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02 a 05 setembro 2013
Faculdade de Letras UFRJRio de Janeiro - Brasil
EIXO TEMÁTICO - Identidades, culturas, imaginários e territorialidade
A Construção da Identidade no Pós-Modernismo Amanda Laís Jacobsen de Oliveira; Juliana Prestes de Oliveir
A arquitetônica dialógica de Marisa Monte: uma análise discursiva do estilo interauto-ral composicional de suas canções Bruna de Souza Silva
INDÍCE DE TRABALHOS(em ordem alfabética)
(Des)caminhos do sertão: Memória e identidade na obra Essa Terra de Antônio Torres-Graciethe da Silva de Souza Luciene Conceição dos Santos
Página 07
A produção de texto escrito por estudantes do 5º ano na escola do campo: em busca das marcas identitárias no agreste pernambucano Ana Márcia da Silva, Maria Sirleidy de Lima Cordeiro e Risoglacy Batista dos Santos
A tradição discursiva no imaginário do manuscrito culinário Erika Vanessa dos Santos Brito; Maria do Socorro da Silva Medeiros; Nilma Barros Silva
Antônio Vieira e Lopes Bogéa: um olhar sobre os pregões de São Luís Katiellen Andrade de Sousa; Lívia Fernanda Diniz Gomes; Sonia Regina de Abreu Moreira
Página 14
Página 16
Página 20
Página 12
A Carta de Caminha e a Formação da Alma Brasileira Fátima Bittar Oliveira e Souza Página 11
Página 06
Página 09A Bíblia enquanto literatura Gracielle Custódio Apolinário
Página 13A oposição de faces do Sonho Americano na década de 1920 em The GreatGatsby Gabriel Jesus de Oliveira Gaia
Página 18
Alteridade, cultura e consciência social: questões abordadas em A hora da estrela, de Clarice Lispector Janaína Santos
3
Aquilo que sufoca: cosmopolitismo e diáspora em “The ThingAroundYourNeck” ,de ChimamandaNgoziAdichie Ana Paula Raposo
As relações de gênero: representações femininas em letras de música Allan Phillip Conceição de Oliveira
As ficções de Piglia e Santiago no enredo pós-moderno JocianeMaurina Salomão;Thiana Nunes Cella
Da “Área Branca”: profusões metalinguísticas em FiamaHasse Pais Brandão da Gama Campos José Antônio Rodrigues Júnior
Folheto de Cordel: Movências e Travessias Caroline Sandrise dos Santos Maia;Fabianne Ramos de Souza; Wanderson Diego Gomes Ferreira
As relações Brasil e Áustria no Correio Braziliense (1808-1822) Rafaella Pedreira Galdino
Dramaturgias contemporâneas e a re-invenção do mito de Medéia a partir da cidade Davidson Maurity Lima Araújo
Helena: O incesto à luz dos pensamentos de Freud e Lévi-Strauss Lívia Fernanda Diniz Gomes; Melissa Sales Figueiredo
História e ficção em Historia secreta de Costaguana, de Juan Gabriel Vásquez Diogo de HollandaCavalcanti
Página 22
Página 30
Página 34
Página 21
Página 26
Página 25
Página 32
Página 31
Página 37
Página 38
Página 35
Página 27Aspectos existencialistas em Fernando Pessoa Gustavo Ewerson da Rocha Balbino;Bruno Ribeiro de Jesus
Página 33
Estudo das representações do mito fáustico em Grande Sertão: Veredas - espaço e lugar Raisa Damascena Rafael
Página 24As narrativas de fogo morto (1943): Uma busca da identidade por meio das memórias Carla Sousa Ferreira
Dalcídio Jurandir e Alina Paim: Diálogos entre literatura e militância e a perspec-tiva feminina Luciana Moraes dos Santos
Fukaha: humor na literatura infantil libanesa Tainise de Souza Soares de Oliveira
4
Memória e identidade: “um rio chamado tempo, uma casa chamada terra”, de Mia Couto. Andreza Flexa
Linguagem como identidade: uma condição para o sucesso escolar Bianca Alves Malvaccini
O desenvolvimento contemporâneo da produção literária africana de Língua portuguesa Clecio Marques dos Santos;Flávia Regina Neves da Silva; Mayara Crystina Rego da Silva
O “entre-lugar” do imaginário angolano na poesia de Gonçalo Tavares Deise Belizário Terto
O fantástico em A Metamorfose Ane Caroline Costa Braga;Vanderlici Silva dos Santos
Pistas do insolúvel: a desestrutura do romance policial em A varanda do frangipani Rafael da Silva Mendes; Aline de Almeida Rodrigues
O AMOR PELA MORTE NARRADA. O obituário no jornal e nas coletâneas: uma discussão sobre gênero textual e sociedade Willian Vieira
O feminino à margem: a evocação das minhas putas tristes Thays Lima e Silva
Recolhimento de Insumos na comunidade do Araçazal para construção de material didático no ensino interdisciplinar Ocineide Guimarães Ferreira;Alan Ricardo Dourado de Almeida
Página 42
Página 40
Página 47
Página 39
Página 47
Página 52
Página 45
Página 49
Página 53
Página 46
Página 51
Página 55
Página 43
Página 41Literatura de cordel: imaginário, oralidade e resistência Sabrina Augusta da Costa Arrais;AmandaYnaê Maia Furtado
Identidade cultural, africanidade e contemporaneidade: dificuldades do educador recém-formado na educação básica Leilane Alves Mendes dos Santos
O Blog como recurso na produção textual Eliene Arcanjo Marcelino
O rompimento de uma tradição: uma visão da literatura angolana a partir do período pós-guerra Mayara Crystina Rego da Silva; Clecio Marques dos Santos; Flavia Regina Neves da Silva;Dandara Sales de Lima
Narrativas orais e poesias de ribeirinhos afetados pela construção da Usina Hidrelétrica de Belo MonteLillian Silva Corrêa; Suelly Silva de Assis
5
Referências históricas lusitanas: os símbolos metafóricos que emergem da palavra pessoana Alceni Elias Langner; Saulo Gomes Thimóteo
Sophia e Sena: lutando com palavras, da poesia à correspondência Mariane Tavares Sousa
Um sertão subjetivo na poética de Adriano Eysen: construções do ‘eu’ e do ‘outro’ através de imagens de campo e cidade Marcelise Lima de Assis
Um estudo sobre saúde e doenças em obras literárias sobre a transamazônica Sílvia Lethíssia Dos Santos; Felipe Costa
Página 56
Página 57
Página 61
Página 59
Página 58
Página 62
Página 63
Territórios e hibridismos nas fronteiras da “Pequena África de Tia Cita” (1890-1930) Wallace Lopes Silva
Uma (des)leitura mítica : se questoè um uomo de primo Levi e Waiting for Godot, de Samuel Beckett Elvis Freire da Silva
Uma Análise Discursiva de O VulgarisadorGustavo Alves Bezerra
6
A experiência contemporânea, compreendida como pós-moderna, é marcada pela desestabilização
dos referenciais consagrados tanto no plano sociocultural quanto no cotidiano dos sujeitos que são
tensionados a reavaliar suas balizas identitárias. Neste contexto, ganha relevo o debate sobre as
fronteiras do mundo atual, em que o processo acelerado da globalização redefine os limites entre o
global e o local através da compressão espaço-temporal, num processo que Stuart Hall definiu como
glocalidade. No caso brasileiro, é possível verificar tal situação no intenso processo migratório, das
áreas rurais para os grandes centros urbanos, responsável pelo deslocamento de milhões de pessoas.
No plano literário das representações sobre o sertão nordestino, a temática da migração geralmente
está associada ao drama social dos retirantes, em que a miséria, a fome e a seca predominam no
enredo. Entretanto, a obra Essa Terra, de autoria do escritor baiano Antônio Torres, publicada em
1976, insere o debate psicológico sobre o (des) encontro campo-cidade vivenciado no sertão da Bahia.
Pretende-se com o presente trabalho, analisar o romance em questão, problematizando os pontos
relativos à memória e à identidade. A narrativa pauta-se no caminhar/deslocar-se, físico e psicológico,
do sertanejo que no desejo e na esperança de uma vida melhor buscam os centros urbanos. A cidade,
por seu turno, imaginado como lugar místico e mítico, não corresponde às expectativas do viajante.
Desse modo, o sonho e a realidade não dialogam entre si, fator que determina um desajuste no plano
psicológico do indivíduo. Ao chegar ao lugar desconhecido, há uma desconformidade com o novo
espaço, entram em choque os valores culturais e identitários. A obra representa a saga de milhões
de nordestinos, exilados da sua própria terra devido à seca, às condições climáticas que não lhes são
favoráveis, é a terra que os enxota. Geralmente são indivíduos que não veem função na educação ou
não têm oportunidade de participar dela, por isso são, em grande parte, analfabetos, conhecedores,
apenas, do seu próprio ofício que é o de manusear a terra. Frustrada a experiência urbana, a alternativa
que lhes resta é retornar para essa terra que o chama, o enlouquece, mas o ama. É nesse retorno que o
escritor centraliza a narrativa, mostrando os dramas psíquicos, as desconformidades e os desencantos
sofridos pela personagem que enfrentam (des) caminhos do Sertão.
Palavras-chave: Identidade. Memória. Sertão.
(DES) CAMINHOS DO SERTÃO: MEMÓRIA E IDENTIDADE NA OBRAESSA TERRA DE ANTÔNIO TORRES
Graciethe da Silva de Souza; Luciene Conceição dos Santos
6
7
Esta pesquisa é parte integrante do projeto denominado A interdiscursividade dos Tribalistas
(Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown e Marisa Monte) desenvolvido, por sua vez, como componente
complementar do projeto de pesquisa de Paula (2010), designado A intergenericidade da canção.
Estudo que se dedica prioritariamente à reflexão sobre o conceito de intergenericidade - composta
neste caso, por letra e melodia - como construção poética interautoral, por meio do tratamento da
construção arquitetônica da cantora - compositora Marisa Monte analisada de maneira específica em
relação ao diálogo constante com os cantores - compositores Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown. Os
materiais utilizados são bibliográficos; devido a serem constituídos, em principal, de oito canções de
Monte; bem como a pesquisa contextual de sua produção e criação de seu estilo único em consideração
a seu relacionamento artístico com Antunes e Brown, e, analisados em estudos no qual faz-se uso de
diversos textos teóricos. Não existe uma metodologia consolidada para se analisar, discursivamente,
o gênero canção (letra e música). Por isso, propõe-se aqui uma pesquisa de natureza qualitativa com
caráter interpretativista analítico-descritivo, composta por etapas de análise. Primeiro, será feita a
descrição do objeto, que vai do material que lhe serve de suporte físico à sua “aparência” geral, e inclui
um levantamento sumário dos elementos essenciais de suas esferas; depois, será realizada a análise
discursiva do corpus e ao final, chegar-se-á à interpretação propriamente dita. Todavia, a apresentação
do exame do objeto não necessariamente seguirá ou mostrará passo a passo o percurso e os resultados
dessa seqüência, pois terá como objetivo final o todo discursivo. A teoria que fundamenta este estudo
encontra-se no cerne do próprio objeto, que a solicita já em sua constituição: a filosofia dialógica da
linguagem do Círculo Bakhtin, Medvedev, Volochinov e, em especial, as concepções de diálogo, sujeito,
autoria, exotopia, cronotopia e gênero. Acredita-se que o empenho em refletir e descrever o gênero
canção a partir da produção intergenérica, interdiscursiva e intertextual; por base da arquitetônica e
composição de estilo de Marisa Monte com o intuito de alcançar, o mais profundamente possível, sua
abrangência, por meio da busca de diálogos que justifiquem a sua construção discursiva dialógica -
permite contribuir com os estudos dos gêneros e sua relação com a compreensão dos valores sociais
incutidos nos discursos, que compõem e, ao mesmo tempo, são compostos pelos sujeitos concretos ali
representados. Logo, pelas vozes cruzadas, em embate, nos discursos das canções que podem ilustrar,
como afirma Bakhtin (1992), de que maneira “um gênero pode contribuir para a formação de outros
A ARQUITETÔNICA DIALÓGICA DE MARISA MONTE: UMA ANÁLISE DISCURSIVA DO ESTILO INTERAUTORAL COMPOSICIONAL DE SUAS
Bruna de Souza Silva
8
gêneros” em constante diálogo. Por fim, justifica-se pela tentativa de compreensão do processo de
produção, circulação e recepção da contemporaneidade, tendo como norte específico à composição
da canção como discurso intergenérico, que transita em diversas esferas de atividades distintas e, em
especial, a cotidiana pela qual, Marisa Monte em diálogo, possivelmente reflete um ícone singular de
representação brasileira.
Palavras-chave: Marisa Monte; Circulo de Bakhtin; diálogo; gênero; discurso; canção.
9
Nesse artigo confrontaremos a Bíblia com o conceito de clássico abordado por Ítalo Calvino em “Por
que ler os clássicos”. O objetivo é ler o texto bíblico enquanto literatura e demonstrar o diálogo entre
os campos de conhecimento.
A obra de Calvino apresenta critérios como universalidade, atemporalidade, releituras, formação
intelectual, menção ao livro de origem, reutilização de temas, narração da história de um povo e
tratamento dos dramas da vida humana, dentre outros conceitos que possam estar presentes nos textos
considerados clássicos. Identificamos no texto bíblico tais critérios, por isso o consideramos uma
matriz de conhecimento que influenciou a literatura e a mente humana ocidental ao narrar a história
do povo judaico-cristão, ao inserir no fluxo histórico um personagem chamado Deus que influencia a
mente ocidental desde há muito tempo até os dias de hoje e por comportar o conceito de universalidade
que faz com que o texto conviva em mundos paralelos ao tratar de situações verossimilhantes a dos
seres humanos de qualquer época.
A leitura literária da Bíblia se propõe a desvendar e interpretar a complexidade da alma humana e
não propagar as ideias de nenhuma instituição ou religião que vive sobre dogmas diferenciados. A
literatura, portanto se propõe a estudar o papel da narrativa bíblica sem estar sob o domínio religioso,
mas constatando a riqueza literária presente na Bíblia que se encontra a disposição de todos que estão
dispostos a lê-la independente da religião.
Sendo assim, a Bíblia pode se inserir na perspectiva literária, pois é formada por conteúdos
característicos de variados gêneros, como: narrativa romanesca, poesia, orações, sermões, ensaios
filosóficos, oráculos, poemas, cantos de amor, cartas, fragmentos de epopeias, dentre outros. Pode ser
classificada como um clássico por carregar em si características literárias que influenciou direta ou
indiretamente em outras obras.
Podemos então ratificar nosso estudo ao nos debruçarmos sobre a recorrência de diálogos que vários
autores em diferentes épocas estabeleceram com o texto bíblico. Sobre esse diálogo podemos citar
muitos autores conhecidos. Na literatura brasileira Machado de Assis como um dessacralizador da fé
religiosa que se apropriou da tradição judaico-cristã em “Esaú e Jacó”; João Guimarães Rosa com os
contos“Desenredo” e “Esses Lopes” que manifestam releituras do texto bíblico; na literatura estrangeira
José Saramago com “O Evangelho segundo Jesus Cristo”, no qual, o autor desmistifica Cristo e o Diabo
A BÍBLIA ENQUANTO LITERATURA
Gracielle Custódio Apolinário
10
é o grande herói. O que importa ao perceber a recorrência da influência do texto bíblico nos diversos
gêneros literários, não é analisar se os autores concordam ou não com a visão de religião oficial, mas
sim demonstrar que diversos autores, de diversas épocas e lugares, bebem em uma fonte comum, a
Bíblia, uma matriz que gerou ramificações dos textos sagrados na literatura.
11
O presente trabalho tem por objetivo estudar a formação da alma brasileira sob a perspectiva do
analista junguiano, Roberto Gambini. O texto base para tal trabalho é a Carta de Pero Vaz de Caminha,
visto que relata o primeiro contato entre dois povos de culturas distintas fazendo surgir através da
vinculação uma nova cultura. A literatura como espaço não só de encenação da história do Brasil, mas
também como pensadora e investigadora da identidade nacional.
Este trabalho está inserido no Projeto Literatura e Sagradoda Faculdade de Letras da Universidade
Federal de Juiz de Fora, Minas Gerais. Tal projeto, sob à luz da Psicologia de Jung, utiliza conceitos
produtivos para o estudo do diálogo entre o literário e o sagrado
Através do primeiro documento sobre o Brasil, escrito por colonizadores, de que se tem notícia, A
Carta de Caminha enviada à D. Manuel I, pelo escrivão da frota de Cabral, discutiremos aspectos
da formação da “alma brasileira” (Gambini, 2000). Formação no sentido de cooptação de toda uma
civilização já instalada e altamente adaptada aqui, levando a um processo brutal e eliminatório de
sobreposição de uma cultura sobre a outra.
O trabalho está dividido em três etapas, sendo elas: a perspectiva dos viajantes lusitanos no primeiro
contato com os povos nativos; a impressão dos nativos ao verem as naus chegando a seus mares
(a ser intuída para além da Carta de Caminha)e finalmente as projeções nascidas entre estes dois
olhares,emergindo assim a alma brasileira. Para Gambini, em seu livro Espelho Índio (2000),
esse encontro realizou-se para os conquistadores, além do Mito do Paraíso Perdido, outro mito de
importância singular : o mito de Eva, projeção fálica do povo português ao ver aquelas mulheres
gozando de tão boa saúde e tão originalmente despreocupadas com a nudez.
A índia, mãe do brasileiro, foi estuprada e renegada, nem mesmo sua língua podia os seus filhos
ensinar. A autoridade disfarçada de bravura, a tirania apavorando a todos, a ausência, descrevem as
características do português, pai do brasileiro, que nas palavras de Darcy Ribeiro é um João-Ninguém,
sem pai nem mãe.
Eis um drama arquetípico e que já se delineia no primeiro documento escrito sobre o Brasil, A Carta
de Caminha.
A CARTA DE CAMINHA E A FORMAÇÃO DA ALMA BRASILEIRA
Fátima Bittar Oliveira e Souza
12
É visível que, ao longo dos anos, a sociedade em que estamos inseridos vem se modificando. Essas
transformações ocorrem de tal modo que o sujeito é diariamente bombardeado com inúmeros
discursos, ideologias, ideais, informações que são constantemente despejadas no, e pelo mundo
globalizado. Destarte, o sujeito sente dificuldade em constituir a sua individualidade, para buscar a sua
própria identidade. Somos tantos e operamos tantas coisas ao mesmo tempo, que se torna cada vez mais
difícil definir quem somos. Assim, nos vemos diante da problematização da construção da identidade
pela estética do Pós-Modernismo. Diante de tal investigação, optou-se pela análise comparada de dois
romances que foram escritos na década de oitenta, sob o viés da estética mencionada, por possuir
características Pós-Modernas. O ano da morte de Ricardo Reis, de José Saramago, publicado em 1984,
pode trazer à tona a construção do sujeito de Ricardo Reis. Tornando-se extremamente interessante
justamente pelo fato de formar o sujeito Ricardo, como sendo real, ao tempo em que sabemos que esse
se trata de um dos principais heterônimos do poeta Fernando Pessoa. Essa constituição é formada
ao passo em que o discurso é manipulado. A sua comparação com Vida e época de Michael K., de
J. M. Coetzee, publicado em 1983, enriquece o trabalho e a interpretação das duas obras. Visto que,
a última também trata da constituição do sujeito. No entanto, essa se dá de forma diferenciada, pois
Michael está inserido em uma sociedade totalmente diferente, o ele, não tem vez e nem voz. A partir
disso, percebemos como o Pós-Modernismo deseja evidenciar a presença de um sujeito fragmentado,
que ainda procura formar a sua identidade. A partir da análise comparada, é possível aproximar
duas realidades e dois sujeitos opostos, observando como as semelhanças e as diferenças dos dois
romances possibilitam um aprofundamento no entendimento do tema. Compreendendo um estudo
mais profundo do discurso como elemento fundamental na construção do sujeito.
A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NO PÓS-MODERNISMO
Amanda Laís Jacobsen de Oliveira; Juliana Prestes de Oliveira
13
O romance The GreatGatsby (1925), de Francis Scott Fitzgerald, aborda a questão do Sonho Americano
e mobilidade social. As duas premissas foram enraizadas no coração da sociedade norte-americana
com a chegada dos primeiros imigrantes que se estabeleceram na América no século 18, vindos de
uma conturbada Inglaterra. Em solo americano, finalmente, uma maior liberdade de crença, culto e
a possibilidade de melhorar de vida se tornou viável. O romance tem como personagem principal Jay
Gatsby, um jovem e solitário milionário cujo passado é desconhecido.Gatsby tem o costume oferecer
luxuosas festas em sua esperança de que seu antigo amor, Daisy, compareça e reate seu antigo romance.
Seu apego às coisas materiais o blindava de relações verdadeiras, trazendo pessoas desconhecidas, que
não faziam questão de conhecer o anfitrião de tais cerimônias. Toda riqueza de fato, trazia uma ilusão
à vida de Gatsby, que cada vez mais se fechava em seu próprio mundo imaginário. Nesse sentido, o
objetivo de minha apresentação é investigar de que modo a ideologia do Sonho Americano contribui
de modo positivo ou negativo para a formação do cidadão americano, e, em especial, do personagem
Jay Gatsby no romance em análise. Quais são as possíveis implicações da busca pela concretização
do Sonho Americano e da subsequente mobilidade social? Será que esse sonho é realmente vivido ou
a vida do indivíduo se torna uma tragédia? Parto do principio de que a face dual que o conjunto de
ideias que o Sonho Americano possui cega, torna superficial e destrói o ser, principalmente em suas
relações humanas.O ser humano passa a amar as coisas e usar as pessoas como artifício para se viver
o tal “Sonho Americano”.Nesse panorama é também de grande importância buscar entender como
Fitzgerald se situava no contexto da época e como isso o ajudou a desenvolver o romance.Para entender
a personagem Gatsby é válido também compreender como Fitzgerald se situava no contexto da época
do Jazz e como o mesmo elaborou a estrutura do romance, trazendo-nos exemplos de marginalização,
abusos e desesperanças. Desesperanças essas que correm aos olhos do próprio autor da obra, sugerindo
que o romance seja uma possível narrativa autobiográfica de si mesmo.
A OPOSIÇÃO DE FACES DO SONHO AMERICANO NA DÉCADA DE 1920 EM THE GREATGATSBY
Gabriel Jesus de Oliveira Gaia
14
O presente estudo foi desenvolvido entre setembro a novembro de 2011. O interesse em estudar a
realidade campesina surgiu a partir dos relatos das/dos professoras/res da escola rural que também
são graduandas/os da UFPE campus agreste também localizada na zona rural para atender aos alunos
que moram no interior do estado. O estudo teve por objetivo perceber como se dá o processo de
produção textual escrito em uma escola do campo no interior de Pernambuco, respeitando a cultura,
a identidade, e o contexto histórico-social dos sujeitos do campo. Ao escrever o aluno está agindo,
argumentando, expondo pontos de vistas, sentimentos, enfim, está numa constante interação dialógica,
social e cultural.
De acordo com Marcuschi (2005) “a mente não se desliga do corpo e está situada em contextos físicos,
sociais e históricos, carregado de cultura e vivências”. A produção textual escrita de um sujeito é um
processo organizacional de concepções e expressões individual e cultural que expõe as características
próprias da identidade.Acredita-se que a escola deve respeitar os fatores sociais dos alunos
campesinosporém, garantindo eles tenha também acesso a norma padrão da língua portuguesa. A
partir desta compreensão, temos como questão/problema: como é tratada as condições de produção
textual dos estudantesno 5º ano do ensino fundamental? E de que forma estes estudantes/autores
interagem na produção textual com sua realidade do campo?
Quanto à metodologia o trabalho desenvolve-se numa perspectiva qualitativa que segundo Patton
(1986) é a descrição detalhada de situações e de interações entre as pessoas,análise de material utilizado
pelo professor e o material produzido pelos(falta aumentar)
Os textos produzidos pelos discentes, parece demonstrar de forma tímida características de suas
vivências campesinas como alguns léxicos que retomam a identidade e o território do campo, a exemplo
de expressões como “gravetos, frutas, verduras” bastante encontradas em seus texto;bem como detecta
GRANDE INCIDÊNCIA do uso de uma linguagem artificial, condizente com modelos e estereótipos
de livros didáticos, tais como “Era uma vez”, “Certo dia”.Mediante estes exemplos evidencia-se uma
rotulação para início de redações uma imitação das histórias fictícias em que o aluno está escrevendo
para atender ao ritual escolar, usando uma estratégia linguística muito formal para agradar quem vai
A PRODUÇÃO DE TEXTO ESCRITO POR ESTUDANTES DO 5º ANO NA ESCOLA DO CAMPO: EM BUSCA DAS MARCAS IDENTITÁRIAS
NO AGRESTE PERNAMBUCANO
Amanda Laís Jacobsen de Oliveira; Juliana Prestes de Oliveira
15
corrigir (o professor). Góes e Smolka (1992) se referem quando explicitam que:
O propósito é o exercício; o destinatário é o professor, que vai corrigir e avaliar segundo certos critérios;
a consequência é a informação sobre a qualidade do desempenho na tarefa. Empobrece-se a noção de
interação e estreitam-se as possibilidades de destinação e repercussão do que foi escrito. (p. 63).
Estas produções artificiais distanciam os alunos da concepção de que “a mente não se desliga do corpo
e está situada em contextos físicos, sociais e históricos, carregado de cultura e vivências” MARCUSCHI
(2005).
PALAVRAS CHAVES: Escola do campo, Cultura e Identidade.
16
Os manuscritos traduzem as linguagens e as tradições do “local”, no qual ele está inserido. Ao
analisarmos o caderno nos deparamos com um auto-retrato das tradições familiares, que emolduram
as famílias de uma região. Os manuscritos culinários são geralmente considerados como um objeto de
pouco valor, não passando de um objeto do cotidiano de donas de casas, enfadas por vivenciarem um
estilo de vida monótono e sem grandes méritos. Ao debruçarmos sobre os cadernos de receitas, nos
deparamos com um universo à parte, no qual esses “seres menores” deixam registrado o seu legado.
Encontramos um mundo imaginário, onde ingredientes se misturam em uma dança de sabores. Ao
analisarmos um manuscrito culinário podemos desvendar a história da família da qual ele provem, com
uma riqueza de detalhes que mexem com os sentidos e que despertam as mais remotas lembranças. A
partir do recolhimento e estudo minucioso dos cadernos, pode-se construir uma cartografia do espaço
e é isto que encontramos nos manuscritos culinários da região do Brejo paraibano. Deparamo-nos
com cadernos recheado de traços socioculturais e históricos, de um Nordeste esquecido. Marcado
por engenhos e suas senzalas. As receitas permitem estabelecer uma margem parcial da quantidade de
pessoas que compõe as famílias que nos cedem os cadernos para a pesquisa, assim como e o período
histórico no qual elas estão inseridas e os aspectos econômicos da região. As receitas descrevem a
relação da civilização com a natureza. Ao ser analisado o caderno de receita nota-se que estado na
época da globalização e de uma sociedade. A cozinha permite codificar, em um repertório estabelecido
e reconhecido as práticas e as técnicas elaboradas em determinada sociedade (Dmontanari, 2008:62).
Outro ponto de suma importância e a tradição discursiva. Os signos linguísticos que compõem o
espaço das cozinhas permeiam o imaginário de quem o compõem. de uma região onde as receitas
que contém o ingrediente açúcar como seu carro chefe. Tal gênero alimentício é fortemente marcado
nas receitas, devido ser fácil acesso. Outro fator importante dos manuscritos é que estes demonstram
a intimidade das casas e de suas articulações com a memória. A pesquisa tem como corpus a analise
de trinta cadernos de receitas do século XX e da primeira década do século XXI da região do Brejo do
estado da Paraíba, atualmente encontra-se analisado dez cadernos. Um dos aspectos é o levantamento,
seleção e fichamento de textos teóricos. A coleta do corpus – manuscritos de receitas culinárias – é
realizada em número de dez nos acervos particulares, observando os seguintes critérios: mesorregião,
cronograma, autoria e idade, assim como a elaboração de um catalogam atualizadas com os textos
A TRADIÇÃO DISCURSIVA NO IMAGINÁRIO DO MANUSCRITO CULINÁRIO
Erika Vanessa dos Santos Brito; Maria do Socorro da Silva Medeiros; Nilma Barros Silva
17
identificados na pesquisa em Compact Disc (CD). Os manuscritos serão digitalizados e arquivos
em página no ciberespaço, para disposição de pesquisadores. Após a descrição das receitas e suas
funções será feita a análise e, posteriormente e sistematização dos resultados para a organização de
um catálogo.
18
O presente trabalho pretende levar à reflexão sobre identidade e alteridade, abordando as questões
de consciência social que a obra A hora da estrela, de Clarice Lispector apresenta em sua construção.
Será vista a questão da identidade do eu, tomando como ponto de partida as imagens estéticas dos
personagens bem como o sentido de cada um no mundo desta obra literária, seus valores como
pessoas visual e socialmente excluídas da sociedade. A modernidade e alteridade tornam-se relações
complexas e intensas, que levam à dependência ou clausura final. São abordados, criticamente, aspectos
da sociedade modernista, acentuando as questões de valores e hierarquias sociais pela introspecção de
Clarice Lispector. O romance A hora da estrela é uma literatura contra a ordem dominante (literatura
modernista) que assume uma posição contra-cultural, possuindo ainda uma certa marca de
negativismo. A obra causa impacto na crítica nacional e internacional pelo seu caráter social. Introduz
o tema do Brasil e sua identidade no que tange a vida de muitos brasileiros espalhados pelo país que
se encontram na mesma situação de sua personagem principal, Macabéa. O tema do nordestino e a
presença dos rastros de um Brasil profundo fazem com que a obra seja referência no que diz respeito a
crítica social, sobre a questão de hierarquia, posição de classe e as lutas de classes.
Com o livro, a autora traz o pobre para o centro da literatura e levanta a reflexão sobre o caráter
existencial sociológico: o problema do outro, a questão das vidas menores, das pessoas anônimas da
cidade, o anti-herói, as pessoas cotidianas, a marginalização. Clarice dedica esse livro a essas pessoas
invisíveis para a sociedade. Toda a trama tem como cenário o Rio de Janeiro. Os elementos da alteridade,
sendo que esta parte do pressuposto básico de que todo homem social interage e interdepende de outro
homem social, estão presentes no romance como formas de reivindicação, denúncia e atenção ás causas
sociais dos miseráveis no mundo. A modernidade nos propõe experiência social, transformação de
valores e ao ler A hora da estrela nos confrontamos com a dura realidade de muitos que não são
favorecidos pela sorte, e isso nos remete à exclamações, indagações, reflexões sobre o real sentido de
existir. A experiência da alteridade é uma identificação com o ser oposto, com o qual reproduzimos
uma identidade. Resultados: uma identificação concisa de seus leitores menos favorecidos com sua
nordestina e uma reflexão de seus leitores cultos para as questões que permeiam sua própria sociedade
em seu caráter humanista. Clarice faz uso de um discurso regionalista e em A hora da estrela ela foge
do “hermetismo” característico de suas primeiras obras e alia sua linguagem à vertente regionalista da
ALTERIDADE, CULTURA E CONSCIÊNCIA SOCIAL: QUESTÕES ABORDADAS EM A HORA DA ESTRELA, DE CLARICE LISPECTOR
Janaína Santos
19
segunda geração do modernismo brasileiro.
Dentro desta perspectiva este trabalho pretende estimular o pensamento crítico sobre os aspectos
de identidade e alteridade, tendo em vista os deslocamentos geográficos e culturais, as questões de
gênero, bem como as questões de hierarquias e as relações de poder.
Palavras-chave: Modernidade. Consciência social. Alteridade. Clarice Lispector. Identidade.
20
A cultura popular brasileira, sobretudo a maranhense, é caracterizada pela diversidade – variedade
de cores, sons, ritmos, sabores e falares, apresentados em manifestações folclóricas. Ao lado dessas
manifestações culturais, embora bem menos conhecida, está a prática de compor pregões para
anunciar produtos no comércio, com o intuito de conquistar a freguesia. Ao som de rimas criativas
embaladas por músicas leves e despretensiosas, os pregoeiros movimentaram o comércio maranhense
do século XIX. Embora tenham contribuído para a formação da identidade cultural e econômica do
Estado, atualmente pouco se sabe acerca da origem e importância dos pregoeiros. Considerando esta
realidade, este estudo tem por objetivo registrar a história dos pregoeiros, bem como sua rotina de
produção e venda, por meio da análise dos seus pregões. O estudo, que tem como foco a relação língua
/ cultura, seguiu os princípios teórico-metodológicos da Etnolinguística. A amostra utilizada neste
trabalho é constituída por quinze pregões do corpus obtido a partir do registro feito por Bogéa e Vieira,
na década de 80, em São Luís. A análise se volta para a língua tentando apreender, a partir desta, a
realidade cultural de São Luís e o fazer dos pregoeiros. Os resultados evidenciam o uso marcante da
metalinguagem referente ao próprio ato de vender; de vocativos e linguagem informal, que contribuem
precipuamente para persuadir a clientela; da ocorrência de hipérbato, com o intuito de enfatizar o
produto apregoado, e de incisiva repetição da mercadoria apregoada a fim de dar ênfase ao produto
posto à venda, como observado nos pregões a seguir: “Quando o dia amanhece/Saio gritando o meu
pregão/Meu pregão é a minha prece/Prece, vida, meu irmão.”; “Seu José, seu Portela/Venham comer
pamonha/feita pela Nhá Ela.” e “É o derresó, é o derresó, minha gente, que estou vendendo”. As escolhas
lexicais feitas pelos pregoeiros dão ao conhecer informações sobre a preparação dos produtos e dos
utensílios utilizados em sua venda: “Minha irmã/Quem rala o coco/Mãe Zabé que rala o milho/Eu me
encarrego da lenha/A Francisca da cozinha/Mas, na hora do tempero/Quem tempera é a Dindinha”,
“Uma palha de Juçara/Ela sempre traz à mão/Grossa rodilha à cabeça/Pra firmar o panelão/Um prato
grande de estanho/Tapando a mercadoria/Xícara pequena com asa/Pra servir a freguesia.”. Como se
pode constatar, a análise da língua usada pelos pregoeiros – os arranjos linguísticos, a seleção lexical
– é fundamental para entender-se como o grupo social, foco deste estudo, lê / interpreta o universo
em que se insere.
ANTÔNIO VIEIRA E LOPES BOGÉA: UM OLHAR SOBRE OS PREGÕES DE SÃO LUÍS
Katiellen Andrade de Sousa; Lívia Fernanda Diniz Gomes; Sonia Regina de Abreu Moreira
21
Amparado ao conceito de Novas Diásporas de Gayak Spivak e ao conceito de Cosmopolitismo de
James Clifford, o trabalho discute o “sense of belonging” em The “Thing Around Your Neck”, da
autora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie.
Gayak Spivak afirma que os movimentos migratórios da atualidade põem em evidência e eventualmente
transformam conjuntos ideológicos, sociais e culturais que operam nas relações de gênero. Essa relação
com os mecanismos acima citados aparecem no texto de Adichie uma vez que, quando se muda da
Nigéria aos EUA, a personagem principal, Akunna, deve escolher entre sucumbir ao sistema para ser
bem sucedida como sua família espera ou seguir seus princípios - ou seja, o que forma a sua identidade
– e não superar estas expectativas. Sua família está convencida de que em pouco tempo, Akunna
terá um carro e uma casa grande, mas para que isso aconteça, ela deve desistir de muitas coisas para
ganhar outras, como explica o tio com quem ela mora nas primeiras semanas.
Na perspectiva cosmopolita de Clifford, a identidade não pode ser relacionada apenas a um determinado
local, mas também à experiência do sujeito, à deslocação e as ligações do indivíduo. Sob esse aspecto,
além de sentir-se sufocada neste novo espaço, após descobrir que seu pai morreu há mais de dois
meses Akunna opta por voltar à Nigéria.
É importante apontar que o texto é escrito em segunda pessoa. Este recurso aproxima ainda mais
o leitor, causando mais facilmente as sensações de Akunna para o leitor. O recurso também pode
ser interpretado como parte de um aviso ou um conselho sobre a situação real dos imigrantes na
“América”.
O texto apresenta uma experiência contemporânea da diáspora feminina, expondo os resultados da
diáspora em uma circunstância majoritariamente cosmopolita em que a personagem principal não
consegue se identificar com esse novo lugar, deixando que o sentimento de pertencimento do lugar de
origem fale mais alto.
AQUILO QUE SUFOCA: COSMOPOLITISMO E DIÁSPORA EM “THE THING AROUND YOUR NECK” DE CHIMAMANDA NGOZI ADICHIE
Ana Paula Raposo
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O pós-modernismo e a pós-modernidade são campos recentes e muito amplos, por isso são foco de
muitos debates e discussões, tanto no seu aspecto político, quanto econômico, cultural e artístico.
Desta forma, é um problema político e social, quando falamos da sociedade e do sistema econômico
atual, e um problema estético no que se refere às diversas formas de arte pós-modernas.
No que concerne à literatura, o que o pós-moderno faz é aceitar e interrogar: aceitar e debater as
diferenças, observar e dar voz à margem (ou ex-cêntrico), ver o fragmento como um todo e o todo
como um fragmento, ouvir e refletir sobre as vozes da história, desafiar aquilo que é aceito como
verdade. Enfim, refletir e questionar a realidade.
Dito isso, o presente trabalho faz uma leitura comparada sob a luz do pós-modernismo entre os
romances: Em Liberdade, do autor brasileiro Silviano Santiago, e Respiração Artificial, do argentino
Ricardo Piglia, ambos publicados na década de 80, apogeu da literatura pós-moderna. Cabe ressaltar
que a literatura comparada é uma estratégia de investigação literária que coteja duas ou mais literaturas
e que possibilita um amplo campo de estudos. Além disso, destaca-se que a comparação é sempre
um instrumento, um meio, e não um fim. Aqui, os estudos de literatura comparada são um meio de
efetuar os estudos sobre nosso objeto maior: a pós-modernidade.
O trabalho busca analisar as semelhanças e diferenças entre os dois textos citados e aceitos como
pós-modernos. Bem como, procura mostrar, por um viés literário, mais a respeito desse movimento
fragmentado, multifacetado e questionador, centrando-se, para tanto, na leitura cruzada dos dois
romances mencionados.
O trabalho aborda temas e recursos literários caros à chamada ficção pós-moderna. Assim, na análise
dos romances podemos constatar que questões sobre a realidade e a verdade, o conhecimento histórico,
a referência histórica e literária, a autorreflexividade, a narratividade, as ideologias, as relações políticas
e de poder, entre outras questões, são problematizadas. Tais características, na acepção da teórica
canadense Linda Hutcheon, levam à caracterização das obras como metaficções historiográficas, e as
insere, por conseguinte, no âmbito das produções literárias pós-modernas ou contemporâneas.
Por fim, cabe afirmar que o presente trabalho comprova a complexidade e a pluralidade acerca do
pós-modernismo e suas produções literárias. Motivo pelo qual há um leque enorme de definições e
concepções contraditórias a seu respeito. Desta forma, o pós-modernismo e suas respectivas produções
AS FICÇÕES DE PIGLIA E SANTIAGO NO ENREDO PÓS-MODERNO
JocianeMaurina Salomão;Thiana Nunes Cella
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mostraram ser um campo amplo, complexo, extremamente produtivo, e portanto, merecedores de
atenção e de estudos ainda mais elaborados.
24
Este estudo pretende investigar a encenação de histórias presentes em Fogo Morto (1943) e como a
literatura regional de José Lins do Rego universaliza conflitos que constituem a existência humana,
como a busca por uma identidade ou mesmo o remoer de memórias que constituem toda uma vida.
O contexto em que as histórias são tecidas não pode/deve ser desconsiderado, contudo, o diálogo
descrito aqui não se limita ao ciclo da cana-de-açúcar nem às cenas dos engenhos. A proposta consiste
em analisar as três partes do romance e seus respectivos personagens: Mestre José Amaro, Lula de
Holanda e Capitão Viturino. Três homens que, apesar de representarem posições sociais distintas,
comungam de desgraças semelhantes. A incessante busca pela identidade e as crises dos protagonistas
são apresentadas à luz dos estudos de Stuart Hall que fundamentam as discussões sobre o processo
de reconhecer-se e reconstruir-se na pós-modernidade, embora se tenha como objeto de pesquisa
uma obra do início do século XX, são formas de aproximar discursos e eleger a produção literária de
José Lins do Rego como atemporal, considerando a universalidade das tramas interiores e subjetivas.
A literatura, livre de qualquer pretensão e carregada de possibilidades, permite uma ressignificação
coletiva, a partir de leituras particulares. Pretende-se neste trabalho promover o dialogismo entre
leitores e obra, ao conceber esta literatura como um recurso libertador, capaz de envolver os leitores
nos cernes das questões, de modo a instigar o autoconhecimento e (re)pensar suas mazelas interiores. A
teoria da recepção encontra-se como pano de fundo para as abordagens entendendo a atividade artística
como uma atividade produtora, receptiva e comunicativa, defendida por Hans Robert Jauss. Indo de
encontro à tradição, Jauss busca compreender como funcionam as ressignificações na experiência
de fruição da obra de arte e acredita que esta não pode ser privilégio dos especialistas, limitando a
experiência estética a interpretações ou eventuais intenções do autor. Acredita-se, pois, que o estudo
sobre as condições que circundam a experiência da recepção literária transcende a hermenêutica.
AS NARRATIVAS DE FOGO MORTO (1943): UMA BUSCA DA IDENTIDADE POR MEIO DE MEMÓRIAS
Carla Sousa Ferreira
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Essa pesquisa tem como objetivo descobrir os motivos dessa relação. E no que essa relação contribuiu
para o desenvolvimento do nosso país. Dentro de um contexto histórico em que a Áustria atravessava
nessa época, descobriremos no que o Brasil pôde contribuir de forma direta para a Áustria.
Analisando documentos tais como: Correio Braziliense, que era o jornal que circulava na época do
Império, o livro de Ezequiel Stanley sobre a relação da Áustria e o Brasil, um artigo da prof..: Úrsula
Prutsch que estuda há um bom tempo sobre essa relação Áustria x Brasil em Viena. E o livro de
Friedrich Von Weech que é a respeito dessa imigração em massa para o nosso país. Fora outros livros
complementares que poderão ajudar no desencadeamento da pesquisa tal como o livro de Edward
Carr : “Que é história?”, como também teses de mestrado sempre voltados pra essa temática em estudo.
Ao longo das pesquisas teremos as expansões marítimas como uma base de apoio para entendermos
toda a relação precedente dos países em estudo.
Através do cotidiano, os alunos de Ciências Humanas estudam a história do Brasil de uma forma
fragmentada; ou seja, de um modo que alguns detalhes importantes que mudaram o rumo da nossa
história passaram despercebido. Sem contar que esse estudo facilitará não só estudantes de história,
mas também os mesmos em Letras/ Alemão, que terá oportunidade de conhecer como a Alemanha se
comportava frente à um país em expansão comercial e política como o Brasil Imperial.
Sou aluna de Letras/ Alemão na UFRJ.Também faço parte do LIEDH (Linguagens e Discursos
Históricos) que é um grupo de pesquisa aqui da Faculdade de Letras, meu projeto está no site: www.
liedh.ufrj.br, sem contar que toda a minha informação acadêmica está no Lattes: www.lattes.cnpq.br .
Também faço Iniciação Científica, sem bolsa,com o Prof. Dr. Luis Barros Montez sobre esse tema que
foi citado acima. Que por sinal é o organizador geral do LIEDH. Este grupo é destinado aos estudos de
relatos de viajantes europeus para o Brasil, o que é relevante para a minha pesquisa central.
Sempre meu interesse foi voltado para os estudos ligando o Brasil com a Europa , especificamente a
Alemanha.Comecei pesquisando sobre a Colonização alemã no estado do Rio de Janeiro em que o
meu objeto de estudo foi a Região Serrana que compreendia Teresópolis, Petrópolis e Nova Friburgo. O
trabalho foi apresentado num Congresso na Universidade Federal de Santa Catarina. O sucesso desse
trabalho foi eu refletir sob um ângulo maior em que consistia essa relação não só da Alemanha mas
também de austríacos já que a maioria dos colonos imigrantes foram austríacos. Foi por isso que resolvi
focar nessa temática para entender todo um contexto da imigração estrangeira no Brasil na época do
AS RELAÇÕES BRASIL E ÁUSTRIA NO CORREIO BRAZILIENSE (1808-1822)
Rafaella Pedreira Galdino
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Império. Esse estudo abrange vários ramos de outras pesquisas que podem ser feitas. E também no
acúmulo de cultura que o leitor se utilizará dentro do seu meio de trabalho (especialmente professores
de geografia e história) e também para outros profissionais ,como por exemplo turismólogos ,que
necessitam saber do passado do local e da história em um contexto mais ampliado.
E os motivos que levou-me a pesquisar esse tema é por ter muito a ver com a área da qual futuramente
exercerei que é no Turismo. E dentro desta área de letras em alemão, meu curso atual, pude aproveitar
conhecimentos que ajudaram-me a decidir por este tema. Além de um conhecimento geral , também
irá enriquecer meu conhecimento na língua lema haja vista que terão alguns documentos em alemão
de relatos de viajantes que terei que traduzir. E também irá tornar-me uma profissional com um
diferencial no mercado de trabalho, mesmo que eu venha dar aulas de alemão em colégios.
As contribuições teóricas que essa pesquisa traz são conhecimentos dos fatos por meio da literatura e
até da poesia. Os viajantes relatam sobre o Brasil, ora por meio de poemas ou em forma de diário. E esses
poemas eram sempre enaltecendo as paisagens que eles encontravam aqui no Brasil, especificamente
na Costa Brasileira. E quanto à literatura, sempre vemos uma escrita com tendências ao português
europeu mas sempre descrevendo de forma erudita os acontecimentos. Desde a vinda dos colonos
alemães até relatos de como foi a viagem de navio da Europa até o Brasil.
A cultura miscigenada que é a identidade do nosso país, é comprovada através dessa pesquisa. E
podemos encontrar essa relação estreita política e econômica dos países europeus com o Brasil,que
geralmente não são mencionados nos livros didáticos de história. Digamos que, seja um recorte da
história, no período do Império para entendermos profundamente o que se passava, refletido até hoje
no nosso país.
Um dos questionamentos que sempre a maioria das pessoas que vão para a Região Serrana por exemplo
é: “Por que aqui não parece o Rio de Janeiro? Aquela metrópole agitada?”.Tudo tem uma explicação.
E ainda: Porque D. Pedro II casou-se com Leopoldina que era austríaca, e porquê?. O Rio de Janeiro
sendo um dos estados que mais contribuem para o PIB do Brasil. E porque a maior parte provém da
Região serrana ?.
São questionamentos válidos para serem discutidos e analisados, pois a nossa sociedade deve e muito à
esses colonos que saíram de seu próprio país a fim de crescerem economicamente nas terras brasileiras.
E o professor, ou por exemplo, o turismólogo terá uma base suficiente para utilizar a história como um
objeto de esclarecimento para a sociedade.
A partir do livro de Edward Carr “Que é história?”,podemos perceber que a resposta de uma pesquisa
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nunca é definitiva. Mas sim um levantamento de futuras hipóteses para entendermos o presente. Logo,
a pesquisa tem diversas hipóteses a serem descobertas. E os resultados são favoráveis para entender
por exemplo porque somente a Alemanha e a Áustria foram países que estreitaram relações com o
Brasil, tendo um possível interesse em crescerem economicamente expandir a economia, haja vista
que o nosso país estava em ascensão no expansionismo Marítimo de imigrantes. Por isso essa pesquisa
sempre será relevante para o meio acadêmico e até para profissionais no mercado de trabalho.
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As relações simbólicas – os enunciados, propriamente ditos – perpassam todos os meios de interação
em sociedade. As formações discursivas (FOUCAULT, 2010) seguem essas relações que diversas vezes
trazem à superfície linguística preconceitos formados historicamente. A construção das identidades
de gênero, campo discursivo “pantanoso” e quase sempre polêmico, pode ser considerada cheia dessas
interações preconceituosas e desiguais. Em nosso trabalho, abordaremos os preconceitos endereçados
ao gênero feminino.
A mulher sempre foi mais vitimada dentro do jogo de identidades e imagens. Há, em torno da figura
feminina, toda uma construção ideológica (ORLANDI, 2012) que a define como “sexo frágil”, “inferior
ao homem”, “objeto sexual”, além de “cuidadora do lar”. Apesar das tentativas de modificação dessas
imagens historicamente construídas, a mulher ainda hoje sofre preconceitos. Através da análise de
algumas letras de música, poderemos perceber como essas representações preconceituosas ainda
fazem parte de nosso imaginário.
Por meio do arcabouço da Análise do Discurso (AD) de linha francesa, procuraremos expor quais
são os discursos que constroem a imagem da mulher na sociedade; que tipos de “jogos” de poder são
instituídos como sendo pertencentes a ela, além de abordamos os deslocamentos de sentido que sua
identidade sofreu nas últimas décadas.
Para alcançarmos o nosso propósito, trabalharemos com um corpus em que são analisadas letras de
música dos seguintes estilos musicais: samba/pagode, funk e rock – pois acreditamos serem os ritmos
mais populares atualmente. Procuraremos verificar seus pontos de semelhança e diferença, além dos
deslizamentos de sentido que elas trazem em relação aos discursos que perpassam o senso comum.
Como corpus auxiliar, abordaremos também sobre alguns projetos de lei, tais como o PL 19.203/2011,
da deputada estadual baiana Luiza Maia (PT), que proíbem o uso de dinheiro público em apresentações
de bandas que possuam em seu repertório músicas que desvalorizam ou constrangem as mulheres,
além da grande polêmica ocasionada pela publicação desse documento.
Tratando sobre esse tema, buscamos trazer alguma contribuição aos estudos sobre “identidades,
culturas, imaginários e territorialidade”, pois procuraremos explorar, através das manifestações
linguísticas – enunciados –, os sentidos que são construídos/desconstruídos sobre a representação
feminina dentro das relações de gênero em nossa sociedade.
AS RELAÇÕES DE GÊNERO: REPRESENTAÇÕES FEMININAS EM LETRAS DE MÚSICA
Allan Phillip Conceição de Oliveira
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A poesia portuguesa no período da modernidade tem Fernando Pessoa como expoente. A poesia
pessoana caracteriza-se por uma grave preocupação existencial. Dentro dessa temática, saltam aos olhos
alguns aspectos filosóficos: a subjetividade, a temporalidade, o niilismo (descrença absoluta), a finitude,
a contingência, a autenticidade, a solidão existencial, a escolha, o estar no mundo, o estar próximo da
morte e o fazer a si mesmo. Apontamos todos estes aspectos para o eixo temático IDENTIDADES,
CULTURAS, IMAGINÁRIOS E TERRITORIALIDADE na qual notamos a alteridade e a identidade
plural do poeta português que não apresentou um sistema filosófico, no entanto recorreu à filosofia
para enriquecer seu lirismo poético. Seguindo um enfoque existencialista, corrente de pensamento
da modernidade entre guerras, tentaremos apenas constatar traços filosóficos e jamais enquadrar o
poeta na corrente de pensamento da filosofia da existência que durante as décadas de 1930 e 1950
designou uma corrente literária surgida na Europa que obteve grande divulgação de Jean-Paul Sartre.
Adotaremos a metodologia seguinte: procederemos a uma crítica hermenêutica, com recorrências a
soluções ontológicas. Primeiramente, faremos uma explicação do processo de criação de heterônimos,
e logo depois, analisaremos as poesias do ortônimo (Fernando Pessoa, ele mesmo) e dos principais
heterônimos (Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos), baseando-se nos estudos de Linhares
Filho (1982). Por fim, faremos correlações com os pensamentos dos filósofos existencialistas oriundo
de estudos historiográficos de Giles (1975) e Giordani (1976). Em suma, em toda a obra pessoana,
são notáveis laivos de pensamentos dos filósofos existencialistas, como: Jean Paul-Sartre, Martin
Heidegger, Gabriel Marcel, Kierkegaard, Friedrich Nietsche.
ASPECTOS EXISTENCIALISTAS EM FERNANDO PESSOA
Gustavo Ewerson da Rocha Balbino;Bruno Ribeiro de Jesus
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Em todo percurso da obra de Fiama Hasse Pais Brandão (1938-2007) verifica-se o estabelecimento de
um diálogo intenso com o legado artístico, histórico e filosófico da tradição ocidental. Essa interlocução
em sua obra engendra uma produção poética excessiva sobre a arte em geral. Desde sua estréia com
Morfismos, na revista-movimento Poesia 61 (1961), até sua última obra Cenas vivas (2007), Fiama
procura pensar as questões da linguagem em sua caris artística, tanto na tradição cultural portuguesa,
quanto num macro contexto europeu. Em 1978, a autora publica Área Branca, livro de poemas que
discute as questões concernentes à produção de sua poética, bem como da portuguesa. Nesse sentido,
nosso trabalho tem por conta apresentar uma leitura metalinguística do poema 6 do livro Área
Branca, contido e re-editado na antologia poética Obra breve (1991), realizada pela autora. Para tanto,
investigamos as questões de natureza da poética em dois planos de abordagem: a poética da poeta e
a estética portuguesa sob olhar do poema de Fiama. Em Área Branca, nossa leitura contemplará a
descrição de alguns expedientes metalinguísticos, como quando Fiama discute as diferentes esferas
da arte, da língua e da linguagem. Dessarte, nosso trabalho se mostra pertinente aos influxos do
eixo temático: identidades, culturas, imaginários e territorialidade; uma vez que, a tradição artística
do imaginário fundante de nossa sociedade é ocidental. Com efeito, dada a riqueza de exploração
metalingüística pôde-se reconstruir um quadro panorâmico da poética contemporânea eivada das
vicissitudes e idiossincrasias da poeta. Portanto, com o ensejo de procurar refletir acerca da forma
pela qual Fiama Hasse Pais Brandão opera o signo poético, analisamos algumas dessas profusões
metalinguísticas acerca da cena das artes plásticas portuguesa, bem como da própria “po-ética” da
autora de Área Branca. Consequentemente, nosso trabalho discutirá a relação metalinguística do
poema “6” e seu discurso acerca das pinturas de Eduardo Nery e Guilherme Perante, assim como da
própria Fiama Hasse, sempre em consonância com a História da Arte e da Sociedade.
Palavras-chave: Fiama. Metalinguagem. Área Branca. Poesia. Artes Plásticas.
DA “ÁREA BRANCA”: PROFUSÕES METALINGUÍSTICAS EM FIAMA HASSE PAIS BRANDÃO
José Antônio Rodrigues Júnior
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Os romances Linha do Parque (1959), de Dalcídio Jurandir (1909-1979) e, A Hora Próxima (1955), de
Alina Paim (1919-2011), retratam a participação proletária feminina em greves importantes do final
da década de 1940 e início da década de 1950. Neste sentido, a pesquisa observou as personagens
femininas em seus enredos, no que diz respeito ao aspecto da militância, bem como, estabeleceu
relações entre a análise do papel da mulher em Linha do Parque e em artigos de Dalcídio Jurandir
sobre a militância feminina, publicados no periódico carioca Imprensa Popular, pois o romancista,
paralelamente à vida artístico-literária, também participou da história político-intelectual do país a
partir do seu comprometimento com as causas sociais, presentes nos textos jornalísticos.
Para tanto, além da leitura e análise das personagens femininas dos romances em questão, houve
a verificação do contexto histórico da década de 50, no qual o Partido Comunista Brasileiro (PCB)
intervém na produção cultural de seus intelectuais filiados com uma política cultural partidária. De
acordo com Moraes (1994), os romances em estudo foram barrados pela censura do próprio Partido.
Este fato aponta para a hipótese de que os intelectuais mesmo filiados ao PCB não aceitavam atuar
como meros propagadores de uma ideologia partidária, pois, ao aderir à estética da política cultural
do PCB - o realismo socialista -, Dalcídio Jurandir e Alina Paim, além de realizar a tarefa da militância
como escritores politicamente engajados, também assumiram uma postura de indignação e confronto
diante dos problemas sociais que assolavam os trabalhadores da época em que os romances foram
produzidos, em especial as mulheres.
E, por intermédio de suas criações literárias, narraram a realidade do operariado, visando fortalecer
a consciência proletária no leitor ao denunciar as precárias condições de trabalho as quais estes (as)
eram constantemente submetidos (as) e ao expor a transformação da imagem feminina, da passividade
à resistência, tanto no lar quanto no local de trabalho, diante de uma sociedade patriarcal e opressora.
DALCÍDIO JURANDIR E ALINA PAIM: DIÁLOGOS ENTRE LITERATURA E MILITÂNCIA E A PERSPECTIVA FEMININA
Luciana Moraes dos Santos
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Este artigo pretende, a partir do texto Medeia Zona Morta, de Leticia Andrade, encenado pelo grupo
Teatro Invertido , de Belo Horizonte (Brasil), verificar como o teatro, por meio do texto, procura
resgatar o mito e/ ou seu arquétipo como fio condutor da sua trama para tratar temas de caráter social,
como questões feministas, marginalidade, abandono a partir da cidade.
O trabalho se faz a partir da leitura da obra, analisando a re-invenção do mito a partir da realidade
em que ele se insere, contribuindo para a discussão da construção das identidades através da dinâmica
política-social da cidade.
DRAMATURGIAS CONTEMPORÂNEAS E A RE-INVENÇÃO DO MITO DE MEDÉIA A PARTIR DA CIDADE
Davidson Maurity Lima Araújo
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A fortuna crítica de Grande Sertão: Veredas por vezes tem se preocupado em desvendar suas referências
(literárias, religiosas ou místicas), localizar sua correspondência com a geografia do sertão mineiro ou
situar filiações a determinados eixos temáticos da literatura, como o mito fáustico e o romance de
formação. Contudo, situar corretamente referências, tradições e correspondências não contribui para
demonstrar as potências de Grande Sertão: Veredas. Esses dados sobre possíveis origens na composição
da obra somente ganham relevância quando identificamos de que modo os dados de origem foram
metamorfoseados para apontar novas possibilidades.
O próprio conceito de sertão, por exemplo, é ainda apresentado como um dos núcleos duros de
Grande Sertão: Veredas, mas merece uma reflexão crítica como modulador. Mais do que um lugar
físico, geograficamente localizável ou uma paisagem, no sentido de percepção mediada pelo recorte
subjetivo, o sertão de Rosa é uma terra, um território desterritorializado, em termos deleuzianos.
Assim compreendido, esse sertão-terra, sem limites, pode ser enriquecido no cotejo com a tradição
literária. As narrativas fáusticas, desde a obra teatral de Christopher Marlowe, apresentam o inferno
como um lugar vivenciável na Terra. Quando Fausto pergunta a Mefistófeles onde é o inferno, este
responde que o inferno é sem limites, não está circunscrito a um lugar. Esta resposta já foi apontada
como uma aprovação de Marlowe a visões heréticas que floresciam na Inglaterra elizabetana.
Questionando a punição infernal, questionava-se, por conseguinte, todo o aparato punitivo estatal,
que não se dissociava da Igreja.
Na fala de Riobaldo, o lugar sem limites, que está em toda parte, é o sertão. Confunde-se com o inferno
na travessia do Liso do Sussuarão. E confunde-se com a própria travessia da vida: “Sertão sendo do
sol e os pássaros: urubú, gavião — que sempre voam, às imensidões, por sobre...Travessia perigosa,
mas é a da vida”. Desse modo, mais do que uma região geográfica, ou um estado mental, o sertão se
confunde com o próprio ato de narrar e com a memória, que reconstitui a travessia vivida:
“Assim, é como conto. Antes conto as coisas que formaram passado para mim com mais pertença. Vou
lhe falar. Lhe falo do sertão. Do que não sei. Um grande sertão! Não sei. Ninguém ainda não sabe. Só
umas raríssimas pessoas — e só essas poucas veredas, veredazinhas.”
Nessa configuração como desconhecido e vazio, passível de preenchimento pela memória e pela
narração, Grande Sertão: Veredas promove um tratamento laico das questões fáusticas, num
ESTUDO DAS REPRESENTAÇÕES DO MITO FÁUSTICO EM GRANDE SERTÃO: VEREDAS – ESPAÇO E LUGAR
Raisa Damascena Rafael
34
movimento que já vinha se configurando desde Goethe, como já apontado por Haroldo de Campos.
Quando Riobaldo afirma que diabo não há, que se for é o homem humano em sua travessia, postula
a responsabilidade total do homem diante do vazio e do deserto, pois não há mais Deus, diabo, nem
História, somente estórias. O sertão, como um espaço em branco para o narrar, constitui-se, assim,
como um espaço de liberdade sobre o qual o homem pode se recriar.
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O folheto de cordel – narrativa popular nordestina – tem como referência territorial os ‘sertões’ do
Nordeste Brasileiro. Tal gênero literário teve suas origens na Europa Medieval, e chegou ao Brasil com
os colonizadores portugueses, no século XVI, estabelecendo-se no Brasil no século XIX, quando se
tem os primeiros cordéis impressos. O cordel faz parte da literatura do povo. São versos que refletem
acontecimentos recentes, figuras políticas, assuntos do fim do mundo, temas de animais, cidades,
hábitos e costumes, epopeias e romances. Daí, os próprios poetas populares classificarem como o “
jornal dos sertões”, em épocas anteriores ao “boom” midiático.
A partir das pesquisas desenvolvidas pelo projeto do PROLICEN desde 2003 pela professora Beliza
áurea de Arruda Mello junto ao alunado da Graduação em Letras Clássicas e Vernáculas, foca-se ,
segundo os pressupostos teóricos de Zumthor(1993, 2000, 2003) sobre o impacto dos meios eletrônicos
sobre a vocalidade e como, o poeta popular, “manipula” os novos sistemas da pós-modernidade, que
embora tendam a apagar as referências espaciais da voz viva, retoma a imagem e a voz, tornando
reiterável a performance. Na contemporaneidade, há uma movência territorial, o mundo rural dá
espaço ao mundo urbano influenciando também na escolha dos suportes.
Se os cordéis antes eram fixados em folhetos, publicações em papel jornal, na atualidade eles
emigraram para outros suportes como livros e o ciberespaço, principal fonte mediadora do homem
contemporâneo. Atualmente, o ciberespaço é a principal ferramenta de comunicação e/ou obtenção
de conhecimentos e de pesquisa. Este espaço vem se ampliando, chegando a lugares e a populações
que possuem poucos recursos. Tal crescimento é resultante de um movimento mundial de pessoas
ansiosas por novas experiências, novas formas de comunicação. Os folhetos de cordel estão emigrando
para o ciberespaço, visto que a necessidade de acompanhar novas tecnologias recria os gêneros.
Em decorrência disso, o cordel sai do seu território e se reterritorializa no meio virtual. Os poetas
populares ao usarem também esse novo recurso, confirmam o “trajeto antropológico” das práticas
das modalidades da poética oral, as tradições “sempre reinventadas”.
Com efeito, as formas poéticas transmitidas anteriormente pelas vozes e pelas impressões tradicionais,
passam a ter uma nova agilidade na recepção do texto, ao entrar no ciberespaço, local que permite
uma recepção coletiva mais ampla, sem contudo solapar os hábitos culturais do poeta popular.
Desta maneira, pretende-se discutir, nesta comunicação, as “travessias” e movência desses suportes e
territórios poéticos.
FOLHETO DE CORDEL: MOVÊNCIAS E TRAVESSIAS
Caroline Sandrise dos Santos Maia;Fabianne Ramos de Souza; Wanderson Diego Gomes Ferreira
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O humor é comumente explorado na literatura infantil de diversas formas e em níveis diferentes. Na
literatura infantil brasileira este fenômeno é também considerado um reflexo da cultura, já que o povo
brasileiro se percebe como extremamente humorístico e capaz de superar o sofrimento através do riso
e da arte de fazer rir. Mas como o humor é visto e experienciado no Líbano? De que forma a cultura
libanesa do riso se reflete na literatura infantil?
Este trabalho tem como objetivo apresentar o humor na literatura infantil libanesa através de duas
obras contemporâneas, ambas de 2009, da autora infantil libanesa Rania Zaghir: Man Lahasa Karna
il Booza (Quem tomou o meu sorvete?) e Sisi Malakit Talbes Kharofan wa Dodatayn (Sissi Malaket se
veste com uma ovelha e dois bichos-da-seda!). Esta, além de ter sido traduzida para o italiano, recebeu
o prêmio de melhor história infantil árabe para crianças – Assabil ( Amigos das Bibliotecas Públicas)
2009/2010. Aquela, foi traduzida para o alemão e tornou-se desenho animado na BBC Cebebees. Ambas
foram traduzidas para o português, porém, ainda não foram publicadas no Brasil. Rania Zaghir é
libanesa, tem mestrado em psicologia educacional, escreveu 18 livros, e fundou a editora Al Khayyat
Al Saghir (O pequeno alfaiate).
Este trabalho é adequado ao eixo temático escolhido por apresentar a literatura infantil libanesa como
um espaço para dialogar com as crianças, através do humor, sobre a identidade e alteridade. É uma
literatura, incluindo a ilustração das obras, que leva a criança a refletir sobre si mesma, sobre seus
conflitos com o Outro, a valorizar o eu-criativo no processo de resolução de problemas.
Quem tomou o meu sorvete? é uma história divertida de uma menina que busca ajuda nos seres mágicos
e míticos para decidir qual é a melhor forma de tomar o seu sorvete, uma atividade comum do dia a dia
de uma criança. A trama fortalece a criança como indivíduo e cidadão, apontando para a necessidade
de se aprender a tomar decisões, assim como a assumir a responsabilidade pelas decisões tomadas.
Sissi Malaket ressalta o senso de moda de uma menina muito vaidosa e criativa, que utiliza diferentes
animais para se vestir nas diferentes estações do ano, até perceber que não é possível retirar os animais
de seu habitat, e então, é forçada a buscar uma solução viável para todos os envolvidos.
FUKAHA: HUMOR NA LITERATURA INFANTIL LIBANESA
Tainise de Souza Soares de Oliveira
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Ainda que a fase romântica do seu trabalho não tenha sido a de maior destaque para Machado de
Assis, pode-se observar que o autor retrata em suas obras de então questões ainda não tão frequentes
na época. Em Helena, Machado de Assis, além da critica social, aborda a questão do incesto entre os
“irmãos” Helena e Estácio. Tudo tem início com a morte do Conselheiro Vale: sua herança é dividida
entre Estácio, seu filho legítimo, e Helena, que todos acreditam ser fruto de um relacionamento
extraconjugal. Com isso, Helena passa a morar na casa do Conselheiro junto com Estácio e família e,
no decorrer da narrativa, a ligação entre os supostos irmãos torna-se algo maior que um sentimento
de fraternidade. Embora não haja, de fato, ligação sanguínea entre os dois, o filho do Conselheiro
Vale não possui tal informação e pensa sentir-se atraído por sua própria irmã, e não vê possibilidade
de concretização desse amor, uma vez que por convenções sociais e leis cristãs essa relação seria um
desvio de conduta moral, além de ser caracterizada como pecado. Esse sentimento é alertado pela
personagem padre Melchior, que é o mediador das vontades e repressões sentidas por Estácio. A partir
desta situação, o tema incesto será analisado nas perspectivas de Freud e de Lévi-Strauss. Em Freud,
será trabalhado o Complexo de Édipo na construção de uma relação incestuosa desde a infância
e como esse tema tabu está como “proibido” na sociedade, de religiões a comunidades primitivas.
Em Lévi-Strauss será abordada a questão natural e cultural acerca do incesto, pois, para o filósofo e
antropólogo francês, a proibição de uma relação incestuosa é tida como “socialmente absurda”. Busca-
se por meio do estudo da Psicanálise e Antropologia melhor compreender o incesto como algo tão
absurdo e imoral no processo de desenvolvimento humano e social.
HELENA: O INCESTO À LUZ DOS PENSAMENTOS DE FREUD E LÉVI-STRAUSS
Lívia Fernanda Diniz Gomes; Melissa Sales Figueiredo
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Este trabalho é parte de um projeto de pesquisa de doutorado sobre as figurações do passado na obra
do escritor colombiano Juan Gabriel Vásquez (Bogotá, 1973). O objetivo aqui é fazer uma análise do
romance Historia secreta de Costaguana (2007), enfocando principalmente as inúmeras reflexões do
livro sobre história e ficção. Tendo uma trama familiar como fio condutor e uma especulação literária
como pano de fundo, a obra de Vásquez é, em última análise, um livro sobre a Colômbia oitocentista,
mas que resiste logo no título – que alude à república imaginária do romance Nostromo (1904), de
Joseph Conrad – aos esforços de verossimilização que caracterizam a ficção histórica tradicional
(JITRIK, 1995).
Centrada na construção do Canal do Panamá, a narrativa questiona a história oficial e resgata
vários episódios esquecidos, como a morte de trabalhadores chineses, os surtos de febre amarela e
o superfaturamento das obras, mas o tom, longe da denúncia, é mais próximo do escárnio, da ironia
e da farsa. Favorecidas pelo discurso em primeira pessoa, observações sobre a escrita e os métodos
historiográficos são um dos distintivos do romance: do início ao fim, o protagonista discorre sobre
o ato de narrar, questionando-se sobre o espaço que deve dedicar a cada acontecimento ou sobre a
conveniência, para fins estilísticos, de alterar ligeiramente alguns dados.
Figura onipresente no livro, pairando às vezes irônico, às vezes impertinente, o “Anjo da História”
determina o destino dos personagens – sem jamais oferecer qualquer tentativa de previsão. Ao apontar
essas características, pretendo demonstrar que, além de uma obra canônica do início do século XXI,
como definiu Carlos Fuentes (2011), o livro de Vásquez exibe vários dos traços apontados por Seymour
Menton (1993) como definidores de um “novo romance histórico”, assim como se insere na categoria
de “metaficção historiográfica” criada por Linda Hutcheon (1991). Como em todos os seus principais
romances, o autor colombiano retorna ao passado de seu país com uma postura crítica e ao mesmo
tempo desconfiada de suas próprias ferramentas.
HISTÓRIA E FICÇÃO EM HISTORIA SECRETA DE COSTAGUANA, DE JUAN GABRIEL VÁSQUEZ
Diogo de Hollanda Cavalcanti
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Atualmente, a sociedade vem discutindo questões relacionadas às minorias e isso tem contribuído para
a diminuição das diferenças entre os povos. Este novo olhar voltado para os menos favorecidos tem
apontado que novos direcionamentos vêm alcançando êxito nos grupos sociais da contemporaneidade.
Considerando este contexto de discussão e estudos recentes de Hall (2003), Moita Lopes (2006), Serrani,
(2005) e outros, este trabalho propõe uma reflexão sobre a formação docente quanto a necessidade da
inserção de temas oriundos das culturas africana e afrobrasileiras, nas etapas do curso Normal. Para
isso, consideramos a lei 10.639 que torna obrigatório o estudo das culturas africanas no ensino regular.
Observamos que há um déficit desses conteúdos nas disciplinas humanas em geral, assim como na de
língua portuguesa, que mesmo com a promulgação desta lei, continua a restringir o estudo da cultura
africana às questões como escravidão e poucas heranças mais expressivas na contemporaneidade.
No ensino de língua, a escolha dos materiais didáticos e paradidáticos, a realização de atividades
artísticas, educacionais e culturais, são fundamentais para a (re)construção da identidade cultural
do aprendiz. Logo, o responsável por essa tarefa, nas séries iniciais, tem um trabalho árduo: lidar,
tanto com a necessidade de formar esses alunos como indivíduos conscientes das questões relativas
às culturas africanas, tanto pelo esforço de vencer suas limitações de formação. Para isso, utilizamos
a legislação brasileira, que prevê o exercício dos conteúdos relativos à cultura africana; uma breve
ambientação no contexto escolar com formandos do ensino médio Normal, que logo estarão aptos a
conferir o ensino regular para séries iniciais ( 1ª ao 5º ano) para a constatação da motivação principal
do trabalho. Dessa forma, pretendemos entender as dificuldades encontradas pelos discentes para
lidar com esse universo de conteúdos, contribuindo para uma formação de qualidade ao tomar lugar
de profissional na educação brasileira.
Palavras-chave: Identidade Cultural, Formação docente, Africanidade
IDENTIDADE CULTURAL, AFRICANIDADE E CONTEMPORANEIDADE: DIFICULDADES DO EDUCADOR RECÉM-FORMADO NA EDUCAÇÃO BÁSICA
Leilane Alves Mendes dos Santos
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O presente trabalho apresenta uma pesquisa teórica-prática que nasceu do projeto “A Pedagogia da
Variação Linguística na Escola”, desenvolvido no grupo de pesquisa FALE (Formação de professores,
alfabetização, linguagem e ensino), da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Juiz de
Fora (MG). A pesquisa tem como objetivo principal investigar a possibilidade de implementação,
na escola, de uma pedagogia da variação linguística que leve os alunos ao reconhecimento de sua
identidade dialetal, valorizando-se como cidadãos falantes da língua portuguesa de um determinado
grupo social, mas que necessitam aprender também as variedades consideradas cultas, de modo que
possam buscar posições melhores na sociedade.
Trata-se, portanto, de uma proposta de expansão das competências em relação ao uso das modalidades
oral e escrita da língua, levando-os à reflexão sobre a necessidade de adequação do uso da língua ao
contexto (BAGNO, 2009).
O método adotado é a pesquisa-ação, com caráter qualitativo, e se realiza em turmas do 6º ano do
Ensino Fundamental de uma escola pública, que adota o projeto de aceleração dos anos finais do
ensino fundamental e que tem como proposta uma pedagogia libertadora. Pretende-se que os alunos
reflitam sobre as variedades linguísticas a partir de gêneros textuais, com atividades reais de uso,
fazendo uma ligação com seu próprio cotidiano.
A pedagogia culturalmente sensível (BORTONI, 2004) vê essa adequação como indispensável para
o sucesso escolar. O projeto encontra-se na fase de reconhecimento das ações escolares, porém já se
pôde notar que a maior parte desses alunos têm grande dificuldade de interpretação, o que se revela
na sua grande carência no uso da língua oral e escrita. Toda variedade linguística é, antes de tudo,
um instrumento de construção de uma identidade de um determinado grupo. Reconhecer-se como
falante legítimo e obter esse reconhecimento é fator de integração e ascensão social.
LINGUAGEM COMO IDENTIDADE: UMA CONDIÇÃO PARA O SUCESSO ESCOLAR
Bianca Alves Malvaccini
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Este trabalho, surgido a partir de estudos realizados no subprojeto de “Arte e Literatura” do Programa
Institucional de Iniciação a Docência (PIBID) que se desenvolve no Instituto Federal de Educação
Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA), investigou na literatura de cordel, eclodida na Europa feudal do
século XII, as inúmeras formas pelas quais o povo resguarda sua identidade, expondo a relevância
do imaginário popular. A Literatura de Cordel, enquanto veículo desse imaginário popular refaz os
caminhos enviesados do olhar matuto, reconstitui a maneira do sertanejo reagir ao mundo e, mais
do que isso, deixa pistas do sistema complexo sobre o qual se edifica seu sentimento de contestação.
É através da voz que a identidade do cordel pode assumir diversos significados, principalmente os de
caráter extratextual, que surgem a partir da “performance” do cordelista. Essa forma poética, que se
situa entre a oralidade e a escrita, insere-se no que Paul Zumthor denomina “oralidade mista”, isto é,
oralidade marcada pela coexistência com uma cultura escrita, que se reflete em seus estilhaços, numa
instância em que não mais se reconhecem os traços originais de cada um deles, fundidos e confundidos
no ponto de cruzamento das linguagens que sugerem, no âmbito da literatura, uma resistência inerente
ao cordel. Tais folhetos populares que são quase sempre transgressores escapam do silêncio dos textos
e ganham as ruas, transformando o cordel em porta-voz das camadas marginalizadas refletindo em
suas rimas e versos o que por vezes é ignorado. Essa discussão que, perpassa os séculos traz para
a contemporaneidade uma nova visão sobre o cordel, que de literatura marginalizada passou a ser
valorizado como instrumento de pensar o mundo e de afirmar a identidade, traçando caminhos de
subversão e de liberdade, protesto, convertendo o espaço poético numa arena de luta, além de transitar
entre o fantástico e o sobrenatural por isso, nunca deixará de conquistar gerações.
LITERATURA DE CORDEL: IMAGINÁRIO, ORALIDADE E RESISTÊNCIA
Sabrina Augusta da Costa Arrais;Amanda Ynaê Maia Furtado
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Este trabalho apresenta uma análise da identidade de “Marianinho”, narrador-personagem do romance
“Um rio chamado Tempo, uma casa chamada terra” (2003), de Mia Couto, escritor moçambicano que
discute, entre outras coisas, a formação social e cultural do homem moderno. Sendo as Literaturas
Africanas de Língua Portuguesa um dos objetos de representação da identidade cultural de um
povo que foi vítima do processo de colonização, julgamos importante o estudo das mesmas para a
elucidação das características identitárias do indivíduo moderno. Partindo do pressuposto de que
a temática identitária é fundamental para os estudos da Literatura, em particular as Literaturas
Africanas de Língua Portuguesa, pois como assinala Stuart Hall “as velhas identidades que por
tanto tempo estabilizaram o mundo social estão em declínio, fazendo surgir novas identidades e
fragmentando o indivíduo moderno”, analisamos o passado histórico-cultural da África pós-colonial,
a fim de compreendermos o que acontece com as identidades culturais dos indivíduos pertencentes
aos espaços colonizados. No romance de Mia Couto, a personagem Marianinho, ao retornar para sua
terra natal, fragmenta-se entre o Tempo, responsável pelas memórias sobre o passado da família dos
Malilanes e a Terra, representação das raízes tradicionais africanas, ao mesmo tempo em que busca
construir sua identidade. Percebendo-se um deslocado, o jovem narrador passa a sofrer de uma “crise
de identidade” ocasionada pelos diálogos e conflitos entre a tradição familiar africana e a cultura do
local de sua formação, a europeia. A identidade cultural do protagonista vai se formando a partir da
negociação entre as memórias que surgem em forma de relatos, fotografias e cartas, sobre o passado
dos Malilanes. O suporte teórico utilizado para sustentar essa pesquisa foi Stuart Hall, Maurice
Halbwachs, Buman, Antony Giddens e Ademar Bogo, Arnaldo Franco, Inocência Mata e outros. Com
o estudo, constatou-se que o sujeito pós-moderno na referida literatura vive um tempo marcado por
identidades fragmentadas, múltiplas e deslocadas, geradas a partir das mudanças nas estruturas das
sociedades.
MEMÓRIA E IDENTIDADE: “UM RIO CHAMADO TEMPO, UMA CASA CHAMADA TERRA”, DE MIA COUTO.
Andreza Flexa
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A Usina Hidrelétrica de Belo Monte, que está sendo construída próxima à cidade de Altamira-PA,
será a terceira maior hidrelétrica do mundo, e apesar do progresso que ela está trazendo a região,
a construção da usina também está causando vários transtornos, tanto para a população que será
afetada, quanto ao restante da população que sofre com a falta de estrutura da cidade para receber tal
empreendimento, além dela também estar causando grande impacto ambiental. Através de narrativas
orais feitas por ribeirinhos, que vivem às margens do rio Xingu e que serão afetados pela construção
da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, este trabalho têm como objetivo principal analisar suas histórias,
suas poesias, e suas aspirações, além de como a construção da hidrelétrica irá influenciar algumas
mudanças nos seus estilos de vida. Morando durante a maior parte de suas vidas às margens do rio,
uma das principais fontes de inspiração para suas poesias, acostumados com a pesca e com a caça,
eles se veem obrigados a sair de suas casas, pois elas serão atingidas com a elevação do nível do rio.
Com a construção da Usina Hidrelétrica, e com a indenização que receberão por terem tido suas casas
atingidas, eles serão obrigados a começar uma vida nova, e terão de partir para áreas urbanas onde
irão viver de um modo diferente de até então, essa nova vida, apesar de assustá-los, é a única opção
que lhes restam. A análise oral das histórias, experiências e vivências de ribeirinhos, suas narrativas
orais e poesias, serão abordadas neste trabalho, a fim de fazer uma maior e melhor compreensão do
modo como eles estão acostumados a viver até hoje, e como essa mudança de ambiente, costumes, e
até mesmo de realidade, que são mudanças inevitáveis e que eles estão sendo submetidos a enfrentar,
afetará seus estilos de vida.
NARRATIVAS ORAIS E POESIAS DE RIBEIRINHOS AFETADOS PELA CONSTRUÇÃO DA USINA HIDRELÉTRICA DE BELO MONTE
Lillian Silva Corrêa; Suelly Silva de Assis
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A presente pesquisa de iniciação á docência, parte do objetivo de pesquisar o “entre-lugar” da poesia
angolana, em especial na escrita de Gonçalo Tavares. Perceberemos o “entre-lugar” como um não-
lugar, sendo este um espaço que não pode ser definido como identitário, histórico e relacional. A
nossa modernidade é criadora de não lugares, ou seja, espaços que não são eles próprios lugares
antropológicos e que não integram os lugares antigos, os ‘lugares de memórias’.
Tal estudo surgiu da necessidade de se compreender esse espaço que vem se tornando cada vez mais
comum na sociedade contemporânea. Partindo do princípio do “entre-lugar” percorreremos outros
âmbitos do dia-a-dia do homem moderno, foco principal da escrita de Gonçalo Tavares. Atentamos
através do presente trabalho pensar a poesia e a prosa afro-descendente por uma ótica contemporânea,
ótica essa em que percebemos um hibidrismo cultural legado da colonialização e “desterritorialização”
da cultura afro-descendente.
Pensar o “entre-lugar” da poesia de Gonçalo Tavares é perceber questões pertinentes ao homem
moderno como uma metáfora do coletivo. Buscando não se ater somente à correntes teóricas que
trabalham a linguagem do imaginário também incluímos a literatura como ponto norteador desta
pesquisa. Nossa pesquisa visa estimular o debate desse novo espaço, caminhando em conjunto com a
literatura africana, não podemos, dessa forma, definir respostas, pois pensamos questões pertinentes
ao ser humano. Não é difícil perceber que o escritor angolano disseca o ser humano, como um cientista
que desnuda o objeto a ser estudado.
Utilizaremos a biografia do autor como principal corpus deste projeto. Nos auxiliamos em nossas
leituras dos estudo de BLANCHOT (1987) que faz um mapeamento do homem moderno; ARENDT
(2009) por introduzir a questão da violência e AUGÉ (1994) o qual insere a questão do não-lugar,
além de BHABAH (2011) que permeia as questões do hibidrismo cultural, entre outros autores afro-
descentes para que possamos fazer um diálogo entre as “Áfricas” e seus “entre-lugares” apresentada
por cada autor, mas tendo como foco principal a escrita de Gonçalo M. Tavares.
O “ENTRE-LUGAR” DO IMAGINÁRIO ANGOLANO NA POESIA DE GONÇALO TAVARES
Deise Belizário Terto
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Este trabalho busca posicionar o obituário, texto mortuário de caráter biográfico comum na imprensa
anglo-saxã (e surgindo aos poucos na mídia brasileira), como um gênero textual específico e, a partir
daí, explicar o crescente interesse por tais textos tanto em jornais e revistas como nas cada vez mais
populares coletâneas. Parte das complexas relações socioculturais da representação da morte, o
obituário é aqui proposto numa acepção mais contemporânea – pragmática e não apenas lógica –
de gênero, aquele que se torna real quando há textos que o exemplifiquem, ou seja, sob demanda de
uma sociedade. Como tentaremos mostrar, uma definição do gênero obituário como proposta deve
explicitar sua relação direta com as narrativas de vida exemplares, em concordância com os estudos
sobre o “espaço biográfico”, em consonância com a ressignificação conceitual aplicado por Leonor
Arfuch à discussão de Philippe Lejeune, assim como suas relações com os horizontes de expectativa
(JAUSS), comunidades disciplinares (BATHIA) e comunidades discursivas (SWALES) em questão.
Tencionamos ir ainda além.
O obituário faz parte, sugerimos, de uma série de relações socioculturais complexas envolvendo a
representação da morte em termos de memória social, cultural, coletiva: é, ao mesmo tempo parte da
memória cultural de uma dada sociedade e interessante objeto cultural por meio do qual acessá-la.
Tal tipo de texto pode ser uma fonte rica para analisar tanto os discursos hegemônicos sobre a morte
(e o morto) em uma dada sociedade quanto de discursos e regimes de verdade alternativos e mesmo
marginais; pode encerrar tanto memórias individuais e grupais como coletivas, locais, nacionais,
sempre impregnadas de um capital simbólico e da ação do habitus, em termos caros a Bourdieu, como
sustenta Bridget Fowler – mas não só isso.
Há tantas camadas de sentido em um obituário, sustentamos, quanto há nas relações com que uma
sociedade lida com a memória de seus mortos, com sua história local e nacional. Tais relações podem
ajudar a compreender como os obituários têm migrado da efemeridade da imprensa para a relação
espaciotemporal mais duradoura das coletâneas, um fenômeno editorial, comercial e cultural cada vez
mais chamativo nos Estados Unidos e na Europa, mas que ganha aos poucos espaço mesmo no Brasil.
Uma possibilidade que aventamos, de acordo com os estudos literários e de crítica, na esteira das
definições sobre literariedade, como as propostas por Gerard Genette, é tentar compreender como é
possível “amar um gênero” e como tais migrações de plataforma e de sentido fazem parte dapermanente
O AMOR PELA MORTE NARRADA. O OBITUÁRIO NO JORNAL E NAS COLETÂNEAS: UMA DISCUSSÃO SOBRE GÊNERO TEXTUAL E SOCIEDADE
Willian Vieira
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atualização do repertório simbólico dos grupos sociais em questão, de suas intertextualidades, de sua
complexa dinâmica de memória e identidade social.
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O presente trabalho, pautado na visão Vgotskyana(2001), que ressalta em sua teoria sociointeracionistano
âmbito da origem social da inteligência no desenvolvimento da aprendizagem colaborativa, que a
prioriacontece na coletividade, promovendo uma construção intrapsíquica. Partindo do pressuposto
de que a aprendizagem constrói-se pelas interações entre os indivíduos, estas são as principais
desencadeadoras do conhecimento, e o blog apresenta-se como ferramenta plausível por possibilitar
essa interação em rede. Tem por objetivo geral desenvolver habilidades de produção textual do gênero
Memórias Literáriasde forma colaborativa numa perspectiva interacionista dos alunos do sétimo ano
do Ensino Fundamental da Escola Estadual Reunidas Castro Alves situada no município de Jiquiriçá-
BA, localizada no Recôncavo da Baiano.
Neste trabalho observa-se como objetivos específicos: a)a possibilidade da interação professores/
alunos e demais envolvidos; b) o favorecimento de um ambiente de debates e construção conjunta de
conhecimentos entre professores/alunos e alunos/alunos; c) o despertar da capacidade de criatividade
na produção textual a partir de entrevistas; d) o desempenho dos alunos ao se colocarem na posição
de leitores críticos do próprio texto e do texto do colega. O trabalho adota a perspectiva teórico-
metodológica da interação social descrita por Vygotsky e a sua possível ligação com a aprendizagem
colaborativa através das tecnologias de rede (2001), enfocando a interação dos alunos de forma
colaborativa durante as produções textuais no blog.
Apresenta como questões norteadoras a contribuição do blog na autoria textual e no trabalho conjunto
de professores e alunos. Do ponto de vista metodológico, este projeto apresenta-se como um estudo
da prática de produção textual de forma colaborativa numa perspectivasociointeracionista vista pelo
teórico supracitado, com base na formação do desenvolvimento da aprendizagem e da formação
psíquica do indivíduo, uma vez que para o desenvolvimento das atividades realizou-se entrevista com
informantes de faixas etárias variáveis, residentes do município de Jiquiriçá, assim como oficinas
de produção textual a partir das entrevistas. Para a realização das oficinas utilizou-se dos recursos
auxiliares como os computadores do laboratório de informática da escola, câmera digital e mídias
impressas como as coletâneas referentes aos conceitos estudados. Após a realização do projeto obsevou-
se que ainda que os blogs não tenham sido criados para fins educacionais, nota-se que a cada dia
cresce mais a sua utilidade no âmbito educacional. Isso se deve a sua promoção da interatividade, por
também permitir o letramento digital e formação de redes colaborativas o que reflete diretamente no
O BLOG COMO RECURSO NA PRODUÇÃO TEXTUAL
Eliene Arcanjo Marcelino
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processo de construção dos saberes.Nesta perspectiva o blog apresenta-se como ferramenta de base na
formação de teias que abrangem a produção colaborativa tanto no meio educacional quanto em outros
setores promovendo uma inter-ação entre as mais diversas categorias cumprindo assim seu papel social
favorecendo um convívio ético, organizado e pautado pelas regras dos seus usuários. Assim, o projeto
oferece aos alunos e professores, bem como a comunidade em geral o uso de uma ferramenta interativa,
com o apoio da escola, cumprindo então o seu papel social, pautado na teoria sociointeracionista de
Vygotsky, promovendo um acelerado e autônomo aperfeiçoamento da comunicação oral e escrita.
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A Literatura é parte integrante da cultura de um povo. Por meio dela, consegue-se apreender elementos
de suma importância que são constitutivos da história, das artes, da língua do grupo social que a
produz. Em síntese, a literatura permite a seu leitor compreender melhor a realidade do sistema social
que nela e por ela é refletido. Levando-se em consideração essa realidade, este trabalho, recorte de uma
pesquisa mais ampla sobre língua, literatura e cultura, focaliza um importante elo entre a Europa, a
América e a África, por meio do qual a literatura se constrói – a língua portuguesa. Objetiva-se, pois,
traçar um paralelo entre as literaturas contemporâneas brasileira, portuguesa e africana, a partir de
1960 até atualidade. Além disso, busca-se examinar o que há de semelhante entre essas literaturas e o
que singulariza a literatura africana. A divulgação dessa literatura abre um importante caminho para
que o Brasil retome seus laços com as culturas africanas e também para que se conheça uma literatura
que revela a preciosidade expressiva da língua portuguesa.
O DESENVOLVIMENTO CONTEMPORÂNEO DA PRODUÇÃO LITERÁRIA AFRICANA DE ÍNGUA PORTUGUESA
Clecio Marques dos Santos;Flávia Regina Neves da Silva; Mayara Crystina Rego da Silva
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O referido texto baseia-se em pesquisas realizadas no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à
Docência (PIBID)-IFPA que identifica o fantástico na novela A Metamorfose (Kafka, 1997).Na narrativa
de Kafka o personagem Gregor Samsa ao acordar-se de sonhos inquietantes vê-se transformado em
um inseto. Ao mergulhar em eventos sobrenaturais na narrativa há certa hesitação por parte do leitor
que oscila na busca de uma explicação racional ou uma aceitação irracional de algo inexplicável pelas
leis naturais e o fantástico nasce daquilo que não pode ser explicado, através da racionalidade e do
pensamento crítico. Segundo as classificações que Todorov emprega ao termo fantástico A Metamorfose
encaixa-se na categoria fantástico-estranho.Para ele a função do texto fantástico é “subtrair o texto
à ação da lei e assim transgredi-la”. É comum a existência de textos que exploram a metamorfose
sendo que estes a caracterizam como um fenômeno de causa natural, como por exemplo,a lagarta
se transformando em borboleta ou mesmo homens que se transformam em seres estranhos como
forma de castigo, em A Metamorfose a transformação não é esclarecida no decorrer da narrativa,
algo curioso que acaba por deixar o leitor sem respostas é o porquê da metamorfose de Gregor? Para
clarificar tais questões levantam-se algumas possíveis interpretações a cerca deste evento que é o
cerne da obra.Abordar-se a evolução histórica dos textos fantásticos a partir de textos Homéricos e
lendas antigas, observando a mudança conceitual do termo fantástico dependendo da época em que
se situa.A visão de fantástico aqui defendido é aquela que revela e problematiza a vida e o ambiente
que conhecemos dia – a- dia. Tal perspectiva foi apresentada a alunos da escola pública para tratar das
diversas formas de preconceitos existentes no ambiente escolar, a partir de então esperamos que estes
alunosaprendama identificar e combater as diversas formas de preconceito que de certa maneira estão
invisibilizadas, no entanto, continuam presentes em nosso cotidiano.
O FANTÁSTICO EM A METAMORFOSE
Ane Caroline Costa Braga; Vanderlici Silva dos Santos
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Resumo: Nesta pesquisa, buscamos empreender uma análise literária que problematize a forma como,
em uma representação artística, o narrador-protagonista articula suas memórias com seus discursos
e juízos de valor a respeito das personagens femininas presentes em sua narrativa. Diniz (2009)
afirma que à manutenção do poder patriarcal são essenciais a descrição e a definição do elemento
subordinado. Incutir significados ao feminino torna-se um ato que se efetiva mediante a linguagem,
realizado por um sujeito masculino, cujo intuito é a perpetuação da sujeição do outro feminino.
Butler (2008) defende que há também outras instâncias produtoras da assimetria de gêneros, tais
como classe, raça e etnia. Partindo, então, das concepções de Butler e Diniz, investigamos a obra
literária Memórias de Minhas Putas Tristes, de Gabriel García Márquez, com o propósito de mostrar
como o narrador-protagonista, contando-nos suas memórias, constrói as personagens femininas
(sua empregada e a prostituta com a qual se envolve) sob a ótica de um discurso masculinista.
Destacaremos também outro eixo que contribui para compreender a relação de poder existente entre
o narrador-protagonista e as duas referidas personagens: a posição social por elas ocupada. Para tanto,
realizamos a leitura crítica da obra literária em questão com base nas seguintes categorias de análise:
conceitos de reificação, de Goldmann (1991), e de cultura patriarcal, de Costa (2008); noção das faces
de Eva e da Virgem Maria incorporadas pela mulher, de Beauvoir (1949). Os resultados mostraram
que o narrador-protagonista percebe as mulheres como um objeto comprável e que ele se caracteriza
como sendo a figura representativa da dominação masculina, detentora de poder, podendo, por
exemplo, pagar as mulheres com as quais se relaciona sexualmente, convencendo-as (racionalmente
ou utilizando de sua truculência) a aceitarem o dinheiro. Constatamos também que as faces profana
e sagrada são encarnadas respectivamente pela empregada e pela prostituta: a primeira, a única com
quem o narrador-protagonista manteve uma relação durante anos, despertava-lhe ímpetos sexuais,
quando forçada à prática sexual enquanto lavava roupa; a segunda era virgem e ele assim sempre a
conservou. Ademais, observamos que o narrador não se apaixonou pela prostituta enquanto pessoa
real e sim por uma imagem dela, construída nos momentos em que ele a observava dormindo, com
base em seus referenciais de mulher inseridos numa cultura patriarcal. Observamos, ainda, que o
amor do narrador-protagonista pela prostituta não é capaz de modificar suas concepções a respeito
da prostituição nem tampouco das mulheres. A análise empreendida nos permitiu concluir que, ao
longo de toda a narrativa, o narrador-protagonista se coloca sempre como a figura possuidora de
O FEMININO À MARGEM: A EVOCAÇÃO DAS MINHAS PUTAS TRISTES
Thays Lima e Silva
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poder, capaz de fazer, explicita ou implicitamente, julgamentos de valor sobre as outras personagens.
Por outro lado, a empregada e a prostituta, enquanto pertencentes à classe social inferior, assumem o
papel de mulheres subjugadas – a primeira era forçada a práticas sexuais sem o seu consentimento; já
à segunda não era sequer conferido o poder de fala.
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A Literatura é, sem sombra de dúvida, de fundamental importância para o desenvolvimento da
identidade cultural de um povo. Torna-se, assim, fonte inesgotável de elementos da história, da
cultura, da língua do grupo social que a produz, o que possibilita ao leitor/fruidor conhecer e analisar
melhor a sociedade nela e por ela refletida. Diante dos fatores históricos que atingiram Angola no
decorrer do século passado, como as guerras civis e movimentos para a descolonização, houve uma
grande produção literária em torno deste contexto. Produções estas, que colocaram em foco questões
relacionadas a terra e costumes aliado às relações de descobrimento da própria identidade do povo
angolano.Considerando essa realidade, este trabalho, recorte de um estudo mais amplo sobre a língua,
a literatura e a cultura, põe em foco a literatura ampla, a partir do período pós-guerra. Objetiva-
se, pois, examinar como Angola, até então colônia portuguesa, produzia uma literatura de grande
impacto social e de muita relevância para o período. O surgimento do Movimento “Vamos Descobrir
Angola”, a partir de 1948, traz a proposta de uma redescoberta dos valores culturais africanos sufocados
pela assimilação cultural europeia. Fato este, que vai desencadear produções angolanas que marcam
esse período na história do país.Através da análise de fragmentos de obras de autores que ajudaram
a construir à ruptura do estilo literário português na busca de uma identidade literária no país.As
mudanças provocadas em virtude das modificações oriundas de toda a reviravolta neste canário vão
resultar em produções literárias que falam da terra, e do povo angolano.Com o intuito de reavaliar
a importância desse período, este trabalho faz reflexões pertinentes sobre a condição da Literatura
angolana e de suas temáticas principais, suas contribuições, chegando aos nossos dias.
Palavras chaves: Literatura, Cultura e Angola.
O ROMPIMENTO DE UMA TRADIÇÃO: UMA VISÃO DA LITERATURA ANGOLANA APARTIR DO PERÍODO PÓS-GUERRA
Mayara Crystina Rego da Silva; Clecio Marques dos Santos; Flavia Regina Neves da Silva;Dandara Sales de Lima
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Ao trazer o universo onírico das culturas africanas para um relato de enigma, o escritor moçambicano
Mia Couto destaca-se na narrativa contemporânea por construir um romance à margem da literatura
policial. O enredo de A varanda do frangipani (2007) envolve o leitor no mistério sobre a morte do
diretor de um asilo de idosos. Até então, uma proposta típica dos romances policiais, com um crime,
uma vítima, suspeitos e um investigador. Entretanto, no decorrer do romance, desenrola-se um
mistério maior, de caráter estrutural, que torna o anterior insolúvel: a narrativa apresenta-se polifônica,
dando-se voz ora ao investigador, ora aos suspeitos – todos réus confessos. Tornando mais complexa a
questão das vozes narrantes, a perspectiva assumida na investigação é a do policial Izidine Naíta, mas
coencarnado por um “xipoco”, um fantasma, que, para encontrar a paz espiritual, precisa novamente
habitar um corpo vivo. Assumindo este ponto de vista, o autor aproxima-se do conceito machadiano
do “defunto-autor”, grande exemplo de transgressão e inovação narrativa da literatura brasileira.
Baseando-se nos postulados de Tzetan Todorov a respeito da tipologia do romance policial, observa-
se na obra do escritor moçambicano um relato investigativo no qual – ao contrário do romance
policial clássico – os amores, as crenças e as rememoranças têm lugar de destaque, a lógica racional é
insuficiente para desvendar o mistério e solucionar o crime não é primordial. Neste sentido, a obra de
Mia Couto afina-se com o romance português O Delfim (1968), de José Cardoso Pires, ao subverter
o gênero policial, modernizando a sua estruturação clássica e fazendo dele um fingimento, já que o
texto não pretende culpar ou absolver ninguém. A varanda do frangipani, portanto, se estrutura pela
desestrutura do romance policial enquanto constrói, sob uma perspectiva original e complexa, uma
denúncia do grande crime que acomete toda a nação angolana: a degradação do “antigamente”.
PISTAS DO INSOLÚVEL: A DESESTRUTURA DO ROMANCE POLICIAL EM A VARANDA DO FRANGIPANI
Rafael da Silva Mendes; Aline de Almeida Rodrigues
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Este trabalho trata de uma pesquisa realizada na reserva indígena Araçazal, como parte das atividades
do Subprojeto de licenciatura em língua inglesa que propõe cooperar com a formação de professores
de língua inglesa na Região Oeste do Pará, que irá engendrar a elaboração de um conjunto de
ferramentas que facilitem o processo de ensino e aprendizado de forma interdisciplinar, objetivando:
a) desenvolver atividades que levem o aluno a refletir sobre a sua relação cultural e socioambiental
no meio em que habita; b) propiciar aos indivíduos a assimilação dos conhecimentos e as habilidades
necessárias que lhes permitam problematizar, investigar e avaliar soluções de problemas; c) instigar
o aluno a desenvolver sua incumbência enquanto sujeito transformador da sua própria realidade.
Essa estratégia permitirá aos educandos problematizar acerca dos conflitos do entorno em que vivem,
realizando o seu auto modelamento, acarretando numa participação maior dos indivíduos enquanto
cidadãos. Para viabilizar a proposta citada, serão produzidos materiais para serem usados de forma
interdisciplinar, favorecendo o diálogo da língua inglesa com outras disciplinas como português,
matemática, historia geografia, tendo como bases de estudo as observações e dados coletados nas
ruinas do Hotel de Selva Amazonlodge na comunidade do Araçazal, um ambiente que apresenta
possibilidades de manejo analítico a serem tratados, bem como, a arquitetura, variação linguística e a
cultura local, tendo em vista a relação entre os interesses desejados entre a localização da construção
do hotel e os anseios da comunidade acerca do escopo da obra, havendo espaço para uma análise das
questões culturais, econômicas e socioambientais, à medida que se discute o interesse dos envolvidos.
Tendo como resultado da pesquisa observando as ruinas do Hotel de Selva Amazonlodge a obtenção
de matéria-prima, tais quais, registros fotográficos e audiovisuais, entrevistas com moradores da
comunidade, fim de refletir e compreender a interação necessária entre o ser humano, o ambiente em
que vive e o processo educativo com o escopo de utilizá-los posteriormente na elaboração de materiais
didático-pedagógicos que contribuirão de forma eficaz para a práxis do ensino e aprendizado que
possibilitará os estudos em sala de aula através dos conteúdos articulados, o compartilhamento dos
conhecimentos que se completarão de forma interdisciplinar.
PALAVRAS - CHAVE: Interdisciplinaridade, Coleta de dados, Elaboração de material didático.
RECOLHIMENTO DE INSUMOS NA COMUNIDADE ARAÇAZAL PARA CONSTRUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO NO ENSINO INTERDISCIPLINAR
Ocineide Guimarães Ferreira;Alan Ricardo Dourado de Almeida
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Constituindo-se parte do projeto de pesquisa intitulado “O fil rouge saramaguiano na toalha da
literatura portuguesa: as referências (e reverências) de José Saramago”, esta pesquisa detém-se num dos
autores mais influentes da Literatura de Portugal: Fernando Pessoa. No presente trabalho, analisar-
se-á especificamente Mensagem (1934), a obra épica da Literatura Portuguesa no século XX. O vínculo
com a história e o contexto lusitano do século XVI se faz presente constantemente nessa obra poética,
trazendo reflexos e refrações de outros textos épicos como Os Lusíadas, de Luís de Camões, porém de
forma incontestavelmente “pessoada”. Em observação da primeira parte da obra, intitulada “Brasão”,
pode-se estabelecer uma associação do visual do brasão português a referências históricas descritas
por Pessoa, divididas em Os campos, Os castelos, As quinas, A coroa e O timbre. Tendo em vista a
ultrapassagem dos estudos literários às análises textuais, o presente trabalho busca apresentar a poesia
de Pessoa supracitada estabelecendo os múltiplos diálogos, explícitos e implícitos, existentes entre esta
e os fatos histórico-patrióticos da nação portuguesa, dentre os quais se destacam a representação do
império, das conquistas, da espiritualidade e da origem mitologica. Tavares (1967) defende a ideia de
que, em literatura, palavra alguma terá apenas função de objeto de comunicação e Amoroso Lima
(1954), reforça afirmando o nascimento da literatura no atribuição de vida ao verbo, dessa forma,
encaramos a poesia de Fernando Pessoa como a encarnação de tudo aquilo que ele escreve e pensa.
Em sentido lato, as palavras transcendem do símbolo metafórico criado para dar vida aos símbolos da
nação, citados na primeira parte da obra, cujos títulos remetem aos reis e personalidades do passado
heroico português. O que se pretende, na exposição desse trabalho, é apresentar dados analíticos,
colhidos durante o processo de investigação da obra pessoana, que estão relacionados aos símbolos
do berço lusitano, e sua revitalização através das palavras de Mensagem. Além de dados históricos
ilustrativos, Massaud Moisés e Cleonice Berardineli valer-se-ão como base teórica, para estabelecer
a ligação prevista na análise.
REFERÊNCIAS HISTÓRICAS LUSITANAS: OS SÍMBOLOS METAFÓRICOS QUE EMERGEM DA PALAVRA PESSOANA
Alceni Elias Langner; Saulo Gomes Thimóteo
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Relacionadaà pesquisa “A produção literária de Jorge de Sena sob ditadura e exílio”, desenvolvida com
a participação nos grupos de estudos “Narrativas latino-americanas de viagem” e “Poesia portuguesa”,
esta pesquisa procura relacionar história e literatura, em especial a relação que os poetas portugueses
Jorge de Sena e Sophia de Mello BreynerAndresen desenvolveram com o momento histórico em que
produziram e como isso aparece em seus poemas e na correspondência que mantiveram.
Sendo assim, investigamos a poesia de Jorge de Sena e decidimos comparar alguns de seus poemas
ditos engajados com poemas de Sophia de Mello BreynerAndresen, que também viveu sob o regime
de Salazar. Levantamos com essa pesquisa a hipótese de que a situação política do país exerceu certa
influência na obra poética dos dois escritores; no entanto, o exílio de Jorge de Sena, por estar num local
diferente e num momento político diferente, em outro país, teria diferenciado sua poesia, da poesia
de Sophia Andresen, mesmo que ambos tratassem dos mesmos temas como exílio, pátria, violência,
liberdade, etc.
Tendo como pressuposto, que os diferentes lugares de escrita propiciaram diferentes modos de
escrita, ainda que ambos tenham uma visão semelhante sobre o que é poesia e qual a sua função no
mundo, consideramos pertinente aproximar essa produção de outra marcadamente autobiográfica,
da qual seria possível extrair informações e afirmações que não estão na poesia. Em função disso,
comparamosa correspondência entre Sophia Andresen e Jorge de Sena, pois o gênero epistolar,com seu
caráter autobiográfico, permite-nos extrair dados que competem à escrita do eu, e ali ambos refletem
sobre a poesia, principalmente durante o regime salazarista.
A partir dessa relação entre os dois corpi, poesia e correspondência, buscamos encontrar um elo entre
os dois documentos e entre o momento e o lugar onde foram escritos, também procuramos analisar
as especificidades do gênero poético e epistolar e por fim analisar como as relações sociais, políticas e
históricas podem influenciar a linguagem poética de escritor.
Para esta pesquisa, optamos por fazer um levantamento bibliográfico com textos teóricos e literários,
selecionando para a análise cinco poemas de cada escritor e toda a correspondência, posteriormente a
cada quinze dias participávamos de reuniões do grupo de estudo para discutir as questões que foram
levantadas durante a pesquisa como: existe uma diferença entre a escrita de quem fica e de quem
parte? Por outro lado, quais as características que tornam a poesia dos dois resistente à ditadura? Para
Sophia, que permaneceu em Portugal, o fato de ainda estar sob o regime ditatorial, torna sua linguagem
SOPHIA E SENA: LUTANDO COM PALAVRAS, DA POESIA À CORRESPONDÊNCIA
Mariane Tavares Sousa
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poética mais eufêmica diante da poesia de Jorge de Sena, que podia escrever e publicar o que quisesse
acerca do regime, por estar fora de Portugal e livre da censura? Depois de realizarmos as leituras e
discussões, produzimos um relatório parcial, um resumo e um relatório final para problematizar e
desenvolver tudo o que a pesquisa se propõe a fazer.
59
Com isso é possível pensar no nascimento do samba urbano durante a conjuntura de 1890 a 1930
tendo ocorrido em lugar fixo e cristalizado? Tal expressividade possui uma delimitação geográfica
concreta, sólida e acaba? Uma vez que suas representações giram em torno de reinvenções numa rede
simbólica presente nas praças negras da cidade do Rio. O samba proveniente das “praças negras” na
cidade do Rio de Janeiro incorporou algumas características urbanas, constitui um elemento marcante
da história da cidade, com profundas implicações na compreensão de seu processo de urbanização
e conformação de novas espacialidades. No último quartel do século XIX, por sua estrutura, rede
de transportes e centralidade financeiro-comercial, a cidade do Rio de Janeiro apontava para o que
seria a metrópole que se firmaria em meados do século XX. Desde aquela época, alguns bairros
cariocas estiveram tradicionalmente relacionados a redutos de sambistas, onde surgiram os primeiros
cordões carnavalescos que posteriormente se transformaram em escolas de samba. Nestes bairros, a
convivência entre segmentos raciais, étnicos, híbridos e heterogêneos foram à base para a organização
das primeiras “praças negras” na cidade. As invenções do samba e de suas batucadas nas praças negras
da cidade do Rio de janeiro escondem sociabilidades ainda não desvendadas em sua totalidade devido
à carência de fontes e dificuldade de acesso aos depoimentos dos sujeitos que aturam no período. Desde
o início do século XX, a prostituição, a malandragem e a boemia foram responsáveis por compor a
memória coletiva que atualmente é (re) significada através de intervenções em suas formas conteúdos e
constituem arranjos espaciais que desenham outras paisagens ligadas numa de redes de comunicação
que se configuraram no processo de urbanização da cidade dentro de uma conjuntura histórica.
Palavras-chave: Hibridismos, praças negras, redes, territórios e samba.
TERRITÓRIOS E HIBRIDISMOS NAS FRONTEIRAS DA “PEQUENA ÁFRICA DE TIA CITA” (1890-1930)
Wallace Lopes Silva
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Na década de 1970 muitas famílias vieram para a região norte em busca de terras para trabalhar e
de uma vida melhor, porém nem para todos isso foi possível, mas, com o inicio da construção da
rodovia Transamazônica, se depararam com muitas dificuldades, uma delas foram as endemias aqui
encontradas. Muitas famílias que foram trazidas pelo governo militar da época foram estabilizadas
às margens da rodovia Transamazônica sem assistência necessária em saúde, educação e moradia.
Muitos morreram abandonados no meio da selva infectados por doenças como malária, febre amarela,
picadas de inseto, picadas de cobras.
Os trabalhadores ficavam sem comunicação por meses, obtendo informações sobre assuntos diversos
apenas em visitas ocasionais e em seus deslocamentos às cidades próximas. O transporte era geralmente
feito realizado por pequenos aviões, que usavam pistas com pouca infraestrutura, bem como por
barcos. Com a realização dessa pesquisa compreendemos o cotidiano e tragédias que assolavam
famílias inteiras que tiveram que aprender a lidar com coisas simples como uma gripe, novos hábitos
alimentares e higiênicos chegando até a enfrentar animais selvagens e doenças como leishmaniose,
hanseníase e doenças sexualmente transmissíveis.
A metodologia de análise de obras e narrativas orais sobre a Transamazônica permite refletir sobre
como literatos e emigrantes debatiam o cotidiano dos núcleos de colonização e de novos moradores
da rodovia.Nesse sentido, a realização de análise de obras literárias possibilita outro olhar sobre
essa realidade. A partir do presente trabalho podemos não apenas contar histórias do cotidiano da
Transamazônica, durante a colonização oficial, na década de 1970, como também refletir sobre olhares
de literatos e de migrantes em relação a este momento marcante da ditadura civil-militar brasileira.
UM ESTUDO SOBRE SAÚDE E DOENÇA EM OBRAS LITERÁRIAS SOBRE A TRANSAMAZÔNICA
Sílvia Lethissia Dos Santos; Felipe Costa
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A pesquisa de Iniciação Científica (IC/UNEB) aqui apresentada está ligada ao Projeto ‘Poéticas
baianas: entre linguagens contemporâneas e outras imagens de sertão’. O objetivo macro da pesquisa
pretendeu colocar em debate o esboço subjetivo e identitário que se revela na obra Cicatriz do silêncio
(2007), de Adriano Eysen. Do eu-lírico ao ‘outro’ (mulheres, sertanejos, entes familiares, conhecidos,
desconhecidos etc), a obra literária contemporânea escolhida para realizar este estudo nos apresentou
imagens variadas de sertão, que vão da cidade ao campo. Para entender coerentemente o sertão que
se dá a [entre]ver em meio à poética de Eysen, tomamos como fundamentação teórica da pesquisa
estudos sobre identidade individual e coletiva em constante entrelace (HALL, 2006), sobre a memória
(BERGSON, 2010), poesia lírica (COMBE, 2010), sertão (FERREIRA, 2004; VICENTINI, 1998) e sobre
a relação campo/cidade (WILLIAMS, 2011), entre outros.
A modalidade de pesquisa foi a bibliográfica, realizada a partir de obras e documentos (impressos e
virtuais). Os registros líricos da memória que se apresentam na obra de Eysen nos mostraram a ação
memorialista como construtora de imagens internas e externas ao eu-lírico dos versos que formam
o corpus da investigação. Outra parte do estudo destinou-se a perceber as subjetividades que podem
ser lidas como elemento intrínseco da poesia lírica, uma vez que são preeminentes ao próprio ‘eu’ e
também ao ‘outro’, interlocutor da obra.
Por outra via, detemo-nos no modo como o poeta teceu emoções e lembranças (talvez não só suas,
mas alheias, coletivas, ancestrais etc.) em seu discurso literário, ao se valer, na maioria das vezes,
de geografias reais e subjetivas em que o sertão é o espaço privilegiado a ser retratado, movimento
que talvez tenha ajudado o poeta a conferir ou (re)construir novos sentidos sobre a realidade. Como
resultados parciais da pesquisa pudemos compreender que a presença de imagens relacionadas a
campo/cidade nos versos de Eysen colocam em evidência o entrelace entre os dois espaços (não só
físicos e para além do viés literário), que por sua vez revelam duas faces complementares do eu-lírico
expressas no livro - a do ‘eu’ menino e a do ‘eu’ homem e seus sentimentos variados. Por meio da arte
de narrar poeticamente o [ser]tão que traz dentro de si, o poeta acaba por remodelar os contornos
do que se entende por sertão, ao envolver o leitor em um galope lírico inundado de sentimentos, de
saudades, de objetos, pessoas e cenas que desempenham, quem sabe, o papel de cicatrizar/atualizar
tempos reais e de sonho, do poeta, do eu-lírico e quiçá dos leitores.
UM SERTÃO SUBJETIVO NA POÉTICA DE ADRIANO EYSEN: CONSTRUÇÕES DO ‘EU’ E DO ‘OUTRO’ ATRAVÉS DE IMAGENS DE
CAMPO E CIDADE
Marcelise Lima de Assis
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O presente trabalho tem como objetivo fazer uma análise comparativa entre as obras Se Questo è un
Uomo (1958) e Waiting For Godot (1958), escritos respectivamente pelo italiano Primo Levi (1919 –
1987) e pelo irlandês Samuel Beckett (1906 – 1989), tendo como base o mito de Sísifo estudado por
Albert Camus (1913 – 1960) em seu Le Mythe de Sysiphe – Essai sur l’absurde (1942).
Primo Levi (1919 – 1987) foi um escritor italiano que influenciou e ainda influencia a produção literária
italiana e mundial. Tendo vivido os horrores de Auschwitz, depois de ser capturado junto com um
grupo de companheiros que lutavam contra o avanço nazi-fascista na Itália, Levi transporta cinzas
memórias para o interior de sua obra, em especial para seu romance mais conhecido: Se Questo è un
Uomo, alvo desse estudo. Samuel Beckett, por sua vez, figura icônica do chamado “teatro do absurdo”,
é autor de Waiting for Godot (publicado a primeira vez em francês como En attendant Godot, em
1958). Excluindo de cara toda a esperança humana (com a repetida frase “nothing to be done”), a peça
traz a cena muitos dos questionamentos que perpassam o ensaio de Camus.
Para esta análise, utilizaremos como apoio os estudos sobre a modernidade e a pós-modernidade
de Zygmunt Bauman em seu Amor Líquido (2004) e de Jean François Lyotard em La Condition
postmoderne (2005). Para um estudo mais apurado das personagens utilizaremos a obra de Umberto
Eco, Os Limites da Interpretação (2010). Nosso trabalho dividir-se-á em três etapas. Inicialmente,
iremos realizar um apanhado geral do momento de publicação e posterior recepção das duas obras.
Em seguida, iremos analisar sob uma perspectiva mítica as duas obras em estudo, tendo em vista o
trabalho de Camus, e as suposições filosóficas em torno do conceito de homem concebido pelo autor.
Por fim, observaremos a construção das personagens em ambas as obras e sua inserção na produção
artística contemporânea. Tendo em vista a mudança das perspectivas críticas sobre a literatura e a arte
iniciadas desde 1960, é de fundamental importância investigar como esse novo olhar enxerga tanto
o presente quanto o passado. A título de conclusão pode-se afirmar a grande importância que ambos
os autores tiveram na formulação do pensamento moderno, ao mesmo tempo em que trazem em suas
obras diversas características da produção pós-moderna.
UMA (DES)LEITURA MÍTICA : SE QUESTOÈ UM UOMO DE PRIMO LEVI E WAITING FOR GODOT, DE SAMUEL BECKETT
Elvis Freire da Silva
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O presente trabalho visa apresentar uma leitura discursiva de O Vulgarisador: o jornal dos
conhecimentos úteis, publicado de 1877 a 1880 por Augusto Emilio Zaluar, famoso jornalista, escritor
e pesquisador português no Brasil oitocentista. A análise deste material deve-se ao fato de que em
todo o século XIX houve uma grande expansão da pesquisa científica tanto em campos tradicionais,
como matemática, física, química etc., assim como em campos emergentes e, portanto, não dotados do
mesmo prestígio de suas predecessoras, como psiquiatria, filologia, linguística. A leitura discursiva do
referido material visa buscar indícios de como se constituíram as imagens de linguista e de linguística,
até então associada a todo e qualquer estudo referente à língua (sendo muitas vezes rotulada como
filologia). O estudo em questão pauta-se na Análise do Discurso de origem francesa, a qual se baseia
em indícios intra e extralinguísticos a fim de desvendar os sentidos que possam estar ali presentes
e que, contudo, não são os sentidos oficiais. Para a Análise do Discurso importam conceitos como
silêncio, esquecimento, formação discursiva, ideologia, sujeito, historicidade. Alguns resultados da
análise de O Vulgarisador são a constatação de que a Linguística nascente à época se constituiu de
terminologias de outras ciências já existentes, principalmente das exatas e biológicas, ou seja, havia a
tentativa de se aplicar términos de ciências mais prestigiosas a fim de se acreditar, validar e prestigiar
o novo campo científico. Também se conclui que o papel do linguista equivale em muito ao papel do
biólogo, o qual procura, por meio do método científico, as origens maternas do seu material de estudo,
dissecando as palavras em termos menores, numa tentativa de atomização, de se poder chegar a um
denominador comum, irredutível, a origem de toda a linguagem.
UMA ANÁLISE DISCURSIVA DE O VULGARISADOR
Gustavo Alves Bezerra