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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CAMPUS CINOBELINA ELVAS – BOM JESUS (PI) CURSO: ENGENHARIA FLORESTAL
ANÁLISE DE TENDÊNCIAS NA TEMPERATURA E PRECIPITAÇÃO NA CIDADEDE BOM JESUS, PIAUÍ
i
BOM JESUS, PIMARÇO - 2014
SHILTON PEREIRA DA SILVA
ANÁLISE DE TENDÊNCIAS NA TEMPERATURA E PRECIPITAÇÃO NA CIDADEDE BOM JESUS, PIAUÍ
Monografia apresentada ao
Departamento de Engenharia Florestal da
Universidade Federal do Piauí, como parte
das exigências do Curso de Bacharelado em
Engenharia Florestal.
ii
BOM JESUS, PIMARÇO - 2014
SHILTON PEREIRA DA SILVA
ANÁLISE DE TENDÊNCIAS NA TEMPERATURA E PRECIPITAÇÃO NA CIDADEDE BOM JESUS, PIAUÍ
Monografia apresentado ao
Departamento de Engenharia Florestal da
Universidade Federal do Piauí, como parte
das exigências do curso de Engenharia
Florestal.
Aprovado: ________________________
________________________________________________Prof. Dr. Robson José de Oliveira
(Orientador)
iii
________________________________________________Prof. Esp. Angela Iane Silva Salles
(Membro Convidado)
________________________________________________Prof. Mª. Marinete Martins
(Membro Convidado)
iv
A DEUS, “causa primária detodas as coisas e origem detudo que existe no universo”,pela presença constante emminha vida, auxiliando-me avencer mesmo aquelesobstáculos que pareciamintransponíveis. Dedico
AGRADECIMENTOS
v
SumárioRESUMO....................................................viiABSTRACT.................................................viiiLISTA DE TABELA............................................ixLISTA DE FIGURAS............................................x1.INTRODUÇÃO................................................12. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA....................................32.1 Series Temporais.........................................3
2.1.1 Consideracoes Gerais...................................32.1.2 Componentes de uma Serie Temporal......................32.1.3 Objetivos da Análise de Séries Temporais...............52.2 Mudanças climáticas......................................52.3 Variabilidade e tendência climática......................7
2.3.1 Variabilidade climática................................72.3.2 Tendência climática....................................83.MATERIAL E MÉTODO.........................................113.1. Localização............................................11
3.2. Dados utilizados no estudo.............................12
3.3. Regressão liner estatística............................12
vi
4.RESULTADO E DISCUSSÃO.....................................145.CONCLUSÃO.................................................206. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................21
RESUMO
A história natural evidencia que a evolução das condições de
calor da superfície da Terra não se processou de maneira
uniforme. Períodos mais quentes se intercalaram com períodos
menos quentes ao longo de toda a história natural e humana do
planeta. Objetivou-se avaliar se ocorreriam mudanças nas
temperaturas mínimas, e máximas anuais, total anual de
precipitação e precipitação média mensal por década no
município de Bom Jesus – PI. Foram utilizados dados mensais de
temperaturas máxima, mínima e precipitação para o período de
vii
1994 a 2013 (20 anos de observação), registradas na estação
climatológica principal da cidade de Bom Jesus (09°04’28’’S e
44°21’31’’ W) do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).
Para cada variável se ajustaram modelos de regressão linear e
se estimaram a significância estatística dos coeficientes da
regressão obtidos ao nível de 5%. Os parâmetros estatísticos
foram calculados utilizando-se do software ASSISTAT, versão
7.6 beta. São apresentados resultados sobre os valores
esperados para períodos de retorno de até 100 anos. No
comportamento médio anual, observamos uma tendência de
elevação nas temperaturas máximas de 0,052 ºC na temperatura
média, e de 0,004 nas temperaturas medias.
Palavras-chave: qualidade, estação climatológica, elevação.
ABSTRACT
viii
The natural history shows that the evolution of the conditions
of heat from the surface of the Earth did not proceed
uniformly. Warmer periods are interspersed with less warm
throughout the natural and human history of the planet periods
. This study aimed to assess whether there were changes in the
minimum temperatures , and annual maximum , annual total
precipitation and average monthly rainfall per decade in Bom
Jesus - PI . We used monthly data , maximum and minimum
precipitation for the period 1994-2013 (20 years of
observation ) temperatures recorded at climatological station
of the city of Bom Jesus ( 09 ° 04'28 '' S and 44 ° 21'31 '' W
) of the National Institute of Meteorology ( INMET ) . For
each variable adjusted linear regression models and estimated
the statistical significance of the regression coefficients
obtained at the level of 5 % . The statistical parameters are
calculated using the ASSISTAT software, version 7.6 beta . On
the expected results for return periods up to 100 years values
are presented . The annual average behavior , we observed an
upward trend in maximum temperatures of 0,052 º C in average
temperature , and 0.004 in average temperatures
Keywords: quality, meteorology station, elevation.
ix
LISTA DE TABELA
Tabela 1. Valores do teste de Watson (U2) para as series
anuais das temperaturas máximas e mínimas...................14
Tabela 2. Análise estatística das temperaturas máximas de Bom
Jesus – PI, no período de 1994 à 2013.......................14
Tabela 3. Análise estatística das temperaturas mínimas de Bom
Jesus – PI, no período de 1994 à 2013,......................15
Tabela 4. Temperaturas máximas, mínimas absolutas precipitação
total anual, esperados com período de retorno entre 10 a 500
anos........................................................18
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – (A) Localização do estado do Piauí no Brasil e (B)
localização do município de Bom Jesus dentro no estado do
Piauí.......................................................11
Figura 2 - Esquema representando as variaveis
analisadas......................................13
Figura 3. Temperatura máxima anual em Bom Jesus – PI (1994-xi
2013).......................................................15
Figura 4. Temperatura mínima anual em Bom Jesus – PI (1994-
2013).......................................................16
Figura 5. Precipitação total anual em Bom Jesus – PI (1994-
2013).......................................................17
Figura 6. Precipitação média mensal por década em Bom Jesus –
PI (1994-2013)..............................................17
xii
1.INTRODUÇÃO
A história natural evidencia que a evolução das condições
de calor da superfície da Terra não se processou de maneira
uniforme. Períodos mais quentes se intercalaram com períodos
menos quentes ao longo de toda a história natural e humana do
planeta. O aquecimento observado na contemporaneidade, tratado
no âmbito das discussões das mudanças globais, parece estar
diretamente vinculado às atividades humanas. Esta é a
constatação resultante da maioria dos estudos relativos à
evolução da temperatura da atmosfera terrestre (MENDONÇA,
2003).
Nos dias atuais é perceptível a importância das pesquisas
que envolvem o estudo do clima na busca da construção de novos
parâmetros de conhecimento e consequente aplicação nas
diversas atividades humanas (agricultura, economia, comércio,
entre outros) que dependem de dados e informações cada vez
mais precisos sobre chuvas, secas, temporais, furações,
geadas, enfim informações de meio e longo prazo geradas com um
alto grau de acerto (VIANA, 2010).
Globalmente, tem-se definido as características das
mudanças climáticas observadas e apontado suas possíveis
consequências e impactos sociais. Cada região do globo
apresenta mudanças distintas, com variações no volume e
distribuição espacial da precipitação, aumento da temperatura,
elevação do nível do mar e demais efeitos causados pelas
mudanças climáticas (SILVA & GUETTER., 2003).
Alexander et al. (2006) analisando dados globais extremos
de temperatura e precipitação, na escala diária, identificaram
em 70% das regiões analisadas, significativa elevação nas
temperaturas noturnas. RODRIGUES DA SILVA & AZEVEDO (1995).
O monitoramento da temperatura do planeta é de grande
importância para explicar e prever os fenômenos ambientais que
possam vir a ameaçar a existência do homem. Catástrofes como
ciclone, tempestades, maremotos entre outras podem ser
previstas para que se retirem as pessoas de áreas de risco.
Outro fator muitas vezes, não tão relevado, é o
desaparecimento de espécies de microrganismos e mesmo plantas
e animais sensíveis a mudanças de temperatura, bem como, a
seleção natural de indivíduos patogênicos mais resistentes.
Pesquisas têm sido geradas nas regiões Norte, Sul e
Sudeste do país, mas são poucos os estudos sobre tendência
temporal para região Nordeste, gerando ainda uma certa
carência. Nesse contexto, é necessário conhecer e desenvolver
estudos que envolvam temperatura e precipitação variáveis
climáticas para essas regiões que se distribuem de forma
irregular na superfície da terra.
Dessa forma, objetivou-se avaliar se ocorreram mudanças
nas temperaturas mínimas, e máximas anuais, total anual de
precipitação e precipitação média mensal por década no
município de Bom Jesus no Estado do Piauí, região Nordeste do
Brasil.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Series Temporais
2.1.1 Considerações Gerais
Define-se serie temporal como um conjunto de observações
de uma variável dispostas seqüencialmente no tempo. Conforme o
conjunto gerado, pode-se classificar a serie em continua ou
discreta. Em geral, as medições dão origem a dados contínuos,
enquanto que as enumerações ou contagens resultam em dados
discretos.
Segundo Morettin e Toloi (2004), quando essas observações
são feitas de uma forma continua, como por exemplo, medidas de
temperaturas a partir de um termógrafo, temos uma serie
temporal continua, quando porem essas observações são tomadas
em intervalos de tempo específicos, usualmente igualmente
espaçados, como por exemplo, temperatura media mensal, temos
uma serie temporal discreta.
Para analisar uma serie temporal continua e necessário
amostrá-la em intervalos de tempo igualmente espaçados, o que
a transforma em uma serie
discreta, processo denominado de discretização.
Por outro lado, uma serie temporal pode ser classificada
como determinística ou estocástica. Diz-se que e
determinística quando os futuros valores da serie podem ser
estabelecidos precisamente por alguma relação funcional
matemática do tipo Y= f (tempo). Será dita estocástica quando
seus futuros valores só puderem ser expostos em termos
probabilísticos, uma vez que a serie esta descrita por meio de
uma relação funcional que envolve não só o tempo, mas também
uma variável aleatória do tipo Y = f (tempo,a), onde ‘a” e o
termo aleatório residual, cuja inclusão se torna necessária,
quando não se consegue explicar completamente algum movimento
irregular da serie através unicamente da relação matemática.
2.1.2 Componentes de uma Serie TemporalGeralmente, costuma-se classificar os movimentos da serie
de tempo em três tipos básicos de variações: a tendência (Tt),
as variações sazonais (St) e as variações aleatórias (at), e
tem-se como objetivo especificar a magnitude de cada um desses
movimentos para possibilitar descrever conjuntamente o
movimento da serie.
Essas componentes podem ser entendidas como:
a) Tendência
A tendência, e caracterizada como aquele movimento regular
e continuo de longo prazo, refletindo um movimento ascendente
ou descendente em longo período de tempo.
Yevjevich (citado por Back, 2001) define tendência em uma
serie temporal como uma mudança sistemática e continua em
qualquer parâmetro de uma dada amostra, excluindo-se mudanças
periódicas ou quase periódicas.
Segundo Morettin e Toloi (2004), a identificação da
tendência, numa serie, se faz importante por dois motivos: 1º)
para eliminá-la, pois muitos procedimentos de analise
estatísticos de series temporais pressupõem a estacionalidade
dos dados para sua aplicação, 2º) para a escolha adequada do
modelo de previsão a ser adotado. Existem modelos apropriados
para series que apresentam tendências.
Como a maioria dos procedimentos de analise estatística de
series
temporais supõe que estas sejam estacionarias, ou seja, ela se
desenvolve no
tempo aleatoriamente ao redor de uma media constante, será
necessário transformar os dados originais, se estes não formam
uma serie estacionaria.
A seguir são apresentados alguns procedimentos para a
estimativa e a eliminação da tendência.
Um procedimento muito utilizado para estimar tendência
(Tt) e ajustar uma função do tempo aos valores observados da
serie. Tradicionalmente são utilizados vários tipos de
funções, como um polinômio, uma função exponencial, uma função
logarítmica ou outra função suave de t. (MORETTIN E TOLOI,
2004).
Outro procedimento também utilizado para eliminar a
tendência de uma serie e aquele de tomar diferenças sucessivas
entre os elementos da serie original ate se obter uma serie
estacionaria.
b) Sazonalidade.
A componente sazonal aparece quando ha dados coletados intra-
anuais, registrados, por exemplo, diariamente, semanalmente ou
mensalmente, onde estão embutidas as variações decorrente das
estações do ano.
Existem vários procedimentos para se estimar St,, sendo que os
mais usuais
são:
1) Os métodos de regressão, que são ótimos para series que
apresentam sazonalidade determinística, ou seja, que pode ser
prevista perfeitamente a partir de meses anteriores.
2) O método de medias moveis, que e apropriado quando temos
uma serie
temporal cuja componente sazonal varia com o tempo, ou seja,
para series cuja
sazonalidade e estocástica. Para melhores detalhes, consulte
Morettin e Toloi
(2004).
c) Aleatoriedade
A componente aleatória também chamada residual, refere-se
não só aqueles movimentos esporádicos ocasionados por eventos
aleatórios imprevisíveis, mas também ao conjunto de todos
aqueles movimentos da serie que não foram passiveis de
identificação em seus demais componentes, uma vez que não
obedecem a nenhuma lei comportamental capaz de ser descrita de
forma determinística, através de relações funcionais
exclusivamente matemáticas.
2.1.3 Objetivos da Análise de Séries TemporaisEntre os objetivos da analise de series temporais,
destaca-se a simples descrição do comportamento da serie, a
investigação do mecanismo gerador, identificação de
periodicidades embutidas nos dados e a projeção (previsão) de
valores futuros.
Portanto, a analise de um modelo de serie de tempo
significa um estudo que busca obter as características
comportamentais sistemáticas da serie, capazes de propiciar a
construção de um modelo que descreva os movimentos passados de
uma variável, com o que se poderá predizer os futuros
movimentos da mesma.
Basicamente, a analise de serie temporal pressupõe que
exista um processo estocástico gerador da serie, ou seja, que,
a cada possível realização aleatória da variável, esteja
associada uma probabilidade de ocorrência da observação.
E importante salientar que a previsão não constitui um fim
em si, mas
apenas um meio de fornecer informações para uma conseqüente
tomada de
decisões, visando a determinados objetivos.
2.2 Mudanças climáticasDe acordo com a Climatologia Dinâmica, a compreensão dos
fenômenos atmosféricos e de suas flutuações, seus ritmos e
ciclos, que conferem ao clima as principais características no
tempo e no espaço, dependem do entendimento da gênese desses
fenômenos. Segundo Vecchia (1997), o clima não pode ser
razoavelmente compreendido, tampouco modelado, sem uma
abordagem fenomenológica, com base também na observação
cotidiana, sem se considerar a circulação geral da atmosfera e
os fenômenos intrínsecos que presidem à sua gênese.
Além disso, cabe entender, também, as decorrências
particulares em escalas, dos microclimas aos climas regionais,
locais etc., que, na verdade, são modificações impostas por
diferenciados fatores, entre os quais se destacam os fatores
geográficos e as intervenções de caráter antrópico, quando se
trata, principalmente, do espaço urbano. As condições do clima
na Terra sofrem flutuações contínuas, que, dependendo da
escala de tempo em que se trabalha, podem ser visualizadas,
permitindo a definição do significado das mudanças climáticas
(SENTELHAS et al., 2000).
As definições citadas nos trabalhos publicados sobre
variações climáticas, segundo Tucci (2002), tornam-se
diferentes conforme a inserção dos efeitos antrópicos na
identificação da variabilidade. De acordo com o
Intergovernmental Panel on Climatic Change, (IPCC, 2001), as
mudanças climáticas estão relacionadas com as variações
temporais do clima produzidas pela ação antrópica e devido
também à variabilidade natural. Já outros autores adotam, para
o mesmo termo, a definição de mudanças associadas direta ou
indiretamente a atividades humanas que alterem a variabilidade
climática natural observada num determinado período (STEINKE,
2004).
De acordo com Flohn (1977), a variabilidade climática está
relacionada com a duração dela, ou seja, a expressão flutuação
climática deve ser usada para os desvios de curta duração,
enquanto variação climática para as mudanças observadas nas
séries temporais, usando-se as médias de um período de trinta
anos. A expressão mudança climática deve ficar restrita a
mudanças maiores.
Conti (1993 e 2000) faz várias considerações sobre os
mecanismos que produzem mudanças climáticas, enfatizando que
as causas naturais, como os ciclos da atividade solar, a
velocidade de rotação da Terra, as alterações na dinâmica do
fluxo atmosférico e a relação entre o oceano a atmosfera e a
superfície terrestre têm sido, nos últimos anos, objeto de
exaustivas pesquisas com a finalidade de explicar as mudanças
climáticas, pois, além dos fatores naturais, é necessário
considerar também a intensa modificação ambiental sistemática
que o planeta vem sofrendo pela interferência da ação humana.
Assim, para distinção dos conceitos e denominações para
diferentes modificações e alterações do clima, Conti (2000)
propôs as seguintes classes de variação:
mudança climática: termo mais geral que abrange toda e
qualquer manifestação de inconstância climática, independente
de sua natureza estatística, escala temporal ou causas
físicas;
variabilidade climática: maneira pela qual os parâmetros
climáticos variam no
interior de um determinado período de registro expressos
através de desvio padrão ou coeficiente de variação;
tendência climática: aumento ou diminuição lenta dos valores
médios da série de dados históricos de, se possível, três
décadas. Essa tendência não se restringe a uma mudança linear
ao longo do tempo, mas caracteriza-se apenas por um mínimo e
um máximo nos pontos terminais do registro;
descontinuidade climática: remete à inconstância que consiste
em mudança abrupta e permanente de um valor médio para outro,
durante o período de registro;
flutuação climática: correspondente a qualquer forma de
mudança sistemática, regular ou irregular, caracterizada por,
pelo menos, duas máximas (ou mínimas) e uma mínima (ou
máxima), observadas no período de registro;
variação climática: é uma flutuação cujas características, em
escala temporal, são suficientemente longas para resultar em
diferença apreciável entre médias ( ou normais) sucessivas,
geralmente observada na escala de décadas;
oscilação climática: flutuação na qual a variável tende a
mover-se gradual e
suavemente entre máximas e mínimas sucessivas;
vacilação climática: flutuação em que a variável tende a
permanecer, alternadamente, em torno de dois (ou mais)
valores; e a movimentação de um valor médio para outro ocorre
em intervalos regulares ou irregulares;
periodicidade climática: oscilação em que as máximas e as
mínimas ocorrem em intervalos de tempo iguais, por exemplo, 26
anos.
2.3 Variabilidade e tendência climática
2.3.1 Variabilidade climáticaOs valores observados e medidos dos elementos que compõem
o clima não são constantes no tempo e no espaço. Ao longo de
tempo, e a cada instante, ocorrem variações nesses valores e
nas interações entre eles, estabelecendo-se múltiplas
probabilidades, definidas pelas funções de distribuição.
Além da variabilidade associada a movimentos astronômicos
como translação e rotação da Terra, aproximadamente
periódicos, o clima apresenta uma variabilidade natural, não
periódica, complexa, que determina as diferenças entre
ocorrências de um determinado ano e as dos anos anteriores e
dos seguintes. O sistema climático é extremamente complexo, em
função de variáveis intervenientes, interações dinâmicas e
processos de interação entre as escalas.
A denominação variabilidade climática está associada com
as alterações do clima em função das condições naturais do
planeta e suas interações, portanto, chamada variabilidade
climática natural. Já as “mudanças climáticas” são
consideradas como alterações na variabilidade climática
natural como consequência das atividades humanas.
Segundo Conti (2000), variabilidade climática é a forma
pela qual os atributos climáticos variam ao longo de um
determinado período de registro, expressos através de desvio
padrão ou coeficiente de variação.
De acordo com Tucci (2002), variabilidade climática são as
variações que o clima sofre em função das condições naturais
do planeta e de suas interações, e modificações climáticas são
as alterações da variabilidade climática provenientes das
atividades humanas.
A World Meteorological Organization – Organização
Meteorológica Mundial (WMO, 2006) - define variabilidade
climática como maneira pela qual os atributos climáticos
variam ao longo de um determinado período de registro,
expressos por meio do desvio-padrão ou coeficiente de
variação.
Sentelhas & Angelocci (2010) definem variabilidade
climática como uma variação das condições climáticas em torno
da média climatológica.
2.3.2 Tendência climáticaVários pesquisadores, como Back (2001), Anunciação (2001),
Galina (2002, Tavares (2002), Peterson et al. (2002), Frich et
al. (2002), Vincent et al. (2005), Bieras e Santos (2006),
Alexander et al. (2006), Folhes e Fisch (2006), Kuintchner
(2006), Dantas et al. (2007, Winke et al. (2008), Campos e
Ruivo (2009), Cordeiro (2010), Minuzzi et al. (2010) e Fechine
e Galvìncio (2010) vêm observando e analisando as tendências
em série climáticas e apontando sua significância.
Yevjevich (1972) define tendência em uma série temporal
como uma modificação metódica, sistematizada e contínua em
qualquer parâmetro de uma determinada série de dados, tomada
como amostra, excluindo-se mudanças periódicas ou quase
periódicas. Oscilação climática significa a flutuação na qual
a variável tende a mover-se de forma gradual, contínua e suave
entre sucessivos máximos e mínimos. A tendência climática pode
constituir-se de uma mudança climática caracterizada por um
leve aumento ou diminuição dos valores médios no período de
registro.
Goossens e Berger (1986) estabelecem o conceito de
tendência climática, como uma mudança climática constituída
por um nível suave de acréscimo ou de decréscimo nos valores
médios no período de registro.
De acordo com Conti (2000), a tendência climática está
relacionada com a variação lenta dos valores médios da série
de dados históricos de, se possível, três décadas. Essa
tendência não se restringe a uma mudança linear ao longo do
tempo, mas caracteriza-se apenas por um mínimo e um máximo nos
pontos terminais do registro.
Villa Nova (2000), chama a atenção para que não se
confundam as tendências climáticas com variações climáticas.
Ele explica que as tendências climáticas são mudanças suaves
no clima, que indicam consequências a longo prazo. Já as
variações climáticas referem-se a eventos isolados que fogem
de um padrão climático habitual.
Para Blain (2009), a tendência climática se caracteriza
por um aumento ou uma diminuição suave e monótona nos valores
médios de uma série meteorológica. Não fica, necessariamente,
restrita a tendências lineares em função do tempo, mas deve
conter apenas um máximo ou um mínimo no ponto final da série.
Segundo esse mesmo autor, variações climáticas se reporta à
flutuação climática ou prte dela em escala de tempo
suficientemente longa, capaz de resultar em variações nos
parâmetros estatísticos relativos a períodos sucessivos de no
mínimo 30 anos da variável meteorológica em estudo.
Frei e Schar (2000), afirmam que analisar tendências em
séries meteorológicas longas, corre-se o risco de confrontar-
se com uma dificuldade fundamental, ou seja, as variações
estocásticas limitam a acurácia com a qual possíveis
alterações possam ser detectadas. Dessa forma, torna-se muito
importante analisar também possíveis variações e tendências
climáticas considerando testes não paramétricos.
A World Meteorological Organization – Organização
Meteorológica Mundial (WMO, 2006) - com o objetivo de
padronizar a terminologia utilizada pelas ciências da
atmosfera, entre as quais a climatologia, em relação às
definições utilizadas para caracterizar mudanças climáticas,
propôs a conceituação para tendência climática como o aumento
ou diminuição lenta dos valores médios ao longo de uma série
de dados de, no mínimo, três décadas (Normal Climatológica),
3.1. Localização
O município de Bom Jesus está localizado na região sul do
Piauí, distando aproximadamente 634km da capital – Teresina.
Está inserido na Mesorregião do Sudeste Piauiense,
Microrregião do Alto Médio Gurguéia e engloba uma área total
de 5.709,10 km² (Atlas Desenvolvimento Humano no Brasil,
2003).
Bom Jesus fica a 09° 04’ 13’’ de Latitude Sul e 44° 21’
28’’ de Longitude W Gr. Limita-se ao norte com o município de
Currais; ao sul com Gilbués, Monte Alegre, Redenção do
Gurguéia e Avelino Lopes; ao leste com Santa Luz e; a oeste
com Ribeiro Gonçalves (IBGE, 2000).
Figura 01. Localização do município de Bom Jesus-PIFonte: ARAÚJO (2006) – Adaptado
De acordo com Brunetti e Pellegrini (1999), o Vale do rio
Gurguéia está situado na parte sul da “Bacia Intracratônica do
rio Parnaíba” (Piauí – Maranhão): a bacia se estende por uma
área de cerca de 600.000km², com um espessor total de
sedimentos de até 3.000m aproximadamente.
O clima da região de Bom Jesus apresenta duas estações bem
definidas: uma chuvosa, que vai de novembro a abril, e outra
seca, que dura de maio a outubro, podendo ocorrer um déficit
hídrico no período chuvoso chamado de “veranico”. A
precipitação média mensal mínima ocorre geralmente no mês de
agosto e a máxima ocorre no mês de janeiro, com precipitação
média anual em torno de 944,4mm. A temperatura máxima é de
36°C e a mínima 22°C.
De acordo com Moraes (2001), a cobertura vegetal da região
consiste basicamente do Cerrado (campo cerrado e cerradão),
uma vegetação de baixo a médio porte, cujas características
das principais espécies estão definidas pelo tronco e galhos
tortuosos, casca espessa e fendilhada, folhas coriáceas e
média densidade do conjunto vegetal; a presença de um extrato
baixo de gramíneas é quase sempre registrada na área. A
paisagem é monótona, com raras modificações no porte e nas
espécies presentes. Por ser uma área de transição, além das
fisionomias de campo cerrado e cerradão, ocorre também
caatinga arbórea em menor proporção.
3.2. Dados utilizados no estudoTemperatura mínima anual, temperatura máxima anual,
precipitação total anual, precipitação média mensal por
década, correspondentes ao período de janeiro de 1994 a
dezembro de 2013. Para cada variável se ajustaram modelos de
regressão linear e se estimaram a significância estatística
dos coeficientes da regressão obtidos ao nível de 5%.
3.3. Regressão linear estatísticaA regressão linear é um método para se estimar a
condicional (valor esperado) de uma variável y, dados os
valores de algumas outras variáveis x. A regressão, em geral,
trata da questão de se estimar um valor condicional esperado.
Em muitas situações, uma relação. linear pode ser válida para
sumarizar a associação entre as variáveis Y e X. Assim podemos
apresentar um modelo de regressão linear simples:
Foram utilizados os dados obtidos a partir da estação
meteorológica disponibilizado pelo INMET da cidade de Bom
Jesus, Sul do estado do Piauí, Nordeste do Brasil na
09°04’28’’S e 44°21’31’’ W com elevação de 331,74 m acima do
nível do mar. As variáveis climáticas analisadas foram:
temperatura e precipitação, assim representado na figura 2 a
seguir
Os parâmetros estatísticos foram calculados utilizando-se
do software ASSISTAT, versão 7.6 beta. As tendências em longo
prazo foram obtidas por meio de regressões lineares entre as
temperaturas meias anuais e os respectivos anos de registro,
seguindo os passos e critérios de confiabilidade do teste t e
normalidade da distribuição.
4.RESULTADO E DISCUSSÃO
Os resultados são apresentados nas Figuras 2 a 5 e tabelas
de 1 a 4. As temperaturas médias anuais (mínima e máxima) vêm
apresentando elevação em Bom Jesus - PI (Figuras 2 e 3). Nos
últimos 20 anos, ocorreu um aumento de 0,08°C na temperatura
mínima anual, um aumento de 0,99°C na temperatura máxima. Para
temperatura máxima e mínima anual houve tendência
significativa aplicando o teste t ao nível de 5% de
probabilidade.
Tabela 1. Valores do teste de Watson (U2) para as series anuais dastemperaturas máximas e mínimas.
Temperatura (ºC) U2 Valor crítico (5%)Máxima 0,2072 0,1156Mínima 0,1130 0,1156
Vários estudos evidenciam a ocorrência de mudanças
climáticas. As regiões Nordeste e Sudeste foram as que
apresentaram o segundo maior acréscimo na temperatura de 0,3ºC
por década, a região Norte apresentou um acréscimo de 0,5°C
por década e as regiões Centro-Oeste e Sul de 0,2°C por
década. Com o aumento da temperatura ocorre um crescimento da
evapotranspiração e um aumento na deficiência hídrica, o que
provocará um aumento de áreas com alto risco climático para a
maior parte das culturas agrícolas, principalmente nas regiões
Centro-oeste, Norte e Nordeste onde não ocorrem geadas. Por
outro lado, na região Sul, o aumento de temperatura mínima
reduzirá a disponibilidade de horas de frio, fundamentais para
quebra de dormência nas fruteiras temperadas (PINTO et al.,
2008).
Tabela 2. Análise estatística das temperaturas máximas de Bom Jesus – PI,no período de 1994 à 2013.
FV GL SQ QM FTratamentos 19 175,06 9,21 10.85Resíduos 160 135,77 0,84Total 179 310,83
Tabela 3. Análise estatística das temperaturas mínimas de Bom Jesus – PI, noperíodo de 1994 à 2013,.
FV GL SQ QM FTratamentos 19 302,39 15,91 4,77Resíduos 159 530,43 3,33Total 178 832,82
Vários estudos evidenciam a ocorrência de mudanças
climáticas. As regiões Sul e Sudeste do Brasil vêm
apresentando um aquecimento sistemático desde o início do
século 20 (SANGIGOLO et al., 1992), o que se deve associar à
urbanização crescente. O aquecimento sistemático do Atlântico
Sul desde 1950, assim como mostra VENEGAS et al. (1996; 1998),
é outro fator que contribuiria ao aumento da temperatura
nessas regiões. Segundo estudos feitos por VICTORIA ET al.
(1998), a região Amazônica apresentou um aumento de
temperatura de 0,63°C em um intervalo de 100 anos.
Figura 3. Temperatura máxima anual em Bom Jesus – PI (1994-2013).
A figura 3 mostra a variação média anual da temperatura
máxima. No comportamento anual observa-se que a temperatura
média anual máxima foi maior no ano de 2006, chegando a medir
36,98ºC e a menor foi de 31,56ºC no ano de 2007, diferenciando
significativamente dos demais anos, pelo teste t a um nível de
5% de probabilidade.
Para fins de comparação, foram adotados os limites de
coeficiente de variação (CV) propostos por Warrick & Nielsen
(1980), para a classificação da variabilidade dos atributos
analisados, sendo: CV < 12 %, 12 % < CV < 60 % e CV > 60 %,
considerados como de baixa, média e alta variabilidade,
respectivamente. Sendo assim, de acordo esse critério os
valores dos coeficientes de variação foram considerados baixos
sendo de 5,35% para temperatura máxima e de 4,63% para
temperatura mínima. Esse índice é de grande importância porque
mostra a pequena variabilidade dos dados de temperatura ao
logo dos anos estudados.
Figura 4. Temperatura mínima anual em Bom Jesus – PI (1994-2013).
A figura 4 mostra a variação média anual da temperatura
mínima. No comportamento anual observa-se que a temperatura
média anual mínima foi maior no ano de 2006, chegando a medir
21,98ºC e a menor foi de 18,26ºC no ano de 1997, diferenciando
significativamente dos demais anos, pelo teste t a um nível de
5% de probabilidade.
Comparando as médias das temperaturas máximas anuais, pode
se observar uma diferença de mais de 5,42ºC entre o ano mais
quente e o ano menos quente, 2006 e 2007. E as temperatura
mínimas uma diferença bem menor chegando a 3,72ºC, sendo entre
os anos de 2006, maior elevação e o de 1997, menor elevação.
Figura 5. Precipitação total anual em Bom Jesus – PI (1994-2013).
Para precipitação total anual, Figura 5 houve tendência
significativa a um nível de 5% de probabilidade pelo teste t.
Pode-se observa que a precipitação média total anual foi maior
no ano de 2013, chegando a medir 2030 mm e a menor foi de
492,2 mm no ano de 2004. Tendo uma variação de 1.537,8 mm,
entre o maior ano de precipitação total anual e o menor ano de
precipitação total anual.
Os valores dos coeficientes de variação foram considerados
altos, sendo de 113,27%, segundo os padrões de coeficiente de
variação (CV) propostos por Warrick & Nielsen (1980).
Figura 6. Precipitação média mensal por década em Bom Jesus – PI (1994-2013).
Pode se observar um aumento das chuvas ao longo das
décadas (Figura 6), entre os meses de fevereiro a abril. Uma
idéia diferente foi verificada pelo IPCC na redução das chuvas
na região Nordeste, prevista nos modelos que simulam os
efeitos das mudanças climáticas globais sobre climas regionais,
tem sido confirmada.
Os modelos do IPCC apontam redução de até 20%, por década,
do volume anual de chuvas na região. Para o Ceará foi
calculada, recentemente, uma redução de 6% por década
(LACERDA, 2010).
Silva e Guetter (2003) observaram que alguns municípios do
Estado do Paraná vêm apresentando uma aceleração do ciclo
hidrológico desde o princípio da década de 70, o que se pode
verificar através do aumento da frequência de chuvas mais
intensas, do aumento do escorrimento médio e de ocorrência de
secas com durações maiores. Eles também observaram a tendência
de aumento da temperatura mínima e diminuição da temperatura
máxima em Ponta Grossa.
Alguns modelos de simulação têm previsto aumento de
temperatura e possível impacto na agricultura brasileira.
STRECK e ALBERTO (2006) concluíram que a mudança climática
projetada para os próximos 100 anos em Santa Maria-RS, tende a
diminuir o volume de água no solo, preocupando mais as
culturas de verão (soja e milho) que a cultura do trigo. O
zoneamento agrícola de culturas brasileiras pode sofrer
alterações drásticas caso sejam confirmadas tais mudanças.
Pode ocorrer diminuição da área de cultivo de soja, milho,
trigo e café entre outras espécies cultivadas no Brasil.
Tabela 4. Temperaturas (ºC) máximas, mínimas absolutas precipitação (mm)total anual, esperados com período de retorno entre 10 a 500 anos.
Valores esperados nos diversos
tempos de retorno (T, anos)T =
20
T =
40
T =
60
T =
80
T =
100
Tem. Máx. Absoluta 33,64 35,68 36,72 37,76 38,80Temp. Min. Absoluta 19,97 20,05 20,13 20,21 20,29Prec. Total anual (mm) 1131,
5
1488,
3
1845,
1
2201,
9
2558,
7
Observa-se na tabela 4 acima, que a um aumento de
temperatura máxima absoluta de 5,16ºC no período de 100 anos,
em relação à média dos 20 anos, e de 0,32ºC na temperatura
mínima absoluta no período de 100 anos, também em relação a
médias do período de 20 anos. Para precipitação observa-se um
5.CONCLUSÃO
A temperatura máxima foi a que apresentou maior grau de
elevação. Os resultados das temperaturas máximas e mínimas
apresentaram baixo coeficiente de variação, sinal de baixa
variabilidade nos dados. As mesmas temperaturas apresentaram
tendências significativas de crescimento.
Observando os resultados obtidos no estudo estatístico das
médias mensais de precipitação (mm), observamos dois períodos
distintos, sendo o período mais chuvoso de setembro a abril e
o período menos chuvoso de maio a agosto.
No comportamento médio anual, observamos uma tendência de
elevação nas temperaturas máximas de 0,052 ºC na temperatura
média, e de 0,004 nas temperaturas medias.
6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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