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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
INSTITUTO DE ARTES – CÂMPUS DE SÃO PAULO
SILVIO FERNANDO JANSON
ROCKIAVEL: OLHAR DE ARTEMÍDIA SOBRE BANDAS DEROCK ESCOLHIDAS
São Paulo – SP
2020
SILVIO FERNANDO JANSON
ROCKIAVEL: OLHAR DE ARTEMÍDIA SOBRE BANDAS DEROCK ESCOLHIDAS
Tese de doutoramento apresentada à
Comissão de Pós-Graduação em Artes do
Instituto de Artes – IA, da Universidade
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita
Filho” – UNESP – como requisito parcial
para a obtenção do título de Doutor em
Artes
Orientador: Professor Doutor Pelópidas
Cypriano de Oliveira
São Paulo – SP
2020
Ficha catalográfica preparada pelo Serviço de Biblioteca e Documentação do Instituto de Artes daUnesp
J35r Janson, Sílvio Fernando, 1957-Rockiavel : olhar de artemídia sobre bandas de rock
escolhidas / Sílvio Fernando Janson. - São Paulo, 2020.218 f. : il. color.
Orientador: Prof. Dr. Pelópidas Cypriano de OliveiraTese (Doutorado em Artes) – Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho”, Instituto de Artes
1. Grupos de rock. 2. Arte e música. 3. Indústria musical. I. Oliveira, Pelópidas Cypriano de. II. Universidade Estadual Paulista, Instituto de Artes. III. Título.
CDD 781.66
(Laura Mariane de Andrade - CRB 8/8666)
Nome: Sílvio Fernando Janson
Título: Rockiavel: olhar de artemídia sobre bandas de rock
escolhidas
Tese de doutoramento apresentada apresentada à Comissão
de Pós-Graduação em Artes do Instituto de Artes – IA, da
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” –
UNESP – como requisito parcial para a obtenção do título de
Doutor em Artes
Aprovado em 26 de março de 2020
Banca Examinadora
Orientador: Prof. Dr. Pelópidas Cypriano de Oliveira
Instituição: UNESP Assinatura:______________
Profª. Drª. Kathya Maria Ayres de Godoy – Instituição: UNESP
Julgamento: Aprovado Assinatura:______________
Profª. Drª. Glaucia Eneida Davino – Instituição: MACKENZIE
Julgamento: Aprovado Assinatura:______________
Prof. Dr. Guilherme Weffort Rodolfo – Instituição: USP
Julgamento: Aprovado Assinatura:______________
Prof. Dr. Euclides Alves Vital Júnior – Instituição: UniCesumar
Julgamento: Aprovado Assinatura:______________
E OS AGRADECIMENTOS VÃO PARA:
Professor Doutor Pelópidas Cypriano de Oliveira, sem o qual este trabalho não teria
acontecido
Anelice, Bebê, Mimi e Maria, queridos.
E, TAMBÉM, PARA MEUS AMIGOS:
Professor Doutor Fábio Miguel.
Professor Doutor Luciano Morais.
ROCKIAVEL (Adriano, guitarra; Fernando Lampoglia, baixo e Leospa, bateria).
PARÁGRAFo D (Vitor Mellado, guitarra; Thiagson, vocal; Silvio, baixo e Chris,
bateria).
DSS (Drico, guitarra e vocal; Silvio, baixo e vocal e Salva, bateria).
Todos os professores, funcionários e alunos do Instituto de Artes, sem exceção.
RESUMO
A tese contida neste trabalho é que banda de rock é um objeto artístico. Esse objeto
visa, para sua plena realização e concretização, colocação no mercado, mercado o
qual se alterou com o decorrer do tempo. Devido às mudança ocorrida nesse
mercado, a necessidade de investimento para os músicos aumentou, o risco da
empreitada passou a ser das bandas e o papel das gravadoras mudou. A
metodologia que adotei utiliza: a) a artemídia, conforme definida por Pel (1992), para
estudar três bandas protótipos; b) o pluralismo metodológico explicitado por
Sampieri, Collado e Lucio (2013); c) levantamento bibliográfico a respeito do Rock
Brasil 80 e d) comparação desse período mercadológico com o momento atual. A
conclusão alcançada é a de que banda de rock é objeto artístico que para ser
materializado atualmente deve adaptar seu fazer artístico às modificações ocorridas
no mercado.
Palavras-chave: Artemídia. Rock. Mercado.
ABSTRACT
The thesis presented in this work is that rock band is an art object. This object needs
to be placed in market for its fulfillment. During the passing years this market
changed. Musicians are required to invest more and take the risk of the enterprise as
consequence of the change in record labels. The methodology used here comprises:
a) artemídia as defined by Pel (1992) for the study of three rock bands prototypes; b)
methodological pluralism as seen in Sampieri, Collado e Lucio (2013); c)
bibliographical review about Rock Brasil 80 and d) comparative analysis from the
eighties with today’s market. Conclusion reveals that rock bands are an artistic object
that need adaptation in the rise of new market conditions.
Palavras-chave: Art. Media. Rock. Market.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Foto 01: Drico (Adriano Capocchi) na guitarra e Salva Pessoa na bateria………….22
Foto 02: Thiagson e Sílvio gravando a chamada para o programa Papo No Pau…25
Foto 03: Serapicos & Banda………………………………………………………………26
Foto 04: Estudo do emblema de Rockiavel…………………………………………..…29
Foto 05: Rockiavel em sessão de fotos para o CD……………………………….……30
Foto 06: CD Aja do Rockiavel…………………………………………………………….33
Foto 07: Rockiavel durante a gravação do videoclipe Adeus…………………………36
Foto 08: Artistas da Jovem Guarda………………………………………………………43
Foto 09: Professor José Fonseca….….………………………………………………….44
Foto 10: O método……………………………….….….….…..….….….….….….….…..44
Foto 11: A primeira música que toquei ao violão……………………………………….45
Foto 12: Capa do LP da Blitz………………………………………….….….….….….…47
Foto 13: Cena de Cinema, primeiro LP autoral de Lobão……………………………..54
Foto 14: Primeiro LP do Barão Vermelho…………………………………….…………56
Foto 15: LP Barão Vermelho 2……………….………………………………………..…59
Foto 16: LP Barão Vermelho MTV Ao Vivo……………………………….….…………59
Foto 17: Primeiro LP do Paralamas………………………………………………………64
Foto 18: Beatles. Os Reis do Ié, Ié, Ié………………………………………………...…65
Foto 19: Beatles. A Hard Day’s Night. Edição inglesa…………………………………65
Foto 20: Beatles. A Hard Day’s Night. Edição brasileira………………………………66
Foto 21: Beatles. A Hard Day’s Night. Edição americana………………………….…67
Foto 22: Álbum Titãs………………………………………………………………………68
Foto 23: Capa do LP da Legião Urbana…………….…………………………………..71
Foto 24: Logotipo do Ultraje………………………….…………………….…….….…...76
Foto 25: Primeiro compacto do Ultraje………………………………………….….……77
Foto 26: Segundo compacto do Ultraje……………………………………………….…78
Foto 27: LP do Ultraje….….….….….…….….….….….…………………………………78
Foto 28: Capa do LP do RPM……………………………………….….….….….….…..85
Foto 29: LP Exagerado de Cazuza…………………………………….….….….….…..88
Foto 30: Capa do LP do Ira!……………………………………………….….….….……92
Foto 31: Rockiavel no The Noite com Danilo Gentili…..….……………………………98
Foto 32: Cartão de visita do Rockiavel….…….….…….….….……………………….103
Foto 33: Brian Epstein, empresário dos Beatles………………………………………109
Foto 34: Cacá Prates……………………………………….………………………….…110
Foto 35: Cecília Degan….………………………………………………………………..111
Foto 36: Lina Kruze e Rodrigo Mariano na banda The Wasted….……………….…112
Foto 37: Eskute BLITZ….……………………………………….….….……….………..127
Foto 38: LP Guia Politicamente Incorreto… ….….…….…….…….…….…….……..130
Foto 39: Viva, Barão Vermelho….….…….………………………………………….…134
Foto 40: Sinais do Sim, Paralamas Do Sucesso……………………………………..141
Foto 41: Doze Flores Amarelas dos Titãs……….….….….….….….….….…….…..144
Foto 42: Uma Outra Estação, Legião Urbana………………………………………...147
Foto 43: Música Esquisita A Troco De Nada, Ultraje A Rigor………………………151
Foto 44: Mais, RPM…………………………….………………………………………..154
Foto 45: Cazuza – 2 Lados……………………………………………………………..159
Foto 46: Ira! Folk…………………………………………………………………………161
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Quantidade de canções e tempos em primeiros álbuns
escolhidos………………………………………………………………………………….203
Tabela 2 – Primeiros álbuns de bandas escolhidas do Rock Brasil 80……….……206
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.................................................................................11
EMPÍRICO ANALÍTICO..............................................................................12
COLETA DE DADOS.........................................................................................................................12
HISTÓRICO HERMENÊUTICO.................................................................13
ROCK BRASIL 80...............................................................................................................................13
DIALÉTICO...................................................................................................13
REDAÇÃO...........................................................................................................................................13
TESE – Visão de Mercado Fonográfico..........................................15
MUDANÇA DE MERCADO.........................................................................16
INVESTIMENTO, RETORNO E RISCO....................................................16
4 TIPOS DE BANDAS...................................................................................17
1 BANDA AUTORAL.........................................................................................................................17
2 BANDA COVER..............................................................................................................................18
3 BANDA COSCOVER.......................................................................................................................18
4 BANDA RECREATIVA...................................................................................................................19
ARTEMÍDIA..................................................................................................19
TRÊS BANDAS PROTÓTIPO......................................................................20
1 DSS...................................................................................................................................................20
2 PARÁGRAFo D................................................................................................................................22
3 ROCKIAVEL....................................................................................................................................27
ANTÍTESE – Visão do Histórico de Bandas de Rock....................34
ROCK DEFINIÇÃO......................................................................................34
ROCK BRASIL 80.........................................................................................38
DEZ BANDAS ESCOLHIDAS.....................................................................42
1 BLITZ!..............................................................................................................................................42
2 LOBÃO.............................................................................................................................................47
3 BARÃO VERMELHO......................................................................................................................51
4 PARALAMAS DO SUCESSO..........................................................................................................55
5 TITÃS...............................................................................................................................................59
6 LEGIÃO URBANA..........................................................................................................................63
7 ULTRAJE A RIGOR.........................................................................................................................67
8 RPM..................................................................................................................................................73
9 CAZUZA...........................................................................................................................................78
10 IRA!.................................................................................................................................................81
SÍNTESE – Visão de Artemídia.......................................................85
OBJETO ARTÍSTICO...................................................................................91
ANÁLISE DE DUAS MÚSICAS PRÓPRIAS..............................................93
GRAVADORAS NO ROCK BRASIL 80.....................................................101
EMI-Odeon.........................................................................................................................................102
RCA....................................................................................................................................................102
Opus-Columbia..................................................................................................................................102
WEA...................................................................................................................................................103
Epic....................................................................................................................................................103
Som Livre...........................................................................................................................................103
TRANSFORMAÇÃO MERCADOLÓGICA...............................................103
GRAVADORAS NO MOMENTO ATUAL.................................................105
Universal............................................................................................................................................105
Warner...............................................................................................................................................106
Sony Music.........................................................................................................................................108
Som Livre...........................................................................................................................................109
BANDAS ESCOLHIDAS E SEUS TRABALHOS MAIS RECENTES....110
1 BLITZ.............................................................................................................................................110
2 LOBÃO...........................................................................................................................................113
3 BARÃO VERMELHO....................................................................................................................116
4 PARALAMAS DO SUCESSO........................................................................................................121
5 TITÃS.............................................................................................................................................124
6 LEGIÃO URBANA........................................................................................................................125
7 ULTRAJE A RIGOR.......................................................................................................................129
8 RPM................................................................................................................................................131
9 CAZUZA.........................................................................................................................................135
10 IRA!...............................................................................................................................................137
CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................140
REFLEXÕES SOBRE O MOMENTO ATUAL DAS BANDASESCOLHIDAS.............................................................................................140
REFERÊNCIAS..............................................................................142
APÊNDICE I...................................................................................160
PRIMEIRA VEZ.............................................................................160
MARCA D’ÁGUA...........................................................................163
SMILE..............................................................................................164
SUPOR ISSO...................................................................................166
SAÚDE.............................................................................................171
FEITA DE LUZ...............................................................................175
AJA...................................................................................................176
APÊNDICE II..................................................................................178
ANEXO I..........................................................................................185
BREGA DA SAÚDE.......................................................................185
KATINGUETÁLLICA...................................................................187
KI LINDA NECA BOFE................................................................188
ANEXO II........................................................................................190
ANEXO III.......................................................................................191
11
INTRODUÇÃO
Dear Sir or Madam, will you read my book?It took me years to write, will you take a look?1
O significado e a importância desta pesquisa para mim e para aqueles
que se interessam pelo tema é a oportunidade de entender cada vez mais as
atividades, os processos e procedimentos utilizados na formação do objeto artístico
banda de rock. Tenho interesse, ainda, em visualizar a importância dos mecanismos
de mercado envolvidos na colocação social dos conjuntos musicais do estilo em
tela, compreendendo a influência dos diversos fatores envolvidos e abordando as
transformações ocorridas neste mercado atualmente.
Quando penso na relevância deste estudo para a academia lembro
que ela se fundamenta em três pilares: ensino, extensão e pesquisa. Pesquisar
bandas de rock certamente acrescentará algo: gerará fonte de referências para os
interessados neste tema, seja para o ensino ou para o próprio desenvolvimento
pessoal, e disponibilizará elementos que poderão ser utilizados pela comunidade.
Para a sociedade, conhecer melhor este mercado milionário é crucial
porque permite a tomada de decisões de investimento com maior propriedade,
decisões as quais podem gerar renda e emprego.
Este trabalho utiliza três formas de metodologia de pesquisa em
ciências humanas, a saber, a metodologia empírica analítica, a histórica
hermenêutica e a dialética. Elas são amplamente estudadas nas disciplinas do
programa de pós-graduação em artes, mormente em Metodologia de Pesquisa em
ciências humanas ministrada pelo Prof. Dr. João Cardoso Palma Filho.
A artemídia, conceito amplamente estudado por PEL (Prof. Dr.
Pelópidas Cypriano de Oliveira), é a base de todo o trabalho porque o olhar da arte
associada às comunicações e a tecnologia é fundamento para meu curso de
1Caro Senhor ou Senhora, será que você vai ler meu livro? Levei anos para escrever, será que você vai dar uma olhada? Paperback Writer composta por Lennon&McCartney em 1966.
12
doutorado em artes, além de ser imprescindível para o funcionamento de bandas de
rock. Esta é, portanto, pesquisa que se situa no campo de conhecimento
denominado Artemídia. Noto que os vídeos, que hoje são imprescindíveis para
bandas de rock, estão inseridos em um amplo contexto cultural vinculado à
artemídia. No entender de Pel (1992, p. 6):
Videoclip: Artemídia Emergente. Esta frase sintetiza o caráter
plurívoco do videoclip que está situado na interface Arte-
Comunicação. Não se refere aos videoclips comerciais que passam
nas TVs. Mas sim, trata do potencial que o meio videoclip pode
oferecer enquanto interface Arte-Comunicação.
Este potencial se encontra em amplo desenvolvimento com o aporte
de novas tecnologias, hologramas, imagens em três dimensões, criação de espaços
que exibem vídeos e aplicação crescente de recursos e reflexões sobre o meio. É a
artemídia em toda sua pujança.
Inspirado por PEL (1989, p. 6), atentei para a interpretação visual
neste texto, utilizando padrões estéticos e plásticos característicos das estesias
geradas no universo rock.
EMPÍRICO ANALÍTICO
COLETA DE DADOS
Na coleta de dados sobre as três bandas analisadas, utilizei o
paradigma empírico analítico. Participei de três conjuntos e esta experiência artística
propiciou uma visão sobre o funcionamento das bandas, sobre o mercado atual para
bandas de rock e sobre as necessidades para um conjunto atingir a inserção social.
Feito este trabalho que consistiu em atividades diversas como, por exemplo, gravar
um CD (compact disc), filmar videoclipes, participar de programas de TV, dentre
outros, passei a analisar e refletir sobre a experiência. Do tratamento desses dados
resultou a classificação em 4 tipos de bandas: 1. Autoral; 2. Cover; 3. Coscover; 4.
Recreativa, descrita no capítulo TESE – Visão de Mercado Fonográfico.
13
HISTÓRICO HERMENÊUTICO
ROCK BRASIL 80
O paradigma histórico hermenêutico foi empregado quando efetuei
leituras diversas sobre o tema da investigação, nas disciplinas cursadas e durante
todo o decorrer de minha vida. Este paradigma permitiu a revisão da literatura
pertinente relacionada ao Rock Brasil 80, gerando pano de fundo para a
compreensão das transformações ocorridas na indústria.
Aqui abro parênteses para indicar que alguns autores, a exemplo de
Dapieve (2015), usam a expressão BRock para referirem-se ao rock feito no Brasil
nos anos de 1980. Optei por Rock Brasil 80 porque, como veremos, o rock no Brasil
surge na década de 1950 e não me parece adequado BRock (Brazilian rock, ou rock
feito no Brasil) para falar apenas de um período.
Do tratamento desses dados históricos resultou a lista “Dez Bandas
Escolhidas”: 1 BLITZ!; 2 LOBÃO; 3 BARÃO VERMELHO; 4 PARALAMAS DO
SUCESSO; 5 TITÃS; 6 LEGIÃO URBANA; 7 ULTRAJE A RIGOR; 8 RPM; 9
CAZUZA; 10 IRA!; descritas no capítulo ANTÍTESE – Visão de Histórico de Bandas
de Rock.
DIALÉTICO
REDAÇÃO
Para redigir a versão final do trabalho, optei pela dialética. Exponho
minha tese no capítulo correspondente, apresento a antítese posteriormente
utilizando minha vivência na cena do Rock Brasil 802 combinada com pesquisa
bibliográfica e, por fim, sintetizo as conclusões.
As hipóteses de trabalho consistem nas ideias de que banda de rock é
objeto artístico, objeto que busca inserção social no mercado, mercado
transformado no decorrer do período estudado. O objetivo do estudo é, portanto,
2Rock produzido no Brasil na década de 1980, como visto anteriormente.
14
confirmar estas afirmações ou negá-las e, neste caso, descobrir qual a alternativa
para elas.
Do tratamento desses dados empírico-analítico e hermenêutico-histórico resultou a
lista de Gravadoras e lista “Dez Bandas Escolhidas na atualidade”: 1 BLITZ!; 2
LOBÃO; 3 BARÃO VERMELHO; 4 PARALAMAS DO SUCESSO; 5 TITÃS; 6
LEGIÃO URBANA; 7 ULTRAJE A RIGOR; 8 RPM; 9 CAZUZA; 10 IRA!; descritas no
capítulo ANTÍTESE – Visão de Histórico de Bandas de Rock.
Alerto para o fato deste trabalho estar escrito em primeira pessoa,
visto que a busca da própria voz em um trabalho inédito é desejável 3, conforme
explicitado na disciplina Seminário de Pesquisa em Artes II ministrada pela Profa Dra
Luíza Christov.
Todas as traduções deste volume foram feitas por mim.
3Conceito extensamente explorado na disciplina Seminários de pesquisa em artes II conduzida pela Profa. Dra Luíza Helena da Silva Christov. Ver o plano de ensino referenciado.
15
TESE – Visão de Mercado Fonográfico
A tese contida neste trabalho é que banda de rock é um objeto
artístico. Este objeto visa, para sua plena realização e concretização, colocação no
mercado, mercado o qual se alterou com o decorrer do tempo. Devido às mudança
ocorrida neste mercado, a necessidade de investimento para os músicos aumentou,
o risco da empreitada passou a ser das bandas e o papel das gravadoras mudou.
O estudo foi realizado essencialmente no Estado de São Paulo
durante o período de compreendido entre o segundo semestre de 2016 e os dois
primeiros meses de 2020.
A amostra escolhida para delimitar os participantes da investigação foi
constituída pelas três bandas nas quais trabalhei: Rockiavel, Parágrafo D e DSS. O
critério adotado para eleger estas bandas foi o fato de poder acessar os dados com
liberdade, pois eu estive presente em todas as etapas concernentes ao processo
artístico.
O desenho do estudo contemplou a observação e a reflexão das
atividades artísticas das três bandas citadas, observação e reflexão confrontadas
com a pesquisa bibliográfica desenvolvida a respeito do Rock Brasil 80, as
condições mercadológicas de então e as mudanças ocorridas.
O procedimento de recolhimento dos dados utilizou como instrumento
o fazer artístico gerador de objetos diversos: ensaios, gravações de áudio e vídeo,
participação em programas de TV, inserção nas mídias sociais e apresentações ao
vivo.
A principal variável presente na análise é função do tipo de banda
estudada. Isto gerou a classificação segundo a qual as bandas podem ser
entendidas como autoral, cover, coscover e recreativa dependendo do tipo de
trabalho desenvolvido e da inserção social pretendida.
16
MUDANÇA DE MERCADO
Falemos, agora, sobre a mudança no mercado. Essencialmente,
tratou-se da terceirização da produção artística. No cenário do Rock Brasil, artistas
eram empregados contratados por gravadoras. Estas companhias pesquisavam a
cena musical, viam e ouviam as bandas que tocavam em espaços diversos e faziam
suas apostas, ou seja, escolhiam as que, sob o olhar das gravadoras, apresentavam
maior possibilidade de retorno financeiro e ofereciam um contrato de gravação,
geralmente por um período de três anos no qual os artistas se comprometiam a
gerar três álbuns com músicas autorais gravadas em estúdio fornecido e bancado
pelas empresas. Noto que, elas, as gravadoras, não aceitavam gravações de shows
ao vivo como prestação de contas para o atingimento da meta de três obras.
Contrato com gravadoras era o objetivo das bandas que procuravam inserção neste
mercado. Uma vez assinado, gravação de músicas, confecção de videoclipes,
aparições em rádio e TV, material promocional e tudo o mais eram por conta das
companhias. Elas investiam e, caso o produto não propiciasse o retorno esperado, o
custo da empreitada era suportado por elas. Atualmente, temos uma nova
configuração. O pretendente a artista deve, em primeiro lugar, gravar a sua obra por
conta e risco. Prepara uma coleção de músicas, paga a captação no estúdio,
músicos de apoio se for o caso, providencia a mixagem e a masterização. Cria todo
o material visual, logo, videoclipes, páginas nas redes sociais e canais de mídia
digital e deve criar seu público nestes meios. Toda a agenda, shows, participações
em rádio e TV e eventos em geral, é responsabilidade da banda. Ela deve funcionar
como uma pessoa jurídica e se estabelecer. Caso esta empresa seja
economicamente viável e se firme através de seu trabalho, aí surge a gravadora. Ela
passa a intermediar as relações dos músicos com demandantes do produto e coloca
o trabalho na, permita-me a expressão que não tem conotação de valor, grande
mídia.
INVESTIMENTO, RETORNO E RISCO
No parágrafo anterior, utilizei conceitos como investimento, retorno e
risco enfatizando o aspecto financeiro embutido nestes termos. É a lógica do
17
mercado para a maioria das empreitadas. Não pretendo discutir aqui as lógicas de
todos os mercados. Há monopólios e oligopólios diversos e, nem sempre a lógica do
lucro se aplica, como por exemplo, mercados de energia, produção de papel-moeda
e documentos nos quais existe a preocupação com a soberania e o poder. Trato de
um mercado particular, enfatizo, mercado para bandas de rock, especialmente no
Brasil nos dois períodos citados: Rock Brasil 80 e atualidade. Este recorte da
realidade é importante pois propicia foco para a pesquisa. Ainda sobre os conceitos
de investimento e retorno, alerto que eles contém o aspecto financeiro mas não se
restringem a ele. Explico. Investimento, segundo minha visão, é a aplicação de
recursos com vistas ao recebimento de retorno. O investimento, no entanto, pode
não ser financeiro. Ter tempo e energia para realizar uma tarefa são tão importantes
quanto a capacidade de inversão. Vem à mente a ideia do aspirante a músico que,
assoberbado por estudos e a necessidade de prover o sustento, não tem tempo ou
energia para se dedicar a um projeto artístico, correndo de escola em escola dando
aulas e gastando noites de sono estudando.
Para explicitar melhor a ideia de investimento e retorno no contexto de
nossa investigação, vou adotar uma classificação para as bandas de rock. Esta
classificação vem de minha experiência acadêmica e vivência no mercado
fonográfico atual, aplicando o resultado do tratamento de dados obtidos com
paradigma empírico analítico.
4 TIPOS DE BANDAS
Aqui é interessante falar sobre os tipos de bandas de rock. Proponho
uma classificação na qual podemos verificar a existência de quatro tipos de bandas:
1. Autoral; 2. Cover; 3. Coscover; 4. Recreativa.
1 BANDA AUTORAL
Autoral é aquela que produz as próprias músicas ou busca músicas
inéditas de outros compositores. Mesmo quando interpreta alguma canção já
conhecida, cria um arranjo ou usa outro método (fazer uma nova letra, por exemplo)
18
para diferenciar seu produto. No entanto, o foco é criar as próprias composições. A
inserção social pretendida é ser reconhecida na grande mídia e criar fonte de renda.
Exemplo de banda autoral é Rockiavel na qual as músicas são
produzidas por seus membros.
2 BANDA COVER
A banda cover executa canções já conhecidas de autores
consagrados. Pode, eventualmente, tocar algo próprio mas isto não é o cerne da
labuta. Busca inserção social apresentando-se em bares, geralmente. O alcance do
trabalho é, essencialmente, local.
Exemplo de banda cover é Zepper’s a qual faz tributo ao Led Zeppelin.
Há pessoas que não gostam desta denominação, a exemplo de
Roberto Frejat, guitarrista e vocalista do Barão Vermelho, que entende cover como
uma cópia “não sendo este o caso de… um disco de regravações” (ALVES JR,
1997, p. 19). Alerto, no entanto, que este conceito não importa juízo de valor.
Lembro que os Beatles gravaram covers em quatro de seus LP, a saber, Please,
Please Me, With The Beatles, Beatles For Sale e Help! E, em muitos casos,
conseguiram versões superiores às originais, a exemplo de Twist And Shout música
de encerramento do primeiro álbum, o citado Please, Please Me. Nesta categoria de
minha classificação, cover indica músicas de outros autores, músicas já
consagradas, sem indicar o grau de inovação presente na performance ou no
arranjo. Parece claro que, quando uma banda autoral faz regravações, ela não deve
ser incluída na categoria Cover. Este é o caso, para citar um, do Ultraje A Rigor com
o álbum Por Que Ultraje A Rigor? que contém apenas uma música própria (Mauro
Bundinha).
3 BANDA COSCOVER
Coscover, o termo que criei para aquelas que buscam reproduzir
fielmente o objeto ao qual se dedicam, executa músicas de um determinado artista
19
já consagrado. Usam os mesmos instrumentos, vestuário e reproduzem fielmente,
dentro do possível, o artista homenageado.
Exemplo de banda coscover é All You Need Is Love que busca
reproduzir fielmente o trabalho dos Beatles, chegando ao requinte do baixista, que é
destro, aprender a tocar baixo como canhoto para respeitar a visualidade do fab
four.
O mercado aqui é um pouco mais amplo se comparado com as de covers. Visa
grandes teatros, Teatro do Shopping Bourbon, por exemplo, além de buscar
competições nas quais se procura aquelas que melhor reproduzem a banda original.
Uma referência é a banda All You Need Is Love a qual se dedica aos Beatles e
participou de festivais diversos, inclusive em Liverpool. Pode ocorrer a hipótese
deste tipo de banda executar música própria, mas trata-se de exceção muito rara. E
o caso, novamente, da All You Need Is Love que gravou uma música própria em
Abbey Road, como se vê no DVD referenciado.
4 BANDA RECREATIVA
Bandas recreativas, em geral, executam músicas conhecidas e o que
as difere das bandas cover é o fato de não possuírem intenção de retorno
financeiro. Os outros três tipos de bandas buscam este retorno, porém o quarto tipo,
a recreativa, não tem este objetivo. Pode até se apresentar eventualmente em locais
que remuneram, todavia este não é o desiderato. A ideia aqui é a diversão, a
socialização e o puro prazer.
Exemplo de banda recreativa é DSS que se reune para se divertir, sem
cronograma, repertório fixo, sem pretenções.
Falo agora do conceito adotado por mim nesta tese, a inserção social.
Trata-se de um conceito subjetivo no sentido de que o próprio ator social irá definir
qual a colocação que ele deseja alcançar no cenário. Não é uma medida física,
econômica palpável como, digamos atingir a obtenção de uma renda mínima
mediante a oferta de seu produto. Quem diz qual a inserção pretendida é o
interessado. Vejamos o exemplo da banda recreativa. Ela pode investir (tempo,
20
dinheiro, recursos diversos) com o propósito de obter como retorno satisfação.
Tocar em uma festa de aniversário, por exemplo. Ela alcançou a inserção que
desejava. Por outro lado, uma banda autoral com CD gravado, participação em
mídias diversas (sociais, rádio e TV) pode não ter atingido a inserção pretendida se
ela quer ampliar seus rendimentos, agenda e exposição. Para quantificar este
conceito imagino entrevistas com os envolvidos e eles dirão se atingiram ou não a
inserção social pretendida.
ARTEMÍDIA
Por fim o conceito de artemídia4, conforme tratado no grupo de
pesquisa Artemídia e Videoclipe liderado pelo Prof. Dr. Pelópidas Cypriano de
Oliveira, é a interação entre arte e comunicação. Abrange os desenvolvimentos
científicos e tecnológicos e, por seu caráter comunicacional celebra a interatividade.
Envolve a noção de que, para as bandas autorais, não basta mais produzir sua arte
musical. Há de cercar-se das ferramentas propiciadas pela comunicação, pela
ciência e pelos novos meios tecnológicos. É o momento em que o músico percebe
que não basta ter um CD gravado: é preciso estabelecer estratégias de
comunicação (videoclipes, mídias sociais, redes virtuais e físicas). Redes físicas
compreendem as relações sociais. São de extrema importância e podem minimizar
investimento, encurtar caminhos. Pense no músico de garagem cujo pai é alto
executivo de gravadora. É um atalho. Entre a sorte grande do exemplo anterior e a
prática comum de sair do zero há um conjunto de variações. A banda que se
associa a um videomaker diminui drasticamente os custos de produção, verbi gratia.
TRÊS BANDAS PROTÓTIPO
Expostos os conceitos adotados, passo a apresentar os dados
empírico-analíticos utilizados nesta pesquisa. São as bandas escolhidas como
protótipos (baseados na classificação de 4 tipos de bandas de rock) sobre as quais
lançarei um olhar fortalecido pela artemídia. DSS (recreativa), Parágrafo D (autoral)
e Rockiavel (autoral). Escolhi para prototipagem apenas os tipos banda recreativa e
4Para aprofundamentos, ler a tese de doutorado de PEL, Pelópidas Cypriano de Oliveira referenciada neste volume.
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banda autoral porque esta é a tipologia que mais vai ao encontro de minhas
aspirações de criação de objeto artístico, pois os tipos banda cover e banda
coscover não contemplam a criação de obras inéditas, inviabilizando a inserção no
mercado fonográfico atual. Considerando a economia criativa, escolhi os dois
extremos de colocação social: a aposta máxima (autoral) e a aposta mínima
(recreativa). Aposta entendida como investimento vis-à-vis retorno esperado.
1 DSS
DSS foi uma banda da qual participei que se enquadra na categoria
recreativa. Ela existiu no período de março a dezembro de 2018. Adriano Capocchi,
guitarrista e amigo, antes de nos conhecemos, tocou em diversas bandas de
músicas cover. Dentre os diversos músicos que ele conheceu um tornou-se mais
próximo: Salva Pessoa.
Salva é baterista. Estudioso e professor do instrumento. Foi com ele
que Adriano conheceu as alegrias e a tortura de tocar com o metrônomo.
Passaram a tocar sempre juntos.
Certo dia, Adriano perguntou se eu não gostaria de tocar baixo com
eles. Respondi afirmativamente. Primeiro pois sou amigo dos dois. Depois porque vi
a oportunidade de ampliar meu repertório tocando rocks de bandas que eu ainda
não tinha estudado.
Logo de saída, ficou acertado que esta seria uma banda, como
afirmado anteriormente, recreativa. Não teria ensaios fixos nem lista de repertório
rígida. Abriria espaço para improvisos e o mais emblemático: não perseguiria
músicas inéditas, algo essencial para qualquer banda que procura se lançar no
grande mercado, permita-me chamá-lo assim.
Adriano escolheu o nome: D (Drico – abreviatura de Adriano) S (Salva)
S (Silvio), Foto 01. Simples e sonoro. Na linha de E (Emerson) L (Lake) P (Palmer).
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Foto 01: Drico (Adriano Capocchi) na guitarra e Salva Pessoa na bateria.
Fonte: Adriano Capocchi.
Fizemos alguns ensaios em meu estúdio e marcamos uma
apresentação em 27 de abril de 2018 na Choperia da Granja, situada na Granja
Viana em Cotia. Naturalmente, a remuneração foi cerveja... Deste show participaram
como convidados Parágrafo D e Rockiavel, à época denominado A era do caos.
Parágrafo D e Rockiavel foram ao evento com o objetivo de testar o repertório em
apresentação ao vivo e divulgar as marcas.
DSS não teve vida-longa. Após mais alguns ensaios surgiu um
problema que se mostrou intransponível: a eleição presidencial de 2018. Salva,
eleitor do PT, e Drico, eleitor de Bolsonaro, começaram a trocar mensagens com o
intuito de fazer proselitismo político. Estas mensagens logo descambaram para a
agressão e a amizade entre os dois foi rompida. Não havia mais, então, um dos
fundamentos da banda Recreativa: a diversão e o prazer de ficar juntos. A
camaradagem passou a não existir. Os dois ficaram rompidos por um bom tempo.
Felizmente, o desentendimento passou recentemente e ficamos de nos encontrar
(os três) para tocarmos novamente.
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2 PARÁGRAFo D
A segunda banda escolhida como fonte de dados deste trabalho é o
PARÁGRAFo D.
Este trabalho começou a tomar forma quando conheci o compositor
Thiago Alves. Ele estava finalizando o curso de composição no Instituto de Artes da
UNESP e tive o prazer de participar, em outubro de 2016, de banca de avaliação do
trabalho de conclusão de curso (TCC) preparado por ele. Vale mencionar que nossa
indicação (indicação da banca da composta por PEL e por mim) para publicação
vingou e o TCC foi editado como livro.
Fortemente influenciado por Falcão (humorista e cantor cearense com
nove discos gravados), Mamonas Assassinas (banda de rock satírica), Ary
Toledo(humorista paulistano) e por tudo o que diz respeito a piadas, cacofonias e
escatologismo. Thiago escreveu uma coleção de canções jocosas e começamos a
preparar um projeto em conjunto.
Nossa primeira apresentação foi no evento POEforMAceS DA
revIRAda no CRP ECA USP (Departamento de Relações Públicas da Escola de
Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo) ocorrido em novembro do
mesmo ano. Thiago, César (compositor da mesma turma do Thiago) e eu
executamos canções próprias e acompanhamos performances de atores os quais
leram poesias. Nosso equipamento instrumental foi composto por violões Martin de
seis e doze cordas, cajon e baixolão Martin. Todos cantamos. Este foi,
primordialmente, um show acústico, no qual só o baixolão foi amplificado. A
recepção foi educada, porém fria. Senti não ser o público propício para este tipo de
música: canções muito popularescas, principalmente Aja a qual cantei com forte
drive, em um local tão erudito. Outro fator que prejudicou a performance e ficou
evidente para mim foi a necessidade de muito mais ensaios para atingirmos um
patamar menos amadorístico. No entanto, tocar ao vivo é sempre fonte de
crescimento para músicos. Sempre vale a pena. Arrisco-me a dizer que, sem o
contato direto com a plateia, é muito difícil o desenvolvimento artístico.
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Abro parênteses aqui para relatar uma peculiaridade ocorrida nos
ensaios do PARÁGRAFo. Não havia calendário sistemático: os ensaios aconteciam
apenas como preparação para eventos. É peculiaridade que não vi nas bandas
profissionais que conheci, cujo calendário contemplava ensaios diários. Ensaio,
aqui, é entendido em sentido amplo. É a reunião dos membros da banda para tocar,
compor, tratar de assuntos comerciais, fotografar, fazer vídeos, em fim, ficar junto
trabalhando. Ensaios regulares são particularmente importantes quando o repertório
está sendo formado porque assim a sensação subjetiva de segurança dos músicos
aumenta e passa a ser possível tocar sem a necessidade de contatos visuais que
sempre ocorre quando não há firmeza na estrutura a ser interpretada. Com esta
firmeza, passa a ser possível interagir melhor com o público. Fixado o repertório, os
ensaios podem ser entendidos como manutenção e, na parte musical, não precisam
ser tão intensos.
Logo após a apresentação na USP, a primeira baixa. César nos
informou que não pretendia continuar. Éramos, então, uma dupla.
Em dezembro de 2017, eu e Thiago nos reunimos e ele trouxe uma
ideia. Produzir um canal de TV no YouTube denominado Papo No Pau.
Essencialmente um programa de entrevistas com músicos da cena alternativa de
São Paulo, Foto 02. A nossa banda foi promovida, então, à banda oficial do canal. O
primeiro programa foi com o músico Serapicos, Foto 03, que falou sobre seu
trabalho e suas apresentações no SESC e outros espaços. Compusemos a primeira
parceria: Katinguetállica, uma sátira ao heavy metal inspirada na métrica da música
A Barata do grupo de pagode Só Para Contrariar. Gravamos em meu estúdio e
fizemos um clipe no Beco do Batman.
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Foto 02: Thiagson e Silvio gravando a chamada para o programa Papo No Pau.
Fonte: Thiago Alves.
Este trabalho revitalizou o S27, o meu estúdio. Surgiu, desta forma, a
ideia de transformar a sala de visitas de minha casa, até então com uma decoração
inspirada em futebol, com mesa de jogo de botão, bonecos de times, camisas de
equipes. A nova versão do espaço foi projetada pelo arquiteto Leonardo Galasso
(sim, o Leospa, baterista do Rockiavel é arquiteto!) transformando-se no segundo
estúdio da casa. Mais espaçoso, mais próximo das garagens, contando com terraço
e sala de convivência. Possui TV de 55” de tela curva, acesso à internet, bar e
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espaço para refeições. A sala sofreu tratamento acústico e recebeu nosso
equipamento, bem como um par de caixas JBL novinho para o PA (public address,
destinado a amplificar, no nosso caso, as vozes). Contratamos um técnico de som,
Rodrigo Ferrari, do Estúdio 500, para equalizar a mesa de som. Além destas
comodidades, o fator decisivo foi podermos ensaiar com nosso equipamento.
Durante as apresentações do ano de 2017, alugamos PA, tocamos em bateria
cedida pelos espaços que nos contrataram, ensaiamos no DoZe e no Pata Negra
com equipamento destes estúdios e os problemas ficaram nítidos. Transportar e
montar um PA que não é nosso mostrou-se tarefa difícil e estressante, algo que
desvia o foco da banda e desperdiça energia. Só para exemplificar, a bateria cedida
por uma das casas de show na qual tocamos, não tinha todas as peças… Ensaios
com aparelhos diversos produzem sons diferentes e a manutenção em estúdios
alugados nem sempre é um primor.
Foto 03: Serapicos & Banda.
Fonte: Serapicos.
Voltemos à banda propriamente dita. Lançado o programa com
Serapicos, resolvemos estender a parceria com ele e gravar em seu estúdio o áudio
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do segundo vídeo do PARÁGRAFo. A música escolhida, composição de Thiago, foi
As Melhores Do Ary, satírica, irreverente e repleta de cacofonias, como não poderia
deixar de ser.
O vídeo da canção foi gravado nas dependências do Instituto de Artes
da UNESP. Neste momento, entrou para a banda o guitarrista Vitor Mellado, à
época, graduando em composição no mesmo Instituto que nós. Dublamos,
dançamos, fizemos palhaçadas e pronto… Segundo vídeo no Facebook.
Partimos, então, para a segunda e a terceira entrevistas para o Canal
Papo No Pau. O local das gravações foi o estúdio DoZe e um parque dentro de um
clube, ambos situados na Granja Viana em Cotia/SP. Os personagens foram A Era
Do Caos e o dono do estúdio, o Zé. Com a banda foram feitas tomadas tocando no
estúdio e outras em ambiente externo, o já citado parque do clube em Cotia. Zé
falou nas salas do estúdio, forma de divulgarmos o espaço. Estes dois projetos, no
entanto, não viram a luz do dia. Mais para frente, explicarei o porquê.
Prosseguimos com mais um vídeo com Vitor Mellado, eu e Thiago que
foi lançado na página lançado na página Papo No Pau: Respondendo a perguntas
de fãs. Gravado nas cercanias do Terminal Barra Funda, teve dois momentos. No
primeiro, Thiago aparecia caído à porta de um bar fechado e eu o resgatava para
levá-lo para a gravação. No segundo, Thiago lia perguntas de fãs (falsas, claro) e
nós três respondíamos. Coisas do tipo as irmãs Ava e Gina perguntam, Thomas
Turbando quer saber e assim seguia.
Em um ensaio no estúdio Pata Negra, mais um vídeo com som e
bobagens para promover a banda no canal. Foi a estreia de Cristiane Cordeiro na
bateria.
Aí surgiu uma apresentação. Compromisso na Cervejaria da Granja
em 27 de abril de 2017. Novo vídeo no Pata Negra para promover o show, Aqui a
ideia de tocar com outras bandas vingou. Junto com PARÁGRAFo D. A Era Do
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Caos e DSS. A casa lotou. A apresentação foi bem aplaudida. Todas as bandas
desempenharam bem. A prova disto é que fomos contratados para um segundo
show de inauguração de novo espaço da cervejaria, com data a ser definida. Este
show só não ocorreu devido ao encerramento da banda a ser explicado mais
adiante.
Dia 7 de maio, novo show, agora no Jai Club na Rua Vergueiro em
São Paulo/SP. Neste dia, devido a fratura no ombro ocorrida quando transportava
equipamentos na Cervejaria da Granja, toquei os baixos das músicas nos teclados.
E aqui, nossas produções chegaram ao fim. Uma série de
desencontros ocorreu. Citei, anteriormente, o fato de termos gravado duas
entrevistas que não vingaram. Por que? Bem, chegou o momento de editarmos o
material. Interessava-me trabalhar em conjunto com Thiago, mas surgiram
problemas. Ele temia circular por São Paulo com seu notebook. Estava atarefado
demais com aulas e estudos. Preferiu fazer sozinho as edições. Mais do que isso.
Abandonou as duas entrevistas e passou a editar vídeos pessoais. Aí morreu Papo
No Pau e nasceu o Canal Do Thiagson. Abortei o plano de comprar um notebook
para editarmos em vídeos em conjunto, pois estava claro que ele pretendia seguir
sozinho.
PARÁGRAFo D teve um ou outro ensaio irrelevante, Thiago e eu
proferimos algumas desinteligências e assim mais uma banda foi para o vinagre.
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3 ROCKIAVEL
Foto 04: Estudo do emblema de Rockiavel.
Fonte: Rockiavel.
A terceira banda escolhida para integrar minha base de dados é
Rockiavel, Foto 04. Ela é formada por Leospa, Fernando Lampoglia (sim, este foi o
nome artístico que adotei para esta empreitada) e Adriano Capocchi. Leospa e eu
fomos integrantes do Ultraje a Rigor e tocamos, respectivamente, bateria e baixo.
Adriano é guitarrista, como vimos anteriormente, Foto 05, da esquerda para a
direita, Adriano, Lampoglia e Leospa.
A primeira ideia que tivemos ao montar esta banda foi gravar uma
coleção de canções de minha autoria e montar um álbum. Posteriormente, foram
incluídas duas músicas de Adriano e uma releitura de Ciúme do Ultraje, agora
chamada de Saúde com letra escrita por Leospa.
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Foto 05: Rockiavel em sessão de fotos para o CD.
Fonte: Rockiavel.
Logo de saída, ficou acertado que a banda seria Autoral. A pretensão
sempre foi criar um empreendimento com vistas a retorno financeiro. Naturalmente,
o prazer de tocar, divertir e compartilhar momentos juntos não ficou de fora, porém
Recreativa Rockiavel nunca foi.
Gravamos onze músicas e confeccionamos o CD Aja. Mas, como
chegamos a este número ideal? Fiz uma análise do número de músicas e do tempo
total e parcial dos primeiros álbuns lançados por artistas que admiro. Os trabalhos
escolhidos foram Nós Vamos Invadir Sua Praia do Ultraje A Rigor, The Rolling
Stones da banda homônima, Please Please Me dos Beatles, Revoluções Por Minuto
do RPM, Titãs dos Titãs Do Iê-Iê-Iê (nome original, depois simplificado para Titãs e
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Mudança De Comportamento do Ira! Neste rol, todos os álbuns brasileiros contém
onze músicas. Stones com doze e Beatles com quatorze foram as exceções. O
tempo total ficou no intervalo entre 37m46s (Ultraje) e 31m52s (Beatles). Decidimos,
então, pela moda, aqui no sentido estatístico de observação mais frequente: onze
canções. As tabelas elaboradas por mim podem ser consultadas no Apêndice II.
Leospa surgiu, então, com a ideia de gravarmos oito de minhas
músicas (em português), duas outras compostas por Adriano (em inglês) e uma
cover, a já citada Saúde. As composições em inglês objetivavam atingir o público
internacional das redes sociais, Facebook, YouTube e Instragram.
Agora uma curiosidade. Rockiavel chamava-se originalmente A Era Do
Caos. Como Leospa não gostava do nome (A Era Do Caos) e eu não tinha vontade
de gravar músicas em inglês, decidimos que cada um cederia. O nome ficaria e
gravaríamos as canções em inglês. No entanto, a certa altura do trabalho, Leospa
disse que preferiria sair da banda a seguir com o nome que ele não gostava. Aí eu
cedi, Deixei ele escolher outro nome e preferi não me indispor com Adriano
solicitando a retirada das músicas dele do projeto. Afinal, “it’s only rock’n’roll”. Assim
morria A Era Do Caos e nascia Rockiavel.
Rockiavel é a junção das palavras Rock e Maquiavel. Rock por motivos
óbvios e Maquiavel, a princípio, pela sonoridade. Posteriormente, coloquei aos
amigos que o filósofo florentino foi o ideólogo da unificação dos estados italianos.
Nossa banda poderia agir assim, tentando unificar bandas em um movimento de
revitalização do rock nacional. Esta ideia, a princípio, pareceu interessante e o sinal
disto foi que passamos a receber material de diversos conjuntos de todo o Brasil (e
até da Bolívia).
Com o número de canções definidas para gravarmos em nosso CD de
estreia, editei CD demonstrativo (comumente chamado de demo). Coloquei
gravações preliminares de minhas músicas e isto serviu para Leospa e Adriano
avaliarem o material, o qual foi aprovado. Eles começaram a aprender as músicas e
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nós três passamos a pensar nos arranjos. Não utilizamos partituras neste estágio.
Como salientado anteriormente, agregamos Smile e Goodbye Son de Adriano e
Saúde de Roger e Leospa.
Passamos então, na primavera de 2016, a ensaiar o repertório a ser
gravado. Os estúdios Pata Negra (Vila Madalena) e DoZe na Granja Viana foram os
escolhidos para nossa preparação. Tocamos com baixo, guitarra e bateria. Para as
vozes (os três cantamos), usamos um sistema de PA composto por mesa de som
com efeitos, equalizador, potência e caixas. Além disso, frequentemente
realizávamos preparações acústicas com dois violões Martin, um de seis e outro de
doze cordas, para acertar harmonias, vocais e estrutura das músicas.
Tocamos, também, já pensando em nos preparar para apresentações
ao vivo, seis músicas de outros autores. Do Ultraje a Rigor, Inútil, Nós Vamos
Invadir Sua Praia e Saúde. Loiras Geladas, Olhar 43 e Rádio Pirata foram os nossos
tributos ao RPM.
Após esta preparação, estávamos prontos para gravar. O estúdio
escolhido foi o de Luiz Schiavon, compositor e tecladista do RPM.
Aí começa um processo complicado de tomada de som que se
arrastou por muito tempo. As tomadas de baixo e bateria foram rápidas, porém as
guitarras e violões demoraram pois foram praticamente desenvolvidas nas
gravações. Isto ocorreu devido ao fato de termos ensaiado uma guitarra e no
momento de gravar tínhamos de registrar pelo menos duas: base e solo. No
entanto, não foi incomum a gravação de duas bases. Usamos, também, violão
Martin de seis cordas com afinação em Ré, Lá, Ré, Fá#, Lá e Ré (da mais grave
para a mais aguda) na música Goodbye Son. Luiz Schiavon participou de todas as
faixas tocando teclados de maneira sensacional e isto valorizou muito todo o CD.
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Concluídas as tomadas de som, partimos para a mixagem do álbum no
Estúdio 500, local frequentado por bandas como Titãs, RPM e outros de igual
calibre.
A masterização foi feita na Holanda e gerou, por assim dizer, três
álbuns: um para o CD, outro para execução em rádio e TV e outro para streaming.
Isto é necessário por que os volumes e as frequências devem ser adequados para
os três meios de divulgação. As faixas para o rádio e a TV, por exemplo, devem ser
mais comprimidas para evitar distorções. Compressão, como ensina Dourado (2008,
p. 88) “consiste na redução do espectro entre os sons mais graves e os mais
agudos de qualquer sinal de áudio”.
Cumpridas as etapas citadas, fizemos o lançamento mundial na
plataforma de distribuição CD Baby no dia 07 de julho de 2018. A caminhada foi
longa, desde nossos primeiros ensaios na primavera de 2016. Agora, em posse do
CD, Foto 06, partimos à procura de apresentações.
Foto 06: CD Aja do Rockiavel.
Fonte: Rockiavel.
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O lançamento do álbum foi nossa segunda apresentação ao vivo.
Como vimos anteriormente, Rockiavel participou de show na Cervejaria da Granja
em companhia de DSS e PARÁGRAFo D. Para esta nova empreitada a ter lugar no
Open Mall Granja Viana durante o Festival de Inverno de 2018, contratamos
iluminador, técnico de som, dois rodies e contamos com a participação especial de
dois craques do Rock Brasil 80: Roger Moreira e Luiz Schiavon. Foi o espetáculo
mais concorrido de todo o festival com público de mais de duas mil pessoas.
Nossa próxima participação ao vivo foi na Oktoberfest em São Paulo
em outubro de 2018. Aparecemos como convidados e tocamos três músicas:
Primeira Vez, Até Quando Esperar (música da banda Plebe Rude) e Que País É
Este? (da Legião Urbana). A reação foi boa, mas nenhum novo compromisso foi
agendado como consequência deste show.
As apresentações no SBT e na TV Premium se seguiram. Noto que, o
programa The Noite Com Danilo Gentili foi muito positivo. Geraram a apresentação
na TV Premium e reconhecimento de meus pares na UNESP. Até um entregador do
correio citou o programa… No entanto, não demos continuidade ao trabalho.
Poderíamos ter ido ao Programa Raul Gil e ao Programa Todo Seu do Ronnie Von,
porém Leospa esfriou meu entusiamo ao dizer que se o Gentili não alavancou nosso
trabalho, estes outros dois citados não o fariam. Aqui eu não concordo com meu
velho amigo, porém tive de acatar o argumento, mormente porque os contatos eram
dele.
Cacá Prates possuía o contato para participarmos do programa de
rádio comandado por Clemente, vocalista dos Inocentes e atualmente com a Plebe
Rude, mas não agendou, talvez por falta de estamina, drenada por problemas
familiares relativos a doença grave.
Rockiavel encontra-se em um momento de repouso ocasionado
primordialmente pela mudança do baterista para Minas Gerais. Contudo, o
repertório está ensaiado, o disco gravado, clipes produzidos e a arte visual pronta.
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Qualquer oportunidade que surgir, encontrará a banda pronta para responder ao
chamado. Leospa não tem interesse em fazer o circuito de bares que tão pouco
cachê paga, mas outras propostas serão analisadas com cuidado.
Sinto que a busca por um empresário não terminou. A banda também
não. Talvez seja o momento de aguardar condições mais favoráveis de mercado
porque o interesse pelo rock não acabou e sempre surgem movimentos cíclicos
como a Jovem Guarda, Tropicália e Rock Brasil 80 que demandam novas bandas.
A experiência de criação artística foi amplamente positiva, deixou
registrado um trabalho de qualidade que engrandeceu os participantes. Contatos
foram criados e ampliados e, caso a barreira geográfica seja revertida em algum
momento, Rockiavel continuará seu caminho.
Existe o projeto de gravarmos mais músicas que já estão prontas. Há
concomitantemente a ideia de aprimorarmos nossa participação nas mídias sociais,
mas isto vai exigir a presença de pessoal qualificado e profissional para executar
esta tarefa. Sinto que esgotamos a estratégia de aglutinar camaradas, amigos
verdadeiros, que, embora providos de forte entusiasmo e garra, pecam pela falta de
especialização profissional.
Agora, só o tempo dirá se Rockiavel, Foto 07, continuará.
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ANTÍTESE – Visão do Histórico de Bandas de Rock
A antítese à minha tese pode ser enunciada nos seguintes termos:
banda de rock não constitui objeto artístico, no Rock Brasil 80, a necessidade de
investimento para os músicos era igual ou maior do que a exigida atualmente. O
risco da empreitada era das bandas e o papel destas companhias era o mesmo
comparativamente aos dias atuais.
Vejamos. Banda de rock é objeto artístico? No Rock Brasil 80 havia a
terceirização? Vamos recorrer à história de dez artistas do período para dirimir esta
dúvida. No cenário do Rock Brasil 80, artistas eram empregados contratados por
gravadoras? Estas companhias pesquisavam, ou não, a cena musical, viam e
ouviam as bandas que tocavam em espaços diversos e faziam suas apostas, ou
seja, escolhiam as que, sob o olhar das gravadoras, apresentavam maior
possibilidade de retorno financeiro e ofereciam um contrato de gravação? O estúdio
era fornecido e bancado pelas empresas? Contrato com gravadoras era o objetivo
das bandas que procuravam inserção neste mercado? Uma vez assinado o referido
contrato, gravação de músicas, confecção de videoclipes, aparições em rádio e TV,
material promocional e tudo o mais eram por conta das companhias? O pretendente
a artista devia gravar a sua obra por conta e risco? Preparava uma coleção de
músicas, pagava a captação no estúdio, músicos de apoio se fosse o caso,
providenciava a mixagem e a masterização? Criava todo o material visual, logo,
videoclipes, páginas nas redes sociais e canais de mídia digital e devia criar seu
público nestes meios? Toda a agenda, shows, participações em rádio e TV e
eventos em geral, era responsabilidade da banda?
Teremos respostas para essas perguntas, após olharmos a carreira
dos artistas escolhidos do Rock Brasil 80.
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ROCK DEFINIÇÃO
Aqui é necessário definir o termo rock e também a expressão Rock
Brasil 80.
O Dicionário Grove de música, editado por Sadie (1994) traz a
seguinte definição:
rock (Ing.5, balanço) Termo que, numa definição rigorosa, refere-se a
um estilo musical que surgiu em meados dos anos 60. Mais
amplamente, porém, abrange esse estilo e o rock and roll que
prevaleceu no final dos anos 50 e início dos anos 60. Os dois estilos
têm semelhanças: ambos usam o canto e os instrumentos elétricos
amplificados (geralmente uma primeira guitarra elétrica, uma seção
rítmica importante, de baixo elétrico e bateria e muitas vezes uma
guitarra ritmo e um instrumento de teclado)…
Afirma que o rock surgiu em meados dos anos 1960 porque foi a partir
de 1965 e 1966 que os artistas passaram a escrever obras com maior profundidade
temática e ao mesmo tempo começaram a compor músicas que se diferenciavam da
estrutura característica do chamado rock’n’roll. Esta estrutura é essencialmente
baseada em progressões que utilizam três acordes para satisfazer as funções
harmônicas de tônica, subdominante e dominante: I, IV e V7, ou seja, os acordes
correspondentes ao primeiro, ao quarto e ao quinto grau da escala maior. Os Beatles
lançam Help!, Rubber Soul e Revolver, Bob Dylan surge com Highway 61 Revisited,
The Rolling Stones com Aftermath, Cream com Fresh Cream para citar alguns
destaques. Nestes álbuns, as experimentações harmônicas vão além do modelo I, IV
e V7. Para termos uma noção das mudanças ocorridas podemos olhar para
Tomorrow Never Knows, faixa de encerramento do LP Revolver na qual é utilizado
apenas um acorde, Dó maior (C), há solos tocados ao reverso do que foram
gravados e a música tonal é substituída pela música modal (Dó mixolídio é o modo
no qual ela é executada). A pesquisa com instrumentos variados, além da voz,
guitarra, baixo, teclado e bateria, é intensa. Peguemos a música Paint It Black
5 Abreviatura para inglês.
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presente na versão americana do LP Aftermath, e escutemos a cítara indiana tocada
por Brian Jones. As letras, por sua vez, não falam apenas do amor adolescente,
como é o caso de Like A Rolling Stone que abre o álbum Highway 61 Revisited com
sua angústia e desespero refletido na história de decadência da personagem
abordada. Help! é efetivamente um pedido de socorro proferido por John Lennon ao
perceber que fama, sucesso, mulheres e dinheiro não eram a resposta para o que
ele procurava. Por sua vez, George Harrison nos presenteia com Taxman, faixa de
abertura de Revolver, na qual critica ferozmente o sistema tributário britânico. Este
mesmo George que no álbum Rubber Soul tocou pela primeira vez em um disco de
rock a cítara indiana que tanta personalidade e distinção conferem a Norwegian
Wood, faixa número dois do referido LP. Por sua vez o Cream, banda britânica
formada por Eric Clapton, guitarra, Jack Bruce, baixo e Ginger Baker, bateria traziam
timbres inovadores com forte influência do blues e longas improvisações nas
apresentações ao vivo.
O prestigiado Dicionário de Música e Músicos Grove On-Line produzido
pela Faculdade de Música da Universidade de Oxford da Inglaterra traz acepção
contida no Anexo II do presente trabalho, a qual passo a discutir.
O referido texto nos remete, primeiramente, ao conceito de rock como
música popular do pós-guerra. Naturalmente, descarta este conceito porque não
podemos nos referir ao rock como música popular do pós-guerra. Primeiro porque
havia outras músicas a exemplo do jazz de Sinatra. Além disso, o rock’n’roll surgiu
com Bill Haley & His Comets executando a canção Rock Around The Clock lançada
em 20 de maio 1954, seguida por That’s All Right Mama de Elvis Presley em 19 de
julho de 1954. Estes fatos nos deixariam sem música popular de 2 de setembro
1945 a 19 de maio de 1954 e isto obviamente não ocorreu.
O rock’n’roll surgiu nos Estados Unidos. É sabido que, até o advento
dos Beatles e da chamada Invasão Britânica (aporte de bandas do Reino Unido na
América na década de sessenta), o rock’n’roll feito nas terras da Rainha possuía
apenas expressão local. As bandas de então faziam covers dos sucessos dos EUA
e não contribuíram para o surgimento do gênero. Portanto, não me parece preciso
40
dizer que o rock originou-se nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha, como advoga o
texto. A origem do rock foi o rock’n’roll e este surgiu com Bill Haley e ganhou
proporções maiores com Elvis Presley, americanos. Outros artistas do princípio do
gênero são dignos de nota, todos americanos, a saber, Chuck Berry, Litltle Richards,
Jerry Lee Lewis e Fat Dominos.
A divisão do rock em subgêneros é interessante para situarmos
momentos históricos, mas, em meu trabalho, agrego todos estes subgêneros no
gênero rock, mormente no que se refere à música internacional. Não é uma camisa
de força, nem me impede de referir-me a algum subgênero, o Rock Brasil, por
exemplo, porém enxergo todos estes subgêneros como mais uma característica do
gênero, a qual seja, a constante renovação dos temas e das músicas, sempre em
transformação.
Embora a propaganda e a postura de algumas bandas em
determinados momentos quererem mostrar um enfrentamento com as corporações
precisamos convir que sem as referidas corporações jamais teríamos tomado
conhecimento destas bandas. O rock precisa das corporações para ser divulgado.
Isto, no entanto, não quer dizer que as ideias contidas nos trabalhos se alinhem com
o estabelecido. As mudanças de comportamento patrocinadas pelo gênero
serviram-se das produções bancadas por empresas. A rebelião da juventude, tida
pelo articulista como fundamento do rock, realmente se faz, ou se fez, presente. No
entanto, já há muito esta questão diluiu-se. Veja como exemplo as apresentações
de Sir Paul McCartney na qual vemos crianças, adolescentes, adultos e terceira
idade unidos cantando e acompanhando com real entusiasmo. A chamada rebelião
da juventude parece ser para todas as idades… A questão da faixa etária e muito
mais complexa do que a simples idade cronológica. Fatores diversos influenciam no
comportamento das pessoas, por exemplo, a saúde, a forma de encarar a vida, a
cultura, escolaridade, em fim, todo um conjunto que não pode ser ignorado.
Fico, então, com a seguinte definição: rock é a música originada nos
Estados Unidos na década de cinquenta produzida por Haley, Presley, Berry,
41
Richard, Lewies, dentre outros, música caracterizada pela constante evolução
temática, social, cultural, técnica e estética, com apelo internacional, divulgação
corporativa e aberta a uma miríade de influências das quais destaco o blues, a
música erudita, indiana, africana, europeia e brasileira. Cream, Rolling Stones e Jimi
Hendrix são os primeiros que vem à mente quando penso na influência do blues. A
orquestra sinfônica utilizada em A Day In The Life, música de encerramento do LP
Sgt Pepper’s, os quartetos de cordas em Yesterday do LP Help! e Eleanor Rigby do
Revolver são exemplos da influência da música erudita. Love You To do LP
Revolver mostra a influência da música indiana. Raul Seixas com Mosca Na Sopa
presente no LP Krig-ha, Bandolo! transparece a influência da música africana com
seus tambores rituais. Blackbird do LP The Beatles (conhecido como Álbum
Branco), inspirada no Bourré de J.S.Bach, peça contida nos manuais para violão
erudito, é um belo exemplo da influência europeia, ao passo que Simpathy For The
Devil, composta por Jagger e Richards, inserida no LP Beggars Banquet, inserem o
Brasil no cenário, posto que os autores estavam em Salvador/BA quando ouviram o
samba e os tambores rituais da Macumba e esta foi a fonte de inspiração, tanto na
parte rítmica quanto na temática esotérica.
ROCK BRASIL 80
Passo, agora, a mostrar um subgênero que me é caro. O Rock Brasil.
O fenômeno cultural chamado rock não foi ignorado em nossas terras. Para termos
uma ideia, existe no Canal de Música da Net (televisão a cabo) a entrada Rock
Brasil ao lado de outras como Instrumental/Clássica. Shows e Festivais
Internacionais como Rock in Rio e Lollapalooza apresentam atrações nacionais e
internacionais, lado a lado com grande afluência de público. A importância
econômica do setor gera renda em diversos segmentos, a exemplo do rádio, TV,
cinema, setor de serviços (alimentação e bebidas sempre presente nos shows) e
empresariamento de eventos, para citar alguns.
A história do rock no Brasil tem início no ano de “1955 (ano em que)
Nora Ney lançou uma gravação em inglês de ‘Rock Around the Clock’…(e continua)
no ano seguinte… (com) Heleninha Silveira”(KID VINIL 2008, p. 27) que inaugura
42
uma tendência que vige até os dias de hoje: a confecção de versões. Rock Around
the Clock é vertida para nosso idioma por Júlio Nagib sob o título Ronda das Horas.
A primeira composição brasileira de rock cabe a Miguel Gustavo com a
canção Rock and Roll em Copacabana gravada por Cauby Peixoto em 1957,
conforme reportagem publicada da ISTOÉ de 16/05/2016.
Estes nomes pioneiros, Nora Ney, Heleninha Silveira e Cauby Peixoto,
não são, no entanto, considerados os primeiros artistas do Rock Brasil. Aqui faço
um parêntese para definir o conceito de Rock Brasil no presente estudo. Rock Brasil
é o subgênero do rock no qual está inserida toda a produção de música do gênero
feita no Brasil. Seu início é o ano de 1955 com a primeira gravação de rock e se
perpetua até os dias atuais com diversas bandas e artistas dedicados ao gênero,
por exemplo, Sepultura, RPM, Ultraje a Rigor e Capital Inicial, para citar uns poucos.
O subgênero é, por sua vez, dividido em períodos. Os mais marcantes para mim
foram a Jovem Guarda e o Rock Brasil 80. Feita esta definição, utilizo a constatação
efetuada por Lemos (2011), referenciado no item Sites e redes sociais, de que o
primeiro artista dedicado ao gênero foi Betinho e seu conjunto. Esta banda gravou
em 1957 a música Enrolando o Rock composta por Betinho e Heitor Carillo. Ela
caracterizou-se por abraçar o gênero assumindo uma postura rocker ,
especializando-se no gênero. Ney, Silveira e Peixoto gravaram rock e outros
gêneros como samba, bolero e jazz e não são considerados artistas de rock. Outros
se seguiram a Betinho, como Tony e Cely Campelo, porém ele foi o primeiro.
Falemos agora sobre a Jovem Guarda. Foi, inicialmente, um programa
de TV que se transformou em um movimento (movimento no sentido de
agrupamento de pessoas dedicadas ao mesmo objeto). O programa foi elaborado
para substituir as transmissões de futebol que iam ao ar todo domingo à tarde. Esta
substituição ocorreu devido ao distrato ocorrido entre a TV Record e a Federação
Paulista de Futebol, detentora dos direitos de transmissão. A Federação sentiu que
as transmissões ao vivo estavam desestimulando a presença de torcedores nos
estádios ocasionando perda na arrecadação.
43
Roberto Carlos comandava o programa apresentando os artistas da
Jovem Guarda, Foto 08, como Wanderléa, Erasmo Carlos, Deno e Dino, Jerry
Adriani, Os Incríveis, Golden Boys dentre outros. Foi sucesso no período em que
existiu de 1965 a 1968. Era televisionado ao vivo para a capital paulista e exibido
em videotape nas outras regiões do país.
Foto 08: Artistas da Jovem Guarda.
Fonte: Revista Contigo! 2004. Documento musical Jovem Guarda.
A importância desse, que com o correr do tempo transformou-se em,
movimento, é nacionalmente conhecida. Nos dias atuais, frequentemente ocorrem
apresentações relembrando as músicas, os artistas e o espírito da época.
A Folha de São Paulo dedicou artigo em 17 de janeiro de 2018 ao
cinquenta anos do programa. Reproduzo este referido artigo no Anexo II desta
pesquisa.
Este movimento artístico teve grande influência em minha formação. A
partir do que vi na TV, passei a me interessar por música. Não só como polo
passivo, mas com vontade vigorosa de tocar e cantar. Movido por este desejo, fui ter
aulas de violão porque, à época, não havia, ou eu não conhecia, professores de
guitarra ou contrabaixo, minhas profundas paixões. Aí conheci meu primeiro
professor de violão: José Fonseca, Foto 09.
44
Foto 09: Professor José Fonseca.
Fonte: Editora Vitale.
O que me impressionou, logo no primeiro instante, foi a ideia de sair
tocando uma música já a partir da segunda aula. Isso não era comum. Em
conservatórios, alunos estudavam um ano de teoria antes de pegar no instrumento.
José Fonseca, no entanto, havia desenvolvido um método de violão
chamado Números mágicos para solos de violão editado pela Vitale, Foto 10.
Foto 10: O método.
Fonte: Editora Vitale.
45
Consistia em uma combinação inteligente de quadros para acordes e
números para linhas melódicas e baixos. Isto permitia, desde que se conhecesse a
música (devido à rítmica), executá-la com maior facilidade.
Os quadros representavam segmentos do braço do violão. Dentro
deles, a posição dos dedos da mão esquerda, um número representando cada
dedo: 1 para o indicador, 2 anelar, 3 médio e 4 mínimo. Fora do quadro, o X
indicava tocar uma vez, o O duas e o X sobre o O, três.
Na primeira aula, ele explicava a posição do instrumento e das mãos,
indicava como as cordas deveriam ser pulsadas e aplicava exercícios de arpejos e
escalas que deveriam ser praticados durante a semana.
Na segunda aula, a grande alegria: executar a linha melódica de
Namoradinha de um amigo meu, grande sucesso de Roberto Carlos lançado em
1966, Foto 11.
Foto 11: A primeira música que toquei ao violão.
Fonte: Columbia.
As vendas de discos e ingressos para shows, o acompanhamento da
imprensa e o interesse do público percebido na Jovem Guarda ressurgiram nos
anos de 1980 com o movimento que denomino Rock Brasil 80.
DEZ BANDAS ESCOLHIDAS
Para falar sobre esta época, decidi escolher oito bandas e dois artistas
que representam os fatos ocorridos: Blitz, Lobão, Paralamas do Sucesso, RPM,
Ultraje a Rigor, Titãs, Legião Urbana, Barão Vermelho, Cazuza e Ira!. Distribuíam-se
nas gravadoras EMI-Odeon, Warner, Som Livre, Epic, Sony, Continental e CBS.
46
Justifico o título desta seção como uma licença poética lembrando que os dois
artistas solo não são, a rigor uma banda. Artistas solo trabalham com músicos
contratados que não possuem vínculo ideológico com o trabalho. Porém,
socorrendo-me da referida licença, posso pensar, como me explicou PEL6, o artista
solo como banda de um único elemento.
Exponho, agora, os critérios para a escolha efetuada. De modo geral,
todas se destacaram no Rock Brasil. Falando especificamente, A Blitz foi eleita por
se tratar da primeira no período a obter reconhecimento midiático nacional. Devido
ao fato de Lobão ter integrado esta banda, surgiu o interesse de acompanhar seu
desligamento e cobrir sua carreira solo. Paralamas Do Sucesso atraiu a atenção por
ser o conjunto a primeiro ter fita demo executada em rádio. RPM e Ira! pela
convivência que tive com Luiz Schiavon, Fernando Deluqui e Edgar Scandurra.
Ultraje A Rigor foi escolha obrigatória porque toquei nela. Legião Urbana, Barão
Vermelho e Cazuza por conter os poetas da geração, Renato Russo e Cazuza. Por
fim, Titãs, retratada pelo ineditismo do formato, com oito integrantes, diversos
vocalistas e apresentações sui generis.
1 BLITZ!
A Blitz foi a primeira banda deste período a obter sucesso midiático.
Iniciou sua jornada tocando em bares e passou por algumas alterações, mas quais
Evandro Mesquita esteve sempre presente, até chegar ao time que gravou o
primeiro single e o primeiro long-play: Evandro Mesquita (voz e violão), Ricardo
Barreto (vocal, guitarra e violão), Antonio Pedro Fortuna (vocal e contrabaixo),
William Forghieri (vocal e teclados), Márcia Bulcão (vocal), Fernanda Abreu (vocal) e
Lobão (bateria).
O single contendo Você Não Soube Me Amar no lado A e Nada, Nada,
Nada no lado B possuía, na realidade, apenas uma música tendo em vista que o
lado B continha apenas a voz de Evandro Mesquita repetindo nada, nada, nada em
6Conversa com o autor em 29/10/2019 no restaurante Tanta Felicità em São Paulo.
47
looping, o que não deixou de ser uma sacada interessante, posto que a música era
mesmo nada… A execução radiofônica de Você Não Soube Me Amar foi massiva.
Seguiu-se uma exposição televisiva que levou a banda para o público
brasileiro e uma tendência foi inaugurada: a apresentação em programas de
auditório interpretando as canções sobre a gravação original, o conhecido playback.
Anteriormente, a exemplo do programa Jovem Guarda, os músicos de rock se
apresentavam em teatros, no caso o Teatro Record da Rua da Consolação em São
Paulo, Capital, e o programa era ao vivo com gravação exibida pelo Brasil, como
visto anteriormente. Evandro Mesquita adotou posição firme em favor da
apresentação em programas de auditório como nos conta Alexandre (2002), posição
2359 do Kindle: “Desde o Astrúbal eu vinha brigando para que a gente aceitasse ir
ao programa do Chacrinha, a fim de que, quando se apresentasse no Acre, não
precisasse responder a perguntas como ‘por que Asdrúbal Trouxe o Trombone7?”
Foto 12: capa do LP da Blitz.
Fonte: http://www.blitzmania.com.br/site/.
O LP As Aventuras Da Blitz, Foto 12, continha treze músicas, porém
após o disco estar prensado veio a ordem do Departamento de Censura da Polícia
Federal: as faixas Ela Quer Morar Comigo Na Lua e Cruel Cruel Esquizofrenético
Blues estavam vetadas. A solução encontrada foi inutilizar as duas faixas como se
7Trupe carioca.
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tivessem sido riscadas a prego. Atualmente as duas estão disponíveis em CD e
streaming. Mas, qual o motivo da censura? Perigo à segurança nacional? Incitação
ao crime? Uso de drogas? Obscenidade? Vejamos:
ELA QUER MORAR COMIGO NA LUA
Composição de Evandro Mesquita
Ela é uma fera
Ninguém é como ela
Quando chega por perto
É mais incerto no meu coração
Que dança dança na palma da sua mão
Beijo musical
Marca de batom
Copo de cristal
Um pouco de amor
E dança dança aonde você for
Ô ela diz que eu ando bundando
E que não agito nem uso
E fico confuso vendo o mundo rodar
E nessa dança você não sai do lugar
Me propõe um plano
Real, humano e lógico
Para soltar os bichos
Do jardim zoológico
Pra ver o bicho que deu
Pra ver o bicho que dá
Agora ela quer
Morar comigo na lua
Morar comigo na lua
Agora ela vem morar comigo na lua
Morar comigo na lua
E nessa dança
O nosso corpo flutua
Blitzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz (LETRAS, site da web)
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Encontrei apenas duas possibilidades para o veto: a palavra bundando
e a referência velada ao jogo do bicho na frase “pra ver o bicho que dá”. Ainda
assim, “pra ver o bicho que dá” é expressão coloquial correspondente a para ver o
que acontece. Bundando, por sua vez, é mais uma expressão descontraída que
estava na boca do povo e não propriamente um palavrão, uma obscenidade. Trata-
se de uma canção de amor juvenil e este veto revela a mentalidade dos donos das
consciências da época que não se preocupavam com custos impingidos às
empresas e aos artistas. Uma palavra atravessada e pronto, fim de discussão.
Olhemos agora para Cruel Cruel Esquizofrenético Blues:
CRUEL CRUEL ESQUIZOFRENÉTICO BLUES
Composição de Evandro Mesquita e Ricardo Barreto
Oh esse é um papo meu
Esse é um papo meu com uma mina da mesma idade que eu
Só que ela envelheceu
Um dia eu perguntei pra ela: ô, mina, você ainda tem um brilho
(brilho...) eu disse um brilho nos olhos
Você ainda tá ligada, ligada nos dias de ontem, quando tudo era
divino, divino maravilhoso
Agora conte me sobre o seu esposo
Sentado numa sala atapetada, com ar-condicionado em frente a
televisão
Que sua mãe coitada, ainda paga a prestação
Ela lhe deu quando você se formou
Ela lhe deu quando você se casou
Ela lhe deu quando você engravidou
(E agora é mãe...)
Mãe de um loiro lindo casal levadíssimo.
Mas você não sabe e também não entende
Que esse vazio idiota que te consome
E some com a tua paz
Que se foi como aquela empregada radical
50
que você mandou embora numa cena feia depois da ceia na noite de
Natal
Só porque ela pegou no peru do seu marido, (peru de Natal…)
Você ficou com o coração ferido, sacou o lance num relance quando
passou pela cozinha
Não, não vá dizer que a culpa é minha
Meu Deus como você foi
Ah meu Deus como você foi
Eu disse meu Deus como você foi
(Cruel cruel), esquizofrenético blues,
(Cruel cruel), esquizofrenético blues,
(Não, não vá...). Não, não vá botar a culpa no destino, por ter
casado com um cretino industrial
Apenas para dar uma satisfação, a sociedade
Pois na verdade eras parada, num surfista boçal
Não agora não dá mais, ah puta que pariu
Meu Deus como você foi,
Eu disse meu Deus como você foi,
Cruel cruel, cruel cruel, cruel cruel, cruel cruel, cruel cruel
(Tirururu...., Tirururu...., ) (LETRAS, site da web)
Aqui há duas as frases que provavelmente levaram a interdição. “Só
porque ela pegou no peru do seu marido” e “puta que pariu”. Talvez uma
obscenidade e um palavrão. Talvez o questionamento do casamento por interesse
em oposição ao casamento por amor. Realmente a camisa de força estava
apertada.
A trajetória da banda, antes da gravação do single e do long-play,
iniciou com uma série de shows. Aí Alexandre (2002, posição 2315 do Kindle) nos
mostra como funcionou o mecanismo que levou a Blitz para a EMI-Odeon:
Com o carro emprestado pela tia de Evandro e com o equipamento
emprestado pela Cor do Som, em poucos meses…(a Blitz) começou
a provocar bochincho no meio musical. A tal ponto que, durante uma
pelada de fim de semana, um diretor da EMI-Odeon, Jorge
51
Davidson, procurou Evandro para lhe avisar que outro chefão da
companhia, Mariozinho Rocha, estava interessado em conhecer a
Blitz…
O contato, como se vê, partiu da gravadora que, ciente da cena
musical no Rio de Janeiro, procurou os músicos e propôs um teste de estúdio.
A banda foi para o Estúdio Transamérica e lá gravou sua demo às
expensas da gravadora EMI-Odeon. Posteriormente, foi aprovada e partiu para a
gravação do single e do long-play.
Pelo exposto, podemos constatar que o investimento do conjunto foi
pequeno, praticamente reduzido ao trabalho empregado nas apresentações, visto
que transporte e aparelhagem eram emprestados. Como o investimento financeiro
era diminuto, o risco associado à perda de capital era praticamente zero.
Notamos que as apresentações em rádio e TV foram impulsionadas
pela gravadora após a assinatura do contrato. Quanto a videoclipes, estes
praticamente não existiam e podem ser resumidos a apresentações no Fantástico,
apresentações conseguidas através da EMI-Odeon e bancadas pela Rede Globo de
Televisão.
2 LOBÃO
O próximo artista a ser retratado aqui é Lobão. Trata-se de compositor,
violonista, guitarrista e vocalista que se considera “antes de mais nada um baterista”
(LOBÃO e TOGNOLLI, 2010, p. 32).
Seu interesse pelo rock surgiu em 1965 quando ouviu Help! dos
Beatles e Satisfaction dos Rolling Stones (LOBÃO e TOGNOLLI, 2010, p. 40).
Gostava, também, da Jovem Guarda. Lobão, ao abraçar o rock, não esqueceu de
suas influências cariocas como as marchinhas de carnaval, o samba e o chorinho.
Gravou em 1988 o LP Cuidado! no qual, na faixa título, contou com a participação
52
da bateria da Mangueira. Seu estilo virtuoso na bateria é repleto de swing, swing
que denota estas influências.
Participou, na década de 1970, da banda Vímana8 formada por ele
(bateria), Lulu Santos (guitarra), Ritchie (voz), Fernando Gama (baixo) e Luiz Paulo
Simas (teclado), cujo repertório autoral seguia a linha do chamado rock progressivo
(KID VINIL, 2008, p. 187), subgênero do rock que contou com expoentes do quilate
de Yes, Emerson, Lake & Palmer, Genesis, Som Nosso De Cada Dia e Premiata
Forneria Marconi. Noto que as três primeiras bandas são inglesas, e as duas últimas
são, respectivamente, brasileira e italiana. Esta vertente foi profundamente
influenciada pela música erudita europeia a ponto de Rick Wakeman, tecladista do
Yes gravar a faixa Cans And Brahms, do LP Fragile executando tema do compositor
alemão.
A estreia no Vímana ocorreu quando a banda acompanhou Marília
Pera na peça A Feiticeira no Teatro Casa Grande no Rio de Janeiro. Apadrinhados
por Nelson Motta (produtor dos mais importantes da música brasileira e letrista de
grande sucesso) conseguem contrato de gravação com a Som Livre, gravadora
pertencente ao conglomerado da Globo. É aí que aconteceu fato inusitado. O
tecladista Patrick Moraz se encanta com o Vímana e quer criar um projeto com a
banda. Patrick tinha tocado no disco Relayer com o Yes e era um astro
internacional. Os músicos do Vímana, encantados com a possibilidade de uma
carreira internacional, rescindiram o contrato com a Som Livre. Após diversos
ensaios, veio a triste notícia: o rock progressivo não estava mais nos projetos dos
executivos internacionais devido à onda punk que se alastrou pela Grã-Bretanha e
pelos Estados Unidos. O rock progressivo foi solenemente escanteado.
Sem colocação fixa, Lobão passa a atuar como músico contratado e
toca com Luiz Melodia e, posteriormente, com Marina Lima. Estreitou relações com
a cantora e compositora carioca e escreveu trabalhos em conjunto com ela.
8Do sânscrito, vimâna: na Índia medieval, torre piramidal sobre a capela central de um templo;( literal):marcando, delimitando; atravessando, percorrendo. (HOUAISS, on-line). Para Lobão (2010, p.147), “Vímana, em sânscrito, significa carruagem dos deuses...”
53
Seu primeiro trabalho gravado foi a participação no CD inicial da Blitz,
tocando bateria. Antes deste evento, ele já havia atuado como músico de estúdio, a
exemplo da gravação da faixa Um Lindo Blue do LP Respire Fundo de Walter
Franco. Lobão decidiu não seguir na Blitz por não estar satisfeito com os vocais das
meninas (Fernanda Abreu e Márcia Bulcão) e ainda por julgar o caminho artístico
seguido pelo conjunto não interessante.
O disco Cena De Cinema, Foto 13, foi sua estreia no papel de
compositor, músico e cantor. Não foi uma obra especialmente marcante. Para
termos uma ideia, o álbum completo não está disponível no Spotify9. Mesmo assim,
o artista gravou videoclipe para o Fantástico, programa da Rede Globo de
Televisão, de grande audiência e penetração nacional.
A música que dá nome ao disco passa a ser tocada na Rádio
Fluminense 94,9 MHz e se transforma em “um cult da rapaziada” (LOBÃO, 2017, p.
148).
A trajetória do disco foi prejudicada por desavenças de Lobão com
executivos da gravadora RCA e o músico, após depredar escritório da empresa, é
colocado na geladeira, ou seja, estava contratado mas não teria o trabalho
divulgado.
9Plataforma de streaming de grande popularidade, Consulta efetuada em 04/09/2019.
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Foto 13: Cena de Cinema, primeiro LP autoral de Lobão.
Fonte: http://lobao.com.br/#discografia.
Vejamos a letra de Cena De Cinema:
CENA DE CINEMA
Composição de Bernardo Vilhena/Lobão/Marina Lima
Tava queimando no meu carro
A tal da gasolina
E, do meu lado, meu amor me avisou:
“Vou sair de cena”
Me deu um beijo na corrida
Correndo ela sumiu
Desceu voando a escadaria do metrô
Cena de cinema
Lá embaixo não tem estrelas
É a maior ficção
Fico alucinado
E a luz no fim do túnel
Vem me hipnotizar (2X)
Tava queimando na estrada
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Ao sol do meio-dia
E, de repente, o rádio tocou
Cena de cinema
Vi meu amor numa lambreta
Com a sua capa preta
Passou por mim a menos de cem
Passou por mim a menos de cem
Passou por mim a menos de cem
E saiu de cena (LETRAS, site da web)
A letra é poética e utiliza figura de linguagem equiparando a metáfora
sair de cena ao fim de relacionamento amoroso. Usa concomitantemente a
metalinguagem ao falar da música Cena de Cinema tocando no rádio, a música
falando da própria música.
É canção jovem, e, sendo assim, fala sobre os interesses dos jovens
como relacionamentos, carros, lambretas e cinema.
O álbum que atingiu o sucesso foi o segundo gravado por ele: Guerra,
com a banda Lobão E Os Ronaldos. Me Chama e Corações Psicodélicos obtiveram
grande exposição midiática e consolidaram o espaço de Lobão como uma das
figuras mais controvertidas da cena do Rock Brasil 80. Prisões por posse de drogas,
críticas avassaladoras à chamada MPB, luta pela numeração de discos, rompimento
com gravadoras e, por fim, o lançamento de suas obras de maneira independente
fazem dele uma das figuras mais emblemáticas e contestatórias do período em
questão.
3 BARÃO VERMELHO
Barão Vermelho é uma banda carioca que “começou em 1981 fundada
pelo guitarrista Roberto Frejat e lançou seu primeiro álbum, Foto 14, no ano
seguinte” (KID VINIL, 2008, p. 179).
56
Foto 14: primeiro LP do Barão Vermelho.
Fonte: https://www.discogs.com/artist/253025-Bar%C3%A3o-Vermelho.
A formação inicial contava com Cazuza (voz), Roberto Frejat (guitarra
e violão), Maurício Barros (teclados e piano), Dé (baixo) e Guto Goffi (bateria e
percussão).
À época, o diretor da Som Livre era João Araújo, pai de Cazuza e isto,
certamente, ajudou muito. A utilização dos estúdios da Som Livre na gravação de
demo que teve, por fim, papel decisivo na contratação da banda, é prova desta
influência benigna.
Passaram a ensaiar diariamente, mas não correram o circuito de bares
porque o conjunto tocava muito alto. O perfil da banda se coadunava com as
apresentações ao ar livre como a Quebra-Mar da Barra da Tijuca patrocinada pela
prefeitura do Rio de Janeiro (DAPIEVE, 2015, p. 68).
O primeiro LP, Barão Vermelho atingiu exposição na mídia, mas não
houve um sucesso estrondoso e nem deixou músicas marcantes, embora a
qualidade poética de Cazuza já começasse a despontar. Uma das canções
compostas por ele, presente no referido álbum, foi Todo O Amor Que Houver Nessa
Vida da qual reproduzo a letra.
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TODO AMOR QUE HOUVER NESSA VIDA
Composição de Cazuza
Eu quero a sorte de um amor tranquilo
Com sabor de fruta mordida
Nós, na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva
Ser teu pão,
Ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia
E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente não vive
Transformar o tédio em melodia
Ser teu pão,
Ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum veneno antimonotonia
E se eu achar a tua fonte escondida
Te alcanço em cheio, o mel e a ferida
E o corpo inteiro feito um furacão
Boca, nuca, mão e a tua mente, não
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum remédio que me dê alegria (LETRAS, site da web)
58
Cazuza trata da temática do amor de forma mais adulta e sensual do
que seus contemporâneos do Rock Brasil 80. Demonstra seu objetivo de ser artista
como vemos na frase “e ser artista no nosso convívio”. Fala da consequente luta
pela sobrevivência em busca de “algum trocado pra dar garantia”, fonte constante
de preocupação para músicos e parentes. Frejat, em entrevista a Alves Jr. (1997, p.
22), coloca a questão da seguinte forma:
Se você quer viver de música, você tem que ter certeza de que só
vai conseguir viver daquilo, se você tiver uma outra maneira de
sobreviver então vá atrás dela. Música é ingrata, irregular e
inconstante, você não tem a menor segurança de nada…
Cazuza demonstra sua habilidade como letrista mais uma vez ao
passar suavemente pela questão das drogas de forma elegante com as expressões
“e algum veneno antimonotonia… e algum remédio que me de alegria”. Realço a
criatividade do autor ao produzir palavra não dicionarizada: antimonotonia.
Barão Vermelho 2, Foto 15, foi o LP gravado em seguida e lançado em
1983. A formação da banda não mudou e neste trabalho a resposta do público foi
bem maior. Pro Dia Nascer Feliz, segunda faixa do lado dois do LP, é executada até
hoje e foi incluída no LP MTV Ao Vivo, Foto 16, no qual o conjunto executa seus
maiores sucessos.
59
Foto 15: LP Barão Vermelho 2.
Fonte: https://www.discogs.com/artist/253025-Bar%C3%A3o-Vermelho.
Foto 16: LP Barão Vermelho MTV Ao Vivo.
Fonte: https://www.discogs.com/artist/253025-Bar%C3%A3o-Vermelho.
Examinemos a letra de Pro Dia Nascer Feliz.
PRO DIA NASCER FELIZ
Composição de Cazuza e Roberto Frejat
Todo dia a insônia me convence que o céu
Faz tudo ficar infinito
E que a solidão é pretensão de quem fica
Escondido fazendo fita
Todo dia tem a hora da sessão coruja
Só entende quem namora
Agora, vão'bora
Estamos, meu bem, por um triz
Pro dia nascer feliz
60
Pro dia nascer feliz
O mundo inteiro acordar
E a gente dormir, dormir
Pro dia nascer feliz
Essa é a vida que eu quis
O mundo inteiro acordar
E a gente dormir
Todo dia é dia e tudo em nome do amor
Ah! Essa é a vida que eu quis
Procurando vaga, uma hora aqui, outra ali
No vai e vem dos teus quadris
Nadando contra a corrente
Só pra exercitar
Todo o músculo que sente
Me dê de presente o teu bis
Pro dia nascer feliz
Pro dia nascer feliz
O mundo inteiro acordar
E a gente dormir, dormir
Pro dia nascer feliz
Pro dia nascer feliz
O mundo inteiro acordar
E a gente dormir (repetir 3ª e 4ª estrofes e refrão) (LETRAS, site da web)
A mensagem de Cazuza e Frejat aponta para um dia que está prestes
a surgir no qual as pessoas acordadas (espiritualmente despertas) poderão
descansar (dormir) porque o mundo acordará. O amor será supremo (“tudo em
nome do amor”). Este recado é dado com a graça de quem fala em duplo sentido
sobre sexo, o que não pode faltar no rock, como vemos nos versos quarto, quinto e
sexto da terceira estrofe. Tema profundo, escrito de forma coloquial, na linguagem
da juventude de seu tempo, como nos versos terceiro, quarto e quinto da segunda
estrofe nos quais fala da Sessão Coruja (filmes apresentados na madrugada pela
61
Rede Globo de Televisão), momento no qual os pais iam dormir e a garotada fazia a
festa. É um clássico da banda, com todo o merecimento.
4 PARALAMAS DO SUCESSO
A primeira característica marcante que vejo ao olhar para esta banda é
o fato de que desde que gravou o primeiro LP, sua formação de músicos não se
alterou. Herbert Vianna (guitarra e voz), Bi Ribeiro (contrabaixo) e João Barone
(bateria). Não é algo trivial. The Rolling Stones, talvez o grupo de maior duração da
história do rock, teve que substituir o membro fundador Brian Jones devido a
problemas com drogas que inclusive o levaram a óbito logo após a saída da banda
em 1969. Para seu lugar entrou Mick Taylor e posteriormente, em 1975, Ron Wood.
Bill Wyman, baixista desde as primeiras formações, deixou a banda em 1993 e não
foi substituído. Os Stones preferiram usar um músico contratado, Darryl Jones, que
está com eles desde então.
Na música brasileira, o caso mais notório é o do Ultraje a Rigor, no
qual apenas Roger permaneceu.
Ao companheirismo mostrado pela banda juntou-se um elemento
característico da serendipidade a impulsionar as alternativas do Paralamas. O irmão
de Herbert Vianna, Hermano Vianna, foi contemplado com o LP do The Clash,
Combat Rock por participação no programa Rock Alive transmitido pela Rádio
Fluminense 94,9 MHz e apresentado por Mauricio Valladares. Hermano, ao buscar o
prêmio na casa do radialista, mencionou a banda de Herbert e disse que gostaria de
apresentar a demo dos Paralamas. Assim foi feito e Vital e sua moto passou a ser
executada pela rádio roqueira (DAPIEVE, Arthur et al., 2006, p. 13).
A partir de dezembro 1982, Mauricio Valladares sempre esteve junto à
banda. Foi fotógrafo das capas dos discos e responsável por levar a demo com as
músicas da banda para a gravadora EMI-Odeon (DAPIEVE, Arthur et al., 2006, p.
17 e 19).
62
Vital e sua moto foi o carro-chefe do primeiro LP, Cinema Mudo.
VITAL E SUA MOTO
Composição de Herbert Vianna
Vital andava a pé e achava que assim estava mal
De um ônibus pro outro aquilo para ele era o fim
Conselho de seu pai: Motocicleta é perigoso, Vital
É duro de negar, filho, mas isto dói bem mais em mim
Mas Vital comprou a moto e passou a se sentir total, sentir total
Vital e sua moto, mas que união feliz
Corria e viajava, era sensacional
A vida em duas rodas era tudo que ele sempre quis
Vital passou a se sentir total
Com seu sonho de metal
Vital passou a se sentir total
No seu sonho de metal
Vital passou a se sentir total
Com seu sonho de metal
Vital passou a se sentir total
No seu sonho de metal
Os Paralamas do Sucesso iam tentar tocar na capital, (na capital)
E a caravana do amor então pra lá também se encaminhou
Ele foi com sua moto, ir de carro era baixo-astral
Minha prima já está lá e é por isso que eu também vou
63
Esta canção é uma homenagem ao primeiro baterista da banda, Vital,
que fez alguns ensaios na casa da vovó Ondina (avó de Bi Ribeiro), mas foi logo
substituído por João Barone. Vital explica: “eu meio que me distanciei do negócio
porque trabalhava e estudava. Não havia essa visão profissional que a gente vê
hoje em dia” (FRANÇA, 2003, p. 33). Vovó Ondina também foi homenageada no
primeiro disco da banda com a canção Vovó Ondina É Gente Fina, justo
reconhecimento à pessoa que providenciou o espaço para ensaios que logo se
tornou o ponto de encontro do conjunto.
VOVÓ ONDINA É GENTE FINA
Composição de Herbert Vianna
Silêncio meninos! Toquem mais baixo
Que o velhinho aqui de baixo está doente de dar dó
E o rock rolava na casa da vovó
Chamaram a polícia – mas que barra!
Desliga essa guitarra que a coisa
Está indo de mal a pior
São trinta soldados contra uma vovó
É gente fina – vovó Ondina
É gente fina – vovó Ondina
São trinta soldados contra uma vovó
Estamos na rua desalojados
Pra ganhar alguns trocados
Temos que tocar forró
Vovó Ondina é gente fina
Valeu vovó!!!
Realmente, há vovós e vovós. A letra deixa transparecer a
precariedade do local de ensaio, obviamente sem isolamento e nem tratamento
acústico, transtornando a vizinhança.
64
Os ensaios, no entanto, foram profícuos. Paralamas conseguiram,
então, agendar duas apresentações no Western Club localizado na Rua Humaitá no
Rio de Janeiro. Com o dinheiro arrecadado mais algumas economias, gravaram a
demo que foi apresentada ao DJ da Fluminense, conforme vimos anteriormente. O
estúdio escolhido foi o Tok, de oito canais, propriedade do músico Chico Batera
(FRANÇA, 2003, p. 36). O resultado foi profícuo: o LP Cinema Mudo, Foto 17.
Foto 17: primeiro LP do Paralamas.
Fonte: https://www.discogs.com/artist/360329-Os-Paralamas-Do-Sucesso.
5 TITÃS
Originalmente denominado Titãs do Iê-Iê quando tocavam em casas
noturnas no início de carreira, passaram a se chamar Titãs a partir de março de
1983. Iê-Iê é a releitura pretendida pelos Titãs do Iê-Iê-Iê, ritmo típico da Jovem
Guarda que nada mais é que o rock do início da década de sessenta. Foi
denominado assim devido aos refrões dos Beatles que utilizavam recorrentemente a
frase Yeah, Yeah, Yeah!10. O LP A Hard Day’s Night foi denominado no Brasil de Os
Reis Do Ié-Ié-Ié, Foto 18. Trata-se, essencialmente, do mesmo álbum com as
mesmas faixas na mesma ordem, porém a cor da capa é diferente: a brasileira é
vermelha e a inglesa, azul, Foto 19. Na contracapa, o texto de Tony Barrow está em
português na edição brasileira e em inglês na edição inglesa. A tradução do texto de
10Sim, Sim, Sim!
65
Tony é natural na versão brasileira, porém em 1988, mais uma deliciosa jabuticaba
para os Beatlemaníacos: foi lançado no Brasil LP remasterizado digitalmente com a
capa inglesa e a contracapa brasileira!, Foto 20.Nos Estados Unidos, o álbum, Foto
21, foi lançado com faixas diferentes, incluindo apenas aquelas usadas no filme
porque os direitos do disco pertenciam à United Artists empresa que produziu a
película. Foram utilizadas, portanto, as faixas instrumentais que acompanham cenas
do longa-metragem. É curioso o fato de as pessoas dizerem Iê, Iê, Iê, pois a
pronúncia é Ié, Ié, Ié como está grafado na capa do LP…
Foto 18: Beatles. Os Reis do Ié, Ié, Ié.
Fonte: https://som13.com.br/the-beatles/albums/os-reis-do-ie-ie-ie.
Foto 19: Beatles. A Hard Day’s Night. Edição inglesa.
Fonte: https://www.discogs.com/The-Beatles-A-Hard-Days-Night/master/24003.
67
Foto 21: Beatles. A Hard Day’s Night. Edição americana.
Fonte: https://www.discogs.com/The-Beatles-A-Hard-Days-Night-Original-Motion-
Picture-Sound-Track/master/507400.
Característica marcante do período inicial é o número de componentes
da banda: oito, nove e oito novamente. Foi com a seguinte formação que atuaram
no Teatro da Lira Paulistana localizado na Rua Teodoro Sampaio em frente a Praça
Benedito Calixto em Pinheiros, São Paulo, Capital em agosto 1982: “Marcelo
Fromer, Tony Bellotto, Branco Mello, Nando Reis, Paulo Miklos, Arnaldo Antunes,
Ciro Pessoa e Sérgio Britto…em outubro 1982 (juntou-se a eles o baterista) André
Jung…” (DAPIEVE, 2015, p. 91). Ciro Pessoa deixou a banda em meados de 1983
para dedicar-se integralmente ao Cabine C
Aí surgiu a dificuldade de colocar todos nos, geralmente, pequenos
palcos das casas noturnas de São Paulo, dificuldade que foi sendo contornada com
habilidade e garra. Durante dois anos o circuito da noite paulistana foi o local das
apresentações do conjunto. O repertório era, então, composto de músicas próprias e
covers. Este período foi importante para o amadurecimento artístico do trabalho e
para a definição de quais instrumentos cada um tocaria, visto que o agregado é
composta por multi-instrumentistas.
Os componentes da banda que se revezavam nos vocais eram
Arnaldo, Branco, Ciro, Paulo, Nando e Sérgio. Isto, certamente, criou uma
identidade única e muito interessante. Com seis cantores a banda tem condições de
entregar arranjos vocais variados e dinâmicos.
68
Outro elemento importante nos shows que eles faziam era a
coreografia. Isto levou a um desenvolvimento diferente no caminho percorrido pelos
Titãs quando o comparamos a outras bandas da época: “…atraiu a atenção das TVs
antes das gravadoras… (passando a frequentar os) programas de Chacrinha,
Bolinha, Barros de Alencar, Raul Gil e Hebe Camargo” (DAPIEVE, 2015, p. 94).
Gravaram algumas fitas demos até que uma delas caiu nas mãos de
Pena Schmidt que a levou à André Midani, presidente da Warner, e o contrato foi
firmado.
O álbum de estreia foi o homônimo Titãs, Foto 22, lançado pela WEA
em 22 de agosto 1984.
Foto 22: álbum Titãs.
Fonte: http://www.titas.net/discografia.
A música de trabalho foi Sonífera Ilha.
SONÍFERA ILHA
Composta por Tony Bellotto, Marcelo Fromer, Branco Melo, Ciro Pessoa e Barmack.
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Não posso mais viver assim
Ao seu ladinho
Por isso colo o meu ouvido
No radinho de pilha
Pra te sintonizar
Sozinha, numa ilha…
Sonífera Ilha!
Descansa meus olhos
Sossega minha boca
Me enche de luz
Sonífera Ilha!
Descansa meus olhos
Sossega minha boca
Me enche de luz…
Não posso mais viver assim
Ao seu ladinho
Por isso colo o meu ouvido
No radinho de pilha
Pra te sintonizar
Sozinha, numa ilha…
Sonífera Ilha!
Descansa meus olhos
Sossega minha boca
Me enche de luz
Sonífera Ilha!
Descansa meus olhos
Sossega minha boca
Me enche de luz…
Sonífera Ilha!
Descansa meus olhos
Sossega minha boca
Me enche de luz (LETRAS, site da web)
70
Canção bastante inusitada, bem ao estilo diferente da banda que pode
ser entendida como uma ode ao sono, nos moldes de I’m only sleeping do LP
Revolver dos Beatles.
6 LEGIÃO URBANA
O começo da formação desta banda de Brasília ocorreu a partir do
momento em que Renato Russo deixou de tocar no Aborto Elétrico11 devido a
desavenças com o baterista Fê. Renato, que já havia recebido uma baquetada na
cara em um show por ter esquecido a letra de Veraneio Vascaína, canção de
Renato que foi popularizada pela gravação feita pelo Capital Inicial, vinha se
confrontando com o baterista pela liderança da banda e preferiu, no verão de 1982,
sair dizendo que a postura dos músicos não era profissional (VILLA-LOBOS,
DEMIER e MATTOS, 2015, p. 39 e 40).
Durante certo tempo, trabalhou sozinho, cantando e se acompanhando
por uma craviola Guiannini de doze cordas, até que se reuniu com Marcelo Bonfá
em julho 1982, contituindo o núcleo da Legião, ainda sem um guitarrista fixo e com
Renato no baixo.
O guitarrista definitivo, Dado Villa-Lobos, juntou-se à banda em março
de 1983.
“O primeiro show da Legião Urbana com a formação clássica (Renato
no baixo e voz, Marcelo Bonfá na bateria e Dado Villa-Lobos na guitarra)”
(ALEXANDRE, 2002, posição 4054 da Edição Kindle) ocorreu “… em abril de
1983… no teatro da Associação Brasileira de Odontologia…” (ALEXANDRE, 2002,
posição 4050 da Edição Kindle). Este espaço foi alugado pela banda e mais outros
conjuntos de Brasília, dentre eles, o Capital Inicial e a Plebe Rude.
11 Aborto Elétrico era formado por Renato Russo (guitarra e vocal), pelos irmãos Fê (bateria) e Flávio Lemos (baixo), além de guitarristas temporários que não se fixaram na banda.
71
Legião herdou as canções do Aborto Elétrico e com mais algumas
novas composições de Renato apresentava repertório composto exclusivamente de
músicas autorais.
Passou a frequentar o circuito da cena paulistana e, posteriormente,
rumou para o Rio de Janeiro ao encontro dos amigos de Brasília que já estavam
integrados no mainstream: os Paralamas Do Sucesso.
Herbert Vianna levou uma demo em fita cassete para a EMI com
Renato interpretando Faroeste Caboclo só com voz e a citada craviola. O trabalho
vingou e após reuniões dos executivos da gravadora com a banda o contrato de
gravação foi acertado, levando ao primeiro LP, Foto 23.
Foto 23: capa do LP da Legião Urbana.
Fonte: http://www.legiaourbana.com.br/.
A música Geração Coca-Cola foi um dos destaques do LP.
GERAÇÃO COCA-COLA
Composta por Renato Russo.
Quando nascemos fomos programados
A receber o que vocês
72
Nos empurraram com os enlatados
Dos U.S.A., de nove às seis
Desde pequenos nós comemos lixo
Comercial e industrial
Mas agora chegou nossa vez
Vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês
Somos os filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Somos o futuro da nação
Geração Coca-Cola
Depois de 20 anos na escola
Não é difícil aprender
Todas as manhas do seu jogo sujo
Não é assim que tem que ser
Vamos fazer nosso dever de casa
E aí então vocês vão ver
Suas crianças derrubando reis
Fazer comédia no cinema com as suas leis
Somos os filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Somos o futuro da nação
Geração Coca-Cola
Geração Coca-Cola
Geração Coca-Cola
Geração Coca-Cola
Depois de 20 anos na escola
Não é difícil aprender
Todas as manhas do seu jogo sujo
Não é assim que tem que ser
Vamos fazer nosso dever de casa
E aí então vocês vão ver
73
Suas crianças derrubando reis
Fazer comédia no cinema com as suas leis
Somos os filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Somos o futuro da nação
Geração Coca-Cola
Geração Coca-Cola
Geração Coca-Cola
Geração Coca-Cola (LETRAS, site da web)
A rebeldia juvenil explode no canto de Renato. Atira contra a cultura de
massa focando no imperialismo cultural americano com seus “enlatados” e ao
mesmo tempo reconhece a força da indústria cultural quando denomina sua geração
com a marca do famoso refrigerante. Embora esteja falando em linguagem figurada
ao dizer “desde pequenos nós comemos lixo
comercial e industrial”, antevê o problema que hoje enfrentamos com a qualidade do
que ingerimos para nos alimentar em época caracterizada por transgênicos e
agrotóxicos. Volta-se contra o golpe de estado ocorrido em 1964 ao dizer ser filho
desde processo, processo do qual conhece “todas as manhas do seu jogo sujo”.
Exibe a faceta burguesa da banda, composta por filhos de altos funcionários do
serviço público federal, e ao mesmo tempo flerta com o marxismo ateu porque são
“burgueses sem religião”. É um clássico que sempre esteve presente nos shows da
Legião.
7 ULTRAJE A RIGOR
Falemos agora sobre o Ultraje a Rigor e da minha participação nesta
banda fantástica. Após muitas aulas de violão e depois de ganhar um baixo Giannini
Stratosonic e um amplificador Thunder Sound Giannini II, fiquei confiante e passei a
procurar colocação em alguma banda. Comprei o Primeira Mão12, e lá estava o
anúncio que eu esperava. Procura-se baixista para banda de rock. Peguei o telefone
e liguei. Fui atendido por uma voz cavernosa de baixo que se apresentou como
Leospa. Perguntei que tipo de som faziam e ele respondeu que era Beatles e outros
12Jornal de classificados existente na década de 1980.
74
covers. Beatles, minha banda preferida. Perfeito. Conversamos um pouco mais a
respeito do repertório e fui indagado a respeito de diversas músicas dos Beatles,
que, se você está lendo até aqui, sabe que eu conhecia. Aí, perguntei sobre uma
música que pensei fosse parte do repertório: Old Brown Shoe, contida na coletânea
dos Beatles lançada em 1970, Hey Jude. Esta música, porém, não fazia parte do
repertório e Leospa não a conhecia. Ainda bem, porque a execução desta canção
não é trivial. Combinamos, então, nosso primeiro ensaio na Rua Anchieta em Santo
Amaro, São Paulo, Capital. Eu tinha como indicação dois carros estacionados: o
Fusca bordô de Leospa e a Marajó amarela de Roger. Cheguei impoluto com meu
amigo Edson Radesca em meu Opala caramelo, após algumas paradas em bares
da região. A química rolou imediatamente. Era uma garagem que Leospa e Roger
tinham alugado. Leospa na bateria, Roger na voz com um amplificador acoplado à
guitarra e ao microfone e eu com meu baixo Giannini e o Thunder Sound Giannini II.
Foi sensacional. Até hoje recordo aqueles dias felizes. Roger gravava
os ensaios e eu levava como presentes algumas gravações em cassete13.
No entanto, nos faltava um guitarrista solo. Cacá, amigo de Leospa e
posteriormente amigo meu, fez um teste, mas não vingou.
Aí apareceu Edgar Scandurra e a banda ficou completa. Passamos a
tocar em todos os lugares disponíveis.
A primeira apresentação foi em uma festa à beira de uma piscina.
Neste dia, Roger surgiu com o nome Ultraje e Edgar completou… Só se for a Rigor.
O nome pegou.
Nesta época, a marca surgiu, como esclarece Ascenção (2011,
posição 377 do Kindle):
Com o nome definido, é hora de criar a marca. Régis e Roger pegam
um papel cartão grande. A ideia parte dos dois irmãos, mas é o
13Fita magnética muito popular nos anos 1980.
75
artista gráfico Régis que acaba desenhando. O “Ultraje” é pincelado
com uma brocha em vermelho e o “a Rigor” vem escrito num estilo
de caligrafia. Está feita a máscara ou molde que serve para se
reproduzir em outros cartazes.
76
Foto 24: logotipo do Ultraje.
Fonte: https://br.images.search.yahoo.com/search/images?
p=logotipo+ultraje&fr=mcafee&imgurl=http%3A%2F%2F4.bp.blogspot.com%2F-
mmwpCsw-mrg%2FT9qhipDYSCI%2FAAAAAAAAANc%2F-mswSKuzHjk
%2Fs1600%2Fperiscopio%2B1.png#id=0&iurl=http%3A%2F%2F4.bp.blogspot.com
%2F-mmwpCsw-mrg%2FT9qhipDYSCI%2FAAAAAAAAANc%2F-mswSKuzHjk
%2Fs1600%2Fperiscopio%2B1.png&action=click.
Foi com a marca e o logotipo, Foto 24, e não com o som que Pena
Schmidt, produtor da WEA teve o primeiro vislumbre da banda (ASCENÇÃO, 2011,
posição 388 do Kindle).
Muitas apresentações em bares, graças ao espírito empreendedor de
Leospa e Roger e aí, tive que optar, para minha grande tristeza. As exigências
familiares não incluíam banda de rock. Foquei, então, no mestrado em economia,
aceitável para aqueles que possuíam a capacidade monetária de me sustentar.
Para o Ultraje a solução foi chamar Maurício Fernando Rodrigues, ou
DeFendi que “acaba trazendo mais influências punk para o Ultraje a Rigor, inclusive
no visual”. (ASCENÇÃO, 2011, posição 464 do Kindle).
Lembro de ter assistido a primeira apresentação na TV da banda no
programa Fábrica do Som da TV Cultura. Agora os covers não estavam mais
presentes. O repertório era composto por músicas autorais, compostas por Roger.
77
Fiquei feliz porque fui a primeira pessoa a falar com o Roger a respeito da
necessidade de compormos material próprio. À época ele tocou para mim Mauro
Bundinha e eu toquei para ele um protótipo de Maria, canção que estou gravando
atualmente.
A aparição na TV, provavelmente, atraiu a atenção de Cacá Prates,
empresário musical que passou a trabalhar com a banda e mais uma etapa no
processo evolutivo foi atingida.
Surge, então, a oportunidade de tocar no Lira Paulistana, teatro
localizado na Rua Teodoro Sampaio, em frente a Praça Benedito Calixto em
Pinheiros de “11 a 17 de abril de 1983” (DAPIEVE, 2015, p. 109). Incluído em
apresentações com outras bandas que surgiam na cena do rock paulista dos anos
de 1980 foi assistido por Pena Schmidt, executivo da WEA que gostou e os
contratou.
Lançaram o primeiro compacto, Foto 25, com as músicas Inútil e Mim
quer tocar, ambas compostas por Roger.
Foto 25: primeiro compacto do Ultraje.
Fonte: https://www.discogs.com/artist/198445-Ultraje-A-Rigor.
Posteriormente, o segundo com Eu me amo e Rebelde sem causa,
Foto 26.
78
Foto 26: segundo compacto do Ultraje.
Fonte: https://www.discogs.com/artist/198445-Ultraje-A-Rigor.
Enfim, o tão esperado LP, Foto 27, é lançado pela WEA em 04 de
julho de 1985.
Foto 27: LP do Ultraje.
Fonte: https://www.discogs.com/artist/198445-Ultraje-A-Rigor.
A partir daí, a banda que vinha se impondo no mercado com
apresentações cada vez mais concorridas, inclusive no Rock em Rio de 1985,
decolou de vez.
79
As execuções em rádios e TV atingiu altos patamares e uma canção
se destacava: Inútil, citada inclusive por figura importante do mundo político de
então, o Senador Ulisses Guimarães.
Mas o que esta música tinha de tão particular e atraente? Vejamos a
letra:
INÚTIL
Composição de Roger Rocha Moreira
A gente não sabemos escolher
A gente não sabemos tomar conta da gente
A gente não sabemos nem escovar os dente
Tem gringo pensando que nóis é indigente
Inútil!
A gente somos inútil
Inútil!
A gente somos inútil
Inútil!
A gente somos inútil
Inútil!
A gente somos inútil
A gente faz carro e não sabe guiar
A gente faz trilho e não tem trem pra botar
A gente faz filho e não consegue criar
A gente pede grana e não consegue pagar
Inútil!
A gente somos inútil
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Inútil!
A gente somos inútil
Inútil!
A gente somos inútil
Inútil!
A gente somos inútil
A gente faz música e não consegue gravar
A gente escreve livro e não consegue publicar
A gente escreve peça e não consegue encenar
A gente joga bola e não consegue ganhar
Inútil!
A gente somos inútil
Inútil!
A gente somos inútil
Inútil!
A gente somos inútil
Inútil!
A gente somos inútil (LETRAS, site da web)
A primeira impressão é a de ouvir uma crítica feroz a baixo estima e a
ignorância dos brasileiros. O erro proposital de “a gente não sabemos”, recorrente
em toda a canção, remete ao proverbial pouco caso dos brasileiros com a língua
portuguesa e ao mesmo tempo ao chamado complexo de vira-lata, muito bem
alardeado por Nélson Rodrigues. “A gente não sabemos” nada. Não sabemos
escolher presidente, o que caiu como uma luva para o momento histórico no qual
estávamos (luta pelas diretas), não tínhamos noções de cuidado e higiene. Nossa
81
imagem internacional, pelo menos para nós mesmos, era sofrível. Não tínhamos
utilidade para nada. Aqui uma reflexão: será que a vida humana deve ter utilidade?
Será que este é um conceito impingido para direcionar o ser social ao mundo do
trabalho? Ficam as questões para as quais não há resposta simples.
Inútil bate forte na nossa autoestima ao dizer que não sabemos guiar,
logo nós, todos Ayrton Senna em mármore de carrara. Expõe o fracasso de nosso
transporte ferroviário perdido em bitolas diversas que não conseguem se integrar.
Mostra a razão de tantas crianças nas ruas sem pais ou destino. Brinca com nossas
constantes idas, à época, ao FMI para pedir recursos, recursos que quase nos
levaram ao calote internacional. Faz uma crítica aos artistas em geral, incapazes de
levar a contento suas produções e por fim, escracha com a seleção “dos sonhos” de
1982 que joga, joga e perde.
O público se identificou.
8 RPM
A banda paulista RPM (Revoluções Por Minuto) criou um nome
particularmente elegante e repleto de significado. RPM, além de Revoluções Por
Minuto, é a rotação dos discos de vinil, a saber, 33 e 1/3 RPM (compactos e long-
plays no Brasil), 45 RPM (compactos no exterior) e 78 RPM (antigos discos com
duas músicas, uma em cada lado). É a poética da música com suas rotações por
minuto gerando revoluções.
A formação que se tornou clássica do RPM é composta por Paulo
Ricardo (voz e baixo), Luiz Schiavon (teclados), Fernando Deluqui (guitarra) e Paulo
P.A. Pagni. Paulo conheceu Luiz em 1977 quando os dois participaram de uma
banda cover do Deep Purple. No início de 1980, começaram a compor juntos e
“mais tarde, integraram a banda o guitarrista Fernando Deluqui e o baterista Paulo
P.A.” (KID VINIL, 2008, p. 182).
82
Luiz “em 13 de dezembro de 1976…formou-se em música erudita pelo
Conservatório Mário de Andrade” após dez anos de curso regular, equivalente a
graduação e pós-graduação (MORAES, 2007, p. 40)
Paulo cursou jornalismo na ECA/USP. Desta forma, com base sólida
na escrita, juntou seu talento ao de Luiz para criar músicas que estouraram em todo
o Brasil.
Fernando Deluqui aprendeu a tocar sozinho ouvindo discos e tirando
as músicas de ouvido. Tentou frequentar cursos regulares, mas não se adaptou. Em
1983, passou a tocar na banda de May East e foi nesta época que conheceu
Schiavon, tecladista deste projeto. Luiz entregou uma fita cassete para Fernando e
este, após algum tempo, escutou, gostou e se integrou ao projeto de Luiz e Paulo.
P.A. iniciou sua carreira tocando em bares na noite paulistana.
Executava qualquer tipo de música profissionalmente, porém, era com o rock que se
identificava. Conheceu Luiz em 1981 numa jam na casa de amigo comum, mas
perdeu o contato.
O biografo da banda, Moraes (2007, p. 72), escreve que “Paulo
Ricardo e Luiz compraram equipamento e alugaram uma casa para os ensaios na
alameda Jaú, bairro dos Jardins, em São Paulo”. O aporte financeiro veio da renda
auferida por Luiz em seu trabalho na Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e
dos ganhos obtidos por Paulo como jornalista.
Além dos dois parceiros, o time era completado por Paulo Ricardo
Valensa na bateria e Eduardo Coelho na guitarra (MORAES, 2007, p. 73). Este
83
projeto, denominado Aura, não vingou e após diversos percalsos Luiz e Paulo
voltam a se encontrar, agora trabalhando na casa dos pais de Schiavon. Após a
incursão no rock progressivo do Aura não ter rendido frutos imediatos, a proposta
agora era criar um som dançante e popular influenciado pelas novas tendências que
surgiam como o new romantic, new wave e punk.
É neste momento que Fernando Deluqui se integra ao projeto junto
com o baterista Moreno Júnior. Adotam o nome RPM e fazem a primeira
apresentação abrindo show do Ira! no Cineclube Zoom Cósmico na Vila Madalena.
A partir daí, vivem em função da banda e tocam no circuito da noite de São Paulo.
Após a troca do baterista Moreno Júnior por Charles Gavin parecia que
a banda estava formada. Ledo engano. Charles foi convidado para tocar nos Titãs e
deixou o RPM.
O trabalho do conjunto finalmente rendeu frutos e foi reconhecido pela
gravadora CBS que os contratou. Isto se deu durante um processo de busca de
novas bandas empreendido pela companhia.
O primeiro trabalho lançado foi uma participação em um LP chamado
de pau-de-sebo. Pau-de-sebo porque diversas bandas iniciantes gravam e a que se
sobressair grava um LP inteiro. A canção escolhida foi Louras Geladas. Em seguida,
gravaram um compacto simples com a citada Louras Geladas e Revoluções Por
Minuto, esta última vetada para execução pública. Para alavancar a execução da
banda, é feito um remix de Louras Geladas que estourou nas pistas de dança e foi
distribuído apenas para danceterias, DJ e rádios. Remix é uma nova mixagem da
84
música escolhida. É apresentado em formato de LP de doze polegadas, geralmente
com duas ou três faixas. Moraes (2007, p. 115) explica como era o remix do RPM:
… era composto pela versão original da música Louras Geladas com
2 minutos e 58 segundos, a faixa remix com 5 minutos e 26
segundos e a dub-remix com a mesma duração do remix. A dub-
remix é uma faixa totalmente instrumental da música.
É neste momento que P.A. se integra à banda, a princípio como
colaborador e posteriormente como membro efetivo.
Em maio de 1985 é lançado o LP Revoluções Por Minuto, Foto 28,
campeão de vendagem.
85
Foto 28: capa do LP do RPM.
Fonte:
https://www.discogs.com/RPM-Revolu%C3%A7%C3%B5es-Por-Minuto/master/
273956.
Deste trabalho, destaco Louras Geladas, grande hit da banda.
LOURA GELADAS
Composição de Luiz Schiavon e Paulo Ricardo
Só tem homem feio ai?"
Disfarça e faz
Que nem me viu
Não me ouviu te chamar
Desfaz assim de mim
Que nem se faz
Com qualquer um
86
Agora eu sei
Passei por cada papel
E rastejei
Tentando entrar no teu céu
Agora eu sei, sei, sei, sei
Passei por cada papel
Me embriaguei
E acordei no bordel
Já sei que um é pouco
Dois é bom e três é demais
E eu fico louco de ciúmes
De um outro rapaz
Agora eu sei
Passei por cada papel
E rastejei
Tentando entrar no teu céu
Agora eu sei, sei, sei
Passei por cada papel
Me embriaguei
E acordei num bordel
Na Madrugada
Na mesa do bar
Ai!
Loiras Geladas
Vem me consolar
Qualquer mulher
É sempre assim
Vocês são todas iguais
Nos enlouquecem
Então se esquecem
Já não querem mais
87
Agora eu sei
Passei por cada papel
E rastejei
Tentando entrar no teu céu
Agora eu sei, sei, sei
Passei por cada papel
Me embriaguei
E acordei num bordel
Mais! Muito Mais!
Na Madrugada
Na mesa do bar
Loiras Geladas
Vem me consolar
Passei por cada papel
E rastejei
Passei por cada papel
Me embriaguei
E acordei num bordel
A vertente romântica fica evidenciada nesta letra. O que chama a
atenção, porém, é o cacófato contido no refrão: passei por cada papel… Não dá
para acertar sempre…
88
9 CAZUZA
A carreira solo de Cazuza não chegou a durar cinco anos. Começou
com o lançamento de seu LP Exagerado, Foto 29, em novembro de 1985 e terminou
com sua morte em 7 de julho de 1990 (ARAÚJO, 2011, p. 22). Foi vítima da AIDS
em época na qual o tratamento para a doença era insipiente.
Foto 29: LP Exagerado de Cazuza.
Fonte: http://cazuza.com.br/albuns/.
Além de Exagerado, o cantor lançou mais três álbuns em vida e um
póstumo: Só Se For A Dois (1987), Ideologia (1988), Burguesia (1989) e Por Aí
(1991) (KID VINIL. 2008, p. 179).
Cazuza é um caso atípico em nossa amostragem, pois saiu de uma
banda já conhecida, Barão Vermelho. Dapieve (2015, p. 72) cita entrevista de
Cazuza ao jornal O Globo na qual ele afirma que “vinha pensando em tomar esta
decisão, porque queria ter um trabalho mais autoral, mais de intérprete, e em grupo
as decisões sempre são democráticas, tomada por todos”. Não teve de enfrentar: 1.
a busca por gravadora porque permaneceu na Som Livre, parte integrante da Opus-
89
Columbia que gravou os discos do Barão; 2. locais para ensaio; 3. empresário; 4.
gravação de demo e tudo o mais que um artista iniciante tem como grandes
desafios. O que justifica sua inserção no rol de analisados é a qualidade de seu
trabalho. Cazuza é reconhecido como um dos poetas de sua geração e sua atuação
transcendeu o rock. Foi interpretado por Gal Costa (Codinome Beija-Flor), Caetano
Veloso (Todo O Amor Que Houver Nessa Vida) e Ney Matogrosso (O Tempo Não
Para), dentre outros.
Mesmo sendo reconhecido pelos baluartes da MPB (música popular
brasileira), manteve todo seu prestígio junto aos artistas de rock, a exemplo de
Lobão, Renato Russo e o próprio Barão Vermelho.
Participou em 1984 do filme Bete Balanço interpretando o personagem
Tininho. O roteiro do filme mostra a história de Bete, interpretada por Débora Bloch,
que sai de Minas Gerais e vai tentar a sorte como cantora no Rio de Janeiro.
Cazuza faz um dos amigos que ela conhece no Rio.
Em 1987 figurou no filme Um Trem Para As Estrelas, no qual interpreta
a si próprio.
Em 2004, suas músicas e as do Barão Vermelho fazem a trilha de
Cazuza – O Tempo Não Para, longa-metragem sobre sua vida.
De seu primeiro LP solo, escolhi a faixa que dá nome ao disco.
EXAGERADO
Composição de Cazuza, Ezequiel Neves e Leoni.
Amor da minha vida
Daqui até a eternidade
Nossos destinos
Foram traçados na maternidade
90
Paixão cruel, desenfreada
Te trago mil rosas roubadas
Pra desculpar minhas mentiras
Minhas mancadas
Exagerado
Jogado aos teus pés
Eu sou mesmo exagerado
Adoro um amor inventado
Eu nunca mais vou respirar
Se você não me notar
Eu posso até morrer de fome
Se você não me amar
E por você eu largo tudo
Vou mendigar, roubar, matar
Até nas coisas mais banais
Pra mim é tudo ou nunca mais
Exagerado
Jogado aos teus pés
Eu sou mesmo exagerado
Adoro um amor inventado
E por você eu largo tudo
Carreira, dinheiro, canudo
Até nas coisas mais banais
Pra mim é tudo ou nunca mais
Exagerado
Jogado aos teus pés
Eu sou mesmo exagerado
Adoro um amor inventado
Jogado aos teus pés
Com mil rosas roubadas
Exagerado
Eu adoro um amor inventado
91
Consoante ao tema escolhido, Cazuza adota as hipérboles para
descrever as características desse amor e até onde ele pode ir: “eu nunca mais vou
respirar, vou mendigar, roubar, matar”. Mas será este um amor de verdade? O
compositor, na última frase da canção diz: “eu adoro um amor inventado”. Será que
este amor descrito na letra é um amor inventado? Tudo não passa de uma grande
brincadeira? O julgamento cabe a cada um de nós, ouvintes.
10 IRA!
Para encerrarmos nossa seleção, escolhi a banda paulista Ira!
Composta por Edgar Scandurra (guitarra e vocais), Nasi (vocal),
Ricardo Gaspa (baixo) e André Jung (bateria). Aqui temos um fato curioso. André
era baterista dos Titãs e o baterista do Ira! era Charles Gavin. Foi feita a troca e
assim ficou, Charles nos Titãs e André no Ira!
Nasi ganhou o apelido porque na época do colégio vestia-se como
verdadeiro punk, com roupas rasgadas, era brigão e passou a ser chamado de Nazi,
corruptela de nazista. Ele detestou, mas apelidos são assim: não gostou aí pega.
Com o tempo substituiu o z pelo s. Tentou assinar o primeiro trabalho como Marcos
Valadão, mas não teve jeito. Em algumas entrevistas antigas, tentou explicar que
era porque tinha o nariz proeminente, logo Nazi (nariz em italiano). Só que nariz em
italiano é naso… Não colou…
Com esta formação foi gravado o disco de estreia, Mudança De
Comportamento, Foto 30. Antes, porém, em 1984, foi lançado o compacto Pobre
Paulista/Gritos Na Multidão esta última censurada para execução pública. Compacto
com pouca divulgação e vendagem, o que não impediu o lançamento do álbum.
92
Foto 30: capa do LP do Ira!
Fonte:
https://www.discogs.com/Ira-Mudan%C3%A7a-De-Comportamento/master/554351.
Deste trabalho, escolhi a canção Longe De Tudo para observar a
poética da banda.
LONGE DE TUDO
Composição de Edgar Scandurra.
Longe de tudo, longe de você
Por um momento me esqueço
Mas parece ser isso mesmo
Longe de você, longe de mim
Longe de tudo, longe de você
Por um momento me esqueço
Mas parece ser isso mesmo
Longe de você, longe de mim
Longe de tudo (longe de você)
Longe de mim (longe de você)
Longe das luzes (longe de você)
Longe do sol (longe de você)
93
Sem as estrelas, sem seu amor, baby
Você não sai à noite, com as luzes da cidade
Eu sempre saio à noite, com as luzes da cidade
Existe algo especial
Por um momento me esqueço
Mais parece ser isso mesmo
Longe de você, longe de mim
Longe de mim, longe de mim
Letra que fala da solidão e da tristeza de estar só. A noção da
existência de “algo especial” que não se consegue atingir neste momento no qual o
protagonista está “longe de tudo”. Descreve o comportamento da juventude da
década de 1980, o sair à noite, possível graças ao nível de violência muito menor do
que o atual. Rock poderoso que abre o LP e se tornou um dos clássicos da banda.
Ao ler a biografia de Nasi, A Ira De Nasi, encontro declaração inusitada
que reproduzo a seguir para posterior análise:
Cresci ouvindo o Ira! e a geração de bandas dos anos 80 que tocam
muito mal. Não conheço nenhuma banda dos anos 80 que toque
bem. Eles não sabiam tocar e nem afinar. Continuaram não tocando
bem. Mas a química do rock é essa. Não é preciso tocar bem para
fazer rock. E o Ira! Sempre foi uma banda de rock boa pra caralho
(BETING e PETILLO, 2012, posição 293 da Edição Kindle).
A generalização é sempre perigosa. Dizer que Lulu Santos toca mal e
não afina é temerário. Trata-se de músico com formação erudita que no início da
carreira tocava no Vímana, grupo de rock progressivo, um subgênero do rock com
forte influência da música de concerto. Rock, aliás, de difícil execução. Outro músico
de formação erudita é Luiz Schiavon, como vimos anteriormente. O parceiro de
RPM, Paulo Ricardo, estudou canto erudito. Os shows desta banda paulista aliaram
perfeição técnica ao sucesso absoluto de público. Assisti shows do Ultraje A Rigor
94
ao vivo e posso testemunhar dizendo que o trabalho era muito bom tecnicamente.
Não sou propriamente um leigo: sou licenciado em Música pela UNESP.
Ao continuar a leitura da biografia de Nazi acredito ter entendido o
porque da fala tão depreciativa. Surgiu dos problemas que a banda Ira! enfrentou
durante a gravação de seu segundo LP, Vivendo E Não Aprendendo de 1986. A
gravação ocorreu no estúdio Nas Nuvens, no Rio de Janeiro com produção de
Liminha. Arnolpho Lima Filho, o Liminha, iniciou sua carreira como baixista dos
Mutantes, banda revolucionária paulistana composta por Rita Lee e pelos irmãos
Batista, Arnaldo e Sérgio Dias, participante ativa da Tropicália e reconhecida
internacionalmente. Tornou-se o produtor de maior sucesso do Rock Brasil 80,
montando o citado estúdio Nas Nuvens, criando concepções sonoras, programando
instrumentos eletrônicos e, frequente, tocando baixo. Houve desentendimentos
desde o início do projeto com Liminha apontando erros e desafinações, o que feriu
profundamente a sensibilidade dos músicos. O auge do problema ocorreu durante a
gravação de Flores Em Você. Para esta música, foi feito arranjo de cordas escrito
por Jacques Morelenbaum, craque do violoncelo e músico erudito reconhecido por
todo o Brasil, com participações em trabalhos com bastiões da MPB. Ao final da
“gravação, Liminha não poderia deixar barato: ‘E aí, Nasi, como é cantar com um
acompanhamento afinado? Foi a última faixa em que todos trabalharam juntos”
(BETING e PETILLO, 2012, posição 1626 da Edição Kindle). Ao dizer que todos os
músicos do Rock Brasil 80 tocam mal e desafinam, Nasi adota a ideia de que o
ataque é a melhor defesa. Aparentemente, sem ter como desmentir as críticas de
Liminha, traz todos ao mesmo patamar. Respeito a posição de Nasi, mas discordo
totalmente.
No contexto desta crítica, surge a posição de Dapieve (2015, p. 154)
para o qual os vocais de Nasi são “o ponto fraco do quarteto” no capítulo
Segundona de sua obra. O Ira! é colocado na segunda divisão das bandas de rock
brasileiras por não ter vendagem significativa. Dapieve pegou pesado, como se diz,
e assim a posição do vocalista torna-se mais clara: atitude defensiva.
95
Por outro lado, a visão de Nasi vai além de questões técnicas. Em
entrevista a Alves Jr. (1997, p. 13) ele diz: “Ninguém se deu conta ainda que a
música é só um detalhe, se você toca bem melhor ainda, mas o objetivo básico é
dizer coisas, é passar ideia e pensamentos através da música”. Difícil discordar da
afirmação.
Para nossos propósitos, atingimos a visão que precisamos para
compor o painel que nos propiciará elementos para enriquecer a síntese que virá a
seguir.
96
SÍNTESE – Visão de Artemídia
Para efetuar a síntese da tese e da antítese apresentadas, vou
confrontar a proposição inicial e os dados captados das três bandas escolhidas para
representar o momento atual do mercado da música rock, com ênfase no Rockiavel,
vis a vi a proposição de confronto embasada na pesquisa realizada com oito bandas
e dois cantores do Rock Brasil 80 e interpretar os resultados obtidos.
A tese aqui exposta diz que para o objeto artístico banda de rock
possa existir, a necessidade de investimento para os músicos é diferente no dois
períodos. Diz também que, atualmente, os recursos necessários para inversão em
projetos artísticos é maior, exceção feita àqueles que através de contatos sociais
conseguem colocação na grande mídia. O risco nos dias de hoje é suportado pelo
artista, fato que não ocorria no Rock Brasil 80, período no qual as inversões mais
relevantes eram suportadas pelas empresas do disco. O papel das gravadoras e o
mercado mudaram. Hoje as empresas não buscam os artistas na cena musical,
aguardam o público se formar nas redes virtuais e aí sim passam a distribuir e a
promover o trabalho.
A antítese é a proposição acima ao inverso, ou seja, a necessidade de
investimento dos músicos é menor ou igual hoje, o risco é suportado por empresas
do disco nos dias presentes e o papel das gravadoras e o mercado não se
alteraram.
Não se tem notícia de estudos anteriores que utilizem a artemídia
como conceito para pesquisar o assunto rock e seu mercado. Pesquisa efetuada no
Repositório Institucional da UNESP, Biblioteca Digital USP – Teses e Dissertações e
no Google Acadêmico não indicam trabalhos neste contexto.
Os objetivos propostos foram atingidos porque validamos a afirmação
de que banda de rock é objeto artístico e mostramos as transformações sofridas
pelo mercado ao compararmos o momento atual com o do Rock Brasil 80 utilizando
97
o olhar de artemídia, olhar indicador da necessidade de entendermos o rock não
apenas como música, mas como um coletivo de ações, práticas e processos
artísticos.
O caráter inovador da pesquisa, como visto anteriormente, é função do
tema e de sua abordagem.
As perspectivas futuras são múltiplas. É interessante aprofundar a
investigação das mídias sociais: seus mecanismos de sucesso, a aferição destes
mecanismos, a duração cronológica de cada mídia e processos e procedimentos a
serem utilizados para entendimento do fenômeno no campo do rock.
Passo aos casos concretos e em primeiro lugar falo da Blitz. Abordo,
inicialmente, a questão da necessidade de investimento. Verifiquei, no caso da Blitz,
inversão mínima de recursos financeiros. A inversão, neste caso, foi a aplicação de
horas de trabalho como investimento mais importante. Comparando com o que
aconteceu com Rockiavel, vejo que a necessidade de aplicação de recursos é, no
caso atual, muito superior. O trajeto de apresentações em bares e shows continua
similar nas duas épocas, com a aplicação intensiva do fator trabalho. Aqui começo a
fazer as distinções. A Blitz teve sua demo gravada às expensas da EMI-Odeon.
Rockiavel produziu demos às próprias custas, seja aquela demo inicial gravada em
meu estúdio para mostrar as canções aos músicos, ou as diversas demos
realizadas no DoZe com dispêndio de recursos financeiros. A gravação de um
álbum, anteriormente long-play, atualmente CD e streaming, foi diferente para as
duas bandas. Enquanto a Blitz teve todos os custos suportados pela gravadora,
Rockiavel teve de lançar não de recursos próprios para fazer a captação, mixagem e
masterização. PARÁGRAFo D utilizou meu estúdio e o de Serapicos e neste último
teve que despender recursos. Hoje em dia, as gravações definitivas correm por
conta dos artistas, como vejo no exemplo do RPM, banda de sucesso avassalador
que está com duas músicas novas no mercado: Escravo Da Estrada e Ah! Aonde
Está Você. Elas foram gravadas pelo próprio grupo no Estúdio de Luiz Schiavon.
Não foram lançadas em meio físico. Estão disponíveis para streaming. Atualmente,
98
o importe de capital para a geração do produto música é do artista e,
consequentemente, todo o risco da empreitada está com os músicos.
As apresentações na televisão e no rádio que, no caso da Blitz, eram
agendadas pela gravadora em harmonia com o empresário da banda, agora corre
por conta dos músicos, pelo menos em um primeiro momento quando não há um
contrato com gravadoras (sim, eles ainda existem) as quais, atualmente,
encarregam-se essencialmente da divulgação e distribuição de projetos já
amplamente conhecidos através dos meio de divulgação online. Rockiavel
apresentou-se em dois programas de televisão, The Noite Com Danilo Gentili no
Sistema Brasileiro De Televisão (SBT), Foto 31, e Em Foco na TV Premium de
Osasco, os dois agendados pela própria banda. Rockiavel não participou de
programas ou teve execução em rádio.
Foto 31: Rockiavel no The Noite com Danilo Gentili.
Fonte: Rockiavel.
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Lobão apresentou uma característica diferente no quesito
investimento. Embora seus equipamentos fossem comprados por sua família, a
gravação de sua primeira demo, a qual, posteriormente, seria lançada como o LP
Cena De Cinema, foi financiada por um amigo, Inácio Machado, que “depois de
várias negociações (conseguiu) dez dias de gravação no Tok Studios” (LOBÃO,
2017, p. 129). Os músicos, todos amigos, gravaram de graça. É o caso típico de
relações sociais que encurtam os caminhos para o objetivo. No entanto, mais uma
vez, o investimento não foi suportado pelo músico, embora também não tenha sido
coberto por gravadora. Posteriormente, as gravações foram remixadas nos estúdios
da Som Livre e lançadas pela RCA.
Barão Vermelho é exemplo emblemático da importância do empresário
nos destinos de uma banda. Naturalmente, falamos de pessoa pró-ativa, com
espírito empreendedor e não do título ‘empresário” propriamente dito. No citado
conjunto, coube a Ezequiel Neves esta função. Produtor musical dedicado à
descoberta de novos talentos, ouviu a fita demo do Barão e sem mais delongas
acreditou nos rapazes e acionou o produtor da Som Livre, Guto Graça Mello, e este
levou o trabalho para o diretor João Araújo que, a princípio não queria se envolver
para não ser acusado de nepotismo, pois, como vimos, era pai de Cazuza. Por fim,
docemente constrangido, cedeu ao argumento de Guto: “pior vai ser se seu filho
estourar em outra gravadora, aí vão dizer ‘viram, o Araújo não sabe nem o valor do
que tem na própria casa’” (DAPIEVE, 2015, p. 69).
O investimento incorrido pela banda é similar ao invertido pelos outros
artistas do Rock Brasil 80: essencialmente intensivo no que se refere ao fator
trabalho e aparelhagem de palco. As gravações, demo e álbum, foram suportadas
pela Som Livre. Ensaios eram agendados na garagem da casa dos pais do
tecladista Maurício Carvalho de Barros (DAPIEVE, 2015, p. 67).
O caso confronto representado pelo Ultraje a Rigor mostra pequena
inversão de capital financeiro: o aluguel de uma garagem, gravador de fitas cassete,
três amplificadores, três microfones e os instrumentos. Os amplificadores,
100
microfones e instrumentos eram todos nacionais de baixo custo. Não há como
comparar meu Thunder Sound II que atualmente custa mil reais por ser uma
raridade (na época era mais barato) com o amplificador que uso atualmente,
cabeçote Ampeg SVT-VR com dois gabinetes de contrabaixo SVT-410HE 4 x 10,
nos quais 4 x 10 indicam quatro alto-falantes de dez polegadas em cada gabinete
no valor aproximado de trinta mil reais. Tenho, ainda, mais três amplificadores,
Marshall Bass State B 65, Staner (ambos combos transistorizados) e o antigo
Giannini. Os contrabaixos que uso atualmente são seis: Rickenbaker 4003
(americano, no valor de doze mil reais), Höfner H500/1 – HGL – 0 (feito a mão na
Alemanha, dezesseis mil reais), Fender Precision Bass (japonês, quatro mil e
quinhentos reais), Fender Jazz Bass (americano, dez mil reais), Baixolão Martin
(americano, doze mil e quinhentos reais) e o meu antigo Giannini Stratosonic
(nacional, aproximadamente mil reais). Naturalmente, seis baixos é uma
liberalidade, porém, no mínimo três são necessários, um Baixolão para
apresentações acústicas e dois elétricos, um para tocar e outro para ficar de
prontidão, caso cordas quebrem ou outro problema ocorra.
Quanto a gravações, o Ultraje teve todas as suas financiadas pela
gravadora. Clipes, apresentações em rádio e TV também por conta da WEA. O
financiamento mais vultoso e o risco da empreitada, corram por conta da
companhia, diferentemente do que ocorre atualmente.
Outra mudança no mercado ocorreu no que diz respeito à procura de
artistas na noite e em espetáculos correlatos. Conforme depoimento de Midani
(2015, p. 210 e 211), “…no início da década de 1980, chamei o Liminha que
acabara de promover a diretor artístico da Warner, e o Pena Schmidt, contratado
para a mesma posição em São Paulo…” e ficou acertado que eles buscariam
talentos para a gravadora contratar. Desta garimpagem, surgiram “…Kid Abelha &
os Abóboras Selvagens, Ultraje a Rigor, Titãs do Iê-Iê, Ira!, Camisa de Vênus, Kid
Vinil… Barão Vermelho… e Lulu Santos…” Este processo de acesso às companhias
de disco praticamente não existe mais. Atualmente, é necessário criar público nas
redes virtuais para ser notado.
101
Chegou a hora de refletirmos sobre a jornada trilhada durante o curso.
A pesquisa em artes pode ser vista como uma árvore frondosa e esta
exibe diversos ramos. Arte educação, história da arte e processos e procedimentos
artísticos são exemplos destes ramos. Minha pesquisa esta localizada neste último
ramo. O interesse é verificar como se desenrola o ato da criação, quais as atitudes e
fundamentos adotados. Isto foi possível ao vivenciar ativamente a prática artística
das três bandas das quais participei.
A metodologia aqui aplicada é coerente com a visão de Sampieri,
Collado e Lucio (2013, p. 20) de “… ‘pluralismo metodológico’ ou ‘liberdade de
método’…”. Como explicam os autores, com esta visão “… podemos ser
considerados pragmáticos. Estamos convencidos de que tanto a pesquisa
quantitativa como a qualitativa e a mista proporcionaram subsídios importantes ao
conhecimento…”. Este é o embasamento teórico para a adoção dos métodos
empírico analítico, hermenêutico e dialético no desenvolvimento de minha
investigação.
O trabalho em bandas de rock é, essencialmente, um esforço coletivo.
A tradução deste esforço em texto implica na existência de um orientador engajado
e participativo, o que, felizmente, ocorreu. É um projeto coletivo longe da perfeição,
construído enquanto evoluímos. Nas palavras de Sampieri, Collado e Lucio (2013, p.
22):
… a pesquisa é desenvolvida em equipe e, quando descobrimos um
sentido para ela, pode ser divertida e criar fortes laços de amizade
entre os membros do grupo. Essa foi a experiência de milhares de
jovens que se aventuraram nela… Também diremos que não existe
pesquisa perfeita… a questão é nos empenharmos ao máximo…
O tema que eu abracei foi bandas de rock escolhidas. A música, a
identidade visual, as mídias atuais e todo o universo que um conjunto cria ao seu
102
redor. Compus e acompanhei de perto as composições de Thiago Alves, trabalhei
com as duas bandas na criação de videoclipes e gravações de áudio e tive
experiências desde a inserção no YouTube, Facebook e Instagram até a prosaica
confecção de cartões de visita para o Rockiavel, Foto 32.
103
Foto 32: cartão de visita do Rockiavel.
Fonte: Rockiavel.
As questões principais respondidas foram como criar uma banda de
rock, quais as necessidades, os fundamentos, bem como entender o papel do
empreendedorismo em artes e o da economia criativa. Criar uma banda de rock,
como vimos, requer investimento, definição de proposta artística (cover, coscover,
recreativa ou autoral), atitude empreendedora por parte dos músicos na busca
constante de oportunidades de divulgação e atenção especial à economia criativa,
ou seja, economia baseada no capital “intelectual e cultural e na criatividade que
gera valor econômico” (SEBRAE 2019).
Um dos resultados esperados era a produção de objeto artístico a ser
analisado neste trabalho. Isto foi atingido com os vídeos, CD, identidade visual e
todo o aparato que cerca o Rockiavel. PARÁGRAFo D, ainda que em escala bem
104
menor, produziu vídeos e gravações de áudio. Aqui, descrevo um fato que lamento.
Os vídeos que contavam com a participação de Vitor Mellado foram tirados da rede
a pedido dele alegando que as imagens prejudicavam sua carreira. Optamos por
respeitar a vontade do amigo. É possível, contudo, ter uma ideia do vídeo que
produzimos para As Melhores Do Ary assistindo ao clipe dos Bregsons, banda
anterior do Thiago, interpretando a canção Ki Linda Neca Bofe. Nos dois clipes, a
locação foi nos fundos do IA/UNESP. A coreografia é muito similar, com as danças
do Thiago em evidência, simulando atos sexuais dentre outras presepadas. No
vídeo dos Bregsons há dois personagens, Thiago e o tecladista Rafilson das Teclas.
No do PARÁGRAFo D, três: Thiago, eu e Victor Mellado. Vale ressaltar que a
música Ki Linda Neca Bofe é uma versão de Killing In The Name da banda
californiana Rage Against The Machine.
OBJETO ARTÍSTICO
A banda de rock é por excelência um objeto artístico. Comporta a
existência de múltiplos significados subjetivos e ao mesmo tempo pode transmitir as
emoções e ideias dos componentes. Escolhi contar minha experiência com três
destes grupos, Rockiavel (inicialmente A era do caos), PARÁGRAFo D e DSS. A
princípio, meu objetivo era o de profissionalizar as três. No entanto, banda de rock é,
em essência, uma criação coletiva. Os objetivos, portanto, devem ser de todos.
Sendo assim, logo de início, percebi que DSS não poderia se enquadrar na
categoria citada. Não havia o desejo de proceder desta maneira. Com o
PARÁGRAFo, embora houve o desejo, outros fundamentos não existiram. O ensaio
regular, ensaio em sentido amplo, conforme definido neste trabalho, não ocorreu. Os
componentes eram muito atarefados e não dispunham de tempo para tanto. Ou,
talvez, não acharam tempo para investir. Investir… Palavra crucial. Devido à
mudança nas condições de mercado ter capital próprio e investir tornou-se
primordial. Foi-se a época em que um conjunto era contratado por uma gravadora e
esta bancava gravações em estúdio, videoclipes, publicidade e propaganda.
Atualmente, estas empresas terceirizaram para o artista toda esta atividade. Embora
ainda detenham papel significativo no mercado, propiciando acesso a importantes
meios de comunicação, só se interessam por trabalhos que já possuem visibilidade.
105
Bandas com discos gravados, shows agendados, público nas redes sócias e toda a
identidade pronta. A artemídia é cada vez mais requerida: hoje, só o produto
artístico musical dificilmente atingirá o objetivo de inserir-se no mercado.
A estrutura física da banda é outro fundamento para o
desenvolvimento do projeto. Existe, primeiramente, a necessidade de espaço físico.
Há algumas formas de resolver a questão. Existe a possibilidade de locar um
espaço para ensaiar. Na década de 1980, Ultraje a Rigor e Aja (banda na qual eu
tocava na época) alugaram duas salas em um prédio na Rua Teodoro Sampaio em
Pinheiros e Leospa e Cacá, ambos arquitetos, realizaram um trabalho de vedação
acústica. Levamos nossos equipamentos e ensaiamos. Este tipo de solução
contempla as necessidades requeridas pelo conceito ampliado de ensaio pois
possibilita espaço para reuniões, armazenamento de equipamentos, local para
estudos, dentre outros. Ainda pensando em locação, pode-se alugar estúdio
equipado, o qual cobra por hora de ensaio. Foi o que A era do caos e PARÁGRAFo
fizeram no Pata Negra e no DoZe. Aí a solução é mais precária. Um problema que
surge de imediato é a qualidade dos equipamentos. A experiência mostrou que eles
não atendem à necessidade de ajuste fino de timbres, porque, a cada locação, você
toca com um equipamento diferente, e esta necessidade, a do ajuste fino de
timbres, é imperiosa quando se quer produzir algo inédito. Perde-se, ainda, a
possibilidade de estudar o nosso próprio equipamento. Problemas de manutenção
dos equipamentos locados também não são incomuns. O espaço para o ensaio em
sentido amplo desaparece. A melhor solução é a mais onerosa. Criar um espaço
próprio. Foi o que fiz. Em conjunto com Anelice, Leospa e membros da banda
idealizamos o S27, estúdio em minha casa no qual ensaiamos hoje. Atende às
necessidades do conceito amplo de ensaio. Guarda todo o equipamento e isto
facilita a logística quando nos apresentamos ao vivo. Nos encontramos
regularmente e marcamos reuniões de negócios. Poderia, inclusive ser fonte de
renda, porém não tenho interesse em alugar. Prefiro que permaneça um local
exclusivo.
106
Mais um fator crucial na formação do projeto é o repertório. O
repertório define até onde você quer chegar com seu trabalho. A recriação de obras
conhecidas possui duas vertentes principais. Uma delas é o Coscover que consiste
na procura por reproduzir com exatidão a obra abordada. Chega ao requinte de
compreender pesquisa histórica, replicação de vestuário, equipamentos e
instrumentos. Tem seu mercado e o objetivo máximo é tocar em espaços
qualificados, a exemplo, do Teatro Bradesco, no Shopping Bourbon na zona oeste
de São Paulo/SP. É o caso da banda All you need is love, banda cover dos Beatles.
A outra vertente é recriar a obra incluindo uma leitura pessoal. É mais
comum nas configurações voz e violão e atende à demanda de bares de menor
porte. Músicas de autoria própria objetivam o grande mercado. Rádio, televisão e as
mídias em geral. Aqui a dificuldade e o investimento necessários são muito maiores.
Em primeiro lugar você terá de ter as músicas inéditas suas ou de outros autores.
Terá de arranjá-las. Para compor um álbum, cheguei ao número de onze músicas.
Não é uma camisa de força, mas, pelo menos, de trinta a quarenta e cinco minutos
de música é desejável. Há de ter em mente outra dificuldade: é mais difícil satisfazer
o público com canções não conhecidas. Por isto, para apresentações ao vivo, é
importante tocar hits (músicas de grande popularidade) de outros autores. No
entanto, deve haver o cuidado de manter coerência no corpo do repertório. As
músicas próprias devem harmonizar-se com as músicas de outrem,
complementarem-se, reforçarem-se, jamais contradizerem-se.
ANÁLISE DE DUAS MÚSICAS PRÓPRIAS
Para termos uma ideia da temática abordada pelo Rockiavel, passo a
analisar duas músicas presentes no CD Aja, Marca D’Água e Aja. Aja foi composta
na década de 1980 e Marca D’Água em 2010. Ambas apresentam três estrofes de
quatro versos. Aja, por seu turno, conta com um refrão, o que não ocorre com
Marca D’Água. São rocks agitados e pulsantes, ambas. Ambas tratam do tema da
adequação do indivíduo à sociedade e do conflito entre as aspirações pessoais e as
necessidades sociais. Em Aja, bem no espírito da época em que foi composta, a
ideia é a ruptura a qualquer custo. Não ouça as pessoas, faça o que seu coração
107
manda a despeito das consequências. A linguagem é direta sem espaço para
figuras de linguagem: “aja, mesmo que lhe digam não”. Tem a energia da juventude,
a autoconfiança característica desta fase da vida. Afinal, neste período do percusso
há mais tempo para corrigir erros. Marca D’Água reflete outro momento. Foi
composta trinta anos depois. O tema ainda é relevante, mas a abordagem é mais
reflexiva. Mostra três momentos do personagem. No primeiro, existe o desejo de
inserção social em posições julgadas nobres, se assim posso me referir a elas:
poeta, professor, músico. No segundo, a realidade de ter de se inserir no quadro
que foi oferecido pela sociedade: juiz, carrasco, corruptor. No terceiro momento, o
desejo de ouvir, sentir e viver a beleza, o canto, a dança, as artes em geral.
Diferentemente de Aja, no entanto, o discurso não é de ruptura, mas sim de
reflexão: será que a marca d’água (o poder do dinheiro) se desfez? Será que é
possível viver o sonho idealizado? Existe a constatação de que o dinheiro não pode
ser o único referencial com a frase “há de invocar um novo Deus”. Nesta canção,
utilizo figuras de linguagem que substituíram o discurso direto. Marca d’água é
metonímia na qual o símbolo (marca d’água) substitui a coisa significada (o
dinheiro). Há a metáfora na qual Deus é escrito como desvio do sentido próprio da
palavra e passa a indicar o dinheiro. Estas duas canções são, portanto, reflexo de
sua época, mas mantém coerente a temática abordada. Convivem em harmonia no
CD para o qual foram designadas.
É importante dizer que Rockiavel acolhe as músicas que refletem a
vivência de seus elementos. A diversidade dos temas está em consonância com o
projeto da banda. Há canções de amor, a exemplo de Adeus e Feita de Luz, há
protesto contra a guerra (Goodbye Son), momentos cômicos (Dá Pau, Supor isso e
Morena). Por este motivo, os arranjos são variados. Rockiavel encaixa-se
confortavelmente no gênero rock, sem um subgênero específico (metal, new wave,
punk).
É necessário falar agora da importância do estabelecimento de redes
sócias fortes e coesas. Quando falo em redes sócias, quero dizer a rede de pessoas
tanto no mundo físico quanto no mundo virtual. Videomakers, fotógrafos,
108
divulgadores e empresários, para citar alguns, são essenciais para qualquer banda.
Criar projetos de interesse comum deve ser sempre o alvo. O pertencimento a uma
rede social influente pode, por exemplo, abreviar a entrada na mídia e minimizar o
investimento necessário e, consequentemente, diminuir o risco suportado
atualmente pelos músicos.
Volto meu olhar agora para um fator denominado por PEL14 de
Ressonância. Trata-se da afinidade que os elementos da banda devem ter entre si.
Implica na disposição para aceitar visões distintas de forma democrática. Sem esta
disposição, o risco de rompimento é muito elevado como demonstraram as
experiências das bandas DSS e PARÁGRAFo D. Aparentemente não tão
irreversível no caso do DSS.
Atento, neste momento, para o papel do empresário em uma banda de
rock. Se o objetivo da banda é expandir sua atuação, ele é figura-chave no
processo. Deve, em primeiro lugar, gostar e acreditar no trabalho do conjunto.
Precisa ser pró-ativo criando os contatos para alavancar o processo de divulgação e
agenda dos empresariados. A figura do empresário reforça a postura profissional da
banda e demonstra a existência de estrutura e consistência do projeto. Exemplifico
com Brian Epstein, Foto 33, empresário dos Beatles “o homem responsável por criar
as etapas que a banda percorreu até o topo”, conforme Niezgoda (2008, p.122).
Foto 33: Brian Epstein, empresário dos Beatles.
14Conversa com o autor.
109
Fonte: https://br.search.yahoo.com/search?
fr=mcafee&type=E211BR714G0&p=brian+epstein.
Foi através dele que a banda conseguiu o tão sonhado contrato de
gravação com a EMI-Parlophone em 1962, fruto de um encontro fortuito com Syd
Coleman de uma editora possuída pela EMI e Syd o levou a George Martin. Quem
nos conta esta passagem é Barrow (2006, posição 314 e 315 do Kindle), relações-
públicas dos Beatles de 1962 a 1968.
Lennon em Norman (2008, p. 507 e 508) nos dá a impressão que ele
(Lennon) teve após a morte de Epstein:
Eu sabia que à época estávamos com problemas. Nunca tive
nenhuma ilusão a respeito de nossa habilidade de fazer qualquer
coisa que não fosse música. Estava aterrorizado e pensei “agora nós
nos danamos. (Tradução livre do autor15).
A reação de Paul McCartney foi análoga à de John:
Alguns dias depois da morte de Brian, Paul chamou os outros três
para uma reunião em Cavendish16. Uma das primeiras a saber da
pauta foi Frieda Kelly, ex-secretaria de Brian e ainda uma confiável
funcionária da NEMS17. “Paul disse aos outros que, se eles não
15“I knew we were in trouble then. I didn’t really have any misconceptions about our ability to do anything otherthan play music and I was scared. I thought, ‘We’ve fuckin’ had it now”.167 Cavendish Avenue, residência de Paul McCartney em Saint John’s Wood em Londres.17North End Road Music Store, empresa de Brian que agenciou os Beatles.
110
encontrassem alguma maneira de trabalhar juntos de novo, e
depressa, os Beatles se desintegrariam.” (NORMAN 2016, p. 283).
A experiência vivida por Rockiavel, mostrou que a falta de um
empresário pró-ativo e a mudança de Leospa para Minas Gerais, foram as principais
razões para Rockiavel ficar aquém das expectativas de inserção social pretendida.
Quero destacar, porém que, os dois empresários com quem trabalhamos, Cacá
Prates, Foto 34, e Cecília Degan, Foto 35, são amigos queridos que, dentro de suas
possibilidades, fizeram o possível para ajudar. Sou grato a eles.
Foto 34: Cacá Prates.
Fonte:
https://br.images.search.yahoo.com/search/images;_ylt=A2KLfRok_jteGXMAH0nz6
Qt.;_ylu=X3oDMTByMjB0aG5zBGNvbG8DYmYxBHBvcwMxBHZ0aWQDBHNlYwNz
Yw--?p=cac%C3%A1+prates&fr=mcafee.
111
Foto 35: Cecília Degan fotografando Rockiavel.
Fonte: Rockiavel.
No entanto, o fato é que nenhum dos dois conseguiu agendar uma
única apresentação sequer para a banda. Argumentou-se que a época estava difícil
para a colocação de bandas de rock que estavam sendo lançadas. Isto é
parcialmente verdade porque o mercado não apresentou e não apresenta,
atualmente, tendência de alta demanda por bandas novas, como, por exemplo, nos
períodos da Jovem Guarda e do Rock Brasil 80. Porém, devo lembrar que nós
conseguimos nos apresentar por conta própria (sem empresariamento) no SBT, TV
Premium, Open Mail Granja Viana e Octoberfest em São Paulo. Lançamos diversos
videoclipes nas mídias sociais, gravamos o CD por conta e aí passamos a ser
empresariados por Cacá e deixamos de correr atrás porque não seria de bom tom
nos sobrepormos à atividade dele. Aí a banda parou. Tentamos ainda trocar para a
Cecília, porém nada aconteceu. Certamente a mudança do baterista para Minas
Gerais, por questões de negócios, arrefeceu os ânimos de todos envolvidos no
projeto, mas ele se comprometeu a tocar caso uma agenda de shows fosse
112
confeccionada e esta agenda não foi elaborada. A distância geográfica torna os
trabalhos bastante difíceis. Foi esta a realidade que ocorreu quando eu tocava com
Lina Kruze e Rodrigo Mariano, Foto 36.
Foto 36: Lina Kruze e Rodrigo Mariano na banda The Wasted.
Fonte: https://www.conexaocontagemalternativa.com.br/2017/05/23/the-wasted/.
Ambos moravam e moram até hoje em Tatuí e eu sempre vivi em São
Paulo. Conseguimos manter ensaios regulares aos domingos. Um domingo em São
Paulo e outro domingo em Tatuí. Gravamos a música Aja no estúdio do Korzos
(banda heavy metal de São Paulo) e começamos a ensaiar Primeira Vez. Esta
banda poderia ter seguido com um projeto similar ao Rockiavel, porém, em
determinado momento, faltaram forças para mim: não estava mais conseguindo
viajar de carro semana sim, semana não e tivemos que parar. Foi uma pena, porque
tanto Lina quanto Rodrigo são músicos excelentes, com formação acadêmica e
amigos queridos.
113
Estou convencido de que a distância geográfica exerce influência
importante nos destinos de qualquer grupo que quer fazer música junto. Mesmo
morando na mesma cidade, São Paulo, por exemplo, a distância das zonas leste
sul, norte, oeste já dificulta. Quanto maior a distância, maiores os custos e maior o
dispêndio de um fator crucial: o tempo.
Convém lembrar que, Paul McCartney e George Harrison
“costumavam encontra-se no ônibus em que viajavam” (DAVIES 1968, p. 61) e
tomavam o coletivo com apenas um ponto de diferença. John também morava perto
deles e “’Paul costumava chegar pela porta da frente’, conta Mimi18. Encostava a
bicicleta na grade e me olhava com aqueles olhos de ovelha, dizendo: ‘- Posso
entrar?’ (DAVIES 1968, p. 63).
Há uma questão que sempre surge quando penso nos motivos que
levam alguns grupos ao sucesso e outros não: qual o ingrediente que alguns tem e
falta a outros, ingrediente que os leva a caírem nas graças do público? “É preciso ter
uma estrela, um algo mais” como acredita a mãe de Cazuza (ARAÚJO, 2011, p.
83)? Estará este fator além das nossas capacidades cognitivas? Relembro que
sucesso pode ser entendido como inserção social pretendida. Esta questão também
rondava a cabeça de André Midani, um dos mais importantes executivos do
mercado brasileiro e mundial de discos. Ele, em sua biografia, relata que não podia
entender porque músicos de menor quilate, volta e meia vendiam muito, enquanto
outros por ele avaliados superiores, naufragavam. Araçá Azul, álbum considerado
por Midani ao nível de Sgt. Pepper’s (MIDANI, 2015, p. 149), encalhou enquanto
cantores como Orlando Dias (MIDANI, 2015, p. 88) iam bem no quesito comercial. A
resposta, para Midani, está na ligação do artista com os parâmetros coletivos do
inconsciente, conceito desenvolvido por Jung (1989, p. 39 e 40). Ele, Midani,
chegou a esta conclusão após jantar com dois amigos psicólogos e nos forneceu o
seguinte relato.
18Tia de John que o criou.
114
Comecei, então, a entender que o que o cantor e sua música diziam
não era tão importante quanto a maneira como o diziam, e como o
que diziam dependia da genuinidade do sentimento que vinha do
fundo da alma. Quando o público carregava um sentimento similar,
identificava-se com o cantor através do inconsciente coletivo. E a
canção, como tal, se restringia a um pretexto, e era meramente um
fio condutor da empatia entre o cantor e o público (MIDANI, 2015, p.
88).
É uma opinião de peso, proferida por alguém que dedicou a vida ao
mercado de discos. No entanto, existem outras, ainda que heterodoxas. Olhemos
para a explicação de Niezgoda (2008) ao interpretar o sucesso obtido pelos Beatles.
O que estes quatro rapazes possuem que ninguém mais têm? O que
poderia explicar a rápida super reação provocada pela banda no
mundo inteiro? As músicas deles não eram mais empolgantes ou
bonitas daquelas produzidas por The Kinks ou The Rolling Stones, e
eles nunca foram considerados grandes músicos ao vivo… Parecia
que eles possuiam uma espécie de mágica… Uma pista sobre o
mistério envolvendo os Beatles pode vir de uma frase proferida por
John Lennon...ao seu amigo Tony Sheridan19: “Eu vendi minha alma
ao diabo” (NIEZGODA, 2008, p. 5 e 6).
Podemos interpretar a frase de John como uma figura de linguagem a
indicar que ao trabalhar na indústria fonográfica teve que se sujeitar a todo tipo de
imposições e disabores. Muitas entrevistas concedidas por Lennon indicam que a
pressão e a humilhação cresciam em paralelo ao sucesso ao ponto dele dizer,
falando sobre os compromissos social impingidos ao grupo,: “Era uma puta
humilhação. A gente tinha de se humilhar completamente para ser o que eram os
Beatles...”(EDITORES DE ‘ROLLING STONE’, 1989, p. 101). Quanto a questão das
músicas, devo lembrar o ineditismo do fab four20 que surgiu primeiro no mercado
19Cantor inglês contemporâneo do Beatles. Gravou com a banda de Liverpool em Hamburgo na Alemanha uma série de canções lançadas em 1961 que posteriormente viriam ser lançadas no CD The Early Tapes Of The Beatles. 20Expressão criada por Tony Barrow que equivale a “os quatro fabulosos”.
115
mundial ocasionando a chamada invasão britânica ocorrida na década de sessenta
nos Estados Unidos capitaneada pelo sucesso do single I Want To Hold Your
Hand21, o qual atingiu a primeira colocação nas paradas de sucesso americanas,
fato inédito para artistas ingleses, e por apresentações em fevereiro de 1964 no Ed
Sullivan Show22. Lembro que em 1964 a parceria Jagger & Richards responsável
pelas canções dos Rolling Stones, ainda era incipiente, a ponto de o primeiro e o
segundo singles da banda, Come On de Chuck Bery e I Wanna Be Your Man de
Lennon&McCartney, terem sido compostos por covers. Quanto aos Kinks, sei que
são bons, mas compará-los ao Beatles parece desproporcional. O argumento de
que eles não eram particularmente bons ao vivo não parece sustentar-se quando
assistimos as apresentações no Ed Sullivan Show, no Washington Coliseum em
1964, em Paris e no Shea Stadium, ambas em 1965. O primeiro concerto no Japão
em 1966 não foi bom, é verdade, porém os seguintes foram excelentes. O
entendimento de Niezgoda (2008), no entanto, é literal. Toda sua obra é baseada
neste suposto pacto demoníaco.
Após ler Niezgoda (2008), é natural ficar intrigado com a fala de Ringo
Starr em entrevista para o projeto Anthology, na qual declara “que por este pedaço
de vinil vendia-se a alma”23(BEATLES, 2000, p. 77). Pedaço de vinil é metonímia
para contrato de gravação.
Entendo que a explicação de Midani (2008) faz mais sentido, desde
que os artistas estejam submetidos a iguais condições de produção e divulgação de
seus trabalhos. A música é essencialmente um fenômeno social e cultural e o
conceito de inconsciente coletivo aplicado do por André é muito interessante e
esclarecedor. Devo lembrar aquí, porém, uma conversa que tive com Leospa
quando da contratação da banda pela WEA. Ele me contou que o Ultraje foi visitar
uma mística antes do sucesso e ele recomendou alguns sortilégios que, nas
palavras de Leospa, “se não ajudassem, mal não fariam”…
21Lançado no Brasil no LP Beatlemania.22Programa de TV de grande audiência nos EUA na década de 1960.23“…as I say, for that bit of plastic you would sell your soul”.
116
Em vista do fato de que Rockiavel não atingiu, ainda, o patamar de
inseção social pretendido, fico devendo uma resposta mais contundente quanto a
questão do sucesso. Posso dizer, contudo, que para esta banda faltou mais estrada,
no sentido de muitas apresentações ao vivo. Elas foram poucas e, assim, não
permitiram avaliar a reação do público quanto ao repertório. A falta de investimento
em rádio é outro fator importante que impediu maior divulgação das canções. Este
meio de comunicação continua vigindo com força, notadamente para aqueles que
utilizam automóveis e passam horas no trânsito. Nos consultórios, em geral e
notadamente nos odontológicos, a presença do rádio é constante. Profissionais que
trabalham em segurança ouvem rádio de maneira constante. As principais rádio
difusoras estão também na internet e, desta forma, ampliaram o púplico ouvinte. Há,
ainda, as rádios universitárias que tem um público segmentado interessante de
pessoas formadoras de opinião. É um meio que não pode ser ignorado.
GRAVADORAS NO ROCK BRASIL 80
É o momento de falar sobre as gravadoras.
Aquelas que produziram os discos das bandas escolhidas para
representar o Rock Brasil 80 são, EMI-Odeon (Blitz, Paralamas do Sucesso, Legião
Urbana), RCA (Lobão), Opus Columbia (Barão Vermelho), WEA (Titãs, Ultraje a
Rigor, Ira!), Epic (RPM), Som Livre (Cazuza).
EMI-Odeon
EMI-Odeon era a gravadora responsável pelo lançamento dos Beatles
no Brasil. EMI é a abreviatura para Electric and Musical Industries Ltd, companhia
inglesa possuidora de subsidiárias importantes como a Parlophone (responsável
pela produção e lançamento dos discos dos Beatles no Reino Unido), a Capitol
(empresa encarregada pelo lançamento das produções do quarteto de Liverpool nos
Estados Unidos) e EMI-Odeon (Beatles no Brasil). Odeon foi a primeira empresa
brasileira a manufaturar discos na América Latina inaugurada em 1913 por
Frederico Figner, empresário pioneiro no Brasil no ramo em questão, a partir de uma
117
parceria técnica com o grupo sueco Lindström (VICENTE e MARCHI, 2014, p. 12).
Posteriormente, em 1932, passa ao controle da EMI e em seguida foi vendida para
a Universal.
RCA
RCA (Radio Corporation of America) é a empresa responsável pelo
lançamento de Elvis Presley no Brasil. É uma companhia americana que abriu uma
filial no Brasil em no segundo quartel do século XX e, posteriormente, foi vendida
para a Sony Music em 2008.
Opus-Columbia
Opus-Columbia foi “um selo brasileiro criado através da parceria entre
a CBS do Brasil e a Som Livre que durou de 1981 até a metade de 1986. Está
extinta e os fonogramas pertencem à Som Livre” (DISCOGS, site da web). Selo é
uma célula menor da gravadora, com direção artística descentralizada, mais ágil
“com independência estética e divulgação segmentada” (ALEXANDRE, 2002,
posição 6431 na Edição Kindle), a exemplo dos selos Warner, Atlantic e Elektra,
todos da Warner Communications (empresa que engloba a Warner Bros. Pictures e
a Warner Music Group) que na década de 1970 contavam com o capital da Warner
para contratar grandes astros, Led Zeppelin, por exemplo, e tinham autonomia
artística (MIDANI, 2015, p. 164 e 165).
WEA
WEA é gravadora americana pertencente ao Warner Music Group,
divisão do conglomerado da Warner Brothers (Warner Bros.)24 com filial no Brasil
fundada em 1976 por André Midani.
24Para mais detalhes da fascinante história da empresa, ver Bruck (2013).
118
Epic
Epic é selo lançado em 1953 pela gravadora americana Columbia
Broadcasting System, Inc (CBS). Columbia Records, por seu turno, é a divisão de
música gravada da CBS. Atualmente a CBS é parte integrante da Sony BMG Music
Entertainment (DISCOGS, site web).
Som Livre
Som Livre foi a gravadora criada pela Rede Globo de Televisão em
1969. Com o crescimento da mídia televisiva e o sucesso das novelas, a gravadora
se expandiu. Participação em trilhas de novelas passou a ser, e é até hoje, objeto
de desejo dos artistas da música. Segundo Morelli (1991, p. 70 apud VICENTE e
MARCHI, 2014, p. 18) “essas trilhas, formadas normalmente por coletâneas de
músicas nacionais e internacionais, transformarão (transformaram) a gravadora Som
Livre numa das maiores vendedoras de discos do país”.
TRANSFORMAÇÃO MERCADOLÓGICA
A crise nos negócios das gravadoras começa a surgir com o
aparecimento de gravações piratas em fitas cassetes em meados da década de
1990. Gravações piratas são aquelas produzidas clandestinamente. Não pagam
impostos, direito de artistas e gravadoras. Posteriormente, esta prática se estendeu
aos CD. Hoje a venda de meios físicos (vinil, fitas e CD) é muito pequena. Diversas
lojas grandes dedicadas à venda de bens culturais fecharam a exemplo da Fnac
Pinheiros e da Fnac Paulista, e outras diminuíram a oferta dos produtos citados,
como A Livraria da Vila do Shopping JK. Vinil é um item que ainda é produzido,
porém é destinado aos audiófilos. A música continua a ser comercializada, mas sob
outra forma, o chamado streaming. A palavra tem origem inglesa e
etimologicamente significa fluir. Conforme Houaiss (on-line) é “… tecnologia usada
para captar, como um fluxo contínuo, som ou imagens num computador, a qual
possibilita ouvi-los ou visionar as imagens antes de a informação como um todo ter
sido baixada para o computador”. Este processo, permitiu a aceleração das
comunicações e gerou o chamado Serviço de streaming. Este serviço é oferecido
119
por diversas plataformas, a exemplo do Spotify e do Deezer. Estão presentes nos
telefones celulares e possuem, geralmente, duas versões, a gratuita e a paga. Na
gratuita, o assinante recebe anúncios que financiam o aplicativo. Estes anúncios
são retirados na versão paga. É possível criar listas de escuta, as chamadas
playlists, escolher artistas e combinar a escuta com outros aplicativos, a exemplo do
Waze, usado para localização veicular. Assim com o Waze, o GPS permanece
informando as direções enquanto ouve-se música.
Outra forma de distribuição de músicas é o download. É a forma
utilizada pela iTunes empresa americana Apple (não confundir com a empresa
homônima dos Beatles). Neste caso, o conteúdo é todo baixado antes de ser
escutado. É possível adquirir canções individuais ou álbuns inteiros. Em seu site
oficial é possível baixar o aplicativo para Windows, caso você o esteja acessando
via computador. Há versão para Android e, naturalmente, iPhone caso o acesso se
faça por celular.
Com o barateamento das gravações de qualidade, a estratégia das
gravadoras, como vimos anteriormente, modificou-se. Não contrata mais artistas
com gravações caseiras esperando levá-los para um grande estúdio com um
produtor gabaritado e criar, a partir daí, um produto. Como explica Luiz Schiavon
“hoje é possível fazer um trabalho de qualidade tão boa quanto num estúdio com
recursos muito menores. Agora, divulgação em larga escala como uma gravadora
faz é outra história” (MORAES, 2007, p. 86). Luiz ressalta o papel que cabe às
gravadoras hoje: divulgação em larga escala. Esta aparente democratização do
acesso aos meios de produção musical via barateamento dos custos envolvidos
esbarra em nova necessidade de capacitação do músico. Se, anteriormente, o foco
era tocar, cantar e criar, agora agregou-se a necessidade de conhecimento técnico
para captação, mixagem e masterização. Não são conhecimentos triviais. Para
termos uma ideia, em determinado momento de sua carreira, após registrar os
maiores artistas do Rock Brasil 80, o produtor Liminha mudou-se “para os Estados
Unidos para se aperfeiçoar e estudar produção” (ALEXANDRE, 2002, posição 7542
da Edição Kindle). Ainda que o músico consiga incorporar este conhecimento ao seu
120
cabedal, emergem outras questões. A criação de local próprio para gravação, o
qual, necessariamente, deve possuir isolamento acústico e propriedades especiais
para criar a ambiência, uma parede de pedra, por exemplo. Microfones são
importantíssimos. Não adianta comprar modelos baratos porque a sonoridade não é
adequada nestes modelos. Para a bateria, deve-se adquirir um conjunto de
microfones, pois cada um deles é específico para a captação de frequências de
peça determinada: você não quer um microfone de chimbau captando um bumbo.
Lembro que estamos analisando bandas de rock. Naturalmente, uma menina
simpática, com seu violão cantando MPB e gravando com seu celular é questão
diferente. Rock é centrado no som, timbres, potência, brilho. A aparelhagem é cara
e complexa, passando por mesas de 24 canais, compressores, limitadores, delays,
reverbers e assim sucessivamente. Devo pensar, ainda, no custo unitário de
produção. Cada banda suportando os custos de seu álbum ou single, com a
gravação de nova produção comumente após um ano de lançamento do
antecessor, no caso do álbum, terá o custo por produto muito maior do que se
transferisse para estúdios especializados, a exemplo do Estúdio do Schiavon e o
500.
GRAVADORAS NO MOMENTO ATUAL
Falo agora da atualidade das gravadoras lançadoras das bandas do
Rock Brasil 80. As que ainda estão em atividade no Brasil são a Warner (WEA) e a
Som Livre. Destaco também a Universal e a Sony Music incorporadoras dos selos
EMI (Universal) e RCA, Opus Columbia e Epic (Sony Music).
Estas quatro empresas (WEA, Som Livre, Universal e Sony Music)
dominam o mercado hoje em dia.
Universal
A Universal, em seu site oficial (entrada Sobre), denomina-se “a maior
empresa de música no mundo”. Os selos desta empresa compreendem a Capitol
Music Group, Capital Records UK, DECCA, a gravadora que rejeitou os Beatles
121
porque, segundo Dick Rowe, executivo da empresa, eles, na DECCA, “não
gostaram do som dos rapazes e grupos de guitarristas estavam saindo de moda”
(EPSTEIN, 2011, posição Kindle 595), Def Jam Recordings, Deutsche
Grammophon, Mercury Classics, EMI, Island Records US, Island Records UK,
Polydor, Republic Records, Virgin EMI Records, Caroline, Verve, Aftercluv Dancelab,
Hollywood Records, PM:AM Records e Walt Disney Records.
Os artistas que fazem parte do elenco desta gravadora são: Alice
Caymmi, Amy Winehouse, André Rieu, Andrea Bocelli, Anny Petti, Babado Novo,
Bananas De Pijama, Banda Eva, Bruna Viola, Bruno Martini, Caetano Veloso, Carla
Bruni, Chitãozinho & Xororó, Coral Resgate, CPM 22, Daniel, David Garrett, Demi
Lovato, Diogo Nogueira, Edson & Hudson, Eli Soares, Ellie Goulding, Felipe Araújo,
Frank Aguiar, Israel Novaes, Ivete Sangalo, J Balvin, João Bosco & Vinícius, João
Victor, Joelma, Jonas Vilar, Justin Bieber, Katy Perry, Legião Urbana, Lenine,
Madeleine Peyroux, Marcelo D2, Maria Rita, Mariene de Castro, Marisa Monte,
Maron 5. Matheus & Kauan, MC Gui, Megadeth, Melody Gardot, Mumuzinho, Nelson
Freire, Paula Fernandes, Pedras Vivas, Placebo, Plácido Domingos, Pregador Luo,
Projota, Queen, Renascer Praise, Rihanna, Sam Smith, Sandy, Seu Jorge, Shirley
Kaiser, Taylor Swift, The Beatles, The Weeknd, Xande de Pilares e Zeca Pagodinho.
Destes sessenta e cinco artistas, considero Amy Winehouse, CPM 22, Legião
Urbana, Marcelo D2, Megadeth, Placebo, Queen e The Beatles como música rock.
Esta música representa, portanto, doze por cento do cast da gravadora. Na ativa,
isto é fazendo shows, CPM 22, Marcelo D2, Megadeth e Placebo. Todos fundados
no século passado.
A Universal comercializa CD, DVD e LP/Vinil, além de disponibilizar os
produtos nas diversas plataformas digitais.
Warner
O site oficial da empresa não indica a existência de selos. Eles estão
indicados no sítio eletrônico da loja da companhia: Atlantic, Warner Music Nashville,
122
Big Beat, Canvasback, Elektra, Roadrunner Records, Warner Classics, Black
Cement Records e Warner Records.
Os artistas nacionais contratados são os que se seguem: 2strange,
Anita, Biel, Carol Csan, Day & Lara, DDP Diretoria, Delano, Fernanda Pizuti,
Ferrugem, Giulia Be, Imagina Samba, Iza, João Gustavo & Murilo, Kayki, Kelly Key,
Kevinho, Lua, Lucy, Ludmilla, Marcelo Falcão, Mazzoni, MC Fioti, MC Can, MC
Leléto, MC Pocahontas, MC WM, Miranda, Mr. Dan, Nick Cruz, O Rappa, Papatinho,
Paula Matos, Pedro Sampaio, PK, Suel, Thiago Brava, Tiê, Um44k e Yasminnie.
Os artistas internacionais são: 88-Keys, A Boogie Wit Da Hoodie,
AB6IX, Alec Benjamin, All Time Low, Ally Brooke, Alok, Anderson Paak, Anne-Marie,
Ava Max, Avenged Sevenfold, Avril Lavigne, B.O.B, Bazzi, Bebe Rexha, Biffy Clyro,
Birdy, Blur, Brandi Carlile, Bruno Mars, Bryce Vine, Cardi B, Charli XCX, Charlie
Puth, Cher, Christina Perri, Chromeo, Clean Bandit, Coheed And Cambria, Coldplay,
Conrad Tao, Damon Albarn, Danny Ocean, Dashboard Confessional, David Guetta,
Death Cab For Cutie, Deftones, Devendra Banhart, Dido, Disturbed, Dr. John, Dram,
Dua Lipa, Echosmith, Ed Sheeran, Elderbrook, Enya, Eric Clapton, Fitz And The
Tantrums, Florida, Foals, Gary Clark Jr., Gerard Way, Gojira, Goo Goo Dolls,
Gorillaz, Grandson, Green Day, Guccimane, Halestorm, Hayley Kiyoko, Hunter
Hayes, Iron Maiden, Jack Ü, James Blunt, Janelle Monáe, Jason Mraz, Jeff Beck,
Jess Glynne, Jesse & Joy, Johnny Marr, Jorge Drexler, Josh Groban, Kaleo,
Katherine Jenkins, Kehlan, Kelly Clarkson, Kevin Gates, Kid Rock, Kiiara, Kimbra,
Kodak Black, Korn, Kyary Pamyu Pamyu, Kyle, Kylie Minogue, Laura Pausini, Led
Zeppelin, Liam Gallagher, Lianne La Havas, Lil Dicky, Lil Pump, Lil Skies, Lil Uzi
Vert, Lily Allen, Linkin Park, Lizzo, Luis Miguel, Lukas Grahnan, Lynyrd Skynyrd,
Mac Miller, Macklemore, Maite Perroni, Maná, Marina And The Diamonds,
Mastodon, Matchbox Twenty, Meek Mill, Melanie Martinez, Michael Bublé, Mick
Hucknall, Mike Shinoda, Missy Elliott, Motörhead, Muse, Natalie Merchant, Neil
Young, Nico & Vinz, One Ok Rock, Pablo Alborán, Panic! At The Disco, Paolo Nutini,
Paramore, Pat Metheny, Paul Weller, Phoenix, Piso 21, Pixies, PNB Rock, Portugal
The Man, Ravyn Lenae, Rüfüs Du Sol, Red Hot Chili Peppers, Renina Spektor, Rita
123
Ora, Rob Thomas, Robert Plant, Robin Schulz, Roxette, Royal Blood, Rudimental,
Sabrina Claudio, Sage The Gemini, Selah Sue, Sheryl Crow, Sia, Simple Plan,
Simply Red, Skillet, Skrillex, Slipknot, Sofia Reyes, Stereophonics, Stone Sour,
Sturgill Simpson, The Black Keys, The Doors, The Fever 333, The Knocks, The War
On Drugs, Tinie Tempah, Tom Petty, Trivium, Twenty One Pilots, Ty Dolla $aign,
Vance Joy, Vintage Culture, Weezer, Why Don’t We, Wiz Khalifa, Ximena Sariñana,
Young The Giant, Young Thug, Youngboy Never Broke Again, Zak Abel e Zion &
Lennox.
O sítio eletrônico da gravadora classifica os artistas por gênero. Estes
gêneros são: Rock, Eletrônico, Hiphop, Erudito, Poprock. Segundo a gravadora,
seus músicos de rock são: O Rappa (o único nacional), All Time Low, Avenged
Sevenfold, Biffy Clyro, Brandi Carlile, Coheed And Cambria, Coldplay, Damon
Albarn, Dashboard Confessional, Death Cab For Cutie, Deftones, Disturbed,
Echosmith, Eric Clapton, Foals, Gary Clark Jr., Gojira, Goo Goo Dolls, Gorillaz,
Grandson, Green Day, Halestorm, Iron Maiden, Jeff Beck, Johnny Marr, Kaleo, Kid
Rock, Korn, Led Zeppelin, Liam Gallagher, Linkin Park, Mastodon, Matchbox
Twenty, Motörhead, Muse, Neil Young, One Ok Rock, Panic! At The Disco, Paolo
Nutini, Paramore, Pat Metheny, Paul Weller, Phoenix, Pixies, Portugal The Man, Red
Hot Chili Peppers, Robert Plant, Royal Blood, Simple Plan, Skillet, Slipknot,
Stereophonics, Stone Sour, Sturgill Simpson, The Black Keys, The Doors, The Fever
333, The War On Drugs, Tom Petty e Young The Giant.
Warner possui duzentos e dezesseis artistas contratados. Destes,
sessenta são músicos de rock. Portanto, vinte e sete por cento dos artistas
contratados são músicos de rock.
Os produtos disponíveis na loja oficial incluem camisetas, CD, Vinil,
Digital, CD/DVD, Box Set, Cassete e Soundtrack.
124
Sony Music
No site https://www.sonymusic.com.br/ vemos os selos de
propriedade da gravadora: Sony Music Nashville, Columbia, Epic, Legacy e RCA.
A empresa conta com os seguintes artistas, classificados em
nacionais, internacionais e gospel: nacionais – Marcos & Belutti, Bruninho & Davi,
Capital Inicial, Daniel Boaventura, Jota Quest, Natiruts, Padre Marcelo Rossi,
Fernando & Sorocaba, Cat Dealers, Dilsinho, Emicida, Evokings, Jord, Nego Do
Borel, Pabllo Vitar, Preta Gil, Taís Alvarenga, Ana Carolina, Authentic Games, Belo,
Ftampa, Lucas Lucco, Martinho Da Vila, Oriente, Skank, Solange Almeida, Turma
Do Pagode, Diego & Victor Hugo, Dennis DJ, Maria, Pankadón, Rouge, Yasmin
Santos, Bárbara Dias, Diego & Arnaldo, Funtastic, Karol Conká, Lagum, Rashid,
Rob Nunes, Z4, Adriana Calcanhoto, Djavan, Roberto Carlos, Avine Vinny, Lucas &
Orelha – internacional – Abraham Mateo, Arcade Fire, Beyoncé, Britney Spears,
Calvin Harris, Camila Cabello, David Gilmour, DJ Khaled, Enrique Iglesias, Fifth
Harmony, Foo Fighters, Grace Vanderwaal, Harry Styles, Il Volo, John Mayer,
Jennifer Lopez, Justin Timberlake, Kesha, Lau, Louis Tomlinson, Maluma, Miley
Cyrus, Prettymuch, Rag N Bone Man, Roger Waters, Romeo Santos, The
Chainsmokers, Shakira, Pink – gospel – Aline Barros, Damares, DJ PV, Priscilla
Alcantara, Ao Cubo, Brenda, Discopraise, Gabi Sampaio, Irmão Lázaro, Leonardo
Gonçalves, Marcela Taís, Silvia Lippy, Os Arrais, Lagoinha, Kemilly Santos, Mariana
Valadão, Projeto Norte, Mari Borges, André Luz, Waguinho, Giovanne, Nívea Silva,
Mariah Gomes, Diego Karter, Juliano Son, Weslei Santos e Kemuel.
Os músicos de rock da Sony Music, em minha avaliação: nacionais –
Capital Inicial, Jota Quest e Skank – internacionais – Arcade Fire, David Gilmour,
Foo Fighters, John Mayer e Roger Waters.
A companhia possui noventa e oito contratados dos quais oito
produzem rock, logo a percentagem correspondente a artistas de rock é oito por
cento.
125
O sítio eletrônico da empresa não indica comercialização de mídias
físicas.
Som Livre
Os selos desta firma são Austro Music e Slap.
Os artistas denominam-se: Alexandre Pires, Ana Vilela, André
Valadão, Bhaskar, Bivolt, Breno & Caio Cesar, Carol & Vitoria, César Menotti &
Fabiano, Céu, Cleber & Cauan, Costa Gold, Davi Sacer, DJ Caique, Edi Rock, Edu
Chociay, Erasmo Carlos, Filipe Ret, Gustavo Bertoni, Haikaiss, Hugo & Guilherme,
Israel & Rodolffo, Jads & Jadson, Jefferson Moraes, João Cavalcanti, João Neto &
Frederico, Jonas Esticado, Jorge & Mateus, Kafé, Laila Garin, Laura Lavieri, Lexa,
Lu & Alex, Luan Estilizado, Luan Santana, Maiara & Maraisa, Mano Walter, Marcelo
Jeneci, Maria Gadú (sic), Marília Mendonça, May & Karen, Mc Marks, Michel Teló,
Mojjo, Naiara Azevedo, Nicolas Germano, Nina Fernandes, Novos Baianos,
Onze:20, Padre Alessandro Campos, PaQua, Raça Negra, Ralk, Rosa De Saron,
Saia Rodada, Samhara, Scalene, Silva, Thiago Anezzi, Thiaguinho, Tiee, Ton Carfi,
Welington & Nillo, Wesley Safadão, Xand Avião, Zé Felipe, Zé Maria, Zé Neto &
Cristiano.
Erasmo Carlos, Gustavo Bertoni, Laura Lavieri, Novos Baianos e
Onze:20 podem ser considerados músicos com influência do rock. Sessenta e oito
artistas contratados dos quais cinco podem ser considerados inseridos no gênero
rock. Isto nos conduz a sete por cento dos músicos representando o citado gênero.
A companhia comercializa mídias físicas diversas (CD, vinil, DVD,
dentre outros) além de estar presente nas plataformas digitais.
BANDAS ESCOLHIDAS E SEUS TRABALHOS MAIS RECENTES
1 BLITZ
126
A Blitz continua em atividade atualmente. A presente formação é
composta por Evandro Mesquita (vocal, guitarra e violão), Billy (teclados), Juba
(bateria), Rogério Meanda (guitarra), Cláudia Niemeyer (baixo), Andréa Coutinho
(backing vocal) e Nicole Cyrne (backing vocal) como nos informa o sítio eletrônico
oficial da banda na rede mundial de computadores: blitzmania.com.br. Trata-se de
página bastante completa que conta com as seções 1. Home, 2. Loja, 3. Blog, 4.
Release, 5. Agenda, 6. Fotos, 7. Vídeos e 8. “Custom Imprinted Guitar Picks By
Clayton, INC.” na barra superior. Na barra inferior são adicionadas as seções 9.
Integrantes, 10. Discografia, 11. Contratantes e 12. Contato.
Ainda segundo o site, nestes trinta e oito anos de carreira (1982 a
2019) foram lançados os álbuns As Aventuras da BLITZ 1 (1982), Radioatividade
(1984), BLITZ 3 (1985), Todas as Aventuras Da BLITZ 1 (1990), BLITZ ao Vivo
(1994), Línguas (1997), BLITZ 2000 Últimas Notícias (1999), BLITZ com Vida
(2006), Ao Vivo e a Cores (2007), Eskute BLITZ (2010), Foto 37. O mais recente, foi
lançado em CD.
127
Foto 37: Eskute BLITZ.
Fonte: http://www.blitzmania.com.br/site/.
A música que dá nome ao álbum possui a seguinte letra:
ESKUTE
Composição Blitz
A muito tempo atrás (nem me lembro mais)
A vida que eu vivia (não esqueci)
Tinha um pouco mais de poesia (te esperei você não vem)
Mais sobrevivi (sem ninguém)
Sem nada no bolso (já perdi o trem)
Tem na mão o meu coração (te desejo tudo de bom)
Talvez agora seja a hora de perguntar (o que quer me perguntar)
Como anda a vida, onde você vai?
Eu sei (eu sei) eu sei (eu sei)
Você sabe que falei
De mais (já mais) de mais (já mais)
Sem você não fico em paz
128
Vem logo (my love) me leve (my love)
Me leve lindo e livre na ilusão
Numa ilusão – na ilusão
Me olho no espelho (só vejo você)
E não me reconheço mais (estou aqui)
Tenho vivido a vida pelo avesso(isso não tem mais alguém)
Escute meu bem (enquanto não vem)
Preciso do trem (só de mais um trem)
Viajante sem ninguém
Talvez agora seja a hora de perguntar (o que quer me perguntar)
Como anda a vida onde você vai?
Eu sei (eu sei) eu sei (eu sei)
Você sabe que falei
De mais (já mais) de mais (já mais)
Sem você não fico em paz
Vem logo (my love) me leve (my love)
Me leve lindo e livre na ilusão
Numa ilusão – na ilusão
Nesta canção, o grupo faz menção ao tempo passado no qual havia
mais poesia na vida do narrador. Evoca o período áureo do grupo, o qual contrasta
com o momento atual, momento no qual não há nada no bolso porque o trem foi
perdido, o trem dos anos oitenta.
É hora de perguntar aonde os novos caminhos trilhados pelo público
levarão a banda. Muito já foi dito e existe a esperança de que o público diga que
não se falou demais e leve a Blitz à ilusão do sucesso novamente, pois o narrador
só vê o público e confessa precisar do trem.
129
Eskute BLITZ está disponível atualmente nas plataformas de
streaming, a exemplo do Spotify. Não há gravadora vinculada a este lançamento e
os direitos de cópias estão vinculados à BLITZ. Posso inferir, portanto, que o
trabalho foi produzido pelo próprio grupo, sem vinculação com as grandes
companhias.
2 LOBÃO
Da mesma forma que a Blitz, Lobão continua trabalhando atualmente.
Possui um site oficial no qual existem os seguintes atalhos na barra
superior: 1. Sobre, 2. Agenda, 3. Discografia, 4. Livros e 5. Contato. 1. Sobre
descreve o perfil do artista. Neste perfil, há a informação que “em 1999 (ele) decidiu
lançar seu primeiro álbum independente, ‘A Vida É Doce’, comercializado em
bancas de jornal” (LOBÃO, site oficial, Sobre). Com este CD, alcançou a sua
segunda maior vendagem entre todos os álbuns confeccionados por ele. 2. Agenda
traz os espetáculos promovidos pelo artista. Aqui existe uma particularidade: as
datas não indicam o ano, apenas a hora, o dia e o mês dos shows. 3. Discografia
tem os álbuns e singles lançados: Cena de Cinema (1982), Guerra (1984), O Rock
Errou (1986), Vida Bandida (1987), Cuidado! (1988), Sob O Sol De Parador (1989),
Vivo (1990), O Inferno É Fogo (1991), Nostalgia Da Modernidade (1995), Noite
(1998), A Vida É Doce (1999), 2001: Uma Odisseia No Universo Paralelo (2001),
Canções Dentro Da Noite Escura (2005), Acústico MTV (2007), Lobão Elétrico: Lino,
Sexy & Brutal (Ao Vivo Em São Paulo) (2012), O Rigor E A Misericórdia (2016), O
Que É A Solidão Em Sermos Nós (2016 – canção avulsa), Eu Não Vou Deixar (2013
– canção avulsa – está fora da ordem cronológica porque é assim que aparece no
site), O Bobo (2017 – participação especial de Roger Moreira) e Seda (2017),
Antologia Politicamente Incorreta Dos Anos 80 Pelo Rock (2018) (não aparece no
site, porém está disponível no Spotify), Lobão E Os Eremitas Da Montanha (quatro
EP de 2018 com músicas cover), Geração Coca-Cola (single de 2018) e, a mais
recente Com A Graça De Deus (single de 2019) . Ressalto que nem todas as obras
estão disponíveis para escuta neste sítio. 4. Livros mostra as capas de seus
trabalhos literários complementadas por resenhas dos títulos e atalhos para compra
on-line: 50 anos a mil (2010), Manifesto Do Nada Na Terra Do Nunca (2013), Lobão
130
Em Busca do Rigor E Da Misericórdia: Reflexões De Um Ermitão Urbano (2015) e
Guia politicamente incorreto dos anos 80 pelo Rock/Lobão (2017), Foto 38. 5.
Contato traz site, e-mail e telefone de PK7 Produções e Viracomunicações.
O site possui também links para o Facebook, Twitter, Instagram (que
está desabilitado), YouTube e Vimeo.
Lobão não está vinculado hoje em dia a nenhuma gravadora. Suas
produções são trazidas ao público pela Universo Paralelo, produtora independente.
Foto 38: LP Guia Politicamente Incorreto…
Fonte: https://www.discogs.com/artist/471679-Lob%C3%A3o.
Vejamos a letra de seu trabalho mais recente:
COM A GRAÇA DE DEUS
Composição Lobão
O inseto luta contra a vidraça
Porque se engana com ar
São fronteiras limite entre a vida
E a ilusão de voar
131
E o dia amanhece tranquilo
Com a graça de Deus
Quando o homem desperta do sonho
Que jamais esqueceu
Que jamais esqueceu
Que jamais esqueceu
Todo tolo não entende o horizonte
Nem os mistérios do céu
Satisfaz-se feliz com o blefe
De qualquer fariseu
E o dia amanhece tranquilo
Com a graça de Deus
E os segredos do homem sozinho
Ele chama de eu
Ele chama de eu
Ele chama de eu
Então me dê uma prova
Que ainda é quem pensa ser
E não apenas uma fada
De um universo de papel
O que vejo te segue o que canto
Já te ensurdeceu
E o luminoso nonsense do místico
A miséria escondeu
E o dia amanhece tranquilo
Pra quem jamais temeu
E o homem que vence moinhos
132
Tem a graça de Deus
Tem a graça de Deus
Com a graça de Deus
Então me dê uma prova
Que ainda é quem pensa ser
E não apenas uma fada
De um universo de papel
Me dê uma prova
Que ainda é quem pensa ser
E não apenas uma fada
De um universo de papel
De um universo de papel
Me dê uma prova
Que ainda é quem pensa ser
E não apenas uma fada
De um universo de papel
De um universo de papel
Neste momento de sua vida, Lobão fala em despertar do sonho e nos
permite criar analogia com o que ocorreu na década de oitenta (o sonho) e o
momento atual (despertar). É um sonho que a personagem da letra “jamais
esqueceu”. “Todo tolo não entende o horizonte”, ou seja, a conjuntura
mercadológica do rock. Esta conjuntura, no entanto, não abala pois “o dia
amanhece tranquilo”. Está sozinho e procura provar “que ainda é quem pensa ser”,
o artista significante que foi no passado.
3 BARÃO VERMELHO
Ainda na estrada, o grupo lançou seu mais recente trabalho em 2019,
Viva, Foto 39, com nove canções “autorais e oficializou o cantor Rodrigo Suricato
133
como novo vocalista” (CORREIO BRASILIENSE, DIVERSÃO E ARTE, 04/09/2019,
versão on-line). O título da reportagem, Barão Vermelho lança álbum com nove
canções após um hiato de 15 anos, se refere ao fato de que desde 2004 os músicos
não lançavam um disco com músicas inéditas.
134
Foto 39: Viva, Barão Vermelho.
Fonte: https://barao.com.br/.
Os integrantes atuais são Guto Goffi (bateria), Maurício Barros
(teclados), Fernando Magalhães (guitarra) e Rodrigo Suricato (vocais). Márcio
Alencar (baixo) é músico de apoio, isto é, não faz parte da sociedade da banda e é
contratado. Recebe cachês e não participa dos lucros ou prejuízos da empreitada.
Possui site oficial na internet, mas este consiste apenas de uma foto
com um telefone para contato destinado à marcação de shows. Existe indicação de
que a banda está no Facebook e no Instagram. Esta prática, manter um site com só
uma página, é consistente com a necessidade de estabelecer propriedade do
domínio. Isto foi feito, também, pelo Rockiavel.
Barão Vermelho não está vinculado a gravadora. O direito de cópia do
álbum Viva é vinculado a NBV Produções Artísticas Ltda empresa de propriedade
dos integrantes da banda (conforme o site CONSULTASOCIO.COM).
Segundo o site Wikipedia, a banda lançou os seguintes álbuns de
estúdio: Barão Vermelho (1982), Barão Vermelho 2 (1983), Maior Abandonado
(1984), Declare Guerra (1986), Rock’n Geral (1987), Carnaval (1988), Na Calada Da
Noite (1990), Supermercados Da Vida (1992), Carne Crua (1994), Álbum (1996),
135
Puro Êxtase (1998), Barão Vermelho (2004), Barão Pra Sempre (2018) e Viva
(2019). Os álbuns ao vivo são: Barão Ao Vivo (1989), Acústico MTV (1991), Barão
Vermelho Ao Vivo (1992), Barão Vermelho Ao Vivo + Remixes (1996), Balada MTV
(1999), MTV Ao Vivo (2005) e Rock In Rio 1985 (2007). Houve, ainda, as coletâneas
Melhores Momentos: Cazuza & Barão Vermelho (1989) e Pedra, Flor E Espinho
(2002). Utilizei a Wikipedia porque não existe no site oficial da banda a discografia.
Noto que ela (a discografia) está consistente com outros sites, a exemplo do
LETRAS.
A seguir, a letra da música que abre o álbum mais recente da banda.
EU NUNCA ESTOU SÓ
Composição BK, Rodrigo Suricato, Fernando Magalhães, Guto Golfi e Maurício
Barros
Eu nunca estou só
Eu nunca estou só
Eu nunca estou só
Não estou sozinho
Às vezes basta um livro
Ou ouvir mil discos
E tudo se resolve
Tudo faz sentido
É que eu me conheço
No meio desse nada
E aos poucos me entendo
Nessa encruzilhada
Eu nunca estou só
Eu nunca estou só
136
Eu nunca estou só
Não estou sozinho
É só o medo
É só a noite
Eu dou meu jeito
Não estou sozinho
Eu não preciso
Conversar com espelho
Sobre o que eu penso
De milhões de maneiras
Armadilhas, teias
Festa na aldeia
De caneca cheia
Noites pra brincar
E jantar tua ceia
Eu nunca estou só
Eu nunca estou só
Eu nunca estou só
Não estou sozinho
É só o medo
É só a noite
Eu dou meu jeito
Não estou sozinho
137
Eu tenho mil manos
Mil minas por mim
Eu tenho mais de mil coisas
Pra fazer por aqui
Mil trutas, mil tretas
Planos e metas
Tenho mais de mil sonhos
Não posso desistir
O verso que livra
Quando não tem mais saída
É por isso que falam
Que o rap salva vidas
Quando eu quero ficar só
Tô eu e o beat
Ou seja
Trabalhando junto
Nós não temos limite
Só fé
Eu nunca estou só
Eu nunca estou só
Não estou sozinho
É só o medo
É só a noite
Eu dou meu jeito
Não estou sozinho
138
Eu nunca estou sozinho
Nunca estou só
Correndo por mim
Correndo por vários
Mas não corremos daqui
Junto e misturado
Porque eu represento a rua
Represento o bairro
Represento o mundo
O futuro e o passado
Represento a rua
Represento o bairro
Represento o mundo
O futuro e o passado
Eu nunca estou só
Eu nunca estou só
Eu nunca estou só
Não estou sozinho
A solidão não preocupa os autores. A maturidade trouxe a capacidade
de estar só sem sentir solidão. Mesmo “nessa encruzilhada”, “no meio desse nada”,
frases que remetem ao momento atual dos artistas de rock, a personagem diz: “eu
dou meu jeito”. Há no universo retratado “mil manos, mil minas” companheiros e
“mais de mil coisas pra fazer por aqui”, “planos e metas”, não é possível desistir do
trabalho, dos sonhos pois “nós não temos limite, só fé”. O papel representativo do
artista é enaltecido, no futuro e no passado. Há caminhos a trilhar.
139
4 PARALAMAS DO SUCESSO
Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone se mantém atuantes e
unidos desde a gravação do primeiro LP, Cinema Mudo de 1983.
O site oficial da banda, www.osparalamas.com.br, está em processo
de atualização. Os atalhos presentes na barra superior são os mesmos da barra
inferior: 1. Início, 2. Contrate o show, 3. Imprensa, 4. Spotify, 5. Instagram e 6. Loja
Paralamas. 1. Início, tendo em vista que o site está sendo atualizado, contém
convite para o internauta visitar as redes sociais da banda: Facebook, Instagram,
Twitter e Youtube. 2. Contrate o show e 3. Imprensa direcionam o interessado para
a confecção de e-mail. 4. Spotify e 5. Instagram direcionam o interessado para as
respectivas redes sociais. 6. Loja Paralamas funciona e lá é possível comprar
diversos itens como canecas e camisetas.
Para listar os lançamentos fonográficos dos Paralamas, recorro ao
mesmo expediente usado para o Barão Vermelho: consulta a Wikipedia. Os álbuns
de estúdio são: Cinema Mudo (1983), O Passo do Lui (1984), Selvagem? (1986),
Bora Bora (1988), Big Bang (1989), Paralamas En Español (1991), Os Grãos (1991),
Severino (1994), Dos Margaritas (1994), Nove Luas/Nueve Lunas (1996), Hey Na
Na (1998), Longo Caminho (2002), Hoje (2005), Brasil Afora (2009) e Sinais Do Sim
(2017). Os álbuns ao vivo são: D (1987), Vamo Batê Lata (1995), Acústico MTV
(1999), Titãs & Paralamas (1999 – com Titãs), Uns Dias Ao Vivo (2004), Rock In Rio
1985 (2007), Paralamas E Titãs (2008 – com Titãs), Legião Urbana E Paralamas
Juntos (2009 – com Legião Urbana), Multishow Ao Vivo (2011) e Multishow Ao Vivo
30 Anos (2014). As coletâneas: Os Paralamas Do Sucesso (1987), Arquivo (1990),
Arquivo II (2000), O Melhor 83-99 (2000), Perfil (2006), Perfil II (2006), Série 10
(2006), Arquivo 3 (2010), Novelas (2010), Rock Your Babies (2015) e A Arte De Os
Paralamas Do Sucesso (2015). Os singles são faixas extraídas dos LP.
140
Paralamas continua vinculado a gravadora, no caso a Universal. Seus
dois lançamentos mais recentes, Multishow Ao Vivo 30 Anos (2014) e Sinais Do Sim
(2017), Foto 40, saíram por esta companhia.
141
Foto 40: Sinais do Sim, Paralamas Do Sucesso.
Fonte: https://www.discogs.com/artist/360329-Os-Paralamas-Do-Sucesso.
Do álbum citado acima, olhemos a faixa que dá título ao trabalho.
SINAIS DO SIM
Composição Herbert Vianna
Eu
Sei que teu coração é meu
Que algo em mim te convenceu
De que o melhor está por vir
Sim
Se deixe levar por mim
Peço perdão por insistir
Mas se já chegamos até aqui
Ver o nascer de um novo dia
Não parece tão ruim
Há pouco tempo só se via
142
Na poeira da dor
Os sinais do sim
Não
Se afaste tanto dos seus sonhos
Sem ser ousado eu te proponho
Relaxe e se deixe sonhar
Pois
Um dos encantos desta vida
É não ter peso nem medida
Pra restringir o imaginar
Ver o nascer de um novo dia
Não parece tão ruim
Há pouco tempo só se via
Na poeira da dor
Os sinais do sim
Esta canção comporta pelo menos duas leituras. A primeira consiste
em entender o texto como canção de amor. A segunda é ver a mensagem como
vinculada ao momento atual da banda. Nesta interpretação, “o melhor está por vir”.
Já que o relacionamento do grupo com seu público “já chegou (no original,
chegamos – alterei para respeitar a concordância verbal) até aqui”, deixe-se “levar
por mim” porque “ver o nascer de um novo dia não parece tão ruim”. Herbert está
otimista com as perspectivas da continuidade da carreira dos Paralamas.
5 TITÃS
A formação dos Titãs foi bastante alterada com o decorrer do tempo. A
formação atual que atuou no Rock In Rio 2019 contou com Branco Mello (baixo),
Sérgio Brito (teclados) e Tony Bellotto (guitarra). O baixo, eventualmente, é tocado
143
por Sérgio Brito quando Branco Mello canta. Branco também executa violão. No
show citado, Beto Lee, filho de Rita Lee e Roberto de Carvalho, tocou guitarra. Ele
aparece como integrante, também, no site oficial da banda, http://www.titas.net/,
assim como Mário Fabre (bateria).
Neste site, os atalhos, todos na posição superior, são: 1. Banda, 2.
Agenda, 3. Discografia, 4. Contato, 5. Loja e 6. Ópera Rock. 1. Banda apresenta os
componentes do conjunto com um texto elegante que ressalta as mutações nas
formações pois se trata de “… um organismo coletivo que suplanta as
individualidades que o compõe…” Informa, ainda, que “os Titãs seguem
determinados, impulsionados por inquietação e ambição artística, e orgulho das
glórias conquistadas”. 2. Agenda mostra os shows a serem realizados. 3.
Discografia apresenta os trabalhos gravados. 4. Contato apresenta o telefone e o e-
mail para shows e imprensa, indicando a produtora DS Produções para os
espetáculos e a perfexx para a imprensa. O site http://perfexx.com.br/ mostra que
perfexx é empresa “especializada em assessoria de comunicação e
empresariamento artístico”. 5. Loja não estava funcionando no dia acessado
(30/10/2019) indicando impossibilidade de exibição do conteúdo. 6. Ópera Rock
também mostrou-se indisponível.
Os álbuns produzidos pelo conjunto, conforme a aba 3. Discografia do
site oficial é composta por: Titãs (1984), Televisão (1985), Cabeça Dinossauro
(1986), Jesus Não Tem Dentes No País Dos Banguelas (1987), Go Back (1988 – ao
vivo), Õ Blésq Blom (1989), Tudo Ao Mesmo Tempo Agora (1991), Titanomaquia
(1993), Domingo (1995), Acústico MTV Titãs (1997 – ao vivo), Volume Dois (1998),
As Dez Mais (1999), A Melhor Banda De Todos Os Tempos Da Última Semana
(2001), Como Estão Vocês? (2003), MTV Ao Vivo Titãs (2005 – ao vivo), Sacos
Plásticos (2009), Cabeça Dinossauro Ao Vivo (2012), Nheengatu (2014), Nheengatu
Ao Vivo (2015) e Doze Flores Amarelas (2018).
Doze Flores Amarelas (2018), Foto 41, o disco mais recente, foi
lançado pela gravadora Universal.
144
Foto 41: Doze Flores Amarelas dos Titãs.
Fonte: http://www.titas.net/discografia.
Aqui, em vez de analisar uma letra do trabalho, ressalto a faixa de
abertura, denominada Abertura… Começa com o narrador anunciando: “Doze flores
amarelas, a ópera rock”. É a intenção da banda de não só fazer rock atualmente,
mas sim rock em grande estilo: ópera rock. Esta forma de fazer música teve início
com Tommy, filme de 1975 protagonizado pela banda inglesa The Who. A película
contou com a participação de diversos expoentes a exemplo do guitarrista, cantor e
compositor inglês Eric Clapton e Tina Turner, cantora americana, além do próprio
The Who. Versava a respeito de Tommy, rapaz cego, surdo e mudo devido a trauma
familiar (encontrou a mãe, vivida pela atriz sueca Ann-Margret, num pega com a
personagem interpretada pelo ator britânico Oliver Reed), transformado pelo destino
em imbatível jogador de pinball. Na produção dos Titãs, a história versa sobre o
tema do estupro de três meninas, denominadas na abertura de Maria A, Maria B e
Maria C, curioso paralelo com os três membros efetivos remanescentes do conjunto.
O trabalho inclui peça teatral inserida nos shows da banda.
145
6 LEGIÃO URBANA
Esta banda parou de se apresentar como consequência da morte de
Renato Russo em outubro de 1996, aos trinta e seis anos, morte devida a
complicações causadas pelo contágio do vírus da AIDS.
Apesar deste fato, existe site oficial da banda:
http://www.legiaourbana.com.br/bio.html. Na aba superior temos as seguintes entradas: 1.
Início, 2. Shows, 3. Discografia, 4. Galeria. 5. Youtube, 6. Biografias e 7. Contato. 1.
Início contém um clipe da Legião em preto e branco e sem som, sugestiva alusão à
interrupção das apresentações da banda. 2. Shows se desdobra em cinco entradas
para textos que falam de apresentações consideradas históricas pelo grupo: 2.1.
Maracanãzinho em 1988 no Rio de Janeiro/RJ, 2.2. Gigantinho em 1990 em Porto
Alegre/RS, 2.3. Jockey Club, 1990, Rio de Janeiro/RJ, 2.4. Ibirapuera, 1994, São
Paulo/SP e 2.5. Reggae Night, 1995 em Santos/SP. Em todas elas, um quadro ao
lado do texto mostra clipes das apresentações, novamente, mudos. Destaco o fato
de que a apresentação no Reggae Night foi a última do conjunto. 3. Discografia
contém os as fotos dos discos lançados. Divide-se em Discos de estúdio e Discos
ao vivo. Ao clicarmos sobre elas, somos remetidos a texto explicativo sobre os
álbuns. Estes são os de estúdio: Legião Urbana (1985), Dois (1986), Que País É
Este (1987), As Quatro Estações (1989), V (1991), O Descobrimento Do Brasil
(1993), A Tempestade ou O Livro Dos Dias (1995), Uma Outra Estação (1997) e
Compilações. As Compilações foram duas: Mais Do Mesmo (1998) e Perfil (2011). O
sítio eletrônico informa que “além destas compilações, o tributo ‘Babies Love Legião
Urbana’ (Sony Music) traz músicas da banda com novos arranjos, especialmente
feitos para crianças”. Os álbuns ao vivo são: Música Para Acampamentos (1992),
Acústico MTV Legião Urbana (1999), Como É Que Se Diz Eu Te Amo (2001), As
Quatro Estações Ao Vivo (2004) e Legião Urbana E Paralamas Juntos (2009). A aba
4. Galeria apresenta fotos raras da formação original da banda, capturadas por
Ricardo Junqueira. 5. Youtube, além do link para o referido canal, contém a
solicitação para que os fãs mandem “o link de seu vídeo preferido no Youtube e
ajude(m) a gente (sic) a criar o canal com imagens da Legião Urbana”. 6. Biografias
apresenta histórico da banda e de seus músicos incluindo convidados e outros
146
integrantes presentes na fase inicial do conjunto. 7. Contato propicia o envio de e-
mail para a banda.
O último disco da banda foi póstumo, confeccionado com canções que
não entraram nos álbuns anteriores. Denominado Uma Outra Estação, Foto 42, foi
lançado pela EMI em 1997.
147
Foto 42: Uma Outra Estação, Legião Urbana.
Fonte: http://www.legiaourbana.com.br/.
A canção Uma Outra Estação traz a seguinte letra:
UMA OUTRA ESTAÇÃO
Composição Dado Villa-Lobos e Renato Russo
Sei que não tenho a força que tens
Se me vejo feliz quase sempre exijo um talvez
Ela mora perto de um vulcão
E meu coração suburbano espera riquezas maiores
Eu sigo o calendário maia
E sou descendente dos astecas
Hoje vai ter prova
Mas no final da aula
Acho que tem futebol
Gosto quando estou feliz
Gosto quando sorris para mim
148
Estou longe, longe
Estou em outra estação
Não me digam como devo ser
Gosto do jeito que sou
Quem insiste em julgar os outros
Sempre tem alguma coisa pra esconder
Teu corpo alimenta meu espírito
Teu espírito alegra minha mente
Tua mente descansa meu corpo
Teu corpo aceita o meu como a um irmão
Longe longe
Estou em outra estação
Todos fazem promessas demais
Temos muito o que aprender
É um feitiço tão latino
Essa preguiça ser feitiço
Mas tudo bem
Voltarás na terça-feira
És fogo e gelo ao mesmo tempo
E vai ser bom
Do Equador, da Venezuela, do Uruguai
Teremos o fim de semana só pra nós
Venha comigo
Não tenha medo
Tem muita gente
Que pensa o mesmo
149
Estou longe, longe
Estou em outra estação
Estou longe, longe
Em outra estação
Estou longe, longe
Estou em outra estação
Estou longe, longe
O mais interessante desta letra é a premonição de estar muito longe e
em outra estação que nos remete ao destino de Renato Russo. Há menção ao
universo latino-americano, ao futebol, à paixão com a poesia de Renato.
Noto que a Legião Urbana é artista contratado da Universal, como
informa o site da empresa, mesmo não estando mais em atuação, exceção feita aos
shows de nostalgia e encontros especiais.
7 ULTRAJE A RIGOR
Talvez a banda que mais tenha mudado os componentes, é hoje
formada por Roger Moreira (guitarra e vocal), Bacalhau (bateria), Mingau (baixista) e
Marcos Kleine (guitarrista).
Possui site oficial na web: http://ultraje.com/. Há quatro entradas na
porção superior da tela: 1. Home, 2. News, 3. Biografia, 4. Integrantes, 5. Agenda, 6.
Discografia, 7. Fotos, 8. Vídeos e 9. Contato. 1. Home mostra o logotipo do Ultraje
no canto superior esquerdo da tela e três fotos com exibição alternada. 2. News
apresenta dez links para notícias relativas à banda. 3. Biografia mostra as diversas
fases do conjunto e é assim dividida: 3.1. Princípio: 1980 – 1988, 3.2. Maturidade E
Mudanças: 1989 – 1998, 3.3.Recomeço: 1999 – 2007, 3.4. Fase Independente:
2008 – 2010 e 3.5. 2010 – Atualmente. 4. Integrantes exibe fotos dos músicos da
150
formação atual com atalhos para o Facebook, Twitter e Instagram. 5. Agenda possui
um calendário com as datas de shows e outros eventos, a exemplo de aniversário
de membros da banda. 6. Discografia exibe os seguintes trabalhos: Inútil/Mim Quer
Tocar (1983 – single), Eu Me Amo/Rebelde Sem Causa (1984 – single), Nós Vamos
Invadir Sua Praia (1985), Liberdade Para Marylou (1986 – ep com três canções),
Sexo!! (1987), Crescendo (1989), Por Quê Ultraje A Rigor? (1990), O Mundo
Encantado Do Ultraje A Rigor (1992), Ó (1993), Coletânea Geração Pop (1995),
Coletânea Pop Brasil (1997), Coletânea Música! (1998), Coletânea 2 É Demais
(1998), E-Collection 02: Raridades (2000), E-Collection 01: Sucessos (2000), O
Melhor Do Rock (2001), Os Invisíveis (2002), Acústico MTV (2005), Warner 30 Anos
(2007) e Música Esquisita A Troco De Nada (2010 – ep com três músicas). Clicando
na capa dos discos é possível ouvir as canções. Noto que o compacto Inútil/Mim
Quer Tocar (1983) não traz as gravações originais da época e sim reproduções das
versões do LP. Este setor do sítio eletrônico apresenta problema quando acessado
por computador: alguns discos passam rapidamente pela tela, a exemplo de Ó
(1993), o que impossibilita a audição. No acesso via celular o problema não ocorre.
7. Fotos contém vinte fotos. 8. Vídeos remete ao canal do Youtube e possui muitos
vídeos com apresentações em shows e TV. 9. Contato permite o envio de
mensagem e apresenta telefones e e-mails da Showtime, empresa de Aírton
Valadão, irmão do Nasi, vocalista do Ira!
O trabalho mais recente é o EP Música Esquisita A Troco De Nada de
2010, Foto 43. No Spotify apenas duas músicas estão presentes: Vida De Bebê e
Cabelo. Não está vinculado a gravadora. No item 3. Biografia está escrito que
Ultraje gravou em 2015 o álbum instrumental Por Quê Ultraje A Rigor? Volume 2
distribuído pela EF, selo pertencente à Sony Music. No entanto, este álbum não
aparece na discografia do grupo, embora esteja disponível no Spotify.
151
Foto 43: Música Esquisita A Troco De Nada, Ultraje A Rigor.
Fonte: http://ultraje.com/.
A canção que abre o EP é Vida De Bebê.
VIDA DE BEBÊ
Composição Roger Moreira
Mama-mama, mama-mama, mama-mama
Mama-mama, chupa-chupa, come-come, dorme-dorme
Mama-mama, mama-mama, mama-mama
Mama-mama, chupa-chupa, come-come, dorme-dorme
Mama, chupa, come, dorme, chora
Mama, chupa, come, dorme, caga
Mama, chupa, come, dorme
Chora, caga
Mama, chupa, come, dorme
Mama, chupa, come, dorme
Mama, chupa, come, dorme
Mama, chupa, come, dorme
Letra essencialmente descritiva da vida de um bebê, bem ao espírito
galhofeiro da banda. Talvez inspirado pela experiência da paternidade.
152
Os músicos integram o programa The Noite com Danilo Gentili,
transmitido pelo SBT com reprises no Comedy Central Channel. Através do contato
com Roger Moreira, foi possível para o Rockiavel participar do show. É interessante
notar que a versão da apresentação do Rockiavel no canal por assinatura foi
completa, ao passo que a exibida no canal aberto foi resumida.
8 RPM
A formação atual do RPM conta com os seguintes músicos: Luiz Schiavon
(teclados), Fernando Deluqui (guitarra), Dioy Pellone (baixo e vocal) e Kiko Zara
(bateria). Duas alterações ocorreram na escalação dos artistas: Paulo Ricardo
(baixo e vocal) e Paulo PA (bateria) deixaram a banda. O vocalista preferiu seguir
carreira solo e o baterista morreu em 22 de junho de 2019 aos sessenta e um anos
de idade.
http://rpmoficial.com/ é o site da banda. Conta com as seguintes
entradas: 1. Home, 2. Agenda, 3. O RPM, 4. Shows, 5. Discografia, 6. Mídia, 7. Loja
e 8. Contrate-nos! 1. Home apresenta uma foto da formação atual com Dioy,
Fernando e Luiz e links para o Facebook, Twitter, Instagram, Spotify e Youtube. 2.
Agenda está associada ao site Songkick no qual é possível fazer subscrição para
receber notícias e atualização quanto às datas de shows. 3. O RPM traz um texto
dizendo que o conjunto está de volta e agora conta com dois vocalistas, Dioy e
Fernando, como vimos anteriormente. Além do texto, há um vídeo a ilustrar a
entrada. 4. Shows apresenta quatro vídeos com a execução ao vivo de Naja e
Ciúmes (do Ultraje A Rigor) na Tork’n Roll em Curitiba, Rádio Pirata e Loiras
Geladas no Circo Voador no Rio de Janeiro. 5. Discografia contém fotos das capas
dos álbuns Revoluções Por Minuto (1985), Rádio Pirata Ao Vivo (1986), Quatro
Coiotes (1988), MTV: RPM 2002 (2002), Compilation (2005) e RPM Elektra (2011) e
os singles Escravos Da Estrada (2018) e Ah! Onde Está Você? (2019) Beijos
Sinceros (2019), Conflitos (2019) e Mais (2019). Ficaram de fora RPM & Mílton
(1987) e Paulo Ricardo & RPM (1993). 6. Mídia possui diversos clipes e quatorze
fotos. 7. Loja mostra um aviso: “Hey! Estamos fazendo uma revolução por aqui!
153
Aguarde as novidades! Keep rocking! 8. Contrate-nos! Traz o contato da produtora
Showtime.
O lançamento mais recente é o single Mais (2019), Foto 44, disponível
no Spotify. Trata-se de canção desvinculada de gravadora, produzida pela própria
banda.
154
Foto 44: Mais, RPM.
Fonte: https://rpmoficial.com/discografia/.
Dos singles lançados em 2019, vejamos o que diz Escravo Da
Estrada.
ESCRAVO DA ESTRADA
Composição Luiz Schiavon, Fernando Deluqui, PA e Dioy Pallone.
O sol nasce no céu
Banho, café o hotel
Tão cedo e eu já tô pegando a estrada
O que faço pra viver é tocar
E como disse Mílton
O artista tem que ir aonde o povo está
E você pode achar que eu tô passando mal
Mas meu amor vai vendo eu não estou sofrendo
155
Eu tô por ai cuidando muito bem do que é meu
Essa é a única viagem
Não, não tem bobagem eu sou
Escravo da estrada, escravo da estrada
Escravo da estrada, escravo da estrada
Então eu vou fazer os meus corres
Não abro mão dos meus sonhos
Descobri que a vida pode ser um porre
Mas se você parar você morre
E olha quanta gente foi embora
E depois de tanto tempo ainda estou aqui
E você pode achar que tô passando mal
Que eu sou uma peça da bagagem
Uma tragédia anunciada
Mas eu tenho alguns parceiros
E vou até o final
Vou na moral, vou me bancando
Não tô me queimando
Eu sou
Escravo da estrada, escravo da estrada
Escravo da estrada, escravo da estrada
Não vou embora não
Não deixe ninguém te parar
Ninguém
Bora navegar é preciso
Bora decolar sem aviso
156
Momentos felizes é o que eu quero da vida
Mas é como uma prisão me vestir
E não como escapar dessa sina
Pra voltar no tempo
Também não há saída não
E você pode achar que eu tô passando mal
Mas meu amor vai vendo
Não, não estou sofrendo não
As guitarras na vibe total
A galera toda grita, não tem lugar na pista
Eu sou
Escravo da estrada, escravo da estrada
Escravo da estrada, escravo da estrada
Trata-se da celebração do ato de excursionar. O narrador diz “você
pode achar que eu tô passando mal”, mas não. É o sonho que está vivo. A
inatividade é vista como morte e esta não se aplica ao RPM porque “depois de tanto
tempo ainda estou aqui” e “vou até o final”. Agora bancando suas atividades, retrato
do momento atual do rock.
9 CAZUZA
Ao abrir o site oficial do artista falecido em 7 de julho de 1990 aos
trinta e dois anos de idade encontramos atalho para o vídeo de Medieval II, setas à
direita que mostram cinco fotos, opção de busca e os atalhos denominados 1.
Cazuza, 2. Sociedade Viva Cazuza, 3. O Poeta Está Vivo. Na barra superior há 4.
Home, 5. Sobre Cazuza, 6. Novidades, 7. Álbuns, 8. Livros, 9. Galeria, 10. Vídeos,
11. Contato e 12. Letras. Na parte inferior da tela, atalhos para reportagens. 1.
Cazuza contém depoimentos, reportagens e uma redação escolar escrita em 1971
sobre rock. 2. Sociedade Viva Cazuza remete ao site da instituição criada pela mãe
157
do cantor, Lucinha Araújo, instituição voltada para o amparo de carentes portadores
do HIV/AIDS. 3. O Poeta Está Vivo remete à aba 7. Álbuns que será vista adiante. 4.
Home é a página inicial descrita acima. 5. Sobre Cazuza leva ao item 1. Cazuza. 6.
Novidades apresenta diversas reportagens, a mais recente Quando A Arte Importa
Ainda Mais: Da (sic) Luciana Caravello Para A Viva Cazuza de 18 de outubro de
2019. 7. Álbuns possui fotos e informações sobre a discografia de Cazuza solo, seu
trabalho com o Barão Vermelho e de outros artistas relacionados ao vocalista. Com
o Barão Vermelho temos: Barão Vermelho (1982), Barão Vermelho 2 (1983), Maior
Abandonado (1984), Bete Balanço (1984), Barão Vermelho Ao Vivo (1985), Barão
Vermelho Pérolas (2000) e Barão Vermelho – Rock In Rio (2008). Os discos solo
são: Exagerado (1985), Só Se For A Dois (1987), Ideologia (1988), O Tempo Não
Para Ao Vivo (1988), Burguesia (1989), Viva Cazuza (1990), Por Aí (1991), Coleção
Personalidades (1992), Esse Cara (1995), Som Brasil Cazuza (1995), Remixes
(1998), O Exagerado (1998), Minha História (2000), Coleção Obras Primas (2000),
Cazuza O Poeta Não Morreu (2000), Preciso Dizer Que Te Amo (2001), Cazuza
Sem Limite (2001), Cazuza Gold (2002), Cazuza O Tempo Não Pára (2004), A Arte
De Cazuza (2004), Novo Millennium (2005), O Poeta Está Vivo (2005), Cazuza
(2007), Cazuza Um (2007), Cazuza Dois (2007), Box – Discografia Completa (2008),
Ao Vivo Cazuza (2008) e Cazuza 2 Lados (2011). Constam, ainda, os álbuns
Melhores Momentos Cazuza & Barão Vermelho (1989) e Cazuza Cássia Eller (2000)
nos quais Cazuza está acompanhado de outros artistas. Além de todos esses, MPB
Compositores Cazuza (1997), Cazas De Cazuza (2000), Faz Parte Do Meu Show
(2004), Codinome Cazuza (2013) e Agenor (2013), os cinco com artistas variados.
8. Livros possibilita a compra dos volumes Preciso Dizer Que Te Amo, escrito por
Lucinha Araújo e Regina Echeverria (2001), Songbook Cazuza Volume 1 (2009),
Songbook Cazuza Volume 2 (2009) ambos produzidos por Almir Chediak, O Tempo
Não Pára, Lucinha Araújo (2011) e Só As Mães São Felizes, depoimento de Lucinha
à Echeverria (2014). 9. Galeria reproduz diversas reportagens sobre o músico. 10.
Vídeos conta com clipes variados. 11. Contato possibilita ao internauta o envio de e-
mail para o site. 12. Letras traz as canções A Inocência do Prazer (gravação original
de Dulce Quental de1987), Bicho Humano (1983), Bilhetinho Azul (1982), Billy
Negão (1982), Carente Profissional (1983), Carne De Pescoço (1983) e Certo Dia
158
Na Cidade (1982). As letras não estão em ordem cronológica. Optei por manter a
ordem de apresentação do site.
O mais recente lançamento de Cazuza é Cazuza 2 Lados (2011), Foto
45, coletânea com dois CD, produto fora de linha de acordo com o sítio eletrônico da
Saraiva. Não está disponível no Spotify, também. Foi lançado pela Universal.
159
Foto 45: Cazuza – 2 Lados.
Fonte: http://cazuza.com.br/albuns/.
Talvez a mais recente composição de Cazuza a ser lançada no single
de Lobão é a canção Seda de 2017.
SEDA
Composição Cazuza e Lobão
Agora que a seda
Transformada em trapos
Já não me atrapalha movimentos
Nem me aperta os sapatos
E que grito agudo
Já não encontra eco
Misturado à luz de outros
No universo
Agora que o vento
Me seca as lágrimas
Água que é mar no meu corpo
Sobra sal
Bob Dylan
160
Você está invisível agora, sem segredos
Saudade é felicidade abafada, futura
Agora que o vento me seca as lágrimas
Lá lá lá lá lá
Cazuza ao escrever a letra está liberto, a seda, metonímia para roupa,
“já não me atrapalha movimentos”. Está feliz como denota a frase “o vento me seca
as lágrimas”. A água é “mar no meu corpo” transmite a ideia de plenitude, plenitude
na qual “sobra sal”, mais uma metonímia indicando tempero. Cita, ainda, Bob Dylan
na frase “você está invisível agora, sem segredos”25. É o encontro de dois poetas do
rock.
10 IRA!
A formação atual desta banda conta com Nasi (vocal) e Edgar
Scandurra (guitarra). No sítio eletrônico oficial do conjunto, vemos que é possível
contratar dois tipos de show: Ira! Folk, no qual Nazi e Edgar, tocando violão, se
apresentam em dupla e o Ira! com dois ou três músicos contratados para baixo,
bateria e teclados. Ressalto que não há menção ao nome destes contratados no
site, porém é possível através da visualização dos vídeos depreender que atuam
tanto com dois e três músicos dependendo do contrato.
Na página inicial do site temos duas fotos que se revezam: uma
anunciando o Ira! Folk e outra o Ira! Nela, além de atalhos para o Facebook,
Instagram, Twitter e Youtube, existem na barra superior as seguintes abas: 1.
Home, 2. Agenda, 3. Discografia, 4. Vídeos, 5. Apoio e 6. Contato. 1. Home possui,
em acréscimo aos elementos citados, telefone, WhatsApp e e-mail para contato. 2.
Agenda é administrada pela Songkick e mostra os concertos a serem efetuados e
permite a compra de ingressos. 3. Discografia traz a capa dos discos e atalho para a
audição das músicas de todos os trabalhos que são: Ira – Compacto (1984),
Mudança De Comportamento (1985), Vivendo E Não Aprendendo (1986),
Psicoacústica (1988), Clandestino (1990), Meninos Da Rua Paulo (1991), Música
25You are invisible now, you got no secrets to conceal, frases presentes na canção Like A Rolling Stone.
161
Calma Para Pessoas Nervosas (1993), 7 (1996), Você Não Sabe Quem Eu Sou
(1998), Isso É Amor (1999), MTV Ao Vivo (2000), Entre Seus Rins (2001), Acústico
MTV (2004), Invisível DJ (2007) e Ira! Folk (2017). 4. Vídeos contém vinte e um
videoclipes. 5. Apoio traz os atalhos para os patrocinadores Strinberg (guitarras e
baixos), Zeus (pratos para bateria), Sonotec (importadora de produtos musicais),
Gretsch (guitarras, embora o logo traga uma bateria o site da empresa não
comercializa este instrumento de percussão). Ainda nesta aba, há atalho para
Mundo Ira! (site de fãs). 7. Contato remete à produtora Showtime.
O lançamento mais recente é o álbum Ira! Folk (2017), Foto 46, que
conta com a participação de Yamandu Costa e Fernanda Takai e foi gravado ao vivo
em São Paulo. Não está vinculado a gravadora e foi produzido pela Showtime.
Todas as músicas são regravações de títulos presentes nos diversos álbuns da
banda.
Foto 46: Ira! Folk.
Fonte: http://www.iraoficial.com/discografia.
A música que abre Ira! Folk é Mudança De Comportamento.
MUDANÇA DE COMPORTAMENTO
Composição Edgar Scandurra
162
E aqui estou eu sozinho com o tempo
O tempo que você me pediu
Isso é orgulho do passado
Um presente pra você
Uma delicada lembrança
Branca neve que nunca senti
Solidão me deixe forte
Talvez resolva meus problemas
Eu morreria por você
Na guerra ou na paz
Eu morreria por você
Sem saber como sou capaz
E aqui estou eu sozinho com o tempo
O tempo que você me pediu
Isso é orgulho do passado
Um presente pra você
Uma delicada lembrança
Branca neve que nunca senti
Solidão me deixe forte
Talvez resolva meus problemas
Eu morreria por você
Na guerra ou na paz
Eu morreria por você
Sem saber como sou capaz
Mudanças no meu comportamento
Distância louca de mim mesmo
163
Vontade de sentir o passado
Presente pra você
Eu morreria por você
Eu morreria por você
Eu morreria por você
Eu morreria por você
Sem saber como sou capaz
História de um amor que está suspenso porque o narrador está
“sozinho com o tempo”, o tempo que a musa pediu. O amor é forte a ponto de o
autor morrer pela amada. Ele, o autor, percebe a ocorrência de um novo
comportamento, fruto deste momento de solidão.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFLEXÕES SOBRE O MOMENTO ATUAL DAS BANDAS ESCOLHIDAS
A primeira reflexão diz respeito ao fato de que todas as bandas do
Rock Brasil 80 possuem site oficial na rede mundial de computadores. Com a
exceção do Barão Vermelho que como vimos possui um sítio apenas para guardar
domínio, as outras dispensam atenção e produzem páginas com qualidade
informativa e apelo visual, mesmo aquelas que não se apresentam mais (Legião
Urbana e Cazuza). Tendo este fato em mente, tentei acessar o site do Rockiavel e
percebi que ele está fora do ar. Estou entrando em contato com a banda para
resolver este problema.
A segunda reflexão remete à questão da contratação das bandas por
gravadora. Apenas Legião Urbana é contratada atualmente pela Universal. Esta
empresa distribuiu os trabalhos mais recentes de Paralamas do Sucesso e Titãs,
porém estes conjuntos não estão nas fotos do cast da companhia. Blitz, Lobão,
Barão Vermelho, Ultraje A Rigor, RPM e Ira! produzem de maneira independente,
assim como Rockiavel.
164
A terceira indica a utilização intensiva das mídias sociais, Facebook,
Instagram, Twitter e Youtube. Embora Rockiavel tenha feito isto também, é
necessário o uso mais intenso destes meios. É preciso uma atualização constante e
conclui que este é trabalho para profissionais do ramo, dedicados a alimentar de
conteúdos estes espaços, administrar e tornar visível o produto oferecido através de
estratégias de marketing. É algo que falta ao Rockiavel.
Falta, ainda, para Rockiavel, presença em programação de rádio. Os
planos são tentar a inclusão das músicas em rádios universitárias, como a Rádio
USP. A Kiss FM está no radar e contato será tentado.
Como se vê, Rockiavel tem etapas a cumprir.
Prosseguindo com as reflexões sobre as bandas escolhidas, vale
lembrar que o espaço atual para o rock está bastante restrito na grande mídia. Kid
Vinil (cantor da banda Magazine e radialista falecido em 19 de maio de 2017) em
depoimento a Alves Jr. (1997, p. 32) diagnosticou este problema afirmando que, a
partir da década de noventa do século passado, as gravadoras direcionaram seus
esforços de divulgação para a chamada música brasileira, entendida aqui como
pagode, samba e sertanejo. Para termos uma ideia da restrição atual, olho para as
estações de rádio de São Paulo e verifico que, da plêiade de emissoras existentes,
apenas duas tocam rock: 89 FM (a chamada rádio rock) e a Kiss FM.
165
REFERÊNCIAS
Metodológicas
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Fonográficas e DVD
ALL YOU NEED IS LOVE. All you need is love, Brasil: Ágata, data não indicada.
Três DVD.
BARÃO VERMELHO. Barão Vermelho, Brasil: Som Livre, 1982. LP.
BARÃO VERMELHO. Barão Vermelho 2, Brasil: Som Livre, 1983. LP.
BARÃO VERMELHO. MTV ao vivo, Brasil: WEA, 2005. CD.
169
BEATLES, THE. The four complete historic Ed Sullivan shows featuring The Beatles ,
Brasil: Sofa Entertainment, 2003. DVD.
BEATLES, THE. The first U.S. visit, Brasil: Apple, 2003. Contém o primeiro concerto
dos Beatles nos EUA, realizado no Washington Coliseum em 1964 DVD.
BEATLES, THE. Live in Paris, EUA: Manhattan Project, Não indicada. DVD.
BEATLES, THE. The Beatles at Shea Stadium, EUA: Manhattan Project, Não
indicada. DVD.
BEATLES, THE. Five nights in a judo arena, EUA: Divine Creations, Não indicada.
DVD.
BEATLES, THE. The early tapes of The Beatles, Estados Unidos: Polydor, 1985.
CD.
BEATLES, THE. Please, please me, Grã-Bretanha: Parlophone, 1963. LP.
BEATLES, THE. With The Beatles, Grã-Bretanha: Parlophone, 1963. LP.
BEATLES, THE. A hard day’s night, Grã-Bretanha: Parlophone, 1964. LP.
BEATLES, THE. A hard day’s night, Estados Unidos: United Artists, 1964. LP.
BEATLES, THE. Os reis do ié, ié, ié, Brasil: EMI-Odeon, 1964. LP.
BEATLES, THE. Beatles for sale, Grã-Bretanha: Parlophone, 1964. LP.
BEATLES, THE. Help!, Grã-Bretanha: Parlophone, 1965. LP.
BEATLES, THE. Rubber Soul, Grã-Bretanha: Parlophone, 1965. LP.
170
BEATLES, THE. Paperback Writer/Rain, Grã-Bretanha: Parlophone, 1966.
Compacto em vinil.
BEATLES, THE. Revolver, Grã-Bretanha: Parlophone, 1966. LP.
BEATLES, THE. Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, Grã-Bretanha: Parlophone,
1967. LP.
BEATLES, THE. The Beatles, Brasil: EMI-Odeon, 1968. LP.
BEATLES, THE. Hey Jude!, Brasil: EMI-Odeon, 1970. LP.
BEATLES, THE. The Beatles in mono, Japão: Apple, 2009. Caixa com onze CD com
toda a produção original em mono e na qual se incluem os álbuns citados em LP, de
Please please me a Sgt. Pepper's.
BLITZ. As aventuras da Blitz, Rio de Janeiro: EMI-Odeon, 1982. LP.
BOB DYLAN. Highway 61 revisited, EUA: Columbia Records, 1965. LP.
CLASH, THE. Combat rock, Grã-Bretanha: Epic Records, 1982. LP.
CREAM. Fresh Cream, Grã-Bretanha: Reaction, 1966. LP.
IRA!. Mudança de comportamento, Brasil: WEA, 1985. Fita cassete.
LOBÃO E RONALDOS, Os. Guerra, Brasil: RCA, 1984. LP.
LOBÃO. Cuidado!, Brasil: BMG, 1988. LP.
LOBÃO. Acervo especial, Brasil: BMG, 1993. CD.
171
RAUL SEIXAS. Krig-ha, Bandolo!, Brasil: Philips, 1973 (data de lançamento original
no formato de LP). CD. Contém a música Mosca na sopa.
ROBERTO CARLOS. Roberto Carlos, Brasil: CBS, 1966 (data de lançamento
original no formato de LP). CD.
ROLLING STONES, THE. The Rolling Stones, Brasil: Polygram, 1984. CD reeditado
na data indicada. Produção original de 1964 lançado pela Decca Record Co. Ltd.
ROLLING STONES, THE. Aftermath, EUA: London Records, 1966. LP.
ROLLING STONES, THE. Beggars banquet, Grã-Bretanha: Decca Records, 1968.
LP.
ROLLING STONES, THE. Singles collections – the London years, EUA: ABKCO,
1989. Caixa com três CD que incluem as canções Come On e I Wanna Be Your
Man.
RPM. Revoluções por Minuto, Brasil: Epic, 1985. LP.
TITÃS. Titãs, Brasil: WEA, 1984. CD. Versão de 1990 distribuída pela BMG, série
Best sellers.
TITÃS. Õ Blésq Blom, Brasil: WEA, 1989. Fita cassete.
ULTRAJE A RIGOR. Inútil/Mim quer tocar, Brasil: Warner, 1983. Compacto em vinil.
ULTRAJE A RIGOR. Eu me amo/Rebelde sem causa, Brasil: WEA, 1984. Compacto
em vinil.
ULTRAJE A RIGOR. Nós vamos invadir sua praia, Brasil: Warner, 1985. LP.
ULTRAJE A RIGOR. O mundo encantado do Ultraje a Rigor, Brasil: BMG, 1992. LP.
172
ULTRAJE A RIGOR. Por que Ultraje a Rigor?, Brasil: Warner, 1990. LP.
VELOSO, Caetano. Araçá azul, Brasil: Phonogram, 1972. LP.
WALTER FRANCO. Respire fundo, Brasil: Epic, 1978. LP.
YES. Fragile, Brasil: Atlantic, 1971. LP.
YES. Relayer, Brasil: Atlantic, 1974. LP.
Sites e redes sociais
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06/11/2019.
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documentação: referência – elaboração. Rio de Janeiro, 2000. Disponível em
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ns=5262&token={47EFF915-957E-4B62-9368--
B13B5F70ED90}&i=True&pdf=False&s=False&u=False&lim=0&sid=909859334&cnp
j=48.031.918/0001-24&email=&[email protected]> Acesso em 14/07/2018.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: informação e
documentação – trabalhos acadêmicos – apresentação. Rio de Janeiro, 2011.
Disponível em <https://www.gedweb.com.br/visualizador-lite/Viewer.asp?
ns=21434&token={47EFF915-957E-4B62-9368-
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CORREIO BRASILIENSE, DIVERSÃO E ARTE, 04/09/2019. Barão Vermelho lança
álbum com nove canções após um hiato de 15 anos. Disponível em
https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-arte/
2019/09/04/interna_diversao_arte,780618/barao-vermelho-lanca-album-
com-nove-cancoes-apos-um-hiato-de-15-anos.shtml. Acesso em 28/10/2019.
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http://www.oxfordmusiconline.com. Acesso em 19/05/2015.
DISCOGS. Banco de dados online sobre música. Opus-Columbia. Disponível em
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FOLHA DE SÃO PAULO. 17/01/2018. Há 50 anos, cantor Roberto Carlos dava
adeus ao programa de televisão ‘Jovem Guarda’. Disponível em
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dava-adeus-ao-programa-de-televisao-jovem-guarda. Acesso em 19/08/2019.
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HOUAISS. On-line. Streaming. Disponível em
https://houaiss.uol.com.br/pub/apps/www/v3-3/html/index.php#7. Acesso em
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primeiro-rock-brasileiro-rock-n-roll-em-copacabana/. Acesso em 19/08/2019.
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https://www.letras.mus.br/os-paralamas-do-sucesso/47967/. Acesso em 19/09/2019.
LETRAS. Vovó Ondina é gente fina. Paralamas do Sucesso. Disponível em
https://www.letras.mus.br/os-paralamas-do-sucesso/88275/. Acesso em 19/09/2019.
LETRAS. Sonífera Ilha. Titãs. Disponível em https://www.letras.mus.br/titas/49000/.
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Acesso em 04/10/2019.
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LETRAS. Eu nunca estou só. Barão Vermelho. Disponível em
https://www.letras.mus.br/barao-vermelho/eu-nunca-estou-so-part-bk/. Acesso em
09/01/2020.
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https://www.letras.mus.br/os-paralamas-do-sucesso/sinais-do-sim/. Acesso em
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https://www.letras.mus.br/legiao-urbana/46988/. Acesso em 10/01/2020.
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http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/segmentos/economia_criativa/como-o-
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USP. Repositório institucional – teses e dissertações. Pesquisa sobre a palavra-
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DocumentosPlanos de ensino
CHRISTOV, Luiza Helena da Silva. Plano de ensino 2019 da disciplina Seminários
de pesquisa II, São Paulo: IA/UNESP, 2019. Disponível no site
https://www.ia.unesp.br/Home/ensino/pos-graduacao/programas/artes/
estruturacurricular/2019-1---seminarios-de-pesquisa-em-artes-ii.pdf. Observo que
cursei a disciplina em 2016, mas o plano de ensino disponível on-line é o de 2019
devido à reestruturação do site do Instituto de Artes.
PALMA FILHO, João Cardoso. Plano de ensino ano 2019 da disciplina Metodologia
para pesquisa científica para ciências humanas, São Paulo: IA/UNESP, 2019.
Disponível no site
https://www.ia.unesp.br/Home/ensino/pos-graduacao/programas/ artes/
estruturacurricular/2019-1---metodologia-da-pesquisa-cientifica-em-ciencias-
humanas.pdf. Vale a mesma observação para a disciplina acima.
PEL, P. C. Plano de ensino ano 2019 da disciplina Artemídia equivalente e a
pesquisa no ateliê-laboratório, São Paulo: IA/UNESP, 2019. Disponível no site
https://www.ia.unesp.br/Home/ensino/pos-graduacao/programas/artes/
estruturacurricular/2019-1---artemidia-equivalente-e-a-pesquisa-no-atelie-
laboratorio.pdf. Participei desta disciplina no ano indicado, 2019.
Fotográficas
Foto 01: Drico (Adriano Capocchi) na guitarra e Salva Pessoa na bateria. Fonte:
Adriano Capocchi.
180
Foto 02: Thiagson e Sílvio apresentando a chamada para o programa Papo No Pau.
Fonte: Thiago Alves.
Foto 03: Serapicos & Banda. Fonte: Serapicos.
Foto 04: Estudo do emblema de Rockiavel. Fonte: Rockiavel.
Foto 05: Rockiavel em sessão de fotos para o CD. Fonte: Rockiavel.
Foto 06: CD Aja do Rockiavel. Fonte: Rockiavel.
Foto 07: Rockiavel durante a gravação do videoclipe Adeus. Fonte: Rockiavel.
Foto 08: Artistas da Jovem Guarda. Fonte: Revista Contigo! 2004. Documento
musical Jovem Guarda.
Foto 09: Professor José Fonseca. Fonte: Editora Vitale.
Foto 10: o método. Fonte: Editora Vitale.
Foto 11: a primeira música que toquei ao violão. Fonte: Columbia.
Foto 12: capa do LP da Blitz. Disponível em http://www.blitzmania.com.br/site/.
Acesso em 06/02/2020.
Foto 13: Cena de Cinema, primeiro LP autoral de Lobão. Disponível em
http://lobao.com.br/#discografia. Acesso em 06/02/2020.
Foto 14: primeiro LP do Barão Vermelho. Disponível em
https://www.discogs.com/artist/253025-Bar%C3%A3o-Vermelho. Acesso em
06/02/2020.
181
Foto 15: LP Barão Vermelho 2. Disponível em
https://www.discogs.com/artist/253025-Bar%C3%A3o-Vermelho. Acesso em
06/02/2020.
Foto 16: LP Barão Vermelho MTV Ao Vivo. Disponível em Fonte:
https://www.discogs.com/artist/253025-Bar%C3%A3o-Vermelho. Acesso em
06/02/2020.
Foto 17: primeiro LP do Paralamas. Disponível em
https://www.discogs.com/artist/360329-Os-Paralamas-Do-Sucesso. Acesso em
06/02/2020.
Foto 18: Beatles. Os Reis do Ié, Ié, Ié. Disponível em Fonte:
https://som13.com.br/the-beatles/albums/os-reis-do-ie-ie-ie. Acesso em 06/02/2020.
Foto 19: Beatles. A Hard Day’s Night. Edição inglesa. Disponível em Fonte:
https://www.discogs.com/The-Beatles-A-Hard-Days-Night/master/24003.
Foto 20: Beatles. A Hard Day’s Night. Edição brasileira. Fonte: arquivo do autor.
Foto 21: Beatles. A Hard Day’s Night. Edição americana. Disponível em
https://www.discogs.com/The-Beatles-A-Hard-Days-Night-Original-Motion-Picture-
Sound-Track/master/507400. Acesso em 06/02/2020.
Foto 22: álbum Titãs. Disponível em http://www.titas.net/discografia. Acesso em
06/02/2020.
Foto 23: capa do LP da Legião Urbana. Disponível em
http://www.legiaourbana.com.br/. Acesso em 06/02/2020.
Foto 24: logotipo do Ultraje. Disponível em
https://br.images.search.yahoo.com/search/images?
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mmwpCsw-mrg%2FT9qhipDYSCI%2FAAAAAAAAANc%2F-mswSKuzHjk
%2Fs1600%2Fperiscopio%2B1.png#id=0&iurl=http%3A%2F%2F4.bp.blogspot.com
%2F-mmwpCsw-mrg%2FT9qhipDYSCI%2FAAAAAAAAANc%2F-mswSKuzHjk
%2Fs1600%2Fperiscopio%2B1.png&action=click. Acesso em 06/02/2020.
Foto 25: primeiro compacto do Ultraje. Disponível em https://www.discogs.com/artist/
198445-Ultraje-A-Rigor. Acesso em 06/02/2020.
Foto 26: segundo compacto do Ultraje. Disponível em
https://www.discogs.com/artist/198445-Ultraje-A-Rigor. Acesso em 06/02/2020.
Foto 27: LP do Ultraje. Disponível em https://www.discogs.com/artist/198445-Ultraje-
A-Rigor. Acesso em 06/02/2020.
Foto 28: capa do LP do RPM. Disponível em https://www.discogs.com/RPM-Revolu
%C3%A7%C3%B5es-Por-Minuto/master/273956. Acesso em 06/02/2020.
Foto 29: LP Exagerado de Cazuza. Disponível em http://cazuza.com.br/albuns/.
Acesso em 06/02/2020.
Foto 30: capa do LP do Ira! Disponível em https://www.discogs.com/Ira-Mudan
%C3%A7a-De-Comportamento/master/554351. Acesso em 06/02/2020.
Foto 31: Rockiavel no The Noite com Danilo Gentili. Fonte: Rockiavel.
Foto 32: cartão de visita do Rockiavel. Fonte: Rockiavel.
Foto 33: Brian Epstein, empresário dos Beatles. Disponível em
https://br.search.yahoo.com/search?
fr=mcafee&type=E211BR714G0&p=brian+epstein. Acesso em 06/02/2020.
183
Foto 34: Cacá Prates. Disponível em
https://br.images.search.yahoo.com/search/images;_ylt=A2KLfRok_jteGXMAH0nz6
Qt.;_ylu=X3oDMTByMjB0aG5zBGNvbG8DYmYxBHBvcwMxBHZ0aWQDBHNlYwNz
Yw--?p=cac%C3%A1+prates&fr=mcafee. Acesso em 06/02/2020.
Foto 35: Cecília Degan. Fonte: Rockiavel.
Foto 36: Lina Kruze e Rodrigo Mariano na banda The Wasted. Disponível em https://
www.conexaocontagemalternativa.com.br/2017/05/23/the-wasted/. Acesso em
06/02/2020.
Foto 37: Eskute BLITZ. Disponível em http://www.blitzmania.com.br/site/. Acesso em
06/02/2020.
Foto 38: LP Guia Politicamente Incorreto… Disponível em https://www.discogs.com/
artist/471679-Lob%C3%A3o. Acesso em 06/02/2020.
Foto 39: Viva, Barão Vermelho. Disponível em
https://www.discogs.com/artist/471679-Lob%C3%A3o. Acesso em 06/02/2020.
Foto 40: Sinais do Sim, Paralamas Do Sucesso. Disponível em
https://www.discogs.com/artist/360329-Os-Paralamas-Do-Sucesso. Acesso em
06/02/2020.
Foto 41: Doze Flores Amarelas dos Titãs. Disponível em
http://www.titas.net/discografia. Acesso em 06/02/2020.
Foto 42: Uma Outra Estação, Legião Urbana. Disponível em
http://www.legiaourbana.com.br/. Acesso em 06/02/2020.
Foto 43: Música Esquisita A Troco De Nada, Ultraje A Rigor. Disponível em
http://www.legiaourbana.com.br/. Acesso em 06/02/2020.
184
Foto 44: Mais, RPM. Disponível em https://rpmoficial.com/discografia/. Acesso em
06/02/2020.
Foto 45: Cazuza – 2 Lados. Disponível em http://cazuza.com.br/albuns/. Acesso em
06/02/2020.
Foto 46: Ira! Folk. Disponível em http://www.iraoficial.com/discografia. Acesso em
06/02/2020.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANDRADE, MÁRIO DE. Dicionário Musical Brasileiro, 2ª série, São Paulo: USP,
1989.
ANDRADE, MÁRIO DE. Pequena história da música, 6. ed. São Paulo: Martins,
1967.
BEZZI, Marco (editor). 100 discos que você precisa ter… para não passar vergonha,
São Paulo: Escala, 2004.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática, 26. ed. São Paulo:
Companhia Editora Nacional, 1985.
ECO, Humberto. Como se faz uma tese, 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 1986.
ECO, Humberto. Como se faz uma tese, 24. ed. São Paulo: Perspectiva, 2012.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da língua
portuguesa, 4. ed. Curitiba: Positivo, 2009.
FERRO, Daniel. Contos do rock, Porto Alegre: Dublinense, 2017.
185
PIETZSCHKE, Fritz e WIMMER, Franz (orientadores). Michaelis: dicionário ilustradoinglês-português, 61. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1998.
PIETZSCHKE, Fritz e WIMMER, Franz (orientadores). Michaelis: dicionário ilustradoportuguês-inglês, 59. ed. São Paulo: Melhoramentos, 2000.
RODRIGUES, André Figueiredo. Como elaborar e apresentar monografias, 4. ed.Ampliada e atualizada. São Paulo: Humanitas, 2013.
SALOMON, Délcio Vieira. Como fazer uma monografia, 12. ed. São Paulo: MartinsFontes, 2010.
UNESP, INSTITUTO DE ARTES, CONSELHO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES.Instrução normativa nº 05 Conselho do Programa de Pós-Graduação em Artes , 10.de abril de 2012. São Paulo. Disponível em <http://www.ia.unesp.br/Home/Pos-graduacao/Stricto-Artes/normativa-5-artes-exame-geral-de-qualificacao.pdf>. Acessoem 04/07/2018.
WEBSTER’S NEW TWENTIETH CENTURY DICTIONARY. 2. ed. Cleveland/OH/Estados Unidos: Prentice, 1983.
WENNER, Fann S. Os 500 maiores álbuns de todos os tempos, São Paulo:Perspectiva, 2014.
186
APÊNDICE I – LETRAS DAS MÚSICAS DO ROCKIAVEL
PRIMEIRA VEZ
Silvio Fernando Janson
Tem que ter uma primeira vez
Para descobrir tudo que não se fez
Tem que ter uma primeira vez
Para enxergar com plena nitidez
Depois da prima vem a segunda
Terço, tercina a fé se aprofunda
A quarta, a quinta, a sexta e a sétima…
A enésima
Tem que ter uma primeira vez
Para o dinheiro dar no fim do mês
Tem que ter uma primeira vez
Para a razão vencer a estupidez
Depois daquela vem a terceira
A vida fica mais verdadeira
187
A quarta, a quinta, a sexta e a sétima…
A enésima
Tem que ter uma primeira vez
Para se viver com nobre honradez
Tem que ter uma primeira vez
Para se criar o que jamais se fez
Antes da nona vem a oitava
Muito antes, eu acreditava
Na quarta, a quinta, a sexta e a sétima…
O infinito
São Paulo, 19 de dezembro de 2010
188
ADEUSSilvio Fernando Janson
Não queria ver mas vi
Fim de tudo
Não quero lhe enganar
Sinto muito
Falar o que pensamos
Às vezes fere fundo
Mas este é o caminho
A seguir
É muito, muito simples
Não falo por maldade
Nada mais será
Seus olhos seus anseios não são meus
Tudo aquilo que senti
Fim de tudo
É triste de dizer
Sinto muito
Eu sigo meu caminho
Você segue o seu
Adeus
São Paulo, 4 de fevereiro de 1998 (data de registro na Biblioteca Nacional)
189
MARCA D’ÁGUA
Silvio Fernando Janson
Quis ser rei, poeta, sonhador
Astronauta, profeta, professor
Mas a marca d’água se impôs
Há de ajoelhar pro novo Deus
Foi juiz, carrasco, executor
Vil tirano, ladrão, corruptor
Pois a marca d’água se impôs
Há de ajoelhar pro novo Deus
Quis cantar, dançar e desenhar
Inventar, viver e arriscar
Será que a marca d’água se desfez?
Há de invocar um novo Deus
São Paulo, 02 de outubro de 2015
190
SMILE
Adriano Capocchi
Don’t you know
You were so bright
Haven’t seen you
For a long time
Don’t you know
How cool were your smile
That you’ve been hiding
For quite a long time
So, unlock that door
And try to come back...to life
Why don’t you fight, honey
You gotta try
You cant live behind you,
Hiding under your nightmares
You gotta wake up
191
Wake up from the shadowsNow I see
Quite a little smile
Let the sun
Heat your face for a while
Forget those distant times,
|I’m right by your...side
Why don’t you fight, honey
You gotta try
Unleashed those wings...
Now you can fly again...
And I’m so glad
That now you can smile, again...
Now that you’ve fight, honey
You gotta a smile, baby
Now that you fight, baby,
You gotta a smile, again
São Paulo, 13/03/2018
192
SUPOR ISSO
Silvio Fernando Janson
Oba, oba
Muito prazer
Será que fará sol
Será que vai chover
Meteorologia de lado
Você me deixa tão assanhado
Babe, oh babe
Você é tão exótica
Parece iusgulava
Era bom se você me amava
Seu inglês é coisa de louco
A boca mexe, não entendo nem um pouco
Babe, oh babe
Passam-se as tardes
Numa transcendental
193
Você recusa uma gulosa
Tá me deixando mal
Você me deixa no maior ouriço
Eu nunca poderia
Poderia
Supor isso
São Paulo, há muito, muito tempo atrás
194
DÁ PAU
Paulo Ribeiro e Silvio Fernando
José da Silva comprou um notes
Nas Lojas Jabá
Na internet ele vai entrá
Com a namoradinha virtualmente ele vai transá
Um e-mail pro chefe já pode mandá
Diz que tá doente e vai faltá
É que o notes dá pau!
Dá pau, dá pau, dá pau, dá pau
Silva passa mal
A bateria descarregada
Sem no-brake, Eletropaulo judiava
O disco rígido entupiu
O monitor apagou, sumiu
Um e-mail pro chefe vai ter de mandá
Diz que tá doente e vai faltá
É que o notes dá pau
Dá pau, dá pau, dá pau, dá pau
Silva passa mal
Salvou o arquivo e sumiu
Chorou quando o notes explodiu
Sumiu, sumiu, sumiu, sumiu
Foi pra Portugal de navio
A bateria descarregada
Sem no-brake, Eletropaulo judiava
O disco rígido entupiu
O monitor apagou, sumiu
Sumiu, sumiu, sumiu, sumiu
195
Foi pra Portugal de navio
Um e-mail pro chefe vai ter de mandá
Diz que tá doente e vai faltá
É que o notes dá pau
Dá pau, dá pau, dá pau, dá pau
Silva passa mal
São Paulo em 03/12/97
196
GOODBYE SON
Adriano Capocchi
Really good times, you and me,
Playing in the sun
Remember as yesterday,
Waiting you to come
Duty called,
It will never be undone
And now I’m here,
Feeling so alone
Miss you all,
On my own
Shadow and rain,
War is on
Here I am,
On my own,
Oh My God…….. my time has come
Good bye dad,
Nightmare is on
Teared apart,
My time has come
Good bye daddy,
Good bye my son,
Teared apart,
My time has come
197
SAÚDE
Leonardo Galasso e Roger Rocha Moreira
Eu quero levar uma vida depravada
Deixar minha saúde ser deteriorada
Não ser careta e nem bancar o mauricinho
Ser muito louco e cheirar os meus pininhos
Mas eu acabo com a saúde
Meu grande mal é que estou sempre com vontade
E isto é ruim porque me tira a liberdade
Eu acabo perdendo uma boa oportunidade
Mas me internar por isto é muita crueldade
Mas eu acabo com a saúde
Eu quero sair desta vida aloprada
Peço ajuda para todos os camaradas
De tanto usar já estou me sentindo mal
Se não parar vou acabar no hospital
Mas eu acabo com a saúde
Saúde, eu alopro
Eu detono, eu extrapolo
Onde é que eu estava mesmo?
Esqueci o que estava falando…Carapicuíba, 2017.
198
MORENA
Silvio Fernando Janson
Morena você foi pro mato, viver sem sapato, nos abandonou
Agora fica se coçando sempre reclamando do que se passou
Morena você foi maldita, fez a esquisita, só você não viu
Que o mundo está bem mudado e que a cachaça nos consumiu
É hora, levante a cabeça, esqueça a tristeza e vá tomar Plasil
Morena você tá mudada, toda alterada, que coisa cruel
Passa o dia lamentando, a noite toda uivando pra Lua no céu
Morena pare já com isto, acabe este suplício, volte a sorrir
A vida está a sua frente você é linda, cheia de dente
Não seja assim malvada
Pague pra nós mais uma rodada
Morena, você foi cruel
Mandou, todos pro beleléu
Morena, não me trate assim
Acorde, volte já pra mim
Morena tudo já passou, como você mudou que coisa legal
199
Agora virou manequim, voltou toda pra mim mas que sensacional
Morena você tá bonita, não toma mais birita, tá especial
Seu charme é reconhecido no mundo todo é aplaudido
É só parar de se coçar
Pro povo inteiro se extasiar
Morena
Você tá superbem
Agora
Vamos fazer neném
São Paulo, 4 de fevereiro de 1998
200
FEITA DE LUZ
Silvio Fernando Janson
E passou num relance
Hoje reencontro você
Como foi sua vida, meu amor
Como vai você?
Feita de luz e estrelas esta noite
O inevitável surgiu
É olhar, é fingir, imaginar
E o tempo não passou
Não passou
Pra nós dois
Feita de luz e estrelas esta noite
O inevitável surgiu
É olhar, é fingir, imaginar
E o tempo não passou
Não passou
Pra nós dois
São Paulo, 05 de dezembro de 2017 (letra para o 1º CD)
201
AJA
Silvio Fernando Janson
Aja, aja
Mesmo que lhe digam não
Aja, aja
Sempre, sem qualquer restrição
Gostam de lhe ver inseguro
Sem coisa alguma a dizer
Querem é lhe ver reprimido
Querem lhe dizer o que fazer
Aja, aja
Mesmo que lhe digam não
Aja, aja
Sempre, sem qualquer restrição
Aquele que lhe quer censurar
E não sabe bem o porque
Está querendo mesmo esquecer
Não sabe mais o que é viver
Viva sempre, sempre feliz
Esperança, amor e paixão
Faça o que você sempre quis
Eu vou lhe dizer é a solução
Aja, aja
Mesmo que lhe digam não
Aja, aja
Sempre, sem qualquer restrição
202
São Paulo, gravada em 2010 com Lina Kruze, guitarra, Rodrigo Mariano, bateria e Silvio Janson, baixo.
203
APÊNDICE II – TABELAS
Tabela 1 – Quantidade de canções e tempos em primeiros álbuns escolhidos
1Artista ULTRAJE A RIGORÁlbum Nós Vamos Invadir Sua Praia
Tempo1 Nós Vamos Invadir Sua Praia 00:04:122 Rebelde Sem Causa 00:03:193 Mim Quer Tocar 00:03:454 Zoraide 00:03:245 Ciúme 00:04:006 Inútil 00:03:337 Marylou 00:02:158 Jesse Go 00:03:459 Eu Me Amo 00:03:3010 Se Você Sabia 00:03:3311 Independente Futebol Clube 00:02:30
TEMPO TOTAL 00:37:46
2Artista THE ROLLING STONESÁlbum The Rolling Stones
Tempo1 (Get Your Kicks On) Route 66 00:02:202 I Just Want To Make Love To You 00:02:163 Honest I Do 00:02:084 I Need You Baby (Mona) 00:03:325 Now I've Got A Witness (Like Uncle Phil And Uncle
Gene)00:02:28
6 Little By Little 00:02:377 I'm A King Bee 00:02:338 Carol 00:02:319 Tell Me (You're Coming Back) 00:04:0510 Can I Get A Witness 00:02:5411 You Can Make It If You Try 00:02:0012 Walking The Dog 00:03:08
TEMPO TOTAL 00:32:32
3Artista THE BEATLESÁlbum Please Please Me
Tempo1 I Saw Her Standing There 00:02:522 Misery 00:01:473 Anna (Go To Him) 00:02:544 Chains 00:02:235 Boys 00:02:246 Ask Me Why 00:02:247 Please Please Me 00:02:00
204
8 Love Me Do 00:02:199 P.S. I Love You 00:02:0210 Baby It's You 00:02:3511 Do You Want To Know A Secret? 00:01:5612 A Taste Of Honey 00:02:0113 There's A Place 00:01:4914 Twist And Shout 00:02:33
TEMPO TOTAL 0:31:52
4Artista RPMÁlbum Revoluções por Minuto
Tempo1 Rádio Pirata 00:03:292 Olhar 43 00:03:043 A Cruz e a Espada 00:03:164 Estação no Inferno 00:03:105 A Fúria do Sexo Frágil Contra o Dragão da Maldade 00:02:436 Louras Geladas 00:02:587 Liberdade / Guerra Fria 00:03:458 Sob a Luz do Sol 00:03:459 Juvenília 00:03:3010 Pr'esse Vício 00:03:5111 Revoluções por Minuto 00:03:18
TEMPO TOTAL 00:36:49
5Artista TITÃSÁlbum Titãs
Tempo1 Sonífera Ilha 00:02:512 Marvin 00:04:103 Babi Índio 00:03:364 Go Back 00:03:355 Pule 00:02:196 Querem Meu Sangue 00:03:037 Mulher Robot 00:02:198 Demais 00:02:449 Toda Cor 00:03:1810 Balada Para John E Yoko 00:02:3511 Seu Interesse 00:03:08
TEMPO TOTAL 00:33:38
6Artista IRA!Álbum Mudança de comportamento
Tempo1 Longe de tudo 00:03:182 Núcleo base 00:03:483 Mudança de comportamento 00:03:004 Tolices 00:04:385 Coração 00:02:346 Saída 00:03:57
205
7 Ninguém precisa de guerra 00:03:358 Por trás de um sorriso 00:02:039 Como os ponteiros de um relógio 00:02:1710 Sonhar com que? 00:02:0811 Ninguém entende um mod 00:03:27
TEMPO TOTAL 00:34:45
206
Tabela 2 – Primeiros álbuns de bandas escolhidas do Rock Brasil 80A data se refere ao dia do lançamento
1Artista BLITZ DataÁlbum As Aventuras Da Blitz 26/05/82
Tempo1 Blitz Cabeluda 00:03:082 Vai, Vai, Love 00:03:363 De Manhã (Aventuras Submarinas) 00:03:364 Vítima Do Amor 00:02:405 O Romance Da Universitária Otária 00:02:086 O Beijo Da Mulher Aranha 00:03:047 Totalmente Em Prantos 00:02:128 Eu Só Ando A Mil 00:03:009 Mais Uma De Amor (Geme Geme) 00:03:5510 Volta Ao Mundo 00:02:3611 Você Não Soube Me Amar 00:03:2312 Ela Quer Morar Comigo Na Lua 00:03:1013 Cruel Cruel Esquizofrenético Blues 00:03:39EMI-Odeon TEMPO TOTAL 00:40:07
2Artista LOBÃO DataÁlbum Cena De Cinema 1982
Tempo1 Cena De Cinema 00:03:272 Amor De Retrovisor 00:02:303 Love Pras Dez 00:02:234 O Homem Baile 00:02:465 Doce Da Vida 00:03:066 Stopim 00:03:417 Squizotérica 00:03:118 Sem Chance 00:03:099 Scaramuça 00:00:4710 Robô, Robôa 00:03:12
RCA TEMPO TOTAL 00:28:42
3Artista BARÃO VERMELHO DataÁlbum Barão Vermelho 15/09/82
Tempo1 Posando De Star 00:02:182 Down Em Mim 00:03:153 Conto De Fadas 00:03:394 Billy Negão 00:03:245 Certo Dia Na Cidade 00:04:436 Rock’N’Geral 00:02:437 Ponto Fraco 00:02:548 Por Aí 00:03:40
207
9 Todo Amor Que Houver Nessa Vida 00:02:1510 Bilhetinho Azul 00:02:19
OpusColumb
iaTEMPO TOTAL 00:31:07
4Artista PARALAMAS DO SUCESSO DataÁlbum Cinema Mudo 18/05/83
Tempo1 Vital E Sua Moto 00:03:102 Foi O Mordomo 00:03:513 Cinema Mudo 00:03:504 Patrulha Noturna 00:02:535 Shopstake 00:03:006 Vovó Ondina É Gente Fina 00:02:007 O Que Eu Não Disse 00:03:378 Química 00:03:029 Encruzilhada 00:02:5710 Volúpia 00:02:37EMI-Odeon TEMPO TOTAL 00:30:56
5Artista TITÃS DataÁlbum Titãs 22/08/84
Tempo1 Sonífera Ilha 00:02:512 Marvin 00:04:103 Babi Índio 00:03:364 Go Back 00:03:355 Pule 00:02:196 Querem Meu Sangue 00:03:037 Mulher Robot 00:02:198 Demais 00:02:449 Toda Cor 00:03:1810 Balada Para John E Yoko 00:02:3511 Seu Interesse 00:03:08
WEA TEMPO TOTAL 00:33:38
6Artista LEGIÃO URBANA DataÁlbum Legião Urbana 02/01/85
Tempo1 Será 00:02:302 A Dança 00:04:013 Petróleo Do Futuro 00:03:024 Ainda É Cedo 00:03:575 Perdidos No Espaço 00:02:576 Geração Coca-Cola 00:02:227 O Reggae 00:03:338 Baader-Meinhof Blues 00:03:279 Soldados 00:04:5010 Teorema 00:03:06
208
11 Por Enquanto 00:03:16EMI-Odeon TEMPO TOTAL 00:37:01
7Artista ULTRAJE A RIGOR DataÁlbum Nós Vamos Invadir Sua Praia Abril 85
Tempo1 Nós Vamos Invadir Sua Praia 00:04:122 Rebelde Sem Causa 00:03:193 Mim Quer Tocar 00:03:454 Zoraide 00:03:245 Ciúme 00:04:006 Inútil 00:03:337 Marylou 00:02:158 Jesse Go 00:03:459 Eu Me Amo 00:03:3010 Se Você Sabia 00:03:3311 Independente Futebol Clube 00:02:30
WEA TEMPO TOTAL 00:37:46
8Artista RPM DataÁlbum Revoluções por Minuto Maio 85
Tempo1 Rádio Pirata 00:03:292 Olhar 43 00:03:043 A Cruz e a Espada 00:03:164 Estação no Inferno 00:03:105 A Fúria do Sexo Frágil Contra o Dragão da Maldade 00:02:436 Louras Geladas 00:02:587 Liberdade / Guerra Fria 00:03:458 Sob a Luz do Sol 00:03:459 Juvenília 00:03:3010 Pr'esse Vício 00:03:5111 Revoluções por Minuto 00:03:18Epic TEMPO TOTAL 00:36:49
9Artista CAZUZA DataÁlbum Exagerado Nov 85
Tempo1 Exagerado 00:03:452 Medieval II 00:04:223 Cúmplice 00:03:304 Mal Nenhum 00:03:455 Balada De Um Vagabundo 00:03:486 Codinome Beija-Flor 00:02:327 Desastre Mental 00:03:248 Boa Vida 00:03:089 Só As Mães São Felizes 00:03:4610 Rock Da Descerebração 00:04:07
Som TEMPO TOTAL 00:36:07
209
Livre
10Artista IRA! DataÁlbum Mudança De Comportamento 11/02/86
Tempo1 Longe de tudo 00:03:182 Núcleo base 00:03:483 Mudança de comportamento 00:03:004 Tolices 00:04:385 Coração 00:02:346 Saída 00:03:577 Ninguém precisa de guerra 00:03:358 Por trás de um sorriso 00:02:039 Como os ponteiros de um relógio 00:02:1710 Sonhar com que? 00:02:0811 Ninguém entende um mod 00:03:27
WEA TEMPO TOTAL 00:34:45
210
ANEXO I – LETRAS DAS MÚSICAS – PARÁGRAFO D
BREGA DA SAÚDE
Thiagson
Hoje em dia atualmente
Não se pode brincar
Pois saúde é coisa séria
Você tem que pegar e se cuidar
Se você bebe
Pega e se cuida mais
Se você fuma
Pega e se cuida mais
Se come gordura trans
Pega e se cuida mais
E os exercícios são imprescindíveis
Mas se você não gosta de academias
Basta só caminhar
Só caminha e tá bom
Pode ser devagarinho
Só caminha e tá bom
Só pra dar uma suadinha
Só caminha e tá bom
E a alimentação é deveras importante
Não coma besteira
Pegue umas frutas
E faça uma vitamina
Bata com mamão
211
É bem gostosa
Bata com mamão
E se você está louca
Pra passar
A mensagem da saúde
Pois é bom se cuidar
Fale pros seus amigos
E pra quem for da sua família
Pra sua namorada
E pra quem for da sua família
212
KATINGUETÁLLICA
Thiagson & Janson
Cama!
Toda vez que eu chego em casa
Os negócios da suruba tão na minha cama
Toda vez que eu chego em casa
Os negócios da suruba tão na minha cama
Toda vez que eu chego em casa
Os negócios da suruba tão na minha cama
E diz aí Valdeci qui se vai fazê
Vô toca numas deis banda até aprende
E diz aí Valdeci qui se vai fazê
Vou passá um batonzinho pra mi defendê
E diz aí Valdeci qui se vai fazê
Vou tomá uns remedinho pra ficá belê
213
KI LINDA NECA BOFE
Thiagson
Interpretada por Os Bregsons
Ô Simone não forces
Se engolir vai dar tosse
Ô Simone não forces
Se engolir vai dar tosse
Ahhh!!!
Ki linda neca bofe!
O Pelé e a Xuxa…
O Pelé e a Xuxa…
O Sid vai, a Cleide vai
Se não rolar pagode a casa cai
O Cyro vai, a Sandrinha vai
Com o Fabiano e a Bete
Cantando “A lua vai”
Ô Simone não forces
Se engolir vai dar tosse
Ô Simone não forces
Se engolir vai dar tosse
215
ANEXO II – ROCK – DEFINIÇÃO
Acepção da palavra rock contida no Dicionário de Música e Músicos Grove On-Line
produzido pela Faculdade de Música da Universidade de Oxford da Inglaterra
Rock é algumas vezes usado como termo genérico para indicar a
música popular do período posterior à Segunda Guerra Mundial.
Este artigo utiliza uma definição mais restrita e, teoricamente, mais
apropriada do termo como, de maneira geral, uma categoria
específica de música popular posterior à Segunda Grande Guerra
produzida primariamente nos Estados Unidos e Grã-Bretanha que
eventualmente se espalhou por outros países, música possuidora de
características particulares e fundamentos socioculturais. O termo é
quase sempre acompanhado com uma designação de subgênero
como blues rock, glam rock, rock psicodélico, rock alternativo e
assim por diante e gêneros como o punk e o heavy metal são
também, algumas vezes, indicados como subgêneros do rock,
embora estes gêneros tenham sido estética e politicamente opostos
ao rock em certos momentos históricos (meados dos anos setenta,
por exemplo) quando o rock foi visto como conservador, tendência
do momento e atrelado a interesses corporativos. Na realidade, há
motivos musicais e sociais para considerarmos todos subgêneros do
rock. O termo rock começou a ser usado na metade dos anos
sessenta, coincidindo com o desenvolvimento da crítica de rock, para
distinguir esta música do rock and roll dos anos cinquenta e do pop e
do soul do começo dos anos sessenta. Como o rock and roll, o rock
fundamentava-se na ideia da rebelião da juventude, particularmente
do jovem branco, jovem o qual sempre produziu esta música e fazia
parte significativa (mas não exclusiva) da audiência. Embora existam
agora gerações mais velhas de rockers, a rebelião da juventude
ainda é central nesta música. A idéia de rebelião no rock’ n’ roll dos
anos cinquenta situava-se no que Lawrence Grossberg26 chamou de
experiências de alienação, falta de poder e tédio da juventude”, que
26 Estudioso americano da cultura popular.
216
surge “em um contexto temporal genericamente caracterizado como
capitalismo tardio [ou] pós modernidade”. Para muitos jovens
brancos, a música rock funcionou como um tipo de salvação, até
mesmo como uma teologia. Tem sido um meio para desafiar o status
quo, criar comunidade e sentir-se poderoso.
217
ANEXO III – JOVEM GUARDA
Jovem Guarda – artigo publicado na Folha de São Paulo em 17 de janeiro de 2018
Em 17 de janeiro de 1968, o rei Roberto Carlos fazia a sua última aparição comoapresentador do dominical “Jovem Guarda”, atração da TV Record que oficializou omovimento musical homônimo no Brasil.A partir daquele dia, as jovens tardes de domingo, sempre regadas a paixões,guitarras e flores, já não seriam as mesmas sem a presença do ídolo máximo dajuventude brasileira daqueles anos.EI, EI, EI, ROBERTO É O NOSSO REIO programa “Jovem Guarda” entrou no ar pela primeira vez às 16h30 no dia 22 deagosto de 1965. O tremendão Erasmo Carlos e a ternurinha Wanderléa, como eramconhecidos os outros dois astros da música jovem, foram os artistas convocadospara comandar a nova atração ao lado do rei.Os primeiros convidados do programa foram a cantora Rosemary, os conjuntos TheJet Blacks e Os Incríveis e os cantores Ronnie Cord, Tony Campelo e Prini Lorez,três componentes da primeira geração do rock brasileiro, que na passagem dosanos 1950 para os 1960 compunham versões em português para os hitsinternacionais da época.O primeiro nome cogitado para o programa foi “Festa de Arromba”, título de um dosgrandes sucessos do Tremendão na época. Mas o trio de apresentadores decidiupelo nome “Jovem Guarda”, ideia do publicitário Carlito Maia (1924 – 2002), que seinspirou em uma frase de Lênin dirigida ao proletariado russo: “O futuro dosocialismo repousa nos ombros da jovem guarda”.TAPA-BURACOA então nova atração musical da Record surgiu como uma espécie de tapa-buracona grade da emissora, uma vez que a Federação Paulista de Futebol, com oargumento de que a exibição do Campeonato Paulista no canal estava esvaziandoos estádios, revogou a autorização da transmissão dos jogos.O núcleo artístico da TV Record na época contava com a direção de PaulinhoMachado de Carvalho, filho de Paulo Machado de Carvalho, dono do conglomeradoque incluía ainda as rádios Record, Pan-Americana (Jovem Pan) e São Paulo. Oprograma era dirigido por Carlos Manga, um dos nomes mais citados na história datelevisão no país.O “Jovem Guarda” era transmitido ao vivo do Teatro Record, localizado no número1992 da rua da Consolação, na região central de São Paulo, onde uma massaensurdecedora de jovens e adolescentes lotava o local aos gritos de “ei, ei, ei,Roberto é o nosso rei” e “asa, asa, asa, Roberto é uma brasa”, jargão que significa“muito bom”.Foi através desse movimento que surgiram algumas gírias usadas pelajuventude. Entre as mais populares estão: “broto” (garota bonita), “pão” (garotobonito), “papo firme” (alguém muito legal), “carango” (carro bacana), “coroa” (velho)e “calhambeque” (carro velho), esta última patenteada por Roberto Carlos.O programa, assim como o movimento que levou o seu nome, influenciou toda umageração de jovens, tanto na estética quanto no comportamento. A grande audiênciaque só em São Paulo chegou ao alcance de 3 milhões de espectadores, trouxe umavida lucrativa ao mercado fonográfico brasileiro.
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Ao longo de seus quase três anos de existência, a atração teve grandes destaquesda cena musical, como Eduardo Araújo, Silvinha, Jerry Adriani, Trio Esperança,Golden Boys, Os Vips, Martinha, Deny e Dino, Leno e Lilian e Waldirene – estaúltima imortalizada na música “É Papo Firme”, de Roberto e Erasmo.Nomes de outras vertentes sonoras, como Elis Regina, Jair Rodrigues e JorgeBenjor – à época Jorge Ben –, também passaram pelo programa.O FIM EM MOMENTOS DE LUTANo início de 1968, com a saída de Roberto Carlos, o programa, que continuou sobos comandos do Tremendão e da Ternurinha, resistiu durante cinco meses, até oseu fim, em junho daquele ano, devido sobretudo à queda na audiência. Eramnovos tempos. O movimento tropicalista e contestador de Gil e Caetano seintensificava no país com o advento dos grandes festivais de MPB – além do teatroe do cinema. E as grandes manifestações de jovens contra o regime militar,implantado no Brasil em abril de 1964, passaram a tomar as principais vias públicasdo “país tropical” cantado por Jorge Ben.Cinquenta anos depois, Roberto e Erasmo, que, a partir daqueles anos formaram adupla de compositores mais bem-sucedida da história da música popular brasileira,além de Wanderléa, ainda continuam (sic – pleonasmo) arrastando multidões peloBrasil, sempre com o intenso romantismo e recordações daquelas tardes deguitarras, sonhos e emoções.