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Noções de versificação
Verso – cada linha de um poema, apresentando um determinado padrão rítmico e melódico.
Verso metrificado ou medido – tem a extensão determinada pelo número de sílabas.
Verso livre – não se submete ao padrão de contagem de sílabas poéticas.
Estrofe – cada conjunto de versos, com unidade de sentido e/ou de ritmo, em que se divide o poema.
Rima – repetição ou semelhança de sons (vogais ou consoantes), geralmente a partir da última tônica das palavras (milagre-vinagre). Pode ocorrer no final ou no interior (rima interna) do verso.
Verso branco ou solto – não possui rima.
► Regras básicas de versificação e de escansão
Versificação ou metrificação (ou ainda, métrica) – conjunto de normas que regula a construção do verso medido. Nas línguas românicas e, portanto, em português, a metrificação se faz pela contagem das sílabas.
Escansão (verbo: escandir) – técnica de decompor o verso, verificando sua composição silábica (sua métrica).
Observaçõesa) Contam-se as sílabas até a última tônica. Assim, se o verso termina por
palavra paroxítona ou proparoxítona, sobram, respectivamente, uma ou duas sílabas finais, que não entram na contagem.
b) Considera-se sempre a pronúncia, nunca a grafia das sílabas. Assim, a vogal de uma palavra pode unir-se à vogal inicial da palavra seguinte, em uma única sílaba, como normalmente ocorre em nossa pronúncia.
De acordo com o número de sílabas métricas (poéticas), os versos são chamados de:
• monossílabos – versos de uma sílaba;• dissílabos – versos de duas sílabas;• trissílabos – versos de três sílabas;• tetrassílabos – versos de quatro sílabas;• pentassílabos ou redondilha menor – versos de cinco sílabas;• hexassílabos – versos de seis sílabas;• heptassílabos ou redondilhas maiores – versos de sete sílabas;
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• octossílabos – versos de oito sílabas;• eneassílabos – versos de nove sílabas;• decassílabos ou heróicos – versos de dez sílabas;• hendecassílabos – versos de onze sílabas;• dodecassílabos ou alexandrinos – versos de doze sílabas;• bárbaros – versos com mais de doze sílabas.
Quanto à estrofe ou estância, de acordo com o número de versos, teremos:
• monóstico – estrofe de um verso;• dístico – estrofe com dois versos;• terceto – estrofe de três versos;• quadra ou quarteto – estrofe de quatro versos;• quintilha – estrofe de cinco versos;• sextilha – estrofe de seis versos;• sétima – estrofe com sete versos;• oitava – estrofe de oito versos;• nona – estrofe de nove versos;• décima – estrofe de dez versos.
Poemas de forma fixa
Há poemas que só apresentam forma fixa, isto é, obedecem a regras quanto ao número de estrofes e de versos e quanto à disposição das rimas. Dentre eles, temos:
• Balada – composto por três oitavas ou três décimas, que têm as mesmas rimas, seguidas de quadra ou quintilha.
• Haicai – poema de origem japonesa, composto por três versos, sendo o primeiro e o último pentassílabos e o segundo heptassílabo. Originalmente não possuía rimas; no Brasil, vem sendo retomado de maneira rimada.
• Rondó – formado por três estrofes: uma quintilha, um terceto e uma quintilha, com estribilho (refrão) constante.
• Sextina – composição de seis sextilhas e um terceto, apresenta versos decassílabos.
• Soneto – poema composto por catorze versos, sendo dois quartetos e dois tercetos. Apresenta geralmente versos decassílabos ou alexandrinos.
• Vilancete – composto por um terceto e duas oitavas.
RIMAS – semelhança de sons entre palavras que se localizam no fim ou no meio de versos diferentes.
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→ Há também versos sem rimas, chamados versos brancos ou soltos.
Quanto à qualidade, as rimas podem ser classificadas em:
1. Pobres – rimas formadas com palavras de mesma classe gramatical.
“Não acabava, quando uma figuraSe nos mostra no ar, robusta e válida,De disforme e grandíssima estatura;O rosto carregado, a barba esquálida.”
(Luís de Camões)
A rima pobre utiliza palavras abundantes e comumente empregadas na língua.
2. Ricas – rimas formadas com palavras de classes gramaticais diferentes.“Alma minha gentil, que te partiste tão cedo desta vida descontente, repousa lá no céu eternamente, e viva eu cá na terra sempre triste.”
(Luís de Camões)
• partiste/triste: verbo e adjetivo;•descontente/eternamente: adjetivo e advérbio.
3. Raras – formadas entre palavras para as quais há poucas palavras possíveis.“Para que não ter por ti desprezo? Por que não perdê-lo?...Ah, deixa que te ignore... O teu silêncio é um leque – Um leque fechado, um leque aberto seria tão belo, tão belo, Mas mais belo é não o abrir, para que a Hora não peque...”
(Fernando Pessoa)
4. Preciosas – rimas obtidas de forma artificial, construídas com palavras combinadas. “Brilha uma voz na noute...De dentro de Fora ouvi-a...Ó Universo, eu sou-te...Oh, o horror da alegriaDeste pavor, do archoteDe apagar que me guia!
(Fernando Pessoa)
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Quanto à disposição, as rimas podem classificar-se em:
1. Encadeadas – rimas no fim de verso com o interior do seguinte.“Quando a alta noite n’amplidão flutuaPálida a lua com fatal palor,Não sabes, virgem, que eu por ti suspiroE que deliro a suspirar de amor.”
(Castro Alves)
2. Cruzadas ou alternadas – rimas que se apresentam em versos alternados.“Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigadaE triste, e triste e fatigado eu vinha.Tinhas a alma de sonhos povoada, E a alma de sonhos povoada eu tinha...
(Olavo Bilac)
3. Intercaladas, interpoladas ou opostas – rimam os versos extremos de uma estrofe.“Disse um dia Jeová‘Vai Colombo, abre a cortinaDa minha eterna oficina...Tira a América de lá!’”
(Castro Alves)
4. Emparelhadas – formam-se de duas em duas, ou seja, rimam-se os versos que se sucedem.“- Dize, Juca Mulato, o mal que te tortura.- Roque, eu mesmo não sei se este meu mal tem cura.- Sei rezas com que venço qualquer mal olhado,breves para deixar o corpo fechado.”
(Menotti Del Picchia)
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