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teoria
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AULA DE MÚSICA EM CONTRA TURNO PARA ENSINO
FUNDAMENTAL: A distância entre o planejamento e a prática
Acadêmico do Curso de Música da UEM - Universidade Estadual de Maringá
RESUMO: o presente trabalho é um relato de experiência de duas aulas distintas deprática em estágio supervisionado com a turma do 5o ano B da Escola MunicipalPioneira Mariana Viana Dias. Este relato tem como objetivo mostrar as dificuldadesencontradas atualmente pelo professor em uma sala de aula onde os alunos parecemsomente respeitarem o professor titular/pedagogo e desrespeitam o estagiário. Para tal,foram escolhidas duas aulas que tiveram continuidade, justamente por conta do fracassoda primeira. Neste sentido vale ressaltar a importância do planejamento e o fato domesmo nem sempre ser colocado em prática. Além disso, observa-se o interesse dealguns e o desinteresse de outros em uma aula de contra turno em colégios semestruturas para tal, uma vez que os alunos têm 10 horas/aulas por dia, dentro doambiente fechado de uma sala de aula. Portanto, reflexões e desenvolvimentos sãopertinentes.Palavras-Chave: Planejamento de aula, Prática de sala de aula, Música em contra
turno.
INTRODUÇÃO:Atualmente pode ser observada a desvalorização da prática pedagógica e a
defasagem do sistema de ensino utilizado no Brasil. No decorrer dos anos, inúmeras
vertentes e sistemas foram modificados, no entanto modelos estrangeiros não
contemplaram a realidade deste país. (DONATO, L; et all, 2010). O presente trabalho traz uma experiência prática de duas aulas de regência em
estágio do curso de música do Departamento de Música da UEM – Universidade
Estadual de Maringá realizado por acadêmico do terceiro ano de Licenciatura em
Música.A escolha por esta temática se dá pela inquietude em algumas questões ligadas
ao fato de ser professor, uma vez que, nem sempre, o que é programado para aula pode
ser colocado em prática por conta de inúmeros fatores externos que serão tratados a
seguir e não exclusivamente pela incompetência do profissional.As referidas aulas ocorreram em meados de Março de 2014 e teve como
temática principal o reconhecimento por parte dos alunos do significado de “pulso”,
baseado no método “O Passo” do autor Lucas Ciavatta, publicado em 1996.
O PLANEJAMENTO DA AULA:É inegável que toda boa aula precede de um planejamento que leva em conta a
característica do público alvo (o aluno), as condições físicas do local (infraestrutura) e a
valorização do conteúdo trabalhado (domínio). Com intuito de o aluno interiorizar o
pulso musical a aula foi planejada com divisão em três momentos:
Momento 1: Neste primeiro momento o planejado seria passar alguns vídeos, do “Grupo
O Passo”, contidos no DVD do método “O Passo”, de Lucas Ciavatta, como prática de
apreciação, mostrando músicas instrumentais de percussão e de possíveis sonoridades
produzidas pelo corpo.
Momento 2: Para continuidade da aula, o programa seguia com a formação de um
circulo (formado pelos alunos) no centro da sala para realização de uma atividade e dar
continuidade para o terceiro momento. Baseado no método já citado o intuito seguia em
utilizar as seguintes músicas para o trabalho com o pulso:Jamming – Bob Marley (Trata-se do ritmo Reggae, criado na Jamaica que
influenciou diretamente o surgimento do RAP (muito bem quisto pelos alunos, a fim de
absorver a atenção dos mesmos), a música em questão tem a marcação dos tempos
fortes bem evidentes).Moro no Brasil – Farofa Carioca (Grupo carioca dos anos 1990 que tinha como
base ritmos como o funk, o samba-rock e o samba-funk, suas letras continham temas, na
sua maioria, políticos e sociais).A atividade consiste primeiramente em marcar o “passo quaternário”, isto é,
movimento de pé direito a frente (tempo 1), pé esquerdo a frente (tempo 2), pé direito
atrás (tempo 3) e pé esquerdo atrás (tempo 4), tendo o pé direito como o “pé forte”.
Algumas palmas se incluem dentro dos tempos durante a atividade.
Momento 3: Com o auxílio da música “Burrinha” de Antônio José Madure, que serve
como base para os alunos, os mesmos deveriam caminhar na sala de forma aleatória
onde os passos devem ser marcados coincidentemente com o tempo (pulso) da música.
Essa música é parte de um reisado do álbum Baile do Menino Deus, folclórico, no ritmo
do Coco.Desta forma, com a aula planejada e todo material necessário garantido para a
prática da mesma, segue relato do que ocorreu na prática:
A AULA EM PRÁTICA:Assim como em outras aulas anteriores o fato da professora da turma não estar
presente contribuiu para que a aula não acontecesse como o planejado. É possível notar
que os alunos não veem os estagiários como professores e, por este motivo, não se
sentem no dever de respeitar a estes. Ao entrar na sala a desordem era geral, a maioria
estava em pé e muitos demonstravam estar agitados e inquietos. Alguns ajudaram a
montar o equipamento para passar o vídeo planejado para o primeiro momento da aula.
Neste momento, foi perguntado em qual posição queriam assistir ao vídeo e os alunos
escolheram sentar no chão e assim foi feito.Passados dez segundos da execução do vídeo, apenas cinco alunos
demonstravam interesse e atenção ao vídeo. Vale ressaltar que parte da metodologia
adotada pela coordenação (portanto deve ser seguida pelos estagiários) como o ato de
primeiro começar a atividade, para depois reter a atenção dos alunos. Talvez fosse
necessário fazer o contrário. O restante da turma (cerca de 25 alunos) conversava,
andava e provocava o restante da sala. Desta forma, os alunos foram informados que,
caso a bagunça não cessasse, o equipamento seria desligado; como o resultado foi o
mesmo do anterior, o desligamento foi efetuado. Mesmo com esta medida os alunos não
ouviam de forma alguma. Com a situação sem controle, foi solicitada a ajuda da
coordenadora, que ao chegar à sala de aula, encontrou todos em suas carteiras em
silêncio. Ela intimidou os alunos com alguns sermões e mais uma vez o equipamento foi
ligado para passar o vídeo. A coordenadora saiu da sala e disse que buscaria outra
professora para ficar no seu lugar, mas isso não se fez verdade. Foi então que a professora coordenadora do estágio entrou na sala e tentou
ajudar a conter a turma, mas por conta de uma alteração no horário da escola a aula teve
que ser finalizada.Como não foi possível colocar a aula em prática, devido a dificuldade de manter
a atenção dos alunos e ainda o fato da alteração do horário, a mesma programação
seguiu para a aula seguinte (semana subsequente), com o intuito de valorizar a temática.
Desta vez, com a professora responsável pela turma presente em sala, o planejamento
proposto foi colocado em prática e ainda foi possível propor outras ideias. Nesta aula, todos estavam sentados em silêncio em suas carteiras. Vale ressaltar
que não se julga necessário essa atitude tradicional para os alunos, no entanto, até a
presente prática, nenhuma atividade foi posta em prática sem que, anteriormente à
iniciação da mesma, esta postura fosse seguida. Com a sequência da aula, os alunos se postaram em círculo ao meu redor, ao
centro da sala. Realizamos a primeira metade da atividade prevista com duas músicas,
Moro no Brasil – Farofa Carioca e Jamming – Bob Marley. Foi perceptível o fato dos
alunos terem gostado do repertório trabalhado, talvez por se tratarem de músicas
dançantes, que estimulam movimentos corporais e apresentam um pulso bem marcante.Nem todos os alunos conseguiram executar a atividade com facilidade, mas a
unidade do grupo era estimulada. Os alunos desinteressados eram reprimidos pela
professora e, os que insistiam em atrapalhar a aula era dispensado da atividade e
mantidos junto à professora no fundo da sala - em silêncio. Assim, o trabalho seguiu
com os interessados, que eram a maioria dos alunos.Ao notar o empenho desses, referente a atividade, foi criado um novo exercício
que não estava no planejamento. Nessa nova atividade, a turma foi dividida em dois
grupos: meninos e meninas; a categoria dos grupos em gênero apenas foi escolhida para
facilitar e agilizar o andamento da aula. Em seguida, cada grupo deveria cantar um grito
de guerra do gosto deles, mas que marcasse o tempo com “o passo” e batessem palmas
em qualquer pulso que quisessem.Foi percebido de forma clara que as meninas estavam mais concentradas e
realizaram a composição da atividade mais rápido que os meninos. O grupo dos
meninos produziram algo não muito uniforme, enquanto que as meninas fizeram um
trabalho completo. Os grupos se apresentaram e no fim os meninos ficaram tentados a
produzir algo melhor, mas a aula já tinha finalizado. Criou-se de forma saudável uma
competição entre os grupos, fato que ajudou no andamento da aula.
CONCLUSÃO E REFLEXÃO:Nesse sentido algumas questões entram em vogue, no qual não encontramos
respostas: qual seria o verdadeiro papel do professor na escola? Essa escola teria
condições de receber aula em período integral? Isso seria o melhor para o aluno? Fica evidente que o aluno não tem paciência em assistir 10 horas/aulas dentro do
mesmo ambiente. O período contra turno deve ser elaborado com projetos práticos que
contemplem, talvez, áreas de artes, esportes e assuntos do cotidiano. É sabido que, em
alguns casos isso ocorre, no entanto o colégio não tem infraestrutura e os alunos acabam
restritos em uma sala de aula por todo período.Sobretudo, outras reflexões são pertinentes, entre elas, pontos positivos e
negativos:Pontos positivos: São em momentos de intempéries que aprendemos. Ou seja, são em
momentos como os que foram relatados que faz com o professor aprenda e possa estar
preparado para situações semelhantes; além disso, a apreciação musical é um ponto que
pode ser trabalhado bastante e com repertórios que eles não tiveram oportunidade de
conhecer. O trabalho em divisão de grupos também pode funcionar.Pontos negativos: A empatia com a turma não se fez na aula relatada, por isso por
enquanto, é necessário a presença de um professor em sala para ajudar com a
indisciplina dos alunos. Vale ressaltar, que além do respeito que os alunos deveriam ter,
não somente pelo professor oficial, mas pelos estagiários. Também acreditamos no fato
da simpatia entre as partes facilitar no processo. No entanto, fica evidente que esta
“simpatia” está em fase de construção; além disso, até então, a exclusão dos
desinteressados é o que pareceu garantir a continuidade das atividades, no entanto não é
agradável, pois acredito que a participação de todos de ser efetiva.Por fim, é possível perceber como a “competição”, de forma saudável, mediada
pelo professor sem ser estimulada, ou seja, naturalmente criada pelos alunos, os
estimula a participarem das atividades e, principalmente a se dedicarem à esta.
REFERÊNCIAS:CIAVATTA, Lucas. O PASSO Música e Educação, Rio de Janeiro: L. Ciavatta, 2009.
DONATO, Larissa. LIMA, Maria das Graças. O USO DE TECNOLOGIAS NO ENSINO DE GEOGRAFIA: RECURSOS AUDIO-VISUAIS . Encontro Nacional dosGeógrafos, Rio Grande do Sul, 2010.