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Capítulo 9 Região Norte 2 Capítulo 10 Região Nordeste: aspectos naturais e sub-regiões 24 Capítulo 11 Região Nordeste: economia e população 38 Capítulo 12 Região Centro-Oeste 50 Volume 3

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Capítulo 9

Região Norte 2

Capítulo 10

Região Nordeste: aspectos naturais e sub-regiões 24

Capítulo 11

Região Nordeste: economia e população 38

Capítulo 12

Região Centro-Oeste 50

Volume 3

capí

tulo

A Região Norte é a mais extensa do Brasil, ocupando uma

área equivalente a 45,3% do território nacional, ou seja, quase

a metade do país. É muito comum associar a Amazônia à Região

Norte, pela marcante presença da Floresta Amazônica, que cobre

grande parte dessa região e tem grande importância socioam-

biental. A imagem acima mostra uma parte da cidade de Manaus

(AM). Analise os elementos que compõem a paisagem. O que

mais chamou sua atenção nessa imagem? Por quê? Que outros

aspectos da Região Norte você conhece ou de quais já ouviu falar?

Região Norte 9

• Paisagens naturais

• Ocupação do espaço

• Aspectos econômicos

• População e demografia

o que vocêvai conhecer

Teatro Amazonas, localizado no centro histórico de Manaus, AM, 2017

©Pulsar Imagens/Tales Azzi

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Geografia

A Região Norte é uma das cinco grandes regiões brasileiras estabelecidas pelo IGBE e

é formada por sete estados: Amazonas, Pará, Amapá, Roraima, Rondônia, Acre e Tocantins.

Observe o quadro a seguir, que traz alguns dados sobre essa região. Utilize-o como referên-

cia para compreender melhor as suas características, comparando suas informações com as

de outras regiões do Brasil, que serão estudadas nos próximos capítulos.

• Conhecer as principais características naturais da Região Norte, com-preendendo a relação entre relevo, hidrografia, clima e vegetação.

• Identificar a Região Norte como a última fronteira de expansão das atividades agropecuárias do país.

• Compreender a necessidade do desenvolvimento sustentável nessa região, em virtude de seu patrimônio natural e histórico-cultural.

objetivos do capítulo

Região Norte

Área1 3 853 840,882 km2

Número de municípios1 450

População1 18 465 902 (2019) (73,5% urbana)

Densidade demográfica1 4,79 hab./km2 (2019)

Crescimento demográfico1 2,09% (2010)

Mortalidade infantil2 17,6 por mil nascidos vivos (2016)

Analfabetismo3 8% (2017)

Participação no PIB nacional4 5,4% (2012)

Região Norte: político

Fontes: 1IBGE. População. Disponível em: <www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/>. Acesso em: 2 set. 2019.2IBGE. Tabela 3834: taxa de mortalidade infantil. Disponível em: <https://sidra.ibge.gov.br/tabela/3834>. Acesso em: 2 ago. 2019.3 IBGE. Pesquisa nacional por amostra de domicílios contínua: educação 2017. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101576_informativo.pdf>. Acesso em: 2 ago. 2019.4IBGE. Contas regionais do Brasil: 2012. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv89103.pdf>. Acesso em: 2 ago. 2019.

Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 8. ed. Rio de Janeiro, 2018. Adaptação.

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Paisagens naturais

A Região Norte é conhecida pela densa floresta equatorial úmida, a Floresta Amazônica,

pelo clima quente e úmido e pela grande quantidade de rios extensos e caudalosos. É a re-

gião do Brasil onde a paisagem natural mais interfere na ocupação do espaço.

Relevo

De modo geral, o relevo da Região Norte apresenta baixas altitudes, com exceção das

terras localizadas nas divisas do Brasil com Venezuela, Guiana e Guiana Francesa (FRA).

As formas de relevo dessa região não são homogêneas, como é possível observar no

mapa a seguir.

Região Norte: unidades de relevo

Fonte: ROSS, Jurandyr L. S. (Org.). Geografia do Brasil. 5. ed. São Paulo: Edusp, 2005. p. 53. Adaptação.

leitura cartográfica

Com base no mapa, responda às questões propostas.

1 Qual forma de relevo é predominante na Região Norte? Que tipo de rocha é mais comum nessa região?

2 Que número e cor indicam a Planície do Rio Amazonas? Que tipo de rocha predomina nessa unidade

de relevo?

3 Em que estados da Região Norte predominam as rochas sedimentares?

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Geografia

Planaltos antigos

O Planalto da Amazônia Oriental é sedimentar e se estende de Manaus ao Oceano Atlântico.

Em seu limite norte, o relevo apresenta escarpas e é definido por uma frente de cuesta. Sua

altitude média é de 400 metros e é recoberto por mata densa.

Os Planaltos Residuais Norte-Amazônicos correspondem,

principalmente, às serras de Tapirapecó, Imeri, Parima, Acaraí, Tu-

mucumaque e do Navio, na qual o minério de manganês foi muito

explorado.

Nessa unidade de relevo, encontram-se alguns dos picos mais

elevados do Brasil, como o Pico da Neblina, com 2 995 metros, e

o Pico 31 de Março, com 2 974 metros, ambos situados no estado

do Amazonas. Esses números, diferentemente do que aparece no

mapa da página anterior, foram atualizados pelo Atlas IBGE 2018.

Os Planaltos Residuais Sul-Amazônicos apresentam uma vasta

área plana, com morros de topos arredondados distribuídos no

espaço de modo descontínuo. Nessa formação, localiza-se a Serra

dos Carajás, onde há exploração de minerais, como ferro, manga-

nês, cobre e ouro.

escarpas: relevos íngremes que podem ocorrer nas bordas das áreas de planalto.

cuesta: elevação irregular do relevo formada por camadas de rochas de resistências diferentes e inclinadas em uma direção. De um lado, a cuesta apresenta uma encosta íngreme, denominada frente de cuesta; de outro, o reverso, levemente inclinado.

Planaltos Residuais: têm esse nome por constituírem um resíduo, ou seja, o que restou de um relevo atacado pela erosão; em geral, são formados por rochas mais resistentes que as do entorno.

Depressões

No limite norte, tanto a Depressão Marginal Sul-Amazônica quanto a Norte-Ama-

zônica contêm escarpas e, ao sul, frentes de cuesta. Essas depressões são cobertas de

florestas densas.

A Depressão da Amazônia Ocidental é cortada pela Planície do Rio Amazonas. Apresenta

terrenos baixos, com altitudes inferiores a 200 metros, e topos planos, sustentados princi-

palmente por rochas sedimentares.

Pico da Neblina, o ponto mais alto do Brasil, na Serra do Imeri, Santa Isabel do Rio Negro, AM, 2012

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Planícies

A Planície do Rio Amazonas corresponde a uma faixa que

acompanha as margens desse rio e de alguns de seus afluentes.

Sua área mais ampla se situa na Ilha de Marajó, e sua superfície

está coberta de mata densa e áreas alagadas.

As planícies e os tabuleiros litorâneos são formados por sedimen-

tos recentes, de origem marinha. Nas proximidades da Ilha de Marajó,

esses sedimentos se misturam aos carregados pelo Rio Amazonas.

Descoberta pelo espanhol

Vicente Pizón e batizada

como Ilha Grande de Joanes,

a ilha recebeu em 1754 o

nome de Marajó, que em tupi

significa “barreira do mar”.

O Arquipélago, formado por

um conjunto de ilhas que

constitui a maior ilha fluvial

[fluviomarinha] do mundo, com

49 606 km2, está integralmente

situado no estado do Pará e

constitui-se numa das mais ricas

regiões do País em termos de

recursos hídricos e biológicos.

BRASIL. Plano de desenvolvimento territorial sustentável para o Arquipélago do Marajó. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2007. p. 7. Disponível em: <http://seplan.pa.gov.br/sites/default/files/PDF/ppa/ppa2016-2019/pdrs_marajo.pdf>. Acesso em: 5 ago. 2019.

Fonte: ©Google Earth/Image Landsat/Copernicus/Data SIO, NOAA, U.S. Navy, NGA, GEBCO. Adaptação.

Imagem de satélite do Arquipélago do Marajó, PA, 3 dez. 2015

Hidrografia

As regiões hidrográficas são constituídas por uma ou mais bacias hidrográficas con tíguas,

que apresentam características similares, a fim de possibilitar uma gestão comum entre elas.

Como estudamos anteriormente, existem 12 regiões hidrográficas no Brasil, sendo três delas

na Região Norte.

Fonte: BRASIL. Agência Nacional de Águas (ANA). Regiões Hidrográficas. Disponível em: <http://dadosabertos.ana.gov.br/datasets/b78ea64219b9498 c8125cdef390715b7_0>. Acesso em: 5 ago. 2019. Adaptação.

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Região Norte: regiões hidrográficas

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Além de extensos

rios, há na Região Nor-

te pequenos cursos de

água, como os igara-

pés (em tupi, rio estrei-

to), que percorrem as

áreas mais elevadas e

penetram na selva.

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Geografia

Região Hidrográfica Amazônica

A Região Hidrográfica Amazônica é caracterizada por uma extensa rede hidrográfica, que

ocupa quase 45% do território nacional, abrangendo estados da Região Norte (Acre, Amazo-

nas, Rondônia, Roraima, Amapá e Pará) e da Centro-Oeste (Mato Grosso). O destaque dessa

região hidrográfica é o Rio Amazonas. Alguns pesquisadores o consideram o maior do mundo,

com 6 992 quilômetros – o Rio Nilo, localizado na África, tem 6 852 quilômetros de extensão,

140 a menos que o Amazonas.

O Rio Amazonas nasce nas elevadas altitudes da Cordilheira dos Andes, em território pe-

ruano. Posteriormente, percorre um logo trecho de planície. Nesse percurso, recebe dezenas

de afluentes, que também estão entre os mais extensos rios do mundo – alguns deles medem

mais de 1 500 quilômetros. Seus maiores afluentes são os rios Javari, Juruá, Purus, Madeira, Ta-

pajós e Xingu, pela margem direita; e Japurá, Negro, Trombetas e Jari, pela margem esquerda.

Na foz do Rio Amazonas, ocorre o fenômeno da pororoca, que consiste no encontro de

suas águas, na época da cheia, com as águas do Oceano Atlântico durante a maré alta.

Na língua tupi, o termo "pororoca" quer dizer causar um

grande estrondo. A pororoca resulta do encontro da água do

mar, alterada pela influência gravitacional do Sol e da Lua e pelos

fortes ventos alísios que sopram do leste, com a massa de água

doce que vem da direção contrária. Nas pororocas mais fortes, o

mar chega a avançar até 50 quilômetros rio adentro, provocando

erosões nas áreas mais altas e cheias nas planícies alagáveis.

saiba mais

ventos alísios: sopram das regiões de alta pressão subtropical (temperaturas mais baixas) para as de baixa pressão equatorial (temperaturas mais altas).

A Região Hidrográfica Amazônica apresenta relevo favorável

para a navegação fluvial, com mais de 15 500 quilômetros de hi-

drovias. Além disso, existem trechos com grande potencial hidre-

létrico. No curso de alguns de seus rios, há várias usinas hidrelétri-

cas, como a Usina de Samuel, no Rio Jamari, em Rondônia, e a de

Balbina, no Rio Uatamã, no Amazonas.

Na atualidade, uma grande polêmica envolve a instalação da

Usina Hidrelétrica de Belo Monte no curso do Rio Xingu, no es-

tado do Pará. Em 2019, ela se tornou a maior hidrelétrica 100%

brasileira. Ambientalistas e moradores do entorno afirmam que a

construção dessa usina gerou graves consequências socioambien-

tais, pois, ao inundar 500 quilômetros quadrados de área, forçou

mais de 30 mil pessoas a se deslocarem de suas terras. Isso impac-

tou negativamente a natureza e o estilo de vida das comunidades

tradicionais dessa região. Essa opinião, no entanto, não é compar-

tilhada por alguns representantes do governo, os quais defendem

que a energia elétrica gerada será indispensável para o desenvol-

vimento econômico da Região Norte e do país.

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Árvores mortas em área alagada para a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, Vitória do Xingu, PA, 2017

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Essa região hidrográfica é a que mais apresenta unidades de conservação e terras indíge-

nas, o que é fundamental para a proteção das nascentes dos rios. Porém, diversas atividades

humanas ameaçam a qualidade e a preservação de suas águas: desmatamento, pela expan-

são da agropecuária; utilização, em larga escala, das águas para irrigação e dessedentação

animal; e falta de saneamento básico. Por isso, é muito importante

que as políticas públicas priorizem a gestão dos recursos hídricos

dessa região.

Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia

A Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia é segunda maior do Brasil. O Rio Tocantins

e seu grande afluente, o Araguaia, nascem na Região Centro-Oeste. A Usina Hidrelétrica de

Tucuruí, instalada no Rio Tocantins, é a maior da região, fundamental para a geração de ener-

gia para o norte e o nordeste do país.

Essa região tem grande relevância no contexto nacional, pois está inserida em uma im-

portante área agrícola – caracterizada especialmente pelo cultivo da soja – e mineradora

– exploração de ouro, amianto, cobre, níquel e bauxita. Por isso, suas águas são bastante

utilizadas na irrigação e degradadas por resíduos da mineração. Além disso, a região é impac-

tada pela redução da cobertura vegetal, extraída em virtude da expansão dessas atividades.

Além dessas duas regiões, uma pequena porção do Pará é abrangida pela Região Hi-

drográfica Atlântico Nordeste Ocidental. Essa região abrange o Domínio Amazônico, o das

Caatingas e o do Cerrado. Por causa da atividade madeireira, a região hidrográfica situada no

Domínio Amazônico é a mais ameaçada pelo desmatamento.

Climas

A Região Norte é atravessada pela Linha do Equador e, em sua maior parte, apresenta

baixas altitudes. Em razão disso, a temperatura é bastante elevada, com médias mensais que

variam de 25 °C a 27 °C durante o ano. Assim, podemos afirmar que não há inverno com as

características que essa estação tem no sul do país.

É a região mais chuvosa do Brasil. As temperaturas elevadas, a floresta densa e a grande

quantidade de rios caudalosos provocam intensa evaporação de água, que se acumula no ar

atmosférico. Em geral, chove de 1 800 a 3 000 milímetros por ano.

No decorrer do dia, a temperatura se

eleva, e a evaporação se intensifica, forman-

do nuvens carregadas de umidade. O vapor-

-d’água contido nessas nuvens se eleva em

consequência do aquecimento e, ao atingir

altitudes mais elevadas, resfria-se e se pre-

cipita. Esse tipo de precipitação é denomi-

nado chuva de convecção e é muito comum

nos fins de tarde.

dessedentação: ato de matar a sede dos animais.

Chuva na Floresta Amazônica, Porto Velho, RO, 2017. As

nuvens do tipo cumulus, como mostradas na imagem, estão associadas às correntes de ar convectivas, responsáveis pela maior parte das chuvas da Amazônia.

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Geografia

Outro fator que contribui para a quantidade de chuvas na região são os ventos alísios,

que, carregados de umidade, se dirigem para essa área. Embora as temperaturas elevadas

sejam praticamente constantes, pode ocorrer, durante o inverno, a penetração de frentes

frias no sul e no sudoeste da Região Norte. Esse fenômeno recebe o nome de friagem e afe-

ta sobretudo a população ribeirinha.

De acordo com as massas de ar, responsáveis pelas altas temperaturas e pela variação de

pluviosidade, os tipos climáticos da Região Norte são assim classificados:

clima equatorial úmido e semiúmido – a área de ocorrência desse clima é dominada pela

massa de ar equatorial continental, responsável pela grande incidência de chuva na

região. Para ela, dirigem-se os ventos alísios;

clima tropical – abrange o Tocantins e uma pequena porção do sudeste do Pará. Car-

acteriza-se por apresentar uma estação chuvosa (verão) e outra seca (inverno). Recebe

influência tanto da massa equatorial continental quanto da massa equatorial atlântica.

Em Tocantins, o inverno seco ocorre por influência da massa tropical atlântica, que se

instala no centro do país, onde perde a umidade e impede a chegada de ventos úmidos.

Vegetação original

A Região Norte apresenta elevadas temperaturas e abundância de chuvas. Esses fatores

permitiram o desenvolvimento de uma vegetação densa e sempre verde (perenifólia), que

originalmente ocupava quase toda a superfície do norte do Brasil. Essa vegetação, a mais

extensa do mundo em região de clima quente, é a Floresta Amazônica.

leitura cartográfica

Na Região Norte, as formas de vegetação acompanham os padrões climáticos ali encon-

trados. Observe os mapas a seguir.

Região Norte: vegetação original

Fonte: IBGE. Atlas nacional digital. Rio de Janeiro, 2005. Adaptação.

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Compare os dois mapas e assinale V para as afirmações verdadeiras e F para as falsas, corrigindo-as no caderno.

Floresta Amazônica: riqueza vegetal

A Floresta Amazônica corresponde a um terço da reserva florestal do mundo. Ela cobre

a maior parte da Região Norte, e seus limites avançam pelos estados do Maranhão e de Mato

Grosso, além dos seguintes países da América do Sul: Suriname, Guiana, Guiana Francesa (FRA),

Venezuela, Colômbia, Peru, Equa-

dor e Bolívia. Em território brasi-

leiro, a área ocupada por essa

floresta é denominada Amazônia

Legal e ocupa parte de todos os

estados da Região Norte, a parte

norte de Mato Grosso e a parte

oeste do Maranhão.

Floresta Amazônica e Amazônia Legal

Fontes: REDE AMAZÔNICA DE INFORMAÇÂO SOCIOAMBIENTAL

GEORREFERENCIADA (RAISG). Limites Raisg/Limite biogeográfico. Disponível em:

<https://www.amazoniasocioambiental.org/pt-br/mapas/#download>. Acesso em: 8 ago.

2019. Adaptação.

IBGE. Atlas geográfico escolar. 8. ed. Rio de Janeiro, 2018. p. 107. Adaptação.

( ) A vegetação da Floresta Amazônica é predominante em áreas de temperaturas e pluviosidade elevadas, características do clima equatorial úmido.

( ) O clima tropical, caracterizado por inver-nos chuvosos e verões secos, é condição fundamental para a existência da Flores-ta Amazônica.

( ) O clima que predomina na Região Norte é o equatorial semiúmido.

( ) Por causa da influência do clima tropical, a vegetação predominante no Tocantins é o Cerrado.

( ) De acordo com os mapas, podemos afir-mar que existe uma relação entre o clima e a vegetação do norte.

Região Norte: climas

Fonte: CONTI, José B.; FURLAN, Sueli A. Geoecologia: o clima, os solos e a biota. In: ROSS, Jurandyr L. S. (Org.). Geografia do Brasil. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2005. p. 107. Adaptação.

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Geografia

A vegetação da Floresta Amazônica apresenta variações locais de acordo com o clima, o solo

e o relevo. Segundo esses fatores, nela é possível encontrar matas de igapó, de várzea e de terra

firme.

Observe a ilustração. Depois, com base nela, relacione as matas da Floresta Amazônica aos seus respectivos locais.

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a) ( ) A mata de várzea corresponde à parte da floresta que fica inundada somente na época das cheias dos rios. É o ambiente original da seringueira e do cacaueiro.

b) ( ) A mata de igapó se localiza nas margens dos rios, em terrenos sempre alagados. Com ár-vores que não ultrapassam 20 metros de altura, é a mais rica em espécies, sobretudo tre-padeiras e arbustos.

c) ( ) A mata de terra firme se localiza em áreas livres de enchentes e constitui a maior parte da

floresta. É nela que se pratica grande parte da atividade de extração da madeira.

Desmatamento da Floresta Amazônica

O desmatamento desenfreado, que tem sido observado na Amazônia desde a época de

seu desbravamento, pode causar graves danos a seu delicado ecossistema. Em grande parte,

o solo da floresta é pobre, por isso as árvores vivem do próprio material orgânico que cai so-

bre ele. Toda a cadeia de vida se nutre desse material e da umidade abundante. Além disso,

vivem na Amazônia centenas de comunidades, que dependem da floresta para sua sobrevi-

vência, como indígenas, quilombolas, seringueiros e ribeirinhos.

A Floresta Amazônica tem uma grande influência sobre o clima brasileiro, pois a grande

umidade do ar que evapora da Amazônia dá origem aos “rios voadores”, que influenciam as

condições de chuva até mesmo no sul do país. Assim, qualquer desequilíbrio na dinâmica na-

tural da Floresta Amazônica pode ter reflexos em regiões muito distantes dela. Saiba mais a

respeito da importância dos rios voadores na página 1 do material de apoio.

11

Leia o texto e, em seguida, resolva as questões no caderno.

olhar geográfico

Desmatamento dispara no Xingu, um dos principais 'escudos' da Amazônia

O desmatamento em unidades de conservação na bacia do Rio Xingu, nos Estados do Pará e Mato Grosso, cresceu 44,7% em maio e junho de 2019 em comparação com o mesmo período do ano anterior, reforçando a tendência de alta no desflorestamento da Amazônia e ampliando as pressões sobre um dos principais corredores ecológicos do bioma.

Os dados são do Sirad X, boletim publicado a cada dois meses pela Rede Xingu+, que agrega 24 organizações ambientalistas e indígenas. Além de compilar imagens de satélite, o sistema usa radares que permitem detectar o desmatamento mesmo em períodos chuvosos do ano.

O boletim diz que, entre janeiro e junho deste ano, a região perdeu 68 973 hectares de flores-ta – área equivalente à cidade de Salvador. A bacia do Xingu abriga 26 povos indígenas e cen-tenas de comunidades ribeirinhas, que dependem do bom funcionamento dos ecossistemas locais para sobreviver. A região tem tamanho comparável ao do Rio Grande do Sul.

Como mais da metade da bacia é composta por áreas protegidas, ela também serve como uma espécie de escudo da Amazônia em sua porção oriental, dificultando o avanço do agro-negócio pela floresta. E ela é uma das últimas áreas do bioma amazônico em contato com o Cerrado, o que lhe confere papel central em estudos sobre biodiversidade.

Quando se compara o desmatamento de maio e junho no Xingu com o do bimestre anterior, o aumento foi de 81% para toda a bacia e de 405% para unidades de conservação.

[...]

Segundo os autores do Sirad X, “o garimpo tem se destacado como o principal vetor do des-matamento” em áreas protegidas do Xingu.

[...]

A unidade de conservação mais impactada foi a Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu, no Pará, palco de 38% de todo o desmatamento ocorrido na bacia em maio e junho.

Desmatamento na Área de Proteção Ambiental Triunfo do Xingu entre julho de 2009 (à esquerda) e junho de 2019 (à direita)

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Geografia

FELLET, João. Desmatamento dispara no Xingu, um dos principais 'escudos' da Amazônia. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-49200825>. Acesso em: 5 ago. 2019.

1 Liste os dados mencionados no texto a respeito do desmatamento na Bacia do Rio Xingu.

2 Qual é a causa principal do aumento do desmatamento na Bacia do Rio Xingu?

3 Qual é a importância de se deter o avanço do desmatamento da Floresta Amazônica, em especial nas áreas protegidas?

4 De acordo com o texto, o que deve ser feito para reduzir o desmatamento da Amazônia?

Ocupação do espaço

A Região Norte pode ser considerada a última fronteira de expansão das atividades eco-

nômicas do país. Como a região abriga grandes riquezas naturais, assim como muitos povos

indígenas nativos e povos tradicionais, há uma preocupação com o modelo de desenvolvi-

mento a ser aplicado e com a maneira como os recursos devem ser explorados.

Povoamento

No decorrer da ocupação do território brasileiro, tanto o povoamento quanto a econo-

mia se concentraram na faixa litorânea. Assim, durante mais de cem anos após a chegada

dos portugueses, a Amazônia só foi frequentada por expedições que tinham interesse em

aprisionar indígenas ou explorar as drogas do Sertão.

A ocupação e o povoamento da Amazônia tiveram início no século XVII, quando o governo

português resolveu instalar, na foz do Rio Amazonas, uma fortificação, que deu origem à ci-

dade de Belém.

No século seguinte, houve dois tipos de ação povoadora: as missões religiosas, cujo ob-

jetivo era catequizar os indígenas; e as expedições militares, organizadas para defender o

território norte do país.

Somente no fim do século XIX, com a exploração da borracha, teve início a ocupação

do interior da Amazônia. No século XX, imigrantes japoneses se instalaram na região, em

núcleos coloniais, onde se dedicaram à plantação de pimenta-do-reino e de juta.

Segundo o boletim, a reserva já perdeu 36% de suas florestas, o que os autores atribuem à “ausência de zoneamento que defina as áreas destinadas à conservação” e à “falta de operações de fiscaliza-ção e monitoramento ambiental in loco”.

[...]

[Segundo Miguel Trefaut Rodrigues, professor de zoologia da USP], quando um trecho da floresta é desmatado, há um impacto irreversível para a fauna daquele ponto, pois a grande maioria das espécies não tolera as temperaturas mais altas de ambientes sem cobertura vegetal.

[...]

zoneamento: instrumento de planejamento que define o uso e a ocupação do solo de acordo com suas características específicas.

13

Borracha e povoamento da Região Norte

A borracha, produto obtido com a coagulação do látex da seringueira, já era conhecida

pelos indígenas da Amazônia. Contudo, alcançou grande valorização e procura no mercado

mundial na primeira metade do século XIX, quando o estadunidense Charles Goodyear criou o

processo de vulcanização, que tornava o material coagulado mais resistente e elástico. No fim

desse século, a extração do látex das seringueiras nativas se intensificou na Região Amazônica.

O seringal, a área de exploração das seringueiras, geralmente pertence a um seringalista,

que controla toda a produção e contrata os seringueiros.

A princípio, os seringueiros eram os próprios nativos. No entanto, o aumento da produção

atraiu migrantes de outras regiões. No fim do século XIX, o grupo mais numeroso foi o de

nordestinos, que, em decorrência da seca, migraram aos milhares para a Amazônia.

Durante alguns anos, o Brasil liderou a produção mundial de borracha, produto que

apresentava preços elevados no mercado internacional. Como a borracha era cada vez mais

procurada, a Inglaterra fez grandes plantações de seringueiras em suas colônias do Oriente,

especialmente na Malásia. Em poucos anos, essas plantações passaram a produzir mais que

os seringais nativos da Floresta Amazônica e com custos mais reduzidos. Assim, a partir de

1913, o Brasil perdeu sua posição de líder mundial na produção de borracha, que entrou em

decadência, e muitos seringais foram abandonados.

Integração regional

As paisagens da Região Norte começaram a se modificar a partir da década de 1960, com

o esforço do governo federal para integrar o norte ao Centro-Sul do país. Entre as medidas

estabelecidas, destaca-se a criação da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia

(Sudam), do Banco da Amazônia (Basa) e da Superintendência da Zona Franca de Manaus

(Suframa). Eles eram responsáveis por implementar projetos de desenvolvimento, infraes-

trutura e colonização na região.

Teatro Amazonas, Manaus, 2019. Esse teatro simboliza o auge da riqueza produzida pela exploração da borracha.

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Geografia

Entretanto, a maioria dos projetos nem sempre considerou os interesses locais, sobre-

tudo os da população indígena. Os projetos se voltavam principalmente para atender à ex-

pansão de atividades econômicas e de empresas do Centro-Sul. Com isso, na região, surgi-

ram vários conflitos entre indígenas, fazendeiros e posseiros. Houve ainda divergências de

ordem ambiental.

A primeira forma de integração da Região Norte à economia

do país se deu com a grande expansão da agropecuária. Isso resul-

tou em exagerada concentração de terras na região e no trabalho

de pequenos agricultores.

Além disso, a modernização agrícola no Centro-Sul impulsionou muitos agricultores em

direção à fronteira norte, um dos poucos “territórios livres” ainda existentes no país.

posseiros: pessoas que ocupam e passam a cultivar terras pertencentes ao poder público que estão desocupadas ou abandonadas.

atividades

1 Por que o clima da Região Norte apresenta elevadas temperaturas e pluviosidade intensa?

2 Escreva sobre a importância da rede hidrográfica da Região Norte.

3 Durante o século XVI e parte do século XVII, a Amazônia era uma região pouco conhecida e explo-

rada pelos portugueses. Nessa época, que atividades econômicas foram desenvolvidas na região?

4 A partir de 1913, que motivos levaram a Amazônia a perder a liderança na produção mundial de

borracha?

15

Aspectos econômicos

A economia da Região Norte está estreitamente ligada ao seu grande potencial natural.

Por causa de projetos de desenvolvimento, a economia dessa região vem progredindo nas

últimas décadas. De acordo com o IBGE, entre 2002 e 2016, o PIB dos estados da região foi

superior à média nacional. Mesmo assim, os indicadores socioeconômicos da região são, em

geral, inferiores aos da média nacional. Por isso, para que o crescimento econômico repre-

sente aumento da qualidade de vida da população, é necessário ampliar os investimentos

em mão de obra qualificada, melhorar a infraestrutura física e social, além de incentivar pro-

jetos sustentáveis de manejo e exploração florestal e mineral.

Agricultura

Um dos mais tradicionais cultivos da Região Norte é o da pimenta-do-reino, introduzida

por imigrantes japoneses na década de 1930, na região de Bragantina, no Pará. A juta, da qual

se extrai uma fibra vegetal utilizada como matéria-prima na indústria têxtil, também foi inse-

rida pelos japoneses. Atualmente, são os ribeirinhos que se dedicam ao cultivo da juta.

A Região Norte ainda produz malva, planta fornecedora de fibra para a indústria. Além

dos cultivos destinados à indústria, essa região produz vários alimentos, como arroz, milho,

feijão e soja.

Extrativismo vegetal

O extrativismo vegetal é uma atividade importante da Região Norte, destacando-se a

extração de madeira, açaí, palmito, castanha-do-pará e de vários tipos de vegetais que pro-

duzem fibras e gomas. Muitos povos da floresta dependem das atividades extrativas para

sobreviver. Contudo, apesar de serem recursos naturais renováveis, os produtos extraídos

da floresta correm o risco de serem extintos por causa de formas inadequadas de coleta.

A borracha ainda é produzida em algumas áreas, apesar de não representar mais a base

econômica da região.

A biodiversidade da Amazônia vem

despertando o interesse da indústria far-

macêutica global. Os caboclos e os indí-

genas da região detêm o conhecimento

de plantas com propriedades terapêuti-

cas. Assim, servem de guias para pesqui-

sadores, que se embrenham na floresta

em busca dessas plantas, a fim de reali-

zar pesquisas laboratoriais para a produ-

ção de medicamentos.

Plantas medicinais coletadas na Floresta Amazônica e comercializadas no mercado Ver-o-Peso, Belém, PA, 2018

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16

Geografia

Para garantir o modo de vida dessas populações, foram criadas as Reservas Extrativistas

(Resex), que são uma categoria das unidades de conservação que asseguram o uso sustentá-

vel dos recursos naturais.

Pecuária

A pecuária da Região Norte se concen-

tra na criação de bovinos e búfalos. Até a

década de 1970, o gado bovino leiteiro e de

corte se destinava ao consumo regional e se

desenvolvia em áreas de pastagens naturais.

Entretanto, desde esse período, empresas

agropecuárias com grande potencial finan-

ceiro se instalaram na região, derrubando

extensas áreas de floresta e as substituindo

por pastos. Conforme dados de 2017, 22,6%

do gado bovino brasileiro era criado na Re-

gião Norte.

O rebanho de búfalos foi introduzido na região no início do século XX, nos campos inun-

dados da Ilha de Marajó, no Pará. Atualmente, também ocupa outras áreas do estado, assim

como as do Amapá e do Amazonas. A criação de búfalos da Região Norte representa mais de

66% do total nacional.

Extrativismo mineral

A exploração mineral foi outra estratégia utilizada pelo governo federal a fim de incen-

tivar a ocupação e o desenvolvimento econômico da Região Norte. Ferrovias e portos de

escoamento foram construídos para facilitar o transporte e a exportação dos minérios.

Em 1957, na Serra do Navio, no Amapá, foi instalada uma empresa multinacional, que

explorou o manganês até meados da década de 1990. Esse estado foi um grande exportador

de manganês. Na atualidade, as reservas e a produção desse minério não são tão expressivas

quanto foram no passado.

No fim da década de 1960, na Serra dos Carajás, no sul do Pará, foi descoberta uma im-

portante jazida de ferro. Mais tarde, nessa mesma área, foram descobertas grandes reservas

de cobre, manganês, bauxita, níquel, estanho e ouro.

O diamante e o ouro de diversas áreas da Amazônia são explorados pelo garimpo, que

provoca muitos impactos socioambientais. Para separar o ouro do cascalho retirado do fun-

do dos rios, é utilizado o mercúrio, metal que contamina não apenas os próprios garimpeiros,

mas também a água, os peixes e, de forma indireta, as populações que os consomem. O au-

mento do desmatamento está diretamente relacionado à expansão dos garimpos, inclusive

dentro de unidades de conservação e de terras indígenas, o que é proibido por lei.

A abertura de minas costuma atrair ainda grande número de migrantes para a região,

o que resulta em problemas sociais, geralmente associados à carência de infraestrutura.

Por isso, é fundamental que haja um planejamento adequado que leve em conta tanto os

aspectos ambientais quanto os sociais.

Búfalos na Ilha de Marajó, PA, 2015. Esses animais se adaptaramperfeitamente às condições naturais da ilha.

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17

©Fotoarena/Bruno Zanardo

Zona Franca de Manaus, AM, 2014

Na Região Norte, outros recursos minerais importantes explorados são a bauxita (miné-

rio de alumínio) e a cassiterita (da qual se extrai o estanho).

Indústria

Até a década de 1960, a indústria da Região Norte era pouco expressiva, pois estava res-

trita ao beneficiamento de produtos vegetais e à produção de bens de consumo (alimentos,

bebidas e vestuário). Seu desenvolvimento ocorreu em virtude da política do governo fede-

ral de integrar a Amazônia ao restante do território brasileiro.

A Sudam, por exemplo, foi criada em 1966 com o objetivo de instalar indústrias na re-

gião. Foram feitos grandes investimentos para melhorar o abastecimento de energia, o sis-

tema de transportes e de comunicações, os portos e os aeroportos, entre outros.

A primeira experiência de industrialização foi a criação da Zona Franca de Manaus, ocor-

rida em 1967. Atualmente, é um polo que reúne centenas de indústrias, que recebem incen-

tivos fiscais, como crédito, isenção de impostos de importação sobre itens necessários para

a montagem de produtos ou produção e redução nos impostos de exportação.

A maior parte das indústrias da Zona Franca de Manaus é de grande porte. Muitas delas

são montadoras de produtos obtidos com tecnologia estrangeira, como televisores, telefo-

nes celulares, computadores, bicicletas e relógios.

Os defensores desse modelo sustentam a ideia de que essas indústrias criam empregos,

ajudando de forma indireta a preservar a floresta, pois as pessoas deixam de trabalhar em

atividades extrativas, que degradam a vegetação, para se dedicarem às atividades indus-

triais. Alguns estudos atestam que a Zona Franca de Manaus contribui de modo discreto

para a redução do desmatamento, mas é responsável, indiretamente, por outros impactos

ambientais. Como a urbanização não foi acompanhada de políticas públicas suficientes para

atender ao crescimento populacional, a natureza do entorno é afetada por baixos índices de

saneamento básico e falta de tratamento de esgoto e destinação de resíduos. Porém, a Zona

Franca impulsionou o crescimento do PIB da região e gerou milhares de empregos, qualifica-

ção da mão de obra, melhoria do sistema educacional e da renda per capita.

Na região, outro importante polo industrial se formou em torno do Projeto Grande

Carajás. Esse polo possibilitou o beneficiamento dos minérios antes de sua exportação, ge-

rando mais empregos para os moradores da região. Foi incentivada também a instalação de

indústrias de madeira.

18

Geografia

Em Belém, há outro centro industrial com grande concentração de indústrias de bens de

consumo, que produzem não só para a população do Pará, mas também para outros centros,

como São Paulo e Rio de Janeiro. Centros industriais de menor porte são encontrados em

Santarém (PA) e nas capitais, como Macapá (AP) e Porto Velho (RO).

População e demografia

Até a década de 1970, o ritmo de crescimento populacional da Região Norte foi mui-

to pequeno. A região não atraía migrantes em virtude de sua grande extensão, da falta de

meios de comunicação e transporte e do baixo desenvolvimento econômico. Por essa razão,

permanecia pouco povoada.

Entretanto, a partir de 1970, o quadro começou a se modificar. Na atualidade, a Região

Norte apresenta a maior taxa de crescimento demográfico do país. Com relação à distribui-

ção, a população está estabelecida de forma muito irregular no espaço regional. Existem

áreas com grandes vazios demográficos e outras bastante ocupadas. Belém, por exemplo,

tem uma população de cerca de 1,4 milhão de habitantes e uma densidade demográfica de

aproximadamente 1 402 hab./km . Já a população de Manaus conta com 2,1 milhões de habi-

tantes, e sua densidade demográfica aproximada é de 191 hab./km . A grande concentração

populacional de Manaus se explica, em grande parte, pela industrialização da cidade com a

origem da Zona Franca de Manaus.

Muitas cidades e povoados da Região Norte se concentram às margens dos rios, man-

tendo as características iniciais da ocupação do espaço. Os habitantes se locomovem de um

lugar a outro pelos rios, pois muitas estradas construídas em meio à floresta são intransitá-

veis, principalmente nas épocas de cheias dos rios.

Uma das maiores transformações da Região Norte é o rápido processo de urbanização

ocorrido nos últimos anos. De acordo com o último censo do IBGE, em 2010, 73,5% da popu-

lação dessa região vive nas cidades.

Os indicadores sociais apresentaram grande evolução nos últimos anos, especialmente o

aumento da expectativa de vida e a redução da mortalidade infantil, o que indica melhoria das

condições de saúde e saneamento. Ainda assim, muitas cidades enfrentam sérios problemas de

infraestrutura, como falta de saneamento básico – apenas 16% da população urbana é atendi-

da por coleta de esgoto, por exemplo – e

ocupação de áreas irregulares.

O território nacional é constituído de

múltiplas e variadas culturas. Cada uma

delas define grupos sociais e etnias, que

têm percepções e relações distintas com

o espaço. Na Região Norte, uma carac-

terística marcante da estrutura popula-

cional é a presença indígena. Em relação

às demais regiões brasileiras, é a região

onde a presença desses povos é maior,

como mostra a tabela ao lado.

Região Pessoas autodeclaradas indígenas (Censo 2010)

Brasil 896 917

Norte 342 836

Nordeste 232 739

Centro-Oeste 143 432

Sudeste 99 137

Sul 78 773

Fonte: IBGE. Distribuição espacial da população indígena. Disponível em: <https://indigenas.ibge.gov.br/images/pdf/indigenas/verso_mapa_web.pdf>. Acesso em: 7 ago. 2019.

19

Observe a pirâmide etária da Região Norte.

olhar geográfico

3,6%

3,9%

4,4%

4,4%

4,5%

4,5%

4,2%

3,7%

3,5%

3,2%

2,8%

2,3%

1,8%

1,4%

1,1%

0,8%

0,5%

0,3%

0,1%

0,0%

0,0%0,0%7 247

211 595

2 074 264

3 468 085

6 779 172

7 345 231

8 441 348

8 432 002

8 614 963

8 643 418

8 026 855

7 121 916

6 688 797

6 141 338

5 305 407

4 373 875

2 616 745

1 472 930

998 349

508 724

66 806

16 989

31 529

114 964

310 759

668 623

1 090 518

1 667 373

2 224 065

7 016 987

Homens Mulheres

0 a 4 anos

85 a 89 anos

90 a 94 anos

Mais de 100 anos

95 a 99 anos

80 a 84 anos

75 a 79 anos

70 a 74 anos

65 a 69 anos

60 a 64 anos

55 a 59 anos

50 a 54 anos

45 a 49 anos

40 a 44 anos

35 a 39 anos

30 a 34 anos

25 a 29 anos

20 a 24 anos

15 a 19 anos

10 a 14 anos

5 a 9 anos 7 624 144

8 725 413

8 558 868

8 630 227

8 460 995

7 717 657

6 766 665

6 320 570

5 692 013

4 834 995

3 902 344

3 041 034

0,0%

0,1%

0,2%

0,4%

0,6%

0,9%

1,2%

1,6%

2,0%

2,5%

3,0%

3,3%

3,5%

4,0%

4,4%

4,5%

4,5%

4,6%

4,0%

3,7%

Com um colega, descreva suas conclusões sobre a estrutura populacional da Região Norte.

Região Norte: população residente, por sexo e grupos de idade – 2010

Fonte: IBGE. Sinopse do Censo Demográfico 2010: tabela 1.12 – população residente, por sexo e grupos de idade, segundo as grandes regiões e as unidades da federação. Disponível em: <https://censo2010.ibge.gov.br/sinopse/index.php?dados=12&uf=00#topo_piramide>. Acesso em: 7 ago. 2019.

Região Norte: um espaço de conflitos

Na Região Norte, a construção de grandes rodovias, os projetos de mineração e a expan-

são da agropecuária ocasionaram muitas lutas, perseguições e mortes. A ocupação das ter-

ras por diferentes grupos gera uma série de conflitos, principalmente nas áreas de grande

avanço da pecuária e mineração, atividades que não deixam espaço para pequenas proprie-

dades e contribuem para o aumento da tensão em toda a região.

Apenas 4% dos proprietários rurais da Amazônia têm títulos de suas

propriedades; os demais obtiveram suas terras de modo ilícito, forjando es-

crituras, fazendo uso da violência e assim por diante.

Os indígenas são um dos grupos que mais sofrem com a expansão agropastoril e mi-

neradora na região. Embora o Brasil tenha delimitado as terras deles em reservas, que são

protegidas por lei, isso não impede que elas sejam invadidas, até com certa frequência, pro-

vocando ainda mais conflitos entre os povos nativos e os invasores. Sobre esse assunto, leia

o texto da página seguinte.

ilícito: proibido, ilegal.

20

Geografia

Líderes relatam como é viver em terras indígenas sob ameaça de invasão

Armados e equipados com recursos avançados, como aparelhos de georreferenciamento (GPS), grileiros avançam sobre reservas indígenas, intimidam e ameaçam povos de diversas etnias. Promovem suas próprias demarcações, criam estradas clandes-tinas e espalham o terror. Entre os crimes praticados estão a explora-ção de garimpos, a extração de madeira e o loteamento de terras.

As estatísticas da violência contra índios no Brasil estão defasadas. Os últimos dados disponíveis, de 2017, mostram que 110 deles foram assassinados naquele ano. No entanto, há consenso entre as lideranças dos povos, especialistas e o MPF (Ministério Público Federal) que, desde a eleição do ano passado [2018], o problema tem se agravado. [...]

Adriano [Karipuna] disse [...] que, além das ameaças e intimidações, sua comunidade tem so-frido “impactos sociais e econômicos” devido ao avanço dos “invasores”. Segundo ele, os campos de colheita de castanhas e açaí foram destruídos pela movimentação de veículos e do maquinário utilizado para retirada ilegal de madeira. Parte da floresta também tem sido devastada para criação de gado.

O líder da etnia karipuna denuncia a instala-ção de fazendas e propriedades clandestinas den-tro do território cuja preservação é garantida pela Constituição.

ANDRADE, Hanrrikson de. Líderes relatam como é viver em terras indígenas sob ameaça de invasão. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2019/07/31/lideres-relatam-como-e-viver-em-terras-indigenas-sob-ameaca-de-invasao.htm>. Acesso em: 7 ago. 2019.

Como afirma o texto, a Constituição brasileira garante aos indígenas direitos originários

sobre as terras que ocupam, isto é, independentemente de reconhecimento oficial, levando

em consideração seus usos e suas tradições.

Garimpo ilegal na terra indígena Munducuru, nosudoeste do Pará, 2017

grileiros: pessoas que ocupam terras públicas de forma irregular, geralmente com a falsificação de documentos de propriedade.

Reúnam-se em grupos e pesquisem informações acerca dos povos indígenas da Região Norte. Verifiquem se houve extermínio dessas populações, ou se elas foram significativamente reduzidas por causa da ocupação e das atividades econômicas desenvolvidas por não indígenas. Em dia agendado pelo professor, compartilhem o resultado da pesquisa com a turma e troquem ideias sobre os dados obtidos e o que eles revelam.

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21

1 Com base no gráfico a seguir, responda às questões.

o que já conquistei

0

5 000

10 000

15 000

20 000

25 000

30 000

18,2%

2000

18,2%

2001

21,7%

2002

25,4%

2003

27,8%

2004

19,0%

2005

14,3%

2006

11,6%

2007

12,9%

2008

7,5%

2009

7,0%

2010

6,4%

2011

4,6%

2012

5,9%

2013

5,0%

2014

6,2%

2015

7,9%

2016

6,9%

2017

7,9%

2018**E

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a) O que o gráfico retrata?

b) Em que consiste a Amazônia Legal?

c) Em qual ano foi registrada a menor taxa de desmatamento da floresta?

d) Em qual ano foi registrada a maior taxa de desmatamento da floresta?

e) Entre a menor taxa de desmatamento e a estimativa para o ano de 2018, de quanto foi o aumen-

to, em porcentagem, do desmatamento nesse ano?

f) Quais são as principais causas do desmatamento da Floresta Amazônica na Região Norte?

Taxas anuais de desmatamento na Amazônia Legal brasileira (AMZ)

Fonte: PRODES. Taxas de desmatamento: Amazônia Legal. Disponível em: <http://terrabrasilis.dpi.inpe.br/app/dashboard/deforestation/biomes/legal_amazon/rates>. Acesso em: 9 ago. 2019.

22

Geografia

2 Cite as principais características do relevo da Região Norte.

3 No município de Belém, a densidade demográfica é de mais de 1 400 hab./km². Já no noroeste do Amazonas, perto da fronteira com a Colômbia e a Venezuela, a densidade demográfica é inferior a 1 hab./km². O que esse dado revela? Por que a Região Norte apresenta vazios demográficos?

4 A Região Norte constitui a última área de fronteira agrícola do país, ou seja, as últimas terras onde pode haver a expansão de atividades agropecuárias. Na década de 1960, essa realidade já existia e o governo federal realizou esforços para integrar essa região ao Centro-Sul do país. Nesse período, como se deu a ocupação do espaço?

5 Qual é a importância socioeconômica da Zona Franca de Manaus para a Região Norte?

23

capí

tulo

Em algumas áreas da Região Nordeste, como

no Sertão, ocorrem longos períodos de seca du-

rante boa parte do ano. Apesar disso, essa região apresenta grande

diversidade natural e pode ser dividida em quatro sub-regiões, que

agrupam características distintas. Neste capítulo, vamos conhecer

mais essas sub-regiões e aprender que a combinação de diversos

fatores faz as características naturais do Nordeste serem bastante

variadas. Observe a imagem acima. Você saberia dizer quais fatores

naturais se combinaram para resultar nesse tipo de paisagem? Que

outras paisagens da Região Nordeste você conhece? Converse com o

professor e os colegas sobre essas questões.

Região Nordeste: aspectos naturais e sub-regiões

10

• Paisagens

naturais e suas características físicas

• Sub-regiões

o que vocêvai conhecer

Serra da Ibiapaba, em Ubajara, CE, 2017

©Pulsar Imagens/Luis Salvatore

24

Geografia

• Compreender as características naturais da Região Nordeste.

• Estabelecer conexões entre relevo, clima, hidrografia e vegetação da Região Nordeste, a fim de construir uma visão conjunta de suas paisagens geográficas.

• Compreender os critérios que levaram ao estabelecimento das quatro sub--regiões nordestinas.

• Identificar e caracterizar as sub-regiões do Nordeste, reconhecendo as trans-formações de suas paisagens naturais em razão das atividades humanas.

objetivos do capítulo

Aspectos naturais

A Região Nordeste é caracterizada por grandes contrastes

nos aspectos naturais. Em algumas áreas, ela apresenta paisa-

gens semiáridas, com solo raso, elevadas temperaturas e rios

intermitentes; já em outras, como na faixa próxima ao Oceano

Atlântico, as massas de ar oceânicas suavizam as temperaturas e

provocam chuvas, originando uma densa vegetação nativa.

Relevo

O relevo da Região Nordeste reflete as diferenças das con-

dições naturais que modelaram suas formas. Observe o mapa a

seguir.

Região Nordeste: unidades de relevo

Fonte: ROSS, Jurandyr L. S. (Org.). Geografia do Brasil. 5. ed. São Paulo: Edusp, 2005. p. 53. Adaptação.

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25

leitura cartográfica

Com base no mapa, responda a estas questões:

1 Onde está localizada a planície na Região Nordeste?

2 Que unidades de relevo predominam na Região Nordeste?

3 No mapa, que número indica a localização do Planalto da Borborema? Que tipo de rocha forma esse planalto?

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Planaltos

Os planaltos surgiram do desgaste provocado pela erosão das rochas cristalinas e se-

dimentares ao longo das eras geológicas. O Planalto da Borborema já foi muito trabalhado

pela erosão, apresentando formas arredondadas e, em alguns pontos, topos mais planos.

Suas altitudes variam de 800 a 1 000 metros.

Nos Planaltos e Serras do Atlântico-Leste-Sudeste, distingue-se a Chapada Diamantina,

uma continuação da Serra do Espinhaço. Ela é formada por rochas metamórficas (cristali-

nas), que contêm diversos minerais metálicos, destacando-se o chumbo e o cobre. Em alguns

trechos, ela apresenta forma tabular, ou seja, seu topo se assemelha à tábua de uma mesa.

Os Planaltos e Serras do Atlântico-Leste-Sudeste fazem a divisão entre as águas dos

rios que correm para o Rio São Francisco e as daqueles que vão diretamente para o Oceano

Atlântico. Suas altitudes médias são superiores a 1 000 metros, e o ponto mais elevado, o

Pico das Almas, tem 1 980 metros.

Os Planaltos e Chapadas da Bacia do Parnaíba têm, em alguns trechos, relevo escarpado

e irregular por causa da erosão em rochas de resistência diferente; em outros, há superfícies

altas e planas. As altitudes chegam a 1 000 metros.

As formas mais destacadas se encontram na porção sul, como a Serra do Divisor, que,

como o próprio nome diz, divide as águas dos rios pertencentes à região hidrográfica do São

Francisco daqueles pertencentes à região hidrográfica do Tocantins-Araguaia.

Vista da Serra do Espinhaço, desde o Pico das Almas, no Rio de Contas, BA, 2016

26

Geografia

Depressões

Na Região Nordeste, existem duas depressões: a Depressão Sertaneja e do São Francis-

co e a Depressão do Tocantins.

Acompanhando o Vale do Rio São Francisco, a Depressão Sertaneja e do São Francisco

apresenta formas aplainadas, sugerindo que a erosão, depois de um longo e vigoroso traba-

lho de rebaixamento dos terrenos, vem atuando com fraca intensidade. As altitudes variam

entre 200 e 500 metros.

Nessa depressão, há inselbergs, relevos residuais que resistiram à erosão por serem for-

mados por rochas cristalinas mais duras. As chapadas estão presentes no interior do Ceará e

de Pernambuco (Chapada do Araripe) e nas proximidades do litoral do Rio Grande do Norte

(Chapada do Apodi).

Já a Depressão do Tocantins ocorre em pequenas áreas descontínuas do oeste da Bahia

e do Maranhão.

Planícies litorâneas

No Nordeste, as planícies e os tabuleiros litorâneos se alongam do litoral do Maranhão

ao litoral sul da Bahia. Nessa área sedimentar, estão contidas grandes reservas de petróleo.

As planícies litorâneas apresentam praias onde se formam dunas que chegam a atingir

de 30 a 50 metros de altura. Na porção litorânea leste, é muito comum a presença de recifes,

formações rochosas constituídas de arenito ou coral. Em virtude da quantidade dessas for-

mações, a capital de Pernambuco recebeu o nome de Recife.

Em muitos lugares do litoral nordestino, a planície costeira se estreita, e os tabuleiros ficam

próximos do oceano, formando falésias – encostas abruptas originadas pela erosão marinha.

Monumento Natural Monólitos de Quixadá, CE, 2018. Quixadá apresenta diversos inselbergs, muitos dos quaissabrigam sítios arqueológicos.

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27

Clima

Por estar situada na Zona Tropical, a Região Nordeste apresenta temperaturas normal-

mente elevadas e sem grandes variações, tanto diárias quanto anuais. No entanto, em rela-

ção às chuvas, acontece o contrário: elas variam em frequência e volume ao longo do ano,

além de terem distribuição muito irregular na região.

Região Nordeste: tipos de clima

Fonte: CONTI, José B.; FURLAN, Sueli Â. Geoecologia: o clima, os solos e a biota. In: ROSS, Jurandyr L. S. (Org.). Geografia do Brasil. 5. ed. São Paulo: Edusp, 2008. Adaptação.

Tropical: abrange grandes extensões da Região Nordeste, particularmente trechos da

Bahia, do Maranhão, do Piauí e do Ceará, além de toda a faixa litorânea leste. Dessa for-

ma, abrange parcialmente todas as unidades federativas da região e se caracteriza por

médias térmicas elevadas e chuvas concentradas no verão. É influenciado pelas massas

equatorial e tropical atlântica.

Tropical semiárido: é o clima que predomina no Sertão nordestino. As médias anuais de

temperatura são elevadas, geralmente superiores a 25 °C. O índice pluviométrico cos-

tuma variar entre 400 e 800 milímetros anuais, e as chuvas ocorrem de forma irregular.

massas equatorial continental e atlântica; no inverno, a massa tropical atlântica chega à

região, mas já sem umidade.

Equatorial úmido: apresenta características semelhantes às do clima da Amazônia, com

temperaturas médias anuais elevadas – variam entre 25 e 27 °C. O índice pluviométrico

anual é superior a 2 000 milímetros. Esse clima sofre influência da massa equatorial con-

tinental, ocorrendo no oeste do Maranhão.

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28

Geografia

Causas prováveis da semiaridez do Sertão

Há estudos que apontam algumas causas da irregularidade e da escassez das chuvas no

Sertão. Saiba quais são essas causas lendo o texto que se encontra na página 2 do material

de apoio.

Hidrografia

Os estados da Região Nordeste têm suas áreas incluídas nas regiões hidrográficas

seguintes.

Região Nordeste: regiões hidrográficas

Fonte: BRASIL. Agência Nacional de Águas (ANA). Bacias hidrográficas. Disponível em: <https://www.ana.gov.br/panorama-dasaguas/ divisoes-hidrograficas>. Acesso em: 15 ago. 2019. Adaptação.

Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental

Essa região é formada pelas sub-bacias dos rios Gurupi, Mearim, Itapecuru e Munin, que

são caudalosos e perenes em virtude da alta pluviosidade. Esses rios nascem no interior do

Maranhão e deságuam no Oceano Atlântico.

Nela, encontram-se restingas e floresta equatorial. Cerca de 6,2 milhões de pessoas

vivem nessa região, que sofre com o lançamento de esgoto não tratado nos rios, principal-

mente na Região Metropolitana da Grande São Luís, no Maranhão.

Região Hidrográfica do Parnaíba

Depois do São Francisco, o Rio Parnaíba é o mais importante da Região Nordeste. Ele

percorre áreas semiáridas e pouco populosas.

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29

Nessa região, a falta de água é crônica e há pouca oferta de serviços de coleta e trata-

mento de esgotos. Além disso, as águas superficiais são mal distribuídas. Em contraste, essa

região é rica em águas subterrâneas.

Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental

Nessa região, vive quase 12,6% da população nacional. Os rios Jaguaribe e Capibaribe,

entre outros cursos de água menores, abastecem algumas áreas nordestinas. Os rios curtos

e pouco caudalosos da região podem secar durante um período do ano, por isso são denomi-

nados rios temporários ou intermitentes.

Essa região abriga a floresta tropical e a Caatinga, formações vegetais que já fo-

ram amplamente devastadas, cedendo terreno para a cultura canavieira, a pecuária e as

madeireiras.

Região Hidrográfica Atlântico Leste

Essa região é formada por rios de pouca extensão, mas com grande importância local.

Nas áreas litorâneas, onde a população é numerosa, há o lan-

çamento de esgotos nos cursos de água, o que, muitas vezes, afeta

as atividades turísticas nos balneários e nas praias. Outro problema

é o despejo de materiais provenientes das usinas sucroalcooleiras,

que compromete a qualidade das águas.

Região Hidrográfica do São Francisco

É a mais importante região hidrográfica da Região Nordeste. Ela também abrange parte

da Região Sudeste.

O Rio São Francisco nasce em Minas Gerais e atravessa toda a Bahia no sentido sul-

-norte até desaguar no Oceano Atlântico, percorrendo diversos biomas, como o Cerrado, a

Caatinga e a Mata Atlântica. Por ser um rio perene, ele é essencial para as comunidades do

entorno, propiciando o desenvolvimento da agropecuária e da pesca. Além disso, suas águas

são utilizadas para a geração de energia. Ao longo de seu curso, estão instaladas impor-

tantes hidrelétricas, como Luiz Gonzaga (PE/BA), Paulo Afonso (BA), Moxotó (AL) e Xingó

(AL/SE). Há ainda o projeto de transposição das águas desse rio, que tem como objetivo

direcionar, por meio de canais, parte de suas águas para abastecer áreas do semiárido que

sofrem com escassez hídrica.

usinas sucroalcooleiras: estabelecimentos responsáveis pela produção de derivados da cana-de-açúcar, como açúcar e etanol.

A transposição do Rio São Francisco, que ainda não está 100% concluída, é uma obra que

divide opiniões. Sobre esse assunto, observe o infográfico a seguir, que mostra os pontos a

favor desse projeto e os contra ele.

olhar geográfico

30

Geografia

Debate

Após ler os argumentos acerca da transposição do Rio São Francisco, posicione-se contra

esse projeto ou a favor dele. Em seguida, com a orientação do professor, formem dois gru-

pos e realizem um debate a respeito deste tema: A transposição do Rio São Francisco poderá

efetivamente auxiliar a população do semiárido a conviver melhor com a seca? Escolham os

representantes que vão defender cada lado. Enriqueçam esse momento com notícias recen-

tes sobre o projeto e com recursos audiovisuais. Por fim, verifiquem se os representantes

obtiveram sucesso em suas argumentações, analisando se algum colega, antes contrário à

transposição do rio, tornou-se a favor dela depois do debate e vice-versa.

Fontes:CEFET-MG. Olhares sobre a transposição do Rio São Francisco: pontos positivos e negativos da obra. Disponível em: <https://cefetmg.br/noticias/arquivos/2017/04/noticia002.html>. Acesso em: 13 ago. 2019.PAIVA, Thais. Entenda a transposição do Rio São Francisco. Disponível em: <https://www.cartacapital.com.br/educacaoreportagens/entenda-a-transposicao-do-rio-sao-francisco/>. Acesso em: 12 ago. 2019.SUASSUNA, João. Transposição do São Francisco: uma obra desnecessária. Disponível em: <https://www.fundaj.gov.br/index.php/artigos-joao-suassuna/10197-transposicao-do-sao-francisco-uma-obra-desnecessaria-entrevista-especial-com-joao-suassuna>. Acesso em: 13 ago. 2019.

Argumentos contra

A construção de poços e cisternas

tem custo mais baixo e pode

atingir uma população maior.

A construção de canais para

escoamento da água pode afetar o

hábitat de muitas espécies.

Resultou na desapropriação das

terras de milhares de famílias,

que tiveram que se deslocar.

A maior parte dos canais passa

por fazendas, o que beneficia,

especialmente, os latifundiários.

Os açudes serão abastecidos

com as águas poluídas do

Rio São Francisco.

Aumento da oferta de água para o abastecimento do

Mais produtividade no campo e na pecuária.

Melhoria da saúde da população, com acesso à água de boa qualidade.

Argumentos a favor

31

Vegetação original

Na atualidade, a paisagem vegetal da Região Nordeste é muito diferente da original,

pois grande parte dessa vegetação já foi devastada. A paisagem original refletia a variedade

de climas e solos da região. Observe, no mapa a seguir, seus principais tipos.

Região Nordeste: vegetação original

Floresta Amazônica: ocupa o extremo oeste do estado do Maranhão e apresenta como

característica principal uma mata densa e úmida.

Floresta tropical: a faixa litorânea da Região Nordeste era originalmente coberta por uma

floresta tropical, conhecida como Mata Atlântica. Essa vegetação foi muito alterada pela ação

humana – primeiro, para a extração do pau-brasil e, depois, para o cultivo de cana-de-açúcar

e cacau. Além disso, o crescimento das cidades impactou e degradou essa floresta.

Caatinga: formação vegetal típica da Região Nordeste, em particular do Sertão, e própria

do clima tropical semiárido. É constituída de plantas xerófilas (adaptadas a pouca umi-

dade), formada por arbustos e pequenas árvores de aspecto tortuoso, casca grossa, fre-

quentemente espinhosas. Para reter água, as árvores perdem as folhas durante o perío-

do em que não chove, e suas raízes são profundas para facilitar a captação de água.

Fonte: IBGE. Atlas nacional digital. 8. ed. Rio de Janeiro, 2018. Adaptação.

A palavra "caatinga", de origem tupi, quer dizer mata branca, mata rala ou mata espi-

nhenta. Essa denominação é dada porque, durante a longa estação seca, essa vegetação

fica cinzenta, praticamente sem folhas, só voltando a ficar verde quando chove, o que re-

vela sua notável capacidade de recuperação. De acordo com estimativas do Ministério do

Meio Ambiente, mais de 46% dessa vegetação já foi desmatada. A principal causa de sua

destruição é a extração de troncos e galhos da mata nativa, convertidos em lenha e carvão

vegetal. O setor de biocombustíveis e a pecuária também contribuem para sua destruição.

curiosidade?

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32

Geografia

Mata dos Cocais: área de transição entre a Floresta Amazônica e a Caatinga. É forma-

da, principalmente, por duas espécies de palmeira: a carnaúba e o babaçu, importantes

por fornecerem matéria-prima para indústrias de sabão, margarina, combustível, lubrifi-

cantes, entre outras. Essa região, embora impactada pelo crescimento do cultivo da soja,

ainda apresenta comunidades tradicionais, formadas por babaçueiras e quebradeiras de

coco, que praticam o extrativismo desses produtos de maneira sustentável.

Cerrado: ocorre nas áreas de clima tropical, com uma estação chuvosa e outra seca, e se

caracteriza por árvores baixas e arbustos. As raízes de suas árvores são muito profundas,

atingindo o lençol de água subterrâneo, o que lhes permite manter as folhas no período

mais seco.

Vegetação litorânea: constituída por plantas adaptadas aos solos com alta salinidade. A

formação mais expressiva é o manguezal, que surge nas reentrâncias do litoral, onde os

rios são periodicamente invadidos pelas águas do mar. Há também a vegetação escassa

das dunas e restingas, que são cordões de areia paralelos à costa.

atividades

Compare os mapas sobre o relevo, os climas e a vegetação original da Região Nordeste. Depois, descreva a relação existente entre esses aspectos. O que você conclui a respeito disso?

Vista da Mata dos Cocais, Chapadinha, MA, 2010

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33

Sub-regiões

Embora a Região Nordeste apresente muitas diferenças internas, evidencia também ca-

racterísticas comuns que a diferenciam do restante do território brasileiro e a tornam singu-

lar no conjunto do país. Nessa região, há muitas áreas de território facilmente identificáveis

por aspectos físicos marcantes, como tipos de clima e vegetação.

As áreas úmidas e as secas foram ocupadas de forma diversa em razão das variadas

condições naturais do território. Isso ocasionou consideráveis diferenças econômicas

e sociais e explica a existência de quatro sub-regiões: Zona da Mata, Agreste, Sertão e

Meio-Norte.

Zona da Mata: ocupa uma faixa de terra que acompanha a costa, do Rio Grande do Norte

à Bahia. É a sub-região que concentra a maior parte da população e o maior número

de grandes cidades. Há predomínio das atividades industriais, comerciais e de serviços,

além da lavoura canavieira. O Recôncavo Baiano, localizado às margens da Baía de To-

dos-os-Santos, onde estão Salvador e sua Região Metropolitana, e o sul da Bahia são

duas áreas situadas nessa sub-região de grande importância econômica.

Tal sub-região é bastante influenciada pelas massas de ar oceânicas. Portanto, trata-

-se de clima tropical quente e úmido, com presença da Mata Atlântica. Essa vegetação

foi muito desmatada desde o início da colonização, para cultivo de cana-de-açúcar e ca-

cau, o que gerou a nomeação Zona da Mata açucareira e Zona da Mata cacaueira. Assim

como em quase todo o litoral brasileiro, há manguezais e restingas, que vêm sendo de-

gradados pela ação humana, especialmente pela poluição marinha e pela especulação

imobiliária.

Agreste: estreita faixa de terra situada entre a Zona da Mata e o Sertão. Por se tratar

de uma área de transição, apresenta características naturais variadas, de acordo com a

atuação dos climas tropical e semiárido. No relevo, predominam os planaltos, como o

Planalto da Borborema, e as serras e as chapadas, como a Chapada Diamantina. Nesses

locais, por causa do relevo, há cidades caracterizadas por temperaturas mais amenas,

como Piatã (BA), a cidade mais elevada e mais fria da Região Nordeste. A economia se

baseia na agropecuária. Destacam-se as cidades de Campina Grande (PB), Vitória da Con-

quista (BA), além de Caruaru e Garanhuns (PE).

Sertão: maior sub-região, é marcado pelo domínio do clima semiárido, com secas fre-

quentes, pela vegetação de Caatinga e pela presença de tipos regionais característicos,

como o sertanejo e o vaqueiro. Nele, predominam as grandes propriedades, onde se

pratica a pecuária extensiva de corte. A metrópole que mais exerce influência sobre o

Sertão é Fortaleza, com um moderno polo têxtil e de confecções. Sobressaem-se ainda

os setores mecânico e de produtos alimentares.

No interior do Sertão nordestino, onde as características ligadas à aridez e ao escasso

povoamento estão presentes na paisagem, há o chamado Sertão do Cariri, que recebe essa

denominação porque, antigamente, era ocupado pelos indígenas Kariri. No entanto, no sul

do Ceará, onde está localizada a Chapada do Araripe, as condições naturais locais favorece-

ram a ocorrência de um clima úmido e a formação de um vale fértil, criando paisagens parti-

culares. Assim, em meio às características áridas do Sertão, essa fração de espaço apresenta

34

Geografia

Nordeste: Sertão do Cariri e Cariri Cearense

Fontes: IBGE. Atlas nacional digital do Brasil. Rio de Janeiro, 2005. IBGE. Atlas geográfico escolar. 6. ed. Rio de Janeiro, 2012. p. 153. Adaptação.

leitura cartográfica

Com base no estudo sobre as sub-regiões nordestinas, localize-as no mapa a seguir e

pinte-as de acordo com as legendas que as identificam.

Região Nordeste: sub-regiões

alguns aspectos próprios, que a diferenciam

do restante do território, caracterizando o

Cariri Cearense.

Meio-norte: área de transição entre o

clima tropical e o clima equatorial da

Amazônia. Por isso, destacam-se as

vegetações do Cerrado e da Caatinga,

além da Mata dos Cocais. Estende-se

por todo o estado do Maranhão e em

parte do Piauí. Além das produções

agropecuária e extrativa, distingue-se,

no Maranhão, o complexo minei-

ro-metalúrgico, associado ao Programa

Grande Carajás, no Pará.

Fonte: ANDRADE, Manuel C. A terra e o homem no Nordeste. 6. ed. Recife: Editora Universitária da UFPE, 1998. p. 276. Adaptação.

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1 Que impactos ambientais são ocasionados pela intensa ocupação populacional das áreas litorâneas da Região Hidrográfica Atlântico Leste?

2 Qual é a situação atual da Caatinga? O que tem causado a sua devastação?

3 Leia um trecho do poema Morte e vida severina, do poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto. Depois, responda às questões.

o que já conquistei

[...]

Pensei que seguindo o rio

eu jamais me perderia:

ele é o caminho mais certo,

de todos o melhor guia.

Mas como segui-lo agora

que interrompeu a descida?

Vejo que o Capibaribe,

como os rios lá de cima,

é tão pobre que nem sempre

pode cumprir sua sina

e no verão também corta,

com pernas que não caminham.

[...]

MELO NETO, João C. de. Morte e vida severina. Disponível em: <http://bibliotecadigital.puc-campinas.edu.br/services/e-books/Joao%20Cabral%20de%20Melo%20Neto.pdf>. Acesso em: 13 ago. 2019.

36

Geografia

a) Como são chamados os rios cuja característica aparece no poema? Quais versos fizeram você chegar a essa conclusão?

b) Em que sub-região nordestina esses rios são mais encontrados? Por quê?

4 Euclides da Cunha, em sua obra Os sertões, publicada em 1902, retratou aspectos físicos e humanos da Região Nordeste. Leia com atenção um trecho de sua obra e, em seguida, responda às questões propostas.

Mas o nosso sertanejo faz exceção à regra. A seca não o apavora. É um complemento à sua vida tormentosa, emoldurando-a em cenários tremendos. Enfrenta-a, estoico. Apesar das dolo-rosas tradições que conhece através de um sem-número de terríveis episódios, alimenta a todo o transe esperanças de uma resistência impossível.

CUNHA, Euclides da. Os sertões. Disponível em: <dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000153.pdf>. Acesso em: 15 ago. 2019.

a) Qual das sub-regiões nordestinas foi retratada na obra de Euclides da Cunha?

b) De acordo com o que você estudou, que critérios foram considerados para propor as sub-regiões nordestinas?

c) Como Euclides da Cunha descreve a atitude do sertanejo diante da seca no Sertão?

d) Em sua opinião, o que pode ser feito para melhorar as condições das pessoas que vivem no Ser-tão nordestino?

37

capí

tulo

Como vimos anteriormente, a Região Nordeste tem

grandes contrastes naturais. Neste capítulo, vamos conhecer

melhor certos aspectos da economia e da população. Será

que esses aspectos também apresentam contrastes? Por

quê? Para ajudar a responder a essas questões, leia o trecho

da canção Nordeste pra frente, observe a imagem e converse

sobre eles com os colegas e o professor.

Região Nordeste:

população11

• Início da ocupação da região

• Aspectos econômicos

• População e demografia

o que vocêvai conhecer

Ocupação Santa Terezinha, Petrolina, PE, 2019

NNNNNNNNNNNoooooooooooorrrrrrrrrrrrrddddddddddddeeeeeeeeeeeesssssssssstttttttttteeeeeeeee pppppppppprrrrrrrrrrrrrraaaaaaaaaaaa ffffffrrrrrrrreeeeeeeeennnnnnnnnnnnntttttttttttttteeeeeeeeee[.[[.[[.[......]]]]]CaCaCaC rurururuararraru u u teteteem m m susuuua a a ununu ivivvverereersisiidadadadadededdCaCaCaampmpmppininininnaaa a GrGrGrGG ananaandedee ttememmem aatété tttelele evevvisisisisãoãoãoãoJaJaJabobobob atatatãoãoãã ffababababbriririricacaaa jjjipipe ee à àà vovov ntnttadadaddadeeeelálá ddddde e ee NaNaNaNatataatal llll jájáájá tttá á á á sususuubibibb ndnddddo o o fofof guguguguggguguetetãoãoãoLáLáLáLá eeeem m m m SeSeeSeSergrgrgrgipipipipe ee e o o o pepepepepp trtrttrólólóllóleoeoeo tttá á á á jojojorrrrrrranananannannandodododoemememememememmm AAAAAAAAAlalalalallalalagogogogogogogogoasasasassssasas sssssssssseeeeeeeeee cacacacacaacacacaccaavavavavaavavavaavarerererererereeeem m mmmm m mm vavavavavavavavaai i i i ii iii jojojojojjojoojojorrrrrrrrrrrrrrrrraraarararar[.[.[.[.[.[ ........]]]]]]]o o o o o oo ooo mememememememememmmmeuu u u u u u uu NoNoNoNoNoNoNoNoNoNoN rdrdrdrdrddrdrdrdrdddesesesesesesesesesssestetetetetetetetetetetette ddddddddddddesesesesesesesesesesesessasasasasasasasasasasass vvvvvvvvvvezezezezezezezezez vvvvvvvaiaiiaiaiiaiaiaii ddddddddiisisisisispapapapaaparararar rrrr[.[.[.[.[.[.[.[............. ]]]]]]]]]]

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©Pulsar Imagens/Adriano Kirihara

38

Geografia

• Compreender como ocorreu a ocupação da Região Nordeste.

• Conhecer as atividades econômicas desenvolvidas nessa região.

• Conhecer as características demográficas da região, compreendendo seus diferen-tes indicadores socioeconômicos.

• Reconhecer os motivos que levaram milhares de nordestinos a migrar em diferen-tes períodos.

• Desenvolver uma visão integrada dos aspectos socioeconômicos dessa região.

objetivos do capítulo

A Região Nordeste é a segunda

mais populosa do país. É formada por

nove estados: Maranhão, Piauí, Ceará,

Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernam-

buco, Alagoas, Sergipe e Bahia. O qua-

dro a seguir traz alguns dados socioe-

conômicos dessa região. Utilize-o para

compreender melhor as suas caracte-

rísticas, comparando as informações

com as de outras regiões do Brasil.

Fontes:1IBGE. Brasil em números. Rio de Janeiro, 2018. v. 26. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/2/bn_2018_v26.pdf>. Acesso em: 17 ago. 2019.2IBGE. Tabela 3834: taxa de mortalidade infantil. Disponível em: <https://sidra.ibge.gov.br/tabela/3834>. Acesso em: 17 ago. 2019.3IBGE. Pesquisa nacional por amostra de domicílios contínua: educação 2017. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101576_informativo.pdf>. Acesso em: 17 ago. 2019.4IBGE. Contas regionais do Brasil em 2012. Disponível em: <ftp://ftp.ibge.gov.br/Contas_Regionais/2012/pdf/tab01.pdf>. Acesso em: 17 ago. 2019.

REGIÃO NORDESTE

Área1 1 554 291,107 km2

Número de municípios1 1 794

População1 56 760 780 (2018) (73,3% urbana)

Densidade demográfica1 36,51 hab./km2 (2018)

Crescimento demográfico1 1,07% (2010)

Mortalidade infantil2 16,7 por mil nascidos vivos (2016)

Analfabetismo3 14,5 (2017)

Participação no PIB nacional4 13,9 (2012)

Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 8. ed. Rio de Janeiro, 2018. Adaptação.

Região Nordeste: político

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39

Início da ocupação

Os colonizadores portugueses iniciaram o povoamento do Brasil pelo Nordeste. No co-

meço da colonização, a atividade econômica se concentrou no cultivo da cana-de-açúcar, in-

troduzido na Zona da Mata e realizado em grandes propriedades, na forma de monocultura.

Como quase toda a produção açucareira era exportada, não houve crescimento da vida urba-

na além das cidades-polo no litoral (Salvador, Olinda e Recife). Essas cidades, além de exer-

cerem funções administrativas, eram centros comerciais e estavam vinculadas diretamente

ao mercado externo.

A ocupação do interior teve início ainda no século XVI e era voltada para a criação de

animais, destinados ao trabalho nos engenhos (transporte da cana-de-açúcar e movimen-

tação da moenda, por exemplo) e à alimentação. A partir do fim do século XVII, a economia

açucareira nordestina entrou em decadência em virtude do surgimento de outras áreas pro-

dutoras para o mercado mundial, principalmente as Antilhas.

No entanto, no fim do século XVIII e início do século XIX, houve um novo período de ex-

pansão do comércio mundial. A demanda europeia por algodão para a indústria têxtil criou

novas formas de ocupação do espaço nordestino, levando-o à recuperação econômica. O

algodão passou a ser cultivado no Maranhão, no Sertão, no Agreste e em alguns trechos da

Zona da Mata.

O Agreste foi povoado principalmente a partir do século XVIII, depois da Zona da Mata

e do Sertão. Antes da expansão algodoeira, era uma região onde predominavam pequenas

propriedades, que produziam gêneros de subsistência destinados ao consumo local. Muitas

cidades que ali surgiram eram locais de feiras de compra e venda de gado.

A partir de 1850, para interligar os centros de produção algodoeira ao mercado externo,

alguns grupos estrangeiros financiaram a construção de ferrovias. Estas passaram a ligar as

cidades portuárias aos principais centros fornecedores, ampliando o povoamento e as áreas

de influência de algumas cidades.

BLAEU, Joan; MARCGRAF, Georg; POST, Frans. Præfecturæ Paranambucæ Pars Borealis. In: BLAEU ATLAS MAIOR. v. 11. Amsterdam: Blaeu, 1662.

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Entre 1630 e 1654, parte do nordeste brasileiro foi ocupada pelos holandeses. Nesse período, cartógrafos holandeses produziram vários mapas, como este, que retrata um trecho da costa de Pernambuco. Ele mostra um engenho de açúcar, mantido com trabalho escravo; ao fundo, a casa-grande. No canto inferior direito, há uma ilustração da batalha entre holandeses e espanhóis pelo domínio do território, em 1640.

40

Geografia

Aspectos econômicos

Na década de 1930, houve no Brasil um impulso na industrialização, sobretudo em São

Paulo. Esse fator influenciou o papel de cada região no território brasileiro. Desde então, as

desigualdades regionais aumentaram progressivamente.

A Região Nordeste assumiu a condição de fornecedor de produtos agrícolas, necessários

para alimentar a população urbana em expansão, e de mão de obra para as indústrias das

regiões Sudeste e Sul.

Para tentar corrigir as desigualdades regionais e integrar as diferentes regiões, o gover-

no brasileiro criou superintendências regionais de desenvolvimento.

Atualmente, o ciclo de desenvolvimento da região tem apresentado um crescimento

inédito nas áreas distantes do litoral, em meio ao Sertão. Ao todo, a região conta com vários

polos de desenvolvimento, entre industriais e agrícolas, e quase todos têm a exportação

como objetivo principal, facilitada pelos investimentos na modernização do Porto de Suape,

em Pernambuco.

Nos últimos anos, a Região Nordeste atraiu também grandes investimentos nos setores

automobilístico, siderúrgico, de refinaria e estaleiros.

Indústria e infraestrutura

A Superintendência Regional do

Desenvolvimento do Nordeste (Su-

dene) foi a primeira a ser criada, em

1959. Atuou basicamente nos seto-

res industrial, agropecuário e mineral,

realizando obras de infraestrutura e

financiando vários projetos de desen-

volvimento. Entretanto, seu centro de

atuação foi o setor industrial, pois, na

época, acreditava-se que a industriali-

zação seria a base do desenvolvimen-

to econômico.

Área de atuação da Sudene

Fontes: IBGE. Atlas geográfico escolar. 8. ed. Rio de Janeiro, 2018. Adaptação.

SUDENE. Área de atuação da Sudene. Disponível em:

<http://sudene.gov.br/images/2017/arquivos/

Mapa_Estadual_v2.png>. Acesso em: 20 ago. 2019.

Adaptação.

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41

Como incentivo à expansão econômica da Região Nordeste, o governo adotou a redução

ou a isenção de impostos para as empresas que ali quisessem investir. Com isso, o setor in-

dustrial cresceu, com muitas indústrias vindas especialmente da Região Sudeste.

Os investimentos ficaram concentrados em Recife (PE), Fortaleza (CE) e Salvador (BA),

capitais que apresentavam melhor infraestrutura, como rede de transportes e fontes de

energia. Ao mesmo tempo, os governos estaduais criaram distritos industriais, ou seja, áreas

destinadas à concentração da atividade industrial, onde os impostos eram reduzidos ou eli-

minados. Os segmentos industriais desenvolvidos na região variam desde indústria de base

até tecnologia de ponta.

Em Recife, destacam-se as indústrias metalúrgicas e petroquímicas e um relevante polo de

desenvolvimento tecnológico. Em Fortaleza, há diversas indústrias têxteis de fiação e tecela-

gem, e a Região Metropolitana de Salvador abriga Camaçari, um importante polo petroquímico.

Para que as indústrias nordestinas pudessem se desenvolver, recebendo matérias-pri-

mas e escoando as produções, foram realizados significativos investimentos na infraestru-

tura de transporte, especialmente nos portos: Suape (PE), o maior em movimentação de

cargas, e Aratu (BA), que se destaca no transporte de petróleo e produtos químicos.

Fontes de energia

Na Região Nordeste, destaca-se a produção de energia

elétrica. Seu aproveitamento começou a partir da década de

1940, com a construção do Complexo Hidrelétrico de Paulo

Afonso, no Rio São Francisco, entre Alagoas, Bahia e Sergipe.

As hidrelétricas de Xingó (Canindé do São Francisco, SE) e de

Sobradinho (Sobradinho, BA), também instaladas ao longo do

Rio São Francisco, são importantes usinas da região.

Porém, nos períodos de seca, os reservatórios das hidre-

létricas costumam baixar, forçando a adoção de energia ter-

melétrica, que é mais cara e poluente. Por isso, a região vem

investindo em usinas eólicas, cuja energia abastece mais de

30% da demanda. O Rio Grande do Norte se destaca como

maior produtor nacional.

Agricultura

A agricultura nordestina é marcada pelas características

do solo e do clima, por isso apresenta particularidades em

cada sub-região.

Grande parte do espaço agrícola nordestino é destinada

ao cultivo de produtos tradicionais, como cana-de-açúcar, ca-

cau, tabaco e algodão arbóreo, o qual é conhecido também

como seridó.

Os extensos canaviais estão concentrados na Zona da

Mata. Em meio às plantações, as usinas de açúcar e álcool

compõem a agroindústria canavieira.

Aerogeradores do Complexo Eólico

Gestamp, em João Câmara, RN, 2017. As caixas-d'água fazem parte de um sistema de dessalinização das águas para atender à população do semiárido.

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Geografia

No Sertão, onde a criação de bovinos era a única atividade econômica, o cultivo do algo-

dão arbóreo contribuiu para incentivar as pessoas a permanecer na região. Toda a produção

de algodão arbóreo do país está concentrada na Região Nordeste.

As principais zonas produtoras de soja são o sul do Maranhão e o oeste da Bahia (Sertão),

onde a produção foi impulsionada pela chegada de migrantes do sul do país, principalmente

gaúchos. No Maranhão, também se destaca o cultivo de arroz.

As pequenas propriedades policultoras do Agreste, onde há amplo emprego de mão de

obra familiar, dedicam-se a cultivos comerciais, como café, algodão, sisal e gêneros alimentí-

cios, destinados ao abastecimento dos centros urbanos da Zona da Mata.

Algumas áreas do Sertão têm sido beneficiadas com investimentos em irrigação e mo-

dernização direta da agricultura (compra de implementos agrícolas, por exemplo) e em pes-

quisa de solos, adaptação de cultivos, uso de defensivos agrícolas, entre outros.

Em razão disso, atualmente,

áreas onde havia apenas Caatinga

e lavouras de subsistência estão

cobertas de plantações de frutas,

como melão, melancia, laranja,

manga e uva.

Apesar de proporcionarem ex-

celentes resultados, esses projetos

não se estendem a toda a população,

pois exigem altos investimentos.

Grande região e Brasil – 2017 Bovino Suíno Caprino Ovino

Nordeste 27 736 607 5 445 150 8 944 461 11 544 939

Brasil 214 899 796 41 099 460 9 592 079 17 976 367

Fonte: IBGE. Tabela 3939: efetivo dos rebanhos, por tipo de rebanho (2017). Disponível em: <https://sidra.ibge.gov.br/tabela/3939>. Acesso em: 17 ago. 2019.

Petrolina, PE, 2018. O Vale do São Francisco é um polo de desenvolvimento tecnológico da

fruticultura irrigada.

Pecuária

Na Região Nordeste, a criação de gado vem sendo realizada desde o século XVI, como

atividade complementar da cultura canavieira. Na tabela a seguir, estão destacados os prin-

cipais rebanhos da região.

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43

Assim como ocorre em relação à agricultura, a pecuária também apresenta peculia-

ridades na adaptação de determinados rebanhos ao clima. Os caprinos (cabras e bodes)

são o rebanho que melhor se adapta ao clima seco do Sertão. Sua importância regional é

bem significativa, pois fornece couro, leite e carne, principalmente para o mercado local.

Para o sertanejo, os ovinos (ovelhas e carneiros) também têm grande importância, e sua

produção se destaca nacionalmente. Porém, em comparação aos rebanhos do sul do Brasil,

produzem pouca lã em decorrência do clima muito quente.

A pecuária predominante é a de bovinos, em especial destinados ao aproveitamento da

carne. O gado leiteiro de melhor qualidade geralmente é criado perto das grandes cidades,

sobretudo no Agreste.

De modo geral, a criação de suínos é maior perto dos grandes centros urbanos, particu-

larmente no Agreste, onde as lavouras de milho e mandioca são usadas para a alimentação

dos animais.

Extrativismo vegetal e mineral

Várias espécies vegetais são exploradas na Região Nordeste, porém as que se destacam

são a carnaúba e o babaçu, extraídos principalmente na Mata dos Cocais, que se situa no

Meio-Norte. Nessa região, o extrativismo vegetal costuma estar associado à pecuária e re-

presenta, para a população local, uma atividade complementar.

No Sertão, várias espécies vegetais são exploradas, como a oiticica, o licuri e a carnaúba.

As matérias-primas minerais da Região Nordeste são bastante diversificadas. Entre elas,

destaca-se a produção de gipsita, magnesita, sal-gema, xelita, cobre, chumbo e cromo.

Além de todos esses minerais, a região é o principal produtor de sal marinho do país. As

maiores salinas estão situadas no Rio Grande do Norte, condicionadas por fatores favoráveis

à atividade extrativa: relevo plano, salinidade das águas, insolação e ventos.

Outros produtos de destaque da região são o petróleo e o gás natural, obtidos tanto em

terra quanto no mar. Durante muitos anos, no Brasil, a Região Nordeste foi a única a produzir

petróleo, particularmente no Recôncavo Baiano, onde foi descoberto em 1939. A produção

de gás natural em terra ocorre na Bahia, no Rio Grande do Norte, Sergipe, Alagoas e Ceará,

que figuram entre os maiores produtores nacionais.

Com o auxílio do professor de Matemática, construa quatro gráficos, um para cada espé-

cie de rebanho, mostrando a relação entre o total produzido na Região Nordeste e a produ-

ção brasileira. Após a construção dos gráficos, responda a estas questões:

Em relação ao total nacional, qual rebanho mais se destaca na região? Em qual proporção?

olhar geográfico

44

Geografia

atividades

Relacione algumas atividades da economia do Nordeste à sua localização e características.

a) Industrialização

b) Lavouras de cana-de-açúcar

c) Cultivo do algodão arbóreo

d) Criação de caprinos

e) Extrativismo vegetal de carnaúba e babaçu

f) Extração do sal marinho

g) Produção de gás natural

( ) Sua produção é concentrada na Zona da Mata. Usinas de álcool se beneficiam dessa produção.

( ) Atividade desenvolvida especialmente na Mata dos Cocais.

( ) Tem grande importância regional, pois fornece couro, leite e carne, principalmente para o mercado da própria região.

( ) Cultiva-se no Meio-Norte e no Sertão, onde tem contribuído para a fixação da população.

( ) Na Região Nordeste, a produção em terra figura entre as maiores do país.

( ) As características naturais contribuem para que o litoral do Rio Grande do Norte seja o maior produtor do país.

( ) Os investimentos ficaram concentrados sobretudo em Recife, Fortaleza e Salvador, capitais que apresentavam melhor infraestrutura, como rede de transportes e fontes de energia.

População e demografia

Desde o fim do século XIX, a Região Nordeste tem apresentado intenso movimento mi-

gratório em várias direções. Em geral, esse movimento é decorrente das grandes dificulda-

des econômicas enfrentadas pela população. Isso ocorre porque há concentração de terras

nas mãos de poucos proprietários, falta de emprego e más condições de vida no campo.

Podemos identificar as seguintes fases do movimento migratório nordestino:

fim do século XIX – migração em direção à Amazônia, para exploração da borracha, e a

São Paulo, para as fazendas de café;

meados do século XX – migração para as metrópoles do Sudeste (Rio de Janeiro e São

Paulo) em virtude da industrialização; para o Centro-Oeste, na época da construção de

Brasília; e para o Norte, nas áreas de colonização;

fim do século XX e início do século XXI – migração de retorno de muitos nordestinos do

Sudeste para sua região de origem, resultado das oportunidades de trabalho propicia-

das pela descentralização econômica. Expressiva migração de nordestinos para o Norte

e o Centro-Oeste;

45

migração interestadual – também ocorre o movimento temporário da população nor-

destina. Na época da seca, os corumbás (trabalhadores temporários) saem do Agreste

ou do Sertão e vão para os canaviais da Zona da Mata, onde trabalham até o reinício das

chuvas em sua área de origem.

O intenso movimento migratório nordestino está ligado principalmente aos proble-

mas oriundos das secas, fenômeno natural e periódico do semiárido. Uma das mais gra-

ves secas, que ocorreu entre 1979 e 1983, forçou o deslocamento de milhares de nor-

destinos e deixou muitos mortos. O termo "retirantes" foi muito usado para se referir a

essas pessoas, que são obrigadas a abandonar suas casas por causa da escassez de água.

Na atualidade, as secas não causam mais tragédias como no passado, em parte pelo uso

da tecnologia e pelo desenvolvimento socioeconômico da região.

curiosidade?

Entre os séculos XIX e XX, o declínio econômico da região exerceu grande influência no

modo como a população se distribuiu no território. Com o crescimento do êxodo rural, houve

um aumento da população urbana nas grandes capitais, como Recife e Fortaleza, amplifica-

do pelo incentivo à industrialização. Atualmente, a Região Nordeste tem a segunda maior

população rural do país, com 16,2% (IBGE, 2017) vivendo em áreas rurais, atrás apenas da

Região Norte, onde 18,7% da população vive no campo. Observe o mapa a seguir, que mos-

tra como a população está distribuída no território.

Escultura de argila que retrata o modo de vida do povo nordestino. Caruaru. PE, 2018

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Geografia

leitura cartográfica

Região Nordeste: distribuição populacional De acordo com o mapa, assinale V para as afirmações verdadeiras e F para as falsas, corrigindo-as. Se ne-cessário, compare o mapa com a loca-lização das sub-regiões nordestinas, estudadas no capítulo anterior.

( ) Os nordestinos estão distribuídos de modo regular no território.

( ) As mais elevadas densidades de-mográficas são encontradas no Agreste.

( ) As principais cidades e capitais dos estados nordestinos são as mais densamente povoadas, pelo maior desenvolvimento de atividades econômicas.

( ) No Sertão, existe baixa concen-tração populacional em virtude das dificuldades econômicas, agravadas pelas condições cli-máticas do semiárido.

Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 8. ed. Rio de Janeiro, 2018. p. 111. Adaptação.

Observe alguns indicadores sociais da Região Nordeste, segundo o IBGE, em comparação com os do Brasil.

Nordeste Brasil

Esperança de vida (anos)1

2010 2017 2017

71,2 73,1 76

População urbana atendida por coleta

de esgoto2

2010 2017 2016

33,4% 43% 61%

Acesso à internet32009 2017 2017

19% 62,6% 74,9%

Rendimento mensal acima de 2 salários

mínimos4/5

2017 2017

R$ 984,00 R$ 1.511,00

Fontes: 1IBGE. Tábua completa de mortalidade para o Brasil – 2017. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101628.pdf>. Acesso em: 19 ago. 2019.IBGE. Tabela 1174: esperança de vida ao nascer. Disponível em: <https://sidra.ibge.gov.br/Tabela/1174>. Acesso em: 20 ago. 2019.2BRASIL. Agência Nacional de Águas. Atlas esgotos: despoluição de bacias hidrográficas. Disponível em: <http://arquivos.ana.gov.br/imprensa/publicacoes/ATLASeESGOTOSDespoluicaodeBaciasHidrograficas-ResumoExecutivo_livro.pdf>. Acesso em: 19 ago. 2019.3IBGE. Pesquisa nacional por amostra de domicílios contínua: acesso à internet e à televisão e posse de telefone móvel celular para uso pessoal 2017. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101631_informativo.pdf>. Acesso em: 19 ago. 2019.4IBGE. Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira. Rio de Janeiro, 2018. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101629.pdf>. Acesso em: 19 ago. 2019. 5IBGE. Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv45700.pdf>. Acesso em: 19 ago. 2019.

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47

Em anos recentes, alguns indicadores sociais têm apresentado melhorias. Um exemplo

disso está ocorrendo com um indicador relacionado à educação: entre 2001 e 2017, a re-

gião registrou a maior queda da taxa de analfabetismo no Brasil (analfabetos de 15 anos ou

mais), de 9,8 pontos percentuais.

Novas tecnologias e acesso à água mudam a realidade da caatinga

A trajetória de Fabiano, personagem criado por Graciliano Ramos em Vidas Secas, obra

publicada em 1938, retrata a vida miserável de uma família de retirantes sertanejos forçada a

se mudar de tempos em tempos para lugares menos castigados pela falta de chuva. O clássico

da literatura nacional foi durante muitos anos o retrato da realidade de brasileiros castigados

pela estiagem no Semiárido brasileiro.

O cenário da caatinga e a seca ainda são os mesmos no sertão de hoje, mas deixar a terra

por causa da estiagem não tem sido mais a única alternativa nos últimos anos. Conscientes

das limitações impostas pelo Semiárido, moradores da região têm procurado se adaptar e

conviver com o clima do campo.

Durante quase 20 anos, a agricultora baiana Maria Eulália [dona Lia], de 62 anos, morou em

Salvador. [...] Mesmo sem chuva, cumpriu a promessa de retorno ao sertão [...].

A comunidade de dona Lia é atendida pelo projeto “Transferência de tecnologia de irriga-

ção para fruticultura em níveis de agricultura familiar em perímetros irrigados de assentamen-

to do Semiárido brasileiro”, da Embrapa – unidade Mandioca e Fruticultura. Ao todo, 15 famí-

lias ocupam uma área de 2 845 hectares da antiga fazenda Canal do Rio Grande II. A tecnologia

aplicada na localidade permitiu aos moradores trabalharem no plantio de mandioca, umbu,

laranja, caju, milho, abóbora, banana, feijão, acerola e hortaliças.

[...]

“[...] A realidade aqui mudou 100%, havia três anos que não pegava nada no solo aqui.

Agora queremos conseguir comercializar, aprender a viver do campo e não ter que procurar

emprego fora”, diz Dona Lia.

[...]

“A lógica do trabalho é difundir a irrigação, transferir tecnologia de irrigação e adaptar as

condições que eles se encontram. Aliado ao desenvolvimento da irrigação, temos a introdução

de materiais genéticos desenvolvidos pela Embrapa de qualidade. Por meio de uma experi-

mentação local, podemos selecionar aqueles que são mais adaptados às condições deles [...]”,

complementa o pesquisador [Marcelo Romano].

De acordo com o texto, a qualidade de vida da população sertaneja pode melhorar com

a aplicação de tecnologias adaptadas às condições naturais do Sertão. Pesquise outras tec-

nologias que são utilizadas no semiárido nordestino para ajudar os agricultores locais a so-

breviver e a produzir com menos água. Em dia agendado, converse sobre suas descobertas

com o professor e os colegas.

CRISTALDO, Heloisa. Novas tecnologias e acesso à água mudam a realidade da caatinga. Disponível em: <http://www.ebc.com.br/noticias/meio-ambiente/2013/04/novas-tecnologias-e-acesso-a-agua-mudam-a-realidade-da-caatinga>. Acesso em: 19 ago. 2019.

48

Geografia

1 Que estratégias foram adotadas pela Sudene para promover o desenvolvimento industrial na Região Nordeste?

2 Cite as principais atividades econômicas do Nordeste brasileiro, de acordo com suas sub-regiões.

Meio-Norte:

Agreste:

Sertão:

Zona da Mata:

3 Observe o gráfico e, em seguida, analise os dados apresentados em relação à Região Nordeste.

05

101520253035404550556065707580859095

100105110115120125130135140145150155160165170175180185190195200205

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2016

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Brasil

a) Em que consiste o gráfico?

b) Explique a evolução das taxas de mortalidade infantil da Região Nordeste em relação ao Brasil.

c) Em apenas duas ocasiões a taxa de mortalidade infantil do Nordeste não foi a maior do Brasil. Quando?

d) Em sua opinião, o que explica as elevadas taxas de mortalidade infantil do Nordeste, bem como sua queda nos últimos anos?

Taxa de mortalidade infantil (por mil nascidos vivos)

Fontes: IBGE. Tabela 3834: taxa de mortalidade infantil. Disponível em: <https://sidra.ibge.gov.br/tabela/3834>. Acesso em: 20 ago. 2019.

IBGE. Séries históricas e estatísticas: taxa de mortalidade infantil – 1930-1990. Disponível em: <https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?no=13&op=0&vcodigo=CD100&t=taxa-mortalidade-infantil>. Acesso em: 20 ago. 2019.

49

capí

tulo

A Região Centro-Oeste ocupa uma área

que corresponde a quase 19% do território

brasileiro. Apesar da grande extensão, é uma região pouco povoa-

da. Desbravada nos séculos XVII e XVIII pelos bandeirantes, que

procuravam pedras e metais preciosos, essa região só foi ocupada

mais efetivamente a partir de 1960, com a inauguração de Brasí-

lia. Desde então, atrai migrantes de outras regiões brasileiras.

Neste capítulo, você vai conhecê-la melhor. Para começar,

observe a imagem acima, que mostra o Pantanal, um dos cartões-

-postais da região. Como descreveria essa paisagem? Que fato-

res naturais (relevo, clima, hidrografia, vegetação) você imagina

que estão associados a esse tipo de paisagem? Você conhece ou-

tras paisagens naturais características da Região Centro-Oeste?

Como elas são?

12

• Paisagens naturais e suas características

físicas

• Ocupação do espaço e integração

regional

• Economia

• População e

urbanização

o que você

Vista de drone da Vazante do Castelo, Aquidauna, MS, 2018

©Pulsar Imagens/Marcos Amend

50

Geografia

• Analisar os aspectos físico-geográficos da Região Centro-Oeste, reco-nhecendo a existência de diferentes paisagens naturais.

• Identificar os recursos naturais da região e os problemas advindos da ação humana sobre eles.

• Reconhecer as fases de ocupação do Centro-Oeste.

• Refletir sobre as vantagens e as desvantagens do desenvolvimento econômico e socioespacial dessa região.

objetivos do capítulo

A Região Centro-Oeste

é a menos populosa do país.

É formada por três estados

– Mato Grosso, Mato Grosso

do Sul e Goiás – e pelo Dis-

trito Federal, onde se locali-

za Brasília, a capital do Bra-

sil. O quadro a seguir traz

um panorama dessa região.

Área1 1 606 234,466 km2

Número de municípios1 467

População1 16 329 424 (2019)

(88,7% urbana)

Densidade demográfica1 10,16 hab./km2 (2019)

Crescimento demográfico1 1,9% (2010)

Mortalidade infantil2 14,4 por mil nascidos vivos (2016)

Analfabetismo3 5,2% (2017)

Participação no PIB nacional4 9,8% (2012)

Fontes:1IBGE. População. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/>. Acesso em: 2 set. 2019.

2IBGE.Tabela 3834: taxa de mortalidade infantil. <https://sidra.ibge.gov.br/tabela/3834>. Acesso em: 17 ago. 2019.

3IBGE. Pesquisa nacional por amostra de domicílios contínua: educação 2017. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101576_informativo.pdf>. Acesso em: 17 ago. 2019.

4IBGE. Contas regionais do Brasil – 2012. Disponível em: <ftp://ftp.ibge.gov.br/Contas_Regionais/2012/pdf/tab01.pdf>. Acesso em: 17 ago. 2019.

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Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar.

8. ed. Rio de Janeiro, 2018. Adaptação.

51

Paisagens naturais: características físicas

Além das planícies alagadas do Pantanal, a Região Centro-Oeste reúne planaltos, cha-

padas e depressões. Trata-se de uma região rica em recursos naturais; entretanto, o apro-

veitamento inadequado desses recursos, sobretudo do solo e das águas, tem ameaçado o

equilíbrio ecológico dessa região.

Relevo

As unidades de relevo da Região Centro-Oeste se apresentam em diversas altitudes,

resultantes da ação dos fatores climáticos sobre rochas de diferentes graus de resistência.

Por causa das extensas pastagens naturais, algumas áreas de planície são aproveitadas para

a criação de gado. Já os topos das áreas de planalto são adequados a atividades agrícolas,

como a produção de soja, trigo, arroz e milho.

Fonte: ROSS, Jurandyr L. S. (Org.). Geografia do Brasil. 5. ed. São Paulo: Edusp, 2005. p. 53. Adaptação.

leitura cartográfica

Com base no mapa, responda a estas questões:

1 Quais são as formas de relevo predominantes na Região Centro-Oeste? Que cores as indicam no mapa?

2 Que número indica a Planície e Pantanal Mato-Grossense? Que tipo de rocha existe nessa unidade

de relevo?

3 Que número indica a localização dos Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná? Em Mato Grosso, qual o nome da unidade de relevo que se destaca nesse conjunto? (Para responder a essa questão, consulte também o texto a seguir.)

Região Centro-Oeste: unidades de relevo

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52

Geografia

Planaltos

Os Planaltos e Chapadas dos Parecis constituem o divisor de águas das regiões hidro-

gráficas Amazônica e do Paraguai. Nesses planaltos, destacam-se as serras do Roncador, do

Daniel e de Tapirapuã.

As formações antigas, que sofreram intempé-

ries, originaram as chapadas, muito procuradas pe-

los turistas. São exemplos a Chapada dos Guima-

rães, no Mato Grosso, que faz parte dos Planaltos

e Chapadas da Bacia do Paraná, e a dos Veadeiros,

em Goiás, nos Planaltos e Serras de Goiás-Minas,

que são formados por rochas cristalinas.

A Serra da Bodoquena e o Maciço de Urucum,

o qual é conhecido por suas reservas minerais,

destacam-se nas Serras Residuais do Alto Para-

guai. Essa unidade de relevo foi formada com os

dobramentos em rochas sedimentares (arenito e

calcário), as quais sofreram erosão intensa, ge-

rando formas de relevo mais ou menos paralelas

umas às outras.

Depressões

As depressões da Região Centro-Oeste se localizam, em sua maioria, entre planaltos e

serras da região. Em grande parte, elas são formadas por rochas cristalinas e se caracteri-

zam por relevos quase planos ou arredondados e altitudes bastante baixas (entre 100 e 400

metros). Algumas depressões, como a Araguaia e a do Tocantins, acompanham os vales de

importantes rios da região, de mesmo nome. Destacam-se também as depressões Cuiabana,

do Alto Paraguai-Guaporé e Marginal Sul-Amazônica.

A cidade de Cuiabá, uma das mais quentes do país, situa-se na Depressão Cuiabana. Mui-

tos estudiosos afirmam que esse fator e a dinâmica dos ventos acentuam a sensação de calor

nessa região.

Planícies

Na Planície do Rio Araguaia, situada no centro da Depressão Araguaia, está situada a Ilha

do Bananal, maior ilha fluvial do mundo. Trata-se de uma área plana, com altitudes de até

200 metros, constituída de sedimentos recentes. (Lembre-se de que, em termos geológicos,

a palavra "recente" pode significar alguns milhões de anos!)

A Planície e Pantanal Mato-Grossense corresponde a uma extensa área de deposição de

sedimentos recentes, trazidos pelos rios da Bacia do Rio Paraguai, que avança em direção à

Bolívia e ao Paraguai. É composta de sedimentos argilosos e arenosos, e as altitudes médias

variam entre 100 e 150 metros.

Apesar do nome, essa planície não é um grande pântano. Apenas alguns trechos ficam

inundados – tanto na estação das secas, de abril a setembro, quanto na estação das cheias,

de outubro a março.

Vista da Chapada dos Guimarães, MT, 2019©

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53

Climas

A maior parte da Região Centro-Oeste se situa na Zona Tropical. O clima da região é

influenciado por alguns fatores. Entre eles: a latitude, pela ampla extensão do território

no sentido norte-sul; o fato de essa região estar localizada no interior do continente, com

reduzida influência da maritimidade, que é responsável pela grande amplitude térmica ao

longo de um dia; as massas de ar, que variam conforme a estação do ano: a massa de ar tro-

pical continental deixa o clima mais seco entre abril e agosto; e as massas de ar equatorial

continental e tropical atlântica, que atuam entre setembro e março, levando umidade para

a região.

Os principais tipos de clima da Região Centro-Oeste são: equatorial úmido, tropical (ou

tropical continental) e tropical de altitude.

Equatorial úmido: predominante do norte de Mato Grosso. Caracteriza-se por chuvas

intensas, com temperaturas elevadas durante o ano.

Tropical: predomina na maior parte da Região Centro-Oeste, com duas estações bem

definidas: uma chuvosa e outra seca. Isso ocorre porque, no verão, sofre influência da

massa de ar equatorial continental e, no inverno, da massa tropical atlântica.

Tropical de altitude: predominante nas regiões mais elevadas, como o sul de Mato Gros-

so do Sul e o sudeste de Goiás, onde as temperaturas são mais amenas.

Baías são áreas circulares ou semicirculares, com água salobra ou não, atingindo centenas de metros de dimensão.

Cordilheiras são pequenas elevações (de cerca de dois metros de altura) entre duas baías.

Vazantes têm vários quilômetros de extensão e se situam entre as cordilheiras, servindo de escoadouro de baías e rios. Nessa área, aparecem os corixos, pequenos cursos de água que unem baías, com grande poder de erosão.

Vista aérea das lagoas no Pantanal de Nhecolândia, Corumbá, MS, 2017

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Pantanal Sul-Mato- -Grossense no início da estação seca. Aquidauana, Mato Grosso do Sul, 2012

54

Geografia

leitura cartográfica

Com base nas informações sobre os prin-

cipais climas da Região Centro-Oeste, pinte as

regiões no mapa ao lado, de acordo com seus

respectivos tipos climáticos.

Região Centro-Oeste: tipos de clima

Fonte: CONTI, José B.; FURLAN, Sueli A. Geoecologia: o

clima, os solos e a biota. In: ROSS, Jurandyr L. S. (Org.).

Geografia do Brasil. São Paulo: Universidade de São Paulo,

2005. p. 107. Adaptação.

Hidrografia

Em geral, o relevo da Região Centro-Oeste apresenta muitas nascentes e cursos de

água. Tal fato promove um interessante fenômeno denominado águas emendadas, no qual

surgem as nascentes dos rios de duas bacias hidrográficas distintas, que, depois, seguem

para direções diferentes. Observe, no mapa a seguir, as regiões hidrográficas dessa região.

Região Centro-Oeste: regiões hidrográficas Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia

Trata-se da segunda maior região hidrográfica do Brasil. O Araguaia é um dos principais rios do Centro-Oeste e o mais importante afluente do Rio Tocantins, que desemboca na Região Norte. Nele, localiza-se a maior ilha fluvial do mundo, a

Ilha do Bananal, que pertence

ao estado do Tocantins.

Região Hidrográfica do Paraguai

O Rio Paraguai é um dos mais importantes

da região. Na época das cheias, inunda

uma vasta área, formando lagos. Na maior parte de seu curso, é um rio de planície,

sendo navegável de Corumbá, em Mato Grosso do Sul, ao Estuário do Prata, em

terras argentinas e uruguaias. Por ele

são escoados produtos, como o minério de manganês. Seus principais portos são

Corumbá e Porto Murtinho.

Região Hidrográfica do Paraná

Os rios Paraná, Grande e Paranaíba,

destaques nessa região, são os limites naturais que separam os estados de

Mato Grosso do Sul e Goiás das regiões Sul e Sudeste. O Rio Paranaíba tem

sofrido muita demanda hídrica em

virtude da agricultura irrigada.

Região Hidrográfica Amazônica

A extensa rede hidrográfica dessa região e a exuberância da flora e

da fauna estimulam a pesca e o

turismo. No entanto, as queimadas, os desmatamentos, o garimpo e a mineração são atividades que vêm

contaminando as águas dos rios, o

que causa graves problemas à região. Isso tem sido constatado mais intensamente na Bacia do Rio Xingu,

afluente do Amazonas, ameaçada

pelo desmatamento resultante da pressão da expansão agropecuária.

Região Hidrográfica do São Francisco

Uma pequena porção dessa região banha o Centro-Oeste.

O destaque é para a Bacia do Rio Preto, que banha uma

parte rural do Distrito Federal,

e suas águas são bastante utilizadas nas lavouras que

abastecem essa região.

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raFonte: AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (ANA). Bacias Hidrográficas. Disponível em: <https://www.ana.gov.br/panorama-das-aguas/divisoes-hidrograficas>. Acesso em: 21 ago. 2019. Adaptação.

55

Vegetação original

A vegetação da Região

Centro-Oeste vem sendo al-

terada principalmente por

projetos agropecuários e

pela exploração da madeira.

Originalmente, a região

era coberta por extensas

formações arbustivo-herbá-

ceas e por densas florestas.

Na atualidade, há reduzidos

agrupamentos florestais e

uma vegetação descaracteri-

zada pela ação humana.

Cerrado: originalmente, a maior parte do Centro-Oeste era

ocupada pelo Cerrado, formação vegetal típica do clima tro-

pical continental, predominante na região. Caracteriza-se por

árvores de pequeno porte, com tronco de casca grossa, ga-

lhos retorcidos e folhas duras, capazes de resistir aos incên-

dios, comuns nas estações secas. Também por causa da seca,

essas árvores têm raízes profundas, capazes de extrair a água

do subsolo. Entre elas, aparece uma vegetação de gramíneas,

utilizada para pastagem. Em locais onde o solo é mais fértil,

a vegetação se apresenta mais densa, com árvores mais altas.

Nessas áreas, a vegetação é chamada de cerradão. Nos vales

dos rios que cortam a área ocupada pelo Cerrado, a umidade

é maior, o que permite a formação de florestas denominadas

matas de galerias ou matas ciliares. No Cerrado, há ainda as

veredas, áreas úmidas onde se desenvolvem os buritis.

Fonte: IBGE. Atlas nacional digital do Brasil. Rio de

Janeiro, 2018. Adaptação.

Os incêndios naturais, também

denominados “fogo de raio”,

diferentemente do que se pensa,

beneficiam de forma ecológica

o Cerrado, estimulando a

floração e/ou a frutificação

de algumas espécies, entre

outros benefícios. As cinzas

que permanecem no solo após

a queimada são importantes

nutrientes para as raízes das

plantas. Porém, os incêndios

causados pelo manejo

inadequado das atividades

agropecuárias e outras

ações humanas constituem

grave problema ambiental,

pois ocorrem com mais

intensidade e frequência que

as queimadas naturais. Assim,

não permitem a regeneração

desse ecossistema antes que

aconteça outra queimada.

Por que as queimadas naturais também são chamadas de “fogo de raio”?

Parque Nacional da

Chapada dos Veadeiros, Alto Paraíso de Goiás, 2018. Área de veredas ao lado de

parte do Cerrado devastada por incêndio.

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Região Centro-Oeste: vegetação original

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Geografia

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre janeiro e 18 de agosto de 2019, as queimadas no Brasil aumentaram 83% se comparadas ao mesmo período de 2018. Apesar das influências climáticas, pesquisadores desse instituto afirmam que, em quase a sua totalidade, elas resultam da atividade humana. Pesquise, em fontes diversas, como jornais, revistas e internet, notícias a respeito das queimadas causadas pela ação humana no Cerrado nos últimos anos. Em dia agendado, apresente o resultado de sua pesquisa aos colegas e ao professor e troque ideias com eles acerca das consequências das queimadas para o Cerrado e para as pessoas e sobre o que pode ser feito para reduzir essas ações.

pesquisa

Floresta Amazônica: ocorre no norte e no oeste de Mato Grosso, onde as temperaturas

são mais elevadas, e as chuvas, abundantes. É formada por uma vegetação densa e exu-

berante. Embora a destruição dessa floresta tenha sido intensa nos últimos anos, é a

menos modificada da região.

Floresta tropical: recobria áreas dos estados de Mato Grosso do Sul e de Goiás; na atua-

lidade, está praticamente extinta. Essa floresta se desenvolve em ambiente de tempera-

tura elevada, com chuvas menos abundantes que as que ocorrem nas áreas da Floresta

Amazônica. Suas árvores típicas são o jatobá, o cedro e a peroba.

Pantanal ou Complexo do Pantanal: seu aspecto é muito variado, em alguns lugares, apre-

senta-se como uma mata densa; em outros, sua aparência é de campos limpos e com grande

valor para a pecuária; em outros, ainda, lembra o Cerrado. Essa variedade está relacionada à

baixa ou à alta umidade resultante das inundações anuais.

Quando se fala em Pantanal, a imagem que se tem é de um santuário preservado e intocado, repleto de água, com belas paisagens formadas por rios, lagoas e uma grande variedade de ani-mais e plantas. Mas o Pantanal belo e diverso que conhecemos é também uma região sensível e vulnerável a ameaças tanto de dentro quanto de fora e pode desaparecer se não for preservado.

O Pantanal depende da manutenção do ciclo hidrológico, que permite o subir e baixar das águas e a inter-relação entre as espécies. Qualquer mudança nesse ciclo pode comprometer os ecossistemas e modificar toda essa paisagem.

A pecuária não sustentável, a monocultura da cana-de-açúcar e da soja e a contaminação de solos e dos recursos hídricos com insumos agrícolas são pontos de alerta. Qualquer impacto ne-gativo nas nascentes e cabeceiras dos rios pode, por exemplo, alterar de forma drástica toda a planície inundável.

Da mesma forma, grandes projetos de infraestrutura previstos para serem realizados na região po-dem impactar negativamente se forem executados sem considerar as características naturais nativas.

curiosidade?

PANTANAL: ameaças. Disponível em: <http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/areas_prioritarias/pantanal/ameacas_riscos_pantanal/>. Acesso em: 22 ago. 2019.

57

atividades

Com base no que você estudou sobre os aspectos naturais da Região Centro-Oeste, complete as frases com as palavras que faltam.

a) As são formas de relevo peculiares do Pantanal. Elas cor-respondem a pequenas elevações, localizadas entre duas baías.

b) O apresenta uma vegetação de aspecto muito variado: de mata densa, de campos limpos e de Cerrado. Essa variedade está relacionada à baixa ou à alta umidade resultante das inundações anuais.

c) O clima tropical predomina na Região Centro-Oeste. Entre suas características, apresenta duas estações bem definidas: uma chuvosa e outra seca.

d) O é uma formação vegetal típica do clima tropical, predomi-nante na Região Centro-Oeste.

e) No Cerrado, em áreas de solo mais fértil, a vegetação se torna mais densa, denominando-se

.

Ocupação do espaço e integração regional

O interior do Brasil começou a ser explorado muito depois da ocupação da faixa lito-

rânea. A Região Centro-Oeste passou por duas grandes fases de ocupação: a primeira

ocorreu ainda no Período Colonial, no fim do século XVII, durante o ciclo de exploração

do ouro; já a segunda se deu nas décadas de 1950 a 1970, com a expansão industrial e o

processo de urbanização. Assim, essa região assumiu um papel importante na organização

espacial brasileira.

Durante quase dois séculos, essa região recebeu apenas grupos de jesuítas espanhóis,

que subiam o Rio Paraguai reunindo indígenas em missões para catequizá-los.

No fim do século XVII, bandeirantes paulistas chegaram à região e descobriram ouro.

Assim, fundaram os arraiais, que deram origem a cidades como Cuiabá, atualmente capital

de Mato Grosso.

Nessa mesma época, surgiram as primeiras fazendas de criação de gado bovino e, com

elas, povoadores vindos de outras áreas do Brasil. Os portugueses, temendo as invasões es-

panholas, fundaram diversos postos militares, que se tornaram vilas mais tarde.

No início do século XX, a ocupação se intensificou com a exploração da erva-mate e do

café, além da construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, ligando Bauru, no estado

de São Paulo, a Corumbá, no atual estado de Mato Grosso do Sul. Grandes levas de paulistas

e mineiros migraram para a região. As cidades que já existiam cresceram e outras surgiram.

Essa fase corresponde a uma verdadeira “marcha para o oeste”.

58

Geografia

Projeto de integração nacional

Para promover o crescimento demográfico e a integração do Centro-Oeste à economia

do país, o governo federal adotou uma série de medidas. Entre elas, a principal foi a cons-

trução de uma nova capital para o país, Brasília, inaugurada em 1960. Esse fato atraiu um

grande número de pessoas, que vinham especialmente da Região Nordeste, de Goiás e de

Minas Gerais para trabalhar nessa construção.

Ainda na década de 1950, hou-

ve a expansão de atividades ligadas

à pecuária, estimulando a vinda de

mais pessoas para a região. No início

da década seguinte, foi construída a

rodovia Belém-Brasília. Grandes pro-

priedades e diversos núcleos de po-

voamento se multiplicaram ao longo

dessa rodovia.

Desse modo, o Centro-Oeste

passou a ser o novo polo de atração

populacional. Entre 1960 e 1970,

foi a região que apresentou o maior

crescimento demográfico do Brasil.

Economia

Inicialmente, a economia da Região Centro-Oeste se baseou na exploração de garimpos

de ouro e, depois, desenvolveu a pecuária. Na atualidade, o setor terciário da economia é o

mais desenvolvido, assim como nas demais regiões brasileiras. Entretanto, a agroindústria

se destaca na região. Esse fator contribuiu para o desenvolvimento industrial dos setores

ligados a ela, como o alimentício, o mecânico e o de material elétrico.

Agricultura

A partir da década de 1970, os avanços tecnológicos ampliaram as atividades agrícolas

nas áreas de Cerrado, antes voltadas quase exclusivamente para a subsistência. Além disso,

o relevo plano, que possibilitou a mecanização, e as condições climáticas, com temperaturas

elevadas e precipitação regular nas estações chuvosas, favoreceram essas atividades. A mo-

dernização deu condições aos agricultores de aumentar a produção e, como consequência,

seus lucros. Esse foi o caso das grandes propriedades, pertencentes a empresas agrícolas

que exportam alimentos para diversos lugares do planeta. Nessas propriedades, é cultivada

principalmente a soja, que substituiu a vegetação nativa do Cerrado.

Com a ampliação da agricultura comercial em toda a região, diminuiu-se a área das lavou-

ras voltadas para a subsistência. Por esse motivo, o número de pequenas e médias proprie-

dades na região é reduzido.

As principais áreas agrícolas da Região Centro-Oeste cultivam algodão, cana-de-açúcar,

soja, milho e arroz.

Caminhão de operários, chamados de "candangos", passa próximo ao futuro prédio do Congresso Nacional, em 1959

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Com o processo de modernização agrícola, os pequenos proprietários, que não tinham

capital para produzir nos moldes da agricultura modernizada, foram praticamente obriga-

dos a vender suas terras, tornando-se empregados nas grandes fazendas, ou a migrar para

as cidades maiores. Assim, o problema do inchaço populacional se agravou nelas.

A Região Centro-Oeste apresenta, portanto, elevada concentração fundiária. Por isso,

há conflitos entre grandes proprietários e lavradores, que reivindicam terra para cultivar.

Pecuária

Desde o século XVII, a pecuária vem sendo uma atividade econômica de grande impor-

tância na Região Centro-Oeste, que tem o maior rebanho bovino do país, criado tanto de

modo extensivo como intensivo, como é possível observar no gráfico a seguir.

Extrativismo vegetal e mineral

Na Região Centro-Oeste, o extrativismo vegetal ainda é realizado, em grande parte, com

técnicas tradicionais. Um dos produtos de forte expressão econômica é a madeira, extraída

das florestas nativas para obtenção de lenha e toras e para produção de carvão vegetal. Nas

carvoarias, muitas vezes, ocorre a exploração da mão de obra, até mesmo infantil, realizada

em jornadas exaustivas e em condições precárias. Mato Grosso é o maior produtor de madeira

do Brasil.

Além da madeira, destacam-se: erva-mate, palmito, castanha-do-pará, urucum, ipecacua-

nha ou poaia (de cuja raiz se fabricam remédios), látex e piaçava.

No setor de mineração da Região Centro-Oeste, destaca-se o estado de Goiás. Níquel,

amianto e calcário são os principais minerais explorados nesse estado. O calcário é explora-

do ainda em várias áreas dos outros dois estados da região e no Distrito Federal.

Em Mato Grosso do Sul, também há grandes reservas minerais. Do Maciço de Urucum,

formado por rochas antigas, extrai-se uma das maiores produções nacionais de minério de

ferro e manganês, escoadas pela hidrovia do Rio Paraguai. Em Mato Grosso, destacam-se as

reservas de ouro e diamante, que são exploradas por garimpeiros.

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Brasil Centro-Oeste Norte Nordeste Sudeste Sul

Rebanho bovino (milhões – 2017)

Fonte: IBGE. Tabela 3939: efetivo dos rebanhos, por tipo de rebanho – 2017. Disponível em: <https://sidra.ibge.gov.br/tabela/3939>. Acesso em: 21 ago. 2019.

60

Geografia

Setor industrial

As primeiras indústrias da Região Centro-Oeste foram instaladas na década de 1950,

nos setores de produtos alimentares, madeira e minerais não metálicos. Na década de 1970,

novas tecnologias foram aplicadas à agricultura, contribuindo para a ampliação dos setores

alimentício, mecânico e de material elétrico e para o desenvolvimento dos setores de ves-

tuário, calçados, entre outros.

Observe, no mapa a seguir, as principais áreas industriais.

População e urbanização

A Região Centro-Oeste apresentou grande crescimento populacional no início da déca-

da de 1990, sobretudo pela chegada de migrantes. Esse fluxo migratório foi impulsionado

pela expansão da fronteira agrícola e pela atração por Brasília e Goiânia. Apesar disso, essa

região continua sendo a menos populosa do Brasil.

A população da Região Centro-Oeste, portanto, é formada pelos povos que migraram

para a região, além dos indígenas. De acordo com o Censo 2010, a região é a terceira do país

em número de pessoas autodeclaradas indígenas, atrás das regiões Norte e Nordeste.

Nos últimos anos, a região registrou aumento da população urbana, como consequência

do êxodo rural e da migração de brasileiros de outros estados. Os problemas resultantes

do aumento da população urbana são os mesmos das demais regiões: falta de moradias;

ausência ou precariedade de serviços públicos, como transporte; falta de coleta de resíduos

e saneamento eficientes, etc.

Uma consequência socioambiental da urbanização também foi a redução da vegetação

do Cerrado, para possibilitar a expansão das cidades.

Fonte: IBGE. Atlas nacional digital. 8. ed. Rio de Janeiro, 2018. p. 135 e 136. Adaptação.

Centro-Oeste: distribuição dos principais setores industriais

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Leia o texto sobre Brasília, reconhecida como patrimônio cultural da humanidade pela

Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), e observe a

imagem seguinte. Depois, responda no caderno às questões propostas.

olhar geográfico

O estudante Antônio Crivelaro, 21 anos, chegava a perder 3 horas do dia em longos traje-tos de ônibus entre Ceilândia, onde mora, até a Universidade de Brasília (UnB). A distância foi uma das razões que fizeram o jovem abandonar o curso.

[...]

A configuração da cidade dificulta a existência de um sistema de transporte integrado, efi-ciente e econômico. “Há certas ilhas e áreas de concentração. O deslocamento não é padrão e contínuo como em São Paulo”, compara.

A administradora Reiko Nakayoshi, 43 anos, nasceu em Brasília e diz que o Plano Piloto não mudou muito com o tempo, principalmente pelo fato de a cidade ser tombada. Mas o trânsito e o crescimento desordenado são evidentes para ela. “No entorno, o crescimento foi gigantesco. Acho que se Juscelino (Kubitschek) visse como ficou o Distrito Federal, não acreditaria”, diz.

[...]

O professor emérito da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB, José Carlos Cou-tinho, considera que a maior parte dos problemas de Brasília está relacionada à falta de planejamento. [...]

Ele explica que não houve uma visão para o crescimento futuro de Brasília e da popula-ção, o que resultou no afastamento dos menos favorecidos. Segundo Coutinho, a cidade tem níveis de vida próximos aos da Europa no Plano Piloto e condições extremamente desfavorá-veis a poucos quilômetros dali.

Um exemplo é a comunidade Sol Nascente, uma das maiores da América Latina, com 95 mil habitantes. Ali, as condições de higiene são precárias, o asfalto, quase inexistente, e a maior parte das casas está em terrenos irregulares. “O planejamento deveria ter acompanha-do o crescimento da cidade e ter tentado se antecipar aos problemas que surgiriam”, afirma o urbanista.

[...]

HONORATO, Ludimila; BERALDO, Paulo. Ótimo plano, péssimo planejamento: os desafios de Brasília após 57 anos. Disponível em: <https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,desigualdade-de-renda-e-mobilidade-urbana-se-impoem-como-principais-desafios-de-brasilia,70001757167>. Acesso em: 22 ago. 2019. ©Arquivo/Estadão Conteúdo

Goiânia, com aproximadamente 1,4 milhão de habitantes, é a única metrópole da Região

Centro-Oeste. E Brasília é uma metrópole nacional, conhecida por sua arquitetura avançada

e por abrigar as sedes dos três poderes do governo federal. É também a capital que tem o

maior PIB per capita do Brasil.

62

Geografia

1 O texto afirma que um dos problemas de Brasília é a falta de planejamento. Qual é o significado de planejamento urbano? Quais são os profissionais capacitados para realizá-lo? Faça uma pesquisa sobre o assunto.

2 De acordo com o texto, Brasília não é uma cidade igualitária em termos espaciais. Por quê?

3 Que problemas são enfrentados atualmente por Brasília em razão de seu crescimento populacional e da falta de planejamento urbano adequado?

Brasília: Plano Piloto e região

1 Em que aspectos os relevos de planície e de planalto beneficiam o desenvolvimento das atividades agrícolas e pecuárias na Região Centro-Oeste?

2 Em que medida o clima é responsável pela existência do Pantanal Mato-Grossense?

o que já conquistei

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Imagem de satélite de parte do município de Brasília, 2018. O Plano Piloto da cidade lembra o formato de um avião. Ele é estruturado em duas asas, tendo um eixo principal de circulação que liga a asa norte à asa sul. De leste a oeste, há o chamado Eixo Monumental, onde estão situados os setores político, cultural, comercial e de diversões. As moradias estão localizadas nos setores residenciais, em superquadras. No seu entorno, surgiram centros urbanos denominados cidades-satélite.

Fonte: ©Google Earth/Maxar Technologies. Adaptação.

63

3 Cite os benefícios trazidos pelas queimadas naturais, ou “fogo de raio”, ao Cerrado.

4 Nas últimas décadas, o Centro-Oeste é a região brasileira com maior crescimento populacional. Explique esse fato.

5 Analise o mapa e, em seguida, responda às questões propostas.

Região Centro-Oeste: cultivo de soja e sua área de expansão

a) Em que região do país está localizada a maior área plantada de soja? Nessa região, que estado apresenta a maior área plantada?

b) Em quais regiões do país está localizada, atualmente, a área de expansão de soja? Para que dire-

ção ela tende a se deslocar?

c) Quais os impactos socioambientais resultantes da expansão da área de soja?

Fonte: GIRARDI, Eduardo P. Atlas da questão agrária brasileira. Disponível em: <http://www2.fct.unesp.br/nera/atlas/agropecuaria.htm>. Acesso em: 22 ago. 2018. Adaptação.

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Material de Apoio7°. ano – Volume 3

Geografia

Capítulo 9 – Página 11

No Dia Mundial da Água especialistas do Inpe alertam para a preservação de árvores

[...]

Antonio Nobre e José Marengo [pesquisado-res do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Centro de Monitoramento de De-sastres Naturais (Cemaden)] fizeram parte de grupos de pesquisadores que há mais de uma década espalharam aparelhos meteorológicos pela Amazônia e depois processaram, em São José dos Campos (SP), dados de um fenômeno.

Eles comprovaram a existência de uma grande coluna de água, que é transportada pelo ar, da Amazônia ao centro-sul do conti-nente. “Um rio maior que o Amazonas”, com-para Nobre, PhD em Ciências Naturais, pela Universidade de New Hampshire (EUA), e hoje pesquisador no Inpe.

[...]

Os rios voadores, como metaforicamente foram chamados pelos pesquisadores, nascem perto da linha do Equador, ao norte do Pará. O sol evapora água do Oceano Atlântico, e a transporta para dentro do continente, graças à ação dos alísios, um vento especial que carrega umidade e provoca chuva por onde passa.

Quando percorre a região da Amazônia, essa coluna de ar úmido ganha um poderoso e decisivo aliado. Ela se junta à umidade emi-tida pela “transpiração” das árvores amazôni-cas. O destino desse rio voador seria o Oceano Pacífico, não fosse um outro ponto determi-nante no percurso, a Cordilheira dos Andes.

Ao encontrar os Andes, o rio voador faz

uma curva e ganha velocidade, rumo ao cen-

tro do continente. Leva chuva ao Centro-

-Oeste, Sudeste, e partes do Sul e Nordeste

brasileiros, antes de perder força. Sem esse rio

voador, a realidade seria diferente.

“Do outro lado dos Andes é o Atacama, o

deserto mais seco do mundo. Na África é o

Namíbia-Kalahari, na Austrália é o deserto da

Austrália. E São Paulo, essa região do Centro-

-Oeste pra baixo, é uma região que seria, geo-

graficamente, um deserto. Esse era nosso des-

tino geográfico, não fossem os rios voadores e

a floresta”, explicou Nobre

[...]

“Se você pensar que a Amazônia já teve de

600 a 700 bilhões de árvores e hoje tem 400

bilhões, é de se preocupar. Se continuarmos

nesse ritmo, o rio voador vai morrer. Eu com-

paro a floresta com uma bomba hidráulica.

Se eu chego com uma marreta e arrebento a

bomba, acabo com a irrigação da minha agri-

cultura. Destruir floresta, destruir árvore, é

quebrar a bomba que está irrigando o Brasil”,

disse Nobre.

“Temos que cuidar, proteger os manan-

ciais, proteger a floresta. Se você não pode

deixar a floresta intocada, pelo menos pode

usá-la sustentavelmente. A água doce, a água

para beber está começando a ficar escassa”,

complementou Marengo.

CARDOSO, Lucas; ROSA, André. No Dia Mundial da Água especialistas do Inpe alertam para a preservação de árvores. Disponível em: <https://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2019/03/22/no-dia-mundial-da-agua-especialistas-do-inpe-alertam-para-a-preservacao-de-arvores.ghtml>. Acesso em: 10 ago. 2019. ©TV Vanguarda

1

Capítulo 10 – página 29

Causas prováveis da semiaridez do Sertão

O relevo do Sertão seria uma das causas da escassez de água. As encostas do Planalto da Borborema, voltadas para o litoral, funcionam como uma barreira para os ventos quentes e úmidos vindos do Oceano Atlântico.

Ao encontrarem tal obstáculo, esses ventos se elevam e se esfriam. A umi-dade que eles carregam se condensa e provoca chuvas orográficas ou de relevo. Assim, contribuem para a pluviosidade no litoral, porém chegam quase secos ao interior da região, aumentando o período sem chuvas.

Fonte: ROSS, Jurandyr L. S. (Org.). Geografia do Brasil. 5. ed. São Paulo: EDUSP, 2008. p. 55.

Entretanto, esse planalto apresenta descontinuidade, e suas altitudes não são muito elevadas. Dessa forma, outros fatores respondem pelas possíveis ex-plicações para a semiaridez no Sertão, como o El Niño.

Há anos em que o Nordeste sofre a influência do El Niño, fenômeno climá-tico que provoca um aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico, na área equatorial, a oeste da América do Sul. Ao promover maior aquecimento da atmosfera local, assim como maior evaporação, esse fenômeno causa altera-ções na circulação dos ventos e das massas de ar em escala planetária, resultan-do na intensificação da seca no Nordeste.

Outro fator que influencia as condições climáticas do Sertão é a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), um sistema atmosférico que atua especial-mente na zona equatorial. A atuação da ZCIT também depende da temperatura das águas oceânicas: se o Atlântico Sul estiver mais frio, as chuvas que acompa-nham esse sistema precipitarão antes de chegar ao interior do Nordeste, resul-tando em agravamento da seca na região.

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