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Castello Branco-Costa e Silva -Médici (1964-74)

(1964-74). 1964-1967 Parte da onda “contra-revolucionária” apoiada pelo E.U.A. Golpes de direita no Brasil (64), Argentina (66), Peru (66), Equador (66),

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Castello Branco-Costa e Silva -Mdici

Castello Branco-Costa e Silva -Mdici (1964-74)1964-1967Parte da onda contra-revolucionria apoiada pelo E.U.A. Golpes de direita no Brasil (64), Argentina (66), Peru (66), Equador (66), Uruguai (74) e Chile (74).

1964: Realinhamento automtico com E.U.A.

Rompimento de relaes diplomticas com Cuba, U.R.S.S. e China. Comrcio continua e mesmo aumenta durante o perodo.

Expurgos na poltica, universidades e funcionalismo pblico.

1965: Instaurao do bipartidarismo (ARENA e MDB).

Plano de estabilizao com F.M.I.: relativamente bem-sucedido (64-67). PEB (64-67)Participao relevante na I (64)e na II (67) UNCTAD Grupo dos 77. Sem que isto implicasse integrao ao Movimento dos No-Alinhados (MNA).

Participao na Conferncia de Desarmamento de Genebra (1964). Posio soberana de exceo poca: contra o monoplio do armamento nuclear.

Poltica agressiva de segurana nacional (anti-comunista): plano interno e regional.

Apoio a Portugal, na luta contra as independncias nacionais africanas (Moambique e Angola).

1965: participao militar intervencionista na Repblica Dominicana.

Costa e Silva (1967-69)1968: AI-5. Golpe dentro do Golpe. pice do terrorismo de estado: torturas, assassinatos, sequestros etc.

Formao das guerrilhas urbanas e rurais.

Operao Condor (1967-1985): polticas coordenadas de aprisionamento e extermnio de inimigos internos s ditaduras do Cone Sul (subversivos).

PEB (67-74)Rompimento com alinhamento automtico preconizado por Castello Branco.

Diplomacia da prosperidade: a) multilateralismo; b) universalizao do comrcio; c) segurana econmica, defesa de uma nova ordem econmica internacional (diviso Norte-Sul); d) anti-comunismo, interno e regional.

Poltica econmica: volta do Estado interventor.

1970-73: auge do milagre econmico: a) crescimento econmico no Sudeste; b) intenso xodo rural (Nordeste Sudeste); c) arrocho salarial; c) intensificao da desigualdade regional e social; d) crescimento da classe mdia.

Perodo de expanso econmica mundial: 1945-73.

Geisel: 1974-79 1973: primeiro choque do petrleo. Crise econmica internacional.

Resposta do Governo: reforo do intervencionismo estatal na economia (Capitalismo de Estado). Perodo de consolidao das industrias de base. Grandes obras de infra-estrutura e energia.

PEB: poltica para o desenvolvimento. Aliar as estratgias anteriores, com uma interveno mais gil e incisiva no plano internacional. Chanceler: Azeredo da Silveira.

1974: incio da reorganizao da oposio poltica, sob a liderana da Igreja catlica, dos novos movimentos sociais, MDB e OAB. PEB (1974-79)Poltica de pragmatismo responsvel, com uma perspectiva ecumnica.

Na prtica: abandono de princpios (ticos, polticos, ideolgicos) e formao de uma poltica oportunista, pragmtica, supostamente em defesa do interesse pelo desenvolvimento econmico nacional.

EXEMPLOS:

1974-75: reconhecimento das independncias polticas de Guin-Bissau (74) e Angola (75).

1975: Acordo nuclear com Alemanha, pressupondo transferncia tecnolgica.

1978: Pacto Amaznico.

1978: rompimento do acordo militar com E.U.A., vigente desde 1952.

Figueiredo (1979-85).1979: 2. choque do petrleo.

1978-82: reorganizao da luta de classes no plano internacional. Retorno dos liberais (Reagan 1982-88 Thatcher 79-90) ao poder nos E.U.A. e Inglaterra.

Implementao gradual do modelo neo-liberal, j instaurado no Chile durante a ditadura de Pinochet: a) liberalizao econmica; b) arrocho salarial; c) financeirizao; d) abandono de polticas de bem-estar, mesmo diante do aumento do desemprego resultante da revoluo tcnico-cientfica; e) privatizaes.

Crise da dvida (dcada de 1980). Em crise econmica, os pases centrais se aproveitaram que a maioria dos emprstimos (1970) foram feitos com taxas flutuantes, para exigir o pagamento imediato destas (ou pelo menos dos seus juros, aumentados) dos pases perifricos.

Estrangulamento do desenvolvimento auto-sustentado dos pases perifricos, em prol da recuperao econmica do centro. Os pases perifricos que conseguiram manter seu desenvolvimento o fizeram atrelando-o ao externo, com a formao de polticas industrias para exportao (Coria do Sul, China e Tigres Asiticos). O Brasil no entrou neste grupo mais por motivos geo-polticos do que outros. PEB (1979-85) Diminuio da margem de manobra da PEB. Chanceler: Saraiva Guerreiro,

Na dcada de 1980, os E.U.A., auxiliados pela Inglaterra, retomam sua posio hegemnica internacional, subalternizando a C.E.E., Japo, U.R.S.S., China e bloco do Terceiro Mundo. Utilizao competente dos organismos internacionais para este fim: GATT, FMI, BIRD.

Incio do imprio do capital, que se mantm at hoje, sob hegemonia estadunidense. Brasil - 1980O Brasil, em 1980, era um potncia mdia, industrializada. Mas sem poder efetivo de participao no sistema internacional, visto que no possua alianas polticas para isto (fim do Terceiro Mundo e do dilogo Norte-Sul).

Mesmo assim, deve-se destacar que o Brasil continuou melhorando quantitativamente e qualitativamente seu comrcio exterior. Entre 1970 e 1980 as exportaes brasileiras passaram de 2,7 para 20 bilhes de dlares. Mas vale lembrar que as importaes tambm saltaram de 2,5 para 23 bilhes de dlares, no mesmo perodo. Ademais, a dvida externa pulou de 12,5 (73) para 49,9 bilhes, em 1979.

A opo por tentar melhorar o comrcio Sul-Sul (em complementao ao norte-sul), neste contexto, mostrou-se acertada. No mesmo perodo, a sia e Oriente Mdio passaram de 3,46% para 9.86 % das exportaes; a frica de 2,38 % para 7,32 %; a A.L. de 12,22 para 18 %. No total, o comrcio exterior para estes pases cresceu de 13% para 30 % no perodo.

Brasil - 1980Em 1983, Figueiredo (sobretudo) e Delfim se rendem ao F.M.I., promovendo uma poltica recessiva e de pagamento da dvida, que provocou uma queda de 13,5 % da renda per capita entre 1980-85.

1982: moratria mexicana.

Consenso de Cartagena (1984): tentativa de equacionamento do pagamento da dvida com possvel volta do crescimento econmico na A.L. Sem sucesso.

Apesar dos pagamentos, a dvida externa brasileira continuou aumentando consideravelmente durante a dcada de 1980. Em 1987, era de 115 bilhes de dlares, sendo que 25 bilhes eram apenas derivados do pagamento das altas taxas de juros.

Movimento Diretas J.

Respostas da PEB (1980-85)

Aumento do comrcio com sia (em particular, China e Japo), frica (apesar da condenao do apartheid ter feito despencar comrcio com A. do Sul) e C.E.E. (apesar dos subsdios desta a sua produo agrcola).

A situao poltica (em particular, Guerra das Malvinas 1982-83) e econmica internacional fez crescer o esprito de unio latino-americano. Mas no propiciou, neste perodo, grandes acordos comerciais, que s iriam se desenvolver no eixo Brasil-Argentina, a partir de 1986. A nica exceo foi a formao da ALADI, em 1980. Mas mesmo esta associao manteve-se sem grandes avanos at fins da dcada de 1980.

Ao mesmo tempo, para no contrariar os E.U.A., o Brasil nada disse das intervenes destes na Nicargua, El Salvador e Honduras.

1986. ONU: Declarao do Atlntico Sul como Zona de Paz e Cooperao. Resposta ao apartheid e a presena inglesa na regio. Sarney (1985-89), Collor (1989-92) e Itamar (1992-94)Sarney: governo de transio democracia. Constituio de 1988.

A poltica externa de Sarney a continuao da poltica pragmtica para o desenvolvimento, da dcada de 1970.

Cenrio adverso dos anos 1980: retomada da ofensiva dos Estados Unidos nos cenrios mundial e regional; crise do campo socialista; dificuldades do dilogo Norte-Sul; crise da dvida externa; presso das economias desenvolvidas sobre os pases mais pobres: financeirizao e liberalizao econmica. Os pases centrais ignoravam os apelos dos pases perifricos.

Relaes hemisfricas e extra-hemisfricas. Nas relaes hemisfricas, cabe lembrar as relaes conflituosas com os Estados Unidos e a aproximao com os pases da Bacia do Prata, em especial a Argentina, que culminar com os tratados de integrao na regio. Nas relaes extra-hemisfricas, houve dificuldades e avanos. Como contrapartida a um certo distanciamento da Europa Ocidental, o Brasil aprofundou relaes com os pases do campo socialista e os pases do Sul.

A democracia e os direitos polticos se tornaram a regra. Mas os primeiros anos de democracia no resolveram os problemas econmicos mais srios, como a desigualdade e o desemprego. Continuam os problemas na rea social, sobretudo na educao, sade e saneamento.

Plano Cruzado (1986).PEB (1985-89) O principal vetor do perodo foi a aproximao com os demais pases da Amrica do Sul. Em particular, nos dois ltimos anos do governo.

Sarney visitou todos os pases sul-americanos durante o seu mandato.

1986: reatamento com Cuba.

1988: Reunio dos Pases Amaznicos.

1988: Tratado Comum Brasil-Argentina, embrio do Mercosul.

Continuou a expanso do comrcio internacional. Sobretudo, de vis Sul-Sul.

1989: regresso do Brasil ao Conselho de Segurana da ONU, como membro temporrio.

1989: visando melhorar sua imagem internacional na rea de meio ambiente, o Brasil se coloca como possvel sede de uma Conferncia Internacional sobre o tema (Rio, 1992) Collor Apesar dos avanos democrticos, houve grande frustao com o governo Sarney. Ficou evidente que a democratizao no resolveria por si s os problemas correntes de muitos brasileiros. Havia uma clara desesperana do terreno politico, que se coadunava com o fracasso do Plano Cruzado (1986).

A disposio para a mudana veio encarnada em Collor (PRN), na eleio de 89. Collor defendeu a luta contra a politica tradicional e a corrupo do governo. Era o messianismo de Jnio de volta. Mais profundamente, ele representava um setor importante da burguesia nacional que estava interessada em tornar-se compradora, ou seja, intermediaria dos interesses do capital externo no pas.

Collor era despreparado, messinico, e sem apoio no congresso. Logo de inicio o novo governo implementou medidas radicais para acabar com a inflao, reduzir o nmero de funcionrios pblicos, vender empresas estatais, e abrir a economia para o mercado externo. Era o nascimento do neo-liberalismo no Brasil.

Mas as dificuldades de obter apoio politico no congresso e as acusaes de corrupo fora muito fortes. O prprio irmo denunciou o presidente. E descobriu-se um enorme esquema de corrupo, dirigido por PC Farias, que extorquia dinheiro de empresrios para financiar campanhas e o grupo em torno de Collor. Impeachment (1992). Incio do neo-liberalismo no Brasil

Neo-liberalismo: Chicago boys,Chile, Inglaterra, E.U.A, Consenso de Washington (1989). O Consenso pregava que seriam necessrios planos de liberalizao, estabilizao financeira, desregulamentao e privatizaes, para renegociaes das dvidas externas e financiamentos (FMI, Banco Mundial, BIRD).

Imprio do capital. Sobretudo aps a derrocada da U.R.S.S., em 1989.

A poltica de Collor eram liberal e ocidentalista, defendida como modernizante. Era a instaurao da cultura do no h alternativas possveis e do discurso sobre a globalizao, prpria do pensamento nico, neo-liberal, dos anos 1990.

As noes cepalinas foram abandonadas. Sobretudo, a de que, para superar o subdesenvolvimento, seria necessrio um Estado desenvolvimentista e distribuidor. Por conta disto, e da retrao dos pases do Sul, as exportaes brasileiras entraram em declnio desde fins dos anos 1980.

O comrcio fortificou-se apenas com C.E.E. , Amrica do Sul e China.

Novos temas em poltica externa Os novos temas da agenda internacional so importantes e se tornaram formas de democratizao do debate em torno da poltica externa nos anos 1990 e 2000.

No entanto, eles foram tambm, na prtica, um reflexo desta recomposio do poder estadunidense e dos pases centrais sobre os perifricos: meio ambiente, terrorismo, democracia, direitos humanos, narcotrfico, imigrao, no proliferao de armas nucleares, tolerncia religiosa etc.

Pois eles colocaram os pases perifricos na defensiva, alterando as premissas do debate anterior (1970), centrado na troca desigual, desenvolvimento-subdesenvolvimento, centro-periferia, nova ordem econmica internacional, transferncia de tecnologia, solidariedade sul-sul etc.

PEB Collor Entre 1990 e 1995, o Brasil teve cinco ministros de Relaes Internacionais. Haviam inmeras disputas em torno da PEB, pois o neo-liberalismo no conseguiu a se impor de forma inquestionvel.

Os nacionalistas ou autonomistas, em grande parte a partir do Itamaraty, continuam tentando defender uma PEB direcionada pela necessidade do desenvolvimento econmico (Celso Amorim, Samuel P. Guimares, Rubens Ricpero). O que continuou marcando a participao brasileira em fruns internacionais, como a Rio-92, no GATT e na OMC., entre 1992-94. A experincia acumulada no debate da Constituio de 1988 foi importante neste contexto.

No entanto, decises importantes sobre a abertura comercial, alfndega e financias ficaram a cargo da rea econmica do governo, de vis neo-liberal (ajuste fiscal, privatizaes, arrocho salarial, financeirizao, liberalizao econmica) . Algo que trouxe consequncias funestas para uma PEB direcionada para o desenvolvimento.

Meio Ambiente e Direitos Humanos Eco-92: vitria relativa do Brasil, que conseguiu reverter as ameaas internacionais que pesavam sobre a Amaznia, defendendo a tese do desenvolvimento sustentvel.

Nascimento da Agenda 21: a) Conveno sobre Diversidade Biolgica e Conveno-quadro sobre Mudanas no Clima (origem do Protocolo de Kyoto, 1997).

Direitos Humanos (a partir de 1992). Tentativa de criar um corpo jurdico internacional de fato internacionalista, que no servisse apenas aos interesses da potncias centrais. Opo concretizada na Conferncia Mundial sobre Direitos Humanos (Viena,1993). Mercosul Por outro lado, no plano regional, destaca-se, mais uma vez, a articulao entre o Brasil e a Argentina que culminou com a criao do Mercosul, em 1991, no Tratado de Assuno. E na proposta de criao da rea de Livre Comrcio Sul-Americana (ALCSA), em 1993. Esta no saiu do papel, mas pretendia contrapor-se a Alca.

Entretanto, no havia consenso sobre os rumos da PEB e, em particular, do Mercosul. Os defensores do nacionalismo-desenvolvimentista (sobretudo no Itamaraty) entendiam que ele seria um espao de integrao regional, visando uma integrao mais equilibrada no sistema internacional. Mas outros, ligados diretamente ao governo, entendiam o Mercosul acima de tudo como um mecanismo para acelerar a liberalizao da economia do Brasil.

De fato, sua importncia estratgica s viria a ser reconhecida com Itamar Franco (1993). Desde ento o Mercosul impulsionou fortemente o comrcio regional e o sentimento de unidade sul-americana. Embora no tenha promovido polticas comuns de ao e negociao com outros organismos internacionais, como FMI, GATT, OMC etc. Disputas da PEB

Collor de Melo ps em xeque os princpios da poltica externa adotada at ento, mas no foi capaz de consolidar um novo conjunto de princpios. Deste modo, o perodo intercalar uma crise de transio, em que todas as novas orientaes se comeam a esboar o Mercosul, a reforma monetria, a diversificao de relaes, a candidatura ao Conselho de Segurana sem se forjar contudo um (novo) modelo e persistindo um balouar entre osautonomistas(que definem a poltica externa com vista ao desenvolvimentismo econmico e insero internacional, tendo na base as ideias de autonomia e universalismo, e preconizam a reforma da ordem internacional) e osliberais(definidos tambm como o grupo dos institucionalistas-pragmticos, crtico dos regimes internacionais, que defende a liberalizao econmica, a autonomia e a soberania e d prioridade regio sul-americana nas estratgias de poltica externa).

LIMA, Maria Regina Soares de Instituies democrticas e poltica exterior. InContexto Internacional. Vol. 22, N. 2, 2000, p. 289.Itamar (1993-94)Itamar Franco assume a presidncia num contexto de crise. Contudo, deparando-se com a necessidade de responder crise econmica interna, ele concentra todos os seus esforos nesse sentido, transpondo as tarefas de poltica externa, na sua totalidade, para o Itamaraty, que tinha como ministro das Relaes Exteriores, Fernando Henrique Cardoso (1992-93).

O curto mandato de Itamar Franco foi, em tudo, distinto do anterior, pois em vez de fragilizar a condio do pas conseguiu definir algumas estratgias para a poltica externa e econmica, que nem sempre seguiram as diretrizes dos Estados Unidos.

Ao nvel da poltica externa comeou uma reorganizao do Itamaraty.

O desenvolvimento do Mercosul aprofundado atravs da assinatura, em 1994, do Protocolo do Ouro Preto, que institucionalizou a sua estrutura intergovernamental e implementou o consenso como processo de tomada de deciso. O Mercosul era entendido como fundamental para o comrcio da regio, mas tambm como forma de compensar a dependncia em relao aos Estados Unidos.

1994: lana candidatura ao Conselho de segurana da ONU.

1994: Alca

O Plano Real, implementado, em 1994, pelo ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, contribuiu, por um lado, para controlar a inflao provocando o aumento do consumoe a recuperao da economia brasileira, e, por outro, para melhorar a posio do Brasil no contexto internacional. Noutro domnio criou, ainda, as condies para a vitria de FHC nas eleies presidenciais de 1994.FHC (1994-98) Facilmente eleito, aps sucesso do Plano Real.

Reforma do Estado (Estado Mnimo).

Conselho Nacional de Desestatizao: a) terceirizao de servios e de empregos pblicos; b)privatizaes (com emprstimos do BNDS e participao ativa dos Fundos de Penso): Bancos Estaduais, Rodovias, Vale do Rio Doce (1997), Telebrs (1998); c) fim do monoplio do petrleo (1997).

Greves e renascimento dos movimentos sociais (Sem-terra, Sem-teto etc).

1997: emenda da reeleio.

Crises econmicas no final do mandato: a) 1997, asitica; b) 1998, russa. Fuga de capitais internacionais, chegando a ordem de 50%.

PEB FHC I Diplomacia presidencial.

Ministro: Luiz Felipe Lampreia (1995-2001). O MRE se autonomiza do Itamaraty. A rea econmica passa ser controlada pelo Ministrio da Fazenda.

Compromisso crescente do Brasil com os novos temas da agenda internacional: democracia, meio ambiente, terrorismo, direitos humanos, narcotrfico, imigrao, no proliferao de armas nucleares, tolerncia religiosa etc.

Premissasa) fim das esferas ideolgicas opostas, do conflito Leste-Oeste e Norte-Sul;

b) crescente convergncia no campo dos valores e das prticas polticas democracia, direitos humanos, posio social da mulher, direitos da criana e das minorias, meio ambiente; manuteno e at aprofundamento, em certos casos de especificidades nacionais, tnicas, culturais;

c) convergncia, igualmente, na rea econmica vitria da idia da livre iniciativa, imperatividade da disciplina fiscal e monetria, liberalizao do comrcio de mercadorias, servios e dos fluxos financeiros, alm de avanos fundamentais como a Unio Econmica e Monetria na Europa;

d) forte acentuao da tendncia organizao por regies do espao econmico internacional, que se manifesta de diversas formas em todos os continentes: Mercosul, NAFTA, ALCA, APEC, etc.;

e) permanncia e at agravamento das disparidades de nvel de vida, entre os pases e dentro dos pases, mesmo nos mais ricos, embora, de modo geral, os indicadores sociais indiquem algum progresso em todas as reas do globo;

f) tenso entre a convergncia no plano dos valores e das expectativas de consumo e bem-estar, acentuadas pelos meios de comunicao e a realidade de desigualdade e da falta de perspectivas de boa parte da humanidade;

g) presena de uma nica superpotncia econmico-militar, que compartilha a cena da poltica mundial com potncias militares e econmicas de categorias distintas;

Cont. h) descolamento na formulao de Celso Lafer entre o poder, seja ele militar ou econmico, e a capacidade de manter a ordem, seja, mais uma vez, no plano da segurana (terrorismo, proliferao), seja na dimenso econmica (crises financeiras, violaes das normas internacionais de comrcio);

i) necessidade, portanto, de atualizao de instncias como o Conselho de Segurana das Naes Unidas e o G-8, na esfera poltica, alm dos organismos econmicos internacionais;

j) necessidade, tambm, de reavaliao do prprio conceito de poder, diante da perda de utilidade relativa do poder militar (hard power), e da importncia acrescida do poder econmico, cultural e simblico (soft power), e do chamado poder estrutural, ou seja, a capacidade de influir na definio dos regimes e instituies que compem a estrutura das relaes internacionais;

l) maior permeabilidade das fronteiras nacionais, maior influncia do meio internacional, das regras, tratados, regimes multilaterais e regionais no cotidiano dos pases e das pessoas; maior restrio da autonomia decisria das autoridades nacionais; estreita-se a margem para ao puramente nacional diante de fenmenos de carter transnacional comrcio, meio ambiente, crime organizado crescentemente objeto de acordos internacionais;

m) maior volume, velocidade e variedade de informao em um mundo que se assiste diariamente pela televiso, pela Internet refora o sentido de que 'estamos todos no mesmo barco' e, ao mesmo tempo, de que nesse 'barco' existem enormes diferenas em termos do que os seus 'passageiros' podem fazer para aproveitar a viagem e, tambm, para influir no rumo seguido; essas diferenas geram tenses que podem eclodir, seja em crises financeiras, seja em conflitos localizados;

n) multiplicidade crescente de atores (ONGs, empresas transnacionais, meios de comunicao, mercado financeiro) que interagem com os governos e tm papel cada vez mais importante nas relaes internacionais; a representao das ONGs nos organismos internacionais uma questo fundamental da cena multilateral contempornea.

LAMPREIA. A poltica externa do governo FHC: continuidade e renovao. Rev. bras. polt. int.vol.41no.2BrasliaJuly/Dec.1998

Sntese (autonomia pela integrao)Os dados bsicos de nossa presena internacional democracia e estabilidade econmica traduzem-se em maior credibilidade externa. Manter e ampliar essa credibilidade de modo algum significa renunciar a caminhos e escolhas prprios. O atual momento da histria mundial exige, no entanto, que as opes nacionais se faam dentro dos parmetros polticos, econmicos, sociais e ambientais predominantes no meio internacional e correspondam, de modo geral, aos valores e desejos dos brasileiros.

No h mais espao, por exemplo, para golpes de estado, ditaduras, violaes macias ou reiteradas dos direitos humanos, descontroles fiscais e monetrios, comportamentos ambientalmente predatrios ou irresponsveis. Acabaram-se os tempos do isolacionismo e da auto-suficincia. A soberania nacional deixou de ser argumento para comportamentos que atentam contra esses valores fundamentais.

A autonomia, entretanto, continua a ser um objetivo essencial para o Brasil, ou seja, devemos buscar sempre ampliar nossa capacidade de atuar no meio internacional com margem de escolha e manobra suficiente no completa, evidentemente para seguir os caminhos delineados pela vontade nacional, pelas opes e condies do Pas.

A sociedade brasileira identifica-se com os valores dominantes no ambiente internacional.

Nem a maior autonomia, nem o aumento de nossa capacidade de influncia podero ser alcanados por meio do isolamento ou da pretensa auto-suficincia. Isto vale para os planos poltico e econmico. No primeiro caso, o fim da Guerra Fria tornou sem sentido a falsa alternativa entre alinhamento e no-alinhamento. So categorias que perderam sua razo de ser, embora permaneam no inconsciente de alguns saudosistas, para os quais era mais fcil compreender um mundo dividido entre o 'bem' e o 'mal', aqueles que preferem os esquematismos artificiais realidade concreta e complexa.

LAMPREIA. A poltica externa do governo FHC: continuidade e renovao. Rev. bras. polt. int.vol.41no.2BrasliaJuly/Dec.1998O mundo 'globalizado' funciona, cada vez mais, com base em avaliaes de confiabilidade e, inversamente, de risco. O mercado financeiro, obviamente, leva essa caracterstica ao extremo, muitas vezes para alm dos limites da racionalidade. Como se evidenciou nas mais recentes turbulncias na economia mundial, em seguida moratria declarada pela Rssia, um dado adverso isolado no caso do Brasil, o dficit das contas pblicas e, em menor grau, o saldo negativo na conta corrente levou os agentes financeiros a no dar a ateno devida aos elementos positivos, tais como a estabilidade institucional, a seriedade do governo e a consistncia de suas polticas, um Presidente conhecido e respeitado internacionalmente, as reformas profundas j empreendidas no ordenamento legal e na economia, o xito inquestionvel de um gigantesco e rpido processo de privatizao, e a solidez do Plano Real. (Lampreia)Linha geral (tentativa de se fortalecer como um global trader)As linhas de ao prioritrias foram as seguintes: avanar no caminho da integrao regional, aprofundando o Mercosul; estmulo estratgia de diversificao de parceiros nas relaes bilaterais; ao junto s organizaes econmicas multilaterais, em especial OMC, e concentrar esforos para elevar a posio de potncia internacional do Brasil, tornando-se um membro permanente do Conselho de Segurana da ONU (Vizentini, 2003).Fatos 1994: Reunio de Miami. Incio do dilogo em torno da criao da Alca. Segunda reunio em 1998 (Santiago). Ttica: protelao.

1994: Entra em vigor a Unio Aduaneira do Mercosul, com a adoo da Tarifa Externa Comum. Opo sul-americana. O poder regional aumentaria o poder de barganha extra-regional.

1995: Declarao de Paz do Itamaraty entre Equador e Peru, promovida pelo governo brasileiro.

1995: Acordo de cooperao inter-regional: Mercosul e Unio Europeia.

Adeso ao MTCR (Missile Technology Control Regime Regime de Controle de Tecnologia de Msseis, 1995)e ao TNP (Tratado de No-Proliferao Nuclear, 1997). Aceitao das demandas das grandes potncias.

1997: Constituio da Comunidade dos Pases de Lngua Portuguesa.

1997: acordos militares e energticos entre Brasil e Argentina.

1997: Brasil eleito para participar como membro rotativo do Conselho de Segurana da ONU.

Ampliao do universalismo (1994-98): C.E.E., China, ndia, Mercosul, Rssia, Japo, Portugal, Comunidade de Pases de Lngua Portuguesa (CPLP), Cuba e Mxico. Mas o intercmbio na prtica s se fortificou consideravelmente com a Mercosul e China durante o perodo.