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      998 936

    l i 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

    TESTES DE VALIDADE DO CAPITAL ASSET PRICING MODEL

    NO MERCADO ACIONÁRIO DE SÃO PAULO

    UM ESTUDO INDICATIVO

    DO PODER DE TESTE

    DA METODOLOGIA DE FAMA E MACBEm

    Banca examinadora:

    Prof Orientador: W1adimir Antonio Puggina

    Prof: .

    Prof: .

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    1 1

    A Ricardo Morais,

    pelo incentivo

    e

    compreensão.

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    lU

    FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS

    ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO

    WANG nANG HORNG

    TESTES DE VALIDADE DO CAPITAL ASSET PRICING MODEL

    NO MERCADO ACIONÁRIO DE SÃO PAULO

    U M E ST IJ DO IN DIC A TIV O

    D O P O D E R D E T E S T E

    D A M ET O D O LO G IA D E F A M A E M AC B E T II

    Dissertação apresentada ao Curso de Pós-

    Graduação da FGVIEAESP

    Área de Concentração: Administração

    Contábil Financeira como requisito para

    obtenção de título de mestre em

    Administração.

    Orientador: Prof. W1adimir Antonio Puggina

     undação etulio Vargas

    Esc;ola de AdminislFação

    de Empresas de

    s

    Pau lo

    Bibliomca

    l.:

    \..

     

    .. ,

    SÃO PAULO

    1997

      998 936

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      i· 5

    ~~~:t?:t

    8

    t1~\~k,

    t >l ~

    e· i

     P-OOOt0587_6

    HORNG, Wang Jiang. Testes de validade do Capital Asset Pricing Model no

    mercado acionário de São Paulo: um estudo indicativo do poder de teste da

    metodologia de Fama e Macbeth. São Paulo: EAESPIFGV, 1997. 118 p.

    (Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Pós-Graduação da

    EAESPIFGV, Área de Concentração: Administração Contábil Financeira).

    Resumo: utiliza a técnica de simulação para estimar a eficiência de se testar

    o modelo Capital Asset Pricing Model (CAPM) num mercado com

    características do mercado acionário paulista, marcado por elevado retorno e

    alta volatilidade.

    Palavras-Chave: CAPM - Portfólio - Diversificação - Risco sistemático - Beta -

    Testes de validade.

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    IV

    sUMÁRIO

    1 - INTRODUÇÃO 1

    2 - CAPM - REVISÃO BillLIOGRÁFICA 5

    2.1 - Teoria de diversificaçãode Markowitz 6

    2.2 - Fronteira Eficiente 14

    2.3 - Nova Fronteira Eficiente 16

    2.4 - CapitalMarket Line 18

    2.5 - CapitalAsset Pricing Model 22

    2.6 - Linha Característica 28

    3 - REVISÃO DOS TESTES EMPÍRICOS DE VALIDADE DO CAPM 31

    3.1 - Modelo de teste (CAPM ex-ante e ex-post) 32

    3.2 - Suposições básicas dos testes empíricos 35

    3.3 - Breve histórico dos testes empíricos 37

    3.3.1 - Estudo de Lintner 37

    3.3.2 - Estudo de Douglas 38

    3.3.3 - Estudo de Miller e Scholes 41

    3.3.4 - Estudo de Fama e MacBeth 45

    3.3.5 - Estudo de Jorge Queiroz de Moraes Jr. 53

    3.3.6 - Estudo de Aftleck-Graves e Bradfield 55

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    v

    4 -

    REAPLICAÇÃO DO TESTE DE AFFLECK-GRA VES E BRADFIELD

    64

    4.1 - Processo de simulação 66

    4.1.1 - Modelo dos retornos simulados 68

    4.1.2 - Estimação dos parâmetros do mercado acionário

    de São Paulo

    68

    4. 1.3 - Considerações sobre os parâmetros estimados 77

    4.2 -

    Aplicação, da metodologia de teste de Fama e MacBeth

    no mercado acionário simulado 79

    4.3 - Determinação do poder de teste

    84

    4.4 - Análise de sensibilidade do poder de teste

    em relação ao parâmetro retorno do mercado

    86

    4.5 - Análise dos dados

    88

    5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

    91

    ANEXO

    95

    BffiLIOGRAFIA

    116

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    VI

    AGRADECIMENTOS

    A Planner Corretora de Valores S.A., pelo suporte técnico,

    ao prof Wilton de Oliveira Bussab, pelas sugestões e críticas,

    ao prof WIadimir Antonio Puggina, além da orientação, pela paciência e conselhos.

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    1

    CAPÍTULO 1

    INTRODUÇÃO

    o artigo

    Portfólio Selection,

    de Harry Markowitz, publicado em 1952,

    representa um marco na teoria financeira.Até o seu aparecimento, a teoria financeira

    sustentava que as decisões dos investidores deveriam ter como base o retomo dos

    ativos individuais. A regra na administração de carteiras era a formação de

    portfólios com ativos de maior retomo esperado, no intuito de maximizar o retomo

    total da carteira.

    Markowitz observou que a postura defendida pela teoria financeira não

    correspondia ao comportamento do mercado, além de apresentar um paradoxo. A

    concepção de carteira diversificada contrapunha-se ao objetivo de maximização do

    retomo total, uma vez que esta somente poderia ser obtida, se os investidores

    aplicassem todos os seus recursos em um único ativo, aquele que apresentasse o

    maior retomo esperado. No entanto, os investidores insistiam na política de

    diversificação, que refletia a sabedoria popular de não se colocar todos os ovos em

    uma única cesta para evitar o risco de perda total, no caso de a cesta cair.

    Com base nos parâmetros risco e retomo, Markowitz formulou um modelo

    normativo de diversificação de carteiras. Neste modelo, os investidores deveriam

    selecionar os portfólios (no lugar de ativos individuais) que apresentassem o maior

    ,:

    . • .

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    2

    retorno para um nível determinado' de risco.

    Doze anos depois, em 1964, William Sharpe, partindo de algumas premissas,

    entre elas, a de que os investidores diversificam suas carteiras conforme a teoria de

    Markowitz, construiu um modelo positivo de precificação de ativos individuais, o

    Capital Asset Pricing Model (CAPM). Este modelo fornece à teoria financeira um

    novo conceito de risco, o risco sistemático, mais conhecido como beta. Segundo ele,

    o retorno de um ativo está associado somente ao seu beta, uma vez que todo o risco

    não sistemático é eliminado com a diversificação de Markowitz.

    Por suas contribuições, Markowitz e Sharpe ganharam o prêmio Nobel de

    Economia, em 1990. Desde 1964, inúmeros testes empíricos foram realizados para

    comprovar a validade do CAPM. O mercado mais testado foi o da Bolsa de Nova

    Iorque (NYSE) e a metodologia de teste mais adotada a desenvolvida por Eugene

    Fama e James MacBeth. Em geral, as conclusões dos estudos de longo prazo (30

    anos) apontaram que o CAPM espelha o comportamento do mercado, embora, nos

    testes de curta duração, esta situação não se mantenha.

    Em 1993, Aflleck Graves e David Bradfield, utilizando a técnica de

    simulação, demonstraram que os resultados dos testes empíricos de curta duração

    deveriam ser interpretados com cuidado e que as conclusões de rejeição do CAPM

    não poderiam ser aceitas como definitivas.

     

    .  . ~

    .

    O tempo e os recursos gastos nos testes empíricos justificam-se pelas

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    3

    implicações que a validação ou não da teoria tem na determinação do custo de capital.

    Hoje, no Brasil, este tópico da teoria financeira ganha ainda mais relevância,

    particularmente no momento em que a globalização da nossa economia atinge o

    mercado de capitais, onde os profissionais estão cada vez mais em contato com

     softwares de diversificação de carteiras baseados na teoria de diversificação de

    Markowitz e com o conceito de risco sistemático.

    Em quase todos os stock guide , as instituições financeiras consideram

    obrigatória a presença do beta. Nos últimos trabalhos realizados pelas empresas de

    consultoria, contratadas para prestar serviços de avaliação econômico-financeira das

    empresas para fins de privatização, como a CERJ, Light ou a COELBA, o CAPM foi

    utilizado para a definição do custo do capital próprio.

    Esta dissertação propõe-se testar o CAPM com dados de um mercado

    fictício, simulado, a partir dos parâmetros considerados como típicos do mercado

    paulista e em conformidade com o próprio modelo, com base nos estudos de Graves e

    Bradfield. O objetivo central é detectar a eficiência de aplicar testes de validade de

    curta duração num mercado com as características da Bovespa.

    Os testes foram realizados, aplicando-se o método de teste amplamente

    aceito, de Fama e MacBeth. A dissertação é um estudo indicativo e parcial, não tendo

    pretensões de discutir a metodologia de teste de Fama e Macbeth nem de fornecer

    soluções. Acreditamos que a simples constatação de uma situação e a tentativa de

    apontar aspectos do comportamento do mercado que podem estar afetando os

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    4

    resultados dos testes já são, em

    SI,

    uma contribuição a estudos que certamente

    ocorrerão nesta área.

    A dissertação foi organizada em cinco capítulos. Capítulo I: introdução;

    Capítulo

    lI :

    apresentação do desenvolvimento teórico do CAPM; Capítulo

    1I 1:

    descrição de testes empíricos relacionados diretamente com o tema da dissertação;

    Capítulo IV: os testes do CAPM com os dados do mercado paulista simulado e a

    análise dos resultados e CapítuloV: considerações finais.

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    5

    CAPÍTULO 2

    CAPM - REVISÃO BffiLIOGRÁFICA

    Uma das questões de maior relevância na teoria financeira é o

    relacionamento entre o retorno e o risco de um investimento. O modelo CAPM

    (Capital Asset Pricing Model), desenvolvido por William Sharpe, visa identificar essa

    relação. Sua importânica está na elaboração de um novo conceito de risco, o risco

    sistemático, também denominado beta.

    Este capítulo tem por objetivo apresentar sucintamente o desenvolvimento

    do CAPM, sem entrar em detalhes sobre a sua formulação matemática, visto que seria

    impossível em um único capítulo reproduzir toda a riqueza dos trabalhos que

    originaram este modelo.

    A revisão inicia com a teoria de diversificação de Markowitz, que lançou as

    bases para a formação de carteiras diversificadas com fundamento nos parâmetros

    risco e retomo; prossegue com a exposição da Fronteira Eficiente, a representação

    gráfica do conjunto dos melhores portfólios em que um investidor poderia aplicar

    os seus recursos; continua com a formação da Nova Fronteira Eficiente, conjunto de

    novas oportunidades ao investidor, quando um ativo sem risco é incluído na análise; a

    elaboração da Capital Market Line, graças à qual, pode-se identificar a relação entre

    risco e retomo esperado de portfólios eficientes e, por fim, a formulação do CAPM.

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    6

    Foi acrescentada a apresentação da Linha Característica, teoria desenvolvida por Jack

    Traynor, que, concomitantemente e por caminhos alternativos, chegou às mesmas

    conclusões de William Sharpe sobre a ligação entre o risco sistemático e o retomo

    esperado dos investimentos.

    2.1 - TEORIA DE DIVERSIFICAÇÃO DE MARKOWITZ

    Markowitz formulou uma teoria normativa de como um investidor deve

    constituir o seu portfólio' para que seja o mais eficiente entre todas as alternativas

    possíveis. A noção de eficiência baseia-se nos conceitos de risco e retomo.

    Na teoria econômica, o objetivo de qualquer investimento é a troca do

    consumo atual por um consumo maior no futuro: o aplicador investe esperando uma

    recompensa, que recebe o nome de retomo. Contudo, na maioria das modalidades de

    aplicações, o investidor não tem condições de afirmar com certeza qual será o seu

    retomo, já que este pode ser influenciado por eventos econômicos ainda

    desconhecidos. A esta incerteza denomina-se risco.

    A teoria de diversificação de Markowitz parte do princípio de que tanto o

    retomo esperado de um investimento como a incerteza associada podem ser

    dimensionados pela média e desvio-padrão (ou variância) dos retornos possíveis.

    1

    Portfólio é qualquer conjunto de ativos, inclusive o conjunto de um único ativo. Entretanto, as

    expressões portfólio e carteira são utilizadas para referir-se a um conjunto de dois ou mais ativos.

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    7

    Risco e retorno esperado de um ativo individual

    De acordo com esta teoria, o investidor atribui probabilidades de ocorrência

    aos diversos retornos possíveis que o ativo poderá proporcionar. O retomo esperado

    deve ser quantificado como a média da distribuição probabilística e o risco

    (incerteza), como a variância ou o desvio padrão.

    Retomo esperado

    =

    E(R) (2.1)

    Risco

    a R =

    m 2

    L

    Rk - E (R)) Pk

    k=l

    (2.2)

    ,

    onde

    R =retomo de um ativo

    m

    =

    número de possibilidades

    ~ =

    retomo do ativo para k

    ésimo

    possibilidade

    P k =probabilidade associada ao ~.

    Um pressuposto importante desta teoria é a premissa de aversão ao risco por

    parte do investidor, ou seja, na escolha entre dois ativos com o mesmo retomo

    esperado, ele sempre dará preferência àquele de menor risco ou, então, para um

    mesmo nível de risco, o investidor procurará aquele ativo de maior retomo esperado.

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    15/125

    Na Figura 1, o ativo A encontra-

    se nessas condições em relação

    ao ativo B ou C. Neste caso, diz-

    se que o ativo

    A

    domina os

    outros dois, porque qualquer

    investidor sempre o preferirá ao

    B

    ou C.

    8

    Figura 1 - Conceito de dominância

    Retomo

    esperado

    A C

    ............•..............•.

    Risco

    (desvio)

    Risco e retorno esperado de um portfólio de dois ativos

    Quando um portfólio é composto por dois ativos (X e Y), ou seja, quando o

    investidor decide que deve repartir os seus recursos entre os dois ativos, o retorno

    esperado do seu portfólio é definido como:

    E(R

    p

    ) = W

    x

    E(Rx)

    +

    w

    y

    E(Ry)

    onde

    (2.3)

    R, =retorno do portfólio resultante da composição entre os ativos X e Y

    W

    x

    , Wy =proporção de recursos alocados nos ativos X e Y

    w, + W

    y

    =

    1

    E { R x )

    = retorno esperado do ativo X

    E R y )

    = retorno esperado do ativo Y

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    9

    o risco é dado por:

    (2.4)

    onde

    p xy =

    correlação entre os retornos dos ativos

    X

    e Y

    Dado que os retornos esperados dos ativos X e Y estão definidos, o retorno

    esperado do portfólio do investidor vai depender das proporções que ele alocar em

    cada um dos dois. Se X e Y forem perfeitamente divisíveis, alterando-se os pesos, o

    investidor poderá ter disponíveis infinitas alternativas'. A Figura 2 mostra como o

    retorno esperado se comportará, se ele modificar os pesos aplicados num caso em

    que

    E Rx) < E Ry)

    e

    O < O x <

    B

    o

    eIXO vertical

    E(Ry)

    A

    representa os valores que o

    E(Rx) -------_ _ -_ _._.. _ .

    retorno esperado do portfólio

    o

    0,25 0,5 0,7 5

    pode assumir, enquanto que o

    horizontal representa a

    Figura 2 - Relação retorno esperado e composição de um portfolio

    proporção investida no ativo X.

    Conseqüentemente, a proporção do ativo Y é 1 - X. A relação entre o retorno

    2

    Cada uma das alternativas é um portfólio distinto de outro. Por exemplo, a carteira formada por

    50% de X e 50% de Y é distinta de outra formada por 100% de X e 0% de Y.

    3

    As condições

    E(Rx) < E(Ry)

    e a

    x

    <

    a

    y

    foram estabelecidas para facilitar a visualização gráfica. A

    análise é válida também no caso em que E{Rx)

    ay.

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    10

    esperado do seu portfólio e as proporções é linear e os pontos plotados por cada

    portfólio possível formam a reta AB. O retorno esperado será igual ao retorno

    esperado do ativo X, quando todo o dinheiro for investido neste ativo. Por outro

    lado, quando 100% dos recursos forem destinados ao ativo Y (w,

    = O ),

    o retorno

    esperado do portfólio será igual ao retorno esperado do ativo Y.

    A Figura 3 exibe a relação entre o risco do portfólio deste investidor e as

    proporções investidas em cada um dos ativos. Entretanto, esta relação não pode ser

    mostrada tão diretamentequanto a relação do retorno esperado e as proporções, pois

    o risco depende tambémda correlação entre os retornos dos ativos.

    q>

    A

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    11

    houver a oportunidade de encontrar ativos cuja correlação seja igual a -1, dependendo

    das proporções alocadas,

    é

    possível reduzir o risco do portfólio a zero. Portanto, o

    risco de um portfólio

    é

    uma função dos pesos e da correlação e, quanto menor for

    esta última, menor será o risco do portfólio.

    A Figura 4 é a junção das relações mostradas nas Figuras 2 e 3. Em 4-a, a

    curva XY representa a relação Retomo Esperado e Risco de todos os portfólios que

    podem ser formados pelos ativos X e Y, quando a correlação é igual a

    +

    1. À medida

    que a participação do Ativo X aumenta (portanto, a participação do ativo Y diminui,

    já que a soma deve ser igual a 1), os portfólios vão apresentando menor retomo

    esperado e menor risco. No caso de a correlação ser igual a zero (Figura 4-b) ou igual

    a -1 (Figura 4-c), dependendo dos pesos alocados, é possível formar portfólios que

    apresentem menor desvio e maior retomo do que os do Ativo X.

    E R p )

    (a)

    / > x y = 1

    (b)

    (c)

    Figura 4 - Risco e retomo esperado

    E(R,,)

    / > x y

    =O

    pxy =

    -1

    w { · · · · · · · · · · /

    ..........

    .

    1

    x: :

    w x I

    7

    . . . . . . . . . i

    1

    . .

    ·

     

    ·

    ·

    c r R p )

    c r R p )

    Em

    Portfolio

    Theory and Capi tal Markets, W. SHARPE (1970, p. 48)

    afirma que, desde que a correlação entre os dois ativos seja menor do que a divisão

    entre o menor desvio e o maior desvio (no caso C1

    x

    /C 1y), é possível formar portfólios

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    12

    que apresentem menor desvio e maior retomo do que o ativo individual de menor

    desvio e menor retomo.

    Risco e retorno esperado de portfólios com mais de dois ativos

    Dado que um portfólio pode ser composto por um, dois ou mais ativos, a

    fórmula do retomo esperado de uma carteira é, genericamente, definida como:

    n

    E(Rp) = w

    1

    E(Rl) +

    W

    z

    E Rz

    + .+ w

    n

    E(Rn) = L ;w

    i

    E(RJ (2.5)

    i=l

    onde

    E(Rv)

    =

    retomo esperado do portfólio constituído pelos ativos 1, 2 ....n.

    n

    =

    número de ativos que constituem este portfólio.

    w . =

    percentagem de recursos investidos no i

    simo

    ativo do portfólio.

    n

    L ;w

    i

    =l,O.

    i=1

    E(R)

    =

    retomo esperado do

    i

    simo

    ativo.

    A variância do portfólio

    é :

    n n

    Var(Rp) = LLW

    i

    w

    j

    CT ij ou

    i=Ij=1

    (2.6)

    n n n

    Var(R

    )= W20 ~ + LLW,W,O

    p -- IJIJ

    i=1 i=lj=1

    • . . • . . .

    .F i

    (2.7)

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    13

    onde

    Var (Rp)

    =

    variância do portfólio

    Wi,Wj = percentagem de recursos investidos nos ativos

    i

    e j

    O'ij = covariância entre os retornos dos ativos

    i

    ej

    2 _

    O i - O ü

    A O'ijtambém pode ser escrita como Pij O'iO'j onde

    Pij

    =

    coeficiente de correlação entre os retornos dos ativos

    i

    e

     

    O'i,O'j = desvio-padrão dos retornos dos ativos i e j .

    De acordo com a Equação 2.7, o risco total de um portfólio é formado por

    dois tipos de risco: as variâncias dos retornos dos ativos individuais e a correlação

    existente entre eles e, como foi visto no tópico anterior, quanto menor for essa

    correlação, menor será a variância do portfólio. Este é um dos pontos centrais da

    teoria de Markowitz, pois, em geral, a diversificação (investir em mais de um ativo)

    pode contribuir para que o investidor forme portfólios que apresentem nível de risco

    menor que o dos ativos individuais que o compõem, sem que o retorno esperado de

    qualquer um desses portfólios seja reduzido a nível inferior ao do ativo de menor

    retorno.

    Uma diversificação malfeita pode levar à formação de portfólios em que o

    risco seja superior ao de um dos ativos pertencentes à carteira, reduzindo o seu

    retorno esperado a um nível inferior ao deste ativo. Markowitz alerta para a ineficácia

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    da tentativa dos investidores em diminuir o risco compondo carteiras com ações de

    empresas que normalmente reagem de forma semelhante.

      ...trying to make variance small it is not enough to invest in many

    securities. It is necessary to avoid investing in securities with high

    covariances among themsheves. We should diversify across industries

    because firms in different industries, especially industries with different

    economic characteristics, have lower covariances than firms within an

    industry (MARKOWITZ, 1978, p. 322).

    2.2 - FRONTEIRA EFICIENTE

    Em

    Portfolio Selection,

    H. MARKOWITZ (1978) e em

    Port fol io Theory

    and Capi tal Markets

    (1970), W. SHARPE afirmam que, quando o investidor plota

    num gráfico o risco e o retomo

    esperado dos portfólios que

    podem ser formados a partir da

    totalidade dos ativos de risco,

    ele terá um conjunto de

    alternativas, representado pela

    área sombreada na Figura 5.

    Figura 5 - Conjunto das oportunidades de investimento

    R e t o r n o

    e s p e r a d o

    c

    B

    R i s c o

    (desvio)

    Contudo, nem todas as diversificações seriam eficientes. Para Markowitz, os

    investidores têm aversão ao risco. Por isso, diz que uma diversificação é eficiente,

    quando o portfólio formado apresenta o menor risco para um mesmo nível de retorno

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    15

    como a Carteira A, pois qualquer investidor a preferirá, quando for comparada às

    outras no mesmo nível de retorno, por exemplo, as carteiras B ou C.

    Graficamente, o conjunto dos portfólios eficientes encontra-se na área

    representada pela curva sólida AB. Para um mesmo nível de risco, nenhum outro

    Figura 6 - Fronteira Eficiente

    Retomo

    esperado

    B

    A

    portfólio dentro da área

    sombreada apresenta maior

    Risco

    (desvio)

    retorno esperado que aquele cuja

    relação risco/retorno esperado

    está plotada na curva AB.

    Identicamente, para um mesmo

    nível de retorno esperado,

    nenhum outro portfólio

    alternativo apresenta melhor relação risco/retorno esperado do que aquele cuja

    relação esteja plotada na curva sólida.

    Esta curva é conhecida como a Fronteira Eficiente e somente os portfólios

    que estão grafados nela devem ser considerados como alternativas de investimento

    pelo investidor. O mais adequado entre os portfólios da Fronteira Eficiente depende

    da agressividade do investidor perante o risco.

    Em Investments Analysis and Management,

    J.c.

    FRANCIS (1992, capo 9)

    mostra que, através da programação quadrática, é possível encontrar os portfólios

    eficientes para cada nível de retorno esperado. A solução baseia-se na minimização de

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    uma função-objetivo, sujeita a certas restrições. Os

    outputs

    são as proporções dos

    recursos que o investidor deve alocar em cada ativo, enquanto que os

    inputs

    são o

    retomo esperado de cada ativo, o desvio de cada um deles e a correlação entre os

    retornos dos ativos. Na prática, é extremamente' árdua a tarefa de definir a

    distribuição probabilística dos retornos para cada um dos ativos de risco, pois o

    trabalho requer a projeção dos retornos possíveis associados aos diversos cenários

    econômicos.

    2.3 - NOVA FRONTEIRA EFICIENTE

    Inicialmente, a teoria desenvolvida por Markowitz referia-se apenas aos

    ativos de risco. Mais tarde, James Tobin (1958) incluiu a hipótese da existência de um

    ativo que fosse livre de risco, cujo desvio dos retornos, por definição, seria zero. Este

    ativo, combinado com os portfólios eficientes de Markowitz, deu origem à Nova

    Fronteira Eficiente. A taxa de retomo deste ativo, que refletiria apenas a recompensa

    pela postergação do consumo,

    é

    conhecida como a taxa livre de risco ,

    Anteriormente, as melhores alternativas eram as carteiras que formavam a

    Fronteira Eficiente. Com a inclusão deste ativo e a possibilidade de emprestar ou

    tomar emprestado à taxa livre de risco, o investidor teria novas oportunidades de

    investimentos.

    4

    O conceito de ativo livre de risco implica na existência de um título em que os retornos são certos,

    já que o desvio é zero. Geralmente, alguns títulos governamentais são utilizados como proxy deste

    ativo.

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    17

    Na Figura 7, o ponto R, representa o retomo esperado e o risco do ativo

    Figura 7 - Novas Oportunidades de Investimentos

    Retorno

    Esperado

    Risco

    (desvio)

    livre de risco. Se o investidor

    alocar parte dos seus recursos no

    ativo livre de risco e o restante

    numa carteira qualquer da

    Fronteira Eficiente, por exemplo,

    as carteiras A, B ou M, estaria

    criando novas alternativas. A

    combinação entre o ativo livre de

    nsco e qualquer carteira da Fronteira Eficiente sempre forma um conjunto de

    oportunidades que são representados no espaço risco/retomo esperado por retas'. As

    retas

    R tM , R t- A

    e

    R tB

    são alguns dos exemplos.

    Como pode ser visto na Figura 8, qualquer investidor preferirá formar

    carteiras com participação do ativo livre de risco (representado por R t - ) e a carteira M

    (ponto em que a reta tangencia a Fronteira Eficiente). Estas carteiras, que constituem

    a reta

    R t M ,

    dominam quaisquer outras novas combinações no mesmo nível de risco,

    inclusive os portfólios que formam a Fronteira Eficiente, com exceção do portfólio M.

    As carteiras dominantes formam a Nova Fronteira Eficiente e, não importa qual seja a

    5

    A formação de portf6lios com o ativo livre de risco e outra carteira, por exemplo o portf6lio A da

    Figura 7, pode ser vista pelo investidor como a combinação de dois ativos. Sendo zeros o desvio-

    padrão dos retornos do ativo livre de risco e a correlação com a carteira A, tanto o retorno esperado

    do portf6lio do investidor como o seu desvio serão funções lineares das proporções alocadas em cada

    um dos dois elementos (ativo livre de risco e carteira A). Portanto, a relação entre o risco e o retorno

    esperado torna-se linear para as novas alternativas.

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    preferência do investidor frente ao risco, a seleção sempre deve recair sobre alguma

    carteira que esteja na sua Nova Fronteira Eficiente

    No ponto Rr,

    investidor selecionaria uma

    carteira formada somente com o

    ativo livre de risco (100% de

    participação); entre o ponto R, e

    o ponto M, a carteira sena

    formada por alguma combinação

    entre o ativo livre de risco e a

    o

    Figura 8 - Nova Fronteira Eficiente

    Retomo

    Esperado

    . . . . . . . . . . . . • . • • • • • • . • . • . • . . . • . . . • • • • •\

    Fronteira Eficiente

    Risco

    (Desvio)

    carteira M; no ponto M, a carteira seria composta apenas pelos ativos de risco; além

    do ponto M, o investidor montaria uma carteira com recursos emprestados à taxa

    livre de risco e aplicados na carteira M, acima das posses atuais.

    2.4 - CAPITAL MARKET L INE

    Até a Nova Fronteira Eficiente, a atenção era voltada basicamente aos

    investidores enquanto indivíduos. A teoria de diversificação de Markowitz considera

    como o investidor deve dimensionar o risco e o retorno da sua carteira, de tal forma

    que encontre portfólios que apresentem melhor relação risco/retorno esperado. Neste

    sentido, tanto a Fronteira Eficiente como a Nova Fronteira Eficiente representavam as

    melhores alternativas para o investidor individual. Se todos os investidores

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    diversificassem de forma correta , cada um deles teria a sua própria Nova Fronteira

    Eficiente, calculada com base nas percepções individuais.

    Mesmo que a teoria já admitisse que o investidor, para incorrer em riscos

    mais elevados, deveria exigir retornos incrementais, não havia uma teoria ou um

    modelo que quantificasse o valor do prêmio (retorno) pelo risco.

    Com a Nova Fronteira Eficiente, criaram-se condições para que a teoria

    mudasse de foco, do investidor individual para o mercado, isto é, o agregado de todos

    os investidores. Esta parte da teoria voltada ao mercado é denominada Teoria do

    Mercado de Capitais.

    Segundo W. SHARPE (1970, p. 78), a Teoria do Mercado de Capitais está

    preocupada em responder a duas questões básicas: qual a relação entre o retorno

    esperado e o risco para portfólios e ativos e qual a medida apropriada de risco.

    Diferentemente da teoria de diversificação de Markowitz, que é uma teoria

    normativa, a Teoria do Mercado de Capitais é uma teoria positiva, ou seja, faz

    afirmações sobre o comportamento do mercado na precificação de ativos sob

    determinadas condições.

    Antes de responder a essas questões, Sharpe respondeu às duas questões

    para o caso dos portfólios eficientes, formulando a Capital Market Line. Adotou

    como premissas o equilíbrio de mercado, a homogeneidade das expectativas de todos

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    os investidores e a hipótese de que os investidores realmente diversificam, conforme

    sugereMarkowitz.

    Com a prerrussa da homogeneidade de expectativas, as alternativas de

    investimento de um aplicador são idênticas às dos demais investidores e,

    conseqüentemente, todas as Novas Fronteiras Eficientes são iguais. Neste caso,

    existiria uma Nova Fronteira Eficiente para todo o mercado, que recebeu o nome de

    Capital Market Line. Como o conceito da Nova Fronteira Eficiente do investidor

    individual, a Capital Market Line é formada pelos portfólios eficientes do conjunto

    dos investidores.

    A premissa de que todos os investidores, não importa sua preferência,

    diversificam suas carteiras de acordo com a teoria de diversificação de Markowitz,

    leva a que todos os portfólios

    Figura 9 - Capital Market Line

    estejam sempre localizados em

    Retorm

    e sp e r a d o

    algum ponto da Capital Market

    M

    Line. De acordo com W.

    SHARPE (1970, p. 77-82), esta

    última condição somada à

    C a p it al lv . hr k et L i ne

    prerrussa de mercado em

    R i 9 J O d o

    portfólioM

    Ri9JO

      d e sv i o )

    equilíbrio faz com que a carteira

    M (Figura 9) seja a própria carteira do mercado, composta por todos os ativos de

    risco, cuja participação individual

    é

    proporcional ao seu valor de mercado.

    2

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    A partir daí, a formulação da relação entre o risco de portfólios eficientes e

    os seus retornos esperados tomou-se quase que imediata. A Figura 9 apresenta a

    representação gráfica da Capital Market Line, que sintetiza a relação entre o risco e o

    retomo esperados dos portfólios eficientes. Para a carteira do mercado (o ponto M),

    o retomo pode ser expresso como:

    E(R )=R +(E(Rm)-Rf)a

    m

    f

    a m

    m

    (2.8)

    onde

    Rr =retomo do ativo livre de risco

    E ( R m ) =retomo esperado da carteira M, a carteira do mercado

    (

    E(Rma)m-Rf

    J

    = inclinação da Capital Market Line (CML) ou prêmio

    da carteira do mercado por unidade do seu nsco

    o retomo esperado de qualquer portfólio eficiente é:

    E(R ) = R +(E(Rm)-Rf)a

    p

    f a

    p

    m

    (2.9)

    6

    Geralmente, as notações

    R,

    e o

    c r

    p

    são usadas para representar o retomo e o desvio de um portfólio

    qualquer. A equação da relação entre os retornos esperados e os riscos dos portfólios eficientes no

    texto é imprecisa e pode levar a erros de interpretação, uma vez que se refere apenas a portfólios

    eficientes. Mesmo assim, optou-se por sua utilização porque, nos textos consultados, não foi

    encontrada nenhuma notação específica para os retornos e os desvios dos portfólios eficientes.

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    22

    onde

    E(Rp) = retorno esperado de um portfólio eficiente

    o,=

    risco deste portfólio eficiente

    o retorno esperado de um portfólio eficiente está linearmente relacionado

    ao seu risco, representado pelo desvio. Entretanto, esta relação somente

    é

    válida para

    os portfólios eficientes mas não explica a relação risco/retorno esperado de ativos

    individuais ou portfólios ineficientes.

    2.5 - CAPITAL ASSET PRICING MODEL

    Em setembro de 1964, Willian Sharpe apresentou uma teoria de como os

    retornos esperados dos ativos individuais

    7

    se relacionariam ao seu risco em um

    mercado em equilíbrio e sem fricções, caso os investidores realmente diversificassem

    conforme o modelo de Markowitz, isto é, se todos os investidores mantivessem

    apenas portfólios eficientes.

    Nestas condições de mercado, diferentemente dos portfólios eficientes, o

    fiSCO relevante para ativos individuais (que pode ser visto como um portfólio

    ineficiente de um único ativo) não é a variabilidade dos seus próprios retornos

    (desvio-padrão ou variância). Matematicamente, o risco apropriado para ativos

    7 Ativos individuais e portfólios ineficientes.

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    23

    individuais é expresso como a covariância entre os retornos do ativo individual e os

    do portfólio do mercado, o chamado risco sistemático.

    A relação retorno esperado e risco sistemático dos ativos forma a Security

    Market Line, mais conhecida como Capital Asset Pricing Model (CAPM). Por este

    modelo, o retorno esperado de um ativo é uma função linear do seu risco sistemático.

    O CAPM tenta representar o comportamento do mercado e é considerado o coração

    da moderna teoria financeira pela importância das suas implicações na definição do

    custo de capital próprio da empresa e na precificação de ativos.

    Premissas

    A formulação do CAPM foi realizada num mercado de capitais hipotético,

    onde os agentes econômicos apresentam determinado comportamento frente às

    oportunidades de investimento, assumindo como verdadeiras as premissas:

    a) os investidores são Markowitz diversifers , o que implica em:

    • todos os investidores avaliam os portfólios baseados somente em dois

    parâmetros: retorno esperado e desvio-padrão (ou variância) dos

    retornos;

    • os investidores têm aversão ao risco e

    • os ativos são perfeitamente divisíveis.

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    24

    b) Capital Market Line representa todos os portfólios eficientes e no

    mercado podem existir apenas carteiras eficientes, o que implica em:

    • presença de um ativo livre de risco, a cuja taxa qualquer investidor

    pode emprestar ou tomar emprestado, de forma ilimitada;

    • homogeneidade das expectativas de todos os investidores quanto à

    distribuição probabilística dos retornos de cada ativo e à correlação

    entre os retornos dos ativos;

    • situação de equilíbrio do mercado e

    • ausência de custos de informação, prontamente disponível a todos

    os investidores simultaneamente; de impostos; de custos de

    transação e de inflação.

    c) O horizonte de tempo dos investidores é um período único.

    Dedução do CAPM

    Determinada a relação entre o risco e o retomo de portfólios eficientes,

    Willian Sharpe investigou a relação para ativos individuais que, no espaço risco e

    retomo, encontram-se sempre abaixo da Capital Market Line.

    Na Figura 10, o ponto i pode ser qualquer ativo individual. Dada certa

    correlação, a curva iM representa todas as possíveis composições de carteiras entre o

    ativo i e o portfólio do mercado . No ponto i, os recursos são alocados 100% no

    8

    D e s d e q u e a c o rre la çã o e n tre o s re to rn o s d o a tiv o i e o s re to rn o s d o p ortfó lio d o m erc a d o s e ja m en o r

    q u e 1 , a c u rv a

    é

    c o nv ex a e m re la ção a o e ix o v ertic a l.

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    ativo i e, à medida que se

    caminha para o ponto M,

    diminui a participação do ativo i

    e aumenta a participação da

    carteira do mercado. Estando o

    mercado em equilíbrio, a única

    composição possível é 100% da

    carteira M e 0% do ativo i, pois

    25

    Figura 10 - Relação do ativo individual e Capital Market Line

    Retomo

    esperado

    Capital Market Line

    Risco

    (desvio)

    a carteira M já contém este ativo na proporção do seu valor de mercado. Caso

    contrário, estaria havendo excesso de demanda pelo ativo i, o que seria contraditório

    com a premissa de equilíbrio de mercado.

    Segundo W. SHARPE (1978 b, p.377-383), a inclinação da curva iM no

    ponto M é expressa como:

    Sendo a inclinação no ponto M coincidente com a inclinação da Capital

    k

    ' (E(Rm) - Rf) , al d d '1' -

    Mar et Line, c m ,lgu an o as uas me maçoes, tem-se que:

    [(E(R

    i

    )-

    E(Rm)]

    (j

    m

    2

    (j i,m - (jm

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    26

    (2.10)

    A equação (2.10) diz que o risco ao qual o retorno esperado de qualquer

    ativo está relacionado é a covariância entre os retornos deste ativo e os da carteira do

    mercado. Portanto, o risco relevante é a contribuição do ativo individual ao risco do

    portfólio do mercado, ou seja, a contribuição marginal ao risco do portfólio do

    A equação

    é

    conhecida como Capital Asset Pricing Model (CAPM) e a sua

    covariância entre os seus Rf

    representação gráfica encontra-

    se na Figura 11. De acordo com

    o modelo, o retorno esperado de

    um ativo está linear e

    positivamente relacionado à

    retornos e os da carteira do

    mercado.

    Figura 11 - CAPM

    Retorno

    esperado

    CAPM

    Risco da carteira

    M c r ~

    Risco

      c r n n )

    o CAPM representa a relação de risco e retorno de qualquer ativo num

    portfólio eficiente

    10,

    enquanto Capital Market Line representa apenas a relação dos

    9 Ou a contribuição marginal ao risco de um portf6lio eficiente, pois os portf6lios eficientes são

    combinações entre o ativo livre de risco e a carteira M.

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    27

    portfólios eficientes. Além de ter encontrado um modelo que relaciona o risco e o

    retorno esperado, William Sharpe forneceu uma nova medida de risco. O risco dos

    portfólios eficientes, representado pelo desvio, não é apropriado para os ativos

    ineficientes. A medida de risco adequada é a covariância entre os retornos do ativo e

    os de uma carteira eficiente.

    Risco sistemático e r isco não sistemático

    A contribuição marginal do ativo ao nsco de um portfólio eficiente foi

    denominada risco sistemático. Corresponde

    à

    parcela do risco total de uma carteira

    (Equação 2.7), representada pela correlação entre os retornos dos ativos que formam

    essa carteira. A outra parte do risco, representada pelas variâncias dos retornos dos

    ativos individuais, é conhecida como risco não sistemático.·

    COPELAND e WESTON (1992 b, capo 6) demonstram que, quando a

    carteira é composta por grande número de ativos, como a carteira do mercado, o

    risco não sistemático tende a zero, restando apenas na carteira diversificada o risco

    sistemático. Devido fato de poder ser eliminado simplesmente pela diversificação, o

    risco não sistemático é chamado risco diversificável, enquanto que o risco sistemático,

    que não pode ser eliminado, recebe o nome de risco não diversificável.

    10 Não se deve esquecer que a dedução do risco relevante, bem como a relação entre o retomo

    esperado e risco partiram da premissa de poderem existir apenas portf6lios eficientes no mercado (já

    que todos os investidores diversificam, conforme o modelo de Markowitz).

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    28

    Do ponto de vista econômico, o nsco não sistemático representa a

    variabilidade dos retornos que pode ser atribuída a fatores específicos de cada

    empresa. O risco sistemático tem como fundamento os eventos econômicos que

    afetam todas as empresas conjuntamente, de forma positiva ou negativa.

    Se o risco não sistemático pode ser eliminado pela diversificação, não há

    justificativas para que o investidor espere obter retomo por ele. Portanto, o único

    risco relevante, isto é, que merece um retomo além daquele referente à postergação

    do consumo, é o risco sistemático.

    2.6 - LINHA CARACTERÍSTICA

    William Sharpe reconhece que o risco sistemático, na forma como foi

    concebido originariamente, não tem nenhum apelo intuitivo. Com exceção de alguns

    estudiosos com sólidos conhecimentos matemáticos, poucos conseguiram

    compreender o significado econômico do risco sistemático. Num trabalho que nunca

    foi publicado, Jack Traynor construiu um modelo semelhante ao CAPM, aplicando o

    conceito de Linha Característica '. O modelo de Traynor apresenta uma medida de

    risco semelhante ao risco sistemático de Sharpe, porém, muito mais inteligível para a

    comunidade financeira.

    11

    Em Capital Asset Prices: A Theory of Market Equilibrium under Conditions of Risk, W. Sharpe

    (1978, p. 368) faz referências ao trabalho de Traynor. A primeira vez que o conceito da Linha

    Característica apareceu foi no artigo How to Rate Management of Investment Funds (TRAYNOR,

    1965).

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    A Linha Característica

    (Figura 12) é a reta ajustada de

    uma regressão, encadeada

    através do tempo, onde o

    retorno do ativo é a variável

    dependente e o retorno da

    carteira do mercado, a variável

    independente.

    29

    Figura 12 - Linha Caracteristica

    Rj t )

     

    C o ef i c i en te

    angular

    = ~

    Rm(t)

    o modelo adotado por Traynor foi:

    E a reta de regressão ajustada:

    (2.11)

    (2.12)

    onde o coeficiente angular estimado (beta) desta reta é expresso como:

      aim

    ~=-2

    aro

    Dado que o risco sistemático, na formulação original, é

    (jj,m ,

    o beta mede o

    risco sistemático do ativo em relação ao risco do mercado. Na reta da regressão, o

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    30

    coeficiente angular representa a volatilidade do retorno deste ativo i em relação à

    variação do portfólio do mercado. Portanto, o coeficiente angular é uma medida de

    sensibilidade de um ativo em relação ao mercado. Quando o beta de um ativo é menor

    que 1, diz-se que é menos sensível que o mercado; no caso de ser igual aI, o retorno

    do ativo comporta-se exatamente igual à carteira do mercado e, quando é maior que

    um, é considerado um ativo agressivo, visto que seu retorno tende a variar mais do

    que o do mercado.

    Devido ao beta possuir apelo intuitivo muito mais forte que a expressão crim

    ,

    e por ser equivalente ao risco sistemático, ele tornou-se a própria medida do risco

    sistemático nos meios financeiros. Com a adoção do beta como medida de risco

    sistemático, a equação original do CAPM (Equação 2. 10) foi adaptada para:

    (2.13)

    Uma vez que o beta de um ativo define o seu retorno, o desvio-padrão como

    medida de risco não desempenha mais nenhum papel num mercado diversificado. A

    Equação 2.13 diz que o retorno que o investidor espera tem dois componentes: a

    postergação do consumo (representada pela taxa livre de risco) e um prêmio pelo

    risco ou pela incerteza, que é proporcional ao beta.

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    31

    CAPÍTULO 3

    REVISÃO DOS TESTES DE VALIDADE DO CAPM

    o

    CAPM foi elaborado com base em um conjunto de premissas, entre as

    quais algumas não correspondem à realidade: as expectativas não são homogêneas, os

    custos de informação são elevados, existem custos de transação, etc., o que,

    entretanto, não é suficiente para invalidar tal modelo positivo, pois o seu valor baseia-

    se na capacidade de predição.

    Os testes empíricos do CAPM receberam atenção especial desde a

    formulação da teoria. A sua validade foi exaustivamente testada com dados do

    mercado norte-americano. No Brasil, os testes foram raros devido a dificuldades

    encontradas, que há poucos anos, iam deste coleta de dados até o trabalho

    computacional.

    O método mais aplicado nestes testes, às vezes, com pequenas adaptações,

    foi desenvolvido por FAMA E MACBETH (1973), a partir de trabalhos de

    LINTNER (1969) e MILLER e SCHOLLES (1972). Além das premissas próprias do

    modelo estatístico de regressão, a metodologia introduzida por Eugene Fama e James

    MacBeth consideraram a distribuição probabilística normal dos retornos, a

    estabilidade do beta em intervalos não muito longos e a transformação do CAPM,

    formulado na forma de expectativas, em um modelo ex-post, possibilitando a

    utilização de dados passados (realizados) como observações.

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    32

    Este capítulo apresenta um panorama do processo de testes empíricos: o

    modelo básico testado, as hipóteses a serem confirmadas e alguns estudos. Vários

    deles, considerados clássicos na literatura, não foram incluídos, mas somente os

    indispensáveis para a compreensão do tema desta dissertação: de George Douglas e

    John Lintner, de Merton Miller e Myron Scholes, que detectou falhas nas

    metodologias adotadas pelos primeiros; o método de teste de Eugene Fama e James

    Macbeth, por ter sido o mais adotado por outros pesquisadores; o trabalho do prof

    Jorge Queiroz de Moraes Jr., que testou diretamente a validade do CAPM com dados

    do mercado acionário de São Paulo, e o estudo de John Aftleck-Graves e Donald

    Bradfield que, utilizando dados simulados, demonstraram que algumas conclusões dos

    testes baseados na metodologia de teste de Fama e Macbeth não podem ser aceitas

    como definitivas.

    3.1 - MODELO DE TESTE (CAPM EX- ANTE E EX-POST)

    o

    CAPM (Equação 2.13) é especificado na forma de retorno esperado (ex-

    ante). A princípio, para ser testado, requer a utilização das expectativas como

    observações. Neste caso, os testes empíricos seriam inviáveis, uma vez que o

    agregado das expectativas não pode ser mensurado. A forma alternativa é a

    utililização de retornos já realizados (portanto, observáveis e dimensionáveis) como

    representação do conjunto das expectativas. Tal fato implica na necessidade de

    transformar o modelo de teste ex-ante na sua forma ex-post.

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    40/125

    33

    A Equação 2.13 é a representação do CAPM ex-ante. O modelo pode ser

    escrito, também na forma de prêmio pelo risco :

    (3.1)

    onde

    E(ri) = retorno esperado do ativo iacima da taxa livre de risco (prêmio pelo

    risco) =E(~) - Rf

    E(r m ) = retorno esperado do mercado acima da taxa livre de risco (prêmio

    pelo risco) = E(Rro) - Rf

    BLACK e outros (1972 b) afirmam que, mesmo sendo válido o modelo, é

    provável que o retorno realizado de um determinado ativo seja diferente das

    expectativas iniciais. Uma parcela desse desvio pode ser atribuída a fatores que não

    foram considerados explicitamente no modelo, ou seja, ao risco não sistemático, que

    decorre de fatores específicos das empresas. A outra parte decorre do fato de o E(r

    m)

    (Equação 3.1), ou o E(Rm) (Equação 2.13), ser ele próprio uma expectativa e estar

    sujeita a erros de avaliação. Tal desvio é expresso como

    (3.2)

    12 A notação R maiúscula é utilizada para representar a taxa de retorno (que tem como

    componentes o prêmio pela postergação do consumo e pelo risco), enquanto que a notação r

    minúscula foi introduzida na literatura para expressar a parcela do retorno referente ao prêmio pelo

    risco.

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    34

    onde

    ri - E(ri) =desvio entre o retorno ex-post e o retorno ex-ante do ativo i

    r

    m

    -

    E(r

    m

    ) =

    desvio entre o retorno ex-post e o retorno ex-ante do mercado

    ei =desvio causado por fatores decorrentes do risco não sistemático.

    Substituindo o E(ri) da Equação 3.2 pela Equação 3.1, tem-se o modelo ex-

    post na forma de prêmio pelo risco:

    T:

    =

    r A. + e ·

    m •..• ,

    (3.3)

    Os estudos empíricos testaram o CAPM representado pela Equação 3.3 ou,

    de forma equivalente, o modelo

    (3.4)

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    35

    3.2 - SUPOSIÇÕES BÁSICAS DOS TESTES EMPÍRICOS

    Para confirmar ou rejeitar os modelos expressos nas Equações 3.3 e 3.4, os

    testes empíricos baseiam-se na técnica estatística de regressão. Tendo o retorno do

    ativo como variável dependente e o beta (e outras variáveis adicionais, dependendo

    das suposições que se desejem confirmar ou rejeitar) como variável independente,

    estimam-se os coeficientes de cada variável independente e aplicam-se os testes de

    hipóteses. Esta regressão é chamada também de regressão

    cross-sectional. ..

    Contudo, as variáveis independentes da regressão cross-sectional são elas

    próprias estimativas, obtidas a partir de uma outra regressão anterior, encadeada

    através do tempo, onde a variável dependente é o retorno do ativo e a variável

    independente, o retorno do mercado (Equação 2.12). Por simplicidade, no restante do

    texto, foi utilizada a expressão primeira regressão a esta regressão, encadeada

    através do tempo, para a estimação das variáveis independentes da regressão cross-

    sectional.

    o

    CAPM somente será considerado integralmente válido, se os testes

    comprovarem as suposições:

    a) além do prêmio pelo risco, o retorno de um ativo é composto pela taxa

    livre de risco, o que implica que o intercepto estimado na regressão cross-

    sectional

    não difere da taxa básica de juros da economia (Equação 3.4) ou

    de zero (Equação 3.3). Caso contrário, alguma coisa , além da taxa livre

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    36

    de risco, está sendo deixada de fora pelo CAPM teórico;

    b) o prêmio pelo risco do ativo é função do beta. Como, por premissa, todos

    os agentes no mercado diversificam as carteiras conforme o modelo de

    Markowitz, o risco não sistemático é eliminado neste processo. Portanto,

    a adição de outras variáveis no modelo não o melhora;

    c) a relação em beta é linear, conforme a própria formulação do modelo e

    e) o prêmio que a carteira do mercado recebe pelo risco é positivo, pelo

    menos numa perspectiva de longo prazo, o que implica que o coeficiente

    estimado do beta na reta de regressão deve ser maior que zero.

    Ocorrendo o conjunto destas condições, o CAPM é validado,

    independentemente do realismo das suas premissas. Não havendo a confirmação da

    primeira condição, rejeita-se apenas o CAPM na sua forma integral, porém, não se

    invalida a relação risco sistemático/retorno. Contudo, se quaisquer das outras

    condições forem rejeitadas, a própria relação risco sistemático/retorno será invalidada .

    .

    .

     

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    37

    3.3 - BREVE HISTÓRICO DOS TESTES EMPÍRICOS

    Apresentamos alguns estudos considerados indispensáveis para os fins desta

    dissertação.

    3.3.1 - Estudo de Lintner

    Dada a novidade de conceito do risco sistemático nos anos 60, os primeiros

    testes empíricos visavam à confirmação, ou não, do risco sistemático como medida de

    risco ( ou a única medida de risco) na precificação de um ativo.

    LINTNER, citado por DOUGLAS (1969) e por MILLER E SCHOLES

    (1972), testou o CAPM na forma ex-post da Equação 3.4, adicionando nova variável:

    o risco não sistemático. Na regressão cross-sectional, adotou o modelo:

    As variáveis independentes /3i e s2 (ei) (ambos estimados na primeira

    regressão ) representam, respectivamente, o beta e o risco não sistemático, sendo o

    último representado pela variância dos erros residuais. Como amostra, ele utilizou

    retornos anuais de 301 ações ordinárias listadas na Bolsa de Valores de Nova Iorque

    (NYSE) durante os anos 1954/1963.

    De acordo com o modelo adotado na regressão cross-sectional, o retomo

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    38

    anual médio de cada ativo (calculado para o período 1954/1963) foi especificado

    como uma função do beta e do risco não sistemático.

    Para a confirmação do beta como o único risco relevante, deveriam ocorrer

    as condições:

    a) Y I ser maior do que zero (r

    m

    > O) ;

    b)

    Y 2

    ser igual a zero.

    A reta de regressão estimada na segunda regressão foi:

    R i =0,108 + 0,063 Pj + 0,237 s2(ej),

    sendo o desvio-padrão do

    y

    1 = 0,0091 e do

    y

    2 = 0,035 e

    t(

    Y

    1)

    =

    6,9 e t(

    Y

    2 )

    =

    6,8

    Esses resultados invalidam o beta como a única medida de nsco

    (conseqüentemente, o CAPM), visto que os os investidores exigem um prêmio pelo

    risco sistemático e pelo risco não sistemático.

    3.3.2 - Estudo de Douglas

    Em Risk in the Equi ty M arkets: An Appraisal of Market Eff iciency,

    G.DOUGLAS (1969) testou o CAPM de forma indireta, com uma amostra composta

    pelos retornos anuais de 616 ações ordinárias durante o período 1947-1963. Calculou

    a variância e o desvio-padrão dos retornos de cada um dos ativos e os utilizou como

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    39

    as variáveis independentes numa regressão, onde a variável dependente era o retorno

    anual médio de cada ativo, propondo o modelo:

    A

    A regressão encontrada por G. Douglas foi Ri = 0,063 + 0,328 s

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    4

    o modelo:

    A variável independente c r

    2

    (R, R I) é o próprio beta, já que R I é apenas uma

    maneira diferente de expressar o retorno do mercado, enquanto que a outra variável

    independente é a variância dos retornos. A variável dependente é o retorno trimestral

    médio. Como amostra, trabalhou com retornos trimestrais entre os anos 1926-1960,

    divididos em sete subperíodos distintos. Foram computados para cada um dos

    subperíodos os retornos trimestrais médios de cada ativo, a variância dos retornos e a

    covariância entre os retornos de cada ativo e os retornos do mercado.

    Os resultados aparecem na Tabela 1. Segundo eles, com nível de

    significância de 5%, em apenas dois subperíodos, não se rejeita a hipótese de Y 2 ser

    diferente de zero, com o agravante de os sinais serem negativos, apontando relação

    inversa entre o beta e o retorno. Em cinco dos sete subperíodos, não se rejeita a

    hipótese de o coeficiente da variável

    var i ância dos retornos

     Y l ser maior do que

    zero.

    o

    estudo conclui: Section 11presented empirical results indicating that the

    market did price individual assets with respect to their own risk [... ] If covariance

    information is perceived and systematically exploited, we would expected the market

    to reflect this activity in pricing the assets . We are unable to detect any evidence that

    this is being done in the market (DOUGLAS, 1969, p.39). O CAPM é invalidado, já

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    41

    que o risco sistemático não pode ser considerado como a medida de risco.

    T bel 1 R ultad d stud d Da

    -

    es os o e o e

    ougias

    Sub-

    A

    EP(Yl)

    t y

    1

    A

    EP(Y2)

    t y 2)

    períodos

    rI

    r2

    1926-30

    0,152 0,074

    2,05 0,629 0,878 0,72

    1931-35

    0,180 0,028 6,43

    0,166 0,208 0,80

    1936-40 0,392

    0,147 2,67

    -0,298 0,554

    -0,54

    1941-45

    0,694 0,139

    4,99

    1,193

    0,827 1,44

    1946-50 0,077 0,207

    0,37 0,662 1,24 0,53

    1951-55 -0,214

    0,314 -0,68 -3,51 1,76 -1,99

    1956-60

    1,129 0,272 4,15

    -3,21 1,54 -2,08

    EP - Erro padrão do estImador

    3.3.3 - Estudo de Miller e Scholes

      ...George Douglas has reported some results that economists and finance

    specialists can only regard as deeply disturbing (MILLER e SCHOLES, 1972, p.

    47). Os resultados dos trabalhos de Lintner e de Douglas contrariam a evidência de

    que o mercado é dominado por grandes investidores, como fundos de ações, que

    trabalham com carteiras diversificadas, o que conduz à eliminação da variância como

    medida de risco.

    Os autores reaplicaram o teste de Lintner (por considerá-lo mais direto e

    transparente que o de Douglas), utilizando uma amostra de 631 ações listadas na

    NYSE durante o período 1954-1963. Os resultados (Tabela 2) confirmam os de

    Lintner. A estatística  t do coeficiente estimado do beta foi menor do que a

    estatística t do coeficiente estimado da variância residual, particularmente na

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    42

    regressão múltipla em que o risco sistemático e o

    fISCO

    não sistemático foram

    incluídos conjuntamente como variáveis independentes,

    Na mesma obra, os autores analisaram se os coeficientes estimados na

    regressão não teriam sido distorcidos por algum tipo de viés, causado por

    especificação incorreta do próprio modelo de teste ou utilização de estimativas como

    variáveis independentes (beta e variância residual),

    Tbel2 Ruld da

    l'

    N

    d

    d L'

    a

    -

    es ta os reapucaçao

    o teste e

    mtner

    Modelo

    Ri =10 +11

    Pi+~

    R2

     

    0,19

    Yo

    Yl

    Y2

    coeficiente

    0,122 0,071

    erro-padrão (0,007)

    (0,006)

    estatística t

    18,6

    12,34

    Modelo Ri = 10 + 12 s2 (ei) + ~ R2

     

    0,28

    Yo

    Yl Y2

    coeficiente 0,163 0,393

    erro-padrão

    {0,004) (0,025)

    estatística t 46,1 15,74

    Modelo

    Ri = 10 + 11 Pi + 12 s2 (~+ ei

    R2

     

    0,33

    Yo Yl

    Y2

    coeficiente

    0,127 0,042 0,31

    erro-padrão (0,006) (0,006) (0,026)

    estatística t 21,31 7,40 11,76

    Especificação do modelo

    Em relação

    à

    hipótese de que a equação básica do teste formulado por

    Lintner poderia estar incorreta, Miller e Scholes consideraram: a) a utilização de

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    43

    forma explícita da taxa livre de risco nos trabalhos anteriores; b) a possibilidade de

    não ser linear a relação dos retornos com os betas; c) a violação da hipótese de

    homocedasticidade dos erros residuais na regressão

    cross-sectional,

    pois a análise

    gráfica verificou que quanto maior o beta, maior o desvio dos erros residuais

    (MILLER E SCHOLES, 1972, p.58).

    Os autores, com base na mesma amostra anterior, repetiram os testes,

    utilizando os retornos na forma de prêmio pelo risco na regressão para a estimação

    dos betas. Quanto aos impactos que a possível falta de relação linear entre o retomo

    de um ativo e o seu risco sistemático poderia trazer à distorção dos resultados,

    testaram um modelo, onde os retornos foram especificados como uma função

    quadrática do beta. Em relação à homocedasticidade, o logaritmo natural das

    variáveis foi utilizado na regressão

    cross-sectional.

    Os autores concluíram que, para aquela amostra, a especificação incorreta do

    modelo não poderia ser considerada suficiente para a ocorrência de vieses nos testes

    realizados. Ainda que a omissão da taxa livre de risco não pudesse ser

    responsabilizada por distorções, os autores acreditavam que seria preferível a sua

    utilização nos testes posteriores. As a simple precaution, therefore, all subsequent

    algebraic models and empirical tests are calculated and presented using the risk-

    premium definition ofthe rate ofreturn (MILLER e SCHOLES, 1972, p. 58).

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    • erro em se utilizar a variância residual, s2 (e.), encontrada na primeira

    regressão como variável independente na regressão cross-sectional pelas

    possíveis distorções causadas pela falta de independência entre as médias

    dos retornos e as variâncias residuais.

    Miller e Scholes concluíram que a subestimação da estimativa do coeficiente

    Y I e a superestimação do Y 2 por Lintner eram devidas principalmente às utilizações

    dos betas estimados e das variâncias residuais estimadas e em consequência, os

    resultados dos testes de Lintner e Douglas não poderiam ser considerados definitivos.

    3.3.4 - Estudo de Fama e MacBeth

    Em 1973, Fama e MacBeth desenvolveram uma metodologia de teste que

    contornava a maior parte dos problemas citados pelo Miller e Scholes. Todas as

    etapas da técnica, bem como os resultados foram publicados no artigo intitulado

    Risk,

    Return and Equi l ibr ium.

    Para testar o CAPM, Fama e MacBeth propuseram o modelo

    R ~ Y

    +

    ~ Y Q

    +

    ~ Y Q2

    +

    ~ Y S

    +

    11. 13 ,onde Si é o desvio-padrão dos erros

    i.t

    = O ,t

    l.tPi 2.tPi 3,t i Ii,t

    residuais (representa o risco não sistemático), calculado na regressão para se estimar

    o beta de cada ativo.

    13

    Fama e MacBeth não testaram o CAPM na forma de prêmio pelo risco. A notação - representa

    que tanto o retorno do ativo como os coeficientes das variáveis independentes e do erro residual são

    eles próprios variáveis aleatórias, pois podem variar em cada período t.

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    46

    A validadação do CAPM exigia três condições básicas:

    • C 1 - A relação entre o retorno esperado de um ativo e o seu risco (em

    qualquer portfólio eficiente) é linear, ou seja, E y 2,t) = O ;

    • C 2 - J3ié a medida do risco do ativo i num portfólio eficiente. Nenhuma

    outra medida de risco deve ser relevante:

    E y 3 t)

    =

    O ;

    ,

    • C 3 - Em um mercado de investidores com aversão ao

    fiSCO,

    maior

    retorno esperado deve estar associado com maior risco sistemático,

    Há uma quarta condição para que o CAPM seja integralmente válido:

    E Y o , t )

    =

    R r ,t· Segundo os autores, ''to refute the proposition that E Y o , t )

    =

    R r ,t

    is only to refute a specific two-parameter model of market equilibrium. Our view is

    that tests of conditions C1-C3 are more fundamental (FAMA e MACBETH, 1973,

    p.613).

    A amostra utilizada foi o conjunto das ações ordinárias listadas na Bolsa de

    Valores de Nova Iorque (NYSE) durante os anos 1926-1968. Os retornos dos ativos

    e o de um índice representativo do mercado foram computados em bases mensais. De

    acordo com os autores, este procedimento avoids almost all of the problems

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    47

    discussed by Miller e Scholes (FAMA e MACBETH, 1973, p. 613).

    Os retornos mensais de cada ativo incluíram os ajustes de proventos como

    dividendos, splits, etc. e os retornos mensais do mercado foram calculados como a

    média aritmética dos retornos mensais de todos os ativos naquele mês, conforme o

    Índice Aritmético de Fischer.

    Para evitar os problemas econométricos citados por Miller e Scholes na

    realização da regressão   cross-sectional , além de usarem variáveis instrumentais,

    Fama e MacBeth agruparam os betas e os retornos dos ativos individuais em

    portfólios. As variáveis do teste (retornos, betas e variâncias residuais) foram

    calculadas a partir de 3 períodos não coincidentes, denominados períodos de

    formação, de estimação e de teste.

    Procedimentos do teste de Fama e MacBeth

    1. com os dados dos pnmeiros quatro anos (período de formação), os

    autores regrediram os retornos mensais de cada ativo sobre o retorno

    mensal do mercado para encontrar o beta de cada ativo;

    2. classificaram os betas estimados;

    3.

    com base nos betas classificados, formaram 20 portfólios de igual peso

    para cada ativo, de tal forma que a dispersão dos betas entre os

    portfólios

    fosse a maior possível, ou seja, o portfólio 1 foi composto pelos ativos

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    48

    com os maiores betas e, sucessivamente, os outros portfólios;

    4. com dados dos CInCO anos subseqüentes (período de estimação),

    recalcularam os betas de cada ativo através da regressão dos retornos

    mensais dos ativos sobre os retornos mensais do mercado;

    5. calcularam o beta de cada portfólio (procedimento 3) como a média

    aritmética dos betas dos ativos (procedimento 4);

    6. calcularam o desvio do erros residuais de cada portfólio (procedimento 3)

    como a média aritmética dos desvios dos erros residuais dos ativos

    encontrados na regressão do procedimento 4;

    7. calcularam os retornos m e n s a i s de cada portfólio nos doze meses

    subseqüentes (período de teste) ao período de estimação;

    8. em cada mês do período de teste, realizaram uma regressão cross-

    sect ional , ,

    de acordo com o modele .

    Para cada período de teste (12 meses), obtiveram estimativas de 12

    14

    Os coeficientes gamas com subscritos t representam os coeficientes estimados para determinado

    mês. O Pp,t-l é o beta estimado para cada portf6lio no período de estimação (imediatamente anterior

    ao período de teste), assim como O P~,t-l; O Sp,t-l representa a média dos desvios residuais

    encontrados na regressão para o cálculo dos betas dos portf6lios no período de estimação. O subscrito

     p representa portfólio. Fama e Macbeth utilizaram retornos, betas e variâncias residuais de

    portfólios como forma para contornar possíveis viéses que poderiam ser introduzidos com a

    utilização de retornos, betas e variâncias de ativos. Para eles, os portf6lios eram representações de

    ativos. Portanto, o teste continua referindo-se à relação entre o risco e o retorno de um ativo.

  • 8/17/2019 1199800936.pdf

    56/125

    49

    coeficientes mensais para cada variável independente;

    9. repetiram todos os procedimentos anteriores, atualizando anualmente a

    formação dos portfólios, o cálculo dos seus betas e dos seus retornos de

    forma seqüencial, isto é, novos períodos de formação, estimação e teste

    foram constituídos, avançando um ano, obtendo em cada repetição 12

    estimativas adicionais de coeficientes para cada variável;

    10. calcularam o valor da estatística t para cada coeficiente de acordo

    com :

    11. compararam o valor da

    t( Y

    j) estimado com o valor da estatística t do

    nível de significância escolhido.

    Resultados

    Fama e Macbeth testaram um período inteiro de 396 meses (anos 35/68), 3

    subperíodos de 10 anos e 6 subperíodos de 5 anos, aproximadamente. Os resultados

    encontram-se nas Tabelas 3 a 6. Dependendo das variáveis consideradas como

    independentes, 1 3 (o risco sistemático), 1 3

    2

    (teste da linearidade) e desvio dos erros

    residuais, um modelo específico foi testado.

    15 Y j=média dos coeficientes estimados nos meses da duração do teste, onde j =O, 1, 2 e 3. O n é o

    número de meses da duração do teste. No caso de testes de 5 anos, o n é 60, enquanto que nos de 10

    anos, o n é 120.

  • 8/17/2019 1199800936.pdf

    57/125

    50

    Em vista dos resultados das Tabelas 5 e 6, em que The values of

    t y

    3) are

    small, and the signs of the t y 3) are randomly positive and negative (FAMA e

    MACBETH, 1973, p. 624), concluíram que a condição C2 - o beta como única

    medida de risco - não pode ser rejeitada.

    Quanto à hipótese da linearidade, os resultados das Tabelas 4 e 6 não

    rejeitam a C1 - a relação entre o risco sistemático e o retomo esperado é linear -

    desde que the value of t Y2 for the overall period 1935/1968 is only -0,29. In the

    5-year subperiods,

    t Y2

    for 1951/1955 is approximately -2,7, but for subperiods

    that do not cover 1951/1955, the values of

    t y

    2 ) are much closer to zero (FAMA e

    MACBETH, 1973, p. 624).

    Em relação à condição C3, os valores de

    t y 1)

    são pequenos, com nível de

    significância de 5%, embora em todos os modelos, excluindo o período 1956/1960,

    eles tenham sido positivos. Exceto no período longo (1935/1968), esta situação

    levaria à não aceitação da hipótese C3, segundo a qual há relação positiva entre o

    risco sistemático e o retomo.

  • 8/17/2019 1199800936.pdf

    58/125

    51

    T a b e la 3 - M od elo d e te ste R

    = 10

    + ~Y1 f3 +

    e

    p,t ,t ,t p.t-I p,t

    períodos

    A

    A

    A

    A

    s Yo)

    s y 1)

    s Y2) s y 3 )

    t Yo)

    t Y 1)

    t y 2

    t Y3

    o

    Yl

    Y2

    Y3

    35-68

    0,0061

    0,0085

    -

    -

    3,24

    2,57

    -

    -

    su~eríodos

    35-45

    0,0039

    0,0163

    -

    -

    0,052 0,098

    -

    -

    0,86

    1,92

    -

    -

    46-55

    0,0087

    0,0027

    -

    -

    0,026 0,041

    -

    -

    3,71

    0,70

    -

    -

    56-68

    0,0060 0,0062

    -

    -

    0,030 0,044

    -

    -

    2,45

    1,73

    -

    -

    su~eríodos

    35-40

    0,0024

    0,0109

    -

    -

    0,064

    0,116

    -

    -

    0,32

    0,79

    -

    -

    41-45 0,0056 0,0229

    -

    -

    0,034

    0,069

    -

    -

    1,27

    2,55

    -

    -

    46-50

    0,0050

    0,0029

    -

    -

    0,031

    0,047

    -

    -

    1,27

    0,48

    -

    -

    51-55 0,0123

    0,0024

    -

    -

    0,019

    0,035

    -

    -

    5,06

    0,53

    -

    -

    56-60

    0,0148

    -0,0059

    -

    -

    0,Q20

    0,034

    -

    -

    5,68

    -1,37

    -

    -

    61-68

    0,0001

    0,0143

    -

    -

    0,034

    0,048

    -

    -

    0,03

    2,81

    -

    -

    T a be la 4 - M od elo d e te ste Rp,t = 10,t

    +

    11,t f3

    p

    ,t-l+

    12,t f3

    ~,t-l +

    ep,t

    períodos

    A

    A

    A

    A

    s Yo)

    s y 1)

    s y 2)

    s y 3)

    t yo

    t y 1)

    t y 2

    t Y3

    o

    Yl

    Y2

    Y3

    35-68

    0,0049

    0,ü105

    -0,0008

    -

    0,052

    0,118

    0,056

    -

    1,92

    1,79

    -0,29

    -

    su~ríodos

    35-45

    0,0074

    0,0079

    0,0040

    -

    0,061 0,139

    0,074

    -

    1,39

    0,65

    0,61

    -

    46-55

    -0,002

    0,0217

    -0,0087

    -

    0,036

    0,095

    0,034

    -

    -0,07

    2,51

    -2,83

    -

    56-68

    0,0069

    0,0040 0,0013

    -

    0,054

    0,116

    0,053

    -

    1,56

    0,42

    0,29

    -

    su~eríodos

    35-40 0,0013 0,0141 -0,0017

    -

    0,069 0,160 0,075

    -

    0,16 0,75 -0,19

    -

    41-45

    0,0148

    0,0004

    0,ü108

    -

    0,050

    0,111

    0,073

    -

    2,28

    0,03

    1,15

    -

    46-50

    -0,0008

    0,0152

    -0,0051

    -

    0,037 0,104

    0,032

    -

    -0,18

    1,14

    -1,24

    -

    51-55

    0,0004

    0,0281

    -0,0122

    -

    0,030

    0,085

    0,035

    -

    0,10

    2,55

    -2,72

    -

    56-60

    0,0128

    -0,0015

    -0,0020

    -

    º,030

    0,072

    0,029

    -

    3,38

    -0,16

    -0,54

    -

    61-68

    0,0029

    0,0077 0,0034

    -

    0,066

    0,138

    0,064

    -

    0,42

    0,53

    0,51

    -

  • 8/17/2019 1199800936.pdf

    59/125

    52

    Tabela 5 - Modelo de teste Rp,t = 10,t + 11,t f3

    p

    ,t-1+ 13,t Sp,t-l + ep,t

    períodos

    A

    A

    A

    A

    s yo)

    s y 1)

    s Y 2) s y 3 )

    t yo ) t y 1)

    t y 2)

    t Y3 )

    o

    Yl

    Y 2

    Y3

    35-68

    0,0054 0,0072

    -

    0,0198 0,052

    0,065

    -

    0,868

    2,10 2,20

    -

    0,46

    subperídos

    35-45

    0,0017 0,0104

    -

    0,0841

    0,073

    0,083

    -

    0,921

    0,26

    1,41

    -

    1,05

    46-55

    0,0110 0,0075

    -

    -0,1052

    0,032

    0,056

    -

    0,609

    3,78

    1,47

    -

    -1,89

    56-68 0,0042

    0,0041

    -

    0,0633

    0,040

    0,052

    -

    0,984

    1,28

    0,96

    -

    0,79

    subperíodos

    35-40

    0,0036 0,0119

    -

    -0,0170

    0,082 0,105

    -

    0,744

    0,37

    0,97

    -

    -0,19

    41-45 -0,0006 0,0085

    -

    0,2053 0,061 0,052

    -

    1,091 -0,08 1,25

    -

    1,46

    46-50

    0,0069 0,0081

    -

    -0,0920

    0,034

    0,066

    -

    0,504 1,56

    0,95

    -

    -1,41

    51-55

    0,0150

    0,0069

    -

    -0,1185

    0,29

    0,043

    -

    0,702

    4,05

    1,24

    -

    -1,31

    56-60 0,0127

    -0,0081

    -

    0,0728

    0,037

    0,045

    -

    1,164

    2,68

    -1,40

    -

    0,48

    61-68

    -0,0014

    0,0122

    -

    0,0570

    0,042

    0,055

    -

    0,850

    -0,32

    2,12

    -

    0,64

    Tabela6-Modelodeteste Rp,t = 10,t + 11,tf3

    p

    ,t-1+ 12,tf3~,t-1+ 13,t

    S

    p,t-l + ep,t

    períodos

    A

    A A

    A

    s yo)

    s y 1)

    s Y2)

    s Y3 )

    t yo)

    t y 1)

    t y 2)

    t Y3)

    o

    Yl

    Y 2

    Y3

    35-68 0,0020

    0,0114

    -0,0026 0,0516

    0,075

    0,123

    0,060

    0,929

    0,55

    1,85

    -0,86

    1,11

    subperídos

    35-45

    0,0011

    0,0118 -0,0009

    0,0817 0,103

    0,146 0,079

    1,003 0,13

    0,94

    -0,14

    0,94

    46-55

    0,0017

    0,0209

    -0,0076

    -0,0378

    0,042

    0,096

    0,038

    0,619

    0,44

    2,39

    -2,16

    -0,67

    56-68

    0,0031

    0,0034

    -0,0000 0,0966

    0,065

    0,122

    0,055

    1,061

    0,59

    0,34

    0,00

    1,11

    subperíodos

    35-40

    0,0009

    0,0156 -0,0029

    0,0025

    0,112

    0,171

    0,085

    0,826

    0,07 0,78

    -0,29

    0,03

    41-45

    0,0015

    0,0073

    0,0014 0,1767

    0,092

    0,109

    0,072

    1,181

    0,12

    0,52

    0,15

    1,16

    46-50 0,001l

    0,0141

    -0,0040

    -0,0313 0,047

    0,106

    0,042

    0,590

    0,18

    1,03

    -0,73

    -0,41

    51-55

    0,0023

    0,0277 -0,0112

    -0,0443

    0,037

    0,085

    0,034

    0,651

    0,48

    2,53

    -2,54

    -0,53

    56-60

    0,0103 -0,0047

    -0,0020 0,0979

    0,049

    0,078

    0,032

    1,286

    1,63

    -0,47

    -0,49

    0,59

    61-68

    -0,0017 0,0088 0,0013

    0,0957

    0,073 0,144

    0,066

    0,887

    -0,21

    0,58

    0,19

    1,02

  • 8/17/2019 1199800936.pdf

    60/125

    53

    3.3.5 - Estudo de Jorge Queiroz Moraes Jr

    Jorge Queiroz de Moraes Jr. (1981), em sua tese de doutoramento, reproduz

    os testes de validade do CAPM, desenvolvidos por Black , Jensen e Scholes e por

    Fama e MacBeth, com dados do mercado acionário de São Paulo.

    Os dados coletados incluíram as cotações das ações listadas na Bolsa de

    Valores de São Paulo durante o período de 1970 a 1979, totalizando 395 ativos de

    203 empresas. Eliminaram-se apenas as ações que não eram líquidas (líquida: sem, ao

    menos, uma negociação durante um mês) ou com informações insuficientes sobre os

    eventos.

    O método de Fama e Macbeth, com pequenas adequações, foi aplicado a

    esse conjunto de dados. Alguns ajustes na computação dos retornos foram

    necessários, dado o processo inflacionário brasileiro da época. Os retornos não

    poderiam ser simplesmente computados na sua forma nominal, pois gerariam

    distorções. Conseqüentemente, foram deflacionados por um índice representativo da

    inflação brasileira e utilizados, na forma de prêmio pelo risco . Os resultados obtidos

    nos testes de 6 anos ou 72 meses (1974/1979) estão reproduzidos na Tabela 7.

    16 Nas regressões, os retornos reais dos ativos, dos portfólios e do mercado, todos foram utilizados na

    forma de prêmio pelo risco, ri ' rp e r

    m

    , onde ri

    =

    R, - Rr; rp

    =~ -

    Rr; r

    m

    =~ -

    Rt

  • 8/17/2019 1199800936.pdf

    61/125

    54

    Tabela 7 - Resultados da aplicação da metodologia de Fama e MacBeth com dados da

    B O V E S P A *

      -

    I

      -

    I

      -

    I

      -

    I

    t yo

    I

    t y I)

    I

    t y 2

    I

    t Y3

    o

    YI

    Y2 Y3

    Painel A

    fp t = 1o t + 11 t J3

    p

    t-l + ep t

    ,

     , )

    ,

    0,01542

    I

    0,00799

    I I I

    2,47960 I 0,78577

    I I

    Painel B

    ~ -~ ~ ~ 2

    ep,tp,t - Y O , t + YI,tJ3

    p

    ,t-l + Y2,tJ3

    p

    ,t-l+

    0,01688

    I

    0,00279

    I

    0,00350

    I I

    2,37849

    I

    0,23568

    I

    0,61762

    I

    Painel C

    fp,t = 10,t + 11,t J3

    p

    ,t-l+ 13,t Sp,t-I + ep,t

    0,00364

    I

    0,00587 I

    I 0,08736

    I

    0,34266

    I

    0,55838 1

    I

    1,34250

    Painel D

    fp,t

    =

    10,t + 11,tJ3p,t-l + 12,tJ3~,t-l+ 13,t Sp,t-l + ep,t

    0,00649 I 0,00112

    I

    0,00233

    I

    0,05998

    I

    0,48687

    I

    0,08853

    I

    0,26101

    I

    0,68176

    * Fonte: Jorge Queiroz de Moraes Jr. (1981, p. 141)

    As conclusões do estudo:

    • a hipótese C1 , que implica na relação linear entre o risco sistemático e

    retomo, não pode ser rejeitada, de acordo com os resultados apresentados

    nos painéis B e D. No painel B, o valor de t y 2) é 0,61762 e no painel

    D, apenas 0,26101;

    • a hipótese C2, de que o beta é uma completa medida de risco, não pode

    ser rejeitada, em vista de os valores de

    t y

    3) serem pequenos, conforme

    os resultados apresentados no painel C e D;

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    5 5

    • a hipótese C3, de que a relação entre o retomo e o risco sistemático é

    positiva, não pode ser confirmada, de acordo com os valores obtidos para

    t(Y 1) em todos os painéis.

    Apesar de a Y 1 ter sido positiva em todos os modelos testados, o estudo de

    Jorge Queiroz Moraes Jr não confirmou uma das hipóteses mais importantes do

    CAPM, coerentemente com o estudo de Fama e Macbeth, quando os testes foram de

    curta duração.

    3.3.6 - Estudo de Affleck-Graves e Bradfield

     The Fama-MacBeth methodology has been widely used in tests of the Capital

    Asset Pricing Model. These tests have found relatively little empirical support

    for the theory, and have led to conclusions that the theory may be invalidoUsing

    a simulation approach, we show that the power of the Fama-MacBeth

    methodology is low unless the test period exceeds 30 years. This provide a

    potential explanation for the lack of significance found in tests over shorter

    intervals and for the inability of subperiod tests to confirm significance found in

    overall periods (AFFLECK-GRAVES e BRADFIELD, 1993, p. 17).

    Seguindo todas as especificações do CAPM, os autores simularam retornos

    de ativos a partir dos parâmetros típicos NYSE, visando criar um mercado onde os

    investidores estabelecessem o retomo exigido em um ativo como função do seu risco

    sistemático.

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    o teste empírico com dados deste mercado simulado, onde o CAPM é válido

      já

    que foi simulado conforme o modelo), deveria confirmar a teoria. A metodologia

    que utilizaram para testar este mercado foi a desenvolvida por Fama e MacBeth,

    justamente por ter sido ela a mais aplicada nos diversos testes empíricos realizados.

    Dentre as três condições, C1, C2 e C3, eles focaram a atenção na hipótese

    C3 -

    E(Yl,t)

    =

    (E(Rf,d - E(Rm,d

    > O, por ela ser a hipótese crítica do modelo e

    ter sido inconclusiva ou não aceita em diversos testes de curta duração.

    Modelo de teste utilizado:

    I p t = Y o t

    +

    Y 1t J 3 p t-I

    +

    ep t

    ,  

    ,

    sendo

    hipótese nula C H o ) : : : : : > E(yl,t) =O

    hipótese alternativa (RI)

    : : : : : >

    E(y1

    t)

    >O

    o poder de teste é definido como a probabilidade de se rejeitar uma hipótese

    nula (Ho), sendo a hipótese nula falsa. Neste caso, a probabilidade de validar o

    CAPM, sendo ele verdadeiro.

    Foram simulados 500 conjuntos de retornos de ativos e, com os dados de

    cada um deles, testada a condição C3. Para cada conjunto de dados, foi calculada a

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    57

    estatística t(Y 1) e verificada a condição de se rejeitar a hipótese nula. A frequência

    relativa das vezes em que a hipótese nula foi rejeitada nas 500 simulações foi

    considerada como o poder de teste.

    De acordo com os autores, o objetivo era examinar o poder de teste da

    metodologia Fama-Macbeth para testar o CAPM sob condições ideais. Para tanto,

    assumiram que todas as variáveis têm distribuição normal, são independentes e

    estáveis. Justificam a adoção desta postura: The use of well-behaved simulation data

    which replicate nonnormal patterns in actual stock data aloows us to obtain an upper

    bound on the power of the Fama-MacBeth method (AFFLECK-GRA VES e

    BRADFIELD, 1993, p. 18).

    o

    estudo estendeu-se a testes de diversas durações ( de 5 anos a 50 anos), já

    que a estatística

     t

    é influenciada pelo tamanho da amostra. Paralelamente,

    realizaram uma análise de sensibilidade, repetindo o mesmo procedimento para outros

    conjuntos de 500 simulações, variando cada um dos parâmetros do mercado,

    mantendo o restante constante' .

    17

    Como a hipótese alternativa é a média dos retornos de mercado, na sua forma de prêmio pelo risco,

    ser maior do que zero, quanto mais esta se aproxima da hipótese nula, o poder de teste é menor e

    vice-versa. Da mesma forma como a distância entre as alternativas determina a capacidade de

    discriminação entre as médias, o desvio-padrão dos retornos do mercado também influencia na

    determinação do poder de teste. Um desvio menor aumenta o poder de teste, ao contrário de um

    desvio maior.

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    Etapas do estudo

    1 .

    Simular retornos