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15 de Maio de 2008

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2 GUIA DO EMPRESÁRIO / COIMBRA CAMPEÃO DAS PROVÍNCIAS MAIO DE 2008

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Em 1908 o país fervilhava. Anteci-pavam-se mudanças gerais profundase agudizavam-se as necessidades ge-radas por um novo modo de viver nasprincipais cidades portuguesas.

O abastecimento de água, a ilumi-nação pública e os transportes exigi-am, em função do seu peso social, no-vidades na organização da sua admi-nistração.

No caso de Coimbra a opção segui-da, pioneira em termos nacionais, foi ada municipalização da estrutura dos

transportes. Contraiu-se um avultado empréstimo – 150 000 reis. Definiram-seas três principais linhas e deu-se início à contratação da prestação de serviços aempresas competentes para o efeito. Não perdeu tempo, então, Coimbra. Deci-diu pela modernidade e investiu na solução que, à época, parecia a mais adequa-da.

O tempo se encarregou de acrescentar problemas urbanísticos, distâncias apercorrer, conflitos de tráfego, mudanças tecnológicas, requisitos de mobilida-de.

Dos eléctricos aos trolleys, dos autocarros aos veículos movidos a pilhas, te-mos assistido a saltos que se pretendem qualitativos para responder melhor aquem procura o transporte público.

E o que se procura hoje é comodidade, é exigência ecológica, é rapidez, é des-congestionamento das principais vias, é coexistência com o respeito pelo cida-dão que usa a cidade.

O nosso tempo é também o da crise provocada pelo contínuo aumento dospreços do petróleo, pela ansiedade da procura das energias alternativas, pelodifícil equilíbrio entre serviço público e sustentabilidade.

É, também, o da procura de sistemas ancorados noutras soluções, nos eléctri-cos rápidos, por exemplo.

Mas é, fundamentalmente, ainda, o da teimosia da resistência de um serviçomunicipal de transportes de Coimbra que sobrevive perante a injustiça nacionalpraticada em Lisboa e Porto e através da qual os défices de exploração das em-presas públicas são inteiramente cobertos pelo Estado.

Isto é, enquanto Coimbra se tem de bastar a si própria, quanto às empresaspúblicas ao Estado só lhe resta saber quanto deve pagar.

E tudo isto acontece sem que os transportes colectivos de Coimbra deixem deprestar o serviço social que lhes é exigido tratando de modo especial os cidadãoscom maior fragilidade económica, garantindo transporte gratuito aos titularesde pensão mínima de sobrevivência.

Este é o sinal maior do respeito que se deve a si próprio e à comunidade queserve nos cem anos da sua existência.

Uma palavra especial de gratidão a todos que nos SMTUC trabalharam e tra-balham.

São cem anos de dedicação.

mensagem

Carlos Manuel de Sousa Encarnação

Presidente da Câmara Municipal de Coimbra

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Transportes Urbanos de Coimbra | Uma realidade Centenária44444Excerto da Acta original da Câmara Municipal de Coimbra do dia 15 de Maio de 1908

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historia

TERMINUS PENDEO IN EXORDIUM- O FIM DEPENDE DO INÍCIO -

Os transportes urbanos em Coimbra remontam ao anode 1874 com a introdução dos carros americanos. Aquitem início o período histórico a que podemos chamar de“primórdios” dos transportes colectivos urbanos nestacidade.

PRIMEIRA CONCESSÃO

Para vencer as distâncias entre a Estação Velha e ocentro urbano a Câmara Municipal dá à Rail RoadConimbricense, empresa então constituída, a concessãodo transporte de passageiros emcarros americanos e a autorizaçãopara assentar carris nas ruas dacidade no ano de 1873.

As obras de colocação de carriscomeçam em Abril de 1874 e, nomesmo ano, em Setembro écomunicado à edilidade a aberturada exploração da 1ª linha detransportes americanos.

Embora o carro americanooferecesse vantagens, ao encurtar a distância entre aestação do comboio e o centro da cidade, o percurso daempresa de transportes urbanos em Coimbra foidificultado pela entrada em funcionamento do ramal docaminho de ferro no centro da cidade, em 1885, altura emque a empresa pede à Câmara licença para estender a sualinha da Portagem às Ameias (actual Estação Nova). A RailRoad Conimbricense pede, ainda, autorização ao Municípiopara abater 40 a 60 reis ao preço dos bilhetes, de forma asuperar a concorrência desencadeada pelo comboio, poiscada vez menos, os passageiros recorriam aos serviços docarro americano. Este pedido é recusado e, ainda, em 1885a empresa suspende definitivamente os seus serviços.

Assim terminava a 1ª tentativa de instalar um serviçode transportes públicos na cidade.

SEGUNDA CONCESSÃO

Em 1902 Augusto Freire de Andrade apresentava àCâmara Municipal um requerimento onde pedia a “concessão, por trinta anos, de uma nova via férrea urbana,sistema americano, de tracção animal, para o queestabeleceriam linhas para a cidade alta, Estação de Coimbra BEstrada da Beira e outros pontos”.

Dr. Manuel Braga, então presidente, tendo presente ofracasso da Rail Road Conimbricense, não ficou muitoentusiasmado até porque, esperava “obter o fornecimentode energia eléctrica ao que se seguiria a tracção eléctrica “. Mas,na ausência de interessados na exploração da tracçãoeléctrica a edilidade concedeu, primeiro provisoriamentee, em Janeiro de 1903, o contrato definitivo de concessão.

A Carris de Ferro de Coimbra – assim denominada anova empresa que explorava os carris americanos - inicia,então, o assento da linha Estação – Velha/ Portagem(então largo Príncipe D. Carlos) que foi inaugurada em 1

de Janeiro de 1904 sendo presidenteManuel Dias da Silva.

Em Fevereiro do mesmo ano foiaberto um novo troço entre a praça8 de Maio e a Rua Infante D. Augusto(junto à universidade). A circulaçãopara a alta da cidade iniciava-se às8h da manhã e ia até às onze comintervalos de uma hora,recomeçando novamente às 14h30maté às 17h30m em que saía a ultima

carreira do dia.No entanto este percurso não era muito operacional

pois o “Serviço de tracção animal não satisfaz as exigências dospercursos íngremes da cidade”. Verificando-se que os carrosamericanos não prestavam um serviço eficaz, devido àfadiga dos animais nos percursos mais íngremes –característica da cidade – a Carris de Ferro de Coimbraprepara-se para “ substituir a viação animal pela tracçãoeléctrica”.

Era assim que, em 1904, terminava a 2ª tentativa deinstalar os transportes públicos nacidade de Coimbra.

“Sabia que no trajecto atéUniversidade o carro america-no era reforçado na subida da

Avenida Sá da Bandeira poruma parelha de mulas”

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Os carros americanos mantêm-se em actividade enquanto nãosão resolvidos os problemasrelativos à introdução do eléctrico.As últimas notícias que temosdestes carros surgem em 29 deMaio de 1908 quando sãosuspendidas as carreiras para aestação de Coimbra – B, em virtudeda decisão de municipalização datracção eléctrica e, em Fevereiro de 1916, quando omunicípio autorizou o carro americano a transportarpassageiros em virtude de este estar a fazer o transportedas malas do correio para o comboio da noite.

Ainda em 1904 a Carris de Ferro de Coimbra propõe àCâmara, um subsídio anual pelo prazo de dois anos parapôr em funcionamento o novo sistema eléctrico. Estaproposta é aprovada com muita satisfação pelo presidenteDoutor Marnoco e Sousa que diz “ a proposta foi muito bemrecebida na cidade, pois não podia haver dúvida sobre as grandesvantagens que Coimbra devia tirar deste melhoramento, emvirtude do impulso que a facilidade dos transportes imprime nodesenvolvimento da cidade”.

Coimbra, nessa altura, estava em crescimento tanto anível espacial como populacional, tendo por isso os meiosde transportes urbanos um papel fundamental nodesenvolvimento da cidade.

Mas, a instalação da tracção eléctrica exige uminvestimento elevado e a empresa de Augusto Freire deAndrade, que tinha a “exclusividade da exploração da viaçãoeléctrica na cidade” torna-se uma sociedade anónimapassando a designar-se Companhia Carris de Ferro deCoimbra e mesmo após a morte de Freire de Andrade,nesse mesmo ano, a empresa continuou os trabalhos paraa instalação do eléctrico na cidade. No entanto, a 6 deMarço de 1908 “ o conselho de administração da companhiada Carris de Ferro de Coimbra comunica que os trabalhos seacham interrompidos devido à falta de capitais”.

Ora, a Câmara confrontada com esta situação e com aincapacidade financeira da companhia na instalação datracção eléctrica na cidade reuniu com a comissão dosaccionistas de Coimbra em que se acordou que a “Municipalização é o único meio de realizar estemelhoramento”. Por esta razão o Doutor Marnoco e Sousadiz que “ desapareceram todas as ilusões relativamente àpossibilidade da instalação da tracção eléctrica na cidade por

meio da Companhia Carris de Ferro deCoimbra (…) Coimbra precisa de serdotada urgentemente com estemelhoramento, que é condiçãoabsolutamente necessária do seuprogresso e da sua transformação (…)todos aproveitam com os meios detransporte urbanos, fáceis e rápidos: osproprietários que vêm valorizados osseus prédios da preferia da cidade; os

industriais e comerciantes, que encontram na expansão da vidaeconómica da cidade novas condições de existência; as classestrabalhadoras, que podem mais fácilmente viverem fora doscentros da indústria e das fábricas; os habitantes de bairrosexcessivamente densos e pouco saudáveis (…) hoje não podehaver uma cidade moderna, higiénica e progressiva sem meiosde transporte fáceis e rápidos…”

É com estas considerações que a 15 de Maio de 1908,há precisamente 100 anos, a Câmara propõe: “ Que semunicipalize o serviço de tracção eléctrica”. “ Deste modo, ficaráCoimbra possuindo ostrês serviços industriaisdas aglomeraçõesurbanas municipa-lizados – a água, ailuminação e a tracção(…) estes serviçosauxiliam-se mutua-mente (…) a água énecessária para aestação geradora daelectricidade (…) porsua vez é necessária àtracção eléctrica…”.Propõe também oempréstimo de150.000$000 reis,capital necessário, segundo os cálculos da Câmara, para ainstalação da tracção eléctrica na cidade.

A 19 de Julho de 1909 verificando-se que o custo dainstalação eléctrica era superior aos cálculos feitos foideliberado introduzir algumas modificações no concursoque foi entregue ao Engº William Clark para estudo dasmesmas.

Em 12 de Agosto do mesmo ano a tracção eléctrica foiadjudicada à casa Dick Kerre & Cª que se recusou a assinaro contrato nos termos da adjudicação. Assim sendo aCâmara decidiu adjudicar à Thomson Honston Ibérica aviação eléctrica.

Em 22 de Setembro de 1910 foi aprovado oregulamento da circulação dos carros eléctricos e a 17 deNovembro do mesmo ano foi aprovada a instalação nosPaços do Conselho de uma repartição dos ServiçosMunicipalizados e a constituição do quadro de pessoal.

A MUNICIPALIZAÇÃO DOS TRANSPORTES COLECTIVOS URBANOS

- A SUA NECESSIDADE –

Os Transportes Urbanos de Coimbra, são uma refe-

rência a nível nacional, mas sobretudo um exemplo para os

Transportes Municipais do País.

Foram os primeiros a iniciar a actividade,

disponibilizando a experiência e saber aos Serviços Mu-

nicipais mais recentes, designadamente os Transportes

Colectivos do Barreiro, que tiveram o privilégio de en-

viar um colaborador aos SMTUC para receber formação,

antes do inicio da actividade em 1957.

Sempre estivemos, estamos e estaremos com os SMTUC, na luta pelo reconheci-

mento dos Serviços Municipais de Transporte Urbano, essenciais para o progresso das

suas regiões e melhoria da qualidade de vida das populações.

Um centenário a servir a Cidade e o Concelho de Coimbra, como os SMTUC o

fazem, dispensa mais comentários.

Expressamos os nossos parabéns, a todos que ao longo destes 100 anos, digni-

ficaram e promoveram a imagem dos SMTUC.

FELICITA

ÇÕES

Serviços Municipalizadosde Transportes Colectivos

do Barreiro

“Em Portugal as primeirasmunicipalizações tiveram lugar

no concelho de Coimbra”Professor Marcello Caetano (in Manual de Direito

Administrativo, I volume , pág. 348)

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A 1 de Janeiro de 1911era inaugurada a viaçãoeléctrica e considerado “…omais notável acontecimen-to da vida Coimbrã…”. A vi-ação eléctrica compreendiatrês linhas: uma da EstaçãoVelha à Alegria, outra da Es-tação Nova à cidade alta (Uni-versidade) e a terceira Esta-ção Nova até aos Olivais. Afrota era constituída por cin-co carros eléctricos tendosido, em Agosto do mesmoano, autorizada a aquisiçãode mais dois carros o queprova que a cidade se en-contrava em pleno desen-volvimento e os carros exis-tentes já não satisfaziam apopulação que se difundiapor novos espaços e queadquiriu já hábito de se des-locar de eléctrico no seu diaa dia.

O prolongamento da viaeléctrica da Alegria até ao Calhabé foi inaugurado em Maiode 1913.

Os anos 20 foram um período importante da vida doseléctricos:

Em 22 de Abril de 1920 a Câmara Municipal deliberousobre a autonomia dos Serviços Municipalizados, tendo sidopara o efeito criada uma Comissão Administrativa destina-da à sua gestão.

Em 1925 foram adquiridos um carro eléctrico e umazorra para transporte do carvão utilizado na central eléctri-ca.

Em 1928 foi instalada a linha dupla desde Arco de Alme-dina até aos Arcos do Jardim e abertura da linha até aoMatadouro.

Nesta altura a frota dos SMC era já constituída por 15carros eléctricos e 2 carros para atrelar a uma zorra

Em 1929 foi aberta a linha dos Arcos do Jardim ao Calha-bé e da linha da Cumeada aos Olivais e, em 1930 foramadquiridos mais três eléc- tricos, os únicos de fabricoeuropeu.

Em 1932 pro- longou-se a linha dos Oli-vais até à igreja dos Olivais, construiu-se alinha da Rua Abílio Roque e foi feito oprolon- gamento da via dupla até à

Universidade.Em 1934 foi construída a li-

nha de S. João para permitir acirculação pela Universidade e,ainda neste ano, com chassis emotores importados, é constru-ído nas oficinas dos ServiçosMunicipalizados o eléctrico nº 19.

Nesta época o carro eléctricoestá definitivamente instalado em Coimbra servindo as zo-

historia

A INAUGURAÇÃO DA TRACÇÃOELÉCTRICA EM COIMBRA

- A EVOLUÇÃO DAS LINHAS E DA FROTA –

nas mais populosas da cidade.No ano de 1938 começou a vislum-

brar-se já o fim dos carros eléctricos quan-do são adquiridas três viaturas automó-veis que iniciam os seus serviços em 1940com a carreira Coimbra –Taveiro. De sali-entar que nesta altura os Serviços Muni-cipalizados tinham já uma elevada capa-cidade técnica o que permitiu que seconstruísse, ainda, o carro eléctrico nº 20e que seria o último.

Estávamos a entrar na Era dos Auto-carros que em conjunto com os troley-carros, inaugurados pela 1ª vez no paísem 1947, são as alternativas para o futu-ro dos transportes em Coimbra.

Assim em Dezembro de 1947 a Câ-mara anuncia a “extinção gradual da via rí-gida (carros eléctricos) e a sua substituição portroleicarros, na zona urbana, e autocarros nazona rural”. Embora a implantação dos“troleicarros” fosse crescendo nas ruas dacidade ela não anulou totalmente a acti-vidade dos eléctricos, pois em 1954 vaiainda prolongar-se a linha dos Olivaisao Tovim de baixo e desde a Rua da Sofia

pela Rua Dr. Manuel Rodrigues, Avenida Fernão de Magalhães e Esta-ção Nova a terminar na Portagem.

Em 1958 é aprovada a colocação da via dupla de carris para oseléctricos nas Ruas Lourenço de Almeida Azevedo e Augusto Rocha eem 1959 é estabelecida a ligação dos Arcos do Jardim pela a Rua de Sta.Teresa, com ligação à Avenida Dias da Silva. Ainda no mesmo ano oPresidente do Conselho de Administração dos Serviços Municipaliza-dos de Coimbra (SMC) reconhecia as vantagens do transporte em “tro-leicarros”, mas não deixa de considerar “o interesse económico da manu-tenção dos carros eléctricos enquanto eles se mostrarem capazes de dar satisfa-ção ao interesse colectivo dos transportes urbanos da cidade”.

Embora durante a década de 50, algumas linhas tivessem sidosubstituídas pelos “troleicarros” é nos anos 60 e, já com uma frotacomposta por 20 carros eléctricos, 27 troleicarros e 31 autocarros,que o velho eléctrico vai dar mostras de grande decadência. No iníciodos anos setenta, o Conselho de Administração dos Serviços Munici-palizados reforça a ideia de retirar o eléctrico das ruas da cidade.

O fim deste meio de transporte, que durante 69 anos proporcio-nou aos cidadãos de Coimbra uma deslocação mais rápida e económi-ca, estava agora, mais do que nunca, a caminhar para o fim. Em 1977 sójá existiam as linhas que ligavam a Portagem a Sto. António dos Olivaise a que ia da Portagem à Cruz de Celas. Em 1979 estas linhas deixam defazer o circuito pela baixa.

Na madrugada do dia 9 de Ja-neiro de 1980, perto da uma damanhã, os eléctricos recolhem,pela última vez às instalações si-tuadas na Rua da Alegria. Foi ofim do serviço prestado à cidadede Coimbra pelos velhos carroseléctricos. De realçar que à épocaa frota era constituída por 12 car-ros eléctricos, 27 troleicarros e 70autocarros.

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No dia 01 de Janeiro de 1985 os Serviços Municipalizados conta-vam com 16 funcionários dos Grupos de Pessoal Dirigente e Técnico,30 funcionários do Grupo de Pessoal Administrativo, 192 funcionáriosdo Grupo de Pessoal Operário e 327 funcionários do Grupo de PessoalAuxiliar, onde se incluíam os Motoristas de Transportes Colectivos eOutro Pessoal do Movimento.

De um total de 565 funcionários em 01 de Janeiro de 1985, écurioso referir que somente 16 eram do sexo feminino, representan-do cerca de 2,83% do total. Se atentarmos nos números actuais verifi-ca-se a existência de 53 mulheres num universo de 467 funcionários,correspondendo, em termos percentuais, a 11,40% do total. Estes nú-meros reflectem a evolução desde 1985 até hoje.

A par dos Recursos Humanos, só é possível o cumprimento doServiço Público de Transportes Colectivos com a existência de materialcirculante. Neste particular, em 01 de Janeiro de 1985, a frota destina-da exclusivamente ao Transportes Colectivos era constituída por 76autocarros e 42 troleicarros.

DOS SMC AOS SMTUC

Em 26 de Novembro do ano de 1984, devido à dimensão dosServiços Municipalizados de Coimbra (SMC), o executivo camarárioaprovava a sua separação em dois Serviços: Transportes Colectivos eÁguas e Saneamento, aprovando os respectivos quadros de pessoal,de forma a ser possível implementar a separação, a qual veio a efecti-var-se em 1 de Janeiro de 1985.

Nasceram assim os Serviços Municipalizados de Transportes Urba-nos de Coimbra (SMTUC), cujo Conselho de Administração era consti-tuído pelo Senhor Dr. Fernando Luís Mendes Silva, Presidente, e osAdministradores Senhores Manuel Correia de Oliveira (o qual viria aexercer também as Funções de Presidente do Conselho de Adminis-tração em 10/01/1986) e Carlos Gomes de Andrade.

O primeiro Director Delegado dos SMTUC foi o Senhor Eng. LeopoldoMorais da Cunha Matos, funcionário nº 1, seguiram-se em 1987 o SenhorEng. António Geraldo dos Santos Vizeu, em Novembro de 1993 o SenhorEng. António Santo Alves da Cunha e por último, em Fevereiro de 2006, aactual Directora Senhora Dr.ª Regina Helena Paiva Ferreira.

Cunha Matos

António Vizeu

António Santo

Regina Ferreira

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Em face dos elementos que foi possível recolhernas pesquisas por nós efectuadas, a primeira mençãoque encontramos a um órgão de gestão dos ServiçosMunicipalizados remonta aos anos 1929/32, nomea-damente à Comissão Administrativa da Câmara Mu-nicipal de Coimbra para a Gestão dos Serviços Muni-cipalizados, a qual era constituída pelos seguintesmembros:

Afonso Maldonado (Presidente da Comissão);Frederico Sanches Morais;João Rodrigues de Moura Marques;Daniel Pedroso Baptista;José Correia Amado;Augusto Luiz Marta;Francisco Mendes da Silva;

Por outro lado, julgamos que a primeira vez quese fala em Conselho de Administração dos ServiçosMunicipalizados, com uma estrutura igual há que exis-te no presente, é nos anos 1938/1942, o qual era for-mado por:

José Simões;João Rodrigues de Moura Marques;José Paiva Simões Pereira.

No ano do centenário o Conselho de Administra-ção dos Serviços Municipalizados de Transportes Ur-banos de Coimbra é composto por:

Manuel Augusto Lopes Rebanda (Presidente);Manuel Correia de Oliveira (Adminis. Delegado);António Luis Pinto Pereira (Vogal).

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historia CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO

Manuel Rebanda

Manuel Oliveira

Pinto Pereira

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Os Serviços Municipalizados viveram o maior período temporalda sua história nas instalações existentes na Rua da Alegria.

Era aqui que estavam situados não só os serviços técnicos e ad-ministrativos, como também as oficinas gerais dos Serviços Munici-palizados de Coimbra – SMC - (electricidade, água e transportes),onde se efectuava a reparação e manutenção dos autocarros, trolei-carros, carros eléctricos e outros veículos afectos aos serviços presta-dos pelos SMC. Existia também neste local uma fundição.

Todavia, durante alguns anos a recolha dos Eléctricos era feita no“antigo gasómetro”, existente logo ao início da Rua Figueira da Foz(actual parque de estacionamento dos magistrados e funcionáriosdo Palácio da Justiça). Nestas instalações existia uma estação de lim-peza e manutenção exclusiva para os carros eléctricos.

Mais tarde, a recolha dos eléctricos passou definitivamente paraas instalações da Rua da Alegria e aqui foi sendo feita até à extinçãodaqueles carros, que durante 69 anos serviram a “Lusa Atenas”.

Em 1969, ainda na Alegria, foi elabo-rado projecto para novas instalações, aerguer na Guarda Inglesa.

Mas, só em 1985, com a separaçãodos SMC e a consequente criação dosServiços Municipalizados de Transpor-tes Urbanos de Coimbra (SMTUC), é queas instalações destes últimos transitaram para a Guarda Inglesa, localonde permanecem até o dia de hoje.

Na Guarda Inglesa estão reunidos todos os serviços. Os serviçosda Administração e Direcção, os Serviços Técnicos e Administrativos,a Secção de Bilheteiras, os Serviços de Apoio à Exploração, as Oficinasde Manutenção e Reparação, as Oficinas Gráficas e o parque dasviaturas.

Refira-se ainda que ao longo dos anos sempre existiram postosde venda dos SMTUC em locais específicos da cidade. Hoje desig-nam-se “Lojas SMTUC” e estão situadas na Praça da República, Merca-do D. Pedro V, S. José e Parque Dr. Manuel Braga.

INSTALAÇÕES

“15 de Abril de 1920 “(…) os Serviços Municipalizadossejam transferidos para a Rua da Alegria (…)”

(in acta da reunião da Câmara Municipal de Coimbra) “

“17 de Novembro de 1910 - Aprovou-se a instalação nos Paçosdo Concelho de uma repartição dos Serviços Municipalizados(gás, água e eléctricos) e a constituição do quadro de pessoal

(in acta da reunião da Câmara Municipal de Coimbra)”

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Da evolução dos transportes colectivos urbanos não se pode dissociar a evo-lução do seu próprio sistema de bilhética, validação e fiscalização. Sem pretender-mos ser exaustivos sobre o tema, é importante para uma mais profícua noção daevolução e desenvolvimento do serviço de transportes colectivos urbanos men-cionar, ainda que em traços muitos gerais, a evolução do dito sistema, especial-mente nos últimos 25 anos.

Podemos constatar ao longo da exposição que um sistema de bilhética ade-quado e tecnologicamente evoluído permite uma melhor racionalização e ren-tabilização do capital humano disponível, além de conferir uma maior comodida-de no serviço prestado aos utentes.

Com efeito, desde os primeiros anos do serviço municipalizado de transpor-tes colectivos urbanos em Coimbra que o sistema de bilhética se consubstanciavasimplesmente na acção do Cobrador de Transportes Colectivos, o qual, no âmbitodas suas funções, cobrava bilhetes, zelava pela segurança e comodidade dos pas-sageiros e verificava a validade dos bilhetes e passes sociais. Assim, o Cobrador foi durante décadas o único garante dobom funcionamento do sistema de bilhética. Ele, com a sua pasta a tiracolo, circulava dentro do veículo, fosse ele ocarro eléctrico, o troleicarro ou o autocarro, vendendo os títulos de transporte, efectuando os respectivos trocos, senecessário, e validando os bilhetes manualmente através do “alicata”.

Sabia que em 01 de Abril de 2002 deixou os SMTUC o último Cobrador de Transportes Colectivos. Assim, coma aposentação do funcionário Joaquim Oliveira Nobre, que na época exercia funções de responsável da Secção de

Bilheteiras, deixou de existir no quadro de pessoal dos SMTUC funcionários com aquela categoria, a qual, emtempos passados, foi muito importante na área da exploração dos transportes colectivos urbanos, mas que não

conseguiu sobreviver face ao desenvolvimento da tecnologia.

De permeio, ainda com aquele profissional no exercício das suas verdadeiras funções, criou-se dentro dos auto-carros o lugar do Cobrador. Este lugar existia à entrada do veículo e o Cobrador, aí sentado, vendia e validava os bilhetesaos utentes que se lhe dirigiam.

É importante realçar que a “tripulação” do veículo, ao longo dos anos em referência, era sempre composta peloCobrador e pelo Guarda-Freio (carros eléctricos) ou pelo Cobrador e Motorista de Transporte Colectivos (autocarrose troleicarros). Este último, como é óbvio, assumia estritamente funções de condução do veículo para transporte dospassageiros, tendo sempre em atenção a sua segurança e comodidade.

No dealbar da década de 80 do século XX, com a introdução do sistema “almex”, a cobrança dos bilhetes de bordopassa a ser feita pelo Motorista de Transportes Colectivos, prescindindo-se, assim, das funções do Cobrador de Trans-portes Colectivos. Além disso, os utentes podiam, em vez de adquirir o bilhete ao motorista, utilizar também osbilhetes pré-comprados, que na época se vendiam em módulos de 10 bilhetes/viagens, os quais, como é natural, nãopodiam ser vendidos individualmente. Por outro lado, os utentes que detinham passe social ao entrar no veículoexibiam-no ao Motorista. Os bilhetes de bordo e os pré-comprados eram validados numa máquina obliteradora –sistema “almex”, que era um sistema eléctrico, embora com forte componente mecânica.

A máquina obliteradora estava colocada à entrada do veículo, logo a seguir ao lugar do motorista, e o utente aoentrar no autocarro validava o respectivo título de transporte (bilhete de bordo ou pré-comprado) introduzindo-ona máquina, ficando registado no respectivo bilhete a data, hora e a zona da viagem em questão.

Mas, em virtude de se ter verificado a existência de práticas abusivas de venda de pré-comprados à unidade e porpreços escandalosos, por exemplo um bilhete pré-comprado de uma zona que custava, no ano de 1989, 26$00 echegava a ser vendido por 40$00 e 45$00 (!!); sem qualquer tipo de responsabilidade por parte dos SMTUC.

BILHÉTICA, VALIDA Ç

O Decreto-Lei n.º 247/87, de 17/06, veio regularizar uma situação que se pode considerar algo desajustadaface ao conteúdo funcional do Motorista de Transportes Colectivos, o qual não contemplava funções de

cobrança. Com efeito, aquele diploma criou a carreira de Agente Único de Transportes Colectivos. Esta novacarreira integrava o motorista de acordo com o seu conteúdo funcional “de facto” existente, atribuindo-lhe

para além das funções normais de condução, também as de cobrança – a integração na referida carreiraocorreu em 17 de Setembro de 1987.

Esta alteração legislativa de fundo acabou com a necessidade de existência das funções de Cobrador. Daí queestes profissionais tivessem sido integrados em outras carreiras, tendo sido utilizada para o efeito a figura da

reclassificação profissional prevista no referido diploma. Os 30 Cobradores que nessa época não foramreclassificados passaram a exercer funções nos Postos de Venda dos SMTUC e na Secção de Bilheteiras.

“Al icata”

Corta cantos manual

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Validador electrónico

Sistema Almex

historia

Ora, sendo os Serviços totalmente alheios a esta situação e sentindo a quebra de receitas, ao mesmo tempo queassistia às consequências que daí derivavam para a sua imagem, após testar algumas soluções, decidiu, para acabar de vezcom esta actividade fraudulenta, criar nesse mesmo ano o esquema multiviagem. O multiviagem (pré-comprado),inovação em que os SMTUC foram pioneiros, era constituído por um único cartão com 10 viagens. Este cartão, produzidotal como o anterior nas Oficinas Gráficas dos SMTUC, tinha em 10 pequenos quadrados as dez viagens numeradas de 1 A10 que eram cortados cada vez que o cartão era introduzido na máquina obliteradora. Ao lado de cada corte continuavama ser inscritos a tinta as já referidas indicações. Com este esquema deixou de ser possível vender uma só viagem, mas erapermitido ao possuidor de um desses cartões marcar mais de do que uma viagem quando entrava na viatura.

A forma do cartão impedia a marcação de viagens ao contrário e obstava a mais umas quantas “habilidades”. Alémdisso, este novo tipo de pré-comprado permitiu uma extraordinária economia aos SMTUC, quer em consumíveis,quer em mão-de-obra (p. ex. o comprimento do cartão multiviagem era o correspondente a dois bilhetes dos ante-riormente usados).

Todavia, porque o sistema não era perfeito e por vezes falhava, existia na banqueta do Motorista uma pequenamáquina de corte manual – o “corta cantos manual” -, criada e produzida na Serralharia dos SMTUC, que era utilizadasempre que o sistema eléctrico não funcionava.

Sabia que o sistema “almex” apenas estava preparado para validar senhas de uma viagem. Daí que em 1989,com a criação do esquema multiviagem, os electricistas dos laboratórios das máquinas obliteradoras dos SMTUC

tiveram que lhe introduzir alterações, adaptando-o ao novo esquema, de forma a ser possível que o mesmopassasse a poder validar os cartões de 10 viagens.

Na senda da evolução tecnológica os SMTUC introduziram no final da década de 90 do século passado um novoe mais desenvolvido sistema de bilhética, o qual ainda hoje está em funcionamento. Este sistema consiste na utiliza-ção de cartões de passe sem contacto e bilhetes com banda magnética. O mesmo é constituído por um validadorelectrónico que tem associado ao seu funcionamento uma consola de comando onde o Agente Único de TransportesColectivos selecciona a informação, definindo a data, hora, linha e sentido que o autocarro vai realizar.

No que se refere aos bilhetes de banda magnética, os mesmos são introduzidos no validador e neles ficamregistados os elementos seleccionados pelo Agente Único através da dita consola e também, no caso dos bilhetespré-comprados, o cômputo das viagens validadas.

No caso do passe social, os utentes passam o cartão à frente do validador e este emite um som de conformidadeou desconformidade da validade do mesmo, além de ficar registado na memória daquela máquina o número do passe,a data, hora, zona e linha da viagem que o possuidor do respectivo cartão está a utilizar. Este sistema confere celeridadeao processo de validação, evitando congestionamentos à entrada para a viatura, entre outras vantagens. Nestas des-taca-se a do efectivo registo de utilizadores dos transportes urbanos por linhas e carreiras. Registo de fundamentalimportância para efeitos estatísticos e, por conseguinte, para uma melhor gestão das necessidades do serviço públicode transportes colectivos. Estes registos são importantes também para outros efeitos, nomeadamente probatórios.

No que diz respeito à fiscalização, no tempo em que os Cobradores aindaexerciam as funções constantes do seu conteúdo funcional, os revisores em estrei-ta colaboração com os primeiros procediam, tal como hoje em dia, à verificação davalidade dos títulos de transporte, à elaboração dos autos de notícia relativos aospassageiros em transgressão e à cobrança das multas quando os “prevaricadores”pretendiam efectuar, desde logo, o respectivo pagamento.

Logo que o Revisor entrava na viatura, o Cobrador fornecia-lhe uma lista ondeconstava a informação sobre os bilhetes vendidos e respectiva numeração. A fis-calização era realizada através da conferência da referida informação com o bilhe-te que cada passageiro possuía naquela viagem. A marca da fiscalização ficavapatenteada no título de transporte com o furo que lhe era feito pelo “alicata” doRevisor.

A validade dos passes sociais era aferida pelo Revisor mediante a visualizaçãoda vinheta do mês em questão aposta no respectivo cartão de passe.

A partir de 1999 com a implementação do sistema de validação do passe semcontacto, os Revisores, munidos do Terminal de Fiscalização, verificam a validade daqueles títulos de transportes como encosto do respectivo cartão de passe ao Terminal. Deste modo, com a visualização da informação que passa no visordo Terminal, o Revisor consegue verificar se o passageiro tem o seu passe válido para o mês em questão e se a viagemfoi registada no validador existente no autocarro.

Relativamente aos bilhetes, a fiscalização é feita com a exibição dos mesmos ao Revisor.Face à evolução que se assistiu até à presente data, podemos projectar que, nos SMTUC, o futuro da bilhética,

validação e fiscalização passa, indubitavelmente, por um sistema totalmente sem contacto.

A ÇÃO E FISCALIZAÇÃO

Bolsa cobrador

Terminal Fiscalização

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TAL COMO ONTEM... EVOLUÇÃO DA OFERTA, ADAPTAÇÃO À PROCURA

Desde sempre os transportes foram capazes de se adap-tar às constantes mudanças e evolução do tecido urbano, dasua população e à necessidade de mobilidade. Como exem-plo concreto, poderíamos apresentar um enorme conjuntode medidas que se foram diluindo ao longo de décadas. Oresultado está estampado na vastidão actual da Rede de Trans-portes.

Um bom exemplo do constante empenhamento destesServiços em adaptar a rede às necessidades da população é aevolução das Linhas nº 4 e 6, passando pela sua transitóriafusão. Lembram-se da Linha nº 46?

Com a instalação da tracção eléctrica de Coimbra em 1 deJaneiro de 1911, assistiu-se à inauguração de três linhas deeléctrico, não estando no entanto contemplada ainda a des-locação para as zonas envolventes das referidas carreiras.

No ano de 1938 afirma-se que: «sendo de desejar o au-mento da rede de transportes, também é cada vez menos deaconselhar que ele se faça pelo sistema de carros eléctricossobre carris». Estava a iniciar-se o ciclo que conduziu ao aban-dono da utilização dos carros eléctricos em Coimbra. Haveráno entanto a assinalar que em 1940, foram efectuadas asobras que permitiram chegar à conclusão de que «havendotrês linhas próximas umas das outras, como se encontravamas da Cumeada, Olivais e Montes Claros, seria proveitosa asua ligação».

A alternativa de transporte pretendida é referida pela pri-meira vez, quando em 1943 se decide que: «nas novas exten-sões da rede de transporte urbanos a estabelecer quando

Um olhar sobre duas das mais históricas carreirasda Cidade de Coimbra

houver oportunidade – Santa Clara, Calhabé e Bairro doLoreto – deve adoptar-se o sistema de “trolley – onibus” emvez de via – férrea».

Tal projecto começou a ser concretizado em 1946, com oinício da montagem da linha aérea para Santa Clara, e viria aser inaugurada em 16 de Agosto de 1947. Mais tarde, a 30 deOutubro de 1954 é inaugurada a nova ponte sobre o RioMondego, a actual Ponte de Santa Clara.

Assim, em 1959, no sistema de transportes urbanos deCoimbra incluíam-se a Linha nº 4 (eléctricos), entre a Porta-gem e a Cruz de Celas e Linha nº 6 (troleicarros), que ligava aPortagem a Almas de Freire.

Ainda hoje existirá a recordação do início da subida daRua da Manutenção Militar que, quando chovia o guarda-freio tinha que utilizar um mecanismo que consistia em dei-tar areia para os carris “para as rodas agarrarem”.

Corria a década de 60 e ocorriam factos curiosos, divul-gados nos jornais da época, como a contestação da popula-ção, porque «os rapazes (alguns já pais de filhos), penduram-se na entrada dos carros e não deixam entrar ninguém...» ou«...os carros são tomados de assalto pelas pessoas que mo-ram nas ruas da Manutenção, Montarroio, Saragoça e Con-chada e só mais tarde os moradores da Rua António José deAlmeida conseguem um lugarzito...».

Também do outro lado do rio, com a ligação por auto-carros entre as Almas de Freire e o Cruzeiro de S. Martinho(interface com os troleicarros), verifica-se uma contestaçãoda população local e o pedido de reforço das carreiras, por-que «havia uma ordem de que o público que deseja tomar o

historia

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historia. HOJE!

troley-bus só o pode fazer depois dachegada do autocarro, cujos passagei-ros têm prioridade...», e pediam inter-venção por «... não nos parecer justoque o público de Almas de Freire fiqueem condições secundárias...».

Na década de 70, além da ligaçãoPalácio – Santa Clara, coexistiu uma li-gação Almas de Freire – Universidade,designada como Linha nº 6T, que trans-portava em média 3 milhões de passa-geiros/ano. Os títulos de transporte va-riavam entre 0$50 (bilhete de estudante) e os 2$50.

A título de curiosidade, no ano de 1970 foram efectuadas46.686 viagens na Linha nº 4, 3.323 das quais com lotaçãoesgotada, percorridos cerca de 268 mil quilómetros e vendi-dos mais de 2 milhões de bilhetes. Reflexo dos problemastécnicos e de trânsito, resultaram nesse mesmo ano 633 via-gens perdidas.

Em meados da mesma década do Século XX, as carreirasficariam impedidas de circular além da zona da Manutenção,devido a obras de drenagem na baixa. Com isto procedeu-seao levantamento dos carris na Rua da Sofia e só a 20 de Julhode 1980 retomam o percurso até ao Arnado, já sem eléctricosna cidade. A 2 de Janeiro de 1983 os percursos seriam restabe-lecidos na totalidade até à Portagem.

Entretanto, após diversas adaptações e introdução do sis-tema de cobrança automatizada a 5 de Junho de 1983, é inau-gurada a 8 de Março do ano seguinte a introdução dos trolei-carros na Linha nº 4, com o novo modelo Caetano/Efacec. Aintrodução da cobrança na Linha nº 6, pelo “sistema inovador”,verifica-se somente a 30 de Outubro do mesmo ano.

Em 1987, da análise efectuada à rede de transportes, cons-

tatava-se já a necessidade de variar os percursos destas car-reiras, devido à sua sobreposição, principalmente em artériasaltamente congestionadas, nomeadamente as da Baixa daCidade. Estávamos perante o nascimento da ideia da fusão,ideia essa que foi reforçada com o anunciado encerramentoao trânsito das Ruas Ferreira Borges e Visconde da Luz.

Assim, a 19 de Dezembro de 1987, teve início um percursoexperimental da recém criada Linha nº 46, que como resulta-do da fusão das linhas nº 4 e 6, passou a ligar o Liceu JoséFalcão a Almas de Freire, tendo-se tornado definitiva a 22 deMaio do ano seguinte.

Em 9 de Maio de 1993 esta carreira prolongou o seu per-curso à Mesura, tendo sido efectuadas obras de adaptaçãono local. Com este prolongamento coincidiu o abandonodos troleicarros nesta carreira.

Como resultado do constante acompanhamento e evo-lução da procura, serviu ainda o novo Centro de Saúde deSanta Clara, inaugurado no ano de 2000. Esta foi a últimaalteração antes da sua cisão.

No dia Mundial do Ambiente, 5 de Junho de 2002, foiapresentado ao público o novo traçado da Linha nº4, resul-tando da sua junção com a Linha nº 8. Nasceu assim a ligaçãoentre a Estação Nova e Santo António dos Olivais, via Con-chada e Cruz de Celas. Esta carreira iniciou o seu serviço a 11de Junho. A reposição da Linha nº 4 surgiu de diversos pedi-dos da população, nomeadamente da Conchada, Cruz deCelas e Olivais, que consideravam a carreira demasiado ex-tensa e que não se adaptava às suas necessidades de deslo-cação.

No entanto, a 2 de Setembro de 2002 assistiu-se à extin-ção da Linha nº 46. Ao contrário dos motivos que deramorigem à criação da Linha nº 4, para a população da MargemEsquerda, nomeadamente de Santa Clara, o antigo percursoda Linha nº 6 (entre o Palácio da Justiça e Santa Clara) nãoservia as novas necessidades de mobilidade, principalmenteas ligações que consideravam essenciais a Celas e ao Merca-do Municipal D. Pedro V. É por esta verificada necessidadeque nasce uma nova Linha nº 6, ligando o Hospital do Co-vões aos Hospitais da Universidade de Coimbra e acima detudo, tem origem a primeira carreira que une, com os meiosadequados às necessidades, as duas margens do Rio Monde-go e as grandes zonas hospitalares.

Conclui-se portanto que, muitos dos problemas do pas-sado têm sinónimo no presente e futuro, e tal como ontem,hoje é constante a necessidade de acompanhamento da redede transportes e análise das necessidades das populações. Sóassim fará sentido a prestação deste serviço público.

Saúdo com particular orgulho e satisfação os 100 anos da

municipalização dos Serviços Municipalizados de Transpor-

tes Urbanos de Coimbra. Pela sua longevidade, desde logo, tendo sido dos primeiros Serviços de

Transportes do país a serem municipalizados, numa altura em que transferir para as Câmaras Munici-

pais tão importante tarefa (ao tempo ainda muito incipiente) estava longe de ser uma questão pacífica.

Mas até por isso o meu orgulho se agiganta, ao vincar que estes 100 anos foram um tempo de

crescimento. Eu sei, claro, que tempos houve em que nem tudo correu como se desejaria. Mas os

cabelos brancos das pessoas idosas não resultam apenas da idade. São muitas vezes a consequência

biológica de muita e tanta preocupação e dificuldades sofridas. Mas nem por isso os Transportes

Urbanos de Coimbra perderam nunca a sua ambição de melhoria, nunca deixaram de ter a qualidade

do serviço que prestam como meta permanente, nunca perderam de vista chegar mais longe e servir

mais comunidades. E é com esse mesmo orgulho que nos enche o peito que podemos dizer que

Coimbra tem dos mais eficientes transportes urbanos de entre as demais cidades do país.

E conseguiu-o (e vai aqui o nunca calado protesto) à sua custa e à custa das suas gentes.

Enquanto Lisboa e Porto tiveram sempre direito a um subsídio estatal que lhes alivia as respon-

sabilidades de exploração dos transportes, Coimbra vive de si e por si. Daí que tenhamos, em

cada um dos veículos em circulação, dois passageiros assegurados: o nosso protesto e a nossa

mágoa. Lisboa tem mais: a falta de vergonha e os problemas de consciência.

Felicito os diversos dirigentes que ao longo de um século foram construindo uma teia imensa de

transportes cuja utilidade social é a todos os títulos indiscutível. Felicito o actual Conselho de

Administração pelo contributo já dado e pelo privilégio de viverem um momento tão especial.

Felicito, mas sobretudo agradeço ao Manuel de Oliveira, Administrador delegado, o ter dedicado a

uma terra que, não o sendo assumiu como sua, um contributo decisivo para a qualidade dos transpor-

tes urbanos de Coimbra. Muito do que hoje somos a ele devemos. Reconhecê-lo neste momento é um

imperativo de justiça que gostosamente assumo, não vá o tempo esbater a memória e a gratidão.

Lino Vinhal

FELICITA

ÇÕES

UM DOS NOSSOS ORGULHOS

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Numa área tão específica como é a dos Transportes ColectivosUrbanos, há profissões que só nela têm enquadramento. Com efei-to, nos dias de hoje, podemos falar na profissão de Agente Únicode Transportes Colectivos, Encarregado de Movimento (Chefe deTráfego) e Revisor de Transportes Colectivos. Outrora existiu tam-bém a profissão de Cobrador de Transportes Colectivos, a qual,como já foi referido noutro artigo desta Revista, extinguiu-se porforça do desenvolvimento tecnológico.

Todavia, é importante determo-nos com mais detalhe sobreoutras profissões que acabaram por desaparecer nestes Serviços,aquando da extinção da exploração de carros eléctricos na cidadede Coimbra. São elas a profissão de Guarda-Freio, Assentador deCarris (assentador de via, reparador de linha) e Agulheiro.

S i t u e m o - n o sneste último. O Agu-lheiro tinha por fun-ção mudar as agu-lhas dos carris, utili-zando para tal umachave apropriada nosentido de permitirao carro eléctricocumprir o circuitopré-definido. Esteprofissional tambémtinha a seu cargo aobservação dos le-

treiros dos veículos para saber o seu circuito e, assim, poder intro-duzir a chave no carril e fazê-lo deslocar para que o carro eléctricopudesse seguir na direcção desejada.

Já o assentador de carris (assentador de via, reparador de linha)desenvolvia a sua actividade na construção de novos troços de via,colaborava na respectiva medição ou procedia às correcções demontagem, fazendo-o sob orientação de um encarregado. Nesteâmbito, preparava o balastro e nivelava-o, assentava as travessasde madeira (chulipas) ou betão, sobre as quais fixava os carris, pormeio de parafusos apropriados (tirafundos), servindo-se de chavesespeciais.

O Guarda-Freio era quem conduzia o carro eléctrico, ligando-oà corrente e dirigindo-o ao longo das vias, transportando os passa-geiros. Este profissional, ao receber indicação para pôr o carro emmarcha, accionava os manípulos para ligação do mesmo à corren-te e regulava-o durante o percurso para fazer variar a correnteeléctrica. Fazia circular o carro ao longo dos carris tendo em aten-ção os sinais, circulação de veículos e peões e cumprimento doshorários estabelecidos, bem como da comodidade e segurançados passageiros. Imobilizava o carro aquando da indicação sonora

PROFISSÕES DE UM SERVIÇO DE TRANSPORTES COLECTIVOS URBANOS

“ UM TRIBUTO ÀSQUE NÃO RESISTIRAM! “

dentro do veículo oupor observação dos si-nais feitos nas para-gens, desligando acorrente e manipulan-do os travões. Era cu-rioso o facto de ter depressionar o chamadoprego da campainhasempre que as condi-ções de circulação oimpunham e o pregoda areia (existia umacaixa de areia no car-ro eléctrico que seabria quando pregoera accionado) paradescarga deste mate-rial ao longo dos car-ris, nos casos em queneles havia óleo, ga-nhando assim maior aderência.

Em conclusão, podemos dizer que, tal como noutras áreas deactividade, também nos transportes colectivos urbanos existiram,em tempos idos, profissões relevantes na manutenção diária deum serviço essencial aos munícipes. No entanto, por diversas ra-zões, a evolução histórica localizada eliminou-as do quadro deprofissões necessárias ao normal funcionamento dos Serviços.

Bem hajam!

historia

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CAMPEÃO DAS PROVÍNCIAS MAIO DE 2008

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Quando assumiu o cargo de Vogal do Conselho deAdministração nos SMC em 1983, os Serviços eramconstituídos por serviços de águas e serviços de trans-portes. A sua paixão foi sempre o mundo dos transpor-tes?

Eu era Vogal do Conselho de Administração dosSMC que era presidido pelo Coronel Álvaro Seco sendoque, nesse ano, se desenvolveu o processo de separaçãoentre as Águas e os Transportes. A partir de 1 de Janeirode 1985 assumi a responsabilidade dos ServiçosMunicipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra,autónomos, como Presidente do Conselho de Adminis-tração.

A minha família teve sempre tradição na área dostransportes o que criou em mim, desde garoto, umavivência que me realiza e motiva.

Vivo o meu trabalho com paixão; é uma missão deserviço ao Concelho.

Qual a realidade que encontrou então nos SMCno que toca ao serviço de transportes?

A realidade que encontrei na altura foi que os trans-portes se encontravam em segundo plano; o primeiroera das águas, devido às circunstâncias de na altura se dizerque estas sustentavam os transportes. Foi também umadas razões que contribuiu para a separação, para além deficarem perfeitamente claras as duas realidades.

De facto, viemos, dia 1 de Janeiro de 1985, da Ruada Alegria para a Guarda Inglesa e estivemos aqui quaseum ano e meio em condições precárias.

A ala da parte administrativa teve de ser toda prepa-rada por ser praticamente constituída por arrumos. Aúnica área feita de novo foi o Posto Médico, que nãoexistia, a partir da antiga Casa do Guarda. Melhorámos asinstalações, demos condições mínimas para os funcioná-rios trabalharem.

A separação dos Serviços e a criação dos SMTUCfoi um momento marcante da história dos transportesem Coimbra. Face à experiência que viveu, pode falar-nos sobre a mesma?

O que mais me marcou nesta separação foi passar-mos a ter a responsabilidade de nós próprios assumirmosprojectos e realizações que não estavam dependentes denenhuma estrutura para além da Câmara Municipal.

entrevista

Passámos a ser uma realidade mais concreta, comnecessidades específicas mas sempre limitadas no aspec-to financeiro.

Conseguimos, a nossa Administração e todas asAdministrações que se nos seguiram, contribuir para umarealidade que existe hoje nos SMTUC, que penso sertotalmente diversa do que existia na altura nos SMC, eque tem uma identidade própria; é um serviço social fun-damental à vida da população do Concelho.

Saiu do Conselho de Administração em 1990 eregressou como Administrador Delegado em 2002. Poderevelar-nos as principais diferenças com que se depa-rou?

Não sou sensível a fazer comparações, porque en-tendo que as pessoas que passaram pela Administraçãodesta casa fizeram tudo o que estava ao seu alcance, comas condições que tinham para o fazer.

Houve de facto uma evolução, houve uma diferen-ciação de políticas, uma diferenciação de estilos, mas defacto o grande salto foi dado nos anos de 2002 a 2004.

Nos anos de 2002 a 2004, houve algo que queirarealçar?

Esses anos foram os anos de partida para a renova-ção fundamental e muito importante da frota destes Ser-viços; hoje temos uma frota onde entraram 40 novasviaturas, com o consequente abate de 40 outras viaturas,o que nos possibilitou dar um salto em termos qualitati-vos. Temos hoje uma frota com características total-mente diversas da que existia, nomeadamente viaturascom ar condicionado, pisos rebaixados e rampas parapessoas com mobilidade reduzida. Enfim, com um con-forto e uma comodidade totalmente diferente da queexistia antigamente.

É evidente que aspiro a mais melhorias.A nossa perspectiva é também dotar estes Ser-

viços com novos troleicarros. Infelizmente a difi-culdade é grande, quer em conseguir novas unida-des quer pelo seu preço; também o apoio nestaárea é muito reduzido. De qualquer modo, não va-mos desistir, temos a rede a evoluir, temos umasubestação montada que é um ponto importantena nossa área de actuação e espero que muito pro-ximamente consigamos dar também um salto nes-ta área.

Como acha que seria viver em Coimbra sem Trans-portes Urbanos?

Viver sem Transportes Urbanos em Coimbra, seriacomo viver em qualquer outra cidade sem TransportesUrbanos.

Digamos que temos hoje uma oferta de qualidadecom instrumentos importantes de apoio à gestão da fro-ta; o Sistema de Apoio à Exploração é uma realidade, talcomo a informação sonora e por painéis fornecida aosutentes, e a gestão interna dos Agentes Únicos. Fortesinstrumentos que contribuem para que este serviço estejaactualizado e tenha uma eficiência adequada às necessida-des das populações.

Ao fim de tantos anos dedicados a este Serviço,qual foi o momento que mais o marcou?

A separação dos SMC em SMASC e SMTUC foi defacto o que mais me marcou.

E marcou-me por várias razões. Uma delas foi porter sido uma transição pacífica; tivemos o cuidado, quer oSr. Coronel Álvaro Seco, quer eu próprio, de colocar aquestão da mudança aos próprios trabalhadores.

Havia áreas específicas, como Agentes Únicos emecânicos, onde não havia dúvidas.

Na área administrativa deixámos ao critério daspessoas fazerem essa opção.

Relato com muita satisfação e alguma saudade quena altura o Director Delegado era o Sr. Eng.º LeopoldoCunha Matos e o Subdirector o Sr. Eng.º Evaristo Martins.Quando colocada a questão a ambos, o Eng.º LeopoldoCunha Matos disse “Eu vou. Quero ir para os transportesporque, por um lado, me identifico mais com essa área e,por outro lado, creio que é altura de ao Eng.º EvaristoMartins ser reconhecida toda uma vida de trabalho dequalidade, quer profissional quer social e humana.” Ele foio Director dos SMASC.

Não foi um passar de testemunho, não um espíritode sucessão mas antes um reconhecimento, que foi con-cretizado, como consequência correcta de toda uma vidadedicada ao Concelho, ao Município.

O que é que mais deseja para o futuro dos SMTUC?

Desejo para os SMTUC a maior estabilidade possí-vel, quer socialmente, quer financeiramente. Que venhaa ser reconhecida a sua mais valia na vida das populações.

Vogal do Conselho de Administraçãodos Serviços Municipalizados deCoimbra entre 1983 e 1985.

Presidente do Conselho deAdministração dos ServiçosMunicipalizados de Transportes Urbanosde Coimbra de 1985 a 1990.

Administrador Delegado dos ServiçosMunicipalizados de Transportes Urbanosde Coimbra desde 2002.

Manuel Correia de Oliveira

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CAMPEÃO DAS PROVÍNCIAS MAIO DE 2008

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entrevista

Recorda-se do período em queexerceu funções nos ServiçosMunicipalizados de Coimbra e qualo cargo que ocupou durante esse pe-ríodo?

Foi eleita em 1976 a primeira Câ-mara Municipal Democrática e eu fuina altura nomeado Presidente do Con-selho de Administração dos ServiçosMunicipalizados de Coimbra, cargo queocupei até 1982.

Acho que na altura era o único En-genheiro membro do Conselho de Ad-ministração. Vivi nessa época o proble-ma da integração dos Serviços de Elec-tricidade na EDP, portanto, período di-fícil, porque nos foi retirado todo o pa-trimónio afecto ao serviço de electrici-dade, que dava algum rendimento aosSMC, factor que assegurava à épocaalgum equilíbrio orçamental aos Servi-ços.

Foi no período em que era Presi-dente do Conselho de Administração dosSMC que se decidiu acabar com os car-ros eléctricos em Coimbra.

Como encarou o desaparecimen-to dos Carros Eléctricos emCoimbra?

Foi com tristeza que assisti activa-mente ao fim de um ex-líbris da cidadede Coimbra, até porque no seu historial

e na sua tecnologia e adaptação à cida-de de Coimbra, foram uns veículos es-peciais, só que eram muito ruidosos, por-que não foi possível adaptar a bitola queera usada na cidade de Lisboa, que ostornava mais silenciosos.

Na época, os Eléctricos tambémestavam um pouco degradados, o quetornava a sua manutenção elevada.

Associado a esse aspecto, surge ofacto do trânsito automóvel na cidadeter aumentado, o que provocou a ne-cessidade de acabar com algumas li-nhas, para que o trânsito ficasse maisordenado.

Ainda se tentou conservar algumasdas linhas, mas face aos estudos daépoca, tal era inviável.

Foi primeiro Presidente do Con-selho de Administração nomeado poruma Câmara Municipal Democráti-ca. Como exerceu o seu cargo, emperíodo tão conturbado, da nossahistória recente?

Foi um período difícil, mas facilmen-te ultrapassável, porque trabalhei compessoas de grande qualidade, como foio caso do Eng.º Cunha Matos, DirectorDelegado dos Serviços Municipalizadosde Coimbra da altura, e os vogais doConselho de Administração, Dr. SantosCardoso e Dr. Carlos Grilo.

Quando nós chegámos aos Servi-

ços Municipalizados de Coimbra haviadezenas de pessoas no Conselho deAdministração, o que fazia com quefosse quase impossível trabalhar,porque a ideia que se vivia na alturaera que “o poder vinha da terra”,mas com bom senso conseguimospôr as coisas a funcionar sem qual-quer problema. Aliás, havia umaideia generalizada da falta de quali-dade dos funcionários públicos, mastodavia posso referir que conheciquase todos os funcionários dos Ser-viços Municipalizados de Coimbra,os quais passei a admirar pela sua de-dicação.

Por isso considero que vivi momen-tos muito bons na minha passagem pe-los Serviços Municipalizados deCoimbra.

Este ano comemora-se o centená-rio da Municipalização dos Trans-portes Colectivos Urbanos deCoimbra. Quer deixar-nos algumamensagem nesta data histórica tãomarcante?

Que continuem a servir a cidade eos seus munícipes, com o espírito demelhorar diariamente o serviço de trans-portes, o qual é de extrema importânciapara a mobilidade da população. Que oprincípio seja servir sempre o munícipe,ontem, hoje e amanhã.

Presidente do Conselho deAdministração dos Serviços

Municipalizados de Coimbrade 1976 a 1982

Basílio Barreiros

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entrevista

Quando entrou nos SMC ?

No dia 15 de Outubro de 1957.

Que fez no primeiro dia para osTransportes Colectivos ?

Fui avisado ao fim da tarde de quechegara uma camioneta carregada com oequipamento eléctrico para a subestaçãode Rectificação de Montarroio. Foi com 3postes de madeira ao alto e um cadernalque se procedeu à sua descarga.

Demorou muito a instalar esse equi-pamento ?

Foi necessário construir o edifício quetinha o projecto em acabamento e que li-gava, por galeria subterrânea a Rua OlímpioNicolau Rui Fernandes, passando por elaos circuitos eléctricos, como nunca conse-guimos autorização da escola para cons-truir a galeria, usou-se a solução aérea quelá está ainda como solução provisória ...

Recorda-se como foi comprado o ter-reno onde se encontram os SMTUC ?

Recordo-me perfeitamente.A um sábado de manhã apareceu-me

na Alegria o então Presidente do Conselhode Administração Eng.º Araújo Vieira adizer que lhe ofereciam o referido terrenopor 900 contos a pagar em 4 prestaçõestrimestrais e a saber se o nosso orçamentocomportava essa despesa. Como apanha-

va dois anos económicos a resposta foi logoafirmativa.

Porquê tão barato ?

Porque o terreno era exploradoagricolamente por um lavrador da BeiraBaixa, que ficou desesperado quando umacheia do Mondego lhe destruiu as culturase pôs um palmo de areia em cima da ter-ra. Vendeu aqui para comprar outra pro-priedade junto à sua residência habitual. Sócomparo este negocio ao da aquisição doprimeiro autocarro articulado pelo actualpresidente do Concelho de Administração,Sr. Manuel Correia de Oliveira.

Lembra-se de ter feito algo errado ?

Certamente que por não ter o dom dainfalibilidade, fiz coisas erradas.

Quer recordar uma ?

Olhe, quando dei parecer ao Conselhode Administração para se parar com a li-nha de troleicarros para a Estação Velhacom os postes já todos colocados, e quehoje estão na sua maioria na Praça He-róis do Ultramar.

Porquê ?

Porque tinha sido apresentado, pela C.P. à Câmara, o projecto de grande remo-delação da Estação Velha e eu disse queera melhor só pormos lá os troleicarros

depois dela feita... Isto foi antes de 1965, edepois já vi por diversas vezes o mesmoprojecto apresentado de novo., mas só ascores têm variado....

Que sector lhe deu mais trabalho ?

É difícil de dizer, mas posso recordar umdos que deu mais trabalho. Foi o Armazém,quando, fora das horas de serviço, tive de fazeruma analise ABC e fixar em cada ficha dosstocks, tudo com a urgência que requeria a me-canização introduzida pelo Sr. Jaime de Carva-lho, cerca de 1964, e que resultou em pleno,especialmente para evitar a rotura dos stocks.

Tem pena de alguma coisa ?

Tenho pena de não ter conseguido amentalização dos utentes por forma a,mediante a utilização das transferências,conseguirem não só maiores frequências,mas também evitar a sobreposição do sis-tema diesel com o sistema eléctrico.

Houve alguma atitude desagradá-vel que queira recordar ?

Nem que queira não posso, o que de factose passou ao longo dos anos que servi osSMC e os SMTUC foi bom o relacionamen-to humano com os colaboradores a todos osníveis, certamente mais por virtude deles doque por mérito meu. Quanto aos Conselhosde Administração todos eles foram semprepara mim de uma extrema correcção e deuma inequívoca lealdade e indiscutível apoio.

Director Delegado dos SMC,tendo sido o primeiro dos SMTUC

Leopoldo Morais da Cunha Matos

Excertos de Entrevista(extraída da Revista SMTUC, ano I, n.º 2, Março de 1988)

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entrevista

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Chefe dos Serviços de TracçãoEléctrica nos Serviços Municipalizados

de Coimbra entre 1947 e 1957

João Ferreira de Araújo

Qual o período em que exerceu funções nosServiços Municipalizados de Coimbra (SMC)?

O período em que exerci funções nos SMC foidesde Julho de 1947 até Agosto de 1957.

Qual o cargo que então ocupava?

Era Chefe dos Serviços de Electricidade baixa,média e alta tensão e de Tracção Eléctrica contínua.Chefiava, portanto, a parte eléctrica do Transportede passageiros, em tudo o que fosse viaturas, linhas,organização e abastecimento eléctrico à rede de con-tacto das linhas dos carros eléctricos.

Encontrava-se em funções nos SMC à data daimplementação da primeira linha de troleicarros dopaís?

Sim, a primeira linha foi inaugurada em 17 deAgosto de 1947. Esta linha foi montada por umafirma Suiça, que contratou uma empresa do Portopara a sua execução, chamava-se Micaelis Vascelos.Assim foi montada a linha de contacto flexível, masesta teve de ser modificada, porque a elasticidadeque tinha entre o fio de contacto e a rede em sus-pensão, fazia com que, quando os motoristas sedistraíam e afastavam as varas da vertical, a redecaísse ao chão. Por essa razão teve de ser reduzida,tendo sido efectuada uma adaptação ao sistemainglês.

Uma vez que viveu essa época tão marcantena evolução dos transportes, pode dar-nos umaideia sobre o impacto que esse evento trouxe à cida-de de Coimbra?

Recordo perfeitamente quando foi arrancada alinha de carros eléctricos de S. José, a qual passavanos Combatentes, ia ao Penedo da Saudade e regres-sava pelos Arcos do Jardim, Palácio da Justiça até aocentro da cidade.

Quando foi implementada a linha de troleicarroshavia uma que subia a Av. Sá da Bandeira de 7 em 7minutos que andava sempre “à cunha”.

As pessoas preferiam o trólei ou o eléctrico?

Preferiam o trólei porque este era muito maisrápido.

A primeira linha de trólei fez a ligação à mar-gem esquerda do Rio. Porque é que essa ligaçãonão foi feita antes através do carro eléctrico?

A primeira linha foi criada por duas razões, emprimeiro lugar porque a Direcção de Estradas nãodeixou colocar carris na antiga ponte de Santa Clarapor esta ser de ferro. A segunda razão prendeu-secom facto da ponte ser estreita e não permitir ocruzamento de dois autocarros. Quando se circulavanum sentido, o que vinha em sentido contrário tinhade esperar pela passagem do primeiro. Depois, em1954, foi construída a ponte de Santa Clara actual,pelo projectista, o sábio professor Edgar Cardoso,que resolveu esta questão.

Mas nunca foram colocados carris na novaponte de Santa Clara?

Não, pois com o aparecimento do troleicarroficava muito mais barato. Creio que o consumo porkm ficava a menos de 1 escudo, portanto muitomenos que o do carro eléctrico, isto para além dotrólei ser mais confortável e silencioso.

A implementação do trolley na época foi mes-mo muito importante para a cidade?

Sim, especialmente para Santa Clara que tinhaum percurso muito íngreme no traçado até às Almasde Freire. Com o trólei o percurso entre a EstaçãoNova e Stª Clara passou a efectuar-se em 15 minu-tos, incluindo as paragens.

São públicos os problemas ambientais actual-mente relacionados com o uso do transporte indivi-dual, bem como do transporte público movido adiesel. Atendendo à sua experiência na área dostransportes, qual a sua opinião sobre a filosofia aseguir?

O futuro dos transportes urbanos passa pelacolocação de mais linhas de trólei, pois é um trans-porte mais ecológico e mais barato. Na minha opi-

nião devia até ser imposto aos transportadores pú-blicos a verificação do custo lugar/Km e adequar oque fosse razoável para todos atendendo à economiadas viaturas, de forma a promover a electricidadeque é uma energia mais limpa e mais barata. Emalguns países as linhas eléctricas estendem-se paraos subúrbios com distâncias que rondam os 50Kms,sobretudo nos países leste.

Lembra-se de algum episódio que marcou asua passagem profissional pelos SMC?

Lembro-me de um caso muito interessante. Efec-tivamente, nos SMC vivi uma experiência fantásticaque foi a seguinte: chegou uma unidade com um trans-formador de potência para a Subestação da Alegriapara efectuar a transformação de 60.000 volts em6.000, que a rede de alta tensão subterrânea usava. Otransformador, de origem Americana, tinha uma cú-pula que pesava entre 5 a 10 toneladas, equipada comisoladores brutais. Esta cúpula tinha de ser colocadaem cima de um núcleo de tanque metálico que tambémveio da América, e eu não tinha um único guincho nosServiços capaz de elevar uma carga daquelas.

Então falei com o encarregado da rede de altatensão, o Senhor António Ferreira, sobre a necessi-dade de se encontrar uma solução. A resposta quedele obtive foi “não se preocupe que eu resolvoisso”. A certa altura apareceu um camião dos Servi-ços a descarregar chulipas, travessas de madeira ondeassentam os carris dos carros eléctricos. À tardesurgiu outro camião que transportava carris já usa-dos, que foram descarregados junto à peça que seencontrava no chão.

Então eu perguntei “para que é isto?”, deixeisso comigo “exclamou”, e eu apavorado porque nãosabia qual solução já em desenvolvimento.

Assim, começaram a colocar camada a camadaas chulipas de madeira em cada lado da peça que iaser levantada. Logo na primeira camada os homenscolocaram dois carris usados, que iam subindo àmedida que eram sobrepostas as chulipas, isto até àaltura necessária para colocar um guincho. Depois,deslocaram o tanque metálico para debaixo da cúpu-la e começaram a retirar camada a camada as chulipas.

Foi formidável a capacidade de inventar daque-le homem que só tinha a 4.ª classe.

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Foi já há 42 anos que por iniciativa dosServiços Municipalizados da cidade deCoimbra, Portugal foi dotado de uma primeiralinha de “ troleibus”.

O condutor desse Troleicarro, foi o Sr.Ernesto da Cruz e Silva, primeiro portador deuma licença que o habilitou a conduzir estetipo de viaturas.

Reconhecendo a importância de tal factoe o seu particular interesse para a história dosSMTUC, dirigimo-nos à residência do Sr.Ernesto da Cruz e Silva a quem entrevistamoscontando por isso com a colaboração do nos-so colega Sr. José Luís.

Foi com toda a ternura que o Sr. Ernestoda Cruz Silva, de 76 anos de idade nos rece-beu e partilhou connosco a sua história e assuas vivências.

O Sr. Ernesto, filho de António Rodriguesda Silva e de Maria dos Anjos, nasceu a 14 deMarço de 1913 em Campo – Viseu. Veio paraCoimbra para cumprir o serviço militar e aquiconheceu a D. Isabel da PurificaçãoFernandes, que trabalhava em casa do Dr.Raposo, médico de Grande prestígio na cida-de, com quem casou. Sob a responsabilidadedo Dr. Raposo, a esposa do Presidente daCâmara da altura foi submetida a uma inter-venção cirúrgica que obteve sucesso. Comoretribuição, o responsável pelo Municípioperguntou ao médico qual o valor da opera-ção. O Dr. Raposo respondeu: “ empregue-meum rapaz que eu conheço e que é amigo lá decasa”. A resposta foi afirmativa e o Sr. Ernestopassou assim a fazer parte dos funcionáriosdaqueles Serviços, a 10 de Março de 1937.

O Sr. Ernesto foi a primeira pessoa queem Portugal teve carta de trolei. Como a con-seguiu?

Tirei a carta de ligeiros a 4 de Dezembrode 1938, paga pelo Dr. Raposo. Tentei posteri-ormente tirar a carta de pesados, mas chum-bei e envergonhado fui para Viseu. O Sr. Bis-po D. Abílio Vaz das Neves, mandou-me vir ejá casado consegui a carta de pesados.

Depois recebi instruções directas dos su-íços e mais tarde, era eu quem dava instruçõesaos outros colegas.

Como foi o seu primeiro dia de trabalhoa conduzir um tipo de transporte urbano pi-oneiro no pais e tão diferente do habitualautocarro?

Não tive dificuldades, adaptei-me bem.Fui eu que fui buscar o trolei a Lisboa, aAlcântara, veio o reboque numa camionetados Serviços. Tivemos em Lisboa muito tra-balho porque o carro tinha rodas de madeira.Foi com muita satisfação que o fiz e foi commuita pena que ao fim de 27 anos de serviçome aposentei.

Qual foi a reacção das pessoas a estetipo de transporte inédito no pais?

Nessa altura toda a gente queria andar detrolei. As pessoas formavam bicha para entrarno carro. Quando o trolei chegava a SantaClara, já estava formada outra bicha à Porta-gem para viajar! Até as crianças pediam aospais para andar, era algo de novo por issotoda a gente queria experimentar. O trólei iasempre superlotado: eram novos, velhos, es-tudantes, era uma loucura! Todos queriamentrar até lhe chamavam o “pantufas” por sersilencioso!

Era fácil nessa altura cumprir horários?

Sim era muito fácil. Nessa altura não exis-tiam atrasos. Havia poucos carros. Só as pes-soas ricas tinham automóvel, hoje já não éassim, toda a gente tem carro.

Nessa altura, existia a ponte velha paraSanta Clara e aí só passava uma viatura. Eu sóavançava com o trólei quando podia passar,ninguém controlava o tráfego.

Como era o relacionamento motorista/utente?

Era bom. Havia muito respeito. Trabalhei27 anos nos transportes e nunca tive proble-mas com os passageiros. Havia por vezesmuita gente a entrar mas tudo se fazia comrespeito. Por exemplo, entre polícias e os mo-toristas dos Serviços, havia muito respeito,

ambos usavam farda, era uma família. Em cadagrupo de três polícias só apenas um pagavabilhete.

Qual era o preço do bilhete?

O preço do bilhete era de um cruzado edepois cinco tostões.

Quanto ganhava um motorista?

Eu recebia à quinzena e ganhava 15$00por dia.

Quantos motoristas possuíam os Serviços?

Eram 13 ou 14 motoristas de ligeiros e pe-sados.

Foi sempre motorista de troleis?

Não. Fui motorista de todo o serviço: car-rinhas camionetas e troleis. Fui escolhido paraconduzir os troleis, depois fui motorista do Sr.Presidente da Câmara e voltei novamente aostransportes urbanos.

Sr. Ernesto, tem alguma historia engra-çada que nos queira contar?

Sim havia muitas histórias. Na Alegriaexistia um poste ao meio da parada chamadoPoste de Oiro, todos os motoristas que bates-sem com a viatura no poste teriam que pagar areparação. Como isso acontecia frequentemen-te, o poste estava a preço de oiro.

Uma vez mais foi pedida uma autorizaçãoà câmara, para abrir uma porta em frente à por-taria, onde recolhiam os carros na Alegria. Opedido foi recusado e posteriormente, umadas viaturas descompensadas, bateu nessaparede abrindo uma grande cavidade. Esteacontecimento, fez sair uma Ordem de Serviçoem que todos os motoristas tinham a obriga-ção de colocar um calce debaixo das rodas detodas as viaturas paradas.

(Reprodução integral de entrevistaretirada da Revista SMTUC, ano II, n.º 9,

de Dezembro de 1989)

Primeiro Motorista de Troleicarro do País

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entrevista

Ernesto da Cruz e Silva

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entrevista

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Encarregado

Valdemar Correia Pinheiro

Como foi o seu 1.º dia de trabalho nestacasa, recorda-se? Foi em que ano?

Entrei nos Serviços aos 13 anos e meio.Se fosse hoje chamava-se a isto exploraçãoinfantil. Entrei concretamente no dia 20 deMaio de 1968 e fazia os 14 anos no dia 21 deSetembro desse ano.

Foi ao longo destes 40 anos o dia quemais me marcou.

O meu Padrinho tinha falado com o Sr.Presidente da Câmara, Eng.º Vieira, que eratambém Presidente do Conselho de Adminis-tração dos Serviços Municipalizados deCoimbra, sobre mim. Assim, chegou lá a casae disse à minha Mãe para no dia seguinte mepreparar para ir com ele a Coimbra falar comuma pessoa.

A minha Mãe, preocupada, vestiu-me amelhor roupa que tinha na altura, camisa bran-ca e calças vincadas.

Fui com o meu padrinho que me apresen-tou ao Sr. Amável Baptista, Chefe Geral dasOficinas. Quando este me disse que só haviauma vaga para electricista auto e me pergun-tou se eu o queria ser, encolhi os ombros umavez que desconhecia o que seria ser electri-cista.

O meu Padrinho aceitou por mim, leva-ram-me à Secção de Pessoal, e fui directamen-te, de camisa branca e calças vincadas traba-lhar.

Foi complicado, era a mascote, pequeno,e os colegas brincavam comigo. Cheguei acasa à noite com a minha melhor camisa cheiade óleo! Já não era camisa, não era nada!

Qual a sensação de saber que é o funci-onário mais antigo dos SMTUC?

É uma sensação agradável por diversasrazões: ainda me sinto útil, sempre tive boas

relações com os funcionários, os chefes e atécom as Administrações que ao longo do tem-po passaram por esta casa, e sinto-me satis-feito com o ambiente que aqui se vive.

Mas, isto não significa que sinta preocu-pações relativamente ao futuro destes Servi-ços. No entanto, a posição assumida pela ac-tual Administração transmite-me confiança eesperança no futuro dos SMTUC.

Conte-nos a sua experiência nesta casaao longo de todos estes anos, as funções queexerceu, as modificações a que assistiu des-de 1968.

Exerci sempre a função de electricista, sebem que em termos de categoria agora souencarregado.

Houve muitas modificações a nível fun-cional, ambiental e disciplinar.

Assisti e ajudei às “grandes reparações”que eram feitas nos troleicarros e nos auto-carros.

Os autocarros, que agora são adquiridosprontos, na altura eram parcialmente monta-dos nos Serviços.

Participei na modificação do sistema debilhética, com a saída dos pica-bilhetes e co-bradores e introdução das máquinas automá-ticas. Fui duas vezes à Suécia, vi fabricaremas máquinas e participei na sua instalação nasviaturas.

Foi a partir desta altura que me desligueidas oficinas gerais.

Conte-nos uma história caricata comque tenha sido confrontado no seu dia a diaprofissional.

Como aprendiz vivi uma situação caricata.Tinha dois colegas que tinham uma gran-

de cumplicidade. Quando o Chefe castigava

um colega os outros também queriam ser cas-tigados para irem todos juntos para a “borga”.Então, um certo dia, o Chefe deu dois dias decastigo a um colega, e outros dois queriamarranjar maneira de também serem castigados.

Para tal, chegaram-se ao pé de mim, o “mas-cote”, e encheram-me a cara de massa consis-tente de tal maneira que o Lubrificador tevede me lavar a cara toda com gasóleo para con-seguir tirar a massa.

Conseguiram o que queriam, pois acusa-ram-se mutuamente, e o Chefe mandou os doisembora.

Nos projectos em que participou, podedizer-nos aquele que para si foi mais signifi-cativo?

Este último projecto do Sistema de Apoioà Exploração deu-me um dos maiores prazeresdestes 40 anos de serviço.

Qual foi a sua maior alegria como funci-onário dos SMTUC?

Sinto-me feliz ao ver o crescimento dosSMTUC, ao ver como os Serviços funcionam.

Quando falo dos SMTUC falo tambémde mim!

Imagina como vai ser o dia em que sereformar?

No dia em que eu me despedir dos cole-gas vou sentir uma grande emoção. É sempreuma despedida saudosa, que nos incomoda.Essa emoção virá...

Já penso com alguma emoção no dia e voufazer 40 anos de serviço, dia 20 de Maio, são 40anos saudáveis que muito me marcaram!

Mas, espero ainda vencer mais um pro-jecto: o novo sistema de bilhética.

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entrevista

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Como foi o seu 1.º dia de traba-lho nesta casa, recorda-se?

Eu recordo-me desse dia, sim! Foium dia com muita agitação porque euvinha de uns anos bons a trabalhar comum carro pesado de mercadorias e tra-balhar a lidar com o público não é amesma coisa. Tive “dificuldade” como serviço porque era um serviço demuita responsabilidade.

Durante todos estes anos, recor-da-se de algum episódio curioso quetenha vivido nos SMTUC?

Recordo-me de um episódio quenunca me sai da memória. Foi há játalvez uns 15 anos ou mais. Eu andavana linha 16 e entraram duas senhoras,uma de bebé e outra que vim depois asaber que era a sogra. A certa altura asogra veio ter comigo a dizer que a noratinha sinais de parto e possivelmenteia ter o bebé no autocarro.

E o que é que o Sr. Jaime fez?

O que é que eu fiz? Tive de agir domodo que achei melhor… Pus as ban-deiras em branco e fui directamentepara o Instituto Maternal. Não apanheimais ninguém, deixei tudo em terra, e

quem ia no carro não saiu, fui de ur-gência até ao Instituto Maternal. Che-guei lá, parei e fui chamar os enfer-meiros que vieram com a maca e le-varam a senhora. A senhora teve logoa bebé, uma menina! Hoje sei que asenhora está ali na Escola Silva Gaio ea filha hoje já terá uns 17 ou 18 anos,não me conhece mas eu sei perfeita-mente quem ela é.

Como motorista experiente queé, dê-nos a sua opinião sobre qualdeve ser o relacionamento dos mo-toristas com os utentes.

Tem que ser um relacionamentomuito bom, porque se um motorista nãose adaptar ao utente andamos sempreem desavenças uns com os outros. Omotorista te de se adaptar.

Custou-lhe a adaptar-se, umavez que vinha habituado ao trans-porte de mercadorias?

Sim, ao princípio custou-me a ha-bituar, mas tive de me adaptar ao sis-tema do utente.

Durante estes 30 anos pode-nosdar uma retrospectiva da evoluçãodo tipo de utentes que ao longo do

tempo têm utilizado os SMTUC?Qual lhe parece ser a evolução daopinião dos utentes sobre o serviçoprestado?

Os Serviços melhoraram muito emrelação ao passado. Estão melhor, nãohá tanta intriga, nem existem tantasagressões como havia antigamente,porque nessa altura andávamos com oCobrador. Éramos dois homens dentrodo carro. O Cobrador andava no meioe ouvia o que as pessoas diziam en-quanto que nós que vamos no nossoserviço nem nos apercebemos do queas pessoas vão a falar lá atrás.

O Cobrador como ia no meio docarro ouvia e falava, ou seja, não ha-via dia em que não houvessem proble-mas.

Agora o utente reclama mais porcausa dos horários, porque há muitomais movimento e nem sempre os car-ros andam à tabela.

Para finalizar, consegue projec-tar o sentimento que vai ter no diaem que tiver de deixar os SMTUC,sabendo nós que já cá passou 30anos?

Muitas Saudades! E vai-me custarimenso, vai-me custar imenso!

Agente Único deTransportes Colectivos

Jaime Grilo Trindade

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entrevista

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Agente Único de TransportesColectivos

Adelaide Maria Malva

Sabe que foi a 1.ª mulher motoristados SMTUC? Qual a sensação que ainvadiu na época?

Sim sei, a sensação foi muito boa, gos-tei muito. Aliás, escolhi esta profissão por-que gostava muito de conduzir. Despertou-me sempre a curiosidade porque o meupai era motorista de pesados de mercado-rias e eu achava engraçado conduzir umcamião. Causava-me surpresa o facto denão haver mulheres a conduzir camiões eautocarros. Foi isso, como eu gostava muitode andar com camiões, gostava tambémde tentar os transportes públicos.

Quando aqui cheguei fui bem re-cebida por todos, inclusive pela Admi-nistração. Os colegas tiveram muitoorgulho no grupo admitido e também

pelo facto de eu ter entrado com eles.Eu era um “bibelot”.

Foi a partir desta altura que passámosa ter umas fardas mais “chiques”, a Dra.Maria João, à data Chefe da Divisão deServiços Administrativos, apostou em mimpara ver como as fardas ficavam, se fi-casse bem passava a ser utilizada por to-dos.

Conte-nos a reacção dos passagei-ros ao entrarem no autocarro e veremuma mulher ao volante?

Noventa e nove por cento das reac-ções foram boas, havia um ou outro utenteque era mais machista, mas a reacção emgeral era boa.

Tive alguns toques por ser mulher.Os condutores distraíam-se ao ver um“homem” com brincos e rabo-de-cava-lo e esqueciam-se do que estavam afazer.

Mas no geral diziam que achavammuito bem, que era bonito e que tinhammuito gosto em ser conduzidos por umasenhora.

Passados estes anos, sente que foia escolha acertada?

Foi acertada, continuo a gostar do quefaço, é com gosto que desempenho a mi-nha função.

Por fim, e uma vez que já não é aúnica mulher a desempenhar essas fun-ções, pode dizer-nos quais foram os

conselhos que deu às suas colegasquando estas entraram ao serviço?

Para nunca desanimarem ao primeiroobstáculo que apareça. Para terem sem-pre força e pensarem que não são maisnem menos do que os homens, que somostodos iguais, todos vestimos a mesma far-da. Temos de ter profissionalismo e san-gue frio para enfrentar de cabeça erguidatudo o que apareça.

Conte-nos uma história caricata quelhe tenha sucedido...

Houve um utente que entrou no auto-carro e ficou muito admirado por ser umamulher a conduzir e ficou a pensar se saíaou não. Mas ele já tinha sido transportadocomigo ao volante e só fez este comentá-rio porque estava “com um copito a mais”.

Há no entanto duas coisas que eu gos-tava de salientar, gostava de agradecer atodos os colegas e à Administração pelomodo como fui recebida e tratada ao logode todos estes anos. Por outro lado, façoparte da equipa do serviço de transporte deutentes com mobilidade reduzida. É muitogratificante porque estas pessoas reconhe-cem a mais pequena coisa que façamos porelas e nós que somos saudáveis não imagi-namos os obstáculos e as dificuldades queeles enfrentam no dia a dia. Esta parte noserviço que presto é a mais gratificante.Deixo aqui o meu bem-haja aos Serviçospelo transporte destas pessoas que tantonecessitam da nossa ajuda. Sentimo-nos bempor sermos úteis a quem precisa de nós.

PrimeiraMulher Motorista

Adelaide Veiga, a primeira mulhermotorista iniciou funções nos SMTUC emNovembro de 1996. Os autocarros dosServiços Municipalizados de TransportesUrbanos de Coimbra passavam então aser conduzidos, pela primeira vez, poruma mulher, recrutada através de con-curso, tendo superado todas as provas econcretizado o seu sonho de menina:ser admitida como Agente Único, pelosSMTUC, com 23 anos. Em entrevista dadaao Jornal de Notícias de 10/10/96, afir-mou: “Deixo as agulhas e os botões porum volante de autocarro”.

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Lembra-se como foi o seu 1.º diade trabalho nos SMTUC?

O meu primeiro dia de trabalho nosSMTUC foi muito complicado, commuitos nervos, porque era a primeiravez que estava a fazer este tipo de ser-viço. Já tinha trabalhado antes mascomo empregada de escritório.

Qual foi a maior dificuldade queencontrou? Como a superou?

Foi talvez a responsabilidade de li-dar com dinheiro. Superei-a com a ex-periência.

Ainda se recorda do local ondecomeçou? Qual foi?

Foi no Posto da Portagem.

E hoje como é desempenhar fun-ções no mesmo local?

Agora é melhor, temos um serviçomais personalizado, um contacto maisdirecto com o utente.

Diga-nos algumas característi-cas que considere essenciais paralidar com o público...

Para lidar com o público é precisoter uma boa atitude pessoal, ser bomouvinte e pouco falante. Devemos es-tar bem informadas para responder asituações novas.

Como reagiram os utentes às mu-danças que foram ocorrendo?

O utente vê esta evolução de umaforma muito positiva porque está ago-ra num local com outra comodidade epode falar directamente com o funcio-nário.

O contacto mais directo com outente permite que tenhamos uma for-ma mais clara de explicação, de de-monstração e até que se crie uma re-lação de afectividade com o utente.

Por fim, pode-nos contar uma his-tória caricata com que tenha sidoconfrontada no seu dia a dia pro-fissional?

Já vivi muitas situações caricatas. Mas,a situação que mais me marcou foi o factode estar no Posto da Portagem a vendersenhas meia hora antes do meu filho nas-cer, em trabalho de parto, com contracções.

Entrei às 7h30, fui para o Posto ecomeçaram a dar-me umas dores nosrins. Eu não associava as dores dos rinsàs dores do trabalho de parto, mas averdade é que o intervalo entre as do-res era cada vez menor.

Nesse dia a central telefónica es-tava avariada, impossibilitando o con-tacto directo para a sede e eu aindanão tinha telemóvel.

Na altura, o meu marido conduziaos mini-autocarros da Ecovia e não erapossível contactá-lo.

Eu não queria ir para a Maternida-de e fui para minha casa à procura daminha Mãe. Nisto os SMTUC já tinhamconseguido contactar com o meu ma-rido que me aguardava à porta de casa.

Passados 5 minutos de chegar àMaternidade nasceu o meu filho.

Aqui nos Serviços brincam a dizerque o meu filho quase nasceu no Pos-to da Portagem.

Bilheteira

Catarina Isabel Oliveira Rodrigues

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1ª Utente a obter o passesem contacto

Hermínia Augusta Abrunhosa

Qual foi a sensação de ter sido aprimeira utente a obter o passe semcontacto do sistema de bilhética in-troduzido pelos SMTUC em 1999?

Fiquei muito satisfeita e até falei àspessoas no Passe.

Revele-nos o segredo dalongevidade do seu cartão de pas-se, o qual já tem quase 9 anos?

Conservo-o bem porque gosto mui-to dele. O segredo é trazê-lo sempremuito bem acondicionado.

Quais as vantagens e desvantagensdeste novo cartão sem contacto?

Acho este melhor, chegamos aoautocarro e é só passá-lo na máquina.

Fez questão de ser a primeirautente a obter o passe sem contacto?Porquê?

Sim, fiz questão porque o acheimais bonito que o outro, mais re-s i s ten te . Ia a passar ao pé doMercado e ouvi dizer que estavama fazer novos passes, fui lá e ti-rei-o, com a fotografia do outro etudo!

Há quantos anos utiliza os nos-sos serviços?

Desde que vim para Coimbra, háalguns quarenta anos, quando comeceia trabalhar na Central de Cervejas, noLoreto, e utilizava os tróleis para ir parao Serviço. Na altura o bilhete custava 5tostões.

Qual a sua opinião sobre a qua-lidade dos serviços actualmente pres-tados?

Acho que houve uma boa evo-lução, os Serviços são muito bons,os motoristas são bem-educadose atenciosos, não tenho nada aapontar. Vejo-os a ajudar as pes-soas com muletas e cadeiras derodas.

Por vezes os utentes é que não osão, vêem pessoas de idade, ou comuma bengala, e não se levantam paraeles se sentarem.

Eu normalmente utilizo os au-tocarros para ir às consultas nohospital ou para ir visitar os meussobrinhos e servem-me bem. Gos-to de andar nos autocarros dosSMTUC.

O desenvolvimento sustentável aplicado às cidades é de enorme importância para o seu

equilíbrio e para a qualidade de vida dos seus habitantes.

A mobilidade urbana deve permitir assegurar o desenvolvimento das cidades, a quali-

dade de vida dos seus cidadãos e a defesa do ambiente urbano.

Neste sentido, é particularmente reconhecido e de extrema relevância o papel desempenhado pelos Transportes Colectivos,

nomeada e concretamente os Transportes Urbanos.

As necessidades de mobilidade entre as diferentes actividades humanas, está intrinsecamente ligada às estratégias de

desenvolvimento urbano.

Assim, numa cidade que carrega o “peso” da história do saber, da cultura e da ciência, é de destacar o contributo dos

Transportes Urbanos de Coimbra para o seu desenvolvimento, para a qualidade de vida dos seus munícipes, de quem aqui

estuda, trabalha ou de quem a visita.

Na história dos “encantos” de Coimbra, há a certeza de páginas escritas referentes ao extremo contributo dos SMTUC para

transformar a cidade numa referência nacional.

100 Anos são um marco histórico. 100 Anos são o reflexo do esforço e da importância no desenvolvimento urbano de

Coimbra, na sua qualidade de vida, na sua modernidade e na sua sustentabilidade.

A MoveAveiro, desta forma, congratula-se pelo marco importante no percurso de serviço público dos SMTUC, desejando

as maiores felicidades e êxitos e congratulando-se por ser um parceiro estratégico na mobilidade urbana em Portugal

Parabéns SMTUC.

FELI

CIT

AÇÕ

ES

UM DOS NOSSOS ORGULHOS

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entrevista

Transportes Urbanos de Coimbra | Uma realidade Centenária2828282828

Utente do Serviço de TransporteEspecial de Passageiros comMobilidade Reduzida

Ana Vanessa Lopes Mota

Qual a sua opinião sobre a utili-dade e a importância que atribui aoServiço de Transporte Especialdisponibilizado pelos SMTUC?

É muito importante, porque quandoiniciei o curso aqui em Coimbra, eu ti-nha mesmo que vir de cadeira para aFaculdade, pois não tinha outra solução.Tentei uma vez utilizar o Pantufinhas,mas a rampa avariou e eu não o conse-gui utilizar. Por outro lado, não é fácilsaber qual é o autocarro que vai passar,se tem ou não rampa, não se podendoesperar infinitamente por um autocarroque passe com rampa.

O Serviço de Transporte Especialacaba por ser útil porque há um acom-panhamento por um motorista, que nosauxilia a entrar para a carrinha e a sairda mesma, a meter o cinto e a tirar oslivros, quando necessário. É um servi-ço muito bom porque há sempre o cui-dado, por ser uma cadeira de rodas, deir mais devagar.

A Vanessa também é utilizadoradas carreiras regulares efectuadaspelos autocarros de piso rebaixado,que permitem o transporte de passa-geiros com mobilidade reduzida? Sesim, qual a sua opinião sobre o ser-viço prestado?

Sim, utilizo ao domingo. É completa-mente diferente das carrinhas, como járeferi à pouco, o motorista tem de cum-prir horários, tem que chegar à hora, nãoexistindo aquele cuidado de perguntar:“Está bem a cadeira?”; “É preciso algu-ma coisa?”; “Se for preciso eu paro e aVanessa compõe a cadeira...”.

No autocarro de piso rebaixado émuito mais complicado andar.

Sabemos que é estudante do ensi-no superior, qual o curso que frequen-ta e quais as suas ambições pessoais?

Psicologia. Eu estou a pensar se-guir Psicologia Forense, área criminal,

Instituto de Medicina Legal, abuso se-xual.

Diga-nos a importância que osserviços prestados pelos SMTUC têmno auxílio à concretização dessasambições.

Mesmo que eu pretenda ficar aqui emCoimbra a trabalhar, é muito útil porque éum serviço personalizado. Há um atendi-mento, em que o transporte me deixa nolocal, mas mesmo que necessite de ajudapara entrar num edifício, eu sei que possocontar com o motorista para me ajudar.

Há certos sítios mais inacessíveisque outros, mas mesmo nesses casossei que posso sempre contar com osmotoristas. Por exemplo, no caso daFaculdade de Psicologia, que tem difí-ceis acessos, se não fosse o motoristaa ajudar-me a entrar para a Faculdade,eu não conseguia. No meu caso, se nãofosse o Serviço de Transporte Especialseria impossível estudar em Coimbra.

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Em Dezembro de 1987 foilançado o primeiro número darevista dos SMTUC por iniciati-va do então Presidente do Con-selho de Administração, actualAdministrador Delegado, Sr.Manuel Correia de Oliveira. Aofolhear esse número vislumbra-se uma necessidade de fomen-tar a comunicação interna, es-tabelecendo também uma liga-ção com o exterior, dando a co-nhecer a actividade dos SMTUC.

Considerando que a comu-nicação é um processo peloqual partilhamos uma informa-ção, uma ideia, uma atitude ou

um sentimento e que, vinculado à comunicação está a ideia departicipação, esta foi uma forma eficaz de envolver a estruturanum projecto comum, disponibilizar informação sobre a reali-dade SMTUC e o importante serviço diariamente prestado aocidadão.

Por motivos diversos foi difícil dar continuidade a este pro-jecto da Administração, partilhado com todos os trabalhado-res dos SMTUC. Em Junho de 1991 assistimos à publicação donº13 desta revista sendo que, de então para cá, não se efectuoumais nenhuma publicação.

Volvidos 17 anos e porque este ano os Transportes Urba-nos em Coimbra comemoram um século, entendeu-se que estemarco histórico devia ser assinalado com a reedição da revista.Surge pois a ideia da publicação do número “Especial 100 anos”.Esperamos com esta edição dar a conhecer todo o percurso deum serviço de cariz eminentemente social, imprescindível àspopulações e ao desenvolvimento do Concelho.

Este é um trabalho colectivo que pretende ser um meiodirecto de comunicação, queremos que este seja também “oprimeiro passo do resto da vida da revista dos SMTUC”. Para talcontamos com o empenho e colaboração de toda uma equipa,pois o estímulo expresso no desempenho, na qualidade dotrabalho e na satisfação das expectativas conduzirão ao êxitodos funcionários e consequentemente dos SMTUC.

O nosso sonho é continuar a crescer durante muitos maisanos, por isso termino citando Sebastião da Gama no poema“O SONHO”, desejando o maior êxito para os SMTUC e para acontinuidade deste projecto.

O SonhoPelo Sonho é que vamos,comovidos e mudos.Chegamos? Não chegamos?Haja ou não haja frutos,pelo Sonho é que vamos.

Basta a fé no que temos.Basta a esperança naquiloque talvez não teremos.Basta que a alma demos,com a mesma alegria,ao que desconhecemose ao que é do dia-a-dia.

Chegamos? Não chegamos?

- Partimos. Vamos. Somos.

Regina FerreiraDirectora Delegada

dos SMTUC

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Coimbra foi a primeira cidade portuguesa a utilizar troleicarros.Curiosamente, nos dias de hoje, é a única cidade do país onde aindacirculam.

Os troleicarros são veículos alimentados directamente por motoreléctrico, que dispõem de duas varas (trolleys) no seu tejadilho, nãonecessitando de qualquer tipo de combustível nem de acumulaçãode energia no veículo. A alimentação eléctrica é feita através de redeaérea, utilizando um cabo metálico condutor de energia, designadopor catenária.

Estes veículos deslocam-se sobre rodas, garantindo uma maiorflexibilidade nas manobras, em relação aos eléctricos.

Outro ponto a realçar é o facto de se tratar de um transporte nãopoluente, quer do ponto de vista sonoro, quer do ponto de vistaambiental. Com efeito, não emitem gases de escape, são silenciosos(daí que tenham sido “baptizados” de “pantufas”) e consomem atémetade da energia para o mesmo serviço.

Actualmente os SMTUC contam com uma frota de dezasseis tro-leicarros, embora nem todas as unidades estejam a circular, dado queapenas existem servidas por este tipo de veículo as linhas nºs 4 e 103.

A muito curto prazo entrará em funcionamento uma nova linhade troleicarros que ligará a Solum e a Universidade, passando pelosOlivais e pela Praça da República, com a designação de linha nº 60.

TROLEICARROSO novo transporte foi muito bem recebi-

do pela população: «suaves, cómodos e sem“maus cheiros”, os troleicarros “trepam” facil-mente até ao Alto de Santa Clara», conformeescreveu a imprensa da época.

Serve até de atracção turística: os foras-teiros (lisboetas e portuenses, principalmen-te), muitos vindo à cidade para assistirem aosjogos de futebol – na época a Académica deCoimbra estava na Primeira Divisão – admi-ram-se vendo os “autocarros movidos a elec-tricidade”. E são ainda alvo de cenas pitores-cas, como a que sucedeu, sendo motorista oque tinha Deus como apelido: possuindo osnovos veículos portas automáticas coman-dadas pelo motorista – novidade em Coim-bra – durante certa viagem, o cobrador, paraque alguns passageiros se pudessem apear,exclamou: “Deus, abre a porta!”. Ao vê-la abrir-se, algumas passageiras mais idosas, estupe-factas, gritam: “Milagre!”.

FELI

CIT

AÇÕ

ES

Paulo Mendes

Associação Comercial

e Industrial de Coimbra

Não se imagina uma cidade sem um serviço de transportes.É sempre importante chegar lá, estar presente.Para isso é imprescindível o transporte.Para todos.Público, num primeiro momento, gerando também aí maior igualdade, mais oportunidades.De chegar ao emprego, de chegar á escola, de chegar aonde se quer chegar.Ambiental, com as nossas preocupações actuais. Partilhando meios, evitando emissões poluidoras.E os SMTUC fizeram essa escolha antes de muitos outros. Os Trolleys Carros, ontem como hoje,cumpriam essa missão.E eram, são, em conjunto também com os eléctricos, símbolo de uma época que só as fotografias a pretoe branco nos fazem recordar, com saudade.Mas actualmente os pequenos Gulliver fazem milagres dando mobilidade a quem vai tendo pouca,ligando áreas de acesso dificultado pela modernização, repondo ligações cortadas pelo domíniopedonal.Uma frota renovada, linhas em crescendo auguram um desenvolvimento do transporte público emCoimbra só ameaçado pela injustiça do poder central que, também aqui, penaliza quem não está na capital.

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É patente o papel essencial dos Ser-viços Municipalizados de TransportesUrbanos de Coimbra (SMTUC) na me-lhoria da qualidade de vida da popula-ção do Concelho de Coimbra com pro-blemas ao nível da mobilidade, nomea-damente a que necessita de ser trans-portada em cadeira de rodas.

Com efeito, os SMTUC dispõem deum Serviço de Transporte Especial, des-tinado a pessoas com mobilidade redu-zida, que residem, trabalham ou estu-dam no concelho de Coimbra e não po-dem fazer uso dos transportes públicoscolectivos regulares.

Este serviço funciona apenas na área do referido con-celho, em sistema porta-a-porta, que pode ser por mar-cação ou chamada, e está vocacionado preferencialmen-te para as deslocações regulares entre a residência e oemprego, a escola ou serviços de saúde.

Não obstante a especificidade deste serviço, os seusutilizadores pagam a tarifa praticada no transporte públi-co regular.

O início deste serviço especial ocorreu em Novem-bro de 1985, numa altura em que os SMTUC e a Carriseram os únicos operadores de transporte rodoviário depassageiros com esta valência.

O serviço era então assegurado por uma viatura Re-nault Master T35D com uma lotação de 15 lugares edispunha de capacidade para transportar até 5 pessoasem cadeira de rodas, que acediam ao seu interior por 2rampas de acesso (na traseira e lateral).

Em Junho de 1992 a frota de viaturas especialmenteadaptadas ao transporte de pessoas com mobilidade re-duzida foi reforçada com a aquisição de mais duas viatu-ras, Renault Master T 35D. Nesse ano foram percorridos51 582 quilómetros e transportados 4 667 passageiros

TRANSPORTE ESPECIAL

dos Serviços Municiparegiões e melhoria da q

Um centenário a sdispensa mais comentá

Expressamos os nram e promoveram a ima

no transporte especial porta-a-porta.Em Julho de 1998 entrou ao serviço uma quarta

viatura Renault Master T 35D.Para renovação e reforço da frota do transpor-

te especial, em 2005 entraram ao serviço mais 2viaturas, em Setembro uma Ford Transit 330L, fru-to de uma parceria com a Fundação Bissaya Barre-to, e em Outubro uma Citroen Jumper. Qualqueruma destas viaturas tem uma lotação de 9 luga-res, motorista incluído, e pode transportar até 4pessoas em cadeira de rodas. O acesso a estas vi-aturas pode ser feito por elevador de cadeiras, naretaguarda, ou por degrau rebaixável, na porta la-teral.

Assim, actualmente o Serviço de Transporte Espe-cial é garantido por 4 viaturas adaptadas.

Como se pode concluir, os SMTUC têm há mais deduas décadas prestado uma especial atenção ao trans-porte de pessoas com mobilidade condicionada, pre-vendo no futuro continuar com esta política, tendoem conta que a procura excede largamente a ofertaactual.

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No ano de 1997 foi criado um novo serviço de trans-porte com a designação de “ECOVIA”. Este serviço trouxemais uma alternativa de transporte à população deCoimbra, através da possibilidade de estacionamentodas suas viaturas num parque de estacionamento peri-férico, sendo transportados em mini-autocarros, para ocentro da cidade, com uma frequência de 5 minutos.

Foi um sistema inovador que permitiu aos seus uti-lizadores estacionarem gratuitamente as suas viaturasligeiras em parques de estacionamento periféricos, pa-gando o transporte para o centro da cidade.

Pretendeu-se com esta iniciativa:- melhorar as condições ambientais;- reduzir os consumos de energia no sistema de

transporte da cidade;- Beneficiar as condições de acessibilidade das pes-

soas ao centro.

ECOVIAA oferta foi-se adaptando à procura e em 31 de Dezembro de

2006 o serviço “ECOVIA” foi extinto nos moldes em que até entãohavia sido prestado.

Os mini-autocarros afectos ao serviço foram integrados emcircuitos especiais e circuitos nocturnos.

A partir de 1 de Janeiro de 2007 este serviço continuou apermitir aos utentes estacionar gratuitamente nos ParquesPeriféricos, com transporte assegurado nas carreiras nor-mais.

No âmbito desta remodelação foi criada a linha 1A - EstaçãoVelha/Universidade, que liga os Parques Periféricos à Universida-de. Refira-se que os Parques Periféricos se situam na Casa do Sal (3)e Vale das Flores (1).

Para aceder ao serviço podem ser utilizados títulos especiaisde bilhetes com estacionamento (vendidos nos Parques periféri-cos) e o próprio passe social mensal (válido para toda a rede).

Transportes Urbanos de Coimbra

Um século a servir.........

..........objectivos alcançados

No dobrar do primeiro século, formulamos votosde longa e proveitosa actividade.

O Conselho de Administração dos SMAT

FELICITA

ÇÕES

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REDE DETRANSPORTES

Uma política de transportes deve ser inte-grada e coerente, tendo em conta o crescimen-to das cidades e os movimentos das popula-ções. No Concelho de Coimbra assistimos nosúltimos anos a alterações significativas no quetoca aos movimentos pendulares, provocadospela expansão do perímetro urbano e pelo cres-cimento demográfico, entre outras variáveis.

Neste contexto, os SMTUC têm mantido aolongo dos anos uma preocupação permanenteem adequar a oferta à procura, na generalidadeda sua Rede de Transportes.

Na última década essa mesma rede foi ob-jecto de diversas adaptações, com o intuito degarantir uma oferta de transportes públicos ade-

Autocarros1A – Estação Velha – Universidade1F – Estação Velha - Universidade (Via Estação Nova)2A – Manutenção – Alcarraques2F – Manutenção – Sargento-Mor2T - Manutenção - Vil de Matos5 – Pedrulha – Estádio5F – Pedrulha – Portagem5T – Pedrulha – Vale das Flores6 – Hospital da Universidade - Covões7 – Arnado – Tovim7T – Palácio da Justiça – Tovim9 – Estádio – Casal da Misarela9F - Estádio - Casal da Misarela (via Parque de Campismo)10 – Palácio da Justiça – Hospital Sobral Cid10A – Parque Dr. Manuel Braga – Hospital Sobral Cid10F—Beira Rio - Hospital Sobral Cid11 – Arnado – Bairro Norton de Matos (Via Verde Pinho)11C – Arnado – Bairro Norton de Matos12 – Beira Rio – Taveiro12A – Beira Rio – Taveiro (ida e regresso pela EN 110 - 2)12D – Beira Rio – Taveiro (regresso pela via rápida)13 – Beira Rio – Valongo13T – Beira Rio – Valongo (regresso por Coalhadas)14 – Portagem – S. Martinho do Bispo (via Bencanta)14T – Beira Rio – S. Martinho do Bispo (via Covões)16 – Manutenção – Carapinheira da Serra16F – Manutenção – Carapinheira da Serra (via Chão do Bispo)16G – Manutenção - Rocha Velha17 – Beira Rio – Coalhadas18 – Portagem – Hospital Sobral Cid (via Assafarge)18F – Portagem – Hospital Sobral Cid (regresso por Lages)19 – Praça da República – Lordemão19A – Praça da República – Rocha Nova (regresso por S. Paulo de Frades)19R – Praça da República – São Romão19T – Praça da República – Rocha Nova20 – Portagem – Valongo20T – Portagem – Valongo (via Coalhadas)21 – Beira Rio – Arzila21A – Beira Rio – Arzila (ida e regresso pela EN 110-2)21D – Beira Rio – Arzila (regresso pela via rápida)21R – Beira Rio – Arzila (ida e regresso pela via rápida)22 – Portagem – Escola Inês de Castro (via Fala)22F – Portagem – Escola Inês de Castro (regresso por Santa Clara)23 – Portagem – Escola de Ceira (via Hospital Sobral Cid)23F – Portagem – Hospital Sobral Cid (regresso por Assafarge)24 – Arnado – Quinta da Nora24T – Palácio da Justiça – Quinta da Nora25 – Praça da República – Casal da Rosa25T – Praça da República – Santa Apolónia26 – Praça da República – Chão do Bispo27 – Hospital U.C – Bairro do Ingote (via Bairro da Brinca)27F – Praça de República – Bairro do Ingote (via Bairro da Brinca)28 – Cruz de Celas – Bairro do Ingote (via Monte Formoso)28F – Praça da República – Bairro do Ingote (via Monte Formoso)29 – Estação Nova – Hospitais da Universidade30 – Praça da República – Carapinheira da Serra (via São Paulo de Frades)30F – Praça da República – Lordemão / Carapinheira da Serra30R – Praça da República – Redonda (via São Paulo de Frades)30T – Praça da República – Lordemão (via São Paulo de Frades)31 – Arnado – Cruz dos Morouços32 – Beira Rio – Vila Pouca do Campo (ida pela via rápida)32D – Beira Rio – Vila Pouca do Campo (regresso pela via rápida)32R – Beira Rio – Vila Pouca do Campo (ida e regresso pela via rápida)33 – Portagem – Manutenção34 – Universidade – Pólo II da Universidade35 – Hospitais da Universidade – Pedrulha36 – Praça da República – Ponte de Eiras36F – Hospitais da Universidade – Ponte de Eiras37 – Vale das Flores – Hospitais da Universidade38 – Planalto de Santa Clara (Fórum) – Pólo II da Universidade38T – Pólo II da Universidade - Portagem39 – Palácio da Justiça – Torre de Vilela40 – Bairro Norton de Matos – Monte Romeiras41 – Santa Clara – Vale das Flores42 – Baixa – Olivais (Cumeada)42C – Portagem – Vale de Canas (via Rua do Brasil)42T – Baixa – Vale de Canas (via Cumeada)Troleicarros4 - Estação Nova - Santo António dos Olivais (via Celas)60 – S. José – Universidade (Via Olivais)103 – Estação Nova – St.º Ant.º Olivais (Via Universidade)Mini-autocarros eléctricosLinha azul

quada, procurando ajustar as carreiras e res-pectivos horários às necessidades reais daspopulações. Ao mesmo tempo, insiste-se nodesenvolvimento de acções que privilegi-em a opção pelo uso do transporte colecti-vo. Servem como exemplos as vastas altera-ções ou meras adaptações nas diversas car-reiras.

Desta opção global ressaltam no entantoáreas a que, pela sua importância no contex-to geral da mobilidade urbana, se tem dedi-cado especial atenção. São os casos das zo-nas de influência ao nível dos estabelecimen-tos ligados ao ensino, saúde e comércio.

Efectivamente, assiste-se ao frequenteajustamento dos horários ecarreiras influentes nos diver-sos estabelecimentos de en-sino, servidas pela Rede deTransportes, adaptando-as aoshorários de entrada e saídados alunos.

Também para as zonashospitalares e de pura influ-ência comercial a adaptaçãode horários e implementaçãode novas ligações tem sidouma constante, como sãoexemplos as Linhas nº 6, 7,7T, 14, 14T, 22, 27, 29, 35, 36,37 e 42. Nestas carreiras cir-culam habitualmente viaturasadaptadas ou de mais fácil uti-lização pelos utentes commobilidade reduzida.

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Em 1999 foi adquirido pelos SMTUC um sistema de Apoio àexploração (SAE), que incluía o sistema de Informação Sonoro (SIPA),a instalar em toda a frota.

O sistema permite, em tempo real, conhecer a situação de todaa frota e dos motoristas, assim como determinar a localização dasviaturas com a precisão necessária à tomada de decisões para agestão da frota e da sua afectação às carreiras.

Suporta informação em tempo real sobre o estado das viaturas,bem como a elaboração de relatórios para análise estatística, demodo a permitir a avaliação e o aperfeiçoamento do desempenhoda rede.

Em 2007 os SMTUC concretizaram o projecto da sua actualiza-ção quanto à infra-estrutura de comunicações, através da migraçãoda rede rádio trunking analógica, para a comunicação de dados aser suportada por GPRS e a comunicação de voz por GSM.

O sistema apesar de privilegiar a comunicação de dados permi-te também, em caso de necessidade, que os motoristas contactempor voz, através de telemóvel, o centro de controlo e vice-versa.

O desenvolvimento deste sistema veio proporcionar o acompa-nhamento permanente dos veículos, possibilitando a gestão deeventuais incidentes em tempo real, permitindo o apoio aos moto-ristas no desempenho das suas funções e obtendo dados reaissobre o serviço, que melhoram os níveis de gestão da oferta.

A plataforma tecnológica desenvolvida vem permitir a informa-ção em tempo real nas paragens de autocarro do tempo de passa-gem das várias carreiras. Através do sistema de localização do auto-carro na rede e da gestão desta informação,no centro de controlo do sistema é possívelenviar para os painéis o tempo de passa-gem dos vários serviços, permitindo por par-te dos passageiros uma melhor gestão doseu tempo, conferindo maior rigor ao de-sempenho do serviço de transporte rodovi-ário e proporcionando uma diminuição dosníveis de “stress” e insegurança com que osutentes avaliam o serviço.

Actualmente os SMTUC contam com 12painéis (Beira Rio, Portagem, Parque Manuelde Braga, Estação Nova (2), Arnado, Palácioda Justiça (2), Jardim da Manga, PSP, Gil Vi-cente, Praça da República), mas dada a suaaceitação perante os utentes, a rede será do-tada de mais unidades num futuro próximo.

SAE

FELI

CIT

AÇÕ

ES

Em nome dos Transportes Urbanos de Braga – E. M, quero manifestar o nosso rego-zijo pelo facto dos SMTUC celebrarem cem anos de actividade.

Sabemos, enquanto empresa congénere, o que significa servir durante um século.

Proporcionar mobilidade no cenário de dificuldade que é conhecido, com a falta deapoios consagrados ao sector que constitui um dos pilares da nossa economia,

designadamente em termos locais, é tarefa árdua que exige de todos uma atitude de entrega e de empenho.

Por isso queremos estar associados a esta efeméride e comemorar convosco os cem anos porque, perdoem-nos aimodéstia também os sentimos pelos laços de trabalho conjunto que temos levado a efeito.

Os SMTUC enquanto empresa e os seus elementos, desde a Administração até ao restante leque de colaboradores sãopara nós como irmãos. Irmãos pelo afecto que sentimos e pelo tratamento de que sempre fomos alvo, irmãos pelasemelhança das dificuldades que em conjunto enfrentamos, mas sobretudo irmãos pelo desafio que temos pela frentecom a consciência que os SMTUC estão cabalmente preparados para nos próximos cem anos continuarem a ser refe-rência de destaque no mundo dos Transportadores Públicos bem como na bela cidade de Coimbra.

O Presidente do Conselho de Administração dos TUB.EM, Vítor Sousa

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A Linha Azul surgiu pela necessidade de melhorar a aces-sibilidade à Alta da cidade e ao Centro Histórico, pelo facto dese tratar de uma zona com características muito próprias.

De facto, esta zona é caracterizada por uma populaçãoenvelhecida e com grandes problemas de locomoção. As suasruas são muito estreitas (mesmo as viaturas ligeiras têm pro-blemas de acesso) e existe um importante património urba-nístico a preservar.

Ao melhorar a mobilidade desta população, contribuiu-separa a melhoria da sua qualidade de vida, ajudando à fixaçãodos residentes.

Foi também objectivo, condicionar o acesso de viaturasparticulares à zona histórica, o que permitiria a preservaçãoambiental (incluindo a de edifícios de interesse histórico) euma melhor gestão da via pública, tanto ao nível da circulaçãorodoviária como à do estacionamento (desocupação do espa-ço para circulação pedonal e uso de Transporte Público).

Para este efeito estudou-se a criação de uma linha de trans-porte colectivo de passageiros que deveria:

- Facilitar o acesso às pessoas idosas e / ou de mobilidadereduzida;

- Utilizar uma viatura isenta de emanações de produtos decombustão e apta a circular em ruas muito estreitas.

Simultaneamente foi restringido o acesso automóvel àmaior parte da zona histórica, através da colocação de pilaresretrácteis com accionamento controlado por cartão, nas en-tradas da “alta da cidade”.

Surgiu, assim, em Setembro de 2003 a Linha Azul, uma

LINHA AZULlinha que garante uma boa frequência de transportes públicosaos seus utentes, sem paragens previamente estabelecidas, aparagem efectua-se a pedido dos utentes em qualquer pontodo seu percurso, que é assinalado por uma linha azul pintadano pavimento.

O facto de se tratar de ruas muito estreitas levou à opçãopor mini-autocarros e as preocupações ambientais fizeram comque este fosse eléctrico (o próprio conceito de linha azul, comuma maior proliferação de situações de paragem e arranque,assim o aconselhava).

A este mini-autocarro, com características de funcionamen-to (suavidade e ausência de ruído) semelhante aos troleicarros(a quem a população de Coimbra se habituou a chamar “Pantu-fas”), foi atribuído o nome de “Pantufinhas” atento à sua di-mensão.

O tarifário praticado neste serviço é idêntico ao da restanterede de transportes, sendo gratuito para os moradores na zonahistórica da alta da cidade servida pela Linha Azul.

FE

LIC

ITA

ÇÕ

ES

Coimbra teve um papel destacado na história da introduçãodos Mini Autocarros eléctricos em Portugal. Quando chegaram os2 Gullivers que a APVE comprou, com fundos da DGTT, para fazeruma demonstração em 25 cidades Portugueses, a recepção formaldestes, pelo Secretário de Estado dos Transportes, teve lugar emCoimbra, com a presença do Presidente da Câmara Municipal deCoimbra e do Administrador Delegado dos SMTUC.

Quando Coimbra se preparou para adquirir os seus próprios3 autocarros eléctricos, os dirigentes dos SMTUC, em conjuntocom a APVE, fizeram uma visita técnica à fábrica da Tecnobus e aRoma, neste caso para estudar a exploração deste tipo de transpor-tes inovativo.

Coimbra, como primeira cidade Portuguesa, lançou uma linhaazul com três mini autocarros, entretanto baptizados Pantufinhas,

em 8 de Setembro de 2003, e a APVE teve o prazer de participar activamente nesta inauguração.Durante um ano, a APVE, juntamente com os SMTUC, e com apoio da DGTT, monitorizaram o desempenho e a receptividade, pelos utentes, desta

nova linha. Os resultados desta avaliação foram altamente positivos.Com o aparecimento de mais 5 linhas com autocarros eléctricos, em outras tantas cidades (2004 e 2005), estas - outra vez em conjunto com a APVE

e DGTT - fizeram uma acordo de monitorização e apoio técnico mútuos; cabia, neste acordo, aos SMTUC o papel de apoio operacional em acções demanutenção e resolução de avarias e procura de peças, para qualquer uma das cidades. Este acordo está agora em vigor, há 3 anos, e tem-se mostrado muitoútil.

Para acabar com uma nota pessoal: na minha capacidade, como consultor de mobilidade, tenho tido o prazer de acompanhar os SMTUC, e váriosparceiros locais e internacionais, numa candidatura ao importante projecto Europeu CIVITAS Plus. O nosso consórcio ganhou e ocupa o segundo lugarentre muitas candidaturas (e entre as 5 aprovadas), estando a execução do projecto prevista para 2008-2012. Os SMTUC estão de parabéns!

Robert Stussi

Presidente da Associações Portuguesa, Europeia e Mundial de Veículos Eléctricos com Baterias, Híbridos e com Pilhas de Combustível

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Está cometida pela Câmara Municipal de Coimbra (CMC) aosServiços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra(SMTUC) a gestão do estacionamento público pago na cidade deCoimbra e a arrecadação de receita daí proveniente, tendo porbase a determinação da Autarquia de que a utilização da viaturaparticular no centro urbano pode e deve gerar receita que ajude acompensar o custo social do transporte público de passageiros.

Os SMTUC têm vindo a propor à CMC o aumento do estaciona-mento controlado por parcómetros e a criação de novos parquesde estacionamento periféricos, pois a concretização de tais medi-das leva a uma maior rotação no estacionamento e também àmelhoria das condições de circulação das viaturas em geral e dostransportes públicos em particular.

Fruto de uma parceria com a Carristur, o fun(tastic)ª foi criadoem 2004, tendo iniciado o serviço no dia 17 de Junho, com oobjectivo de dar a conhecer Coimbra ao seus visitantes, numaviagem panorâmica efectuada num autocarro aberto de dois pi-sos, percorrendo os mais belos locais da cidade, os seus miradou-ros e pontos históricos.

Um passeio de uma hora por Coimbra com informação grava-da em Português, Inglês, Alemão, Francês, Italiano e Espanhol.

Posteriores parcerias com a Odabarca e com a CMC, vierampermitir também o acesso ao Barco Basófias sem qualquer encar-go adicional, bem como a entrada nos Espaços Museológicos Mu-nicipais.

HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO Segunda-feira a Sábado: das 7h30 às 22h00Domingo e Feriado: das 10h00 às 22h00

Funciona como meio de transporte regular, os utentes podemviajar com qualquer título de transporte dos SMTUC (passe ou bi-lhete pré-comprados).

Têm livre acesso os utentes com idade igual ou superior a 60anos, com Nacionalidade Portuguesa, mediante apresentação dorespectivo Bilhete de Identidade, e os portadores do Cartão deResidente na zona da alta.

A GESTÃO DO ESTACIONAMENTO

FUN(TASTIC)ª

ELEVADOR DO MERCADO D. PEDRO V

É com enorme orgulho que a Carristur em parceriacom os Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos deCoimbra, SMTUC verificam que o projecto conjunto Funtasticcresce e ganha notoriedade de forma progressiva e sustentada.

Com uma pareceria estabelecida no ano de 2004 aCarristur não poderia estar mais satisfeita com o entusiasmo,dinamismo e empenho com que os SMTUC têm abraçado esteprojecto e o têm feito ganhar expressão no mercado.

Na comemoração do centésimo aniversário dos SMTUC,gostaríamos de os felicitar pelo excelente trabalho que têmdesenvolvido na rede de transportes públicos da cidade deCoimbra bem como pela dedicação que esta empresa tem de-monstrado pelo serviço turístico, recebendo cada vez melhoros turistas que visitam a cidade.

Eng.º António Proença

Gerência da Carristur

FELICITA

ÇÕES

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SMTUCFUNCIONÁRIOS EM 2008

Os SMTUC dispõe actualmente de 464 funcionários para assegurar quediariamente todos os serviços sejam prestados ao munícipe.

QUADROS DE EFECTIVOS PORGRUPOS PROFISSIONAISPessoal Dirigente e Técnicos ................................................................................. 21Pessoal Administrativo ............................................................................................. 45Pessoal Operário ........................................................................................................ 58Pessoal Auxiliar ........................................................................................................ 340 TOTAL ............................................................................................... 464

DISTRIBUIÇÃO DE EFECTIVOS PELA ESTRUTURA ORGÂNICA Divisão Serviços de Produção ........................................................................... 315Divisão Serviços Financeiros .................................................................................. 40Divisão Equipamento ............................................................................................... 81Divisão de Recursos Humanos .............................................................................. 11Direcção ....................................................................................................................... 15Gabinete de Acompanhamento de Gestão e Estudos ................................... 2 TOTAL ................................................................................................ 464

POLÍTICA TARIFÁRIAO tarifário dos SMTUC reflecte o cariz so-

cial dado por estes Serviços e pela Autarquiaao transporte colectivo de passageiros noconcelho de Coimbra.

A política tarifária aplicada nos últimosanos introduziu uma descriminação positivapara as populações do concelho mais afasta-das e que se deslocam para o Centro da cida-de de Coimbra (beneficiando igualmente osque em sentido contrário necessitam de via-jar), pois o processo de fusão progressiva das4 coroas tarifárias existentes em 2002 numasó coroa em 2005 representou uma diminui-ção efectiva do preço do título de transporte eum aumento real das distâncias percorridas.

Esta actuação foi fundamental para a me-lhoria do transporte colectivo de passagei-ros no concelho de Coimbra.

Em 2008 serádada continuida-de à política derenovação dafrota que vemsendo seguida.Os novos auto-carros possuemar condicionadoe introduzemuma série deinovações quetêm grande im-pacto na segurança e no conforto dos utentes. Prevê-se a aquisição de oitoautocarros novos, do tipo low-enter e acessíveis a pessoas com mobilidadereduzida, bem como a aquisição de um troleicarro.

OS SMTUC MODERNIZARAMA SUA FROTA

COMPOSIÇÃO DA FROTAFrota urbana

Autocarro médio .................................................................... 12Autocarro standard .............................................................. 90Autocarro articulado .............................................................. 1

Troleicarro standard ............................................................. 15Troleicarro articulado ............................................................. 1

Mini-autocarro ........................................................................ 12

Mini-autocarro eléctrico ....................................................... 3

Outra frota

Autocarro turismo ................................................................... 1Mini-autocarro turismo ........................................................ 2Carrinhas Transporte Especial ............................................ 4

Total .............................................. 141

Não é apenas a data que importa assinalar nes-tes 100 anos dos Serviços Municipalizados de Trans-portes Urbanos de Coimbra. É também a dimensão doserviço que a empresa presta aos munícipes, de cariziminentemente social, e a todos aqueles que nos visi-tam, na vertente turística.

Ao longo dos anos, os SMTUC souberam im-por-se numa relação virtuosa entre a cidade e os turis-tas, sendo o Funtastic um bom exemplo.

É, pois, decisivo o contributo da empresa paraa afirmação de Coimbra enquanto destino turístico deeleição.

Luís Alcoforado

Presidente do Conselho de Administração

da Turismo de Coimbra, E.M.FELI

CIT

AÇÕ

ES

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Antigo armazém dos SMC à Guarda Inglesa,que mais tarde viria a integrar as instalações dos SMTUC

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No âmbito da divulgação e promoção do Transporte PúblicoUrbano, os SMTUC têm desenvolvido diversas acções. Uma

delas, pelas características do seu público-alvo, é de particularrelevância. Referimo-nos às visitas de estudo que ultimamente

se têm vindo a realizar às instalações da Guarda Inglesa.Com efeito, na sequência de protocolos estabelecidos

com alguns Agrupamentos de Escolas de Coimbra, os quaisvisam a divulgação, junto das crianças, dos problemas ambi-

entais e a promoção do uso de sistemas de mobilidadesustentáveis nas nossas cidades, que devem fazer parte daspreocupações da nossa sociedade, entendemos serem os

SMTUC uma entidade privilegiada para proporcionar oenvolvimento dos alunos nestas questões.

Esta iniciativa de interagir com as crianças tem sido umsucesso, conforme podemos verificar através de alguns dos“deliciosos” testemunhos individuais dos petizes visitantes,

que convosco partilhamos.Registamos com enorme satisfação a aceitação da

iniciativa, à qual pretendemos dar continuidade.Ainda neste âmbito, merece realce o evento “BUSPAPER”,

realizado no dia 16 de Junho de 2007.

promocao

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Nota d

e

Quando em Janeiro de 2002, o SenhorPresidente da Câmara, Dr. Carlos Encarnação,me convidou, enquanto Vereador, para pre-sidir ao Conselho de Administração dosSMTUC, o meu conhecimento sobre trans-portes urbanos reduzia-se praticamente àlembrança nostálgica do velho eléctrico,que tinha sido o meu transporte de referên-cia enquanto estudante.

Aceitei, no entanto, o honroso encargoaté porque de transportes sabia de sobra apessoa que estava indigitada para o cargoexecutivo de Administrador Delegado e demim o que se exigia era que tivesse conhe-

cimentos mais ao nível da gestão global e também que fizesse a ponteentre o Executivo Municipal e os Serviços Municipalizados de TransportesUrbanos.

A verdade, porém, é que, decorridos alguns meses, dei conta de quese apoderava de mim uma certa paixão por aquela casa, às vezes tãoesquecida, do lado de cá do Rio.

Para quem tem como único objectivo da política o serviço e a entregaà coisa pública é, na verdade, altamente gratificante o trabalho numainstituição que vem cumprindo a sua missão de serviço público de umaforma exemplar e todos os dias transporta dezenas de milhares de pesso-as para os seus empregos, para os Hospitais, para a Universidade ou purae simplesmente para passear pela cidade o peso dos anos e de umareforma que não chega para voos mais altos.

Depois, foi a conquista de alguns objectivos: a chegada do “Pantufi-nhas” e com ele da alegria do reencontro da Alta e da Baixa, a renovaçãoda frota, a reorganização das linhas de acordo com o redimensionamentoda cidade, o equilíbrio das contas e a forte aposta na imagem de marca deCoimbra: o troley.

Por isso, volvidos que são seis anos sobre o desafio, é com redobradoorgulho que continuo a presidir ao Conselho de Administração dos SMTUC.

E apesar do permanente desprezo do Estado Central, os cerca de qua-trocentos colaboradores desta instituição bastam-se com uma certeza: ade saber que a Cidade reconhece o que todos os dias fazem por ela.

“S M T U Cdo lado de cá do Rio”

Coordenador

Miguel Ribeiro

Colaboradores

Albino Casimiro

António Soares

Bárbara Veiga

Isabel Carrazedo

João Silvano

Óscar Carneiro

Paula Vaz

Silvino Cunha

Susana Marcelino

Manuel Rebanda

Presidente do Conselhode Administração

dos SMTUC

FICHA TÉCNICA

encerramento

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44 GUIA DO EMPRESÁRIO / COIMBRA CAMPEÃO DAS PROVÍNCIAS MAIO DE 2008