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l i 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
TESTES DE VALIDADE DO CAPITAL ASSET PRICING MODEL
NO MERCADO ACIONÁRIO DE SÃO PAULO
UM ESTUDO INDICATIVO
DO PODER DE TESTE
DA METODOLOGIA DE FAMA E MACBEm
Banca examinadora:
Prof Orientador: W1adimir Antonio Puggina
Prof: .
Prof: .
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1 1
A Ricardo Morais,
pelo incentivo
e
compreensão.
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lU
FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO
WANG nANG HORNG
TESTES DE VALIDADE DO CAPITAL ASSET PRICING MODEL
NO MERCADO ACIONÁRIO DE SÃO PAULO
U M E ST IJ DO IN DIC A TIV O
D O P O D E R D E T E S T E
D A M ET O D O LO G IA D E F A M A E M AC B E T II
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-
Graduação da FGVIEAESP
Área de Concentração: Administração
Contábil Financeira como requisito para
obtenção de título de mestre em
Administração.
Orientador: Prof. W1adimir Antonio Puggina
undação etulio Vargas
Esc;ola de AdminislFação
de Empresas de
s
Pau lo
Bibliomca
l.:
\..
.. ,
SÃO PAULO
1997
998 936
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i· 5
~~~:t?:t
8
t1~\~k,
t >l ~
e· i
P-OOOt0587_6
HORNG, Wang Jiang. Testes de validade do Capital Asset Pricing Model no
mercado acionário de São Paulo: um estudo indicativo do poder de teste da
metodologia de Fama e Macbeth. São Paulo: EAESPIFGV, 1997. 118 p.
(Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Pós-Graduação da
EAESPIFGV, Área de Concentração: Administração Contábil Financeira).
Resumo: utiliza a técnica de simulação para estimar a eficiência de se testar
o modelo Capital Asset Pricing Model (CAPM) num mercado com
características do mercado acionário paulista, marcado por elevado retorno e
alta volatilidade.
Palavras-Chave: CAPM - Portfólio - Diversificação - Risco sistemático - Beta -
Testes de validade.
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IV
sUMÁRIO
1 - INTRODUÇÃO 1
2 - CAPM - REVISÃO BillLIOGRÁFICA 5
2.1 - Teoria de diversificaçãode Markowitz 6
2.2 - Fronteira Eficiente 14
2.3 - Nova Fronteira Eficiente 16
2.4 - CapitalMarket Line 18
2.5 - CapitalAsset Pricing Model 22
2.6 - Linha Característica 28
3 - REVISÃO DOS TESTES EMPÍRICOS DE VALIDADE DO CAPM 31
3.1 - Modelo de teste (CAPM ex-ante e ex-post) 32
3.2 - Suposições básicas dos testes empíricos 35
3.3 - Breve histórico dos testes empíricos 37
3.3.1 - Estudo de Lintner 37
3.3.2 - Estudo de Douglas 38
3.3.3 - Estudo de Miller e Scholes 41
3.3.4 - Estudo de Fama e MacBeth 45
3.3.5 - Estudo de Jorge Queiroz de Moraes Jr. 53
3.3.6 - Estudo de Aftleck-Graves e Bradfield 55
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v
4 -
REAPLICAÇÃO DO TESTE DE AFFLECK-GRA VES E BRADFIELD
64
4.1 - Processo de simulação 66
4.1.1 - Modelo dos retornos simulados 68
4.1.2 - Estimação dos parâmetros do mercado acionário
de São Paulo
68
4. 1.3 - Considerações sobre os parâmetros estimados 77
4.2 -
Aplicação, da metodologia de teste de Fama e MacBeth
no mercado acionário simulado 79
4.3 - Determinação do poder de teste
84
4.4 - Análise de sensibilidade do poder de teste
em relação ao parâmetro retorno do mercado
86
4.5 - Análise dos dados
88
5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
91
ANEXO
95
BffiLIOGRAFIA
116
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VI
AGRADECIMENTOS
A Planner Corretora de Valores S.A., pelo suporte técnico,
ao prof Wilton de Oliveira Bussab, pelas sugestões e críticas,
ao prof WIadimir Antonio Puggina, além da orientação, pela paciência e conselhos.
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1
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
o artigo
Portfólio Selection,
de Harry Markowitz, publicado em 1952,
representa um marco na teoria financeira.Até o seu aparecimento, a teoria financeira
sustentava que as decisões dos investidores deveriam ter como base o retomo dos
ativos individuais. A regra na administração de carteiras era a formação de
portfólios com ativos de maior retomo esperado, no intuito de maximizar o retomo
total da carteira.
Markowitz observou que a postura defendida pela teoria financeira não
correspondia ao comportamento do mercado, além de apresentar um paradoxo. A
concepção de carteira diversificada contrapunha-se ao objetivo de maximização do
retomo total, uma vez que esta somente poderia ser obtida, se os investidores
aplicassem todos os seus recursos em um único ativo, aquele que apresentasse o
maior retomo esperado. No entanto, os investidores insistiam na política de
diversificação, que refletia a sabedoria popular de não se colocar todos os ovos em
uma única cesta para evitar o risco de perda total, no caso de a cesta cair.
Com base nos parâmetros risco e retomo, Markowitz formulou um modelo
normativo de diversificação de carteiras. Neste modelo, os investidores deveriam
selecionar os portfólios (no lugar de ativos individuais) que apresentassem o maior
,:
. • .
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2
retorno para um nível determinado' de risco.
Doze anos depois, em 1964, William Sharpe, partindo de algumas premissas,
entre elas, a de que os investidores diversificam suas carteiras conforme a teoria de
Markowitz, construiu um modelo positivo de precificação de ativos individuais, o
Capital Asset Pricing Model (CAPM). Este modelo fornece à teoria financeira um
novo conceito de risco, o risco sistemático, mais conhecido como beta. Segundo ele,
o retorno de um ativo está associado somente ao seu beta, uma vez que todo o risco
não sistemático é eliminado com a diversificação de Markowitz.
Por suas contribuições, Markowitz e Sharpe ganharam o prêmio Nobel de
Economia, em 1990. Desde 1964, inúmeros testes empíricos foram realizados para
comprovar a validade do CAPM. O mercado mais testado foi o da Bolsa de Nova
Iorque (NYSE) e a metodologia de teste mais adotada a desenvolvida por Eugene
Fama e James MacBeth. Em geral, as conclusões dos estudos de longo prazo (30
anos) apontaram que o CAPM espelha o comportamento do mercado, embora, nos
testes de curta duração, esta situação não se mantenha.
Em 1993, Aflleck Graves e David Bradfield, utilizando a técnica de
simulação, demonstraram que os resultados dos testes empíricos de curta duração
deveriam ser interpretados com cuidado e que as conclusões de rejeição do CAPM
não poderiam ser aceitas como definitivas.
. . ~
.
O tempo e os recursos gastos nos testes empíricos justificam-se pelas
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3
implicações que a validação ou não da teoria tem na determinação do custo de capital.
Hoje, no Brasil, este tópico da teoria financeira ganha ainda mais relevância,
particularmente no momento em que a globalização da nossa economia atinge o
mercado de capitais, onde os profissionais estão cada vez mais em contato com
softwares de diversificação de carteiras baseados na teoria de diversificação de
Markowitz e com o conceito de risco sistemático.
Em quase todos os stock guide , as instituições financeiras consideram
obrigatória a presença do beta. Nos últimos trabalhos realizados pelas empresas de
consultoria, contratadas para prestar serviços de avaliação econômico-financeira das
empresas para fins de privatização, como a CERJ, Light ou a COELBA, o CAPM foi
utilizado para a definição do custo do capital próprio.
Esta dissertação propõe-se testar o CAPM com dados de um mercado
fictício, simulado, a partir dos parâmetros considerados como típicos do mercado
paulista e em conformidade com o próprio modelo, com base nos estudos de Graves e
Bradfield. O objetivo central é detectar a eficiência de aplicar testes de validade de
curta duração num mercado com as características da Bovespa.
Os testes foram realizados, aplicando-se o método de teste amplamente
aceito, de Fama e MacBeth. A dissertação é um estudo indicativo e parcial, não tendo
pretensões de discutir a metodologia de teste de Fama e Macbeth nem de fornecer
soluções. Acreditamos que a simples constatação de uma situação e a tentativa de
apontar aspectos do comportamento do mercado que podem estar afetando os
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resultados dos testes já são, em
SI,
uma contribuição a estudos que certamente
ocorrerão nesta área.
A dissertação foi organizada em cinco capítulos. Capítulo I: introdução;
Capítulo
lI :
apresentação do desenvolvimento teórico do CAPM; Capítulo
1I 1:
descrição de testes empíricos relacionados diretamente com o tema da dissertação;
Capítulo IV: os testes do CAPM com os dados do mercado paulista simulado e a
análise dos resultados e CapítuloV: considerações finais.
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5
CAPÍTULO 2
CAPM - REVISÃO BffiLIOGRÁFICA
Uma das questões de maior relevância na teoria financeira é o
relacionamento entre o retorno e o risco de um investimento. O modelo CAPM
(Capital Asset Pricing Model), desenvolvido por William Sharpe, visa identificar essa
relação. Sua importânica está na elaboração de um novo conceito de risco, o risco
sistemático, também denominado beta.
Este capítulo tem por objetivo apresentar sucintamente o desenvolvimento
do CAPM, sem entrar em detalhes sobre a sua formulação matemática, visto que seria
impossível em um único capítulo reproduzir toda a riqueza dos trabalhos que
originaram este modelo.
A revisão inicia com a teoria de diversificação de Markowitz, que lançou as
bases para a formação de carteiras diversificadas com fundamento nos parâmetros
risco e retomo; prossegue com a exposição da Fronteira Eficiente, a representação
gráfica do conjunto dos melhores portfólios em que um investidor poderia aplicar
os seus recursos; continua com a formação da Nova Fronteira Eficiente, conjunto de
novas oportunidades ao investidor, quando um ativo sem risco é incluído na análise; a
elaboração da Capital Market Line, graças à qual, pode-se identificar a relação entre
risco e retomo esperado de portfólios eficientes e, por fim, a formulação do CAPM.
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6
Foi acrescentada a apresentação da Linha Característica, teoria desenvolvida por Jack
Traynor, que, concomitantemente e por caminhos alternativos, chegou às mesmas
conclusões de William Sharpe sobre a ligação entre o risco sistemático e o retomo
esperado dos investimentos.
2.1 - TEORIA DE DIVERSIFICAÇÃO DE MARKOWITZ
Markowitz formulou uma teoria normativa de como um investidor deve
constituir o seu portfólio' para que seja o mais eficiente entre todas as alternativas
possíveis. A noção de eficiência baseia-se nos conceitos de risco e retomo.
Na teoria econômica, o objetivo de qualquer investimento é a troca do
consumo atual por um consumo maior no futuro: o aplicador investe esperando uma
recompensa, que recebe o nome de retomo. Contudo, na maioria das modalidades de
aplicações, o investidor não tem condições de afirmar com certeza qual será o seu
retomo, já que este pode ser influenciado por eventos econômicos ainda
desconhecidos. A esta incerteza denomina-se risco.
A teoria de diversificação de Markowitz parte do princípio de que tanto o
retomo esperado de um investimento como a incerteza associada podem ser
dimensionados pela média e desvio-padrão (ou variância) dos retornos possíveis.
1
Portfólio é qualquer conjunto de ativos, inclusive o conjunto de um único ativo. Entretanto, as
expressões portfólio e carteira são utilizadas para referir-se a um conjunto de dois ou mais ativos.
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7
Risco e retorno esperado de um ativo individual
De acordo com esta teoria, o investidor atribui probabilidades de ocorrência
aos diversos retornos possíveis que o ativo poderá proporcionar. O retomo esperado
deve ser quantificado como a média da distribuição probabilística e o risco
(incerteza), como a variância ou o desvio padrão.
Retomo esperado
=
E(R) (2.1)
Risco
a R =
m 2
L
Rk - E (R)) Pk
k=l
(2.2)
,
onde
R =retomo de um ativo
m
=
número de possibilidades
~ =
retomo do ativo para k
ésimo
possibilidade
P k =probabilidade associada ao ~.
Um pressuposto importante desta teoria é a premissa de aversão ao risco por
parte do investidor, ou seja, na escolha entre dois ativos com o mesmo retomo
esperado, ele sempre dará preferência àquele de menor risco ou, então, para um
mesmo nível de risco, o investidor procurará aquele ativo de maior retomo esperado.
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Na Figura 1, o ativo A encontra-
se nessas condições em relação
ao ativo B ou C. Neste caso, diz-
se que o ativo
A
domina os
outros dois, porque qualquer
investidor sempre o preferirá ao
B
ou C.
8
Figura 1 - Conceito de dominância
Retomo
esperado
A C
............•..............•.
Risco
(desvio)
Risco e retorno esperado de um portfólio de dois ativos
Quando um portfólio é composto por dois ativos (X e Y), ou seja, quando o
investidor decide que deve repartir os seus recursos entre os dois ativos, o retorno
esperado do seu portfólio é definido como:
E(R
p
) = W
x
E(Rx)
+
w
y
E(Ry)
onde
(2.3)
R, =retorno do portfólio resultante da composição entre os ativos X e Y
W
x
, Wy =proporção de recursos alocados nos ativos X e Y
w, + W
y
=
1
E { R x )
= retorno esperado do ativo X
E R y )
= retorno esperado do ativo Y
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o risco é dado por:
(2.4)
onde
p xy =
correlação entre os retornos dos ativos
X
e Y
Dado que os retornos esperados dos ativos X e Y estão definidos, o retorno
esperado do portfólio do investidor vai depender das proporções que ele alocar em
cada um dos dois. Se X e Y forem perfeitamente divisíveis, alterando-se os pesos, o
investidor poderá ter disponíveis infinitas alternativas'. A Figura 2 mostra como o
retorno esperado se comportará, se ele modificar os pesos aplicados num caso em
que
E Rx) < E Ry)
e
O < O x <
B
o
eIXO vertical
E(Ry)
A
representa os valores que o
E(Rx) -------_ _ -_ _._.. _ .
retorno esperado do portfólio
o
0,25 0,5 0,7 5
pode assumir, enquanto que o
horizontal representa a
Figura 2 - Relação retorno esperado e composição de um portfolio
proporção investida no ativo X.
Conseqüentemente, a proporção do ativo Y é 1 - X. A relação entre o retorno
2
Cada uma das alternativas é um portfólio distinto de outro. Por exemplo, a carteira formada por
50% de X e 50% de Y é distinta de outra formada por 100% de X e 0% de Y.
3
As condições
E(Rx) < E(Ry)
e a
x
<
a
y
foram estabelecidas para facilitar a visualização gráfica. A
análise é válida também no caso em que E{Rx)
ay.
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esperado do seu portfólio e as proporções é linear e os pontos plotados por cada
portfólio possível formam a reta AB. O retorno esperado será igual ao retorno
esperado do ativo X, quando todo o dinheiro for investido neste ativo. Por outro
lado, quando 100% dos recursos forem destinados ao ativo Y (w,
= O ),
o retorno
esperado do portfólio será igual ao retorno esperado do ativo Y.
A Figura 3 exibe a relação entre o risco do portfólio deste investidor e as
proporções investidas em cada um dos ativos. Entretanto, esta relação não pode ser
mostrada tão diretamentequanto a relação do retorno esperado e as proporções, pois
o risco depende tambémda correlação entre os retornos dos ativos.
q>
A
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houver a oportunidade de encontrar ativos cuja correlação seja igual a -1, dependendo
das proporções alocadas,
é
possível reduzir o risco do portfólio a zero. Portanto, o
risco de um portfólio
é
uma função dos pesos e da correlação e, quanto menor for
esta última, menor será o risco do portfólio.
A Figura 4 é a junção das relações mostradas nas Figuras 2 e 3. Em 4-a, a
curva XY representa a relação Retomo Esperado e Risco de todos os portfólios que
podem ser formados pelos ativos X e Y, quando a correlação é igual a
+
1. À medida
que a participação do Ativo X aumenta (portanto, a participação do ativo Y diminui,
já que a soma deve ser igual a 1), os portfólios vão apresentando menor retomo
esperado e menor risco. No caso de a correlação ser igual a zero (Figura 4-b) ou igual
a -1 (Figura 4-c), dependendo dos pesos alocados, é possível formar portfólios que
apresentem menor desvio e maior retomo do que os do Ativo X.
E R p )
(a)
/ > x y = 1
(b)
(c)
Figura 4 - Risco e retomo esperado
E(R,,)
/ > x y
=O
pxy =
-1
w { · · · · · · · · · · /
..........
.
1
x: :
w x I
7
. . . . . . . . . i
1
. .
·
·
·
c r R p )
c r R p )
Em
Portfolio
Theory and Capi tal Markets, W. SHARPE (1970, p. 48)
afirma que, desde que a correlação entre os dois ativos seja menor do que a divisão
entre o menor desvio e o maior desvio (no caso C1
x
/C 1y), é possível formar portfólios
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que apresentem menor desvio e maior retomo do que o ativo individual de menor
desvio e menor retomo.
Risco e retorno esperado de portfólios com mais de dois ativos
Dado que um portfólio pode ser composto por um, dois ou mais ativos, a
fórmula do retomo esperado de uma carteira é, genericamente, definida como:
n
E(Rp) = w
1
E(Rl) +
W
z
E Rz
+ .+ w
n
E(Rn) = L ;w
i
E(RJ (2.5)
i=l
onde
E(Rv)
=
retomo esperado do portfólio constituído pelos ativos 1, 2 ....n.
n
=
número de ativos que constituem este portfólio.
w . =
percentagem de recursos investidos no i
simo
ativo do portfólio.
n
L ;w
i
=l,O.
i=1
E(R)
=
retomo esperado do
i
simo
ativo.
A variância do portfólio
é :
n n
Var(Rp) = LLW
i
w
j
CT ij ou
i=Ij=1
(2.6)
n n n
Var(R
)= W20 ~ + LLW,W,O
p -- IJIJ
i=1 i=lj=1
• . . • . . .
.F i
(2.7)
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onde
Var (Rp)
=
variância do portfólio
Wi,Wj = percentagem de recursos investidos nos ativos
i
e j
O'ij = covariância entre os retornos dos ativos
i
ej
2 _
O i - O ü
A O'ijtambém pode ser escrita como Pij O'iO'j onde
Pij
=
coeficiente de correlação entre os retornos dos ativos
i
e
O'i,O'j = desvio-padrão dos retornos dos ativos i e j .
De acordo com a Equação 2.7, o risco total de um portfólio é formado por
dois tipos de risco: as variâncias dos retornos dos ativos individuais e a correlação
existente entre eles e, como foi visto no tópico anterior, quanto menor for essa
correlação, menor será a variância do portfólio. Este é um dos pontos centrais da
teoria de Markowitz, pois, em geral, a diversificação (investir em mais de um ativo)
pode contribuir para que o investidor forme portfólios que apresentem nível de risco
menor que o dos ativos individuais que o compõem, sem que o retorno esperado de
qualquer um desses portfólios seja reduzido a nível inferior ao do ativo de menor
retorno.
Uma diversificação malfeita pode levar à formação de portfólios em que o
risco seja superior ao de um dos ativos pertencentes à carteira, reduzindo o seu
retorno esperado a um nível inferior ao deste ativo. Markowitz alerta para a ineficácia
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da tentativa dos investidores em diminuir o risco compondo carteiras com ações de
empresas que normalmente reagem de forma semelhante.
...trying to make variance small it is not enough to invest in many
securities. It is necessary to avoid investing in securities with high
covariances among themsheves. We should diversify across industries
because firms in different industries, especially industries with different
economic characteristics, have lower covariances than firms within an
industry (MARKOWITZ, 1978, p. 322).
2.2 - FRONTEIRA EFICIENTE
Em
Portfolio Selection,
H. MARKOWITZ (1978) e em
Port fol io Theory
and Capi tal Markets
(1970), W. SHARPE afirmam que, quando o investidor plota
num gráfico o risco e o retomo
esperado dos portfólios que
podem ser formados a partir da
totalidade dos ativos de risco,
ele terá um conjunto de
alternativas, representado pela
área sombreada na Figura 5.
Figura 5 - Conjunto das oportunidades de investimento
R e t o r n o
e s p e r a d o
c
B
R i s c o
(desvio)
Contudo, nem todas as diversificações seriam eficientes. Para Markowitz, os
investidores têm aversão ao risco. Por isso, diz que uma diversificação é eficiente,
quando o portfólio formado apresenta o menor risco para um mesmo nível de retorno
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como a Carteira A, pois qualquer investidor a preferirá, quando for comparada às
outras no mesmo nível de retorno, por exemplo, as carteiras B ou C.
Graficamente, o conjunto dos portfólios eficientes encontra-se na área
representada pela curva sólida AB. Para um mesmo nível de risco, nenhum outro
Figura 6 - Fronteira Eficiente
Retomo
esperado
B
A
portfólio dentro da área
sombreada apresenta maior
Risco
(desvio)
retorno esperado que aquele cuja
relação risco/retorno esperado
está plotada na curva AB.
Identicamente, para um mesmo
nível de retorno esperado,
nenhum outro portfólio
alternativo apresenta melhor relação risco/retorno esperado do que aquele cuja
relação esteja plotada na curva sólida.
Esta curva é conhecida como a Fronteira Eficiente e somente os portfólios
que estão grafados nela devem ser considerados como alternativas de investimento
pelo investidor. O mais adequado entre os portfólios da Fronteira Eficiente depende
da agressividade do investidor perante o risco.
Em Investments Analysis and Management,
J.c.
FRANCIS (1992, capo 9)
mostra que, através da programação quadrática, é possível encontrar os portfólios
eficientes para cada nível de retorno esperado. A solução baseia-se na minimização de
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uma função-objetivo, sujeita a certas restrições. Os
outputs
são as proporções dos
recursos que o investidor deve alocar em cada ativo, enquanto que os
inputs
são o
retomo esperado de cada ativo, o desvio de cada um deles e a correlação entre os
retornos dos ativos. Na prática, é extremamente' árdua a tarefa de definir a
distribuição probabilística dos retornos para cada um dos ativos de risco, pois o
trabalho requer a projeção dos retornos possíveis associados aos diversos cenários
econômicos.
2.3 - NOVA FRONTEIRA EFICIENTE
Inicialmente, a teoria desenvolvida por Markowitz referia-se apenas aos
ativos de risco. Mais tarde, James Tobin (1958) incluiu a hipótese da existência de um
ativo que fosse livre de risco, cujo desvio dos retornos, por definição, seria zero. Este
ativo, combinado com os portfólios eficientes de Markowitz, deu origem à Nova
Fronteira Eficiente. A taxa de retomo deste ativo, que refletiria apenas a recompensa
pela postergação do consumo,
é
conhecida como a taxa livre de risco ,
Anteriormente, as melhores alternativas eram as carteiras que formavam a
Fronteira Eficiente. Com a inclusão deste ativo e a possibilidade de emprestar ou
tomar emprestado à taxa livre de risco, o investidor teria novas oportunidades de
investimentos.
4
O conceito de ativo livre de risco implica na existência de um título em que os retornos são certos,
já que o desvio é zero. Geralmente, alguns títulos governamentais são utilizados como proxy deste
ativo.
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Na Figura 7, o ponto R, representa o retomo esperado e o risco do ativo
Figura 7 - Novas Oportunidades de Investimentos
Retorno
Esperado
Risco
(desvio)
livre de risco. Se o investidor
alocar parte dos seus recursos no
ativo livre de risco e o restante
numa carteira qualquer da
Fronteira Eficiente, por exemplo,
as carteiras A, B ou M, estaria
criando novas alternativas. A
combinação entre o ativo livre de
nsco e qualquer carteira da Fronteira Eficiente sempre forma um conjunto de
oportunidades que são representados no espaço risco/retomo esperado por retas'. As
retas
R tM , R t- A
e
R tB
são alguns dos exemplos.
Como pode ser visto na Figura 8, qualquer investidor preferirá formar
carteiras com participação do ativo livre de risco (representado por R t - ) e a carteira M
(ponto em que a reta tangencia a Fronteira Eficiente). Estas carteiras, que constituem
a reta
R t M ,
dominam quaisquer outras novas combinações no mesmo nível de risco,
inclusive os portfólios que formam a Fronteira Eficiente, com exceção do portfólio M.
As carteiras dominantes formam a Nova Fronteira Eficiente e, não importa qual seja a
5
A formação de portf6lios com o ativo livre de risco e outra carteira, por exemplo o portf6lio A da
Figura 7, pode ser vista pelo investidor como a combinação de dois ativos. Sendo zeros o desvio-
padrão dos retornos do ativo livre de risco e a correlação com a carteira A, tanto o retorno esperado
do portf6lio do investidor como o seu desvio serão funções lineares das proporções alocadas em cada
um dos dois elementos (ativo livre de risco e carteira A). Portanto, a relação entre o risco e o retorno
esperado torna-se linear para as novas alternativas.
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18
preferência do investidor frente ao risco, a seleção sempre deve recair sobre alguma
carteira que esteja na sua Nova Fronteira Eficiente
No ponto Rr,
investidor selecionaria uma
carteira formada somente com o
ativo livre de risco (100% de
participação); entre o ponto R, e
o ponto M, a carteira sena
formada por alguma combinação
entre o ativo livre de risco e a
o
Figura 8 - Nova Fronteira Eficiente
Retomo
Esperado
. . . . . . . . . . . . • . • • • • • • . • . • . • . . . • . . . • • • • •\
Fronteira Eficiente
Risco
(Desvio)
carteira M; no ponto M, a carteira seria composta apenas pelos ativos de risco; além
do ponto M, o investidor montaria uma carteira com recursos emprestados à taxa
livre de risco e aplicados na carteira M, acima das posses atuais.
2.4 - CAPITAL MARKET L INE
Até a Nova Fronteira Eficiente, a atenção era voltada basicamente aos
investidores enquanto indivíduos. A teoria de diversificação de Markowitz considera
como o investidor deve dimensionar o risco e o retorno da sua carteira, de tal forma
que encontre portfólios que apresentem melhor relação risco/retorno esperado. Neste
sentido, tanto a Fronteira Eficiente como a Nova Fronteira Eficiente representavam as
melhores alternativas para o investidor individual. Se todos os investidores
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diversificassem de forma correta , cada um deles teria a sua própria Nova Fronteira
Eficiente, calculada com base nas percepções individuais.
Mesmo que a teoria já admitisse que o investidor, para incorrer em riscos
mais elevados, deveria exigir retornos incrementais, não havia uma teoria ou um
modelo que quantificasse o valor do prêmio (retorno) pelo risco.
Com a Nova Fronteira Eficiente, criaram-se condições para que a teoria
mudasse de foco, do investidor individual para o mercado, isto é, o agregado de todos
os investidores. Esta parte da teoria voltada ao mercado é denominada Teoria do
Mercado de Capitais.
Segundo W. SHARPE (1970, p. 78), a Teoria do Mercado de Capitais está
preocupada em responder a duas questões básicas: qual a relação entre o retorno
esperado e o risco para portfólios e ativos e qual a medida apropriada de risco.
Diferentemente da teoria de diversificação de Markowitz, que é uma teoria
normativa, a Teoria do Mercado de Capitais é uma teoria positiva, ou seja, faz
afirmações sobre o comportamento do mercado na precificação de ativos sob
determinadas condições.
Antes de responder a essas questões, Sharpe respondeu às duas questões
para o caso dos portfólios eficientes, formulando a Capital Market Line. Adotou
como premissas o equilíbrio de mercado, a homogeneidade das expectativas de todos
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os investidores e a hipótese de que os investidores realmente diversificam, conforme
sugereMarkowitz.
Com a prerrussa da homogeneidade de expectativas, as alternativas de
investimento de um aplicador são idênticas às dos demais investidores e,
conseqüentemente, todas as Novas Fronteiras Eficientes são iguais. Neste caso,
existiria uma Nova Fronteira Eficiente para todo o mercado, que recebeu o nome de
Capital Market Line. Como o conceito da Nova Fronteira Eficiente do investidor
individual, a Capital Market Line é formada pelos portfólios eficientes do conjunto
dos investidores.
A premissa de que todos os investidores, não importa sua preferência,
diversificam suas carteiras de acordo com a teoria de diversificação de Markowitz,
leva a que todos os portfólios
Figura 9 - Capital Market Line
estejam sempre localizados em
Retorm
e sp e r a d o
algum ponto da Capital Market
M
Line. De acordo com W.
SHARPE (1970, p. 77-82), esta
última condição somada à
C a p it al lv . hr k et L i ne
prerrussa de mercado em
R i 9 J O d o
portfólioM
Ri9JO
d e sv i o )
equilíbrio faz com que a carteira
M (Figura 9) seja a própria carteira do mercado, composta por todos os ativos de
risco, cuja participação individual
é
proporcional ao seu valor de mercado.
2
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21
A partir daí, a formulação da relação entre o risco de portfólios eficientes e
os seus retornos esperados tomou-se quase que imediata. A Figura 9 apresenta a
representação gráfica da Capital Market Line, que sintetiza a relação entre o risco e o
retomo esperados dos portfólios eficientes. Para a carteira do mercado (o ponto M),
o retomo pode ser expresso como:
E(R )=R +(E(Rm)-Rf)a
m
f
a m
m
(2.8)
onde
Rr =retomo do ativo livre de risco
E ( R m ) =retomo esperado da carteira M, a carteira do mercado
(
E(Rma)m-Rf
J
= inclinação da Capital Market Line (CML) ou prêmio
da carteira do mercado por unidade do seu nsco
o retomo esperado de qualquer portfólio eficiente é:
E(R ) = R +(E(Rm)-Rf)a
p
f a
p
m
(2.9)
6
Geralmente, as notações
R,
e o
c r
p
são usadas para representar o retomo e o desvio de um portfólio
qualquer. A equação da relação entre os retornos esperados e os riscos dos portfólios eficientes no
texto é imprecisa e pode levar a erros de interpretação, uma vez que se refere apenas a portfólios
eficientes. Mesmo assim, optou-se por sua utilização porque, nos textos consultados, não foi
encontrada nenhuma notação específica para os retornos e os desvios dos portfólios eficientes.
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22
onde
E(Rp) = retorno esperado de um portfólio eficiente
o,=
risco deste portfólio eficiente
o retorno esperado de um portfólio eficiente está linearmente relacionado
ao seu risco, representado pelo desvio. Entretanto, esta relação somente
é
válida para
os portfólios eficientes mas não explica a relação risco/retorno esperado de ativos
individuais ou portfólios ineficientes.
2.5 - CAPITAL ASSET PRICING MODEL
Em setembro de 1964, Willian Sharpe apresentou uma teoria de como os
retornos esperados dos ativos individuais
7
se relacionariam ao seu risco em um
mercado em equilíbrio e sem fricções, caso os investidores realmente diversificassem
conforme o modelo de Markowitz, isto é, se todos os investidores mantivessem
apenas portfólios eficientes.
Nestas condições de mercado, diferentemente dos portfólios eficientes, o
fiSCO relevante para ativos individuais (que pode ser visto como um portfólio
ineficiente de um único ativo) não é a variabilidade dos seus próprios retornos
(desvio-padrão ou variância). Matematicamente, o risco apropriado para ativos
7 Ativos individuais e portfólios ineficientes.
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individuais é expresso como a covariância entre os retornos do ativo individual e os
do portfólio do mercado, o chamado risco sistemático.
A relação retorno esperado e risco sistemático dos ativos forma a Security
Market Line, mais conhecida como Capital Asset Pricing Model (CAPM). Por este
modelo, o retorno esperado de um ativo é uma função linear do seu risco sistemático.
O CAPM tenta representar o comportamento do mercado e é considerado o coração
da moderna teoria financeira pela importância das suas implicações na definição do
custo de capital próprio da empresa e na precificação de ativos.
Premissas
A formulação do CAPM foi realizada num mercado de capitais hipotético,
onde os agentes econômicos apresentam determinado comportamento frente às
oportunidades de investimento, assumindo como verdadeiras as premissas:
a) os investidores são Markowitz diversifers , o que implica em:
• todos os investidores avaliam os portfólios baseados somente em dois
parâmetros: retorno esperado e desvio-padrão (ou variância) dos
retornos;
• os investidores têm aversão ao risco e
• os ativos são perfeitamente divisíveis.
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b) Capital Market Line representa todos os portfólios eficientes e no
mercado podem existir apenas carteiras eficientes, o que implica em:
• presença de um ativo livre de risco, a cuja taxa qualquer investidor
pode emprestar ou tomar emprestado, de forma ilimitada;
• homogeneidade das expectativas de todos os investidores quanto à
distribuição probabilística dos retornos de cada ativo e à correlação
entre os retornos dos ativos;
• situação de equilíbrio do mercado e
• ausência de custos de informação, prontamente disponível a todos
os investidores simultaneamente; de impostos; de custos de
transação e de inflação.
c) O horizonte de tempo dos investidores é um período único.
Dedução do CAPM
Determinada a relação entre o risco e o retomo de portfólios eficientes,
Willian Sharpe investigou a relação para ativos individuais que, no espaço risco e
retomo, encontram-se sempre abaixo da Capital Market Line.
Na Figura 10, o ponto i pode ser qualquer ativo individual. Dada certa
correlação, a curva iM representa todas as possíveis composições de carteiras entre o
ativo i e o portfólio do mercado . No ponto i, os recursos são alocados 100% no
8
D e s d e q u e a c o rre la çã o e n tre o s re to rn o s d o a tiv o i e o s re to rn o s d o p ortfó lio d o m erc a d o s e ja m en o r
q u e 1 , a c u rv a
é
c o nv ex a e m re la ção a o e ix o v ertic a l.
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ativo i e, à medida que se
caminha para o ponto M,
diminui a participação do ativo i
e aumenta a participação da
carteira do mercado. Estando o
mercado em equilíbrio, a única
composição possível é 100% da
carteira M e 0% do ativo i, pois
25
Figura 10 - Relação do ativo individual e Capital Market Line
Retomo
esperado
Capital Market Line
Risco
(desvio)
a carteira M já contém este ativo na proporção do seu valor de mercado. Caso
contrário, estaria havendo excesso de demanda pelo ativo i, o que seria contraditório
com a premissa de equilíbrio de mercado.
Segundo W. SHARPE (1978 b, p.377-383), a inclinação da curva iM no
ponto M é expressa como:
Sendo a inclinação no ponto M coincidente com a inclinação da Capital
k
' (E(Rm) - Rf) , al d d '1' -
Mar et Line, c m ,lgu an o as uas me maçoes, tem-se que:
[(E(R
i
)-
E(Rm)]
(j
m
2
(j i,m - (jm
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(2.10)
A equação (2.10) diz que o risco ao qual o retorno esperado de qualquer
ativo está relacionado é a covariância entre os retornos deste ativo e os da carteira do
mercado. Portanto, o risco relevante é a contribuição do ativo individual ao risco do
portfólio do mercado, ou seja, a contribuição marginal ao risco do portfólio do
A equação
é
conhecida como Capital Asset Pricing Model (CAPM) e a sua
covariância entre os seus Rf
representação gráfica encontra-
se na Figura 11. De acordo com
o modelo, o retorno esperado de
um ativo está linear e
positivamente relacionado à
retornos e os da carteira do
mercado.
Figura 11 - CAPM
Retorno
esperado
CAPM
Risco da carteira
M c r ~
Risco
c r n n )
o CAPM representa a relação de risco e retorno de qualquer ativo num
portfólio eficiente
10,
enquanto Capital Market Line representa apenas a relação dos
9 Ou a contribuição marginal ao risco de um portf6lio eficiente, pois os portf6lios eficientes são
combinações entre o ativo livre de risco e a carteira M.
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portfólios eficientes. Além de ter encontrado um modelo que relaciona o risco e o
retorno esperado, William Sharpe forneceu uma nova medida de risco. O risco dos
portfólios eficientes, representado pelo desvio, não é apropriado para os ativos
ineficientes. A medida de risco adequada é a covariância entre os retornos do ativo e
os de uma carteira eficiente.
Risco sistemático e r isco não sistemático
A contribuição marginal do ativo ao nsco de um portfólio eficiente foi
denominada risco sistemático. Corresponde
à
parcela do risco total de uma carteira
(Equação 2.7), representada pela correlação entre os retornos dos ativos que formam
essa carteira. A outra parte do risco, representada pelas variâncias dos retornos dos
ativos individuais, é conhecida como risco não sistemático.·
COPELAND e WESTON (1992 b, capo 6) demonstram que, quando a
carteira é composta por grande número de ativos, como a carteira do mercado, o
risco não sistemático tende a zero, restando apenas na carteira diversificada o risco
sistemático. Devido fato de poder ser eliminado simplesmente pela diversificação, o
risco não sistemático é chamado risco diversificável, enquanto que o risco sistemático,
que não pode ser eliminado, recebe o nome de risco não diversificável.
10 Não se deve esquecer que a dedução do risco relevante, bem como a relação entre o retomo
esperado e risco partiram da premissa de poderem existir apenas portf6lios eficientes no mercado (já
que todos os investidores diversificam, conforme o modelo de Markowitz).
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Do ponto de vista econômico, o nsco não sistemático representa a
variabilidade dos retornos que pode ser atribuída a fatores específicos de cada
empresa. O risco sistemático tem como fundamento os eventos econômicos que
afetam todas as empresas conjuntamente, de forma positiva ou negativa.
Se o risco não sistemático pode ser eliminado pela diversificação, não há
justificativas para que o investidor espere obter retomo por ele. Portanto, o único
risco relevante, isto é, que merece um retomo além daquele referente à postergação
do consumo, é o risco sistemático.
2.6 - LINHA CARACTERÍSTICA
William Sharpe reconhece que o risco sistemático, na forma como foi
concebido originariamente, não tem nenhum apelo intuitivo. Com exceção de alguns
estudiosos com sólidos conhecimentos matemáticos, poucos conseguiram
compreender o significado econômico do risco sistemático. Num trabalho que nunca
foi publicado, Jack Traynor construiu um modelo semelhante ao CAPM, aplicando o
conceito de Linha Característica '. O modelo de Traynor apresenta uma medida de
risco semelhante ao risco sistemático de Sharpe, porém, muito mais inteligível para a
comunidade financeira.
11
Em Capital Asset Prices: A Theory of Market Equilibrium under Conditions of Risk, W. Sharpe
(1978, p. 368) faz referências ao trabalho de Traynor. A primeira vez que o conceito da Linha
Característica apareceu foi no artigo How to Rate Management of Investment Funds (TRAYNOR,
1965).
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A Linha Característica
(Figura 12) é a reta ajustada de
uma regressão, encadeada
através do tempo, onde o
retorno do ativo é a variável
dependente e o retorno da
carteira do mercado, a variável
independente.
29
Figura 12 - Linha Caracteristica
Rj t )
C o ef i c i en te
angular
= ~
Rm(t)
o modelo adotado por Traynor foi:
E a reta de regressão ajustada:
(2.11)
(2.12)
onde o coeficiente angular estimado (beta) desta reta é expresso como:
aim
~=-2
aro
Dado que o risco sistemático, na formulação original, é
(jj,m ,
o beta mede o
risco sistemático do ativo em relação ao risco do mercado. Na reta da regressão, o
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coeficiente angular representa a volatilidade do retorno deste ativo i em relação à
variação do portfólio do mercado. Portanto, o coeficiente angular é uma medida de
sensibilidade de um ativo em relação ao mercado. Quando o beta de um ativo é menor
que 1, diz-se que é menos sensível que o mercado; no caso de ser igual aI, o retorno
do ativo comporta-se exatamente igual à carteira do mercado e, quando é maior que
um, é considerado um ativo agressivo, visto que seu retorno tende a variar mais do
que o do mercado.
Devido ao beta possuir apelo intuitivo muito mais forte que a expressão crim
,
e por ser equivalente ao risco sistemático, ele tornou-se a própria medida do risco
sistemático nos meios financeiros. Com a adoção do beta como medida de risco
sistemático, a equação original do CAPM (Equação 2. 10) foi adaptada para:
(2.13)
Uma vez que o beta de um ativo define o seu retorno, o desvio-padrão como
medida de risco não desempenha mais nenhum papel num mercado diversificado. A
Equação 2.13 diz que o retorno que o investidor espera tem dois componentes: a
postergação do consumo (representada pela taxa livre de risco) e um prêmio pelo
risco ou pela incerteza, que é proporcional ao beta.
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CAPÍTULO 3
REVISÃO DOS TESTES DE VALIDADE DO CAPM
o
CAPM foi elaborado com base em um conjunto de premissas, entre as
quais algumas não correspondem à realidade: as expectativas não são homogêneas, os
custos de informação são elevados, existem custos de transação, etc., o que,
entretanto, não é suficiente para invalidar tal modelo positivo, pois o seu valor baseia-
se na capacidade de predição.
Os testes empíricos do CAPM receberam atenção especial desde a
formulação da teoria. A sua validade foi exaustivamente testada com dados do
mercado norte-americano. No Brasil, os testes foram raros devido a dificuldades
encontradas, que há poucos anos, iam deste coleta de dados até o trabalho
computacional.
O método mais aplicado nestes testes, às vezes, com pequenas adaptações,
foi desenvolvido por FAMA E MACBETH (1973), a partir de trabalhos de
LINTNER (1969) e MILLER e SCHOLLES (1972). Além das premissas próprias do
modelo estatístico de regressão, a metodologia introduzida por Eugene Fama e James
MacBeth consideraram a distribuição probabilística normal dos retornos, a
estabilidade do beta em intervalos não muito longos e a transformação do CAPM,
formulado na forma de expectativas, em um modelo ex-post, possibilitando a
utilização de dados passados (realizados) como observações.
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32
Este capítulo apresenta um panorama do processo de testes empíricos: o
modelo básico testado, as hipóteses a serem confirmadas e alguns estudos. Vários
deles, considerados clássicos na literatura, não foram incluídos, mas somente os
indispensáveis para a compreensão do tema desta dissertação: de George Douglas e
John Lintner, de Merton Miller e Myron Scholes, que detectou falhas nas
metodologias adotadas pelos primeiros; o método de teste de Eugene Fama e James
Macbeth, por ter sido o mais adotado por outros pesquisadores; o trabalho do prof
Jorge Queiroz de Moraes Jr., que testou diretamente a validade do CAPM com dados
do mercado acionário de São Paulo, e o estudo de John Aftleck-Graves e Donald
Bradfield que, utilizando dados simulados, demonstraram que algumas conclusões dos
testes baseados na metodologia de teste de Fama e Macbeth não podem ser aceitas
como definitivas.
3.1 - MODELO DE TESTE (CAPM EX- ANTE E EX-POST)
o
CAPM (Equação 2.13) é especificado na forma de retorno esperado (ex-
ante). A princípio, para ser testado, requer a utilização das expectativas como
observações. Neste caso, os testes empíricos seriam inviáveis, uma vez que o
agregado das expectativas não pode ser mensurado. A forma alternativa é a
utililização de retornos já realizados (portanto, observáveis e dimensionáveis) como
representação do conjunto das expectativas. Tal fato implica na necessidade de
transformar o modelo de teste ex-ante na sua forma ex-post.
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33
A Equação 2.13 é a representação do CAPM ex-ante. O modelo pode ser
escrito, também na forma de prêmio pelo risco :
(3.1)
onde
E(ri) = retorno esperado do ativo iacima da taxa livre de risco (prêmio pelo
risco) =E(~) - Rf
E(r m ) = retorno esperado do mercado acima da taxa livre de risco (prêmio
pelo risco) = E(Rro) - Rf
BLACK e outros (1972 b) afirmam que, mesmo sendo válido o modelo, é
provável que o retorno realizado de um determinado ativo seja diferente das
expectativas iniciais. Uma parcela desse desvio pode ser atribuída a fatores que não
foram considerados explicitamente no modelo, ou seja, ao risco não sistemático, que
decorre de fatores específicos das empresas. A outra parte decorre do fato de o E(r
m)
(Equação 3.1), ou o E(Rm) (Equação 2.13), ser ele próprio uma expectativa e estar
sujeita a erros de avaliação. Tal desvio é expresso como
(3.2)
12 A notação R maiúscula é utilizada para representar a taxa de retorno (que tem como
componentes o prêmio pela postergação do consumo e pelo risco), enquanto que a notação r
minúscula foi introduzida na literatura para expressar a parcela do retorno referente ao prêmio pelo
risco.
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34
onde
ri - E(ri) =desvio entre o retorno ex-post e o retorno ex-ante do ativo i
r
m
-
E(r
m
) =
desvio entre o retorno ex-post e o retorno ex-ante do mercado
ei =desvio causado por fatores decorrentes do risco não sistemático.
Substituindo o E(ri) da Equação 3.2 pela Equação 3.1, tem-se o modelo ex-
post na forma de prêmio pelo risco:
T:
=
r A. + e ·
m •..• ,
(3.3)
Os estudos empíricos testaram o CAPM representado pela Equação 3.3 ou,
de forma equivalente, o modelo
(3.4)
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35
3.2 - SUPOSIÇÕES BÁSICAS DOS TESTES EMPÍRICOS
Para confirmar ou rejeitar os modelos expressos nas Equações 3.3 e 3.4, os
testes empíricos baseiam-se na técnica estatística de regressão. Tendo o retorno do
ativo como variável dependente e o beta (e outras variáveis adicionais, dependendo
das suposições que se desejem confirmar ou rejeitar) como variável independente,
estimam-se os coeficientes de cada variável independente e aplicam-se os testes de
hipóteses. Esta regressão é chamada também de regressão
cross-sectional. ..
Contudo, as variáveis independentes da regressão cross-sectional são elas
próprias estimativas, obtidas a partir de uma outra regressão anterior, encadeada
através do tempo, onde a variável dependente é o retorno do ativo e a variável
independente, o retorno do mercado (Equação 2.12). Por simplicidade, no restante do
texto, foi utilizada a expressão primeira regressão a esta regressão, encadeada
através do tempo, para a estimação das variáveis independentes da regressão cross-
sectional.
o
CAPM somente será considerado integralmente válido, se os testes
comprovarem as suposições:
a) além do prêmio pelo risco, o retorno de um ativo é composto pela taxa
livre de risco, o que implica que o intercepto estimado na regressão cross-
sectional
não difere da taxa básica de juros da economia (Equação 3.4) ou
de zero (Equação 3.3). Caso contrário, alguma coisa , além da taxa livre
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de risco, está sendo deixada de fora pelo CAPM teórico;
b) o prêmio pelo risco do ativo é função do beta. Como, por premissa, todos
os agentes no mercado diversificam as carteiras conforme o modelo de
Markowitz, o risco não sistemático é eliminado neste processo. Portanto,
a adição de outras variáveis no modelo não o melhora;
c) a relação em beta é linear, conforme a própria formulação do modelo e
e) o prêmio que a carteira do mercado recebe pelo risco é positivo, pelo
menos numa perspectiva de longo prazo, o que implica que o coeficiente
estimado do beta na reta de regressão deve ser maior que zero.
Ocorrendo o conjunto destas condições, o CAPM é validado,
independentemente do realismo das suas premissas. Não havendo a confirmação da
primeira condição, rejeita-se apenas o CAPM na sua forma integral, porém, não se
invalida a relação risco sistemático/retorno. Contudo, se quaisquer das outras
condições forem rejeitadas, a própria relação risco sistemático/retorno será invalidada .
.
.
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3.3 - BREVE HISTÓRICO DOS TESTES EMPÍRICOS
Apresentamos alguns estudos considerados indispensáveis para os fins desta
dissertação.
3.3.1 - Estudo de Lintner
Dada a novidade de conceito do risco sistemático nos anos 60, os primeiros
testes empíricos visavam à confirmação, ou não, do risco sistemático como medida de
risco ( ou a única medida de risco) na precificação de um ativo.
LINTNER, citado por DOUGLAS (1969) e por MILLER E SCHOLES
(1972), testou o CAPM na forma ex-post da Equação 3.4, adicionando nova variável:
o risco não sistemático. Na regressão cross-sectional, adotou o modelo:
As variáveis independentes /3i e s2 (ei) (ambos estimados na primeira
regressão ) representam, respectivamente, o beta e o risco não sistemático, sendo o
último representado pela variância dos erros residuais. Como amostra, ele utilizou
retornos anuais de 301 ações ordinárias listadas na Bolsa de Valores de Nova Iorque
(NYSE) durante os anos 1954/1963.
De acordo com o modelo adotado na regressão cross-sectional, o retomo
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anual médio de cada ativo (calculado para o período 1954/1963) foi especificado
como uma função do beta e do risco não sistemático.
Para a confirmação do beta como o único risco relevante, deveriam ocorrer
as condições:
a) Y I ser maior do que zero (r
m
> O) ;
b)
Y 2
ser igual a zero.
A reta de regressão estimada na segunda regressão foi:
R i =0,108 + 0,063 Pj + 0,237 s2(ej),
sendo o desvio-padrão do
y
1 = 0,0091 e do
y
2 = 0,035 e
t(
Y
1)
=
6,9 e t(
Y
2 )
=
6,8
Esses resultados invalidam o beta como a única medida de nsco
(conseqüentemente, o CAPM), visto que os os investidores exigem um prêmio pelo
risco sistemático e pelo risco não sistemático.
3.3.2 - Estudo de Douglas
Em Risk in the Equi ty M arkets: An Appraisal of Market Eff iciency,
G.DOUGLAS (1969) testou o CAPM de forma indireta, com uma amostra composta
pelos retornos anuais de 616 ações ordinárias durante o período 1947-1963. Calculou
a variância e o desvio-padrão dos retornos de cada um dos ativos e os utilizou como
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as variáveis independentes numa regressão, onde a variável dependente era o retorno
anual médio de cada ativo, propondo o modelo:
A
A regressão encontrada por G. Douglas foi Ri = 0,063 + 0,328 s
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4
o modelo:
A variável independente c r
2
(R, R I) é o próprio beta, já que R I é apenas uma
maneira diferente de expressar o retorno do mercado, enquanto que a outra variável
independente é a variância dos retornos. A variável dependente é o retorno trimestral
médio. Como amostra, trabalhou com retornos trimestrais entre os anos 1926-1960,
divididos em sete subperíodos distintos. Foram computados para cada um dos
subperíodos os retornos trimestrais médios de cada ativo, a variância dos retornos e a
covariância entre os retornos de cada ativo e os retornos do mercado.
Os resultados aparecem na Tabela 1. Segundo eles, com nível de
significância de 5%, em apenas dois subperíodos, não se rejeita a hipótese de Y 2 ser
diferente de zero, com o agravante de os sinais serem negativos, apontando relação
inversa entre o beta e o retorno. Em cinco dos sete subperíodos, não se rejeita a
hipótese de o coeficiente da variável
var i ância dos retornos
Y l ser maior do que
zero.
o
estudo conclui: Section 11presented empirical results indicating that the
market did price individual assets with respect to their own risk [... ] If covariance
information is perceived and systematically exploited, we would expected the market
to reflect this activity in pricing the assets . We are unable to detect any evidence that
this is being done in the market (DOUGLAS, 1969, p.39). O CAPM é invalidado, já
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41
que o risco sistemático não pode ser considerado como a medida de risco.
T bel 1 R ultad d stud d Da
-
es os o e o e
ougias
Sub-
A
EP(Yl)
t y
1
A
EP(Y2)
t y 2)
períodos
rI
r2
1926-30
0,152 0,074
2,05 0,629 0,878 0,72
1931-35
0,180 0,028 6,43
0,166 0,208 0,80
1936-40 0,392
0,147 2,67
-0,298 0,554
-0,54
1941-45
0,694 0,139
4,99
1,193
0,827 1,44
1946-50 0,077 0,207
0,37 0,662 1,24 0,53
1951-55 -0,214
0,314 -0,68 -3,51 1,76 -1,99
1956-60
1,129 0,272 4,15
-3,21 1,54 -2,08
EP - Erro padrão do estImador
3.3.3 - Estudo de Miller e Scholes
...George Douglas has reported some results that economists and finance
specialists can only regard as deeply disturbing (MILLER e SCHOLES, 1972, p.
47). Os resultados dos trabalhos de Lintner e de Douglas contrariam a evidência de
que o mercado é dominado por grandes investidores, como fundos de ações, que
trabalham com carteiras diversificadas, o que conduz à eliminação da variância como
medida de risco.
Os autores reaplicaram o teste de Lintner (por considerá-lo mais direto e
transparente que o de Douglas), utilizando uma amostra de 631 ações listadas na
NYSE durante o período 1954-1963. Os resultados (Tabela 2) confirmam os de
Lintner. A estatística t do coeficiente estimado do beta foi menor do que a
estatística t do coeficiente estimado da variância residual, particularmente na
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42
regressão múltipla em que o risco sistemático e o
fISCO
não sistemático foram
incluídos conjuntamente como variáveis independentes,
Na mesma obra, os autores analisaram se os coeficientes estimados na
regressão não teriam sido distorcidos por algum tipo de viés, causado por
especificação incorreta do próprio modelo de teste ou utilização de estimativas como
variáveis independentes (beta e variância residual),
Tbel2 Ruld da
l'
N
d
d L'
a
-
es ta os reapucaçao
o teste e
mtner
Modelo
Ri =10 +11
Pi+~
R2
0,19
Yo
Yl
Y2
coeficiente
0,122 0,071
erro-padrão (0,007)
(0,006)
estatística t
18,6
12,34
Modelo Ri = 10 + 12 s2 (ei) + ~ R2
0,28
Yo
Yl Y2
coeficiente 0,163 0,393
erro-padrão
{0,004) (0,025)
estatística t 46,1 15,74
Modelo
Ri = 10 + 11 Pi + 12 s2 (~+ ei
R2
0,33
Yo Yl
Y2
coeficiente
0,127 0,042 0,31
erro-padrão (0,006) (0,006) (0,026)
estatística t 21,31 7,40 11,76
Especificação do modelo
Em relação
à
hipótese de que a equação básica do teste formulado por
Lintner poderia estar incorreta, Miller e Scholes consideraram: a) a utilização de
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forma explícita da taxa livre de risco nos trabalhos anteriores; b) a possibilidade de
não ser linear a relação dos retornos com os betas; c) a violação da hipótese de
homocedasticidade dos erros residuais na regressão
cross-sectional,
pois a análise
gráfica verificou que quanto maior o beta, maior o desvio dos erros residuais
(MILLER E SCHOLES, 1972, p.58).
Os autores, com base na mesma amostra anterior, repetiram os testes,
utilizando os retornos na forma de prêmio pelo risco na regressão para a estimação
dos betas. Quanto aos impactos que a possível falta de relação linear entre o retomo
de um ativo e o seu risco sistemático poderia trazer à distorção dos resultados,
testaram um modelo, onde os retornos foram especificados como uma função
quadrática do beta. Em relação à homocedasticidade, o logaritmo natural das
variáveis foi utilizado na regressão
cross-sectional.
Os autores concluíram que, para aquela amostra, a especificação incorreta do
modelo não poderia ser considerada suficiente para a ocorrência de vieses nos testes
realizados. Ainda que a omissão da taxa livre de risco não pudesse ser
responsabilizada por distorções, os autores acreditavam que seria preferível a sua
utilização nos testes posteriores. As a simple precaution, therefore, all subsequent
algebraic models and empirical tests are calculated and presented using the risk-
premium definition ofthe rate ofreturn (MILLER e SCHOLES, 1972, p. 58).
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• erro em se utilizar a variância residual, s2 (e.), encontrada na primeira
regressão como variável independente na regressão cross-sectional pelas
possíveis distorções causadas pela falta de independência entre as médias
dos retornos e as variâncias residuais.
Miller e Scholes concluíram que a subestimação da estimativa do coeficiente
Y I e a superestimação do Y 2 por Lintner eram devidas principalmente às utilizações
dos betas estimados e das variâncias residuais estimadas e em consequência, os
resultados dos testes de Lintner e Douglas não poderiam ser considerados definitivos.
3.3.4 - Estudo de Fama e MacBeth
Em 1973, Fama e MacBeth desenvolveram uma metodologia de teste que
contornava a maior parte dos problemas citados pelo Miller e Scholes. Todas as
etapas da técnica, bem como os resultados foram publicados no artigo intitulado
Risk,
Return and Equi l ibr ium.
Para testar o CAPM, Fama e MacBeth propuseram o modelo
R ~ Y
+
~ Y Q
+
~ Y Q2
+
~ Y S
+
11. 13 ,onde Si é o desvio-padrão dos erros
i.t
= O ,t
l.tPi 2.tPi 3,t i Ii,t
residuais (representa o risco não sistemático), calculado na regressão para se estimar
o beta de cada ativo.
13
Fama e MacBeth não testaram o CAPM na forma de prêmio pelo risco. A notação - representa
que tanto o retorno do ativo como os coeficientes das variáveis independentes e do erro residual são
eles próprios variáveis aleatórias, pois podem variar em cada período t.
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46
A validadação do CAPM exigia três condições básicas:
• C 1 - A relação entre o retorno esperado de um ativo e o seu risco (em
qualquer portfólio eficiente) é linear, ou seja, E y 2,t) = O ;
• C 2 - J3ié a medida do risco do ativo i num portfólio eficiente. Nenhuma
outra medida de risco deve ser relevante:
E y 3 t)
=
O ;
,
• C 3 - Em um mercado de investidores com aversão ao
fiSCO,
maior
retorno esperado deve estar associado com maior risco sistemático,
Há uma quarta condição para que o CAPM seja integralmente válido:
E Y o , t )
=
R r ,t· Segundo os autores, ''to refute the proposition that E Y o , t )
=
R r ,t
is only to refute a specific two-parameter model of market equilibrium. Our view is
that tests of conditions C1-C3 are more fundamental (FAMA e MACBETH, 1973,
p.613).
A amostra utilizada foi o conjunto das ações ordinárias listadas na Bolsa de
Valores de Nova Iorque (NYSE) durante os anos 1926-1968. Os retornos dos ativos
e o de um índice representativo do mercado foram computados em bases mensais. De
acordo com os autores, este procedimento avoids almost all of the problems
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discussed by Miller e Scholes (FAMA e MACBETH, 1973, p. 613).
Os retornos mensais de cada ativo incluíram os ajustes de proventos como
dividendos, splits, etc. e os retornos mensais do mercado foram calculados como a
média aritmética dos retornos mensais de todos os ativos naquele mês, conforme o
Índice Aritmético de Fischer.
Para evitar os problemas econométricos citados por Miller e Scholes na
realização da regressão cross-sectional , além de usarem variáveis instrumentais,
Fama e MacBeth agruparam os betas e os retornos dos ativos individuais em
portfólios. As variáveis do teste (retornos, betas e variâncias residuais) foram
calculadas a partir de 3 períodos não coincidentes, denominados períodos de
formação, de estimação e de teste.
Procedimentos do teste de Fama e MacBeth
1. com os dados dos pnmeiros quatro anos (período de formação), os
autores regrediram os retornos mensais de cada ativo sobre o retorno
mensal do mercado para encontrar o beta de cada ativo;
2. classificaram os betas estimados;
3.
com base nos betas classificados, formaram 20 portfólios de igual peso
para cada ativo, de tal forma que a dispersão dos betas entre os
portfólios
fosse a maior possível, ou seja, o portfólio 1 foi composto pelos ativos
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com os maiores betas e, sucessivamente, os outros portfólios;
4. com dados dos CInCO anos subseqüentes (período de estimação),
recalcularam os betas de cada ativo através da regressão dos retornos
mensais dos ativos sobre os retornos mensais do mercado;
5. calcularam o beta de cada portfólio (procedimento 3) como a média
aritmética dos betas dos ativos (procedimento 4);
6. calcularam o desvio do erros residuais de cada portfólio (procedimento 3)
como a média aritmética dos desvios dos erros residuais dos ativos
encontrados na regressão do procedimento 4;
7. calcularam os retornos m e n s a i s de cada portfólio nos doze meses
subseqüentes (período de teste) ao período de estimação;
8. em cada mês do período de teste, realizaram uma regressão cross-
sect ional , ,
de acordo com o modele .
Para cada período de teste (12 meses), obtiveram estimativas de 12
14
Os coeficientes gamas com subscritos t representam os coeficientes estimados para determinado
mês. O Pp,t-l é o beta estimado para cada portf6lio no período de estimação (imediatamente anterior
ao período de teste), assim como O P~,t-l; O Sp,t-l representa a média dos desvios residuais
encontrados na regressão para o cálculo dos betas dos portf6lios no período de estimação. O subscrito
p representa portfólio. Fama e Macbeth utilizaram retornos, betas e variâncias residuais de
portfólios como forma para contornar possíveis viéses que poderiam ser introduzidos com a
utilização de retornos, betas e variâncias de ativos. Para eles, os portf6lios eram representações de
ativos. Portanto, o teste continua referindo-se à relação entre o risco e o retorno de um ativo.
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49
coeficientes mensais para cada variável independente;
9. repetiram todos os procedimentos anteriores, atualizando anualmente a
formação dos portfólios, o cálculo dos seus betas e dos seus retornos de
forma seqüencial, isto é, novos períodos de formação, estimação e teste
foram constituídos, avançando um ano, obtendo em cada repetição 12
estimativas adicionais de coeficientes para cada variável;
10. calcularam o valor da estatística t para cada coeficiente de acordo
com :
11. compararam o valor da
t( Y
j) estimado com o valor da estatística t do
nível de significância escolhido.
Resultados
Fama e Macbeth testaram um período inteiro de 396 meses (anos 35/68), 3
subperíodos de 10 anos e 6 subperíodos de 5 anos, aproximadamente. Os resultados
encontram-se nas Tabelas 3 a 6. Dependendo das variáveis consideradas como
independentes, 1 3 (o risco sistemático), 1 3
2
(teste da linearidade) e desvio dos erros
residuais, um modelo específico foi testado.
15 Y j=média dos coeficientes estimados nos meses da duração do teste, onde j =O, 1, 2 e 3. O n é o
número de meses da duração do teste. No caso de testes de 5 anos, o n é 60, enquanto que nos de 10
anos, o n é 120.
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Em vista dos resultados das Tabelas 5 e 6, em que The values of
t y
3) are
small, and the signs of the t y 3) are randomly positive and negative (FAMA e
MACBETH, 1973, p. 624), concluíram que a condição C2 - o beta como única
medida de risco - não pode ser rejeitada.
Quanto à hipótese da linearidade, os resultados das Tabelas 4 e 6 não
rejeitam a C1 - a relação entre o risco sistemático e o retomo esperado é linear -
desde que the value of t Y2 for the overall period 1935/1968 is only -0,29. In the
5-year subperiods,
t Y2
for 1951/1955 is approximately -2,7, but for subperiods
that do not cover 1951/1955, the values of
t y
2 ) are much closer to zero (FAMA e
MACBETH, 1973, p. 624).
Em relação à condição C3, os valores de
t y 1)
são pequenos, com nível de
significância de 5%, embora em todos os modelos, excluindo o período 1956/1960,
eles tenham sido positivos. Exceto no período longo (1935/1968), esta situação
levaria à não aceitação da hipótese C3, segundo a qual há relação positiva entre o
risco sistemático e o retomo.
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51
T a b e la 3 - M od elo d e te ste R
= 10
+ ~Y1 f3 +
e
p,t ,t ,t p.t-I p,t
períodos
A
A
A
A
s Yo)
s y 1)
s Y2) s y 3 )
t Yo)
t Y 1)
t y 2
t Y3
o
Yl
Y2
Y3
35-68
0,0061
0,0085
-
-
3,24
2,57
-
-
su~eríodos
35-45
0,0039
0,0163
-
-
0,052 0,098
-
-
0,86
1,92
-
-
46-55
0,0087
0,0027
-
-
0,026 0,041
-
-
3,71
0,70
-
-
56-68
0,0060 0,0062
-
-
0,030 0,044
-
-
2,45
1,73
-
-
su~eríodos
35-40
0,0024
0,0109
-
-
0,064
0,116
-
-
0,32
0,79
-
-
41-45 0,0056 0,0229
-
-
0,034
0,069
-
-
1,27
2,55
-
-
46-50
0,0050
0,0029
-
-
0,031
0,047
-
-
1,27
0,48
-
-
51-55 0,0123
0,0024
-
-
0,019
0,035
-
-
5,06
0,53
-
-
56-60
0,0148
-0,0059
-
-
0,Q20
0,034
-
-
5,68
-1,37
-
-
61-68
0,0001
0,0143
-
-
0,034
0,048
-
-
0,03
2,81
-
-
T a be la 4 - M od elo d e te ste Rp,t = 10,t
+
11,t f3
p
,t-l+
12,t f3
~,t-l +
ep,t
períodos
A
A
A
A
s Yo)
s y 1)
s y 2)
s y 3)
t yo
t y 1)
t y 2
t Y3
o
Yl
Y2
Y3
35-68
0,0049
0,ü105
-0,0008
-
0,052
0,118
0,056
-
1,92
1,79
-0,29
-
su~ríodos
35-45
0,0074
0,0079
0,0040
-
0,061 0,139
0,074
-
1,39
0,65
0,61
-
46-55
-0,002
0,0217
-0,0087
-
0,036
0,095
0,034
-
-0,07
2,51
-2,83
-
56-68
0,0069
0,0040 0,0013
-
0,054
0,116
0,053
-
1,56
0,42
0,29
-
su~eríodos
35-40 0,0013 0,0141 -0,0017
-
0,069 0,160 0,075
-
0,16 0,75 -0,19
-
41-45
0,0148
0,0004
0,ü108
-
0,050
0,111
0,073
-
2,28
0,03
1,15
-
46-50
-0,0008
0,0152
-0,0051
-
0,037 0,104
0,032
-
-0,18
1,14
-1,24
-
51-55
0,0004
0,0281
-0,0122
-
0,030
0,085
0,035
-
0,10
2,55
-2,72
-
56-60
0,0128
-0,0015
-0,0020
-
º,030
0,072
0,029
-
3,38
-0,16
-0,54
-
61-68
0,0029
0,0077 0,0034
-
0,066
0,138
0,064
-
0,42
0,53
0,51
-
8/17/2019 1199800936.pdf
59/125
52
Tabela 5 - Modelo de teste Rp,t = 10,t + 11,t f3
p
,t-1+ 13,t Sp,t-l + ep,t
períodos
A
A
A
A
s yo)
s y 1)
s Y 2) s y 3 )
t yo ) t y 1)
t y 2)
t Y3 )
o
Yl
Y 2
Y3
35-68
0,0054 0,0072
-
0,0198 0,052
0,065
-
0,868
2,10 2,20
-
0,46
subperídos
35-45
0,0017 0,0104
-
0,0841
0,073
0,083
-
0,921
0,26
1,41
-
1,05
46-55
0,0110 0,0075
-
-0,1052
0,032
0,056
-
0,609
3,78
1,47
-
-1,89
56-68 0,0042
0,0041
-
0,0633
0,040
0,052
-
0,984
1,28
0,96
-
0,79
subperíodos
35-40
0,0036 0,0119
-
-0,0170
0,082 0,105
-
0,744
0,37
0,97
-
-0,19
41-45 -0,0006 0,0085
-
0,2053 0,061 0,052
-
1,091 -0,08 1,25
-
1,46
46-50
0,0069 0,0081
-
-0,0920
0,034
0,066
-
0,504 1,56
0,95
-
-1,41
51-55
0,0150
0,0069
-
-0,1185
0,29
0,043
-
0,702
4,05
1,24
-
-1,31
56-60 0,0127
-0,0081
-
0,0728
0,037
0,045
-
1,164
2,68
-1,40
-
0,48
61-68
-0,0014
0,0122
-
0,0570
0,042
0,055
-
0,850
-0,32
2,12
-
0,64
Tabela6-Modelodeteste Rp,t = 10,t + 11,tf3
p
,t-1+ 12,tf3~,t-1+ 13,t
S
p,t-l + ep,t
períodos
A
A A
A
s yo)
s y 1)
s Y2)
s Y3 )
t yo)
t y 1)
t y 2)
t Y3)
o
Yl
Y 2
Y3
35-68 0,0020
0,0114
-0,0026 0,0516
0,075
0,123
0,060
0,929
0,55
1,85
-0,86
1,11
subperídos
35-45
0,0011
0,0118 -0,0009
0,0817 0,103
0,146 0,079
1,003 0,13
0,94
-0,14
0,94
46-55
0,0017
0,0209
-0,0076
-0,0378
0,042
0,096
0,038
0,619
0,44
2,39
-2,16
-0,67
56-68
0,0031
0,0034
-0,0000 0,0966
0,065
0,122
0,055
1,061
0,59
0,34
0,00
1,11
subperíodos
35-40
0,0009
0,0156 -0,0029
0,0025
0,112
0,171
0,085
0,826
0,07 0,78
-0,29
0,03
41-45
0,0015
0,0073
0,0014 0,1767
0,092
0,109
0,072
1,181
0,12
0,52
0,15
1,16
46-50 0,001l
0,0141
-0,0040
-0,0313 0,047
0,106
0,042
0,590
0,18
1,03
-0,73
-0,41
51-55
0,0023
0,0277 -0,0112
-0,0443
0,037
0,085
0,034
0,651
0,48
2,53
-2,54
-0,53
56-60
0,0103 -0,0047
-0,0020 0,0979
0,049
0,078
0,032
1,286
1,63
-0,47
-0,49
0,59
61-68
-0,0017 0,0088 0,0013
0,0957
0,073 0,144
0,066
0,887
-0,21
0,58
0,19
1,02
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3.3.5 - Estudo de Jorge Queiroz Moraes Jr
Jorge Queiroz de Moraes Jr. (1981), em sua tese de doutoramento, reproduz
os testes de validade do CAPM, desenvolvidos por Black , Jensen e Scholes e por
Fama e MacBeth, com dados do mercado acionário de São Paulo.
Os dados coletados incluíram as cotações das ações listadas na Bolsa de
Valores de São Paulo durante o período de 1970 a 1979, totalizando 395 ativos de
203 empresas. Eliminaram-se apenas as ações que não eram líquidas (líquida: sem, ao
menos, uma negociação durante um mês) ou com informações insuficientes sobre os
eventos.
O método de Fama e Macbeth, com pequenas adequações, foi aplicado a
esse conjunto de dados. Alguns ajustes na computação dos retornos foram
necessários, dado o processo inflacionário brasileiro da época. Os retornos não
poderiam ser simplesmente computados na sua forma nominal, pois gerariam
distorções. Conseqüentemente, foram deflacionados por um índice representativo da
inflação brasileira e utilizados, na forma de prêmio pelo risco . Os resultados obtidos
nos testes de 6 anos ou 72 meses (1974/1979) estão reproduzidos na Tabela 7.
16 Nas regressões, os retornos reais dos ativos, dos portfólios e do mercado, todos foram utilizados na
forma de prêmio pelo risco, ri ' rp e r
m
, onde ri
=
R, - Rr; rp
=~ -
Rr; r
m
=~ -
Rt
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Tabela 7 - Resultados da aplicação da metodologia de Fama e MacBeth com dados da
B O V E S P A *
-
I
-
I
-
I
-
I
t yo
I
t y I)
I
t y 2
I
t Y3
o
YI
Y2 Y3
Painel A
fp t = 1o t + 11 t J3
p
t-l + ep t
,
, )
,
0,01542
I
0,00799
I I I
2,47960 I 0,78577
I I
Painel B
~ -~ ~ ~ 2
ep,tp,t - Y O , t + YI,tJ3
p
,t-l + Y2,tJ3
p
,t-l+
0,01688
I
0,00279
I
0,00350
I I
2,37849
I
0,23568
I
0,61762
I
Painel C
fp,t = 10,t + 11,t J3
p
,t-l+ 13,t Sp,t-I + ep,t
0,00364
I
0,00587 I
I 0,08736
I
0,34266
I
0,55838 1
I
1,34250
Painel D
fp,t
=
10,t + 11,tJ3p,t-l + 12,tJ3~,t-l+ 13,t Sp,t-l + ep,t
0,00649 I 0,00112
I
0,00233
I
0,05998
I
0,48687
I
0,08853
I
0,26101
I
0,68176
* Fonte: Jorge Queiroz de Moraes Jr. (1981, p. 141)
As conclusões do estudo:
• a hipótese C1 , que implica na relação linear entre o risco sistemático e
retomo, não pode ser rejeitada, de acordo com os resultados apresentados
nos painéis B e D. No painel B, o valor de t y 2) é 0,61762 e no painel
D, apenas 0,26101;
• a hipótese C2, de que o beta é uma completa medida de risco, não pode
ser rejeitada, em vista de os valores de
t y
3) serem pequenos, conforme
os resultados apresentados no painel C e D;
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• a hipótese C3, de que a relação entre o retomo e o risco sistemático é
positiva, não pode ser confirmada, de acordo com os valores obtidos para
t(Y 1) em todos os painéis.
Apesar de a Y 1 ter sido positiva em todos os modelos testados, o estudo de
Jorge Queiroz Moraes Jr não confirmou uma das hipóteses mais importantes do
CAPM, coerentemente com o estudo de Fama e Macbeth, quando os testes foram de
curta duração.
3.3.6 - Estudo de Affleck-Graves e Bradfield
The Fama-MacBeth methodology has been widely used in tests of the Capital
Asset Pricing Model. These tests have found relatively little empirical support
for the theory, and have led to conclusions that the theory may be invalidoUsing
a simulation approach, we show that the power of the Fama-MacBeth
methodology is low unless the test period exceeds 30 years. This provide a
potential explanation for the lack of significance found in tests over shorter
intervals and for the inability of subperiod tests to confirm significance found in
overall periods (AFFLECK-GRAVES e BRADFIELD, 1993, p. 17).
Seguindo todas as especificações do CAPM, os autores simularam retornos
de ativos a partir dos parâmetros típicos NYSE, visando criar um mercado onde os
investidores estabelecessem o retomo exigido em um ativo como função do seu risco
sistemático.
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o teste empírico com dados deste mercado simulado, onde o CAPM é válido
já
que foi simulado conforme o modelo), deveria confirmar a teoria. A metodologia
que utilizaram para testar este mercado foi a desenvolvida por Fama e MacBeth,
justamente por ter sido ela a mais aplicada nos diversos testes empíricos realizados.
Dentre as três condições, C1, C2 e C3, eles focaram a atenção na hipótese
C3 -
E(Yl,t)
=
(E(Rf,d - E(Rm,d
> O, por ela ser a hipótese crítica do modelo e
ter sido inconclusiva ou não aceita em diversos testes de curta duração.
Modelo de teste utilizado:
I p t = Y o t
+
Y 1t J 3 p t-I
+
ep t
,
,
sendo
hipótese nula C H o ) : : : : : > E(yl,t) =O
hipótese alternativa (RI)
: : : : : >
E(y1
t)
>O
o poder de teste é definido como a probabilidade de se rejeitar uma hipótese
nula (Ho), sendo a hipótese nula falsa. Neste caso, a probabilidade de validar o
CAPM, sendo ele verdadeiro.
Foram simulados 500 conjuntos de retornos de ativos e, com os dados de
cada um deles, testada a condição C3. Para cada conjunto de dados, foi calculada a
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estatística t(Y 1) e verificada a condição de se rejeitar a hipótese nula. A frequência
relativa das vezes em que a hipótese nula foi rejeitada nas 500 simulações foi
considerada como o poder de teste.
De acordo com os autores, o objetivo era examinar o poder de teste da
metodologia Fama-Macbeth para testar o CAPM sob condições ideais. Para tanto,
assumiram que todas as variáveis têm distribuição normal, são independentes e
estáveis. Justificam a adoção desta postura: The use of well-behaved simulation data
which replicate nonnormal patterns in actual stock data aloows us to obtain an upper
bound on the power of the Fama-MacBeth method (AFFLECK-GRA VES e
BRADFIELD, 1993, p. 18).
o
estudo estendeu-se a testes de diversas durações ( de 5 anos a 50 anos), já
que a estatística
t
é influenciada pelo tamanho da amostra. Paralelamente,
realizaram uma análise de sensibilidade, repetindo o mesmo procedimento para outros
conjuntos de 500 simulações, variando cada um dos parâmetros do mercado,
mantendo o restante constante' .
17
Como a hipótese alternativa é a média dos retornos de mercado, na sua forma de prêmio pelo risco,
ser maior do que zero, quanto mais esta se aproxima da hipótese nula, o poder de teste é menor e
vice-versa. Da mesma forma como a distância entre as alternativas determina a capacidade de
discriminação entre as médias, o desvio-padrão dos retornos do mercado também influencia na
determinação do poder de teste. Um desvio menor aumenta o poder de teste, ao contrário de um
desvio maior.
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Etapas do estudo
1 .
Simular retornos