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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE ESTUDOS DA LINGUAGEM
DEBORAH ADRIANA TONINI MARTINI CESAR
O ESTUDO DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS ENQUANTO LITERATURA:
Uma aproximação da tipologia narrativa com foco no romance.
Campinas, S.P.
2012
DEBORAH ADRIANA TONINI MARTINI CESAR
O ESTUDO DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS ENQUANTO LITERATURA:
Uma aproximação da tipologia narrativa com foco no romance.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Língua Portuguesa.
Orientador: Profa. Dra. Roxane Helena
Rodrigues Rojo
Campinas
2012
i
Dedico este trabalho a Deus e à minha família querida: meu marido Marcos e aos meus filhos Raphael e Giovanni, por todo amor e paciência. À minha mãe querida, ao meu irmão, pelas orações e pelos incentivos. À minha tia Maria Lúcia, que me ofereceu a primeira oportunidade de iniciar estudos em EaD. Aos meus alunos que me motivam a sempre procurar novos e melhores caminhos para a educação.
ii
AGRADECIMENTOS
À Secretaria Estadual de Educação do Estado de São Paulo (SEE-
SP), que, por meio do Programa Rede São Paulo de Formação de
Docente – REDEFOR, possibilitou a realização deste Curso de
Especialização em Língua Portuguesa, através de convênio com o
Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Universidade Estadual
de Campinas (UNICAMP).*
À Profa. Dra. Roxane Rojo e aos supervisores Fabiana Bigaton
Tonin e Hélio de Oliveira, que me orientaram durante o curso e pela
participação ativa e direta neste passo gigantesco a caminho do
nosso engrandecimento profissional, minha eterna gratidão.
Aos membros do Grupo 24, que prestaram apoio fundamental para a
realização deste trabalho, o meu agradecimento.
A todas as pessoas que participaram, contribuindo para a realização
deste trabalho, direta ou indiretamente.
iii
“Na entrada, abertura
sombria, o profano, o
ignorante apenas vê um
túnel cheio de armadilhas,
sem escapatória. Se dá
meia volta, fecha a porta da
vida. Se entra, se vence a
vertigem, as ilusões, o medo,
se não cria impasses para si
mesmo, se aceita uti lizar
qualidades muitos
especiais, desvalorizadas
hoje em dia, descobrirá que
a ilusão inicia, que o medo
fortifica, que o erro
engrandece, que a vertigem
transfigura. Iniciado, ele
poderá mesmo ali voltar,
recomeçar o seu percurso
para ir mais longe ainda, e
mesmo ensinar os outros a
atravessarem; ele terá se
tornado um mestre de labirinto.”
(ATTALI, 1996)
iv
RESUMO
RESUMO
Este Trabalho de Conclusão de Curso tem por objetivo apresentar e
discutir uma Sequência Didática (SD) elaborada para alunos do Ensino
Médio. Essa SD focaliza, dentro tipologia textual narrativa, as histórias
em quadrinhos, presentes em diferentes mídias impressas ou virtuais.
O ensino desse gênero justifica-se devido à popularidade do mesmo
entre os adolescentes e à riqueza de linguagens existente nas HQs. No
trabalho com o gênero “História em Quadrinhos”, busca-se estabelecer
um diálogo entre estas e a literatura, bem como trabalhar situações de
retextualização e remidiação. Levando em conta o fato de que as HQs
constituem um gênero misto, é relevante se refletir sobre como os
elementos da narrativa são construídos de maneira diferente dos textos
somente escritos. As atividades que compõem a SD enquadram-se nos
eixos de ensino “análise de língua e de linguagens” e “compreensão e
produção de textos escritos e orais”. A expectativa é que a SD aqui
proposta possa levar os alunos a perceber as peculiaridades na
construção das HQs, especialmente no que diz respeito à construção
dos elementos da narrativa, bem como exercitar os processos de
remidiação e retextualização presentes na transposição de gêneros
narrativos escritos para um gênero misto, tal como é a HQ.
Palavras-chave: Esfera Narrativa; Gênero “História em Quadrinhos”;
romance; quadrinização; Sequência Didática; Ensino Médio.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................08
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..............................................................................09
2.1 O trabalho com gêneros textuais no ensino de língua portuguesa ......................09
2.2 A esfera comunicativa literária...............................................................................13
2.3 O gênero História em Quadrinhos ........................................................................14
3. ANÁLISE COMENTADA DA PROPOSTA DE SEQUÊNCIA DIDÁTICA ..............18
3.1 Informações gerais ................................................................................................19
3.1.1 Objetivos esperados...................................................................................19
3.1.2 Características da turma ............................................................................20
3.2 A organização da SD .............................................................................................21
3.3 As atividades propostas em cada unidade de trabalho ........................................22
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................27
REFERÊNCIAS ...........................................................................................................28
ANEXO: A SD Elaborada ............................................................................................30
8
1. Introdução
O foco deste trabalho é a análise de uma sequência didática
relacionada ao gênero HQ (História em Quadrinhos), criada especialmente
para alunos da 2ª série do Ensino Médio. De acordo com as leituras que
serviram como material de pesquisa bibliográfica, esse gênero pode ter
especial relevância nos processos de letramento nos diferentes níveis de
escolaridade.
De acordo com Rojo (2012), as sequências didáticas podem ser
especialmente úteis na obtenção de um resultado pedagógico positivo, à
medida em que o educador delineia um trajeto de aprendizagem feito sob
medida para uma turma.
A criação e utilização das sequências didáticas podem ser muito
positivas, uma vez que o professor não tem seu trabalho restrito aos livros
propostos e outros materiais didáticos, ganhando, assim, mais liberdade para
realizar um trabalho que atenda à sua clientela em suas necessidades e
interesses.
A sequência didática analisada neste trabalho baseia-se nas
possíveis relações entre a literatura escrita e a história em quadrinhos,
percebido como um gênero híbrido, composto por múltiplas linguagens, sendo
considerado um hipergênero. Essas considerações serão abordadas ao longo
deste trabalho de forma mais aprofundada, procurando manter um diálogo com
a sequência didática criada e analisada.
A sequência didática em questão foi elaborada especialmente
para este trabalho, levando em conta um grupo real de alunos com suas
especificidades. A escolha desse gênero textual se justifica pelo interesse
normalmente manifesto entre os alunos em relação à HQ, bem como a própria
necessidade da autora deste trabalho em pesquisar e conhecer melhor as
características e possibilidades pedagógicas desse gênero textual.
O estudo da língua a partir dos gêneros textuais é uma tendência
na Rede Pública Estadual. De acordo com Rojo (2012, p.12), “Os Gêneros
textuais circulam Em esferas comunicativas. Cada esfera da atividade
humana cotidiana, escolar, literária, científica, jornalística, publicitária, etc.”.
9
Essa aproximação das esferas comunicativas confere ao ensino da língua
situações mais contextualizadas de ensino.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 O trabalho com gêneros textuais no ensino de língua portuguesa
Há alguns anos, o trabalho com os gêneros textuais ganhou
importância no panorama do ensino da Língua Portuguesa. A Proposta
Curricular do Estado de São Paulo de Língua Portuguesa explicita a motivação
relacionada à perspectiva de ensino da língua com base em gêneros:
É necessário saber lidar com os textos nas diversas situações de interação social. É essa habilidade de interagir linguisticamente por meio de textos, nas situações de produção e recepção em que
circulam socialmente, que permite a construção de sentidos desenvolvendo a competência discursiva e promovendo o letramento. (p.43)
A relevância do conhecimento dos gêneros também se evidencia
a partir da percepção de que o nível de letramento, ainda de acordo com a
Proposta Curricular do Estado de São Paulo, é medido a partir da variedade de
gêneros conhecidos por um adulto ou criança.
Outro aspecto relevante relacionado ao aprendizado dos gêneros
textuais está ligado ao valor social e comunicativo de cada gênero, dentro de
sua esfera comunicativa, ou seja, não basta que se saiba reconhecer a qual
gênero um determinado texto pertence ou mesmo que se saiba produzi-lo a
partir de suas possíveis regularidades, mas importa que se reconheça sua
relevância social. O excerto da Proposta Curricular do Estado de São Paulo
pode contribuir para a elucidação do processo de ensino dos gêneros textuais:
Para o trabalho com gêneros textuais torna-se necessário compreender tanto as características estruturais de determinado texto
(ou seja, como ele é feito) como as condições sociais de produção e recepção, para refletir sobre sua adequação e funcionalidade. (p.43)
É possível compreender que o ensino da língua se dá sob a
perspectiva da atividade social e da interação interpessoal, reforçando a
relevância do estudo da língua em relação ao uso subjetivo da mesma em
determinados contextos comunicacionais.
10
De acordo com Segate (s.d, p.1), a teoria proposta por Dolz e
Schneuwly (2004), em relação ao ensino da Língua Portuguesa, a partir de
gêneros, surgiu da Linguística Textual. Esta vertente considera o texto “unidade
linguística com propriedades estruturais específicas” (KOCH, 1997, p.11 citado
por SEGATE, s.d, p.1).
Essa concepção de unidade se distingue das vertentes anteriores
que centravam seus estudos em unidades menores, fragmentando o todo
textual e afastando-se da natureza comunicativa e social da língua.
Dolz e Schneuwly (2004) “acreditam que, por meio dos textos
que o ensino da Língua Portuguesa deve ser feito, por isso, sugerem o
trabalho da língua pautado nos diferentes gêneros textuais, sejam eles orais
ou escritos.” (SEGATE, s.d, p1). Os autores ainda se reportam ao
funcionamento social da língua e da linguagem a partir dos gêneros textuais
que circulam em diferentes esferas sociais e comunicacionais.
Por serem “produtos sociais”, os gêneros textuais podem sofrer
mudanças, levando em conta as diferentes necessidades comunicacionais em
cada momento histórico. No entanto, apesar de serem heterogêneos e
sofrerem essas mudanças, há uma certa regularidade nos gêneros, que lhes
confere uma certa estabilidade, especialmente quando pensamos nas
tipologias textuais, que, a grosso modo, são as famílias dos gêneros.
Os tipos textuais, ao contrário dos gêneros, que se multiplicam de
acordo com as necessidades comunicativas, “são uma categoria de listagem
limitada” (ROJO, 2012, p.38). Mesmo os novos gêneros se inserem nessas
categorias textuais, que se organizam, de acordo com Schnewly e Dolz (1995).
GÊNEROS DO DISCURSO
GÊNEROS Tipologia Domínio social Linguagem dominante
representada pela
Conto de fadas;
Fábulas;
Lenda;Aventura; Ficção
científica;
Romance policial;
Teatro
Crônica literária...
Textos de enredamento
– envolver o leitor,
desafiando sua imaginação,
seu prazer, sua inteligência
Literatura ficcional
Ação Criação e reconstrução de
uma intriga
Seqüência temporal e causal
11
Schnewly e Dolz(1995)1
Apesar de haver essa diferenciação entre tipos e gêneros, não
podemos deixar de considerar que nem sempre estes aparecem em sua forma
“pura”. De acordo com Rojo (2012, p.43)
[...]os textos são muito heterogêneos na sua constituição, ou seja, podem ser compostos por diferentes tipos/sequências textuais
(pedaços de narrativas, combinados com pedaços de relatos, combinados com pedaços de argumentações e assim por diante).
Desta maneira, podemos compreender que, ao estudarmos um
determinado gênero, como no caso deste trabalho, focado na análise de uma
1
� Tabela disponível em: http://escrevendoofuturo.blogspot.com.br/2007/09/tabela -gneros-do-
discurso.html
notícia;
reportagem;
crônicas jornalísticas;
Relatos;
testemunho;
autobiografia;
relato histórico,
diários;
biografia...
Textos informativos
– oferecer informações
Textos de informação
científica
– oferecer informações
Memória e da
documentação das
experiências humanas
Discurso
experiências vividas, situadas no
tempo
Seminário;
conferência;
verbete de enciclopédia;
texto explicativo; notas;
resumos;
resenhas;
relatos;
definição
Textos de informação
científica
– oferecer informações
Textos informativos
– oferecer informações
Conhecimentos
sistematizados
Textual
- Diversas formas de saberes
Carta de leitor;
editorial;
artigo assinado;
carta de reclamação;
carta de solicitação;
debate regrado;
ensaio;
resenhas críticas,
Diálogo argumentativo;
Textos de convencimento
– convencer o leitor a adotar
um ponto de vista ou a
desenvolver uma ação.
(intenção do autor e
resultados)
Discussão de assuntos ou
problemas sociais
controversos, visando um
posicionamento
Uso dos movimentos de
su stentação, refutação e
negociação de tomada posição e
o reconhecimento de situações
argumentativas – comentam,
explicam, confrontam idéias e
opiniões...
Receitas;
instruções de uso,
instruções de montagem;
regras de jogos;
bulas;
regulamentos;
regimentos;
estatutos;
constituição....
Textos instrucionais
-levar o leitor a desenvolver
ações
Textos variados de
instrução, regras e normas
Diferentes domínios - Regulação
mútua de ações
Prescrição ou a normalização de
ações
12
SD (sequência didática) elaborada para o ensino da História em Quadrinhos
(HQ), certamente encontraremos sequências tipológicas diversas em sua
construção.
Outro conceito especialmente útil neste estudo pode ser a
compreensão das sequências dialogais que, de acordo com Rojo (2012), são
trechos de textos orais que se completam durante a enunciação,
estabelecendo ligações entre essas sequências a partir da construção do
sentido. A HQ (história em quadrinho), por manter uma ligação com a oralidade,
utiliza bastante em sua construção as sequências dialogais.
A título de exemplificação, a tirinha abaixo, de Mafalda, traz no
último quadrinho uma sequência dialogal pertencente à tipologia injuntiva:
http://3.bp.blogspot.com/-
5SPN6E9Ko5w/Tp5z5ctQMeI/AAAAAAAADfw/YjM4Yth5Vjo/s1600/mafalda2.jpg
Dentro desse contexto, qual seria a relevância dos gêneros no
ensino da Língua Portuguesa? De acordo com Dutra e Listo (s.d, p.3):
Os conceitos de sequência textual e de gênero textual assim
considerados podem promover uma mudança relevante no trabalho com a leitura e com a escrita na escola, e, consequentemente, – acreditamos –, uma mudança no quadro desalentador que temos
hoje: os alunos saem da escola, depois de, no mínimo, doze anos de escolarização, sem o domínio básico da leitura e da escrita, habilidades essenciais para a vida em sociedade.
Essa mudança pode ser promovida pela proximidade que os
gêneros mantêm com as práticas sociais e linguísticas presentes na
comunidade, mantendo, assim uma ponte entre as vivências diárias e o ensino
da língua, diferentemente das práticas anteriores, que trabalhavam o ensino da
13
língua sob uma perspectiva fragmentada, marcada pela classificação e
normatividade.
De acordo com Segate (s.d, p.2), as sequências didáticas podem
ser especialmente relevantes para o ensino dos gêneros textuais, explicando a
maneira como estas podem ser relevantes:
Pensando, então, na importância do ensino dos gêneros na sala de
aula, Dolz e Schneuwly (2004) formulam um modelo didático que tem por objetivo entender as particularidades de cada gênero baseado em estudos e teorias já desenvolvidos por pesquisadores da área, a fim
de compreender a relação entre os gêneros trabalhados na escola e também os gêneros que fora dela funcionam como objeto de referência para o aprendizado do aluno, pois segundo os autores, a
sequência didática possibilita aos alunos colocar em prática os aspectos da linguagem já internalizados, e aqueles que eles ainda não têm domínio, possibilitando-lhes aprender e compreender melhor
o conteúdo trabalhado pelo professor.
A utilização da gramática internalizada da língua no ensino da
língua portuguesa pode ser especialmente útil, pois é mais fácil estabelecer
associações com a própria língua do aluno, partindo para um processo de
enriquecimento e ampliação, decorrente do ensino gradual feito a partir da
utilização das sequências didáticas, que permitem ao professor, como já dito
anteriormente, estabelecer um trajeto de aprendizado.
2.2 A esfera comunicativa literária
A esfera literária, assim como as demais esferas comunicativas,
tem sua finalidade específica. Essa esfera mantém ligações estreitas com a
arte, uma vez que tem uma preocupação estética, cuja linguagem uti lizada é
diferenciada, pelo uso que se faz da língua nas obras literárias. De acordo com
Nantes et al (2010, p.8)
Como em outras esferas da atividade humana, na esfera literária percebe-se uma ideologia, uma postura do artista diante da realidade e das aspirações humanas. Para Pound (2006), a literatura é uma
linguagem carregada de significado até o máximo grau possível, tendo os escritores uma função social definida proporcional à sua competência. Portanto, a literatura é uma manifestação artística que
tem como material a palavra, isto é, o artista literário explora a palavra em sua totalidade (significado, som, desenho) com o objetivo de proporcionar prazer estético.
14
Percebe-se, a partir do excerto, a ligação da literatura com a arte,
que é, por natureza, uma forma de expressão humana e também objeto de
fruição, através do “prazer estético”. Ainda segundo as autoras, citando Nicola
(1988), a literatura ainda opera na transfiguração da realidade, ou seja,
transforma a realidade através da ficção, ou ainda, cria uma realidade dentro
da verossimilhança de uma obra. Para Nicola (1998):
[..] a literatura é a transfiguração do real, é a realidade recriada pelo artista e retransmitida por meio da língua para as formas, que são os gêneros, e com os quais ela toma corpo e nova realidade,
independente do autor e da experiência de realidade de onde veio. Os fatos tratados não têm comparação com a realidade concreta. Na literatura, são abordadas as verdades gerais, que traduzem antes um
sentimento de experiência, um sentido da vida, uma compreensão e um julgamento das coisas humanas, que fornecem um retrato da vida.
A partir de Bakhtin (2003, p.282), é possível compreender a “[...]
heterogeneidade dos gêneros do discurso e a consequente dificuldade quando
se trata de definir o caráter genérico do enunciado.” O autor explica a diferença
entre os gêneros primários e os secundários. Os primários são os gêneros
mais simples e os secundários, os mais complexos e elaborados. As obras
literárias estão, juntamente com outros gêneros, inseridas nesse segundo
grupo, mais complexo. Essa complexidade é compreendida como uma forma
mais elaborada, tanto em relação à construção quanto em relação à temática.
Os gêneros secundários podem abranger os primários em sua construção.
2.3. O gênero História em Quadrinhos
O gênero história em quadrinhos pode estar inserido na esfera
comunicativa literária. De acordo com a entrevista “História em Quadrinhos é
literatura?”, realizada junto ao especialista em histórias em quadrinhos, o
jornalista Paulo Ramos, para o programa Entrelinhas, classificar os quadrinhos
enquanto literatura pode ter sido uma maneira de torná-los mais aceitáveis
socialmente, uma forma de validação dos quadrinhos como arte, aproximando-
a da literatura, para que ela recebesse um rótulo socialmente aceito. Paulo
Ramos, autor do livro A leitura dos quadrinhos, explica que os quadrinhos,
15
naturalmente, mantêm uma relação com a literatura, assim como mantêm
vínculos com as artes plásticas, o cinema, dentre outras artes. No entanto, para
o autor, as histórias em quadrinhos constituem uma linguagem autônoma.
Aproximam-se da literatura porque são de natureza narrativa, no entanto, nos
quadrinhos, há uma forma diferenciada de criar os elementos da narrativa.
Historicamente, os quadrinhos eram altamente estigmatizados de
modo que a escola e a igreja condenavam a leitura desse tipo de material,
entendendo que não favoreciam o desenvolvimento do aprendizado,
empobrecendo o jovem culturalmente.
De acordo com as autoras Franco e Oliveira (2009, p.418),
citando Feijó (1997), “houve um tempo em que o gênero HQs era desprezado
ou até mesmo condenado. Para muitos professores e pais, os quadrinhos não
estimulavam a leitura e empobreciam a cultura dos adolescentes.”
Atualmente, a partir da incorporação das histórias em quadrinhos
nos PCNs, como gênero a ser estudado, tem havido um processo contrário, em
que o gênero tem ganhado crescente destaque, inclusive com a expectativa de
se promover uma aproximação da literatura. De acordo com Paulo Ramos no
vídeo disponível na Internet sobre o III Seminário sobre Quadrinhos, Leitura e
Ensino, essa expectativa é exagerada e não se podem conceber os quadrinhos
como uma forma de “salvação da educação”. No entanto, pesquisas indicam que
os quadrinhos estão entre as formas mais populares de leitura no Brasil, ainda de
acordo com as informações divulgadas no vídeo do III Seminário sobre
Quadrinhos, Leitura e Ensino.
O artigo “Histórias em quadrinhos: gênero ou hipergênero?”,
também um estudo de Paulo Ramos, traz à baila certa inconsistência no que
diz respeito à nomenclatura das variações da HQ como: tirinhas, charge, etc. O
autor uti liza a perspectiva Bakhtiniana para refletir sobre os gêneros do
discurso, abordando os processos de força centrífuga e centrípeta que
promovem as mudanças nos gêneros. Coloca-se então em xeque a
pressuposta estabilidade relativa dos gêneros. O autor cita Mainguenau, que
aborda o gênero do discurso a partir de uma “cena enunciativa”. O autor
conceitua cena enunciativa, hipergênero e os quatro tipos de gêneros
instituídos definidos por Mainguenau, procedendo a análise desses conceitos,
relacionando-os às histórias em quadrinhos.
16
O texto traz ainda a possível relação entre humor e as HQs, bem
como explicações interessantes a respeito do processo de criação relacionado
ao tratamento dado ao tempo da narrativa e outros aspectos ligados à
construção. O autor ainda chama a atenção para a flexibilidade que as HQs
oferecem, uma vez que podem abrigar outros gêneros, relacionando-se assim
com eles. Citam-se: “super-heróis, terror, infanti l, detetive, faroeste, ficção
científica, aventura, biografia, humor, mangá [...] erótica, literatura em
quadrinhos [...], as extintas fotonovelas, o jornalismo em quadrinhos [...]”. Essa
abrangência é metaforicamente tratada pelo autor como um guarda-chuva que
traz conceitos contextualizados em uma linguagem didática, compatível com o
foco do trabalho do TCC, uma vez que abre a compreensão sobre a
conceituação do gênero HQ, colocando-o numa posição de hipergênero
abrangente.
De acordo com Ramos (2009, p.365), temos:
O estudo dos gêneros é uma herança da análise literária. A transição
para a linguística-textual e, por consequência, para práticas comunicativas não literárias se deveu principalmente às ideias de Bakhtin e de seu círculo, que lançaram novas luzes sobre o tema. Os
gêneros estão num constante processo de tensão, alguns mais estáveis, outros com elementos novos.
Observando as considerações de Bakhtin a respeito do estudo
dos gêneros, é possível perceber que as histórias em quadrinhos são
permeadas de elementos novos e, como abordado no capítulo anterior, Bakhtin
explicita que uma das características dos gêneros secundários, a saber, os
mais complexos, consiste em abranger os chamados gêneros primários.
Conforme observado por Ramos (2009, p.365), as temáticas que
podem estar inseridas nas histórias em quadrinhos podem ser de diferentes
naturezas, tangenciando vários outros gêneros, literários ou não, como:
[...] super-heróis, terror, infantil, detetive, faroeste, ficção
científica,aventura, biografia, humor, mangá (nome dado ao quadrinho japonês e a seus diferentes gêneros), erótica, literatura em quadrinhos (adaptações de obras literárias), as extintas fotonovelas, o
jornalismo em quadrinhos (reportagens feitas na forma de quadrinhos).
17
Apesar da história em quadrinhos estar inserida no que
chamaríamos de gêneros secundários, de acordo com a explicação de Bakhtin
(2003), ainda há preconceito em relação a essa produção, sendo considerada
por muitos como inferior às obras literárias convencionais, criticando-se
inclusive a quadrinização de obras clássicas, como as de Machado de Assis,
como O Alienista ou mesmo Memórias Póstumas de Brás Cubas. Muitos
percebem esse processo como positivo, compreendendo que essas obras
podem ser a porta de entrada para a leitura de outros textos e gêneros. No
entanto, há os que percebem esse processo como uma forma de
empobrecimento na qualidade da leitura. No entanto, a partir das
considerações de Eisner (1999, p.8):
A configuração geral da revista em quadrinhos apresenta uma sobreposição de palavra e imagem, e assim, é preciso que o leitor exerça suas habilidades interpretativas visuais e verbais. As
regências da literatura (por exemplo, perspectiva, simetria, pincelada) e as regências da literatura (por exemplo, gramática, enredo, sintaxe) superpõem-se mutuamente. A leitura da revista em quadrinhos é um
ato de percepção estética e de esforço intelectual.
Destarte, é possível perceber os quadrinhos como um gênero
diferenciado e não inferior, também classificado por Eisner como “Arte
Sequencial”. Essa forma híbrida de arte é também percebida por Franco e
Oliveira (2009, p.418), citando Rama & Vergueiro (2004), conforme pode ser
observado no excerto:
[...]os quadrinhos são constituídos de um sistema narrativo composto por dois códigos que atuam em constante interação: o visual e o verbal .Cada um desses códigos ocupa um papel especial, dentro das
HQs, reforçando um ao outro e garantindo que a mensagem seja entendida (p. 31). Esses autores ainda esclarecem que alguns elementos da mensagem são passados exclusivamente pelo texto,
outros têm na linguagem pictórica a sua fonte de transmissão. A grande maioria das mensagens dos quadrinhos, no entanto, é percebida pelos leitores por intermédio da interação entre os dois
códigos. A leitura dos quadrinhos desencadeia um processo duplo, a leitura de textos e de imagens.
A partir dessas breves considerações a respeito de um gênero
bastante rico, tanto sob o aspecto da complexidade e abrangência, quanto no
que diz respeito ao processo de criação e decodificação, estabelecem-se os
objetivos deste trabalho de conclusão de curso, a saber:
18
Analisar a sequência didática, verificando quais as
possibilidades de ampliação do universo de leitura a partir do
contato com as histórias em quadrinhos;
Verificar a efetividade dos processos de remidiação
decorrentes da adaptação de obras literárias clássicas para
os quadrinhos;
Observar o duplo processo de leitura de textos e imagens;
Analisar a adequação da SD como percurso para se
aprender mais sobre o gênero história em quadrinhos.
3. ANÁLISE COMENTADA DA PROPOSTA DE SEQUÊNCIA DIDÁTICA
3.1. Informações Gerais
A sequência didática foi construída com base no gênero HQ,
dialogando com o gênero romance. Essa SD traz ligações entre esses dois
gêneros pertencentes à tipologia narrativa, ressaltando as semelhanças e
diferenças, especialmente no que diz respeito à maneira como os elementos da
narrativa são trabalhados em cada gênero.
3.1.1. Objetivos esperados
Os objetivos da Sequência Didática são:
Estudar as características do gênero HQ (história em quadrinhos), focando
especialmente os elementos da narrativa e forma de realizar a transposição do
gênero literário romance para o gênero HQ;
Conhecer os processos de remidiação e de retextualização e como os
mesmos podem ocorrer na proposta de transformação do gênero romance para
o HQ;
19
Discutir o processo de remidiação e o conceito de autoria, analisando a
História em Quadrinhos feita a partir do romance “Memórias Póstumas de Brás
Cubas” – Machado de Assis;
Analisar o possível processo de remidiação relacionado à elaboração das
HQ utilizando softwares online próprios para esse tipo de atividade;
Promover um possível diálogo entre os diferentes gêneros literários;
Elaborar, a partir das discussões e atividades elaboradas na SD, uma HQ
com base em algum texto do romance “Memórias Póstumas de Brás Cubas” –
Machado de Assis;
Aproximar o aluno da leitura de gêneros diversificados, transitando entre a
HQ e o romance;
Aproximar o aluno do estudo da literatura de uma forma mais lúdica e
participativa.
Melhorar as capacidades de ler e escrever.
3.1.2 Características da turma
A Sequência Didática (SD) foi elaborada tendo em vista a 1ª (s)
série(s) do Ensino Médio Regular da E. E. Leonice de Aquino Oliveira. Os
alunos têm entre 14 e 15 anos, com pouquíssimos casos de distorção idade/
série.
Em sua grande maioria, têm pouco interesse na leitura de livros,
em especial, os mais extensos. No entanto, se a leitura for compartilhada e
mediada pelo professor, costumam apreciá-la. Alguns livros com ilustrações
lhes chama bastante a atenção como a obra “A invenção de Hugo Cabret” de
Brian Selznick.
20
Hugo Cabret consertando um brinquedo.
http://solivrosparadownload.blogspot.com.br/2007/11/invencao-dos-
sonhos-em-papel.html
Esses alunos também gostam de ler revistas em quadrinhos que
costumam trazer de casa, uma vez que a escola já não dispõe de exemplares
para a leitura. Nosso acervo conta com livros em quadrinhos, mas são poucos.
O mais disponível é o de Mafalda, de Quino, mas como são poucos os
exemplares, sua consulta fica prejudicada.
Os mangás também são populares e muitos alunos gostam de ler
as histórias e copiar os desenhos dessas histórias.
Nesta série, exige-se o início de um estudo literário mais
sistematizado, incluindo a leitura de obras clássicas que são relevantes para o
estudo da literatura brasileira. Ainda há a necessidade de conhecerem algumas
obras que normalmente são exigidas nos exames vestibulares.
Em relação ao nível socioeconômico dos alunos, é possível dizer
que a maioria está inserida nas classes baixa e média baixa. A aquisição de
livros não é costumeira e, de acordo com as pesquisas do questionário do
SARESP, normalmente cada aluno tem, em média, em torno de 15 livros de
leitura em casa, sendo que a maioria deles são recebidos do MEC. A escola
possui um bom acervo, no entanto, em decorrência da desativação da
biblioteca para transformá-la em sala de aula para atender a demanda de
vagas, o acesso aos livros ficou prejudicada. Parte do acervo fica disponível
em uma sala, que funciona como espaço para reuniões com professores, aulas
de educação especial, dentre outras atividades.
21
São alunos interessados, participativos e que gostam de trabalhar
com projetos. Trabalham bem em grupos colaborativos.
3.2. A organização da SD
A SD foi organizada com base no esquema proposto por Dolz,
Noverraz & Schneuwly, que prevê uma apresentação prévia do projeto ao
grupo ao qual se destina. Essa apresentação, além de explicar o tema a ser
trabalhado, também procura expor a maneira como será desenvolvido o
percurso didático de um modo geral.
Apesar de a sequência didática ser feita pensando em uma turma,
levando em conta suas características referentes a interesses, habilidades já
desenvolvidas, habilidades que ainda precisam ser trabalhadas, faixa etária,
dentre outros aspectos que possibilitam elaborar uma linha de trabalho que se
aproxima da clientela para a qual foi criada, ainda assim, é importante que se
inicie a SD questionando os alunos para levantar os conhecimentos que
possuem a respeito do assunto que será abordado.
Esse questionamento, além de ajudar o professor a se situar
melhor, conhecendo de forma mais próxima o conhecimento dos alunos sobre
o assunto, também é um momento para que, através da troca de ideias,
aconteça já de imediato, uma elevação dos conhecimentos da turma, a partir
desse processo dialógico que implica trocas de informações.
Esta apresentação da Sequência Didática e o levantamento
prévio serão feitos em uma aula. Levantar-se-ão questões a respeito da
proximidade dos alunos em relação ao gênero HQ, seu interesse, bem como o
levantamento de hipóteses em relação ao gênero estudado e sua família
tipológica.
A produção inicial se dará na segunda aula. Em duplas, os
alunos produzirão livremente uma HQ levando em conta os conhecimentos que
possuem a respeito do gênero. Essa primeira produção deverá ser entregue ao
professor, servindo como uma espécie de diagnóstico e para ser uti lizada em
um momento oportuno.
Os módulos serão desenvolvidos por temas, a saber:
22
Levantamento de hipóteses a partir de HQ levando em conta os elementos
da narrativa;
Produção Inicial;
HQ: Gênero Literário
Retextualização e Remidiação;
Etapas de criação dos elementos da narrativa na HQ;
Criação uma HQ a partir de um trecho do romance Memórias Póstumas de
Brás Cubas
Pesquisa e criação de HQ utilizando softwares online;
Elaboração da arte final utilizando ferramentas virtuais;
Avaliação.
Normalmente, as oficinas são distribuídas temporalmente em
aulas de 50 minutos, num total aproximado de aproximadamente 22 a 25 aulas,
considerando os ajustes necessários na aplicação da SD.
Esquema de Sequência Didática. (DOLZ, NOVERRAZ & SCHNEUWLY, 2004,
p. 98)
3.3. As atividades propostas em cada unidade de trabalho
Esta SD (Sequência Didática) está organizada em unidades de
trabalho divididas por temas. Dentro de cada uma delas, há atividades
propostas em oficinas com duração aproximada de uma aula, conforme
distribuição feita na tabela abaixo:
Unidade de Trabalho Atividades propostas
Levantamento de hipóteses a partir de
HQ levando em conta os elementos
Aula 1: Levantamento de
conhecimento prévio a partir de
23
da narrativa.
questionamentos norteadores de
uma discussão inicial a respeito de
gênero, elementos da narrativa,
construção de HQ.
Produção Inicial
Aula 2: Elaboração de uma HQ em
dupla com tema livre.
HQ: Gênero Literário Aulas 3 e 4: Levantamento de
hipóteses sobre o que são os
gêneros literários e sobre a
possibilidade dos quadrinhos
serem considerados como
literatura.
Após as discussões prévias, os
alunos assistirão a um vídeo que
traz considerações sobre o
assunto: História em quadrinhos é
literatura e Literatura Brasileira em
Quadrinhos.
Esse vídeo servirá para ampliar as
discussões feitas, confirmando ou
descartando as hipóteses
levantadas.
Ao final desta etapa, os alunos
elaborarão uma síntese dos
conceitos estudados.
Ainda nesta mesma unidade, os
alunos procederão a uma análise
dos elementos da narrativa dentro
24
das Histórias em Quadrinhos.
Essa análise será feita de forma
coletiva, a partir de
questionamentos que nortearão a
discussão. Esta atividade é
finalizada com o preenchimento de
um quadro síntese com as
percepções dos alunos sobre a
representação dos elementos da
narrativa no gênero HQ, a partir
das discussões.
Retextualização e Remidiação Aulas 5 a 7: Nesta etapa, os
alunos farão a leitura de textos
sobre retextualização e
remidiação, procurando através da
mediação docente, promover uma
ligação entre esses conceitos e as
atividades que serão propostas
durante a SD, como a
transformação de trechos de
romance em HQ, utilizando ainda
as ferramentas disponíveis na
internet para a elaboração da arte
final.
Os alunos analisarão também uma
adaptação da obra Memórias
Póstumas de Brás Cubas de
Machado de Assis em quadrinhos,
discutindo questões como
interesse despertado,
conhecimento anterior da obra
original, dentre outros.
25
O vídeo Literatura Brasileira em
quadrinhos também servirá como
material de análise para apoiar a
reflexão dos alunos sobre esse
processo de adaptação.
Etapas de criação dos elementos
da narrativa na HQ
Aulas 8 a 13: Nesta etapa, os
alunos aprenderão mais sobre o
gênero e sua característica
híbrida, podendo ser, ao mesmo
tempo literatura e arte sequencial.
Através da leitura de trechos
originais do romance Memórias
Póstumas de Brás Cubas, de
Machado de Assis, e comparação
com a obra quadrinizada, os
alunos poderão observar a
maneira como os elementos da
narrativa podem ser trabalhados
nesse gênero, levando em conta
sua natureza híbrida: língua e
imagem.
No decorrer dessa etapa, os
alunos construirão, com a ajuda do
professor, um mapa conceitual, no
qual farão anotações das
considerações relacionadas a
cada uma das aulas.
Criando uma HQ a partir de um
trecho do romance Memórias
Póstumas de Brás Cubas
Aulas 13 a 15: Nesta etapa, os
alunos formarão grupos para
escolher um trecho do romance
para realizar o processo de
26
retextualização através da HQ.
Após a leitura, elaborarão um
esboço sobre como pretendem
fazer a quadrinização, levando em
conta as considerações feitas na
etapa anterior.
O material produzido será
guardado para a próxima etapa.
Pesquisa de softwares online para
arte final de HQ
Aulas 16 e 17: Nesta etapa, os
alunos farão uma pesquisa sobre
as ferramentas disponíveis para a
elaboração da arte final do projeto
criado na etapa anterior.
Além de pesquisar as ferramentas,
deverão também pesquisar
tutoriais que ajudarão a utilizá-las.
Elaboração da arte final utilizando
ferramentas virtuais
Aulas 18 a 22: Nesta etapa, os
alunos elaborarão a arte final e
publicarão em seu grupo no
Facebook.
Avaliação Aulas 23 a 25: Essa etapa será
feita junto aos alunos que, deverão
ajudar os colegas a analisar a
pertinência da adaptação com
comentários éticos no grupo do
Facebook. Os alunos também
terão acesso à sua produção
inicial e analisarão os possíveis
ganhos decorrentes do
desenvolvimento da SD.
27
O professor fará os comentários
levando em conta a apropriação
dos conceitos estudados no
decorrer da HQ.
4.Considerações Finais
A SD (Sequência Didática), estruturalmente, segue à proposta de
Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004, p.98) e procura, de forma dialógica,
construir conceitos ligados ao gênero História em Quadrinhos, utilizando
diferentes mídias, incluindo outros gêneros também para a realização das
atividades, tais como: quadro síntese, síntese, mapa conceitual, dentre outros.
A sequência didática também procura estabelecer um diálogo
entre a literatura brasileira clássica, tendo por obra de apoio Memórias
Póstumas de Brás Cubas, tanto o romance como a obra quadrinizada. Esse
diálogo entre gêneros evidencia os pontos comuns entre os gêneros e suas
diferenças. Essa aproximação também pode contribuir para o despertar do
aluno em relação à leitura de literatura convencional, sem, no entanto, se tornar
uma forma de apologia a um gênero em relação ao outro.
No decorrer do desenvolvimento da SD, o aluno perceberá
também a complexidade na elaboração da história em quadrinhos, bem como
notar os mecanismos de leitura acionados ao se ter contato com esse tipo de
literatura.
Apesar da extensão da SD, seu conteúdo apenas tangencia o
amplo universo de estudos linguísticos que podem ser feitos a partir das HQs,
considerando a riqueza de linguagem verbal e não verbal que estrutura o
gênero.
No entanto, apesar dessa sequência didática ser apenas um
estudo introdutório, há a possibilidade de ampliar os conhecimentos nas séries
subsequentes, estabelecendo diálogos com outros gêneros não literários, uma
vez que as HQ podem abranger sequências dialogais de outros gêneros do
discurso.
28
BIBLIOGRAFIA
ARAÚJO, Gustavo Cunha; NARDIN, Heliana Ometto; TINOCO, Eliane de
Fátima. Criação e Técnica: as Histórias em Quadrinhos como Recurso
Metodológico Para o Ensino de Arte.Revista Ideia. V.1, n.2,Jan./Jul. 2010.
Disponível em:
<http://www.esamcuberlandia.com.br/RevistaIdea2/artigos/2010v1n2art03.pdf>.
Acesso em: 11/09/2012.
FRANCO, Katia Regina; OLIVEIRA, Mônica Lopes Smiderle de. As Histórias em Quadrinhos Como Gênero Textual: Características de um Gênero
Hibrido. Cadernos do CNLF , Vol. XIII, Nº 04 . Disponível em:
<http://www.filologia.org.br/xiiicnlf/XIII_CNLF_04/as_historias_em_quadrinhos_como_genero_katia_monica.pdf>. Acesso em: 11/09/2012.
História em Quadrinho: Um recurso de Aprendizagem. Salto para o futuro.
Ano XXI Boletim 01 - Abril 2011 . Disponível em:
<http://tvbrasil.org.br/fotos/salto/series/181213historiaemquadrinhos.pdf>
Acesso em: 11/09/2012.
LUYTEN, Sonia M. Bibe. Onomatopéia e mímesis no mangá: a estética do
som. REVISTA USP, São Paulo, n.52, p. 176-188, dezembro/fevereiro 2001-
2002. Disponível em: <http://www.usp.br/revistausp/52/19-sonia.pdf> Acesso
em: 1/09/2012.
MESSIAS, Alessandro Silva. Marcas Enunciativo-Discursivas nas Histórias
em Quadrinhos (HQs): Uma proposta de análise de texto como discurso.
Disponível em: < http://www.letras.ufrj.br/posverna/mestrado/MessiasAS.pdf>. Acesso em: 11/09/2012.
OLIVEIRA, Maria Cristina Xavier. Histórias em quadrinhos e suas múltiplas
linguagens. Disponível:
<http://www.fflch.usp.br/dlcv/revistas/crioula/edicao/01/Artigos/10.pdf>. Acesso
em: 11/09/2012.
POSSAMAI, Darlei. Filosofia no Ensino Médio: O Gênero História em
Quadrinhos Numa Perspectiva de Letramento. Disponível:<
http://pt.scribd.com/doc/56477409/9/A-HISTORIA-EM-QUADRINHOS-COMO-
UM-GENERO-TEXTUAL> Acesso em: 11/09/2012.
RAMOS, Paulo. Histórias em quadrinhos: gênero ou hipergênero?
Disponível em: <
http://www.gel.org.br/estudoslinguisticos/volumes/38/EL_V38N3_28.pdf>
Acesso em: 11/09/2012.
29
SANTOS, Márcia Leite Pereira dos. A leitura de Textos em Quadrinhos: Uma
proposta de análise. Cadernos do CNLF, Vol. XIII, Nº 04. Disponível em:
<http://www.filologia.org.br/xiiicnlf/XIII_CNLF_04/a_leitura_de_textos_em_quadr
inhos_uma_marcia_leite.pdf> Acesso em: 11/09/2012.
SCARELI, Giovana. Histórias em Quadrinhos, Ambiente e Cidadania.
INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da
Comunicação -XXV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação –
Salvador/BA – 1 a 5 Set 2002. Disponível:
<http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2002/Congresso2002_Anais/2002
_NP16SCARELI.pdf>
30
Anexo:
Deborah Adriana Tonini Martini Cesar
Sequência Didática – HQ e Literatura
Retextualização da cena do muro do romance D. Casmurro feita no Pixton.
Aula 1 – Pensando no gênero HQ
Vocês vão discutir em grupo, através da mediação do professor as seguintes questões
sobre a História em Quadrinhos:
Vocês gostam de ler histórias em quadrinhos?
Quais os tipos de histórias em quadrinhos que vocês mais gostam?
Por que gostam desse gênero?
Você acha que as HQs são obras literárias? Por quê?
Quais são os elementos fundamentais da HQ?
Você acha que as HQ contribuem para desenvolver a habilidade da
leitura?
Que temas podem ser abordados nas HQs?
31
Em que tipologia textual a HQ pode estar inserida?
Escreva em seu caderno uma síntese das ideias discutidas e guarde para o momento
seguinte.
Aula 2 – Produzindo a primeira HQ (diagnóstica)
Junto com um colega, você elaborará uma HQ com tema livre ou outro combinado
com a turma, utilizando os conhecimentos que vocês já têm sobre as HQs.
Produza sua história e entregue essa primeira produção ao seu professor.
Aula 3- Conhecendo mais sobre as HQs
Vamos refletir e discutir?
Você sabe o que é literatura? ( o professor vai mediar essa discussão inicial, anotando
as hipóteses levantadas pelos alunos)
Você acha que Histórias em Quadrinhos são literatura? Por quê? ( O professor
também anotará as hipóteses dos alunos no quadro de giz)
Assista ao vídeo :
Entrelinhas – História em quadrinhos é literatura?
http://www.youtube.com/watch?v=auCie_T6Mec&feature=player_embedded
Literatura Brasileira em Quadrinhos
http://www.youtube.com/watch?v=d8uXZxvpdcI&feature=related
Em grupos de 4 alunos discuta as seguintes questões associadas ao vídeo:
Em sua opinião, quadrinhos são ou não literatura?
Como se transferem elementos da literatura para os quadrinhos? Que
recursos podem ser usados para conferir expressão?
Que linguagens a HQ utiliza?
32
Que outras ideias foram acrescentadas a partir do vídeo assistido?
Anote em seu caderno as ideias que se acrescentaram à sua síntese anterior. Que
ideias ou concepções foram reforçadas ou alteradas a partir da discussão desta aula?
Para Casa: Traga na próxima aula um gibi ou qualquer tipo de HQ que aprecie.
Aula 4: Analisando as HQs
Inicia-se a aula com um vídeo, com considerações sobre os quadrinhos, que pode
contribuir para a apresentação do tema:
http://www.youtube.com/watch?NR=1&v=kPBLNUS6w8U&feature=endscreen
Nesta aula você vai observar o gibi que trouxe de casa e analisar os seguintes
aspectos:
Normalmente, a narrativa literária constrói o espaço, tempo e a
personagem utilizando as palavras. Como esses elementos são construídos na
HQ?
Discuta com seu colega e complete a tabela síntese com as conclusões
da dupla. Procure utilizar exemplos para justificar sua explicação.
Elementos Como são construídos na HQ
Personagem Normalmente, as características dos personagens são
reveladas através da própria imagem, de suas falas e das
falas dos outros personagens. Ex: “Sua gorducha,
baixinha e dentuça!”; “A Monica é muito nelvosinha!”
Espaço O espaço é construído predominantemente a partir das
ilustrações e complementado pelas falas dos
personagens. Ex: Que lugar lindo!”
Tempo Normalmente, o tempo é indicado através dos balões que
corresponderiam à fala de um possível narrador: “Tempos
depois...”; “Já à noite...”
Narrador O narrador raramente aparece nas HQs. Eventualmente
aparece através de uma caixa de texto (balão) trazendo
33
alguma informação que não pode ser evidenciada pela
cena.
Aula 5 e 6: Proposta de produção
Nesta aula, seu professor vai abordar os conceitos de retextualização e remidiação,
utilizando os seguintes textos:
Retextualização
O processo de retextualizar será entendido conforme expõe Marcuschi (2007, p. 48),
como atividades que são “rotinas usuais altamente automatizadas, mas não
mecânicas que se apresentam como ações aparentemente não problemáticas, já que
lidamos com elas o tempo todo nas sucessivas reformulações dos mesmos textos,
numa intrincada variação de registros, gêneros textuais, níveis lingüísticos e estilos”.
34
Trata-se de um processo de transformação que “envolve uma série de procedimentos
e decisões que conduzem a mudanças relevantes que não podem ser ignoradas”.
Entretanto, essas mudanças devem ocorrer de tal forma que não interfiram no sentido
do texto original, ou seja, a transformação deve ocorrer apenas no tipo de gênero
textual, isto é, a mudança está apenas na forma de apresentação do texto, porém o
sentido original deve ser mantido.
No processo de retextualização há algumas questões que são bastante relevantes tais
como: o objetivo da retextualização; a relação entre o produtor do texto original e o
transformador; os processos de formulação típicos de cada modalidade.
Quanto ao objetivo, a finalidade de uma retextualização influenciará no tratamento e
desempenho por parte do transformador.
Quanto à relação entre o produtor do texto original e o transformador depende do
retextualizador ser o próprio produtor do texto original ou não, pois no caso de ser o
produtor, as mudanças no texto transformado poderá resultar em outro texto bem
diferente do original, já no caso de ser outra pessoa quem irá retextualizar um
determinado texto, haverá uma fidelidade maior quanto às mudanças ali realizadas.
Quanto aos processos de formulação, o que deve ser levado em consideração é a
questão das estratégias utilizadas no processo de reescritura dos textos, considerando
o texto-base (texto convencional escrito) e o texto-alvo (hipertexto digital).
35
http://alveslima-edu.wikidot.com/retextualizacao
REMIDIAÇÃO
1- Remidiar algo. Justificar porque é uma remidiação.
Uma remidiação corresponde a um tipo de modificação, um revestimento gráfico e
virtual de algo já existente, como uma foto que pode ser alterada e transformada em
algo totalmente diferente do que a princípio ela deveria representar e expressar. É
uma outra maneira de evidenciar o que já foi exposto em mídias pré-existentes.
Exemplo de Imediação:
36
.Livro de Ficção
Um livro de ficção constitui uma história linear, com narração que prende o leitor e que
o integra aos acontecimentos e ao desenrolar de cada personagem, dando-lhe a nítida
sensação de poder interferir na história como ser participativo dela, já que sofre, sente
e se motiva com os seres ali criados. Um livro de ficção nos dá a noção de que somos
também parte dele e nos faz esquecer a linearidade do mundo consciente a nossa
volta para nos representarmos nas páginas escritas pelos mais diversos autores que
lemos. É onde nosso meio real se apaga.
3- Discutir as influências da remidiação, suas vantagens e desvantagens.
A remidiação é um processo interessante para a rede, pois se trata de trazer novas
funções às mídias que já existem e dar a elas um aprimoramento, com novas
ferramentas e mais recursos disponíveis que a priori elas teriam. As redes sociais são
bons exemplos de que remidiações são válidas para que os internautas continuem
acessando estes sites de relacionamento e que por períodos intercalados de tempo,
ao acessarem, elas tenham novidades acerca de algo que já existia e não ficou
estável e acompanhou o ritmo de atualização instantâneo que a rede exige.
A principal desvantagem das remidiações diz respeito ao fato de que as pessoas se
sentem 'pressionadas' a aprenderem e participarem desses aprimoramentos já que 'a
maioria usa e sabe usar', só que no entanto nem todas conseguem acompanhar o
ritmo e as mudanças que são feitas hoje de maneira extremamente rápida. Antes
havia tempo para que todos se inserissem e participassem mesmo dessas
modificações. Hoje, como tudo é alterado imediatamente é complicado de conseguir
entender realmente todos estes 'revestimentos' que caracterizam as remidiações
sobre as coisas já criadas.
quarta-feira, 24 de setembro de 2008 | Postado por Pricilla Farina Soares às 17:11
37
http://conversaaleatoria.blogspot.com.br/2008/09/1-remidiar-um-produto.html
A partir dos conceitos estudados, é possível dizer que há um processo de remidiação
ou de retextualização:
Ao se criar uma história em quadrinho a partir de um trecho de
romance?
Ao se criar uma história em quadrinho a partir de um trecho de romance
utilizando ferramenta da internet?
Discuta com seus colegas de classe, seguindo as orientações de seu professor e
anote as ideias principais em seu caderno.
Aula 7 e 8: Romance também vira história em quadrinhos
O professor trará para a sala de aula a obra quadrinizada Memórias Póstumas de Brás
Cubas, de Machado de Assis, disponível para projeção:
http://www.ebah.com.br/content/ABAAABhM4AG/hq-memorias-postumas-bras-cubas-
machado-assis
Depois de ler um trecho, discuta com seus colegas:
Você conhecia esse romance?
Foi interessante conhecer essa versão em quadrinhos? Por quê?
http://www.youtube.com/watch?v=d8uXZxvpdcI&feature=related
Aula 9: Etapas de criação: Construção da Personagem
Nas aulas anteriores, estudamos o processo de remidiação e retextualização. Para
realizarmos a retextualização e remidiação vamos, primeiramente, estudar algumas
características relacionadas ao gênero textual HQ.
Uma das principais características do gênero HQ é sua interação entre os códigos
visual e verbal. Para tanto, vamos refletir sobre como os elementos da narrativa do
romance podem ser trabalhados no processo de retextualização.
Construção da Personagem:
38
Retomando as páginas 11 do romance “Memórias Póstumas de Brás Cubas” em
quadrinhos, vamos comparar com o texto original, no capítulo XI:
“Cresci; e nisso é que a família não interveio; cresci naturalmente, como crescem
as magnólias e os gatos. Talvez os gatos são menos matreiros, e com certeza, as
magnólias são menos inquietas do que eu era na minha infância. Um poeta dizia que o
menino é pai do homem. Se isto é verdade, vejamos alguns lineamentos do menino.
Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de “menino diabo”; e verdadeiramente
não era outra coisa; fui dos mais malignos do meu tempo, arguto, indiscreto, traquinas
e voluntarioso. Por exemplo, um dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque me
negara uma colher do doce de coco que estava fazendo, e, não contente com o
malefício, deitei um punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui
dizer à minha mãe que a escrava é que estragara o doce “por pirraça”; e eu tinha
apenas seis anos. Prudêncio, um moleque de casa, era o meu cavalo de todos os
dias; punha as mãos no chão, recebia um cordel nos queixos, à guisa de freio, eu
trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, fustigava-o, dava mil voltas a um e
outro lado, e ele obedecia, — algumas vezes gemendo, — mas obedecia sem dizer
palavra, ou, quando muito, um — “ai, nhonhô!” — ao que eu retorquia: — “Cala a
boca, besta!” — Esconder os chapéus das visitas, deitar rabos de papel a pessoas
graves, puxar pelo rabicho das cabeleiras, dar beliscões nos braços das matronas, e
outras muitas façanhas deste jaez, eram mostras de um gênio indócil, mas devo crer
que eram também expressões de um espírito robusto, porque meu pai tinha-me em
grande admiração; e se às vezes me repreendia, à vista de gente, fazia-o por simples
formalidade: em particular dava-me beijos.
Não se conclua daqui que eu levasse todo o resto da minha vida a quebrar a cabeça
dos outros nem a esconder-lhes os chapéus; mas opiniático, egoísta e algo
contemptor dos homens, isso fui; se não passei o tempo a esconder-lhes os chapéus,
alguma vez lhes puxei pelo rabicho das cabeleiras.”
http://pt.wikisource.org/wiki/Mem%C3%B3rias_P%C3%B3stumas_de_Br%C3%
A1s_Cubas/XI
Vamos discutir:
O texto original da obra Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis traz
a descrição de parte da infância e do caráter do protagonista:
A HQ traz textos escritos que, inclusive são excertos da obra original. Vocês
acham que as imagens conseguem representar o que não é dito através de palavras?
Essa representação lhes parece fiel à ideia expressa no romance?
39
É mais fácil compreender o trecho do romance ou da HQ?
De que maneira é construído o personagem? As expressões fisionômicas e
corporais reforçam o texto escrito? De que maneira?
E as roupas, como você imagina que o desenhista criou? Houve pesquisa de
época?
Aula 07: Aprofundando na criação da personagem de HQ
Nesta aula, os alunos deverão fazer uma pesquisa em alguns sites da internet
previamente propostos:
COMO CONSTRUIR “PERSONAGENS” PARA HISTÓRIA EM QUADRINHOS?
http://jrmisaki.com/?p=211
COMO CRIAR UM PERSONAGEM DE HISTÓRIA EM QUADRINHOS
http://baudoveloso.blogspot.com.br/2010/08/como-criar-um-personagem-de-historia-
em.html
http://baudoveloso.blogspot.com.br/2011/12/como-criar-historias-em-
quadrinhostiras.html
http://baudoveloso.blogspot.com.br/2011/12/como-criar-historias-em-
quadrinhostiras_13.html
Junto com seu professor, você fará uma sistematização sobre a construção do
personagem da HQ utilizando um mapa conceitual.
Aula 08- Construção do espaço
Vamos ler o capítulo XXI da obra Memórias Póstumas de Brás Cubas
http://www.spectroeditora.com.br/fonjic/machado/romances/cubas/21.php
No romance em questão, o espaço é psicológico, ou seja, marcado pelas
lembranças do protagonista. No capítulo lido, O Almocreves, não há uma descrição
detalhada da cena.
Vamos discutir:
40
De que maneira o autor compôs esse espaço na história em quadrinhos, na
página 13?
Se não há uma descrição, de que maneira foi feita a criação do espaço?
Lendo esse capítulo, você imaginaria um cenário próximo ao criado?
O professor explica o conceito de gênero híbrido, que combina imagens e
textos.
Junto com seu professor, dê continuidade ao mapa conceitual sobre criação da
HQ, expondo a síntese das considerações a respeito da construção do cenário.
Aula 09: Técnicas de criação de HQ
Na sala de informática:
Explorem o blog do quadrinista Thiago Spyked e vejam algumas técnicas de criação:
http://thiagospyked.blogspot.com.br/
Anotem o que julgar interessante.
Aula 10 : O tempo na HQ
Na página 10 da HQ Memórias póstumas de Brás Cubas retrata-se o episódio narrado
no capítulo 12 da obra escrita. Leia a ambos e discuta:
De que maneira o tempo é marcado nesse capítulo?
Há alguma mudança em relação à maneira como ele é representado na HQ?
Aula 11: aprofundando no tempo da HQ
Leiam o artigo:
http://ficcaohq.blogspot.com.br/2011/07/o-tempo-nas-historias-em-
quadrinhos.html
O artigo aborda características específicas da representação do tempo nas HQs que
têm sua linearidade ligada à sequência de quadrinhos.
Observe o processo de construção nos quadrinhos da HQ em estudo e façam uma
síntese de ideias, agregando considerações no mapa conceitual, juntamente com seu
professor.
Aula 12: O narrador na HQ
No romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, o narrador é do tipo personagem.
Vamos discutir:
41
De que maneira esse narrador se apresenta na HQ?
Junto com seus colegas de grupo, procure um trecho do livro equivalente a alguma
parte da HQ e procurem observar como o narrador se apresenta na HQ.
Anotem as conclusões e acrescentem ao mapa conceitual.
http://grupoplccj.webnode.com.br/quadrinhos/
Aula 13 -15: Criando uma HQ a partir de um trecho do romance Memórias
Póstumas de Brás Cubas
Escolham em grupos um trecho da obra Memórias Póstumas de Brás Cubas a ser
reelaborado utilizando a linguagem híbrida da HQ, preferencialmente algum que não
tenha sido retratado na HQ estudada.
Levando em conta as discussões e as anotações feitas no mapa conceitual,façam um
esboço da maneira como pretendem representar o espaço, o tempo e as
personagens. Deve ser um esboço simples, pois a arte final será feita utilizando algum
software apropriado para a criação de HQs.
http://www.tecmundo.com.br/imagem/1567-selecao-ferramentas-para-criacao-de-
quadrinhos-.htm
http://www.maquinadequadrinhos.com.br
Aula 16 e 17: Conhecendo as ferramentas disponíveis para a criação de HQ
Na sala de informática, pesquisem em grupos qual software de criação pode ser
utilizado na criação do trecho escolhido e esboçado.
Procurem também procurar tutoriais que ensinem como utilizar as ferramentas.
http://www.tecmundo.com.br/imagem/1567-selecao-ferramentas-para-criacao-de-
quadrinhos-.htm
http://www.maquinadequadrinhos.com.br
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000167.pdf
Aulas 18 a 22: Criando sua HQ
42
A partir do esboço criado em aula anterior, faça a arte final utilizando a ferramenta
escolhido. Você receberá orientação do professor para fazer as correções
necessárias. Poste a versão final no egroup da turma, criado no Facebook.
Aulas 21 e 22: Avaliação do processo
Agora que você já publicou sua HQ, procure comentar as publicações dos colegas.
Em seguida, procure lembrar que tipos de adaptações precisou fazer para criar sua
HQ a partir da cena de romance.
Compartilhe seu parecer e observações com os colegas.
O professor vai analisar a adequação na utilização dos recursos, mantendo o diálogo
com o trecho escolhido.
Links de apoio:
http://www.mel.ileel.ufu.br/pet/amargem/amargem2/estudos/MARGEM1-E31.pdf
http://www.ileel.ufu.br/anaisdosielp/pt/arquivos/sielp2012/776.pdf
http://poorspider.wordpress.com/2008/10/31/remidiacao/
http://www.youtube.com/watch?v=XUSlvRo7oBw
Link muito importante:
http://blog.midiaseducacao.com/2012/04/bibliografia-on-line-historias-em.html
http://www.tecmundo.com.br/imagem/1567-selecao-ferramentas-para-criacao-de-
quadrinhos-.htm