capítulo 2 desta monografia foram construídos a partir

da pesquisa bibliográfica, com o intuito de compreender por meio da revisão de um

conjunto de literatura, as relações mercadológicas entre mídia e religião, a qual a revista

Ultimato está inserida, (capítulo 1) e a natureza e características do dispositivo revista,

escolhido pela Ultimato para disseminar as suas informações (capítulo 2).

O método utilizado na construção deste estudo foi a pesquisa bibliográfica, que

segundo Stumpf (2011), consiste em termos gerais, no planejamento inicial de qualquer

trabalho de pesquisa, que busca identificar, localizar e obter a bibliografia necessária

sobre o assunto. Após esta etapa, apresenta-se um texto contendo o entendimento do

pensamento dos autores do conjunto da literatura pesquisada, juntamente com as ideias

e opiniões do pesquisador.

De forma mais específica, trata-se de um processo que procura informações

bibliográficas, elege os documentos importantes para a temática estudada, a fim de

iniciar a tarefa de anotação ou fichamento das referências e dos dados dos documentos

para que depois eles sejam usados quando o trabalho acadêmico for escrito. Considera-

se como a fase essencial e primeira de uma pesquisa que usa dados experimentais, e que

seu produto receberá a nomenclatura de Referencial Teórico, Revisão de Literatura ou

similar. É considerada (STUMPF, 2011).

A revisão bibliográfica serve para mostrar ao pesquisador o conhecimento já

produzido acerca daquele assunto, para que ele possa avançar nas bases de sua pesquisa,

evitando o despendimento de esforços em problemas que já foram solucionados. Além

disso, a consulta à literatura pertinente é algo que direcionará o caminho que o

investigador deverá percorrer. Quando o pesquisador começa a ler sobre o tema de seu

interesse, ele descobre definições que contribuirão para a formulação exata do problema

a ser investigado. Algumas ideias serão utilizadas, e outras, deixadas de lado, porém

pode ser um isolamento provisório, pois é interessante que todas as anotações sejam

guardadas, porque poderão ser úteis em investigações futuras. (STUMPF, 2011).

Inicialmente, houve dificuldades para encontrar um conjunto de literatura a respeito do

assunto tratado na pesquisa, porém, ao longo do trabalho, foram descobertos títulos

pertinentes e que contribuíram significativamente para a construção deste estudo.

45

Mas esta pesquisa bibliográfica também acompanha a etapa de análise dos dados

coletados. “É nesta fase que o exame dos textos poderá auxiliar a interpretar e explicar

os fenômenos observados [...]. Sendo assim, a revisão de literatura acompanha o

trabalho acadêmico desde a sua concepção até sua conclusão.” (STUMPF, 2011, p.54).

Neste trabalho, por exemplo, a revisão de literatura referente aos assuntos relacionados

a mídia e religião e contrato de informação, foram indispensáveis para a construção do

quadro com as características do “jornalismo cristão”, apresentado no capítulo 1.

Mas para que a compreensão do funcionamento da proposta editorial da revista

seja profunda e completa, a fim de entender como ela articula os elementos jornalísticos

e como direciona as suas matérias de capas, é necessária a utilização da análise de

conteúdo.

Segundo Fonseca (2011), dentro dos métodos de pesquisa de comunicação de

massa, a análise de conteúdo constitui basicamente a avaliação de mensagens, assim

como trabalham a análise semiológica ou análise de discurso. Porém, as principais

diferenças entre essas análises, é que somente a análise de conteúdo trabalha com os

critérios de sistematicidade e confiabilidade.

Dessa forma, de acordo com Fonseca (2011, p.286, apud LOZANO, 1994, p.

141-142),

A análise de conteúdo é sistemática porque se baseia num conjunto de

procedimentos que se aplicam da mesma forma a todo o conteúdo analisável. É

também confiável – ou objetiva – porque permite que diferentes pessoas,

aplicando em separado as mesmas categorias à mesma amostra de mensagens,

possam chegar às mesmas conclusões.

Já para Krippendorff, outro autor citado por Fonseca (2011), a análise de

conteúdo possui três características essenciais: orientação fundamentalmente empírica,

exploratória, vinculada a fenômenos reais e de finalidade preditiva; transcendência das

noções normais de conteúdo, envolvendo as ideias de mensagem, canal, comunicação e

sistema; metodologia própria, que permite ao investigador programar, comunicar e

avaliar criticamente um projeto de pesquisa com independência de resultados. Ainda

segundo Krippendorff, ao adotar a análise de conteúdo como ferramenta de pesquisa, o

pesquisador deve entender os dados como eles se apresentam o contexto dos dados, leva

em consideração o conhecimento que dispõe, o objetivo da análise de conteúdo, a

atividade intelectual da inferência e a validade como uma forma de sucesso.

(FONSECA, 2011). E a autora Laurence Bardin, também mencionada por Fonseca

(2011), apresenta uma estrutura para o método de análise de conteúdo em cinco etapas,

46

a organização da análise, a codificação, a categorização, a inferência e o tratamento

informático.

Por estes aspectos, a análise de conteúdo se mostra uma ferramenta útil na

colaboração das respostas que esta pesquisa deseja alcançar. Isto porque o método

auxiliará de um modo sistemático e objetivo nas análises das mensagens dispostas nas

edições da revista Ultimato selecionadas para o estudo.

3.2 RESULTADOS:

É importante ressaltar que embora o conteúdo de Ultimato não apresente um

formato padrão jornalístico, ele traz aspectos que indicam a presença do jornalismo.

Além disso, apontaremos quais são os temas ditos “polêmicos” pela revista e como eles

são abordados nas matérias de capa, destacando o tipo de polêmica ao qual eles estão

associados e explicando o direcionamento editorial “sem polêmica, mas delicadamente

ousada”, nestas matérias.

Neste tópico do capítulo, apresentamos o resultado das análises das matérias de

capa de 11 edições bimestrais da revista Ultimato, ao longo de 2 anos (janeiro-fevereiro

de 2013 a setembro-outubro de 2014). Como mencionado anteriormente, o objetivo é

identificar a partir das características do contrato de informação “cristã”, a proposta

editorial da revista Ultimato através dos temas apresentados em suas matérias.

As capas destas matérias são compostas por imagens e títulos criativos e

atraentes que juntos, sugerem o tom da “polêmica” que a matéria discutirá. Exemplo

disso são as manchetes “Doenças que pouco matam e muito fazem sofrer”, “Corrupção,

do Éden ao jeitinho brasileiro”, “A igreja está doente” e “Crack, o monstro de boca

aberta”. Ao longo da análise das 11 edições, a maioria dos assuntos apresentados nas

matérias de capa foram alternando-se de maneira equilibrada, em temas religiosos (6),

sociais (4) e religiosos/sociais (1), predominando, os temas religiosos (ver em Anexos, a

sinopse de todas as capas e matérias analisadas).

As matérias de capa que abordam acontecimentos religiosos referem-se aos

elementos diretamente relacionados ao universo religioso (a exemplo de temas como o

Espírito Santo, Jesus, adoração, restauração e o retorno da Perfeição). Já as matérias de

capa que abordam os acontecimentos sociais se referem às questões e problemas

cotidianos enfrentados no seio da sociedade, porém com um direcionamento reflexivo

do ponto de vista da conduta cristã (a exemplo de temas como saúde mental, corrupção

47

e crack). E as matérias de capa que apresentam os acontecimentos religiosos/sociais

estão ligados diretamente a aspectos religiosos, mas que também são refletidos na

sociedade (a exemplo dos temas sobre a instituição Igreja).

O quadro a seguir, apresenta uma síntese da análise do comportamento editorial

da revista Ultimato nas matérias de capa, com a finalidade de ilustrar e facilitar a

compreensão dos resultados posteriores. (Quadro 2).

Quadro 2 – Síntese de análise das matérias de capa

Edição

Data

Manchete (Capa)

Acontecimento

relacionado

(Social/Religioso)

Matéria de Capa

(Direcionamento reflexivo)

Nº 340

Janeiro/

Fevereiro

2013

O Espírito Santo

em movimento

Intervenção do

Espírito Santo

(Religioso)

Título: O Espírito Santo em

movimento

Informa os momentos bíblicos em que

houve a manifestação do Espírito

Santo, indicando que a Sua presença

também atua nos dias de hoje e que ela

deseja guiar o modo de viver do

homem.

Nº 341

Março/

Abril 2013

Doenças que pouco

matam e muito

fazem sofrer

Saúde mental

(Social)

Título: A vergonha do manicômio de

Barbacena

Responde à problemática social em

questão por meio das Escrituras e

propõe à igreja um engajamento social,

colocando-a como uma das

colaboradoras no tratamento.

Nº 342

Maio/

Junho

2013

Quando vier o que é

perfeito...

Esperança na segunda

vinda de Jesus Cristo

(Religioso)

Título: Quando vier o que é

perfeito...

Atribui o pecado como resposta ao

sofrimento do homem, mas aponta a

solução por meio da segunda vinda de

Cristo que destruirá toda a miséria

humana.

Nº 343

Julho/

Agosto

2013

Corrupção, do Éden

ao jeitinho

brasileiro

Corrupção

(Social)

Título: Corrupção, do Éden ao

jeitinho brasileiro

Apresenta um panorama da corrupção à

luz das Escrituras e do contexto atual,

levando o leitor a compreender que

esta situação humana possui raízes na

“queda do homem” no episódio do

jardim do Éden.

Nº 344

Setembro/

Outubro

2013

A igreja está doente

Aspectos negativos

que estão fazendo a

igreja adoecer

(Religioso/Social)

Título: A igreja está doente

Indica alguns pontos negativos vividos

atualmente pela igreja e propõe um

caminho de solução através de

48

orientações baseadas na Bíblia.

Nº 345

Novembro/

Dezembro

2013

Aleluia! Ó Deus,

que todo o meu ser

te louve

Adoração a Deus

(Religioso)

Título: Aleluia! Ó Deus, que todo o

meu ser te louve

Mostra poeticamente a grandiosidade

de Deus e o Seu controle soberano

sobre a vida, levando o leitor a

contemplar as Suas obras e a adorá-Lo.

Nº 346

Janeiro/

Fevereiro

2014

Lembre-se sempre

de Jesus

A importância da

pessoa de Jesus

Cristo

(Religioso)

Título: Lembre-se sempre de Jesus

Cristo

Adverte os cristãos quanto à relevância

da vida, morte e ressurreição de Jesus

para a humanidade.

Nº 347

Março/

Abril 2014

Depressão,

ansiedade, tentação,

culpa.

Deus está de braços

abertos para o aflito

Doenças que afetam a

alma

(Social)

Título: O Deus dos cristãos é um

Deus de braços abertos para a alma

aflita

Discute os transtornos que afetam o

corpo, a alma e o espírito, direcionado

por uma percepção bíblica.

Nº 348

Maio/

Junho

2014

Restauração: de

pessoas, da criação,

da igreja, da

história

Restauração

(Religioso)

Título: A oração que precisa ser

feita: “Restaura-nos, ó Senhor!”

Incentiva a busca pela restauração

física e espiritual alcançada somente

em Deus.

Nº 349

Julho/

Agosto

2014

Crack, o monstro de

boca aberta

Drogas

(Social)

Título: Crack, o monstro de boca

aberta

Aproxima o leitor da realidade dos

usuários de crack, através do relato de

uma experiência na cracolândia e dos

trabalhos sociais e missionários

realizados no local.

Nº 350

Setembro/

Outubro

2014

O Deus de Israel e

o Israel de Deus

História do povo de

Israel

(Religioso)

Título: O povo de Israel não é o povo

exclusivo de Deus

Faz um apanhado histórico e teológico

da relação entre Deus e a Sua promessa

destinada ao povo de Israel.

Como mencionado anteriormente, das 11 matérias de capa analisadas, quatro

referem-se aos acontecimentos sociais ligados à saúde mental (ed. 341), corrupção (ed.

343), transtornos da alma (ed. 347) e drogas (ed. 349). O espaço que a revista Ultimato

concede, através de suas matérias de capa, a estas temáticas que permeiam a sociedade,

permite que elas se aproximem do que chamamos de jornalismo tradicional, por isso

centraremos nossa análise apenas nesses textos.

49

A matéria (ed. 341) que fala sobre os problemas relacionados à saúde mental,

concentra a sua “polêmica”, nos transtornos mentais e na forma, muitas vezes errônea,

que são tratados pela sociedade. Para nortear o assunto, a matéria utiliza-se de

elementos jornalísticos, como o relato das barbaridades que ocorriam no manicômio de

Barbacena (para ilustrar a maneira desumana que os pacientes eram tratados), e das

fontes oficiais como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde

(MS), que traçam um panorama a respeito dos transtornos mentais. Além disso, a Bíblia

também é utilizada como fonte, propondo um direcionamento reflexivo sobre o assunto,

atribuindo a origem destas doenças mentais e de outras mazelas humanas ao episódio da

“queda do homem”, que resultou na entrada do pecado no mundo, registrado nas

Escrituras. E também à luz da Bíblia, a matéria busca estimular as igrejas, nomeadas no

texto de “comunidades terapêuticas”, um engajamento social, afirmando que elas podem

ser colaboradoras dos profissionais da saúde, no processo de tratamento destes

transtornos.

A “polêmica” apresentada na matéria (ed. 343) sobre corrupção, diz respeito aos

hábitos e costumes corruptos que permeiam a sociedade, com um destaque para a

expressão “jeitinho brasileiro”, muito conhecida e praticada, que possui uma conotação

muito mais negativa que positiva, segundo a matéria. Para embasar o tema, o texto

utiliza-se de fontes como, a Folha de São Paulo, que traz informações a respeito do

aborto, e a procuradora da justiça, Luiza Nagib Eluf, que apoia o projeto de lei que

regulamenta os serviços das profissionais. Pela condução da matéria, percebe-se que

ambas as práticas são condenadas e consideradas corrupção pela revista, porém trazer

opiniões diferentes para a contextualização do assunto é uma forma sutil de demonstrar

uma “certa” imparcialidade. A matéria também traz como fonte, a Bíblia, que mais uma

vez reforça a “queda do homem”, como responsável pela corrupção, afirmando que esta

situação ocorrida no Jardim do Éden foi o primeiro ato corruptivo do homem,

concluindo, que foi neste episódio que nasceu a corrupção.

A matéria (ed.347), que discute os transtornos da alma (depressão, ansiedade,

tentação, culpa), classifica-os como “incômodos”, que afetam não só a alma, mas o

corpo e o espírito. O assunto também é contextualizado através de fontes de

especialistas, como o sociólogo Phil Zuckerman, e a revista Saúde. Além de mostrar a

importância do tratamento com profissionais adequados, a matéria também dá o

direcionamento reflexivo da Bíblia (fonte documental) que aponta como uma solução

eficaz para estes transtornos, a aproximação e oração a Deus e o apoio da família e

50

amigos, exemplificada na matéria, pela história dos amigos, o reformador João Calvino

e o pastor Pierre Viret.

A matéria (ed. 349), que aborda o problema das drogas, em especial o crack, traz

como principal indício jornalístico o relato de um homem identificado como “Mineiro”,

que conta a sua experiência ao visitar a Cracolândia e as organizações sociais e

missionárias, lá instaladas, para auxiliar na recuperação dos viciados. Sendo assim,

podemos perceber que a preocupação que o jornalismo tradicional tem de aproximar o

interlocutor da realidade social, está inserida nesta matéria, uma vez que ela tenta

aproximar o leitor da realidade dos usuários de drogas e daqueles que se dispõem a

ajudá-los. Além disso, o texto utiliza-se de fontes de especialistas, como a Cartilha do

governo e a Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes da ONU. Como

característica principal das matérias, a Bíblia também aparece como fonte documental,

só que nesta com pouca freqüência.

É possível que a matéria tenha escolhido o relato como uma forma mais enfática

de fazer o leitor refletir sobre esta problemática pertinente na sociedade, além de

incentivar a igreja a colaborar com a recuperação dos viciados em drogas, através dos

exemplos na matéria, dos trabalhos missionários desenvolvidos por ministérios como

Cristolândia e JEAME (Jesus Ama o Menor).

Diante dessa análise das matérias de capa, conclui-se que o posicionamento

editorial da revista Ultimato é marcado por uma profunda contextualização da

linguagem bíblica procurando sempre relacioná-la a um acontecimento, seja de caráter

religioso ou social, e mostrando o que ela tem a dizer sobre ele. Além disso, propõe

constantemente, para cada problemática abordada, uma solução sob uma perspectiva

bíblica e cristã. E para contribuir com este objetivo, a revista também procura

estabelecer uma relação sutil com o jornalismo tradicional, uma vez que ela preocupa-se

também em apresentar nas matérias, outras fontes além da Bíblia, além de conduzir os

seus temas “polêmicos” por um percurso delicado e sem “escândalo”.

51

CONCLUSÃO

Durante esta monografia, apresentamos a partir da condução de teóricos do

assunto, um panorama a respeito das relações entre mídia e religião, concentrada na

crescente ocupação das religiões cristãs no Brasil, nas grades de programação dos meios

de comunicação de massa, e na capacidade que eles têm de disseminar a mensagem

religiosa, transpondo-a para além das paredes do templo, tornando-se eficazes

ferramentas de evangelização.

Além disso, para que houvesse uma melhor compreensão acerca de como a

revista Ultimato utiliza-se de alguns aspectos do jornalismo para difundir o cristianismo

em suas temáticas, construímos, através da teoria do contrato de informação de Patrick

Charaudeau e do próprio produto analisado, um “contrato de informação cristã” e suas

características, que formaram a base para análise das matérias de capa da revista, com o

intuito de compreender o seu posicionamento editorial. A busca pelo entendimento

sobre o desenvolvimento e as especificidades do jornalismo de revista também foram

significativas para chegarmos aos resultados do estudo.

Nesta pesquisa, traçamos a anatomia da revista Ultimato, descrevendo suas

seções, e para entender mais profundamente o comportamento da revista, analisamos 11

matérias de capa, observando a expressão editorial “sem polêmica, mas delicadamente

ousada” trazida por Ultimato. Os resultados da análise mostram que o conteúdo da

revista Ultimato é marcado por uma intensa contextualização dos fatos abordados, a

partir das Escrituras, procurando trazer significados e soluções para eles, por meio de

uma perspectiva cristã.

Conclui-se então, que a revista Ultimato centraliza a sua produção em conteúdos

religiosos e sociais, cuja finalidade é propagar uma mensagem cristã, concentrada na

ideia de que o homem é um ser pecador e caído e que só encontrará restauração e

regeneração, ao aproximar-se de Deus, construindo uma intimidade com Ele, através do

sacrifício de Jesus Cristo na cruz. Portanto, a Ultimato exemplifica bem a forte presença

e o propósito das religiões cristãs na mídia: disseminar suas mensagens evangelísticas,

com o intuito de alcançar um grande número de pessoas. Sendo assim, o jornalismo

cristão nasce como um colaborador para esta atividade evangelizadora nos meios de

comunicação. Por fim, compreende-se, em geral, que as temáticas tratadas pela revista

Ultimato levam a crer que a sua ideologia concentra-se na ideia do homem como um ser

52

absolutamente pecador e caído, que encontrará somente em Jesus Cristo, um ser

absolutamente perfeito, a salvação e regeneração do seu corpo, alma e espírito.

53

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_____. Corrupção - do Éden ao jeitinho brasileiro. Viçosa: ed. 343, Julho-Agosto 2013.

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_____. Aleluia! Ó, Deus, que todo o meu ser te louve. Viçosa: ed. 345, Novembro-Dezembro

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_____. Depressão, ansiedade, tentação, culpa. Deus está de braços abertos para o aflito.

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55

ANEXOS

CAPAS E SINOPSES DAS MATÉRIAS

Dados Editoriais

Capa

Sinopse da Matéria

Edição nº 340

Ano 2013

Janeiro-Fevereiro

Tema: O Espírito Santo em

movimento

A matéria conta, por meio de várias

passagens bíblicas, as diversas formas de

manifestação e intervenção do Espírito

Santo, desde o Antigo Testamento até o

Novo Testamento. O personagem principal

desta matéria é o Espírito Santo, uma das

três pessoas que compõem a Trindade

Santa, sendo assim, o relato dos

acontecimentos bíblicos que tiveram a

ação do Espírito Santo, é mais direcionado

ao público cristão, que acredita e professa

essa espiritualidade, do que ao público

não-cristão, porém, isto não significa que

estes não tenham curiosidade em entender

sobre este universo. A matéria é dividida

em blocos de textos que facilitam ao leitor

a compreensão dos momentos em que

houve a presença do Espírito Santo no

meio das pessoas na época bíblica.

Edição nº 341

Ano 2013

Março-Abril

Tema: Doenças que pouco matam e

muito fazem sofrer

O tema central desta matéria são os

transtornos mentais, trazendo a tona

questões relacionadas à saúde mental e

psicológica das pessoas, um assunto

relevante para a sociedade em geral. A

personagem principal deste texto é história

que ocorreu no hospício de Barbacena,

contada na parte da matéria intitulada “A

fazenda da caveira de Barbacena e a colina

da caveira em Jerusalém”. Neste hospício

aconteciam diversos maus tratos, e muitos

levavam à morte, porém anos depois, a

farsa do manicômio foi revelada e

denunciada. Para explicar a existência de

tantos transtornos mentais e outras

tragédias humanas, o autor da matéria,

atribui a “queda do homem”, relatada na

Bíblia, como uma explicação para tal

situação. Esta “queda do homem” é

ilustrada na matéria, através do poema

“Paraíso perdido” de Jhon Milton, e do

poema “Paraíso reconquistado”, do mesmo

autor, que retrata a reconciliação de Deus

com o homem.

A matéria também traz algumas

informações importantes a respeito dos

transtornos mentais, seus tratamentos e

56

uma proposta de mudança de pensamento

sobre como tratar os pacientes. Por isso,

discutiu-se no texto que ocupar-se com o

trabalho pode contribuir para estimular o

paciente durante o seu tratamento, ao invés

de afastá-lo de suas tarefas durante o

período de recuperação. O respeito e a

liberdade a estes pacientes, também são

considerados pela matéria,

comportamentos indispensáveis no auxílio

ao tratamento, o que traria novas

mudanças sociais. As igrejas são

consideradas um apoio aos profissionais da

saúde no tratamento dos transtornos

mentais, e são chamadas no texto, de

“comunidades terapêuticas”, pois ajudam

aos necessitados, seguindo o mesmo

exemplo de Jesus. Esta seria uma forma

dos cristãos vivenciarem a

responsabilidade social na sua totalidade.

Com isso, há a associação entre a nova

proposta de assistência à saúde mental,

mencionada na matéria, e o evangelho.

Edição nº 342

Ano 2013

Maio-Junho

Tema: Quando vier o que é

perfeito...

A temática proposta por esta matéria está

ligada à uma relação entre as questões

espirituais e terrenas, ou seja, ela associa o

sofrimento e tragédias do homem,

chamadas no texto por “vale de lágrimas”,

à entrada do pecado no mundo. Mas, a

matéria também apresenta a esperança que

se deve ter na salvação por meio de Jesus e

na Sua Ressurreição, confiando que Ele

virá pela segunda vez para acabar com

toda dor humana e buscar os que Nele

esperam e ressuscitará àqueles que

morreram esperando a ressurreição. Por

isso, a matéria intitula-se “Quando vier o

que é perfeito...”, uma analogia à segunda

vinda da Perfeição, ou seja, à segunda

vinda de Jesus Cristo.

Edição nº 343

Ano 2013

Julho-Agosto

Tema: Corrupção, do Éden ao

jeitinho brasileiro

A corrupção é o tema principal desta

matéria e um dos mais debatidos na

sociedade. Sendo assim, o texto apresenta

a sua atuação em algumas áreas sociais,

apontando também a “queda do homem”

através do pecado, como responsável pelo

nascimento da corrupção. Além disso, a

matéria apresenta as principais

características da expressão “jeitinho

brasileiro”, trazendo os seus aspectos

negativos, oriundos da corrupção e alguns

pontos positivos. A superioridade dos ricos

sob os pobres, exemplificada por

passagens bíblicas, também é um outro

ponto ressaltado na matéria, acrescido da

relação prejudicial entre igreja e mercado.

57

Edição nº 344

Ano 2013

Setembro-Outubro

Tema: A igreja está doente

A matéria expõe a preocupação com

alguns aspectos negativos que estão

fazendo a igreja adoecer, dentre eles a

exploração das curas e bênçãos,

transformando-as em negócio, a

concorrência entre as denominações, a

mercantilização da fé, a falta de

simplicidade e o luxo exagerado. Mas o

texto também faz uma chamada para

mudar esta situação negativa de algumas

igrejas, mostrando que ainda existem

igrejas firmadas no verdadeiro Evangelho

e que buscam proclamá-lo. Para estimular

esta mudança, a matéria apresenta com

fundamentação bíblica, como a verdadeira

igreja, que prega sobre Jesus Cristo, deve

atuar na sociedade.

Edição nº 345

Ano 2013

Novembro-

Dezembro

Tema: Aleluia! Ó Deus, que todo o

meu ser te louve

A matéria apresenta, através da forma

poética dos salmos, em especial do Salmo

104, a grandiosidade de Deus, observada

em Sua criação, levando o leitor a adorá-lo

e contemplar a Sua glória. Para afirmar

esta magnitude de Deus, o texto traz

constatações de um físico e matemático a

respeito das maravilhas do universo, desde

a infinidade de estrelas, galáxias e

microscópios, até as células e o DNA que

compõem a forma humana, além de

pequenos relatos ao longo da matéria de

pessoas que compartilham as suas opiniões

sobre Deus e suas maravilhas. Ao final, o

texto traz uma carta de adoração a Deus

escrita pelo próprio jornalista.

58

Edição nº 346

Ano 2014

Janeiro-Fevereiro

Tema: Lembre-se sempre de Jesus

A matéria faz uma chamada à igreja e aos

cristãos, para lembrarem-se sempre da

pessoa de Jesus Cristo, tomando como

orientação bíblica, a exortação de Paulo no

livro de II Timóteo, no Novo Testamento.

Para contribuir com essa advertência, o

texto aponta, por meio de referências

bíblicas, algumas características do

verdadeiro Cristo, as muitas ênfases dadas

a Ele, e alguns episódios que antecediam

Sua morte, como uma forma de nunca nos

esquecermos da Sua grandiosidade e

importância para a humanidade.

Edição nº 347

Ano 2014

Março-Abril

Tema: Depressão, ansiedade,

tentação, culpa. Deus está de braços

abertos para o aflito

A matéria apresenta os principais

“incômodos” da tentação, culpa,

ansiedade, depressão, solidão e o espinho

na carne, que afetam o corpo, alma e

espírito das pessoas. O texto discorre sobre

esses “incômodos”, norteado por uma

percepção bíblica a respeito do assunto,

incentivando àqueles que possuem tais

problemas a buscarem soluções não

somente em profissionais e pessoas

adequadas, mas também se aproximando

de Deus.

Edição nº 348

Ano 2014

Maio-Junho

Tema: Restauração: de pessoas, da

criação, da igreja, da história

A matéria apresenta as diversas áreas

humanas que precisam de restauração e

exemplos bíblicos de homens e mulheres

que tiveram suas vidas restauradas por

Deus, quando suplicaram-lhe Sua ajuda,

como uma forma de incentivar o leitor a

buscar essa verdadeira restauração obtida

somente através da intervenção de Deus.

59

Edição nº 349

Ano 2014

Julho-Agosto

Tema: Crack, o monstro de boca

aberta

A matéria aborda os principais malefícios

do crack e traz um relato de uma

experiência, de alguém que se identifica no

texto como “Mineiro”, nas ruas da

Cracolândia e nas organizações sociais e

missionárias lá instaladas, com o intuito de

proporcionar uma oportunidade de

recuperação ao drogados.

Edição 350

Ano 2014

Setembro-Outubro

Tema: O Deus de Israel e o Israel de

Deus

A matéria faz um apanhado histórico e

teológico da história da promessa de Deus

ao povo de Israel, utilizando a Bíblia como

fonte principal para discorrer sobre a

trajetória histórica e para obter uma

conclusão teológica.