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1ª PARTE: QUESTÕES OBJETIVAS - download.uol.com.brdownload.uol.com.br/vestibular/resolucoes/2007/ufscar_prova1_2007.pdf · como a conhecemos aumenta. Ela é tudo o que nos resta,

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1ª PARTE: QUESTÕES OBJETIVAS

INSTRUÇÃO: Texto para as questões de nú-meros 01 a 05.

O valor do futuro depende do que se podeesperar dele. Portanto: se você acredita de fatoem alguma forma de existência post mortemdeterminada pelo que fizermos em vida, en-tão todo cuidado é pouco: os juros prospecti-vos são infinitos. O desafio é fazer o melhorde que se é capaz na vida mortal sem pôr emrisco as incomensuráveis graças do porvir. Sevocê acredita, ao contrário, que a morte é ofim definitivo de tudo, então o valor do inter-valo finito de duração indefinida da vida talcomo a conhecemos aumenta. Ela é tudo oque nos resta, e o único desafio é fazer dela omelhor de que somos capazes. E, finalmente,se você duvida de qualquer conclusão huma-na sobre o após-a-morte e sua relação com avida terrena, então você contesta o dogmatis-mo das crenças estabelecidas, não abdica dabusca de um sentido transcendente para omistério de existir e mantém uma janelinhaaberta e bem arejada para o além. O desafio éfazer o melhor de que se é capaz da vida queconhecemos, mas sem descartar nenhuma hi-pótese, nem sequer a de que ela possa ser, defato, tudo o que nos é dado para sempre.

(Eduardo Giannetti, O valor do amanhã, p. 123.)

Nesse texto, o autora) oferece duas alternativas de raciocíniopara o após-a-morte.b) defende, de qualquer maneira, o investi-mento na vida física.c) defende as religiões orientais que propõema sobrevida do espírito.d) fala sobre investimentos financeiros a lon-go prazo.e) defende a idéia de correr riscos agora, sema esperança no porvir.

alternativa B

O "investimento na vida física" é defendido peloautor em qualquer uma das três possibilidadesmencionadas:• para quem acredita no após-a-morte: "O desa-fio é fazer o melhor de que se é capaz na vidamortal sem pôr em risco as incomensuráveis gra-ças do porvir."• para quem não crê no após-a-morte: "Ela [avida] é tudo o que nos resta, e o único desafio éfazer dela o melhor de que somos capazes."• para quem duvida de qualquer conclusão sobreo após-a-morte: "O desafio é fazer o melhor deque se é capaz da vida que conhecemos, massem descartar nenhuma hipótese...".

O trecho — e mantém uma janelinha abertae bem arejada para o além — pode ser subs-tituído, sem prejuízo para o sentido do texto,por:a) e mantém, cada vez, uma janelinha abertae bem arejada para o além.b) e mantém, tal como, uma janelinha abertae bem arejada para o além.c) e mantém, também, uma janelinha abertae bem arejada para o além.d) e mantém, salvo se, uma janelinha abertae bem arejada para o além.e) e mantém, às vezes, uma janelinha abertae bem arejada para o além.

alternativa C

No trecho em questão, a inclusão do termo "tam-bém" não altera o sentido do enunciado original;apenas enfatiza a idéia de que se deve manter"uma janelinha aberta e bem arejada para oalém".

Assinale a alternativa em que o autor fazuso de sentido não-literal.a) “(...) todo cuidado é pouco (...)”b) “os juros prospectivos são infinitos.”

Questão 1

Questão 2

Questão 3

Ufsca07p1.prnF:\Vestibular 2007\UFSCar07\Ufsca07p\Ufsca07p1.vpquarta-feira, 3 de janeiro de 2007 22:52:37

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c) “O desafio é fazer o melhor (...)”d) “(...) a morte é o fim definitivo de tudo (...)”e) “Se você duvida de qualquer conclusão (...)”

alternativa B

O termo "juros" foi empregado metaforicamentepara indicar os rendimentos que seriam auferidosno post-mortem pelos atos praticados em vida.

A alternativa em que todas as palavras grifa-das são responsáveis pela coesão do texto é:a) esperar dele, graças do porvir, ela é tudo oque nos resta.b) esperar dele, que se é capaz, se você acredi-ta.c) o desafio é, graças do porvir, que a morte éo fim.d) o valor do futuro, forma de existência, todocuidado é pouco.e) as incomensuráveis graças, ao contrário,valor do intervalo.

alternativa A

São elementos coesivos aqueles que estabele-cem a tessitura do texto, além de remeterem atermos referidos anteriormente: dele = futuro, por-vir = post mortem, ela = vida.

A regência do verbo abdicar, que aparece notrecho – não abdica da busca de um sentidotranscendente para o mistério de existir –,pode ser substituída, de modo compatívelcom a norma padrão e com o sentido do texto,pelo que está em:a) não abdica na busca de um sentido trans-cendente para o mistério de existir.b) não se abdica a busca de um sentido trans-cendente para o mistério de existir.c) não se abdica pela busca de um sentidotranscendente para o mistério de existir.d) não abdica para a busca de um sentidotranscendente para o mistério de existir.e) não abdica a busca de um sentido trans-cendente para o mistério de existir.

alternativa E

O verbo abdicar pode ser transitivo indireto e re-ger a preposição de ("abdicar da busca..."), porémpode ser também transitivo direto (abdicar a bus-ca...), portanto não exige a preposição.

INSTRUÇÃO: Texto para as questões de nú-meros 06 a 10.

Monsenhor Caldas interrompeu a narra-ção do desconhecido:

– Dá licença? é só um instante.Levantou-se, foi ao interior da casa, cha-

mou o preto velho que o servia, e disse-lheem voz baixa:

– João, vai ali à estação de urbanos, falada minha parte ao comandante, e pede-lheque venha cá com um ou dois homens, paralivrar-me de um sujeito doido. Anda, vai de-pressa.

E, voltando à sala:– Pronto, disse ele; podemos continuar.– Como ia dizendo a Vossa Reverendíssi-

ma, morri no dia vinte de março de 1860, àscinco horas e quarenta e três minutos da ma-nhã. Tinha então sessenta e oito anos de ida-de. Minha alma voou pelo espaço, até perdera terra de vista, deixando muito abaixo a lua,as estrelas e o Sol; penetrou finalmente numespaço em que não havia mais nada, e eraclareado tão-somente por uma luz difusa.Continuei a subir, e comecei a ver um ponti-nho mais luminoso ao longe, muito longe. Oponto cresceu, fez-se sol. Fui por ali dentro,sem arder, porque as almas são incombustí-veis. A sua pegou fogo alguma vez?

– Não, senhor.– São incombustíveis. Fui subindo, subin-

do; na distância de quarenta mil léguas, ouviuma deliciosa música, e logo que cheguei acinco mil léguas, desceu um enxame de al-mas, que me levaram num palanquim feitode éter e plumas.

(Machado de Assis, A segunda vida. ObrasCompletas, vol. II, p. 440-441.)

Pode-se afirmar, a respeito desse conto deMachado de Assis, quea) reflete o cotidiano carioca na primeira me-tade do século XIX.

português 3

Questão 4

Questão 5

Questão 6

Ufsca07p1.prnF:\Vestibular 2007\UFSCar07\Ufsca07p\Ufsca07p1.vpquarta-feira, 3 de janeiro de 2007 22:52:39

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b) utiliza uma temática bastante rara emtoda a sua obra.c) utiliza uma temática comum a autorescomo Hoffmann e Edgar Allan Poe.d) tem relação com os temas medievais do ro-mance histórico português.e) trata de um assunto semelhante ao do ro-mance O ateneu.

alternativa C

E.T.A. Hoffmann, escritor romântico alemão, é umdos maiores mestres da "literatura de horror" (oudo "sobrenatural"), influenciando diversos escrito-res, entre os quais o americano Edgar Allan Poe.

A temática desse conto também é encontradaa) nos capítulos iniciais de Memórias póstu-mas de Brás Cubas.b) em alguns dos capítulos do romance Res-surreição.c) no capítulo Olhos de ressaca do romanceDom Casmurro.d) no romance Dom Casmurro, na caracteri-zação de José Dias.e) na caracterização de Escobar, no romanceDom Casmurro.

alternativa A

A temática desse trecho é o sobrenatural, o fan-tástico, assunto abordado por Brás Cubas, no iní-cio de Memórias póstumas de Brás Cubas, quan-do ele se revela um defunto-autor, isto é, alguémque começou a escrever depois de morto.

O imperativo utilizado por Monsenhor Cal-das, ao dar as ordens ao preto velho, empregaa) uma forma indireta.b) a terceira pessoa do singular.c) a primeira pessoa do plural.d) a segunda pessoa do singular.e) a segunda pessoa do plural.

alternativa D

Os verbos que indicam ordens ao "preto velho"são: "vai", "fala", "pede", "anda" e "vai". Todos na2ª pessoa do singular do imperativo afirmativo.

A frase desceu um enxame de almas, no últi-mo parágrafo, tem o sujeito posposto. Assina-le a alternativa em que o sujeito tambémaparece posposto.a) De um atentado, um soldado consegue sal-var seu companheiro.b) Segunda-feira faltou, de novo, um pouco detinta de impressão.c) No salão de Paris, há um Audi com motorde 4,2 litros.d) Ler biografia de homens célebres é bastan-te útil.e) O mercado financeiro recebeu bem a inclu-são das ações do Bradesco.

alternativa B

Com o sujeito anteposto ao verbo, teríamos: "Se-gunda-feira, de novo, um pouco de tinta de im-pressão faltou".

Assinale a alternativa em que o uso do acen-to grave da crase acontece, respectivamente,pelos mesmos motivos específicos presentesnas frases: E, voltando à sala; Morri no diavinte de março de 1860, às cinco horas (. . .)a) Não saio à noite.; Em 1968, fui à Brasíliade JK.b) Estava à toa ontem.; Foi à casa do desem-bargador.c) Saiu à francesa.; Você deu a notícia à Ma-ria?d) Vamos à luta!; Vi o avião à distância de150 m.e) Trouxe dinamismo à história.; Vive à custado pai.

alternativa E

Um dos motivos da crase é a fusão da preposi-ção a com o artigo definido feminino a. Isso acon-tece tanto em "voltando à sala", como em "Trouxedinamismo à história". Uma outra ocorrência sedá no início de expressões femininas como "àscinco horas", "à custa de".

português 4

Questão 7

Questão 8

Questão 9

Questão 10

Ufsca07p1.prnF:\Vestibular 2007\UFSCar07\Ufsca07p\Ufsca07p1.vpquarta-feira, 3 de janeiro de 2007 22:52:40

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INSTRUÇÃO: Leia o texto seguinte e assina-le a alternativa correta das questões de nú-meros 11 a 16.

One of the common questions asked byanyone who has a concern about the effectfilms may have on young people is: “Whatkind of meaning can young people possibly bederiving about humanity, the world, and theuniverse as they are portrayed in this form ofentertainment?” But a more revealingquestion is: “What kind of meaning do youngpeople search for about humanity, the worldand the universe when they go to thecinema?” Rather than the full acceleration,care-free hedonist carnival that some paint ofadolescence, this is a time when the search formeaning may reach its most serious heights.

Most young people go to the cinemathese days for the same reason: to beimmersed in a particular world for a shortwhile. While this may be their aim, there arethree quests that occur within. In the mind ofeach young person there in that darkenedhall, one or a mixture of any three of thesequests may be occurring:

1) The Confirmative Quest – firstlyyoung people may go to the cinema to see afilm that confirms something of their currentperception of reality. This is an importantquest within a film for young people who bythe very nature of adolescence are concernedabout who they are, and who they appear tobe to others. They may seek confirmation ofvalues or beliefs, or ways of thinking aboutthe world, or even their own outwardappearance.

2) The Escapist Quest – this may beconnected with a negative confirmation ofpresent reality, or exist on its own. “I like amovie if it enables me to forget who I am fora while and be in another place,” may someyoung people say. For some, the guns andhigh fashion/black leather exterior of anadventure film like The Matrix may fulfillthis quest. Movies we typically label “FeelGood” may also exist here, for instance,romantic comedies like Notting Hill. Or

young people may wish to escape to a worldthat is more exciting, more stimulating thantheir own.

3) The Aspirative Quest – the third questthat films may fulfill for a youthful audienceis a close relative of the escapist function.That is, that young people may enjoy filmsbecause they allow the viewer to aspire to anew reality. While escapism is a short termgoal, those who “aspire” would wish to escapein a more long term sense, or to “stayescaped”, as some young people say. In onesense there may be a danger in this function.If the reality that one aspires to is a “Gunsand Explosions” or “More Romantic time”model, then excessive submersion in thegenre may not be healthy.

(Jonathan Sargent. www.digitalorthodoxy.com.Adaptado.)

De acordo com o primeiro parágrafo, podemosconcluir quea) quem se preocupa com a humanidade, omundo e o universo questiona de duas manei-ras o cinema como forma de entretenimentopara os jovens.b) a preocupação do autor está mais voltadapara os tipos de significado buscados pelos jo-vens quando vão ao cinema.c) os jovens podem transferir diferentes signi-ficados do mundo, da humanidade e do uni-verso ao filme a que assistem.d) os jovens, quando vão ao cinema, questio-na de duas maneiras diferentes os significa-dos que lhe são apresentados.e) ao assistir a um filme, os jovens vêem-seconfrontados com dois tipos de significadopara a humanidade, o mundo e o universo.

alternativa B

No primeiro parágrafo:"‘What kind of meaning can young people possiblybe deriving about humanity (...) form ofentertainment?’""‘What kind of meaning do young people search(...) when they go to the cinema?’"

Questão 11

De acordo com o texto,a) no escuro do cinema, três atitudes existen-ciais possíveis são apresentadas à mente dojovem.b) a sala escura do cinema cria no jovem asensação de estar em mundo diferente daque-le em que vive.c) no escuro do cinema, um ou mais tipos debusca podem ocorrer na mente do jovem queassiste ao filme.d) a maioria dos jovens, no escuro do cinema,procura identificar um dos três caminhos queleva à auto-definição.e) no escuro do cinema, o jovem busca algoque confirme a adolescência como um períodode carnaval despreocupado.

alternativa C

No segundo parágrafo:"In the mind of each young person there in thatdarkened hall, one or a mixture of any three ofthese quests may be occurring..."

No primeiro tipo de busca mencionado pelotexto,a) o jovem espera que o filme a que assistepossa lhe ensinar a ter uma percepção coe-rente da realidade.b) o cinema se apresenta como alternativa dapercepção de uma realidade que o jovem sepreocupa em reconhecer como sua.c) a própria natureza da adolescência confir-ma como coerente aquilo a que o jovem assis-te num filme.d) o jovem espera encontrar no filme algo queconfirme o que ele entende como a realidadeque está vivendo.e) o jovem que se preocupa com seus valoresdeixa de reconhecer no filme parte de suarealidade.

alternativa D

No terceiro parágrafo:"... – firstly young people may go to the cinema tosee a film that confirms something of their currentperception of reality."

O segundo tipo de busca mencionado pelotextoa) permite que o jovem constate que sua rea-lidade tem existência própria e se reflete emmais de um tipo de filme.b) ajuda o jovem a ter certeza de que sua pre-sente realidade é negativa e precisa ser es-quecida permanentemente.c) possibilita ao jovem esquecer que sua pre-sente realidade é tão negativa quanto osmundos imaginários dos filmes.d) ou se relaciona com uma confirmação darealidade vivida pelo jovem ou tem uma exis-tência independente.e) encontra-se, de maneira típica, em filmesromânticos como Matrix e Um lugar chama-do Notting Hill.

alternativa D

No quarto parágrafo:"[The Escapist Quest] may be connected with anegative confirmation of present reality, or exist onits own."

A busca mencionada pelo último parágrafodo textoa) permite aos jovens que encontrem em cer-tos filmes uma realidade mais próxima dasua.b) está muito próxima à mencionada no pará-grafo anterior, embora seja mais longa emtermos de tempo.c) é encontrada em filmes que mostram a as-piração por uma realidade diferente.d) define aspiração e escapismo como coisasiguais em termos de tempo.e) refere-se a um período de tempo mais bre-ve que o da busca citada anteriormente.

alternativa B

No último parágrafo:"While escapism is a short term goal, those who‘aspire’ would wish to escape in a more long termsense..."

inglês 2

Questão 12

Questão 13

Questão 14

Questão 15

No último parágrafo do texto, a palavra oneaparece com dois sentidosa) coincidentes.c) paradoxais.e) inequívocos.

b) antitéticos.d) complementares.

alternativa E

No trecho "In one sense...", "one" é determinantee significa um específico."one" em "... one aspires..." é pronome e significauma pessoa.

inglês 3

Questão 16

2ª PARTE: QUESTÕES DISCURSIVAS

INSTRUÇÃO: Leia os três textos a seguir,para responder às questões de números 17 e18.

Texto 1

Navegar é Preciso

Navegadores antigos tinham uma frase[gloriosa:

“Navegar é preciso; viver não é preciso”.

Quero para mim o espírito [d]esta frase,transformada a forma para a casar

[como eu sou:

Viver não é necessário; o que é necessário é[criar.

Não conto gozar a minha vida; nem em[gozá-la penso.

Só quero torná-la grande,ainda que para isso tenha de ser o meu

[corpoe a (minha alma) a lenha desse fogo.

Só quero torná-la de toda a humanidade;ainda que para isso tenha de a perder como

[minha.Cada vez mais assim penso.

Cada vez mais ponho da essência anímica[do meu sangue

o propósito impessoal de engrandecer a[pátria e contribuir

para a evolução da humanidade.

É a forma que em mim tomou o misticismo[da nossa Raça.

(Fernando Pessoa, Navegar é preciso.www.secrel.com.br/jpoesia/fpesso05.html)

Texto 2

Eu penso por meio de metáforas. Minhasidéias nascem da poesia. Descobri que o quepenso sobre a educação está resumido numverso célebre de Fernando Pessoa: “Navegaré preciso. Viver não é preciso”.

Navegação é ciência, conhecimento rigo-roso. Para navegar, barcos são necessários.Barcos se fazem com ciência, física, números,técnica. A navegação, ela mesma, faz-se comciência: mapas, bússolas, coordenadas, meteo-rologia. Para a ciência da navegação é neces-sária a inteligência instrumental, que decifrao segredo dos meios. Barcos, remos, velas ebússolas são meios.

Já o viver não é coisa precisa. Nunca sesabe ao certo. A vida não se faz com ciência.Faz-se com sapiência. É possível ter a ciênciada construção de barcos e, ao mesmo tempo, oterror de navegar. A ciência da navegaçãonão nos dá o fascínio dos mares e os sonhosde portos onde chegar. Conheço um eruditoque tudo sabe sobre filosofia, sem que a filo-sofia tenha jamais tocado a sua pele. A artede viver não se faz com a inteligência instru-mental. Ela se faz com a inteligência amoro-sa.

(Rubem Alves, Por uma educação romântica,p. 112-113.)

Texto 3

“Sapo não pula por boniteza, mas porém porpercisão.”

(Guimarães Rosa, Epígrafe do conto A hora e vezde Augusto Matraga. Sagarana, p. 279.)

Relacione os dois primeiros textos entre si.Ambos utilizam a frase “Navegar é preciso,viver não é preciso”, que é tradução da fraselatina “Navigare necesse; vivere non estnecesse”.a) Explique a diferença do uso dessa frasenesses dois textos.b) Em que sentido Guimarães Rosa empregao substantivo percisão (= precisão) no texto 3?Construa uma frase com o substantivo preci-são, dando a ele um sentido diferente do queaparece na frase de Guimarães Rosa.

Questão 17

Ufsca07p2.prnF:\Vestibular 2007\UFSCar07\Ufsca07p\Ufsca07p2.vpquinta-feira, 4 de janeiro de 2007 00:22:39

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Resposta

a) Fernando Pessoa interpretou "preciso" como"necessário", usando a frase para fundamentarque a necessidade de criação se coloca acima daprópria necessidade de viver ou de gozar a vida.Já Rubem Alves interpretou "preciso" como "exa-to", "certo", usando a frase para justificar a tesede que a vida "não é coisa precisa", ao contrárioda ciência, que é "conhecimento rigoroso".b) percisão (precisão) em Guimarães Rosa equi-vale a necessidade.Entre outras possibilidades e exemplos:• exatidão: "O atirador acertou o alvo com preci-são".• rigor: "O engenheiro fez a planta do edifíciocom precisão matemática".

Saint-Exupéry, um famoso escritor francês, éautor do seguinte aforismo:Se você quer construir um navio, não peça àspessoas que consigam madeira, não lhes dêtarefas e trabalho. Fale antes a elas, longa-mente, sobre a grandeza e a imensidão domar.a) A que frase do texto de Rubem Alves vocêligaria esse aforismo? Explique por quê.b) Diz Rubem Alves em seu texto: A vida nãose faz com ciência. Faz-se com sapiência.Explique a diferença entre ciência e sapiên-cia nesse contexto.

Resposta

a) "A ciência da navegação não nos dá o fascíniodos mares e os sonhos de portos onde chegar."Tanto Saint-Exupéry como Rubem Alves sobre-põem os sonhos à realidade.b) Ciência: "conhecimento rigoroso", "inteligênciainstrumental".Sapiência: sabedoria, "inteligência amorosa".

Uma outra frase famosa de Fernando Pessoa(Tudo vale a pena se a alma não é pequena)encontra-se no trecho a seguir, retirado dopoema Mar Português, pertencente ao livroMensagem:

Valeu a pena? Tudo vale a penaSe a alma não é pequena.Quem quer passar além do BojadorTem que passar além da dor.Deus ao mar o perigo e o abismo deu,Mas nele é que espelhou o céu.

(Fernando Pessoa, Obra poética, p. 82.)

a) De que trata essa obra de Fernando Pes-soa?b) Explique o sentido de pequena, no segundoverso.

Resposta

a) Mensagem poetiza momentos da história dePortugal, entre os quais as grandes navegações.Nela, Fernando Pessoa busca reafirmar o destinoe a grandiosidade da terra e do povo português.b) "pequena": mesquinha, pouco ambiciosa, semdeterminação.

INSTRUÇÃO: Texto para as questões de nú-meros 20 e 21.

O sertanejo falando

A fala a nível do sertanejo engana:as palavras dele vêm, como rebuçadas(palavras confeito, pílula), na glacede uma entonação lisa, de adocicada.

Enquanto que sob ela, dura e endureceo caroço de pedra, a amêndoa pétrea,dessa árvore pedrenta (o sertanejo)incapaz de não se expressar em pedra.

Daí porque o sertanejo fala pouco:as palavras de pedra ulceram a bocae no idioma pedra se fala doloroso;o natural desse idioma fala à força.Daí também porque ele fala devagar:tem de pegar as palavras com cuidado,confeitá-las na língua, rebuçá-las;pois toma tempo todo esse trabalho.

(João Cabral de Melo Neto, A educação pela pedra.Nova Fronteira, 1996, p. 16.)

Esse poema consta na primeira parte deA educação pela pedra, considerada pelo au-tor sua obra máxima. Depois de uma leituraatenta, responda.

português 2

Questão 18

Questão 19Questão 20

Ufsca07p2.prnF:\Vestibular 2007\UFSCar07\Ufsca07p\Ufsca07p2.vpquinta-feira, 4 de janeiro de 2007 00:22:40

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a) Qual o contraste entre a busca da palavrae o resultado de sua execução na boca do ser-tanejo?b) A que se refere, no texto, a palavra ela, noprimeiro verso da segunda estrofe? Justifiquesua resposta.

Resposta

a) O texto estabelece um contraste entre a pala-vra em si e a sua execução na boca do sertanejo:no "idioma pedra", as palavras são ásperas, durase ferem a boca, por isso o sertanejo as pega comcuidado, confeitando-as. Daí, sua fala enganar: aspalavras duras do idioma soam doces em seumodo de falar.b) "Ela" se refere de imediato à passagem "glace /de uma entonação lisa, de adocicada." No entan-to, de um modo geral, retoma a idéia de fala,mencionada no primeiro verso. Ou seja, sob ela(a fala adocicada do sertanejo), existe a língua/idio-ma de pedra.

Em 27 de outubro de 1973, em entrevista aojornal carioca O Globo, João Cabral disse:

Eu tentei criar uma outra linguagem, nãocompletamente nova, como os concretistas fi-zeram, mas uma linguagem que se afastasseum pouco da linguagem usual. Ora, desde omomento em que você se afasta da normavocê se faz esta palavra antipática que é “her-mético”. Quer dizer, você se faz herméticonuma leitura superficial. Agora, se o leitor lere reler, estudar esse texto, ele verá que a coisanão é tão hermética assim. Apenas está escritocom um pequeno desvio da linguagem usual.

a) Destaque, na terceira estrofe, desvios dalinguagem usual vinculados ao emprego dasclasses de palavra.b) No último verso da terceira estrofe, tam-bém é possível observar um artifício do poeta,que provoca uma releitura. Explique esse ar-tifício.

Resposta

a) • "idioma pedra": pedra como adjetivo, nãosubstantivo;• "fala doloroso": doloroso, adjetivo com funçãode advérbio;• "o natural desse...": natural, adjetivo substanti-vado.

Nos exemplos, o autor utiliza o recurso da deriva-ção imprópria.b) O enunciado da questão leva a duas possibili-dades:1ª) O artifício utilizado pelo autor é a aliteração"pois toma tempo todo esse trabalho", em que ojogo consonantal t/d p/b sugere ao leitor a rudeza("pedra") do idioma.2ª) No último verso, todo causa estranheza, poispode referir-se tanto a tempo quanto a esse traba-lho, levando o leitor a buscar novos entendimen-tos não só do verso, mas de todo o texto.

INSTRUÇÃO: Leia os textos a seguir pararesponder às questões de números 22 e 23.

Suave Mari Magno

Lembra-me que, em certo dia,Na rua, ao sol de verão,Envenenado morriaUm pobre cão.

Arfava, espumava e ria,De um riso espúrio e bufão,Ventre e pernas sacudiaNa convulsão.

Nenhum, nenhum curiosoPassava, sem se deter,Silencioso,

Junto ao cão que ia morrer,Como se lhe desse gozoVer padecer.

(Machado de Assis, Obra Completa,vol. III, p. 161.)

Seqüência

Eu era pequena. A cozinheira Lizardatinha nos levado ao mercado, minha irmã, eu.Passava um homem com um abacate na mão

e eu inconsciente:“Ome, me dá esse abacate...”O homem me entregou a fruta madura.Minha irmã, de pronto: “vou contar pra mãe

[que ocêpediu abacate na rua.”

Eu voltava trocando as pernas bambas.Meus medos, crescidos, enormes...A denúncia confirmada, o auto,

[a comprovação do delito.O impulso materno...conseqüência obscura da

escravidão passada,o ranço dos castigos corporais.Eu, aos gritos, esperneando.

português 3

Questão 21

Ufsca07p2.prnF:\Vestibular 2007\UFSCar07\Ufsca07p\Ufsca07p2.vpquinta-feira, 4 de janeiro de 2007 00:22:41

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O abacate esmagado, pisado, me sujando toda.Durante muitos anos minha repugnância por

[esta frutatrazendo a recordação permanente do castigo

[cruel.Sentia, sem definir, a recreação dos que

[ficaram de fora,assistentes, acusadores.Nada mais aprazível no tempo, do que

[presenciar acriança indefesa

espernear numa coça de chineladas.“é pra seu bem,” diziam, “doutra vez não pedi

[fruita na rua.”(Cora Coralina, Vintém de cobre, p. 131-132.)

Depois de comparar os dois textos:a) explicite o que há de comum entre eles.b) no segundo texto, cite pelo menos três for-mas de linguagem que refletem a oralidadedo Português do Brasil.

Resposta

a) Os dois textos enfocam sobretudo o sadismo,isto é, o deleite oriundo da contemplação do sofri-mento alheio.b) As marcas da oralidade estão presentes nasfalas da personagem por meio de:• reduções ou contrações: ome, ocê, pra, doutra;• tendência para começar a frase com pronomesátonos: "me dá";• tendência para modificações fonéticas: "ped ifruita".

No poema de Cora Coralina, há uma frasesem verbo: Durante muitos anos minha re-pugnância por esta fruta.a) Qual o sentido dessa frase?b) “Reconstrua” essa frase, colocando um ver-bo.

Resposta

a) A frase tem sentido temporal: a longa repug-nância do eu-lírico pela fruta.b) Durante muitos anos conservei minha repug-nância por esta fruta (ou senti repugnância).Há outras possibilidades.

Contemple a charge:

(Correio Popular, 10.10.2006.)

Trata-se de uma charge publicada por umjornal brasileiro por ocasião da eleição dosul-coreano Ban Ki-Moon, como presidenteda ONU, e da realização de um teste nucleara mando do ditador norte-coreano KimJong-il.a) Como a diferença de emprego sintático doverbo vencer modifica o sentido das duas fra-ses?b) “Reconstrua” as duas frases, de maneiraque os sentidos sugeridos pelas imagens fi-quem, também, explícitos no texto escrito.

Resposta

a) No primeiro caso, "vence na ONU", o verbovencer é intransitivo e significa ser vitorioso, ga-nhar as eleições da ONU. No segundo caso,"vence ONU", o verbo vencer é transitivo direto eindica a derrota da ONU frente ao norte-coreano.b) "Sul-coreano vence as eleições para presidên-cia da ONU.""Norte-coreano derrota a ONU pela realização deum teste nuclear."

português 4

Questão 22

Questão 23

Questão 24

Ufsca07p2.prnF:\Vestibular 2007\UFSCar07\Ufsca07p\Ufsca07p2.vpquinta-feira, 4 de janeiro de 2007 00:22:43

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INSTRUÇÃO: Leia o texto seguinte e respon-da às questões de números 25 a 28, em portu-guês.

In 1894, W. K. Laurie Dickson, aresearcher at Thomas A. EdisonLaboratories, is credited with the inventionof a practicable form of celluloid stripcontaining a sequence of images, the basis ofa method of photographing and projectingmoving images. Americans often mentionhim as the inventor of the cinema. ThomasEdison introduced to the public twopioneering inventions based on thisinnovation: the Kinetograph, the firstpractical moving picture camera, and theKinetoscope (the word “kinos” is Greek for“image”, and was later turned into “cine”).The latter was a cabinet in which acontinuous loop of Dickson’s celluloid film(powdered by an electric motor) wasprojected by a lamp and lens onto a glass.The spectator viewed the image individuallythrough an eye piece. Kinetoscope parlorswere supplied with fifty-foot film snippetsshot by Dickson, in Edison’s “Black Maria”studio. These sequences recorded everydaylife events (such as Fred Ott’s Sneeze, 1894)as well as entertainment acts.

Kinetescope parlors soon spreadsuccessfully to Europe. Edison, however,never cared to patent these instruments onthe other side of the Atlantic, since theyrelied so heavily on previous experimentsand innovations from Britain and Europe.This left the field open for imitations, such asthe camera devised by British electrician andscientific instrument maker Robert W. Pauland his partner Brit Acres in 1896. TheBritish often regard them as the parents ofmoving pictures.

But the Frenchman Louis Lumiere issometimes credited as inventor of the motionpicture one year after Dickson created hisdevice in America. Although he was precededby others, Lumiere’s portable, suitcase-sizedcinematographe served as a camera, filmprocessing unit, and projector all in one. His

invention, at first, was seen as a “devilishthing”, since people believed the images itprojected could acquire life and harm theaudience.

(www.en.wikipedia.org, Adaptado.)

Segundo o texto,a) quem inventou o cinema?b) em que ano?

Resposta

a) Os americanos freqüentemente atribuem aW. K. Laurie Dickson a invenção do cinema.b) 1894.

O texto menciona duas invenções de ThomasA. Edison.a) Como os espectadores viam seus “filmes”?b) O que mostravam eles?

Resposta

a) Os espectadores viam seus filmes individual-mente, por um visor.b) Mostravam curtas filmados por W. K. LaurieDickson no estúdio de Edison. Eram seqüênciasda vida diária e cenas de entretenimento.

Com relação a Thomas A. Edison,a) em que parte do mundo ele não patenteousuas invenções?b) por quê?

Resposta

a) Na Europa.b) As invenções de Edison eram baseadas em ex-periências e inovações do continente europeu.

Questão 25

Questão 26

Questão 27

Quanto ao cinematógrafo de Lumiere,a) como ele foi visto a princípio?b) por quê?

Resposta

a) O cinematógrafo de Lumiere foi visto, a princí-pio, como algo "demoníaco".b) Porque as pessoas acreditavam que as ima-gens projetadas poderiam adquirir vida e machu-car a platéia.

inglês 2

Questão 28

INSTRUÇÃO: Leia os textos a seguir

Texto 1

Quem nunca foi zoado ou zoou alguém naescola? Risadinhas, empurrões, fofocas, apeli-dos como “bola”, “rolha de poço”, “qua-tro-olhos”. Todo mundo já testemunhou umadessas “brincadeirinhas” ou foi vítima delas.Mas esse comportamento, considerado nor-mal por muitos pais, alunos e até professores,está longe de ser inocente. Ele é tão comumentre crianças e adolescentes que recebe atéum nome especial: bullying. Trata-se de umtermo em inglês utilizado para designar aprática de atos agressivos entre estudantes.Traduzido ao pé da letra, seria algo como in-timidação. Trocando em miúdos: quem sofrecom o bullying é aquele aluno perseguido, hu-milhado, intimidado.

E isso não deve ser encarado como brin-cadeira de criança. Especialistas revelam queesse fenômeno, que acontece no mundo todo,pode provocar nas vítimas desde diminuiçãona auto-estima até o suicídio. “Bullying dizrespeito a atitudes agressivas, intencionais erepetidas praticadas por um ou mais alunoscontra outro. Portanto, não se trata de brin-cadeiras ou desentendimentos eventuais. Osestudantes que são alvos de bullying sofremesse tipo de agressão sistematicamente”, ex-plica o médico Aramis Lopes Neto, coordena-dor do primeiro estudo feito no Brasil a res-peito desse assunto. Segundo Aramis, “paraos alvos de bullying, as conseqüências podemser depressão, angústia, baixa auto-estima,estresse, absentismo ou evasão escolar, atitu-des de autoflagelação e suicídio, enquanto os

autores dessa prática podem adotar compor-tamentos de risco, atitudes delinqüentes oucriminosas e acabar tornando-se adultos vio-lentos”.

(www.educacional.com.br. Adaptado.)

Texto 2

Crianças e adolescentes vítimas debullying podem carregar o trauma pela vidatoda. De acordo com especialistas, se o pro-blema não for bem resolvido antes de se che-gar à idade adulta, seqüelas como dificulda-des de tomar a iniciativa ou de se expressarpodem atrapalhar os relacionamentos pes-soais e até profissionais. [...]

Em casos extremos, o bullying pode levarà morte. Há vítimas que se suicidam e outrasque matam os colegas. Foi o que aconteceu naescola Columbine, nos Estados Unidos, quan-do em 1999 dois colegas mataram 13 pessoasno colégio e se suicidaram. Os adolescenteseram constantemente alvo de piadas de suasturmas.

No Brasil, dois casos chamaram a aten-ção. Em fevereiro de 2004, em Remanso (BA),o jovem D., 17, matou duas pessoas e feriutrês. Ele sofria humilhações na escola. O ga-roto revelou que matou F., 13, porque, alémde sempre ridicularizá-lo, no dia do crime, eleteria jogado um balde de lama nele. Em janeirode 2003, Edmar Freitas, 18, entrou no colégioonde tinha estudado, em Taiúva (interior deSP), e feriu oito pessoas com tiros. Em segui-da, se matou. Obeso, era vítima de apelidoshumilhantes.

(Folha de S.Paulo, 04.06.2006.)

1

Texto 3

A especialista Cleo Fante, autora do livroFenômeno Bullying, formulou um manualque reúne os sinais observados com maiorfreqüência nas vítimas desse tipo de prática.Eis alguns:• O estudante prefere ficar trancado noquarto a sair com os amigos• Ele raramente é convidado para uma festada escola• Seu desempenho escolar apresenta piora• Pede aos pais que o troquem de escola semuma razão convincente• Antes de ir ao colégio, sua muito e tem do-res de barriga ou de cabeça• Ele manifesta o desejo de mudar algo emsua aparência

Cyberbullying. Esse é o nome dado aotipo de agressão praticado por meio de artefa-tos tecnológicos, como blogs na internet emensagens no celular. Uma pesquisa realiza-da nos Estados Unidos chegou a um númeroimpressionante sobre o assunto: 20% dos es-tudantes americanos de ensino fundamentalsão vítimas do cyberbullying. Outra pesquisa,essa realizada na Inglaterra, quantificou onúmero de meninas que são alvo de agres-sões via celular. Isso ocorre com 25% das in-glesas.

(Veja, 08.02.2006.)

Texto 4

Há poucos anos, as malvadezas típicas douniverso infantil vieram à tona e revelaram oassédio recorrente cometido por um grupo decrianças à outra. A ação recebeu nome e sen-tença: “bullying”, ato de perseguir e agredir

moralmente a vítima. Com o aumento dacompetitividade entre trabalhadores e dapressão do empregador por mais resultadosem menos tempo, o termo foi trasladado parao ambiente de trabalho, dando nova roupa-gem a um tipo crescente de assédio moral: o“mobbing”, palavra derivada de “mob” (do in-glês, “máfia”).

“Mobbing é o assédio coletivo contra umapessoa”, define José Carlos Ferreira, dire-tor-adjunto do escritório da OIT (OrganizaçãoInternacional do Trabalho) no Brasil. (...)

O mais conhecido tipo de assédio moral éo terror psicológico feito pelo chefe sobre o su-bordinado. Segundo Margarida Barreto, umadas maiores especialistas do país no tema,esse tipo representa 90% dos casos. Mas oprovocado pelo grupo ou por um colega sobreo profissional também preocupa: soma 8,5%dos casos.

(Folha de S.Paulo, 02.07.2006. Adaptado.)

INSTRUÇÕES: Com base nos textos apresen-tados e, eventualmente, em experiências pes-soais, escreva um texto dissertativo em pro-sa, obedecendo à norma padrão do portuguêsdo Brasil, que deverá ter como tema:

DO BULLYING AO MOBBING: COMOTRATAR COMPORTAMENTOS

AGRESSIVOS ENTRE COLEGAS?

Comentário

O tema da UFSCar, neste ano, propôs aos candi-datos que analisassem, discutissem e opinassemsobre a questão de situações vexatórias às quaiscrianças e adultos são freqüentemente submeti-dos.No universo infantil, as humilhações se dão princi-palmente nas escolas – por meio de apelidos e al-cunhas que normalmente traumatizam as crian-ças, podendo causar-lhes terríveis distúrbiosemocionais. Entre os adultos, a prática do chama-do "mobbing" acontece no ambiente de trabalho,seja por parte do grupo, seja por parte de um su-perior sobre o profissional.Com a constatação do crescimento dos índicesde violência em todos os âmbitos, o tema se apre-sentou atual e deve ter provocado reflexões pro-fundas nos candidatos que são, em última instân-cia, pessoas que vivem e viverão em grupo.Bom tema.

2

GABARITO OFICIAL

Língua Portuguesa

01. B 02. C 03. B 04. A 05. E 06. C 07. A 08. D 09. B 10. E

Língua Inglesa

11. B 12. C 13. D 14. D 15. B 16. E

Português – prova surpreendente

Extensa e complexa, a prova causou surpresa já que se esperava um examesemelhante ao do ano anterior. Entre os testes, a questão envolvendo Hoffmann eEdgar Allan Poe surpreendeu, pois o ensino de autores de outras línguas nãofaz parte do Ensino Médio. Nas escritas, chamou a atenção a dificuldade dasquestões, principalmente as baseadas na leitura do poema de João Cabral deMelo Neto. A redação trouxe tema bastante discutido – a violência – mas sob oviés do comportamento agressivo entre pares. Um bom exame, mas nada fácil.

Inglês – textos mal aproveitados

O exame decepciona no aproveitamento dos textos, por sinal bem escolhidos,e pela falta de uma revisão básica.