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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CIÊNCIAS MATEMÁTICAS E DA NATUREZA
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE METEOROLOGIA
CIRCULAÇÃO E DINÂMICA ATMOSFÉRICA
Disciplina Climatologia
Professor Wanderson
Circulação Geral da Atmosfera
• A atmosfera terrestre é formada por um conjunto de gases, presos
ao planeta pela atração gravitacional, cujos movimentos são
descritos pelas leis da Mecânica dos Fluidos e da Termodinâmica.
• A movimentação do ar é alimentada pela repartição desigual da
energia solar e influenciada diretamente pela rotação da Terra.
• O conjunto dos movimentos atmosféricos que, na escala
planetária, determina zonas climáticas denomina-se circulação
geral da atmosfera.
CIRCULAÇÃO E DINÂMICA ATMOSFÉRICA
• Um amplo cinturão centrado no equador serve como fonte de calor, enquanto áreas
de altas latitudes em torno dos polos agem como sumidouros de calor.
• A atmosfera é uma máquina de calor gigante, apesar de ineficiente, transformando
energia potencial representada por diferenças de aquecimento, em energia cinética
do movimento médio. Através deste movimento, chamado de circulação geral, o calor
é transportado da fonte para o sumidouro.
• Modelo Unicelular (Célula de Hadley)
• Superfície uniforme coberta por água;
• Sol diretamente sobre o equador;
• Terra não gira.
CIRCULAÇÃO E DINÂMICA ATMOSFÉRICA
CIRCULAÇÃO E DINÂMICA ATMOSFÉRICA
• Modelo Tricelular
• Superfície uniforme coberta por água;
• Sol diretamente sobre o equador;
• Terra gira.
Circulação Geral da Atmosfera:
Representa apenas o fluxo médio do ar ao redor da Terra;
A causa básica da circulação geral é o aquecimento desigual da
superfície da Terra;
Para manter o equilíbrio, a atmosfera transporta ar quente para
os polos e ar frio para o equador.
CIRCULAÇÃO E DINÂMICA ATMOSFÉRICA
• Em escala global, a Terra
está em equilíbrio radiativo,
ou seja, a energia que entra
no sistema Terra-Atmosfera
é igual à energia que sai do
sistema.
• Contudo, isto não se
verifica em cada faixa
latitudinal.
• Na região tropical
(aproximadamente entre
30ºN e 30ºS), a radiação de
onda curta proveniente do
Sol que penetra na Terra é
superior a radiação de onda
longa líquida que parte do
sistema.
CIRCULAÇÃO E DINÂMICA ATMOSFÉRICA
CIRCULAÇÃO E DINÂMICA ATMOSFÉRICA
• O maior aquecimento que
ocorre nas regiões equatoriais
promove a formação de regiões
de baixas pressões, denominada
região dos doldrums.
• Para tais regiões convergem
em superfície os ventos alísios
de sudeste (no Hemisfério Sul) e
de nordeste (no Hemisfério
Norte).
• Estes sobem, resfriam-se
perdendo umidade por
condensação e precipitação e
voltam em altitude (sentido
contrário, contra-alísios) à zona
dos cinturões anticiclônicos,
localizados a aproximadamente
30º de latitude, onde descem,
aquecendo-se para formar de
novo os alísios.
• Esta movimento é denominado
Célula de Hadley.
• Sobre oceanos equatoriais
forma-se uma região estreita
com altos índices
pluviométricos e movimento
ascendente, conhecida como
Zona de Convergência
Intertropical (ZCIT), por ser a
faixa onde os ventos alísios
dos dois Hemisférios
convergem.
• A faixa em torno de 30N e
30S, caracterizada por
estabilidade e ventos calmos, é
conhecida como “latitude dos
cavalos” pois as embarcações
a vela que por lá passavam no
século XVII, ao se deparar com
calmarias típicas dos centros
de alta pressão necessitavam
reduzir seu peso e racionar
água, lançando assim seus
cavalos ao mar.
CIRCULAÇÃO E DINÂMICA ATMOSFÉRICA
• Nas faixas das zonas
temperadas convergem os
ventos de sudeste e noroeste no
HS e nordeste e sudoeste no
HN.
• Estes ventos sobem e voltam
nos altos níveis à zona dos
cinturões anticiclônicos e às
calotas polares.
• Nesta região em torno de 60S
e 60N situam-se baixas
pressões que são importantes
zonas de convergências
extratropicais, onde o ar quente
e úmido encontra-se com ar frio
e seco.
• Deste encontro originam-se os
fenômenos meteorológicos mais
importantes das latitudes médias
(as frentes).
CIRCULAÇÃO E DINÂMICA ATMOSFÉRICA
• O movimento de circulação
meridional entre 30 e 60 é
denominado Célula de Ferrel.
• Esta é uma célula de
circulação indireta pois nela o
ar sobe frio e desce quente,
ao contrário do que ocorre na
célula de Hadley.
• Parte do ar que ascende
próximo à latitude de 60º (S e
N), desce nos polos (90ºS e
90ºN), formando a Célula
Polar.
CIRCULAÇÃO E DINÂMICA ATMOSFÉRICA
Massas de Ar
• A conceituação de uma massa de ar é geralmente imprecisa
devido, em particular, à dificuldade de se conceber a atmosfera
dividida em espaços independentes.
• Todavia, tendo em vista a necessidade de compreendê-la melhor e
trabalhá-la didaticamente, várias definições foram propostas para
as massas de ar.
• Uma, mais simples, define a massa de ar como uma unidade de ar,
ou seja, uma porção da atmosfera, de extensão considerável, com
características térmicas e higrométricas homogêneas.
CIRCULAÇÃO E DINÂMICA ATMOSFÉRICA
• A extensão das massas de ar, seja na dimensão horizontal ou
vertical, pode variar de algumas centenas a alguns milhares de
quilômetros.
• Para a sua formação, a massa de ar requer uma condição básica:
superfícies com considerável planura (homogênea) e extensão.
CIRCULAÇÃO E DINÂMICA ATMOSFÉRICA
CIRCULAÇÃO E DINÂMICA ATMOSFÉRICA
• Assim, ela somente se forma sobre os oceanos e planícies
continentais.
• Na maioria das vezes, as massas de ar originam-se nos lugares
onde as circulações são mais lentas e as situações atmosféricas,
mais estáveis, como nas regiões das altas pressões subtropicais e
polares.
• Ao se deslocarem de suas regiões de origem, das quais adquirem as
características principais de temperatura e umidade, as massas de ar
influenciam as regiões por onde passam, trazendo para estas áreas
novas condições de temperatura e umidade, e sendo, ao mesmo tempo,
influenciadas por elas.
• A Massa Polar Atlântica (mPa), por exemplo, é fria e seca na Patagônia,
sua região de origem; porém, ao atingir o litoral brasileiro, encontra-se
bem mais aquecida e torna-se úmida.
• Ao mesmo tempo em que provoca queda nas temperaturas, no Brasil, ela
se aquece devido à maior radiação das baixas latitudes e adquire
considerável umidade ao deslocar-se sobre as águas mais aquecidas do
Atlântico subtropical e tropical.
• Assim, a movimentação de uma massa de ar é marcada por uma
alteração permanente de suas características, o que ressalta o dinamismo
da atmosfera na sua interação com a superfície a partir do movimento do
ar.
CIRCULAÇÃO E DINÂMICA ATMOSFÉRICA
• Uma massa de ar que possui as características principais de sua
área de formação, que ainda não sofreu modificação expressiva de
suas condições originais, é chamada massa de ar primária.
• Aquela que apresenta modificação significativa como resultado da
influência das condições superficiais das novas áreas por onde
passa é chamada de massa de ar secundária.
• Na Patagônia, a mPa é, por exemplo, uma massa primária e, ao
deslocar-se sobre o litoral brasileiro, é uma massa secundária.
CIRCULAÇÃO E DINÂMICA ATMOSFÉRICA
• A temperatura e a umidade são as duas principais características de uma massa
de ar.
• A posição zonal da área de origem de uma massa de ar define sua condição
térmica.
• Assim, as massas originadas nas baixas latitudes são quentes; nas médias
latitudes são frias e, nas altas latitudes, glaciais.
CIRCULAÇÃO E DINÂMICA ATMOSFÉRICA
• O teor de umidade de uma massa de ar depende da natureza da superfície onde ela
se origina, ou seja, uma massa de ar será úmida quando se formar sobre regiões
marítimas ou oceânicas (de latitudes baixas e médias) e seca, sobre regiões
continentais.
• Um caso particular, todavia, é a Massa Equatorial Continental (mEc), que se origina na
região Amazônica e é úmida mesmo formando-se sobre o continente, pois recebe um
elevadíssimo aporte de umidade superficial por evapotranspiração e pela ação dos
ventos de leste, que trazem umidade oceânica.
CIRCULAÇÃO E DINÂMICA ATMOSFÉRICA
• Há quatro tipos básicos de massas de ar, resultantes da
combinação entre a temperatura e a umidade do ar:
• Quente e úmida: é formada nas baixas latitudes (zona equatorial-
tropical), sobre os oceanos ou, excepcionalmente, sobre a
Amazônia;
• Quente e seca: é formada nas baixas latitudes (zona equatorial-
tropical), sobre os continentes;
• Fria e úmida: é formada nas latitudes médias (zona temperada),
sobre os oceanos;
• Fria e seca: é formada sobre os continentes nas latitudes médias
(zona temperada) e nas altas latitudes (zona polar).
CIRCULAÇÃO E DINÂMICA ATMOSFÉRICA
• A variação sazonal da radiação nos diferentes lugares do planeta,
associada aos outros fatores da movimentação do ar, produz o
dinamismo das massas de ar sobre sua superfície.
• Assim, as massas de ar percorrem longos trajetos em seus
deslocamentos a partir de suas áreas de origem.
• O ar tropical tende a escoar em direção aos polos e chega a atingir
a zona temperada, enquanto o ar frio tende a escoar em direção ao
equador e chega a atingir até a latitude 0º.
• Estes movimentos possibilitam importantes trocas de energia entre
as regiões deficitárias e aquelas de representativa entrada de
energia.
CIRCULAÇÃO E DINÂMICA ATMOSFÉRICA
As Massas de Ar da América do Sul e suas Dinâmicas
• A dinâmica atmosférica da América do Sul, devido principalmente à
sazonalidade da radiação, à considerável extensão longitudinal do
continente e ao afunilamento deste com o aumento da latitude,
além da configuração do relevo, é marcada pela atuação de
massas de ar equatoriais, tropicais e polares.
• Dentro de cada uma destas faixas ou zonas, a dinâmica do ar é
fortemente marcada pela atuação das massas de ar que dentro
delas se originam, pela sua interação com massas oriundas de
outras zonas e pelos fenômenos correlacionados e/ou derivados
desta interação.
CIRCULAÇÃO E DINÂMICA ATMOSFÉRICA
• Consoante com estas características do aspecto geográfico da
América do Sul, observa-se na região uma pequena quantidade de
massas de ar de origem continental; predominam as de origem
oceânica, que propiciam ao continente a formação de ambientes
climáticos com considerável umidade.
• Devido à dinâmica atmosférica associada ao relevo, paisagens
semiáridas e até mesmo desérticas formam-se sobre o continente
sul-americano.
CIRCULAÇÃO E DINÂMICA ATMOSFÉRICA
Na Faixa Equatorial
• Massa Equatorial do Atlântico Norte e Sul (mEan e mEas): as
massas de ar quente e úmido formadas no Anticiclone Subtropical
do Atlântico Norte e no Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul são
denominadas Massa Equatorial do Atlântico Norte (mEan) e Massa
Equatorial do Atlântico Sul (mEas), respectivamente.
• Estas massas de ar atuam principalmente nas porções norte
(mEan) e extremo nordeste (mEas) da América do Sul, cuja maior
amplitude térmica se dá no verão, quando o ar frio do Hemisfério
Norte impulsiona a expansão do ASAN para sul, originando a
massa de ar equatorial atlântica nas mais baixas latitudes do
Hemisfério Norte.
CIRCULAÇÃO E DINÂMICA ATMOSFÉRICA
• Massa Equatorial Continental (mEc): a célula localizada na porção
centro-ocidental da planície Amazônica, produz uma massa de ar
cujas características principais são a elevada temperatura, a
proximidade da linha do equador e a umidade.
• A massa de ar que ali se origina apresenta um aspecto singular
dentre as massas continentais: é úmida, pois se origina sobre uma
superfície com farta e quente rede de drenagem coberta por uma
densa floresta, além de ter sua atmosfera enriquecida com a
umidade oceânica proveniente de leste (ZCIT) e de nordeste
(mEan).
CIRCULAÇÃO E DINÂMICA ATMOSFÉRICA
• A atuação máxima desta massa de ar dá-se principalmente durante
o verão austral, época em que o ar quente encontra mais facilidade
de desenvolvimento em direção sul.
• Assim, o ar quente e úmido equatorial continental influencia a
atmosfera de toda a porção interiorana da América do Sul, pois se
desloca por meio de correntes de oeste e noroeste a partir de seu
centro de ação.
CIRCULAÇÃO E DINÂMICA ATMOSFÉRICA
Na Faixa Tropical
• Massa Tropical Atlântica (mTa): é uma das principais massas de ar da
dinâmica atmosférica da América do Sul e, particularmente, do Brasil,
onde desempenha considerável influência na definição dos tipos
climáticos.
• Origina-se no centro de altas pressões subtropicais do Atlântico Sul e
possui, portanto, características de temperatura e umidade elevadas.
• Sua mais expressiva atuação nos climas do Brasil, por meio de correntes
de leste e de nordeste, dá-se no verão, quando, atraída pelas relativas
baixas pressões que se formam sobre o continente, traz para a atmosfera
deste bastante umidade e calor, reforçando as características da
tropicalidade climática do país.
CIRCULAÇÃO E DINÂMICA ATMOSFÉRICA
• Massa Tropical Continental (mTc): evidencia-se como um bolsão
de ar de características próprias, que se desloca e consegue
interagir com o ar de outras localidades.
• Forma-se na região central da América do Sul, no final do inverno e
início da primavera, antes de começar a estação chuvosa.
• De maneira geral, a depressão do Chaco atua como uma área de
atração de massas de ar de outras regiões.
CIRCULAÇÃO E DINÂMICA ATMOSFÉRICA
• Massa Tropical Pacífica (mTp): apresenta as mesmas características e o
dinamismo da mTa, porém, sua atuação sobre o continente se dá de
forma oposta, ou seja, ela atua predominantemente sobre o oceano
Pacífico, desviada de sua trajetória para o interior do continente, por
influência da cordilheira dos Andes.
• Assim, seu calor e umidade específicos atingem somente uma pequena
parte do continente.
• A trajetória desta massa é desviada em direção norte-noroeste, o que faz
com que a umidade atmosférica se precipite sobre o oceano Pacífico.
• Nestas condições, o litoral tropical oeste da América do Sul atesta
baixíssimos índices de pluviosidade e umidade do ar, dando origem a
paisagens semiáridas e desérticas, como o deserto do Atacama.
CIRCULAÇÃO E DINÂMICA ATMOSFÉRICA
Na Faixa Subpolar
• Massa Polar (mP): o acúmulo de ar polar sobre o oceano Atlântico,
na altura centro-sul da Patagônia, dá origem à massa de ar polar,
de características fria e úmida.
• A Massa Polar Atlântica (mPa) é atraída pelas baixas pressões
tropicais e equatoriais e recebe influências da força de atrito com o
relevo sobre o qual se movimenta.
CIRCULAÇÃO E DINÂMICA ATMOSFÉRICA
• Dos permanentes
deslocamentos da mPa
em direção norte e do
choque entre suas
características e as do
ambiente climático
tropical e equatorial
originam-se os
mecanismos
frontogenéticos do
Hemisfério Sul.
CIRCULAÇÃO E DINÂMICA ATMOSFÉRICA
ENTREGA DA LISTA DE EXERCÍCIOS:
PRÓXIMA QUINTA-FEIRA (10/10)
PRIMEIRA PROVA:
PRÓXIMA TERÇA-FEIRA (15/10)
PRÓXIMA AULA: CONCEITOS BÁSICOS E REVISÃO