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Universidade do Porto Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL Orientador: Professor Catedrático António Teixeira Marques Co-orientação Professor Doutor Júlio Manuel Garganta da Silva Mário Jorge Moisés Nogueira Porto, 2005 Dissertação apresentada com vista à obtenção do Grau de Mestre em Ciências do Desporto – Área de especialização em Desporto para Crianças e Jovens de acordo com o Decreto-lei n.º 216/92, de 13 de Outubro, Capítulo II, Artigo 5º, pontos 1. e 2. e Capítulo III, Artigo 17º, ponto 1.

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Universidade do Porto Faculdade de Ciências do Desporto e

de Educação Física

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE

INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL

Orientador: Professor Catedrático António Teixeira Marques Co-orientação Professor Doutor Júlio Manuel Garganta da Silva

Mário Jorge Moisés Nogueira

Porto, 2005

Dissertação apresentada com vista à obtenção do Grau de Mestre em Ciências do Desporto – Área de especialização em Desporto para Crianças e Jovens de acordo com o Decreto-lei n.º 216/92, de 13 de Outubro, Capítulo II, Artigo 5º, pontos 1. e 2. e Capítulo III, Artigo 17º, ponto 1.

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Ficha de Catalogação

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL

Ficha de Catalogação

Nogueira, M. (2005). Análise da estrutura do treino, no escalão de iniciados e

juvenis, em Futebol. Dissertação para provas de Mestrado no ramo de Ciências

do Desporto. FCDEF-UP, Edição do autor.

Palavras-chave: FUTEBOL, ESTRUTURA DO TREINO, CRIANÇAS E

JOVENS, EXERCÍCIOS DE TREINO, CONTEÚDOS DE TREINO, MÉTODOS

DE TREINO.

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Dedicatória

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL

Dedicatória: À Sandra, Pelo incentivo, compreensão, amor e amizade.

Aos meus pais, irmã e avós, Porque a eles devo tudo o que sou.

À família, Pela união, força e confiança transmitida.

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Agradecimentos

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL I

Agradecimentos

Ao meu orientador de Mestrado, Professor Doutor António Teixeira Marques,

pela amizade, pela sua incomensurável disponibilidade e pelo infinito apoio que

me prestou. Agradeço também a cedência de bibliografia e a partilha do seu

conhecimento, que em muito me ajudou.

Um enorme obrigado ao Professor Doutor Júlio Garganta, pela disponibilidade

demonstrada, no esclarecimento de dúvidas, na indicação de bibliografia e pelo

interesse demonstrado no estudo.

O meu agradecimento aos Professores pertencentes ao gabinete de Futebol,

pelo inefável empenho e ajuda na procura e cedência dos dossiers necessários

para o estudo.

O meu sincero obrigado à Marisa Silva Gomes, pela interminável procura dos

dossiers necessários, para a realização do estudo. E aos treinadores, que

tiveram a amabilidade de os ceder, contribuindo desta forma para que este

projecto se pode-se realizar e concluir.

À Diana, Sérgio e Padrinhos, pelo seu empenho na cooperação de tarefas

realizadas acerca do nosso estudo.

À minha irmã, ao Henry, Rui e Miguel, pela ajuda prestada nas questões

informáticas

À Sandra, pelo carinho, empenho e incentivo constante, por todo o apoio

prestado.

Ao longo destes dois anos tenho a agradecer a todos os amigos do Curso de

Mestrado, pelo companheirismo.

Para não ser injusto e não esquecer de ninguém, a todos aqueles que me

ajudaram através das suas sugestões, dúvidas e críticas. Agradeço também

toda a contribuição para que este trabalho se tornasse mais claro e completo.

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Agradecimentos

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL II

A todos os Professores e Funcionários da Faculdade de Ciências do Desporto

e de Educação Física, por me surpreenderem com o seu profissionalismo,

orgulhando-me de ter realizado o Mestrado nesta Instituição.

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Índice Geral

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL III

Índice Geral Agradecimentos …………………………………………………………………………………... I

Índice Geral ………………………………………………………………………………………... III

Índice de Figuras …………………………………………………………………………………. V

Índice de Quadros………………………………………………………………………………… VII

Resumo ……………………………………………………………………………………………. XI

Abstract ……………………………………………………………………………………………. XIII

Résumé ……………………………………………………………………………………………. XV

Abreviaturas ………………………………………………………………………………………. XVII

I – INTRODUÇÃO ……………………………………………………………………………………………... 1

1.1 Propósito e Problema do Estudo ………………………………………. ..…. ………………………. 1

1.2 Estrutura do Estudo...................................................................................................................... 3

II – REVISÃO DA LITERATURA …………………………………………................................................ 5

2.1. O Futebol ……………………….................................................................................................... 5 2.1.1 Futebol, sua Natureza e sua Essência..................................................................................................... 6 2.1.2 Futebol, um Jogo de Oposição/ Cooperação, um Jogo Táctico............................................................... 7 2.1.3.Prespectivas para o Ensino e Treino do Futebol enquanto JDC.............................................................. 11 2.1.4 Referências Fundamentais para o Ensino do Futebol.............................................................................. 18

2.1.4.1 Condicionantes Estruturais e Fundamentais................................................................................. 18 2.1.4.2 Dimensão do Terreno de Jogo e Número de Jogadores............................................................... 18 2.1.4.3 Duração do Jogo............................................................................................................................ 19 2.1.4.4 Controlo da Bola............................................................................................................................ 21 2.1.4.5 Frequência de Concretização........................................................................................................ 21 2.1.4.6 Colocação de Alvos....................................................................................................................... 22

2.2 Treino com Jovens....................................................................................................................... 22 2.2.1 O Treinador de Crianças e Jovens........................................................................................................... 24 2.2.2 Etapas de Preparação.............................................................................................................................. 26 2.2.3 Fases Sensíveis de Treinabilidade…………………………………………………………………………….. 30

2.3 Exigências Físicas e Fisiológicas do Jogo de Futebol................................................................. 31 2.3.1 Importância do Treino Aeróbio em Futebol.............................................................................................. 33 2.3.2 Importância do Treino Anaeróbio em Futebol.......................................................................................... 35

2.4 Estrutura do Treino para Crianças e Jovens................................................................................ 36 2.4.1 Meios de Treino, Preparação Geral vs. Preparação Específica............................................................... 37 2.4.2 A Preparação Geral, na Formação Desportiva dos Jovens Futebolistas…………………………………... 40 2.4.3 O Exercício no Processo de Treino.......................................................................................................... 41 2.4.4 Especificidade do Exercícios de Treino em Futebol................................................................................. 44 2.5.5 Taxionomia dos Exercícios de Treino…................................................................................................... 47 2.4.6 Estrutura da Carga de Treino.................................................................................................................... 55 2.4.7 Carga de Treino e Competição em Crianças e Jovens nos Desportos Colectivos……………………….. 55 2.4.8 Conteúdos de Treino e sua Importância no Treino de Crianças e Jovens…………………………........... 57

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Índice Geral

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL IV

III – Metodologia................................................................................................................................... 613.1. Objectivos……………………………………………………………………………………………….. 61

3.1.1 Objectivos Geral …………………………………………………………………………………………………. 61 3.1.2 Objectivo Específico................………………………………………………………………………………….. 61 3.1.3 Hipóteses Orientadoras do Estudo.................................................. ……………………………………….. 61

3.2 Categorizarão da Amostra………………...................................................................................... 62

3.3 Método de Pesquisa ……………………………………………………………………………………. 63 3.3.1 Procedimentos e Instrumentos de Pesquisa…………………………………………………………………... 64 3.3.2 Caracterização e Definição das Variáveis……………………………………………………………………... 64

3.3.2.1 Exercícios de Treino...................................................................................................................... 65 3.3.2.2 Carga de Treino............................................................................................................................. 65 3.3.2.3.Método de Treino........................................................................................................................... 66 3.3.2.4 Conteúdos de Treino..................................................................................................................... 66

3.4 Procedimentos estatístico............................................................................................................ 69

IV – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS …………………………………………... 714.1. Exercícios de Treino.................................................................................................................... 71

4.2. Cargas de Treino ………………………………………………………………………………………. 73 4.2.1 Carga de Treino para cada Conteúdo de Treino...................................................................................... 73 4.2.2 Carga de Treino para o Desenvolvimento das Capacidades Motoras …………………………………….. 77

4.3 Métodos de Treino........................................................................................................................ 79 4.3.1 Metodologia de desenvolvimento das capacidades motoras condicionais ………………………………... 79 4.3.2 Exercícios Complementares/Fundamentais............................................................................................. 81 4.3.3 Exercícios Complementares (com ou sem oposição).............................................................................. 82 4.3.4 Exercícios Fundamentais......................................................................................................................... 84

4.4 Conteúdos de Treino.................................................................................................................... 85 4.4.1 Conteúdos de treino desenvolvidos a partir dos EPG.............................................................................. 85 4.4.2 Conteúdos desenvolvidos através dos EEPG.......................................................................................... 88 4.4.3 Conteúdos desenvolvidos através dos EEP/Fase I.................................................................................. 92 4.4.4 Conteúdos desenvolvidos através dos EEP/Fase II................................................................................. 94 4.4.5 Conteúdos desenvolvidos através dos EEP/Fase III................................................................................ 95

V – CONCLUSÕES ………………………………………………………………………………................... 97VI – RECOMENDAÇÕES PARA A PRÁTICA, NO TREINO DE JOVENS FUTEBOLISTAS………… 101

6.1 Recomendações específicas aos resultados do nosso estudo …………………………………… 101

6.2 Recomendações Gerais ……………………………………………………………………………….. 102

VII – SUGESTÕES……………………………………………………………………………………………... 105VIII – BIBLIOGRAFIA ……………………………………………………………………………................... 107IX – ANEXOS ……………………………………………………………………………………..................... 109

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Índice de Figuras

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL V

Índice de Figuras Figura II – 1. Princípios gerais da acção do jogo (adap. de Cerezo, 2000) ………………………………. 9

Figura II – 2. Estrutura do Futebol a partir do seu objectivo (adap. de Cerezo, 2000)............................. 10

Figura II – 3. O Futebol como actividade motora complexa (adap. de Cerezo, 2001; Monbaerts, 1998) 13

Figura II – 4. Cadeia acontecimental do comportamento Táctico/técnico do jogador no jogo (adap.

Bunker & Thorpe, 1992) ………………………………………………………………………….

15

Figura II – 5. Cadeia acontecimental do comportamento Táctico/técnico do jogador no jogo (adap

Garganta & Pinto, 1998) ………………………………………………………………………….

16

Figura II – 6. Conteúdos do conhecimento em desportos colectivos (adap. de Malglaive, 1990;

Gréhaigne & Godbout, 1995) …………………………………………………………………….

17

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Índice de Quadros

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL VII

Índice de Quadros Quadro II – 1. Grandes objectivos do treino e da preparação desportiva /adap. de Marques, (1985)……………… 27

Quadro II – 2. Modelo das fases sensíveis de treinabilidade durante a infância e a juventude (adap. de Martin,

1999) ………………………………………………………………………………………………………….

30

Quadro II – 3. Preparação geral e preparação especial nas etapas de preparação desportiva em Futebol,

(Adap. Marques, 1989) ………………………………………………………………………………….

38

Quadro II – 4. Preparação geral e preparação especial nas etapas de preparação Desportiva (adap. de

Marques, (1989) ………………………………………………………………………………………….

38

Quadro II – 5. Síntese da classificação dos exercícios realizado por vários autores (adap. de Bragada, 2000)..... 48

Quadro II – 6. Grelha taxionómica de classificação dos exercícios de treino (Castelo, 2003) ……………………… 53

Quadro II – 7. Valores, médias de treino (número de sessões, dias de treino no ano e frequência de treino),

competições (oficiais e de preparação) e proporção entre unidades de treino/competição (Adap.

de Marques e col., 2000); Santos, 2001); Pinto e col., 2001) ………………………………………….

56

Quadro II – 8. Valores de treino para: n.º sessões, média de horas por semana, duração média, horas por

época e total de unidades (Pinto e col., 2003) ………………………………………………………….

56

Quadro II – 9. Carga de treino e competição: n.º de competições oficiais, não oficiais e relação

treino/competição (Pinto e col., 2003)...……………………………………………………………….

56

Quadro II – 10. Número de dias de preparação e frequência de treino (adap. de Marques e col., 2000; Marques,

1993; Martin, 1999; Santos, 2001; Pinto e col.2001) ……………………………………………………

57

Quadro II – 11. Características da carga de cada conteúdo do treino nos dois grupos de idades: valores médios

em minutos durante uma sessão de treino padrão, valor total em minutos e valore percentuais

durante uma temporada desportiva (adap. Marques e col,. 2000) …………………………………….

59

Quadro III – 1. Principais características da amostra. …………………………………………………………………… 62

Quadro III – 2 Caracterização das equipas pertencentes ao estudo, número de treinos, razão

treino/competições ………………………………………………………………………………………..

63

Quadro IV – 1. Utilização de meios de treino e tempo total de treino: valores médios (minutos) numa sessão de

treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação …………………………

71

Quadro IV – 2. Utilização de meios de treino e tempo total de treino para o escalão de iniciado e juvenis:

valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante

um ano de preparação ………………………………………………………………………………….

72

Quadro IV – 3. Características da carga de treino para o desenvolvimento físico, técnico e técnico / táctico:

valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante

um ano de preparação………………………………………………………………………………………

73

Quadro IV – 4. Características da carga de treino para o desenvolvimento físico, técnico e técnico / táctico, para

o escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório

(minutos) e percentagem durante um ano de preparação ……………………………………………..

74

Quadro IV – 5. Percentagem da distribuição dos conteúdos de treino no basquetebol (adaptado de Pinto e col.,

2001; Pinto e col., 2003) ……………………………………………………………………………………

75

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Índice de Quadros

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL VIII

Quadro IV – 6. Características da carga de treino para o desenvolvimento das capacidades motoras no escalão

etário dos 12 aos 16 anos em Futebol: valores médios (minutos) numa sessão de treino,

somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação …………………………………

77

Quadro IV – 7. Características da carga de treino para o desenvolvimento das capacidades motoras no escalão

de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e

percentagem durante um ano de preparação ……………………………………………………………

78

Quadro IV – 8 Características da carga de treino para cada conteúdo de treino: valores médios (minutos) numa

sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação (Adaptado

de Santos, 2001) …………………………………………………………………………………………….

79

Quadro IV – 9 Metodologia utilizada para o desenvolvimento das capacidades motoras condicionais no escalão

etário dos 12 aos 16 anos em Futebol: valores médios (minutos) numa sessão de treino,

somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação …………………………………

79

Quadro IV – 10 Metodologia utilizada para o desenvolvimento das capacidades motoras condicionais no

escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório

(minutos) e percentagem durante um ano de preparação ……………...………………………….

80

Quadro IV – 11 Preferência metodológica de utilização de exercícios (complementares / fundamentais) no

escalão etário dos 12 aos 16 anos em Futebol: valores médios (minutos) numa sessão de

treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação ……………………...

81

Quadro IV – 12 Preferência metodológica de utilização de exercícios (complementares / fundamentais) no

escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório

(minutos) e percentagem durante um ano de preparação ………………………………………….

82

Quadro IV – 13 Preferência metodológica de utilização de exercícios complementares (com ou sem oposição)

no escalão etário dos 12 aos 16 anos: valores médios (minutos) numa sessão de treino,

somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação ………………………………

82

Quadro IV – 14 Preferência metodológica de utilização de exercícios complementares (com ou sem oposição)

no escalão no escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de

treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação ……………………...

83

Quadro IV – 15 Preferência metodológica de utilização de exercícios fundamentais (Fase I, Fase II e Fase III)

no escalão etário dos 12 aos 16 anos: valores médios (minutos) numa sessão de treino,

somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação ………………………………

84

Quadro IV – 16 Preferência metodológica de utilização de exercícios fundamentais (Fase I, Fase II e Fase III)

no escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório

(minutos) e percentagem durante um ano de preparação …………………………………………..

85

Quadro IV – 17 Características da carga treino para todos os conteúdos da amostra desenvolvidos através dos

exercícios de preparação geral no escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos)

numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação ….

86

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Índice de Quadros

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL IX

Quadro IV – 18 Características da carga treino para todos os conteúdos da amostra desenvolvidos através dos

exercícios específicos de preparação geral no escalão de iniciados e juvenis: valores médios

(minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de

preparação ……………………………………………………………………………………………….

89

Quadro IV – 19 Características da carga treino para todos os conteúdos da amostra desenvolvidos através dos

exercícios específicos de preparação / fundamentais de fase I no escalão de iniciados e

juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem

durante um ano de preparação …………………………………………………………………………

92

Quadro IV – 20 Características da carga treino para todos os conteúdos da amostra desenvolvidos através dos

exercícios específicos de preparação / fundamentais de fase II no escalão de iniciados e

juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem

durante um ano de preparação …………………………………………………………………………

94

Quadro IV – 21 Características da carga treino para todos os conteúdos da amostra desenvolvidos através dos

exercícios específicos de preparação / fundamentais de fase III no escalão de iniciados e

juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem

durante um ano de preparação …………………………………………………………………………

95

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Resumo

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL XI

RESUMO A inexistência de uma base teórica para o trabalho dos treinadores de crianças e

jovens leva a que este seja, de certa forma, empírico. O seu processo de treino é, na

maior parte das vezes, desconhecido pelos metodólogos do treino, devendo-se,

muitas vezes, à falta de documentos teóricos ou à indisponibilidade dos mesmos

serem examinados (Marques, 1999).

O objectivo desta investigação é caracterizar a estrutura do treino em Futebol no

escalão de iniciados e juvenis, procurando saber se existem diferenças na

estruturação do treino entre ambos.

Para a realização deste estudo, foram analisadas 625 unidades de treino de jovens

jogadores de Futebol do sexo masculino. Para tal, foram revistos seis dossiers, dos

quais três pertencem a equipas do escalão de iniciados, e os restantes a três equipas

do escalão de juvenis.

Procedeu-se a uma pesquisa documental, em torno dos dossiers de treino do centro

de treino de Futebol da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da

Universidade do Porto (FCDEF-UP). O estudo estatístico, realizado com o SPSS 10.0,

incluiu uma análise de frequências, das medidas descritivas, tais como as médias,

desvios-padrão e percentagens, e um T-test para comparação de escalões etários.

Concluiu-se que a estruturação do treino do escalão de iniciados difere da dos juvenis,

tendo-se verificado diferenças significativas, basicamente em todos os focos de

análise do nosso estudo. Os treinadores de futebol dos escalões de iniciados e juvenis

dão prioridade aos aspectos técnico / tácticos (51%) e físicos (41%) em detrimento dos

aspectos técnicos (8%). A resistência é a capacidade motora que mais se desenvolve

(19%), seguindo-se a força (8%) a flexibilidade (8%), sendo a velocidade (3%) e a

coordenação (2%) as que menos se desenvolvem. Os treinadores das faixas etárias

em estudo desenvolvem as capacidades motoras condicionais dos seus atletas de

uma forma separada das questões técnico e técnico/tácticas.

Palavras-chave: FUTEBOL, ESTRUTURA DO TREINO, CRIANÇAS E JOVENS,

EXERCÍCIOS, CONTEÚDOS E MÉTODOS DE TREINO.

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Abstract

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL XIII

Abstract

The inexistence of a theoretical basis for the children and young's trainers' work makes

it, in a certain way, empiric. Their training process is, to a large extent, unknown to the

training methodologists, due, a lot of times, to the lack of theoretical documents or to

the unavailability of the same ones to be examined (Marques, 1999).

This investigations’ aim is to characterize the Soccer training structure in both initiate

and juvenile step, to assert if there are differences in their training structures.

In order to accomplish this study, 625 training units of young male Soccer players', of

the former steps, were analyzed. Therefore six dossiers, concerning three teams of the

initiate step and three of the juvenile step, were reviewed.

We carried out a documental research, regarding training dossiers of the center of

Soccer training of FCDEF-UP. The statistical study, accomplished with SPSS 10.0,

included an analysis of frequencies, of descriptive measures, such as averages,

standard-deviation and percentages, and a t-test for comparison of age steps.

In short we may conclude that the training structure of the initiate step differs of the

juvenile one, having acknowledged significant differences, basically in all of the sample

analysis of our study. Soccer trainers of the initiate and juvenile steps give priority to

technician / tactical (51%) and physical (41%) aspects over technical aspects (8%).

Resistance is the motor capacity most improved by them (19%), followed by force

(8%), flexibility (8%), being speed (3%) and coordination (2%) the least improved ones.

The trainers of the focused age groups develop conditional motor capacities separate

from technician subjects.

KEY-WORDS: SOCCER, TRAINING STRUCTURE, CHILDREN AND YOUNG

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Résumé

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL XV

Résumé L’absence d’un support théorique pour le travail des entraîneurs des enfants (12-14

ans) et des jeunes (14-16 ans), le rend, d’une certaine façon, empirique.

Leur méthode d’entraînement est, dans la plupart des fois, inconnue des experts

d’entraînement, parce que, les documents ne sont pas disponibles.

L´objectif de cette investigation est caractériser la structure de l’entraînement du

football dans les classes des enfants et des jeunes, et de vérifier s’il existe des

différences entre eux.

Pour la réalisation de cette étude c’était analysé 625 unités d’entraînement des jeunes

joueurs du football du sexe masculin. Dance ce but nous avon revu 6 dossiers, dont 3

concernant le grupe des enfants et les autres le grupe des jeunes.

Nous avon fait une recherche documentaire sur les dossiers d’entraînement de la

FCDEF-UP. L’étude statistique, réalisé avec le SPSS 10.0, inclu une analyse des

fréquences, des mesures descriptives, telles que les moyennes, les écarts type et les

pourcentages, et un T-test pour la comparaison de groupes d’âge.

Nous avon conclu que la structuration de l’entraînement de la classe des enfants est

différente de celle de la classe des jeunes. Nous avons vérifié des différences

significatives presque dans tous les points analysés dans notre étude.

Les entraîneurs de football des classes des enfants et des jeunes accordent plus de

priorité aux aspects technique/tactiques et physiques, qu’aux aspects techniques. La

résistance est la capacité motrice plus développée étant suivie por la force et la

flexibilité. La vitesse et la coordination ce présentent comme moins développées. Les

entraîneurs développent plutôt les capacités motrices conditionnelles de ses athlètes

d’une façon séparée des aspectes techniques ou technique/tactiques.

Mots-clefs: FOOTBALL, STRUCTURE DE L’ENTRAINEMENT, ENFANTS ET JEUNES.

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Abreviaturas

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL XVII

Abreviaturas EPG – Exercícios de preparação geral

EEPG – Exercícios específicos de preparação geral

EEP – Exercícios específicos de preparação

CMC – Capacidades motoras condicionais

JDC – Jogos Desportivos Colectivos

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Introdução

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 1

II.. IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO

11..11 PPRROOPPÓÓSSIITTOO EE PPRROOBBLLEEMMAA DDOO EESSTTUUDDOO

O presente estudo, corresponde à Dissertação de Mestrado em Ciências do

Desporto, variante Desporto para Crianças e Jovens, a apresentar na

Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade do

Porto, elaborada sob a orientação do Professor Catedrático António Teixeira

Marques e co – orientado pelo Professor Doutor Júlio Manuel Garganta da

Silva.

O assunto versa caracterizar a estrutura do treino em Futebol no escalão de

iniciados e juvenis, procurando saber se existem diferenças na estruturação do

treino entre os escalões de iniciados e juvenis.

Castelo (2002), define treino como um processo pedagógico que tem como

objectivo o desenvolvimento das capacidades técnico / tácticas, físicas e

psicológicas do praticante e, ou equipa no âmbito das competições específicas,

através da prática metódica e planificada do exercício, de acordo com

princípios e regras científicas alicerçadas no conhecimento científico.

Para o treino de crianças e jovens, exige-se a definição de objectivos de

natureza formativa e educativa, o que obriga a equacionar a metodologia de

treino e preparação dos jovens como um processo pedagógico, onde as

características dos jovens atletas em formação têm de ser respeitadas (Pinto,

2003). A preparação desportiva dos mais jovens deverá entender o processo

de maturação numa perspectiva individual, com diferenças intersexuais e

interindividuais, condicionando de forma decisiva, a formação desportiva

(Marques e col., 2000)

Pinto (2003), refere que o processo de formação é composto por um conjunto

de etapas / estádios, pelos quais o atleta vai passando e onde supostamente

irá desenvolver diversas capacidades (físicas, técnicas, tácticas e

psicológicas). Por tal, os treinadores de formação deveriam confrontar-se, no

momento inicial de planeamento da época desportiva, com um conjunto de

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Introdução

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 2

questões centrais (O quê? Como? Quando?), cujas respostas estruturadas

auxiliariam a modelar as suas intervenções, de uma forma mais ajustada ao

desenvolvimento harmonioso dos jovens e a uma formação desportiva

orientada para o sucesso.

O mesmo autor, salienta que na realidade muitos dos treinadores de crianças e

jovens intervêm no treino de uma forma não sustentada por um planeamento

de base cuidado, mas sim por um conjunto de pretensões empíricas

decorrentes de um défice da base conceptual.

A inexistência de uma base teórica para o trabalho dos treinadores de crianças

e jovens, leva a que este seja de certa forma empírico. O seu processo de

treino é, na maior parte das vezes, desconhecido pelos metodólogos do treino,

devendo-se muitas vezes à falta de documentos teóricos ou à indisponibilidade

dos mesmos serem examinados (Marques, 1999).

Embora se fale muito no treino de Futebol, e também já se fale sobre o treino

de jovens, até ao momento, ninguém se preocupou em saber o que é feito com

os nossos jovens ao nível do treino. A estrutura e os conteúdos de treino de

crianças e jovens não são ainda bem conhecidos (Marques, 1989; Marques

1990; Marques 1991; Marques, 1993).

Marques e col. (2000), sustentam que a comparação entre os modelos de

referência para o treino nestas fases de idade com os dados empíricos

disponíveis, poderão ser extremamente importantes para uma melhor

compreensão da estrutura essencial do processo de treino de crianças e

jovens.

Assim, é nossa pretensão que, através da realização deste estudo se possa

compreender qual a estrutura do treino utilizada pelos treinadores de iniciados

e juvenis em Futebol, para que a possamos interpretar, descrever e comparar,

procurando contribuir para a evolução da metodologia de treino nos escalões

de formação em Futebol.

Page 23: 19226

Introdução

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 3

11..22 EESSTTRRUUTTUURRAAÇÇÃÃOO DDOO EESSTTUUDDOO

Iniciaremos o nosso estudo com o primeiro capítulo que apresenta de forma

sucinta a investigação, situando a problemática da estruturação do treino nos

escalões de formação em futebol, assim como o caminho que esta

investigação irá seguir.

No segundo capítulo, faremos uma revisão da literatura acerca dos aspectos

relacionados com o tema em questão. Caracterizaremos o Futebol como

modalidade desportiva colectiva, o treino com crianças e jovens, as exigências

físicas e fisiológicas do jogo de Futebol, e por fim, a estrutura do treino em

crianças e jovens.

No terceiro capítulo, referiremos a metodologia utilizada para a realização do

estudo, onde descrevemos o objectivo geral, os objectivos específicos e as

hipóteses orientadoras da investigação. Procederemos à caracterização da

amostra, à descrição do método de pesquisa, e à transcrição dos

procedimentos estatísticos utilizados.

No quarto capítulo apresentaremos os resultados e a respectiva discussão.

No quinto capítulo apresentaremos as conclusões.

No sexto capítulo mencionaremos umas breves recomendações para a prática,

no treino de jovens Futebolistas.

No sétimo capítulo serão sugeridos possíveis prolongamentos ao nosso

estudo.

No oitavo capítulo apresentaremos a bibliografia utilizada para a realização

deste estudo.

No nono e último capítulo apresentaremos os anexos que consideramos

necessários.

Page 24: 19226

Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 5

IIII.. RREEVVIISSÃÃOO DDAA LLIITTEERRAATTUURRAA

22..11 OO FFUUTTEEBBOOLL

O futebol ocupa um lugar importante no contexto desportivo contemporâneo,

dado que, na sua expressão multitudinária, não é apenas um espectáculo

desportivo, mas também um meio de educação física e desportiva, e um

campo de aplicação da ciência (Garganta, 2002).

O mesmo autor, refere que no decurso da sua existência, esta modalidade tem

sido ensinada, treinada e investigada, à luz de diferentes perspectivas, as quais

deixam perceber concepções diversas a propósito do conteúdo do jogo e das

características que o ensino e o treino devem assumir, na procura da eficácia.

O desenrolar do jogo de Futebol encerra um conjunto diversificado de

situações momentâneas do jogo que por si só, representam uma sucessão de

acontecimentos imprevisíveis. Os jogadores perante as situações – problema

que lhes sucedem no decorrer do jogo, têm de tomar decisões certas no meio

de uma grande imprevisibilidade.

Perante isto, é necessário que o processo de intervenção (treino) decorra cada

vez mais da reflexão metódica e organizada da análise competitiva do

conteúdo do jogo, ajustando-se e adaptando-se a essa realidade. Este

contexto, orienta irremediavelmente a forma de encarar a prática, não sendo

esta reduzida à “simples” alternância entre a carga (esforço) e descanso

(regeneração). Daí a necessidade desta assentar numa base teórica – prática

formulada e fundamentada a partir da análise do seu conteúdo, pois só assim,

podemos intervir eficientemente nessa realidade competitiva. De forma a

elaborar uma actividade metodológica – sistemática e diferenciada, e definir

igualmente os fundamentos pedagógicos do seu ensino (Castelo, 1994).

Page 25: 19226

Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 6

22..11..11 FFUUTTEEBBOOLL,, SSUUAA NNAATTUURREEZZAA EE SSUUAA EESSSSÊÊNNCCIIAA

Cada jogo desportivo, definido pelas suas regras, possui uma lógica interna

bem precisa, que irá influenciar e coordenar os comportamentos dos seus

intervenientes (Tavares, 2002).

O futebol pertence a um grupo de modalidades desportivas, que se

caracterizam por revelarem características próprias e comuns, habitualmente

designadas por jogos desportivos colectivos (JDC). Sem diminuir a importância

das restantes características, a relação de oposição entre os elementos das

duas equipas em confronto e a relação de cooperação entre os elementos da

mesma equipa, ocorridas num contexto aleatório, é o que traduz a essência do

jogo de futebol (Garganta e Pinto, 1998). Castelo (1996) afirma que o futebol é

um jogo desportivo colectivo, no qual os intervenientes estão agrupados em

duas equipas numa relação de adversidade – rivalidade desportiva, numa luta

incessante pela conquista da posse de bola (respeitando as leis do jogo), com

o objectivo de a introduzir o maior número de vezes na baliza adversária e

evitar o inverso, com vista à obtenção da vitória. Para que se atinja essa

finalidade, o futebol possui uma dinâmica própria, um conteúdo que se define

como essência de jogo. Esta essência moldada pelas leis do jogo, dá origem a

uma série de atitudes e comportamentos técnico / tácticos mais ou menos

estereotipados.

Trata-se de uma actividade desportiva que ocorre em contextos nos quais os

elementos que se defrontam disputam objectivos comuns, lutando para gerir

em proveito próprio, o tempo e o espaço, e realizando acções reversíveis de

sinal contrário (ataque versus defesa) alicerçadas em relações de oposição

versus cooperação. Por tal, o futebol caracteriza-se por ser uma actividade fértil

em acontecimentos que ocorrem em contextos permanentemente variáveis de

oposição e cooperação, e cuja frequência, ordem cronológica e complexidade

não podem ser pré determinadas (Garganta, 2002b).

Garganta & Pinto (1998), referem que a ocorrência de determinada acção do

jogo, mesmo a mais elementar, como uma corrida ou salto, num dado

Page 26: 19226

Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 7

momento poderá ser mais ou menos pertinente, em função das configurações

que o jogo apresenta nesse preciso momento, conferindo à dimensão

estratégico – táctica uma importância capital.

Garganta (2002b) sustenta que a essência estratégico – táctica deste tipo de

modalidades (jogos desportivos) decorre de um quadro de referências que

contempla:

- O tipo de forças (conflituidade) entre os efectivos que se defrontam;

- A variabilidade, a imprevisibilidade e aleatoriedade do contexto em

que as acções do jogo decorrem;

- As características das habilidades motoras para agir num contexto

específico.

22..11..22 FFUUTTEEBBOOLL,, UUMM JJOOGGOO DDEE OOPPOOSSIIÇÇÃÃOO // CCOOOOPPEERRAAÇÇÃÃOO,, UUMM JJOOGGOO TTÁÁCCTTIICCOO

Losa e Castillo (2000), referem que o futebol possuiu uma estrutura e

funcionalidade muito complexa e absolutamente distinta dos desportos onde

predomina a técnica. O futebol pertence ao grupo dos desportos de

cooperação / oposição, a técnica é somente um dos seis parâmetros que

configuram a lógica interna do mesmo (regras, técnica, espaço, tempo,

comunicação e estratégia). A execução técnica do possuidor da bola, vai ser

directamente influenciada por factores como a situação espacial da bola, dos

companheiros e dos adversários. Acções marcadas por a incerteza, que por

consequência reportam o futebol a um desporto onde a percepção e a tomada

de decisão são no mínimo de igual importância à execução.

O jogo de futebol exige que os seus praticantes possuam uma adequada

capacidade de decisão, que precede e implica uma ajustada leitura de jogo

(Garganta & Pinto, 1998). Somente após uma correcta leitura de jogo, se

poderá materializar a acção através dos atributos técnicos. Os mesmos autores

afirmam que os factores de execução técnica são sempre determinados por um

contexto táctico. Pois face ao jogo, o problema primeiro é de natureza táctica,

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Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 8

isto é, o praticante deve saber o que fazer, para poder resolver o problema

subsequente, o como fazer, seleccionando e utilizando a resposta motora mais

adequada (Garganta, 2002a).

O futebol como desporto colectivo caracteriza-se por ser um confronto entre

duas equipas, que em competição são constituídas por onze elementos, o que

perfaz a quantia de vinte e dois elementos a interagirem ao mesmo tempo, o

que torna mais complexa a leitura de jogo. As acções dos jogadores deverão

ser conjugadas mediante os seus companheiros e adversários, é um jogo de

cooperação/oposição pois implica uma constante comunicação entre os

membros da mesma equipa e uma contra comunicação entre adversários. “Ao

observarmos um jogo de Futebol minimamente organizado, mesmo que ambas

as equipas em confronto não se distingam pela cor ou padrão do equipamento,

é possível, passado algum tempo, identificar os elementos constituintes de

cada uma delas. Esta possibilidade resulta do facto de que a referida relação

de oposição/cooperação, para ser sustentável e eficaz, reclama dos jogadores

comportamentos congruentes com as sucessivas situações do jogo, de acordo

com os respectivos objectivos de sinal contrário de cada uma das equipas”

(Garganta, 2002). Obrigando desta forma a que os seus intervenientes

cooperem de uma forma congruente e harmoniosa nas distintas fases de jogo

(ataque, defesa), procurando desenvolver as acções de jogo mais adequadas

às situações de momento, acções essas, que irão ser influenciadas pelas

mudanças que se produzem em torno do mesmo, da bola, dos companheiros e

adversários.

Cerezo (2000) define os princípios gerais da acção de jogo em função da

equipa possuir ou não, a bola (Figura II-1).

Page 28: 19226

Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 9

Princípios Gerais da acção de jogo

Transição Manutenção da posse de bola Recuperar a posse de bola

Progressão com bola na direcção Impedir a progressão da bola

da baliza adversária na direcção da baliza

Procura do desequilibro defensivo Proteger a baliza evitando

com o intuito de finalizar o golo Figura II-1: Princípios gerais da acção do jogo (adap. de Cerezo, 2000)

Os jogadores deverão organizar-se para realizar as acções de jogo mais

adequadas, face à fase de jogo em que se encontram, influenciada pela posse

ou não de bola. Tendo como objectivo a obtenção do golo nos momentos em

que possuem a bola, e evitar que a equipa adversária obtenha a posse de bola,

afastando desta forma a possibilidade de sofrer um golo.

O Futebol, poderá definir-se quanto à sua estrutura, como um desporto

colectivo onde se produz uma interacção motriz entre os participantes, como

consequência da presença de companheiros e adversários, utilizando um

espaço comum (standard) e com uma participação simultânea mediante uma

cooperação/oposição. (Cerezo, 2000)

AAttaaqquuee DDeeffeessaa

Page 29: 19226

Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 10

Presença de companheiros e Comum (Standard)

Adversários Incerto

Simultânea

Cooperação/oposição

(desporto sociomotriz)

Figura II-2: Estrutura do Futebol a partir do seu objectivo (adap. Cerezo, 2000)

O futebol é um jogo de equipa, um jogo em que as acções individuais devem

ser totalmente congruentes com a participação simultânea dos companheiros e

adversários. O desempenho motor, a técnica, é condicionada pelo momento,

pelo adversário, pelos companheiros, e se quisermos ser mais específicos,

pelas condições climatéricas, pelo resultado, etc. O futebol é essencialmente

um jogo táctico, um jogo de momentos felizes e de momentos menos felizes

onde a decisão tomada por um jogador, numa fracção de segundo, pode levar

uma equipa “à glória” ou não.

PRÁTICA DE FUTEBOL

Objectivo: realizar movimentos, esforços e acções em sequências variáveis e

intermitentes para que a bola chegue à sua meta (golo) e/ou evitar o inverso

Interacção motriz Utilização do

Espaço

PARTICIPAÇÃO

ANÁLISE FUNCIONAL COMO DESPORTO DE EQUIPA

Page 30: 19226

Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 11

22..11..33 PPEERRSSPPEECCTTIIVVAASS PPAARRAA OO EENNSSIINNOO EE TTRREEIINNOO DDOO FFUUTTEEBBOOLL EENNQQUUAANNTTOO JJOOGGOO

DDEESSPPOORRTTIIVVOO CCOOLLEECCTTIIVVOO ((JJDDCC))

Desde os anos 60, que a didáctica dos jogos desportivos repousa numa análise

formal e mecanicista. Os processos de ensino e treino têm consistido em fazer

adquirir aos praticantes sucessões de gestos técnicos, empregando-se muito

tempo no ensino da técnica e muito pouco, ou nenhum no ensino do jogo

propriamente dito (Gréhaigne & Guillon, 1992).

O ensino e treino dos JDC, obedeceram inicialmente a uma metodologia de

eminência técnica a partir do domínio dos Skills motores, antes da

aprendizagem, da compreensão e gestão do envolvimento do jogo (Gréhaigne

& Godbout, 1995), resultado das influências dos desportos individuais, até

então, mais avançados nas suas concepções de ensino e treino.

Alguns autores começaram a questionar este método, por enfatizar a

aprendizagem das habilidades técnicas antes da compreensão do jogo.

Garganta (1997) questiona-o referindo que, um jogador considerado bom

tecnicamente sem a oposição de adversários, poderá não o ser quando

colocado em situação de jogo com oposição. Pois os praticantes sujeitos à

aplicação do modelo técnico de ensino dos jogos desportivos, revelam um

poder de iniciativa limitado e um escasso conhecimento do jogo, pois existe

pouca transferência da aprendizagem técnica para situação real de jogo.

Queiroz (1986) refere que, enquanto para uns, o jogo é a soma das funções

técnicas e tácticas parciais, cujo domínio (parcelar) permite atingir o êxito

global, para outros, o jogo não pode ser separado nas suas várias

componentes. Englobando-se nesta última perspectiva, defende ainda a

constituição da indivisibilidade das componentes como o princípio metodológico

fundamental do ensino e treino do jogo.

O Futebol exige dos praticantes uma adequada capacidade de decisão, que irá

decorrer de uma ajustada leitura de jogo. No momento de materializar a acção,

Page 31: 19226

Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 12

torna-se necessário utilizar uma gama de recursos motores específicos,

genericamente designados por técnica (Garganta & Pinto, 1998).

Os mesmos autores afirmam que no futebol, os factores de execução,

designados por técnica, são sempre determinados por um contexto táctico,

levando a que a verdadeira dimensão da técnica repouse na sua utilidade para

servir a inteligência e a capacidade de decisão táctica dos jogadores e das

equipas no jogo.

No entanto, no treino, por vezes é privilegiada a dimensão eficiência (forma de

realização) da habilidade, independentemente das dimensões eficácia

(finalidade) e adaptação, isto é, do ajustamento das soluções e respostas ao

contexto (Graça, 1994). Esta perspectiva ensina o modo de fazer (técnica)

separado das razões (táctica), Bunker & Thorpe (1982) constataram que,

quando a técnica é abordada através de situações que ocorrem à margem dos

requisitos tácticos, ela adquire um transfere diminuto para o jogo.

No decurso de um jogo surgem tarefas motoras de grande complexidade para

cuja resolução não existe um modelo de execução fixo (Faria & Tavares, 1992).

Mombaerts (1998); Cerezo (2001) consideram o futebol como uma actividade

motora complexa, uma actividade de regulação externa, em que os seus

intervenientes deverão realizar as acções após uma análise prévia da situação

(Figura II-3).

Segundo os mesmos autores, um jogador quando se depara com uma situação

decorrente do jogo (com ou sem bola, com um adversário directo ou indirecto)

deverá pôr em prática a sua habilidade motriz, para resolver o problema

momentâneo com que se depara, através:

- Do seu mecanismo perceptivo, que poderá informar sobre os estímulos

presentes (companheiros, adversários, bola...), sobre as relações

espaço – temporais (distâncias dos jogadores, bola; ritmo de execução,

etc.). O jogador deverá observar, para obter a informação mais correcta,

da situação momentânea;

Page 32: 19226

Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 13

- Do seu mecanismo de decisão, planeio mental sobre o que se poderá

fazer numa dada situação, análise ou antecipação de uma situação para

a solucionar. Mombaerts (1998), salienta a importância de os jogadores

desenvolverem a inteligência de jogo mediante a capacidade de

estabelecerem estratégias motoras, pondo-as em prática através da sua

táctica individual e colectiva. O autor considera este mecanismo

fundamental e determinante para esta modalidade desportiva;

- Do seu mecanismo de execução, resposta motriz para resolver a

situação de jogo, sendo necessário utilizar as capacidades motoras,

assim como, as habilidades técnicas.

Requer

Objectivo

FiguraII-3: O Futebol como uma actividade motora complexa. (adap. de Cerezo, 2001; Monbaerts, 1998)

Habilidade para resolver um problema do jogo

O que se passa? Observar Informação da situação

Estímulos, Relações Espaciais e Temporais

Mecanismo Perceptivo

O que fazer? Analisar/decidir Resposta adequada

Capacidades Cognitivas: Táctica

Mecanismo de decisão

Como fazer? Re Solução da situação Resposta motriz

Estímulos, Relações Espaciais e Temporais

Mecanismo de execução

Obter um comportamento óptimo em competição, através da utilização de todas as capacidades e habilidades individuais actuando colectivamente.

Page 33: 19226

Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 14

“Nesta perspectiva, numa partida de futebol afigura-se mais importante saber

gerir regras de funcionamento, ou princípios de acção do que utilizar técnicas

estereotipadas ou esquemas tácticos rígidos e pré-determinados. O bom

jogador ajusta-se não apenas à situação que vê mas também àquilo que prevê,

decidindo em função das probabilidades de evolução do jogo” (Garganta &

Pinto, 1998; Garganta 2002a). Fuentes e col.(1998), sustentam a necessidade

de se trabalhar mais os mecanismos de percepção e decisão, do que os

mecanismos específicos de execução, pois consideram preponderante, nas

etapas de formação, que os praticantes aprendam a observar e a perceber o

que se sucede à sua volta, de forma a que analisem adequadamente as

situações que surgem em jogo, podendo desta forma responder com eficácia.

Em função da experiência que os praticantes adquirem com o treino e sua

criatividade, estas respostas poderão vir a ser cada vez mais adequadas e

originais.

Bunkers & Thorpe (1982) propõem um modelo que, proporciona uma maior

consciência táctica do jogo, uma vez que integra os padrões de decisão

característicos da actividade (Figura II-4).

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Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 15

Figura II-4 – Cadeia Acontecimental do Comportamento Táctico-Técnico do Jogador no Jogo. (Bunker & Thorpe, 1992)

Nos JDC a dimensão táctica ocupa o núcleo da estrutura de rendimento

(Konzag, 1991; Faria & Tavares, 1992; Gréhaigne, 1992), pelo que a função

principal dos demais factores, sejam eles de natureza técnica, física ou

psíquica, é a de cooperar no sentido de facultarem o acesso a desempenhos

tácticos de nível cada vez mais elevado.

É fundamental iniciar-se a aprendizagem, valorizando estes aspectos, ou seja,

toda a acção técnica deve ter um fim táctico, se tal não acontecer o treino

poderá ser inconsequente.

De acordo com as afirmações anteriores, torna-se lógico que o ensino e o

treino em futebol não deverão restringir-se a aspectos biomecânicos, ao gesto

em si, mas atender sobretudo às imposições da sua adequação às situações

do jogo (Garganta & Pinto, 1998).

(1) Jogo

(2) Apreciação (6) Acção Motora

APRENDIZ

(3) Consciência

táctica

(5) Habilidade

motora

(4) Decisões:

O que fazer? Como fazer?

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Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 16

Figura II-5 - Cadeia Acontecimental do Comportamento Táctico / Técnico do Jogador no Jogo (Garganta & Pinto, 1998)

Todas as acções técnicas, para que sejam eficazes necessitam, para além de

uma execução correcta, da sua execução no “timing” certo, se tal não ocorrer,

a acção técnica irá perder a sua importância.

A técnica é importante? Mesquita, (1997) argumenta que, o ensino dos JDC é

uma competência que está obrigatoriamente dependente da mestria das

técnicas do jogo. Ser portador de uma boa técnica permite ao jogador ficar

liberto para ler o jogo e consequente decidir melhor, prevalecendo na relação

com a bola, o controlo quinestésico em detrimento do visual, o jogador

tecnicamente evoluído fica liberto para analisar as situações de jogo e,

consequentemente, poder optar pelas melhores soluções. Mas, a técnica só

revela a sua importância quando aplicada oportunamente, isto é, quando

ocorre uma execução técnica, tacticamente correcta.

A aprendizagem dos procedimentos técnicos constitui apenas uma parte dos

pressupostos necessários para que, em situação de jogo, os praticantes sejam

capazes de resolver os problemas que o contexto específico lhes coloca.

Desde os primeiros momentos da aprendizagem, importa que os praticantes

assimilem um conjunto de princípios que vão do modo como cada um se

relaciona com o móbil do jogo (bola), até à forma de comunicar com os colegas

Jogo

Acção

Motora

Apreensão do jogo

Habilidade motora

Capacidade

táctica

Decisões:

O que fazer?

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Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 17

e contra-comunicar com os adversários, passando pela noção de ocupação

racional do espaço de jogo (Garganta & Pinto, 1998).

Malglaive (1990) e Gréhaigne & Godbout (1995), sustentam que o sistema de

conhecimento, nos desportos colectivos, decorre de regras de acção, regras de

organização e capacidades motoras (Figura II-6).

Figura II-6- Conteúdos do Conhecimento em Desportos Colectivos. (Malglaive, 1990 ; Gréhaigne & Godbout, 1995)

As regras de acção são orientações básicas acerca do conhecimento táctico do

jogo, que definem as condições a respeitar e os elementos a ter em conta para

que a acção seja eficaz (Gréhaigne & Guillon, 1991). As regras de organização

do jogo, estão relacionadas com a lógica da actividade, nomeadamente com a

dimensão da área de jogo, com a repartição dos jogadores no terreno, com a

distribuição de papéis e alguns preceitos simples de organização que podem

permitir a elaboração de estratégias. As capacidades motoras, englobam a

actividade perceptiva e decisional do jogador, bem como os aspectos da

execução motora propriamente dita.

A evolução do Futebol terá necessariamente de apostar, de forma inequívoca,

no entendimento e no ensino do jogo (Garganta & Pinto 1998), estando os

treinadores obrigados, em todos os níveis de ensino e treino do jogo, a

procurar formas e métodos que promovam jogadores que pensem e raciocinem

em cada uma das acções em que intervêm (Greco, 1988). É necessário que o

jogador compreenda a lógica interna do jogo, os princípios gerais e específicos

Regras de acção Regras de gestão e organização do jogo

Capacidades motoras

Organização colectiva

e individual

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Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 18

que regem o seu comportamento, e seja capaz de os aplicar de forma

inteligente, depois de uma análise prévia da situação de jogo (Cárdenas, 2000).

22..11..44 RREEFFEERRÊÊNNCCIIAASS FFUUNNDDAAMMEENNTTAAIISS PPAARRAA OO EENNSSIINNOO DDOO FFUUTTEEBBOOLL

Actualmente, a perspectiva de ensino e treino mais emergente é aquela que a

partir de uma análise do jogo e da sua estrutura, apresenta o ensino e treino de

uma forma mais global, com uma dimensão mais complexa e mais próxima da

realidade do jogo. Esta visão emergiu no sentido de superar a tendência

dominante de corte analítico, mecanicista e técnico, apoiando-se na psicologia

cognitiva e nos modelos de execução (Garganta, 1994)

Esta concepção de treino integral tem como ponto de partida o Futebol

enquanto jogo, no qual os problemas fundamentais dos jogadores são, por um

lado a adaptação das suas condutas em relação de oposição (jogar contra

adversários), e por outro a adaptação das suas condutas à relação de

colaboração (jogar com os companheiros) (Mombaerts, 1998).

22..11..44..11 CCOONNDDIICCIIOONNAANNTTEESS EESSTTRRUUTTUURRAAIISS EE FFUUNNCCIIOONNAAIISS

Se compararmos o Futebol, no plano estrutural, com outros denominados

grandes jogos desportivos colectivos (Andebol, Basquetebol e Voleibol),

constatamos algumas diferenças extensivas ao plano funcional, que nos

permitem retirar ilações importantes para a orientação do processo de

ensino/treino deste jogo (Garganta & Pinto, 1998):

22..11..44..22 DDIIMMEENNSSÃÃOO DDOO TTEERRRREENNOO DDEE JJOOGGOO EE NNÚÚMMEERROO DDEE JJOOGGAADDOORREESS

Quanto maior for o espaço de jogo mais elevado terá de ser a capacidade para

o cobrir, mental e fisicamente. Deste modo, uma educação mental sistemática

torna o jogador capaz de utilizar, de uma forma inteligente o conhecimento

adquirido, através das suas características psicomotoras (Mahlo, 1980).

Sabe-se que um campo de Futebol de onze é um espaço muito grande,

correspondendo aproximadamente à superfície de 10 campos de Andebol, 20

campos de Basquetebol e 50 campos de Voleibol (Bauer & Ueberle, 1988 cit.

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Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 19

Garganta & Pinto, 1998). Para além disso, o número de jogadores a referenciar

num jogo, condiciona a complexidade inerente à percepção das situações

(leitura do jogo).

O desenvolvimento da progressiva extensão do campo perceptivo (da visão

centrada na bola, à visão centrada no jogo) é um dos aspectos mais

importantes a que se deve atender na formação, na medida em que o jogo de

Futebol reclama uma atitude táctica permanente.

A capacidade de raciocinar tacticamente, mediante as variadas e imprevistas

situações-problema a que o jogo submete os atletas, tem de ser desenvolvida

no treino, isto é, aumentar e consolidar a capacidade de controlo cinestésico

sobre a execução do movimento quando em posse de bola, capacitando-os

para utilizarem a visão para as funções de leitura do jogo (jogar de cabeça

levantada). Para que tal possa ocorrer Guterman (1996) refere que, será

necessário a construção de noções de jogo segundo processos altamente

participativos, uma vez que, jogar nas condições regulamentares da

competição formal, leva a que essa participação possa vir a ser bastante

reduzida.

Esta é uma das muitas razões pelas quais se torna aconselhável que, nas

fases iniciais quando o praticante tem dificuldade em controlar a bola, o jogo

seja aprendido num espaço mais reduzido e com um menor número de

jogadores (5 ou 7 jogadores, por exemplo), tornando os exercícios mais

adaptados às reais dificuldades do jogador, podendo o assim aumentar a

aprendizagem do mesmo (Queiroz, 1986).

22..11..44..33 DDUURRAAÇÇÃÃOO DDOO JJOOGGOO

O jogador de Futebol deve estar capacitado para responder eficazmente às

situações, agindo duma forma rápida e coordenada e repetindo essas acções

ao longo do jogo.

De notar, por exemplo, que, para equipas seniores, do tempo estabelecido para

uma partida de Futebol de onze (90 minutos), o tempo de jogo efectivo é de

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Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 20

apenas 50 minutos. Durante este tempo, cada equipa poderá estar na posse da

bola, em média, 25 minutos e cada jogador entre 30 segundos (defesas

centrais) e um máximo de 3 minutos (para os condutores de jogo). Durante

todo o restante tempo os jogadores seleccionam informações, analisam-nas e

tomam decisões (Bauer & Ueberle, 1988 cit. por Garganta & Pinto, 1998);

Gréhaigne, 1992).

A aprendizagem adequada destes aspectos passa pela utilização de técnicas e

de procedimentos de ensino que provoquem um confronto do aluno com

problemas, para os quais ele vai procurar solução. Esta metodologia procura

enfrentar o jogador com situações práticas, nas quais a lógica do movimento

seja entendida de uma forma progressiva, para que quando lhe seja

apresentado o problema, na sua globalidade, tenha possibilidades de o superar

com êxito (Mombaerts, 1998; Cerezo, 2001).

O ensino do Futebol visa a formação de jogadores inteligentes, tornando-os

capazes de actuar e tomar decisões em função da leitura das diferentes

situações que o jogo lhes oferece (Mangas, 1999). Deste modo o pensamento

táctico é um pressuposto a desenvolver desde a aprendizagem do jogo (Thorpe

& Bunker, 1982).

Esta constatação implica que seja estabelecida uma relação entre a técnica e a

táctica em favor desta e que se atribua uma grande importância ao jogo sem

bola. Esta necessidade é evidente quando se verifica a existência de jogadores

que nos testes técnicos obtêm a máxima pontuação, onde a sua capacidade de

drible perante um obstáculo imóvel, os seus malabarismos, as suas fintas são

tecnicamente perfeitas, mas perante a aplicação no terreno de jogo não tem a

mesma eficácia, quando faz um drible bem, mas fora de tempo, quando remata

através de uma execução correcta, mas na direcção do guarda-redes (Fradua

Uriondo, 1997).

Page 40: 19226

Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 21

22..11..44..44 CCOONNTTRROOLLOO DDAA BBOOLLAA

O Futebol, o Andebol e o Basquetebol, são jogos de território comum e

participação simultânea, em que existe luta directa pela posse da bola. No

entanto, as possibilidades de assegurar o controlo da bola são teoricamente

maiores para os jogadores de Andebol e de Basquetebol do que para os

praticantes de Futebol. A utilização das mãos (no Andebol e no Basquetebol)

permite agarrar a bola e assim melhor a proteger e controlar, bem como dar-lhe

a direcção desejada.

A aprendizagem do jogo de Futebol implica a construção da mestria da relação

com a bola, em função das exigências tácticas do jogo. A limitação específica

desta aprendizagem passa pela necessidade do praticante de Futebol ter que

jogar a bola quase exclusivamente com os membros inferiores, estando estes

simultaneamente implicados no equilíbrio do corpo e nos deslocamentos.

Acresce o facto do jogo se desenvolver, predominantemente, num plano baixo,

o que concorre para dificultar a disponibilização da visão para efectuar a

"leitura do jogo".

“Ler” o jogo é seguramente uma tarefa difícil de conseguir com pleno sucesso

pela quantidade e complexidade dos factores a que está sujeito. É no entanto

uma tarefa de extrema importância para o jogador e determinante para o

sucesso das competências que lhe estão atribuídas. (Martins, 1999).

Neste contexto, quando um jogador erra frequentemente determinada resposta

motora, torna-se importante identificar se tal decorre duma leitura deficiente da

situação (mecanismo perceptivo e de decisão mental), ou se deriva da sua

ineficiência técnica ou física para responder a tal situação.

22..11..44..55 FFRREEQQUUÊÊNNCCIIAA DDEE CCOONNCCRREETTIIZZAAÇÇÃÃOO

Em equipas de jogadores de elite, em média, no Andebol consegue-se um golo

em cada dois minutos; nos jogos de Basquetebol e de Voleibol consegue-se

concretizar pontos em cada minuto. A relação entre as acções de ataque e

êxitos quantificáveis é aproximadamente nestas modalidades de 2 para 1,

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Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 22

enquanto que no Futebol é apenas de 50 para 1. Isto permite que, não

raramente no Futebol, equipas de nível inferior possam conseguir bons

resultados frente a equipas de elevado nível, o que dificilmente acontece

noutros desportos de equipa.

Estas constatações não devem conduzir a uma diminuição da importância

atribuída à finalização no ensino/treino do Futebol. Bem pelo contrário, dever-

se-á propiciar a criação de um grande e variado número de ocasiões de

finalização, quando não o praticante perde de vista o objectivo central do jogo

(o golo) e centra a sua actuação ao nível do jogo de transição, provocando um

desequilíbrio entre jogo indirecto e jogo directo.

22..11..44..66 CCOOLLOOCCAAÇÇÃÃOO DDEE AALLVVOOSS

No Futebol, tal como no Andebol, e duma forma diversa do que acontece no

Basquetebol e no Voleibol, a colocação dos alvos (balizas) na vertical, faz

"variar" a sua largura aparente, em função da posição (ângulo) em que estão a

ser visualizadas pelo jogador (Gréhaigne, 1992). Esta indicação reveste-se de

grande importância na construção do pensamento táctico do principiante, na

medida em que permite interiorizar as noções de conquista/defesa do eixo do

terreno, de jogo directo e indirecto, e de abertura/fecho de ângulos de remate.

22..22 TTRREEIINNOO CCOOMM CCRRIIAANNÇÇAASS EE JJOOVVEENNSS

Sobre o treino com crianças e jovens e sua participação desportiva, muito se

tem escrito em vários artigos e muito se tem dito em conferências sobre o

tema. A polémica entre os especialistas na matéria existe e subsiste,

envolvendo sobretudo, as consequências para a saúde criando controvérsia

sobre a participação de crianças e jovens no desporto de rendimento (Marques

e Oliveira, 2002). Polémica que levanta reflexões, essencialmente sobre, quais

deverão ser as configurações e contornos da actividade de treino e competição

em crianças e jovens, elevando a problemática, ao motivar divergências

concernentes às melhores estratégias de actuação (Marques e Oliveira, 2002).

Esta problemática que se levanta, que desenvolve teorias implicando

convergências e divergências entre os especialistas, não é um “problema” é

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Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 23

ciência. O verdadeiro problema reside no facto da teoria e pratica, na maioria

dos casos, ainda estarem extremamente distantes para o que seria desejável.

Isto é, tudo que se escreve e se diz sobre o tema é, por vezes ou quase

sempre, tão depressa aplaudido e louvado, como esquecido por aqueles que

deveriam por toda a teoria em prática.

Os problemas surgem quando, o treino e a participação competitiva de crianças

e jovens tende a reproduzir e a adaptar os conhecimentos e formas de

organização do desporto de alto rendimento (com algumas adaptações

indispensáveis) (Marques, 1997); (Proença, 1998). Quando a valorização e

reconhecimento social dos mais jovens, através dos resultados competitivos, é

tanto maior quanto menores são as hipóteses de êxito do clube, nas

competições seniores (Proença, 1998). Quando para muitos treinadores,

dirigentes e pais, a vitória nas competições continua a ser o objectivo principal,

onde a procura do rendimento imediato impõe estratégias de treino que

produzem resultados a curto prazo, mas comprometem os resultados futuros e

frustram as expectativas de crianças e jovens, subvertendo toda a lógica da

formação (Marques, 1997).

Estes erros estão associados na maioria dos casos à especialização precoce e

ao abandono prematuro da prática desportiva. Erros cometidos em nome de

interesses inconfessados, por falta de preparação pedagógica e científica,

jamais poderão ser tolerados nos dias de hoje, pois os conhecimentos

científicos sobre a optimização dos pressupostos do rendimento e sobre o

desenvolvimento do indivíduo nas fases evolutivas mostram claramente que

nada se justifica para tal. A não ser a ignorância ou interesses reprováveis

(Marques, 1991). Por tal “não se peçam vitórias aos treinadores dos mais

jovens. No desporto, como em tudo, o tempo de formação é de preparação”

(Marques & Oliveira, 2002 pp65).

Marques (1997); Marques, (1991) sustenta que a preparação desportiva de

crianças e jovens não pode estar subordinada a interesses pessoais,

científicos, materiais e financeiros, ou a outros interesses, que, valorizando

exclusivamente o rendimento, poderão tornar a criança num instrumento de

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Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 24

preocupações que, para além de serem gravosas para os mesmos poderão

hipotecar o seu futuro desportivo.

Marques, (1991) refere que a preparação desportiva poderá ser um

pressuposto fundamental para o desenvolvimento harmonioso da criança e

também para a criação de condições para a optimização do rendimento

desportivo, desde que:

- Se realize em articulação com a escola;

- Seja enquadrada pelos melhores professores de desporto ou técnicos

desportivos;

- Tenha como referência axial a saúde física e mental da criança, o

respeito pela sua individualidade biológica, e a observância das

particularidades de cada especialidade desportiva.

O treino e a competição devem situar-se num quadro estrito de respeito pela

educação, formação e defesa dos interesses dos jovens atletas (Marques,

1999)

22..22..11 OO TTRREEIINNAADDOORR DDEE CCRRIIAANNÇÇAASS EE JJOOVVEENNSS

Treinar crianças e jovens é tudo menos uma tarefa fácil, pois trata-se de um

processo complexo de gerir, o que exige treinadores bem preparados. Não se

trata apenas de utilizar metodologias de treino que se coadunem com

experiências vividas como atletas ou plagiar o treino dos seniores. O processo

de formação que se prolonga por vários anos, para que tenha um requerimento

eficaz das mais valias pedagógicas, de extrema importância para o

desenvolvimento dos jovens e do desporto, requer e exige não apenas

treinadores qualificados no plano técnico – científico, como treinadores com

uma particular sensibilidade para as questões pedagógicas (Marques, 2002).

Marques, (2002) sustenta que para se ser treinador de crianças e jovens

existem três condições essenciais:

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Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 25

- Gostar do desporto em questão;

- Gostar de trabalhar com crianças e jovens;

- Estar preparado para um trabalho exigente, demorado e cujos

resultados não são “visíveis” e vão aproveitar a terceiros.

Lee, (1999) refere que, compete ao treinador:

- Ensinar as técnicas e organizar sessões de treino de acordo com o nível

de cada atleta;

- Proporcionar bastante tempo de prática;

- Definir objectivos individuais para cada jovem;

- Corrigir os erros e explicar de forma clara a forma de os ultrapassar;

- Apreciar as crianças pelo modo como evoluem e não por comparação

com os outros.

O treinador deverá proporcionar aos seus atletas uma formação completa, o

que significa que o mesmo tem, para além de tarefas desportivas estritas,

responsabilidades pedagógicas pelo presente e futuro das crianças que lhes

são confiadas. Tal exige conhecimentos sobre o desenvolvimento motor,

biológico, psíquico e social das crianças e jovens, mas também capacidade de

integração desses conhecimentos nas propostas da prática. Assim sendo a

formação desportiva exige técnicos qualificados (Marques, 1991;Marques,

1999).

O treinador terá de ter em mente que, os grandes resultados desportivos

dificilmente irão surgir à mercê de um trabalho a curto prazo, que a preparação

dos atletas é um processo longo, demorado e complexo, sendo necessário

contemplar diferentes etapas, subordinadas aos grandes objectivos do treino e

da preparação desportiva (Marques, 1985). Somente assim poderão surgir

campeões, na vida e no desporto.

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Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 26

22..22..22 EETTAAPPAASS DDEE PPRREEPPAARRAAÇÇÃÃOO

A preparação de um atleta para que mais tarde possa vir a ter expectativas de

rendimento elevado, é um processo a longo prazo. Um processo que

contempla várias etapas, das quais umas estão directamente relacionadas com

o rendimento e as restantes com ele indirectamente relacionadas, sendo

“causa” ou “consequência” do mesmo (Marques, 1985).

Etapas essas que deverão subsistir e se subdividir, não apenas por meros

aspectos organizativos mas sim por aspectos profundamente ligados às

ciências biológicas, médicas, humanas, sociais... que se coadunem com as

etapas do desenvolvimento ontogénico do ser humano ao mesmo tempo que

subordinam e integram os grandes objectivos do treino e da preparação

desportiva (Marques, 1985).

O autor subdivide as etapas de preparação de um atleta em: (Quadro II-1)

- Etapa de preparação preliminar;

- Etapa de especialização inicial ou de base;

- Etapa de especialização aprofundada;

- Etapa de performances maximais;

- Etapa de manutenção das performances;

- Etapa de manutenção do nível geral de treino.

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ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 27

Quadro II-1 – Grandes objectivos do treino e da preparação desportiva. (adap. de Marques, 1985)

Etapas Referências

prováveis Objectivos

Orientações metodológicas

dominantes Suas justificações

De preparação

preliminar

7/8 aos 11/12

anos

Criação dos

fundamentos da

prestação desportiva.

Optimização dos pré-

requisitos motores

Dominância de uma formação

geral-muitipla e diversificada.

Desenvolvimento das

capacidades desportivas gerais.

Incidência de trabalho em

volume.

Rápida maturação do

sistema nervoso:

desenvolvimento da

rede sináptica e

mielinização.

Evolução mais lenta

das outras estruturas

biológicas.

De

especialização

inicial ou de

base

11/12 aos 14

anos

Desenvolvimento e

aperfeiçoamento dos

fundamentos da

prestação. Introdução

de elementos que

condicionam de

forma directa o

rendimento.

Selecção inicial e inicio da

especialização.

Desenvolvimento das

capacidades motoras gerais.

Prática de uma 2ª modalidade.

Desenvolvimento gradual das

capacidades motoras

específicas. Predominância

ainda do treino geral e em

volume. Inicio da participação

em competições (11/13anos).

Competições simplificadas,

número reduzido, espaçadas.

Período Pré-

pubertário e

pubertário. Rápido

desenvolvimento de

certas estruturas (

morfológicas –

ósseas)

acompanhada de

uma forma mais

lenta das estruturas

orgânicas

(metabolismo

anaeróbio) e

muscular.

De

especialização

aprofundada

15 aos 18

anos

Aprofundamento e

direccionamento

mais específico da

preparação no

sentido do

desenvolvimento

acelerado dos

factores

determinantes do

rendimento.

Selecção intermédia.

Desenvolvimento sistemático e

com cargas progressivas

(volume e intensidade) das

capacidades motoras

determinante do rendimento de

uma forma directa. Maior

incidência do treino específico,

individualização progressiva do

treino e das competições.

Aumento da participação em

competições considerável.

Primeiras competições

internacionais (na fase final).

Progressiva

maturação e

consolidação de

todas as estruturas

(com particular

incidência as

orgânicas e

musculares)

relacionadas como

rendimento.

Martin et al. (2001), refere-se ao processo de treino a longo prazo subjugando-

o a três etapas, que constituem três níveis de treino:

- Formação geral básica;

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Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 28

- Treino de jovens:

• Treino dos fundamentos;

• Treino de consolidação;

• Treino de integração.

- Treino de alto rendimento.

O autor divide a formação desportiva em duas fases ou etapas fundamentais, a

primeira, formação geral, tem como objectivos melhorar de uma forma

diversificada o estado geral de rendimento desportivo e despertar um interesse

estável pela a actividade desportiva (mediante o conhecimento mais preciso de

uma modalidade) através de uma participação desportiva variada. A segunda,

treino com jovens, tem como principais objectivos, a melhoria a longo prazo do

estado de rendimento próprio de uma modalidade, até atingir o nível ideal para

que possa vir a integrar futuramente o treino de alto rendimento, estabilizar os

níveis de motivação dos atletas para a obtenção de um bom rendimento na

modalidade e participar eficazmente em competições dentro da categoria

correspondente a idade dos mesmos. Martin et al (2001) estabelece como

objectivos directores para cada secção de treino de jovens:

1- Treino de fundamentos:

- Alcançar um bom estado de rendimento geral – multilateral;

- Desenvolver capacidades básicas próprias da modalidade e aprender as

técnicas motrizes fundamentais da mesma;

- Conhecer e experimentar diversos métodos de treino específicos da

modalidade;

- Participar com êxito em campeonatos nacionais.

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Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 29

-

1- Treino de consolidação:

- Elevar o estado de rendimento próprio da modalidade;

- Dominar técnicas importantes da modalidade;

- Conhecer métodos de treino específicos da modalidade,

- Estabilizar a motivação para o rendimento dentro da modalidade;

- Participar com êxito em campeonatos nacionais.

2- Treino de integração

- Elevar novamente o estado de rendimento físico próprio da modalidade;

- Dominar com virtuosidade o repertório técnico específico da modalidade;

- Tolerar as cargas de treino necessárias aos distintos ciclos de treino;

- Participar com êxito em campeonatos nacionais e internacionais das

categorias de idades superiores, dentro do escalão jovem.

Do treinador de crianças e jovens é exigido conhecimento científico sobre o

desenvolvimento das mesmas, baseando-se em conhecimentos que derivam

das ciências biológicas, médicas, humanas, sociais etc., conhecimentos sobre

o desenvolvimento ontogénico do ser humano e um profundo conhecimento

sobre a modalidade. Só assim o treinador poderá responder as questões como:

Quando, como e porquê o desenvolvimento de determinadas capacidades e

conteúdos? Que estratégias serão mais apropriadas para tais

desenvolvimentos? etc.

Page 49: 19226

Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 30

22..22..33 FFAASSEE SSEENNSSÍÍVVEEIISS DDEE TTRREEIINNAABBIILLIIDDAADDEE

Martin, (1999) define fases sensíveis de treino como períodos limitados de

tempo na vida dos indivíduos, em que eles respondem de forma mais intensa

do que noutros períodos, a determinados estímulos do ambiente exterior.

O autor em questão, propõe um modelo de fases sensíveis de treinabilidade

durante a infância e a juventude (Quadro II-2), baseando-se na observação da

prática do treino e nos resultados de investigações nas ciências do desporto.

Quadro II-2 – Modelo das fases sensíveis de treinabilidade durante a infância e a juventude (adap. de Martin, 1999).

Capacidades Crianças Jovens

6/7-9/10 10/12-12/13 13/14-14/15 14/15-16/18

Aprendizagem das técnicas da

modalidade *** **** _ _

Reacção **** _ _ _

Ritmo **** **** _ _

Equilíbrio **** **** _ _

Orientação *** _ *** ****

Diferenciação **** **** _ _

Velocidade **** **** _ _

Força Máxima _ _ **** ****

Força Veloz *** **** _ _

Resistência Aeróbia *** *** *** ***

Resistência Anaeróbia _ ** *** ****

Martin (1999) refere que o momento ideal para a aprendizagem das técnicas

tem a sua primeira fase sensível entre os 8/9 anos, considerando esta a melhor

fase para o efeito, a segunda fase sensível ocorre durante a adolescência

12/13 anos, pois ocorre uma associação entre a técnica e a força onde poderá

ocorrer uma melhoria da performance mecânica dos movimentos.

O autor sugere os 7 anos e os 9 /10 anos, como os melhores para o

desenvolvimento das capacidades coordenativas.

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Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 31

Todas as formas de expressão da velocidade, têm a sua fase sensível durante

a infância, particularmente entre os 6/7 anos e os 9/10 anos (Martin, 1999). O

autor refere que, “no treino de crianças, a orientação de base deverá ser

prioritariamente para a aprendizagem e treino das diferentes manifestações da

velocidade”

Martin, (1999) considera a puberdade uma fase sensível, extremamente

importante para o treino da força máxima e da força resistente, devido ao

aumento destas capacidades neste período. Já a força veloz tem a sua fase

sensível entre 8/9 anos de idade.

A resistência aeróbia é treinável em todos os períodos, não se podendo, neste

caso falar de fases sensíveis de treino (Martin, 1999)

Já a resistência anaeróbia o autor salienta que esta capacidade se encontra

em constante transformação, sendo que o seu aumento se dá com a

maturidade dos pré-requisitos enzimáticos.

22..33 EEXXIIGGÊÊNNCCIIAASS FFÍÍSSIICCAASS EE FFIISSIIOOLLÓÓGGIICCAASS DDOO JJOOGGOO DDEE FFUUTTEEBBOOLL

O Futebol caracteriza-se por ser um desporto que requer a execução de

acções motoras de forma intermitente, com e sem bola, que variam

aleatoriamente de jogo para jogo, pois são determinadas pelas particularidades

de movimentação táctica exigidas em cada competição impondo aos

praticantes uma elevada intensidade de esforço (Bangsbo, 1993).

Soares (1998) refere que, as exigências do futebol podem ser classificadas em

termos de capacidades técnicas, tácticas, psicológicas e físicas. O autor

salienta que no entanto todos estes factores estão interligados, sendo de fácil

constatação o facto de um jogador mal preparado fisicamente estar mais

susceptível a erros de ordem técnica, por fadiga periférica, e de ordem táctica,

como provável origem na fadiga central. Daí a necessidade de se conhecer

com exactidão as exigências físicas impostas pela competição. Pois segundo o

mesmo autor, só a partir do conhecimento do esforço específico dos jogadores,

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Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 32

no plano táctico e estratégico da equipa, se podem programar treinos

correspondentes às suas necessidades.

As exigências energéticas – funcionais do jogo de Futebol, têm vindo a ser

avaliadas, a partir da actividade desenvolvida pelos jogadores durante a

competição (Garganta, 1999).

Os investigadores na tentativa de configurar o perfil energético – funcional do

jogo de Futebol, nas várias solicitações que este impõe aos jogadores, têm

traçado vários caminhos, Garganta (1999) refere que de acordo com a

literatura os mais explorados são:

- A caracterização de indicadores externos: distâncias percorridas,

duração, frequência, tipo de intensidade dos deslocamentos produzidos,

repartição dos esforços e pausas;

- A caracterização de indicadores internos: frequência cardíaca, lactato

sanguíneo e consumo máximo de oxigénio.

Através de vários estudos realizados nesta matéria foi se chegando a alguns

valores de referência, que se poderão revelar de extrema utilidade para a

estruturação do treino em Futebol.

Segundo Garganta (1999), um jogador de Futebol percorre em média, entre 7 a

12 km por jogo. Sendo que os jogadores em média realizam corridas a uma

intensidade sub – máximal em distâncias entre 5 a 15 metros (Rebelo, 1993).

Ekblom (1986) sugere que a maior diferença entre equipas de níveis distintos

não é a distância que os jogadores percorrem, mas a percentagem que o

fazem a grande intensidade.

Estes são alguns indicadores externos que os especialistas conseguiram

encontrar nos seus estudos. Quanto aos indicadores internos também se foram

realizando alguns estudos onde se chegaram a conclusões importantes.

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Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 33

Ao longo do jogo de Futebol, a frequência cardíaca situa-se à volta de 85% da

frequência cardíaca máxima (Bruyn-Prevost e Thilens, 1983 cit. Garganta,

1999; Ekblom, 1986), registando-se valores que poderão variar entre 160 bpm

e 180 btm (Bruyn-Prevost e Thilens, 1983 cit. Garganta, 1999).

Segundo Ekblom (1986) a intensidade média de uma partida de futebol

corresponde a 75-80% do Vo2 max (consumo máximo de oxigénio), estes

valores indicam que o metabolismo aeróbio no jogo de Futebol, é mais

importante do que o metabolismo anaeróbio (Maréchal, 1996).

A concentração de lactato sanguíneo segundo Bangsbo (1993), apresenta

valores variáveis de jogador para jogador, encontrando-se no entanto uma

concentração média de 4 a 7 mmol/l, no entanto em diferentes fases do jogo,

mediante a intensidade do mesmo, poderão vir a encontrar-se concentrações

de 11 a 15 mmol/l.

22..33..11 IIMMPPOORRTTÂÂNNCCIIAA DDOO TTRREEIINNOO AAEERRÓÓBBIIOO EEMM FFUUTTEEBBOOLL

Grant e Mc Milan (2001), justificam a importância de uma adequada

preparação aeróbia nos jogadores de futebol, pela elevada duração do jogo,

exigindo que os mesmos percorram 8 a 14 Km, a uma intensidade média de

cerca de 75% do seu Vo2 máximo. Tendo o sistema aeróbio uma contribuição,

de cerca de 90 % do total de energia requerida no jogo.

Segundo Bangsbo (1996), o treino aeróbio permite o aumento do Vo2 máx., o

que possibilita ao futebolista, realizar exercícios de alta intensidade, durante

um período mais prolongado de tempo, permitindo um elevado consumo de

oxigénio durante o jogo.

O treino aeróbio permite o aumento da utilização de gorduras, poupando as

reservas de glicogénio, de extrema importância para os esforços intensos,

promovendo assim o atraso da fadiga (Reylly, 1990; Soares e Rebelo, 1993).

Bangsbo (1994, 1996, 1999) refere como objectivos gerais do treino aeróbio, o

aumento da capacidade do jogador manter um ritmo de trabalho elevado

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Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 34

durante o decorrer do jogo, e a minimização do decréscimo técnico e das

falhas de concentração, provocadas pela fadiga no final do jogo.

O autor define, os seguintes objectivos específicos do treino aeróbio em

Futebol:

- Melhorar a capacidade do sistema cardiovascular no transporte de O2,

de modo que uma maior percentagem de energia necessária para o

exercício intenso possa ser fornecida de modo aeróbio, permitindo ao

futebolista realizar exercícios intensos durante mais tempo;

- Melhorar a capacidade dos músculos utilizarem O2 e assim oxidarem as

gorduras durante períodos de exercícios prolongados, poupando desta

forma as reservas de glicogénio muscular, permitindo a realização de

exercícios intensos durante o jogo;

- Aumentar a capacidade de recuperação após um exercício de alta

intensidade, diminuindo o tempo de recuperação do jogador para a

realização de um novo esforço.

O autor divide o treino aeróbio em três categorias:

- Treino de recuperação: envolve a realização de actividades ligeiras,

como corrida lenta ou jogos de baixa intensidade, situações que

permitam que o jogador recupere rapidamente, sendo adequado utilizar

este tipo de exercícios no dia seguinte ao jogo, após treinos

desgastantes, ou períodos em que tenha muitas sessões de treino e

jogos frequentes, sendo esta a forma de se evitar situações de

sobretreino;

- Treino aeróbio de baixa intensidade: visa o aumento da capilarização e

do potencial oxidativo do músculo, intervindo desta forma mais a nível

periférico (Bangsbo, 1996). A consequente utilização de substratos leva

ao aumento da resistência aeróbia, permitindo desta forma ao futebolista

realizar os esforços durante mais tempo (Bangsbo, 1994; Bangsbo,

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Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 35

1996), permitindo ainda que o jogador recupere com mais facilidade a

exercícios de alta intensidade (Bangsbo, 1994);

- Treino aeróbio de alta intensidade: também designado por treino da

potência aeróbia, visa a melhoria dos factores centrais, estando

estritamente relacionado com o aumento do VO2 máx (Bangsbo, 1996).

Este tipo de exercícios contribuem para o aumento da capacidade do

Futebolista realizar exercícios de alta intensidade durante períodos de

tempo prolongados (Bangsbo, 1994; Bangsbo, 1996).

Bangsbo (1994;1996; 1999) considera que o treino aeróbio deverá ser

realizado fundamentalmente com bola. Para que este tipo de treino tenha um

efeito benéfico na capacidade de trabalho aeróbio de um jogador, numa

actividade que deverá ter a duração de 15 a 90 minutos.

22..33..22 IIMMPPOORRTTÂÂNNCCIIAA DDOO TTRREEIINNOO AAEENNAAEERRÓÓBBIIOO EEMM FFUUTTEEBBOOLL

O treino anaeróbio origina o aumento da actividade da creatina quínase e das

enzimas glicolíticas, aumentando a taxa de produção de energia pela via

anaeróbia (Bangsbo, 1996). Melhorando a sincronização entre o sistema

nervoso e os músculos, e aumenta a capacidade de produção e remoção de

lactato (Bangsbo, 1994).

Bangsbo (1994, 1996, 1999) refere, como objectivo geral do treino anaeróbio,

desenvolver a capacidade de realizar repetidamente exercício de alta

intensidade, considerando, como objectivos específicos:

- Melhorar a capacidade de produzir potência rapidamente, de modo a

melhorar o rendimento das actividades intensas do jogo;

- Melhora a capacidade de produzir energia continuamente através da via

anaeróbia, permitindo ao futebolista realizar exercícios de alta

intensidade durante longos períodos de tempo;

- Melhorar a capacidade de recuperar após um período de exercício

intenso.

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Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 36

O autor, divide o treino anaeróbio, em treino de velocidade e treino de

resistência de velocidade. Sendo o treino de velocidade fundamental para o

atleta se impor às frequentes acções intensas e de curta duração do jogo,

estando desta forma a solicitar o metabolismo anaeróbio aláctico de alta

intensidade, o treino de resistência de velocidade, permite dar melhor resposta

nos períodos mais longos de alta intensidade, sendo a energia necessária

produzida principalmente pelo sistema anaeróbio láctico.

O treino anaeróbio deve ser realizado de modo intervalado, devido à elevada

intensidade dos exercícios (Bangsbo 1994; 1996; 1999).

O autor salienta, a importância de se treinar as categorias da resistência

anaeróbia, da forma mais aproximada possível da realidade do jogo, isto é

maioritariamente realizado através de exercícios com bola.

22..44 EESSTTRRUUTTUURRAA DDOO TTRREEIINNOO PPAARRAA CCRRIIAANNÇÇAASS EE JJOOVVEENNSS

O processo de formação é composto por um conjunto de etapas/estádios nas

quais o atleta poderá assimilar, desenvolver e consolidar diversas capacidades

(físicas, técnicas, tácticas e psicológicas). Estas componentes ou factores de

treino, adquirem uma determinada estrutura (substância e método) e dinâmica

(temporalidade) durante todo o processo de treino. Os treinadores da

formação, deverão confrontar-se no início de cada época desportiva, com um

conjunto de questões centrais (O quê? Como? Quando?). Responder a estas

questões deverá ser o objectivo de cada treinador de formação, modelando

assim as suas intervenções no treino às reais necessidades dos seus atletas,

contribuindo para um desenvolvimento e preparação desportiva adequada para

uma formação harmoniosa dos seus discípulos (Pinto et al., 2003). Os autores

antecedentes sabem que, nem sempre na prática isto se verifica, afirmando

que “frequentemente, a intervenção do treinador no treino dos mais jovens não

é sustentada por um planeamento de base cuidado, mas sim por um conjunto

de pretensões empíricas decorrentes de um défice da base conceptual”, tal

facto compromete a formação das crianças e jovens envolvidas no processo.

Page 56: 19226

Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 37

São vários os artigos científicos que alertam sobre a importância da qualidade

e eficiência do treino com crianças e jovens. No entanto, continua a saber-se

muito pouco acerca de qual deverá ser a estruturação e organização do treino

em crianças e jovens (Marques, 1989; Marques, 1991; Marques, 1993;

Marques, Marques 1999; Marques e col., 2000). Este facto deve-se em muito, à

abstinência e a inadequada utilização das bases teóricas na estruturação e

organização do treino por parte dos treinadores (Marques 1999; Marques e

col., 2000).

É importante salientar que o treino de criança e jovens, é pouco conhecido a

nível metodológico, porque os documentos de registro, se existem, na sua

maioria são de difícil análise (Marques e col., 2000), o que dificulta em muito o

trabalho dos investigadores. Contudo, realizaram-se alguns estudos científicos

no nosso país em desportos colectivos (Marques e col. (2000); Pinto e col.

(2001); Pinto e col. (2003); Santos (2001); Furriel (2002) que procuram

responder a questões que têm sido o foco de discussão entre os especialistas

(Marques e col., 2000). Discussões essas, que se centram em torno de

problemas como, qual deverá ser a estrutura e dinâmica da carga, quais os

meios, métodos e conteúdos de treino mais apropriados para o longo processo

de formação dos atletas. Procurando através da análise dos dossiers,

comparar os modelos de treino propostos pelos especialistas para as idades

em questão, referenciados na literatura da especialidade, com o que na

realidade se faz durante um plano anual de treinos. Desejando desta forma que

o conhecimento sobre a estrutura do treino em crianças e jovens se torne uma

realidade (Marques e col., 2000).

22..44..11 MMEEIIOOSS DDEE TTRREEIINNOO,, PPRREEPPAARRAAÇÇÃÃOO GGEERRAALL VVSS.. PPRREEPPAARRAAÇÇÃÃOO EESSPPEECCÍÍFFIICCAA

Os meios de treino revelaram-se ao longo do tempo, um tema bastante

interessante, mas também extremamente controverso entre os principais

especialistas da área do treino. Facto que se deve às diferentes posições

defendidas pelos mesmos quanto à importância que se deverá dar no treino,

aos meios de treino gerais e específicos. (Marques, 1989; Marques, 1990;

Marques, 1991; Marques e col., 2000). Surgiram desta forma duas teorias

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Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 38

contraditórias, por um lado uma que defendia a necessidade de não se

descontextualizar o treino dos mais jovens de problemas relevantes da

competição. Os defensores desta teoria argumentavam que as possibilidades

do organismo eram limitadas, sendo sustentada e recomendada uma rápida

especialização. Contrapondo a teoria anterior, desenvolvia-se a teoria da

formação multilateral, com o principio director do treino, no estádio de treino de

base, regia-se pedagogicamente pela directiva de que o treino deveria incluir

formas de actividade diversificadas, pois a formação desportiva multilateral era

considerada determinante para o processo de desenvolvimento e maturação

dos jovens atletas, o que não iria suceder com um treino estritamente

especializado (Marques, 1999).

Embora exista uma certa contraposição no que concerne à importância que se

deverá dar aos meios de treino de preparação geral e específicos, a maioria

dos autores defendem a tese de que, no início da preparação desportiva se

deverá dar uma maior importância aos meios de treino de preparação geral do

que aos meios de preparação especial. Importância, que deverá diminuir com o

aumento da idade e da especialização desportiva, por tal, a preparação geral

deverá ser tanto mais elevada quanto mais próximo se estiver da fase inicial de

preparação desportiva, essa importância tenderá a diminuir de uma forma mais

lenta à medida que o processo se aproxima da sua fase terminal (Marques,

1989; Marques e col., 2000).

Quadro II-3: Preparação Geral e Preparação Especial nas etapas de Preparação Desportiva em Futebol, Tschiene, in Prodente (1983). Adaptado de Marques, (1989).

Meio de Preparação 8-10 anos 10-12 anos Início Idade Rendimento

Prep. Geral (%) 35 30 25

Prep. Especial (%) 65 70 75

Quadro II-4: Preparação Geral e Preparação Especial nas etapas de Preparação Desportiva. Futebol, Stiehler et al. (1988). Adaptado de Marques, (1989).

Etapas de Preparação Idades (anos) P. Geral (%) P. Especial (%)

Treino de Base 10-14 50-30 50-70

Treino de Construção 15-18 39 61

Treino Evoluído 18-20 15 85

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Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 39

Torna-se inequívoca a importância da preparação geral no treino de crianças e

jovens, essencialmente no início da formação desportiva onde se deverá

procurar que através do treino, os praticantes adquiram os requisitos

necessários para que possam ter êxito nas restantes etapas de formação

desportiva. Marques e Oliveira (2001) sustentam que anterior à aquisição de

toda a estrutura complexa dos gestos e das acções desportivas deverá estar

uma cultura motora não especializada, constituída por um repertório de gestos

motores e comportamentos motores que se caracterizam por serem mais

simples, sem o qual não se evoluirá de forma eficiente e estável, no

aprofundamento do rendimento desportivo. Trata-se do reconhecimento por

parte dos especialistas que a forma desportiva não se faz na dependência

estrita, sistemática e exclusiva dos fundamentos da cultura da futura actividade

especializada. Aceitam-se como válidos os princípios da especialização

crescente, onde modelos mais avançados do desporto deverão funcionar como

elementos estruturantes da formação dos jovens desportistas.

As duas teorias “extremistas”, rápida especialização e formação multilateral,

cremos que deram origem a uma posição mais equilibrada e mais adaptada ao

processo de formação desportiva dos mais jovens, pois sustenta uma

orientação no sentido de um esforço da unidade entre o treino geral e o treino

especial, sendo esta orientação condicionada por uma maior especialização do

treino multilateral. Revelando-se não ser recomendável, no início da

especialização, recorrer a uma formação multilateral independente do desporto,

pois a formação multilateral deverá ser determinada pela estrutura do

rendimento (Marques, 1999).

Assim sendo, a rácio entre o treino geral e o treino especial deverá ter em

consideração os seguintes aspectos (Marques e col., 2000; Marques, 1999):

- As exigências de cada desporto em concreto;

- As características de cada fase de ontogénese;

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Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 40

- A necessidade de valorização ou de compensação de componentes

particulares;

-- As alterações do estado de treino no percurso da formação desportiva.

22..44..22 AA PPRREEPPAARRAAÇÇÃÃOO GGEERRAALL NNAA FFOORRMMAAÇÇÃÃOO DDEESSPPOORRTTIIVVAA DDOOSS JJOOVVEENNSS

FFUUTTEEBBOOLLIISSTTAASS

Num estudo recente realizado por Marques e col. (2000), sobre a estrutura do

treino de jovens atletas Portugueses, os autores concluem que é muito

provável que os treinadores estejam a dar uma prematura e excessiva

importância aos meios de treino específicos nas fases de preparação

desportiva iniciais. Onde os resultados do estudo revelam que, na faixa etária

dos 10-12 anos, a razão entre a preparação geral e especifica é de 1: 2,3.

É importante que os mais jovens durante a sua formação desportiva obtenham

o máximo de experiências motoras que lhes garanta um repertório motor rico,

assim como, um bom desenvolvimento das suas capacidades físicas e

psicossociais para que possam de futuro poder ter êxito no desporto de

rendimento. No futebol assim como nos restantes jogos desportivos colectivos,

por ser uma prática desportiva que consente uma variedade de gestos e

solicitações bem mais rica que a dos desportos baseados em estruturas

gestuais e motoras, cíclicas, estreitas e fechadas, deverá obter-se a

especialização num momento mais tardio. Garantindo desta forma melhores

bases para a especialização futura (Marques, 1999).

São vários os autores (Bompa, 1986; Queiroz 1986) que consideram que na

idade dos máximos rendimentos, a estagnação ou uma reduzida elevação do

rendimento e o aparecimento de lesões, se poderão dever em grande parte, ao

facto de no processo de treino se aplicarem poucos exercícios de carácter

geral. Trata-se de um problema que carece aos treinadores resolver uma vez

que, a cada vez mais reduzida actividade motora nos períodos pré-escolar e

escolar, afecta particularmente o normal desenvolvimento de pressupostos

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Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 41

coordenativos que constituem um suporte essencial da capacidade de

prestação desportiva (Marques, 1999).

Cabe aos treinadores a responsabilidade de estruturar e organizar todo o

processo de treino, utilizando um conjunto de exercícios, pois estes são os

meios fundamentais que estes possuem para definir, direccionar e modificar o

processo de formação e desenvolvimento dos jogadores (Castelo, 1996).

Queiroz (1986); Castelo (1996), consideram o exercício como uma estrutura de

base de todo o processo responsável pela elevação do rendimento do jogador

e da equipa e, como tal, uma parte significativa do rendimento global, e

naturalmente do sucesso obtido no treino, depende directamente da qualidade

e, em ultima instância, da eficácia do próprio exercício.

22..44..33 OO EEXXEERRCCÍÍCCIIOO NNOO PPRROOCCEESSSSOO DDEE TTRREEIINNOO

“A noção de treino na linguagem corrente emprega-se nos mais diversos

domínios e mais frequentemente designa um processo, que pelo exercício, visa

atingir um nível mais ou menos elevado segundo os objectivos que se tem em

vista” (Weineck 1986).

“A unidade elementar do processo de treino é o exercício. Este é destinado ao

desenvolvimento de uma qualidade. É o modo de relação entre os diferentes

exercícios que constitui a estrutura da sessão (Platonov, 1988) ”.

Matveiev (2001), generaliza ao afirmar que “o termo exercício de treino em

teoria e metodologia do desporto costuma denominar-se a reprodução regulada

das acções racionais (por separado ou em conjunto), que se regulamenta por

princípios de consecução do efeito e da actividade preparatória. O efeito do

exercício pode expressar-se em certas condições no ensino dos modos

racionais de execução das acções e no seu aperfeiçoamento, no

desenvolvimento das propriedades físicas e psíquicas do indivíduo, que se

expressam na realização das acções, e no aumento, conservação e

recuperação do nível de capacidade para actuar”.

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Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 42

Segundo Garganta (2002), o exercício no processo de treino, procura induzir,

nos praticantes, os modelos de comportamentos desejados, no sentido de

esses permitirem materializar a concepção de jogo preconizada.

Já Castelo et al. (2000), sustentam que o exercício deve ser encarado como o

meio fundamental para todo o processo de treino, tendo o professor / treinador

o poder de definir, orientar e modificar o processo de formação e

desenvolvimento, ou seja, de transformação do(s) praticantes(s), sem o qual

não é possível que estes respondam de forma adequada e eficaz às exigências

que a competição em si encontra.

Para os especialistas na matéria, tais como, Weineck (1986), Bompa (1990),

Teodorescu (1984, 1987), Matveiv (1977), o exercício de treino é o meio

prioritário e operacional de preparação dos praticantes e das equipas,

consubstanciando as adaptações físicas, técnicas, tácticas, psicológicas e

sociológicas fundamentais para a consecução de um elevado desempenho

quando em confronto directo (Castelo et al., 2000).

Para Bompa (1983) citado por Queiróz (1986), o exercício é, na estrutura do

treino, “um acto motor sistematicamente repetido, representando o principal

meio de execução do treino, tendo em vista a elevação do rendimento”.

Teodoresco (1984), Queiroz (1986), Castelo (2003), consideram que o

exercício é o principal meio de preparação dos jogadores e das equipas.

Castelo (2003), refere que o aspecto nuclear de qualquer processo de

planificação e organização na preparação competitiva dos jogadores ou das

equipas, nos seus diferentes níveis temporais (a curto, médio e longo prazo) e

nos seus diferentes níveis de aperfeiçoamento (aprendizagem,

desenvolvimento e especialização) é alicerçado na prática sistemática de um

conjunto (mais ou menos alargado) de exercícios de treino de carácter

dinâmico e inovador cuja estrutura determina muito concretamente a:

1. Orientação da actividade do jogador e da equipa numa direcção

cujos objectivos são válidos e preestabelecidos.

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Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 43

2. Concepção de conteúdos de treino que conciliem

convenientemente o nível do jogador com lógica interna do jogo

de futebol.

3. Aplicação de formas de treino apropriadas relativamente à

contextualização das situações competitivas.

4. Elaboração coerente dos níveis de prestação a atingir pelo

jogador ou pela equipa em cada momento da sua preparação

desportiva.

5. Criação de elevados níveis de motivação que suportem o

interesse, o empenho e a vontade do jogador em percorrer

“caminhos” e “suportar” tarefas que se constituem à partida

como construções hipotéticas (mesmo quando estas já foram

anteriormente testadas) as quais não garantem a

eficácia/eficiência de forma a impedir o insucesso, ou por outras

palavras, garantir sempre o sucesso que desse processo

poderá resultar.

Naturalmente o sucesso obtido em treino e em competição está em relação

directa com a eficácia do próprio exercício (Castelo et al., 1998).

Harre (1981) citado por Queiroz (1986), considera que os exercícios são o meio

mais importante para a elevação dos rendimentos desportivos. Estes têm de

responder às metas e tarefas do processo de treino e não devem ser elegidos

e aplicados sem ordem. A utilidade de um exercício no treino desportivo resulta

exclusivamente do seu aproveitamento para o desenvolvimento do rendimento.

Para Teodoresco (1984), o exercício deve reproduzir, parcial ou integralmente,

o conteúdo e a estrutura do jogo, que consiste em acções individuais e

colectivas entre jogador, companheiros, bola, campo de jogo, equipamentos

regulamentares e – especialmente – o objectivo a atacar (baliza). A presença

destes factores (ou apenas de uma parte deles) e a sua sucessão determina

estruturas diversas do sistema de relações individuais e colectivas de

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Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 44

colaboração e de antagonismo, dando ao mesmo tempo especificidade e

identidade ao exercício considerado. Para Dietrich (1979) e Teissie (1969), os

exercícios só adquirem significado para os jogadores, se considerarmos o jogo

de futebol na sua totalidade.

O exercício é, em última análise, a estrutura de base de todo o processo

responsável pela elevação, mantimento e redução do rendimento dos

praticantes. Naturalmente, o sucesso obtido em treino e em competições está

em relação directa com a eficácia do próprio exercício (Castelo, 2003).

Os exercícios de treino devem conter a essência do jogo, em que cada

exercício proposto, deve reproduzir fielmente a operacionalização das

características do jogo formal, dimensionando as componentes físicas,

técnicas, tácticas, de decisão, sistematizando os comportamentos dos

jogadores em jogo (Vasques, 2003).

22..44..44 EESSPPEECCIIFFIICCIIDDAADDEE DDOO EEXXEERRCCÍÍCCIIOO DDEE TTRREEIINNOO EEMM FFUUTTEEBBOOLL

O treino em futebol muitas vezes é repartido em preparação física e

preparação técnico táctica, onde a preparação física engloba a metodologia do

atletismo (Gregson e Drust, 2000) e a parte técnico / táctica engloba situações

de jogo, não se considerando muitas das vezes os efeitos energéticos que

essas situações poderão produzir nos atletas (Chanon, 1994).

O Jogo não se deve dividir em diversas componentes, ou poderá se correr o

risco de se desvirtuar a sua natureza fundamental (Queiroz, 1986). Pois apesar

de em termos didácticos se poderem considerar as componentes física,

técnica, táctica e psicológica no treino, o mesmo deverá ser abordado

globalmente, através de formas jogadas (Ferreira e Queiroz, 1982).

Teodoresco (1983), salienta a importância da criação de exercícios que

produzam parcial ou integralmente o conteúdo e a estrutura do jogo, isto

significa que o treino deverá incluir preferencialmente situações fundamentais

do jogo (Nunes e Gomes – Pereira, 2001).

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Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 45

Os últimos desenvolvimentos na teoria do treino apontam para uma crescente

especificidade, ou seja, para uma maior aproximação dos conteúdos e métodos

de preparação às exigências da competição (Seirul-lo, 1987; Tschiene, 1990;

Thiesse, 1995; Silva, 1998; Verkonshanskij, 2001; Bezerra, 2001).

No desporto moderno, a especialização segue uma via de profundo

aperfeiçoamento, regra geral, numa única espécie escolhida de exercícios

competitivos ou num pequeno número de espécies muito próximas, quer em

provas entre dois adversários quer em provas entre conjuntos (como

modalidades desportivas) (Matvéiv, 1991). O mesmo autor sustenta que “os

exercícios competitivos da modalidade escolhida desempenham um papel

extremamente importante no treino, porque sem eles, é impossível reconstituir

os requisitos específicos que cada modalidade impõe ao atleta e estimular,

assim, a consecução de um determinado nível de treino”.

“A funcionalidade específica dos diferentes sistemas orgânicos do praticante

traduzidas pelas suas prestações desportivas, são condicionadas por pressões

adaptativas específicas, determinadas por exercícios específicos os quais, por

sua vez implicam a existência de um treino específico” (Castelo, 2002).

Carvalhal (2002), define especificidade como uma palavra polissémica, em que

para muitos, especificidade é, após uma caracterização das exigências do jogo

de futebol nos aspectos físicos, treinar essa componente específica

isoladamente, para outros é, após a observação do jogo, quantificar as acções

técnicas: remates, passes, etc., treinar estes aspectos específicos de forma

isolada e garantir uma adaptação. Definindo-a como um efeito coordenador de

todo o trabalho. A especificidade não pode ser considerada como um fim em si

própria, mas sim, como pressuposto fundamental na conceptualização e

estruturação dos exercícios de treino cujo o desenvolvimento suportará no

futuro, modelos de treino distintos que reproduzem total ou parcialmente, para

cada modalidade desportiva em diferentes dimensões (por exemplo: técnico,

técnico-tácticos, de ambiente, etc), construídos à semelhança (isomórfica ou

analógica) da realidade competitiva (Castelo, 2002).

Page 65: 19226

Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 46

O princípio da especificidade refere que os programas motores revelam

particularidades singulares e que a sua adaptação é específica e está ligada à

tarefa ou actividade realizada (McGwon, 1991). Por isso, os exercícios de

treino devem procurar uma elevada transferência das acções seleccionadas

para o jogo (McGwon, 1991; Garganta, 1998 e 1999a). Pelo contrário, a não

especificidade do exercício de treino pode condicionar a transferência dos

programas motores adequados para o jogo, bem como aumentar a dificuldade

de melhorias posteriores a esse nível (Castelo, 2000).

“O exercício de treino é específico quando consubstancia uma estrutura

(objectivo, conteúdo, forma) que no seu conjunto provoca adaptações de base

que estão na origem da elevação do rendimento dos jogadores e das equipas”

(Castelo, 1996).

O treino, ou situações de treino, só são verdadeiramente específicos quando

houver uma permanente e constante relação entre as componentes técnicas-

tácticas individuais e colectivas, psico-cognitivas, físicas e coordenativas, em

correlação permanente com o modelo de jogo adoptado e respectivos

princípios que lhe dão corpo (Vasques, 2003).

O treino para ser específico deve simular numa determinada dimensão (macro

ou micro) os princípios do modelo de jogo adoptado, Oliveira (1991) define que

“só se poderá chamar especificidade à especificidade se houver uma

permanente e constante relação entre as componentes psico-cognitivas,

tácticas-técnicas, físicas e coordenativas, em correlação permanente com o

modelo de jogo adoptado e respectivos princípios que lhe dão corpo”.

O exercício deve-se identificar o mais possível com o tipo de jogo pretendido

pelo treinador componentes técnica e táctica – por outro lado, ele deve

contemplar as capacidades físicas – velocidade, força, resistência e

flexibilidade específicas do futebol – subjacentes ao desenvolvimento do

mesmo (Bezerra, 2001).

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Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 47

Esta nova filosofia de treino contempla a necessidade de se criarem exercícios

que reproduzam as condições de variabilidade do jogo (Queiroz, 1986), para

que exista uma grande identificação com o modelo de jogo pretendido pelo

treinador, contemplando as capacidades físicas a ele subjacentes (Bezerra,

2001), onde o desenvolvimento das capacidades físicas deverá ser realizado

através de formas jogadas num ambiente próximo do da competição (Ferreira e

Queiroz, 1982; Nunes e Gomes – Pereira, 2001).

Bangsbo (1994) salienta a dificuldade em organizar estes tipos de exercícios,

pois requerem a disponibilização de mais tempo na sua organização e mais

imaginação, assim como, a precedente avaliação para verificação do

cumprimento dos objectivos do exercício. Tornando mais simples para o

treinador o desenvolvimento físico separado das situações técnico tácticas.

Embora seja mais complexa a organização deste tipo de exercícios, as

vantagens são bastantes, para que se possa abdicar dos mesmos e utilizar a

metodologia tradicional, segundo Gregson e Drust (2000) as vantagens são as

seguintes:

- Adaptações musculares específicas às solicitações da competição;

- Maior disponibilidade de tempo para desenvolver outros aspectos de

performance física que necessitam de treino mais específico (força,

potência e flexibilidade),

- Aumento da motivação dos jogadores no treino.

22..44..55 TTAAXXOONNOOMMIIAA DDOOSS EEXXEERRCCÍÍCCIIOOSS DDEE TTRREEIINNOO

A classificação dos exercícios de treino é determinante para todo o processo

de treino. Por tal, foram vários os especialistas do treino que sentiram a

necessidade de os classificar. Muitos autores procuram classificar os exercícios

de treino, de uma forma variada e para várias modalidades com respectivas

adaptações.

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Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 48

Numa tentativa de uniformização, Bragada (2000), tenta adaptar as

classificações já existentes, numa classificação mais simples, de fácil

compreensão e aplicabilidade em todas as modalidades desportivas, tendo em

conta as três componentes do treino: condicional, técnica e táctica. Desta

forma o autor pretende uma classificação racional e funcional, na qual os

exercícios se associam aos fins e objectivos do treino, no contexto que

realmente os justifica – o da respectiva modalidade. Tendo por base três

critérios de referência:

- O exercício específico da competição (modalidade);

- Forma interna: características particulares do sistema neuromuscular e

metabólico;

- A forma externa: sequência dos movimentos.

O mesmo autor classifica os exercícios como:

a) Competitivos – prática das competições, em condições reais ou

simuladas;

b) Específicos – formas externas muito similares à sequência de

movimentos competitivos, mas que apresentam desvios nas

características da carga e/ou apenas abordam alguns elementos

ou combinações complexas da competição. Podem privilegiar

aspectos condicionais, coordenativos ou tácticos;

c) Dirigidos – solicitam os grupos musculares responsáveis pelo

rendimento competitivo, e/ou as capacidades coordenativas que

lhe estão na base.

d) Gerais – todos os restantes não compreendidos nas situações

O quadro que se segue representa uma síntese de Bragada, (2000), da

classificação de exercícios de treino realizada por vários autores especialistas

na matéria.

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Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 49

Quadro II-5: Síntese de vários autores com Classificação de Exercícios de Treino Bragada (2000). Autor Critério Classificação Caracterização

Bompa (1994)

Estrutura e forma do exercício

1. Desenvolvimento físico geral; 1.1. Exercícios sem cargas

adicionais (calisthenics) – de acção indirecta;

1.2. Exercícios baseados em jogos relacionados com a

modalidade. 2.Específicos de desenvolvimento de capacidades biomotoras (exercícios de acção directa). 3. Exercícios seleccionados de determinado desporto.

1. Preparação física Geral: condicional e coordenativa. 2. Desenvolvimento e preparação específica e aprendizagem de habilidades técnicas específicas da modalidade. 3. Elementos e variantes de tarefas específicas da modalidade (ou simulação da competição ou de algumas componentes).

Verjoshanski (1990)

Especificidade do exercício e potencial

de treino (semelhança externa; tipo de

contracção muscular; mecanismos de

produção de energia.

1.Preparação geral condicional. 2. Preparação condicional específica.

1. Formação física geral (multilateral) e para activação dos processos de recuperação. 2. Aumento do nível de capacidade específica do organismo.

Weineck (1986 e 1988)

Finalidade Economia Eficácia

1.Desenvolvimento geral. 2. Exercícios especiais. 3. Exercícios de competição.

1. Bases para a especialização progressiva (melhoria das capacidades (e habilidades) técnicas e tácticas; e factores psicológicos) 2. Construídos a partir dos anteriores (melhoria de rendimento) 3. Complexos, em relação directa com a modalidade (afinação da totalidade do rendimento desportivo).

Matvéiv (1986)

Semelhança com a modalidade

(competição)

1.Competitivos 1.1. Propriamente ditos 1.2. Formas de treino de exrc. Competitivos

2. Preparação especial 2.1. Preliminares 2.2. De Desenvolvimento

3. Preparação geral

1. Acções completas (combinadas e/ou complexas) 1.1. Condições reais da competição 1.2. Simulação da competição ou de acções da competição 2. Elementos das acções competitivas, suas variantes e acções semelhantes na forma e capacidade solicitadas. Criação de pré-requisitos do domínio da técnica. 2.1. Domínio dos gestos técnicos. 2.2. Desenvolvimento das capacidades físicas. 3. Preparação geral (multilateral) do atleta; Formação de aptidões de suporte e auxiliares do rendimento. Meio de educação de capacidades. Factor de repouso activo.

Especificamente para o futebol, alguns autores especialistas na matéria

realizaram a sua classificação tendo em conta as classificações realizadas por

outros autores adaptando-as à modalidade em questão.

Queiroz (1986), definiu a seguinte classificação de exercícios tendo em

atenção um conjunto de reflexões de outros autores, no domínio específico do

treino de futebol:

Page 69: 19226

Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 50

1. Os Exercícios fundamentais: são todas as formas de jogo que incluem

a finalização como estrutura elementar fundamental; ou seja são todos

os exercícios em que, qualquer que seja a forma, a estrutura e a

organização da actividade, a finalização (obtenção de golo), representa,

no domínio das tarefas definidas, a meta fundamental a atingir. Este tipo

de exercícios contempla três formas fundamentais distintas:

i. Forma Fundamental I – ataque sem oposição sobre uma baliza;

ii. Forma Fundamental II – ataque contra defesa sobre uma baliza;

iii. Forma Fundamental III – ataque contra defesa sobre duas balizas.

2. Os Exercícios complementares: são todos aqueles em que, qualquer

que seja a forma ou a estrutura organizadora da actividade, não incluem

como estrutura de base fundamental a finalização; estes exercícios

podem ser ainda caracterizados pelas:

i. Formas integradas – são exercícios que incluem elementos de dois

ou mais factores de preparação;

ii. Formas separadas – são aqueles que incluem elementos de um

factor de preparação e se desenvolvem fora das condições de jogo.

Corbeau (1989), perspectivando o ensino e o treino de Futebol através de uma

forte ligação ao jogo, propõe uma classificação com quatro tipos de exercícios:

1. Exercícios simples – são executados sem oposição e

permitem abordar os gestos técnicos simples;

2. Exercícios intermediários – são realizados numa zona do

terreno precisa e constituem-se pela soma de dois ou mais

exercícios simples, tendo como objectivo um encadeamento

técnico mais próximo do jogo;

3. Exercícios complexos – são formas de trabalho que se

aproximam das condições reais do jogo e prevêem a

presença de adversários;

Page 70: 19226

Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 51

4. Jogo de Aplicação – o jogo é omnipresente e apresenta

uma maior similaridade com o jogo formal.

Para Godik e Popov (1993) os exercícios de treino para os futebolistas dividem-

se em:

1. Exercícios especializados, cuja sua aplicação influencia

simultaneamente todos os aspectos da preparação dos

futebolistas;

2. Exercícios não especializados, através dos quais dos quais é

possível desenvolver algumas capacidades motoras dos

futebolistas. Os mesmos autores propõem ainda uma subdivisão

para os exercícios especializados: i) Situacionais, que pretendem

imitar as situações reais do jogo e, por isso, caracterizam-se por

um maior efeito de treino, sobretudo se criam e materializam

situações de finalização;

ii) standard, cuja execução não requer soluções de problemas

tácticos.

Castelo (2003), faz a classificação dos exercícios de treino em função da sua

especificidade. Numa avaliação preliminar e essencial o autor estabelece dois

grandes tipos de exercícios de treino: (1) os de preparação específica e, (2)

os de preparação geral. Definindo no entanto dois grandes tipos de exercícios:

- os exercícios de preparação específica são conceptualizados na base

de uma estrutura e de uma natureza, que estabelece uma relação de

correspondência dinâmica cujas: (1) atitudes, (2) comportamentos motores, (3) regime de funcionamento orgânico do praticante e, (4)

o respeito pelos regulamentos, devem ser similares ou idênticos aos

contextos competitivos que cada modalidade desportiva em si encerra.

- os exercícios de preparação geral que são caracterizados,

contrariamente aos exercícios de preparação específica, por não

Page 71: 19226

Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 52

apresentarem semelhanças com os contextos situacionais que derivam

da competição do jogo de futebol.

Partindo deste pressuposto Castelo (2003) estabeleceu um edifício taxonómico

dos exercícios de treino consubstanciando à partida, três níveis fundamentais:

1. Os exercícios de preparação geral;

2. Os exercícios específicos de preparação geral;

3. Os exercícios específicos de preparação.

A partir dos três níveis fundamentais considerados, procede à sua

caracterização, apontando critérios de diferenciação para:

• (1) Os exercícios de preparação geral – na prática são todos os

exercícios que, para o exemplo estabelecido (jogos desportivos) não

incluem a utilização da bola, como centro de decisão mental e acção

motora do praticante;

• (2) Os exercícios específicos de preparação geral – são todos os

exercícios realizados em contextos situacionais “rudimentares”

relativamente às condições objectivas em que se realiza a competição

desportiva de uma dada modalidade. (…) Uma relação primordial do

praticante com a bola sendo este elemento determinante da sua

acção conjunta com um reduzido número de companheiros e

adversários. (…) Estes exercícios não envolvem a concretização do

objectivo fundamental do jogo, no caso do futebol o golo da baliza

• (3) Os exercícios específicos de preparação – devem construir-se

como núcleo central da preparação dos praticantes. Só com

exercícios que derivam da contextualidade situacional do jogo é que é

possível manter a “tensão dramática” do próprio jogo. Logo os

exercícios específicos de preparação devem ser construídos de forma

que os praticantes sintam que estes derivam verdadeiramente da

lógica estrutural da modalidade desportiva que escolheram.

Page 72: 19226

Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 53

A proposta de grelha taxionómica de Castelo (2003) (Quadro, II-6), dos

exercícios de treino, tem como critério de classificação um elemento

fundamental do jogo, na mudança das escolhas e objectivos tácticos

momentâneos de cada equipa – A Bola.

Quadro II-7 – Grelha Taxionómica de Classificação dos Exercícios de Treino (Castelo, 2003) Grelha Taxionómica Proposta por Castelo (2003)

de Classificação dos Exercícios de Treino

1. Exercícios de Preparação Geral “são todos os exercícios que não incluem a utilização da

bola, como centro de decisão mental e acção motora do

jogador”

1. A. Exercícios de corrida contínua ou variável

1. B. Exercícios que procuram aumentarem a taxa de produção de força. (…) São construídos na base das diferentes

formas de manifestação da força. (Exemplo: abdominais, Flexões/extensões de braços)

1. C. Exercícios de velocidade. (…) Procuram melhorar as diferentes formas básicas de manifestação da

velocidade…” (Exemplo: velocidade de reacção, capacidade de aceleração, velocidade em distância curta, …)

1. D. Exercícios que procuram melhorar ou manter os níveis de flexibilidade.”

2. Exercícios Específicos de Preparação Geral

“Estabelecem a relação do praticante com a bola mas

não envolvem a concretização do objectivo fundamental

do jogo, isto é (…) o golo na baliza adversária.”

2. A. Situações de treino das acções técnicas individuais. Através de circuitos técnicos em que cada jogador com a

sua bola executa um conjunto de estações técnicas específicas, diferenciadas pelo programa motor e pela sua

velocidade de execução.

2. B. Situações de treino das acções técnicas em grupo. (a dois, três, quatro, etc.), através das quais as acções de

passe são realizadas com diferentes trajectórias, situações de duelo, 1x1, 2x2…

2. C. Exercícios de posse de bola. Organizados para dois grupos de jogadores.

2. D. Exercícios para potenciar a acção técnica de um ou mais jogadores. “… São organizados para que um ou mais

praticantes terem de receber constante e permanentemente a bola por forma, por um lado, a pressioná-lo na sua

decisão, e por outro lado, constituírem-se como alvos em que os seus companheiros terão continuamente que

solicitar.”

2. E. Exercícios de dominante técnico – lúdico – recreativa (Exemplo: ténis – futebol, meiínho, …)

3. Exercícios Específicos de Preparação

“…devem ser construídos para que os jogadores sintam

que estes derivam verdadeiramente da lógica estrutural

da modalidade desportiva…”

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Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 54

Quadro II-7 – Grelha Taxionómica de Classificação dos Exercícios de Treino (Castelo, 2003) (Cont.) Grelha Taxionómica Proposta por Castelo (2003) de Classificação dos Exercícios de Treino (Cont.)

3. A. No primeiro nível, os exercícios específicos de treino caracterizam-se pela acção ofensiva de um ou mais

atacantes que desenvolvem as suas acções até finalizarem (…) sem haver oposição de defesas. (…) Constroem-se

sobre uma baliza (…) com um ou mais atacantes e sem oposição defensiva. (a sua fórmula base varia de 1x0+GR

…até 10x0+GR).

3. B. No segundo nível, caracterizam-se pela acção ofensiva de um ou mais atacantes que desenvolvem as suas

acções até finalizarem (…) com oposição de defesas, que estarão em igualdade, inferioridade ou superioridade

numérica. (…) Constroem-se sobre uma baliza (…) com um ou mais atacantes e com oposição defensiva. (a sua

fórmula base varia de 1x1+GR … até 10x10+GR)

3.C. No terceiro nível, caracterizam-se pelo facto de quem ataca poder perder a posse da bola e por essa razão ter de

defender a sua baliza (…) pois irá sofrer o ataque de quem estava a defender. (…) Constroem-se sobre duas balizas

em que os jogadores têm de desenvolver permanentemente atitudes e comportamentos técnicos / tácticos de cariz

ofensivo e defensivo. (a sua fórmula base varia de GR+1x1+GR … até GR+10x10*GR).

3.C1. Jogos Treino

3. D. Situações de bola parada (esquemas tácticos)

Ramos (2003), propõe uma taxionomia próxima à do Castelo (2002),

considerando-a a partir de critérios para as categorias dos exercícios que serão

considerados em:

a) Exercícios essenciais, onde inclui o elemento essencial do jogo

“atirar à baliza / defender a baliza”;

b) Exercícios Complementares:

- Exercícios complementares especiais com oposição, não tem como

finalidade (próxima, nem última) “atirar à baliza/defender a baliza”, são

realizados com a bola, mas as acções são realizadas “em condições de

adversidade”, com oposição de objectivos do(s) adversário(s);

- Exercícios complementares especiais sem oposição, não têm como

finalidade (próxima, nem última) “atirar à baliza/defender a baliza”, são

realizados com bola, e as acções são realizadas livres de adversário (s).

c) Exercícios gerais “não incluem bola”.

Page 74: 19226

Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 55

22..44..66 EESSTTRRUUTTUURRAA DDAA CCAARRGGAA DDEE TTRREEIINNOO

Marques et al. (2000), afirmam ainda não ser possível nos tempos que

decorrem construir um modelo teórico sobre a dinâmica da carga no processo

de treino, que contribua de uma forma positiva, para o longo percurso de

desenvolvimento e formação dos atletas. No entanto, os autores em questão

aceitam como principal orientação para o processo de treino, no que concerne

à gestão organização e estruturação da dinâmica das cargas, o aumento

progressivo das componentes da carga (volume, intensidade, frequência e

densidade). Entre os especialistas na matéria é relativamente consensual o

princípio que se rege pelo aumento da carga de treino através do volume, no

entanto, este aumento está condicionado pelas obrigações escolares dos

atletas, sendo assim essencial melhorar, progressivamente a eficácia das

cargas de treino utilizadas, conseguindo para um mesmo tempo de treino uma

melhor qualidade (Marques e col., 2000).

22..44..77 CCAARRGGAA DDEE TTRREEIINNOO EE CCOOMMPPEETTIIÇÇÃÃOO EEMM CCRRIIAANNÇÇAASS EE JJOOVVEENNSS NNOOSS

DDEESSPPOORRTTOOSS CCOOLLEECCTTIIVVOOSS

No que concerne à carga de treino e competições anuais para crianças e

jovens nos desportos colectivos, estudos recentes realizados no nosso país

(Quadros II-8, II-9 e II-10), demonstram que o número de cargas de treino e

competição aumentam segundo o escalão etário, o que é sustentado pela

literatura da especialidade (Marques e col., 2000; Pinto e col., 2001; Pinto e

col., (2003), sendo esta realidade apoiada pelo principio da do aumento

sistemático da carga (Pinto e col. 2003). No entanto, os valores encontrados,

em comparação com estudos realizados noutros países, são inferiores (Quadro

II-11), o que leva Marques e col. (2000) a afirmarem que os jovens

Portugueses na faixa etária 13-15 anos, poderão estar a treinar menos do que

o que deveriam.

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Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 56

Quadro II-8: Valores médios de treino (número de sessões, dias de treino no ano e frequência de treino), competições (oficiais e de preparação) e proporção entre unidades de treino / competições (adapt. de Marques e col., 2000; Santos, (2001; Pinto e col., 2001)

Escalão Etário

Treino Competições Proporção

Treino/competição Autor Unidades/

ano Dias/ano Frequência Oficiais Não oficiais Total

10 / 12 13 / 15

81.7 93.4

229.7 232.1

2.5 2.8

25.5 20.5

5.8 3.7

31.2 24.3

2.6:1 3.8:1

Marques e col. (2000)

12 / 14 15 / 19

104.6 136.3

264.6 271

2.75 3.49

20.6 30

5 6.3

25.6 36.3

3.6:1 3.8:1

Santos (2001)

12 /14 116.14 279.43 3.00 23.29 7.00 25.29 4.88:1 Pinto e

col. (2001)

Quadro II-9: Valores de treino para: n.º sessões, média de horas por semana, duração média, horas por época e total de unidades (Pinto e col., 2003) Época/escalão Sessões/semana Horas/semana Duração treino Horas/ano Total Autor

88/89/

Iniciados 3.2 5.24 98.32 204.4 126

Pinto e

col.

(2003)

89/90/

Iniciados 3.5 5.66 96.96 226.4 140

90/91

Cadetes 4 7.2 107.4 263.1 147

94/95

Cadetes 4.2 7.6 118.6 298.5 151

Quadro II-10: Carga de treino e competição: n.º de competições oficiais, não oficiais e relação treino/competição (Pinto e col., 2003)

Época/escalão Competições

Relação treino/ comp. Autor Oficiais Não oficiais Total

88/89

Iniciados 34 6 40 3.15:1

Pinto et

al. (2003)

89/90

Iniciados 27 7 34 4.12:1

90/91

Cadetes 38 4 42 3.5:1

94/95

Cadetes 44 5 49 3.1:1

Já pinto et al. (2003), quanto ao que a literatura indica como valores de

referência para os escalões estudados pelos mesmos, consideram que estes

revelam uma descontextualização evidente, essencialmente quando se

comparam com propostas oriundas de realidades desportivas diferentes

Page 76: 19226

Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 57

(teorias ligadas aos desportos individuais e a níveis de exigência desportivos

elevados). Os valores encontrados por Pinto et al. (2001) e Santos (2001) são

ligeiramente superiores aos encontrados por Marques (1993) e Marques et al.

(2000), no entanto os valores encontrados pelos estudos referidos, realizados

no nosso país, são inferiores aos propostos pelos especialistas estrangeiros

(Quadro II-11).

Quadro II-11: numero de dias de preparação e frequência de treino (adap. de Marques e col. 2000; Marques, 1993; Martin, 1999; Santos, 2001; Pinto e col., 2001).

Autor Escalão etário Dias de preparação Frequência de treino

Grosser et al. (1986) cit por

Marques e col. (2000)

9-12 240-270 3-6

13-14 300 5-10

Marques (1993) 10-12 291 2.8

13-15 285 2.5

Martin (1999) 10-12 315 2-4

13-15 315 4-6

Marques e col. (2000) 10-12 230 2-5

13-15 232 2-8

Santos (2001) 12 -14 265 2.8

15-19 271 3.5

Pinto e col. (2001) 12-14 279 3.0

22..44..88 CCOONNTTEEÚÚDDOOSS DDEE TTRREEIINNOO EE SSUUAA IIMMPPOORRTTÂÂNNCCIIAA NNOO TTRREEIINNOO DDEE CCRRIIAANNÇÇAASS EE

JJOOVVEENNSS

Marques e col. (2000), no seu estudo (Quadro II-2), caracterizaram a carga de

treino para cada conteúdo de treino, verificando que os treinadores

Portugueses dão mais importância a certos conteúdos em detrimento de

outros. Os autores verificaram, que os conteúdos de treino que desempenham

uma maior importância na estruturação do treino para estas idades (10-12

anos; 13-15 anos) têm a seguinte ordenação: táctica, técnica, resistência de

longa duração, endurance muscular e flexibilidade. Denotando-se a prioridade

dada pelos treinadores, aos aspectos da táctica e da técnica algo que é

defendido por Martin (1999) ao sustentar que, para estas idades os treinadores

ao desenvolverem os sistemas de informação e neuro – motores, isto é, os

Page 77: 19226

Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 58

aspectos da técnica e da táctica estão a revelar uma estratégia orientada para

a qualidade nos conteúdos de treino. Assim como importantes capacidades

motoras como a resistência de longa duração, a flexibilidade e a resistência

muscular, estão a ser desenvolvidas nesta fase de desenvolvimento do

processo de treino.

No entanto, os autores referenciados, nos resultados do estudo em questão

encontraram valores que contrariam essa qualidade de treino, ao denotarem

que as capacidades de velocidade desempenham um papel de relevância

menor (5% do tempo total de treino), capacidade motora considerada por

Martin (1999) de extrema importância para formação motora e desportiva dos

jovens atletas do grupo de idades de 10-12 anos. Assim como a força rápida

que igualmente lhe é atribuída uma importância reduzida.

Marques e col. (2000), no seu estudo também verificaram que no grupo de

idades 13-15 anos, os resultados são bastante reduzidos para o que Martin

(1999) sugere no treino da força máxima (0%), da resistência de curta (0%) e

média duração (0,79%). Os autores consideram que menos de 1% do treino

total durante uma temporada completa, corresponde a diminutas exigências de

qualidade no treino.

Page 78: 19226

Revisão da Literatura

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 59

Quadro II-12: Características da carga de cada conteúdo do treino nos dois grupos de idades: valores médios em minutos durante uma sessão de treino padrão, valor total em minutos e valores percentuais durante uma temporada desportiva (adapt. de Marques e col., 2000)

Conteúdos do Treino Grupo de Idades 10-12 Grupo de Idades 13-15

Média ± Dp T.Total % Média ± Dp T.Total %

Resistência Muscular 5.5±6.1 603.5 6.43 3.7±5.4* 494.0 4.67

Força Rápida 0.2±1.3 31.6 0.20 0.5±3.0* 102.4 0.69

Resistência de Longa Duração 6.2±7.5 637.2 7.26 6.1±8.1 728.8 7.07

Resistência de Média Duração 0.5±2.7 11.1 0.55 0.6±2.5 184.6 0.79

Resistência de Curta Duração 0.1±0.8 10.0 0.07 0.0±0.0* 0 0.00

Velocidade de Reacção 2.2±4.2 212.1 2.55 0.5±2.7* 74.6 0.63

Velocidade de Execução 0.6±2.4 144.7 0.69 0.1±0.5* 16.0 0.06

Velocidade de Deslocamento 2.0±4.9 338.6 2.31 0.7±3.1* 63.3 0.92

Resistência de Velocidade 0.1±0.6 15.0 0.05 0.2±2.3 108.7 0.29

Flexibilidade 3.5±5.0 442.1 4.00 5.0±5.1* 672.4 6.27

Coordenação 2.8±5.2 522.0 3.41 1.9±6.2* 274.9 2.41

Técnica 25.4±19.9 2427.3 29.90 27.1±19.2 2632.7 34.47

Táctica 35.9±20.8 2991.5 42.58 32.7±22.4* 3236.8 41.71

Tempo total de treino 86.1±9.8 7242.9 100.0 79.0±18.1* 7449.2 100.0

Page 79: 19226

Metodologia

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 61

IIIIII.. MMEETTOODDOOLLOOGGIIAA

33..11 OOBBJJEECCTTIIVVOOSS

33..11..11 OOBBJJEECCTTIIVVOO GGEERRAALL

O objectivo principal deste estudo é conhecer qual a estrutura do treino no

futebol, nos escalões de iniciados e juvenis, perceber as diferenças essenciais

entre as estratégias de formação utilizadas nos dois escalões e compará-las

com os modelos de referência.

33..11..22 OOBBJJEECCTTIIVVOOSS EESSPPEECCÍÍFFIICCOOSS

Para que o objectivo deste estudo se concretize, é pretendido atingir os

seguintes objectivos específicos:

- Caracterizar a estrutura do treino nos dois escalões.

- Verificar e identificar as principais diferenças da estruturação do treino

entre o escalão de iniciados e juvenis, comparando essa estruturação com o

que a literatura sugere para estas idades no que se refere: (1) aos exercícios

de treino – gerais ou específicos – utilizados; (2) aos conteúdos de treino

valorizados na formação – físicos, técnicos, técnico/tácticos; (3) aos métodos

de treino privilegiados para cumprir as estratégias de formação.

33..11..33 HHIIPPÓÓTTEESSEESS OORRIIEENNTTAADDOORRAASS DDOO EESSTTUUDDOO

Em função dos objectivos definidos para a realização do nosso estudo,

delimitámos quatro hipóteses orientadoras. Estas, devido à orientação

metodológica do estudo, não estão vocacionadas à confirmação ou negação da

sua veracidade, tendo como principal objectivo a contribuição para uma melhor

definição e clarificação das vias a serem seguidas pela pesquisa.

HIPÓTESE 1 – A estruturação do treino do escalão de iniciados difere

da estruturação do treino do escalão de juvenis.

HIPÓTESE 2 – O aumento da especificidade do treino é proporcional ao

aumento da idade dos atletas.

Page 80: 19226

Metodologia

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 62

HIPÓTESE 3 – Os treinadores de iniciados e juvenis de Futebol dão

prioridade ao desenvolvimento dos aspectos técnicos e técnico/tácticos em

detrimento dos aspectos físicos.

HIPÓTESE 4 – As capacidades motoras desenvolvem-se através de

uma exercitação conjugada com as habilidades técnico e técnico/tácticas,

acompanhando as novas tendências de treino em Futebol.

33..22 CCAARRAACCTTEERRIIZZAAÇÇÃÃOO DDAA AAMMOOSSTTRRAA

O Quadro que se segue, caracteriza a amostra do nosso estudo.

Quadro III-1: Principais características da amostra

Escalão Etário Unidades de Treino

Equipas Total

12-14 (Iniciados) 334 3

14-16 (Juvenis) 291 3

Total 625 6

Para a realização deste estudo, foram analisadas 625 unidades de treino de

jovens jogadores de Futebol do sexo masculino. Para tal, foram revistos seis

dossiers, dos quais três pertencem a equipas do escalão de iniciados, e os

restantes a três equipas do escalão de juvenis.

O quadro III – 2, tem por objectivo a descrição das equipas que constituem a

amostra do nosso estudo, através da quantificação do número de treinos e

competições formais realizados durante um período anual de treino, assim

como, a razão entre o número de treinos e o número de competições.

Page 81: 19226

Metodologia

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 63

Quadro III-2: Caracterização das equipas pertencentes ao estudo, número de treinos, número de competições, razão treino/competições

Iniciados

Equipas n.º de Treinos n.º de Competições Razão Treino/Competição

Equipa A (02/03) 98 28 3,5/1

Equipa B (02/03) 117 38 3,0/1

Equipa C (02/03) 119 29 4,1/1

Total / média razão trein./comp 334 95 3,5/1

Juvenis

Clube/Época n.º de Treinos n.º de Competições Razão Treino/Competição

Equipa D (02/03) 135 38 3,6/1

Equipa E (03/04) 71 24 3,0/1

Equipa F (03/04) 85 22 3,7/1

Total / média razão trein./comp. 291 84 3,5/1

As equipas que deram origem às sessões de treino por nós analisadas, pertencem na sua maioria à Associação de Futebol do Porto, excepto a Equipa

D, que pertence à Associação de Futebol de Aveiro.

O número de treinos e competições, varia entre as equipas analisadas,

verificando-se que as equipas do escalão de iniciados têm um número de

treinos (334) e competições (95) superiores aos juvenis (treinos - 291,

competições - 84). A equipa de iniciados que mais treina é a Equipa C, tendo

uma razão de treino / competições de 4,1/1, a equipa de juvenis que mais

treina é a Equipa F, pois a razão treino / competições é de 3,7/1.

As Equipas A, B, C e D pertencem aos centros de treino da Faculdade de

Desporto e Educação Física do Porto, da Universidade do Porto, da época

2002 / 2003. As Equipas E e F pertencem aos centros de treino da mesma

Faculdade, mas da época 2003 / 2004

33..33 MMÉÉTTOODDOO DDEE PPEESSQQUUIISSAA

O nosso estudo tem como pretensão, a caracterização da estrutura de treino

utilizada na preparação de jovens futebolistas portugueses (iniciados e juvenis),

comparando-a com o que a literatura sugere. Trata-se de uma pesquisa de

natureza exploratória e descritiva.

Page 82: 19226

Metodologia

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 64

33..33..11 PPRROOCCEEDDIIMMEENNTTOOSS EE IINNSSTTRRUUMMEENNTTOOSS DDEE PPEESSQQUUIISSAA

Os procedimentos utilizados para a realização deste estudo, baseiam-se no

método de análise documental (Schnabel et al. 1987) e são do tipo descritivo –

comparativo, permitindo-nos traçar as orientações seguidas na organização e

estruturação do treino, no escalão de iniciados e juvenis em futebol.

Procedeu-se a uma pesquisa documental, em torno dos dossiers de treino do

centro de treino de Futebol da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação

Física da Universidade do Porto (FCDEF-UP).

Os dossiers incluem os planos de preparação, que os alunos do 4º ano da

licenciatura de Desporto e Educação Física da FCDEF-UP, da opção de

futebol, realizaram, ao terem a seu cargo uma determinada equipa, e por tal, a

responsabilidade de todo o planeamento, estruturação e organização do treino

dessa mesma equipa.

Os dossiers são, um instrumento auxiliar do treinador, para toda a organização

do processo de treino, não um documento preparado para a realização de

estudos científicos. Somente foi possível a realização de um trabalho criterioso

de detecção, recolha e tratamento de informação, devido aos documentos em

análise se apresentarem estruturados e organizados de acordo com as normas

de orientação precisas, formuladas nos Estudos do Centros Experimentais de

Treino Desportivo da FCDEF-UP (Marques, 1982)

33..33..22 CCAATTEEGGOORRIIZZAAÇÇÃÃOO EE DDEEFFIINNIIÇÇÃÃOO DDAASS VVAARRIIÁÁVVEEIISS

Para a realização do nosso estudo, foram objecto de análise nos dossiers de

treino, as cargas de treino, os métodos de treino e os conteúdos de treino

desenvolvidos através dos distintos exercícios de treino (exercícios de

preparação geral (E.P.G.), exercícios específicos de preparação geral

(E.E.P.G.), exercícios específicos de preparação (E.E.P.)). A grande parte da

categorização e definição das variáveis do estudo, têm como base empírica a

classificação dos exercícios de treino de Queiroz (1986) e Castelo (2003).

Page 83: 19226

Metodologia

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 65

33..33..22..11 EEXXEERRCCÍÍCCIIOOSS DDEE TTRREEIINNOO

Os exercícios de treino foram subdivididos nas seguintes categorias de análise:

a. Exercícios de preparação geral: exercícios de treino que não

incluem a utilização da bola, como centro de decisão mental e

acção motora do jogador.

b. Exercícios específicos de preparação: Exercícios de treino que

estabelecem a relação do jogador com a bola, mas não envolvem

a concretização do objectivo fundamental do jogo, isto é, do golo

na baliza adversária.

c. Exercícios de treino que estabelecem a relação do jogador com a

bola e a concretização objectivo fundamental do jogo – golo na

baliza adversária.

33..33..22..22 CCAARRGGAA DDEE TTRREEIINNOO

Para análise desta categoria, foi verificado o volume de treino (tempo total e

parcial de treino em minutos e percentagens) para os seguintes conteúdos de

treino:

- Desenvolvimento das capacidades motoras: Resistência (aeróbia e

anaeróbia; Força (resistente, rápida/explosiva, máxima); Velocidade

(reacção, execução, deslocamento, resistente); Flexibilidade (activa e

passiva); Coordenação (capacidade de reacção, capacidade rítmica,

capacidade de equilíbrio, capacidade de diferenciação);

- Técnica: aperfeiçoamento de um determinado gesto técnico ou gestos

técnicos (passe, recepção, remate, etc.)

-- Técnico / Táctica: desenvolvimento de conjunto de movimentos (gestos

técnicos, demarcações, etc.) adaptados às situações tácticas (ataque

organizado, contra ataque, etc.), de acordo com o modelo de jogo

adoptado pelo treinador.

Page 84: 19226

Metodologia

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 66

33..33..22..33 MMÉÉTTOODDOOSS DDEE TTRREEIINNOO

Em relação aos métodos de treino optámos por verificar:

a. Desenvolvimento das capacidades motoras condicionais (resistência,

força, velocidade) através de:

- Exercícios sem posse de bola: através dos E.P.G.

- Exercícios com posse de bola: através dos E.E.P.G. e E.E.P.

b. Desenvolvimento dos conteúdos de treino através de exercícios:

- Complementares (E.C.): todos os exercícios que não incluem como

estrutura de base fundamental a finalização, subdivididos nas seguintes

subcategorias de análise: exercícios sem oposição adversária;

exercícios com a oposição adversária.

- Fundamentais (E.F.): todos os exercícios que englobam as formas de

jogo, que por sua vez, incluam a finalização como estrutura elementar

fundamental, subdivididos em três formas fundamentais: Fase I – ataque

sem oposição sobre uma baliza; Fase II – ataque contra defesa sobre

uma baliza; Fase III – ataque contra defesa sobre duas balizas.

33..33..22..44 CCOONNTTEEÚÚDDOOSS DDEE TTRREEIINNOO

No concerne aos conteúdos de treino, foi nossa opção, verificar:

a. Os conteúdos de treino desenvolvidos através dos E.P.G:

- Capacidades motoras condicionais: resistência aeróbia, resistência

anaeróbia; força resistente, força rápida / explosiva, força máxima;

velocidade de reacção, velocidade de deslocamento, velocidade

resistente; flexibilidade activa, flexibilidade passiva.

- Capacidades coordenativas: capacidade de reacção, capacidade de

ritmo, capacidade de equilíbrio, capacidade de diferenciação,

capacidade de orientação.

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Metodologia

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 67

b. Os conteúdos de treino desenvolvidos através dos E.E.P.G./ E.C:

resistência específica (desenvolvimento desta capacidade aliada a

uma determinante técnica ou técnico / táctica); força específica

(desenvolvimento desta capacidade aliada a uma determinante

técnica ou técnico / táctica); velocidade específica (desenvolvimento

desta capacidade aliada a uma determinante técnica ou técnico /

táctica); técnica; técnico / táctica. Desenvolvimento esse que poderá

ser efectuado utilizando:

- Exercícios sem oposição

- Exercícios de oposição com igualdade numérica

- Exercícios de oposição com superioridade numérica no ataque

- Exercícios de oposição com superioridade numérica na defesa

c. Conteúdos de treino desenvolvidos através dos E.E.P / Fase I:

análise de todos os conteúdos referenciados no ponto anterior (b.).

Utilizando a seguinte estruturação de exercícios:

- 1x0+gr: acção ofensiva com um atacante, sem oposição defensiva, que

desenvolve as suas acções sobre uma baliza com o objectivo de

finalizar;

- 2x0+gr: acção ofensiva de dois atacantes, sem oposição,

desenvolvendo as suas acções sobre uma baliza com o intuito de

finalizarem;

- 3x0+gr: acção ofensiva de três atacantes, sem oposição, desenvolvendo

as suas acções sobre uma baliza com o intuito de finalizarem;

- Mais de 3x0+gr: acção ofensiva com mais de três atacantes, sem

oposição, desenvolvendo as suas acções sobre uma baliza com o intuito

de finalizarem.

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Metodologia

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 68

d. Conteúdos de treino desenvolvidos através dos E.E.P / Fase II:

análise de todos os conteúdos referenciados no ponto anterior (b.).

Utilizando a seguinte estruturação de exercícios:

- Exercício com superioridade numérica no ataque: acção ofensiva de

dois ou mais atacantes, com oposição defensiva, sendo que existe

sempre superioridade no ataque no desenvolvimento das acções

ofensivas sobre uma baliza, tendo por objectivo a finalização.

- Exercício com igualdade numérica: acção ofensiva de um ou mais

elementos, com oposição, caracterizando-se por no desenvolvimentos

das acções ofensivas haver igual número de atacantes e defensores

sobre uma baliza, tendo por objectivo a finalização;

- Exercício com superioridade numérica na defesa: acção ofensiva de um

ou mais elementos, com oposição defensiva, caracterizando-se por no

desenvolvimento das acções ofensivas haver sempre inferioridade

numérica do ataque sobre uma baliza, tendo por objectivo a finalização.

e. Conteúdos de treino desenvolvidos através dos E.E.P / Fase III:

análise de todos os conteúdos referenciados no ponto anterior (b.).

Utilizando a seguinte estruturação de exercícios:

- Jogo reduzido: formas jogadas, onde o número de jogadores é reduzido

em comparação com o jogo formal, assim como as dimensões do

terreno e balizas, no entanto as regras do jogo são idênticas (ex. 2x2,

3x3, etc.);

- Jogo reduzido e condicionado: formas jogadas, onde o numero de

jogadores é reduzido em comparação com o jogo formal, assim como as

dimensões do terreno e balizas, nesta situação as regras do jogo são

condicionadas aos objectivos dos treinadores (máximo dois toques na

bola, só podem finalizar de pois da bola ter passado por todos, etc.)

onde também poderá não existir igualdade numérica (3x2, etc.);

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Metodologia

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 69

- Jogo formal: situação de 11x11, com as regras e dimensões idênticas às

da competição.

- Jogo formal condicionado: situação de 11x11, onde as regras do jogo

são condicionadas aos objectivos dos treinadores (máximo dois toques

na bola, só podem finalizar de pois da bola ter passado por todos, jogar

num espaço mais reduzido, em meio campo 11x11, etc.) onde também

poderá não existir igualdade numérica (3x2, etc.);

33..44.. PPRROOCCEEDDIIMMEENNTTOOSS EESSTTAATTÍÍSSTTIICCOOSS

O estudo estatístico, realizado com o SPSS 10.0, incluiu uma análise de

frequências, das medidas descritivas, tais como as médias, desvios-padrão e

percentagens, e um T-test para comparação de escalões etários.

Page 88: 19226

Apresentação e Discussão dos Resultados

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 71

IIVV.. AApprreesseennttaaççããoo ee DDiissccuussssããoo ddooss RReessuullttaaddooss

44..11 EEXXEERRCCÍÍCCIIOOSS DDEE TTRREEIINNOO

O quadro que se segue demonstra o nível de utilização dos vários exercícios

de treino (E.P.G, E.E.P.G e os E.E.P) por parte dos treinadores de futebol no

escalão de iniciados e juvenis, pertencentes à amostra em estudo.

Quadro IV-1: Utilização de exercícios de treino e tempo total de treino: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.

Exercícios de Treino Média ± Dp Soma %

Ex. de Preparação Geral 23,2±16,1 14472 28,0

Ex. esp. de prep. Geral 19,3±15,7 12042,8 23,2

Ex. esp. de Preparação 40,4±22,4 25236,2 48,8

Tempo Total de Treino 82,8±20,9 51751 100

Verifica-se através destes dados que os treinadores na faixa etária dos 12 aos

16 anos, correspondente aos escalões de formação de iniciados e juvenis, dão

mais importância aos exercícios específicos de preparação (49%) em

detrimento dos exercícios específicos de preparação geral (23%) e dos

exercícios de preparação geral (28%). Algo que não é surpreendente, uma vez

que Marques e col., (2000) num estudo realizado em Portugal sobre a estrutura

do treino de jovens atletas em jogos desportivos colectivos, obtiveram

resultados semelhantes.

Denota-se que os treinadores das faixas etárias em questão dão bastante

importância à preparação geral (EPG e EEPG), contemplando-a nos treinos

dos seus atletas. A soma dos exercícios de preparação geral, num período

anual de treino do nosso estudo revela que, nos iniciados o treino é subdividido

em (50,1 %) preparação geral e (49,9 %) preparação específica, nos juvenis

(52,5%) preparação geral e (47,7%) preparação específica. Estes valores

demonstram que, os treinadores em questão dão bastante importância aos

exercícios de preparação geral, algo que é apoiado pela literatura da

especialidade, pois anterior à aquisição de toda a estrutura complexa dos

gestos e das acções desportivas deverá estar uma cultura motora não

especializada, constituída por um repertório de gestos motores e

comportamentos motores que se caracterizam por serem mais simples, sem o

Page 89: 19226

Apresentação e Discussão dos Resultados

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 72

qual não se evoluirá de forma eficiente e estável, no aprofundamento do

rendimento desportivo (Marques e Oliveira, 2001).

No quadro IV-2, podemos observar os resultados referentes, à média em

minutos de treino e percentagens de treino utilizados, numa unidade de treino

tipo para cada escalão etário.

Quadro IV-2: Utilização de exercícios de treino e tempo total de treino para os escalões de iniciado e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.

Exercícios de Treino Iniciados (12-14) Juvenis (14-16)

Média ± Dp % Média ± Dp %

Exercício de Preparação Geral 25,8±18,8 30,2 20,0±11,7* 25,2

Ex. Específico de Preparação Geral 17,1±14,9 19,9 21,7±16,2* 27,3

Exercício Específico de Preparação 42,8±22,9 49,9 37,6±21,5* 47,4

Tempo Total de Treino 85,8±24,3 100 79,4±15,5* 100

*Estatisticamente significativo p< 0,05.

Ao analisarmos os resultados do quadro, verificamos que em consonância com

os resultados de Marques e col. (2000), num estudo realizado em Portugal

sobre a estrutura do treino em jogos desportivos colectivos (Futebol;

Basquetebol; Andebol; Voleibol), se bem que para faixas etária distintas 10-12

e 13-15 anos, o grupo etário mais jovem tem uma média de minutos de treino

superior (85,8±24,3) ao grupo etário de idade mais avançada (79,4±15,5)

(p<0,05).

Denota-se que no escalão de iniciados (25,8±18,8) é dada mais importância

aos exercícios de preparação geral do que no escalão juvenil (20,0±11,7) (p

<0,05), tal é suportado pela literatura. No que se refere aos exercícios

específicos de preparação geral verifica-se que no escalão de juvenis

(21,7±16,2), este tipo de exercícios são mais utilizados para a preparação dos

atletas do que no escalão de iniciados (17,1±14,9) (p <0,05), o que está de

acordo com o que os especialistas defendem uma vez que sugerem que o nível

de especificidade do treino deverá ser proporcional ao aumento da idade. Tal

não se verifica nos exercícios específicos de preparação, pois os iniciados no

nosso estudo têm uma média de minutos de treino (42,8±22,9) superior ao

escalão juvenil (37,6±21,5) (p <0,05).

Page 90: 19226

Apresentação e Discussão dos Resultados

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 73

Ao analisarmos o quadro (IV-2), verificamos que no escalão de juvenis os

EEPG tem uma utilização ligeiramente superior (27,3%) em relação aos EPG

(25,2%). Tal é defendido pela literatura, pois autores como (Teodoresco, 1983;

Nunes e Gomes – Pereira, 2001), salientam a importância da criação de

exercícios que reproduzam parcial ou integralmente o conteúdo e a estrutura

do jogo. Bezerra (2001) refere que as capacidades físicas devem ser

desenvolvidas através de formas jogadas num ambiente próximo da

competição (Ferreira e Queiroz, 1992; Nunes e Gomes – Pereira, 2001).

44..22 CCAARRGGAASS DDEE TTRREEIINNOO

44..22..11 CCAARRGGAA DDEE TTRREEIINNOO PPAARRAA CCAADDAA CCOONNTTEEÚÚDDOO DDEE TTRREEIINNOO

O quadro IV-3, procura demonstrar qual a importância dada pelos treinadores

da faixa etária em estudo, ao desenvolvimento dos aspectos físicos, técnicos e

técnico tácticos durante um período anual de treinos.

Quadro IV-3: Características da carga de treino para o desenvolvimento físico, técnico e técnico / táctico: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.

Conteúdos de Treino Média ± Dp Soma %

Desenvolvimento Físico 34,0±21,0 21244,2 41,1

Desenvolvimento Técnico 6,6±10,2 4128,2 8,0

Desenvolvimento Técnico/Táctico 42,2±22,1 26378,5 50,9

Tempo Total de Treino 82,8±20,9 51751 100

O quadro IV-3, demonstra que os treinadores nestas idades dão prioridade aos

aspectos técnico / tácticos (51%) e físicos (41%) em detrimento dos aspectos

técnicos (8%). Estes valores contrastam com os valores encontrados por Pinto

e col. (2001), estudo realizado em Portugal, sobre a análise da carga de treino

e competição em Basquetebol no escalão de iniciados (12/14 anos), Santos

(2001), estudo baseado numa análise das estruturas do treino e escalões de

formação (12/14 e 15/19 anos) em Basquetebol, Pinto e col. (2003), num

estudo de caso, sobre o planeamento do treino de jovens Basquetebolistas,

onde foi realizada uma análise das cargas de treino, em dois escalões

diferenciados (12/14 e 15/16 anos), de um treinador de referência e Marques e

col. (2000) num estudo realizado em Portugal sobre a estrutura do treino em

jogos desportivos colectivos (Futebol; Basquetebol; Andebol; Voleibol) nos

Page 91: 19226

Apresentação e Discussão dos Resultados

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 74

escalões de formação (10/12 e 13/15 anos), denotando-se que, os treinadores

de futebol para o escalão etário em estudo dão bastante importância às

questões técnico / tácticas, o que não difere dos resultados encontrados nos

estudos referenciados. No entanto no que concerne aos aspectos físicos os

nossos valores são bastante superiores. Já no que diz respeito ao

desenvolvimento técnico de uma forma isolada, os nossos valores são muito

inferiores aos encontrados pelos autores citados.

O quadro IV-4, é referente à prioridade dada pelos treinadores ao

desenvolvimento dos conteúdos em discussão, podendo verificar-se através

dele, os valores médios da carga para os diferentes conteúdos de treino, assim

como, as percentagens referentes a um período anual de desenvolvimento

para uma sessão de treino padrão em futebol, em ambos os grupos etários.

Através da sua análise, poderemos compreender melhor as diferenças

existentes entre o nosso estudo e os estudos referenciados.

Quadro IV-4: Características da carga de treino para o desenvolvimento físico, técnico e técnico / táctico, para o escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.

Conteúdos de Treino Iniciados (12-14) Juvenis (14-16)

Média ± Dp % Média ± Dp %

Desenvolvimento Físico 34,7±23,2 40,4 33,2±18,2 41,8

Desenvolvimento Técnico 7,6±11,4 8,9 5,5±8,6 6,9

Desenvolvimento Técnico/Táctico 43,5±23,0 50,7 40,7±20,9 51,3

Tempo Total de Treino 85,8±24,3 100 79,4±15,5* 100

*Estatisticamente significativo p< 0,05.

Ao analisarmos o quadro, verificamos que não existem diferenças

estatisticamente significativas (P <0,05) entre o escalão de iniciados e juvenis

no que diz respeito às prioridades de treino para o desenvolvimento físico,

técnico e técnico / táctico.

Comparando os valores da nossa amostra com os valores encontrados por

Pinto e col. (2001), estudo realizado em Portugal, sobre a análise da carga de

treino e competição em Basquetebol no escalão de iniciados (12/14 anos),

assim como os encontrados por Santos (2001), estudo baseado numa análise

das estruturas do treino e escalões de formação (12/14 e 15/19 anos) em

Basquetebol e (Pinto e col. (2003), num estudo de caso, sobre o planeamento

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Apresentação e Discussão dos Resultados

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 75

do treino de jovens Basquetebolistas, onde foi realizada uma análise das

cargas de treino, em dois escalões diferenciados (12/14 e 15/16 anos), de um

treinador de referência (Quadro IV-5), denotamos que os treinadores

pertencentes ao nosso estudo dão muito mais realce ao desenvolvimento físico

(40%) e pouca importância ao desenvolvimento técnico (9%), que pelo

contrário é o que mais se desenvolve nos estudos de Pinto e col. (2001) e

Santos (2001), quanto ao desenvolvimento técnico / táctico o resultado do

nossos estudo é ligeiramente superior (51%).

Quadro IV-5: Percentagem da distribuição dos conteúdos de treino no basquetebol ( adaptado de Pinto e col., 2001; Pinto e col., 2003).

Escalão Etário Desenvolvimento

Físico

Desenvolvimento

Técnico

Desenvolvimento

Táctico Autor

13 / 14 30% 50% 20% Betrán (1996)

15 / 16 35% 40% 25%

12 / 14 5% 48% 47% Santos (2001)

15 / 19 4% 38% 59%

12 / 14 16% 45% 40% Pinto e col. (2001)

12 / 14 7% 45% 48% Pinto e col. (2003)

15 / 16 7% 33% 59%

No escalão de juvenis (14-16), os nossos resultados, no desenvolvimento

técnico / táctico (51%), aproximam-se dos resultados de Santos (2001) e de

Pinto e col. (2003), mas mais uma vez, no que diz respeito ao desenvolvimento

técnico (7%) os nossos resultados são inferiores, mas bastante superiores no

desenvolvimento físico (42%).

Também Marques e col. (2000), num estudo realizado em Portugal sobre a

estrutura do treino em jogos desportivos colectivos (Futebol; Basquetebol;

Andebol; Voleibol) nos escalões de formação (10/12 e 13/15 anos), realçaram a

prioridade dada pelos treinadores às questões tácticas e técnicas, aos sistemas

de informação e neuro - motores. O que segundo Martin (1999), se trata de

uma estratégia orientada para a qualidade de treino, para fase de

desenvolvimento dos atletas correspondente à faixa etária em questão no

nosso estudo.

Estes resultados poderão justificar-se, pela metodologia utilizada no nosso

estudo, que poderá ter sido diferente à dos estudos referenciados. Uma vez

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Apresentação e Discussão dos Resultados

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 76

que por nós foi considerado, como desenvolvimento técnico, o aperfeiçoamento

de um determinado gesto técnico ou gestos técnico (passe, recepção, remate,

etc.) que a dado momento os treinadores tenham demonstrado interesse em

desenvolver nos seus atletas, através dos exercícios complementares e

fundamentais por nós considerados. Como desenvolvimento técnico / táctico,

quando os treinadores demonstrassem pretensões que os seus atletas

desenvolvessem a capacidade de, mediante uma determinada situação táctica

(ataque organizado, contra ataque, circulação de bola, pressão zonal, etc.),

optar por uma conjuntura de movimentos (gestos técnicos, demarcações, etc.)

adaptados ao modelo de jogo idealizado pelos treinadores, através dos

exercícios complementares e fundamentais por nós considerados.

Ao mesmo tempo, na tentativa de acompanhar as novas tendências do treino,

defendida por autores como Rui Faria e Carlos Carvalhal, que se contrapõem a

periodização “convencional” para o Futebol, defendendo a periodização táctica,

que tem por princípios o desenvolvimento físico mediante situações técnico /

tácticas, isto é, um desenvolvimento físico adaptado às exigências do modelo

de jogo adoptado pelo treinador. Mas também pelo facto dos autores, Santos

(2001), Pinto e col.(2001) e Pinto e col.(2003), nos seus estudos realçarem a

sua dificuldade no processo de recolha de dados, ao não contemplarem o

desenvolvimento físico integrado, desenvolvimento físico associado a uma

componente técnico / táctica, nos seus estudos e por os treinadores nem

sempre definirem como objectivo esse mesmo tipo de treino. Por tal, optamos

por verificar o desenvolvimento das capacidades condicionais (resistência,

força, velocidade.) de uma forma específica, associada às componentes

técnicas, ou técnico / tácticas através dos exercícios complementares e

fundamentais considerados no nosso estudo.

Consideramos que os resultados do nosso estudo, neste aspecto, estão de

acordo com o que os autores consideram e apelam de “qualidade de treino”,

uma vez que nos estudos por nós consultados, os valores da vertente física

revelaram-se bastante reduzidos (Quadro IV-5), tal não se verifica no nosso

estudo. No que diz respeito aos baixos valores da componente técnica do

nosso estudo, poderá ser entendido como uma boa opção de treino, uma vez

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Apresentação e Discussão dos Resultados

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 77

que a técnica no Futebol deverá ser entendida como um conjunto de acções

motoras especializadas que permitam resolver as tarefas do jogo, a principal

função da técnica reside na sua utilidade para servir a inteligência e a

capacidade de decisão táctica dos intervenientes do jogo. O ensino e treino da

técnica em futebol não deverá restringir-se aos gestos em si, à vertente

biomecânica do movimento, mas sim atender sobretudo às imposições da sua

adaptação inteligente às situações de jogo (Garganta, 1997; Garganta, 2001;

Garganta 2002).

44..22..22 CCAARRGGAA DDEE TTRREEIINNOO PPAARRAA OO DDEESSEENNVVOOLLVVIIMMEENNTTOO DDAASS CCAAPPAACCIIDDAADDEESS

MMOOTTOORRAASS

O Quadro IV-6, referencia o desenvolvimento das capacidades motoras em

Futebol na faixa etária do 12 aos 16 anos, através dos valores médios da carga

para os diferentes conteúdos de treino, assim como as percentagens referentes

a um período anual, para uma sessão de treino tipo.

Quadro IV-6: Características da carga de treino para o desenvolvimento das capacidades motoras no escalão etário dos 12 aos 16 anos em Futebol: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.

Conteúdos Média ± Dp Soma %

Desenvolvimento da Resistência 15,8±12,5 9870,3 19,1

Desenvolvimento da Força 6,9±11,4 4309,0 8,3

Desenvolvimento da Velocidade 2,6±6,3 1662,2 3,1

Desenvolvimento da Flexibilidade 6,8±5,0 4226,2 8,2

Desenvolvimento Coordenativo 1,3±2,7 796,5 1,6

Verifica-se através da análise do quadro, que a resistência é a capacidade

motora que mais se desenvolve (19%), seguindo-se a força (8%) e a

flexibilidade (8%), sendo a velocidade (3%) e a coordenação (2%) o que menos

se desenvolve na faixa etária dos 12 aos 16 anos em Futebol.

O nosso estudo, revela que a resistência, a força e a flexibilidade estão a ser

desenvolvidos nesta fase do processo de desenvolvimento dos atletas, o que

revela uma estratégia orientada para a qualidade de treino por parte dos

treinadores, estes resultados são coincidentes com os resultados encontrados

por Marques e col. (2000), no entanto, assim como nos resultados encontrados

por Marques e col. (2000) a velocidade e coordenação no nosso estudo tiveram

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Apresentação e Discussão dos Resultados

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 78

pouca relevância, capacidades que são de extrema importância serem

desenvolvidas nestas idades. Martin (1991), citado por Marques (2000)

sustenta que um incremento contínuo dos níveis de aprendizagem e de

coordenação, assim como, um maior ênfase no desenvolvimento das

capacidades de velocidade e de força rápida, são conteúdos de treino

preponderantes para uma optimização de performance no futuro.

O quadro que se segue procura demonstrar se existem diferenças entre o

treino de iniciados e juvenis no desenvolvimento das capacidades motoras.

Quadro IV-7: Características da carga de treino para o desenvolvimento das capacidades motoras no escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.

Conteúdos Iniciados (12-14) Juvenis (14-16)

Média ± Dp % Média ± Dp %

Desenvolvimento da Resistência 18,1±12,8 21,1% 13,2±11,7* 16,6%

Desenvolvimento da Força 5,4±8,9 6,3% 8,6±13,5* 10,8%

Desenvolvimento da Velocidade 3,1±6,8 3,6% 2,2±5,6 2,8%

Desenvolvimento da Flexibilidade 5,8±4,8 6,6% 7,9±4,9* 9,9%

Desenvolvimento Coordenativo 1,6±2,9 1,8% 0,9±2,4* 1,1%

*Estatisticamente significativo p< 0,05.

Através da análise do quadro, verificamos que existem diferenças significativas

(p <0,05) no que diz respeito ao desenvolvimento das capacidades motoras

entre o escalão de iniciados e juvenis, pois o treino dos iniciados revela um

desenvolvimento superior da resistência e coordenação, já o treino dos juvenis

dá mais importância ao desenvolvimento da força e flexibilidade. Ao contrário

dos resultados de Santos (2001), estudo baseado numa análise das estruturas

do treino e escalões de formação (12/14 e 15/19 anos) em Basquetebol, os

resultados do nosso estudo demonstram que o escalão etário mais baixo

desenvolve mais a resistência do que o escalão etário de mais idade. No que

diz respeito ao desenvolvimento da força assim como nos resultados

encontrados por Santos (2001), o escalão etário de idade mais avançada

desenvolve mais esta capacidade do que o escalão etário de idade mais baixa.

Tanto no desenvolvimento coordenativo como no desenvolvimento da

flexibilidade os nossos resultados são contrários aos de Santos (2001).

Page 96: 19226

Apresentação e Discussão dos Resultados

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 79

É importante realçar, que de uma forma geral, os nossos resultados revelam

que os treinadores de Futebol dão grande realce ao desenvolvimento das

capacidades motoras quando em comparação com os estudos por nós

consultados. Sendo exemplo disso a comparação dos nossos resultados com

os resultados encontrados por Santos (2001) (Quadro IV-8), se bem que para

modalidades diferentes mas ambas desportos colectivos.

Quadro IV-8: Características da carga de treino para cada conteúdo de treino: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação (Adaptado de Santos, 2001).

Conteúdos 12-14 14-19

Média ± Dp % Média ± Dp %

Desenvolvimento da Resistência 0,09±0,96 0,12 0,36±1,66 0,40

Desenvolvimento da Força 0,72±0,75 0,80 2,41±5,21 2,70

Desenvolvimento da Velocidade 0,76±0,96 0,84 0,28±1,31 0,30

Desenvolvimento da Flexibilidade 2,68±1,07 3,13 0,21±1,74 0,21

Desenvolvimento Coordenativo 0,0±0,0 0 0,01±0,14 0,01

No entanto, cremos que os resultados da nossa amostra de uma forma geral,

se revelam positivos, mas a nosso ver, requerem uma análise mais específica

sendo necessário verificar o nível de desenvolvimento das diferentes formas de

expressão das capacidades motoras em questão, algo que se poderá verificar

no ponto 4.4.1 da análise e discussão dos resultados do nosso estudo.

44..33 MMÉÉTTOODDOOSS DDEE TTRREEIINNOO

44..33..11 MMEETTOODDOOLLOOGGIIAA DDEE DDEESSEENNVVOOLLVVIIMMEENNTTOO DDAASS CCAAPPAACCIIDDAADDEESS MMOOTTOORRAASS

CCOONNDDIICCIIOONNAAIISS

O quadro que se segue, tem por objectivo demonstrar de que forma os

treinadores de Futebol no escalão etário dos 12 aos 16 anos, desenvolvem as

capacidades motoras condicionais (C.M.C)

Quadro IV-9: Metodologia utilizada para o desenvolvimento das capacidades motoras condicionais no escalão etário dos 12 aos 16 anos em Futebol: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.

Método de Treino Média ± Dp Soma %

Des. Cap. motoras através de ex. s/ bola 23,2±16,1 14472 28,0

Des. Cap. motoras através de ex. c/ bola 10,8±11,5 6772,2 13,0

O quadro demonstra que os treinadores, nestas idades, tendem a desenvolver

mais as capacidades motoras condicionais dos seus atletas de uma forma

Page 97: 19226

Apresentação e Discussão dos Resultados

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 80

separada das questões técnicas e tácticas, pois a utilização de exercícios sem

posse de bola (28%) no seu desenvolvimento é superior à utilização de

exercícios com posse de bola (13%). O que a nosso ver é compreensível, uma

vez que a literatura aponta para que a especificidade do treino aumente com o

aumento da idade, por tal o desenvolvimento mais específico das capacidades

motoras condicionais deverá aumentar de uma forma gradual, à medida que a

idade dos atletas aumenta.

No entanto, Gomes – Pereira (2001); Bangsbo (1994), defendem o

desenvolvimento das capacidades motoras aliadas aos gestos técnicos e

técnico / tácticos. Os autores consideram que o desenvolvimento físico deve

ser adaptado às exigências do modelo de jogo idealizado pelo treinador, isto é

adaptado à competição, tal não se verifica no nosso estudo, pois a

percentagem do desenvolvimento físico sem bola é inferior ao desenvolvimento

físico com bola.

O facto dos treinadores geralmente utilizarem mais o desenvolvimento físico

separado das questões técnico e técnico / tácticas, poderá justificar-se

segundo (Bangsbo, 1994), pela dificuldade em organizar-se este tipo de

exercícios, pois requerem a disponibilização de mais tempo na sua

organização e mais imaginação, assim como, a precedente avaliação para a

verificação do cumprimento do exercício, tornando-se mais simples para o

treinador o desenvolvimento físico separado das situações técnico e técnico /

tácticas.

O Quadro IV-10, descreve a opção metodológica de treino para o

desenvolvimento das capacidades motoras condicionais dos iniciados e

juvenis.

Quadro IV-10: Metodologia utilizada para o desenvolvimento das capacidades motoras condicionais no escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.

Método de Treino Iniciados (12-14) Juvenis (14-16)

Média ± Dp % Média ± Dp %

Des. Cap. motoras através de ex. s/ bola 25,8±18,8 30,1 20,0±11,7* 25,2

Des. Cap. motoras através de ex. c/ bola 8,8±9,8 10,2 13,1±12,8* 16,5

*Estatisticamente significativo p< 0,05.

Page 98: 19226

Apresentação e Discussão dos Resultados

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 81

O quadro demonstra que os treinadores dos juvenis desenvolvem mais as

capacidades motoras condicionais, através de exercícios com posse de bola

(17%) do que os iniciados (10%) (p <0,05), estes por sua vez, desenvolvem

mais as capacidades motoras condicionais através de exercícios sem posse de

bola (p <0,05), isto é, sem associar o desenvolvimento das mesmas com

situações técnicas e tácticas. Mais uma vez, os resultados estão de acordo

com o princípio da especialização crescente dos exercícios de treino (Marques

e col. 2000).

44..33..22 EEXXEERRCCÍÍCCIIOOSS CCOOMMPPLLEEMMEENNTTAARREESS // FFUUNNDDAAMMEENNTTAAIISS

O quadro seguinte retracta, através da média e desvio padrão, da soma e

percentagens, para uma sessão de treino padrão durante um período anual de

treino, quais os exercícios treino preferencialmente utilizados pelos treinadores

nestas idades.

Quadro IV-11: Preferência metodológica de utilização de exercícios (complementares / fundamentais) no escalão etário dos 12 aos 16 anos em Futebol : valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.

Método de Treino Média ± Dp Soma %

Exercícios Complementares 19,3±15,7 12042,8 23,3

Exercícios Fundamentais 40,4±22,4 25236,2 48,8

Através da análise do quadro, denota-se que os treinadores da faixa etária dos

12 aos 16 anos em futebol, utilizam preferencialmente exercícios fundamentais

(49%) em detrimento dos exercícios complementares (23%). Verificando-se

que os mesmos, optam ou dão mais importância, aos exercícios que

estruturalmente têm a finalização como objectivo (exercícios fundamentais),

deixando para segundo plano os exercícios que não tem finalização (exercícios

complementares), que normalmente servem para isolar ou canalizar a

concentração dos atletas para o desenvolvimento de determinada situação

física, técnica ou técnico / táctica, não tendo como objectivo a finalização, isto é

o objectivo do jogo.

O Quadro IV-12, compara a utilização dos exercícios complementares e

fundamentais, por parte dos treinadores de iniciados e juvenis.

Page 99: 19226

Apresentação e Discussão dos Resultados

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 82

Quadro IV-12: Preferência metodológica de utilização de exercícios (complementares / fundamentais) no escalão de iniciados e juvenis : valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.

Conteúdos Iniciados (12-14) Juvenis (14-16)

Média ± Dp % Média ± Dp %

Exercícios Complementares 17,1±14,9 19,9% 21,7±16,2* 27,3%

Exercícios Fundamentais 42,8±22,9 49,9% 37,6±21,5* 47,4%

*Estatisticamente significativo p< 0,05

Através da análise do quadro, é nos demonstrado, que os iniciados utilizam

mais exercícios fundamentais do que os juvenis (p <0,05). Os juvenis por sua

vez utilizam mais exercícios complementares do que os iniciados (p <0,05). Ao

analisarmos estes tendo em conta o princípio da especialização crescente, não

se encontram de acordo com a lei, no entanto, essa diferença embora

significativa não é elevada, para que se possa afirmar de forma peremptória,

que está errado os treinadores dos juvenis utilizarem mais exercícios

complementares do que os iniciados e vice-versa.

44..33..33 EEXXEERRCCÍÍCCIIOOSS CCOOMMPPLLEEMMEENNTTAARREESS ((CCOOMM OOUU SSEEMM OOPPOOSSIIÇÇÃÃOO))

O Quadro IV-13, procura demonstrar de que forma é que os treinadores

utilizam os exercícios complementares, através da média e desvio padrão, da

soma e percentagens, para uma sessão de treino tipo, de um período anual de

treino.

Quadro IV-13: Preferência metodológica de utilização de exercícios complementares (com ou sem oposição) no escalão etário dos 12 aos 16 anos: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.

Ex. complementares - Método Média ± Dp Soma %

Ex. comp. s/ oposição 9,9±11,7 6197,8 12,0

Ex. comp. c/ oposição 9,4±12,0 5845,1 11,4

Ao analisarmos o quadro, deparamos que no treino de futebol no escalão de

iniciados e juvenis, utiliza-se metodologicamente mais exercícios

complementares sem oposição de adversários do que exercícios

complementares com oposição, no entanto, essa diferença é pequena (0,6%).

Estes resultados demonstram que os treinadores de Futebol da faixa etária em

estudo, quando utilizam os exercícios complementares que se caracterizam por

não terem finalização, optam por não utilizarem a oposição adversária. Têm

preferência por exercícios pouco complexos para os atletas e para os

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Apresentação e Discussão dos Resultados

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 83

treinadores, isto é, de mais fácil execução para os atletas e de simples controlo

para o treinador. No entanto embora os exercícios tenham as vantagens

referidas, segundo alguns autores especialistas na matéria (Mesquita, 2000;

Garganta 2002) têm fraca aplicabilidade prática, quando se pretende

desenvolver aspectos técnicos ou técnico / tácticos, pois, através deste tipo de

exercícios, os atletas desenvolvem sobretudo o seu controlo quinestésico, em

detrimento de outras importantes capacidades, como o controlo visual.

Mesquita (2000) sustenta, que no treino dos jogos desportivos colectivos se

deve contemplar probabilidades de ocorrência das situações – problema

específicas da competição, o que não acontece neste tipo de exercícios

(exercícios complementares sem oposição), pois em competição dificilmente

não existe a oposição de adversários.

Os exercícios complementares sem oposição, poderão no entanto, ser

extremamente úteis para desenvolvimento específico das capacidades motoras

condicionais, por tal, não poderemos julgar a opção dos treinadores em

utilizarem estes tipos de exercícios, sem antes sabermos o que vai ser

desenvolvido. Algo que se poderá verificar mais à frente no quadro IV – 18, do

ponto 4.4.2, referente à utilização de exercícios específicos de preparação

geral que são também denominados por exercícios complementares.

O quadro que se segue, distingue as opções metodológicas dos treinadores de

iniciados e juvenis a quando da utilização de exercícios complementares.

Quadro IV-14: Preferência metodológica de utilização de exercícios complementares (com ou sem oposição) no escalão no escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.

Exercícios Complementares Iniciados (12-14) Juvenis (14-16)

Média ± Dp % Média ± Dp %

Sem oposição 11,6±13,1 13,5 8,0±9,4* 10,1

Com oposição 5,5±9,8 6,4 13,7±12,8* 17,2

*Estatisticamente significativo p< 0,05

Os treinadores de iniciados utilizam mais exercícios complementares sem

oposição de adversários (14%) do que os treinadores dos juvenis (10%) (p

<0,05), inversamente os treinadores de juvenis têm uma utilização superior de

Page 101: 19226

Apresentação e Discussão dos Resultados

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 84

exercícios complementares com oposição (17%) em relação aos treinadores

dos iniciados (6%).

Os resultados, a nosso ver estão de acordo com o principio da especialização

crescente (Marques e col., 2000), pois os exercícios mais complexos são mais

utilizados pelos treinadores dos juvenis, por sua vez, os exercícios que

teoricamente são menos complexos, têm um grau de utilização superior por

parte dos treinadores dos iniciados.

Os exercícios fundamentais são os mais utilizados pelos treinadores de futebol

da faixa etária dos 12 aos 16 anos (ver Quadros, IV-11 e IV-12), resta saber de

que forma é que os treinadores pretendem desenvolver as capacidades dos

seus atletas através destes exercícios. Queirós (1987) e Castelo (2002)

subdividem os exercícios fundamentais em três fases distintas, com um grau

de complexidade crescente (exercícios fundamentais de fase I, fase II e fase

III).

44..33..44 EEXXEERRCCÍÍCCIIOOSS FFUUNNDDAAMMEENNTTAAIISS ((FFAASSEE II,, IIII,, IIIIII))

Os quadros que se seguem (Quadros IV-15 e IV-16) procuram demonstrar, que

tipo de exercícios fundamentais mais se utiliza nesta faixa etária e se existem

diferenças estruturais entre os treinadores de iniciados e juvenis, na escolha

destes exercícios.

Quadro IV-15: Preferência metodológica de utilização de exercícios fundamentais (Fase I, Fase II e Fase III) no escalão etário dos 12 aos 16 anos: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.

Ex. Fundamentais - Método Média ± Dp Soma %

Exercícios Fundamentais Fase I 6,1±10,1 3835,5 7,4

Exercícios Fundamentais Fase II 6,5±11,7 4043,9 7,8

Exercícios Fundamentais Fase III 27,8±24,6 17356,8 33,6

Os treinadores de Futebol da faixa etária dos 12-16 anos, quando utilizam

exercícios fundamentais (exercícios com finalização), optam por utilizar mais

exercícios fundamentais de fase III (34%), seguindo-se os de fase II (8%) e por

fim os de fase I (7%).

Através da análise destes resultados, verificamos que os treinadores em causa,

optam por utilizar os exercícios de fase III, que são mais complexos que os

Page 102: 19226

Apresentação e Discussão dos Resultados

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 85

restantes e que estruturalmente obrigam a que os atletas em posse de bola

procurem a finalização e quando perdem a posse da mesma, evitem a

finalização na sua baliza (jogo reduzido, jogo reduzido e condicionado, jogo

formal, jogo forma condicionado) (Queiroz, 1987; Castelo, 2002). A nosso ver,

é uma opção de treino bastante válida uma vez que são os exercícios que

estruturalmente mais se assemelham com a competição.

Quadro IV-16: Preferência metodológica de utilização de exercícios fundamentais (Fase I, Fase II e Fase III) no escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.

Exercícios Fundamentais Iniciados (12-14) Juvenis (14-16)

Média ± Dp % Média ± Dp %

Exercícios Fundamentais Fase I 5,8±10,2 6,8% 6,5±10,0 8,2%

Exercícios Fundamentais Fase II 4,8±9,9 5,6% 8,3±13,2* 10,4%

Exercícios Fundamentais Fase III 32,1±25,8 37,4% 22,8±22,1* 28,7%

*Estatisticamente significativo p< 0,05

Através da análise do quadro, verifica-se que os treinadores dos iniciados

utilizam menos exercícios fundamentais de fase II (6%) do que os juvenis

(10%) (p <0,05), os treinadores de iniciados utilizam mais os exercícios

fundamentais de fase III (37%) do que os treinadores de juvenis (29%) (p

<0,05). Estes resultados, não estão de acordo com o princípio da

especialização crescente dos exercícios de treino (Marques e col., 2000), pois

os treinadores dos iniciados utilizam mais exercícios de fase III, que são os

mais complexos, do que os treinadores dos juvenis.

44..44 CCOONNTTEEÚÚDDOOSS DDEE TTRREEIINNOO

44..44..11 CCOONNTTEEÚÚDDOOSS DDEESSEENNVVOOLLVVIIDDOOSS AATTRRAAVVÉÉSS DDOOSS EE..PP..GG

O Quadro IV-17, é referente ao desenvolvimento das capacidades motoras

através dos exercícios de preparação geral, distinguindo esse desenvolvimento

por escalões.

Page 103: 19226

Apresentação e Discussão dos Resultados

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 86

Quadro IV-17: Características da carga de treino, para todos os conteúdos da amostra desenvolvidos através dos exercícios de preparação geral no escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.

Exercícios de Preparação Geral

Conteúdos de Treino 12-14 (Iniciados) 14-16 (Juvenis)

Média ± Dp Soma % Média ± Dp Soma %

Resistência Aeró. 10,7±9,1 3583,5 12,5 3,9±5,4* 1135,0 4,9

Resistência Anae. 0,7±2,7 245,0 0,8 0,5±2,4 135,0 0,6

Força Resistente 3,4±4,8 1126,5 4,0 4,0±3,1 1151,5 5,0

Força Rap./ Expl. 1,6±5,7 541,0 1,9 1,5±4,4 425,0 1,9

Força Máxima 0,0±0,0 0,0 0,0 0,0±0,0 0,0 0,0

Velocidade Reacç 0,4±1,9 123,0 0,5 0,5±2,2 135,0 0,6

Velocidade Exec. 3,1x10-2±0,4 10,5 3,6x10-2 0,0±0,0 0,0 0,0

Velocidade Deslo. 1,3±4,2 429,2 1,5 1,0±2,9 282,5 1,3

Velocidade Resis. 0,3±2,1 114,5 0,3 4,1x10-2±0,5* 12,0 5,2x10-2

Flexibili. Acti. 1,2±2,0 386,5 1,4 1,0±1,6 299,5 1,2

Flexibili. Pass. 4,6±4,0 1534,8 5,4 6,9±4,9* 2005,5 8,7

Cap. Reac. Coord. 0,0±0,0 0,0 0,0 0,0±0,0 0,0 0,0

Cap. Rítm. Coord. 1,6±2,9 537,5 1,9 0,7±1,7* 216,5 1,0

Cap. Equil. Coord 0,0±0,0 0,0 0,0 0,0±0,0 0,0 0,0

Cap. Orien. Coord 1,5x10-2±0,2 5,0 1,7x10-2 0,0±0,0 0,0 0,0

Cap. Difer. Coord 0,0±0,0 0,0 0,0 0,1±0,9* 37,5 0,1

*Estatisticamente significativo p< 0,05

Através da análise do quadro verifica-se que existem diferenças

estatisticamente significativas (p <0,05) no desenvolvimento da resistência

aeróbia através de exercícios de preparação geral entre o escalão de iniciados

(13%) e juvenis (5%), denotando-se que os iniciados desenvolvem mais esta

capacidade condicional através deste tipo de exercícios. Martin (1999), refere

que a resistência aeróbia é uma capacidade que deve ser desenvolvida em

todas as idades ou períodos, infância e juventude, o que confere uma grande

importância ao desenvolvimento desta capacidade. O facto dos treinadores dos

juvenis, desenvolverem menos esta capacidade condicional através dos

exercícios em questão, poderá explicar-se pelo facto de optarem por

desenvolver a resistência aeróbia, através de exercícios mais específicos

(exercícios específicos de preparação geral ou exercícios específicos de

preparação), uma vez que, embora desenvolvam menos a resistência do que

os treinadores dos iniciados (ver Quadro IV-7), utilizam maioritariamente

Page 104: 19226

Apresentação e Discussão dos Resultados

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 87

exercícios com posse de bola para o desenvolvimento da mesma (ver Quadro

IV-10). Estes factos poderão justificar a diferença dos resultados, no entanto,

requerem uma análise mais específica que se poderá realizar com a

observação quadros, IV-18, IV-19, IV-20 e IV-21.

Podemos constatar, que o desenvolvimento da resistência aeróbia é o que

mais se trabalha através deste tipo de exercícios, nas idades dos 12 aos 16

anos, seguindo-se a flexibilidade passiva, em que o desenvolvimento difere

estatisticamente (p <0,05) nos escalões em estudo, denotando-se um

desenvolvimento superior por parte dos juvenis (9%) em relação ao escalão de

iniciados (5%). A força resistente, a força rápida / explosiva, a capacidade

rítmica coordenativa, onde existem diferenças significativas entre os escalões

testados (p <0,05) pois o escalão de iniciados (2%) desenvolve mais esta

capacidade do que o escalão de juvenis (1%), A velocidade de deslocamento e

por fim a flexibilidade activa. Estes resultados revelam uma estratégia orientada

para a qualidade de treino por parte dos treinadores (Martin, 1999) e são

idênticos aos do estudo realizado por Marques e col. (2000), no que diz

respeito à resistência aeróbia e à flexibilidade.

As restantes capacidades motoras têm um desenvolvimento muito reduzido ou

nulo, destacando-se diferenças estatisticamente significativas (p<0,05) entre o

escalão de iniciados e juvenis, onde os iniciados (0,3%) desenvolvem mais a

velocidade resistente do que os juvenis sendo o seu desenvolvimento

praticamente nulo neste escalão (5,2x10-2% ). Contudo os juvenis desenvolvem

mais a capacidade de diferenciação coordenativa (0,1%) pois os iniciados não

desenvolvem este tipo de coordenação.

Podemos constatar que a velocidade tem um desenvolvimento ligeiramente

superior no escalão de iniciados, do que no escalão de juvenis, o que está de

acordo com o que Martin (1999) sustenta, embora essa diferença só seja

estatisticamente significativa numa forma de expressão desta capacidade.

Estes resultados são coincidentes com os estudos realizados por Marques e

col. (2000); Pinto e col. (2001), onde igualmente se verifica um fraco

desenvolvimento das formas de expressão da velocidade, considerado por

Martin (1999) muito importante para a formação motora dos jovens atletas, dos

Page 105: 19226

Apresentação e Discussão dos Resultados

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 88

10 aos 13 anos. Deste modo, podemos realçar a existência de um baixo

desenvolvimento das várias formas de expressão da velocidade em Futebol, no

escalão de iniciados através dos exercícios de preparação geral.

Segundo Martin (1999) o desenvolvimento da resistência aeróbia, é muito

importante dos 14 aos 18 anos, no entanto, os nossos resultados demonstram

que não lhe foi dada a devida importância, ao revelarem baixos valores de

desenvolvimento no escalão de juvenis, através dos exercícios em questão.

Destaca-se um desenvolvimento nulo em ambos os escalões da força máxima,

da capacidade de reacção coordenativa e da capacidade de equilíbrio

coordenativo. No que se refere à capacidade de reacção coordenativa, os

resultados estão de acordo com o que Martin (1999) defende, uma vez que

este refere que, esta capacidade coordenativa tem a sua fase sensível de

desenvolvimento na faixa etária dos 6 aos 10 anos de idade, por tal, não

engloba as faixas etárias em estudo. Já no que diz respeito à capacidade de

equilíbrio coordenativo, os nossos resultados não estão de acordo com o que

autor sustenta, uma vez que, o mesmo refere que é importante desenvolver

esta capacidade dos 10 anos aos 13 anos de idade, o que corresponde ao

escalão etário dos iniciados. A força máxima, segundo Martin (1999) tem a sua

grande expressão dos 13 aos 19 anos, por tal, deveria ter sido desenvolvida

pelo escalão juvenil.

Estes dados, demonstram algumas orientações para a qualidade do treino por

parte dos treinadores, assim como, um baixo desenvolvimento de outras

capacidades, que são extremamente importantes para a formação dos atletas.

44..44..22 CCOONNTTEEÚÚDDOOSS DDEESSEENNVVOOLLVVIIDDOOSS AATTRRAAVVÉÉSS DDOO EE..EE..PP..GG

Os quadros que se seguem, permitem-nos uma análise mais específica pois

demonstram o desenvolvimento dos diferentes conteúdos (resistência

específica, força específica, velocidade específica, técnica e técnico/táctica),

através dos meios específicos de preparação geral e dos meios específicos de

preparação (fase I, fase II e Fase III).

Page 106: 19226

Apresentação e Discussão dos Resultados

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 89

Quadro IV-18: Características da carga de treino para todos os conteúdos da amostra desenvolvidos através dos exercícios específicos de preparação geral no escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.

Exercícios Específicos de Preparação Geral / Complementares

Conteúdos 12-14 (Iniciados) 14-16 (Juvenis)

Média ± Dp Soma % Média ± Dp Soma %

Res

is

Esp

e

Sem oposição 5,4±8,3 1814,0 6,3 4,7±6,4 1363,2 5,9

C/op.igualdad. n.º 0,2±1,2 59,0 0,2 0,5±2,1* 147,8 0,6

C/op sup. ataque 1,4±5,0 485,0 1,6 3,7±6,8* 1068,8 4,6

Forç

Esp

e

Sem oposição 0,2±1,6 70,00 0,2 5,2x10-2±05 15,0 6,5x10-2

C/op.igualdad. n.º 0,0±0,0 0,0 0,0 0,2±1,7* 60,0 0,2

C/op sup. ataque 0,0±0,0 0,0 0,0 02±1,9 55,0 0,2

Vel

oc

Esp

e

Sem oposição 9,0x10-2±1,2 30,0 0,1 0,4±2,5* 130,0 0,5

C/op.igualdad. n.º 0,0±0,0 0,0 0,0 5,2x10-2±0,9 15,0 6,5x10-2

C/op sup. ataque 9,7x10-2±0,9 32,5 0,1 0,0±0,0* 0,0 0,0

Técn

i

Sem oposição 5,4±9,4 1803,5 6,3 2,7±6,1* 790,5 3,4

C/op.igualdad. n.º 0,0±0,0 0,0 0,0 6,4x10-2±0,9 18,8 8,0x10-2

C/op sup. ataque 9,7x10-2±1,1 32,5 0,1 0,2±2,0 45,0 0,2

Tecn

ic./

Táct

ica

Sem oposição 0,5±2,5 156,5 0,6 8,6x10-2±1,1* 25,0 0,1

C/op.igualdad. n.º 3,1±7,9 1035,8 3,6 1,4±5,0* 400,0 1,8

C/op sup. ataque 0,6±3,5 205,0 0,7 7,2±10,8* 2097,8 9,1

C/op. sup defesa 0,0±0,0 0,0 0,0 0,3±1,7* 87,2 0,4

*Estatisticamente significativo p< 0,05

Através da análise do quadro, verifica-se que o desenvolvimento da resistência

de forma específica é superior no escalão de juvenis em relação ao

desenvolvimento efectuado pelo escalão de iniciados, o que está de acordo

com o princípio especialização crescente dos exercícios de treino (Marques e

col., 2000). Denota-se que os treinadores de ambos os escalões têm

preferência por desenvolver esta capacidade motora condicional, de forma

específica, através dos exercícios específicos de preparação geral, utilizando

exercícios complementares sem oposição, sendo provável que os mesmos

pretendam desenvolver esta mesma capacidade a uma intensidade mais baixa.

A ordem de preferência de utilização segue-se com, os exercícios

complementares com oposição e superioridade no ataque, e por fim, os

exercícios complementares com oposição e igualdade numérica.

Page 107: 19226

Apresentação e Discussão dos Resultados

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 90

Através dos exercícios em análise, existem diferenças significativas (p <0,05)

no desenvolvimento da resistência específica, entre iniciados e juvenis, pois os

treinadores dos juvenis optam por utilizar mais exercícios complementares com

oposição e igualdade numérica (0,6%) do que os treinadores de iniciados

(0,2%). O mesmo acontece no caso dos exercícios complementares com

oposição e superioridade no ataque, em que os treinadores dos juvenis

apresentam uma utilização de 4,6% em relação aos treinadores dos iniciados

(1,6%), para o desenvolvimento da capacidade motora em questão, de forma

específica.

A capacidade motora que mais se desenvolve de forma específica através

destes exercícios é a resistência. A força específica e a velocidade específica

têm um desenvolvimento bastante reduzido. Para além da resistência

específica, o que mais se desenvolve através destes exercícios são as

questões técnico / tácticas, onde existem diferenças estatisticamente

significativas (p <0,05) entre o escalão de iniciados e juvenis.

Nas opções de treino para o desenvolvimento técnico / táctico, os treinadores

de iniciados utilizam mais exercícios complementares sem oposição (0,6%) do

que os treinadores do escalão de juvenis (0,1%) e exercícios complementares

com oposição e igualdade numérica (3,6%). Já os treinadores de juvenis,

optam mais pelos exercícios com oposição, dos quais se destacam os que têm

superioridade no ataque (9,1%), onde os iniciados têm uma utilização menor

(0,7%). Estes resultados estão de acordo com o princípio da especificidade

crescente dos exercícios de treino (Marques e col. (2000).

No que diz respeito ao desenvolvimento da técnica, verifica-se que os

treinadores dos escalões representados no nosso estudo, quando pretendem

desenvolver ou apurar uma situação técnica, optam por faze-lo através de

exercícios complementares sem a oposição de adversários, conotando-lhe um

desenvolvimento mais analítico, por tal, considerado menos apropriado pela

literatura (Mesquita, 2000; Garganta, 2002). Estes autores defendem que esse

desenvolvimento deverá ser realizado de uma forma mais aberta, onde os

atletas possam desenvolver a capacidade de decidir qual o gesto técnico mais

apropriado para a situação com que se deparam. No entanto, este tema é

Page 108: 19226

Apresentação e Discussão dos Resultados

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 91

bastante complexo, e bastante polémico, por tal, requer uma análise mais

específica que permita afirmar se esta metodologia está certa ou errada, algo

que não é objectivo do nosso estudo. Contudo, as diferenças estaticamente

significativas (p <0,05) entre o escalão de iniciados (0,3%) e juvenis (3,4%),

estão de o acordo com o princípio da especificidade crescente dos exercícios

de treino, realçado por (Marques e col. (2000).

No que diz respeito à duvida levantada no ponto 4.3.3 do nosso estudo, em

relação à importância da utilização de exercícios complementares sem

oposição na estrutura do treino de futebol, quando nos questionávamos qual

seria o objectivo dos treinadores em utilizar este tipo de exercícios, podemos

verificar através da análise dos resultados do quadro, que os treinadores

utilizam estes exercícios, para desenvolverem essencialmente a resistência

específica dos seus atletas. Estes exercícios revelam-se muito importantes pois

têm como objectivo, o desenvolvimento de conteúdos específicos da

modalidade desportiva, através de uma relação primordial do praticante com a

bola, promovendo um desenvolvimento físico ajustado às características da

modalidade (Castelo, 2002). Logo a utilização deste tipo de exercícios revela-

se importante na estrutura do treino de Futebol, para os escalões etários em

estudo.

Page 109: 19226

Apresentação e Discussão dos Resultados

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 92

44..44..33 CCOONNTTEEÚÚDDOOSS DDEESSEENNVVOOLLVVIIDDOOSS AATTRRAAVVÉÉSS DDOOSS EE..EE..PP // FFAASSEE II

Quadro IV-19: Características da carga de treino para todos os conteúdos da amostra desenvolvidos através dos exercícios específicos de preparação / fundamentais de fase I no escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.

Exercícios Específicos de Preparação / Fundamentais Fase I

Conteúdos 12-14 (Iniciados) 14-16 (Juvenis)

Média ± Dp Soma % Média ± Dp Soma %

Res

is

Esp

e

1x0+gr 0,1±1,4 35,0 0,1 0,0±0,0 0,0 0,0

3x0+gr 0,0±00 0,0 0,0 1,7x10-2±0,3 5,0 2,1 x10-2

Mais de 3x0+gr 5,7 x10-2±0,8 19,0 6,6 x10-2 0,0±0,0 0,0 0,0

Forç

Esp

e

1x0+gr 0,1±1,4 40,0 0,1 1,1±3,4* 309,0 1,4

2x0+gr 0,0±0,0 0,0 0,0 5,2 x10-2±0,9 15,0 6,5 x10-2

Mais de 3x0+gr 0,1±1,4 35,0 0,1 3,4 x10-2±0,6 10,0 4,3 x10-2

V.

E.

1x0+gr 0,5±3,7 175,0 0,6 5,2 x10-2±09* 15,0 6,5 x10-2

2x0+gr 3,0 x10-2±0,5 10,0 3,5 x10-2 0,1±1,4 35,0 0,1

Técn

ica

1x0+gr 0,7±3,2 227,5 0,8 0,5±2,6 157,0 0,6

2x0+gr 0,3±2,1 112,5 0,3 0,6±3,4 170,0 0,8

3x0+gr 0,4±2,3 117,5 0,5 0,4±2,4* 129,0 0,5

Mais de 3x0+gr 8,2 x10-2±0,9 27,5 9,6 x10-2 0,4±2,8 123,0 0,5

Tecn

ic./

Táct

ica

1x0+gr 3,0 x10-2±0,5 10,0 3,5 x10-2 0,1±1,1 31,0 0,1

2x0+gr 0,4±2,6 132,5 0,5 0,4±2,8 106,0 0,5

3x0+gr 0,7±3,5 242,5 0,8 0,1±1,4* 32,5 0,1

Mais de 3x0+gr 2,3±6,6 755,0 2,7 2,6±6,2 759,0 3,3

*Estatisticamente significativo p< 0,05

Através da análise do quadro, denota-se um decréscimo bastante elevado do

desenvolvimento da resistência específica através dos exercícios específicos

de preparação, fase I, quando em comparação com desenvolvimento da

mesma através dos exercícios específicos de preparação geral. A força

específica mantêm o seu desenvolvimento baixo, excepto no treino de juvenis

onde os seus treinadores optam por desenvolvê-la através dos exercícios

fundamentais de fase I, numa estrutura em que, o portador da posse de bola

sem ter oposição de um defesa, nem a ajuda dos companheiros, tem por

objectivo a finalização (1x0+gr). Sendo esta a forma através da qual mais se

desenvolve a força específica no nosso estudo. O que demonstra que os

treinadores de juvenis, têm preferencia por desenvolverem a força específica

dos seus atletas através de um exercício de finalização, isto é, desenvolvem a

Page 110: 19226

Apresentação e Discussão dos Resultados

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 93

força dos seus jovens atletas, de forma adaptada às exigências físicas da

situação técnico / táctica em questão.

Este resultado está de acordo com o que a literatura aponta como correcto,

uma vez que existem diferenças estatisticamente significativas no

desenvolvimento da capacidade em questão entre os iniciados (0,1%) e juvenis

(1,4%), estando de acordo com o princípio da especificidade crescente dos

exercícios de treino (Marques e col. 2000), e com o que Martin (1999) sustenta,

ao referir que é importante a força ser desenvolvida na faixa etária pertencente

ao escalão de juvenis.

O desenvolvimento da velocidade específica, embora se revele mais baixo

através deste tipo de exercícios, quando em comparação com os exercícios

específicos de preparação geral, verifica-se que os treinadores de iniciados

optam por desenvolver esta capacidade através de exercícios de finalização,

que estruturalmente se caracterizam por, o jogador em posse de bola não ter a

oposição de adversário, excepto o guarda redes, nem a ajuda de companheiros

(1x0+gr) (0,6%), sendo esta diferença estatisticamente significativa, quando em

comparação com o nível de utilização destes exercícios por parte dos

treinadores dos juvenis (0,065%), para o desenvolvimento da capacidade em

questão.

O desenvolvimento técnico / táctico, através deste tipo destes exercícios,

revela-se inferior quando em comparação com os exercícios específicos de

preparação geral. Destacando-se, no entanto, a preferência dos treinadores por

desenvolverem este conteúdo de treino, através de situações em que o jogador

em posse de bola tem mais de três companheiros para finalizar sem a oposição

de adversários, excepto o guarda-redes (mais de 3x0+gr).

Page 111: 19226

Apresentação e Discussão dos Resultados

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 94

44..44..44 CCOONNTTEEÚÚDDOOSS DDEESSEENNVVOOLLVVIIDDOOSS AATTRRAAVVÉÉSS DDOOSS EE..EE..PP // FFAASSEE IIII

Quadro IV-20: Características da carga de treino para todos os conteúdos da amostra desenvolvidos através dos exercícios específicos de preparação / fundamentais de fase II no escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.

Exercícios Específicos de Preparação / Fundamentais Fase II

Conteúdos 12-14 (Iniciados) 14-16 (Juvenis)

Média ± Dp Soma % Média ± Dp Soma %

R.

E.

Sup. n.º no ataque 0,0±0,0 0,0 0,0 3,4 x10-2±0,6 10,0 4,2 x10-2

Igualdade numér. 3,0 x10-2±0,5 10 3,5 x10-2 0,0±0,0 0,0 0,0

F.

E.

Sup. n.º no ataque 0,0±0,0 0,0 0,0 0,8±2,5* 228,0 1,0

Igualdade numér. 0,0±0,0 0,0 0,0 0,8±2,5* 228,0 1,0

V.

E.

Sup. n.º no ataque 7,5 x10-2±1,0 25,0 8,7 x10-2 0,0±0,0 0,0 0,0

Igualdade numér. 0,2±1,6 65,0 0,2 2,7 x10-2±0,5 8,0 3,4 x10-2

T. Sup. n.º no ataque 6,0 x10-2±1,1 20,0 7,0 x10-2 0,2±1,4 57,0 0,2

Igualdade numér. 6,0 x10-2±1,1 20,0 7,0 x10-2 0,4±2,0* 102,0 0,5

T./T

a Sup. n.º no ataque 1,8±5,9 597,5 2,1 3,4±7,6* 981,9 4,3

Igualdade numér. 2,6±7,5 885,0 3,0 2,8±7,8 806,5 3,5

*Estatisticamente significativo p< 0,05

Através da análise do quadro, verifica-se que os treinadores de iniciados e

juvenis, através dos exercícios específicos de preparação de fase II, que são

exercícios que estruturalmente obrigam os atletas a tentar finalizar com

oposição defensiva podendo ou não ter a ajuda de companheiros, onde os

treinadores poderão optar por criar situações de igualdade numérica, ou

superioridade numérica, não desenvolvem ou quase não desenvolvem, a

resistência específica, a força específica, a velocidade específica e a técnica,

através dos exercícios específicos de preparação fundamentais de fase II.

Denotando-se que os treinadores optam por utilizarem este tipo de exercícios

para desenvolverem as qualidades técnico / tácticas dos seus atletas,

destacando-se diferenças estatisticamente significativas (p <0,05) no

desenvolvimento do conteúdo em questão, entre os iniciados e juvenis,

verificando-se que, os treinadores de juvenis tem uma utilização superior deste

tipo de exercícios, estruturalmente organizados com superioridade no ataque

(4,3%) do que os treinadores de iniciados (2,1%). Estes resultados não estão

de acordo com o princípio da especificidade crescente dos exercícios de treino

(Marques e col. 2000), pois teoricamente a realização de um exercício em

Page 112: 19226

Apresentação e Discussão dos Resultados

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 95

superioridade numérica, deverá ter um nível de exigência inferior, ao de um

realizado com igualdade numérica (Queirós, 1986).

44..44..55 CCOONNTTEEÚÚDDOOSS DDEESSEENNVVOOLLVVIIDDOOSS AATTRRAAVVÉÉSS DDOO EE..EE..PP // FFAASSEE IIIIII

Quadro IV-21: Características da carga de treino para todos os conteúdos da amostra desenvolvidos através dos exercícios específicos de preparação / fundamentais de fase III no escalão de iniciados e juvenis: valores médios (minutos) numa sessão de treino, somatório (minutos) e percentagem durante um ano de preparação.

Exercícios Específicos de Preparação / Fundamentais Fase III

Conteúdos 12-14 (Iniciados) 14-16 (Juvenis)

Média ± Dp Soma % Média ± Dp Soma %

Res

is

Esp

e

Jogo reduzido 0,1±1,2 35,0 0,1 6,9 x10-2±1,2 20,0 8,7 x10-2

J. reduzido condi. 0,0±0,0 0,0 0,0 5,2 x10-2±0,9 15,0 6,5 x10-2

J. formal condici. 0,0±0,0 0,0 0,0 0,2±2,3 65 0,2

A Força Específica não se desenvolveu através destes tipo de exercícios

V.

E. J. reduzido condi. 4,5 x10-2±0,8 15,0 5,2 x10-2 0,0±0,0 0,0 0,0

T. J. reduzido condi. 0,3±3,3 110,0 0,3 0,0±0,0 0,0 0,0

J. formal condici. 0,2±2,7 65,0 0,2 0,0±0,0 0,0 0,0

Tecn

ic./

Táct

ica

Jogo reduzido 12,8±7,6 2592,2 14,9 3,4±9,1* 998,0 4,3

J. reduzido condi. 5,5±11,7 1847,0 6,4 10,6±14,6* 3074,5 13,4

Jogo Formal 14,5±29,7 4857,0 16,9 7,9±19,1* 2065,0 9,9

J. formal condici. 3,6±8,3 1212,0 4,2 1,3±5,5* 386,0 1,6

*Estatisticamente significativo p< 0,05

Ao analisarmos os resultados do quadro, verificamos que em consonância com

os Quadros IV-19 e IV-20, correspondentes aos exercícios específicos de

preparação, o desenvolvimento dos conteúdos de treino, resistência específica,

força específica, velocidade específica e técnicos, têm um desenvolvimento

praticamente nulo ao contrário dos conteúdos técnico / tácticos, que por sua

vez têm um desenvolvimento superior, através dos exercícios específicos de

preparação, assumindo os valores mais expressivos de desenvolvimento

através dos exercícios fundamentais de fase III, que se caracterizam por o

jogador ou equipa em posse de bola poder finalizar, mas na perda da posse da

mesma, terem a obrigação de evitar a finalização na sua baliza (Castelo, 2002),

sendo estes os exercícios que mais se assemelham com a competição.

Page 113: 19226

Apresentação e Discussão dos Resultados

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 96

Existem diferenças estatisticamente significativas (p <0,05), no

desenvolvimento técnico / táctico, através dos exercícios específicos de

preparação / fundamentais de fase III, onde os treinadores dos iniciados têm

uma utilização superior deste tipo de exercícios através de jogos reduzidos

(14,9%) em relação aos juvenis (4,3%). Em conta partida, estes utilizam mais

os jogos reduzidos e condicionados (13,4%) do que iniciados (6,4%), já os

treinadores dos iniciados tem uma utilização superior do jogo formal (16,9%)

em comparação com os treinadores dos juvenis (9,9%) e igualmente uma

utilização superior de jogos reduzidos e condicionados (4,2%) onde os juvenis

tem uma utilização inferior (1,6%)

Estes resultados não estão de acordo com o princípio da especificidade

crescente dos exercícios de treino (Marques e col. 2000), uma vez que se

verifica que, os treinadores dos iniciados, têm uma utilização superior de jogos

formais e jogos formais condicionados, em relação à utilização deste tipo de

exercícios, por parte dos treinadores de juvenis. Segundo Queiroz, (1986) este

tipo de exercícios (formais, formais condicionados) são mais complexos,

quando em comparação com os jogos reduzidos, onde, o menor número de

jogadores (adversários e companheiros) e as menores dimensões do terreno

de jogo, os tornam menos complexos, e por isso, mais adaptados à

aprendizagem.

Cremos que, o facto dos treinadores de iniciados e juvenis, optarem por

desenvolverem os conteúdos técnico / tácticos, através dos exercícios

fundamentais de fase III, revela uma estratégia direccionada para a qualidade

do treino, uma vez que este tipo de exercícios são os que mais se aproximam

da realidade competitiva.

Page 114: 19226

Conclusões

TANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 97

VV-- CCoonncclluussõõeess

As conclusões do nosso estudo, procurarão cumprir com os objectivos traçados

para a sua realização. Seguindo para tal, as hipóteses orientadoras que nos

propusemos a verificar.

Conclui-se que a estruturação do treino do escalão de iniciados, difere da

estruturação dos juvenis. Verificando-se diferenças estatisticamente

significativas, basicamente em todos os focos de análise do nosso estudo,

excepto nas prioridades de treino para o desenvolvimento físico, técnico e

técnico / táctico onde não se registam diferenças estatisticamente significativas

(P <0,05).

Ao verificarmos as diferenças de estruturação do treino entre os escalões em

análise, concluímos que algumas apontam para a qualidade de treino ao

cumprirem o princípio da especialização crescente dos exercícios de treino,

sendo exemplos disso:

- O facto dos iniciados utilizarem mais E.P.G do que os juvenis, que por

sua vez utilizam mais E.E.P.G;

- Os juvenis desenvolverem mais as capacidades motoras condicionais,

através de exercícios com posse de bola do que os iniciados, sendo este

tipo de desenvolvimento mais específico do que os exercícios que não

utilizam a posse de bola;

- Os treinadores de iniciados utilizarem mais exercícios complementares

sem oposição de adversários do que os treinadores de juvenis;

- O escalão de juvenis ter um desenvolvimento superior da resistência

especifica e da força específica em comparação com o desenvolvimento

específico destas capacidades efectuado no escalão de iniciados;

- O desenvolvimento da técnica através de exercícios sem posse de bola,

ser superior no escalão de iniciados do que no escalão de juvenis;

Page 115: 19226

Conclusões

TANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 98

No entanto, algumas dessas diferenças não apontam para a qualidade do

treino, sendo exemplo disso:

- A utilização superior por parte dos iniciados de E.E.P em relação à

utilização dos juvenis;

- Os treinadores dos iniciados utilizarem mais os exercícios fundamentais

de Fase III do que os treinadores dos juvenis;

- Os treinadores dos juvenis utilizam mais exercícios com superioridade

no ataque, no desenvolvimento técnico / táctico, através dos exercícios

de Fase II do que os treinadores dos iniciados;

- Os treinadores dos iniciados terem uma utilização superior de jogos

formais e dos jogos formais condicionados, através dos exercícios

fundamentais de Fase III, em relação aos treinadores do escalão de

juvenis.

Conclui-se que os treinadores de futebol do escalão de iniciados e juvenis,

pertencentes à amostra em estudo, dão prioridade aos aspectos técnico /

tácticos (51%) e físicos (41%) em detrimento dos aspectos técnicos (8%).

Consideramos que estes resultados, apontam para a qualidade de treino, uma

vez que, os valores da vertente física se revelaram altos. Por sua vez, os

valores baixos da técnica, revelam que esta está a ser desenvolvida

conjuntamente com as situações tácticas.

Podemos concluir que a resistência é a capacidade motora que mais se

desenvolve (19%), seguindo-se a força (8%) a flexibilidade (8%), sendo a

velocidade (3%) e a coordenação (2%) as que menos se desenvolvem na faixa

etária dos 12 aos 16 anos em Futebol.

Pode-se constatar, que os treinadores das faixas etárias em estudo

desenvolvem mais as capacidades motoras condicionais dos seus atletas de

uma forma separada das questões técnico e técnico/tácticas, uma vez que a

utilização de exercícios sem posse de bola (28%) é superior à utilização de

exercícios com posse de bola (13%).

Page 116: 19226

Conclusões

TANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 99

Verifica-se que os treinadores dos iniciados e juvenis utilizam mais os

exercícios fundamentais (49%) em detrimento dos exercícios complementares

(23%).

Os resultados permitem-nos concluir que, a resistência aeróbia e flexibilidade

passiva estão a ser bem desenvolvidas, através dos E.P.G, no treino dos

escalões em estudo, contribuindo desta forma para a qualidade do treino, no

entanto, o baixo desenvolvimento de algumas capacidades motoras estão a

contribuir negativamente para a referida qualidade, pois a resistência anaeróbia

tem um baixo desenvolvimento no escalão de juvenis, a força máxima tem um

desenvolvimento nulo nos dois escalões e a velocidade tem um fraco

desenvolvimento, para o que seria desejado, no escalão de iniciados.

Conclui-se que os treinadores de iniciados e juvenis optam por desenvolver a

resistência de uma forma específica, através dos E.E.P.G. A resistência

específica é o que mais se desenvolve através deste tipo de exercícios,

seguindo-se as questões técnico/tácticas.

Verifica-se que os treinadores de juvenis, ao desenvolverem a força específica

optam por o fazer, através dos E.E.P/ Fase I, numa estrutura de 1x0+gr.

Os treinadores em estudo, através dos E.E.P./ Fase II o que mais desenvolvem

são as questões técnico/tácticas, revelando-se valores baixos de

desenvolvimento para os restantes conteúdos de treino analisados.

Podemos concluir que os treinadores de iniciados e juvenis, optam por

utilizarem os E.E.P para o desenvolvimento técnico/táctico, assumindo os seus

valores mais expressivos de desenvolvimento através dos exercícios

fundamentais de Fase III.

Page 117: 19226

Recomendações

TANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 101

VVII –– RReeccoommeennddaaççõõeess ppaarraa aa pprrááttiiccaa,, nnoo ttrreeiinnoo ddee jjoovveennss FFuutteebboolliissttaass

66..11 RREECCOOMMEENNDDAAÇÇÕÕEESS EESSPPEECCÍÍFFIICCAASS AAOOSS RREESSUULLTTAADDOOSS DDOO NNOOSSSSOO EESSTTUUDDOO

Em consonância com os resultados do nosso estudo, parece-nos importante

realçar o que se afigura preponderante modificar no planeamento do treino, no

escalão de iniciados e juvenis, no sentido de beneficiar a qualidade do mesmo.

Para tal, os treinadores deverão:

- Dar importância ao desenvolvimento da velocidade e

coordenação, sendo a velocidade importante desenvolver no

escalão de iniciados, assim como, o desenvolvimento do

equilíbrio coordenativo;

- Dar ênfase ao desenvolvimento da força máxima no escalão de

juvenis;

- Aumentar a capacidade anaeróbia dos atletas que se encontram

no escalão juvenil;

- Planear o desenvolvimento das capacidades motoras associado

a situações técnicas ou técnico / tácticas. Um desenvolvimento

adaptado às exigências da competição;

- Desenvolver as capacidades técnicas dos seus atletas, através

de exercícios específicos de preparação (EEP), com oposição

de adversários, conotando-lhes um desenvolvimento eficaz e

adaptado à realidade competitiva do jogo, especialmente no

escalão de iniciados por englobar uma faixa etária cujo o seu

desenvolvimento se revela preponderante.

Page 118: 19226

Recomendações

TANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 102

66..22 RREECCOOMMEENNDDAAÇÇÕÕEESS GGEERRAAIISS

Após a realização deste estudo, esperando que este possa vir a contribuir para

o desenvolvimento científico da metodologia do treino em Futebol, parece-nos

pertinente fazer referência, a algumas recomendações para o treino de jovens

futebolistas, dos 12 aos 16 anos de idade.

O Futebol é um jogo eminentemente táctico, toda a execução do atleta vai

estar condicionada a uma situação táctica, a resolução das situações tácticas,

dependem da tomada de decisão do atleta, das capacidades motoras

necessárias à sua resolução e do gesto técnico mais apropriado.

O treino serve, ou deverá servir, para que a resolução das situações tácticas

sejam eficazes em jogo, mais do que isso, o treino com crianças e jovens

deverá ter objectivos formativos, objectivos que deverão ser definidos a longo

prazo, tendo em conta as etapas de formação e as fases sensíveis de

desenvolvimento.

O treinador deve planear o treino, respeitando as etapas em que os atletas se

encontram e segundo a sua forma de ver o jogo, o seu modelo de jogo, que por

sua vez deverá ser transmitido, ensinado e entendido pelos seus atletas.

Os exercícios apropriados para tal, parecem-nos ser os que mais se

assemelham com a competição. Não cremos com isto dizer que o treino só

deverá incluir o jogo formal, mas sim, que deverá incluir fragmentos ou

pequenas partes desse mesmo jogo como, a finalização, a transição defesa-

ataque / ataque-defesa, pressão, etc., que o treinador pretenda desenvolver ou

consolidar nos seus atletas. Para tal existe uma grande gama de exercícios,

dos quais destacamos, os exercícios complementares com bola e os exercícios

fundamentais de Fase I, II e III, que poderão, se bem utilizados, servir para que

o treino encaminhe a equipa e o processo formativo para o sucesso.

A selecção dos exercícios deverá ser extremamente cuidadosa, para que os

mesmos consigam objectivar as pretensões do treinador. O treinador deve

explicar os objectivos do exercício de uma forma simples e objectiva, de forma

a que não surjam dúvidas entre os atletas. O facto dos atletas compreenderem

Page 119: 19226

Recomendações

TANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 103

os variados exercícios que o treinador lhes propõe, permitirá a estes o

entendimento sobre o modelo de jogo do treinador e consequentemente a sua

interpretação em jogo.

O desenvolvimento cognitivo do atleta revela-se preponderante, saber o porquê

da realização deste ou daquele exercício, e dentro do exercício qual a sua

função e o objectivo a atingir, parece-nos o melhor caminho a seguir.

Assim como o desenvolvimento técnico, o desenvolvimento físico deverá estar

associado a uma situação táctica, tornando-se desta forma um

desenvolvimento adaptado às exigências do jogo. Por tal os treinadores

deverão incrementar as capacidades motoras dos seus atletas através de

exercícios com bola.

Todos os treinadores, incluindo os da formação, deverão procurar que os

exercícios seleccionados para o treino sejam o mais específicos possíveis, não

só os que têm objectivos técnico / tácticos mas também os que têm por

objectivo o desenvolvimento físico, para que estes reproduzam as capacidades

físicas (velocidade, força, resistência, flexibilidade e coordenação) específicas

do futebol. Assim o desenvolvimento das capacidades físicas, deverá ser

realizado através de exercícios que representem formas jogadas semelhantes

à competição.

A nosso ver os treinadores de Futebol dos escalões de formação, iniciados e

juvenis, devem:

- Definir o modelo de jogo, a partir do qual, deve emergir todo o

planeamento de treino (técnico, técnico / táctico, físico e

psicológico);

- Fazer com que os seus atletas compreendam o modelo de jogo,

através do qual vão desenvolver todas as suas capacidades

(técnico, técnico / táctico, físico e psicológico), originando que

estes se sintam parte integrante do mesmo, facilitando desta

forma a sua interpretação em competição;

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Recomendações

TANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 104

- Utilizar exercícios com bola o mais específicos possíveis;

- Respeitar as etapas de preparação em que os seus atletas estão

inseridos, iniciados (especialização inicial), juvenis

(especialização aprofundada);

- Ter em conta as fases sensíveis de treinabilidade dos seus

atletas (períodos de tempo na vida em que os atletas respondem

de forma mais intensa a determinados estímulos). O

desenvolvimento das capacidades motoras deve ser

homogéneo, isto é, todas as capacidades devem ser

desenvolvidas, no entanto: aos iniciados devem dar especial

atenção ao desenvolvimento das aprendizagens técnicas, às

capacidades coordenativas (ritmo, equilíbrio e diferenciação), à

velocidade, força veloz e resistência aeróbia; aos juvenis devem

dar ênfase ao desenvolvimento da força máxima, da resistência

anaeróbia e da resistência aeróbia.

Page 121: 19226

Sugestões

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL

105

VVIIII –– SSuuggeessttõõeess

Após a finalização deste estudo, surgem algumas sugestões para a elaboração

de futuros trabalhos no âmbito desta temática, tais como:

• A análise da estrutura do treino, dos escalões de formação, de uma equipa

com tradição na formação, comparando a estruturação da mesma, com uma

equipa que teoricamente tenha menos tradição, ou de nível inferior, tentando

verificar desta forma quais as principais diferenças, se é que elas existem,

entre a estruturação do treino de uma e da outra equipa.

• Acompanhar os treinos, de um ou mais escalões de formação, de uma ou

mais equipas, fazendo o registro no local, isto é, fazendo uma observação

directa e registo directo de toda a estruturação do treino, podendo-se comparar

as diferenças, entre escalões, entre equipas ou entre os períodos de

preparação (ex. período preparatório vs. período competitivo).

• Comparar a estruturação do treino entre um escalão de formação e uma

equipa sénior, tentando verificar das diferenças estruturais do treino entre o

escalão de formação e o escalão sénior.

Page 122: 19226

Bibliografia

ANÁLISE DA ESTRUTURA DO TREINO, NO ESCALÃO DE INICIADOS E JUVENIS, EM FUTEBOL 107

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