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1
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
INIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA – UFRA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
JESSICA DO SOCORRO LIMA DA SILVA
JONATHA RIBEIRO DE SOUSA
ANÁLISE ESPAÇO TEMPORAL DA DINÂMICA DO USO E OCUPAÇÃO DO
SOLO DO MUNICÍPIO DE SOURE, PARÁ
BELÉM
2021
2
JESSICA DO SOCORRO LIMA DA SILVA
JONATHA RIBEIRO DE SOUSA
Analise espaço temporal da dinâmica do uso e ocupação do solo do município de
Soure, Pará.
Trabalho de conclusão de Curso apresentado à
Universidade Federal Rural da Amazônia, como
parte das exigências do curso de Engenharia
Florestal para obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Florestal.
Orientador: Prof. Dr. Breno Pinto Rayol
Coorientadora: Profa. Dra. Ana Cláudia Caldeira
Tavares Martins
Belém
2021
3
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Bibliotecas da
Universidade Federal Rural da Amazônia Gerada automaticamente mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
S725a Sousa, Jonatha Ribeiro de Sousa
Analise espaço temporal da dinâmica do uso e ocupação do solo do município de Soure, Pará. / Jonatha Ribeiro de Sousa Sousa, Jessica do Socorro Lima da Silva Silva. - 2021.
31 f. : il. color.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Curso de Engenharia Florestal, Campus Universitário de Belém, Universidade Federal Rural Da Amazônia, Belém, 2021.
Orientador: Prof. Dr. Breno Pinto Rayol Rayol Coorientador: Profa. Dra. Ana Cláudia Caldeira Tavares Martins.
1. Monitoramento ambiental. 2. Dinâmica da paisagem. 3. Dinâmica da paisagem. I. Rayol, Breno Pinto Rayol, orient. II. Título
CDD 352.96098115
4
JESSICA DO SOCORRO LIMA DA SILVA
JONATHA RIBEIRO DE SOUSA
Analise espaço temporal da dinâmica do uso e ocupação do solo do município Soure,
Pará.
Trabalho de conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal Rural da Amazônia, como
parte das exigências do curso de Engenharia Florestal para obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Florestal.
Aprovado em 05 Agosto de 2021
_________________________________________________________________
Prof. Dr. Breno Pinto Rayol
Orientador
Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA
_________________________________________________________________
Profª. Drª. Merilene Do Socorro Silva Costa
Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA
_________________________________________________________________
Profª. Drª. Livia Gabrig Turbay Rangel Vasconcelos
Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA
Belém
2021
5
AGRADECIMENTOS
As nossas famílias, que sempre incentivaram, e deram forças para seguirmos nessa jornada, que
nos apoiaram a chegar até aqui e acreditaram no nosso potencial, nas horas boas e difíceis.
À Universidade Federal Rural da Amazônia, Campus Belém pela oportunidade de graduação
nos oferecida.
Ao corpo docente do Curso de Engenharia Florestal, que foram os grandes responsáveis pelos
conhecimentos adquiridos para a nossa formação técnica e profissional.
Ao nosso orientador, Prof. Dr. Breno Pinto Rayol, pela orientação e ensinamentos transmitidos,
por sua amizade, conselhos, paciência e incentivo.
A aos nossos amigos que nos ajudaram no decorrer dessa caminhada, pois com ajuda vamos
mais longe, muito obrigada pelos momentos de bom papo e boas risadas.
6
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo realizar uma análise espaço temporal do município de Soure
do uso e ocupação do solo, nesse sentido o monitoramento de modificações sucedidas ao longo
do tempo, é uma atividade que propõe análise dos processos e avaliação de transformações e
dos impactos ambientais, expondo uma visão holística, refletindo diretamente na qualidade da
gestão pública e ambiental. Os dados categóricos foram extraídos da plataforma MapBiomas,
versão 5.0, para o Município de Soure referente aos anos de 2009, 2014 e 2019. Foram
encontradas 10 classes, sendo as classes similares reclassificadas e agrupadas de acordo com
suas características. A confecção dos mapas temáticos para cada ano foi realizada no programa
de código aberto Quantum GIS (QGIS). Como resultado do ano de 2009, apresentou de
Formação Campestre, o que corresponde a 84.49% do território. Em seguida a classe Formação
Florestal exibiu cerca de 9.74% e o Mangue com 2,74%. A Agropecuária juntamente com Rio,
Lago e Oceano, Apicum, Infraestrutura Urbana e Praia e Duna conteve aproximadamente
3.26% de toda área municipal. No de 2014, a Formação Campestre, mesmo apresentado
decréscimo, manteve sua dominância com 83.51% do território. No mesmo ano, a classe
Mangue apresentou um leve decréscimo para 2.71% da área total. As classes Agropecuária,
Rio, Lago e Oceano, Apicum, Infraestrutura Urbana e Praia e Duna também apresentaram uma
diminuição para 3.16%. No mapeamento temático de 2019, a classe Formação Campestre
conservou sua predominância em relação aos anos anteriores, aumentando 0,09%, apresentando
um total de 83,60% do limite municipal. Nesse período, área ocupada pela Formação Florestal
sofreu um decréscimo de 0,11% da área ocupada em relação a 2014, representando 10,95% da
área total. Novamente a classe Mangue apresentou um decréscimo de 0,15%, em relação ao ano
de 2014 e passou a representar 2,57% do município. Na Agropecuária, houve acréscimo na área
de 0,04% em relação a 2014, representando 1,20% da área total. As demais classes como Rio,
Lago e Oceano, Apicum, Infraestrutura Urbana e Praia e Duna, permaneceram somando menos
de 2% da área total do território. Baseado nos dados coletados, verifica-se que está ocorrendo
uma gradativa redução dos espaços naturais, principalmente nas classes Praias e Dunas e
Mangues, isso ocorre provavelmente devido ao avanço das infraestruturas urbanas.
Palavras-chave: Monitoramento ambiental; Dinâmica da paisagem; Ilha do Marajó.
7
ABSTRACT
This work aims to carry out a temporal spatial analysis of the land use and occupation of the
municipality of Soure, in this sense, the monitoring of successful changes over time is an
activity that proposes analysis of processes and assessment of changes and environmental
impacts, exposing a holistic view, directly reflecting on the quality of public and environmental
management. Categorical data were extracted from the MapBiomas platform, version 5.0, for
the Municipality of Soure for the years 2009, 2014 and 2019. 10 classes were found, and similar
classes were reclassified and grouped according to their characteristics. The making of thematic
maps for each year was carried out in the open source program Quantum GIS (QGIS). As a
result of 2009, it presented Campestre Formation, which corresponds to 84.49% of the territory.
Then, the Mangrove with 2.74%. Agriculture, together with Rio, Lago and Oceano, Apicum,
Urban Infrastructure and Praia and Duna, contained approximately 3.26% of the entire
municipal area. In 2014, the Formation Campestre, despite showing a decrease, maintained its
dominance with 83.51% of the territory. In the same year, there was an increase in the Forest
Formation area, presenting 11.06%, while the Mangue class presented a slight decrease to
2.71% of the total area. The Agricultural, River, Lake and Ocean, Apicum, Urban Infrastructure
and Beach and Dune classes also decreased to 3.16%. In the 2019 thematic mapping, the
Formation Campestre class maintained its predominance in relation to previous years,
increasing 0.09%, presenting a total of 83.60% of the municipal limit. In this period, the area
occupied by the Forest Formation suffered a decrease of 0.11% of the occupied area compared
to 2014, representing 10.95% of the total area. Once again, the Mangue class presented a
decrease of 0.15%, compared to 2014 and now represents 2.57% of the municipality. In
Agriculture, there was an increase in the area of 0.04% compared to 2014, representing 1.20%
of the total area. The other classes, such as Rio, Lago and Oceano, Apicum, Urban Infrastructure
and Beach and Dune, continued to add up to less than 2% of the total area of the territory. Based
on the collected data, it appears that there is a gradual reduction of natural spaces, mainly in the
Beaches and Dunes and Mangroves classes, this is probably due to the advance of urban
infrastructure.
Keywords: Environmental monitoring; Landscape dynamics; Marajó Island.
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Mapa de Localização do solo do Município de Soure. ................................ 16
Figura 2 - Etapas metodológicas da análise espacial. ................................................... 17
Figura 3 - Uso e cobertura do solo município de Soure 2009. ..................................... 18
Figura 4 - Uso e cobertura do solo município de Soure 2014. ..................................... 19
Figura 5 - Uso e cobertura do solo município de Soure 2019. ..................................... 20
Figura 6 - Serie temporal do uso e cobertura do solo dos anos 2009, 2014 e 2019 do
município de Soure. .................................................................................................................. 20
9
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Uso e ocupação do solo do Município de Soure no período de 2009 a 2019.
.................................................................................................................................................. 17
10
LISTA DE GRAFICOS
Gráfico 1 - Evolução da classe relacionada a Formação Florestal, do ano de 2009 até
2019. ......................................................................................................................................... 21
Gráfico 2 - Evolução das classes Formação Campestre, do ano de 2009 até 2019. ..... 22
Gráfico 3 - Evolução da classe Agropecuária, do ano de 2009 até 2019. .................... 22
Gráfico 4 - Evolução da classe Mangue, do ano de 2009 até 2019. ............................. 23
Gráfico 5 - Evolução da classe Infraestrutura Urbana, do ano de 2009 até 2019. ........ 24
Gráfico 6 - Evolução da classe Rio, Lago e Oceano do ano de 2009 até 2019. ........... 25
Gráfico 7 - Evolução da classe Apicum do ano de 2009 até 2019. .............................. 25
Gráfico 8 - Evolução da classe Praia e duna do ano de 2009 até 2019. ....................... 26
11
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 12
2. OBJETIVO .............................................................................................................. 13
2.1 Objetivo geral .................................................................................................... 13
2.2 Objetivos específicos ......................................................................................... 13
3. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................... 13
3.1 Plataforma MapBiomas .................................................................................... 13
3.1 Soure – PA. ........................................................................................................ 14
4. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................... 15
4. 1. Localização Área de estudo ............................................................................ 15
4. 2. Banco de dados e análise espacial .................................................................. 16
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 17
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 27
7. REFERÊNCIAS ................................................................................................... 28
12
1. INTRODUÇÃO
Atualmente, devido ao grande desenvolvimento da sociedade, a superfície terrestre sofre
mudanças expressivas e de forma acelerada, exigindo também que as informações dessas
transformações sejam processadas com no mínimo o mesmo ritmo. Assim, é preciso da
comprovação de forma ordenada de possíveis alterações antrópicas sobre o ambiente. (LEITE;
ROSA, 2018)
Logo, é de grande importância o uso das geotecnologias, pois a parti dessa tecnologia é
possível a identificação do uso e cobertura do solo e sua variação ao longo do tempo com as
transformações ocorridas na paisagem (MORAIS et al, 2011). De acordo com Leite e Rosa
(2018), em uma imagem de satélite, o uso e cobertura do solo é a informação mais acessível,
pois a mesma permite a visualização e identificação direta dos elementos ali geometricamente
apresentados.
Lopes et al. (2010) ressalta a importância de uma atualização frequente desses dados,
para que as tendências sejam evidenciadas. Com esses dados, metodologias podem ser
utilizadas para detectar e quantificar as modificações ocorridas na paisagem (COELHO et al,
2014). Todavia, para reconstituição da ocupação espaço-temporal do solo de uma região é
muitas vezes, uma tarefa bastante laboriosa devido, sobretudo, à escassez de dados e ao
conhecimento insuficiente da história da ocupação do solo. (LOPES, 2010).
Barbosa, Andrade e Almeida (2009) apontam em seu estudo a evolução da cobertura
vegetal e uso do solo no município de Lagoa Seca, PB, onde o emprego das geotecnologias é
fundamental para o resgate do passado e para a construção do planejamento futuro da paisagem
de cada região.
O mapeamento do uso e cobertura do solo, tendo em vista o monitoramento de
modificações sucedidas, é uma atividade de grande importância para uma análise holística dos
processos que explicam a operacionalidade de uma estabelecida área de estudo, além de ser um
importante método de avaliação dos impactos ambientais, expondo uma visão de um todo
(SILVA; FONSECA, 2016). Quando olhamos para o município de Soure, é possível verificar
que este apresenta grandes áreas sendo usadas para extração de recursos naturais e o turismo
pela própria população local, com ações antrópicas tão ativas faz-se necessário o
monitoramento ambiental a fim de identificar os níveis de degradação ambiental ao longo do
tempo (ICMBIO, 2018).
Baseado nos estudos apresentados, é imprescindível a utilização dessas informações
para o planejamento futuro de políticas publica envolvendo o meio ambiente e a utilização do
13
solo. Portanto, este trabalha apresenta o objetiva analisar o espaço temporal do município de
Soure do uso e ocupação do solo.
2. OBJETIVO
2.1 Objetivo geral
• Analisar o espaço temporal do município de Soure do uso e ocupação do solo, aplicando
os dados fornecidos pelo MapBiomas e utilizando geotecnologias.
2.2 Objetivos específicos
• Analisar a variação espaço-temporal de alteração do uso e ocupação do solo no
município de Soure, nos períodos de 2009, 2014 e 2019;
• Identificar por meio de mapas as áreas de expansão urbana e alteração da cobertura
vegetal no período de amostragem do município de Soure.
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Plataforma MapBiomas
A plataforma do MapBiomas é advinda do Projeto de Mapeamento Anual do Uso e
Cobertura da Terra no Brasil, uma iniciativa que envolve redes colaborativa de especialistas em
biomas, sensoriamento remoto, usos da terra, SIG e ciência da computação. Basicamente,
utiliza-se processamento em nuvem e classificadores automatizados desenvolvidos e operados
a partir da plataforma Google Earth Engine para gerar uma série histórica de mapas anuais de
uso e cobertura da terra do Brasil. O projeto tem como proposito contribuir para o entendimento
da dinâmica do uso do solo no Brasil e em outros países tropicais tendo como base uma
metodologia rápida, confiável e de baixo custo, gerando mapas anualmente da cobertura e o
uso do solo em todo território brasileiro, desde 1985 até os dias atuais (e posterior atualização
anual). Além disso, a criação da plataforma facilita a disseminação da metodologia para outros
países e regiões interessadas utilizando a mesma base de algoritmos (MAPBIOMAS, 2021).
O trabalho é interligado em redes com instituições responsáveis por diferentes biomas
e temas transversais para otimizar as soluções e resultados. Através da parceria com Google
Earth Engine, o processamento dos dados é distribuído e automatizado. Atualmente, o Google
14
Earth Engine é uma plataforma de armazenamento on-line para o processamento de imagens
de Sensoriamento Remoto, sem custos e com uma série de dados das mais diversas partes do
mundo (Costa, 2018)
De acordo com Florenzano (2005), as geotecnologias referentes ao Sensoriamento
Remoto e aos Sistemas de Informações Geográficas (SIG) estão cada vez mais interligadas com
isso, o projeto MapBiomas é orientado para gerar uma plataforma aberta, multiplicável e com
possibilidade de aplicação em outros países e contextos. Desenvolvendo uma plataforma
cooperativa, feita para incorporar e acolhe as contribuições da comunidade científica e demais
interessados em colaborar.
Segundo o Observatório do Clima (2016), o MapBiomas é seria uma iniciativa
colaborativa contando com mais de vinte instituições para produzir mapas anuais de cobertura
de solo do Brasil, fundamentais para examinar as mudanças de uso da terra, principal fonte
histórica de emissões de gases de efeito estufa no país (SEEG/OC) Sistema de Estimativas de
Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima. Para o bioma Amazônia, os
dados gerados são de responsabilidade do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da
Amazônia (IMAZON).
O mapeamento é realizado por instituições líderes que compõem equipes de
programadores, sensoriamento remoto, especialistas em conservação e uso da terra onde são
ordenados em times para cada bioma e tema transversal, respectivamente. A utilização da
plataforma da MapBiomas é considerado uma robusta ferramenta de aglutinação de dados de
diversas instituições, pois a plataforma utiliza informações e funcionalidades dos sistemas
DETER, SAD e GLAD tornando-se uma poderosa e confiável instrumento para os usuários
operarem (MAPBIOMAS, 2021).
É importante ressalta também, a grande relevância do cumprimento da lei de acesso à
informação, Lei n° 12.527 /2011 (BRASIL, 2011), pois, segundo Brito, Santos e Thuault
(2014), a partir de heterogêneas fontes da mesma informação, dificulta que visões políticas
intervenham ou manipulem seus resultados para atender aos seus interesses.
3.1 Soure – PA.
O município de Soure está situado no conjunto de ilhas do Marajó, conhecida como Ilha
do Marajó no estado do Pará, considerada a maior ilha estuarina do mundo, superando países
como a Bélgica e a Holanda em tamanho. A ilha está localizada a nordeste do Estado do Pará,
distando 87 km de Belém, banhada pelas águas salgadas do Oceano Atlântico ao norte e pelas
águas fluviais do Rio Pará e Tocantins ao sul (OTCA, 2012). O município apresenta uma
15
extensão de 2.857,349 km², com uma população estimada em 25.565 habitantes (IBGE, 2020).
Dentre os 16 municípios do arquipélago que compõem a mesorregião do Marajó, o município
de Soure, Salvaterra e Ponta de Pedras, são um dos mais consolidados quando se fala em
turismo, incluindo turismo de sol e praia, turismo rural e ecoturismo, por sua natureza
exuberante, belas praias de água doce, produção de queijos e riquíssima cultura marajoara
(GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ, 2016).
Classificada como Área de Proteção Ambiental (APA), a Ilha do Marajó apresenta uma
área de 4.668.795.605 ha (OTCA, 2012), abrangendo 12 dos 16 municípios, criada a parti do
Artigo13 §2º da Constituição do Estado do Pará. Tratando-se de uma APA, seu uso é
direcionado para uso sustentável dos recursos naturais e monitoramento de impactos ambientais
(IDEFLOR-BIO, 2018).
Na área costeira do município, situa-se a Reserva Extrativista Marinha de Soure
(RESEX Soure), onde há a predominância de mangues. A RESEX foi criada em 2001,
apresentando uma área de 29.578,36 ha, esta tem como objetivo de assegurar o uso sustentável
e a conservação dos recursos naturais renováveis e a cultura da população extrativista local
(ICMBIO, 2018). As ResexMar configuram-se como uma ferramenta pública direcionada ao
espaço marinho que visa a favorecer as estratégias territoriais de conservação e proteção do
direito habitual de pescadores artesanais (como coletores de marisco e caranguejo) em conjunto
com o Estado (COSTA, 2018).
Quanto a zona costeira de Soure, o município exibe uma pluralidade de feições,
resultante da atuação de processos geomorfológicos ligados às mudanças relativas do nível do
mar, neotectônica e dinâmica costeira (SANTOS, 2011)
4. MATERIAL E MÉTODOS
4. 1. Localização Área de estudo
O município Soure possui uma área de 2.857,349 km², sendo limitado ao norte com o Oceano
Atlântico, ao sul com o município de Salvaterra, ao leste com a Baía do Marajó e ao oeste com os
municípios de Cachoeira do Ararí e Chaves ao norte. De acordo com último censo do IBGE (2012), o
município possui uma população entorno de 25.565 habitantes (Figura 1).
16
Figura 1 - Mapa de Localização do solo do Município de Soure.
Fonte: Os autores
4. 2. Banco de dados e análise espacial
Para representar a cobertura do uso e ocupação do solo, os dados categóricos foram
extraídos da plataforma MapBiomas, versão 5.0, para o Municipio de Soure referente aos anos
de 2009, 2014 e 2019. Foram encontradas 10 classes, sendo as classes similares reclassificadas
e agrupadas de acordo com suas características (Figura 2).
A confecção dos mapas temáticos para cada ano foi realizada no programa de código aberto
Quantum GIS (QGIS). As áreas foram quantificadas com auxílio de planilha eletrônica por meio de
dados tabelados provenientes da plataforma MapBioma.
17
Figura 2 - Etapas metodológicas da análise espacial.
Fonte: Os autores (2021).
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com a utilização dos dados provenientes da plataforma MapBiomas, foi possível
realizar o mapeamento de oito diferentes tipos de classes de uso e cobertura do solo nos mapas
temáticos dos anos de 2009, 2014 e 2019 e quantificar cada classe.
A Tabela 1 a seguir, apresenta as medidas em ha de cada classe do uso e cobertura do
solo, como também as suas respectivas porcentagens.
Tabela 1 - Uso e ocupação do solo do Município de Soure no período de 2009 a 2019.
Classes de Uso
Ano
2009 2014 2019
ha % ha % ha %
Formação Florestal 27484 9.74 31213 11.06 30903 10.95
Mangue 7719 2.74 7649 2.71 7239 2.57
Formação Campestre 238380 84.49 235610 83.51 235871 83.60
Apicum 827 0.29 446 0.16 241 0.09
Agropecuária 3561 1.26 3260 1.16 3379 1.20
Praia e Duna 195 0.07 148 0.05 95 0.03
Infraestrutura Urbana 511 0.18 599 0.21 638 0.23
Rio, Lago e Oceano 3467 1.23 3218 1.14 3781 1.34
Total 282146
Fonte: Os Autores (2021).
18
Segundo o IBGE (2012), no último censo, o município de Soure possui uma extensão
territorial de aproximadamente 2.857,34 km², aproximadamente 285.734 ha. O mapa de uso e
ocupação do ano de 2009 (Figura 1) apresentou 238.380 ha de Formação Campestre, que
corresponde a 84.49% do território. A segunda classe com maior representação foi a de
Formação Florestal com 27.484 ha, cerca de 9.74% do município, seguida pelo Mangue com
7.719 ha (2,74%). A Agropecuária conteve 3.561 ha, o que significa 1.26% de toda área do
município. As classes Rio, Lago e Oceano, Apicum, Infraestrutura Urbana e Praia e Duna,
resultaram em menos de 2% do limite municipal, com 3467 ha, 827 ha, 511 ha e 195 ha,
respectivamente (Tabela 1).
Figura 3 - Uso e cobertura do solo município de Soure 2009.
Fonte: Os autores (2021).
No ano de 2014, a classe mais representativa foi novamente a Formação Campestre,
com 235.610 ha da área total, correspondendo a 83.51%. A Formação Florestal permaneceu
sendo a segunda maior classe, com área territorial de 31.213 ha, aproximadamente 11.06%. A
classe Mangue totalizou 7.649 ha de área, representando 2.71% da área total. A classe
Agropecuária conteve apenas uma área de 3.260 ha (1.16%). Por fim, as demais áreas das
classes Rio, Lago e Oceano, Apicum, Infraestrutura Urbana e Praia e Duna, continuaram
somando menos de 2% da área total do território, sendo 3.218 ha, 446 ha, 599 ha e 148 ha,
respectivamente.
No período compreendido entre 2009 a 2014, foi verificado um decréscimo de 301 ha
(0,11 %) na área destinada a agropecuária sendo reduzida para 3.260 ha (1,16% da área total),
(Tabela 1).
19
Figura 4 - Uso e cobertura do solo município de Soure 2014.
Fonte: Os autores (2021).
No mapeamento temático de 2019 (Figura 3) a classe Formação Campestre teve maior
predominância comparado ao ano de 2014, aumento de 0,09% obtendo uma área total de
235.871 ha, representando 83,60% do limite municipal. A área ocupada pela Formação
Florestal sofreu um decréscimo de 0,11% da área ocupada em relação a 2014, totalizando
30.903 ha (10,95%). A classe Mangue apresentou um decréscimo de 0,15%, em relação ao ano
de 2014, e ocupou 7.239 ha do município, o que significa 2,57%. Na Agropecuária, houve
acréscimo na área de 0,04% em relação a 2014, ficando com apenas 3.379 ha, representando
1,20% da área total. As demais classes área As classes Rio, Lago e Oceano, Apicum,
Infraestrutura Urbana e Praia e Duna, permaneceram somando menos de 2% da área total do
território, com 3.781 ha, 241 ha, 638 ha e 95 ha, respectivamente.
20
Figura 5 - Uso e cobertura do solo município de Soure 2019.
Fonte: Os autores (2021).
Abaixo, podemos observar de forma geral, na figura 6, as três series temporais
correspondentes aos anos estudados em mapas de cobertura do solo.
Figura 6 - Serie temporal do uso e cobertura do solo dos anos 2009, 2014 e 2019 do
município de Soure.
21
Fonte: Os autores (2021).
Com o cruzamento e a correlação das classes foi permitido fazer análises
comparativas das mudanças espaciais e temporais na área de estudo, observando que ocorreram
diversas mudanças entre os anos estudados.
O Gráfico 1 apresenta a evolução da classe relacionada à Formação Florestal, do ano de
2009 até 2019.
Gráfico 1 - Evolução da classe relacionada a Formação Florestal, do ano de 2009 até
2019.
Fonte: Os Autores (2021).
No município, ainda entre os anos de 2009 a 2019, as áreas de Formação Campestre e
Agropecuária tiveram queda na área territorial, de aproximadamente 1,1% e 5,1% do território
original de 2009, respectivamente.
Os campos naturais, caracterizados pela consorciação entre espécies arbóreas e
herbáceas, formam manchas que se destacam entre as áreas de capoeiras ou matas secundárias.
Esses ambientes podem ser do tipo limpo ou com aglomerados de palmeiras, também chamados
de veredas, formando pequenas “ilhas” de vegetação lenhosa e constituindo-se um ecossistema
complexo, em função das suas variadas condições edafo-climáticas. A origem e manutenção
desta paisagem estão relacionadas ao controle edáfico e hidrológico, especialmente o regime
de enchentes a que estão submetidos anualmente (AMARAL et al., 2007)
A grande extensão territorial ocupada por pastagens naturais possui forte relação com a
agropecuária, pois, constituem um habitat propício para os búfalos na produção de carne, leite
e trabalhos de transporte e de tração, o que pode ser um dos motivos para ambas as classes
27484,41
31213,1830902,56
24000
26000
28000
30000
32000
2009 2014 2019
Áre
a (
ha)
Ano
Formação Florestal
22
apresentarem comportamento semelhante no período estudado, como pode ser observado no
Gráfico 2 e 3. Segundo Barbosa (2005), a estrutura econômica da região é influenciada por
atividades vinculadas à pecuária, ao extrativismo nas áreas de floresta e a pequena agricultura
desenvolvida desde o período colonial que possibilitou ainda a formação de pequenos
povoados, localizados às margens de rios e igarapés.
Gráfico 2 - Evolução das classes Formação Campestre, do ano de 2009 até 2019.
Fonte: Os autores (2021).
Gráfico 3 - Evolução da classe Agropecuária, do ano de 2009 até 2019.
Fonte: Os autores (2021).
238380,41
235610,22
235871,11
234000
236000
238000
240000
2009 2014 2019
Áre
a (
ha)
Ano
Formação Campestre
3561,09
3260,283378,92
3200
3300
3400
3500
3600
2009 2014 2019
Áre
a (
ha)
Ano
Agropecuária
23
A classe Mangue apresentou uma queda em sua área territorial, entre 2009 a 2019 em
torno de 6,2% (Gráfico 4).
Gráfico 4 - Evolução da classe Mangue, do ano de 2009 até 2019.
Fonte: Os autores (2021).
Os manguezais são ecossistemas caracterizados por formarem um ecossistema costeiro,
em áreas de baixa latitude, sendo a fauna e flora robustas e adaptáveis à exposição de mudanças
diárias de maré, ambientes de água salgada e variação de oxigênio dissolvido, dentre a ampla
gama de serviços ecológicos prestados pelos mangues, está o amortecimento de impactos das
ondas e proteção da costa; redução da erosão e estabilização do solo; purificação da água através
da absorção de impurezas e metais pesados e absorção de poluentes no ar; nidificação de peixes,
répteis, aves e; meios de subsistência para comunidades tradicionais (BRAUN; HODECKER-
DIETRICH; AUMON 2017). Entretanto, apesar da variedade de funções ecológicas
desempenhadas, o manguezal está entre os ecossistemas mais devastados para que sua área seja
convertida a outros fins. As pressões advindas do aumento populacional e desenvolvimento
industrial e urbano vêm causando, a diminuição e a fragmentação das áreas de mangue, o que
coloca risco, sua sobrevivência em longo prazo (CARVALHO; JARDIM, 2017).
Devido a sua vasta fauna e flora, os recursos oriundos dos manguezais têm sido alvo de
apropriação e uso pelos povos das comunidades costeiras que ficam em seu entorno, tendo os
mais diferentes usos, tais como: economia de subsistência, comercialização em pequena e larga
escala, assim como para efeitos de sustentação cultural, social e religiosa (OLIVEIRA;
NAHUM; NEVES; VIEIRA, 2017).
Existem vários fatores que podem estar relacionados a perca de espaço em áreas de
mangue, dentre eles; a crescente e expansão urbana costeira, devido ao o aumento do turismo
7718,51
7649,23
7238,83
7000
7200
7400
7600
7800
2009 2014 2019
Áre
a (
ha)
Ano
Mangue
24
e/ou construção de estradas; também são comuns impactos resultantes da extração de lama e de
sal, da aquicultura, de atividades agrícolas e até de atividades industriais; rápido crescimento
demográfico da região costeira (MENEZES; MEHLIG, 2009)
Devido ao constante aumento da exploração dos recursos das áreas de mangue,
alternativas foram tentadas para a diminuição do impacto ambiental, no município de Soure,
por exemplo, foi criada a Reserva Extrativista Marinha de Soure que abriga a maior faixa
contínua de manguezal do mundo indo do Maranhão até o Amapá, a partir da preocupação com
os impactos de pescarias predatórias praticadas por “invasores” oriundos principalmente do
litoral paraense, na porção costeira de Soure/PA (ICMBIO, 2018).
Com relação à classe Infraestrutura Urbana, o município apresentou um crescimento
considerável entre 2009 a 2019 de 24,8% (Gráfico 5).
Gráfico 5 - Evolução da classe Infraestrutura Urbana, do ano de 2009 até 2019.
Fonte: Os autores (2021)
A infraestrutura urbana é um conceito amplo, indo além de um conjunto de instalações
de engenharia, utilitários e sistemas, sendo um espaço para a governança local, atrelado às
questões do crescimento econômico, alterações climáticas, e de resíduos urbanos, considerando
o aspecto econômico, a infraestrutura urbana deve propiciar o desenvolvimento das atividades
produtivas, isto é, a produção e comercialização de bens e serviços; e sob o aspecto
institucional, entende-se que a infraestrutura urbana deve propiciar os meios necessários ao
desenvolvimento das atividades político-administrativas, entre os quais se inclui a gerência da
própria cidade (NETO, 1997).
No Gráfico 5 observa-se o crescente aumento da infraestrutura urbana em Soure, esse
aumento pode estar atrelado ao aumento populacional, pois para suprir a necessidade de
habitações, há a necessidade de aumento na área urbana, esse fato pode ser confirmado com
511,22
599,37
637,80
500
540
580
620
660
2009 2014 2019
Áre
a (
ha)
Ano
Infraestrutura Urbana
25
base em informações do último censo demográfico (IBGE, 2012), no qual a população total de
Soure no ano de 2010 foi de 23.001 habitantes, enquanto, que a população estimada para o ano
de 2020 foi de 25.565 habitantes.
A classe denominada Rio, Lago e Oceano teve uma variação bem baixa no decorrer do
período estudado. Entre os anos de 2009 a 2014, ela teve um decréscimo de 7,2%. A partir do
ano de 2014 até 2019 sua área total aumentou em 17,5% (Gráfico 6). A Classe Apicum
apresentou uma grande perda de território no período de 2009 a 2019, apresentando um
decréscimo de 70,8% de sua área original em 2009 (Gráfico 7).
Gráfico 6 - Evolução da classe Rio, Lago e Oceano do ano de 2009 até 2019.
Fonte: Os autores (2021).
Gráfico 7 - Evolução da classe Apicum do ano de 2009 até 2019.
Fonte: Os autores (2021).
3467,00
3218,39
3781,12
3100
3300
3500
3700
3900
2009 2014 2019
Áre
a (
ha)
Ano
Rio, Lago e Oceano
826,80
446,25
241,36200
400
600
800
1000
2009 2014 2019
Áre
a (
ha)
Ano
Apicum
26
A região de Apicum é a zona menos inundada do manguezal, na transição para a terra
firme, é um ambiente caracterizado pela elevada salinidade estando relacionado à ocorrência
de climas com regime de precipitação que comporta uma estação seca, é normalmente
desprovida de vegetação arbórea e está, necessariamente, associada a manguezais, sendo
encontrada nas regiões intertropicais (SCHMIDT; BEMVENUTI; DIELE, 2013).
Para Bigarela (2001) os apicuns são formas naturais de destruição do mangue, pois,
estando o manguezal em constante modificação, durante as enchentes de preamar são
depositados, sobre os manguezais, areias finíssimas, que seriam responsáveis por tornar o banco
de manguezal cada vez mais arenoso provocando sua morte.
A classe Praia e Duna também apresentou uma queda considerável na área territorial no
período de 2009 a 2019, um decréscimo de 51,1% de área original no ano de 2009 (Gráfico 8).
Gráfico 8- Evolução da classe Praia e duna do ano de 2009 até 2019.
Fonte: Os autores (2021).
194,70
148,03
95,2090
120
150
180
210
2009 2014 2019
Áre
a (
ha)
Ano
Praia e Duna
27
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Baseado nos dados coletados, verifica-se que está ocorrendo uma gradativa redução dos
espaços naturais, principalmente das classes Mangues e Apicum, isso pode estar ocorrendo
devido ao avanço da infraestrutura urbana. A classe Praia e Duna também apresentou uma
queda considerável na área territorial no período avaliado.
Estudos sobre a análise espaço temporal são importantes ferramentas para a
compreensão da dinâmica da paisagem. Espera-se que esse estudo possa dar base outras
pesquisas na região. Recomenda-se avaliação in loco para uma compreensão mais aprofundada
dos processos apontados por esse trabalho.
28
7. REFERÊNCIAS
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Dr. Jean-François Tourrand. 2005. 120 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do
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informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º , no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º
do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990;
revoga a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro
de 1991; e dá outras providências. Brasilia, 2011. Disponível
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