Upload
rita-moreira
View
1.205
Download
13
Embed Size (px)
Citation preview
Universidade do Porto Faculdade de Ciências do Desporto e
de Educação Física
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE
INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL
Orientador: Professor Catedrático António Teixeira Marques Co-orientação Professor Doutor Júlio Manuel Garganta da Silva
Mário Jorge Moisés Nogueira
Porto, 2005
Dissertação apresentada com vista à obtenção do Grau de Mestre em Ciências do Desporto – Área de especialização em Desporto para Crianças e Jovens de acordo com o Decreto-lei n.º 216/92, de 13 de Outubro, Capítulo II, Artigo 5º, pontos 1. e 2. e Capítulo III, Artigo 17º, ponto 1.
Ficha de Catalogação
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL
Ficha de Catalogação
Nogueira, M. (2005). Análise da estrutura do treino, no escalão de iniciados e
juvenis, em Futebol. Dissertação para provas de Mestrado no ramo de Ciências
do Desporto. FCDEF-UP, Edição do autor.
Palavras-chave: FUTEBOL, ESTRUTURA DO TREINO, CRIANÇAS E
JOVENS, EXERCÍCIOS DE TREINO, CONTEÚDOS DE TREINO, MÉTODOS
DE TREINO.
Dedicatória
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL
Dedicatória: À Sandra, Pelo incentivo, compreensão, amor e amizade.
Aos meus pais, irmã e avós, Porque a eles devo tudo o que sou.
À família, Pela união, força e confiança transmitida.
Agradecimentos
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL I
Agradecimentos
Ao meu orientador de Mestrado, Professor Doutor António Teixeira Marques,
pela amizade, pela sua incomensurável disponibilidade e pelo infinito apoio que
me prestou. Agradeço também a cedência de bibliografia e a partilha do seu
conhecimento, que em muito me ajudou.
Um enorme obrigado ao Professor Doutor Júlio Garganta, pela disponibilidade
demonstrada, no esclarecimento de dúvidas, na indicação de bibliografia e pelo
interesse demonstrado no estudo.
O meu agradecimento aos Professores pertencentes ao gabinete de Futebol,
pelo inefável empenho e ajuda na procura e cedência dos dossiers necessários
para o estudo.
O meu sincero obrigado à Marisa Silva Gomes, pela interminável procura dos
dossiers necessários, para a realização do estudo. E aos treinadores, que
tiveram a amabilidade de os ceder, contribuindo desta forma para que este
projecto se pode-se realizar e concluir.
À Diana, Sérgio e Padrinhos, pelo seu empenho na cooperação de tarefas
realizadas acerca do nosso estudo.
À minha irmã, ao Henry, Rui e Miguel, pela ajuda prestada nas questões
informáticas
À Sandra, pelo carinho, empenho e incentivo constante, por todo o apoio
prestado.
Ao longo destes dois anos tenho a agradecer a todos os amigos do Curso de
Mestrado, pelo companheirismo.
Para não ser injusto e não esquecer de ninguém, a todos aqueles que me
ajudaram através das suas sugestões, dúvidas e críticas. Agradeço também
toda a contribuição para que este trabalho se tornasse mais claro e completo.
Agradecimentos
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL II
A todos os Professores e Funcionários da Faculdade de Ciências do Desporto
e de Educação Física, por me surpreenderem com o seu profissionalismo,
orgulhando-me de ter realizado o Mestrado nesta Instituição.
Índice Geral
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL III
Índice Geral Agradecimentos …………………………………………………………………………………... I
Índice Geral ………………………………………………………………………………………... III
Índice de Figuras …………………………………………………………………………………. V
Índice de Quadros………………………………………………………………………………… VII
Resumo ……………………………………………………………………………………………. XI
Abstract ……………………………………………………………………………………………. XIII
Résumé ……………………………………………………………………………………………. XV
Abreviaturas ………………………………………………………………………………………. XVII
I – INTRODUÇÃO ……………………………………………………………………………………………... 1
1.1 Propósito e Problema do Estudo ………………………………………. ..…. ………………………. 1
1.2 Estrutura do Estudo...................................................................................................................... 3
II – REVISÃO DA LITERATURA …………………………………………................................................ 5
2.1. O Futebol ……………………….................................................................................................... 5 2.1.1 Futebol, sua Natureza e sua Essência..................................................................................................... 6 2.1.2 Futebol, um Jogo de Oposição/ Cooperação, um Jogo Táctico............................................................... 7 2.1.3.Prespectivas para o Ensino e Treino do Futebol enquanto JDC.............................................................. 11 2.1.4 Referências Fundamentais para o Ensino do Futebol.............................................................................. 18
2.1.4.1 Condicionantes Estruturais e Fundamentais................................................................................. 18 2.1.4.2 Dimensão do Terreno de Jogo e Número de Jogadores............................................................... 18 2.1.4.3 Duração do Jogo............................................................................................................................ 19 2.1.4.4 Controlo da Bola............................................................................................................................ 21 2.1.4.5 Frequência de Concretização........................................................................................................ 21 2.1.4.6 Colocação de Alvos....................................................................................................................... 22
2.2 Treino com Jovens....................................................................................................................... 22 2.2.1 O Treinador de Crianças e Jovens........................................................................................................... 24 2.2.2 Etapas de Preparação.............................................................................................................................. 26 2.2.3 Fases Sensíveis de Treinabilidade…………………………………………………………………………….. 30
2.3 Exigências Físicas e Fisiológicas do Jogo de Futebol................................................................. 31 2.3.1 Importância do Treino Aeróbio em Futebol.............................................................................................. 33 2.3.2 Importância do Treino Anaeróbio em Futebol.......................................................................................... 35
2.4 Estrutura do Treino para Crianças e Jovens................................................................................ 36 2.4.1 Meios de Treino, Preparação Geral vs. Preparação Específica............................................................... 37 2.4.2 A Preparação Geral, na Formação Desportiva dos Jovens Futebolistas…………………………………... 40 2.4.3 O Exercício no Processo de Treino.......................................................................................................... 41 2.4.4 Especificidade do Exercícios de Treino em Futebol................................................................................. 44 2.5.5 Taxionomia dos Exercícios de Treino…................................................................................................... 47 2.4.6 Estrutura da Carga de Treino.................................................................................................................... 55 2.4.7 Carga de Treino e Competição em Crianças e Jovens nos Desportos Colectivos……………………….. 55 2.4.8 Conteúdos de Treino e sua Importância no Treino de Crianças e Jovens…………………………........... 57
Índice Geral
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL IV
III – Metodologia................................................................................................................................... 613.1. Objectivos……………………………………………………………………………………………….. 61
3.1.1 Objectivos Geral …………………………………………………………………………………………………. 61 3.1.2 Objectivo Específico................………………………………………………………………………………….. 61 3.1.3 Hipóteses Orientadoras do Estudo.................................................. ……………………………………….. 61
3.2 Categorizarão da Amostra………………...................................................................................... 62
3.3 Método de Pesquisa ……………………………………………………………………………………. 63 3.3.1 Procedimentos e Instrumentos de Pesquisa…………………………………………………………………... 64 3.3.2 Caracterização e Definição das Variáveis……………………………………………………………………... 64
3.3.2.1 Exercícios de Treino...................................................................................................................... 65 3.3.2.2 Carga de Treino............................................................................................................................. 65 3.3.2.3.Método de Treino........................................................................................................................... 66 3.3.2.4 Conteúdos de Treino..................................................................................................................... 66
3.4 Procedimentos estatístico............................................................................................................ 69
IV – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS …………………………………………... 714.1. Exercícios de Treino.................................................................................................................... 71
4.2. Cargas de Treino ………………………………………………………………………………………. 73 4.2.1 Carga de Treino para cada Conteúdo de Treino...................................................................................... 73 4.2.2 Carga de Treino para o Desenvolvimento das Capacidades Motoras …………………………………….. 77
4.3 Métodos de Treino........................................................................................................................ 79 4.3.1 Metodologia de desenvolvimento das capacidades motoras condicionais ………………………………... 79 4.3.2 Exercícios Complementares/Fundamentais............................................................................................. 81 4.3.3 Exercícios Complementares (com ou sem oposição).............................................................................. 82 4.3.4 Exercícios Fundamentais......................................................................................................................... 84
4.4 Conteúdos de Treino.................................................................................................................... 85 4.4.1 Conteúdos de treino desenvolvidos a partir dos EPG.............................................................................. 85 4.4.2 Conteúdos desenvolvidos através dos EEPG.......................................................................................... 88 4.4.3 Conteúdos desenvolvidos através dos EEP/Fase I.................................................................................. 92 4.4.4 Conteúdos desenvolvidos através dos EEP/Fase II................................................................................. 94 4.4.5 Conteúdos desenvolvidos através dos EEP/Fase III................................................................................ 95
V – CONCLUSÕES ………………………………………………………………………………................... 97VI – RECOMENDAÇÕES PARA A PRÁTICA, NO TREINO DE JOVENS FUTEBOLISTAS………… 101
6.1 Recomendações específicas aos resultados do nosso estudo …………………………………… 101
6.2 Recomendações Gerais ……………………………………………………………………………….. 102
VII – SUGESTÕES……………………………………………………………………………………………... 105VIII – BIBLIOGRAFIA ……………………………………………………………………………................... 107IX – ANEXOS ……………………………………………………………………………………..................... 109
Índice de Figuras
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL V
Índice de Figuras Figura II – 1. Princípios gerais da acção do jogo (adap. de Cerezo, 2000) ………………………………. 9
Figura II – 2. Estrutura do Futebol a partir do seu objectivo (adap. de Cerezo, 2000)............................. 10
Figura II – 3. O Futebol como actividade motora complexa (adap. de Cerezo, 2001; Monbaerts, 1998) 13
Figura II – 4. Cadeia acontecimental do comportamento Táctico/técnico do jogador no jogo (adap.
Bunker & Thorpe, 1992) ………………………………………………………………………….
15
Figura II – 5. Cadeia acontecimental do comportamento Táctico/técnico do jogador no jogo (adap
Garganta & Pinto, 1998) ………………………………………………………………………….
16
Figura II – 6. Conteúdos do conhecimento em desportos colectivos (adap. de Malglaive, 1990;
Gréhaigne & Godbout, 1995) …………………………………………………………………….
17
Índice de Quadros
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL VII
Índice de Quadros Quadro II – 1. Grandes objectivos do treino e da preparação desportiva /adap. de Marques, (1985)……………… 27
Quadro II – 2. Modelo das fases sensíveis de treinabilidade durante a infância e a juventude (adap. de Martin,
1999) ………………………………………………………………………………………………………….
30
Quadro II – 3. Preparação geral e preparação especial nas etapas de preparação desportiva em Futebol,
(Adap. Marques, 1989) ………………………………………………………………………………….
38
Quadro II – 4. Preparação geral e preparação especial nas etapas de preparação Desportiva (adap. de
Marques, (1989) ………………………………………………………………………………………….
38
Quadro II – 5. Síntese da classificação dos exercícios realizado por vários autores (adap. de Bragada, 2000)..... 48
Quadro II – 6. Grelha taxionómica de classificação dos exercícios de treino (Castelo, 2003) ……………………… 53
Quadro II – 7. Valores, médias de treino (número de sessões, dias de treino no ano e frequência de treino),
competições (oficiais e de preparação) e proporção entre unidades de treino/competição (Adap.
de Marques e col., 2000); Santos, 2001); Pinto e col., 2001) ………………………………………….
56
Quadro II – 8. Valores de treino para: n.º sessões, média de horas por semana, duração média, horas por
época e total de unidades (Pinto e col., 2003) ………………………………………………………….
56
Quadro II – 9. Carga de treino e competição: n.º de competições oficiais, não oficiais e relação
treino/competição (Pinto e col., 2003)...……………………………………………………………….
56
Quadro II – 10. Número de dias de preparação e frequência de treino (adap. de Marques e col., 2000; Marques,
1993; Martin, 1999; Santos, 2001; Pinto e col.2001) ……………………………………………………
57
Quadro II – 11. Características da carga de cada conteúdo do treino nos dois grupos de idades: valores médios
em minutos durante uma sessão de treino padrão, valor total em minutos e valore percentuais
durante uma temporada desportiva (adap. Marques e col,. 2000) …………………………………….
59
Quadro III – 1. Principais características da amostra. …………………………………………………………………… 62
Quadro III – 2 Caracterização das equipas pertencentes ao estudo, número de treinos, razão
treino/competições ………………………………………………………………………………………..
63
Quadro IV – 1. Utilização de meios de treino e tempo total de treino: valores médios (minutos) numa sessão de
treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação …………………………
71
Quadro IV – 2. Utilização de meios de treino e tempo total de treino para o escalão de iniciado e juvenis:
valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante
um ano de preparação ………………………………………………………………………………….
72
Quadro IV – 3. Características da carga de treino para o desenvolvimento físico, técnico e técnico / táctico:
valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante
um ano de preparação………………………………………………………………………………………
73
Quadro IV – 4. Características da carga de treino para o desenvolvimento físico, técnico e técnico / táctico, para
o escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório
(minutos) e percentagem durante um ano de preparação ……………………………………………..
74
Quadro IV – 5. Percentagem da distribuição dos conteúdos de treino no basquetebol (adaptado de Pinto e col.,
2001; Pinto e col., 2003) ……………………………………………………………………………………
75
Índice de Quadros
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL VIII
Quadro IV – 6. Características da carga de treino para o desenvolvimento das capacidades motoras no escalão
etário dos 12 aos 16 anos em Futebol: valores médios (minutos) numa sessão de treino,
somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação …………………………………
77
Quadro IV – 7. Características da carga de treino para o desenvolvimento das capacidades motoras no escalão
de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e
percentagem durante um ano de preparação ……………………………………………………………
78
Quadro IV – 8 Características da carga de treino para cada conteúdo de treino: valores médios (minutos) numa
sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação (Adaptado
de Santos, 2001) …………………………………………………………………………………………….
79
Quadro IV – 9 Metodologia utilizada para o desenvolvimento das capacidades motoras condicionais no escalão
etário dos 12 aos 16 anos em Futebol: valores médios (minutos) numa sessão de treino,
somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação …………………………………
79
Quadro IV – 10 Metodologia utilizada para o desenvolvimento das capacidades motoras condicionais no
escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório
(minutos) e percentagem durante um ano de preparação ……………...………………………….
80
Quadro IV – 11 Preferência metodológica de utilização de exercícios (complementares / fundamentais) no
escalão etário dos 12 aos 16 anos em Futebol: valores médios (minutos) numa sessão de
treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação ……………………...
81
Quadro IV – 12 Preferência metodológica de utilização de exercícios (complementares / fundamentais) no
escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório
(minutos) e percentagem durante um ano de preparação ………………………………………….
82
Quadro IV – 13 Preferência metodológica de utilização de exercícios complementares (com ou sem oposição)
no escalão etário dos 12 aos 16 anos: valores médios (minutos) numa sessão de treino,
somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação ………………………………
82
Quadro IV – 14 Preferência metodológica de utilização de exercícios complementares (com ou sem oposição)
no escalão no escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de
treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação ……………………...
83
Quadro IV – 15 Preferência metodológica de utilização de exercícios fundamentais (Fase I, Fase II e Fase III)
no escalão etário dos 12 aos 16 anos: valores médios (minutos) numa sessão de treino,
somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação ………………………………
84
Quadro IV – 16 Preferência metodológica de utilização de exercícios fundamentais (Fase I, Fase II e Fase III)
no escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório
(minutos) e percentagem durante um ano de preparação …………………………………………..
85
Quadro IV – 17 Características da carga treino para todos os conteúdos da amostra desenvolvidos através dos
exercícios de preparação geral no escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos)
numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação ….
86
Índice de Quadros
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL IX
Quadro IV – 18 Características da carga treino para todos os conteúdos da amostra desenvolvidos através dos
exercícios específicos de preparação geral no escalão de iniciados e juvenis: valores médios
(minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de
preparação ……………………………………………………………………………………………….
89
Quadro IV – 19 Características da carga treino para todos os conteúdos da amostra desenvolvidos através dos
exercícios específicos de preparação / fundamentais de fase I no escalão de iniciados e
juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem
durante um ano de preparação …………………………………………………………………………
92
Quadro IV – 20 Características da carga treino para todos os conteúdos da amostra desenvolvidos através dos
exercícios específicos de preparação / fundamentais de fase II no escalão de iniciados e
juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem
durante um ano de preparação …………………………………………………………………………
94
Quadro IV – 21 Características da carga treino para todos os conteúdos da amostra desenvolvidos através dos
exercícios específicos de preparação / fundamentais de fase III no escalão de iniciados e
juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem
durante um ano de preparação …………………………………………………………………………
95
Resumo
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL XI
RESUMO A inexistência de uma base teórica para o trabalho dos treinadores de crianças e
jovens leva a que este seja, de certa forma, empírico. O seu processo de treino é, na
maior parte das vezes, desconhecido pelos metodólogos do treino, devendo-se,
muitas vezes, à falta de documentos teóricos ou à indisponibilidade dos mesmos
serem examinados (Marques, 1999).
O objectivo desta investigação é caracterizar a estrutura do treino em Futebol no
escalão de iniciados e juvenis, procurando saber se existem diferenças na
estruturação do treino entre ambos.
Para a realização deste estudo, foram analisadas 625 unidades de treino de jovens
jogadores de Futebol do sexo masculino. Para tal, foram revistos seis dossiers, dos
quais três pertencem a equipas do escalão de iniciados, e os restantes a três equipas
do escalão de juvenis.
Procedeu-se a uma pesquisa documental, em torno dos dossiers de treino do centro
de treino de Futebol da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da
Universidade do Porto (FCDEF-UP). O estudo estatístico, realizado com o SPSS 10.0,
incluiu uma análise de frequências, das medidas descritivas, tais como as médias,
desvios-padrão e percentagens, e um T-test para comparação de escalões etários.
Concluiu-se que a estruturação do treino do escalão de iniciados difere da dos juvenis,
tendo-se verificado diferenças significativas, basicamente em todos os focos de
análise do nosso estudo. Os treinadores de futebol dos escalões de iniciados e juvenis
dão prioridade aos aspectos técnico / tácticos (51%) e físicos (41%) em detrimento dos
aspectos técnicos (8%). A resistência é a capacidade motora que mais se desenvolve
(19%), seguindo-se a força (8%) a flexibilidade (8%), sendo a velocidade (3%) e a
coordenação (2%) as que menos se desenvolvem. Os treinadores das faixas etárias
em estudo desenvolvem as capacidades motoras condicionais dos seus atletas de
uma forma separada das questões técnico e técnico/tácticas.
Palavras-chave: FUTEBOL, ESTRUTURA DO TREINO, CRIANÇAS E JOVENS,
EXERCÍCIOS, CONTEÚDOS E MÉTODOS DE TREINO.
Abstract
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL XIII
Abstract
The inexistence of a theoretical basis for the children and young's trainers' work makes
it, in a certain way, empiric. Their training process is, to a large extent, unknown to the
training methodologists, due, a lot of times, to the lack of theoretical documents or to
the unavailability of the same ones to be examined (Marques, 1999).
This investigations’ aim is to characterize the Soccer training structure in both initiate
and juvenile step, to assert if there are differences in their training structures.
In order to accomplish this study, 625 training units of young male Soccer players', of
the former steps, were analyzed. Therefore six dossiers, concerning three teams of the
initiate step and three of the juvenile step, were reviewed.
We carried out a documental research, regarding training dossiers of the center of
Soccer training of FCDEF-UP. The statistical study, accomplished with SPSS 10.0,
included an analysis of frequencies, of descriptive measures, such as averages,
standard-deviation and percentages, and a t-test for comparison of age steps.
In short we may conclude that the training structure of the initiate step differs of the
juvenile one, having acknowledged significant differences, basically in all of the sample
analysis of our study. Soccer trainers of the initiate and juvenile steps give priority to
technician / tactical (51%) and physical (41%) aspects over technical aspects (8%).
Resistance is the motor capacity most improved by them (19%), followed by force
(8%), flexibility (8%), being speed (3%) and coordination (2%) the least improved ones.
The trainers of the focused age groups develop conditional motor capacities separate
from technician subjects.
KEY-WORDS: SOCCER, TRAINING STRUCTURE, CHILDREN AND YOUNG
Résumé
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL XV
Résumé L’absence d’un support théorique pour le travail des entraîneurs des enfants (12-14
ans) et des jeunes (14-16 ans), le rend, d’une certaine façon, empirique.
Leur méthode d’entraînement est, dans la plupart des fois, inconnue des experts
d’entraînement, parce que, les documents ne sont pas disponibles.
L´objectif de cette investigation est caractériser la structure de l’entraînement du
football dans les classes des enfants et des jeunes, et de vérifier s’il existe des
différences entre eux.
Pour la réalisation de cette étude c’était analysé 625 unités d’entraînement des jeunes
joueurs du football du sexe masculin. Dance ce but nous avon revu 6 dossiers, dont 3
concernant le grupe des enfants et les autres le grupe des jeunes.
Nous avon fait une recherche documentaire sur les dossiers d’entraînement de la
FCDEF-UP. L’étude statistique, réalisé avec le SPSS 10.0, inclu une analyse des
fréquences, des mesures descriptives, telles que les moyennes, les écarts type et les
pourcentages, et un T-test pour la comparaison de groupes d’âge.
Nous avon conclu que la structuration de l’entraînement de la classe des enfants est
différente de celle de la classe des jeunes. Nous avons vérifié des différences
significatives presque dans tous les points analysés dans notre étude.
Les entraîneurs de football des classes des enfants et des jeunes accordent plus de
priorité aux aspects technique/tactiques et physiques, qu’aux aspects techniques. La
résistance est la capacité motrice plus développée étant suivie por la force et la
flexibilité. La vitesse et la coordination ce présentent comme moins développées. Les
entraîneurs développent plutôt les capacités motrices conditionnelles de ses athlètes
d’une façon séparée des aspectes techniques ou technique/tactiques.
Mots-clefs: FOOTBALL, STRUCTURE DE L’ENTRAINEMENT, ENFANTS ET JEUNES.
Abreviaturas
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL XVII
Abreviaturas EPG – Exercícios de preparação geral
EEPG – Exercícios específicos de preparação geral
EEP – Exercícios específicos de preparação
CMC – Capacidades motoras condicionais
JDC – Jogos Desportivos Colectivos
Introdução
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 1
II.. IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO
11..11 PPRROOPPÓÓSSIITTOO EE PPRROOBBLLEEMMAA DDOO EESSTTUUDDOO
O presente estudo, corresponde à Dissertação de Mestrado em Ciências do
Desporto, variante Desporto para Crianças e Jovens, a apresentar na
Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade do
Porto, elaborada sob a orientação do Professor Catedrático António Teixeira
Marques e co – orientado pelo Professor Doutor Júlio Manuel Garganta da
Silva.
O assunto versa caracterizar a estrutura do treino em Futebol no escalão de
iniciados e juvenis, procurando saber se existem diferenças na estruturação do
treino entre os escalões de iniciados e juvenis.
Castelo (2002), define treino como um processo pedagógico que tem como
objectivo o desenvolvimento das capacidades técnico / tácticas, físicas e
psicológicas do praticante e, ou equipa no âmbito das competições específicas,
através da prática metódica e planificada do exercício, de acordo com
princípios e regras científicas alicerçadas no conhecimento científico.
Para o treino de crianças e jovens, exige-se a definição de objectivos de
natureza formativa e educativa, o que obriga a equacionar a metodologia de
treino e preparação dos jovens como um processo pedagógico, onde as
características dos jovens atletas em formação têm de ser respeitadas (Pinto,
2003). A preparação desportiva dos mais jovens deverá entender o processo
de maturação numa perspectiva individual, com diferenças intersexuais e
interindividuais, condicionando de forma decisiva, a formação desportiva
(Marques e col., 2000)
Pinto (2003), refere que o processo de formação é composto por um conjunto
de etapas / estádios, pelos quais o atleta vai passando e onde supostamente
irá desenvolver diversas capacidades (físicas, técnicas, tácticas e
psicológicas). Por tal, os treinadores de formação deveriam confrontar-se, no
momento inicial de planeamento da época desportiva, com um conjunto de
Introdução
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 2
questões centrais (O quê? Como? Quando?), cujas respostas estruturadas
auxiliariam a modelar as suas intervenções, de uma forma mais ajustada ao
desenvolvimento harmonioso dos jovens e a uma formação desportiva
orientada para o sucesso.
O mesmo autor, salienta que na realidade muitos dos treinadores de crianças e
jovens intervêm no treino de uma forma não sustentada por um planeamento
de base cuidado, mas sim por um conjunto de pretensões empíricas
decorrentes de um défice da base conceptual.
A inexistência de uma base teórica para o trabalho dos treinadores de crianças
e jovens, leva a que este seja de certa forma empírico. O seu processo de
treino é, na maior parte das vezes, desconhecido pelos metodólogos do treino,
devendo-se muitas vezes à falta de documentos teóricos ou à indisponibilidade
dos mesmos serem examinados (Marques, 1999).
Embora se fale muito no treino de Futebol, e também já se fale sobre o treino
de jovens, até ao momento, ninguém se preocupou em saber o que é feito com
os nossos jovens ao nível do treino. A estrutura e os conteúdos de treino de
crianças e jovens não são ainda bem conhecidos (Marques, 1989; Marques
1990; Marques 1991; Marques, 1993).
Marques e col. (2000), sustentam que a comparação entre os modelos de
referência para o treino nestas fases de idade com os dados empíricos
disponíveis, poderão ser extremamente importantes para uma melhor
compreensão da estrutura essencial do processo de treino de crianças e
jovens.
Assim, é nossa pretensão que, através da realização deste estudo se possa
compreender qual a estrutura do treino utilizada pelos treinadores de iniciados
e juvenis em Futebol, para que a possamos interpretar, descrever e comparar,
procurando contribuir para a evolução da metodologia de treino nos escalões
de formação em Futebol.
Introdução
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 3
11..22 EESSTTRRUUTTUURRAAÇÇÃÃOO DDOO EESSTTUUDDOO
Iniciaremos o nosso estudo com o primeiro capítulo que apresenta de forma
sucinta a investigação, situando a problemática da estruturação do treino nos
escalões de formação em futebol, assim como o caminho que esta
investigação irá seguir.
No segundo capítulo, faremos uma revisão da literatura acerca dos aspectos
relacionados com o tema em questão. Caracterizaremos o Futebol como
modalidade desportiva colectiva, o treino com crianças e jovens, as exigências
físicas e fisiológicas do jogo de Futebol, e por fim, a estrutura do treino em
crianças e jovens.
No terceiro capítulo, referiremos a metodologia utilizada para a realização do
estudo, onde descrevemos o objectivo geral, os objectivos específicos e as
hipóteses orientadoras da investigação. Procederemos à caracterização da
amostra, à descrição do método de pesquisa, e à transcrição dos
procedimentos estatísticos utilizados.
No quarto capítulo apresentaremos os resultados e a respectiva discussão.
No quinto capítulo apresentaremos as conclusões.
No sexto capítulo mencionaremos umas breves recomendações para a prática,
no treino de jovens Futebolistas.
No sétimo capítulo serão sugeridos possíveis prolongamentos ao nosso
estudo.
No oitavo capítulo apresentaremos a bibliografia utilizada para a realização
deste estudo.
No nono e último capítulo apresentaremos os anexos que consideramos
necessários.
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 5
IIII.. RREEVVIISSÃÃOO DDAA LLIITTEERRAATTUURRAA
22..11 OO FFUUTTEEBBOOLL
O futebol ocupa um lugar importante no contexto desportivo contemporâneo,
dado que, na sua expressão multitudinária, não é apenas um espectáculo
desportivo, mas também um meio de educação física e desportiva, e um
campo de aplicação da ciência (Garganta, 2002).
O mesmo autor, refere que no decurso da sua existência, esta modalidade tem
sido ensinada, treinada e investigada, à luz de diferentes perspectivas, as quais
deixam perceber concepções diversas a propósito do conteúdo do jogo e das
características que o ensino e o treino devem assumir, na procura da eficácia.
O desenrolar do jogo de Futebol encerra um conjunto diversificado de
situações momentâneas do jogo que por si só, representam uma sucessão de
acontecimentos imprevisíveis. Os jogadores perante as situações – problema
que lhes sucedem no decorrer do jogo, têm de tomar decisões certas no meio
de uma grande imprevisibilidade.
Perante isto, é necessário que o processo de intervenção (treino) decorra cada
vez mais da reflexão metódica e organizada da análise competitiva do
conteúdo do jogo, ajustando-se e adaptando-se a essa realidade. Este
contexto, orienta irremediavelmente a forma de encarar a prática, não sendo
esta reduzida à “simples” alternância entre a carga (esforço) e descanso
(regeneração). Daí a necessidade desta assentar numa base teórica – prática
formulada e fundamentada a partir da análise do seu conteúdo, pois só assim,
podemos intervir eficientemente nessa realidade competitiva. De forma a
elaborar uma actividade metodológica – sistemática e diferenciada, e definir
igualmente os fundamentos pedagógicos do seu ensino (Castelo, 1994).
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 6
22..11..11 FFUUTTEEBBOOLL,, SSUUAA NNAATTUURREEZZAA EE SSUUAA EESSSSÊÊNNCCIIAA
Cada jogo desportivo, definido pelas suas regras, possui uma lógica interna
bem precisa, que irá influenciar e coordenar os comportamentos dos seus
intervenientes (Tavares, 2002).
O futebol pertence a um grupo de modalidades desportivas, que se
caracterizam por revelarem características próprias e comuns, habitualmente
designadas por jogos desportivos colectivos (JDC). Sem diminuir a importância
das restantes características, a relação de oposição entre os elementos das
duas equipas em confronto e a relação de cooperação entre os elementos da
mesma equipa, ocorridas num contexto aleatório, é o que traduz a essência do
jogo de futebol (Garganta e Pinto, 1998). Castelo (1996) afirma que o futebol é
um jogo desportivo colectivo, no qual os intervenientes estão agrupados em
duas equipas numa relação de adversidade – rivalidade desportiva, numa luta
incessante pela conquista da posse de bola (respeitando as leis do jogo), com
o objectivo de a introduzir o maior número de vezes na baliza adversária e
evitar o inverso, com vista à obtenção da vitória. Para que se atinja essa
finalidade, o futebol possui uma dinâmica própria, um conteúdo que se define
como essência de jogo. Esta essência moldada pelas leis do jogo, dá origem a
uma série de atitudes e comportamentos técnico / tácticos mais ou menos
estereotipados.
Trata-se de uma actividade desportiva que ocorre em contextos nos quais os
elementos que se defrontam disputam objectivos comuns, lutando para gerir
em proveito próprio, o tempo e o espaço, e realizando acções reversíveis de
sinal contrário (ataque versus defesa) alicerçadas em relações de oposição
versus cooperação. Por tal, o futebol caracteriza-se por ser uma actividade fértil
em acontecimentos que ocorrem em contextos permanentemente variáveis de
oposição e cooperação, e cuja frequência, ordem cronológica e complexidade
não podem ser pré determinadas (Garganta, 2002b).
Garganta & Pinto (1998), referem que a ocorrência de determinada acção do
jogo, mesmo a mais elementar, como uma corrida ou salto, num dado
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 7
momento poderá ser mais ou menos pertinente, em função das configurações
que o jogo apresenta nesse preciso momento, conferindo à dimensão
estratégico – táctica uma importância capital.
Garganta (2002b) sustenta que a essência estratégico – táctica deste tipo de
modalidades (jogos desportivos) decorre de um quadro de referências que
contempla:
- O tipo de forças (conflituidade) entre os efectivos que se defrontam;
- A variabilidade, a imprevisibilidade e aleatoriedade do contexto em
que as acções do jogo decorrem;
- As características das habilidades motoras para agir num contexto
específico.
22..11..22 FFUUTTEEBBOOLL,, UUMM JJOOGGOO DDEE OOPPOOSSIIÇÇÃÃOO // CCOOOOPPEERRAAÇÇÃÃOO,, UUMM JJOOGGOO TTÁÁCCTTIICCOO
Losa e Castillo (2000), referem que o futebol possuiu uma estrutura e
funcionalidade muito complexa e absolutamente distinta dos desportos onde
predomina a técnica. O futebol pertence ao grupo dos desportos de
cooperação / oposição, a técnica é somente um dos seis parâmetros que
configuram a lógica interna do mesmo (regras, técnica, espaço, tempo,
comunicação e estratégia). A execução técnica do possuidor da bola, vai ser
directamente influenciada por factores como a situação espacial da bola, dos
companheiros e dos adversários. Acções marcadas por a incerteza, que por
consequência reportam o futebol a um desporto onde a percepção e a tomada
de decisão são no mínimo de igual importância à execução.
O jogo de futebol exige que os seus praticantes possuam uma adequada
capacidade de decisão, que precede e implica uma ajustada leitura de jogo
(Garganta & Pinto, 1998). Somente após uma correcta leitura de jogo, se
poderá materializar a acção através dos atributos técnicos. Os mesmos autores
afirmam que os factores de execução técnica são sempre determinados por um
contexto táctico. Pois face ao jogo, o problema primeiro é de natureza táctica,
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 8
isto é, o praticante deve saber o que fazer, para poder resolver o problema
subsequente, o como fazer, seleccionando e utilizando a resposta motora mais
adequada (Garganta, 2002a).
O futebol como desporto colectivo caracteriza-se por ser um confronto entre
duas equipas, que em competição são constituídas por onze elementos, o que
perfaz a quantia de vinte e dois elementos a interagirem ao mesmo tempo, o
que torna mais complexa a leitura de jogo. As acções dos jogadores deverão
ser conjugadas mediante os seus companheiros e adversários, é um jogo de
cooperação/oposição pois implica uma constante comunicação entre os
membros da mesma equipa e uma contra comunicação entre adversários. “Ao
observarmos um jogo de Futebol minimamente organizado, mesmo que ambas
as equipas em confronto não se distingam pela cor ou padrão do equipamento,
é possível, passado algum tempo, identificar os elementos constituintes de
cada uma delas. Esta possibilidade resulta do facto de que a referida relação
de oposição/cooperação, para ser sustentável e eficaz, reclama dos jogadores
comportamentos congruentes com as sucessivas situações do jogo, de acordo
com os respectivos objectivos de sinal contrário de cada uma das equipas”
(Garganta, 2002). Obrigando desta forma a que os seus intervenientes
cooperem de uma forma congruente e harmoniosa nas distintas fases de jogo
(ataque, defesa), procurando desenvolver as acções de jogo mais adequadas
às situações de momento, acções essas, que irão ser influenciadas pelas
mudanças que se produzem em torno do mesmo, da bola, dos companheiros e
adversários.
Cerezo (2000) define os princípios gerais da acção de jogo em função da
equipa possuir ou não, a bola (Figura II-1).
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 9
Princípios Gerais da acção de jogo
Transição Manutenção da posse de bola Recuperar a posse de bola
Progressão com bola na direcção Impedir a progressão da bola
da baliza adversária na direcção da baliza
Procura do desequilibro defensivo Proteger a baliza evitando
com o intuito de finalizar o golo Figura II-1: Princípios gerais da acção do jogo (adap. de Cerezo, 2000)
Os jogadores deverão organizar-se para realizar as acções de jogo mais
adequadas, face à fase de jogo em que se encontram, influenciada pela posse
ou não de bola. Tendo como objectivo a obtenção do golo nos momentos em
que possuem a bola, e evitar que a equipa adversária obtenha a posse de bola,
afastando desta forma a possibilidade de sofrer um golo.
O Futebol, poderá definir-se quanto à sua estrutura, como um desporto
colectivo onde se produz uma interacção motriz entre os participantes, como
consequência da presença de companheiros e adversários, utilizando um
espaço comum (standard) e com uma participação simultânea mediante uma
cooperação/oposição. (Cerezo, 2000)
AAttaaqquuee DDeeffeessaa
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 10
Presença de companheiros e Comum (Standard)
Adversários Incerto
Simultânea
Cooperação/oposição
(desporto sociomotriz)
Figura II-2: Estrutura do Futebol a partir do seu objectivo (adap. Cerezo, 2000)
O futebol é um jogo de equipa, um jogo em que as acções individuais devem
ser totalmente congruentes com a participação simultânea dos companheiros e
adversários. O desempenho motor, a técnica, é condicionada pelo momento,
pelo adversário, pelos companheiros, e se quisermos ser mais específicos,
pelas condições climatéricas, pelo resultado, etc. O futebol é essencialmente
um jogo táctico, um jogo de momentos felizes e de momentos menos felizes
onde a decisão tomada por um jogador, numa fracção de segundo, pode levar
uma equipa “à glória” ou não.
PRÁTICA DE FUTEBOL
Objectivo: realizar movimentos, esforços e acções em sequências variáveis e
intermitentes para que a bola chegue à sua meta (golo) e/ou evitar o inverso
Interacção motriz Utilização do
Espaço
PARTICIPAÇÃO
ANÁLISE FUNCIONAL COMO DESPORTO DE EQUIPA
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 11
22..11..33 PPEERRSSPPEECCTTIIVVAASS PPAARRAA OO EENNSSIINNOO EE TTRREEIINNOO DDOO FFUUTTEEBBOOLL EENNQQUUAANNTTOO JJOOGGOO
DDEESSPPOORRTTIIVVOO CCOOLLEECCTTIIVVOO ((JJDDCC))
Desde os anos 60, que a didáctica dos jogos desportivos repousa numa análise
formal e mecanicista. Os processos de ensino e treino têm consistido em fazer
adquirir aos praticantes sucessões de gestos técnicos, empregando-se muito
tempo no ensino da técnica e muito pouco, ou nenhum no ensino do jogo
propriamente dito (Gréhaigne & Guillon, 1992).
O ensino e treino dos JDC, obedeceram inicialmente a uma metodologia de
eminência técnica a partir do domínio dos Skills motores, antes da
aprendizagem, da compreensão e gestão do envolvimento do jogo (Gréhaigne
& Godbout, 1995), resultado das influências dos desportos individuais, até
então, mais avançados nas suas concepções de ensino e treino.
Alguns autores começaram a questionar este método, por enfatizar a
aprendizagem das habilidades técnicas antes da compreensão do jogo.
Garganta (1997) questiona-o referindo que, um jogador considerado bom
tecnicamente sem a oposição de adversários, poderá não o ser quando
colocado em situação de jogo com oposição. Pois os praticantes sujeitos à
aplicação do modelo técnico de ensino dos jogos desportivos, revelam um
poder de iniciativa limitado e um escasso conhecimento do jogo, pois existe
pouca transferência da aprendizagem técnica para situação real de jogo.
Queiroz (1986) refere que, enquanto para uns, o jogo é a soma das funções
técnicas e tácticas parciais, cujo domínio (parcelar) permite atingir o êxito
global, para outros, o jogo não pode ser separado nas suas várias
componentes. Englobando-se nesta última perspectiva, defende ainda a
constituição da indivisibilidade das componentes como o princípio metodológico
fundamental do ensino e treino do jogo.
O Futebol exige dos praticantes uma adequada capacidade de decisão, que irá
decorrer de uma ajustada leitura de jogo. No momento de materializar a acção,
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 12
torna-se necessário utilizar uma gama de recursos motores específicos,
genericamente designados por técnica (Garganta & Pinto, 1998).
Os mesmos autores afirmam que no futebol, os factores de execução,
designados por técnica, são sempre determinados por um contexto táctico,
levando a que a verdadeira dimensão da técnica repouse na sua utilidade para
servir a inteligência e a capacidade de decisão táctica dos jogadores e das
equipas no jogo.
No entanto, no treino, por vezes é privilegiada a dimensão eficiência (forma de
realização) da habilidade, independentemente das dimensões eficácia
(finalidade) e adaptação, isto é, do ajustamento das soluções e respostas ao
contexto (Graça, 1994). Esta perspectiva ensina o modo de fazer (técnica)
separado das razões (táctica), Bunker & Thorpe (1982) constataram que,
quando a técnica é abordada através de situações que ocorrem à margem dos
requisitos tácticos, ela adquire um transfere diminuto para o jogo.
No decurso de um jogo surgem tarefas motoras de grande complexidade para
cuja resolução não existe um modelo de execução fixo (Faria & Tavares, 1992).
Mombaerts (1998); Cerezo (2001) consideram o futebol como uma actividade
motora complexa, uma actividade de regulação externa, em que os seus
intervenientes deverão realizar as acções após uma análise prévia da situação
(Figura II-3).
Segundo os mesmos autores, um jogador quando se depara com uma situação
decorrente do jogo (com ou sem bola, com um adversário directo ou indirecto)
deverá pôr em prática a sua habilidade motriz, para resolver o problema
momentâneo com que se depara, através:
- Do seu mecanismo perceptivo, que poderá informar sobre os estímulos
presentes (companheiros, adversários, bola...), sobre as relações
espaço – temporais (distâncias dos jogadores, bola; ritmo de execução,
etc.). O jogador deverá observar, para obter a informação mais correcta,
da situação momentânea;
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 13
- Do seu mecanismo de decisão, planeio mental sobre o que se poderá
fazer numa dada situação, análise ou antecipação de uma situação para
a solucionar. Mombaerts (1998), salienta a importância de os jogadores
desenvolverem a inteligência de jogo mediante a capacidade de
estabelecerem estratégias motoras, pondo-as em prática através da sua
táctica individual e colectiva. O autor considera este mecanismo
fundamental e determinante para esta modalidade desportiva;
- Do seu mecanismo de execução, resposta motriz para resolver a
situação de jogo, sendo necessário utilizar as capacidades motoras,
assim como, as habilidades técnicas.
Requer
Objectivo
FiguraII-3: O Futebol como uma actividade motora complexa. (adap. de Cerezo, 2001; Monbaerts, 1998)
Habilidade para resolver um problema do jogo
O que se passa? Observar Informação da situação
Estímulos, Relações Espaciais e Temporais
Mecanismo Perceptivo
O que fazer? Analisar/decidir Resposta adequada
Capacidades Cognitivas: Táctica
Mecanismo de decisão
Como fazer? Re Solução da situação Resposta motriz
Estímulos, Relações Espaciais e Temporais
Mecanismo de execução
Obter um comportamento óptimo em competição, através da utilização de todas as capacidades e habilidades individuais actuando colectivamente.
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 14
“Nesta perspectiva, numa partida de futebol afigura-se mais importante saber
gerir regras de funcionamento, ou princípios de acção do que utilizar técnicas
estereotipadas ou esquemas tácticos rígidos e pré-determinados. O bom
jogador ajusta-se não apenas à situação que vê mas também àquilo que prevê,
decidindo em função das probabilidades de evolução do jogo” (Garganta &
Pinto, 1998; Garganta 2002a). Fuentes e col.(1998), sustentam a necessidade
de se trabalhar mais os mecanismos de percepção e decisão, do que os
mecanismos específicos de execução, pois consideram preponderante, nas
etapas de formação, que os praticantes aprendam a observar e a perceber o
que se sucede à sua volta, de forma a que analisem adequadamente as
situações que surgem em jogo, podendo desta forma responder com eficácia.
Em função da experiência que os praticantes adquirem com o treino e sua
criatividade, estas respostas poderão vir a ser cada vez mais adequadas e
originais.
Bunkers & Thorpe (1982) propõem um modelo que, proporciona uma maior
consciência táctica do jogo, uma vez que integra os padrões de decisão
característicos da actividade (Figura II-4).
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 15
Figura II-4 – Cadeia Acontecimental do Comportamento Táctico-Técnico do Jogador no Jogo. (Bunker & Thorpe, 1992)
Nos JDC a dimensão táctica ocupa o núcleo da estrutura de rendimento
(Konzag, 1991; Faria & Tavares, 1992; Gréhaigne, 1992), pelo que a função
principal dos demais factores, sejam eles de natureza técnica, física ou
psíquica, é a de cooperar no sentido de facultarem o acesso a desempenhos
tácticos de nível cada vez mais elevado.
É fundamental iniciar-se a aprendizagem, valorizando estes aspectos, ou seja,
toda a acção técnica deve ter um fim táctico, se tal não acontecer o treino
poderá ser inconsequente.
De acordo com as afirmações anteriores, torna-se lógico que o ensino e o
treino em futebol não deverão restringir-se a aspectos biomecânicos, ao gesto
em si, mas atender sobretudo às imposições da sua adequação às situações
do jogo (Garganta & Pinto, 1998).
(1) Jogo
(2) Apreciação (6) Acção Motora
APRENDIZ
(3) Consciência
táctica
(5) Habilidade
motora
(4) Decisões:
O que fazer? Como fazer?
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 16
Figura II-5 - Cadeia Acontecimental do Comportamento Táctico / Técnico do Jogador no Jogo (Garganta & Pinto, 1998)
Todas as acções técnicas, para que sejam eficazes necessitam, para além de
uma execução correcta, da sua execução no “timing” certo, se tal não ocorrer,
a acção técnica irá perder a sua importância.
A técnica é importante? Mesquita, (1997) argumenta que, o ensino dos JDC é
uma competência que está obrigatoriamente dependente da mestria das
técnicas do jogo. Ser portador de uma boa técnica permite ao jogador ficar
liberto para ler o jogo e consequente decidir melhor, prevalecendo na relação
com a bola, o controlo quinestésico em detrimento do visual, o jogador
tecnicamente evoluído fica liberto para analisar as situações de jogo e,
consequentemente, poder optar pelas melhores soluções. Mas, a técnica só
revela a sua importância quando aplicada oportunamente, isto é, quando
ocorre uma execução técnica, tacticamente correcta.
A aprendizagem dos procedimentos técnicos constitui apenas uma parte dos
pressupostos necessários para que, em situação de jogo, os praticantes sejam
capazes de resolver os problemas que o contexto específico lhes coloca.
Desde os primeiros momentos da aprendizagem, importa que os praticantes
assimilem um conjunto de princípios que vão do modo como cada um se
relaciona com o móbil do jogo (bola), até à forma de comunicar com os colegas
Jogo
Acção
Motora
Apreensão do jogo
Habilidade motora
Capacidade
táctica
Decisões:
O que fazer?
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 17
e contra-comunicar com os adversários, passando pela noção de ocupação
racional do espaço de jogo (Garganta & Pinto, 1998).
Malglaive (1990) e Gréhaigne & Godbout (1995), sustentam que o sistema de
conhecimento, nos desportos colectivos, decorre de regras de acção, regras de
organização e capacidades motoras (Figura II-6).
Figura II-6- Conteúdos do Conhecimento em Desportos Colectivos. (Malglaive, 1990 ; Gréhaigne & Godbout, 1995)
As regras de acção são orientações básicas acerca do conhecimento táctico do
jogo, que definem as condições a respeitar e os elementos a ter em conta para
que a acção seja eficaz (Gréhaigne & Guillon, 1991). As regras de organização
do jogo, estão relacionadas com a lógica da actividade, nomeadamente com a
dimensão da área de jogo, com a repartição dos jogadores no terreno, com a
distribuição de papéis e alguns preceitos simples de organização que podem
permitir a elaboração de estratégias. As capacidades motoras, englobam a
actividade perceptiva e decisional do jogador, bem como os aspectos da
execução motora propriamente dita.
A evolução do Futebol terá necessariamente de apostar, de forma inequívoca,
no entendimento e no ensino do jogo (Garganta & Pinto 1998), estando os
treinadores obrigados, em todos os níveis de ensino e treino do jogo, a
procurar formas e métodos que promovam jogadores que pensem e raciocinem
em cada uma das acções em que intervêm (Greco, 1988). É necessário que o
jogador compreenda a lógica interna do jogo, os princípios gerais e específicos
Regras de acção Regras de gestão e organização do jogo
Capacidades motoras
Organização colectiva
e individual
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 18
que regem o seu comportamento, e seja capaz de os aplicar de forma
inteligente, depois de uma análise prévia da situação de jogo (Cárdenas, 2000).
22..11..44 RREEFFEERRÊÊNNCCIIAASS FFUUNNDDAAMMEENNTTAAIISS PPAARRAA OO EENNSSIINNOO DDOO FFUUTTEEBBOOLL
Actualmente, a perspectiva de ensino e treino mais emergente é aquela que a
partir de uma análise do jogo e da sua estrutura, apresenta o ensino e treino de
uma forma mais global, com uma dimensão mais complexa e mais próxima da
realidade do jogo. Esta visão emergiu no sentido de superar a tendência
dominante de corte analítico, mecanicista e técnico, apoiando-se na psicologia
cognitiva e nos modelos de execução (Garganta, 1994)
Esta concepção de treino integral tem como ponto de partida o Futebol
enquanto jogo, no qual os problemas fundamentais dos jogadores são, por um
lado a adaptação das suas condutas em relação de oposição (jogar contra
adversários), e por outro a adaptação das suas condutas à relação de
colaboração (jogar com os companheiros) (Mombaerts, 1998).
22..11..44..11 CCOONNDDIICCIIOONNAANNTTEESS EESSTTRRUUTTUURRAAIISS EE FFUUNNCCIIOONNAAIISS
Se compararmos o Futebol, no plano estrutural, com outros denominados
grandes jogos desportivos colectivos (Andebol, Basquetebol e Voleibol),
constatamos algumas diferenças extensivas ao plano funcional, que nos
permitem retirar ilações importantes para a orientação do processo de
ensino/treino deste jogo (Garganta & Pinto, 1998):
22..11..44..22 DDIIMMEENNSSÃÃOO DDOO TTEERRRREENNOO DDEE JJOOGGOO EE NNÚÚMMEERROO DDEE JJOOGGAADDOORREESS
Quanto maior for o espaço de jogo mais elevado terá de ser a capacidade para
o cobrir, mental e fisicamente. Deste modo, uma educação mental sistemática
torna o jogador capaz de utilizar, de uma forma inteligente o conhecimento
adquirido, através das suas características psicomotoras (Mahlo, 1980).
Sabe-se que um campo de Futebol de onze é um espaço muito grande,
correspondendo aproximadamente à superfície de 10 campos de Andebol, 20
campos de Basquetebol e 50 campos de Voleibol (Bauer & Ueberle, 1988 cit.
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 19
Garganta & Pinto, 1998). Para além disso, o número de jogadores a referenciar
num jogo, condiciona a complexidade inerente à percepção das situações
(leitura do jogo).
O desenvolvimento da progressiva extensão do campo perceptivo (da visão
centrada na bola, à visão centrada no jogo) é um dos aspectos mais
importantes a que se deve atender na formação, na medida em que o jogo de
Futebol reclama uma atitude táctica permanente.
A capacidade de raciocinar tacticamente, mediante as variadas e imprevistas
situações-problema a que o jogo submete os atletas, tem de ser desenvolvida
no treino, isto é, aumentar e consolidar a capacidade de controlo cinestésico
sobre a execução do movimento quando em posse de bola, capacitando-os
para utilizarem a visão para as funções de leitura do jogo (jogar de cabeça
levantada). Para que tal possa ocorrer Guterman (1996) refere que, será
necessário a construção de noções de jogo segundo processos altamente
participativos, uma vez que, jogar nas condições regulamentares da
competição formal, leva a que essa participação possa vir a ser bastante
reduzida.
Esta é uma das muitas razões pelas quais se torna aconselhável que, nas
fases iniciais quando o praticante tem dificuldade em controlar a bola, o jogo
seja aprendido num espaço mais reduzido e com um menor número de
jogadores (5 ou 7 jogadores, por exemplo), tornando os exercícios mais
adaptados às reais dificuldades do jogador, podendo o assim aumentar a
aprendizagem do mesmo (Queiroz, 1986).
22..11..44..33 DDUURRAAÇÇÃÃOO DDOO JJOOGGOO
O jogador de Futebol deve estar capacitado para responder eficazmente às
situações, agindo duma forma rápida e coordenada e repetindo essas acções
ao longo do jogo.
De notar, por exemplo, que, para equipas seniores, do tempo estabelecido para
uma partida de Futebol de onze (90 minutos), o tempo de jogo efectivo é de
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 20
apenas 50 minutos. Durante este tempo, cada equipa poderá estar na posse da
bola, em média, 25 minutos e cada jogador entre 30 segundos (defesas
centrais) e um máximo de 3 minutos (para os condutores de jogo). Durante
todo o restante tempo os jogadores seleccionam informações, analisam-nas e
tomam decisões (Bauer & Ueberle, 1988 cit. por Garganta & Pinto, 1998);
Gréhaigne, 1992).
A aprendizagem adequada destes aspectos passa pela utilização de técnicas e
de procedimentos de ensino que provoquem um confronto do aluno com
problemas, para os quais ele vai procurar solução. Esta metodologia procura
enfrentar o jogador com situações práticas, nas quais a lógica do movimento
seja entendida de uma forma progressiva, para que quando lhe seja
apresentado o problema, na sua globalidade, tenha possibilidades de o superar
com êxito (Mombaerts, 1998; Cerezo, 2001).
O ensino do Futebol visa a formação de jogadores inteligentes, tornando-os
capazes de actuar e tomar decisões em função da leitura das diferentes
situações que o jogo lhes oferece (Mangas, 1999). Deste modo o pensamento
táctico é um pressuposto a desenvolver desde a aprendizagem do jogo (Thorpe
& Bunker, 1982).
Esta constatação implica que seja estabelecida uma relação entre a técnica e a
táctica em favor desta e que se atribua uma grande importância ao jogo sem
bola. Esta necessidade é evidente quando se verifica a existência de jogadores
que nos testes técnicos obtêm a máxima pontuação, onde a sua capacidade de
drible perante um obstáculo imóvel, os seus malabarismos, as suas fintas são
tecnicamente perfeitas, mas perante a aplicação no terreno de jogo não tem a
mesma eficácia, quando faz um drible bem, mas fora de tempo, quando remata
através de uma execução correcta, mas na direcção do guarda-redes (Fradua
Uriondo, 1997).
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 21
22..11..44..44 CCOONNTTRROOLLOO DDAA BBOOLLAA
O Futebol, o Andebol e o Basquetebol, são jogos de território comum e
participação simultânea, em que existe luta directa pela posse da bola. No
entanto, as possibilidades de assegurar o controlo da bola são teoricamente
maiores para os jogadores de Andebol e de Basquetebol do que para os
praticantes de Futebol. A utilização das mãos (no Andebol e no Basquetebol)
permite agarrar a bola e assim melhor a proteger e controlar, bem como dar-lhe
a direcção desejada.
A aprendizagem do jogo de Futebol implica a construção da mestria da relação
com a bola, em função das exigências tácticas do jogo. A limitação específica
desta aprendizagem passa pela necessidade do praticante de Futebol ter que
jogar a bola quase exclusivamente com os membros inferiores, estando estes
simultaneamente implicados no equilíbrio do corpo e nos deslocamentos.
Acresce o facto do jogo se desenvolver, predominantemente, num plano baixo,
o que concorre para dificultar a disponibilização da visão para efectuar a
"leitura do jogo".
“Ler” o jogo é seguramente uma tarefa difícil de conseguir com pleno sucesso
pela quantidade e complexidade dos factores a que está sujeito. É no entanto
uma tarefa de extrema importância para o jogador e determinante para o
sucesso das competências que lhe estão atribuídas. (Martins, 1999).
Neste contexto, quando um jogador erra frequentemente determinada resposta
motora, torna-se importante identificar se tal decorre duma leitura deficiente da
situação (mecanismo perceptivo e de decisão mental), ou se deriva da sua
ineficiência técnica ou física para responder a tal situação.
22..11..44..55 FFRREEQQUUÊÊNNCCIIAA DDEE CCOONNCCRREETTIIZZAAÇÇÃÃOO
Em equipas de jogadores de elite, em média, no Andebol consegue-se um golo
em cada dois minutos; nos jogos de Basquetebol e de Voleibol consegue-se
concretizar pontos em cada minuto. A relação entre as acções de ataque e
êxitos quantificáveis é aproximadamente nestas modalidades de 2 para 1,
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 22
enquanto que no Futebol é apenas de 50 para 1. Isto permite que, não
raramente no Futebol, equipas de nível inferior possam conseguir bons
resultados frente a equipas de elevado nível, o que dificilmente acontece
noutros desportos de equipa.
Estas constatações não devem conduzir a uma diminuição da importância
atribuída à finalização no ensino/treino do Futebol. Bem pelo contrário, dever-
se-á propiciar a criação de um grande e variado número de ocasiões de
finalização, quando não o praticante perde de vista o objectivo central do jogo
(o golo) e centra a sua actuação ao nível do jogo de transição, provocando um
desequilíbrio entre jogo indirecto e jogo directo.
22..11..44..66 CCOOLLOOCCAAÇÇÃÃOO DDEE AALLVVOOSS
No Futebol, tal como no Andebol, e duma forma diversa do que acontece no
Basquetebol e no Voleibol, a colocação dos alvos (balizas) na vertical, faz
"variar" a sua largura aparente, em função da posição (ângulo) em que estão a
ser visualizadas pelo jogador (Gréhaigne, 1992). Esta indicação reveste-se de
grande importância na construção do pensamento táctico do principiante, na
medida em que permite interiorizar as noções de conquista/defesa do eixo do
terreno, de jogo directo e indirecto, e de abertura/fecho de ângulos de remate.
22..22 TTRREEIINNOO CCOOMM CCRRIIAANNÇÇAASS EE JJOOVVEENNSS
Sobre o treino com crianças e jovens e sua participação desportiva, muito se
tem escrito em vários artigos e muito se tem dito em conferências sobre o
tema. A polémica entre os especialistas na matéria existe e subsiste,
envolvendo sobretudo, as consequências para a saúde criando controvérsia
sobre a participação de crianças e jovens no desporto de rendimento (Marques
e Oliveira, 2002). Polémica que levanta reflexões, essencialmente sobre, quais
deverão ser as configurações e contornos da actividade de treino e competição
em crianças e jovens, elevando a problemática, ao motivar divergências
concernentes às melhores estratégias de actuação (Marques e Oliveira, 2002).
Esta problemática que se levanta, que desenvolve teorias implicando
convergências e divergências entre os especialistas, não é um “problema” é
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 23
ciência. O verdadeiro problema reside no facto da teoria e pratica, na maioria
dos casos, ainda estarem extremamente distantes para o que seria desejável.
Isto é, tudo que se escreve e se diz sobre o tema é, por vezes ou quase
sempre, tão depressa aplaudido e louvado, como esquecido por aqueles que
deveriam por toda a teoria em prática.
Os problemas surgem quando, o treino e a participação competitiva de crianças
e jovens tende a reproduzir e a adaptar os conhecimentos e formas de
organização do desporto de alto rendimento (com algumas adaptações
indispensáveis) (Marques, 1997); (Proença, 1998). Quando a valorização e
reconhecimento social dos mais jovens, através dos resultados competitivos, é
tanto maior quanto menores são as hipóteses de êxito do clube, nas
competições seniores (Proença, 1998). Quando para muitos treinadores,
dirigentes e pais, a vitória nas competições continua a ser o objectivo principal,
onde a procura do rendimento imediato impõe estratégias de treino que
produzem resultados a curto prazo, mas comprometem os resultados futuros e
frustram as expectativas de crianças e jovens, subvertendo toda a lógica da
formação (Marques, 1997).
Estes erros estão associados na maioria dos casos à especialização precoce e
ao abandono prematuro da prática desportiva. Erros cometidos em nome de
interesses inconfessados, por falta de preparação pedagógica e científica,
jamais poderão ser tolerados nos dias de hoje, pois os conhecimentos
científicos sobre a optimização dos pressupostos do rendimento e sobre o
desenvolvimento do indivíduo nas fases evolutivas mostram claramente que
nada se justifica para tal. A não ser a ignorância ou interesses reprováveis
(Marques, 1991). Por tal “não se peçam vitórias aos treinadores dos mais
jovens. No desporto, como em tudo, o tempo de formação é de preparação”
(Marques & Oliveira, 2002 pp65).
Marques (1997); Marques, (1991) sustenta que a preparação desportiva de
crianças e jovens não pode estar subordinada a interesses pessoais,
científicos, materiais e financeiros, ou a outros interesses, que, valorizando
exclusivamente o rendimento, poderão tornar a criança num instrumento de
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 24
preocupações que, para além de serem gravosas para os mesmos poderão
hipotecar o seu futuro desportivo.
Marques, (1991) refere que a preparação desportiva poderá ser um
pressuposto fundamental para o desenvolvimento harmonioso da criança e
também para a criação de condições para a optimização do rendimento
desportivo, desde que:
- Se realize em articulação com a escola;
- Seja enquadrada pelos melhores professores de desporto ou técnicos
desportivos;
- Tenha como referência axial a saúde física e mental da criança, o
respeito pela sua individualidade biológica, e a observância das
particularidades de cada especialidade desportiva.
O treino e a competição devem situar-se num quadro estrito de respeito pela
educação, formação e defesa dos interesses dos jovens atletas (Marques,
1999)
22..22..11 OO TTRREEIINNAADDOORR DDEE CCRRIIAANNÇÇAASS EE JJOOVVEENNSS
Treinar crianças e jovens é tudo menos uma tarefa fácil, pois trata-se de um
processo complexo de gerir, o que exige treinadores bem preparados. Não se
trata apenas de utilizar metodologias de treino que se coadunem com
experiências vividas como atletas ou plagiar o treino dos seniores. O processo
de formação que se prolonga por vários anos, para que tenha um requerimento
eficaz das mais valias pedagógicas, de extrema importância para o
desenvolvimento dos jovens e do desporto, requer e exige não apenas
treinadores qualificados no plano técnico – científico, como treinadores com
uma particular sensibilidade para as questões pedagógicas (Marques, 2002).
Marques, (2002) sustenta que para se ser treinador de crianças e jovens
existem três condições essenciais:
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 25
- Gostar do desporto em questão;
- Gostar de trabalhar com crianças e jovens;
- Estar preparado para um trabalho exigente, demorado e cujos
resultados não são “visíveis” e vão aproveitar a terceiros.
Lee, (1999) refere que, compete ao treinador:
- Ensinar as técnicas e organizar sessões de treino de acordo com o nível
de cada atleta;
- Proporcionar bastante tempo de prática;
- Definir objectivos individuais para cada jovem;
- Corrigir os erros e explicar de forma clara a forma de os ultrapassar;
- Apreciar as crianças pelo modo como evoluem e não por comparação
com os outros.
O treinador deverá proporcionar aos seus atletas uma formação completa, o
que significa que o mesmo tem, para além de tarefas desportivas estritas,
responsabilidades pedagógicas pelo presente e futuro das crianças que lhes
são confiadas. Tal exige conhecimentos sobre o desenvolvimento motor,
biológico, psíquico e social das crianças e jovens, mas também capacidade de
integração desses conhecimentos nas propostas da prática. Assim sendo a
formação desportiva exige técnicos qualificados (Marques, 1991;Marques,
1999).
O treinador terá de ter em mente que, os grandes resultados desportivos
dificilmente irão surgir à mercê de um trabalho a curto prazo, que a preparação
dos atletas é um processo longo, demorado e complexo, sendo necessário
contemplar diferentes etapas, subordinadas aos grandes objectivos do treino e
da preparação desportiva (Marques, 1985). Somente assim poderão surgir
campeões, na vida e no desporto.
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 26
22..22..22 EETTAAPPAASS DDEE PPRREEPPAARRAAÇÇÃÃOO
A preparação de um atleta para que mais tarde possa vir a ter expectativas de
rendimento elevado, é um processo a longo prazo. Um processo que
contempla várias etapas, das quais umas estão directamente relacionadas com
o rendimento e as restantes com ele indirectamente relacionadas, sendo
“causa” ou “consequência” do mesmo (Marques, 1985).
Etapas essas que deverão subsistir e se subdividir, não apenas por meros
aspectos organizativos mas sim por aspectos profundamente ligados às
ciências biológicas, médicas, humanas, sociais... que se coadunem com as
etapas do desenvolvimento ontogénico do ser humano ao mesmo tempo que
subordinam e integram os grandes objectivos do treino e da preparação
desportiva (Marques, 1985).
O autor subdivide as etapas de preparação de um atleta em: (Quadro II-1)
- Etapa de preparação preliminar;
- Etapa de especialização inicial ou de base;
- Etapa de especialização aprofundada;
- Etapa de performances maximais;
- Etapa de manutenção das performances;
- Etapa de manutenção do nível geral de treino.
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 27
Quadro II-1 – Grandes objectivos do treino e da preparação desportiva. (adap. de Marques, 1985)
Etapas Referências
prováveis Objectivos
Orientações metodológicas
dominantes Suas justificações
De preparação
preliminar
7/8 aos 11/12
anos
Criação dos
fundamentos da
prestação desportiva.
Optimização dos pré-
requisitos motores
Dominância de uma formação
geral-muitipla e diversificada.
Desenvolvimento das
capacidades desportivas gerais.
Incidência de trabalho em
volume.
Rápida maturação do
sistema nervoso:
desenvolvimento da
rede sináptica e
mielinização.
Evolução mais lenta
das outras estruturas
biológicas.
De
especialização
inicial ou de
base
11/12 aos 14
anos
Desenvolvimento e
aperfeiçoamento dos
fundamentos da
prestação. Introdução
de elementos que
condicionam de
forma directa o
rendimento.
Selecção inicial e inicio da
especialização.
Desenvolvimento das
capacidades motoras gerais.
Prática de uma 2ª modalidade.
Desenvolvimento gradual das
capacidades motoras
específicas. Predominância
ainda do treino geral e em
volume. Inicio da participação
em competições (11/13anos).
Competições simplificadas,
número reduzido, espaçadas.
Período Pré-
pubertário e
pubertário. Rápido
desenvolvimento de
certas estruturas (
morfológicas –
ósseas)
acompanhada de
uma forma mais
lenta das estruturas
orgânicas
(metabolismo
anaeróbio) e
muscular.
De
especialização
aprofundada
15 aos 18
anos
Aprofundamento e
direccionamento
mais específico da
preparação no
sentido do
desenvolvimento
acelerado dos
factores
determinantes do
rendimento.
Selecção intermédia.
Desenvolvimento sistemático e
com cargas progressivas
(volume e intensidade) das
capacidades motoras
determinante do rendimento de
uma forma directa. Maior
incidência do treino específico,
individualização progressiva do
treino e das competições.
Aumento da participação em
competições considerável.
Primeiras competições
internacionais (na fase final).
Progressiva
maturação e
consolidação de
todas as estruturas
(com particular
incidência as
orgânicas e
musculares)
relacionadas como
rendimento.
Martin et al. (2001), refere-se ao processo de treino a longo prazo subjugando-
o a três etapas, que constituem três níveis de treino:
- Formação geral básica;
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 28
- Treino de jovens:
• Treino dos fundamentos;
• Treino de consolidação;
• Treino de integração.
- Treino de alto rendimento.
O autor divide a formação desportiva em duas fases ou etapas fundamentais, a
primeira, formação geral, tem como objectivos melhorar de uma forma
diversificada o estado geral de rendimento desportivo e despertar um interesse
estável pela a actividade desportiva (mediante o conhecimento mais preciso de
uma modalidade) através de uma participação desportiva variada. A segunda,
treino com jovens, tem como principais objectivos, a melhoria a longo prazo do
estado de rendimento próprio de uma modalidade, até atingir o nível ideal para
que possa vir a integrar futuramente o treino de alto rendimento, estabilizar os
níveis de motivação dos atletas para a obtenção de um bom rendimento na
modalidade e participar eficazmente em competições dentro da categoria
correspondente a idade dos mesmos. Martin et al (2001) estabelece como
objectivos directores para cada secção de treino de jovens:
1- Treino de fundamentos:
- Alcançar um bom estado de rendimento geral – multilateral;
- Desenvolver capacidades básicas próprias da modalidade e aprender as
técnicas motrizes fundamentais da mesma;
- Conhecer e experimentar diversos métodos de treino específicos da
modalidade;
- Participar com êxito em campeonatos nacionais.
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 29
-
1- Treino de consolidação:
- Elevar o estado de rendimento próprio da modalidade;
- Dominar técnicas importantes da modalidade;
- Conhecer métodos de treino específicos da modalidade,
- Estabilizar a motivação para o rendimento dentro da modalidade;
- Participar com êxito em campeonatos nacionais.
2- Treino de integração
- Elevar novamente o estado de rendimento físico próprio da modalidade;
- Dominar com virtuosidade o repertório técnico específico da modalidade;
- Tolerar as cargas de treino necessárias aos distintos ciclos de treino;
- Participar com êxito em campeonatos nacionais e internacionais das
categorias de idades superiores, dentro do escalão jovem.
Do treinador de crianças e jovens é exigido conhecimento científico sobre o
desenvolvimento das mesmas, baseando-se em conhecimentos que derivam
das ciências biológicas, médicas, humanas, sociais etc., conhecimentos sobre
o desenvolvimento ontogénico do ser humano e um profundo conhecimento
sobre a modalidade. Só assim o treinador poderá responder as questões como:
Quando, como e porquê o desenvolvimento de determinadas capacidades e
conteúdos? Que estratégias serão mais apropriadas para tais
desenvolvimentos? etc.
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 30
22..22..33 FFAASSEE SSEENNSSÍÍVVEEIISS DDEE TTRREEIINNAABBIILLIIDDAADDEE
Martin, (1999) define fases sensíveis de treino como períodos limitados de
tempo na vida dos indivíduos, em que eles respondem de forma mais intensa
do que noutros períodos, a determinados estímulos do ambiente exterior.
O autor em questão, propõe um modelo de fases sensíveis de treinabilidade
durante a infância e a juventude (Quadro II-2), baseando-se na observação da
prática do treino e nos resultados de investigações nas ciências do desporto.
Quadro II-2 – Modelo das fases sensíveis de treinabilidade durante a infância e a juventude (adap. de Martin, 1999).
Capacidades Crianças Jovens
6/7-9/10 10/12-12/13 13/14-14/15 14/15-16/18
Aprendizagem das técnicas da
modalidade *** **** _ _
Reacção **** _ _ _
Ritmo **** **** _ _
Equilíbrio **** **** _ _
Orientação *** _ *** ****
Diferenciação **** **** _ _
Velocidade **** **** _ _
Força Máxima _ _ **** ****
Força Veloz *** **** _ _
Resistência Aeróbia *** *** *** ***
Resistência Anaeróbia _ ** *** ****
Martin (1999) refere que o momento ideal para a aprendizagem das técnicas
tem a sua primeira fase sensível entre os 8/9 anos, considerando esta a melhor
fase para o efeito, a segunda fase sensível ocorre durante a adolescência
12/13 anos, pois ocorre uma associação entre a técnica e a força onde poderá
ocorrer uma melhoria da performance mecânica dos movimentos.
O autor sugere os 7 anos e os 9 /10 anos, como os melhores para o
desenvolvimento das capacidades coordenativas.
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 31
Todas as formas de expressão da velocidade, têm a sua fase sensível durante
a infância, particularmente entre os 6/7 anos e os 9/10 anos (Martin, 1999). O
autor refere que, “no treino de crianças, a orientação de base deverá ser
prioritariamente para a aprendizagem e treino das diferentes manifestações da
velocidade”
Martin, (1999) considera a puberdade uma fase sensível, extremamente
importante para o treino da força máxima e da força resistente, devido ao
aumento destas capacidades neste período. Já a força veloz tem a sua fase
sensível entre 8/9 anos de idade.
A resistência aeróbia é treinável em todos os períodos, não se podendo, neste
caso falar de fases sensíveis de treino (Martin, 1999)
Já a resistência anaeróbia o autor salienta que esta capacidade se encontra
em constante transformação, sendo que o seu aumento se dá com a
maturidade dos pré-requisitos enzimáticos.
22..33 EEXXIIGGÊÊNNCCIIAASS FFÍÍSSIICCAASS EE FFIISSIIOOLLÓÓGGIICCAASS DDOO JJOOGGOO DDEE FFUUTTEEBBOOLL
O Futebol caracteriza-se por ser um desporto que requer a execução de
acções motoras de forma intermitente, com e sem bola, que variam
aleatoriamente de jogo para jogo, pois são determinadas pelas particularidades
de movimentação táctica exigidas em cada competição impondo aos
praticantes uma elevada intensidade de esforço (Bangsbo, 1993).
Soares (1998) refere que, as exigências do futebol podem ser classificadas em
termos de capacidades técnicas, tácticas, psicológicas e físicas. O autor
salienta que no entanto todos estes factores estão interligados, sendo de fácil
constatação o facto de um jogador mal preparado fisicamente estar mais
susceptível a erros de ordem técnica, por fadiga periférica, e de ordem táctica,
como provável origem na fadiga central. Daí a necessidade de se conhecer
com exactidão as exigências físicas impostas pela competição. Pois segundo o
mesmo autor, só a partir do conhecimento do esforço específico dos jogadores,
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 32
no plano táctico e estratégico da equipa, se podem programar treinos
correspondentes às suas necessidades.
As exigências energéticas – funcionais do jogo de Futebol, têm vindo a ser
avaliadas, a partir da actividade desenvolvida pelos jogadores durante a
competição (Garganta, 1999).
Os investigadores na tentativa de configurar o perfil energético – funcional do
jogo de Futebol, nas várias solicitações que este impõe aos jogadores, têm
traçado vários caminhos, Garganta (1999) refere que de acordo com a
literatura os mais explorados são:
- A caracterização de indicadores externos: distâncias percorridas,
duração, frequência, tipo de intensidade dos deslocamentos produzidos,
repartição dos esforços e pausas;
- A caracterização de indicadores internos: frequência cardíaca, lactato
sanguíneo e consumo máximo de oxigénio.
Através de vários estudos realizados nesta matéria foi se chegando a alguns
valores de referência, que se poderão revelar de extrema utilidade para a
estruturação do treino em Futebol.
Segundo Garganta (1999), um jogador de Futebol percorre em média, entre 7 a
12 km por jogo. Sendo que os jogadores em média realizam corridas a uma
intensidade sub – máximal em distâncias entre 5 a 15 metros (Rebelo, 1993).
Ekblom (1986) sugere que a maior diferença entre equipas de níveis distintos
não é a distância que os jogadores percorrem, mas a percentagem que o
fazem a grande intensidade.
Estes são alguns indicadores externos que os especialistas conseguiram
encontrar nos seus estudos. Quanto aos indicadores internos também se foram
realizando alguns estudos onde se chegaram a conclusões importantes.
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 33
Ao longo do jogo de Futebol, a frequência cardíaca situa-se à volta de 85% da
frequência cardíaca máxima (Bruyn-Prevost e Thilens, 1983 cit. Garganta,
1999; Ekblom, 1986), registando-se valores que poderão variar entre 160 bpm
e 180 btm (Bruyn-Prevost e Thilens, 1983 cit. Garganta, 1999).
Segundo Ekblom (1986) a intensidade média de uma partida de futebol
corresponde a 75-80% do Vo2 max (consumo máximo de oxigénio), estes
valores indicam que o metabolismo aeróbio no jogo de Futebol, é mais
importante do que o metabolismo anaeróbio (Maréchal, 1996).
A concentração de lactato sanguíneo segundo Bangsbo (1993), apresenta
valores variáveis de jogador para jogador, encontrando-se no entanto uma
concentração média de 4 a 7 mmol/l, no entanto em diferentes fases do jogo,
mediante a intensidade do mesmo, poderão vir a encontrar-se concentrações
de 11 a 15 mmol/l.
22..33..11 IIMMPPOORRTTÂÂNNCCIIAA DDOO TTRREEIINNOO AAEERRÓÓBBIIOO EEMM FFUUTTEEBBOOLL
Grant e Mc Milan (2001), justificam a importância de uma adequada
preparação aeróbia nos jogadores de futebol, pela elevada duração do jogo,
exigindo que os mesmos percorram 8 a 14 Km, a uma intensidade média de
cerca de 75% do seu Vo2 máximo. Tendo o sistema aeróbio uma contribuição,
de cerca de 90 % do total de energia requerida no jogo.
Segundo Bangsbo (1996), o treino aeróbio permite o aumento do Vo2 máx., o
que possibilita ao futebolista, realizar exercícios de alta intensidade, durante
um período mais prolongado de tempo, permitindo um elevado consumo de
oxigénio durante o jogo.
O treino aeróbio permite o aumento da utilização de gorduras, poupando as
reservas de glicogénio, de extrema importância para os esforços intensos,
promovendo assim o atraso da fadiga (Reylly, 1990; Soares e Rebelo, 1993).
Bangsbo (1994, 1996, 1999) refere como objectivos gerais do treino aeróbio, o
aumento da capacidade do jogador manter um ritmo de trabalho elevado
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 34
durante o decorrer do jogo, e a minimização do decréscimo técnico e das
falhas de concentração, provocadas pela fadiga no final do jogo.
O autor define, os seguintes objectivos específicos do treino aeróbio em
Futebol:
- Melhorar a capacidade do sistema cardiovascular no transporte de O2,
de modo que uma maior percentagem de energia necessária para o
exercício intenso possa ser fornecida de modo aeróbio, permitindo ao
futebolista realizar exercícios intensos durante mais tempo;
- Melhorar a capacidade dos músculos utilizarem O2 e assim oxidarem as
gorduras durante períodos de exercícios prolongados, poupando desta
forma as reservas de glicogénio muscular, permitindo a realização de
exercícios intensos durante o jogo;
- Aumentar a capacidade de recuperação após um exercício de alta
intensidade, diminuindo o tempo de recuperação do jogador para a
realização de um novo esforço.
O autor divide o treino aeróbio em três categorias:
- Treino de recuperação: envolve a realização de actividades ligeiras,
como corrida lenta ou jogos de baixa intensidade, situações que
permitam que o jogador recupere rapidamente, sendo adequado utilizar
este tipo de exercícios no dia seguinte ao jogo, após treinos
desgastantes, ou períodos em que tenha muitas sessões de treino e
jogos frequentes, sendo esta a forma de se evitar situações de
sobretreino;
- Treino aeróbio de baixa intensidade: visa o aumento da capilarização e
do potencial oxidativo do músculo, intervindo desta forma mais a nível
periférico (Bangsbo, 1996). A consequente utilização de substratos leva
ao aumento da resistência aeróbia, permitindo desta forma ao futebolista
realizar os esforços durante mais tempo (Bangsbo, 1994; Bangsbo,
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 35
1996), permitindo ainda que o jogador recupere com mais facilidade a
exercícios de alta intensidade (Bangsbo, 1994);
- Treino aeróbio de alta intensidade: também designado por treino da
potência aeróbia, visa a melhoria dos factores centrais, estando
estritamente relacionado com o aumento do VO2 máx (Bangsbo, 1996).
Este tipo de exercícios contribuem para o aumento da capacidade do
Futebolista realizar exercícios de alta intensidade durante períodos de
tempo prolongados (Bangsbo, 1994; Bangsbo, 1996).
Bangsbo (1994;1996; 1999) considera que o treino aeróbio deverá ser
realizado fundamentalmente com bola. Para que este tipo de treino tenha um
efeito benéfico na capacidade de trabalho aeróbio de um jogador, numa
actividade que deverá ter a duração de 15 a 90 minutos.
22..33..22 IIMMPPOORRTTÂÂNNCCIIAA DDOO TTRREEIINNOO AAEENNAAEERRÓÓBBIIOO EEMM FFUUTTEEBBOOLL
O treino anaeróbio origina o aumento da actividade da creatina quínase e das
enzimas glicolíticas, aumentando a taxa de produção de energia pela via
anaeróbia (Bangsbo, 1996). Melhorando a sincronização entre o sistema
nervoso e os músculos, e aumenta a capacidade de produção e remoção de
lactato (Bangsbo, 1994).
Bangsbo (1994, 1996, 1999) refere, como objectivo geral do treino anaeróbio,
desenvolver a capacidade de realizar repetidamente exercício de alta
intensidade, considerando, como objectivos específicos:
- Melhorar a capacidade de produzir potência rapidamente, de modo a
melhorar o rendimento das actividades intensas do jogo;
- Melhora a capacidade de produzir energia continuamente através da via
anaeróbia, permitindo ao futebolista realizar exercícios de alta
intensidade durante longos períodos de tempo;
- Melhorar a capacidade de recuperar após um período de exercício
intenso.
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 36
O autor, divide o treino anaeróbio, em treino de velocidade e treino de
resistência de velocidade. Sendo o treino de velocidade fundamental para o
atleta se impor às frequentes acções intensas e de curta duração do jogo,
estando desta forma a solicitar o metabolismo anaeróbio aláctico de alta
intensidade, o treino de resistência de velocidade, permite dar melhor resposta
nos períodos mais longos de alta intensidade, sendo a energia necessária
produzida principalmente pelo sistema anaeróbio láctico.
O treino anaeróbio deve ser realizado de modo intervalado, devido à elevada
intensidade dos exercícios (Bangsbo 1994; 1996; 1999).
O autor salienta, a importância de se treinar as categorias da resistência
anaeróbia, da forma mais aproximada possível da realidade do jogo, isto é
maioritariamente realizado através de exercícios com bola.
22..44 EESSTTRRUUTTUURRAA DDOO TTRREEIINNOO PPAARRAA CCRRIIAANNÇÇAASS EE JJOOVVEENNSS
O processo de formação é composto por um conjunto de etapas/estádios nas
quais o atleta poderá assimilar, desenvolver e consolidar diversas capacidades
(físicas, técnicas, tácticas e psicológicas). Estas componentes ou factores de
treino, adquirem uma determinada estrutura (substância e método) e dinâmica
(temporalidade) durante todo o processo de treino. Os treinadores da
formação, deverão confrontar-se no início de cada época desportiva, com um
conjunto de questões centrais (O quê? Como? Quando?). Responder a estas
questões deverá ser o objectivo de cada treinador de formação, modelando
assim as suas intervenções no treino às reais necessidades dos seus atletas,
contribuindo para um desenvolvimento e preparação desportiva adequada para
uma formação harmoniosa dos seus discípulos (Pinto et al., 2003). Os autores
antecedentes sabem que, nem sempre na prática isto se verifica, afirmando
que “frequentemente, a intervenção do treinador no treino dos mais jovens não
é sustentada por um planeamento de base cuidado, mas sim por um conjunto
de pretensões empíricas decorrentes de um défice da base conceptual”, tal
facto compromete a formação das crianças e jovens envolvidas no processo.
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 37
São vários os artigos científicos que alertam sobre a importância da qualidade
e eficiência do treino com crianças e jovens. No entanto, continua a saber-se
muito pouco acerca de qual deverá ser a estruturação e organização do treino
em crianças e jovens (Marques, 1989; Marques, 1991; Marques, 1993;
Marques, Marques 1999; Marques e col., 2000). Este facto deve-se em muito, à
abstinência e a inadequada utilização das bases teóricas na estruturação e
organização do treino por parte dos treinadores (Marques 1999; Marques e
col., 2000).
É importante salientar que o treino de criança e jovens, é pouco conhecido a
nível metodológico, porque os documentos de registro, se existem, na sua
maioria são de difícil análise (Marques e col., 2000), o que dificulta em muito o
trabalho dos investigadores. Contudo, realizaram-se alguns estudos científicos
no nosso país em desportos colectivos (Marques e col. (2000); Pinto e col.
(2001); Pinto e col. (2003); Santos (2001); Furriel (2002) que procuram
responder a questões que têm sido o foco de discussão entre os especialistas
(Marques e col., 2000). Discussões essas, que se centram em torno de
problemas como, qual deverá ser a estrutura e dinâmica da carga, quais os
meios, métodos e conteúdos de treino mais apropriados para o longo processo
de formação dos atletas. Procurando através da análise dos dossiers,
comparar os modelos de treino propostos pelos especialistas para as idades
em questão, referenciados na literatura da especialidade, com o que na
realidade se faz durante um plano anual de treinos. Desejando desta forma que
o conhecimento sobre a estrutura do treino em crianças e jovens se torne uma
realidade (Marques e col., 2000).
22..44..11 MMEEIIOOSS DDEE TTRREEIINNOO,, PPRREEPPAARRAAÇÇÃÃOO GGEERRAALL VVSS.. PPRREEPPAARRAAÇÇÃÃOO EESSPPEECCÍÍFFIICCAA
Os meios de treino revelaram-se ao longo do tempo, um tema bastante
interessante, mas também extremamente controverso entre os principais
especialistas da área do treino. Facto que se deve às diferentes posições
defendidas pelos mesmos quanto à importância que se deverá dar no treino,
aos meios de treino gerais e específicos. (Marques, 1989; Marques, 1990;
Marques, 1991; Marques e col., 2000). Surgiram desta forma duas teorias
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 38
contraditórias, por um lado uma que defendia a necessidade de não se
descontextualizar o treino dos mais jovens de problemas relevantes da
competição. Os defensores desta teoria argumentavam que as possibilidades
do organismo eram limitadas, sendo sustentada e recomendada uma rápida
especialização. Contrapondo a teoria anterior, desenvolvia-se a teoria da
formação multilateral, com o principio director do treino, no estádio de treino de
base, regia-se pedagogicamente pela directiva de que o treino deveria incluir
formas de actividade diversificadas, pois a formação desportiva multilateral era
considerada determinante para o processo de desenvolvimento e maturação
dos jovens atletas, o que não iria suceder com um treino estritamente
especializado (Marques, 1999).
Embora exista uma certa contraposição no que concerne à importância que se
deverá dar aos meios de treino de preparação geral e específicos, a maioria
dos autores defendem a tese de que, no início da preparação desportiva se
deverá dar uma maior importância aos meios de treino de preparação geral do
que aos meios de preparação especial. Importância, que deverá diminuir com o
aumento da idade e da especialização desportiva, por tal, a preparação geral
deverá ser tanto mais elevada quanto mais próximo se estiver da fase inicial de
preparação desportiva, essa importância tenderá a diminuir de uma forma mais
lenta à medida que o processo se aproxima da sua fase terminal (Marques,
1989; Marques e col., 2000).
Quadro II-3: Preparação Geral e Preparação Especial nas etapas de Preparação Desportiva em Futebol, Tschiene, in Prodente (1983). Adaptado de Marques, (1989).
Meio de Preparação 8-10 anos 10-12 anos Início Idade Rendimento
Prep. Geral (%) 35 30 25
Prep. Especial (%) 65 70 75
Quadro II-4: Preparação Geral e Preparação Especial nas etapas de Preparação Desportiva. Futebol, Stiehler et al. (1988). Adaptado de Marques, (1989).
Etapas de Preparação Idades (anos) P. Geral (%) P. Especial (%)
Treino de Base 10-14 50-30 50-70
Treino de Construção 15-18 39 61
Treino Evoluído 18-20 15 85
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 39
Torna-se inequívoca a importância da preparação geral no treino de crianças e
jovens, essencialmente no início da formação desportiva onde se deverá
procurar que através do treino, os praticantes adquiram os requisitos
necessários para que possam ter êxito nas restantes etapas de formação
desportiva. Marques e Oliveira (2001) sustentam que anterior à aquisição de
toda a estrutura complexa dos gestos e das acções desportivas deverá estar
uma cultura motora não especializada, constituída por um repertório de gestos
motores e comportamentos motores que se caracterizam por serem mais
simples, sem o qual não se evoluirá de forma eficiente e estável, no
aprofundamento do rendimento desportivo. Trata-se do reconhecimento por
parte dos especialistas que a forma desportiva não se faz na dependência
estrita, sistemática e exclusiva dos fundamentos da cultura da futura actividade
especializada. Aceitam-se como válidos os princípios da especialização
crescente, onde modelos mais avançados do desporto deverão funcionar como
elementos estruturantes da formação dos jovens desportistas.
As duas teorias “extremistas”, rápida especialização e formação multilateral,
cremos que deram origem a uma posição mais equilibrada e mais adaptada ao
processo de formação desportiva dos mais jovens, pois sustenta uma
orientação no sentido de um esforço da unidade entre o treino geral e o treino
especial, sendo esta orientação condicionada por uma maior especialização do
treino multilateral. Revelando-se não ser recomendável, no início da
especialização, recorrer a uma formação multilateral independente do desporto,
pois a formação multilateral deverá ser determinada pela estrutura do
rendimento (Marques, 1999).
Assim sendo, a rácio entre o treino geral e o treino especial deverá ter em
consideração os seguintes aspectos (Marques e col., 2000; Marques, 1999):
- As exigências de cada desporto em concreto;
- As características de cada fase de ontogénese;
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 40
- A necessidade de valorização ou de compensação de componentes
particulares;
-- As alterações do estado de treino no percurso da formação desportiva.
22..44..22 AA PPRREEPPAARRAAÇÇÃÃOO GGEERRAALL NNAA FFOORRMMAAÇÇÃÃOO DDEESSPPOORRTTIIVVAA DDOOSS JJOOVVEENNSS
FFUUTTEEBBOOLLIISSTTAASS
Num estudo recente realizado por Marques e col. (2000), sobre a estrutura do
treino de jovens atletas Portugueses, os autores concluem que é muito
provável que os treinadores estejam a dar uma prematura e excessiva
importância aos meios de treino específicos nas fases de preparação
desportiva iniciais. Onde os resultados do estudo revelam que, na faixa etária
dos 10-12 anos, a razão entre a preparação geral e especifica é de 1: 2,3.
É importante que os mais jovens durante a sua formação desportiva obtenham
o máximo de experiências motoras que lhes garanta um repertório motor rico,
assim como, um bom desenvolvimento das suas capacidades físicas e
psicossociais para que possam de futuro poder ter êxito no desporto de
rendimento. No futebol assim como nos restantes jogos desportivos colectivos,
por ser uma prática desportiva que consente uma variedade de gestos e
solicitações bem mais rica que a dos desportos baseados em estruturas
gestuais e motoras, cíclicas, estreitas e fechadas, deverá obter-se a
especialização num momento mais tardio. Garantindo desta forma melhores
bases para a especialização futura (Marques, 1999).
São vários os autores (Bompa, 1986; Queiroz 1986) que consideram que na
idade dos máximos rendimentos, a estagnação ou uma reduzida elevação do
rendimento e o aparecimento de lesões, se poderão dever em grande parte, ao
facto de no processo de treino se aplicarem poucos exercícios de carácter
geral. Trata-se de um problema que carece aos treinadores resolver uma vez
que, a cada vez mais reduzida actividade motora nos períodos pré-escolar e
escolar, afecta particularmente o normal desenvolvimento de pressupostos
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 41
coordenativos que constituem um suporte essencial da capacidade de
prestação desportiva (Marques, 1999).
Cabe aos treinadores a responsabilidade de estruturar e organizar todo o
processo de treino, utilizando um conjunto de exercícios, pois estes são os
meios fundamentais que estes possuem para definir, direccionar e modificar o
processo de formação e desenvolvimento dos jogadores (Castelo, 1996).
Queiroz (1986); Castelo (1996), consideram o exercício como uma estrutura de
base de todo o processo responsável pela elevação do rendimento do jogador
e da equipa e, como tal, uma parte significativa do rendimento global, e
naturalmente do sucesso obtido no treino, depende directamente da qualidade
e, em ultima instância, da eficácia do próprio exercício.
22..44..33 OO EEXXEERRCCÍÍCCIIOO NNOO PPRROOCCEESSSSOO DDEE TTRREEIINNOO
“A noção de treino na linguagem corrente emprega-se nos mais diversos
domínios e mais frequentemente designa um processo, que pelo exercício, visa
atingir um nível mais ou menos elevado segundo os objectivos que se tem em
vista” (Weineck 1986).
“A unidade elementar do processo de treino é o exercício. Este é destinado ao
desenvolvimento de uma qualidade. É o modo de relação entre os diferentes
exercícios que constitui a estrutura da sessão (Platonov, 1988) ”.
Matveiev (2001), generaliza ao afirmar que “o termo exercício de treino em
teoria e metodologia do desporto costuma denominar-se a reprodução regulada
das acções racionais (por separado ou em conjunto), que se regulamenta por
princípios de consecução do efeito e da actividade preparatória. O efeito do
exercício pode expressar-se em certas condições no ensino dos modos
racionais de execução das acções e no seu aperfeiçoamento, no
desenvolvimento das propriedades físicas e psíquicas do indivíduo, que se
expressam na realização das acções, e no aumento, conservação e
recuperação do nível de capacidade para actuar”.
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 42
Segundo Garganta (2002), o exercício no processo de treino, procura induzir,
nos praticantes, os modelos de comportamentos desejados, no sentido de
esses permitirem materializar a concepção de jogo preconizada.
Já Castelo et al. (2000), sustentam que o exercício deve ser encarado como o
meio fundamental para todo o processo de treino, tendo o professor / treinador
o poder de definir, orientar e modificar o processo de formação e
desenvolvimento, ou seja, de transformação do(s) praticantes(s), sem o qual
não é possível que estes respondam de forma adequada e eficaz às exigências
que a competição em si encontra.
Para os especialistas na matéria, tais como, Weineck (1986), Bompa (1990),
Teodorescu (1984, 1987), Matveiv (1977), o exercício de treino é o meio
prioritário e operacional de preparação dos praticantes e das equipas,
consubstanciando as adaptações físicas, técnicas, tácticas, psicológicas e
sociológicas fundamentais para a consecução de um elevado desempenho
quando em confronto directo (Castelo et al., 2000).
Para Bompa (1983) citado por Queiróz (1986), o exercício é, na estrutura do
treino, “um acto motor sistematicamente repetido, representando o principal
meio de execução do treino, tendo em vista a elevação do rendimento”.
Teodoresco (1984), Queiroz (1986), Castelo (2003), consideram que o
exercício é o principal meio de preparação dos jogadores e das equipas.
Castelo (2003), refere que o aspecto nuclear de qualquer processo de
planificação e organização na preparação competitiva dos jogadores ou das
equipas, nos seus diferentes níveis temporais (a curto, médio e longo prazo) e
nos seus diferentes níveis de aperfeiçoamento (aprendizagem,
desenvolvimento e especialização) é alicerçado na prática sistemática de um
conjunto (mais ou menos alargado) de exercícios de treino de carácter
dinâmico e inovador cuja estrutura determina muito concretamente a:
1. Orientação da actividade do jogador e da equipa numa direcção
cujos objectivos são válidos e preestabelecidos.
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 43
2. Concepção de conteúdos de treino que conciliem
convenientemente o nível do jogador com lógica interna do jogo
de futebol.
3. Aplicação de formas de treino apropriadas relativamente à
contextualização das situações competitivas.
4. Elaboração coerente dos níveis de prestação a atingir pelo
jogador ou pela equipa em cada momento da sua preparação
desportiva.
5. Criação de elevados níveis de motivação que suportem o
interesse, o empenho e a vontade do jogador em percorrer
“caminhos” e “suportar” tarefas que se constituem à partida
como construções hipotéticas (mesmo quando estas já foram
anteriormente testadas) as quais não garantem a
eficácia/eficiência de forma a impedir o insucesso, ou por outras
palavras, garantir sempre o sucesso que desse processo
poderá resultar.
Naturalmente o sucesso obtido em treino e em competição está em relação
directa com a eficácia do próprio exercício (Castelo et al., 1998).
Harre (1981) citado por Queiroz (1986), considera que os exercícios são o meio
mais importante para a elevação dos rendimentos desportivos. Estes têm de
responder às metas e tarefas do processo de treino e não devem ser elegidos
e aplicados sem ordem. A utilidade de um exercício no treino desportivo resulta
exclusivamente do seu aproveitamento para o desenvolvimento do rendimento.
Para Teodoresco (1984), o exercício deve reproduzir, parcial ou integralmente,
o conteúdo e a estrutura do jogo, que consiste em acções individuais e
colectivas entre jogador, companheiros, bola, campo de jogo, equipamentos
regulamentares e – especialmente – o objectivo a atacar (baliza). A presença
destes factores (ou apenas de uma parte deles) e a sua sucessão determina
estruturas diversas do sistema de relações individuais e colectivas de
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 44
colaboração e de antagonismo, dando ao mesmo tempo especificidade e
identidade ao exercício considerado. Para Dietrich (1979) e Teissie (1969), os
exercícios só adquirem significado para os jogadores, se considerarmos o jogo
de futebol na sua totalidade.
O exercício é, em última análise, a estrutura de base de todo o processo
responsável pela elevação, mantimento e redução do rendimento dos
praticantes. Naturalmente, o sucesso obtido em treino e em competições está
em relação directa com a eficácia do próprio exercício (Castelo, 2003).
Os exercícios de treino devem conter a essência do jogo, em que cada
exercício proposto, deve reproduzir fielmente a operacionalização das
características do jogo formal, dimensionando as componentes físicas,
técnicas, tácticas, de decisão, sistematizando os comportamentos dos
jogadores em jogo (Vasques, 2003).
22..44..44 EESSPPEECCIIFFIICCIIDDAADDEE DDOO EEXXEERRCCÍÍCCIIOO DDEE TTRREEIINNOO EEMM FFUUTTEEBBOOLL
O treino em futebol muitas vezes é repartido em preparação física e
preparação técnico táctica, onde a preparação física engloba a metodologia do
atletismo (Gregson e Drust, 2000) e a parte técnico / táctica engloba situações
de jogo, não se considerando muitas das vezes os efeitos energéticos que
essas situações poderão produzir nos atletas (Chanon, 1994).
O Jogo não se deve dividir em diversas componentes, ou poderá se correr o
risco de se desvirtuar a sua natureza fundamental (Queiroz, 1986). Pois apesar
de em termos didácticos se poderem considerar as componentes física,
técnica, táctica e psicológica no treino, o mesmo deverá ser abordado
globalmente, através de formas jogadas (Ferreira e Queiroz, 1982).
Teodoresco (1983), salienta a importância da criação de exercícios que
produzam parcial ou integralmente o conteúdo e a estrutura do jogo, isto
significa que o treino deverá incluir preferencialmente situações fundamentais
do jogo (Nunes e Gomes – Pereira, 2001).
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 45
Os últimos desenvolvimentos na teoria do treino apontam para uma crescente
especificidade, ou seja, para uma maior aproximação dos conteúdos e métodos
de preparação às exigências da competição (Seirul-lo, 1987; Tschiene, 1990;
Thiesse, 1995; Silva, 1998; Verkonshanskij, 2001; Bezerra, 2001).
No desporto moderno, a especialização segue uma via de profundo
aperfeiçoamento, regra geral, numa única espécie escolhida de exercícios
competitivos ou num pequeno número de espécies muito próximas, quer em
provas entre dois adversários quer em provas entre conjuntos (como
modalidades desportivas) (Matvéiv, 1991). O mesmo autor sustenta que “os
exercícios competitivos da modalidade escolhida desempenham um papel
extremamente importante no treino, porque sem eles, é impossível reconstituir
os requisitos específicos que cada modalidade impõe ao atleta e estimular,
assim, a consecução de um determinado nível de treino”.
“A funcionalidade específica dos diferentes sistemas orgânicos do praticante
traduzidas pelas suas prestações desportivas, são condicionadas por pressões
adaptativas específicas, determinadas por exercícios específicos os quais, por
sua vez implicam a existência de um treino específico” (Castelo, 2002).
Carvalhal (2002), define especificidade como uma palavra polissémica, em que
para muitos, especificidade é, após uma caracterização das exigências do jogo
de futebol nos aspectos físicos, treinar essa componente específica
isoladamente, para outros é, após a observação do jogo, quantificar as acções
técnicas: remates, passes, etc., treinar estes aspectos específicos de forma
isolada e garantir uma adaptação. Definindo-a como um efeito coordenador de
todo o trabalho. A especificidade não pode ser considerada como um fim em si
própria, mas sim, como pressuposto fundamental na conceptualização e
estruturação dos exercícios de treino cujo o desenvolvimento suportará no
futuro, modelos de treino distintos que reproduzem total ou parcialmente, para
cada modalidade desportiva em diferentes dimensões (por exemplo: técnico,
técnico-tácticos, de ambiente, etc), construídos à semelhança (isomórfica ou
analógica) da realidade competitiva (Castelo, 2002).
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 46
O princípio da especificidade refere que os programas motores revelam
particularidades singulares e que a sua adaptação é específica e está ligada à
tarefa ou actividade realizada (McGwon, 1991). Por isso, os exercícios de
treino devem procurar uma elevada transferência das acções seleccionadas
para o jogo (McGwon, 1991; Garganta, 1998 e 1999a). Pelo contrário, a não
especificidade do exercício de treino pode condicionar a transferência dos
programas motores adequados para o jogo, bem como aumentar a dificuldade
de melhorias posteriores a esse nível (Castelo, 2000).
“O exercício de treino é específico quando consubstancia uma estrutura
(objectivo, conteúdo, forma) que no seu conjunto provoca adaptações de base
que estão na origem da elevação do rendimento dos jogadores e das equipas”
(Castelo, 1996).
O treino, ou situações de treino, só são verdadeiramente específicos quando
houver uma permanente e constante relação entre as componentes técnicas-
tácticas individuais e colectivas, psico-cognitivas, físicas e coordenativas, em
correlação permanente com o modelo de jogo adoptado e respectivos
princípios que lhe dão corpo (Vasques, 2003).
O treino para ser específico deve simular numa determinada dimensão (macro
ou micro) os princípios do modelo de jogo adoptado, Oliveira (1991) define que
“só se poderá chamar especificidade à especificidade se houver uma
permanente e constante relação entre as componentes psico-cognitivas,
tácticas-técnicas, físicas e coordenativas, em correlação permanente com o
modelo de jogo adoptado e respectivos princípios que lhe dão corpo”.
O exercício deve-se identificar o mais possível com o tipo de jogo pretendido
pelo treinador componentes técnica e táctica – por outro lado, ele deve
contemplar as capacidades físicas – velocidade, força, resistência e
flexibilidade específicas do futebol – subjacentes ao desenvolvimento do
mesmo (Bezerra, 2001).
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 47
Esta nova filosofia de treino contempla a necessidade de se criarem exercícios
que reproduzam as condições de variabilidade do jogo (Queiroz, 1986), para
que exista uma grande identificação com o modelo de jogo pretendido pelo
treinador, contemplando as capacidades físicas a ele subjacentes (Bezerra,
2001), onde o desenvolvimento das capacidades físicas deverá ser realizado
através de formas jogadas num ambiente próximo do da competição (Ferreira e
Queiroz, 1982; Nunes e Gomes – Pereira, 2001).
Bangsbo (1994) salienta a dificuldade em organizar estes tipos de exercícios,
pois requerem a disponibilização de mais tempo na sua organização e mais
imaginação, assim como, a precedente avaliação para verificação do
cumprimento dos objectivos do exercício. Tornando mais simples para o
treinador o desenvolvimento físico separado das situações técnico tácticas.
Embora seja mais complexa a organização deste tipo de exercícios, as
vantagens são bastantes, para que se possa abdicar dos mesmos e utilizar a
metodologia tradicional, segundo Gregson e Drust (2000) as vantagens são as
seguintes:
- Adaptações musculares específicas às solicitações da competição;
- Maior disponibilidade de tempo para desenvolver outros aspectos de
performance física que necessitam de treino mais específico (força,
potência e flexibilidade),
- Aumento da motivação dos jogadores no treino.
22..44..55 TTAAXXOONNOOMMIIAA DDOOSS EEXXEERRCCÍÍCCIIOOSS DDEE TTRREEIINNOO
A classificação dos exercícios de treino é determinante para todo o processo
de treino. Por tal, foram vários os especialistas do treino que sentiram a
necessidade de os classificar. Muitos autores procuram classificar os exercícios
de treino, de uma forma variada e para várias modalidades com respectivas
adaptações.
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 48
Numa tentativa de uniformização, Bragada (2000), tenta adaptar as
classificações já existentes, numa classificação mais simples, de fácil
compreensão e aplicabilidade em todas as modalidades desportivas, tendo em
conta as três componentes do treino: condicional, técnica e táctica. Desta
forma o autor pretende uma classificação racional e funcional, na qual os
exercícios se associam aos fins e objectivos do treino, no contexto que
realmente os justifica – o da respectiva modalidade. Tendo por base três
critérios de referência:
- O exercício específico da competição (modalidade);
- Forma interna: características particulares do sistema neuromuscular e
metabólico;
- A forma externa: sequência dos movimentos.
O mesmo autor classifica os exercícios como:
a) Competitivos – prática das competições, em condições reais ou
simuladas;
b) Específicos – formas externas muito similares à sequência de
movimentos competitivos, mas que apresentam desvios nas
características da carga e/ou apenas abordam alguns elementos
ou combinações complexas da competição. Podem privilegiar
aspectos condicionais, coordenativos ou tácticos;
c) Dirigidos – solicitam os grupos musculares responsáveis pelo
rendimento competitivo, e/ou as capacidades coordenativas que
lhe estão na base.
d) Gerais – todos os restantes não compreendidos nas situações
O quadro que se segue representa uma síntese de Bragada, (2000), da
classificação de exercícios de treino realizada por vários autores especialistas
na matéria.
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 49
Quadro II-5: Síntese de vários autores com Classificação de Exercícios de Treino Bragada (2000). Autor Critério Classificação Caracterização
Bompa (1994)
Estrutura e forma do exercício
1. Desenvolvimento físico geral; 1.1. Exercícios sem cargas
adicionais (calisthenics) – de acção indirecta;
1.2. Exercícios baseados em jogos relacionados com a
modalidade. 2.Específicos de desenvolvimento de capacidades biomotoras (exercícios de acção directa). 3. Exercícios seleccionados de determinado desporto.
1. Preparação física Geral: condicional e coordenativa. 2. Desenvolvimento e preparação específica e aprendizagem de habilidades técnicas específicas da modalidade. 3. Elementos e variantes de tarefas específicas da modalidade (ou simulação da competição ou de algumas componentes).
Verjoshanski (1990)
Especificidade do exercício e potencial
de treino (semelhança externa; tipo de
contracção muscular; mecanismos de
produção de energia.
1.Preparação geral condicional. 2. Preparação condicional específica.
1. Formação física geral (multilateral) e para activação dos processos de recuperação. 2. Aumento do nível de capacidade específica do organismo.
Weineck (1986 e 1988)
Finalidade Economia Eficácia
1.Desenvolvimento geral. 2. Exercícios especiais. 3. Exercícios de competição.
1. Bases para a especialização progressiva (melhoria das capacidades (e habilidades) técnicas e tácticas; e factores psicológicos) 2. Construídos a partir dos anteriores (melhoria de rendimento) 3. Complexos, em relação directa com a modalidade (afinação da totalidade do rendimento desportivo).
Matvéiv (1986)
Semelhança com a modalidade
(competição)
1.Competitivos 1.1. Propriamente ditos 1.2. Formas de treino de exrc. Competitivos
2. Preparação especial 2.1. Preliminares 2.2. De Desenvolvimento
3. Preparação geral
1. Acções completas (combinadas e/ou complexas) 1.1. Condições reais da competição 1.2. Simulação da competição ou de acções da competição 2. Elementos das acções competitivas, suas variantes e acções semelhantes na forma e capacidade solicitadas. Criação de pré-requisitos do domínio da técnica. 2.1. Domínio dos gestos técnicos. 2.2. Desenvolvimento das capacidades físicas. 3. Preparação geral (multilateral) do atleta; Formação de aptidões de suporte e auxiliares do rendimento. Meio de educação de capacidades. Factor de repouso activo.
Especificamente para o futebol, alguns autores especialistas na matéria
realizaram a sua classificação tendo em conta as classificações realizadas por
outros autores adaptando-as à modalidade em questão.
Queiroz (1986), definiu a seguinte classificação de exercícios tendo em
atenção um conjunto de reflexões de outros autores, no domínio específico do
treino de futebol:
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 50
1. Os Exercícios fundamentais: são todas as formas de jogo que incluem
a finalização como estrutura elementar fundamental; ou seja são todos
os exercícios em que, qualquer que seja a forma, a estrutura e a
organização da actividade, a finalização (obtenção de golo), representa,
no domínio das tarefas definidas, a meta fundamental a atingir. Este tipo
de exercícios contempla três formas fundamentais distintas:
i. Forma Fundamental I – ataque sem oposição sobre uma baliza;
ii. Forma Fundamental II – ataque contra defesa sobre uma baliza;
iii. Forma Fundamental III – ataque contra defesa sobre duas balizas.
2. Os Exercícios complementares: são todos aqueles em que, qualquer
que seja a forma ou a estrutura organizadora da actividade, não incluem
como estrutura de base fundamental a finalização; estes exercícios
podem ser ainda caracterizados pelas:
i. Formas integradas – são exercícios que incluem elementos de dois
ou mais factores de preparação;
ii. Formas separadas – são aqueles que incluem elementos de um
factor de preparação e se desenvolvem fora das condições de jogo.
Corbeau (1989), perspectivando o ensino e o treino de Futebol através de uma
forte ligação ao jogo, propõe uma classificação com quatro tipos de exercícios:
1. Exercícios simples – são executados sem oposição e
permitem abordar os gestos técnicos simples;
2. Exercícios intermediários – são realizados numa zona do
terreno precisa e constituem-se pela soma de dois ou mais
exercícios simples, tendo como objectivo um encadeamento
técnico mais próximo do jogo;
3. Exercícios complexos – são formas de trabalho que se
aproximam das condições reais do jogo e prevêem a
presença de adversários;
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 51
4. Jogo de Aplicação – o jogo é omnipresente e apresenta
uma maior similaridade com o jogo formal.
Para Godik e Popov (1993) os exercícios de treino para os futebolistas dividem-
se em:
1. Exercícios especializados, cuja sua aplicação influencia
simultaneamente todos os aspectos da preparação dos
futebolistas;
2. Exercícios não especializados, através dos quais dos quais é
possível desenvolver algumas capacidades motoras dos
futebolistas. Os mesmos autores propõem ainda uma subdivisão
para os exercícios especializados: i) Situacionais, que pretendem
imitar as situações reais do jogo e, por isso, caracterizam-se por
um maior efeito de treino, sobretudo se criam e materializam
situações de finalização;
ii) standard, cuja execução não requer soluções de problemas
tácticos.
Castelo (2003), faz a classificação dos exercícios de treino em função da sua
especificidade. Numa avaliação preliminar e essencial o autor estabelece dois
grandes tipos de exercícios de treino: (1) os de preparação específica e, (2)
os de preparação geral. Definindo no entanto dois grandes tipos de exercícios:
- os exercícios de preparação específica são conceptualizados na base
de uma estrutura e de uma natureza, que estabelece uma relação de
correspondência dinâmica cujas: (1) atitudes, (2) comportamentos motores, (3) regime de funcionamento orgânico do praticante e, (4)
o respeito pelos regulamentos, devem ser similares ou idênticos aos
contextos competitivos que cada modalidade desportiva em si encerra.
- os exercícios de preparação geral que são caracterizados,
contrariamente aos exercícios de preparação específica, por não
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 52
apresentarem semelhanças com os contextos situacionais que derivam
da competição do jogo de futebol.
Partindo deste pressuposto Castelo (2003) estabeleceu um edifício taxonómico
dos exercícios de treino consubstanciando à partida, três níveis fundamentais:
1. Os exercícios de preparação geral;
2. Os exercícios específicos de preparação geral;
3. Os exercícios específicos de preparação.
A partir dos três níveis fundamentais considerados, procede à sua
caracterização, apontando critérios de diferenciação para:
• (1) Os exercícios de preparação geral – na prática são todos os
exercícios que, para o exemplo estabelecido (jogos desportivos) não
incluem a utilização da bola, como centro de decisão mental e acção
motora do praticante;
• (2) Os exercícios específicos de preparação geral – são todos os
exercícios realizados em contextos situacionais “rudimentares”
relativamente às condições objectivas em que se realiza a competição
desportiva de uma dada modalidade. (…) Uma relação primordial do
praticante com a bola sendo este elemento determinante da sua
acção conjunta com um reduzido número de companheiros e
adversários. (…) Estes exercícios não envolvem a concretização do
objectivo fundamental do jogo, no caso do futebol o golo da baliza
• (3) Os exercícios específicos de preparação – devem construir-se
como núcleo central da preparação dos praticantes. Só com
exercícios que derivam da contextualidade situacional do jogo é que é
possível manter a “tensão dramática” do próprio jogo. Logo os
exercícios específicos de preparação devem ser construídos de forma
que os praticantes sintam que estes derivam verdadeiramente da
lógica estrutural da modalidade desportiva que escolheram.
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 53
A proposta de grelha taxionómica de Castelo (2003) (Quadro, II-6), dos
exercícios de treino, tem como critério de classificação um elemento
fundamental do jogo, na mudança das escolhas e objectivos tácticos
momentâneos de cada equipa – A Bola.
Quadro II-7 – Grelha Taxionómica de Classificação dos Exercícios de Treino (Castelo, 2003) Grelha Taxionómica Proposta por Castelo (2003)
de Classificação dos Exercícios de Treino
1. Exercícios de Preparação Geral “são todos os exercícios que não incluem a utilização da
bola, como centro de decisão mental e acção motora do
jogador”
1. A. Exercícios de corrida contínua ou variável
1. B. Exercícios que procuram aumentarem a taxa de produção de força. (…) São construídos na base das diferentes
formas de manifestação da força. (Exemplo: abdominais, Flexões/extensões de braços)
1. C. Exercícios de velocidade. (…) Procuram melhorar as diferentes formas básicas de manifestação da
velocidade…” (Exemplo: velocidade de reacção, capacidade de aceleração, velocidade em distância curta, …)
1. D. Exercícios que procuram melhorar ou manter os níveis de flexibilidade.”
2. Exercícios Específicos de Preparação Geral
“Estabelecem a relação do praticante com a bola mas
não envolvem a concretização do objectivo fundamental
do jogo, isto é (…) o golo na baliza adversária.”
2. A. Situações de treino das acções técnicas individuais. Através de circuitos técnicos em que cada jogador com a
sua bola executa um conjunto de estações técnicas específicas, diferenciadas pelo programa motor e pela sua
velocidade de execução.
2. B. Situações de treino das acções técnicas em grupo. (a dois, três, quatro, etc.), através das quais as acções de
passe são realizadas com diferentes trajectórias, situações de duelo, 1x1, 2x2…
2. C. Exercícios de posse de bola. Organizados para dois grupos de jogadores.
2. D. Exercícios para potenciar a acção técnica de um ou mais jogadores. “… São organizados para que um ou mais
praticantes terem de receber constante e permanentemente a bola por forma, por um lado, a pressioná-lo na sua
decisão, e por outro lado, constituírem-se como alvos em que os seus companheiros terão continuamente que
solicitar.”
2. E. Exercícios de dominante técnico – lúdico – recreativa (Exemplo: ténis – futebol, meiínho, …)
3. Exercícios Específicos de Preparação
“…devem ser construídos para que os jogadores sintam
que estes derivam verdadeiramente da lógica estrutural
da modalidade desportiva…”
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 54
Quadro II-7 – Grelha Taxionómica de Classificação dos Exercícios de Treino (Castelo, 2003) (Cont.) Grelha Taxionómica Proposta por Castelo (2003) de Classificação dos Exercícios de Treino (Cont.)
3. A. No primeiro nível, os exercícios específicos de treino caracterizam-se pela acção ofensiva de um ou mais
atacantes que desenvolvem as suas acções até finalizarem (…) sem haver oposição de defesas. (…) Constroem-se
sobre uma baliza (…) com um ou mais atacantes e sem oposição defensiva. (a sua fórmula base varia de 1x0+GR
…até 10x0+GR).
3. B. No segundo nível, caracterizam-se pela acção ofensiva de um ou mais atacantes que desenvolvem as suas
acções até finalizarem (…) com oposição de defesas, que estarão em igualdade, inferioridade ou superioridade
numérica. (…) Constroem-se sobre uma baliza (…) com um ou mais atacantes e com oposição defensiva. (a sua
fórmula base varia de 1x1+GR … até 10x10+GR)
3.C. No terceiro nível, caracterizam-se pelo facto de quem ataca poder perder a posse da bola e por essa razão ter de
defender a sua baliza (…) pois irá sofrer o ataque de quem estava a defender. (…) Constroem-se sobre duas balizas
em que os jogadores têm de desenvolver permanentemente atitudes e comportamentos técnicos / tácticos de cariz
ofensivo e defensivo. (a sua fórmula base varia de GR+1x1+GR … até GR+10x10*GR).
3.C1. Jogos Treino
3. D. Situações de bola parada (esquemas tácticos)
Ramos (2003), propõe uma taxionomia próxima à do Castelo (2002),
considerando-a a partir de critérios para as categorias dos exercícios que serão
considerados em:
a) Exercícios essenciais, onde inclui o elemento essencial do jogo
“atirar à baliza / defender a baliza”;
b) Exercícios Complementares:
- Exercícios complementares especiais com oposição, não tem como
finalidade (próxima, nem última) “atirar à baliza/defender a baliza”, são
realizados com a bola, mas as acções são realizadas “em condições de
adversidade”, com oposição de objectivos do(s) adversário(s);
- Exercícios complementares especiais sem oposição, não têm como
finalidade (próxima, nem última) “atirar à baliza/defender a baliza”, são
realizados com bola, e as acções são realizadas livres de adversário (s).
c) Exercícios gerais “não incluem bola”.
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 55
22..44..66 EESSTTRRUUTTUURRAA DDAA CCAARRGGAA DDEE TTRREEIINNOO
Marques et al. (2000), afirmam ainda não ser possível nos tempos que
decorrem construir um modelo teórico sobre a dinâmica da carga no processo
de treino, que contribua de uma forma positiva, para o longo percurso de
desenvolvimento e formação dos atletas. No entanto, os autores em questão
aceitam como principal orientação para o processo de treino, no que concerne
à gestão organização e estruturação da dinâmica das cargas, o aumento
progressivo das componentes da carga (volume, intensidade, frequência e
densidade). Entre os especialistas na matéria é relativamente consensual o
princípio que se rege pelo aumento da carga de treino através do volume, no
entanto, este aumento está condicionado pelas obrigações escolares dos
atletas, sendo assim essencial melhorar, progressivamente a eficácia das
cargas de treino utilizadas, conseguindo para um mesmo tempo de treino uma
melhor qualidade (Marques e col., 2000).
22..44..77 CCAARRGGAA DDEE TTRREEIINNOO EE CCOOMMPPEETTIIÇÇÃÃOO EEMM CCRRIIAANNÇÇAASS EE JJOOVVEENNSS NNOOSS
DDEESSPPOORRTTOOSS CCOOLLEECCTTIIVVOOSS
No que concerne à carga de treino e competições anuais para crianças e
jovens nos desportos colectivos, estudos recentes realizados no nosso país
(Quadros II-8, II-9 e II-10), demonstram que o número de cargas de treino e
competição aumentam segundo o escalão etário, o que é sustentado pela
literatura da especialidade (Marques e col., 2000; Pinto e col., 2001; Pinto e
col., (2003), sendo esta realidade apoiada pelo principio da do aumento
sistemático da carga (Pinto e col. 2003). No entanto, os valores encontrados,
em comparação com estudos realizados noutros países, são inferiores (Quadro
II-11), o que leva Marques e col. (2000) a afirmarem que os jovens
Portugueses na faixa etária 13-15 anos, poderão estar a treinar menos do que
o que deveriam.
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 56
Quadro II-8: Valores médios de treino (número de sessões, dias de treino no ano e frequência de treino), competições (oficiais e de preparação) e proporção entre unidades de treino / competições (adapt. de Marques e col., 2000; Santos, (2001; Pinto e col., 2001)
Escalão Etário
Treino Competições Proporção
Treino/competição Autor Unidades/
ano Dias/ano Frequência Oficiais Não oficiais Total
10 / 12 13 / 15
81.7 93.4
229.7 232.1
2.5 2.8
25.5 20.5
5.8 3.7
31.2 24.3
2.6:1 3.8:1
Marques e col. (2000)
12 / 14 15 / 19
104.6 136.3
264.6 271
2.75 3.49
20.6 30
5 6.3
25.6 36.3
3.6:1 3.8:1
Santos (2001)
12 /14 116.14 279.43 3.00 23.29 7.00 25.29 4.88:1 Pinto e
col. (2001)
Quadro II-9: Valores de treino para: n.º sessões, média de horas por semana, duração média, horas por época e total de unidades (Pinto e col., 2003) Época/escalão Sessões/semana Horas/semana Duração treino Horas/ano Total Autor
88/89/
Iniciados 3.2 5.24 98.32 204.4 126
Pinto e
col.
(2003)
89/90/
Iniciados 3.5 5.66 96.96 226.4 140
90/91
Cadetes 4 7.2 107.4 263.1 147
94/95
Cadetes 4.2 7.6 118.6 298.5 151
Quadro II-10: Carga de treino e competição: n.º de competições oficiais, não oficiais e relação treino/competição (Pinto e col., 2003)
Época/escalão Competições
Relação treino/ comp. Autor Oficiais Não oficiais Total
88/89
Iniciados 34 6 40 3.15:1
Pinto et
al. (2003)
89/90
Iniciados 27 7 34 4.12:1
90/91
Cadetes 38 4 42 3.5:1
94/95
Cadetes 44 5 49 3.1:1
Já pinto et al. (2003), quanto ao que a literatura indica como valores de
referência para os escalões estudados pelos mesmos, consideram que estes
revelam uma descontextualização evidente, essencialmente quando se
comparam com propostas oriundas de realidades desportivas diferentes
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 57
(teorias ligadas aos desportos individuais e a níveis de exigência desportivos
elevados). Os valores encontrados por Pinto et al. (2001) e Santos (2001) são
ligeiramente superiores aos encontrados por Marques (1993) e Marques et al.
(2000), no entanto os valores encontrados pelos estudos referidos, realizados
no nosso país, são inferiores aos propostos pelos especialistas estrangeiros
(Quadro II-11).
Quadro II-11: numero de dias de preparação e frequência de treino (adap. de Marques e col. 2000; Marques, 1993; Martin, 1999; Santos, 2001; Pinto e col., 2001).
Autor Escalão etário Dias de preparação Frequência de treino
Grosser et al. (1986) cit por
Marques e col. (2000)
9-12 240-270 3-6
13-14 300 5-10
Marques (1993) 10-12 291 2.8
13-15 285 2.5
Martin (1999) 10-12 315 2-4
13-15 315 4-6
Marques e col. (2000) 10-12 230 2-5
13-15 232 2-8
Santos (2001) 12 -14 265 2.8
15-19 271 3.5
Pinto e col. (2001) 12-14 279 3.0
22..44..88 CCOONNTTEEÚÚDDOOSS DDEE TTRREEIINNOO EE SSUUAA IIMMPPOORRTTÂÂNNCCIIAA NNOO TTRREEIINNOO DDEE CCRRIIAANNÇÇAASS EE
JJOOVVEENNSS
Marques e col. (2000), no seu estudo (Quadro II-2), caracterizaram a carga de
treino para cada conteúdo de treino, verificando que os treinadores
Portugueses dão mais importância a certos conteúdos em detrimento de
outros. Os autores verificaram, que os conteúdos de treino que desempenham
uma maior importância na estruturação do treino para estas idades (10-12
anos; 13-15 anos) têm a seguinte ordenação: táctica, técnica, resistência de
longa duração, endurance muscular e flexibilidade. Denotando-se a prioridade
dada pelos treinadores, aos aspectos da táctica e da técnica algo que é
defendido por Martin (1999) ao sustentar que, para estas idades os treinadores
ao desenvolverem os sistemas de informação e neuro – motores, isto é, os
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 58
aspectos da técnica e da táctica estão a revelar uma estratégia orientada para
a qualidade nos conteúdos de treino. Assim como importantes capacidades
motoras como a resistência de longa duração, a flexibilidade e a resistência
muscular, estão a ser desenvolvidas nesta fase de desenvolvimento do
processo de treino.
No entanto, os autores referenciados, nos resultados do estudo em questão
encontraram valores que contrariam essa qualidade de treino, ao denotarem
que as capacidades de velocidade desempenham um papel de relevância
menor (5% do tempo total de treino), capacidade motora considerada por
Martin (1999) de extrema importância para formação motora e desportiva dos
jovens atletas do grupo de idades de 10-12 anos. Assim como a força rápida
que igualmente lhe é atribuída uma importância reduzida.
Marques e col. (2000), no seu estudo também verificaram que no grupo de
idades 13-15 anos, os resultados são bastante reduzidos para o que Martin
(1999) sugere no treino da força máxima (0%), da resistência de curta (0%) e
média duração (0,79%). Os autores consideram que menos de 1% do treino
total durante uma temporada completa, corresponde a diminutas exigências de
qualidade no treino.
Revisão da Literatura
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 59
Quadro II-12: Características da carga de cada conteúdo do treino nos dois grupos de idades: valores médios em minutos durante uma sessão de treino padrão, valor total em minutos e valores percentuais durante uma temporada desportiva (adapt. de Marques e col., 2000)
Conteúdos do Treino Grupo de Idades 10-12 Grupo de Idades 13-15
Média ± Dp T.Total % Média ± Dp T.Total %
Resistência Muscular 5.5±6.1 603.5 6.43 3.7±5.4* 494.0 4.67
Força Rápida 0.2±1.3 31.6 0.20 0.5±3.0* 102.4 0.69
Resistência de Longa Duração 6.2±7.5 637.2 7.26 6.1±8.1 728.8 7.07
Resistência de Média Duração 0.5±2.7 11.1 0.55 0.6±2.5 184.6 0.79
Resistência de Curta Duração 0.1±0.8 10.0 0.07 0.0±0.0* 0 0.00
Velocidade de Reacção 2.2±4.2 212.1 2.55 0.5±2.7* 74.6 0.63
Velocidade de Execução 0.6±2.4 144.7 0.69 0.1±0.5* 16.0 0.06
Velocidade de Deslocamento 2.0±4.9 338.6 2.31 0.7±3.1* 63.3 0.92
Resistência de Velocidade 0.1±0.6 15.0 0.05 0.2±2.3 108.7 0.29
Flexibilidade 3.5±5.0 442.1 4.00 5.0±5.1* 672.4 6.27
Coordenação 2.8±5.2 522.0 3.41 1.9±6.2* 274.9 2.41
Técnica 25.4±19.9 2427.3 29.90 27.1±19.2 2632.7 34.47
Táctica 35.9±20.8 2991.5 42.58 32.7±22.4* 3236.8 41.71
Tempo total de treino 86.1±9.8 7242.9 100.0 79.0±18.1* 7449.2 100.0
Metodologia
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 61
IIIIII.. MMEETTOODDOOLLOOGGIIAA
33..11 OOBBJJEECCTTIIVVOOSS
33..11..11 OOBBJJEECCTTIIVVOO GGEERRAALL
O objectivo principal deste estudo é conhecer qual a estrutura do treino no
futebol, nos escalões de iniciados e juvenis, perceber as diferenças essenciais
entre as estratégias de formação utilizadas nos dois escalões e compará-las
com os modelos de referência.
33..11..22 OOBBJJEECCTTIIVVOOSS EESSPPEECCÍÍFFIICCOOSS
Para que o objectivo deste estudo se concretize, é pretendido atingir os
seguintes objectivos específicos:
- Caracterizar a estrutura do treino nos dois escalões.
- Verificar e identificar as principais diferenças da estruturação do treino
entre o escalão de iniciados e juvenis, comparando essa estruturação com o
que a literatura sugere para estas idades no que se refere: (1) aos exercícios
de treino – gerais ou específicos – utilizados; (2) aos conteúdos de treino
valorizados na formação – físicos, técnicos, técnico/tácticos; (3) aos métodos
de treino privilegiados para cumprir as estratégias de formação.
33..11..33 HHIIPPÓÓTTEESSEESS OORRIIEENNTTAADDOORRAASS DDOO EESSTTUUDDOO
Em função dos objectivos definidos para a realização do nosso estudo,
delimitámos quatro hipóteses orientadoras. Estas, devido à orientação
metodológica do estudo, não estão vocacionadas à confirmação ou negação da
sua veracidade, tendo como principal objectivo a contribuição para uma melhor
definição e clarificação das vias a serem seguidas pela pesquisa.
HIPÓTESE 1 – A estruturação do treino do escalão de iniciados difere
da estruturação do treino do escalão de juvenis.
HIPÓTESE 2 – O aumento da especificidade do treino é proporcional ao
aumento da idade dos atletas.
Metodologia
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 62
HIPÓTESE 3 – Os treinadores de iniciados e juvenis de Futebol dão
prioridade ao desenvolvimento dos aspectos técnicos e técnico/tácticos em
detrimento dos aspectos físicos.
HIPÓTESE 4 – As capacidades motoras desenvolvem-se através de
uma exercitação conjugada com as habilidades técnico e técnico/tácticas,
acompanhando as novas tendências de treino em Futebol.
33..22 CCAARRAACCTTEERRIIZZAAÇÇÃÃOO DDAA AAMMOOSSTTRRAA
O Quadro que se segue, caracteriza a amostra do nosso estudo.
Quadro III-1: Principais características da amostra
Escalão Etário Unidades de Treino
Equipas Total
12-14 (Iniciados) 334 3
14-16 (Juvenis) 291 3
Total 625 6
Para a realização deste estudo, foram analisadas 625 unidades de treino de
jovens jogadores de Futebol do sexo masculino. Para tal, foram revistos seis
dossiers, dos quais três pertencem a equipas do escalão de iniciados, e os
restantes a três equipas do escalão de juvenis.
O quadro III – 2, tem por objectivo a descrição das equipas que constituem a
amostra do nosso estudo, através da quantificação do número de treinos e
competições formais realizados durante um período anual de treino, assim
como, a razão entre o número de treinos e o número de competições.
Metodologia
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 63
Quadro III-2: Caracterização das equipas pertencentes ao estudo, número de treinos, número de competições, razão treino/competições
Iniciados
Equipas n.º de Treinos n.º de Competições Razão Treino/Competição
Equipa A (02/03) 98 28 3,5/1
Equipa B (02/03) 117 38 3,0/1
Equipa C (02/03) 119 29 4,1/1
Total / média razão trein./comp 334 95 3,5/1
Juvenis
Clube/Época n.º de Treinos n.º de Competições Razão Treino/Competição
Equipa D (02/03) 135 38 3,6/1
Equipa E (03/04) 71 24 3,0/1
Equipa F (03/04) 85 22 3,7/1
Total / média razão trein./comp. 291 84 3,5/1
As equipas que deram origem às sessões de treino por nós analisadas, pertencem na sua maioria à Associação de Futebol do Porto, excepto a Equipa
D, que pertence à Associação de Futebol de Aveiro.
O número de treinos e competições, varia entre as equipas analisadas,
verificando-se que as equipas do escalão de iniciados têm um número de
treinos (334) e competições (95) superiores aos juvenis (treinos - 291,
competições - 84). A equipa de iniciados que mais treina é a Equipa C, tendo
uma razão de treino / competições de 4,1/1, a equipa de juvenis que mais
treina é a Equipa F, pois a razão treino / competições é de 3,7/1.
As Equipas A, B, C e D pertencem aos centros de treino da Faculdade de
Desporto e Educação Física do Porto, da Universidade do Porto, da época
2002 / 2003. As Equipas E e F pertencem aos centros de treino da mesma
Faculdade, mas da época 2003 / 2004
33..33 MMÉÉTTOODDOO DDEE PPEESSQQUUIISSAA
O nosso estudo tem como pretensão, a caracterização da estrutura de treino
utilizada na preparação de jovens futebolistas portugueses (iniciados e juvenis),
comparando-a com o que a literatura sugere. Trata-se de uma pesquisa de
natureza exploratória e descritiva.
Metodologia
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 64
33..33..11 PPRROOCCEEDDIIMMEENNTTOOSS EE IINNSSTTRRUUMMEENNTTOOSS DDEE PPEESSQQUUIISSAA
Os procedimentos utilizados para a realização deste estudo, baseiam-se no
método de análise documental (Schnabel et al. 1987) e são do tipo descritivo –
comparativo, permitindo-nos traçar as orientações seguidas na organização e
estruturação do treino, no escalão de iniciados e juvenis em futebol.
Procedeu-se a uma pesquisa documental, em torno dos dossiers de treino do
centro de treino de Futebol da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação
Física da Universidade do Porto (FCDEF-UP).
Os dossiers incluem os planos de preparação, que os alunos do 4º ano da
licenciatura de Desporto e Educação Física da FCDEF-UP, da opção de
futebol, realizaram, ao terem a seu cargo uma determinada equipa, e por tal, a
responsabilidade de todo o planeamento, estruturação e organização do treino
dessa mesma equipa.
Os dossiers são, um instrumento auxiliar do treinador, para toda a organização
do processo de treino, não um documento preparado para a realização de
estudos científicos. Somente foi possível a realização de um trabalho criterioso
de detecção, recolha e tratamento de informação, devido aos documentos em
análise se apresentarem estruturados e organizados de acordo com as normas
de orientação precisas, formuladas nos Estudos do Centros Experimentais de
Treino Desportivo da FCDEF-UP (Marques, 1982)
33..33..22 CCAATTEEGGOORRIIZZAAÇÇÃÃOO EE DDEEFFIINNIIÇÇÃÃOO DDAASS VVAARRIIÁÁVVEEIISS
Para a realização do nosso estudo, foram objecto de análise nos dossiers de
treino, as cargas de treino, os métodos de treino e os conteúdos de treino
desenvolvidos através dos distintos exercícios de treino (exercícios de
preparação geral (E.P.G.), exercícios específicos de preparação geral
(E.E.P.G.), exercícios específicos de preparação (E.E.P.)). A grande parte da
categorização e definição das variáveis do estudo, têm como base empírica a
classificação dos exercícios de treino de Queiroz (1986) e Castelo (2003).
Metodologia
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 65
33..33..22..11 EEXXEERRCCÍÍCCIIOOSS DDEE TTRREEIINNOO
Os exercícios de treino foram subdivididos nas seguintes categorias de análise:
a. Exercícios de preparação geral: exercícios de treino que não
incluem a utilização da bola, como centro de decisão mental e
acção motora do jogador.
b. Exercícios específicos de preparação: Exercícios de treino que
estabelecem a relação do jogador com a bola, mas não envolvem
a concretização do objectivo fundamental do jogo, isto é, do golo
na baliza adversária.
c. Exercícios de treino que estabelecem a relação do jogador com a
bola e a concretização objectivo fundamental do jogo – golo na
baliza adversária.
33..33..22..22 CCAARRGGAA DDEE TTRREEIINNOO
Para análise desta categoria, foi verificado o volume de treino (tempo total e
parcial de treino em minutos e percentagens) para os seguintes conteúdos de
treino:
- Desenvolvimento das capacidades motoras: Resistência (aeróbia e
anaeróbia; Força (resistente, rápida/explosiva, máxima); Velocidade
(reacção, execução, deslocamento, resistente); Flexibilidade (activa e
passiva); Coordenação (capacidade de reacção, capacidade rítmica,
capacidade de equilíbrio, capacidade de diferenciação);
- Técnica: aperfeiçoamento de um determinado gesto técnico ou gestos
técnicos (passe, recepção, remate, etc.)
-- Técnico / Táctica: desenvolvimento de conjunto de movimentos (gestos
técnicos, demarcações, etc.) adaptados às situações tácticas (ataque
organizado, contra ataque, etc.), de acordo com o modelo de jogo
adoptado pelo treinador.
Metodologia
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 66
33..33..22..33 MMÉÉTTOODDOOSS DDEE TTRREEIINNOO
Em relação aos métodos de treino optámos por verificar:
a. Desenvolvimento das capacidades motoras condicionais (resistência,
força, velocidade) através de:
- Exercícios sem posse de bola: através dos E.P.G.
- Exercícios com posse de bola: através dos E.E.P.G. e E.E.P.
b. Desenvolvimento dos conteúdos de treino através de exercícios:
- Complementares (E.C.): todos os exercícios que não incluem como
estrutura de base fundamental a finalização, subdivididos nas seguintes
subcategorias de análise: exercícios sem oposição adversária;
exercícios com a oposição adversária.
- Fundamentais (E.F.): todos os exercícios que englobam as formas de
jogo, que por sua vez, incluam a finalização como estrutura elementar
fundamental, subdivididos em três formas fundamentais: Fase I – ataque
sem oposição sobre uma baliza; Fase II – ataque contra defesa sobre
uma baliza; Fase III – ataque contra defesa sobre duas balizas.
33..33..22..44 CCOONNTTEEÚÚDDOOSS DDEE TTRREEIINNOO
No concerne aos conteúdos de treino, foi nossa opção, verificar:
a. Os conteúdos de treino desenvolvidos através dos E.P.G:
- Capacidades motoras condicionais: resistência aeróbia, resistência
anaeróbia; força resistente, força rápida / explosiva, força máxima;
velocidade de reacção, velocidade de deslocamento, velocidade
resistente; flexibilidade activa, flexibilidade passiva.
- Capacidades coordenativas: capacidade de reacção, capacidade de
ritmo, capacidade de equilíbrio, capacidade de diferenciação,
capacidade de orientação.
Metodologia
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 67
b. Os conteúdos de treino desenvolvidos através dos E.E.P.G./ E.C:
resistência específica (desenvolvimento desta capacidade aliada a
uma determinante técnica ou técnico / táctica); força específica
(desenvolvimento desta capacidade aliada a uma determinante
técnica ou técnico / táctica); velocidade específica (desenvolvimento
desta capacidade aliada a uma determinante técnica ou técnico /
táctica); técnica; técnico / táctica. Desenvolvimento esse que poderá
ser efectuado utilizando:
- Exercícios sem oposição
- Exercícios de oposição com igualdade numérica
- Exercícios de oposição com superioridade numérica no ataque
- Exercícios de oposição com superioridade numérica na defesa
c. Conteúdos de treino desenvolvidos através dos E.E.P / Fase I:
análise de todos os conteúdos referenciados no ponto anterior (b.).
Utilizando a seguinte estruturação de exercícios:
- 1x0+gr: acção ofensiva com um atacante, sem oposição defensiva, que
desenvolve as suas acções sobre uma baliza com o objectivo de
finalizar;
- 2x0+gr: acção ofensiva de dois atacantes, sem oposição,
desenvolvendo as suas acções sobre uma baliza com o intuito de
finalizarem;
- 3x0+gr: acção ofensiva de três atacantes, sem oposição, desenvolvendo
as suas acções sobre uma baliza com o intuito de finalizarem;
- Mais de 3x0+gr: acção ofensiva com mais de três atacantes, sem
oposição, desenvolvendo as suas acções sobre uma baliza com o intuito
de finalizarem.
Metodologia
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 68
d. Conteúdos de treino desenvolvidos através dos E.E.P / Fase II:
análise de todos os conteúdos referenciados no ponto anterior (b.).
Utilizando a seguinte estruturação de exercícios:
- Exercício com superioridade numérica no ataque: acção ofensiva de
dois ou mais atacantes, com oposição defensiva, sendo que existe
sempre superioridade no ataque no desenvolvimento das acções
ofensivas sobre uma baliza, tendo por objectivo a finalização.
- Exercício com igualdade numérica: acção ofensiva de um ou mais
elementos, com oposição, caracterizando-se por no desenvolvimentos
das acções ofensivas haver igual número de atacantes e defensores
sobre uma baliza, tendo por objectivo a finalização;
- Exercício com superioridade numérica na defesa: acção ofensiva de um
ou mais elementos, com oposição defensiva, caracterizando-se por no
desenvolvimento das acções ofensivas haver sempre inferioridade
numérica do ataque sobre uma baliza, tendo por objectivo a finalização.
e. Conteúdos de treino desenvolvidos através dos E.E.P / Fase III:
análise de todos os conteúdos referenciados no ponto anterior (b.).
Utilizando a seguinte estruturação de exercícios:
- Jogo reduzido: formas jogadas, onde o número de jogadores é reduzido
em comparação com o jogo formal, assim como as dimensões do
terreno e balizas, no entanto as regras do jogo são idênticas (ex. 2x2,
3x3, etc.);
- Jogo reduzido e condicionado: formas jogadas, onde o numero de
jogadores é reduzido em comparação com o jogo formal, assim como as
dimensões do terreno e balizas, nesta situação as regras do jogo são
condicionadas aos objectivos dos treinadores (máximo dois toques na
bola, só podem finalizar de pois da bola ter passado por todos, etc.)
onde também poderá não existir igualdade numérica (3x2, etc.);
Metodologia
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 69
- Jogo formal: situação de 11x11, com as regras e dimensões idênticas às
da competição.
- Jogo formal condicionado: situação de 11x11, onde as regras do jogo
são condicionadas aos objectivos dos treinadores (máximo dois toques
na bola, só podem finalizar de pois da bola ter passado por todos, jogar
num espaço mais reduzido, em meio campo 11x11, etc.) onde também
poderá não existir igualdade numérica (3x2, etc.);
33..44.. PPRROOCCEEDDIIMMEENNTTOOSS EESSTTAATTÍÍSSTTIICCOOSS
O estudo estatístico, realizado com o SPSS 10.0, incluiu uma análise de
frequências, das medidas descritivas, tais como as médias, desvios-padrão e
percentagens, e um T-test para comparação de escalões etários.
Apresentação e Discussão dos Resultados
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 71
IIVV.. AApprreesseennttaaççããoo ee DDiissccuussssããoo ddooss RReessuullttaaddooss
44..11 EEXXEERRCCÍÍCCIIOOSS DDEE TTRREEIINNOO
O quadro que se segue demonstra o nível de utilização dos vários exercícios
de treino (E.P.G, E.E.P.G e os E.E.P) por parte dos treinadores de futebol no
escalão de iniciados e juvenis, pertencentes à amostra em estudo.
Quadro IV-1: Utilização de exercícios de treino e tempo total de treino: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.
Exercícios de Treino Média ± Dp Soma %
Ex. de Preparação Geral 23,2±16,1 14472 28,0
Ex. esp. de prep. Geral 19,3±15,7 12042,8 23,2
Ex. esp. de Preparação 40,4±22,4 25236,2 48,8
Tempo Total de Treino 82,8±20,9 51751 100
Verifica-se através destes dados que os treinadores na faixa etária dos 12 aos
16 anos, correspondente aos escalões de formação de iniciados e juvenis, dão
mais importância aos exercícios específicos de preparação (49%) em
detrimento dos exercícios específicos de preparação geral (23%) e dos
exercícios de preparação geral (28%). Algo que não é surpreendente, uma vez
que Marques e col., (2000) num estudo realizado em Portugal sobre a estrutura
do treino de jovens atletas em jogos desportivos colectivos, obtiveram
resultados semelhantes.
Denota-se que os treinadores das faixas etárias em questão dão bastante
importância à preparação geral (EPG e EEPG), contemplando-a nos treinos
dos seus atletas. A soma dos exercícios de preparação geral, num período
anual de treino do nosso estudo revela que, nos iniciados o treino é subdividido
em (50,1 %) preparação geral e (49,9 %) preparação específica, nos juvenis
(52,5%) preparação geral e (47,7%) preparação específica. Estes valores
demonstram que, os treinadores em questão dão bastante importância aos
exercícios de preparação geral, algo que é apoiado pela literatura da
especialidade, pois anterior à aquisição de toda a estrutura complexa dos
gestos e das acções desportivas deverá estar uma cultura motora não
especializada, constituída por um repertório de gestos motores e
comportamentos motores que se caracterizam por serem mais simples, sem o
Apresentação e Discussão dos Resultados
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 72
qual não se evoluirá de forma eficiente e estável, no aprofundamento do
rendimento desportivo (Marques e Oliveira, 2001).
No quadro IV-2, podemos observar os resultados referentes, à média em
minutos de treino e percentagens de treino utilizados, numa unidade de treino
tipo para cada escalão etário.
Quadro IV-2: Utilização de exercícios de treino e tempo total de treino para os escalões de iniciado e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.
Exercícios de Treino Iniciados (12-14) Juvenis (14-16)
Média ± Dp % Média ± Dp %
Exercício de Preparação Geral 25,8±18,8 30,2 20,0±11,7* 25,2
Ex. Específico de Preparação Geral 17,1±14,9 19,9 21,7±16,2* 27,3
Exercício Específico de Preparação 42,8±22,9 49,9 37,6±21,5* 47,4
Tempo Total de Treino 85,8±24,3 100 79,4±15,5* 100
*Estatisticamente significativo p< 0,05.
Ao analisarmos os resultados do quadro, verificamos que em consonância com
os resultados de Marques e col. (2000), num estudo realizado em Portugal
sobre a estrutura do treino em jogos desportivos colectivos (Futebol;
Basquetebol; Andebol; Voleibol), se bem que para faixas etária distintas 10-12
e 13-15 anos, o grupo etário mais jovem tem uma média de minutos de treino
superior (85,8±24,3) ao grupo etário de idade mais avançada (79,4±15,5)
(p<0,05).
Denota-se que no escalão de iniciados (25,8±18,8) é dada mais importância
aos exercícios de preparação geral do que no escalão juvenil (20,0±11,7) (p
<0,05), tal é suportado pela literatura. No que se refere aos exercícios
específicos de preparação geral verifica-se que no escalão de juvenis
(21,7±16,2), este tipo de exercícios são mais utilizados para a preparação dos
atletas do que no escalão de iniciados (17,1±14,9) (p <0,05), o que está de
acordo com o que os especialistas defendem uma vez que sugerem que o nível
de especificidade do treino deverá ser proporcional ao aumento da idade. Tal
não se verifica nos exercícios específicos de preparação, pois os iniciados no
nosso estudo têm uma média de minutos de treino (42,8±22,9) superior ao
escalão juvenil (37,6±21,5) (p <0,05).
Apresentação e Discussão dos Resultados
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 73
Ao analisarmos o quadro (IV-2), verificamos que no escalão de juvenis os
EEPG tem uma utilização ligeiramente superior (27,3%) em relação aos EPG
(25,2%). Tal é defendido pela literatura, pois autores como (Teodoresco, 1983;
Nunes e Gomes – Pereira, 2001), salientam a importância da criação de
exercícios que reproduzam parcial ou integralmente o conteúdo e a estrutura
do jogo. Bezerra (2001) refere que as capacidades físicas devem ser
desenvolvidas através de formas jogadas num ambiente próximo da
competição (Ferreira e Queiroz, 1992; Nunes e Gomes – Pereira, 2001).
44..22 CCAARRGGAASS DDEE TTRREEIINNOO
44..22..11 CCAARRGGAA DDEE TTRREEIINNOO PPAARRAA CCAADDAA CCOONNTTEEÚÚDDOO DDEE TTRREEIINNOO
O quadro IV-3, procura demonstrar qual a importância dada pelos treinadores
da faixa etária em estudo, ao desenvolvimento dos aspectos físicos, técnicos e
técnico tácticos durante um período anual de treinos.
Quadro IV-3: Características da carga de treino para o desenvolvimento físico, técnico e técnico / táctico: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.
Conteúdos de Treino Média ± Dp Soma %
Desenvolvimento Físico 34,0±21,0 21244,2 41,1
Desenvolvimento Técnico 6,6±10,2 4128,2 8,0
Desenvolvimento Técnico/Táctico 42,2±22,1 26378,5 50,9
Tempo Total de Treino 82,8±20,9 51751 100
O quadro IV-3, demonstra que os treinadores nestas idades dão prioridade aos
aspectos técnico / tácticos (51%) e físicos (41%) em detrimento dos aspectos
técnicos (8%). Estes valores contrastam com os valores encontrados por Pinto
e col. (2001), estudo realizado em Portugal, sobre a análise da carga de treino
e competição em Basquetebol no escalão de iniciados (12/14 anos), Santos
(2001), estudo baseado numa análise das estruturas do treino e escalões de
formação (12/14 e 15/19 anos) em Basquetebol, Pinto e col. (2003), num
estudo de caso, sobre o planeamento do treino de jovens Basquetebolistas,
onde foi realizada uma análise das cargas de treino, em dois escalões
diferenciados (12/14 e 15/16 anos), de um treinador de referência e Marques e
col. (2000) num estudo realizado em Portugal sobre a estrutura do treino em
jogos desportivos colectivos (Futebol; Basquetebol; Andebol; Voleibol) nos
Apresentação e Discussão dos Resultados
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 74
escalões de formação (10/12 e 13/15 anos), denotando-se que, os treinadores
de futebol para o escalão etário em estudo dão bastante importância às
questões técnico / tácticas, o que não difere dos resultados encontrados nos
estudos referenciados. No entanto no que concerne aos aspectos físicos os
nossos valores são bastante superiores. Já no que diz respeito ao
desenvolvimento técnico de uma forma isolada, os nossos valores são muito
inferiores aos encontrados pelos autores citados.
O quadro IV-4, é referente à prioridade dada pelos treinadores ao
desenvolvimento dos conteúdos em discussão, podendo verificar-se através
dele, os valores médios da carga para os diferentes conteúdos de treino, assim
como, as percentagens referentes a um período anual de desenvolvimento
para uma sessão de treino padrão em futebol, em ambos os grupos etários.
Através da sua análise, poderemos compreender melhor as diferenças
existentes entre o nosso estudo e os estudos referenciados.
Quadro IV-4: Características da carga de treino para o desenvolvimento físico, técnico e técnico / táctico, para o escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.
Conteúdos de Treino Iniciados (12-14) Juvenis (14-16)
Média ± Dp % Média ± Dp %
Desenvolvimento Físico 34,7±23,2 40,4 33,2±18,2 41,8
Desenvolvimento Técnico 7,6±11,4 8,9 5,5±8,6 6,9
Desenvolvimento Técnico/Táctico 43,5±23,0 50,7 40,7±20,9 51,3
Tempo Total de Treino 85,8±24,3 100 79,4±15,5* 100
*Estatisticamente significativo p< 0,05.
Ao analisarmos o quadro, verificamos que não existem diferenças
estatisticamente significativas (P <0,05) entre o escalão de iniciados e juvenis
no que diz respeito às prioridades de treino para o desenvolvimento físico,
técnico e técnico / táctico.
Comparando os valores da nossa amostra com os valores encontrados por
Pinto e col. (2001), estudo realizado em Portugal, sobre a análise da carga de
treino e competição em Basquetebol no escalão de iniciados (12/14 anos),
assim como os encontrados por Santos (2001), estudo baseado numa análise
das estruturas do treino e escalões de formação (12/14 e 15/19 anos) em
Basquetebol e (Pinto e col. (2003), num estudo de caso, sobre o planeamento
Apresentação e Discussão dos Resultados
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 75
do treino de jovens Basquetebolistas, onde foi realizada uma análise das
cargas de treino, em dois escalões diferenciados (12/14 e 15/16 anos), de um
treinador de referência (Quadro IV-5), denotamos que os treinadores
pertencentes ao nosso estudo dão muito mais realce ao desenvolvimento físico
(40%) e pouca importância ao desenvolvimento técnico (9%), que pelo
contrário é o que mais se desenvolve nos estudos de Pinto e col. (2001) e
Santos (2001), quanto ao desenvolvimento técnico / táctico o resultado do
nossos estudo é ligeiramente superior (51%).
Quadro IV-5: Percentagem da distribuição dos conteúdos de treino no basquetebol ( adaptado de Pinto e col., 2001; Pinto e col., 2003).
Escalão Etário Desenvolvimento
Físico
Desenvolvimento
Técnico
Desenvolvimento
Táctico Autor
13 / 14 30% 50% 20% Betrán (1996)
15 / 16 35% 40% 25%
12 / 14 5% 48% 47% Santos (2001)
15 / 19 4% 38% 59%
12 / 14 16% 45% 40% Pinto e col. (2001)
12 / 14 7% 45% 48% Pinto e col. (2003)
15 / 16 7% 33% 59%
No escalão de juvenis (14-16), os nossos resultados, no desenvolvimento
técnico / táctico (51%), aproximam-se dos resultados de Santos (2001) e de
Pinto e col. (2003), mas mais uma vez, no que diz respeito ao desenvolvimento
técnico (7%) os nossos resultados são inferiores, mas bastante superiores no
desenvolvimento físico (42%).
Também Marques e col. (2000), num estudo realizado em Portugal sobre a
estrutura do treino em jogos desportivos colectivos (Futebol; Basquetebol;
Andebol; Voleibol) nos escalões de formação (10/12 e 13/15 anos), realçaram a
prioridade dada pelos treinadores às questões tácticas e técnicas, aos sistemas
de informação e neuro - motores. O que segundo Martin (1999), se trata de
uma estratégia orientada para a qualidade de treino, para fase de
desenvolvimento dos atletas correspondente à faixa etária em questão no
nosso estudo.
Estes resultados poderão justificar-se, pela metodologia utilizada no nosso
estudo, que poderá ter sido diferente à dos estudos referenciados. Uma vez
Apresentação e Discussão dos Resultados
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 76
que por nós foi considerado, como desenvolvimento técnico, o aperfeiçoamento
de um determinado gesto técnico ou gestos técnico (passe, recepção, remate,
etc.) que a dado momento os treinadores tenham demonstrado interesse em
desenvolver nos seus atletas, através dos exercícios complementares e
fundamentais por nós considerados. Como desenvolvimento técnico / táctico,
quando os treinadores demonstrassem pretensões que os seus atletas
desenvolvessem a capacidade de, mediante uma determinada situação táctica
(ataque organizado, contra ataque, circulação de bola, pressão zonal, etc.),
optar por uma conjuntura de movimentos (gestos técnicos, demarcações, etc.)
adaptados ao modelo de jogo idealizado pelos treinadores, através dos
exercícios complementares e fundamentais por nós considerados.
Ao mesmo tempo, na tentativa de acompanhar as novas tendências do treino,
defendida por autores como Rui Faria e Carlos Carvalhal, que se contrapõem a
periodização “convencional” para o Futebol, defendendo a periodização táctica,
que tem por princípios o desenvolvimento físico mediante situações técnico /
tácticas, isto é, um desenvolvimento físico adaptado às exigências do modelo
de jogo adoptado pelo treinador. Mas também pelo facto dos autores, Santos
(2001), Pinto e col.(2001) e Pinto e col.(2003), nos seus estudos realçarem a
sua dificuldade no processo de recolha de dados, ao não contemplarem o
desenvolvimento físico integrado, desenvolvimento físico associado a uma
componente técnico / táctica, nos seus estudos e por os treinadores nem
sempre definirem como objectivo esse mesmo tipo de treino. Por tal, optamos
por verificar o desenvolvimento das capacidades condicionais (resistência,
força, velocidade.) de uma forma específica, associada às componentes
técnicas, ou técnico / tácticas através dos exercícios complementares e
fundamentais considerados no nosso estudo.
Consideramos que os resultados do nosso estudo, neste aspecto, estão de
acordo com o que os autores consideram e apelam de “qualidade de treino”,
uma vez que nos estudos por nós consultados, os valores da vertente física
revelaram-se bastante reduzidos (Quadro IV-5), tal não se verifica no nosso
estudo. No que diz respeito aos baixos valores da componente técnica do
nosso estudo, poderá ser entendido como uma boa opção de treino, uma vez
Apresentação e Discussão dos Resultados
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 77
que a técnica no Futebol deverá ser entendida como um conjunto de acções
motoras especializadas que permitam resolver as tarefas do jogo, a principal
função da técnica reside na sua utilidade para servir a inteligência e a
capacidade de decisão táctica dos intervenientes do jogo. O ensino e treino da
técnica em futebol não deverá restringir-se aos gestos em si, à vertente
biomecânica do movimento, mas sim atender sobretudo às imposições da sua
adaptação inteligente às situações de jogo (Garganta, 1997; Garganta, 2001;
Garganta 2002).
44..22..22 CCAARRGGAA DDEE TTRREEIINNOO PPAARRAA OO DDEESSEENNVVOOLLVVIIMMEENNTTOO DDAASS CCAAPPAACCIIDDAADDEESS
MMOOTTOORRAASS
O Quadro IV-6, referencia o desenvolvimento das capacidades motoras em
Futebol na faixa etária do 12 aos 16 anos, através dos valores médios da carga
para os diferentes conteúdos de treino, assim como as percentagens referentes
a um período anual, para uma sessão de treino tipo.
Quadro IV-6: Características da carga de treino para o desenvolvimento das capacidades motoras no escalão etário dos 12 aos 16 anos em Futebol: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.
Conteúdos Média ± Dp Soma %
Desenvolvimento da Resistência 15,8±12,5 9870,3 19,1
Desenvolvimento da Força 6,9±11,4 4309,0 8,3
Desenvolvimento da Velocidade 2,6±6,3 1662,2 3,1
Desenvolvimento da Flexibilidade 6,8±5,0 4226,2 8,2
Desenvolvimento Coordenativo 1,3±2,7 796,5 1,6
Verifica-se através da análise do quadro, que a resistência é a capacidade
motora que mais se desenvolve (19%), seguindo-se a força (8%) e a
flexibilidade (8%), sendo a velocidade (3%) e a coordenação (2%) o que menos
se desenvolve na faixa etária dos 12 aos 16 anos em Futebol.
O nosso estudo, revela que a resistência, a força e a flexibilidade estão a ser
desenvolvidos nesta fase do processo de desenvolvimento dos atletas, o que
revela uma estratégia orientada para a qualidade de treino por parte dos
treinadores, estes resultados são coincidentes com os resultados encontrados
por Marques e col. (2000), no entanto, assim como nos resultados encontrados
por Marques e col. (2000) a velocidade e coordenação no nosso estudo tiveram
Apresentação e Discussão dos Resultados
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 78
pouca relevância, capacidades que são de extrema importância serem
desenvolvidas nestas idades. Martin (1991), citado por Marques (2000)
sustenta que um incremento contínuo dos níveis de aprendizagem e de
coordenação, assim como, um maior ênfase no desenvolvimento das
capacidades de velocidade e de força rápida, são conteúdos de treino
preponderantes para uma optimização de performance no futuro.
O quadro que se segue procura demonstrar se existem diferenças entre o
treino de iniciados e juvenis no desenvolvimento das capacidades motoras.
Quadro IV-7: Características da carga de treino para o desenvolvimento das capacidades motoras no escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.
Conteúdos Iniciados (12-14) Juvenis (14-16)
Média ± Dp % Média ± Dp %
Desenvolvimento da Resistência 18,1±12,8 21,1% 13,2±11,7* 16,6%
Desenvolvimento da Força 5,4±8,9 6,3% 8,6±13,5* 10,8%
Desenvolvimento da Velocidade 3,1±6,8 3,6% 2,2±5,6 2,8%
Desenvolvimento da Flexibilidade 5,8±4,8 6,6% 7,9±4,9* 9,9%
Desenvolvimento Coordenativo 1,6±2,9 1,8% 0,9±2,4* 1,1%
*Estatisticamente significativo p< 0,05.
Através da análise do quadro, verificamos que existem diferenças significativas
(p <0,05) no que diz respeito ao desenvolvimento das capacidades motoras
entre o escalão de iniciados e juvenis, pois o treino dos iniciados revela um
desenvolvimento superior da resistência e coordenação, já o treino dos juvenis
dá mais importância ao desenvolvimento da força e flexibilidade. Ao contrário
dos resultados de Santos (2001), estudo baseado numa análise das estruturas
do treino e escalões de formação (12/14 e 15/19 anos) em Basquetebol, os
resultados do nosso estudo demonstram que o escalão etário mais baixo
desenvolve mais a resistência do que o escalão etário de mais idade. No que
diz respeito ao desenvolvimento da força assim como nos resultados
encontrados por Santos (2001), o escalão etário de idade mais avançada
desenvolve mais esta capacidade do que o escalão etário de idade mais baixa.
Tanto no desenvolvimento coordenativo como no desenvolvimento da
flexibilidade os nossos resultados são contrários aos de Santos (2001).
Apresentação e Discussão dos Resultados
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 79
É importante realçar, que de uma forma geral, os nossos resultados revelam
que os treinadores de Futebol dão grande realce ao desenvolvimento das
capacidades motoras quando em comparação com os estudos por nós
consultados. Sendo exemplo disso a comparação dos nossos resultados com
os resultados encontrados por Santos (2001) (Quadro IV-8), se bem que para
modalidades diferentes mas ambas desportos colectivos.
Quadro IV-8: Características da carga de treino para cada conteúdo de treino: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação (Adaptado de Santos, 2001).
Conteúdos 12-14 14-19
Média ± Dp % Média ± Dp %
Desenvolvimento da Resistência 0,09±0,96 0,12 0,36±1,66 0,40
Desenvolvimento da Força 0,72±0,75 0,80 2,41±5,21 2,70
Desenvolvimento da Velocidade 0,76±0,96 0,84 0,28±1,31 0,30
Desenvolvimento da Flexibilidade 2,68±1,07 3,13 0,21±1,74 0,21
Desenvolvimento Coordenativo 0,0±0,0 0 0,01±0,14 0,01
No entanto, cremos que os resultados da nossa amostra de uma forma geral,
se revelam positivos, mas a nosso ver, requerem uma análise mais específica
sendo necessário verificar o nível de desenvolvimento das diferentes formas de
expressão das capacidades motoras em questão, algo que se poderá verificar
no ponto 4.4.1 da análise e discussão dos resultados do nosso estudo.
44..33 MMÉÉTTOODDOOSS DDEE TTRREEIINNOO
44..33..11 MMEETTOODDOOLLOOGGIIAA DDEE DDEESSEENNVVOOLLVVIIMMEENNTTOO DDAASS CCAAPPAACCIIDDAADDEESS MMOOTTOORRAASS
CCOONNDDIICCIIOONNAAIISS
O quadro que se segue, tem por objectivo demonstrar de que forma os
treinadores de Futebol no escalão etário dos 12 aos 16 anos, desenvolvem as
capacidades motoras condicionais (C.M.C)
Quadro IV-9: Metodologia utilizada para o desenvolvimento das capacidades motoras condicionais no escalão etário dos 12 aos 16 anos em Futebol: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.
Método de Treino Média ± Dp Soma %
Des. Cap. motoras através de ex. s/ bola 23,2±16,1 14472 28,0
Des. Cap. motoras através de ex. c/ bola 10,8±11,5 6772,2 13,0
O quadro demonstra que os treinadores, nestas idades, tendem a desenvolver
mais as capacidades motoras condicionais dos seus atletas de uma forma
Apresentação e Discussão dos Resultados
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 80
separada das questões técnicas e tácticas, pois a utilização de exercícios sem
posse de bola (28%) no seu desenvolvimento é superior à utilização de
exercícios com posse de bola (13%). O que a nosso ver é compreensível, uma
vez que a literatura aponta para que a especificidade do treino aumente com o
aumento da idade, por tal o desenvolvimento mais específico das capacidades
motoras condicionais deverá aumentar de uma forma gradual, à medida que a
idade dos atletas aumenta.
No entanto, Gomes – Pereira (2001); Bangsbo (1994), defendem o
desenvolvimento das capacidades motoras aliadas aos gestos técnicos e
técnico / tácticos. Os autores consideram que o desenvolvimento físico deve
ser adaptado às exigências do modelo de jogo idealizado pelo treinador, isto é
adaptado à competição, tal não se verifica no nosso estudo, pois a
percentagem do desenvolvimento físico sem bola é inferior ao desenvolvimento
físico com bola.
O facto dos treinadores geralmente utilizarem mais o desenvolvimento físico
separado das questões técnico e técnico / tácticas, poderá justificar-se
segundo (Bangsbo, 1994), pela dificuldade em organizar-se este tipo de
exercícios, pois requerem a disponibilização de mais tempo na sua
organização e mais imaginação, assim como, a precedente avaliação para a
verificação do cumprimento do exercício, tornando-se mais simples para o
treinador o desenvolvimento físico separado das situações técnico e técnico /
tácticas.
O Quadro IV-10, descreve a opção metodológica de treino para o
desenvolvimento das capacidades motoras condicionais dos iniciados e
juvenis.
Quadro IV-10: Metodologia utilizada para o desenvolvimento das capacidades motoras condicionais no escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.
Método de Treino Iniciados (12-14) Juvenis (14-16)
Média ± Dp % Média ± Dp %
Des. Cap. motoras através de ex. s/ bola 25,8±18,8 30,1 20,0±11,7* 25,2
Des. Cap. motoras através de ex. c/ bola 8,8±9,8 10,2 13,1±12,8* 16,5
*Estatisticamente significativo p< 0,05.
Apresentação e Discussão dos Resultados
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 81
O quadro demonstra que os treinadores dos juvenis desenvolvem mais as
capacidades motoras condicionais, através de exercícios com posse de bola
(17%) do que os iniciados (10%) (p <0,05), estes por sua vez, desenvolvem
mais as capacidades motoras condicionais através de exercícios sem posse de
bola (p <0,05), isto é, sem associar o desenvolvimento das mesmas com
situações técnicas e tácticas. Mais uma vez, os resultados estão de acordo
com o princípio da especialização crescente dos exercícios de treino (Marques
e col. 2000).
44..33..22 EEXXEERRCCÍÍCCIIOOSS CCOOMMPPLLEEMMEENNTTAARREESS // FFUUNNDDAAMMEENNTTAAIISS
O quadro seguinte retracta, através da média e desvio padrão, da soma e
percentagens, para uma sessão de treino padrão durante um período anual de
treino, quais os exercícios treino preferencialmente utilizados pelos treinadores
nestas idades.
Quadro IV-11: Preferência metodológica de utilização de exercícios (complementares / fundamentais) no escalão etário dos 12 aos 16 anos em Futebol : valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.
Método de Treino Média ± Dp Soma %
Exercícios Complementares 19,3±15,7 12042,8 23,3
Exercícios Fundamentais 40,4±22,4 25236,2 48,8
Através da análise do quadro, denota-se que os treinadores da faixa etária dos
12 aos 16 anos em futebol, utilizam preferencialmente exercícios fundamentais
(49%) em detrimento dos exercícios complementares (23%). Verificando-se
que os mesmos, optam ou dão mais importância, aos exercícios que
estruturalmente têm a finalização como objectivo (exercícios fundamentais),
deixando para segundo plano os exercícios que não tem finalização (exercícios
complementares), que normalmente servem para isolar ou canalizar a
concentração dos atletas para o desenvolvimento de determinada situação
física, técnica ou técnico / táctica, não tendo como objectivo a finalização, isto é
o objectivo do jogo.
O Quadro IV-12, compara a utilização dos exercícios complementares e
fundamentais, por parte dos treinadores de iniciados e juvenis.
Apresentação e Discussão dos Resultados
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 82
Quadro IV-12: Preferência metodológica de utilização de exercícios (complementares / fundamentais) no escalão de iniciados e juvenis : valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.
Conteúdos Iniciados (12-14) Juvenis (14-16)
Média ± Dp % Média ± Dp %
Exercícios Complementares 17,1±14,9 19,9% 21,7±16,2* 27,3%
Exercícios Fundamentais 42,8±22,9 49,9% 37,6±21,5* 47,4%
*Estatisticamente significativo p< 0,05
Através da análise do quadro, é nos demonstrado, que os iniciados utilizam
mais exercícios fundamentais do que os juvenis (p <0,05). Os juvenis por sua
vez utilizam mais exercícios complementares do que os iniciados (p <0,05). Ao
analisarmos estes tendo em conta o princípio da especialização crescente, não
se encontram de acordo com a lei, no entanto, essa diferença embora
significativa não é elevada, para que se possa afirmar de forma peremptória,
que está errado os treinadores dos juvenis utilizarem mais exercícios
complementares do que os iniciados e vice-versa.
44..33..33 EEXXEERRCCÍÍCCIIOOSS CCOOMMPPLLEEMMEENNTTAARREESS ((CCOOMM OOUU SSEEMM OOPPOOSSIIÇÇÃÃOO))
O Quadro IV-13, procura demonstrar de que forma é que os treinadores
utilizam os exercícios complementares, através da média e desvio padrão, da
soma e percentagens, para uma sessão de treino tipo, de um período anual de
treino.
Quadro IV-13: Preferência metodológica de utilização de exercícios complementares (com ou sem oposição) no escalão etário dos 12 aos 16 anos: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.
Ex. complementares - Método Média ± Dp Soma %
Ex. comp. s/ oposição 9,9±11,7 6197,8 12,0
Ex. comp. c/ oposição 9,4±12,0 5845,1 11,4
Ao analisarmos o quadro, deparamos que no treino de futebol no escalão de
iniciados e juvenis, utiliza-se metodologicamente mais exercícios
complementares sem oposição de adversários do que exercícios
complementares com oposição, no entanto, essa diferença é pequena (0,6%).
Estes resultados demonstram que os treinadores de Futebol da faixa etária em
estudo, quando utilizam os exercícios complementares que se caracterizam por
não terem finalização, optam por não utilizarem a oposição adversária. Têm
preferência por exercícios pouco complexos para os atletas e para os
Apresentação e Discussão dos Resultados
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 83
treinadores, isto é, de mais fácil execução para os atletas e de simples controlo
para o treinador. No entanto embora os exercícios tenham as vantagens
referidas, segundo alguns autores especialistas na matéria (Mesquita, 2000;
Garganta 2002) têm fraca aplicabilidade prática, quando se pretende
desenvolver aspectos técnicos ou técnico / tácticos, pois, através deste tipo de
exercícios, os atletas desenvolvem sobretudo o seu controlo quinestésico, em
detrimento de outras importantes capacidades, como o controlo visual.
Mesquita (2000) sustenta, que no treino dos jogos desportivos colectivos se
deve contemplar probabilidades de ocorrência das situações – problema
específicas da competição, o que não acontece neste tipo de exercícios
(exercícios complementares sem oposição), pois em competição dificilmente
não existe a oposição de adversários.
Os exercícios complementares sem oposição, poderão no entanto, ser
extremamente úteis para desenvolvimento específico das capacidades motoras
condicionais, por tal, não poderemos julgar a opção dos treinadores em
utilizarem estes tipos de exercícios, sem antes sabermos o que vai ser
desenvolvido. Algo que se poderá verificar mais à frente no quadro IV – 18, do
ponto 4.4.2, referente à utilização de exercícios específicos de preparação
geral que são também denominados por exercícios complementares.
O quadro que se segue, distingue as opções metodológicas dos treinadores de
iniciados e juvenis a quando da utilização de exercícios complementares.
Quadro IV-14: Preferência metodológica de utilização de exercícios complementares (com ou sem oposição) no escalão no escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.
Exercícios Complementares Iniciados (12-14) Juvenis (14-16)
Média ± Dp % Média ± Dp %
Sem oposição 11,6±13,1 13,5 8,0±9,4* 10,1
Com oposição 5,5±9,8 6,4 13,7±12,8* 17,2
*Estatisticamente significativo p< 0,05
Os treinadores de iniciados utilizam mais exercícios complementares sem
oposição de adversários (14%) do que os treinadores dos juvenis (10%) (p
<0,05), inversamente os treinadores de juvenis têm uma utilização superior de
Apresentação e Discussão dos Resultados
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 84
exercícios complementares com oposição (17%) em relação aos treinadores
dos iniciados (6%).
Os resultados, a nosso ver estão de acordo com o principio da especialização
crescente (Marques e col., 2000), pois os exercícios mais complexos são mais
utilizados pelos treinadores dos juvenis, por sua vez, os exercícios que
teoricamente são menos complexos, têm um grau de utilização superior por
parte dos treinadores dos iniciados.
Os exercícios fundamentais são os mais utilizados pelos treinadores de futebol
da faixa etária dos 12 aos 16 anos (ver Quadros, IV-11 e IV-12), resta saber de
que forma é que os treinadores pretendem desenvolver as capacidades dos
seus atletas através destes exercícios. Queirós (1987) e Castelo (2002)
subdividem os exercícios fundamentais em três fases distintas, com um grau
de complexidade crescente (exercícios fundamentais de fase I, fase II e fase
III).
44..33..44 EEXXEERRCCÍÍCCIIOOSS FFUUNNDDAAMMEENNTTAAIISS ((FFAASSEE II,, IIII,, IIIIII))
Os quadros que se seguem (Quadros IV-15 e IV-16) procuram demonstrar, que
tipo de exercícios fundamentais mais se utiliza nesta faixa etária e se existem
diferenças estruturais entre os treinadores de iniciados e juvenis, na escolha
destes exercícios.
Quadro IV-15: Preferência metodológica de utilização de exercícios fundamentais (Fase I, Fase II e Fase III) no escalão etário dos 12 aos 16 anos: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.
Ex. Fundamentais - Método Média ± Dp Soma %
Exercícios Fundamentais Fase I 6,1±10,1 3835,5 7,4
Exercícios Fundamentais Fase II 6,5±11,7 4043,9 7,8
Exercícios Fundamentais Fase III 27,8±24,6 17356,8 33,6
Os treinadores de Futebol da faixa etária dos 12-16 anos, quando utilizam
exercícios fundamentais (exercícios com finalização), optam por utilizar mais
exercícios fundamentais de fase III (34%), seguindo-se os de fase II (8%) e por
fim os de fase I (7%).
Através da análise destes resultados, verificamos que os treinadores em causa,
optam por utilizar os exercícios de fase III, que são mais complexos que os
Apresentação e Discussão dos Resultados
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 85
restantes e que estruturalmente obrigam a que os atletas em posse de bola
procurem a finalização e quando perdem a posse da mesma, evitem a
finalização na sua baliza (jogo reduzido, jogo reduzido e condicionado, jogo
formal, jogo forma condicionado) (Queiroz, 1987; Castelo, 2002). A nosso ver,
é uma opção de treino bastante válida uma vez que são os exercícios que
estruturalmente mais se assemelham com a competição.
Quadro IV-16: Preferência metodológica de utilização de exercícios fundamentais (Fase I, Fase II e Fase III) no escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.
Exercícios Fundamentais Iniciados (12-14) Juvenis (14-16)
Média ± Dp % Média ± Dp %
Exercícios Fundamentais Fase I 5,8±10,2 6,8% 6,5±10,0 8,2%
Exercícios Fundamentais Fase II 4,8±9,9 5,6% 8,3±13,2* 10,4%
Exercícios Fundamentais Fase III 32,1±25,8 37,4% 22,8±22,1* 28,7%
*Estatisticamente significativo p< 0,05
Através da análise do quadro, verifica-se que os treinadores dos iniciados
utilizam menos exercícios fundamentais de fase II (6%) do que os juvenis
(10%) (p <0,05), os treinadores de iniciados utilizam mais os exercícios
fundamentais de fase III (37%) do que os treinadores de juvenis (29%) (p
<0,05). Estes resultados, não estão de acordo com o princípio da
especialização crescente dos exercícios de treino (Marques e col., 2000), pois
os treinadores dos iniciados utilizam mais exercícios de fase III, que são os
mais complexos, do que os treinadores dos juvenis.
44..44 CCOONNTTEEÚÚDDOOSS DDEE TTRREEIINNOO
44..44..11 CCOONNTTEEÚÚDDOOSS DDEESSEENNVVOOLLVVIIDDOOSS AATTRRAAVVÉÉSS DDOOSS EE..PP..GG
O Quadro IV-17, é referente ao desenvolvimento das capacidades motoras
através dos exercícios de preparação geral, distinguindo esse desenvolvimento
por escalões.
Apresentação e Discussão dos Resultados
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 86
Quadro IV-17: Características da carga de treino, para todos os conteúdos da amostra desenvolvidos através dos exercícios de preparação geral no escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.
Exercícios de Preparação Geral
Conteúdos de Treino 12-14 (Iniciados) 14-16 (Juvenis)
Média ± Dp Soma % Média ± Dp Soma %
Resistência Aeró. 10,7±9,1 3583,5 12,5 3,9±5,4* 1135,0 4,9
Resistência Anae. 0,7±2,7 245,0 0,8 0,5±2,4 135,0 0,6
Força Resistente 3,4±4,8 1126,5 4,0 4,0±3,1 1151,5 5,0
Força Rap./ Expl. 1,6±5,7 541,0 1,9 1,5±4,4 425,0 1,9
Força Máxima 0,0±0,0 0,0 0,0 0,0±0,0 0,0 0,0
Velocidade Reacç 0,4±1,9 123,0 0,5 0,5±2,2 135,0 0,6
Velocidade Exec. 3,1x10-2±0,4 10,5 3,6x10-2 0,0±0,0 0,0 0,0
Velocidade Deslo. 1,3±4,2 429,2 1,5 1,0±2,9 282,5 1,3
Velocidade Resis. 0,3±2,1 114,5 0,3 4,1x10-2±0,5* 12,0 5,2x10-2
Flexibili. Acti. 1,2±2,0 386,5 1,4 1,0±1,6 299,5 1,2
Flexibili. Pass. 4,6±4,0 1534,8 5,4 6,9±4,9* 2005,5 8,7
Cap. Reac. Coord. 0,0±0,0 0,0 0,0 0,0±0,0 0,0 0,0
Cap. Rítm. Coord. 1,6±2,9 537,5 1,9 0,7±1,7* 216,5 1,0
Cap. Equil. Coord 0,0±0,0 0,0 0,0 0,0±0,0 0,0 0,0
Cap. Orien. Coord 1,5x10-2±0,2 5,0 1,7x10-2 0,0±0,0 0,0 0,0
Cap. Difer. Coord 0,0±0,0 0,0 0,0 0,1±0,9* 37,5 0,1
*Estatisticamente significativo p< 0,05
Através da análise do quadro verifica-se que existem diferenças
estatisticamente significativas (p <0,05) no desenvolvimento da resistência
aeróbia através de exercícios de preparação geral entre o escalão de iniciados
(13%) e juvenis (5%), denotando-se que os iniciados desenvolvem mais esta
capacidade condicional através deste tipo de exercícios. Martin (1999), refere
que a resistência aeróbia é uma capacidade que deve ser desenvolvida em
todas as idades ou períodos, infância e juventude, o que confere uma grande
importância ao desenvolvimento desta capacidade. O facto dos treinadores dos
juvenis, desenvolverem menos esta capacidade condicional através dos
exercícios em questão, poderá explicar-se pelo facto de optarem por
desenvolver a resistência aeróbia, através de exercícios mais específicos
(exercícios específicos de preparação geral ou exercícios específicos de
preparação), uma vez que, embora desenvolvam menos a resistência do que
os treinadores dos iniciados (ver Quadro IV-7), utilizam maioritariamente
Apresentação e Discussão dos Resultados
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 87
exercícios com posse de bola para o desenvolvimento da mesma (ver Quadro
IV-10). Estes factos poderão justificar a diferença dos resultados, no entanto,
requerem uma análise mais específica que se poderá realizar com a
observação quadros, IV-18, IV-19, IV-20 e IV-21.
Podemos constatar, que o desenvolvimento da resistência aeróbia é o que
mais se trabalha através deste tipo de exercícios, nas idades dos 12 aos 16
anos, seguindo-se a flexibilidade passiva, em que o desenvolvimento difere
estatisticamente (p <0,05) nos escalões em estudo, denotando-se um
desenvolvimento superior por parte dos juvenis (9%) em relação ao escalão de
iniciados (5%). A força resistente, a força rápida / explosiva, a capacidade
rítmica coordenativa, onde existem diferenças significativas entre os escalões
testados (p <0,05) pois o escalão de iniciados (2%) desenvolve mais esta
capacidade do que o escalão de juvenis (1%), A velocidade de deslocamento e
por fim a flexibilidade activa. Estes resultados revelam uma estratégia orientada
para a qualidade de treino por parte dos treinadores (Martin, 1999) e são
idênticos aos do estudo realizado por Marques e col. (2000), no que diz
respeito à resistência aeróbia e à flexibilidade.
As restantes capacidades motoras têm um desenvolvimento muito reduzido ou
nulo, destacando-se diferenças estatisticamente significativas (p<0,05) entre o
escalão de iniciados e juvenis, onde os iniciados (0,3%) desenvolvem mais a
velocidade resistente do que os juvenis sendo o seu desenvolvimento
praticamente nulo neste escalão (5,2x10-2% ). Contudo os juvenis desenvolvem
mais a capacidade de diferenciação coordenativa (0,1%) pois os iniciados não
desenvolvem este tipo de coordenação.
Podemos constatar que a velocidade tem um desenvolvimento ligeiramente
superior no escalão de iniciados, do que no escalão de juvenis, o que está de
acordo com o que Martin (1999) sustenta, embora essa diferença só seja
estatisticamente significativa numa forma de expressão desta capacidade.
Estes resultados são coincidentes com os estudos realizados por Marques e
col. (2000); Pinto e col. (2001), onde igualmente se verifica um fraco
desenvolvimento das formas de expressão da velocidade, considerado por
Martin (1999) muito importante para a formação motora dos jovens atletas, dos
Apresentação e Discussão dos Resultados
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 88
10 aos 13 anos. Deste modo, podemos realçar a existência de um baixo
desenvolvimento das várias formas de expressão da velocidade em Futebol, no
escalão de iniciados através dos exercícios de preparação geral.
Segundo Martin (1999) o desenvolvimento da resistência aeróbia, é muito
importante dos 14 aos 18 anos, no entanto, os nossos resultados demonstram
que não lhe foi dada a devida importância, ao revelarem baixos valores de
desenvolvimento no escalão de juvenis, através dos exercícios em questão.
Destaca-se um desenvolvimento nulo em ambos os escalões da força máxima,
da capacidade de reacção coordenativa e da capacidade de equilíbrio
coordenativo. No que se refere à capacidade de reacção coordenativa, os
resultados estão de acordo com o que Martin (1999) defende, uma vez que
este refere que, esta capacidade coordenativa tem a sua fase sensível de
desenvolvimento na faixa etária dos 6 aos 10 anos de idade, por tal, não
engloba as faixas etárias em estudo. Já no que diz respeito à capacidade de
equilíbrio coordenativo, os nossos resultados não estão de acordo com o que
autor sustenta, uma vez que, o mesmo refere que é importante desenvolver
esta capacidade dos 10 anos aos 13 anos de idade, o que corresponde ao
escalão etário dos iniciados. A força máxima, segundo Martin (1999) tem a sua
grande expressão dos 13 aos 19 anos, por tal, deveria ter sido desenvolvida
pelo escalão juvenil.
Estes dados, demonstram algumas orientações para a qualidade do treino por
parte dos treinadores, assim como, um baixo desenvolvimento de outras
capacidades, que são extremamente importantes para a formação dos atletas.
44..44..22 CCOONNTTEEÚÚDDOOSS DDEESSEENNVVOOLLVVIIDDOOSS AATTRRAAVVÉÉSS DDOO EE..EE..PP..GG
Os quadros que se seguem, permitem-nos uma análise mais específica pois
demonstram o desenvolvimento dos diferentes conteúdos (resistência
específica, força específica, velocidade específica, técnica e técnico/táctica),
através dos meios específicos de preparação geral e dos meios específicos de
preparação (fase I, fase II e Fase III).
Apresentação e Discussão dos Resultados
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 89
Quadro IV-18: Características da carga de treino para todos os conteúdos da amostra desenvolvidos através dos exercícios específicos de preparação geral no escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.
Exercícios Específicos de Preparação Geral / Complementares
Conteúdos 12-14 (Iniciados) 14-16 (Juvenis)
Média ± Dp Soma % Média ± Dp Soma %
Res
is
Esp
e
Sem oposição 5,4±8,3 1814,0 6,3 4,7±6,4 1363,2 5,9
C/op.igualdad. n.º 0,2±1,2 59,0 0,2 0,5±2,1* 147,8 0,6
C/op sup. ataque 1,4±5,0 485,0 1,6 3,7±6,8* 1068,8 4,6
Forç
Esp
e
Sem oposição 0,2±1,6 70,00 0,2 5,2x10-2±05 15,0 6,5x10-2
C/op.igualdad. n.º 0,0±0,0 0,0 0,0 0,2±1,7* 60,0 0,2
C/op sup. ataque 0,0±0,0 0,0 0,0 02±1,9 55,0 0,2
Vel
oc
Esp
e
Sem oposição 9,0x10-2±1,2 30,0 0,1 0,4±2,5* 130,0 0,5
C/op.igualdad. n.º 0,0±0,0 0,0 0,0 5,2x10-2±0,9 15,0 6,5x10-2
C/op sup. ataque 9,7x10-2±0,9 32,5 0,1 0,0±0,0* 0,0 0,0
Técn
i
Sem oposição 5,4±9,4 1803,5 6,3 2,7±6,1* 790,5 3,4
C/op.igualdad. n.º 0,0±0,0 0,0 0,0 6,4x10-2±0,9 18,8 8,0x10-2
C/op sup. ataque 9,7x10-2±1,1 32,5 0,1 0,2±2,0 45,0 0,2
Tecn
ic./
Táct
ica
Sem oposição 0,5±2,5 156,5 0,6 8,6x10-2±1,1* 25,0 0,1
C/op.igualdad. n.º 3,1±7,9 1035,8 3,6 1,4±5,0* 400,0 1,8
C/op sup. ataque 0,6±3,5 205,0 0,7 7,2±10,8* 2097,8 9,1
C/op. sup defesa 0,0±0,0 0,0 0,0 0,3±1,7* 87,2 0,4
*Estatisticamente significativo p< 0,05
Através da análise do quadro, verifica-se que o desenvolvimento da resistência
de forma específica é superior no escalão de juvenis em relação ao
desenvolvimento efectuado pelo escalão de iniciados, o que está de acordo
com o princípio especialização crescente dos exercícios de treino (Marques e
col., 2000). Denota-se que os treinadores de ambos os escalões têm
preferência por desenvolver esta capacidade motora condicional, de forma
específica, através dos exercícios específicos de preparação geral, utilizando
exercícios complementares sem oposição, sendo provável que os mesmos
pretendam desenvolver esta mesma capacidade a uma intensidade mais baixa.
A ordem de preferência de utilização segue-se com, os exercícios
complementares com oposição e superioridade no ataque, e por fim, os
exercícios complementares com oposição e igualdade numérica.
Apresentação e Discussão dos Resultados
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 90
Através dos exercícios em análise, existem diferenças significativas (p <0,05)
no desenvolvimento da resistência específica, entre iniciados e juvenis, pois os
treinadores dos juvenis optam por utilizar mais exercícios complementares com
oposição e igualdade numérica (0,6%) do que os treinadores de iniciados
(0,2%). O mesmo acontece no caso dos exercícios complementares com
oposição e superioridade no ataque, em que os treinadores dos juvenis
apresentam uma utilização de 4,6% em relação aos treinadores dos iniciados
(1,6%), para o desenvolvimento da capacidade motora em questão, de forma
específica.
A capacidade motora que mais se desenvolve de forma específica através
destes exercícios é a resistência. A força específica e a velocidade específica
têm um desenvolvimento bastante reduzido. Para além da resistência
específica, o que mais se desenvolve através destes exercícios são as
questões técnico / tácticas, onde existem diferenças estatisticamente
significativas (p <0,05) entre o escalão de iniciados e juvenis.
Nas opções de treino para o desenvolvimento técnico / táctico, os treinadores
de iniciados utilizam mais exercícios complementares sem oposição (0,6%) do
que os treinadores do escalão de juvenis (0,1%) e exercícios complementares
com oposição e igualdade numérica (3,6%). Já os treinadores de juvenis,
optam mais pelos exercícios com oposição, dos quais se destacam os que têm
superioridade no ataque (9,1%), onde os iniciados têm uma utilização menor
(0,7%). Estes resultados estão de acordo com o princípio da especificidade
crescente dos exercícios de treino (Marques e col. (2000).
No que diz respeito ao desenvolvimento da técnica, verifica-se que os
treinadores dos escalões representados no nosso estudo, quando pretendem
desenvolver ou apurar uma situação técnica, optam por faze-lo através de
exercícios complementares sem a oposição de adversários, conotando-lhe um
desenvolvimento mais analítico, por tal, considerado menos apropriado pela
literatura (Mesquita, 2000; Garganta, 2002). Estes autores defendem que esse
desenvolvimento deverá ser realizado de uma forma mais aberta, onde os
atletas possam desenvolver a capacidade de decidir qual o gesto técnico mais
apropriado para a situação com que se deparam. No entanto, este tema é
Apresentação e Discussão dos Resultados
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 91
bastante complexo, e bastante polémico, por tal, requer uma análise mais
específica que permita afirmar se esta metodologia está certa ou errada, algo
que não é objectivo do nosso estudo. Contudo, as diferenças estaticamente
significativas (p <0,05) entre o escalão de iniciados (0,3%) e juvenis (3,4%),
estão de o acordo com o princípio da especificidade crescente dos exercícios
de treino, realçado por (Marques e col. (2000).
No que diz respeito à duvida levantada no ponto 4.3.3 do nosso estudo, em
relação à importância da utilização de exercícios complementares sem
oposição na estrutura do treino de futebol, quando nos questionávamos qual
seria o objectivo dos treinadores em utilizar este tipo de exercícios, podemos
verificar através da análise dos resultados do quadro, que os treinadores
utilizam estes exercícios, para desenvolverem essencialmente a resistência
específica dos seus atletas. Estes exercícios revelam-se muito importantes pois
têm como objectivo, o desenvolvimento de conteúdos específicos da
modalidade desportiva, através de uma relação primordial do praticante com a
bola, promovendo um desenvolvimento físico ajustado às características da
modalidade (Castelo, 2002). Logo a utilização deste tipo de exercícios revela-
se importante na estrutura do treino de Futebol, para os escalões etários em
estudo.
Apresentação e Discussão dos Resultados
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 92
44..44..33 CCOONNTTEEÚÚDDOOSS DDEESSEENNVVOOLLVVIIDDOOSS AATTRRAAVVÉÉSS DDOOSS EE..EE..PP // FFAASSEE II
Quadro IV-19: Características da carga de treino para todos os conteúdos da amostra desenvolvidos através dos exercícios específicos de preparação / fundamentais de fase I no escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.
Exercícios Específicos de Preparação / Fundamentais Fase I
Conteúdos 12-14 (Iniciados) 14-16 (Juvenis)
Média ± Dp Soma % Média ± Dp Soma %
Res
is
Esp
e
1x0+gr 0,1±1,4 35,0 0,1 0,0±0,0 0,0 0,0
3x0+gr 0,0±00 0,0 0,0 1,7x10-2±0,3 5,0 2,1 x10-2
Mais de 3x0+gr 5,7 x10-2±0,8 19,0 6,6 x10-2 0,0±0,0 0,0 0,0
Forç
Esp
e
1x0+gr 0,1±1,4 40,0 0,1 1,1±3,4* 309,0 1,4
2x0+gr 0,0±0,0 0,0 0,0 5,2 x10-2±0,9 15,0 6,5 x10-2
Mais de 3x0+gr 0,1±1,4 35,0 0,1 3,4 x10-2±0,6 10,0 4,3 x10-2
V.
E.
1x0+gr 0,5±3,7 175,0 0,6 5,2 x10-2±09* 15,0 6,5 x10-2
2x0+gr 3,0 x10-2±0,5 10,0 3,5 x10-2 0,1±1,4 35,0 0,1
Técn
ica
1x0+gr 0,7±3,2 227,5 0,8 0,5±2,6 157,0 0,6
2x0+gr 0,3±2,1 112,5 0,3 0,6±3,4 170,0 0,8
3x0+gr 0,4±2,3 117,5 0,5 0,4±2,4* 129,0 0,5
Mais de 3x0+gr 8,2 x10-2±0,9 27,5 9,6 x10-2 0,4±2,8 123,0 0,5
Tecn
ic./
Táct
ica
1x0+gr 3,0 x10-2±0,5 10,0 3,5 x10-2 0,1±1,1 31,0 0,1
2x0+gr 0,4±2,6 132,5 0,5 0,4±2,8 106,0 0,5
3x0+gr 0,7±3,5 242,5 0,8 0,1±1,4* 32,5 0,1
Mais de 3x0+gr 2,3±6,6 755,0 2,7 2,6±6,2 759,0 3,3
*Estatisticamente significativo p< 0,05
Através da análise do quadro, denota-se um decréscimo bastante elevado do
desenvolvimento da resistência específica através dos exercícios específicos
de preparação, fase I, quando em comparação com desenvolvimento da
mesma através dos exercícios específicos de preparação geral. A força
específica mantêm o seu desenvolvimento baixo, excepto no treino de juvenis
onde os seus treinadores optam por desenvolvê-la através dos exercícios
fundamentais de fase I, numa estrutura em que, o portador da posse de bola
sem ter oposição de um defesa, nem a ajuda dos companheiros, tem por
objectivo a finalização (1x0+gr). Sendo esta a forma através da qual mais se
desenvolve a força específica no nosso estudo. O que demonstra que os
treinadores de juvenis, têm preferencia por desenvolverem a força específica
dos seus atletas através de um exercício de finalização, isto é, desenvolvem a
Apresentação e Discussão dos Resultados
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 93
força dos seus jovens atletas, de forma adaptada às exigências físicas da
situação técnico / táctica em questão.
Este resultado está de acordo com o que a literatura aponta como correcto,
uma vez que existem diferenças estatisticamente significativas no
desenvolvimento da capacidade em questão entre os iniciados (0,1%) e juvenis
(1,4%), estando de acordo com o princípio da especificidade crescente dos
exercícios de treino (Marques e col. 2000), e com o que Martin (1999) sustenta,
ao referir que é importante a força ser desenvolvida na faixa etária pertencente
ao escalão de juvenis.
O desenvolvimento da velocidade específica, embora se revele mais baixo
através deste tipo de exercícios, quando em comparação com os exercícios
específicos de preparação geral, verifica-se que os treinadores de iniciados
optam por desenvolver esta capacidade através de exercícios de finalização,
que estruturalmente se caracterizam por, o jogador em posse de bola não ter a
oposição de adversário, excepto o guarda redes, nem a ajuda de companheiros
(1x0+gr) (0,6%), sendo esta diferença estatisticamente significativa, quando em
comparação com o nível de utilização destes exercícios por parte dos
treinadores dos juvenis (0,065%), para o desenvolvimento da capacidade em
questão.
O desenvolvimento técnico / táctico, através deste tipo destes exercícios,
revela-se inferior quando em comparação com os exercícios específicos de
preparação geral. Destacando-se, no entanto, a preferência dos treinadores por
desenvolverem este conteúdo de treino, através de situações em que o jogador
em posse de bola tem mais de três companheiros para finalizar sem a oposição
de adversários, excepto o guarda-redes (mais de 3x0+gr).
Apresentação e Discussão dos Resultados
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 94
44..44..44 CCOONNTTEEÚÚDDOOSS DDEESSEENNVVOOLLVVIIDDOOSS AATTRRAAVVÉÉSS DDOOSS EE..EE..PP // FFAASSEE IIII
Quadro IV-20: Características da carga de treino para todos os conteúdos da amostra desenvolvidos através dos exercícios específicos de preparação / fundamentais de fase II no escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.
Exercícios Específicos de Preparação / Fundamentais Fase II
Conteúdos 12-14 (Iniciados) 14-16 (Juvenis)
Média ± Dp Soma % Média ± Dp Soma %
R.
E.
Sup. n.º no ataque 0,0±0,0 0,0 0,0 3,4 x10-2±0,6 10,0 4,2 x10-2
Igualdade numér. 3,0 x10-2±0,5 10 3,5 x10-2 0,0±0,0 0,0 0,0
F.
E.
Sup. n.º no ataque 0,0±0,0 0,0 0,0 0,8±2,5* 228,0 1,0
Igualdade numér. 0,0±0,0 0,0 0,0 0,8±2,5* 228,0 1,0
V.
E.
Sup. n.º no ataque 7,5 x10-2±1,0 25,0 8,7 x10-2 0,0±0,0 0,0 0,0
Igualdade numér. 0,2±1,6 65,0 0,2 2,7 x10-2±0,5 8,0 3,4 x10-2
T. Sup. n.º no ataque 6,0 x10-2±1,1 20,0 7,0 x10-2 0,2±1,4 57,0 0,2
Igualdade numér. 6,0 x10-2±1,1 20,0 7,0 x10-2 0,4±2,0* 102,0 0,5
T./T
a Sup. n.º no ataque 1,8±5,9 597,5 2,1 3,4±7,6* 981,9 4,3
Igualdade numér. 2,6±7,5 885,0 3,0 2,8±7,8 806,5 3,5
*Estatisticamente significativo p< 0,05
Através da análise do quadro, verifica-se que os treinadores de iniciados e
juvenis, através dos exercícios específicos de preparação de fase II, que são
exercícios que estruturalmente obrigam os atletas a tentar finalizar com
oposição defensiva podendo ou não ter a ajuda de companheiros, onde os
treinadores poderão optar por criar situações de igualdade numérica, ou
superioridade numérica, não desenvolvem ou quase não desenvolvem, a
resistência específica, a força específica, a velocidade específica e a técnica,
através dos exercícios específicos de preparação fundamentais de fase II.
Denotando-se que os treinadores optam por utilizarem este tipo de exercícios
para desenvolverem as qualidades técnico / tácticas dos seus atletas,
destacando-se diferenças estatisticamente significativas (p <0,05) no
desenvolvimento do conteúdo em questão, entre os iniciados e juvenis,
verificando-se que, os treinadores de juvenis tem uma utilização superior deste
tipo de exercícios, estruturalmente organizados com superioridade no ataque
(4,3%) do que os treinadores de iniciados (2,1%). Estes resultados não estão
de acordo com o princípio da especificidade crescente dos exercícios de treino
(Marques e col. 2000), pois teoricamente a realização de um exercício em
Apresentação e Discussão dos Resultados
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 95
superioridade numérica, deverá ter um nível de exigência inferior, ao de um
realizado com igualdade numérica (Queirós, 1986).
44..44..55 CCOONNTTEEÚÚDDOOSS DDEESSEENNVVOOLLVVIIDDOOSS AATTRRAAVVÉÉSS DDOO EE..EE..PP // FFAASSEE IIIIII
Quadro IV-21: Características da carga de treino para todos os conteúdos da amostra desenvolvidos através dos exercícios específicos de preparação / fundamentais de fase III no escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.
Exercícios Específicos de Preparação / Fundamentais Fase III
Conteúdos 12-14 (Iniciados) 14-16 (Juvenis)
Média ± Dp Soma % Média ± Dp Soma %
Res
is
Esp
e
Jogo reduzido 0,1±1,2 35,0 0,1 6,9 x10-2±1,2 20,0 8,7 x10-2
J. reduzido condi. 0,0±0,0 0,0 0,0 5,2 x10-2±0,9 15,0 6,5 x10-2
J. formal condici. 0,0±0,0 0,0 0,0 0,2±2,3 65 0,2
A Força Específica não se desenvolveu através destes tipo de exercícios
V.
E. J. reduzido condi. 4,5 x10-2±0,8 15,0 5,2 x10-2 0,0±0,0 0,0 0,0
T. J. reduzido condi. 0,3±3,3 110,0 0,3 0,0±0,0 0,0 0,0
J. formal condici. 0,2±2,7 65,0 0,2 0,0±0,0 0,0 0,0
Tecn
ic./
Táct
ica
Jogo reduzido 12,8±7,6 2592,2 14,9 3,4±9,1* 998,0 4,3
J. reduzido condi. 5,5±11,7 1847,0 6,4 10,6±14,6* 3074,5 13,4
Jogo Formal 14,5±29,7 4857,0 16,9 7,9±19,1* 2065,0 9,9
J. formal condici. 3,6±8,3 1212,0 4,2 1,3±5,5* 386,0 1,6
*Estatisticamente significativo p< 0,05
Ao analisarmos os resultados do quadro, verificamos que em consonância com
os Quadros IV-19 e IV-20, correspondentes aos exercícios específicos de
preparação, o desenvolvimento dos conteúdos de treino, resistência específica,
força específica, velocidade específica e técnicos, têm um desenvolvimento
praticamente nulo ao contrário dos conteúdos técnico / tácticos, que por sua
vez têm um desenvolvimento superior, através dos exercícios específicos de
preparação, assumindo os valores mais expressivos de desenvolvimento
através dos exercícios fundamentais de fase III, que se caracterizam por o
jogador ou equipa em posse de bola poder finalizar, mas na perda da posse da
mesma, terem a obrigação de evitar a finalização na sua baliza (Castelo, 2002),
sendo estes os exercícios que mais se assemelham com a competição.
Apresentação e Discussão dos Resultados
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 96
Existem diferenças estatisticamente significativas (p <0,05), no
desenvolvimento técnico / táctico, através dos exercícios específicos de
preparação / fundamentais de fase III, onde os treinadores dos iniciados têm
uma utilização superior deste tipo de exercícios através de jogos reduzidos
(14,9%) em relação aos juvenis (4,3%). Em conta partida, estes utilizam mais
os jogos reduzidos e condicionados (13,4%) do que iniciados (6,4%), já os
treinadores dos iniciados tem uma utilização superior do jogo formal (16,9%)
em comparação com os treinadores dos juvenis (9,9%) e igualmente uma
utilização superior de jogos reduzidos e condicionados (4,2%) onde os juvenis
tem uma utilização inferior (1,6%)
Estes resultados não estão de acordo com o princípio da especificidade
crescente dos exercícios de treino (Marques e col. 2000), uma vez que se
verifica que, os treinadores dos iniciados, têm uma utilização superior de jogos
formais e jogos formais condicionados, em relação à utilização deste tipo de
exercícios, por parte dos treinadores de juvenis. Segundo Queiroz, (1986) este
tipo de exercícios (formais, formais condicionados) são mais complexos,
quando em comparação com os jogos reduzidos, onde, o menor número de
jogadores (adversários e companheiros) e as menores dimensões do terreno
de jogo, os tornam menos complexos, e por isso, mais adaptados à
aprendizagem.
Cremos que, o facto dos treinadores de iniciados e juvenis, optarem por
desenvolverem os conteúdos técnico / tácticos, através dos exercícios
fundamentais de fase III, revela uma estratégia direccionada para a qualidade
do treino, uma vez que este tipo de exercícios são os que mais se aproximam
da realidade competitiva.
Conclusões
TANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 97
VV-- CCoonncclluussõõeess
As conclusões do nosso estudo, procurarão cumprir com os objectivos traçados
para a sua realização. Seguindo para tal, as hipóteses orientadoras que nos
propusemos a verificar.
Conclui-se que a estruturação do treino do escalão de iniciados, difere da
estruturação dos juvenis. Verificando-se diferenças estatisticamente
significativas, basicamente em todos os focos de análise do nosso estudo,
excepto nas prioridades de treino para o desenvolvimento físico, técnico e
técnico / táctico onde não se registam diferenças estatisticamente significativas
(P <0,05).
Ao verificarmos as diferenças de estruturação do treino entre os escalões em
análise, concluímos que algumas apontam para a qualidade de treino ao
cumprirem o princípio da especialização crescente dos exercícios de treino,
sendo exemplos disso:
- O facto dos iniciados utilizarem mais E.P.G do que os juvenis, que por
sua vez utilizam mais E.E.P.G;
- Os juvenis desenvolverem mais as capacidades motoras condicionais,
através de exercícios com posse de bola do que os iniciados, sendo este
tipo de desenvolvimento mais específico do que os exercícios que não
utilizam a posse de bola;
- Os treinadores de iniciados utilizarem mais exercícios complementares
sem oposição de adversários do que os treinadores de juvenis;
- O escalão de juvenis ter um desenvolvimento superior da resistência
especifica e da força específica em comparação com o desenvolvimento
específico destas capacidades efectuado no escalão de iniciados;
- O desenvolvimento da técnica através de exercícios sem posse de bola,
ser superior no escalão de iniciados do que no escalão de juvenis;
Conclusões
TANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 98
No entanto, algumas dessas diferenças não apontam para a qualidade do
treino, sendo exemplo disso:
- A utilização superior por parte dos iniciados de E.E.P em relação à
utilização dos juvenis;
- Os treinadores dos iniciados utilizarem mais os exercícios fundamentais
de Fase III do que os treinadores dos juvenis;
- Os treinadores dos juvenis utilizam mais exercícios com superioridade
no ataque, no desenvolvimento técnico / táctico, através dos exercícios
de Fase II do que os treinadores dos iniciados;
- Os treinadores dos iniciados terem uma utilização superior de jogos
formais e dos jogos formais condicionados, através dos exercícios
fundamentais de Fase III, em relação aos treinadores do escalão de
juvenis.
Conclui-se que os treinadores de futebol do escalão de iniciados e juvenis,
pertencentes à amostra em estudo, dão prioridade aos aspectos técnico /
tácticos (51%) e físicos (41%) em detrimento dos aspectos técnicos (8%).
Consideramos que estes resultados, apontam para a qualidade de treino, uma
vez que, os valores da vertente física se revelaram altos. Por sua vez, os
valores baixos da técnica, revelam que esta está a ser desenvolvida
conjuntamente com as situações tácticas.
Podemos concluir que a resistência é a capacidade motora que mais se
desenvolve (19%), seguindo-se a força (8%) a flexibilidade (8%), sendo a
velocidade (3%) e a coordenação (2%) as que menos se desenvolvem na faixa
etária dos 12 aos 16 anos em Futebol.
Pode-se constatar, que os treinadores das faixas etárias em estudo
desenvolvem mais as capacidades motoras condicionais dos seus atletas de
uma forma separada das questões técnico e técnico/tácticas, uma vez que a
utilização de exercícios sem posse de bola (28%) é superior à utilização de
exercícios com posse de bola (13%).
Conclusões
TANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 99
Verifica-se que os treinadores dos iniciados e juvenis utilizam mais os
exercícios fundamentais (49%) em detrimento dos exercícios complementares
(23%).
Os resultados permitem-nos concluir que, a resistência aeróbia e flexibilidade
passiva estão a ser bem desenvolvidas, através dos E.P.G, no treino dos
escalões em estudo, contribuindo desta forma para a qualidade do treino, no
entanto, o baixo desenvolvimento de algumas capacidades motoras estão a
contribuir negativamente para a referida qualidade, pois a resistência anaeróbia
tem um baixo desenvolvimento no escalão de juvenis, a força máxima tem um
desenvolvimento nulo nos dois escalões e a velocidade tem um fraco
desenvolvimento, para o que seria desejado, no escalão de iniciados.
Conclui-se que os treinadores de iniciados e juvenis optam por desenvolver a
resistência de uma forma específica, através dos E.E.P.G. A resistência
específica é o que mais se desenvolve através deste tipo de exercícios,
seguindo-se as questões técnico/tácticas.
Verifica-se que os treinadores de juvenis, ao desenvolverem a força específica
optam por o fazer, através dos E.E.P/ Fase I, numa estrutura de 1x0+gr.
Os treinadores em estudo, através dos E.E.P./ Fase II o que mais desenvolvem
são as questões técnico/tácticas, revelando-se valores baixos de
desenvolvimento para os restantes conteúdos de treino analisados.
Podemos concluir que os treinadores de iniciados e juvenis, optam por
utilizarem os E.E.P para o desenvolvimento técnico/táctico, assumindo os seus
valores mais expressivos de desenvolvimento através dos exercícios
fundamentais de Fase III.
Recomendações
TANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 101
VVII –– RReeccoommeennddaaççõõeess ppaarraa aa pprrááttiiccaa,, nnoo ttrreeiinnoo ddee jjoovveennss FFuutteebboolliissttaass
66..11 RREECCOOMMEENNDDAAÇÇÕÕEESS EESSPPEECCÍÍFFIICCAASS AAOOSS RREESSUULLTTAADDOOSS DDOO NNOOSSSSOO EESSTTUUDDOO
Em consonância com os resultados do nosso estudo, parece-nos importante
realçar o que se afigura preponderante modificar no planeamento do treino, no
escalão de iniciados e juvenis, no sentido de beneficiar a qualidade do mesmo.
Para tal, os treinadores deverão:
- Dar importância ao desenvolvimento da velocidade e
coordenação, sendo a velocidade importante desenvolver no
escalão de iniciados, assim como, o desenvolvimento do
equilíbrio coordenativo;
- Dar ênfase ao desenvolvimento da força máxima no escalão de
juvenis;
- Aumentar a capacidade anaeróbia dos atletas que se encontram
no escalão juvenil;
- Planear o desenvolvimento das capacidades motoras associado
a situações técnicas ou técnico / tácticas. Um desenvolvimento
adaptado às exigências da competição;
- Desenvolver as capacidades técnicas dos seus atletas, através
de exercícios específicos de preparação (EEP), com oposição
de adversários, conotando-lhes um desenvolvimento eficaz e
adaptado à realidade competitiva do jogo, especialmente no
escalão de iniciados por englobar uma faixa etária cujo o seu
desenvolvimento se revela preponderante.
Recomendações
TANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 102
66..22 RREECCOOMMEENNDDAAÇÇÕÕEESS GGEERRAAIISS
Após a realização deste estudo, esperando que este possa vir a contribuir para
o desenvolvimento científico da metodologia do treino em Futebol, parece-nos
pertinente fazer referência, a algumas recomendações para o treino de jovens
futebolistas, dos 12 aos 16 anos de idade.
O Futebol é um jogo eminentemente táctico, toda a execução do atleta vai
estar condicionada a uma situação táctica, a resolução das situações tácticas,
dependem da tomada de decisão do atleta, das capacidades motoras
necessárias à sua resolução e do gesto técnico mais apropriado.
O treino serve, ou deverá servir, para que a resolução das situações tácticas
sejam eficazes em jogo, mais do que isso, o treino com crianças e jovens
deverá ter objectivos formativos, objectivos que deverão ser definidos a longo
prazo, tendo em conta as etapas de formação e as fases sensíveis de
desenvolvimento.
O treinador deve planear o treino, respeitando as etapas em que os atletas se
encontram e segundo a sua forma de ver o jogo, o seu modelo de jogo, que por
sua vez deverá ser transmitido, ensinado e entendido pelos seus atletas.
Os exercícios apropriados para tal, parecem-nos ser os que mais se
assemelham com a competição. Não cremos com isto dizer que o treino só
deverá incluir o jogo formal, mas sim, que deverá incluir fragmentos ou
pequenas partes desse mesmo jogo como, a finalização, a transição defesa-
ataque / ataque-defesa, pressão, etc., que o treinador pretenda desenvolver ou
consolidar nos seus atletas. Para tal existe uma grande gama de exercícios,
dos quais destacamos, os exercícios complementares com bola e os exercícios
fundamentais de Fase I, II e III, que poderão, se bem utilizados, servir para que
o treino encaminhe a equipa e o processo formativo para o sucesso.
A selecção dos exercícios deverá ser extremamente cuidadosa, para que os
mesmos consigam objectivar as pretensões do treinador. O treinador deve
explicar os objectivos do exercício de uma forma simples e objectiva, de forma
a que não surjam dúvidas entre os atletas. O facto dos atletas compreenderem
Recomendações
TANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 103
os variados exercícios que o treinador lhes propõe, permitirá a estes o
entendimento sobre o modelo de jogo do treinador e consequentemente a sua
interpretação em jogo.
O desenvolvimento cognitivo do atleta revela-se preponderante, saber o porquê
da realização deste ou daquele exercício, e dentro do exercício qual a sua
função e o objectivo a atingir, parece-nos o melhor caminho a seguir.
Assim como o desenvolvimento técnico, o desenvolvimento físico deverá estar
associado a uma situação táctica, tornando-se desta forma um
desenvolvimento adaptado às exigências do jogo. Por tal os treinadores
deverão incrementar as capacidades motoras dos seus atletas através de
exercícios com bola.
Todos os treinadores, incluindo os da formação, deverão procurar que os
exercícios seleccionados para o treino sejam o mais específicos possíveis, não
só os que têm objectivos técnico / tácticos mas também os que têm por
objectivo o desenvolvimento físico, para que estes reproduzam as capacidades
físicas (velocidade, força, resistência, flexibilidade e coordenação) específicas
do futebol. Assim o desenvolvimento das capacidades físicas, deverá ser
realizado através de exercícios que representem formas jogadas semelhantes
à competição.
A nosso ver os treinadores de Futebol dos escalões de formação, iniciados e
juvenis, devem:
- Definir o modelo de jogo, a partir do qual, deve emergir todo o
planeamento de treino (técnico, técnico / táctico, físico e
psicológico);
- Fazer com que os seus atletas compreendam o modelo de jogo,
através do qual vão desenvolver todas as suas capacidades
(técnico, técnico / táctico, físico e psicológico), originando que
estes se sintam parte integrante do mesmo, facilitando desta
forma a sua interpretação em competição;
Recomendações
TANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 104
- Utilizar exercícios com bola o mais específicos possíveis;
- Respeitar as etapas de preparação em que os seus atletas estão
inseridos, iniciados (especialização inicial), juvenis
(especialização aprofundada);
- Ter em conta as fases sensíveis de treinabilidade dos seus
atletas (períodos de tempo na vida em que os atletas respondem
de forma mais intensa a determinados estímulos). O
desenvolvimento das capacidades motoras deve ser
homogéneo, isto é, todas as capacidades devem ser
desenvolvidas, no entanto: aos iniciados devem dar especial
atenção ao desenvolvimento das aprendizagens técnicas, às
capacidades coordenativas (ritmo, equilíbrio e diferenciação), à
velocidade, força veloz e resistência aeróbia; aos juvenis devem
dar ênfase ao desenvolvimento da força máxima, da resistência
anaeróbia e da resistência aeróbia.
Sugestões
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL
105
VVIIII –– SSuuggeessttõõeess
Após a finalização deste estudo, surgem algumas sugestões para a elaboração
de futuros trabalhos no âmbito desta temática, tais como:
• A análise da estrutura do treino, dos escalões de formação, de uma equipa
com tradição na formação, comparando a estruturação da mesma, com uma
equipa que teoricamente tenha menos tradição, ou de nível inferior, tentando
verificar desta forma quais as principais diferenças, se é que elas existem,
entre a estruturação do treino de uma e da outra equipa.
• Acompanhar os treinos, de um ou mais escalões de formação, de uma ou
mais equipas, fazendo o registro no local, isto é, fazendo uma observação
directa e registo directo de toda a estruturação do treino, podendo-se comparar
as diferenças, entre escalões, entre equipas ou entre os períodos de
preparação (ex. período preparatório vs. período competitivo).
• Comparar a estruturação do treino entre um escalão de formação e uma
equipa sénior, tentando verificar das diferenças estruturais do treino entre o
escalão de formação e o escalão sénior.
Bibliografia
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 107
VVIIIIII –– RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass
ADELINO, J; VIEIRA, J. COELHO, O. (1999), Treino de Jovens – O que todos precisam de saber!
Secretaria de Estado do Desporto. Centro de Estudos e Formação Desportiva.
AGUILLÀ, G.; PÉREZ, G.; SOLANAS, A & RENOM, J. (1990): Aproximación a una propussta de
aprendizaje de los elementos tácticos individuales en los deportes de equipo. Apunts: Educació Física i
Esportes, nº 24: 59-68
AL-HAZZAA, H. M., AL-REFAEE, S. A., SULAIMAN, M. A., AL-HERBISH, A. S., & CHUKWUEMEKA, A. C. (1996). Maximal cardiorespiratory responses of adolescent athletes to treadmill running and arm
ergometry: Swimmers vs soccer players. Medicine and Science in Exercise and Sports, 28 (5)
ARAÚJO, D. (1997). O Treino da capacidade de decisão – Revista Treino Desportivo. Novembro, pp: 11
– 22.
ARAÚJO, J. (1983). Iniciação aos Desportos Colectivos – 1ª parte. Sete Metros. Revista técnica de
Andebol nº 5. Abril/Maio: 7-12.
ARAÚJO, J. (1985). Manual do treinador do desporto profissional. Campo das Letras. Porto.
BANGSBO, J (1993). The physiology of soccer – with special reference to intense intermittent exercise.
August krogh institute. University of copenhagen. Denmark.
BANGSBO, J. (1994) : Fitness Trainning in Footbal – a Science Approach. HO+Storm. Bagsvaerd.
Denmark.
BANGSBO, J. (1996). Physiology of intermittent activity in football. In Reilly, T.;Bangsbo, J. E Hughes, M.
(eds), Science and Football III, pp. 43-53. E&FN Spon. London.
BANGSBO, J. (1999). Preparacíon fisica. In B. Ekblom e M.P. Rodriguez (eds), Manual de las ciencias de
entrenamiento – fútbol, pp. 135-149. Tradução de J.P. Umbert. Editorial Paidotribo. Barcelona.
BAR-OR, O. (1983). Pediatric sports medicine for the practitioner (comprehensive manual in pediatrics).
New York: Springer-Verlag .
BAYER, C. (1994). O ensino dos desportos colectivos. Dinalivro. Lisboa
BEZERRA, P. (2001): Pertinência do exercício de treino no futebol – Revista Treino Desporivo. Setembro,
pp. 23-27.
BOMPA, T. (1994), Theory and Methodology of Training - The Key to Athletic Performance, 3ª Edição, Ed.
Orietta Cacina.
Bibliografia
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 108
BOMPA, T. (1999). Periodization – Theory and Methodology of Training- 4th Edition. Human Kinetics
BOMPA, T. (1999). Planeamento a Longo Prazo, Secretaria de Estado do Desporto. Centro de Estudos e
Formação Desportiva. Seminário Internacional de Treino de Jovens. Lisboa 6 e 7 de Novembro de 1999.
BOMPA, T. (2002). Periodización del Entrenamiento Deportivo –Programas para obtener el máximo
rendimiento en 35 deportes. 1ª Edição, Editorial Paidotribo.
BRAGADA, J. (2000). A classificação dos exercícios de treino. Revista Treino Desportivo. Vol. 10, Junho;
pp. (14-17);
BUNKER, D. & THORPE, R. (1982) – A model for the teaching of games in secondary schools. Bull. Phys. Educ., 19 (1): 5-8
CARVALHAL, C. (2002). No Treino de Futebol de Rendimento Superior. A Recuperação é … Muitíssimo
mais que “Recuperar”. Liminho, Indústrias Gráficas Lda.
CARVALHO, A. (1994). Organização e condução do processo de treino Horizonte, Vol. I nº 4: 111-114.
CASTELO, J. (1994). Futebol, Modelo Técnico-Táctico do jogo. Edições F.M.H. U.T.L.
CASTELO, J. (1996). Futebol – a organização do jogo, edição do autor
CASTELO, J. (1998). Estudo do factor táctico desportivo. Os factores do treino desportivo. In Metodologia
do treino desportivo. Edição Faculdade de Motricidade Humana. Lisboa: 188-250.
CASTELO, J. (2000). Exercícios de treino no futebol, comunicação apresentada no âmbito da formação
continua 2000, Escola Superior de Desporto de Rio Maior – Instituto Politécnico de Santarém, (não
publicado).
CASTELO, J. (2002). O Exercício de Treino Desportivo - A Unidade Lógica de Programação e
Estruturação do Treino Desportivo. Lisboa: Edições FMH.
CASTELO, J. (2003). Futebol – Guia Prático de Exercícios de Treino. Lisboa: Edição Visão e contextos.
CASTELO, J., et Al. (1998). Teoria e Metodologia do Treino Desportivo. Edições FMH.
CASTELO, J., et Al. (2000). Teoria e Metodologia do Treino Desportivo. Edições FMH.
CEREZO, C. (2000). Hacia una concepción más integral del entrenamiento en el fútbol. www.
efdeportes.com, revista digital, Ano 5, n.º 19. Buenos Aires
CHANON, J.C. (1994): Développement à système aérobie. EPS, 245 : 22-25.
Bibliografia
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 109
CONTRERAS, M. & ORTEGA, J. (1999). Creacion, Ocupacion Y Aproechamento del espacio como
concepto básico para la aplicacion de los médios técnico/tácticos colectivos esenciales en los deportes de
equipo. Educación Física y Deportes. Revista Digital.
CORBEAU, J. (1989). Football: «de école…aux associtions», Editions Revue EPS, Paris
CUNHA, P. (2000). Planeamento do Treino com Crianças e Jovens, Revista Treino Desportivo. Vol. 8,
Jul/Set, pp. (17-25).
DIETRICH, K. (1979). Le football. Apprentissage et pratique par le jeu. Editions Vigot.
EKBLOM, B. (1996). Applied physiology of soccer. Sport Med., 3:50-60.
FAIGENBAUM, A., WESTCOTT, W., MICHELI, L., OUTERBRIDGE, R., LONG, C., LAROSA-LOUD, R., & ZAICHKOWSKY, L. (1995). The effects of strength training and detraining on children. Medicine and
Science in Sports and Exercise, 27(5).
FALK, B., & TENENBAUM, G. (1996). The effectiveness of resistance training in children: A meta-
analysis. Sports Medicine, 22, 176-186.
FARIA, R. & TAVARES, F. (1992). O comportamento estratégico – acerca da autonomia da decisão nos
jogadores de desportos colectivos. In As Ciências do Desporto, a Cultura e o Homem: 291-296. J. Bento
& A. Marques (eds.). FCDEF-UP e CMP. Porto.
FERREIRA, J. & QUEIRÓZ, C. (1982). Futebol – Da Formação à Alta Competição. Ludens. Vol. 6, nº 3:
65-72.
FERREIRA, J. (1983). Uma direcção programática na formação do praticante de futebol. (Comunicação
apresentada no seminário sobre “Futebol – Análise do Treino no processo de Formação”). Ludens. Vol. 8,
nº1, Out / Dez.: 45-53.
FERREIRA, J. ; QUEIROZ, C. (1982). Futebol – da formação à alta competição. Ludens, 3 (6): 25-30.
FERREIRA, V. (1998). A observação qualitativa. Determinismo de variáveis de presságio na competência
de observação de diagnóstico em tarefas desportivas características das actividades gímnicas. Tese de
Doutoramento. FMH-UTL. Lisboa.
FRADUA U., L. & SANTOS, J. A.F. (1995). Construcción de situaciones de enseñanza para la mejora de
los fundamentos técnico-tácticos individuales en el Futebo. Apunts: Educació Física i Esportes, 40: 27-33.
FRADUA U., L. (1997). La vision de juego en el futbolista. Editorial Paidotribo.
FRISCHKNECHT, M. (2003). Controlo do Treino Físico. Revista Treino Desportivo, n.º 23, Dezembro:
31:33.
FUENTES, J.G., SÁENZ, P., BUÑUEL, L. (1998). Aspectos básicos de la iniciación deportiva. Fútbol
Cuadernos Técnicos, 11: 57-71.
Bibliografia
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 110
FURRIEL, R. (2002). A planificação do treino de jovens Basquetebolistas – descrição e análise dos
meios, métodos, carga de treino e competição no escalão de cadetes. Monografia de licenciatura.
FCDEF-UP.
GARGANTA, J. & OLIVEIRA, J. (1996). Estratégia e táctica nos jogos desportivos colectivos. In
Estratégia e táctica nos jogos desportivos colectivos: 7-23. J. Oliveira & F. Tavares (Eds.). CEJD/FCDEF-
UP.
GARGANTA, J. & PINTO, J. (1994). O ensino do futebol. In O ensino dos jogos desportivos: 97-137. A.
Graça & J. Oliveira (Eds.). Centro de Estudos dos Jogos Desportivos. FCDEF-UP.
GARGANTA, J. & PINTO, J. (1995). O ensino do futebol. In O Ensino dos Jogos Desportivos. Amândio
Graça & José Oliveira (Eds.). CEJD/FCEDF- UP.: 95-137.
GARGANTA, J. (1985). Reflexão - contributo para a abordagem do Futebol na escola. Horizonte, II (9):
97-101.
GARGANTA, J. (1991). Planeamento e Periodização do Treino do Futebol. Revista Horizonte, 42, 196-
200
GARGANTA, J. (1994). Para uma teoria dos jogos desportivos colectivos. In O ensino dos jogos
desportivos: 11-25. A. Graça & J. Oliveira (Eds.). Centro de Estudos dos Jogos Desportivos. FCDEF-UP.
GARGANTA, J. (1995). Para uma Teoria dos Jogos Desportivo Colectivos. In O Ensino dos Jogos
Desportivos. Amândio Graça & José Oliveira (Eds.). CEJD/FCDEF-UP: 63-82.
GARGANTA, J. (1996). Modelação da Dimensão Táctica do Jogo de Futebol. In Estratégia e Táctica nos
Jogos Desportivos Colectivos. José Oliveira & Fernando Tavares (Eds). CEJD/FCDEF-UP: 63-82.
GARGANTA, J. (1997). Modelação táctica do jogo de futebol. Estudo da organização da fase ofensiva em
equipas de alto rendimento. Tese de Doutoramento. FCDEF – UP.
GARGANTA, J. (1998). A Análise de Jogo em Futebol. Mestrado de Alto Rendimento Desportivo.
FCDEF-UP.
GARGANTA, J. (1999). O desenvolvimento da velocidade nos Jogos Desportivos Colectivos. Treino
Desportivo, nº 6. Março: 6-13.
GARGANTA, J. (1999a). La prestazione energético funcionale del calciotore, Teknosport, Ano 4, nº 12.
GARGANTA, J. (2000). O treino da táctica e da estratégia nos jogos desportivos. In Horizontes e órbitas
no treino dos jogos desportivos: 21-36. J. Garganta Editor. FCDEF-UP e CEJD. Porto.
GARGANTA, J. (2001). Conocimiento y acción en el fútbol. Tender un puente entre la táctica y la técnica.
Revista de Entrenamiento Deportivo, XV (1): 15-23.
Bibliografia
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 111
GARGANTA, J. (2002a). Competências no ensino e treino de jovens futebolistas. Revista Digital –
Buenos Aires – Año 8 – Nº 45 – Febrero de 2002. (http://www.efdeportes.com/).
GARGANTA, J. (2002B). O treino da táctica e da técnica nos jogos desportivos à luz do compromisso
cognição-acção. In: Valdir J. Barbanti, Alberto C. Amadio, Jorge O. Bento, António T. Marques (ed.),
Esporte e actividade física; Interacção entre rendimento e qualidade de vida. 281-306. Editora Manole
Ltda. Brasil.
GARGANTA, J. E PINTO, J. (1998). O Ensino do Futebol. In: A. Graça e J. Oliveira (ed.), O ensino dos
jogos desportivos colectivos. 95-135. Centro de Estudos dos Jogos Desportivos. FCDEF-UP.
GODIK, M. & POPOV, A. (1993). La preparación del futbolista, Ed. Paidotribo. Barcelona.
GRAÇA, J. (1994). Os comos e os quandos no ensino dos jogos. In O ensino dos jogos desportivos: 27-
34. A. Graça & J. Oliveira (Eds.). Centro de Estudos dos Jogos Desportivos. FCDEF-UP.
GRANT, A.; MCMILLAN, K. (2001). The role of blood lactate response to sub-maximal exercíce in the
monitoring of aerobic fitness in footballers. Insight, 2 (4): 34-35.
GRECO, P. (1988), Hándbal. La formción de jogadores intelegentes. Stadium, 128 (22) : 22-30;
GREGSON, W.; DRUST, B. (2000): The physiology of football drills. Insight, 4(3): 48-49.
GRÉHAIGNE, J.F. & GUILLON (1992), L’ utilisation des jeux d’ opposition a l’ école. Revue de l’Education
Physique, 32 (2)
GRÉHAIGNE, J.F. (1992), L’ Organisation du jeu en football. Editions Actio. Paris.
GRÉHAIGNE, J.F.; GOBOUT, P. (1995), Technical knowledge in tem sport from constructivist and
cognitivist perspective, Quest, 47 (4): 4990-505.
GUTERMAN, T. (1996). El Futbol en la escuela: aportes para pensar um encuentro. Educación Física y
Deportes. Revista Digital, 2. (http//www.efdeportes.com/).
KACANI, L. & HORSKY, L. (1986). Entraînement de Football. Sport, Ètidion Slovaque pour L’Éducation
Physique, Bratislava. Eurha Sport Amsterdam.
KONZAG, I. (1985). A formação Técnico-Táctica nos Jogos Desportivos. Futebol em Revista. Nº 14. 4ª
série. Setembro: 41 – 45.
KONZAG, I. (1991). A formação técnico-táctica nos Jogos Desportivos Colectivos. Treino Desportivo, II
ser., 19: 27-37.
LAMMI, E., R. (1999). Treino e Performance: um sistema para o sucesso. Treino desportivo, 8, 19-23,
Lisboa: CEFD.
Bibliografia
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 112
LEE, M. (1999). O Desporto para os Jovens ou os Jovens para o desporto? Alguns dilemas que se
colocam aos treinadores de jovens. In: Adelino, J.; Vieira, J.; Coelho, O.(eds.), Seminário Internacional –
Treino de Jovens.123-134. CEJD, Lisboa.
LIMA, T. (2000). Saber treinar, aprende-se. Ministério da Juventude e do Desporto. Centro de Estudos e
Formação Desportiva.
LÓPEZ LÓPEZ, M.; LÓPEZ LÓPEZ, I.; VÉLEZ CARDENA, D. (2000). Planificación y periodización de
uma temporada de un equipo de fútbol profesional, Revista Training Futbol. N.º 51, Mayo. pp. (27-39).
LOSA, J. E CASTILLO, R. (2000). Fundamentos teóricos – práticos para a criação de situações de
enseñanza – entrenamiento en fútebol. revista digital, Ano 5, n.º 21. Buenos Aires.
(http//www.efdeportes.com/).
MAHLO, F. (1980). O acto táctico no jogo. Ed. Compendium. Lisboa.
MANGAS, J. (1995). Conhecimento declarativo no Futebol. Estudo comparativo em praticantes federados
e não federados no escalão de sub 14. Dissertação de Mestrado em Alto Rendimento. FCDEF-UP, Porto.
MANNO, R.(1994). Fundamentos del Entrenamiento Deportivo. Editorial Paidotribo - Barcelona
MARECHAL, R. (1996). Exigences métaboliques et cardiaques du match de football. Sport, 154 : 36-39.
MARQUES, A. (1985). A carreira desportiva de um atleta de fundo, Horizonte. 9, pág. 84-89.
MARQUES, A. (1991). A especialização precoce na preparação desportiva, Treino Desportivo. 2ª série,
vol. 19, pág. 9-15.
MARQUES, A. (1993). A Periodização do Treino em Crianças e Jovens, resultados de um estudo nos
centros experimentais de treino da Faculdade de Ciências de Desporto e Educação Física, Universidade
do Porto. In ed. A ciência do desporto, a cultura e o homem. Porto.
MARQUES, A. (1995). O desenvolvimento das capacidades motoras na escola. In Horizonte. Lisboa:
Março/Abril, n.º66, vol. II, (212:216).
MARQUES, A. (1997). O sistema de competições na preparação de prospectiva de crianças e jovens.
Lição de síntese das provas de agregação. FCDEF - Universidade do Porto, 6 e 7 de Março (Documento
não Publicado).
MARQUES, A. (1999). Crianças e Adolescentes Atletas: entre a Escola e os Centros de Treino... entre os
Centros de treino e a Escola. In: Adelino, J.; Vieira, J.; Coelho, O.(eds.), Seminário Internacional – Treino
de Jovens.17-30. CEJD, Lisboa.
MARQUES, A. (2002). Conceito geral de treino de jovens – Aspectos filosóficos e doutrinários da
actividade e do treinador, Treino Desportivo. Ed. Especial - Treino de Jovens, pág. 4-11.
Bibliografia
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 113
MARQUES, A. E OLIVEIRA, J. (2001). O treino dos jovens desportistas. Actualização de alguns temas
que fazem a agenda do debate sobre a preparação dos mais jovens. In: Revista Portuguesa de Ciências
do Desporto, vol. 1. n.º 1. 130-137. Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física, Universidade
do Porto.
MARQUES, A. E OLIVEIRA, J. (2002). O treino e a competição dos mais jovens: rendimento versus
saúde. In: Valdir J. Barbanti, Alberto C. Amadio, Jorge O. Bento, António T. Marques (ed.), Esporte e
actividade física; Interacção entre rendimento e qualidade de vida. 51-78. Editora Manole Ltda. Brasil.
MARQUES, A., MAIA, J., OLIVEIRA, J., PRISTA, A. (2000). Training Structure of Portuguese Young
Athletes. In: 10 anos de Actividade Científica, Faculdade de Ciências de Educação Física e Desporto.
Lisboa: Ministério da Juventude e Desporto – Centro de Estudos e Formação Desportiva, Colecção
Estudos, (270:279).
MARTIN, D. (1999). Capacidade de Performance e Desenvolvimento no Desporto de Jovens, Seminário
Internacional de Treino de Jovens – Comunicações. Secretaria de Estado do desporto. Centro de Estudos
e Formação Desportiva. pp. (37-59).
MARTIN, DIETRICH; CARL, KLAUS; LEHNERTZ, KLAUS (2001). Manual de Metodologia del
Entrenamiento Deportivo. Barcelona: Edi. Paidotribo.
MARTINS, L. (1999). “Ler o Jogo”, Training, Nº 0, p. 16-20.
MATVEIEV, L. (1990). O Processo de Treino Desportivo. Livros Horizonte. Lisboa
MATVEIEV, L. (1991). Fundamentos do Treino Desportivo. Livros Horizonte. Lisboa.
MATVEIEV, L. (2001). Teoria General del Entraneamiento Deportivo. Barcelona: Paidotribo.
McGOWN, C. (1991). O Ensino da Técnica Desportiva, Revista Treino Desportivo, II série, nº 22, pp. 15-
22.
MÉNDEZ GIMÉNEZ, A. (1998). Análisis de las estructuras del juego deportivo. Publ. INDE. Barcelona.
MESQUITA, I. (1991). A importância da análise do processo de treino em voleibol. Actas do Congresso
As Ciências do Desporto e a Prática desportiva – Desporto de Rendimento/Desporto de Recreação e
Tempos Livres, FCDEF-UP, pp.65-70
MESQUITA, I. (2000). Modelação do treino das habilidades técnicas nos jogos desportivos. In J. Garganta
(eds), Horizontes e orbitas no treino dos jogos desportivos (pp.73-90). Porto: C.E.J.D, FCDEF-UP.
MOMBAERTS, E. (1998). Fútebol. Entrenamento y rendimiento colectivo. Barcelona, Hispano Europea.
NAVARRO VALDIVIESO, F.; GARCIA MANSO, J.; RUIZ CABALLERO, J. (1996). Planificación del
Entrenamiento Deportivo, Madrid: Ed. Gymnos.
Bibliografia
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 114
NAVARRO, F. (2000). Planeamento do Treino com Jovens, Ministério da Juventude e do Desporto.
Centro de Estudos e Formação Desportiva. Seminário Internacional sobre Treino de Jovens. Lisboa 11 e
12 de Novembro, 2000.
NUNES, M.M.; GOMES-PEREIRA, J. (2001). Caracterização da frequência cardíaca em jovens
futebolistas . Horizonte, 100 (17): 29-35.
OLIVEIRA, J. (1991). Especificidade, o Pós – futebol do Pré – futebol – Um factor condicionante do alto
rendimento desportivo. Trabalho realizado no âmbito da disciplina seminário, Opção futebol. FCDEF –
U.P.
PEIXOTO, C. (1999). Os Sistemas de Periodização do “Treino”, Revista Ludens – vol. 16, N.º 3, Jul/Set.
pp. (47-52).
PINTO, D.; ESTEVES, A.; COSTA, A.; GRAÇA, A. (2003). Estudo de caso, planeamento do treino de
jovens basquetebolistas, análise das “cargas” de treino, em dois escalões diferenciados, de um treinador
de referência. In: La enseñansa y el entrenamiento del baloncesto. II Congreso Ibérico de Baloncesto.
PINTO, D.; GONÇALVES, I.; GRAÇA, A. (2001). Análise da carga de treino e competição em
Basquetebol no escalão de iniciados. In: La enseñansa y el entrenamiento del baloncesto. I Congreso
Ibérico de Baloncesto.
PINTO, J. & GARGANTA, J. (1989). Futebol Português: importância do modelo de jogo no seu
desenvolvimento. Horizonte (33): 94 – 98.
PLATONOV, V. (1984). L’ Entraiement Sportiv. – Théorie et Méthodologie.
PLATONOV, V. (1988). L’ Entraiement Sportiv. Paris : Éditions «Revue E.P.S»
PLATONOV, V. (2001). Teoria General del Entrenamiento Deportivo Olímpico. Barcelona: Editorial
Paidotribo.
QUEIROZ, C. (1986). Estrutura e Organização dos Exercícios em Futebol. FPF. Lisboa.
RAMOS, S.(2003). Futebol – Análise do Conteúdo do Treino no Alto Rendimento. Período Competitivo
1995-2002. Dissertação de Mestrado em Treino de Alto Rendimento. FMH – Lisboa
RAPOSO, A. (2002). O Planeamento do Treino Desportivo - Desportos Individuais, Editorial Caminho,
S.A.
READ, B. & DEVIS, J. (1990). Enseñanza de los juegos deportivos: cambio de enfoque. Apunts:
Educáció Física i Esportes, 22: 51-56.
READ, B. & DEVIS, J. (1992). Enseñanza de los juegos deportivos: cambio de enfoque.
REBELO, A. (1993). Caracterização da actividade física de futebolista em competição. Dissertação das
Provas de Aptidão Pedagógica e de Capacidade Cientifica (não publicada). FCDEF-UP. Porto
Bibliografia
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 115
REILLY, T. (1990). Footbal. In T. Reylly, N. Secher, P. Snell, C. Williams (eds), Physiology of sports, 371-
425. E&FN SPON. London.
ROMERO CEREZO, C. (2000). Hacia una concepción más integral del entrenamiento en el fútbol.
Educación Física y Deportes. Revista Digital, 19. (http://www. Efdeportes.com/).
ROWLAND, T. W., & CUNNINGHAM, L. N. (1996). Influence of aerobic and anaerobic fitness on
ventilatory threshold in children. Medicine and Science in Exercise and Sports, 28(5).
SAMPAIO, J., SILVA, A. (1997). Preparação desportiva em crianças e jovens. Metodologia do treino
desportivo. Documento de circulação interna. UTAD.
SANTOS, D. (2001). Análise das estruturas de treino em escalões de formação de Basquetebol.
Monografia de licenciatura. FCDEF-UP.
SCHNABEL, G.; GUTEWORT, W.; HIRTZ, P.; KLIMPEL, P (1987). Methoden zur Gewinnumg
empirischen Wissens. In: Forschungsmethoden in den sportmethodischen wissenchaftsdisziplen.
Wissenschatftliche Zeitschrift der DHFK, Leipzig, 28, sonderheft 3: 181-230.
SCHOCH, K. (1987). O ensino das habilidades tácticas: 45-53. Futebol em Revista. Setembro. Nº 25. 4ª
Série.
SÉGUI (1981). Periodización y Planificación del Entrenamiento del Futbolista Moderno, Librería Deportiva
Esteban Sanz. Madrid.
SEIRUL-LO, F. (1987). Opcion de planificación en los deportes de largo período de competiciones,
Revista de Entrenamiento Deportivo, vol. I, nº 3, pp. 53-62.
SILVA, M. (1998). Planeamento do Treino, Revista Treino Desportivo. Ano I, n.º 4, 3ª série, pp. 3-12.
SOARES, J. (1998). Abordagem fisiológica do esforço intermitente. Dissertação de Doutoramento (não
publicada). ISEF-UP. Porto
SOARES, J.; REBELO, A. (1993). Abordagem fisiológica do futebol. Comunicação apresentada nas
Jornadas Internacionales de Fútbol- Xacobeo’93. Santiago de Compostela.
STAHLE, S. D., ROBERTS, S. O., DAVIS, B., & RYBICKI, L. A. (1995). Effect of a 2 versus 3 times per
week weight training program in boys aged 7 to 16. Medicine and Science in Sports and Exercise, 27(5).
TAVARES, F. (1995), O processamento da informação nos jogos desportivos. In O Ensino dos Jogos
Desportivos: 35-46. Amândio Graça & José Oliveira (Eds.). CEJD/FCDEF-UP.
TAVARES, F. (2002). Análise da estrutura e dinâmica do jogo nos jogos desportivos colectivos. In: In:
Valdir J. Barbanti, Alberto C. Amadio, Jorge O. Bento, António T. Marques (ed.), Esporte e actividade
física; Interacção entre rendimento e qualidade de vida. 129-143. Editora Manole Ltda. Brasil.
Bibliografia
ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 116
TAVARES, G. (1994). O papel das regras na definição das lógicas dos desportos colectivos. Horizonte,
60: 207-210.
TEISSIE, J. (1969). Le footbal. 2ª Edition. Edição Vigot Frères
TEODORESCO, L. (1983): Orientation et tendances de la théorie et de la méthodologie de l’entraînement
dans le jeux sportifs collectifs (d’équipe).AISEP-Congrès. Rome.
TEODORESCU, L. (1984). Problemas de Teoria e Metodologia nos jogos Desportivos. Livros Horizonte
TEODORESCU, L. (2003). Problemas de Teoria e Metodologia nos jogos Desportivos. Livros Horizonte.
2ª Edição
THIESSE, G. (1995). La necessitá di una teoria della gara, Rivista di cultura Sportiva, Anno XXIII, nº 30*
VASQUES, J. (2003). Enquadramento do Treino com o Modelo de Jogo – O Conteúdo do Exercício no
Treino do Jogo. Encontro Training/Sorisa. Publicação não editada
VERKHOSHANSKY, Y. (2001a). Para uma teoria e metodología cientifica do treinamento esportivo.
Educación Física y Deportes. Revista Digital, Ano 6, nº 32. (http://www. Efdeportes.com/).
VERKHOSHANSKY, Y. (2001b). Os horizontes de uma teoria e metodología cientifica do treinamento
esportivo. Educación Física y Deportes. Revista Digital, Ano 7, nº 34 (http://www. Efdeportes.com/).
VERKHOSHANSKY, Y. (2002). Teoria y Metodologia del Entrenamiento Deportivo. Editorial Paidotribo.
WATHEN, D. (1993). Periodization: Concepts and Applications, Cap. 30. pp. 459-471.
WEINECK, J. (1986). Manual d’ Entrainement. Paris: Editions Vigots