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A espi russa Katia Klimenko tem a misso de matar
quatro americanos misteriosamente envolvidos com o RioNilo. Pois, algo est sendo tramado de sujo no mundo da
espionagem e envolve diretamente aquele rio africano, mas
o que seria que pudesse justificar uma maquete que to
detalhadamente representava o curso do Nilo.
Muitos mistrios a serem desvendados e Katia Klimenko implacvel e no vai medir esforos para descobrir o queh por trs de tudo aquilo.
1967 LOU CARRIGANPublicado no Brasil: Editora Monterrey Ltda.
Ilustraes: BenicioDigitalizao: Silvio R. Villar
Reviso: JVS - 500725
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Uma bonita cabea sem memria
Stenka Zinovief, agente do MVD sovitico, tornou aolhar seu relgio, com expresso sombria. Ao seu lado,no menos sombrios, estavam seus camaradas PiotrKolchak e Modest Godunov, tambm espies do serviosecreto russo. Os trs olharam fixamente para o cais do
Pireu, escassamente animado,Que horas so?perguntou Kolchak. Doze menos sete. Acho que j no devemos
esperar mais: algo lhes ter ocorrido.Por exemplo?instou Godunov. No sei... Istambul-Atenas uma rota segura,
mas j deviam ter chegado h dois dias, conforme asinstrues que recebemos para vir esper-los aqui Doisdias. Modest. Como possvel que tenham perdidoquarenta e oito horas numa em que no devia haverdificuldade alguma? Talvez seja melhor voltarmos aAtenas, para que se comuniquem com Sebastopol e del com Moscou dizendo que nossos camaradas nochegaram ao Pireu.
Esperemos at s dozeprops Kolchak. Est bem. Mais alguns minutos j no fazem
diferena... Mas se dentro de... consultou o relgio
seis minutos no tiverem aparecido, seguimos paraAtenas.De acordo.Novamente silenciaram os trs, olhos sempre fixos
no cais. direita tinham as luzes de uma formosa
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lancha de turismo e de alguma parte lhes chegavamsica. Ao longe, no cu, o resplendor da iluminaode Atenas. E atrs deles, atrs da lancha Fdias que
estavam utilizando, o negro mar. Primavera. Mas naGrcia j fazia calor e as noites eram agradavelmentefrescas.
Esta chegando um carromurmurou Godunov,Os outros dois agentes do MVD j o tinham visto. O
veiculo chegava a uma velocidade temerria, como se
seu motorista tivesse a inteno de lanar-se gua...Mas no. Chegou at muito perto do cais, as portas seabriram imediatamente e, a toda a pressa, saltaram doishomens e uma mulher, olhando para trs.
Essa deve ser Katia Klimenko opinouKolchak,Dizem...
Cuidado! interrompeu Zinovief, com voztensa. Chega outro carro... Ponha a lancha emmarcha, Modest
Godunov saltou aos controles, enquanto Zinovief eKolchak sacavam velozmente suas pistolas. Ouviu-seronco do motor da lancha, que balanou quando os trs
homens que a ocupavam se moveram.O carro que chegava em segundo lugar se havia
detido e quatro homens dele saram como projetados porefeito de uma exploso. A mulher e os dois homens quetinham chegado em primeiro lugar viraram uma vezmais a cabea e aumentaram a velocidade de suacorrida, diretamente para a gua, mas evidentementeum pouco desconcertados.
Aquigritou Zinovief,Aqui, corram...!
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A mulher e os dois homens desviaramimediatamente a marcha para onde tinham ouvido ochamado em russo. Atrs deles, de sbito, brilhou umclaro avermelhado e, em seguida, mais trs. No seouviram as detonaes, mas isto no era necessrio.
Ali, no Pireu, entre aqueles personagens, no havianecessidade de muitas explicaes.
Kolchak e Zinovief ergueram suas armas, tambmmunidas de silenciador, e dispararam contra os quatro
homens chegados no segundo carro, apesar de saberemque a distncia era excessiva e bastante desfavorveis ascondies de visibilidade. A mulher e os dois homenschegados no primeiro carro corriam como so o podefazer quem tem a morte pisando-lhes os calcanhares.
E a morte chegou.
Um dos homens lanou um grito, levantou osbraos, pareceu tropear, deu uma volta de sino ao sedobrado e caiu de ventre, deslizando pelo mido chodo cais. A retaguarda dos fugitivos continuavam a
brilhar as silenciosas detonaes feitas pelos seus quatroperseguidores, que continuavam correndo atrs da
mulher e do homem, estes j chegando borda do cais,Kolchak e Zinovief continuavam disparando,
protegendo sua chegada lancha...O primeiro a chegar foi o homem mais forte, mais
veloz. J estava no ar, saltando para a coberta daFdias, quando emitiu um trmulo grito de dor, de
agonia. E ainda no ar, seu corpo arqueou-se, retorceu-se,como um trgico boneco no meio de um furaco, e, emlugar de cair na lancha, precipitou-se na gua, com
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mulher desmaiada, de modo a deixar o ferimentoacessvel. Afastou-lhe ento os louros cabelos, que
pareciam de ouro puro. O corte, de bordos inflamados,ficou visvel, para tranquilidade do agente russo, quelogo compreendeu no se tratar de nada srio.
Foi a um dos pequenos armrios pregados sparedes, abriu-o e dele retirou o necessrio para fazerum curativo.
Cinco minutos mais tarde, a cabea de Katia
Klimenko estava rodeada por uma atadura que lhecruzava a testa, O ferimento tinha sido devidamentedesinfetado.
Ento, Zinovief aproximou do beliche uma dascadeiras e sentou-se, ar absorto, sempre contemplandoaquele rosto de beleza como ele nunca vira.
Um pouco depois, Piort Kolchak aparecia na cabina. impossvel que nos alcancem disse Como
est ela?Bem, no demorar a recuperar os sentidos.Esperemos que possa explicar-nos....Kolchak emudeceu de sbito. Enquanto falava tinha
se aproximado da mulher ainda sem sentidos e, ao ver-lhe o rosto, ficou instantaneamente sem fala, at quedecorridos alguns segundos, pode exclamar:
Pelas cpulas douradas do Kremlin...!Zinovief dirigiu-lhe um olhar cintilante.
bonita hein? Bonita? Bonita? ao que parecia, Kolchac no
considerava o adjetivo suficiente, mas, aps muitaprocura, no encontrou outro que pudesse expressar seu
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pensamento, definir com exatido a beleza de KatiaKlimenko.Voc a revistou?
Ainda no. E o que est esperando? Talvez tenha consigo
algo que nos ajude a compreender de uma vez o queestamos fazendo no Pireu e o que aconteceu com os trscamaradas que espervamos...
Sabemos muito bem o que aconteceu: mataram osdois.
Sombrios, ambos ficaram olhando para a mulher dacabea enfaixada. Kolchak acendeu um cigarro, seaproximou outra cadeira e sentou-se.
Vamos revist-la ou no? Logo voltar a si. Podemos poupar-nos
incmodos.
Gostaria de v-la despida.Stenka Zinovief assentiu com a cabea.Eu tambm. Mas no me parece honesto despi-la
enquanto est sem conhecimento.De acordo, Chamamos j pelo rdio? No. Proibiram-nos fazer contato com Atenas,
portanto esperaremos at chegar mais perto de Creta.Alm disso, melhor que ela nos diga o queaconteceu... alm das mortes de Kopotkin e Bakuninsclaro.
Talvez no tenham morrido murmurouKolchak,
Pois se no morreram j devem estar nas mosdos homens que vinham atrs deles.
Acha voc que eram americanos?Zinovief deu de ombros,
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Como posso saber? No podemos culpar osamericanos de todo o mal que nos acontea, suponho. ACIA, tal como ns, est em toda a parte, masultimamente estabelecemos uma espcie de bomentendimento para no agravar situaes matando-nosuns aos outros. A menos, claro - acrescentou numsussurro - que o assunto valha a pena.
Talvez este valhasugeriu Kolchak,Sim... Talvez...
Penso que deviam ter sido mais explcitosconoscoresmungou Piotr Kolchak.Inclusive deviamter-nos chamado de Atenas quando se atrasou a chegadados trs camaradas que estvamos esperando.
possvel que em Atenas no soubessem que elesestavam se atrasando.
Ento ns mesmos deveramos ter chamado.Estvamos proibidos. Tome as coisas com calma.
Disseram-nos que Katia Klimenko, Bakurin e Klopotkinchegariam, no? Pois chegaram. Eles traziam asinstrues e nos estaremos ao corrente antes de chegar aCndia. Isso o que interessa. L informaremos que
Klopotkin e Bakunin caram e que temos conosco KatiaKlimenko. Esperemos que ela nos informe o suficiente
para podermos tomar outra deciso, se convier.E se ela no sabe de nada? Talvez um dos dois
trouxe as instrues.Zinovief tornou a dar de ombros.
Faremos o que nos couber fazer. Ainda estamosnavegando sem luzes?
Suponho que sim.
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V dizer a Modest que as acenda. No querocomplicaes. J as tivemos suficiente esta noite.
Bem.Kolchak subiu ao convs, regressando um escasso
minuto mais tarde. Soltou uma exclamao e correu asentar-se na cadeira que ocupara antes, fixos os olhosem Katia Klimenko que estava pestanejandolentamente.
Vai acordar, disse Zinovief, Traga um pouco
de gua.Kolchak foi buscar a gua e estendeu um copo cheioa Zinovief que j estava ajudando Katia assentar-se no
beliche, com um brao envolvendo-lhe os ombros.Recebeu o copo, dirigindo um olhar a Kolchak, o qualestava absolutamente atnito ante a beleza daqueles
estupendos olhos azuis que iam rapidamente de um aoutro, com expresso inquieta.Tranquilize-semurmurou Zinovief.Est entre
amigos, Katia Klimenko.Beba... somente gua.Ela no se moveu. Zinovief pousou-lhe a mo na
nuca e ajudou-a a beber, segurando o copo. Katia, aps
tomar dois goles, passou a lngua pelos lbios e fez amais assombrosa, inesperada pergunta:
Quem sou?Zinovief e Kolchak ficaram pasmos um instante.
Depois o primeiro sorriu amavelmente. Suponho que tenha querido dizer quem somos
ns... No ela moveu negativamente a cabea,
Quem sou eu?Pensamos que seja Katia Klimenko... Ou no?
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Katia Klimenko... No sei. Vocs me conhecem?Pessoalmente, at agora no. Mas sabemos que
Katia Klimenko. Estvamos esperando-a com MaximKlopotin e Aleksandr Babukin... O Pireu, a lanchaFdias... No o sabia?
Katia pestanejou. Levou a mo testa e ficou imvelao tocar a bandagem. Apalpou rapidamente a cabea,olhos muito abertos e fixos nos de Stenka Zinovief. Estetornou a sorrir amavelmente.
Voc recebeu uma boa pancada ao saltar lanchae coloquei uma bandagem. No nada grave...Klopotkin e Bakunin caram.
Caram?Foram mortosdisse torvamente Kolchak.Eram americanos?
Americanos? Quem?PerguntouOs que perseguiam vocs. Perseguiam a mim? Por que? E... quem so
vocs?Este Piotr Kolchak e eu sou Stenka Zinoviej. E
l em cima, governando a lancha, est Modest
Gudonov... No lhe dizem nada nossos nomes?No... Tampouco os de Aleksandr Bakunin e Maxim
Klopotkin?No. Istambul-Atenas, o Pireu, a lancha
Fdias....No, nao, no... Voc nem sequer sabe se ou no Katia
Klimenko?
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Devo ser, se vocs o dizem... Oh, di-me acabea... Quem Jilde Zatu?
Os dois espies trocaram um olhar de perplexidade.No conhecemos ningum com esse nome.Eu conheo... Tenho que ver uma pessoa que se
chama Jilde Zatu... Mas no sei onde. Adis-Abeba? Estamos muito longe de Adis-Abeba
murmurou Kolchak. Mas eu tenho que ir a Adis-Abeba insistiu
Katia,Ns s temos ordem para lev-la a Cndia, na ilhade Creta. Tnhamos que levar os trs, de modo quelevaremos voc, No se lembra de mais nada?
Ela olhou a seu redor.Estamos numa lancha?
Estamos. Tenho... tenho que despir-me e queimar minhas
roupas, o que devo fazer, Bem quase sorriu, embora um tanto
secamente, Kolchak. Ns podemos ajud-la emambas as coisas, Katia Klimenko.
Sim... Eu lhes serei grata.Levantou-se e despiu-se. Durante um instante, os
dois russos ficaram petrificados, observando-a. DepoisZinovief abriu outro armrio, tirando uma camisa demalha e uma cala masculina, que lhe estendeu,
Ponha isso, por enquanto. Ns queimaremos suasroupas.
Ela vestiu as duas peas e ficou parecendo umfantoche, absorta, sem saber que mais fazer. Sbito,inclinou-se, dobrou duas vezes as bainhas da cala,
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depois enrolou as mangas da camisa. Zinovief olhava-aatentamente. Kolchak, ajoelhado no cho, tinhaempilhado bem as poucas roupas de Katia, antes deaplicar-lhe a chama de seu isqueiro.
Em seguida foi abrir uma vigia para que a fumaa eo cheiro irritante sassem. Os trs estiveram olhando a
pequena fogueira, atentos a qualquer possvel acidente,que no se produziu.
Quando s restavam as cinzas, Kolchak tornou a
agachar-se, comeando a separ-las lentamente, combastante cuidado. Dois minutos mais tarde, levantava-se, segurando entre dois dedos um objeto delgado,escuro, diminuto, evidentemente de materialincombustvel.
Aqui est o microfilmedisse.
No o podemos revelar aquiobservou Zinovief. Esperaremos at chegar a Cndia. Guarde-o bemPiotr.
Que fazemos agora?Acho que deveramos dormir. Temos vrias horas
de navegao pela frente... V dizer ao Modest que me
chame dentro de trs horas, para o meu turno.O turno tocar a mim. Pois que chame voc. No pode recordar mais
nada Katia?No.Est bem. Ser melhor que todos descansemos.Kolchak subiu ao convs, deu as instrues a seu
camarada Godunov e regressou. Olhou para KatiaKlimenko, que havia se estendido no beliche e
permanecia com os olhos abertos, fixos no teto.
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Zinovief estaca estendido no outro beliche, fumando.Finalmente, Kolchak atirou um cobertor ao cho,deitou-se sobre ele e fechou os olhos.
***Pela vigia entrava j a luz do sol quando Katia
Klimenko abriu os olhos e sentou-se silenciosamente nobeliche. No cho jazia agora Modest Godunov. No outrobeliche estava Stenka Zinovief, de lado. Ela aproximou-se dele, sem rudo, e lhe ps a mo no ombro.
Stenka.Zinovief abriu imediatamente os olhos. Uns olhosnegros, algo oblquos, inteligentes, que se fixaram nelasem sobressaltos, mas atentos, interrogativos.
Que ?perguntou.Voc do MVD?
Sou. Eu tambm... Sou Katia Klimenko e tenho que
chegar a Adis-Abeba com vocs, para l me encontrarcom Jilde Zatu, um etope que trabalha para ns.Teremos que lanar-nos de paraquedas, noite. Ele nosrecolher e levar a Adis-Abeba. Depois nos dir quem
so os americanos que temos que matar.Temos que matar uns americanos? Sim. Trs ou quatro... No sabemos ao certo,
Jilde Zatu os conhece, nos dir quem so e ns oseliminaremos.
Por qu? No sei bem. Jilde Zatu informou que esto
esperando algo importante, mas no disse mais do quese tratava. Entretanto, to importante que devemosliquid-los.
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So da CIA? Como os que perseguiam vocs trsno Pireu?
Claro... Suponho.E que podem estar tramando esses americanos em
Adis-Abeba que seja to importante?No sei. Zatu deve ter mais informaes agora...
Parece que os americanos se interessam pelo Nilo.Stenka Zinovief pestanejou.
P... Pelo rio Nilo?
Sim.E o que tem a ver o rio Nilo com Adis-Abeba?No sei. Jilde Zatu nos dir.Que ? perguntou Godunov, estendido no cho
com o seu cobertor.Uns americanos esto interessados pelo rio Nilo,
em Adis-Abebaexplicou sumariamente Zinovief.Pelo rio Nilo? Para qu? Saberemos disso em Adis-Abeba, pois devemos
ir, segundo diz Katia. melhor que continuemosdormindo. Ainda faltam algumas horas para chegarmosem Creta. L nos revelaro o microfilme e esperemos
que tudo fique mais claro... embora parea que Katiaest recuperando a memria.
Porm, uma hora mais tarde, era Stenka Zinoviefquem no tinha conseguido dormi. Nem dormiria maisdurante o resto da viagem at Creta. O rio Nilo... Queestariam tramando os americanos a respeito do rio Nilo?
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Sob as brilhantes estrelas do cu africano
Katia Klimenko, Stenka Zinovief, Modest Godunove Piotr Kolchak ergueram a cabea ao ouvir as pisadasnos degraus que levavam ao convs da lancha, dentro daqual estavam esperando havia pelo menos duas horas.
Mas, finalmente, o camarada Igor Chekov chegava,
sem dvida alguma com notcias que esclareciam tudoum pouco mais. O camarada Chekov era um homem
jovem, elegante, de olhos expressivos, boas maneiras eque envergava com grande desenvoltura suaindumentria deyachtman. Trazia um envelope na moesquerda.
Plantou-se diante deles, assentiu com a cabea eatirou o envelope sobre a mesinha redonda da sala dalancha,
Podemos falar agora- disse.H inconveniente em que vejamos o que contm
o microfilme, antes de falar?perguntou ZinoviefNenhum.Stenka apanhou o envelope e dele sacou sete
fotografias. As seis primeiras mostravam seu prviorosto, os de Kolchak e Godunov, o de Katia Klimenko eos de dois homens mais... Estas duas ltimas fotos ele
apresentou a Katia, perguntando:So Klopotkin e Bakunin?So. Este Maxim Klopotkin e este Aleksandr
Bakunin.
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Bem,A outra foto continha uma explicao, naturalmente
escrita em russo:A camarada Katia Klimenko e os
camaradas Aleksandr Bakunin e Maxim
Klopotkin partem de Moscou. Os
camaradas Stenka Zinovief, Piotr
Kolchak e Modest Godunov tm ordem:
de recolh-los no Pireu, com a lancha
Fdias. Do Pireu, os seis partiro paraCndia, Creta, onde o camarada Igor
Chekov, comandando o iate
Peloponeso, os receber e, de acordo
com as instrues que lhe foram dadas, os
por a caminho de Damanhur, de onde
voaro para Adis-Abeba e, segundo osistema combinado, entraro em contato
com Jilde Zatu, nosso agente nessa
capital. Os trs camaradas mencionados
em primeiro lugar J receberam
instrues verbais.
J leram? perguntou Igor Chekov, Katia eZinovief assentiram ao mesmo tempo com as cabeas e
passaram as fotos a Kolchak e Godunov, depois ficaramolhando para Chekov.
Agora seremos apenas quatro para ir a Adis-Abeba. murmurou Katia,
Creio que seremos suficientes para matar quatroamericanosopinou Stenka.
o que tm que fazer? Chekov arqueou assobrancelhas.
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Segundo disse KatiaZinovief indicou-a. Bem, de acordo com a mensagem, ela tem
instrues adicionais. Posso saber quais sejam?O que recordo j disse a todos alegou Katia,
levando a mo cabea, rodeada por uma novabandagem.Creio que o fundamental.
Esperemos que esse golpe no lhe tenha feitoesquecer justamente algo fundamental disseChecov. Mas, ao que parece, tudo est claro. Ede
acordo com as instrues que recebi h quatro dias pelordio. Em ultima anlise, ser esse tal Jilde Zatu, deAdis-Abeba quem os colocar finalmente na pistadesses americanos...
O que eu gostaria de saber interrompeu KatiaKlimenko quem colocou em nossa pista os
americanos de Atenas. Passarei o informe do ocorrido a Moscou,
esclarecendo assim seu atraso de dois dias e ao mesmotempo avisando de uma possvel traio em nossasfileiras. Evidentemente, os americanos vieram a saberde alguma coisa e seguiram vocs, s se decidindo a
entrar em ao quando compreenderam que iamabandonar o carro e escapar com a lancha.
E no o fizeram mal murmurou Zinovief Mas pagaro.
Temos que agir com cuidado disse Katia. Se esses americanos de Atenas sabem algo, possvelque saibam muito mais e tenham posto de sobreavisoseus quatro colegas de Adis-Abeba.
No tardaremos a saber isso: se quandoencontrarmos Jilde Zatu este nos disser que os quatro
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americanos sumiram, que efetivamente tero sidoavisados. Se no, que os americanos de Atenas sabiamalgo, mas no o suficiente.
Para chegarem ao extremo de disparar contra ns,muito deviam saberopinou Katia.
Vocs podero discutir tudo isso a caminho deDamanhur interveio Igor Chekov. Dentro de
pouco tempo, chegar o helicptero para deixmos emcerto esconderijo perto de l. noite, sero levados de
carro at um avio dos nossos, silencioso, que ostransportar a Adis-Abeba, Por minha parte, nada possofazer alm do que me foi indicado, mas, e pessoalmentelhes puder ser til em alguma coisa...
Pode sim sorriu Katia Klimenko, Imaginoque em Cndia poder comprar-me roupa de mulher,
camarada Igor.Sem dvida sorriu tambm Chekov, Terei
muito prazer em me encarregar disso. Obrigada, Igor, Eu lhe darei minhas medidas
para... No necessrio: suas medidas so fceis de
recordar, camarada Katia.Esta arqueou as sobrancelhas e olhou-o com ar de
dvida.Que quer dizer? Quero dizer que, mesmo vestida assim, pode-se
claramente ver que tem um corpo perfeito,Ah... ela pareceu deliciada, Voc muito
amvel Igor,
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No amabilidade, Todos aqui podemos nos darconta de que voc uma mulher pouco comum. Ondenasceu?
Em Moscou.Quantos anos tem?Vinte e sete.Em que clnica de Moscou nasceu?Que h camarada? Est me interrogando?Pura curiosidade pessoal.
Stenka Zinovief olhou torvamente para Igor. A curiosidade pessoal, camarada Igor, sserve para causar desgostos... pessoais, Se tem algumadvida a nosso respeito, consulte Moscou. Se no temdeixe de fazer perguntas e trate de conseguir essasroupas para Katia, Alm disso...
Est bem, est bemquase riu ChekovCalma.Todos ns apreciamos a companhia de uma mulherformosa, no verdade? Mas irei ver essas roupas. Jterminaram de examinar as fotos?
J.De acordo. Vou envi-las a Moscou para... A Moscou? cortou vivamente Katia. Est
louco?Porque pensa que estou louco? Que pergunta! O microfilme esteve a ponto nas
mos da CIA e, agora, voc pretende dar a esta umaoportunidade ainda maior, remetendo as fotos jreveladas. No esquea que em tudo isto deve haveruma traio, camarada, Possivelmente um agente duplo,que soube de nossa sada de Moscou e talvez inclusive
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parte de nossa misso. O microfilme no teriam podidoencontrar, talvez.
Talvez? Por que talvez? Entendo que o sistema detransport-lo bom e novo.
Com efeito, Mas se os americanos sabiam algumacoisa, podiam saber outras como, por exemplo, osistema empregado para transportar o microfilme.Tivemos sorte de que justamente eu escapasse, no lhe
parece?
Sim... Claro. Pois no tentemos mais a sorte. O melhor serqueimar agora mesmo estas fotografias e destruir omicrofilme.
No vejo necessidade de fazer isso. Pois eu vejo disse Stenka Zinovief. O
microfilme veio destinado a voc, que j viu seucontedo com as instrues que tinha recebido. Agorans no queremos correr mais riscos, camarada Igor. Euno gostaria nada que algum interceptasse essemicrofilme e que, em consequncia, os americanosestivessem esperando nossa chegada em Adis-Abeba.
Katia, Godunov e Kolchak assentiram com a cabea,todos olhando para Igor Chekov, que acabou porencolher os ombros.
De acordo. Destruam tudo.Sacou do bolso uma carteira, dela extraiu o
microfilme depositou-o sobre a mesinha.Pode me arranjar uma tesoura?pediu KatiaUm minuto depois, Igor Chekov abandonava a
lancha enquanto em seu interior Zinovief queimava asfotografias e Katia cortava o microfilme incombustvel
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em diminutos fragmentos, to diminutos que Kolchak sepermitiu um comentrio jocoso:
Mais que cortar-nos em pedaos, voc est nosreduzindo a p, camarada Katia.
Ela ergueu a cabea, olhando-o entre sorridente epreocupada.
Ouvi varias balas passando por perto de minhasorelhinhas no Pireu, camarada, de modo que prefiroevitar isso em Abeba.
Acabou de picar o microfilme, juntou seus pedaoss cinzas das fotografias e recolheu tudo em uma folhade papel que se ps a dobrar cuidadosamente.
Pensa guardar isso?perguntou Godunov.Por enquanto. Seria melhor atirar na gua pela vigia, agora
mesmo. No lhe parece melhor atirar no mar quando
estivermos voando de helicptero para Damanhur?Os russos trocaram um olhar sorridente. Na verdade
a camarada Katia Klimenko no parecia uma pessoacapaz de esquecer detalhes importantes. Se em pleno
voo abrisse aquele papel e deixasse o vento levar lavarseu contedo, ningum no mundo seria paz da conseguiro menor resultado com ele...
Naturalmente disse Zinovief, aps unssegundos de silncio geral, no sairemos de Creta atque nos reste o tempo justo para chegar a Damanhur denoite. Depois, at Adis-Abeba so uns mil e quinhentosquilmetros, distncia que nos permitir dormir vontade...
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Vocs saltaro sobre Adis-Alam, que fica a unstrinta quilmetros de Adis-Abeba, para oeste. J emterra, se reuniro na sada de Adis-Alam para Adis-Abeba. Caminharo dois quilmetros. Depois seviraro, acionando por trs vezes a lanterna que lhesser entregue no avio. Devem dirigir o sinal para oPico Foveita, que fica para o norte... Querem ver ummapa?
No necessriorecusou Katia.Eu j sabia
que Adis-Alam estava no programa. Que fazemosdepois? Continuaro caminhando para Adis-Abeba. S
isso. No avio lhes sero entregues roupas rabes edinheiro etope, prevendo o caso de que Jilde Zatu noos possa apoiar. Nunca se sabe ao certo e que...
No podemos recorrer a um de nossos camaradas,se Jilde Zatu no vier ao nosso encontro? perguntouKatia.
No, Adis-Abeba est muito abandonada por nsultimamente, devido ao assunto israelense, que nosabsorve numeroso pessoal. De qualquer modo, se
precisarem mesmo de ajuda, Jilde Zatu sabe comoconseguir comunicao com o lugar adequado. Boasorte. Katia Klimenko sorriu,
Insisto em que voc muito amvel, camaradaIgor. Obrigada por tudo. Ah, voc teve muito bom gosto
para escolher minhas roupas. E isso insaou-o comum dedo, brincandodemonstra grande conhecimentoda anatomia feminina, O que vale dizer que voc noest sendo... mmm... to austero como o MVD exige.
Todos sorriram e Chekov, quase rindo, disse:
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As mulheres gregas so muito belas. Mas, claro... ergueu o queixo de Katia e olhou-a fixamente nosolhos no se comparam com as mulheres russas.Espero que nossos camaradas cuidem bem de voc.
Beijou-a nos lbios, maneira russa. Depois fez omesmo com Zinovief, Godunov e Kolchak.
Um minuto mais tarde, o helicptero partia rumo aDamanhur.
***
O copiloto do avio silencioso saiu da cabina decomando e apontou para baixo com o ndex da modireita, ao mesmo tempo em que levantava os dedosndex e mdio da mo esquerda.
Dois minutosdissepreparados.Stenka Zinovief apagou o cigarro, levantou-se e os
outros o imitaram. Aproximou-se de Katia, passou ssuas costas e certificou-se de que o paraquedas estavacorretamente colocado.
Ainda no se lembra se j saltou de paraquedasantes, Katia?
No.No se lembra ou no se lanou?No me lembro.Kolchak e Godunov trocaram um olhar O ltimo
murmurou: Se a enviaram, que ter saltado antes,Stenka, j concordamos quanto a esse ponto.
Sim, eu sei. De qualquer modo, Katia, seriaconveniente que voc e eu saltssemos juntos...
Ateno o primeiro disse o copiloto; abriu aporta e o frio da noite penetrou no avio, de golpe,fazendo com que todos estremecessem; embaixo via-se
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o pequeno punhado de luzes de Adis-Alam, e mais aolonge, as luzes mais numerosas de Adis-Abeba, faltava
pelo menos uma hora para amanhecer.Agora: salte!Sem dar tempo a que ningum reagisse, Katia
Klimenko aproximou-se da porta e saltou, de casca, semhesitao alguma... Os quatro russos ficaram uminstante como congelados, mas o copiloto logo ordenou:
Salte, outro!
Em poucos segundos, um aps outro, os trs russoslanaram-se ao espao, sob as brilhantes estrelas do cuafricano.
* * *O homem que estava sentado debaixo de uma rvore,
na escurido, envolto num espesso albornoz, viu brilhar
de sbito aquela luz, por trs vezes. Levantou-seimediatamente e comeou a descer da pequenaelevao. Chegou ao plano prximo da estrada que uniaAdis-Alam com Adis-Abeba e foi at um macio dearbustos junto ao qual estava o negro carro. Afastoualguns ramos que parcialmente o ocultavam de
possveis olhares lanados da estrada e sentou-se aovolante. Durante cinco minutos permaneceu imvel.Depois ligou o motor e avanou com o carro para aestrada, tomando a direo de Adis-Abeba.
Nem sequer dois minutos mais tarde, distinguiaperfeitamente os quatro rabes que caminhavam ao ladoda estrada, sem pressa, bem enroupados em albornozes.Trs deles eram alto, mas o quarto parecia bem menor emais esbelto... O homem do carro lanou trs sinais
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curtos com os faris e, em seguida, deteve o carro,olhando os quatro caminhantes por cima da porta.
Tovarich?perguntou.Um dos rabes aproximou-se rapidamente do carro,
Jilde Zatu?perguntou por sua vez, Sim respondeu o do carro, em ingls.
Subam. Atrasaram-se um pouco: no poderemos chegara Adis-Abeba antes do amanhecer.
Os quatro subiram ao carro, que retomou
imediatamente a marcha. Junto de Zatu, um dos rabes.Atrs, os outros trs, que ele tentava ver pelo retrovisor.Pensei que seriam seismurmurou,Segundo
o ltimo contato pelo rdio com Aden...Surgiram contratempos disse o que estava ao
seu lado tambm em ingls. Voc se comunica
com Moscou por meio da emissora central do MarVermelho? Sim, E isso algumas vezes ocasiona atrasos. A
comunicao nem sempre fcil, Mas disseram-me queseriam seis, sendo que neste nmero estava includauma mulher, Alm disso tinham que chegar s...
Lamentamos muito que voc tivesse que perderdois dias esperando neste lugar cortou Zinovief, Mas como lhe disse, surgiram contratempos, sobre osquais lhe daremos todas as explicaes que foremconvenientes,
Podem comear por seus nomesassentiu Zatu, Do contrrio temo que no podero contar comminha colaborao.
De acordo, Eu sou Stenka Zinovief. Atrs estoa camarada Katia Klimenko e os camaradas Piotr
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Kolchak e Modest Godunov. Os camaradas MaximKlopotkin e Aleksandr Bakum tiveram que ficar noPireu. Quando a comunicar-se com Aden podercomprovar tudo isso Zatu.
Muito bem. Na verdade, j estou satisfeito.Imagino que tiveram algum tropeo com a CIA.
Sim, quer dizer, supomos que tenha sido com aCIA. Diga-me uma coisa, agora que confia em ns. Porque estamos falando em ingls?
Porque, lamentavelmente, ainda no sei falar orusso camarada Zinovief. O ingls muito mais fcil.Tanto sorriu irnico , que em Aden no tem amenor dificuldade em entender minhas mensagens.
Nem em Moscou.Sim, sim, compreendo.
Imagino que os quatro falam ingls.Naturalmente. Naturalmente. Como disse, uma lngua fcil
enquanto o russo terrvel e...No viemos aqui discutir questes idiomticas
soou atrs a voz de Katia Klimenko. E esperamos
que, em ingls ou na lngua que quiser, voc nos ponhaao corrente do que esses quatro americanos estotramando.
J informei que eles se interessam pelo rio Nilo. Por qu? Que espcie de interesse tm
demonstrado? Oua camarada grunhiu Zatu, olhando pelo
espelho retrovisor, eu no fui treinado nas escolas deespionagem de Moscou, portanto minha informaoser modesta, Se querem aprofundar o assunto devero
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fazer isso por si mesmos, Foi para tanto que osenviaram.
Se em Moscou foi dada a ordem de mataramericanos, esta ordem derivou da sua informao,Zatu.
O que se decide em Moscou coisa doscamaradas de Moscou, no minha Eu me limitei ainformar sobre o que julgava estranho, mas ignoro queconcluses tiraram os seus chefes, E se esto acordo
prefiro esperar que estejam diante do material queconsegui para dar-lhes as explicaes que desejem e queeu possa dar, Okay?
Zinovief dirigiu-lhe um olhar torvo, mas assentiu, Bem, Agora prosseguiremos a viagem
tranquilamente. possvel que na Avenida Churchll j
comece a haver movimento, por isso iremos ao meubazar pela rua traseira. Com um pouco de sorte,ningum nos ver entrar e assim estarei certo de queignoram a presena de quatro desconhecidos em meunegcio.
Meia hora mais tarde, chegavam a Adis-Abeba,
nome que significa Nova Flor e que no inadequadopara uma cidade fundada nos fins do sculo XIX.Desigual, estranha, com edifcios belssimos junto acasebres de barro, com amplas avenidas densamentearborizadas, a capital etope est praticamente deserta aonascer do sol. Passaram pela Praa Haile Selassi I,tambm chamado Sua Majestade Imperial, Eleito dosDeuses, Leo Conquistador da Tribo de Jud... Quandoenfiaram pela Avenida Churchill viram, ao fundo, osgrandes e belos edifcios administrativos. Diante deles,
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no alto de escadarias, o alto obelisco, com seu relgiode quatro faces. A avenida sobe e desce em suavesondulaes. A iluminao estava sendo apagada,deixando a cidade com um belo e ao mesmo tempodesconcertante quadro que comeava a brilhar luz dosol.
Jilde Zatu logo abandonou aquela avenida e, poucodepois, entrava com o carro num pequeno e descuidado
jardim, atrs de um prdio branco e baixo, cuja fachada
principal, evidentemente, dava rara a AvenidaChurchill.O etope deixou o carro sob duas figueiras, fez sinal
que o esperassem, saltou e foi abrir a slida portareforada com chapas de ferro forjado. Olhou para todosos lados e tornou a fazer sinais, agora para que sassem
do carro.Segundos depois, a porta traseira do bazar de JildeZatu se fechava s costas dos quatro espies russos.
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Por que no perguntar a quem sabe?
Jilde Zatu atirou o envelope sobre a mesa e os quatroagentes soviticos deixaram de contemplar fixamentesua pessoa, Era um homem alto, magro, de tez um tantomais clara que a de seus conterrneos, sem dvida por
possuir algo de sangue semita. Tinha uma barba curta,
que se movia curiosamente quando ele falava. Seusolhos escuros eram estriados de vermelho, de modo queseu olhar parecia hostil, irritado. Devia ter menos dequarenta anos, mas no fundo daquelas ardentes pupilas
podia-se adivinhar uma estranha, velha, longnquasabedoria, de mistura com muitas coisas indecifrveis.
Sua vivenda era uma mescla de tipismo eestrangeirismo; junto a moveis nativos, cortinas ealmofades de cores, havia um formidvel refrigeradorde fabricao americana, um televisor francs e algumas
peas de indiscutvel estilo britnico. Mas todos estes
detalhes pouco importavam aos agentes do MVD, queagora dedicavam toda a sua ateno ao grande envelopeamarelo escuro, sobre a mesa.
Fotografias?perguntou Zinovief, Sim. Muitas. E no foi fcil consegui-las,
Especialmente algumas delas. Compreendero quais
sejam, quando as virem.Stenka Zinovief assentiu com a cabea. Abriu oenvelope e tirou o punhado de fotos, todasconvenientemente ampliadas. As primeiras que os
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russos examinaram, com, interesse muito lgico, foramas dos americanos. Eram cerca de vinte, ao todo,mostrando sempre dois deles, que conversavam emdiferentes lugares de Adis-Abeba. Os dois americanosno eram sempre os mesmos, isto , apareciamformando pares diferentes. O A era visto com o B, o Bcom o D, o D com o A, o A com o C, Em ruas, emcafs, em estabelecimentos comerciais...
Depois olharam as quatro fotos ampliadas,
mostrando o melhor possvel os rostos dos quatrosamericanos. Cada uma tinha uma letra e o nome dofotografado.
Assim:AMike PortersSerrariaBCharles BurtonTelefones
CSterling DonemanGarom de hotelDRobert HaynesFeitor de estradas Todos eles tm emprego nos servios
mencionamos, Zatu?perguntou Zinovief.Exceto o A, Mike Porters que possui uma serraria
na Avenida Churchill, justamente. Junto serraria tem
sua morada, O negcio lhe pertence, Os outros notrabalham por conta prpria, so empregados.
Os russos examinavam atentamente os americanos.Rostos simpticos, cordiais, de expresso risonha. O demenos idade, que parecia ser Charles Burton, teriamenos que trinta anos, Sterling Doneman e RobertHaynes podiam ter entre trinta e e quarenta, Mike Porterdevia j ter passado dos quarenta, Com exceo dafoto de Robert Haynes, as outras tinham um endereono verso.
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Residem nesses lugares?Sim,Por que no h indicao do endereo de Robert
Haynes? No pde saber onde mora? Est trabalhando nas estradas, por isso no tem
domiclio fixo. Cada fim-de-semana, com poucasexcees, vem a Adis-Abeba e hospeda-se num hotel.
Num qualquer,Nunca no mesmo hotel?
Desde que o vigio, nunca.E que faz ele nos fins-de-semana?Bebe, passeia, come num bom restaurante, vai
ao cinema.,. e entrevista-se com um ou outro de seuscompanheiros,
E estes?
Fazem praticamente a mesma coisa. Duas vezesMike Porter se entrevistou com eles durante a semana. Algum deles casado... ou vive com uma
mulher? Nenhum. Solucionam esse pequeno problema
com as meretrizes da Avenida Churchill, que so em
grande quantidade e fceis de distinguir pois vestem-sede branco e passeiam constantemente pelas caladas.
No tero nenhuma dificuldade em identific-las. No viemos a Adis-Abeba para isso cortou
friamente Godunov. Mas bom saber os costumespara quando tivermos que sair. Alguma mulher especialpara algum deles?
Em absoluto.Quanto tempo faz que esto em Adis-Abeba?
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Mike Porter est h quase cinco anos. Os outrosh dois apenas... sendo que Sterling Doneman h menosde um.
Tem certeza de que nenhum deles visitou duasvezes a mesma mulher?
Tenho. Fazem tudo com grande indiferena...Tanto lhes d uma como outra.
Por que insiste tanto sobre esse ponto? perguntou Katia.
Se estes quatro americanos esto preparando algoimportante poderiam ser dirigidos por uma mulher. Por que uma mulher? Kolchak pareceu
surpreso.Por uma determinada mulher. Sobretudo, insisto,
se realmente importante.
Os russos entreolharam-se, ao que parecia,compreendendo perfeitamente, enquanto Jilde Zatuficava desconcertado.
Vejamos se pelas fotografias podemoscompreender o que esto tramando sugeriusuavemente Katia Klimenko.
Zinovief colocou as fotos dos americanos uma aolado da outra, bem ordenadas. De A a D. Depois as quemostravam os mesmos pares, conversando. Por fim,alinhou as outras, formando um conjunto completo, jque se harmonizavam entre si.
Com as conseguiu?olhou para Zatu.Pude entrar uma noite no domiclio de Mike Porter e
utilizei a microcmara que possuo faz um ano. formidvel, no?
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Sim, a microcmara formidvel e tambm o seutrabalho, Zatu.
Estimo que o aprovem. Que lhes sugerem asfotografias do Nilo?
Os quatro soviticos dedicaram toda sua ateno sfotos do rio, ou seja, s fotografias de uma maqueta que
parecia feita de gesso e mostrava todo o leito do rio eseus afluentes, cruzando o Sudo e o Egito at o deltano Mediterrneo. De acordo com a ultima teoria
estabelecida sobre seu nascimento, desde 1892, partia-sedos rios Kagera e Nyavarongo, que depois penetram,unidos, no lago Vitria Nyanza, Ao sair deste lago, o riotomava o nome de Nilo Vitria. Auxiliados pelo mapaque Jilde Zatu colocou diante deles, os russos puderamir verificando a perfeio da maqueta correspondente,
cheia de detalhes, em especial das correntes principais,como as de Bahr El Gebel, o Rio da Montanha; Bahr ElGhazal, o Rio das Gazelas; Bahr El Abiad, o NiloBranco; Bahr El Azrak, o Nilo Azul... tudo l estavanaquela maqueta que tomava a forma das montanhas
por entre as quais corria o Nilo, depois as grandes
plancies... No faltava nenhum pormenor, inclusive oda Represa de Assua, cataratas importantes, lagos...Durante quase dez minutos, em completo silncio, osquatro estiveram estudando aquelas fotos da maqueta.Em nenhuma delas havia qualquer indicao, ouqualquer indcio que pudesse explicar o interesse dosamericanos pelo Rio Sagrado dos egpcios,
Bem...murmurou finalmente Stenka Zinovief.A algum de vocs ocorre alguma coisa?
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Todos moveram a cabea em sentido negativo, MasKatia Klimenko acrescentou;
Gostaria de conhecer um pouco melhor essesamericanos.
Por qu?Talvez estejamos equivocados. Equivocados? exclamou Godunov, Em
qu?No sei... Por que pensar estejam tramando algo
inconveniente para ns?Para ns no resmungou Kolchak,O Nilono passa pela Rssia, mas passa pelo Egito. E o Egito amigo da Rssia.
Isso eu sei camarada Piotr pareceu irritar-seKatia O que no sabemos o que tramam os
americanos. Mas por que tem que ser forosamente algomau? Suponhamos que tenham intenes honestas. Porexemplo, podem estar estudando o ponto para outrarepresa... Se algum deles tem conhecimento deengenharia, talvez haja concebido um projetoimportante que...
Com que objetivo? Ignoro... Talvez queiram vender esse projeto ao
Egito. Ou ao Sudo. Ou ainda prpria Etipia... Issolhes proporcionaria muito dinheiro.
Posso responder-lhe com duas teorias bemdiferentes. disse Gudonov. Uma delas quetalvez o que estejam procurando seja o melhor sistema
para... envenenar todo o rio Nilo, por exemplo. A outra que esses quatro americanos, entrevistam-se uns comos outros como verdadeiros espies.
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Estou de acordo com Modest disserapidamente Kolchak.
Calmainterveio ZinoviefEu tambm estoucom Modest quanto atitude desses quatro homens;suas entrevistas indicam que so de nossa profisso.Entretanto devemos considerar a sugesto de KatiaKlimenko.
E por que estariam quatro americanosempenhados em encontrar algo que beneficie os
egpcios, que afinal de contas so inimigos dosisraelenses, que por sua vez so amigos dos EstadosUnidos?perguntou Godunov.
E por que esses americanos no podem estartentando ganhar uma quantia importante com um
projeto que afinal de contas no parece de carter
militar?deslizou Katia Klimenko. Como podemos saber que no se trata de nada
militar?replicou Kolchak, rpido.Outra coisa aindaacrescentou Godunov, como
quem considera que vai liquidar a questo lgicoque por uma coisa vantajosa para o Egito, o Sudo ou a
Etipia, e que no se reveste de nenhum carter militar,nem de espionagem, quatro americanos nos quisessemmatar no Pireu? Mais ainda: esses quatro americanosdo Pireu tinham que estar relacionados de algum modocom os quatro de Adis-Abeba. Pergunto: lgico isto,tratando-se de cidados particulares, ou no muitomais lgico tratando-se de elementos da CIA?
Bem...hesitou Katia,Realmente...
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Eu tenho coisas que fazer antes de abrir o bazar disse Jilde Zatu. Suponho que no precisam demim para nada.
Salvo se voc puder contribuir com alguma ideia,Nenhuma ideia. Olhem, eu tenho aqui o trabalho
concreto de vigiar quantos americanos puder.Cumprindo este trabalho, fixei-me especialmente emMike Porter, quando comeou essa srie de entrevistasestranhas com outros americanos.
No tinha vigiado antes?perguntou Katia.Sim, claro. J lhes disse que ele o que est aquih mais tempo, porem, at faz pouco, minha vigilnciasobre ele foi rotineira, pois nunca me deu motivos paraque o observasse de um modo especial. Como estavadizendo, Porter comeou a interessar-me realmente
devido a essas entrevistas. partir de ento indicouas fotos estendidas sobre a mesa , creio que o queconsegui no est mal, Mas no esperem que eu sejacapaz de adivinhar o que esses quatro homens esto
planejando,Est bemadmitiu Zinovief,V ocupar-se de
seus assuntos, Zatu. Ah: seria conveniente que avisasseAden para que seja transmitida a Moscou a notcia deque chegamos bem e estamos dando incio a nossotrabalho,
No posso chamar seno noite, Assim estcombinado.
Compreendo. Tem o rdio aqui?Pensa que sou louco?exclamou o etope. Oua, h em Adis-Abeba milhares de
estrangeiros, suecos, ingleses, americanos, alemes,
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chineses, japoneses, malaios... Embora a cidade sejatranquila para quem nada tenha a ver com espionagem,o certo que todo mundo aqui tem suas pequenasintrigas, No gostaria que qualquer agente secreto
prestasse ateno em mim, viesse aqui como eu fui morada de Mike Porter e...
Est bem, est bem. Depois falaremos. V atenderao seu negocio, que ns atenderemos ao nosso.
Jilde Zatu inclinou a cabea e saiu da sala, deixando
os russos pensativos, silenciosos. Sbito, StenkaZinovief perguntou:E que me dizem desse etope? Que quer dizer? surpreendeu-se Modest
Godunov, Poderia estar do lado dos americanos, Isso, em
primeiro lugar. Em segundo lugar, no o conhecamosantes, portanto esse homem poderia no ser Jilde Zatu.E tudo isto... para qu?perguntou Katia.No sei. No entendo nada. Mas poderamos estar
nos metendo em algo diablico planejado pelosamericanos. Cabe pensar que talvez estejamos fazendo
tudo o que eles planejaram que faramos... Inclusive matar-lhes quatro agentes? sorriu
ironicamente Katia.Ainda no os matamos. Poderiam ser uma isca,Uma isca... para qu?No sei! Tenhamos calma aconselhou agora Kolchak,
E sejamos consequentes, camaradas. Vamos ver paraque nos enviaram a Adis-Abeba?
Para matar quatro americanos.
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Ser porque nossos chefes pensaram mais emelhor que ns e, por qualquer motivo quedesconhecemos, decidiram a morte desses quatro, no?Muito provavelmente, ter sido para evitar possveisriscos. Seja pelo que for, ns temos que funcionar comoexecutores. Muito bem: pois funcionemos e voltemos aMoscou. simples.
Houve uns segundos de silncio. Por fim, Godunovergueu a mo.
Estou de acordo com voc, Piotr. Eu tambm disse Zinovief, aps brevehesitao.
Pois eu no estou manifestou-se KatiaKlimenko,
Por que no?
Por duas razes. A primeira delas que no souum rob assassino...Tome cuidado com o que diz, camarada. A segunda que matar quatro americanos
certamente no resolver o problema. Sabemos muitobem que a CIA, tal como ns, dispe de agentes em
todo o mundo, portanto a morte desses quatro homensseria um pequeno, um momentneo problema de ordem
pessoal. Dentro de uma semana, ou duas, ou um ano,poderiam vir outros homens que levariam avante oplano, seja este qual for. E talvez ento no tivssemos asorte de dispor de uma pista. Considero muito maisimportante saber o que esto tramando. Se soubermosisso, nem quatro nem quatro mil teriam possibilidadesde levar a cabo os projetos da CIA. Se no o soubermos,
podemos incomod-los, matar uns quatros americanos,
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atrasar seus planos... porm nada mais. Cedo ou tarde, ej de sobreaviso, eles os realizariam.
Ela tem razo admitiu Godunov, de mvontade.
De acordoadmitiu tambm Kolchak, Mas,que fazemos? Acaso vamos perguntar aos americanos oque esto tramando?
Zinovief e Godunov resmungaram qualquer coisa,mas Katia sorriu alegremente.
A ideia no m, Piotr.Que...? Digo que sua ideia no de todo m. Sabemos
quem so, podemos vigi-los estreitamente, um de ns acada um...
Claro. Mas no lhes vamos perguntar de que se
trata, hem? Katia Klimenko ps-se a rir, olhosbrilhantes, Por que no, vejamos? Dizem que osamericanos so muito sociveis.
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Uma beldade perdida, em Adis-Abeba
H, boa tarde, senhor Imbatu! saudoucordialissimanente Mike Porter, estendendo a mo a seuvisitante, Entre, por favor... Conversaremos mais vontade em meu escritrio, sem o rudo das mquinas.
Onke Imbatu aceitou a mo do americano, assentiucom a cabea, sorrindo, e entrou no escritrio daserraria. Nenhum dos trs empregados da oficina sesurpreendeu, j que realmente at ali chegava o roncodos motores que acionavam as grandes serras. O rudoera insuportvel no princpio, mas eles j estavamhabituados. Tambm Mike Porter devia estar, mas no
assim a maioria de seus visitantes, que, como o atual,eram recebidos no escritrio do patro, insonorizado omais possvel.
Enfim, ningum fez caso de nada. E muito menos davisita de Onke Imbatu, que alm do mais era um cliente.Um novo e modesto cliente, por enquanto, mas que
poderia chegar a trazer grandes benefcios para aserraria. No momento, o senhor Imbatu era dono de umapequena loja de mveis, mas, ao que declarava, tinha ainteno de ampliar o negcio fabricando ele mesmo osmveis em vez de compr-los a fabricantes deimportncia, o que naturalmente levava grande parte dos
lucros de sua loja. E, como para fabricar mveis preciso madeira, e Mike Porter vendia madeira de boaqualidade, ningum podia estranhar nada.
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S que ali, naquele escritrio, pouco se iria falar arespeito de madeiras e mveis.
Quando Porter fechou a porta, indicou a seu "cliente"uma das poltronas e passou a ocupar seu lugar, atrs damesa de trabalho. Durante uns segundos, os doishomens estiveram se observando, em silncio. MikePorter era o americano tpico, alto, atltico, expansivo,de boa aparncia e expresso simptica. Tinha quarentae seis anos, mas conservava-se vigoroso, muito atraente
ainda com seus olhos cinzentos, seu queixo slido, seupermanente sorriso, seus ombros largos.Onke Imbatu era todo o contrrio.
Negro, mido, cabelos curtos e muito crespos, gestostmidos, hesitantes. Sua cabea era pequena. As moseram tambm cuidadas com esmero, quase femininas.
Usava uma barba espessa, grisalha, tambm muitocrespa e os impenetrveis vidros negros de seus culostornava difcil determinar se era feio ou bonito, se suaexpresso era cordial ou antiptica.
Sbito o visitante perguntou:Esto preparados?
Mike Porter assentiu lentamente com a cabea.J estamos preparados a diasmurmurou.Bem o ingls de Imbatu era impecvel Em
primeiro lugar quero ter a certeza de que meus pedidosde madeira e tudo o mais estejam registrados de formadevida. Quando os senhores se forem daqui, eu nodevo ser objeto nem sequer da mais leve suspeita.Espero que isto fique bastante claro,
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No seria melhor destru-la tambm? No. Seio que estou fazendo, Porter. Vocs
quatro devem evitar toda iniciativa e inclusive qualquersugesto. Simplesmente, sigam ao p da letra minhasinstrues.
Est bem replicou o americano, levementeressentido.Por minha parte, a primeira vez que meenvolvo em algo semelhante. Suponho que voc saibamuito bem como deve agir.
Disso no tenha a menor dvida. A propsito,prevenindo qualquer dvida possvel de sua parte arespeito do aparelho de que vo dispor, seriaconveniente que antes de empreender o voo examinasseos controles do avio, se algo no estivesse...
Imbatu, estive voando meses inteiros durante a
guerra da Coria disse. Seria muitssimosurpreendente que algum estivesse capacitado a dizer-me como pilotar um avio qualquer. Sei voar e a quealtura devo faz-lo... Pode ter a certeza de que voareiem linha reta e devo lanar a carga de armas.
Onke Imbatu ladeou a cabea.Ningum aqui falou de armas, Porterdisse.Ah sim... Bem, verdade sorriu o ianque.
Foi um comentrio tolo de minha parte. Asseguro-lheque no me interessa em absoluto o que pensem fazercom essas armas aqueles que as receberem... Com acarga; quero dizer.
Sim, com carga. Lembre-se bem: a carga,simplesmente.
Okay, hoje quinta-feira... Deveremos partiramanh, talvez, ou depois de ama...?
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Eu direi quando, Amanh, como em cada fim desemana, os quatro estaro livres de qualquer trabalhoem Adis-Abeba, Esperem apenas... separadamente, mas
prontos para se pr em contato que eu indicar quandochegue o momento.
Muito bem. E o dinheiro? Quando regressarem ao ponto de partida.
Decolaro com tempo suficiente paras numa noite,atingir o ponto de lanamento e regressar. Ento, tero o
dinheiro.Mike Porter moveu negativamente a cabea.No.No?perguntou Imbatu.Para lhe ser sincero, no desconfio de voc, Mas
h trabalhos que gosto de cobrar adiantado. Quero esse
dinheiro para deix-lo em lugar seguro antes de partirno seu avio. Depois liquidarei este maldito negcio deuma vez por todas e voltarei aos Estados Unidos. J vi osuficiente do mundo. Agora, para casa, vivertranquilamente... Quando terminar este trabalho, claro.O certo que tanto meus companheiros como eu
estamos complicando nossa vida, assim, prevendo apossibilidade de algum imprevisto, preferimos ter nossodinheiro antes de empreender o voo.
Quinhentos mil dlares muito dinheiro parapagar adiantado, Porter.
Lembra-se, naturalmente, que nos ofereceubastante menos e que se no tivesse chegado a tointeressante quantia jamais teramos aceito sua proposta.J que nos metemos em encrenca, que valha a pena. E
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nisto se inclui o pagamento adiantado. Claro que, se noconfia em ns, podemos desinteressar-nos do assunto...
No, no. Eu tambm confio em vocs, claro.Mas temo que possam cometer alguma indiscrio comuma importncia to considervel.
Indiscrio? Esquea isso. Cada um de meusamigos receber seus cem mil dlares combinados, euficarei com duzentos mil e asseguro-lhe que temosmeios para enviar esse dinheiro aos Estados Unidos,
sem tocar num nico centavo at que chegue omomento. Como compreender, ocupamo-nos emdeixar esse assunto solucionado, Uma vez mais, digo-lhe que tudo est pronto. S falta que nos pague e querealizemos o trabalho, Mas, sem pagamento adiantado,no h trabalho.
Bem. Eu lhe trarei o dinheiro amanh tarde, porvolta das cinco, antes que feche a serraria,timo. A partir desse momento, poder dispor de
ns imediatamente, Conto com isso. Quanto recuperao da
maqueta do leito do Nilo, seria conveniente que me
facilitasse uma chave de sua morada, para que eu possair busc-la sem complicaes,
Ter essa chave amanh... quando trouxer odinheiro,
Onke Imbatu assentiu com a cabea, levantou-se emurmurou:
J nada mais temos que tratar.O mesmo digo eusorriu Porter, levantando-se
tambm.
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Acompanhou-o at a porta, abriu-a sorridente efalaram ainda uns segundos sobre madeiras e preos,Depois trocaram um aperto de mo e o mido negroabandonou o escritrio, Ainda diante da porta aberto,Mike Porter olhou seu relgio, depois para seusempregados.
Okay, rapazes disse alegremente Podemretirar-se. Os empregados no se fizeram repetir aamvel sugesto. Despediram-se, abandonaram o
estabelecimento e pouco depois, no exterior destedeixaram de ser ouvidas as serras barulhentas... Emseu escritrio, Mike Porter suspirou profundamente.
Chega de tudo isto! exclamou, sorrindo. Com esses duzentos mil dlares e o que possa obter pelaserraria, parto para sempre daqui para sempre! Adeus,
Adis-Abeba... Goodbye for ever! E que o diabo tecarregue!Ocupou-se ainda de seus papis, pois queria ter tudo
em ordem para o momento de vender a serraria.Finalmente, pelas seis da tarde, bocejou e tornou a olharo relgio.
Chega... Vou tomar um bom trago por a e depoisjantar como um rei!
* * *A voz; feminina, junto a ele, soou claramente, em
perfeito ingls dos Estados Unidos:Voc americano, no?Mike Porter pousou o copo de usque e fez girar o
tamborete, comeando a sorrir... Mas ao ver a mulherque lhe fizera a pergunta, engasgou-se e ps-se a tossir,
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at que seus olhos se encheram de lgrimas. Enxugou-ascom as costas da mo, respirou fundo e disse!
Por todos os santos do Paraso!Espero que no o tenha assustado,Ainda atnito, Porter olhou de cima a baixo a
sensacional loura de esplndidos olhos azuis que tinha sua frente. Jovem, belssima, corpo escultural,deliciosos lbios rosados... Nunca tinha visto nadasemelhante em sua vida, Uma adorvel boneca, um
anjo...No, no... pigarreou, A culpa foi minha,No estou acostumado a ver em Adis-Abeba pessoascomo voc... se me permite dize-lo.
Permito sorriu ela.Foi como orno se um raio de luz o deixasse cego,
atordoado, aniquilado, Estava sonhando? Acabava deencontrar nada menos que a mulher mais formosa domundo, ali em Adis-Abeba... Coisas da vida!
Mmmm... Sim, sim, sou americano... E voctambm, claro,
Sim, De Pasadena.Oh, Califrnia... Eu sou de Dayton, Ohio. Aceita
um drinque?Aceito. Tomarei a mesma coisa que voc.Usque, ento. Com soda, gua, gelo...?Gelo,Mike Porter fez sinal ao garom e tornou a dedicar
sua integral ateno estupenda compatriota. No que me surpreenda encontrar americanos
em Adis-Abeba esclareceu. So centenas, talvezmilhares, Esta uma cidade parecida com Hong Kong:
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h gente de todo o mundo. Mas... Oh, no quero parecerimpertinente, mas diria que voc no encaixa aqui.
Voc muito amvel. Ou no uma amabilidadeo que est dizendo?
!riu Porter,Claro que ! Est sozinha?Completamente sozinha, perdida e desamparada,Oh... ele pestanejou rapidamente. No sei
se a compreendo bem... Como seu nome?Katie Clemens. O que quis dizer que as coisas
nem sempre saem to bem como se espera.Oh, sim, compreendo, Meu nome ...Deixe-me adivinhar...riu ela,Charles?No, no,Mmmm... Frederick?Tambm no!
Peter, Oscar, Anthony, Samuel, Johnny...?Mike,Ah... Como pude esquecer o nome de Mike?Mike Porter... Aqui temos seu usque.Katie Clemens, encarapitada num tamborete junto a
Porter, apanhou o copo e tomou um curto gole.Est de passagem por Adis-Abeba?perguntou
depois.No exatamente... Penso deixar logo esta cidade.
E voc?Estou aqui h algumas semanas... Turismo. Mas
terminou o meu dinheiro e... tudo tem ido de mal a pior.AhPorter entrecerrou as plpebras. uma velha e tola histria, no? sorriu
timidamente a belssima americana.
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Bom sorriu cortesmente Porter Devoadmitir que no l muito nova.
Sim. E tinham me prevenido quando sa dosEstados Unidos! Mas, na verdade, ningum aprendenada com as experincias alheias.
Uma grande verdade, sem dvida. No queroparecer indelicado, mas seria capaz de jurar que agoraest em apuros para saldar a conta do hotel.
A conta do hotel exclamou Katie, pondo-se a
rir nervosamenteSe fosse s isso!H algo mais grave ainda? No estou em um hotel, mas em casa de uma
amiga italiana que conheci logo quando aqui cheguei.Bom, ignoro se propriamente uma casa, um... lar,compreende? Ela tem uma espcie de... domiclio na
Avenida Churchil.Compreendomurmurou Porter. Mmmm conheci-a num bar tal como este, s
frequentado por brancos. Ouvi-a falar em italiano ecomo aprendi um pouco em Roma, pareceu-meinteressante conversar com ela. Eu ainda tinha um
pouco de dinheiro, mas, quando me convidou para ficarcom ela em sua casa alegando que assim poderiaeconomizar uns quantos dlares, aceitei encantada.Os dlares terminaram, ela no pode me emprestar nadae...
E tudo se foi de mal a pior, j sei.Exato.Se compreendi bem, sua amiga ofereceu-lhe um...
trabalho que qualquer mulher pode fazer... Ou no?
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SimKatie Clemens corou levemente. Querdizer, quase qualquer mulher, suponho. A primeira noiteno compreendi direito, mas logo me dei conta de ondeme havia metido, por isso resolvi procurar outroalojamento. Mas j era tarde para meus poucos dlares.Agora, se quero ficar tranquila, tenho que voltar l s demadrugada e... Bom, francamente, a situao comea a
preocupar-me bastante, pois ela insiste em apresentar-me a alguns de seus amigos e...
Compreendo, compreendo E voc, claro, no estacostumada com isso.Sinceramente, no.Em suma: voc no tem dinheiro nem onde ficar
convenientemente durante a noite. Essa a situao. De boa vontade voltaria
amanh mesmo para os Estados Unidos, mas... de ondeposso tirar os quase quinhentos dlares para a viagem?Mike Porter assentiu com a cabea, sorrindo um
tanto ironicamente. Claro, claro... Quinhentos dlares no se
conseguem com facilidade. E menos ainda em Adis-
Abeba. E se tomarmos em conta que devem serconseguidos por uma garota como voc, a coisa sedificulta mais ainda. Sua situao no nada boa.
pssimasorriu um tanto tremulamente Katie.Porter tornou a assentir com a cabea e tomou um
gole de usque, olhando de relance para a jovem queparecia absorta na contemplao de seu copo. No bar,em estilo americano, quase todos os fregueses eram
brancos e no faziam muita cerimnia em olhar paraeles, alguns sorrindo compreensivamente.
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Estou pensandodisse de sbito o dono serraria que talvez poderamos encontrar uma pequenasoluo para o seu caso.
Verdade? ela olhou-o com os olhos muitoabertos, esperanada.
Bom, possvel... Eu moro sozinho e, claro, norecebo visitas masculinas.
Ohdesencantou-se ela, compreendendo.No me interprete mal.
No... Mmm... Poderamos ir jantar por a e depoismuito me agradaria que aceitasse minha hospedagem.Pela manh, mais tranquilos, poderamos estudar aquesto desses quinhentos dlares... No se arranjariacom menos?
Preciso de dinheiro para a passagem area e maisum pouco para pequenos gastos de viagem.Estudaremos isso... Okay?Bem, no sei...Minha proposta boasorriu Mike Porter,No sei... Ao v-lo, voc me pareceu uma pessoa
acessvel e pensei... Que tolice!Pensou o que?Pensei em pedir-lhe dinheiro emprestado e envi-
lo dos Estados Unidos. Pareceu-me uma pessoa to...Ainda no lhe neguei o dinheiro, Katie.Ah... Bom, no sei... Eu lhe agradeceria tanto! E
certamente o devolveria quando chegasse a...Bah, bah... Isso no ser necessrio. Ento: vamos
jantar por a?* * *
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Agrada-lhe?Katie Clemens virou-se para Mike Porter,
assentindo.Sim... Tudo muito bonito, Mike,Vantagem de ter um negcio de madeira. Quase
todos os mveis foram-me presenteados por clientes.Parece exatamente o living de qualquer casa americana,no?
Sim, E agradvel ter conforto em qualquer
parte.Katie aproximou-se da janela, abriu um pouco ascortinas e olhou o exterior, Diante dela estava o grande
ptio cheio de mquinas de trabalhar madeira e, maisalm, por cima do muro, a rua solitria,
Ela estremeceu quando os braos de Mike a
rodearam pelas costas,Gostou do jantar?perguntou ele,Gostei. Voc foi muito simptico e generoso.Ainda posso ser mais.Virou-se para ele, girando suavemente entre seus
braos. Olhou-lhe os olhos e uma expresso triste, como
um brilho mortio, passou pelos seus.Suponho que simmurmurou.H algo que no lhe agrade?No seiNo sabe? Pergunto-me disse ela num sussurro por
que voc est perdendo tanto tempo. No precisamosnos enganar. Eu no quis conhecer os amigos de minhaamiga italiana, mas conheci voc. Afinal. De contas vir
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a dar no mesmo. De um ou de outro modo tenho quepagar essa passagem de avio,
Ainda no lhe pedi que...Mas pedir. Por isso me pergunto o que voc est
esperando. J me abraou, agora me beijar, murmurarpalavras a meu ouvido, dir que sou bela, que est loucopor mim, que... que sou sua queridinha, seuamorzinho... E terei que pagar essa passagem.
Mike Porter passou a lngua pelos lbios.
Preocupa-se tanto por isso?perguntouAinda no sei. Ora vamos... Voc uma garota decidida, que
viaja sozinha pelo mundo. No me diga que essasituao nova para voc...
Em troca de uma passagem de avio, sim. No a
mesma coisa.Tolice... No tolice balbuciou Katie; e comeou a
chorar, em silncio,No uma tolice, mas acabemosde uma vez, Mike. Por favor, terminemos!
O americano ficou atnito e como assustado, vendo
aqueles olhos to formosos cheios de lgrimas.Perplexo, incrdulo, por fim completamenteimpressionado, soltou Katie.
Bom...murmurou.No fique assim. Afinal,no se trata de algo to terrvel, Vnhamo-nosentendendo bem e eu pensei... Diabo, deixe de chorar!Est me ouvindo? Quer parar de chorar de uma vez?
No posso...gemeu Katie.No posso, sintomuito!
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Isto fantstico... E tinha que acontecer comigo!Vejamos: no a beijei no carro? Acaso voc se importoucom isso? E acaso ignorava o que ia acontecer aqui?Com todos os diabos: o que que voc quer?
Nada...soluou ela.No quero nada! Vamos, vamos... Nem sequer esses quinhentos
dlares?No! J no os quero!Est falando srio? Bom, isso vamos ver...
Foi at a parede, afastou furiosamente um quadro eabriu o cofre que ficou a descoberto, Contourapidamente em dlares etopes o equivalente aquinhentos dlares americanos, regressou para juntodela e enfiou-lhe as cdulas no decote.
Quinhentos dlares! gritou. Mostre agora
que no os quer, seno...!Plaf! Foi uma bofetada tremenda, que fez MikePorter cambalear. Ele ficou hesitante, sem saber o quefazer, enquanto Katie Clemens, aps sacar o mao decdulas, lanou-o raivosamente contra seu rosto.
A tem o seu dinheiro gritou ela Oxal
nunca o tivesse conhecido!Correu para a porta... e quando Porter quis reagir, j
no restava nem rastro de sua visitante, com exceodas cdulas espalhadas pelo tapete e a clara marca dosdedos femininos em sua face.
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At o fim do mundo
Como ?perguntou Mike Porter,Seu empregado ergueu os olhos, nos quais havia uma
expresso de xtase, No saberia como dizer-lhe, mister Porter. Mas
talvez me entenda assim: todo o oposto do senhorImbatu.
Compreendo... Bem, diga-lhe que entre.Segundos depois, Katie Clemens aparecia no limiar
do escritrio. A testa de Porter, franzida, franziu-se maisainda ao ver a maleta na mo da jovem, Ela entrou nasala, fechou a porta, deixou a maleta no cho e baixou
os olhos.Ol Mike.Pelas palavras de meu empregado, imaginei que
fosse voc... Mas no podia acreditar. Que quer agora?Nada...Nada? Neste caso ser melhor que se retire. Estou
esperando a visita de um fregus que pode vir a serimportante.Katie ergueu o olhar timidamente.
Voc me guarda rancor? Oh no... Por que motivo? ironizou Porter
Ontem conheci uma jovem americana, convidei-a para
um drinque jantamos juntos, beijamo-nos no carro,fomos minha casa, abracei-a, disse-lhe que ia resolverseus problemas, que era o que ela parecia desejar... Emtroca de tudo isto, recebi a nica bofetada de minha
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vida, de mistura com o dinheiro que lhe oferecia. Seriamotivo suficiente para que eu lhe guardasse rancor?
Vejo que voc est aborrecido. Bem... Adeus,Mike
Vai embora?Ela, inclinada novamente para pegar novamente sua
maleta, olhou-o com surpresa.Claromurmurou, Para os Estados Unidos, quero dizer. Suponho
que tenha tido menos escrpulos com outro mordeuos lbios ao ver a brilhante centelha naqueles olhosazuis; suspirou e passou a mo pela testa. Desculpe!Est regresso aos Estados Unidos?
No. Apenas retiro-me daqui, de seu escritrio...Continuo sem ter dinheiro para tomar o avio.
Compreendo pela primeira vez em sua vida,Mike Porter sentia-se entre envergonhado e enternecido,e no sabia qual destas sensaes o perturbava mais. Oua, Katie, no sou rancoroso, nem estpido. Corrimuito mundo, vivi muito... Na verdade, sua lembrana uma das poucas coisas limpas que guardarei at o fim de
meus dias. Suponho que lhe parea uma tolice.,. Masvoc aceitaria agora quinhentos dlares?
Em troca de nada?Exatamente: em troca de nada, O sorriso de Katie
Clemens foi luminoso. No...disse com evidentealegria.No os aceito.
Mas se lhe digo que...Voc no entende nada de nada ela tornou a
baixar a vista. Acontece que j no tenho pressaalguma em deixar Adis-Abeba.
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No? Por qu?Mikeolhou-o fugazmente, olhos brilhantes
voc um tolo. Um pobre tolo. Adeus.Apanhou a maleta, virou-se para abrir a porta... e
Mike Porter chegou velozmente junto a ela. Segurou-lhea mo, obrigou-a a soltar a maleta e tomou-a nos braos.
Est querendo dizer-me alguma coisa? perguntou, voz tensa.
No, no...
Vamos Katie... Ambos estamos sendo sinceros eportando-nos com inteligncia, civilizadamente. Ambossomos americanos, o destino nos reuniu aqui nafrica... Que est querendo me dizer?
Nada... gemeu ela, Nada! Solte-me, porfavor... Mike, suplico-lhe que me solte.
Ele abraou-a mais estreitamente e, sbito, beijou-acom sofreguido, Por um momento, Katie Clemensficou rgida. Depois se relaxou, suas mos subiram atnuca masculina e ela correspondeu ao beijo. Depois,com um longo suspiro, no peito do americano, apoiou acabea no peito do americano.
Mike, que... voc se enganou comigo a noitepassada. No pretendo ser uma jovem assustadia, mascom voc foi tudo to diferente... Disse para mimmesma que por fim tinha encontrado um homem que...
No sei como diz-lo, mas quando voc me pediuaquilo em troca de dinheiro... eu senti tamanhadecepo...
Mika Porter tornou a beij-la e foi correspondido detal modo que sua vida comeou imediatamente,vertiginosamente, a sofrer uma mudana radical,
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absoluta. Afastou os lbios, brusco, olhando aquelesolhos azuis que o contemplavam com surpresa, muitoabertos.
Katie, vamos voltar para os Estados Unidos...No sou um homem rico, mas posso oferecer-lhe muitascoisas. Espere, no diga nada...No estou lhe falando dedinheiro, realmente.
Esta falando de ns? Sim. Gostaria que voc compreendesse o que
significou para eu encontr-la. absurdo isto, bem sei...Em menos de vinte e quatro horas, voc conseguiuque...
Agora foi Katie quem o beijou. E estavam beijando-se quando outra vez soou a batida na porta do escritrio.Porter estremeceu e quis continuar beijando-a, mas a
jovem se afastou, sobressaltada.Mike, esto batendo...No importa. Venha... Mas voc disse que espera um fregus
importante...Porter pareceu receber uma chicotada.
Sim... verdade... Oua, Katie, no v embora.Saia daqui, mas fique a minha espera, sim?
Sim, Mike.Deixe ficar a maleta... No quero que voc torne a
desaparecer. S estarei ocupado por alguns minutos.Depois, voc e eu precisamos conversar. Por favor,Katie, no v embora,
Ela sorriu e esteve contemplando durante unssegundos, docemente, cada um dos traos de Mike
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Porter, como se quisesse grav-los para sempre. Depoislhe deu um rpido beijo nos lbios.
No irei, querido, Voc no est zombando demim, est? Quero que saiba que o que sinto...
Se voc sente o mesmo que eu, j no h o quefalar, Katie. Vou lhe dizer a verdade: esta noite no
pude dormir pensando em voc. No sei o que meaconteceu, nunca antes tinha sentido nada igual... Masagora sei perfeitamente que no poderia mais suportar
sua ausncia... Compreende? Mike, creio... creio que o amo... Sou uma tola,mas...
Ento eu tambm sou um tolo... riu ele. Nodemorarei a despachar esse fregus.
Beijou-a novamente, abriu a porta e Katie Clemens
saiu do escritrio o mais depressa que pde, olhando umpouco envergonhada o mido e escuro Onke Imbatuapenas lhe dirigiu um olhar.
O etope foi diretamente mesa, esperou que Porterfechasse a porta e ento abriu a pasta que trouxera,mostrando os maos de cdulas.
Quinhentos mil dlares... disse. A chavePorter
Espera... H uma pequena novidade, Imbatu.Novidade? Aqui est o meio milho de dlares,
no? Vamos deixar de tolices, portanto. Ou esttentando dizer-me que os quatro querem desmancharnossa combinao?
Absolutamente. a respeito da chave. Eu mesmolhe devolverei a maqueta, assim no precisar ir busca-la.
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No! Sou eu quem diz como devem ser feitas ascoisas, de modo que...
Oua, vou deixar uma mulher em minha casa,compreende? No creio que nestas circunstncias...
Essa mulher que saiu daqui?... ClaroSua esposa... ou algo parecido, talvez?No riu Porter. Eu a conheci ontem. Vou
lhe explicar...
Nada de explicaes, Essa mulher no pode ficarem sua casa, Porter. Um trato um trato. Precisei devrias semanas para planejar tudo devidamente e novou alterar meus planos agora por causa de uma mulher.Ela no pode ficar aqui.
Est bem, est bem... Eu lhe arranjarei um bom
hotel e...No.Por qu? de confiana essa mulher?De confiana? Ora essa...!Porter, estou falando srio: essa mulher tem que
estar com voc durante todo o tempo. No quero que aperca de vista um s momento.
Considera-a suspeita? riu o americano, Vamos, vamos, Imbatu... Essas coisas s se veemnos filmes de espionagem.
Aqui h quinhentos mil dlares dissesecamente o etope.Em troca deles, quero a chave desua casa e obedincia absoluta. Se no lhe interessa,vamos esquecer tudo, Porter.
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Mike Porter esteve a ponto de mandar para o infernoo negro escondido atrs de sua barba grisalha e de seusnegros culos, mas, justamente agora, no o podia fazer.Queria aqueles duzentos mil dlares, vender a serraria,ir-se embora com Katie...
Calma... Calma, Imbatu. Ningum disse nada arespeito de esquecer o assunto. Quanto a essa jovem,no tem coisa alguma a ver com ele.
Ela no pode ficar aqui quando voc sair com o
carro para o litoral. Leve-a. No a perca de vista um sinstante. Pois a ideia no m riu Porter Mas em
algum lugar terei de deix-la quando tomarmos o avio,no ?
Leve-a com voc, se isso lhe agrada e confia tanto
nela. Mas Porter, at que isto termine, eu no me fio emabsolutamente em ningum, de modo que ela teacompanhar.
Durante alguns segundos, o americano estevecontemplando torvamente o negro barbudo. Por fim,soltou um grunhido.
No sei o que est pensando, Imbatu, mas no queme diz respeito, asseguro-lhe que agora estou maisinteressado que nunca em terminar nosso assunto. Demodo que aqui tem a chave depositou-a sobre amesa, um tanto bruscamente eu fico com o dinheiroe... ponto final. Algo mais?
Sim Imbatu guardou a chave. Vocspartiro amanh ao anoitecer. Pelo meio da tarde, saiamcom o cano para Awash, onde devero estar antes do
por do sol. Istosacou um pequeno objeto do bolso
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um rdio. Quando chegarem a Awah, tem apenas queapertar este boto e eu darei instrues por meio dordio. Alguma dvida?
S uma: o avio estar a nossa espera?Estar, com a sua carga. Considero intil dar-lhe
mais indicaes ou esclarecimentos, Porter.Tudo est dito.No deixe aqui esta mulher. Tranquilize-se. No tenho a menor inteno de
separar-me dela... nunca mais.Por cima dos culos escuros ergueram-se uminstante as sobrancelhas de Onke Imbatu, evidentementenuma expresso de perplexidade. Deu de ombros,esvaziou a pasta sobre a mesa, depois a fechou.
Entrei com uma pasta e com uma pasta devo
sair... Ate amanh, Porter.At amanha,O negro dirigiu-se para a porta e Mike Porter
apressou-se a abrir uma gaveta da mesa, empurrandopara dentro dela todo o dinheiro... Estava fechando agaveta quando reapareceu Katie, sorridente, mas com
um ar intrigado.Que homem esquisito comentou. Mike Porter
olhou-a vivamente,Esquisito? Sim... No sei... esquisito... No parece um
negro comum.Por que no? Oh... Tolice. J acabou de tratar de seus
negcios?
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J. Mas estarei ainda algum tempo ocupado,Katie. No trabalharemos at segunda-feira e devoresolver alguns assuntos urgentes. Voc se incomoda seeu lhe der algum dinheiro?
Outra vez?sorriu ela. para que voc v comprar algumas coisas,
enquanto eu termino aqui. Depois nos encontraremosem... no mesmo lugar de ontem, esta bem?
Naquele bar?
Sim. At l quero que voc visite as melhoreslojas e compre tudo que lhe agrade... Tudo. Voltaremospara casa na prxima semana e desejo chegar como umgentleman... acompanhado pela mulher mais formosa domundo. Acha que mil dlares sero suficientes?
Mike! Posso fugir com todo este dinheiro...!
Os dois puseram-se a rir, tornaram a beijar-se e,Katie, guardando o dinheiro, saiu do escritrio. Porteresteve ainda sorridente por alguns segundos. Foi aotelefone, discou um nmero, e quando responderam,
pediu: Ponha-me em comunicao com o bar, por
favor... Com o garom americano Sterling Doneman.Sim... Espero... passaram-se uns segundos Ster?Aqui Mike, Oua, poderamos jogar nosso pqueramanh...
...?Sim, amanh. Os quatro, claro....Bem, h um pequeno inconveniente: voc mesmo
que avisar os outros dois. Nos reuniremos s seis em
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ponto no Exit, para ir jogar essa partida. Irei com ocarro.
...Okay. s...Como? Oh, nada... Nada de importncia. Questo de
saias, depois lhe contarei. Alis, voc a conheceramanh mesmo. Deixemos isso agora, digo-lheapenas, Ster, que a criatura mais fantstica que se
poderia imaginar!
* * * Esquea isso ouviu-se finalmente a voz deMike Porter j lhe disse que amanh termina
tudo. E jogaremos amanh a partida de pquer.
Espero vocs no Exit, s seis em ponto.
Clique.Ouviu-se o estalido do telefone ao ser desligado.Depois, durante dois minutos, a fita magntica foi
passando, vazia, reproduzindo apenas sons semimportncia, como passos, o abrir e fechar da porta doescritrio, a voz de Mike Porter dando instrues a seus
empregados. E, como fundo de tudo, sempre o rumordas mquinas da serraria, cada vez que era aberta a
porta do escritrio.Katia Klimenko adiantou a mo e deteve a marcha
do aparelho. Depois olhou para seus camaradas StenkaZinovief, Piotr Kolchak e Modest Godunov. Por trsdeles, rosto inescrutvel, estava Jde Zatu, que tambmtinha ouvido toda a gravao.
Finalmente, Zinovief olhou para o etope.
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Est vendo como isto simples e conveniente,Zatu? No lhe ocorreu colocar um microfone perto dequalquer desses homens?
Ocorreu-meadmitiu Zatu.E voc dispunha do material necessrio, pois de
outro modo no o teria podido facilitar a Katia. Por queno o fez, ento?
Pareceu-me perigoso. Perigoso? sorriu ironicamente Katia
Klimenko. Oua, fcil colocar microfone, como fez estatarde no escritrio e ontem noite na residncia deMike Porter. Mas... o que acontecer se Porter oencontrar?
E por que h de encontr-lo?
Pelo mesmo motivo que se encontram muitascoisas. Se eu tivesse colocado o microfone junto a essesamericanos e eles os descobrissem, a estas horas ascoisas estariam de modo diferente... E eu gostaria desaber o que vocs me diriam ento!
Zatu tem razo, at certo ponto admitiu
Gudonov E as coisas foram feitas assim, de modoque intil discutir. Falemos dessa conversa que Katiagravou.
No creio que tenhamos muito que falar resmungou Kolchak O jogo de pquer entre osquatro significa que, seja o que for na realidade, chegouo momento de realiza-lo.
Sim murmurou Zinovief. No pode seroutra coisa. Faro isso amanh... se os deixarmos agir.
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Opino que devemos mat-los esta noite mesmo. Todoseles.
Nodisse Katia Klimenko Por que no? irritou-se Godunov. No
vamos deix-los que terminem este trabalho, suponho!Que trabalho?perguntou KatiaOua...! Calma interveio Zinovief. Katia est
atuando muito bem, Modest, voc deve admiti-lo. No
entanto, graas ao seu desempenho como KatieClemens, sabemos que amanh os quatro se reuniropela primeira vez nesse ponto denominado Exit. Emingls, exitsignifica sada e, j que Porter disse que ircom seu carro, devemos supor que vo sair de Adis-Abeba... Mas parece-me absurdo empreender uma
viagem de carro at o Nilo... Que acha voc, Katia?Hem...? Como? Voc no estava ouvindo protestou Zinovief
Pensava em qu?No negroQue negro?O que foi visitar Mike Porter murmurou ela,
Pena que eu no pudesse colocar o microfone aoentrar a primeira vez no escritrio, mas Mike estava to
perto... No o pude fazer. E lamento. Gostaria de sabersobre que falavam o negro da pasta e o meu namorado.
Sabemos o suficiente para entrar em aodisseGodunov, rspido.
Sim. Mas aquele negro to esquisito...Esquisito? Quem ele?No sei. Vou perguntar ao Mike esta noite.
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Voc pensa... passar a noite com Mike? perguntou Zinovief, em tom brusco,
Penso, Katia, no h razo para voc permitir que um
americano...Tranquilize-se, camarada Stenkasorriu ela.
Uma mulher tem mil recursos para esquivar-se ao queno lhe interessa. Pode ter a certeza de que esseamericano no ir alm de beijar-me, por esta vez.
E como conseguir isso?No seja grosseiroresmungou KolchakEla uma mulher, no? Acaso voc no entende?
O que acontece com Stenkasorriu Godunovque ele tambm se apaixonou por Katia. Ou estareienganado?
Stenka Zinovief dirigiu um olhar torvo a seucompanheiro, foi sentar-se longe de todos e acendeu umcigarro, expresso sombria.
Esse americano no ter nada de mimtornou aassegurar Katia, sorridente. Deixem-no por minhaconta. Agora falemos do negro esquisito.
Esclarea isso de uma vez: que quer dizer voccom esquisito?
No sei... Talvez seja tolice minha, mas dequalquer modo esta noite farei umas quantas perguntasao Mike sobre ele. Estejam atentos ao receptor, pois
pode acontecer que eu precise de ajuda. Quandodigo ajuda, quero dizer que eu pea ajuda, no quevocs julguem necessrio. Ajudar-me. Est claro?
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Est clarodisse Kolchak.E agora voltemosa essa... partida de pquer e o resto. Se eles pensamchegar ao Nilo de carro.
possvel que no cheguem at l, no momento malhou Katia, Gostaria de saber aonde vo. Ecreio que vou tentar: pedirei ao Mike para levar-me comele.
KatiaZinovief olhou-a alarmado, voc estabusando de sua sorte, No exagere.
Tenho a impresso de que estamos muito perto daverdade, querido Stenka disse ela, docemente, Pouco me importa matar quatro americanos, senecessrio, mas deveramos esgotar todas as
possibilidades de inteirar-nos de seus planos, antesdisso. Vejamos se nos entendemos; comprei roupas e
outras coisas com dinheiro de Porter, por isso tenho quevoltar l. Farei todo o possvel para sond-lo eu mesmo,ou, pelo menos, ir amanh com ele, Vocs estaro por
perto durante todo o tempo, mas espero que noestraguem meu trabalho num momento de precipitao.Est claro? Vigiem de perto, mas no faam nada a
menos que eu lhes pea. Entendido? uma loucuramurmurou Zinovief. Utilizem o carro de Zatu para seguir-nos a
distncia, se amanh eu conseguir que Mike me levecom ele, Se no me levar, iremos os quatro no carro atonde eles forem, sempre conservando-nos a distncia. Elembrem-se de uma coisa: os mortos no falam.
A que vem isso?perguntou Godunov.
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A um vivo h mil maneiras de obrig-lo a dizerseja o que for. A um morto ningum poder arrancar
palavra. Explico-me? Oua Godunov olhou para Zinovief, mas
indicando Katia com o polegar ela est dirigindotudo isto, Stenka... No se d conta?
Deixe-a. Ela tem razo: sempre se est em tempode matar e nunca de ressuscitar ningum. O que no meagrada ficar aqui inativo.
Bem... murmurou Katia. precisocamaradas. Diga-me, Zatu: que voc sabe de Aden? Nada ainda replicou o etope. Chamei
ontem noite e disse que vocs estavam em Adis-Abeba, em pleno trabalho. Responderam-me queesperavam notcias. Foi s.
Ir hoje aonde tem escondido o rdio para enviaralguma mensagem? Acaso tenho alguma notcia que enviar a
Aden?resmungou o etope.No... .sorriu Katia.Talvez amanh.Pois ento nada tenho a fazer no esconderijo do
rdio. Amanha irei, se houver o que comunicar.Talvez eles queiram comunicar-lhe alguma
coisasugeriu Kolchak. No. Disseram-me que, como tudo estava em
marcha e no desejavam perturbar-nos com outrostrabalhos ou informes, esperariam o desfecho destamisso para enviar-me instrues de qualquer espcie.
Bem...murmurou Katia.Creio que estamosde acordo, no assim?
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No de todo negou Godunov. Mas seStenka, que at agora esteve dirigindo o grupo, aceita oque decide, no h dvida quanto a ns. Entretanto, istodeve ficar bem claro: sou de terminar o assunto pela viamais rpida.
Matando esta noite mesmo os americanos?Os quatro estaro hoje em Adis-Abeba. sexta-
feira, portanto inclusive Robert Haynes vir cidade.No disporemos de outro momento como este at a
prxima semana. Restam amanh e depois observou Katia. Fim-de-semana.
Um fim-de-semana no qual, segundo parece, elesse dispem a ausentar-se da cidade.
Katia encolheu os ombros, como se no tivesse mais
vontade de discutir. Aproximou-se de Stenka Zinovief,tomou-lhe a mo e puxou-o docemente, obrigando-o alevantar-se.
Estarei pensando em voc, Stenka...sussurrou.E asseguro-lhe que esse americano no ter nada demim. Darei um jeito... Compreende?
Voc no est obrigada a nada por mim murmurou roucamente o russo.
No o fao por obrigao sorriu ela.E beijou-o na boca, devagar. Um beijo que nada
tinha a ver com camaradagem.***
Afastou os lbios dos dele, recuou dois passos,rindo, e deu uma volta sobre si mesma, belssima,deslumbrante naquelas diminutas prendas ntimas.
Gosta?perguntou.
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Mike Porter avanou para ela, com as mosestendidas, os olhos brilhantes, a boca crispada.
Katia, acho que voc no deveria... provocar-meassim.
Mike! Oh, por Deus, no... No isso o quepretendo, juro.
Ele ficou verdadeiramente assombrado. No? Bem, pareceu-me que voc estava...
brincando comigo para provocar-me e...
Sinto muito, Mike... Devia lhe ter dito antes.Dizer-me o qu? Bom.... So coisas que um homem deveria
entender, querido. Podemos beijar-nos, mas... Oh, eusinto deveras.
Mike Porter compreendeu, por fim. E conteve uma
exclamao de impacincia.Sim, podia me ter dito antes! Eu quis dizer, mas to logo entrei aqui voc e
voc comeou a beijar-me... Voc no me deu tempopara nada, querido,
uma situao estpidaresmungou Porter, Por qu? Dentro de dois ou trs dias tudo ter
passado. uma situao perfeitamente normal. Sim, eu sei... Claro, Diabo, est bem... Quer
tomar alguma coisa? Por minha parte, vou se meembriago, pois assim esquecerei certos pensamentos.
Tomarei o mesmo que voc tomar riu ela Amanha dia de folga: voc tem algum plano paradivertir-nos... de acordo com as possibilidades atuais?
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Tenho que sair de Adis-Abeba, tarde Portervirou-se servindo o usque, para que ela no captassesua expresso tensa.
Suponho que voc no achar cmodo sair por aiexpondo-se ao calor e poeira, mas... gostaria queviesse comigo. No que pretenda obrig-la, porm...
Querido ela aproximou-se, rodeou-lhe opescoo com os braos e deu-lhe um beijo no queixoeu iria com voc at o fim do mundo, se fosse preciso...
Como se inverte uma situao
Mike Porter foi indicando-os:
Charl