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The Royal Treatment: A Crown Jewels Romantic Comedy

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THE ROYAL TREATMENT~ uma comédia romântica da série crown jewels ~

MELANIE SUMMERS

Gretz Corp.

ÍNDICE

Nota da AutoraUmDoisTrêsQuatroCincoSeisSeteOitoNoveDezOnzeDozeTrezeQuatorzeQuinzeDezesseisDezesseteDezoitoDezenoveVinteVinte e UmVinte e DoisVinte e TrêsVinte e QuatroVinte e CincoVinte e SeisVinte e SeteVinte e OitoVinte e NoveTrintaTrinta e UmTrinta e DoisTrinta e Três

Trinta e QuatroTrinta e CincoTrinta e SeisTrinta e SeteTrinta e OitoTrinta e NoveQuarentaEpílogo

DEDICATÓRIA

Para todas as mulheres que irão ler esse Livro,e para a garotinha dentro de você que brincava de se vestir em um

dia chuvoso,e dançava nos pés do seu pai.Eu espero que você dê risada.

Eu espero que você ame.Eu espero que você acredite em si mesma porque você é o

suficiente.

N O T A D A A U T O R A

Caros leitores,Escrevi este livro porque precisava rir. Eu precisava escapar. Eu

precisava suspirar de felicidade.O telefone tocou na manhã de Halloween (um dos meus dias

favoritos do ano) e, quando desliguei, tudo havia mudado. Derepente, meu pai durão estava lutando contra o câncer em estágiotrês em seus pulmões e nódulos linfáticos. Notícias que ninguémquer ouvir. Notícia que derruba uma pessoa.

Eu me deparei com a possibilidade muito real de perder meu pai- o homem que me criou (ao lado da minha mãe) e que teve asabedoria de ficar para trás e me deixar ficar frustrada e me deixoufalhar (às vezes espetacularmente), então me ajudou a levantar, tirara poeira e continuar. Ele é o tipo de pai que sempre posso chamarquando a vida está me deixando para baixo ou quando tenho algopara comemorar, seja grande ou pequeno. O que eu faria se nãotivesse ele para conversar sobre nada por horas a fio? Com quemeu riria dos absurdos da vida?

É engraçado como o cérebro funciona. Em apenas algunsminutos, fui incapaz de escrever o livro de ficção feminina muitosério em que estava trabalhando. Mas a mente de um escritor devecriar. Não pode parar. E assim, as comportas do humor se abriramamplamente, e a história de Tessa e Arthur veio à tona.

Eu escrevia e escrevia e, às vezes, ria tanto que minhasbochechas doíam. E ao mesmo tempo, meu pai lutou com tudo queele tem. Na segunda-feira de Páscoa, ele ligou e tão rápido quanto a

crise começou, ela acabou. Ele está em remissão total e recebemoso presente incrível de mais tempo, mais telefonemas, maiscomemorações.

Alguns de vocês enfrentarão sua própria crise quando pegaremeste livro. Espero que sua história termine tão feliz quanto a minha.

Meu maior desejo como escritora é fazer você rir, e deixar vocêescapar, e fazer você suspirar de felicidade.

Com muito amor e gratidão,Melanie

EU

U M

UMA NOTA ESPECIAL DO PR ÍNCIPE ARTHUR , DUQUE DEWELLINGBOURNE

odeio ter que dizer isso, moças, mas se você já assistiu a umfilme de Hollywood - ou pior ainda - um filme feito para a TV sobreuma família real, você recebeu um prato fumegante de merda. Eusei, porque sou o príncipe herdeiro da Avonia, mas não estoufalando apenas por mim. Vários de meus amigos mais próximostambém são príncipes ou duques de vários países ao redor domundo. Discutimos isso e todos concordamos - a indústria docinema e de livros de romance prestou um grande desserviço atodos nós, criando expectativas irrealistas sobre o que significanamorar e/ou casar com um membro da família real.

Por exemplo, se nos conhecemos em uma festa e você perdeuseu sapato, posso dizer com cem por cento de certeza que não ireide porta em porta tentando devolvê-lo, não importa o quão bonitavocê seja. Em primeiro lugar, é um sapato, então você podefacilmente ir até uma loja comprar outro par. Em segundo lugar, sevocê é muito estúpida para perceber que está usando apenas umsapato, você e eu não vamos durar muito tempo. Posso te comer sea oportunidade surgir, mas nada além disso.

Se anteriormente você tinha a impressão de que eu iria persegui-la com seu salto alto com chulé em um travesseiro, então vocêtambém pode ter várias outras crenças falsas, como as seguintes:

Que eu acordo ao som dos pássaros cantando no parapeito daminha janela, sou alimentado com café da manhã na cama por umaempregada com um boné branco amarrado na cabeça (para que

servem esses bonés, de qualquer jeito?), então fico deitado na salalendo livros a manhã toda enquanto minha irmã, a princesa Arabella,toca harpa. Passo minhas tardes caçando com um bando deduques, então janto em jantares de oito pratos com mulheres emvestidos cintilantes e luvas que vão até os cotovelos, depois meretiro para a biblioteca para fumar charutos e beber bourbon comoutros sangues azuis.

Além da parte sobre ter coroas trancadas em um cofre, servosesgueirando-se o tempo todo (que, a propósito, dão sustossuficientes para tornar minha vida o reboot de IT, a coisa deStephen King), e as limusines extensas, os filmes estão totalmenteerrados.

Este é o meu dia típico: um despertador me acorda exatamenteàs seis horas todas as manhãs, exceto aos domingos, quandoconsigo dormir até as sete e meia (sorte minha). Eu, então, vistoroupas de ginástica e faço uma sessão de treinamento misto deartes marciais de uma hora com meu chefe de segurança, Ollie,para manter meu corpo nas melhores condições principescas. Tomobanho, tomo café da manhã no balcão da cozinha enquanto souinformado sobre meu itinerário por meu conselheiro sênior, VincentHendriks, que, na maioria das vezes, cheira a queijo gorgonzola pormotivos que não desejo descobrir. Passo o resto do dia participandode reuniões extremamente tediosas ou visitando lugareshorrivelmente deprimentes, como o hospital infantil. Se eu tiversorte, janto sozinho, bebendo algumas cervejas para me ajudar aesquecer os rostos pálidos daquelas crianças bravas e doentes. Seeu não for sortudo o suficiente de ter a noite só para mim, devoseguir em frente com meu melhor sorriso de Príncipe Encantadoenquanto janto com visitantes importantes e suas esposasenvergonhadas.

A propósito, faço um pouco de sucesso com as esposas. Commaridos? Nem tanto.

Se o mundo fosse governado por mulheres (o queprovavelmente deveria ser - quero dizer, olhe a rapidez com queaquelas mulheres que governavam a Islândia tiraram o país dafalência alguns anos atrás? Sem caô. Elas rapidamente jogaram osbanqueiros na prisão e botaram a economia nos eixos e BOOM! De

volta aos trilhos) ... de qualquer maneira, se o mundo fossegovernado por mulheres - em particular pelas esposas com quemjanto - nosso pequeno reino seria o líder internacional no comércio.E eu não estaria no meio da tempestade de merda que caiu sobremim hoje…

— O

D O I S

HOMENS BONS, ORELHÕES E OUTRAS COISAS QUE NÃOEXISTEM MAIS

Tessa

h, droga! O carro acelera enquanto o riso escorre dasjanelas abertas.

— Seus... vagabundos! — Eu grito, o que só os faz rir mais.Tenho apenas 28 anos, mas para eles sou uma bruxa de meia-idadeensopada, e meu uso da palavra 'vagabundos' só confirma isso paraeles. Mas não vou xingar, há crianças por perto. Oh, eu disse droga,não disse? Merda.

Minha calça jeans branca nova e minhas botas de camurçafavoritas agora estão encharcadas e cobertas de lama. Esta éliteralmente a terceira vez em dois anos que sou vítima do jogo de'boliche para perdedores' que acontece neste local faz, ah, não sei,desde sempre. Há um declive na calçada ao longo de toda a frenteda estação de transferência de ônibus e, como a estação é apoiadapor uma parede de tijolos de 2,5 metros, não há onde se esconder.Depois de qualquer chuva forte, os adolescentes aparecem do nadapara jogar.

Para ser honesta, é divertido se você for um dos adolescentesamontoados no carro com seus amigos. Tenho vergonha de dizerque fiz isso uma vez e foi um pouco emocionante, de uma formaassustadora, empolgante, vamos-fazer-algo-realmente-ardiloso-que-nos-unirá-para sempre. Oh meu Deus! E se formos pegos?

Mas então, assim que tudo acabou, olhei de volta para nossavítima. Ela estava vestida para uma festa e até mesmo o papel depresente da elegante caixa de prata que segurava estava ensopado.Nós acabamos totalmente com o dia dela por alguns segundos deentretenimento. Implorei aos meus amigos que voltassem para quepudéssemos dar uma carona para ela, mas, no fim das contas, osadolescentes não gostam de ter sua diversão estragada e, depoisdisso, tive alguns amigos a menos. Mas isso realmente nãoimportava. Eu já estava acostumada a ser rejeitada muito antes dapuberdade chegar.

No momento, estou a caminho da casa dos meus pais para maisum temido jantar em família. Sendo a única menina de cinco filhos,sempre tive muitos motivos pelos quais não me encaixava - falta depênis, falta de testículos, falta de interesse por futebol. As coisas sópioraram com o passar dos anos em vez de melhorar, com meusirmãos brilhantes progredindo no mundo, enquanto eu recentementecaí alguns degraus na escada do emprego. Hoje em dia, meusirmãos zombam de mim incansavelmente por ser 'a mais estúpidada família Sharpe'. Ha. Ha. Ha.

Enquanto o ônibus segue em direção a Abbott Lane, eu passode uma mulher relativamente confiante e razoavelmente inteligentepara uma garota de quatorze anos desajeitada e terrivelmenteinsegura. Vou passar os próximos vinte e três minutos esperandoque o ônibus quebre ou seja sequestrado por terroristas (masapenas se Keanu Reeves entrar nele primeiro), depois, naspróximas horas, desejando ter conseguido imaginar a desculpaperfeita para não vir ao jantar desta noite.

Nos últimos dois anos, já usei cólicas horríveis (testadas ecomprovadas, especialmente se meu pai atender o telefone), febrealta, diarreia violenta - qualquer coisa violenta é bastante eficaz, naverdade - prazos apertados no trabalho (o que eles não acreditam),ônibus quebrado e bronquite (que é mais difícil fingir do que vocêpensa quando você está perfeitamente saudável). Mas hoje nãoconsigo mentir. Hoje comemoramos o que seria o aniversário de 85anos do meu avô e, como ele foi a única pessoa na minha família aacreditar que eu tinha algum potencial, devo a ele estar aqui.

Eu fico na calçada molhada, olhando para a casa dos meus paiscom uma mistura de painéis verdes escuros que se projetam notopo do que já foi uma casa de tijolos de um andar. Mesmo queminhas pernas estejam úmidas e congelando, eu tomo um momentopara absorver o silêncio antes de ser bombardeada pelo caos echeiros de comida que esperam por mim. Uma chuva fraca começa,me incitando a entrar e acabar logo com isso. Existem destinosmuito piores do que um jantar em família. Não consigo pensar noque eles são no momento, mas sei que existem.

Esperando não ser notada quando eu entro pela porta, eumantenho minha voz baixa como um sussurro enquanto digo:

— Oi, gente!A cabeça de minha mãe sai da cozinha pelo corredor estreito.

Mamãe tem ouvidos bem sintonizados. Ela pode ter duas conversasao mesmo tempo, tudo enquanto escuta um bebê adormecido e secertifica de que as batatas não queimem.

— Tessa! Aí está você! Achei que você nunca chegaria aqui. —Ela se esquiva de minhas sobrinhas, que estão ocupadas demaisperseguindo o gato com uma tiara para me notar.

— Pobre Mr. Whiskers. Mãe, você não vai deixá-las vesti-lo denovo. — Entrego a ela o vinho que trouxe para 'todos' (e por todos,quero dizer eu) e dou-lhe um beijo na bochecha.

— Ele vai avisá-las se não quiser brincar de se fantasiar. — Elame puxa para um abraço e o cheiro familiar do Chanel nº 5 sopraem minhas narinas.

Um assobio e um uivo indicam que mamãe estava certa sobre oMr. Whiskers. Todas as três garotas voltaram gritando pelo corredor,depois viraram à direita e trovejaram escada acima.

Mamãe me olha de cima a baixo.— Se molhou na estação de transferência de novo?— Sim.— Você realmente deveria pensar em comprar um carro. Eles

têm aqueles elétricos agora, então você não vai arruinar a Terracomo o resto de nós.

— Sim, você mencionou isso antes.

Por mais que eu adoraria passear em meu próprio carro, nãoposso exatamente pagar um, o que é uma informação estressanteque guardo para mim mesma. Então, em vez disso, uso o transportepúblico sob o pretexto de que me tornei uma verdadeiraambientalista. Embora eu definitivamente me importe com a Terra,também fantasio sobre um dia estacionar em um carrinho esportivoe brilhante para que eu possa partir quando tiver “tempo em família”o suficiente.

O que eu realmente gostaria de fazer é encontrar um homembom, estável e ecologicamente consciente que me leve até a casados meus pais em um carro híbrido com bancos de couroaquecidos. Tenho certeza de que se eu o encontrasse, minhaclassificação de 'digna de respeito' triplicaria. Mas, uma vez queencontrar um homem solteiro, confiável e decente é tão provávelquanto encontrar um orelhão hoje em dia, eu serei para sempre umaempreendedora solteira que consegue comprar calçados caros (napromoção) sem ouvir reclamações de alguém que mais tarde vaideixar o assento do vaso sanitário.

Oh, isso soa terrivelmente negativo. Eu sei que existem bonshomens por aí, mas eles são para outras mulheres. Não para mim.Se houver um saco de lixo mentiroso e trapaceiro em um raio dedezesseis quilômetros, vou encontrá-lo e me apaixonar por ele.

Minha sobrinha, Poppy, é a primeira das crianças a me notar.Seus olhos se iluminam e ela grita:

— Tia Tessa está aqui!E assim começa o ataque de crianças correndo para os pacotes

de Jelly Babies que eles sabem que eu trouxe. Poppy desce asescadas correndo e vai direto para os meus braços para um grandeabraço. Eu a aperto com força e dou-lhe um beijo babado nabochecha, apenas para que eu possa vê-la limpar. Isso sempre mefaz rir. Eu sou a velha tia solteirona, exceto sem os cabeloscrescendo de uma verruga no meu queixo - ainda.

— Oh, eu senti falta da minha sobrinha maluquinha.Eu me agacho e procuro no bolso do meu casaco.— Vamos ver se tenho algo para você.Ela sorri com expectativa.

— Oh, aqui está. Um pacote de Jelly Babies, o melhor doce domundo. — Eu entrego a ela o pacote.

— Obrigada, tia! — Ela me dá outro abraço, enquanto a fila decrianças se forma nada organizada atrás dela.

—De nada, princesa — eu sussurro em seu ouvido. — Não seesqueça, você é minha Poppy favorita em todo o mundo.

Poppy sorri enquanto seu irmão mais novo, Clarke, se interpõeentre nós.

Eu repito essa rotina mais seis vezes, então digo à ninhada oque eu sempre faço.

— Guarde-os para depois do jantar ou suas mães ficarão muitozangadas comigo.

Quando as palavras saem da minha boca, elas já se foram,provavelmente para se esconder e comer os doces. Jogo meucasaco de lã na pilha bamba de jaquetas no velho banco de madeirae sigo em direção à sala de TV para dizer olá para meu pai e meusirmãos.

Quando coloco minha cabeça para dentro da sala, meus olhossão imediatamente atacados pela placa rosa piscando'Sheepshagger Beer', que contrasta horrivelmente com o sofá e apoltrona xadrez vermelho e verde. Meu pai está atrás do 'bar', quena verdade é apenas uma mesa dobrável com um pacote de dozecervejas nele. Seu olhar está grudado na tela gigante da televisão.

— Oi pessoal. — Minha voz é abafada por seus gritos.O futebol é praticamente sua única paixão compartilhada. Bem,

isso e cerveja. Oh, e tirar sarro de mim. Então, acho que eles têmmuito em comum quando penso nisso.

Papai me nota com o canto do olho e me dá um aceno rápido eum meio sorriso.

— Olá, Tess… AAAHHHH!!!Sua cabeça gira para a tela novamente e ele parece que está

prestes a ter um derrame porque alguém quase marcou um gol. Apartida de futebol é meio que uma bênção por Deus, na verdade.Significa atrasar o jogo na próxima rodada de 'vamos pegar no péde Tessa por não ter um homem, ou um emprego de verdade, ouum homem com um emprego de verdade'. Agora, onde minha mãefoi com aquele vinho?

Eu a encontro na cozinha com minhas duas cunhadas, Isa eNina. Elas estão muito absortas em uma discussão acalorada sobrea nova política de uniformes escolares para se preocupar comigo.

— Eu sei! — Nina, que está começando o segundo trimestre degravidez, enfia uma azeitona na boca e continua falando. — Medisseram que eles não fariam isso de novo este ano, mas você sabeque nunca pode confiar neles. É dinheiro fácil.

— Dinheiro muito fácil.— A cabeça de Isa está balançando tãorápido que temo que possa cair imediatamente. Não seria umaperda muito grande para ela, só tende a usá-la principalmente paraexibir suas habilidades de cabelo e maquiagem de qualquermaneira. Oh, isso foi desagradável, não foi? Será que estou deTPM?

Minha mãe se posiciona em frente ao fogão, suas mãos são umborrão de tanto que se mexe, tempera e refoga o jantar paradezesseis. — Então, Tessa, como vai o blog? — Ela enfatiza apalavra blog para provar que finalmente se lembrou do nome daminha ocupação atual.

— Muito bem, obrigada. Aumento constante de assinantes,então, isso é sempre bom.

Seu rosto aperta em confusão, e eu sei o que está por vir. —Ainda não entendo como você ganha dinheiro.

— É, hum, anúncios, principalmente. Algumas das empresas quefaço resenha também me pagam uma taxa para testar seusprodutos. — Lavo as mãos e começo a fatiar alguns picles queserão servidos com o ensopado.

Mamãe assente.— Certo. As empresas pagam para você anunciar em seus sites.Repassamos isso sempre, mas não me importo. Isso significa

que ela se importa.— Sim, mais ou menos. Eu sou paga pelos anúncios

indiretamente. Eles pagam ao Google. O Google me paga.— E você realmente tem gente suficiente lendo seu blog para

pagar suas contas?Ela deve saber que estou exagerando sobre o quão bem estou

indo, mas, em minha defesa, só faço isso porque não quero que

eles se preocupem. Ok, também porque eu morreria se meusirmãos descobrissem.

— Tenho. — Eu ganho apenas o suficiente para sobreviver.Dinheiro de verdade. Não Bitcoins, que será sua próxima pergunta.

— Dinheiro de verdade ou aqueles Bitcoins de que sempre ouçofalar?

— Dinheiro de verdade, mãe. Vai para minha conta bancária etudo mais.

— Ótimo, porque a Grace daqui da frente me disse que aquelepessoal do Bitcoin está indo à falência.

— Sério? Bem, então, estou feliz por ter optado por receber emdinheiro real.

A campainha toca, indicando que Bram chegou. Ao contrário demim, Bram gosta de ter a atenção total de todos o tempo todo. Algosobre ter nascido no meio de uma matilha de meninos queaparentemente ainda o está afetando.

— Olá? Onde está todo mundo? — ele berra. — Eu quero quevocês conheçam minha nova namorada.

— Outra? — Nina franze os lábios para Isa, desencadeando umaonda de balançar a cabeça e revirar os olhos enquanto elas vão embusca da captura do dia de Bram.

Minha mãe enxuga as mãos em um pano de prato e corre nadireção da porta da frente. Aproveito a oportunidade para virar oresto do meu vinho e encher minha taça antes de ir cumprimentarsua nova namorada.

Sentamos para comer exatamente às seis horas. Os adultos seespremem na mesa da sala de jantar, enquanto as crianças ficamem uma mesinha quadrada precariamente bamba que ocupa aentrada entre a sala de estar e a sala de jantar. A televisão estáligada ao fundo para que meu pai não perca um gol tão importante.Minha mãe abre a janela, pois em alguns minutos, estará muitoquente aqui. Ela passa pelo bufê, que orgulhosamente exibe suacoleção de pratos e canecas comemorativas da Família Real, então

está prestes a se sentar na ponta da mesa quando volta a selevantar. — Quase esqueci os guardanapos chiques!

— Agora, não se preocupe, mãe. Não é como se estivéssemoshospedando o Rei. — Meu pai, que gosta de acabar com jantaresquase tão rápido quanto eu, sempre diz isso.

Mamãe ignora o comentário dele enquanto corre de volta para acozinha, voltando um momento depois com uma pilha deguardanapos de papel grosso com um desenho de primavera. Elaadora guardanapos temáticos.

Todos ficam maravilhados com a forma como minha mãeconseguiu mais uma vez preparar um banquete tão bom. Ela fingeque não precisa dos elogios, e então começa o caos de servir acomida. Noah, Isa e Nina carregam pratos ao redor da mesa,carregando comida para seus filhos. Meu irmão, Lars, fica sentadocom sua bunda magricela e enche seu próprio prato antes de suaesposa grávida gritar para ele se levantar e ajudá-la. Ele pula comose estivesse chocado ao descobrir que quatro dos filhos na mesainfantil pertencem a ele.

Estou posicionado em frente à nova namorada, Irene, que éexatamente o que eu esperava. Jovem, bonita, cabelo grande eseios ainda maiores. Finn, que se apressou em pegar a cadeiravazia ao lado da nova garota de nosso irmão, olha para baixo emseu decote profundo toda vez que ele lhe entrega um prato,enquanto Bram, que está do outro lado dela, faz a mesma coisaquando ela entrega cada prato para ele.

Meu pai se levanta, pirragueia e ergue o copo de cerveja.— Estamos aqui juntos hoje para celebrar a vida de um homem

muito especial que teria completado 85 anos hoje. Ele era umjardineiro e tanto, uma alma gentil e o melhor sogro que um homempoderia desejar. Para o vovô Seth.

Todos nós levantamos nossos copos e brindamos. Lágrimasenchem meus olhos. Depois de quinze anos, ainda sinto tanta faltado vovô Seth que às vezes dói. Ele foi morar conosco quando eutinha seis anos, logo depois que nossa avó faleceu. Ele e eucostumávamos fugir para o quintal sempre que podíamos.Conversávamos enquanto ele trabalhava no jardim. Bem, naverdade, eu fazia toda a conversa e ele escutava. Ele foi a única

pessoa na minha família que me tratou como uma adulta, mesmoquando eu era pequena. Ele me entendeu como ninguém o fez, e háum vazio em minha alma desde que o perdemos.

Meus irmãos, que acreditavam que o vovô Seth me favorecia - oque ele totalmente fazia - não eram muito fãs dele. Todos elescomeçaram a comer enquanto eu mexo com meu guardanapoestampado com tulipa e espero o nó na minha garganta passar.

— Então, Tess, como vai o blog? — Noah pergunta, agora queele finalmente está sentado e está enchendo seu próprio prato comcomida. Que comecem os jogos.

— Tessa é blogueira — disse Bram a Irene. — Ela costumavaser uma repórter de verdade até ser demitida por transar com ochefe.

— Bram Devon Sharpe! — minha mãe diz. — Nós concordamosem não tocar mais no assunto.

Meu rosto arde de humilhação.— Não foi só transar. Estivemos juntos por quase um ano.— O que é transar, mamãe? — Poppy levanta da mesa

quadrada. — E por que a Tia estava fazendo isso com o chefe dela?Isa fica em choque, e ela dá a Noah um olhar que diz a ele para

lidar com isso se quiser ter qualquer você-sabe-o-quê novamente.(Não estou supondo sobre isso. Ela uma vez me disse que ocontrola distribuindo sexo com base no sistema de recompensa. Elenão sabe disso, é claro, e queria eu também não saber.) Noah entraem ação.

— Muito obrigado , Bram — Noah murmura. — Nada, amor, éapenas uma coisa inventada que o tio Bram está falando. Dosfilmes.

Irene sorri para mim.— Então, você tem um blog?— Tessa é uma grande empreendedora. Ela está conquistando

novos inscritos a cada mês. — Sua expressão diz: 'Isso não ésurpreendentemente bom para nossa pequena Tessa de quemesperávamos tão pouco.' Para ser justa, entretanto, sou a pessoamenos impressionante da família. Noah é um engenheiro estrutural.Lars é professor de astrofísica, então em nossa casa, em vez dedizer que alguém 'não é exatamente um cientista de foguetes',

dizemos, eles 'não são exatamente um Lars'. Finn está terminando afaculdade de arquitetura e Bram é dentista. E eu sou blogueira.

— Que tipo de blog você tem? — Irene pergunta.— Eu administro alguns sites diferentes. Fotografia, corrida, um

site sobre a realeza...Minha mãe fica rígida com a menção do meu blog sobre a

realeza. Como uma grande observadora da família real, foi umagrande decepção ver sua filha se tornar abertamente anti-monarquia. É tão fã que eu realmente acho que ela teria preferidoque eu fosse abertamente polígama.

Os olhos de Irene brilham.— Eu simplesmente amo a Família Real! Especialmente o

Príncipe Arthur - hum! — Ela ri, então me encara, claramenteesperando que eu concorde com ela sobre a gostosura do príncipeherdeiro de nossa nação.

— Sim, ele é muito popular. — Eu sorrio educadamente.Ela arfa.— Será que sigo o seu blog?— Não, se você ama a família real — brinca Lars.O rosto dela cai. O meu fica vermelho. — É menos um site de

fãs e mais um olhar crítico sobre a necessidade de se ter umamonarquia nos dias de hoje.

— Tessa quer expulsar todos eles — Finn diz aos seios de Irene.— Corte suas cabeças! — a voz do meu sobrinho, Josh, ressoa.

Ou aquele é o Geoffrey? Não consigo distingui-los, mas realmentenão é minha culpa. Eles são gêmeos e nunca param de se moverpor tempo suficiente para dar uma boa olhada neles.

— Eu não quero que ninguém seja decapitado...Irene está me encarando agora como se eu tivesse acabado de

dizer que ela tem um bebê feio. Bram me interrompe e diz aospeitos de Irene que quero ver a Família Real entregar tudo para opovo e conseguir empregos honestos de uma vez, em vez de roubardos plebeus de Avonia como eles vêm fazendo há séculos.

Embora seus seios pareçam neutros sobre o assunto, sua dona -e digo dona porque tenho quase certeza de que ela pagou muito poreles - claramente não é. Mas isso era de se esperar - sua raiva, nãoos seios falsos. É um tópico polarizador, e se eu não pudesse lidar

com as reações negativas das pessoas, não teria nada que fazerem um blog sobre isso. Se há uma coisa que aprendi crescendocom quatro irmãos, é como lutar e como deixar que as críticas nãome abalem. Ok, acho que foram duas coisas. Ainda bem que nãotenho um site sobre matemática.

— Não tenho nada contra a Família Real pessoalmente, é maisuma questão política e filosófica.

— Se não é pessoal, por que você os chamou de 'um bando desanguessugas inatas e desonestas' na semana passada? — Ninafranze os lábios e cruza os braços sobre a barriga.

— Oh, então você tem lido meu trabalho. — Não posso deixar deficar lisonjeada, embora eu saiba que depois que ela leu, elaprovavelmente ligou para Lars no trabalho e reclamou com ele pordez minutos sobre como a irmã dele é um ser humano horrível.

— Seria difícil não ver — Finn diz, com a boca cheia decenouras. — Essa frase foi retuitada mais de cinquenta mil vezes.

Noah quase engasga com a cerveja. — Cinquenta mil retuítes?Nada mal, Tess.

— O que diabos é um retuíte? — meu pai pergunta.— Você realmente acredita em todas essas coisas terríveis

sobre nossa família real? Ou você está apenas dizendo isso parachamar a atenção? — Isa pergunta.

— O que-— Atenção, não, Isa. Inscritos. — diz Noah. A expressão de

culpa em seu rosto me diz que eles disseram isso claramente nasminhas costas, provavelmente em muitas ocasiões.

— Tia Tessa — minha sobrinha, Tabitha, está bem atrás de mim,seu hálito quente indo diretamente para o meu ouvido — minha mãee meu pai disseram que não é bom dizer coisas maldosas sobreoutras pessoas, então por que está tudo bem quando você faz isso?

— Uh, bem, é que as pessoas sobre as quais estou escrevendonão vão ler, então não é realmente a mesma coisa… — Minhacabeça inteira está quente de vergonha. Eu olho para Isa, que melevanta uma sobrancelha presunçosamente.

— Então, está tudo bem dizer coisas ruins se as pessoas dequem você está falando não descobrirem? — Tabitha pergunta.

— Não, não realmente... — Oh, inferno, o olhar que ela está medando me faz querer escorregar da cadeira e me esconder embaixoda mesa, mas de alguma forma, acho que a culpa me encontraria lá.— É muito complicado, Tabby. As pessoas sobre as quais estouescrevendo fazem escolhas que afetam todo o nosso país, e euacredito fortemente que estão fazendo a coisa errada. Se alguémnão falar, nada vai mudar.

Ela inclina a cabeça como um cachorro confuso. Deus, como elaé fofa.

— Mas, se eles nunca vão ler o que você diz sobre eles, comoeles vão saber que precisam mudar?

E inteligente. Ela é muito inteligente. Fui passada a perna poruma garota com um suéter da Hello Kitty.

— A questão é... bem, às vezes, na política... você precisa demuitas pessoas para pressionar nossos legisladores para... para…

— Ha ha! Ela te pegou aí, Tess! — Bram ri.Para quê? De repente, percebo que, além do som da TV, a sala

inteira ficou em silêncio e todos estão esperando por umaexplicação que não estou preparada para dar.

— Você é uma jovem muito sábia. Terei que pensar muito sobresuas perguntas. Por enquanto, deixe-me dizer que seus pais estãocertos. Não devemos dizer coisas ruins sobre os outros.

— Mãe, Josh derramou o leite dele no carpete! — Oh! Graças adeus!

— Merda. — Meu pai, que não dá a mínima para o tapete, estáse referindo ao time adversário que acabou de marcar.

— Olha a boca na frente das crianças! — Minha mãe corre paraa cozinha para pegar os suprimentos necessários.

— Vovô acabou de dizer merda!— Geoffrey, chega!— Eu faço isso, mãe. Deixe-me limpar.— Está tudo bem, querida. Você come enquanto está quente.— Mãããeeeeee, Poppy está sorrindo para mim de novo!— Poppy, o que dissemos sobre sorrir para Knox?— Ele disse que minha bunda cheira a peido!— Bem, cheira mesmo a peidos!— Você tem que fazer cocô, querida?

— Não!— Sem falar de peidos ou cocô na mesa!— Espera aí, o que é um retuíte, Finn? — Meu pai aponta um

garfo cheio de carne para mim. — E, mais importante, ela ganhaalgum dinheiro com eles?

— Não, mas... — Eu começo, mas meu pai me interrompe.— Você não está deixando que eles lhe paguem em Bitcoins,

está?

M

T R Ê S

UM CHUTE NAS JOIAS REAIS

Arthur

eu pai, Sua Alteza Serena, o Príncipe Herdeiro da Avonia, ouWinston, como minha avó o chama, está em uma viagem

diplomática de dois meses no Sudeste Asiático no momento. Claro,isso é quando tudo desmoronaria. Não apenas o monarca reinanteestá fora, mas esta é a única vez neste mês em que eu deveria teruma noite inteira para mim. Eu tinha planejado passar o tempo nãotão sozinho com a Duquesa de Funville, que me deixa afogar oganso sempre que ela está na cidade, o que não é muito frequente.

Ela é da Escócia e seu pai é dono de metade dos campos degolfe da Europa. Ela é uma das poucas mulheres que estáinteressada apenas em uma diversão travessa, em vez de esperaracabar usando as coroas combinando. Como ela já tem seu própriocastelo, ela não tem interesse no meu. (O dela é um pouco maior, eo fato de eu poder admitir isso indica que não tenho necessidade decompensar nada, piscadinha, piscadinha.)

Em vez de chegar ao hotel dela, como deveria estar fazendoagora, estou preso lidando com o que pode ser a crise final quederruba o reinado de quase oitocentos anos de nossa família.Acontece que nosso novo primeiro-ministro está tramandosecretamente contra nós. Apesar de meu pai basicamente terentregado para ele as eleições no outono passado, ele vai nosdobrar e nos dar o velho 'referendo para expulsar a família real'.Bem, obrigado, Jack Janssen. Fodido.

Eu suspiro e fico olhando ansiosamente para a armadura quefica de guarda na porta do meu escritório. O que aconteceu com osdias em que um príncipe podia dizer: 'Cortem-lhes a cabeça!' e ascoisas seriam feitas?

Eu estive em uma reunião com Damien Peters, o conselheirosênior de meu pai e contato com o governo, e o Sr. Gorgonzola pormais de uma hora. Eu me posicionei atrás da minha mesa decarvalho antigo, então o cheiro está apenas sufocando Damien, queestá sentado ao lado de Vincent. (Mas não se sinta mal por Damien.Ele é um idiota completo.) Eu olho pela janela do meu escritóriopara a vista da cidade do outro lado do rio, onde minha duquesasafada espera. Minhas calças de repente estão muito apertadas. Éhora de assumir o controle desta reunião.

Eu levanto minha mão, interrompendo Vincent, que estárepetindo o quão chocado está.

— Tudo bem, deixando de lado o fato de que o primeiro ministroé basicamente um merda mentiroso, o que podemos fazer sobreisso? Se ele pedir um referendo, não podemos exatamente impedi-lo. Já enfrentamos esses votos antes e as pessoas ainda não nosexoneraram.

— Infelizmente, com a economia pobre e a alta taxa dedesemprego, e a recente situação de seu pai sobre os impostos... —Vincent faz uma pausa e pigarreia duas vezes, que é o que ele fazsempre que está prestes a jogar uma porra de uma bomba em mim.— As pesquisas mostram que setenta e dois por cento dapopulação votará pela dissolução da monarquia.

Bem, isso não é um chute nas joias?Damien limpa a garganta.— Não há boa ou má publicidade ultimamente, Vossa Alteza. As

pessoas estão se sentindo meio isoladas. Receio que a naturezaprivada da família não tenha funcionado bem, especialmentequando a família real do outro oceano está constantemente dandoentrevistas e sendo fotografada...

— Eles são muito abertos com suas vidas. Will, Kate, Harry,todos os jovens da realeza, na verdade. — Vincent me lança umolhar que é de alguma forma apologético e acusatório.

Oh Deus. Se eu tiver que ouvir sobre o Sr. e a Sra. Perfeita eseus bebês perfeitamente adoráveis mais uma vez, vou vomitar.

— Eu duvido muito que postar fotos do meu prato de frutas damanhã vá fazer a diferença. Todos nós sabemos que há um fluxo erefluxo nessas coisas. A popularidade aumenta e diminui a cadapoucos anos. Podemos consertá-lo. — As palavras parecem areiana minha boca. Não tenho a menor ideia de como consertar isso. Oque sei é que, se eu não encontrar a combinação certa de frasesesperançosas agora, nunca vou tirar esses dois do meu escritório, eposso praticamente esquecer dos meus planos para esta noite.

Damien se mexe em sua cadeira - para longe de Vincent.— Precisamos reconquistar as pessoas, e em pouco tempo. Se

Janssen convocar um referendo, teremos apenas algumas semanaspara convencer um público cada vez mais irritado e comdificuldades financeiras de que eles têm alguma utilidade paravocês.

Bem, obrigado, Sr. Óbvio. Como se eu já não soubesse disso.Pense, Arthur, pense. Eu me levanto e atravesso o escritório até aparede de janelas. Eu olho para as luzes da cidade enquanto elaspiscam contra o céu que escurece. Uma cidade de críticosesperando para me tirar do trono antes mesmo que eu possa sentarminha bunda nele em primeiro lugar.

— Críticos. — Eu estalo meus dedos e me viro para os homens.— Quem é meu pior crítico?

— O que isso tem a ver?Eu levanto uma mão.— Pior do pior. Quem nos odeia mais do que qualquer um?Vincent e Damien se entreolham e ao mesmo tempo dizem: —

Tessa Sharpe.— Sério? Nunca ouvi falar dela. O que ela é?— Blogueira. Simplesmente odeia a monarquia.— Motivos de sempre? Impostos, sociedade patriarcal, blá, blá,

blá? — Ela provavelmente é lésbica. Elas tendem a nos odiar.Vincent pega seu telefone. Um momento depois, ele diz: — Aqui

está. Na semana passada, ela chamou a Família Real de 'um bandode sanguessugas inatas e desonestas'

— Ai. Isso é um pouco demais. — Definitivamente uma lésbica.— Quantos seguidores?

— Ela tem o maior alcance de qualquer site anti-realeza nomomento — diz Vincent.

— De longe. — Damien precisa afirmar sua opinião sobre tudo.Eu disse que ele era um idiota.

— Ela parece gostar especialmente de criticar você, Alteza. —Vincent levanta seu iPad novamente. — O Príncipe Arthur é o piordo grupo. Um crianção ridículo que passa os dias vadiando e asnoites bebendo com o dinheiro do povo. Eu consigo imaginá-lodaqui a alguns anos, a coroa inclinada para o lado em sua cabeçabêbada, a perna pendurada sobre o braço do trono, caído como umadolescente petulante sem nenhuma maldita ideia de comogovernar um país.

— Vadiando? Bem, se há algo que eu nunca fiz um dia na minhavida, é vadiar. — Minha raiva sobe com a insinuação. Eu caminhoaté Vincent, coloco meus dedos de lado sob meu nariz e olho porcima do ombro para sua tela. A foto de uma loira adorável sorri devolta para mim. Essas ondas longas acariciando seus ombros nãodizem exatamente lésbica. Os lábios rosados e brilhantes dizem“tudo certo”, o que, francamente, é meu público-alvo.

— Ela será perfeita.Os dois homens franzem o rosto em confusão.— Senhor?Volto para a janela e respiro ar que não cheira a pés.— Não precisamos convencer o país inteiro. Isso seria uma

tarefa impossível, especialmente se um referendo for convocado embreve. Na verdade, só precisamos convencer um crítico. O maisduro. — Eu sorrio com confiança, esperando que isso coloque umfim a esta reunião. — Eu a trago para o redil, mostro meu melhorlado e faço com que ela faça nossa publicidade para nós.

— Eu não entendo.Agora, estou realmente pensando na mosca. Duquesa, aqui vou

eu! — Vou convidar essa senhorita Harpy...— Sharpe.—Tanto faz, para ficar no palácio por, digamos, dois meses,

durante os quais eu vou convencê-la da necessidade da Família

Real para esta grande nação.— Você não pode convidar um membro da imprensa não

aprovado para morar no palácio..— Claro que eu posso. Posso receber convidados em casa.— Mas não uma jornalista de tablóide.— Ela não é jornalista. Você mesmo me disse. Ela é uma

blogueira.— Muito arriscado, Vossa Alteza. Sinto muito, mas não. Não

podemos deixar você tomar essa decisão. — Damien balança acabeça como se o assunto estivesse decidido.

— Você parece estar se esquecendo de quem é esta casa. Estaé a Casa Langdon. Eu sou o Duque de Wellingbourne e um dia sereio governante de Avonia. Esta é uma decisão minha.

— Seu pai vai ficar furioso. — O tom de Vincent é firme.— Quando ele não está? — Eu encolho os ombros.— Você pode falhar miseravelmente — Damien fala novamente.— Ou posso ter uma vitória espetacular. — E um orgasmo

espetacular, porque os dois agora estão juntando suas coisas.Vincent dá uma última chance.— Senhor, se me permite sugerir, não vamos agir antes de

falarmos com seu pai.— É o seguinte, me dê a noite para pensar sobre isso. Vou ver

se consigo falar com ele. — Não vou me incomodar em fazê-lo, masvai ficar tudo bem, de verdade.

Qual é aquele ditado sobre ser melhor implorar perdão do quepedir permissão?

S

Q U A T R O

UMA REVIRAVOLTA CHOCAN TE

Tessa

ão nove horas da manhã de segunda-feira. Estou em pé nacozinha ao lado da minha melhor amiga, Nikki, que também é

minha ‘camera woman’ para todos os meus vídeos, não porque elaseja muito tecnicamente inclinada a isso, mas porque ela é umacabeleireira, então ela tem folga nas segundas-feiras e trabalha emtroca de doces. Nós duas olhamos em silêncio para o últimodispositivo que estarei testando para meu site para entusiastas decorrida. É chamado de Shock Jogger. É uma faixa fina equipadacom Bluetooth que você usa em volta das costelas.

— Certamente parece inofensivo, não é? — Nikki toma um golede seu chá.

Eu pego no balcão.— Fácil para você dizer. Você estará trabalhando na câmera. Eu

que levarei choque se meu ritmo ficar abaixo da meta.Ela inclina a cabeça, que esta semana apresenta mechas

intensamente roxas.— Aposto que não vai doer, no entanto.— Duvido que seja como uma carícia suave. — Pego o panfleto

e folheio novamente. — Ele manda vinte volts para o torso como umlembrete para manter o ritmo durante a corrida, eliminandocalmarias que reduzem o progresso geral.

— Vinte volts? Quanto é isso, afinal?— Nenhuma maldita ideia — eu digo.

— Hmm.— Hmm. — Nenhuma de nós tira os olhos do dispositivo.— Certa vez, li que uma mulher levou um choque tão forte que

todo o cabelo dela caiu.— Isso não pode ser verdade. — Eu balancei minha cabeça. —

Pode?— Duvido. Foi capa do Weekly World News.— Então é definitivamente falso.— Embora eles estivessem certos sobre aquele homem que teve

um bebê. — Nikki pega um pedaço de seu barbante de queijo. —Quanto eles estão pagando para mostrá-lo?

— Trezentos.— Quanto custaram aquelas botas Bench?— Cento e noventa e cinco durante a promoção de 50%.— Você vai ter um pouco de sobra.— Eu poderia pegar o lenço. — Eu respiro fundo enquanto o

pego. — Ok, vamos fazer isso.Nikki pega a câmera e aponta para mim. Eu sorrio para a lente.— Olá a todos. Hoje, no Smart Runner, testarei o Shock Jogger

da Wellbits. — Eu o seguro diante da câmera. — Esse carinhapromete melhorar sua resistência e velocidade na corrida em quasevinte por cento em menos de doze sessões, entregando umlembrete gentil para aumentar o ritmo.

Depois de filmar o vídeo introdutório, Nikki e eu saímos paratestá-lo. Eu corro e ela dirige devagar ao meu lado em seu pequenoCitroën. A câmera está presa na porta do motorista, com a janelaaberta, para que ela possa manter os olhos na estrada.

— O sol está brilhando, os pássaros cantando e é um lindo diade quase primavera para uma corrida! Vamos ver se o Shock Joggerpode fazer o que promete. — Eu sorrio para a câmera, fingindo quenão estou realmente nervosa. Decidindo economizar meu fôlego, eume viro para frente e me concentro na técnica.

— Então, já se passaram quinze minutos — eu ofego para alente. — E eu não levei um choque ainda. Meu ritmo definitivamenteé muito mais rápido do que o normal, porque, — ofego, ofego —para ser honesta, estou realmente com medo — ofego — do choqueque essa coisa pode me dar.

Quando voltamos para o meu apartamento, percebo que cometium erro de cálculo horrível. Minhas pernas já estão bambas e agoratenho a subida muito íngreme de volta para casa. Explico isso paraNikki, que começa a rir. Agora sou dominada por uma gargalhadanervosa que só me cansa ainda mais rápido.

— Pare! — Eu grito, tanto para mim mesmo quanto para ela,mas não adianta. Temos um caso sério de risos. E vou levar umchoque. Eu simplesmente sei disso. Risadinha. — Eu nunca vouconseguir subir esta colina! — Ofego, ofego. Risadinha. — Pare derir!

Estamos quase na metade da colina quando recebo meuprimeiro “lembrete gentil”. Um golpe forte em minhas costelas fazmeus joelhos subirem até o peito ao mesmo tempo em que grito dedor. — Filho da puta!

Quando meus pés tocam o chão, eles aumentam o ritmo comonunca fizeram antes. Uma mulher com dois filhos pequenos faz umsom desaprovador para mim.

— Desculpe! — Eu aceno para ela. — Eu não sou uma pessoahorrível! — Ofegante.

— Ela está testando o Shock Jogger — Nikki grita para eles,como se sua explicação fizesse algum sentido.

Lembrete gentil? Quase fiz xixi nas calças. Agora estou subindoa colina tão rápido que meus pulmões estão pegando fogo. A cadainspiração, eles me imploram para ir mais devagar, mas nãoconsigo. Eu chego a uma esquina. Deveria parar, já que o sinal estávermelho, mas não consigo.

— Oh, meu Deus! Um carro! Pare, Tess!— Eu não consigo! — Eu corro para ele. O carro buzina e sai do

caminho. Eu olho para cima a tempo de ver o homem atrás dovolante sacudindo o punho. Ele grita: — Filha da putaaaaaa! —através de sua janela aberta.

Nikki me alcança quando recebe luz verde. Ela não está maisrindo.

— Você quase foi atropelada por um carro!— Eu sei!— Devíamos editar essa parte. — Nikki é sempre a voz da

razão.

— Estou — ofego — tão — ofego — cansada.— Tire!— O que?!— A coisa! O Shock Jogger! Não pode machucar você se você

não estiver usando.— Certo! — Eu tiro minha camisa - a modéstia que se dane. Eu

não quero sentir essa dor novamente. Jogo a camisa pela janela docarro e ela cai na cabeça de Nikki.

— Eca!— Desculpe! — Agora estou correndo e brigando com o maldito

fecho, mas na minha concentração, desacelero. ZAP! — PORRA!!!— Foi eletrocutada de novo?— Dessa vez, eu realmente fiz um pouco de xixi. — Meu corpo

inteiro formiga (e não de uma boa maneira) com tremoressecundários.

— Eu não consigo tirar isso! — Em meu pânico, esqueci decomo desatar as fivelas.

— Uh-oh. — Eu ouço a voz de Nikki e presumo que ela estejafalando sobre o Shock Jogger. Não saberei por mais dois minutosporque ela disse isso.

Zap! — Caralho! Isso machuca! — Meus joelhos se levantamenquanto meu torso se contrai, então sou momentaneamente umabola humana suspensa no ar. — Ajude-me! Eu não consigo tirar!

Zap! Zap! — Filho da puta desgraçado!Meu cabelo parece que fica em pé a cada choque. Oh meu

Deus! E se o Weekly World News acertou e meu cabelo cair? Não!Não posso comprar as botas se tiver que pagar por uma peruca.

— Meu cabelo não!!! — Eu grito enquanto dou um puxão forte nacinta com as duas mãos. Ele estala e dá um choque nas minhaspalmas da mão mais uma vez antes de eu jogá-lo para longe demim.

Infelizmente, isso acerta Nikki no rosto. — Ai! Isso doeu pracaralho! — Ela grita enquanto desvia o carro. Ele pula o meio-fio epara nos arbustos na frente do meu prédio. O airbag dispara comum grande estrondo e Nikki fica presa em seu assento.

— Oh, meu Deus, Nikki! — Eu grito enquanto uso o resto daminha força para correr para ela. — Você está bem?

— Sim. Estou bem. Posso estar com o nariz sangrando, noentanto. — Suas palavras saem abafadas.

E é quando eu os noto.As vans, as equipes de filmagem, os repórteres bem vestidos

segurando microfones. Eu paro e fico olhando. Eles estão emsilêncio. Todos eles olhando para mim, câmeras apontadas emminha direção.

Minha boca fica aberta, o que realmente aumenta a dignidadedeste momento - eu com o rosto vermelho e pingando de suor,apenas com meu top esportivo e leggings, tendo acabado de pular elevado choque e xingado como um pirata enquanto corria colinaacima de casa. Oh, sim, então causei um acidente.

— Uh-oh.— Você finalmente os notou?— Uhum.

Então, deixe-me atualizá-lo, agora que as coisas se acalmarammomentaneamente. O nariz de Nikki sofreu o impacto da força doairbag. Está quebrado, mas ela não vai precisar de cirurgia porque omédico muito bonito da clínica de emergência foi capaz de distraí-lapor tempo suficiente para colocá-lo de volta no lugar. (Ele tem turnosno ringue de boxe todo sábado à noite para ganhar dinheiro extra,então ele praticamente domina a coisa toda.) Ele também conseguiuo número dela - depois que ela mostrou a ele sua linda foto de perfildo Facebook sob o pretexto de ele ver como deixar seu nariz. O Dr.Perfeito ter pedido o número dela definitivamente ajudou a diminuirsua raiva por mim. Ele também deu a ela alguns analgésicos muitofortes, que estão se mostrando extremamente úteis.

Embora eu não tenha tomado nenhum dos analgésicos, tomeitrês copos rápidos de vinho branco zinfandel para anestesiar minhaprópria humilhação completa. Várias equipes de filmagempermanecem estacionadas em frente ao meu prédio. Se eu meesticar na ponta dos pés e olhar pela janela da cozinha, posso vê-los na rua, cinco andares abaixo.

O carro de Nikki foi rebocado até a loja, onde me custará umpouco mais de três mil dólares para consertar os danos e reiniciar oairbag. A empresa de administração do prédio vai me trazer o valorda conta para substituir os arbustos centenários que estão na frente,o que deve acabar com o resto de minhas economias, portanto,temos mais boas notícias. Sem botas Bench para mim.

Ah, e acontece que o príncipe Arthur, um gigante extraordináriocanalha, fez um anúncio esta manhã que chamou a atenção detodos os meios de comunicação do país e apontou diretamente paraminha cabeça. Daí a multidão de repórteres que conseguiramassistir aos últimos três minutos inteiros de filme do experimentoShock Jogger. Então, o momento mais humilhante da minha vidaagora está se espalhando pelo mundo via YouTube.Agradecimentos especiais a Al Gore por ter inventado a Internet emprimeiro lugar.

Mas voltando ao assunto em questão. Aparentemente, o própriopríncipe herdeiro se ofereceu para 'me dar as chaves do castelo'.Ele quer que eu - sua crítica mais severa - venha morar com aFamília Real pelos próximos dois meses, em um esforço paramostrar ao bom povo da Avonia que ele e sua família não têm nadaa esconder. Ele espera que, se conseguir 'convencer sua maissevera crítica de que sua família dá mais do que recebe, os outroslogo concordarão e sua família manterá seu lugar de direito comoprotetores e líderes desta grande nação'.

Meu telefone está no modo silencioso, mas posso vê-loacendendo com chamadas a cada vinte segundos. Nikki e euestamos sentadas no meu sofá, assistindo ao Canal Avoniano deTransmissão de Notícias (CATN). Está em um loop. Primeiro, oanúncio dele, depois o vídeo do Shock Jogger. Um repórter aapelidou de “Manhã chocante”. Muito original. Esse cara tem umemprego no CATN e eu não? Há algo muito errado com estemundo. Só posso agradecer a Deus por quem inventou o vinho. Aocontrário de Al Gore, você não é um merda.

Eu olho para Nikki e me encolho novamente.— Mais gelo para o seu nariz? — Ela tem dois olhos pretos e o

nariz ... Bem, eu honestamente não tinha ideia de que um narizpoderia inchar tanto. — Eu sinto muito.

— Esqueça isso. — Ela não pode dizer seus ‘s’ agora por causado inchaço, então soa como uma espécie de gangster de NovaJersey. Equeçaiso.

Eu não vou rir. Eu não vou rir.— Vá em frente e ria. Eu também riria.Nós duas explodimos em risadas por um segundo, então ela

geme em agonia.— Ah Merda! Eu sinto muito. Vou buscar mais vinho para você.

Quero dizer gelo. — Eu me levanto e vou para a cozinha.Entretanto, vou beber mais vinho...

Nikki desliga a televisão e me segue.— Então, o que diabos você vai fazer?— Eu não tenho a mínima ideia. — Entrego a ela uma toalha

limpa com cubos de gelo e sirvo outra taça de vinho. — Quer dizer,não posso simplesmente ir morar com a família real por dois meses.Isso seria loucura.

Eu fico olhando pela janela. Tenho uma bela vista de toda acidade daqui. À distância, fica a pequena, exuberante e verde ilhado outro lado do rio Langdon que abriga o enorme palácio.

— Eu não posso ir morar lá.— Eu aponto com minha taça, e ovinho espirra no chão. Limpo com a meia e finjo que não aconteceu.Sim, estou bêbada.

— Por que não?— Porque eu moro aqui. Esta é minha casa. Eu tenho uma cama

e uma TV e... e... não vamos esquecer do Chester. — Eu olho parao meu peixe betta, que felizmente está inconsciente de qualquer umdos horrores desta manhã enquanto ele cochila em sua pequenarede de peixes. Eu caminho até seu aquário. — Ei, Chester? Nãoposso deixar você por dois meses. Quem iria alimentá-lo e trocarsua água?

Quando me viro para Nikki, a verdade sai pela minha boca.— Pense em todas as coisas horríveis que escrevi sobre eles.

Coisas horríveis, terríveis. Eu não posso ir morar com eles. Elesdevem me odiar completamente.

— E daí? Pense no impulso que isso dará à sua carreira. Issopoderia lhe dar outra chance como uma repórter de verdade. Ou

talvez, até mesmo uma proposta de publicar um livro. Isso podemudar sua vida, Tessa. De verdade.

Ela cruza os braços e me dá seu melhor olhar de diretora deescola.

— Mas dois meses? Com pessoas que me desprezam? Vocênunca faria isso.

Ok, isso não é totalmente verdade. Nunca conheci alguém quese importasse menos com o que as pessoas pensam dela do queNikki. Uma vez eu a vi literalmente roubar um punhado dechocolates Cadbury de uma criança em um carrinho quando elapensou que seus pais não estavam olhando. Mas eles estavamolhando e, quando a confrontaram, ela apenas disse: “Você nãodeveria dar doces para um bebê. Que tipo de pais vocês são?”. Equando nos afastamos, juro que ela já havia se esquecido delesantes mesmo de chegarmos ao fim do quarteirão.

Nikki não me responde, apenas me encara. Soltei um suspirolongo e grunhido.

— Isso vai ser uma merda!— Talvez. Talvez não. Mas valerá totalmente a pena.— O que eu iria vestir? Obviamente, não posso comprar um

monte de roupas agora que tenho que pagar pelo carro.— E os arbustos.— E os arbustos, sim. — Meus ombros caem. — Oh meu Deus.

O vídeo! Não posso enfrentar a Família Real depois que eles viramisso! Na verdade, não posso enfrentar ninguém. Nunca mais vousair do meu apartamento.

— Você precisa. E o sucesso vai ficar enorme depois disso. Seublog será a autoridade sobre a Família Real.

— Como é que a maior oportunidade da minha vida cai no meucolo no exato momento em que me torno uma piada mundialmentefamosa?

— A vida é engraçada assim.— Hilário.Volto para o sofá e ligo o volume. Verônica Platt está sentada

atrás de sua mesa de apresentadora do CATN com uma imagemem tela dividida atrás de sua cabeça. Um lado sou eu com meurosto encharcado de suor esmagado de dor e meus ombros

pressionados contra as orelhas; do outro lado está o ridiculamentebonito Príncipe Arthur vestido com um smoking, seu cabelo loiroescuro e curto parecendo recém-cortado, com um sorriso decomedor de merda. O texto abaixo diz Love Match?

— Oh, pelo amor de Deus...A voz suave de Verônica dá início à próxima meia hora de

notícias. — Relatórios de pessoas de dentro do palácio indicam queo anúncio do Príncipe Arthur de convidar Tessa Sharpe, o chamadoCão de Guarda Real, para viver em Valcourt pelos próximos doismeses foi uma surpresa completa. Os membros da equipe nãosabiam que qualquer plano desse tipo estava sendo traçado até oinício da entrevista coletiva. Nosso correspondente real, Giles Bigly,está aqui com o furo. Giles, exatamente o que aconteceu estamanhã em Valcourt?

A câmera diminui o zoom para incluir Giles sentado atrás damesa.

— Verônica, não se sabe exatamente como essa reviravoltabizarra aconteceu, mas o que está claro é que o duque deWellingbourne agiu sozinho. Este vídeo de membros seniores daequipe durante o anúncio do Príncipe parece dizer tudo.

Um vídeo começa, o Príncipe está falando e atrás dele hácírculos desenhados ao redor dos rostos de vários homens emulheres ao fundo.

A voz de Giles interrompe.— Veja como suas bocas caem em uníssono, bem aqui!O vídeo para e volta para uma tela dividida de Giles e Verônica.

Verônica está assentindo rapidamente.— Sim, Giles, eles estão claramente surpresos.— De fato. E isso faz com que todos se perguntem: 'O que

exatamente o Príncipe Arthur está tentando realizar com isso?' Atéagora, toda a Família Real tem sido extremamente reservada com aimprensa, o Príncipe Arthur raramente aparecendo ou dandoentrevistas. Mas para convidar um membro não aprovado daimprensa-

— Se você é que possa chamá-la assim. — Verônica ri.— Puta — Nikki diz.

— Exatamente, Verônica. Isso é o que o torna ainda maisbizarro. Fizemos algumas pesquisas e descobrimos que ela foijornalista do The Daily Times por quase dois anos, mas saiu em doismil e quinze para continuar seu trabalho como blogueira.

O rosto de Verônica fica sério.— Mas o convite dele diz 'efetivo imediatamente', o que pode

significar que ela pode se mudar esta noite se ela aceitar. Por que apressa para que ela se mudasse?

Giles concorda.— Exatamente. E por que o sigilo sobre isso em primeiro lugar?

Embora seja bem possível que suas afirmações devam serconsideradas pelo valor nominal, não podemos deixar de nosperguntar se não há mais por trás disso. Ele afirmou que estásimplesmente tentando mostrar que a Família Real não tem nada aesconder e que, ao convidar sua crítica mais severa para entrar emsua casa, espera acabar com a atual agitação em torno da famíliaLangdon. Mas parece que há mais lá do que aparenta.

— Uma pesquisa recente mostrou que a Família Real estápassando por uma baixa de popularidade em todo o país.

— Sim, setenta e dois por cento das pessoas entrevistadasafirmaram que gostariam de abolir a monarquia, então é possívelque a reação do Príncipe seja apenas a respeito disso.

— Mas por que a urgência? — Verônica inclina a cabeça para olado e aperta os olhos para a câmera.

— Isso permanece um mistério. Uma coisa que todos estão seperguntando agora é se Lady Brooke Beddingfield, a mulher que hámuito especulava para se casar com o Príncipe Arthur, sabe ou nãosobre esse acordo?

— Uuh! E se ela não sabe, o que ela tem a dizer sobre a coisatoda?

— Boa pergunta. — Giles concorda.— Alguma palavra sobre se a senhorita Sharpe já aceitou o

convite do Príncipe?— Nada ainda. Temos uma equipe fora de seu apartamento, mas

ninguém saiu ou entrou desde o incidente de hoje. — Giles lutacontra uma gargalhada, mas depois desiste.

Verônica se junta a ele. O vídeo do teste Shock Jogger aparecenovamente, enquanto os dois riem. Eu desligo e vou em busca deum sorvete. Uma batida na porta tem Nikki e eu pulando de susto.

— Devo atender?Nikki treme.— Acho que não.— Senhorita Sharpe! — Uma voz abafada entra pela porta. — É

Charles Porter. Eu sei que você está aí, então, por favor, abra.— Merda, meu síndico — murmuro, então levanto minha voz

enquanto corro para a porta. — Indo!Quando eu o abro, sou saudada por seu rosto contraído.

Claramente, ele está entre os vinte e oito por cento dos fãs darealeza que restaram no país.

— Você deve ter notado que temos uma grande confusão lá foracom os repórteres e as equipes de filmagem.

— Sim. Me desculpe por isso. Eu não tinha ideia de que issoestava por vir.

— Bem, agora parece haver um grupo de manifestantes seformando. Principalmente mulheres que não estão impressionadascom alguns de seus comentários sobre o príncipe e sua família.

— Oh. Isso eu não sabia. — Este dia está cada vez melhor, nãoé?

— Bem, eu espero que você faça algo sobre isso. Está quase nahora do jantar e seus vizinhos merecem um lugar tranquilo paravoltar.

— Concordo. Vou descobrir uma maneira de me livrar deles.— Eu vou te dizer como. Você precisa dar sua resposta ao

Príncipe, não é educado deixá-lo esperando.— Tudo bem, eu irei. — Tento fechar a porta, mas ele enfia o pé

dentro.— O que você vai fazer?— Agora? Tomar uma decisão.— Eu uso meu pé para empurrá-

lo para fora, em seguida, fecho a porta na cara dele.Nikki pula do sofá.— Não é educado deixar o Príncipe esperando.— Sim, bem, também não é educado apressar uma dama

enquanto ela está no meio de uma crise. — Eu suspiro. — Não há

realmente nenhuma maneira de sair disso, não é? Não se eu quisermanter minha credibilidade como um cão de guarda realcontundente.

— Eu acho que aquele navio partiu.Eu me encolho por dentro novamente. — Verdade.— Você tem que ir. Vou ficar aqui e cuidar dos peixes para você.— Você só quer sair da casa dos seus pais por um tempo.— Eu poderia usar uma pequena pausa, sim. — Nikki voltou a

morar com eles quando ela e seu último namorado, Todd,terminaram. Já se passaram seis meses e eles estãoenlouquecendo uns aos outros. — E já que você quebrou meu narize destruiu meu carro...

— Certo. Te devo.—Você deve. — Ela me encara por um momento. — Além disso,

três palavras. Acordo. De. Publicação.— Tudo bem, certo. Mas não vou encontrar a imprensa.— Definitivamente não. Você está meio bêbada.— Mais que meio. — Eu me levanto e caminho até minha mesa.

— É melhor conseguir mais alguns hits enquanto estou nisso.

Publicação no blog - 10 de março

Tessa aqui. Foi um dia bastante 'chocante' para mim. Piscadinha,piscadinha. Para aqueles de vocês que viram o vídeo do ShockJogger (provavelmente todos vocês), peço desculpas pelalinguagem forte e asseguro que até mesmo um monge tibetano teriarecorrido a um discurso igualmente desbocado, dada a voltagem.

O segundo grande choque para mim hoje foi o convite aberto doPríncipe Arthur para que eu morasse no palácio pelos próximos doismeses. Posso dizer honestamente que nunca em mil anos teriaesperado tal coisa. Posso garantir a todos que, apesar dasespeculações da mídia (eles não têm nada melhor para fazer?), oPríncipe e eu nunca nos encontramos pessoalmente, falamos ao

telefone, por SMS, e-mail ou qualquer outra forma de comunicaçãoantes para sua conferência de imprensa. Ainda não nosconhecemos, e não há agora, nem nunca haverá, um vínculoromântico entre o Príncipe da Preguiça e eu.

Como você sabe, ele representa tudo que eu não represento. Euacredito no trabalho árduo, puxando seu próprio peso neste mundo,igualdade e na habilidade do povo de eleger seus líderes. Então, porfavor, coloque essa questão ridícula de um possível romance delado. Eu preferia dormir com o inventor do Shock Jogger.

Decidi dar minha resposta aqui, no meu blog, porque vocês,meus fiéis leitores, merecem saber primeiro. Então, aqui está minharesposta:

Aceitarei o convite do Príncipe.Farei o meu melhor para investigar e avaliar suas contribuições

para a nossa sociedade com uma mente aberta. Suspeito que issome fornecerá mais provas quanto à necessidade de removê-los dopoder, mas talvez me surpreenda com minhas descobertas. Estouansiosa para o desafio de trazer a verdade à luz.

Você pode contar comigo para permanecer profissional e ser suavoz enquanto tentamos trazer Avonia para o século XXI.

E

C I N C O

TODOS OS CAVALOS DO REI

Arthur

ntão posso ter 'saído do script', como dizem em Hollywood.Então e daí? Você pensaria que eu acabei de declarar guerra

aos americanos, do jeito que todo mundo está falando sobre isso.Por anos, meu pai tem me pedido para 'mostrar mais iniciativa' e'pensar por mim mesmo porque, acima de tudo, é isso que osmonarcas reinantes devem fazer'.

Liguei para ele ontem à noite depois de passar a noite sozinhocom uma garrafa de bourbon. Bem, não realmente sozinho. Dexter,meu companheiro constante, um porco vietnamita, também estavalá. Ele não bebeu o bourbon, mas dividimos um pacote desalgadinhos com pimenta enquanto assistíamos a reprises deBaywatch. Oh, eu gosto da parte em que eles correm em câmeralenta. Lembra-me dos meus dias de menino.

Quando a reunião da noite anterior acabou, a duquesa estava acaminho do aeroporto para uma viagem improvisada de esqui nosAlpes franceses. Então, eu perdi um pouco da diversão que euhavia planejado para todo o mês de março que, francamente, medeixou um pouco mal-humorado. E antes que você comece a meacusar de ter apenas uma coisa em minha mente, por favor, noteque é realmente difícil para um príncipe namorar casualmente.Antes mesmo de convidar uma garota para sair, tenho que instruirVincent para que ela assine um acordo de sigilo. E ele nemconsegue dizer para quem é, apenas no caso de ela vazar.

Não é exatamente um bom quebra-gelo. Se eu conseguirencontrar alguém que possa, potencialmente, fantasiar e ela assinao NDA sem saber para quem é, eu meio que perco interesse pelofato de que ela assinou-o em primeiro lugar. De alguma forma meparece um pouco desesperado, o que significa que imediatamenteperco o interesse.

Enfim, finalmente consegui ligar para meu pai logo depois dauma da manhã. Acontece que também era meio da noite, onde querque ele esteja esta semana. E ele não estava sozinho, se você meentende. (Ao contrário de mim, meu pai não tem problema em pedirNDAs de qualquer mulher que conheça.)

Eu costumava acreditar que, se minha mãe vivesse, ele nãopassaria as noites com tantas mulheres aleatórias e que talvez, seela ainda estivesse viva, ele não teria se revelado um babacagigante. Então, eu não estaria nessa situação atual, porque aspessoas não são tão burras quanto ele e todos os conselheirospensam. As pessoas reconhecem um rato quando sentem o cheiro.E ele é um rato.

Eu odeio dizer isso de minha própria carne e sangue, mas éverdade. Ele prejudicou todo o reino, e sua família, por ignorar osproblemas econômicos da nação, para não mencionar todo aquelenegócio de evasão fiscal. Ele cozinhou seu próprio ganso eprovavelmente o meu também.

Então, de volta ao meu telefonema com Sua Alteza Corruptaontem à noite. Quando comecei a explicar nosso dilema atual, estasforam suas palavras: — Oh, pelo amor de Deus! Seja decidido,garoto. Você precisa de bolas de aço para fazer este trabalho, entãoé melhor você cultivar um par antes de eu começar.

Eu ouvi o som distinto de risadas ao fundo antes de ele desligar.Decidi naquele mesmo instante dar uma entrevista coletiva estamanhã para anunciar meu plano. Pareceu-me uma boa ideia naaltura. Eu tropecei no meu computador e imediatamente escrevi ume-mail para minha repórter favorita, Verônica Platt, do CATN pedindoa ela que contasse a todos os seus amigos. Verônica. As pernasdessa aqui. Mmm. Ok, então eu poderia ter estado bêbado quandoescrevi para ela, mas não tão bêbado a ponto de mencionar o

quanto eu gostaria de passar um fim de semana entre aquelaspernas dela. Muito bem, estava bêbado.

Verônica aparentemente fez o que eu pedi porque às oito damanhã, nosso gramado estava cheio de repórteres e equipes defilmagem, esperando ansiosamente pelo grande anúncio. Tomeibanho, tomei um gole de café e vesti meu suéter casual de 'homemdo povo' e minhas calças.

Eu sei o que eles estavam pensando. Você podia ver em seusolhinhos redondos - 'Oh, por favor, que seja um casamento real! Porfavor!' Eles estavam procurando por Brooke Beddingfield, a mulhercom quem todos acham que estou destinado a me casar. Mas eujoguei uma bola curva para eles com toda aquela coisa de 'Estoudando as chaves do castelo para a minha pior crítica'. Por volta das8h45, as vans estavam saindo da nossa garagem e eu estavaenfiado na cama, cuidando da minha ressaca.

Infelizmente, por volta das 9h30, eu estava de volta ao meuescritório - com a boca seca e tudo - cercado por todos os cavalosdo rei e todos os homens do rei, que, por mais que queiram, nãoserão capazes de montar Humpty Dumpty novamente. E porHumpty Dumpty, quero dizer voltar no tempo para que a Sra. TessaSharpe não vá, de fato, chamar o palácio de casa pelos próximosdois meses. Bem, essa era uma analogia um pouco ruim. Eurealmente estou de ressaca.

— Vossa Alteza, nem tivemos tempo de fazer uma verificação deantecedentes.

Essa veia no pescoço de Damien está pulsando, então eu seique ele está realmente bravo. Não me importo, mas não quero quevocê pense que sou completamente alheio a essas coisas.

— Bem, é melhor alguém cuidar disso, porque ela chegaamanhã. Tenho certeza de que há uma papelada tediosa queprecisará ser feita se eu precisar de guardas extras postados dolado de fora da porta do meu quarto. — Eu encaro Damien enquantobato meus dedos no braço de couro frio da minha cadeira. É ummovimento de poder total. Eu peguei de Benedict Cumberbatchcomo Sherlock. Cara legal, por falar nisso.

Damien não responde, então eu continuo.— Escute, vai ficar tudo bem, eu prometo. Caso você não tenha

notado, eu tendo a ter jeito com o tipo dela.— Qual é o tipo dela?— Fêmea. — Oh, isso foi arrogante, não foi? — Vou mostrar a

ela a biblioteca, os estábulos, vou abrir o cofre e deixá-laexperimentar algumas coisas brilhantes. Ela estará em minhasmãos na sexta-feira.

— Com todo o respeito, Vossa Alteza, não tenho certeza de quepodemos basear todo o nosso plano em sua capacidade de cortejaressa mulher — diz Vincent. — Não que você não tenha jeito com asmulheres, mas devido à gravidade da situação, provavelmentedeveríamos ter um plano reserva.

— Tudo bem, Damien. Desenterre toda sujeira que puder sobreela, para que tenhamos se precisarmos.

— Já estou o fazendo — Damien diz, e francamente, o olhar emseu rosto sugere que ele deveria estar torcendo seu bigode agora -se nele pudesse crescer um. Acho que ele deve ter algum distúrbiohipofisário ou algo assim, porque não tem nem um fio naquele rostopálido.

— Bom, tudo está resolvido então. Se vocês puderem se retiraragora, estou com uma ressaca terrível que precisa de atenção.

O som de risadas irrompe do fundo da sala. A princípio, presumoque seja resultado da minha perspicácia, mas logo descubro que afonte do humor está vindo de um dos assistentes para alguém ououtro, que está assistindo a um vídeo em seu celular. O cara ao ladodele engasga.

— Isso não é...? É ela! O cão de guarda real!Todos se voltam para eles e a sala fica em silêncio. O jovem

empalidece ao perceber que estamos todos olhando, então ele olhapara mim.

— Eu realmente acho que o senhor deveria ver isso, Sua Alteza.E então a melhor coisa que vi em todos os meus trinta e um

anos aparece na tela. É a senhorita Sharpe em leggings apertadas euma camisa justa. Meu cetro acorda e pergunta se vamos a algumlugar, porque, mesmo que eu me sinta uma merda, ele está dispostoa isso. Estou tentando me concentrar no que ela está dizendo

enquanto corre, mas realmente não adianta. Aqueles lindos seiosempinados estão falando muito em seu nome. De repente, seus pésdeixam o chão, e seu corpo inteiro se enrola em uma bolaimpossivelmente alta no ar e ela grita: “Filho da puta!”

Eu comecei a rir tanto que perdi a maior parte do resto do vídeo,apenas conseguindo pegar a parte em que ela chicoteou sua amigaque imediatamente bateu em alguns arbustos gigantes.

Lágrimas escorrem pelo meu rosto. Quando finalmente consigofalar, tudo que consigo dizer é: — Que porra foi essa?

Espero o dia todo por uma resposta da senhorita Sharpe, mas nadachega até a hora do jantar. Estou apenas sentando para comeroutra refeição saudável-mas-enfadonha, de tilápia com vegetaisassados, quando sinto o cheiro de queijo gorgonzola. Precisamosrealmente nos livrar desses tapetes de pelúcia, então vou ouvi-lochegando. —Ela aceitou sua oferta! A senhorita Sharpe chegaamanhã à tarde!

Meu garfo e minha faca fazem barulho quando os coloco noprato. —Sério? — Um sorriso lento se espalha pelo meu rosto. Mesinto como um jaguar (considerado o caçador mais astuto dafloresta, caso você não saiba) atraindo sua presa. O que? Eu sóassisto Baywatch quando estou bêbado e sozinho. Fora isso, souum grande fã do David Attenborough.

— E

S E I S

CALCINHA DE MENINA GRANDE

Tessa

stá aqui! E é das grandes! — Nikki está de pé na janela dasala há vinte minutos, esperando a limusine.

— Isso foi o que ele disse. — Eu gargalhei da minha própriapiada horrível, então senti outra onda de náusea tomar conta demim. A ressaca não combina bem com a mudança para um ninhode cobras. — Oh, meu Deus, o que estou eu estou fazendo?

— Não comece. É tarde demais agora.— Eu sei, mas na noite passada, eu fiquei acordada por horas

pensando em todos os dispositivos de tortura que eles têm lá...espadas, machados, aquelas coisinhas de bola com espinhos.Aposto que eles ainda têm um banco de tortura escondido em umamasmorra em algum lugar sob o castelo. E se me levarem até lá e,em seguida, me amarrarem no banco pelas próximas oito semanaspor todas as coisas maldosas que eu disse sobre eles? — Eu ficoao lado da minha mala aberta e considero desfazê-la.

— Eles não vão torturar você. Provavelmente serão muito rudes,mas tenho uma leve certeza de que você sairá de lá viva. — Ela medá um sorriso provocador enquanto coloca minha bagagem de mãoe bolsa do laptop ao lado da minha mala.

—Oh, leve certeza? Isso me faz sentir muito melhor. — Euestreito meus olhos para ela. — Você só quer se livrar de mim.

— Sim, eu quero. Vou passar as próximas horas na banheira,depois vou assistir a série inteira de Downton Abbey, frente e verso,

sem ter ninguém roncando na poltrona ao meu lado ou meinterrompendo para examinar outra verruga estranha. Eu te amo,mas dê o fora.

— Mas eu realmente não quero fazer isso. Vou foder tudo, nãovou? Quer dizer, não tenho as roupas certas, preciso fazer ocabelo...

— Você não terá que pintar e fazer um corte por semanas. Vocêé linda. Então, pare de se preocupar. Agora, coloque sua calcinhade menina grande e vá!

Eu balancei minha cabeça vigorosamente.— Não sou uma jornalista contundente. Eu faço resenhas de

câmeras e equipamentos esportivos para viver.— Ei, não diga isso. Você foi - e será - um membro respeitado da

imprensa novamente muito em breve. Além disso, você estáparecendo uma jornalista contundente hoje. Muito profissional emsua saia e seus saltos práticos.

— Eles são de gente velha? — Eu fecho minha mala e a colocosobre as rodas.

— Quer dizer que você não ia buscar a avó de setenta e cincoanos no caminho para casa depois da missa matinal?

Eu gemo.— Eu deveria me trocar de novo.Ouve-se um zumbido no intercomunicador, e Nikki atende

primeiro. — Sim?— Estou aqui para pegar a senhorita Sharpe e levá-la ao palácio.— Ela está descendo. — Nikki se vira para mim. — Agora há

uma frase que você não ouve todos os dias.— Ela está descendo?Nikki bufa uma risada, então estremece e cuidadosamente toca

seu nariz.— Aquilo sobre ser levada para o palácio. Eu sei que vai ser

difícil e é assustador, mas tente aproveitar. Pelo menos um pouco.— Ela me puxa para um grande abraço.

— Foi o que ele disse.Agora estou me sentindo muito chorosa. Eu sou uma bola de

nervos completamente cansada e exagerada.

— Eu vou sentir muito a sua falta — eu sussurro. — Dois mesesé muito tempo.

— Sim, mas você pode apenas me ligar em, tipo, vinte minutosquando você chegar lá.

Eu me afasto e fungo.— Eu poderia, mas não vou. Vou fazer um tour pelo castelo ou

me acomodar, o que levará pelo menos algumas horas.Nikki abre a porta e leva minha mala para o corredor. Eu a sigo

como um cachorrinho.Ela aperta o botão de chamada do elevador.— Repita comigo: eu vou ficar bem.— Eu vou ficar bem.— Sabe, seu maior problema é tentar não dormir com o Príncipe

Arthur. — A porta se abre e Nikki empurra minhas coisas paradentro do elevador.

— O que? Eu nunca iria querer dormir com ele.Ela me empurra em seguida.— Claro que você vai. Ele é exatamente o seu tipo e é gostoso

pra caralho.Minha boca fica aberta enquanto as portas se fecham.

Quando chego ao saguão do meu prédio, vejo uma longa limusinepreta com duas pequenas bandeiras tremulando com a brisa. Elescarregam o brasão real de uma coroa de ouro e cetro com doislobos montando guarda. A mídia voltou com força total, e fico atrásda parede de vidro com a sensação de que vou vomitar. Um homemenorme e careca com óculos escuros e terno preto abre a porta. —Senhorita Sharpe. Eu sou o Ollie, vou acompanhá-la até o carro.

— Obrigada. — Dou a ele um sorriso fraco, mas seu rosto nãorevela nada.

Sua mandíbula está rígida, e ele me dá um pequeno aceno decabeça enquanto pega minhas malas.

— Mantenha a cabeça baixa, fique perto de mim e não diganada.

Oh, bem, isso soa um pouco ameaçador, não é? Estou prestes adizer que mudei de ideia, mas é tarde demais porque ele estásaindo pela porta com todas as minhas roupas e me disse para ficarpor perto. E meus pais me ensinaram a sempre obedecer a homensestranhos do tamanho de tanques vestidos de terno. Souimediatamente bombardeada por repórteres gritando meu nome eme fazendo perguntas. Suas palavras se misturam às dosmanifestantes que estão vaiando e me chamando de traidora. Ollieabre a porta dos fundos e eu salto para a segurança do bancotraseiro de couro cremoso. Assim que a porta é fechada, o ruído éabafado. Eu fecho meus olhos enquanto aperto minhas mãos epratico a respiração de Lamaze. Ou o que eu acho que é arespiração de Lamaze. Na verdade, é exatamente o que aprendi emsitcoms que retratam a hilaridade do parto.

— Ok, Tess, tenha a vantagem. Estabeleça limites firmes. Nãoferre tudo. — Repito isso baixinho três vezes, começando a mesentir um pouco menos enjoada.

— O que você não quer ferrar? E com quem você estáestabelecendo esses limites?

Meus olhos se abrem e todo o meu corpo arde de vergonha. Opróprio príncipe herdeiro da Avonia está sentado na extremidade dalimusine, de frente para mim, vestido com um terno cinza escuro,camisa branca e sem gravata. Ele parece entretido. E lindo. Emaravilhosamente entretido. E eu esqueci completamente de trocarmeus sapatos de vovó. Puta merda.

— Eu pensei que estava sozinha.— Claramente. — Ele desliza para baixo no longo assento em

forma de U até que está sentado perpendicularmente a mim, perto osuficiente para que nossos joelhos pudessem se tocar se qualquerum de nós quisesse - o que não fazemos, por causa do quanto nosodiamos. Mas poderíamos. Eu fico olhando para o rosto do meuinimigo, esperando o pior. Em vez disso, ele sorri e estende a mão.

— Senhorita Sharpe. Prazer em conhecê-la.Estendo minha mão para apertar a dele, mas ele a leva aos

lábios e dá um beijo suave em meus dedos. Bem, não é o que euestava esperando. Isso foi adorável de uma forma romântica, do tipo

que poderia-muito-possivelmente-transformar-meu-interior-em-mingau.

Espere um minuto - ele está apenas me levando a uma falsasensação de segurança antes de me decapitar, não é? Nãoenquanto eu estiver aqui! Manterei minha cabeça, muito obrigada.

— Você também, Sua Alteza. — Eu aceno com a cabeça emuma pequena reverência formal como se dissesse, esta é a minhacabeça e ela permanece.

— Então, os limites? Vantagem? Comigo, assumo.— Uhum — eu chio. Minhas palavras voltam correndo para mim,

e de repente estou tão envergonhada que estou suando.Literalmente suando sob meu casaco de lã. Coloqueiantitranspirante esta manhã? Agora, não consigo me lembrar.

— Inteligente. Gosto de uma mulher que traça estratégias. — Elesorri para mim e, por um momento brilhante, sinto como se o solnascesse apenas para mim hoje.

Ok, estou muito mais feliz com aquele pequeno elogio que eleme deu do que deveria. Quero dizer, sério Tessa, o homem é seuinimigo jurado. Você odeia sua família inteira e o que elesrepresentam. No entanto, um beijinho nos nós dos dedos e vocêestá como massa nas mãos dele? Se recomponha. Você é melhordo que isso.

— Eu também tenho um plano, e é por isso que vim buscá-lapessoalmente.

— Bem, você andou de carro. Seu motorista é quem me buscou.— Isso foi um pouco desagradável. Você pode encontrar um meio-termo entre uma colegial risonha e uma bruxa desagradável?

Ele inclina a cabeça em um gesto conciliador e continua a falar.— Preciso estabelecer minhas próprias regras básicas.Seus olhos perfuram os meus, e só agora estou percebendo o

poder das íris azul-gelo para assustar as pessoas.— Minha irmã, Arabella, está estritamente fora dos limites. Você

não escreve mais nada sobre ela do que já escreveu. Nenhumapalavra, a menos que de alguma forma você consiga encontrar emseu coração para dizer algo gentil.

— Por quê?

— Ela é mais delicada do que as pessoas imaginam. A vida aosolhos do público nunca foi fácil para ela, e não a quero maisprejudicada do que já foi. Portanto, nem uma palavra sobre ela. Sevocê não pode concordar com isso, temo que teremos que voltaragora e levá-la para casa.

Agora, suas verdadeiras cores estão surgindo.— Talvez fosse o melhor. Se você não quer me dar uma visão

honesta de sua família, então eu diria que terminamos.Ele não parece tão intimidado quanto eu esperava.— Você terá total acesso a mim, eu prometo, e já que sou o

herdeiro do trono, acho que é muito mais importante o que vocêdescobrir sobre mim, não é?

Eu estreito meus olhos para ele. Odeio como o inferno admitirque ele está certo.

— Tudo bem, mas não espere que eu pegue leve com você nempor um segundo.

— Eu seria um tolo de pensar que você me daria menos do queo seu pior.

— E é exatamente isso que você vai ter. Agora, tenho minhaspróprias regras básicas. Quero ter acesso a todas as reuniões efunções das quais você participa.

— Claro, a menos que seja uma questão de segurança nacional.Receio não ser capaz de te envolver nisso.

Eu fico olhando para ele por um momento.— Contanto que isso não se torne uma desculpa para me manter

fora das reuniões que você prefere que eu não compareça.— Não precisa se preocupar com isso, garanto-lhe que sou um

livro aberto, senhorita Sharpe. — Sua voz é baixa e suave, e amaneira como ele diz senhorita Sharpe faz meus joelhos traidoresficarem um pouco fracos.

Eu ignoro meus joelhos e projeto meu queixo.— Eu também gostaria de realizar um 'pergunte-me qualquer

coisa' semanal com membros da Família Real e possivelmentefuncionários de alto nível. Meus leitores podem escrever perguntase, em seguida, votar a favor de seus favoritos, e os cinco primeirospor semana serão usados em entrevistas ao vivo. Respostas reais

na hora. — Estou pensando rapidamente e me saindo muito bem,se é que posso dizer isso. Tessa Sharpe, blogueira quebra-nozes.

Ele me encara e bate os dedos no braço do assento por umlongo momento.

— Certo.Certo? Bem, isso foi fácil. Sento de forma ereta e cruzo as

pernas. Travando os olhos com ele, eu forço minha voz a sair suavecomo uma âncora.

— Então, Alteza, por que estou realmente aqui?— Você também não entendeu meu convite? Achei que deixei

tudo bem claro, mas a imprensa parece absolutamente perplexacom meus motivos.

— Eu sei que você disse quais são os seus motivos. Mas euquero a verdade.

— Você não pode lidar com a verdade. — Ele dá uma impressãorazoável de Jack Nicholson que me faz lutar contra um sorriso.

— A verdade é exatamente como eu disse na entrevista coletiva.Preciso da sua ajuda. — Ele se inclina na limusine e abre a porta daminigeladeira, em seguida, tira duas garrafas de água. Nem Perriernem Pellegrino. Água normal. Ele me entrega um e abre o outropara si mesmo. — Espero recuperar parte dos campos que nossafamília perdeu nas pesquisas de opinião pública.

— Sim, mas por que eu?— Porque você é a que mais nos odeia.Há algo atrás de seus olhos quando ele diz isso. Se eu não

soubesse melhor, pensaria que ele poderia estar um poucomagoado com o que escrevi sobre eles. Mas não pode ser. Umhomem como ele não se importaria nem um pouco com o quealguém como eu tem a dizer.

Ele continua.— Tenho que confessar que, até dois dias atrás, eu não sabia

quem você era. Quando perguntei a meus conselheiros quem erameu crítico mais severo, eles lhe deram um nome. Passei a tarde deontem lendo tudo o que você escreveu sobre mim e minha família.Você tem um ódio terrível por nós que é incomparável.

Meu rosto formiga e o fundo da minha garganta dói de repente.Uma coisa é escrever coisas sobre uma figura pública, outra é ficar

cara a cara com ele.— Acho fascinante que alguém dedique tanto tempo e energia

para desacreditar pessoas que nunca conheceu. Estou muitocurioso sobre o que te motiva.

Dinheiro. Eu fico olhando para ele por um momento enquantoconsidero minha resposta. Não posso dizer a verdade a ele. Comovocê diz: 'Nada pessoal. Eu só percebi que quanto mais malvada euficava, mais pessoas liam minhas coisas e mais sapatos eu podiacomprar'? Não diz. — Isso me leva ao meu primeiro limite. Você nãopode me fazer perguntas pessoais.

Ele pisca surpreso.— Nem mesmo se for sobre por que você nos odeia tanto?— Nem mesmo isso. Estou aqui para observar e relatar a

verdade ao povo. É isso.— Dificilmente parece justo — diz ele.— O que faria você pensar que eu iria jogar limpo? — Meu

coração está batendo forte agora. Por mais dura que precise ser,não quero exagerar na minha dose.

— Bom ponto. — Ele olha para mim e quase sorri. — Masdigamos que eu estivesse procurando um dispositivo que meajudasse a aumentar minha resistência e ritmo de corrida e gostariade perguntar se você tem alguma recomendação. Você se oporia aessa pergunta?

Eu sabia que isso ia acontecer. Idiota.— Você percebe que precisa de mim mais do que eu preciso de

você?— Desculpe. Não pude evitar. — Ele me lança o olhar de um

garotinho que foi pego com a mão no pote de biscoitos, só que ele édo tipo que gosta de ser pego. — Não vou mencionar isso de novo,eu prometo.

— Sem perguntas pessoais. É pegar ou largar.— Pegar. — Ele dá de ombros.— Ainda não entendo por que você gostaria que um crítico o

ajudasse em vez de um amigo. Você poderia simplesmente trazerum de seus lacaios e fazer um documentário para você.

— As pessoas são muito espertas para isso e merecem coisamelhor, não acha? — Ele bebe sua água.

— Elas merecem. — Meu tom é firme, muito Verônica Platt.Ele me dá um sorriso satisfeito.— Olhe para isso. Já nos encontramos concordando em algo e

acabamos de chegar aos portões do palácio.Eu olho pela janela pela primeira vez desde que entrei na

limusine. Na verdade, estamos percorrendo o longo caminho até opalácio.

— Vamos ser claros em mais uma coisa. Somos inimigosnaturais. Isso não vai mudar, não importa quanto tempo eu fiquecomo sua convidada.

— Melhor ainda.Passamos por uma abertura na parede do palácio que é tão

estreita que me encolho, pensando que estamos prestes a arranhara limusine dos dois lados.

— Estreito, não é? Foi construído para um cavalo e umacarruagem.

Chegamos à entrada dos fundos do palácio em forma de U, e alimusine para perto de um conjunto de portas de madeira maciças.De repente, lembro-me de sua observação sobre ser melhorcontinuarmos como inimigos.

— Por que é bom para você se continuamos inimigos?Seus olhos azuis fixam-se nos meus com uma intensidade que

me dá vontade de me contorcer na cadeira. — Acredito que foi SunTzu quem disse: 'Mantenha seus amigos por perto, mas seusinimigos ainda mais perto.'

— Foi Michael Corleone em O Poderoso Chefão. — Ha!Obrigada, pais, por terem quatro meninos.

— Não, não foi. — Ele balança a cabeça e, pela primeira vez, euo vejo parecendo um pouco desordenado.

— Não se sinta mal. Todo mundo comete esse erro.Ele me encara por um segundo, então sorri.— Você acabou de ter a vantagem.— Acho que sim. — Marque um para Tessa Sharpe.Mas espere. Ele quer me manter mais perto?

— O

S E T E

EU VOU TE MOSTRAR O MEU SE

Arthur

brigado, Ollie, mas vou levar a senhorita Sharpe e suascoisas para o apartamento dela. — Dou um tapinha no ombro dele eespero que Tessa não perceba o olhar perplexo em seu rosto. Nãotenho certeza se já carreguei um conjunto de bagagem, mas quãodifícil pode ser, certo?

Eu coloco sua bolsa para notebook sobre meu ombro e puxo aalça da mala enorme que ela trouxe. Sim, sou o tipo de príncipe quepõe a mão na massa. Um cara muito realista e popular.

— Devemos? — Eu faço um gesto para ela ir em frente. Um doslacaios abre a porta para nós e faz uma reverência profunda. Eurealmente deveria ter dito a eles para abrandar as formalidades. Oh,caramba, esta mala é estranha. Estava tudo bem quandoestávamos na calçada, mas levar esta maldita coisa dez degrausnão está indo muito bem. A mala bate e bate de uma forma bastantealarmante enquanto eu a arrasto escada acima. Quando eu olhopara cima, posso ver que o lacaio está se esforçando muito paranão rir.

— Tudo bem aí? — Tessa pergunta, voltando-se para mim erecuando.

— Oh, certo, sim. Uma das rodas está presa ou algo assim.Ela levanta uma sobrancelha.— Normalmente, eu só levanto quando estou nas escadas. Você

pode achar isso mais fácil.

— Certo, levantando. Achei que essa era uma daquelas malasnovas e inteligentes que sobem escadas. — Eu puxo a alça e largoa mala no degrau de cima com um baque. Posso ver pela expressãoem seu rosto que ela não está comprando aquela mala inteligente.

Quando passo pelo lacaio, uma frase do blog de Tessa passapela minha cabeça sobre como ela duvida que eu saiba o nome dohomem que abre a porta para mim quando eu volto para casa. Elaestá certa, é claro, mas há muitos deles por todo o lugar. Como vouconhecer todos? Eu dou a ele um sorriso caloroso.

Ele assente.— Sua Alteza.— Ei… cara. Bom trabalho! — Por que eles não usam crachás?

É isso aí. Amanhã, farei com que Vincent encomende um para cadamembro da equipe. Meu Deus, de repente estou uma pilha denervos. Trazê-la aqui foi uma ideia terrível. Nota para mim mesmo:não tome decisões enquanto estiver bêbado e/ou com tesão.

Uma vez lá dentro, começamos a descer a passagem emdireção aos aposentos principais. Ela está alguns passos à minhafrente e sei o que está por vir quando chegamos ao Grande Hall.Três, dois, um. Aí está, um pequeno suspiro escapa de sua bocaquando ela pisa dentro do saguão de mármore e ouro. O teto fica aseis metros acima de nossas cabeças, é arredondado e bemiluminado para mostrar melhor os murais pintados pelo próprioCanaletto. Ela desacelera, sua cabeça inclinada para, o que érealmente, uma visão magnífica.

— Sempre adorei esse teto. Eu costumava deitar no chãoquando era criança e ficar olhando para ele por horas. — De ondediabos veio isso? Nunca contei isso a ninguém.

Tessa se vira e sorri para mim. Que sorriso amável. Quero vermais disso, o que é um absurdo, já que odeio essa mulherabsolutamente.

— Tenho certeza de que meus pais se preocuparam que eufosse um idiota, deitado no mármore frio daquele jeito.

Sua risada enche o salão. Que som adorável. Eu quero ouvirmais sobre isso. Que porra é essa?

— Eu duvido muito disso. Você é muitas coisas, mas idiota não éuma delas.

— Sério? Você, que me chamou de crianção ridículo, acha queposso ter mais de um neurônio funcionando em minha cabeça? —Isso é melhor. Lembre-se de quem ela é. Não se deixe levar pelosorriso dela.

Ela fica vermelha.— Eu nunca disse que você era estúpido.— Apenas preguiçoso.Ela levanta o queixo e franze os lábios. Oh, esses são lindos

lábios.— Não é essa a palavra para um adulto que não faz nenhum

trabalho de verdade?— E se aquele adulto ainda estiver aprendendo seu ofício? —

Minhas palavras têm o efeito que eu esperava. Ela parece confusapor um momento porque estava se preparando para uma luta, e eunão vou lhe dar uma. E a vantagem de volta para mim! Um pontopara Arthur. Finalmente.

— Devemos? — Eu estendo minha mão para a direita e a sigoem direção às residências particulares. Ela caminha com a cabeçagirando rapidamente de um lado para o outro, verificando astapeçarias e pinturas de meus parentes mortos que revestem asparedes. Seus sapatos batem no chão de mármore e, quando olhopara baixo, percebo que não são sapatos de salto sexy, mas simsapatos que minha avó usaria. Muito estranho para uma mulherjovem. E ainda mais surpreendente que eu esteja excitado agora.Talvez eu deva considerar encontrar um terapeuta.

Eu paro em frente a um conjunto de portas duplas brancas.— Eu suspeito que você vai querer ver isso.Deixo sua mala e abro as duas portas, levando-a para a

biblioteca. Este é um pequeno movimento que aprendi em A Bela ea Fera - a versão da Disney, não a horrível série de TV dos anosnoventa. Funciona sempre. Por que as garotas gostam tanto delivros? Livros e cavalos. Eu nunca vou entender isso.

Sua boca se abre quando ela olha para a sala de dois andares,cheia de estantes do chão ao teto.

— Isso é maior do que meu apartamento inteiro.— Alguns desses livros têm mais de duzentos anos. Edições

originais. Você pode ler o que quiser. — Eu aponto para as

prateleiras com uma mão e sorrio para ela. Ela está olhando emvolta, mas onde estão os olhos arregalados? Cadê a boca aberta?Onde está o olhar de adoração? Ela parece... impressionada. Quaseofendida, na verdade. — Não é uma leitora, suponho?

— Pelo contrário. Eu amo ler. — Ela encolhe os ombros. —Parece uma pena esconder todos esses livros maravilhosos ondetão poucas pessoas terão acesso.

Hã. Bem, esse foi um fracasso inesperado. Acabei de provar quesomos tão egoístas quanto ela pensava. Observo enquanto ela puxaum título da prateleira e o folheia por um segundo. Estou irritadocom a reação dela e atraído por ela ao mesmo tempo. Por um lado,estou absolutamente odiando esse negócio de 'mais santo que você'e, por outro lado, quero tirar a saia dela.

Eu me pergunto o que Sun Tzu (ou Michael Corleone, por falarnisso) teria dito sobre a guerra que assola meu corpo agora? Euquero odiá-la, mas também quero fazer coisas muito perversas comela. Agora mesmo. Naquela cadeira de couro fofa ali, por exemplo,ou encostada na parede. As mulheres amam isso quase tantoquanto os cavalos por algum motivo. Oh, pare com isso! Idiota. Seuspais estavam certos em se preocupar que você fosse um idiota.

Um som agudo vindo da porta interrompe meus pensamentos.Dexter chega cheirando e fungando na biblioteca. Dexter vai salvaro dia!

— Dexter, conheça a senhorita Sharpe.Ele trota seu grande corpo manchado até mim e esfrega seu

focinho na perna da minha calça. Me agacho e dou uma boa coçadaatrás das orelhas. Seu treinador - bem, babá, na verdade - Troy opersegue até a sala.

— Aí está você, Dexter! — Ele me vê e se endireita. —Desculpe, senhor. Eu não sabia que o senhor tinha companhia. Elesimplesmente fugiu de mim. Deve ter ouvido você entrar.

— Não se preocupe, Troy. Vou tirá-lo daqui.— Eu estarei no quarto de Dexter se o senhor precisar de mim.Eu olho para Tessa, e ela tem uma expressão ilegível em seu

rosto enquanto olha para Dex.— Você gosta de porcos?

— Eu não sei. É realmente mais uma questão de se vai elegostar de mim?

— Ele vai. — Eu me levanto e caminho em sua direção, Dexternos meus calcanhares. — Venha dizer olá, Dex.

Ele se senta na frente de Tessa e olha para ela, como oungulado bem-educado que é. Ela se abaixa ligeiramente e dá umtapinha hesitante na cabeça dele. Quando Dexter não arranca amão dela, ela o acaricia atrás das orelhas e se agacha paraacariciá-lo com as duas mãos.

— Que porco surpreendentemente doce.— Assim como seu dono.Ela olha para mim e ri, o que faz Dexter ficar animado e lambe

sua boca.— Oh! Deus! Que nojo! — ela gagueja.— Me desculpe por isso. — Eu pego sua mão e a ajudo a se

levantar. — Ele tende a ser um pouco afetuoso demais com asmulheres.

— Assim como seu dono, pelo que entendi.Eu me pego corando, o que é algo que acho que não faço desde

que era adolescente.— Vamos, vou te mostrar o seu quarto para que você possa

lavar a baba de porco do seu rosto.— E desinfetar o interior da minha boca. — Caminhamos lado a

lado até o corredor, Dexter tentando abrir caminho entre nós.— Não há necessidade. Ele é realmente um animal muito limpo.— E, ainda assim, quero uma garrafa de Listerine.Eu rio, e mais uma vez fico chocado com o fato de que eu

poderia me divertir com essa harpia horrível. Mas, de alguma forma,não consigo evitar. Se eu não tomar cuidado, ela vai acabar meconvencendo a dissolver a monarquia eu mesmo.

— E

O I T O

SANGUESSUGA GOSTOSO DO CARAMBA

Tessa

u deveria ter seguido seu conselho e me tornado umablogueira de moda — digo a Nikki. Estamos no telefone enquantoestou na frente do closet, tentando desesperadamente descobrir oque vestir para um jantar com o príncipe herdeiro, a princesa viúva(sua avó) e sua irmã, a princesa Arabella. Passei quase três horassem ligar para Nikki para contar tudo a ela - tudo sobre o passeio, abiblioteca, a viagem de limusine terrivelmente embaraçosa e amulher fria chamada Mavis, que foi designada para 'cuidar de todasas minhas necessidades enquanto sou uma convidada do Príncipe.'Mavis catalogou minhas coisas e as arrumou tão rápido que minhacabeça estava girando. Catalogado. Cada item, na ordem em quesaiu da minha bagagem.

— Vá com seu vestidinho preto. É um clássico.Eu tiro as outras roupas para poder considerar.— Você acha? E se as senhoras tiverem luvas até os cotovelos?— E se eles estiverem de jeans?Estou brevemente esperançosa.— Você acha que eles podem ser casuais?— Oh sim, claro. Provavelmente vão pedir pizza e beber cerveja

em lata. Basta vestir um pijama e suas pantufas de coelhinho. —Ouço a água da banheira espirrando ao fundo, e de repente estoucom saudades de casa. Quero estar na minha banheira, não aqui

entre pessoas que provavelmente preferem fazer qualquer coisa doque jantar comigo.

— Vá com o vestido preto. É sexy, mas respeitável ao mesmotempo.

— Obrigada, mas eu realmente não estou indo para ser sexy. Eupreciso ser profissional — eu digo.

— Você gosta dele! — O tom de Nikki foi de um pouco entediadopara o topo da montanha-russa animado.

— Não gosto.— Você gosta. Posso ouvir em sua voz — diz ela. — Eu sabia!Eu zombo.— Ele é uma sanguessuga na sociedade. Por que eu estaria

interessada nisso?— Porque aquela sanguessuga em particular é um gostoso do

caramba, mais rico do que o pecado e um completo encantador. Elejá encantou você, não foi?

Há um grande sorriso em seu rosto, eu simplesmente sei disso.— Não. Não é possível. — Totalmente possível, mas como estou

tentando desesperadamente lutar contra isso, não posso admitir. —E o terninho bege com listras?

— Jantar? Com a família real?Meu estômago se revira novamente com o pensamento.— Bom ponto.Pego o vestido preto do cabide e jogo na cama.

Antes de me vestir para o jantar, verifico minhas mensagens detexto e mensagens de voz que tenho ignorado desde ontem.

Bram: Oh, meu Deus! Esse foi o vídeo mais engraçado que eu já vi.Você deve estar tão envergonhada. O que diabos está acontecendocom você e o príncipe?

Mãe (mensagem de voz): Tessa, me ligue imediatamente. Seupai e eu estamos muito preocupados. Eu li no Weekly World News

que seu cabelo pode cair ao levar choque. Você ainda tem seucabelo, querida?

Mãe (segunda mensagem de voz): Tessa, por que você nãoatende? Espero que você não tenha se trancado no banheiro comofez quando menstruou durante a aula de matemática. Não ajudouem nada na época, e não ajudará agora. Você precisa me ligar devolta imediatamente. Os vizinhos não param de falar sobre você.Aquele vídeo horrível e o convite do Príncipe em um dia? Eu não seio que está acontecendo com você. Quando você começou a xingarcomo um marinhei...

Texto de Noah: Me ligue agora. Isa está me ligando a cada dezminutos para saber o que diabos está acontecendo com você e afamília real. Além disso, quero tirar sarro de você por esse vídeochocante. Melhor. Vídeo. Puta merda. Nunca ri tanto na minha vida.

Mensagem no Facebook do fã número um da Royal Watchdog,KingSlayer99: Tessa, muito bem, mulher linda e corajosa.Finalmente rompendo a parede do castelo dos ladrões. Dê aoPríncipe da Preguiça um soco na garganta por mim.

Email de Daniel Fitzwilliam, proprietário da Wellbits, fabricante doShock Jogger: Srta. Sharpe, entre em contato comigoimediatamente. Precisamos encontrar uma maneira adequada deatenuar os danos causados por seu vídeo ao lançamento de nossoproduto.

Pai (mensagem de voz): Tessa? Onde você está? Sua mãeenlouqueceu esperando você ligar. É melhor você não estarmorando no palácio sem contar para sua mãe. Nunca vou ouvir ofim disso. Como está Nikki? O nariz dela está bom? Não acreditoque você jogou aquele aparelho nela. Isso pareceu muito doloroso.Eu realmente deveria ter passado mais tempo trabalhando no seuarremesso.

Texto de Finn:Bahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahaha!Obrigado por ser uma idiota tão monumental. A propósito, quemerda é essa de você ir morar no palácio?

Mensagem de Lars: De agora em diante, me ligue antes de fazerqualquer coisa. Sempre. Vamos começar com este conselho:Provavelmente não se conecte a um aguilhão quando você vai ficar

todo suada, sua idiota. Você acabou com todas as minhas aulashoje porque um dos meus alunos descobriu que você é minha irmã,e eu passei o dia inteiro respondendo a perguntas sobre você. Alémdisso, Nina quer saber se ela pode visitá-la no palácio se você for.

Merda.

Exatamente às sete horas, ouço uma leve batida na porta da minhasuíte. Respiro fundo enquanto caminho pelas minhas novasinstalações luxuosas. “Não estrague tudo. Não estrague tudo.”

Abro a porta e lá está ele. O próprio Príncipe Encantado, vestidocom um smoking preto, calça cinza e uma gravata. Ele me dá umaolhada, me fazendo sentir nua por um segundo, mas então o sorrisoque ele me dá me faz sentir como se eu não me importasse de ficarnua na frente dele. Afinal, é bom ser apreciada.

— Boa noite, senhorita Sharpe. Você está bastante atraente estanoite.

— Sua Alteza. — Eu inclino minha cabeça, e meu corponaturalmente faz uma pequena reverência que eu não esperava.Devo estar pegando alguma coisa, porque de repente me sinto todacorada de novo.

— Pensei em ajudá-la a encontrar o caminho para a sala dejantar.

— Obrigada. Isso é muito gentil. — Contanto que você não meacompanhe até a masmorra para cortar minha cabeça.

— Obrigado a você por se juntar a nós.Caminhamos juntos pelo longo corredor com apenas o som de

nossos sapatos batendo no chão. Nunca na minha vida estive tãohiperconsciente da minha proximidade com um homem como estouagora. Ele está a poucos centímetros de mim, meu ombropraticamente esfregando contra seu braço enquanto nos movemos.

— Eu pensei que deveria avisar você. Minha avó, a princesaviúva Florence, não sabe por que você está realmente aqui.

Ah não. — Por que não?— Eu pensei que seria mais fácil mantê-la fora do circuito. Ela é

bastante cautelosa com a imprensa, e eu não acho que você iriaconhecê-la de verdade se ela soubesse quem você é.

— Ok.Ele para e se vira para mim. Eu faço o mesmo. Sua expressão

de repente ficou muito séria.— Eu quero que você a veja do jeito que ela pode ser quando

estamos entre amigos. Ela é uma mulher maravilhosa. Muitoatenciosa e engraçada pra caramba.

— Sério? Não é isso que as pessoas dizem sobre ela.— Ela tem boas razões para o que tem sido. — Ele se vira e

continua pelo corredor.Eu corro meus próximos passos para alcançá-lo, confusa sobre

o que exatamente está acontecendo e como devo agir.— Quem ela pensa que eu sou?— Uma velha amiga da faculdade. Você mora em Nova York,

mas está aqui de férias por alguns meses.— Não gosto de mentir para as pessoas, Alteza. — A menos que

sejam meus pais sobre os planos para o jantar. Isso eu não meimporto.

Ele olha para mim e diz: — Arthur.— O que? — Paramos em frente ao elevador.— Me chame de Arthur, ou ela saberá que algo está errado.— Eu não gosto disso. Não tenho respeito por mentirosos. —

Oh, eu sei que estou sendo hipócrita, mas, por favor, não use issocontra mim. Tudo é justo no amor e na guerra. Bem, na guerra, dequalquer maneira...

As portas do elevador se abrem e ele toca minhas costas parame encorajar a entrar. Tento ignorar os arrepios brilhantes quesobem pela minha espinha e me concentro em como estou irritada.

—Você me ouviu agora? Não quero mentir para a princesa viúva.— Eu também não, mas esta é uma situação excepcionalmente

delicada. Ela é muito velha.Ha! Eu o peguei se contradizendo.— Qual é? Ela é velha ou vai me odiar se souber a verdade?— Ambos. Ela é muito delicada e odiaria você.

— Ela é delicada. Arabella é delicada. Estou começando aperceber um padrão.

— E qual seria? — Ele levanta uma sobrancelha, parecendodivertido novamente.

— Estou começando a achar que você é meio chauvinista quenão acha que as mulheres podem lidar com muito mais do que umchá fraco e uma conversa leve.

— Pelo contrário, as mulheres podem ser tão duras quanto oshomens. Mais resistente ainda. Acontece que minha irmã não é, eminha avó está ficando tão velha que realmente não teremos tempopara ela ser afetuosa com você, uma vez que saiba quem realmentevocê é.

— Isso não é desculpa. — Eu zombo. — Se ela não pode serdecente comigo sabendo quem eu realmente sou, então é assimque a matéria sairá. O povo merece a verdade sobre sua família.Afinal, estamos pagando por suas vidas. Devemos saber o queestamos fazendo com nosso dinheiro.

Ele enrijece por um breve instante, então parece se conter e sorripacientemente.

— Sabe, Sra. Sharpe, somos servidores públicos nas formasmais verdadeiras. Minha família dedicou nossas vidas, nossalinhagem, a esta grande nação. Oferecemos empregos para mais de1.200 pessoas. Carreiras honrosas que pagam bem. Semmencionar as mais de duas mil instituições de caridade quedependem de nós para arrecadar fundos a cada ano.

— Sim, obrigada. — Eu dou a ele um olhar sarcástico. — Eu já lio panfleto. Realmente não me convenceu.

Chegamos ao primeiro andar e as portas se abrem. Eu jogomeus ombros para trás e saio do elevador, esquecendo que nãotenho ideia para onde estou indo. Eu dou um palpite e viro para aesquerda, mas uma tosse leve do Príncipe me faz girar noscalcanhares. — Deste lado?

—Sim. — Ele tenta esconder seu sorriso. — Ouça, acho queambos tomamos o caminho errado. Eu não deveria ter presumidoque você se sentiria confortável mentindo para minha avó.

— Não, você não deveria. — Eu aponto meu dedo no ar e obalanço para aumentar meu atrevimento. — E meu caminho errado

seria?— Agora mesmo, quando você saiu do elevador. Se tivesse

continuado, teria acabado na garagem.Seu tom é leve e tenho que lutar para não sorrir.— Dificilmente a mesma coisa.— Você está certa. Sua transgressão teria consequências muito

piores. Está cheirando a graxa e cigarro ali.Sua tentativa de ser irônico não funciona. Eu continuo

carrancuda.Os lábios do príncipe se comprimem em uma leve careta.— Tudo bem, senhorita Sharpe, estou prestes a confirmar um

boato para você e vou confiar em sua decência de que não vaidenunciá-lo. Minha avó não está bem. Ter uma repórter entre nóscolocaria um estresse indevido sobre ela, e eu preferia poupá-ladisso.

Seus olhos brilham e eu quase acho que ele está prestes achorar, mas então ele limpa a garganta e trava a mandíbula, e ésério como sempre. Eu o sigo, movendo-me mais devagar enquantodigiro essas notícias.

Parando em frente a um conjunto de portas duplas imponentes,Arthur se vira para mim.

— Então, o que devemos dizer a ela?Estou prestes a desabar, não estou? Droga.— Em qual escola nós estudamos? Eu esqueci.Ele me dá um sorriso agradecido.— Oxford.— Certo.Estou tão emocionada com essa bomba que me esqueço de

ficar nervosa quando entramos na sala de jantar mal iluminada.Meus saltos afundam em um tapete tão macio que parece que vouafundar nele até os joelhos. Ele absorve o som da música clássicaque nos cerca, embora eu não consiga ver nenhum músico ou alto-falante. As paredes são pintadas de um vermelho suave eadornadas por sancas douradas e arandelas que sustentam velastremeluzentes. Uma pequena mesa está posta para quatro comtantos pratos e talheres em cada lugar, que tenho quase certeza de

que não vou ter ideia de como usar a maior parte. Vou estragartudo, não vou?

Na outra extremidade da sala, a princesa Arabella e a princesaviúva estão de pé, bebendo coquetéis enquanto caminhamos emdireção a elas. Arabella para no meio da frase, seu olhar chamandoa atenção para nós que eu preferia evitar. Eu torço minhas mãosnervosamente enquanto seu rosto cai e ela pisca lentamente emminha direção. Meu ritmo diminui, mas a mão de Arthur está nasminhas costas novamente, me empurrando suavemente para frente.

— Arabella, você se lembra de Tessa — Arthur diz, um leve tomde advertência em sua voz.

— Claro. — Ela me encara com tanto desdém que sinto como setivesse encolhido sessenta centímetros de altura.

— Vovó, boa noite. Você está parecendo bem. — Arthur sai domeu lado e dá um beijo em cada bochecha da princesa viúva. —Eugostaria de apresentá-lo a Tessa Sharpe. Ela é uma velha amiga deOxford.

Eu faço minha melhor imitação de uma reverência e tropeço emminhas palavras.

— Vossa Alteza, é um prazer cumprimentá-la. — Droga. — Vê-la.— Merda. — Encontrá-la.

Ela dá um passo à frente e estende as mãos para mim. Estendoa mão, sem saber o que ela vai fazer, mas então ela segura meusdedos e estende meus braços para os lados. — Deixe-me olharpara você, querida.

— Uh, ok. — É, isso parece normal. Uma princesa idosa estálentamente me olhando de cima a baixo, aperta os olhos e olha parao meu rosto. Ela tem os olhos da mesma cor de seu neto, azul-geloque quase parecem brilhar contra todos os diamantes ao redor deseu pescoço. E ela é tão pequena. Eu não tinha ideia de que ela eratão pequena. Quase quero pegá-la no colo.

Ela se vira e acena para Arthur.— Excelente escolha, Arthur. Muito linda, bom quadril de parto.

Ela tem aquelas pernas longas que você admira também.Isso acabou de acontecer? Não tenho certeza de qual rosto está

mais vermelho agora - o meu ou o de Arthur. Espere, não, é meu.— Não é assim, vovó. Somos apenas velhos amigos.

— Não me faça de boba, Arthur. Eu posso dizer pela maneiracomo você entrou. — Ela pisca para ele e dá um tapinha na minhamão. — Pelo que ouvi, você faria bem em convidá-lo para voltar aoseu quarto.

— Vovó! — Arabella engasga.— Oh o que? Você acha que eu não sei o que acontece?

Ninguém ficaria solteiro por tanto tempo como hoje em dia se nãoestivesse se envolvendo em um pequeno sabe-o-quê pré-matrimonial.

Um garçom traz uma bandeja com taças de champanhe. Arthurpega dois, entregando um para mim.

— Eu posso precisar das duas — eu digo baixinho.— Você vai ter que lutar comigo por isso — Arthur murmura

enquanto leva o copo aos lábios.— Então, Tessa, Arthur me contou que você trabalha na indústria

de fitness? Testando equipamento? — Arabella sorri triunfanteenquanto eu fico vermelha. Ela viu o vídeo do Shock Jogger. Comcerteza.

— Sim, isso mesmo. — Minha mente gira desesperadamente,tentando pensar em uma mudança de assunto.

— É um trabalho estranho — comenta a princesa viúva Florence.Arthur diz: — Ela analisa produtos, vovó. Ela os avalia em uma

escala de um a cinco e dá detalhes quanto à utilidade, valor decusto, esse tipo de coisa.

A princesa viúva olha para mim.— Quantas estrelas você daria ao nosso Arthur aqui?— Eu não sei. — Eu dou a ela um sorriso conspiratório. — Eu

nunca o testei.Ela ri e pousa a mão no meu braço.— Bem, me avise quando as avaliações chegarem. Se for

qualquer coisa menor que cinco estrelas, posso sentar com ele edar-lhe algumas dicas.

Arthur dispara.— OK! Acho que devemos comer.

E

N O V E

JAN TAR NÃO TÃO DIVINO

Arthur

sse é possivelmente o jantar mais desconfortável que já tive - eisso diz algo. Certa vez, sentei-me ao lado da esposa do

primeiro-ministro da Malásia, que passou toda a refeição - do amusebouche à sobremesa - tentando colocar a mão nas minhas jóiasreais, enquanto seu marido sentou-se à nossa frente, alegrementeinconsciente, conversando comigo sobre o Euro. Se você nuncatentou segurar sua parte em uma conversa séria e de alto nívelsobre finanças com um líder mundial enquanto, ao mesmo tempo,se defendia das tentativas de uma mulher mais velha muito grotesca... bem, então, estou feliz por você. Porque é horrível.

Mas eu ficaria feliz em voltar lá agora porque esta noite é muitopior. Eu sabia que minha irmã não facilitaria as coisas para mim eela não me desapontou. Ela foi contra tudo isso desde o início, quefoi apenas ontem, mas ainda assim. Arabella pode ser muito duronaquando quer. Ela está fazendo o possível para que Tessa se sintamuito mal-vinda, enquanto minha avó continua a comentar sobre oexcelente potencial de Tessa para carregar meu filho.

Não é que Arabella não entenda o conceito do que estoutentando fazer aqui. Ela ouviu toda aquela coisa de 'mantenha seusinimigos mais perto' quando eu comentei com ela esta manhã. Elasimplesmente não é uma mentirosa muito boa. Tem o coração namanga, como nossa mãe, o que é um dos motivos pelos quais serprincesa tem sido particularmente difícil para ela. Não importa o que

aconteça, ela nunca dominou a arte de esconder seus sentimentose colocar um sorriso falso, o que tem sido sua ruína repetidas vezescom o público e a imprensa. É a principal razão pela qual elararamente aparece em uma posição oficial. Hospital infantil - chorouabertamente. Hospital de veteranos - chorou abertamente. Sempreque ela se depara com um repórter contundente, ela congela e suasrespostas tornam-se curtas, fazendo-a parecer muito rude.

Posso dizer que ela passou boa parte do dia lendo o blog deTessa e internalizando todos os ataques. Ela veria cada comentáriocomo nada menos que imperdoável. Tendo me familiarizado com otrabalho da senhorita Sharpe, posso dizer que nunca li nada tãoofensivo quanto página após página de sua opinião desdenhosasobre minha família.

Para mim, porém, cada reprovação representa um desafioemocionante - mudar suas ideias. É emocionante ter a oportunidadeextraordinária de ficar cara a cara com um adversário inteligente.Não estou acostumado a ter ninguém me desafiando - além do meupai - e, para mim, é como se eu tivesse encontrado o melhor novojogo para jogar, aquele em que reside a diversão de discutirverbalmente e criar estratégias. É como uma versão adulta e de altorisco do Stratego. E pretendo vencer.

Mas para eu sair vitorioso, preciso do apoio do resto da minhafamília, que nem minha irmã nem minha avó estão fornecendo nestemomento. Observo cuidadosamente as reações de Tessa a cadauma delas. Ela vai se encolher ou se manter firme? Se tornarargumentativa ou permanecer graciosa como ela fez até agora estanoite? Ela parece estar divertida com minha avó, em vez deofendida, e fico cada vez mais feliz com a distração que a princesaviúva está proporcionando, não importa o quão estranho seuscomentários me deixem. Suas tentativas de provar o quão'descolada ela é para nós, jovens, estarem se pegando' estãodefinitivamente tirando um pouco do foco das insinuações veladas ecomentários sarcásticos de minha irmã.

Embora, a maneira como minha avó está falando sobre como eusou incrível está na verdade me fazendo parecer que estoudesesperadamente procurando uma esposa, o que não poderiaestar mais longe da verdade. A senhorita Sharpe vai pensar que sou

um perdedor patético que mora no porão dos pais e precisa de umamulher de 84 anos para ajudá-lo a transar.

Isso é…? Sim, tenho uma gota de suor descendo pela minhatesta agora. Oh, pelo amor de Deus.

Tessa é a única na sala que parece estar se comportando comalgum senso de decoro. Ela está lutando um pouco para decidir qualgarfo usar, mas, fora isso, ela é muito educada e faz perguntassurpreendentemente atenciosas. Arabella acabou de tomar seuquarto Moscow Mule e está abertamente olhando, franzindo o narize balançando a cabeça para Tessa enquanto ela balança em seuassento. Estou suando como Dexter naquela vez que decidi levá-locomigo para a Riviera Espanhola. E agora, minha avó está dizendoa Tessa para vir tomar chá amanhã para que ela possa mostrarminhas fotos de bebê.

— Tenho certeza que você viu algumas em revistas e natelevisão e tudo mais, mas só eu tenho as fotos dele nu como umpássaro gaio. — Vovó, que também bebe coquetéis, parece estargostando de Tessa como uma primeira-dama malaia com as minhaspartes.

Querido Senhor, por que eu fiz isso?

B

D E Z

MAIS IMPORTAN TE, ONDE EL A ARRUMA O CABELO?

Tessa

em, essa foi provavelmente a refeição mais estranha da minhavida - e isso quer dizer algo. Um a menos, cinquenta e nove

dias restantes. Eu gostaria de poder ligar para Nikki, mas ela estáem um 'encontro por telefone' com o Doutor Perfeito. Então, estoudeitada esticada na cama enorme do meu quarto, tentandodescobrir o que diabos aconteceu.

Fui medida e apalpada por uma pequena princesa viúva ezombada por sua neta. Do lado positivo, essa foi a melhor comidaque já comi. Mas ainda não vale a pena.

Meu telefone toca e o rosto da minha mãe preenche a tela.— Oi, mãe.— Finalmente! Tessa Adelaide Sharpe, você está me ignorando

há dois dias.Eu atravesso a sala e me jogo no assento da janela.— Eu sinto muito. Foram as quarenta e oito horas mais

estranhas da minha vida.— E é exatamente por isso que você deveria ter me ligado — Ela

bufa. —Você não tem ideia de como tem sido para mim ter quedescobrir tudo pela televisão! O telefone não para de tocar e tudoque posso dizer é o que todos já sabem. Tem sido horrível paramim.

— Desculpe. Eu sei, só não sabia o que pensar, muito menosdizer.

— Você está aí agora?— Sim. Eu cheguei aqui esta tarde. Acabamos de jantar. — Isso

deve distraí-la. Ela vai querer saber tudo sobre a refeição.— O que você comeu?— Foie gras, salada, batatinhas vermelhas com molho leve de

endro e um pouco de tiramisu.— Oh meu Deus! Minha filha comeu batatinhas no palácio. —

Ela ri, parecendo ter esquecido que está com raiva de mim. — Comquem você comeu?

— A princesa viúva, a princesa Arabella e o príncipe Arthur.— Conte-me tudo. Como eles são?Tenho que ter cuidado com o que digo, porque com certeza será

transmitido por toda Abbott Lane na hora do almoço amanhã.— Eles são anfitriões muito ... graciosos.— Realmente? Até a viúva? Todo mundo diz que ela é

absolutamente horrível.— Na verdade, ela foi muito acolhedora. E engraçada.— A única

razão é porque ela pensa que está me bajulando para ser sua neta,mas não vou mencionar isso.

— Eu sempre soube que ela era cheia de coragem!— Você poderia dizer isso.— E Arabella? Ela é tão bonita pessoalmente?— Sim. Ela é muito bonita. — No entanto, desagradável como o

inferno. Eu fico olhando pela janela para o jardim enluarado abaixo.Meu estômago aperta ao pensar na carranca de Arabella, e meencontro desejando estar em casa novamente.

— E quanto a Arthur?— O que tem ele?— Como ele é? — Ouço um barulho de descarga e estremeço.

Eu odeio quando ela me liga no banheiro.— É difícil colocar em palavras, realmente. Ele não é exatamente

o que eu esperava...— De que maneira?— De uma forma que eu não consigo resolver. Ele tem sido

gentil, mas é claro, é tudo pelas aparências.— Pish! Ele é um homem maravilhoso. Você sabe que minha

prima Rose o conheceu uma vez em um almoço de caridade, e ela

disse que ele era um encantador absoluto.— Sim, ela me disse. — Várias vezes. — Mas ser charmoso e

ser uma boa pessoa não são exatamente a mesma coisa.— Do que você está falando? Ele está envolvido com

literalmente centenas de instituições de caridade.— Ele mencionou isso — eu digo em um tom neutro.— Você nem vai dar uma chance a eles, vai?— Não é sobre eles, mãe. É o conceito de monarquia com o qual

não concordo.— Mas, talvez agora que você está morando com eles, verá as

coisas sob uma luz diferente? — Sua voz aumenta a cada palavra.— Duvido. Conhecê-los como pessoas não mudará os fatos.

Não há lugar para uma monarquia em uma sociedade moderna.— Então, por que você está aí?— Honestamente? Espero que esta seja a minha maneira de

voltar a trabalhar em um jornal, ou talvez consiga um contrato de umlivro para comprar minha própria casa.

— Oh. — Seu tom cai dois oitavos.— Mãe, tudo o que você estava imaginando vindo disso, precisa

parar agora. Estou aqui para observá-los por dois meses - comoDian Fossey com os gorilas. Então irei para casa, espero ter outrachance em um dos grandes jornais, ou talvez até mesmo em umcanal de notícias.

— Então, você não vai nem nos deixar conhecê-los?— Eu não posso convidar você. Isso não é um feriado. Estou

aqui para trabalhar. — Meu tom é mais seco do que pretendo.— Ah, claro. Sou tola — Ela parece tão envergonhada que agora

me sinto como uma filha muito má assim como a Lizzie Borden.— Verei o que posso fazer. Talvez eu possa trazê-la para um tour

pelo palácio em algumas semanas — eu digo. — Se elespermitirem.

— Só se não for muito problema. — Ela está bancando a mártiragora. Aumente a culpa.

— Nunca é demais, mãe. Simplesmente pode não ser possível.Não sou exatamente uma convidada de honra.

— Tudo bem. Eu deveria deixar você ir. Você provavelmente temtrabalho a fazer.

— Sim, eu tenho.— Você vem no próximo domingo para comemorar o aniversário

de Geoffrey e Joshie?— Verei o que posso fazer.— Isso geralmente significa não.— Significa que verei o que posso fazer.— Bem. Acho que é tudo o que uma mãe pode esperar depois

que seus filhos crescem e partem. Que eles atendam o telefone devez em quando e apareçam algumas vezes por ano para que vocêos veja.

— Mãe, eu prometo que farei o meu melhor para estar aí.— Excelente. Boa noite, Twinkle! Tenha uma ótima primeira noite

de sono no palácio! — A voz dela voltou a ficar aguda. — Vocêacredita nisso? De todos os lugares, a minha filha está dormindo nopalácio real!

Conversamos por mais dez minutos. Bem, na verdade, ela mebombardeia com perguntas sobre o quarto em que estouhospedada, a roupa de cama, o tamanho do armário, etc, enquantomeu pai fala a cada dois minutos, precisando descobrir sobre amarca das torneiras dos banheiros (Perrin e Rowe, caso vocêtambém esteja se perguntando), ou se eu já vi os tratores de gramaque eles usam no local. Aparentemente, ele tem uma aposta comseu amigo, Hal, no pub, que eles usam John Deere, e se eu nãodescobrir, ele vai parecer um idiota no The Frog and Keg.

Então, na hora que eu desligo o telefone, tenho umasurpreendentemente longa lista de fatos muito importantes paradescobrir para os homens do pub, bem como uma missão paradescobrir quem faz o cabelo de Arabella (porque Nina e Isasimplesmente têm que saber). Bem, como um ex-jornalista que viroublogueira, eu deveria pelo menos ser capaz de administrar isso.Embora, eu não possa imaginar pedir nada a Arabella nestemomento, muito menos isso.

“— Então, quem faz o seu cabelo? É muito atraente.— Foda-se.— Certo.”

Postagem no blog - 11 de março - Meu primeiro dia no palácio e umanúncio especial

Tessa aqui, ao vivo da minha casa pelos próximos dois meses.Eu ganhei um apartamento no palácio que dá para a campina e afloresta atrás do castelo. É exatamente como você esperaria - umespaço enorme que tem apenas os móveis mais luxuosos. Umasuíte do tamanho da sala de estar do meu apartamento, toda emmármore com piso aquecido branco. A cama é, claro, king, comlençóis tão macios que não tenho dúvidas de que são feitos debumbum de bebê de verdade. Brincadeira sobre o traseiro do bebê.Provavelmente fiado do pelo de um cordeiro Karakul de dois dias deidade.

O jantar provavelmente custou aos contribuintes na casa dosmilhares quando você adiciona o vinho escandalosamente caro, acomida de origem orgânica, os chefs, os garçons e as roupas/jóiasusadas pela princesa Arabella e a princesa viúva.

Mais cedo, quando cheguei, o Príncipe Arthur fez uma tentativabastante transparente de trazer minha bagagem, provando apenasque nunca havia mexido em uma mala antes. Ele então me mostroua biblioteca, uma sala de dois andares cheia de primeiras edições elivros centenários para uso exclusivo da família real e convidados.Se eu tivesse que adivinhar, diria que ele esperava por um momentoda Bela e da Fera, mas com toda a honestidade, acumular taistesouros é, naturalmente, ofensivo para mim, como deveria ser paratodos nós.

Conheci Dexter, o porco, e devo dizer que ele me conquistou.Isto é, até que ele lambeu dentro da minha boca. Eu não vou usarisso contra ele, no entanto. Afinal, ele é um porco e eu estavamascando chiclete, então suspeito que ele queria provar.

Agora, o anúncio especial:Consegui garantir um “Pergunte Qualquer Coisa” toda semana

com a família real (e talvez alguns membros seniores da equipe, sehouver interesse).

Então, envie suas melhores e mais contundentes perguntas parao fórum do Reddit (link abaixo). E certifique-se de votar em suasfavoritas, pois as cinco perguntas mais votadas serão usadas emuma entrevista! Estarei conduzindo entrevistas ao vivo todas às

quintas-feiras às dez da manhã. Esta é sua chance de finalmentecolocar seus pés reais no fogo, então certifique-se de seremrigorosos!

Já passa da meia-noite e não vou adormecer de jeito nenhum.Nunca. Passei duas horas fazendo anotações no meu primeiro diano palácio e, quando terminei, estava tão nervosa que acho quepoderia dar outra chance ao Shock Jogger sem ser 'gentilmentelembrada' de me apressar. Sei o que está me mantendo acordada,embora nunca vá admitir em voz alta, nem mesmo para Nikki, ouChester, que manterá todos os meus segredos até ir para suasepultura aquosa.

No fundo, em um lugar que nem quero saber que existe, sintouma atração nojenta por Arthur. Claro, isso era de se esperar, eusuponho. Ele é lindo e charmoso e é um babaca completo. Ele nãoseria a primeira chama poderosa para a qual desempenhei o papelde mariposa. Havia meu ex-chefe no The Daily Times, BarrettRichfield, o jovem magnata mais elegível de Avonia que assumiu amaior parte da indústria editorial aqui e na Bélgica há cerca de dezanos. No momento em que Barrett colocou os olhos em mim, eu meapaixonei por ele. Difícil. Depois de dez gloriosos meses de trepada,ele anunciou seu noivado com a garota do clima noturno do CATNna época, Helena Jones. Fui discretamente demitida no diaseguinte, com o chefe do RH insinuando veementemente que tentarprocessar por assédio sexual resultaria em humilhação pública paramim. Não para ele. Não é justo, mas assim é a vida. Os poderosospodem fazer o que quiserem, enquanto os pequenos devem fazer oque lhes agrada.

Mas não mais. Não importa o quanto Príncipe Arthur aumenteseu charme, estou mantendo uma distância respeitável.

Depois de me mexer e virar por uma boa hora, jogo as cobertas.Não vou descansar um minuto até comer algo salgado. Talvezseguido por algo doce. Eu realmente não saberei até estarcomendo. Infelizmente para mim, não há nada além de uma

geladeira cheia de garrafas de água e um carrinho de vários tipos debebidas no meu quarto. E isso simplesmente não vai funcionarquando uma mulher está se esforçando muito para não se sentiratraída por alguém que está dormindo dez portas adiante nocorredor. Sim, dez. Ele apontou qual apartamento era seu quandome acompanhou de volta ao meu quarto. E eu posso te dizer, saberonde ele está dormindo é muito pior do que não saber, porque meueu privado de sal e sexo está atingindo aquele horário por umarapidinhal, e há um homem muito gostoso tão perto que posso sentiro cheiro dos feromônios que ele está emitindo.

Tenho certeza de que foi tudo aquilo que a princesa Florencedisse que acabou comigo. Eu poderia ter mantido minha atração sobcontrole, mas ela colocou tudo na frente e no centro. A coisa dosexo, quero dizer. Seus comentários aumentaram o calor em cercade dois mil graus, e agora terei que trabalhar muito duro para serindiferente a Sua Alteza. Mas o próprio fato de que estou atraída porele deveria mandar sinais de alerta. Não sei se alguma vez tivetesão por um cara bom, e o fato de meus ovários estaremaquecendo para liberar óvulos extras deve me dizer que ele édefinitivamente uma má notícia. Bem vestido, más notíciasdiabólicas.

Ninguém vai estar acordado agora, certo? Eu posso meesgueirar até a cozinha da família e encontrar um lanche sem servista e nem ouvida. É tão tarde, e provavelmente todos eles estãodesmaiados com alguma poção mágica do sono dada apenas àrealeza para garantir que tenham seu sono de beleza.

Eu brevemente considero trocar minha calça de pijama do BobEsponja, mas então decido ir em frente. Eu visto meu moletomverde claro mais aconchegante e alguns chinelos e rastejo para forada porta.

Chinelos? Sério, Tessa? O sapato mais barulhento do mundopara se esgueirar por um castelo na calada da noite? Eu arrastomeus pés enquanto faço meu caminho pelo longo corredor. Arthurmostrou a cozinha da família para mim no tour anterior, e fiz questãode guardar sua localização próxima ao meu quarto. Pego o elevadoraté o nível principal, viro à esquerda e é a terceira porta à direita.

Os corredores são iluminados por fios de led ao longo da parteinferior da parede. Suponho que o objetivo seja economizar energia.É realmente bastante escuro, no entanto. E um pouco assustador.De vez em quando, encontro armas montadas ou armaduras e, acada vez, não consigo deixar de imaginar que alguém está dentroda armadura pronto para me cortar em duas. Encontro-meprendendo a respiração enquanto avanço lentamente, deslizando ospés. Oh, sim, eu sou o cúmulo da sofisticação.

Estou quase na cozinha quando uma porta se abre, e quase souderrubada por um torso muito bonito, esculpido, nu e molhado, quedesaparece dentro de uma calça de moletom baixa. O torsopertence a Arthur, é claro. Nós dois suspiramos assustados e ele mepega pelos braços quando começo a tombar para trás em direçãoao chão. Minhas mãos pousam em seu abdômen, e elas estãomomentaneamente no céu. Eu quero massagear aquele abdômenentre meus dedos, com suor e tudo. Só que são muito difíceis deamassar. Não há nada pastoso nesse homem.

Bem, olá, príncipe. É bom te ver.— Senhorita Sharpe. O que você está fazendo acordada?Eu congelo, de repente, percebendo que se esgueirar no meio

da noite pode ser interpretado de várias maneiras. Uma delas é queestou fazendo uma pesquisa secreta para meu blog. Ou talvez euesteja planejando roubar alguma obra de arte inestimável. Outra éque estou procurando por ele. Deus, espero que ele estejapresumindo que sou uma ladra. — Não consegui dormir. Estou embusca de algo salgado.

Ele levanta uma sobrancelha e seus lábios se contraem comdiversão.

— Você está?Sim. Acabei de me ouvir. — Batatas fritas, talvez. Ou talvez um

pouco de queijo e biscoitos. O que está fazendo acordado tãotarde?

— Eu também não consegui dormir. Achei que um treino tardeda noite resolveria.

— Então, eu vi — Meus olhos percorrem seu corpo sem camisasem minha permissão, e quando eu os forço de volta em seu rosto,ele está usando aquele sorriso arrogante novamente. Droga, olhos!

Você realmente teve que fazer isso? Estamos tentando parecerprofissionais aqui em nossas calças de pijama do Bob Esponja echinelos.

— Vou te mostrar a cozinha. — Ele se vira e espera que eu mejunte a ele. Ele caminha tão perto de mim que posso sentir o calorde seu corpo. Deve ter sido um exercício físico e tanto. Ele poderiaaumentar totalmente a popularidade de toda a família entre asmulheres de seis a 98 anos se postasse vídeos de si mesmo seexercitando. Não vou dizer isso a ele, no entanto, não precisa demais afagos no ego.

Ele acende as luzes e se dirige para a despensa.— Quão picante você gosta?— ele pergunta, então sorri de volta

para mim. — As batatas fritas, quero dizer.— Nem um pouco picante. Simples. Muito simples. — Bom

trabalho, Tessa. Essa foi definitivamente uma resposta nada sexy.— Simples é bom também.— Ele balança as sobrancelhas para

mim antes de desaparecer na despensa ampla.Sento-me em um banquinho na enorme ilha e pratico minha

respiração de Lamaze o mais silenciosamente que posso,esperando que de alguma forma isso me ajude a colocar minhacabeça no lugar. Quem diria que eu seria tão facilmente distraídapor um conjunto de peitorais esculpidos? Ah, e costas supermusculosas. E o lindo rosto de um deus Viking.

Ele retorna um segundo depois com um saco de Lay's.— Clássicos. Legal. — Eu mexo com a bainha do meu moletom,

me sentindo uma completa idiota vestida com meus pijamas nafrente do maldito príncipe da coroa. Eu deveria ter colocado pelomenos um jeans. Ele rasga o saco e o desliza pela ilha até mim.

— Algo salgado para a futura mãe dos meus filhos?Eu sufoco uma risada, meu corpo inteiro esquentando com uma

mistura de excitação de colegial vertiginosa e vergonha absoluta.— Ela ficou bastante impressionada com a ideia de nós como

um casal, não é?— Ah sim. Minhas desculpas por tudo isso. Não antecipei a

reação dela. — Ele pega alguns copos do armário e abre ageladeira. — Leite?

— Não, obrigado. Eu sou mais uma garota de água.

— Tem certeza? Você deve se certificar de que está recebendocálcio suficiente. — Ele pega uma jarra de leite e a coloca nobalcão. — Você sabe, para o bebê.

— Se você vai ser tão chato, acho que não quero ter seu filho. —Pare de flertar! Você o odeia! E você está usando uma camiseta quediz 'A vida é melhor com a calcinha do biquíni'.

— Oh, então você está considerando isso? — Ele me entregauma água e se serve de um copo grande de leite.

— Claro. Pense na oferta do livro que eu poderia conseguircomo mãe de seus filhos. — Pego uma batata frita do saco e douuma mordida. Oh, por favor, pare de olhar para mim assim, deusviking sem camisa. Você está transformando meu corpo em geleia emeu cérebro em gosma.

— Aah, então seria estritamente um negócio.— Ele toma umgole de leite, seus olhos nunca deixam os meus.

— Sim.Arthur se recosta no balcão e cruza uma perna sobre a outra. Ele

está me dando a melhor visão possível dele. Se ele se sentasse aomeu lado, eu não teria uma visão tão boa de toda a suasensualidade real. E ele sabe muito bem disso. Desgraçado.

Lindo, lindo desgraçado.Ele acena pensativamente.— Na verdade, isso faz muito mais sentido do que toda aquela

coisa de 'se apaixonar' que parece tão popular hoje em dia.— Provavelmente. Eu li um estudo no qual eles descobriram que

pessoas que arranjaram casamento acabam mais felizes do queaquelas que se casam por amor — Oh, sim, Tessa, impressione-ocom o seu conhecimento de estudos sociológicos. É assim que vocêse tornou tão popular no colégio. — Aparentemente, eles passampor uma situação pior nos primeiros anos, mas depois se adaptammelhor a longo prazo, enquanto as pessoas que se casam por amortêm expectativas irrealistas e acabam se decepcionando com maisfrequência.

Eu ainda estou falando sobre isso? Sério? — Faz sentidoquando você pensa sobre isso. — Sim, eu estou.

Arthur inclina a cabeça.

— Eu diria que faz muito sentido. A maioria das mulheres tendea ter expectativas completamente irrealistas em relação aos homensque amam.

— A maioria das mulheres? Os homens são aqueles queesperam que suas esposas nunca envelheçam, ou acabem comestrias e uma barriga comprimida por ter seus filhos, ou fiquemmuito cansadas de cuidar dessas crianças o dia todo para fazersexo.

— Não, você está errada aí. Acho que a maioria dos carasespera que tudo isso aconteça. O verdadeiro problema é que asmulheres se casam com um homem que elas acham que podemmudar, apenas para depois deixá-las porque mudaram.

Eu cruzo meus braços sobre meu peito.— Ou... talvez elas os deixam porque não tiram suas bundas

preguiçosas do sofá para ajudar com as crianças ou na limpeza.— Não. Não é isso.— Oh, não é?— Meu Deus, este homem é arrogante.— Eles podem dizer isso, mas na verdade é porque a maioria

dos homens estragam todo o romance. Eles começam com umritmo que não conseguem acompanhar e, depois de firmarem orelacionamento, o deixam cair. — Ele pousa o copo de leite e seguraa borda do balcão com as duas mãos. Oh, ótimo. Agora, osmúsculos de toda a parte superior do corpo estão flexionando.

Oh, que coisa, por que estou irritada mesmo? O que ele estavadizendo? A coisa do romance. Certo.

— Essa parte eu concordo. Os homens ficam preguiçosos.— E as mulheres só ficam cansadas? Vamos. Elas ficam

preguiçosas também. Todo mundo está vendendo alguma coisa,senhorita Sharpe. Só depois de comprar, você descobrirá o querealmente pagou.

— Então, é um casamento arranjado?Ele sorri para mim. — Essa seria a escolha inteligente.— Você deveria dizer a sua avó que você quer que ela arme

para você. Tenho certeza de que ela amaria isso.— Sim, ela amaria. Embora ela estivesse tão apaixonada por

você, eu temeria que ela escolhesse você.

— Melhor não então.— Eu estremeço e rio, esperando que soeautêntico, porque de jeito nenhum quero que ele saiba o quanto issodoeu.

Mas estou realmente feliz por ele ter dito isso. Isso vai meimpedir de fantasiar sobre algo que nunca poderei ter. Edefinitivamente NÃO quero.

— Eu deveria dormir um pouco. Estou cansada e amanhã vamoscomeçar cedo.

Eu me levanto e saio do cômodo antes que ele possa dizerqualquer coisa. Ele não me persegue, nem se desculpa, nem dizque não quis dizer isso. Mas por que ele deveria? Somos inimigosusando uns aos outros para o que precisamos. Nada mais.

Estou tão incomodada que dou três voltas erradas tentandoencontrar meu quarto. Acho que deveria estar feliz por não terdeixado ele ver que ele feriu meu ego um pouco. Pelo menos existeisso. Mas como é patético da minha parte permitir a ele esse poderem primeiro lugar. No momento em que minha cabeça atinge otravesseiro, decido estar mais alegre amanhã, para que ele percebaque não pode me afetar nem um pouco. Também prometo nuncamais dar um centímetro a este homem. Não importa o que ele nãoesteja vestindo.

E

O N Z E

COMO VOCÊ GOSTA DE SEUS OVOS?

Arthur

u estou de volta na cena do crime - Príncipe Arthur na cozinhacom sua boca grande. A vítima: qualquer chance que eu

tivesse de cortejar a senhorita Sharpe ontem à noite. O que diaboseu estava pensando com toda aquela parte 'tenho medo que minhaavó escolha você'? Obviamente,isso machucaria seus sentimentos.E eu realmente não posso fazer isso quando o objetivo de tê-la aquié fazer com que ela goste de mim.

Eu conheço mulheres, e esta vai estar fria como gelo estamanhã. Ela vai ser ultra profissional agora. Só negócios, chega deflertar, o que é uma pena, porque foi bastante divertido. Tambémsignifica que terei de fazer isso da maneira mais difícil - e, em minhaopinião, fazer as coisas da maneira mais difícil é apenas prova defalta de inteligência.

Eu preparo alguns ovos mexidos e tomates fritos - GordonRamsay me ensinou o segredo do café da manhã perfeito do diaseguinte, e é realmente a única coisa que posso fazer. Então, estoucozinhando enquanto espero a senhorita Sharpe chegar e mesentindo estranhamente nervoso, o que não é nada como eu.

— Bom dia. — Ela entra na sala vestida com suas roupas decorrida. Bom dia, Excalibur. Ela está toda suada e suas bochechasestão vermelhas, e ela está sorrindo. Hã. Não estava esperando porisso.

— Bom dia, senhorita Sharpe. Como você dormiu?

— Rápido. — Há um salto em seus passos enquanto elacaminha até a geladeira e pega uma garrafa de água.

— Rápido? — Eu ri. — Eu gosto disso. — Eu olho para ela dafrente do fogão, esperando que ela comente sobre o fato de queestou cozinhando. Normalmente, isso é uma grande surpresa paraqualquer hóspede durante a noite, mas ela não diz nada. — Comfome?

— Faminta.Eu sorrio para ela como um idiota completo.— Eu esperava que você dissesse isso. Tomei a liberdade de

fazer para você minha especialidade.— Ovos? — Ela levanta uma sobrancelha, parecendo

completamente perplexa.— Não qualquer ovo. Estes são os ovos mexidos perfeitos do

Gord Ramsay.— Eu continuo correta. Ovos especiais e sofisticados. — Seu

tom é leve e quente. Nem um indício de rainha do gelo que euesperava.

— Mas não se preocupe. Eu verifiquei, e eles não sãoprovenientes de galinhas ameaçadas de extinção ou algo assim. Aocontrário dos lençóis.

— Então, você leu o post da noite passada?— Claro. Você estava certa sobre a coisa da Bela e a Fera; eu ia

te levar para os estábulos depois para impressionar você com oscavalos.

— Por que você não fez isso?— Porque você provavelmente não ficaria impressionada com o

que funciona na mulher comum.— Eu não acho que você sabe o que uma mulher comum quer.

Seu problema é que você está cercado por pessoas que aparecemprontas para se impressionar, o que não é apenas muito incomum,mas também lhe deu uma visão irreal do mundo. Pessoas comunsprecisam provar seu valor por meio de ações e palavras. Nãoapenas por causa do título.

Bem, foda-me. Ela está certa. Por que isso é tão excitante?Ela pega uma caneca e se serve de um café. — Cheio? — ela

pergunta, apontando para a minha caneca com o pote.

— Por favor. — Eu estendo a caneca e aproveito a oportunidadepara olhar para seu rosto enquanto ela serve. Como não percebique ela tinha os olhos verdes mais brilhantes ontem? Muitoagradável.

Quando ela se vira para colocar a jarra na cafeteira, ficoinexplicavelmente desapontado. Eu sirvo para nós dois e levo ospratos para a mesa. Espero até que ela se sente antes de mesentar.

— Desculpe, estou um pouco desarrumada esta manhã. Euqueria entrar na minha corrida antes de começarmos o dia. — Elapega o garfo e a faca, depois vira o prato um quarto de volta naforma como eu o coloquei na mesa. Eu fico olhando quando elacomeça com o tomate.

— Oh espere. Você gostaria de uma foto do prato para o seublog? — Eu pergunto.

Ela inclina a cabeça para o lado.— Sua capacidade de fazer uma frigideira de ovos não interessa

aos meus leitores. Eles estão mais interessados em tópicos políticose filosóficos sérios relacionados à nação.

— Claro que não. — Bem, isso certamente saiu pela culatra.Ela corta o tomate, e não posso deixar de ficar hipnotizado

quando o tomate desaparece entre seus dentes.— Mm, muito gostoso. Obrigada, Alteza.— Me chame de Arthur. E de nada. — Eu como um pouco.

Delicioso. Apenas a quantidade certa de creme de leite nos ovospara torná-los tão ricos quanto a Oprah. — Vincent chegará emcerca de quinze minutos para revisar nosso itinerário. A menos quetenha mudado, preciso começar o dia com a papelada. Quando o reiestá fora, eu cuido de toda a correspondência, o que leva cerca deduas horas. Temos algumas reuniões aqui no palácio, depois umalmoço de caridade, depois vou inspecionar os mais novosgraduados da academia naval na base, seguido de um jantar com oembaixador marroquino. Você é bem-vinda para observar qualquerum ou todos os eventos de hoje.

— Parece ocupado.Eu dou de ombros.— Quarta-feira típica.

— Entendo. — Ela toma um gole de seu café, então olha pelajanela para a campina abaixo. — Alteza, eu sei que algo deve estaracontecendo para que você precise da minha ajuda. Por que vocênão me diz para que possamos tornar isso muito mais fácil para nósmesmos?

— Eu pensei que tinha explicado.— Você começou a me responder ontem na limusine, mas

depois mudou de assunto.— Não é assim que eu me lembro. Pelo que me lembro,

chegamos ao palácio e a conversa terminou naturalmente.— O primeiro-ministro vai convocar um referendo, não é?Espero que isso não volte a me morder na bunda.— Não posso dizer com certeza, mas uma coisa é certa. Você

tem instintos jornalísticos aguçados.— Não me trate com condescendência. Não vai te levar a lugar

nenhum. — Ela está me observando com um olhar que poderiadescascar a tinta de um caminhão.

Eu dou a ela um sorriso abertamente brincalhão.— Além de inteligente, ela também é mais durona do que

parece.Tessa luta contra uma risada e fico feliz por ela parecer saber

que estou zombando de mim mesmo e de todas as minhastentativas de seduzir a opinião dela. Então, seu sorriso desaparecee volta direto ao trabalho.

— Quando?— Quando o que?— Quando ele estará convocando o referendo?— Não faço ideia. — Eu dou de ombros. — Pode ser hoje ou

talvez nunca.— Então, é por isso que eu estou aqui e porquê agora. Você está

desesperado. — Ela me dá um sorriso presunçoso.— Sim, bem, tente não gostar muito disso. É da minha vida que

estamos falando aqui. — Eu dou outra mordida nos ovos.Terminamos o café da manhã em silêncio, enquanto o peso do

que está acontecendo pesa sobre meus ombros. Há uma mudançade humor na sala, e posso dizer pela maneira como ela olha paramim de vez em quando, que ela pode até sentir um pouco de pena

de mim. Por mais que eu odeie ser alvo de pena, vou aceitar o quepuder neste momento.

Finalmente, ela fala, mas quando o faz, não é o que eu queroouvir.

— Não há uma parte de você que percebe que o tempo dos reise rainhas precisa chegar ao fim? — Sua voz é gentil, mas suaspalavras me irritam da mesma forma.

—Na verdade, não. Sei que as coisas durante o reinado de meupai foram... menos do que estelares, mas isso não significa quenossa família não tenha um lugar importante na estrutura do nossopaís.

— Isso é discutível. Mas as coisas mudam, mesmo quando nãoqueremos. Certamente você deve saber disso.

Eu suspiro.— Certamente você deve saber que não vou cair sem lutar.— Eu não estarei do seu lado na batalha. Há muito tempo que

agito o banner para o outro exército.— E é exatamente por isso que eu queria mostrar o que

fazemos. Eu esperava que talvez entendesse. E se fizer isso, vocêpode decidir mostrar às pessoas o que elas não poderão receber sedecidirem nos tirar.

Ela balança a cabeça.— Tenho que ser honesta, não é provável que mude de ideia.— Achei que você fosse a favor da mudança? — Eu dou a ela

um pequeno sorriso, esperando fazê-la sorrir novamente.Funcionou. Ela está sorrindo e revirando os olhos ao mesmo

tempo.— Caí nessa, não foi?— Não se sinta mal. Sou considerado extremamente traiçoeiro.Isso me faz rir, e você não tem ideia de como isso soa

maravilhoso para mim neste momento.— Estou pedindo uma chance, Tessa. Uma última chance para

alguém inteligente e honesto examinar de forma ponderada ecuidadosa o que fazemos, não apenas para a nação, mas tambémpara o mundo. Em seguida, decida se o que damos vale mais doque o que recebemos.

— Alguma das babás deixou você cair de cabeça quando você erabebê? — É meu pai ao telefone. Aparentemente, ele viu as notícias.

— Bom dia, pai.— Eu gesticulo para Vincent me dar um minuto evejo como ele silenciosamente desliza para fora da porta. Ahh, arfresco.

— Você estava bastante bêbado quando surgiu com estepequeno esquema?

— Um pouco, mas tenho certeza de que você verá que oraciocínio estava correto — digo.

— E o que seria? — Posso imaginá-lo olhando para mim porcima dos óculos de leitura com desdém.

— Transformá-la em uma fã.— Então, como vai isso? Você já impressionou as calcinhas

dela?— Ainda não, mas vou.Ele suspira.— Eu preciso voltar e fazer isso por você?Esse pensamento me faz vomitar um pouco na boca.— Não há necessidade. Fique onde está, hum, em Bali?—Tailândia.— Tanto faz. Está tudo sob controle.— Não, não está. Você deixou uma cobra entrar no galinheiro.

Estou tomando providências para voltar para casa mais cedo.Clique..Correu tudo bem, não acha?

— Não sei, Arthur. Só porque sou mulher, não significa queentenderia gente como ela. — Arabella está em sua mesa,examinando os arranjos de assentos para um almoço da People forAnimals que é a anfitriã.

Eu me jogo em uma cadeira em frente a ela.

— Vamos, me ajude aqui, mana. Para o bem da família e seustristes bichinhos sem teto, com os quais você se preocupa tanto. —Dou a ela meus melhores olhos de cachorrinho, sabendo o quãobem eles funcionam nela.

Ela suspira e abaixa os ombros.— Bem. Acho que a porcaria de sempre não funcionou com ela.— Nem um pouco.Ela abaixa o lençol que está segurando e estreita os olhos para

mim.— Você não vai gostar.— O pai está voltando para casa e eu preciso ter essa situação

sob controle antes que ele chegue aqui.— Oh — ela suspira. — Tudo certo. Por mais que eu odeie

admitir, a senhorita Sharpe é inteligente e astuta. Ela é bemeducada politicamente. Mas, além disso, ela é uma pessoa que sepreocupa com as outras pessoas. Não nós, é claro, porque ela nãopode nos ver como seres humanos. Somos mais como vilõesbidimensionais em um filme de Bond para ela, por mais injusto queisso seja.

— Ok, então…— Você — ela faz uma pausa e revira os olhos — vai ter que

mostrar a ela que somos humanos. Conecte-se com ela. Você teráque estar preparado para deixá-la ver quem você é de verdade. Nãoo príncipe arrogante e convencido, mas o homem sério e um tantovulnerável.

— Não é possível. Não há realmente nada de mim além daarrogância e petulância.

— Bem. Vá perguntar ao Sr. Gorgonzola. Talvez ele saiba comolidar com ela. — Ela pega seu mapa de assentos novamente e olevanta para que eu não possa ver seu rosto. — Você vem para oalmoço no domingo, certo?

— Eu acredito que sim.— Traga-a. E faça o seu melhor para parecer afetado.— Vou dar uma volta. — Levanto-me, completamente

desapontado por não estar mais longe do que eu estava antes deentrar.

— Arthur?

Eu me viro e vejo Arabella olhando para mim.— Você realmente é muito mais do que deixa transparecer. Eu

sei que é um grande risco deixar alguém, especialmente ela, veresse seu lado, mas neste ponto, eu não acho que você tenha outraescolha.

— Mas eu deveria pelo menos tentar levá-la a cavalo primeiro,certo?

Arabella ri da minha piada idiota.— Saia, seu idiota.

É

D O Z E

COISAS QUE NÃO POSSO ADMITIR EM VOZ ALTA

Tessa

domingo de manhã, e finalmente tenho tempo sozinha parapensar. Os últimos dias foram tão ocupados que mal tive

tempo de dormir, muito menos de registrar minhas observações comqualquer tipo de precisão. Sigo Arthur no que agora é uma grandeconfusão de atividades, jantares, reuniões e recepções. Nóscorremos de obrigação em obrigação com seu dia sendo planejadoaté por minuto. Tento me misturar ao fundo e observar Arthurtrabalhando, mas é difícil. Meus quinze minutos de fama na internetainda não acabaram, então me pego respondendo a perguntassobre o Shock Jogger feitas por aqueles que não percebem quetambém sou aquela terrível mulher cão de guarda real. Aqueles quefazem perceber quem eu sou, me encaram ou fazem pequenosmurmúrios sobre mim.

Falando em encarar, não encontrei Arabella de novo, o que foium alívio, para ser franca. Delicada, meu cu! Essa garota é tãodelicada quanto uma arma de elefante. Mais fatal também. Eutambém não vi a princesa viúva, o que é uma pena, na verdade, jáque pelo menos ela era divertida, mesmo que ela só goste de mimsob falsos pretextos.

Desde a nossa conversa na cozinha outra manhã, Arthur e euconseguimos manter um decoro profissional, que é definitivamente oque eu quero. Não quero nenhuma confusão ou sentimentoindesejado que me faça perder a objetividade. Há uma estranha

sensação de calor quando Arthur olha para mim, mas fora isso,estou indo muito bem, se é que posso dizer isso. Exceto quando meencontro olhando para ele com o queixo caído, o que acontece commais frequência do que gostaria de admitir. Como quando eu o vejocom um terno que eu não vi antes (que é todo dia, na verdade), ouquando ele sorri, ou quando ele está se concentrando e suassobrancelhas franzem um pouco, ou quando ele está rindo. Apostoque é por isso que minha boca está seca o tempo todo.

Nota para mim mesma: mantenha os lábios juntos enquanto napresença de Arthur para evitar boca seca.

Mavis, a governanta designada para o meu quarto, providencioupara que meu café da manhã fosse trazido para mim, sob o pretextode precisar de mais tempo para ficar pronto pela manhã. Elatambém abasteceu meu quarto com lanches, não me deixandonenhuma razão para deixar meu quarto no meio da noitenovamente. Isso me permite evitar ficar a sós com Arthur, o que émelhor. Já é ruim o suficiente ter a imagem daquele corpo sarado esuado rolando em minha mente toda vez que fecho os olhos. Nãoposso arriscar outra visão semelhante do que poderia muito bem serum corpo tão surpreendente que poderia ser considerado umfenômeno mitológico. Ninguém que não viu acreditaria que existe.Tentei descrever para Nikki ao telefone na sexta-feira, mas percebique ela não conseguia entender a magnitude da gostosura. Agoraeu sei como deve ser frustrante para aquelas pessoas que viram omonstro do Lago Ness.

Até agora, a família e seus deveres são exatamente o que euesperava. Trabalho de caridade que é feito aos olhos do público eentre pessoas que também desejam crédito por boas ações. Estamanhã, a família foi à Igreja e optei por ficar para trás e pôr em diameu trabalho. De alguma forma, parece errado observá-los quandoestão em uma casa de oração.

Estou sentada na cama, digitando no meu laptop enquanto o solbrilha na minha janela. O tempo mudou, quase da noite para o dia, eagora traz os aromas e sons da primavera. Estou planejando daruma corrida rápida pelos jardins do palácio e depois tomar um longobanho antes que esta tarde fique agitada novamente. Dei umaolhada no itinerário de amanhã e meus pés já doem só de pensar

nisso. O interminável ficar parado e correndo de salto alto quase mefaz tirar meus sapatos de vovó de novo, mas de alguma forma aideia de usá-los na frente de Arthur faz meu estômago embrulhar.Não que eu me importe com o que ele pensa de mim, porque eunão me importo.

As perguntas dos leitores da Família Real estão realmente seacumulando agora. Parece que desde que comecei este fórum"Pergunte Qualquer Coisa a Realeza", estou atraindo uma série defãs reais para o site. Então, não é meu grupo de costume, emborameus frequentadores ainda estejam lá, graças a Deus. As perguntasde hoje são ridículas e tenho quase certeza, com base no tempo dapostagem, que a maioria delas é de mulheres bêbadas e solitáriasque vasculharam a internet em busca de fotos de Arthur sem camisana noite passada.

"Que tipo de roupa íntima Sua Alteza, Príncipe Arthur usa?" Não."Que treino Arthur faz para ficar em forma?" Ok, talvez."Como está Dexter? Podemos ver alguns vídeos dele com o

Príncipe?" Não é exatamente contundente, mas não é um desastre."Em que Arthur dorme? Nu? Cuecas boxer?" Eu me pergunto...

Espere, não, não me pergunto."Por que vocês todos não arrumam empregos e parem de

explorar a todos nós, pobres?" Sim! Isso."Meu nome é Danni. Eu conheci Arabella na Tiffany's uma vez.

Vendi a ela um par de brincos de ouro. Ela se lembra de mim?""Quantos anos tem a princesa viúva, e ela está realmente

morrendo? Ouvi dizer que ela está morrendo, mas não tenhocerteza se isso é apenas um boato ou se é apenas porque ela émuito velha." Mau gosto.

Mavis acabou de trazer meu café da manhã. Eu realmente tenhoque dizer que vou sentir falta dela, mesmo que ela não pareçagostar de mim, e me sinto culpada por permitir que as pessoas me

sirvam enquanto estou deitada na cama. Mas, caramba, essescrepes são de morrer. Eles têm a quantidade perfeita de calda dechocolate quente regada ao longo da parte superior para que vocêobtenha um pouco a cada mordida de dar água na boca.

Agora, verifico minhas mensagens pessoais, que mais uma vezvenho negligenciando há dias.

Texto de Lars: Tess, Nina disse que ainda não ouviu de você sobretoda aquela coisa de visita ao palácio. Você pode ligar para ela omais rápido possível? Ela vai acabar entrando em trabalho de partomais cedo se não souber disso logo.

Texto de Nikki: O papel de parede do seu banheiro sempre foidescascado na parte superior? Estou preocupada por ter tomadomuitos banhos. Estava descascando antes de eu chegar aqui,certo?

Mensagem de voz de Daniel Fitzwilliam, proprietário da Wellbits:Srta. Sharpe, ainda não recebi uma resposta aos meus três e-mailsanteriores. Mais uma vez, preciso que você entre em contatocomigo imediatamente para que possamos encontrar uma maneirade atenuar os danos causados por seu vídeo. Se eu não tiver umaresposta sua, serei forçado a entrar com uma ação judicial.

Mensagem de voz da mamãe: Olá, Twinkle, é a mamãe. Meligue sobre domingo. Estou indo para a loja comprar mantimentos epreciso saber para quantas pessoas estou cozinhando. Ah, e Ninadisse para não dar nada de Lego aos meninos este ano.Aparentemente, eles começaram a deixá-lo em pontos estratégicosao redor da casa para pegar ladrões, e Lars quase quebrou otornozelo quando pisou em algum deles no meio da noite ontem. Ah,e nada daquela coisa do Moon Putty, porque eles sempre deixam nobolso e a Nina teve que mandar o reparador duas vezes paraconsertar a máquina de lavar...

Texto de Nikki: Super cola funciona em paredes?Mensagem de voz do papai: Tessa, estou indo para o The Frog

and Keg esta noite. Alguma notícia desses tratores?Texto de Nikki: tenho cílios colados com sppr na pálpebra. indo

para o hosptl.

Mensagem de mamãe: Se você vier jantar no domingo, podecomprar um pouco daquele queijo naquele lugar de que eu gosto?Pensei em fazer um adorável fondue.

Texto de Nikki: De volta do hospital. Usar tapa-olho nos próximostrês dias, mas estou feliz por não ter ficado cega. Buscando umamaneira de remover papel de parede super colado da parede.Aparentemente, ele borbulha se você usar muito. Mas não sepreocupe. Vou consertar antes de você chegar em casa. Euprometo.

Conversa via Facebook Messenger entre eu e KingSlayer99:KingSlayer99: Como vai no palácio? Mal posso esperar para ver

o que você sabe sobre eles agora.Eu: Até agora, ainda estou procurando nossa bala de prata, mas

sei que está aqui em algum lugar e você será o primeiro a saber.KingSlayer99: Está lá e, se alguém pode encontrar, é você,

Tessa.Eu: Espero que sim. Falhar não é uma opção. Como está a dor

de ouvido do seu filho? Ele está se sentindo melhor?KingSlayer99: Muito melhor, obrigado. Aquele tratamento com

azeite quente que você sugeriu funcionou perfeitamente.Eu: Fico feliz em ouvir isso. Não me agradeça. Minha mãe é

quem me contou sobre isso.KingSlayer99: Mas você repassou. Muito atencioso da sua parte.

A propósito, você não vai falhar. Apenas certifique-se de nãopermitir que esses bastardos o induzam a pensar que são pessoasdecentes, porque NÃO são. Eu conheço você e, no fundo, você éuma pessoa boa demais para durar muito com um bando dementirosos como a Família Mimada.

Eu: Não tenha medo. Eu não vou ser enganada. Eu sei quemeles são.

KingSlayer99: Tenho plena fé que você completará a missão emnome de todos nós. Eu estava pensando que talvez depois de vocêfinalmente derrotá-los, deveríamos comemorar. Eu poderia ir para

Valcourt quando for a semana do meu ex com Quin. Gostaria delevá-la para jantar para celebrar seu sucesso. Você é praticamente aminha maior heroína moderna. Você é a mulher mais linda einteligente - não - pessoa que já viveu na Avonia.

Eu: Você é muito gentil. Sim, um jantar seria ótimo. Devíamosconvidar todos os membros do grupo no Facebook e fazer umanoite disso!

KingSlayer99: Não era exatamente isso que eu tinha em mente,mas parece divertido também.

Oh, céus…

U

T R E Z E

FILMES DEMAIS

Arthur

ma batida na porta acorda Dexter de um sono morto. Ele estána minha cama - eu sei que é um pouco nojento, você não

precisa me dizer - e grunhe de irritação por ser perturbado. Eu,entretanto, não estou nem um pouco irritado. Tenho esperança deque a mão que bateu pertença a uma senhorita Tessa Sharpe.

Atravesso a sala e abro a porta, pronto para dizer: “Isso é umachamada pra sexo?” mas quando vejo quem é, meu rosto cai.

Damien está diante de mim com um grande envelope amarelo.— Desculpe chamar tão tarde, Sua Alteza. O investigador

retornou seu relatório sobre a Sra. Sharpe.— Ah, obrigado. — Uma pontada de culpa me atinge. Agora que

a conheci um pouco, isso parece errado. Especialmente depois detodo o flerte e do fato de que ela não é a bruxa completamente máque pensei que seria. Ela é um pouco boba e vulnerável por trásdaquele ato de garota durona e, embora eu não devesse, gostodela. — Alguma coisa interessante?

— Você poderá facilmente manobrá-la na direção necessáriacom o que ele descobriu.

— Se chegar a esse ponto. — Eu pego o envelope.— Esperemos que não.— Alguém mais tem cópias?Ele faz uma pausa, e posso dizer que ele está tentando

descobrir o que estou fazendo.

— Você quer dizer, se eu enviei isso para o seu pai?— Não, eu quis dizer o que perguntei. — Deus, Damien, eu não

sou um idiota. Você não pode me levar para uma de suasarmadilhas.

— O investigador mantém registros de tudo. Tomei a liberdadede copiá-lo também, por precaução. — Ele me dá um sorrisofranzino. Eu fico olhando para o queixo por um segundo. Nem umbigode. Como?

Eu ando até a sala de estar e me jogo no sofá. Damien estásentado na minha frente em uma poltrona.

Depois de meia hora, eu sei tudo que há para saber sobre TessaAdelaide Sharpe pelo tamanho do sutiã (um 34C muito bonito),nome do primeiro animal de estimação (que não vou compartilharcom você, pois ela provavelmente ainda o usa para senhas), a cadanota que ela já teve na escola. Há um perfil de namoro onlineparticularmente útil que ela preencheu quase três anos atrás, masdepois excluiu. Ele guarda os códigos de trapaça para seu coração.

Tessa SharpeIdade: vinte e cincoOcupação: Jornalista em um grande jornalInteresses: Amo fotografia, corrida (principalmente na praia),

ioga, leitura, dançar a noite toda com os amigos, assistir comédiasromânticas mas devem ser bem feitas e ter um enredo excelente.Também gosto de um bom livro ou filme de mistério. Minha músicafavorita é pop, especialmente Pink e U2.

Pessoas de quem não gosto tendem a: ser preguiçosas, críticasdemais ou desprezar os outros.

Pessoas de quem gosto tendem a: ser gentis, fazer seu própriocaminho no mundo e trabalhar duro.

Comida favorita: Jelly Babies - os melhores doces do mundo. Ebatatas fritas, qualquer sabor serve.

Maiores sonhos: Ser um dia uma jornalista ou escritorapremiada. Ver o mundo. Encontrar alguém que vai me entender eme amar incondicionalmente.

Maiores medos: Às vezes parece que o mundo está girandomuito rápido e que a vida vai passar por mim sem que eu realmentetenha vivido ou gostado dela.

O encontro dos meus sonhos incluiria: fazer algo ativo comoescalada, dar um longo passeio de bicicleta ou caminhada, seguidode uma ótima conversa durante uma refeição deliciosa e sempressa. Então poderíamos saborear um pouco de vinho enquantoassistimos ao pôr do sol, e quem sabe?

O que procuro em um homem: alguém divertido, honesto,atencioso, enérgico e trabalhador para compartilhar minha vida.Para mim, importa menos que ele ganhe muito dinheiro e mais queseja apaixonado por seu trabalho. Espero encontrar uma verdadeiraparceria com um homem que apoiará meus sonhos - mesmoquando eu falhar - e que me deixará fazer o mesmo por ele.

Hã. Não sei se devo ficar impressionado ou cético. Que mulherrealmente deseja um homem apaixonado por seu trabalho, mas quenão ganha dinheiro? Eu chamo besteira. Ela também parece terobsessão em encontrar um sujeito trabalhador, o que me faz pensarse o pai dela é um verdadeiro caloteiro. A parte mais engraçada é aparte em que ela afirma não gostar de pessoas 'excessivamentecríticas'. Ding! Ding! Alerta hipócrita! Mas nada disso realmenteimporta no final, não é? O que importa é que agora tenho umexcelente começo na 'Operação Impressione as Calcinhas do Cãode Guarda Real'.

Passo para a próxima página do dossiê que lista seusrelacionamentos anteriores.

Damien está tão animado que parece um menino de cinco anosque precisa fazer xixi.

— Ela teve um breve caso com Barrett Richfield quandotrabalhava para o The Daily Times. Terminou com ele noivo deHelena Jones e a senhorita Sharpe com um pé na bunda.

O pensamento dela dormindo com um alimentador de fundocomo Richfield faz meu sangue gelar.

— Então, ela se demitiu quando ele a largou?

— Não. Ele a despediu. — Damien está positivamente radianteagora, brilhando como uma noiva na primavera.

— Por que ela não o processou?— Quem sabe? Não aguentava a humilhação, talvez.Dou de ombros, fingindo que não estou nem um pouco afetado

por essa história irritante. Porque eu não deveria estar, deveria? —Não são exatamente informações usáveis, não é?

— Não seria se não fosse pelo fato de que ela está tentandoentrar em outro jornal ou programa de notícias desde que foidemitida. Mas ela está completamente sem sorte, o que é nossoganho. — Ele esfrega as suas mãozinhas. — Não há nada mais fácildo que usar os sonhos de alguém contra eles.

— Não contra ela. A nosso favor. — Meu coração cai. Eurealmente não quero fazer isso, mas tudo é justo no amor e naguerra, certo? Embora, isso seja baixo, mesmo para nós. —Damien, gostaria de ter certeza de que ninguém descobrirá nadadisso.

— Ninguém irá. Eu vou cuidar disso. — Ele se levanta. — Isso atornaria completamente inútil para nós.

Ele sai e eu me sento olhando para tudo que preciso paraconquistá-la e ferrá-la. Eu deveria estar eufórico, mas de algumaforma tê-la na mão me deixa doente. Arruinando a vida dela assim,para meu próprio ganho. Embora, eu realmente não deva me sentirmal, já que ela está tentando arruinar a minha há anos.

Pego os papéis, vou até minha estante e pego um dos livros. Aestante imediatamente se abre revelando um oculto - espere, vocêrealmente não comprou isso, comprou? Deus, você assiste muitosfilmes.

Coloco o envelope em uma gaveta da mesa, fecho-o e coloco achave no bolso.

B

Q U A T O R Z E

UM DIA NA VIDA

Tessa

log Post – 18 de marçoTessa aqui. Já se passou uma semana desde que me

mudei para o palácio, e devo admitir que posso ter me enganado umpouco sobre a família real preguiçosa o dia todo. Estou seguindo oPríncipe Arthur há sete dias e ele mantém uma programação que sópoderia ser descrita como cansativa. Eu documentei ontem paravocê:

6h00 - Treino7h00 - Banho e come o café da manhã enquanto é informado

sobre os eventos do dia.7h45 - Reuniões (hora após hora examinando os pedidos de

filantropia de novas instituições de caridade, planejando sessõespara vários eventos políticos e de caridade, lendo os discursos dodia e fazendo ajustes, assinando certificados de parabéns paraqualquer pessoa que comemore datas especiais, aniversários ououtros realizações. O Príncipe Arthur está assinando em nome deseu pai, que está ausente no momento.)

11h43 - Intervalo para vestir um terno para o almoço.12h00 - Saudação à convidada para almoço em homenagem à

Associação Auxiliar de Senhoras.12h13 - Discurso agradecendo as mulheres pelo trabalho duro e

dedicação.

12h17 - Tentativa de almoçar sendo interrompido repetidamentecom pedidos de assinaturas / fotos. (Ele lidou com isso gentilmente,devo dizer.)

13h00 - Encerramento e tentativa de sair do almoço sendointerrompido por quem não interrompeu sua refeição.

13h02 - Viagem para a academia naval de limusine enquantopreparava o discurso para a turma de formatura.

13h35 - Chegada à base naval. Cumprimentou os graduadosindividualmente. Posou para fotos.

13h55 - Discurso14h05 - Viagem de volta ao palácio enquanto faz uma ligação de

parabéns ao Príncipe Harry pela ocasião de seu noivado.14h38 - Chegada ao palácio, vá direto ao escritório para se

preparar para o encontro com o embaixador de Zumundan sobrequestões comerciais com a nação vizinha de Kalubizi. (Nãoconsegui acompanhar isso, mas os dois saíram rindo às 15h05,então acho que ele fez seu trabalho.)

15:10 - Depois de ver o embaixador em sua limusine, o PríncipeArthur teve 12 minutos de tempo livre, que usou para dar umaolhada em sua irmã, que está se preparando para um grande eventode caridade.

15:22 - Preparação para o chá em homenagem aos ganhadoresdos prêmios do Writers Guild da Avonia. Mais ajustes de fala etempo para se refrescar.

16h00 - Saudação aos autores. Mais fotos. Discurso. Chá. Maisfotos.

17h30 - Retorno ao escritório para receber informações sobrenotícias locais e mundiais.

18h00 - Volta para seu apartamento para se preparar para jantarcom o embaixador Kalubizian e sua esposa para discutir sobre abrircomércio com Zamunda.

19h00 - Vestido de smoking, o Príncipe Arthur cumprimenta osconvidados e passa as próximas duas horas e meia se socializandoe abordando questões comerciais.

21:35 - Acompanha os convidados na limusine.21h38 - Reunião rápida sobre os eventos de amanhã com o

consultor sênior.

22h00 - O dia acabou.Bem, posso estar errada sobre o quanto eles fazem em um dia,

mas mantenho minha opinião de que o que eles realizam não é detodo necessário, na maior parte, para o funcionamento deste grandepaís. Os novos graduados da Academia Naval ainda se formariamse não fosse o príncipe aparecer para saudá-los? Sim, eles seformariam.

Será que a Associação Auxiliar de Senhoras ainda poderiamalmoçar e brindar ao seu próprio sucesso? Sim, eles poderiam.

Um membro do nosso governo poderia manter reuniões com osembaixadores Kalubizian e Zamundan para chegar a um acordocomercial? Pode apostar que sim.

Então, embora decididamente não sejam preguiçosos, aindaacho que os Reais são basicamente desnecessários.

Fique ligado porque na quinta-feira às 10h haverá a entrevistaAO VIVO com o próprio Príncipe Arthur. Ele enfrentará as cincoperguntas mais populares de você, então POR FAVOR, PORFAVOR, poste algumas perguntas difíceis (e vote nelas) para quepossamos colocar seus corpos reais no fogo.

Depois de postar, dou uma olhada nas perguntas do “PergunteQualquer Coisa'' desta quinta-feira. São tão ridículas que nãoconsigo ver como vou manter qualquer dignidade perguntando aeles.

Pego meu telefone e ligo para Nikki.Quando ela atende, ela diz: — Você já ligou para o pessoal do

Shock Jogger? Eles enviaram uma carta registrada. Tive queassinar.

Meu estômago embrulha.— Ainda não. Está na minha lista. Mas não foi por isso que

liguei. Liguei porque preciso do seu conselho.— Você quer transar com o príncipe, mas não tem certeza se

deveria?— Não! Estou tendo uma crise de integridade jornalística.

— Não é tão empolgante, mas me diga mesmo assim — diz ela.— São as perguntas do 'Pergunte Qualquer Coisa'. Elas são

todas escritas por groupies de Arthur. Que tipo de cueca, qual é asua refeição favorita, ele está saindo com alguém, são todas umamerda. Infelizmente, essas são as únicas que estão sendo votadasa favor.

— Ah, então sua tentativa de permitir que as pessoas tenhamuma voz imperturbável voltou para morder sua bunda.

— E forte. Vou parecer um idiota gigante perguntando essascoisas. Não vou ser levada a sério. Mas se eu não fizer asperguntas, não serei a voz do povo.

Eu ouço um barulho de água espirrando.— Você está na banheira de novo?— Sim. Tive uma grande dor de cabeça. Matthew Crawley

acabou de morrer. Mas não se preocupe. Eu realmente vousubstituir o papel de parede antes de você voltar — diz ela. — Ok,aqui está o que eu diria. Você está nisso para ser levada a sério oupara ganhar dinheiro? Porque se for dinheiro, missão cumprida.Seus ganhos devem ser incríveis fora das paradas na últimasemana.

— Não posso querer os dois?— Você pode querer os dois, mas não está necessariamente em

posição de conseguir os dois. Não agora, pelo menos. Quer dizer, ovídeo do Shock Jogger agora está rodando no talk show sem você.Eu diria que ser levada a sério significa tirar uns bons seis meses.Talvez um ano.

— Merda. Você está certa. — Eu suspiro. — Ei, como está o seunariz?

— Dr. Perfeito diz que está curando bem.— Como vai isso, por falar nisso?— Orgasmicamente.— Lembre-me de comprar lençóis novos quando tudo isso

acabar.— Sim, você provavelmente deveria. Talvez um sofá novo

também.

Hoje, Arthur e eu assistimos ao batismo de um navio da Marinha, oANS Viceroy. Quem diria que a realeza realmente fazia isso?Certamente não eu. De qualquer forma, como a Avonia tem apenastrês navios, isso é um grande negócio. O primeiro-ministro está aquimesmo para fazer um discurso.

Arthur, que é comandante e capitão, está vestindo seu uniformede gala cerimonial da Marinha Real, e devo dizer que morri umpouco quando o vi com ele. O chapéu branco com detalhesdourados, a jaqueta preta com ombreiras douradas, o colarinho alto,as calças pretas combinando e os sapatos mais brilhantes que achoque já vi. Adicione a isso seus olhos azuis deslumbrantes e aquelascovinhas que aparecem quando ele olha para mim. É tudo o queposso fazer para não morder os nós dos dedos.

Não há uma nuvem no céu quando saímos da limusine. Fico felizem sentir o sol no rosto e respirar o ar salgado. Para ser honesta, éum alívio poder me afastar do Príncipe Arthur, já que todo o trajetodesde o palácio foi um exercício frustrante para não ficarboquiaberta ou parecer nada impressionada.

Ele é imediatamente arrastado por uma maré de pessoas, e levoum momento para descer o cais e olhar o Mar do Norte.

— Senhorita Sharpe?Eu me viro e fico cara a cara com o próprio primeiro-ministro.— Oh, olá, senhor. — Eu sorrio, embora os cabelos da minha

nuca se arrepiem por algum motivo estranho.— Que grande dia para nossa nação. — Ele acena com a

cabeça em direção ao novo navio.— Sim, muito impressionante.— Sou um grande fã seu.— Oh, o vídeo do Shock Jogger?— Não, não. Isso parecia totalmente horrível. Não há nada de

engraçado nisso, se você me perguntar. — Ele balança a cabeça. —Sou fã do seu trabalho de Cão de Guarda Real. Você é muitoperspicaz, e não estou dizendo isso apenas porque acontece decompartilhar minha opinião sobre tudo o que escreveu sobre eles.

— Obrigada. Isso é um grande elogio vindo de você. — Eu sorrioeducadamente, mas por dentro, sinos de alarme estão tocando naminha cabeça.

— Bem, eu falo sério. Já era hora de alguém em Avonia começara questionar a sanidade de uma nação que escolhe seus líderescom base em ter a sorte de cair da vagina certa. Quero dizer, sealguém vai ser um governante até morrer, deve ser pelo menosalguém que elegemos em primeiro lugar, não é?

O que? Ele acabou de dizer alguma coisa sobre a vagina certa?— Nunca pensei nisso dessa forma.

— Só uma piadinha. Espero não a ter ofendido. Minha esposaestá sempre me dizendo para não fazer piadas porque as pessoasmuitas vezes pensam que estou falando sério.

— Ah não.Tudo… bem. Entendi. — Eu aceno com a cabeça emum jeito meio que 'bem, obrigada por parar para conversar, mas eurealmente deveria ir'.

Ele não entende a dica.— Acho que foi um grande dilema ir morar com eles, sabendo

que você estaria morando com as mesmas pessoas que tematacado há anos.

— Sim, foi.— O que fez você decidir aceitar a oferta do Príncipe da

Preguiça?Ele está usando minhas próprias palavras, mas elas parecem

ácidas para meus ouvidos quando saem de sua boca.— Meu apartamento estava sendo fumigado, então achei que

deveria. — Eu rio da minha própria piada, e ele concorda.— Mas além disso, tenho certeza de que você esperava

conseguir algo com isso tudo? Acordo de livro? Uma posição em umdos grandes jornais, talvez?

— Pode-se sonhar. — Uma rajada de vento puxa a barra daminha saia e eu coloco minha mão para segurá-la no lugar.

— Você é uma jovem muito corajosa por ir viver entre o inimigo.Tenho certeza de que precisa de um amigo poderoso.

— Estou bem, senhor. Todo mundo tem sido muito gentil comigo,na verdade.

— Me chame de Jack. — Ele olha para os meus lábios, depoisvolta para os meus olhos. Eca! —Acho que podemos nos ajudar,Tessa. Você está em uma posição única para ajudar o movimentoanti-real. E estou em uma posição única para ajudá-la em troca.

— O que você quer dizer? — Algo por algo, Clarice.— Acontece que estou em busca de um novo redator de

discursos. Alguém com os seus talentos e experiência políticaestaria definitivamente no topo da minha lista. — Seu lábio superiorse contrai enquanto ele fala. — Ou talvez, se isso não for do seugosto, você gostaria de ter um emprego agradável e confortável noCATN ou de volta ao The Daily Times. Há muito mais segurança nagrande mídia do que você pode obter como uma blogueira.

— Essa é uma oferta muito generosa, senhor. — Minha menteestá girando, tentando entender o que ele realmente quer. O fato deele ter trazido a ideia de eu “voltar” ao jornal significa que ele estáolhando para o meu passado, o que é mais do que um poucoalarmante. — Espero que não se importe que eu pergunte o que euteria de fazer para ganhar sua amizade?

— Continue lutando o bom combate como você tem feito. — Eletira um lenço de papel do bolso e assoa o nariz. — E se vocêencontrar algo de particular interesse, pode me deixar dar umaolhada primeiro.

Ah, aqui vamos nós. — Se eu fizesse isso, o que exatamentevocê ganharia?

Dando-me um olhar intenso, ele diz: — Ao lançar um ataque, umbom general sabe que o tempo é tão importante quanto o objetivo.

Resposta escorregadia. Meu estômago se revira e eu me sintoquente e tonta de repente.

— Estou surpresa que você esteja planejando lançar um ataque.Eles pareciam estar firmemente do seu lado durante a eleição.

Seus lábios se curvam em um sorriso.— Sabe, senhorita Sharpe, havia um antigo estrategista militar

chinês, Sun Tzu, que dizia para manter seus amigos por perto, masseus inimigos mais próximos.

Oh, querido Senhor, nosso primeiro ministro é um idiota total.— Palavras sábias, de fato, senhor.— Sim, Sun Tzu era um grande filósofo. Você deveria ler o

trabalho dele algum dia. A família real tem sugado nossa nação pormuito tempo. Já passou da hora de parar com isso, e como seusíndices de aprovação estão no nível mais baixo de todos os tempos,

eu diria que nosso momento não poderia ser melhor, você nãoconcorda?

Antes que eu possa responder, uma mulher de terno cinza tocano ombro do primeiro-ministro.

— Estamos prestes a iniciar os discursos, senhor.Ele me dá um largo sorriso e um pequeno aceno de cabeça.— Foi um prazer falar com você, Tessa. Entrarei em contato.Eu vejo quando ele se afasta, minhas pernas dormentes e meu

coração martelando contra minhas costelas. Tenho a terrívelsensação de que ele está planejando comer um pouco de fígadocom favas. O meu, de Arthur, do Rei Winston. Não acho que ele seimporte, contanto que seja alimentado.

É tarde da noite e não consigo dormir. Em vez disso, minhaconversa com o primeiro-ministro rola em minha cabeça e faz meuestômago embrulhar, embora eu não tenha ideia do porquê.Estamos do mesmo lado e me ofereceram tudo o que sempre quis -servir como redatora de discursos para o gabinete do primeiro-ministro certamente traria muito respeito. Ou ter uma segundachance como jornalista de verdade e um salário fixo. No entanto,não posso deixar de sentir que tudo teria um custo que não estoudisposta a pagar.

Considero contar a Arthur sobre nossa conversa, mas pensomelhor. Por mais que eu não ache que posso confiar em JackJanssen, também não posso confiar em Arthur. Nós dois estamosjogando um jogo perigoso e literalmente flertando com o desastreesse tempo todo. A jogada inteligente seria ficar quieta e não dizernada até que eu entendesse melhor as regras.

É

Q U I N Z E

O MUNDO CON TINUA GIRANDO

Arthur

sexta-feira de manhã. Acabei de terminar uma reunião da qualTessa não pôde comparecer e estou feliz por ela não estar lá.

Foi uma discussão muito longa e tediosa sobre a terceira leva deconvites para o baile que se aproximava. Tendo recebido RSVPs dosegundo grupo para sair, agora escolhemos os convidados da'terceira série'. É tudo inteiramente egoísta, político e, às vezes,bastante mesquinho.

Na verdade, passamos vinte minutos debatendo se deveríamosou não convidar o conde de Dunningham e sua nova esposa, já quesua primeira esposa comparecerá como acompanhante de sua irmã(sua irmã é da segunda série). De acordo com Damien, isso noscolocará acima do limite recomendado de casais divorciados emque ambas as partes estarão presentes. Aparentemente, o númeromáximo é de 1,4% da lista total de convidados. Mais do que isso,você aumenta o risco de uma 'cena indesejável' em dezesseis porcento. Ele usa algum tipo de algoritmo que também leva emconsideração a idade da nova esposa e o tempo decorrido desde odivórcio. Nesse caso, eles estão divorciados há apenas um ano e anova esposa tem trinta e dois anos, enquanto a primeira esposa temcinquenta e seis, colocando-os em um risco de categoria cinco decausar uma cena.

Foi por isso mesmo que me esforcei tanto para convidá-los.Insisti com base no tempo de relacionamento de ambas as partes

com nossa família, quando, na realidade, tanto a ex-condessaquanto a nova parecem um tanto brigonas, e realmente animaria ascoisas se estourasse uma boa briga de gatos. Horrível da minhaparte, eu sei.

Damien conhecia meus motivos subjacentes. Aquela veia emseu pescoço estava pulsando de novo - é porque não pode provar,mas ele sabe o verdadeiro motivo e sabe que eu sei que ele sabe enão posso dizer isso. É bastante delicioso. E mesquinho, comomencionei antes, mas, por favor, não use isso contra mim - estourealmente faminto por entretenimento. Se Tessa soubesse que essetipo de coisa acontecia, isso apenas confirmaria a ela que nãotemos nada que liderar uma tropa de escoteiras, muito menos umreino inteiro.

Depois de verificar com Mavis, a empregada designada para oquarto de Tessa, encontro-a no solário, lendo um livro. Ela estáenrolada em uma das poltronas fofas, e algo sobre vê-la ali medeixa calmo, por motivos que não posso explicar.

— Este era o lugar favorito da minha mãe — digo enquanto mesento na cadeira em frente a Tessa e respiro fundo o ar úmido.

Tessa ergue os olhos e sorri para mim.— Foi o que me disseram. Aparentemente, ela mandou trazer

aquelas cadeiras e o sofá. Meu pai achou que ela estava louca dequerer sentar-se entre um monte de plantas sujas. Mas acho queela estava certa. — Dou um tapinha nos braços da cadeira com asduas mãos. — Este é o lugar perfeito para se esconder do mundo.

— É mesmo.— Você sabia que essas plantas vieram de todas as partes do

mundo? Alguns até a parte mais ocidental da América do Sul. Elasforam cuidados por gerações aqui neste edifício.

— Eu não sabia disso. — Ela fecha o livro e olha em volta porum minuto. Pela primeira vez, ela parece levemente impressionada.

Aponto para uma palmeira que se estende até o teto de vidro.— Eu tinha uma babá que costumava me medir com aquela

árvore ali mesmo e me dizia se eu comesse todas as verduras, umdia seria tão alto. Mentirosa maldita.

Tessa ri.

— Minha mãe costumava me dizer que se eu comesse todas asminhas verduras, meus seios cresceriam mais rápido. — Ela ficavermelha assim que diz isso, depois começa a balbuciar, o que,percebi, é o que acontece quando ela fica envergonhada. Ébastante adorável.

— Não sei por que mamãe disse isso, na verdade. É uma coisaestranha de se dizer a uma garota. Quero dizer, por que você querter seios cedo? Isso simplesmente te torna o centro das atençõespara um bando de meninos na puberdade que não conseguemparar de encarar. Não que eu tivesse seios até os dezesseis anos.Plana como uma placa até então. E alta. Muito alta. Eu tambémtinha que usar um retentor que me fazia cuspir e cuspir quandofalava. E eu tinha muita acne.

— Muito popular, então?— Bastante — ela diz. — Tive que espancar os meninos com um

graveto.— Bem, é melhor uma rosa florescer tarde do que nunca.Seu rosto fica com um rosa mais profundo.— Então, como foi sua reunião?— Acabou, então essa é a coisa mais legal que posso dizer

sobre isso. — Penso em trazer o assunto de volta para ela comerverduras, mas penso melhor. — Eu finalmente tive a chance de lersua postagem de segunda-feira.

— Tenho certeza que você tem algo a dizer sobre isso.— Relatórios extremamente imprecisos. Só me deram treze

minutos para me trocar antes do almoço, não dezessete.Ela me dá um sorriso irônico.— Eu irei postar uma retratação.— Espero que sim. — Eu sorrio para ela. — Me fez parecer um

pouco vagabundo. Além daquele erro ofensivo, devo considerá-louma espécie de vitória. Você admitiu que somos um grupo muitotrabalhador. — Enfatizo o “trabalhador” na esperança de que elaperceba que não sou muito diferente do homem dos seus sonhos.

— Eu também disse que seu trabalho era, em geral, inútil.— Às vezes é. — Isso acabou de sair da minha boca?Seus olhos se iluminam.— Você realmente acabou de admitir isso?

— Admitir o quê?— Eu disse que seu trabalho era basicamente inútil, e você disse

que às vezes é! — Ela ri.— Eu não. Eu disse: 'Algum Zé'.— O que? Isso nem faz sentido! — Tessa começa a rir e me

sinto estranhamente feliz.— Algum... mané.Ela grita, quase caindo da cadeira, e eu rio comigo mesmo, e de

repente o mundo parece um lugar muito bom e simples para seviver. Sei que às vezes pode ser bom, mas não é nada simples. Nãopara mim. Porque aqui estou eu me divertindo mais com qualquerpessoa em muito tempo, e acontece de ser com uma mulher queganha a vida criticando minha família. Quando o momento passa,lembro-me do trabalho em questão.

— Você já teve momentos em que o mundo parece estar girandotão rápido que parece que vai sair do eixo e disparar pelo espaço?

— Sim! Sei exatamente o que você quer dizer. — Seus olhos seiluminam e sinto uma pontada de culpa por usar as informações deseu perfil de namoro.

— Eu não. — Tento afastar a culpa persistente enquanto ela ri.Quando ela para, eu a olho sério. — Na maioria dos dias, eu sógostaria de encontrar uma maneira de desacelerar tudo para poderrespirar e pensar antes que minha vida passe sem eu ter realmenteaproveitado. — Oh, estou forçando agora, não estou? Por umcentavo, por uma libra...

Tessa acena com a cabeça.— Eu posso ver por quê. Você mantém um ritmo quase

impossível.— Tem que ser possível. Venho fazendo isso há anos.Ela inclina a cabeça e me encara por um momento.— Só porque algo foi feito de uma maneira por centenas de anos

não significa que deva continuar.— Ah, estamos de volta ao progresso versus tradição

novamente, não é?— Parece-me que você está infeliz com uma série de coisas

nesta vida. Talvez uma mudança seja uma coisa boa para vocêtambém. Imagine uma vida em que você define seu próprio curso.

Você decide o que vai fazer a semana toda. — Seus olhos estãoselvagens de excitação e devo dizer que é um pouco contagioso.

Eu sei que vim aqui por um motivo, mas no momento, esquecicompletamente o que era. — Há dias em que não há nada que eugoste mais.

— Então, talvez — diz ela, apontando um dedo no ar — apenastalvez, o que seria bom para o país, também seria bom para você.

— O que você considera bom para o país, quer dizer. Isso podeser um choque, mas também sou a favor do progresso.

— Só não é o tipo de que estou falando.Eu concordo.— Não acredito que tudo de novo seja, na verdade, progresso.

Às vezes, mudamos simplesmente por mudar, e isso nos faz recuaralguns passos em nossa humanidade. Se perdessemos nossotrono, o que seria de todos aqueles que dependem de nossa ajuda?

— Você ainda estaria em posição de ajudá-los.— Eu suponho. — Enquanto eu encaro Tessa, as palavras de

Arabella sobre se abrir voltam para mim. Pode valer a pena tentar.Quem sabe? Talvez eu me surpreenda e descubra que há maiscoisas em mim do que penso. — Acontece que não sei o que fariada minha vida se não estivesse fazendo isso. E eu sei que não é ummotivo para manter a mim ou minha família por perto, mas se vocêpudesse se colocar no meu lugar por apenas um momento, tenhocerteza de que poderia ver por que eu gostaria de impedir que issoacontecesse.

Ela me dá um sorriso triste.— Eu odeio dizer isso, mas todo mundo que está prestes a

perder o emprego se sente assim. Nunca é fácil para ninguém.— Por que eu deveria ser diferente, certo? — Eu faço o meu

melhor para manter meu tom leve.— Exatamente.— Porque eu sou diferente. — Eu levanto minha mão antes que

ela possa protestar. — Não porque nasci para o privilégio ou porquesou mais importante do que qualquer outra pessoa. Mas porque oobjetivo da minha existência é me tornar o rei.

“Quando seus pais decidiram ter filhos, foi para que pudessemter uma família para amar. Quando você nasceu, eles não disseram:

'Vamos passar todos os dias preparando Tessa para que, quandochegar a hora, ela seja a melhor blogueira que este país já viu.' Elesdisseram: 'Aqui está a nossa menina perfeita. Eu me pergunto o queela vai se tornar quando crescer? Vamos dar a ela todas asoportunidades para que ela possa viver seus sonhos, sejam elesquais forem.'

“Seus pais se casaram porque se apaixonaram. Meus pais secasaram para que meu pai pudesse gerar herdeiros. Minha própriavida é unicamente com o propósito de fornecer à Avonia o próximode uma longa linhagem de reis, para fazer meu serviço por nossopaís e um dia governar em nome de minha família... Então, tudoisso para dizer, eu sou diferente.”

— Não consigo nem imaginar como deve ser isso, mas parecemuito triste para mim. — Seu rosto se suavizou e a empatia flui delae me envolve.

Não. Essa coisa de compartilhar é demais. Se eu continuarassim, serei um idiota chorão em minutos. Eu dou de ombros.

— Não é de todo ruim. Existem vantagens.— Não faça isso. Não faça pouco caso do que deve ser tão

difícil. — Sua voz é tão gentil, é dolorosa.— Não tenho nada que sentir pena de mim mesmo quando

durmo em um palácio à noite e há milhões de pessoas no mundosem nem mesmo água potável para beber.

— Eu não sei. Eu diria que você tem motivos para reclamar. Nãomuito alto ou para as pessoas erradas. Mas não há problema emadmitir quando você foi ferido.

Esqueça. Já deu. Isso é muito difícil.— Eu deveria me preparar. Tenho que sair para uma reunião do

conselho da Associação de Arrecadação de Fundos do HospitalInfantil em alguns minutos. — Me levanto. — Na verdade, eu queriaver se você gostaria de ir junto.

— Não acho que poderia ficar pronta a tempo.— Tudo certo. — Eu me viro, mas sua voz me impede.— Arthur, quando perdi meu emprego, foi horrível. Eu estava um

caco, na verdade. Não tinha ideia do que fazer, mas tinha que juntaros cacos e seguir em frente rapidamente. Se acontecer com você,você terá pelo menos tempo para descobrir tudo.

— Terei minha casa e dinheiro, certo? — Eu engulo em seco. —Eu sei disso. Eu sei, mas o fato é que minha vida não terá propósito,Tessa. Nenhum mesmo.

Levantando o queixo, Tessa diz: — Eu discordo. Acho que vocêestá confundindo o propósito de vida e a ocupação de alguém.

— No meu caso, eles são o mesmo.— Não somos definidos pela nossa ocupação. Somos definidos

por nosso caráter.— Certamente, mas o caráter não dá a ninguém um propósito.— Nem a ocupação. — Ela suspira e balança a cabeça. — Eu

estou preocupada que você está depositando todas as suasesperanças em mim, Arthur, mas mesmo se eu tentasse convencera nação que eles deveriam votar com você, deveriam chegar a esseponto, eu sou apenas uma pessoa. Eu não posso parar o mundo degirar.

— Suponho que não. — Eu a encaro por um momento, entãodecido arriscar algo que nunca pensei que faria. Meu orgulho. —Tessa, preciso te perguntar uma coisa, e por mais que eu odeiefazer isso, tem que ser você. Veja, embora você seja uma daspoucas pessoas dispostas a ser brutalmente honesta comigo, vocêé, na verdade, a única que sabe tudo sobre a vida fora destepalácio. Portanto, embora tenha liderado o ataque para derrubarminha família, estou aqui de pé com meu chapéu na mão pedindosua ajuda. Se você fosse eu, como você mudaria essa situação?

Ela pisca surpresa.— Você quer minha opinião?— Eu quero. Por mais estranho que pareça, a sua opinião é a

única que importa no momento.Tessa me observa por um momento antes de falar, e posso dizer

que ela está debatendo se deve me ajudar ou não. Finalmente, eladiz: — Tudo bem. Aqui está o que eu diria que é a maior falha dasua família. Vocês fizeram um péssimo trabalho ao permitir que aspessoas soubessem quem vocês são. Temos uma vaga ideia doque vocês fazem por Avonia e pelos reinos, mas há um componentehumano que está faltando. O público ficou com a impressão de quenenhum de vocês acredita que é responsável por nós, o quefrancamente causa muito mais danos do que benefícios.

Se fosse eu, tentaria me abrir e compartilhar mais de quem vocêé. Não apenas dando tapinhas nas costas por caridade feita, masdeixe as pessoas entrarem nos pequenos momentos que os tornamhumanos. No final do dia, é isso que ganha confiança e adoração.

— Isso é uma coisa muito difícil para alguém como eu quererfazer. As pessoas não podem te machucar com o que elas nãosabem.

— Claro que eles podem. Quando há uma lacuna em nossoconhecimento coletivo, é da natureza humana tentar preenchê-la.

Eu suspiro.— E nem sempre o enchem de coisas boas.— Exatamente.— Obrigado, Tessa. Estou realmente grato por você compartilhar

sua sabedoria comigo.A porta se abre para o solário e Vincent diz: “Encontrei-o” em

seu walkie-talkie.Eu respiro fundo e o sigo. Quando a porta se fecha atrás de mim,

percebo que acabo de receber o último conselho que quero seguir.Para fazer mais desse negócio de 'abrir e sangrar'.

E

D E Z E S S E I S

UM CON TO DE ADVERTÊNCIA DO SINDICATO DOOPERADOR DE CÂMERA

Tessa

u estou de pé no que é conhecido como a sala de estardourada, e posso dizer que a sala faz jus ao seu nome. Os

sofás são brancos com detalhes dourados, as mesas douradas. Ascortinas - adivinha? Também douradas. O sol entra pela janelaenquanto eu coloco minha câmera em um tripé para gravar aprimeira de uma série de entrevistas de merda projetadas por idiotase conduzidas por mim (possivelmente uma idiota ainda maior, já quefoi minha ideia em primeiro lugar).

Eu pratico ler as perguntas em voz alta, embora não fazendocara feia. Então eu verifico meu relógio. Arthur deve estar aqui emcinco minutos, e a transmissão ao vivo no Facebook começará emexatamente sete minutos. O fato de a entrevista ser ao vivo dáverdadeira transparência, pois os telespectadores saberão que nãoeditamos nada.

Embora, também signifique que se eu estragar alguma coisa,será ao vivo e estará no mundo para sempre. Estou muito nervosa.Eu aperto minhas mãos e respiro profundamente. Não é grandecoisa, estou prestes a ter minha primeira entrevista exclusiva daminha carreira com uma grande celebridade internacionalmenteconhecida. E eu vou perguntar se ele usa boxers ou cuecas.Respiro fundo e ouço o som da porta.

— Toc, Toc. — O Príncipe Arthur entra, vestido com um ternocinza claro. Ele está usando uma gravata azul que realça aquelesolhos incríveis dele.

Estou pasma por um momento antes de forçar minha língua aentrar em ação.

— Bom Dia. Você está pronto para a grande entrevista?— Estou ansioso por isso. — Ele sorri. — Devo confessar que

dei uma espiada no fórum do Reddit para ter uma ideia do calibredas perguntas que enfrentaria.

— Coisas contundentes, eu sei. — Eu reviro meus olhos.— Aparentemente, ainda tenho alguns fãs por aí.— Aparentemente — eu digo. — Sei que as perguntas não são

exatamente cerebrais, mas suponho que isso dará a você a chancede mostrar às pessoas o seu lado divertido.

— Parece que eles estão mais interessados em ver meu traseiro.— Ele aponta para a cadeira posicionada em frente à câmera. —Bem aqui?

Eu concordo.— Isso não deve demorar mais do que alguns minutos.— Tenho vinte e três minutos reservados para isso, então

devemos ficar bem. — Ele se senta, verifica a gravata e dá umpuxão forte no paletó. Ao contrário de mim, esta não é a primeiraentrevista dele. Ele pega o microfone que está na mesa ao lado dacadeira e o prende em sua gravata (o que é uma pena, porque euestava definitivamente esperando fazer isso por ele). Deus, Tessa,você é patética.

— É uma transmissão ao vivo, então vou sentar ao seu lado econtrolar a câmera por controle remoto.

— Excelente. — O sorriso em seu rosto é nada menos quedesonesto.

Eu fico atrás da câmera, focando em seu rosto. Seu lindo,impossivelmente bonito rosto, que poderia transformar uma garotaem uma poça só de olhar para ela. Huh, toda essa coisa de câmerapoderia funcionar para mim. Eu posso olhar livremente sem pareceresquisito. Sim, Tessa, a perseguidora patética, tem um plano.

— Ok, você está pronto, Sua Alteza? — Sento-me, levanto omicrofone, aliso minha saia e respiro fundo uma última vez.

— Sim. — Ele acena com a cabeça e então diz baixinho — Nãose preocupe. Você não vai estragar tudo.

— A câmera está rodando ... agora. — Minhas bochechasesquentam com seu incentivo, e agora estou formigando eaquecendo bem quando preciso estar fria como uma brisa. — Bomdia, Príncipe Arthur. Gostaria de lhe agradecer por concordar comesta série de entrevistas 'Pergunte Qualquer Coisa’.

— Obrigado por configurar isso, senhorita Sharpe. É umaoportunidade rara de enfrentar perguntas diretamente do públicocomo esta, então estou ansioso para o que tenho certeza que seráum desafio digno. Gostaria de fazer um pedido, no entanto. Tudoque você me perguntar, eu gostaria que você respondesse também.

Eu congelo e viro para ele com minha boca aberta como umaidiota. Transmissão ao vivo. Boa ideia. Consigo fechar minha bocarapidamente e franzir os lábios por um momento.

— Tenho certeza de que seu público vai preferir passar o tempoaprendendo sobre você, Sua Alteza.

— Discordo. Você é uma celebridade por si só. — Ele sorri paramim, depois para a câmera.

Eu coloco um sorriso falso em meu rosto, mesmo estando prontapara estrangular seu pescoço real. Eu fico olhando para as lentes,meu coração agora tão preso na minha garganta que eu nãoconsigo falar.

Arthur consegue, no entanto.— Vamos, senhorita Sharpe. Mostre às pessoas o seu lado

divertido.— Está bem então. Começaremos com a quinta pergunta mais

votada e chegaremos ao primeiro lugar. — Eu olho para o papel emminha mão trêmula. — A pergunta cinco recebeu três mil duzentos edoze votos: O príncipe Arthur alguma vez considerou que elepoderia encontrar o amor com uma garota comum, como, digamos,uma garota chamada Denise que trabalha no One Stop naBroadmoor Street?

Arthur sorri para a câmera.— Parece que as pessoas estão realmente torcendo pela Denise

no One Stop. Denise, tenho certeza de que se algum dia nosconhecêssemos, você seria uma destruidora de corações. Quanto à

questão de encontrar o amor com o que você chama de garotacomum, acho isso difícil de imaginar, já que quase todas asmulheres que conheci não são nada menos que uma deusa.

Oh, eu nem mesmo vou esconder meu nojo agora. Vou apenasusar para que todos vejam.

— Obrigada — eu digo com os dentes cerrados. — Isso foi nadamenos que condescendente. — Eu me viro para a câmera. —Então, Denise, se você está aí assistindo isso, ele é todo seu, amor!

Arthur inclina a cabeça para mim com um sorriso malicioso.— Então, senhorita Sharpe, você já considerou que poderia

encontrar o amor com um garoto ou garota comum, por falar nisso?Eu olho para ele.— Algum dia, espero encontrar um bom sujeito, sim. De

preferência, que não seja arrogante e se preocupa com questõesimportantes, como meio ambiente e direitos humanos.

— Você quer sugerir alguém além de mim? Porque eu garanto avocê que eu me preocupo com questões importantes, tanto globalcomo localmente. Eu faço parte do conselho de três dezenas deinstituições de caridade, na verdade, e minha família sustenta maisde duas mil a cada ano, fornecendo milhões em dólares paraarrecadação de fundos a cada ano. Sem o nosso trabalho, muitasdelas teriam que fechar.

— Tenho certeza de que isso é verdade, mas você ainda nãoseria um bom candidato, no que me diz respeito.

— Oh, a coisa da arrogância.— Ele olha diretamente para acâmera. — Ela é uma verdadeira destruidora de nozes, essa aqui.

Filho da puta. Ele certamente sabe como aproveitar ao máximoessa oportunidade. Olhando para o meu papel, vejo que a únicapergunta contundente da lista é a próxima. E nem mesmo foiformulada de maneira inteligente.

— A pergunta quatro tem quatro mil e noventa e oito votos. 'Porque vocês todos não arrumam empregos e param de explorar atodos nós, pobres?'

O príncipe acena com a cabeça uma vez, um gesto conciliador.— Posso ver como alguns podem ver minha família como

sanguessugas na sociedade, acredito que essas foram suaspalavras. Mas gostaria de salientar que minha família oferece

empregos muito bons para mais de 1.200 pessoas a cada ano. Elestêm todos os benefícios, pensões bem abundantes e umasegurança no emprego que é difícil de conseguir hoje em dia. Alémdisso e do nosso trabalho de caridade, acredito que temos um papelimportante na proteção das pessoas por meio de nosso poder deveto no Parlamento. Não é sempre que a monarquia o exerce, masnas ocasiões em que o fazemos, descobrimos que o povo ficou felizpor nós agirmos em seu nome. Havia toda aquela questão doprojeto de lei para remover o direito de uma mulher de pedir odivórcio em 1974. Meu avô parou com isso.

— Sim, mas isso foi há mais de quarenta anos. O que vocêsfizeram desde então?

— Embora seja verdade que não precisamos intervir há muitotempo, acredito que o conhecimento de que estamos aqui para issomantém nossos líderes governamentais sob controle de algumasmaneiras.

Droga, ele é bom. Ele nem mesmo parece um pouco irritado. Eessa foi a melhor coisa que tive.

Ele sorri para a câmera.— Suponho que não posso fazer a mesma pergunta, na

verdade, já que você é autônoma.— Correto, faria ainda menos sentido do que a anterior. — Minha

vez de um sorriso presunçoso. — A pergunta três tem pouco maisde cinco mil e trezentos votos. ‘Que treino o príncipe faz para ficarem uma forma tão incrível?’

Ele sorri para mim. Eu sei que minhas bochechas estão rosadasporque certamente estão quentes agora.

— Obrigado ao autor dessa pergunta. Muito lisonjeiro. Seismanhãs por semana, treino com meu guarda-costas chefe, Ollie. Eleé um ex-comandante, e fazemos algumas coisas no estiloacampamento, bem como artes marciais mistas. Ele também me fazcorrer. Muito. Eu poderia usar algo para ajudar a melhorar meuritmo, no entanto. Estou tentando aumentá-lo em, oh, cerca de vintepor cento ou mais nas minhas próximas doze corridas. Você nãosaberia de um produto que pudesse ajudar nisso, não é, senhoritaSharpe?

Eu rio, esperando que soe um pouco sincero.

— Você está se referindo ao Shock Jogger, é claro. Hilário, SuaAlteza. — Eu sorrio para ele. — Você pode pegar o meu emprestadoa qualquer hora. Vou até ajudá-lo a definir o ritmo.

— Você é muito generosa. Agora é sua vez. Que treino você fazpara se manter em uma forma tão incrível?

— Correr, de preferência não com um bastão de gado amarradonas costelas. Eu também faço ioga.

— Ioga. — Ele levanta as sobrancelhas. — Mantém uma pessoaflexível, ouvi dizer.

— Sim, você deveria tentar. — Posso sentir um suor frio sobmeus braços. — Ok, estamos queimando essas questões agora. Onúmero dois tem duas partes e tem 5500 votos. 'Como você decidiuter um porco, quando a maioria das famílias reais tem cães? Alémdisso, como está Dexter e podemos ver alguns vídeos dele com oPríncipe?'

— É uma história engraçada, na verdade. Alguns anos atrás, euestava namorando uma certa supermodelo que se apaixonou pelomini pig de Paris Hilton. Infelizmente, o termo mini é totalmenteimpreciso quando se trata de porcos, a menos que você esteja sereferindo às xícaras naquele passeio na Disneylândia. Ela perdeu ointeresse por nós dois assim que ele não coube mais na bolsa dela,mas tudo deu certo no final. Ele é muito feliz morando aqui e é umótimo companheiro. Temos tempo para trazê-lo aqui?

— Claro. — Por que diabos não? Não é como se eu tivessequalquer dignidade sobrando neste momento, de qualquer maneira.Poderia muito bem trazer os animais do curral.

Ele enfia a mão no bolso e tira o telefone.— Vou apenas pedir ao seu treinador para trazê-lo.Oh, mas espere um minuto! Vantagem, aí vou eu! — Você paga

um treinador para cuidar do seu porco? Isso parece um uso muitoruim do dinheiro do contribuinte.

— Sim, seria se o dinheiro viesse dos contribuintes.A porta se abre e Dexter grita, correndo diretamente para Arthur.

Arthur se abaixa com as duas mãos e coça atrás das orelhasrosadas.

— Troy, estamos dando uma entrevista agora. Você gostaria devir e dizer algo para as pessoas lá fora? Acho que eles estariam

interessados em saber sobre o trabalho que você faz.Eu vejo Troy atravessar a sala e meu estômago embrulha. A

primeira vez que o encontrei, na biblioteca, fiquei tão distraída quenem olhei para ele. Ele claramente tem algum tipo de deficiênciaintelectual.

Troy se aproxima e fica ao lado de Arthur, olhando para acâmera e acenando.

— Olá, aí fora.Eu sorrio para Troy.— Troy, você pode compartilhar com as pessoas o que você faz

aqui?Ele me olha como se eu estivesse meio maluca.— No momento, estou falando para a câmera. Isso é o que o

Príncipe Arthur me pediu para fazer.Arthur estende a mão e a pousa no braço de Troy.— Ela não quis dizer agora. Ela está perguntando sobre o seu

trabalho aqui com Dex.— Oh. Você deveria ter dito então —Troy diz para mim. — Eu

cuido de Dexter enquanto o Príncipe está ocupado trabalhando o diatodo. Do contrário, ele ficará entediado e terá muitos problemas. Eleé um malandro quando está entediado ou com fome. Certa vez, elemastigou um conjunto de castiçais, o fundo de um conjunto decortinas muito velhas e a perna de um belo sofá, tudo em uma tarde.Mas isso foi antes de eu começar aqui. Agora, ele é um porco feliz.Fazemos longas caminhadas todos os dias. E assistimos um poucode TV juntos. Ele adora o canal da natureza, mas às vezes vaiassistir a uma partida de futebol se eu tiver sorte.

— Parece um trabalho excelente.— Isto é. Exceto quando preciso dar um banho em Dexter. Ele

não gosta muito disso, vou te dizer. — Troy ri enquanto diz isso, eeu me pego rindo com ele.

Troy respira fundo e olha para mim.— Eu sei que você não gosta da Família Real, mas quero dizer

que eles são boas pessoas. É muito bom trabalhar para o príncipeaqui. Meu antigo chefe no depósito costumava gritar comigo quandoeu cometia um erro, e eu cometo muitos deles. Mas o PríncipeArthur é sempre gentil, mesmo se eu fizer algo errado.

Sinto um nó na garganta e lágrimas formigando meus olhos aopensar em alguém gritando com este homem. Controle-se,Emocionada. Eu limpo garganta.

— Obrigada, meu Troy.Arthur pisca para ele.— Obrigado, companheiro. Devemos terminar a entrevista agora.— Sim, você deveria. O Senhor Vincent está parado do lado de

fora da porta apontando para o relógio. Você o vê?Arthur tenta não rir.— Eu não o vi. Obrigado por me avisar.— Sem problemas, senhor — diz ele enquanto se afasta. — Não

gostaria que você se metesse em problemas. Isso não é divertido.Vamos, Dexter, amigo.

Dexter trota atrás de Troy, e eu, mais uma vez, provei que estavaerrada. Droga. Mas bom também, suponho.

— Sua vez. Você tem algum animal de estimação, senhoritaSharpe?

— Um peixe betta. Chester.— É o peixe betta que luta até a morte se você colocar dois

juntos?— Sim. — Onde ele está indo com isso?— Uma escolha bastante competitiva em um animal de

estimação, você não acha? Chester. Não funciona ou se divertebem com os outros. — Ele sorri para mim. — Alguns dizem queescolhemos um animal de estimação que se pareça mais com anossa personalidade.

— E você tem um porco que é muito travesso quando estáentediado ou com fome. O que isso diz sobre você?

Arthur ri.— Touché, Madame.— Isso nos leva à nossa última pergunta. — Eu fecho meus

olhos por um breve segundo. —Com mais de seis mil votospositivos, 'Que tipo de roupa íntima Sua Alteza, Príncipe Arthur,usa?'

— Limpas. Você?— Também limpas. — Estou pingando de suor? Eu sinto que

estou pingando.

Arthur aponta um dedo para mim.— Não copie seu colega de mesa agora, senhorita Sharpe.Bastardo presunçoso.— Você terá que dar outra resposta.— Femininas.Ele levanta uma sobrancelha.— Oh, meu tipo favorito.— Para vestir? — Eu aperto meus lábios.— Ha! Eu entrei nessa, não foi? — Ele está falando diretamente

para a câmera agora. — Eu só gosto de ver as femininas, não usá-las.

— OK! Bem, é isso para a nossa primeira entrevista ao vivo! —Estou usando aquela voz que minha mãe usou quando os gêmeoscomeçaram a perguntar sobre como os bebês são feitos. — Agoraque resolvemos as questões bobas, talvez as pessoas possam fazeralgumas questões políticas mais sérias. Por favor. Não vamosperder esta oportunidade de ter acesso à Família Real apenasdescobrindo sobre animais de estimação e roupas íntimas. — Eume viro para Arthur. — Obrigado, Sua Alteza, por ser um esporte etanto hoje.

— O prazer foi meu. Eu gosto das perguntas divertidas. No queme diz respeito, continuem vindo! Ah, e finalmente entrei no séculovinte e um. Você vai me encontrar no Twitter e no Instagram como oVerdadeiro Príncipe Arthur, então dê uma olhada porque eu estareicompartilhando todos os tipos de fotos divertidas e segredos deagora em diante.

Twitter? Instagram? Sento-me, incapaz de me mover por umsegundo, mas finalmente me lembro de pressionar o botão docontrole remoto para desligar a câmera. Eu afundo na minhacadeira, deixando escapar um grande suspiro.

— Bem, isso foi humilhante em muitos níveis.— Por quê? Achei que você parecia muito inteligente. Você é

rápida, sabe. Você poderia fazer televisão se quisesse. — Ele tira omicrofone. —Você certamente é bonita o suficiente. Voz muitosuave.

— Obrigada. — Eu coro e meu coração bate forte. — Lamentoinsinuar que o salário de Troy foi pago por impostos.

Arthur encolhe os ombros.— Sem problemas. Seria natural que você assumisse isso. Estou

no conselho de um grupo que encontra trabalho para pessoas quealguns considerariam desempregadas. Todos merecem a dignidadede um bom trabalho, não acha?

— Sim, claro.— Até as pessoas como eu? — ele pergunta.— Isso é diferente. Troy está ganhando seu salário.— E eu não estou?— Não é o salário que você está recebendo.Ele cruza os braços.— E exatamente quanto estou recebendo?— Bem, já que sua família tem sido tão calada sobre isso, eu só

posso imaginar. Provavelmente algumas centenas de milhares porano.

— Adivinhação interessante. Eu não sou pago, na verdade. Emvez de um salário, posso morar aqui e recebo uma mesada pararoupas. A maioria das minhas despesas é coberta por umacombinação dos investimentos de nossa família e propriedadesimobiliárias. Apenas 20% de nossa receita anual vem do dinheirodos impostos, que vai diretamente para pagar o pessoal quetrabalha para promover o turismo. Isso equivale a pouco mais de ummilhão por ano, mas nos últimos vinte anos, nossa família geroumais de setenta milhões de dólares em turismo. Um investimentomais do que benéfico para as pessoas, não acha?

— Por que isso não é tornado público?— Aham. — Vincent está parado na porta. — Você está atrasado

para se encontrar com o embaixador na Bélgica, Vossa Alteza.Arthur me dá uma rápida reverência.— Obrigado, Tessa. Isso foi um máximo. — Ele pisca e sai pela

porta.Eu olho descaradamente para sua bunda e lambo meus lábios

enquanto ele se afasta. Quando a porta se fecha atrás dele, euverifico minhas axilas e vejo que, sim, elas estão realmenteencharcadas. Então eu abaixo minha blusa e ajusto meu sutiã paraque a armação não fique mais cavando em meu seio esquerdo.

— Aah. — Muito melhor. Percebo meu celular piscando na mesado outro lado da sala. Eu me levanto e deslizo a tela.

Texto de Nikki: O FEED AINDA ESTÁ AO VIVO! DESLIGUE ACÂMERA!

Sério?

É

D E Z E S S E T E

APENAS DUAS PESSOAS CONVERSANDO

Tessa

domingo de manhã de novo, e estou exatamente onde estavana semana passada neste momento - em modo de

recuperação, embora não tenha feito uma bebedeira no sábado ànoite. Acabei de cometer o erro de ler os comentários mais recentesna minha primeira entrevista 'Pergunte Qualquer Coisa'.Infelizmente, meu ato de cheirar as axilas e mexer nos peitoschamou mais atenção do que a própria entrevista, o que se mostroucontraproducente para toda a minha campanha 'leve Tessa a sério'.

Tenho cerca de trinta ofertas de homens estranhos dispostos a'me ajudar a ajustar meus seios', um pequeno movimento que fezArthur abafar uma risada toda vez que me viu desde quinta-feira.Ele também me interrompe antes de entrarmos em qualquer reuniãoou cerimônia de corte de fita e pergunta: “Você precisa fazer umaverificação de última hora? Agora é sua chance.”

Grrrr. Príncipes, estou certo?Uma batida na porta interrompe meu trabalho. Assumindo que

seja Mavis para coletar minha bandeja de café da manhã, eu chamoela para entrar. Só que não é Mavis. É Arthur. E ainda estou nacama com minha cabeceira e hálito matinal, que tenho certeza queele pode sentir o cheiro de lá. Puxo o edredom até o pescoço.

— Oh, eu pensei que você fosse Mavis.— Não. Apenas eu. — Ele está vestido com jeans e uma

camiseta branca, e oh, meu Senhor, ele usa este look bem. — Eu

estava me perguntando se você gostaria de dar um passeio.Um passeio? Com sua sensualidade real? Parece perigoso.— Achei que você estava na igreja.— Raramente vou à igreja. Normalmente tenho negócios

importantes para tratar. Bem, essa é a minha desculpa de qualquermaneira. — Ele sorri. — Eu gosto de dormir às vezes.

— Então, como uma pessoa normal. — Eu sorrio.— Mais ou menos, apenas em uma contagem de fios muito

maior. — Suas covinhas aparecem quando ele sorri de sua própriapiada. — Então, você vem ou não, Sharpe?

— Me dê cerca de vinte minutos para comer e me vestir.— Claro.Assim que ele sai, eu pulo da cama e olho no espelho. Eu

definitivamente preciso de mais de vinte minutos de preparaçãopara parecer meio decente, mas como ele já me viu assim, qualquercoisa será uma melhoria.

No momento em que Arthur bate na minha porta, eu estouvestida com um suéter de tricô rosa claro com uma echarpe infinitabranca e jeans skinny enfiados em botas altas de camurça marrom.Meu cabelo está preso em um rabo de cavalo baixo e coberto comuma touca marrom para esconder o fato de que precisa de algumaatenção. Eu passo um pouco de gloss em meus lábios enquantocorro para a porta. Isso não é um encontro. Isso não é um encontro.

Quando abro a porta, ele está encostado no batente, o quesignifica que estamos tão perto que posso sentir o cheiro de sualoção pós-barba. Deixe-me dizer, essa é uma loção pós-barba sexye masculina. Não sei qual é a marca, mas deveria se chamar'Orgasmo espontâneo'.

— Tudo pronto?Eu aceno com a cabeça, porque minha boca não parece

funcionar quando ele está tão perto de mim.— Vamos lá.Saímos pela parte de trás do castelo, depois por um longo

caminho de cascalho que contorna o perímetro do terreno. O solbrilha, aquecendo a pele do meu rosto, e me sinto mais relaxada doque desde que cheguei aqui. Arthur parece um pouco mais calmotambém.

— Espero que você não se importe se eu te elogiar — diz ele.— Depende do que for.— Definindo limites de novo? — Ele levanta uma sobrancelha e

me dá um meio sorriso.— Mantendo-os. — Eu ri. — Os limites são muito importantes.— Assim como obter vantagem.— Isso também.— Vou arriscar, então, e espero não cruzar seus limites ou

arriscar perder a vantagem.— Ha! Você está enganado. Eu levei a vantagem na limusine no

primeiro dia, e não pretendo devolvê-la.— Bem, você tem o direito de estar errada. — Ele bate no meu

ombro com o dele, e eu o faço de volta.Então ele para e se vira para mim, e eu faço o mesmo. Seus

olhos procuram os meus por um momento, e sua expressão é tãointensa que me lembro de por que estava evitando ficar sozinhacom ele.

— Queria dizer que, nas últimas duas semanas, fiquei muitoimpressionado com a forma como você se comportou. Você temvivido entre um grupo bastante esquisito de estranhos, embora sobmuito vigilância, realmente administrou tudo com uma quantidadeincomum de graça.

— Oh, bem, obrigada. — Eu gaguejo nas palavras, tentandosuprimir a onda de orgulho em meu peito com suas palavras. Umaquantidade incomum de graça. Ninguém nunca me descreveu assimem toda a minha vida. — E quanto ao ajuste de seio ao vivo?

— Especialmente isso. — Ele continua andando, e estou feliz pornão estar mais cara a cara com ele. Porque se ficarmos assim pormuito tempo, tenho certeza que minha expressão vai me denunciar.

— Você não é o que eu esperava, Tessa Sharpe.Opa. Vem aí.— Achei que você fosse uma absoluta megera, mas acabou

sendo bem adorável. Em todos os sentidos da palavra.Bem adorável Nikki vai morrer quando ouvir isso. Eu olho para

ele com uma expressão travessa.— Você está apenas tentando me bajular.

— Claro que estou. Mas não significa que não seja verdade —diz ele. — Eu cruzei sua linha naquele momento?

— Vou permitir. — Eu coloquei minha melhor voz real.Rindo, Arthur faz uma pequena reverência.— Oh, obrigado, Madame.— Não foi nada demais.Chegamos ao final do caminho e Arthur tira uma chave do bolso

e destranca o portão de ferro forjado. Me pergunto para ondeestamos indo. Eu tinha visto uma filmagem de um documentáriosobre a Rainha Cecily. Estamos indo para o túmulo dela.

Ele abre o portão e dá um passo para o lado para que eu passe.— Você provavelmente está se perguntando para onde estamos

indo.— Eu acho que sei. — À medida que avançamos, nos

encontramos em uma clareira cercada por árvores altas, com aslacunas preenchidas por arbustos grossos que estão prestes adespontar. Ao fundo, há um lago com uma pequena ponte demadeira que leva ao local de descanso final de sua mãe.

— É aqui que vou nas manhãs de domingo.— Os negócios mais urgentes que você precisa atender.— Você absorve cada palavra que eu digo, não é? — Ele dá

uma leve risada. — Esse é um dos poucos lugares onde posso estarrealmente sozinho com meus pensamentos sem ter que avaliarcuidadosamente minha próxima reação.

— É assim que é ser você? Uma longa sequência de reaçõescuidadosas?

— Nem sempre, mas na maior parte do tempo. Mas não é assimpara todos? Existem expectativas sociais para todas as pessoas emcada situação.

— Suponho que seja verdade, mas acho que existem maisregras para você do que para a maioria das pessoas. — Cruzamosa ponte em arco e, quando alcançamos o topo, uma grande lápideornamentada surge à vista. É cercada por centenas, senão milharesde lírios brancos que floresceram agora que a primavera chegou.

— Mais pessoas assistindo e esperando que eu cometa erros,de qualquer maneira.

— Como eu.

— E muitos outros. Cada um com um motivo diferente para meodiar, ou no mínimo, quer me ver estragar tudo.

— Ou ver você ter sucesso. Você também tem muitos deles.— Verdade.Paramos e nos sentamos em um banco a alguns metros do

túmulo da rainha. O silêncio toma conta de nós. A pedra diz: CecilyRose, Mãe Amada, Esposa, Filha, Irmã e Rainha. Um nó se formana minha garganta. Arthur tinha cinco anos quando ela morreu.Arabella tinha apenas três meses. Eu fungo, então percebo queminha visão ficou turva por lágrimas inesperadas por alguém que eununca conheci.

—Você está bem?— Sua voz é gentil. — Oh, esqueci que nãodevo perguntar nada pessoal.

— Está bem. — Minha voz está trêmula e me sinto boba porestar ficando emocionada. — E se dissermos que enquantoestivermos aqui, neste lugar, podemos alterar nosso acordo. Só poralguns minutos.

— Extraoficialmente, você quer dizer? — ele pergunta.— Sim. Vamos ser apenas duas pessoas conversando. Não um

príncipe ou uma crítica. Apenas por agora. Até passarmos poraquele portão.

Ele sorri, e desta vez é diferente. Não é o mulherengo suave quevejo. É apenas Arthur, um filho que perdeu a mãe quando eraapenas um menino.

— Eu gostaria muito disso, Tessa.— Eu também. — E é verdade. Eu gostaria. Eu olho de volta

para a lápide de sua mãe. — Eu estava pensando em tudo o que elaperdeu. Tenho certeza de que ela daria qualquer coisa para ver vocêe sua irmã crescerem.

Ele faz um som estrangulado e quando me viro para ele, aexpressão em seu rosto é de amargura.

— Se ao menos isso fosse verdade. — Sua voz é quaseinaudível.

Antes que eu tenha a chance de tentar descobrir o que issosignifica, ele pergunta: — Você quer ter filhos? Quero dizer, algumdia, quando você encontrar o sujeito certo.

— Eu não sei, realmente. Tenho sete sobrinhos e sobrinhas -logo serão oito. Eu os amo demais, na maioria das vezes. Mas todaessa coisa de maternidade parece terrivelmente difícil de fazer bem.Tenho a sensação de que iria arruinar tudo.

— Você não faria isso.— Como você sabe disso?— Porque você é forte o suficiente para vir viver entre o inimigo,

inteligente o suficiente para criar um nome para si e gentil osuficiente para se sentir triste por alguém que perdeu sua mãe hámuito tempo. — A maneira como ele fala é tão confiante que quaseacho que ele pode estar certo sobre mim. Ele continua: — Então aíestá. Prova sólida de que você não iria arruinar uma criança. Pelomenos não muito mal.

Eu rio, em seguida, digo: — Eu não sei sobre isso, mas eu seique o pensamento de amar alguém tanto quanto um pai ama umacriança me assusta. Eles são tão frágeis e precisam de você paratudo. Absolutamente tudo por tanto tempo. — Eu suspiro sob o pesodessa pergunta. — E você? Eu sei que você deveria ter filhos, masvocê os quer?

— Muito. Mas também sei que tipo de vida aguarda eles e, paraser sincero, não sei se posso fazer isso com uma criança — Seuolhar cai sobre as árvores à distância. — Você viu o quão ocupadoestive nas últimas duas semanas. Não é nada comparado ao que seespera de mim como rei. Pode demorar muito até que eu assuma ocontrole, mas mesmo agora, minha vida não é minha. Em muitosaspectos, estarei configurado para falhar como pai.

— Mas certamente você poderia fazer as coisas de formadiferente. Você teria o poder de dizer não a certos eventos para quepudesse estar com seus filhos.

— Um pouco. Mas a questão é, de certa forma, a nação inteira éminha para cuidar e proteger da maneira que eu faria com meupróprio filho.

— Nunca pensei nisso dessa forma. É assim que você vê isso?— Sim, realmente. Por mais tolo que isso possa parecer para

você. — Ele olha para mim por um segundo e nossos olhos seencontram.

A conexão entre nós é imediata. É como se estivéssemosespiando as almas um do outro, mas em vez de querer correr e meesconder, quero ver mais.

— Não soa nada tolo. Parece... fofo.— E terrivelmente aterrorizante. — Ele se vira novamente para

as árvores.— Porque você estaria preocupado em bagunçar a coisa toda

em uma escala muito maior?— Exatamente.— Isso vai soar muito estranho vindo de mim, mas eu não acho

que você iria estragar tudo. Acho que você seria muito bom nisso.— Você está certa. Isso soa estranho.— Para ninguém mais do que eu. — Eu sorrio um pouco, então

me explico. — Eu acho que você seria um bom rei, seprecisássemos de um.

Ele olha para mim, e posso ver que há uma discussão seformando na ponta da língua, mas ele se detém.

— Somos apenas duas pessoas conversando.— Certo. Eu quase esqueci. Eu retiro essa última declaração —

eu digo. — O que eu quis dizer é que nas últimas duas semanas,posso ver o quanto você se preocupa com seu povo. Percebi comovocê faz cada pessoa sentir que é a única pessoa na sala quandoestá falando com ela. E eu não sei se eles lhe deram lições sobrecomo fazer isso em Prince Charm School ou o que, mas eu sei quevocê faz as pessoas se sentirem especiais, e que é um dom que amaioria das pessoas não tem.

— Obrigado, Tessa. Isso pode ser a coisa mais legal que alguémjá me disse.

— Eu duvido disso.— Talvez não, mas significa muito mais porque vem de você.—

Seu olhar me perfura, fazendo-me sentir um pouco fraca. — Há algoque preciso saber.

— Claro, o que é?Sua voz é gentil.— Por que você nos odeia tanto?Eu congelo.

— Oh Deus. Isso vai parecer muito frio para você, porque agoraque eu te conheço, parece muito frio para mim.

— Saber o motivo seria infinitamente melhor do que ter queadivinhar.

Eu me estremeço, respiro fundo e começo a falar.— Não sei se você sabe muito sobre blogs, mas é uma maneira

surpreendentemente difícil de ganhar a vida. Existem literalmentemilhões de pessoas blogando todos os dias sobre todos os tópicossob o sol. As chances de você conseguir pagar suas contas sãomínimas. Então, quando eu estava começando, eu estavadesesperada para encontrar maneiras de me separar do bando. —Eu suspiro e sinto meu coração acelerar. — Não tenho certeza sevocê pode imaginar como é estar basicamente sem dinheiro, mas érealmente muito estressante. Quase tive que vender tudo e voltarpara casa com meus pais...

Eu paro por um segundo, sentindo-me despida, dizendo a umpríncipe como é ser pobre.

— O que eu realmente queria fazer - e ainda faço - é encontrarum caminho de volta à mídia convencional. Achei que seescrevesse sobre política nacional, isso me ajudaria a chegar lá.Mas eu precisava de um novo ângulo, algo que fosse notado.Passei semanas pesquisando, tentando encontrar uma lacuna noque já estava sendo relatado. Então, um dia, percebi que em muitossites as pessoas comentavam sobre sua insatisfação com amonarquia - e com nosso sistema de governo - mas não conseguiencontrar um lugar onde todas essas pessoas com ideiassemelhantes pudessem se reunir para compartilhar suas opiniões.

— Então, você encontrou uma lacuna.Acenando com a cabeça, eu digo: — Eu encontrei e preenchi.Olho para Arthur e fico surpresa ao ver que ele não parece

chateado, magoado ou enojado. Ele apenas parece como seentendesse, o que é difícil de entender, considerando o queestamos discutindo.

Eu continuo, querendo tirar tudo do meu peito.— Eu acredito em ter líderes eleitos, e sempre acreditarei. Mas

descobri que quanto mais ultrajantes minhas postagens, maistráfego eu teria no site, de ambos os lados da discussão. Eu sei que

isso vai soar clichê, mas realmente não era nada pessoal. Eu sóestava tentando ganhar algum dinheiro e fazer um nome para mim.

— Entendo. Então, você estava apenas fazendo negócios.Eu grunho e cubro meu rosto com as mãos por um segundo.— De alguma forma, eu nunca pensei que qualquer um de vocês

iria ler nada disso. Pensei nisso como um espaço para 'o povonormal' vir reclamar e fazer perguntas e desafiar o sistema.

— Mas certamente você deve ter pelo menos considerado apossibilidade de que nós leríamos algumas delas? Conforme vocêse tornou mais popular?

— Eu tive pensamentos breves, mas sempre consegui justificarem minha mente, dizendo a mim mesma que, se qualquer um devocês de fato lesse, alguém como vocês não se importariam com oque alguém como eu tinha a dizer de qualquer maneira.

Arthur concorda.— Você não está sozinha nisso, Tessa. Acho que muita gente

nos vê como incapazes de ter sentimentos. Minha irmã disse quetalvez para você, nós somos como bandidos bidimensionais de umfilme de Bond.

— Por mais que eu odeie admitir, acho que é verdade. — Meuestômago se revira de culpa. — Não sei se isso vai significar algumacoisa, mas agora que te conheço, posso ver que foi tudo muitoinjusto. E não te culparia se você simplesmente perdesse umgrande respeito por mim.

— Porque eu faria isso?— Porque se eu tivesse alguns motivos muito nobres para me

tornar o Cão de Guarda Real, seria uma coisa, mas sersimplesmente sobre dinheiro? Isso é…

— Inteligente.— Inteligente?— Sim. Você viu uma oportunidade de negócio e a aproveitou.

Eu particularmente não gosto que você tenha feito isso, mas dealguma forma é melhor saber que era apenas por dinheiro do que sefosse algo mais pessoal.

Eu fico olhando para ele por um minuto, chocada que ele possaser tão complacente com a coisa toda.

— Você é muito mais generoso do que pensei que seria.

— Obrigado. Também sou mais generoso do que pensei queseria. — Ele sorri.

Ele olha para minha boca e me encontro querendodesesperadamente que ele me beije. Oh céus. Isso está ficandocomplicado de novo. Eu preciso colocar os freios em qualquer queseja este momento. Eu me viro para frente novamente.

— Conte-me sobre sua mãe.Ele fica quieto por um momento antes de falar.— Eu não me lembro muito, realmente. Posso dizer o que sei ao

assistir a um filme dela por hora, mas minhas verdadeiras memóriasdela são as de uma criança de cinco anos. Confuso e incompleto.

— Não consigo nem imaginar o que você passou.— Nem eu, realmente. É como se tudo fosse um sonho horrível,

algo que aconteceu com outra pessoa. — Seu foco está na lápidedela e é inquebrável.

— Tenho certeza. — Eu gostaria de não ter perguntado porqueagora quero abraçá-lo com força e não há como eu fazer isso. Nãoimporta o quanto eu queira.

— Ela nunca deveria ter se casado com meu pai. — Ele começaa falar, e não tenho certeza se ele sabe que estou aqui. — Ela nãofoi feita para esta vida, para a vida com ele. Há uma coragemnecessária que ela não tinha. Isso a matou no final.

O relatório oficial sugeriu que ela morreu de um aneurismarompido repentinamente. Mas eu acho que ele pode ter acabado derevelar um segredo horrível e obscuro que ele guarda desde que eraum menino. Sento-me ao lado dele em estado de choque quando aspeças começam a se encaixar. Sua superproteção em relação aArabella e sua avó. Ele é tão cuidadoso em tornar a vida de suairmã o mais fácil possível, para que ela não acabe enterrada ao ladode sua mãe.

De repente, ele sai dessa e olha para mim, um pouco de pânicoatrás de seus olhos.

— Peço desculpas. Estou sendo dramático.— Não, você não estava. — Meu olhar endurece, mas posso ver

que ele não está indo mais longe do que já foi. — Você passou peloinferno.

— Todo mundo passa por algum tipo de inferno, não é? — Arthurencolhe os ombros. — Ela tinha a sua idade quando morreu, vocêsabe. Tão jovem.

— E bonita. E muito amada pelo povo.— Sim, ela era. — Ele sorri. — Mas ninguém a conhecia de

verdade. Ela poderia ser muito boba. Ela cantava para mim, todosos tipos de canções. Eu gostava particularmente de sua versão damúsica-tema de Munch Bunch.

— Eu me lembro daquele programa. — Eu sorrio e começo acantar. — The munch bunch, have run away...

Ele sorri, então faz algo completamente inesperado. Ele cantatambém.

— The munch bunch, are here to stay...Eu rio, surpresa com este lado dele.— Qual é a próxima linha? Eu esqueci.Arthur continua cantando.— The munch bunch, have found a home...Eu pego a partir daí.— With a garden…Nós dois rimos por um minuto de nós mesmos. Eu coro com a

tolice de tudo isso.Seu rosto fica sério de repente.— Não me lembro muito dela, mas sei que ela teria gostado de

você. Muito.Lágrimas brotam dos meus olhos pela segunda vez esta manhã.— É muita gentileza sua.— É verdade. — Ele estende a mão e enxuga a lágrima da

minha bochecha com o polegar. — Você tem um exterior duro, maspor dentro, você é uma pessoa que se preocupa profundamentecom os outros.

— Como você sabe? Talvez eu seja uma pedra por toda parte?— Porque você acabou de cantar comigo. E agora você está

chorando.— Bem, caralho. Eu entreguei o jogo. — Eu fungo um pouco e

sorrio através das minhas lágrimas.— Já que somos apenas duas pessoas agora, e as pessoas

estão propensas a fazer coisas estúpidas, vou fazer algo muito

estúpido.— Ele olha para meus lábios novamente.— O que?— Eu vou te beijar.— Isso seria estúpido.— E, no entanto, a menos que você diga não, vou fazer de

qualquer maneira.— Não estou dizendo não, então devo ser tão estúpida quanto

você.— Graças a Deus por isso. — Ele abaixa sua boca sobre a

minha e me beija. Um beijo suave e dolorosamente lindo que meaquece dos lábios aos dedos dos pés e nas costas. Eu nunca fuibeijada assim antes. É tão gentil, tão real, que me encontroderretendo nele.

Sua mão desliza sobre minha bochecha e ele inclina minhacabeça, dando-lhe melhor acesso quando sua língua encontra aminha. Nossas bocas se movem com a perfeição de um parcampeão de patinação no gelo, deslizando e subindo juntas. Minhamão alcança seu peito e eu instintivamente cubro seu coração commeus dedos. Agora que eu vi o que ele passou, eu o vi em minhamente como um garotinho perdido, sem uma mãe para amá-lo,quero protegê-lo e salvá-lo de qualquer coisa que possa machucá-lo. Incluindo a mim.

Ficamos assim por muito tempo, apenas nos beijando, nadamais. Não é sexual, mas é o momento mais íntimo e perfeito daminha vida, e não consigo me lembrar de uma época em que metenha sentido tão perto de alguém. O mundo desmorona e nãosomos mais um príncipe e sua crítica mais severa, mas dois sereshumanos imperfeitos que precisam ser compreendidos. E por umbreve e lindo beijo, damos um ao outro o que sentimos falta hámuito tempo.

Quando acaba, eu recuo, chocada com o que acabou deacontecer. Eu olho para ele e ele parece tão chocado quanto eu.

— Bem, isso foi... inesperado.— Sim, foi. — Minha respiração se foi.— Devíamos voltar. — Ele se levanta e estende a mão para mim.

Eu pego e deixo ele me ajudar a levantar.

Nossos dedos se entrelaçam enquanto caminhamos em silêncio,e há algo tão natural sobre a sensação de sua mão tocando a minha- algo tão puro e familiar.

Quando pisamos na ponte, paro e me viro para ele.— Sinto muito pela sua mãe. — Eu estendo a mão e toco sua

bochecha. — Eu prometo que nunca vou contar a ninguém.— Obrigado. — Ele se inclina e pressiona sua testa na minha.

Eu fecho meus olhos e apenas o sinto aqui. O peso que ele carregahá tantos anos faz meu coração querer explodir de dor. Ele move orosto para trás e beija minha testa. — Obrigado por estar aquicomigo.

— Não há nenhum lugar que eu prefira estar — eu sussurroporque minha voz foi sugada pela tristeza. Sua tristeza. Eu nãoposso segurar mais. Eu envolvo meus braços em torno dele eseguro seu corpo firmemente contra o meu, e parte de mim esperapoder tirar seu fardo dele. Mesmo um pouco. Depois de mais algunsminutos de abraços e mais beijos suaves, nos separamos ecomeçamos a voltar para o mundo novamente.

— Não quero passar por esses portões.— Eu também. — Seu rosto está cheio de pesar.— Mas temos que fazer.— Então, nós vamos.

O

D E Z O I T O

HAVERÁ STRIPPERS?

Arthur

feitiço é quebrado no momento em que o portão se fechaatrás de nós. A voz de Vincent corta o ar quente da primavera,

uma intrusão indesejável no que foi possivelmente o melhor sonhoque já tive (o que é estranho porque não havia sexo envolvido). —Aí está você, Sua Alteza. Estive procurando por você em todos oslugares.

— Você me encontrou — eu digo de volta.— Sua Alteza Serena está voltando para casa. O voo dele partiu

há uma hora. — Ele está caindo rapidamente sobre nós, e temo quelogo o cheiro fresco dos botões da primavera será superado porqueijo pungente.

— Que horas ele vai chegar em casa?— Cinco e meia — diz ele ao chegar até nós.Sim. Aí está. Queijo gorgonzola.— Obrigado.— Senhor, acho que realmente deveríamos ter um plano de

como...— ele olha para Tessa —... gerenciar a situação atual.Eu dou a ele um sorriso fácil.— Não há necessidade. Eu tenho tudo sob controle.— Sua Alteza...— Está tudo bem, de verdade. Eu posso lidar com isso. — Eu

lanço um olhar de advertência para ele, e ele entende a dica. —Agora, como estamos preparados para este almoço de hoje?

— Está tudo pronto. Os convidados começarão a chegar emtrinta e cinco minutos. A princesa Arabella pediu para assumir aliderança nos discursos e, como se trata de uma instituição decaridade, pensei em deixá-la.

— Isso é bom. Se ela achar que é demais, eu posso assumir.— O chefe do programa perguntou se Dexter vai comparecer,

considerando o assunto.— Oh, sim, ele vai adorar.Eu me viro para Tessa.— Ele se sai melhor nesse tipo de coisa do que eu. Ele recebe

inúmeras ofertas de mulheres que querem levá-lo para casa. — Elari e o som encanta meus ouvidos mais uma vez. — Você virá hoje,sim?

— Eu adoraria. Tenho uma obrigação familiar, então terei quesair por volta das três horas, no entanto.

Essa notícia me decepciona um pouco, e fico surpreso aodescobrir que não quero que ela se vá, mesmo que por algumashoras.

— Vou providenciar um carro para levá-la.— Eu vou cuidar disso, senhor — diz Vincent. — É melhor eu me

certificar de que Dexter tenha tomado banho. — Ele sai apressado,tirando o walkie-talkie do quadril e ligando de volta ao palácio paradar instruções.

Esperamos que ele esteja a uma boa distância de nós antes dequalquer um de nós falar. Suspiro e digo exatamente o que sei queela quer ouvir. O engraçado é que estou falando sério.

— Parece uma pena termos que voltar a ser como as coisaseram.

Tessa olha para mim, seus olhos cheios de emoção.— Parece.— E ainda assim devemos.— Concordo. — Caminhamos por mais um momento, então

Tessa aborda o assunto que eu sabia que estava por vir. — Seu painão me quer aqui, não é?

— O que te faz perguntar isso? — Estou sendo deliberadamenteevasivo enquanto minha mente corre para encontrar uma explicaçãoadequada. Não posso dizer muito bem: 'Meu pai é um idiota total.

Ele vai ser absolutamente horrível com você e, como gosto muito devocê, não posso suportar a ideia’. Mas eu provavelmente deveriaavisá-la. É o que qualquer homem que gosta de uma jovem faria.Espere - eu gosto dela? Eu paro e me viro para ela. — Ele não é ohomem mais fácil de se lidar, e eu temo que ele não ficouparticularmente feliz quando soube dos meus planos no que dizrespeito a você.

— Não se preocupe comigo. — Ela dá de ombros como se nãose importasse, mas ao mesmo tempo, seu rosto empalideceligeiramente. — Não é como se eu também fosse a maior fã dele.

Eu fico olhando para ela por um momento. A armadura está devolta, pelo que sou grato. Ela vai precisar.

— O melhor cenário é que ele estará tão ocupado com aspróximas celebrações de aniversário que não terá tempo paraprestar muita atenção em você.

— Ah. Entendo. — Ela começa a voltar para o palácio, maislentamente agora do que antes.

Meu estômago se revira quando penso no que acabei de dizer aela e no que dissemos e fizemos alguns minutos antes. Se há umacoisa que consegui evitar durante toda a minha vida, foi complicaras coisas de alguma forma, mas Tessa Sharpe parece ser aexceção. Ela poderia muito bem usar tudo o que acabei de dizercontra mim e tornar tudo de conhecimento público, e é por isso querealmente devo redobrar meus esforços para conquistá-la.

— Tessa, você vai voltar a tempo para o pôr do sol?— Acho que não. Por quê?— Há um local adorável no telhado do palácio com vista para o

Mar do Norte. Pensei que talvez pudéssemos compartilhar umagarrafa de vinho e assistir ao pôr do sol.

— Eu adoraria. Talvez outra hora? — Seu rosto diz que tudo issoé bom demais para ser verdade, o que, claro, é.

De repente, me sinto um merda total por fazer isso, mas temposde desespero exigem medidas desesperadas, não é? Para serhonesto, quando penso em sentar lá em cima com ela, bebendovinho, eu realmente quero fazer isso. Parece maravilhoso.

Bem, isso não é um choque no sistema?

Assim que nos aproximamos dos degraus do palácio, elaestende a mão e toca meu braço, depois para.

— Arthur, eu prometo que o que aconteceu esta manhãcontinuará sendo nosso segredo. Não tenho razão para contar nadadisso a ninguém.

— Obrigado. — Eu procuro a verdade em seu rosto e vejo suasinceridade. — Aprecio isso.

— E quanto ao seu pai, qualquer coisa que você possa ou nãoter insinuado agora não será uma boa notícia de qualquer maneira.Minhas observações dele serão feitas diretamente e não por ouvirdizer. Eu não faço fofoca.

Eu concordo com a cabeça, e me encontro absolutamentefascinado por seus olhos esmeralda brilhantes.

— Estou mais interessada em fazer a coisa certa do que a coisainteligente. Talvez isso me faça uma idiota, mas prefiro serconsiderada uma idiota do que ser alguém com moral baixa.

— Eu nunca poderia ver você como qualquer um. — Eu sorriopara seu lindo rosto, em seguida, estendo a mão e coloco umamecha de cabelo atrás da orelha. E muito cedo, nos encontramosde volta ao palácio, cercados por pessoas que eu preferia que nãoestivessem lá.

Durante todo o almoço, me pego monitorando o tempo ouprocurando por Tessa entre os patronos, me certificando de que elaparecia feliz. Eu a coloquei sentada em uma mesa com algunsativistas de defesa animal muito legais, não os militantes, mas os do'dê uma chance à paz'. Ela parece estar se dando muito bem, e ofato de que eu me importo, mesmo que minimamente com seuconforto e felicidade, deveria estar disparando alarmes em minhacabeça.

O fato é que não posso, não importa o que, parar de pensarnela. Seu sorriso, sua voz, o calor e o gosto de seu beijo. Aindaposso sentir o cheiro de sua pele, embora eu tenha tomado banho eesteja em um terno recém-passado, e sei que é minha mente

conjurando o cheiro dela. Ela olha para mim e nós nos olhamos,sorrindo como tolos um para o outro. Dexter está sentado no chãocom a cabeça no colo dela. Porco esperto. Ele conhece uma garotade qualidade quando a encontra.

Oh, caralho. Isso é ruim, não é? Eu deveria estarimpressionando-a, mas em vez disso, acho que posso estar meapaixonando pela única pessoa neste planeta que gostaria de nadamais do que ver minha vida destruída. Muito bom, Arthur.Movimento altamente inteligente da sua parte.

Eu verifico meu relógio. Ela vai sair em alguns minutos e estouprestes a fazer algo muito estúpido pela segunda vez hoje. Eu tiromeu telefone do bolso e o seguro sob a mesa.

Eu: Alguma chance de você querer um acompanhante para essamisteriosa obrigação familiar?

Eu vejo enquanto ela desliza seu telefone para fora da mesa ediscretamente lê minha mensagem. Um sorriso lento se espalha emseu rosto e ela começa a digitar.

Ela: Dexter?Eu rio sozinho, esperando que ninguém perceba.Eu: Não, o outro porco surpreendentemente doce da família.Ela: LOL. Você odiaria. É uma festa de aniversário horrivelmente

barulhenta para meus sobrinhos gêmeos, muito selvagens, masadoráveis, que estão fazendo seis anos.

Eu: Haverá strippers?Eu a ouço rir daqui, e me sinto como um gigante da comédia que

poderia vender Valcourt Hall (o que é absolutamente insano, porqueeste é apenas um texto com alguém com quem estou apenasflertando para que eu possa entrar em suas calças. E suas boasgraças).

Ela: Não se você não contar o irmão de três anos deles queodeia usar roupas.

Eu: Ele definitivamente não conta.Ela: Tudo o que posso prometer é que terá bolo barato comprado

em loja com cobertura enjoativamente doce e cerveja.Eu: Você me conquistou na cobertura enjoativamente doce..

Ela: Me encontre na porta da frente em quinze minutos?Eu: Eu estarei lá.

Ela olha para mim com um pequeno sorriso, e eu me encontro umpouco animado. Isso é realmente estranho, porque nunca fiquei nemremotamente feliz em ir a uma festa de aniversário de criança,mesmo quando criança. Mesmo quando era minha.

Mas é só porque eu realmente estou sob pressão paraconquistá-la antes que a sombra do meu pai venha se arrastandosobre o castelo. Nem um pouco por causa daquele delicioso beijode antes.

B

D E Z E N O V E

COMPRAS DE BRINQUEDOS COM O PR ÍNCIPE

Tessa

em, agora, a vida não é engraçada? Duas semanas atrás, euestava a caminho da casa dos meus pais no ônibus, lama nas

calças, frio congelante e desejando ter um homem legal com umpequeno carro híbrido para me levar até lá. E agora, estou sentadona parte de trás de uma limusine, fantasticamente quente, limpa eseca, ao lado de um príncipe que me agarrou até perder os sentidosessa manhã, enquanto seu motorista vai até a vizinhança dos meuspais.

Eu finalmente descobri o que significa impossivelmente bonito. Équando um homem é tão absolutamente bonito que é impossívelnão ficar olhando. Ele está respondendo e-mails em seu telefoneagora, então eu posso olhar para ele o quanto quiser e ele não vaime ver. Só para lhe dar uma imagem mental, imagine um deus dosexo Viking muito gostoso vestindo jeans e uma camisa de botãoazul claro que combina com seus olhos. E como um bônus extra,suas mangas estão arregaçadas em três quartos, então eu tenhouma visão dos músculos de seus antebraços.

— Você está sendo bastante improdutiva agora — diz ele semolhar para cima.

— Deveria estar trabalhando?— Isso seria com você, mas seria útil se você não estivesse me

encarando. — Ele olha para cima e sorri. — Se você continuarfazendo isso, significa que vou continuar pensando no porquê você

está olhando, o que significa que vou demorar muito mais do que onecessário para responder a este e-mail, o que significa que vaidemorar muito mais tempo antes que eu possa lhe dar toda a minhaatenção.

— Bem, isso não pode acontecer. — Pego meu telefone emando uma mensagem para Nikki.

Eu: Adivinha onde estou?Ela: Em um ônibus a caminho da casa dos seus pais?Eu: Na parte de trás de uma limusine com o Príncipe Arthur a

caminho da casa dos meus pais.Ela: SOCORROOOOOOOO! Você está falando sério? Passe por

aqui no seu caminho! Por favor, por favor, por favor!Eu: De jeito nenhum. Você vai acorrentar ele e o manter como

aquela senhora daquele livro de Stephen King.Ela: Talvez, mas eu prometo não estropiar ele. Por favor? Nós

poderíamos compartilhar. Definitivamente, há ele o suficiente paraambas.

Eu: Como está seu nariz?Ela: Bom ponto. Não o traga hoje. Talvez em duas semanas? Eu

devo estar bem até então.Eu: Isso também permitirá que você tenha tempo adequado para

comprar correntes e fita adesiva.Ela: Agora, você está falando. Espere um minuto, ele vai para a

casa dos seus pais com você? Para a festa de aniversário dosgêmeos?

Eu: Yep. Ideia dele.Ela: Ele está realmente usando todos os esforços para te

conquistar.Eu: Você não tem ideia.Ela: O quê?! Desembucha. Agora!Eu: Nada, ele apenas é muito complacente.Ela: MDS! QUÃO complacente?

— Ben, você pode parar aqui, por favor? Nesta loja à direita? —Arthur pergunta.

— Sim, senhor.

Eu: Tenho que correr. Falo com você mais tarde.Ela: É bom.

Eu jogo meu telefone na minha bolsa, de repente me sentindo muitoculpada por insinuar qualquer coisa para Nikki e não contar a elatoda a verdade. Ser mulher às vezes é complicado.

O carro para e eu percebo que não sei onde estamos. Eu olhopara Arthur.

— O que estamos fazendo?— Não posso aparecer sem ser convidado e de mãos vazias

numa festa de aniversário de uma criança. — Eu vejo pela janelaenquanto Ollie entra rapidamente na loja.

— Eu só ia colocar algum dinheiro em um envelope.Ele olha para mim por baixo do nariz. — Sério? Que tipo de tia

horrível você é?— O tipo que traz Jelly Babies sempre que os vejo.— Oh, não tão horrível, afinal — diz ele. — Jelly Babies são os

melhores doces do mundo.— Eles são mesmo. — Um sorriso lento se estende pelo meu

rosto. Talvez tenhamos mais em comum do que penso.— Você tem um gosto excelente, senhorita Sharpe.— Estou surpresa que você diga isso, já que eu realmente não

gosto de você.— Comprova meu ponto.Ollie volta para fora e acena com a cabeça. O motorista abre a

porta para nós.Arthur gesticula em direção à loja.— Você vem?Seguimos Ollie até a minúscula e apertada loja de brinquedos.

Somos os únicos clientes, mas se eu tivesse que adivinhar, diria que

encherá rápido se não nos apressarmos. A limusine com asbandeiras reais estacionadas em frente é uma revelação mortal.

Um homem mais velho está atrás da caixa registradora, com osolhos arregalados.

— Você é... você é... Sua Alteza.— Ele se curva profundamente.— Boa tarde — Arthur diz, sua voz fácil. — Estamos em busca

de alguns presentes de aniversário. Meninos gêmeos muitoselvagens de seis anos.

— Sim, senhor! — O homem corre até nós. — Nós temos a coisacerta. Chegou ontem. — Ele nos leva até uma vitrine de lambretasde néon e nos dá um rápido discurso de vendas.

Arthur olha para mim. — O que você acha? Isso vai servir?— Só se você quiser ser a pessoa favorita deles para o resto de

suas vidas.— Excelente. Isso significará dois a menos, cinco milhões

restantes. — Arthur se vira para o lojista. — Vamos levar dois. UmVerde Gooey e um Azul Blaster.

O homem pega duas caixas e vai para a caixa registradora.— O que devemos comprar para o resto das crianças? — ele

pergunta.— Por que compraríamos algo para elas?— Para que não fiquem com ciúmes.Nos próximos vinte minutos, nós escolhemos presentes para

todas as minhas sobrinhas e sobrinhos (incluindo aquele que aindanão nasceu), Arthur posa para várias fotos com o dono da loja,assim como sua esposa e sogra, que por acaso estava na sala dosfundos tomando chá. Também paramos na loja de vinhos ao lado ecompramos quatro garrafas de um vinho muito bom, além de umacaixa de cerveja para meu pai.

Quando voltamos para a limusine, nos sentamos em silêncio porum momento, nossas mãos quase se tocando. Eu olho para osmeus dedos próximos aos dele contra o assento de couro. Ele temmãos grandes e viris que deixam as minhas parecendo anãs e mefazem sentir como uma criança. Quando eu olho para ele, eletambém está olhando para nossas mãos. Ele desliza suas mãoslentamente em direção às minhas e entrelaça seu dedo mindinho no

meu. É o mais leve dos gestos, mas desencadeia uma explosão defelicidade dentro do meu corpo.

— Então, me dê um resumo de quem estou prestes a conhecer.— Certo. Meus pais são Ruben e Evi. Meu pai é mecânico,

minha mãe é dona de casa e ... esposa. Eu ia dizer mãe, mas entãopercebi que todos nós crescemos e nos mudamos. Ela cuida muitodos netos, embora...

— Então, ela é uma vovó dona de casa.— Exatamente. — Eu concordo. — Eu tenho quatro irmãos. Eu

sou a única garota. O mais velho é Noah. Ele é engenheiroestrutural e é casado com Isa, e eles têm três filhos, Tabitha, Poppye o pequeno Clarkie. Cuidado com Clarkie. Ele está passando poruma fase de cabeçadas, então mantenha seu... umm... cetroprotegido o tempo todo.

Ele concorda.— Entendi. Ruben, Evi, Noah, Isa, Tabitha, Poppy e Clarkie, o

destruidor de bolas.Eu rio, impressionada com sua capacidade de lembrar os nomes

de todos.— Ok, o próximo da fila é Lars, que é professor de astrofísica na

Valcourt Tech...— Um idiota total, então.— Sim. Especialmente quando se trata de escolher mulheres e

criar filhos.— Oh, céus.— A esposa é Nina, que está grávida do que espera que seja

uma menina. Eles já têm quatro meninos, incluindo nossos gêmeosaniversariantes, Geoffrey e Josh, bem como Knox e Stephen, querecebeu o nome do maior herói do meu irmão, Stephen Hawking.Depois, há Bram, o dentista que nunca contratou uma higienistacom quem não tenha dormido.

— Ah. Entendi.— Finalmente, há Finn, que está terminando a faculdade de

arquitetura nesta primavera.— Hã. Então, tudo bastante impressionante em termos de

carreira. — Ele me lança um olhar pensativo por um segundo, entãoacena com a cabeça uma vez. — Agora eu entendo.

— O que?— Você cresceu com quatro meninos, todos muito espertos,

provavelmente amando torturar a única menina da casa. Mãeinsatisfeita. Eles provavelmente pensaram que você também seriauma dona de casa simpática, e você passou a vida inteira provandoque eles estavam errados.

Eu olho para ele e deslizo minha mão, sentindo a irritação subirdos pés à minha sobrancelha arqueada.

— Uau. Isso foi ofensivo em muitos níveis.Arthur parece surpreso.— Como assim?— Em primeiro lugar, chamando minha mãe de insatisfeita por

dedicar sua vida à família. Você acabou de insultar, tipo, metade dasmulheres do planeta. — Ele abre a boca, mas eu o interrompo. —Em segundo lugar, não aprecio a pequena avaliação da psicologiapopular.

— Eu sinto muito. Eu não quis ofender. Só estou tentandoentender você.

A maneira como ele diz isso apaga quase todas as chamas deraiva em mim, mas mantenho meu queixo para fora, mesmo assim.

— Bem, você ofendeu .— Eu gostaria de não ter feito isso porque você estava sorrindo

antes e agora ... você não está.— Ele levanta a mão e toca meulábio inferior com o polegar. — É uma grande perda para mim,porque me apeguei bastante ao seu sorriso em um período muitocurto de tempo.

Bem, quando ele coloca dessa maneira... — Suponho que seucoração estava no lugar certo.

— Perdoado?— Perdoado. — Eu dou a ele um pequeno sorriso. — Além

disso, isso me dá uma vantagem novamente, de uma maneira muitogrande.

Ele estreita os olhos de brincadeira.— Porque eu admiti ser um viciado em sorriso de Tessa?— Porque se eu tweetar seu comentário sobre mães que ficam

em casa estarem insatisfeitas, você ficará totalmente ferrado.— Oh, merda. Você está certa.

Eu estreito meus olhos e tento meu olhar mais sinistro.— Você é meu agora, Sua Alteza.Ele lambe os lábios.— O que você vai fazer comigo, senhorita Sharpe?O carro para. Eu olho pela janela para ver a casa dos meus pais

à minha direita.— Por enquanto, forçar você a passar tempo com minha família.— Estou mais interessado no que você fará comigo depois da

festa.Desta vez, quando estou pronta para entrar, é com uma

animação nervosa que não sentia desde... bem, talvez nunca.

— V

V I N T E

BOLO BARATO E BUGIGANGAS COMEMORATIVAS REAIS

Arthur

ossa Alteza, por favor, espere aqui para que eu possa fazeruma avaliação rápida de segurança das instalações. — Ollie fica aolado da porta enquanto Tessa sai. Por que ele está falando? Estoutentando apreciar sua bela bunda desse ponto de vista.

— Não precisa, Ollie. Tenho certeza que é seguro — eu digo,seguindo aquele belo traseiro para fora da limusine.

— Infelizmente, não posso permitir que você entre até quetenhamos certeza.

— Oh, mas, é a casa dos meus pais — Tessa diz. — Quemestaria esperando para assassinar o Príncipe? Ninguém sabe queestamos chegando.

Garota durona. Já mencionei que estou realmente começando agostar dela?

Ollie a ignora.— Com todo o respeito, Vossa Alteza, a senhorita Sharpe aqui

não é exatamente amigável. Há uma boa chance de haver maiscomo ela lá dentro.

Eu cerro meus dentes e falo através deles.— Realmente não é necessário, Ollie.Tessa toca meu braço.— Está tudo bem. Compreendo. Eu irei com ele.— Desculpe, Tessa — eu digo, procurando seus olhos para ver

se ela está ofendida.

Ela sorri.— Está bem. Realmente. As crianças vão pensar que isso é uma

piada.Eu espero ao lado do carro, me sentindo uma completa idiota

enquanto a vejo subir os degraus da frente. Ela abre a porta, entãoela e Ollie desaparecem dentro. Eu fico de pé e observo uma ruaperfeitamente normal alinhada com casas normais que estão cheiasde famílias normais que têm lutas normais. Como deve sermagnífico ser desconhecido.

Vejo curiosos segurando as cortinas da sala da frente do outrolado da rua. Eu dou a eles um pequeno sorriso e um aceno. Sorrisose acenos atordoados são minha recompensa antes que a porta dafrente da casa dos Sharpe se abra e um fluxo de crianças saia comoleite de uma jarra derramada. Eles gritam enquanto vão direto paraa limusine. Os adultos os seguem, descendo os degraus em minhadireção. Porra. Isso é um pouco demais.

— É uma limusine de verdade!— Eu disse que era, seu idiota!— Ali está ele! É Arthur!— Príncipe Arthur, olá!— Podemos pegar uma carona?— Não, você não pode pedir uma carona, seu cabeça de massa.

Ele é um príncipe. Ele não vai deixar seu traseiro sujo na limusine.— Tabitha! Isso não é legal.— Ele cheira a peidos! Não podemos deixar ele feder o carro do

príncipe como um peido.Comecei a rir quando o caos começou na calçada. Procuro

Tessa na multidão, apenas para localizá-la no degrau de cima,estremecendo. Eu aceno e murmuro: — Está tudo bem.

Ela sorri quando as crianças se apresentam a mim, e eu apertosuas mãozinhas pegajosas, uma de cada vez, memorizando seusnomes ao longo do caminho.

Josh, que tem dedos especialmente quentes e pegajosos, pulapara ser ouvido por cima das outras crianças.

— Podemos dar um passeio em seu carro, Sua Majestade?— Oh, você não deve me chamar de sua majestade. Esse título

está reservado para o monarca reinante.

Josh inclina a cabeça, parecendo muito confuso.— Só meu pai é chamado de vossa majestade. Me chame de

Arthur, ok?— Ok — diz ele impacientemente. — Podemos dar um passeio,

Arthur?— Se estiver tudo bem com o seus pa… — Antes que eu possa

dizer as palavras, a porta dos fundos da limusine é aberta e todasas crianças entram, seguidas por três homens que suponho seremirmãos de Tessa.

Um deles grita: — É isso. Ninguém mais pode caber aqui.Quando a porta se fecha, ouço uma das crianças gritar: “Uma

vez ao redor do parque, Jeeves.”Uma explosão de risos vem de dentro.Tessa está parada ao meu lado agora, com a mão na testa.— Eu sinto muito por isso. Pobre Ben.— Tudo bem. O vidro de privacidade é à prova de som.— Ainda assim. — Ela balança a cabeça. — Você pensaria que

eles nunca conheceram um príncipe antes.— Oh, eu não sou nada. É a limusine que é a verdadeira estrela

do show.Somos abordados pelos adultos que sobraram. Eu sorrio para o

casal mais velho antes de mim.— Vocês devem ser os pais de Tessa. Evi e Ruben, certo?Eu faço uma pequena reverência e aperto a mão de Ruben.— É maravilhoso conhecer vocês dois.Beijando Evi nas bochechas, e continuo: — Vocês devem estar

muito orgulhosos de Tessa. Poucas pessoas conseguem me manterna ponta dos pés do jeito que ela fez.

Evi cora profundamente e as duas sorriem para mim.— Sim, ela é esperta de verdade, essa aqui.Eu me viro para uma mulher mais jovem, de aparência bastante

redonda, que temo que possa fazer xixi nas calças de tão animada.— Ahh, Nina, certo? Não há nada tão lindo quanto uma mulher

grávida. O símbolo perfeito de esperança. — Eu coloco as duasmãos em sua barriga e abaixo minha cabeça um pouco. — Olá, aídentro! Venha logo para que possamos te conhecer.

As mulheres adoram isso. Só que, quando eu olho para o rostodela, a mamãe feliz não está sorrindo. Ela parece bastante irritada.Agora que penso sobre isso, sua barriga não tem aquela qualidadedura que a maioria das barrigas grávidas tem. É... mole.

Ah, Merda.Cunhada errada.Se olhares matassem, ela seria julgada por traição. — Eu não

estou grávida. E eu não sou Nina. Sou Isa.Bem, foda-se. Não há como voltar disso, não é? — Isa — eu

sufoco uma risada desconfortável e puxo minhas mãos. — Nãoestou usando minhas lentes de contato hoje, então minhapercepção de profundidade está muito errada. — Isso nem faziasentido, não é? Puta merda.

Ela me encara e aponta para a mulher parada atrás dela, queestá se esforçando muito para não rir.

— Ela é Nina.— Certo. Desculpe. — Porra. — Olá, Nina.— Vamos entrar, sim?— Tessa diz.Oh, sim. Querido Deus, vamos entrar, onde oro para que sirvam

muita bebida.

A próxima hora da festa continua sem problemas. Fico na cozinhacom os irmãos e o pai de Tessa enquanto bebemos cerveja etentamos ficar fora do caminho de crianças açucaradas. Assenhoras da família, além de Isa - que pode guardar rancor comoninguém - riem e sorriem para mim, oferecendo-me mini rolos delinguiça e me fazendo perguntas e mais perguntas sobre a vida nopalácio (é movimentado, mas às vezes pode ser bem tranquilo),quem arruma o cabelo da minha irmã (uma cabeleireira), tenhomesmo a minha própria coroa (sim, mas tiro na hora do banho ouquando vou dormir).

Tessa sorri para mim do outro lado da sala e, de vez em quando,murmura um pedido de desculpas para mim. Deus, ela é bonita.

Quando nos sentamos para jantar, o irmão dela, Bram, fala alto.— Então, Tess, você e Sua Alteza são um casal agora ou o quê?

— De modo nenhum. Ele foi gentil o suficiente para se juntar anós para a festa.

—Sério? Porque não seria a primeira vez que Tessa perde achance com quem ela acha que vai gostar dela.

— Cale a boca, Bram — ela diz baixinho, seus olhos disparandoadagas nele.

Ele toma um gole de cerveja.— Sim, ela uma vez se apaixonou pelo...— Bram! É o bastante! — A voz de Evi faz jus ao sobrenome

Sharpe. Eu me sento ereto na minha cadeira em resposta.— Arthur, devo dizer que estou chocado por você estar aqui. —

Isso vem de um cara alto e magro chamado Lars. — Depois de tudoque Tessa escreveu sobre você, achei que você a odiaria.

— Longe disso. Se um homem não aguenta um pouco de crítica,ele não é muito homem, não é? — Eu digo, cortando o peru comminha faca e colocando uma garfada na boca.

— Eu não esperava que você prestasse muita atenção emqualquer coisa que ela tivesse a dizer, de qualquer maneira. Estoucerto? — Bram pergunta.

Que idiota.— Por que não?— Ela não é exatamente a ferramenta mais afiada da família

Sharpe. — Todos eles começam a rir.Minha cabeça vira para trás e eu coloco meu garfo e faca na

mesa.— Pelo contrário, Tessa é uma das pessoas mais brilhantes que

conheci. E conheci a maioria dos melhores engenheiros da NASA.— Você deve estar falando sobre alguma outra Tessa. — Finn ri.

— Essa é uma jornalista desgraçada que foi demitida e acabourevisando o equipamento da câmera e tirando mijo do rei para viver.Não é preciso um Lars aqui para fazer isso.

Eu o encaro por um momento, tentando recuperar minhacompostura antes de pular sobre a mesa e dar um soco em seurosto presunçoso.

— Se você realmente não sabe o quão inteligente e perspicazela é, me parece que você nunca se preocupou em ouvir umapalavra que ela disse, ou ler uma frase de sua escrita. Francamente,isso diz muito mais sobre o seu próprio intelecto do que o dela.Tessa é brilhante. E ela se fez sozinha, ao contrário de mim. Eu nãotenho nada além da maior consideração por ela.

Eu olho para ela e vejo que Tessa está piscando para conter aslágrimas. Ela se levanta e pede licença em silêncio. Estou prestes ame levantar e ir atrás dela, quando sua mãe se levanta.

Evi balança a cabeça para os filhos.— Não podemos apenas ter um jantar em família com o Príncipe

sem vocês agindo como burros?Ela se levanta e segue Tessa para fora da sala.— Vovó acabou de xingar!— Por que ela disse que estamos agindo como burros?— Ela não fez isso. Ela estava falando sobre nossos pais.— Podemos abrir nossos presentes agora?

— B

V I N T E E U M

FAL ANDO EM IDIOTAS. . .

Tessa

em, isso foi… algo — Arthur diz assim que a limusine seafasta.

— Em retrospecto, provavelmente não foi uma boa ideia trazervocê.— Eu me encolho, pensando nos muitos momentos baixos dafesta.

— Discordo. Foi o melhor momento que passei em anos.O olhar de pura diversão em seu rosto é contagiante, e me

encontro sorrindo para ele.— Minha parte favorita foi quando você estava falando com o

estômago de Isa.Ele começa a rir e cobre o rosto com uma das mãos.— Por que eu fiz isso? Quer dizer, sério? Com minhas mãos na

barriga dela e tudo.Rimos até que as lágrimas escorram pelo nosso rosto.Quando me recupero um pouco, digo: — Olá, aí dentro! Venha

logo para que possamos conhecer você!Ele balança a cabeça.— Isso foi horrível, não foi?— Isa nunca vai te perdoar.— Você tem certeza? Achei que a coisa toda parecia rolar pelas

costas — diz ele, irônico.— Você pode ter perdido um voto lá. Que pena, porque era uma

garantia.

— Merda. Se ao menos as crianças pudessem votar. Elassalvariam minha bunda. — Ele sorri. — Gostei muito da parte emque abriram nossos presentes. Isso foi genuinamente divertido.

Nossos presentes? Isso tem um toque agradável, masassustador.

— Seus presentes, você quer dizer. E foi divertido. É minha partefavorita de ser tia — eu digo.

— Eu posso ver por quê. Foi muito melhor do que a partequando Lars conectou seu telefone à televisão para que elepudesse mostrar a todos o vídeo do Shock Jogger.

Eu bato minha mão no meu rosto.— Ugh. Isso nunca vai passar, não é?Arthur tenta não rir.— Eu diria que é improvável, já que os caras do Auto-tune The

News saíram da aposentadoria em sua homenagem. Não acreditoque você já conseguiu mais hits do que o cara do arco-íris duplo.Bastante impressionante, se você pensar sobre isso.

Eu franzo os lábios e olho para ele por baixo das minhassobrancelhas.

— Oh, não é tão ruim. Você fica muito atraente apenas com seusutiã esportivo e aquelas calças de corrida justas. Movimentando,mas firme.

Nota mental. Certifique-se de correr ao redor do palácio todas asmanhãs. Eu sorrio para ele e deslizo meu dedo indicador no centrode seu rosto. — Eu estou... bêbada.

— Eu também. — Ele sorri. — Não é maravilhoso?— Sim. E bastante necessário quando vai a uma festa de

aniversário para crianças de seis anos.— Concordo.Eu inclino minha cabeça em seu ombro novamente, me sentindo

quente e segura e apenas a quantidade certa de tonta.— As crianças adoraram você. E meus pais também.— Eu realmente gosto deles. As crianças, principalmente. Elas

são hilárias. Seus pais foram muito receptivos, mas eles realmentenão lhe dão crédito suficiente, então eles perdem pontos por isso. —Ele passa os dedos preguiçosamente pelo meu braço e eu sintoarrepios deliciosos.

— Seus irmãos são idiotas, entretanto. Muitos deles. Até ocientista de foguetes.

— Não é? — Eu me sento e olho para ele. — Finalmente,alguém vê.

— Eu soube imediatamente. — Seu rosto fica sério. — Falandoem idiotas, meu pai estará em casa quando chegarmos lá.

Meus olhos se arregalam com sua declaração.— Eu não deveria ter dito isso. Muita cerveja. Você pode

esquecer os últimos três segundos?— Sim, claro.— Obrigada. Você é muito gentil para uma blogueira cruel.— Aww. Você é tão doce.Ele ri, e eu amo totalmente que ele me entende. Então suas

sobrancelhas se juntaram e ele me encara por um longo momento.Quando começo a pensar que ele pode me beijar, ele limpa agarganta.

— Quanto ao meu pai, as coisas não têm exatamente a mesmasensação quando ele está em casa. Você achará issoconsideravelmente mais formal. Alguns o descreveram como tenso,até.

Opa. Até meu cérebro embriagado está percebendo o fato deque estamos caminhando para águas turbulentas. De repente, mesinto um pouco mais sóbria.

— Não se preocupe comigo. Eu posso lidar com isso.— Você não é tão durona quanto finge ser. Eu vi você chorar

quando seus irmãos estavam constrangendo você no jantar.Olho pela janela por um segundo, observando o borrão de luzes

passando.— Eu não chorei porque eles estavam sendo desagradáveis. Eu

chorei porque você estava sendo tão legal.— Oh. Entendo.Estou com medo de olhar para ele, mas faço isso mesmo assim.— Estou acostumada com eles sendo horríveis comigo, mas ter

alguém me defendendo foi ... inesperado. Então, vou ficar bem,desde que seu pai não seja muito gentil.

— Ele não será, o que é o que me preocupa.

— Não se preocupe. Não é como se eu esperasse umarecepção calorosa de qualquer um de vocês.

— Você deve ter uma recepção calorosa onde quer que vá.Quando eu for rei, vou fazer disso uma lei. Tessa Sharpe deve serrecebida calorosamente onde quer que vá.

— Meu Deus, você é terrivelmente perfeito, algo que nuncapensei que diria em um milhão de anos. Não para você.

— Bem, essas duas últimas semanas foram cheias de surpresaspara nós dois, então.

Nós nos encontramos olhando nos olhos um do outronovamente, e novamente, estou hipnotizada por ele. Quero serolhada assim todas as noites pelo resto da minha vida e, se nãotivesse bebido tanto vinho, saberia o suficiente para ficar apavoradaagora. Mas estou bêbada de vinho, bêbada de Arthur e bêbada decada sentimento que ele desperta em meu corpo, coração e alma.Faz apenas alguns dias, e eu sei que é melhor não me permitirsentir qualquer um desses sentimentos, eu prometo que sim. Masvocê já foi surpreendido? Tipo, de um jeito que você nem conseguesentir suas pernas porque elas estão fracas de necessidade quandovocê está perto daquele cara? Porque é assim que me sinto agora.E eu nunca quero que esse sentimento desapareça.

— Eu preciso de sua opinião sobre algo. Eu tenho o que podeser uma ideia muito ruim e preciso saber o que você pensa — Arthurdiz, sua voz cheia de luxúria.

Eu engulo em seco.— Você provavelmente já percebeu que não me importo em

compartilhar minha opinião.— Eu devo ter notado. — Ele olha para os meus lábios. — E se

fizéssemos da limusine uma zona de 'apenas duas pessoas'?— Isso seria definitivamente uma ideia muito ruim.Seus olhos travam nos meus e aquecem todo o meu corpo de

uma forma totalmente magnífica.— Concordo. Estaremos muito na limusine nas próximas

semanas. Seria um descuido.— Um descuido completo. — Minha voz tem aquela qualidade

ofegante agora que só ele pode falar.Ele abaixa sua boca sobre a minha.

— Então, não deveríamos.— Não, definitivamente não deveríamos. — Eu inclino minha

cabeça para trás e fecho meus olhos.Assim que seus lábios roçam os meus, a voz de Ollie se

intromete no alto-falante.— Chegamos ao castelo, Sua Alteza. E acredito que seu pai está

esperando por você.

O

V I N T E E D O I S

BLOQUEADORES DE GALOS E VENENO DE RATO

Arthur

llie pode ser um empata foda às vezes. Como agora. Sei quemeu pai provavelmente deu ordens estritas de que quer me

ver imediatamente, mas sério? Ele não poderia ter dito a Ben paratalvez pegar o caminho mais longo para casa? Digamos, viaFrança? Ninguém percebe há quanto tempo faz que meu cetro nãoé polido?

Saímos da limusine para o ar escuro da noite. É uma noiteexcepcionalmente quente de primavera, e Tessa claramente sabeque não deve chegar muito perto agora que estamos aqui. Elacolocou sua voz de locutor e está agradecendo Ben e Ollie por nosacompanharem até a casa de seus pais. Ela é um verdadeiro doce,por falar nisso. Ela até saiu com pratos de comida e uma cervejapara cada um deles durante a festa. Mais tarde, ela tirou algumasfatias daquele bolo de aniversário enjoativamente doce também. Foio mais simples dos gestos, mas pude ver o impacto que teve sobreos dois. E devo dizer que estou mais do que um poucoenvergonhado por nunca ter considerado fazer isso sozinho.

— Obrigado, companheiros. Boa noite.Subo as escadas com Tessa, o mais devagar possível, nós dois

sabendo que assim que chegarmos ao outro lado daquelas portas,tudo vai mudar. Já existe um espaço entre nós que não existiaantes, e é fisicamente doloroso para mim não tocá-la. Por maisridículo que pareça, é verdade.

Quando chegamos ao último degrau, me viro para ela.— Lamento muito que nossa noite tenha chegado a um fim tão

abrupto. — E eu lamento. Eu realmente lamento.— Eu também. Foi um dia maravilhoso. Muito mais do que eu

esperava. — Seu sorriso não alcança seus olhos verdes musgosos,mas eu a amo por tentar fingir.

— Obrigado novamente por vir comigo. Apenas ter você lá foi...uma emoção única na vida. Para minha mãe, quero dizer. Ela é umagrande fã. E para mim, foi ótimo ter alguém lá para lutar por mimpela primeira vez.

— A honra foi minha. — Há tanta coisa que quero dizer nestemomento que me levaria a noite toda. Mas eu sei que em algunssegundos, essa porta se abrirá e nosso dia perfeito chegará ao fim.

— Posso te perguntar uma coisa? Por que você me defendeu,em casa?

— Porque era a verdade. Você é brilhante. Mesmo que algunsde seus argumentos sejam mal informados, seu raciocínio é sólido,dadas as informações nas quais você os baseou. Você conseguiuarticular suas crenças com uma clareza que poucas pessoaspossuem. — Eu sorrio para ela. — Além disso, você é bastanteagradável aos olhos e uma beijadora absolutamente incrível.

Ela sorri para mim e, desta vez, sei que ela não está apenasfingindo estar feliz. E por um momento perfeito, as coisas são comoeu quero que sejam.

Então, a porta se abre e Damien está do outro lado com umolhar insolente no rosto.

— Aí está você, Sua Alteza. Sua Serena Majestade o espera háalgum tempo.

Nós o seguimos para dentro e em direção ao escritório de meupai. Quando chegamos às portas, Damien para.

— Eu acho que é melhor se o Príncipe Arthur entrar sozinho,senhorita. Sua Majestade tem negócios urgentes para o Príncipe.

— Certamente. — Ela concorda. — Boa noite, Sua Alteza.— Boa noite. — Eu vejo quando ela vira para o lado errado e

começa a andar. — Tessa.— Sim? — Ela olha para trás.

— Seu quarto é por ali. — Eu aponto na direção geral de seuquarto.

— Entendi.Ela gira, e eu não posso deixar de observar enquanto ela se

apressa pelo corredor.— Então, o velho está chateado comigo?— Eu tentei te avisar. Estarei no meu escritório se for necessário.

— Damien se curva, então me deixa sozinho para enfrentar meupai.

Eu respiro fundo, esperando ficar sóbrio nos próximos dezsegundos. Eu fecho meus olhos e silenciosamente digo a mimmesmo: obtenha a vantagem, estabeleça os limites cedo, nãoestrague tudo.

Então abro a porta da minha perdição.

As pessoas vão te dizer que meu pai parece um ursinho de pelúcia,mas tem a voz e o comportamento daquele tio mau no desenhosobre os leões. Você conhece aquele, Jeremy Irons o interpretou,acho que ele tinha uma cicatriz no rosto ou algo assim. Enfim, quemfala isso do meu pai não está errado. Ele pode atraí-lo com seusorriso amigável e seu cabelo castanho claro que nunca quer ficartotalmente arrumado em sua cabeça. Mas é bom lembrar que, senão tomar cuidado, você pode ser atirado de um penhasco em umadebandada de gnus. Bem, não literalmente. Mas ele certamente vaite ferrar se a oportunidade se apresentar. Eu realmente deveria terdito não à última cerveja.

Até agora, a recepção desta noite é praticamente normal, desdeque me lembro. Fico atrás das cadeiras em frente à sua enormemesa de nogueira brilhante, enquanto meu pai está sentado em suacadeira de couro de encosto alto fazendo a papelada, um copo deuísque na mão direita. Ele não olha para mim, mas continuaescrevendo. A única coisa que mudou é que, quando isso começou,eu mal conseguia ver por cima de sua mesa.

Eu fico olhando para todas as cabeças de animais na parede àminha esquerda. Para todas as coisas ele atirou em si mesmo, ouassim ele afirma. Eu me pego olhando para o veado no meio daparede. Seus olhos negros e vítreos refletem meu próprio coraçãovazio quando estou perto de meu pai.

Finalmente, ele fala.— Meu filho retorna. Eu entendo que você estava em um

negócio urgente em nome do seu pau.Aqui vamos nós. — É bom ver você também, pai. Que bom que

você teve uma viagem segura.Ele acena com a mão para mim, mas continua trabalhando.— Disseram-me que você e essa crítica blogueira são

inseparáveis. Realmente está vivendo de acordo com seu potencial,tanto quanto sua inteligência vai, não é?

— Eu sei que parece pouco convencional, mas agir de acordocom o protocolo regular não tem nos servido muito bem nos últimosanos. E devo dizer que as coisas estão indo muito de acordo com oplanejado.

— Sério? — Ele larga a caneta e toma um gole de sua bebida.— Isso deve ser bom.

— Isso é bom. No ritmo que estou indo, vou convencê-la muitoantes que os dois meses acabem.

— E depois?—Então, ela fará o trabalho pesado em nosso nome. — Vou até

seu carrinho de bebidas e me sirvo de um bourbon. Foda-se. Melhortomar uma bebida noturna neste momento. — Na verdade, tenhocerteza de que se fizéssemos uma pesquisa com as pessoas agora,descobriríamos que nosso índice de aprovação aumentou apenaspor tê-la aqui.

— E, no entanto, ainda a quero fora da minha casaimediatamente.

— Não podemos nos livrar dela agora. Seria um pesadelo derelações públicas. Além disso, as coisas realmente estão indo muitobem. — Não consigo esconder meu sorriso estúpido quando pensonela, o que não ajuda em nada agora.

— Muito bem? Você tem uma idiota morando aqui que nãoconsegue ficar mais de dois minutos sem fazer papel de boba.

— Eu não diria isso. Ela é muito inteligente. Propensa apequenos contratempos embaraçosos, sim, mas as pessoas achamisso bastante cativante. — E por pessoas, quero dizer eu. — Alémdisso, ela tem bastante influência e, se você se preocupou em ler oblog dela recentemente, ela já está vindo para o nosso lado.

— Cativante, sério? Cheirando as axilas dela na câmera? — Elefranze o nariz. — Ela está zombando de todos nós. E não penseque não sei o que está acontecendo. Arthur, príncipe herdeiro daAvonia, duque de Wellingbourne, idiota que está prestes a permitirque uma idiota sarnenta derrube a monarquia.

— NÃO a chame assim.— Oh, Cristo, você é previsível.— Ele balança a cabeça em

desgosto. — Por que eu não deveria chamá-la assim? Ela não temmais importância para mim do que uma mosca de fruta pousando nomeu prato.

— É uma pena que você a veja dessa forma, porque ela podeser a única pessoa em todo o reino que pode nos salvar. Alémdisso, tenho um plano B guardado, caso seja necessário. — Eu meodeio imediatamente quando as palavras saem da minha boca.

— Qual é?Posso dizer que ele já sabe. Este é um teste de minha lealdade,

e realmente não há motivo para falhar. Mantenha seus inimigosmais próximos…

— Damien conseguiu cavar um pouco de sujeira em seupassado que podemos usar contra ela. Mas, como eu disse, nãoprecisaremos disso.

Meu pai zomba. Ele gosta muito de zombar, e é por isso quenunca faço isso.

— Você vai falhar, você sabe. Mesmo se o seu plano tivesseuma pitada de mérito para começar, não há tempo para executá-lo.Mas não importa. — Ele golpeia o ar com uma das mãos. — Agoraque estou aqui, vou cuidar das coisas sozinho.

— Pela primeira vez, você pode apenas permitir a possibilidadede que outra pessoa além de você possa ...

— Você não tem ideia, não é?— Sobre o que? — Besteira. Eu provavelmente deveria saber o

que ele está prestes a dizer.

—Amanhã, o gabinete do Primeiro Ministro vai anunciar oreferendo. Eles querem dissolver nossos poderes de uma vez portodas. A votação ocorrerá em dez semanas.

— Oh. Entendo. — Eu caio em uma cadeira e olho para a cristaatrás de sua cabeça. É o selo real, esculpido em madeira e depoismergulhado em ouro na época em que Robin Hood e seus alegreshomens corriam pela floresta em collants. O brilho diminuiu e oslobos protegendo a coroa parecem quase sinistros para mim nestemomento - como se eles fossem pular da parede e me atacar. Eurealmente não deveria terminar este bourbon.

— Sim, agora você vê. Deixe-me esclarecer uma coisa paravocê. Manteremos o poder por todos os meios necessários. Vocêentende isso? Qualquer meio. Não dou a mínima para quem semachuca no processo. Não você, não sua blogueira vadia. A únicacoisa que importa é manter nosso governo sobre esta nação. — Elebate com o punho na mesa, fazendo com que sua caneta salte erole para o chão. É seu movimento característico. Tem secretáriaspulando de saia, e o velho desgraçado adora.

— É tão bom saber o quanto você se importa, pai. Comosempre.

— Pare de ser uma criança. Nossa família segurou esta naçãopela maior parte do milênio. Não a perderemos sob meu reinado.

As coisas praticamente pioraram a partir daí. Ele zombou de mimpor não saber sobre o anúncio do Primeiro Ministro que ainda nãoaconteceu. Eu critiquei ele por apostar no cavalo errado.

Ele me disse que se esse meu plano idiota falhar, eu serei oúnico responsável por derrubar essa monarquia e que entrarei nahistória como o primeiro herdeiro a nunca assumir o trono.

Ao que respondi: — Eu diria que você descerá como o rei queacendeu o fósforo que queimou a casa inteira.

— Se tudo explodir em chamas, pode ser uma bênção. Vocêseria um péssimo líder. Você é fraco como sua mãe.

Foi aí que as coisas ficaram realmente feias, porque eu dissealgo que nunca disse e nunca pensei que diria em toda a minhavida. Certamente não para ele. Eu disse: — Talvez você goste se euseguisse o mesmo caminho que ela.

Ele parou e apenas olhou para mim com seus olhos frios emortos. Até aquele momento, ele não tinha ideia de que eu sei queela tirou a própria vida. Ele pode ter suspeitado que eu sabia, masnunca disse isso em voz alta.

— O que você acabou de dizer?— Você me ouviu, meu velho.Então ele jogou seu copo de uísque em mim. Eu me abaixei e

ele bateu no chão atrás de mim.

Então, agora estou deitado na cama, ouvindo os segundospassando no meu relógio de parede e esperando a manhã chegar.Se for realmente honesto, diria que odeio o homem. Sempre odiei.Bem, nem sempre. Houve um tempo em que eu era muito pequeno,em que busquei sua aprovação acima e além de qualquer outracoisa. Mas quando fiz dez anos, percebi que isso nuncaaconteceria. E isso nunca aconteceu. Então, quando descobri comominha mãe realmente morreu, foi só para mim e para ele. Eu estavacheio.

Eu mesmo deveria tê-lo envenenado há muito tempo. Eu poderiater encontrado algum líquido indetectável naquele site do mercadonegro com todas as armas. Eu também não seria o primeiro emnossa família a fazer isso - envenenar um rei, quero dizer, não fazercompras online.

Cerca de duzentos anos atrás, o duque de Elderbridgeenvenenou seu irmão, o rei Edwin, com veneno de rato. Eleesperava conseguir toda a família de uma vez, mas esqueceu qualtaça não tinha o veneno e bebeu ele mesmo, deixando sua irmãmais nova viva e pronta para governar. Ela fez um ótimo trabalho,aparentemente. Conseguiu reduzir os impostos tirando quase todosos prisioneiros para fora das masmorras e colocando-os paratrabalhar nas fazendas de propriedade nacional. Assim, ao mesmotempo em que baixou os impostos, colocou alimentos saudáveis à

disposição de todos a um preço justo. Vê? Eu disse a você que asmulheres deveriam governar o mundo. Por que ninguém mais vêisso?

Enfim, de volta ao meu pai. O homem tem outros vinte anos pelafrente. E quando ele finalmente estiver de saco cheio disso, nãovalerá a pena sentar no trono, se é que estará aqui, quando o verãochegar.

Eu gostaria que Tessa estivesse deitada ao meu lado agora. Ouembaixo de mim. Eu realmente deveria me levantar e jogar umpouco de água agora. Vou ter uma ressaca horrível amanhã demanhã de novo.

Ou em cima de mim. Eu gostaria dela em cima de mim, assimcomo embaixo de mim.

M

V I N T E E T R Ê S

NENHUM IMPOSTO FOI USADO NA CONFECÇÃO DESTEVESTIDO

Tessa

ensagem de mim para Arthur: Alguma chance de você fazerovos esta manhã?

Arthur: Hoje não. Creio que ficarei ocupado em reuniões o diatodo. Em uma agora, na verdade.

Eu: Bom. Eu não queria ficar com você de qualquer maneira. Eusó estava usando você para suas habilidades culinárias.

Arthur: Eu nunca fui usado para isso antes.Eu: Acostume-se. Os ovos estavam muito bons.

Sento-me à minha mesa e espero uma resposta, mas não vemnenhuma. Mavis traz uma bandeja de comida.

— Achei que você gostaria de tomar café da manhã no seuquarto novamente. — Ela abaixa a bandeja. — Há uma nota do Sr.Hendriks para você.

Eu pego, deixando a comida intocada.— Obrigada, Mavis.Abro o envelope e vejo uma nota manuscrita.

Srta. Sharpe,

Os próximos dias serão ocupados para o Príncipe Arthur. Ele eseu pai estarão em reuniões que devem permanecer privadas parao benefício e a segurança de nossa nação. A princesa viúvasolicitou que você comparecesse à suíte dela para escolher umvestido para o próximo baile. Ela espera que você esteja lá por voltadas dez em ponto.

Por favor, me ligue no número abaixo, se precisar de algumacoisa.

Atenciosamente,Vincent

Eu olho para o meu telefone novamente, mas ainda não hámensagem de Arthur. Uma pontada me atinge. Solidão, talvez?Desejar algo que não posso ter e não deveria querer, é maisprovável. Droga. Eu realmente baguncei as coisas.

Eu arranco um pedaço do bolinho de mirtilo quente e coloco naminha boca. Mmm. Droga, isso realmente derrete na boca. Algumareceita secreta da realeza que escondem do público, que sóconsegue comer bolinhos bem comuns. Bastardos.

Oh, querida, Tessa, isso é tudo que você pode inventar?Bolinhos deliciosos? Isso não vai exatamente derrubar a monarquia,vai?

Já se passaram mais de duas semanas e não encontrei nadapara provar meu ponto. Eu sei qual é o problema. É que Arthur ébom demais em suas tentativas de me conquistar. E minhas partesfemininas querem que eu deixe ele me convencer. Querido Deus,elas sempre querem. Eu penso sobre ontem. A caminhada, o beijo,o almoço, mensagens de flerte, a compra de brinquedos, a festa ...era quase como encaixar um mês de namoro em um dia. Mas nãofoi, e nós não somos. E eu tenho que aceitar isso. Não importa oquanto eu tenha rido ou o quão fracos meus joelhos tenham ficadoquando ele me beijou, estamos em lados opostos de uma batalha, enão posso perder se algum dia tiver uma segunda chance comojornalista respeitada.

Pego meu telefone e disco o número de Nikki.

— Aí está você. Finalmente — ela diz em vez de 'olá'. — Eu vivocê e o Príncipe Encantado no noticiário da loja de brinquedosontem.

— Havia câmeras?— Alguém em uma loja do outro lado da rua com um telefone

celular. Aquilo parecia bastante aconchegante.— Foi divertido, mas não interprete nada disso. Ele está

desesperado para fazer o que for preciso para me agradar, lembra?— Bem, ir para a casa de seus pais para um jantar em família

está acima e além. Quase me faz sentir que ele merece ser reialgum dia.

Eu também.— Ha! Vai demorar muito mais do que um jantar em família e

algumas mensagens de flerte para me convencer.— Mensagens de flerte? — ela pergunta. — Pode falar,

senhorita.Merda.— Oh, não foi nada. Ele é apenas ... exatamente tão charmoso

quanto você pensou que ele seria.Nikki ri.— Então, eu estava certa. Seu maior problema é não dormir com

ele. Espere. Você não dormiu com ele, não é?— Não, eu não dormi com ele. Deus. Eu não sou uma idiota

completa. — Eu bufo.— Mas você quer.— Talvez um pouco.Eu ouço o barulho da água, e então a voz abafada de Nikki

gritando. A água bate novamente e ela está de volta.— Me desculpe por isso.— Grito subaquático?— Sim. Você totalmente tem que dormir com ele! Quero dizer,

quando na sua vida você terá a chance de transar com um príncipede verdade? Pense nas histórias que você contará para seus netosum dia.

— Não acho que esse seja o tipo de história que você conta aosseus netos.

— Talvez não, mas pense nas histórias que você contará paratodas as outras senhoras da casa de repouso algum dia?

— Elas nunca acreditariam em mim. Elas vão pensar que tenhodemência. Mas, de qualquer forma, liguei para você para meconvencer a descer da borda, não para me encorajar a pular.

— Ok, você está certa. Você não pode dormir com ele — ela dizcom firmeza. — Seria um grande erro, poderia arruinar sua carreira,sem mencionar que você perderia o pouco de respeito que suafamília tem por você, caso descobrissem.

— Isso é melhor. Continue porque ainda estou tendo a visão delesem camisa piscando em meu cérebro toda vez que fecho os olhos.

— Bem, nesse caso, você deve esquecer tudo e dormir com ele.— Nikki! Sério. Estou tendo uma crise aqui — digo. — Como

minha melhor amiga, preciso que você me ajude aqui.— Por quê? Ele estaria pronto para um ménage? Porque nunca

pensei em você dessa maneira, mas se o Príncipe Encantadoquisesse, eu teria que considerar.

— Ok, número um, não! Número dois, não está ajudando!— Desculpe. É demais. Meu cérebro está em curto-circuito com

cada palavra que você diz agora.— Talvez seu cérebro tenha se transformado em líquido por viver

na banheira.— Possivelmente.Eu olho para o relógio. Já são nove e quarenta, o que significa

que só tenho vinte minutos para tomar banho, trocar de roupa, mevestir e encontrar o caminho para o quarto da princesa viúva.

— Eu tenho que ir. Tenho um compromisso para escolher umvestido de baile em alguns minutos.

— Um vestido de baile? Oh meu Deus! Estou com tanto invejaque minha pele está ficando verde.

— Se serve de consolo, gostaria que você estivesse aqui comigopara tudo isso.

— Obrigada. Eu também. Mas se não posso ser euexperimentando vestidos de baile e cobiçando o Príncipe, fico felizque seja você e não alguma outra vadia.

— Aww. Obrigada.

Blog post – 25 de marçoHoje eu fiz algo que nunca em um milhão de anos pensei que

faria. (Embora essa pareça ser minha frase de efeito nas últimasduas semanas.) Me mediram para um vestido de baile na suíte daprincesa viúva, nada menos.

Pediram-me para comparecer ao próximo baile de aniversárioque está a ser realizado no sábado 6 de maio. Como seus olhos eouvidos na Família Real, eu concordei. Naturalmente, preciso dealgo para vestir, mas presumi que iria ao shopping como costumofazer quando vou a um baile (brincadeira, nunca fui a um baileantes). De qualquer forma, a princesa viúva teve outras ideias.

Para ser honesta, indo para isso, eu tinha certeza de que issoforneceria outro exemplo perfeito do estilo de vida luxuoso, caro edesnecessário dos Reais, mas eu descobri que não poderia estarmais longe da verdade. A princesa viúva explicou-me que, comopatrocinadora das artes e apoiadora de mulheres empresárias, emparticular, ela aproveita todas as oportunidades que encontra paraoferecer oportunidades para designers emergentes mostrarem seutrabalho.

Agora, antes que você comece a pensar que fui comprada porum vestido brilhante (é divinamente cintilante, a propósito), querodeixar claro que estou pagando pelo vestido sozinha. Fiz um acordocom a adorável e talentosa estilista Olivia Paul, pelo qual, além depagar pelo vestido e pelo tempo dela, ajudarei a divulgar o nomedela. Portanto, nenhum dinheiro de impostos foi usado na confecçãodeste vestido.

Isso é o que a Srta. Paul, que usa apenas tecidos de origemsustentável e sem crueldade, disse sobre o assunto. “Há anosespero pela minha grande chance. É assim que funciona nessenegócio. São anos de trabalho árduo, esforço, costurando até queseus dedos sangrem, e orando para que algum dia você tenha suachance de divulgar seu nome. A princesa viúva me deu essachance. Chegou a minha hora de brilhar e agora cabe a mim tersucesso ou falhar.”

Eu, pelo menos, espero que ela tenha sucesso. Se não o fizer,eu vou parecer horrível no dia 6 de Maio (piscadinha - Brincadeira,eu escrevi isso porque eu estou torcendo por ela). Ela é uma pessoamuito trabalhadora, talentosa e gentil que merece todo o sucesso.

A Srta. Paul então me disse que mora no loft industrial ondetrabalha. Ela mal paga o aluguel todos os meses, mas ainda estávivendo seu sonho. Sua gratidão por esta oportunidade foi tãocomovente que foi difícil permanecer impassível. A princesa viúvaestava absolutamente radiante de orgulho durante a prova. Aconexão delas era algo adorável de se ver, mesmo para uma velhaalma endurecida como eu.

Para quem tiver interesse em ver o vestido, a grande revelaçãovai acontecer na noite do baile. E não, não serei o par do PríncipeArthur, caso você estivesse prestes a escrever e perguntar.

Visite o site de Olivia Paul para obter mais informações sobreseu trabalho (listado abaixo).

Fique ligado para mais informações sobre a Vida no Palácio!Tessa

KingSlayer99: Tessa, o que está acontecendo entre você e oPríncipe das Mentiras? Não gostei da aparência daquela filmagemna loja de brinquedos ontem. Ele encontrou uma maneira de techantagear para fazê-lo parecer bem? Se sim, me diga para que eupossa ajudar. Eu tenho conexões.

Eu: Não precisa entrar em pânico. Sem chantagem.KingSlayer99: Que pena. Se você pudesse pegá-lo tentando

chantagear ou subornar você, teria o que precisamos.Eu: Eu não acho que ele faria isso. Na verdade, ele não é tão

horrível quanto pensei que seria. Ele pode ser surpreendentementeatencioso.

KingSlayer99: É tudo uma atuação. Ele está apenas usandovocê para fazer você recuar.

Eu: E estou deixando ele pensar que está funcionando, mas nãose preocupe. Estou mantendo meu juízo sobre mim.

KingSlayer99: Ótimo, porque você é nossa melhor chance dederrubá-los.

Mensagem de voz da mamãe: Tessa, é a mamãe. Ainda estouesperando sua resposta sobre se o Príncipe Arthur gostaria daqueleprato em comemoração ao casamento de seus pais. Ele disse quenunca tinha visto isso antes, e tenho certeza que iria querer comolembrança. Me ligue de volta e me avise.

Texto de Nikki: Acabei de resolver seu problema de sexo. Trêspalavras. Cinto de castidade. Tenho certeza que eles têm um emalgum lugar. Pergunte à avó dele se você pode pegar umemprestado até você ir embora.

Mensagem de voz de papai: Tessa, ainda se perguntando sobrea situação do trator de grama no palácio. A noite do pub estáchegando e Artie também não parecia saber que tipo de tratoreseles usam. Você com certeza o enganou. A maneira como ele falousobre como você é inteligente. Ah, e sua mãe quer saber sobreaquele prato. Ela disse que pode trazê-lo ao palácio na sexta-feira acaminho do seminário Cuidando do Seu Bonsai que ela vai.

Mensagem de voz de Daniel Fitzwilliam, proprietário da Wellbits:Este é seu último aviso, Sra. Sharpe. Ligue para mim antes do fimdo expediente hoje ou a próxima pessoa com quem você ouvir serámeu advogado.

— Esse é Giles Bigly para o CATN. Estou parado do lado de fora daescada do prédio do parlamento entre centenas de membros daimprensa. Em apenas alguns momentos, o Primeiro MinistroJanssen fará o que esperamos ser um anúncio monumental. Fontesinternas dizem que ele vai anunciar um referendo para remover afunção de poder executivo da monarquia de Avonia e colocar aFamília Real em um papel cerimonial de uma vez por todas.

— Giles, sabemos com certeza que é isso que o primeiro-ministro vai anunciar?

— Parece que é altamente provável, Verônica.— Isso será um choque para todos os fãs da realeza, assim

como para a própria família real.— Certamente que sim, embora seja meu entendimento que eles

podem ter sido avisados.— Isso poderia ser a base do recente convite do Príncipe para

Tessa Sharpe para morar no palácio?— O momento sugere isso. Pode ser uma última tentativa

desesperada de mudar as coisas por... Oh, Verônica, aí vem oPrimeiro Ministro agora.

— Você está assistindo isso?— Eu estou. — A voz de Nikki está baixa. Ela parece tão

atordoada quanto eu.— Não acredito que ele realmente fez isso. — Sempre esperei

por esse momento, mas agora que está aqui, há algo de erradonisso.

— Você já conversou com alguém da família?—Não. Ainda não. Eles estão todos em reuniões.— Então, você está feliz? Quer dizer, era isso que você queria,

não é?Não tenho uma resposta imediata, e mesmo o fato de não ter

certeza imediatamente me diz que algo mudou.— Claro. Por que eu não deveria estar? — Minha voz soa oca,

mesmo para o meu próprio ouvido.— Tem certeza?— Sim, definitivamente. Acho que sim. — Eu engulo, olhando

para a campina tranquila abaixo. Para ser sincera, me sinto mal pordentro, sabendo como deve ser esse momento para Arthur e aprincesa Florence. Até Arabella deve estar em choque em algumlugar dentro dessas paredes. Todo o seu estilo de vida poderia serarrancado deles dentro de algumas semanas.

— Você vai ter que postar sobre isso. Você provavelmente estárecebendo centenas de mensagens. As pessoas estão esperandosua reação.

Merda.— Certo. Suponho que sim.Eu desligo e fico olhando para a tela do meu laptop por um longo

tempo. Sei que preciso fazer uma declaração, mas no meu coração,esse anúncio me apavora, em vez de me dar motivos para mealegrar. Estou honestamente tão confusa agora que não sei o quepensar ou como responder. Meus sentimentos por Arthur têm tudo aver com isso. De alguma forma, permiti que meu julgamento fosseobscurecido novamente por um homem bonito. Eu realmentedeveria me limitar a fazer avaliações de produtos e tirar fotos,porque se houver algo mais em jogo, com certeza vou estragar tudo.Eu realmente sou uma Sharpe muito chata.

KingSlayer99: Finalmente está acontecendo! Você está tão animadaquanto eu? Eu não consigo parar de sorrir.

Eu: sim! É uma notícia incrível. Não poderia estar mais feliz. Sóestou trabalhando no meu post comemorativo no blog agora.

KingSlayer99: Em apenas algumas semanas estaremoscomemorando a votação e nossa nação estará finalmente livre!

Eu: Com certeza. Mal posso esperar!

Blog Post – Hoorah! Chegou a hora de as pessoas darem umaopinião.

A nação assistiu em choque ao primeiro-ministro Jack Janssenanunciar planos para um referendo para determinar se precisamosou não de uma família real além de um governo eleito.

A resposta curta, é claro, é 'não' e, se houver justiça no mundo, avotação será assim. Embora meus dias no palácio tenham memostrado que eu estava errada sobre várias suposições que fiz a

respeito dos membros da família real de Avonia, a própria instituiçãoainda não tem mais mérito do que duas semanas atrás.

Estamos vivendo no século XXI, uma época deautodeterminação, direitos civis e liberdades. Permitir que líderesnão eleitos governem é simplesmente agarrar-se a um sistemaantiquado quando uma alternativa muito melhor pode, e deve, serescolhida.

Ainda não falei com nenhum membro da família hoje, pois todosestão em reuniões, mas posso dizer que, pessoalmente, sinto poreles. Essa é, em muitos aspectos, sua hora mais difícil.

Mas mudar nunca é fácil, mesmo quando necessário, e se elesforem destituídos do poder, pelo menos podem levar seu dinheirocom eles.

É

V I N T E E Q U A T R O

SALGADO OU DOCE

Arthur

depois das dez da noite, e finalmente estou sozinho pelaprimeira vez hoje. Bem, Dex está aqui, é claro. Eu inspiro

profundamente, e o ar parece uma faca no meu peito, como temsido o dia todo. Droga. Eu realmente deveria ter tentado ser mais 'opríncipe do povo' muito antes deste mês. Estava tudo bem eelegante quando o referendo era apenas uma ideia, mas agora quefoi anunciado, é como descobrir que os Caminhantes Brancosromperam a parede e não temos nem mesmo um punhal dedragonglass entre nós. Estamos bem e verdadeiramente fodidos.

Agora, com o anúncio, e meu pai aqui, meu tempo com Tessaserá significativamente reduzido, assim como a necessidade decolocá-la a bordo aumentou um milhão de vezes.

Pego um copo e me sirvo de um uísque, deixando o líquidoâmbar escorrer até que haja o suficiente para entorpecer essasensação terrível.

— Dex, vamos ter que melhorar nosso jogo. — Ele abre um olhoe me encara por um segundo antes de voltar a dormir. Porcopreguiçoso.

Eu pego meu telefone. Mesmo estando tão exausto quanto umatapeçaria de setecentos anos, começo a trabalhar.

Mensagem de mim para Tessa: O que você está fazendo?Tessa: Colocando em dia alguns e-mails. Como você está?Eu: Excelente. Por que você pergunta?Tessa: Sem motivo. Só que houve algum tipo de anúncio hoje

que pensei que poderia ter impactado você.Eu: Oh, sim, o Coldplay está saindo em turnê novamente.

Provavelmente vou conseguir ingressos. Não tenho certeza,realmente. Você está pensando em ir?

Tessa: O outro anúncio.Eu: Certo. Aquele. Não quero ingressos para esse evento. Gosta

de algo salgado?Tessa: Se você quer dizer batatas fritas, então sim.Eu: Eu tenho algumas para você no meu quarto. Oh, isso parece

pervertido, não é?Tessa: Demais. Mas se realmente houver batatas fritas, vou

arriscar.Eu: Excelente. Basta seguir a trilha deles até a cama.

Corro para o banheiro para escovar os dentes. Não posso estarcheirando a uísque, posso? Olhando meu reflexo no espelho, vejoque estou horrível. Como se eu tivesse acabado de dar dez rodadascom Floyd Mayweather, só que ele não deixou nenhum hematoma.

Eu sou uma merda total. Eu deveria apenas contar a Tessa averdade e mandá-la para casa já. Achei que seria tão fácil usá-la edeixá-la, mas agora, de alguma forma, posso ver que será maisdifícil do que parece. Abandonar a moral sempre é, não é? Mas nãoé só isso. Por mais que eu não possa admitir, tenho sentimentosmuito reais por ela. Sentimentos muito fortes, muito reais.

Eu ouço uma batida leve na porta e me apresso, meu coraçãoacelerando um pouco. Se eu fosse realmente honesto comigomesmo - o que não farei - diria que esta é a melhor parte do meudia.

Abro a porta e lá está ela. Encantador. Eu dou a ela meu melhorsorriso venha aqui.

— Senhorita Sharpe.

Mas ela não sorri de volta. Seus olhos estão cheios de umapreocupação que eu não esperava.

— Como você está?— ela pergunta.Porra. Agora eu quero desmoronar e derramar minhas entranhas

enquanto coloco minha cabeça em seu colo e ela acaricia meucabelo.

— Bem. Churrasco ou original? Eu tenho ambos.— Churrasco. — Ela me segue até a sala.— Então, ela quer esquentar as coisas? — Eu pergunto, sorrindo

por cima do ombro. Pego a sacola do aparador e abro.— Arthur, eu sei que foi um dia muito difícil para você. Você não

tem que fingir.Quando me viro, ela está bem na minha frente. Ela coloca a mão

no meu peito, e se isso não é a coisa mais reconfortante de todas,eu não sei o que é.

— Estou aqui se você precisar conversar.A realidade me dá um tapa na cara.— Você é a última pessoa com quem eu deveria falar sobre tudo

isso.— Eu sei. Mas e se dissermos que somos apenas duas pessoas

normais quando estamos compartilhando um pacote de batatasfritas? — ela pergunta com um sorriso triste.

— Nós podemos?— Sim, Arthur. Você pode confiar em mim. Não preciso jogar

sujo.— Você já está ganhando, não é? — Tento um tom leve, mas sai

estranho.Seus suaves olhos verdes me encaram.— Não tenho certeza se estou.—Eu tenho uma confissão a fazer. — Eu vejo como seus olhos

se arregalam. — Eu não chamei você aqui pelas batatas fritas.Ela sorri para mim e, em seguida, levanta o rosto para o meu.— Bom, porque eu não vim aqui para comer.E então ela me beija. É um toque leve, macio e gentil de seus

lábios carnudos contra os meus, e é o sabor mais delicioso que jáconheci. Eu largo a embalagem e a puxo para mim com as duasmãos em volta da cintura. Eu estava errado antes. Ter a mão dela

no meu peito não era tão reconfortante quanto segurá-la em meusbraços. Ficamos assim, nossas bocas se fundindo, nossos corpospressionados um contra o outro, ambos explorando um ao outrocom as mãos.

Há uma emoção neste momento que não existe em nenhumoutro. A emoção de alguém novo. Mas isso é diferente, e não sei seé porque meu mundo inteiro acabou de ser abalado ou porque eunão deveria querer essa mulher, mas eu sei que nunca senti umaexplosão de urgência como agora. Estou morrendo de vontade deestar com ela.

E, aparentemente, ela se sente da mesma forma, porque elaapenas puxou minha camiseta pela minha cabeça com bastanteforça, e agora ela tirou a dela também. Ai sim.

— É um sutiã rosa muito bonito, senhorita Sharpe.— Você gosta dele?— Isso me faz querer fazer coisas muito perversas com você.— É por isso que os fazem assim.— Gênios, aqueles designers de sutiã. — Minhas mãos agora

estão cobrindo seus seios, e eu corro meus polegares sobre ocentro, sentindo seus mamilos se erguerem sob o tecido rendado.— Gosto especialmente dos fechos.

Eu envolvo minhas mãos atrás das costas e retiro seu sutiã comum rápido estalo que diz 'esta não é a minha primeira revelação deseios.' Mas, porra, se não é a melhor. Seus seios são perfeitos.Empinados. Cheios. E deliciosos.

— Mmm. Muito agradável. Um homem pode se perder bem aqui.— Eu abaixo minha boca em seus seios e escolho o certo paracomeçar. — Na verdade, acho que vou.

Acabamos nus no sofá porque é a superfície macia maispróxima, e não vou perder tempo indo até o meu quarto. Eu precisodessa mulher agora. Ela é macia, quente e úmida em todos oslugares certos.

Tessa está no meu colo, e a maneira como ela se move e seesfrega em mim é a melhor coisa que já senti. Então acontece.

Dexter acordou e está parado com o queixo na almofada do sofáao nosso lado, olhando. Nós dois começamos a rir, e Tessa enfia acabeça no meu pescoço para se esconder.

Então ela faz algo completamente surpreendente. Ela levanta acabeça, olha para Dex e diz: — Dexter, pare de me empatar.

Oh, acho que amo essa garota.— Não se preocupe. — Eu a pego e a carrego para o quarto, em

seguida, bato a porta com o pé.— Ele vai ficar triste, sozinho?— Ele ficará feliz como um porco com batatas fritas. — Nós nos

beijamos um pouco mais, enquanto eu a seguro em meus braços.Eu gosto da sensação daquelas pernas fortes de corredor em voltada minha cintura.

Bem quando as coisas estão prestes a passar do ponto semvolta, ela se afasta um pouco.

— Preservativo.Certo. Muito necessário.— Claro. — Eu a deixo cair na cama, o que a faz rir, em seguida,

caminho até a minha mesa de cabeceira para pegar uma rolha deherdeiro.

Uma vez que meu equipamento de batalha está no lugar, eu ficopairando sobre ela por um momento para que eu possa apenasolhar para ela.

— Porra, você é linda.— Você vai dizer qualquer coisa para me fazer gostar de você.

— Ela me dá um sorriso atrevido.— Verdade. Mas você é, você sabe. — Beijo sua boca, e é um

beijo longo, cheio e profundo que a faz gemer.— Arthur, acho que precisamos concordar que isso não vai

mudar nada, certo? Ainda seremos inimigos pela manhã.Eu sinto uma pontada de suas palavras, mas eu espalhei um

sorriso arrogante no meu rosto de qualquer maneira.— Claro. É isso que vai tornar tudo tão divertido.E então, para o deleite de Excalibur, encontro meu caminho para

dentro de seu calor úmido e apertado. Isso é tãããão bom. É osuficiente para me fazer esquecer a tempestade de merda de hoje.Inferno, é o suficiente para me fazer esquecer meu próprio nome.

Nós nos movemos juntos como se fossemos feitos um para ooutro, fazendo coisas que são íntimas e de alguma formaacrobáticas ao mesmo tempo. Coisas que eu não quero nunca

esquecer, porque não consigo me lembrar de ter me sentido tãofeliz. É uma mistura deliciosa de 'Espero que isso nunca acabe' e'Mal posso esperar porque estou prestes a ter um orgasmobombástico'. No final, somos um amontoado de humanosemaranhados, suados e profundamente satisfeitos. Ela está emcima de mim, seu corpo pressionado contra o meu, e posso sentirseu coração batendo forte em seu peito delicioso.

Ela suspira.— Sua avó estava certa sobre você.O que? — Isso bastou. Eu estava começando a ficar duro de

novo, mas isso definitivamente colocou um freio na minha ereçãofutura.

Ela ri.— Desculpe. Eu não queria.— Não há necessidade de se desculpar comigo. Eu estava

prestes a dar a você outro orgasmo premiado, então é realmentesua perda.

— Outro? — Ela levanta a cabeça com um sorriso enorme.— Oh, não finja que não foi magnífico. Você realmente miou no

final.Ela cora e acena um pouco.— Verdade. Foi muito bom mesmo.— Bom?— Meus olhos se arregalam.— Muito bom.— Tessa ri. — Ah não. Eu machuquei seu ego

gigante?Eu viro nós dois então estou em cima dela.— É isso aí. Estamos fazendo isso de novo até que você admita

a verdade.— Ótimo. Era para isso que eu queria esse tempo todo.E não vou entrar em mais detalhes porque estou com sono, mas

basta dizer que, após a segunda rodada, ela foi rápida em admitirque definitivamente teve mais de um orgasmo premiado esta noite.E devo dizer que ela não foi a única. Na verdade, pensei que fiqueicego por um breve momento.

O

V I N T E E C I N C O

SEXO DE PENA E FUNERAIS DE MINHOCAS

Tessa

h, meu Deus. Não acredito que acabamos de fazer isso. Trêsvezes. E muito bem. E eu não posso acreditar que estou

deitada ao lado dele nua, com seu braço atirado sobre mim como...como se eu pertencesse aqui. Mas eu não pertenço, e nós doissabemos disso.

A lógica e o bom senso estão gritando para que eu saia de suacama neste instante, mas os hormônios e os ovários estão memandando ficar parada, caso ele acorde pronto para a quartarodada. Eu odeio dizer a vocês, ovários, mas estamos usandoproteção, então o próximo óvulo da fila não tem chance.

Eu preciso ir. Eu deveria estar tentando derrubar sua família emnome de todos os meus seguidores. Ah, certo... e porque eu disse amilhões de pessoas que é a coisa que mais quero no mundo. Nãoé?

Eu irei. É a coisa mais inteligente a se fazer.Oh, mas olhe para seu lindo rosto. Esses cílios são ridiculamente

longos para um homem. Posso estender a mão e tocá-los. E olhetodos aqueles adoráveis músculos ondulantes em seu braço queestão pressionados contra mim. Oooh, esses músculos estãodefinitivamente dando um motivo para ficar, e talvez fazendo a velhacoisa de 'Meu corpo está se mexendo em você por conta própriaporque estou dormindo'.

Levante-se. Volte para o seu quarto antes que alguém te pegue.

Os olhos de Arthur se abrem e ele sorri para mim.— Bem, olá.Um sorriso se espalha pelo meu rosto antes que eu possa

impedi-lo.— Oi.— Achei que estava sonhando, mas tudo isso realmente

aconteceu, não foi?— Aconteceu.— Até a parte em que você estava de cabeça para baixo?Eu me pego rindo no meu travesseiro.— Até isso.— Como diabos conseguimos isso, afinal?— Eu não faço ideia.— Devemos fazer de novo para que possamos documentar as

etapas. — Ele me dá um leve beijo na boca. — Agora não,entretanto. Você não está no clima.

— O que te faz pensar isso?— Quando eu acordei, você tinha aquela pequena ruga entre as

sobrancelhas que você fica quando está preocupada com algumacoisa.

Como ele sabe disso? — Eu só estava pensando que deveria irantes de ser pega. — Eu corro um dedo em sua bochecha. — Eutambém estava questionando minha sanidade porque não deveriater deixado você me atrair para o seu quarto.

— Atrair você? Você é quem que veio sob falsos pretextos. Euestava planejando apenas alimentar o seu vício em sal.

— Bom ponto.— Eu não posso culpar você, no entanto. Eu tenho boa noção

que sou irresistível.— Quem disse?— Não tenho certeza, mas, aparentemente, contam tudo para

minha avó.— Ele traça minha clavícula com o dedo, enviandoarrepios ao redor do meu corpo.

— Eu não acho você atraente, de verdade — eu digo.Ele para a mão e levanta uma sobrancelha em resposta.Eu escondo meu sorriso com tudo em mim.— Eu só dormi com você porque senti pena de você.

— Oh, então isso foi uma-—Uma transa de pena, creio eu. — Eu tento o meu melhor para

parecer arrependida, mas ele claramente não acredita.— Três vezes?— Senti muita, muita, muita pena de você.Seus olhos se arregalam e a risada sai dele enquanto ele joga as

cobertas de nós dois e rola em cima de mim.— Para alguém que afirma ser tão honesta, você realmente é um

mentirosa cara de pau.— Não sou.E agora ele está descendo pelo meu corpo com a língua, e tenho

certeza de que ele está prestes a me arrancar tanto uma confissãoquanto meu juízo.

Prezada Srta. Sharpe,De acordo com as ordens do rei, as entrevistas 'Pergunte

Qualquer Coisa' foram suspensas indefinidamente. Ele acredita quevocê compreenderá que, dada a situação atual, a família deve ter omáximo de cautela em todas as aparições na mídia e, a partir deagora, apenas permitirá entrevistas gravadas com fontes de notíciasconfiáveis que possam garantir a ausência de questões técnicas.Como convidada do palácio, ele confia ainda que você tratará doassunto com delicadeza no que diz respeito aos seus leitores. Alémdisso, ele lamenta não ter tido tempo para recebê-la.

Saudações,Damien PetersConselheiro Chefe do Rei

Postagem do blog - Entrevistas canceladasTessa aqui. Lamento informar que as entrevistas “Pergunte

Qualquer Coisa” foram suspensas enquanto a Família Realconcentra seus esforços no próximo referendo. Lamento não ter tido

a chance de ter todas as suas perguntas respondidas e espero queum dia no futuro, a oportunidade se apresente novamente.

Eu desativei o fórum até o momento em que as entrevistasrecebam luz verde.

Meu celular toca. É Nikki.— Você viu o post?— Foi porque você deixou a câmera ligada, não foi?— Isso é o que a nota do conselheiro sênior do rei implicava,

mas acho que pode ser mais sobre Sua Serena Alteza jogando seupeso agora que ele está em casa.

— Por que você não foi atrás dele no blog? Você deve tirar umafoto da carta e postá-la.

— Tenho a sensação de que essa pequena ação pode me fazerser expulsa do castelo.

— E? Você fez o que se propôs a fazer. Você construiu sua basede leitores, seu investimento em publicidade aumentou e, agora queo referendo foi convocado, você pode voltar e liderar o ataque emcasa.

— Eu não posso simplesmente sair. Fiz um compromisso —digo, esperando que ela não vá mais fundo.

— Se o Rei te expulsar, estará fora de suas mãos.Parece convincente, Tessa. Ela não pode saber que você não

quer ir embora porque transou ontem à noite. Quatro vezes. —Sinceramente, acho que posso ser mais útil por dentro. Porenquanto, vou cooperar. Isso vai me permitir reunir maisinformações. Não encontrei nada que possa realmente usar. Ohdroga. Estou sendo chamada para uma coisa. Tenho que correr. Teligo mais tarde.

Eu desligo antes que ela possa dizer mais alguma coisa. A culpame envolve. Acabei de mentir para minha melhor amiga. Sou umamulher sem vergonha e sem princípios. Deus deveria me castigar.Mas se ele pudesse apenas esperar até que eu tivesse maisalgumas rodadas na cama com Arthur, isso seria ótimo, porque até

este ponto da minha vida, eu tenho sido realmente muito boa.Exceto por mentir para meus pais de vez em quando e agora paraNikki. E por trair meus princípios e meus leitores dormindo com oPríncipe. Oh, apenas me castigue agora.

— Preciso do seu conselho, mas primeiro você tem que prometerque não vai contar nada a ninguém sobre essa conversa.

Estou no meu quarto e estou ao telefone com Bram, que ligoupara pedir 'bilhetes' para o baile. Aparentemente, sua novahigienista 'definitivamente vai dar em cima dele' se ele puder trazê-la.

— Arrume os ingressos e você tem um acordo.— Eles não vendem ingressos. Não é um show do Justin Bieber.

É um baile, o que significa que eles enviam convites.— Então, peça-me um convite.— Eu não sou exatamente uma convidada de honra, você sabe.

— Eu suspiro. — Vou ver o que posso fazer, mas sem promessas.— Então, não prometa não contar.Argh. Por que comecei esta conversa? Oh, certo. Porque eu

dormi com o Príncipe como uma idiota total, e agora estou pirando.— Vou dizer ao pai que foi você quem encheu o navio dele com umagarrafa de Coca.

— Você não faria isso.— Eu faria e irei.— Você me disse que nunca me deduraria sobre isso.— Eu menti. Tenho guardado para algo importante. — Ha! Então,

quem é a mais esperta agora, Bram?— Certo. O que?Yay! Um ponto para Tessa! — Você sabe como você é um

vagabundo?— Ninguém te ensinou como pedir um favor?— Você vai negar isso? — Eu pergunto.— Chama-se garanhão porque sou um homem.— Tanto faz. Como você faz isso?

— Fazer o que?— Transar com mulheres e não desenvolver sentimentos por

elas?— Acabei de te falar. Eu sou um homem — diz ele. — Espere

um minuto. Você está transando com o Príncipe?— Não! Estou apenas considerando isso. Mas não com o

Príncipe! Definitivamente, não com ele... e estou apenas pensandonisso.

— Não é aquele guarda-costas careca?— Não é ele também. Não é da sua conta. Tudo que você

precisa saber é que não é Arthur.— Oh, é ele, tudo bem! — Ele começa a rir. — Meu Deus, você

realmente tem o dom de estragar completamente a sua vida, não é?— Pela primeira vez, você pode tentar não ser um idiota?— Mas é muito divertido. — Ele dá uma mordida em algo

crocante e mastiga no telefone.— De volta ao problema em questão. Como você evita se

apegar?Ele dá outra mordida e mastiga por um longo tempo antes de

responder. Finjo que não ouço porque, não muito diferente de umaluno da terceira série, ele está fazendo isso apenas para obter umareação.

— Eu só vou sabendo o que é, eu acho.Hmph. — Mas isso nunca fica complicado?— Não. Eu sei exatamente o que quero, como conseguir e como

sair sem que as coisas se compliquem.Bem, isso não ajuda em nada. Eu não deveria ter perguntado.— Você nunca será capaz de fazer isso, porém, se está

pensando em transar com ele, provavelmente não deveria. —Mordida. Mastigar. Definitivamente é uma maçã. — Você não écomo eu, Tessa.

— Como você tem tanta certeza?— Eu vou te dizer uma coisa, e se você contar a alguém, vou

encontrar uma maneira de tornar a sua vida um inferno, entendeu?Ameaça típica de irmão mais velho.— Entendi.

— É porque você é uma pessoa legal. Você finge ser durona eforte, mas, no fundo, é como o vovô Seth. Boa pra caralho para oseu próprio bem.

— Isso não é verdade. Sou muito durona. Eu posso serimplacável, até.

—Claro, você pode escrever coisas maldosas quando está seescondendo atrás da tela do computador, mas nunca poderia dizerisso na cara de alguém.

— Eu acabei de te chamar de puto, não é?— Sim, mas estamos no telefone. Além disso, eu sou um. —

Fala mastigando. Quão grande é essa porra de maçã? — Escute,lembra daquela vez quando Finn e eu estávamos queimandominhocas com uma lente de aumento? Você montou um hospital etentou reanimá-los. Você passava horas lá fora e, quando mamãefez você entrar para jantar, você estava berrando. Por causa dealgumas minhocas. Então você e o vovô tiveram o funeral daminhoca? Lembra disso? Com a música da gaita de foles e oscaixões de caixa de fósforos? Aceita. Você é uma boa pessoa. Vocêsempre foi.

— Tudo bem, eu sou legal. Agora, como faço para dormir comalguém sem começar a imaginar que é algo mais do que umatrepada? — Bem, quatro trepadas alucinantes, enroladas nos dedosdo pé do tipo eu-morri-e-fui-para-o-céu.

— Eu já te disse. Você não pode. Então, a menos que você eDefinitivamente Não o Príncipe vão acabar cavalgando ao pôr do solem uma carruagem branca, é melhor você ficar bem longe dele.Porque você vai se machucar.

Porcaria. Isso foi o que eu pensei.

E

V I N T E E S E I S

UMA GAROTA PODE MUDAR DE IDEIA. . . NÃO PODE?

Tessa

ntão, não segui exatamente o conselho de Bram. Em vezdisso, dormi com Arthur todas as noites nas últimas quatro

gloriosas semanas. Nós transamos tanto que não consigo nempensar direito. Me encontro completamente exausta edelirantemente feliz, provavelmente da mesma forma que um novomembro do culto durante a fase de doutrinação.

Sinceramente, não sei como ele tem tanta energia. Tive quesubstituir minha corrida matinal por sexo noturno, e sexo matinalocasional, ah, e ontem, fizemos isso no meio do dia em seuescritório. Hmm. Essa emoção adicional de ser pega parece fazeralgo inesperado para mim. De qualquer forma, Arthur ainda selevanta para seu treino matinal com Ollie, administra todas as suasobrigações ao longo do dia e da noite, então vem bater na minhaporta completamente recém-banhado e delicioso para uma rodadaapós rodada de diversão orgástica.

Quase melhores do que o sexo são os pequenos momentosromânticos que compartilhamos. Conseguimos escapar para oterraço da cobertura duas vezes agora, e nas duas vezes, foiextremamente romântico. Arthur trouxe uma garrafa de vinho e umpouco de queijo, biscoitos e uvas, e fizemos um pequenopiquenique enquanto o sol se punha. É algo que sempre quis fazercom um homem - o homem certo, quero dizer - e é tão perfeitoquanto imaginei que seria. O resto do mundo se dissolve, e somos

apenas nós dois sozinhos. Sem telefones, sem laptops, semproblemas de dinheiro, sem referendos, apenas nós.

Tudo isso pode soar como um sonho que se tornou realidade,mas é claramente muito errado. E não seria preciso ser um Larspara descobrir que isso vai acabar mal para mim, tantoemocionalmente, quando meu coração está despedaçado, quantoem termos de carreira, se alguém descobrir.

O outro aspecto negativo, e é importante, é que agora que o reiestá de volta, não tive acesso a nenhuma reunião. Tudo é feito aportas fechadas, e me vejo vagando pelos jardins do palácio metadedo dia tirando fotos de flores e elementos arquitetônicosinteressantes dos edifícios para meu site de fotografia. Embora meusite Cão de Guarda Real esteja recebendo um número razoável deacessos todos os dias, estou girando em vez de seguir em frente.

Eu deveria ir para casa. Essa seria a coisa mais inteligente afazer. Mas eu odiaria expulsar Nikki quando ela espera ter doismeses inteiros para ela. Além disso, ela ainda não consertou opapel de parede, e eu realmente deveria dar a ela a chance de fazerisso. Não tem nada a ver com o fato de que todo esse caso secretofabulosamente estimulante terminará no momento em que eu sairpela porta. Nada mesmo.

Passei a manhã inteira sentada à minha mesa fazendo listas dosprós e contras da monarquia. Mas o que realmente parece é umalista de todas as coisas sobre as quais eu estava errada nos últimosdois anos, desde que comecei o Cão de Guarda Real porque muitodo que eu pensava que sabia era na verdade resultado dedesinformação e suposições feitas por outros haters da realezacomo eu. Acontece que eu não os odeio. Eles não vadiam durante odia, nem bebem e festejam a noite toda. Eles são um grupotrabalhador, sete dias por semana.

Quem sabia?A verdadeira falha deles é deixar de comunicar isso ao público,

mas eles estão tentando consertar isso, e mesmo que seja na últimahora, pelo menos eles estão tentando. Agora que comecei aconhecê-los (especialmente Arthur, obviamente), posso ver quemais do que qualquer coisa, eles são tão privados porque passaram

por uma tragédia horrível, e não porque todos eles realmenteacreditam que são inexplicáveis para o público.

Passei muito tempo com os destinatários das muitas instituiçõesde caridade que eles apoiam, e nenhuma pessoa disse nada denegativo a respeito de alguém da família. Na verdade, todos elesdisseram que sem as campanhas de arrecadação de fundos econscientização da família, a maioria dessas instituições decaridade já teria fechado há muito tempo. Agora, é claro, eu nãoespero que eles sejam imparciais (ou mesmo verdadeiros) quandosão os destinatários de grandes maços de dinheiro, mas aindaassim, eles não precisariam falar sobre os membros da famíliatambém.

Então, há Troy. Dexter estaria perdido sem ele. E onde Troy iriaparar se não fosse por Arthur? De volta a algum armazém sujo,recebendo gritos? Não se eu tiver algo a dizer sobre isso.

Mas e agora? Não posso ir a público e dizer ao mundo queestava errada.

Posso?

Texto de Lars: Você poderia providenciar para que a classe deTabitha fizesse um tour pelo palácio? Eles estão aprendendo sobrenosso sistema de governo, e seria uma grande coisa para ela sevocê pudesse fazer isso acontecer.

Mensagem da mamãe no correio de voz: Tessa, é você? (Longapausa.) Oh, estou com sua máquina de novo, não estou? Grace,daqui do lado, disse que você postou algo sobre conseguir um bomnegócio em um vestido de baile e, como sua filha vai se casar nesteoutono, ela gostaria de saber se você poderia apresentá-la àestilista para um vestido de mãe da noiva. Ligue-me de volta assimque receber isso, por favor.

Mensagem de correio de voz de Charles Porter, gerente doprédio: Olá, Tessa. O trabalho foi concluído nos arbustos da frente.Estou passando a conta por baixo da sua porta, embora saiba quevocê ainda mora no palácio. O conselho não considera isso uma

desculpa para o não pagamento. Você tem trinta dias antes que osjuros comecem a acumular. Também gostaria de mencionar que seucontrato de arrendamento está prestes a ser renovado no final demaio, e eu gostaria de discutir isso com você.

Mensagem de voz de Jack Janssen, primeiro-ministro: Tessa,sou eu, Jack. Só estou checando com você para ver se você pensouem minha oferta. Me ligue de volta. Adoraria ter você a bordo.

Mensagem de KingSlayer99: Você não está online há dias. Oque está acontecendo? Eu esperava que você liderasse o ataque.Avonia precisa de você, Tessa. Onde você está?

É tarde da noite, e Arthur e eu estamos nos braços um do outro.Apesar de aproveitar a onda de endorfinas no momento, há umasensação incômoda de inquietação que ameaça estragar meu bomhumor. A mensagem do primeiro-ministro tem tudo a ver com isso.Ainda não contei a Arthur que, de uma forma vaga, ele me ofereceuum emprego.

Não consigo me lembrar de uma época em minha vida em quetenha estado tão conflituosa por qualquer coisa. A razão pela qualestou aqui é para avançar minha carreira, o que, em última análise,me alinhar com o primeiro-ministro serviria - talvez. Mas quandopenso em Arthur, simplesmente não consigo fazer isso. Além disso,eu realmente não descobri nada digno de nota para dar a JackJanssen de qualquer maneira. Liguei para ele mais cedo e deixeiuma mensagem nesse sentido, e tentei soar não comprometedora edefinitivamente interessada ao mesmo tempo, o que resultou emmeu tom de voz subindo e descendo nos lugares mais estranhos eacabou comigo dizendo que estava sofrendo com uma dor degarganta.

Arthur suspira feliz e entrelaça seus dedos nos meus. Eu me viropara encará-lo e apenas fico olhando por um longo momento,absorvendo sua perfeição neste momento de contentamento. Deus,eu gosto tanto dele, tanto. Eu deveria contar a ele sobre o primeiro-ministro. Mas como posso confiar nele? Quer dizer, realmente

confiar nele? Ele foi muito claro sobre tentar me seduzir para que eugarantisse por sua família, e eu muito bem deixei que ele fizesseisso. A coisa mais inteligente a fazer é manter a oferta do primeiro-ministro em segredo. Assim, quando essa fantasia com o PríncipeArthur acabar, terei pelo menos um lugar macio para pousar no quediz respeito ao meu trabalho.

Ou não.É tudo uma grande aposta. A verdade é que estou perdendo a

cabeça. Eu não pertenço aqui no palácio e certamente não pertençono meio de uma rixa entre os líderes de nossa nação.

— O que há de errado, senhorita Sharpe?— O que te faz pensar que algo está errado? — Eu sorrio

docemente para ele.— Porque você está fazendo aquele pequeno som de estalo com

a língua que você faz quando está pensando profundamente.— Eu não estalo minha língua.— Claro que você estala. — Ele me beija na bochecha. — Não

se preocupe, é cativante.— Eu acho que devo ir para casa, — eu deixo escapar.— Você quer dizer voltar para o seu quarto?— Não, de volta ao meu apartamento. De volta à minha vida

real.Ele se ergue de lado e me encara, seu rosto iluminado pela lua

do lado de fora da janela.— Por que diabos você faria algo assim?— Porque, eu deveria estar aqui a título profissional, e agora que

seu pai está de volta, eu não estou realizando nada nesse sentido.Além disso, dormir com você não é exatamente inteligente. Se anotícia se espalhasse, isso destruiria qualquer credibilidade que eutenho. — Eu suspiro. Além disso, me sinto muito culpada toda vezque vejo você, sabendo que estou recebendo uma oferta deemprego de seu pior inimigo.

— Você concordou em me dar dois meses. Não volte atrás nasua palavra.

— Eu não estou voltando. Quer dizer, eu não quero, mas ascoisas mudaram desde que concordei em ficar.

Ele toca meu lábio inferior com o polegar.

— Sim, certamente de maneiras que não acho que qualquer umde nós poderia ter previsto.

— Esse é o problema. Não sei o que estamos fazendo aqui e,honestamente, não sei o que pensar.

— Não pense. Pela primeira vez na vida, deixe-se sentir e eufarei o mesmo. — Ele se aconchega em meu pescoço, em seguida,planta beijos suaves da minha orelha até a minha clavícula. — Vocêquer ir embora?

— Não.— Então fique. Eu sei que não deveríamos estar fazendo isso,

mas há poucas coisas na minha vida que me fizeram sentir issoantes. Quando estamos juntos ... — Ele se impede de terminar afrase, e estou morrendo de vontade de saber quais teriam sido asúltimas palavras. — É importante para mim que você esteja aqui,Tessa. Eu preciso que você saiba quem eu sou. Mesmo seperdermos, eu quase poderia viver com isso se eu sentisse quevocê entendeu.

Eu pisco para conter as lágrimas e sussurro: — Estou vendovocê, Arthur.

— Você pode ser a única pessoa que já fez isso. Dê-me maisduas semanas, Tessa, antes de voltar para sua vida.

De volta à minha vida? Hã. Bem, isso me diz que estou fazendoa escolha certa em manter o número do primeiro-ministro na minhalista de contatos...

E

V I N T E E S E T E

HOMENS DA CAVERNA E REIS MORTOS

Arthur

u estou de pé ao lado de Tessa na parte inferior da escada dopalácio e observo as crianças desembarcarem do ônibus

escolar. Ela me pediu para guiar a turma do quinto ano de suasobrinha em um tour, e fiquei feliz em concordar com isso. Eu seique as últimas semanas foram difíceis para ela, com meu paiencerrando suas entrevistas, deixando-a sentada e assistindoenquanto as equipes de filmagem e jornalistas desfilam dentro efora, obtendo os furos que eu sei que gostaria que fossem dela.

Também espero que isso ajude a reduzir a culpa que sintoquando penso no dossiê que tenho sobre ela. Mesmo que eu tenhausado apenas algumas pequenas informações do perfil de namoroonline dela (e isso foi semanas atrás, francamente), eu sei querealmente deveria ter contado a ela sobre isso agora.Relacionamentos são construídos sobre confiança, e receio terfalhado com ela nesse aspecto. Mas contar a verdade agora seriaum desastre, especialmente porque ela já foi gravementemachucada por homens antes. Ela provavelmente se voltaria contramim da maneira mais espetacular, e se há uma coisa que eu nãoposso arriscar agora é ter uma blogueira anti-real desprezada emminhas mãos. Então, talvez algumas pequenas mentiras possamser enterradas sem consequências…

Eu olho para Tessa, adorável, adorável Tessa, e decidoconfessar tudo. Assim que o referendo terminar.

Ela olha para mim.— Obrigado por fazer isso, Arthur. Sei que você prefere arrancar

os olhos com um grampo do que dar um tour para um bando demordedores de tornozelo cutucando o nariz.

— O que? Eu? Não. — Estou brincando, mas por dentro meupeito está apertado.

Tabitha corre até nós e dá um abraço vigoroso em Tessa.— Obrigada, obrigada, obrigada, Tia Tessa!— De nada, princesa. Estou tão feliz em ver você. — Ela dá um

beijo no topo da cabeça da sobrinha e não consigo deixar de pensarem como ela é doce. — Você se lembra do Príncipe Arthur.

Tabitha se afasta de Tessa e sorri para mim.— Oi! Obrigada por deixar minha turma vir. Tenho quase certeza

de que sou a garota mais popular do quinto ano agora.— O que? Estou chocado que você não era a garota mais

popular antes. Uma garota linda e inteligente como você. — Ela dáum passo à frente e me dá um grande abraço. Fico um poucosurpreso por um segundo, mas então percebo que é legal receberum abraço de um mordedor de tornozelo. Além disso, ela nãoparece do tipo que cutuca o nariz, de qualquer maneira.

Eu dou minha mão a Tabitha, em seguida, vou cumprimentar oresto da classe.

Isa se apressa para me apresentar à professora, a Sra.Glassbottom, uma mulher mais velha com óculos vermelhos e umlenço laranja fofo no pescoço. Ela faz uma reverência de aparênciaum pouco estranha, depois se vira para os alunos, bate palmasduas vezes e diz: — Yoohoo!

As crianças dão uma prolongada resposta: — Siiiiim?— Agora, eu sei que todos vocês sabem quem é o Príncipe

Arthur, mas quero lembrá-los novamente de se dirigir a ele comoSua Alteza, e este é seu último aviso - falo com você, Kyle - vocêdeve se comportar da melhor maneira durante o tour inteiro, ou tereide trazê-lo de volta ao ônibus. Sem correr, gritar, tocar em qualquercoisa e sem segunda chance.

Não posso deixar de me divertir com esse aviso. Isso me leva devolta aos meus dias de escola, e temo que possa ter sido o Kyle daminha classe.

— Olá a todos. É um prazer conhecê-los e levá-los paraconhecer a minha casa. A Sra. Glassbottom deu-lhe algumasinstruções maravilhosamente claras, mas quem pode se lembrar demais uma regra?

As mãos de cada aluno disparam para o alto. Que onda depoder. Agora eu sei por que as pessoas se preocupam em se tornarprofessores em primeiro lugar.

— A última regra é se divertir.Previsível, eu sei, mas também eficaz. As crianças comemoram

e eu faço um gesto para que me sigam.— Quem aqui já conheceu um porco antes?A próxima hora é semelhante a pastorear filhotes em alta

velocidade. Eu sinto que estou constantemente seguindo uma linhade fazê-los aprender algo e perder completamente o interesse. Háuma arte nisso - saber por quanto tempo falar e quando fazer comque eles se mexam novamente - e, infelizmente, ainda não domineiisso. Kyle e dois outros meninos desaparecem do grupo em algumlugar entre o Grande Hall e a biblioteca.

— Não se preocupe, farei com que a equipe de segurança osencontre.— Pisco para as crianças, depois aceno com a cabeçapara Ollie, que revira os olhos para mim - discretamente, é claro - esai na direção de onde viemos.

— Estaremos na sala do trono! — Eu digo a ele, que ganha um'ooooh' da turma.

Seguimos pelo amplo corredor e chamo os nomes dos meusparentes mortos ao passar por cada quadro. Dou uma pequenaamostra do que espero que seja uma informação interessante,coisas como, “ela foi decapitada em seu vigésimo quartoaniversário” ou “morreu em um incêndio”, ou “o rei da Espanhatentou matá-lo em sua cama, mas seu fox terrier, Bones, salvou suavida”. Os adultos do grupo parecem um pouco inquietos, mas ascrianças adoram.

Em seguida, alcançamos as altas portas duplas no final docorredor. Eu me viro para eles com os olhos arregalados.

— Esse, meninos e meninas, é o mais sagrado dos lugares - asala do trono .

Um silêncio cai sobre os alunos enquanto entramos no enormesalão parecido com uma igreja. É difícil não ficar maravilhado, atépara mim. O teto de vidro abobadado fica diretamente sobre o tronoúnico, permitindo que o sol brilhe diretamente na cadeiraornamentada em vermelho e dourado. Um amplo tapete vermelhose estende da entrada até os degraus do trono. Procuro por Tessano grupo e a encontro olhando para as paredes altas e arqueadas.Secretamente, estou cheio de uma satisfação presunçosa ao verque ela está disposta a ficar impressionada com tudo isso.

Eu conduzo o grupo para a frente e paro na frente da cordavermelha que bloqueia o trono.

— Bem, você pode pensar que meu pai, o rei Winston, ficasentado aqui o dia todo cumprimentando as pessoas e tomandodecisões importantes, mas ele não o faz. Há muito tempo, esse teriasido o caso, mas em algum momento, um dos reis, ou maisprovavelmente uma rainha - elas são sempre tão sensatas -percebeu que poderiam trabalhar muito mais sentados atrás de umamesa. Então, na maioria das vezes, você encontrará o Rei em seuescritório, em vez de aqui.

Kyle, que agora se juntou a nós, dispara.— Se você não precisa, posso levar para casa então?A classe dá risadas e a Sra. Glassbottom o encara com um olhar

severo que conheço por experiência própria.— Receio que não, jovem Kyle. Realizamos cerimônias muito

especiais aqui, como a coroação de um novo monarca, ou fotosoficiais em dias de casamento real ou comemoração do nascimentode um novo membro da família. Também o usamos quando ostítulos de cavaleiros são concedidos ou quando saudamos líderesgovernamentais de outras partes do mundo.

— Príncipe Arthur, quando foi a última vez que você usou estasala? — um dos pais pergunta.

— Bem, no outono passado, na verdade, era hora de eleger umnovo primeiro-ministro. Meu pai realizou uma cerimônia em que deuao primeiro-ministro anterior um presente para comemorar seuserviço e, em seguida, convocou a próxima eleição.

A Sra. Glassbottom interrompe.

— Isso mesmo, meninos e meninas. Na verdade, ninguém maisna Avonia tem permissão para convocar eleições. É o dever do rei esua honra. Se ele não fizesse isso, manteríamos o mesmo primeiro-ministro por muitos anos.

A mão de Tabitha disparou e sua professora apontou para ela.— Sim, Tabitha?— Então, se um rei gostasse de um primeiro-ministro, ele

poderia mantê-lo no poder para sempre?— Teoricamente, sim, mas isso nunca aconteceu porque a

Família Real acredita que as pessoas têm o direito de eleger seuslíderes regularmente, o que na Avonia sempre foi a cada cinco anos.— Dou a Tessa um olhar penetrante e sorrio quando ela franze oslábios e balança a cabeça para mim.

Trinta minutos depois, ficamos lado a lado e acenamos para osalunos enquanto o ônibus se afasta.

— Obrigada, Arthur— ela diz. — Eu realmente aprecio vocêdedicar seu tempo para fazer isso.

— Fiquei feliz em fazer. Não foi tão ruim quanto eu pensei queseria, na verdade. — Eu olho para ela e sinto uma necessidadeirresistível de puxá-la em meus braços e beijá-la com força na boca.Mas não posso, porque, pelo que o mundo sabe, não temos nadaalém de uma estranha relação profissional.

Há um brilho em seus olhos quando ela olha para mim.— Achei que você fez um trabalho maravilhoso. Você sabe, você

pode ter um futuro brilhante como guia turístico se a votação não fora seu favor.

— Eu poderia, é?— Oh, sim. Facilmente. Talvez até chegue a trabalhar em um

ônibus de turismo de dois andares. — Ela sorri. — Se você quiser,posso lhe dar uma boa referência.

— Sério? Você faria isso? — Eu pergunto. Deus, ela é divertida.Tessa dá de ombros.— Talvez. Vou te dar uma chance de me convencer mais tarde.

— Um sorriso lento se espalha por seu rosto, e tudo que posso fazerpara não colocá-la por cima do ombro como um homem dascavernas e levá-la de volta para o meu quarto.

— É muito generoso da sua parte, senhorita Sharpe.

— Eu sou um tipo de garota generosa.— E aqui pensei que era eu quem acabara de fazer o favor...— É tudo como você coloca.

É

V I N T E E O I T O

A M ÍDIA REAL ESTÁ NA ÁREA

Tessa

depois das duas da manhã, e tenho quase certeza de que nãovou dormir de jeito nenhum. Não consigo me livrar dessa

sensação incômoda de que algo está errado, mas não consigodescobrir o quê. Quer dizer, sei que há muitas coisas erradas noque estou fazendo, mas há outra coisa que não consigo identificar.

O tour de hoje foi um tremendo sucesso - bem, além de perderaqueles meninos, mas Ollie os encontrou sãos e salvos,desmontando uma armadura. Pela primeira vez, consegui me sentiruma heroína na frente de Tabitha e Isa. Tive um dia muito bom nogeral, na verdade, e esta noite, bem, vamos apenas dizer o quecomeçou quando eu agradeci a Arthur por ter feito o tour e acaboucom ele me agradecendo duas vezes. Completamente.

Eu deveria estar dormindo. Mas há algo que estou esquecendo,ou talvez que deva fazer, mas não consigo pensar no que é. Saio dacama, tomando cuidado para não acordar Arthur, então vou até ajanela e olho para a campina iluminada pela lua. Depois de algunsminutos sem pensar em nada, concluo que deve ser porque o baileestá chegando e estou ficando muito nervosa. Isso, ou talvez sejaporque meu tempo aqui no palácio logo chegará ao fim, e eu sei queisso também significará o fim de meu tempo com Arthur. Eu olhopara ele e meu coração se contorce ao vê-lo deitado ali.

Nunca me senti tão perto de ninguém em toda a minha vida. Elenão é apenas divertido e sexy e, bem, completamente perfeito, na

verdade, ele também me entende de uma forma que ninguém maisconsegue. Pela primeira vez, sinto que alguém me entende, e nãosó isso, ele gosta de mim pelo que sou, peculiaridades e tudo.

Eu o vejo virar durante o sono, e isso me atinge como umatonelada de tijolos. Eu vou ficar uma bagunça quando tiver quedesistir dele.

É a preparação de uma semana até o baile, e o Rei Winstoncumpriu sua promessa de trazer grandes armas. 'Membrosaprovados da imprensa' (que inclui meus antigos colegas do fromThe Daily Times) parecem estar em toda parte. É como o ensinomédio de novo. Estou cercado por garotos legais, desejando poderser um deles enquanto eles fingem que eu não existo.

O pior de tudo foi hoje cedo, quando Verônica Platt entrevistoutoda a família real. Eles se instalaram no solário, e eu sentei,esperando conseguir um pouco de integração. Acontece que erauma ideia horrível porque ninguém do CATN tinha o menor interesseem olhar para mim, muito menos em falar comigo.

Verônica não é apenas mais linda na vida real do que natelevisão, mas ela claramente gosta de Arthur. Eu só pude suportarcerca de cinco minutos dela olhando para ele antes de decidir fugir.Apenas a porta rangeu alto quando a abri e ouvi o diretor gritar:“Corta. Desculpe, Vossa Majestade, só teremos que esperar até quea blogueira do Shock Jogger saia.”

O som de risadinhas me seguiu para fora quando a porta sefechou e atingiu a parte de trás do meu tornozelo. Não apenas fuihumilhada, mas também perdi algumas camadas de pele noprocesso, então agora estou mancando com meu tornozeloenfaixado.

Posteriormente, filmaram um segmento em que Verônicapassava uma hora com o contador-chefe, que abria a contabilidadepara mostrar de onde vem e para onde vai o dinheiro. A maior partede suas despesas são pagas por propriedades de terras,investimentos e uma antiga doação que arrecada juros na casa dos

milhões a cada ano. A coisa toda foi como uma tortura de carreirapara mim. Essa era a minha história para obter. Não dela. Eudeveria ter examinado os registros pensativamente e feito perguntasinteligentes.

Não sou apenas considerada totalmente ridícula, como tambémme tornei completamente redundante por aqui. Possivelmente aindapior, no fundo, sei que tenho que tomar uma decisão que vai dar ogolpe mortal na minha 'carreira' de uma vez por todas. Tenho quecontar a verdade sobre a família e fechar meu blog para sempre.Não posso, em sã consciência, continuar vomitando palavrasraivosas que não têm mérito por trás delas. Embora não tenhamudado minhas visões políticas, não suporto deixar todas essascoisas desagradáveis que escrevi onde podem prejudicar Arthur.Mas como alguém admite publicamente que eles estavam tãoterrivelmente errados por tanto tempo? O pensamento faz meuestômago doer.

Portanto, nos últimos dias, desde que percebi isso, fiz o quecostumo fazer quando enfrento um dilema.

Nada.Em vez de enfrentar, evito a coisa toda e espero que vá embora.

Estou prestes a perder o respeito do único grupo de pessoas naAvonia que pensam que tenho algo de valor a dizer - meu públicoanti-real. KingSlayer99 nunca mais vai querer falar comigo, o que deuma forma estranha, será uma perda real para mim. Ele tem sido acoisa mais próxima que tive de alguém que me respeita atéconhecer Arthur. Mas, no final, tenho que desapontá-lo, então possomuito bem apenas acabar com isso, em vez de ficar sentada comesse buraco horrível no estômago por semanas antes de ser mulhere terminar o trabalho.

Já é hora de eu criar um par de ovários e lidar com os problemasde frente, em vez de varrê-los para debaixo do tapete. Sim é isso. Apartir de hoje, não vou mais ignorar os problemas, mas osenfrentarei de frente, e apenas os tirarei do caminho imediatamente,em vez de permitir que bloqueiem meu caminho para o sucesso.

Ack! Meu telefone está tocando e é Daniel Fitzwilliam, daWellbits. Vou deixar isso ir para o correio de voz.

Mensagem de voz de Daniel Fitzwilliam, proprietário da Wellbits:Esse é seu último aviso, Sra. Sharpe. Me ligue hoje antes do final doexpediente, ou a próxima pessoa com quem você ouvir será meuadvogado.

Email meu para Daniel Fitzwilliam, proprietário da Wellbits:Sr. Fitzwilliam,Acabei de receber sua mensagem bastante concisa. Estive fora

de casa em missão desde o dia seguinte ao infeliz incidente (que oseu produto causou). Estou profundamente desapontada com amaneira como a Wellbits está lidando com esse assunto. Eu teriapensado que uma empresa respeitável me ofereceria algum tipo decompensação por minha dor e sofrimento. Em vez disso, vocêdecidiu colocar a culpa em mim, a vítima de tudo isso. Fui eu quefiquei chocada repetidamente. Eu sou aquela que se tornou umahumilhação internacional, e exijo que você cesse e desista de todo oassédio sobre este assunto ou você terá notícias do meu advogado.

Saudações,Tessa Sharpe

O baile é em três dias, e estou tentando muito convencer meucoração de que ele sobreviverá quando esse lindo sonho românticoterminar, mas na verdade é de muito pouca utilidade. Eu posso ver oque está por vir, e será um evento de destruir a alma e de roubar adignidade.

São os momentos aparentemente insignificantes como esteagora, que vão desaparecer por entre os meus dedos, para nuncamais voltar, mas pelos quais sempre terei saudades. Arthur e euestamos na cama. É tarde da noite e estamos sentados lado a lado,apoiados em nossos travesseiros, trabalhando. Estou no meulaptop, editando e carregando uma coleção de fotos de flores daprimavera com orvalho matinal no meu site de fotografia, e Arthurestá trabalhando em um discurso que fará no baile de aniversário.

De vez em quando, ele testa uma frase comigo e me observa deperto para avaliar minha reação. Agora mesmo, ele conseguiu trazerlágrimas aos meus olhos com suas palavras.

— Isso foi tão lindo. — Eu aceno e fungo.— Devo estar no caminho certo se posso fazer o Cão de Guarda

Real chorar. — Arthur pisca, então se estica para sua mesa decabeceira, pega um lenço de papel e enxuga meus olhos.

— Você realmente está, Arthur. — Dou-lhe um beijo rápido noslábios. — Posso dizer que eu realmente sinto que você mudoudesde que cheguei aqui?

— Você pode — diz ele em uma voz particularmente pomposa.Eu sorrio e acompanho seu tom.— Oh, bem, obrigada, bom senhor. — Eu inclino minha cabeça.

— Mas, falando sério, pense nas palavras que você teria escrito hádois meses.

— Para ser completamente honesto, eu não teria escrito issosozinho. Eu teria mandado outra pessoa fazer isso. Eu poderia terlido mais uma vez antes do baile, mas é mais do que provável queeu não iria mesmo ter feito isso tudo.— Ele se inclina e me dá umbeijo lento e doce nos lábios. — Você tem sido uma influência muitoboa para mim, senhorita Sharpe, para me ajudar a mudar meu tomem tão pouco tempo.

— Acho que nós dois mudamos de tom. De jeito nenhum eu teriapensado em ajudá-lo há dois meses. Mas agora-

— Agora você quer me ajudar? — Seus olhos se iluminam.Eu concordo com a cabeça, recompensada pelo maior sorriso

que já vi em Arthur.— Sério? Você está realmente dizendo que consegui conquistá-

la então? — Ele vai de entusiasmado a arrogante em uma fração desegundo.

Meu orgulho entra em ação, me implorando para fingir que nãomudei de ideia.

— Você não me conquistou. Foi através da observaçãocuidadosa que cheguei a uma nova compreensão de...

Ele levanta uma sobrancelha e eu paro de falar por um segundo.— Oh, Deus, isso é tão difícil de dizer em voz alta... mas eu

estava... há algumas áreas onde... posso ter feito algumas

suposições. — Eu suspiro, então deixo as palavras saírem da minhaboca. — Eu estava errada.

Levantando um dedo, continuo falando antes que ele comece ase gabar.

— Não sobre tudo isso - nunca mudarei de ideia sobre a eleiçãode nossos líderes - mas posso ter subestimado o que sua família fazpela nação e pelos outros reinos. Na verdade, fiz uma lista de todasas áreas em que meus fatos eram menos precisos. A coisa certa afazer seria ir a público com isso.

Arthur bate palmas.— E você é do tipo que faz a coisa certa.— Na verdade não. — Eu dou a ele um sorriso maligno. — Estou

dormindo com você, não estou?— Oh, mas você não poderia se conter no que diz respeito a

mim. Você foi dominada pela minha gostosura.— Na verdade não. Estou apenas usando você para seus ovos

mexidos do Gord Ramsay perfeitos.Arthur pega nossos dois laptops e os coloca na mesinha de

cabeceira, em seguida, rola em cima de mim, fazendo-me gritar detanto rir.

—É isso, Sharpe. Admite. Você me quer pelo meu corpo.— Nunca! É só para o café da manhã.Ele prende meus braços acima da cabeça e diz: — Última

chance, Sharpe. Admite.— Ok, eu também gosto de passeios de limusine.— Nunca ouvi uma dama se referir a isso como um passeio de

limusine, mas terei prazer em aceitar o elogio.Nós dois rimos, o que se transforma em um beijo. Depois de um

momento, ele levanta a cabeça.— Você vai me ajudar a salvar a monarquia, não é?— Oh, droga, acho que sim.Arthur sorri para mim e me dá um beijo sólido nos lábios. —

Você não tem ideia de como me fez feliz.— Mas isso significa que ninguém pode nos descobrir. Porque se

o fizerem, nada do que eu disser terá qualquer mérito.— Isso não é um problema. Ninguém aqui vai dizer uma palavra.

Eles são todos muito bons em guardar segredos. — Ele me beija

novamente. — Não posso acreditar que te convenci. São minhashabilidades orais, não é?

— Não! Quero dizer, por mais maravilhosos que sejam,realmente foi ver o que você faz e descobrir a verdade.

— Mas, vamos, tem que ser um pouco sobre aquela coisa queeu faço com a minha língua quando você está perto do fim.

Meu corpo fica todo formigando com a menção disso, mas nãovou dizer isso a ele.

— Isso não tem influência na minha mudança de opinião.— Vamos lá, tem sim—, ele brinca. — Apenas admita isso.— Querido Senhor, você é implacável.— É provavelmente por isso que sou tão bom nisso. — Ele

levanta e abaixa as sobrancelhas.— Você é nada menos que exasperante. É uma maravilha que

eu goste de você, de verdade.— Mas você gosta. Muito. — Ele beija meu pescoço até eu

gemer. — Eu posso dizer por esse pequeno som que você acaboude fazer.

— Tudo bem. Eu gosto de você.Enquanto ele sobe até a minha orelha, minhas palavras saem

com uma qualidade ofegante. — Muito.— Bom. Porque eu gosto de você também — ele diz enquanto

desaparece sob os lençóis. —Especialmente dessa parte aqui.

— Sério? — Nikki pergunta. — Você só vai se desculparpublicamente e dizer que estava errada sobre tudo?

— Nem tudo. Mas a maior parte. — Eu suspiro, sentindo umamistura de alívio e medo em admitir isso para ela. Tenho evitado depropósito ligar para Nikki por quase duas semanas. Enviamosmensagens de texto e recebemos uma ligação rápida, mas a culpade não contar a ela o que estou fazendo está me corroendo.

— Isso vai ser realmente humilhante. Como o nível dehumilhação do Shock Jogger.

— Eu sei.

— E você vai perder muito dinheiro que teria sido seu, sabe.— Eu sei. Eu também pensei nisso. Eu também vou queimar

qualquer ponte que eu poderia ter tido com o primeiro-ministro, mastambém não tenho certeza se quero me envolver com gente comoele - não literalmente, eca - mas figurativamente. Então, acho queestou melhor assim. — Eu faço o meu melhor para parecer muitoconfiante, embora esteja apavorada.

— Eu acho… — Nikki diz, sua voz cheia de preocupação. —Mas pense no dinheiro, Tessa. Quero dizer, quando você aceitou aoferta do Príncipe, foi para que você pudesse finalmente seguir emfrente, e agora, quando você está prestes a fazer isso, você vaidesistir?

— Oh, Deus. Eu sei que parece totalmente louco, acredite emmim. Mas talvez isso prove minha dedicação ao relato honesto emvez do orgulho pessoal. Além disso, serei capaz de olhar Tabithanos olhos, sabendo que fiz a coisa certa.

— Você não pode comprar aquelas botas Bench com aaprovação da sua sobrinha — diz ela. — Mas suponho que hácoisas mais importantes do que - puta merda! Você está dormindocom ele, não é?

— O que? Porque você pensaria isso?— Oh. Meu. Deus! Você está! Há quanto tempo você está

dormindo com ele?— O que? Quem disse que eu estava dormindo com ele? — Eu

pergunto, esperando ganhar mais tempo para encontrar umaexplicação razoável.

— Eu disse. E você não negou, então você claramente está. —Julgada, condenada e prestes a ser sentenciada. — Agora tudo fazsentido. Você não vai embora, embora afirme que está passandopor maus bocados desde que o rei voltou para casa. — Nikki arfa.— Como você pôde não me contar?

— Eu não poderia. Estou tão envergonhada de mim mesma.Estou sendo uma mulher muito má e muito estúpida. E agora estoudisposta a desistir de minha carreira por ele como uma dona decasa dos anos 1950.

— Espera? Você está desistindo de sua carreira por ele? Éporque você está prestes a se tornar uma dona de casa dos anos

cinquenta? Só uma muito rica que usa uma coroa e nunca tem quecozinhar ou limpar ou lavar roupa ou esperar a promoção paracomprar calçados?

— Não — eu gemo. — É muito pior do que você pensa. É muitoclaro que não temos futuro. Isso tudo foi apenas um erro. Um erromaravilhoso, sexy e orgásmico que cometi inúmeras vezes.

— E você escondeu isso de mim o tempo todo?— Por favor, não fique chateada. Tenho me sentido terrivelmente

culpada por não ter contado a você, mas estava com medo de quevocê me convencesse do contrário. E eu simplesmente não podiadeixar você fazer isso. É como... se ele fosse crack e eu umaviciada, e a única coisa que importa é conseguir mais dele.

— Você tem um sério vício em pau?— Não apenas o pau. O cara inteiro.— Se eu já não estivesse na banheira, acho que entraria em

colapso agora com o choque.— É assim que me sinto todas as manhãs. Chocada comigo

mesma. Chocada com ele por querer... fazer qualquer coisa disso.Então, à noite, não consigo pensar em nada além de fazer tudo denovo. Acho que preciso de um programa de doze passos ou algoassim.

A voz de Nikki fica baixa.— Você está apaixonada por ele?Eu engulo em seco e deixo a verdade gritar.— Acho que sim.— Ele está apaixonado por você?— Não, ele não pode estar. Acho que ele realmente gosta de

mim e quer fazer sexo o tempo todo, mas não há como ele estarapaixonado por mim.

— E por que diabos não? — Ela está ofendida por mim e eu aamo por isso.

— Porque eu sou a blogueira barra Cão de Guarda Real doShock Jogger que cheira as axilas e tem a boca suja. Soutotalmente errada para ele. Isso é só para se divertir. E logo euvoltarei para a realidade e fingirei que nunca aconteceu. Ou meenrolar em posição fetal e beber vinho em um copo com canudinhopor algumas semanas, depois fingir que nunca aconteceu.

Conversamos por mais vinte minutos, a conversa indo e voltandoentre Nikki estar magoada por eu ter escondido tudo isso dela,preocupada com o que estou fazendo comigo mesma e tonta pormim pelo que tenho deixado o Príncipe Arthur fazer isso comigo. Nomomento em que desligamos o telefone, minha mente está girandocom tudo isso. De alguma forma, falar sobre isso trouxe todos osmeus medos à frente da minha mente, bem onde eu não os queria.Eu os queria arrumados ordenadamente atrás, como minha coleçãode calcinhas um pouco pequenas demais que usarei quando perderos últimos cinco quilos.

Olho para a campina pela janela e vejo Troy e Dexter dando umacaminhada. A ideia de ir embora faz meu coração doer. Não possome permitir ter esperança que as coisas continuem, porque sei quenão podem. Não sou o suficiente para ser rainha e, embora Arthurpareça apaixonado por mim, ele não disse nada que me levasse apensar que podemos ter um futuro juntos.

Eu nunca vou pertencer a essas pessoas. Veja sua irmã, porexemplo, de quem Arthur é muito próximo. Ela me despreza - porum bom motivo, na verdade. Represento tudo o que pode machucá-los e, embora Arthur me perdoe, sei que ela não pode e não vai.Uma coisa é quando alguém machuca você, mas outra coisatotalmente diferente é quando alguém machuca alguém que vocêama. Se ela soubesse que eu o amo também.

Oh, isso está ficando bastante dramático, não está? O que euestou fazendo? Sério? Eu nunca deveria ter deixado ele me atrairpara seu quarto com a promessa de batatas fritas. Eu deveria terficado longe. Mantê-lo à distância. Porque agora é tarde demais. Eunão sou um Bram. Sou uma Tessa, que faz funerais de minhocas echora incontrolavelmente por causa daquele comercial do chicleteExtra com a garota que guarda todos aqueles passarinhos deorigami que o pai faz para ela. Eu me apaixonei por ele e agora étarde demais para voltar atrás. Vou ficar arrasada, porque realmentenão há como fazer isso funcionar.

Oh, droga.

E

V I N T E E N O V E

O MELHOR AMIGO DE UMA GAROTA

Arthur

u sou um pouco chato quando se trata de qualquer tipo degrande evento. Eu não quero ir, então eu tendo a reclamar

durante toda a preparação, então cerro os dentes até que tudoacabe e eu possa voltar para a solidão de meus aposentos. Nãoimporta que tipo de evento, na verdade - bailes, festas de gala,batizados de navios - todos são tão terrivelmente maçantes quantoassistir golfe na TV.

Mas Arthur, e a música, a dança e as belas mulheres?Bocejo.E a comida, as risadas e as bebidas?Tire todo mundo da sala e me deixe com as bebidas - agora

estamos conversando.Mas hoje, não estou com receio do baile nem um pouquinho.

Não zombei nem uma vez da lista de VIPs que devo cumprimentar.Não usei o termo pinguim nem uma vez, desde que Vincent trouxe oterno para meu apartamento depois de passá-lo.

O irônico é que esse baile em particular deveria ser o que eumais recearia. Após o anúncio do Primeiro Ministro, a sala serádividida entre aqueles que querem ver nossas cabeças em pratos(figurativamente, a maioria deles, espero), e aqueles que desejamver nosso reinado continuando no próximo milênio. Vai ser estranhocomo o inferno e exigirá uma maior delicadeza para me controlar.

Cada expressão, cada escolha de onde ficar e com quem falar seráanalisada implacavelmente.

E, ainda assim, estou nos ares enquanto tomo banho, faço abarba e me visto. Uma boa mulher faz isso com você. Ontem ànoite, antes de sair do quarto de Tessa, convidei-a para ir ao bailecomigo. Parecia um pouco como um filme de romance colegialmeloso, mas a reação dela me mostrou por que os homens seimportam com esse tipo de gesto romântico em primeiro lugar. Eisso não é nada comparado com o que planejei esta noite.

Uma batida na minha porta me faz sorrir. Poderia ser umasenhorita Sharpe voltando para mais? Coisinha gananciosa. Abro aporta com meu melhor sorriso sexy e fico cara a cara com meu pai.A expressão que ele usa abaixa o cetro de qualquer homem.Preciso parar de pensar que é ela na minha porta, porque adecepção é terrível.

— Eu queria ter certeza de que você está pronto para dar omelhor discurso de sua vida inútil essa noite.

— Bem, obrigado. Eu não esperava uma conversa estimulantedo querido e velho papai.

Ele pisca lentamente, então passa por mim e segue direto para oarmário de bebidas.

— Estou duvidando da decisão de permitir que você fale.Ele está com inveja. É isso que está errado. A equipe de

consultoria realizou um grupo de foco estúpido e, aparentemente,sou cinco vezes mais agradável que meu pai, então eles sugeriramque eu aumentasse minha visibilidade e ele diminuísse a dele.Mesmo que seja apenas até que a crise pendente se resolva, tenhoa sensação de que o dano ao nosso relacionamento já tenso durarámuito além da votação.

— Se você prefere fazer o discurso, vá em frente. Não é comose eu tivesse pedido para receber o fardo.

— Não foda tudo. — Ele bebe um uísque e coloca o copo namesa, então olha para Dexter, que está deitado no sofá assistindoMonkey Thieves. — Repugnante.

Dex olha para ele e bufa. Ele nunca gostou do meu pai. Como eudisse a Tessa, ele realmente é um excelente juiz de caráter.

Quando Tessa abre a porta, fico pasmo com sua beleza. Sério, nãoconsigo fazer palavras se formarem em meu cérebro, muito menosrolar para fora da minha língua. Ela é uma visão. Seu cabelo loiroestá preso em algum tipo de coque complicado. O vestido prateadoque ela está usando tem um toque de brilho - não o suficiente paraser extravagante, mas o suficiente para fazer um homem acreditarque a magia é real. É bem colado em seu corpo, mostrando todasas curvas deliciosas, e mergulhando entre seus seios de marfimperfeitos apenas o suficiente para me dar um lembrete de como oresto deles são, mas não o suficiente para que ela esteja mostrandoalgo que eu não gostaria que ninguém visse.

Meus olhos a percorrem da cabeça aos pés e voltam, e nãotenho certeza de que não iria de porta em porta através do reinopara devolver um dos saltos que ela está usando. Quandofinalmente fixei meu olhar em seu rosto, eu sei a verdade.

Eu faria muito isso. Com um sorriso no meu rosto idiota.— Belo smoking — ela diz, então ela estende a mão e endireita

minha gravata borboleta, me dando uma cheirada de seu perfumedelicioso.

Excalibur acorda e começa a implorar.— Cristo, eu quero bagunçar seu cabelo agora.Ela sorri e levanta uma sobrancelha.— E como você faria isso?— Eu levaria a noite toda para explicar tudo. Em vez disso,

devemos acabar com todo esse negócio de baile ridículo, para quepossamos voltar aqui e eu possa mostrar a você. — Eu traço seusbraços nus com a ponta dos meus dedos. Sua pele pode ser a coisamais macia que já senti. Sério, é tão macio. — Se importa se eu tebeijar ou você é uma daquelas garotas que não quer estragar obatom?

Ela franze o rosto como se estivesse realmente considerandoisso, então dá de ombros.

— Vai em frente.Eu a puxo para mim e, nos próximos minutos, nós lambuzamos

seus lábios rosados de gloss . Finalmente, eu me afasto, tentando

desacelerar minha respiração e me controlar. Excalibur vai ficarmuito, muito decepcionada.

— É melhor nós irmos. Não podemos nos atrasar.Ela sorri e vejo a ansiedade em seus olhos.— Vou me tornar apresentável novamente.— Vou ficar aqui e olhar para o seu lindo traseiro enquanto você

vai embora.

— Espero que você não se importe, precisamos fazer uma paradarápida no caminho para o salão de baile. — A mão dela estápousada na curva do meu braço da maneira mais apropriada, mascomo é a mão dela, só consigo ter pensamentos muito sujos. Umdos quais é o que eu gostaria de fazer com ela quando chegarmosao cofre, mas é melhor eu não permitir que minha mente vaguemuito longe nessa estrada, ou estarei ostentando uma ereção maisvisível no momento que chegamos na gala.

Quando chegamos à sala do cofre, há dois guardas parados naporta. Normalmente há apenas um, sentado do lado de dentro. Maspara noites como esta, há um total de seis. Eu aceno e um delesabre a porta.

— Boa noite, pessoal — eu digo.— Boa noite, Sua Alteza.Uma vez dentro da sala, passamos pela mesma rotina com os

outros quatro homens. Eu vou para o teclado e pressiono o código,em seguida, coloco meu rosto na frente da câmera para umavarredura de retina. Quando olho para Tessa, ela realmente pareceimpressionada.

— Um pouco Bond-ístico, não?— Eu pergunto.— Muito.— Vamos, Moneypenny, vamos pegar algo para esse seu lindo

pescoço.— Eu puxo sua mão e a puxo comigo antes que ela possadizer não.

Ela já está balançando a cabeça, mas eu levanto um dedo.

— Posso ver seu cérebro da família Sharpe trabalhando em dezmotivos diferentes pelos quais você não deve usar um colaremprestado, mas já preparei contra-argumentos e, uma vez queestamos doze minutos atrasados, permita-me. Um, eles já estãopagos, alguns deles há centenas de anos, então não estão saindodos impostos de ninguém. Dois, como os livros da biblioteca, elesvão desperdiçar aqui. Três, pela primeira vez na vida, querocompartilhar algo com outra pessoa - alguém que merece se sentircomo uma rainha, mesmo que só se permita isso por umamesquinha noite. Quatro, tenho essa fantasia de ver você usandoapenas joias. Talvez os saltos possam ficar.

Tessa ri e suas bochechas ficam vermelhas.— Tudo bem. Um colar, mas pegue um barato.Eu levanto uma sobrancelha.— Defina barato.— Menos do que um banquinho da cozinha.— Que tal menos do que um carro?— Sofá.— Eu disse 'rainha'. Uma rainha realmente usaria um sofá em

volta do pescoço? — Eu alcanço e corro meus dedos ao longo dabase de seu pescoço.

— Ela usaria um carro?— Bom ponto. — Eu me inclino e beijo a curva de seu pescoço.

— Que tal agora? Você escolhe o que mais gosta e não vou lhedizer quanto vale.

Eu continuo a passar meus lábios ao longo de sua pele, emseguida, passo até o lóbulo da orelha. Outra noite, descobri umapequena mancha na base da orelha que a derrete toda. Depois deum momento de trabalho cuidadoso, consigo o que quero. Umpequeno 'ok' ofegante escapa de seus lábios.

Ela pega minha mão enquanto nos movemos ao redor da grandesala.

— Você sabe o que é engraçado? — ela pergunta. — Eu mesinto um pouco assustada só de olhar para eles. Como se eupudesse quebrar algo com os meus olhos comuns.

Eu estreito meus olhos para ela.— Por favor, não se chame assim.

— Por que não? É o que eu sou. — Ela endireita as costas, eposso ver que ela está prestes a entrar em modo de luta.

— Você é tudo menos comum. Você é incrível.— Pego uma tiarade uma vitrine e coloco em sua cabeça, então sorrio e a viro para oespelho. — Vê? Olhe para você. Positivamente real. É assim que omundo deveria ver você.

Ela se olha no espelho, cora um pouco mais e olha para o chão.— Não olhe para baixo. Eu quero que você se veja do jeito que

eu te vejo. — Eu fico atrás dela e levanto seu queixo suavementecom um dedo para que ela olhe para si mesma novamente. — Éassim que eu vejo você. Uma visão de perfeição.

Ela se vira para mim.— Você tem um papo muito bom, Sua Alteza.— Estou falando sério. Não importa o que aconteça, quero que

você se lembre deste momento, porque quero que você saiba o seuvalor. — Eu abaixo meu rosto para que eu possa olhar nos olhosdela. — Se eu fosse realmente honesto, diria que quero que você selembre deste momento como o início de algo maravilhoso.

Seus olhos verdes se fixam nos meus, e é como se ela estivesseolhando diretamente para minha alma. E pela primeira vez em todaa minha vida, acabei de dizer a verdade a uma mulher sobre comome sinto, e é aterrorizante e absolutamente maravilhoso ao mesmotempo.

Um dos guardas limpa a garganta.— Desculpe, Alteza. O Sr. Hendriks está ligando para encontrá-

lo. Eu pensei que o senhor deveria saber.Eu respondo sem desviar o olhar de Tessa nem por um segundo.— Diga a ele que você está de olho em mim e que estaremos aí

em quatro minutos.Eu o ouço falando em seu microfone enquanto a porta se fecha

atrás dele.— Nós devemos ir — ela diz.— Eu sei que todos estão esperando por nós, mas eu teria o

maior prazer se escolhesse algo para usar primeiro. — Eu a beijosuavemente nos lábios, com cuidado para não borrar seu batom. —Por favor, me deixe fazer isso por você, Tessa. Não sou um príncipeesta noite. Sou um homem que deseja muito mimar uma mulher,

não por qualquer outro motivo a não ser porque ela merece. — Euparo e a beijo novamente. — Isso não é inteiramente verdade. Hátambém aquela coisa toda que estou passando na minha cabeçacom você usando nada além de joias.

— E meus saltos. — Ela finalmente sorri, e é como se o soltivesse saído depois de uma tempestade. Tudo arco-íris e cachorrose essas merdas.

Ela olha para a caixa de colares. — Aquele.Eu levanto o colar e coloco ao redor do pescoço dela. É um colar

de esmeraldas de corte ascendente Harry Winston, feito na décadade 1950 para a esposa de um produtor de Hollywood. Cadaesmeralda é cercada por diamantes de corte brilhante.

— Escolha perfeita. — Eu a viro para que ela possa se ver noespelho novamente. Ela estende a mão e toca as joiasdelicadamente, e a expressão em seu rosto vale cada centavo dosquatro milhões.

Enquanto caminhamos pelo corredor, ela pergunta: — E se euperdê-lo?

— Você não vai. — Eu deslizo minha mão na dela e parece tãonatural lá - como se sempre tivesse sido minha mão para segurar.

— Mas... e se eu perder?Eu dou de ombros.— Então, estarei sem o dinheiro de uma casa muito bonita.Ela começa a fazer aquela coisa de Lamaze respirar novamente,

e estou feliz por não ter contado a verdade.Quando chegamos à grande entrada do salão de baile, eu a

olho.— Você está bem?Ela assente, mas parece apavorada.— Você vai ficar bem. Eu prometo. — Eu aperto a mão dela. —

Eu estarei com você o tempo todo. Além disso, você será de longe amulher mais deslumbrante do cômodo.

I

T R I N T A

BRINDES DE CHAMPANHE E SALTOS ALTOS CAROS MALFEITOS

Tessa

sso está realmente acontecendo? Estou entrando no baile nobraço de um príncipe herdeiro? Usando um colar que tenho

certeza que resolveria todos os meus problemas financeiros para oresto da vida? Ele acabou de dizer que espera que eu me apaixonepor ele? Ou esta é uma onda de drogas muito estranha emaravilhosa?

Talvez seja. Oh, e se eles me drogaram e agora estão realmenteme levando para a masmorra para cortar minha cabeça, mas euacho que é esta noite maravilhosa, perfeita e mágica em vez disso?Mas não me sinto drogada. Eu me sinto de alguma forma maisdesperta do que nunca. Tudo sobre isso é tão vívido - o grandesalão de baile bem iluminado cheio de pelo menos mil pessoas emlindos vestidos e smokings elegantes. O perfume dos enormesarranjos de flores em cima de cada uma das mesas redondas. Omar de toalhas de mesa e cadeiras de marfim combinando contra oenorme piso xadrez preto e branco brilhante.

Eu ouço nossos nomes sendo anunciados nos alto-falantes.— Sua Alteza Real, Príncipe Arthur e a senhorita Tessa Sharpe.Palmas educadas vêm de toda a sala. As pessoas estão sorrindo

para nós. Bem, alguns estão me encarando carrancudos,principalmente mulheres, mas alguns homens também. Meucoração bate tão forte que os sons da sala são maçantes ao fundo.

A música, o tilintar de copos, pessoas falando em voz baixa. Acabeide receber uma taça de champanhe, e está frio na minha língua.Borbulhante e delicioso.

— Beba. Parece que você pode precisar — diz Arthur.E quando eu olho em seus olhos, eu relaxo completamente. A

sinceridade em seu rosto me diz que tudo ficará bem. E eu acreditonele.

Em seguida, o ataque dos saudadores veio à nossa frente,apertando a mão do príncipe e se curvando. Desejando-lhe bem.Alguns me cumprimentam também; outros olham para mim e depoisseguem em frente, ou me ignoram completamente. Isso continuapor alguns minutos. Eu bebo champanhe. Ele é levado embora eoutro aparece na minha mão sem que eu esteja totalmente ciente decomo isso aconteceu. Então a música para e a sala fica em silêncio.Eu olho para o palco onde a pequena orquestra está sentada,esperando enquanto o Rei está diante do microfone.

— Eu gostaria de dar as boas-vindas a todos vocês aqui estanoite. Estamos aqui para comemorar uma grande conquista, quemuito poucas nações conseguem alcançar. Oitocentos anos de paz,oitocentos anos sendo um povo com um propósito. Gostaria deconvidar meu filho a dizer algumas palavras em nome de nossafamília. Como futuro rei do país, é justo que ele fale nesta ocasiãoauspiciosa.

Aplausos enchem a sala e Arthur sussurra para mim: —Desculpe. Apenas um pouco de negócios para cuidar, então soutodo seu.

Eu o vejo subir no palco e tudo sobre ele diz líder. E ele seriabom nisso. Quando ele alcança o microfone, ele me encontra nomeio da multidão e sorri, e eu sinto que sou a única na sala.

— Boa noite a todos e obrigado por terem vindo. É uma honradar as boas-vindas a todos vocês em nossa casa para participardeste evento. Bem, nem todo mundo. Vejo que o primeiro ministroapareceu.

Uma explosão de risadas enche a sala, e Arthur dá a eles seusorriso brincalhão.

— Eu só estou brincando, é claro, Jack. Ficamos felizes por vocêter vindo comemorar conosco. Como primeiro ministro, sua posição

é tão importante quanto a nossa para garantir uma sociedade justa,na qual as vozes do povo sejam ouvidas. Eu sei que tem havidomuita especulação nos últimos dias sobre como minha família estáadministrando as notícias do referendo, e eu gostaria de informá-los,porque como seus servos às vezes não tão humildes, nós devemosvocê a verdade. Não vou ficar aqui para dizer que saudamos oreferendo. Isso seria um monte de merda, e todos vocês sabemdisso.

— Foram alguns dias difíceis, mas, como uma amiga me disse,mudar é sempre difícil, e a ameaça de ser reduzido sempre fará apessoa se sentir, bem, ameaçada. Ficamos chocados ao saber dodesejo inexplicável do primeiro ministro de nos expulsar depois deapoiarmos sua candidatura à liderança. A confiança que uma vezcompartilhamos não foi honrada, e eu gostaria que você pensassesobre isso quando for às urnas em algumas semanas. Pois, umavez que um homem prova que vai quebrar a confiança em umasituação, é altamente provável que o faça em outras situaçõestambém.

— Mas o referendo não é o que meu pai, minha irmã e eudeveríamos nos concentrar agora. É perder a fé das pessoas quedeveria ser - e é - mais problemático, porque nossos baixos índicesde aprovação mostram que não temos ouvido vocês, e isso estáerrado. Se estivéssemos em contato com as necessidades, desejose problemas das próprias pessoas que vivem e trabalham aqui efazem de nossa nação o que é, vocês não estariam prontos paranos expulsar. E isso é por nossa conta. Fomos fechados por umlongo tempo, continuando com os negócios normais, enquantovocês crescem e mudam e, em muitos casos, lutam.

— Como vocês sabem, recentemente convidei Tessa Sharpepara morar no palácio e observar cada movimento nosso. Euesperava poder convencê-la de que a nação precisa de nós. Masem vez disso, ela parece ter me convencido de que não temos agidode uma forma que justifique seu apoio contínuo.

Eu olho ao redor e vejo os rostos surpresos ao redor da sala,incluindo o do rei. Uma sensação de orgulho cresce em meu peito.Arthur me encontra no meio da multidão de novo e sorri, depoiscontinua.

— Nesta ocasião marcante, é nosso dever fazer uma pausa erefletir sobre a história da Avonia. Passei os últimos dias pensandosobre o propósito original de um monarca, você sabe, há oitocentosanos atrás, quando tudo começou aqui. Sim, era sobre poder edinheiro, é claro, mas também havia o aspecto de oferecer proteçãopara a nação e seu povo.

— A capacidade do rei Edward de formar um grande exército foiuma fonte de conforto para muitos, depois de anos de guerra civil einvasão. Ter um rei que pudesse manter a linha em face do ataquepermitiu que o povo se sentisse seguro e continuasse com suasvidas sem a preocupação constante de ataques de exércitosvizinhos. Segundo todos os relatos da história, ele foi um bomgovernante. Como um bom pai, Edward era justo, sábio e desejosode lutar por seu povo. Diz a lenda que ele morreu no campo debatalha quando os escoceses tentaram invadir em 1226. Ele nãoapenas enviou seus homens, mas foi ele mesmo para segurar aparede.

— Ele deve ser nossa inspiração hoje, enquanto nós, da CasaLangdon, consideramos nosso futuro. Sabedoria, justiça e bravuradevem ser a pedra angular desta família, e pretendo fazê-lo assim,ao iniciarmos nosso próximo século juntos. Estou diante de vocêshoje, comprometendo-me com esses princípios e prometendo servirao povo de Avonia em todas as tempestades que possam surgir emnosso caminho. Se, e quando eu tiver o privilégio de assumir otrono, eu prometo a vocês, não irei apenas ouvi-los e serresponsável por vocês, mas vou segurar a parede.

Os aplausos são estrondosos. Eu rasgo quando as pessoas aoredor da sala ficam de pé. Ele sorri para mim e acena para váriaspessoas na multidão até a ovação terminar.

— Agora, vamos continuar com a festa. Bebam, comam e vamosdançar, porque oitocentos anos é uma conquista e tanto.

Arthur faz uma reverência, depois passa por seu pai, sai dopalco e vem até mim, apertando as mãos durante todo o corredor.Quando ele finalmente chega até mim, ele estende a mão.

— Posso ter o prazer de sua companhia para a primeira dança?Eu coro como uma adolescente enquanto ele me leva para o

centro da pista de dança. A orquestra começa. Arthur pressiona

uma mão nas minhas costas e segura minha mão com a outra, comum aperto solto, mas firme.

— Você dança valsa?Meu coração está batendo forte e estou tentando muito não

notar os dois mil olhos treinados em nós quando ele começa a semover.

— Mal.— Bem, estou feliz por ter passado todos aqueles anos na

Escola de Charme para Príncipes, porque posso fazer qualquerpessoa parecer bem. — Ele me dá uma piscadela e eu relaxo e medeixo ir enquanto ele nos desliza pelo chão.

— Você foi incrível — eu digo. — Absolutamente perfeito.— Isso é só porque eu tive a mulher perfeita para me mostrar o

que as pessoas precisavam ouvir. — Ele mergulha em mim e meucoração dispara. — Uma que me ajudou a tirar minha cabeça daminha bunda real.

Dançamos duas músicas juntos antes de uma mulher mais velha emum vestido rosa brilhante entrar. Eu vou para o fundo da sala e mesirvo de um ponche. Eu me sinto um pouco como uma flor daparede, parada sozinha na mesa de ponche, tamborilando meusdedos no meu copo com a batida, mas ninguém mais está meolhando agora que não estou com Arthur.

Sinto um toque em meu ombro e me viro para ver dois rapazessorrindo para mim.

— Você é a garota do Shock Jogger, certo?— Sou eu.— Te disse! — diz o mais alto. — Pague, perdedor.— Certo. — O mais baixo dá dez a ele e sorri para mim. —

Quanto isso doeu? Levando choque assim? Parecia muito doloroso.— Eu não recomendaria.Os dois riem, então o baixinho diz: — Podemos tirar uma foto

com você?— Por que não? — Eu sorrio educadamente.

Quando eles terminam comigo, eles se afastam e eu vou diretopara o terraço. De repente me sinto muito deslocada e posso sentirmilhares de pares de olhos em mim agora, e nenhum deles pertenceao homem que preciso ver agora. Ele parece ter desaparecido.

Ao passar pelo bar, vejo um grupo de mulheres de aparênciamuito real apontando para mim e sussurrando umas para as outras.Eu dou a elas um pequeno aceno de cabeça. E então acontece.Meu salto esquerdo se solta e meu pé bate no chão. Eu assistoimpotente enquanto o salto gira para a pista de dança.

Sim. Isso é o que eu precisava agora. A humilhação de umaquebra de salto. Levanto o pé esquerdo na ponta dos pés e tentosair sem fazer toda a caminhada de 'cima para baixo', mas nãoadianta. Meu calcanhar direito está muito alto para que eupermaneça nivelada. Eu ouço uma gargalhada atrás de mimenquanto saio pela porta. Essa noite pode terminar?

E

T R I N T A E U M

COROAS BRILHAN TES E DEDOS MINDINHOS

Arthur

u estou do lado de fora caminhando pelo jardim com minhaavó, mas, na minha mente, estou de volta ao salão de baile

com Tessa.— Você está terrivelmente quieto, Arthur. O que está passando

em sua mente? — Ela dá um tapinha no meu braço com a mão.— Desculpe, vovó, você estava dizendo algo?— Sim, eu estava começando a dizer o quão orgulhosa você me

deixou. Você realmente deveria ouvir, porque eu posso não ter muitomais chances de encher sua cabeça de elogios.

Eu olho para ela e meu estômago embrulha. Ela parece tão frágilesta noite, embora esteja sorrindo. Sua pele se tornou tão enrugadae translúcida que é como se ela pudesse se transformar em pó aqualquer momento.

— Não diga isso. Você vai ficar por aí por muito tempo.— Sim, claro que vou. Eu quis dizer que você raramente

aproveita a oportunidade para me impressionar.Ai. Tenho certeza de que a condessa viúva Violet Crawley, de

Downton Abbey foi baseada na minha avó. Ela tem muito sarcasmo.— Você sabe o que? Você nunca foi a avó estereotipada. Do tipo

que assa biscoitos e acha que seus netos não podem fazer nadaerrado.

— Qual seria o ponto disso? — ela pergunta. — Além disso,você tem o resto do mundo para afagar seu ego já considerável.

— Bem, obrigado.— De nada. Agora, eu quero te dizer uma coisa, e eu preciso

que você mantenha sua mente no que estou dizendo, ao invés dedeixar isso vagar de volta para aquela adorável jovem com quemvocê está obviamente dormindo.

— Vovó, nós não-— Me dê um pouco mais de crédito do que isso, Arthur. Posso

ter a idade de Jesus, mas não sou estúpida.Ela para em um banco de pedra e começa a se sentar. Tento

ajudá-la, mas ela afasta minha mão.— Mula velha teimosa.— Jovem bode tolo.Eu me jogo ao lado dela e rio.— Então, o que você precisa me dizer?— Cometi vários erros na minha vida, Arthur. Um deles foi

permitir que seu avô criasse seu pai com muito poucasinterferências minhas. — Ela suspira. — Na época, eu acreditavaque era assim que as coisas deveriam ser. Eu não sabia nada sobrecomo governar uma nação. Naquela época, as esposas se rendiamaos maridos, não como hoje, quando na maioria das vezes oshomens raramente têm uma palavra a dizer quando se trata de seusfilhos.

De qualquer forma, se eu fosse mais forte, teria seguido meusinstintos e insistido em ter uma participação igual na educação deseu pai. Algo mais equilibrado, com maior ênfase na importância daconexão humana e o que antes era considerado feminino -sentimentos, compaixão, empatia - esses tipos de coisas.

Ela para e encara o palácio por um momento, e não tenhocerteza se ela esqueceu por que estamos aqui, ou se ela só precisade um minuto para pensar. Quando tenho certeza de que ela temdemência, ela se volta para mim, com os olhos marejados.

— Nós erramos, Arthur. Nós erramos muito feio, e seu paiacabou confundindo crueldade com força. Ele tem sido uma grandedecepção como filho, rei e pai. Se separando - da família - do povo,desconsiderando suas preocupações. Temo que ele vá se tornar aMaria Antonieta da Avonia.

— Eu duvido muito disso. Em toda a sua vida, acho que elenunca ofereceu bolo a ninguém.

— Você está certo. Ele é muito egoísta para fazer até isso, nãoé? — ela pergunta. — Ele foi horrível com Cecily. Simplesmentehorrível. Não admira que ela... — Ela para e balança a cabeça. —Se eu tivesse percebido como sua mãe era delicada, nunca a teriaescolhido.

— Você não poderia saber que ela iria-— Mas eu deveria ter prestado atenção. Ela estava terrivelmente

infeliz. — Sua voz treme. — Ele nunca olhou para ela, nunca faloucom ela. Apenas fingia que não estava ali, a menos que lhe dessemotivos para repreendê-la, o que parecia acontecer com umaregularidade alarmante. Foi um milagre para nós que eles tenhamproduzido um herdeiro, quanto mais dois.

— Está tudo bem, você não precisa explicar. — Porque nãoquero pensar nos meus pais produzindo herdeiros, muito obrigado.

— Sim, eu tenho. A família está com problemas, e é por causado péssimo trabalho que seu avô e eu fizemos criando um rei. —Ela solta minha mão e aponta para mim. — Mas você, meu queridomenino, pode salvar a monarquia. Eu vi esta noite quando vocêestava falando. Você conquistou aquela multidão e, acredite, antesde subir no palco, metade daquela sala estava cheia de inimigos.Você precisa levar esta família à vitória.

— Mas eu não sou o líder desta família.— Um título não incentiva os outros a segui-lo. São as coisas de

que você falou essa noite - sabedoria, bravura e uma mente justa.Você tem todos os três na manga, meu garoto. Você apenas temque deixar as pessoas verem.

— Eu prometo que farei o que puder.— Eu sei que você vai. Eu só queria que você soubesse que eu

acredito em você.Sinto um nó na garganta e tenho que olhar para o céu por um

segundo para parar de me emocionar. O que diabos está erradocomigo ultimamente? Primeiro com Tessa, agora com a avó.

— Podemos estar enfrentando uma batalha difícil, mas pelomenos podemos ser gratos que seu pai não prestou atenção em

você quando você estava crescendo. Se ele tivesse feito isso, vocêpoderia ter acabado sendo um verdadeiro asno de cavalo também.

Eu comecei a rir.— Você está ofendido?— Nem um pouco.— Que pena. Eu esperava chocar você. Passei oitenta e quatro

anos sendo afetada, correta e entediada pra caralho. Pretendo irembora em grande estilo.

Eu abaixo meu rosto e dou-lhe um beijo leve na testa.— Bom para você. Espero que o estilo dure muito tempo.— Eu também — ela diz. — Mas apenas no caso de eu não

estar aqui para guiá-lo, quero que continue o que começou estanoite. Deixe seu coração guiá-lo. Sempre encontre sua humanidadee procure-a nos outros. Se você e aquela Cão de Guarda Real,podem ir para a cama juntos, poderão fazer as pazes com qualquerpessoa. Incluindo o primeiro-ministro. E o povo.

Minha boca cai de joelhos.— Há quanto tempo você sabe quem era Tessa?— Desde a primeira noite que ela esteve aqui. Não tenho ideia

do porquê, mas todo mundo parece pensar que eu não assisto aonoticiário.

— Por que você não disse nada?— Porque é muito mais divertido deixar todos vocês pensarem

que podem me enganar. Mais fácil também. Você sabe quantasvezes eu saio fingindo ser fraca e confusa?

Eu rio e ela se junta, descansando a cabeça no meu ombro.Quando acaba, ela diz: — Devíamos voltar. Tenho certeza que suajovem está desejando que você estivesse com ela.

Eu me levanto e lhe ofereço minha mão. Desta vez, ela pega eme deixa ajudá-la a se levantar. Damos os braços e caminhamos devolta ao castelo na noite quente do início do verão.

— Você será um rei maravilhoso, Arthur. Lute pelo que é seu pordireito e, assim que usar essa coroa, prometo que ela terá um brilhointeiramente novo.

— Obrigado, vovó. Você sabe, você sempre foi minha favorita nafamília.

— Eu sei.

— Você deveria dizer que sou seu favorito também.— Você quer que eu minta?— Sim, suponho que sim.— Que pena. — Ela ri. — Agora, sobre sua Tessa. Você vai ter

que lutar por ela também, porque, para se tornar o homem que seique pode ser, vai precisar de alguém com a força e inteligência delaao seu lado. Sem falar em alguém com quem rir...

— Oh, eu não... eu acho... ela não é-— Tolice. Ela é perfeita para você. Ela é exatamente quem você

precisa. Agora, seja homem, e faça dela sua.

Conforme nos aproximamos do palácio, vejo Tessa parada do outrolado do terraço sozinha, olhando para o céu. Mesmo à distância, elame tira o fôlego. Eu tenho que lutar contra o desejo de abandonarminha avó e correr para ela.

— Vá. Eu vou ficar bem.— Não, vou acompanhá-la para dentro.— Sem ofensa, mas prefiro estar nos braços do belo e jovem

Ollie, se você não se importa. — Ela dá um tapinha no meu braço,em seguida, desliza o dela para longe de mim. — Venha aqui, lindo.

As orelhas de Ollie ficam rosadas quando ela se aproxima e asegura sob a dobra de seu cotovelo.

Enquanto eu os vejo entrar, eu a ouço dizer: — Então, Ollie,querido, o que você acha das senhoras mais velhas?

Eu rio enquanto subo os três degraus até o terraço e faço meucaminho até Tessa. Ela se vira e olha para mim, depois sorri, masseus olhos não se iluminam do jeito que normalmente acendemquando ela me vê.

— O que há de errado? — Eu pergunto assim que estou pertodela.

— Quebrei meu sapato. — Ela levanta um estilete brilhante semo salto.

— Oh, Deus, eu já vi isso acontecer com uma mulher uma vez.Foi hilário e meio cringe ao mesmo tempo.

Ela coloca o sapato no corrimão de pedra.— Bem, eu estava me encolhendo e todos que viram

definitivamente acharam isso hilário.Ela cruza os braços e esfrega os braços com os dedos.— Bem, eu gostaria de ter estado lá para surpreendê-la quando

isso aconteceu. — Eu tiro minha jaqueta e coloco em volta de seusombros.

— Isso os teria calado. — Ela sorri. — Obrigado pelo casaco. Éuma jogada muito astuta, Sua Alteza.

— Sou conhecido por ser astuto. Agora, o que vamos fazer como seu sapato?

— Acho que vou mancar de volta para o meu quarto. Essesmalditos saltos estavam me deixando bolhas de qualquer maneira.

— Não no meu turno. — Alcançando uma mão sob seus joelhos,eu a levanto em meus braços. Ela grita uma risada e envolve osbraços em volta do meu pescoço. Quando chegamos a uma mesade pedra, eu a coloco no chão com cuidado e tiro o outro sapato.

— Você deve ter sido o melhor da sua classe na escola dePríncipes Encantados.

Pego um pé e o esfrego, e o engraçado é que não me incomodanem um pouco segurar o pé quente dela. Normalmente não hánenhuma maneira no inferno que eu estaria tocando os dedos dospés suados de alguém, mas porque eles pertencem a ela, eles sãoadoráveis para mim.

— Era a Escola de Charme para Príncipes, e sim, eu era umaluno A+.

Esfrego o outro pé por um momento e inspeciono os dedos dospés. Os dedos do pé dela têm bolhas vermelhas horríveis naslaterais.

— Bom Deus. Não acho que tenhamos um dispositivo de torturana masmorra que supere os sapatos de salto alto. E ainda assim,vocês mulheres os colocam de boa vontade.

— Então, vocês têm uma masmorra. Eu sabia!— Agora é usado para armazenar vinhos. Eles se livraram de

todos os dispositivos de tortura anos atrás. — Eu paro e examinoseu pé novamente. —Você gostaria que eu te levasse de volta parao seu quarto? Poderíamos passar o resto da noite aninhados

assistindo TV ou fazendo algumas das coisas que eu tinha emmente antes...

— Por mais perfeito que pareça, você precisa voltar para dentro.Mostre às pessoas aqui que essas não eram apenas palavrasbonitas antes. Eles precisam saber que você realmente seguirá emfrente com toda a questão da acessibilidade.

— Na verdade, a única pessoa para quem eu realmente queroestar acessível agora está sentada na minha frente.

— E ela não pode deixar você fazer isso.Suas palavras aquecem meu coração. Enquanto a encaro,

percebo que ela é quem eu quero ao meu lado, ganhando ouperdendo.

— Espere aqui. Eu volto já.

E

T R I N T A E D O I S

O RELÓGIO MARCA MEIA NOITE

Tessa

u sentei na mesa, sob as estrelas, inalando o cheiro de suajaqueta. Deus, ele cheira tão bem. Unforgettable flui para o

terraço através das portas abertas, e eu cantarolo junto com amelodia. Isso me lembra de dançar na sala de estar nos pés do meuavô. Penso nele e gostaria que ele estivesse aqui para conversaragora, porque não tenho a menor ideia do que devo fazer. Estouapaixonada por um bom homem pela primeira vez, mas ele tambémé um homem com quem não fui honesta. Eu mantive um pé nomundo dele e o outro no meu antigo, recebendo uma oferta deemprego de seu inimigo. Eu fico olhando para as estrelas esussurro, me sentindo muito boba. — Me mande um sinal, vovô. Mediga o que fazer.

— Aqui vamos nós.— Eu me viro e vejo Arthur caminhando emminha direção, carregando uma pequena bolsa de seda. — Eudescobri uma maneira de ficar na festa e você ficar comigo.

Meu rosto se abre em um sorriso largo. Ele parece tão satisfeitoconsigo mesmo que é como ter um raro vislumbre dele quando eraum garotinho. Eu vejo quando ele puxa um par de sapatilhas debalé.

— Eles pertencem à minha irmã, mas ela nunca os usou, entãovocê não precisa ficar enojada com a ideia de usar sapatos usados.— Ele levanta meu pé esquerdo e o coloca na coxa, depois pegaum par de band-aids do bolso da jaqueta. Observo enquanto ele

envolve meu dedo do pé, em seguida, pega um dos chinelos edesliza no meu pé. — O outro, por favor.

Eu mudo de pé e olho para seu rosto enquanto ele trabalha.Suas sobrancelhas se franziram enquanto ele cuidadosamenteenvolve meu outro dedo do pé. Suas mãos são gentis. Amorosas,até.

— Se você mostrar esse lado de si mesmo, você vencerá.Ele olha para mim por um momento, então desliza o segundo

calçado no meu pé.— Você está dizendo que se eu passar as próximas semanas

consertando dodóis para todo o reino, eu ganharei?— Eu não estou brincando. Deixe eles verem quem você

realmente é. Eu prometo, se eles conhecerem o verdadeiro Arthur,eles vão te amar.

— Como você pode saber disso?— Porque eu possivelmente amo você e sou a pior deles.Ele solta meu pé e olha nos meus olhos. Meu coração bate forte

e meu estômago vira, e de repente estou com medo de ter faladodemais. Isso não deveria ser nada além de um pouco de diversão, eeu meio que acabei de dizer ao príncipe herdeiro que posso estarme apaixonando por ele. Seu rosto está tão sério que me assusta.

Oh Deus. Eu sei que ele vai me largar. Fácil ou difícil, realmentenão importa. Toda essa magia está prestes a chegar ao fim.

Mas isso não acontece.Ele se aproxima de mim, se pressionando contra a mesa onde

estou sentada. Eu vejo quando sua boca se abre, esperando queele diga algo. Qualquer coisa. Mas ele não diz. Ele apenas se inclinae me beija como se sua vida dependesse disso. Seus lábiosesmagam os meus e eu sinto o gosto de champanhe e o cheiro desua colônia deliciosa. Eu fecho meus olhos e me permito meapaixonar ainda mais.

Eu envolvo meus braços em volta do seu pescoço e sinto suasmãos na minha cintura enquanto nossas bocas continuam a semover juntas no mais apaixonado e perfeito abraço. Quandofinalmente voltamos aos nossos sentidos, estamos ambos ofegantesde calor.

— Devíamos entrar — digo, lamentando as palavras assim queelas saem da minha língua.

— Sim. Deveríamos. — Ele me levanta da mesa e me coloca nopátio.

Eu flexiono e aponto meu pé direito e sorrio.— Muito confortável, Sua Alteza. Obrigada.— Não me agradeça. Você é a pessoa mais animada aqui. Eu

não teria um momento de diversão sem você.— Acho isso difícil de acreditar. Há pelo menos duzentas

meninas solteiras lá que ficariam felizes em fazer com que você sedivertisse.

— Trezentos e doze, na verdade, mas se elas não se parecemcom você, soam ou pensam exatamente como você, então elas nãomanterão meu interesse por mais de um minuto. — Ele me beijanovamente, depois se afasta e diz: — Vamos testar esses sapatosde dança.

Oh, Deus, estou apaixonada. Estou muito apaixonada. Asensação explode em meu peito e excita cada terminação nervosa.Então, aquela pontada de culpa pisca novamente e apaga afelicidade. Se esse relacionamento vai ter alguma chance, temosque começar do zero, e deve começar comigo enfrentando osproblemas de frente, em vez de varrê-los para debaixo do tapete.

— Arthur, espere. Eu preciso te contar uma coisa.Seu rosto fecha um pouco.— Jack Janssen me ofereceu um emprego... mais ou menos.

Como redatora de discursos. Ele se aproximou de mim no batismodo navio e eu não queria te contar porque não sabia se podia confiarem você. Não até esta noite. — Eu deixei as palavras derramaremrapidamente, meu coração batendo forte no meu peito.

— Entendo.Ele não parece feliz. Merda. Por que eu levantei o tapete? Por

quê?— E o que você deveria fazer para conseguir o emprego? —

Suas palavras são cortadas de uma forma que só o ouvi usar comDamien. Droga.

— Eu deveria relatar qualquer coisa útil que descobrisse para eleantes de torná-la pública. Mas eu não encontrei nada.

— Mas você estava procurando.— Sim. Não. Quer dizer, no começo eu estava, é claro, mas

depois as coisas mudaram entre nós e eu parei, mas não disse a ele'não'. Eu realmente sinto muito. Eu deveria ter te contado semanasatrás. É que todo esse tempo eu tive que permitir a possibilidade deque você estava apenas me usando. — Eu fecho meus olhos,incapaz de encará-lo.

— Porque você estava preocupada em se apaixonar por outroidiota como Richfield.

— Exatamente — eu digo, sentindo uma onda de alívio. — Eutenho o péssimo hábito de me apaixonar pelo... — Eu paro e minhacabeça vira para trás. — Como você saberia sobre Barrett?

Ele engole em seco.— Tive de fazer uma extensa verificação de antecedentes. Tenho

certeza de que você esperava isso.— Na verdade não. — Meu corpo inteiro está entorpecido. —

Mas suponho que faça sentido. Mesmo que seja um pouco chocantedescobrir que alguém com quem você tenha dormido por váriassemanas fez uma extensa verificação de antecedentes sobre você.

Seus olhos endurecem.— Sim, suponho que seja tão chocante quanto descobrir que a

mulher que está compartilhando sua cama está procurando umemprego ferrando você.

— Talvez mais, mesmo? — Estou à beira do sarcasmo. Nós nosencaramos por um momento, ambos com a intenção de uma justaindignação. — Espera? Quão extenso?

Ele desvia o olhar por um segundo e sei que estou prestes alevar a melhor, embora tenha certeza de que não quero isso.

— Histórico de empregos, formação educacional, endereçosanteriores, situação financeira...

Eu recuo alguns passos para colocar alguma distância entre nós.Não. Não quero a vantagem.

Arthur dá um passo em minha direção.— Tessa, a ordem foi dada antes mesmo de você chegar aqui,

quando você era considerada a maior ameaça à reputação daminha família. Mas eu prometo a você, garanti que os resultados dorelatório sejam mantidos em segredo.

Eu zombo a palavra segredo, que em seu mundo se estende aum círculo de pessoas com não menos que vinte no total.

— O que mais você descobriu sobre mim?— Que você teve um azar excepcional com os homens. Também

posso ter visto e usado algumas informações do seu antigo perfil denamoro online, mas isso foi antes de realmente te conhecer.

De repente, me sinto mal.— Oh meu Deus. Você gosta mesmo de Jelly Babies?— Na verdade não. Eles são um pouco doces demais.— Arthur! Aí está você. — Eu viro minha cabeça e vejo uma

ruiva absolutamente linda caminhando em nossa direção, seuvestido preto balançando junto com seus quadris minúsculos.

—Brooke. Eu não achei que você fosse conseguir vir.Brooke? Doutora Brooke Frigging Beddingfield? Ele não achou

que ela conseguiria vir? Oh, Cristo, eu realmente não tenho a menorideia do que este homem tem feito quando não estamos juntos nacama.

— Eu não perderia isso. Eu voei no final da tarde. — Meignorando, ela o beija bem na boca. Longo também, não umbeijinho.

Arthur se afasta, parecendo mais do que um poucodesconfortável. Mas com quem ele se sente desconfortável de servisto? Eu ou ela?

— Brooke, gostaria que conhecesse Tessa.Ela me olha de cima a baixo e diz: — Encantada, tenho certeza.

— A expressão em seus olhos diz que ela está tudo menosencantada em me ver. — Espero que você não se importe, maspreciso roubar o Príncipe de você.

Claramente farta de mim, ela se vira para Arthur.— Há algumas pessoas muito importantes que você gostaria de

conhecer, e eu consegui arranjar um pequeno encontro com elas emseu nome.

— Oh, bem, obrigado. Estarei aí em um minuto. Eu só precisoterminar essa conversa.

— Receio que eles não vão esperar. — Ela sorri docemente,mas por trás desse sorriso está uma mulher muito determinada.

Dou a Arthur um olhar significativo.

— Não desperdice a oportunidade em meu nome. Tenho certezade que terminamos aqui de qualquer maneira.

Ele me encara por um momento, depois concorda.— Muito bem.Brooke dá o braço a Arthur e o conduz na direção do salão. Eu

os vejo se afastando, minha cabeça nadando nas águas turvas denosso engano.

Levo alguns minutos para me recompor, então coloco meusombros para trás e entro no salão de baile, tentandodesesperadamente não notar os sapatos abraçando meus pés.Tentando não pensar no que quase aconteceu entre nós ou comquem ele está neste exato momento. Eu ando rapidamente, naesperança de passar pelo salão sem ser notada. Estou quase naporta quando uma mão é estendida para mim. Eu olho para cima eme encontro cara a cara com o Rei Winston.

— Senhorita Sharpe, me concede esta dança?Bem, porque não? É apenas o pior momento da minha vida. Eu

faço uma reverência, em seguida, o sigo para a pista de dança.Ele se vira para mim, coloca uma das mãos na minha cintura e

usa a outra para me guiar pelo chão.— Peço desculpas por não encontrar tempo para conhecê-la

antes.— Não há necessidade. Você está no meio de uma crise.— Mais uma razão para manter a educação. É pela nossa

conduta nos nossos piores momentos que somos julgados.— Tão verdade. — Eu sorrio, mas me pergunto se ele viu o

relatório sobre mim também. Ele deve ter. Minhas bochechasqueimam de humilhação. — Estou surpresa que você queira falarcomigo, de verdade, depois de tudo que escrevi sobre sua família.

Ele encolhe os ombros e me dá um sorriso amigável.— Você estava apenas fazendo seu trabalho. Além disso, parte

disso você acertou.Bem, não era isso que eu esperava ouvir - não depois de tudo o

que Arthur disse sobre ele.— Meu filho certamente parece interessado em você, e posso

ver que o sentimento é mútuo.— Ele é uma pessoa maravilhosa.

— Isso ele é. Você o ama?— Eu... umm...— É uma pergunta simples. — Ele sorri, mas suas palavras são

curtas. — Ou você o ama ou não o ama.— Receio que nos encontremos em uma situação um tanto

complicada, então é melhor não dizer algumas palavras.— Ele me disse que você era inteligente. Devo confessar que

não acreditei muito nele, mas agora vejo por mim mesmo.— Obrigada, Sua Majestade. — Obrigada? Por presumir que sou

um idiota?— Se você está apaixonada por ele, agora se encontra na infeliz

posição de fazer uma escolha muito difícil. Você pode declarar seuamor por ele, perdendo, assim, qualquer resquício de credibilidadeprofissional a que conseguiu se agarrar e custando-lhe a coroa, oupode deixá-lo, salvando assim sua própria carreira e a dele.

Ele faz uma pausa, então me dá um olhar presunçosamentesatisfeito antes de continuar.

— Como pai amoroso dele, qual dessas escolhas você acha queeu gostaria de ver você fazer?

— A segunda.— Garota esperta. Suponho que seja inteligente o suficiente para

perceber que, se você e meu filho se casassem, você só oarruinaria.

Arruinaria? Eu estava prestes a fugir da vida de Arthur, masagora posso ter que mudar de ideia, mesmo que seja apenas paraprovar que esse idiota estava errado.

— Como exatamente eu arruinaria seu filho?— Sendo você. Arthur não pode se casar com uma plebeia que

cheira as axilas, checa os seios e é propensa a acidentes. Eleprecisa de alguém graciosa, realizada e bem nascida como suarainha. Alguém que as pessoas respeitarão e admirarão.

— Alguém como Lady Beddingfield.— Precisamente.Ai. Aqui está o Rei Winston sobre o qual Arthur me alertou. É

como se ele soubesse exatamente o que dizer que machucariamais. Tudo o que disse para mim mesma. Não sou nada, nãoimporta o que Arthur diga.

O rei continua.— Eu sei que isso deve ser difícil para você ouvir, mas eu só

quero fazer o que é melhor para vocês dois. Em algum ponto, anévoa da nova paixão se dissipará e Arthur verá que cometeu umerro terrível. Melhor saber logo no início do que quando você estálonge demais.

Meu coração parece que está sendo apertado com cada palavra.Quero me afastar desse homem horrível e fugir dele, direto para osbraços de Arthur, mas então percebo que também não quero correrpara ele, já que muito provavelmente ele só estava me usando otempo todo.

A música termina e Rei Winston continua segurando minha mão.— Você não parece nada bem. Mandarei meu funcionário,

Damien, acompanhá-la até o cofre para devolver o colar.

Acho que minha carruagem acabou de virar uma abóbora, não é?

S

T R I N T A E T R Ê S

CHAPÉUS RID ÍCULOS E DECEPÇÕES AMARGAS

Arthur

ão quase duas horas da manhã. Os convidados finalmenteforam embora e não consigo encontrar Tessa em lugar

nenhum, o que está com o pânico crescendo em meu peito. Omomento de Brooke não poderia ter sido pior. Se ao menos eutivesse a chance de explicar a Tessa que tudo era real. Tudo o queeu disse a ela, eu fui sincero. Mas, novamente, talvez só fosse realda minha parte. Ela é quem estava procurando munição paraentregar a Jack, o Fodido Janssen. Estou com raiva e magoado, eodeio como o inferno saber que ela está sentindo exatamente omesmo por mim.

Depois que Brooke apareceu, acabei travado em uma longa,mas vital discussão com alguns amigos muito poderosos que estãodispostos a fazer de tudo em nosso nome. Eu dificilmente poderiadeixá-los para ir encontrar Tessa, mas agora, enquanto me apressopara as residências particulares, sei por dentro que ela se foi. Euverifico seu quarto primeiro, entrando com a chave que ela me deusemanas atrás. A cama dela está feita. O armário vazio. Ela se foi.Corro ao redor da suíte para qualquer sinal dela, então corro para omeu quarto.

Quando abro a porta, eu os vejo. Os sapatos estão arrumadosna mesa de centro. Ao lado deles está um envelope. Eu o abro evejo sua letra.

Arthur,Temos jogado um jogo horrível e estupidamente perigoso e

decidi encerrá-lo. Mesmo Michael Corleone não teria ousado manterseus inimigos tão perto.

Lamento ter escondido a verdade de você por tanto tempo e, senos falássemos novamente, imagino que você diria a mesma coisapara mim. Se você seria sincero ou não, é outra questão.

A verdade é que nada disso importa. Não faz sentido tentarconsertar o que foi quebrado além do reparo, porque tudo o queéramos um para o outro foi construído com base em mentiras e másintenções, o que significa que não foi nada desde o início.

Mas mesmo se tivéssemos sido honestos um com o outro, emesmo se pudéssemos confiar um no outro, você e eu nuncapoderíamos ter um futuro juntos. Se tornou claro essa noite que eunão pertenço ao seu mundo e nunca fiz isso.

Não se preocupe, você ainda conseguirá o que deseja de mim.Eu disse a você outra noite que queria lhe ajudar e vou manterminha palavra.

Você ganhou,Tessa

Oh, puta que pariu.

— Arthur, levante-se! — O som estridente da voz da minha irmã meacorda de um sono morto.

Abro os olhos bem a tempo de ela abrir as cortinas e deixar o solqueimar as córneas dos meus olhos.

— Ahh! Merda.— O desfile começa em quinze minutos. Vincent já passou três

vezes para acordá-lo. — Ela arranca minhas cobertas, então grita ese vira. — Por que você está pelado?!

— Eu durmo nu. — Eu coloco um lençol em volta de mim. — Porque diabos você está arrancando minhas cobertas, afinal?

— Acabei de te falar! Você deve estar do lado de fora em seuterno matinal agora, parecendo mais um príncipe herdeiro e menosum vagabundo.

— Você pode diminuir o tom em cerca de dez pontos? Estoucom uma dor de cabeça terrível.

— Se. Levante! — Seus saltos batem no chão. — O país inteiroestá esperando por nós. Você não vai deixá-los esperando sesouber o que é bom para você.

Exatamente vinte e três minutos depois, subo na carruagemdourada e preta ao ar livre, vestido com meu ridículo terno cinza depinguim e cartola. Meu pai e minha avó sentam-se à minha frente, eeu me sento ao lado de Arabella, de costas enquanto os cavaloscomeçam a nos empurrar para a jornada insuportavelmente longaao redor da cidade. Vovó está com um vestido amarelo com umgrande chapéu de penas combinando que é tão brilhante que écomo se sentar de frente para o sol. Arabella está com um vestidobranco com flores rosa e um chapeuzinho que parece que pertencea um chihuahua.

Eu comecei a rir.— Chapéu legal. Sua empregada encolheu na secadora?Arabella suspira.— Que bom que você pôde se juntar a nós. Não seria um desfile

sem o seu comentário sarcástico.— Finalmente acordado, eu vejo? — meu pai zomba.— Quem planeja um desfile sangrento às dez da manhã, depois

de um baile à noite? — Eu resmungo.— Bem, talvez se você não ficasse bêbado e ficasse acordado a

noite toda, seria mais fácil se levantar em uma hora respeitável —diz Arabella.

—Você não parecia bêbado no baile — diz minha avó.—Eu não estava. Isso foi depois.

— Por que você e Tessa começaram a beber tão tarde da noite?— ela pergunta.

— Ela se foi. — Tiro um frasco do bolso. — Eu estava bebendosozinho. — Eu viro o frasco e deixo o líquido queimar minhagarganta. Eu sinto que poderia vomitar, mas se eu conseguirsegurar, um pouco de revigorante é exatamente o que o médicoreceitou. Ok, então, eu não sou um médico, mas eu fiz uma vez emuma divertida encenação com a duquesa de Funsville, então euacho que estou qualificado para prescrever álcool para preencher oburaco em minha alma.

— Guarde isso, seu idiota — meu pai diz, se inclinando para tirarde mim. Eu levanto minha mão para que fique fora de seu alcance eolho para ele. Oh, é bom ser alto.

— Eu terei terminado quando deixarmos os portões do palácio.— Eu o inclino para trás e deixo o resto escorrer pela minhagarganta até que o frasco esteja vazio.

— O que você quer dizer com ela se foi? — minha avó pergunta.— Só isso.— Boa. Então a garota entende uma indireta — diz meu pai.Meu olhar endurece.— O que exatamente isso quer dizer?Arabella me golpeia com a mão.— Afaste isso. Estamos prestes a atravessar o rio.Coloco o frasco de volta no bolso e ouço o barulho do

helicóptero do noticiário da televisão que nos seguirá pelaspróximas três horas torturantes. Oh, meu Deus. Onde está umatirador solitário quando eu preciso de um? — Sem resposta, pai?

— Eu simplesmente dei a ela a gentileza de garantir que elaestava sendo realista sobre o futuro.

Assim que cruzamos o rio, o som de pessoas aplaudindo sejunta ao barulho das hélices do helicóptero. Como que na deixa,todos nós nos viramos para olhar para fora da carruagem ecomeçamos a sorrir e acenar para a multidão.

Nenhum de nós move a boca, mas conseguimos manter umaconversa inteira por entre os dentes.

Meu pai acena ao dizer: — Não recebo um agradecimento? Euestava fazendo seu trabalho sujo para você. Eu vi você com Brooke

e sabia que você gostaria de se livrar da blogueira o mais rápidopossível.

— Já falamos sobre isso antes. Não tenho interesse em mecasar com Brooke.

— Me diga que você não está realmente considerando aquelapequena idiota como rainha.

Eu sorrio para um grupo de crianças agitando versões em papelem miniatura da bandeira de nossa família.

— Você é um filho da puta total. Sem ofensa, vó.— Não ofendeu, querido.— Posso ser um filho da puta, mas isso é melhor do que ser uma

decepção total.— Ha! — minha avó diz. — Se alguém nesta carruagem é uma

decepção, é você, Winston. Um amargo.— Cale a boca, sua morcega velha.— Não fale com a vovó desse jeito!— Vou falar com ela do jeito que eu quiser. Eu sou o maldito rei.— Não por muito tempo. — Minha voz sai parecendo o Professor

Snape. Se eu não estivesse tão cheio de raiva, acharia isso quasedivertido.

— O que isso quer dizer? Planejando um regicídio, não é? — Elepergunta enquanto aponta para um garotinho na multidão e finge rir.

— Se eu estiver, acredite em mim, você não saberá até que sejatarde demais. — Pescoço ficando dolorido. Sorria e acene para olado oposto agora.

— Eu poderia prender você por dizer essas coisas.— Então faça isso. Tenho certeza que a companhia seria

melhorada. Sem ofensa, Arabella, avó.— Não ofendeu. Winston, você realmente afugentou aquela

adorável garota?— Que garota adorável? Você não pode estar se referindo

àquela vadia burra de uma repórter.— Diga isso de novo e eu juro por Deus, vou socar sua cara bem

aqui. — Não sei por que estou defendendo a mulher que fugiu demim ontem à noite, mas de alguma forma, não consigo me conter.

Meu pai bufa.

— Sinceramente, não consigo decidir se espero a vitória ou aderrota no referendo. A vitória significará colocar um idiota absolutono comando quando eu morrer.

— Parem com isso. Os dois. Vocês dois deveriam ter vergonhade si mesmos — Arabella sibila, seu rosto congelado em um largosorriso. — Nenhum de vocês merece governar tanto quanto umcastelo de areia, muito menos um reino de verdade.

Meu pai solta uma risada estrangulada.— Oh, e você acha que faria um trabalho melhor? Com toda a

sua experiência em organizar festas de chá e chorar por cachorrosde rua?

— Eu faria melhor do que um homem que é pego sonegandoseus impostos e depois sai voando para se divertir com mulheres detodos os cantos do mundo.

— A terra é redonda, querida — vovó diz.— Eu sei disso. É uma expressão.— O que você disse a ela? — Eu rosno para meu pai.Arabella pensa que estou me referindo a ela.— Eu disse, é uma expressão, o que é. Eu sei que a Terra é

redonda. Eu sou aquela que a chamou de globo!— Eu quis dizer pai. — A bebida está finalmente fazendo efeito,

entorpecendo minha raiva, mas também meu autocontrole. Hmm,não tenho certeza se isso será uma coisa boa ou ruim. — O quevocê disse a Tessa?

— Eu apenas disse a ela que você exigiria uma mulher maisadequada como sua esposa, o que você fará.

Antes que eu possa responder, a carruagem para em frente àAbbey. Dois lacaios se apressam para abrir as meias-portas paranós e ajudar as damas a descerem, para que possamos apertar amão das pessoas e aceitar flores e cartões. Eu aproveito aoportunidade para pular as barricadas e ir direto para um pub naesquina com uma multidão, assim como minha equipe desegurança, a reboque.

— Eu gostaria de comprar uma rodada para a casa! — Euchamo o barman, o que me dá uma ovação enquanto faço meucaminho até o bar.

— Terei um pint de Sheepshagger Gold, por favor. — Tiro ochapéu e apoio o cotovelo na barra. — Oh, você pode fazer issorápido? Estou no meio de um desfile — digo para o homem atrás dobar.

Ele me dá de ombros enquanto abre a torneira.— Posso servir rápido, mas temo que beber é o que leva o

tempo todo. — Ele desliza o copo para mim.— Deixe isso comigo. — Eu me viro para a multidão. — Este é o

nosso octingentésimo aniversário! Mesmo se eu nunca sentar minhabunda real no trono, que possamos ter mais oitocentos. — Eu beboa cerveja de uma vez, o que parece ser digno de ainda maisreverência do que pagar uma rodada para todos.

Eu coloco o copo na mesa e me viro para os outros clientes, queestão fazendo fila para pegar sua bebida grátis.

— Tudo certo. Foi isso. Eu tenho que voltar para o desfile.Virando-me para Ollie, murmuro: — Esqueci minha carteira.

Você pode pagar ao homem e eu acerto com você mais tarde?Ollie, que já pegou seu cartão de crédito, apenas balança a

cabeça. Já passamos por isso antes.Sair é muito mais difícil do que entrar. Sou parado a cada poucos

metros para dar autógrafos e posar para fotos. Eu faço papel deidiota, fazendo o sinal de hang loose e fazendo caretas engraçadaspara as câmeras. Dê às pessoas o que elas querem, certo?Conheça o seu público e todas essas besteiras.

Quando volto para a carruagem, minha família está sentadaesperando e olhando abertamente. Eu entro e me sento.

— Oh, não fique tão azedo, eu estava apenas fazendo algumasrelações públicas. Você deveria tentar algum dia, pai. Você sabe,realmente gaste alguns minutos com o povo de sua nação. Se vocêtivesse se incomodado em fazer isso mesmo que um pouco, nãoestaríamos prestes a ter todas as nossas coisas jogadas nogramado.

— Foi isso que sua pequena camponesa disse a você? — meupai pergunta.

Vovó tem a vez agora.— Oh, calem a boca! Vocês são como duas crianças que

precisam desesperadamente de um traseiro esmagado!

Abro a boca para falar, mas ela me silencia com um dedoapontado para meu rosto.

— Nem mais uma palavra de sua boca malcriada. Se vocês doisquiserem dar uma volta quando estivermos de volta dentro dasmuralhas do castelo, você tem minha bênção, mas não aqui. Nãoquando faltam apenas algumas semanas para a votação. Vocês vãose conduzir com senso de decoro ou vou tirar esses chapéus idiotasde suas cabeças.

Quando ela termina, ela se vira e sorri para a multidão, e volta aacenar delicadamente, como se estivéssemos conversando sobre otempo. Deus, eu amo essa mulher.

E

T R I N T A E Q U A T R O

EN TÃO, ESSE É O FUNDO DO POÇO.. .

Tessa

u acordo com o som do secador de cabelo no corredor. Oh,isso é terrivelmente alto. Abro os olhos para descobrir que

estou no sofá. Meu próprio sofá. De repente, os eventos da noiteanterior desabam sobre mim, esmagando meu coração e fazendomeu estômago embrulhar. O colar, a dança, os sapatos, asmentiras, Brooke, o Rei, a fuga, o champanhe. — Oh, merda.

Eu lentamente me sento e tiro a colcha para descobrir que aindaestou em meu vestido de baile. O aro está cavando em meus ladose nas costas, me lembrando de nunca mais ir a um baile. Minhascostelas não precisam se preocupar, entretanto, porque meucoração dolorido fará com que eu nunca cometa esse erronovamente.

— Bom dia, Cinderela. — Nikki atravessa a sala e me dá umsorriso simpático.

— Que horas são?— Quase meio-dia. Eu não tinha certeza se deveria te acordar

ou apenas te deixar dormir.— Eu não tenho onde ir. — Eu sinto um cheiro vindo de mim

mesma e recuo. — Exceto, talvez, o chuveiro.Eu observo enquanto ela caminha até a pia. Ela volta com um

copo d'água e uma garrafa de Advil.— Aqui.— Obrigada.

Ela se senta na poltrona.— Então, contar ou tomar banho primeiro?— Banho — eu digo, balançando a cabeça com firmeza. Então

meus ombros caem e começo a soluçar. Soluços altos, lamentáveis,de abalar a alma.

— Oh, querida — Nikki se planta ao meu lado e coloca o braçoem volta do meu ombro enquanto eu sucumbo à minha tristeza. —Você se apaixonou forte, não é?

— Tão forte. Eu sou uma idiota. — Eu soluço e fungo. — Eleestava apenas me usando o tempo todo.

— Que otário. — Ela dá um tapinha nas minhas costas enquantoeu choro. — O que? Ele te contou ontem à noite depois do baile oualgo assim?

Eu fungo.— Era tudo uma mentira. Vinho ao pôr do sol, seus sentimentos

por mim. Tudo isso. Ele nem gosta de Jelly Babies!— Não estou entendendo, querida.— Eu sei porque não estou fazendo nenhum sentido. Sou muito

estúpida para fazer sentido! — Eu me derramo em lágrimasenquanto Nikki me segura.

— Isso não é verdade, querida. Você é uma das pessoas maisinteligentes que conheço. Você só tem um gosto terrível parahomens. Nenhum radar de idiota.

Eu concordo.— Você está certa. Você está sempre certa. E você é uma amiga

tão boa para me ajudar quando eu estou fedendo tanto.— Sim, sou — diz ela. — É o seguinte. Você vai tomar banho,

vou preparar um chá com torradas e depois você me conta tudo.Eu assenti.— Ok. — Eu me levanto e atravesso a sala. — Você pode tomar

minhas decisões por um tempo? Eu não acho que posso ser deconfiança.

— Claro, querida. A primeira decisão é que você vá tomarbanho.

Quando chego ao meu minúsculo banheiro, olho em volta por ummomento. Estou em casa onde é seguro. Nenhum príncipe horrívelque finge estar apaixonado por mim. Nenhuma médica chique. Sem

reis desagradáveis. Eu me olho no espelho. A maior parte damaquiagem dos meus olhos está espalhada nas minhas bochechas,e minha pele é basicamente apenas um monte de manchasvermelhas.

A visão disso me faz chorar lamentavelmente.Quarenta e cinco minutos depois, saio de calça de moletom e um

casaco. Meu cabelo pinga sobre meus ombros enquanto caminholentamente de volta para a cozinha. Nikki está assistindo aonoticiário. Ali está ele. Arthur saindo de um pub com uma cartola eum sorriso enorme. Ele parece devastadoramente bonito. E feliz.

— Por que ele está tão feliz? E por que ele está usando aquelechapéu?

— Merda. — Nikki desliga rapidamente a televisão. — Suatorrada está pronta.

— Ligue de novo.— Não.— Estou falando sério, Nik, ligue de novo! Eu quero ver o que ele

está fazendo.— Lembra que você me colocou no comando de sua vida agora?

A primeira regra é não stalkear, o que no seu caso inclui o noticiário,infelizmente.

— O que ele estava fazendo? Por que ele não está em casa, nacama, chorando muito porque eu fui embora?

— A segunda regra é que você não pode gastar todo o seutempo tentando descobrir por que ele não está arrasado, porque aúnica explicação razoável é que ele é um filho da puta que nãomerece você.

— Mas ele é tão maravilhoso. — Meu rosto se contrai e estouprestes a chorar de novo. Oh, sim, lá vai...

Tenho vergonha de dizer que as coisas pioraram a partir daí. O restoda tarde e da noite foram praticamente uma repetição da mesmaconversa indefinidamente. Tanto para 'se divertir um pouco e sairantes que as coisas fiquem sérias'. Tanto para 'talvez haja um

homem bom para mim, depois de tudo.' Tanto para o amorverdadeiro não existe e meu cavaleiro de armadura brilhante, naverdade, usa uma coroa em ocasiões especiais. Tanto paraorgasmos incríveis e bolinhos de mirtilo que derretem na boca. Oh,Deus, me esqueci dos bolinhos. Vou sentir tanta falta deles...

Eu mantenho meu telefone desligado e não ligo meu computadorpelos próximos dois dias. Principalmente porque assim que Nikkisair (ela vai ficar na casa do Dr. Perfeito por um tempo), eu pego ovinho e passo as próximas quarenta e oito horas assistindo o CATNcom as cortinas fechadas, apenas no caso de eu conseguir dar umaolhada no seu lindo rosto novamente. E eu quero, porque,aparentemente, agora que terminamos, ele se tornou um grandehomem da cidade. Ele está em tudo, sorrindo e rindo e brincandocom todos que se aproximam dele.

Cada imagem é uma adaga no meu coração, mesmo com oefeito entorpecente do vinho. Agora estou uma bagunça nojenta,suando álcool dos meus poros e comendo punhados de cerealdireto da caixa a cada refeição. Eu suspiro para mim mesma.

— Pelo menos as coisas não podem ficar piores, certo, Chester?Chester move as guelras para me assegurar de que tudo vai

ficar bem.— Ele foi apelidado de 'O Príncipe das Relações Públicas' — diz

Verônica Platt para a câmera. — O novo, melhorado e totalmenteacessível futuro monarca jurou ser os olhos, ouvidos e voz do povo.Ele recentemente abriu uma conta no Twitter e começou a postarfotos no Instagram, mas nos últimos dias, ele está fazendoaparições nos lugares mais surpreendentes. Giles Bigly fala maissobre isso.

— Obrigado, Verônica. Sim, o Príncipe Arthur deu meia-volta e,francamente, já era hora. Desde o baile, ele lançou uma guerra totalcontra os sentimentos anti-reais, fazendo de tudo para provar que amonarquia pertence à Avonia.

Me sento e vejo Arthur arrancar um bebê dos braços de um fãapaixonado. Até a bebê o adora, rindo enquanto ele a segura e fazpequenos sons de gosma.

— Odeio aquele bebê — digo a Chester, que nada em sua tigelacomo se concordasse. — Oh, sim, ela é um bebê presunçoso. Você

está exatamente certo.O zumbido do meu interfone me assusta e eu derramo meu

vinho no meu moletom. E sim, é o mesmo moletom que estouusando há dois dias e duas noites inteiras. O que? É muitoconfortável. Ignoro o zumbido e volto a odiar bebês, mas quem estána porta é muito persistente.

Eu me levanto e vou até o interfone, pressiono o botão e grito: —Vá embora.

O zumbido começa novamente. Eu pressiono o botãonovamente.

— O que?!— Eu tenho flores para uma senhorita Tessa Sharpe.— De quem?— Não diz, senhorita.Meu coração pula uma batida. Arthur! — Suba.Abro a porta e espero impacientemente que a porta do elevador

se abre. Quando isso acontece, vejo um homem de ternocaminhando em minha direção. Ele está segurando o buquê e umgrande envelope amarelo. O envelope deve disparar sinos dealarme na minha cabeça, mas estou muito focado nas flores paranotar.

— Tessa Sharpe? — ele diz.— Sim. — Eu sorrio. — Não me lembro de ter visto você pelo

palácio? Você é novo?Ele me lança um olhar confuso por um segundo, depois me

entrega as flores e o envelope.— Você foi notificada.

Então, acabou que Chester estava errado. As coisas podem piorar.E eles fizeram. Acabei de saber que os fabricantes do Shock Joggerestão me processando por um milhão de dólares por 'deturpar e,portanto, criar um mercado hostil para seu produto'.

Não devo culpar Chester, entretanto. Seu cérebro é do tamanhode um grão de arroz. De jeito nenhum eu deveria contar com as

previsões dele para se tornar realidade.

V

T R I N T A E C I N C O

PIADAS DE PAI E ARMAS DE DEDO

Arthur

ocê já teve que se tornar uma versão de si mesmo que vocêdespreza? Quero dizer, realmente odiar tudo em você, e

mesmo ficar embaixo de uma ducha escaldante até tirar a águaquente de todo o palácio não faz você se sentir limpo? Talvez não,mas foi assim que me senti nas últimas duas semanas. Eu me torneio vendedor extravagante, que faz piadas de pai, que aponta a armacom o dedo enquanto clica para a porra da Família Real. Já beijeitantos bebês que meus lábios vão ficar na posição de franzir se eunão parar.

Pelo menos isso me dá algo em que me concentrar o dia todo,ao invés de sucumbir ao vazio negro de desespero que tomou contade mim quando Tessa correu de mim. Patético, eu sei. Estou lutandocontra a vontade de ligar e enviar mensagens de textorepetidamente até que ela me dê chance de explicar. Sim, usei asinformações de seu perfil de namoro para trapacear um pouco, masapenas no início. O resto era real. Muito real.

Eu deveria ligar para ela. Não posso deixar as coisas acabaremassim. Isso é tolice. Pego o telefone mais uma vez, mas entãopenso sobre ela conspirando com o Primeiro Ministro e o coloco devolta na mesa. Eu passo por esse ciclo cerca de vinte vezes por dia.A culpa, o desejo de explicar, depois a dor, a raiva e adesesperança.

Suas palavras na carta vêm à mente e me dão um tapa na caranovamente. Se há uma coisa sobre mim, é que posso pegar umaindireta. Ela está claramente farta de mim. Wham, bam, obrigado,Arthur.

Espero que ela consiga o trabalho com Jack Janssen. Eurealmente espero. Eles se merecem. Foi tudo mentira da parte dela.Todas aquelas confissões noturnas, e todos aqueles olharesestúpidos um do outro, e todos aqueles momentos de rir até quesuas bochechas doem... tudo isso não significava nada para ela.

Pena que sinto tanto a falta dela que chega a doer. Eu fui umidiota, não fui? Mantive minha inimiga tão perto que não consigodormir ou comer ou mesmo pensar sem ela perto de mim. Então,por enquanto, estou em uma espécie de inferno estranho onde mesinto mal do estômago o dia e a noite - seja por agir como umamaldita política ou porque, do outro lado do rio, a única mulher quedeixei chegar perto ao meu coração está muito zangada ou muitomagoada ou ambos. E eu me sinto exatamente da mesma maneira.A ironia é que a única pessoa com quem quero falar sobre isso é apessoa que me infligiu essa dor horrível. Ela é a única querealmente entenderá o que estou passando. Isso não é um chute nopescoço?

Eu ando pela sala e verifico meu telefone pelo que deve ser amilionésima vez, mas ainda nada. Apenas algumas centenas denotificações em minhas contas do Instagram e Twitter. Urgh. Dexdesistiu de mim e foi para a cama. Ele caminhou atrás de mim naprimeira noite, mas depois desistiu por volta das duas da manhã.Porco preguiçoso.

Um zumbido no meu telefone me fez correr pela sala. Eu atendo,mas não é ela. Em vez disso, é um artigo sobre ela.

— Cão de Guarda Real processada por um milhão de dólares.Oh, merda. Eu afundo na minha cama e rapidamente leio o

artigo. Penso em como ela prometeu que ainda vai me ajudar,mesmo que tenhamos acabado, e um raio de esperança me invade.E se eu puder fazer algo para ajudá-la? Seria justo, realmente.

Além disso, e se funcionasse e ela visse que eu quis dizer cadapalavra que disse a ela? E se essa for minha única chance deprovar a ela que vou segurar as coisas?

— O

T R I N T A E S E I S

CURAS PARA A DOR DE CABEÇA DE PLEBEU

Tessa

h, querida. Nunca te vi tão mal antes. — Nikki está pertode mim com uma mistura de nojo e simpatia em seu rosto.

Estou deitada exatamente no mesmo lugar em que estive por umdia inteiro agora. Estendo a mão embaixo da mesa de centro e pegoo aviso de litígio civil e um aviso de despejo assinado por CharlesPorter pelo não pagamento de contas de paisagismo e por perturbara paz de meus colegas residentes. Nikki os pega e então suspira.

— Ah não...— Eu tenho que me mudar para casa com meus pais. Meus

pais, Nikki! Meus pais. Vou perder tudo. Não posso pagar por umadvogado. — Sento-me e coço a cabeça, o que me faz estremecer.— Ai. Meu cabelo dói.

— Sim. Parece um pouco... áspero.— Posso ou não ter derramado sorvete escorrendo pelo lado da

minha cabeça.— Como…? Deixa pra lá. — Ela abre a boca e fecha novamente.

— Não.— Estou totalmente ferrada.— Vamos. — Nikki me pega pela mão. — Vamos, senhorita.

Você vai tomar banho, então vamos descobrir o que você vai fazersobre tudo isso.

Uma hora, três shampoos e duas xícaras de café forte depois,estou sentada à mesa comendo uma tigela de macarrão com queijo

que Nikki preparou. Ela está ao telefone com o pai, que é advogadoaposentado. Meu estômago aperta enquanto a ouço dizer um montede 'uh-huhs' e 'okays' e 'há alguma outra maneira de contornarisso?'

Quando ela desliga o telefone, ela olha para mim.— Ele não acha que eles têm um caso, mas disse que a pior

coisa que você poderia ter feito é ignorá-lo. Você precisa fazer comque alguém responda rapidamente, alguém com muita experiêncianesse tipo de coisa. Ele pediu para você aguardar e que faráalgumas ligações para ver se consegue encontrar alguém para teajudar. Ah, e eles querem que você venha para jantar em breve.

— Obrigada, é muito gentil da parte deles. Mas talvez ligue devolta e diga a ele para não se incomodar em ligar. Não possocontratar ninguém mesmo. — Tomo um gole de chá e olho pelajanela para o palácio à distância. Sinto uma pontada no estômago evolto para Nikki. Meu cérebro só consegue se concentrar em algoque não seja Arthur por cerca de um minuto de cada vez, o que étotalmente patético. Você pensaria que, dado o fato de que estouprestes a ficar sem dinheiro e sem teto, eu esqueceria tudo sobresuas calças reais de mentiroso. Mas eu não consigo.

— Você já ouviu falar dele?Eu balancei minha cabeça.— Ele tem estado muito ocupado desfilando pela cidade -

literalmente - e se divertindo muito sem mim, enquanto eu estavadeitada presa no sofá com sorvete no cabelo .— Minha voz aumentacom cada palavra até que estou praticamente gritando. Eu afundona minha cadeira e as lágrimas escorrem pelo meu rosto. — Eu medeixei levar acreditando que era algo que não era, mas o tempotodo ele estava apenas me usando. Eu fui uma idiota total, Nikki. Eume apaixonei pelo cara errado, de novo. Mas é a última vez. Estoucheia. Cheia com os homens para sempre. É isso aí. Eu me rendo.Só vou envelhecer sozinha e esperar que os pelos do queixocomecem a aparecer.

— Além dos pelos do queixo, você pode estar no caminho certo,porque os homens claramente não funcionam para você.

Eu suspiro, mas ela continua falando antes que eu possa lançarum discurso indignado.

— Agora, eu sei que você acabou de ter seu coração pisoteadoe entregue a você, mas você tem que colocar sua bunda de volta aotrabalho. Este é o momento exato em que você deveria estarcapitalizando tudo, mas você não está, e eu odiaria pensar que vocêpassou por tudo isso por nada.

— Eu também. — Eu volto para ela e meus olhos se enchemnovamente.

Nikki desliza uma caixa de lenços para mim e se recosta nacadeira.

— É hora de se recompor porque você precisa enfrentar suavida. Igual ontem.

— Eu sei. Eu vou. — Minha voz carece de qualquer sinal deentusiasmo, embora eu saiba que ela está certa.

Estou começando de novo. Novamente. E dessa vez, vou fazeras coisas certas. Enfrentar os problemas de frente, ser honesta eusar a integridade como minha guia. Infelizmente, tenho quecomeçar com meu último post sobre a Família Real. Terei de deixarde lado minha raiva e dor e fazer o possível para ser objetiva pelaprimeira vez desde que comecei a escrever sobre eles. Vai doercomo o inferno, mas sei que quando acabar, terei a satisfação desaber que fiz a coisa certa. Além disso, tenho outra caixa de sorveteChoco Loco no congelador.

POSTAGEM DO BLOG - 12 de maioTessa aqui. Este será meu último post como O Cão de Guarda

Real. Passei os últimos dias refletindo sobre meu tempo no palácioe sobre minhas crenças e noções anteriores sobre a família real.

Devo admitir publicamente que minhas postagens anterioresforam baseadas, em grande parte, em 'suposições fundamentadas'sobre o que os Reais estavam fazendo e por quê. É extremamentedifícil para mim admitir, mas devo, porque é a coisa certa a fazer.Em minha defesa, se a Família tivesse sido mais aberta com seusregistros financeiros, valores, crenças e deveres o tempo todo,nenhum de nós teria imaginado. Mas, se seu único crime é terem

sido privados sobre tais assuntos, essa não é uma razão boa osuficiente para se opor a eles.

Eu mantenho minha convicção de que o povo de uma naçãodeve eleger seus líderes, mas por outro lado, não acredito mais quea Família Real recebe mais do que dá. O encargo financeiro quecolocam sobre os contribuintes é muito menor do que o dinheiro quetrazem para o turismo e obras de caridade.

Passei um tempo com dezenas de beneficiários do patrocínio daFamília e, devo dizer, suas vidas melhoraram com a bondade e ocuidado que receberam da princesa Arabella, do Príncipe Arthur eda princesa viúva Florence. Eu compartilhei algumas de suashistórias no blog recentemente, e foi uma experiênciaverdadeiramente tocante de testemunhar e seria uma grande perdapara muitos, caso o voto fosse contra eles.

Mais do que isso, devemos fazer uma pausa para pensar queAvonia é um reino. Já é um reino há oitocentos anos, e há algo umpouco mágico nisso. Talvez haja algo a ser dito sobre a magia paranos deleitar e a tradição para nos juntar ao nosso passado emnosso mundo moderno agitado e crítico. Talvez eles sirvam comoum lembrete importante de tempos mais simples, e de como todosnós só precisamos desacelerar um pouco e não permitir que oprogresso constante atrapalhe a obtenção de uma vida rica, estejavocê em um pequeno apartamento na Church Street ou em umpalácio.

Eu tinha algumas perguntas difíceis para a Família Realresponder quando tudo isso começou. Eu queria colocar seus pésreais no fogo, para forçá-los a serem responsáveis por seus erros,mas a verdade é que ninguém estava me responsabilizando pelosmeus.

O rei Winston traiu o povo esquivando-se de seus impostos?Absolutamente. Ele deve ser responsabilizado por isso? Sim,definitivamente. Ele foi obrigado a devolver o dinheiro com umagrande multa, que é, por lei, o que seria exigido de qualquer pessoanesta situação. Suas ações eram imperdoáveis? Você ficarásurpreso ao descobrir que não acredito que deva dizer isso.

Veja, nas últimas semanas, tenho pensado em meu trabalhocomo o Cão de Guarda Real e no que trago ao mundo por meio

dele. E descobri que, embora seja divertido e (espero) instigante,não tenho certeza se há valor em alguém jorrar suas opiniõescheias de ódio para o mundo. Na verdade, tenho certeza de que hámuito pouco valor nisso. O mundo está cheio de raiva e julgamento,sem que alguém como eu faça muitas suposições e as apresentecomo fatos.

Eu me propus a ser uma jornalista respeitada e errei o alvo deuma forma que é nada menos que excepcional. Não há espaço parapaixão no jornalismo - a menos que seja uma paixão por apresentara verdade. Com precisão, honestidade e imparcialidade.

Bem, eu sei que O Cão de Guarda Real nunca foi uma fonte denotícias imparcial, mas posso ver que não estou fazendo o que metorna uma pessoa melhor.

Recentemente, minha sobrinha de dez anos, Tabitha, meperguntou por que estava tudo bem eu dizer coisas tão maldosassobre a Família Real quando os adultos sempre disseram a ela paraser gentil com os outros. Eu não tive resposta. Portanto, minha novaregra na vida será: 'se não posso explicar para minha sobrinha, nãodeveria estar fazendo'.

(Bem, talvez não em todos os sentidos. Quero dizer, há algumascoisas de adulto que eu gostaria de fazer e que ela não precisasaber, mas, por outro lado, a regra funciona.)

Para aqueles de vocês que irão às urnas, e espero que sejamtodos os cidadãos elegíveis da Avonia, porque este é um referendovital e que não pode ser desfeito, gostaria de compartilhar algumasde minhas observações sobre o Príncipe Arthur, com quem passei amaior parte do meu tempo. Ele pode agir como se nada pudesseperturbá-lo, mas, na verdade, ele passa a maior parte do tempo sepreocupando. Se preocupando em fazer a coisa certa, com aspessoas que não pode ajudar, se já fez o suficiente. E agora, eleestá preocupado em entregar nossa nação a Jack Janssen, umhomem que aceitou a amizade de sua família quando apresentadade boa fé, mas então se voltou contra eles assim que surgiu aoportunidade. Devemos nos perguntar: por que o Primeiro Ministrofaria isso? Por que ele precisa de poder exclusivo sobre nosso país?Por que devemos confiar em um homem que traiu as mesmaspessoas que o ajudaram em sua ascensão ao poder?

Eu sei, é a própria definição de patriarcal ter um líder decidindoque sabe o que é melhor para o nosso país, mas o Príncipe Arthurnão vê dessa forma. Ele vê como sua responsabilidade segurar aonda, como ele mesmo disse. E para ser completamente honesta,há algum conforto em ter alguém no topo que cuidará de todos nóse nos protegerá. (E, por favor, não me acuse de ser antifeminista,porque o Príncipe Arthur poderia facilmente ter uma filha e criá-lapara fazer o mesmo.)

Para ser honesta, não tenho certeza de como votarei, o que étão chocante para mim quanto para muitos de vocês. O que sei éque, seja qual for a decisão tomada, acho que, no fim do dia, todosbuscamos a mesma coisa. Um mundo justo e mais gentil, no qualnão nos sentimos julgados ou desprezados pelos outros. E a únicamaneira de criar isso é parar de julgar uns aos outros. No final dodia, a Família Real é apenas pessoas com esperanças e sonhos edores e defeitos, como o resto de nós. Eles acordam todas asmanhãs e fazem o possível para passar o dia. Eles precisam decidirse fazem a coisa certa ou a coisa inteligente, quando as opções nãosão as mesmas. Ao contrário de nós, eles vivem uma vida deprivilégios que poucos podem imaginar, mas essa vida vem compressões e dificuldades que também não podemos compreendertotalmente. Eles têm mais críticos do que o resto de nós.

Mas a partir de hoje, eles têm um a menos.Portanto, à Família Real, peço desculpas por meus julgamentos

e críticas anteriores. Para o Príncipe Arthur e, especialmente, para aprincesa viúva Florence, agradeço por me receber em suas vidas epor me mostrar quem vocês realmente são. Foi uma honra da qualnão sou digna, mas tentarei ser.

Quando terminei o primeiro rascunho, passei uma hora comendosorvete enquanto ajustava o post antes de acertar. Meu coraçãobate enquanto espero minha confissão ser enviada para todo omundo ver. Parte de mim - a parte patética e doente de amor -espera que Arthur leia e venha correndo até mim com a parte

superior do corpo projetando para fora do teto solar de sua limusine,como Richard Gere em Uma linda mulher. Mas isso nunca vaiacontecer.

Isso não é um filme de Hollywood, e não sou uma linda prostitutaque pode dar a um bilionário um novo sopro de vida. Ele nunca vaise casar com alguém como eu. Ele vai se casar com a doutoraBrooke Beddingfield, ou... ou outra pessoa igualmenteimpressionante e com a linhagem adequada. Não uma repórterfracassada cujo pai é mecânico e cuja mãe coleciona canecas darealeza por hobby. Eu era apenas... alguém disposta a dar a ele oque ele quer.

E agora ele tem.Abandono a colher e tomo o Choco Loco direto da caixa.Dignidade? Quando isso importou?Meus pensamentos se voltam para a séria reação que estou

prestes a enfrentar de meus fiéis inimigos da realeza, mas eu nemme importo. A única coisa que importa é acabar com tudo isso paraque eu possa seguir em frente e esquecer que já ouvi falar de ArthurWinston Phillip George Charles Edward Langdon.

Texto de Noah: Nina queria que eu dissesse que amou suapostagem e está feliz por você finalmente ter saído do lado obscuro.Ela quer convidar você para seu clube do livro mensal. Dica: diganão. Elas são um bando horrível.

Mensagem de voz da mamãe: Tessa? É a mamãe. Finnapareceu antes e me mostrou sua postagem no blog. Muito bem,querida! Sempre soube que você voltaria e se tornaria um fã danossa Família Real novamente! Além disso, estou surpresa com oquão talentosa escritora você é. Talvez esse seja o seu meio, maisdo que estar na tela, o que tende a não funcionar para você. Vocêvem no domin-BEEP.

Texto de Bram: Suponho que você dormiu com ele. Idiota. Sevocê precisar de um emprego, contratarei uma nova recepcionistaem cerca de três dias a partir de agora.

Mensagem de KingSlayer99 no Facebook: Não tenho certeza sealguma vez me senti tão decepcionado com outro ser humano emtoda a minha vida. Você traiu todos nós. Espero que tenha valido apena, Tessa. Não se preocupe em responder, pois estoubloqueando você assim que clicar em enviar. A propósito, eu estavaapenas sendo legal o tempo todo. Você não é inteligente, talentosaou bonita. Você sempre foi uma perdedora e sempre será.

E

T R I N T A E S E T E

EU ESTAVA ERRADA. ESSE É O FUNDO DO POÇO.. .

Tessa

u pensei que tinha chegado ao fundo do poço no dia seguinteao baile, mas isso foi apenas cerca de três quartos do caminho

para baixo. Demorei mais três semanas para realmente encontrar ofundo real. E me deixe dizer, está escuro aqui.

Moro com meus pais há exatamente doze dias, dezesseis horase quarenta e dois minutos, e não há fim à vista para essa situaçãoatual. Eu poderia fazer minha própria versão daquela música daSinead O'Connor, exceto que nela, nada se compararia ao meuapartamento. Uma vez que paguei as taxas de paisagismo e pagueicinco mil dólares a um dos amigos advogados do pai de Nikki (umamulher chamada Nancy Reagan - nenhuma relação com a esposado ex-presidente americano, e faça o que fizer, NÃO mencione issoa menos que queira ver seu olho direito começar a se contorcer), eminha renda foi cortada em dois terços com o fechamento do blogCão de Guarda Real, estou oficialmente falida. Ah, e quase esqueci,perdi meu depósito de danos porque o papel de parede que Nikkicolocou no banheiro precisava ser substituído. Nikki vai me pagarpor isso no final do mês.

Meus pais afirmam estar emocionados por me ter em casa, mashá momentos em que é óbvio que estou me intrometendo naprivacidade deles. Eu não tinha ideia de que eles tinham uma vidasexual tão ativa, e talvez não tivessem quando eles tinham cincofilhos morando aqui, mas desde que nos mudamos, eles não se

tornaram um ninho vazio, mas um ninho do amor. Que nojo! Outranoite, voltei para casa depois de ver um filme com Nikki e, quandoentrei na sala de TV, ficou claro que eles estavam tramando algocom base na expressão de culpa em seus rostos e no fato de meupai ter um travesseiro em seu colo. Além disso, os botões da blusada minha mãe eram totalmente incompatíveis, deixando um buracoonde o sutiã deveria estar. Então, agora eu vi o futuro do meu peito,e posso te dizer, não é uma visão bonita.

Desde então, comecei a telefonar com antecedência quandoestou voltando para casa e a falar bem alto quando estou descendoas escadas. Ou subindo as escadas, ou entrando pelo jardim, ousaindo para o jardim. Sério, agora estou apenas gritando aondequer que eu vá por aqui para evitar ver isso de novo.

A moradia em si é menos agradável. Não estou nem no meuantigo quarto. Estou no de Finn, porque meu antigo quarto é agoraum paraíso para quem ama livros, já que tinha a melhor luz de todosos quartos do andar de cima. O quarto de Finn é um lugar escuro,sombrio e minúsculo que me lembra o fundo de uma caverna. Possodizer que Chester odeia aqui, e não o culpo. Também cheira aequipamento esportivo e maconha, embora eu o tenha esfregado decima a baixo antes de me mudar. Mas quem sou eu para reclamar?Pelo menos tenho um teto sobre minha cabeça enquanto resolvo abagunça de minha vida.

Quase todas as minhas coisas foram vendidas ou estãoencaixotadas em um galpão no quintal, onde tenho certeza de queas aranhas estão fazendo ninhos neste exato momento, já quetenho certeza de que é o que fazem nas manhãs de quinta-feira dejunho. Elas fazem ninhos e botam ovos em suas coisas enquantovocê fica deprimido na cama, tentando se forçar a se levantar ecolocar seu traseiro em movimento novamente.

Eu fico perfeitamente imóvel com meus olhos bem abertos,ouvindo sinais de vida lá embaixo. Por que é preciso abrir bem osolhos para ouvir melhor? Hmm, eu deveria pesquisar isso noGoogle. Talvez eu pudesse começar um site com todas as respostasa perguntas aleatórias como essa. Oh espere. Esse é o Google, nãoé?

De qualquer forma, está tudo muito quieto, o que significa quepapai deve estar no trabalho e mamãe deve estar fora. Ou elesestão transando. Ecaaaa!

Eu jogo as cobertas e caminho pelo corredor, dizendo: — Quemquer um café? Qualquer um? Bom Dia!

Não recebo resposta. Ahhh. Silêncio.Há um bilhete da mamãe na mesa da cozinha.

Tessa,Eu fui para o meu jogo de bridge. Limpe as migalhas depois de

fazer o café da manhã, não como no outro dia, quando você comeumeio pão com mel.

Quando eu voltar, vamos conversar sobre sua carreira. A Grace,daqui do lado, disse que sua sobrinha está fazendo fortunavendendo algo chamado Arbonne. Você é definitivamente maisbonita do que ela, e se aprender a se maquiar corretamente, podeser um verdadeiro sucesso!

Lars ligou mais cedo para te dizer para não olhar para o seu sitesobre a realeza. Aparentemente, os comentários pioraram, nãomelhoraram. Existe alguma maneira de alguém excluir eles? TalvezNikki soubesse como fazer? Pedi a Lars para fazer isso, mas eledisse que precisaria da sua senha e também está muito ocupado.

De qualquer forma, voltarei a tempo para o almoço para quepossamos resolver o seu futuro.

Com amor, mãeP.S.: Por favor, tire a carne assada do freezer e lave as batatas

no balcão se eu não voltar às três. Noah e a família vêm jantar. Nãovai ser agradável?

Não. Não vai ser agradável. Pior do que perder meu apartamento,meu dinheiro e ter que encontrar um emprego decente é o fato demeus irmãos saberem que estou sem teto, sem emprego e semdinheiro. E deixe-me dizer a você, realmente levou apenas cerca decinco minutos entre eles para descobrir que eu estava embelezando

meus ganhos anteriores. Então, não, mãe, convidar Noah parajantar hoje à noite não parece muito bom!

Faço quatro fatias de torrada com mel (com muito mel) e levopara a sala de TV onde ligo a televisão e vejo Verônica Plattsorrindo para mim. Meu rosto amassado está atrás dela e na parteinferior da tela leio as palavras “Processo arquivado”.

— O que? — Eu pulo do sofá, deixando a torrada voar do meucolo, então fico imóvel, ouvindo a voz suave de Verônica mecontando sobre meu processo. Por que ela sempre consegue mepegar?

— Wellbits, os fabricantes do Shock Jogger, desistiram de seuprocesso contra Tessa Sharpe. Em seu site, ele afirma que umacordo foi fechado em nome da senhorita Sharpe, mas que eles nãopodem fornecer detalhes no momento.

Pego o telefone e ligo para o escritório da minha advogada, ondeencontro sua assistente, Rebecca, que me passa direto para NancyReagan.

— Tessa, o que aconteceu? Você não tem intermediado umacordo nas minhas costas, não é? — Ela parece chateada, embora,pelo que eu saiba, ela basicamente não fez nada para ganhar meuscinco mil até agora.

— Eu não tenho a menor ideia do que aconteceu. Achei quevocê saberia.

— Hmm, muito estranho. Eu vi a notícia mais cedo e pedi aRebecca que ligasse para o escrivão do tribunal assim que abriram.Eles confirmaram que o processo foi realmente arquivado e quealgum tipo de acordo foi alcançado em nome do réu - que é você.

Eu reviro meus olhos. Nancy Reagan parece pensar que eu nãosei nada sobre a lei quando, na verdade, fui repórter investigativapor mais de um mês. Além disso, eu costumava assistir Is It Legaltoda semana com meu avô quando era menina, muito obrigada.

— Bem, isso é uma notícia incrível, não é? Quer dizer, nãotemos que ir ao tribunal nem nada.

— Sim! Claro. Você deve sair e comemorar nossa vitória.Nossa vitória? Sério? — Já que o caso foi resolvido

independentemente do seu escritório, eu me pergunto se eu poderia

talvez ter meu retentor de volta? Recentemente, passei por algunsmomentos difíceis e esse dinheiro faria uma enorme...

— Oh, não é assim que um retentor funciona. Você paga parareservar meu tempo, o que significa que ele foi reservado para vocêe, portanto, não pode ser cobrado de outra pessoa.

— Mesmo que seja a hora no futuro porque você ainda nãocomeçou a trabalhar no meu caso? E se você encontrar outrocliente para preencher esse tempo?

— Então, eles estarão pagando por um tempo mais futuro doque aquele pelo qual você pagou. — Ela está falando comigo agoracomo se eu fosse uma criança de quatro anos que ainda não sabefazer cocô no banheiro.

— Não, mas seriam os mesmos dias que você passaria no meucaso, em vez disso, eles agora são liberados para outra pessoa.

— Mas esses dias já acabaram — diz Nancy.— Esses dias ainda não aconteceram.— Mas eles vão acontecer, e quando acontecerem, eles irão

embora.— Sim, eu entendo como o tempo funciona.— Eu não acho que você faça. Não é hora legal de qualquer

maneira, mas não se sinta mal. Poucas pessoas o fazem. Agora, secertifique de comemorar. Talvez vá para um bom jantar com amigosou vá a Londres para ver uma peça ou algo assim.

— Eu não posso.— Por que não?— Porque você tem todas as minhas economias.— Bem, se você não tinha nenhum dinheiro, você não deveria

ter sido processada em primeiro lugar. Eu tenho que correr agora.Tenho clientes esperando.

Clique.

Demoro cerca de dez minutos antes de me acalmar o suficientepara ligar para Nikki e poder falar ao telefone sobre o que acabou deacontecer. Ela está no salão e tem que sair para poder me ouvir por

cima da música dançante. Eu repasso a história toda, embora elatenha me dito que tem uma mulher com luzes que estão quase nofim do processo.

Quando terminamos de decidir que Nancy Reagan é uma vadiade nível um (a advogada, não a ex-primeira-dama), passamos aotópico de quem está por trás do acordo.

— Espere. — Eu ouço a música forte e ela grita: — Tina! Vocêpode enxaguar o cabelo da Senhora MacTaggart, por favor? —Pausa. Thump. Thump. Thump. — Não, temo que isso não podeesperar! Você pode ser apenas uma jogadora de equipe, Tina? Sódesta vez?

A música fica fraca novamente.— Pronto. Eu sou toda sua. Tem que ser Arthur. Ninguém mais

poderia fazer isso.— Não, não pode ser ele. Deve haver algum outro motivo.— Não, não há. É cem por cento ele. Ninguém mais que

conhecemos tem esse dinheiro. Ou conexões.— Sim, mas ele nunca faria isso por mim. Lembra de toda

mentira e uso? Ele não é um dos bons. — Meu tom estáperigosamente perto de soar como Nancy Reagan falando comigo.

— Quando você ficou tão cética?— Oh, eu não sei ... talvez quando Tommy-o-idiota roubou todo o

meu dinheiro? Ou talvez tenha sido mais ou menos na época emque aquele babaca gigante do Barrett me largou e anunciou que iase casar com Helena Jones? Eu realmente não posso dizer comcerteza. — Minha voz está cheia de sarcasmo.

— Justo. Você pode ter um ponto aí, mas sério, Tessa, vocêpode ter que permitir a possibilidade de que ele não seja tão mauquanto parece. Talvez o Príncipe Arthur quisesse fazer algo bompara você depois de ler sua postagem?

— Duvido.— Bem, quem você acha que os pagou? Sua fada madrinha?— Eu não sei, mas não foi ele.

Faço uma longa corrida, que é minha forma de comemorar minhavitória. Espero que, a cada milha, chegue mais perto de descobrirquem veio em meu socorro. Não posso me permitir imaginar que foiArthur, porque me permitir esperar que ele tenha feito isso só vai melevar a ter esperança de que possamos ter uma vida juntos. O quenão podemos. E eu não quero isso, de qualquer maneira. Porqueele é um mentiroso.

Quando eu volto, tomo um longo banho, ouvindo as notíciasenquanto esfrego meu rosto.

— Em cerca de uma hora, o Primeiro Ministro dará umaentrevista coletiva para responder a perguntas sobre o próximoreferendo…

— Grrr! — Eu saio do chuveiro e desligo o rádio, na esperançade nunca mais ouvir sobre qualquer coisa a ver com Arthurnovamente. Eu esfrego meu rosto, colocando toda minha atençãoem manter um brilho juvenil e infantil. Sinto falta da inocência dainfância. Se eu pudesse ter dez anos de novo, sem nada mais comque me preocupar do que como eu iria fazer no meu próximo testede soletração. (Eu me daria muito bem, por falar nisso. Soletrar eraa minha praia.)

Minha mente vagueia para o tour da classe de Tabitha e comoArthur era doce com as crianças. Oh, agora meu cérebro estáapenas me torturando. Penso em Tabitha perguntando sobre o queaconteceria se o rei não convocasse a eleição.

E então isso me atinge de uma só vez. Eu sei o que o PrimeiroMinistro está planejando. E eu sei o que tenho que fazer paraimpedi-lo.

Pego meu telefone e ligo para Nikki.— Preciso da sua ajuda! Tenho que chegar ao prédio do

parlamento imediatamente.

É

T R I N T A E O I T O

L ATIN FAUX PAS E DONUTS CAUSANDO ATRASOS

Arthur

um dia antes da grande votação. Estou afundado em umapoltrona na sala dourada com vovó, assistindo ao noticiário.

Embora seja logo depois do almoço, já estou exausto das últimassemanas de campanha. O Primeiro Ministro está prestes a fazer umdiscurso dando às pessoas as muitas razões para nos expulsar e,assim que acabar, colocarei minha cara de político cafona de volta eretomarei minhas últimas vinte e quatro horas de puxa saco.

— Você já ligou para ela? — Vovó pergunta, obviamentetentando soar casual.

— Não. E eu não vou. Ela deixou bem claro que não quer umavida comigo, então, se você não se importa, acho que vou salvar oque sobrou do meu orgulho.

— Ela mudaria de ideia se soubesse que foi você quem cuidoudo processo por ela.

— Não, ela não iria. E não tenho certeza se eu gostaria que elamudasse, de qualquer maneira.

— Então por que você fez isso?— Porque eles fizeram um produto com defeito e tentaram culpar

outra pessoa pelo fato de ele ter falhado.Vovó pousa o chá e me dá uma sobrancelha.— Arthur…— O que? — Eu volto para a televisão, onde o Primeiro Ministro

está nos degraus do prédio do parlamento em frente a um pódio.

Ele abre a boca farinhenta e fala.— Bom dia. Nós, o povo da Avonia, chegamos às vésperas de

um evento marcante. Pela primeira vez em oitocentos anos, temos opoder de retirar nosso país da família que o invadiu e roubou hátanto tempo. Não temos mais que ficar em dívida com os Langdons,não temos mais que prestar-lhes reverência com nosso suadodinheiro dos impostos. Podemos simplesmente dizer 'não’...

— Arthur, você é um idiota se vai deixar seu orgulho atrapalhar avida com a mulher que você deseja.

— Estou tentando ouvir isso. — Eu aponto para a televisão.— Quem se importa com o que aquele fodido tem a dizer? Estou

falando sobre amor.Suspirando, eu me viro para ela.— Escute, não foi amor. Era luxúria, na melhor das hipóteses. E

mesmo se fosse amor, e mesmo se descobrisse que ela não estavaapenas me usando para conseguir um emprego com... — Eu apontopara a televisão — aquele fodido, eu não que quero ela gaste oresto dos dias dela sofrendo nessa família, com essa coisa... — euaceno minha mão no ar — ...chamada vida.

— Sabe, acabei de perceber que ou você é um machista ou umcovarde, mas não consigo decidir qual.

— O que? — Eu a questiono carrancudo.— Você me ouviu. Ou você pensa que tem o direito de tomar as

decisões por ela, o que faria de você um machista, ou está commuito medo de ir até ela e colocar seu coração em risco, e nessecaso, é um covarde. Muito decepcionante, de qualquer maneira.

— Isso é ridículo. — Eu pulo da cadeira e caminho até a janela.— Ela é a covarde. Ao primeiro sinal de problema, ela correu. Elanão é forte o suficiente para fazer isso. Isso a quebraria, como fezcom minha mãe e Arabella. Então é melhor que ela já se foi-

E então a coisa mais notável acontece. Eu ouço uma voz familiarvinda da televisão.

— Tessa Sharpe, cidadã preocupada. Primeiro Ministro Janssen,atualmente nossa constituição exige que o monarca reinanteconvoque eleições federais...

Corro para a televisão e lá está ela, parecendo muito nervosa eabsolutamente adorável em uma camisa social branca. Ela não tem

microfone, então praticamente precisa gritar para ser ouvida.—…Você não fez qualquer movimento para mudar a

constituição, o que significa que se o povo votar pela abolição damonarquia, você poderia legalmente se instalar como um ditadoripso facto.

Puts! — Não é ispo facto, Tessa. De facto. — eu digo para a tela.Risos são ouvidos em torno da multidão, e vejo uma jovem com

cabelo azul e roxo sussurrar em seu ouvido. Tessa fica rosabrilhante, então diz: — De facto. Eu quis dizer governante de facto.

O Ministro Slime faz um péssimo trabalho em esconder suadiversão.

— Não tenho intenção de me instalar como ditador, ispo facto ounão. Próxima questão.

A voz de Tessa surge novamente. Desta vez, seu tom diz: 'nãomexa comigo'.

— Não terminei minha pergunta, senhor. Por que você nãoapresentou um projeto de lei para que as mudanças adequadas emnossa política eleitoral entrem em vigor imediatamente, caso amonarquia seja derrotada?

Jack revira os olhos, mas por trás da irritação, ele está commedo. Eu posso sentir o cheiro daqui.

— Isso é irrelevante e, para ser franco, nenhum de nós temtempo para isso. Por que você não volta a testar os equipamentosde ginástica, querida?

Um baixo 'ooooh' murmura no meio da multidão.A câmera dá um zoom em Tessa, que agora está com seu rosto

de jogo. Ombros para trás, queixo erguido, mandíbula definida. Sim!— Eu já vi aquele olhar antes. Ele está metido nisso — eu digo.

Tessa continua.— Você se lembra de uma conversa que teve comigo no dia 20

de março, em que afirmou que 'não é certo que nossos governantessejam escolhidos simplesmente por cair da vagina certa'?

A câmera muda para o rosto de Jack novamente. Seus olhosestão frios.

— Ridículo. Próxima pergunta, por favor. — Ele olha em volta eaponta. — Giles, você está de pé. Vamos tornar isso importante, porfavor. Afinal, estamos às vésperas de um referendo importante.

— Eu gostaria que você respondesse a sua primeira pergunta,senhor. Por que você não apresentou um projeto de lei queproporcionasse às pessoas a garantia de que precisam?

O Primeiro Ministro zomba e balança a cabeça.— Isso é loucura. Alguém tem mais alguma coisa para mim?Uma repórter feminina fala.— Eu tenho. Você realmente disse aquele comentário sobre

como escolher nossos líderes simplesmente por cair da vaginacerta?

— Claro que não. Eu nunca diria algo tão grosseiro e insultuoso.Tessa fala novamente.— Mas você falou, senhor. Você me disse isso no batismo do

ANS Viceroy You, então disse que 'se alguém vai governar atémorrer, deve ser alguém que o povo elegeu em primeiro lugar.' Vocêpretende se instalar como um governante de facto? É uma perguntasim ou não.

Essa é minha garota!— Não estou dignificando isso com uma resposta. A menos que

alguém tenha algo mais a perguntar, terminamos aqui.Eu me viro para minha avó. — Eu tenho que ir. Eu tenho que ir.Girando em meus calcanhares, corro até ela, beijo ela na testa e

saio correndo da sala. Enquanto estou a caminho, ouço-a dizer: —Finalmente! Vá buscá-la, Arthur!

Uma das melhores coisas sobre a cidade de Valcourt é o fluxo detráfego excepcional. De alguma forma, os engenheiros da cidade denosso país encontraram uma maneira de minimizar os atrasos,permitindo um fluxo constante e suave ao longo de cada rodovia. Amenos que seja o dia da inauguração do primeiro Krispy Kreme emAvonia. Então, aparentemente, o tráfego diminui para o ritmo de umpoodle antigo em uma cadeira de rodas.

Eu toco meus dedos no braço do assento enquanto nossentamos, esperando as pessoas pegarem seus donuts. — Vamos,vamos — murmuro.

Ollie, que está sentado ao meu lado, diz: — Se eu tivesse umachance com alguém como ela, estaria correndo para lá.

Eu a encaro por um segundo, sentindo uma onda inesperada deraiva do Neandertal, mas isso não perturba Ollie, que diz: — Relaxe.Só estou dizendo que está na maldita hora.

Eu desfaço meu cinto de segurança e abro a porta.— Concordo.Com isso, eu ziguezagueio através dos veículos, faço meu

caminho para a calçada e corro pela estrada que leva a ParliamentHill, minha gravata voando sobre meu ombro, o vento quente emmeu cabelo, minhas entranhas em nós.

Não há absolutamente nenhuma lógica no que estou fazendo, ouno fato de que sinto que, se não chegar lá antes do fim da coletivade imprensa, de alguma forma será tarde demais. Mas eu sinto. Enão posso deixar isso acontecer, porque se for tarde demais comela, nunca mais serei feliz um dia na minha vida.

Minha mente corre tão rápido quanto minhas pernas. O que eudigo quando a vir? Deus, eu não pensei sobre isso. Você mecompleta? Usado demais. Você é forte o suficiente para ser minharainha? Horrível. Merda. Que porra eu digo?

Eu me viro e corro pelo gramado comprido que leva aos prédiosdo parlamento. Os repórteres estão fazendo as malas e eu alocalizo no estacionamento, entrando no Citroën do vídeo.

— Tessa! — Eu a chamo, mas ela não me ouve. Ela entra, eantes que eu possa chegar até ela, ela se foi.

— O

T R I N T A E N O V E

VERDADEIRAMEN TE, LOUCAMEN TE,COMPLETAMEN TE

Tessa

h, meu Deus. Eu sou tão idiota! — Eu escondo meu rostoem minhas mãos.

— Pare com isso. Você foi a única em todo o país a sequerpensar em perguntar a ele por que ele não apresentou aqueleprojeto de lei. Você é brilhante. — Nikki sai para a estrada e se virapara casa. — Veja todos os carros indo para Krispy Kreme. Eu mepergunto quanto tempo levaríamos para conseguir uma caixa dedonuts?

— Pare de tentar me distrair. Estou ocupada sendo umaperdedora. — Eu me viro para ela e inclino minha cabeça contra odescanso do assento. —Ipso facto?

— Erro fácil. Qualquer um poderia cometer esse erro. — Elaestica o pescoço para a direita. — Quanto tempo vai demorar atéque o line-up morra?

— Meses. Demorou cerca de seis meses para desapareceremna Escócia. — Eu suspiro, feliz por estarmos indo na direção opostada multidão de veículos. — Mas, falando sério, por que eu sempretenho que ser aquela a me humilhar publicamente?

— Porque você é corajosa o suficiente para se colocar lá fora. Amaioria das pessoas são totalmente covardes, mas seu desejo defazer a coisa certa é mais forte do que o desejo de não parecer umaidiota total. É isso que a torna tão boa.

— Não, é isso que me torna uma idiota total.— A maioria das pessoas vê o que há de errado no mundo e não

faz nada a respeito, Tess. Nada. Você tem coragem e é forte comounhas de gel. Você não se encolheu na frente daquele rato bastardoquando a maioria das pessoas faria. Você é meio que minhaheroína.

— Obrigada. — Eu pisco para conter as lágrimas.Meu celular vibra na minha bolsa. Eu me abaixo e pego, vendo

duas mensagens de texto.Maravilha..

Texto de Bram: Ipso facto? Oh, Cristo, você certamente sabe comomanter o país entretido.

Texto de Lars: Meu Deus, como é que somos parentes? Boatentativa, no entanto. Eu pude ver onde você estava indo com isso.Nina ficou emocionada por você ter tentado ajudar a família real.

O telefone toca e o rosto da minha mãe aparece na tela. Eu gemo erespondo. — Oi mãe.

— Tessa! — ela grita ao telefone. — Assistimos à sua coletiva deimprensa. Muito bem! Embora eu realmente ache que você deveriase limitar a escrever, minha querida. É melhor para você quandovocê tem tempo para verificar todas as suas palavras.

— Obrigada, mãe. Eu tenho que ir. Estou apenas com Nikki. Elaestá ... dirigindo, e não quero distraí-la.

— Oh! Você está com ela. Perfeito. Então você não precisapegar o ônibus para chegar em casa.

— Não estou voltando para casa, na verdade.— Claro que você está, Twinkle. Lembra? É feriado escolar e

você disse que ajudaria papai a cuidar dos netos enquanto eupintava o cabelo. Traga Nikki. Não a vemos há anos.

Grrr.— Vou ver se ela pode me levar. — Eu desligo e jogo meu

telefone de volta na minha bolsa.

— Você precisa de uma carona para ajudar seu pai a tomarconta das crianças?

— Você ouviu tudo isso?— Como eu não poderia? — ela pergunta. — Você quer que eu

te leve lá, ou você precisa de uma desculpa? Posso ficar semgasolina, se quiser.

— Não, eu tenho que ir. Prometi a mim mesma que vou parar deevitar coisas com as quais não quero lidar, lembra?

— A nova e melhorada Tessa?— Exatamente. — Eu grunho. — Não que não seja apenas

terrível quando meus irmãos chegarem para pegar as crianças.Você está convidada, por falar nisso.

— Você acha que sua mãe fez um monte de torta de limão?

Doze minutos. É quanto tempo leva para ir do centro de Valcourt atéAbbott Lane em um carro dirigido por Danica Patrick, tambémconhecida como Nikki, quando tortas de limão estão esperando.Não é exatamente um homem legal em um híbrido com assentos decouro aquecidos, mas foi rápido, minhas roupas estão livres de lamae está muito quente hoje, então eu realmente não preciso de minhabunda aquecida para mim. Aceite o que conseguir, certo?

Quando paramos, meu pai está no jardim da frente com ascrianças, a maioria delas desenhando na calçada com giz enquantoos gêmeos estão correndo pela calçada nos patinetes que Arthurcomprou para eles, o que honestamente me machuca, embora eudiga a mim mesma que não. Meu pai está bebendo cerveja eadmirando suas peônias que estão em plena floração.

Ele se vira, parecendo encantado em me ver enquanto medesdobro do minúsculo carro.

— Aí está minha garota. Muito bem.Ele estende a mão e me dá um grande abraço de urso, e eu rio,

me sentindo como uma criança, como sempre faço quando ele meabraça. É bom estar em casa, mesmo que meus irmãos me irritemquando chegarem aqui. Foda-se eles.

— Obrigada, pai.O barulho de pneus na estrada interrompe o momento. Um SUV

preto com bandeiras vermelhas e amarelas vem correndo pela rua.— Calma, seu idiota! — meu pai grita, me soltando e saindo do

meio-fio com a mão estendida.O carro para rapidamente.— Oh, caramba. Pai, acho que é a Família Real.—Eu não dou a menor merda para quem é. Eu não vou ficar aqui

e os ver bater em um dos meus netos.— As crianças estão seguras na calçada, veja bem, e agora

estão rindo e repetindo a frase 'a menor merda'. Ele vai ouvir sobreisso mais tarde.

A porta dos fundos se abre e Arthur sai. Ele olha para meu pai.— Desculpe por isso, senhor. Estamos perseguindo sua filha

desde Parliament Hill.Ele olha para Nikki.— Você é muito rápida.Ela dá a ele um olhar sedutor.— Eu certamente sou.Limpo minha garganta e ela pula um pouco.— Desculpe, isso foi puramente reflexo. Não vai acontecer de

novo — ela murmura.Então os olhos de Arthur pousam em mim. Eu o encaro com um

olhar de aço.— Você não deveria estar fazendo campanha?— Eu deveria. — Ele dá dois passos em minha direção. — Mas,

a questão é, eu não estou nem ferrando se ganharmos ouperdermos. — Ele olha para as crianças, que estão rindo. —Desculpe, crianças, vocês nunca deveriam xingar. Comportamentonão muito real.

Ele se vira para mim e engole, seu rosto cheio de preocupação.— Cheguei à conclusão de que nada disso importa se não vou

ter você ao meu lado nos próximos sessenta anos ou mais.— Não. Você não pode dizer isso. O que tínhamos não era real.

Era tudo apenas um monte de mentiras. Bebendo vinho ao pôr dosol, e os Jelly Babies! E ... e o mundo está girando muito rápido?Sim, você provavelmente pensou que eu não teria percebido isso,

mas passei as últimas semanas repassando todas as conversas quetivemos e as comparando ao meu antigo perfil de namoro, então seiexatamente quais partes eram um monte de merdas! Desculpe,crianças!

— Tudo bem, você me pegou. No começo, usei informações malobtidas para tentar te persuadir a gostar de mim. Mas parei assimque pude realmente ver a mulher por baixo dessa máscara degarota durona que você usa o tempo todo.

— Simplesmente pare. Eu não posso, Arthur. Acabou e nós doistemos que aceitar isso.

— Não, nós malditamente não temos que aceitar. Podemos tercomeçado com o pé errado e podemos ter demorado muito paraconfiar um no outro, mas o que sentíamos um pelo outro era real.Muito real. Mais real do que qualquer coisa que já senti na minhavida.

Eu balanço minha cabeça e fecho meus olhos com força paranão ter que olhar para seu rosto lindo.

— Você estava me usando, e eu estava usando você, e mesmose não estivéssemos, ainda não podemos ficar juntos porque vouapenas arruinar você.

— Besteira. Você é a única que pode me salvar .— Você não me viu na entrevista coletiva? Eu fui um desastre.

Eu sou sempre um desastre. Não sou a mulher certa para você.— Eu serei o juiz disso, obrigado.Outro veículo vira a esquina. Dessa vez, é uma van de notícias

que se aproxima rapidamente. Eu vejo em choque quando meu paisai para o meio da estrada e estende os braços para impedi-los. Oque diabos está acontecendo hoje?

Giles Bigly salta, junto com um cinegrafista. Ollie se posiciona aolado de meu pai e também levanta as mãos.

— Por favor, mantenha uma distância respeitosa. Isso é umassunto privado.

O homem corre para a calçada e aponta a câmera para nós, masnão ousa passar por Ollie.

— É por isso. — Aponto para a equipe de notícias. — Eu não fuifeita para nada disso. Você precisa se casar com alguém sofisticadae realizada e... e real. Não alguém que provavelmente pisará em

merda de cavalo ao sair da carruagem e vir fedendo pelo corredorda Abbey.

Seu rosto fica sério quando ele diminui a distância entre nós.— Não, você provavelmente está certa. Provavelmente seria um

desastre absoluto. Alimento cômico para talk shows nos próximosanos.

Dou-lhe um grande aceno de cabeça, tentando ignorar comomeu coração acaba de afundar.

— Exatamente. Agora, eu aprecio toda a coisa romântica meperseguindo pela cidade - muito lisonjeiro - mas eu acho que nósdois sabemos que devemos apenas dizer adeus agora para quecada um de nós possa começar a vida que devemos levar.

— Não.— Não? — Eu aperto meus lábios juntos.— Você me ouviu. Não. Eu persegui você pela cidade por um

motivo. A vida que devo levar está com você. Com coroa ou semcoroa. Você é meu propósito, Tessa.

Meus olhos se enchem de lágrimas.— Oh, caramba. Você não vai tornar muito fácil ir embora, vai?Arthur sorri, seu rosto cheio de emoção.— Caso você não saiba, estou tentando tornar impossível para

você ir embora. — Ele estende suas mãos e segura minhasbochechas nelas. A sensação de sua pele na minha abre meucoração endurecido, derramando lava derretida de amor por todo omeu corpo. Eu sei que é cafona, mas é verdade.

Ele sorri para mim.— Porque, a questão é, se eu vou me casar com alguém, será

você, com saltos quebrados, cobertos de merda de cavalo e tudo.Não há nenhuma outra mulher nesse planeta que eu queira assistirmancando seu caminho até o altar em minha direção. Nunca penseique encontraria alguém que amaria - verdadeiramente, loucamente,completamente assim - mas eu encontrei. Eu encontrei você. E vocêé a única mulher que pode impedir que eu me transforme em umdesastre completamente arrogante. Eu preciso de você, Tessa. E eunão preciso de ninguém. Mais do que isso, eu te amo com cadabatida do meu coração tolo. E se tudo isso não convence você, você

precisa saber que eu tenho um armário cheio de sacos de batatasfritas no palácio.

Eu rio através das minhas lágrimas, e alcanço e coloco minhasmãos sobre as dele.

— Você realmente deveria ter começado com isso.— Isso teria me poupado algum tempo para beijar você de novo?

— Ele sorri e abaixa sua boca sobre a minha.— Definitivamente.— Droga. — Ele fecha a distância entre nossas bocas e me beija

profundamente, despertando cada gota de esperança, amor eluxúria que eu tentei enterrar. Ele envolve seus braços em volta daminha cintura e me levanta do chão, nossos lábios se mantendounidos através das zombarias e vivas de minhas sobrinhas esobrinhos, através do forte pigarro de meu pai, por meio de Olliefirmemente nos lembrando de que há câmeras filmando nós, atravésde Nikki dizendo a ele para cuidar da sua própria vida.

Nada disso importa, porque agora somos apenas eu e Arthur.E, com alguma sorte, para sempre ...

É

Q U A R E N T A

PEIXE BET TA QUE PREVÊ RESULTADOS

Arthur

tarde da noite de sexta-feira. As últimas trinta horas foram asmais assustadoras e maravilhosas da minha vida. Caso em

questão, a coletiva de imprensa que dei ontem à noite para fazer umapelo final em nome de minha família. Aterrorizante, mas tambémmaravilhoso porque Tessa ficou ao meu lado, segurando minha mãodurante todo o processo, e a imprensa adorou. Eles se envolveramem fazer perguntas sobre nosso relacionamento e pareceramesquecer a votação - por alguns minutos, pelo menos. Maravilhosoquando Tessa percebeu que fui eu quem interrompeu o processojudicial daqueles horríveis funcionários do Shock Jogger. Ela estavamuito, muito, muito grata, se você me entende. Especialmentedepois que ela descobriu como resolvi o caso. Em vez de pagá-los,concordei em gravar um vídeo para eles, testando o produtosozinho. Mas não se preocupe comigo. Sou um corredor experientee tenho certeza de que conseguirei sem ser eletrocutado.

E agora, somos apenas nós dois aninhados no sofá do meuquarto, vendo os resultados entrarem (bem, na verdade quatro, sevocê contar Dex e Chester). Minha avó se sentou conosco nasprimeiras quatro horas e foi para a cama depois de dizer que nãotinha dúvidas de que venceríamos. Afinal, demos ao povo apossibilidade real de um casamento real, e não há nada maisirresistível.

Arabella voou para a Turquia com algumas amigas para ir a umspa e fazer as unhas, em vez de ficar por aí roendo elas como todosnós. Meu pai foi para nosso castelo na costa norte, mas não se sintamal por ele. Ele não está tão sozinho. Dexter está enrolado do outrolado de Tessa com o focinho no colo dela, olhando para ela.

— Olhe para ele, ele é um porco completamente apaixonado —eu digo.

Ela me dá um sorriso malicioso.— Assim como seu dono.Eu rio e a beijo com força na boca, grata por ela estar aqui

durante o que teria sido, sem dúvida, a noite mais estressante daminha vida. Se não fosse por ela, eu estaria extremamente bêbadoagora. Mas ela está aqui, e eu não estou bêbado, porque, ganhandoou perdendo, terei um motivo para continuar. Os resultados estãomuito próximos para que eu me sinta relaxado. Subimos menos de2%, mas a província ocidental ainda não completou a contagem. Osespecialistas do CATN estão prevendo uma vitória para nós, mas, amenos que tenham máquinas do tempo, não vou confiar que elessaibam mais do que Chester, o peixe betta, que está dormindo emsua ridícula rede de peixinhos. Chester decidiu morar comigo, já quenão gosta do quarto fedorento de Finn, e Tessa vai passar grandeparte do tempo aqui de qualquer maneira. Ela não pode se mudaroficialmente, não sem criar um verdadeiro escândalo, que, porenquanto, gostaríamos de evitar.

Verônica Platt encerra uma entrevista com um dos especialistasda votação, então a filmagem de Tessa e eu nos reunindo aparecena tela, novamente.

— Aww, olha, amor — digo, e nem me odeio por dizer isso. — Láestamos nós declarando nosso amor um pelo outro.

— Está bem aí no noticiário nacional. Essa vai ser uma vida etanto, não é? — ela pergunta, balançando um pouco a cabeça.

— Sim, mas não tenho dúvidas de que você pode lidar com isso.— Eu a beijo na testa. — Graças a Deus seus pais criaram vocêcom quatro irmãos horríveis.

— Graças a Deus por isso.Uma hora depois, corremos para o quarto da minha avó e

batemos suavemente na porta. Quando ela não atende, eu abro e

entramos e somos recebidos pelo som de seu ronco.— Talvez devêssemos apenas deixá-la dormir — sussurra Tessa.Eu balancei minha cabeça.— Não, ela vai querer saber.— Saber o que? — ela resmunga.Eu ando até a cama dela e seguro uma taça de champanhe para

ela.— Que ganhamos!Ela abre um olho.— Sua namorada estava certa. Não vale a pena me acordar. —

Rolando para o lado, ela diz: — Você realmente precisa confiar nojulgamento dela se for ser rei algum dia. Ela é muito mais inteligentedo que você.

— O

E P Í L O G O

SIN TONIZE AUTOMATICAMEN TE O PR ÍNCIPE

Arthur

h, querido, não é tão ruim assim. — Tessa me beija nabochecha enquanto o vídeo passa na TV de seus pais. Isa tirou ascrianças da sala, mandando-as para o jardim com picolés efelizmente está se vingando de mim por todo o erro de 'sai daí,bebezinho'.

Eu assisto do fundo da sala com os braços cruzados sobre opeito. Finn sorri de volta para mim a cada poucos segundos,orgulhoso de ser o primeiro a mostrar à família a versão comautotune do maldito vídeo.

Na tela, meu corpo inteiro dobra sobre si mesmo e eu grito:“Porra, inferno!”

Eu olho para a mãe de Tessa, que é a única que não está rindo.— Não é nada engraçado, é?— Obrigado, Evi. Que bom que alguém entendeu. — Até Tessa

está rindo tanto, ela está chorando. Mas ela, pelo menos, tem o bomsenso de se desculpar entre acessos de riso.

— Foi bastante doloroso, na verdade. Eu sinto que eu deveriaprocessar eles.

O pessoal do Shock Jogger queria filmar o vídeo ao vivo,buscando uma exposição massiva em vez da segurança de poderresolver quaisquer problemas. Não é de se admirar que o Wellbitsesteja afundando...

— Até aquele momento bem ali — aponto para a tela — Eu nãoconsegui entender todo esse negócio de 'não meu cabelo'.

Tessa para de rir e se vira para mim.— Parece que tudo vai cair, certo?— Exatamente. — Eu sorrio para ela, feliz por ter ela para

lamentar. — Certa vez, li sobre uma mulher que levou um choquetão forte que todo seu cabelo caiu.

— Weekly World News? — ela pergunta, fixando sua atenção natela novamente.

— Provavelmente falso, né?— Provavelmente.— Embora eles estivessem certos sobre aquele homem que teve

um bebê...Quando o vídeo termina, Tessa se vira para mim, claramente

contendo outra gargalhada.— Meu cavaleiro de armadura brilhante.— Oh, pare com isso.Ela envolve seus braços em volta de mim.— Não, você é. Você fez isso para me salvar.— E pensaria que seria um pouco mais solidária a mim por isso

mesmo.— Sinto muito, Arthur, é tão... engraçado pra caralho. — Ela me

beija nos lábios, e encontro meu ego machucado sendo acalmado,mas apenas um pouquinho.

Ficando na ponta dos pés, ela sussurra em meu ouvido:— Eu prometo que vou compensar mais tarde.Valeu totalmente a pena.

O COMEÇO…