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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE BELAS ARTES DESENHO E PALAVRA O Desenho através da Infografia na Imprensa Periódica Portuguesa Por: Maria João Cardoso e Cunha Dissertação de Mestrado em Desenho Orientador: Prof. Doutor António Pedro Marques LISBOA 2008

17849 Desenho e Palavra

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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE BELAS ARTES DESENHO E PALAVRA O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa Por: Maria Joo Cardoso e Cunha Dissertao de Mestrado em Desenho Orientador: Prof. Doutor Antnio Pedro Marques LISBOA 2008 DESENHO E PALAVRA O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 4 Resumo Na escolha do tema deste trabalho esteve, em primeiro lugar, o gosto pelo assuntododesenhodeimprensaeposteriormentepesouofactodasua actualidade. Ofactodeodesenhointervirnestemeiodeexpressodeformaactivae estruturante foi tambm um factor que pesou na escolha, pois permite olhar para estes produtos visuais informativos e estudar o seu processo de construo com baseempossibilidadestcnicas,expressivaseestticasconcedidaspelo desenho. Asformasdodiscursoestabelecidopelaimagemrelativamenteaotexto informativoserotemaadesenvolveratravsdeumaobservaocuidadados assuntos,acontecimentosereconstituies,desenvolvidospelainfografiade imprensa. Osrecursostecnolgicosutilizadosserotambm aspectosa estudare a analisar,tendoemcontaqueosmeiosutilizadosnasuaproduoso fundamentais no impacto, interesse e curiosidade causados pela imprensa. Odesenhodeimprensa,atravsdainfografia,temhojenaimprensa peridicaportuguesaumlugarinteressanteeumpapelinterventivopossvelde comprovaremdiversaspublicaes.Estefactolevou-nosaconsideraroportuno realizar uma dissertao de mestrado sobre este assunto. Paraumcorrectoenquadramentodotemaepelofactodainfografiana imprensaportuguesaserrelativamenterecentealocalizaocronolgicada dissertao situar-se nos primeiros anos do sculo XXI. Sendootemadestetrabalhorecente,ametodologiaadoptadaincidiu, numaprimeirafasenaconsultaelevantamentobibliogrficodisponvelena observaodeprodutosvisuaisinformativosimpressos.Posteriormentefoifeito umlevantamentodepublicaes,ondeaprticadainfografiateveumpapel relevante e inovador, para seleccionar e analisar. Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 5 Paraqueoobjectivodeanalisarasinfografiasseleccionadasfosse cumprido,ocorpodestetrabalhofoiorganizadoemtrscaptulosquese dedicaramcontextualizaohistricadainfografiapartindodailuminura, processomedievalqueligavadeformacomplexaotextoimagem,auma fundamentaotericaquepermitisseestabelecerumametodologiadeanlise comrigoreanlisedeseiscasosseleccionadosentreprodutosvisuais informativos recentemente publicados. Aolongodaexecuodestetrabalhoprocurmossempreutilizaruma linguagemclaraeobjectiva,assimcomofundamentarconceitos,ideiase informaes atravs de notas que justificassem tudo o que se ia afirmando.

Palavras-chave: Desenho, infografia, imprensa, Imagem, Texto Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 6 Abstract In choosing the theme of this work was, first, the taste for the matter of the design of the press and then weighed the fact of its timeliness. The fact of the drawing to intervene in this way of expression of active and structuringformwasalsoafactorthatweighedinthechoice,thereforeallowsto lookatfortheseinformativevisualproductsandtostudyitsprocessof constructiononthebasisofpossibilitiestechniques,aestheticexpressiveand granted by the drawing. Theforms ofthespeechestablishedfortheimagerelativelytothe informativetexttheywillbesubjecttodevelopthroughawell-takencareof comment of the subjects, events and reconstitutions, developed for the info graphics of the press. The used technological resources they will be also aspects to study and to analyze,havinginaccountthatthewaysusedinitsproductionarebasicinthe impact, interest and curiosity caused by the press. The press drawing, through the info graphics, has today in the Portuguese periodicpressaninterestingplaceandapossibleinterceptivepapertoprovein diverse publications.This has led us to consider it appropriate to hold a master's dissertation on the subject. For one correct framing of the subject and for the fact of the info graphics in the Portuguese press to be relatively recent the chronological localization of the dissertation to place it in the first years of century XXI. Being the subject of this recent work, the methodology adoptee happened, in a first phase in the consultation and available bibliographical survey and in the comment of visual products informative printed matters. Later a publication survey wasmadewherethepracticaloneoftheinfographicshadanexcellentand innovative paper, later to select and to analyze. So that the aim to analyze the selected info graphics was fulfilled, the body of this work was organized in three chapters that if had dedicated to the historical contextualizationoftheinfographicsleavingofthemedievalillustration,process Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 7 thatboundofcomplexformthetexttotheimage,toatheoreticalrecitalthat allowed to establish a methodology of analysis with severity and to the analysis of six cases selected between informative visual products recently published. Throughout the execution of this work we always looked for to use a clear languageandaim,aswellasbasingconcepts,ideasandinformationthrough notes that justified everything what it was gone affirming. Keywords: design, graphics, press, picture, text

Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 8 ndice de matrias Resumo 4 Abstract 6 ndice 8 ndice de figuras 10 ndice de quadros 11 Introduo 13 Captulo1 Da Iluminura ao bitmap 17 1.1.A Iluminura18 1.1.1.O processo de elaborao da iluminura: Aspectos tcnicos e conceptuais 21 1.2. A imprensa em Portugal 27 1.2.1. Os primrdios 27 1.2.2.AnotciailustradaeaInfografianaImprensaPeridica Portuguesa 28 1.3. Da gravura ao offset 33 1.3.1 A Gravura 33 1.3.2 A Litografia 37 1.3.3 O Offset 39 1.4. Representao Computacional42 1.4.1. As Aplicaes Informticas 44 Captulo 2 Desenhar, Comunicar, Informar 48 2.1. Definies50 Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 9 2.2. Imagem e informao 52 2.2.1. Gonzalo Peltzer e o Jornalismo Iconogrfico54 2.2.2. Tipologiaecamposde aplicaodaInfografiasegundo Raymond Colle 59 2.2.2.1. Tipologia 59 2.2.2.2. Campos de aplicao 62 2.2.3.Tipologiasdeapresentaovisualdeinfogramase infografiassegundoomodelopropostoporValero Sancho 65 2.3. Semitica plstica 68 2.3.1. Os signos plsticos 71 Captulo 3Cinco casos em anlise 76 3.1. Seleco das obras em anlise77 3.2. Metodologia utilizada79 3.3. A casa tradicional portuguesa85 3.4. Energia elica domina investimentos97 3.5. Um pas a encolher102 3.6. O mapa-mundi do CO2107 3.7. Temperaturas que queimam e matam114 Concluses 120 Bibliografia 125 Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 10 ndice de figuras Figura 1.1.- Casa tradicional portuguesa 87 Figura 1.2.- Casa tradicional portuguesa 88 Figura 1.3.- Casa tradicional portuguesa 89 Figura 1.4.- Casa tradicional portuguesa 90 Figura 1.5.- Casa tradicional portuguesa 91 Figura 1.6.- Casa tradicional portuguesa 92 Figura 2- Elica domina investimentos 98 Figura 3- Um pas a encolher 103 Figura 4- Mapa-mndi do CO2 108 Figura 5- Temperaturas que queimam e matam 115 Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 11 ndice de quadros Quadro 1Tabela de Sntese da tipologia de apresentao visual 80 Quadro 2Grfico de descrio de relaes das categorias de posio no plano de expresso 81 Quadro 3Grfico de descrio de relaes de orientao no plano de expresso 82 Quadro 4Sntese da anlisedos planos de expresso e de contedo (exemplo) 83 Quadro 5EstruturaconstrutivadainfografiaAcasatradicional portuguesa 85 Quadro 6Sntese da tipologia de apresentao visual da infografia A casa tradicional portuguesa 86 Quadro 7Tabela de Sntese da anlise dos planos de expresso e de contedo da infografia Casa tradicional portuguesa 95 Quadro 8Sntese da tipologia de apresentao visual da infografia Energia elica domina investimentos 97 Quadro 9EstruturaconstrutivadainfografiaEnergiaelicadomina investimentos 99 Quadro 10Sntese da anlisedos planos de expresso e de contedo da infografia Energia elica domina investimentos 100 Quadro 11Sntese da tipologia de apresentao visual da infografia Um pas a encolher 102 Quadro 12Estrutura construtiva da infografia Um pas a encolher 104 Quadro 13Sntese da anlise dos planos de expresso e de contedo da infografia Um pas a encolher 105 Quadro 14 Sntese da tipologia de apresentao visual da infografia107 Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 12 O mapa-mundi do CO2 Quadro 15Estrutura construtiva da infografia O mapa-mundi do CO2 109 Quadro 16Sntese da anlise dos planos de expresso e de contedo da infografia O mapa-mundi do CO2 111 Quadro 17Sntese da tipologia de apresentao visual da infografiaTemperaturas que queimam e matam 114 Quadro 18EstruturaconstrutivadainfografiaTemperaturasque queimam e matam 116 Quadro 19Sntese da anlise dos planos de expresso e de contedo da infografia Temperaturas que queimam e matam 118 Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 13 Introduo Oestudododesenhonaimprensaperidicaportuguesa,entreoutros factos, confronta-nos com obras de infografia, difundidas em diversas publicaes peridicas e demonstrando um grau de elaborao interessante pelo seu carcter interventivo e pelas suas competncias expressivas e tcnicas. Ainfografianaimprensaperidicaportuguesaatravsdacapacidade comunicativadosmeiosexpressivosetcnicosdodesenho,dastemticase gnerosadoptadosedasformasdodiscursoestabelecidopelaimagem relativamenteaotextoinformativoseroobjectodeanlisenodecorrerdeste trabalho. A abordagem infografia como espao do desenho e ao contexto em que surge nas publicaes peridicas far-se- na perspectiva do desenho de imprensa como instrumento de expresso, comunicao e informao. O desenho funcional como base da interaco entre imagens criadas para ainfografiaeotextoinformativoleva-nosaumaanlise,quesepretende cuidada,dossignosplsticoscomofactoresdeterminantesdamensagemvisual de carcter informativo. A palavra e a imagem foram indissociveis ao longo dos tempos, como tal nopoderamosfalardainfografiadehojesemfalardailuminuraedo pensamento do homem medieval que encontrou na iluminura um espelho do seu imaginrio, uma forma de expresso artstica sempre a par e passo com a escrita, acentuandooseusentidooufacilitandoasualeitura,impondo-sepelasua originalidade ou lutando pela sua independncia.Noquisemosesquecer,tambm,todaaevoluotecnolgica,desdea gravura, passando pela litografia e por fim o offset, em que se apoiou o jornalismo de carcter peridico, facto que se ficou a dever ao progresso nas comunicaes, aointeressecrescentedasociedadepelanotciaeaoprogressotecnolgicona rea da tipografia.Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 14 Apesar de s no sculo XVIII aparecer a primeira notcia ilustrada, ao longo dos sculos XVI e XVII, surgiram em Portugal trabalhos de qualidade, ao nvel da gravura,realizadosporartistasportugueses,entreelesoprimeiroexemplarde uma infografia na imprensa portuguesa.Apesardehojeaimpressodigitalserumarealidade,ooffsetainda utilizado,muitasvezes,deumaformaadaptadasnovastecnologiascomo referimos anteriormente. A impresso com offset coabita com uma pr-impresso completamenteinformatizada,comumaedioelectrnicaquedominaa produogrficaecujosucessosedevesimplificao,rapidez,economiade meioserecursos,uniformizaodemtodosdetrabalhoeracionalizaode tarefas.Porqueaofalaremrepresentaocomputacionalasorigensda computaogrficaseimpemcomopontodepartida,debruamo-nostambm sobre este assunto, podendo observar que a computao grfica ao surgir no final dosanoscinquentacomoobjectivodeestudarmtodosetcnicasparaa modelao,visualizaoeanimaodeimagensemduasetrsdimenses, fazendoaconversodedadosparaumdispositivogrficoatravsdo computador,veiorevolucionartodaaformadepensar,criareconstruirum produto visual informativo. Posteriormenteoutrasaplicaesforamsurgindopararentabilizartodoo processodeedioeimpressodeprodutosgrficos,assimfoiatingidoum patamarondepodemosencontrarvriostiposdeaplicaesinformticas vocacionadasparaaedioelectrnica.Aplicaesdedigitalizao,de processamento de imagem, de desenho vectorial, de processamento de texto, de OCR(opticalcharacterrecognisation),decomposiotipogrfica,paginaoe integraodeimagens,decriaodefontes,dedescriodepginasede imagemtridimensional,quesoferramentasindispensveisnareadaedio electrnica.Porque consideramos que o conceito de infografia esteve sempre presente na comunicaoestabelecida atravs de texto e imagem,Iremos falar, tambm, Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 15 da importncia da imagem na informao veiculada pelas publicaes peridicas, propondo uma metodologia para a sua anlise.Quandofalamosdeinfografia,falamosdeinformaoatravsdetextoe imagem,falamosdecomunicao,falamosdedesenho,tantonoseunvel expressivo como no seu nvel conceptual e estruturante. A complexidade de uma infografia est na conjugao de inmeros elementos, a informao apresentada emtexto,geralmentesinttico,serreforadaeclarificadapelaimagem.A comunicao est latente e a conjugao de todos estes elementos, que podem ir dealgumaslinhasdetextoaumgrfico,aumdesenhomaisoumenos elaborado, a interagir entre si, dando forma a uma composio visual onde todos os componentes se completam, de uma forma dinmica e elucidativa, para poder comunicareinformaroquesepretende.Aorganizaodasdiversasfontesde informao, sendo elas escritas e desenhadas, segundo uma construo esttica einformativapodepermitir-noschegaraumnveldedinmicaprximodaquilo que denominamos de hipertexto num sistema interactivo. Quando consideramos a imagem e o texto como componentes da infografia etemospresenteasuafunodeinformar,obrigamo-nosafazeralgumas consideraesacercadaintervenodecadaumdestescomponentes,textoe imagem, no produto final a que chamamos infografia. Acomunicao,nestecasoatransmissodeinformaoatravsdeum meio jornalstico impresso, desenvolve-se segundo cdigos que obrigatoriamente tero de ser reconhecidos tanto pelo emissor como pelo receptor. Mas, o que nos levaareflectirprende-secomosmeiospossveisdamensagemvisual informativa. Ainfografiadeimprensaaoagregartextoeimagemestautilizarduas linguagens, a escrita e a visual, s quais adiciona as caractersticas necessrias linguagem jornalstica, Faremosumaabordagemaojornalismocomocampodeaplicaoda infografia,peloquesetornaobrigatrioasuacontemplaoduranteoprocesso de seleco de infografias que iro ser analisadas, tambm, neste trabalho. No Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 16 podendoesquecerosobjectivosdainfografiainformativadeimprensa,torna-se tambm obrigatria a adequao das infografias seleccionadas s caractersticas necessrias linguagem jornalstica anteriormente mencionadas. Neste trabalho pretendemos apresentar uma proposta metodolgica para a anlisedeinfografias.Paraisso,sentimosanecessidadedefundamentar teoricamenteessametodologia,razopelaqualrecorremosaostextosde pesquisadorescomoGonzaloPeltzer,JosManueldePablos,JosValero Sancho,Jean-MarieFloch,Gruope.Aotentarestabelecerumametodologia para anlise de produtos visuais informativos to complexos como as infografias, basemosanossaanlisenasemiticaplstica,expressoutilizadaporJean-MarieFlochnolivroPetitesMythologiesdelaeiletdelesprit-Pourune smiotique plastique (1985). Quandoestabelecemosumametodologiadeanliseparaasinfografias queseleccionmostivemosemconsideraoduasviasdeobservao,a tipologiadeapresentaovisualdeinfografiasbaseadanomodelopropostopor ValeroSanchoeumaleituravisualquepermitisseestabelecerrelaesentre significadoesignificante,ouentreascategoriasdoplanodeexpressoedo plano de contedo previstas na semitica plstica. Observaraintervenododesenhoatravsdainfografianaspublicaes peridicasportuguesasnoinciodosculoXXI,atendendoscapacidades comunicativaseinformativasdainfografiaveiculadaspelodesenhoatravsdos seus meios expressivos e tcnicos, ao desenho como factor de interaco entre a imagem e a informao, importncia dos recursos tecnolgicos do desenho na produodasimagensaplicadasemprodutosvisuaisinformativoseaplicao de uma metodologia de anlise assente em bases tericas slidas, foram, pois, os objectivos deste trabalho. Capitulo 1 Da Iluminura ao Bitmap Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 18 Palavraeimagemsocomocadeiraemesa:paraestarmesanecessitamos das duas1 1.1.A Iluminura O texto e a imagem acompanham-nos ao longo da Histria estabelecendo entresirelaesdeprofundacomplementaridade.Oscdicesmedievaisso exemplodeespaoscomplexosondeaimagemeotextointeragemdeforma eficiente e clara. O imaginrio da iluminura parte da inicial ornada estende-se com imaginaoevigorsmargensanteriormenterespeitadas,parainvadir, sumptuosamente,aspginasdoslivrosdehoras.Aevoluodailuminuraem Portugal,permiteestabelecerumalinhaevolutivamarcadapelaocupao crescentedasmargens.Oespaoocupadopelotextodiminui,osagradoeo profano coabitam no mesmo flio e o real apodera-se das imagens. Aofalardeimaginrionailuminuramedieval,torna-seobrigatrio estabelecer uma relao indissocivel entre o texto e a imagem. Estamos perante umaestruturaqueseorganizaestabelecendoumaordemnotextoclaramente identificvel atravs das solues dadas pela ornamentao. A iluminura medieval vaiconstruindooseuimaginrioatravsdeumprocessoquecomeacoma interpretaodamensagemescritaeresultanasuatraduo,materializadana imagem.Assim,podemosestabelecerumpercursoconceptualeformalassente emdoisalicercesdosaber,osaberdivinoeosaberhumano.Nestepercurso introduzidaumanovafunodailuminuraedaornamentaocapazdeas transformar em elementos de compreenso dos textos atravs da representao visualdoseucontedo,enoinstrumentosdasimplesconstataodeuma revelao divina. A imagem surge tomando a forma de discurso complementar do textoeinvadeasmargensdandoumanovadimensomensagemescrita. Introduz no livro o valor que merece o quotidiano, dando-lhe expresso atravs da 1 Jean-Luc Godard, em Ainsi parlait Jean-Luc, Fragments du discours dun amoureux des mots, Tlrama n2278,08/09/93. Apud JOLY, Martine - Introduo anlise da imagem. Lisboa: Edies 70, 1994, p. 119. Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 19 representao da figura humana e das suas actividades dirias, teis ou ldicas. Mas,opoderdaimagem,tambm,devidosnovasprticasdeleituradas classes aristocrticas e burguesas que lhe atribuem um novo sentido, o da tcnica eficaz na aquisio de conhecimento. Estamos perante uma imagem que na sua representaoplsticaveiculaoconhecimentoimbudonostextos,sejameles sagrados ou profanos, representem elas, imagens, episdios da vida de Cristo ou cenas de trabalho rural onde o homem o protagonista. O pensamento do homem medieval encontrou na iluminura um espelho do seuimaginrio,umaformadeexpressoartsticasempreaparepassocoma escrita,acentuandooseusentidooufacilitandoasualeitura,impondo-sepela sua originalidade ou lutando pela sua independncia. Querendo, meu caro, satisfazer a instncia dos teus desejos, resolvi pintar apombacujasasassoprateadas,comlividezdeouronaparteposteriordo dorso(Salmos67,14)eedificarasmentesdossimplespormeiodapintura: aquiloqueoespritodossimplesdificilmenteconseguiriaalcanarcomosolhos do entendido, poder pelo menos perceb-lo com os do corpo; e a vista perceber aquilo que o ouvido entenderia a custo. No quis apenas pintar a pomba dando-lhe forma, mas tambm descrev-la por palavras, para elucidar a pintura por meio da escrita: que ao menos agrade a moralidade da escrita a quemno agradar a simplicidade da pintura2 Nocdiceiluminadoadualidadetextoimagemrelaciona-sesegundotrs tiposdeornamentao;ainicial,afigura(imagem)eaornamentaodas margens(apartirdosculoXIII).Ainicialornadaouhistoriadaparaalmda marcaodotextorealaasuaimportnciaou,quandohistoriada,antecipa-se-lhe.Afiguraacrescentaaomanuscritoavisualizaodoseucontedoou mesmooseuprolongamento.Quando,apartirdosculoXIIIaornamentao invadeas margens, porvezescercandootexto,estainiciar ocaminho dasua 2 Hugo de Folieto, Livro das Aves. Edio de Maria Isabel Rebelo Gonalves, Lisboa: Colibri. 1999 p. 59 ApudMIRANDA, Adelaide, Do texto para as Margens: O Sagrado e o Profano na Iluminura Medieval,MargenseConfluncias,Umolharcontemporneosobreasartes.EscolaSuperior Artstica do Porto Extenso de Guimares, 2001, p.55. Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 20 autonomia.Ailuminurarevestiuduploaspecto:ilustrarotextoquandocontava porimagensassuas histriasousomente ornamentarnumdiscursoparaleloao do prprio texto.3 Aoobservarexemplosdecdicesiluminadosdesteperododahistria portuguesaobrigatriooconfrontocomoimaginrioqueconcebeassuas imagens.Arefernciarealidadedivinapersistiaaparderepresentaode cenas do quotidiano que ilustravam os contedos dos textos. A mentalidade e os ideais,frutosdeumpensamentoescolsticoqueprocuravaumconhecimento maishumanizadoeummaiorpragmatismo,evoluamdeixandoassuasmarcas naforma,nacor,nacomposioenoestilodestasiluminuras.Asformas mudamporquemudatambm,comosempre,apercepodomundoeos processosqueohomemvaiensaiandoparatentardomin-lopormeioda cultura.4 3MIRANDA,MariaAdelaide;Silva,JosCustdioVieirada,HistriadaArtePortuguesa:poca Medieval. Lisboa: Universidade Aberta, 1995, p. 92. 4 MATTOSO, Jos, O Imaginrio da Iluminura Medieval. A Iluminura em Portugal: Identidade e influncias. Lisboa: Biblioteca Nacional, 1999. P. 9. Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 21 1.1.1.Oprocessodeelaboraodailuminura:Aspectostcnicose conceptuais Aproduodocdiceexigiaaparticipaodevriosintervenientesque assumiamdiferentestarefas,taiscomo;apreparaodosuportefeitapelos pergaminheiros,acpiadostextosfeitapeloscopistaseasuacorrecopelos correctores,adecoraopelosiluminadoreseaencadernaopelos encadernadores.Tambmoprocessodeelaboraodailuminuraserevestede algumacomplexidadeporpressupordiferentestiposdeintervenono coincidentescomamesmapessoa,enquantounsseespecializavamnapintura deiniciais,outrosdedicavam-seornamentaodasmargens,spinturasde cena,chegandoahaverdistinoentreosquepintavamosfundoseosque pintavamasfiguras.Todaaactividadedeproduodemanuscritosera coordenadaporumresponsvelpeloscriptoriumquezelavapelaqualidadede execuo do cdice seleccionando as pessoas mais competentes e os materiais a utilizar. Era tambm da sua competncia a coordenao do trabalho dos diversos intervenientes,nomeadamentedosiluminadores.Adefiniodoprograma iconogrfico a aplicar a cada cdice era da responsabilidade de um telogo, que a definia, assim como o tipo de iluminura a executar, com base na interpretao do texto.5 Opapeldoiluminadorperanteoprogramaiconogrficoeornamentaldo manuscritoporvezes,odesimplesexecutantenacpiadeummodelopr estabelecido.Noentanto,asuaresponsabilidadeperanteodesenhopareceser consensualoquenoacontecequandooproblemaotipodeilustraoa adoptareasuarelaocomotexto.Mas,cabeaoiluminador,mesmoquando segue modelos ou guias iconogrficos, intervir individualmente, segundo Aires A. Nascimentoaiconografia,quaisquerquesejamassuasmodalidades,ena medida mesma que se torna interpretativa, vive no pouco das tenses em que a 5 importante referir que a escolha do programa iconogrfico e o tipo de iluminura era, por vezes, trabalho conjunto de telogo e iluminador. Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 22 individualidade do artista se contrape a tradies () em resposta a factores de funcionalidadequelheprpriaequepassampelarelaocomotexto,pela construo da legibilidade do elemento iconogrfico, pela representao coerente doscontedos,pelaadequaodonveldesignificaoaoregimeprevisvelde utilizao do livro ou respectiva ritualizao, pela condio dos destinatrios a que se pretende responder, pela capacidade de expresso e transposio do prprio artista,pelasuarelaocomogrupoemqueseformou(),pelasinfluncias escolares,pelassobreposiesdeleiturasouorientaesdeumscriptoriumem momentodeterminado,peladependnciadeumpatrocnioprolongadoou ocasional.6 Partindodoprincipiodequeoprocessodeelaboraodailuminura assenta em dois aspectos; o conceptual e o tcnico (aspectos que lhe conferem o objectivo de realar o sentido do texto, reforar a mensagem a veiculada atravs daornamentaoeintroduodeimagenstecnicamenteconcretizveis), possvelverificarqueaoactuarnaestruturadotexto,ailuminura,fomentaa unidade do discurso escrito, ao mesmo tempo que permite concretizar uma inter-relaoindispensvelclarezadamensagem.Assim,oplaneamentodesta articulao, entre texto e imagem, fundamental para o sucesso do cdice, prope algumas solues importantes: a possibilidade de estabelecer uma hierarquia de valoresrelativamentesdiversaspartesdotextoatravsdasuamarcao (usandoiniciaisdevriostamanhos,coresouopesdeornamentao consoante as situaes), usar a imagem como complemento do texto atravs da sua capacidade de sntese para melhor explicar o que o discurso escrito contem, encontrarpropostasdecomposioquepermitamomelhorenquadramentoa cadatexto,deixaraimageminvadirasmargenspermitindo,assim,asua demarcao do texto. Nocdiceiluminadoadualidadetextoimagemrelaciona-sesegundotrs tiposdeornamentao;ainicial,afigura(imagem)eaornamentaodas 6NASCIMENTO,AiresA.,Oscriptoriummedieval,instituiomatrizdolivroocidental.A Iluminura em Portugal: Identidade e influncias. Lisboa: Biblioteca Nacional, 1999, p.83. Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 23 margens(apartirdosculoXIII).Ainicialornadaouhistoriadaparaalmda marcaodotextorealaasuaimportnciaou,quandohistoriada,antecipa-se-lhe. A figura acrescenta ao manuscrito a visualizao do seu contedo, ou mesmo o seu prolongamento. Quando, a partir do sculo XIII a ornamentao invade as margens, por vezes cercando o texto, est a iniciar o caminho da sua autonomia. A iluminura revestiu duplo aspecto: ilustrar o texto quando contava por imagens assuashistriasousomenteornamentarnumdiscursoparaleloaodoprprio texto.7 Toimportantescomoadefiniodeorientaesparaaelaboraodas iluminuras e a sua integrao e interveno nos textos, eram os aspectos tcnicos que permitiam a sua materializao. Assim, os procedimentos para a elaborao dailuminuradesenvolvem-sesegundoquatrofases:Inicialmenteerafeitauma planificaoqueconsistianaempaginaodoflio,definiodoespaoparao textoeparaailuminuraqueintervinhanamarcaodotextoaomesmotempo queintroduziaasimagensquegarantiamoprogramaiconogrficopreviamente estabelecido.Emsegundolugareradelineadoodesenhocomponteirode prata (oumarfim)ouminadechumbo,posteriormenteerareforadoapenaetinta.A faseseguinteconsistiaemcolocarsobreoesbooumacamadadegessoque serviadebaseparaaaplicaodoouro,ascoresaplicavam-sesegundouma escalacrescentedesaturao(dasmenossaturadasparaasmaissaturadas), porcimadacoreramdesenhadostraosdeadorno,nomeadamenteosde filigrana. Por fim era feito o retoque final a pena ou pincel. Analisando a letrina B daBbliadeWorms,DonaldJackson,Thestoryofwriting,NewYork,1981, estabelecenovepassosnaornamentao:1.Traadodoesboo,aminade chumbo;2.Reforodoscontornosapenaetinta;3.Aplicaodabasedo dourado; 4.aplicao da folha de ouro; 5. Colorao com as tintas mais brandas; 6.Aplicaodecoresmdias:azul,rosaeverde;7.Reforodatonalidadedas coresprecedentes;8.Retoquedoscontornoscompenadetraofinoenegro 7MIRANDA,MariaAdelaide;Silva,JosCustdioVieirada,HistriadaArtePortuguesa:poca Medieval. Universidade Aberta, 1995, p.92. Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 24 para completar a cor escura; 9. Remate com finos traos de branco, com a ajuda de caneta e pincel.8 Hojepossvelaconfirmaodestesprocedimentosatravsdoprocesso da anlise subjacente,9 no entanto se nos confrontarmos com as descries feitas porartistasdapocareparamosquemuitosdestesprocedimentoseasua sequncia j a so revelados. Por exemplo Cennino Cennini no seu Livro del Arte descrevea formade miniaredourar papel daseguinte forma: Antes de miniar, convm esboar figuras, folhagens, letras ou o que se desejar com um estilete de chumboemcimadopapel,ouseja,dolivro;depoisconvenienterepassar suavementecomumapenaoquesetiveresboado.Seguidamente,convm prepararumacorcomgesso,ochamadogessodedouradoresQuandofor precisoparadourar,tome-seumpoucoedeixe-sesecar.Depois,tome-seo ouro;pode-secolocarbafejandosobreeleousembafejar.Depoisdedourar tome-seumdenteoupedradebrunirebruna-se;mascolocadebaixodopapel uma tbua dura de madeira muito limpa e brune com ele. H que saber que com ogessoparaminiarsepodemdelinearletrascompena,paradecorarfundose ouro h que comprovar se preciso rasp-lo com a ponta de uma faca quer para alis-loquerparalimp-lodequalquerimpureza,poisinevitvelterdealisar mais numa zona que noutra com o pincel, coisa que se dever evitar sempre, na medida do possvel10 8NASCIMENTO,AiresA.,Oscriptoriummedieval,instituiomatrizdolivroocidental.A Iluminura em Portugal: Identidade e influncias. Lisboa Biblioteca Nacional, 1999, p. 76.9 H vrias dcadas que evidente a enorme importncia da radiao infravermelha no exame de pinturas.Comefeito,sejaatravsdafotografia,sejaatravsdareflectografia,obtm-se documentosque,nareadaconservaoerestauro,soparticularmenteteisnarevelaode zonasdanificadasounaidentificaodeoutrasdescontinuidadesdaspinturase,nodomnioda histriadaarte,especialmenteemobrasdossculosXVeXVI,permitemvisualizarrecursos estilsticosbemcaractersticosdecadaartista,designadamenteodesenhopreparatrio subjacente, que, de outro modo, ficariam ignorados. Em qualquer uma das situaes, aproveita-se ofactodecertascamadascromticas,conformeasuaespessuraeospigmentosquecontm, serem parcialmente transparentes radiao de baixa energia que, na zona do infravermelho, fica adjacente ao espectro visvel. 10CenninoCennini,EllibrodelArte,com.Ant.FrancoBrunelo,trad.FernandoOlmedaLatorre, Madrid. 1988, cap. 157. Apud Nascimento, Aires A., O scriptorium medieval, instituio matriz do livroocidental.AIluminuraemPortugal:Identidadeeinfluncias.Lisboa:BibliotecaNacional, 1999, p. 77. Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 25 Tambmacoratravsdosmateriaisqueaconstituamedasua preparaofoiobjectodeinteressenapoca,dandoorigematratadose receiturios portadores de conhecimentos vindos de diversas provenincias. de todoointeressedestacar,paraalmdotratadodeC.Cennini,umtratadodo sculoXIV,DeArteIlluminandi.11Relativamentepaletadecoresusadana iluminuradestapoca,osdoisautoresreferidos,confrontam-noscomalguns dados. Segundo C. Cennini, h sete cores naturais, quatro de natureza terrosa, comoonegro,overmelho,oamareloeoverde;trscoresnaturaisdevemser potenciadas artificialmente: o branco, o azul de ultramar e o amarelo12. Segundo otratadoDeArteIlluminandi,Oitocoressonecessriasparaailuminura:as fornecidas quer pela natureza quer pelo artifcio. O negro toma-se na terra negra ounapedra;obtm-sedesarmentosdevideiraoulenhacarbonizada,fumode candeiasoudaceraoudagordura,spiarecolhidanumabaciaounuma escudela de vidro. O branco fez-se com chumbo ou cerusa ou ossos de animais calcinados. O vermelho extrado da terra vermelha chamada macra; o que toma o nome de cinbrio feito de enxofre e de mercrio; damos-lhe o nome de mnio quando feito de chumbo. O glauco (amarelo) tirado da terra amarela que tem o nome de orpimento, de orfino, de aafro; faz-se tambm com raiz de carcuma, oucomervade pisoeiroecerusa;oque temo nome degiallolino(amarelode Npoles)produzidopelopastel.Osazuisnaturaissooazuldeultramareo azul da Alemanha; o azul artificial faz-se com uma planta chamada tornesol, que d tambm um violeta. O verde vem da terra ou do verde de azul (pedra armnia); tira-setambmdocobre,dolrioazurim(ris)edeunsabrunhospequenos.O rosa ou roseta que se emprega sobre o pergaminho para traar os contornos das folhaseocorpodasletrasfaz-secomopau-brasil.AcorBrasillquidaesem 11MsXII.E.27.BibliotecaNazionalidiNapoli.DeArteIlluminandied.FrancoBrunello.Vicenza, Neri Pozza Editore, 1992, Apud MIRANDA, Adelaide, A Iluminura no Portugal Medieval. Coimbra: Cmara Municipal: INATEL: ADDAC, 2001. P. 8. 12 Op. Cit., cap. 36. Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 26 encorpar,parafazersombreados,faz-secomamesmamadeira,masdeoutro modo13. Oiluminadormedievaltinhaacessoapigmentoseaglutinantese conhecimentodetcnicaseprocessosdefabricoeaplicaodosmesmos.Do seu trabalho faziam parte: o estudo de tratados e receiturios, a preparao dos materiaisdepinturaedesenho(cores,tintas,colas,folhasepdeouro,etc.)e tambm as decises sobre o tipo de desenho e de efeitos plsticos a aplicar. Oiluminadorumdosintervenientesnoprocessodeproduode manuscritos, mas so-lhe exigidas competncias muito especficas. escolha de imagensecoresacrescidoumnveldeconhecimentoquepossibiliteasua articulaocomornamentaoeelementosicnicos.Entretarjasebordaduras vegetalistas e cenas ilustrativas complexas dos mais variados textos, a iluminura revelaumclarovalorartsticoeumconsistentepotencialinformativosobre hbitos e costumes do seu tempo. 13Cf.GilberteGarrigou,Naissanceetsplendeursdumanuscritmonastique(duVII.eauXII.e sicle),Noyon,1992,p.44.ApudNASCIMENTO,AiresA.,Osciptoriummedieval,instituio matrizdolivroocidental.AIluminuraemPortugal:IdentidadeeInfluncias.Lisboa:Biblioteca Nacional, 1999, p. 76. Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 27 1.2. A imprensa em Portugal 1.2.1. Os primrdios AsprimeirasnotciasimpressassurgiramemPortugalnosculoXVI, apresentam-se com o aspecto de livro de pequeno formato e em papel grosseiro, por vezes com frontispcio ilustrado. Estas folhas noticiosas eram conhecidas por relao e limitavam-se a relatar um nico acontecimento. Segundo Tengarrinha14, a primeira folha noticiosa de que temos conhecimento a Relao do Lastimoso NaufrgiodaNauConceioChamadaAlgarviaaNovadeQueEraCapito FranciscoNobreaQualSePerdeunosBaixosdePerodosBanhosem22de Agostode1555(comgravuranorosto),impressaemLisboa,naoficinade Antnio lvares, possivelmente em 1556. No entanto, estas relaes no tinham qualquer tipo de regularidade e o primeiro jornal s viria a aparecer em 1641.15 Ojornalismocomcarcterperidicodeve-sefundamentalmenteao progresso nas comunicaes, ao interesse crescente da sociedade pela notcia e aoprogressotecnolgiconareadatipografia.Ascaractersticasda periodicidadeecontinuidadespodemserobservadasnaschamadasGazetas da Restaurao, a primeira das quais tem o ttulo, longo como todos os desse tempo, de Gazeta em Que Se Relatam as Novas Todas Que Houve Nesta Corte e Que Vieram de Vrias Partes no Ms de Novembro de 1641 (Lisboa, na Ofic. De LourenodeAnvers,comprivilgiorealconcedidoaManueldeGalhegospor Alvar de 14 de Novembro de 1641).16 Smaistarde,nosculoXIX,surgeoprimeirojornalportuguscom periodicidade diria, O Dirio Lisbonense, fundado por Estevo Brocard no ano de 1809.17 14 TENGARRINHA, Jos, Histria da Imprensa Peridica Portuguesa, Lisboa: Portuglia, 1965, p. 29.15 - ibidem,p.29. 16 - ibidem,p.35. 17 - Ibidem, p.57. Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 28 1.2.2. A notcia ilustrada e a Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa AolongodossculosXVIeXVII,surgememPortugaltrabalhosde qualidade,aonveldagravura,realizadosporartistasportugueses.Estefacto demonstra o franco desenvolvimento desta tcnica de reproduo de imagens, no entanto, s no sculo XVIII aparece a primeira notcia ilustrada.18 Ainfografiatambmencontraporestapocaoseuprimeiroexemplarna imprensa portuguesa, precisamente aqui, nesta Gazeta de Lisboa Ocidental, queencontrmosaprimeirainfografia()algumavezpublicadanaimprensa peridicaportuguesa.Trata-sedeumabaleia,reproduzidanaediode21de Janeirode1723,queosautoresdailustraoexpemestampadoscuriosos comasmedidasdetodososseusmembroseumabrevedescriodasua estrutura.19. Hoje,considera-sequeoconceitodeinfografiaestevepresentesempre queacomunicaofoiestabelecidaatravsdetextoeimagem,Lainfografa, entonces,eslapresentacinimpresa(oenunsoportedigitalpuestoenpantalla enlosmodernossistemasenlnea)deunbinomioImagen+texto:bI+T. Cualquieraqueseaelsoportedondesepresenteesematrimonioinformativo: papel, plstico, una pantalla... barro, pergamino, papiro, piedra.Deesemodo,lahistoriadelainfografaestanantiguacomoladela conjuncindeuntextoaunaimagen,fenmenovisualqueencontramosen BabiloniayenEgipto,pornocitarlosantiguosrestosdeculturasprimitivasen paredesdecavernasodepiedrasalzadasenlugaresmgicos.Lainfografa, pues,surgecomounanecesidaddesubrayarelmensajeicnico,paradarlesu 18 A primeira notcia ilustrada de que h conhecimento na Imprensa portuguesa foi publicada na Gazeta de Lisboa de 1 de Agosto de 1716, referente a um caso teratolgico raro duas crianas recm-nascidasligadaspelacinturaecomumsventre-,acompanhadadeumagrosseira estampagravadaemmadeira.TENGARRINHA,Jos,HistriadaImprensaPeridica Portuguesa, Lisboa: Portuglia, 1965, p. 197.19RIBEIRO,SusanaAlmeida,InfografiadeImprensa.Histriaeanliseibricacomparada, Coimbra: Edies Minerva, 2008, p. 97. Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 29 perfectosignificado,paraquenoquepadudaalgunaaquienpudieramal interpretar el contenido de una comunicacin visual no animada..20 NoseuestudosobreinfografiadeimprensaSusanaRibeiroinvestigou58 jornaiserevistasnoticiososedecarctergeneralistacomperiodicidade, continuidade, arquivados como coleces completas e considerados hoje em dia peloshistoriadorescomoosdemaiorprojecoeosmaisimportantessua poca publicados entre 1716 e 1850 em Lisboa e escritos em portugus.21 Como resultadodestainvestigao,SusanaRibeiroverificouapresenadeinfografias em7dos58jornaiserevistasconsultados(GazetadeLisboaOcidental,O PeridicodosPobres,ORecreio,OPanorama,RevistaUniversal Lisbonense, Ilustrao e O Jardim Literrio). 22 Aperiodicidadedaspublicaesanteriormentediversa,aGazetade LisboaOcidental,OPanoramaeOJardimLiterriotinhampublicao semanal,ORecreioeAIlustraopublicaomensal,OPeridicodos PobrespublicaodiriaeaRevistaUniversalLisbonensecontouapenascom 35 nmeros publicados.23 Asinfografiaseinfogramas24publicadasnosperidicosemquestoso explicativasdeengenhosrurais,deinveneseseusmecanismos,do 20DePablosCoello,JosManuelDePablosCoello,JosManuel(1998):Siemprehahabidoa infografa(3).RevistaLatinadeComunicacinSocial,5.Recuperadoel8deMarode2008de:http://www.ull.es/publicaciones/latina/a/88depablos.htm 21- ibidem, p.93. 22- Ibidem, p.96. 23RIBEIRO,SusanaAlmeida,InfografiadeImprensa.Histriaeanliseibricacomparada, Coimbra: Edies Minerva, 2008, p. 94. 24[Os infogramas] distinguem-se da infografiana medida em que no costumam terttulos nem textos destacados que no sejam os que so prprios da explicao ou dos rtulos; por isso no tmcarcterautnomo,noseentendemisoladamenteeencontram-se,sobretudo,nas infografias complexas. [Os infogramas] compem-se sempre da combinao de textos e imagens enquadradas numa moldura, mas sema autonomia que tm as infografias e por isso situam-se a meio caminho entre elas e as unidades grficas elementares. [Os infogramas] servem de apoio a algumaspropriedadescomooondenocasodosmapas;outrasvezessoapoiossignificativos, comonocasodedetalhesdocumentaisouvinhetascnicas;doinformaeselementaresde forma grfica, localizada nas zonas vazias da infografia. 25 SANCHO, Jos Lus Valero (1999) La Infografia Tcnicas anlisis y usos peridisticos, p. 109. ApudRIBEIRO,SusanaAlmeida,InfografiadeImprensa.Histriaeanliseibricacomparada, Coimbra: Edies Minerva, 2008, p. 57. Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 30 funcionamentodosmaisdiversosengenhosemquinas.25Tambmforam publicadosmapasdosquaisdestacamosoMapadeNavegaodaEuropa ndiapeloMarRoxo,EmNovembrodomesmoanode1839(mais concretamentedaediode16deNovembro),surgeaquelequeoprimeiro mapa publicado n O Panorama e, por conseguinte, dada esta anlise exaustiva, o primeiromapapublicadonaimprensaperidicaportuguesa:ummapada navegaodaEuropaatndiapelomarroxo(MarVermelho,asua designao actual).26 A infografia de imprensa percorre as pginas dos jornais desde o seu incio ataosnossosdias,noentantonadcadadenoventadosculoXXquea infografiaatingeaformacomquehojesenosapresenta.Ofactordecisivopara estatransformaofoiaprimeiraguerradoGolfo,ainfografiatransformou-se num acontecimento visual: o triunfo do infografismo tinha chegado. As infografias tinham-seestabelecidonaimprensaocidentalcomoumaferramentadetrabalho mais (), como um renascido ou potenciado gnero narrativo em pleno campo do jornalismo visual impresso. [] Naquela dinmica de mostrar o desconhecido ou oquenecessitavadeumaexplicaogrfico-textual,chegadoomomentoda guerra,osjornaispuderammostrariconograficamenteosdetalhesdoqueno podiammostrardemelhormaneiracomfotografias.Erampoucasasimagens fotogrficas das aces blicas que decorriam nas areias iraquianas e eram mais ascenasdaretaguardaaliada,especialmenteporqueemBagdadnohavia fotgrafos de imprensa.27 Actualmente em Portugal muitas publicaes peridicas possuem seces infogrficasautnomas,soexemplodissoCorreiodaManh,Jornalde Negcios,Reckord,Sbado,Expresso,Viso,Exame,Pblico,O Jogo, Dirio de Notcias, Jornal de Notcias, Dirio Econmico e Semanrio 25RIBEIRO,SusanaAlmeida,InfografiadeImprensa.Histriaeanliseibricacomparada, Coimbra: Edies Minerva, 2008, p. 100. 26- Ibidem, p.107. 27 COELLO, Jos Manuel de Pablos (1999) Infoperiodismo El periodista como creador de infografia, p. 64. Apud - ibidem, p.91. Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 31 Econmico,Tal&Quale24Horas28.Outrasrecorremacolaboradores externos ou a agncias como a Anyforms29 ou I+G30. Nopodemosdeixardereferirasorganizaeseprmiosnareada infografiaimpressacomoaSND(SocietyforNewsDesigns)31eosprmios Malofiej32 que contam com a participao portuguesa desde 2007. Na edio de 2007daCimeiraMundialdeInfografia(28a31deMaro),queculminoucoma entregadosprmiosMalofiej,Portugalarrecadoutrsmedalhasnacategoriade infografiasimpressas.OExpressovenceuumgalardodeouroeoDirio EconmicoeaagnciaAnyformsvenceramumamedalhadebronzecadaum. ()Contasfeitasaototaldemedalhasganhasnaediode2007(referentesa infografias publicadas durante o ano de 2006), Portugal surge em quarto lugar no ranking (ex aequo com o Reino Unido e com a Argentina).33 AsinfografiasportuguesaspremiadasnosMalofiej2007foramas seguintes: - Expresso, medalha de ouro para a infografia Jogos de guerra e paz; - Dirio Econmico, medalha de bronze para a infografia Gs natural; -AgnciaAnyforms,medalhadebronzeparaainfografiaEstdiosdo Mundial. 28RIBEIRO,SusanaAlmeida,InfografiadeImprensa.Histriaeanliseibricacomparada, Coimbra: Edies Minerva, 2008, p. 121. 29AagncianoticiosaLusanoproduzinfografias.Anicaagnciaqueseconhecedeste gneroemPortugalaAnyforms,umacriaodeLusMiguelTaklimeLeonelSousaPinto.A AnyformsnasceuemNovembrode2001().Paraalmdetrabalharemparaaimprensa peridica,osprofissionaisdestaagnciapioneiraemPortugaldesenvolvemaindatrabalhosna readapublicidade,marketingecomunicaoempresarial.ApudRIBEIRO,SusanaAlmeida, Infografia de Imprensa. Histria e anlise ibrica comparada, Coimbra: Edies Minerva, 2008, p. 68. 30 existe uma outra empresa que se assume como uma futura agncia de infografias, mas que aindanoseconsideracomotal:aI+G,comsedenoPorto.ApudRIBEIRO,SusanaAlmeida, Infografia de Imprensa. Histria e anlise ibrica comparada, Coimbra: Edies Minerva, 2008, p. 69. 31organizao criada nos Estados Unidos da Amrica h mais de 25 anos e cuja liderana sempre contoucomelementosligadosaodesenhodeimprensatemhojemaisde2600membrosem cerca de 50 pases, as suas principais actividades prendem-se com a organizao de congressos anuais e a promoo de prmios mundiais de desenho e infografia cuja primeira edio teve lugar em 1988. 32 Prmios organizados desde 1993 pela diviso espanhola da SND (SND-E).33 RIBEIRO, Susana Almeida, Infografia de Imprensa. Histria e anlise ibrica comparada, Coimbra: Edies Minerva, 2008, p. 71. Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 32 Naediode2008(trabalhospublicadosnoanode2007)maisde1300 trabalhosde120publicaesperidicasde24pasesconcorreramaosprmios Malofiej 16 Premios Internacionales de Infografia. Os trabalhos apresentados na categoriadegrficosimpressosrepresentaram80porcentodototalesomaram cercade2500pginas,queojriavaliouduranteosquatrodiasquedurouo encontro.34

AsinfografiasportuguesaspremiadasnosMalofiej2008foramas seguintes: -Expresso,medalhadeouroparaainfografiaIgrejadaSantssima Trindade; -Expresso,medalhadeprataparaainfografiaEnergiaelicadomina investimentos; -SemanrioEconmico,medalhadebronzeparaainfografia Principais destinos; -Expresso,medalhadebronzeparaainfografiaAcasatradicional portuguesa; -Pblico,medalhadebronzeparaainfografiaTemperaturasque queimam e matam; -Pblico,medalhadebronzeparaainfografiaGasescomefeitode estufa no pas; - Pblico, medalha de bronze para a infografia O mapa-mundi do CO2 ; - Expresso, medalha de bronze para a infografia Um pas a encolher. 34 Informao extrada de: http://www.sndlatina.org/int.php?dest=publica_ver&tipo_pub=4&codigo=58 Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 33 1.3. Da gravura ao offset Osprocessosdereproduodeimagemeoseudesenvolvimentoe aperfeioamentosofundamentaisparaautilizaodaimagememcontextos informativos,comotaltorna-seimprescindvelfocarestesaspectoscomalguma acuidade. 1.3.1 A Gravura Consideramos que a evoluo da gravura como tcnica de impresso est profundamenteligadaimprensaeaoseudesenvolvimentopelofactodese basearnoconhecimentodoprocessodaxilografia.SegundoLusChaves35A imprensafoinoprincpioaarteaplicadadaminiaturaedacaligrafia.O miniaturistaeocalgrafoviramassimfixadosnachapademadeiraosseus desenhos de figuras e coisas, e de letras. Em chapas de buxo, madeira preferida pelasuarigidez,gravavamdesenhos,prontosareproduzirem-seenquantoa chapasenogastasse.Aoladodasestampasassimobtidas,obtinham-seda mesmaformaaslegendas,comletrasdesenhadasegravadasemrelevo,afim deacompanharemafigura.Erapoisaimprensaumaartesubsidiriada gravura.. Mas a evoluo tecnolgica permitiu que a palavra beneficiasse mais cedo deprocessosdereproduoeficazes,quandoosprogressosconseguidosna construo de prensas para o fabrico de vinho e azeite levaram, no seu conjunto, emergnciadaimprensadetipomvel,queproporcionouumprocessode reproduo incomensuravelmente mais rpido. A sua inveno, por volta de 1440, atribuda a Gutenberg.36 35CHAVES,Luiz,SubsdiosparaahistriadagravuraemPortugal,Coimbra:Imprensada Universidade, 1927. 36NOGUEIRA, Mrio Marcelo, Rocha, Carlos de Sousa, Edio Electrnica Panormica das Artes Grficas III, Lisboa: Pltano Editora, 2001, p.11. Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 34 Quando falamosemduplicao dedesenhossegundo matrizes,podemos verificarqueodesenvolvimentodatecnologiadaimpressoumprocesso indissocivel da complexidade da obra que poder ser reproduzida. Em Portugal, ataosfinsdosculoXVIeraaplicadaatcnicadaxilogravura(gravuraem madeira)queprevaleceuaindaduranteosculoXVIIapesardeem1574 aparecer a primeira gravura em metal, que segundo Luiz Chaves atribuda ao gravadorportugusJernimoLus37 umagravurametlicadoSuccessodo SegundoCercodeDiu,deJernimoCrteReal(1574);representaPallas- Minerva entre trofus guerreiros. Foi impressor Antnio Gonalves, que em 1572 fez as primeiras edies de Os Lusadas 38 Anteriormenteaodesenvolvimentodafotografia,nosculoXIX,as gravuraseramanicafontedeinformaovisual.Inicialmentexilogravuras (gravuras em madeira) e posteriormente gravuras em metal. Em termos de impresso a vantagem da gravura em metal devia-se sua maiorresistnciarelativamenteaobrascommuitastiragensondeamatrizem madeirademonstravaalgumcansaoaodeformarasestampas.Relativamente aoprocessodegravaodachapa,agravuraemmetalproporcionaummaior domnio sobre o desenho gravado devido ao uso da ponte seca e do buril, assim comopermiteconsiderveisavanosao nveldorigordepormenorno desenho. Abraham Bosse publica em 1650 o Tratado da Gravura onde descreve os materiaiseprocedimentosparaaproduodegravurasaburileagua-forte. Neste tradado Boss privilegiaapadronizaodosprocedimentostcnicos,De facto,nosculoXVII,agravuraemmetaleraumaactividadeorganizada, realizadaemoficinascujoproprietrioeraumcomerciante,sendodasua propriedadeaspranchasgravadas.Essetipodeorganizao,quefavoreciaa divisodotrabalhoemtarefasespecializadas,perdura,duranteosculoXVIII, ()Apadronizaodastcnicas, favoreceuuma tendnciaentreosgravadores 37O gravador Jernimo Lus citado pela mesma gravura, pelo Patriarca, Lista de alguns artistas portugueses, Lisboa, 1839, Escultores s. v. gravadores, e pelo C. de Raczynski, Dictionaire Historico-Artistique du Portugal, Paris, 1847, s. v. Louis (Jerme), pg. 177. 38CHAVES,Luiz,SubsdiosparaahistriadagravuraemPortugal,Coimbra:Imprensada Universidade, 1927. Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 35 profissionaisdesedestacarempeloseuvirtuosismo,maisdoquepelasua criatividade39 Atcnicadagravuraemmetalatingeumaconsidervelcomplexidade,a gravura a buril e a gua-forte so aplicadas para alcanar diferentes resultados o que demonstra a necessidade de conhecimentos profundos para a sua aplicao. No prefcio do editor da edio portuguesa do Tratado da Gravura de Abraham Boss impresso na Typgrafia Chalcographica, Typoplastica, e Litteraria do Arco do Cegofeitaumacomparao,assazinteressante,entreatcnicadoburilea tcnicadagua-fortequepassamosacitar:TerminaremosestePrefaciopor huma comparaa bem capaz de fazer sentir a diferena, que caracterisa os dous modosdegravardequetemosfalado.AGravuraaburilpode-secomparara huma Dama de hum talhe e de huma belleza regular, cujos vestidos so de hum panoricoeprecioso,edequeoamanhoeartefazemvaleratosmenores encantosqueellapossue,emhumapalavraosattractivosmaislisongeiros: porm se semblante magestoso est sempre armado de huma seriedade a mais severa.Ah!Quantohecaraafelicidadedepossuirosseusfavorescustade viglias, e dos cuidados mais terrveis! O caminho, que vai ter a sua presena, he semeado de espinhos e difficuldades; no se pode l chegar, se na depois de ter feito huma longa e penosa carreira. AGravuraaguafortepelocontrariohehumadonzellagalantee encantadora,natural,esemaffectaanosseusgestos,masquenasabetirar menospartidodetodososseusencantos.Asimplicidadedosseusvestidoshe umcertodezalinhocheiodearte,quenodescobresemmuitopropsitooque ella tem de attractivo. Sempre affavel, e de fcil accesso, seus amveis caprichos anima quellesque aprocura,elhes dohumantecipadogostodo prazerde participar dos seus favores. Ellaparecefacilitarocaminhodasuamorada,esenelleseencontra algunsespinhos,suaspontasestaembotadaspelasflores,queellatemo 39 BELTRAN, Maria Helena Roxo, A Arte Qumica da Gravura, Campinas: universidade Estadual, Faculdade de Educao, 1990, p.105. Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 36 cuidadodesemearnasuapassagem:emfimellasabeaccommodar-seao humor, e aos differentes gostos de cada hum dos seus Corteses; e ainda que a sua verdadeira posseo seja ta rara, e ta difficil como a de sua Irma, ella tem com tudo o talento de entreter a todos aquelles, que a seguem, na ida lisongeira de serem do numero dos seus favoritos.40 A descrio feita pelo autor deste prefcio acerca das diferentes formas de trabalharcomagravuraemmetal,nestecasooburileaguaforte,leva-nosa pensarqueoburilseadaptaaumdesenhocomgranderigordetraado, enquanto que a gua forte permite formas mais livres e expressivas. Agravurafoi,semdvida,umprocessodeduplicaodeimagensque atingiu um elevado nvel de qualidade, preciso e expressividade, mas a histria dareproduo deimagensdumsignificativosaltoquandosurgena Alemanha, inventada por Alois Senefelder em 1798,a litografia. 40BOSS,Abraham,TratadodaGravura,Lisboa:TypgrafiaChalcographica,Typoplastica,e Litteraria do Arco do Cego, M.DCCCI, p.VIII. Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 37 1.3.2 A Litografia Em Portugal, no h notcia de que a litografia tenha sido utilizada antes de 1822, como diz Balbi: Daprslesinformationsquenousavonsprises,cetart,sicultive actuellementenAllenagne,oilaprisnaissance,enFranceetdansdautres parties de lEurope, ne sest pas encoreintroduitenPortugal.Noussavons cependantqueM.LuizMozinhodeAlbuquerque,quilaapprisParisoil soccupedetravauxscientifiques,etquiadjdonndespreuvesdeson habilites dans le journal das Sciencias et artes, se propose de lintroduire dans sa patrie quand il sera de retour. 4142

Naverdade,segundoRenatodaSilvaGraa,MousinhodeAlbuquerque queestudaraoprocessodalitografiaemParisenvia,em1822,paraopintor DomingosAntniodeSequeiraumaprensa,algumaspedraslitogrficase diversos apetrechos necessrios para os seus futuros trabalhos. Lus da Silva MousinhodeAlbuquerquenosestudou,emborasuperficialmente,onovo processolitogrficoemParis,comodelenvioutodasasindicaesematerial preciso para a sua aplicao em bases srias e definitivas, () Dever, portanto, seresteltimoconsideradocomoointrodutordalitografiaemPortugalassim como Sequeira o primeiro que litografou no nosso pas. 43 Noprocessodeelaboraodalitografia,inicialmenteodesenhocriado empedracalcria,utilizando-seummaterialgorduroso,terminadoodesenho,o impressoraplicaumasoluodegoma-arbicaecidontricopedra.Esta soluoacumula-seemtodasasreasdapedradeixadasembranco,fazendo com que haja um aumento de reteno de gua pela pedra. A matriz agora est divididaemduasreas:abrancaqueretmguaerepelegordura,ea desenhada que agrega gordura e repele gua. Limpa-se a superfcie para eliminar 41AdrienBalbi,EssaistatistiquesurleroyaumedePortugaletdAlgarve,t.II.Paris,1822,pp. CCIII-CCIV. 42 - Ibidem, p.197. 43GRAA,RenatodaSilva,BreveHistriadaLitografiasuaintroduoeprimeirospassosem Portugal, Lisboa: A Litografia de Portugal, S.A., 1993, p. 30. Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 38 opigmentousadono desenho ficando apenasagordura.Assim, aimagemest impregnadanasuperfciedapedra.Emseguida,asuperfciedapedra humedecidacomguaqueseseparadaimagemgordurosamaspermanece sobre o restante da pedra. A tinta litogrfica oleosa aplicada com um rolo sobre asuperfciedapedraeasparteshmidasrepelematinta,quesadereao desenhogorduroso.Cobre-seapedracomopapelepassa-sesobpressoem prensaespecial.Repete-setodaaoperao,tantasvezesquantasforemas cpias necessrias. Aevoluodalitografianoabrandou,oquenotemalitografia progredido da para c? Primeiro,Jean-NoelMonrocq(1819-1913)comaintroduodozincoque veiosubstituirotransporteempedra,depoisorodarvertiginosodasrotativas numamultiplicaodetiragensimprevistaaindahpoucasdezenasdeanos atrs.veraimpressosimultneaa2,4e6cores,veracomposiodos transportes mecnicos por repetidoras de acerto e fidelidade impecveis; ver a electrnicaaplicadafotografia,selecoeaoretoquegrficosque transformoualitografianumasimbiosepuradeArteeCinciadetcnicas apuradas; ver, enfim, este sistema nascido h pouco mais de um sculo e meio, acompanhar o progresso e a civilizao44 44 GRAA, Renato da Silva, Breve Histria da Litografia sua introduo e primeiros passos em Portugal, Lisboa: A Litografia de Portugal, S.A., 1993, p. 58. Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 39 1.3.3 O Offset Os avanos tcnicos da litografia abrem o caminhoa um novo sistema de impresso, o offset, que consiste na transferncia da imagem contida na chapa de impressoparaumcilindrodeborrachaintermedirioantesdesertransferida para o papel. Ooffset,inventadonoinciodosculoXX,em1903,consistenum processo de impresso foto litogrfico indirecto. - Foto, porque tanto a produo defotolitospelculaquecompemamontagem,ousejaamatriztransparente daqualsotransferidasparaachapadeimpressooselementosdeimageme detextoaseremimpressoscomoessaprpriatransferncia,otransporte, passamporprocessosfotogrficos. Litogrfico, porque ooffset teveorigem na litografia, processo de impresso em que a passagem da tinta para o papel se faz a partir de um bloco de pedra calcria especialmente tratada e onde o isolamento, entre a rea tintada e a do fundo conseguido pelo efeito de repulso entre tinta gordurosa e gua. (Hoje a litografia usada apenas para fins artsticos e no offset no se utilizam pedras, mas sim chapas de metal, de polister e at de papel, que sosujeitasamolha eatintagem). Indirecto(offset, emingls),porqueatinta nopassadirectamentedachapaparaosuporte,massimparaumcilindro revestido de borracha (cauchu), sendo esse cilindro que a transfere para o papel, por contacto e sob presso.45 Segundo Mrio Nogueira, O offset utilizado pela primeira vez em 1905, paraimpressoempapel,porIraRubell,nosEstadosUnidosdaAmrica.46. Estenovoprocessodeimpressovemrenovartodoo processo deproduona indstriagrfica,exigindoformasdecomposiomaisrentveiserpidas.Os avanosdadosdacomposiomanualdetiposparaalinotipia47repetem-seno final dos anos quarenta da linotipia para a fotocomposio48. 45 NOGUEIRA, Mrio Marcelo, Rocha, Carlos de Sousa, Edio Electrnica Panormica das Artes Grficas III, Lisboa: Pltano Editora, 2001, p.131. 46 - Ibidem, p.13. 47Linotipia, typesetting A mquina de composio de tipos de chumbo que teve o maior sucesso foiadoemigrantealemoOttmarMergenthaler,inventadanoanode1884,emBaltimore,nos EUA.ComumamquinadecomposiodamarcaLinotype,equipadacomchumboemponto Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 40 Paraalmdaevoluotcnicarelativamentesmquinasdeimpresso offset,aonveldoprocessodaproduogrficado-segrandesalteraesque vm permitir cada vez maior rapidez de execuo e maior qualidade dos produtos grficos,assimcomooaumentodasuapotencialidadecomvistaanovos produtosemtermosformaiseaonveldasuaeficcia.Aoconfrontarmosa preparao para impresso em offset por mtodos tradicionais com a preparao por edio electrnica deparamo-nos com uma mudana profunda nos mtodos e recursosutilizados,tantoaonveldosrecursoshumanoscomoaonveldos equipamentosutilizados.Acadeiadeproduogrficapormtodostradicionais requeria uma organizao dos elementos para publicao (textos dactilografados, imagenssobaformadefotografiasouilustraes)paraarealizaodeuma maqueta de paginao, enquanto por mtodos de edio electrnica a cadeia de produoimplicaoprocessamentodostextosedasimagenseasua integraoearrumaoempginasvirtuais,comoauxiliodesoftwareede hardware adequados.49 Apesardehojeaimpressodigitalserumarealidade,ooffsetainda utilizado,muitasvezes,deumaformaadaptadasnovastecnologiascomo

lquido, era possvel compor uma linha inteira de texto; esta linha, assim que batida no teclado da mquina,eralogofundida.Comestamecanizao,aprodutividadedoprocessodecomposio aumentou:umoperadordeLinotypepodiacomporoequivalenteproduode7ou8 compositores manuais. Http://tipografos.net/tecnologias/linotype.html 48Fotocomposioacomposiotipogrficafeitaporprojecodecaracteres sobrepapel(ou pelculadefilme)fotossensvel.Estatecnologiafoiintroduzidaem1944,massseimpsnos primeiros anos do decnio de 1950. As duas primeiras fotocompositoras foram o aparelho francs Photon e o Fotosetter da empresa Intertype. Para estas mquinas, os typeface masters eram uma pelcula transparente. Uma luz focada projecta uma imagem destes glifos sobre papel fotogrfico. Umsistemapticoajustaotamanho,escalandoafonteaocorpopretendido.Sebemquea tecnologiadafotocomposiojtivessesidointroduzidaem1944,snosprimeirosanosdo decnio de 1950 que se imps. Para estas mquinas, os typeface masters j no eram peas de metal,eramfilmes,pelculastransparentes.Comluzdevidamentefocada,eraprojectadauma imagem dosglifos dispostos nesses masters ("font disc") sobre um papel fotogrfico. Em poucos anos,afotocomposiofezdesaparecerasmquinasdecomposio(Linotype,Monotype, Intertype).Afotocomposiofoidesignadacomposioafrio(ColdType),poroposio linotipia,chamadacomposioaquente(HotType).LouisMariusMoyroudeReneAlphonse Higonnetforamosprimeirosadesenvolverumamquinadefotocomposiofuncional. (photosetting, ingls, Lichtsatz, alemo). Http://tipografos.net/tecnologias/fotocomposicao.html 49 NOGUEIRA, Mrio Marcelo, Rocha, Carlos de Sousa, Edio Electrnica Panormica das Artes Grficas III, Lisboa: Pltano Editora, 2001, p.147. Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 41 referimos anteriormente. A impresso com offset coabita com uma pr-impresso completamenteinformatizada,comumaedioelectrnicaquedominaa produogrficaecujosucessosedevesimplificao,rapidez,economiade meioserecursos,uniformizaodemtodosdetrabalhoeracionalizaode tarefas.

Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 42 1.4. Representao Computacional Aofalaremrepresentaocomputacionalasorigensdacomputao grficaimpem-secomopontodepartida.Acomputaogrficasurgenofinal dosanoscinquentacomoobjectivodeestudarmtodosetcnicasparaa modelao,visualizaoeanimaodeimagensemduasetrsdimenses, fazendoaconversodedadosparaumdispositivogrficoatravsdo computador. Paraodesenvolvimentodacomputaogrficaforamdeterminantesdois factores: 1.O desenvolvimento da tecnologia de circuitos integrados na dcada de 70 queveiopermitiradiminuiodecustosfacilitandooacessoaos computadores; 2.Oaparecimentodeaplicativos(editoresdetexto,editoresgrficos, processadoresdeimagem,basesdedados,etc.)quepermitiramao utilizador comum deles beneficiar popularizando a computao grfica. Acomputaogrficapodeserclassificadaempassivaeinteractiva.Na computaogrficapassivaocomputadorquegeraautomaticamenteuma figuracombaseemdadosarmazenadosseminterfernciadoutilizador.Na computaogrficainteractivaocomputadorgeraeapresentaimagenscomo utilizadorainteragiremtemporealcomessaimagem.Estacapacidadede utilizaointeractivaqueosdispositivosinformticos,apartirdadcadade oitenta, apresentam acelera o desenvolvimento do processamento de informao de carcter grfico de forma irreversvel. Arepresentaopelodesenhoporviacomputacionalcontacomum processohistricodeprocuradeexpressesmatemticasparamodelagemde slidos.Destacam-sediversospesquisadorescomoIssacSchoenbergcomas splinesmatemticascomafinalidadedeconstruircascosdenavios;James Fergussoncomassplinesparaaconstruodeavies;PierreBziercomas Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 43 curvasBzier(curvasmatemticasparamodelagemdecarroariasde automveis). Nos finais da dcada de oitenta Trezopoulos adiciona modelagem de slidos a teoria da elasticidade que atribui mais realismo aos objectos atravs dedobrasetores.Estesobjectospodemservisualizadosatravsdetrs modosdeiluminao;algoritmodeLambert(sc.XVIII),ondeasuperfcie iluminada dos polgonos possui sempre a mesma intensidade, Gauraud (1971) e Phong(1975)algoritmosqueconstamdeactuaisprogramasdegeraode imagenstridimensionais.OalgoritmodeGaurauddesenvolveainterpolaode intensidade da luz aliando-a luminosidade de outros polgonos. O algoritmo de Phong permite a criao de meios-tons num mesmo polgono incluindo a posio do observador no clculo da intensidade de luz. Whitted,GlasserouBouvilleandBouatouch,duranteadcadadeoitenta aperfeioaram o realismo das imagens computacionais atravs da tcnica deray tracing com parmetros de absoro, difuso, reflexo, transparncia e refraco. James Blinn na Dcada de setenta cria um algoritmo que pretende simular aspectostcteisdosobjectosdefinidospoligonalmenteouparametricamente atravs do mapeamento de texturas. AsprincipaisaplicaesdaComputaoGrficamanifestam-seno Interfacecomoutilizador,naEdioelectrnica,noTraadointeractivode grficosesuavisualizao,noCAD(ComputerAidedDesign),naSimulaoe animao de situaes e imagens, na Cartografia. AComputaoGrficaumacinciadecarctermultidisciplinarque envolveaGeometria,aMatemticaeasCinciasdaComputaoetemcomo objecto a criao de uma linguagem capaz de ser interpretada e processada por umsistemainformticoatravsdealgoritmosquepermitamarepresentaode formas e a sua manipulao. Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 44 1.4.1. As Aplicaes Informticas Tudocomeouquandoem1984aAppleMacintoshintroduziunomercado umcomputadorpessoalmunidodeumainterfacegrfica,qualquerpessoapodia usar um computador e aceder a cones ou menus com um simples clicar de rato. No anoseguinte,aMicrosoftWindowsfazproezasemelhantecomumainterface grfica criada pela IBM computers.Aprimeiraaplicaoinformticavocacionadaparaaedioelectrnica (desktop publishing) Aldus Pagemaker 1.0 foi criada por Paul Brainard e a empresa queolanouchamava-seAldus.Estaaplicaoinformticacomeouaserusada pela Macintosh em Julho de 1985 e pela IBM em Dezembro de 1986.50 Posteriormenteoutrasaplicaesforamsurgindopararentabilizartodoo processo de edio e impresso de produtos grficos, assim foi atingido um patamar onde podemos encontrar vrios tipos de aplicaes informticas vocacionadas para a edio electrnica. Aplicaes de digitalizao, de processamento de imagem, de desenhovectorial,deprocessamentodetexto,deOCR(opticalcharacter recognisation),decomposiotipogrfica,paginaoeintegraodeimagens,de criaodefontesedeimagemtridimensionalsoferramentasindispensveiss exigncias de hoje na rea da edio electrnica. Aplicaes de digitalizao: Scansignificaemingls,olhardeperto,esquadrinhar.Scanneronome dado a qualquer aparelho destinado a esquadrinhar, sequencialmente, determinado objectooudeterminadofenmeno,pontoporponto,linhaporlinha,frequnciapor Frequncia, o que, na nossa lngua, se diz ratrear.51

Oscannerpticoanalisaumdocumentobidimensionalpontoporponto relativamenteaosseusvaloresaonveldacoredaluminosidadepossibilitandoa reconstituio da imagem original. 50 BELLIS, Mary, Aldus Pagemaker, http://inventors.about.com/library/inventors/blalduspagemaker.htm 51 NOGUEIRA, Mrio Marcelo, Rocha, Carlos de Sousa, Edio Electrnica Panormica das Artes Grficas III, Lisboa: Pltano Editora, 2001, p.297. Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 45 SegundoMrioNogueira,oprimeiroscannerdeselecodecoresfoi inventadoporMurray,investigadordoslaboratriosKodakqueveioaregistar cinquenta patentes em consequncia das suas investigaes nessa rea.52 Existemtrstiposdescanners,oscilndricosvocacionadosparaaindstria, os planos vocacionados para o utilizador comum e os de tecnologia CCD especficos para digitalizao de transparncias negativas ou positivas.53

Asaplicaesdedigitalizaopermitemorientaroprocessodedigitalizao operacionalizadopelosscannerspticospermitindocontrolarosvaloresde contraste, densidade, resoluo e dimenso na imagem que se pretende digitalizar. Estasaplicaessoferramentasindispensveisnoprocessodeedio electrnica,asuautilizaovaidesdeoapoiofasedemaquetizaoat digitalizao de originais de texto para reconhecimento ptico de caracteres. Aplicaes de processamento de ficheiros de imagem: Estas aplicaes, Permitem a manipulao deste tipo de ficheiros em que as imagenssodefinidaspeladescriosequencialdosvaloresdecoredeclaro-escurodepontosdistribudosemlinhas.oprocessoadequadoparaadescrio dasimagensfotogrficas.Asimagensadquiridaspelosscannersapresentam-se como mapas de pixis. Comestetipodeprogramaspode-se,desdealterarasdimensesea resoluodasimagens,atcriarcanaiscorrespondentesselecodecoresem quadricromia,passandoporumainfinidadedepossibilidadesdefiltrageme correco..54 Aplicaes de desenho vectorial: Soaplicaesquepermitemcriaremanipularimagensdefinidaspeloseu contornoeutilizam-separaproduodeformasrigorosascomologtipos, 52 NOGUEIRA, Mrio Marcelo, Rocha, Carlos de Sousa, Edio Electrnica Panormica das Artes Grficas III, Lisboa: Pltano Editora, 2001, p.297. 53 - Ibidem, p.303. 54 - Ibidem, p.60. Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 46 tratamentoformaldaletraetodootipodeilustraes.Permitemtambmo processamento de texto embora a sua vocao no seja essa. Aplicaes de processamento de texto: Asaplicaesdeprocessamentodetexto,Permitemacriaodetodosos tipos de documentos escritos. Com elas pode-se digitar ou importar textos, modific-los(transferirblocosdetexto,modificarotipoeotamanhodaletra,atribuir-lhe caractersticascomonegros,sublinhados,itlicos,cor,etc.),format-loseimprimi-los.Paraalm destas funes bsicas,existemprocessadoresdetextocom outras capacidades,querao nvellingustico(correcoortogrfica,gramatical,dicionrios de sinnimos, hifenizao, etc.), quer ao nvel da paginao, facultando a integrao de imagens..55 Aplicaes de OCR (optical character recognisation): Comestasaplicaespossveloreconhecimentopticodoscaracteres, Estesprogramasanalisamficheirosdeimagem,obtidospeladigitalizaode pginas de texto, identificam os sucessivos caracteres por comparao com matrizes que tm em arquivo, e criam a partir dessas operaes, ficheiros de texto..56 Aplicaes de composio tipogrfica, paginao e integrao de imagens: So aplicaesque facilitamaorganizao daspginaspermitindoarrumar nas pginas, blocos de texto, ttulos, caixas, filetes e ornatos bem como as imagens. Estes programas possuem capacidade de processamento de texto..57 Aplicaes de criao de fontes: Permitem ao sistema a apresentao no ecr e a impresso de textos. So descries informticas do desenho e outras caractersticas das letras e dos demais caracteres de um determinado alfabeto nas suas variantes..58 55 NOGUEIRA, Mrio Marcelo, Rocha, Carlos de Sousa, Edio Electrnica Panormica das Artes Grficas III, Lisboa: Pltano Editora, 2001, p.57. 56 - Ibidem, p.66. 57 - Ibidem, p.68. 58 - Ibidem, p.70. Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 47 Aplicaes de imagem tridimensional: Nopodamosdeixardereferirestetipodeaplicaesquenospermitema visualizao e animao realistas de modelos criados em computador.Estasaplicaespermitemgerarrenderizao,dealtaqualidade,Permitem atribuirssuperfciesdosvolumesvirtuais,caractersticasdetextura,padro,cor, graudereflexo, especularidade,refraco, opacidade,transparncia,etc..59Com arenderizaopossvelcriarimagensfotorrealistas,simulandoambientes, cenrios e outros recursos.Acriaodeelementoscomaparnciavolumtricaqueestasaplicaes permitem uma mais-valia para o desenho de carcter informativo, pois permite criar reconstituiesmuitoaproximadasdarealidadequeajudamaumamelhor compreenso por parte do leitor ou observador. 59 NOGUEIRA, Mrio Marcelo, Rocha, Carlos de Sousa, Edio Electrnica Panormica das Artes Grficas III, Lisboa: Pltano Editora, 2001, p.383. Capitulo 2 Desenhar, Comunicar, Informar Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 49 As novas linguagens so trs: o ingls, que, como diz McLuhan, j a basedetodaatecnologia;adoscomputadores,quenomaisquesaber manej-los e conhecer a sua lgica, como um carro ou um aparelho de vdeo (os analistasdesistemasseroosmecnicos,osrestantesmortaissimples condutores); finalmente, a das imagens, que consiste em ler nelas noes como a instabilidadeeomovimento,simetrias,complexidadeesimplicidade, transparncia,opacidade,profundidade,clareza,desordem,continuidade, agudeza,difuso,variao,consistncia,espontaneidade,previsibilidade, contraste e harmonia60 Nestecaptuloiremosfalardaimportnciadaimagemnainformao veiculadapelaspublicaesperidicas,maisconcretamentedainfografia, propondoumametodologiaparaasuaanlise.Essametodologiairbasear-se emescritosdeinvestigadorescomoGonzaloPeltzer,RaymondColle,Jose Manuel De Pablos, Jose Valero Sanches, Jean-Marie Floch e Groupe . 60 PELTZER, Gonzalo, Jornalismo Iconogrfico. Lisboa: Planeta Editora, 1991, p.13. Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 50 2.1. Definies Aofalardeinfografiaestamosafalardeinformaoatravsdetextoe imagem,estamosa falardecomunicao,estamostambma falardedesenho, tantonoseunvelexpressivocomonoseunvelconceptualeestruturante.A complexidadedeumainfografiaestnaconjugaodeinmeroselementos,a informaoapresentadaemtexto,geralmentesinttico,serreforadae clarificadapelaimagem.Acomunicaoestlatenteeaconjugaodetodos esteselementos,quepodemirdealgumaslinhasdetextoaumgrfico,aum desenhomaisoumenoselaborado,ainteragirentresi,dandoformaauma composiovisualondetodososcomponentessecompletamdeumaforma dinmica e elucidativa do que se pretende comunicar. A organizao das diversas fontesdeinformao,sendoelasescritasedesenhadas,segundouma construo esttica e informativa pode permitir-nos chegar a um nvel de dinmica prximo daquilo que denominamos de hipertexto num sistema interactivo. Parece-nos indicado percorrer diversas definies de infografia:Lainfografa,entonces,eslapresentacinimpresa(oenunsoporte digitalpuestoenpantallaenlosmodernossistemasenlnea)deunbinomio Imagen+texto:bI+T.Cualquieraqueseaelsoportedondesepresenteese matrimonioinformativo:papel,plstico,unapantalla...barro,pergamino,papiro, piedra.61....ainfografiaimpressaumacontribuioinformativa,realizadacom elementosicnicosetipogrficos,quepermiteoufacilitaacompreensodos acontecimentos,acesouactualidadesoualgunsdosseusaspectosmais significativos, e acompanha ou substitui o texto informativo.62. La"infografa"es,anuestroentender,ladisciplinadeldiseogrfico orientada a la produccin de unidades informativas verbo-icnicas que llamamos 61DePablosCoello,JosManuel(1998):Siemprehahabidoinfografa(3).RevistaLatinade ComunicacinSocial,5.Recuperadoel20deFerreirode2008de:http://www.ull.es/publicaciones/latina/a/88depablos.htm 62VALEROSANCHO,J.L.LaInfografia:Tcnicas,AnlisisYUsosPeriodsticos.Barcelona: Universitat de Valncia, Publicaciones de La Universitat Jaume I, 2001, p.21. ApudDesenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 51 preferentemente"infgrafos"(aunquequizsseimpongamejorlavoz "infogrficos").63 Lainfografaperiodsticaimpresayonline-consisteentransmitir informacin de actualidad o de background en un medio de comunicacin usando herramientasvisuales,nimsnimenos.Esmuydifcildefinirlaconprecisin porquebebedeotrasmuchasdisciplinas:elperiodismoescrito,eldiseo(dela informacin),lailustracin(tradicional,vectorial,3D...),etc.Digamosqueesuna profesin de sntesis64. 63 Colle, Raymond (1998): Estilos o tipos de infgrafos. Revista Latina de Comunicacin Social, 12. Recuperado el 6 de Janeiro de 2008 de:http://www.ull.es/publicaciones/latina/a/02mcolle/colle.htm 64 Entrevista a Alberto Cairo, jefe de infografa (grficos interactivos) El Mundo on-line, http://www.alzado.org/ Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 52 2.2. Imagem e informao La necesidad de contar historias de manera grfica es cada vez mayor en lacomunicacin,especialmenteenunapocaqueparaalgunoses"untiempo cuyatendenciaesprecisamentegrfica,visual,msqueliteral;entenderlas cosasdeunvistazo,porcomplejasquestassean",locualpresuponela introduccindeunnuevolenguajeperiodstico,visualybastantecomplicadode realizar para la comunicacin que hoy se necesita. 65 Aoconsiderarmosaimagemeotextocomocomponentesdainfografiae tendopresenteasuafunodeinformar,torna-seobrigatriofazeralgumas consideraesacercadaintervenodecadaumdestescomponentes,textoe imagem,noprodutofinalaquechamamosinfografia.SegundoRaymondColle, El lenguaje verbal es analtico: divide y compara, enetapas que se suceden en el tiempo, y la comprensin surge del estudio de las partes y de la aprehensin de sus nexos. El lenguaje visual, al contrario, es ms sinttico: por la vista se percibe unaformasignificativaensuglobalidad.Elprocesodecomprensin,aqu,se invierte:seiniciaenelconjuntoparainvestigarluegolaspartes.Perola aprehensindelconjuntoesinmediata;selograenelinstante,antese independientementedelanlisisdelaspartes-queesposibleperono indispensable-.66.Entrealinguagemverbaleavisualexisteumacoesoque lhespermiteestabelecerumarelaodecomplementaridadeeaumentaasua capacidade no acto de comunicar ideias, informaes ou saberes. Aapreensodoconjuntodainformaoqueaimagempermite,sugerida porRaymondColle,obrigaaocumprimentoderegrasdesintaxetalcomona linguagem verbal se prev a aplicao de regrasgramaticais. Assim, para que o 65 Valero Sancho, Jos Luis (1999): La imagen periodstica dibujada y su forma de comunicar mensajes. Revista Latina de Comunicacin Social, 20. Recuperado el 10 de Fevereiro de 2008 de:http://www.ull.es/publicaciones/latina/a1999eag/52valero.htm 66 Colle, Raymond (1998): Estilos o tipos de infgrafos. Revista Latina de Comunicacin Social, 12. Recuperado el 6 de Janeiro de 2008 de:http://www.ull.es/publicaciones/latina/a/02mcolle/colle.htm Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 53 processodecomunicaosejabemsucedidonecessrioexistirporpartedo receptordainformaooreconhecimentodasmesmas,Lasimgenesestn constituyendounimportantelenguaje:unasvecesmanteniendosucarcter figurativoeneldibujoylafotografa;otras,alsimplificarse,continanprestando un servicio de representacin o de smbolo, constituyendo autnticos signos que requiereninstruccinparaentendersusignificadodebidoasuabstraccin.67. ValeroSancho,comestaspalavras,reforaaideiadequeasimagensao simplificarem-sechegamaformasabstractasprximasdosmboloimpondoa construo de signos ou cdigos visuais que vo exigir a compreenso por parte do receptor e do emissor. 67 Valero Sancho, Jos Luis (1999): La imagen periodstica dibujada y su forma de comunicar mensajes. Revista Latina de Comunicacin Social, 20. Recuperado el 8 de Fevereiro de 2008de:http://www.ull.es/publicaciones/latina/a1999eag/52valero.htm Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 54 2.2.1. Gonzalo Peltzer e o Jornalismo Iconogrfico Acomunicao,nestecasoatransmissodeinformaoatravsdeum meio jornalstico impresso, desenvolve-se segundo cdigos que obrigatoriamente tero de ser reconhecidos tanto pelo emissor como pelo receptor. Mas, o que nos levaareflectirnasprximaslinhasprende-secomosmeiospossveisda mensagemvisualinformativa.GonzaloPeltzerintroduzotermodejornalismo iconogrficoqueenglobaemsiosmaisdiversosgnerosdeinformaovisual inclusiveainfografia,Ainformaovisualnoseria,ento()umgnero informativomais.Tratar-se-iadeumalinguagemcomtodasascaractersticas modernas, que actualmente fazem uma linguagem jornalstica; a essa linguagem informativa pode chamar-se jornalismo iconogrfico68.Nohmaispactodeleituranemhorizontedeexpectativas,gneros, cdigosousub-cdigos,queoqueoemissoreoreceptorrepresentamao perceberemosignificanteicnico.Essasconvenesanalgicas,estabelecidas pelaculturavisualmdia,constituemcdigosquepodemchamar-segneros, paradistinguiroscontedosdasmensagensiconogrficas.69.Assim,Peltzer propeadivisodessesgnerosoucdigosvisuais,paraseuestudo,emsete grupos:1)Grficos;2)Infogrficos;3)Mapas;4)Smbolos;5)Ilustraes;6) Comics; 7) Iconografia animada. ParaPeltzerosgrficossoArepresentaovisualdeumainformao, consistindonumaoumaiscorrespondnciasentreumasriefinitadeconceitos variveis e uma invarivel.() Este tipo de informao tambm chamada quadro, sempreanalgica,jquerepresentaasproporesdeummodopuramente anlogo, sendo esta relao que os torna facilmente compreensveis: trata-se de representardeummodorealeconcreto,pormeiodeumaanalogia,dadose proporesabstractas.70.Nestegrupoincluiremosgrficoslineares,circulares, debarras,tabelaseorganogramas.Osinfogrficos(ouinfogramas)So 68 PELTZER, Gonzalo, Jornalismo Iconogrfico. Lisboa: Planeta Editora, 1991, p.24. 69 - Ibidem, p.125. 70 - Ibidem Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 55 expressesgrficas,maisoumenoscomplexas,deinformaescujocontedo sofactosouacontecimentos,aexplicaodecomoalgofunciona,oua informaodecomoumacoisa.71.Relativamenteaogrupodosinfogrficos, Collepropeasuasubdivisoemtrsformatos:Vista;Grficosexplicativose Reportagem.SegundoPeltzeravistaconsistenumdesenhoexplcito,emque todososelementosestocolocadosnosseusstios,segundoummodeloreal, compormenoresepropores.Estesdesenhospodemseracompanhadospor legendasenmerosexplicativos.Prope-nosainda,Peltzer,quatroformas distintas de apresentao da vista. Poder ento, a vista, ser apresentada sob a forma de plano que consiste na representao grfica na superfcie de um terreno oudaplantadeumqualquerlocal.Podersurgirsobaformadecortequenos permiteobservaravistadointeriordeumcorpooudeumobjectoequese manifesta de forma longitudinal, transversal ou tridimensional. Quando a vista se apresenta sob a forma de perspectiva, temos acesso representao de objectos em trs dimenses. Por fim, sob a forma de panorama que consiste na Vista de umhorizontemuitodilatado,comoseovssemospintadodentrodeumcilindro oco.72. Osgrficosexplicativos,segundoPeltzer,podemsubdividir-seemcinco formas:Decausaefeito(explicaacausaeoefeitodeumfactodeterminado); Retrospectivo(descrevetudooqueserelacionacomoqueaconteceuecomo aconteceu,podendoindicar,tambm,asconsequnciasdessesfactos); Antecipatrio(antecipa-serealizaodeumfactodoqualseconhecem pormenores que inevitavelmente ocorrero); Passo a Passo (exprime as etapas e sequncia de determinado processo); De fluxo (desenho descritivodas conexes e das etapas de um processo de fabrico de um produto). EntendePeltzerquesobaformadegrficoexplicativoseencontraa reportagem,Relatoinformativovisualdeumfacto.73.Areportagempoder subdividir-se em realista (quando representa factos, pessoas ou coisas tal como o 71 PELTZER, Gonzalo, Jornalismo Iconogrfico. Lisboa: Planeta Editora, 1991, p.130. 72 - Ibidem, p.133. 73 - Ibidem, p.134 Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 56 autorasviu)esimulado(representafactos,pessoasoucoisastalcomooautor imagina que ocorreram). 74 RepresentaogeogrficadaTerraoudepartedelanumasuperfcie plana. Exprime algumas ou todas as componentes de uma informao de acordo com uma ordem geogrfica. () Os mapas respondem sempre necessidade de apelar ao sentido geogrfico do pblico para compreender as notcias.75, desta formaquePeltzerdescreveogrupodesignadopormapas.Tambmaqui propostaumasubdivisoemquatrotipos 76demapasjornalsticos:Desituao (permiteaoleitorsituar-senolugarquesepretendedescrever,partindose lugaresconhecidos);Depormenor(apartedomapaquemostraoslocais concretos que se pretendem descrever equegeralmentesecolocasobreum mapadesituao);Mapameteorolgico(mapacomcdigosesimbologia prprios que descreve as condies meteorolgicas); Cartograma (representao cartogrfica, espacial ou geogrfica caracterizado por ser ao mesmo tempo mapa e diagrama); Mapa ilustrao (o domnio dos significados no est no mapa em si, masnainformaoqueutilizaomapacomoumasimplesilustraoou referncia). Representaodeobjectos,coisas,pessoas,animais,profisses, desportos,condutas,religies,etc.,pormeiodesilhuetas,desenhosoufiguras, que representam erga omnes o que significam. Apelam a uma linguagem que j normalmente conhecida pelo pblico.77, desta forma que Peltzer define o grupo dos smbolos e cones.Ossmbolosresultantesdeconvenessoabstractosenquantoqueos conescontmsempreumarelaodesemelhanacomoobjectoque representam.Peltzerconsideraqueossmboloseconessepodemrepresentar de sete formas78, so elas: Os pictogramas, representao de objectos ou ideias atravsdesignos(podemosentenderumsignocomoajunodeumconceito 74 PELTZER, Gonzalo, Jornalismo Iconogrfico. Lisboa: Planeta Editora, p.130 a 135. 75 - Ibidem, p.135. 76 - Ibidem, p.137. 77 - Ibidem, p.138. 78 - Ibidem, p.139. Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 57 comumaimagem,sendooconceitoosignificadoeaimagemosignificante);O logtipo,representaogrficaabstractacomcaractersticasemblemticasque permiteaoobservadoraidentificaocomoqueelerepresenta;Oisotipo, traduo da sigla inglesa ISOTYPE (International System Of Typigraphic Picture Education), consiste na produo de uma srie de smbolos entendidos por todas as pessoas; Os grafismos, desenhos simplificados que se utilizam na identificao dehistriasouartigosdosmaisdiversostemas;Asbandeiras,representao visualdeumainstituio;Osescudos,Signodereconhecimentotransmissvel porviahereditria(braso),caractersticodeumacolectividade(escudo), genealgica (braso), funcional (emblema), territorial (escudo de uma nao).79; Selos, marcas e cunhos so representaes visuais de pessoas e instituies; As setas,segundoPeltzer,asetaumsmbolocomumavastagamadesentidos que dependem sempre dos cdigos semiticos que compem o seu ambiente.80 Para as ilustraes, Peltzer define quatro tipos: O retrato, o humor grfico, o humor grfico editorial (cartoon) e a caricatura. Comics,bandadesenhadaouhistriasaosquadradinhosecomic informativoaformacomoPeltzersubdivideestegrupo.Abandadesenhada consistenumahistriasequencialdesenhadaquedecorresegundocdigos cinematogrficose ocomicinformativonaadaptaodesses mesmoscdigos informao dos factos reais. AiconografiaanimadasubdivididaporPeltzeremdesenhoanimadoe videogrfico (acrescenta o som e o movimento a todos os outros gneros).81 Ofactorcomumaosgnerosdojornalismoiconogrficopropostospor Peltzer a linguagem visual, meio pelo qual se exprimem usando a sua sintaxe, Porelementosdesintaxevisualentende-seaquilodamensagemquesev directamente. Dizem respeito ao continente e no ao contedo da mensagem, ao percebidopelosentidoexternodavistaenopelossentidosinternos()Com 79 Cf. Mounin, Georges. Introduction la smiologie, p.104.Apud PELTZER, Gonzalo, Jornalismo Iconogrfico. Lisboa: Planeta Editora, p.140. 80 PELTZER, Gonzalo, Jornalismo Iconogrfico. Lisboa: Planeta Editora, p.143. 81 - Ibidem, p.149. Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 58 elespodemosdesenhar(exprimir)numplanotodasasvariedadesdeestados, objectos, ambientes e experincias, para todos os nveis de cultura visual..82

Peltzerreferedoisgruposdeelementosdesintaxevisual,oselementos simples e os elementos compostos. Os elementos simples so o ponto, a linha, as formas bsicascomo crculo,quadrado,tringulo,etc., otom, acor,atextura,a escala ou proporo e a dimenso e movimento. Os elementos compostos so o desenho,asilhueta,afigura,avinheta,oesquema,afotografia,ostextos,os ttulos,oscabealhos,asentradasouaberturas(primeiropargrafodeuma informao), corpo (parte do texto no destacada), epgrafe ou legenda, balo de dilogo, caixa de texto, as fontes (da informao contida), os crditos (designao dos autores), os dados (contedos da informao).83 Ossetegneros propostosporPeltzerno soestanquespoisnaprtica secompletam,podendomesmointeragirentresiproporcionandodinmicasao nveldainformaoquetransmitemaoleitor.Assim,podemosencontrarnuma infografia vrios dos gneros propostos por Peltzer. 82 PELTZER, Gonzalo, Jornalismo Iconogrfico. Lisboa: Planeta Editora, p.150. 83 - Ibidem, p.150 a 152. Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 59 2.2.2.TipologiaecamposdeaplicaodaInfografiasegundoRaymond Colle 2.2.2.1. Tipologia AtipologiapropostaporRaymondColleconsistenaclassificaoda infografiaemoitotipos:Diagramainfogrfico,infografiailuminista,mapa informativo, infografias de nvel um, infografias de nvel dois, sequncias espcio-temporais, infografias mistas e mega grficos. SegundoColle,umdiagramainfogrficoconsiste84najunodeum diagrama com um pictograma ou outro tipo de imagem, combinando, assim, dois tipos de cdigos que vo permitir que o contedo informativo seja mais sugestivo e mais fcil e rpido de captar e memorizar. No diagrama infogrfico, considerado porCollecomoainfografiamaiselementar,previstaainclusodeumttulo sugestivo.Para Colle uma infografia iluminista caracteriza-se por um texto que segue osprincpiosdasequnciadiscursivanicaacompanhadodepictogramasou conesqueoilustram,Proponemosllamarlos"iluministas",porreferenciaal estilo de los manuscritos de la Alta Edad Media que incluan ilustraciones dentro deltexto,seamedianterecuadrosseautilizandolaformaoelfondodealguna letra inicial.85. semelhanadodiagramainfogrfico,aomapainformativoso adicionadospictogramasouconesquejuntamentecomotextovotransmitira informao pretendida. Tendo um mapa como base so-lhe sobrepostas imagens etextosexplicativosdasituaoquesepretendedemonstrar,Hayinfogrficos dehoyquesonunameraaplicacindelatcnicacartogrfica:usanelmapa, 84Colle,Raymond,2004:INFOGRAFIA:TIPOLOGIAS.RevistaLatinadeComunicacinSocial, 58. Recuperado dl 8 de Maro de 2008 de: http://www.ull.es/publicaciones/latina/latina_art660.pdf 85 - Ibidem. Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 60 seleccionanlospictogramasquevienenalcasoyagreganeltextomnimo necesario para la correcta interpretacin.86 Nasinfografiasdenvelumpodemosobservardesenhoscomplexos, geralmente obtidos atravs de modelao 3D, com o texto informativo, ancorado atravsdenmeroscolocadosnospontosdodesenhoquesepretende evidenciar, no exterior da cena recriada.Nasinfografias denveldois podemos observarumdesenhosobreoqual secolocaotextodeformadinmicaaacompanharadescriovisualquea imagem proporciona. Ao contrrio das infografias de nvel um em que o texto se mantm nas margens, aqui, nas infografias de nvel dois o texto sobrepem-se imagem permitindo uma maior coeso entre os dois componentes da infografia, o texto e a imagem.87 Atravsdasinfografiasespcio-temporaispodemos observarodesenrolar deumacontecimentoquedecorreaolongodedeterminadoespaodetempo mostrandoassuasvriasetapasnumanicainfografiahaciendodela secuencia espacial una forma de representacin de la secuencia temporal..88 As infografias mistas consistem na utilizao de vrios tipos de infografias numnicoprodutoinfogrfico,Dadoqueesposibledividiruninfogrficoen mtiples vietas, es lgico que estas puedan recurrir a grficos de diversos tipos, dando origen a mltiples combinaciones posibles.89 ParaColle,osmegagrficossoinfografiascomplexascommuita informao que no respeitam as regras de simplificao e economia de espao, podem ocupar a totalidade da pgina ou mesmo uma pgina dupla para introduzir omximodeinformaopossvel.Estos"mega-cuadros"pretendenresumirun conjuntodeinformacionesacercadeunasecuenciahistrica,unprocesoouna situacindada.Enelcampoperiodstico,seusanenformamuchomenos frecuenteysonmstpicos,enprincipio,deloscuerposdereportajeodelas 86 Colle, Raymond, 2004: INFOGRAFIA: TIPOLOGIAS. Revista Latina de Comunicacin Social, 58. Recuperado el 8 de Maro de 2008 de: http://www.ull.es/publicaciones/latina/latina_art660.pdf87 - Ibidem. 88 - Ibidem. 89 - Ibidem. Desenho e Palavra O Desenho atravs da Infografia na Imprensa Peridica Portuguesa 61 revistas de divulgacin cientfica, ya que son ms acorde con el estilo periodstico de stos..90 Sintetizando a proposta de Raymond colle podemos chegar s