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FATORES DETERMINANTES DA ESTRUTURA DE CAPITAL: um estudo das
empresas ganhadoras do Troféu Transparência / Prêmio ANEFAC-FIPECAFI-
SERASA EXPERIAN
1 INTRODUÇÃO
A Estrutura de capital é um tema constantemente discutido por pesquisadores
da área de finanças. A questão principal que envolve este tema é a discussão se o
valor da empresa é influenciado ou não pelas decisões sobre suas fontes de
financiamento. Nesse debate, duas grandes correntes teóricas direcionam os
estudos: a teoria convencional (tradicionalista), representada principalmente por
Durand em 1952, e a teoria da irrelevância da estrutura de capital defendida por
Modigliani e Miller em 1958. (BRITO; CORRAR; BATISTELLA, 2007).
Famá e Grava (2000) explicam que na posição dos tradicionalistas já era
aceita a ideia intuitiva de que riscos maiores exigiam recompensas maiores em
termos de retorno, mesmo não se dispondo de um instrumental analítico como
suporte do estudo de risco e retorno. Assim, a percepção do risco-retorno no
mercado era pequena no princípio, mais se intensificava à medida que o risco de
insolvência era mais acentuado.
Por outro lado, Modigliani e Miller (1958) consideraram que em um mercado
perfeito a estrutura de capital não influenciava o valor de mercado da empresa, e
sim a composição de seus ativos. Este modelo, irreal para o atual contexto, não
considerava assimetria informacional nem o risco presente na dívida da empresa
(LARA; MESQUITA, 2008).
Entretanto, Modigliani e Miller publicaram em 1963 o artigo “Corporate Income
Taxes and the Cost of Capital: A correction”, no qual foram feitas algumas correções
no artigo publicado em 1958. Os autores reconheceram o benefício do
endividamento, uma vez que os juros originados desta obrigação são dedutíveis no
cálculo do imposto de renda. Assim, o valor da empresa aumentaria pela economia
de imposto. (GOMES, 2012).
A Teoria da Estrutura de Capital de Modigliani & Miller (1958, 1953) abriu
espaços para inúmeras pesquisas relacionadas à temática desenvolvidas na área de
finanças corporativas, e dentre esses trabalhos, destacam-se duas significativas
contribuições teóricas: (i) Trade-off Theory e a (ii) Pecking Order Theory, estudadas
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por Myers (1984) e Myers & Majluf (1984) respectivamente. (DAVID; NAKAMURA;
BASTOS, 2009).
De acordo com a teoria do trade-off, é possível alcançar uma estrutura ótima
de capital que maximize o valor da empresa. Myers (1984) apud Bastos, Nakamura
e Basso (2009), explica que é necessário neste caso encontrar um ponto de
endividamento avaliando os impactos do benefício fiscal e das dificuldades
financeiras.
Segundo Brito, Corrar e Batistella (2007, p. 11) “a partir das pesquisas sobre
assimetria informacional, Myers (1984) propôs a teoria do Pecking Order, que
considera a existência de uma hierarquia nas fontes de financiamento”, desta
maneira, as empresas priorizam o uso de uma fonte de recursos em relação à outra.
O que se observa é que os debates sobre as formas de financiamentos
assumidas pelas empresas e como estas afetam o valor de mercado das mesmas é
uma questão problema até os dias atuais, sobretudo em mercados emergentes onde
os debates sobre tal questão incorporam questões institucionais, tais como a
legislação tributária, a fragilidade do mercado de capitais e a aversão ao risco.
(MANETTI, 2005).
Estudos empíricos realizados no mercado norte americano, assim como no
Brasil, sugerem a existência de fatores que determinam o comportamento das
empresas em relação a estrutura de capital. Porém, os resultados alcançados
indicam que não existe uma homogeneidade. (BRITO; CORRAR; BATISTELLA,
2007).
1.1 Problema
Diante desse contexto, o presente estudo procurou responder à seguinte
pergunta: Qual o efeito do nível de transparência sobre a estrutura de capital
das empresas Brasileiras?
1.2 Objetivos
1.2.1 Geral
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O objetivo do trabalho foi identificar qual o efeito do nível de transparência
sobre a estrutura de capital das empresas participantes da amostra.
1.2.2 Específicos
Identificar os tipos de fontes de financiamento das fontes de financiamentos
utilizadas;
mensurar a estrutura de capital das empresas participantes da amostra;
analisar a associação e homogeneidade entre as variáveis analisadas no
estudo.
1.3 Justificativa
Biagni (2003), citado por Ceretta et al. (2009) explica que no ambiente das
finanças corporativas, a estrutura de capital de uma empresa pode determinar sua
continuidade. A utilização de capital de terceiros, decisão que parte da alta
administração, deve ser bem avaliada uma vez que altos níveis de endividamento
podem influenciar a solvência das empresas e baixos níveis de endividamento
podem ser prejudiciais frente a novas oportunidades de investimento.
A diferença existente entre a realidade empresarial brasileira e o ambiente em
que as teorias de estrutura de capital foram desenvolvidas, torna-se um importante
fator da justificativa deste trabalho. Costa et al. (2009) explicam que algumas
características motivam o estudo da estrutura de capital das empresas no Brasil,
como por exemplo, o fato do mercado de capitais ser restrito, a existência de
elevadas taxas de juros que tornam o custo de capital mais alto, e o fato do custo de
capital de terceiros não ser somente em função apenas do risco do tomador, mas
também da natureza das fontes de financiamento.
O presente estudo procurou contribuir para a identificação dos fatores que
influenciaram na decisão das empresas em relação à formação de sua estrutura de
capital (COSTA et al., 2009), visto que a definição de uma estrutura ótima, que
maximize o valor da empresa, ainda não é consolidada pelas teorias existentes,
(CERETTA et al., 2009), e as políticas adotadas podem ter influência direta na
determinação do seu valor. (TERRA apud LONCAN; CALDEIRA, 2014).
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Teoria da estrutura de capital
A estrutura de capital da empresa é ainda um tema controverso em teoria de
finanças. O assunto vem sendo discutido a mais de 50 anos nos meios acadêmicos,
mas a heterogeneidade das evidências empíricas mostra que o tema ainda
necessita de aprofundamento. (BRITO; CORRAR; BATISTELLA, 2007).
Myers (1984), citado por Iquiapaza, Amaral e Araújo (2008) explica que a
estrutura de capital de uma empresa se refere ao “conjunto de títulos usados para
financiar as atividades empresariais, ou, ainda, como a razão entre as dívidas de
curto, médio e longo prazo e capital próprio”.
Assaf Neto (2010, p. 483) explica que “a estrutura de capital de uma empresa
refere-se à composição de suas fontes de financiamentos a longo prazo, oriundas de
capital de terceiros (exigível) e de capitais próprios (patrimônio líquido)”.
Na literatura, podem ser identificadas duas correntes teóricas relacionadas à
estrutura de capital: a tradicionalista, representada principalmente por Durand em
1952, e a teoria de Modigliani e Miller (1958). (SEABRA, 2011).
2.1.1 Teoria tradicionalista
Daher (2004), citado por Corrêa (2011) explica que a visão tradicionalista tem
como principal representante Durand (1952). De acordo com esta abordagem um
aumento no endividamento da empresa elevaria também o risco, refletindo no
aumento do custo de capital e reduzindo por consequência o valor da empresa.
Corrêa (2011) cita ainda Leandro (2006), que explica que o custo de capital de uma
empresa assemelha-se a forma de U, sendo o ponto mínimo o ponto ótimo da
estrutura de financiamento. Assim, seria possível a empresa alcançar uma estrutura
ótima de capital pelo equilíbrio da proporção de capital próprio e de terceiros de
forma a maximizar o seu valor e chegar a um custo total de capital mínimo.
Segundo Durand (1952), citado por Favato e Rogers (2008), se os
investidores aceitassem precificar o valor da empresa a partir dos fluxos de caixa
futuros trazidos a valor presente, seria possível aumentar o valor da entidade pela
redução da taxa de desconto, isto é, do custo de oportunidade do capital utilizado.
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A relação entre risco e retorno também era percebida no capital acionário,
explica Famá e Grava (2000), citados por Santos, Pimenta Júnior e Cicconi (2009).
Assim, os investidores eram mais resistentes na aplicação de recursos em negócios
que transpareciam o risco, sendo necessários retornos maiores para viabilizar os
investimentos.
2.1.2 Teoria de Modigliani e Miller
Em contraposição a visão tradicionalista, explica Corrêa (2011), Modigliani e
Miller publicaram o artigo The Cost of Capital, Corporation Finance, and the Theory
of Investment na American Economic Review. Seabra (2011) explica que esta teoria
apresentou uma nova proposição: o custo de capital da empresa não é afetado pelo
seu nível de endividamento.
O trabalho desenvolvido por Modigliani e Miller (1958), considerava um
mercado perfeito com as seguintes características, explica Bastos (2008):
1) mercado de capitais livre de custos de transação; 2) taxas livres de risco para tomadores e fornecedores de capital; 3) não existência de custos de dificuldades financeiras, e nem de custos
de falência; 4) existência de apenas dois instrumentos de financiamento, dívida livre de
risco e capital próprio; 5) todas as empresas deveriam pertencer a uma mesma classe de risco; 6) não existência de impostos; 7) todos os fluxos de caixa eram considerados perpétuos; 8) inexistência de assimetria informações entre gestores e investidores; 9) os gestores sempre buscavam maximizar a riqueza dos acionistas; 10) os fluxos de caixa não eram afetados pelas mudanças na estrutura de
capital da empresa. (BASTOS, 2008, p. 24).
Famá e Grava (2000) interpretaram o princípio básico defendido por
Modigliani e Miller. Os autores explicam inicialmente que a empresa é capaz de
gerar receita através de um conjunto de ativos considerando-se um determinado
risco. Vincula-se a este risco um custo de capital, e as decisões relacionadas às
fontes de financiamento não alteram esse risco. De forma clara, pode-se imaginar a
seguinte situação hipotética: a receita auferida pela empresa é influenciada pela
demanda do mercado de determinado produto. Esta demanda é afetada por alguns
fatores, como o preço praticado pela empresa, qualidade do produto e questões
macroeconômicas. Porém, o consumidor não avalia a forma de financiamento da
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empresa para comprar seu produto, sendo então a receita e outros elementos do
resultado da empresa não afetados pelas decisões de financiamento. Os autores
concluem então que o comportamento dos ativos não se modificando,
consequentemente o valor da empresa também não irá se alterar.
As conclusões do trabalho de Modigliani e Miller podem ser elencadas em
três proposições, explica Corrêa (2011).
Na proposição I, Modigliani e Miller defendem que o valor da empresa é
definido pela capacidade de geração dos ativos de futuros fluxos de caixa, sendo
descontado a um risco. Com a utilização de alguns argumentos como a de que os
investidores conseguem captar recursos com uma taxa de juros igual a das
empresas, eles concluem que o valor da empresa é o mesmo se financiado com
capital próprio ou capital de terceiros. (TARANTIN JUNIOR, 2013).
Bastos (2008) acrescenta que nesta proposição o fato mais relevante para a
empresa seria em relação as suas decisões de investimento, pois estas seriam
capazes de fornecer um retorno considerável para os acionistas.
Posteriormente, Modigliani e Miller, na proposição II, demonstram que o custo
médio ponderado de capital é constante em relação à formação do mix de
financiamento. Se a empresa substitui o capital próprio, que é mais caro, pelo capital
de terceiros, que é mais barato, o custo médio ponderado de capital não é afetado.
Essa substituição torna o capital próprio mais caro, uma vez que com a presença de
capital de terceiros é gerada uma obrigação de pagamento. Desta maneira, o
aumento que ocorre no custo de capital próprio é compensado pela incorporação de
capital de terceiros, sendo irrelevante buscar uma estrutura de capital que reduza o
custo médio ponderado de capital, uma vez que tem características invariáveis.
(TARANTIN JUNIOR, 2013).
Na proposição III, Modigliani e Miller definem que a forma como a empresa se
financia é irrelevante na análise do retorno de um investimento. O fator determinante
será a taxa de retorno esperada do projeto, sendo que a empresa investirá somente
se o retorno foi maior ou igual ao custo geral de capital. Desta maneira, o valor da
empresa será determinando pela sua política de investimento e não de sua política
de financiamento, sendo ambas independentes. (CORRÊA, 2011).
Em trabalhos posteriores, Modigliani e Miller (1963) assumem o benefício da
dívida gerado pela presença do imposto de renda da pessoa jurídica. O benefício
gira em torno da dedutibilidade da despesa com juros oriundos do financiamento da
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base de cálculo do referido imposto. Assim o valor da empresa aumentaria com a
presença de capital de terceiros em maior proporção do que a de capital próprio.
(TARANTIN JUNIOR, 2013).
As contribuições das proposições acimas citadas ficaram conhecidas como
Teoria de Modigliani e Miller (M&M), sendo considerado um marco importante na
moderna teoria de finanças. (BASTOS, 2008). Entretanto, diversos trabalhos
teóricos e práticos surgiram explicando os fatores do porque as empresas não
adotam proporções elevadas de endividamento.
Neste sentido, Nakamura (1992), citado por Corrêa (2011) salienta que a
estrutura de capital de uma empresa composta somente por dívida é pouco realista,
uma vez que as empresas certamente não sobreviveriam sem a presença de capital
próprio.
2.2 Teoria do trade-off
Scott (1976), citado por Corrêa (2011) explica que o trabalho de Modigliani e
Miller (1963) gerou uma situação contraditória, uma vez que se existe a
possibilidade da dedução dos juros para cálculo do imposto de renda, seria prudente
a empresa adotar uma estrutura de capital formada somente com dívidas, mas isso
não seria coerente pelo senso comum e nem na prática. Assim, deveriam ser
considerados os custos de falência presentes pelo aumento no endividamento.
Desta maneira, de acordo com a teoria de trade-off, conhecida também como
contrabalanço, é possível determinar uma estrutura ótima de capital através da
combinação de capital próprio e de capital de terceiros de forma a maximizar o valor
da firma. O ponto de partida desta teoria se deu no trabalho de Durand (1952), em
que foi proposta a avaliação da empresa através do seu fluxo de caixa descontado,
e sendo este fluxo constante, seria possível a diminuição do custo de capital da
empresa. Porém, o próprio autor admite que uma mudança na variação da
proporção de capital próprio e de terceiros, poderia não diminuir o custo de capital
da empresa. (BASTOS, 2008).
Tarantin Junior (2013) explica que de acordo com esta teoria, é possível
definir uma estrutura de financiamento que maximize o valor da empresa pelo
aumento da dívida. Ou seja, com o aumento da alavancagem financeira, aumenta-se
também o valor da despesa com juros que é dedutível para cálculo do imposto de
8
renda da pessoa jurídica. Esta afirmação se confirma pela hipótese de que
reduzindo-se o valor do lucro tributável, haverá também uma redução do imposto a
pagar, diminuindo a saída de caixa da empresa. Assim, ocorre uma economia de
tributo quando a empresa substitui o capital próprio pelo capital de terceiros.
Entretanto, observa-se um limite para a captação de recursos de terceiros
pelo aumento proporcional dos custos de dificuldades financeiras. O custo médio de
capital da firma aumentará pela exigência dos acionistas de maiores retornos, uma
vez que a presença de dívidas aumenta o risco dos investimentos. O retorno exigido
pelos credores também deve aumentar pelo risco de endividamento da empresa,
fazendo com que o custo de capital das dívidas aumente e consequentemente o
custo de capital total. Nesta hipótese, um aumento do endividamento pela captação
de recursos de terceiros e consequentemente do benefício fiscal, é superado pelo
aumento dos custos de capital. (TARANTIN JUNIOR, 2013).
Com a formulação desta teoria, vários testes foram realizados a fim de
determinar os fatores que influenciam a estrutura de capital das empresas. Medeiros
e Daher (2008) citam os trabalhos de Titman e Wessels (1988), que utilizaram
diversas variáveis; Ross (1977), que incorporou os custos de falência e a sinalização
assimétrica ao mercado. De acordo com este autor, existia uma relação diretamente
proporcional entre o nível de endividamento das empresas e sua qualidade, atuando
esta variável como sinalizador para os investidores; e Marsh (1982), que concluiu
que a teoria do trade-off (STT) explica o comportamento das empresas em relação
as suas fontes de financiamento.
2.3 Teoria do pecking order
O pecking order é uma teoria que explica a formação da estrutura de capital
de uma empresa, não sendo considerada, porém, uma meta para a formação desta
estrutura. Ela é sustentada pela ideia que gira em torno da assimetria informacional
existente entre gestores (insiders) e o mercado. Desta maneira, admite-se que os
gestores detêm informações privadas de certas características da empresa, como
retorno e oportunidades de investimentos, que nem sempre são divulgadas para os
usuários externos. (SANTOS; PIMENTA JÚNIOR; CICCONI, 2009).
Copeland, Weston e Shastri (2005), citados por Bastos (2008, p. 35)
“consideram esta teoria de não-equilíbrio, posto que se desviam de influências
9
permanentes, tais como benefício fiscal da dívida, dificuldades financeiras e custos
de agência”. Esta teoria analisa as especificidades da empresa ao invés dos efeitos
da indústria, como ocorre, por exemplo, na STT.
Medeiros e Daher (2008) explicam que de acordo com esta teoria, as
empresas seguem uma ordem hierárquica para a formação de sua estrutura de
capital, dando preferência ao financiamento interno, e existindo ainda a necessidade
de capital, recorreriam ao financiamento externo, optando pela emissão de
debêntures e títulos conversíveis, e por último a emissão de novas ações.
Esta hierarquia nas fontes de financiamento está relacionada ao nível de
informação que cada fonte de financiamento transmite ao mercado, sendo
priorizados os títulos menos sensíveis à informação. Myers (1984), citado por
Albanez, Valle e Corrar (2012) explica que a captação de recursos pela emissão de
títulos de dívida, transmite ao mercado uma informação positiva de que a empresa
terá oportunidades de crescimento e é capaz de honrar o financiamento.
De acordo com Medeiros e Daher (2004), citados por Iquiapaza, Amaral e
Araújo (2008), as empresas preferem a emissão de dívida à emissão de ações, uma
vez que o deságio é menor, além de usufruírem do benefício da dedução dos juros
oriundos da captação de recursos de terceiros. Outro benefício da dívida é o fato de
que os portadores de títulos de dívida possuem um retorno pré-fixado, não sendo
necessário que os acionistas partilhem seus ganhos futuramente.
Por outro lado, explica Myers (1984), citado por Albanez, Valle e Corrar
(2012), a emissão de ações sinaliza uma informação negativa ao mercado, pois de
acordo com esta teoria, os administradores tomam decisões de acordo com os
interesses dos acionistas se recusando a emitir ações subavaliadas. Myers e Majluf
(1984), citados por Iquiapaza, Amaral e Araújo (2008) explicam ainda que quando as
empresas emitem ações, transmitem ao mercado uma informação da falta de
capacidade de autofinanciamento e de conseguir empréstimos no mercado.
Medeiros e Daher (2008) explicam que a resistência pela emissão de ações
se dá pelo fato de sua possível subprecificação pelo mercado. Este fato ocorre uma
vez que os investidores detêm um menor nível de informação sobre os futuros fluxos
de caixa da empresa. Cientes desta diferença no nível de informação infeririam que
os gestores emitiriam ações somente quando estivessem superavaliadas.
Consequentemente, o mercado estabeleceria o preço destas ações com deságio.
Logo, a subprecificação levaria ao subinvestimento, já que a emissão de ações a
10
preços desfavoráveis poderia ocasionar na transferência de riqueza dos antigos para
os novos acionistas.
Neste sentido, Harris e Raviv (1991), citados por Albanez, Valle e Corrar
(2012) defendem que o ponto mais importante da teoria de pecking order se refere à
queda do preço das ações da empresa após o anúncio de emissão de novas ações,
ou seja, antes do anúncio o preço das ações era influenciado pelas convicções da
empresa, e com o anúncio, ocorre uma diminuição do preço das ações causado pela
mudança destas convicções.
Frank e Goyal (2003), citados por Corrêa (2011) explicam que pela POT
observam-se duas formas básicas: a forte e a semiforte ou fraca. Na forma forte, as
empresas decidem entre duas fontes de financiamento: a utilização de lucros retidos
e o endividamento, não se cogitando a emissão de ações. Já na forma semiforte ou
fraca, as empresas analisam a possibilidade de emissão de ações, desde que não
anulem as premissas básicas da teoria.
Frank e Goyal (2003), citados por Iquiapaza, Amaral e Araújo (2008)
analisaram as conclusões de Shyam-Sunder e Myers (1999) e detectaram alguns
problemas na formulação da pecking order. Foi demonstrado que as empresas
constantemente utilizam recursos de terceiros como fonte de financiamento, já que a
retenção de lucro em certos casos não é suficiente para financiar os projetos da
empresa. Além disso, com o aumento de empresas de médio porte, a emissão de
dívidas e ações se torna mais viável, uma vez que não possuem grande capacidade
de financiamento próprio.
2.4 Teoria de assimetria de informações
Brealey, Myers, e Allen (2008), citados por Corrêa (2011) definem a
informação assimétrica como um termo que indica que os gestores possuem um
conjunto de informações da empresa em grau mais elevado do que em relação aos
investidores externos. Em relação ao tema, vale destacar o trabalho de Myers e
Majluf (1984), citados por Corrêa (2011), que relacionaram a assimetria
informacional com a estrutura de capital das empresas e a emissão de ações.
Tarantin Junior (2013) explica que a assimetria de informações é uma
imperfeição do mercado. Com esta diferença no nível de informações, o grupo
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privilegiado obtém vantagens, ocasionando dois problemas: seleção adversa e risco
moral.
A seleção adversa é um fato pré-contratual que ocorre quando os agentes
com menor nível de informações não são capazes de diferenciar o nível de
atratividade de determinado projeto. Assim, para se resguardar de eventuais perdas,
subavaliam estes investimentos. (TARANTIN JUNIOR, 2013).
Varian (2006), citado por Calhau (2012) explica que a seleção adversa é uma
situação em que um mercado de produtos ou serviços de qualidade é afetado pela
assimetria informacional dos compradores, justamente pelo fato de não conhecerem
a qualidade do produto ou serviço adquirido.
Em relação ao risco moral, Milgrom e Roberts (1992, p. 167), citados por
Tarantin Junior (2013) explicam como sendo uma forma de oportunismo pós-
contratual em que as ações com consequências eficientes são tomadas com custo.
Desta maneira, o indivíduo que toma tais ações está interessado em vantagem
própria em detrimento do outro.
Através do risco moral a assimetria informacional pode se transformar em
impacto financeiro. Stadler e Castrilho (1995, p. 5), citados por Calhau (2012, p. 33-
34) definem risco moral na seguinte situação: “1 – O principal formula o contrato que
será ofertado ao agente; 2 – O agente aceita o contrato desde que ofereça utilidade
superior às outras oportunidades disponíveis a ele; 3 – O agente realiza uma ação
ou esforço em nome do principal”.
Brealey, Myers, e Allen (2006), citados por Bastos (2008), através da análise
da assimetria informacional presente entre gestores e investidores, explicam que as
empresas com boas perspectivas de futuro captam recursos através da emissão de
dívidas. Como exemplo, podemos citar o fato de que, existindo duas empresas
idênticas, a que possui perspectivas favoráveis de futuro evitará captar recursos pela
emissão de ações, e sim através da emissão de dívidas. Esse fato ocorre, pois o
mercado poderá subavaliar estas ações, fazendo com que ocorra uma transferência
da riqueza dos antigos para os novos acionistas. Verificar-se-á ainda um
favorecimento para os novos acionistas pelo fato das ações estarem desvalorizadas,
mas com projetos empresarias de investimentos rentáveis.
Cândido (2010) explica que a opção pela emissão de dívidas traz ainda
alguns benefícios, pois além de serem uma obrigação contratual, é possível a
recuperação dos valores caso a empresa entre em processo de liquidação.
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Em situação contrária, explica Bastos (2008) citando Brealey, Myers, e Allen
(2006), as empresas com perspectivas de rentabilidade desfavoráveis, emitirão
ações a fim de compartilhar com os novos investidores as possíveis perdas futuras.
O mercado, porém, somente considera aquelas empresas que possuem propostas
de investimento atrativas, e olha com receio para aquelas que emitem ações, visto a
ausência de retorno futuro dos atuais investimentos.
Existem indícios que verificam o reflexo da assimetria informacional nos
custos de captação das empresas, apresentando consequências diretas para a sua
rentabilidade e para o retorno dos acionistas. Neste sentido Brow et al. (2004),
citado por Calhau (2012) destacam a existência de uma relação positiva entre a
assimetria informacional e o custo de capital das empresas, afetando diretamente a
formação de um prêmio cobrado pelos investidores quando negociam com
investidores com informações privilegiadas.
Stiglitz e Weiss (1981) e Myers (1984), citados por Iquiapaza, Amaral e Araújo
(2008) explicam que a informação é peça fundamental para o adequado
funcionamento do mercado financeiro, uma vez que é através dela que os agentes
podem atuar de forma eficiente e com menos risco. Myers (1984), citado por
Iquiapaza, Amaral e Araújo (2008), reforça ainda que a obtenção de informação no
mercado é difícil e seletivo, caracterizando então a presença de limitações no
mercado de capitais.
2.5 Estudos anteriores
Eid Junior (1996) desenvolveu um trabalho com o objetivo de analisar o
comportamento das empresas instaladas no Brasil na formação de sua estrutura de
capital, identificando qual das três teorias citadas se destaca: modelo de relação
estática, hipótese da ordem de captação e oportunismo. Para a realização do
estudo, foram enviados questionário para as empresas selecionadas, sendo que das
1.126 empresas constantes na base de dados, apenas 161 responderam. Os
resultados mostraram que a ideia de uma relação estática entre os componentes da
estrutura de capital não se confirmou, sendo descartada. Em relação ao
oportunismo, os resultados demonstraram que as empresas captam recursos com a
perspectiva do que for economicamente viável, não se preocupando com a estrutura
de capital. O autor destacou também que um número considerável de empresas
13
segue uma hierarquia nas fontes de financiamento, de acordo com o proposto pela
hipótese da ordem de captação.
Perobelli e Famá (2002) desenvolveram um trabalho utilizando análise fatorial
e regressão linear de forma a adaptar o modelo de Titman e Wessels (1988) para o
caso brasileiro. Foi utilizada uma amostra de 165 empresas de capital aberto, com
dados extraídos do período de 1995 a 2000, com objetivo de verificar os fatores
determinantes da estrutura de capital destas empresas. Os resultados mostraram
uma relação negativa entre endividamento de curto prazo e o fator tamanho e entre
endividamento de curto prazo e o fator crescimento dos ativos. Essas relações
evidenciaram que no Brasil as empresas menores são mais propensas ao
endividamento de curto prazo, provavelmente pela escassez de mecanismo de
financiamento a longo prazo ou por não conseguirem taxas aceitáveis. Além disso,
as empresas em crescimento mostraram uma tendência em utilizar menos o
financiamento de curto prazo. Outra relação importante foi verificada entre
lucratividade e endividamento de curto prazo. O estudo demostrou que as empresas
com alto giro são mais propensas a serem menos endividadas no curto prazo.
Em outro estudo, Perobelli e Famá (2003) avaliaram os fatores determinantes
da estrutura de capital das empresas localizadas no México, Argentina e Chile entre
os anos de 1995 e 2000. Foi utilizada uma amostra de 119 empresas de capital
aberto no México, 57 na Argentina e 103 no Chile. Os estudos de Titman e Wessels
(1988), realizado no mercado americano, e de Perobelli e Famá (2002), realizado no
mercado brasileiro, foram as bases para este trabalho. Os resultados demonstraram
que os determinantes da estrutura de capital das empresas variam de acordo com o
País. No México, todos os fatores estudados, exceto estrutura dos ativos, tiveram
relação com o endividamento. Na Argentina, apenas o fator lucratividade teve
relação com o endividamento. No Chile, os fatores tamanho, lucratividade e
estrutura dos ativos apresentaram relação significativa com o endividamento.
Moraes (2005) utilizou as teorias do custo de agência, trade-off, pecking order
e assimetria informacional para identificar os determinantes da estrutura de capital
de 181 empresas de capital aberto entre o período de 1999 e 2001. O autor testou
as variáveis estudadas em trabalhos anteriores relativas as teorias acima citadas,
acrescentando variáveis que relacionam a competição no mercado de produto e no
mercado de fornecedores e de empregados. Os resultados confirmaram a teoria do
pecking order, onde era esperada uma relação negativa entre lucratividade e
14
endividamento. Os fatores reputação, tamanho, concentração de mercado tiveram
uma relação positiva com o endividamento.
Brito, Corrar e Batistella (2007) realizaram uma pesquisa com a finalidade de
analisar a estrutura de capital das maiores empresas que atuam no Brasil, com a
relação existente entre o endividamento e alguns fatores constantes nas teorias
como sendo seu determinante. O banco de dados utilizado continha 466 empresas,
sendo 185 de capital aberto e 281 de capital fechado, e as informações extraídas
englobaram o período de 1998 a 2002. Os resultados indicaram que os fatores risco,
tamanho, composição dos ativos e crescimento podem ser considerados como
determinantes da estrutura de capital, enquanto os fatores tipo de capital e
rentabilidade não tiveram resultados relevantes. O principal diferencial deste
trabalho se deu pela utilização de uma amostra maior de empresas do que as
normalmente utilizadas em estudos que envolvem este tema no Brasil.
Nakamura et al. (2007) investigaram os fatores determinantes da estrutura de
capital de 91 empresas no período de 1999 a 2003. O estudo evidenciou que ambas
as teorias, trade-off e pecking order, são consistentes na explicação dos resultados.
Foi confirmada a relação negativa da alavancagem com a rentabilidade e
expectativa externa de crescimento, consistente com a pecking order. Também foi
confirmada a relação negativa para a expectativa de crescimento e volatilidade de
resultados, consistentes com a trade-off.
Terra (2007) realizou um estudo para determinar a influência de fatores
macroeconômicos - infraestrutura institucional, práticas legais e contábeis, a
infraestrutura financeira e o ambiente macroeconômico - na formação da estrutura
de capital de 839 empresas de 7 países latino-americanos, no período de 1986 a
2000. Com a utilização de medida de alavancagem e dados em painel, os resultados
demonstraram que os fatores específicos de cada país não são determinantes
relevantes do endividamento, mas deve-se considerar sua importância. Com o
estudo foi possível concluir também que fatores idiossincráticos de cada empresa
sobressaem como os principais determinantes da estrutura de capital.
Ceretta et al. (2009) realizaram um estudo com 45 empresas de capital aberto
pertencentes ao Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (IBOVESPA), no período
de 1995 a 2007, através da regressão em painel. Foram analisados 16 fatores
determinantes da estrutura de capital e as respectivas defasagens ao longo de 12
anos. Os resultados mostraram que apenas 6 variáveis foram significativas, e
15
apenas 1 dimensão: tangibilidade. Além disso, o estudo constatou que as
pressupostos da teoria pecking order e trade-off não se confirmam no mercado
acionário brasileiro.
Albanez, Valle e Corrar (2012) analisaram se a presença de fatores
institucionais brasileiros, como o acesso a fontes e linhas de financiamento, traziam
alterações na significância estatística e econômica da assimetria informacional, um
dos pressupostos da teoria pecking order. A amostra utilizou 81 empresas, e os
dados coletados abrangeram o período de 1997 a 2007. Os resultados
demonstraram que alguns fatores são importantes determinantes da estrutura de
capital das empresas, como tamanho, tangibilidade, rentabilidade e risco. Além
disso, em resposta ao estudo, verificou-se que a presença de fatores institucionais
não afeta a significância da assimetria informacional, demonstrando assim a
relevância deste fator na determinação da estrutura de capital das empresas. O
estudo confirmou também a relação negativa esperada entre rentabilidade e
endividamento, consistentes com a pecking order.
Loncan e Caldeira (2014) analisaram a relação entre estrutura de capital,
liquidez de caixa e valor da empresa para uma amostra que incluiu todas as
empresas não financeiras listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA),
no período de 2002 a 2012. Em relação aos resultados do estudo podemos citar:
relação negativa entre a alavancagem e a liquidez de caixa na margem, confirmando
a teoria da pecking order; o alto nível de alavancagem é um fator limitador para a
emissão de ações pela empresa; a alavancagem causa descontos no valor da
empresa, enquanto os investidores valorizam positivamente saldos de caixa, porém
até um determinado nível.
Póvoa e Nakamura (2014) realizaram um estudo com 113 empresas de
capital aberto no Brasil abrangendo os anos de 2007 a 2011. O objetivo foi analisar
a relevância da consideração da heterogeneidade das fontes de dívidas na formação
da estrutura de capital das empresas, sendo que estudos já realizados que
abordaram o assunto consideraram o capital de terceiros de forma homogênea. Os
resultados demonstraram que as características das empresas apresentaram
relações específicas com as distintas fontes de endividamento, e que a utilização da
medida de endividamento como variável dependente, pode “esconder” fatores
relevantes para a formação da estrutura de capital.
16
Prazeres et al. (2015) analisaram os fatores determinantes do endividamento
das companhias do setor de telecomunicações brasileiro à luz das teorias trade-off e
pecking order. A metodologia utilizada foi a de análise de regressão múltipla com
dados em painel para o período de 2002 a 2013, e a população pesquisada foi
composta por 7 empresas. Os resultados indicaram uma relação negativa entre o
endividamento de curto prazo e as variáveis rentabilidade, tamanho e risco, e uma
relação negativa entre o endividamento de longo prazo e as variáveis tamanho e
risco.
17
3 METODOLOGIA
3.1 Classificação da pesquisa
De acordo com Beuren (2004), pelas particularidades da Contabilidade torna-
se necessário definir tipologias de delineamento de pesquisas, podendo ser
agrupadas em três categorias: quanto aos objetivos, abrangendo a pesquisa
exploratória, descritiva e explicativa; quanto aos procedimentos, abrangendo o
estudo de caso, o levantamento, a pesquisa bibliográfica, documental, participante e
experimental; e quanto à abordagem do problema, que aborda a pesquisa qualitativa
e a quantitativa.
Em relação aos objetivos, esta pesquisa classificou-se como descritiva. Gil
(2012) explica que as pesquisas descritivas são aquelas em que o objetivo é
descrever as características de determinada população ou de identificar possíveis
relações entre as variáveis.
Triviños (1987), citado por Beuren (2004, p. 81) explica que a pesquisa
descritiva exige do elaborador:
Uma delimitação precisa de técnicas, métodos, modelos e teorias que orientarão a coleta e interpretação dos dados, cujo objetivo é conferir validade científica à pesquisa. A população e a amostra também devem ser delimitadas, assim como os objetivos, os termos, as variáveis, as hipóteses e as questões de pesquisa. (BEUREN, 2004, p. 81).
Em relação aos procedimentos esta pesquisa classificou-se como
documental. Beuren (2012, p. 89) explica que “a pesquisa documental baseia-se em
materiais que ainda não receberam um tratamento analítico ou que podem ser
reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa”. Beuren (2012, p. 89) explica
ainda que para Silva e Grigolo (2002), a pesquisa documental procurar tratar e
interpretar uma informação bruta extraindo dela algum sentido e agregando valor.
Nesta pesquisa serão utilizados demonstrativos contábeis das empresas
selecionadas, como Balanço Patrimonial e Demonstração de Resultado do
Exercício.
Em relação à abordagem esta pesquisa classifica-se como quantitativa.
Beuren (2004) explica que na abordagem quantitativa utilizam-se instrumentos
estatísticos na coleta e no tratamento dos dados, dando-se ênfase no
18
comportamento geral dos acontecimentos. Richardson (1999, p. 70), citado por
Beuren (2004, p. 89) explica que nesta abordagem são utilizadas “técnicas
estatísticas, desde as mais simples como percentual, média, desvio-padrão, às mais
complexas, como coeficiente de correlação, análise de regressão etc.”.
3.2 Amostra e coleta de dados
Para atingir os objetivos propostos, foi necessária a segregação das
empresas em dois grupos: grupo das empresas ganhadoras do prêmio, sendo
identificadas pela consulta no site da ANEFAC das empresas vencedoras do prêmio
no período de 2008-2014; e grupo das não ganhadoras do prêmio, formando um
grupo de controle, sendo escolhidas de forma aleatória no site da BOVESPA, desde
que atendessem o pré-requisito de serem do mesmo segmento econômico da
empresa correspondente vencedora do prêmio.
A amostra inicial contava com 35 empresas ganhadoras do Troféu
Transparência/Prêmio ANEFAC-FIPECAFI-SERASA EXPERIAN. Porém, quatro
empresas foram excluídas da amostra por não terem uma empresa correspondente
para a formação do grupo de controle, sendo elas: AMBEV, EMBRAER, SOUZA
CRUZ e USIMINIAS. A empresa BM&FBOVESPA S.A também foi excluída da
amostra por ser do setor financeiro. Assim, a amostra final foi composta por 60
empresas, sendo 30 empresas ganhadoras do prêmio e 30 empresas não
ganhadoras do prêmio. A relação com os nomes das empresas participantes da
amostra se encontra no APÊNDICE A deste trabalho.
As informações para a composição do endividamento foram obtidas pelas
notas explicativas das empresas que estão disponíveis para consulta no site da
CVM e/ou BOVESPA. Os dados coletados abrangeram o período de 2008-2014 e
foram dispostos na forma de dados em painel. Póvoa e Nakamura (2014) salientam
que as informações a respeito do endividamento das empresas encontram-se
normalmente no item “Empréstimos e Financiamentos”.
19
3.3 Técnicas de análise de dados
3.3.1 Estatística descritiva
Para os procedimentos de análise das variáveis dependentes e
independentes, esta pesquisa utilizou a estatística descritiva.
De acordo com Fávero (2009), citado por Silva, Wanderley e Santos (2010, p.
13-14), com a utilização da estatística descritiva o pesquisador é capaz de
compreender melhor determinado assunto, uma vez que são utilizadas tabelas,
gráficos e medidas-resumo, identificando assim tendências, variabilidade e valores
atípicos. “A estatística descritiva univariada estuda medidas representativas de uma
série de dados, como medidas de posição, medidas de dispersão, medidas de
assimetria e curtose, distribuição de frequências e representação gráfica dos
resultados”.
Maroco (2007), citado por Silva, Wanderley e Santos (2010, p. 14) explica que
as medidas de posição são divididas em:
Medidas de tendência central (média aritmética, mediana e moda) e medidas de tendência não central (1º e 3º quartis e percentis). Como medidas de dispersão (ou variabilidade), temos a amplitude, a variância, o desvio padrão e o coeficiente de variação. As medidas de assimetria (skewness) e curtose (kurtosis) caracterizam a forma da distribuição dos elementos da população amostrados em torno da média. (MAROCO apud SILVA; WANDERLEY; SANTOS, 2010, p. 14).
3.3.2 Análise de Correlação
Com o objetivo de verificar se existe inter-relacionamento entre as variáveis
estudadas, utilizou-se a coeficiente de correlação de Spearman. De acordo com
Pontes (2010), “[...] padronizou-se que tal medida deve estar no intervalo fechado de
-1 a 1, em que -1 indica perfeita correlação negativa ou inversa e 1 indica perfeita
correlação positiva ou direta”.
A correlação negativa indica geralmente que o crescimento de uma variável
implica no decrescimento da outra, e a correlação positiva indica geralmente o
crescimento ou decrescimento conjunto das duas variáveis. Quanto mais próximo a
medida de 1 ou -1, mais forte é a relação entre as variáveis.
20
3.3.3 Teste de diferença entre as médias
Nesta pesquisa foi utilizado o teste de diferença entre as médias das variáveis
definidas, uma vez que a simples comparação entre valores não fornece um
resultado adequado para a confirmação de determinada variação.
Desta maneira, Silvério, Takamatsu e Miranda (2014, p. 9) explicam “que a
análise comparativa é parcial e só pode ser confirmada com o teste estatístico
específico de diferença de médias onde é verificada a significância da mudança do
valor da variável analisada”.
Para operacionalizar este teste, utilizou-se o teste de Wilcoxon Mann-
Withney, onde foram adotadas as seguintes hipóteses:
: =
: ≠
Ou seja, testou-se a hipótese nula ( de que as variáveis utilizadas no
modelo das empresas ganhadoras apresentam médias estatisticamente iguais se
comparadas com as médias das variáveis das empresas não ganhadoras.
Alternativamente ) declara que as empresas apresentam médias com diferenças
estatisticamente significativas. Considerando-se o nível de significância de 1%, 5%
ou 10%, admite-se para este teste que será aceita quando o p-valor for menor
que 0,10 e, não se pode rejeitar quando o p-valor for superior a 0,10.
3.3.4 Análise de regressão
Por fim, para identificar os fatores determinantes da estrutura de capital das
empresas esta pesquisa utilizou a técnica de análise de regressão, de modo a definir
quais variáveis independentes explicavam o comportamento da variável dependente.
De acordo com Fávero et al. (2009), citados por Silva, Wanderley e Santos
(2010, p. 17), a análise de regressão é uma técnica de dependência confirmatória
em que o objetivo é analisar o comportamento de determinada variável dependente
métrica em relação a uma ou mais variáveis explicativas, analisando assim a
influência relativa de cada uma delas de modo a desenvolver modelos de previsão.
21
O método utilizado foi a análise de regressão com dados em painel com
observações anuais, totalizando 308 observações. Os dados em painel foram
trabalhos em três modelos, sendo eles: o modelo de dados empilhados (Pooled), o
modelo de Efeitos fixos e o modelo de efeitos aleatórios. (PRAZERES et al., 2015)
3.4 Variáveis e modelo
Para a classificação e segregação das fontes de financiamento utilizadas
pelas empresas – primeiro objetivo específico deste trabalho - foram selecionadas
as mesmas categorias de dívida utilizadas por Póvoa e Nakamura (2014), como
segue no Quadro 1:
Quadro 1 - Categorias de dívida propostas
Nº Categoria da dívida Característica
1 Dívida privada bancária Recursos captados por meio desta fonte têm como origem os bancos que atuam no país e promovem empréstimos em moeda nacional por meio de vários produtos de crédito.
2 Dívida privada não bancária Esta fonte de recursos é caracterizada pelo empréstimo por meio de intermediários não financeiros, tais como instituições financeiras não bancárias, empresas coligadas e semelhantes.
3 Títulos de dívida corporativa
Esta fonte de recursos engloba a captação de recursos por meio da emissão de títulos corporativos de colocação pública ou privada e passíveis de negociação em bolsa de valores ou mercado de balcão.
4 Dívidas subsidiadas
Esta categoria abrange todas as formas de financiamento obtido mediante intervenção do governo por meio de bancos de desenvolvimento e programas de concessão de crédito ao setor privado.
5 Dívida de captação externa Nesta categoria estão incluídas todas as formas de captação direta de recursos em moeda estrangeira.
6 Arrendamento mercantil Nesta categoria, incluem-se todas as formas de contratos de leasing, que tomam o ativo financiado como garantia do negócio.
7 Outras fontes não classificadas Nesta categoria, incluem-se as dívidas não passíveis de classificação nas categorias acima propostas
Fonte: Adaptado de PÓVOA; NAKAMURA, 2014, p. 23-24.
Póvoa e Nakamura (2014, p. 24) explicam que “[...] as categorias de dívida
estabelecidas para as empresas brasileiras são distintas entre si em vários
aspectos, tais como: origem dos recursos, custos de transação, colateralidade,
acessibilidade, transmissão de informações ao mercado, entre outras”.
22
Após a identificação das categorias de dívida, foi necessário estabelecer
critérios que auxiliassem na mensuração da estrutura de capital das empresas
participantes da amostra – segundo objetivo específico deste trabalho - para
posteriormente ser possível a análise da associação entre as variáveis analisadas
no estudo. Para tanto, seguiu-se o exemplo de Póvoa e Nakamura (2014, p. 24),
sendo proposto “o cálculo do Índice de Herfindahl-Hirschman para o tipo de dívida
presente na estrutura de endividamento das empresas da amostra”.
Póvoa e Nakamura (2014, p. 24) explicam que o cálculo deste índice,
denominado também de IHH, envolve a razão da soma dos quadrados das sete
categorias de dívida pelo total do endividamento junto a terceiros, sendo DB, DNB,
TC, DS, DE, AM e OT as “[...] siglas que respectivamente representam a dívida
bancária, dívida não bancária, títulos corporativos, dívida subsidiada, dívida captada
no exterior, arrendamentos mercantis e outros”, e “[...] DT refere-se à dívida total
contraída junto a terceiros ou passivo oneroso:
(
)
(
)
(
)
(
)
(
)
(
)
(
)
(1)
Após o cálculo desta expressão, foi possível obter o índice de Herfindahl-
Hirschman pela seguinte fórmula, como explica Póvoa e Nakamura (2014, p. 24):
Se uma empresa utiliza somente uma fonte de financiamento, sendo
considerada assim homogênea, o IHH é igual a 1. Por outro lado, se uma empresa
utiliza simultaneamente todos os sete tipos de dívida em iguais proporções, então o
IHH será igual a 0, sendo considerada assim heterogênea. (PÓVOA; NAKAMURA,
2014, p. 24).
Com o objetivo de compreender os fatores explicativos dos padrões de
financiamento das empresas, foram utilizadas 7 variáveis independentes
consideradas determinantes da estrutura de capital, em conformidade com o
23
trabalho de Póvoa e Nakamura (2014, p. 24) A operacionalização das variáveis
independentes foi disposta da seguinte maneira como segue no quadro 2:
Quadro 2 - Operacionalização das variáveis independentes da pesquisa Variáveis
independentes Sigla Definições operacionais Referências bibliográficas
Abertura de capital temp Tempo contado em anos desde a data
de abertura de capital da empresa.
Diamond (1991); Johnson
(1997)
Tamanho tamativ Logaritmo natural do ativo total
Minardi, Sanvicente e Artes
(2006); Blume, Lim e MacKinlay
(1998)
Market to book market Valor de mercado do PL/valor contábil
do PL
Colla et al. (2012); Bastos,
Nakamura e Basso (2009)
Tangibilidade imobestoq (ativo imobilizado + estoque)/ativo total
Jorge e Armada (1999);
Perobelli e Famá (2003); Famá
e Kayo (1997)
Risco do negócio medido
pela volatilidade dos
lucros
risconeg (Desvio padrão do EBIT – Média)/
Receita operacional líquida Nakamura et al. (2007)
Lucratividade roa Lucro líquido/ ativo total Minardi, Sanvicente e Artes
(2006); Kaplan e Urwitz (1979)
Alavancagem dtat Dívida de curto e longo prazo/ ativo
total
Kaplan e Urwitz (1979). Blume,
Lim e MacKinlay (1998)
Fonte: Adaptado de PÓVOA; NAKAMURA, 2014, p. 24.
O modelo a ser utilizado na regressão foi o mesmo utilizado por Póvoa e
Nakamura (2014, p. 25). A variável dependente foi representada pelo IHH das
empresas e as variáveis independentes foram as descritas anteriormente no quadro
2, ressaltando entretanto que este modelo contempla a variável rating que não foi
utilizada no presente estudo por indisponibilidade dos dados de ambos grupos:
(2)
E por fim, para o cálculo da variável market to book, alguns procedimentos
foram necessários de modo a ajustar a amostra para o cálculo.
As empresas CPFL (2008 a 2014), Fibria Celulose (2008), Mahle (2008 e
2009), Locamérica (2010 e 2011) e Somos Educação (2010 a 2013) tiveram suas
24
ações preferenciais somadas com as ordinárias pelo fato de não terem código
próprio e/ou de negociação.
As empresas Grupo Pão de Açúcar (2009 e 2010) e Suzano (2008 a 2014)
tiveram suas ações preferencias B somadas com as preferencias A pelo fato de não
terem código próprio e/ou de negociação.
Além das variáveis utilizadas por Póvoa e Nakamura (2014), este trabalho
utilizou as seguintes variáveis complementares: ano e reapresentação. A variável
ano foi utilizada para se controlar o efeito marginal dos anos sobre as respectivas
variáveis. Por sua vez a variável reapresentação teve como objetivo avaliar se a
republicação das demonstrações afeta no IHH uma vez que a hipótese do nível de
endividamento pode ensejar o gerenciamento de resultados e a republicação pode
estar associada a manipulação intencional das informações contábeis (MARTINEZ,
2001, LOPES; MARTINS, 2005).
25
4 DESENVOLVIMENTO E ANÁLISE
4.1 Estatística descritiva
O primeiro grupo a ser analisado foi formado pelas empresas ganhadoras do
prêmio, totalizando 30 empresas. A análise gráfica da composição do endividamento
destas empresas indica uma heterogeneidade na captação de recursos, como segue
no Gráfico 1:
Gráfico 1 - Composição do endividamento das empresas ganhadoras do prêmio
Fonte: Dados da pesquisa
A composição do endividamento deste grupo mostrou que as fontes que mais
proveram recursos para as empresas foram as dívidas subsidiadas, representando
em média 32,30% do endividamento total, seguida pela captação externa,
representando em média 29,17% do endividamento total, e as dívidas corporativas,
representando em média 26,13% do endividamento total. Segundo Póvoa e
Nakamura (2014), uma fonte de dívida para ser considerada relevante deve
representar pelo menos 10% do total de recursos providos de terceiros. Neste
sentido, a dívida não privada, o arrendamento, outras fontes de recursos e a dívida
privada (exceto em 2009 e 2011) não se mostraram relevantes.
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
OUTROS
ARRENDAMENTO
CAPTAÇÃO EXT
SUBSIDIADAS
DÍVIDA CORPO
NÃO PRIV
PRIVADA
26
Com o objetivo de analisar este grupo em maior detalhe, foi desenvolvida a
estatística descritiva das empresas ganhadoras do prêmio, como segue na tabela 1:
Tabela 1 - Estatística descritiva das empresas ganhadoras do prêmio
Estatística/Coeficiente IHH
Média 0,44988
Erro padrão 0,01466
Mediana 0,41233
Modo 1,00000
Desvio padrão 0,21196
Coeficiente de variação 47,12%
Amplitude 0,83848
Mínimo 0,16152
Máximo 1,00000
Contagem 209
Fonte: Dados da pesquisa
A estatística descritiva deste grupo retornou um IHH médio de 0,44988,
confirmando uma heterogeneidade média das fontes de financiamento das
empresas. O desvio padrão encontrado de 0,21196 e o coeficiente de variação de
47,12% indicaram grande dispersão dos dados em relação à média, reforçando a
ideia de heterogeneidade.
O valor da moda de 1 (um) indicou a princípio homogeneidade da estrutura da
dívida. Porém, a amplitude encontrada de 0,83848 indicou uma grande variação
entre os pontos mínimo e máximo dentre os IHH deste grupo, excluindo a hipótese
da estrutura da dívida destas empresas serem homogêneas.
Com objetivo de melhor analisar e confirmar esta heterogeneidade foi
utilizada a medida separatriz, dividindo a amostra das empresas ganhadoras do
prêmio em quatro intervalos de 25%, caracterizando o quartil. Para a determinação
destes valores, inicialmente foi necessário a ordenação dos IHH em ordem
crescente, mantendo as repetições. Assim, foi possível afirmar que 75% das
observações apresentaram IHH abaixo de 0,557894, reforçando a ideia de
heterogeneidade em 75% das observações deste grupo. Restringindo ainda mais
esta análise, com a utilização do percentil foi possível afirmar que 95% dos valores
são inferiores a 0,981843; logo, a moda de 1 (um) que indica homogeneidade na
27
estrutura da dívida de algumas empresas está dentre apenas 5% das observações.
O segundo grupo a ser analisado, denominado grupo de controle, foi formado
pelas empresas não ganhadoras do prêmio, somando também 30 empresas. A
análise gráfica da composição do endividamento destas empresas indica uma
heterogeneidade na captação de recursos, como segue no gráfico 2:
Gráfico 2 - Composição do endividamento das empresas não ganhadoras do prêmio
Fonte: Dados da pesquisa
A composição do endividamento deste grupo apresentou características
semelhantes as empresas ganhadoras do prêmio, uma vez que as fontes que mais
proveram recursos para as empresas foram as dívidas subsidiadas, representando
em média 34,61% do endividamento total, seguida pela captação externa,
representando 21,83% do endividamento total, e as dívidas corporativas,
representando 18,90% do endividamento total. A dívida privada mostrou-se
relevante, com valores superiores a 10% em todos os anos, porém inferior as
demais fontes consideradas mais expressivas. A dívida não privada, o arrendamento
e outras fontes de recursos não se mostraram relevantes.
Nos anos de 2013 e 2014 houve uma redução das fontes de dívida
classificadas na rubrica outras e um aumento das dívidas não privadas, porém não
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%
100,00%
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
OUTROS
ARRENDAMENTO
CAPTAÇÃO EXT
SUBSIDIADAS
DÍVIDA CORPO
NÃO PRIV
PRIVADA
28
sendo ainda relevantes em comparação com as demais fontes principais de
financiamento.
Com o objetivo de analisar este grupo em maior detalhe, foi desenvolvida a
estatística descritiva das empresas não ganhadoras do prêmio, como segue na
tabela 2:
Tabela 2 - Estatística descritiva das empresas não ganhadoras do prêmio
Estatística/Coeficiente IHH
Média 0,56623
Erro padrão 0,02034
Mediana 0,47921
Modo 1,00000
Desvio padrão 0,26595
Coeficiente de variação 46,97%
Amplitude 0,81871
Mínimo 0,18129
Máximo 1,00000
Contagem 171
Fonte: Dados da pesquisa
A estatística descritiva retornou um IHH médio de 0,56623, confirmando a
heterogeneidade média das fontes de financiamento das empresas. O desvio padrão
encontrado de 0,26595 e o coeficiente de variação de 46,97% indicaram grande
dispersão dos dados em relação à média, reforçando a ideia de heterogeneidade da
estrutura da dívida.
O valor da moda de 1 (um) indicou a princípio homogeneidade da estrutura da
dívida. Porém, a amplitude encontrada de 0,81871 indica uma grande variação entre
os pontos mínimo e máximo dentre os IHH deste grupo, excluindo a hipótese da
estrutura da dívida destas empresas serem homogêneas.
Com objetivo de melhor analisar e confirmar este heterogeneidade, e
seguindo a mesma lógica aplicada ao grupo das empresas ganhadoras no prêmio,
foi utilizada a medida separatriz, dividindo a amostra das empresas não ganhadoras
do prêmio em quatro intervalos de 25%, caracterizando o quartil. Para a
determinação destes valores, inicialmente foi necessário a ordenação dos IHH em
29
ordem crescente, mantendo as repetições. Assim, foi possível afirmar que 75% das
observações apresentaram IHH abaixo de 0,820010, reforçando a heterogeneidade
em 75% das observações desse grupo. Restringindo ainda mais esta análise, com a
utilização do percentil foi possível afirmar que 87% dos valores são inferiores a
0,981666; logo, a moda de 1 (um) que indica homogeneidade na estrutura da dívida
de algumas empresas está dentre apenas 13% das observações.
Neste ponto, cabe ressaltar relevante diferença entre os dois grupos
analisados. Embora esteja comprovado pela análise gráfica e pela estatística
descritiva que os dois grupos apresentaram heterogeneidade das fontes de
financiamento, pode-se verificar que as empresas não ganhadoras do prêmio
possuem mais observações dentro da amostra que indicam homogeneidade, porém
em quantidade muito inferior ao número total de observações.
Pela análise do gráfico 3, foi possível concluir que as empresas ganhadoras e
não ganhadoras do prêmio mantiveram basicamente três fontes de financiamento
com valores expressivos, sendo elas: dívidas subsidiadas, captação externa e
dívidas corporativas.
Gráfico 3 - Composição do endividamento das empresas Ganhadoras e Não Ganhadoras do Troféu Transparência / Prêmio ANEFAC-FIPECAFI-SERASA
EXPERIAN
Fonte: Dados da pesquisa
As análises que seguem tiveram como objetivo a análise estatística conjunta
dos dois grupos de empresas:
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
GANHADORAS
NÃO GANHADORAS
30
Gráfico 4 - Médias do IHH por grupo (Ganhadoras e Não Ganhadoras do Troféu Transparência / Prêmio ANEFAC-FIPECAFI-SERASA EXPERIAN)
Fonte: Dados da pesquisa
O gráfico 4 demonstrou a relação entre o grupo das empresas ganhadoras e
não ganhadoras do prêmio, e a respectiva média do IHH que varia de 0 a 1, sendo 0
indicativo de que a estrutura de capital das empresas é heterogênea, formada
simultaneamente por mais de uma fonte de recurso, e 1 indicativo de que a estrutura
de capital das empresas é homogênea, sendo formada apenas por uma fonte de
recurso.
Neste sentido, concluiu-se que as empresas não ganhadoras do prêmio
apresentaram tendências mais homogênas, concentrando o endividamento em
fontes específicas de recurso, enquanto as empresas ganhadoras do prêmio
apresentaram tendêcias mais heterogêneas, sendo a estrutura de capital formada
simultaneamente por diversas fontes de recursos.
A análise do gráfico 5 demonstrou de forma geral não existir uma linearidade
da concentração do endividamento entre os segmentos econômicos das empresas
constantes na amostra.
-
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
Ganhadoras Não Ganhadoras
IHH
Média
31
Gráfico 5 - Médias do IHH por Segmento Econômico
Fonte: Dados da pesquisa
Porém, alguns segmentos apresentaram IHH acima da média, como por
exemplo o segmento de tecidos, vestuário e calçados, e o segmentos de material
rodovário. Estes resultados indicaram que as empresas destes segmentos tendem a
ser mais homogêas, concentrando a captação de recursos em fontes específicas.
Por outro lado, alguns segmentos apresentaram IHH muito baixo, como por
exemplo os de produtos de uso pessoal, de produtos diversos, de telefonia fixa e de
transporte rodoviário. Estes resultados indicaram uma tendência de dispersão na
captação das fontes de financiamento destes segmentos econômicos.
O desvio padrão, representado pela linha pontilhada vermelha no gráfico,
apresentou valores relativamente baixos, porém a estatística descritiva demonstrou
que para ambos os grupos de empresas analisados, o coefiente de variação de em
média 47% representa uma grande variação do IHH em relação a média,
confirmando a ausência de linearidade entre os segmentos econômicos.
- 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90
IHH Média Desvio Padrão
32
Gráfico 6 - Médias do IHH ao longo do período de 2008-2014
Fonte: Dados da pesquisa
A análise do gráfico 6 demonstrou o comportamento médio do IHH ao longo
do período de 2008-2014 para os dois grupos de empresas analisados. Os
resultados não apresentaram uniformidade ao longo dos anos, o que explicaria o
coeficiente de variação de 47% encontrado na estatística descritivas para os dois
grupos de empresas estudados, indicando que ocorreu uma grande variação em
relação a média do IHH. Entretanto, as variações da média ficaram entre 0,48-0,53,
o que de certa forma não indica total homogeneidade ou heterogeneidade entre os
anos de 2008-2014.
Entre os anos de 2008-2009, as empresas participantes da amostra
apresentaram tendências a serem mais heterogêneas, ou seja, captaram recursos
por fontes variadas. Tal comportamento talvez possa ser explicado pela crise
mundial que ocorreu neste período. Os provedores de crédito provavelmente
limitaram recursos paras as empresas, que para continuar as atividades e
consequentemente financiar seus projetos necessitaram captar recursos por outras
fontes. Esta limitação de crédito no mercado pode ter relação com o aumento da
inadimplência ou mesmo por proteção antecipada dos credores, visto que a
possibilidade das empresas virem a falência ou não honrarem seus compromisso
poderia acentuar-se nesse período.
Silva (2010, p.16), adaptando informação da Folha online (2010), explica
ainda que um dos principais efeitos da crise foi a dificuldade que algumas empresas
encontraram para financiar seus projetos. As grandes empresas que dependiam de
financiamento externo passaram a encontrar menos linhas de crédito disponível,
0,48
0,51
0,53
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014IHH Média
33
ficando os projetos de construção destas empresas comprometidos. “E, quando
captam no mercado interno, ajudam a reduzir ainda mais a capacidade de
empréstimo dos bancos a quem já dependia habitualmente deles”.
Nesse sentido, o gráfico 7 procurou verificar a variação das fontes de
recursos subsidiadas e de captação externa em relação ao período de 2008-2009,
das empresas ganhadoras e não ganhadoras do prêmio:
Gráfico 7 - Evolução do endividamento externo e subsidiado no período de 2008-2009
Fonte: Dados da pesquisa.
A análise do gráfico 7 demonstrou uma redução na captação externa para
ambos os grupos de empresas estudados, fornecendo assim indícios de que
provavelmente as empresas encontraram dificuldades para captar recursos no
exterior, como afirmado por Silva (2010, p.16), adaptando informação divulgada na
Folha online (2010). Em contra partida, as empresas aumentaram a captação de
dívidas subsidiadas, mesmo que em pequeno nível.
Devido a esta situação de crise, o governo federal de alguns estados
tomaram algumas medidas, e dentre elas, ocorreu a injeção de R$ 100 bilhões no
BNDES, explica Silva (2010, p.16), adaptando informação divulgada na Folha online
(2010), o que explicaria o aumento do endividamento das empresas no período de
2008-2009 com dívidas subsidiadas.
Pela lógica da POT, as empresas hierarquizam as fontes de financiamento.
No caso dos resultados acima, observou-se que as empresas mesmo em épocas de
2008 2009 2008 2009
SUBSIDIADAS CAPTAÇÃO EXT
GANHADORAS 34,0% 36,7% 33,7% 27,2%
NÃO GANHADORAS 34,4% 39,8% 18,9% 17,1%
0,0%5,0%
10,0%15,0%20,0%25,0%30,0%35,0%40,0%45,0%
34
crise optaram por financiar as atividades com dívida bancária, provavelmente por
uma decisão dos gestores de continuar seguindo esta linha de crédito.
Nakamura et al. (2007) explica que essa ordem de preferência está
fundamentada no fato de que a emissão de novas dívidas tendem a sinalizar uma
informação positiva em relação a empresa, o que não ocorre por exemplo na
emissão de ações, que transmite uma informação negativa.
4.2 Análise da Matriz de correlação
Na tabela 3, foi apresentada a matriz de correlação. As variáveis foram
calculadas de acordo com as definições operacionais do quadro:
Tabela 3 - Matriz de Correlação entre as variáveis do modelo
( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) ( 6 ) ( 7 ) ( 8 ) ( 9 ) ( 10 ) ( 11 )
1. IHH 1,000 -,203** ,003 ,320
** ,016 ,195
** -,016 ,103
* -,143
** ,120
* -,027
2. Ganhadoras/Não Ganhadoras -,203** 1,000 ,218
** -,198
** ,026 -,113
* ,166
** -,162
** ,361
** ,000 ,000
3.Abertura ,003 ,218** 1,000 ,095 ,009 -,082 -,046 ,116
* ,067 ,260
** ,181
**
4. RiscNeg ,320** -,198
** ,095 1,000 ,169
** ,168
** -,092 ,039 -,316
** ,198
** ,103
*
5. Tamanho ,016 ,026 ,009 ,169** 1,000 ,036 -,072 ,240
** -,322
** -,088 ,146
**
6. Tangibilidade ,195** -,113
* -,082 ,168
** ,036 1,000 -,174
** ,102
* -,267
** ,212
** -,211
**
7. Lucratividade -,016 ,166** -,046 -,092 -,072 -,174
** 1,000 -,174
** ,265
** -,273
** -,187
**
8. Alavancagem ,103* -,162
** ,116
* ,039 ,240
** ,102
* -,174
** 1,000 -,038 -,025 ,076
9. Market to book -,143** ,361
** ,067 -,316
** -,322
** -,267
** ,265
** -,038 1,000 -,176
** ,016
10. Segmento Econômico ,120* ,000 ,260
** ,198
** -,088 ,212
** -,273
** -,025 -,176
** 1,000 ,000
11. Ano -,027 ,000 ,181** ,103
* ,146
** -,211
** -,187
** ,076 ,016 ,000 1,000
*, ** Estatisticamente significativo a 1% e 5% respectivamente.
Fonte: Dados da pesquisa
A operacionalização da matriz de correlação teve o objetivo de analisar o tipo
de relação entre as variáveis do presente estudo. Os resultados não indicaram
correlações elevadas entre as variáveis independentes. O maior valor encontrado foi
de 0,361, entre as variáveis market to book e ganhadoras/não ganhadoras, valor
este que de acordo com Gujarati (2006), citado por Bastos, Nakamura e Basso
(2009), está dentro do limite tolerável de 0,60, não comprometendo a análise
econométrica em decorrência de multicolinearidade.
Inicialmente observou-se que a relação negativa entre a variável
ganhadoras/não ganhadoras e o IHH sugere que as empresas consideradas mais
transparentes tendem a ser mais heterogêneas em termos de utilização das fontes
de financiamento, captando recursos de diversas fontes. Murcia et al. (2011)
35
explicam que essa relação se justifica uma vez que a transparência corporativa
possui uma função extremamente importante, a de nivelar o grau de informações
entre as partes interessadas. Assim, os provedores de recursos tendem a liberar
mais recursos para as empresas mais transparentes, uma vez que a divulgação de
informações contábeis diminui o grau de incerteza em relação a capacidade da
empresa de honrar os compromissos. (MURCIA et al., 2011)
Murcia et al. (2011), explicam que a divulgação corporativa envolve custos
para as empresas, como os de processamento e elaboração das informações.
Porém, mesmo com a existência destes custos, existem empresas mais
transparentes em relação a outras. Isso ocorre pelo fato de que um disclousure
corporativo de boa qualidade é recompensado pelo mercado, podendo citar como
benefícios: (i) aumento da liquidez das ações, (ii) redução do custo de capital da
empresa e (iii) diminuição da volatilidade das ações.
Estes benefícios foram confirmados na matriz de correlação pela relação
positiva entre as variáveis market-to-book e ganhadora/não ganhadora, indicando
que as empresas mais transparentes possuem um valor de mercado superior ao PL.
Sousa (2014) explica que quando o resultado desta variável for superior a 1, existem
evidências de que o mercado está reconhecendo algo que não está no balanço, ou
seja, a empresa tem um valor maior do que o registrada nas demonstrações
contábeis. A média do Market to book encontrado no grupo das empresas
ganhadoras pela aplicação da estatística descritiva foi de 8,55, com um coeficiente
de variação de 376%, considerado extremamente elevado.
A média desta variável (Market to book) e a relação positiva com o fato das
empresas serem ganhadoras do prêmio apresentam indícios de que as empresas
mais transparentes são mais bem avaliadas pelos investidores, já que estes estarão
dispostos a pagar um maior valor justo pelas ações, o que aumenta a liquidez das
ações. Consequentemente, se as empresas não são transparentes, o investidor
tende a subavaliar o preço destas ações, já que estariam sujeitos a seleção adversa,
ocorrendo assim a diminuição da liquidez das ações. (MURCIA et al., 2011).
A relação negativa entre as variáveis Market to book e IHH forneceu indícios
de que as empresas com maior valor de mercado em relação ao PL são mais
heterogêneas, ou seja, captam recursos de várias fontes. Murcia et al. (2011) explica
que essa relação se dá pelo fato das empresas terem maior acessibilidade as linhas
de crédito, já que o aumento no disclosure pode reduzir a assimetria informacional
36
entre as firmas e os investidores, o que resultaria em menor custo de capital. Nesta
mesma lógica, Lima (2007) explica que para Eccles et al. (2001, p. 189), dentre os
benefícios de uma melhor transparência está a diminuição do custo de capital,
contribuindo para que a empresa acesse novas fontes de capital.
Bastos, Nakamura e Basso (2009), identificaram que as empresas de capital
aberto em países emergentes, pelo fato de usufruírem de maiores oportunidades de
crescimento, necessitam de recursos que na maioria das vezes não são gerados
suficientemente pelos lucros retidos. Assim, empresas com Market to book mais
elevado geralmente apresentam níveis mais elevados de endividamento, implicando
assim em uma heterogeneidade na estrutura da dívida.
A variável risco do negócio se mostrou positivamente relacionada com o IHH,
fornecendo indícios de que as empresas com a estrutura de dívida mais
homogênea, estão propensas a um maior risco do negócio. Esta relação positiva foi
encontrada por Gomes (1999), e por Brito Corrar e Batistela (2007), que citaram os
trabalhos de Gomes e Leal (2000), Sallum (2004) e Schmitt (2004) como exemplos
que também encontraram tal relação - vale ressaltar que tais resultados foram
encontrados pela relação entre endividamento e risco, não pela relação do IHH com
o risco. Brito, Corrar e Batistella (2007, p. 17) explicam que esse fato pode ser uma
especificidade do mercado brasileiro, como, por exemplo, “uma predisposição dos
acionistas de investirem menos em empreendimentos de risco elevado, buscando,
em contrapartida, maior proporção de capitais de terceiros, ainda que esses
recursos sejam obtidos a custos financeiros maiores”. Nesta visão, faz sentido a
relação positiva encontrada neste estudo, indicando homogeneidade da estrutura da
dívida.
Por outro lado, essa mesma variável (risco do negócio) se mostrou
negativamente relacionada com o fato das empresas serem ganhadoras do prêmio,
ou seja, mais transparentes. Lima (2007), também confirmou esta relação negativa.
De acordo com o autor, espera-se que o aumento da transparência pelas empresas
resulte na diminuição da assimetria informacional, diminuindo assim o risco oferecido
aos provedores de capital. Murcia et al. (2011) encontraram também relação inversa
entre transparência e risco, porém somente o disclosure econômico se mostrou
estatisticamente relevante. O autor explica ainda que quanto maior o nível
informacional menor tende a ser a volatilidade de um investimento.
37
De maneira geral, Morgan et al. (2009) explicam que as empresas podem ter
seu poder de negociação ou de crédito afetados por determinados fatores, como por
exemplo, níveis de endividamento, especificidades dos ativos, imobilização ou ativos
que possam ser usados em garantia, acesso às fontes de financiamento,
capacidade dos agentes financeiros em diferenciá-las como adimplentes ou
inadimplentes, entre outros. Neste sentido, os resultados da matriz de correlação
entre a variável IHH e, respectivamente, alavancagem, tamanho, e tangibilidade
indicaram uma relações positivas, fornecendo indícios de que as empresas tendem
a ser mais homogêneas, captando recursos de fontes específicas, quando são mais
endividadas, são maiores e possuem grande proporção de ativos fixos que podem
ser utilizados em garantia.
4.3 Análise de homogeneidade entre os grupos
A tabela 4 demonstrou o resultado do teste de diferença entre as médias das
variáveis utilizadas no presente estudo para o grupo das empresas ganhadoras e
não ganhadoras do prêmio:
Tabela 4 - Estatística do Teste Wilcoxon Mann-Withney para diferença entre os grupos de ganhadoras e não ganhadoras
Abertura
(Em anos)
Risco do
Negócio Tamanho Tangibilidade Lucratividade Alavancagem
Market to
book IHH
Mann-Whitney U 16.510,50 14.151,00 20.692,00 18.544,00 17.217,50 14.726,50 11.859,00 13.654,50
Wilcoxon W 38.665,50 35.679,00 41.807,00 40.280,00 38.332,50 32.492,50 26.565,00 35.599,50
Z -4,454 -4,778 -0,518 -2,29 -3,387 -3,103 -5,463 -3,959
Sig.Assintótica
(2-tailed) 0 0 0,605 0,022 0,001 0,002 0 0
Fonte: Dados da Pesquisa
Os resultados indicaram que as médias das variáveis abertura, risco do
negócio, tangibilidade, lucratividade, alavancagem, Market to book e IHH, foram
estatisticamente diferentes entre as empresas ganhadoras e não ganhadoras do
prêmio, uma vez que o p-valor encontrado foi menor do que 0,10.
A variável tamanho foi a única em que os resultados indicaram a igualdade da
média entre as empresas ganhadoras e não ganhadoras do prêmio, uma vez que o
p-valor encontrado foi maior do que 0,10.
38
Coef. Estat t p-valor Coef. Estat t p-valor Coef. Estat t p-valor
Intercepto 11,7385 0,8300 0,4070 1,3483 3,2100 0,0010 20,7966 1,9200 0,0540
Ganhadoras/Não Ganhadoras 0,1527- 5,2000 - 0,1800- 3,1600- 0,0020
Abertura 0,0009 1,9800 0,0480 0,0004- 0,4900- 0,6270 0,0001 0,1500 0,8800
RiscNeg 0,0328 2,6000 0,0100 0,0016 0,1600 0,8730 0,0093 0,9400 0,3450
Tamanho 0,0138 1,4100 0,1610 0,0494- 1,8600- 0,0640 0,0185 1,1300 0,2580
Tangibilidade 0,1172 1,9700 0,0490 0,1343- 1,8700- 0,0630 0,0818- 1,2100- 0,2260
Lucratividade 0,1187 1,7500 0,0810 0,0216- 0,3700- 0,7150 0,0046- 0,0800- 0,9350
Alavancagem 0,0001- - 0,9990 0,0055 0,0600 0,9560 0,0199 0,2400 0,8100
Market to book 0,0007 2,9000 0,0040 0,0002- 0,7800- 0,4370 0,0001 0,3100 0,7570
Segmento Econômico 0,0067 2,2600 0,0250 0,0089 1,5200 0,1290
Reapr 0,0212- 0,7500- 0,4560 0,0044- 0,0201 0,8280 0,0066- 0,3300- 0,7440
Ano 0,0057- 0,8100- 0,4180 0,0102- 1,8800- 0,0600
No. de Observações =
F(11296)/No. de Grupos
Prob > F =
R² =
R² Ajustado =
Root MSE =
Teste Wald
σ_u
σ_e
ρ
Teste F de Chow para Pooled x Efeitos Fixos
Teste de Breusch- Pagan Pooled x Aleatórios
Teste de Husman Efeitos Fixos x Aleatórios Prob > X² = 0.0085
0,62278297
Prob > F = 0.0000
0,88 15.97
Prob > X² = 0.0000
0,14240
(0,0109; 0,2119; 0,1165)
0,18500692
0,14398434
308
53
0,53730
(0,0276; 0,0857; 0,0349)
0,26718436
0,14386968
0,77522652
0,00000
0,19000
0,15990
0,22953
Dados empilhadosIHH
Efeitos Fixos Efeitos Aleatórios
308
631
308
53
4.4 O efeito marginal do nível de transparência sobre a heterogeneidade das
fontes de financiamentos
Inicialmente observou-se conforme a tabela 5 que o modelo que se mostrou
mais relevante para a análise da relação entre as variáveis foi o de efeitos
aleatórios, em que apenas as variáveis ano e nível de transparência (ganhadora/não
ganhadora) foram estatisticamente significantes para a explicação da variável
dependente IHH (homogeneidade/heterogeneidade).
Vale ressaltar que os indícios fornecidos pela análise da matriz de correlação,
principalmente em relação as variáveis utilizadas para formular algumas
observações não se confirmaram neste modelo de regressão, pois diversas foram as
variáveis estatisticamente não significantes.
O trabalho desenvolvido por Póvoa e Nakamura (2014), base para o
desenvolvimento deste trabalho, identificou três variáveis como estatisticamente
significativas, tanto pelo modelo de regressão em painel estatístico com efeito fixo,
quanto pelo modelo por mínimos quadrados generalizáveis factíveis: tamanho,
market to book e rating.
Na tabela 5, segue os resultados da regressão realizada:
Tabela 5 - Estatísticas da análise de regressão com Dados em Painel
Fonte: Dados da Pesquisa
39
Se analisado os resultados da regressão pelo efeito fixo neste presente
estudo, apenas a variável tamanho corrobora os resultados do trabalho de Póvoa e
Nakamura (2014), indicando que as empresas maiores tendem a ser mais
heterogêneas.
Da mesma maneira, se analisado os resultados da regressão pelo modelo de
dados empilhados no presente estudo, apenas a variável market to book corrobora
os resultados do trabalho de Póvoa e Nakamura (2014), indicando que as empresas
com maior relação entre o valor de mercado e valor contábil tendem a ser mais
heterogêneas.
Na pesquisa realizada por Prazeres et al. (2015), foi utilizada a análise de
regressão múltipla com dados em painel de efeitos fixos. Os resultados indicaram
que para o endividamento de curto prazo, a rentabilidade, o tamanho e o risco são
fatores determinantes, estando negativamente com tal endividamento. Em relação a
variável endividamento de longo prazo, apenas o tamanho e o risco se mostraram
significativas, observando também uma relação negativa entre as variáveis.
Quando analisado os resultados da regressão pelo modelo de efeitos
aleatórios, que foi o estatisticamente relevante, alguns pressupostos da POT podem
ser aplicados. Brito, Corrar e Batistella (2007, p. 11) explicam que “nesta teoria,
assume-se que as empresas priorizam o uso de uma fonte de recursos em relação a
outra”. Sendo assim, as empresas tendem a seguir uma hierarquização nas fontes
de financiamento, sendo o autofinanciamento a primeira opção, posteriormente o
endividamento e por último a emissão de ações. Neste sentido, observou-se que
com o passar dos anos, as empresas tornaram-se mais heterogêneas, captando
recursos em diversas fontes. Esta relação pode ser explicada pelo fato da confiança
do mercado na capacidade de pagamento destas empresas, o que
consequentemente disponibilizará novas linhas de crédito. As empresas reforçam a
ideia da POT por confirmarem a preferência na captação de recursos ao longo dos
anos.
Os resultados sugerem também que a assimetria informacional tende a
diminuir com o passar dos anos. Diamond (1991), citado por Póvoa e Nakamura
(2015, p. 21), explica que de acordo com este modelo, “quanto maior a assimetria de
informações sobre uma empresa, maior a tendência ao endividamento por meio de
fontes bancárias”, ou seja, fontes específicas de recursos. As empresas tendem a
concentrar a captação de recursos em fontes bancárias uma vez que o histórico de
40
monitoramento por parte dos bancos favorece a captação de outras fontes de
recursos, como por exemplo, a emissão pública de debêntures. Esta análise segue a
mesmo raciocínio descrito anterior, de que com o passar dos anos, as empresas
mais transparentes conquistam a confiança do mercado para a captação de
recursos, favorecendo assim a heterogeneidade das fontes de financiamento.
41
5 CONCLUSÕES
O presente estudo teve o objetivo de analisar qual o efeito da transparência
na estrutura de capital das empresas ganhadoras do Troféu Transparência/Prêmio
ANEFAC-FIPECAFI-SERASA EXPERIAN. A partir da técnica de dados em painel,
foram analisados os dados de 60 empresas no período de 2008 a 2014, sendo 30
empresas ganhadoras do prêmio e 30 empresas não ganhadoras do prêmio,
formando um grupo de controle.
O modelo de regressão mais significativo encontrado foi o de efeitos
aleatórios. A variável dependente foi representada pelo índice de Herfindahl-
Hirschman (IHH), representando a homogeneidade ou heterogeneidade da estrutura
de capital das empresas, que por sua vez foi segregada em sete fontes distintas. As
variáveis independentes foram representadas por sete fatores considerados
explicativos para o comportamento da estrutura de capital das empresas. O estudo
de Póvoa e Nakamura (2014) foi utilizado como base para o desenvolvimento deste
trabalho. Os resultados demonstraram que apenas a variável ano e o fato das
empresas serem ganhadoras/não ganhadoras do prêmio são fatores explicativos
para o comportamento heterogêneo da estrutura de capital das empresas, não
corroborando os achados de Póvoa e Nakamura (2014) que encontraram as
variáveis tamanho, Market to book e rating como explicativos de tal comportamento.
Os resultados encontrados indicaram que as empresas consideradas mais
transparentes tendem a ser mais heterogêneas com o passar dos anos, ou seja,
tendem a diversificar a captação de recursos já que conquistam a confiança do
mercado.
Em meio ao arcabouço de teorias consideradas explicativas da estrutura de
capital pela literatura, alguns pressupostos podem ser aplicados no presente estudo.
Pelas linhas da POT, que considera uma hierarquia na captação de recursos, pode-
se concluir que as empresas ganhadoras do prêmio confirmaram a preferência do
endividamento ao longo dos anos, fato que pode ser verificado na estatística
descritiva em que as duas principais fontes de recursos para as empresas foram as
dívidas subsidiadas e as dívidas externas.
Outra teoria que teve seus pressupostos analisados foi a de assimetria
informacional. Os resultados encontrados sugerem que esta assimetria tende a
diminuir com o passar dos anos, já que as empresas conquistando a confiança do
42
mercado para a captação de recursos se tornam heterogêneas na formação da
estrutura de capital. De acordo com esta teoria as empresas devem inicialmente
captar recursos através de dívidas passíveis de monitoramento (bancárias), para
posteriormente captar recursos de fontes distintas. Agindo desta maneira, as
empresas adquirem um histórico de monitoramento favorável no mercado, reduzindo
assim a assimetria informacional e o risco moral.
O presente estudo apresenta algumas limitações. A variável rating,
considerada no trabalho de Póvoa e Nakamura (2014), não foi utilizada neste
estudo, não sendo possível analisar a sua influência na estrutura de capital das
empresas ganhadoras do prêmio. Além disso, na variável Market to book foram
necessários alguns ajustes que possibilitassem o seu cálculo, o que
consequentemente pode ter interferido na significância estatística desta variável.
Como proposta para pesquisas futuras, sugere-se a utilização da variável
rating no rol das variáveis independentes, além do aumento do período estudado,
possibilitando assim conclusões mais precisas em relação a influência da
transparência na estrutura de capital das empresas ganhadoras do prêmio.
O Quadro 3 apresenta em síntese os procedimentos da pesquisa bem como a
relação com os respectivos objetivos, metodologia empregada e a localização dos
mesmos no decorrer do trabalho:
Quadro 3 - Resumo das conclusões por objetivos propostos
Objetivo
Conclusão
Metodologia
Posição
Cap. Seção
Identificar os tipos de fontes de
financiamento das fontes de
financiamentos utilizadas
Foram identificadas sete categorias de dívida, em conformidade com o trabalho desenvolvido por Póvoa e
Nakamura (2014).
Análise documental e estatística descritiva
3 4
Mensurar a estrutura de capital
das empresas participantes da
amostra
Houve a segregação da dívida financeira das empresas em sete
categorias de dívida, sendo os valores obtidos por consulta ao item "Empréstimos e Financiamento" nas notas explicativas disponíveis para
consulta pública no site do CVM e/ou BOVESPA.
Análise documental e estatística descritiva
4 1
Analisar a associação e
homogeneidades entre as variáveis
analisadas no estudo.
Foram utilizadas sete variáveis independentes e uma variável
dependente, e testadas por meio de regressão com dados em painel.
Análise de regressão e Testes de diferenças entre as médias
4 4.2; 4.3;
4.4
Fonte: Elaborado pelo autor
43
REFERÊNCIAS
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APÊNDICE A – Relação de empresas participantes da amostra
EMPRESAS GANHADORAS
GRUPO DE CONTROLE
AES ELETROPAULO 61.695.227/0001-93
AFLUENTE 07.620.094/0001-40
AES TIETÊ 02.998.609/0001-27
COPEL 76.483.817/0001-20
ALPARGATAS 61.079.117/0001-05
GRENDENE 89.850.341/0001-60
BRASKEM 42.150.391/0001-70
ELEKEIROZ 13.788.120/0001-47
CELPE 10.835.932/0001-08
CEMAR 06.272.793/0001-84
CESP 60.933.603/0001-78
COELBA 15.139.629/0001-94
SABESP 43.776.517/0001-80
SANEPAR 76.484.013/0001-45
COPASA 17.281.106/0001-03
CASAN 82.508.433/0001-17
CEMIG 17.155.730/0001-64
RENOVA 08.534.605/0001-74
CPFL ENERGIA 33.050.196/0001-88
EMAE 02.302.101/0001-42
COSAN 50.746.577/0001-15
FERROVIA CENTRO ATLANTICA 00.924.429/0001-75
CSN 33.042.730/0001-04
METALURGIA GERDAU 92.690.783/0001-09
EDP - BANDEIRANTES 03.983.431/0001-03
NEOENERGIA 01.083.200/0001-18
FIBRIA CELULOSE 60.643.228/0001-21
SUZANO PAPEL 16.404.287/0001-55
GERDAU 33.611.500/0001-19
FERBASA 15.141.799/0001-03
GRUPO PÃO DE AÇUCAR 47.508.411/0001-56
AGRENCO 08.943.312/0001-40
GUARARAPES 08.402.943/0001-52
LOJAS HERING 82.640.632/0001-84
HYPERMARCAS 02.932.074/0001-91
LOJAS AMERICANAS 33.014.556/0001-96
JSL S.A. 52.548.435/0001-79
TEGMA 02.351.144/0001-18
LOCALIZA 16.670.085/0001-55
LOCAMERICA 10.215.988/0001-60
MAHLE 60.476.884/0001-87
PLASCAR PART 51.928.174/0001-50
MARCOPOLO 88.611.835/0001-29
RECRUSUL 91.333.666/0001-17
MARFRIG 03.853.896/0001-40
BRF 01.838.723/0001-27
NATURA 71.673.990/0001-77
SWEETCOSMET 10.345.009/0001-98
OI 76.535.764/0001-43
TELEFONICA 02.558.157/0001-62
PETROBRAS 33.000.167/0001-01
OGX 07.957.093/0001-96
SARAIVA 60.500.139/0001-26
SOMOS EDUCAÇÃO 02.541.982/0001-54
TAESA 07.859.971/0001-30
EQUATORIAL 03.220.438/0001-73
TRACTEBEL 02.474.103/0001-19
ELEKTRO 02.328.280/0001-97
VALE 33.592.510/0001-54
MMX MINERAÇÃO 02.762.115/0001-49